responsabilidade social empresarial: estudo do caso de ... · analisem seu desempenho...

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1 NILMA APARECIDA RIBEIRO PALOMA CORREIA DE CARVALHO RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: ESTUDO DO CASO DE PARCERIA ENTRE A SUZANO PETROQUÍMICA S/A E A COOPMARC Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais nos Processos Produtivos da Universidade Federal da Bahia. ORIENTADOR: Prfª Drª Márcia Mara de Oliveira Marinho Salvador 2006

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NILMA APARECIDA RIBEIRO

PALOMA CORREIA DE CARVALHO

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: ESTUDO DO CASO DE PARCERIA ENTRE A SUZANO

PETROQUÍMICA S/A E A COOPMARC

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais nos Processos Produtivos da Universidade Federal da Bahia.

ORIENTADOR: Prfª Drª Márcia Mara de Oliveira Marinho

Salvador 2006

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Onde há uma vontade há um meio. Napoleão Bonaparte (1760-1821)

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AGRADECIMENTOS

À Suzano Petroquímica S/A pela bolsa concedida à aluna Nilma Ribeiro para realização deste curso de especialização e pelas informações cedidas para elaboração deste trabalho. Aos nossos familiares por encherem as nossas vidas de alegria e por compreenderem os momentos em que estivemos aflitas com a possibilidade do não atendimento dos prazos para a entrega da monografia... Amamos Vocês. Aos nossos amigos pela força, paciência e cobrança para finalização de mais esta etapa nas nossas vidas. Sei que vocês não aguentavam mais... À nossa orientadora, professora Dra. Márcia Marinho, pelo aprendizado que nos proporcionou, pela compreensão com os nossos prazos e pelas valiosas considerações feitas ao trabalho. Nosso muito obrigado! À Alessandra Argolo pelo auxílio na formatação deste documento. Valeu pela noite perdida. À Manoela da Silva pelos finais de semana dedicados à revisão ortográfica e por nos ensinar que mesmo quando as idéias se esgotam ainda existe uma forma melhor de expressar aquilo que queremos dizer. Ao coordenador do Programa de Pós-graduação em Produção Limpa, Prof. Dr. Asher Kiperstok, pela contribuição dada à nossa formação profissional e pelo exemplo de competência e dedicação à causa ambiental. À Mariano pelo apoio nas horas de extrema necessidade. Valeu! À Eliana, secretária do Programa de Pós-Graduação em Produção Limpa, pela simpatia e disposição nas inúmeras vezes que nos ajudou a remarcar as reuniões com Márcia e a prorrogar os prazos de entrega. Valeu de verdade! À COOPMARC, na figura de Glória, pelos dados e informações sobre o projeto. Aos nossos colegas de especialização da turma 2004, em especial: Gilson, Waltencir e Elmo pela agradável convivência. À todos aqueles que, direta ou indiretamente, colaboraram para a realização deste trabalho. O NOSSO MUITO OBRIGADO!

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RESUMO

Cada vez mais o tema de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) vem crescendo dentro das organizações, porém é necessário que as iniciativas socioambientais façam parte de um programa estruturado e que estejam alinhadas com as diretrizes das companhias. Este trabalho teve como proposta avaliar o alinhamento do Projeto de Parceria estabelecido entre a Suzano Petroquímica S/A e a COOPMARC com o Programa de Atuação Social da empresa, analisando o significado da iniciativa e os resultados obtidos para a Suzano e a sociedade sob a ótica de RSE. Realizou-se um levantamento documental, pesquisa de casos de sucesso na área de RSE, entrevista com funcionários e cooperados, coleta de dados secundários registrados em vídeos e revistas e observações no local para a construção do modelo de análise a ser utilizado neste trabalho. Foi possível perceber que mesmo a iniciativa de construção do programa tendo partido do CRA, existe alinhamento entre as diretrizes do programa proposto pelo CRA e a política de atuação da Suzano. Identificaram-se oportunidades de melhoria quanto à adequação aos critérios de “Envolvimento dos funcionários da empresa nos projetos” e “Estrutura da organização quanto ao gerenciamento de projetos de RSE”. Palavras-chaves: Responsabilidade Social Empresarial; iniciativas socioambientais.

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ABSTRACT

More and more there has been a growing interest in the theme of Corporate Social Responsibility (CSR) within organizations. However, it is necessary that initiatives of such nature be aligned with the company’s directives. This work aimed to evaluate the alignment of the partnership project established between the company Suzano Petroquímica S/A and the co-operative association COOPMARC with Suzano’s Social Responsibility program, taking into account the importance of the initiative and the outcome of the actions undertaken. In order to build the analysis model used in this work a documental survey, the study of successful cases, secondary data obtained from videos and magazines, on-the-spot observations and interviews with the company’s employees and cooperative worker-owners were conducted. In the course of this work it was possible to notice that even though the program was not launched by Suzano, but by the Environmental Resource Center (CRA), there is an alignment between the program directives and Suzano’s socio-environmental policy. Nevertheless opportunities for improvement were identified regarding the participation of the company’s employees in the project and the organizational structure needed for the management of CSR projects. Key words: Corporate Social Responsibility (CSR); Socio-environmental initiatives.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema metodológico da monografia 19

Figura 2 - Tripé da Sustentabilidade Empresarial 24

Figura 3 - Evolução da Suzano na Busca pela Excelência 49

Figura 4 - Fluxograma operacional da COOPMARC 53

Figura 5 - Sede atual da COOPMARC 54

Figura 6 - Treinamento sobre Resíduos Sólidos realizado pelo CRA para os cooperados 57

Figura 7 - Utilização de EPI após treinamento de segurança 58

Figura 8 - Demonstrativo da produção de material separado vendido pela cooperativa antes e durante a vigência do Programa 60

Figura 9 - Percentuais de reciclagem segundo informações prestadas ao IBGE pelos estados 65

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Exemplos de iniciativas de algumas empresas do Brasil no campo de RSE 36

Quadro 2 - Resumo dos critérios de avaliação do projeto 46

Quadro 3 - Ações sociais da Suzano Petroquímica S/A – Unidade de PP nos últimos anos 52

Quadro 4 - Ações para implantação de melhorias na gestão da COOPMARC (Jul/05) 55

Quadro 5 - Atendimento aos critérios de avaliação do projeto 73

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 9

1.1 CONTEXTO 9

1.2 LIMITES DO TRABALHO 13

1.3 PROBLEMA DE PESQUISA 13

1.4 OBJETIVOS 14

1.5 JUSTIFICATIVAS 15

1.6 METODOLOGIA 19

1.7 ESTRUTURA 21

2. RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL 23

2.1 DIVERSOS CONCEITOS SOBRE O TEMA 23

2.2 CONSTRUÇÃO DO MODELO DE ANÁLISE 35

3. PROGRAMA PARCEIROS DO MEIO AMBIENTE 47

3.1 APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA 47 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA 48 3.3 APRESENTAÇÃO DA COOPMARC 53 3.4 APRESENTAÇÃO DO PROJETO EM PARCERIA COM A COOPMARC 54 3.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DO PROJETO 62

4. CONCLUSOES 74

5. SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS 74

REFERÊNCIAS 75

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1. INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTO

A questão socioambiental no âmbito das organizações é um tema recente que

passou a integrar com freqüência o discurso do empresariado no Brasil. Até pouco

tempo, um grande número de organizações privadas com fins lucrativos defendia a

teoria de que a implementação de ações sociais era de responsabilidade de outros

segmentos da sociedade, das agências de governo e, em particular, das

organizações religiosas. Estas empresas apoiavam a Doutrina do Interesse do

Acionista (MAXIMIANO, 2000) a qual prega que as obrigações de uma empresa são

primordialmente para com seus acionistas. Essa corrente tem como principal

formulador Milton Friedmam, economista da Universidade de Chicago. Para ele, a

questão é maximizar o lucro dos acionistas, sendo que o princípio que norteia a

tomada das decisões nos negócios é a escolha de alternativas que tragam um maior

rendimento, pois é no “fazer dinheiro” que as empresas devem concentrar seus

esforços, cabendo a promoção do bem estar e a resolução dos problemas sociais ao

governo ou a outras pessoas neles interessados. Neste contexto, muitas empresas

assumiram um papel voltado exclusivamente para o seu desempenho financeiro,

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onde o objetivo essencial passou a ser atuar no limite da conformidade legal e gerar

maior lucratividade para acionistas ou proprietários.

O alargamento das desigualdades sociais, a pressão dos diversos atores da

sociedade, a degradação ambiental resultante da imposição do crescimento da

economia e a própria redefinição da estrutura de governo e conseqüente redução

das funções do Estado, são fatores que vem contribuindo para que as empresas

analisem seu desempenho socioambiental e identifiquem formas de encarar essa

nova realidade, passando a assumir responsabilidades que transcendem as exigidas

por leis e regulamentos.

Os desafios impostos às empresas resultantes dos seus impactos sociais e

ambientais anunciam claramente uma era com maior ênfase à responsabilização. O

próprio Guia Corporativo sobre as tendências de Responsabilidade Ambiental, Social

e Econômica emitido pela SustaintAbilty e Swiss Re apresenta evidências de que as

empresas estão operando num ambiente mais desafiador, onde os riscos de uma

ação legal contra elas são maiores e onde, mesmo que as empresas evitem

julgamentos em tribunais reais, a sociedade pode fazê-las enfrentar o julgamento da

opinião pública, podendo resultar no enfraquecimento da imagem da empresa e, a

depender do potencial do dano, levar a conseqüências mais graves como a perda de

fatias importantes do mercado e, até mesmo, a falência.

Neste contexto surge a Doutrina da Responsabilidade Social, inicialmente com

um cunho meramente paternalista da ação das empresas para com seus

funcionários e clientes. Com a evolução do conceito, esta doutrina ultrapassou o

caráter de paternalismo empresarial e passou a englobar não só a responsabilidade

perante seus clientes e funcionários, mas sim com toda a sociedade, pregando que,

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já que as empresas utilizam recursos da sociedade, elas têm o dever de retribuí-los

em forma de bem-estar social, contribuindo com parte de seus lucros para que isto

aconteça.

Hoje há, portanto, um esforço no sentido de dar organicidade à efetiva

responsabilização social das empresas, fazendo com que as mesmas passem a

assumir responsabilidades que vão além do simples cumprimento de suas

obrigações legais. Desde o início dos anos noventa, as empresas da Europa

concordam que é sua responsabilidade a educação continuada, a igualdade de

oportunidades, a inclusão social e o desenvolvimento sustentado (CRS EUROPE,

1996). Em todo o mundo, estão ocorrendo movimentos e campanhas neste sentido.

É possível perceber que as organizações estão se instituindo com este propósito.

Existem, inclusive, declarações internacionais de orientação estratégica das

empresas para a inclusão de diretrizes sobre responsabilização social em seus

planos de negócios (THIRY-CHERQUES, 2003).

No entanto, como é de se esperar, muitas organizações ainda resistem a essa

mudança. Ninguém, livremente, anseia por assumir encargos, muito menos as

companhias, preocupadas que estão em sobreviver em ambiente econômico e

administrativo cada vez mais complexo e competitivo. No entanto, na medida em

que as empresas consideradas socialmente responsáveis vêm obtendo um retorno

maior quando comparadas com as demais empresas do mesmo setor, as

resistências vão, pouco a pouco, diminuindo.

De acordo com Goldberg (2001), empresas que buscam o sucesso econômico

sustentável procuram adotar um comportamento socialmente responsável, uma vez

que a realização de investimentos em projetos sociais e ambientais que visam

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contribuir para melhorar as condições sócio-econômicas das comunidades onde

estão inseridas reforça sua imagem institucional perante a sociedade. A principal

justificativa reside no campo da estratégia dos negócios: a crença de que, no mundo

de hoje, a Responsabilidade Social Empresarial tornou-se uma vantagem

competitiva.

De acordo com João Furtado (2001), no entanto, a adoção de uma Política de

Responsabilidade Social não visa primordialmente metas ou ganhos financeiros,

como negócio. Todavia, não há como ignorar o fato de que tais organizações

tendem a ter o seu valor de mercado aumentado, em função de ganhos em

qualidade institucional, reputação, satisfação de empregados, familiares, clientes,

consumidores, fornecedores e tantas outras partes interessadas. Sem falar em

outros ganhos como: redução da carga tributária, maior sucesso comercial,

acréscimo no valor dos bens e recursos, parceiros mais leais, maior capacidade de

recuperação da organização frente a adversidades e maior identidade e eficiência

organizacional.

Independente de o fator motivador ser de ordem exclusivamente econômica ou

não, várias empresas vêm adotando um comportamento socialmente responsável.

Mas essas iniciativas são avaliadas sob a ótica da Responsabilidade Social

Empresarial? Fazem parte de um programa estruturado de atuação social? São

avaliadas quanto aos resultados obtidos para a empresa e sociedade?

Para estudar essas questões foi escolhida uma iniciativa socioambiental da

Suzano Petroquímica S/A em parceria com a COOPMARC. Nesse trabalho o termo

Responsabilidade Social Empresarial é olhado pelo prisma da Sustentabilidade que

abrange os três pilares econômico-financeiro, ambiental e social.

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1.2 LIMITES DO TRABALHO

A Suzano Petroquímica S/A é líder latino-americana na produção de resinas de

polipropileno e a segunda maior produtora de resinas termoplásticas no Brasil. No

negócio de polipropileno, possui três unidades fabris situadas em Camaçari - BA,

Duque de Caxias - RJ e Mauá - SP.

