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Anglo Ferrous Minas-Rio Mineração S.A. Rua Guaicuí, 20 – 11º andar

Coração de Jesus – BH CEP.: 30.380-380

Resposta ao Laudo Técnico elaborado pelo Sr.

Fernando Figueiredo Goulart, sobre o Relatório

de Impacto Ambiental referente ao

empreendimento de extração de minério de ferro

nos Municípios de Conceição do Mato Dentro,

Alvorada de Minas e Dom Joaquim pela empresa

MMX.

Dezembro - 2008

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Coração de Jesus – BH CEP.: 30.380-380

INTRODUÇÃO

Em resposta ao Laudo Técnico elaborado pelo Biólogo Fernando Figueiredo

Goulart, seguem comentários e/ou justificativas, com o intuito de esclarecer

afirmativas contidas no referido Laudo. Estes esclarecimentos foram

elaborados pela equipe técnica do meio ambiente da Anglo Ferrous Brazil e a

lista que compõe os nomes desta equipe está no final deste documento.

O referido biólogo inicia seu laudo colocando que : “.... O relatório possui

vários pontos onde os reais impactos do empreendimento foram

subestimados e tratados de forma indevida. Segue abaixo as passagens

que possuem conteúdo inconsistente.”

Primeiramente vale esclarecer que os questionamentos feitos no documento do

Sr. Fernando Goulart foram elaborados em setembro de 2007. Hoje, novembro

de 2008, quando tomamos conhecimento da existência deste documento,

observa-se que este está fora do contexto atual do EIA/Rima. Dizemos isto, por

que depois de mais de um ano de análise e pedidos de complementações, o

EIA hoje encontra-se em formato avançado em relação ao original.

Infelizmente, o citado documento não nos foi enviado á época, ou não tinham a

intenção de se tornar um documento orientativo ou instrumento que pudesse

agregar a qualidade da análise ambiental. Foi uma crítica unilateral.

Esclarecemos, ainda que os estudos elaborados no EIA/RIMA foram

concluídos pelos técnicos responsáveis (Grupo Brandt Meio Ambiente) como,

suficientes para subsidiar a concessão da licença prévia (LP), que por conceito

analisa a viabilidade ambiental do empreendimento. Admitimos que mais

estudos seriam necessários, sem contudo prejudicar a análise da LP. Tais

estudos estão previstos nos programas citados para a próxima fase do

licenciamento, a licença de instalação (LI). Seguindo esta lógica, o órgão

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ambiental responsável por esta análise (FEAM), solicitou em 26/12/2007,

informações complementares em alguns pontos e estas foram atendidas a

contento, e foram entregues ao órgão ambiental em abril de 2008, estas

informações estão incorporadas hoje no processo de licenciamento.

Continuamos á disposição dos conselheiros, com sempre tem ocorrido, para

esclarecimento.

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RESPOSTAS

1 – CARACTERIZAÇÃO BIÓTICA

1.1 – AVIFAUNA

1.1.1 – Neste tema o primeiro questionamento é:

“Referente ao impacto do empreendimento sobre a avifauna da

região, o relatório encobre e deixa de revelar uma série de informações

extrema importância em termos de conservação. Para a análise de

endemismo foi utilizada como referência bibliográfica Ornitologia

Brasileira (Sick, 1997) sendo que apenas uma espécie de ave é citada

como considerada endêmica, o Rabo-Mole-da-Serra (Embernagra

longicauda: Emberezidae). Apesar do livro ser provavelmente a obra mais

conhecida sobre o tema no Brasil não é recomendável para a análise de

endemismo uma vez que aborda aspectos gerais de história natural das

aves citando ocasionalmente a questão do endemismo. Para a análise de

endemismo de aves brasileiras, ornitólogos geralmente optam por uma

literatura mais especializada como Stotz et al. (1996) ou Silva (1995).

Tomando como base estes artigos foram encontrados um total de 17

espécies de aves (Tabela 1) endêmicas presentes na lista contida no

relatório.”

- No EIA a metodologia relacionada ao tema Avifauna descreve que:

“A avifauna foi inventariada através de censos quantitativos e censos

qualitativos em duas etapas de campo. Durante os levantamentos foi dada

ênfase ao registro de espécies endêmicas, raras e ameaçadas que poderão

auxiliar na identificação e caracterização de áreas e ações prioritárias, além de

direcionar medidas mitigadoras.”

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- Os técnicos responsáveis não afirmam na metodologia, que a literatura

escolhida para designar as espécies raras, ameaçadas e/ou endêmicas, seria o

Sick (1997) ou qualquer outra. A literatura usada para o diagnóstico da

avifauna, está citada no item Bibliografia do EIA, segue abaixo alguns poucos

exemplos que constam naquele item, citações que certamente auxiliaram na

análise das espécies endêmicas, entre elas Stotz et al (1996), mostrando que o

Sr. Fernando Goulart não se ateve aos detalhes da metodologia proposta.

FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS. 1998. Biodiversidade de Minas Gerais - Um Atlas para sua Conservação. C.M.R. Costa; G. Herrmann; C.S.Martins; L.V. Lins; I.R. Lamas. Belo Horizonte, MG. MELO-JÚNIOR, T. A., VASCONCELOS, M. F., FERNANDES, G. W., E MARINI, M. Â. 2001. Bird species distribution and conservation in Serra do Cipó, Minas Gerais, Brazil. Bird Conservation Internacional, Cambridge 11(1): 189-204. STOTZ, D. F., FITZPATRICK, J. W., PARKER III, T. A., E MOSKOVITS, D. K. 1996. Neotropical Birds: ecology and conservation. The University of Chicago Press, Chicago. - Ainda no item metodologia do EIA está descrito que:

“Durante a amostragem, foram anotadas todas as espécies observadas ou

ouvidas, juntamente com os ambientes onde ocorreram. Para estimar os

parâmetros ecológicos das comunidades, foram realizados censos

quantitativos, através do método da listagem das 10 primeiras espécies

(modificado a partir de Poulsen et al., 1997).

O método da listagem das 10 primeiras espécies vem sendo empregado com

sucesso em avaliações ecológicas rápidas para medir a suficiência do esforço

de amostragem. Nessa metodologia, grupos de 10 espécies, observadas em

seqüência, são reunidos em micro-listas consecutivas. Essas micro-listas são

repetidas durante todo o tempo de amostragem, resultando diversas micro-

listas que, somadas, reúnem a totalidade de espécies registradas.

Para a indicação da significância do esforço de coleta, considera-se que a

primeira das micro-listas sempre possui 10 espécies e que as demais listas

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tendem a apresentar um número cada vez menor de espécies ainda não

registradas durante a realização dos censos. Dessa forma, é possível

identificar o ponto de saturação, ou quando as micro-listas tendem a não

apresentar nova espécie. A partir desse momento, o ponto de amostragem

pode ser considerado estatisticamente bem amostrado (POULSEN et al.,

1997).”

- Aqui fica claro que para os estudos deste grupo da fauna, as aves, foi usada

uma metodologia específica e eficiente para as avaliações ecológicas deste

grupo na área estudada, remetendo a uma análise coerente e segura para a

elaboração dos impactos, nesta fase do licenciamento.

- Sobre as informações da tabela 1, abaixo, elucidamos que se tratam de

espécies endêmicas do Bioma Mata Atlântica, e não restritas a área do

empreendimento, e que a maioria delas tem ampla distribuição dentro deste

Bioma, podendo se estender ao Paraguay, Argentina.

Pyriglena leucoptera, por exemplo, tem como habitat as matas tanto da

Amazônia quanto do Sudeste Brasileiro, ocorre também na Argentina e

Paraguay.

A espécie considerada endêmica, no EIA, é a que ocorre na área de canga,

mas vale ressaltar que ela é considerada ave típica das montanhas do leste do

Brasil, portanto seu endemismo não se restringe a área do empreendimento.

“Tabela 1. Espécies de aves endêmicas encontradas na Área Diretamente Afetada

pelo empreendimento.

Nome científico Família Nome Popular Endemismo Densidade na ADA

Trogon surrucura Trogonidae Surucuá-variado Mata

Atlântica

Altísima densidades

cava 1, 20 indivíduos e

altas densidades na

cava 2 e depósito

Thalurania Trochilidae Beija-flor-de-fonte- Mata

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glaucopis violeta Atlântica

Formicivora

serana*

Formicaridae Formigueiro-da-

serra

Mata

Atlântica

Altas densidades nas

cavas 1, 2 e depósito

Conopophaga

lineata

Conopophagidae Chupa-dente Mata

Atlântica

Pyriglena

leucoptera

Thamnophilidae Papa-toaca-do-sul Mata

Atlântica

Altas densidades na

cava 1, 2 e barragem

Xiphorhynchus

fuscus

Dendrocolaptidae Arapaçu-rajado Mata

Atlântica

Lepidocolaptes

squamatus

Dendrocolaptidae Arapaçu-escamado Mata

Atlântica

Synallaxis

ruficapila

Furnariidae Pichororé Mata

Atlântica

Automolus

leucophthalmus

Furnariidae Barranqueiro-de-

olho-branco

Mata

Atlântica

Mionectes

rufiventris

Tyraniidae Abre-asa-de-cabeça-

cinza

Mata

Atlântica

Ilicura miliatris Pipridae Tangarazinho Mata

Atlântica

Altas densidades na

cava 1, 2 e

principalmente depósito

Chiroxiphia

caudata

Pipridae Tangará Mata

Atlântica

Shiffornis

virecens

Tityridae Flautin Mata

Atlântica

Basileuterus

leucoblepharus

Parulide Pula-pula Mata

Atlântica

Embernagra

longicauda**

Emberezidae Rabo-mole-da-serra Campo

Rupestre

Tangara

cyanoventris

Emberezidae Saíra-douradinha Mata

Atlântica

*Disribuição geográfica restrita ao ambiente de Mata Atlântica do Sudeste

**Espécie considerada endêmica segundo o relatório

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1.1.2 – Segundo questionamento:

“Estas 17 espécies constituem 21% do total de 83 espécies totais,

sendo que este número tente a aumentar uma vez que o próprio relatório

sugere que uma o esforço amostral não foi o suficiente na seguinte

passagem:”

“...Nas três áreas inventariadas a amostragem não foi significativamente

completa mesmo após duas campanhas de campo, i.e. há a necessidade

de um esforço amostral maior para que as espécies destes ambientes

sejam satisfatoriamente amostradas, o que deveria estabilizar as curvas

de coletor...(pg 521)”

“Existe grande possibilidade do aumento do esforço amostral

revelar a presença de aves ameaçadas de extinção na área do

empreendimento uma vez que pelo menos quatro espécies de aves

classificadas como vulneráveis ou quase ameaçadas serem registradas

no município de Conceição do Mato Dentro (Willis e Onik, 1991)”

Espécie Família Nome popular Categoria Estado

Ajaia ajaia Therskiornitidae Colhereiro Vulnerável MG

Sarcoramphus

papa

Cathartidae Urubu-rei Quase ameaçada

(Collar et al. 1992)

MG

Scytalopus

novaecapitalis

Rinocriptidae Macuquinho-

de-brasília

Vulnerável MG

Asthenes luizae Furnariidae João-Cipó Vulnerável MG

- Segue parte do diagnóstico da avifauna onde está inserido o parágrafo citado

acima, para que possamos entender o raciocínio da informação:

“Amostragem quantitativa

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“Foram amostradas 83 espécies durante os censos quantitativos, realizados

exclusivamente em ambientes de mata mesófila, e em suas bordas, capoeiras,

e transições a matas de galeria, campos rupestres e pastos.

Nas três áreas inventariadas a amostragem não foi significativamente

completa mesmo após duas campanhas de campo, i.e. há a necessidade

de um esforço amostral maior para que as espécies destes ambientes

sejam satisfatoriamente amostradas, o que deveria estabilizar as curvas

de coletor apresentadas na Figura 4.83. Entretanto, a distribuição de

freqüências de ocorrência de espécies, e de suas abundâncias (Figura 4.84),

revelou comunidades estruturadas de acordo com o esperado em regiões

tropicais, com predominância de espécies raras em distribuição log-normal

(Hubbel 2000).

A relativa escassez de espécies pouco abundantes nestas amostragens reflete

a própria natureza dos dados, dada a dificuldade de se amostrarem espécies

raras e evidenciam a amostragem incompleta, sendo o índice de abundância

de indivíduos mais sensível para detecção do padrão de amostragem.

A variação observada nas densidades das espécies mais comuns (Figura 4.85)

revela que há diferenças entre as comunidades e localidades de um mesmo

ambiente na região de estudo, sugerindo alta relevância de cada localidade

independentemente para a conservação da avifauna regional.”

- Esclarecemos que a insuficiência de dados se dá na questão de quantidade

de espécies amostradas, mas concluiu-se que a distribuição de freqüência de

ocorrência e abundância revelou comunidades estruturadas.

- Reiteramos aqui a nossa consciência em relação a importância ecológica da

região onde está inserido o empreendimento, pois segundo o Atlas de Áreas

Prioritárias de Minas Gerais, o empreendimento ocupará uma pequena parte

entre duas áreas prioritárias, nas categorias de Especial e Muito Alta. Que são

definidas como; Especial: Alta diversidade e endemismo de aves e Muito Alta:

Alta diversidade, vide mapa abaixo:

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1.2 – Terceiro questionamento:

“FLORA

Apesar da consistência da coleta realizada (279 espécies coletadas

apenas na primeira coleta) a análise dos dados foi feita de forma parcial.

O relatório assume a existência de uma espécie de canela-de-ema

(Vellozia sp: Velloziaceae) e uma gramínea Paspalum sp (Poaceae) até o

momento desconhecida pela ciência. Pouca importância é dada á tal

registro sendo que essa espécie não foi incluída na lista de ameaçada ou

endêmica. Obviamente, como se trata de uma espécie ainda não descrita,

esta não está incluída nas listas uma vez que estas listas se referem a

espécies descritas (Lista das Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora

de Minas Gerais-Copam (1997) e Lista Oficial das Espécies da Flora

Ameaçada de Extinção-IBAMA (1992). Faz-se necessário uma maior

ênfase nessas espécies uma vez que o fato de ser recém descrita em uma

população tão restrita é uma medida indireta de sua raridade, ou seja, a

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probabilidade dessa espécie se enquadrar, futuramente, na categoria de

ameaçada e/ou endêmica é altíssima. Em países como o Brasil onde a alta

biodiversidade associada à alta taxa de degradação e pouco incentivo

para pesquisa científica de base (taxonomia, história natural, descrição de

espécies etc) faz-se necessário uma visão dinâmica do conhecimento

biológico. Dessa forma o relatório peca em não enfatizar a importância

ecológica e científica da descoberta dessa espécie na área do

empreendimento.”

- A respeito das duas espécies citadas acima, o EIA relata a sua existência,

tanto no item diagnóstico como no item específico - Espécies novas,

endêmicas e ameaçadas de extinção - O qual dá uma ênfase maior para

estas espécies, mostrando assim o interesse científico por elas. A seguir,

destacado, está o texto contemplado no EIA, onde os especialistas mostram o

cuidado na citação destas plantas.

