ressignificando o curriculo

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Escola e Indústria RESSIGNIFICANDO O CURRÍCULO DE ENSINO MÉDIO PARA FORMAÇÃO DO JOVEM

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Artigo: Ressegnificando o curriculo

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  • Escola e Indstria RESSIGNIFICANDO O CURRCULO DE ENSINO MDIO PARA FORMAO DO JOVEM

  • SESI Servio Social da IndstriaDepartamento Regional do Paran

    Os direitos de reproduo, de adaptao ou de traduo desta guia so reservados ao SESI - Departamento Regional do Paran, inclusive a reproduo por procedimento mecnico ou eletrnico.

    SESI. Departamento Regional do Paran.

    Escola e Indstria: ressignificando o currculo de ensino mdio escolar para formao do jovem / SESI. Departamento Regional do Paran. Curitiba : SESI/PR, 2011. - (v. 2).

    120 p. : il. ; 20 cm.

    ISBN: 978-85-61425-49-4

    1. Educao. 2. Inovao.

    I. SESI. Departamento Regional do Paran. II. Ttulo.

    CDU 330.341.1

  • Curitiba/2011

    Escola e Indstria RESSIGNIFICANDO O CURRCULO DE ENSINO MDIO PARA FORMAO DO JOVEM

  • FIEP Federao das Indstrias do Estado do Paran

    Rodrigo Costa da Rocha Loures

    Presidente

    Diretor Regional SESI

    SESI Servio Social da Indstria

    Jos Antonio Fares

    Diretor Superintendente

    Anna Ztola

    Gerente de Cultura

    Ana Paula Toledo Machado Mussi

    Gerente de Planejamento, Oramento e Gesto

    Carmen Weber de Camargo

    Gerente de Gesto da Sade e Segurana do Trabalho

    Dbora Desirr de Lara

    Gerente de Esporte e Lazer

    Lilian de Ftima Correa Luitz

    Gerente de Operaes Inovadoras do Colgio SESI

    Maria Aparecida Lopes

    Gerente de Negcios e Relacionamento Sindical

    Maria Cristhina de Souza Rocha

    Gerente de Desenvolvimento de Produto

    Gerente de Projetos de Articulaes Estratgicas

    Marlia de Souza

    Gerente Observatrio de Prospeco e Difuso de Iniciativas Sociais

    Snia Maria Beraldi de Magalhes

    Gerente de Responsabilidade Social

    Regina Berbetz

    Gerente de Educao

  • APRESENTAO A transformao social no se d com base em aes isoladas levadas a efeito por atores individuais. Ademais, a complexidade das demandas sociais exige ideias inovadoras e a soma de esforos em aes conjuntas.

    A relao entre o setor pblico, o empresarial e a sociedade tem limites indefinidos que criam interdependncia e levam conciliao das exigncias da competitividade com a emergncia de um modelo de desenvolvimento sustentvel em consonncia com as demandas da sociedade.

    Ao considerar a questo das lacunas industriais, o SESI tem intensificado suas aes em processos educacionais inovadores, desenvolvendo compe-tncias que contribuam, na atualidade e no futuro, com o crescimento sustentvel do pas. Preparar o educando para sua insero em sociedades cada vez mais complexas, que exigem do trabalhador competncias inovadoras, ticas e transformado-ras o grande desafio da Educao.

    Em 2005, o SESI/PR, ao criar e implantar o Colgio SESI Ensino Mdio, na CIC - Cidade Industrial de Curitiba, introduziu uma metodologia inovadora no mercado educacional, propondo- se a preparar o futuro trabalhador da indstria. Por meio de Oficinas de Aprendizagem, os alunos so desafiados a resolver questes interdisciplinares, com pesquisa e construo de conhecimento. Estimula-se no s o desenvolvimento de atitudes, competncias e habilidades empreendedoras para a competitividade e produtividade do setor industrial no mercado globalizado, como tambm o fortalecimento de valores essenciais para a vida em sociedade.

  • A Empresa Robert Bosch Ltda Unidade Sistemas Diesel em Curitiba, por intermdio do Instituto Robert Bosch, tem sido parceira do SESI/Paran no desenvolvimento de uma tecnologia social com o objetivo de associar, ao currculo dos alunos do Ensino Mdio, uma srie de atividades que reforcem o compromisso do aluno com a comunidade em que vive e, ao mesmo tempo, estimulem sua capacidade criativa de buscar solues para o ambiente de trabalho.

    Assim, em 2009, surge o Edital SESI SENAI Inovao, possibilitando a apresentao de projetos desenvolvidos em parceria com a indstria e dirigidos inovao social. Por esse Edital, foi aprovado o projeto A Relao Escola/Indstria/Comunidade na Ressignificao do Currculo do Ensino Mdio Regular para a Formao do Futuro Trabalhador da Indstria, a ser realizado pelo SESI/PR em conjunto com a Bosch/ Curitiba.

    A ressignificao do currculo escolar no Ensino Mdio Regular, de modo a torn-lo aberto e convergente para as necessidades da indstria na formao do futuro trabalhador, a tecnologia social resultante do projeto, apresentada neste conjunto de publicaes:

    a)Fundamentao terico-conceitual.

    b)Resultados da pesquisa experienciada.

    c)Metodologia de replicabilidade.

    A expectativa de que essa tecnologia social seja replicada em todos os Colgios SESI de Ensino Mdio do Paran, que atualmente atendem a onze mil alunos, tendo em vista que um dos grandes desafios da atualidade a formao de pessoas capazes de transformar informaes em conhecimento para cooperar no processo de construo de ambientes inovadores nas organizaes.

    Essa experincia traz tona a preocupao do setor privado com as questes sociais que gravitam ao seu redor e a crena do SESI de que a educao uma das vertentes fundamentais para o crescimento da economia e para o surgimento de uma sociedade cidad que seja capaz de refletir e agir sobre o seu cotidiano.

    Jose Antonio FaresSuperintendente SESI Paran

  • EDITAL SESI SENAI INOVAO

    Em 2009, foi lanado o Edital SESI SENAI Inovao, com abrangncia nacional, voltado participao dos departamentos regionais (DRs) das instituies SESI e SENAI, reunindo unidades e profissionais em parceria com empresas do setor industrial.

    Com edies anuais, o Edital tem por objetivo in-centivar e apoiar projetos para o desenvolvimen-to de produtos, processos e servios de inovao tecnolgica e social. A participao de empresas industriais na elaborao dos projetos compul-sria, havendo ainda a possibilidade de parcerias com instituies de ensino superior.

    No mbito do Edital, a inovao compreendida como implementao de um produto (bem ou servio) novo ou significativamente melhorado, de um processo, de um novo mtodo de marketing ou de um novo mtodo organizacional. Com foco na inovao social, o Edital apoia e fomenta projetos que promovam o desenvolvimento de tecnologias sociais inovadoras e que oportunizem o aumento da qualidade de vida para o trabalhador da indstria.

    Nesse mesmo ano de 2009, o SESI/ Paran cons-tituiu equipes multidisciplinares que participaram de forma ativa na escrita de projetos submetidos ao Edital. Obteve, assim, a aprovao de cinco de-les, sendo o Departamento Regional (DR) o que mais aprovou projetos no referido Edital.

  • Aps os resultados da aprovao, iniciou-se o exguo trabalho de execuo dos projetos aprovados, prevendo-se 18 (dezoito) meses para sua realizao. Durante esse tempo, foram desenvolvidas parcerias estratgicas entre: SESI/PR, SESI/Nacional, indstrias, instituies de ensino superior, profissionais diversos, bolsistas do CNPq e instituies parceiras. Foi um perodo de atividades intensas, de superaes, de aprendizados, de reconstrues, de fortalecimentos, enfim, um tempo de competncias desenvolvidas que promoveram conquistas.

    Conquistas estas culminam com a publicao deste material, cujo objetivo maior est na replicao das ideias inovadoras, transformadas em projetos e, neste momento, em processos manualizados que contribuiro com o redesenho de uma sociedade.

    Maria Cristhina Rocha Gerente de Projetos de Articulao Estratgica

    Daniele Farfus Gestora do Edital SENAI SESI de Inovao

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    SUMRIO

    INTRODUO ..........................................................................................................................11

    1. PROJETO JOVENS EM AO: RELATO DE EXPERINCIA ...................................................13

    1.1. VISO GERAL DO PROJETO ..................................................................................................................... 13

    1.2. COMUNIDADE ATENDIDA ....................................................................................................................... 14

    1.3. PERFIL DAS FAMLIAS ATENDIDAS ....................................................................................................... 15

    1.4. PERFIL DOS JOVENS ATENDIDOS.......................................................................................................... 20

    1.5. AES REALIZADAS .................................................................................................................................. 20

    1.6. RESULTADOS ................................................................................................................................................ 29

    1.6.1. Resultados Quantitativos ............................................................................................................... 29

    1.6.2. Resultados Qualitativos .................................................................................................................. 29

    2.OFICINAS DE APRENDIZAGEM DO COLGIO SESI ENSINO MDIO: VISO DETALHADA DO PROCESSO .........................................................................................................................33

    2.1. O QUE SO OFICINAS DE APRENDIZAGEM? ..................................................................................... 33

    2.2. ORGANIZAO DA ESCOLA E DA SALA DE AULA .......................................................................... 34

    2.3. ORGANIZAO CURRICULAR ............................................................................................................... 36

    2.4. FORMATO DE ELABORAO .................................................................................................................. 40

    2.5. SELEO DAS OFICINAS PELOS ALUNOS .......................................................................................... 42

    3.RESSIGNIFICAO DAS OFICINAS DE APRENDIZAGEM SOB O OLHAR DO SETOR PRODUTIVO .............................................................................................................................43

    3.1. OFICINAS DE APRENDIZAGEM OFERTADAS NO ANO DE 2010 .................................................. 43

    3.2. PROCESSO DE RESSIGNIFICAO ........................................................................................................ 45

    3.3. RESSIGNIFICAR OS DESAFIOS ................................................................................................................ 46

    3.3.1 Oficina Do Lixo ao Luxo ................................................................................................................... 47

  • 3.3.2. Oficina Jogo da Vida ......................................................................................................................... 48

    3.3.3. Oficina Made in Brazil ...................................................................................................................... 49

    3.3.4. Oficina Destaques do Mundo Profissional ............................................................................... 50

    4. OFICINAS DE APRENDIZAGEM VIVENCIADAS PELOS ALUNOS DO PROJETO JOVENS EM AO..................................................................................................................................53

    4.1. OFICINA DO LIXO AO LUXO .................................................................................................................... 53

    4.1.1. Projeto ................................................................................................................................................... 53