A Suzano Petroquímica – Unidade de PP possui vários programas e iniciativas

na área socioambiental. Dentre todos os programas implementados pela empresa, o

projeto de parceria entre o site de Camaçari da Suzano Petroquímica S/A e a

COOPMARC foi escolhido como objeto de pesquisa do presente trabalho.

A análise do projeto de parceria entre a Suzano Petroquímica S/A e a

COOPMARC se concentrou no período de Junho/2004 a Julho/2005, porém em

situações específicas foi necessário coletar dados anteriores a esse período. A

maior parte das informações foi obtida na Unidade de Camaçari, entretanto, em

alguns momentos foi necessário recorrer à área corporativa de Comunicação &

Marketing, responsável pelo tema de Atuação Social na empresa, para obtenção de

informações sobre as diretrizes e programas da Suzano.

1.3 PROBLEMA DE PESQUISA

Este trabalho se propõe a avaliar o projeto de parceria entre a Suzano e a

COOPMARC com o intuito de identificar se este foi concebido dentro do programa

de Atuação Social da empresa, podendo contribuir para o aprendizado

organizacional no que tange a Responsabilidade Social Empresarial. Além de avaliar

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os resultados encontrados tanto para a Suzano Petroquímica S/A quanto para a

COOPMARC. Diante do exposto, identifica-se o seguinte problema de pesquisa:

Até que ponto o Projeto de parceria da Suzano Petroquímica com a

COOPMARC, elaborado dentro do Programa Parceiros do Meio Ambiente do

Centro de Recursos Ambientais (CRA), está alinhado ao Programa de Atuação

Social da empresa e quais foram os resultados encontrados para a Suzano e

COOPMARC?

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o alinhamento do Projeto de Parceria entre a Suzano Petroquímica S/A e

a COOPMARC com o Programa de Atuação Social da empresa, analisando o

significado da iniciativa e os resultados obtidos para a Suzano e sociedade sob a

ótica de RSE.

1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Analisar, do ponto de vista teórico, o tema Responsabilidade Social Empresarial.

Analisar a concepção e os resultados do projeto Parceiros do Meio Ambiente –

“Adote uma pequena empresa na área ambiental” – e o que este representa para

o programa de Responsabilidade Social Empresarial da empresa.

Identificar pontos chaves na estrutura da organização para garantir a

sustentabilidade de projetos desta natureza.

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Identificar os resultados do programa para o aprendizado organizacional.

Propor elementos para aprimorar a implementação da Responsabilidade Social

Empresarial na Suzano Petroquímica S/A.

1.5 JUSTIFICATIVA

A atuação mais efetiva das partes interessadas (ou seja, comunidade,

fornecedores, funcionários, clientes, acionistas e governo), aliada ao sentimento

vigente de que o Estado, sozinho, não consegue dar conta de todas as suas

obrigações na área socioambiental, vêm provocando mudanças significativas na

atuação das organizações. Como parte integrante da sociedade, as empresas vêm

ao longo do tempo compreendendo que o seu papel transcende a geração de

riquezas e de empregos - elas têm uma Responsabilidade Social Empresarial.

De acordo com os Critérios de Excelência da FPNQ (2005), as organizações com

nível de desempenho de “Classe Mundial” são aquelas destacadas pela excelência

da gestão de suas práticas e resultados e que, em se tratando de todas as partes

interessadas, são socialmente responsáveis. Para serem competitivas e alcançarem

o status de “Classe Mundial”, as empresas precisam investir em “capital social”

(pessoas, conhecimento, cultura, meio ambiente, instituições, etc.) e assim, estarem

aptas a ingressarem num ciclo de maior criatividade, inovação, competitividade,

criação de valor agregado, sustentabilidade e geração de riqueza com equidade

social.

Para Goldberg (2001), a Responsabilidade Socioambiental das organizações

está pautada em duas premissas básicas: que a atividade empresarial deve gerar

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valor para todos e que o desafio da economia global sustentada – uma economia

que o planeta e a sociedade são capazes de suportar indefinidamente – é possível.

Neste contexto, surge o conceito de voluntariado empresarial como sendo um

conjunto de ações realizadas por empresas para incentivar e apoiar o envolvimento

dos seus funcionários em atividades voluntárias na comunidade. Um programa de

voluntariado empresarial, por sua vez, é o aglomerado de ações orquestradas e

sistemáticas que uma empresa realiza com a finalidade de dar suporte ao

voluntariado empresarial e tornou-se uma das formas mais utilizadas para o

desenvolvimento da Responsabilidade Socioambiental das empresas. Á medida que

as empresas escolhem depositar esforços além da tradicional doação de recursos, o

voluntariado empresarial cada vez mais tem se consolidado como uma rota

estratégica que traz ganhos para a empresa, a comunidade e os funcionários. No

que tange o social, permite reduzir problemas que aflijam verdadeiramente a

comunidade, resultando em melhorias no meio ambiente e na qualidade de vida,

ajudando a construir uma sociedade mais saudável. No âmbito dos negócios,

programas de voluntariado empresarial auxiliam no desenvolvimento de habilidades

e competências pessoais e profissionais, promovem a lealdade e a satisfação com o

trabalho, e ajudam a atrair e a reter funcionários qualificados. Também podem

contribuir para que a empresa promova a sua marca ou melhore a reputação dos

seus produtos.

Em seu artigo “Cidadania organizacional: um caminho de desenvolvimento”,

Rosa Maria Fischer situa claramente o valor que o estímulo ao voluntariado

empresarial agrega ao clima organizacional, segundo a autora, “É inegável que a

participação dos colaboradores nos projetos sociais da empresa leva a uma

energização do ambiente interno, o que é extremamente eficaz enquanto forma de

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desenvolver pessoas e gerar conhecimentos” (FISCHER, 2001 apud GOLDBERG,

2001, p. 32). Sua tese é de que um programa de voluntariado empresarial encontra

enorme sintonia com gestão de pessoas porque abre novas e eficazes alternativas

de desenvolvimento pessoal, na linha do que se chama de educação corporativa. “A

educação corporativa vai muito além de ensinar técnicas pontualmente aos

funcionários. Ela é uma proposta de formação mais integral do indivíduo, engloba a

possibilidade de continuidade do estudo e pode representar uma alavancagem

social capaz de mudar um país”, defende a especialista (FISCHER, 2001 apud

GOLDBERG, 2001, p. 33).

Somando-se a isto, o voluntariado empresarial sob a perspectiva de

Responsabilidade Socioambiental pode atingir positivamente toda a cadeia produtiva

do negócio. Uma visão de parceria entre empresas, especialmente entre grandes e

pequenas, transforma de forma positiva às relações de fornecedores e clientes. Para

Alli e Sauaya (2004), os temas Valores e Transparência, Público Interno, Meio

Ambiente, Fornecedores, Consumidores e Clientes, Comunidade, Governo e

Sociedade adotados pelo Instituto ETHOS para avaliar as práticas de

responsabilidade social das empresas, podem ser incorporados a esse

relacionamento. O objetivo é diminuir riscos e obter ganhos tais como: a)

transferência de tecnologias de gestão para seus micro-parceiros, afinal empresas

bem assessoradas produzem mais e melhor, e contribuem para o estabelecimento

de uma relação ganha-ganha entre os envolvidos; b) redução dos custos de

implementação de projetos comunitários pela atuação conjunta; c) garantia do

descarte seguro de resíduos estendido a todos os que atuam na cadeia produtiva

em que a empresa está inserida; d) promoção do uso racional de insumos como

energia elétrica, água potável e matérias-primas; e) implantação de programas de

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reciclagem de materiais e aproveitamento de sobras de produção de modo

articulado entre grandes empresas e seus pequenos parceiros.

O estudo de caso proposto nesta pesquisa está relacionado justamente ao último

item citado no parágrafo anterior, ou seja, o ganho resultante da parceria

estabelecida entre grandes e micro-empresas, neste caso a Suzano Petroquímica

S/A e a COOPMARC, para o aproveitamento de resíduos recicláveis. Um projeto

desta natureza extrapola os muros da empresa, contribuindo para o

desenvolvimento de pequenos empreendimentos pelas comunidades na quais as

empresas estão inseridas. Além disso, atividades envolvendo coleta seletiva de lixo,

reciclagem e reuso de materiais abrem oportunidades de negócio, disseminam a

educação ambiental e estimulam a organização da sociedade para evitar o

desperdício e a degradação ambiental, bem como promovem uma maior inclusão

social.

Entretanto, é fundamental que iniciativas desse tipo sejam elaboradas a partir de

um programa estruturado de Responsabilidade Social Empresarial. Não se pode

confundir ações de caráter meramente filantrópico com ações de RSE. Iniciativas

isoladas, sem a realização de um diagnóstico prévio das deficiências da

comunidade, não trazem benefícios reais e duradouros, já que não contribuem para

a sua auto-sustentabilidade.

A proposta deste trabalho, portanto, é avaliar se o projeto de parceria Suzano /

COOPMARC está alinhado aos conceitos de Responsabilidade Social Empresarial e

ao Programa de Atuação Social da empresa. Estudos como este pode contribuir não

só para o aprendizado organizacional da Suzano no que se refere à RSE, mas

também contribui para um melhor entendimento do que venha ser uma efetiva

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iniciativa na área socioambiental ao realizar uma análise detalhada deste projeto sob

a ótica de RSE.

1.6 METODOLOGIA

A escolha da estratégia metodológica utilizada neste projeto levou em conta o

tempo, os recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis para a sua

efetivação. A Figura 1 mostra os estágios percorridos para a realização deste

trabalho:

Figura 1 – Esquema metodológico da monografia

No primeiro momento, a pesquisa teve um caráter exploratório. Foram utilizados

dados secundários (livros, artigos publicados sobre RSE, dissertações e teses de

Pesquisa Bibliográfica sobre o

tema RSE

Pesquisa documental sobre a

Suzano e COOPMARC

Pesquisa sobre projetos bem

sucedidos na área de RSE no Brasil

Construção do modelo de análise a ser utilizado neste trabalho

Observação nas duas empresas e entrevistas com funcionários e cooperados

Informações colhidas junto a

veículos de comunicação

Análise do significado da iniciativa e dos resultados do Programa Parceiros do Meio Ambiente para a Suzano Petroquímica e para a sociedade.

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mestrado, material divulgado nos anais do ENAPAD, etc.) para obter uma maior

familiarização com o tema Responsabilidade Social Empresarial.

Concluída esta primeira fase, considerou-se necessário realizar um levantamento

documental, tanto da Suzano Petroquímica quanto da COOPMARC, com a

finalidade de caracterizar as duas empresas, bem como conhecer em detalhe o

projeto de parceria. Durante este levantamento foram avaliados relatórios mensais

sobre o status do projeto enviados ao Órgão Ambiental (CRA); mapa estratégico e

Política de Qualidade, Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Atuação Social da

Suzano; Balanço das ações sociais realizadas pela Suzano Petroquímica; Relatório

da Gestão da Suzano – Prêmio Nacional da Qualidade; e informações disponíveis

nos sites da Suzano e da COOPMARC.

Após esta etapa, percebeu-se a necessidade de realização de pesquisa de

projetos bem sucedidos na área de Responsabilidade Social Empresarial,

desenvolvidos por empresas de diversos setores da economia. As informações

colhidas serviram como subsídio para a análise do projeto de parceria com a

COOPMARC. As iniciativas apresentadas no site do Instituto Ethos foram utilizadas

como principais referências.

Com base nas informações obtidas nas etapas anteriores, construiu-se o modelo

de análise a ser utilizado para avaliar a iniciativa e os resultados do projeto Parceiros

do Meio Ambiente.

Para validar o modelo de análise proposto, foram feitas observações na Suzano

Petroquímica e COOPMARC. O foco das observações foi identificar itens capazes

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de tornar projetos desta natureza auto-sustentáveis e perenes dentro da

organização.

Por serem as autoras deste trabalho funcionárias da Suzano Petroquímica que

atuam na área de Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Qualidade desta empresa,

houve uma dificuldade inicial em julgar de forma imparcial os resultados do projeto.

Visando eliminar estas interferências, optou-se por realizar entrevistas não-

estruturadas com funcionários da Suzano e com cooperados para confirmar a

percepção encontrada pelas autoras sobre os resultados do projeto.

Foram utilizados também dados secundários registrados em vídeo e em revistas

contendo entrevistas de líderes de órgãos ambientais nacionais e internacionais

concedidas a veículos de comunicação nas solenidades de premiação das quais o

projeto participou.

1.7 ESTRUTURA

Na Introdução é feita uma explanação da importância do tema Responsabilidade

Social Empresarial e da evolução da postura das empresas diante das questões

socioambientais. Em seguida, é feita a delimitação do escopo do trabalho, focando a

análise na Unidade de Camaçari, mais especificamente no Projeto Parceiros do

Meio Ambiente – “Adote uma pequena empresa na área ambiental” criado pelo CRA

- Centro de Recursos Ambientais da Bahia em Junho de 2004 e com adesão

imediata da empresa. Na seqüência, o problema de pesquisa, os objetivos gerais e

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específicos, a justificativa e a metodologia para realização deste trabalho são

apresentados.

No segundo capítulo, é realizada uma discussão sobre diversos conceitos de

Responsabilidade Social Empresarial, são apresentados alguns dos projetos

considerados como benchmark nesta área e, de posse destas informações, o

modelo de análise é construído, definindo-se claramente o conceito de

Responsabilidade Social Empresarial adotado e os critérios elaborados para a

avaliação de projetos nesta área.

No terceiro capítulo, o programa Parceiros do Meio Ambiente – “Adote uma

pequena empresa na área ambiental” é detalhado, e é feita uma caracterização da

Suzano Petroquímica S/A e COOPMARC. São discutidos os aspectos do projeto sob

a ótica dos critérios definidos no tópico anterior, construindo argumentos à luz do

modelo de análise.