“4.2.8.1 - Espécies novas

Uma espécie de canela-de-ema (Vellozia sp.) está em processo de

identificação, parece ser, segundo o taxonomista Pedro Viana, uma espécie

ainda não descrita e, possivelmente, endêmica desta região em estudo. Notou-

se para esta espécie uma maior ocorrência na porção superior da encosta da

cava do Sapo, próximo à linha de cumeada, onde ocorre em densos

grupamentos com altura de até 1,80 m.

Também uma espécie de gramínea coletada parece ser uma espécie ainda

não descrita e outras plantas ainda em análise podem apresentar este mesmo

status, pois para algumas não se identificou nenhuma exsicata semelhante no

herbário da UFMG, que se constitui em uma importante referência da flora de

Minas Gerais com seu acervo de cerca de 100.000 plantas depositadas.”

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- Cabe citar o “Estudo de Endemismo de Flora” que foi elaborado para

subsidiar as informações complementares entregues à FEAM, segue parte

deste documento:

“1 - OBJETIVO

A finalidade do presente relatório é atender a solicitação de informações

complementares do Anexo 3 (item 8) do ofício GEDAM nº

244/2007/FEAM/SISEMA, de 26 de dezembro de 2007, com a finalidade de dar

continuidade à análise da Licença Prévia do empreendimento minerário da

MMX, referente ao Processo nº 0472/2007/001/2007.

Para o atendimento da solicitação deste item, foi percorrida uma extensa rota

ao longo da Serra do Espinhaço desde o município de Morro do Pilar, ao sul,

até o município de Serro, ao norte, passando pelos municípios de Conceição

do Mato Dentro e Alvorada de Minas, contemplando toda a área de influência

direta e indireta do empreendimento minerário. Objetivando levantar às

ocorrências das espécies endêmicas e ameaçadas de extinção da flora, de

forma a esclarecer se o endemismo está restrito na paisagem ou se é de

ocorrência em todo o maciço, além da serras do Sapo / Ferrugem e da Mina

(ou do Cangueiro) no município de Conceição do Mato Dentro, foram

percorridas as serras do Monteiro (ou de São José) e do Condado no município

de Serro.”

- Segue abaixo o item específico sobre as espécies que são consideradas

como prováveis espécies novas.

“4.2 - Espécies Não Descritas

Duas espécies coletadas na região do empreendimento, ambas em ambiente

de vegetação sobre canga, apresentam indicação de serem espécies ainda

não descritas pela ciência, necessitando de coletas de amostras com

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estruturas florais para se proceder à sua descrição, o que até o momento não

possível.

4.2.1 - Vellozia

Como características básicas, esta planta possui até 2 m de altura, suas folhas

atingem o tamanho de até 30 cm e largura de 1 cm; emite apenas uma flor por

inflorescência, sendo seus frutos bastante rugosos; as cicatrizes de suas

bainhas foliares formam uma rede que cobre todo o caule (Fotos 11, 12 e 13).

Foto 11 – Aspecto geral da Vellozia.

Foto 12 – Detalhe de um fruto imaturo, ainda observando-se restos de sua flor.

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Foto 13 – Aspecto do tronco da Vellozia.

Esta planta foi encontrada exclusivamente nos campos rupestres sobre canga

existentes desde o norte da serra do Sapo até o sul da serra da Ferrugem. O

ponto mais norte onde foi encontrada é o de coordenada N 7909941 e L

0665005 e o mais sul é N 7887169 e L 0674847. A porção central de

ocorrência, onde a densidade dessas plantas é grande, está entre a serra do

Sapo e o Pico do Soldado, havendo locais em que estas plantas formam

comunidades homogêneas (Foto 14). Em outros locais, a população é mais

rala e diversas outras espécies coabitam o mesmo sítio (Foto 15), havendo

ainda aqueles locais em que se observou apenas um indivíduo (Foto 16). Não

foi visualizada nos ambientes sobre canga nas áreas de Morro do Pilar,

Itapanhoacanga e Serro. Por outro lado, nestes locais existem outras espécies

da família Velloziaceae, as quais não foram encontradas onde a Vellozia em

questão ocorre.

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Foto 14 – Densa população da Vellozia.

Foto 15 – População raleada da Vellozia.

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Foto 16 – Indivíduo isolado da Vellozia.

O ambiente de ocorrência desta espécie é a encosta aplainada voltada para

leste dos afloramentos sobre canga nas serras do Sapo e Ferrugem, se

estendendo por uma faixa de até 200 m de largura. Na escarpa abrupta

existente na face oeste destas serras não foi encontrada e, raramente, chega

até a linha da cumeada. Como ainda não foi coletada com flor (o que, por seus

padrões fenológicos, até então observados, ocorre em dezembro), ainda não

foi encaminhada para certificar sua identificação. De qualquer forma, através

da análise do material já coletado, não se encontrou padrões semelhantes de

frutos e inflorescência no herbário e na literatura, indicando a possibilidade de

ser uma espécie ainda não descrita pela ciência e com endemismo restrito a

uma área de pouco mais de 20 km de extensão.

4.2.2 - Poaceae

Esta é uma gramínea anual, que cresce em pequenas moitas com altura de 20

cm e que foi encontrada formando um pequeno agrupamento em afloramento

rochoso na serra do Sapo, durante as campanhas de campo realizadas no mês

de agosto de 2007. Nesta época, a planta já estava em processo de

secamento, mas ainda apresentava sementes maduras. Pelas características

da semente, sua dispersão ocorre por queda no próprio local (geocoria),

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atingindo, portanto, pequena área espacial. A maior dispersão poderia ocorrer

caso fosse transportada por algum animal ou levada pelas águas de chuvas

para outros locais. Na primeira possibilidade, se atingiria curta distância, pois

ela não possui estruturas de aderência. Na segunda possibilidade, seria

transportada sempre para baixo, com a restrição que seu sítio de germinação

se restringe ao afloramento de canga e a enxurrada poderia levá-la para o

interior da mata, onde não teria sucesso de desenvolvimento.

Em levantamento de campo recente à região (fevereiro/2008), em que um dos

principais objetivos era encontrar mais indivíduos desta espécie, de forma a

auxiliar na sua exata classificação botânica, foram percorridos os locais

anteriormente visitados na serra do Sapo e ainda foi estendida a procura para

diversos outros locais com vegetação sobre canga. No entanto, mesmo

direcionando a busca para esta planta, a espécie não foi encontrada.”

1.2.1 – Quarto questionamento:

....“Cabe pontuar que o próprio relatório descreve o impacto das praças

de sondagens para pesquisa mineral na população de Vellozia sp

mostrando o impacto que o empreendimento já causa nessa população

mesmo antes de sua instalação. Recomenda-se que o licenciamento do

empreendimento seja realizado após estas espécies sejam devidamente

estudadas e descritas.”

- Cabe esclarecer que o empreendimento em questão é o relacionado com o

licenciamento das minas nas Serras da Ferrugem e Sapo e que as atividades

de pesquisas minerarias, não fazem parte deste licenciamento.

As pesquisas minerarias são atividades não passíveis de licenciamento, no

entanto as sondagens nas referidas praças, foram subsidiadas por APEF’s

emitidas pelo órgão ambiental competente IEF.

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1.2.2 – Quinto questionamento:

“HOTSPOTS

Uma convenção de pesquisadores de várias partes do mundo na

área de conservação da biodiversidade se reuniu no final da década de

noventa no intuito de estabelecer áreas prioritárias para conservação

(Hotspots) em todo o globo. A inclusão das áreas levava em conta,

principalmente dois fatores: altíssimos índices de diversidade biológica

(Megadiversidade) e alto nível de degradação. A partir dessa análise

foram estabelecidas 20 áreas representadas no mapa abaixo e publicadas

com o nome de Hotspots (Mittermeir, 1999).”

Figura 1 Mapa dos Hotspots de biodiversidade. Halo preto se refere a área do

empreendimento

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Mapa dos biomas brasileiros. Halo vermelho representa a região do

empreendimento

“A região de Conceição do Mato Dentro, Alvorada de Minas e Serro

se encontra no ecótone (intercessão) dos biomas Cerrado e Mata

Atlântica mostrando a importância ecológica da região. O Mapa abaixo

mostra com maiores detalhes a área. Dessa forma a região possui

representantes da biodiversidade do Cerrado e da Mata Atlântica sendo

que o empreendimento pode impactar as espécies dos dois biomas.

Apesar da publicação ser uma referência internacional sobre conservação

da biodiversidade e a região estar incluída dentro de duas dessas áreas,

este documento citado, apenas superficialmente é pelo relatório (ppg.

755).”

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- Segue uma explicação mais atual sobre as áreas consideradas Hotspots

mundiais e ressaltamos que nos mapas acima, a área do empreendimento não

pode estar representado pelo halo preto ou halo vermelho, pois a escala em

que são apresentados os mapas se torna inviável localizar a área de inserção

do empreendimento Anglo Ferrous Minas Rio.

O conceito Hotspot foi criado em 1988 pelo ecólogo inglês Norman Myers para

resolver um dos maiores dilemas dos conservacionistas: quais as áreas mais

importantes para preservar a biodiversidade na Terra?

Ao observar que a biodiversidade não está igualmente distribuída no planeta,

Myers procurou identificar quais as regiões que concentravam os mais altos

níveis de biodiversidade e onde as ações de conservação seriam mais

urgentes. Ele chamou essas regiões de Hotspots.

Em 1988, Myers identificou dez (10) Hotspots mundiais.

De 1996-1999 o primatólogo norte-americano Russell Mittermeier, presidente

da CI (Conservation International), ampliou o trabalho de Myers com uma

pesquisa da qual participaram mais de 100 especialistas. Esse trabalho

aumentou para 25 as áreas no planeta consideradas Hotspots. Juntas, elas

cobriam apenas 1,4% da superfície terrestre e abrigavam mais de 60% de toda

a diversidade animal e vegetal do planeta.

Em fev/2005 a CI atualiza a análise dos Hotspots e identifica 34 regiões, hábitat

de 75% dos mamíferos, aves e anfíbios mais ameaçados do planeta. Nove

regiões foram incorporadas à versão de 1999. Mesmo assim, somando a área

de todos os Hotspots temos apenas 2,3% da superfície terrestre, onde se

encontram 50% das plantas e 42% dos vertebrados conhecidos.

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- Conforme mencionado no item Localização Geral do EIA “....o

empreendimento proposto estará localizado numa região que, desde o ponto

de vista biogeográfico, constitui um ecótono, onde ocorre o contato entre dois

biomas (Mata Atlântica e Cerrado) e ocorrem também refúgios vegetacionais

montanos (comunidades relíquias), conforme o Mapa de Vegetação do Brasil

(IBGE, 2004).”

No capitulo 5 do EIA, item 5 Qualidade Ambiental, podemos ler na página 755

o seguinte:

“5.2 - Presença de ecossistemas raros, ameaçados ou de

localização restrita

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Enquanto as serras da borda leste da Serra do Espinhaço Meridional estão

inseridas no Bioma da Mata Atlântica (Floresta Estacional Semidecidual), o

maciço do Espinhaço Meridional nesse trecho está inserido no Bioma do

Cerrado (Campo Limpo). A Mata Atlântica assim como o Cerrado são dois

hotspots para conservação da biodiversidade......”

- Em todo o documento houve um cuidado em descrever a localização do

empreendimento, os biomas nos quais o empreendimento se insere foram

descritos com o intuito de ter uma maior especificidade da área de inserção do

mesmo. Daí o cuidado em estudar ainda mais a região, entendemos que

viabilidade ambiental para que empreendimentos desta monta sejam inseridos

naquela região, existe, desde que existam medidas para minimizar e/ou mitigar

os impactos, para que este empreendimento seja inserido com

sustentabilidade.

2 – Impactos

2.1 – Primeiro questionamento:

“Com relação aos impactos relacionados à mudanças na dinâmica

hídrica decorrentes do empreendimento o relatório prevê, na fase de

instalação dois cenários. No primeiro as nascentes mais próximas ao

empreendimento, situadas na bacia do Santo Antônio, sofrem alta

porcentagem de perda de vazão e no segundo a perda se dará na

confluência do Rio Santo Antônio com Rio do Peixe. Segundo o relatório,

o impacto real, adotando um programa de gestão de recursos hídricos e

subprograma de estudos hidrogeológicos como medidas mitigatórias,

será de intensidade baixa abrangência regional, significância desprezível,

incidência direta, tendência a regredir de caráter reversível.

Na etapa de operação, a redução da disponibilidade de água

outorgável de 72% do Rio do Peixe causará um impacto, segundo o

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relatório, de intensidade média e significância regional. Novamente o

relatório subestimou os impactos uma vez que essa diminuição pode

prejudicar várias atividades econômicas (como agricultura e turismo)

além de impactar profundamente a fauna e flora do interior e das margens

do rio.”

- O texto acima questiona os impactos do empreendimento nas águas

subterrâneas, influenciando o regime das nascentes e nas águas superficiais,

devido à captação de água a ser realizada para abastecimento do

empreendimento.

- Inicialmente, vale apresentar um comentário sobre a localização da captação

de águas superficiais para suprimento das demandas do empreendimento. A

captação será realizada no rio do Peixe, no município de Dom Joaquim, a uma

vazão de 2.500 m³/h. O ponto de captação está localizado imediatamente a

jusante da confluência do ribeirão Folheta com o rio do Peixe e bastante a

montante da confluência deste com o rio Santo Antônio.

Segundo a Lei Federal n° 9.433/97, que dispõe sobre a Política Nacional de

Recursos Hídricos, e a Lei Estadual n° 13.199/99, que dispõe sobre a Política

Estadual de Recursos Hídricos, a outorga de direito de uso de recursos

hídricos tem os objetivos de assegurar os controles quantitativo e qualitativo

dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água.

Nesse sentido, para o efetivo direito de acesso à água, por meio da captação

de água para o empreendimento é necessária a devida outorga ao Instituto

Mineiro de Gestão das Águas – IGAM, por ser a autoridade outorgante de

recursos hídricos de domínio do Estado de Minas Gerais. Dessa forma,

quaisquer interferências sobre recursos hídricos de domínio do Estado devem

ser avaliadas pelo IGAM, sendo esta a entidade responsável pela análise de

disponibilidade hídrica e emissão das autorizações de uso da água no Estado.

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Sendo assim, foi realizada a solicitação de outorga da captação no rio do Peixe

ao IGAM, em setembro de 2007. Essa solicitação foi avaliada quanto aos

critérios técnicos de outorga estabelecidos no Estado, que visam a verificação

da existência de disponibilidade hídrica suficiente para abastecer à demanda

do empreendimento, sem afetar a outros usos ou usuários. A Portaria

Administrativa IGAM n° 010/98 dispõe que a vazão máxima outorgável em uma

determinada seção de curso de água corresponde a 30% da vazão Q7,10. A

Q7,10 é a vazão mínima média de 7 dias consecutivos e com 10 anos de

período de retorno. Isso significa que, em média, é uma vazão mínima que

ocorre uma vez a cada 10 anos e que o valor máximo que pode ser autorizado

corresponde a 30 % desse valor mínimo. Conforme pode ser verificado na

Tabela 1, adaptada de ANA (2007), o critério aplicado no Estado de Minas

Gerais é o mais restritivo do País, considerando, ainda, que deve ser mantida

uma vazão mínima de 70% da Q7,10 como vazão remanescente mínima durante

todo o tempo. Outros Estados utilizam vazões de permanência como

referência, como as vazões Q90 ou Q95, que correspondem a valores que são

superados ou igualados em 90 ou 95% do tempo, respectivamente. Dessa

forma, essas vazões são menos restritivas que a Q7,10, uma vez que ocorrem

valores inferiores a elas com freqüência de 5 a 10% do tempo. Além disso,

mesmo para Estados como Rio de Janeiro e São Paulo que também têm, como

referência, a vazão Q7,10, o percentual aplicado como outorgável é de 50%,

bastante superior aos 30% aplicados em Minas Gerais.

