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SUSTENTABILIDADE E TRANSIÇÃO PARADIGMÁTICA Carlos Alberto Pereira Silva RESUMO No complexo tempo presente, em que múltiplos e inter-relacionados problemas evidenciam a existência de um estado de mal-estar gerado pela modernidade ocidental, surge o conceito de Desenvolvimento Sustentável. Oportunamente, este conceito se apresenta como uma utopia realista, capaz de possibilitar a introjeção de uma ética fundada na solidariedade entres as gerações presentes e as futuras, que se concretiza no compromisso cotidiano com a preservação da vida. PALAVRAS–CHAVE: Meio Ambiente; Racionalidade Moderna; Sustentabilidade A QUESTÃO ECOLÓGICA COMO QUESTÃO GLOBAL O nascimento da consciência ecológica e a emergência dos movimentos em defesa do meio ambiente foram precedidos por tristes episódios, ocorridos no século XX. Um desses lamentáveis episódios foi a explosão das primeiras bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, patrocinada pelos EUA em 1945, que causaram a morte de cerca de 180.000 pessoas e uma grande destruição do meio ambiente. Este trágico acontecimento histórico terminou revelando a possibilidade da destruição da espécie humana, com o uso de um conhecimento transformado numa arma da insensatez, porque: Professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Mestre em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília.. E-mail: [email protected] 1

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SUSTENTABILIDADE E TRANSIÇÃO PARADIGMÁTICA

Carlos Alberto Pereira Silva•

RESUMO No complexo tempo presente, em que múltiplos e inter-relacionados problemas

evidenciam a existência de um estado de mal-estar gerado pela modernidade

ocidental, surge o conceito de Desenvolvimento Sustentável. Oportunamente,

este conceito se apresenta como uma utopia realista, capaz de possibilitar a

introjeção de uma ética fundada na solidariedade entres as gerações presentes e

as futuras, que se concretiza no compromisso cotidiano com a preservação da

vida.

PALAVRAS–CHAVE: Meio Ambiente; Racionalidade Moderna; Sustentabilidade

A QUESTÃO ECOLÓGICA COMO QUESTÃO GLOBAL O nascimento da consciência ecológica e a emergência dos movimentos em

defesa do meio ambiente foram precedidos por tristes episódios, ocorridos no

século XX. Um desses lamentáveis episódios foi a explosão das primeiras bombas

atômicas em Hiroshima e Nagasaki, patrocinada pelos EUA em 1945, que

causaram a morte de cerca de 180.000 pessoas e uma grande destruição do meio

ambiente. Este trágico acontecimento histórico terminou revelando a possibilidade

da destruição da espécie humana, com o uso de um conhecimento transformado

numa arma da insensatez, porque:

• Professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Mestre em Desenvolvimento Sustentável pela

Universidade de Brasília.. E-mail: [email protected]

1

Naquele instante, o século XX mostrou a força de seu

conhecimento e a vergonha de seu comportamento. Mostrou

que em nosso tempo o ser humano foi capaz de liberar a

energia dentro dos átomos e incapaz de controlar a maldade

dentro de seu coração; capaz de controlar a energia da

matéria e incapaz de evitar o uso desta energia contra seus

semelhantes (BUARQUE, 1999, p. 15).

Frutos daquelas circunstâncias, foram surgindo os movimentos antinucleares e

pacifistas que muito contribuíram para o advento e a propagação dos movimentos

ambientalistas. No entanto, a expansão das preocupações ecológicas ocorreria

nos meados da década de sessenta, época de intensa contestação ao modo de

vida existente nas sociedades materialmente desenvolvidas. A partir daquela

década, emergiram movimentos diversos que procuraram transcender a crítica

dirigida ao capitalismo que, até então, tinha priorizado o enfrentamento dos

problemas vinculados diretamente à ordem econômica. Um símbolo das novas

preocupações foi o livro "Primavera Silenciosa", da bióloga Rachel Carlson,

lançado em 1962, que visava comprovar a responsabilidade dos pesticidas,

usados na agricultura dos Estados Unidos, no desaparecimento de inúmeras

espécies.

Naquele período, a crítica ao produtivismo e ao consumismo foi ampliada com o

surgimento do movimento hippie, que buscava revalorizar filosofias nas quais a

natureza era vista como sagrada, enaltecendo estilos de vida não-urbanos

derivados de índios, indianos, camponeses e ciganos. Nesse contexto surgiram,

também, os movimentos das mulheres, dos negros e o movimento ecológico, que

se ocuparia com

o desenvolvimento de lutas em torno de questões as mais

diversas: extinção de espécies, desmatamento, uso de

agrotóxicos, urbanização desenfreada, explosão

2

demográfica, poluição do ar e da água, contaminação de

alimentos, erosão dos solos, diminuição das terras

agricultáveis pela construção de grandes barragens, ameaça

nuclear, guerras bacteriológica, corrida armamentista,

tecnologias que afirmam a concentração de poder, entre

outras (GONÇALVES, 1996, p. 12).

