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1 RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath 1 Caroline Vaz 2 RESUMO A positivação da responsabilidade civil no ordenamento jurídico brasileiro está intimamente relacionada com a necessidade de se criar mecanismos capazes de dirimir, dentre outros aspectos, de quem seria a responsabilidade pelos danos direta ou indiretamente causados. Há casos (e não raros) que os causadores do dano são animais, bens semoventes definidos pelo artigo 82 do Código Civil. Situações envolvendo “fato de animais”, são comuns em eventos festivos e agropecuários, onde a extensão do dano pode ser maior por envolver uma coletividade e por conseguinte, é digno de superiores cautelas. Doutrinária e jurisprudencialmente, o presente artigo busca analisar as formas de responsabilização do seu dono ou detentor, nos termos do artigo 936 do mesmo diploma legal, e a eventual caracterização das excludentes, quando rompido o nexo causal. Palavras-chave: Responsabilidade Civil. Responsabilidade Civil pelo fato de animal. Responsabilidade objetiva do dono ou detentor. Artigo 936 do Código Civil Brasileiro. ABSTRACT The positivization of civil liability in the Brazilian legal system is closely related to the need to create mechanisms capable of deciding, among other aspects, who would be responsible for the damage caused directly or indirectly. There are cases (not infrequently) that the perpetrators of the damage are animals, moving goods defined by article 82 of the Civil Code. Situations involving “animal suit” are common in festive and agricultural events, where the extent of the damage may be greater because it involves a community and is therefore worthy of superior caution. Doctrinally and jurisprudentially, this article seeks to analyze the forms of accountability of its owner or holder, pursuant to article 936 of the same law, and the possible characterization of the exclusionary, when the causal link is broken. Keywords: Civil Liability. Civil Liability for the fact of animal. Objective liability of the owner or keeper. Article 936 of the Brazilian Civil Code. 1 Acadêmica do Curso de Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Contato: [email protected] 2 Orientadora: Professora do Curso de Direito e Doutora em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Email: [email protected]

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Page 1: RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS ... · RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath1

1

RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM

EVENTOS TRATAMENTO LEGAL E APLICACcedilOtildeES PRAacuteTICAS

Amaacutelia Garcia Kath1

Caroline Vaz2

RESUMO

A positivaccedilatildeo da responsabilidade civil no ordenamento juriacutedico brasileiro estaacute intimamente relacionada com a necessidade de se criar mecanismos capazes de dirimir dentre outros aspectos de quem seria a responsabilidade pelos danos direta ou indiretamente causados Haacute casos (e natildeo raros) que os causadores do dano satildeo animais bens semoventes definidos pelo artigo 82 do Coacutedigo Civil Situaccedilotildees envolvendo ldquofato de animaisrdquo satildeo comuns em eventos festivos e agropecuaacuterios onde a extensatildeo do dano pode ser maior por envolver uma coletividade e por conseguinte eacute digno de superiores cautelas Doutrinaacuteria e jurisprudencialmente o presente artigo busca analisar as formas de responsabilizaccedilatildeo do seu dono ou detentor nos termos do artigo 936 do mesmo diploma legal e a eventual caracterizaccedilatildeo das excludentes quando rompido o nexo causal

Palavras-chave Responsabilidade Civil Responsabilidade Civil pelo fato de animal Responsabilidade objetiva do dono ou detentor Artigo 936 do Coacutedigo Civil Brasileiro

ABSTRACT

The positivization of civil liability in the Brazilian legal system is closely related to the need to create mechanisms capable of deciding among other aspects who would be responsible for the damage caused directly or indirectly There are cases (not infrequently) that the perpetrators of the damage are animals moving goods defined by article 82 of the Civil Code Situations involving ldquoanimal suitrdquo are common in festive and agricultural events where the extent of the damage may be greater because it involves a community and is therefore worthy of superior caution Doctrinally and jurisprudentially this article seeks to analyze the forms of accountability of its owner or holder pursuant to article 936 of the same law and the possible characterization of the exclusionary when the causal link is broken

Keywords Civil Liability Civil Liability for the fact of animal Objective liability of the owner or keeper Article 936 of the Brazilian Civil Code

1 Acadecircmica do Curso de Direito pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul

Contato amaliakathoutlookcom 2 Orientadora Professora do Curso de Direito e Doutora em Direito pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul Email Carolinevazpucrsbr

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1 INTRODUCcedilAtildeO

De maneira frequente tomamos conhecimento de situaccedilotildees envolvendo fatos de animais que acarretam inuacutemeros danos e de diferentes magnitudes Por natildeo terem personalidade juriacutedica como os seres humanos surgem diversas duacutevidas quanto aos reflexos juriacutedicos destas ocasiotildees principalmente no que diz respeito a incumbecircncia de ressarcimento pelos danos causados

Dito isso o presente artigo visa num primeiro momento mencionar brevemente o tratamento que eacute dado atualmente aos animais expondo diferentes opiniotildees sobre o tema e citando inovaccedilotildees e propostas de alteraccedilotildees legislativas para com estes no Brasil Logo depreende-se a importacircncia da temaacutetica porque novas situaccedilotildees faacuteticas que geram danos vem ocorrendo e a responsabilidade civil preocupa-se em adequar agrave essas novas realidades tal qual ocorre em outros paiacuteses desenvolvidos que possuem tratamento legal diverso destinado aos animais

Apoacutes seratildeo conceituadas de forma geneacuterica os pressupostos da responsabilidade civil sem os quais natildeo se pode configurar o dever de indenizar em nenhuma circunstacircncia De igual importacircncia seraacute analisada a classificaccedilatildeo das diferentes espeacutecies de responsabilizaccedilatildeo especificamente a subjetiva e objetiva partindo do contexto histoacuterico e as suas hipoacuteteses excludentes que tambeacutem experimentaram certas mudanccedilas ao longo do tempo ou seja as possibilidades de quebra do nexo de causalidade entre accedilatildeo e dano Esta construccedilatildeo doutrinaacuteria tambeacutem contaraacute com situaccedilotildees faacuteticas que corroboram a sua aplicaccedilatildeo pelos Tribunais de Justiccedila principalmente no estado do Rio Grande do Sul

Por fim de forma a prosperar na anaacutelise da ocorrecircncia de fatos causados por animais em eventos porque envolvido um maior nuacutemero de pessoas e intriacutenseca a superior relevacircncia eacute apresentada uma possibilidade de sansatildeo aos responsaacuteveis visando aleacutem da restituiccedilatildeo e compensaccedilatildeo agraves viacutetimas a prevenccedilatildeo de novos danos Tal sancionamento traz agrave responsabilidade civil uma funccedilatildeo distinta e tambeacutem a preocupaccedilatildeo para aleacutem do dano individual com o dano moral coletivo

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2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO

Para fins de contextualizaccedilatildeo nas sociedades romanas antigas os animais eram equiparados agravequeles seres dotados de consciecircncia e segundo Hans Kelsen figuravam em relaccedilotildees juriacutedicas sem qualquer distinccedilatildeo com os demais Dessa forma eram passiacuteveis de figurar no polo passivo enquanto causadores de dano podendo serem processados e executados como delinquentes3

Com o passar do tempo o filoacutesofo Reneacute Descartes tratou de conceituar os animais tatildeo somente como seres autocircmatos e destituiacutedos de sentimentos Foi neste mesmo caminho a acepccedilatildeo dada pelo Direito Francecircs que apoacutes sua Revoluccedilatildeo classificou os animais de forma geneacuterica como ldquores nulliusrdquo na classe de bens ou coisas4

Sequente agrave isto eacute o entendimento do atual Coacutedigo Civil porque tambeacutem jaacute acautelado pelo Coacutedigo de 1916 conceituando como bens moacuteveis aqueles suscetiacuteveis de ldquomovimento proacutepriordquo no artigo 82 do atual Coacutedigo Civil5 Nesta mesma linha encontram-se os animais chamados de semoventes por possuiacuterem movimento proacuteprio e forccedila de remoccedilatildeo conforme o proacuteprio artigo

Objetivamente Fernando Speck de Souza e Rafael Speck de Sousa

De outro lado (o dos animais) previa o Coacutedigo Civil de 1916 que ldquosatildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacutepriordquo (artigo 47 1ordf parte) O artigo 82 primeira parte do Coacutedigo Civil vigente possui redaccedilatildeo idecircntica Tais disposiccedilotildees referem-se aos semoventes6

Concomitantemente natildeo satildeo elencados no rol taxativo do artigo 75 do Coacutedigo de Processo Civil destinado agravequeles que embora sem personalidade juriacutedica possam figurar em certas relaccedilotildees forenses7

Para aleacutem de Reneacute Descartes Pontes de Miranda natildeo atribui a personalidade juriacutedica a estes seres porque ausente a capacidade juriacutedica e condiccedilatildeo de sujeito de direito ou seja natildeo possuem capacidade postulatoacuteria de titularidade de direitos e deveres dentre outras caracteriacutesticas processuais e

3 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

4 GORDILHO Heron de Almeida Silva TRAJANO Tagore Animais em juiacutezo direito personalidade juriacutedica e capacidade processual Revista de Direito Ambiental Universidade Federal da Bahia v 65 p 333-363 jan 2012 Disponiacutevel em httpspapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=2352064 Acesso em 20 out 2019

5 Art 82 Satildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila

alheia sem alteraccedilatildeo da substacircncia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 2002

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20 out 2019 6 SOUSA Rafael Speck de SOUZA Fernando Speck de A tutela juriacutedica dos animais no Direito

Civil Contemporacircneo (parte 3) Consultor Juriacutedicico Satildeo Paulo 4 jun 2018 Disponiacutevel em lthttpswwwconjurcombr2018-jun-04tutela-juridica-animais-direito-civil-contemporaneo-partegt

Acesso em 18 nov 2019 7 AMARANTE Aparecida Animais Natureza juriacutedica objetos ou sujeitos de direito Animais

domeacutesticos Guarda compartilhada2019 Disponiacutevel em httpwwwconteudojuridicocombrconsultaArtigos51114animais-natureza-juridica-objetos-ou- sujeitos-de-direito-animais-domesticos-guarda-compartilhada Acesso em 16 nov 2019

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materiais8 Sendo assim uma vez que os fatos juridicamente relevantes satildeo atribuiacutedos

de forma exclusiva a pessoas naturais sejam elas fiacutesicas ou juriacutedicas quando o fato tenha sido praticado por animal se atribuiu ao seu responsaacutevel o dever decorrente de indenizaccedilatildeo9

Por outro lado haacute quem defenda a titularidade de direitos por parte dos animais haja vista os avanccedilos na ciecircncia reconhecendo-os como seres de natureza

bioloacutegica e emocional e o fato de que os seres humanos tambeacutem sejam notoriamente animais

Sobre tal argumentaccedilatildeo Bruno Resende Azevedo Gontijo e Ceacutesar Fiuza

Haacute quem defenda portanto que a natildeo atribuiccedilatildeo

de personalidade aos animais se daacute em razatildeo de uma diferenciaccedilatildeo entre

a espeacutecie humana e as demais espeacutecies o que natildeo deveria ocorrer

Lanccedilam o argumento de que a discriminaccedilatildeo entre os seres humanos e as

diferentes espeacutecies de animais eacute tatildeo artificial quanto a discriminaccedilatildeo antes

existente e hoje inconcebiacutevel entre escravos e homens livres somente

estes uacuteltimos sujeitos de direitos10

Jaacute para Fernanda Luiz Fontoura de Medeiros o que justifica a exigecircncia para alteraccedilotildees na legislaccedilatildeo eacute a pungente necessidade de adequar-se agraves novas realidades morais11

Haacute de mencionar que desde o iniacutecio do ano de 2017 alguns cartoacuterios jaacute oferecem o serviccedilo de registro de animais denominado identipet em que satildeo especificadas algumas caracteriacutesticas tais como raccedila cor proprietaacuterios etc Ainda que natildeo seja uma identidade civil eacute uma forma de garantir a tutela de direitos caso o animal venha a ser subtraiacutedo ou ainda se porventura os coproprietaacuterios passem a litigar sobre este dentre outras possibilidades envoltas pelo mundo juriacutedico12

Para aleacutem disso o conteuacutedo do Projeto de Lei Complementar ndeg 272018 chamou atenccedilatildeo nos uacuteltimos meses porque debatido em Congresso Nacional Tal projeto de Lei pugna pela concessatildeo de direitos ldquosui generisrdquo aos animais pelos

8 GORDILHO Heron de Almeida Silva TRAJANO Tagore Animais em juiacutezo direito personalidade

juriacutedica e capacidade processual Revista de Direito Ambiental Universidade Federal da Bahia v 65 p 333-363 jan 2012 Disponiacutevel em

httpspapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=2352064 Acesso em 20 out 2019 9 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

10 GOTINJO Bruno Resende Azevedo FIUZA Ceacutesar Dos fundamentos da proteccedilatildeo aos animas - Uma anaacutelise acerca das teorias de personificaccedilatildeo dos animais e dos sujeitos de direito sem personalidade Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 01 p 189 - 204 out-dez 2014 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 16 nov 2019

11 MEDEIROS Fernanda Luiz Fontoura de Anaacutelise criacutetica do Coacutedigo Civil de 2002 agrave luz da Constituiccedilatildeo Brasileira animais natildeo humanos Revista de Direito Ambiental Editora Revista dos

Tribunais Satildeo Paulo v 93 p 65-88 janmar 2019 Disponiacutevel em httpsdspacealmggovbrhandle1103717022 Acesso em 13 nov 2019

12 CABRAL Ailim Donos de animais domeacutesticos podem registrar os pets em cartoacuterio Correio Brasiliense Brasiacutelia 18 ago 2017 Disponiacutevel em

httpswwwcorreiobraziliensecombrappnoticiarevista20170820interna_revista_correio61856 6donos-de-animais-domesticos-podem-registrar-os-pets-em-cartorioshtml Acesso em 20 out

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motivos acima expostos aleacutem da determinaccedilatildeo de que natildeo sejam mais considerados bens moacuteveis mas como sujeitos de direitos despersonificados13 tal qual ocorre em paiacuteses como Alemanha Aacuteustria Suiccedila Franccedila Portugal e recentemente Espanha14

13 AGEcircNCIA SENADO ldquoNatildeo eacute coisardquo projeto de lei reconhece que animais tecircm sentimentos

Revista Exame Satildeo Paulo 2019 Disponiacutevel em httpsexameabrilcombrbrasilnao-e-coisa- projeto-de-lei-reconhece-que-animais-tem-sentimentos Acesso em 20 out 2019

14 ALVAREZ Claudio Parlamento da Espanha apoia por unanimidade considerar os animais como seres vivos e natildeo objetos EL PAIacuteS Madri 2017 Disponiacutevel em httpsbrasilelpaiscombrasil20171212internacional1513066545_704063html Acesso em 16 nov 2019

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3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL

A responsabilidade civil eacute positivada pela Constituiccedilatildeo Federal e se

caracteriza pelo dever de indenizar o dano suportado por outrem Ocorre quando haacute violaccedilatildeo de direitos considerados fundamentais nos termos do artigo 5deg incisos V e X sendo mencionada em leis especiais no que concerne a danos causados pela Administraccedilatildeo Puacuteblica praticados em desfavor do meio ambiente danos eleitorais nas relaccedilotildees familiares das Instituiccedilotildees Financeiras dentre outras possibilidades que natildeo estatildeo limitadas a previsotildees expressas devendo ser analisada e interpretada in casu o que gera constantes atualizaccedilotildees e incrementos agrave temaacutetica

Ao encontro da Constituiccedilatildeo Paacutetria o Coacutedigo Civil vigente tambeacutem se preocupa com a responsabilizaccedilatildeo daquele que causar o dano antevendo em seus artigos 186 e 927 a definiccedilatildeo do ato iliacutecito baseado na culpa e suas trecircs modalidades - negligecircncia imprudecircncia ou imperiacutecia - e a decorrente obrigaccedilatildeo de indenizar quando esta for verificada15

Quanto agrave configuraccedilatildeo desta obrigaccedilatildeo ainda atraveacutes do teor do artigo 186 se extrai que alguns pressupostos gerais devem ser observados e estarem presentes obrigatoriamente de forma cumulativa Nas palavras do mestre Carlos Roberto Gonccedilalves ldquoA anaacutelise do artigo supratranscrito evidecircncia que quatro satildeo os elementos essenciais da responsabilidade civil accedilatildeo ou omissatildeo culpa ou dolo do agente relaccedilatildeo de causalidade e o dano experimentado pela viacutetimardquo16

Vale transcrever a doutrina de Roberto Altheim ldquoPortanto de forma resumida pode-se afirmar que satildeo atribuiacutedos agrave responsabilidade civil (objetiva ou subjetiva) os seguintes pressupostos conduta dano e nexo causal entre os primeirosrdquo17

A accedilatildeo (accedilatildeo positiva) ou omissatildeo (accedilatildeo negativa)18 pode tratar tanto de ato praticado pelo proacuteprio agente quanto por terceiros por quem se tenha uma obrigaccedilatildeo de responsabilidade decorrente de lei Ocorre tanto atraveacutes de vontade pessoal do agente e assim configurando o dolo quanto na forma culposa incluindo as trecircs formas supramencionadas quais sejam negligecircncia imprudecircncia e imperiacutecia

Via de regra se daacute por uma accedilatildeo representando a forma omissiva quando um dever natildeo tenha sido observado pelo agente ou seja determinada accedilatildeo deveria ter sido praticada por este porque um dever juriacutedico preexistente lhe era atribuiacutedo19

Noutro giro eacute o nexo causal considerado pela doutrina como o mais sensiacutevel

15 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

2018 p 66 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530982218cfi62[vndvstidref=cover] Acesso em 13 nov 2019

16 GONCcedilALVES Carlos Roberto Direito Civil Brasileiro Responsabilidade Civil 14 ed v 4 Satildeo Paulo Saraiva 2019 p 54 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788547229283recent Acesso em 13 nov 2019

17 ALTHEIM Roberto A atividade interpretativa e a imputaccedilatildeo do dever de indenizar no direito civil brasileiro contemporacircneo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 94 n 841 p 127ndash148 nov 2005 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

18 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo 2018 p 66 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530982218cfi62[vndvstidref=cover] Acesso em 13 nov 2019

19 Ibid

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e intrincado pressuposto de precisar20 que se denota pelo liame existente entre a accedilatildeo ou omissatildeo e o resultado do evento danoso Para o doutrinador Paulo Nader eacute a relaccedilatildeo de causa e efeito entre a conduta e o dano causado a outremrdquo21

Haacute de se esclarecer que o Brasil que por muito tempo o Brasil adotou exclusivamente a ldquoTeoria da Causalidade Imediatardquo considerando a causa do evento danoso unicamente o fato incontinenti derivado22 Isto porque eacute a literalidade do artigo 403 do Coacutedigo Civil em que satildeo incluiacutedos quando da configuraccedilatildeo da responsabilidade somente os prejuiacutezos abarcados por esta relaccedilatildeo direta de causa e efeito natildeo se podendo haver chancela judicial no sentido de indenizar prejuiacutezos extriacutensecos que natildeo sejam resultado da conduta do agente causador23

Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade probatoacuteria de algumas situaccedilotildees o que agrave frente seraacute melhor explanado Portanto eacute possiacutevel utilizar-se desta adequaccedilatildeo quando for possiacutevel inferir que ainda que o dano natildeo tenha decorrido do fato imediatamente anterior provavelmente se deu em razatildeo de outro comportamento e neste caso haveraacute a responsabilizaccedilatildeo deste(s) agente(s)24

Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger

Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneira natildeo irrelevante elevar genericamente a possibilidade objetiva de um resultado da espeacutecierdquo25

Por fim o dano experimentado pela viacutetima traduz a ideia de ldquoprejuiacutezordquo do que

derivam inuacutemeras formas e nas mais diversas searas De certo modo demonstra o caraacuteter de transitoriedade atrelado agrave responsabilidade civil que visa acompanhar as mudanccedilas sociais26 Como bem exemplifica Seacutergio Cavalieri Filho 20 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

21 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2019 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

22 NORONHA Fernando O nexo de causalidade na responsabilidade civil Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 92 n 816 p 733ndash752 out 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

23 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

24 RODRIGUES JUNIOR Otavio Luiz Nexo Causal probaliacutestico elementos para a criacutetica de um conceito Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 8 p 115-137 set 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

25 REINIG Guilherme Henrique Lima A teoria da causalidade adequada no direito civil alematildeo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 18 p 215 ndash 248 janmar 2019 apud TRAEGER Ludwig Der Kausalbegriff Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

26 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

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[] dano de morte dano sexual dano hedoniacutestico dano pelo custo do filho indesejado dano de feacuterias arruinadas dano de mobbing dano por brincadeiras crueacuteis dano por rompimento de noivado dano por descumprimento de deveres conjugais dano por abandono afetivo de filho menor e assim por diante27

Os requerimentos passiacuteveis de serem formulados se desdobram conforme os reflexos factiacuteveis tenham sido causados ao padecedor o que pode acontecer tanto na esfera patrimonial quanto extrapatrimonial28 Destaca- se que estes podem ser cumulados e desta segunda forma provem o dano moral adotado por vezes de forma descriteriosa nas decisotildees proferidas29

Com relaccedilatildeo ao fato praticado por terceiro especificado os praticados por animais em eventos apoacutes apreciados sumariamente os requisitos gerais da responsabilidade civil se verifica uma circunstacircncia peculiarizada capaz de produzir males individuais e coletivos porque presente o fato (ainda que de terceiro) nexo causal e resultado danoso Porquanto merece previsatildeo legislativa neste sentido que foi consagrada no artigo 936 do Coacutedigo Civil Brasileiro impondo a obrigaccedilatildeo de ressarcimento pelos que ao tempo do fato detinham o dever de vigilacircncia sobre o animal30

No que tange ao tema proposto muito se discute sobre as espeacutecies de responsabilidade civil que aleacutem da composiccedilatildeo geneacuterica apresentada satildeo diferidas pela presenccedila um de outro componente muito significativo a culpa

Conforme dito alhures o conceito de culpa ldquolatto sensurdquo sentido amplo que alcanccedila tambeacutem o dolo eacute adotada como como regra geral pela legislaccedilatildeo civilista porque previsto pelo jaacute mencionado artigo 186 do Coacutedigo Civil em conjunto com o caput artigo 927 do mesmo Coacutedigo emanado principalmente do Direito Francecircs31 atraveacutes do ldquoCode Napoleoacutenrdquo atribuindo o dever de reparaccedilatildeo a quem tenha agido com culpa em seu artigo 1382 agrave eacutepoca32

A adoccedilatildeo deste elemento significou um marco na histoacuteria humana porque de certa forma traduz sensatez contrapondo veemente o que era aplicado ateacute entatildeo por algumas sociedades a tiacutetulo exemplificativo a Lei das XXII Taacutebuas e Lei de Taliatildeo33Aleacutem disso doutrinadores como Luciana Tramontin Bonho Francisco Toniolo de Carvalho Marjorie Almeida Araujo e Elton Bonfada definem o marco histoacuterico dessa adesatildeo com a tomada de controle por parte do Estado que preocupando-se com viacutetima retirou a puniccedilatildeo da esfera privada34

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

27 Ibid p 102 28 RIZZARDO Arnaldo Responsabilidade civil 7 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 29 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

30 GAGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019 31 Ibid 32 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

33 GAGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019

34 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018

9

Noutra senda a teoria da responsabilidade objetiva ganhou expressividade ironicamente de igual forma pelo Direito Francecircs com os estudos de Salleiles e Josseran no ano de 1987 Difundiam estes a obrigatoriedade de reparaccedilatildeo independentemente da configuraccedilatildeo da culpa do agente bastando a ocorrecircncia do fato ou do risco que tenha sido criado35

Mais tarde tal percepccedilatildeo passou a ser acolhida por diversos ordenamentos juriacutedicos porque a concepccedilatildeo uacutenica da culpa como elemento basilar natildeo mais atendia todas as demandas da sociedade com destaque especial a exposiccedilatildeo da sociedade agrave novos riscos com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial e suas implicaccedilotildees36

No Brasil as legislaccedilotildees passaram a excetuar atraveacutes de leis especiais alguns casos em que a culpa era dispensaacutevel como o Decreto 26811912 disciplinador da Responsabilidade das Estradas de Ferro Lei 75651986 do Coacutedigo Civil Brasileiro da Aeronaacuteutica dentre outras previsotildees37

A grande revoluccedilatildeo na responsabilidade civil brasileira para estudiosos como Seacutergio Cavalieri Filho sucedeu com a Constituiccedilatildeo de 1988 porque presente em seu artigo 37 sect6deg a responsabilizaccedilatildeo objetiva do Estado e seus prestadores de serviccedilo que ateacute entatildeo estavam ligados com a comprovaccedilatildeo de culpa necessaacuteria atraveacutes do artigo 159 do Coacutedigo Civil agrave eacutepoca Isso significa dizer que as formas de serviccedilo puacuteblico tais como luz e transporte passaram a ser interpretadas conforme a nova Carta Magna bastando a ocorrecircncia do fato para tipificar o dever do Estado de ressarcimento Cabe mencionar que tambeacutem nesta oportunidade o dano moral fora positivado38

Prosseguiram as alteraccedilotildees e em 1990 a sanccedilatildeo no Coacutedigo de Defesa do Consumidor trouxe agrave baila outra previsotildees estritamente objetivas presente nos artigos 12 e 14 versando sobre a responsabilidade pelo fato do produto e do serviccedilo39

Em relaccedilatildeo ao Coacutedigo Civil pregresso a originalidade de 2002 estaacute no acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 que apoacutes a regra geral exposta no ldquocaputrdquo prevecirc em seu paraacutegrafo uacutenico a chamada teoria do risco Dessa forma satildeo excetuados da necessidade de comprovaccedilatildeo de culpa os casos definidos por lei ou decorrentes de atividades que criem uma ameaccedila de dano

No contexto atual levando-se em conta o desenvolvimento tecnoloacutegico se verifica que essas espeacutecies de atividades foram multiplicadas e por envolverem operaccedilotildees de maior complexidade trariam dificuldades de comprovaccedilatildeo deste elemento aos lesados uma vez responsaacuteveis pelo ocircnus da prova40

35 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil

Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

36 Ibid 37 MARCHI Cristiane de A culpa e o surgimento da responsabilidade objetiva evoluccedilatildeo

histoacuterica noccedilotildees gerais e hipoacuteteses previstas no Coacutedigo Civil Revista dos Tribunais v 964

p 215-241 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

38 CAVALIERI FILHO Seacutergio Responsabilidade Civil no Novo Coacutedigo Revista de Direito do Consumidor v 48 p 69-84 outdez 2003 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

39 AMORIM Bruno de Almeida Lewer O fenocircmeno de objetivizaccedilatildeo da responsabilidade civil crise econocircmica e soluccedilotildees juriacutedicas Revista dos Tribunais Satildeo Paulo n 77 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

40 ALONSO Paulo Sergio Gomes Responsabilidade civil por fato de terceiro Revista de Direito

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Na doutrina satildeo inuacutemeros os desdobramentos desta teoria em modalidades como como o risco-proveito risco-administrativo risco-criado e por fim risco- integral41 caracterizados conforme a atividade sob anaacutelise

Com isso o legislador eacute concomitante ao afirmar que se mantecircm as previsotildees constantes de lei especial tais como o Coacutedigo de Defesa do Consumidor responsabilidade inerente ao transportador dentre outras previsotildees e que a incidecircncia da responsabilidade objetiva se estende aos casos amparados pela jurisprudecircncia desde que envolva situaccedilatildeo de risco majorado42

Como ensina Maria Celina Bodin de Moraes

De fato a evoluccedilatildeo econocircmica e social tornara claro que a tradicional responsabilidade subjetiva era insuficiente qualitativa e quantitativamente para tutelar diversas espeacutecies de relaccedilotildees juriacutedicas proacuteprias da sociedade industrializada Na nova realidade social a reparaccedilatildeo da viacutetima natildeo poderia depender da prova impossiacutevel que identificasse quem de fato agiu de forma negligente para estabelecer a reparaccedilatildeo de danos injustamente sofridos43

Decursivo desta ideia eacute a responsabilizaccedilatildeo objetiva que foi a escolha do legislador para com o detentor do animal quando fato lesivo for causado por este porque especificado em lei Mais precisamente eacute teor do artigo 936 do Coacutedigo Civil Art 936 O dono ou detentor do animal ressarciraacute o dano por este causado se natildeo

provar culpa da viacutetima ou forccedila maior44

Em linhas gerais o nosso ordenamento natildeo atribui a responsabilidade uacutenica e exclusivamente ao dono do animal mas agravequele que possuiacutea o poder de comando ou o poder intelectual de domiacutenio quando da adversidade A culpa ou dolo portanto satildeo elementos desnecessaacuterios bastando que a situaccedilatildeo de risco tenha sido proposta e claro o resultado tenha sido lesivo agrave outrem45

Nesta perspectiva eacute o exemplo de Pablo Stolze Gagliano

Assim se a minha bomba drsquoaacutegua mal conservada explode e lesiona um transeunte a obrigaccedilatildeo de indenizar seraacute imposta a mim proprietaacuterio e guardiatildeo da coisa que estava sob a minha custoacutedia e direccedilatildeo Diferentemente se eu contrato um amestrador de catildees confiando-lhe a guarda do meu buldogue e este durante uma sessatildeo de treinamento desprende-se da coleira e causa dano a terceiro obviamente que pela reparaccedilatildeo do dano responderaacute apenas o expert pois no momento do desenlace fatiacutedico detinha o poder de comando do animal que estava sob a sua autoridade Raciociacutenio contraacuterio aliaacutes esbarraria na proacutepria noccedilatildeo de nexo de causalidade uma vez que no caso o dano natildeo poderia ser

Privado v 64 p 161-176 outdez 2015 41 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo Paulo Editora

Meacutetodo 2018 42 BERALDO Leonardo de Faria Responsabilidade civil no Paraacutegrafo uacutenico do Art 927 do

coacutedigo civil e alguns apontamentos do direito comparado Novos Estudos Juriacutedicos [Sl] v 9 n 2 p 317-340 out 2008

43 MORAES Maria Celina Bodin de Risco Solidariedade e Responsabilidade Objetiva Revista dos Tribunais v 854 p 18 dez 2006 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

44 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 2002

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20 out 2019 45 AGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019p 239 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788553172795recent Acesso 13 nov 2019

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atribuiacutedo ao proprietaacuterio do catildeo que o havia confiado a um perito O comportamento deste uacuteltimo foi causa direta e imediata do resultado lesivo46

Sequente tambeacutem ao que eacute expresso no paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 satildeo as causas excludentes da responsabilidade objetiva assim consideradas porque rompem o nexo causal entre conduta e resultado alcanccedilado Exprimem uma ideia de imprescindibilidade e imprevisibilidade do agente Assim sendo as possibilidades de escusar-se seriam a culpa da viacutetima e forccedila maior47

Na hipoacutetese de culpa da viacutetima ambas as condutas tanto do causador quanto do lesado devem ser analisadas conjuntamente a fim de mensurar qual a contribuiccedilatildeo da viacutetima para que o resultado fosse produzido Destarte trecircs podem ser as conclusotildees do julgador que a viacutetima nada contribuiu para o resultado que contribuiu de forma parcial ou que incorreu de forma exclusiva para causar o dano Consoante a esta conclusatildeo pode haver abatimento no valor indenizatoacuterio ou ateacute mesmo a isenccedilatildeo do lesante uma vez que vencido o nexo causal48

Nesta linha eacute preciso o artigo 945 do Coacutedigo Civil vigente ao instituir que no momento da fixaccedilatildeo do valor devido quando da concorrecircncia da viacutetima para o resultado seraacute levada em conta a gravidade e a dimensatildeo desta contribuiccedilatildeo em cotejo com o autor do ano49

Outrossim haacute casos em que a lei denega expressamente a possibilidade de compensaccedilatildeo indenizatoacuteria Ainda que o lesado possua parcela de culpa a miacutenima participaccedilatildeo do agente garantiraacute o valor integral como eacute o caso do Decreto nordm 26811912 que dispotildee sobre a responsabilidade das estradas de ferro50

Sob outra perspectiva eacute o caso de incidecircncia de forccedila maior Inicialmente agrave sua anaacutelise cabe frisar que haacute contiacutenua discussatildeo doutrinaacuteria sobre a similitude entre caso fortuito e forccedila maior uma vez que o artigo 393 do Coacutedigo Civil natildeo estabelece qualquer distinccedilatildeo entre estes51

Seria o caso fortuito originado do latim fortuitus e exprimindo uma ideia de azar a ocorrecircncia de acontecimentos extraordinaacuterios e alheios agrave vontade das partes envolvidas poreacutem decorrentes de accedilatildeo humana como guerras eventuais paralisaccedilotildees e assim por diante52

Jaacute a forccedila maior seria uma sucessatildeo de fatos naturais como terremotos erupccedilatildeo de vulcatildeo inundaccedilotildees etc Igualmente sem qualquer contribuiccedilatildeo efetiva das partes para o feito que eacute proveniente de forccedilas da natureza53

De qualquer sorte ambos os institutos satildeo marcados pela imprevisibilidade e superveniecircncia Aleacutem disso fora do controle humano e por fim evocando a loacutegica

46 Ibid 47 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

48 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018

49 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no

10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Portal da Legislaccedilatildeo Brasiacutelia jan

2002 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20

out 2019 50 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent

Acesso em 13 nov 2019 51 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019 52 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018 53 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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da responsabilidade objetiva a falta de culpa do agente sendo supressivos a culpa e a forccedila maior Quando a incidecircncia de um haacute por conseguinte a ausecircncia de outro54

54 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA

Permeando o que foi dito ateacute entatildeo a responsabilidade civil decorrente de fato de animal sofreu notaacuteveis transformaccedilotildees em seu tratamento legal superando a ideia de culpa presumida conhecida no Coacutedigo Civil de 1916 um esboccedilo do tratamento puramente objetivo para os casos que satildeo especificados em lei que possui nos dias de hoje

No antigo dispositivo o tema era abordado pelo artigo 1527 que aleacutem das hipoacuteteses recepcionadas em 2002 contava com adicional previsatildeo55

Se pode inferir atraveacutes do inciso I que a presunccedilatildeo de culpa era ldquojuris tantumrdquo admitindo prova em contraacuterio no sentido de que o cuidado e diligecircncia necessaacuterios para com o animal foram observados pleiteando para que natildeo incorresse o agente no dever de indenizar Isso ocorreria portanto se ficasse comprovado o afastamento da culpa presumida56

De maneira a ilustrar essa possibilidade anteriormente prevista entendimento pelo Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande do Sul ano de 1997

Ementa RESPONSABILIDADE CIVIL FATO DE ANIMAL DANOS ESTETICOS E MORAL O DONO DO ANIMAL E RESPONSAVEL POR SUA GUARDA E SEGURANCA DAI QUE RESPONDERA POR DANOS POR ESSE OCASIONADOS SENDO A TEOR DO ART-1527 DO CODIGO CIVIL PRESUMIDA SUA CULPA E CONSEQUENTE RESPONSABILIDADE PRESUNCAO QUE LHE INCUMBE AFASTAR MEDIANTE PROVA IDONEA EM SENDO DISCUTIDA EM DEMANDA JUDICIAL PROVANDO CAUSA ELIDENTE DE RESPONSABILIDADE OU SEJA QUE MANTINHA O ANIMAL EM LUGAR ADEQUADO E SEGURO57

Cabe aqui reforccedilar que a culpa presumida natildeo eacute mais aceita em nosso ordenamento no que compete ao fato praticado por animais Hodiernamente se aceita

unicamente a incidecircncia das jaacute mencionadas culpa exclusiva da viacutetima caso fortuito e forccedila maior

Eacute a aplicaccedilatildeo de uma dessas formas que passamos a analisar atraveacutes de demanda ajuizada por fato ocorrido no municiacutepio de Augusto Pestana interior do estado do Rio Grande do Sul O demandante acionou a justiccedila com pleito indenizatoacuterio em face do realizador do rodeio em que participava e o muniacutecipio referido por lesotildees fiacutesicas sofridas em decorrecircncia do ldquocoicerdquo de um cavalo no momento em que se dirigia ao banheiro do Parque Alegou a omissatildeo do municiacutepio na fiscalizaccedilatildeo uma vez que a aacuterea cedida era de sua propriedade Apoacutes improcedecircncia da sentenccedila que reconheceu a ilegitimidade no poacutelo passivo da cidade e a natildeo configuraccedilatildeo do dever de indenizar frente aos organizadores os autos foram

55 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm

3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

56 MIGUEL Alexandre A responsabilidade civil no Novo Coacutedigo algumas consideraccedilotildees Revista dos Tribunais v 809 p 11-27 mar 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

57 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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remetidos ao Tribunal de Justiccedila Este por sua vez manteve o entendimento ao afirmar que inexistia qualquer dever de fiscalizaccedilatildeo por parte da Administraccedilatildeo Puacuteblica sendo categoacuterico ao afirmar que a viacutetima incorreu exclusivamente para o resultado uma vez que os animais estavam amarrados e em aacuterea dedicada exclusivamente para tal Para aleacutem disto por lidar com animais do gecircnero do causador deveria ter o conhecimento de que natildeo se pode passar por detraacutes de ldquocavalo cuiudordquo leia-se natildeo castrado58

Sobre o acontecimento adequado mencionar as proacuteprias palavras do proacuteprio Relator

O autor a toda evidecircncia eacute um sujeito afeito agraves lides campeiras com o que eacute perfeitamente possiacutevel considerar que agiu sem as cautelas necessaacuterias independente de estar embriagado ou natildeo Considero dessa forma que o acidente se deu exclusivamente em razatildeo de sua conduta59

Em contrapartida eacute o acontecido em um Parque de Exposiccedilotildees popularmente conhecido no estado localidade de Esteio Neste caso o demandante da accedilatildeo teve prejuiacutezos materiais em decorrecircncia de colisatildeo entre seu veiacuteculo e um cavalo da Brigada Militar que auxiliava no policiamento do local Em que pese tenha sido reconhecido o dever de ressarcimento na via administrativa as partes natildeo concordaram com o ldquoquantumrdquo o que deu ensejo ao pleito judicial