A solicitação de outorga da captação a ser realizada foi avaliada pelo IGAM

conforme seus critérios técnicos e teve parecer favorável, considerando que a

vazão demandada corresponde a 16,8% da vazão Q7,10 calculada no ponto. A

mesma solicitação de outorga foi encaminhada e aprovada pelo Comitê de

Bacia Hidrográfica do Rio Santo Antônio, em reunião ordinária realizada em 07

de novembro do corrente, após análise prévia e aprovação pelo Grupo Técnico

de Outorga e Cobrança do mesmo Comitê de Bacia, em 29 de outubro.

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Em síntese, a captação de águas superficiais a ser realizada no rio do Peixe

teve seu impacto avaliado pelo IGAM e pelo Comitê de Bacia, entidades

responsáveis pela gestão dos recursos hídricos em questão, tendo sido

considerado reduzido e dentro dos critérios legais do Estado e, com isso,

obtendo parecer favorável à emissão da outorga. Além disso, a captação a ser

realizada é bastante a montante da confluência do rio do Peixe com o rio Santo

Antônio e, portanto, apresenta impacto reduzido nas vazões deste rio.

Tabela 1 – Critérios de Outorga aplicados no País - adaptado de ANA, (2007)

Órgão gestor Vazão máxima outorgável Legislação referente à vazão máxima outorgável

ANA 70% da Q95 podendo variar em função das peculiaridades de cada região.

Não existe, em função das peculiaridades do País, podendo variar o critério.

SRH-BA 80% da Q90 Decreto Estadual 6.296/97

SRH-CE 90% da Q90reg Decreto Estadual nº 23.067/94

SEMARH-GO 70% da Q95 Não possui legislação específica.

IGAM-MG

30% da Q7,10 para captações a fio d’água. Para captações em reservatórios, podem ser liberadas vazões superiores, mantendo o mínimo residual de 70% da Q7,10 durante todo o tempo.

Portarias do IGAM nº 010/98 e 007/99.

AAGISA-PB 90% da Q90reg. Em lagos territoriais, o limite outorgável é reduzido em 1/3.

Decreto Estadual 19.260/1997

SUDERHSA-PR 50% da Q95 Decreto Estadual 4646/2001

SECTMA-PE Depende do risco que o requerente pode assumir

Não existe legislação específica.

SEMAR-PI 80% da Q95 (Rios) e 80% da Q90reg (Açudes)

Não existe legislação específica.

SERHID-RN 90% da Q90reg Decreto Estadual Nº 13.283/97

SEMA-RS Não está definido -

SERLA/RJ 50% da Q7,10 por bacia Portaria SERLA 567/2007

DAEE-SP 50% da Q7,10 por bacia. Não existe legislação específica.

SEPLANTEC-SE 100% da Q90

Não existe legislação específica

NATURATINS-TO

75% Q90 por bacia. Para barragens de regularização, 75% da vazão de referência adotada.

Decreto estadual já aprovado pela Câmara de outorga do Conselho Estadual de Recursos Hídricos.

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- O documento também questiona que “as nascentes mais próximas ao

empreendimento, situadas na bacia do rio Santo, sofrem alta

porcentagem de perda de vazão”.

- Nesse sentido, é importante comentar sobre os possíveis impactos nas

nascentes e águas subterrâneas. Esses impactos são possíveis de ocorrer

apenas no momento em que for necessária a realização do rebaixamento do

nível de água para a execução das atividades da mina. Dessa forma, assim

como para as águas superficiais, as interferências nas águas subterrâneas

serão submetidas à solicitação de outorga e serão avaliadas pelo IGAM no

momento oportuno, quando for necessário o rebaixamento de nível d’água dos

aqüíferos. Para isso, a ANGLO já vem realizando o monitoramento de vazões

em diversos pequenos cursos de água da região, com vertedores instalados

abrangendo as principais subbacias no entorno do empreendimento. Além

disso, é monitorado o nível de água dos aqüíferos em vários pontos

representativos e está em curso um cadastro de nascentes na região do

empreendimento, que darão subsídios aos estudos hidrogeológicos de

modelagem de fluxo de águas subterrâneas e verificação dos possíveis

impactos em suas vazões.

Todos esses estudos são realizados no âmbito do programa de gestão de

recursos hídricos da ANGLO, que tem o objetivo principal de assegurar a

disponibilidade hídrica em qualidade e quantidade para o empreendimento,

sem afetar a outros usos ou usuários na região. Com isso, caso os estudos

hidrogeológicos ou o processo de rebaixamento de nível d’água verifiquem o

impacto do empreendimento em nascentes ou usuários, a ANGLO deverá

mitigar esses impactos, direcionando as águas captadas do processo de

rebaixamento para esses usuários, de forma a manter o seu suprimento. Por

esse motivo pode ser realizada a afirmação de que a intensidade do impacto

será baixa, pois será mitigada com a manutenção das vazões disponíveis para

o atendimento aos usuários porventura existentes.

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2.2 – Segundo questionamento:

“O primeiro princípio da lei 9.433 (Lei das Águas) coloca todas as

categorias de usuários em igualdade de condições em termos de acesso

aos recursos hídricos. Tal princípio está sendo violado uma vez que todas

as comunidades a jusante do empreendimento estarão sendo

prejudicadas pela baixa do nível da água e pela queda de qualidade

desta.”

- Em resposta a esse questionamento, faremos alguns comentários, sobre a

legislação de recursos hídricos, disposta pela Lei Federal n° 9.433/97 e pela

Lei Estadual n° 13.199/99.

O primeiro fundamento constante na supracitada lei federal é que a água é um

bem de domínio público. Em seguida, os outros fundamentos dispõem que a

água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico, que, em

situações de escassez, o uso prioritário deve ser para consumo humano e

dessedentação de animais e que a gestão dos recursos hídricos deve

proporcionar o uso múltiplo das águas. Da mesma forma, a legislação estadual

apresenta, em seus princípios, que a Política de Recursos Hídricos deve

observar o direito de acesso aos recursos hídricos com prioridade para o

abastecimento público e a manutenção dos ecossistemas. Em seguida, é

apresentado que deve ser observado o reconhecimento dos recursos hídricos

como bem natural de valor ecológico, social e econômico, cuja utilização deve

ser orientada pelos princípios do desenvolvimento sustentável.

Com os comentários acima, pode ser verificado que a legislação de recursos

hídricos não coloca os usuários em igualdade de condições em termos de

acesso aos recursos hídricos. O consumo humano, a dessedentação de

animais e a manutenção de ecossistemas são usos considerados prioritários

caso haja situação de escassez. Sendo assim, foi verificada a disponibilidade

hídrica para esses setores usuários na análise da outorga realizada pelo IGAM.

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No parecer de análise da outorga do IGAM, foram constatadas captações para

consumo humano apenas a montante da captação do empreendimento. No

entanto, não há captações para consumo humano ou dessedentação de

animais a jusante da captação a ser realizada no rio do Peixe. Dessa forma,

não há como o empreendimento afetar a outras captações para abastecimento

de comunidades, uma vez que são realizadas a montante do ponto do rio do

Peixe.

O IGAM avaliou, então, na análise do pedido de outorga para a captação a ser

realizada pelo empreendimento, e verificou que não haverá redução na

quantidade ou qualidade da água e que não serão afetados outros usuários ou

comunidades instaladas a jusante.

2.3 – Terceiro questionamento:

“Outro aspecto subestimado pelo relatório é o impacto desse

rebaixamento e piora da qualidade da água nas atividades agrícolas

existentes, turísticas bem como alterações em toda a comunidade

biológica (peixes, répteis, anfíbios, matas de galerias, etc..) á jusante do

empreendimento. O fato de aproximadamente metade da população de

Conceição do Mato Dentro (46,3% em 1996: SEBRAE) ser rural, pressupõe

que as atividades de agropecuária seja a principal atividade na região

sendo esta totalmente dependente dos recursos hídricos.”

- O questionamento acima trata do possível impacto que a redução das vazões

dos cursos de água poderia causar nas “atividades agrícolas existentes,

turísticas, bem como alterações na comunidade biológica a jusante do

empreendimento”.

Conforme consta na Portaria Administrativa IGAM n° 010/98, a vazão máxima

de captação possível de ser autorizada em uma determinada seção de um

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curso de água corresponde a 30% de Q7,10, “ficando garantido, a jusante de

cada derivação, fluxos residuais mínimos equivalentes a 70% de Q7,10”. Essa

vazão a jusante é aquela considerada necessária ao meio biótico, conforme

princípio básico constante na Lei Estadual n° 13.199/99. Dessa forma, uma vez

que a captação do empreendimento está dentro do limite máximo outorgável de

30% de Q7,10, é mantido o atendimento às demandas da comunidade biológica.

Esse efeito foi avaliado pelo IGAM no parecer da outorga de direito de uso de

recursos hídricos para a captação do rio do Peixe. Da mesma forma, o parecer

do IGAM avaliou o impacto dos outros usos existentes ou previstos na bacia

hidrográfica, sendo aqueles cadastrados, outorgados ou com processo

formalizado.

No caso do possível impacto do rebaixamento nas nascentes e que poderia

afetar a outros usos, vale ressaltar, mais uma vez, que será mitigado com a

manutenção de vazões mínimas para atendimento aos usuários existentes,

com o aporte de águas do próprio sistema de bombeamento.

2.4 – Quarto questionamento:

“Outro aspecto legislativo não abordado pelo documento é o quarto

princípio da Lei das Águas que é o reconhecimento do valor econômico

do uso da água, fortemente indutor do seu uso racional, dado que serva

de base para a cobrança pela utilização dos recursos hídricos. Dessa

forma um volume tão expressivo de retirada de água (2.500m3/h) não

deverá ser realizado sem uma cobrança mínima pela utilização do

recurso. Tal aspecto não é considerado pelo relatório.”

- Mais uma vez vale a referência à Lei das Águas (Lei Federal n° 9.433/97) e a

seus princípios basilares. O quarto princípio da Lei das Águas dispõe que a

gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das

águas. Dessa forma, acreditamos que o comentário deve ser relacionado ao

segundo princípio, que dispõe que a “água é um recurso natural limitado,

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dotado de valor econômico”. Nesse sentido, serão apresentados alguns

esclarecimentos referentes ao disposto na legislação de recursos hídricos em

nível nacional e estadual.

A cobrança pelo uso dos recursos hídricos é um instrumento previsto na Lei

Federal n° 9.433/97 e na Lei Estadual n° 13.199/99, sendo devida por todos os

usos de recursos hídricos sujeitos à outorga, independente da finalidade de uso

para abastecimento público, irrigação, consumo industrial ou outro. Atualmente,

no Brasil, esse instrumento é aplicado apenas nas bacias dos rios Piracicaba-

Capivari-Jundiaí (águas de domínio da União e de domínio do Estado de São

Paulo) e Paraíba do Sul (águas de domínio da União e dos Estados de São

Paulo e Rio de Janeiro). Apesar dessas duas bacias apresentarem corpos de

água de domínio do Estado de Minas Gerais, este Estado ainda não realiza a

cobrança pelo uso dos recursos hídricos. Em Minas Gerais, a primeira bacia

em estudo para a aplicação da cobrança pelo uso da água trata-se do rio das

Velhas, um dos principais afluentes do rio São Francisco e que apresenta

captações para abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte e os

conseqüentes lançamentos de efluentes.

O procedimento para instituição da cobrança pelo uso de recursos hídricos em

uma bacia hidrográfica relaciona atividades de várias entidades. Dentre as

atribuições estabelecidas no artigo 43 da Lei Estadual n° 13.199/99, o Comitê

de Bacia é o responsável por estabelecer critérios e normas e aprovar os

valores propostos para cobrança pelo uso de recursos hídricos, além de

aprovar os planos de aplicação dos recursos advindos da cobrança. O Decreto

Estadual n° 44.046/2005 dispõe que a cobrança pelo uso de recursos hídricos

é condicionada à aprovação pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos –

CERH, de proposta tecnicamente fundamentada, encaminhada pelo respectivo

comitê de bacia. Além disso, é necessária a instituição de uma Agência de

Bacia Hidrográfica que, conforme artigo 38 da mesma Lei Estadual n°

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13.199/99, é a entidade responsável pela execução da cobrança pelo uso de

recursos hídricos na área de atuação de um Comitê de Bacia.

Dessa forma, não é aplicada, ainda, a cobrança pelo uso de recursos hídricos

na bacia hidrográfica do rio Santo Antônio, em que se insere o

empreendimento, em função de diversos fatores legais ainda necessários à

regulamentação. Para a sua aplicação, conforme preceitos legais do Estado,

há a necessidade de instituição de uma Agência de Bacia, estabelecimento de

critérios e normas e aprovação de valores propostos pelo Comitê de Bacia e

encaminhamento para posterior aprovação do CERH. Após esse procedimento,

a cobrança deverá ser aplicada na bacia a todos os usos de recursos hídricos

sujeitos à outorga, não importando a finalidade, incluindo-se aí as captações de

água realizadas pelo empreendimento em questão.

2.5 – Quinto questionamento:

“Apesar de o relatório descrever o impacto real da alteração da

qualidade da água, na fase de instalação como sendo negativa, de

intensidade baixa, abrangência local, significância desprezível e de

caráter reversível (ppg786); os moradores da região já se queixam do

aumento da turbidez referente aos processos de sondagem na área

(http://www.youtube.com/watch?v=kLxQjBsvQdo).”

- Tratando dos processos de sondagem, a ANGLO realizou a análise de

qualidade da água nos pontos denunciados pelos moradores da região. Os

resultados dessas análises já foram encaminhados à SUPRAM/JEQUI,

demonstrando não haver impacto dos processos de sondagem na qualidade

das águas superficiais escoadas nos córregos da região, que pudesse afetar os

usos existentes.

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- Em seguida, a ANGLO realizou análise do solo da região em ponto indicado

pelos denunciantes, não sendo verificada contaminação causada pelos

processos de sondagem. Os resultados dessa análise também já foram

encaminhados à SUPRAM.

- Além disso, em novembro de 2008, a ANGLO encaminhou à

SUPRAM/JEQUI, plano de monitoramento de qualidade das águas dos cursos

de água imediatamente a jusante dos pontos de sondagem, com a

consideração dos parâmetros definidos como relevantes pelos técnicos

daquela SUPRAM. Com esse monitoramento, a empresa poderá, mais uma

vez, verificar e constatar que os processos de sondagem na região não têm

relação direta com a qualidade dos cursos de água.