Com o crescimento dos problemas ambientais, derivados, sobretudo, dos modelos

de desenvolvimento baseados na busca do crescimento ilimitado e no

consumismo, a questão ecológica seria transformada também em um componente

importante das agendas governamentais. No ano de 1972, foi publicado o

"Relatório Meadows", a pedido dos empresários do Clube de Roma. Esse relatório

deu ênfase à demonstração da inviabilidade da continuidade da lógica do

crescimento industrial. Nele, constava a defesa do crescimento zero, como forma

de interromper as disparidades ambientais do padrão de desenvolvimento em

curso naquela época. No entanto, esse documento continha importantes lacunas

por não propor "uma mudança nas relações de produção, mas a estabilização do

atual nível produtivo" (PIRES, 1998, p.71). Esta proposta de crescimento zero,

apresentada na Conferência de Estocolmo na Suécia, foi rejeitada por alguns

países do Terceiro Mundo, especialmente pelo Brasil, que queriam experimentar o

mesmo patamar de desenvolvimento alcançado pelos países do Primeiro Mundo.

Naquele contexto foi trabalhado o conceito de ecodesenvolvimento, utilizado por

Maurice Strong, no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(PNUMA).

A publicação do Relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum), da Comissão

Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), em 1987, significou

um avanço em relação aos documentos e conferências precedentes, por situar os

problemas ambientais, dando destaque às relações desiguais entre os países e à

necessidade de interação entre o meio ambiente e a estrutura sócio-econômica do

desenvolvimento. O “Nosso Futuro Comum” teve a virtude maior de definir o

3

conceito de Desenvolvimento Sustentável como sendo aquele que "atende as

necessidades do presente sem comprometer as possibilidades das gerações

futuras atenderem as suas próprias" (CMMAD, 1988, p. 46).

A ampliação das preocupações com as múltiplas dimensões que envolvem as

relações do desenvolvimento com o meio ambiente culminou, no final do século

XX, com a realização da Conferência Rio 92, onde estiveram presentes mais de

uma centena de chefes de estado, representando 172 governos e

aproximadamente 14 mil organizações não-governamentais. Nesse importante

evento, foi assinada pelos representantes dos diversos países a Agenda 21, que

aponta a necessidade de incorporar os direitos ao desenvolvimento à construção

de um meio ambiente saudável. Este documento, que não é um plano pronto e

acabado, constitui-se num marco conceitual abrangente, que visa a estimular a

imaginação social, colocando-se

como um poderoso instrumento para estimular, no Norte e

no Sul, ações concretas para traduzir o conceito geral de

transição para o desenvolvimento sustentável em

estratégias locais e múltiplas, isto é agir localmente

enquanto se pensa globalmente (SACHS, 1993, p.64).

A CIÊNCIA MODERNA E SUAS “CERTEZAS” O surgimento do conceito de sustentabilidade, que vislumbra, sobretudo, a

harmonização das relações entre desenvolvimento e meio ambiente, insere-se

portanto num contexto de profundas transformações históricas, indicadoras da

existência de um processo de transição paradigmática na esfera do conhecimento.

Concomitante ao esgotamento do modelo civilizatório projetado pela modernidade

ocidental, vêm ocorrendo nas últimas décadas decisivos questionamentos aos

pressupostos científicos engendrados no mundo moderno. Compreender os

fundamentos do modelo de ciência dominante nos últimos três séculos é algo

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necessário nesse momento histórico, dada a exigência de novas concepções, que

sejam capazes de contribuir no enfrentamento dos grandes desafios existentes.

O pensamento científico moderno, que hoje experimenta um progressivo

esgotamento, surgiu a partir da revolução científica do século XVII e desenvolveu-

se nos séculos seguintes com a pretensão de ser a única forma de conhecimento

válido. A ciência moderna alicerçou-se em múltiplos fundamentos que buscaram

garantir sua coerência. A racionalidade foi o pilar fundamental em que erigiu a

ciência moderna. Os propagadores do racionalismo moderno elegeram a

racionalidade como dimensão privilegiada na organização da vida individual e

coletiva, preconizando a existência de concordância entre o racional e a realidade

do universo e negando, ao mesmo tempo, a validade das crenças e das

concepções que não estão baseadas em explicações científicas.