No quarto capítulo são apresentados as conclusões decorrentes da análise do

projeto e os resultados do trabalho de acordo com os objetivos gerais e específicos

propostos.

E por fim são apresentados alguns tópicos que não foram desenvolvidos nesta

monografia, mas que podem ser objeto de estudo de trabalhos futuros.

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2. RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL

2.1 DIVERSOS CONCEITOS SOBRE O TEMA

Na visão de Goldberg (2001), a proposta de promover o desenvolvimento social a

partir do incentivo a projetos auto-sustentáveis conquistou massa crítica dentro do

universo das empresas, em oposição às tradicionais práticas de caráter paternalista,

do assistencialismo gerador de dependência e mantenedor da ordem vigente.

Enquanto para algumas lideranças do terceiro setor, cidadania empresarial ainda

representa o investimento de uma empresa em ações em prol da comunidade, para

outras, exibe conotação mais ampla, simbolizando o novo contrato esperado entre

empresa e sociedade - pautado pela ética nas práticas comerciais, na relação com o

meio ambiente e com todos os seus públicos. Tudo isso passa pelas políticas de

relacionamento da empresa com todos aqueles que interagem com ela.

Para Rodrigues (2005), o empresariado brasileiro já caminha na trilha desse

entendimento, percebendo com mais clareza a nobre função de protagonista social.

Se antes a responsabilidade social estava mais no âmbito da filantropia, no atual

contexto significa uma forma ética pela qual a empresa se relaciona com seus

diversos públicos. O interessante é que todas as empresas sejam elas pequenas,

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médias ou grandes, podem se envolver nesse novo paradigma chamado

sustentabilidade – entendida como a necessidade de buscar resultados do ponto de

vista não somente econômico-financeiro, mas também social e ambiental.

A idéia de sustentabilidade vem sendo representada pela elevação de

expectativas em relação ao desempenho social e ambiental. A sustentabilidade

global tem sido definida como a habilidade para “satisfazer as necessidades do

presente sem comprometer a habilidade das futuras gerações para satisfazerem

suas necessidades” (WORLD..., 1987, p. 8). Similarmente, o desenvolvimento

sustentável “é um processo para se alcançar o desenvolvimento humano de uma

maneira inclusiva, interligada, igualitária, prudente e segura” (GLADWIN,

KENNELLY e KRAUSE, 1995.). Uma empresa sustentável, por conseguinte, é

aquela que contribui para o desenvolvimento sustentável ao gerar, simultaneamente,

benefícios econômicos, sociais e ambientais – conhecidos como os três pilares do

desenvolvimento sustentável (ELKINGTON, 1994).

Figura 2 – Tripé da Sustentabilidade Empresarial (COPESUL, 2006).

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É nesse contexto, em que as questões relacionadas à sustentabilidade,

cidadania empresarial e voluntariado empresarial são discutidas, que as empresas

estão sendo chamadas cada vez mais a cumprirem o seu papel de responsabilidade

social. O empresário não é mais um representante do setor produtivo, mas, um

empreendedor que integra as suas atividades ao meio do qual faz parte. Assim, o

setor privado passou a participar mais efetivamente no ambiente social e

comunitário, pois percebeu que a sua sobrevivência depende diretamente do

desenvolvimento da sociedade na qual pertence.

Para Nascimento (2003), o conceito de “Responsabilidade Sócio-Corporativa”

(RSC) pode ser definido como uma integração voluntária dos aspectos sociais e

ambientais nos negócios da empresa. A RSC envolve a integração de aspectos

“sócio-econômico-ambientais”, com os quais a empresa busca garantir estabilidade

financeira, minimizar os impactos ambientais e agir de modo socialmente

responsável.

D’ambrósio (1998 apud MELO NETO e FROES, 1999) define que a

responsabilidade social de uma empresa consiste na sua decisão de participar mais

diretamente das ações comunitárias na região em que está presente e minorar

possíveis danos ambientais decorrentes do tipo de atividade que exerce.

Segundo o site do Instituto Ethos (2005), enquanto a filantropia é basicamente

uma ação social externa da empresa e que tem como beneficiárias principais: a

comunidade em suas diversas formas (conselhos comunitários, organizações não-

governamentais, associações comunitárias etc.) e organizações, a Responsabilidade

Social foca a cadeia de negócios da empresa e engloba preocupações com um

público maior (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores,

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consumidores, comunidade, governo e meio ambiente), cuja demanda e

necessidade a empresa deve buscar entender e incorporar aos seus negócios.

Assim, a responsabilidade social trata diretamente dos negócios da empresa e de

como ela os conduz.

Melo Neto e Froes (2001) consideram que responsabilidade social é um conceito

ainda em construção, que vem ganhando escopo e complexidade, constituindo-se

numa nova área de conhecimento do mundo empresarial. Segundo Goldberg (2001),

várias empresas possuíam políticas de atuação social antes dos anos 90, algumas

até bem ativas, mas, foi particularmente nessa época que elas se articularam sob a

forma de um movimento, apresentando-se como agentes de mudança social. Daí

surgiu o conceito de “cidadania empresarial”, sendo empregado para designar o

conjunto de ações desenvolvidas por empresas em benefício da sociedade. A

empresa-cidadã, portanto, passa a ser reconhecida como empresa que se converte

em tradicional investidora de projetos sociais. Ainda de acordo com Melo Neto e

Froes (1999), uma empresa – cidadã é reconhecida pela excelência da sua atuação

na área social, ganhando a confiança, o respeito e a admiração dos consumidores.

Alves (2001), em um artigo publicado na Revista de Administração de Empresas,

aprofunda a discussão sobre o tema. Para ele, assim como para os autores citados

anteriormente, a Cidadania Empresarial pode ser entendida como um conjunto de

princípios e sistemas de gestão destinados à criação ou preservação de valor para a

sociedade. A sua maior contribuição, no entanto, reside na definição de Governança.

Para o autor, Governança é um conceito difuso, podendo ser aplicado tanto a

métodos de gestão de empresa (Governança Corporativa), quanto a meios de

prevenção do meio ambiente (Governança Ambiental), ou formas de combater ao

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suborno e à corrupção de funcionários públicos (Governança Pública). Não obstante

seu caráter difuso, o conceito de Governança tem como ponto de partida a busca do

aperfeiçoamento do comportamento das pessoas e das instituições.

Para exemplificar este conceito, Alves (2001) toma como exemplo duas

empresas. É perfeitamente concebível que uma delas produza determinado produto

de maneira eficiente empregando trabalho infantil. É igualmente concebível que

outra produza o mesmo produto de forma eficiente, sem empregar trabalho infantil,

mas a um custo superior que sua concorrente. Segundo o critério puramente

funcional, as duas empresas estariam produzindo de forma eficiente, mas a primeira

estaria em vantagem em relação à segunda em função de seus custos menores.

Segundo o conceito de Governança, ambas as empresas estariam produzindo de

forma aparentemente eficiente, mas a primeira estaria em desvantagem com relação

à segunda pelo fato de que o custo social decorrente do emprego de trabalho infantil

termina por encarecer o seu produto e anular qualquer vantagem competitiva.

Uma das formas encontradas pelas empresas para operacionalizar a Cidadania

Empresarial é através da implementação de programas de voluntariado empresarial.

Na visão de Goldberg (2001), o processo de elaboração de um programa de

voluntariado empresarial é uma experiência bastante particular e depende muito das

características de cada empresa. Não existe uma receita única para construí-lo, mas

um conjunto de recomendações, uma orientação de caminho a percorrer. Neste

sentido, a apreensão consistente e gradativa dos conteúdos do programa pode ser

propiciada pela seqüência dos passos: 1) reflexão dentro da empresa sobre suas

diretrizes e práticas; 2) formação de uma equipe de trabalho; 3) planejamento dos

recursos para desenvolvimento do programa; 4) difusão da proposta do programa; 5)

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pesquisa sobre as necessidades da sociedade; 6) cruzamento dos interesses da

empresa, funcionários e comunidade; 7) gestão das ações do programa; 8)

valorização, reconhecimento e comunicação; 9) troca de experiências com outras

empresas.

A primeira pesquisa nacional sobre atuação social e estímulo ao voluntariado nas

empresas traz as seguintes recomendações acerca do trabalho voluntário

(PROGRAMA..., 1999):

Voluntariado empresarial não é sinônimo de amadorismo. Exige profissionalismo

da empresa e dos funcionários que se engajam no trabalho;

É responsabilidade de a empresa definir políticas, procedimentos e expectativas

de resultados com objetividade e transparência ao divulgar uma proposta de

voluntariado ou apoiar as iniciativas de seus funcionários;

Os programas de voluntariado, assim como as ações espontâneas de

funcionários, emergem com mais facilidade em empresas que já desenvolveram

alguma forma de atuação social;

A imagem da “empresa-cidadã”, o estímulo à consciência social e à

responsabilidade como desenvolvimento comunitário são fortes determinantes

para aumentar o nível de satisfação e de identidade dos colaboradores com sua

empresa;

Não há um modelo padronizado de voluntariado empresarial ou de atuação

social da empresa, porém os programas tendem a ser efetivos quando baseados

na identificação das necessidades da comunidade. A formalização do programa

é dispensável, mas o apoio interno é indispensável.

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O voluntariado empresarial, portanto, representa um instrumento valioso no novo

papel das empresas na sociedade e traz benefícios para todas as partes envolvidas:

indivíduo, empresa e sociedade.

De acordo com Tamayo e Paschoal (2003), o empregado aporta ao trabalho as

suas habilidades e conhecimentos, a sua experiência e criatividade, o seu

entusiasmo, a sua energia e a sua motivação. Na sua bagagem inicial, leva também

as suas limitações, particularmente para a execução do seu trabalho. Através da

participação e envolvimento dos funcionários em projetos socioambientais, é

possível desenvolver habilidades que estes ainda não possuem ou mesmo

aprimorar aquelas em que eles necessitam de melhorias.

A pedido do Programa Voluntários, por exemplo, o Centro de Empreendedorismo

Social e Administração em Terceiro Setor (CEATS-USP) realizou, em 1999, um

estudo de caso junto à C&A Modas. A pesquisa concluiu que funcionários que

participam do seu programa de voluntariado têm seu leque de competências

ampliado, são mais integrados ao trabalho e à própria organização e adquirem maior

satisfação pessoal com o que fazem. Aspectos comportamentais positivos advindos

da ação voluntária – como alegria, tolerância, compreensão - transbordam para as

relações com os colegas de trabalho, clientes e em família. Em paralelo, o prazer

gerado com a participação e o sentimento de “pertencer a um grupo” possibilita que

os voluntários criem laços mais fortes de identidade organizacional e tendam a ser

cooperativos tanto em situações cotidianas quanto em momentos de crise

(GOLDBERG, 2001).

No que tange às empresas, o engajamento voluntário dos funcionários em

projetos socioambientais resulta em Valor Econômico para a organização, uma vez

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que gera aumento da produtividade em conseqüência da melhoria no clima

organizacional e da motivação dos empregados.

Além disso, este tipo de iniciativa traz ganhos para a comunidade beneficiada, já

que um trabalho feito por pessoas motivadas e que acreditam no objetivo do projeto

tende a obter melhores resultados.

As empresas são as unidades básicas de organização econômica na sociedade

moderna, sendo o cerne do desenvolvimento econômico e devem ser também, um

motor vital do desenvolvimento sustentável. Para isto, é imprescindível que elas

definam adequadamente sua relação com a sociedade e com o meio ambiente. A

responsabilidade social faz com que a “empresa sustentável” se converta em peça-

chave na arquitetura do desenvolvimento sustentável. Por isso mesmo, vêm

surgindo normas que procuram padronizar estes conceitos. (COMO..., 2005)

Uma delas é a Social Accountability 8000 (SA 8000), editada pela Social

Accountability International (SAI) e que possui requisitos baseados nas normas

internacionais de direitos humanos e nas convenções da Organização Internacional

do Trabalho (OIT). A SA 8000 abrange os seguintes tópicos: Trabalho infantil,

Trabalho forçado, Saúde e segurança, Liberdade de associação e direito à

negociação coletiva, Discriminação, Práticas disciplinares; Horário de trabalho,

Remuneração e Sistema de gestão.

Outro exemplo é a Account Ability 1000 (AA 1000), lançada em 1999 pelo

Institute of Social and Ethical Account Ability (ISEA), de Londres, como mais uma

ferramenta para gestão da responsabilidade social corporativa. Em 2002, o ISEA

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realizou uma fase de consulta e fez uma revisão da norma que passou a ser

denominada de AA1000S.

No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) editou a NBR

16001, que trata dos requisitos mínimos para um sistema de responsabilidade

social.

No entanto, é necessário ressaltar que antes de iniciar qualquer passo em

direção da “cidadania empresarial”, é necessário que as empresas reflitam sobre

seus próprios valores, avaliando a coerência de políticas e estratégias, que

englobam, além de investimentos em áreas sociais, questões internas da

organização.

De acordo com Melo Neto e Froes (1999), apoiar o desenvolvimento da

comunidade e preservar o meio ambiente não é suficiente para atribuir a uma

empresa a condição de socialmente responsável. É necessário investir no bem-estar

dos seus funcionários e dependentes, e em um ambiente de trabalho saudável, além

de promover comunicação transparente, dar retorno aos acionistas, assegurar

sinergia com seus parceiros e garantir a satisfação dos seus clientes e/ou

consumidores.