Figuraram como reacuteus tanto a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul quanto o Sargento Newton que manejava o animal no momento do ocorrido Em contestaccedilatildeo foi alegada a falta de culpa por parte do condutor do cavalo que disse se tratar de caso isolado tendo em vista que agentes e animais recebem treinamentos intriacutensecos agrave atividade De outro modo a Brigada Militar alegou o caso fortuito por ter sido o movimento repentino do equino que deu causa ao evento danoso porque este teria se assustado com brinquedos de luzes que ali estavam

A sentenccedila proferida foi no sentido de condenar exclusivamente a Brigada Militar pelos prejuiacutezos causados e apoacutes subiram os autos por recurso interposo pela parte autora

O acoacuterdatildeo proferido seguiu o entendimento que fora adotado em 1deg instacircncia alterando apenas o valor devido a tiacutetulo indenizatoacuterio A fim de evidenciar a narrativa

Ainda que se discorde da ldquocausa fortuitardquo suscitada na conclusatildeo do referido Inqueacuterito Teacutecnico a realizaccedilatildeo de patrulhamento com animais dotados de impulsos proacuteprios e instintivos enseja a assunccedilatildeo dos riscos decorrentes de eventuais danos causados a terceiros tal como ocorreu no caso dos autos Assim ainda que o equino tenha empreendido manobra inesperada eacute induvidoso que o local onde ocorreram os fatos (Expointer 2011) eacute de intenso fluxo de pessoas e veiacuteculos razatildeo pela qual maiores cuidados o ente puacuteblico deveria ter em relaccedilatildeo aos animais utilizados para o patrulhamento Em tais condiccedilotildees o ato comissivo e mesmo involuntaacuterio praticado por semovente pertencente ao acervo estatal causador de dano ao patrimocircnio particular enseja a devida indenizaccedilatildeo60

Por fim assimilaccedilatildeo homoacuteloga possui o Tribunal de Justiccedila do estado de Satildeo

58 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho

Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnumero_processo= 70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

59 Ibid 60 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de

Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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Paulo nos casos relativos ao tema em discussatildeo A decisatildeo objeto de anaacutelise trata de pedido de danos materiais oriundos da invasatildeo de animal que teria ldquopisoteadordquo a propriedade da parte autora onde cultivava sua plantaccedilatildeo de milho Entretanto em primeira instacircncia se limitou a requerer produccedilatildeo de prova oral unicamente sem pugnar fosse feita periacutecia no local e desta forma sem comprovar a extensatildeo do dano

Jaacute a defesa por sua vez requereu a improcedecircncia da demanda haja vista a cerca da propriedade estar danificada em alguns pontos atribuindo culpa a parte autora

Sobreveio sentenccedila que indeferiu o pedido formulado Apoacutes recurso interposto o Tribunal de Justiccedila decidiu por mantecirc-la uma vez que a extensatildeo do dano De forma precisa Relator do caso

Examinados os autos natildeo se verifica qualquer comprovaccedilatildeo de que os autores tenham dado causa agrave invasatildeo do gado em sua propriedade ou de que tenha existido forccedila maior a levar o gado para dentro da sua colheita Haacute menccedilotildees apenas geneacutericas e vagas a respeito de um eventual susto que o gado tenha sofrido ou do estado de conservaccedilatildeo da cerca divisoacuteria Contudo aos autores cabia ainda assim e nos termos do artigo 373 inciso I do Coacutedigo de Processo Civil comprovar a alegaccedilatildeo na qual assentaram o pedido indenizatoacuterio isto eacute que em razatildeo da invasatildeo dos bovinos fora destruiacuteda toda a sua plantaccedilatildeo de milho61

O que se pode depreender do feito eacute a pungente necessidade de comprovaccedilatildeo dos pressupostos gerais da responsabilidade civil porque recai sobre o requerente o ocircnus da prova destes elementos Por falta da comprovaccedilatildeo do dano o pedido formulado fora desacolhido antes mesmo da anaacutelise se houve a quebra do nexo causal suscitada62

61 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em

httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30194C3890cjs Acesso em 20 out 2019

62 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm 3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

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5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS

Eacute sabido ateacute aqui que a responsabilidade civil assume importantes funccedilotildees

na sociedade contemporacircnea tais como a prevenccedilatildeo dos comportamentos civilmente indenizaacuteveis reestabelecimento da ordem entre as pessoas reparaccedilatildeo ao ldquostatus quordquo ou seja situaccedilatildeo em que se encontrava a pessoa ou objeto lesado anteriormente agrave ocorrecircncia do evento danoso etc63 Aleacutem disso o fato passiacutevel de indenizaccedilatildeo pode suceder tanto de inobservaccedilotildees e demais situaccedilotildees envolvendo contratos estabelecidos entre as partes quanto extracontratuais provenientes do ato iliacutecito acima explanado64

Dito isso uma vez que eacute mister a atribuiccedilatildeo da responsabilidade pelos danos materiais ao proprietaacuterio ou detentor do animal quando da ocorrecircncia do fato lesivo um dos maiores desafios relativos ao tema em questatildeo eacute a quantificaccedilatildeo da indenizaccedilatildeo e os criteacuterios que devem ser utilizados para a atribuir o valor referente ao dano moral haja vista as criacuteticas recorrentes sobre a definiccedilatildeo nebulosa a ldquoinduacutestria do dano moralrdquo decorrente de tal situaccedilatildeo65

Acerca do tema Caio Rogeacuterio da Costa Brandatildeo

Infelizmente diante da inexistecircncia de elementos objetivos para se chegar agrave quantificaccedilatildeo do dano moral deparamo-nos agraves vezes com julgadores que na inexistecircncia destes decidem de forma incriteriosa fixando condenaccedilotildees em valores exagerados e totalmente inadequados []66

Sobre esta quantificaccedilatildeo Seacutergio Cavalieri Filho aduz

Creio tambeacutem que este eacute outro ponto onde o princiacutepio da loacutegica do razoaacutevel deve ser a buacutessola norteadora do julgador Razoaacutevel eacute aquilo que eacute sensato comedido moderado que guarda certa proporcionalidade A razoabilidade eacute o criteacuterio que permite cotejar meios e fins causas e consequecircncias de modo a aferir a loacutegica da decisatildeo [] importa dizer que o juiz ao valorar o dano moral deve arbitrar uma quantia que de acordo com seu prudente arbiacutetrio seja compatiacutevel com a reprovabilidade da conduta iliacutecita a intensidade e duraccedilatildeo do sofrimento experimentado pela viacutetima a capacidade econocircmica do causador do dano as condiccedilotildees sociais do ofendido e outras circunstancias mais que se fizerem presentes67

Por sua vez o artigo 944 do Coacutedigo Civil eacute preciso ao afirmar que a

63 SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v

1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

64 MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNMULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017 Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019

65 BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019 66 Ibid 67 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 p 98 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

19

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
Page 2: RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS ... · RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath1

2

1 INTRODUCcedilAtildeO

De maneira frequente tomamos conhecimento de situaccedilotildees envolvendo fatos de animais que acarretam inuacutemeros danos e de diferentes magnitudes Por natildeo terem personalidade juriacutedica como os seres humanos surgem diversas duacutevidas quanto aos reflexos juriacutedicos destas ocasiotildees principalmente no que diz respeito a incumbecircncia de ressarcimento pelos danos causados

Dito isso o presente artigo visa num primeiro momento mencionar brevemente o tratamento que eacute dado atualmente aos animais expondo diferentes opiniotildees sobre o tema e citando inovaccedilotildees e propostas de alteraccedilotildees legislativas para com estes no Brasil Logo depreende-se a importacircncia da temaacutetica porque novas situaccedilotildees faacuteticas que geram danos vem ocorrendo e a responsabilidade civil preocupa-se em adequar agrave essas novas realidades tal qual ocorre em outros paiacuteses desenvolvidos que possuem tratamento legal diverso destinado aos animais

Apoacutes seratildeo conceituadas de forma geneacuterica os pressupostos da responsabilidade civil sem os quais natildeo se pode configurar o dever de indenizar em nenhuma circunstacircncia De igual importacircncia seraacute analisada a classificaccedilatildeo das diferentes espeacutecies de responsabilizaccedilatildeo especificamente a subjetiva e objetiva partindo do contexto histoacuterico e as suas hipoacuteteses excludentes que tambeacutem experimentaram certas mudanccedilas ao longo do tempo ou seja as possibilidades de quebra do nexo de causalidade entre accedilatildeo e dano Esta construccedilatildeo doutrinaacuteria tambeacutem contaraacute com situaccedilotildees faacuteticas que corroboram a sua aplicaccedilatildeo pelos Tribunais de Justiccedila principalmente no estado do Rio Grande do Sul

Por fim de forma a prosperar na anaacutelise da ocorrecircncia de fatos causados por animais em eventos porque envolvido um maior nuacutemero de pessoas e intriacutenseca a superior relevacircncia eacute apresentada uma possibilidade de sansatildeo aos responsaacuteveis visando aleacutem da restituiccedilatildeo e compensaccedilatildeo agraves viacutetimas a prevenccedilatildeo de novos danos Tal sancionamento traz agrave responsabilidade civil uma funccedilatildeo distinta e tambeacutem a preocupaccedilatildeo para aleacutem do dano individual com o dano moral coletivo

3

2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO

Para fins de contextualizaccedilatildeo nas sociedades romanas antigas os animais eram equiparados agravequeles seres dotados de consciecircncia e segundo Hans Kelsen figuravam em relaccedilotildees juriacutedicas sem qualquer distinccedilatildeo com os demais Dessa forma eram passiacuteveis de figurar no polo passivo enquanto causadores de dano podendo serem processados e executados como delinquentes3

Com o passar do tempo o filoacutesofo Reneacute Descartes tratou de conceituar os animais tatildeo somente como seres autocircmatos e destituiacutedos de sentimentos Foi neste mesmo caminho a acepccedilatildeo dada pelo Direito Francecircs que apoacutes sua Revoluccedilatildeo classificou os animais de forma geneacuterica como ldquores nulliusrdquo na classe de bens ou coisas4

Sequente agrave isto eacute o entendimento do atual Coacutedigo Civil porque tambeacutem jaacute acautelado pelo Coacutedigo de 1916 conceituando como bens moacuteveis aqueles suscetiacuteveis de ldquomovimento proacutepriordquo no artigo 82 do atual Coacutedigo Civil5 Nesta mesma linha encontram-se os animais chamados de semoventes por possuiacuterem movimento proacuteprio e forccedila de remoccedilatildeo conforme o proacuteprio artigo

Objetivamente Fernando Speck de Souza e Rafael Speck de Sousa

De outro lado (o dos animais) previa o Coacutedigo Civil de 1916 que ldquosatildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacutepriordquo (artigo 47 1ordf parte) O artigo 82 primeira parte do Coacutedigo Civil vigente possui redaccedilatildeo idecircntica Tais disposiccedilotildees referem-se aos semoventes6

Concomitantemente natildeo satildeo elencados no rol taxativo do artigo 75 do Coacutedigo de Processo Civil destinado agravequeles que embora sem personalidade juriacutedica possam figurar em certas relaccedilotildees forenses7

Para aleacutem de Reneacute Descartes Pontes de Miranda natildeo atribui a personalidade juriacutedica a estes seres porque ausente a capacidade juriacutedica e condiccedilatildeo de sujeito de direito ou seja natildeo possuem capacidade postulatoacuteria de titularidade de direitos e deveres dentre outras caracteriacutesticas processuais e

3 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

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5 Art 82 Satildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila

alheia sem alteraccedilatildeo da substacircncia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 2002

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20 out 2019 6 SOUSA Rafael Speck de SOUZA Fernando Speck de A tutela juriacutedica dos animais no Direito

Civil Contemporacircneo (parte 3) Consultor Juriacutedicico Satildeo Paulo 4 jun 2018 Disponiacutevel em lthttpswwwconjurcombr2018-jun-04tutela-juridica-animais-direito-civil-contemporaneo-partegt

Acesso em 18 nov 2019 7 AMARANTE Aparecida Animais Natureza juriacutedica objetos ou sujeitos de direito Animais

domeacutesticos Guarda compartilhada2019 Disponiacutevel em httpwwwconteudojuridicocombrconsultaArtigos51114animais-natureza-juridica-objetos-ou- sujeitos-de-direito-animais-domesticos-guarda-compartilhada Acesso em 16 nov 2019

4

materiais8 Sendo assim uma vez que os fatos juridicamente relevantes satildeo atribuiacutedos

de forma exclusiva a pessoas naturais sejam elas fiacutesicas ou juriacutedicas quando o fato tenha sido praticado por animal se atribuiu ao seu responsaacutevel o dever decorrente de indenizaccedilatildeo9

Por outro lado haacute quem defenda a titularidade de direitos por parte dos animais haja vista os avanccedilos na ciecircncia reconhecendo-os como seres de natureza

bioloacutegica e emocional e o fato de que os seres humanos tambeacutem sejam notoriamente animais

Sobre tal argumentaccedilatildeo Bruno Resende Azevedo Gontijo e Ceacutesar Fiuza

Haacute quem defenda portanto que a natildeo atribuiccedilatildeo

de personalidade aos animais se daacute em razatildeo de uma diferenciaccedilatildeo entre

a espeacutecie humana e as demais espeacutecies o que natildeo deveria ocorrer

Lanccedilam o argumento de que a discriminaccedilatildeo entre os seres humanos e as

diferentes espeacutecies de animais eacute tatildeo artificial quanto a discriminaccedilatildeo antes

existente e hoje inconcebiacutevel entre escravos e homens livres somente

estes uacuteltimos sujeitos de direitos10

Jaacute para Fernanda Luiz Fontoura de Medeiros o que justifica a exigecircncia para alteraccedilotildees na legislaccedilatildeo eacute a pungente necessidade de adequar-se agraves novas realidades morais11

Haacute de mencionar que desde o iniacutecio do ano de 2017 alguns cartoacuterios jaacute oferecem o serviccedilo de registro de animais denominado identipet em que satildeo especificadas algumas caracteriacutesticas tais como raccedila cor proprietaacuterios etc Ainda que natildeo seja uma identidade civil eacute uma forma de garantir a tutela de direitos caso o animal venha a ser subtraiacutedo ou ainda se porventura os coproprietaacuterios passem a litigar sobre este dentre outras possibilidades envoltas pelo mundo juriacutedico12

Para aleacutem disso o conteuacutedo do Projeto de Lei Complementar ndeg 272018 chamou atenccedilatildeo nos uacuteltimos meses porque debatido em Congresso Nacional Tal projeto de Lei pugna pela concessatildeo de direitos ldquosui generisrdquo aos animais pelos

8 GORDILHO Heron de Almeida Silva TRAJANO Tagore Animais em juiacutezo direito personalidade

juriacutedica e capacidade processual Revista de Direito Ambiental Universidade Federal da Bahia v 65 p 333-363 jan 2012 Disponiacutevel em

httpspapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=2352064 Acesso em 20 out 2019 9 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 Disponiacutevel em

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10 GOTINJO Bruno Resende Azevedo FIUZA Ceacutesar Dos fundamentos da proteccedilatildeo aos animas - Uma anaacutelise acerca das teorias de personificaccedilatildeo dos animais e dos sujeitos de direito sem personalidade Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 01 p 189 - 204 out-dez 2014 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 16 nov 2019

11 MEDEIROS Fernanda Luiz Fontoura de Anaacutelise criacutetica do Coacutedigo Civil de 2002 agrave luz da Constituiccedilatildeo Brasileira animais natildeo humanos Revista de Direito Ambiental Editora Revista dos

Tribunais Satildeo Paulo v 93 p 65-88 janmar 2019 Disponiacutevel em httpsdspacealmggovbrhandle1103717022 Acesso em 13 nov 2019

12 CABRAL Ailim Donos de animais domeacutesticos podem registrar os pets em cartoacuterio Correio Brasiliense Brasiacutelia 18 ago 2017 Disponiacutevel em

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5

motivos acima expostos aleacutem da determinaccedilatildeo de que natildeo sejam mais considerados bens moacuteveis mas como sujeitos de direitos despersonificados13 tal qual ocorre em paiacuteses como Alemanha Aacuteustria Suiccedila Franccedila Portugal e recentemente Espanha14

13 AGEcircNCIA SENADO ldquoNatildeo eacute coisardquo projeto de lei reconhece que animais tecircm sentimentos

Revista Exame Satildeo Paulo 2019 Disponiacutevel em httpsexameabrilcombrbrasilnao-e-coisa- projeto-de-lei-reconhece-que-animais-tem-sentimentos Acesso em 20 out 2019

14 ALVAREZ Claudio Parlamento da Espanha apoia por unanimidade considerar os animais como seres vivos e natildeo objetos EL PAIacuteS Madri 2017 Disponiacutevel em httpsbrasilelpaiscombrasil20171212internacional1513066545_704063html Acesso em 16 nov 2019

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3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL

A responsabilidade civil eacute positivada pela Constituiccedilatildeo Federal e se

caracteriza pelo dever de indenizar o dano suportado por outrem Ocorre quando haacute violaccedilatildeo de direitos considerados fundamentais nos termos do artigo 5deg incisos V e X sendo mencionada em leis especiais no que concerne a danos causados pela Administraccedilatildeo Puacuteblica praticados em desfavor do meio ambiente danos eleitorais nas relaccedilotildees familiares das Instituiccedilotildees Financeiras dentre outras possibilidades que natildeo estatildeo limitadas a previsotildees expressas devendo ser analisada e interpretada in casu o que gera constantes atualizaccedilotildees e incrementos agrave temaacutetica

Ao encontro da Constituiccedilatildeo Paacutetria o Coacutedigo Civil vigente tambeacutem se preocupa com a responsabilizaccedilatildeo daquele que causar o dano antevendo em seus artigos 186 e 927 a definiccedilatildeo do ato iliacutecito baseado na culpa e suas trecircs modalidades - negligecircncia imprudecircncia ou imperiacutecia - e a decorrente obrigaccedilatildeo de indenizar quando esta for verificada15

Quanto agrave configuraccedilatildeo desta obrigaccedilatildeo ainda atraveacutes do teor do artigo 186 se extrai que alguns pressupostos gerais devem ser observados e estarem presentes obrigatoriamente de forma cumulativa Nas palavras do mestre Carlos Roberto Gonccedilalves ldquoA anaacutelise do artigo supratranscrito evidecircncia que quatro satildeo os elementos essenciais da responsabilidade civil accedilatildeo ou omissatildeo culpa ou dolo do agente relaccedilatildeo de causalidade e o dano experimentado pela viacutetimardquo16

Vale transcrever a doutrina de Roberto Altheim ldquoPortanto de forma resumida pode-se afirmar que satildeo atribuiacutedos agrave responsabilidade civil (objetiva ou subjetiva) os seguintes pressupostos conduta dano e nexo causal entre os primeirosrdquo17

A accedilatildeo (accedilatildeo positiva) ou omissatildeo (accedilatildeo negativa)18 pode tratar tanto de ato praticado pelo proacuteprio agente quanto por terceiros por quem se tenha uma obrigaccedilatildeo de responsabilidade decorrente de lei Ocorre tanto atraveacutes de vontade pessoal do agente e assim configurando o dolo quanto na forma culposa incluindo as trecircs formas supramencionadas quais sejam negligecircncia imprudecircncia e imperiacutecia

Via de regra se daacute por uma accedilatildeo representando a forma omissiva quando um dever natildeo tenha sido observado pelo agente ou seja determinada accedilatildeo deveria ter sido praticada por este porque um dever juriacutedico preexistente lhe era atribuiacutedo19

Noutro giro eacute o nexo causal considerado pela doutrina como o mais sensiacutevel

15 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

2018 p 66 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530982218cfi62[vndvstidref=cover] Acesso em 13 nov 2019

16 GONCcedilALVES Carlos Roberto Direito Civil Brasileiro Responsabilidade Civil 14 ed v 4 Satildeo Paulo Saraiva 2019 p 54 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788547229283recent Acesso em 13 nov 2019

17 ALTHEIM Roberto A atividade interpretativa e a imputaccedilatildeo do dever de indenizar no direito civil brasileiro contemporacircneo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 94 n 841 p 127ndash148 nov 2005 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

18 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo 2018 p 66 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530982218cfi62[vndvstidref=cover] Acesso em 13 nov 2019

19 Ibid

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e intrincado pressuposto de precisar20 que se denota pelo liame existente entre a accedilatildeo ou omissatildeo e o resultado do evento danoso Para o doutrinador Paulo Nader eacute a relaccedilatildeo de causa e efeito entre a conduta e o dano causado a outremrdquo21

Haacute de se esclarecer que o Brasil que por muito tempo o Brasil adotou exclusivamente a ldquoTeoria da Causalidade Imediatardquo considerando a causa do evento danoso unicamente o fato incontinenti derivado22 Isto porque eacute a literalidade do artigo 403 do Coacutedigo Civil em que satildeo incluiacutedos quando da configuraccedilatildeo da responsabilidade somente os prejuiacutezos abarcados por esta relaccedilatildeo direta de causa e efeito natildeo se podendo haver chancela judicial no sentido de indenizar prejuiacutezos extriacutensecos que natildeo sejam resultado da conduta do agente causador23

Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade probatoacuteria de algumas situaccedilotildees o que agrave frente seraacute melhor explanado Portanto eacute possiacutevel utilizar-se desta adequaccedilatildeo quando for possiacutevel inferir que ainda que o dano natildeo tenha decorrido do fato imediatamente anterior provavelmente se deu em razatildeo de outro comportamento e neste caso haveraacute a responsabilizaccedilatildeo deste(s) agente(s)24

Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger

Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneira natildeo irrelevante elevar genericamente a possibilidade objetiva de um resultado da espeacutecierdquo25

Por fim o dano experimentado pela viacutetima traduz a ideia de ldquoprejuiacutezordquo do que

derivam inuacutemeras formas e nas mais diversas searas De certo modo demonstra o caraacuteter de transitoriedade atrelado agrave responsabilidade civil que visa acompanhar as mudanccedilas sociais26 Como bem exemplifica Seacutergio Cavalieri Filho 20 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

21 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2019 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

22 NORONHA Fernando O nexo de causalidade na responsabilidade civil Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 92 n 816 p 733ndash752 out 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

23 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

24 RODRIGUES JUNIOR Otavio Luiz Nexo Causal probaliacutestico elementos para a criacutetica de um conceito Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 8 p 115-137 set 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

25 REINIG Guilherme Henrique Lima A teoria da causalidade adequada no direito civil alematildeo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 18 p 215 ndash 248 janmar 2019 apud TRAEGER Ludwig Der Kausalbegriff Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

26 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

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[] dano de morte dano sexual dano hedoniacutestico dano pelo custo do filho indesejado dano de feacuterias arruinadas dano de mobbing dano por brincadeiras crueacuteis dano por rompimento de noivado dano por descumprimento de deveres conjugais dano por abandono afetivo de filho menor e assim por diante27

Os requerimentos passiacuteveis de serem formulados se desdobram conforme os reflexos factiacuteveis tenham sido causados ao padecedor o que pode acontecer tanto na esfera patrimonial quanto extrapatrimonial28 Destaca- se que estes podem ser cumulados e desta segunda forma provem o dano moral adotado por vezes de forma descriteriosa nas decisotildees proferidas29

Com relaccedilatildeo ao fato praticado por terceiro especificado os praticados por animais em eventos apoacutes apreciados sumariamente os requisitos gerais da responsabilidade civil se verifica uma circunstacircncia peculiarizada capaz de produzir males individuais e coletivos porque presente o fato (ainda que de terceiro) nexo causal e resultado danoso Porquanto merece previsatildeo legislativa neste sentido que foi consagrada no artigo 936 do Coacutedigo Civil Brasileiro impondo a obrigaccedilatildeo de ressarcimento pelos que ao tempo do fato detinham o dever de vigilacircncia sobre o animal30

No que tange ao tema proposto muito se discute sobre as espeacutecies de responsabilidade civil que aleacutem da composiccedilatildeo geneacuterica apresentada satildeo diferidas pela presenccedila um de outro componente muito significativo a culpa

Conforme dito alhures o conceito de culpa ldquolatto sensurdquo sentido amplo que alcanccedila tambeacutem o dolo eacute adotada como como regra geral pela legislaccedilatildeo civilista porque previsto pelo jaacute mencionado artigo 186 do Coacutedigo Civil em conjunto com o caput artigo 927 do mesmo Coacutedigo emanado principalmente do Direito Francecircs31 atraveacutes do ldquoCode Napoleoacutenrdquo atribuindo o dever de reparaccedilatildeo a quem tenha agido com culpa em seu artigo 1382 agrave eacutepoca32

A adoccedilatildeo deste elemento significou um marco na histoacuteria humana porque de certa forma traduz sensatez contrapondo veemente o que era aplicado ateacute entatildeo por algumas sociedades a tiacutetulo exemplificativo a Lei das XXII Taacutebuas e Lei de Taliatildeo33Aleacutem disso doutrinadores como Luciana Tramontin Bonho Francisco Toniolo de Carvalho Marjorie Almeida Araujo e Elton Bonfada definem o marco histoacuterico dessa adesatildeo com a tomada de controle por parte do Estado que preocupando-se com viacutetima retirou a puniccedilatildeo da esfera privada34

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

27 Ibid p 102 28 RIZZARDO Arnaldo Responsabilidade civil 7 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 29 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

30 GAGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019 31 Ibid 32 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

33 GAGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019

34 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018

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Noutra senda a teoria da responsabilidade objetiva ganhou expressividade ironicamente de igual forma pelo Direito Francecircs com os estudos de Salleiles e Josseran no ano de 1987 Difundiam estes a obrigatoriedade de reparaccedilatildeo independentemente da configuraccedilatildeo da culpa do agente bastando a ocorrecircncia do fato ou do risco que tenha sido criado35

Mais tarde tal percepccedilatildeo passou a ser acolhida por diversos ordenamentos juriacutedicos porque a concepccedilatildeo uacutenica da culpa como elemento basilar natildeo mais atendia todas as demandas da sociedade com destaque especial a exposiccedilatildeo da sociedade agrave novos riscos com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial e suas implicaccedilotildees36

No Brasil as legislaccedilotildees passaram a excetuar atraveacutes de leis especiais alguns casos em que a culpa era dispensaacutevel como o Decreto 26811912 disciplinador da Responsabilidade das Estradas de Ferro Lei 75651986 do Coacutedigo Civil Brasileiro da Aeronaacuteutica dentre outras previsotildees37

A grande revoluccedilatildeo na responsabilidade civil brasileira para estudiosos como Seacutergio Cavalieri Filho sucedeu com a Constituiccedilatildeo de 1988 porque presente em seu artigo 37 sect6deg a responsabilizaccedilatildeo objetiva do Estado e seus prestadores de serviccedilo que ateacute entatildeo estavam ligados com a comprovaccedilatildeo de culpa necessaacuteria atraveacutes do artigo 159 do Coacutedigo Civil agrave eacutepoca Isso significa dizer que as formas de serviccedilo puacuteblico tais como luz e transporte passaram a ser interpretadas conforme a nova Carta Magna bastando a ocorrecircncia do fato para tipificar o dever do Estado de ressarcimento Cabe mencionar que tambeacutem nesta oportunidade o dano moral fora positivado38

Prosseguiram as alteraccedilotildees e em 1990 a sanccedilatildeo no Coacutedigo de Defesa do Consumidor trouxe agrave baila outra previsotildees estritamente objetivas presente nos artigos 12 e 14 versando sobre a responsabilidade pelo fato do produto e do serviccedilo39

Em relaccedilatildeo ao Coacutedigo Civil pregresso a originalidade de 2002 estaacute no acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 que apoacutes a regra geral exposta no ldquocaputrdquo prevecirc em seu paraacutegrafo uacutenico a chamada teoria do risco Dessa forma satildeo excetuados da necessidade de comprovaccedilatildeo de culpa os casos definidos por lei ou decorrentes de atividades que criem uma ameaccedila de dano

No contexto atual levando-se em conta o desenvolvimento tecnoloacutegico se verifica que essas espeacutecies de atividades foram multiplicadas e por envolverem operaccedilotildees de maior complexidade trariam dificuldades de comprovaccedilatildeo deste elemento aos lesados uma vez responsaacuteveis pelo ocircnus da prova40

35 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil

Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

36 Ibid 37 MARCHI Cristiane de A culpa e o surgimento da responsabilidade objetiva evoluccedilatildeo

histoacuterica noccedilotildees gerais e hipoacuteteses previstas no Coacutedigo Civil Revista dos Tribunais v 964

p 215-241 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

38 CAVALIERI FILHO Seacutergio Responsabilidade Civil no Novo Coacutedigo Revista de Direito do Consumidor v 48 p 69-84 outdez 2003 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

39 AMORIM Bruno de Almeida Lewer O fenocircmeno de objetivizaccedilatildeo da responsabilidade civil crise econocircmica e soluccedilotildees juriacutedicas Revista dos Tribunais Satildeo Paulo n 77 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

40 ALONSO Paulo Sergio Gomes Responsabilidade civil por fato de terceiro Revista de Direito

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Na doutrina satildeo inuacutemeros os desdobramentos desta teoria em modalidades como como o risco-proveito risco-administrativo risco-criado e por fim risco- integral41 caracterizados conforme a atividade sob anaacutelise

Com isso o legislador eacute concomitante ao afirmar que se mantecircm as previsotildees constantes de lei especial tais como o Coacutedigo de Defesa do Consumidor responsabilidade inerente ao transportador dentre outras previsotildees e que a incidecircncia da responsabilidade objetiva se estende aos casos amparados pela jurisprudecircncia desde que envolva situaccedilatildeo de risco majorado42

Como ensina Maria Celina Bodin de Moraes

De fato a evoluccedilatildeo econocircmica e social tornara claro que a tradicional responsabilidade subjetiva era insuficiente qualitativa e quantitativamente para tutelar diversas espeacutecies de relaccedilotildees juriacutedicas proacuteprias da sociedade industrializada Na nova realidade social a reparaccedilatildeo da viacutetima natildeo poderia depender da prova impossiacutevel que identificasse quem de fato agiu de forma negligente para estabelecer a reparaccedilatildeo de danos injustamente sofridos43

Decursivo desta ideia eacute a responsabilizaccedilatildeo objetiva que foi a escolha do legislador para com o detentor do animal quando fato lesivo for causado por este porque especificado em lei Mais precisamente eacute teor do artigo 936 do Coacutedigo Civil Art 936 O dono ou detentor do animal ressarciraacute o dano por este causado se natildeo

provar culpa da viacutetima ou forccedila maior44

Em linhas gerais o nosso ordenamento natildeo atribui a responsabilidade uacutenica e exclusivamente ao dono do animal mas agravequele que possuiacutea o poder de comando ou o poder intelectual de domiacutenio quando da adversidade A culpa ou dolo portanto satildeo elementos desnecessaacuterios bastando que a situaccedilatildeo de risco tenha sido proposta e claro o resultado tenha sido lesivo agrave outrem45

Nesta perspectiva eacute o exemplo de Pablo Stolze Gagliano

Assim se a minha bomba drsquoaacutegua mal conservada explode e lesiona um transeunte a obrigaccedilatildeo de indenizar seraacute imposta a mim proprietaacuterio e guardiatildeo da coisa que estava sob a minha custoacutedia e direccedilatildeo Diferentemente se eu contrato um amestrador de catildees confiando-lhe a guarda do meu buldogue e este durante uma sessatildeo de treinamento desprende-se da coleira e causa dano a terceiro obviamente que pela reparaccedilatildeo do dano responderaacute apenas o expert pois no momento do desenlace fatiacutedico detinha o poder de comando do animal que estava sob a sua autoridade Raciociacutenio contraacuterio aliaacutes esbarraria na proacutepria noccedilatildeo de nexo de causalidade uma vez que no caso o dano natildeo poderia ser

Privado v 64 p 161-176 outdez 2015 41 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo Paulo Editora

Meacutetodo 2018 42 BERALDO Leonardo de Faria Responsabilidade civil no Paraacutegrafo uacutenico do Art 927 do

coacutedigo civil e alguns apontamentos do direito comparado Novos Estudos Juriacutedicos [Sl] v 9 n 2 p 317-340 out 2008

43 MORAES Maria Celina Bodin de Risco Solidariedade e Responsabilidade Objetiva Revista dos Tribunais v 854 p 18 dez 2006 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

44 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 2002

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20 out 2019 45 AGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019p 239 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788553172795recent Acesso 13 nov 2019

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atribuiacutedo ao proprietaacuterio do catildeo que o havia confiado a um perito O comportamento deste uacuteltimo foi causa direta e imediata do resultado lesivo46

Sequente tambeacutem ao que eacute expresso no paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 satildeo as causas excludentes da responsabilidade objetiva assim consideradas porque rompem o nexo causal entre conduta e resultado alcanccedilado Exprimem uma ideia de imprescindibilidade e imprevisibilidade do agente Assim sendo as possibilidades de escusar-se seriam a culpa da viacutetima e forccedila maior47

Na hipoacutetese de culpa da viacutetima ambas as condutas tanto do causador quanto do lesado devem ser analisadas conjuntamente a fim de mensurar qual a contribuiccedilatildeo da viacutetima para que o resultado fosse produzido Destarte trecircs podem ser as conclusotildees do julgador que a viacutetima nada contribuiu para o resultado que contribuiu de forma parcial ou que incorreu de forma exclusiva para causar o dano Consoante a esta conclusatildeo pode haver abatimento no valor indenizatoacuterio ou ateacute mesmo a isenccedilatildeo do lesante uma vez que vencido o nexo causal48

Nesta linha eacute preciso o artigo 945 do Coacutedigo Civil vigente ao instituir que no momento da fixaccedilatildeo do valor devido quando da concorrecircncia da viacutetima para o resultado seraacute levada em conta a gravidade e a dimensatildeo desta contribuiccedilatildeo em cotejo com o autor do ano49

Outrossim haacute casos em que a lei denega expressamente a possibilidade de compensaccedilatildeo indenizatoacuteria Ainda que o lesado possua parcela de culpa a miacutenima participaccedilatildeo do agente garantiraacute o valor integral como eacute o caso do Decreto nordm 26811912 que dispotildee sobre a responsabilidade das estradas de ferro50

Sob outra perspectiva eacute o caso de incidecircncia de forccedila maior Inicialmente agrave sua anaacutelise cabe frisar que haacute contiacutenua discussatildeo doutrinaacuteria sobre a similitude entre caso fortuito e forccedila maior uma vez que o artigo 393 do Coacutedigo Civil natildeo estabelece qualquer distinccedilatildeo entre estes51

Seria o caso fortuito originado do latim fortuitus e exprimindo uma ideia de azar a ocorrecircncia de acontecimentos extraordinaacuterios e alheios agrave vontade das partes envolvidas poreacutem decorrentes de accedilatildeo humana como guerras eventuais paralisaccedilotildees e assim por diante52

Jaacute a forccedila maior seria uma sucessatildeo de fatos naturais como terremotos erupccedilatildeo de vulcatildeo inundaccedilotildees etc Igualmente sem qualquer contribuiccedilatildeo efetiva das partes para o feito que eacute proveniente de forccedilas da natureza53

De qualquer sorte ambos os institutos satildeo marcados pela imprevisibilidade e superveniecircncia Aleacutem disso fora do controle humano e por fim evocando a loacutegica

46 Ibid 47 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

48 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018

49 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no

10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Portal da Legislaccedilatildeo Brasiacutelia jan

2002 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20

out 2019 50 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent

Acesso em 13 nov 2019 51 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019 52 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018 53 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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da responsabilidade objetiva a falta de culpa do agente sendo supressivos a culpa e a forccedila maior Quando a incidecircncia de um haacute por conseguinte a ausecircncia de outro54

54 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA

Permeando o que foi dito ateacute entatildeo a responsabilidade civil decorrente de fato de animal sofreu notaacuteveis transformaccedilotildees em seu tratamento legal superando a ideia de culpa presumida conhecida no Coacutedigo Civil de 1916 um esboccedilo do tratamento puramente objetivo para os casos que satildeo especificados em lei que possui nos dias de hoje

No antigo dispositivo o tema era abordado pelo artigo 1527 que aleacutem das hipoacuteteses recepcionadas em 2002 contava com adicional previsatildeo55

Se pode inferir atraveacutes do inciso I que a presunccedilatildeo de culpa era ldquojuris tantumrdquo admitindo prova em contraacuterio no sentido de que o cuidado e diligecircncia necessaacuterios para com o animal foram observados pleiteando para que natildeo incorresse o agente no dever de indenizar Isso ocorreria portanto se ficasse comprovado o afastamento da culpa presumida56

De maneira a ilustrar essa possibilidade anteriormente prevista entendimento pelo Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande do Sul ano de 1997

Ementa RESPONSABILIDADE CIVIL FATO DE ANIMAL DANOS ESTETICOS E MORAL O DONO DO ANIMAL E RESPONSAVEL POR SUA GUARDA E SEGURANCA DAI QUE RESPONDERA POR DANOS POR ESSE OCASIONADOS SENDO A TEOR DO ART-1527 DO CODIGO CIVIL PRESUMIDA SUA CULPA E CONSEQUENTE RESPONSABILIDADE PRESUNCAO QUE LHE INCUMBE AFASTAR MEDIANTE PROVA IDONEA EM SENDO DISCUTIDA EM DEMANDA JUDICIAL PROVANDO CAUSA ELIDENTE DE RESPONSABILIDADE OU SEJA QUE MANTINHA O ANIMAL EM LUGAR ADEQUADO E SEGURO57

Cabe aqui reforccedilar que a culpa presumida natildeo eacute mais aceita em nosso ordenamento no que compete ao fato praticado por animais Hodiernamente se aceita

unicamente a incidecircncia das jaacute mencionadas culpa exclusiva da viacutetima caso fortuito e forccedila maior