A racionalidade moderna, ao colocar-se como grande mito unificador do saber,

terminou por se transformar em racionalização, que nada mais é do que a

construção de uma visão coerente, totalizante do universo a partir de dados

parciais, de uma visão parcial ou de um princípio único (MORIN, 1996, p.157).

Como desdobramento do processo de racionalização empreendido pela ciência

moderna, as sociedades vivenciaram seus impactos, como elucida o mesmo

Edgar Morin:

A urbanização, a burocratização, a tecnologização, se

efetuaram segundo os princípios da racionalização, ou seja,

a manipulação social, a manipulação dos indivíduos tratados

como coisas em proveito dos princípios de ordem, de

economia, de eficácia (MORIN, 1996, p.162).

Historicamente, a experimentação da racionalidade moderna, transformada em

racionalização, nas suas variantes liberal, nazista, fascista e comunista, propôs

harmonia e bem-estar através do desenvolvimento da ciência, da técnica e do

domínio da natureza. No entanto, a herança dessas experiências, coerentes com

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o projeto da modernidade, está estampada na expressão de um dos críticos das

promessas propagadas, e não realizadas, pela filosofia das luzes, que, já em l933,

afirmava:

Nunca a pobreza dos homens se viu num contraste mais

gritante com sua possível riqueza como nos dias de hoje,

nunca todas forças estiveram mais cruelmente algemadas

como nessas gerações onde as crianças passam fome e as

mãos do pai fabricam bombas (HORKHEIMER, 1990, p.77).

Alicerçado no princípio de ordem, o conhecimento científico moderno concebeu a

existência de uma completa ordenação do universo. De acordo com esse

pressuposto, seria possível conhecer os fenômenos físicos, naturais e sociais

através do uso da racionalidade. O princípio da separação aparece como um dos

grandes fundamentos da ciência moderna, tendo sido projetado por Descartes que

propôs como uma das regras do seu método "dividir cada uma das dificuldades

que examinasse em tantas parcelas quantas fosse possível e necessário para

melhor resolvê-las" (DESCARTES, 1999, p.23). Este princípio fundamentou a idéia

de que o progresso do conhecimento ocorreria na medida que os fenômenos

estudados fossem isolados e divididos em partes para que pudesse ser obtido o

verdadeiro conhecimento.

O princípio da separação, tão largamente difundida nos últimos séculos, trouxe

consigo diversos resultados. No século XIX, com o triunfo da ciência moderna,

houve a expansão considerável do conhecimento parcelar em distintas áreas,

gerado pelo desenvolvimento de inúmeras disciplinas. A proliferação de inúmeras

disciplinas, assentada na separação do ser humano/natureza, desdobrou-se na

divisão entre as ciências naturais e as ciências humanas. Segundo essa

perspectiva, hoje concebida como reducionista, as ciências naturais estudariam os

fenômenos físicos e biológicos e as ciências humanas estudariam os problemas

sociais e as questões culturais. Assim, através da compartimentação disciplinar

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perseguidora do isolamento dos problemas, a ciência moderna tornou-se incapaz

de conceber a interdependência existente entre os diversos fatores relacionados

aos variados fenômenos. Diante dessa situação, o avanço do conhecimento

compartimentado tem sido alvo de questionamentos, visto que

o século XX produziu avanços gigantescos em todas as

áreas do conhecimento científico, assim como em todos os

campos da técnica. Ao mesmo tempo produziu nova

cegueira para os problemas globais, fundamentais e

complexos, e esta cegueira gerou inúmeros erros e ilusões,

a começar por parte dos cientistas, técnicos e especialistas

(MORIN, 2000, p. 45).

O conhecimento moderno, estruturado sob o princípio da separação, apresentou,

como verdadeira, a crença na separação total entre o indivíduo conhecedor e a

realidade observada, ao mesmo tempo em que afirmava ser necessário o

isolamento do objeto a ser estudado em relação ao ambiente. A realidade se

colocava, segundo os postulados da ciência clássica, como algo completamente

independente do observador. Como nos lembra Boaventura de Souza Santos, a

dualidade estabelecida entre sujeito e objeto surgiu com a negação da

interferência dos valores humanos ou religiosos no processo de construção do

conhecimento (SANTOS, 1993, p.50).