Reforçando essa linha de pensamento, Oded Grajew, presidente do Instituto

Ethos, define Responsabilidade Social como uma forma de gestão empresarial que

envolve a ética em todas as atitudes, significando fazer todas as atividades da

empresa promovendo todas as relações – com seus funcionários, fornecedores,

clientes, com o mercado, com o governo, com o meio ambiente, e com a

comunidade – de uma forma socialmente responsável. Portanto, para o autor, ética

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não é discurso, é o que se traduz em ação concreta na hora de escolher um produto,

um processo de fabricação, uma política de RH. O que fazer com o lucro? Qualquer

decisão deve ser pautada por esses valores (Grajew 1999 apud Bernadi, 1999).

Esta perspectiva de Grajew (1999 apud Bernadi, 1999) relaciona fortemente o

conceito de responsabilidade social ao conceito de ética empresarial. Nesse sentido,

pensar em ética empresarial significa pensar que as empresas devem se relacionar

de forma responsável com as partes interessadas, tendo por base um

comportamento íntegro e comprometido com a melhoria da qualidade de vida da

sociedade. A elaboração de Balanços Sociais, instrumento público de divulgação

das ações sociais de uma empresa, por exemplo, representa mais um passo em

busca de uma administração cada vez mais transparente e comprometida com as

causas da sociedade.

Para Melo Neto e Froes (2001), existem três estágios de responsabilidade

coorporativa:

• Gestão social interna – tem como foco as atividades regulares da empresa,

saúde e segurança dos funcionários e qualidade do ambiente de trabalho;

• Gestão social externa – refere-se ao ônus das externalidades negativas ao

meio ambiente (poluição, uso de recursos naturais, etc.), à sociedade

(demissões, comunidade ao redor da empresa) e aos seus consumidores

(segurança e qualidade dos produtos).

• Gestão social cidadã – abrange questões de bem estar social. A empresa

insere-se socialmente na comunidade, promove o desenvolvimento social e

atua no campo da cidadania, extrapolando ações não relacionadas com as

atividades do seu negócio. A cidadania empresarial pode ser efetivada por

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meio de ações de filantropias, ou seja, de cunho assistencialista com o intuito

de solucionar problemas pontuais ou projetos sociais emancipatórios que

promovem autonomia e desenvolvimento das comunidades.

Garay (2001) salienta que as organizações ao agirem dentro dos conceitos de

Responsabilidade Social adicionam a suas competências básicas um

comportamento ético (ética é a base da cidadania empresarial e se expressa através

dos princípios e valores adotados pela organização) e político, através da

participação junto ao Estado, a sociedade civil organizada e grupos de cidadãos, das

decisões e ações relativas a construção de formas de melhor enfrentar os problemas

sociais que hoje atingem a todos.

Melo Neto e Froes (1999) acrescentam que o conceito de responsabilidade social

tornou-se parte de um conceito mais amplo: desenvolvimento sustentável.

Envolvendo os seguintes aspectos: os direitos humanos; os direitos dos

funcionários; os direitos dos consumidores; desenvolvimento comunitário; a relação

com fornecedores; o monitoramento e a avaliação de desempenho; e os direitos dos

grupos de interesse.

Entretanto, o tema de Responsabilidade Social Empresarial é bastante amplo.

Existem divergências quanto à abrangência do papel das empresas no que tange as

questões sociais.

Para Thiry-Cherques (2003) Responsabilidade Social Empresarial significa o

compromisso moral de responder sobre atos e intenções, portanto, compreende o

dever de todas as pessoas, grupos e instituições em relação à sociedade. A

responsabilidade social deve ser encarada como dever de todos, não apenas de

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alguns segmentos da sociedade, como empresas, governos, entidades religiosas,

etc. No caso das empresas, ser socialmente responsável é cuidar para que o

resultado das suas atividades não repercuta negativamente sobre os seres

humanos, incluindo as pessoas que ali trabalham, ou seja, a Responsabilidade

Social Empresarial esgota-se na reparação e prevenção e dos males que causaram

e que possam causar. Ações como melhoramentos físicos, financiamentos de

projetos de interesse social e, até, caridade, portanto, ultrapassam as obrigações

das empresas.

No nível da gestão de negócios, as questões que se levantam são complexas

(aumento da produção X impacto ambiental, investimentos na organização x

investimentos em projetos sociais, etc.). Em livro recente, o professor David

Henderson diz que os executivos estão sendo chamados a ser “bons cidadãos”, a

atender à necessidade das partes interessadas, a contribuir para o desenvolvimento

sustentável e a elevar o “padrão ético”. Hederson chama isso de “salvacionismo

global” e o vê como ameaça ao funcionamento do modelo capitalista que tem por

premissa visar em primeiro lugar o aumento dos lucros das instituições.

(HEDERSON, 2001 apud THIRY-CHERQUES, 2003).

No entanto, apesar das divergências sobre o tema, percebe-se que a “Doutrina

da Responsabilidade Social” vem ganhando força e gerando resultados ao longo dos

últimos anos. Assim, os empresários vêm assumindo uma clara posição ao enfrentar

os problemas sociais ao invés de deixá-los para o Estado. Porém, ainda falta às

empresas um real comprometimento com as ações de responsabilidade social, não

somente dar o peixe, mas, ensinar a pescar. (RODRIGUES, 2005).

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Levando-se em conta os aspectos salientados por todos os autores citados até o

momento, considerou-se que o conceito mais adequado para ser adotado neste

trabalho foi elaborado na reunião do Conselho Empresarial Mundial para o

Desenvolvimento Sustentável – WBCSD - em 1998, na Holanda. Responsabilidade

Social Empresarial, neste trabalho, portanto, significa:

O comprometimento permanente dos empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorando simultaneamente, a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo. (WBSCD, 1998 apud MELO NETO e FROES, 1999, p. 90).

2.2 CONSTRUÇÃO DO MODELO DE ANÁLISE

Dentro deste conceito de Responsabilidade Social Empresarial, as organizações

podem optar pelo desenvolvimento de ações internas, ou ampliar seu leque de

atuação com ações externas que beneficiem a comunidade ao seu redor ou

pequenas empresas que tenham algum tipo de relacionamento com a organização.

As ações internas estão relacionadas com a qualidade da vida de seus

funcionários; o compromisso com o desenvolvimento profissional e a

empregabilidade; o gerenciamento do impacto ambiental; as relações com

trabalhadores terceirizados; a política de remuneração, benefícios e carreira; entre

outros itens.

Melo Neto e Froes (1999) consideram que o exercício da responsabilidade social

externa corresponde ao desenvolvimento de ações sociais empresariais que

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beneficiem a comunidade. Estas ações podem ser realizadas através de doações

em geral, transferência de recursos para órgãos públicos e ONG em regime de

parceria, prestação de serviços voluntários à comunidade pelos funcionários,

investimento em atividades de preservação ambiental, geração de empregos, e

patrocínio de projetos sociais do governo.

No Brasil, existem diversos projetos de RSE voltadas tanto para ações internas

quanto para ações externas. Com objetivo de auxiliar na construção do modelo de

análise a ser usado neste trabalho, foram pesquisados algumas iniciativas voltadas

para ações externas que têm obtido resultados positivos e que possuem como foco

de ação as mesmas áreas que a Suzano se propõe a atuar (Desenvolvimento das

comunidades locais nos campos de Educação, Saúde e Meio Ambiente). No quadro

abaixo são apresentados exemplos de projetos na área de desenvolvimento de

fornecedores, na área de promoção da cultura e inclusão social, na área de

conservação ambiental, e na área de educação retirados do site da Ethos.

Quadro 1. Exemplos de iniciativas de algumas empresas do Brasil no campo de RSE. Empresa Segmento Projeto

Comgás Empresa distribuidora de gás natural sediada em São Paulo (SP)

Mantém um programa de gestão de fornecedores que objetiva ampliar a participação, habilitar e acompanhar o desempenho de seus fornecedores, desenvolvendo sua competitividade no mercado e garantindo melhores preços e qualidade superior de materiais ou serviços. Além disso, a Comgás estimula o aprimoramento constante da gestão de seus fornecedores, oferecendo palestras que ajudam na administração de suas obrigações legais e na conscientização da importância de mantê-las rigorosamente em dia.

Riopol Maior complexo gás-químico da América Latina

O Projeto Manguezal consiste na recuperação de áreas degradadas de mangue no entorno da Baía de Guanabara. O projeto já plantou 65 mil mudas em 13 hectares, com apoio da UFRJ e de uma consultoria especializada. Com o projeto Crianças Saudáveis, Futuro Saudável, a Riopol está levando educação ambiental, noções de higiene e nutrição para cerca de 5 mil crianças do município de Duque de Caxias, além de garantir assistência médica e ambulatorial.

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Empresa Segmento Projeto

Yázigi Internexus

Instituição dedicada ao ensino de idiomas há 51 anos, com 350 franquias e mais de 200 mil alunos matriculados.

O projeto Ponto Solidário tem como objetivo a inclusão social e a divulgação e comercialização de trabalhos artesanais e artísticos de diferentes grupos e comunidades, contribuindo para o fortalecimento de ONGs e a ampliação de suas bases. O Ponto Solidário é totalmente auto-sustentável, e ainda gera excedente, que é aplicado no próprio projeto. O projeto inclui a promoção de bazares e o lançamento de campanhas em prol das organizações e do envolvimento de alunos e pais.

Banco do Brasil

Empresa pública que atua em todo o país

O programa BBeducar é fundamentado exclusivamente no trabalho voluntário, e é voltado à alfabetização de jovens e adultos. Ele tem como lema. “Ler, Escrever, Libertar”. Os objetivos do programa são colaborar para a erradicação do analfabetismo no país, envolver os participantes em propósitos e ações que visem acentuar o exercício da cidadania, e propiciar condições de inclusão dos alfabetizados em cursos supletivos ou de ensino fundamental.

Os exemplos citados trazem alguns aspectos em comum e que podem contribuir

para a construção de critérios que sirvam para a avaliação de iniciativas de RSE

voltadas para ações externas, mais especificamente os projetos sociais voltados

para as comunidades.

O primeiro aspecto observado está na abrangência do tema Responsabilidade

Social, o qual aborda as dimensões econômica, ambiental e social. Os projetos

mostrados identificam ações que envolvem a maioria das partes interessadas, com

exceção dos clientes e acionistas. No caso da Comgás, a iniciativa escolhida pela

companhia está voltada para os seus fornecedores e parceiros, pois a empresa sabe

que a sua sustentabilidade econômica depende também da sustentabilidade de seus

fornecedores. Os outros exemplos estão voltados para a melhoria das condições

sociais das comunidades em que as empresas atuam.

Outro aspecto que pode ser observado é o fato das iniciativas das empresas

estarem atentas às necessidades mais imediatas da comunidade (criação de uma

fonte de renda, atendimento médico e ambulatorial, palestras sobre obrigações

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legais para os fornecedores, etc.), mas sem esquecer que é preciso investir na

educação, capacitação e formação dos indivíduos das comunidades carentes para

garantir a continuidade e desenvolvimento dessas iniciativas.

Outros aspectos foram levados em conta para a construção do modelo de análise

a ser usado neste trabalho para avaliar o Projeto de parceria entre a Suzano e a

COOPMARC. O Instituto Ethos, por exemplo, avalia as práticas de responsabilidade

social de uma empresa quanto a sua abrangência e profundidade através de

critérios baseados em 7 temas - Valores e Transparência, Público Interno, Meio

Ambiente, Fornecedores, Consumidores e Clientes, Comunidade, e Governo e

Sociedade. Neste trabalho, optou-se por desenvolver critérios específicos e que

fossem adequados ao projeto a ser estudado, às diretrizes do programa e à cultura

da Suzano Petroquímica S/A. Devido às características do projeto a ser estudado

neste trabalho, alguns Indicadores Ethos de RSE ligados aos temas Público Interno,

Meio Ambiente, Fornecedores, Comunidade e Sociedade serviram de referência

para elaboração dos critérios abaixo:

1. Alinhamento do objetivo dos projetos com política e estratégia da empresa:

Rosa Maria Fischer (apud Goldberg, 2001) afirma que a cidadania organizacional

começa pelos padrões do relacionamento interno. Segundo a autora, “Uma empresa

que se pretende cidadã deve ter coerência de políticas e estratégias, tanto quando

define um investimento social, quanto quando escolhe um modo de remuneração. A

atuação social da empresa deve refletir os valores subjacentes às estratégias da

organização. É ingênuo pensar que um investimento beneficente possa acobertar

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uma estratégia fraudulenta, seja no mercado, seja junto à sociedade civil. E, noutro

pólo, não é eficaz que esta atuação esteja divorciada dos objetivos organizacionais,

da missão da empresa, das características de seus produtos e serviços e das

características dos grupos sociais com que se relaciona; isto porque a atuação

social é componente da identidade organizacional, e deve contribuir para consolidá-

la e não para funcionar como braço independente ou uma função marginal”.

Reforçando esse ponto de vista, a organização não-governamental norte-

americana Points of Light Foundation, que possui mais de 10 anos de experiência no

estímulo ao voluntariado empresarial, defende que “o mais valioso investimento que

uma empresa pode fazer é desenvolver um programa de voluntariado empresarial

que se alinhe de maneira estratégica com a atividade principal da companhia, e

contribua para a sua razão de ser” (GOLDBERG, 2001).

Segundo o site do Instituto Ethos (2005), a prática demonstra que um programa

de responsabilidade social só traz resultados positivos para a sociedade, e para a

empresa, se for realizado de forma autêntica. É necessário que a empresa tenha a

cultura da responsabilidade social incorporada ao seu pensamento. Desenvolver

programas sociais apenas para divulgar a empresa, ou como forma compensatória,

não traz resultados positivos sustentáveis ao longo do tempo. Porém, as empresas

que incorporam os princípios e os aplicam corretamente, podem sentir resultados

como valorização da imagem institucional e da marca, maior lealdade do

consumidor, maior capacidade de recrutar e manter talentos, flexibilidade,

capacidade de adaptação e longevidade.