    4.1.2. Prtica .................................................................................................................................................... 61

    4.2. OFICINA JOGO DA VIDA ........................................................................................................................... 70

    4.2.1. Projeto ................................................................................................................................................... 70

    4.2.2. Prtica .................................................................................................................................................... 76

    4.3. OFICINA MADE IN BRAZIL ....................................................................................................................... 81

    4.3.1. Projeto ................................................................................................................................................... 81

    4.3.2. Prtica .................................................................................................................................................... 88

    4.4. OFICINA DESTAQUES DO MUNDO PROFISSIONAL ........................................................................ 92

    4.4.1. Projeto ................................................................................................................................................... 92

    4.4.2. Prtica .................................................................................................................................................... 98

    5. SIGNIFICADOS DA AO SOCIOEDUCATIVA INOVADORA NA FORMAO DOS

    JOVENS ..................................................................................................................................103

    5.1. VISO DOS PAIS .........................................................................................................................................103

    5.2. VISO DOS ALUNOS ................................................................................................................................107

    5.3. VISO DO COLGIO SESI ........................................................................................................................110

    5.4. VISO DA INDSTRIA ..............................................................................................................................113

    REFERNCIAS .......................................................................................................................115

    CRDITOS ..............................................................................................................................117

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    A experincia concretizada pela parceria SESI/SENAI e Empresa Robert Bosch resultou na realizao pelo Colgio SESI/CIC e Instituto Robert Bosch de um projeto educacional em conjunto que ofereceu a 40 (quarenta) alunos uma educao ressignificada representada pela execuo de Oficinas de Aprendizagem e pelo Projeto Jovens em Ao.

    Dado o significativo impacto qualitativo e quanti-tativo decorrente dessa ao inovadora desenvol-vida no mbito socioeducativo das comunidades vizinhas das instituies citadas neste volume, so apresentadas as perspectivas tericas e prticas do Projeto Jovens em Ao, alm do detalhamen-to de quatro projetos ressignificados, dentre as Oficinas de Aprendizagem ofertadas.

    Para se divulgar os benefcios obtidos por essa experincia de insero socioeducativa de jovens, ampliando seus horizontes no sentido do aperfei-oamento como pessoa e da sua capacitao pro-fissional, so detalhadas as etapas de cada oficina, desde a forma de elaborao, da seleo de par-ticipantes, da organizao curricular, da execuo no decorrer do bimestre at a atividade de finali-zao.

    Em seguida demonstram-se o processo de ressignificar as Oficinas de Aprendizagem sob o olhar do setor produtivo; as oficinas vivenciadas pelos alunos do Projeto Jovens em Ao e os significados dessa ao social inovadora na formao educacional e profissionalizante.

    INTRODUO

  • - 12 -

    Esse processo, indica que a preparao de jovens fundamentada em estratgias educacionais de trabalho em equipe, voltadas para a produo de resultados, propicia a formao integral do trabalhador afinado com as mudanas decorrentes da contnua renovao tecnolgica dos tempos atuais.

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    1.1. VISO GERAL DO PROJETO

    1. PROJETO JOVENS EM AO: RELATO DE EXPERINCIA

    De iniciativa da Empresa Robert Bosch e por intermdio do Instituto Robert Bosch, o Projeto Jovens em Ao caracterizado por um trabalho sistemtico de educao e preveno continuada, visando aes que oportunizem o desenvolvimento social, pessoal e profissional de jovens oriundos de famlias de baixa renda selecionados nas comunidades do entorno da empresa.

    O projeto desenvolvido em parceria com escolas pblicas de duas comunidades da cidade de Curitiba Vila Verde e Vila Barigui e beneficia adolescentes do Ensino Mdio que, na maioria das vezes, no tm opes de atividades no perodo de contra turno, permanecendo fora do mbito educacional nesse perodo e estando sujeitos a situaes de risco.

    Primeiramente realizada a divulgao do projeto na comunidade (escolas, unidades de sade e estabelecimentos comerciais) e, em seguida, executa-se o processo seletivo dos interessados, no qual os candidatos elaboram uma redao e passam por uma entrevista individual. Aps a seleo dos adolescentes, comeam as visitas domiciliares com base em questionrios pr-elaborados para o conhecimento da realidade familiar.

    Os encontros em grupo ocorrem semanalmente com a finalidade de desenvolver habilidades, atitudes e comportamentos objetivados pelo projeto em atividades em grupo e vivncias, aplicando-se, tambm, tcnicas corporais de relaxamento, de orientao vocacional, alm da realizao de palestras, representaes teatrais, leituras e discusses de livros, passeios e visitas a feiras e a empresas.

    So realizadas, ainda, reunies mensais com os pais e/ou responsveis pelos adolescentes, a fim de mant-los informados sobre as atividades do projeto e auxili-los na reflexo sobre seus papis em relao aos filhos, tornando-os corresponsveis pelo seu desenvolvimento.

    Com o objetivo de garantir a frequncia dos adolescentes em todas as atividades, o projeto disponibiliza vales-transporte e material escolar para cada participante. Alm disso, so realizadas reunies peridicas com os parceiros, no caso Colgio SESI e SENAI, a fim de alinhar informaes pertinentes ao andamento do projeto e garantir o acompanhamento do desempenho e do desenvolvimento dos adolescentes no colgio e no curso tcnico.

  • - 14 -

    O projeto prev ainda a integrao da famlia com o adolescente e a escola para melhor acompanhamento das atividades e do alcance dos objetivos propostos, em vista de melhores resultados, tanto quantitativos quanto qualitativos. Dessa forma, observa-se que a participao no projeto, por meio de atividades educativas e formadoras, oferece aos adolescentes participantes ampliao de oportunidades, auxiliando-os em seu desenvolvimento e na elaborao de um projeto de vida.

    1.2. COMUNIDADE ATENDIDA

    Em 2009, a terceira turma do Projeto Jovens em Ao foi formada por 40 jovens moradores da Vila Barigui, comunidade localizada na Cidade Industrial de Curitiba prxima fbrica da Bosch, selecionados para participar do Projeto.

    Um dos principais problemas observados nas regies de baixa renda em Curitiba realmente a precariedade da condio socioeconmica da populao, decorrente de grande nmero de desempregados, causando elevada quantidade de crianas em desamparo familiar, alm de outras dificuldades, como o alto ndice de violncia e de uso de drogas. Nessas comunidades, os adolescentes costumam conviver com uma realidade que acaba por dificultar ainda mais o seu desenvolvimento pessoal e social, podendo desvi-los facilmente em direo s contravenes legais. Ocorrncia tambm bastante comum o surgimento de adolescentes grvidas que, pela situao desfavorvel na famlia e pela falta de orientao, no percebem as necessidades de preveno.

    De acordo com uma pesquisa realizada em 2008, pelo SESI/PR, na Vila Barigui, 80% dos jovens nunca frequentou um curso profissionalizante, determinando baixa perspectiva de emprego e renda.

    Foto 1 - Visita do projeto Jovens em Ao realizada na Bosch em agosto de 2009.Fonte: Comunicao Robert Bosch

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    1.3 PERFIL DAS FAMLIAS ATENDIDAS

    No segundo semestre de 2009, foram realizadas visitas domiciliares em 37 casas dos 40 adolescentes (dois tinham se desligado do projeto e em uma casa havia duas participantes). A partir disso, pde-se traar um perfil das famlias atendidas no Jovens em Ao, pois, nessas visitas, foram investigados: condies de moradia da famlia (prpria, alugada, emprestada ou invadida); nmero de cmodos e tipo da casa com o objetivo de verificar o conforto dos moradores; nmero de residentes da casa; quantidade de pessoas empregadas; escolaridade e idade dos pais e renda familiar. Com esses dados, foram elaborados os grficos a seguir.

    Grfico 1 Nmero de Residentes na casaFonte: Visitas domiciliares no segundo semestre de 2009.

    Grfico 2 Composio familiarFonte: Visitas domiciliares no segundo semestre de 2009.

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    De acordo com o grfico 2, a maioria das casas abriga de 03 a 05 moradores, contando com o adolescente participante do projeto. Dentre esses moradores, esto principalmente o pai, a me e os irmos do adolescente, havendo poucas situaes em que os avs ou tios dividem a mesma casa.

    Grfico 3 Pessoas Empregadas na FamliaFonte: Visitas domiciliares no segundo semestre de 2009.

    Nesse grfico 3, verifica-se que, na maioria das casas, h de 2 a 3 pessoas que trabalham, contribuindo com a renda familiar.

    Grfico 4 Renda FamiliarFonte: Visitas domiciliares no segundo semestre de 2009.

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    No grfico 4, observa-se que a renda mdia da famlia dos adolescentes fica entre 2 a 3 salrios mnimos, equivalente a R$ 930,00 a R$ 1.395,00. Considerando que a mdia de residentes nas casas de 04 pessoas, calcula-se que a renda per capita dessas famlias R$ 232,00, em mdia. Segundo o DIEESE, a renda mdia de cada trabalhador em Curitiba de R$700,00.

    Grfico 5 Situao Legal de MoradiaFonte: Visitas domiciliares no segundo semestre de 2009.

    De acordo com a visita domiciliar, a maioria das famlias possui casa prpria regularizada, demonstrando que o custo com aluguel no faz parte do seu oramento.

    Grfico 6 Tipo de CasaFonte: Visitas domiciliares no segundo semestre de 2009.

    No grfico 6, observa-se que 32 famlias possuem casa de alvenaria, o que poderia levar concluso de que a maioria possui uma condio de moradia confortvel, porm, ao se cruzarem os dados com o nmero de cmodos, conforme o grfico 7, a leitura diferente.

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    Grfico 7 N. de Cmodos em cada CasaFonte: Visitas domiciliares no segundo semestre de 2009.

    Nesse grfico 7, pode-se notar que a maior parte das casas dispe de 03 a 06 cmodos, levando-se em considerao que todas as casas contm banheiro interno e a maioria tem sala e cozinha separadas, conclui-se que o nmero de quartos varia de 02 a 03. Relembrando o grfico 1, que mostra o nmero de residentes da casa, verifica-se que os adolescentes geralmente no tm quarto prprio, dividindo o espao com outros irmos ou familiares, como tios e avs.

    Grfico 8 Escolaridade dos PaisFonte: Visitas domiciliares no segundo semestre de 2009.

    No que diz respeito escolaridade dos pais, a maioria no completou o Ensino Mdio, o que demonstra que os adolescentes participantes do projeto sero os primeiros da famlia a complet-lo e tambm a realizar um curso tcnico, conforme se pode verificar no grfico 8.

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    Grfico 9 Idade dos PaisFonte: Visitas domiciliares no segundo semestre de 2009.