2.6 – Sexto questionamento:

“A sessão de impacto do empreendimento o relatório cita o efeito

positivo da alteração da cobertura vegetal marginal à barragem de rejeito

na seguinte passagem:

....Ao longo dos 35 anos da vida útil da barragem haverá um aumento da

umidade no solo marginal ao corpo d’água, beneficiando a vegetação

sobre ele, induzindo o aumento de sua biomassa e alterando sua

composição florística. Portanto, no que diz respeito à cobertura vegetal

marginal à barragem de contenção de sedimentos, considera-se o

impacto como positivo, de baixa intensidade, abrangência local, pois

pode atingir a AID e significância desprezível...(pg 878)

Apesar do aumento da umidade levar o aumento da biomassa

vegetal, o ambiente de campo rupestre tem sido descrito como um

ambiente que apesar de estar sujeito ao estresse hídrico (falta d’água em

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grande parte do ano) abriga uma das maiores biodiversidades vegetais do

mundo (Giulieti et al. 1997) sendo que as espécies ali presentes se

adaptaram a esse tipo de ambiente. A idéia de aumento da biodiversidade

nas áreas adjacentes é errônea uma vez que as espécies colonizadoras

geralmente espécies invasoras não sendo nativas de ambientes

rupestres.”

- Esclarecemos que a vegetação do entorno da barragem a que se refere a

descrição acima, são fragmentos da tipologia de Floresta Estacional

Semidecidual e não campo rupestre, por isso o aumento da umidade irá

benefíciar o aumento da biomassa e alterar a composição florística.

Reiteramos que, “...no que diz respeito à cobertura vegetal marginal à

barragem de contenção de sedimentos, considera-se o impacto como

positivo, de baixa intensidade, abrangência local, pois pode atingir a AID

e significância desprezível”.

- Aproveitamos para esclarecer também que a vegetação de campo rupestre

está restrita ao topo das serras.

2.7 – Sétimo questionamento:

“Na parte relacionada aos impactos do empreendimento através da

redução de ambientes para a formação da barragem de rejeitos o relatório

cita

....Dentre as formações florestais, destacam-se os ambientes de mata

paludosa, os quais são de pouca ocorrência na região e encontram-se

diretamente relacionados com locais de afloramento de lençol freático. No

entanto, não serão atingidas grandes extensões de áreas cobertas por

esta tipologia vegetal. A maior parte da área destinada a esta barragem é

formada por capoeirinhas, que são ambientes de menor diversidade e

relativamente fáceis de serem formados... (pg 846)

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Com relação à perda de habitat para a fauna em decorrência da

implantação do empreendimento, o relatório cita um impacto real de

intensidade média, abrangência local, significância marginal de caráter

reversível (pg850). Essa avaliação é parcial e ignora os verdadeiros

impactos uma vez que a intensidade do impacto é alta não só na fauna da

Área Diretamente Afetada como nas Área de Influência Indireta e Área do

Entorno. Além do impacto óbvio do empreendimento nas populações que

habitam o local do empreendimento, as populações vizinhas devem sofrer

como o excesso de indivíduos oriundos da ADA. Em um primeiro

momento a riqueza e a densidade de espécies no entorno aumentam

levando á uma supressão dos recursos alimentares, sítios de reprodução,

diminuição dos territórios e colonização de territórios sub-ótimos (baixa

qualidade). Após algum tempo a riqueza e a abundâncias tendem a

diminuir além dos níveis anteriores ao do empreendimento. Esse padrão é

comum em regiões onde ocorreu o processo de fragmentação e as áreas

florestais remanescentes sofrem com o súbito aumento populacional bem

como em regiões onde foi feita a realocação de animais (geralmente

relacionado a planos de resgate) (Rodrigues, 2006). Portanto o impacto

deve ser considerado como de intensidade alta, abrangência regional

(uma vez que o impacto abrange a Área de Influência Indireta),

significância crítica (impacto de alta intensidade abrangendo ADA e AII) e

de caráter irreversível.”

- Esclarecemos que os impactos citados acima se referem ao tópico do EIA

“AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E INDICAÇÃO DE MEDIDAS

MITIGADORAS E COMPENSATÓRIAS”, especificamente ao item 6.3.2.1

transcrito abaixo e o que foi comentado se restringe aos impactos gerados com

a redução de ambientes para a formação da barragem.

Esclarecemos que neste tópico os impactos e suas medidas foram avaliados

com base na fase de implantação e não operação do empreendimento.

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“6.3.2.1 - Impactos decorrentes da etapa de implantação do empreendimento Esta fase abrangerá uma série de atividades, como abertura e/ou alargamento de vias de acesso, transporte de materiais, a construção de canteiros de obras e a limpeza prévia das áreas de interesse, entre outras obras civis. Para a realização destas, ocorrerão desmates, além do conseqüente tráfego de veículos pesados e o grande fluxo de pessoas. Nesta etapa de implantação não serão considerados os impactos relacionados a abertura de cavas e disposição de estéril, bem como de enchimento da barragem de rejeitos, os quais ocorrerão durante a operação do empreendimento. Especificamente sobre a área do canteiro de obras, como está inserida em área exclusivamente de pastagem, considerou-se como um impacto desprezível, portanto não será detalhado nos itens a seguir.” - Neste item estão avaliados os impactos em cada ponto de intervenção do empreendimento separadamente. Abaixo está transcrito o item referente aos impactos e medidas da barragem de rejeitos: Redução de ambientes para formação da barragem de rejeitos Impacto potencial Vegetação de pastagens e matas deverá ser suprimida para a formação desta barragem de rejeito projetada para ocupar parte das áreas de drenagem das sub-bacias dos córregos Passa Três e Água Santa. Dentre as formações florestais, destacam-se os ambientes de mata paludosa, os quais são de pouca ocorrência na região e encontram-se diretamente relacionados com locais de afloramento de lençol freático. No entanto, não serão atingidas grandes extensões de áreas cobertas por esta tipologia vegetal. A maior parte da área destinada a esta barragem é formada por capoeirinhas, que são ambientes de menor diversidade e relativamente fáceis de serem formados. Na etapa de implantação haverá a ocupação somente de parte da área destinada ao reservatório de rejeitos, porque o maciço da barragem será alteado em duas etapas ao longo da operação do empreendimento. O quadro a seguir apresenta os quantitativos absolutos e relativos de cada tipologia vegetal da área diretamente afetada (ADA) pela barragem de rejeito proposta, em sua primeira etapa. Portanto, a formação desta barragem será um impacto de alta intensidade, devido à ruptura de conexões entre fragmentos florestais existentes. A abrangência é local, pois incide na AID, resultando em significância crítica. É de incidência direta, com tendência a se manter e irreversível, pois o meio não retornará à sua condição original. Salienta-se ainda que esta opção de locação

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da barragem de rejeito é bem menos impactante que uma outra opção planejada para o córrego Zalu e córrego Campinas. Indicação de medidas mitigadoras Como medida mitigadora ao impacto de segunda ordem da supressão da vegetação da barragem, ou seja, alteração da paisagem, redução de nichos, toda a vegetação marginal a esta será mantida, contribuindo para a formação de barreiras visuais e como fonte de propágulos quando da futura revegetação da área. Toda a biomassa vegetal a ser suprimida deverá ser aproveitada, seja como lenha ou estocada para futuro aproveitamento nos locais a serem revegetados. Também em relação à supressão, devesse restringi-la ao estritamente necessário (minimização de desmates). Como forma de compensação à supressão da vegetação, será desenvolvido o enriquecimento florestal e o manejo das formações de capoeira/capoeirinha remanescentes ou mesmo de pastos situados no em torno da barragem, de forma a proporcionar um desenvolvimento destas áreas no sentido de formação florestal. E principalmente, visando à manutenção de um corredor de ligação nesta região. No ambiente florestal a ser suprimido será desenvolvido o salvamento de epífitas, propágulos ou quaisquer outros indivíduos que possam ser transportados a outros locais para sua manutenção. Impacto real Considerando-se as características da vegetação a ser suprimida e as medidas mitigadoras e compensatórias adotadas, o impacto real é considerado então de média intensidade, abrangência local, pois restringe-se à ADA e significância marginal.” - Em relação a este impacto está proposto o seguinte programa: “Monitoramento da vegetação marginal à barragem: Considerando a possibilidade de alteração da cobertura vegetal marginal ao lago a ser formado pela barragem de rejeito, é interessante que se faça o acompanhamento da evolução da saúde e composição desta vegetação. Caso se constate morte excessiva de parte da vegetação, deverão ser promovidas intervenções para restaurar o ambiente, seja através de plantio ou condução de regeneração, promovendo aquelas que se adaptarem às novas circunstâncias.” 2.8 – Oitavo questionamento:

“Ao se referir a redução da abundância populacional da fauna

referente ao atropelamento nas vias de trafego o relatório descreve o

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impacto potencial como negativo irreversível, de significância marginal e

com tendência a se manter. Por outro lado o relatório prevê através de

atividades de educação ambiental (medidas mitigatórias) esse se torne

reversível de significância desprezível com tendência a regredir. A

probabilidade de que um projeto de educação ambiental reduzir o a

significância fazendo com que o impacto seja reversível é extremamente

baixa. Tal fato se dá uma vez que o atropelamento por veículos

automotores é um fator que impacta profundamente as populações de

vertebrados incluindo espécies ameaçadas de extinção (Cherem et al.

2007) sendo que este está principalmente ligado ao fluxo de veículos mais

do que a consciência, conhecimento e sensibilidade (princípios da

Educação Ambiental) dos motoristas per si. O incremento da população

humana na região nas fases de implantação e atividade fará com que haja

um aumento da malha viária além de um aumento do fluxo na malha já

existente. Mesmo após a desativação da mina a população se manterá

alta assim como a utilização das estradas. Dessa forma é improvável que

haja uma diminuição significativa nas taxas de atropelamento mesmo

após a desativação. Dessa forma o impacto real seria de significância

crítica (alta intensidade e abrangência local), irreversível e com tendência

a se manter.”

- O texto acima se refere ao item “Redução na abundância populacional através

do atropelamento de indivíduos nas vias de tráfego”, que avalia os impactos da

seguinte maneira:

“Impacto potencial Freqüentemente espécimes da fauna são encontrados cruzando vias de acesso, em busca de porções de habitat correspondentes a sítios reprodutivos, de alimentação e abrigo, ou dispersando de suas populações originais. Conseqüentemente, é esperado que, com a intensificação do tráfego, ocorra um aumento da mortalidade de animais ao longo dessas vias. Este impacto possui intensidade média por ser assimilável pelo ambiente, abrangência local por ocorrer marcadamente ao longo da AID do

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empreendimento e, portanto, significância marginal. É de incidência direta e reversível, com tendência a manter-se. Indicação de medidas mitigadoras A mitigação deste impacto será feita através de: - Programa de educação ambiental, que oriente os trabalhadores e também a população local quanto aos cuidados no tráfego, visando evitar atropelamento de fauna. Impacto real Através da mitigação deste impacto pelas medidas mitigadoras propostas, o impacto real pode ser considerado como negativo, de intensidade baixa, abrangência local e, portanto, de significância desprezível.”

- Abaixo seguem escopos de programas que deverão ser implementados, a fim

de minimizar os impactos em relação a fauna local. Estes escopos serão

detalhados a nível executivo, para serem apresentados e analisados na fase de

LI pelo órgão ambiental responsável pelo licenciamento.

“7.1.2.5 - Implantação de corredores de fauna para ligação entre os fragmentos e áreas desmatadas. Nas áreas a serem fragmentadas, serão identificados locais possíveis de movimentação de fauna que deverão ser alvo de recuperação e enriquecimento vegetal no sentido de possibilitar o trânsito da fauna afugentada da ADA para locais preservados. 7.1.2.6 - Manutenção de áreas com tamanho e condições ecológicas similares a original. Identificar e manter áreas preservadas próximas ao empreendimento, preferencialmente interligadas através de corredores faunísticos que possam abrigar a fauna afugendada da ADA. 7.1.2.7 - Implantação de transposição de mamíferos através de túneis e pontes suspensos. A fim de permitir a conexão de trechos de mata que ficarão fragmentados pelas estradas a serem construídas, é necessária a instalação de túneis e pontes suspensas que interliguem as bordas da mata. Tais conexões têm o objetivo de permitir a movimentação da fauna entre os fragmentos. Os locais destinados a estas estruturas serão selecionados quando da definição das vias de acesso do empreendimento e apresentados na próxima fase do licenciamento. 7.1.2.8 - Programa de educação ambiental O objetivo deste programa é o de ampliar a visão ambiental dos empregados a MMX envolvidos, direta e indiretamente, com a implantação e operação do

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empreendimento para que adquiram conhecimentos, clareando conceitos, para que possam desenvolver seus trabalhos de forma consciente e responsável. Assim, através de cursos e palestras, serão passadas noções de fauna e flora, procedimentos com encontros a animais nas vias de acesso, e que possam oferecer algum perigo ao homem. Poderão ser oferecidas cartilhas, cartazes, implantação de placas de sinalização nas vias de acesso, dentre outros.”

- No texto das Informações Complementares, anexo 4 – Programa de

readequação sistema viário, podemos perceber que o programa de Educação

Ambiental foi ampliado, vide texto que se segue:

“Programa de Educação Ambiental: as medidas de controle ambiental próprias da abertura e manutenção de estradas deverão ser respeitadas e divulgadas. Serão também implantadas estruturas de proteção à fauna, como túneis de passagem, cercas e corredores de escape. “ 2.9 – Nono questionamento:

“Na passagem referente ao impacto através da mortandade e

extinção local de peixes e diminuição da abundância de espécies de

peixes devido o assoreamento, o relatório cita que se adotando medidas

mitigadoras (controle de drenagem, contenção de sólidos, controle de

erosão, tratamento de efluentes líquidos, e gestão de resíduos) o impacto

real será de baixa intensidade. Dessa forma, neste caso as emissões

estarão dentro de padrões estabelecidos e a contaminação não será

significativa, abrangência local (pois incide sobre a ADA do

empreendimento) com tendência a se manter e significância desprezível

(pgg 855).

Novamente o relatório deixou de revelar os reais impactos uma vez

que o Alto do Rio Santo Antônio é considerado área de extrema

importância biológica para a conservação da ictiofauna (MMA, 2000). A

imigração de aproximadamente 4.000 trabalhadores e suas respectivas

famílias, prevista pelo próprio relatório, levará ao aumento do aporte de

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esgoto e assoreamento dos corpos d’água em toda a região (ADA, AII e

AE).

Dessa forma espera-se que mesmo com as medidas mitigadoras, o

impacto seja de intensidade muito alta (uma vez que abrange uma área

prioritária para a conservação do grupo), abrangência regional (pois

incide sobre ADA, AII e AE) de significância catastrófica, com tendência a

progredir (uma vez que o empreendimento levará ao progressivo aumento

da população dos municípios) e irreversível.”

- Mais uma vez vale esclarecer que os questionamentos acima se referem a

um item específico do empreendimento, que será transcrito abaixo:

“Página 855 – ....Mortandade e extinção local de peixes Impacto potencial Dentre os impactos prognosticados para a comunidade ictiofaunística na fase de implantação do empreendimento, diz respeito à transformação do ambiente lótico em lêntico, através da formação do reservatório da barragem de rejeito. Este novo ambiente poderá ocasionar a extinção local de algumas espécies de peixes que somente sobrevivem em ambientes lóticos, como os cascudos e cambevas, amostrados na área. Também se considera o potencial de contaminação da qualidade das águas através da construção das estruturas do empreendimento, que pode provocar a geração de resíduos sólidos e/ou orgânicos na área de trabalho, ocasionando consequentemente mortandade de peixes e extinção local de espécies se carreados para a drenagem. Este impacto potencial é de alta intensidade (pois como os cursos d’água da área são pequenos a contaminação das suas águas não seria absorvida pelo ambiente), abrangência regional (pois afetaria a AII do empreendimento), tendo significância crítica (por abranger a ADA e AII do empreendimento), incidência direta (afetara diretamente as comunidades aquáticas, por entrar em contato direto com meio), tendência de manter, irreversível. Indicação de medidas mitigação A mitigação deste impacto se dará por meio de programas específicos de controle de drenagem, contenção de sólidos, controle de erosão, tratamento de efluentes líquidos, e gestão de resíduos, sendo sua eficiência verificada através dos programas de monitoramento correspondentes.