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2. Investimento em projetos auto-sustentáveis:

Machado & Lage (2002) expõem os dois tipos de relação que podem ser

estabelecidas entre as empresas e a comunidade no que tange a projetos sociais:

• Clientelista: neste caso, o apoio fornecido pela empresa torna a comunidade

dependente, propicia um ambiente perfeito para ações paternalistas e de

pouco efeito para a melhoria das organizações, criando assim um ciclo

vicioso que impede a emancipação da comunidade e dá ênfase a ações

sobre os efeitos e não sobre as causas dos problemas existentes.

(FERNANDES, 1994 apud MACHADO & LAGE, 2002).

• Emancipatória: neste caso, o apoio fornecido pela empresa promove

autonomia e emancipação da comunidade. (FERNANDES, 1994 apud

MACHADO & LAGE, 2002).

Para estes autores o ideal é que as comunidades, depois do investimento feito

pelas organizações, sigam seus próprios caminhos rumo ao desenvolvimento auto-

sustentável. Nessa medida pode-se dizer que o modelo Emancipatório produz maior

eficácia na medida em que aposta na independência das comunidades.

Não basta que se façam esporadicamente investimentos assistencialistas às

comunidades ou às pequenas empresas em torno da organização sem que aspectos

de auto-sustentabilidade sejam incorporados ao projeto. Um projeto adequado de

Responsabilidade Social deve ter como um dos seus objetivos garantir a

continuidade da iniciativa sem que seja necessário o constante auxílio por parte da

organização.

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Além da inclusão da auto-sustentabilidade como um de seus objetivos, todo

projeto deve definir os resultados esperados, recursos exigidos e o tempo

necessário para a implementação do mesmo. Uma avaliação adequada deste

projeto, portanto, deve analisar se os objetivos pretendidos e os resultados foram

alcançados dentro do período de tempo e com os recursos estabelecidos

previamente pelo projeto e se existe a possibilidade de continuidade da iniciativa

mesmo com a conclusão do projeto.

3. Inclusão de aspectos de formação e/ou capacitação nos projetos:

Este critério de análise está bastante relacionado ao item anterior, pois o ponto

chave para que o projeto seja capaz de ser auto-sustentável é o investimento de

recursos na educação, formação e/ou capacitação das pessoas a serem

beneficiadas pelo mesmo. Quanto mais capacitadas estiverem as pessoas, mais

chance elas têm de darem continuidade às melhorias iniciadas pela Organização.

Scornavacca Jr. et alli (1998) citando Kisil (1997) afirma que o projeto social deve

ser utilizado para transformar instituições de cunho caritativo em instituições de

cunho formativo e educativo. Para tanto, este deve ser estruturado e planejado de

forma que permita à entidade social desenvolver sua auto-suficiência administrativa

e financeira, em uma ação duradoura e com estratégias de sustentabilidade,

multiplicação e institucionalização.

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4. Envolvimento dos funcionários da empresa nos projetos:

Projetos sociais desta natureza demandam bastante tempo para elaboração do

diagnóstico, planejamento das ações, implementação das melhorias,

acompanhamento do desempenho e avaliação do desenvolvimento das

comunidades / fornecedores.

É importante frisar que Responsabilidade Social Empresarial faz parte da

estratégia da companhia, mas não representa o objetivo principal e a finalidade a

qual se destina uma empresa privada. Desta forma, existe uma tendência natural de

que o tempo dos funcionários, cada vez mais escasso em razão da redução de

quadro nas organizações, seja utilizado de forma eficiente para manter a rotina da

empresa e buscar melhorias nos processos. Como conseqüência, o tempo que pode

ser destinado às ações sócio-ambientais acaba sendo escasso.

O engajamento dos funcionários, portanto, é fundamental para o sucesso desse

tipo de projeto. É necessário que as pessoas acreditem no objetivo do projeto,

percebam os resultados e se mantenham motivados. Logo, a adesão voluntária seria

a forma ideal de envolvimento dos funcionários em projetos socioambientais

desenvolvidos pela empresa. Porém, para que estas iniciativas tenham um efeito

duradouro, consistente, e que aproveitem melhor o potencial das pessoas

envolvidas (direcionando-as para a área na qual as suas características seriam mais

bem aproveitadas) é necessário que estas estejam integradas a um programa

estruturado de voluntariado.

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5. Existência de uma estrutura adequada na organização para gerenciamento

dos projetos de RSE:

Para manter um programa estruturado de RSE é necessário que exista uma área

ou setor na empresa que seja responsável pelo desenvolvimento e implementação

deste tipo de iniciativa. Goldberg (2001) defende que entre as várias áreas de uma

empresa, é o departamento de Recursos Humanos que apresenta maiores

possibilidades de troca com um programa de voluntariado empresarial e é, em regra,

onde a construção de uma aliança se faz necessária. De micro a grandes empresas,

não importando a que divisão corporativa o programa está vinculado, é praticamente

impossível uma iniciativa dessa natureza lograr sucesso sem uma forte interação

com as políticas de recursos humanos.

Para a autora, mesmo a orientação da empresa sendo a de apoiar as atividades

voluntárias de seus funcionários apenas no seu tempo livre, há sempre momentos

em que a equipe de voluntários tem que se reunir para encaminhar questões em

conjunto, o que, na maioria das vezes, só se viabiliza ao longo do horário de

trabalho. Nessa hora e também quando um funcionário propõe compensações de

horário para visitar um projeto social, a área de RH deve fazer os ajustes

necessários.

Um outro argumento para que o programa de RSE de uma empresa esteja sob

responsabilidade do setor de RH é o fato de que muitas das suas atribuições já

contemplam ações ligadas à RSE, como a promoção da qualidade de vida,

empregabilidade e a garantia dos benefícios concedidos aos trabalhadores.

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Goldberg (2001) complementa ainda que a interação esperada entre um

programa de voluntariado e a gestão de RH se estende por inúmeras situações no

cotidiano da empresa, passando pela democratização do direito de exercer o

voluntariado a todo o corpo de funcionários, pela inclusão de informações a esse

respeito nos processos de contratação de novos funcionários, e pela orientação das

chefias para conduzir questões referentes ao voluntariado.

6. Potencial de replicabilidade do projeto em outros fornecedores / empresas /

comunidades:

Outro critério a ser observado na elaboração de projetos na área socioambiental

é o potencial de aplicação ao longo da cadeia de fornecimento.

Segundo Alli e Sauaya (2004), a Responsabilidade social empresarial pressupõe

a busca permanente pelo aprimoramento das relações da empresa com todas as

partes interessadas, com base numa postura ética e transparente. Não são poucas

as situações em que os envolvidos são outras empresas, em geral de porte

diferente, que podem atuar como fornecedoras, consumidoras ou clientes.

As ações socioambientais não são necessariamente iniciativas isoladas de uma

ou outra empresa, elas podem ser desenvolvidas em forma de parcerias. Neste

sentido as ações coordenadas dentro de uma cadeia produtiva têm se mostrado

muito eficientes. A pesquisa realizada pelo Business of Social Responsability sobre

as perspectivas ambientais dos fornecedores nas cadeias de suprimento

demonstrou que existe uma preocupação das grandes empresas com o

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desempenho de práticas socioambientais das pequenas e médias empresas das

suas respectivas cadeias de suprimento (BSR, 2001 apud NASCIMENTO, 2003).

O relacionamento socialmente responsável entre grandes e pequenas empresas

requer o estabelecimento de parcerias efetivas, fundamentadas na confiança e na

sustentabilidade de modo que todos possam ganhar e crescer.

Ainda segundo Alli e Sauaya (2004), as grandes empresas podem atuar como

indutoras de práticas de responsabilidade social empresarial nas pequenas, e vice-

versa. A partir de acordos entre as partes, é possível desenvolver programas

visando a elaboração de balanços sociais das empresas parceiras, a definição de

regras éticas e transparentes de relacionamento com os concorrentes e a

incorporação de outros grupos interessados no relacionamento. Além disso, as

grandes empresas podem transferir tecnologias de gestão e orientar seus micro e

pequenos fornecedores a procurarem instituições como o SEBRAE.

A parceria pode abranger também a atuação conjunta em projetos de

responsabilidade social empresarial voltados para a comunidade, o meio ambiente e

organizações sociais. Muitas empresas têm sido convidadas por outras com as

quais se relacionam a participar de programas sociais, vinculados ou não à atividade

principal.

As ações podem ainda estar ligadas à orientação das pequenas empresas

quanto ao descarte seguro de resíduos, estímulo à reciclagem e reuso de materiais

e racionalização no uso de recursos naturais.

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As grandes empresas, portanto, constituem-se num instrumento capaz de

disseminar a cultura de Responsabilidade Social Empresarial através da sua cadeia

de fornecimento ou comunidades próximas.

7. Investimento em projetos com grande abrangência:

Projetos na área socioambiental podem ser elaborados com o intuito de atender

apenas a uma determinada necessidade da comunidade, como por exemplo,

promoção da educação ambiental, capacitação profissional ou orientação na gestão

da organização. Porém, os projetos que ampliam a sua linha de atuação,

englobando ações nas áreas de Saúde, Segurança, Ambiental e Social, e também,

no caso de pequenas empresas e comunidades, a questão da organização e gestão

do negócio obtém melhores resultados, uma vez que podem atender uma gama

maior de necessidades.

Os critérios a serem utilizados neste trabalho para avaliação do projeto de

parceria entre a Suzano Petroquímica S/A e a COOPMARC estão resumidos no

quadro abaixo:

Quadro 2. Resumo dos critérios de avaliação do projeto. Nº. Critérios 1 Alinhamento do objetivo dos projetos com política e estratégia da empresa

2 Investimento em projetos auto-sustentáveis

3 Inclusão de aspectos de formação e/ou capacitação nos projetos

4 Envolvimento dos funcionários da empresa nos projetos

5 Existência de uma estrutura adequada na organização para gerenciamento de projetos de RSE

6 Potencial de replicabilidade do projeto em outros fornecedores / empresas / comunidades

7 Investimento em projetos com grande abrangência

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3. PROGRAMA PARCEIROS DO MEIO AMBIENTE

3.1 APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA

O Programa Parceiros do Meio Ambiente é uma iniciativa do Centro de Recursos

Ambientais do Estado da Bahia, lançado em junho de 2004, com a proposta de

estimular grandes empresas, bem como cidadãos, a adotarem voluntariamente a

gestão ambiental das micro e pequenas empresas (CENTRO..., 2005).

O CRA vê a colaboração de especialistas do setor produtivo, de consultores e

técnicos ambientais como uma grande oportunidade para o fortalecimento da gestão

ambiental das pequenas empresas do Estado da Bahia.

A metodologia do Programa exige que o adotante disponibilize no mínimo 08

horas/mês para diagnosticar, acompanhar e recomendar boas práticas ambientais a

seu adotado. Este por sua vez, deve recepcionar as recomendações, estabelecendo

um cronograma para execução das medidas sugeridas por seu adotante. O CRA

tem o papel de orientar e acompanhar a evolução da parceria adotante/adotado,

mediante relatórios mensais que deverão ser apresentados pelo adotante até o dia

10 de cada mês. O tempo previsto do programa é de 1 (um) ano, com possibilidade

de prorrogação a depender das partes interessadas.

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A inserção no programa oferece diversos incentivos, como divulgação dos

adotantes e adotadas no site do CRA, acréscimo de 10% no prazo de validade da

Renovação da Licença de Operação (LO) do adotante, e declaração assinada pelo

Governador do Estado da Bahia reconhecendo a participação dos interessados no

Programa.

O Projeto Parceiros do Meio Ambiente – “Adote uma pequena empresa na área

ambiental”, promovido pelo CRA, desponta como uma oportunidade para que

empresas de grande porte que possuem uma cultura de Saúde, Segurança, Meio

Ambiente, Qualidade e Atuação Social possam auxiliar pequenas empresas quanto

a estes aspectos. Em 15/08/2004, apenas quatro grandes empresas haviam

estabelecido um vínculo de adoção com pequenas empresas. Já em 18/11/2005, a

relação de parceiros adotantes e adotados passou para dezenove.

A Suzano Petroquímica passou a fazer parte deste programa em 7 de junho de

2004, quando adotou a COOPMARC – Cooperativa de Materiais Recicláveis de

Camaçari.

3.2 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

A Suzano Petroquímica S/A possui participações nas empresas Rio Polímeros

S.A., Petroflex Indústria e Comercio S.A. e Politeno Indústria e Comercio S.A. Em 1º

de setembro de 2005, adquiriu o controle integral da Polibrasil Resinas S/A,

transformando-se em uma empresa com gestão estratégica e operacional integrada,

líder latino-americana na produção de resinas de polipropileno e a segunda maior

produtora de resinas termoplásticas no Brasil.

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A empresa vem construindo sua liderança no mercado apoiada na busca pela

excelência em gestão desde o início das suas atividades. A figura abaixo mostra os

principais marcos na evolução da gestão da empresa.

Figura 3 – Evolução da Suzano na Busca pela Excelência

A questão socioambiental é parte integrante da gestão da empresa e também

passou por um processo de evolução. Este tema começou a ser discutido mais

intensamente dentro da empresa a partir da adesão, em 1993, ao “Programa

Atuação Responsável” da ABIQUIM - Associação Brasileira da Indústria Química,

através da implementação dos 7 códigos (Transporte e Distribuição, Proteção

Ambiental, Gerenciamento de Produtos, Segurança de Processo, Diálogo com a

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comunidade, Saúde e Segurança do Trabalhador e Preparação para atendimento a

Emergências).