    De acordo com o grfico 9, a maior parte dos pais est na faixa etria de 30 a 49 anos, ou seja, em idade economicamente ativa, o que indica ainda a idade precoce em que alguns tiveram seus filhos, entre 15 e 20 anos.

    Grfico 10 Naturalidade dos PaisFonte: Visitas domiciliares no segundo semestre de 2009.

    No grfico 10, tem-se que a maior parte dos pais, 67%, veio de outras cidades do Paran, em consonncia com a caracterstica dos moradores de regies de baixa renda de Curitiba que, em sua maioria, vieram de cidades do interior do estado em busca de melhores condies de vida na capital.

    Pelos dados coletados, pode-se concluir que os jovens participantes do Projeto Jovens em Ao residem, em sua maioria, em casas prprias, de alvenaria, com cmodos a partilhar, sobretudo, quartos entre irmos e at mesmo outros familiares. A mdia de residentes nas casas de 4 (quatro) familiares, sendo que a renda salarial per capita gira em torno de R$200,00. As famlias so oriundas, em sua maioria, de cidades do interior do estado do Paran e apresentam baixo grau de escolarizao, embora grande parte tenha Ensino Fundamental completo ou incompleto.

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    1.4. PERFIL DOS JOVENS ATENDIDOS

    TOTAL DE ADOLESCENTES: 40

    Sexo Masculino Feminino

    13 27

    Idade (ao participar do processo seletivo) 14 anos 15 anos 16 anos

    4 31 5

    Tabela 1 Perfil dos jovens atendidosFonte: Instituto Robert Bosch

    1.5. AES REALIZADAS

    Os quatro pilares de educao da UNESCO so utilizados como fundamento das etapas do projeto: Aprendendo a Ser, Aprendendo a Conviver, Aprendendo a Conhecer e Aprendendo a Fazer, orientados para o desenvolvimento das competncias pessoais, sociais, cognitivas e produtivas.

    Em todas as etapas do projeto, os adolescentes so estimulados a valorizar os estudos, realizando um trabalho de reflexo e acompanhamento peridico de notas e frequncia, por meio de anlise de boletins e conversas com a equipe do projeto.

    Alm disso, so previstas dinmicas e tcnicas de grupo, palestras, representaes teatrais, tcnicas de relaxamento corporal, leituras e discusses de livros, apresentao e discusso de filmes, realizao de passeios e visitas a feiras de profisses e empresas.

    As atividades so realizadas em encontros semanais com a participao dos adolescentes em grupo, coordenadas por uma equipe de psiclogos e assistente social. Os dias e horrios de realizao dos encontros so diferentes em cada etapa, em funo das mudanas na rotina dos jovens, conforme as atividades propostas. Dessa forma, na primeira etapa, foram realizados encontros s teras e quintas-feiras, das 13h30 s 15h30 e na segunda e terceira etapas, os encontros foram programados para o perodo noturno, s segundas-feiras, das 17h30 s 19h30 e das 20h s 22h. Essa mudana foi necessria, pois, ao iniciarem os cursos tcnicos no SENAI, os alunos estudam em perodo integral.

    Os encontros semanais seguem um foco de trabalho de acordo com a etapa em que acontecem, conforme a seguir.

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    1. ETAPA: APRENDENDO A SER E APRENDENDO A CONVIVER

    Perodo: maro a dezembro de 2009.

    Objetivos:

    Desenvolver autoestima e autoconfiana.

    Auxiliar na formao da identidade pessoal.

    Estimular a participao e o compromisso com a mudana da realidade local.

    Desenvolver a habilidade de convivncia em grupo e com a diversidade.

    Desenvolver a capacidade de planejamento, tomada de deciso e trabalho em equipe.

    Desenvolver a conscincia de direitos e deveres como cidado.

    Estimular a participao responsvel na vida comunitria.

    Atividades com os adolescentes (tabela 2) e Atividades com os pais (tabela 3)

    Dinmicas de grupo com foco nos objetivos dessa etapa (conforme cronograma 1)

    Atuao como multiplicadores nos projetos do Programa Pea por Pea

    Atividade de incentivo leitura no Clube do Livro

    Oficina de teatro

    Cronograma 1

    ENCONTRO FOCO ATIVIDADES

    Maro Integrao

    Integrao e elaborao conjunta do cdigo de con-vivncia de grupo

    Estabelecimento de metas pessoais

    Autoconhecimento

    Feedback grupal

    A Teia Lista de autgrafos Elaborao do Contrato Psicolgico do grupo Dana das cadeiras Minha bandeira pessoal Batata quente Que bicho eu sou? Aponte o que viu Folha nas costas

    Abril Levantamento de expectati-vas

    Integrao

    Minha vida ontem Minhas expectativas Desafio Despertando o conhecimento Gosto que Voc conhece bem o seu pai/me? Fui a uma viagem e levei....

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    ENCONTRO FOCO ATIVIDADES

    Maio Projeto de Vida Filme: Escritores da Liberdade Atividade sobre esse filme Atividade: Grfico da Vida

    Junho Cidadania

    Integrao

    Observao do outro Giro fixo Atividade sobre a msica: At Quando? Passeio no Clube Bosch

    Julho Identidade

    Atividade de Multiplicadores

    Cidadania

    Atividade Nome desenhado Conversa de encerramento do semestre Filme: A Corrente do Bem

    Agosto Mercado de trabalho

    Projeto de vida

    Visita na Bosch Apresentao do livro: 15 Lies sobre a Pedago-gia do Amor

    Setembro Identidade

    Projeto de vida

    Integrao

    Adolescncia

    Conversa sobre a Visita na Bosch Atividade Minha Foto Conversa sobre a atividade de multiplicadores Apresentao do livro A Arte de Construir Cida-dos

    Passeio no Clube da Bosch Dinmica Cuidados Angelicais Role play sobre adolescncia Msica Como uma Onda (Lulu Santos)

    Outubro Projeto de vida

    Misso pessoal

    Atividade introdutria sobre projeto de vida: rela-xamento induzido meu sonho para o futuro

    Conversa com adolescentes do Jovens em Ao II Filme: Procura da Felicidade, conversa sobre esse filme

    Apresentao do livro A Arte de Construir Cida-dos

    Apresentao de misso, viso e valores do Jovens em Ao

    Elaborao, em subgrupos, do Grito de Guerra Palestra com voluntrio, colaborador Bosch, Rena-to Faria

    Novembro Projeto de vida. Sexualidade

    Feedback e planejamento de 2010.

    Conversa sobre a fala do voluntrio Renato Faria e incio da criao da misso e viso individuais Apresentao do livro A Arte de Construir Cida-dos

    Atividades: Projeo de Sentimentos Mitos e Verdades Danando sobre o jornal Correio Sentimental Minhas metas para 2010

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    Dezembro Passeio no Clube Bosch Revelao Cuidados Angelicais Confraternizao

    Tabela 2 Cronograma da 1. Etapa: Aprendendo a Ser e Aprendendo a Conviver

    Fonte: Organizada por Pmmella Thauller Silveira, em maro de 2011.

    ENCONTRO FOCO ATIVIDADES

    Maro Integrao dos pais e apresentao do projeto

    Apresentao, por dupla, dos participantes

    Abril Integrao de 25 pais com os 15 pais dos adolescentes que entraram em abril

    Atividade: Roda de Conversa

    Maio Aproximao dos pais entre si Diviso do grupo de pais em duas turmas de 20; Atividade: Chegada no grupo

    Junho Acompanhamento do desempenho esco-lar dos adolescentes

    Conversas individuais com pais e seus filhos sobre o boletim do 1. bimestre

    Julho Relacionamento familiar Atividade Voc conhece bem seu (sua) filho (a)?

    Agosto Reafirmao do compromisso dos pais com o projeto

    Atividade Momento da Conversa, sobre as faltas no ltimo encontro

    Setembro Resgate da infncia e adolescncia dos pais

    Atividade Minha foto, com a apresentao da foto dos pais

    Outubro Conflito de geraes Atividade Minha adolescncia e a adoles-cncia do meu (a) filho(a)

    Novembro Planejamento financeiro Palestra com o voluntrio Altemir Farinhas sobre sade financeira

    Dezembro Avaliao de resultados e encerramento da 1. etapa

    Conversa sobre a percepo dos pais e adolescentes sobre este 1. ano e confrater-nizao

    Tabela 3 Atividades com os paisFonte: Organizada por Luiza Prado, em 2010.

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    Sobre a primeira etapa desenvolvida pelo projeto, os alunos prestaram as seguintes declaraes.

    E.: Talvez aquela fosse uma nica oportunidade de prestar ateno no que aquele voluntrio dizia.

    Assim, a gente focaliza mais o que quer fazer na vida da gente. Esta frase foi dita no momento em

    que a equipe questionava sobre o que eles tinham achado da experincia com o voluntrio Renato

    Faria, sobre o Plano de Desenvolvimento Individual.

    Com essa verbalizao, pode-se perceber o quanto E. estava atento aos exemplos de sucesso que Renato passava para os jovens, assim como na esperana de atingir objetivos na vida, para o qual o Plano de Desenvolvimento Individual uma excelente ferramenta.

    J.: Eu tambm gostei muito, prestei ateno porque ele fala da realidade, sobre o que voc vai ter

    de fazer para chegar l!

    Frase dita no mesmo momento da anterior, sinalizando a importncia que a jovem deu para a fala de Renato, apontando um bom aproveitamento para si mesma e sua expectativa com relao s futuras aes.

    2. ETAPA: APRENDENDO A CONHECER

    Perodo: maro a dezembro de 2010

    Objetivos:

    Desenvolver responsabilidade, interesse e iniciativa.

    Despertar interesse para a escolha de uma profisso.

    Desenvolver competncias para a insero no ambiente profissional.

    Mostrar caminhos e possibilidades de formao profissional.

    Transmitir a importncia dos estudos e da responsabilidade social.

