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UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Administração
Arthur Sanches Crubelati
Danilo Machado Brochato
Tharik Vinícius Alves Cardoso
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: um
caminho para a sustentabilidade na Sabesp Lins-SP
LINS-SP 2010
ARTHUR SANCHES CRUBELATI
DANILO MACHADO BROCHATO
THARIK VINÍCIUS ALVES CARDOSO
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: um caminho para a
sustentabilidade na Sabesp Lins-SP
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Administração sob a orientação da Profª M. Sc. Máris de Cássia Ribeiro Vendrame e orientação técnica da Profª M. Sc. Heloísa Helena Rovery da Silva.
LINS-SP 2010
Crubelati, Arthur Sanches; Brochato, Danilo Machado; Cardoso, Tharik Vinícius Alves.
Responsabilidade Socioambiental: um caminho para a sustentabilidade na Sabesp Lins-SP/ Crubelati, Arthur Sanches; Brochato, Danilo Machado; Cardoso, Tharik Vinícius Alves. – – Lins, 2010.
87p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Administração, 2010.
Orientadores: Máris de Cássia Ribeiro Vendrame; Heloisa Helena Rovery da Silva
1. Responsabilidade Socioambiental. 2. Sustentabilidade. 3. Gestão Ambiental. I Título.
CDU 658
C959r
ARTHUR SANCHES CRUBELATI
DANILO MACHADO BROCHATO
THARIK VINÍCIUS ALVES CARDOSO
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: um caminho para a
sustentabilidade na Sabesp Lins-SP
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do título de Bacharel em Administração.
Aprovada em: ____/____/_____
Banca Examinadora:
Profª Orientadora: Máris de Cássia Ribeiro Vendrame
Titulação: Mestre em Administração pela Universidade Metodista de Piracicaba
UNIMEP - SP
Assinatura: _____________________________
1º Prof(a): _______________________________________________________
Titulação: ______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura: _____________________________
2º Prof(a): ______________________________________________________
Titulação: ______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura: _____________________________
DEDICATÓRIA
A DEUS
Por proporcionar momentos únicos de convivência e aprendizado.
Pela saúde e força que foram cruciais para a realização de um sonho.
Razão de toda a nossa existência.
À FAMÍLIA
Aos nossos familiares que nos apoiaram e deram estrutura para
continuarmos nessa caminhada.
AOS PROFESSORES E UNISALESIANO
Pelo conhecimento técnico e pela sabedoria transmitida através
desses anos.
AOS AMIGOS
Pelos momentos que serão lembrados para sempre. Sem vocês essa
realização não seria tão especial. Àqueles que, por suas razões, não
seguiram o mesmo caminho e deixaram saudades.
À SABESP
Por servir de inspiração para nossa pesquisa e fornecer ampla
estrutura para o desenvolvimento do trabalho.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de seguir nessa caminhada, pois sem Ele seria muito mais difícil. Por todos esses anos que passei por dificuldades, mas nunca desisti, pois sabia que “alguém lá de cima” estava olhando por mim. Obrigado Jesus!Obrigado Jesus!Obrigado Jesus!Obrigado Jesus!
À minha mãe, por ser a grande responsável por essa realização. Por sempre me apoiar e respeitar minhas decisões, dando liberdade para minhas escolhas. Pela compreensão em momentos menos favoráveis e por realizar inúmeros sacrifícios em prol dos nossos sonhos. Te amo Mamãe!Te amo Mamãe!Te amo Mamãe!Te amo Mamãe!
Aos professores do Unisalesiano, por transmitir muito de seu conhecimento e nos preparar para o mercado de trabalho. Em especial ao Professor Irso pelas palavras de sabedoria e às Professoras Máris e Heloísa pela paciência e pelos vários “puxões de orelha” que foram grande motivação para continuarmos.
Aos amigos da Sabesp, que contribuíram direta ou indiretamente com esse trabalho e me ensinaram muitas coisas da vida. Ao Superintendente Luiz Paulo que permitiu nossa abordagem e ao Bernardino por compreender meus momentos de dificuldade e me apoiar nesse projeto.
Às pessoas que conheci nesses quatro anos, responsáveis por momentos únicos e valores que carregarei comigo por onde for. Vocês deixarão saudades! Valeu Arthur e Danilo pela parceria, nos momentos de alegria e dificuldade, sem vocês esse trabalho não seria tão especial para mim.
“quero chorar o seu choro, quero sorrir seu sorriso
valeu por você existir, amigo”
TharikTharikTharikTharik
Primeiro agradeço aos meus pais por ter me dado apoio
durante os quatro anos e a Deus, por ter me ajudado, e muito.
Aos meus amigos de monografia, a nossa orientadora
Máris, por ter ajudado na montagem de nossa monografia e à
Professora Heloísa, por nos ter dado força.
Agradeço a todos do Unisalesiano pelos momentos
durante esses quatro anos.
DaniloDaniloDaniloDanilo
RESUMO
Diante de um mercado em constante expansão e de consumidores exigentes e preocupados com o destino das gerações futuras, torna-se indispensável para a sobrevivência das organizações a busca de um diferencial competitivo. Durante muito tempo acreditou-se que a industrialização seria o melhor caminho para o desenvolvimento, mas a procura incessante pelo lucro a qualquer custo causou inúmeras catástrofes socioambientais. Devido à conscientização dos cidadãos, cada vez mais as organizações são cobradas a atuar de forma responsável perante o meio ambiente e a sociedade. Estes tempos em que afloram significativas mudanças de paradigmas sinalizam para um novo contexto empresarial: as empresas passam de unidade produtora para unidade social organizada. Surge a importância da inserção de valores como a responsabilidade socioambiental nos objetivos das organizações, devendo atingir todos os envolvidos no processo, os stakeholders. No pilar ambiental criam-se métodos de atingir a excelência, como os sistemas de gestão e as certificações ambientais. No cunho social, é frequente o desenvolvimento de padrões de boas práticas para identificar as empresas socialmente responsáveis. O termo sustentabilidade surgiu da necessidade de se obter resultados de maneira controlada, sem agredir o meio ambiente, nem comprometer as futuras gerações. Por abranger os pilares social, ambiental e econômico-financeiro, a sustentabilidade é algo complexo, exige, portanto, envolvimento de todos os componentes do processo produtivo, mas torna-se um diferencial competitivo no mercado. Diante desse contexto, o alcance da sustentabilidade deve fazer parte da missão da empresa, aliada aos seus objetivos estratégicos. O presente trabalho tem como objetivo averiguar se as práticas de responsabilidade socioambiental contribuem com o alcance da sustentabilidade. Palavras-chave: Responsabilidade Socioambiental. Sustentabilidade. Gestão Ambiental.
ABSTRACT
Faced with an ever expanding market and demanding consumers, concerned about the fate of future generations, becomes indispensable to the survival of organizations seeking a competitive edge. For a long time it was believed that industrialization would be the best path to development, but the endless quest for profit at any cost has caused many social and environmental disasters. Due to the awareness of citizens, more and more organizations are charged to act responsibly towards the environment and society. These times in which outcrop significant paradigm shifts point to a new business context: companies are only producing unit for organized social unit. Comes the importance of values such as inclusion of environmental responsibility in the objectives of the organizations, should reach all those involved in the process, the stakeholders. In the environmental pillar methods are created to achieve excellence, as management systems and environmental certifications. In social, often developing good practice standards to identify the socially responsible companies. The term sustainability has emerged from the need to achieve results in a controlled manner, without harming the environment or compromising future generations. By covering the social, environmental and economic-financial pillars, sustainability is a complex, therefore requires involvement of all components of the production process, but it becomes a competitive market. Given this context, the scope of sustainability must be part of the company's mission, coupled with its strategic objectives. This study aims to investigate whether the social and environmental responsibility practices contribute to achieving sustainability. Keywords: Environmental Responsibility. Sustainability. Environmental Management.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Criação da marca .............................................................................. 29
Figura 2: Logotipo Sabesp ................................................................................ 30
Figura 3: Símbolo Sabesp ................................................................................ 30
Figura 4: Bases do modelo de responsabilidade socioambiental ..................... 56
Figura 5: Contexto histórico do programa de voluntariado ............................... 57
Figura 6: Centro experimental de água de reuso .............................................. 62
Figura 7: Logotipo Abraço Verde ...................................................................... 63
Figura 8: Plantio de mudas no entorno dos reservatórios da empresa ............. 64
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Dados Abastecimento de Água 2009 ............................................... 32
Quadro 2: Descrição 2010 ................................................................................ 33
Quadro 3: Programas estruturantes .................................................................. 65
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas
BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CCO: Centro de Controle Operacional
CDB: Convênio sobre a Diversidade Biológica
CEPAA: The Council Economic Priorities Accreditation Agency
CMMAD: Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
CNI: Confederação Nacional das Indústrias
CNUMAD: Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento
CONAMA: Conselho Nacional de Meio Ambiente
ETE: Estação de Tratamento de Esgoto
GPS: Sistema de Posicionamento Global
IBOPE: Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística
INMETRO: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial
IPCC: Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
ISO: International Organization for Standardization
OMS: Organização Mundial da Saúde
ONGs:Organizações Não Governamentais
ONU: Organização das Nações Unidas
PDA: Personal Digital Assistant
PML: Produção Mais Limpa
PNUMA: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
RSC: Responsabilidade Social Corporativa
RSE: Responsabilidade Social Empresarial
SABESP: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
SCOA: Sistema de Controle Operacional de Abastecimento
SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SGA: Sistema de Gestão Ambiental
SIGNOS: Sistema de Informações Geográficas no Saneamento
UNESCO: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
UNIVAP: Universidade do Vale do Paraíba
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13
CAPÍTULO I – COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTA DO DE
SÃO PAULO – SABESP ................................ .................................................. 16
1 PERFIL................................................................................................... 16
1.1 Áreas de atuação ................................................................................... 17
1.2 Missão .................................................................................................... 17
1.3 Visão ...................................................................................................... 18
1.4 Números ................................................................................................. 18
1.5 Índices de atendimento .......................................................................... 18
1.6 Produtos ................................................................................................. 19
1.7 Água de reuso ........................................................................................ 19
1.8 Esgoto não doméstico ............................................................................ 21
1.9 Contrato de demanda firme .................................................................... 21
1.10 Tecnologias ............................................................................................ 22
1.10.1 Aqualog .................................................................................................. 22
1.10.2 Gestão de serviços ................................................................................. 23
1.10.3 Controle operacional .............................................................................. 24
1.10.4 Flotação.................................................................................................. 24
1.10.5 NetControl .............................................................................................. 25
1.10.6 Nucleação de nuvens ............................................................................. 25
1.10.7 Sistema de Informações Geográficas no Saneamento (SIGNOS) ......... 26
1.10.8 Telemedição ........................................................................................... 27
1.11 Marca ..................................................................................................... 28
1.11.1 Elementos da marca .............................................................................. 29
1.11.2 Tipos de marca ....................................................................................... 30
1.12 Memória Sabesp .................................................................................... 30
1.13 Sabesp em Lins ...................................................................................... 31
CAPÍTULO II – RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E
SUSTENTABILIDADE .................................. .................................................... 34
2 RESPONSABILIDADE SOCIAL ......................... ................................... 34
2.1 Conceito ................................................................................................. 34
2.2 Responsabilidade social e filantropia ..................................................... 35
2.3 Certificações sociais ............................................................................... 36
2.4 Gestão ambiental ................................................................................... 38
2.4.1 Política ambiental ................................................................................... 41
2.4.2 Certificação ISO 14001 .......................................................................... 42
2.4.3 Produção mais limpa .............................................................................. 44
2.4.4 Acordos ambientais ................................................................................ 45
2.5 Sustentabilidade ..................................................................................... 49
2.5.1 Global Compact (Pacto Global) .............................................................. 51
CAPÍTULO III – A PESQUISA ......................... ................................................. 53
3 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 53
3.1 Métodos e técnicas ................................................................................ 54
3.2 Relato e discussão sobre responsabilidade socioambiental na Sabesp 54
3.2.1 Programa de responsabilidade socioambiental ...................................... 55
3.2.2 Voluntariado empresarial........................................................................ 56
3.2.2.1Missão e objetivos do programa de voluntariado ................................... 58
3.2.3 Campanha do agasalho ......................................................................... 59
3.2.4 Programa de reciclagem de óleo de fritura............................................. 59
3.3 ISO 14001 .............................................................................................. 60
3.4 Centro experimental de água de reuso .................................................. 61
3.5 Abraço verde .......................................................................................... 63
3.6 Programas estruturantes ........................................................................ 65
3.6.1 Onda limpa baixada santista .................................................................. 66
3.6.2 Onda limpa litoral norte .......................................................................... 67
3.6.3 Água limpa ............................................................................................. 67
3.6.4 Programa metropolitano de água ........................................................... 68
3.6.5 Córrego limpo ......................................................................................... 68
3.6.6 Vida nova ............................................................................................... 69
3.6.7 Projeto Tietê ........................................................................................... 69
3.6.8 Programa corporativo de redução de perdas de água ........................... 69
3.7 Saneamento e saúde ............................................................................. 70
3.8 Parecer final ........................................................................................... 71
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ........................... .......................................... 73
CONCLUSÃO ......................................... .......................................................... 74
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 76
APÊNDICES ..................................................................................................... 78
ANEXOS ........................................................................................................... 86
INTRODUÇÃO
A natureza por si só vive em constante harmonia, sendo o homem o
principal responsável por alterar suas características, chegando a prejudicar os
ecossistemas e a cadeia alimentar. No princípio, o ser humano utilizava dos
recursos naturais para a sua sobrevivência, o que mudou substancialmente
desde a época da industrialização até os dias atuais, onde a fauna e a flora são
uma forma de obter ganhos – muitas vezes sem pensar nas consequências.
Diante do consumo desenfreado dos recursos naturais e da escassez de
muitos deles, a sociedade e o Governo passaram a cobrar das empresas uma
maior responsabilidade no uso da água, solo e ar. Já foi constatado que os
maiores vilões do desequilíbrio ambiental são o aquecimento global - causado
principalmente pelos gases poluentes oriundos da queima de combustíveis
fósseis - e o desmatamento, atitudes constantemente praticadas por muitas
empresas.
A industrialização trouxe vários problemas ambientais, como: alta concentração populacional, devido à urbanização acelerada; consumo excessivo de recursos naturais, sendo que alguns não renováveis (petróleo e carvão mineral, por exemplo); contaminação do ar, do solo, das águas; e desflorestamento, entre outros. (DIAS, 2009, p. 6).
Antigamente a poluição e a degradação ambiental eram vistas como
consequências do desenvolvimento urbano, porém, atualmente, já são
consideradas falhas no processo produtivo industrial e gerencial, além de uma
falta de comprometimento com o meio ambiente e a sociedade.
Ao longo do século XX, foram os grandes acidentes industriais e a contaminação resultante deles que acabaram chamando a atenção da opinião pública para a gravidade do problema. Alguns dos problemas ambientais tornaram-se assunto global pela sua visibilidade e facilidade de compreensão quanto a causa e efeito constituíram-se na principal ferramenta de construção de uma conscientização dos problemas causados pela má gestão. (DIAS, 2009, p. 7).