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Impacto real Adotando-se as medidas mitigadoras, o impacto real será de baixa intensidade, pois neste caso as emissões estarão dentro de padrões estabelecidos e a contaminação não será significativa, abrangência local (pois incide sobre a ADA do empreendimento), tendo significância desprezível.” - No contexto do item completo, fica claro que o impacto da transformação do

ambiente lótico em lêntico, através da formação do reservatório da barragem

de rejeito, poderá ser mitigado com a efetivação das ações propostas nos

programas de monitoramento.

- Vale acrescentar aqui uma pequena parte do diagnóstico da ictiofauna,

descrito no RIMA, evidenciando a importância desta fauna na área do

empreendimento:

“O Diário Oficial da União número 102, de 28 de maio de 2004, cita através da Instrução Normativa número 5, que duas espécies da região estão ameaçadas de extinção, sendo elas o surubim-do-Doce Steindachneridion doceana (Steindachner, 1876) e o andirá Henochilus wheatlandi (Garman, 1890). No entanto, nenhuma das duas espécies foi coletada ou citada nas entrevistas com pescadores. Isto pode-se dever ao fato da área de influência das minas estar fora da área de ocorrência destas espécies ou, mais provavelmente, ao fato de suas distribuições já estarem muito reduzidas em função da sua ameaça. Deve ser considerada a espécie de piabanha Brycon opalinus, pois esta espécie se encontra na lista nacional das espécies de invertebrados aquáticos e peixes ameaçados de extinção com categorias da IUCN (2004). Os estudos ictiofaunísticos já realizados para a bacia do rio Doce revelam que esta bacia caracteriza-se por um sistema pobre, se comparado com a bacia do Paraná ou do Amazonas. De fato, a captura de apenas 22 espécies em 43 pontos de amostragens confirma a baixa riqueza de espécies da bacia. A diversidade e abundância encontradas são baixas e podem ter sido diminuídas com as atividades agropecuárias exercidas no local e despejo de esgoto pelas localidades próximas. Nos córregos localizados na área de influência das minas, existe um predomínio de assembléias compostas de espécies nativas de pequeno porte e não piscívoras, características de águas pobres em nutrientes, com alta dependência de material alóctone, correntosas e com baixas temperaturas ao passo que nos rios (das Pedras e Santo Antônio), ocorre a captura de espécies de médio e grande porte.”

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2.10 – Décimo questionamento:

“Com relação ao impacto das comunidades dependentes de água

em função da redução da qualidade da água o relatório prediz que este

será de intensidade média, abrangência local, de significância marginal

de caráter reversível. Tendo em vista a presença de espécies ameaçadas

extinção (como Brycon opalinus, Crossodactylus bokermanii), e o fato da

legislação brasileira sobre (Lei 5.197 de 3 de janeiro de 1967, art. 2) prever

a proteção integral destes grupos. Dessa forma o empreendimento fere a

constituição, fato que fica pouco evidente no RIMA. Dessa forma o

impacto real do empreendimento seria de intensidade muito alta,

abrangência global, uma vez que os benefícios potenciais dessas

espécies (ex: princípios ativos produzidos por estas) ultrapassam

barreiras geográficas; significância catastrófica e de caráter irreversível

uma vez que as medidas mitigatórias possuem pouca contribuição frente

a magnitude do impacto trazido pelo empreendimento.”

- Reiteramos que no âmbito do programa de gestão de recursos hídricos da

ANGLO, o objetivo principal é assegurar a disponibilidade hídrica em

qualidade e quantidade para o empreendimento, sem afetar a outros usos ou

usuários na região.

- Outros programas serão implementados para minimizar os possíveis

impactos, tais como:

- Programa de gestão e controle de águas e efluentes

- Programa de gestão e controle de resíduos sólidos

- Programa de controle de processos erosivos

- Programa de monitoramento da qualidade das águas e efluentes

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2.11 – Décimo primeiro questionamento:

“Na seção de impactos sociais da imigração, o RIMA prediz um impacto

real de intensidade média, abrangência regional, significância marginal,

de caráter reversível. Tal análise foi novamente subestimada pelos

consultores uma vez que a imigração de 4.000 operários e suas famílias

na fase de instalação trará profundos impactos sociais na região sendo

que este será de intensidade muito alta, abrangência regional,

significância muito alta”

- A empresa esclarece que os trabalhadores contratados fora da região, não

irão para a área com suas famílias, pois estes ficarão em alojamentos

construídos nos canteiros de obras como cita o RIMA:

- RIMA página 59 ...“A grande população operária que trabalhará na

implantação do empreendimento irá determinar um grande aumento da

circulação de pessoas e da presença destas em áreas que até então eram

pouco visitadas por pessoas de fora da região. Apesar de que os

trabalhadores das obras ficarão instalados em alojamentos próximos aos

locais das obras, estes poderão visitar os distritos e as sedes urbanas da AID.

O problema se configura como impacto potencial devido à pequena população

dos municípios em relação à massa trabalhadora empregada nas obras.”

- Com o intuito de mitigar os possíveis impactos serão implementados os

seguintes programas:

- Programas de Priorização e Capacitação da Mão-deobra Local;

- Programa de Comunicação Social;

- Programa de Educação voltado para o relacionamento com a comunidade;

- Programa de Gestão de Apoio à Infra-estrutura municipal;

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- RIMA página 60 ....“A implantação do empreendimento irá necessitar de 4.200

trabalhadores. Trata-se de um quantitativo de pessoas que implica em forte

impacto potencial sobre os equipamentos públicos de saúde, educação e infra-

estrutura (energia, saneamento, segurança, etc).”

- Para estes impactos serão implementados os seguintes programas: - Programa de Responsabilidade Social;

- Programa de Capacitação da Mão-de-obra Local;

- Programa de Desenvolvimento dos Fornecedores Locais;

- Programa de Priorização da Mão-de-obra Local;

- Programa de Gestão e Apoio à Infra-estrutura municipal

- Programa de Comunicação Social, que divulgará, dentre outras coisas, os

princípios de não contratar quem chegar em busca de emprego;

- Programa de Monitoramento Sócio-Ambiental.

2.12 – Décimo segundo questionamento:

“Com relação o impacto da instalação do empreendimento na

qualidade do ar o relatório revela que este seria positivo, de intensidade

média, abrangência local, significância marginal, incidência direta com

tendência a regredir. Na secção de impactos da fase de operação na

qualidade do ar atmosférico, o RIMA descreve como impacto real sendo

negativo de intensidade média, abrangência local e significância marginal

(ppg 953). A primeira afirmação sobre a fase de instalação, não só carece

de cientificidade como vai contra o senso comum sendo no mínimo,

falaciosa. A segunda também subestima os impactos do

empreendimento. Exemplo de atividades de extração de minério na região

mostra o altíssimo índice de doenças respiratórias devido ao material

particulado em suspensão. Por exemplo, em Itabira, doenças respiratórias

são a terceira causa de mortalidade sendo que tais doenças estão ligadas

principalmente à atividade de extração de minério (Werneck, 1994).”

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- RIMA página 59 (fase de instalação) ....“Na área do entorno das vias de

acesso para os caminhões e máquinas das obras haverá um aumento da

geração de poeira, uma vez que as vias não são pavimentadas, o que o torna

suscetível à gerar poeira quando há movimentação de veículos. E como o

trânsito de veículos será incrementado, logo haverá aumento da geração de

poeira. Esse aspecto afeta principalmente a população dos distritos de São

Sebastião do Bom Sucesso e Itapanhoacanga.”

- Ressaltamos que a área de Itapanhoacanga foi retirada do escopo deste

licenciamento, por parte do órgão ambiental responsável pelo licenciamento,

FEAM.

- Para que estes impactos sejam minimizados deverão ser implementados os

seguintes programas:

- Programa de controle de emissões atmosféricas - Programa de manutenção de veículos e equipamentos - Programa de monitoramento da qualidade do ar

- RIMA página 62 (fase de operação) ....“Os processos de operação envolvem

transito de veículos, abertura de novas frentes de exploração, trabalho de

máquinas e beneficiamento do minério funcionamento, produzindo material

particulado. Além de utilização de explosivos com emissão de gases e material

particulado.”

- Para que estes impactos sejam minimizados deverão ser implementados os

seguintes programas e/ou monitoramento:

- Aspersão de água nas vias de acesso e movimentação de máquinas. - Plano de fogo controlado - Adoção de ações relacionadas aos resíduos sólidos orgânicos - Programa de Controle das Emissões Atmosféricas - Programa de monitoramento da qualidade do ar - Programa de gestão e controle de resíduos sólidos - Manutenção preventiva dos motores a combustão.

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2.13 – Décimo terceiro questionamento:

“No que se refere ao impacto do empreendimento na etapa de

instalação, na atividade turística o relatório o descreve como de média

intensidade, abrangência local, significância marginal com tendência a se

manter (ppg 902). Na etapa de operação (ppg 945) o relatório ainda

descreve o impacto positivo, de intensidade muito alta e abrangência

regional. Novamente o RIMA deixa de revelar, de forma tendenciosa, os

reais impactos a atividade mineraria. Como foi colocado anteriormente,

Conceição do Mato Dentro é considerada a capital mineira do ecoturismo

possuindo a terceira maior cachoeira do Brasil. O perfil dos visitantes de

CMD são geralmente jovens (17 á 30 anos) com nível superior,

belorizontinos em busca dos patrimônios ecológicos da região (SEBRAE,

2000). Uma atividade de extração de minério trás profundos impactos

paisagísticos que por sua vez diminuem o interesse dos turistas uma vez

que estes se interessam justamente pelas características naturais da

região. Tal impacto não pode ser mitigado uma vez que as alterações a

paisagens são permanentes. Outro tipo de turismo a ser impactado é o

histórico-cultural uma vez que o empreendimento se encontra nas

adjacências da Estrada Real, tal atividade também não é passível de

medidas mitigatórias é possui alta possibilidade de ser impactada pelas

atividades minerarias.

- Está transcrito abaixo, texto referente aos impactos com potencial turístico, na

fase de instalação do empreendimento.

- EIA página 901 e 902...“Impacto sobre a potencialidade turística Impacto Potencial A região de inserção do empreendimento possui forte potencial turístico, uma vez que a mesma contêm atributos paisagísticos, históricos, culturais e naturais que a classificam como de grande relevância para o cenário turístico estadual e nacional.

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São exemplos de sua importância turística: a homologação pela Unesco da região como reserva da biosfera da humanidade, a presença de três circuitos oficiais de turismo na região, incluindo o circuito turístico da Estrada Real, os diversos exemplos de patrimônio histórico e arquitetônico tombados pelos órgãos estaduais e federais competentes, os parques naturais municipais do Salão de Pedras e do Ribeirão do Campo (onde se encontra a cachoeira do Tabuleiro, a mais alta de Minas Gerais) e o Parque Estadual da Serra do Intendente. Neste contexto, o empreendimento possui potencial para interferir sobre a potencialidade turística ao modificar a paisagem e a cultura da região. A modificação cultural que o empreendimento enseja decorre em grande parte da alteração do perfil econômico, que sairá de um modelo baseado na agropecuária e no setor terciário e passará a ter no setor industrial sua principal fonte de geração de riqueza. Essas modificações afetam negativamente o potencial turístico porque este está diretamente relacionado com os atributos naturais e culturais da região. Porém, ressalta-se que o patrimônio cultural edificado (histórico e arquitetônico) não será afetado, bem como não serão afetados os parques naturais da região, nem será afetada diretamente a Estrada Real (embora a paisagem do entorno da estrada sofrerá modificações em alguns trechos). Ou seja, os principais elementos da potencialidade turística não serão diretamente impactados. Assim, os maiores impactos potenciais sobre a potencialidade turística se darão principalmente sobre a área rural do entorno dos municípios da AID e sobre o perfil e o porte econômico destes, o que altera o modo de vida vigente. A modificação cultural e econômica é o aspecto decorrente do empreendimento que mais tem o potencial de impactar negativamente o desenvolvimento da atividade turística. A implantação do empreendimento irá intensificar as condições de tráfego, provocar aumento populacional, criar novos elementos numa paisagem rural, etc, tudo isso tem potencial para afastar o turista que geralmente é atraído pelas belezas naturais da região e pelo aspecto bucólico que a caracteriza. Mas também deve ficar claro que a potencialidade turística da região, apesar de evidente, ainda é explorada de modo incipiente. Ou seja, o desenvolvimento do turismo como uma atividade econômica relevante ainda não ocorreu. Isto porque a região não é dotada de uma infra-estrutura turística de boa qualidade. Faltam boas opções de hospedagem e alimentação e também falta o produto turístico formatado (agências que ofertam serviços de trekking, canoagem, passeios ecológicos, etc). As estradas secundárias que dão acesso a muitos distritos e ao patrimônio natural são precárias. E por fim, a mão-de-obra que lida com as atividades características do turismo não possui treinamento adequado. A falta de maior aproveitamento da potencialidade turística não quer dizer que esta não deva ser preservada ou que não se deva erigir esforços para se concretizá-lo.