Outro princípio, não menos importante, projetado pela ciência moderna, se refere

à crença na existência de uma causalidade linear na explicação dos mais variados

fenômenos. Os fenômenos, segundo esta concepção, passaram a ser explicados

a partir do encadeamento contínuo de causa e efeito. Ciosa pelo estabelecimento

de leis universais e buscando a perfeita reprodução dos fatos através da

experimentação, a ciência moderna elegeu a matemática como instrumento

privilegiado na análise dos fenômenos. Desprezando o valor dos aspectos

qualitativos, o pensamento moderno pretendeu construir um conhecimento

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objetivo através da divisão, da classificação e da quantificação, tornando

irrelevante para a ciência o que não é quantificável (SANTOS, 1993, p.15).

Partilhando da crítica aos pressupostos da ciência moderna, a filósofa Olgária

Matos destaca o reducionismo da razão cartesiana ao afirmar que ela prometeu

progresso e felicidade desconsiderando a importância da sensualidade, da

sensibilidade, do desejo e da paixão, erroneamente encarados como inimigos do

pensamento (MATOS, 1990, p. 284).

No que diz respeito à concepção acerca da natureza, a ciência moderna,

entusiasmada com a lógica mecanicista, concebia a natureza como uma máquina

que poderia ser desmontada peça por peça e conhecida por inteira. Ao eleger a

espécie humana como centro da evolução do universo, o pensamento científico

moderno afirmou a existência de uma completa separação entre o ser humano e

natureza. Identificando a espécie humana com o gênero masculino, essa ciência

configurou-se como uma ciência sexista, dado que

nas concepções dominantes das diferentes ciências, a

natureza é um mundo de homens organizado segundo

princípios socialmente construídos, ocidentais e masculinos,

como os da guerra, do individualismo, da concorrência, da

agressividade, da descontinuidade com o meio ambiente

(SANTOS, 2000, p.88).

No entanto hoje, momento em que são evidenciadas as insuficiências do

conhecimento moderno no enfrentamento dos graves problemas existentes,

progressivamente vão sendo geradas novas idéias que poderão possibilitar o

surgimento de novos caminhos civilizatórios para as diversas e multifacetadas

sociedades existentes em todo o planeta terra. A EMERGÊNCIA DE UM NOVO CONHECIMENTO CIENTÍFICO

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A crise dos pressupostos da ciência moderna começou a se manifestar nas

primeiras décadas dos séculos XX. A teoria da relatividade e da simultaneidade,

proposta por Albert Einstein, configurou-se como primeiro grande questionamento

aos postulados vigentes até então. Max Planck, ao comprovar a existência da

descontinuidade no âmbito da física, revolucionaria o seu conhecimento,

contribuindo para uma profunda mudança da visão de mundo. Werner

Heinserberg e Niels Bohr explicitaram as fragilidades do conhecimento científico

ao demonstrar que não é possível observar um objeto sem interferir nele. A física

quântica, surgida neste contexto a partir dos estudos de cientistas como Einstein,

Planck, Heinsenberg e Bohr, viria demonstrar que não podemos decompor o

mundo em unidades que existem de maneira independente em razão de "que as

partículas subatômicas não têm significado enquanto entidades isoladas, mas

podem ser entendidas como interconexões e correlações, entre vários processos

de observação e medida” (CAPRA, 1996, p. 41).

Este processo de questionamento dos pressupostos da ciência clássica ampliou-

se com Kurt Gödel. Gödel demonstrou que os fundamentos da matemática não

podiam ser provados em termos de consistência, evidenciando desta maneira que

“o rigor da matemática, carece ele próprio de fundamento” (SANTOS, 1993, p.25).

O físico-químico Ilya Prigogine, com a teoria das estruturas dissipativas, concluiu

que em sistemas abertos a evolução é explicada por flutuações de energia que

nunca são inteiramente previsíveis. A importância da teoria de Prigogine para uma

nova concepção de ciência é destacada por Boaventura Santos, quando afirma

que a partir dela teríamos:

Em vez da eternidade, a história; em vez do determinismo a

imprevisibilidade, em vez do mecanicismo, a

interpenetração, a espontaneidade e a auto-organização; em

vez da reversibilidade, a irreversibilidade e a evolução; em

vez da ordem a desordem; em vez da necessidade, a

criatividade e o acidente (SANTOS, 1993, p.29).

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Com a expansão qualitativa dos questionamentos aos postulados da ciência

moderna, empreendida por inúmeros cientistas espalhados pelas diversas partes

do planeta, o conhecimento passa a vivenciar um momento de transição

paradigmática. Este processo de transição não traz consigo a lógica da negação

completa dos fundamentos do conhecimento científico clássico, ele traz,

sobretudo, a necessidade do estabelecimento do diálogo com essa e outras

formas de conhecimento, para que possa emergir um conhecimento prudente para

uma vida decente, conforme sugere Boaventura de Souza Santos (SANTOS,

1993, p.37).