Devido a isso as organizações procuram cada vez mais técnicas
produtivas que não agridam o ambiente ao seu redor, como a adoção de
sistema de excelência ambiental e práticas de responsabilidade
socioambiental, atitudes que além de colaborarem com a preservação da
natureza, acabam criando uma boa imagem institucional, tornando um
diferencial em um mercado cada vez mais competitivo.
A responsabilidade social corporativa é a característica que melhor define esse novo ethos. Em resumo, está se tornando hegemônica a visão de que os negócios devem ser feitos de forma ética, obedecendo a rigorosos valores morais, de acordo com comportamentos cada vez mais universalmente aceitos como apropriados. (QUEIROZ et al., 2005, p. 7)
Os empresários estão se conscientizando de que uma organização não
é apenas uma unidade de produção e distribuição de bens e serviços que
atendem a determinadas necessidades da sociedade, mas que deve atuar com
valores, dentre eles: respeito aos direitos humanos, melhoria da qualidade de
vida da população e preservação da natureza.
A sustentabilidade é um conceito de desenvolvimento discutido e
elaborado no final do século XX, onde a qualidade de vida do homem passa a
ser uma condição para o progresso, sendo que os recursos naturais devem ser
utilizados de forma consciente, com o âmbito de estarem disponíveis também
às gerações futuras.
A penetração do conceito de desenvolvimento sustentável no meio empresarial tem se pautado mais como um modo de empresas assumirem formas de gestão mais eficientes, como práticas identificadas com a eco-eficiência e a produção mais limpa, do que uma elevação do nível de consciência do empresariado em torno de uma perspectiva de um desenvolvimento econômico mais sustentável. (DIAS, 2009, p. 38).
Atento aos inúmeros benefícios que as práticas de responsabilidade
socioambiental trazem para o cenário econômico e na importância da
sustentabilidade para a manutenção de uma boa imagem corporativa, a
pesquisa será realizada na empresa Sabesp - Unidade de Negócio de Lins –
com o intuito de analisar a importância das práticas de responsabilidade
socioambiental para a sustentabilidade da empresa.
A Sabesp – Unidade de Negócio de Lins, localizada na Rua Tenente
Florêncio Pupo Netto, 300 - Jardim Americano, é responsável pelo atendimento
de 83 municípios do interior de São Paulo. Preocupada com o bem-estar social
e ambiental,busca através de seus projetos de responsabilidade
socioambiental e de ações sustentáveis uma melhor qualidade de vida à
população que atende.
O objetivo do trabalho é analisar os projetos socioambientais praticados
pela Sabesp e verificar se as ações de responsabilidade socioambiental
conduzem-na à sustentabilidade.
Diante do exposto surgiu o seguinte problema:
As ações de responsabilidade socioambiental praticadas pela Sabesp
conduzem-na à sustentabilidade?
Como hipótese acredita-se que as ações de responsabilidade
socioambiental são ferramentas estratégicas para as organizações, pois além
de contribuírem com a melhoria da qualidade de vida da sociedade e o meio
ambiente em que estão inseridas, auxiliam no alcance da sustentabilidade
Para demonstrar na prática os resultados, a pesquisa foi realizada na
Sabesp – Unidade de Negócio de Lins – no período de fevereiro a outubro de
2010, cujos métodos e técnicas estão descritos no capítulo III.
Capítulo I – Descreve a Sabesp, seu histórico, números e evolução.
Capítulo II – Aborda os conceitos de Responsabilidade Socioambiental,
Gestão Ambiental e Sustentabilidade.
Capítulo III – Demonstra a análise da pesquisa de campo realizada.
Por fim, a proposta de intervenção e a conclusão constituem a parte final
deste trabalho.
CAPÍTULO I
COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAU LO-
SABESP
1 PERFIL
A Sabesp é uma empresa de economia mista e tem como principal
acionista o Governo do Estado de São Paulo. Em 2002, a companhia tornou-se
a primeira empresa de economia mista a aderir ao Novo Mercado da Bovespa.
Simultaneamente, passou a ter suas ações listadas na Bolsa de Valores de
Nova Iorque.
No Estado de São Paulo, dos 645 municípios, a Sabesp presta serviços
para 366 atendendo uma população de 26 milhões de habitantes. Atualmente
112 municípios atendidos já possuem serviços de água e esgotos
universalizados. Para cumprir sua missão e alcançar os objetivos estabelecidos
em sua visão, serão investidos cerca de R$ 8,6 bilhões entre 2009 e 2013 para
estender a universalização para os demais 254 municípios. (SABESP, 2010)
As importantes transformações na regulação do setor de saneamento
em 2007 geraram novas oportunidades para a Sabesp. O marco regulatório
consolidou a integração entre os investimentos e as prioridades estabelecidas
pelo titular dos serviços.
Além dos serviços de saneamento básico no Estado de São Paulo a
Sabesp está habilitada para exercer atividades em outros estados e países,
podendo ainda atuar nos mercados de drenagem urbana, serviços de limpeza
urbana, manejo de resíduos sólidos e energia.
A Sabesp também ampliou sua plataforma de soluções ambientais
destinadas a grandes clientes que queiram beneficiar-se do conhecimento e da
tecnologia da empresa para uso racional da água, destinação adequada dos
esgotos e preservação do meio ambiente.
1.1 Áreas de atuação
O modelo de administração da Sabesp é baseado na regionalização por
bacias hidrográficas. Tal critério atende a legislação de saneamento estadual e
torna mais eficaz o atendimento às demandas sociais e locais. A administração
descentralizada é formada por diretorias e unidades de negócio.
As unidades de negócio possuem autonomia para a aplicação de
recursos. Elas seguem as diretrizes centrais da Sabesp, porém as decisões
são compartilhadas com as assembléias dos municípios concedentes e com as
comissões de gestão regional, que por sua vez democratizam os processos
decisórios da empresa.
A Sabesp é composta por 6 diretorias:
a) presidência;
b) diretoria de gestão corporativa;
c) diretoria econômico financeira e de relação com investidores;
d) diretoria de tecnologia, empreendimentos e meio ambiente;
e) diretoria metropolitana; e
f) diretoria de sistemas regionais.
A diretoria metropolitana possui sete unidades de negócio, sendo elas:
unidades de negócio: Norte, Sul, Leste, Oeste, Centro, além da unidade de
negócio de produção de água e unidade de negócio de tratamento de esgotos.
Dos 39 municípios que compõem a grande São Paulo, 30 fazem parte
do sistema integrado de abastecimento. A empresa também vende água por
atacado a seis praças atendidas por serviços municipais: Santo André, São
Caetano do Sul, Diadema, Mauá, parte de Guarulhos e parte de Mogi das
Cruzes. (SABESP, 2010)
Já a diretoria de sistemas regionais é composta por dez unidades de
negócio no interior e litoral do estado: baixo Paranapanema, Pardo e grande,
médio Tietê, alto Paranapanema, baixo Tietê e grande, Vale do Paraíba, Vale
do Ribeira, Baixada Santista, Litoral Norte e Capivari/Jundiaí. (SABESP, 2010)
1.2 Missão
“Prestar serviços de saneamento, contribuindo para a melhoria da
qualidade de vida e do meio ambiente.”
1.3 Visão
“Em 2018, ser reconhecida como Empresa que universalizou os serviços
de saneamento em sua área de atuação, com foco no cliente, de forma
sustentável e competitiva, com excelência em soluções ambientais”.
1.4 Números
Os números da Sabesp impressionam, tanto pela quantidade de redes e
conexões disponíveis quanto pelo volume de tratamento. A empresa produz
cerca de 105 mil litros de água por segundo e abastece, diretamente e no
atacado, mais de 26 milhões de pessoas, ou seja, 60% do Estado de São
Paulo. Em termos comparativos, isso equivaleria a duas vezes a população da
Bélgica. (SABESP, 2010)
As redes de distribuição de água e coleta de esgotos são tão extensas
que seriam suficientes para dar duas voltas ao globo terrestre, se fossem
unidas linearmente. Com um patrimônio de R$ 11 bilhões, é a maior empresa
de saneamento da América Latina e a 5ª maior do mundo por número de
clientes. A empresa emprega cerca de 15.000 profissionais altamente
qualificados para a operação de sistemas avançados de tecnologia e prestação
de serviços. (SABESP, 2010)
1.5 Índices de atendimento
Os índices de atendimento comprovam o desempenho da empresa na
expansão dos serviços de saneamento básico. Os dados hoje registrados são
equivalentes ou superiores aos de países desenvolvidos, como Bélgica, Itália e
Reino Unido.
Desde 1998, a Sabesp alcançou a universalização da distribuição de
água tratada e, gradativamente, aumentou os serviços de coleta e tratamento
de esgoto. A ampliação do atendimento incide diretamente na redução da
mortalidade infantil e melhorias na qualidade de vida da população no que se
refere ao abastecimento de água, ao lazer e ao turismo.
Antes da Sabesp assumir os serviços de saneamento básico em São
Paulo, o índice de mortalidade infantil era de 87 crianças, de 0 a 1 ano de
idade, para cada grupo de mil, ou 8,7%. As péssimas condições de
saneamento eram apontadas como fator determinante para a triste estatística.
Hoje, com a atuação da Companhia, o índice despencou para 1,3%. (SABESP,
2010)
1.6 Produtos
Evitar o desperdício e dar um destino correto à água utilizada na sua
empresa há muito tempo deixaram de ser questões puramente econômicas.
Mais importante que o reflexo financeiro, o uso consciente da água tornou-se
uma obrigação entre as empresas modernas.
Pensando nisso, e utilizando a experiência de mais de 35 anos nos
campos da sustentabilidade, preservação do meio ambiente e gerenciamento
de recursos hídricos, a Sabesp desenvolveu um pacote diferenciado de
produtos e serviços, direcionado às empresas que procuram utilizar melhor
seus recursos hídricos: o Programa Sabesp Soluções Ambientais.
1.7 Água de reúso
A água proveniente do tratamento de esgoto não é adequada para
beber, mas pode ser utilizada para fins não potáveis, como resfriamento de
equipamentos, limpeza de ruas, rega de jardins, geração de energia ou em
outros processos industriais. Cada litro de água reutilizado corresponde a um
litro de água disponível para o abastecimento público, contribuindo para a
preservação dos recursos hídricos, bem como redução de custos tarifários a
prefeituras, comércio e indústria.
Desde a década de 80 a Sabesp recicla a água nas próprias instalações.
Inicialmente o processo foi adotado nas estações de tratamento de água. O
líquido proveniente da limpeza dos filtros volta ao processo inicial, evitando
desperdícios e custos operacionais. Desde 1998, as estações de esgoto
também fornecem o produto, já que após todas as fases são reduzidos cerca
de 80% das impurezas. O volume disponível é armazenado e retirado por
caminhões-tanques ou distribuído por tubulações apropriadas, seguindo todas
as regras de segurança e padrões de qualidade.
Atualmente, na região metropolitana de São Paulo, são reaproveitados
948 milhões de litros de água por ano. Os custos são reduzidos e variam de R$
0,48 por mil litros para órgãos públicos e R$ 0,81 por mil litros para empresas
privadas. A primeira estação a oferecer água de reúso foi a Jesus Neto, situada
na região da Mooca, em São Paulo. O projeto começou na Coats, empresa
fabricante das linhas Correntes, que utiliza o produto na lavagem e tingimento
dos seus produtos. Além disso, duas lavanderias industriais da Mooca também
utilizam a água de reuso em seus processos.
As prefeituras de Santo André, São Caetano, Barueri, Carapicuíba,
Diadema e São Paulo também utilizam a água de reúso para limpeza das ruas,
após as feiras livres. A Santher – fábrica de papel Santa Therezinha S/A –
também utiliza 60 milhões de litros de água por mês. No total, 40 empresas
aderiram ao produto que pertence ao pacote de Soluções Ambientais da
Sabesp. Existe uma grande demanda para utilização do produto que poderá
ser atendida, como no caso do projeto Aquapolo Ambiental, em negociação,
que prevê o fornecimento de 800 litros/segundo do efluente final da estação de
tratamento ABC para o pólo petroquímico de Capuava.
1.8 Esgoto não doméstico
Atualmente, uma das grandes preocupações das empresas é o destino
do esgoto proveniente do processo produtivo. Para atender esta necessidade,
a Sabesp possui instalações adequadas para receber e tratar dos esgotos não
domésticos, que são esgotos de origem não residencial, provenientes de
qualquer utilização da água, adquirindo características próprias em função do
processo empregado.
Ao adotar este programa as empresas repassam a responsabilidade do
tratamento e disposição final à Sabesp, reduzem o custo operacional e
atendem as exigências legais de controle de poluição ambiental. Os clientes
que tiverem seus imóveis em regiões providas de rede coletora devem
interligá-los à rede e atender todos os requisitos constantes do Decreto 8468
de 08/09/76 – artigos 19A e 19B e preencher o relatório de auto-caracterização,
fornecido pela Sabesp.
Se a região onde está localizada a indústria for provida de sistema
público de esgoto e houver possibilidade técnica de ligação, ela deverá lançar
seus esgotos no sistema da Sabesp. Caso contrário, a Companhia oferece,
visando a preservação ambiental, a possibilidade do despejo de seus efluentes
em um de seus pontos de recebimento dos esgotos não domésticos.
1.9 Contrato de demanda firme
Por meio de um contrato de fidelização, clientes comerciais e industriais
que demandam grandes volumes de água podem obter melhores condições de
preços e tarifas. Além da redução de custos, os clientes fidelizados recebem
relatórios de controle para acompanhar o consumo de água de forma simples e
eficiente.
As empresas contam, ainda, com atendimento diferenciado e garantias
de abastecimento e qualidade da água. O produto oferece vantagens como a
redução dos custos gerais com a conta de água e/ou esgoto, com uma
economia significativa e a garantia de qualidade do produto pela Sabesp.
1.10 Tecnologias
A Sabesp conta com diversos programas e equipamentos para oferecer
aos seus clientes serviços e produtos de alta qualidade. Essas tecnologias são
somadas a profissionais gabaritados e experientes no mercado. Para a
Sabesp, isso significa mais segurança. Para a população, mais confiança.
1.10.1 Aqualog
Aqualog é uma tecnologia desenvolvida pela Sabesp para industrializar
a área de saneamento ambiental. Ela traz eficiência máxima aos sistemas de
produção de água, reduz custos e aumenta a segurança. Planejada e
desenvolvida por técnicos da empresa, o Aqualog foi adotado em junho de
1996 no município de Tapiraí, Vale do Ribeira e se tornou a primeira estação
de água inteligente do Brasil.
Através de um centro de controle operacional, o sistema supervisiona
todas as fases da produção de água. O Aqualog aciona, monitora e controla
automaticamente válvulas, dosadoras de produtos químicos, níveis de
reservatórios e outros equipamentos. Também disponibiliza tabelas e gráficos,
ferramentas essenciais de gerenciamento.
Apenas um único centro de controle operacional é capaz de acompanhar
e monitorar vários sistemas ao mesmo tempo, independentemente de sua
localização. O resultado final é água com tratamento de alta qualidade,
economia de energia elétrica e produtos químicos.