Eacute a aplicaccedilatildeo de uma dessas formas que passamos a analisar atraveacutes de demanda ajuizada por fato ocorrido no municiacutepio de Augusto Pestana interior do estado do Rio Grande do Sul O demandante acionou a justiccedila com pleito indenizatoacuterio em face do realizador do rodeio em que participava e o muniacutecipio referido por lesotildees fiacutesicas sofridas em decorrecircncia do ldquocoicerdquo de um cavalo no momento em que se dirigia ao banheiro do Parque Alegou a omissatildeo do municiacutepio na fiscalizaccedilatildeo uma vez que a aacuterea cedida era de sua propriedade Apoacutes improcedecircncia da sentenccedila que reconheceu a ilegitimidade no poacutelo passivo da cidade e a natildeo configuraccedilatildeo do dever de indenizar frente aos organizadores os autos foram

55 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm

3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

56 MIGUEL Alexandre A responsabilidade civil no Novo Coacutedigo algumas consideraccedilotildees Revista dos Tribunais v 809 p 11-27 mar 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

57 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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remetidos ao Tribunal de Justiccedila Este por sua vez manteve o entendimento ao afirmar que inexistia qualquer dever de fiscalizaccedilatildeo por parte da Administraccedilatildeo Puacuteblica sendo categoacuterico ao afirmar que a viacutetima incorreu exclusivamente para o resultado uma vez que os animais estavam amarrados e em aacuterea dedicada exclusivamente para tal Para aleacutem disto por lidar com animais do gecircnero do causador deveria ter o conhecimento de que natildeo se pode passar por detraacutes de ldquocavalo cuiudordquo leia-se natildeo castrado58

Sobre o acontecimento adequado mencionar as proacuteprias palavras do proacuteprio Relator

O autor a toda evidecircncia eacute um sujeito afeito agraves lides campeiras com o que eacute perfeitamente possiacutevel considerar que agiu sem as cautelas necessaacuterias independente de estar embriagado ou natildeo Considero dessa forma que o acidente se deu exclusivamente em razatildeo de sua conduta59

Em contrapartida eacute o acontecido em um Parque de Exposiccedilotildees popularmente conhecido no estado localidade de Esteio Neste caso o demandante da accedilatildeo teve prejuiacutezos materiais em decorrecircncia de colisatildeo entre seu veiacuteculo e um cavalo da Brigada Militar que auxiliava no policiamento do local Em que pese tenha sido reconhecido o dever de ressarcimento na via administrativa as partes natildeo concordaram com o ldquoquantumrdquo o que deu ensejo ao pleito judicial

Figuraram como reacuteus tanto a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul quanto o Sargento Newton que manejava o animal no momento do ocorrido Em contestaccedilatildeo foi alegada a falta de culpa por parte do condutor do cavalo que disse se tratar de caso isolado tendo em vista que agentes e animais recebem treinamentos intriacutensecos agrave atividade De outro modo a Brigada Militar alegou o caso fortuito por ter sido o movimento repentino do equino que deu causa ao evento danoso porque este teria se assustado com brinquedos de luzes que ali estavam

A sentenccedila proferida foi no sentido de condenar exclusivamente a Brigada Militar pelos prejuiacutezos causados e apoacutes subiram os autos por recurso interposo pela parte autora

O acoacuterdatildeo proferido seguiu o entendimento que fora adotado em 1deg instacircncia alterando apenas o valor devido a tiacutetulo indenizatoacuterio A fim de evidenciar a narrativa

Ainda que se discorde da ldquocausa fortuitardquo suscitada na conclusatildeo do referido Inqueacuterito Teacutecnico a realizaccedilatildeo de patrulhamento com animais dotados de impulsos proacuteprios e instintivos enseja a assunccedilatildeo dos riscos decorrentes de eventuais danos causados a terceiros tal como ocorreu no caso dos autos Assim ainda que o equino tenha empreendido manobra inesperada eacute induvidoso que o local onde ocorreram os fatos (Expointer 2011) eacute de intenso fluxo de pessoas e veiacuteculos razatildeo pela qual maiores cuidados o ente puacuteblico deveria ter em relaccedilatildeo aos animais utilizados para o patrulhamento Em tais condiccedilotildees o ato comissivo e mesmo involuntaacuterio praticado por semovente pertencente ao acervo estatal causador de dano ao patrimocircnio particular enseja a devida indenizaccedilatildeo60

Por fim assimilaccedilatildeo homoacuteloga possui o Tribunal de Justiccedila do estado de Satildeo

58 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho

Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnumero_processo= 70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

59 Ibid 60 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de

Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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Paulo nos casos relativos ao tema em discussatildeo A decisatildeo objeto de anaacutelise trata de pedido de danos materiais oriundos da invasatildeo de animal que teria ldquopisoteadordquo a propriedade da parte autora onde cultivava sua plantaccedilatildeo de milho Entretanto em primeira instacircncia se limitou a requerer produccedilatildeo de prova oral unicamente sem pugnar fosse feita periacutecia no local e desta forma sem comprovar a extensatildeo do dano

Jaacute a defesa por sua vez requereu a improcedecircncia da demanda haja vista a cerca da propriedade estar danificada em alguns pontos atribuindo culpa a parte autora

Sobreveio sentenccedila que indeferiu o pedido formulado Apoacutes recurso interposto o Tribunal de Justiccedila decidiu por mantecirc-la uma vez que a extensatildeo do dano De forma precisa Relator do caso

Examinados os autos natildeo se verifica qualquer comprovaccedilatildeo de que os autores tenham dado causa agrave invasatildeo do gado em sua propriedade ou de que tenha existido forccedila maior a levar o gado para dentro da sua colheita Haacute menccedilotildees apenas geneacutericas e vagas a respeito de um eventual susto que o gado tenha sofrido ou do estado de conservaccedilatildeo da cerca divisoacuteria Contudo aos autores cabia ainda assim e nos termos do artigo 373 inciso I do Coacutedigo de Processo Civil comprovar a alegaccedilatildeo na qual assentaram o pedido indenizatoacuterio isto eacute que em razatildeo da invasatildeo dos bovinos fora destruiacuteda toda a sua plantaccedilatildeo de milho61

O que se pode depreender do feito eacute a pungente necessidade de comprovaccedilatildeo dos pressupostos gerais da responsabilidade civil porque recai sobre o requerente o ocircnus da prova destes elementos Por falta da comprovaccedilatildeo do dano o pedido formulado fora desacolhido antes mesmo da anaacutelise se houve a quebra do nexo causal suscitada62

61 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em

httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30194C3890cjs Acesso em 20 out 2019

62 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm 3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

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5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS

Eacute sabido ateacute aqui que a responsabilidade civil assume importantes funccedilotildees

na sociedade contemporacircnea tais como a prevenccedilatildeo dos comportamentos civilmente indenizaacuteveis reestabelecimento da ordem entre as pessoas reparaccedilatildeo ao ldquostatus quordquo ou seja situaccedilatildeo em que se encontrava a pessoa ou objeto lesado anteriormente agrave ocorrecircncia do evento danoso etc63 Aleacutem disso o fato passiacutevel de indenizaccedilatildeo pode suceder tanto de inobservaccedilotildees e demais situaccedilotildees envolvendo contratos estabelecidos entre as partes quanto extracontratuais provenientes do ato iliacutecito acima explanado64

Dito isso uma vez que eacute mister a atribuiccedilatildeo da responsabilidade pelos danos materiais ao proprietaacuterio ou detentor do animal quando da ocorrecircncia do fato lesivo um dos maiores desafios relativos ao tema em questatildeo eacute a quantificaccedilatildeo da indenizaccedilatildeo e os criteacuterios que devem ser utilizados para a atribuir o valor referente ao dano moral haja vista as criacuteticas recorrentes sobre a definiccedilatildeo nebulosa a ldquoinduacutestria do dano moralrdquo decorrente de tal situaccedilatildeo65

Acerca do tema Caio Rogeacuterio da Costa Brandatildeo

Infelizmente diante da inexistecircncia de elementos objetivos para se chegar agrave quantificaccedilatildeo do dano moral deparamo-nos agraves vezes com julgadores que na inexistecircncia destes decidem de forma incriteriosa fixando condenaccedilotildees em valores exagerados e totalmente inadequados []66

Sobre esta quantificaccedilatildeo Seacutergio Cavalieri Filho aduz

Creio tambeacutem que este eacute outro ponto onde o princiacutepio da loacutegica do razoaacutevel deve ser a buacutessola norteadora do julgador Razoaacutevel eacute aquilo que eacute sensato comedido moderado que guarda certa proporcionalidade A razoabilidade eacute o criteacuterio que permite cotejar meios e fins causas e consequecircncias de modo a aferir a loacutegica da decisatildeo [] importa dizer que o juiz ao valorar o dano moral deve arbitrar uma quantia que de acordo com seu prudente arbiacutetrio seja compatiacutevel com a reprovabilidade da conduta iliacutecita a intensidade e duraccedilatildeo do sofrimento experimentado pela viacutetima a capacidade econocircmica do causador do dano as condiccedilotildees sociais do ofendido e outras circunstancias mais que se fizerem presentes67

Por sua vez o artigo 944 do Coacutedigo Civil eacute preciso ao afirmar que a

63 SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v

1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

64 MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNMULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017 Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019

65 BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019 66 Ibid 67 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 p 98 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na- responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov

2019 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo

Paulo Editora Meacutetodo 2018 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo

Gen 2018 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
Page 3: RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS ... · RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath1

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2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO

Para fins de contextualizaccedilatildeo nas sociedades romanas antigas os animais eram equiparados agravequeles seres dotados de consciecircncia e segundo Hans Kelsen figuravam em relaccedilotildees juriacutedicas sem qualquer distinccedilatildeo com os demais Dessa forma eram passiacuteveis de figurar no polo passivo enquanto causadores de dano podendo serem processados e executados como delinquentes3

Com o passar do tempo o filoacutesofo Reneacute Descartes tratou de conceituar os animais tatildeo somente como seres autocircmatos e destituiacutedos de sentimentos Foi neste mesmo caminho a acepccedilatildeo dada pelo Direito Francecircs que apoacutes sua Revoluccedilatildeo classificou os animais de forma geneacuterica como ldquores nulliusrdquo na classe de bens ou coisas4

Sequente agrave isto eacute o entendimento do atual Coacutedigo Civil porque tambeacutem jaacute acautelado pelo Coacutedigo de 1916 conceituando como bens moacuteveis aqueles suscetiacuteveis de ldquomovimento proacutepriordquo no artigo 82 do atual Coacutedigo Civil5 Nesta mesma linha encontram-se os animais chamados de semoventes por possuiacuterem movimento proacuteprio e forccedila de remoccedilatildeo conforme o proacuteprio artigo

Objetivamente Fernando Speck de Souza e Rafael Speck de Sousa

De outro lado (o dos animais) previa o Coacutedigo Civil de 1916 que ldquosatildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacutepriordquo (artigo 47 1ordf parte) O artigo 82 primeira parte do Coacutedigo Civil vigente possui redaccedilatildeo idecircntica Tais disposiccedilotildees referem-se aos semoventes6

Concomitantemente natildeo satildeo elencados no rol taxativo do artigo 75 do Coacutedigo de Processo Civil destinado agravequeles que embora sem personalidade juriacutedica possam figurar em certas relaccedilotildees forenses7

Para aleacutem de Reneacute Descartes Pontes de Miranda natildeo atribui a personalidade juriacutedica a estes seres porque ausente a capacidade juriacutedica e condiccedilatildeo de sujeito de direito ou seja natildeo possuem capacidade postulatoacuteria de titularidade de direitos e deveres dentre outras caracteriacutesticas processuais e

3 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

4 GORDILHO Heron de Almeida Silva TRAJANO Tagore Animais em juiacutezo direito personalidade juriacutedica e capacidade processual Revista de Direito Ambiental Universidade Federal da Bahia v 65 p 333-363 jan 2012 Disponiacutevel em httpspapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=2352064 Acesso em 20 out 2019

5 Art 82 Satildeo moacuteveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila

alheia sem alteraccedilatildeo da substacircncia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 2002

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20 out 2019 6 SOUSA Rafael Speck de SOUZA Fernando Speck de A tutela juriacutedica dos animais no Direito

Civil Contemporacircneo (parte 3) Consultor Juriacutedicico Satildeo Paulo 4 jun 2018 Disponiacutevel em lthttpswwwconjurcombr2018-jun-04tutela-juridica-animais-direito-civil-contemporaneo-partegt

Acesso em 18 nov 2019 7 AMARANTE Aparecida Animais Natureza juriacutedica objetos ou sujeitos de direito Animais

domeacutesticos Guarda compartilhada2019 Disponiacutevel em httpwwwconteudojuridicocombrconsultaArtigos51114animais-natureza-juridica-objetos-ou- sujeitos-de-direito-animais-domesticos-guarda-compartilhada Acesso em 16 nov 2019

4

materiais8 Sendo assim uma vez que os fatos juridicamente relevantes satildeo atribuiacutedos

de forma exclusiva a pessoas naturais sejam elas fiacutesicas ou juriacutedicas quando o fato tenha sido praticado por animal se atribuiu ao seu responsaacutevel o dever decorrente de indenizaccedilatildeo9

Por outro lado haacute quem defenda a titularidade de direitos por parte dos animais haja vista os avanccedilos na ciecircncia reconhecendo-os como seres de natureza

bioloacutegica e emocional e o fato de que os seres humanos tambeacutem sejam notoriamente animais

Sobre tal argumentaccedilatildeo Bruno Resende Azevedo Gontijo e Ceacutesar Fiuza

Haacute quem defenda portanto que a natildeo atribuiccedilatildeo

de personalidade aos animais se daacute em razatildeo de uma diferenciaccedilatildeo entre

a espeacutecie humana e as demais espeacutecies o que natildeo deveria ocorrer

Lanccedilam o argumento de que a discriminaccedilatildeo entre os seres humanos e as

diferentes espeacutecies de animais eacute tatildeo artificial quanto a discriminaccedilatildeo antes

existente e hoje inconcebiacutevel entre escravos e homens livres somente

estes uacuteltimos sujeitos de direitos10

Jaacute para Fernanda Luiz Fontoura de Medeiros o que justifica a exigecircncia para alteraccedilotildees na legislaccedilatildeo eacute a pungente necessidade de adequar-se agraves novas realidades morais11

Haacute de mencionar que desde o iniacutecio do ano de 2017 alguns cartoacuterios jaacute oferecem o serviccedilo de registro de animais denominado identipet em que satildeo especificadas algumas caracteriacutesticas tais como raccedila cor proprietaacuterios etc Ainda que natildeo seja uma identidade civil eacute uma forma de garantir a tutela de direitos caso o animal venha a ser subtraiacutedo ou ainda se porventura os coproprietaacuterios passem a litigar sobre este dentre outras possibilidades envoltas pelo mundo juriacutedico12

Para aleacutem disso o conteuacutedo do Projeto de Lei Complementar ndeg 272018 chamou atenccedilatildeo nos uacuteltimos meses porque debatido em Congresso Nacional Tal projeto de Lei pugna pela concessatildeo de direitos ldquosui generisrdquo aos animais pelos

8 GORDILHO Heron de Almeida Silva TRAJANO Tagore Animais em juiacutezo direito personalidade

juriacutedica e capacidade processual Revista de Direito Ambiental Universidade Federal da Bahia v 65 p 333-363 jan 2012 Disponiacutevel em

httpspapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=2352064 Acesso em 20 out 2019 9 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

10 GOTINJO Bruno Resende Azevedo FIUZA Ceacutesar Dos fundamentos da proteccedilatildeo aos animas - Uma anaacutelise acerca das teorias de personificaccedilatildeo dos animais e dos sujeitos de direito sem personalidade Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 01 p 189 - 204 out-dez 2014 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 16 nov 2019

11 MEDEIROS Fernanda Luiz Fontoura de Anaacutelise criacutetica do Coacutedigo Civil de 2002 agrave luz da Constituiccedilatildeo Brasileira animais natildeo humanos Revista de Direito Ambiental Editora Revista dos

Tribunais Satildeo Paulo v 93 p 65-88 janmar 2019 Disponiacutevel em httpsdspacealmggovbrhandle1103717022 Acesso em 13 nov 2019

12 CABRAL Ailim Donos de animais domeacutesticos podem registrar os pets em cartoacuterio Correio Brasiliense Brasiacutelia 18 ago 2017 Disponiacutevel em

httpswwwcorreiobraziliensecombrappnoticiarevista20170820interna_revista_correio61856 6donos-de-animais-domesticos-podem-registrar-os-pets-em-cartorioshtml Acesso em 20 out

2019

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motivos acima expostos aleacutem da determinaccedilatildeo de que natildeo sejam mais considerados bens moacuteveis mas como sujeitos de direitos despersonificados13 tal qual ocorre em paiacuteses como Alemanha Aacuteustria Suiccedila Franccedila Portugal e recentemente Espanha14

13 AGEcircNCIA SENADO ldquoNatildeo eacute coisardquo projeto de lei reconhece que animais tecircm sentimentos

Revista Exame Satildeo Paulo 2019 Disponiacutevel em httpsexameabrilcombrbrasilnao-e-coisa- projeto-de-lei-reconhece-que-animais-tem-sentimentos Acesso em 20 out 2019

14 ALVAREZ Claudio Parlamento da Espanha apoia por unanimidade considerar os animais como seres vivos e natildeo objetos EL PAIacuteS Madri 2017 Disponiacutevel em httpsbrasilelpaiscombrasil20171212internacional1513066545_704063html Acesso em 16 nov 2019

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3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL

A responsabilidade civil eacute positivada pela Constituiccedilatildeo Federal e se

caracteriza pelo dever de indenizar o dano suportado por outrem Ocorre quando haacute violaccedilatildeo de direitos considerados fundamentais nos termos do artigo 5deg incisos V e X sendo mencionada em leis especiais no que concerne a danos causados pela Administraccedilatildeo Puacuteblica praticados em desfavor do meio ambiente danos eleitorais nas relaccedilotildees familiares das Instituiccedilotildees Financeiras dentre outras possibilidades que natildeo estatildeo limitadas a previsotildees expressas devendo ser analisada e interpretada in casu o que gera constantes atualizaccedilotildees e incrementos agrave temaacutetica

Ao encontro da Constituiccedilatildeo Paacutetria o Coacutedigo Civil vigente tambeacutem se preocupa com a responsabilizaccedilatildeo daquele que causar o dano antevendo em seus artigos 186 e 927 a definiccedilatildeo do ato iliacutecito baseado na culpa e suas trecircs modalidades - negligecircncia imprudecircncia ou imperiacutecia - e a decorrente obrigaccedilatildeo de indenizar quando esta for verificada15

Quanto agrave configuraccedilatildeo desta obrigaccedilatildeo ainda atraveacutes do teor do artigo 186 se extrai que alguns pressupostos gerais devem ser observados e estarem presentes obrigatoriamente de forma cumulativa Nas palavras do mestre Carlos Roberto Gonccedilalves ldquoA anaacutelise do artigo supratranscrito evidecircncia que quatro satildeo os elementos essenciais da responsabilidade civil accedilatildeo ou omissatildeo culpa ou dolo do agente relaccedilatildeo de causalidade e o dano experimentado pela viacutetimardquo16

Vale transcrever a doutrina de Roberto Altheim ldquoPortanto de forma resumida pode-se afirmar que satildeo atribuiacutedos agrave responsabilidade civil (objetiva ou subjetiva) os seguintes pressupostos conduta dano e nexo causal entre os primeirosrdquo17

A accedilatildeo (accedilatildeo positiva) ou omissatildeo (accedilatildeo negativa)18 pode tratar tanto de ato praticado pelo proacuteprio agente quanto por terceiros por quem se tenha uma obrigaccedilatildeo de responsabilidade decorrente de lei Ocorre tanto atraveacutes de vontade pessoal do agente e assim configurando o dolo quanto na forma culposa incluindo as trecircs formas supramencionadas quais sejam negligecircncia imprudecircncia e imperiacutecia

Via de regra se daacute por uma accedilatildeo representando a forma omissiva quando um dever natildeo tenha sido observado pelo agente ou seja determinada accedilatildeo deveria ter sido praticada por este porque um dever juriacutedico preexistente lhe era atribuiacutedo19

Noutro giro eacute o nexo causal considerado pela doutrina como o mais sensiacutevel

15 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

2018 p 66 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530982218cfi62[vndvstidref=cover] Acesso em 13 nov 2019

16 GONCcedilALVES Carlos Roberto Direito Civil Brasileiro Responsabilidade Civil 14 ed v 4 Satildeo Paulo Saraiva 2019 p 54 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788547229283recent Acesso em 13 nov 2019

17 ALTHEIM Roberto A atividade interpretativa e a imputaccedilatildeo do dever de indenizar no direito civil brasileiro contemporacircneo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 94 n 841 p 127ndash148 nov 2005 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

18 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo 2018 p 66 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530982218cfi62[vndvstidref=cover] Acesso em 13 nov 2019

19 Ibid

7

e intrincado pressuposto de precisar20 que se denota pelo liame existente entre a accedilatildeo ou omissatildeo e o resultado do evento danoso Para o doutrinador Paulo Nader eacute a relaccedilatildeo de causa e efeito entre a conduta e o dano causado a outremrdquo21

Haacute de se esclarecer que o Brasil que por muito tempo o Brasil adotou exclusivamente a ldquoTeoria da Causalidade Imediatardquo considerando a causa do evento danoso unicamente o fato incontinenti derivado22 Isto porque eacute a literalidade do artigo 403 do Coacutedigo Civil em que satildeo incluiacutedos quando da configuraccedilatildeo da responsabilidade somente os prejuiacutezos abarcados por esta relaccedilatildeo direta de causa e efeito natildeo se podendo haver chancela judicial no sentido de indenizar prejuiacutezos extriacutensecos que natildeo sejam resultado da conduta do agente causador23

Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade probatoacuteria de algumas situaccedilotildees o que agrave frente seraacute melhor explanado Portanto eacute possiacutevel utilizar-se desta adequaccedilatildeo quando for possiacutevel inferir que ainda que o dano natildeo tenha decorrido do fato imediatamente anterior provavelmente se deu em razatildeo de outro comportamento e neste caso haveraacute a responsabilizaccedilatildeo deste(s) agente(s)24

Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger

Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneira natildeo irrelevante elevar genericamente a possibilidade objetiva de um resultado da espeacutecierdquo25

Por fim o dano experimentado pela viacutetima traduz a ideia de ldquoprejuiacutezordquo do que

derivam inuacutemeras formas e nas mais diversas searas De certo modo demonstra o caraacuteter de transitoriedade atrelado agrave responsabilidade civil que visa acompanhar as mudanccedilas sociais26 Como bem exemplifica Seacutergio Cavalieri Filho 20 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

21 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2019 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

22 NORONHA Fernando O nexo de causalidade na responsabilidade civil Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 92 n 816 p 733ndash752 out 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

23 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

24 RODRIGUES JUNIOR Otavio Luiz Nexo Causal probaliacutestico elementos para a criacutetica de um conceito Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 8 p 115-137 set 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

25 REINIG Guilherme Henrique Lima A teoria da causalidade adequada no direito civil alematildeo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 18 p 215 ndash 248 janmar 2019 apud TRAEGER Ludwig Der Kausalbegriff Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

26 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

8

[] dano de morte dano sexual dano hedoniacutestico dano pelo custo do filho indesejado dano de feacuterias arruinadas dano de mobbing dano por brincadeiras crueacuteis dano por rompimento de noivado dano por descumprimento de deveres conjugais dano por abandono afetivo de filho menor e assim por diante27

Os requerimentos passiacuteveis de serem formulados se desdobram conforme os reflexos factiacuteveis tenham sido causados ao padecedor o que pode acontecer tanto na esfera patrimonial quanto extrapatrimonial28 Destaca- se que estes podem ser cumulados e desta segunda forma provem o dano moral adotado por vezes de forma descriteriosa nas decisotildees proferidas29

Com relaccedilatildeo ao fato praticado por terceiro especificado os praticados por animais em eventos apoacutes apreciados sumariamente os requisitos gerais da responsabilidade civil se verifica uma circunstacircncia peculiarizada capaz de produzir males individuais e coletivos porque presente o fato (ainda que de terceiro) nexo causal e resultado danoso Porquanto merece previsatildeo legislativa neste sentido que foi consagrada no artigo 936 do Coacutedigo Civil Brasileiro impondo a obrigaccedilatildeo de ressarcimento pelos que ao tempo do fato detinham o dever de vigilacircncia sobre o animal30

No que tange ao tema proposto muito se discute sobre as espeacutecies de responsabilidade civil que aleacutem da composiccedilatildeo geneacuterica apresentada satildeo diferidas pela presenccedila um de outro componente muito significativo a culpa

Conforme dito alhures o conceito de culpa ldquolatto sensurdquo sentido amplo que alcanccedila tambeacutem o dolo eacute adotada como como regra geral pela legislaccedilatildeo civilista porque previsto pelo jaacute mencionado artigo 186 do Coacutedigo Civil em conjunto com o caput artigo 927 do mesmo Coacutedigo emanado principalmente do Direito Francecircs31 atraveacutes do ldquoCode Napoleoacutenrdquo atribuindo o dever de reparaccedilatildeo a quem tenha agido com culpa em seu artigo 1382 agrave eacutepoca32

A adoccedilatildeo deste elemento significou um marco na histoacuteria humana porque de certa forma traduz sensatez contrapondo veemente o que era aplicado ateacute entatildeo por algumas sociedades a tiacutetulo exemplificativo a Lei das XXII Taacutebuas e Lei de Taliatildeo33Aleacutem disso doutrinadores como Luciana Tramontin Bonho Francisco Toniolo de Carvalho Marjorie Almeida Araujo e Elton Bonfada definem o marco histoacuterico dessa adesatildeo com a tomada de controle por parte do Estado que preocupando-se com viacutetima retirou a puniccedilatildeo da esfera privada34

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

27 Ibid p 102 28 RIZZARDO Arnaldo Responsabilidade civil 7 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 29 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

30 GAGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019 31 Ibid 32 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

33 GAGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019

34 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018

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Noutra senda a teoria da responsabilidade objetiva ganhou expressividade ironicamente de igual forma pelo Direito Francecircs com os estudos de Salleiles e Josseran no ano de 1987 Difundiam estes a obrigatoriedade de reparaccedilatildeo independentemente da configuraccedilatildeo da culpa do agente bastando a ocorrecircncia do fato ou do risco que tenha sido criado35

Mais tarde tal percepccedilatildeo passou a ser acolhida por diversos ordenamentos juriacutedicos porque a concepccedilatildeo uacutenica da culpa como elemento basilar natildeo mais atendia todas as demandas da sociedade com destaque especial a exposiccedilatildeo da sociedade agrave novos riscos com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial e suas implicaccedilotildees36

No Brasil as legislaccedilotildees passaram a excetuar atraveacutes de leis especiais alguns casos em que a culpa era dispensaacutevel como o Decreto 26811912 disciplinador da Responsabilidade das Estradas de Ferro Lei 75651986 do Coacutedigo Civil Brasileiro da Aeronaacuteutica dentre outras previsotildees37

A grande revoluccedilatildeo na responsabilidade civil brasileira para estudiosos como Seacutergio Cavalieri Filho sucedeu com a Constituiccedilatildeo de 1988 porque presente em seu artigo 37 sect6deg a responsabilizaccedilatildeo objetiva do Estado e seus prestadores de serviccedilo que ateacute entatildeo estavam ligados com a comprovaccedilatildeo de culpa necessaacuteria atraveacutes do artigo 159 do Coacutedigo Civil agrave eacutepoca Isso significa dizer que as formas de serviccedilo puacuteblico tais como luz e transporte passaram a ser interpretadas conforme a nova Carta Magna bastando a ocorrecircncia do fato para tipificar o dever do Estado de ressarcimento Cabe mencionar que tambeacutem nesta oportunidade o dano moral fora positivado38

Prosseguiram as alteraccedilotildees e em 1990 a sanccedilatildeo no Coacutedigo de Defesa do Consumidor trouxe agrave baila outra previsotildees estritamente objetivas presente nos artigos 12 e 14 versando sobre a responsabilidade pelo fato do produto e do serviccedilo39

Em relaccedilatildeo ao Coacutedigo Civil pregresso a originalidade de 2002 estaacute no acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 que apoacutes a regra geral exposta no ldquocaputrdquo prevecirc em seu paraacutegrafo uacutenico a chamada teoria do risco Dessa forma satildeo excetuados da necessidade de comprovaccedilatildeo de culpa os casos definidos por lei ou decorrentes de atividades que criem uma ameaccedila de dano

No contexto atual levando-se em conta o desenvolvimento tecnoloacutegico se verifica que essas espeacutecies de atividades foram multiplicadas e por envolverem operaccedilotildees de maior complexidade trariam dificuldades de comprovaccedilatildeo deste elemento aos lesados uma vez responsaacuteveis pelo ocircnus da prova40

35 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil

Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

36 Ibid 37 MARCHI Cristiane de A culpa e o surgimento da responsabilidade objetiva evoluccedilatildeo

histoacuterica noccedilotildees gerais e hipoacuteteses previstas no Coacutedigo Civil Revista dos Tribunais v 964

p 215-241 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

38 CAVALIERI FILHO Seacutergio Responsabilidade Civil no Novo Coacutedigo Revista de Direito do Consumidor v 48 p 69-84 outdez 2003 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

39 AMORIM Bruno de Almeida Lewer O fenocircmeno de objetivizaccedilatildeo da responsabilidade civil crise econocircmica e soluccedilotildees juriacutedicas Revista dos Tribunais Satildeo Paulo n 77 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

40 ALONSO Paulo Sergio Gomes Responsabilidade civil por fato de terceiro Revista de Direito

10

Na doutrina satildeo inuacutemeros os desdobramentos desta teoria em modalidades como como o risco-proveito risco-administrativo risco-criado e por fim risco- integral41 caracterizados conforme a atividade sob anaacutelise

Com isso o legislador eacute concomitante ao afirmar que se mantecircm as previsotildees constantes de lei especial tais como o Coacutedigo de Defesa do Consumidor responsabilidade inerente ao transportador dentre outras previsotildees e que a incidecircncia da responsabilidade objetiva se estende aos casos amparados pela jurisprudecircncia desde que envolva situaccedilatildeo de risco majorado42

Como ensina Maria Celina Bodin de Moraes

De fato a evoluccedilatildeo econocircmica e social tornara claro que a tradicional responsabilidade subjetiva era insuficiente qualitativa e quantitativamente para tutelar diversas espeacutecies de relaccedilotildees juriacutedicas proacuteprias da sociedade industrializada Na nova realidade social a reparaccedilatildeo da viacutetima natildeo poderia depender da prova impossiacutevel que identificasse quem de fato agiu de forma negligente para estabelecer a reparaccedilatildeo de danos injustamente sofridos43

Decursivo desta ideia eacute a responsabilizaccedilatildeo objetiva que foi a escolha do legislador para com o detentor do animal quando fato lesivo for causado por este porque especificado em lei Mais precisamente eacute teor do artigo 936 do Coacutedigo Civil Art 936 O dono ou detentor do animal ressarciraacute o dano por este causado se natildeo

provar culpa da viacutetima ou forccedila maior44

Em linhas gerais o nosso ordenamento natildeo atribui a responsabilidade uacutenica e exclusivamente ao dono do animal mas agravequele que possuiacutea o poder de comando ou o poder intelectual de domiacutenio quando da adversidade A culpa ou dolo portanto satildeo elementos desnecessaacuterios bastando que a situaccedilatildeo de risco tenha sido proposta e claro o resultado tenha sido lesivo agrave outrem45

Nesta perspectiva eacute o exemplo de Pablo Stolze Gagliano

Assim se a minha bomba drsquoaacutegua mal conservada explode e lesiona um transeunte a obrigaccedilatildeo de indenizar seraacute imposta a mim proprietaacuterio e guardiatildeo da coisa que estava sob a minha custoacutedia e direccedilatildeo Diferentemente se eu contrato um amestrador de catildees confiando-lhe a guarda do meu buldogue e este durante uma sessatildeo de treinamento desprende-se da coleira e causa dano a terceiro obviamente que pela reparaccedilatildeo do dano responderaacute apenas o expert pois no momento do desenlace fatiacutedico detinha o poder de comando do animal que estava sob a sua autoridade Raciociacutenio contraacuterio aliaacutes esbarraria na proacutepria noccedilatildeo de nexo de causalidade uma vez que no caso o dano natildeo poderia ser

Privado v 64 p 161-176 outdez 2015 41 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo Paulo Editora

Meacutetodo 2018 42 BERALDO Leonardo de Faria Responsabilidade civil no Paraacutegrafo uacutenico do Art 927 do

coacutedigo civil e alguns apontamentos do direito comparado Novos Estudos Juriacutedicos [Sl] v 9 n 2 p 317-340 out 2008

43 MORAES Maria Celina Bodin de Risco Solidariedade e Responsabilidade Objetiva Revista dos Tribunais v 854 p 18 dez 2006 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

44 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 2002

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20 out 2019 45 AGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019p 239 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788553172795recent Acesso 13 nov 2019

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atribuiacutedo ao proprietaacuterio do catildeo que o havia confiado a um perito O comportamento deste uacuteltimo foi causa direta e imediata do resultado lesivo46

Sequente tambeacutem ao que eacute expresso no paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 satildeo as causas excludentes da responsabilidade objetiva assim consideradas porque rompem o nexo causal entre conduta e resultado alcanccedilado Exprimem uma ideia de imprescindibilidade e imprevisibilidade do agente Assim sendo as possibilidades de escusar-se seriam a culpa da viacutetima e forccedila maior47

Na hipoacutetese de culpa da viacutetima ambas as condutas tanto do causador quanto do lesado devem ser analisadas conjuntamente a fim de mensurar qual a contribuiccedilatildeo da viacutetima para que o resultado fosse produzido Destarte trecircs podem ser as conclusotildees do julgador que a viacutetima nada contribuiu para o resultado que contribuiu de forma parcial ou que incorreu de forma exclusiva para causar o dano Consoante a esta conclusatildeo pode haver abatimento no valor indenizatoacuterio ou ateacute mesmo a isenccedilatildeo do lesante uma vez que vencido o nexo causal48

Nesta linha eacute preciso o artigo 945 do Coacutedigo Civil vigente ao instituir que no momento da fixaccedilatildeo do valor devido quando da concorrecircncia da viacutetima para o resultado seraacute levada em conta a gravidade e a dimensatildeo desta contribuiccedilatildeo em cotejo com o autor do ano49

Outrossim haacute casos em que a lei denega expressamente a possibilidade de compensaccedilatildeo indenizatoacuteria Ainda que o lesado possua parcela de culpa a miacutenima participaccedilatildeo do agente garantiraacute o valor integral como eacute o caso do Decreto nordm 26811912 que dispotildee sobre a responsabilidade das estradas de ferro50

Sob outra perspectiva eacute o caso de incidecircncia de forccedila maior Inicialmente agrave sua anaacutelise cabe frisar que haacute contiacutenua discussatildeo doutrinaacuteria sobre a similitude entre caso fortuito e forccedila maior uma vez que o artigo 393 do Coacutedigo Civil natildeo estabelece qualquer distinccedilatildeo entre estes51

Seria o caso fortuito originado do latim fortuitus e exprimindo uma ideia de azar a ocorrecircncia de acontecimentos extraordinaacuterios e alheios agrave vontade das partes envolvidas poreacutem decorrentes de accedilatildeo humana como guerras eventuais paralisaccedilotildees e assim por diante52

Jaacute a forccedila maior seria uma sucessatildeo de fatos naturais como terremotos erupccedilatildeo de vulcatildeo inundaccedilotildees etc Igualmente sem qualquer contribuiccedilatildeo efetiva das partes para o feito que eacute proveniente de forccedilas da natureza53

De qualquer sorte ambos os institutos satildeo marcados pela imprevisibilidade e superveniecircncia Aleacutem disso fora do controle humano e por fim evocando a loacutegica

46 Ibid 47 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

48 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018

49 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no

10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Portal da Legislaccedilatildeo Brasiacutelia jan

2002 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20

out 2019 50 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent

Acesso em 13 nov 2019 51 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019 52 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018 53 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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da responsabilidade objetiva a falta de culpa do agente sendo supressivos a culpa e a forccedila maior Quando a incidecircncia de um haacute por conseguinte a ausecircncia de outro54

54 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA

Permeando o que foi dito ateacute entatildeo a responsabilidade civil decorrente de fato de animal sofreu notaacuteveis transformaccedilotildees em seu tratamento legal superando a ideia de culpa presumida conhecida no Coacutedigo Civil de 1916 um esboccedilo do tratamento puramente objetivo para os casos que satildeo especificados em lei que possui nos dias de hoje

No antigo dispositivo o tema era abordado pelo artigo 1527 que aleacutem das hipoacuteteses recepcionadas em 2002 contava com adicional previsatildeo55

Se pode inferir atraveacutes do inciso I que a presunccedilatildeo de culpa era ldquojuris tantumrdquo admitindo prova em contraacuterio no sentido de que o cuidado e diligecircncia necessaacuterios para com o animal foram observados pleiteando para que natildeo incorresse o agente no dever de indenizar Isso ocorreria portanto se ficasse comprovado o afastamento da culpa presumida56

De maneira a ilustrar essa possibilidade anteriormente prevista entendimento pelo Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande do Sul ano de 1997

Ementa RESPONSABILIDADE CIVIL FATO DE ANIMAL DANOS ESTETICOS E MORAL O DONO DO ANIMAL E RESPONSAVEL POR SUA GUARDA E SEGURANCA DAI QUE RESPONDERA POR DANOS POR ESSE OCASIONADOS SENDO A TEOR DO ART-1527 DO CODIGO CIVIL PRESUMIDA SUA CULPA E CONSEQUENTE RESPONSABILIDADE PRESUNCAO QUE LHE INCUMBE AFASTAR MEDIANTE PROVA IDONEA EM SENDO DISCUTIDA EM DEMANDA JUDICIAL PROVANDO CAUSA ELIDENTE DE RESPONSABILIDADE OU SEJA QUE MANTINHA O ANIMAL EM LUGAR ADEQUADO E SEGURO57