    Atividades com os adolescentes (tabela 4) e Atividades com os pais (tabela 5)

    Dinmicas de grupo com foco nos objetivos dessa etapa (conforme cronograma 2)

    Atividade de incentivo leitura no Clube do Livro

    Atividade Plano de Desenvolvimento Individual

    Palestras com profissionais

    Filmes e msicas

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    Cronograma 2

    ENCONTRO FOCO ATIVIDADES

    Fevereiro Apresentao da diviso dos grupos/encontros, con-versar sobre o formato da segunda etapa do projeto e entregar material escolar

    trabalhar boletins do 4. bimestre trabalhar integrao grupal Momento da conversa para trabalhar SENAI/ Trabalhar habilidades pessoais

    Maro Projeto de vida Aquecimento ldico Introduo do Clube do Livro Trabalhar relacionamentos/romantismo Alongamento corporal 15/03 Encontro n. 30 Presena do voluntrio Renato Faria para apresentar Plano de Desenvolvimento Indivi-dual

    Preenchimento do Plano de Desenvolvimento Individual

    Abril Motivao e trabalho em equipe

    Trabalhar famlia (A famlia que eu tenho, a famlia que eu gostaria de ter)

    Filme Coach Carter Trabalhar boletins do Colgio 1. bimestre Trabalhar SENAI Apresentao Clube do Livro Clube da Informao

    Maio Identidade e Integrao grupal

    Projeto de vida

    Dinmica Pare de, Comece a, Continue a... Passeio na Pizzaria Homem Pizza Soletrando / Finalizao Pare de Preenchimento PDI

    Junho Projeto de vida Drogas

    Preenchimento PDI Finalizao do Grito de Guerra Presena do voluntrio Marcos Meier sobre Fatores de proteo contra os comportamentos destrutivos, como o uso de drogas, lcool e tabaco, sexualidade precoce, comportamento violento, entre outros

    Conversa sobre a palestra Drogas / Clube do Livro

    Julho Sexualidade, mtodos preventivos e cuidados com o corpo/higiene

    Apresentao da diviso dos grupos/ encontros para o 2. semestre

    Fechamento do semestre Palestra com Marcela Pellanda, psicloga da Bayer (foto 2)

    Agosto Reviso e finalizao do PDI Conversa sobre as reprovaes no SENAI Coaching com voluntrio Renato Faria Clube da Informao Clube do livro Trabalhar motivao Msica Tente outra vez, de Raul Seixas

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    Tabela 5 Atividades com os paisFonte: Organizada por Luiza Prado, em 2010.

    ENCONTRO FOCO ATIVIDADES

    Fevereiro Levantamento de interesses Momento da conversa

    Maro Relacionamento familiar Conflitos Familiares

    Abril Relacionamento familiar A Famlia que eu tenho e a famlia que eu quero ter

    Maio Acompanhamento do desenvolvi-mento do (a) filho (a)

    Relacionamento conjugal

    Conversas individuais com pais e seus filhos

    Roda de conversa

    Junho Drogas e Violncia Palestra com o voluntrio Marcos Meier sobre Drogas

    Julho Relacionamento familiar/ Dilogo em casa

    Roda de conversa

    Agosto Comunicao e Valores Consequncias para comportamentos adequados

    Setembro Reciclagem/ meio ambiente Produo de sabo com leo de cozi-nha (no Colgio SESI CIC)

    Outubro Comunicao Atividade: Voc est escutando?

    Novembro Acompanhamento do desenvolvi-mento do (a) filho (a)

    Momento da Conversa

    Dezembro Avaliao de resultados e encerramen-to da 2. etapa

    Momento da conversa Confraternizao.

    Setembro Escolha profissional Trabalhar Comunicao Presena do voluntrio Edilson Santos Sorteio para Cuidados Angelicais Clube da Informao Trabalhar Aquecimento Global Trabalhar Cidadania

    Outubro Clube do livro Trabalhar Higiene corporal Filme: As melhores coisas do mundo (Las Bodanzky) Trabalhar cuidado nos vnculos

    Novembro Responsabilidade Gravidez na adolescncia

    Atividade Cuidando do ovo Momento da Conversa: O que os filhos contam aos seus pais sobre eles?

    Feedback Recolhimento de todos os livros do Clube do Livro Autoavaliao

    Dezembro Passeio no Clube da Bosch Revelao do Cuidados Angelicais

    Tabela 4 Cronograma da 2.a Etapa: Aprendendo a ConhecerFonte: Organizada por Pmmella Thauller Silveira, em maro de 2011.

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    K.: Depois dessa atividade eu parei pr pensar que eu fao isso muitas vezes, e muito ruim voc

    querer falar com algum e a pessoa ficar te interrompendo com assuntos que no tm nada a ver.

    Essa declarao se refere percepo da adolescente sobre o prprio comportamento, no que diz respeito comunicao, observada durante a atividade Voc est escutando?, demonstrando que K. conseguiu aproveitar a discusso da atividade para fazer uma avaliao de si mesma e se perceber nesse sentido.

    J. G.: Foi o primeiro livro que eu peguei para ler e adorei, quero ler mais.

    Verbalizao feita durante a apresentao do Clube do Livro, evidenciando o resultado positivo dessa atividade sobre esse adolescente, que, mesmo no tendo o hbito de ler, ao falar do livro Anjos e Demnios, se mostrou bastante empolgado e interessado, transmitindo sua satisfao ao grupo.

    J. G.: Foi bom tudo o que ele falou, deu pra perceber que, com o dilogo, a gente resolve qualquer

    problema em casa.

    Essas palavras foram ditas sobre a palestra do voluntrio Marcos Meier, abordando relacionamento entre pais e filhos, e demonstram o quanto esse adolescente pde bem aproveitar os temas abordados para melhorar seu relacionamento em casa. H algum tempo J. relatou a dificuldade para conversar com seus pais e demonstrar o que sente, questo que vem sendo trazida tona em sua casa desde que seus pais descobriram que ele havia experimentado maconha.

    J. G.: Eu j melhorei bastante nisso, agora tudo o que acontece l em casa, eu chamo meus pais pra

    gente conversar.

    Nessa verbalizao, J. reconheceu o quanto a sua participao teve um efeito positivo no relacionamento familiar, em sua casa, pois foi ele quem teve a iniciativa de propor conversas em casa e de esclarecer algumas dificuldades pelo dilogo. Ao ouvir esse comentrio, a equipe elogiou a atitude do adolescente utilizando-a como exemplo.

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    Foto 2 - Palestra com voluntria sobre Sexualidade e Contracepo (Programa de Ateno e Orientao Sade Sexual e Reprodutiva) em julho de 2010Fonte: Luiza Prado Batiston

    3.a ETAPA: APRENDENDO A FAZER

    Perodo: maro a dezembro de 2011

    Objetivos:

    Proporcionar formao tcnica de qualidade.

    Auxiliar na formao de uma identidade profissional.

    Estimular a identificao de potencialidades e habilidades profissionais.

    Estimular e orientar a busca pelo primeiro emprego.

    Estimular e orientar a construo de um projeto de vida.

    Apesar de fazer parte do Projeto Jovens em Ao, essa etapa no foi contemplada no presente relato, pois ser desenvolvida no ano de 2011, ultrapassando assim o tempo limite descrito no Edital de Inovao.

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    INDICADORVALOR ATINGIDO

    2009 2010

    Frequncia dos adolescentes nas atividades do projeto 95% 88,6%

    Frequncia dos pais nas atividades do projeto 90% 80,0%

    Frequncia escolar (mdia por aluno) 98,7% 93,1%

    Aprovao escolar 100% 85,0%

    Aprovao SENAI N/A* 44,0%**

    * No ano de 2009, os alunos no haviam iniciado os cursos do SENAI.** Em curso.Tabela 6 Indicador dos Resultados QuantitativosFonte: Organizada por Luiza Prado, em 2010.

    A previso da concluso de cada etapa de aproximadamente um ano, sendo que em todas elas realizado um trabalho de conscientizao da importncia dos estudos por meio de atividades em grupo, do acompanhamento peridico de rendimento escolar (conceito, frequncia escolar e participao nas atividades do Colgio) e de conversas individuais. So realizadas ainda atividades que consistem em leituras e discusses de textos e temas diversos (gerais e ligados adolescncia).

    1.6. RESULTADOS

    Os resultados obtidos at o momento so apresentados na sequncia, embora a concluso do Projeto acontea somente em 2011.

    1.6.1. Resultados Quantitativos

    Apesar de terem diminudo, desde o incio do projeto, os indicadores de frequncia ainda so avaliados de forma positiva, ao serem comparados ao perodo anterior entrada dos alunos no Projeto Jovens em Ao, quando o ndice de frequncia escolar chegava prximo aos 75%.

    1.6.2. Resultados Qualitativos

    Por meio de depoimentos dos alunos e dos pais, coletados pelas entrevistas com esse fim, pde-se verificar o impacto do Projeto na vida desses jovens. Os pais e adolescentes foram identificados por letras.

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    Verbalizaes dos alunos

    E. A. O que mudou que agora a gente tem uma viso de futuro, o que eu quero para mim, antes

    no tinha isso.

    E. Antes o meu objetivo era concluir o Ensino Mdio, agora eu quero seguir uma rea profissional,

    antes eu no pensava nisso.

    N. Antes a minha me s gritava, agora ela conversa.

    K. Antes eu no me envolvia muito, mas agora eu estou bem participativa nos encontros e eu gosto

    de participar porque eu fico bem atenta ao que os outros falam e consigo dar a minha opinio sobre

    o tema trabalhado, assim eu estou aprendendo muito.

    Verbalizaes dos pais

    J. (me de C.). A gente estava com muitos problemas de comunicao em casa, at que ela (filha)

    me falou algumas coisas e eu consegui perceber o que eu estava fazendo de errado, e pude falar

    sobre o que ela estava errando tambm. Agora melhorou 90%.

    Essa declarao demonstra a forma encontrada pela famlia para resolver seus problemas, a maioria referente falta de comunicao e dificuldade de relacionamento. O que chamou a ateno da equipe pedaggica nesse comentrio foi o papel que me e filha tiveram na melhoria do relacionamento familiar, sendo que as duas conseguiram perceber as prprias falhas e corrigi-las, sem apenas apontar os erros uma da outra.

    J. (pai de J.): Eu estava cobrando deles uma coisa que eu no ensinei, no ia adiantar, o resultado

    no ia ser bom e era at perigoso eles se machucarem.

    Essa verbalizao reflete a percepo do pai de J., em uma situao prtica, ao pedir que os filhos limpassem a caixa dgua sem eles nunca terem feito isso antes, percebeu no ser possvel cobrar algo que no havia ensinado, utilizando essa mesma ideia para outras situaes vividas com os filhos. O que chamou a ateno da equipe pedaggica foi a capacidade desse pai de utilizar uma situao concreta para exemplificar algo que aprendeu a observar aps a palestra.

    M. H. (me de J.): Fazer essa atividade aqui me deu vontade de voltar a estudar, to bom mexer

    com essas coisinhas, lpis, folhas, desenhar... Acho que vou voltar mesmo.

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    Frase dita pela me de uma adolescente em um encontro com os pais, em que foi realizada uma atividade de recorte e colagem. Isso demonstra que o fazer da atividade agiu como estmulo para ela voltar aos estudos.