Todas as estações de tratamento de água do Vale do Ribeira estão
automatizadas com essa tecnologia, e existem outras 18 unidades da Sabesp
localizadas na região metropolitana de São Paulo.
Por conta do sucesso da tecnologia Aqualog, a Sabesp criou uma
equipe exclusiva para cuidar da industrialização e do desenvolvimento de
projetos para que eles fiquem adequados à realidade de cada cliente.
Devido ao grande desenvolvimento desse trabalho, o sistema despertou
interesse até fora do país. As estações de tratamento de água da Sabesp que
utilizam o Aqualog já receberam visitas de técnicos dos Estados Unidos, da
Europa e da América Latina.
1.10.2 Gestão de serviços
Anualmente, a Sabesp executa entre 700 e 800 mil intervenções na
cidade de São Paulo para consertar vazamentos, efetuar ligações de água,
esgoto, entre outras atividades. Com o objetivo de ampliar a produtividade,
melhorar os serviços prestados à população e zelar pela imagem da metrópole,
a Companhia adotou minicomputadores nas atividades da operação. (SABESP,
2010)
Com isso, desde abril de 2007, as folhas de campo utilizadas pelas
equipes de manutenção e de investimentos da região metropolitana de São
Paulo foram substituídas pelos computadores com dimensões reduzidas e
conhecidos como Assistente Pessoal Digital (APD).
Além de acessar plantas e croquis, os operacionais informam os
horários de início e término dos serviços, a localização exata das instalações
através das funções GPS (Global Position System) acopladas ao equipamento,
fotografam a área antes, durante e após a intervenção, controlam materiais
utilizados e enviam arquivos aos sistemas. Tudo isso utilizando a tecnologia
sem fio.
Além da inclusão das pessoas ao meio tecnológico, o projeto envolve
mudanças culturais e exige sensibilização, treinamento e acompanhamento de
todo o processo. Para isso, equipes multidisciplinares foram formadas para
realizar esta transição, incluindo mais de 1,5 mil pessoas. (SABESP, 2010)
1.10.3 Controle operacional
Desde 1980, a Sabesp supervisiona e controla o sistema integrado de
abastecimento da região metropolitana de São Paulo através de um Centro de
Controle Operacional (CCO), onde são monitoradas quatro mil variáveis de
operação como: pressão, vazão, temperatura, níveis de reservatórios e a
situação das estações elevatórias. (SABESP, 2010)
As informações recolhidas na rede de abastecimento são gerenciadas
pelo Sistema de Controle Operacional de Abastecimento (SCOA). O programa
monitora e controla, à distância 285 níveis de reservatórios, 214 pontos de
vazão, 268 pontos de pressão, 127 bombas telecomandadas, 389 bombas
automáticas, 117 válvulas telecomandadas, 9 pontos de temperaturas e 30
níveis de torre. (SABESP, 2010)
O sistema conta também com 8 equipes de campo, distribuídas
estrategicamente pela Região Metropolitana de São Paulo para apoiar o centro
de controle nas operações manuais. A partir de 1997, a Sabesp iniciou um
amplo programa de modernização em todo o sistema, incorporando novas
tecnologias em transmissores de dados e estações remotas inteligentes de
telemetria. (SABESP, 2010)
1.10.4 Flotação
Uma das tecnologias mais usadas pela Sabesp é a flotação, uma técnica
utilizada em projetos de despoluição. Em São Paulo, ela serviu para tratar,
recentemente, os lagos do Ibirapuera, da Aclimação, do Horto Florestal e todos
os córregos que os abastecem. As Estações de Flotação instaladas nesses
locais utilizam tecnologia 100% nacional para a limpeza das águas.
O primeiro passo é a retirada do lixo que é levado pelas chuvas até
esses locais. Nesta etapa são instaladas grades na saída dos córregos e rios
que fazem o papel de um enorme coador. Sem os despejos mais pesados,
inicia-se o tratamento da água com a mistura de diversos produtos químicos.
Eles reduzem a acidez da água e provocam a coagulação dos poluentes. As
partículas poluidoras presentes na água se agrupam formando grandes flocos
para facilitar a limpeza. Esse processo é chamado aglutinação.
Para evitar que os flocos se acumulem no fundo dos tanques, é injetado
oxigênio no local tratado através de um sistema chamado aeração. O ar
empurra as partículas sólidas, fazendo com que elas flutuem. A partir daí,
retira-se o lodo, que é posteriormente encaminhado para as estações de
tratamento de esgoto (ETE), onde recebem o tratamento adequado antes de
retornarem ao meio ambiente.
1.10.5 NetControl
Preservar mananciais, monitorar a qualidade da água e controlar o
tratamento de esgotos exige capacitação técnica e tecnologia adequada. Para
aperfeiçoar esses processos, a Sabesp desenvolveu o NetControl, um sistema
de gestão que planeja e programa, automaticamente, a coleta de amostras.
Através de postos de trabalho e estações de supervisão, técnicos da
Sabesp controlam simultaneamente todas as atividades laboratoriais em tempo
real. Instrumentos de análises ficam conectados ao sistema 24 horas,
garantindo a transmissão automática de todos os resultados necessários para
obter as melhores avaliações. Por ser um sistema on-line, ele elimina a
possibilidade de erros decorrentes de leituras, transcrições e digitações.
O NetControl oferece também um módulo para trabalho de campo que
dispensa as anotações manuais. Neste caso, são utilizados coletores de dados
portáteis que enviam as informações para um microcomputador móvel que
armazena todos os dados das planilhas de coleta.
1.10.6 Nucleação de nuvens
Em 2003, São Paulo enfrentou uma das piores secas de sua história.
Naquele ano, a Sabesp investiu em tecnologias e métodos que contribuíram
para aumentar o nível das represas. Uma das mais utilizadas foi a de
semeadura por gotas de tamanho controlado, patenteada pelo engenheiro
Takeshi Imai. Neste processo, são utilizados equipamentos instalados nas asas
e fuselagem de aviões que pulverizam nuvens com potencial de chuva.
Nem toda nuvem contém uma quantidade suficiente de vapor para que
chegue a precipitar. Assim, essa técnica agiliza o processo de crescimento da
gota de água em nuvens quentes, do tipo cumulus congestus. As formações
são identificadas através de radares meteorológicos, a partir do Laboratório de
Meteorologia da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), em São José dos
Campos. Depois de localizadas, os técnicos escolhem as nuvens que se
encontram em estágio de desenvolvimento, ou seja, que acumulam grande
quantidade de água, mas que, por razões físicas, não encontram condições
adequadas para precipitar.
As informações sobre a intensidade, altura da nuvem, velocidade de
deslocamento, posição geográfica e estimativa de tempo para sobrevoar a área
de interesse são passadas em tempo real para a equipe que pilota o avião. A
aeronave decola em direção à nuvem e, através de rádio, recebe informações
atualizadas sobre sua localização.
O processo que vem em seguida é simples. Ao pulverizar a nuvem, as
gotas de tamanho controlado colidem com as gotas do seu interior durante a
sua trajetória, aglutinam-se e precipitam. A técnica utiliza somente água potável
e é ecologicamente correta, pois não faz uso de produtos químicos no
processo.
1.10.7 Sistema de Informações Geográficas no Saneamento (SIGNOS)
Em agosto de 2004 a Sabesp criou o SIGNOS para gerenciar as redes
de abastecimento de água e coleta de esgotos. Nesta aplicação é possível
visualizar graficamente toda a infraestrutura da empresa para programação dos
serviços, planejamento de obras e manutenção.
A facilidade de encontrar mapas e equipamentos de saneamento não é
a única vantagem, já que houve redução de custos com reparos e,
principalmente, perdas de água por vazamentos. Além da Sabesp, órgãos do
Governo de São Paulo e prestadoras de serviços públicos e privados têm
acesso a essas informações para trabalhar de forma integrada, evitando
interferências nos equipamentos existentes e paralisação do sistema de
abastecimento e coleta de esgotos.
1.10.8 Telemedição
Controlar o consumo de água a cada 15 segundos já é uma realidade
para muitas empresas e condomínios. A telemedição Sabesp é uma solução
integrada para gestão do consumo de água que permite o controle e a tomada
de ações remotas para evitar o desperdício e reduzir custos para o cliente.
Através do acesso on-line é possível analisar o desempenho e o
comportamento dos hidrômetros instalados e tomar ações em tempo real (24h,
ininterruptamente) para detectar possíveis anomalias no sistema de
abastecimento da edificação. O produto é aplicável nos segmentos industrial,
comercial, residencial e também para a gestão de equipamentos do setor de
saneamento.
Desde 1994, a Sabesp desenvolve pesquisas na medição do volume de
água, aliando tecnologia e segurança de dados. Em 2004, com o
desenvolvimento da tecnologia nacional, através de equipamentos instalados
próximos aos hidrômetros e com transmissão de informações via celular, um
sistema eletrônico armazena dados do consumo e emite notificações e alertas
de vazamentos ou qualquer outro tipo de problema nas instalações hidráulicas,
através de e-mail e mensagem de texto.
Com o sistema de monitoramento de hidrômetros por telemedição é
possível realizar a gestão do consumo de água, avaliar as vazões noturnas,
identificar vazamentos e picos de consumo, permitindo à empresa de
saneamento a readequação do hidrômetro, e ao cliente, a identificação de
vazamentos em suas instalações. A telemedição favorece a redução das
perdas por vazamentos e possibilita a rápida tomada de ações corretivas em
um curto espaço de tempo.
Com a utilização de minicomputadores, os técnicos da Sabesp realizam
toda a configuração de campo necessária para a inicialização do sistema, sem
a necessidade de utilizar notebooks, propiciando agilidade, redução de custos,
facilidade de locomoção e segurança.
A tecnologia utilizada para a transmissão de dados da unidade remota
de telemedição está entre as mais avançadas do mercado de telecomunicação.
O grande diferencial do produto é enviar via celular, mensagens de alertas,
sempre que for identificada variação significativa de consumo.
Benefícios para o cliente:
a) gestão do consumo, redução de custos e perdas de água;
b) redução de interrupções e problemas de qualidade, através do
monitoramento contínuo das pressões de abastecimento;
c) gestão de equipamentos operacionais;
d) alarmes de vazão (vazamentos e picos);
e) histórico do consumo (últimos cinco anos);
f) segurança no acesso aos dados através da utilização de senha;
g) consumo e vazões por demanda (minuto, diário e mensal ou período
escolhido pelo cliente).
1.11 Marca
A marca da Sabesp foi criada em 1973, por Nabih Mitaini, que teve a
idéia de se utilizar da forma e significado da antiga ânfora criada pelos
egípcios. Segundo alguns historiadores, a civilização egípcia utilizava-se de
vasos de barro para o processo de aeração e decantação da água. Mais tarde,
gregos e romanos também faziam uso das ânforas para armazenar água e
outros líquidos.
Definido o conceito visual base, dentro do tema proposto, Mitaini
introduziu elementos simbólicos: uma gota estilizada, que hoje vem revestida
da idéia geral de saneamento, como elemento que concorresse para a
concordância de linhas e arcos na organização da figura.
Partiu-se, ainda, para uma dinâmica de associação das iniciais do tema
(s, b) na formação da marca com a finalidade de, plasticamente, alcançar a
configuração destas iniciais somadas ao simbolismo (ânfora e gota). O
elemento gráfico superior à direita forma a letra C (Companhia). Há, ainda, a
conotação gráfica de s - b (saneamento básico). E no rebatimento surge a letra
P que somada ao S resulta em SP (São Paulo).
1.11.1 Elementos da marca
A marca é composta de símbolo, logotipo e slogan.
Fonte: Sabesp, 2010
Figura 1: Criação da marca
a) símbolo: representação convencional de emblema, insígnia ou
imagem que designa outro objeto ou qualidade, por ter com estes
uma relação de semelhança;
b) logotipo: consiste geralmente na estilização de uma letra ou na
combinação de um grupo de letras com design característico, fixo e
peculiar. O logotipo da Sabesp deve ser grafado utilizando-se a fonte
Folio Medium BT.
Fonte: Sabesp, 2010
Figura 2: Logotipo Sabesp
c) slogan: expressão ou frase que, repetida viciosamente, ao falar ou
escrever, acrescenta apelo emocional às campanhas políticas, de
publicidade e de propaganda, para lançar um produto ou uma
marca. A Sabesp no momento utiliza junto a sua marca o slogan: "A
vida tratada com respeito", grafada na fonte Garamond.
1.11.2 Tipos de marca
Uma marca pode ser nominativa, figurativa, mista ou tridimensional.
No caso da Sabesp a marca tem característica mista, pois é constituída
pela combinação de elementos nominativos (nome) com elementos figurativos
(símbolo), e grafia estilizada.
Fonte: Sabesp, 2010
Figura 3: Símbolo Sabesp
1.12 Memória Sabesp
Ao contrário do que aconteceu com outros setores vitais de concessões
públicas ou de infraestrutura, como energia e telefonia, reunir e organizar o
patrimônio histórico do setor de saneamento básico e ambiental, como o
pertencente à Sabesp, nunca antes foi realizado.
Iniciativas anteriores de organização de documentos e preservação de
edifícios foram ações pontuais, marcadas principalmente pelo empenho dos
empregados e pessoas que de alguma forma estiveram envolvidas com as
questões do setor.
O próprio edifício da antiga Estação Elevatória de Esgotos da Ponte
Pequena abrigou a então Sanexpo, uma exposição permanente dos objetos
antigos ligados ao saneamento, recebendo visitação até meados de 1990 e é
onde, até o momento, encontra-se o principal acervo documental histórico
identificado na Sabesp.
A divulgação e disponibilização do acervo do saneamento é, acima de
tudo, uma ação de responsabilidade histórica e cultural, que contribui para a
educação ambiental, em prol do uso responsável dos recursos naturais e da
expansão do saneamento no mundo.
O resgate da história do saneamento paulista é uma das metas da
Sabesp, uma empresa que tem, mesclada com sua própria trajetória, o
processo de desenvolvimento da sociedade e de melhoria das condições de
vida da população paulista. Essa possibilidade de resgate confere à empresa o
papel de participante ativo na construção e na transformação da história do
Estado de São Paulo e do Brasil.
1.13 Sabesp em Lins
A Sabesp atua na cidade de Lins desde dezembro de 1975. Nestes 35
anos a empresa investe em grandes obras de ampliação e melhoria dos
sistemas de água e esgotos da cidade, onde se pode destacar a estação de
tratamento de esgotos, que possibilita o tratamento de 100 % dos esgotos
coletados na cidade, bem como a despoluição dos córregos Campestre,
Jacintina, Barbosa e Barbosinha. Lins distribui 100% de água tratada.
Em 1990, a Sabesp iniciou um processo de descentralização que
culminou com a criação da Superintendência Regional de Lins, entre outra, e
hoje é responsável pela operação, manutenção, controle de qualidade e
planejamento do saneamento básico e ambiental em 83 municípios e 130
localidades.
Outras obras de destaque foram executadas em Lins como:
a) o reservatório de dois milhões de litros e estação elevatória de água
no Jardim Aeroporto;
b) o poço profundo próximo à Escola Objetivo;
c) o reservatório de dois milhões de litros no Jardim Bom Viver;
d) a instalação de redes e ligações de água e esgotos em todos os
bairros, em parceria com a Prefeitura Municipal;
e) execução do coletor tronco para sanear a bacia do Córrego
Barbosinha;
f) reflorestamento em diversas áreas do município como a área da
estação de tratamento de esgotos, marginal do Campestre, Córrego
Barbosinha e Jacintina.