Em 1999 houve a formalização de seus “Princípios Empresariais Gerais” onde

foram explicitadas as formas como a empresa visa atender às partes interessadas

(acionistas, clientes, fornecedores, funcionários e sociedade).

O ano de 2000 foi marcado pela certificação na Norma de Gestão Ambiental ISO

14001 e pela adoção dos Critérios de Excelência do PNQ – Prêmio Nacional da

Qualidade como modelo de gestão.

Em 2001, a empresa obteve a certificação na Norma de Gestão em Saúde e

Segurança do Trabalhador OHSAS 18001 e a partir de 2003, a empresa passou a

adotar as diretrizes da Norma Internacional de Responsabilidade Social SA 8000.

Porém, somente em 2004, a empresa se estruturou de forma organizada para

tratar do tema de Responsabilidade Social e definiu o conceito RSE sob a sua ótica:

Responsabilidade Social Empresarial é a forma de conduzir os negócios da empresa da tal maneira que a torne parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social. Uma empresa considerada socialmente responsável é aquela que tem a capacidade de ouvir os interesses das diversas partes interessadas, incorporando-as no planejamento de suas atividades. (SUZANO..., 2004, p.2).

A partir da definição do seu conceito de RSE, a empresa formalizou a sua

Política de Atuação Social e estabeleceu que “ter ações focadas em

Responsabilidade Social” é um objetivo estratégico para a empresa, explicitado em

seu mapa estratégico.

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Com base na política implementada, a Suzano Petroquímica estabeleceu que

seu programa de Investimentos Sociais deveria passar pelas seguintes etapas: a)

definição da estratégia de atuação, b) identificação das necessidades, c)

conscientização e envolvimento, d) controle e aprendizado. Do mesmo modo, definiu

que os princípios que norteariam sua atuação seriam: o desenvolvimento da

comunidade local sob influência da Suzano Petroquímica; ação duradoura e

sustentável; participação dos públicos internos e externos e foco em Educação,

Saúde e Meio Ambiente. (SUZANO..., 2004).

A Suzano Petroquímica – Unidade de PP possui vários programas e iniciativas

na área socioambiental. Em 2003 e 2004, a empresa investiu cerca de 0,10% do seu

faturamento, em projetos sociais que alcançaram aproximadamente 283 mil

pessoas. O quadro abaixo apresenta as principais ações sociais das unidades da

Suzano situadas em Camaçari - BA, Duque de Caxias - RJ e Mauá - SP nos últimos

anos.

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Quadro 3. Ações sociais da Suzano Petroquímica S/A – Unidade de PP nos últimos anos Projeto Descrição Localidade

Doutores da Alegria Parceria com esta organização que se dedica a levar alegria a crianças hospitalizadas, seus pais e aos profissionais de saúde, através da arte do palhaço.

São Paulo - SP

Parceria a AACD – Associação de Assistência a Criança Deficiente

Parceria desde 1994 com a oficina ortopédica para a produção de mais de 40.000 aparelhos ortopédicos por ano, tais como órteses, próteses, coletes e todo tipo de acessórios para deficientes físicos.

São Paulo - SP

Concurso de Redação Ler é Preciso.

Projeto que visa estimular e valorizar a manifestação da criatividade através da escrita, revelando que o ato de escrever é uma forma de compartilhar idéias, histórias e aventuras, aproximando, assim, os jovens do livro.

São Paulo - SP

Biblioteca comunitária Ler é Preciso

Democratização do acesso ao livro, à leitura e à escrita, introduzindo a literatura no cotidiano das comunidades. Visa também à difusão cultural, o resgate e a valorização da cultura local. O projeto existe desde 1999 e já implantou mais de 40 bibliotecas em todo o país.

Mauá – SP Camaçari-BA

Natação adapatada Programa que oferece cursos de natação para portadores de deficiência física. Este projeto beneficia 300 portadores e contribui para sua inserção na comunidade, melhorando sua auto-estima.

Mauá - SP

Cinema na Praça Programa que oferece lazer e cultura para comunidades carentes. Mauá - SP

Balão é Fogo Busca a conscientização da população sobre o risco de soltar balões. Mauá - SP

Programa Pólo dá Vida

Programa que oferece serviços gratuitos à comunidade local tais como: consultas oftalmológicas, workshops sobre reaproveitamento de alimentos, consultas médicas e odontológicas, assessoria jurídica, corte de cabelo, exames de prevenção do câncer de mama, recreação infantil, elaboração de currículos, e palestras.

Mauá - SP

Coral Pequenos Grandes Amigos Iniciativa que estimula o desenvolvimento social através da música. Duque de Caxias -

RJ

Projeto Escola Comunidade – Jardim Gramacho

Projeto que promove a inserção social das comunidades através da capacitação profissional e da conscientização da importância da preservação do meio ambiente.

Duque de Caxias - RJ

Parceria entre a Suzano e a COOPMARC

Projeto estabelecido a partir do Programa Parceiros do Meio Ambiente do CRA que tem como objetivo estimular o desenvolvimento social através da educação ambiental e formal dos cooperados e melhorar a gestão ambiental da cooperativa.

Camaçari - BA

Aliado às ações sociais coordenadas pela empresa, cada unidade possui um grupo

de voluntariado que define e promove diversas atividades com a comunidade.

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3.3 APRESENTAÇÃO DA COOPMARC

A COOPMARC foi fundada em Setembro de 2000, tendo sua primeira sede

localizada no centro de Camaçari (BA). Em 2002, sua sede foi transferida para outro

bairro, o Espaço Alpha, com uma área construída de 5000 m2. Sua principal

atividade está relacionada à coleta, separação e venda de materiais recicláveis. A

cooperativa tem convênio com diversas empresas do pólo petroquímico e do pólo de

apoio que fazem doações periódicas de resíduos sólidos recicláveis, cerca de 40

t/mês. A COOPMARC ainda realiza um trabalho social comprando aproximadamente

25 t/mês de plásticos (PET, filme, plástico rígido, PEAD), papéis, vidros, metais e

alumínios de 75 catadores cadastrados pela cooperativa. Existem 35 cooperados,

que se dividem em atividades administrativas e de produção.

Figura 4 – Fluxograma operacional da COOPMARC

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Figura 5 – Sede atual da COOPMARC

3.4 APRESENTAÇÃO DO PROJETO EM PARCEIRA COM A COOPMARC

A Suzano deu início ao projeto com a realização de um diagnóstico ambiental da

COOPMARC, através do qual foi possível avaliar os impactos ambientais causados

pela atividade (consumo de água e energia, geração e destinação do óleo usado na

prensa, geração de efluentes, armazenamento dos resíduos, etc.). As deficiências

identificadas nas visitas mensais realizadas pela Suzano à cooperativa em

atendimento às 8h/mês mínimas exigidas pelo programa, estão relacionadas aos

itens abaixo:

Falta de acompanhamento da evolução do desempenho ambiental ao longo dos

anos devido à inexistência de monitoramento do consumo de água e energia e

ausência de indicadores ambientais relativos à produção.

Falta de conhecimento técnico sobre classificação, tratamento e disposição de

alguns resíduos e sobre normas específicas aplicadas a esta atividade.

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Inexistência de planilhas de aspectos e impactos ambientais das atividades.

Ausência de uma cultura em Saúde e Segurança do Trabalho.

A partir deste diagnóstico, foi elaborado um plano de ação para eliminar estas

deficiências e implementar melhorias na gestão da COOPMARC. As ações

propostas foram agrupadas em uma tabela atualizada a cada visita realizada à

cooperativa. A tabela abaixo, referente ao período Julho/2005 apresenta as ações

que na época haviam sido realizadas (em amarelo), estavam sendo iniciadas (em

laranja) e estavam previstas para o decorrer do programa (em cinza).

Quadro 4. Ações para implantação de melhorias na gestão da COOPMARC (Jul/05).

Implementar princípios de gestão ambiental à COOPMARC

Prioridade Ação Prazo Custo Situação

I - Levantamento do consumo de água e energia

- Preparar planilhas mensais de acompanhamento dos consumos de água e energia. - Acompanhar o consumo de água e energia como indicadores de medição de desempenho ambiental

24/05/05 01/07/05

S/custo

- Planilhas já sendo utilizadas, necessitando apenas melhorá-las. - A partir de 01/07/05 acompanhar o consumo de água e energia como indicadores de desempenho ambiental

II - Investigação do volume de óleo gerado e a sua destinação

- Verificar o volume de óleo gerado e qual o seu descarte. - Caso o descarte esteja ocorrendo de maneira incorreta viabilizar uma maneira para a destinação final do resíduo.

01/07/05

S/custo

- Foi constatado que a troca de óleo da prensa ocorre a anualmente, cerca de 40 litros. - A Suzano está viabilizando uma maneira de descartar o óleo usado da cooperativa juntamente com os óleos usados da empresa.

III - Realização de treinamentos no tema Resíduos Sólidos

- Treinamento com os cooperados sobre Resíduos Sólidos - Melhorar a identificação dos materiais recebidos/vendidos pela cooperativa.

10/08/05 15/08/05

S/custo

- O treinamento será realizado até 11/2005. - A padronização dos grupos específicos dos materiais reciclados da cooperativa teve início em 08/2005.

IV – Elaboração de uma matriz completa de aspectos e impactos ambientais e os devidos controles

- Levar as atividades para identificação dos aspectos e impactos ambientais e as possíveis medidas de controle desses impactos ambientais. - Tabular os dados na matriz de aspectos, impactos ambientais e controle. - Treinamento dos cooperados.

30/10/05

S/Custo

Em andamento

V – Aplicação de Normas Ambientais

- Treinamento dos cooperados quanto as principais normas ambientais que serão aplicadas às práticas da cooperativa atendendo a legislação ambiental. - Aplicação das NBR´s (10004, 13221, 11174).

20/12/05

S/custo

Atividade a ser iniciada em 11/2005.

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Prioridade Ação Prazo Custo Situação

VI - Levantamento das principais práticas e procedimentos de SSCA (Segurança, Saúde e Conservação Ambiental).

- Levantar os riscos de segurança e saúde das atividades da cooperativa. - Realizar treinamentos de segurança e higiene ocupacional para os cooperados - Informações sobre a legislação da saúde e segurança do trabalhador. - Elaborar procedimentos de SSCA juntamente com os cooperados. - Implantar os procedimentos e as ações que os cooperados deverão tomar para que as práticas de SSCA sejam continuamente atendidas.

5/02/06

S/Custo

Atividade a ser iniciada em 01/2006

VII - Identificação de indicadores para medição do desempenho ambiental;

- Realizar um projeto de melhoria de layout da cooperativa que possa aperfeiçoar os sistemas de coleta, separação, armazenamento e vendas. - Após a implementação desse projeto que visa investimentos (compra de outra prensa), melhoria no layout e treinamentos de gestão empresarial será possível identificar outros tipos de indicadores para a medição do desempenho ambiental.

30/12/05

A definir

- Atividade iniciada em 16/05/05 com a visita da Rosângela (Analista de Logística da Suzano) e do Roberto (Técnico de Produção - Compostos). Durante a visita foram observados diversos pontos de melhoria que poderão ser empregados. - Será definido um plano de ação para a realização do projeto e sua implementação. Os prazos também serão avaliados e mencionados nos próximos relatórios.

Como a cada visita, o cenário é um pouco diferente do encontrado no mês

anterior, a tabela mostrada acima não reflete o status atual do projeto. A seguir são

apresentadas as alterações mais significativas.

Quanto ao Levantamento do consumo de água e energia (item I) foi identificada a

necessidade de instalação de um hidrômetro para registro exato do consumo de

água de cada mês e a possibilidade de aumento na demanda de energia em função

da implementação do projeto descrito no item VII (compra de outra prensa). Para

tanto, está sendo providenciado junto a COELBA, um transformador exclusivo para a

cooperativa, uma vez que o atual é compartilhado com outra empresa (LIMPEC) e

não atende à demanda necessária.

Quanto ao item II, além do descarte de óleo, foi acrescentado o recolhimento de

lâmpadas fluorescentes (resíduo perigoso). Está sendo avaliada a possibilidade de

envio do óleo e das lâmpadas para a Suzano, a qual providenciará o devido

descarte.

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Quanto ao item III, a realização do treinamento sobre Resíduos Sólidos,

ministrado por Rita Góes (CRA), Coordenadora de Projetos Especiais do CRA, e

com duração de quatro horas, despertou entre os cooperados a importância da

reciclagem na redução do consumo de energia, das despesas com matéria prima e

da minimização de materiais em lixões e aterros. Para completar o item, a Suzano

tem estudado uma metodologia para melhorar a identificação dos materiais

recebidos/vendidos pela cooperativa.

Figura 6 – Treinamento de Resíduos Sólidos realizado pelo CRA para os cooperados

Já quanto ao item VI, foi realizado até o momento, apenas o Treinamento de

Segurança no Ambiente de Trabalho. O mesmo foi ministrado por Jair Oliveira –

Técnico de Segurança da Suzano e teve duração de duas horas. A abordagem do

treinamento teve como foco principal a prevenção de acidentes de trabalho, riscos

ambientais e a importância da utilização de equipamento de proteção individual

(EPI). A partir desse treinamento, observou-se uma modificação positiva no

comportamento dos cooperados quanto à utilização freqüente de EPI’s.