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Constitui exemplo do esforço de aproveitar melhor a potencialidade turística a recente criação do Parque Estadual da Serra do Intendente, em Conceição do Mato Dentro. Com isso a área do parque que é de grande potencialidade turística passa a ser um produto turístico reconhecido em nível estadual e nacional. Quanto aos impactos potenciais sobre a potencialidade turística dos municípios de Serro e Santana do Riacho, estes tenderão a ser menores. Isto porque os municípios da AII não sofrerão alterações de suas atrações turísticas. Mas como haverá profundas alterações no percurso utilizado por uma significativa parcela de turistas para ir ao Serro, estes podem se sentirem desestimulados a irem para o município. Mas, mesmo que alguns turistas sintam que as obras irão descaracterizar o roteiro por eles elegido para ser visitado, este será um processo diluído, logo de difícil percepção. Sendo assim, se trata de um impacto potencial negativo de alta intensidade, abrangência Regional (AID), significância crítica, incidência direta e indireta, com tendência de se manter e reversível. Já no caso de Santana do Riacho, a implantação tenderá a incrementar o turismo deste, pois o mesmo se encontra anterior a área do empreendimento, não sofrendo nenhuma interferência em sua paisagem e nas suas vias de acesso. Logo, é possível que algumas pessoas que passam na região em função do empreendimento, queiram visitá-la posteriormente. Isto incrementará a atividade turística em Santana do Riacho. Porém, num raciocínio análogo ao desenvolvido para o município do Serro, também será pouco perceptível na fase de implantação. Logo, será desprezível o impacto potencial sobre a potencialidade turística de Santana do Riacho.” - Está transcrito abaixo, texto referente aos impactos com potencial turístico, na fase de operação do empreendimento. EIA páginas 941, 942 e 943...” Impacto sobre a potencialidade turística “Impacto potencial A fase de operação do empreendimento da MMX tem o potencial de interferir na potencialidade turística dos municípios da AID (Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas), pois altera a paisagem natural, as condições de trafegabilidade das estradas e a cultura econômica e social da região. Esses aspectos são muito importantes para o contexto do setor de turismo. Isto porque os municípios de Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas se inserem nos circuitos turísticos da Serra do Cipó, da Estrada Real e dos Diamantes. Esses circuitos se caracterizam pelo rico acervo histórico, arquitetônico, paisagístico e cultural e o turista que usufrui desses circuitos almeja se inserir em um ambiente que possua esses aspectos ainda preservados. Vale mencionar que a municipalidade de Conceição do Mato

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Dentro se coloca, em folhetos informativos e na sua página oficial da internet como a capital do ecoturismo de Minas Gerais. Portanto, as alterações provocadas pelo empreendimento têm o potencial para diminuir a atratividade turística da região em estudo, face a grande riqueza que existe nesta. Em outras palavras, o turista que poderia usufruir de uma estadia mais prolongada nos municípios de Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, ficaria incentivado a partir para as outras localidades do entorno (Serra do Cipó – Cardeal Mota -, municípios do Serro e Diamantina) podendo inclusive adotar outros caminhos que não sejam a MG-010. Isto ocorrerá se a “agradabilidade” atual da região em estudo for comprometida. O conceito de agradabilidade em um circuito de turismo ecológico está relacionado com valores como: beleza cênica, ritmo de vida tranqüilo, hospitalidade das pessoas locais, pequenos lugarejos ainda preservados, dentre outros. O empreendimento ao incrementar a renda, o tamanho da população, inserir uma atividade industrial de grande porte e alterar o perfil econômico regional afetará os aspectos que constituem o conceito de agradabilidade do tipo de turismo que os municípios da AID almejam desenvolver. Sendo assim, considera que o maior impacto potencial negativo sobre o turismo se dará sobre os aspectos culturais e econômicos que definem a “maneira de ser” da região e sobre a paisagem desta como um todo. Pois haverá alterações na paisagem de entorno de importantes patrimônios históricos e paisagísticos. Como, por exemplo, em alguns pontos da Estrada Real haverá alteração da paisagem que se avista. Porém, ressalta-se que o empreendimento não irá afetar o patrimônio histórico, arquitetônico, cultural (no sentido que as festividades tradicionais e produtos como o queijo da região não estão ameaçados), nem os principais patrimônios naturais da região. Portanto, as principais cachoeiras de Conceição do Mato Dentro (Tabuleiro, Rabo de Cavalo, dentre outras) não serão afetadas, assim como não será afetado o Parque Estadual da Serra do Intendente, nem seu entorno imediato e nenhuma Unidade de Conservação da região (embora o empreendimento se insira na zona de amortecimento do Parque Natural Municipal Salão de Pedras). Quanto aos distritos de Itapanhoacanga e de São Sebastião do Bom Sucesso, podesse inferir que destes distritos com o empreendimento, a potencialidade turística ficará negativamente e irreversivelmente comprometida. As alterações que estes dois distritos irão sofrer são muito intensas, uma vez que será alterado o perfil econômico, cultural e o ritmo de vida destas comunidades. Assim como a paisagem sofrerá profunda alteração. Desses distritos o que possui maior potencialidade turística é Itapanhoacanga, pois possui patrimônio cultural tombado em nível federal (Igreja de São José) e algumas cachoeiras. Além de possuir uma pousada. A potencialidade turística de São Sebastião do Bom Sucesso é menor, não havendo o produto turístico de fácil identificação, como é quando há um reconhecimento em nível estadual ou federal de um patrimônio seja ele natural ou cultural.

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O município do Serro também possui grande potencialidade turística, tanto para o turismo cultural como para o ecoturismo e o turismo de aventura. Considera-se que o empreendimento ao afetar negativamente a potencialidade turística de Conceição do Mato Dentro e de Alvorada de Minas, em função de alterar elementos da paisagem natural e cultural destes, poderá também afetar negativamente o potencial turístico do Serro. Mas esse processo se dará numa intensidade menor do que nos municípios da AID. Isto porque o empreendimento afetará somente um dos caminhos de acesso ao Serro, pois sua territorialidade não será afetada pelo mesmo. Sendo assim, é possível que alguns turistas desistam de visitar o município porque as condições das estradas de acesso pioraram em função do aumento do tráfego e da paisagem que será alterada. Mas esse é um processo difuso e de difícil percepção por parte dos agentes econômicos que são do setor do turismo do município. Logo, para o município do Serro o impacto potencial sobre sua potencialidade turística terá uma intensidade baixa e significância desprezível. De toda forma, o empreendimento, ao inserir com um elemento estranho a todo o contexto socioeconômico e paisagístico da região, representa para a potencialidade turística um impacto potencial negativo, de abrangência regional, de alta intensidade, significância crítica, incidência direta e indireta, com tendência de se manter e irreversível. O município de Santana do Riacho, que integra a Área de Influência Indireta - AII do empreendimento, também possui grande potencialidade turística para o turismo ecológico e de aventura. Essa potencialidade não será afetada pelo empreendimento porque esse município não terá sua paisagem alterada, nem se espera que tenham grande modificação cultural e no modo de vida que lá se desenvolve. Portanto, o empreendimento se insere com neutralidade em relação à sua potencialidade turística.” - Com o intuito de mitigar estes impactos serão implementados os seguintes programas: “Indicação de medidas mitigadoras Com a adoção dos seguintes programas: - Programa de Responsabilidade Social; - Programa de Capacitação da Mão-de-obra Local; - Programa de Desenvolvimento dos Fornecedores Locais; - Programa de Priorização da Mão-de-Obra e dos Fornecedores Locais; - Programa de Comunicação Social; - Programa de Educação voltado para o Relacionamento com as comunidades; - Programa de Diversificação da Base Econômica Local; - Programa de Gestão de Apoio à Infra-estrutura municipal; - Programa de Apoio ao Turismo; - E das medidas de engenharia para mitigar a geração de ruídos, poeiras e da

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alteração cênica da paisagem. Pode-se prever uma forte diminuição dos potenciais impactos negativos sobre a potencialidade turística. Isto porque os referidos programas buscam diminuir a atração de pessoas para a região, aumentar a absorção da renda e dos empregos por parte dos trabalhadores e fornecedores locais, ensejar um relacionamento harmônico com as comunidades do entorno e das sedes municipais e manter a economia da região com certo grau de diversificação. Portanto, esses programas em conjunto buscarão manter a agradabilidade da região. O que é fundamental para a manutenção da potencialidade turística. Ademais, também se implementará o Programa de Apoio ao Setor de Turismo. Este poderá através de treinamentos e ações específicos de preservação e melhoria dos acessos ao patrimônio natural e cultural, minimizar ainda mais o impacto sobre a potencialidade turística. Impacto Real A minimização do impacto sobre a potencialidade turística será ainda mais efetiva se considerarmos que os principais entraves ao desenvolvimento desta, são: - limitada renda regional para investir em divulgação e melhorias dos acessos aos atrativos turísticos; - baixa qualidade da infra-estrutura turística; - acessos viários mal conservados (estradas de terra, que se tornam pouco transitáveis nos períodos chuvosos e com muita poeira na época seca); - poucos equipamentos turísticos facilmente identificáveis pelo turista; - baixa capacidade para se investir em melhoria da infra-estrutura de hotelaria e de restaurantes; - mão-de-obra do setor sem treinamento específico, dentre outros. Ressalta-se que os principais entraves que afetam o desenvolvimento da potencialidade turística em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas se referem principalmente à limitada renda da região e a ainda incipiente cultura empresarial que caracteriza o setor. Mas como o empreendimento irá aumentar a renda regional e também criará os já citados programas para manter a agradabilidade da região e um programa específico de apoio ao desenvolvimento do turismo, então se pode afirmar que o impacto sobre a potencialidade turística que será bastante minimizado. Pois apesar da perda de alguns elementos atrativos fundamentais para a potencialidade deste setor na região da área de influência direta, o ganho em termos de divulgação, treinamento, infra-estrutura hoteleira e de alimentação será muito grande. Porém, se considerará o impacto sobre a potencialidade turística como negativo, principalmente porque nos distritos do entorno do empreendimento a intensidade deste impacto será elevada, assim como, as alterações ao longo da MG-010 entre Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas serão intensas, causando incômodos para o usuário da rodovia.

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Mas a intensidade desse impacto sobre o setor como um todo será média, a abrangência local, significância marginal, de incidência direta e indireta, com tendência de se manter ao longo do empreendimento e irreversível. O impacto sobre a potencialidade turística dos municípios do Serro e de Santana do Riacho será de baixa intensidade, uma vez que estes não terão parcelas de sua paisagem alteradas. Somente o Serro poderá ter sua potencialidade turística afetada negativamente devido as alterações cênicas e de trafegabilidade ao longo da MG-010. Portanto, a significância desse impacto para os municípios da AII, com potencialidade turística (Serro e Santana do Riacho) será desprezível.” 2.14 – Décimo quarto questionamento:

“Com relação ao impacto real na cultura local, este é descrito como

de intensidade média, abrangência local, significância marginal (ppg 939).

Estudos sobre impactos socioculturais em regiões de extração de minério

de ferro mostram o quão profundas são as seqüelas oriundas do

empreendimento minerário.”

- No EIA, item 6.3.3.2 – Impactos da etapa de operação do

empreendimento, são descritos e avaliados cada impacto possível de

acontecer na etapa de operação do empreendimento e entre eles está o

impacto de “Alteração da cultura local”, segue abaixo a transcrição completa do

item, páginas 937 a 939, para que possamos ter o conhecimento da avaliação

referida acima:

“Alteração da cultura local Impacto potencial O empreendimento irá se inserir em um contexto cultural caracterizado pelas atividades ligadas ao meio rural, principalmente agricultura, pecuária e indústrias tradicionais, como a agroindústria (fabricação de queijos, cachaça, etc.). Nesse contexto, a cultura da população é caracterizada por sistemas ainda informais de trabalho, no qual a presença da família na preparação da mão-de-obra ainda é fundamental. Já que no meio rural é muito comum que o

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responsável pela família transmita aos mais jovens as habilidades para o trabalho no campo. Também caracteriza essa cultura a existência de laços de convivência entre os moradores dos distritos que estão no entorno do empreendimento, ou seja, aquela situação típica de comunidades pequenas onde praticamente todas as pessoas que nestas residem se conhecem. Outro traço marcante da cultura das comunidades rurais é a apropriação dos espaços públicos, como ruas e praças, como locais para o lazer e o convívio social. Todo esse contexto cultural corre o risco de se perder com a implantação/operação do empreendimento, uma vez que o mesmo introduz elementos estranhos à realidade local. A mudança do perfil econômico dada pelo grande projeto industrial que o empreendimento introduz é um desses elementos, assim como, o grande contingente de trabalhadores, muitos provenientes de outras localidades, é outro. Esses dois elementos possuem o potencial para diminuir a importância do contexto familiar na preparação da mão-de-obra, bem como modificar o modo de apropriação dos espaços públicos e as relações de convivência entre as pessoas locais. Porém, deve se ressaltar que já existe na região a ocorrência de processos de massificação cultural. Ou seja, a região já sofre a influência de outros pólos culturais de âmbito nacional e internacional. Esta influência se dá mais notadamente através dos meios de comunicação de massa (televisão e rádio, principalmente) e também via a presença de turistas e das próprias pessoas da região que saem para grandes centros em busca de oportunidades de emprego e renda e quando voltam para a AID levam consigo novos valores culturais. Trata-se de um impacto potencial negativo, de abrangência local, alta intensidade, de significância crítica, de incidência direta e indireta, com tendência a progredir e irreversível. Indicação de medidas mitigadoras Para mitigar esse processo, será implementado especificamente os seguintes programas : - Programa de Diversificação da base econômica local - Programa de Apoio ao Turismo; - Programa de Educação voltado para o Relacionamento com a Comunidade Local. Através desses programas se buscará manter em funcionamento todo o contexto de produção da agricultura familiar, da produção de queijo segundo o modelo tradicional, que é inclusive tombado como um bem imaterial do estado de Minas Gerais, bem como se buscará viabilizar o incremento da atividade turística. Assim como se buscará manter a agradabilidade dos municípios afetos. Impacto Real

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Com a adoção dos referidos programas, se espera que a função da família como provedora do conhecimento para a realização do trabalho rural, bem como a continuidade dos processos econômicos típicos do meio rural da região sejam mantidos. Mas ressalta-se que a alteração do perfil econômico dos municípios da área de influência direta do empreendimento já representa uma profunda mudança cultural nesses. Todo um modo de vida ligado às atividades rurais e ao “ritmo de vida“ mais calmo corre o risco de ser radicalmente mudado. Com a preservação desse ambiente cultural, se preservará ainda mais a potencialidade turística da região, e com o desenvolvimento do Programa de apoio ao turismo, todo o contexto de valorização da cultura rural tradicional e das belezas naturais e culturais da região será mantido. Quanto ao aspecto típico da cultura rural de apropriação dos espaços públicos, como ruas e praças, como locais para o lazer e convívio social, a implantação do Programa de Educação voltado para o Relacionamento com a Comunidade Local possibilitará que tal prática social se mantenha. Porém, como já afirmado, a dimensão do empreendimento, ante ao tamanho da economia e da população dos municípios afetos, faz com que mesmo que todas as medidas de preservação cultural sejam implementadas ainda assim haverá alteração na cultura local. Ou seja, muito se ganhará em termos socioeconômicos, mas algo se transformará e/ou se perderá intimamente no interior de cada ser. Pois a cultura se refere também ao modo de vida das pessoas e este dificilmente se manterá como é atualmente. Portanto, se trata de um impacto negativo, com marcante subjetividade, de média intensidade, abrangência local, significância marginal, incidência direta e indireta, com tendência de progredir e irreversível.” 2.15 – Décimo quinto questionamento:

“IMPACTOS SOCIO CULTURAIS NÃO MENCIONADOS

Em geral, a mineração provoca um conjunto de efeitos sociais não

desejados que podem ser denominados de externalidades. Algumas

dessas externalidades são: conflitos de uso do solo, depreciação de

imóveis circunvizinhos, e transtornos ao tráfego urbano. Estas

externalidades geram conflitos com a comunidade, que normalmente têm

origem quando da implantação do empreendimento, pois o empreendedor

não se informa sobre as expectativas, anseios e preocupações da

comunidade que vive nas proximidades da empresa de mineração. (Bitar,

1997).

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Existem várias formas de analisar o impacto social causado por um

empreendimento. Por exemplo, o SIA (Social Impact Assesment) que

pode ser definido como uma previsão dos possíveis impactos de uma

política específica ou um desenvolvimento de um projeto no contexto

local, regional e global. Impactos sociais incluem todas as conseqüências

culturais e sociais para certa população humana das ações públicas ou

privadas que altera a forma com que as pessoas vivem, trabalham,

entretém e se organizam para objetivar suas necessidades. Impactos

culturais envolvem mudanças nas normas, conhecimento e crenças que

guiam e racionaliza sua cognição sobre eles próprios e sua sociedade

(Burdge e Vanclay, 1996). Para atingir tal objetivo é necessário duas

abordagens paralelas, a avaliação técnica e a avaliação participativa. A

avaliação participativa inclui métodos etnográficos que incluem

entrevistas semi-estruturadas, análise do discurso, visitas guiadas dentre

outras. Por outro lado a avaliação técnica avalia os impactos através dos

indicadores de crescimento populacional, aumento da prostituição,

criminalidade, saneamento básico, estudos epidemiológicos, saúde da

família dentre outros. O relatório realizado pela empresa Brandt Meio

Ambiente inclui parcialmente e superficialmente os aspectos técnicos e

exclui completamente os aspectos participativos.