O sistema de abastecimento é composto por 2 (dois) poços com
profundidade aproximada de 1.000 metros e mais 16 (dezesseis) poços com
profundidade aproximada de 300 metros, a água com temperatura próxima a
25º, com um volume próximo a 1.000 m³ por hora. (SABESP, 2010)
Abastecimento de água 100%
Rede de abastecimento 209.057 m
Adutora 22.030 m
Ligações 25.658 un
Poços 19 un
Estação Elevatória de Água Tratada 08 un
Estação Pressurizada 03 un
Reservatórios 14 un
Capacidade de reservação 9.730 m3
Fonte: Sabesp, 2010
Quadro 1: Dados Abastecimento de Água 2009
O sistema de esgoto sanitário é composto por redes coletoras de
esgotos com aproximadamente 220.000 metros em diversos diâmetros e
materiais e 25.000 ligações que coletam os esgotos produzidos nos imóveis e
são conduzidos para a estação de tratamento de esgotos. A estação de
tratamento de esgotos é do tipo biológico, composta por 3 lagoas anaeróbias e
3 lagoas facultativas que tem uma eficiência de 90 % de remoção de carga
orgânica. (SABESP, 2010)
Coleta e tratamento de esgotos 100%
Rede coletora 190.032 m
Emissário 14.890 m
Ligações 25.074 un
Estação Elevatória de Esgoto 06 un
Estação de Tratamento de Esgoto sede 01 conjunto
Estação de Tratamento de Esgoto no
distrito de Guapiranga
reator anaeróbio 01 un
Fonte: Sabesp, 2010
Quadro 2: Descrição 2010
CAPÍTULO II
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
2 RESPONSABILIDADE SOCIAL
Existem muitas definições do termo Responsabilidade Social
Empresarial (RSE) – também conhecida como Responsabilidade Social
Corporativa (RSC) – havendo até uma dificuldade em estabelecer um
consenso. Na prática, porém, as iniciativas de RSE devem ir muito além de
cumprir com a legislação, trazendo benefícios às pessoas.
2.1 Conceito
Segundo Tinoco (2001), o conceito de responsabilidade social
corporativa deve enfatizar o impacto das atividades das empresas para os
agentes com os quais interagem (stakeholders): empregados, fornecedores,
clientes, consumidores, colaboradores, investidores, competidores, governos e
comunidade.
A responsabilidade social é convergente com estratégias de
sustentabilidade de longo prazo, inclui a necessária preocupação dos efeitos
das atividades desenvolvidas no contexto da comunidade em que se inserem
as empresas e exclui, portanto, atividades no âmbito da caridade ou filantropia
tradicionalmente praticadas pela iniciativa privada. (TINOCO, 2001)
Responsabilidade social pode ser definida como o compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo proativamente e coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e sua prestação de contas para com ela. (ASHLEY, 2002 p. 6-7)
Segundo Dias (2009), a responsabilidade ambiental está contida dentro
da responsabilidade social empresarial, e deve ser entendida como parte
integrante desta, nunca de forma isolada, sendo que a responsabilidade
socioambiental se constitui em ações que extrapolam a obrigação, assumindo
mais um conteúdo voluntário de participação em iniciativas, programas e
propostas que visem manter o meio ambiente livre de contaminação e saudável
para ser usufruído pelas futuras gerações.
Contudo, a responsabilidade social não pode ser considerada como um
modelo fixo, que estabelece prioridades predeterminadas e permanece
estática. As relações de uma empresa com a sociedade são dinâmicas e
poderão sofrer variações com o tempo. Cabe, portanto, à sociedade exigir junto
aos órgãos competentes as providências necessárias caso a empresa
descumpra as regras e padrões de conduta social e ambiental. (SILVA FILHO,
BENEDICTO, CALIL, 2008)
Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais (ETHOS, 2010).
A RSE acaba por estabelecer um novo papel para as empresas na
sociedade: deixar de ser apenas uma unidade de produção orientada para o
mercado e a economia, para tornar-se um sistema social organizado,
comprometido com metas estabelecidas de acordo com critérios éticos.
2.2 Responsabilidade social e filantropia
Segundo Silva Filho, Benedicto, Calil (2008), enquanto a filantropia tem
como beneficiário principal a comunidade, sendo uma ação externa da
empresa, a responsabilidade social abrange um público maior (stakeholders),
incorporando demandas e necessidades do público em questão.
A responsabilidade social da empresa vai além da filantropia. Na maioria das definições se descreve como as medidas construtivas pelas quais as empresas integram preocupações da sociedade em suas políticas e operações comerciais, em particular, preocupações ambientais, econômicas e sociais. A observância da lei é o requisito mínimo que deverão de cumprir as empresas. (DIAS, 2009, p. 154)
A filantropia, por sugerir ação voluntária, contando com a generosidade
e a beneficência, tem gerado críticas de vários grupos, por apresentar soluções
simplistas, em vez de desenvolver nos beneficiários a consciência efetiva dos
seus problemas e estimular a criação de mecanismos de busca de soluções.
Nesse contexto, não se devem limitar as ações a doações de recursos, mas devem-se acompanhar os projetos de ação social da empresa, utilizando as ferramentas de controle e avaliação de que já dispõe para tratar das questões sociais. (SILVA FILHO, BENEDICTO, CALIL, 2008, p. 31)
Portanto, falar de responsabilidade social é ir muito além de doações
realizadas a projetos e instituições de caridade. Envolve todo o público
interessado (acionistas, clientes, fornecedores). A empresa deve ter os
conceitos de ética e transparência como os princípios básicos de sua conduta.
(ASHLEY, 2002)
2.3 Certificações sociais
Foi criado em 1997 pelo The Council Economic Priorities Accreditation
Agency (Cepaa) a certificação SA 8000, com o objetivo de atestar que não
existem ocorrências anti-sociais na cadeia produtiva de uma empresa. Já em
1999, o Institute of Social and Ethical Accountabililty lançou a AA 1000, com o
objetivo de ampliar o campo de avaliação e monitorar a relação entre a
empresa e a comunidade em que está inserida. (TACHIZAWA, 2006)
Infelizmente ainda não existe no Brasil nenhuma instituição credenciada
para certificar empresas com a SA 8000 e a AA 1000, sendo todas as
avaliações feitas de acordo com os Estados Unidos. Mas organizações
monitoram e premiam as empresas cidadãs, como o Instituto Ethos, que criou
indicadores sociais divididos em sete temas: valores e transparência; público
interno; meio ambiente; fornecedores; consumidores; comunidade; governo e
sociedade.
Conforme Dias (2009), o Instituto Ethos utiliza indicadores parecidos
com os utilizados nos processos de certificação social SA 8000 e a AA 1000,
concentrando avaliações em três áreas de atuação da empresa:
a) processos produtivos: relações trabalhistas, respeito aos direitos
humanos, contratação de mão-de-obra (inclusive de fornecedores),
gestão ambiental, natureza do produto ou serviço;
b) relações com a comunidade: natureza das ações desenvolvidas,
problemas sociais solucionados, beneficiários, parceiros, foco das
ações;
c) relações com os empregados: benefícios concedidos (inclusive às
famílias), clima organizacional, qualidade de vida no trabalho, ações
para aumento da empregabilidade.
A International Organization for Standardization (ISO), a partir de 2001,
iniciou um processo de avaliação da viabilidade de elaboração de uma norma
referente ao tema Responsabilidade Social. Diante deste cenário, a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) decidiu, em dezembro de 2002,
constituir uma comissão, formada por representantes do governo, setor
produtivo, organizações não governamentais, entidades de classe e academia,
para elaborar uma norma nacional de Responsabilidade Social.
Em dezembro de 2004 foi concluída a ABNT NBR 16001, que
estabelece requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão da
Responsabilidade Social, permitindo à organização formular e implementar
uma política e objetivos que levem em conta as exigências legais, seus
compromissos éticos e sua preocupação com a promoção da cidadania e do
desenvolvimento sustentável, além da transparência das suas atividades.
(ABNT, 2004)
As empresas, segundo o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização
e Qualidade Industrial (INMETRO), devem desenvolver programas,
contemplando onze temas da Responsabilidade Social, sendo eles:
a) boas práticas de governança;
b) combate à pirataria, sonegação, fraude e corrupção;
c) práticas leais de concorrência;
d) direitos da criança e do adolescente, incluindo o combate ao trabalho
infantil;
e) direitos do trabalhador, incluindo o de livre associação, de
negociação, a remuneração justa e benefícios básicos, bem como o
combate ao trabalho forçado;
f) promoção da diversidade e combate à discriminação;
g) compromisso com o desenvolvimento profissional;
h) promoção da saúde e segurança;
i) promoção de padrões sustentáveis de desenvolvimento, produção,
distribuição e consumo, contemplando fornecedores, prestadores de
serviço, entre outros;
j) proteção ao meio ambiente e aos direitos das gerações futuras;
k) ações sociais de interesse público.
A introdução da norma traz em seu texto a preocupação e o
esclarecimento de que o atendimento aos requisitos da norma não significa que
a organização é socialmente responsável, mas que possui um sistema de
gestão da Responsabilidade Social. A norma chega a estabelecer que as
comunicações externas e internas da organização deverão respeitar este
preceito. Atualmente, existem 17 empresas certificadas, segundo o INMETRO.
Com o avanço do conceito de responsabilidade social, novas normas
encontram-se em desenvolvimento, dentre elas a ISO 26000, com previsão de
conclusão no segundo semestre de 2010, podendo-se destacar que será uma
norma de diretrizes, sem propósito de certificação e será aplicável a qualquer
tipo e porte de organização.
Almeida (2007), porém, destaca que há controvérsias sobre a iniciativa,
pois alguns acreditam que a norma pode vir a tornar-se um padrão para a
indústria; outros, tanto no setor privado quanto em Organizações Não
Governamentais (ONGs), acham que a ISO estaria extrapolando ao tentar criar
um padrão global de RSC.
2.4 Gestão ambiental
Devido ao ritmo intenso de industrialização e aumento da população nas
áreas urbanas - fato que ocorreu no Brasil principalmente a partir de 1960 – o
impacto ao meio ambiente tornou-se algo quase irreparável. Após vários
desastres e efeitos negativos da industrialização, foram criados pelo governo
brasileiro órgãos ambientais com o objetivo do controle ambiental.
A partir de 1986, através do Conselho Nacional de Meio Ambiente
(CONAMA), o governo passou a exigir estudos de impacto ambiental na
instalação de novas unidades industriais e outros empreendimentos vultosos
como represas e estradas.
A resposta das empresas ao grande número de normas legais que foram
sendo implantadas ao longo dos últimos anos e às críticas que a sociedade
lhes tem feito devido ao impacto negativo de suas atividades tem sido adotar
uma gestão ambiental, com o objetivo de obter ganhos e causar menor impacto
ambiental.
Dias (2009), define gestão ambiental como uma expressão utilizada para
denominar a gestão empresarial que se orienta para evitar, na medida do
possível, problemas para o meio ambiente. A gestão ambiental é o principal
instrumento para se obter um desenvolvimento sustentável, pois seu objetivo é
conseguir que os efeitos ambientais não ultrapassem a capacidade de carga do
meio onde se encontra a organização.
Recentes pesquisas da Confederação Nacional das Indústrias (CNI),
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) revelam
que as principais razões para as organizações realizarem práticas de gestão
ambiental são principalmente para agregar valor ao produto, aumentar a
competitividade das exportações, atender à reivindicação da comunidade e
melhorar a imagem corporativa perante a sociedade. (TACHIZAWA, 2006)
As instituições públicas (Prefeituras, Estados e União) são os principais
reguladores das políticas de proteção ao meio ambiente, portanto, as normas
legais são referências obrigatórias para as empresas que pretendem adotar um
Sistema de Gestão Ambiental (SGA).
De acordo com Tachizawa (2006), a tendência de preservação
ambiental e ecológica por parte das organizações deve continuar de forma
permanente e definitiva. Diante disso, os resultados econômicos passam a
depender cada vez mais de decisões empresariais que levem em conta que:
a) não há conflito entre lucratividade e a questão ambiental;
b) o movimento ambientalista cresce em escala mundial;
c) clientes e comunidade em geral passam a valorizar cada vez mais a
proteção do meio ambiente;
d) a demanda e, portanto, o faturamento das empresas passam a
sofrer cada vez mais pressões e a depender diretamente do
comportamento de consumidores que enfatiza suas preferências
para produtos e organizações ecologicamente corretos.
Nos últimos anos, a gestão ambiental tem adquirido cada vez mais uma
posição destacada, em termos de competitividade, devido aos benefícios que
traz ao processo produtivo como um todo. Dias (2009), identifica vantagens
competitivas da gestão ambiental, destacando-se:
a) melhora no desempenho ambiental e imagem junto aos clientes e
comunidade;
b) flexibilidade do produto, do ponto de vista de instalação e operação,
tornando seu custo menor e vida útil maior;
c) redução dos custos de produção com a queda no consumo de
recursos energéticos e matéria-prima;
d) melhoria na capacidade de inovação da empresa com a otimização
das técnicas de produção, reduzindo as etapas do processo
produtivo e minimizando seu impacto ambiental.
Existem grandes questionamentos quanto ao rumo da economia nos
próximos anos, principalmente com a maior conscientização do consumidor
quanto às questões ambientais. As organizações devem adotar novos
posicionamentos em face de tais questões, pois, atualmente, o consumidor
privilegia não apenas preço e qualidade, mas também o comportamento
socioambiental das empresas fabricantes.
Recentes pesquisas da CNI e do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e
Estatística (Ibope) apontam que 68% dos consumidores brasileiros estariam
dispostos a pagar mais por um produto que não agredisse o meio ambiente.
(TACHIZAWA, 2006)
A gestão ambiental e a responsabilidade social, enfim, tornam-se importantes instrumentos gerenciais para a capacitação e criação de condições de competitividade para as organizações, qualquer que seja seu segmento econômico. (TACHIZAWA, 2006, p. 24)
Diante de tantas exigências, torna-se primordial a preparação de
executivos, como o especializado e o generalista, que possam conduzir as
organizações aliando desenvolvimento e preservação. Muitos cursos de
tecnologia e especializações têm surgido no âmbito educacional, até mesmo
pós-graduações voltadas para a questão ambiental.
2.4.1 Política ambiental
Seiffert (2007), ressalta que o processo de uma política ambiental
permite não só o estabelecimento de parâmetros para a organização como
entidade, mas também a realização de uma reflexão sobre a sua realidade e
prerrogativas quanto ao seu desenvolvimento ambiental.