Cabe aqui reforccedilar que a culpa presumida natildeo eacute mais aceita em nosso ordenamento no que compete ao fato praticado por animais Hodiernamente se aceita

unicamente a incidecircncia das jaacute mencionadas culpa exclusiva da viacutetima caso fortuito e forccedila maior

Eacute a aplicaccedilatildeo de uma dessas formas que passamos a analisar atraveacutes de demanda ajuizada por fato ocorrido no municiacutepio de Augusto Pestana interior do estado do Rio Grande do Sul O demandante acionou a justiccedila com pleito indenizatoacuterio em face do realizador do rodeio em que participava e o muniacutecipio referido por lesotildees fiacutesicas sofridas em decorrecircncia do ldquocoicerdquo de um cavalo no momento em que se dirigia ao banheiro do Parque Alegou a omissatildeo do municiacutepio na fiscalizaccedilatildeo uma vez que a aacuterea cedida era de sua propriedade Apoacutes improcedecircncia da sentenccedila que reconheceu a ilegitimidade no poacutelo passivo da cidade e a natildeo configuraccedilatildeo do dever de indenizar frente aos organizadores os autos foram

55 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm

3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

56 MIGUEL Alexandre A responsabilidade civil no Novo Coacutedigo algumas consideraccedilotildees Revista dos Tribunais v 809 p 11-27 mar 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

57 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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remetidos ao Tribunal de Justiccedila Este por sua vez manteve o entendimento ao afirmar que inexistia qualquer dever de fiscalizaccedilatildeo por parte da Administraccedilatildeo Puacuteblica sendo categoacuterico ao afirmar que a viacutetima incorreu exclusivamente para o resultado uma vez que os animais estavam amarrados e em aacuterea dedicada exclusivamente para tal Para aleacutem disto por lidar com animais do gecircnero do causador deveria ter o conhecimento de que natildeo se pode passar por detraacutes de ldquocavalo cuiudordquo leia-se natildeo castrado58

Sobre o acontecimento adequado mencionar as proacuteprias palavras do proacuteprio Relator

O autor a toda evidecircncia eacute um sujeito afeito agraves lides campeiras com o que eacute perfeitamente possiacutevel considerar que agiu sem as cautelas necessaacuterias independente de estar embriagado ou natildeo Considero dessa forma que o acidente se deu exclusivamente em razatildeo de sua conduta59

Em contrapartida eacute o acontecido em um Parque de Exposiccedilotildees popularmente conhecido no estado localidade de Esteio Neste caso o demandante da accedilatildeo teve prejuiacutezos materiais em decorrecircncia de colisatildeo entre seu veiacuteculo e um cavalo da Brigada Militar que auxiliava no policiamento do local Em que pese tenha sido reconhecido o dever de ressarcimento na via administrativa as partes natildeo concordaram com o ldquoquantumrdquo o que deu ensejo ao pleito judicial

Figuraram como reacuteus tanto a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul quanto o Sargento Newton que manejava o animal no momento do ocorrido Em contestaccedilatildeo foi alegada a falta de culpa por parte do condutor do cavalo que disse se tratar de caso isolado tendo em vista que agentes e animais recebem treinamentos intriacutensecos agrave atividade De outro modo a Brigada Militar alegou o caso fortuito por ter sido o movimento repentino do equino que deu causa ao evento danoso porque este teria se assustado com brinquedos de luzes que ali estavam

A sentenccedila proferida foi no sentido de condenar exclusivamente a Brigada Militar pelos prejuiacutezos causados e apoacutes subiram os autos por recurso interposo pela parte autora

O acoacuterdatildeo proferido seguiu o entendimento que fora adotado em 1deg instacircncia alterando apenas o valor devido a tiacutetulo indenizatoacuterio A fim de evidenciar a narrativa

Ainda que se discorde da ldquocausa fortuitardquo suscitada na conclusatildeo do referido Inqueacuterito Teacutecnico a realizaccedilatildeo de patrulhamento com animais dotados de impulsos proacuteprios e instintivos enseja a assunccedilatildeo dos riscos decorrentes de eventuais danos causados a terceiros tal como ocorreu no caso dos autos Assim ainda que o equino tenha empreendido manobra inesperada eacute induvidoso que o local onde ocorreram os fatos (Expointer 2011) eacute de intenso fluxo de pessoas e veiacuteculos razatildeo pela qual maiores cuidados o ente puacuteblico deveria ter em relaccedilatildeo aos animais utilizados para o patrulhamento Em tais condiccedilotildees o ato comissivo e mesmo involuntaacuterio praticado por semovente pertencente ao acervo estatal causador de dano ao patrimocircnio particular enseja a devida indenizaccedilatildeo60

Por fim assimilaccedilatildeo homoacuteloga possui o Tribunal de Justiccedila do estado de Satildeo

58 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho

Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnumero_processo= 70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

59 Ibid 60 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de

Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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Paulo nos casos relativos ao tema em discussatildeo A decisatildeo objeto de anaacutelise trata de pedido de danos materiais oriundos da invasatildeo de animal que teria ldquopisoteadordquo a propriedade da parte autora onde cultivava sua plantaccedilatildeo de milho Entretanto em primeira instacircncia se limitou a requerer produccedilatildeo de prova oral unicamente sem pugnar fosse feita periacutecia no local e desta forma sem comprovar a extensatildeo do dano

Jaacute a defesa por sua vez requereu a improcedecircncia da demanda haja vista a cerca da propriedade estar danificada em alguns pontos atribuindo culpa a parte autora

Sobreveio sentenccedila que indeferiu o pedido formulado Apoacutes recurso interposto o Tribunal de Justiccedila decidiu por mantecirc-la uma vez que a extensatildeo do dano De forma precisa Relator do caso

Examinados os autos natildeo se verifica qualquer comprovaccedilatildeo de que os autores tenham dado causa agrave invasatildeo do gado em sua propriedade ou de que tenha existido forccedila maior a levar o gado para dentro da sua colheita Haacute menccedilotildees apenas geneacutericas e vagas a respeito de um eventual susto que o gado tenha sofrido ou do estado de conservaccedilatildeo da cerca divisoacuteria Contudo aos autores cabia ainda assim e nos termos do artigo 373 inciso I do Coacutedigo de Processo Civil comprovar a alegaccedilatildeo na qual assentaram o pedido indenizatoacuterio isto eacute que em razatildeo da invasatildeo dos bovinos fora destruiacuteda toda a sua plantaccedilatildeo de milho61

O que se pode depreender do feito eacute a pungente necessidade de comprovaccedilatildeo dos pressupostos gerais da responsabilidade civil porque recai sobre o requerente o ocircnus da prova destes elementos Por falta da comprovaccedilatildeo do dano o pedido formulado fora desacolhido antes mesmo da anaacutelise se houve a quebra do nexo causal suscitada62

61 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em

httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30194C3890cjs Acesso em 20 out 2019

62 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm 3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

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5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS

Eacute sabido ateacute aqui que a responsabilidade civil assume importantes funccedilotildees

na sociedade contemporacircnea tais como a prevenccedilatildeo dos comportamentos civilmente indenizaacuteveis reestabelecimento da ordem entre as pessoas reparaccedilatildeo ao ldquostatus quordquo ou seja situaccedilatildeo em que se encontrava a pessoa ou objeto lesado anteriormente agrave ocorrecircncia do evento danoso etc63 Aleacutem disso o fato passiacutevel de indenizaccedilatildeo pode suceder tanto de inobservaccedilotildees e demais situaccedilotildees envolvendo contratos estabelecidos entre as partes quanto extracontratuais provenientes do ato iliacutecito acima explanado64

Dito isso uma vez que eacute mister a atribuiccedilatildeo da responsabilidade pelos danos materiais ao proprietaacuterio ou detentor do animal quando da ocorrecircncia do fato lesivo um dos maiores desafios relativos ao tema em questatildeo eacute a quantificaccedilatildeo da indenizaccedilatildeo e os criteacuterios que devem ser utilizados para a atribuir o valor referente ao dano moral haja vista as criacuteticas recorrentes sobre a definiccedilatildeo nebulosa a ldquoinduacutestria do dano moralrdquo decorrente de tal situaccedilatildeo65

Acerca do tema Caio Rogeacuterio da Costa Brandatildeo

Infelizmente diante da inexistecircncia de elementos objetivos para se chegar agrave quantificaccedilatildeo do dano moral deparamo-nos agraves vezes com julgadores que na inexistecircncia destes decidem de forma incriteriosa fixando condenaccedilotildees em valores exagerados e totalmente inadequados []66

Sobre esta quantificaccedilatildeo Seacutergio Cavalieri Filho aduz

Creio tambeacutem que este eacute outro ponto onde o princiacutepio da loacutegica do razoaacutevel deve ser a buacutessola norteadora do julgador Razoaacutevel eacute aquilo que eacute sensato comedido moderado que guarda certa proporcionalidade A razoabilidade eacute o criteacuterio que permite cotejar meios e fins causas e consequecircncias de modo a aferir a loacutegica da decisatildeo [] importa dizer que o juiz ao valorar o dano moral deve arbitrar uma quantia que de acordo com seu prudente arbiacutetrio seja compatiacutevel com a reprovabilidade da conduta iliacutecita a intensidade e duraccedilatildeo do sofrimento experimentado pela viacutetima a capacidade econocircmica do causador do dano as condiccedilotildees sociais do ofendido e outras circunstancias mais que se fizerem presentes67

Por sua vez o artigo 944 do Coacutedigo Civil eacute preciso ao afirmar que a

63 SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v

1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

64 MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNMULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017 Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019

65 BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019 66 Ibid 67 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 p 98 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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REFEREcircNCIAS

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Paulo Editora Meacutetodo 2018 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo

Gen 2018 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
Page 4: RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS ... · RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath1

4

materiais8 Sendo assim uma vez que os fatos juridicamente relevantes satildeo atribuiacutedos

de forma exclusiva a pessoas naturais sejam elas fiacutesicas ou juriacutedicas quando o fato tenha sido praticado por animal se atribuiu ao seu responsaacutevel o dever decorrente de indenizaccedilatildeo9

Por outro lado haacute quem defenda a titularidade de direitos por parte dos animais haja vista os avanccedilos na ciecircncia reconhecendo-os como seres de natureza

bioloacutegica e emocional e o fato de que os seres humanos tambeacutem sejam notoriamente animais

Sobre tal argumentaccedilatildeo Bruno Resende Azevedo Gontijo e Ceacutesar Fiuza

Haacute quem defenda portanto que a natildeo atribuiccedilatildeo

de personalidade aos animais se daacute em razatildeo de uma diferenciaccedilatildeo entre

a espeacutecie humana e as demais espeacutecies o que natildeo deveria ocorrer

Lanccedilam o argumento de que a discriminaccedilatildeo entre os seres humanos e as

diferentes espeacutecies de animais eacute tatildeo artificial quanto a discriminaccedilatildeo antes

existente e hoje inconcebiacutevel entre escravos e homens livres somente

estes uacuteltimos sujeitos de direitos10

Jaacute para Fernanda Luiz Fontoura de Medeiros o que justifica a exigecircncia para alteraccedilotildees na legislaccedilatildeo eacute a pungente necessidade de adequar-se agraves novas realidades morais11

Haacute de mencionar que desde o iniacutecio do ano de 2017 alguns cartoacuterios jaacute oferecem o serviccedilo de registro de animais denominado identipet em que satildeo especificadas algumas caracteriacutesticas tais como raccedila cor proprietaacuterios etc Ainda que natildeo seja uma identidade civil eacute uma forma de garantir a tutela de direitos caso o animal venha a ser subtraiacutedo ou ainda se porventura os coproprietaacuterios passem a litigar sobre este dentre outras possibilidades envoltas pelo mundo juriacutedico12

Para aleacutem disso o conteuacutedo do Projeto de Lei Complementar ndeg 272018 chamou atenccedilatildeo nos uacuteltimos meses porque debatido em Congresso Nacional Tal projeto de Lei pugna pela concessatildeo de direitos ldquosui generisrdquo aos animais pelos

8 GORDILHO Heron de Almeida Silva TRAJANO Tagore Animais em juiacutezo direito personalidade

juriacutedica e capacidade processual Revista de Direito Ambiental Universidade Federal da Bahia v 65 p 333-363 jan 2012 Disponiacutevel em

httpspapersssrncomsol3paperscfmabstract_id=2352064 Acesso em 20 out 2019 9 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

10 GOTINJO Bruno Resende Azevedo FIUZA Ceacutesar Dos fundamentos da proteccedilatildeo aos animas - Uma anaacutelise acerca das teorias de personificaccedilatildeo dos animais e dos sujeitos de direito sem personalidade Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 01 p 189 - 204 out-dez 2014 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 16 nov 2019

11 MEDEIROS Fernanda Luiz Fontoura de Anaacutelise criacutetica do Coacutedigo Civil de 2002 agrave luz da Constituiccedilatildeo Brasileira animais natildeo humanos Revista de Direito Ambiental Editora Revista dos

Tribunais Satildeo Paulo v 93 p 65-88 janmar 2019 Disponiacutevel em httpsdspacealmggovbrhandle1103717022 Acesso em 13 nov 2019

12 CABRAL Ailim Donos de animais domeacutesticos podem registrar os pets em cartoacuterio Correio Brasiliense Brasiacutelia 18 ago 2017 Disponiacutevel em

httpswwwcorreiobraziliensecombrappnoticiarevista20170820interna_revista_correio61856 6donos-de-animais-domesticos-podem-registrar-os-pets-em-cartorioshtml Acesso em 20 out

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motivos acima expostos aleacutem da determinaccedilatildeo de que natildeo sejam mais considerados bens moacuteveis mas como sujeitos de direitos despersonificados13 tal qual ocorre em paiacuteses como Alemanha Aacuteustria Suiccedila Franccedila Portugal e recentemente Espanha14

13 AGEcircNCIA SENADO ldquoNatildeo eacute coisardquo projeto de lei reconhece que animais tecircm sentimentos

Revista Exame Satildeo Paulo 2019 Disponiacutevel em httpsexameabrilcombrbrasilnao-e-coisa- projeto-de-lei-reconhece-que-animais-tem-sentimentos Acesso em 20 out 2019

14 ALVAREZ Claudio Parlamento da Espanha apoia por unanimidade considerar os animais como seres vivos e natildeo objetos EL PAIacuteS Madri 2017 Disponiacutevel em httpsbrasilelpaiscombrasil20171212internacional1513066545_704063html Acesso em 16 nov 2019

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3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL

A responsabilidade civil eacute positivada pela Constituiccedilatildeo Federal e se

caracteriza pelo dever de indenizar o dano suportado por outrem Ocorre quando haacute violaccedilatildeo de direitos considerados fundamentais nos termos do artigo 5deg incisos V e X sendo mencionada em leis especiais no que concerne a danos causados pela Administraccedilatildeo Puacuteblica praticados em desfavor do meio ambiente danos eleitorais nas relaccedilotildees familiares das Instituiccedilotildees Financeiras dentre outras possibilidades que natildeo estatildeo limitadas a previsotildees expressas devendo ser analisada e interpretada in casu o que gera constantes atualizaccedilotildees e incrementos agrave temaacutetica

Ao encontro da Constituiccedilatildeo Paacutetria o Coacutedigo Civil vigente tambeacutem se preocupa com a responsabilizaccedilatildeo daquele que causar o dano antevendo em seus artigos 186 e 927 a definiccedilatildeo do ato iliacutecito baseado na culpa e suas trecircs modalidades - negligecircncia imprudecircncia ou imperiacutecia - e a decorrente obrigaccedilatildeo de indenizar quando esta for verificada15

Quanto agrave configuraccedilatildeo desta obrigaccedilatildeo ainda atraveacutes do teor do artigo 186 se extrai que alguns pressupostos gerais devem ser observados e estarem presentes obrigatoriamente de forma cumulativa Nas palavras do mestre Carlos Roberto Gonccedilalves ldquoA anaacutelise do artigo supratranscrito evidecircncia que quatro satildeo os elementos essenciais da responsabilidade civil accedilatildeo ou omissatildeo culpa ou dolo do agente relaccedilatildeo de causalidade e o dano experimentado pela viacutetimardquo16

Vale transcrever a doutrina de Roberto Altheim ldquoPortanto de forma resumida pode-se afirmar que satildeo atribuiacutedos agrave responsabilidade civil (objetiva ou subjetiva) os seguintes pressupostos conduta dano e nexo causal entre os primeirosrdquo17

A accedilatildeo (accedilatildeo positiva) ou omissatildeo (accedilatildeo negativa)18 pode tratar tanto de ato praticado pelo proacuteprio agente quanto por terceiros por quem se tenha uma obrigaccedilatildeo de responsabilidade decorrente de lei Ocorre tanto atraveacutes de vontade pessoal do agente e assim configurando o dolo quanto na forma culposa incluindo as trecircs formas supramencionadas quais sejam negligecircncia imprudecircncia e imperiacutecia

Via de regra se daacute por uma accedilatildeo representando a forma omissiva quando um dever natildeo tenha sido observado pelo agente ou seja determinada accedilatildeo deveria ter sido praticada por este porque um dever juriacutedico preexistente lhe era atribuiacutedo19

Noutro giro eacute o nexo causal considerado pela doutrina como o mais sensiacutevel

15 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

2018 p 66 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530982218cfi62[vndvstidref=cover] Acesso em 13 nov 2019

16 GONCcedilALVES Carlos Roberto Direito Civil Brasileiro Responsabilidade Civil 14 ed v 4 Satildeo Paulo Saraiva 2019 p 54 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788547229283recent Acesso em 13 nov 2019

17 ALTHEIM Roberto A atividade interpretativa e a imputaccedilatildeo do dever de indenizar no direito civil brasileiro contemporacircneo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 94 n 841 p 127ndash148 nov 2005 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

18 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo 2018 p 66 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530982218cfi62[vndvstidref=cover] Acesso em 13 nov 2019

19 Ibid

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e intrincado pressuposto de precisar20 que se denota pelo liame existente entre a accedilatildeo ou omissatildeo e o resultado do evento danoso Para o doutrinador Paulo Nader eacute a relaccedilatildeo de causa e efeito entre a conduta e o dano causado a outremrdquo21

Haacute de se esclarecer que o Brasil que por muito tempo o Brasil adotou exclusivamente a ldquoTeoria da Causalidade Imediatardquo considerando a causa do evento danoso unicamente o fato incontinenti derivado22 Isto porque eacute a literalidade do artigo 403 do Coacutedigo Civil em que satildeo incluiacutedos quando da configuraccedilatildeo da responsabilidade somente os prejuiacutezos abarcados por esta relaccedilatildeo direta de causa e efeito natildeo se podendo haver chancela judicial no sentido de indenizar prejuiacutezos extriacutensecos que natildeo sejam resultado da conduta do agente causador23

Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade probatoacuteria de algumas situaccedilotildees o que agrave frente seraacute melhor explanado Portanto eacute possiacutevel utilizar-se desta adequaccedilatildeo quando for possiacutevel inferir que ainda que o dano natildeo tenha decorrido do fato imediatamente anterior provavelmente se deu em razatildeo de outro comportamento e neste caso haveraacute a responsabilizaccedilatildeo deste(s) agente(s)24

Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger

Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneira natildeo irrelevante elevar genericamente a possibilidade objetiva de um resultado da espeacutecierdquo25

Por fim o dano experimentado pela viacutetima traduz a ideia de ldquoprejuiacutezordquo do que

derivam inuacutemeras formas e nas mais diversas searas De certo modo demonstra o caraacuteter de transitoriedade atrelado agrave responsabilidade civil que visa acompanhar as mudanccedilas sociais26 Como bem exemplifica Seacutergio Cavalieri Filho 20 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

21 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2019 Disponiacutevel em

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22 NORONHA Fernando O nexo de causalidade na responsabilidade civil Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 92 n 816 p 733ndash752 out 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

23 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

24 RODRIGUES JUNIOR Otavio Luiz Nexo Causal probaliacutestico elementos para a criacutetica de um conceito Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 8 p 115-137 set 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

25 REINIG Guilherme Henrique Lima A teoria da causalidade adequada no direito civil alematildeo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 18 p 215 ndash 248 janmar 2019 apud TRAEGER Ludwig Der Kausalbegriff Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

26 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

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[] dano de morte dano sexual dano hedoniacutestico dano pelo custo do filho indesejado dano de feacuterias arruinadas dano de mobbing dano por brincadeiras crueacuteis dano por rompimento de noivado dano por descumprimento de deveres conjugais dano por abandono afetivo de filho menor e assim por diante27

Os requerimentos passiacuteveis de serem formulados se desdobram conforme os reflexos factiacuteveis tenham sido causados ao padecedor o que pode acontecer tanto na esfera patrimonial quanto extrapatrimonial28 Destaca- se que estes podem ser cumulados e desta segunda forma provem o dano moral adotado por vezes de forma descriteriosa nas decisotildees proferidas29

Com relaccedilatildeo ao fato praticado por terceiro especificado os praticados por animais em eventos apoacutes apreciados sumariamente os requisitos gerais da responsabilidade civil se verifica uma circunstacircncia peculiarizada capaz de produzir males individuais e coletivos porque presente o fato (ainda que de terceiro) nexo causal e resultado danoso Porquanto merece previsatildeo legislativa neste sentido que foi consagrada no artigo 936 do Coacutedigo Civil Brasileiro impondo a obrigaccedilatildeo de ressarcimento pelos que ao tempo do fato detinham o dever de vigilacircncia sobre o animal30

No que tange ao tema proposto muito se discute sobre as espeacutecies de responsabilidade civil que aleacutem da composiccedilatildeo geneacuterica apresentada satildeo diferidas pela presenccedila um de outro componente muito significativo a culpa

Conforme dito alhures o conceito de culpa ldquolatto sensurdquo sentido amplo que alcanccedila tambeacutem o dolo eacute adotada como como regra geral pela legislaccedilatildeo civilista porque previsto pelo jaacute mencionado artigo 186 do Coacutedigo Civil em conjunto com o caput artigo 927 do mesmo Coacutedigo emanado principalmente do Direito Francecircs31 atraveacutes do ldquoCode Napoleoacutenrdquo atribuindo o dever de reparaccedilatildeo a quem tenha agido com culpa em seu artigo 1382 agrave eacutepoca32

A adoccedilatildeo deste elemento significou um marco na histoacuteria humana porque de certa forma traduz sensatez contrapondo veemente o que era aplicado ateacute entatildeo por algumas sociedades a tiacutetulo exemplificativo a Lei das XXII Taacutebuas e Lei de Taliatildeo33Aleacutem disso doutrinadores como Luciana Tramontin Bonho Francisco Toniolo de Carvalho Marjorie Almeida Araujo e Elton Bonfada definem o marco histoacuterico dessa adesatildeo com a tomada de controle por parte do Estado que preocupando-se com viacutetima retirou a puniccedilatildeo da esfera privada34

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

27 Ibid p 102 28 RIZZARDO Arnaldo Responsabilidade civil 7 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 29 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

30 GAGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019 31 Ibid 32 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

33 GAGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019

34 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018

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Noutra senda a teoria da responsabilidade objetiva ganhou expressividade ironicamente de igual forma pelo Direito Francecircs com os estudos de Salleiles e Josseran no ano de 1987 Difundiam estes a obrigatoriedade de reparaccedilatildeo independentemente da configuraccedilatildeo da culpa do agente bastando a ocorrecircncia do fato ou do risco que tenha sido criado35

Mais tarde tal percepccedilatildeo passou a ser acolhida por diversos ordenamentos juriacutedicos porque a concepccedilatildeo uacutenica da culpa como elemento basilar natildeo mais atendia todas as demandas da sociedade com destaque especial a exposiccedilatildeo da sociedade agrave novos riscos com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial e suas implicaccedilotildees36

No Brasil as legislaccedilotildees passaram a excetuar atraveacutes de leis especiais alguns casos em que a culpa era dispensaacutevel como o Decreto 26811912 disciplinador da Responsabilidade das Estradas de Ferro Lei 75651986 do Coacutedigo Civil Brasileiro da Aeronaacuteutica dentre outras previsotildees37

A grande revoluccedilatildeo na responsabilidade civil brasileira para estudiosos como Seacutergio Cavalieri Filho sucedeu com a Constituiccedilatildeo de 1988 porque presente em seu artigo 37 sect6deg a responsabilizaccedilatildeo objetiva do Estado e seus prestadores de serviccedilo que ateacute entatildeo estavam ligados com a comprovaccedilatildeo de culpa necessaacuteria atraveacutes do artigo 159 do Coacutedigo Civil agrave eacutepoca Isso significa dizer que as formas de serviccedilo puacuteblico tais como luz e transporte passaram a ser interpretadas conforme a nova Carta Magna bastando a ocorrecircncia do fato para tipificar o dever do Estado de ressarcimento Cabe mencionar que tambeacutem nesta oportunidade o dano moral fora positivado38

Prosseguiram as alteraccedilotildees e em 1990 a sanccedilatildeo no Coacutedigo de Defesa do Consumidor trouxe agrave baila outra previsotildees estritamente objetivas presente nos artigos 12 e 14 versando sobre a responsabilidade pelo fato do produto e do serviccedilo39

Em relaccedilatildeo ao Coacutedigo Civil pregresso a originalidade de 2002 estaacute no acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 que apoacutes a regra geral exposta no ldquocaputrdquo prevecirc em seu paraacutegrafo uacutenico a chamada teoria do risco Dessa forma satildeo excetuados da necessidade de comprovaccedilatildeo de culpa os casos definidos por lei ou decorrentes de atividades que criem uma ameaccedila de dano

No contexto atual levando-se em conta o desenvolvimento tecnoloacutegico se verifica que essas espeacutecies de atividades foram multiplicadas e por envolverem operaccedilotildees de maior complexidade trariam dificuldades de comprovaccedilatildeo deste elemento aos lesados uma vez responsaacuteveis pelo ocircnus da prova40

35 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil

Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

36 Ibid 37 MARCHI Cristiane de A culpa e o surgimento da responsabilidade objetiva evoluccedilatildeo

histoacuterica noccedilotildees gerais e hipoacuteteses previstas no Coacutedigo Civil Revista dos Tribunais v 964

p 215-241 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

38 CAVALIERI FILHO Seacutergio Responsabilidade Civil no Novo Coacutedigo Revista de Direito do Consumidor v 48 p 69-84 outdez 2003 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

39 AMORIM Bruno de Almeida Lewer O fenocircmeno de objetivizaccedilatildeo da responsabilidade civil crise econocircmica e soluccedilotildees juriacutedicas Revista dos Tribunais Satildeo Paulo n 77 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

40 ALONSO Paulo Sergio Gomes Responsabilidade civil por fato de terceiro Revista de Direito

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Na doutrina satildeo inuacutemeros os desdobramentos desta teoria em modalidades como como o risco-proveito risco-administrativo risco-criado e por fim risco- integral41 caracterizados conforme a atividade sob anaacutelise

Com isso o legislador eacute concomitante ao afirmar que se mantecircm as previsotildees constantes de lei especial tais como o Coacutedigo de Defesa do Consumidor responsabilidade inerente ao transportador dentre outras previsotildees e que a incidecircncia da responsabilidade objetiva se estende aos casos amparados pela jurisprudecircncia desde que envolva situaccedilatildeo de risco majorado42

Como ensina Maria Celina Bodin de Moraes

De fato a evoluccedilatildeo econocircmica e social tornara claro que a tradicional responsabilidade subjetiva era insuficiente qualitativa e quantitativamente para tutelar diversas espeacutecies de relaccedilotildees juriacutedicas proacuteprias da sociedade industrializada Na nova realidade social a reparaccedilatildeo da viacutetima natildeo poderia depender da prova impossiacutevel que identificasse quem de fato agiu de forma negligente para estabelecer a reparaccedilatildeo de danos injustamente sofridos43

Decursivo desta ideia eacute a responsabilizaccedilatildeo objetiva que foi a escolha do legislador para com o detentor do animal quando fato lesivo for causado por este porque especificado em lei Mais precisamente eacute teor do artigo 936 do Coacutedigo Civil Art 936 O dono ou detentor do animal ressarciraacute o dano por este causado se natildeo

provar culpa da viacutetima ou forccedila maior44

Em linhas gerais o nosso ordenamento natildeo atribui a responsabilidade uacutenica e exclusivamente ao dono do animal mas agravequele que possuiacutea o poder de comando ou o poder intelectual de domiacutenio quando da adversidade A culpa ou dolo portanto satildeo elementos desnecessaacuterios bastando que a situaccedilatildeo de risco tenha sido proposta e claro o resultado tenha sido lesivo agrave outrem45

Nesta perspectiva eacute o exemplo de Pablo Stolze Gagliano

Assim se a minha bomba drsquoaacutegua mal conservada explode e lesiona um transeunte a obrigaccedilatildeo de indenizar seraacute imposta a mim proprietaacuterio e guardiatildeo da coisa que estava sob a minha custoacutedia e direccedilatildeo Diferentemente se eu contrato um amestrador de catildees confiando-lhe a guarda do meu buldogue e este durante uma sessatildeo de treinamento desprende-se da coleira e causa dano a terceiro obviamente que pela reparaccedilatildeo do dano responderaacute apenas o expert pois no momento do desenlace fatiacutedico detinha o poder de comando do animal que estava sob a sua autoridade Raciociacutenio contraacuterio aliaacutes esbarraria na proacutepria noccedilatildeo de nexo de causalidade uma vez que no caso o dano natildeo poderia ser

Privado v 64 p 161-176 outdez 2015 41 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo Paulo Editora

Meacutetodo 2018 42 BERALDO Leonardo de Faria Responsabilidade civil no Paraacutegrafo uacutenico do Art 927 do

coacutedigo civil e alguns apontamentos do direito comparado Novos Estudos Juriacutedicos [Sl] v 9 n 2 p 317-340 out 2008

43 MORAES Maria Celina Bodin de Risco Solidariedade e Responsabilidade Objetiva Revista dos Tribunais v 854 p 18 dez 2006 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

44 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 2002

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20 out 2019 45 AGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019p 239 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788553172795recent Acesso 13 nov 2019

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atribuiacutedo ao proprietaacuterio do catildeo que o havia confiado a um perito O comportamento deste uacuteltimo foi causa direta e imediata do resultado lesivo46

Sequente tambeacutem ao que eacute expresso no paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 satildeo as causas excludentes da responsabilidade objetiva assim consideradas porque rompem o nexo causal entre conduta e resultado alcanccedilado Exprimem uma ideia de imprescindibilidade e imprevisibilidade do agente Assim sendo as possibilidades de escusar-se seriam a culpa da viacutetima e forccedila maior47

Na hipoacutetese de culpa da viacutetima ambas as condutas tanto do causador quanto do lesado devem ser analisadas conjuntamente a fim de mensurar qual a contribuiccedilatildeo da viacutetima para que o resultado fosse produzido Destarte trecircs podem ser as conclusotildees do julgador que a viacutetima nada contribuiu para o resultado que contribuiu de forma parcial ou que incorreu de forma exclusiva para causar o dano Consoante a esta conclusatildeo pode haver abatimento no valor indenizatoacuterio ou ateacute mesmo a isenccedilatildeo do lesante uma vez que vencido o nexo causal48

Nesta linha eacute preciso o artigo 945 do Coacutedigo Civil vigente ao instituir que no momento da fixaccedilatildeo do valor devido quando da concorrecircncia da viacutetima para o resultado seraacute levada em conta a gravidade e a dimensatildeo desta contribuiccedilatildeo em cotejo com o autor do ano49

Outrossim haacute casos em que a lei denega expressamente a possibilidade de compensaccedilatildeo indenizatoacuteria Ainda que o lesado possua parcela de culpa a miacutenima participaccedilatildeo do agente garantiraacute o valor integral como eacute o caso do Decreto nordm 26811912 que dispotildee sobre a responsabilidade das estradas de ferro50

Sob outra perspectiva eacute o caso de incidecircncia de forccedila maior Inicialmente agrave sua anaacutelise cabe frisar que haacute contiacutenua discussatildeo doutrinaacuteria sobre a similitude entre caso fortuito e forccedila maior uma vez que o artigo 393 do Coacutedigo Civil natildeo estabelece qualquer distinccedilatildeo entre estes51

Seria o caso fortuito originado do latim fortuitus e exprimindo uma ideia de azar a ocorrecircncia de acontecimentos extraordinaacuterios e alheios agrave vontade das partes envolvidas poreacutem decorrentes de accedilatildeo humana como guerras eventuais paralisaccedilotildees e assim por diante52

Jaacute a forccedila maior seria uma sucessatildeo de fatos naturais como terremotos erupccedilatildeo de vulcatildeo inundaccedilotildees etc Igualmente sem qualquer contribuiccedilatildeo efetiva das partes para o feito que eacute proveniente de forccedilas da natureza53

De qualquer sorte ambos os institutos satildeo marcados pela imprevisibilidade e superveniecircncia Aleacutem disso fora do controle humano e por fim evocando a loacutegica

46 Ibid 47 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

48 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018

49 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no

10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Portal da Legislaccedilatildeo Brasiacutelia jan

2002 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20

out 2019 50 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent

Acesso em 13 nov 2019 51 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019 52 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018 53 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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da responsabilidade objetiva a falta de culpa do agente sendo supressivos a culpa e a forccedila maior Quando a incidecircncia de um haacute por conseguinte a ausecircncia de outro54

54 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA

Permeando o que foi dito ateacute entatildeo a responsabilidade civil decorrente de fato de animal sofreu notaacuteveis transformaccedilotildees em seu tratamento legal superando a ideia de culpa presumida conhecida no Coacutedigo Civil de 1916 um esboccedilo do tratamento puramente objetivo para os casos que satildeo especificados em lei que possui nos dias de hoje

No antigo dispositivo o tema era abordado pelo artigo 1527 que aleacutem das hipoacuteteses recepcionadas em 2002 contava com adicional previsatildeo55

Se pode inferir atraveacutes do inciso I que a presunccedilatildeo de culpa era ldquojuris tantumrdquo admitindo prova em contraacuterio no sentido de que o cuidado e diligecircncia necessaacuterios para com o animal foram observados pleiteando para que natildeo incorresse o agente no dever de indenizar Isso ocorreria portanto se ficasse comprovado o afastamento da culpa presumida56

De maneira a ilustrar essa possibilidade anteriormente prevista entendimento pelo Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande do Sul ano de 1997

Ementa RESPONSABILIDADE CIVIL FATO DE ANIMAL DANOS ESTETICOS E MORAL O DONO DO ANIMAL E RESPONSAVEL POR SUA GUARDA E SEGURANCA DAI QUE RESPONDERA POR DANOS POR ESSE OCASIONADOS SENDO A TEOR DO ART-1527 DO CODIGO CIVIL PRESUMIDA SUA CULPA E CONSEQUENTE RESPONSABILIDADE PRESUNCAO QUE LHE INCUMBE AFASTAR MEDIANTE PROVA IDONEA EM SENDO DISCUTIDA EM DEMANDA JUDICIAL PROVANDO CAUSA ELIDENTE DE RESPONSABILIDADE OU SEJA QUE MANTINHA O ANIMAL EM LUGAR ADEQUADO E SEGURO57

Cabe aqui reforccedilar que a culpa presumida natildeo eacute mais aceita em nosso ordenamento no que compete ao fato praticado por animais Hodiernamente se aceita

unicamente a incidecircncia das jaacute mencionadas culpa exclusiva da viacutetima caso fortuito e forccedila maior

Eacute a aplicaccedilatildeo de uma dessas formas que passamos a analisar atraveacutes de demanda ajuizada por fato ocorrido no municiacutepio de Augusto Pestana interior do estado do Rio Grande do Sul O demandante acionou a justiccedila com pleito indenizatoacuterio em face do realizador do rodeio em que participava e o muniacutecipio referido por lesotildees fiacutesicas sofridas em decorrecircncia do ldquocoicerdquo de um cavalo no momento em que se dirigia ao banheiro do Parque Alegou a omissatildeo do municiacutepio na fiscalizaccedilatildeo uma vez que a aacuterea cedida era de sua propriedade Apoacutes improcedecircncia da sentenccedila que reconheceu a ilegitimidade no poacutelo passivo da cidade e a natildeo configuraccedilatildeo do dever de indenizar frente aos organizadores os autos foram

55 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm

3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

56 MIGUEL Alexandre A responsabilidade civil no Novo Coacutedigo algumas consideraccedilotildees Revista dos Tribunais v 809 p 11-27 mar 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

57 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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remetidos ao Tribunal de Justiccedila Este por sua vez manteve o entendimento ao afirmar que inexistia qualquer dever de fiscalizaccedilatildeo por parte da Administraccedilatildeo Puacuteblica sendo categoacuterico ao afirmar que a viacutetima incorreu exclusivamente para o resultado uma vez que os animais estavam amarrados e em aacuterea dedicada exclusivamente para tal Para aleacutem disto por lidar com animais do gecircnero do causador deveria ter o conhecimento de que natildeo se pode passar por detraacutes de ldquocavalo cuiudordquo leia-se natildeo castrado58

Sobre o acontecimento adequado mencionar as proacuteprias palavras do proacuteprio Relator

O autor a toda evidecircncia eacute um sujeito afeito agraves lides campeiras com o que eacute perfeitamente possiacutevel considerar que agiu sem as cautelas necessaacuterias independente de estar embriagado ou natildeo Considero dessa forma que o acidente se deu exclusivamente em razatildeo de sua conduta59

Em contrapartida eacute o acontecido em um Parque de Exposiccedilotildees popularmente conhecido no estado localidade de Esteio Neste caso o demandante da accedilatildeo teve prejuiacutezos materiais em decorrecircncia de colisatildeo entre seu veiacuteculo e um cavalo da Brigada Militar que auxiliava no policiamento do local Em que pese tenha sido reconhecido o dever de ressarcimento na via administrativa as partes natildeo concordaram com o ldquoquantumrdquo o que deu ensejo ao pleito judicial