Um dos efeitos mais conspícuos da atividade de mineração é o

crescimento populacional. O empreendimento da empresa Icomi, na Serra

do Navio é um dos empreendimenos de extração de minério mais antigo

do Brasil. No Amapá em 1950, início das atividades, a densidade era de

0,27 habitantes/km2 em 1996 valor subiu para 2,64 habit /km2 sendo que

a população cresceu de 37.477 para 379.479 (Drumond, 2000).

Outro aspecto é o impacto nas relações sociais locais. Estudos

sobre o empreendimento minerários na cidade de Itabira (município

próximo à Conceição do Mato Dentro) revelam como este processo leva a

degradação ambiental como também a destruição das relações e dos

espaços simbólicos levando a população a uma irremediável sensação de

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perda (Silva e Souza, 2002). Além disso o empreendimento levou a

destruição de símbolos do patrimônio natural da cidade como o Pico do

Cauê e Serra da Conceição. Em Itabira o impacto se agravou pelo fato da

proximidade do empreendimento da cidade tal fato se assemelha ao

empreendimento de Itapanhoacanga que será instalado nas adjacências

do vilarejo. Tal estudo revelou o aumento da abundância de vetores de

esquistossomose nas áreas próximas a barragem de rejeitos (Estado de

Minas, 1992; Silva e Souza, 2002). Apesar de Itabira ser um exemplo

próximo de degradação ambiental social e cultural não é mencionado

pelo relatório. Em um outro estudo realizado por Cecília Minayo, a autora

mostrou como o a extração de minério de ferro levou a desestruturação

da comunidade local e a inevitável sensação de perda entre os moradores

da região. Em um dos depoimentos levantados pela autora um dos

moradores descreveu seu sentimentos para com o empreendimento: “Eu

tenho um pedaçinho de ferro no meu coração”. Em outro depoimento de

um dos itabiranos mais conhecidos, Carlos Drumond de Andrade, ele cita

em Confidências de um Itabirano “ Hoje Itabira é só uma fotografia na

parede. Mas como dói.”. Outro estudo na região mostrou a alta freqüência

de distúrbios mentais nos trabalhadores ligados ao empreendimento

minerário (Guimarães, 2003).

A prostituição ligada ao setor minerario é conhecido desde os tempos

coloniais (Costa, 2005) e permanecem até os dias de hoje não somente no

Brasil, mas como em todas as regiões do globo. Nos tempos coloniais,

em Minas Gerais, a prostituição foi disseminada devido à intensa

mobilidade dos contingentes dedicados à mineração e pelo grande

número de homens solteiros da região. Somado a isso, a pesada carga

tributária da capitania acabava por sobrecarregar as mulheres de cor

levando-as ao baixo meretrício. A prostituição possuiu então uma função

de suplementar a renda, pois, além de prostitutas, muitas eram

quitandeiras. E as famosas “negras de tabuleiro” foram, em grande parte,

meretrizes (Costa, 2005). Nos dias de hoje estima-se que o número de

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prostitutas infantis no território nacional seja 200.000 crianças. Desse

total, 25.000 (12,5%) estão em cidades minerarias e 5.000 na cidade de

Belém. Cabe pontuar que esse tipo de atividade envolve altos índices de

violência (Beyer, 1998). Oliveira pontuou que dentro das rotas do tráfico

de mulheres estão incluídas várias cidades minerarias sendo que o

destino final são países europeus. Um estudo conduzido por Schmink e

Wood (1984) mostrou que os altos índices de prostituição envolvem não

somente a pequena mineração (garimpo) mas também grandes

empreendimentos. Os autores contaram 36 bordeis no entorno de São

Felix do Xingu, na Amazônia. Além da mazela social ligada a prostituição

cita-se a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo

HIV em regiões minerarias (Luiz e Roets,2000).”

- Reiteramos que após a emissão do parecer da FEAM, a mina de

Itapanhoacanga não faz parte deste licenciamento.

- A Anglo acredita que desenvolvimento sustentável acontece quando há uma

gestão correta e ética, que considera valores e princípios universais, os direitos

humanos e o meio ambiente. A seguir está transcrito o item do EIA sobre

alguns programas do meio antrópico, páginas 997 a 1003, os quais poderão

esclarecer as dúvidas citadas acima:

“7.1.3 - Programas do meio antrópico: 7.1.3.1 - Programa de responsabilidade social A atuação da MMX se dará sob os princípios de Responsabilidade Social que se traduz na forma como uma instituição/empresa conduz suas atividades de modo que se torne co-responsável pelo desenvolvimento da sociedade. Segundo o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, a Responsabilidade Social pode ser definida como: “a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando

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recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais”. Portanto, o conceito da atuação socialmente responsável inclui a noção que todos os públicos influenciados pela empresa precisam ser considerados nos empreendimentos desta. O Programa de Responsabilidade Social definirá diversas ações que visam minimizar os aspectos negativos dos impactos sociais do empreendimento e implementar medidas para assegurar que as comunidades de Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, em especial, e também dos municípios da AII, Serro, Dom Joaquim e Santana do Riacho, compartilhem dos benefícios do empreendimento. No seu conjunto, as medidas e ações desenvolvidas no âmbito desse Programa possuem os seguintes objetivos principais: - Apoiar os municípios para que suas infra-estruturas e os seus serviços e equipamentos públicos essenciais sejam dimensionados para atender ao incremento populacional que poderá decorrer do empreendimento; - Capacitar à população e as empresas locais para usufruir da maior proporção possível das oportunidades de emprego direto e indireto e das oportunidades de negócio a serem geradas pelo empreendimento; - Contribuir para a minimização dos fluxos migratórios potencialmente induzidos pelo empreendimento; - Agir junto ao poder público municipal e da sociedade civil organizada para promover um processo crescente de inclusão social; - Apoiar manifestações culturais típicas da região; - Adotar um programa de educação voltado para o relacionamento com a comunidade do entorno, tendo como publico alvo os seus colaboradores; Sendo a Responsabilidade Social um conceito que enseja uma série de princípios que nortearão todas as ações da empresa. O Programa de Responsabilidade Social se institui como uma política de gestão da empresa, a qual também é composta de diversos programas, que são descritos a seguir. 7.1.3.2 - Programa capacitação da mão de obra local A MMX visando potencializar os benefícios que sua inserção traz para o meio socioeconômico dos municípios de Alvorada de Minas e Conceição do Mato Dentro desenvolverá um programa de capacitação da mão-de-obra desses municípios. Esse programa é de grande relevância uma vez que o contexto socioeconômico dos municípios diretamente afetos é caracterizado pelo setor de serviços e pelo setor agropecuário. Portanto, a mão-de-obra local não possui as qualificações demandadas por um empreendimento industrial desse porte. A capacitação da mão-de-obra ao mesmo tempo em que aumentará a participação da população local nos empregos gerados pelo empreendimento, também diminuirá a necessidade de contratação de pessoas de outras

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localidades. Esse aspecto além de viabilizar que maior parte da riqueza gerada fique na região, contribui para diminuir a indução de fluxos migratórios que o empreendimento naturalmente produz. O processo de capacitar a mão-de-obra local deverá ser conduzido em parceria com entidades locais e entidades de âmbito nacional focadas na capacitação profissional do trabalhador industrial como, sugere-se, o SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Ressalta-se que o processo de capacitação da mão-de-obra é contínuo, devendo se iniciar durante a fase de implantação e se manter ao longo da vida útil do empreendimento, pois a formação da mão-de-obra local se dará ao longo de décadas de operação do empreendimento. Através desse Programa a mão-de-obra local irá aumentar paulatinamente sua absorção dos empregos criados. Ou seja, se atualmente a maioria dos empregos gerados pelo empreendimento será absorvida por trabalhadores de outras regiões, com o decorrer do desenvolvimento deste será cada vez maior a ocupação percentual dessas vagas por pessoas da própria região. O programa de Capacitação da Mão-de-Obra Local irá mitigar os seguintes impactos: - Indução dos fluxos migratórios, porque a medida que aumenta a participação da mão-de-obra local menor é a atração de pessoas de outras regiões; - Pressão sobre os equipamentos e serviços públicos, porque com a menor atração de pessoas de fora da região, menor é a pressão por serviços de saúde, educação, moradia, segurança e urbanização; - Incremento da criminalidade, porque a redução da atração de pessoas, decorrente do empreendimento, para a AID e para o município do Serro, em particular, diminui a potencialidade de aumento da criminalidade. O Programa de Capacitação da Mão-de-Obra Local irá potencializar os seguintes impactos: - Incremento no nível empregos, pois quanto maior for a absorção pela mão-de-obra local dos empregos criados, maiores serão os benefícios socioeconômicos para a sociedade de Conceição do Mato Dentro, Alvorada de Minas e do Serro, onde também é previsto impactos sobre o seu mercado de trabalho; - Incremento no nível de renda, pois quanto maior o percentual de mão-de-obra local a ser empregada pelo empreendimento maior a fixação da renda na Área de Influência Direta e no município do Serro; - Incremento da arrecadação pública, pois do aumento da renda e da maior empregabilidade dos fatores econômicos locais, maior será a arrecadação pública. 7.1.3.3 - Programa de desenvolvimento dos fornecedores locais A capacitação de fornecedores locais é uma medida que beneficiará uma ampla gama de agentes econômicos locais, uma vez que as demandas do empreendimento por bens, matérias-primas, insumos e serviços é bastante

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elevada. Considerando que este se inserirá em um contexto social e econômico no qual são poucas as possibilidades dos fornecedores locais atenderem às suas demandas com a qualidade, as especificações e a escala necessária. Será preciso desenvolver um Programa que capacite os fornecedores locais para que seja estabelecida uma interface comercial destes com a MMX. O programa de desenvolvimento dos fornecedores locais envolverá a prévia identificação, quantificação e divulgação dos bens e serviços que serão buscados localmente, procedimentos transparentes de seleção de fornecedores, treinamento técnico e gerencial e apoio para o acesso a crédito. Com estabelecimento desse programa, que também será conduzido em parceria com entidades públicas e privadas, pode-se inferir que haverá um aumento da qualificação técnica regional e do nível de complexidade da economia local. Este processo representará uma externalidade positiva do empreendimento, que potencializará os efeitos deste sobre a renda e o emprego regional. Este programa irá mitigar os seguintes impactos: - Indução de fluxos migratórios; - Pressão sobre os equipamentos e serviços públicos; - Incremento da criminalidade; E potencializará os impactos positivos sobre o nível de renda, emprego e arrecadação pública. 7.1.3.4 - Programa de Priorização da Mão-de-Obra e dos fornecedores locais A priorização da mão-de-obra e dos fornecedores locais se institui como uma política estratégica da empresa e visa aumentar a geração de emprego e renda para a economia local. Para que esta política seja implementada com êxito esta será acompanhada dos Programas de capacitação da mão-de-obra e de desenvolvimento dos fornecedores locais, acima citados. A Programa de Priorização da Mão-de-obra e dos fornecedores Locais instituirá metas progressivas de participação dos trabalhadores no quadro funcional da empresa, bem como, dos fornecedores locais no perfil das compras da mesma. 7.1.3.5 - Programa de Comunicação Social - PCS O processo de comunicação entre o empreendedor e a comunidade é fundamental para a inserção socialmente responsável do empreendimento e atua sobre diversos impactos potenciais. O Programa de Comunicação Social (PCS) atuará como um elemento constituinte de todos os demais programas estabelecidos pela MMX. Sendo assim, a Comunicação Social a ser desenvolvida pelo empreendedor prevê focos diferenciados, adequados para a cada etapa, impacto e programa previsto, servindo como elemento estruturador de todos os demais programas.

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Dentre as linhas de atuação que serão desenvolvidas no âmbito do Programa de Comunicação Social, citam-se: - Esclarececimento dos superficiários quanto ao processo em que estes estão envolvidos; - Estabelecimento das diretrizes e estratégias do processo de negociação com os superficiários; - Esclarecimento da comunidade local sobre os diversos Programas de mitigação e potencialização de impactos que a empresa irá desenvolver; - Auxílio ao processo de recrutamento da mão-de-obra e da seleção de fornecedores locais, divulgando previamente os requisitos necessários e as condições com que se darão os diversos contratos; - Mitigação dos fluxos migratórios que o empreendimento poderá induzir, esclarecendo à população dos municípios do entorno quanto a não intenção de contratar o migrante. Também deixando claro que serão priorizados os trabalhadores dos municípios afetos e aqueles que serão trazidos de outras localidades já virão com o processo de contratação consolidado; - Seleção dos meios de comunicação (folhetos, panfletos, inserção na rádio local, palestras, seminários, etc) e também a mensagem que será elaborada e utilizada para alertar e conscientizar os moradores da região e os motoristas que trafegam pelas vias do entorno quanto às obras de implantação que estão sendo realizadas e das mudanças nas condições de tráfego que estas determinam; - Criação de um canal de comunicação aberto e ativo, com ampla divulgação nos municípios afetos ao empreendimento. Através deste a população poderá fazer reclamações, explicitar seus anseios e sugestões. O princípio norteador do Programa de Comunicação Social é o de se estabelecer uma comunicação de mão dupla com a comunidade, sendo possível que esta acione a empresa a qualquer momento. Desta forma, se visa obter maior celeridade na percepção de qualquer processo negativo, garantindo uma maior eficácia das ações a serem implementadas. Através do PCS o empreendedor estabelecerá sua relação com a comunidade e demais públicos de interesse, usualmente denominados “stakeholders” . Portanto, este se constitui um instrumento dinâmico que pode ser a qualquer momento utilizado tanto por parte do empreendedor quanto por parte da comunidade e demais públicos. O Programa de Comunicação Social mitigará os seguintes impactos: - Indução de fluxos migratórios; pois o programa divulgará junto às comunidades afetas que não serão aproveitados pelo empreendimento os trabalhadores que chegarem à região sem o contrato de trabalho assinado; - Com a redução dos fluxos migratórios se diminui o potencial de impacto sobre os serviços e equipamentos públicos;