Para ser considerada o pilar de sustentação de um SGA, a política
ambiental deve comprometer-se em: atender a legislação, prevenir a poluição e
melhorar continuamente. Deve também fornecer uma estrutura geral para o
estabelecimento e revisão dos objetivos e metas ambientais, além de estar
documentada mantida e comunicada a todos os empregados. (DIAS, 2009)
Na elaboração de uma política ambiental, torna-se necessário definir os
objetivos levando em consideração o ambiente em que a empresa está
inserida, a escala e impactos ambientais de suas atividades, produtos ou
serviços. Textos com generalismo e falta de objetividade acabam
comprometendo uma eventual certificação e causam uma não-conformidade
sistêmica. (SEIFFERT, 2007)
Segundo a norma ISO 14004, a política ambiental serve para
estabelecer um senso geral de orientação, fixando os princípios
organizacionais de ação. É recomendado que uma política ambiental, para ser
estabelecida, considere as seguintes questões:
a) a missão, visão, valores e crenças da organização;
b) os requisitos das partes interessadas e o processo de comunicação
com elas;
c) a melhoria contínua;
d) a prevenção da poluição;
e) os princípios orientadores;
f) a coordenação com as demais políticas da organização, tais como:
qualidade, saúde ocupacional e segurança no trabalho;
g) as condições locais ou regionais específicas;
h) a conformidade com os regulamentos, leis e demais critérios
ambientais relacionados e que foram estabelecidos pela
organização.
2.4.2 Certificação ISO 14001
Muitos países têm adotado selos de qualidade ambiental (selos verdes),
que são concedidos levando em conta todo o processo produtivo de um
produto. Tal atitude acaba sinalizando novos padrões internacionais de
consumo e realização de comércio, afetando as exportações em países como o
Brasil. (TACHIZAWA, 2006)
Segundo Seiffert (2007), devido ao contexto de mercado globalizado
através da melhoria de desempenho ambiental, a certificação de um Sistema
de Gestão Ambiental pela ISO 14001 é atualmente um requisito essencial para
as empresas escoarem seus produtos.
A certificação ISO 14001 foi criada através dos processos de discussões
acerca dos problemas ambientais e da alternativa de promoção do
desenvolvimento econômico. É um meio legal que muitas organizações
procuram para obter uma maior competitividade no mercado em que estão
inseridas.
Almeida (2007) destaca que a ISO 14001 foi desenvolvida em resposta à
necessidade das empresas em melhorar o desempenho ambiental, estimular a
prevenção da poluição e aprimorar a conformidade com as diferentes
legislações ambientais.
De acordo com Seiffert (2007), diante da crença de muitos
administradores em ser dispendiosa e de difícil obtenção a certificação da ISO
14001, torna-se necessário o desenvolvimento de um modelo de implantação
de SGA que reduza custos e simplifique o processo de certificação.
O processo de obtenção da certificação do sistema de gestão ambiental pela ISO 14000 demanda uma auditoria independente, feita por organizações credenciadas pela Internacional Standard Organization, que emitem o certificado. A manutenção da certificação depende de uma avaliação completa refeita a cada três meses. (ALMEIDA, 2007, p. 143)
Em face dos diferentes objetivos a que se destinam as normas da série
ISO 14000 e normas complementares para a gestão ambiental, surgiram
diferentes nuances na sua aplicação. Tais normas passaram a agrupar-se em
dois enfoques básicos: organização e produto/processo.
O enfoque na organização é constituído nas seguintes normas:
(SEIFFERT, 2007)
a) SGA (ISO 14001 e ISO 14004): a norma ISO 14001 é a única da
série que permite a certificação por terceiros e também a única cujo
conteúdo é efetivamente auditado na forma de requisitos obrigatórios
de um SGA. Já a ISO 14004 apresenta um caráter não certificável,
sendo de caráter complementar à ISO 14001.
b) auditoria de SGA (ISO 19011): estas normas estabelecem os
procedimentos e requisitos gerais das auditorias e dos auditores de
um SGA certificável. Recentemente substituiu as normas de auditoria
14010, 14011 e 14012.
c) avaliação de desempenho ambiental (ISO 14031): apresentam as
diretrizes para a realização da avaliação de desempenho ambiental
dos processos nas organizações. A sistemática estabelecida por
estas normas é muito mais complexa e aprofundada do que o
requerido pela ISO 14001.
Já o enfoque nos produtos e processos é constituído pelas normas
segundo Seiffert (2007):
a) rotulagem ambiental (ISO 14020, ISO 14021 e ISO 14024): estas
normas estabelecem diferentes escopos para a concessão de selos
ambientais; diferentemente da ISO 14001, não certificam a
organização, mas linhas de produtos e processos que devem
apresentar características específicas, tomando-se como base
critérios estruturais tecnicamente válidos.
b) avaliação de ciclo de vida (ISO 14040 a 14044): estabelece a
sistemática para realização da avaliação de ciclo de vida do produto.
Tal avaliação considera todas as fases de vida do produto, das
matérias-primas ao descarte.
c) aspectos ambientais em normas de produtos (ISO/TR 14062): visa
orientar os elaboradores de normas de produtos, buscando a
especificação de critérios que reduzam os efeitos ambientais
advindos de seus componentes.
Segundo Dias (2009), além das normas da série ISO 14000, outras
normas como a ISO 19011 surgiram para complementar o grupo de normas
ambientais. Outras normas além das citadas encontram-se com sua estrutura
ainda em definição, necessitando de complementações significativas para
serem consideradas como padrões internacionais.
2.4.3 Produção mais limpa
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em
1989, definiu produção mais limpa (PML) como: a aplicação contínua de uma
estratégia ambiental preventiva e integral que envolve processos, produtos e
serviços, de maneira que se previnam ou reduzam os riscos de curto ou longo
prazo para o ser humano e o meio ambiente.
Dias (2009) define a PML como “uma estratégia ambiental, de caráter
preventivo, aplicada a processos, produtos e serviços empresariais, que tem
como objetivo a utilização eficiente dos recursos e a diminuição de seu impacto
negativo no meio ambiente”. Para alcançar seus objetivos o Programa para a
Produção Mais Limpa concentra-se em duas vertentes, que são: difusão da
informação e capacitação.
Segundo Seiffert (2007), a PML adota os seguintes procedimentos:
a) quanto aos processos de produção: conservando as matérias-primas
e a energia, eliminando aquelas que são tóxicas e reduzindo a
quantidade e a toxicidade de todas as emissões e resíduos.
b) quanto aos produtos: reduzindo os impactos negativos ao longo do
ciclo de vida do produto, desde a extração das matérias-primas até
sua disposição final, através de um design adequado aos produtos.
c) quanto aos serviços: incorporando as preocupações ambientais no
projeto e fornecimento dos serviços.
Em 1992, no Conselho Empresarial para o Desenvolvimento
Sustentável, foi criado o termo ecoeficiência, principal aliada da PML. O
Conselho definiu que as empresas ecoeficientes são empresas que a
alcançarem de forma contínua maiores níveis de eficiência, evitando a
contaminação mediante a substituição de materiais e tecnologias e produtos
mais limpos e a busca do uso mais eficiente e a recuperação dos recursos
através de uma boa gestão.
A adoção da ecoeficiência proporciona às empresas uma otimização da
produção e, consequentemente, um menor impacto ao meio ambiente Porém a
transição para a ecoeficiência deve ocorrer gradativamente e levar em
consideração aspectos como: cultura empresarial, capacitação,
reconhecimento, ferramentas gerenciais, pesquisa e desenvolvimento, para
melhorar a visão empresarial. (TACHIZAWA, 2006)
O traço específico da ecoeficiência em relação à produção mais limpa é
buscar ir mais além do aproveitamento sustentável dos recursos e da redução
da contaminação, criando um valor agregado tanto para os negócios quanto
para a sociedade. Ao adotar tecnologias de PML, a empresa acaba inovando e
criando um diferencial competitivo. (DIAS, 2009)
2.4.4 Acordos ambientais
Com a intensificação do crescimento econômico mundial, os problemas
ambientais agravaram-se e ganharam visibilidade, sendo alvo de críticas de
grande parte da sociedade mundial. Esse fato começou a ocorrer apenas na
segunda metade do século XX, nos países desenvolvidos, os primeiros a
sentirem o impacto negativo da revolução industrial.
De acordo com Dias (2009), três encontros ocorridos no ano de 1968
foram fundamentais para delinear uma estratégia de enfrentamento dos
problemas ambientais na década de 70 e seguintes:
a) criação do Clube de Roma: o clube contava com cientistas,
educadores, industriais de funcionários públicos de dez países, com
o objetivo de promover o entendimento dos componentes variados e
chamar a atenção dos responsáveis pela tomada de decisões;
b) assembleia das nações unidas: decidiu pela realização de uma
conferência mundial sobre o meio ambiente humano, a realizar-se
em 1972 na cidade de Estocolmo, Suécia;
c) conferência sobre a conservação e uso racional da biosfera:
promovida pela United Nations Educational, Scientific and Cultural
Organization (UNESCO), estabeleceu bases para o lançamento do
Programa Homem e a Biosfera.
Esses encontros demonstram o crescimento da questão ambiental e colocam o ano de 1968 como um marco nas discussões sobre o meio ambiente. É importante lembrar que esse ano foi atípico, constituindo-se num momento histórico em que ocorreram grandes mobilizações de massa, principalmente estudantis, no mundo todo, que questionavam a racionalidade do sistema capitalista como um todo e buscavam formas alternativas de convivência. (DIAS, 2009 p. 14)
Em 1972, na cidade de Estocolmo, na Suécia, foi realizada a
Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, tendo como
resultado uma declaração e um plano de ação com 109 recomendações.
Muitos consideram tal acontecimento como o marco inicial do conceito de
desenvolvimento sustentável. Um importante mérito dessa conferência foi a
criação do Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (PNUMA),
órgão que monitora o avanço dos problemas ambientais no mundo. (SACHS,
2002)
Várias outras conferências e convenções foram realizadas no final
década de 70, estimuladas pela repercussão da Conferência de Estocolmo. No
ano de 1983 foi criada a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (CMMAD), com o intuito de examinar as relações entre o
meio ambiente e o desenvolvimento e apresentar propostas viáveis.
Uma conferência que merece grande destaque pela importância e
repercussão mundial é a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como Eco-92.
Foi em tal acontecimento que as questões ambientais e o conceito de
desenvolvimento sustentável tornaram-se populares.
Segundo Dias (2009), foram assinados cinco documentos que
direcionariam as discussões sobre o meio ambiente nos anos seguinte, sendo
eles: Agenda 21, Convênio sobre a Diversidade Biológica (CDB), Convênio
sobre as mudanças climáticas, Princípios para a Gestão Sustentável das
Florestas e Declaração do Rio de Janeiro sobre o meio ambiente e
desenvolvimento.
No ano de 1997, em Kyoto, foi realizada a terceira Conferência das
Partes, tendo como principal resultado o Protocolo de Kyoto, segundo o qual os
países industrializados deveriam cortar suas emissões para baixo dos níveis de
1990. Na ocasião o acordo foi assinado por 84 países, porém, sua entrada em
vigor dependia da ratificação de pelo menos 55 países (que respondiam por
55% das emissões de gases poluentes).
Os Estados Unidos assinaram o Protocolo, porém o Senado americano
não ratificou, alegando que os países em desenvolvimento também deveriam
ter meta de redução da emissão de gases poluentes. Apenas no ano de 2005,
o Protocolo entrou em vigor, devido à ratificação da Rússia. Apesar de o
acordo ter entrado em vigor quase dez anos após sua criação, muitos autores
consideram que sua implementação trouxe uma conscientização mundial
acerca do aquecimento global.
Recentemente, em 2009, ocorreu a 15ª Conferência da ONU sobre o
Clima, onde foi assinado o Acordo de Copenhague. De acordo com o texto, os
países ricos se comprometeram a doar US$ 30 bilhões nos próximos três anos
(até 2012) para um fundo de luta contra o aquecimento global. Os países
desenvolvidos se comprometeram em cortar 80% de suas emissões até 2050.
Já para 2020, eles apresentaram uma proposta de reduzir até 20% das
emissões, o que está abaixo do recomendado pelo Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC). (BLOG DO PLANALTO, 2009)
De acordo com o Jornal O Estado de São Paulo Online (2009), dos
principais termos do Acordo de Copenhague, pode-se destacar:
a) o acordo é de caráter não vinculativo, mas uma proposta adjunta ao
acordo pede para que seja fixado um acordo legalmente vinculante
até o fim do próximo ano;
b) considera o aumento limite de temperatura de dois graus Celsius,
porém não especifica qual deve ser o corte de emissões necessário
para alcançar essa meta;
c) estabelece uma contribuição anual de US$ 10 bilhões entre 2010 e
2012 para que os países mais vulneráveis combatam os efeitos da
mudança climática, e US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020 para a
mitigação e adaptação. Parte do dinheiro, US$ 25,2 bilhões, virá de
EUA, UE e Japão. Pela proposta apresentada, os EUA vão contribuir
com US$ 3,6 bilhões no período de três anos, 2010-12. No mesmo
período, o Japão vai contribuir com US$ 11 bilhões e a União
Europeia com US$ 10,6 bilhões;
d) o texto do acordo também estabelece que os países deverão
providenciar informações nacionais sobre de que forma estão
combatendo o aquecimento global, por meio de consultas
internacionais e análises feitas sob padrões claramente definidos.
O Acordo de Copenhague tem sido alvo de muitas críticas de
ambientalistas e especialistas do ramo, pois não tem valor legal e não obteve
aprovação unânime dos participantes, porém faz parte de uma positiva
mobilização mundial contra os efeitos do aquecimento global. Sua elaboração
será revista em 2015, após avaliação do clima global pelo IPCC e suas metas
poderão sofrer alterações.
As principais movimentações no sentido de amenizar os impactos da
industrialização ocorreram principalmente devido à cobrança da sociedade e
Governo ao longo dos anos. Dias (2009), afirma que, embora as ações
ambientalmente responsáveis ainda não sejam adotadas por parcelas
significativas das organizações, aquelas que o fazem representam liderança e
vão se tornando referência.
2.5 Sustentabilidade
Segundo Mendes (2007), a sustentabilidade busca conciliar o
desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e o fim da pobreza
no mundo. A Sustentabilidade ganhou espaço e se tornou necessidade para
todos os seres humanos do Planeta Terra.
Sustentabilidade deve ser mais do que um significado bonito e orientado
para empresas e organizações ligadas ao meio ambiente. É muito importante
entender e saber que a adoção de práticas sustentáveis na vida de cada
indivíduo é um fator decisivo para possibilitar a sobrevivência da raça humana
e a continuidade da disponibilidade dos recursos naturais.
Segundo o Instituto Ethos, o conceito de desenvolvimento sustentável foi
citado pela primeira vez em 1987, no relatório da Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas. O termo é definido como o
modelo de desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas
próprias necessidades.
Almeida (2007) enfatiza que a sustentabilidade nas organizações
apresenta três dimensões: econômica, social e ambiental. Devido a esse
motivo, muitos autores consideram um termo muito abrangente e complexo. A
organização que atinge a sustentabilidade encontra-se num estágio muito
avançado de evolução:
a) do ponto de vista econômico: a sustentabilidade prevê que as
empresas têm que ser economicamente viáveis, dando retorno ao
investimento realizado;
b) em termos sociais: deve satisfazer aos requisitos de proporcionar
melhores condições de trabalho aos seus empregados, apoiando a
diversidade cultural interna e externa;
c) do ponto de vista ambiental: deve pautar-se pela ecoeficiência,
adotar a produção mais limpa, preservar os recursos naturais e
desenvolver uma cultura ambiental organizacional.