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Figura 7 – Utilização de EPI após treinamento de segurança

O item VII propõe ações para a melhoria da gestão ambiental, porém com o

decorrer do projeto observou-se a necessidade de ampliação deste escopo,

englobando além da gestão ambiental, a gestão do próprio negócio. As visitas da

Suzano à sua adotada têm detectado algumas dificuldades que precisarão ser

sanadas para que a cooperativa possa desenvolver-se. Entre elas pode-se destacar:

Dificuldades de gerenciamento para comercialização - noções de compra/venda

e benefícios;

Falta de definição de layout para estocagem e armazenamento;

Baixa produção em dias chuvosos devido à falta de área coberta;

Falta de um veículo próprio com maior capacidade de coleta;

Armazenamento inadequado de alguns materiais – baías cobertas para papel

não comportam todo o material;

Instabilidade emocional e baixa estima dos catadores que encontram dificuldades

de coleta de materiais em Camaçari devido à falta de identificação;

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Problemas relacionados ao convívio em grupo e necessidade de educação

cooperativista, que precisa ser cultivada diariamente para que, de fato, a

cooperativa funcione tal como reza a sua natureza jurídica;

Compra de outra prensa para atender a demanda;

Dificuldade de capitalização da cooperativa para comprar equipamentos;

Com base nas deficiências listadas acima foram propostas algumas metas para

consolidação do projeto de melhoria:

1) Otimização dos sistemas de coleta, separação, armazenamento, vendas e

aumento de produtividade;

2) Consolidação da cooperativa;

3) Treinamento Motivacional entre os cooperados com foco na importância de

cada um para o desenvolvimento da cooperativa;

4) Treinamento de Gerenciamento de Negócios;

5) Integração de catadores de rua ao projeto;

6) Doação de 50 capas de chuvas, a fim de melhorar a dinâmica de trabalho em

dias chuvosos;

7) Implantação do sistema de ganho por produtividade entre os cooperados;

8) Separação de materiais no ponto de apanha.

Os indicadores para medição do desempenho ambiental estão sendo estudados

pelo grupo técnico da adotante para serem empregados na gestão ambiental da

cooperativa no decorrer do programa.

Mesmo que o projeto ainda não tenha sido concluído, já é possível mensurar os

resultados relacionados à produtividade alcançados pela cooperativa desde o início

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do programa. A figura 06 apresenta a comparação entre a produção de material

separado vendido (MSV) referente ao período entre julho de 2003 e julho de 2004,

ano anterior à implantação do Programa Parceiros do Meio Ambiente, e a produção

dos meses seguintes em que o programa já havia sido implantado. Nota-se nesta

figura, um aumento de aproximadamente 40% da quantidade de material vendido no

período de atuação do programa, passando de 851,81 toneladas para cerca de 1200

toneladas. É interessante ressaltar que nos meses de Abril e Maio de 2005, sob a

orientação da Suzano, a cooperativa efetuou a oferta de alguns materiais ao

mercado, mesmo com menor valor agregado, a fim de diminuir seu estoque. Com

essa iniciativa, a cooperativa vendeu nestes meses cerca de 290 toneladas,

enquanto que as vendas de janeiro, fevereiro e março totalizaram 257 toneladas.

Figura 8 - Demonstrativo da produção de material separado vendido pela cooperativa antes e durante a vigência do Programa.

Produção de MSV pela COPMARC

5 5 , 3 2 5 9 , 1 3

7 3 , 6 7

5 7 , 7 8

7 2 , 3 9

1 0 6 , 0 6

7 4 , 7 3

6 0 , 3

7 7 , 9 57 0 , 6 2

8 5 , 2 0

7 2 , 2 56 1 , 1 5

9 7 , 2 3

8 2 , 2 8

1 4 5 , 7 0

1 0 4 , 6 9

9 9 , 8 7

1 4 2 , 1 2

7 7 , 9 57 7 , 9 7

8 8 , 5 29 0 , 8 8 8 8 , 7 7

1 0 6 , 8 3

0 , 0 0

2 0 , 0 0

4 0 , 0 0

6 0 , 0 0

8 0 , 0 0

1 0 0 , 0 0

1 2 0 , 0 0

1 4 0 , 0 0

1 6 0 , 0 0

Jul-0

3

Ago

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Set

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jul/0

5

M é d i a A n t e r i o r A n t e s d o p r o j e t o A p ó s o p r o j e t o

t MSV

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Através do Programa Parceiros do Meio Ambiente a cooperativa tornou-se mais

conhecida não apenas no estado da Bahia como em outras regiões do país. Em

09/06/2005, foi realizado o primeiro “Seminário Parceiros do Meio Ambiente”, no

qual três duplas de empresas adotadas e adotantes, incluindo a Suzano

Petroquímica e COOPMARC, apresentaram os resultados preliminares dessas

parcerias. A partir desse seminário, vários eventos sobre esse projeto foram

realizados no país, proporcionando troca de experiências entre as empresas,

disseminação do projeto e repercussão positiva na mídia.

Em junho de 2005, a COOPMARC e a Suzano foram convidadas a participarem

das atividades comemorativas dos 20 anos de existência da Associação Brasileira

de Entidades Estaduais de Meio Ambiente – ABEMA, em São Paulo. Neste evento,

havia 48 órgãos estaduais do meio ambiente representados.

Em Agosto de 2005, o projeto conquistou o prêmio FIEB de Educação Ambiental

2005 da Federação das Indústrias do Estado da Bahia.

Em Novembro de 2005, o projeto foi vencedor do prêmio BRAMEX Ambiental, na

categoria Ambiente, promovido pela Câmara de Indústria, Comércio e Turismo Brasil

/ México.

Esse projeto tem permitido à cooperativa alçar vôos cada vez mais altos e

desafiadores. É interessante a exposição dos resultados para que outras pequenas

empresas também possam ser beneficiadas através do programa.

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3.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DO PROJETO

Com a conclusão da etapa de apresentação do projeto, inicia-se a discussão dos

aspectos do projeto sob a ótica dos critérios definidos no capítulo anterior.

1. Alinhamento do objetivo dos projetos com política e estratégia da empresa:

A política de Saúde, Segurança, Meio Ambiente, Qualidade e Atuação Social da

Suzano Petroquímica, revisada em Março de 2005, expressa o comprometimento da

empresa com a excelência em sua gestão, e na condução de seu negócio com

responsabilidade social, levando em conta às necessidades e expectativas de seus

acionistas, clientes, fornecedores, funcionários e sociedade.

De maneira mais específica, são citados na política dois compromissos da

empresa que se relacionam intimamente com o tema deste trabalho:

• “Conduzir todos os seus processos visando preservar o meio ambiente,

adotando tecnologias focadas na redução dos impactos ambientais e

definindo objetivos que atendam e superem os requisitos legais aplicáveis”;

• “Atuar de forma ética e responsável, de acordo com seus princípios

empresariais, adotando práticas de atuação social que contribuam para a

qualidade de vida das pessoas”.

A Responsabilidade Social Empresarial é reconhecida pela Suzano como um

objetivo estratégico que gera valor ao acionista e pode ser observado no mapa

estratégico da companhia sob a perspectiva de aprendizado e crescimento das

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pessoas que integram a empresa, perspectiva de processos internos e perspectiva

de mercado.

Conforme citado anteriormente no item de caracterização da empresa, o

Programa de Atuação Social da Suzano baseia-se nas seguintes premissas:

• Desenvolvimento da Comunidade local, sob influência da Suzano

Petroquímica;

• Ação duradoura e sustentável;

• Participação dos públicos internos e externos;

• Atuação nos campos de Educação, Saúde e Meio Ambiente.

Desta forma, a adoção da COOPMARC dentro do projeto “Parceiros do Meio

Ambiente” está bastante alinhada à política e estratégia da empresa e ao seu

Programa de Atuação Social, à medida que visa melhorar a gestão de uma

cooperativa de reciclagem, cuja atividade se destina a minimizar impactos

ambientais, contribuir para redução do consumo de água, energia elétrica e recursos

naturais e reduzir a poluição. Esta iniciativa é reconhecidamente uma forma de

contribuir não só para a preservação do meio ambiente, mas também uma forma de

exercitar a responsabilidade social dentro e fora da organização e contribuir para a

qualidade de vida da comunidade.

2. Investimentos em projetos auto-sustentáveis:

Antes da adesão ao Programa Parceiros do Meio Ambiente, a Suzano

Petroquímica já havia realizado outras ações sociais junto à COOPMARC:

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• A doação, a partir de 2002, de cerca de 4 t/mês de materiais recicláveis,

como papel, papelão, vidro e madeira. (Anteriormente os materiais plásticos

recicláveis gerados em seu processo eram vendidos para empresas de

reciclagem).

• O patrocínio de camisas e alimentação para os participantes do Seminário de

Meio Ambiente realizado pela COOPMARC em comemoração ao dia do Meio

Ambiente.

• A doação, em 2003, de uma caminhonete que trouxe retornos econômicos da

ordem de R$ 2.400,00 por mês, facilitando a coleta e minimizando os custos

com o aluguel de transporte para a COOPMARC.

Apesar destas doações representarem ganhos financeiros importantes para a

cooperativa, estas ações socioambientais evidenciam uma relação clientelista entre

a Suzano e a COOPMARC, à medida que criam uma dependência entre as duas

organizações. Os problemas pontuais e imediatos dos cooperados são solucionados

sem que as reais causas das deficiências existentes na gestão da cooperativa sejam

identificadas e tratadas.

Ao aderir ao Programa Parceiros do Meio Ambiente, a Suzano oficializou esta

parceria informal já existente com a COOPMARC, elaborando um plano de ação de

forma estruturada e cuja responsabilidade de execução é compartilhada entre a

empresa e a cooperativa. Este projeto difere das ações sociais realizadas

anteriormente pela Suzano junto à cooperativa à medida que possui como uma de

suas etapas a realização de um diagnóstico que possibilita a identificação clara dos

itens onde a gestão da cooperativa precisa de adequações, correções ou melhorias.

Devido a esta particularidade, este projeto pode ser caracterizado como de caráter

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emancipatório, pois a orientação dos especialistas e técnicos nas diversas áreas

contribui para o fortalecimento da gestão, promovendo a autonomia e o crescimento

da cooperativa. Outra característica marcante deste projeto é o fato de serem

definidos objetivos concretos e os resultados encontrados serem monitorados e

acompanhados ao longo do tempo.

A reciclagem de materiais no Brasil é uma atividade que vêm crescendo ao longo

dos anos e representa uma excelente oportunidade de negócio. A figura abaixo

mostra os percentuais de reciclagem dos estados brasileiros segundo informações

prestadas ao IBGE em 2002. Observa-se que existe uma diferença grande dentro do

território brasileiro, enquanto as regiões Sul e Sudeste despontam com percentuais

altos, as demais regiões possuem índices baixos. A média brasileira é de 19% e

indica que ainda há bastante espaço para desenvolvimento e crescimento desta

atividade no país.

Figura 9 – Percentuais de reciclagem segundo informações prestadas ao IBGE pelos estados.

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O fato da COOPMARC estar localizada em Camaçari, caracteriza-a como uma

excelente opção para a destinação dos materiais recicláveis das empresas do Pólo

Petroquímico. Entre 2003 e 2004 a cooperativa de Camaçari deixou de lançar no

aterro municipal cerca de 750 toneladas de lixo.

Devido aos altos padrões de exigência das empresas do Complexo Petroquímico

com as questões socioambientais, os fornecedores de serviço devem buscar o mais

alto grau de qualificação e organização para permanecer realizando atividades com

estas empresas. Neste sentido, o projeto vem auxiliar a cooperativa, tornando-a

capaz de consolidar a sua atuação no mercado, buscar novas oportunidades de

negócio e garantir a auto-sustentabilidade de forma permanente.

Em condições normais de operação a COOPMARC tem uma renda bruta mensal

de R$ 50.000,00 gerada através da venda dos materiais recicláveis recolhidos nas

empresas do Pólo.

Os resultados alcançados até o momento demonstram um ganho real na gestão

da cooperativa com a implementação do projeto. A quantidade de material vendido

em 2004 foi de 70 t/mês. Em 2005, até o mês de julho, as vendas aumentaram

quase 60%, ou seja, aproximadamente 110 t/mês.

Com as informações adquiridas pelos cooperados sobre a gestão do negócio

(noções de organização do espaço e otimização da utilização dos equipamentos) e

sobre o manuseio e o tratamento dos resíduos sólidos, e com o diagnóstico emitido

pela Suzano apontando os processos da cooperativa que apresentam deficiências, a

COOPMARC possui as ferramentas necessárias para continuar a implementação

das ações corretivas e de melhorias sugeridas durante o período em que a parceria

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esteve vigente. Em busca da auto-sustentabilidade, a cooperativa tem a

possibilidade de estabelecer contratos com outras empresas do Pólo para compra

de materiais recicláveis e até mesmo, realizar uma parceria com as escolas do

município para coleta dos papéis e plásticos, já que a prefeitura de Camaçari ainda

não realiza este tipo de atividade e destina todo o material recolhido pela LIMPEC

(Empresa de Limpeza Urbana de Camaçari) para o aterro sanitário.

3. Inclusão de aspectos de formação e/ou capacitação nos projetos

Outro aspecto importante deste projeto está no investimento na formação e

capacitação dos cooperados e catadores de materiais reciclados. Neste sentido, a

construção da COOPBRASIL, escolinha para alfabetização dos cooperados através

do Programa SESI Educação do Trabalhador, e as recomendações e orientações

relacionadas à gestão de negócios têm proporcionado melhorias significativas à

cooperativa quanto ao aumento de produtividade e, consequentemente, de lucros.

A inclusão da COOPBRASIL no projeto representa uma iniciativa para melhorar o

nível educacional dos cooperados. Alguns deles haviam deixado a escola há

bastante tempo, outros nunca haviam estudado. Um dos cooperados, por exemplo,

com 41 anos, após três meses de inserção no programa, pôde concretizar sua meta

pessoal de escrever seu próprio nome e tirar seus documentos. Outros resultados

desta iniciativa são a melhoria significativa do trabalho em grupo e a elevação da

auto-estima dos cooperados.