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- Com a redução da pressão sobre os serviços e equipamentos públicos se reduz o impacto potencial sobre a potencialidade turística, uma vez que diminui o impacto sobre a “agradabilidade” da região; - também mitigará a “ansiedade” dos superficiários quanto ao processo de negociação; - assim como, mitigará os impactos decorrentes do incremento da circulação de pessoas em decorrência da implantação/operação do empreendimento. 7.1.3.6 - Programa de educação voltado para o relacionamento com as comunidades A implantação do empreendimento ensejará a contratação de até 4.200 pessoas e a operação gerará 1.038 empregos diretos. À esses empregos se somarão parcela dos empregos indiretos (criados na cadeia produtiva) e também dos decorrentes do aumento da renda (efeito-renda). Este é um contingente demasiadamente elevado para os padrões demográficos da área de influência do empreendimento e envolve a vinda de um grande contingente de trabalhadores para os municípios afetos. No sentido de mitigar os impactos que esse processo trará, a MMX estabelecerá medidas internas a serem aplicadas junto aos seus funcionários e contratados, visando conscientizá-los das peculiaridades das comunidades do entorno, com as acentuadas características rurais destas. Sendo assim, o empreendedor estabelecerá uma série de palestras e ações e também a distribuição de cartilhas que versarão sobre temas como: educação sexual, respeito às comunidades locais; bem como estabelecerá normas de conduta que visem preservar o “ritmo de vida” das comunidades afetas, etc. Esse programa se instituirá como um sub-programa do Programa de Comunicação Social, também estabelecendo uma via de comunicação de mão dupla com a comunidade. Assim, a empresa irá divulgar junto à essas um telefone para que se possa fazer reclamações e sugestões ao longo da implantação e operação do empreendimento. Esse programa visa mitigar os impactos que decorrem do incremento da circulação de pessoas em decorrência da implantação e operação do empreendimento. 7.1.3.7 - Programa de Gestão de Apoio à Infra-estrutura municipal O empreendimento irá gerar um significativo acréscimo populacional à população dos municípios de sua área de influência, determinando demandas acrescidas por serviços públicos tais como: serviços de saúde, educação, saneamento, segurança, iluminação pública, energia elétrica, urbanização, etc. O projeto da MMX ao mesmo tempo em que determina pressões por serviços públicos, também irá incrementar significativamente a arrecadação publica dos municípios de Alvorada de Minas e Conceição do Mato Dentro, possibilitando

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que estes tenham melhores condições para atender às demandas de suas populações. Este é um fato que corrobora com a necessidade de se estabelecer um estreito relacionamento do empreendedor com os gestores públicos municipais e estaduais, de forma a apoiar que os recursos que estes passarão a deter beneficiem eficazmente a população em geral. Portanto, a MMX estabelecerá uma interlocução permanente com o setor público municipal e estadual, uma vez que as demandas por serviço público são de responsabilidade estadual e municipal. O apoio que a MMX dará às gestões municipais visa apoiá-las no atendimento dessas demandas. A maior eficácia na aplicação dos recursos públicos é de interesse de toda a sociedade. A população em geral passa a contar com melhor qualidade de vida, os gestores públicos passam a contar com melhores índices de avaliação, a empresa passa a ser reconhecida como um agente de transformação social positiva. Ademais, o equacionamento das questões sociais prementes na região de inserção do empreendimento, diminuirá a dependência desta em relação ao empreendedor. Sendo um fator muito importante para a fase de descomissionamento do empreendimento.”

2.16 – Décimo sexto questionamento:

“IMPACTOS À SAÚDE NÃO MENCIONADOS

O relatório de impacto ambiental não inclui danos do

empreendimento a saúde dos trabalhadores envolvidos diretamente nas

atividades ligadas a atividade de extração mineral e da população local. O

impacto desse tipo de atividade é amplamente reconhecido e estudado

pela literatura acadêmica. Primeiramente farei uma revisão do dos

impactos do empreendimento na saúde dos trabalhadores que estarão

diretamente envolvidos com a atividade de extração e posteriormente

levantarei os impactos sobre a população local não diretamente envolvida

no processo.

Saúde do trabalhador

O termo pneumoconiose é largamente utilizado quando se designa

o grupo genérico de pneumopatias relacionadas etiologicamente à

inalação de poeiras em ambientes de trabalho. Excluem-se dessa

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denominação as alterações neoplásicas e as reações obstrutivas como

asma, bronquite e enfisema. Do ponto de vista de freqüência e difusão do

risco inalatório específico no meio ocupacional, a siderose representa a

pneumoconiose simples macular mais importante. Ocorre em ocupações

relacionadas à mineração de ferro, agnetita, limonita e siderita, além da

manipulação de esmeril (Capinatani e Algranti, 2006). A pnemucoconiose

mais importante e frequente é a silicose, sendo que sua prevalência

continua elevada em certos ramos de atividade profissional, como

mineração em geral, metalurgia e cerâmica de porcelana e pisos, pela

dificuldade de se eliminar a exposição à poeira nesses ambientes de

trabalho (Capitani, 2006). Além desses impactos o aumento de material

particulado leva o aumento de doenças respiratórias e cardiovasculares,

como será citado na seção seguinte (Braga et al. 2007). Outras doenças

comuns nas atividades minerarias são os riscos ocupacionais causados

pela exposição a agentes químicos (explosivos) e agentes físicos (ruído)

e agentes mecânicos (acidentes por desmoronamento e explosões).

Apesar de alguns tipos de agentes serem remediados ou evitados por um

rígido controle (como no caso de desmoronamentos), os riscos ainda

persistem mesmo que em menor proporção. Um exemplo disso foi o

desmoronamento ocorrido em 2001 no município de Macacos, região

metropolitana de Belo Horizonte. O rompimento de uma barragem de

rejeitos da mineração Rio Verde levou, além de uma desastre ecológico

de grandes proporções, a vida de cinco trabalhadores (Pinheiro, 2005).

Outro aspecto amplamente abordado pela saúde ocupacional em

áreas de extração mineral são os transtornos mentais e abuso de álcool e

outras drogas por aqueles envolvidos nessa atividade. Alguns tipos de

trabalho são considerados fatores psicossociais de risco para o

alcoolismo crônico, principalmente aqueles ligados às seguintes

atividades ou ocupações: atividades socialmente desprestigiadas como

lixeiro, coveiro, etc.; atividades em que a tensão gerada é constante e

elevada, como em situações de trabalho perigoso, como mineração

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(Camargo et al 1988, Brasil 2001, Fonseca 2007). Como citado

anteriormente, um estudo em Itabira mostrou altos níveis de distúrbios

mentais em trabalhadores so setor de mineração (Guimarães, 2003).

Impactos a saúde da população local

Atividades minerarias são conhecidas por impactar profundamente

a saúde das populações locais situadas nas regiões dos

empreendimentos. Tráfico de drogas, prostituição/exploração de

menores, crimes, comércio ilegal de armas. Estes são os problemas de

destaque referentes às dimensões humanas acima referidas nas regiões

mais influenciadas pela mineração (Caheté, 1998). Aumento de

esquistossomose (Estado de Minas) e doenças sexualmente

transmissíveis também foram observados (Beyer,1998).

Dentre os problemas de saúde freqüentes em cidades minerarias

destacam-se doenças respiratórias e cardiovasculares como

conseqüência do aporte de material particulado na atmosfera. Os

poluentes gasosos e o material particulado inalável gerados a partir da

queima de combustíveis fósseis apresentam efeitos diretos sobre o

sistema respiratório, em especial, de crianças e idosos. Esses efeitos têm

sido medidos através de aumentos nos atendimentos de pronto-socorro,

internações hospitalares e mortalidade. O impacto dos poluentes do ar

nas doenças cardiovasculares apresenta algumas características

peculiares. Atinge, predominantemente, adultos e idosos, e tem

magnitude inferior ao observado para as doenças respiratórias e efeito

mais agudo (Braga et al. 2007). Um estudo conduzido por Braga e

colaboradores mostrou que em Itabira, cidade onde a extração a céu

aberto de minério de ferro é a fonte aparentemente mais relevante de

emissão de material particulado inalável, ocorrem efeitos adversos da

exposição da população a este poluente. O estudo constatou que dos

6.570 atendimentos por doenças respiratórias de crianças com menos de

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13 anos que ocorrem na cidade de Itabira ao longo de um ano, trezentos

deles estão relacionados com a poluição do ar por material particulado. É

importante deixar claro que a maioria dos estudos epidemiológicos que

avaliam efeitos agudos e crônicos do material particulado sobre as

doenças respiratórias e cardiovasculares mostram uma relação linear

entre a exposição e os desfechos. Isso significa que não existe nível

seguro de concentração desse poluente e que os efeitos são observados

mesmo em níveis de concentração muito abaixo dos padrões de

qualidade do ar adotados (Braga et al 2007). Cabe pontuar também que

por causa da proximidade de Itabira da região do Serro, a semelhança dos

empreendimentos e das condições climáticas, ecológicas e de relevo,

espera-se que os impactos ambientais sejam semelhantes. Como o

empreendimento na cidade de Itabira possui 50 anos, é possível prever o

futuro sócio ambiental da região do Serro se o empreendimento for

implantado.”

- A seguir está transcrito o item do EIA sobre alguns programas, páginas 986 a

988, os quais poderão esclarecer as dúvidas citadas acima

7.1.1.5 - Programa de controle das emissões atmosféricas Este item apresenta o Programa de Controle das Emissões Atmosféricas a ser implementado em virtude das atividades de implantação, operação e desativação do empreendimento. O programa apresenta a identificação e caracterização das fontes de emissão e as formas definidas para controle e mitigação dos efeitos advindos destas emissões. Justificativa O programa justifica-se pelo fato de que durante as fases do projeto poderá haver emissões atmosféricas e conseqüente alteração da qualidade do ar, em função do potencial modificador proveniente das atividades a serem implementadas pelo empreendimento, as quais terão influência direta na qualidade do ar da região. Objetivos O objetivo principal é garantir a manutenção das emissões provenientes das atividades do empreendimento dentro de valores aceitáveis, de modo a não

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prejudicar o andamento adequado das operações e não provocar alterações significativas sobre a qualidade do ar. Para tanto, são necessárias ações de controle dessas emissões, traduzindo-se na forma dos procedimentos e programas detalhados nos itens 9.7 e no PRAD (item 10.2.7) deste documento. Com o controle das emissões mencionadas, objetiva-se garantir a manutenção da qualidade do ar da área do empreendimento e sob a sua influência direta em conformidade à legislação ambiental federal vigente, bem como a padrões ambientais internacionais. Metodologia Este programa visa o controle das emissões atmosféricas a serem geradas, com o objetivo principal de se garantir a manutenção da qualidade do ar na área de influência do empreendimento. As metas a serem alcançadas com a execução deste programa estão especialmente vinculadas à adequada especificação e correta manutenção dos equipamentos, sistemas e dispositivos das instalações de controle das emissões atmosféricas. Os equipamentos, sistemas e dispositivos de controle das emissões atmosféricas foram projetados e deverão operar numa condição ideal tal que seja possível se alcançar uma mínima geração de emissões atmosféricas, garantindo que a qualidade do ar permaneça de acordo com o nível desejado. Para se atingir esta condição ideal das instalações do empreendimento, e por conseguinte as metas ambientais deste programa, os seguintes aspectos são considerados: - minimização de emissões fugitivas em vias, pistas e áreas não pavimentadas do empreendimento, mantendo-se a umidade em valores que minimizem as emissões pela movimentação de veículos e cargas; - minimização de emissões fugitivas em vias, pistas e áreas não pavimentadas do empreendimento, promovendo-se a recuperação, quando e onde possível, de acordo com o planejamento da lavra; - minimização de emissões fugitivas em vias, pistas e áreas não pavimentadas do empreendimento, implantando-se um planejamento de controle de trânsito de veículos; - minimização de emissões fugitivas provocadas por ação de ventos sobre taludes e áreas abertas, mantendo-se um programa de revegetação e reabilitação de áreas; - minimização de emissões de fumaça de motores a diesel, através da utilização de veículos equipados com dispositivos conversores catalíticos, e manutenção de um programa de inspeção e fiscalização de caminhões, veículos e máquinas; - minimização de emissões de fontes fixas, mantendo-se tanto os equipamentos geradores de emissões, como os seus sistemas de controle (por exemplo sistemas de aspersão) em funcionamento adequado, conforme as especificações de projeto. Desta forma, para as atividades envolvendo movimentação de terra, extração e

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transporte de estéril e minério, britagem do minério e movimentação de cargas e obras civis em geral, entre elas a construção da barragem de rejeito e pilhas de estéril, serão realizados procedimentos como a umectação de vias não pavimentadas, de pilhas de minério e estéril, aspersão de água na entrada do britador e uso de técnicas de construção civil adequadas. Como complementação do Programa de Controle de Emissões Atmosféricas será realizado um Programa de Monitoramento da Qualidade do Ar. Para controle das emissões de material particulado, durante as etapas de implantação e operação da barragem de rejeitos e pilhas de estéril em seus sucessivos alteamentos dos taludes que as compõe, será realizada aspersão de água por caminhões pipa nas áreas com maior movimentação de terra e equipamentos, como nas vias de acesso e áreas de empréstimo. Os equipamentos com motores a combustão serão submetidos a um programa de manutenção periódica de modo a otimizar o funcionamento dos mesmos, reduzindo, assim, a emissão de gases provenientes da queima de combustíveis fósseis. Deve-se ressaltar que um maior detalhamento das fontes de emissão e dos sistemas de controle a serem empregados será contemplado no Programa de Controle Ambiental.

- Concluímos que os possíveis impactos e danos á saúde causados pelo

empreendimento, são passíveis de mitigação com a implementação dos

programas apresentados. Esclarecemos ainda que o transporte do minério será

feito através de mineroduto, o que minimiza ainda mais a emissão de

partículas.

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EQUIPE TÉCNICA

Nome Especialidade

Dr. João Evaldo Massahud Médico do Trabalho

Especialista em Gestão Ambiental

José Roberto Centeno Cordeiro Geólogo, Hidrogeólogo

Dr. Leonardo Mitre Alvim de

Castro

Engenheiro Civil

Especialista em Gerenciamento

de Recursos Hídricos;

Mestre e Doutor em

Saneamento, Meio Ambiente e

Recursos Hídricos .

Drª Najla de Castro Attala Bióloga

Bacharel em Botânica;

Mestre e Doutora em Ciências

Biológicas A/C: Botânica

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Referências ANA, 2007. Diagnóstico da Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos no

País. Diretrizes e Prioridades. Agência Nacional de Águas. Disponível em www.ana.gov.br 160p. 2007.

BRASIL. Lei Federal n.° 9.433/97. Institui a Política Nacional de Recursos

Hídricos, cria o sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos, regulamenta o inciso XIX artigo 21 da Constituição Federal, e altera o artigo 1° da Lei 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a lei n.° 7.990, de 28 de dezembro de 1989. 15p., 1997.

EIA/RIMA- ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL / RELATÓRIO DE IMPACTO

AMBIENTAL - LAVRA A CÉU ABERTO PARA PRODUÇÃO DE 56 MILHÕES DE TONELADAS POR ANO, TRATAMENTO DE MINÉRIO DE FERRO E INFRA-ESTRUTURA DE PRODUÇÃO. MMX - MINAS RIO MINERAÇÃO E LOGÍSTICA LTDA. CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO, ALVORADA DE MINAS E DOM JOAQUIM / MG. 2007.

IGAM – Instituto Mineiro de Gestão das Águas. Portaria Administrativa IGAM n°

010/1998. Altera a redação da Portaria n°030/1993, de 07 de junho de 1993. 7p. 1998.

MINAS GERAIS. Lei Estadual n.° 13.199/99. Dispõe sobre a Política Estadual

de Recursos Hídricos e da outras providências. 18p, 1999. MINAS GERAIS. Decreto Estadual n° 44.046/2005. Regulamenta a cobrança

pelo uso de recursos hídricos de domínio do Estado. 4p. 2005.