Um novo conhecimento científico, com múltiplos fundamentos1, está sendo forjado

dada a incapacidade da ciência moderna em propor soluções aos imensos

desafios do mundo atual. Um primeiro fundamento presente nessa nova

concepção de ciência se vincula à existência da incerteza no âmbito do

conhecimento e na dimensão da vida vivida. Se antes a ciência se colocava como

ente capaz de explicar os variados fenômenos, nas várias dimensões, hoje são

evidenciadas as limitações do pensamento científico que não comporta em si

apenas a acumulação de verdades. O conhecimento científico, segundo essa

nova compreensão, é falível e, sendo falível, carrega permanentemente a

possibilidade de ilusão e de erro. Assim, o conhecimento liberto da arrogância em

que esteve aprisionado, ao acreditar na existência de eternas certezas, se abre

para conceber a existência do aleatório, do inesperado e do acaso que se

manifestam cotidianamente na vida do seres vivos e do universo.

Enquanto a ciência moderna julgou ser possível chegar ao conhecimento através

da compartimentação, o novo conhecimento enfatiza a necessidade de se buscar

um saber que seja sistêmico e multidimensional, sem negar a importância de um

profundo conhecimento das partes. Essa nova compreensão, ao negar a oposição

1Partilhamos do entendimento esboçado por Boaventura de Souza Santos (2000, p.338) quando afirma que “o paradigma emergente é, na verdade, um conjunto de paradigmas que, muito provavelmente, carecem da coerência e da visão totalizante que caracteriza o paradigma da modernidade”.

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entre o universal e o concreto, o geral e o particular, associa o que está separado

e compartimentado, buscando apreender as interdependências existentes entre as

várias dimensões que compõem uma realidade. A relação entre o local e global

proposto pelo novo pensamento está explicitada na afirmação do pensador Blaise

Pascal:

Sendo todas as coisas causadas e causadoras, ajudadas e

ajudantes mediatas e imediatas, e sustentando-se todas por

um elo natural e insensível que une as mais distantes e as

mais diferentes, considero ser impossível conhecer as

partes sem conhecer o todo, tampouco conhecer o todo sem

conhecer particularmente as partes (PASCAL, 1976, apud

MORIN, 2000, p.37).

A busca do conhecimento, nesta nova visão, ao considerar a existência de

relações de interdependência entre o objeto e o seu ambiente, considera também

a existência de relações entre o observador e o objeto observado. Para esta

concepção, as diversas motivações do sujeito terminam por influenciar no estudo

e na pesquisa acerca dos mais variados fenômenos. Com essa entendimento, a

lógica linear da existência de causa e efeito é superada pelo conceito de

causalidade complexa que comporta causas mútuas e inter-relacionadas,

interferências, desvios e reorientações. Ao romper com a lógica fragmentadora da

ciência moderna, fundada nos isolamento e na separação, essa nova concepção

procura

romper com a separação das ciências entre aquelas que

estudam as pedras, as plantas e os animais, de um lado e

as outras que estudam os homens e seus produtos, do

outro, criando-se uma lógica que permita entender, justificar

e intervir na transformação das partes de um lado no que

compõe o outro (BUARQUE, 1994, p.78).

11

Esta nova visão traz consigo a concepção dialógica por preconizar a união entre

aspectos considerados antagônicos pela ciência moderna, que fora alicerçada em

"pares de opostos, auto excludentes de hierarquizantes". O pensamento dialógico,

propagado por Edgar Morin, como nos informa Ana Sánchez, concebe a

existência de relações complementares, convergentes e antagônicas entre uno e

múltiplo, separação e inseparabilidade, essencial e secundário, ordem e desordem

e natureza e cultura (SÁNCHEZ, 1999, pp.166 -178). A perspectiva dialógica

contribui, dessa maneira, para o descortinamento de uma nova racionalidade,

capaz de reconhecer e dialogar como o irracional que se manifesta no acaso, na

imaginação, no afeto, no sonho e no mito.

Essa razão aberta, como propõe Morin, é receptiva à comunicação e ao encontro

entre dimensões que foram julgadas irreconciliáveis pela ciência clássica. Ao

superar a racionalidade fechada presente no conhecimento moderno, o ser

humano deixa de ser o homo sapiens, para ser ao mesmo tempo sábio e louco,

trabalhador e lúdico, empírico e imaginário, prosaico e poético. Como exemplifica

esse grande humanista, o homo sapiens/demens, que é o ser humano, não vive

só de racionalidade e de técnica; ele se desgasta, se entrega, se dedica a dança,

transes, mitos magias, ritos (MORIN, 2000, p.58).