De acordo com Dias (2009), embora seja um conceito amplamente
utilizado, existem várias visões de desenvolvimento sustentável. Muitos
acreditam que sustentabilidade é, antes de tudo, um projeto social. Outros
consideram o desenvolvimento sustentável uma consequência do crescimento
econômico através de um manejo mais racional dos recursos naturais.
Já para Mendes (2007), o conceito de sustentabilidade é mais
abrangente e atinge sete aspectos principais, sendo eles:
a) sustentabilidade social: melhoria da qualidade da população,
equidade na distribuição de renda e a diminuição das diferenças
sociais;
b) sustentabilidade econômica: regularização do fluxo de
investimentos, compatibilidade entre padrões de produção e
consumo, equilíbrio de balanço de pagamento, acesso à ciência e
tecnologia;
c) sustentabilidade ecológica: o uso dos recursos naturais deve
minimizar danos aos sistemas de sustentação da vida, redução dos
resíduos tóxicos e da poluição, reciclagem de materiais e energia,
conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e regras para
uma adequada proteção ambiental;
d) sustentabilidade cultural: respeito aos diferentes valores entre os
povos e incentivo a processos de mudança que acolham as
especificidades locais;
e) sustentabilidade espacial: equilíbrio entre o rural e o urbano,
equilíbrio de migrações, adoção de práticas agrícolas mais
inteligentes e não agressivas a saúde e ao meio ambiente, manejo
sustentado das florestas e industrialização descentralizada;
f) sustentabilidade política: evolução da democracia representativa
para sistemas descentralizados e participativos, construção de
espaços públicos comunitários, maior autonomia dos governos
locais.
g) sustentabilidade ambiental: equilíbrio de ecossistemas, erradicação
da pobreza e da exclusão, respeito aos direitos humanos e
integração social.
Atualmente a visão de desenvolvimento leva em consideração não
somente o meio ambiente natural, mas também aspectos socioculturais. A
qualidade de vida dos seres humanos passa a ser condição para o progresso.
Diante de tais fatos, as organizações que desejam um espaço no mercado
global necessitam adotar um conceito de evolução baseado no
desenvolvimento sustentável. (DIAS, 2009)
2.5.1 Global Compact (Pacto Global)
Trata-se de uma parceria internacional que reúne agências da
Organização das Nações Unidas (ONU), empresas, organizações da
sociedade civil e do setor público de diferentes países. Lançada em 2000, tem
como objetivo tornar a economia global mais inclusiva e sustentável, revendo
as relações do setor privado com a sociedade.
Segundo Almeida (2007), as bases do programa são a Declaração de
Direitos Humanos, os Princípios Fundamentais de Direito no Trabalho, a
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e a Convenção
das Nações Unidas Contra a Corrupção.
As empreses participantes representam diferentes setores da economia
e buscam gerenciar seu crescimento de forma responsável, contemplando os
interesses e preocupações das partes interessadas – como investidores,
empregados, associações empresariais e comunidade.
O Pacto Global não é um instrumento regulatório, um código de conduta obrigatório ou um fórum para policiar as políticas e práticas gerenciais. É uma iniciativa voluntária que procura fornecer diretrizes para a promoção do crescimento sustentável e da cidadania, através de lideranças corporativas comprometidas e inovadoras. (PACTO GLOBAL, 2010)
A adesão ao programa é realizada de forma voluntária através de
correspondência do presidente da empresa interessada ao secretário-geral da
ONU, expressando o apoio aos princípios, a disposição de manter
transparência, contabilidade pública e formalizar ações baseadas nos
princípios do Pacto.
Segundo o Pacto Global (2010), os dez princípios do Global Compact
são subdivididos em:
a) direitos humanos: apoiar e respeitar a proteção dos direitos
humanos proclamados internacionalmente e assegurar-se de sua
não participação em violações desses direitos;
b) trabalho: apoiar a liberdade de associação e o reconhecimento
efetivo do direito à negociação coletiva, eliminar todas as formas de
trabalho forçado ou compulsório, erradicar o trabalho infantil e
eliminar a discriminação no emprego;
c) meio ambiente: apoiar uma abordagem preventiva aos desafios
ambientais, desenvolver iniciativas para promover maior
responsabilidade ambiental e incentivar o desenvolvimento e difusão
de tecnologias ambientalmente sustentáveis;
d) contra a corrupção: combater a corrupção em todas as suas formas,
inclusive extorsão e propina.
Almeida (2007), destaca que o Global Compact é um diálogo global de
alto nível e pode contribuir para a cidadania corporativa, ao facilitar ações
globais amplas relacionadas a gestão de conflitos, transparência e corrupção.
Com a participação de variados grupos de interesse, favorece uma interação
multissetorial, podendo resultar numa estrutura mais clara e inclusiva de
governança global.
As empresas mais fortes do mercado estão procurando se modificar
para poder bater seus concorrentes e atender de maneira antecipada. A
empresa que obtiver a sustentabilidade poderá beneficiar-se no mercado,
podendo exportar mais produtos aos países desenvolvidos. A sustentabilidade
só existe se os negócios necessitarem dela.
CAPÍTULO III
A PESQUISA
3 INTRODUÇÃO
Atualmente, o grande dilema das empresas é aumentar seus lucros sem
afetar o ambiente ao seu redor. A sociedade vem cobrando das organizações
uma atitude de maior responsabilidade e transparência. Produzir mais e melhor
sem comprometer os recursos naturais às gerações futuras é o propósito da
sustentabilidade. Um dos aliados do desenvolvimento sustentável é a
responsabilidade socioambiental.
Segundo Almeida (2007), a responsabilidade social corporativa prega o
comprometimento dos empresários com a adoção da ética e do
desenvolvimento econômico pautados na melhoria da qualidade de vida, dos
empregados à sociedade em geral. Respeito aos direitos humanos, proteção
do meio ambiente e valorização do bem-estar das comunidades são valores
essenciais embutidos na noção de responsabilidade socioambiental.
Para demonstrar a importância das ações de responsabilidade
socioambiental para o alcance da sustentabilidade foi realizada uma pesquisa
de campo na empresa Sabesp – Unidade de Negócio de Lins, no período de
fevereiro a outubro de 2010.
A Sabesp – Unidade de Negócio de Lins, localizada na Rua Tenente
Florêncio Pupo Netto, 300 - Jardim Americano, preocupada com o bem-estar
social e ambiental, busca através de seus projetos de responsabilidade
socioambiental e de ações sustentáveis uma melhor qualidade de vida à
população que atende.
Além do compromisso de universalizar os serviços públicos de
saneamento, a Sabesp assumiu a tarefa de contribuir para melhorar as
condições ambientais das cidades onde opera e a qualidade de vida das
comunidades; de reabilitar os mananciais e de investir na formação das
pessoas para que elas aprendam a usar a água de forma consciente.
3.1 Métodos e técnicas
Para a realização da pesquisa utilizou-se dos seguintes métodos:
Método de estudo de caso: foi realizado estudo de caso na Sabesp -
Unidade de Negócio de Lins - analisando as ações de responsabilidade
socioambiental como uma alternativa para contribuir com o alcance da
sustentabilidade.
Método de observação sistemática: foram observadas, analisadas e
acompanhadas as ações e projetos de responsabilidade socioambiental com o
objetivo de investigar o alcance da sustentabilidade.
Método histórico: foi averiguada a evolução histórica da Sabesp Lins
como sustentação para o desenvolvimento do estudo de caso.
Adicionalmente, recorreu-se às técnicas:
Roteiro de Estudo de Caso (Apêndice A)
Roteiro de Observação Sistemática (Apêndice B)
Roteiro do Histórico da Sabesp Lins (Apêndice C)
Roteiro de entrevista para o superintendente (Apêndice D)
Roteiro de entrevista para o gerente operacional (Apêndice E)
Segue relato e discussão da pesquisa.
3.2 Relato e discussão sobre responsabilidade socioambiental na Sabesp
Diante de um mercado em exponencial crescimento e competitividade,
as organizações passaram a perceber que suas estratégias de negócios para
ampliar a atuação, conquistar clientes e aumentar seus ganhos estão
diretamente relacionadas às suas cadeias produtivas.
Tachizawa (2006) ressalta que a realização desses processos está
diretamente relacionada ao desempenho das pessoas da organização em um
contexto de responsabilidade social e de correta postura em face das questões
ambientais. As significativas mudanças de paradigmas podem estar sinalizando
a migração para um novo contexto empresarial, pautado pela gestão de
negócios de forma socialmente responsável e ecologicamente correta.
Desde 2003, a Sabesp assumiu o desafio de consolidar a
responsabilidade socioambiental como parte da estratégia da empresa,
integrada ao negócio e torná-la uma vantagem competitiva no mercado,
reconhecida por clientes, acionistas, governo, investidores e sociedade em
geral, visando contribuir para o desenvolvimento sustentável.
3.2.1 Programa de responsabilidade socioambiental
Como resultado de um trabalho de planejamento e definição da
estratégia para a implantação da responsabilidade socioambiental na Sabesp,
a presidência e a diretoria assumiram o papel de patrocinadores, reconhecendo
e validando as respectivas diretrizes e metas. Diante disso, foi criado um
programa de responsabilidade socioambiental.
O programa foi concebido, considerando seu objetivo geral, os objetivos
específicos, os resultados, as ações e uma metodologia de trabalho que
envolve as cinco linhas estratégicas de ação da RSE Sabesp: capacitação e
formação, comunicação, gestão participativa, monitoramento e avaliação e
desenvolvimento de projetos.
Estruturado de forma a orientar sua implementação gradual em todas as
unidades de negócio a partir de 2006, foi resultado de um amplo processo
participativo de todos os níveis da empresa. Buscou-se com a definição de
seus objetivos, geral e específicos, um direcionamento corporativo que
contemple a diversidade presente na empresa e o estabelecimento de uma
visão de transversalidade da responsabilidade socioambiental junto de sua
cadeia de valores.
As ações de responsabilidade socioambiental são coordenadas por um
grupo de empregados, com representantes de todas as diretorias, que se
interconectam em rede com voluntários, multiplicadores, agentes comunitários,
formando um contingente de aproximadamente 1.500 pessoas.
O programa, assumido como um compromisso da maior importância
para a Sabesp tem o intuito de aprimorar sua prática de negócio e contribuir
para o cumprimento de sua missão, tendo em seu código de ética e conduta, o
principal referencial orientador, ilustrado abaixo:
Fonte: Sabesp, 2010
Figura 4: Bases do modelo de responsabilidade socioambiental
3.2.2 Voluntariado empresarial
Ao longo da história, foram criados e assumidos uma série de
compromissos com as comunidades próximas de suas instalações e com a
sociedade em geral, não se limitando apenas ao trabalho de conscientização
ambiental. No âmbito interno, a empresa também segue o princípio do respeito
às pessoas e promove a valorização do seu capital humano, com uma política
de abertura à participação, equidade na oferta de oportunidades, incentivo ao
desenvolvimento profissional e respeito às diversidades.
Como resultado, a Sabesp mantém atualmente 39 projetos de
responsabilidade social, 73% dos quais são voltados para a comunidade
externa e 27% para a comunidade interna e seus familiares. A essas ações se
somam iniciativas para alinhar fornecedores e clientes na busca de relações
pautadas pela ética e pela responsabilidade social em todos os atos. Este caso
mostra o extenso arco de ações de responsabilidade social que a Sabesp vem
desenvolvendo há muitos anos.
Para que o programa de voluntariado na Sabesp pudesse ser criado
com bases sólidas e pudesse se sustentar nos pilares social, ambiental e
financeiro da responsabilidade social, foram implementadas várias ações que
resultaram na construção do código de ética e programa de educação
ambiental. Além disso, foi contratada uma empresa de consultoria
especializada para auxiliar na implantação do programa. A figura abaixo ilustra
a evolução histórica do voluntariado Sabesp.
Fonte: Sabesp, 2010
Figura 5: Contexto histórico do programa de voluntariado
3.2.2.1 Missão e objetivos do programa de voluntariado
O programa de voluntariado empresarial da Sabesp tem como missão:
Incentivar e apoiar os empregados, aposentados e terceiros residentes, ou
seja; aqueles lotados nas Unidades Sabesp na realização das ações de
voluntariado que contribuam para o desenvolvimento pessoal promovendo
melhorias sociais e ambientais. Já as diretrizes do programa são:
a) promover ações que contribuam para os objetivos do milênio;
b) beneficiar preferencialmente comunidades de atuação da Sabesp;
c) aproximar a Sabesp dos diversos atores sociais (associações
comunitárias, ONG’s, organizações da sociedade civil em geral);
d) promover ações que integrem o público interno da Sabesp;
e) valorizar as habilidades individuais dos empregados da Sabesp;
f) ações de voluntariado transformadoras que reforcem a capacidade
de autodeterminação das comunidades envolvidas.
O principal desafio para 2010 é a intensificação do programa a partir de
intensa mobilização da comunidade Sabesp e da promoção de campanhas
mensais focadas nos objetivos de desenvolvimento do milênio. Com isto,
espera-se uma grande adesão de toda a companhia, que deverá culminar no
Dia do Milênio, programado para ser celebrado no dia 23 de outubro.
Muitas comunidades estão sendo beneficiadas com os mutirões
realizados pelos empregados voluntários da Sabesp, podendo-se destacar na
cidade de Lins as ações realizadas em prol da Santa Casa. Durante a Semana
Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT), foram arrecadados
kits de limpeza (detergente e água sanitária), que foram revertidos à instituição.
Além da doação, a Sabesp também colaborou no show de prêmios promovido
pelo hospital, que resultou na renda de mais de R$ 30 mil. O valor arrecadado
será destinado à troca de todo o enxoval do hospital que está em estado
precário.
Estima-se que, no ano de 2009, mais de 11 mil pessoas foram
beneficiadas com o programa em todo o estado de São Paulo, sendo que foi
dada prioridade às populações mais carentes e às comunidades do entorno.
Foram cerca de 800 brinquedos arrecadados, 12 toneladas de alimentos
doados e mais de 10 mil litros de óleo de cozinha coletados.
Considera-se que o programa de voluntariado desenvolvido pela Sabesp
é uma grande oportunidade por meio da qual é possível melhorar a qualidade
de vida dos menos assistidos e prosseguir no desenvolvimento de ideias e
ações sustentáveis.
3.2.3 Campanha do agasalho
Um dos objetivos da Campanha do agasalho promovida pelo Fundo de
Solidariedade e Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo é
proporcionar para as famílias e entidades beneficiadas uma forma de geração
de renda para melhor qualidade de vida, mantendo o foco na família e na
solidariedade inclusiva.
A Sabesp participa dessa campanha por meio do engajamento dos
empregados e das parcerias com prefeituras, fundos sociais ou secretarias
assistenciais. Durante a campanha de 2009, foram arrecadadas e distribuídas
3.169.889 peças a 391 entidades assistenciais, além de terem sido promovidas
19 ações de inclusão social e geração de renda. O mesmo pode ser dito para a
campanha de 2010, onde o envolvimento dos empregados e parcerias foram
ainda mais atuantes.