    C. (pai de C.): O projeto nos deu outros motivos para conversar, porque antes a gente s falava sobre

    videogame, e hoje a gente tem muito mais assuntos, como, por exemplo, falar dos trabalhos em

    grupo na escola ou de Manuel Bandeira.

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    OFICINAS DE APRENDIZAGEM DOCOLGIO SESI ENSINO MDIO

    2.1. O QUE SO OFICINAS DE APRENDIZAGEM?

    2.

    A prtica pedaggica do Colgio SESI/CIC, assim como dos demais Colgios SESI no estado do Paran, se concretiza por meio de OFICINAS DE APRENDIZAGEM, uma forma diferenciada de a dinmica da sala de aula e da escola acontecer em relao ao processo ensino-aprendizagem, criada por Mrcia Conceio Rigon (consultora dos Colgios SESI, no Paran, desde 2005) e implantada no Rio Grande do Sul, em 1996, na cidade de Montenegro, com registro feito na Biblioteca Nacional em 1999.

    A origem etimolgica da palavra oficina, que se registra a seguir acompanhada de breve evoluo do seu significado at denominar as Oficinas de Aprendizagem, encontra-se no material do participante do Centro de Formao dos Profissionais do Colgio SESI Mdulo de Imerso na Metodologia (2010, p. 34).

    A palavra oficina vem do latim: officina. No dicionrio de lngua portuguesa, tem sentido de lugar

    onde se exerce um ofcio; lugar onde se reparam ou fabricam mquinas, referindo-se, tambm, a

    laboratrio. Contudo, o sentido mais amplo da palavra o figurativo, significando: lugar onde se

    opera transformao notvel.

    Para se analisar o sentido da expresso oficina de aprendizagem, deve-se atentar para a prpria

    acepo da palavra oficina, na qual est implcita a ideia de aprendizagem, visto que APRENDER sig-

    nifica sofrer transformaes, passar de um estado a outro: de um estado de desconhecimento para

    um estado de conhecimento; de um estado de conhecimento parcial para um estado de conhe-

    cimento profundo. Poder-se-ia divagar por horas sobre a amplitude do significado dessa palavra.

    No entanto, como tcnica de ensino, deve-se observar o que significa trabalhar uma oficina. Em sua

    acepo de fabricar, implica o FAZER, que sempre ldico, desafiador, um real exerccio fsico e men-

    tal, enquanto, ao se referir a laboratrio, pode significar experimento, teste, manipulao, indicando,

    por sua vez, conhecimento, pesquisa, busca, anlise, hiptese, tese.

    Consequentemente, com a juno do fazer a testar, opera-se uma transformao notvel, chegan-

    do-se a Oficina de Aprendizagem, que, embora possa parecer redundncia, pedagogicamente,

    torna-se bastante significativo.

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    2.2. ORGANIZAO DA ESCOLA E DA SALA DE AULA POR OFICINAS DE APRENDIZAGEM

    Para uma viso de como acontecem as Oficinas de Aprendizagem no Colgio SESI, apresentam-se a seguir os principais aspectos de organizao da escola e sala de aula do Colgio SESI/CIC, de acordo com a Proposta Pedaggica, assim como acontece nos demais Colgios SESI do estado. Um dos primeiros destaques a aprendizagem significativa e contextualizada pela resoluo de desafios, uma vez que as Oficinas de Aprendizagem organizam-se de desafios extrados, pelo conjunto de professores, do contexto social em suas mltiplas dimenses.

    Segundo Miquelin (p. 96, 2008):

    As Oficinas de Aprendizagem so constitudas por estruturas flexveis, em torno de um desafio cen-

    tral, contextualizado num tema, com modo de funcionamento semelhante a uma rede de signifi-

    cados, as quais no priorizam disciplinas, mas, sim, a natureza de um problema que, na verdade,

    interdisciplinar e real, sem carter artificial.

    Por isso, outro aspecto distintivo das Oficinas de Aprendizagem est na sua elaborao, que requer o trabalho coletivo dos professores, de forma a concretizar a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade.

    O projeto das Oficinas de Aprendizagem, elaborado de forma coletiva, interdisciplinar e transdisciplinar pelos professores, focando de forma concomitante o trabalho no desafio a ser pesquisado e solucionado pelas diferentes disciplinas, desenvolvido em sala de aula, mantendo-se, ainda, os horrios de aulas para cada uma delas. As Oficinas de Aprendizagem so selecionadas pelos alunos, que as cursam em equipes, constituindo essa forma de trabalho um aspecto inovador dessa metodologia em sala de aula.

    A proposta pedaggica (2010)apresenta a seguinte caracterstica.

    Com o desafio da oficina lanado, os alunos so provocados a buscar as respostas em equipes

    de trabalho formadas espontaneamente e preferencialmente por 5 (cinco) alunos, que permane-

    cem juntos at o final do bimestre/oficina, constituio que deve ser modificada a cada Oficina de

    aprendizagem para no se repetir os mesmos componentes.

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    A aprendizagem pela pesquisa e resoluo de problemas embasa todo o trabalho de sala de aula, cujo material deve contemplar diferentes fontes (livros, sites confiveis da internet, revistas, jornais, procedimentos experimentais, aulas de campo, anlises de filmes, documentrios, entre outros), constituindo mais um diferencial pedaggico do Colgio SESI.

    A resoluo de problemas por meio de pesquisas, anlises, elaboraes e debates, com base na parceria estabelecida entre professor e alunos leva a um novo papel desses atores em sala de aula por estimular a busca da autonomia e da responsabilidade pelos estudantes sob a orientao do professor, formando profcua relao suscitada pelo conhecimento.

    A Proposta Pedaggica (2010) define a funo do professor da seguinte forma.

    O papel do professor, como educador, o de mediador e facilitador entre o aluno e o objeto do

    conhecimento, no mero transmissor de contedos, mas problematizador, instigador, provocador

    de aprendizagens. (...) Os alunos so sujeitos ativos e responsveis pelo seu aprendizado e pela

    construo do conhecimento com seus colegas de equipe e de sala de aula, compartilhando com

    os demais suas habilidades, suas competncias e seus saberes e at mesmo suas limitaes e difi-

    culdades.

    A prxis, como ao-reflexo-ao, deve ser um exerccio constante entre professores, que tambm trabalham em equipe e almejam o desenvolvimento da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade, dispondo de horrio semanal de encontros de trabalho coletivo.

    As Oficinas de Aprendizagem, baseadas nos pilares do empreendedorismo, responsabilidade socioambiental, criatividade e inovao, bem como na construo do conhecimento, na aprendizagem significativa e na transformao das realidades no seu entorno, preveem uma concluso dos trabalhos, como resposta aos desafios lanados. Na Proposta Pedaggica (2010), define-se essa prtica, sintetizada a seguir.

    Esse fechamento, tambm denominado celebrao, pode ser realizado de diferentes formas, seja

    um grande painel, um jornal, um paper, uma pea de teatro, um vdeo, uma apresentao, palestras

    para a comunidade, exposies, palestra com profissionais convidados, acampamentos, visitas co-

    munitrias, jornada acadmica, aes ou projetos de interveno na comunidade, entre outros, a

    depender da criatividade das equipes de trabalho e turmas da escola.

    Por todos os aspectos apresentados, ao reorganizar e redesenhar o modelo de escola e sala de aula, as Oficinas de Aprendizagem configuram uma experincia inovadora no processo pedaggico do Ensino Mdio.

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    2.3. ORGANIZAO CURRICULAR

    Para a concretizao das Oficinas de Aprendizagem, a organizao curricular do Colgio SESI se baseia nos seguintes princpios de organizao:

    Currculo em ao

    Interdisciplinaridade e Trandisciplinaridade

    Interseriao ou grupos no-seriados

    Competncias e habilidades

    Contextualizao

    Mundo do Trabalho

    Apresenta-se, a seguir, o significado desses princpios extrados na ntegra da Proposta Pedaggica (2010).

    Mantm-se a grade, mas prev-se a construo da teia currculo em ao:

    Para se efetivar a real aprendizagem, prope-se o currculo em ao, ou seja, a abordagem dos con-

    tedos das vrias reas do conhecimento ocorre por meio da apropriao dos significados dos con-

    ceitos bsicos fundamentais que as embasam e que, indubitavelmente, esto interligados. Assim, a

    organizao curricular dever possibilitar o aprofundamento dos conhecimentos disciplinares pre-

    vistos na legislao, de forma que oportunizem a construo e sistematizao dos conceitos e das

    relaes entre eles, sem o qual no se constituem as competncias mais amplas. Com base no tema/

    desafio planejado em conjunto pelos professores, ao olharem para suas disciplinas, identificam os

    conceitos bsicos e fundamentais, bem como as competncias especficas a serem desenvolvidas

    e os contedos a serem trabalhados, os quais podem contribuir para descrever com mais deta-

    lhes o desafio/problema. Dessa forma, os contedos so selecionados pelo significado adquirido

    e pela necessidade frente ao desafio lanado, quebrando a tradicional linearidade dos contedos

    e a seriao. No entanto, eles so trabalhados em profundidade e com a complexidade necessria,

    tanto para responder ao desafio da oficina quanto para atender ao estabelecido oficialmente pela

    legislao educacional. Quando os conceitos se inter-relacionam, tecendo- se medida que so

    compreendidos e o currculo se faz na ao, o conhecimento ocorre em rede.

    Os blocos de contedos nicos por disciplina sero estabelecidos pelo conjunto dos professores e

    validados por uma equipe interdisciplinar da rede, instituda para esse fim, levando-se em conside-

    rao os seguintes documentos oficiais: Parmetros Curriculares Nacionais, Matrizes de Competn-

    cias e Habilidades do ENEM e Diretrizes Estaduais, atendendo-se, inclusive, emergncia social e

    cientfica do presente e do futuro. Esses blocos de contedos so sempre revistos, conforme seja im-

    perativo, tanto referente prpria prtica pedaggica quanto s necessidades sociais emergentes.

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    Interdisciplinaridade e transdisciplinaridade

    Implcito no princpio anterior, pelo conhecimento em rede propiciado pelo currculo em ao,

    quando os conceitos/contedos disciplinares se inter-relacionam, eles vo se tecendo medida que

    so compreendidos na resoluo dos problemas/desafios, concretizando-se a interdisciplinaridade.

    Essa acontece pela superao das barreiras ideolgicas, culturais e histricas entre as disciplinas,

    quando os professores aproveitam os conhecimentos especficos para um mesmo estudo ou apren-

    dizado, gerando a aprendizagem significativa e contextualizada e propiciando uma situao favor-

    vel para a construo de um plano maior: a transdisciplinaridade, por promover o retorno origem

    natural do conhecimento, que no se divide em disciplinas, ao emanar da natureza do viver huma-

    no (HAMMES, 2008; MIQUELIN, 2008).