O novo conhecimento científico, que está emergindo nesse momento, ao ser

concebido não como a única forma de conhecimento válido, busca comunicar-se

com a filosofia e com arte, visto que inexistem fronteiras intransponíveis entre os

seus saberes. Daí porque a perspectiva de construção inter e transdisciplinar do

conhecimento se coloca como uma dos desdobramentos desta nova concepção

que está sendo descortinada nos meios científicos. A inter e a

transdisciplinaridade aparecem não para decretar a morte das disciplinas, mas

para preencher as enormes lacunas geradas e reproduzidas pelo conhecimento

parcelar.Como destaca o humanista sem fronteiras, Edgar Morin, um dos

principais expoentes desse processo de transição paradigmática:

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Conhecer é negociar, trabalhar, discutir, debater-se com o

desconhecido que se reconstitui incessantemente, porque

toda solução produz nova questão"( MORIN, 1996, p. 104).

SUSTENTABILIDADE: DESAFIO PARA UM MUNDO EM TRANSIÇÃO As incertezas do tempo presente, refletidas tanto no plano epistemológico quanto

na realidade cotidiana, requerem a superação de duas grandes idéias conflitantes,

difundidas nas sociedades ocidentais. De um lado, a idéia pessimista projetada

por aqueles que acreditam que no curto espaço de tempo haverá uma

generalizada e irreversível destruição do planeta Terra. Do outro, o otimismo de

muitos que acreditam que os avanços tecnológicos e científicos serão capazes de

criar alternativas viáveis para garantia do equilíbrio ecológico, necessário à

sobrevivência da espécie humana.

Neste contexto de múltiplas incertezas e de transição paradigmática, vivenciada

na esfera do conhecimento, emerge o conceito de Desenvolvimento Sustentável

como crítica aos males derivados da sociedade industrial, cuja origem e evolução

ocorreram concomitantemente à propagação da ciência moderna. Para refletirmos

acerca das potencialidades transformadoras existentes neste conceito,

possibilitador do descortinamento de uma utopia realista2 , precisamos reconhecer

os múltiplos problemas que afetam diretamente a vida no planeta Terra. Estes

problemas não afetam um local ou uma sociedade específica, atingem toda a

2 Apreendemos o conceito esboçado por Boaventura de Sousa Santos que no final do século XX afirmou: “A única utopia realista é a utopia ecológica e democrática”. Segundo ele, essa utopia “ é realista, porque assenta num princípio de realidade que é crescentemente partilhado(...) Este princípio de realidade consiste na contradição crescente entre o ecossistema do planeta terra, que é finito, e a acumulação de capital que é tendencialmente infinita. Por outro lado, a utopia ecológica é utópica porque a sua realização pressupõe a transformação global, não só dos modos de produção, mas também do conhecimento científico, dos quadros da vida, das formas de sociabilidade e dos universos simbólicos e pressupõe, acima de tudo, uma nova relação paradigmática com a natureza que substitua a relação paradigmática moderna. É democrática porque a transformação que aspira pressupõe a repolitização da realidade e o exercício radical da cidadania individual e coletiva, incluindo nela a carta dos direitos humanos e da natureza”. (SANTOS, 1999, p.p 43/44).

13

Terra, com maior ou menor intensidade, dada a sua magnitude e

interdependência.

A economia mundial mercantilizada é um dos grandes problemas do tempo

presente. A mercantilização, ainda que tenha trazido significativas melhorias

materiais, trouxe imensos problemas, em razão da inexistência de imperativos

éticos e de regulamentos que tivessem como meta subordinar a lógica do

mercado à necessidade da construção de uma convivência planetária capaz de

atender ao bem-estar de todos os seres humanos com o indispensável equilíbrio

ecológico. Assim, assentada na constante perseguição do crescimento

econômico, que desde o século XIX tem sido o motor da economia mundial, a

mercantilização tem avançado. Resultante desse processo, temos um planeta

onde a riqueza material de poucos contrasta com a extrema pobreza de 2/3 da

população e com a agressiva destruição ambiental, visto que

25% da população do mundo consome 75% dos recursos

naturais do planeta e, no caso de alguns recursos como o

petróleo, a desigualdade é ainda maior: o consumo de um

norte americano em média é quinze vezes maior do que o

de um habitante da Índia (...) O patrimônio das 359 pessoas

mais ricas do mundo é igual à renda dos 2.4 bilhões das

pessoas mais pobres, que representam quase 40% da raça

humana (UNESCO, 1999, p.25).