3.2.4 Programa de reciclagem de óleo de fritura
O óleo de cozinha utilizado para frituras é muito prejudicial para o
sistema de esgotamento sanitário em todas as cidades do mundo. Quando
despejado numa pia de cozinha prejudica não só a edificação como todo um
sistema de saneamento, pois, além de não dissolver na água, acaba por
aglutinar ainda mais sujeira e detritos. Nos leitos dos rios acaba por causar
impermeabilização, assim como atrai pragas urbanas.
Diante dessa situação de agressão à natureza e do constante número
de solicitações de desobstrução da rede esgotos, a Sabesp realizou parcerias
com prefeituras, comerciantes locais e sociedades para iniciar um programa de
coleta e reciclagem de óleo de fritura (PROL).
Em abril de 2009, a unidade de negócio de Lins lançou, nas
dependências do supermercado Amigão, uma campanha para recolher óleo
vegetal usado. A companhia adquiriu para distribuição 28 mil funis de plástico
reciclado para facilitar o envasamento nas garrafas plásticas e, posteriormente,
incentivar o cliente a levar o óleo para a troca no mercado.
Todo o óleo coletado é encaminhado para indústrias de biodiesel da
região, que transformam o óleo em componente para novo combustível, como
é o caso da JBS Biodiesel. No processo de coleta, todos os componentes são
aproveitados: as garrafas plásticas usadas para o transporte do óleo são
vendidas para empresas de recicláveis.
A rede de supermercados Amigão criou uma promoção para quem
aderisse ao movimento: para cada quatro litros de óleo vegetal usado, o
consumidor ganhava um litro de óleo de soja novo. Houve uma adesão maciça
da comunidade: durante o ano de 2009 foram coletados 35 mil litros de óleo na
cidade de Lins.
Além do supermercado Amigão, outras parcerias foram formadas para
dar maior amplitude ao programa, como Prefeitura Municipal, empresa Óleo &
Óleo, Bertin, entre outros órgãos da sociedade civil. Projetos como esse
contribuem com a preservação dos mananciais e, impulsionados com a
divulgação pela mídia, ajudam a conscientizar a população local.
3.3 ISO 14001
A obtenção da certificação ISO 14001 é uma das metas corporativas da
Sabesp. O objetivo é certificar, até dezembro de 2010, 65 unidades
operacionais que compreendem as estações de tratamento de água ou de
esgoto. Em 2009, a empresa implementou o SGA em 26 unidades
operacionais, tanto do interior quanto da região metropolitana. A documentação
do sistema foi elaborada mediante revisão, adaptação e criação de novos
procedimentos, totalizando seis procedimentos empresariais.
Durante o ano de 2009 e início de 2010, mais de 900 empregados já
tinham recebido treinamento, totalizando mais de 10000 horas de aprendizado.
Um grande esforço está sendo realizado no sentido de atender à plena
conformidade legal e normativa das plantas selecionadas.
A ISO 14001 é uma ferramenta que permitirá um melhor controle dos
possíveis impactos ambientais advindos das atividades, produtos e serviços da
empresa. É, ainda, um estímulo para a prestação de serviços de saneamento
com sustentabilidade ambiental, além de subsidiar a mudança de cultura nas
questões ambientais, trazendo oportunidades de redução de custos, por meio
do melhor desempenho, mediante objetivos e metas ambientais ambiciosas.
3.4 Centro experimental de água de reuso
Desde fevereiro de 2001, Sabesp mantém, na cidade de Lins, um centro
experimental multidisciplinar e especializado em pesquisas com a utilização da
água de reuso para a irrigação na agricultura. A iniciativa, pioneira no país, tem
a Universidade de São Paulo (USP) como parceira e visa a encontrar
alternativas racionais, do ponto de vista ambiental, sanitário e agronômico, para
o recurso hídrico, desde a sua captação no aquífero e rios até a devolução à
natureza.
Segundo o superintendente Luiz Paulo, a ideia do centro experimental
surgiu em 1995, quando a empresa comparou, no município de Riolândia, a
irrigação em dois campos de milho: o primeiro recebeu água captada no Rio
Grande, e o outro, água de reuso. Após a colheita, foi verificada produtividade
30% maior na lavoura irrigada com a água processada.
No Brasil, a técnica ainda não é amplamente aproveitada. Somente na
região de Lins, a vazão disponível para a irrigação na agricultura é de 1,5 mil
litros por segundo. Entretanto, a Sabesp antecipou-se à chegada da
regulamentação definitiva sobre a utilização da água de reuso. O estudo
realizado pela USP com novas tecnologias no centro experimental resultou em
mais de doze teses de pós-graduação.
No local, 30 pesquisadores das áreas de engenharia, agronomia,
biologia e geologia desenvolvem estudos sobre os efeitos da irrigação com a
água de reuso no solo de três culturas da região: a cana, o café e o capim
tifton. A unidade experimental de Lins é a maior do estado, aprofunda
pesquisas em monitoramento da concentração de metais junto ao lençol
freático, a qualidade do solo e sua necessidade de adubação e outros impactos
na natureza ligados à irrigação com água de reuso.
A possibilidade de irrigação na agricultura com a água de reuso atraiu
também interesse empresarial. A Equipav, usina sucroalcooleira de Promissão,
fez parceria com a Sabesp na pesquisa com a cana. Ofereceu mão-de-obra,
mudas, insumos e orientação técnica para o plantio de 1,5 hectares no centro
experimental.
A utilização da água de reuso para irrigação não gera lucro para a
Sabesp, porém traz ganhos ambientais. Trata-se de importante ação no sentido
de conscientizar a população sobre combater desperdícios e usar o recurso
hídrico com racionalidade.
Fonte: Sabesp
Figura 6: Centro experimental de água de reuso
3.5 Abraço verde
Em 21 de setembro de 2008, a Sabesp lançou o projeto Abraço Verde,
com o objetivo de arborizar as calçadas do entorno de todas as instalações da
empresa. O projeto agrega melhorias estéticas no ambiente ao redor das áreas
de responsabilidade da companhia, proporciona mais verde, sombra e retenção
de carbono.
A previsão é que, até o fim de 2010, as quatro mil unidades, entre as
áreas administrativas e operacionais da empresa, recebam o plantio de
árvores, tornando-se, assim, espaços para integração com toda a sociedade. A
expectativa é plantar mais de 100 mil árvores.
A empresa fez um levantamento para definir as melhores árvores a
serem plantadas, levando em consideração o clima local e sua adequação para
a arborização urbana. Entre as espécies nativas analisadas, as unidades
adotarão espécies como ipês roxo e amarelo mirim, sibipirunas, cambucis,
canelinhas, aroeiras-salsa, paus-brasil, jerivás, quaresmeiras e manacás da
serra.
O projeto é realizado em parceria com a prefeitura de cada município,
que pode colaborar com mudas, cercados ou serviços no local. Trata-se de
uma forma inteligente de aproximar as comunidades das ações realizadas e
fazer com que a população se engaje nessas iniciativas, tornando-se parceira
da empresa em várias ações socioambientais.
Fonte: Sabesp, 2010
Figura 7: Logotipo Abraço Verde
Os 83 municípios da Unidade de Negócio de Lins são comprometidos
com educação ambiental. A parceria com as escolas da região já acontece há
anos. Datas especiais para o meio ambiente, como o dia da árvore, por
exemplo, são amplamente comemoradas com visitas às áreas, palestras,
limpeza de rio, pedágios ecológicos, filmes e plantio de árvores em parceria
com escolas e entidades ambientais.
Em Lins, no dia 24 de setembro ocorreu um plantio de cerca de 100
mudas no programa Abraço Verde no entorno dos reservatórios do Jardim
Aeroporto. Participaram 50 professores e alunos da Escola Municipal João
Alves da Costa; o presidente da Câmara Municipal, Edgar de Souza;
representantes da Coordenadoria de Política Rural e Meio Ambiente; além de
empregados da Companhia.
Fonte: Sabesp, 2010
Figura 8: Plantio de mudas no entorno dos reservatórios da empresa
3.6 Programas estruturantes
Para alcançar a meta de universalizar os serviços de água e esgoto até
o ano de 2018, a Sabesp está realizando muitos investimentos. Dentre os
programas de ampliação dos índices de atendimento, os programas
estruturantes são considerados os detentores das maiores transformações,
dentre a série de atitudes que a companhia está realizando.
Um programa estruturante representa um conjunto integrado de
empreendimentos que ampliam e aprimoram de forma significativa os serviços
de saneamento em uma determinada região. Através dos programas descritos
abaixo, a empresa buscará uma melhor qualidade de vida à população
atendida e o desenvolvimento sustentável na região.
Programa Meta População
Beneficiada
Região Período de
Implementação
Onda Limpa Elevar a coleta de esgoto de 54% para 95% e o tratamento do esgoto coletado de 96% para 100%, na Baixada Santista
2,95 milhões (população fixa= 1,6 milhão; população flutuante*= 1,35 milhão)
RMBS (Santos, São Vicente, Praia Grande, Itanhaém, Peruíbe, Mongaguá, Guarujá, Cubatão e Bertioga)
2007-2011
Onda Limpa Litoral Norte
Elevar a coleta de esgoto de 36% para 88% e o tratamento de esgoto coletado para 100%
600 mil (população Residente= 300 mil; população flutuante*=300 mil)
Litoral Norte (Ubatuba, São Sebastião, Ilhabela e Caraguatatuba)
2007-2015
Água no Litoral Garantir a disponibilidade de água na Baixada Santista, Litoral Norte e Litoral Sul
3,7 milhões (população fixa= 2,4 milhões, população flutuante*=1,3 milhão)
Litoral Norte, Baixada Santista e Litoral Sul
2008-2013
Tietê – 3ª etapa Elevar a coleta de
esgoto de 84% para 87% e o tratamento de esgoto coletado de 70% para 84%, na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP)
1,5 milhão (coleta de esgoto) e 3 milhões (tratamento de esgoto)
RMSP e Bacia do Tietê 2009-2015
Programa Metropolitano de Água – PMA
Garantir o abastecimento de água na Região Metropolitana de São Paulo, aumentando a capacidade de produção de água em 13,2 m3/s (20% do volume produzido atualmente)
18,9 milhões RMSP Fase 1: 2006-2010 Fase 2: 2011-2014
Vida Nova Proteger e recuperar mananciais
200 mil (benefício direto) e 18,9 milhões (benefício indireto)
RMSP 2008-2012
Córrego Limpo
Despoluir e recuperar 100 córregos (42 na fase 1 e 58 na fase 2)
2 milhões
Município de São Paulo Fase 1: 2007-2009 Fase 2: 2008-2010
Redução de Perdas
Reduzir as perdas por faturamento de 29,5%, em 2007, para 13%, em 2019
26,4 milhões Todos os municípios atendidos direta e indiretamente
2009-2019
Fonte: Relatório de Sustentabilidade 2009, p.36
Quadro 3: Programas estruturantes
3.6.1 Onda limpa baixada santista
O Onda Limpa elevará de 54 para 95% o índice de coleta de esgoto e
100% do coletado será tratado. O programa prevê a despoluição de rios e
canais, com a consequente melhora da balneabilidade de 82 praias,
distribuídas nos 162 quilômetros da região, incentivando o turismo e a geração
de empregos e de renda na Baixada Santista. Por conseguinte, o número de
internações por doenças de veiculação hídrica reduzirá, bem como os índices
gerais de mortalidade infantil.
Em 2009, o total investido no programa desde sua implantação atingiu
R$ 967 milhões, correspondendo a 67% das obras. Para 2010, está prevista a
conclusão de 60% das obras lineares (redes coletoras, coletores-tronco, linhas
de recalque e estações elevatórias), com a execução de 60 mil novas ligações
de esgoto.
3.6.2 Onda limpa litoral norte
Este programa ampliará a coleta e o tratamento de esgoto no litoral
norte, beneficiando cerca de 600 mil pessoas nos municípios de São
Sebastião, Ilhabela, Ubatuba e Caraguatatuba. Até 2015, o programa elevará o
índice de coleta e de tratamento de esgoto gerado dos atuais 36% para 88%,
promovendo melhoria na saúde e no bem-estar da população, bem como
desenvolvimento econômico pelo incremento do turismo.
Os investimentos de cerca de R$ 480 milhões contemplam a execução
de 390 quilômetros de redes coletoras, coletores-tronco, interceptores e
emissários; 26 mil novas ligações domiciliares; 155 estações elevatórias de
esgotos; e 15 estações de tratamento de esgotos, além do emissário
submarino, assentado em maio de 2009, e da Estação de Precondicionamento
de Ilhabela.
3.6.3 Água limpa
Este programa objetiva garantir a disponibilidade de água tratada à
população residente em todos os municípios da faixa litorânea do Estado de
São Paulo atendidos pela Sabesp, bem como à população flutuante,
principalmente nos períodos de verão, reduzindo a pressão sobre o sistema
nas épocas de alta temporada. Aproximadamente 3,7 milhões de pessoas
serão beneficiadas.
O programa prevê investimentos em ampliação da produção, melhoria
da qualidade da água tratada, aumento da adução e da capacidade de
reservação de água tratada, expansão da rede de distribuição e das ligações
domiciliares.
3.6.4 Programa metropolitano de água
Visa garantir a continuidade do fornecimento regular de água tratada
para os municípios da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) operados
pela Sabesp e para os municípios permissionários. No total, o programa prevê
investimentos de R$ 2,74 bilhões, ao longo de oito anos.
Em 2009, foram concluídas obras de adução, reservação e barragens.
Destaque-se, também, o início das obras da Parceria Público-Privada do Alto
Tietê, com investimentos já efetuados de cerca de R$ 126 milhões. As obras
deverão estar concluídas até o final deste ano, beneficiando diretamente 1,5
milhão de pessoas da região leste da RMSP.
3.6.5 Córrego limpo
O Programa Córrego Limpo prevê o aprimoramento dos sistemas de
coleta de esgotos. Para isso, uma força-tarefa da Sabesp executa obras para
ampliar as redes existentes, eliminar os lançamentos clandestinos de esgotos
nos córregos e galerias de águas pluviais e também melhorar os sistemas de
envio de esgotos às estações de tratamento. Os empreendimentos
possibilitarão, ainda, o aumento do número de residências conectadas às redes
da Sabesp, o que significa mais esgotos coletados e tratados.
À Prefeitura cabe a manutenção das margens e dos leitos dos córregos,
bem como a remoção de imóveis nos fundos de vale que impeçam a passagem
das tubulações principais de esgotamento sanitário. Nesse trabalho conjunto,
as Subprefeituras irão intensificar a atuação junto aos responsáveis para
regularizar a ligação de esgotos.
A primeira fase do projeto, iniciada em março de 2007 e concluída em
março de 2009, beneficiou cerca de 800 mil pessoas. Nesta etapa foram
entregues 42 córregos, sendo que 28 cursos d' água totalmente despoluídos e
outros 14 tiveram seus principais trechos recuperados. Mais de 500 litros de
esgoto por segundo foram encaminhados para tratamento, com melhorias
significativas para os rios Tietê e Pinheiros. Outros 58 serão despoluídos até o
segundo semestre de 2010, totalizando 100 córregos. Até agora foram
investidos cerca de R$ 90 milhões. Serão investidos cerca de R$ 195 milhões
na despoluição desses córregos.