    Dessa forma, o conhecimento pressupe colaborao, complementaridade e integrao dos conte-

    dos entre todas as disciplinas, de acordo com os princpios de Prigogine (1996). O ensino pautado

    na interdisciplinaridade proporciona uma aprendizagem estruturada e rica, pois os conceitos esto

    organizados em torno de unidades globalizadas, de estruturas conceituais e metodolgicas compar-

    tilhadas por vrias disciplinas, cabendo ao aluno a realizao de snteses sobre os temas estudados.

    Interseriao

    Um currculo assim proposto requer que os tempos e espaos sejam flexveis, pois os conhecimen-

    tos e contedos no podem ser desenvolvidos de forma linear, tendo em vista que a cada desafio

    so estimulados para apresentar solues, os alunos/ equipes precisam lanar mo de diferentes

    nveis de complexidade dos conceitos, das redes dos campos conceituais das reas e disciplinas

    curriculares, como na temporalidade - do incio ao final do processo educativo do ensino mdio.

    Assim, os conceitos tratados nas reas curriculares se transversalizam, ao longo do desenvolvimento

    do currculo, tendo como referncia o alcance da integralidade dos objetivos e das competncias

    bsicas previstas para esse nvel de ensino.

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    Competncias e habilidades

    No momento atual, diante da sociedade da informao e das novas formas de produo e distri-

    buio do conhecimento, o importante no a quantidade de conceitos e frmulas que um aluno

    aprende, mas sua capacidade de, sobretudo, usar esse conhecimento com sentido transformador

    e tico e de continuar aprendendo. Por isso, o currculo do Colgio SESI tambm se organiza para o

    desenvolvimento de competncias e habilidades.

    Competncias so definidas nessa proposta como a capacidade que o sujeito tem de mobilizar di-

    versos recursos cognitivos (conhecimentos tericos, saber prtico, valores, julgamentos, intuies

    baseadas na ao, classificao e seriao, por exemplo) at aquelas mais complexas e abstratas,

    que compreendem anlises, snteses, analogias, associaes, generalizaes. Assim, no processo de

    desenvolvimento dessas formas superiores de raciocnio, dessas operaes mentais de nvel supe-

    rior, o sujeito vai ampliando sua autonomia e seu senso crtico.

    Nesse sentido, formar para o desenvolvimento de competncias significa, tambm, educar para a

    autonomia, para a capacidade de iniciativa e de autoavaliao, para a responsabilidade, para a am-

    pliao da capacidade de trabalho, de concepo e realizao de tarefas e projetos.

    As Oficinas de Aprendizagem, por meio de problemas/desafios, procuram desenvolver e mobilizar

    competncias de forma contextualizada e significativa, por isso, para o currculo em ao proposto,

    o desenvolvimento de competncias so to importantes quanto os contedos em si, constituindo

    esses contedos em um meio para desenvolver competncias e responder aos desafios.

    Ao longo de todo o Ensino Mdio, a escola trabalha para o desenvolvimento de competncias b-

    sicas gerais, previstas nessa proposta, sob responsabilidade do coletivo dos professores, que, ao es-

    tabelecerem o bloco de contedos em cada disciplina, deve estabelecer tambm as competncias

    especficas de cada uma delas, a fim de particularizar as competncias gerais previstas e concretiz-

    las em sala de aula.

    Contextualizao

    No currculo em ao, o princpio da contextualizao se concretiza constantemente no fazer peda-

    ggico das Oficinas de Aprendizagem, desde sua concepo, execuo e avaliao, pois elas propi-

    ciam contextualizar o contedo; mobilizam competncias j adquiridas; promovem o desenvolvi-

    mento de habilidades e provocam a aprendizagem significativa, ao estabelecer uma reciprocidade

    entre o aluno e o objeto do conhecimento expresso na situao-problema/ desafio real, levando-os

    a fazer a transposio didtica do que j sabem, da teoria para a prtica e vice-versa. Esse recorte

    do real se expressa sempre de forma contextualizada, em todas as disciplinas, por textos de lingua-

    gem verbal ( diversas tipologias textuais), linguagem visual (fotos, mapas, pinturas, grficos, entre

    outros) e enunciados.

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    Preparao para o mundo do trabalho

    A formao bsica para o trabalho defendida como necessria para se compreender a tecnologia

    e a produo, com o propsito de preparar os jovens para a realidade contempornea. Assim, os

    conhecimentos a serem construdos pelo aluno, no currculo em ao, devem tomar como contexto

    o mundo do trabalho e o exerccio da cidadania, considerando-se: a) os processos produtivos de

    bens, servios e conhecimentos com os quais o aluno se relaciona no seu dia a dia, bem como os

    processos com os quais se relacionar mais sistematicamente na sua formao profissional e b) a

    relao entre teoria e prtica, entendendo como a prtica os processos produtivos, e como teoria,

    seus fundamentos cientfico-tecnolgicos.

    A Base Nacional Comum tambm traz em si a dimenso de preparao para o trabalho, a qual deve

    apontar para o mesmo algoritmo, como um instrumento para a soluo de um problema concreto,

    que pode dar conta da etapa de planejamento, gesto ou produo de um bem. Logo, ao indicar

    e relacionar os diversos contextos e prticas sociais, alm do trabalho, requer, por exemplo, que a

    Biologia d os fundamentos para a anlise do impacto ambiental, de uma soluo tecnolgica ou

    para a preveno de uma doena profissional. Enfim, assinala que no h soluo tecnolgica sem

    uma base cientfica e que, por outro lado, solues tecnolgicas podem propiciar a produo de um

    novo conhecimento cientfico. (DCNs Ensino Mdio, p.17)

    Portanto, os processos produtivos dizem respeito a todos os bens, servios e conhecimentos com

    os quais o aluno se relaciona no seu dia a dia, bem como queles processos com os quais se relacio-

    nar mais sistematicamente na sua formao profissional. Para fazer a ponte entre teoria e prtica,

    de modo a entender como a prtica (processo produtivo) est ancorada na teoria (fundamentos

    cientfico-tecnolgicos), torna-se necessrio que a escola seja uma permanente experincia de es-

    tabelecer relaes entre o aprendido e o observado, seja espontaneamente, no cotidiano em geral,

    seja sistematicamente, no contexto especfico de um trabalho e de suas tarefas laborais. (DCNs,

    Ensino Mdio, p.73)

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    2.4. FORMATO DE ELABORAO

    Os projetos das Oficinas de Aprendizagem so elaborados pela equipe de professores em horrio de trabalho coletivo, seguindo um roteiro estabelecido pela Rede de Colgios SESI, com acompanhamento pedaggico. Para elaborar uma Oficina de Aprendizagem, devem ser preenchidos os dez campos explicitados a seguir.

    Campo 1 IDENTIFICAO

    Nome do Colgio, nome da Oficina de Aprendizagem e bimestre de oferta.

    Campo 2 JUSTIFICATIVA

    De forma concisa, escreve-se a respeito do contexto causal, destacando o desafio/problema a ser estudado. Completa-se argumentando sobre a importncia da oferta da oficina, seu significado para a formao do jovem e sua finalidade .

    Campo 3 DESAFIO PROPOSTO

    Aps uma breve e eventual introduo , explicita-se a situao problema em forma de pergunta, que, para representar de fato desafio, deve causar dvidas suscitando a realizao de pesquisas e busca de solues diversas para a elaborao de respostas concludentes.

    Campo 4 OBJETIVO GERAL

    Elabor-lo responder seguinte pergunta: aonde pretendemos chegar com esta oficina? Com a clareza disso, obtm-se a linha mestra e as coordenadas de trabalho de todos os professores ao desenvolverem a oficina.

    Os objetivos devem ser elaborados utilizando-se verbos no infinitivo, pois determina o que o aluno dever ser capaz de fazer ao final do aprendizado.

    Est, portanto, vinculado atividade de finalizao da oficina, sendo referncia ao estabelecer as competncias e habilidades a serem desenvolvidas e ao propiciar condies ao professor para escolher os procedimentos mais adequados sua rota de trabalho especfica.

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    Campo 5 APONTAMENTOS TERICOS

    Indicao dos fundamentos terico-cientficos constantes nos documentos e pesquisas que formam a base para o desenvolvimento da oficina, argumentando sobre sua contribuio e citando suas fontes .

    Campo 6 COMPETNCIAS E HABILIDADES GERAIS A SEREM TRABALHADAS EM COMUM

    Detalhamento das competncias e habilidades a serem desenvolvidas na Oficina pelo conjunto de professores, contemplando o estabelecido na Proposta Pedaggica do Colgio .

    Campo 7 TEIA DE CONTEDOS

    Representao da interdisciplinaridade proposta para a oficina, estabelecendo ligaes entre o desafio, os temas norteadores e os contedos de cada disciplina. Centrando-se o desafio, estabelecem-se os temas de forma a permitir a viso de totalidade ou sistmica irradiada do ncleo, de forma coletiva e transdisciplinar. Desses temas, estendem-se os contedos disciplinares, formando uma rede de afinidades, de forma a evidenciar a complementaridade entre os elementos conectados, ou seja, entre as disciplinas. Essa representao grfica demonstra o compromisso de todos para a abordagem do desafio de forma holstica e, ao mesmo tempo, corresponsvel, dada a especificidade disciplinar.

    Campo 8 ATIVIDADES EM COMUM (DESENCADEADORAS OU PROCESSUAIS)

    Indicao das atividades a serem realizadas em comum, sempre com base em um livro de cultura geral e um filme determinado pela equipe de professores, para anlise do tema desafiador de forma ampla e diversificada em relao aos recursos de difuso do conhecimento humano, expandindo-se, inclusive, para aulas de campo, palestras e outros.

    Campo 9 ATIVIDADE DE FINALIZAO COMUM

    Explanao do momento conclusivo em que as equipes de alunos faro a demonstrao da forma utilizada para dar resposta ao desafio lanado, atendendo ao objetivo geral da oficina.

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    Campo 10 PROFESSORES RESPONSVEIS PELA EXECUO

    Relao dos executores da oficina de aprendizagem, a ser divulgada igualmente em edital, para que os alunos tomem conhecimento.

    2.5. SELEO DAS OFICINAS DE APRENDIZAGEM PELOS ALUNOS

    Conforme apresentado anteriormente, os alunos selecionam as Oficinas de Aprendizagem que queiram cursar, mas para isso so estabelecidos os seguintes critrios: a que ainda no cursou, a que mais lhe chama a ateno, a que mais lhe agrada e o desafia aos estudos, alm da Oficina que contemple contedos que ainda no viu e precisa estudar. A Orientao Pedaggica do Colgio e os professores devem orientar e acompanhar os alunos, para que escolham contedos diferentes, a fim de que at o final do 3. ano possa ter estudado todos os temas de Ensino Mdio.