Outro problema planetário é o desregramento demográfico mundial. Em 1800

havia 1 bilhão de humanos, hoje há 6 bilhões e prevê-se que em 2.050 haverá 10

bilhões. O vertiginoso crescimento populacional ocorrido nos últimos dois séculos

apresenta-se como um dos fatores de degradação do meio ambiente. A gravidade

da situação aumenta quando se constata que a explosão demográfica ocorreu

num ritmo acelerado justamente em regiões do mundo possuidoras de recursos

bastante limitados para o enfrentamento desse grande desafio. Como exemplifica

14

o documento da UNESCO, que reflete sobre a necessidade da construção de uma

educação para um futuro sustentável:

Calcula-se que, entre 1990 e 1995, 94% do crescimento

total da população ocorreu nas regiões menos

desenvolvidas, enquanto que nas zonas desenvolvidas

representou apenas 6%. Apesar das taxas de fecundidade

estarem diminuindo nas principais regiões do mundo como

resultado do maior acesso à educação, a serviços de saúde

e sociais - em particular, no caso das mulheres - prevê se

que o rápido crescimento da população continuará ainda em

boa parte do século XXI (UNESCO, 1999, p.24).

A crise ecológica aparece como um outro grande problema da humanidade nesse

início do terceiro milênio. No final do século XX, anos 80, como nos informa Edgar

Morin e Anne Brigitte Kern, ocorreram catástrofes locais com grandes

conseqüências: "Seveso, Bophal, Three Mile Island, Chernobyl, seca do mar de

Aral, poluição do lago Baikal, cidades no limite da asfixia”. Nos países

industrializados ocorreram contaminação das águas, envenenamento dos solos

pelo uso intensivo de pesticidas e fertilizantes, chuvas ácidas, dentre outros

problemas ambientais. No países não industrializados ocorreram desertificação,

deflorestação, erosão e salinização dos solos, inundações e intensa urbanização

de grandes cidades. Globalmente houve a ampliação de vários problemas, como o

aumento das emissões de CO2, que resultou na intensificação do efeito estufa, e

as agressões da camada de ozônio (MORIN & KERN, 1994, p. 56).

Num contexto marcado por inúmeros problemas que interagem mutuamente, as

soluções propostas por modelos de desenvolvimento que foram fundamentados

pelas análises teóricas advindas do conhecimento moderno são insatisfatórias,

porque:

15

Diante desse quadro, teríamos que demonstrar sensibilidade

para a noção de limites, iniciar ações adaptativas, dar início

a políticas de investimento específico, condutoras de

processo de desconcentração das cidades, mudar o nosso

estilo de vida, acelerar a pesquisa para a descoberta de

novas formas de energia, alterar o consumismo

desorientado, acima de tudo o estilo educativo

compactamente especializante, responsável pela falta de

compreensão da vida como um todo, da história, da

sociedade (MELLO E SOUZA, 1999, p. 230).

Os inter-relacionados problemas existentes no tempo presente requerem novas

abordagens que sejam capazes de transcender às idéias geradas no interior da

ciência moderna. Tanto as perspectivas apontadas pela concepção liberal, quanto

as perspectivas apontadas pela teoria marxista apresentam-se com insuficiências

na formulação de alternativas que possam superar com radicalidade os problemas

resultantes da lógica reducionista do mundo industrial.

O liberalismo e o marxismo, para além da suas diferenças, possuem

convergências por serem herdeiros legítimos dos pressupostos teóricos advindos

da ciência moderna. Ambos foram gestados e se desenvolveram no interior da

modernidade ocidental. Tanto marxistas quanto liberais dão ênfase à necessidade

da construção de um desenvolvimento fundado no aumento da riqueza material.

Ambos fazem apologia do industrialismo, preocupando-se muito pouco com as

deformações psicossociais e com os danos ecológicos causados.

A idéia de progresso como sinônimo de avanço tecnológico, expansão da ciência,

industrialização e domínio da natureza é propagada largamente tanto por

marxistas, quanto pelos liberais. Movidos por inúmeras certezas, o marxismo e o

liberalismo, cada um ao seu modo, apresentaram confiantes idéias utópicas de

futuro. O marxismo, ao assumir o determinismo enquanto perspectiva histórica,

16

amplamente propagado na experiência estalinista, apostou na possibilidade da

construção racionalizada de uma sociedade perfeita, que seria o comunismo,

através da ação de um sujeito histórico determinado, o proletariado. O liberalismo,

preconizando uma organização social fundada nos princípio da livre-concorrência,

acreditou que seria possível a construção de um futuro de abundância material e

bem-estar coletivo com a transformação do ser humano em um potencial

consumidor.