Figuraram como reacuteus tanto a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul quanto o Sargento Newton que manejava o animal no momento do ocorrido Em contestaccedilatildeo foi alegada a falta de culpa por parte do condutor do cavalo que disse se tratar de caso isolado tendo em vista que agentes e animais recebem treinamentos intriacutensecos agrave atividade De outro modo a Brigada Militar alegou o caso fortuito por ter sido o movimento repentino do equino que deu causa ao evento danoso porque este teria se assustado com brinquedos de luzes que ali estavam

A sentenccedila proferida foi no sentido de condenar exclusivamente a Brigada Militar pelos prejuiacutezos causados e apoacutes subiram os autos por recurso interposo pela parte autora

O acoacuterdatildeo proferido seguiu o entendimento que fora adotado em 1deg instacircncia alterando apenas o valor devido a tiacutetulo indenizatoacuterio A fim de evidenciar a narrativa

Ainda que se discorde da ldquocausa fortuitardquo suscitada na conclusatildeo do referido Inqueacuterito Teacutecnico a realizaccedilatildeo de patrulhamento com animais dotados de impulsos proacuteprios e instintivos enseja a assunccedilatildeo dos riscos decorrentes de eventuais danos causados a terceiros tal como ocorreu no caso dos autos Assim ainda que o equino tenha empreendido manobra inesperada eacute induvidoso que o local onde ocorreram os fatos (Expointer 2011) eacute de intenso fluxo de pessoas e veiacuteculos razatildeo pela qual maiores cuidados o ente puacuteblico deveria ter em relaccedilatildeo aos animais utilizados para o patrulhamento Em tais condiccedilotildees o ato comissivo e mesmo involuntaacuterio praticado por semovente pertencente ao acervo estatal causador de dano ao patrimocircnio particular enseja a devida indenizaccedilatildeo60

Por fim assimilaccedilatildeo homoacuteloga possui o Tribunal de Justiccedila do estado de Satildeo

58 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho

Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnumero_processo= 70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

59 Ibid 60 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de

Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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Paulo nos casos relativos ao tema em discussatildeo A decisatildeo objeto de anaacutelise trata de pedido de danos materiais oriundos da invasatildeo de animal que teria ldquopisoteadordquo a propriedade da parte autora onde cultivava sua plantaccedilatildeo de milho Entretanto em primeira instacircncia se limitou a requerer produccedilatildeo de prova oral unicamente sem pugnar fosse feita periacutecia no local e desta forma sem comprovar a extensatildeo do dano

Jaacute a defesa por sua vez requereu a improcedecircncia da demanda haja vista a cerca da propriedade estar danificada em alguns pontos atribuindo culpa a parte autora

Sobreveio sentenccedila que indeferiu o pedido formulado Apoacutes recurso interposto o Tribunal de Justiccedila decidiu por mantecirc-la uma vez que a extensatildeo do dano De forma precisa Relator do caso

Examinados os autos natildeo se verifica qualquer comprovaccedilatildeo de que os autores tenham dado causa agrave invasatildeo do gado em sua propriedade ou de que tenha existido forccedila maior a levar o gado para dentro da sua colheita Haacute menccedilotildees apenas geneacutericas e vagas a respeito de um eventual susto que o gado tenha sofrido ou do estado de conservaccedilatildeo da cerca divisoacuteria Contudo aos autores cabia ainda assim e nos termos do artigo 373 inciso I do Coacutedigo de Processo Civil comprovar a alegaccedilatildeo na qual assentaram o pedido indenizatoacuterio isto eacute que em razatildeo da invasatildeo dos bovinos fora destruiacuteda toda a sua plantaccedilatildeo de milho61

O que se pode depreender do feito eacute a pungente necessidade de comprovaccedilatildeo dos pressupostos gerais da responsabilidade civil porque recai sobre o requerente o ocircnus da prova destes elementos Por falta da comprovaccedilatildeo do dano o pedido formulado fora desacolhido antes mesmo da anaacutelise se houve a quebra do nexo causal suscitada62

61 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em

httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30194C3890cjs Acesso em 20 out 2019

62 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm 3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

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5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS

Eacute sabido ateacute aqui que a responsabilidade civil assume importantes funccedilotildees

na sociedade contemporacircnea tais como a prevenccedilatildeo dos comportamentos civilmente indenizaacuteveis reestabelecimento da ordem entre as pessoas reparaccedilatildeo ao ldquostatus quordquo ou seja situaccedilatildeo em que se encontrava a pessoa ou objeto lesado anteriormente agrave ocorrecircncia do evento danoso etc63 Aleacutem disso o fato passiacutevel de indenizaccedilatildeo pode suceder tanto de inobservaccedilotildees e demais situaccedilotildees envolvendo contratos estabelecidos entre as partes quanto extracontratuais provenientes do ato iliacutecito acima explanado64

Dito isso uma vez que eacute mister a atribuiccedilatildeo da responsabilidade pelos danos materiais ao proprietaacuterio ou detentor do animal quando da ocorrecircncia do fato lesivo um dos maiores desafios relativos ao tema em questatildeo eacute a quantificaccedilatildeo da indenizaccedilatildeo e os criteacuterios que devem ser utilizados para a atribuir o valor referente ao dano moral haja vista as criacuteticas recorrentes sobre a definiccedilatildeo nebulosa a ldquoinduacutestria do dano moralrdquo decorrente de tal situaccedilatildeo65

Acerca do tema Caio Rogeacuterio da Costa Brandatildeo

Infelizmente diante da inexistecircncia de elementos objetivos para se chegar agrave quantificaccedilatildeo do dano moral deparamo-nos agraves vezes com julgadores que na inexistecircncia destes decidem de forma incriteriosa fixando condenaccedilotildees em valores exagerados e totalmente inadequados []66

Sobre esta quantificaccedilatildeo Seacutergio Cavalieri Filho aduz

Creio tambeacutem que este eacute outro ponto onde o princiacutepio da loacutegica do razoaacutevel deve ser a buacutessola norteadora do julgador Razoaacutevel eacute aquilo que eacute sensato comedido moderado que guarda certa proporcionalidade A razoabilidade eacute o criteacuterio que permite cotejar meios e fins causas e consequecircncias de modo a aferir a loacutegica da decisatildeo [] importa dizer que o juiz ao valorar o dano moral deve arbitrar uma quantia que de acordo com seu prudente arbiacutetrio seja compatiacutevel com a reprovabilidade da conduta iliacutecita a intensidade e duraccedilatildeo do sofrimento experimentado pela viacutetima a capacidade econocircmica do causador do dano as condiccedilotildees sociais do ofendido e outras circunstancias mais que se fizerem presentes67

Por sua vez o artigo 944 do Coacutedigo Civil eacute preciso ao afirmar que a

63 SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v

1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

64 MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNMULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017 Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019

65 BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019 66 Ibid 67 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 p 98 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

19

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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RIZZARDO Arnaldo Responsabilidade civil 7 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30 194C3890cjs Acesso em 20 out 2019 RODRIGUES JUNIOR Otavio Luiz Nexo Causal probaliacutestico elementos para a criacutetica de um conceito Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 8 p 115-137 set 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

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2019 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo

Paulo Editora Meacutetodo 2018 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo

Gen 2018 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
Page 5: RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS ... · RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath1

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motivos acima expostos aleacutem da determinaccedilatildeo de que natildeo sejam mais considerados bens moacuteveis mas como sujeitos de direitos despersonificados13 tal qual ocorre em paiacuteses como Alemanha Aacuteustria Suiccedila Franccedila Portugal e recentemente Espanha14

13 AGEcircNCIA SENADO ldquoNatildeo eacute coisardquo projeto de lei reconhece que animais tecircm sentimentos

Revista Exame Satildeo Paulo 2019 Disponiacutevel em httpsexameabrilcombrbrasilnao-e-coisa- projeto-de-lei-reconhece-que-animais-tem-sentimentos Acesso em 20 out 2019

14 ALVAREZ Claudio Parlamento da Espanha apoia por unanimidade considerar os animais como seres vivos e natildeo objetos EL PAIacuteS Madri 2017 Disponiacutevel em httpsbrasilelpaiscombrasil20171212internacional1513066545_704063html Acesso em 16 nov 2019

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3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL

A responsabilidade civil eacute positivada pela Constituiccedilatildeo Federal e se

caracteriza pelo dever de indenizar o dano suportado por outrem Ocorre quando haacute violaccedilatildeo de direitos considerados fundamentais nos termos do artigo 5deg incisos V e X sendo mencionada em leis especiais no que concerne a danos causados pela Administraccedilatildeo Puacuteblica praticados em desfavor do meio ambiente danos eleitorais nas relaccedilotildees familiares das Instituiccedilotildees Financeiras dentre outras possibilidades que natildeo estatildeo limitadas a previsotildees expressas devendo ser analisada e interpretada in casu o que gera constantes atualizaccedilotildees e incrementos agrave temaacutetica

Ao encontro da Constituiccedilatildeo Paacutetria o Coacutedigo Civil vigente tambeacutem se preocupa com a responsabilizaccedilatildeo daquele que causar o dano antevendo em seus artigos 186 e 927 a definiccedilatildeo do ato iliacutecito baseado na culpa e suas trecircs modalidades - negligecircncia imprudecircncia ou imperiacutecia - e a decorrente obrigaccedilatildeo de indenizar quando esta for verificada15

Quanto agrave configuraccedilatildeo desta obrigaccedilatildeo ainda atraveacutes do teor do artigo 186 se extrai que alguns pressupostos gerais devem ser observados e estarem presentes obrigatoriamente de forma cumulativa Nas palavras do mestre Carlos Roberto Gonccedilalves ldquoA anaacutelise do artigo supratranscrito evidecircncia que quatro satildeo os elementos essenciais da responsabilidade civil accedilatildeo ou omissatildeo culpa ou dolo do agente relaccedilatildeo de causalidade e o dano experimentado pela viacutetimardquo16

Vale transcrever a doutrina de Roberto Altheim ldquoPortanto de forma resumida pode-se afirmar que satildeo atribuiacutedos agrave responsabilidade civil (objetiva ou subjetiva) os seguintes pressupostos conduta dano e nexo causal entre os primeirosrdquo17

A accedilatildeo (accedilatildeo positiva) ou omissatildeo (accedilatildeo negativa)18 pode tratar tanto de ato praticado pelo proacuteprio agente quanto por terceiros por quem se tenha uma obrigaccedilatildeo de responsabilidade decorrente de lei Ocorre tanto atraveacutes de vontade pessoal do agente e assim configurando o dolo quanto na forma culposa incluindo as trecircs formas supramencionadas quais sejam negligecircncia imprudecircncia e imperiacutecia

Via de regra se daacute por uma accedilatildeo representando a forma omissiva quando um dever natildeo tenha sido observado pelo agente ou seja determinada accedilatildeo deveria ter sido praticada por este porque um dever juriacutedico preexistente lhe era atribuiacutedo19

Noutro giro eacute o nexo causal considerado pela doutrina como o mais sensiacutevel

15 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

2018 p 66 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530982218cfi62[vndvstidref=cover] Acesso em 13 nov 2019

16 GONCcedilALVES Carlos Roberto Direito Civil Brasileiro Responsabilidade Civil 14 ed v 4 Satildeo Paulo Saraiva 2019 p 54 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788547229283recent Acesso em 13 nov 2019

17 ALTHEIM Roberto A atividade interpretativa e a imputaccedilatildeo do dever de indenizar no direito civil brasileiro contemporacircneo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 94 n 841 p 127ndash148 nov 2005 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

18 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo 2018 p 66 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530982218cfi62[vndvstidref=cover] Acesso em 13 nov 2019

19 Ibid

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e intrincado pressuposto de precisar20 que se denota pelo liame existente entre a accedilatildeo ou omissatildeo e o resultado do evento danoso Para o doutrinador Paulo Nader eacute a relaccedilatildeo de causa e efeito entre a conduta e o dano causado a outremrdquo21

Haacute de se esclarecer que o Brasil que por muito tempo o Brasil adotou exclusivamente a ldquoTeoria da Causalidade Imediatardquo considerando a causa do evento danoso unicamente o fato incontinenti derivado22 Isto porque eacute a literalidade do artigo 403 do Coacutedigo Civil em que satildeo incluiacutedos quando da configuraccedilatildeo da responsabilidade somente os prejuiacutezos abarcados por esta relaccedilatildeo direta de causa e efeito natildeo se podendo haver chancela judicial no sentido de indenizar prejuiacutezos extriacutensecos que natildeo sejam resultado da conduta do agente causador23

Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade probatoacuteria de algumas situaccedilotildees o que agrave frente seraacute melhor explanado Portanto eacute possiacutevel utilizar-se desta adequaccedilatildeo quando for possiacutevel inferir que ainda que o dano natildeo tenha decorrido do fato imediatamente anterior provavelmente se deu em razatildeo de outro comportamento e neste caso haveraacute a responsabilizaccedilatildeo deste(s) agente(s)24

Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger

Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneira natildeo irrelevante elevar genericamente a possibilidade objetiva de um resultado da espeacutecierdquo25

Por fim o dano experimentado pela viacutetima traduz a ideia de ldquoprejuiacutezordquo do que

derivam inuacutemeras formas e nas mais diversas searas De certo modo demonstra o caraacuteter de transitoriedade atrelado agrave responsabilidade civil que visa acompanhar as mudanccedilas sociais26 Como bem exemplifica Seacutergio Cavalieri Filho 20 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

21 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2019 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

22 NORONHA Fernando O nexo de causalidade na responsabilidade civil Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 92 n 816 p 733ndash752 out 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

23 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

24 RODRIGUES JUNIOR Otavio Luiz Nexo Causal probaliacutestico elementos para a criacutetica de um conceito Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 8 p 115-137 set 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

25 REINIG Guilherme Henrique Lima A teoria da causalidade adequada no direito civil alematildeo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 18 p 215 ndash 248 janmar 2019 apud TRAEGER Ludwig Der Kausalbegriff Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

26 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

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[] dano de morte dano sexual dano hedoniacutestico dano pelo custo do filho indesejado dano de feacuterias arruinadas dano de mobbing dano por brincadeiras crueacuteis dano por rompimento de noivado dano por descumprimento de deveres conjugais dano por abandono afetivo de filho menor e assim por diante27

Os requerimentos passiacuteveis de serem formulados se desdobram conforme os reflexos factiacuteveis tenham sido causados ao padecedor o que pode acontecer tanto na esfera patrimonial quanto extrapatrimonial28 Destaca- se que estes podem ser cumulados e desta segunda forma provem o dano moral adotado por vezes de forma descriteriosa nas decisotildees proferidas29

Com relaccedilatildeo ao fato praticado por terceiro especificado os praticados por animais em eventos apoacutes apreciados sumariamente os requisitos gerais da responsabilidade civil se verifica uma circunstacircncia peculiarizada capaz de produzir males individuais e coletivos porque presente o fato (ainda que de terceiro) nexo causal e resultado danoso Porquanto merece previsatildeo legislativa neste sentido que foi consagrada no artigo 936 do Coacutedigo Civil Brasileiro impondo a obrigaccedilatildeo de ressarcimento pelos que ao tempo do fato detinham o dever de vigilacircncia sobre o animal30

No que tange ao tema proposto muito se discute sobre as espeacutecies de responsabilidade civil que aleacutem da composiccedilatildeo geneacuterica apresentada satildeo diferidas pela presenccedila um de outro componente muito significativo a culpa

Conforme dito alhures o conceito de culpa ldquolatto sensurdquo sentido amplo que alcanccedila tambeacutem o dolo eacute adotada como como regra geral pela legislaccedilatildeo civilista porque previsto pelo jaacute mencionado artigo 186 do Coacutedigo Civil em conjunto com o caput artigo 927 do mesmo Coacutedigo emanado principalmente do Direito Francecircs31 atraveacutes do ldquoCode Napoleoacutenrdquo atribuindo o dever de reparaccedilatildeo a quem tenha agido com culpa em seu artigo 1382 agrave eacutepoca32

A adoccedilatildeo deste elemento significou um marco na histoacuteria humana porque de certa forma traduz sensatez contrapondo veemente o que era aplicado ateacute entatildeo por algumas sociedades a tiacutetulo exemplificativo a Lei das XXII Taacutebuas e Lei de Taliatildeo33Aleacutem disso doutrinadores como Luciana Tramontin Bonho Francisco Toniolo de Carvalho Marjorie Almeida Araujo e Elton Bonfada definem o marco histoacuterico dessa adesatildeo com a tomada de controle por parte do Estado que preocupando-se com viacutetima retirou a puniccedilatildeo da esfera privada34

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

27 Ibid p 102 28 RIZZARDO Arnaldo Responsabilidade civil 7 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 29 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

30 GAGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019 31 Ibid 32 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

33 GAGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019

34 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018

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Noutra senda a teoria da responsabilidade objetiva ganhou expressividade ironicamente de igual forma pelo Direito Francecircs com os estudos de Salleiles e Josseran no ano de 1987 Difundiam estes a obrigatoriedade de reparaccedilatildeo independentemente da configuraccedilatildeo da culpa do agente bastando a ocorrecircncia do fato ou do risco que tenha sido criado35

Mais tarde tal percepccedilatildeo passou a ser acolhida por diversos ordenamentos juriacutedicos porque a concepccedilatildeo uacutenica da culpa como elemento basilar natildeo mais atendia todas as demandas da sociedade com destaque especial a exposiccedilatildeo da sociedade agrave novos riscos com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial e suas implicaccedilotildees36

No Brasil as legislaccedilotildees passaram a excetuar atraveacutes de leis especiais alguns casos em que a culpa era dispensaacutevel como o Decreto 26811912 disciplinador da Responsabilidade das Estradas de Ferro Lei 75651986 do Coacutedigo Civil Brasileiro da Aeronaacuteutica dentre outras previsotildees37

A grande revoluccedilatildeo na responsabilidade civil brasileira para estudiosos como Seacutergio Cavalieri Filho sucedeu com a Constituiccedilatildeo de 1988 porque presente em seu artigo 37 sect6deg a responsabilizaccedilatildeo objetiva do Estado e seus prestadores de serviccedilo que ateacute entatildeo estavam ligados com a comprovaccedilatildeo de culpa necessaacuteria atraveacutes do artigo 159 do Coacutedigo Civil agrave eacutepoca Isso significa dizer que as formas de serviccedilo puacuteblico tais como luz e transporte passaram a ser interpretadas conforme a nova Carta Magna bastando a ocorrecircncia do fato para tipificar o dever do Estado de ressarcimento Cabe mencionar que tambeacutem nesta oportunidade o dano moral fora positivado38

Prosseguiram as alteraccedilotildees e em 1990 a sanccedilatildeo no Coacutedigo de Defesa do Consumidor trouxe agrave baila outra previsotildees estritamente objetivas presente nos artigos 12 e 14 versando sobre a responsabilidade pelo fato do produto e do serviccedilo39

Em relaccedilatildeo ao Coacutedigo Civil pregresso a originalidade de 2002 estaacute no acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 que apoacutes a regra geral exposta no ldquocaputrdquo prevecirc em seu paraacutegrafo uacutenico a chamada teoria do risco Dessa forma satildeo excetuados da necessidade de comprovaccedilatildeo de culpa os casos definidos por lei ou decorrentes de atividades que criem uma ameaccedila de dano

No contexto atual levando-se em conta o desenvolvimento tecnoloacutegico se verifica que essas espeacutecies de atividades foram multiplicadas e por envolverem operaccedilotildees de maior complexidade trariam dificuldades de comprovaccedilatildeo deste elemento aos lesados uma vez responsaacuteveis pelo ocircnus da prova40

35 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil

Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

36 Ibid 37 MARCHI Cristiane de A culpa e o surgimento da responsabilidade objetiva evoluccedilatildeo

histoacuterica noccedilotildees gerais e hipoacuteteses previstas no Coacutedigo Civil Revista dos Tribunais v 964

p 215-241 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

38 CAVALIERI FILHO Seacutergio Responsabilidade Civil no Novo Coacutedigo Revista de Direito do Consumidor v 48 p 69-84 outdez 2003 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

39 AMORIM Bruno de Almeida Lewer O fenocircmeno de objetivizaccedilatildeo da responsabilidade civil crise econocircmica e soluccedilotildees juriacutedicas Revista dos Tribunais Satildeo Paulo n 77 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

40 ALONSO Paulo Sergio Gomes Responsabilidade civil por fato de terceiro Revista de Direito

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Na doutrina satildeo inuacutemeros os desdobramentos desta teoria em modalidades como como o risco-proveito risco-administrativo risco-criado e por fim risco- integral41 caracterizados conforme a atividade sob anaacutelise

Com isso o legislador eacute concomitante ao afirmar que se mantecircm as previsotildees constantes de lei especial tais como o Coacutedigo de Defesa do Consumidor responsabilidade inerente ao transportador dentre outras previsotildees e que a incidecircncia da responsabilidade objetiva se estende aos casos amparados pela jurisprudecircncia desde que envolva situaccedilatildeo de risco majorado42

Como ensina Maria Celina Bodin de Moraes

De fato a evoluccedilatildeo econocircmica e social tornara claro que a tradicional responsabilidade subjetiva era insuficiente qualitativa e quantitativamente para tutelar diversas espeacutecies de relaccedilotildees juriacutedicas proacuteprias da sociedade industrializada Na nova realidade social a reparaccedilatildeo da viacutetima natildeo poderia depender da prova impossiacutevel que identificasse quem de fato agiu de forma negligente para estabelecer a reparaccedilatildeo de danos injustamente sofridos43

Decursivo desta ideia eacute a responsabilizaccedilatildeo objetiva que foi a escolha do legislador para com o detentor do animal quando fato lesivo for causado por este porque especificado em lei Mais precisamente eacute teor do artigo 936 do Coacutedigo Civil Art 936 O dono ou detentor do animal ressarciraacute o dano por este causado se natildeo

provar culpa da viacutetima ou forccedila maior44

Em linhas gerais o nosso ordenamento natildeo atribui a responsabilidade uacutenica e exclusivamente ao dono do animal mas agravequele que possuiacutea o poder de comando ou o poder intelectual de domiacutenio quando da adversidade A culpa ou dolo portanto satildeo elementos desnecessaacuterios bastando que a situaccedilatildeo de risco tenha sido proposta e claro o resultado tenha sido lesivo agrave outrem45

Nesta perspectiva eacute o exemplo de Pablo Stolze Gagliano

Assim se a minha bomba drsquoaacutegua mal conservada explode e lesiona um transeunte a obrigaccedilatildeo de indenizar seraacute imposta a mim proprietaacuterio e guardiatildeo da coisa que estava sob a minha custoacutedia e direccedilatildeo Diferentemente se eu contrato um amestrador de catildees confiando-lhe a guarda do meu buldogue e este durante uma sessatildeo de treinamento desprende-se da coleira e causa dano a terceiro obviamente que pela reparaccedilatildeo do dano responderaacute apenas o expert pois no momento do desenlace fatiacutedico detinha o poder de comando do animal que estava sob a sua autoridade Raciociacutenio contraacuterio aliaacutes esbarraria na proacutepria noccedilatildeo de nexo de causalidade uma vez que no caso o dano natildeo poderia ser

Privado v 64 p 161-176 outdez 2015 41 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo Paulo Editora

Meacutetodo 2018 42 BERALDO Leonardo de Faria Responsabilidade civil no Paraacutegrafo uacutenico do Art 927 do

coacutedigo civil e alguns apontamentos do direito comparado Novos Estudos Juriacutedicos [Sl] v 9 n 2 p 317-340 out 2008

43 MORAES Maria Celina Bodin de Risco Solidariedade e Responsabilidade Objetiva Revista dos Tribunais v 854 p 18 dez 2006 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

44 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 2002

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20 out 2019 45 AGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019p 239 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788553172795recent Acesso 13 nov 2019

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atribuiacutedo ao proprietaacuterio do catildeo que o havia confiado a um perito O comportamento deste uacuteltimo foi causa direta e imediata do resultado lesivo46

Sequente tambeacutem ao que eacute expresso no paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 satildeo as causas excludentes da responsabilidade objetiva assim consideradas porque rompem o nexo causal entre conduta e resultado alcanccedilado Exprimem uma ideia de imprescindibilidade e imprevisibilidade do agente Assim sendo as possibilidades de escusar-se seriam a culpa da viacutetima e forccedila maior47

Na hipoacutetese de culpa da viacutetima ambas as condutas tanto do causador quanto do lesado devem ser analisadas conjuntamente a fim de mensurar qual a contribuiccedilatildeo da viacutetima para que o resultado fosse produzido Destarte trecircs podem ser as conclusotildees do julgador que a viacutetima nada contribuiu para o resultado que contribuiu de forma parcial ou que incorreu de forma exclusiva para causar o dano Consoante a esta conclusatildeo pode haver abatimento no valor indenizatoacuterio ou ateacute mesmo a isenccedilatildeo do lesante uma vez que vencido o nexo causal48

Nesta linha eacute preciso o artigo 945 do Coacutedigo Civil vigente ao instituir que no momento da fixaccedilatildeo do valor devido quando da concorrecircncia da viacutetima para o resultado seraacute levada em conta a gravidade e a dimensatildeo desta contribuiccedilatildeo em cotejo com o autor do ano49

Outrossim haacute casos em que a lei denega expressamente a possibilidade de compensaccedilatildeo indenizatoacuteria Ainda que o lesado possua parcela de culpa a miacutenima participaccedilatildeo do agente garantiraacute o valor integral como eacute o caso do Decreto nordm 26811912 que dispotildee sobre a responsabilidade das estradas de ferro50

Sob outra perspectiva eacute o caso de incidecircncia de forccedila maior Inicialmente agrave sua anaacutelise cabe frisar que haacute contiacutenua discussatildeo doutrinaacuteria sobre a similitude entre caso fortuito e forccedila maior uma vez que o artigo 393 do Coacutedigo Civil natildeo estabelece qualquer distinccedilatildeo entre estes51

Seria o caso fortuito originado do latim fortuitus e exprimindo uma ideia de azar a ocorrecircncia de acontecimentos extraordinaacuterios e alheios agrave vontade das partes envolvidas poreacutem decorrentes de accedilatildeo humana como guerras eventuais paralisaccedilotildees e assim por diante52

Jaacute a forccedila maior seria uma sucessatildeo de fatos naturais como terremotos erupccedilatildeo de vulcatildeo inundaccedilotildees etc Igualmente sem qualquer contribuiccedilatildeo efetiva das partes para o feito que eacute proveniente de forccedilas da natureza53

De qualquer sorte ambos os institutos satildeo marcados pela imprevisibilidade e superveniecircncia Aleacutem disso fora do controle humano e por fim evocando a loacutegica

46 Ibid 47 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

48 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018

49 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no

10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Portal da Legislaccedilatildeo Brasiacutelia jan

2002 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20

out 2019 50 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent

Acesso em 13 nov 2019 51 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019 52 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018 53 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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da responsabilidade objetiva a falta de culpa do agente sendo supressivos a culpa e a forccedila maior Quando a incidecircncia de um haacute por conseguinte a ausecircncia de outro54

54 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA

Permeando o que foi dito ateacute entatildeo a responsabilidade civil decorrente de fato de animal sofreu notaacuteveis transformaccedilotildees em seu tratamento legal superando a ideia de culpa presumida conhecida no Coacutedigo Civil de 1916 um esboccedilo do tratamento puramente objetivo para os casos que satildeo especificados em lei que possui nos dias de hoje

No antigo dispositivo o tema era abordado pelo artigo 1527 que aleacutem das hipoacuteteses recepcionadas em 2002 contava com adicional previsatildeo55

Se pode inferir atraveacutes do inciso I que a presunccedilatildeo de culpa era ldquojuris tantumrdquo admitindo prova em contraacuterio no sentido de que o cuidado e diligecircncia necessaacuterios para com o animal foram observados pleiteando para que natildeo incorresse o agente no dever de indenizar Isso ocorreria portanto se ficasse comprovado o afastamento da culpa presumida56

De maneira a ilustrar essa possibilidade anteriormente prevista entendimento pelo Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande do Sul ano de 1997

Ementa RESPONSABILIDADE CIVIL FATO DE ANIMAL DANOS ESTETICOS E MORAL O DONO DO ANIMAL E RESPONSAVEL POR SUA GUARDA E SEGURANCA DAI QUE RESPONDERA POR DANOS POR ESSE OCASIONADOS SENDO A TEOR DO ART-1527 DO CODIGO CIVIL PRESUMIDA SUA CULPA E CONSEQUENTE RESPONSABILIDADE PRESUNCAO QUE LHE INCUMBE AFASTAR MEDIANTE PROVA IDONEA EM SENDO DISCUTIDA EM DEMANDA JUDICIAL PROVANDO CAUSA ELIDENTE DE RESPONSABILIDADE OU SEJA QUE MANTINHA O ANIMAL EM LUGAR ADEQUADO E SEGURO57

Cabe aqui reforccedilar que a culpa presumida natildeo eacute mais aceita em nosso ordenamento no que compete ao fato praticado por animais Hodiernamente se aceita

unicamente a incidecircncia das jaacute mencionadas culpa exclusiva da viacutetima caso fortuito e forccedila maior

Eacute a aplicaccedilatildeo de uma dessas formas que passamos a analisar atraveacutes de demanda ajuizada por fato ocorrido no municiacutepio de Augusto Pestana interior do estado do Rio Grande do Sul O demandante acionou a justiccedila com pleito indenizatoacuterio em face do realizador do rodeio em que participava e o muniacutecipio referido por lesotildees fiacutesicas sofridas em decorrecircncia do ldquocoicerdquo de um cavalo no momento em que se dirigia ao banheiro do Parque Alegou a omissatildeo do municiacutepio na fiscalizaccedilatildeo uma vez que a aacuterea cedida era de sua propriedade Apoacutes improcedecircncia da sentenccedila que reconheceu a ilegitimidade no poacutelo passivo da cidade e a natildeo configuraccedilatildeo do dever de indenizar frente aos organizadores os autos foram

55 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm

3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

56 MIGUEL Alexandre A responsabilidade civil no Novo Coacutedigo algumas consideraccedilotildees Revista dos Tribunais v 809 p 11-27 mar 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

57 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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remetidos ao Tribunal de Justiccedila Este por sua vez manteve o entendimento ao afirmar que inexistia qualquer dever de fiscalizaccedilatildeo por parte da Administraccedilatildeo Puacuteblica sendo categoacuterico ao afirmar que a viacutetima incorreu exclusivamente para o resultado uma vez que os animais estavam amarrados e em aacuterea dedicada exclusivamente para tal Para aleacutem disto por lidar com animais do gecircnero do causador deveria ter o conhecimento de que natildeo se pode passar por detraacutes de ldquocavalo cuiudordquo leia-se natildeo castrado58

Sobre o acontecimento adequado mencionar as proacuteprias palavras do proacuteprio Relator

O autor a toda evidecircncia eacute um sujeito afeito agraves lides campeiras com o que eacute perfeitamente possiacutevel considerar que agiu sem as cautelas necessaacuterias independente de estar embriagado ou natildeo Considero dessa forma que o acidente se deu exclusivamente em razatildeo de sua conduta59

Em contrapartida eacute o acontecido em um Parque de Exposiccedilotildees popularmente conhecido no estado localidade de Esteio Neste caso o demandante da accedilatildeo teve prejuiacutezos materiais em decorrecircncia de colisatildeo entre seu veiacuteculo e um cavalo da Brigada Militar que auxiliava no policiamento do local Em que pese tenha sido reconhecido o dever de ressarcimento na via administrativa as partes natildeo concordaram com o ldquoquantumrdquo o que deu ensejo ao pleito judicial

Figuraram como reacuteus tanto a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul quanto o Sargento Newton que manejava o animal no momento do ocorrido Em contestaccedilatildeo foi alegada a falta de culpa por parte do condutor do cavalo que disse se tratar de caso isolado tendo em vista que agentes e animais recebem treinamentos intriacutensecos agrave atividade De outro modo a Brigada Militar alegou o caso fortuito por ter sido o movimento repentino do equino que deu causa ao evento danoso porque este teria se assustado com brinquedos de luzes que ali estavam

A sentenccedila proferida foi no sentido de condenar exclusivamente a Brigada Militar pelos prejuiacutezos causados e apoacutes subiram os autos por recurso interposo pela parte autora

O acoacuterdatildeo proferido seguiu o entendimento que fora adotado em 1deg instacircncia alterando apenas o valor devido a tiacutetulo indenizatoacuterio A fim de evidenciar a narrativa

Ainda que se discorde da ldquocausa fortuitardquo suscitada na conclusatildeo do referido Inqueacuterito Teacutecnico a realizaccedilatildeo de patrulhamento com animais dotados de impulsos proacuteprios e instintivos enseja a assunccedilatildeo dos riscos decorrentes de eventuais danos causados a terceiros tal como ocorreu no caso dos autos Assim ainda que o equino tenha empreendido manobra inesperada eacute induvidoso que o local onde ocorreram os fatos (Expointer 2011) eacute de intenso fluxo de pessoas e veiacuteculos razatildeo pela qual maiores cuidados o ente puacuteblico deveria ter em relaccedilatildeo aos animais utilizados para o patrulhamento Em tais condiccedilotildees o ato comissivo e mesmo involuntaacuterio praticado por semovente pertencente ao acervo estatal causador de dano ao patrimocircnio particular enseja a devida indenizaccedilatildeo60

Por fim assimilaccedilatildeo homoacuteloga possui o Tribunal de Justiccedila do estado de Satildeo

58 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho

Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnumero_processo= 70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

59 Ibid 60 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de

Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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Paulo nos casos relativos ao tema em discussatildeo A decisatildeo objeto de anaacutelise trata de pedido de danos materiais oriundos da invasatildeo de animal que teria ldquopisoteadordquo a propriedade da parte autora onde cultivava sua plantaccedilatildeo de milho Entretanto em primeira instacircncia se limitou a requerer produccedilatildeo de prova oral unicamente sem pugnar fosse feita periacutecia no local e desta forma sem comprovar a extensatildeo do dano

Jaacute a defesa por sua vez requereu a improcedecircncia da demanda haja vista a cerca da propriedade estar danificada em alguns pontos atribuindo culpa a parte autora

Sobreveio sentenccedila que indeferiu o pedido formulado Apoacutes recurso interposto o Tribunal de Justiccedila decidiu por mantecirc-la uma vez que a extensatildeo do dano De forma precisa Relator do caso

Examinados os autos natildeo se verifica qualquer comprovaccedilatildeo de que os autores tenham dado causa agrave invasatildeo do gado em sua propriedade ou de que tenha existido forccedila maior a levar o gado para dentro da sua colheita Haacute menccedilotildees apenas geneacutericas e vagas a respeito de um eventual susto que o gado tenha sofrido ou do estado de conservaccedilatildeo da cerca divisoacuteria Contudo aos autores cabia ainda assim e nos termos do artigo 373 inciso I do Coacutedigo de Processo Civil comprovar a alegaccedilatildeo na qual assentaram o pedido indenizatoacuterio isto eacute que em razatildeo da invasatildeo dos bovinos fora destruiacuteda toda a sua plantaccedilatildeo de milho61

O que se pode depreender do feito eacute a pungente necessidade de comprovaccedilatildeo dos pressupostos gerais da responsabilidade civil porque recai sobre o requerente o ocircnus da prova destes elementos Por falta da comprovaccedilatildeo do dano o pedido formulado fora desacolhido antes mesmo da anaacutelise se houve a quebra do nexo causal suscitada62

61 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em

httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30194C3890cjs Acesso em 20 out 2019

62 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm 3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

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5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS

Eacute sabido ateacute aqui que a responsabilidade civil assume importantes funccedilotildees

na sociedade contemporacircnea tais como a prevenccedilatildeo dos comportamentos civilmente indenizaacuteveis reestabelecimento da ordem entre as pessoas reparaccedilatildeo ao ldquostatus quordquo ou seja situaccedilatildeo em que se encontrava a pessoa ou objeto lesado anteriormente agrave ocorrecircncia do evento danoso etc63 Aleacutem disso o fato passiacutevel de indenizaccedilatildeo pode suceder tanto de inobservaccedilotildees e demais situaccedilotildees envolvendo contratos estabelecidos entre as partes quanto extracontratuais provenientes do ato iliacutecito acima explanado64

Dito isso uma vez que eacute mister a atribuiccedilatildeo da responsabilidade pelos danos materiais ao proprietaacuterio ou detentor do animal quando da ocorrecircncia do fato lesivo um dos maiores desafios relativos ao tema em questatildeo eacute a quantificaccedilatildeo da indenizaccedilatildeo e os criteacuterios que devem ser utilizados para a atribuir o valor referente ao dano moral haja vista as criacuteticas recorrentes sobre a definiccedilatildeo nebulosa a ldquoinduacutestria do dano moralrdquo decorrente de tal situaccedilatildeo65

Acerca do tema Caio Rogeacuterio da Costa Brandatildeo

Infelizmente diante da inexistecircncia de elementos objetivos para se chegar agrave quantificaccedilatildeo do dano moral deparamo-nos agraves vezes com julgadores que na inexistecircncia destes decidem de forma incriteriosa fixando condenaccedilotildees em valores exagerados e totalmente inadequados []66

Sobre esta quantificaccedilatildeo Seacutergio Cavalieri Filho aduz

Creio tambeacutem que este eacute outro ponto onde o princiacutepio da loacutegica do razoaacutevel deve ser a buacutessola norteadora do julgador Razoaacutevel eacute aquilo que eacute sensato comedido moderado que guarda certa proporcionalidade A razoabilidade eacute o criteacuterio que permite cotejar meios e fins causas e consequecircncias de modo a aferir a loacutegica da decisatildeo [] importa dizer que o juiz ao valorar o dano moral deve arbitrar uma quantia que de acordo com seu prudente arbiacutetrio seja compatiacutevel com a reprovabilidade da conduta iliacutecita a intensidade e duraccedilatildeo do sofrimento experimentado pela viacutetima a capacidade econocircmica do causador do dano as condiccedilotildees sociais do ofendido e outras circunstancias mais que se fizerem presentes67

Por sua vez o artigo 944 do Coacutedigo Civil eacute preciso ao afirmar que a

63 SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v

1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

64 MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNMULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017 Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019