Todo o material para a construção da escolinha (R$ 25.500,00), juntamente com

a infra-estrutura da sala de aula (R$ 3.300,00) e o contrato com o Programa SESI

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Educação do Trabalhador foi patrocinado pela Suzano. Os custos mensais com o

SESI contabilizam cerca de R$ 1.100,00 por mês. No entanto, a adotante acredita

que o crescimento pessoal e o resgate da cidadania não têm preço.

Além da construção da COOPBRASIL, alguns treinamentos têm sido realizados

visando a implantação de uma gestão ambiental consolidada. O Treinamento de

Resíduos Sólidos, ministrado pelo CRA, contribuiu para conscientizar cada

cooperado quanto à importância de sua atividade para preservação do meio

ambiente. Já o Treinamento de Segurança no Ambiente de Trabalho, realizado pela

Suzano, teve a proposta de disseminar a prática de segurança em todo o processo

produtivo da cooperativa, desde o uso de EPI’s (equipamento de proteção individual)

ao manuseio correto de equipamentos como a prensa.

4. Envolvimento dos funcionários da empresa nos projetos

O programa “Parceiros do Meio Ambiente – Adote uma pequena empresa na

área ambiental” foi criado pelo CRA e se caracteriza pela adesão voluntária das

empresas e pela liberdade na escolha da adotada e do tipo de atividade a ser

desenvolvida, tendo como única exigência a de que o profissional da área ambiental

dedique 8 horas mensais para melhoria da gestão ambiental da adotada. Em função

desta particularidade, no caso da Suzano Petroquímica o projeto foi crescendo do

indivíduo (funcionário) para a empresa, transformando-se de orgânico a estruturado,

e, encaixando-se nas premissas do programa de Responsabilidade Social da

empresa que foram definidas concomitantemente com o início do projeto.

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O projeto de parceria da Suzano com a COOPMARC contou inicialmente com a

adesão voluntária de funcionários do setor de Saúde, Segurança e Conservação

Ambiental. À medida que o projeto foi evoluindo houve o envolvimento de

funcionários dos setores de Logística, Produção, Recursos Humanos e algumas

contratadas voltadas para realização de obras civis na construção da escola

COOPBRASIL.

No entanto, apesar do engajamento das pessoas ao projeto ter sido voluntário,

esta iniciativa não surgiu a partir de um programa estruturado de voluntariado. Não

houve inicialmente a formação de uma equipe de trabalho, o que resultou em pouco

planejamento inicial e baixa difusão da proposta do projeto dentro da empresa.

Porém, à medida que as visitas à COOPMARC foram sendo realizadas e que o

escopo de atuação foi sendo ampliado, através da identificação de oportunidades de

melhoria em outras áreas além da ambiental, mais pessoas foram sendo envolvidas.

Com a divulgação da iniciativa dentro e fora da empresa e com o reconhecimento

do trabalho realizado através das premiações recebidas pelo projeto, foi possível

perceber uma motivação, dedicação e empenho cada vez maiores por parte dos

funcionários envolvidos através do aumento de visitas à cooperativa e o

desenvolvimento de atividades fora do horário administrativo.

A participação no projeto trouxe ganhos para aqueles funcionários que estiveram

ativamente envolvidos. O desenvolvimento da habilidade de comunicação resultante

da realização de diversas palestras, treinamentos, entrevistas, apresentações de

divulgação do projeto, e das reuniões com os próprios cooperados foi o principal

ganho identificado, conforme identificado no resultado da entrevista com a

responsável pelo acompanhamento do projeto dentro da Suzano, Jaciane Pereira. O

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senso de responsabilidade, a satisfação pessoal, a capacidade de síntese e clareza

para elaboração dos relatórios enviados ao CRA, o espírito empreendedor, e a visão

sistêmica de negócio foram outros ganhos identificados.

No que tange os benefícios trazidos pelo projeto para a empresa, ainda não é

possível observar e mensurar os ganhos na produtividade resultante da melhoria na

satisfação dos funcionários, pois a Pesquisa Rumos, realizada a cada dois anos

para avaliar o clima organizacional na empresa e medir a motivação dos

empregados não foi realizada pela Suzano Petroquímica em 2005. Porém acredita-

se que tenha havido uma melhoria no índice de satisfação dos empregados, já que

foi verificado que servir a uma empresa que contribui para a comunidade foi um

aspecto valorizado por 83% dos profissionais entrevistados em uma pesquisa

realizada em algumas empresas do Brasil para uma matéria de revista. Em uma

questão aberta a comentários gerais, esta pesquisa revelou a incidência crescente

de manifestações de satisfação, por parte dos funcionários, com a possibilidade de

ter o apoio da empresa para atuar como voluntários (AS 100..., 2000).

5. Existência de uma estrutura adequada na organização para gerenciamento

de projetos de RSE:

A iniciativa da Suzano em aderir ao programa “Parceiros do Meio Ambiente –

Adote uma pequena empresa na área ambiental” partiu do setor de Saúde,

Segurança e Conservação Ambiental da empresa, fato esperado em função do

próprio tema abordado no projeto, e posteriormente foi encaminhada para a área

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corporativa de Marketing & Comunicação, responsável pelo programa de

Responsabilidade Social da empresa.

A área de SSCA possui autonomia para desenvolver o projeto, sendo que a

gerência industrial e demais áreas são envolvidas em ações específicas. Esta

característica é bastante coerente com a cultura da empresa, que adota a pró-

atividade, independência, agilidade e informalidade na consecução de suas

atividades.

No entanto, um maior envolvimento, principalmente das áreas de RH e Marketing

& Comunicação, bem como a discussão com os responsáveis por outros projetos

sociais em andamento na empresa, poderiam gerar uma maior sinergia. Além disso,

uma cobrança mais efetiva sobre os resultados do projeto também poderia acarretar

um maior dinamismo no alcance dos objetivos do projeto.

6. Potencial de replicabilidade do projeto em outros fornecedores / empresas /

comunidades:

A COOPMARC já entende que, para tornar-se uma micro-empresa competitiva

no mercado, é necessário fazer mais pela sociedade e pelo meio ambiente, ou seja,

implementar em seu dia-a-dia uma gestão socioambiental comprometida com o

cumprimento das normas ambientais do país.

Já é possível observar algumas ações internas de responsabilidade social

adotadas pela cooperativa, como benefícios concedidos aos cooperados (vale gás,

farmácia e assistência odontológica). Porém, o programa não pretende que a

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cooperativa se limite a implementar ações sociais internas, mas propõe à

COOPMARC, o desafio de evoluir de uma gestão ambiental para uma gestão

socioambiental capaz de futuramente passar de empresa adotada à empresa

adotante.

7. Investimento em projetos com grande abrangência:

Uma característica marcante deste projeto é o fato de não se limitar à realização

de um diagnóstico ambiental, incorporando aspectos de Segurança do Trabalho,

bem como orientações voltadas para a gestão do negócio (vendas, motivação do

pessoal, capacitação, etc.).

Em meados do mês de Julho de 2005, a cooperativa implantou o sistema de

ganho por produtividade entre os cooperados. Essa medida foi uma recomendação

da Suzano a fim de solucionar problemas de baixa produção por parte de alguns

cooperados que possuíam ganhos iguais aos que produziam mais. Além dessa

iniciativa, está sendo estudada a possibilidade de implantação de mais um turno

(15:00 às 23:00 h), que teria como função reduzir a ociosidade da prensa e

aumentar a capacidade de produção.

Outras ações voltadas para o desenvolvimento do negócio, citadas no capítulo

anterior, estão previstas no projeto, porém ainda não foram implementadas.

O quadro abaixo resume a discussão apresentada neste capítulo e mostra o

atendimento aos critérios selecionados para avaliação do projeto de parceria entre a

Suzano e a COOPMARC.

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Quadro 5. Atendimento aos critérios de avaliação do projeto Nº. Critérios Atendimento

1 Alinhamento do objetivo dos projetos com política e estratégia da empresa Total

2 Investimento em projetos auto-sustentáveis Total

3 Inclusão de aspectos de formação e/ou capacitação nos projetos Total

4 Envolvimento dos funcionários da empresa nos projetos Parcial

5 Existência de uma estrutura adequada na organização para gerenciamento de projetos de RSE Parcial

6 Potencial de replicabilidade do projeto em outros fornecedores / empresas / comunidades Total

7 Investimento em projetos com grande abrangência Total

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4. CONCLUSÕES

Este trabalho teve como primeiro objetivo ampliar a visão existente sobre o tema

Responsabilidade Social Empresarial. A massa crítica gerada com a discussão das

idéias dos diversos autores foi essencial para a construção das reflexões

apresentadas neste trabalho. Além disso, o aprendizado adquirido será um propulsor

para incrementar a atuação da Suzano frente ao tema estudado. É importante

enfatizar que muitas das conclusões que deveriam estar registradas nesta seção

estão, de fato, expostas ao longo da análise e interpretação do projeto. Essa

abordagem foi utilizada com o intuito de tornar o trabalho mais acessível para o

leitor. No entanto, considera-se que a apresentação da análise do projeto, desde a

sua concepção até os resultados obtidos, merece ênfase especial.

No que tange à adesão ao programa “Parceiros do Meio Ambiente”, sob a

perspectiva da Responsabilidade Social Empresarial, observou-se que este projeto

não foi criado a partir das diretrizes definidas pela empresa, já que a iniciativa de

construção do programa partiu do CRA. Entretanto, é claro o alinhamento existente

entre as diretrizes do programa proposto pelo CRA e a política de atuação da

Suzano.

Em relação à parceria entre a Suzano e a COOPMARC, é possível apontar

alguns resultados significativos, tais como:

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O programa Parceiros do Meio Ambiente proporcionou aos cooperados a

oportunidade de entenderem melhor a importância de sua atividade no contexto

socioambiental. Esta conscientização tem contribuído para o fortalecimento das

práticas de gestão ambiental e de segurança no ambiente de trabalho;

A educação ambiental participativa proporcionou um maior envolvimento dos

cooperados contribuindo para o desenvolvimento da cooperativa.

O programa SESI Educação do Trabalhador resultou no incremento da

capacitação técnica e no desenvolvimento pessoal dos cooperados.

Houve uma evolução da visão de negócio da cooperativa, trazendo um lucro

significativo para os cooperados.

O programa obteve uma visibilidade externa significativa, com a conquista de

prêmios no âmbito nacional e internacional, que desencadeou um movimento de

aprendizado organizacional na Suzano com foco nesse tema.

O sucesso alcançado até o momento pelo projeto pode ser explicado pelo fato do

mesmo estar alinhado à maioria dos critérios de avaliação de projetos de

Responsabilidade Social Empresarial apresentados neste trabalho. Dos sete

critérios avaliados, identificou-se oportunidade de melhoria em dois deles, que

são: “Envolvimento dos funcionários da empresa nos projetos” e “Estrutura da

organização quanto ao gerenciamento de projetos de RSE”.

De forma geral, pode-se constatar que projetos concebidos de forma orgânica

podem se desenvolver de forma positiva desde que em algum ponto da sua

evolução passem por um processo de adequação a programas estruturados. No

entanto, é inegável que projetos que desde a sua concepção estão alinhados com

as estratégias da organização e que permeiem todas as suas áreas têm a

possibilidade de obter melhores resultados, em um tempo mais curto, para todas as

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partes interessadas. Um outro ponto importante que merece destaque é que uma

cultura de Responsabilidade Social precisa de tempo, cuidado e atenção para que

possa ser implementada de forma consistente e obtenha bons resultados.

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5. SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS

Este trabalho limitou-se a realização de uma análise do projeto de parceira entre

a Suzano e a COOPMARC, criado a partir do programa “Parceiros do Meio

Ambiente” do CRA-BA, sob a ótica de Responsabilidade Social Empresarial. Diante

das conclusões apresentadas, sugere-se como tema para futuros trabalhos, a

ampliação desta análise para outros projetos socioambientais da Suzano

Petroquímica S/A.

Quanto ao aprendizado organizacional referente ao tema RSE, identificou-se a

existência de tópicos que podem ser estudados e desenvolvidos em trabalhos

futuros e que são descritos a seguir:

Acredita-se que a implementação de um plano estruturado, tanto interno como

externo, para disseminação do programa, seja essencial para a consolidação de

programas dessa natureza, já que resulta no envolvimento dos funcionários na

execução das ações, cria um clima de discussão em redor do tema, divulga uma

imagem positiva da empresa, leva à participação em fóruns sobre o tema e,

como conseqüência, promove a troca de experiência com outras organizações.

Um plano de comunicação estruturado é um ponto chave para a criação de um

ambiente propício para a evolução da Responsabilidade Social Empresarial.

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Foco em projetos bem sucedidos, ou seja, o amadurecimento da organização no

desenvolvimento de projetos na área socioambiental permite uma definição mais

precisa da vocação da empresa para servir a sociedade.

Aplicação do conceito de “Competências Essenciais” no programa de

Responsabilidade Social da empresa pode acarretar ganhos significativos para a

Suzano Petroquímica, já que pode desencadear o desenvolvimento dos

funcionários envolvidos nos projetos.

A implantação de um maior controle sobre os projetos pode potencializar os

resultados a serem obtidos.

Ainda como sugestão, recomenda-se à empresa realizar o desdobramento do

ciclo de aprendizado referente ao Programa de Atuação Social para toda a

organização.

Desta forma é possível utilizar o conhecimento adquirido pela organização como

um instrumento capaz de resultar em melhorias no Programa de Responsabilidade

Social Empresarial na empresa.

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