O enfrentamento dos enormes problemas ora existentes exige rupturas com

diversos pressupostos existentes no interior destas concepções teóricas, oriundas

de uma mesma vertente paradigmática. Hoje, num contexto de transição marcado

pelo fim das certezas, pode-se afirmar que "a utopia está livre para ser imaginada

livremente" (BUARQUE, 1994, p.67). Daí porque repensar a perspectiva de

desenvolvimento é uma tarefa urgente para a sociedade planetária, pois a

"renúncia ao melhor dos mundos não é de maneira alguma, a renúncia a um

mundo melhor" (MORIN, 2000, p. 92).

Inserido no contexto da transição paradigmática, o conceito de sustentabilidade

tanto pode potencializar a crítica ao conhecimento moderno e aos valores

predominantes nas sociedades que vivem sob a égide da modernidade ocidental,

quanto pode contribuir para que esse conhecimento e essa sociedade sobrevivam

sem que ocorram substantivas transformações. É preciso, pois, qualificar o

conceito de sustentabilidade, ampliando a perspectiva de superação do primado

da modernidade tecno-científica, tendo como referência primeira a compreensão

de que "o verdadeiro desenvolvimento é o desenvolvimento humano" (MORIN &

KERN, p.84).

O conceito de sustentabilidade sugere a necessidade de superação do

antropocentrismo presente na ciência moderna que terminou elegendo a espécie

humana como centro do universo. A visão cosmocêntrica aparece como um valor

mais apropriado ao tempo presente e à idéia de sustentabilidade, porque através

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da sua introjeção o ser humano passa a ser concebido como parte do universo e o

universo como parte do ser humano. Se, no paradigma que hoje se encontra em

crise, a espécie humana era reduzida ao gênero masculino, o que resultou numa

grande dominação por parte do homem, o paradigma no qual a sustentabilidade

deve assentar-se projeta uma convivência estruturada a partir da dualidade

complementar dos gêneros masculino e feminino.

Um aspecto fundamental, expresso no conceito de sustentabilidade, se vincula à

necessidade de superação da ética imediatista, individualista e consumista,

privilegiadora do atendimento das necessidades das gerações atuais, sem que

seja pensado o das gerações futuras. A ética intra e intergeracional, contida no

conceito de sustentabilidade, se coloca como algo revolucionário por propor que o

usufruto dos bens materiais por parte das gerações atuais deva ser condicionado

à garantia do direito às gerações futuras.

O conceito de sustentabilidade indica a necessidade da aposta na prática

democrática e dialógica no mundo da política. Os regimes baseados na

representação política e os governos fortemente centralizados demonstraram, ao

longo dos últimos dois séculos, incapacidade no enfrentamento dos múltiplos

problemas, devido ao caráter fragmentado da ação política que tem causado

"apatia e abstencionismo", em amplos segmentos sociais nos diversos países,

como elucida Boaventura Santos ao refletir sobre as perplexidades do mundo

atual (SANTOS, 1999, p. 21).

A perspectiva da construção do Desenvolvimento Sustentável traz consigo a

busca da superação dessa realidade, em que a voz de técnicos e peritos tem

mais força do que a vontade coletiva. O caminho da sustentabilidade possibilita

pensar em múltiplas formas de democracia, capazes de combinar democracia

representativa com democracia direta no interior das diversas sociedades, cujos

fundamentos estejam alicerçados na efetiva democratização das micro-relações

pessoa/pessoa e na busca da edificação da democracia planetária.

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Se o desenvolvimento ocorrido durante a modernidade assentou-se na projeção

do hegemonismo cultural etnocêntrico sufocador das singularidades culturais, o

conceito de sustentabilidade deve fundamentar-se numa perspectiva que respeite

a diversidade cultural de cada povo e que prime pela convivência solidária dentre

todos os povos, porque uma nova sociedade planetária não pode basear-se

no modelo de homem hegemônico de homem branco,

adulto, técnico, ocidental; deve, pelo contrário revelar e

despertar fermentos civilizacionais femininos, juvenis,

adultos multi-éticos, multiculturais (MORIN & KERN, 1994,

p.97).

Enfim, sendo o verdadeiro desenvolvimento o desenvolvimento humano, o

conceito de sustentabilidade deve conceber as inter-relações existentes entre as

dimensões sociais, éticas, políticas, econômicas e espirituais na busca da

construção de uma convivência planetária potencializadora da inteireza do ser.

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ABSTRACT In the complex present time, in which multiple and interrelated problems show the existence of an ill-formed state created by Western Modernity, there emerges the concept of sustainable development. This concept opportunely presents itself as a realistic utopia that is able to make possible the interjection of a grounded ethic in solidarity with present and future generations, which makes concrete the every day commitment to life’s preservation.

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