    Para que o aluno realize a sua seleo, no incio do bimestre, os professores apresentam as Oficinas elaboradas para esse perodo aos alunos, momento chamado tambm de venda da Oficina, no sentido de contagiar os alunos, para que queiram realmente cursar a selecionada. As oficinas so lanadas em edital no Colgio, para que os alunos as conheam na ntegra e apresentadas em power-point ou movie maker, sintetizadas pelo uso de imagens e palavras-chaves ou frases de impacto. Em dia marcado, os alunos realizam seleo e os professores registram as inscries nas Oficinas almejadas que tm vagas delimitadas, mas somente depois de preenchidas todas as vagas pode-se conhecer quantos alunos se inscreveram por srie, formando-se as oficinas interseriadas.

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    PROCESSO DE RESSIGNIFICAR AS OFICINAS DE APRENDIZAGEM SOB O OLHAR DO SETOR PRODUTIVO

    3.1. OFICINAS DE APRENDIZAGEM OFERTADAS NO ANO DE 2010

    3.

    De acordo com as orientaes da mantenedora, o Colgio deve pensar sempre em OFICINAS e determinar o nmero delas pelo total de alunos da escola e pelo nmero de alunos que cada sala de aula comporta. Segundo o caderno de Procedimentos Pedaggicos (2010, p. 29-30):

    Diante da interseriao contedos como bloco nico e alunos de sries diferentes podendo cursar

    a mesma oficina de aprendizagem, utiliza-se a lgica sistmica pensa-se o todo: o todo de alunos,

    o todo dos contedos e todos podem escolher a oficina que desejarem. No entanto, os Colgios

    podem ofertar oficinas especficas para 1./2. srie e 2./3. srie, ou 1., 2. e 3. , quando houver

    compreenso perfeita das oficinas, com teias bem consistentes e rotas bem planejadas e um con-

    trole perfeito dos contedos trabalhados pelos professores, pelo pedagogo e tambm por parte

    dos alunos. O ideal que se oferea sempre uma oficina a mais, para opo dos alunos. Por exem-

    plo, se h demanda para trabalhar trs (3) oficinas, recomenda-se ofertar quatro (4), sendo que as

    mais procuradas sero as executadas. Isso permite mais possibilidades de ofertas, bem como maior

    abrangncia dos contedos. (...) Independente da srie, todos esto aprendendo as mesmas coisas,

    em momentos iguais ou diferentes. No ano seguinte, podem-se reeditar algumas oficinas, podem-

    se propor outras novas, de modo que a renovao sempre se configure.

    No ano de 2010, o Colgio SESI/CIC ofertou diversas oficinas, entre novas e reeditadas do ano anterior. A tabela 7 apresenta as Oficinas de Aprendizagem elaboradas e ofertadas no turno da manh, com destaque em cor para as que foram cursadas pelos alunos participantes do Projeto Jovens em Ao.

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    OFICINAS OFERTADAS NO TURNO DA MANH

    1. Bimestre

    Adolescncia: ser ou no ser? Eis a questo.

    Gnese

    Avatar: o mundo em 3D

    Feminino e masculino: existe sexo forte?

    Infncia roubada

    Desastres naturais

    Por trs da f

    Dossi Haiti

    2. Bimestre

    No mundo da Lua

    Caminhos do Paran

    Invenes e Tecnologias

    Profisses: o futuro em suas mos

    Drages Orientais

    frica do Sul

    Descobrindo Leonardo da Vinci

    Mdia: Informao x Formatao

    3. Bimestre

    Planeta Terra: o mundo em constante afinao

    Do Lixo ao Luxo

    Real e Imaginrio

    Veias Urbanas

    Retr: anos 60 e 70

    Mundo: o que voc vai ser quando eu crescer?

    Viver a melhor idade

    Po em muitas frmas e formas

    4. Bimestre

    Jogo da Vida

    Gerao Sade

    Made in Brazil

    Destaques do Mundo Profissional

    Amor no s uma palavra

    Naes Indgenas

    Tabela 7 Oficinas de Aprendizagem ofertadas em 2010, turno manhFonte: Organizada por Pmmella Thauller Silveira, em 2011.

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    3.2. PROCESSO DE RESSIGNIFICAR AS OFICINAS DE APRENDIZAGEM

    Dentre todas as Oficinas de Aprendizagem ofertadas pelo Colgio SESI/CIC no ano de 2010, sele-cionaram-se quatro (4) delas para realizar o processo de ressignificao do currculo em ao, con-templando os contedos e necessidades do setor produtivo, na formao do futuro trabalhador.

    A partir do momento em que essas Oficinas foram selecionadas para um trabalho de ressignificao, por consenso entre a equipe pedaggica e de professores do Colgio SESI/CIC, as mesmas foram direcionadas para que os alunos participantes do Projeto Jovens em Ao pudessem selecion-las.

    As Oficinas de Aprendizagem pretendidas como mostra desse processo reflexivo foram as seguintes:

    Do Lixo ao Luxo

    Jogo da Vida

    Made in Brazil

    Destaques do Mundo Profissional

    Com base na sua elaborao inicial feita pelos professores, desencadeou-se o processo de ressignific-las. Aps, foram enviadas para apreciao prvia de duas analistas tcnicas da equipe da Gerncia de Operaes Inovadoras (colaboradoras desde a concepo do projeto) e da Consultora do Colgio SESI.

    Nessa anlise inicial, percebeu-se como os professores focam muito mais a questo da cidadania na formao do aluno do que a formao para o mundo do trabalho, bem como a consequente compreenso dos processos produtivos e da tecnologia.

    Um encontro reflexivo foi organizado com a equipe de professores para que pudessem avanar na compreenso da necessidade, no processo formativo dos alunos, de unir formao cidad e preparao para o mundo do trabalho, especialmente, quanto aos processos produtivos do setor industrial.

    Nesse encontro, foram relembradas as funes, finalidades e misso do Colgio SESI frente s necessidades e demandas da indstria, o qual, inclusive, pela metodologia das Oficinas de Aprendizagem, j se propunha a desenvolver competncias relacionais importantes para o

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    mercado de trabalho, com destaque para o saber trabalhar em equipes, o enfrentar problemas, o filtrar informaes, gerar conhecimento e criar solues. O desafio seria avanar no sentido de repensar o currculo escolar do Ensino Mdio regular, de modo a torn-lo aberto e convergente para as necessidades da indstria na formao do futuro trabalhador. A questo norteadora era ressignificar os contedos escolares, expressos nos desafios das Oficinas de Aprendizagem e nas teias de contedo, apoiado no olhar e nas necessidades do setor produtivo com vistas ao desenvolvimento sustentvel, aes de empreendedorismo, criatividade e inovao.

    Com essas reflexes iniciais, a equipe de professores exercitou a anlise dos desafios das Oficinas de Aprendizagem, interdependentes na clareza e coerncia com o objetivo dessa atividade, com as possveis solues dos alunos objetivadas na finalizao e com os contedos a serem contemplados, considerando-se o setor produtivo na elaborao da teia de contedos. A pergunta norteadora foi: Que contedos a indstria entende serem importantes para a formao do futuro trabalhador neste tema e desafio?

    Foto 3 - Encontro reflexivo com os professores para a Ressignificao do Currculo Escolar no Colgio SESI/CIC

    Fonte: Jaqueline Rossato, em outubro de 2010.

    3.3. RESSIGNIFICAR OS DESAFIOS

    Os desafios das Oficinas de Aprendizagem foram projetados para as reflexes. Nesse momento, as analistas tcnicas instigavam os professores a pensar voltados para outros ngulos e pontos de vista e, por meio do dilogo apreciativo, eles foram se manifestando a respeito da ressignificao.

    Pelas tabelas, a seguir, tem-se a representao do resultado obtido em cada oficina trabalhada.

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    3.3.1. Oficina Do Lixo ao Luxo

    Tabela 8 Ressignificao do desafio da Oficina de Aprendizagem Do Lixo ao Luxo

    Fonte: Os organizadores, em 2010.

    Note-se que a amplitude da formao do cidado como consumidor, no desafio inicial, se abre para a perspectiva do setor produtivo, focando no s a indstria, do ponto de vista de uma produo mais limpa, sustentvel e preocupada com o meio ambiente, mas tambm a parcela de contribuio do aluno como futuro trabalhador.

    A Consultora dos Colgios SESI, Mrcia C. Rigon, contribuiu com esse processo reflexivo, envian-do por escrito aos professores as seguintes colocaes:

    H muito de consumismo nestes apontamentos, deixando a reciclagem, que o foco, muito fora .

    Eu diria que nesta Oficina vocs deveriam tratar a gesto de projetos sustentveis, a prospeco de

    novos equipamentos, novas tecnologias, estudar sistemas de qualidade, conhecer produo en-

    xuta, certificao Green belt (Green belt so direcionados a oportunidades ou problemas de uma

    determinada rea de atuao visando sustentabilidade. So coisas que devem ser feitas, como

    aqui na Oficina. Tudo isto vai gerar as novas solues e as novas profisses, que os nossos alunos

    vo buscar. Vamos mostrar coisas novas aos nossos alunos: o Bright Green Cities a se realizar em

    novembro, no Rio de Janeiro, procurando mostrar exatamente as novas tecnologias para uso de

    resduos, sustentabilidade e novos modelos econmicos. As tecnologias de desenvolvimento sus-

    tentvel surgem como novas opes econmicas, com a vantagem de usar energias limpas e criar

    dois movimentos indispensveis hoje: gerao de postos de trabalho e economia de recursos - isto

    importante nesta Oficina.

    DESAFIO INICIAL DESAFIO REALIZADO

    Estimula-se o consumo, a criao de necessi-dades e tudo se torna substituvel. Isso provo-ca mudana muito rpida do luxo ao lixo.

    Baseado nessa reflexo, como se pode agir em prol de transformar esse lixo em luxo? Qual a nossa parcela de participao individual e coletiva como consumidores?

    Como a indstria pode transformar esse lixo, tornar-se uma empresa amiga do planeta, com as suas polticas de coleta de produtos antigos e de sua reciclagem e gerar, alm de uma fonte de sustentabilidade financeira, fonte de marketing positivo? Como cidados e futuros profissionais, o que vamos fazer daqui para frente?