65 BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019 66 Ibid 67 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 p 98 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

19

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

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  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
Page 6: RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS ... · RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath1

6

3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL

A responsabilidade civil eacute positivada pela Constituiccedilatildeo Federal e se

caracteriza pelo dever de indenizar o dano suportado por outrem Ocorre quando haacute violaccedilatildeo de direitos considerados fundamentais nos termos do artigo 5deg incisos V e X sendo mencionada em leis especiais no que concerne a danos causados pela Administraccedilatildeo Puacuteblica praticados em desfavor do meio ambiente danos eleitorais nas relaccedilotildees familiares das Instituiccedilotildees Financeiras dentre outras possibilidades que natildeo estatildeo limitadas a previsotildees expressas devendo ser analisada e interpretada in casu o que gera constantes atualizaccedilotildees e incrementos agrave temaacutetica

Ao encontro da Constituiccedilatildeo Paacutetria o Coacutedigo Civil vigente tambeacutem se preocupa com a responsabilizaccedilatildeo daquele que causar o dano antevendo em seus artigos 186 e 927 a definiccedilatildeo do ato iliacutecito baseado na culpa e suas trecircs modalidades - negligecircncia imprudecircncia ou imperiacutecia - e a decorrente obrigaccedilatildeo de indenizar quando esta for verificada15

Quanto agrave configuraccedilatildeo desta obrigaccedilatildeo ainda atraveacutes do teor do artigo 186 se extrai que alguns pressupostos gerais devem ser observados e estarem presentes obrigatoriamente de forma cumulativa Nas palavras do mestre Carlos Roberto Gonccedilalves ldquoA anaacutelise do artigo supratranscrito evidecircncia que quatro satildeo os elementos essenciais da responsabilidade civil accedilatildeo ou omissatildeo culpa ou dolo do agente relaccedilatildeo de causalidade e o dano experimentado pela viacutetimardquo16

Vale transcrever a doutrina de Roberto Altheim ldquoPortanto de forma resumida pode-se afirmar que satildeo atribuiacutedos agrave responsabilidade civil (objetiva ou subjetiva) os seguintes pressupostos conduta dano e nexo causal entre os primeirosrdquo17

A accedilatildeo (accedilatildeo positiva) ou omissatildeo (accedilatildeo negativa)18 pode tratar tanto de ato praticado pelo proacuteprio agente quanto por terceiros por quem se tenha uma obrigaccedilatildeo de responsabilidade decorrente de lei Ocorre tanto atraveacutes de vontade pessoal do agente e assim configurando o dolo quanto na forma culposa incluindo as trecircs formas supramencionadas quais sejam negligecircncia imprudecircncia e imperiacutecia

Via de regra se daacute por uma accedilatildeo representando a forma omissiva quando um dever natildeo tenha sido observado pelo agente ou seja determinada accedilatildeo deveria ter sido praticada por este porque um dever juriacutedico preexistente lhe era atribuiacutedo19

Noutro giro eacute o nexo causal considerado pela doutrina como o mais sensiacutevel

15 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

2018 p 66 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530982218cfi62[vndvstidref=cover] Acesso em 13 nov 2019

16 GONCcedilALVES Carlos Roberto Direito Civil Brasileiro Responsabilidade Civil 14 ed v 4 Satildeo Paulo Saraiva 2019 p 54 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788547229283recent Acesso em 13 nov 2019

17 ALTHEIM Roberto A atividade interpretativa e a imputaccedilatildeo do dever de indenizar no direito civil brasileiro contemporacircneo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 94 n 841 p 127ndash148 nov 2005 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

18 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo 2018 p 66 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530982218cfi62[vndvstidref=cover] Acesso em 13 nov 2019

19 Ibid

7

e intrincado pressuposto de precisar20 que se denota pelo liame existente entre a accedilatildeo ou omissatildeo e o resultado do evento danoso Para o doutrinador Paulo Nader eacute a relaccedilatildeo de causa e efeito entre a conduta e o dano causado a outremrdquo21

Haacute de se esclarecer que o Brasil que por muito tempo o Brasil adotou exclusivamente a ldquoTeoria da Causalidade Imediatardquo considerando a causa do evento danoso unicamente o fato incontinenti derivado22 Isto porque eacute a literalidade do artigo 403 do Coacutedigo Civil em que satildeo incluiacutedos quando da configuraccedilatildeo da responsabilidade somente os prejuiacutezos abarcados por esta relaccedilatildeo direta de causa e efeito natildeo se podendo haver chancela judicial no sentido de indenizar prejuiacutezos extriacutensecos que natildeo sejam resultado da conduta do agente causador23

Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade probatoacuteria de algumas situaccedilotildees o que agrave frente seraacute melhor explanado Portanto eacute possiacutevel utilizar-se desta adequaccedilatildeo quando for possiacutevel inferir que ainda que o dano natildeo tenha decorrido do fato imediatamente anterior provavelmente se deu em razatildeo de outro comportamento e neste caso haveraacute a responsabilizaccedilatildeo deste(s) agente(s)24

Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger

Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneira natildeo irrelevante elevar genericamente a possibilidade objetiva de um resultado da espeacutecierdquo25

Por fim o dano experimentado pela viacutetima traduz a ideia de ldquoprejuiacutezordquo do que

derivam inuacutemeras formas e nas mais diversas searas De certo modo demonstra o caraacuteter de transitoriedade atrelado agrave responsabilidade civil que visa acompanhar as mudanccedilas sociais26 Como bem exemplifica Seacutergio Cavalieri Filho 20 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

21 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2019 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

22 NORONHA Fernando O nexo de causalidade na responsabilidade civil Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 92 n 816 p 733ndash752 out 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

23 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

24 RODRIGUES JUNIOR Otavio Luiz Nexo Causal probaliacutestico elementos para a criacutetica de um conceito Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 8 p 115-137 set 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

25 REINIG Guilherme Henrique Lima A teoria da causalidade adequada no direito civil alematildeo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 18 p 215 ndash 248 janmar 2019 apud TRAEGER Ludwig Der Kausalbegriff Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

26 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

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[] dano de morte dano sexual dano hedoniacutestico dano pelo custo do filho indesejado dano de feacuterias arruinadas dano de mobbing dano por brincadeiras crueacuteis dano por rompimento de noivado dano por descumprimento de deveres conjugais dano por abandono afetivo de filho menor e assim por diante27

Os requerimentos passiacuteveis de serem formulados se desdobram conforme os reflexos factiacuteveis tenham sido causados ao padecedor o que pode acontecer tanto na esfera patrimonial quanto extrapatrimonial28 Destaca- se que estes podem ser cumulados e desta segunda forma provem o dano moral adotado por vezes de forma descriteriosa nas decisotildees proferidas29

Com relaccedilatildeo ao fato praticado por terceiro especificado os praticados por animais em eventos apoacutes apreciados sumariamente os requisitos gerais da responsabilidade civil se verifica uma circunstacircncia peculiarizada capaz de produzir males individuais e coletivos porque presente o fato (ainda que de terceiro) nexo causal e resultado danoso Porquanto merece previsatildeo legislativa neste sentido que foi consagrada no artigo 936 do Coacutedigo Civil Brasileiro impondo a obrigaccedilatildeo de ressarcimento pelos que ao tempo do fato detinham o dever de vigilacircncia sobre o animal30

No que tange ao tema proposto muito se discute sobre as espeacutecies de responsabilidade civil que aleacutem da composiccedilatildeo geneacuterica apresentada satildeo diferidas pela presenccedila um de outro componente muito significativo a culpa

Conforme dito alhures o conceito de culpa ldquolatto sensurdquo sentido amplo que alcanccedila tambeacutem o dolo eacute adotada como como regra geral pela legislaccedilatildeo civilista porque previsto pelo jaacute mencionado artigo 186 do Coacutedigo Civil em conjunto com o caput artigo 927 do mesmo Coacutedigo emanado principalmente do Direito Francecircs31 atraveacutes do ldquoCode Napoleoacutenrdquo atribuindo o dever de reparaccedilatildeo a quem tenha agido com culpa em seu artigo 1382 agrave eacutepoca32

A adoccedilatildeo deste elemento significou um marco na histoacuteria humana porque de certa forma traduz sensatez contrapondo veemente o que era aplicado ateacute entatildeo por algumas sociedades a tiacutetulo exemplificativo a Lei das XXII Taacutebuas e Lei de Taliatildeo33Aleacutem disso doutrinadores como Luciana Tramontin Bonho Francisco Toniolo de Carvalho Marjorie Almeida Araujo e Elton Bonfada definem o marco histoacuterico dessa adesatildeo com a tomada de controle por parte do Estado que preocupando-se com viacutetima retirou a puniccedilatildeo da esfera privada34

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

27 Ibid p 102 28 RIZZARDO Arnaldo Responsabilidade civil 7 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 29 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

30 GAGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019 31 Ibid 32 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

33 GAGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019

34 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018

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Noutra senda a teoria da responsabilidade objetiva ganhou expressividade ironicamente de igual forma pelo Direito Francecircs com os estudos de Salleiles e Josseran no ano de 1987 Difundiam estes a obrigatoriedade de reparaccedilatildeo independentemente da configuraccedilatildeo da culpa do agente bastando a ocorrecircncia do fato ou do risco que tenha sido criado35

Mais tarde tal percepccedilatildeo passou a ser acolhida por diversos ordenamentos juriacutedicos porque a concepccedilatildeo uacutenica da culpa como elemento basilar natildeo mais atendia todas as demandas da sociedade com destaque especial a exposiccedilatildeo da sociedade agrave novos riscos com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial e suas implicaccedilotildees36

No Brasil as legislaccedilotildees passaram a excetuar atraveacutes de leis especiais alguns casos em que a culpa era dispensaacutevel como o Decreto 26811912 disciplinador da Responsabilidade das Estradas de Ferro Lei 75651986 do Coacutedigo Civil Brasileiro da Aeronaacuteutica dentre outras previsotildees37

A grande revoluccedilatildeo na responsabilidade civil brasileira para estudiosos como Seacutergio Cavalieri Filho sucedeu com a Constituiccedilatildeo de 1988 porque presente em seu artigo 37 sect6deg a responsabilizaccedilatildeo objetiva do Estado e seus prestadores de serviccedilo que ateacute entatildeo estavam ligados com a comprovaccedilatildeo de culpa necessaacuteria atraveacutes do artigo 159 do Coacutedigo Civil agrave eacutepoca Isso significa dizer que as formas de serviccedilo puacuteblico tais como luz e transporte passaram a ser interpretadas conforme a nova Carta Magna bastando a ocorrecircncia do fato para tipificar o dever do Estado de ressarcimento Cabe mencionar que tambeacutem nesta oportunidade o dano moral fora positivado38

Prosseguiram as alteraccedilotildees e em 1990 a sanccedilatildeo no Coacutedigo de Defesa do Consumidor trouxe agrave baila outra previsotildees estritamente objetivas presente nos artigos 12 e 14 versando sobre a responsabilidade pelo fato do produto e do serviccedilo39

Em relaccedilatildeo ao Coacutedigo Civil pregresso a originalidade de 2002 estaacute no acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 que apoacutes a regra geral exposta no ldquocaputrdquo prevecirc em seu paraacutegrafo uacutenico a chamada teoria do risco Dessa forma satildeo excetuados da necessidade de comprovaccedilatildeo de culpa os casos definidos por lei ou decorrentes de atividades que criem uma ameaccedila de dano

No contexto atual levando-se em conta o desenvolvimento tecnoloacutegico se verifica que essas espeacutecies de atividades foram multiplicadas e por envolverem operaccedilotildees de maior complexidade trariam dificuldades de comprovaccedilatildeo deste elemento aos lesados uma vez responsaacuteveis pelo ocircnus da prova40

35 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil

Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

36 Ibid 37 MARCHI Cristiane de A culpa e o surgimento da responsabilidade objetiva evoluccedilatildeo

histoacuterica noccedilotildees gerais e hipoacuteteses previstas no Coacutedigo Civil Revista dos Tribunais v 964

p 215-241 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

38 CAVALIERI FILHO Seacutergio Responsabilidade Civil no Novo Coacutedigo Revista de Direito do Consumidor v 48 p 69-84 outdez 2003 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

39 AMORIM Bruno de Almeida Lewer O fenocircmeno de objetivizaccedilatildeo da responsabilidade civil crise econocircmica e soluccedilotildees juriacutedicas Revista dos Tribunais Satildeo Paulo n 77 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

40 ALONSO Paulo Sergio Gomes Responsabilidade civil por fato de terceiro Revista de Direito

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Na doutrina satildeo inuacutemeros os desdobramentos desta teoria em modalidades como como o risco-proveito risco-administrativo risco-criado e por fim risco- integral41 caracterizados conforme a atividade sob anaacutelise

Com isso o legislador eacute concomitante ao afirmar que se mantecircm as previsotildees constantes de lei especial tais como o Coacutedigo de Defesa do Consumidor responsabilidade inerente ao transportador dentre outras previsotildees e que a incidecircncia da responsabilidade objetiva se estende aos casos amparados pela jurisprudecircncia desde que envolva situaccedilatildeo de risco majorado42

Como ensina Maria Celina Bodin de Moraes

De fato a evoluccedilatildeo econocircmica e social tornara claro que a tradicional responsabilidade subjetiva era insuficiente qualitativa e quantitativamente para tutelar diversas espeacutecies de relaccedilotildees juriacutedicas proacuteprias da sociedade industrializada Na nova realidade social a reparaccedilatildeo da viacutetima natildeo poderia depender da prova impossiacutevel que identificasse quem de fato agiu de forma negligente para estabelecer a reparaccedilatildeo de danos injustamente sofridos43

Decursivo desta ideia eacute a responsabilizaccedilatildeo objetiva que foi a escolha do legislador para com o detentor do animal quando fato lesivo for causado por este porque especificado em lei Mais precisamente eacute teor do artigo 936 do Coacutedigo Civil Art 936 O dono ou detentor do animal ressarciraacute o dano por este causado se natildeo

provar culpa da viacutetima ou forccedila maior44

Em linhas gerais o nosso ordenamento natildeo atribui a responsabilidade uacutenica e exclusivamente ao dono do animal mas agravequele que possuiacutea o poder de comando ou o poder intelectual de domiacutenio quando da adversidade A culpa ou dolo portanto satildeo elementos desnecessaacuterios bastando que a situaccedilatildeo de risco tenha sido proposta e claro o resultado tenha sido lesivo agrave outrem45

Nesta perspectiva eacute o exemplo de Pablo Stolze Gagliano

Assim se a minha bomba drsquoaacutegua mal conservada explode e lesiona um transeunte a obrigaccedilatildeo de indenizar seraacute imposta a mim proprietaacuterio e guardiatildeo da coisa que estava sob a minha custoacutedia e direccedilatildeo Diferentemente se eu contrato um amestrador de catildees confiando-lhe a guarda do meu buldogue e este durante uma sessatildeo de treinamento desprende-se da coleira e causa dano a terceiro obviamente que pela reparaccedilatildeo do dano responderaacute apenas o expert pois no momento do desenlace fatiacutedico detinha o poder de comando do animal que estava sob a sua autoridade Raciociacutenio contraacuterio aliaacutes esbarraria na proacutepria noccedilatildeo de nexo de causalidade uma vez que no caso o dano natildeo poderia ser

Privado v 64 p 161-176 outdez 2015 41 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo Paulo Editora

Meacutetodo 2018 42 BERALDO Leonardo de Faria Responsabilidade civil no Paraacutegrafo uacutenico do Art 927 do

coacutedigo civil e alguns apontamentos do direito comparado Novos Estudos Juriacutedicos [Sl] v 9 n 2 p 317-340 out 2008

43 MORAES Maria Celina Bodin de Risco Solidariedade e Responsabilidade Objetiva Revista dos Tribunais v 854 p 18 dez 2006 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

44 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 2002

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20 out 2019 45 AGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019p 239 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788553172795recent Acesso 13 nov 2019

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atribuiacutedo ao proprietaacuterio do catildeo que o havia confiado a um perito O comportamento deste uacuteltimo foi causa direta e imediata do resultado lesivo46

Sequente tambeacutem ao que eacute expresso no paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 satildeo as causas excludentes da responsabilidade objetiva assim consideradas porque rompem o nexo causal entre conduta e resultado alcanccedilado Exprimem uma ideia de imprescindibilidade e imprevisibilidade do agente Assim sendo as possibilidades de escusar-se seriam a culpa da viacutetima e forccedila maior47

Na hipoacutetese de culpa da viacutetima ambas as condutas tanto do causador quanto do lesado devem ser analisadas conjuntamente a fim de mensurar qual a contribuiccedilatildeo da viacutetima para que o resultado fosse produzido Destarte trecircs podem ser as conclusotildees do julgador que a viacutetima nada contribuiu para o resultado que contribuiu de forma parcial ou que incorreu de forma exclusiva para causar o dano Consoante a esta conclusatildeo pode haver abatimento no valor indenizatoacuterio ou ateacute mesmo a isenccedilatildeo do lesante uma vez que vencido o nexo causal48

Nesta linha eacute preciso o artigo 945 do Coacutedigo Civil vigente ao instituir que no momento da fixaccedilatildeo do valor devido quando da concorrecircncia da viacutetima para o resultado seraacute levada em conta a gravidade e a dimensatildeo desta contribuiccedilatildeo em cotejo com o autor do ano49

Outrossim haacute casos em que a lei denega expressamente a possibilidade de compensaccedilatildeo indenizatoacuteria Ainda que o lesado possua parcela de culpa a miacutenima participaccedilatildeo do agente garantiraacute o valor integral como eacute o caso do Decreto nordm 26811912 que dispotildee sobre a responsabilidade das estradas de ferro50

Sob outra perspectiva eacute o caso de incidecircncia de forccedila maior Inicialmente agrave sua anaacutelise cabe frisar que haacute contiacutenua discussatildeo doutrinaacuteria sobre a similitude entre caso fortuito e forccedila maior uma vez que o artigo 393 do Coacutedigo Civil natildeo estabelece qualquer distinccedilatildeo entre estes51

Seria o caso fortuito originado do latim fortuitus e exprimindo uma ideia de azar a ocorrecircncia de acontecimentos extraordinaacuterios e alheios agrave vontade das partes envolvidas poreacutem decorrentes de accedilatildeo humana como guerras eventuais paralisaccedilotildees e assim por diante52

Jaacute a forccedila maior seria uma sucessatildeo de fatos naturais como terremotos erupccedilatildeo de vulcatildeo inundaccedilotildees etc Igualmente sem qualquer contribuiccedilatildeo efetiva das partes para o feito que eacute proveniente de forccedilas da natureza53

De qualquer sorte ambos os institutos satildeo marcados pela imprevisibilidade e superveniecircncia Aleacutem disso fora do controle humano e por fim evocando a loacutegica

46 Ibid 47 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

48 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018

49 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no

10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Portal da Legislaccedilatildeo Brasiacutelia jan

2002 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20

out 2019 50 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent

Acesso em 13 nov 2019 51 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019 52 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018 53 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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da responsabilidade objetiva a falta de culpa do agente sendo supressivos a culpa e a forccedila maior Quando a incidecircncia de um haacute por conseguinte a ausecircncia de outro54

54 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA

Permeando o que foi dito ateacute entatildeo a responsabilidade civil decorrente de fato de animal sofreu notaacuteveis transformaccedilotildees em seu tratamento legal superando a ideia de culpa presumida conhecida no Coacutedigo Civil de 1916 um esboccedilo do tratamento puramente objetivo para os casos que satildeo especificados em lei que possui nos dias de hoje

No antigo dispositivo o tema era abordado pelo artigo 1527 que aleacutem das hipoacuteteses recepcionadas em 2002 contava com adicional previsatildeo55

Se pode inferir atraveacutes do inciso I que a presunccedilatildeo de culpa era ldquojuris tantumrdquo admitindo prova em contraacuterio no sentido de que o cuidado e diligecircncia necessaacuterios para com o animal foram observados pleiteando para que natildeo incorresse o agente no dever de indenizar Isso ocorreria portanto se ficasse comprovado o afastamento da culpa presumida56

De maneira a ilustrar essa possibilidade anteriormente prevista entendimento pelo Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande do Sul ano de 1997

Ementa RESPONSABILIDADE CIVIL FATO DE ANIMAL DANOS ESTETICOS E MORAL O DONO DO ANIMAL E RESPONSAVEL POR SUA GUARDA E SEGURANCA DAI QUE RESPONDERA POR DANOS POR ESSE OCASIONADOS SENDO A TEOR DO ART-1527 DO CODIGO CIVIL PRESUMIDA SUA CULPA E CONSEQUENTE RESPONSABILIDADE PRESUNCAO QUE LHE INCUMBE AFASTAR MEDIANTE PROVA IDONEA EM SENDO DISCUTIDA EM DEMANDA JUDICIAL PROVANDO CAUSA ELIDENTE DE RESPONSABILIDADE OU SEJA QUE MANTINHA O ANIMAL EM LUGAR ADEQUADO E SEGURO57

Cabe aqui reforccedilar que a culpa presumida natildeo eacute mais aceita em nosso ordenamento no que compete ao fato praticado por animais Hodiernamente se aceita

unicamente a incidecircncia das jaacute mencionadas culpa exclusiva da viacutetima caso fortuito e forccedila maior

Eacute a aplicaccedilatildeo de uma dessas formas que passamos a analisar atraveacutes de demanda ajuizada por fato ocorrido no municiacutepio de Augusto Pestana interior do estado do Rio Grande do Sul O demandante acionou a justiccedila com pleito indenizatoacuterio em face do realizador do rodeio em que participava e o muniacutecipio referido por lesotildees fiacutesicas sofridas em decorrecircncia do ldquocoicerdquo de um cavalo no momento em que se dirigia ao banheiro do Parque Alegou a omissatildeo do municiacutepio na fiscalizaccedilatildeo uma vez que a aacuterea cedida era de sua propriedade Apoacutes improcedecircncia da sentenccedila que reconheceu a ilegitimidade no poacutelo passivo da cidade e a natildeo configuraccedilatildeo do dever de indenizar frente aos organizadores os autos foram

55 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm

3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

56 MIGUEL Alexandre A responsabilidade civil no Novo Coacutedigo algumas consideraccedilotildees Revista dos Tribunais v 809 p 11-27 mar 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

57 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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remetidos ao Tribunal de Justiccedila Este por sua vez manteve o entendimento ao afirmar que inexistia qualquer dever de fiscalizaccedilatildeo por parte da Administraccedilatildeo Puacuteblica sendo categoacuterico ao afirmar que a viacutetima incorreu exclusivamente para o resultado uma vez que os animais estavam amarrados e em aacuterea dedicada exclusivamente para tal Para aleacutem disto por lidar com animais do gecircnero do causador deveria ter o conhecimento de que natildeo se pode passar por detraacutes de ldquocavalo cuiudordquo leia-se natildeo castrado58

Sobre o acontecimento adequado mencionar as proacuteprias palavras do proacuteprio Relator

O autor a toda evidecircncia eacute um sujeito afeito agraves lides campeiras com o que eacute perfeitamente possiacutevel considerar que agiu sem as cautelas necessaacuterias independente de estar embriagado ou natildeo Considero dessa forma que o acidente se deu exclusivamente em razatildeo de sua conduta59

Em contrapartida eacute o acontecido em um Parque de Exposiccedilotildees popularmente conhecido no estado localidade de Esteio Neste caso o demandante da accedilatildeo teve prejuiacutezos materiais em decorrecircncia de colisatildeo entre seu veiacuteculo e um cavalo da Brigada Militar que auxiliava no policiamento do local Em que pese tenha sido reconhecido o dever de ressarcimento na via administrativa as partes natildeo concordaram com o ldquoquantumrdquo o que deu ensejo ao pleito judicial

Figuraram como reacuteus tanto a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul quanto o Sargento Newton que manejava o animal no momento do ocorrido Em contestaccedilatildeo foi alegada a falta de culpa por parte do condutor do cavalo que disse se tratar de caso isolado tendo em vista que agentes e animais recebem treinamentos intriacutensecos agrave atividade De outro modo a Brigada Militar alegou o caso fortuito por ter sido o movimento repentino do equino que deu causa ao evento danoso porque este teria se assustado com brinquedos de luzes que ali estavam

A sentenccedila proferida foi no sentido de condenar exclusivamente a Brigada Militar pelos prejuiacutezos causados e apoacutes subiram os autos por recurso interposo pela parte autora

O acoacuterdatildeo proferido seguiu o entendimento que fora adotado em 1deg instacircncia alterando apenas o valor devido a tiacutetulo indenizatoacuterio A fim de evidenciar a narrativa

Ainda que se discorde da ldquocausa fortuitardquo suscitada na conclusatildeo do referido Inqueacuterito Teacutecnico a realizaccedilatildeo de patrulhamento com animais dotados de impulsos proacuteprios e instintivos enseja a assunccedilatildeo dos riscos decorrentes de eventuais danos causados a terceiros tal como ocorreu no caso dos autos Assim ainda que o equino tenha empreendido manobra inesperada eacute induvidoso que o local onde ocorreram os fatos (Expointer 2011) eacute de intenso fluxo de pessoas e veiacuteculos razatildeo pela qual maiores cuidados o ente puacuteblico deveria ter em relaccedilatildeo aos animais utilizados para o patrulhamento Em tais condiccedilotildees o ato comissivo e mesmo involuntaacuterio praticado por semovente pertencente ao acervo estatal causador de dano ao patrimocircnio particular enseja a devida indenizaccedilatildeo60

Por fim assimilaccedilatildeo homoacuteloga possui o Tribunal de Justiccedila do estado de Satildeo

58 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho

Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnumero_processo= 70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

59 Ibid 60 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de

Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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Paulo nos casos relativos ao tema em discussatildeo A decisatildeo objeto de anaacutelise trata de pedido de danos materiais oriundos da invasatildeo de animal que teria ldquopisoteadordquo a propriedade da parte autora onde cultivava sua plantaccedilatildeo de milho Entretanto em primeira instacircncia se limitou a requerer produccedilatildeo de prova oral unicamente sem pugnar fosse feita periacutecia no local e desta forma sem comprovar a extensatildeo do dano

Jaacute a defesa por sua vez requereu a improcedecircncia da demanda haja vista a cerca da propriedade estar danificada em alguns pontos atribuindo culpa a parte autora

Sobreveio sentenccedila que indeferiu o pedido formulado Apoacutes recurso interposto o Tribunal de Justiccedila decidiu por mantecirc-la uma vez que a extensatildeo do dano De forma precisa Relator do caso

Examinados os autos natildeo se verifica qualquer comprovaccedilatildeo de que os autores tenham dado causa agrave invasatildeo do gado em sua propriedade ou de que tenha existido forccedila maior a levar o gado para dentro da sua colheita Haacute menccedilotildees apenas geneacutericas e vagas a respeito de um eventual susto que o gado tenha sofrido ou do estado de conservaccedilatildeo da cerca divisoacuteria Contudo aos autores cabia ainda assim e nos termos do artigo 373 inciso I do Coacutedigo de Processo Civil comprovar a alegaccedilatildeo na qual assentaram o pedido indenizatoacuterio isto eacute que em razatildeo da invasatildeo dos bovinos fora destruiacuteda toda a sua plantaccedilatildeo de milho61

O que se pode depreender do feito eacute a pungente necessidade de comprovaccedilatildeo dos pressupostos gerais da responsabilidade civil porque recai sobre o requerente o ocircnus da prova destes elementos Por falta da comprovaccedilatildeo do dano o pedido formulado fora desacolhido antes mesmo da anaacutelise se houve a quebra do nexo causal suscitada62

61 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em

httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30194C3890cjs Acesso em 20 out 2019

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5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS

Eacute sabido ateacute aqui que a responsabilidade civil assume importantes funccedilotildees

na sociedade contemporacircnea tais como a prevenccedilatildeo dos comportamentos civilmente indenizaacuteveis reestabelecimento da ordem entre as pessoas reparaccedilatildeo ao ldquostatus quordquo ou seja situaccedilatildeo em que se encontrava a pessoa ou objeto lesado anteriormente agrave ocorrecircncia do evento danoso etc63 Aleacutem disso o fato passiacutevel de indenizaccedilatildeo pode suceder tanto de inobservaccedilotildees e demais situaccedilotildees envolvendo contratos estabelecidos entre as partes quanto extracontratuais provenientes do ato iliacutecito acima explanado64

Dito isso uma vez que eacute mister a atribuiccedilatildeo da responsabilidade pelos danos materiais ao proprietaacuterio ou detentor do animal quando da ocorrecircncia do fato lesivo um dos maiores desafios relativos ao tema em questatildeo eacute a quantificaccedilatildeo da indenizaccedilatildeo e os criteacuterios que devem ser utilizados para a atribuir o valor referente ao dano moral haja vista as criacuteticas recorrentes sobre a definiccedilatildeo nebulosa a ldquoinduacutestria do dano moralrdquo decorrente de tal situaccedilatildeo65

Acerca do tema Caio Rogeacuterio da Costa Brandatildeo

Infelizmente diante da inexistecircncia de elementos objetivos para se chegar agrave quantificaccedilatildeo do dano moral deparamo-nos agraves vezes com julgadores que na inexistecircncia destes decidem de forma incriteriosa fixando condenaccedilotildees em valores exagerados e totalmente inadequados []66

Sobre esta quantificaccedilatildeo Seacutergio Cavalieri Filho aduz

Creio tambeacutem que este eacute outro ponto onde o princiacutepio da loacutegica do razoaacutevel deve ser a buacutessola norteadora do julgador Razoaacutevel eacute aquilo que eacute sensato comedido moderado que guarda certa proporcionalidade A razoabilidade eacute o criteacuterio que permite cotejar meios e fins causas e consequecircncias de modo a aferir a loacutegica da decisatildeo [] importa dizer que o juiz ao valorar o dano moral deve arbitrar uma quantia que de acordo com seu prudente arbiacutetrio seja compatiacutevel com a reprovabilidade da conduta iliacutecita a intensidade e duraccedilatildeo do sofrimento experimentado pela viacutetima a capacidade econocircmica do causador do dano as condiccedilotildees sociais do ofendido e outras circunstancias mais que se fizerem presentes67

Por sua vez o artigo 944 do Coacutedigo Civil eacute preciso ao afirmar que a

63 SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v

1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

64 MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNMULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017 Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019

65 BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019 66 Ibid 67 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 p 98 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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Gen 2018 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
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e intrincado pressuposto de precisar20 que se denota pelo liame existente entre a accedilatildeo ou omissatildeo e o resultado do evento danoso Para o doutrinador Paulo Nader eacute a relaccedilatildeo de causa e efeito entre a conduta e o dano causado a outremrdquo21

Haacute de se esclarecer que o Brasil que por muito tempo o Brasil adotou exclusivamente a ldquoTeoria da Causalidade Imediatardquo considerando a causa do evento danoso unicamente o fato incontinenti derivado22 Isto porque eacute a literalidade do artigo 403 do Coacutedigo Civil em que satildeo incluiacutedos quando da configuraccedilatildeo da responsabilidade somente os prejuiacutezos abarcados por esta relaccedilatildeo direta de causa e efeito natildeo se podendo haver chancela judicial no sentido de indenizar prejuiacutezos extriacutensecos que natildeo sejam resultado da conduta do agente causador23

Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade probatoacuteria de algumas situaccedilotildees o que agrave frente seraacute melhor explanado Portanto eacute possiacutevel utilizar-se desta adequaccedilatildeo quando for possiacutevel inferir que ainda que o dano natildeo tenha decorrido do fato imediatamente anterior provavelmente se deu em razatildeo de outro comportamento e neste caso haveraacute a responsabilizaccedilatildeo deste(s) agente(s)24

Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger

Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneira natildeo irrelevante elevar genericamente a possibilidade objetiva de um resultado da espeacutecierdquo25

Por fim o dano experimentado pela viacutetima traduz a ideia de ldquoprejuiacutezordquo do que

derivam inuacutemeras formas e nas mais diversas searas De certo modo demonstra o caraacuteter de transitoriedade atrelado agrave responsabilidade civil que visa acompanhar as mudanccedilas sociais26 Como bem exemplifica Seacutergio Cavalieri Filho 20 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

21 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2019 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

22 NORONHA Fernando O nexo de causalidade na responsabilidade civil Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 92 n 816 p 733ndash752 out 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

23 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

24 RODRIGUES JUNIOR Otavio Luiz Nexo Causal probaliacutestico elementos para a criacutetica de um conceito Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 8 p 115-137 set 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

25 REINIG Guilherme Henrique Lima A teoria da causalidade adequada no direito civil alematildeo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 18 p 215 ndash 248 janmar 2019 apud TRAEGER Ludwig Der Kausalbegriff Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

26 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

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[] dano de morte dano sexual dano hedoniacutestico dano pelo custo do filho indesejado dano de feacuterias arruinadas dano de mobbing dano por brincadeiras crueacuteis dano por rompimento de noivado dano por descumprimento de deveres conjugais dano por abandono afetivo de filho menor e assim por diante27

Os requerimentos passiacuteveis de serem formulados se desdobram conforme os reflexos factiacuteveis tenham sido causados ao padecedor o que pode acontecer tanto na esfera patrimonial quanto extrapatrimonial28 Destaca- se que estes podem ser cumulados e desta segunda forma provem o dano moral adotado por vezes de forma descriteriosa nas decisotildees proferidas29

Com relaccedilatildeo ao fato praticado por terceiro especificado os praticados por animais em eventos apoacutes apreciados sumariamente os requisitos gerais da responsabilidade civil se verifica uma circunstacircncia peculiarizada capaz de produzir males individuais e coletivos porque presente o fato (ainda que de terceiro) nexo causal e resultado danoso Porquanto merece previsatildeo legislativa neste sentido que foi consagrada no artigo 936 do Coacutedigo Civil Brasileiro impondo a obrigaccedilatildeo de ressarcimento pelos que ao tempo do fato detinham o dever de vigilacircncia sobre o animal30

No que tange ao tema proposto muito se discute sobre as espeacutecies de responsabilidade civil que aleacutem da composiccedilatildeo geneacuterica apresentada satildeo diferidas pela presenccedila um de outro componente muito significativo a culpa

Conforme dito alhures o conceito de culpa ldquolatto sensurdquo sentido amplo que alcanccedila tambeacutem o dolo eacute adotada como como regra geral pela legislaccedilatildeo civilista porque previsto pelo jaacute mencionado artigo 186 do Coacutedigo Civil em conjunto com o caput artigo 927 do mesmo Coacutedigo emanado principalmente do Direito Francecircs31 atraveacutes do ldquoCode Napoleoacutenrdquo atribuindo o dever de reparaccedilatildeo a quem tenha agido com culpa em seu artigo 1382 agrave eacutepoca32

A adoccedilatildeo deste elemento significou um marco na histoacuteria humana porque de certa forma traduz sensatez contrapondo veemente o que era aplicado ateacute entatildeo por algumas sociedades a tiacutetulo exemplificativo a Lei das XXII Taacutebuas e Lei de Taliatildeo33Aleacutem disso doutrinadores como Luciana Tramontin Bonho Francisco Toniolo de Carvalho Marjorie Almeida Araujo e Elton Bonfada definem o marco histoacuterico dessa adesatildeo com a tomada de controle por parte do Estado que preocupando-se com viacutetima retirou a puniccedilatildeo da esfera privada34

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

27 Ibid p 102 28 RIZZARDO Arnaldo Responsabilidade civil 7 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 29 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

30 GAGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019 31 Ibid 32 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

33 GAGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019

34 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018

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Noutra senda a teoria da responsabilidade objetiva ganhou expressividade ironicamente de igual forma pelo Direito Francecircs com os estudos de Salleiles e Josseran no ano de 1987 Difundiam estes a obrigatoriedade de reparaccedilatildeo independentemente da configuraccedilatildeo da culpa do agente bastando a ocorrecircncia do fato ou do risco que tenha sido criado35

Mais tarde tal percepccedilatildeo passou a ser acolhida por diversos ordenamentos juriacutedicos porque a concepccedilatildeo uacutenica da culpa como elemento basilar natildeo mais atendia todas as demandas da sociedade com destaque especial a exposiccedilatildeo da sociedade agrave novos riscos com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial e suas implicaccedilotildees36

No Brasil as legislaccedilotildees passaram a excetuar atraveacutes de leis especiais alguns casos em que a culpa era dispensaacutevel como o Decreto 26811912 disciplinador da Responsabilidade das Estradas de Ferro Lei 75651986 do Coacutedigo Civil Brasileiro da Aeronaacuteutica dentre outras previsotildees37

A grande revoluccedilatildeo na responsabilidade civil brasileira para estudiosos como Seacutergio Cavalieri Filho sucedeu com a Constituiccedilatildeo de 1988 porque presente em seu artigo 37 sect6deg a responsabilizaccedilatildeo objetiva do Estado e seus prestadores de serviccedilo que ateacute entatildeo estavam ligados com a comprovaccedilatildeo de culpa necessaacuteria atraveacutes do artigo 159 do Coacutedigo Civil agrave eacutepoca Isso significa dizer que as formas de serviccedilo puacuteblico tais como luz e transporte passaram a ser interpretadas conforme a nova Carta Magna bastando a ocorrecircncia do fato para tipificar o dever do Estado de ressarcimento Cabe mencionar que tambeacutem nesta oportunidade o dano moral fora positivado38

Prosseguiram as alteraccedilotildees e em 1990 a sanccedilatildeo no Coacutedigo de Defesa do Consumidor trouxe agrave baila outra previsotildees estritamente objetivas presente nos artigos 12 e 14 versando sobre a responsabilidade pelo fato do produto e do serviccedilo39

Em relaccedilatildeo ao Coacutedigo Civil pregresso a originalidade de 2002 estaacute no acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 que apoacutes a regra geral exposta no ldquocaputrdquo prevecirc em seu paraacutegrafo uacutenico a chamada teoria do risco Dessa forma satildeo excetuados da necessidade de comprovaccedilatildeo de culpa os casos definidos por lei ou decorrentes de atividades que criem uma ameaccedila de dano