3.6.6 Vida nova
O Programa Vida Nova é uma iniciativa do Governo, por meio da
Sabesp e da Prefeitura de São Paulo para recuperar e proteger as fontes de
abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo. As intervenções
ocorrem especialmente nos mananciais das bacias Billings e Guarapiranga.
Seu principal objetivo é a recuperação dos reservatórios por meio da ocupação
de seu entorno e da garantia do abastecimento da Grande São Paulo.
Ao todo, o programa reúne investimentos do governo do Estado, dos
municípios da região e do governo federal de aproximadamente R$ 1,2 bilhão.
A Sabesp custeia R$ 300 milhões. O Vida Nova é coordenado pela Secretaria
de Saneamento e Energia e conta com ações da Sabesp, da CDHU e de
municípios da região.
3.6.7 Projeto Tietê
O objetivo da iniciativa é coletar e tratar os esgotos de cerca de 18
milhões de pessoas da Região Metropolitana de São Paulo, melhorando as
condições ambientais e de saúde pública.
O rio Tietê possui uma grande importância para a história e o
desenvolvimento de São Paulo e do interior do Brasil. Com o crescimento
urbano, alguns trechos de seu curso foram alterados, marginais foram
construídas ao seu redor, e muito esgoto e outros tipos de poluição foram
lançados, causando sua deterioração.
Até hoje, a Sabesp já investiu US$ 1,6 bilhão no Projeto Tietê, montante
distribuído em duas fases. Na primeira delas, que durou de 1992 até 1998,
priorizou-se a construção das estações de tratamento e a ampliação do
sistema de coleta e afastamento de esgoto, com investimento total de US$ 1,1
bilhão.
Na segunda fase, de 2000 a 2008, o objetivo foi ampliar e aperfeiçoar o
sistema de coleta e transporte, para utilização plena da capacidade instalada
de tratamento de esgoto. Foram investidos US$ 500 milhões na construção de
grandes e extensas tubulações de esgoto, ampliando o serviço de coleta a
mais de 400 mil famílias.
A terceira etapa do projeto terá vigência até 2015, onde serão investidos
cerca de US$ 1,05 bilhão. Nesta fase, mais de 1,5 milhão de pessoas serão
beneficiadas com a coleta de esgoto e mais de 3 milhões terão seus esgotos
tratados. Os principais benefícios esperados são a ampliação da coleta de
esgotos para 87% e o tratamento para 84%.
3.6.8 Programa corporativo de redução de perdas de água
O objetivo é conseguir uma redução mais acelerada e consistente das
perdas de água no longo prazo. O programa engloba um horizonte de onze
anos, compreendidos entre 2009 a 2019 e nele está prevista a redução do
índice de perdas de faturamento de 29,5% para 13%, valor compatível com
padrões internacionais.
Estão previstos investimentos na ordem de 3,4 bilhões de reais em
ações como substituições de redes e ramais de água e substituição de
hidrômetros. Em 2009, foram aplicados R$ 261 milhões, alcançando-se o
índice de 26% de perda. O desafio para 2010 é chegar nos 24%.
3.7 Saneamento e saúde
Há muito tempo são discutidos e estudados os benefícios que o
saneamento básico traz à saúde da população. Dentre os quais é notória sua
relação com a medicina preventiva: a cada 1 real investido em saneamento
economiza-se 4 reais em medicina curativa, conforme estudos da Organização
Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com o BNDES, no Brasil, 65% das internações de crianças
menores de 10 anos estão associadas à falta de saneamento básico. A Sabesp
com o compromisso de universalizar o saneamento demonstra-se empenhada
em contribuir com a melhoria da saúde da população.
A Unidade de Negócio de Lins destaca-se dentre as demais unidades
por ser a primeira a atingir, em 2010, a universalização dos serviços de
fornecimento de água, coleta e tratamento e esgotos. Todos os 83 municípios
que atende são providos de 100% de índice de atendimento nos quesitos
mencionados. Tal feito é resultado de bastante empenho dos empregados e
envolvimento da população.
Na cidade de Lins, em 1975, antes da chegada da Sabesp, apenas 65%
da população era atendida com coleta de esgotos e não havia tratamento na
época. Uma situação com reflexos diretos na taxa de mortalidade infantil do
município, que era cerca de 140 óbitos por mil crianças nascidas vivas,
diferentemente da apresentada em 2002, de 19,5 óbitos.
Através de tais levantamentos estatísticos, fica clara a relação direta do
saneamento básico com a saúde da população. As ações da Sabesp, no intuito
de levar água de qualidade e realizar a coleta e tratamento do esgoto, podem
ser consideradas de extrema importância para a melhoria e manutenção da
saúde publica.
3.8 Parecer final
A presente pesquisa contemplou que a Sabesp cumpre os requisitos de
empresa socialmente responsável, preocupada com o meio ambiente e a
sociedade em que atua. Verificou-se que, através dos programas de
responsabilidade socioambiental realizados, a população pode ter uma melhor
qualidade de vida.
O objetivo da empresa em atingir o público-alvo foi demonstrado com o
comprometimento dos envolvidos nos programas e nas diversas parcerias
locais realizadas. Diante de tal comprometimento é possível cumprir com as
diretrizes da empresa no âmbito socioambiental, baseadas em sua missão e
com referência em seu código de ética e conduta.
Também foi possível observar que as ações da companhia respeitam as
diversidades regionais, cada unidade de negócio tem autonomia para adaptar-
se ao modelo proposto e focar nos públicos que deseja beneficiar, sem alterar
o principal propósito do programa de responsabilidade socioambiental da
empresa.
Nota-se que, para um resultado mais amplo, é necessário um maior
número de participantes nos programas desenvolvidos. Isso é possível com a
obtenção de mais parcerias na realização dos programas. A atitude de envolver
crianças nas atividades de responsabilidade socioambiental é de grande valia,
pois estimula a consciência de preservação dos recursos naturais e pode
garantir uma sociedade mais engajada, futuramente.
Devido ao fato de a responsabilidade socioambiental ser um pilar de
sustentação e mola propulsora da sustentabilidade, foi possível responder a
pergunta problema e a hipótese de que as ações de responsabilidade
socioambiental podem conduzir a empresa à sustentabilidade foi comprovada.
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
O estudo realizado através da pesquisa sobre as ações de
responsabilidade socioambiental promovidas pela Sabesp focou a contribuição
de tais ações para o alcance da sustentabilidade. Foram abordados também os
esforços da companhia em atingir a universalização do saneamento nas
cidades onde presta serviços.
Com referência nos programas de responsabilidade socioambiental,
voluntariado empresarial, gestão ambiental e nas obras de ampliação dos
serviços de saneamento, verificou-se que a empresa segue no caminho da
sustentabilidade, mas sempre existem pontos a serem melhorados.
Após análise dos projetos da Sabesp e da pesquisa, foram sugeridas as
seguintes propostas:
a) maior divulgação nas mídias de massa dos programas realizados
pela empresa, para uma ampla conscientização da população sobre
a percepção da responsabilidade socioambiental;
b) mutirões nas comunidades carentes, com palestras e cursos, para
um maior esclarecimento da importância do saneamento para a
saúde das pessoas;
c) ampliar o programa de voluntariado empresarial, criando uma rede
cada vez mais abrangente de serviços às comunidades locais;
d) procurar adentrar com os projetos socioambientais, através de
parcerias, em municípios não atendidos pela companhia, dando uma
maior visibilidade à marca Sabesp e percepção de empresa
sustentável;
e) eleger, junto às associações de moradores, um representante de
cada comunidade para ser um intermediador entre a empresa e a
população, facilitando o atendimento às necessidades das pessoas,
sejam elas de prestação de serviços ou reivindicações e sugestões
de projetos sociais;
CONCLUSÃO
Nos dias de hoje, torna-se cada vez mais necessário para a empresa
que deseja obter um diferencial competitivo adotar valores como ética,
igualdade e desenvolvimento sustentável. Isso só é possível com
comprometimento e transparência.
A cada dia mais será abordado o tema sustentabilidade, devido aos seus
benefícios atingirem a todos os formadores da cadeia produtiva, além de
contribuírem com o futuro das nações. Ainda existe muita teoria acerca da
sustentabilidade, devendo tornar-se mais praticada por todos nós.
Organizações com espírito e missão de desenvolvimento sustentável,
como a Sabesp, contribuem para a melhoria da qualidade de vida nas
comunidades onde atuam. Estimulam, pois, uma maior participação da
população nos assuntos relacionados ao meio ambiente.
A sociedade cobra sempre o melhor posicionamento das organizações
no que diz respeito à qualidade de vida e preservação dos recursos naturais.
Junto com o poder público, é o maior fiscalizador atualmente. Além das
empresas, cabe a cada um dos cidadãos também adotar uma postura ética
perante a natureza e respeito ao meio ambiente, para a construção de um
mundo mais igual.
Ao mundo de maiores disputas, deve-se somar uma conscientização
global para propiciar um desenvolvimento igualitário. Cabe não só às empresas
e Governo atuarem com responsabilidade diante de recursos naturais e da
sociedade. Cada um de nós deve fazer a sua parte para a promoção de um
mundo melhor.
A presente abordagem procurou alinhar os conceitos de
responsabilidade socioambiental e sua relação com o alcance da
sustentabilidade. Conclui-se, assim, que ambos são intrínsecos e se
completam. Não há, portanto, sustentabilidade sem responsabilidade
socioambiental.
Como já dito anteriormente, a responsabilidade socioambiental
empresarial envolve todos os componentes do processo organizacional. Se a
sociedade também tiver essa visão de desenvolvimento coletivo, a
sustentabilidade deixará de ser apenas uma proposta.
A aspiração de uma sociedade mais justa pode ser sustentada nos dois
conceitos, mas os resultados efetivos provavelmente serão alcançados
somente em longo prazo. A elevação da consciência empresarial aliada ao
comprometimento do consumidor em contribuir com a cidadania são os pilares
para a construção de um mundo melhor para as futuras gerações
Considerando-se por satisfeitos todos os anseios em relação ao tema
abordado, porém reconhecendo ser mais um estudo sobre o assunto.
Solicitamos aos acadêmicos abordarem cada vez a Sustentabilidade, pois já
não se pode mais existir progresso sem consciência.
REFERÊNCIAS
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SEIFFERT, M. E. B. ISO 14001 Sistemas de gestão ambiental: implantação objetiva e econômica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. SILVA FILHO, C. F.; BENEDICTO, G. C.; CALIL, J. F. (Org.). Ética, responsabilidade social e governança corporativa . Campinas, SP: Alínea, 2008. TACHIZAWA, T. Gestão ambiental e responsabilidade social corporat iva: estratégias de negócios focadas na realidade brasileira. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006. TINOCO, J. E. P. Balanço social: uma abordagem da transparência e da responsabilidade pública das organizações. São Paulo: Atlas, 2001. VEJA os principais pontos... O Estado de São Paulo Online , São Paulo, 19 dez. 2009. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,veja-os-principais-pontos-do-acordo-de-copenhague,484735,0.htm>. Acesso em 22 ago. 2010.
APÊNDICES
APÊNDICE A – ROTEIRO DE ESTUDO DE CASO
1 INTRODUÇÃO
Serão apresentados os objetivos do estudo de caso, os métodos e
técnicas de pesquisa utilizados, assim como as facilidades e dificuldades
encontradas no levantamento de dados. Serão descritos o local da pesquisa e
o período da mesma.
1.1 Relato do trabalho realizado referente ao assunto estudado
a) Descrição das ações de responsabilidade socioambiental como um
caminho para alcançar a sustentabilidade.
b) Depoimento dos responsáveis envolvidos: Superintendente e
Gerente Operacional
1.2 Discussão
Confrontar-se-á teoria existente sobre a Responsabilidade
Socioambiental e Sustentabilidade com a prática adotada na empresa Sabesp
Lins.
1.3 Parecer final sobre o caso e sugestões sobre manutenção ou
modificações de procedimentos.
APÊNDICE B – ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA
I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Empresa________________________________________________________
Localização______________________________________________________
Atividade econômica_______________________________________________
II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS
1 Histórico da empresa
2 Clientes
3 Ramo de atividade
4 Serviços
5 Ações de responsabilidade socioambiental
6 Sustentabilidade
7 Gestão Ambiental
APÊNDICE C – ROTEIRO HISTÓRICO
I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Empresa ________________________________________________________
Localização______________________________________________________
Atividade econômica_______________________________________________
II ASPECTOS A SEREM DESCRITOS
1 Fundação
2 Número de funcionários
3 Ramo de atividade
4 Proprietários
5 Evolução das Ações Socioambientais
APÊNDICE D – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O SUPERINTE NDENTE
I IDENTIFICAÇÃO
Tempo de empresa________________________________________________
Cargo/Função____________________________________________________
Escolaridade_____________________________________________________
Experiência profissional____________________________________________
II PERGUNTAS ESPECÍFICAS
1 A companhia investe em ações de responsabilidade socioambiental?
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1.1 De que maneira?
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2 Qual a visão da companhia perante a utilização da responsabilidade
socioambiental para o alcance da sustentabilidade?
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3 A preservação do meio ambiente e as ações sustentáveis contribuem
com o fortalecimento das organizações no ramo em que estão inseridas?
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4 A companhia possui algum tipo de política ambiental?
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5 De que forma os índices de sustentabilidade podem alavancar as
receitas de uma empresa?
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6 Como as ações de responsabilidade socioambiental podem contribuir
com a qualidade de vida da população?
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6.1 Elas também podem ajudar no desenvolvimento da sociedade?
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5.2 De que forma ?
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APÊNDICE E – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O GERENTE
OPERACIONAL
I IDENTIFICAÇÃO
Tempo de empresa________________________________________________
Cargo/Função____________________________________________________
Escolaridade_____________________________________________________
Experiência profissional____________________________________________
II PERGUNTAS ESPECÍFICAS
1 Como são realizados os projetos de responsabilidade socioambiental?
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1.1 Existe algum que merece destaque?
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2 Como é aplicado o marketing social da companhia?
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3 Quais as principais dificuldades encontradas na implantação dos
projetos de preservação ambiental?
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4 Quem são os maiores beneficiados com as praticas de responsabilidade
socioambiental?
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5 De que forma a gestão ambiental contribui com o conceito de
sustentabilidade?
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6 Existem alternativas ecologicamente corretas que podem ser utilizadas
sem comprometer o orçamento?
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ANEXOS
ANEXO A – ATIVIDADES DA SEMANA DA ÁRVORE NA SABESP
Foto 1: Paisagismo na ETE de Jales/SP
Os 83 municípios da RT são comprometidos com educação ambiental. A
parceria com as escolas da região já acontece há anos. Datas especiais para
o meio ambiente, como o Dia da Árvore, por exemplo, são amplamente
comemoradas com visitas às áreas, palestras, limpeza de rio, pedágios
ecológicos, filmes e plantio de árvores em parceria com escolas e entidades
ambientais. É significativa a contribuição da Sabesp para o programa Município
Verde/Azul.
Foto 2: Plantio de Mudas em General Salgado/SP