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    Decorrente das contribuies da Consultora, a reflexo girou em torno do quanto se sabe a res-peito das necessidades do processo produtivo, uma vez que a maioria dos professores, ao sair das licenciaturas, trabalha com a educao formal. Geralmente, os professores no tm experi-ncia de trabalho no setor produtivo e no tm o alcance das necessidades desse setor quanto formao do aluno para o mundo do trabalho, especialmente, o setor industrial. Nesse sentido, ficou claro para a equipe de professores o quanto necessria a parceria com a indstria, no caso, a Empresa Robert Bosch, para entender as necessidades, desafios e dificuldades do setor produ-tivo e at mesmo para que a indstria colabore na elaborao de Oficinas de Aprendizagem ou faam suas sugestes. Essa integrao necessria e salutar do ponto de vista da melhoria da qualidade do processo formativo do aluno, para a sua insero produtiva no mundo do trabalho, cumprindo uma das finalidades legais do Ensino Mdio, colocadas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional n. 9394/96.

    A parceria Colgio SESI/Ensino Mdio e Empresa Robert Bosch representa uma forma de a escola estar atualizada em relao ao mundo contemporneo e abordar contedos com significado social para o setor produtivo.

    3.3.2. Oficina Jogo da Vida

    Essa Oficina de Aprendizagem, inicialmente, denominava-se Economia Pessoal, mas, nas reflexes de ressignificao, foi renomeada para Jogo da Vida. Observe-se a tabela 9, a seguir.

    DESAFIO INICIAL DESAFIO REALIZADO

    Consumir uma necessidade de todos os seres vivos. Para nos mantermos vivos, precisamos de energia, gua e nutrientes. O ser humano, entretanto, sente necessidades de muito mais e consome por desejo, por impulso, o que leva ao exagero, chamado de consumismo. O que fazer, ento, para nos tornarmos consumidores cons-cientes e com estratgias para melhorar nossas necessidades? De que forma podemos utilizar nossos recursos financeiros sem comprometer toda a renda familiar?

    Em casa ou no trabalho, devemos gerenciar recursos, gastos e primar pela qualidade de vida. Quais critrios, tcnicas e estratgias podemos aplicar no planeja-mento de nossa vida financeira em casa e no trabalho, sem comprometer toda a renda?

    Tabela 9 Ressignificao do desafio da Oficina de Aprendizagem Jogo da VidaFonte: Os organizadores, em 2010.

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    O foco da Oficina gira em torno de sade financeira, tendo como pano de fundo, ou como critrio, o consumo consciente.

    O grande avano verificado na ressignificao do desafio dessa Oficina consiste em que os professores perceberam a necessidade de detalhar mais a questo do planejamento financeiro. O prprio desafio foi repensado apontando, como possvel soluo, que os alunos estudassem e pesquisassem nas vrias disciplinas, critrios, tcnicas e estratgias para gerenciar recursos financeiros em funo das necessidades e qualidade de vida, com base na vida pessoal, como cidado, mas ampliando para pesquisar e conhecer como as empresas e indstrias o fazem, contemplando tambm a vida profissional.

    3.3.3. Oficina Made in Brazil

    A Oficina de Aprendizagem Made in Brazil aborda a questo do mundo do trabalho em seu desafio, no necessitando de uma ressignificao nesse sentido.

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    Houve um perodo em que o preconceito com o produto brasileiro imperava e os importados conquistavam cada vez mais seu espao no pas. Busca-se hoje mostrar a brasilidade dos produtos que apresentam qualidade e grande aceitao no mercado externo.

    Mas, e o brasileiro aceita e confia em seu produto? Pense como um empreendedor e justifique que produto voc criaria e como o lanaria no mercado interno e externo.

    Houve um perodo em que o preconceito com o produto brasileiro imperava e os importados conquistavam cada vez mais o seu espao no pas. Busca-se hoje mostrar a brasilidade dos produtos que apresentam qualidade e grande aceitao no mercado externo.

    Mas e o brasileiro aceita e confia em seu produto? Voc, como empreendedor brasileiro, que produto criaria e como o lanaria no mercado interno e externo?

    Tabela 10 Ressignificao do desafio da Oficina de Aprendizagem Made in BrazilFonte: Os organizadores, em 2010.

    A alterao do desafio foi em relao a no apenas possibilitar aos alunos pensarem como empreendedores, mas a atuarem como. O comentrio enviado pela Consultora apontava que nessa Oficina ...o foco seriam as pesquisas de mercado, a anlise de tendncias atuais e materiais sustentveis, pois somente as empresas sustentveis se mantero no mercado.

    Entretanto, para aprofundar as possibilidades de ressignificao com a presena da Consultora dos Colgios SESI/Ensino Mdio, organizou-se outro encontro reflexivo com a equipe de professores da Unidade CIC. O ponto central da reflexo foi a questo dos contedos para que esses realmente fossem ferramentas para auxiliar na construo da resposta ao desafio e apresentao de possveis solues.

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    Todo desafio conduziria para o desenho da teia de contedos de forma interdisciplinar pelos professores e no registro completo do Projeto de Oficina de Aprendizagem, mantendo coerncia entre desafio, objetivos, livro, filme e finalizao. Nesse caso, a coerncia entre todos esses cam-pos de elaborao era necessria para o sucesso da finalizao da oficina, que requeria como resposta a criao de um produto e seu lanamento para o mercado interno e externo.

    A questo da interdisciplinaridade foi rediscutida do ponto de vista da prtica pela reconstruo da teia de contedos, cujo movimento ocorre de dentro para fora, ou seja, com base no desa-fio pensam-se os temas amplos que dariam conta de abordar de forma sistmica o problema. Fundamentando-se neles que cada disciplina deve selecionar seus contedos, compartilhando sua viso com as outras disciplinas, de modo a se complementarem, desenhando a proposta da interdisciplinaridade. O ponto de reflexo e at de incmodo para os professores consiste em quais contedos abordar. A quebra de paradigmas nesse sentido necessria e, no raro, se veem professores presos a uma concepo tradicional dos contedos escolares e fazendo o ca-minho inverso primeiro pensando em seu contedo para depois encaixar nos temas e desafio.

    A proposta das Oficinas de Aprendizagem requer que os professores pensem alicerados no de-safio, tendo os contedos como ferramentas, como subsdios para entenderem e construrem suas respostas, de forma interdisciplinar, para uma viso global e articulada do problema em estudo tarefa no habitual e que requer abertura e reflexo constante.

    3.3.4. Oficina Destaques do Mundo Profissional

    Em relao ressignificao da Oficina Destaques do Mundo Profissional, os professores foram instigados a pensar na diferena entre um Projeto Temtico e uma Oficina de Aprendizagem. Os Projetos Temticos desenvolvem-se em torno de um tema sem um desafio a ser solucionado, uma resposta a ser construda. As disciplinas trabalham isoladas, com objetivos e subtemas prprios, embora em torno de um tema em comum. Requerem apenas estudos e pesquisas que no necessariamente se intercomplementam entre as disciplinas entre si, portanto, no propem a interdisciplinaridade como prescrito pelo Colgio SESI.

    Da forma como se apresentava o desafio da Oficina Destaques do Mundo Profissional correspondia mais a um Projeto Temtico que uma Oficina com desafio a ser respondido interdisciplinarmente.

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    No decorrer da histria inmeras pessoas se destacaram em algum campo de estudo, pesquisa ou pela luta travada em prol dos direitos humanos, afirmando a cidadania da populao expressa na sade, na educao e no trabalho. A partir do sculo passado, as personalidades e pesquisadores passaram a receber maior reconhecimento pelas ideias que transformaram o mundo com a concretude de seus experimentos e a fora da sua palavra. O que torna essas pessoas brilhantes e merecedoras desse destaque mundial em detrimento de tantas outras que mesmo brilhantes vivem no anonimato? Qual caminho estas percorrem para conquistar tal mrito?

    Quais os diferenciais ou qualidades de um destaque no mundo profissional na atual sociedade de consumo? possvel ser um lder levando em considerao aspectos como: humanismo, sustentabilidade, moral, tica, boas prticas sociais e ambientais? Qual ser, efetivamente, a sua contribuio para o mundo coorporativo e qual o caminho a ser trilhado?

    Tabela 11 Ressignificao do desafio da Oficina de Aprendizagem Destaques do Mundo Profissional

    Fonte: Os organizadores, em 2010.

    Por fim, a equipe de professores e pedagogas revisou a Oficina, reelaborando o desafio e tor-nando-o de fato uma questo a ser resolvida, o que consistiria em construir respostas baseadas em critrios claros e atreladas aos destaques e lideranas do mundo do trabalho, exigindo muita pesquisa e anlise pelos alunos frente ao modelo de liderana estabelecido. Por fim, o desafio ressignificado trouxe uma provocao aos alunos no sentido de pensarem sobre si mesmos, so-bre qual caminho querem trilhar.

    Todas as Oficinas de Aprendizagem, objeto de reflexo at aqui, foram revisadas pela equipe de professores e pedagogas de forma a ressignific-las na ntegra e esto contempladas como projeto e prtica no captulo seguinte.

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    OFICINAS DE APRENDIZAGEM VIVENCIADAS PELOS ALUNOS DO PROJETO JOVENS EM AO

    4.

    Apresentam-se integralmente quatro projetos de Oficinas de Aprendizagem (foco de relato de experincia), ressignificadas e ofertadas no Colgio SESI/CIC e cursadas pelos alunos participantes do Projeto Jovens em Ao, dentre outras constantes no captulo 2.

    4.1. OFICINA DO LIXO AO LUXO

    4.1.1. Projeto

    Campo 1 IDENTIFICAO

    COLGIO SESI/CIC - Cidade Industrial de Curitiba

    OFICINA: DO LIXO AO LUXO

    Sries: 1. e 2. Bimestre: 3. Perodo: 02/08/2010 a 08/10/2010

    Campo 2 JUSTIFICATIVA

    Os povos atuais caracterizam-se cada vez mais consumistas, condio estimulada pela indstria associada grande mdia, ao criarem incessantemente novas necessidades, assinalando um consumo desenfreado e levando a incessante produo de lixo: embalagens, produtos tidos como ultrapassados, baterias ou outras fontes de alimentao de energia, materiais de publicidade impressos e outros.

    No entanto, a indstria no pode parar de produzir, pois o motor da economia dos pases, tornando-se fundamental e urgente o desenvolvimento de estratgias para que o lixo decorrente seja reduzido, reaproveitando ou reciclando os materiais descartados, buscando-se, sobretudo, instrumentalizar os futuros trabalhadores e futuros empreendedores para esse cuidado com a proteo ambiental.

    Nesta oficina, os alunos tero a oportunidade de compreender como o lixo produzido