No contexto atual levando-se em conta o desenvolvimento tecnoloacutegico se verifica que essas espeacutecies de atividades foram multiplicadas e por envolverem operaccedilotildees de maior complexidade trariam dificuldades de comprovaccedilatildeo deste elemento aos lesados uma vez responsaacuteveis pelo ocircnus da prova40

35 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil

Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

36 Ibid 37 MARCHI Cristiane de A culpa e o surgimento da responsabilidade objetiva evoluccedilatildeo

histoacuterica noccedilotildees gerais e hipoacuteteses previstas no Coacutedigo Civil Revista dos Tribunais v 964

p 215-241 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

38 CAVALIERI FILHO Seacutergio Responsabilidade Civil no Novo Coacutedigo Revista de Direito do Consumidor v 48 p 69-84 outdez 2003 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

39 AMORIM Bruno de Almeida Lewer O fenocircmeno de objetivizaccedilatildeo da responsabilidade civil crise econocircmica e soluccedilotildees juriacutedicas Revista dos Tribunais Satildeo Paulo n 77 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

40 ALONSO Paulo Sergio Gomes Responsabilidade civil por fato de terceiro Revista de Direito

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Na doutrina satildeo inuacutemeros os desdobramentos desta teoria em modalidades como como o risco-proveito risco-administrativo risco-criado e por fim risco- integral41 caracterizados conforme a atividade sob anaacutelise

Com isso o legislador eacute concomitante ao afirmar que se mantecircm as previsotildees constantes de lei especial tais como o Coacutedigo de Defesa do Consumidor responsabilidade inerente ao transportador dentre outras previsotildees e que a incidecircncia da responsabilidade objetiva se estende aos casos amparados pela jurisprudecircncia desde que envolva situaccedilatildeo de risco majorado42

Como ensina Maria Celina Bodin de Moraes

De fato a evoluccedilatildeo econocircmica e social tornara claro que a tradicional responsabilidade subjetiva era insuficiente qualitativa e quantitativamente para tutelar diversas espeacutecies de relaccedilotildees juriacutedicas proacuteprias da sociedade industrializada Na nova realidade social a reparaccedilatildeo da viacutetima natildeo poderia depender da prova impossiacutevel que identificasse quem de fato agiu de forma negligente para estabelecer a reparaccedilatildeo de danos injustamente sofridos43

Decursivo desta ideia eacute a responsabilizaccedilatildeo objetiva que foi a escolha do legislador para com o detentor do animal quando fato lesivo for causado por este porque especificado em lei Mais precisamente eacute teor do artigo 936 do Coacutedigo Civil Art 936 O dono ou detentor do animal ressarciraacute o dano por este causado se natildeo

provar culpa da viacutetima ou forccedila maior44

Em linhas gerais o nosso ordenamento natildeo atribui a responsabilidade uacutenica e exclusivamente ao dono do animal mas agravequele que possuiacutea o poder de comando ou o poder intelectual de domiacutenio quando da adversidade A culpa ou dolo portanto satildeo elementos desnecessaacuterios bastando que a situaccedilatildeo de risco tenha sido proposta e claro o resultado tenha sido lesivo agrave outrem45

Nesta perspectiva eacute o exemplo de Pablo Stolze Gagliano

Assim se a minha bomba drsquoaacutegua mal conservada explode e lesiona um transeunte a obrigaccedilatildeo de indenizar seraacute imposta a mim proprietaacuterio e guardiatildeo da coisa que estava sob a minha custoacutedia e direccedilatildeo Diferentemente se eu contrato um amestrador de catildees confiando-lhe a guarda do meu buldogue e este durante uma sessatildeo de treinamento desprende-se da coleira e causa dano a terceiro obviamente que pela reparaccedilatildeo do dano responderaacute apenas o expert pois no momento do desenlace fatiacutedico detinha o poder de comando do animal que estava sob a sua autoridade Raciociacutenio contraacuterio aliaacutes esbarraria na proacutepria noccedilatildeo de nexo de causalidade uma vez que no caso o dano natildeo poderia ser

Privado v 64 p 161-176 outdez 2015 41 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo Paulo Editora

Meacutetodo 2018 42 BERALDO Leonardo de Faria Responsabilidade civil no Paraacutegrafo uacutenico do Art 927 do

coacutedigo civil e alguns apontamentos do direito comparado Novos Estudos Juriacutedicos [Sl] v 9 n 2 p 317-340 out 2008

43 MORAES Maria Celina Bodin de Risco Solidariedade e Responsabilidade Objetiva Revista dos Tribunais v 854 p 18 dez 2006 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

44 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 2002

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20 out 2019 45 AGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019p 239 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788553172795recent Acesso 13 nov 2019

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atribuiacutedo ao proprietaacuterio do catildeo que o havia confiado a um perito O comportamento deste uacuteltimo foi causa direta e imediata do resultado lesivo46

Sequente tambeacutem ao que eacute expresso no paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 satildeo as causas excludentes da responsabilidade objetiva assim consideradas porque rompem o nexo causal entre conduta e resultado alcanccedilado Exprimem uma ideia de imprescindibilidade e imprevisibilidade do agente Assim sendo as possibilidades de escusar-se seriam a culpa da viacutetima e forccedila maior47

Na hipoacutetese de culpa da viacutetima ambas as condutas tanto do causador quanto do lesado devem ser analisadas conjuntamente a fim de mensurar qual a contribuiccedilatildeo da viacutetima para que o resultado fosse produzido Destarte trecircs podem ser as conclusotildees do julgador que a viacutetima nada contribuiu para o resultado que contribuiu de forma parcial ou que incorreu de forma exclusiva para causar o dano Consoante a esta conclusatildeo pode haver abatimento no valor indenizatoacuterio ou ateacute mesmo a isenccedilatildeo do lesante uma vez que vencido o nexo causal48

Nesta linha eacute preciso o artigo 945 do Coacutedigo Civil vigente ao instituir que no momento da fixaccedilatildeo do valor devido quando da concorrecircncia da viacutetima para o resultado seraacute levada em conta a gravidade e a dimensatildeo desta contribuiccedilatildeo em cotejo com o autor do ano49

Outrossim haacute casos em que a lei denega expressamente a possibilidade de compensaccedilatildeo indenizatoacuteria Ainda que o lesado possua parcela de culpa a miacutenima participaccedilatildeo do agente garantiraacute o valor integral como eacute o caso do Decreto nordm 26811912 que dispotildee sobre a responsabilidade das estradas de ferro50

Sob outra perspectiva eacute o caso de incidecircncia de forccedila maior Inicialmente agrave sua anaacutelise cabe frisar que haacute contiacutenua discussatildeo doutrinaacuteria sobre a similitude entre caso fortuito e forccedila maior uma vez que o artigo 393 do Coacutedigo Civil natildeo estabelece qualquer distinccedilatildeo entre estes51

Seria o caso fortuito originado do latim fortuitus e exprimindo uma ideia de azar a ocorrecircncia de acontecimentos extraordinaacuterios e alheios agrave vontade das partes envolvidas poreacutem decorrentes de accedilatildeo humana como guerras eventuais paralisaccedilotildees e assim por diante52

Jaacute a forccedila maior seria uma sucessatildeo de fatos naturais como terremotos erupccedilatildeo de vulcatildeo inundaccedilotildees etc Igualmente sem qualquer contribuiccedilatildeo efetiva das partes para o feito que eacute proveniente de forccedilas da natureza53

De qualquer sorte ambos os institutos satildeo marcados pela imprevisibilidade e superveniecircncia Aleacutem disso fora do controle humano e por fim evocando a loacutegica

46 Ibid 47 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

48 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018

49 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no

10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Portal da Legislaccedilatildeo Brasiacutelia jan

2002 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20

out 2019 50 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent

Acesso em 13 nov 2019 51 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019 52 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018 53 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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da responsabilidade objetiva a falta de culpa do agente sendo supressivos a culpa e a forccedila maior Quando a incidecircncia de um haacute por conseguinte a ausecircncia de outro54

54 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA

Permeando o que foi dito ateacute entatildeo a responsabilidade civil decorrente de fato de animal sofreu notaacuteveis transformaccedilotildees em seu tratamento legal superando a ideia de culpa presumida conhecida no Coacutedigo Civil de 1916 um esboccedilo do tratamento puramente objetivo para os casos que satildeo especificados em lei que possui nos dias de hoje

No antigo dispositivo o tema era abordado pelo artigo 1527 que aleacutem das hipoacuteteses recepcionadas em 2002 contava com adicional previsatildeo55

Se pode inferir atraveacutes do inciso I que a presunccedilatildeo de culpa era ldquojuris tantumrdquo admitindo prova em contraacuterio no sentido de que o cuidado e diligecircncia necessaacuterios para com o animal foram observados pleiteando para que natildeo incorresse o agente no dever de indenizar Isso ocorreria portanto se ficasse comprovado o afastamento da culpa presumida56

De maneira a ilustrar essa possibilidade anteriormente prevista entendimento pelo Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande do Sul ano de 1997

Ementa RESPONSABILIDADE CIVIL FATO DE ANIMAL DANOS ESTETICOS E MORAL O DONO DO ANIMAL E RESPONSAVEL POR SUA GUARDA E SEGURANCA DAI QUE RESPONDERA POR DANOS POR ESSE OCASIONADOS SENDO A TEOR DO ART-1527 DO CODIGO CIVIL PRESUMIDA SUA CULPA E CONSEQUENTE RESPONSABILIDADE PRESUNCAO QUE LHE INCUMBE AFASTAR MEDIANTE PROVA IDONEA EM SENDO DISCUTIDA EM DEMANDA JUDICIAL PROVANDO CAUSA ELIDENTE DE RESPONSABILIDADE OU SEJA QUE MANTINHA O ANIMAL EM LUGAR ADEQUADO E SEGURO57

Cabe aqui reforccedilar que a culpa presumida natildeo eacute mais aceita em nosso ordenamento no que compete ao fato praticado por animais Hodiernamente se aceita

unicamente a incidecircncia das jaacute mencionadas culpa exclusiva da viacutetima caso fortuito e forccedila maior

Eacute a aplicaccedilatildeo de uma dessas formas que passamos a analisar atraveacutes de demanda ajuizada por fato ocorrido no municiacutepio de Augusto Pestana interior do estado do Rio Grande do Sul O demandante acionou a justiccedila com pleito indenizatoacuterio em face do realizador do rodeio em que participava e o muniacutecipio referido por lesotildees fiacutesicas sofridas em decorrecircncia do ldquocoicerdquo de um cavalo no momento em que se dirigia ao banheiro do Parque Alegou a omissatildeo do municiacutepio na fiscalizaccedilatildeo uma vez que a aacuterea cedida era de sua propriedade Apoacutes improcedecircncia da sentenccedila que reconheceu a ilegitimidade no poacutelo passivo da cidade e a natildeo configuraccedilatildeo do dever de indenizar frente aos organizadores os autos foram

55 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm

3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

56 MIGUEL Alexandre A responsabilidade civil no Novo Coacutedigo algumas consideraccedilotildees Revista dos Tribunais v 809 p 11-27 mar 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

57 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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remetidos ao Tribunal de Justiccedila Este por sua vez manteve o entendimento ao afirmar que inexistia qualquer dever de fiscalizaccedilatildeo por parte da Administraccedilatildeo Puacuteblica sendo categoacuterico ao afirmar que a viacutetima incorreu exclusivamente para o resultado uma vez que os animais estavam amarrados e em aacuterea dedicada exclusivamente para tal Para aleacutem disto por lidar com animais do gecircnero do causador deveria ter o conhecimento de que natildeo se pode passar por detraacutes de ldquocavalo cuiudordquo leia-se natildeo castrado58

Sobre o acontecimento adequado mencionar as proacuteprias palavras do proacuteprio Relator

O autor a toda evidecircncia eacute um sujeito afeito agraves lides campeiras com o que eacute perfeitamente possiacutevel considerar que agiu sem as cautelas necessaacuterias independente de estar embriagado ou natildeo Considero dessa forma que o acidente se deu exclusivamente em razatildeo de sua conduta59

Em contrapartida eacute o acontecido em um Parque de Exposiccedilotildees popularmente conhecido no estado localidade de Esteio Neste caso o demandante da accedilatildeo teve prejuiacutezos materiais em decorrecircncia de colisatildeo entre seu veiacuteculo e um cavalo da Brigada Militar que auxiliava no policiamento do local Em que pese tenha sido reconhecido o dever de ressarcimento na via administrativa as partes natildeo concordaram com o ldquoquantumrdquo o que deu ensejo ao pleito judicial

Figuraram como reacuteus tanto a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul quanto o Sargento Newton que manejava o animal no momento do ocorrido Em contestaccedilatildeo foi alegada a falta de culpa por parte do condutor do cavalo que disse se tratar de caso isolado tendo em vista que agentes e animais recebem treinamentos intriacutensecos agrave atividade De outro modo a Brigada Militar alegou o caso fortuito por ter sido o movimento repentino do equino que deu causa ao evento danoso porque este teria se assustado com brinquedos de luzes que ali estavam

A sentenccedila proferida foi no sentido de condenar exclusivamente a Brigada Militar pelos prejuiacutezos causados e apoacutes subiram os autos por recurso interposo pela parte autora

O acoacuterdatildeo proferido seguiu o entendimento que fora adotado em 1deg instacircncia alterando apenas o valor devido a tiacutetulo indenizatoacuterio A fim de evidenciar a narrativa

Ainda que se discorde da ldquocausa fortuitardquo suscitada na conclusatildeo do referido Inqueacuterito Teacutecnico a realizaccedilatildeo de patrulhamento com animais dotados de impulsos proacuteprios e instintivos enseja a assunccedilatildeo dos riscos decorrentes de eventuais danos causados a terceiros tal como ocorreu no caso dos autos Assim ainda que o equino tenha empreendido manobra inesperada eacute induvidoso que o local onde ocorreram os fatos (Expointer 2011) eacute de intenso fluxo de pessoas e veiacuteculos razatildeo pela qual maiores cuidados o ente puacuteblico deveria ter em relaccedilatildeo aos animais utilizados para o patrulhamento Em tais condiccedilotildees o ato comissivo e mesmo involuntaacuterio praticado por semovente pertencente ao acervo estatal causador de dano ao patrimocircnio particular enseja a devida indenizaccedilatildeo60

Por fim assimilaccedilatildeo homoacuteloga possui o Tribunal de Justiccedila do estado de Satildeo

58 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho

Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnumero_processo= 70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

59 Ibid 60 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de

Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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Paulo nos casos relativos ao tema em discussatildeo A decisatildeo objeto de anaacutelise trata de pedido de danos materiais oriundos da invasatildeo de animal que teria ldquopisoteadordquo a propriedade da parte autora onde cultivava sua plantaccedilatildeo de milho Entretanto em primeira instacircncia se limitou a requerer produccedilatildeo de prova oral unicamente sem pugnar fosse feita periacutecia no local e desta forma sem comprovar a extensatildeo do dano

Jaacute a defesa por sua vez requereu a improcedecircncia da demanda haja vista a cerca da propriedade estar danificada em alguns pontos atribuindo culpa a parte autora

Sobreveio sentenccedila que indeferiu o pedido formulado Apoacutes recurso interposto o Tribunal de Justiccedila decidiu por mantecirc-la uma vez que a extensatildeo do dano De forma precisa Relator do caso

Examinados os autos natildeo se verifica qualquer comprovaccedilatildeo de que os autores tenham dado causa agrave invasatildeo do gado em sua propriedade ou de que tenha existido forccedila maior a levar o gado para dentro da sua colheita Haacute menccedilotildees apenas geneacutericas e vagas a respeito de um eventual susto que o gado tenha sofrido ou do estado de conservaccedilatildeo da cerca divisoacuteria Contudo aos autores cabia ainda assim e nos termos do artigo 373 inciso I do Coacutedigo de Processo Civil comprovar a alegaccedilatildeo na qual assentaram o pedido indenizatoacuterio isto eacute que em razatildeo da invasatildeo dos bovinos fora destruiacuteda toda a sua plantaccedilatildeo de milho61

O que se pode depreender do feito eacute a pungente necessidade de comprovaccedilatildeo dos pressupostos gerais da responsabilidade civil porque recai sobre o requerente o ocircnus da prova destes elementos Por falta da comprovaccedilatildeo do dano o pedido formulado fora desacolhido antes mesmo da anaacutelise se houve a quebra do nexo causal suscitada62

61 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em

httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30194C3890cjs Acesso em 20 out 2019

62 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm 3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

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5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS

Eacute sabido ateacute aqui que a responsabilidade civil assume importantes funccedilotildees

na sociedade contemporacircnea tais como a prevenccedilatildeo dos comportamentos civilmente indenizaacuteveis reestabelecimento da ordem entre as pessoas reparaccedilatildeo ao ldquostatus quordquo ou seja situaccedilatildeo em que se encontrava a pessoa ou objeto lesado anteriormente agrave ocorrecircncia do evento danoso etc63 Aleacutem disso o fato passiacutevel de indenizaccedilatildeo pode suceder tanto de inobservaccedilotildees e demais situaccedilotildees envolvendo contratos estabelecidos entre as partes quanto extracontratuais provenientes do ato iliacutecito acima explanado64

Dito isso uma vez que eacute mister a atribuiccedilatildeo da responsabilidade pelos danos materiais ao proprietaacuterio ou detentor do animal quando da ocorrecircncia do fato lesivo um dos maiores desafios relativos ao tema em questatildeo eacute a quantificaccedilatildeo da indenizaccedilatildeo e os criteacuterios que devem ser utilizados para a atribuir o valor referente ao dano moral haja vista as criacuteticas recorrentes sobre a definiccedilatildeo nebulosa a ldquoinduacutestria do dano moralrdquo decorrente de tal situaccedilatildeo65

Acerca do tema Caio Rogeacuterio da Costa Brandatildeo

Infelizmente diante da inexistecircncia de elementos objetivos para se chegar agrave quantificaccedilatildeo do dano moral deparamo-nos agraves vezes com julgadores que na inexistecircncia destes decidem de forma incriteriosa fixando condenaccedilotildees em valores exagerados e totalmente inadequados []66

Sobre esta quantificaccedilatildeo Seacutergio Cavalieri Filho aduz

Creio tambeacutem que este eacute outro ponto onde o princiacutepio da loacutegica do razoaacutevel deve ser a buacutessola norteadora do julgador Razoaacutevel eacute aquilo que eacute sensato comedido moderado que guarda certa proporcionalidade A razoabilidade eacute o criteacuterio que permite cotejar meios e fins causas e consequecircncias de modo a aferir a loacutegica da decisatildeo [] importa dizer que o juiz ao valorar o dano moral deve arbitrar uma quantia que de acordo com seu prudente arbiacutetrio seja compatiacutevel com a reprovabilidade da conduta iliacutecita a intensidade e duraccedilatildeo do sofrimento experimentado pela viacutetima a capacidade econocircmica do causador do dano as condiccedilotildees sociais do ofendido e outras circunstancias mais que se fizerem presentes67

Por sua vez o artigo 944 do Coacutedigo Civil eacute preciso ao afirmar que a

63 SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v

1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

64 MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNMULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017 Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019

65 BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019 66 Ibid 67 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 p 98 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo

Gen 2018 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
Page 8: RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS ... · RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath1

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[] dano de morte dano sexual dano hedoniacutestico dano pelo custo do filho indesejado dano de feacuterias arruinadas dano de mobbing dano por brincadeiras crueacuteis dano por rompimento de noivado dano por descumprimento de deveres conjugais dano por abandono afetivo de filho menor e assim por diante27

Os requerimentos passiacuteveis de serem formulados se desdobram conforme os reflexos factiacuteveis tenham sido causados ao padecedor o que pode acontecer tanto na esfera patrimonial quanto extrapatrimonial28 Destaca- se que estes podem ser cumulados e desta segunda forma provem o dano moral adotado por vezes de forma descriteriosa nas decisotildees proferidas29

Com relaccedilatildeo ao fato praticado por terceiro especificado os praticados por animais em eventos apoacutes apreciados sumariamente os requisitos gerais da responsabilidade civil se verifica uma circunstacircncia peculiarizada capaz de produzir males individuais e coletivos porque presente o fato (ainda que de terceiro) nexo causal e resultado danoso Porquanto merece previsatildeo legislativa neste sentido que foi consagrada no artigo 936 do Coacutedigo Civil Brasileiro impondo a obrigaccedilatildeo de ressarcimento pelos que ao tempo do fato detinham o dever de vigilacircncia sobre o animal30

No que tange ao tema proposto muito se discute sobre as espeacutecies de responsabilidade civil que aleacutem da composiccedilatildeo geneacuterica apresentada satildeo diferidas pela presenccedila um de outro componente muito significativo a culpa

Conforme dito alhures o conceito de culpa ldquolatto sensurdquo sentido amplo que alcanccedila tambeacutem o dolo eacute adotada como como regra geral pela legislaccedilatildeo civilista porque previsto pelo jaacute mencionado artigo 186 do Coacutedigo Civil em conjunto com o caput artigo 927 do mesmo Coacutedigo emanado principalmente do Direito Francecircs31 atraveacutes do ldquoCode Napoleoacutenrdquo atribuindo o dever de reparaccedilatildeo a quem tenha agido com culpa em seu artigo 1382 agrave eacutepoca32

A adoccedilatildeo deste elemento significou um marco na histoacuteria humana porque de certa forma traduz sensatez contrapondo veemente o que era aplicado ateacute entatildeo por algumas sociedades a tiacutetulo exemplificativo a Lei das XXII Taacutebuas e Lei de Taliatildeo33Aleacutem disso doutrinadores como Luciana Tramontin Bonho Francisco Toniolo de Carvalho Marjorie Almeida Araujo e Elton Bonfada definem o marco histoacuterico dessa adesatildeo com a tomada de controle por parte do Estado que preocupando-se com viacutetima retirou a puniccedilatildeo da esfera privada34

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

27 Ibid p 102 28 RIZZARDO Arnaldo Responsabilidade civil 7 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 29 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

30 GAGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019 31 Ibid 32 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

33 GAGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019

34 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018

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Noutra senda a teoria da responsabilidade objetiva ganhou expressividade ironicamente de igual forma pelo Direito Francecircs com os estudos de Salleiles e Josseran no ano de 1987 Difundiam estes a obrigatoriedade de reparaccedilatildeo independentemente da configuraccedilatildeo da culpa do agente bastando a ocorrecircncia do fato ou do risco que tenha sido criado35

Mais tarde tal percepccedilatildeo passou a ser acolhida por diversos ordenamentos juriacutedicos porque a concepccedilatildeo uacutenica da culpa como elemento basilar natildeo mais atendia todas as demandas da sociedade com destaque especial a exposiccedilatildeo da sociedade agrave novos riscos com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial e suas implicaccedilotildees36

No Brasil as legislaccedilotildees passaram a excetuar atraveacutes de leis especiais alguns casos em que a culpa era dispensaacutevel como o Decreto 26811912 disciplinador da Responsabilidade das Estradas de Ferro Lei 75651986 do Coacutedigo Civil Brasileiro da Aeronaacuteutica dentre outras previsotildees37

A grande revoluccedilatildeo na responsabilidade civil brasileira para estudiosos como Seacutergio Cavalieri Filho sucedeu com a Constituiccedilatildeo de 1988 porque presente em seu artigo 37 sect6deg a responsabilizaccedilatildeo objetiva do Estado e seus prestadores de serviccedilo que ateacute entatildeo estavam ligados com a comprovaccedilatildeo de culpa necessaacuteria atraveacutes do artigo 159 do Coacutedigo Civil agrave eacutepoca Isso significa dizer que as formas de serviccedilo puacuteblico tais como luz e transporte passaram a ser interpretadas conforme a nova Carta Magna bastando a ocorrecircncia do fato para tipificar o dever do Estado de ressarcimento Cabe mencionar que tambeacutem nesta oportunidade o dano moral fora positivado38

Prosseguiram as alteraccedilotildees e em 1990 a sanccedilatildeo no Coacutedigo de Defesa do Consumidor trouxe agrave baila outra previsotildees estritamente objetivas presente nos artigos 12 e 14 versando sobre a responsabilidade pelo fato do produto e do serviccedilo39

Em relaccedilatildeo ao Coacutedigo Civil pregresso a originalidade de 2002 estaacute no acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 que apoacutes a regra geral exposta no ldquocaputrdquo prevecirc em seu paraacutegrafo uacutenico a chamada teoria do risco Dessa forma satildeo excetuados da necessidade de comprovaccedilatildeo de culpa os casos definidos por lei ou decorrentes de atividades que criem uma ameaccedila de dano

No contexto atual levando-se em conta o desenvolvimento tecnoloacutegico se verifica que essas espeacutecies de atividades foram multiplicadas e por envolverem operaccedilotildees de maior complexidade trariam dificuldades de comprovaccedilatildeo deste elemento aos lesados uma vez responsaacuteveis pelo ocircnus da prova40

35 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil

Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

36 Ibid 37 MARCHI Cristiane de A culpa e o surgimento da responsabilidade objetiva evoluccedilatildeo

histoacuterica noccedilotildees gerais e hipoacuteteses previstas no Coacutedigo Civil Revista dos Tribunais v 964

p 215-241 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

38 CAVALIERI FILHO Seacutergio Responsabilidade Civil no Novo Coacutedigo Revista de Direito do Consumidor v 48 p 69-84 outdez 2003 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

39 AMORIM Bruno de Almeida Lewer O fenocircmeno de objetivizaccedilatildeo da responsabilidade civil crise econocircmica e soluccedilotildees juriacutedicas Revista dos Tribunais Satildeo Paulo n 77 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

40 ALONSO Paulo Sergio Gomes Responsabilidade civil por fato de terceiro Revista de Direito

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Na doutrina satildeo inuacutemeros os desdobramentos desta teoria em modalidades como como o risco-proveito risco-administrativo risco-criado e por fim risco- integral41 caracterizados conforme a atividade sob anaacutelise

Com isso o legislador eacute concomitante ao afirmar que se mantecircm as previsotildees constantes de lei especial tais como o Coacutedigo de Defesa do Consumidor responsabilidade inerente ao transportador dentre outras previsotildees e que a incidecircncia da responsabilidade objetiva se estende aos casos amparados pela jurisprudecircncia desde que envolva situaccedilatildeo de risco majorado42

Como ensina Maria Celina Bodin de Moraes

De fato a evoluccedilatildeo econocircmica e social tornara claro que a tradicional responsabilidade subjetiva era insuficiente qualitativa e quantitativamente para tutelar diversas espeacutecies de relaccedilotildees juriacutedicas proacuteprias da sociedade industrializada Na nova realidade social a reparaccedilatildeo da viacutetima natildeo poderia depender da prova impossiacutevel que identificasse quem de fato agiu de forma negligente para estabelecer a reparaccedilatildeo de danos injustamente sofridos43

Decursivo desta ideia eacute a responsabilizaccedilatildeo objetiva que foi a escolha do legislador para com o detentor do animal quando fato lesivo for causado por este porque especificado em lei Mais precisamente eacute teor do artigo 936 do Coacutedigo Civil Art 936 O dono ou detentor do animal ressarciraacute o dano por este causado se natildeo

provar culpa da viacutetima ou forccedila maior44

Em linhas gerais o nosso ordenamento natildeo atribui a responsabilidade uacutenica e exclusivamente ao dono do animal mas agravequele que possuiacutea o poder de comando ou o poder intelectual de domiacutenio quando da adversidade A culpa ou dolo portanto satildeo elementos desnecessaacuterios bastando que a situaccedilatildeo de risco tenha sido proposta e claro o resultado tenha sido lesivo agrave outrem45

Nesta perspectiva eacute o exemplo de Pablo Stolze Gagliano

Assim se a minha bomba drsquoaacutegua mal conservada explode e lesiona um transeunte a obrigaccedilatildeo de indenizar seraacute imposta a mim proprietaacuterio e guardiatildeo da coisa que estava sob a minha custoacutedia e direccedilatildeo Diferentemente se eu contrato um amestrador de catildees confiando-lhe a guarda do meu buldogue e este durante uma sessatildeo de treinamento desprende-se da coleira e causa dano a terceiro obviamente que pela reparaccedilatildeo do dano responderaacute apenas o expert pois no momento do desenlace fatiacutedico detinha o poder de comando do animal que estava sob a sua autoridade Raciociacutenio contraacuterio aliaacutes esbarraria na proacutepria noccedilatildeo de nexo de causalidade uma vez que no caso o dano natildeo poderia ser

Privado v 64 p 161-176 outdez 2015 41 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo Paulo Editora

Meacutetodo 2018 42 BERALDO Leonardo de Faria Responsabilidade civil no Paraacutegrafo uacutenico do Art 927 do

coacutedigo civil e alguns apontamentos do direito comparado Novos Estudos Juriacutedicos [Sl] v 9 n 2 p 317-340 out 2008

43 MORAES Maria Celina Bodin de Risco Solidariedade e Responsabilidade Objetiva Revista dos Tribunais v 854 p 18 dez 2006 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

44 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 2002

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20 out 2019 45 AGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019p 239 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788553172795recent Acesso 13 nov 2019

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atribuiacutedo ao proprietaacuterio do catildeo que o havia confiado a um perito O comportamento deste uacuteltimo foi causa direta e imediata do resultado lesivo46

Sequente tambeacutem ao que eacute expresso no paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 satildeo as causas excludentes da responsabilidade objetiva assim consideradas porque rompem o nexo causal entre conduta e resultado alcanccedilado Exprimem uma ideia de imprescindibilidade e imprevisibilidade do agente Assim sendo as possibilidades de escusar-se seriam a culpa da viacutetima e forccedila maior47

Na hipoacutetese de culpa da viacutetima ambas as condutas tanto do causador quanto do lesado devem ser analisadas conjuntamente a fim de mensurar qual a contribuiccedilatildeo da viacutetima para que o resultado fosse produzido Destarte trecircs podem ser as conclusotildees do julgador que a viacutetima nada contribuiu para o resultado que contribuiu de forma parcial ou que incorreu de forma exclusiva para causar o dano Consoante a esta conclusatildeo pode haver abatimento no valor indenizatoacuterio ou ateacute mesmo a isenccedilatildeo do lesante uma vez que vencido o nexo causal48

Nesta linha eacute preciso o artigo 945 do Coacutedigo Civil vigente ao instituir que no momento da fixaccedilatildeo do valor devido quando da concorrecircncia da viacutetima para o resultado seraacute levada em conta a gravidade e a dimensatildeo desta contribuiccedilatildeo em cotejo com o autor do ano49

Outrossim haacute casos em que a lei denega expressamente a possibilidade de compensaccedilatildeo indenizatoacuteria Ainda que o lesado possua parcela de culpa a miacutenima participaccedilatildeo do agente garantiraacute o valor integral como eacute o caso do Decreto nordm 26811912 que dispotildee sobre a responsabilidade das estradas de ferro50

Sob outra perspectiva eacute o caso de incidecircncia de forccedila maior Inicialmente agrave sua anaacutelise cabe frisar que haacute contiacutenua discussatildeo doutrinaacuteria sobre a similitude entre caso fortuito e forccedila maior uma vez que o artigo 393 do Coacutedigo Civil natildeo estabelece qualquer distinccedilatildeo entre estes51

Seria o caso fortuito originado do latim fortuitus e exprimindo uma ideia de azar a ocorrecircncia de acontecimentos extraordinaacuterios e alheios agrave vontade das partes envolvidas poreacutem decorrentes de accedilatildeo humana como guerras eventuais paralisaccedilotildees e assim por diante52

Jaacute a forccedila maior seria uma sucessatildeo de fatos naturais como terremotos erupccedilatildeo de vulcatildeo inundaccedilotildees etc Igualmente sem qualquer contribuiccedilatildeo efetiva das partes para o feito que eacute proveniente de forccedilas da natureza53

De qualquer sorte ambos os institutos satildeo marcados pela imprevisibilidade e superveniecircncia Aleacutem disso fora do controle humano e por fim evocando a loacutegica

46 Ibid 47 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

48 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018

49 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no

10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Portal da Legislaccedilatildeo Brasiacutelia jan

2002 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20

out 2019 50 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent

Acesso em 13 nov 2019 51 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019 52 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018 53 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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da responsabilidade objetiva a falta de culpa do agente sendo supressivos a culpa e a forccedila maior Quando a incidecircncia de um haacute por conseguinte a ausecircncia de outro54

54 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA

Permeando o que foi dito ateacute entatildeo a responsabilidade civil decorrente de fato de animal sofreu notaacuteveis transformaccedilotildees em seu tratamento legal superando a ideia de culpa presumida conhecida no Coacutedigo Civil de 1916 um esboccedilo do tratamento puramente objetivo para os casos que satildeo especificados em lei que possui nos dias de hoje

No antigo dispositivo o tema era abordado pelo artigo 1527 que aleacutem das hipoacuteteses recepcionadas em 2002 contava com adicional previsatildeo55

Se pode inferir atraveacutes do inciso I que a presunccedilatildeo de culpa era ldquojuris tantumrdquo admitindo prova em contraacuterio no sentido de que o cuidado e diligecircncia necessaacuterios para com o animal foram observados pleiteando para que natildeo incorresse o agente no dever de indenizar Isso ocorreria portanto se ficasse comprovado o afastamento da culpa presumida56

De maneira a ilustrar essa possibilidade anteriormente prevista entendimento pelo Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande do Sul ano de 1997

Ementa RESPONSABILIDADE CIVIL FATO DE ANIMAL DANOS ESTETICOS E MORAL O DONO DO ANIMAL E RESPONSAVEL POR SUA GUARDA E SEGURANCA DAI QUE RESPONDERA POR DANOS POR ESSE OCASIONADOS SENDO A TEOR DO ART-1527 DO CODIGO CIVIL PRESUMIDA SUA CULPA E CONSEQUENTE RESPONSABILIDADE PRESUNCAO QUE LHE INCUMBE AFASTAR MEDIANTE PROVA IDONEA EM SENDO DISCUTIDA EM DEMANDA JUDICIAL PROVANDO CAUSA ELIDENTE DE RESPONSABILIDADE OU SEJA QUE MANTINHA O ANIMAL EM LUGAR ADEQUADO E SEGURO57

Cabe aqui reforccedilar que a culpa presumida natildeo eacute mais aceita em nosso ordenamento no que compete ao fato praticado por animais Hodiernamente se aceita

unicamente a incidecircncia das jaacute mencionadas culpa exclusiva da viacutetima caso fortuito e forccedila maior

Eacute a aplicaccedilatildeo de uma dessas formas que passamos a analisar atraveacutes de demanda ajuizada por fato ocorrido no municiacutepio de Augusto Pestana interior do estado do Rio Grande do Sul O demandante acionou a justiccedila com pleito indenizatoacuterio em face do realizador do rodeio em que participava e o muniacutecipio referido por lesotildees fiacutesicas sofridas em decorrecircncia do ldquocoicerdquo de um cavalo no momento em que se dirigia ao banheiro do Parque Alegou a omissatildeo do municiacutepio na fiscalizaccedilatildeo uma vez que a aacuterea cedida era de sua propriedade Apoacutes improcedecircncia da sentenccedila que reconheceu a ilegitimidade no poacutelo passivo da cidade e a natildeo configuraccedilatildeo do dever de indenizar frente aos organizadores os autos foram

55 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm

3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

56 MIGUEL Alexandre A responsabilidade civil no Novo Coacutedigo algumas consideraccedilotildees Revista dos Tribunais v 809 p 11-27 mar 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

57 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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remetidos ao Tribunal de Justiccedila Este por sua vez manteve o entendimento ao afirmar que inexistia qualquer dever de fiscalizaccedilatildeo por parte da Administraccedilatildeo Puacuteblica sendo categoacuterico ao afirmar que a viacutetima incorreu exclusivamente para o resultado uma vez que os animais estavam amarrados e em aacuterea dedicada exclusivamente para tal Para aleacutem disto por lidar com animais do gecircnero do causador deveria ter o conhecimento de que natildeo se pode passar por detraacutes de ldquocavalo cuiudordquo leia-se natildeo castrado58

Sobre o acontecimento adequado mencionar as proacuteprias palavras do proacuteprio Relator

O autor a toda evidecircncia eacute um sujeito afeito agraves lides campeiras com o que eacute perfeitamente possiacutevel considerar que agiu sem as cautelas necessaacuterias independente de estar embriagado ou natildeo Considero dessa forma que o acidente se deu exclusivamente em razatildeo de sua conduta59

Em contrapartida eacute o acontecido em um Parque de Exposiccedilotildees popularmente conhecido no estado localidade de Esteio Neste caso o demandante da accedilatildeo teve prejuiacutezos materiais em decorrecircncia de colisatildeo entre seu veiacuteculo e um cavalo da Brigada Militar que auxiliava no policiamento do local Em que pese tenha sido reconhecido o dever de ressarcimento na via administrativa as partes natildeo concordaram com o ldquoquantumrdquo o que deu ensejo ao pleito judicial

Figuraram como reacuteus tanto a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul quanto o Sargento Newton que manejava o animal no momento do ocorrido Em contestaccedilatildeo foi alegada a falta de culpa por parte do condutor do cavalo que disse se tratar de caso isolado tendo em vista que agentes e animais recebem treinamentos intriacutensecos agrave atividade De outro modo a Brigada Militar alegou o caso fortuito por ter sido o movimento repentino do equino que deu causa ao evento danoso porque este teria se assustado com brinquedos de luzes que ali estavam

A sentenccedila proferida foi no sentido de condenar exclusivamente a Brigada Militar pelos prejuiacutezos causados e apoacutes subiram os autos por recurso interposo pela parte autora

O acoacuterdatildeo proferido seguiu o entendimento que fora adotado em 1deg instacircncia alterando apenas o valor devido a tiacutetulo indenizatoacuterio A fim de evidenciar a narrativa

Ainda que se discorde da ldquocausa fortuitardquo suscitada na conclusatildeo do referido Inqueacuterito Teacutecnico a realizaccedilatildeo de patrulhamento com animais dotados de impulsos proacuteprios e instintivos enseja a assunccedilatildeo dos riscos decorrentes de eventuais danos causados a terceiros tal como ocorreu no caso dos autos Assim ainda que o equino tenha empreendido manobra inesperada eacute induvidoso que o local onde ocorreram os fatos (Expointer 2011) eacute de intenso fluxo de pessoas e veiacuteculos razatildeo pela qual maiores cuidados o ente puacuteblico deveria ter em relaccedilatildeo aos animais utilizados para o patrulhamento Em tais condiccedilotildees o ato comissivo e mesmo involuntaacuterio praticado por semovente pertencente ao acervo estatal causador de dano ao patrimocircnio particular enseja a devida indenizaccedilatildeo60

Por fim assimilaccedilatildeo homoacuteloga possui o Tribunal de Justiccedila do estado de Satildeo

58 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho

Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnumero_processo= 70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

59 Ibid 60 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de

Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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Paulo nos casos relativos ao tema em discussatildeo A decisatildeo objeto de anaacutelise trata de pedido de danos materiais oriundos da invasatildeo de animal que teria ldquopisoteadordquo a propriedade da parte autora onde cultivava sua plantaccedilatildeo de milho Entretanto em primeira instacircncia se limitou a requerer produccedilatildeo de prova oral unicamente sem pugnar fosse feita periacutecia no local e desta forma sem comprovar a extensatildeo do dano

Jaacute a defesa por sua vez requereu a improcedecircncia da demanda haja vista a cerca da propriedade estar danificada em alguns pontos atribuindo culpa a parte autora

Sobreveio sentenccedila que indeferiu o pedido formulado Apoacutes recurso interposto o Tribunal de Justiccedila decidiu por mantecirc-la uma vez que a extensatildeo do dano De forma precisa Relator do caso

Examinados os autos natildeo se verifica qualquer comprovaccedilatildeo de que os autores tenham dado causa agrave invasatildeo do gado em sua propriedade ou de que tenha existido forccedila maior a levar o gado para dentro da sua colheita Haacute menccedilotildees apenas geneacutericas e vagas a respeito de um eventual susto que o gado tenha sofrido ou do estado de conservaccedilatildeo da cerca divisoacuteria Contudo aos autores cabia ainda assim e nos termos do artigo 373 inciso I do Coacutedigo de Processo Civil comprovar a alegaccedilatildeo na qual assentaram o pedido indenizatoacuterio isto eacute que em razatildeo da invasatildeo dos bovinos fora destruiacuteda toda a sua plantaccedilatildeo de milho61

O que se pode depreender do feito eacute a pungente necessidade de comprovaccedilatildeo dos pressupostos gerais da responsabilidade civil porque recai sobre o requerente o ocircnus da prova destes elementos Por falta da comprovaccedilatildeo do dano o pedido formulado fora desacolhido antes mesmo da anaacutelise se houve a quebra do nexo causal suscitada62

61 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em

httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30194C3890cjs Acesso em 20 out 2019

62 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm 3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

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5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS

Eacute sabido ateacute aqui que a responsabilidade civil assume importantes funccedilotildees

na sociedade contemporacircnea tais como a prevenccedilatildeo dos comportamentos civilmente indenizaacuteveis reestabelecimento da ordem entre as pessoas reparaccedilatildeo ao ldquostatus quordquo ou seja situaccedilatildeo em que se encontrava a pessoa ou objeto lesado anteriormente agrave ocorrecircncia do evento danoso etc63 Aleacutem disso o fato passiacutevel de indenizaccedilatildeo pode suceder tanto de inobservaccedilotildees e demais situaccedilotildees envolvendo contratos estabelecidos entre as partes quanto extracontratuais provenientes do ato iliacutecito acima explanado64

Dito isso uma vez que eacute mister a atribuiccedilatildeo da responsabilidade pelos danos materiais ao proprietaacuterio ou detentor do animal quando da ocorrecircncia do fato lesivo um dos maiores desafios relativos ao tema em questatildeo eacute a quantificaccedilatildeo da indenizaccedilatildeo e os criteacuterios que devem ser utilizados para a atribuir o valor referente ao dano moral haja vista as criacuteticas recorrentes sobre a definiccedilatildeo nebulosa a ldquoinduacutestria do dano moralrdquo decorrente de tal situaccedilatildeo65

Acerca do tema Caio Rogeacuterio da Costa Brandatildeo

Infelizmente diante da inexistecircncia de elementos objetivos para se chegar agrave quantificaccedilatildeo do dano moral deparamo-nos agraves vezes com julgadores que na inexistecircncia destes decidem de forma incriteriosa fixando condenaccedilotildees em valores exagerados e totalmente inadequados []66

Sobre esta quantificaccedilatildeo Seacutergio Cavalieri Filho aduz

Creio tambeacutem que este eacute outro ponto onde o princiacutepio da loacutegica do razoaacutevel deve ser a buacutessola norteadora do julgador Razoaacutevel eacute aquilo que eacute sensato comedido moderado que guarda certa proporcionalidade A razoabilidade eacute o criteacuterio que permite cotejar meios e fins causas e consequecircncias de modo a aferir a loacutegica da decisatildeo [] importa dizer que o juiz ao valorar o dano moral deve arbitrar uma quantia que de acordo com seu prudente arbiacutetrio seja compatiacutevel com a reprovabilidade da conduta iliacutecita a intensidade e duraccedilatildeo do sofrimento experimentado pela viacutetima a capacidade econocircmica do causador do dano as condiccedilotildees sociais do ofendido e outras circunstancias mais que se fizerem presentes67

Por sua vez o artigo 944 do Coacutedigo Civil eacute preciso ao afirmar que a

63 SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v

1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

64 MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNMULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017 Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019

65 BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019 66 Ibid 67 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 p 98 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
Page 9: RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS ... · RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath1

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Noutra senda a teoria da responsabilidade objetiva ganhou expressividade ironicamente de igual forma pelo Direito Francecircs com os estudos de Salleiles e Josseran no ano de 1987 Difundiam estes a obrigatoriedade de reparaccedilatildeo independentemente da configuraccedilatildeo da culpa do agente bastando a ocorrecircncia do fato ou do risco que tenha sido criado35

Mais tarde tal percepccedilatildeo passou a ser acolhida por diversos ordenamentos juriacutedicos porque a concepccedilatildeo uacutenica da culpa como elemento basilar natildeo mais atendia todas as demandas da sociedade com destaque especial a exposiccedilatildeo da sociedade agrave novos riscos com o advento da Revoluccedilatildeo Industrial e suas implicaccedilotildees36

No Brasil as legislaccedilotildees passaram a excetuar atraveacutes de leis especiais alguns casos em que a culpa era dispensaacutevel como o Decreto 26811912 disciplinador da Responsabilidade das Estradas de Ferro Lei 75651986 do Coacutedigo Civil Brasileiro da Aeronaacuteutica dentre outras previsotildees37

A grande revoluccedilatildeo na responsabilidade civil brasileira para estudiosos como Seacutergio Cavalieri Filho sucedeu com a Constituiccedilatildeo de 1988 porque presente em seu artigo 37 sect6deg a responsabilizaccedilatildeo objetiva do Estado e seus prestadores de serviccedilo que ateacute entatildeo estavam ligados com a comprovaccedilatildeo de culpa necessaacuteria atraveacutes do artigo 159 do Coacutedigo Civil agrave eacutepoca Isso significa dizer que as formas de serviccedilo puacuteblico tais como luz e transporte passaram a ser interpretadas conforme a nova Carta Magna bastando a ocorrecircncia do fato para tipificar o dever do Estado de ressarcimento Cabe mencionar que tambeacutem nesta oportunidade o dano moral fora positivado38

Prosseguiram as alteraccedilotildees e em 1990 a sanccedilatildeo no Coacutedigo de Defesa do Consumidor trouxe agrave baila outra previsotildees estritamente objetivas presente nos artigos 12 e 14 versando sobre a responsabilidade pelo fato do produto e do serviccedilo39

Em relaccedilatildeo ao Coacutedigo Civil pregresso a originalidade de 2002 estaacute no acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 que apoacutes a regra geral exposta no ldquocaputrdquo prevecirc em seu paraacutegrafo uacutenico a chamada teoria do risco Dessa forma satildeo excetuados da necessidade de comprovaccedilatildeo de culpa os casos definidos por lei ou decorrentes de atividades que criem uma ameaccedila de dano

No contexto atual levando-se em conta o desenvolvimento tecnoloacutegico se verifica que essas espeacutecies de atividades foram multiplicadas e por envolverem operaccedilotildees de maior complexidade trariam dificuldades de comprovaccedilatildeo deste elemento aos lesados uma vez responsaacuteveis pelo ocircnus da prova40

35 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil

Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

36 Ibid 37 MARCHI Cristiane de A culpa e o surgimento da responsabilidade objetiva evoluccedilatildeo

histoacuterica noccedilotildees gerais e hipoacuteteses previstas no Coacutedigo Civil Revista dos Tribunais v 964

p 215-241 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

38 CAVALIERI FILHO Seacutergio Responsabilidade Civil no Novo Coacutedigo Revista de Direito do Consumidor v 48 p 69-84 outdez 2003 Disponiacutevel em

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39 AMORIM Bruno de Almeida Lewer O fenocircmeno de objetivizaccedilatildeo da responsabilidade civil crise econocircmica e soluccedilotildees juriacutedicas Revista dos Tribunais Satildeo Paulo n 77 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

40 ALONSO Paulo Sergio Gomes Responsabilidade civil por fato de terceiro Revista de Direito

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Na doutrina satildeo inuacutemeros os desdobramentos desta teoria em modalidades como como o risco-proveito risco-administrativo risco-criado e por fim risco- integral41 caracterizados conforme a atividade sob anaacutelise

Com isso o legislador eacute concomitante ao afirmar que se mantecircm as previsotildees constantes de lei especial tais como o Coacutedigo de Defesa do Consumidor responsabilidade inerente ao transportador dentre outras previsotildees e que a incidecircncia da responsabilidade objetiva se estende aos casos amparados pela jurisprudecircncia desde que envolva situaccedilatildeo de risco majorado42

Como ensina Maria Celina Bodin de Moraes

De fato a evoluccedilatildeo econocircmica e social tornara claro que a tradicional responsabilidade subjetiva era insuficiente qualitativa e quantitativamente para tutelar diversas espeacutecies de relaccedilotildees juriacutedicas proacuteprias da sociedade industrializada Na nova realidade social a reparaccedilatildeo da viacutetima natildeo poderia depender da prova impossiacutevel que identificasse quem de fato agiu de forma negligente para estabelecer a reparaccedilatildeo de danos injustamente sofridos43

Decursivo desta ideia eacute a responsabilizaccedilatildeo objetiva que foi a escolha do legislador para com o detentor do animal quando fato lesivo for causado por este porque especificado em lei Mais precisamente eacute teor do artigo 936 do Coacutedigo Civil Art 936 O dono ou detentor do animal ressarciraacute o dano por este causado se natildeo

provar culpa da viacutetima ou forccedila maior44

Em linhas gerais o nosso ordenamento natildeo atribui a responsabilidade uacutenica e exclusivamente ao dono do animal mas agravequele que possuiacutea o poder de comando ou o poder intelectual de domiacutenio quando da adversidade A culpa ou dolo portanto satildeo elementos desnecessaacuterios bastando que a situaccedilatildeo de risco tenha sido proposta e claro o resultado tenha sido lesivo agrave outrem45

Nesta perspectiva eacute o exemplo de Pablo Stolze Gagliano

Assim se a minha bomba drsquoaacutegua mal conservada explode e lesiona um transeunte a obrigaccedilatildeo de indenizar seraacute imposta a mim proprietaacuterio e guardiatildeo da coisa que estava sob a minha custoacutedia e direccedilatildeo Diferentemente se eu contrato um amestrador de catildees confiando-lhe a guarda do meu buldogue e este durante uma sessatildeo de treinamento desprende-se da coleira e causa dano a terceiro obviamente que pela reparaccedilatildeo do dano responderaacute apenas o expert pois no momento do desenlace fatiacutedico detinha o poder de comando do animal que estava sob a sua autoridade Raciociacutenio contraacuterio aliaacutes esbarraria na proacutepria noccedilatildeo de nexo de causalidade uma vez que no caso o dano natildeo poderia ser

Privado v 64 p 161-176 outdez 2015 41 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo Paulo Editora

Meacutetodo 2018 42 BERALDO Leonardo de Faria Responsabilidade civil no Paraacutegrafo uacutenico do Art 927 do

coacutedigo civil e alguns apontamentos do direito comparado Novos Estudos Juriacutedicos [Sl] v 9 n 2 p 317-340 out 2008

43 MORAES Maria Celina Bodin de Risco Solidariedade e Responsabilidade Objetiva Revista dos Tribunais v 854 p 18 dez 2006 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

44 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 2002

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20 out 2019 45 AGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019p 239 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788553172795recent Acesso 13 nov 2019

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atribuiacutedo ao proprietaacuterio do catildeo que o havia confiado a um perito O comportamento deste uacuteltimo foi causa direta e imediata do resultado lesivo46

Sequente tambeacutem ao que eacute expresso no paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 satildeo as causas excludentes da responsabilidade objetiva assim consideradas porque rompem o nexo causal entre conduta e resultado alcanccedilado Exprimem uma ideia de imprescindibilidade e imprevisibilidade do agente Assim sendo as possibilidades de escusar-se seriam a culpa da viacutetima e forccedila maior47

Na hipoacutetese de culpa da viacutetima ambas as condutas tanto do causador quanto do lesado devem ser analisadas conjuntamente a fim de mensurar qual a contribuiccedilatildeo da viacutetima para que o resultado fosse produzido Destarte trecircs podem ser as conclusotildees do julgador que a viacutetima nada contribuiu para o resultado que contribuiu de forma parcial ou que incorreu de forma exclusiva para causar o dano Consoante a esta conclusatildeo pode haver abatimento no valor indenizatoacuterio ou ateacute mesmo a isenccedilatildeo do lesante uma vez que vencido o nexo causal48

Nesta linha eacute preciso o artigo 945 do Coacutedigo Civil vigente ao instituir que no momento da fixaccedilatildeo do valor devido quando da concorrecircncia da viacutetima para o resultado seraacute levada em conta a gravidade e a dimensatildeo desta contribuiccedilatildeo em cotejo com o autor do ano49

Outrossim haacute casos em que a lei denega expressamente a possibilidade de compensaccedilatildeo indenizatoacuteria Ainda que o lesado possua parcela de culpa a miacutenima participaccedilatildeo do agente garantiraacute o valor integral como eacute o caso do Decreto nordm 26811912 que dispotildee sobre a responsabilidade das estradas de ferro50

Sob outra perspectiva eacute o caso de incidecircncia de forccedila maior Inicialmente agrave sua anaacutelise cabe frisar que haacute contiacutenua discussatildeo doutrinaacuteria sobre a similitude entre caso fortuito e forccedila maior uma vez que o artigo 393 do Coacutedigo Civil natildeo estabelece qualquer distinccedilatildeo entre estes51

Seria o caso fortuito originado do latim fortuitus e exprimindo uma ideia de azar a ocorrecircncia de acontecimentos extraordinaacuterios e alheios agrave vontade das partes envolvidas poreacutem decorrentes de accedilatildeo humana como guerras eventuais paralisaccedilotildees e assim por diante52

Jaacute a forccedila maior seria uma sucessatildeo de fatos naturais como terremotos erupccedilatildeo de vulcatildeo inundaccedilotildees etc Igualmente sem qualquer contribuiccedilatildeo efetiva das partes para o feito que eacute proveniente de forccedilas da natureza53

De qualquer sorte ambos os institutos satildeo marcados pela imprevisibilidade e superveniecircncia Aleacutem disso fora do controle humano e por fim evocando a loacutegica

46 Ibid 47 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

48 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018

49 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no

10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Portal da Legislaccedilatildeo Brasiacutelia jan

2002 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20

out 2019 50 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent

Acesso em 13 nov 2019 51 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019 52 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018 53 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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da responsabilidade objetiva a falta de culpa do agente sendo supressivos a culpa e a forccedila maior Quando a incidecircncia de um haacute por conseguinte a ausecircncia de outro54

54 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA

Permeando o que foi dito ateacute entatildeo a responsabilidade civil decorrente de fato de animal sofreu notaacuteveis transformaccedilotildees em seu tratamento legal superando a ideia de culpa presumida conhecida no Coacutedigo Civil de 1916 um esboccedilo do tratamento puramente objetivo para os casos que satildeo especificados em lei que possui nos dias de hoje

No antigo dispositivo o tema era abordado pelo artigo 1527 que aleacutem das hipoacuteteses recepcionadas em 2002 contava com adicional previsatildeo55

Se pode inferir atraveacutes do inciso I que a presunccedilatildeo de culpa era ldquojuris tantumrdquo admitindo prova em contraacuterio no sentido de que o cuidado e diligecircncia necessaacuterios para com o animal foram observados pleiteando para que natildeo incorresse o agente no dever de indenizar Isso ocorreria portanto se ficasse comprovado o afastamento da culpa presumida56

De maneira a ilustrar essa possibilidade anteriormente prevista entendimento pelo Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande do Sul ano de 1997

Ementa RESPONSABILIDADE CIVIL FATO DE ANIMAL DANOS ESTETICOS E MORAL O DONO DO ANIMAL E RESPONSAVEL POR SUA GUARDA E SEGURANCA DAI QUE RESPONDERA POR DANOS POR ESSE OCASIONADOS SENDO A TEOR DO ART-1527 DO CODIGO CIVIL PRESUMIDA SUA CULPA E CONSEQUENTE RESPONSABILIDADE PRESUNCAO QUE LHE INCUMBE AFASTAR MEDIANTE PROVA IDONEA EM SENDO DISCUTIDA EM DEMANDA JUDICIAL PROVANDO CAUSA ELIDENTE DE RESPONSABILIDADE OU SEJA QUE MANTINHA O ANIMAL EM LUGAR ADEQUADO E SEGURO57

Cabe aqui reforccedilar que a culpa presumida natildeo eacute mais aceita em nosso ordenamento no que compete ao fato praticado por animais Hodiernamente se aceita

unicamente a incidecircncia das jaacute mencionadas culpa exclusiva da viacutetima caso fortuito e forccedila maior

Eacute a aplicaccedilatildeo de uma dessas formas que passamos a analisar atraveacutes de demanda ajuizada por fato ocorrido no municiacutepio de Augusto Pestana interior do estado do Rio Grande do Sul O demandante acionou a justiccedila com pleito indenizatoacuterio em face do realizador do rodeio em que participava e o muniacutecipio referido por lesotildees fiacutesicas sofridas em decorrecircncia do ldquocoicerdquo de um cavalo no momento em que se dirigia ao banheiro do Parque Alegou a omissatildeo do municiacutepio na fiscalizaccedilatildeo uma vez que a aacuterea cedida era de sua propriedade Apoacutes improcedecircncia da sentenccedila que reconheceu a ilegitimidade no poacutelo passivo da cidade e a natildeo configuraccedilatildeo do dever de indenizar frente aos organizadores os autos foram

55 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm

3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

56 MIGUEL Alexandre A responsabilidade civil no Novo Coacutedigo algumas consideraccedilotildees Revista dos Tribunais v 809 p 11-27 mar 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

57 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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remetidos ao Tribunal de Justiccedila Este por sua vez manteve o entendimento ao afirmar que inexistia qualquer dever de fiscalizaccedilatildeo por parte da Administraccedilatildeo Puacuteblica sendo categoacuterico ao afirmar que a viacutetima incorreu exclusivamente para o resultado uma vez que os animais estavam amarrados e em aacuterea dedicada exclusivamente para tal Para aleacutem disto por lidar com animais do gecircnero do causador deveria ter o conhecimento de que natildeo se pode passar por detraacutes de ldquocavalo cuiudordquo leia-se natildeo castrado58

Sobre o acontecimento adequado mencionar as proacuteprias palavras do proacuteprio Relator

O autor a toda evidecircncia eacute um sujeito afeito agraves lides campeiras com o que eacute perfeitamente possiacutevel considerar que agiu sem as cautelas necessaacuterias independente de estar embriagado ou natildeo Considero dessa forma que o acidente se deu exclusivamente em razatildeo de sua conduta59

Em contrapartida eacute o acontecido em um Parque de Exposiccedilotildees popularmente conhecido no estado localidade de Esteio Neste caso o demandante da accedilatildeo teve prejuiacutezos materiais em decorrecircncia de colisatildeo entre seu veiacuteculo e um cavalo da Brigada Militar que auxiliava no policiamento do local Em que pese tenha sido reconhecido o dever de ressarcimento na via administrativa as partes natildeo concordaram com o ldquoquantumrdquo o que deu ensejo ao pleito judicial

Figuraram como reacuteus tanto a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul quanto o Sargento Newton que manejava o animal no momento do ocorrido Em contestaccedilatildeo foi alegada a falta de culpa por parte do condutor do cavalo que disse se tratar de caso isolado tendo em vista que agentes e animais recebem treinamentos intriacutensecos agrave atividade De outro modo a Brigada Militar alegou o caso fortuito por ter sido o movimento repentino do equino que deu causa ao evento danoso porque este teria se assustado com brinquedos de luzes que ali estavam

A sentenccedila proferida foi no sentido de condenar exclusivamente a Brigada Militar pelos prejuiacutezos causados e apoacutes subiram os autos por recurso interposo pela parte autora

O acoacuterdatildeo proferido seguiu o entendimento que fora adotado em 1deg instacircncia alterando apenas o valor devido a tiacutetulo indenizatoacuterio A fim de evidenciar a narrativa

Ainda que se discorde da ldquocausa fortuitardquo suscitada na conclusatildeo do referido Inqueacuterito Teacutecnico a realizaccedilatildeo de patrulhamento com animais dotados de impulsos proacuteprios e instintivos enseja a assunccedilatildeo dos riscos decorrentes de eventuais danos causados a terceiros tal como ocorreu no caso dos autos Assim ainda que o equino tenha empreendido manobra inesperada eacute induvidoso que o local onde ocorreram os fatos (Expointer 2011) eacute de intenso fluxo de pessoas e veiacuteculos razatildeo pela qual maiores cuidados o ente puacuteblico deveria ter em relaccedilatildeo aos animais utilizados para o patrulhamento Em tais condiccedilotildees o ato comissivo e mesmo involuntaacuterio praticado por semovente pertencente ao acervo estatal causador de dano ao patrimocircnio particular enseja a devida indenizaccedilatildeo60

Por fim assimilaccedilatildeo homoacuteloga possui o Tribunal de Justiccedila do estado de Satildeo

58 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho

Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnumero_processo= 70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

59 Ibid 60 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de

Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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Paulo nos casos relativos ao tema em discussatildeo A decisatildeo objeto de anaacutelise trata de pedido de danos materiais oriundos da invasatildeo de animal que teria ldquopisoteadordquo a propriedade da parte autora onde cultivava sua plantaccedilatildeo de milho Entretanto em primeira instacircncia se limitou a requerer produccedilatildeo de prova oral unicamente sem pugnar fosse feita periacutecia no local e desta forma sem comprovar a extensatildeo do dano

Jaacute a defesa por sua vez requereu a improcedecircncia da demanda haja vista a cerca da propriedade estar danificada em alguns pontos atribuindo culpa a parte autora

Sobreveio sentenccedila que indeferiu o pedido formulado Apoacutes recurso interposto o Tribunal de Justiccedila decidiu por mantecirc-la uma vez que a extensatildeo do dano De forma precisa Relator do caso

Examinados os autos natildeo se verifica qualquer comprovaccedilatildeo de que os autores tenham dado causa agrave invasatildeo do gado em sua propriedade ou de que tenha existido forccedila maior a levar o gado para dentro da sua colheita Haacute menccedilotildees apenas geneacutericas e vagas a respeito de um eventual susto que o gado tenha sofrido ou do estado de conservaccedilatildeo da cerca divisoacuteria Contudo aos autores cabia ainda assim e nos termos do artigo 373 inciso I do Coacutedigo de Processo Civil comprovar a alegaccedilatildeo na qual assentaram o pedido indenizatoacuterio isto eacute que em razatildeo da invasatildeo dos bovinos fora destruiacuteda toda a sua plantaccedilatildeo de milho61

O que se pode depreender do feito eacute a pungente necessidade de comprovaccedilatildeo dos pressupostos gerais da responsabilidade civil porque recai sobre o requerente o ocircnus da prova destes elementos Por falta da comprovaccedilatildeo do dano o pedido formulado fora desacolhido antes mesmo da anaacutelise se houve a quebra do nexo causal suscitada62

61 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em

httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30194C3890cjs Acesso em 20 out 2019

62 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm 3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

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5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS

Eacute sabido ateacute aqui que a responsabilidade civil assume importantes funccedilotildees

na sociedade contemporacircnea tais como a prevenccedilatildeo dos comportamentos civilmente indenizaacuteveis reestabelecimento da ordem entre as pessoas reparaccedilatildeo ao ldquostatus quordquo ou seja situaccedilatildeo em que se encontrava a pessoa ou objeto lesado anteriormente agrave ocorrecircncia do evento danoso etc63 Aleacutem disso o fato passiacutevel de indenizaccedilatildeo pode suceder tanto de inobservaccedilotildees e demais situaccedilotildees envolvendo contratos estabelecidos entre as partes quanto extracontratuais provenientes do ato iliacutecito acima explanado64

Dito isso uma vez que eacute mister a atribuiccedilatildeo da responsabilidade pelos danos materiais ao proprietaacuterio ou detentor do animal quando da ocorrecircncia do fato lesivo um dos maiores desafios relativos ao tema em questatildeo eacute a quantificaccedilatildeo da indenizaccedilatildeo e os criteacuterios que devem ser utilizados para a atribuir o valor referente ao dano moral haja vista as criacuteticas recorrentes sobre a definiccedilatildeo nebulosa a ldquoinduacutestria do dano moralrdquo decorrente de tal situaccedilatildeo65

Acerca do tema Caio Rogeacuterio da Costa Brandatildeo

Infelizmente diante da inexistecircncia de elementos objetivos para se chegar agrave quantificaccedilatildeo do dano moral deparamo-nos agraves vezes com julgadores que na inexistecircncia destes decidem de forma incriteriosa fixando condenaccedilotildees em valores exagerados e totalmente inadequados []66

Sobre esta quantificaccedilatildeo Seacutergio Cavalieri Filho aduz

Creio tambeacutem que este eacute outro ponto onde o princiacutepio da loacutegica do razoaacutevel deve ser a buacutessola norteadora do julgador Razoaacutevel eacute aquilo que eacute sensato comedido moderado que guarda certa proporcionalidade A razoabilidade eacute o criteacuterio que permite cotejar meios e fins causas e consequecircncias de modo a aferir a loacutegica da decisatildeo [] importa dizer que o juiz ao valorar o dano moral deve arbitrar uma quantia que de acordo com seu prudente arbiacutetrio seja compatiacutevel com a reprovabilidade da conduta iliacutecita a intensidade e duraccedilatildeo do sofrimento experimentado pela viacutetima a capacidade econocircmica do causador do dano as condiccedilotildees sociais do ofendido e outras circunstancias mais que se fizerem presentes67

Por sua vez o artigo 944 do Coacutedigo Civil eacute preciso ao afirmar que a

63 SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v

1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

64 MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNMULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017 Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019

65 BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019 66 Ibid 67 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 p 98 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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REFEREcircNCIAS

AGEcircNCIA SENADO ldquoNatildeo eacute coisardquo projeto de lei reconhece que animais tecircm sentimentos Revista Exame Satildeo Paulo 2019 Disponiacutevel em

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Paulo Editora Meacutetodo 2018 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo

Gen 2018 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
Page 10: RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS ... · RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath1

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Na doutrina satildeo inuacutemeros os desdobramentos desta teoria em modalidades como como o risco-proveito risco-administrativo risco-criado e por fim risco- integral41 caracterizados conforme a atividade sob anaacutelise

Com isso o legislador eacute concomitante ao afirmar que se mantecircm as previsotildees constantes de lei especial tais como o Coacutedigo de Defesa do Consumidor responsabilidade inerente ao transportador dentre outras previsotildees e que a incidecircncia da responsabilidade objetiva se estende aos casos amparados pela jurisprudecircncia desde que envolva situaccedilatildeo de risco majorado42

Como ensina Maria Celina Bodin de Moraes

De fato a evoluccedilatildeo econocircmica e social tornara claro que a tradicional responsabilidade subjetiva era insuficiente qualitativa e quantitativamente para tutelar diversas espeacutecies de relaccedilotildees juriacutedicas proacuteprias da sociedade industrializada Na nova realidade social a reparaccedilatildeo da viacutetima natildeo poderia depender da prova impossiacutevel que identificasse quem de fato agiu de forma negligente para estabelecer a reparaccedilatildeo de danos injustamente sofridos43

Decursivo desta ideia eacute a responsabilizaccedilatildeo objetiva que foi a escolha do legislador para com o detentor do animal quando fato lesivo for causado por este porque especificado em lei Mais precisamente eacute teor do artigo 936 do Coacutedigo Civil Art 936 O dono ou detentor do animal ressarciraacute o dano por este causado se natildeo

provar culpa da viacutetima ou forccedila maior44

Em linhas gerais o nosso ordenamento natildeo atribui a responsabilidade uacutenica e exclusivamente ao dono do animal mas agravequele que possuiacutea o poder de comando ou o poder intelectual de domiacutenio quando da adversidade A culpa ou dolo portanto satildeo elementos desnecessaacuterios bastando que a situaccedilatildeo de risco tenha sido proposta e claro o resultado tenha sido lesivo agrave outrem45

Nesta perspectiva eacute o exemplo de Pablo Stolze Gagliano

Assim se a minha bomba drsquoaacutegua mal conservada explode e lesiona um transeunte a obrigaccedilatildeo de indenizar seraacute imposta a mim proprietaacuterio e guardiatildeo da coisa que estava sob a minha custoacutedia e direccedilatildeo Diferentemente se eu contrato um amestrador de catildees confiando-lhe a guarda do meu buldogue e este durante uma sessatildeo de treinamento desprende-se da coleira e causa dano a terceiro obviamente que pela reparaccedilatildeo do dano responderaacute apenas o expert pois no momento do desenlace fatiacutedico detinha o poder de comando do animal que estava sob a sua autoridade Raciociacutenio contraacuterio aliaacutes esbarraria na proacutepria noccedilatildeo de nexo de causalidade uma vez que no caso o dano natildeo poderia ser

Privado v 64 p 161-176 outdez 2015 41 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo Paulo Editora

Meacutetodo 2018 42 BERALDO Leonardo de Faria Responsabilidade civil no Paraacutegrafo uacutenico do Art 927 do

coacutedigo civil e alguns apontamentos do direito comparado Novos Estudos Juriacutedicos [Sl] v 9 n 2 p 317-340 out 2008

43 MORAES Maria Celina Bodin de Risco Solidariedade e Responsabilidade Objetiva Revista dos Tribunais v 854 p 18 dez 2006 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

44 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 2002

Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20 out 2019 45 AGLIANO Pablo Stolze PAMPLONA FILHO Rodolfo Novo curso de direito civil responsabilidade civil v 3 17 ed Satildeo Paulo Editora Saraiva 2019p 239 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788553172795recent Acesso 13 nov 2019

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atribuiacutedo ao proprietaacuterio do catildeo que o havia confiado a um perito O comportamento deste uacuteltimo foi causa direta e imediata do resultado lesivo46

Sequente tambeacutem ao que eacute expresso no paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 satildeo as causas excludentes da responsabilidade objetiva assim consideradas porque rompem o nexo causal entre conduta e resultado alcanccedilado Exprimem uma ideia de imprescindibilidade e imprevisibilidade do agente Assim sendo as possibilidades de escusar-se seriam a culpa da viacutetima e forccedila maior47

Na hipoacutetese de culpa da viacutetima ambas as condutas tanto do causador quanto do lesado devem ser analisadas conjuntamente a fim de mensurar qual a contribuiccedilatildeo da viacutetima para que o resultado fosse produzido Destarte trecircs podem ser as conclusotildees do julgador que a viacutetima nada contribuiu para o resultado que contribuiu de forma parcial ou que incorreu de forma exclusiva para causar o dano Consoante a esta conclusatildeo pode haver abatimento no valor indenizatoacuterio ou ateacute mesmo a isenccedilatildeo do lesante uma vez que vencido o nexo causal48

Nesta linha eacute preciso o artigo 945 do Coacutedigo Civil vigente ao instituir que no momento da fixaccedilatildeo do valor devido quando da concorrecircncia da viacutetima para o resultado seraacute levada em conta a gravidade e a dimensatildeo desta contribuiccedilatildeo em cotejo com o autor do ano49

Outrossim haacute casos em que a lei denega expressamente a possibilidade de compensaccedilatildeo indenizatoacuteria Ainda que o lesado possua parcela de culpa a miacutenima participaccedilatildeo do agente garantiraacute o valor integral como eacute o caso do Decreto nordm 26811912 que dispotildee sobre a responsabilidade das estradas de ferro50

Sob outra perspectiva eacute o caso de incidecircncia de forccedila maior Inicialmente agrave sua anaacutelise cabe frisar que haacute contiacutenua discussatildeo doutrinaacuteria sobre a similitude entre caso fortuito e forccedila maior uma vez que o artigo 393 do Coacutedigo Civil natildeo estabelece qualquer distinccedilatildeo entre estes51

Seria o caso fortuito originado do latim fortuitus e exprimindo uma ideia de azar a ocorrecircncia de acontecimentos extraordinaacuterios e alheios agrave vontade das partes envolvidas poreacutem decorrentes de accedilatildeo humana como guerras eventuais paralisaccedilotildees e assim por diante52

Jaacute a forccedila maior seria uma sucessatildeo de fatos naturais como terremotos erupccedilatildeo de vulcatildeo inundaccedilotildees etc Igualmente sem qualquer contribuiccedilatildeo efetiva das partes para o feito que eacute proveniente de forccedilas da natureza53

De qualquer sorte ambos os institutos satildeo marcados pela imprevisibilidade e superveniecircncia Aleacutem disso fora do controle humano e por fim evocando a loacutegica

46 Ibid 47 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

48 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018

49 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no

10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Portal da Legislaccedilatildeo Brasiacutelia jan

2002 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20

out 2019 50 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent

Acesso em 13 nov 2019 51 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019 52 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018 53 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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da responsabilidade objetiva a falta de culpa do agente sendo supressivos a culpa e a forccedila maior Quando a incidecircncia de um haacute por conseguinte a ausecircncia de outro54

54 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA

Permeando o que foi dito ateacute entatildeo a responsabilidade civil decorrente de fato de animal sofreu notaacuteveis transformaccedilotildees em seu tratamento legal superando a ideia de culpa presumida conhecida no Coacutedigo Civil de 1916 um esboccedilo do tratamento puramente objetivo para os casos que satildeo especificados em lei que possui nos dias de hoje

No antigo dispositivo o tema era abordado pelo artigo 1527 que aleacutem das hipoacuteteses recepcionadas em 2002 contava com adicional previsatildeo55

Se pode inferir atraveacutes do inciso I que a presunccedilatildeo de culpa era ldquojuris tantumrdquo admitindo prova em contraacuterio no sentido de que o cuidado e diligecircncia necessaacuterios para com o animal foram observados pleiteando para que natildeo incorresse o agente no dever de indenizar Isso ocorreria portanto se ficasse comprovado o afastamento da culpa presumida56

De maneira a ilustrar essa possibilidade anteriormente prevista entendimento pelo Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande do Sul ano de 1997

Ementa RESPONSABILIDADE CIVIL FATO DE ANIMAL DANOS ESTETICOS E MORAL O DONO DO ANIMAL E RESPONSAVEL POR SUA GUARDA E SEGURANCA DAI QUE RESPONDERA POR DANOS POR ESSE OCASIONADOS SENDO A TEOR DO ART-1527 DO CODIGO CIVIL PRESUMIDA SUA CULPA E CONSEQUENTE RESPONSABILIDADE PRESUNCAO QUE LHE INCUMBE AFASTAR MEDIANTE PROVA IDONEA EM SENDO DISCUTIDA EM DEMANDA JUDICIAL PROVANDO CAUSA ELIDENTE DE RESPONSABILIDADE OU SEJA QUE MANTINHA O ANIMAL EM LUGAR ADEQUADO E SEGURO57

Cabe aqui reforccedilar que a culpa presumida natildeo eacute mais aceita em nosso ordenamento no que compete ao fato praticado por animais Hodiernamente se aceita

unicamente a incidecircncia das jaacute mencionadas culpa exclusiva da viacutetima caso fortuito e forccedila maior

Eacute a aplicaccedilatildeo de uma dessas formas que passamos a analisar atraveacutes de demanda ajuizada por fato ocorrido no municiacutepio de Augusto Pestana interior do estado do Rio Grande do Sul O demandante acionou a justiccedila com pleito indenizatoacuterio em face do realizador do rodeio em que participava e o muniacutecipio referido por lesotildees fiacutesicas sofridas em decorrecircncia do ldquocoicerdquo de um cavalo no momento em que se dirigia ao banheiro do Parque Alegou a omissatildeo do municiacutepio na fiscalizaccedilatildeo uma vez que a aacuterea cedida era de sua propriedade Apoacutes improcedecircncia da sentenccedila que reconheceu a ilegitimidade no poacutelo passivo da cidade e a natildeo configuraccedilatildeo do dever de indenizar frente aos organizadores os autos foram

55 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm

3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

56 MIGUEL Alexandre A responsabilidade civil no Novo Coacutedigo algumas consideraccedilotildees Revista dos Tribunais v 809 p 11-27 mar 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

57 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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remetidos ao Tribunal de Justiccedila Este por sua vez manteve o entendimento ao afirmar que inexistia qualquer dever de fiscalizaccedilatildeo por parte da Administraccedilatildeo Puacuteblica sendo categoacuterico ao afirmar que a viacutetima incorreu exclusivamente para o resultado uma vez que os animais estavam amarrados e em aacuterea dedicada exclusivamente para tal Para aleacutem disto por lidar com animais do gecircnero do causador deveria ter o conhecimento de que natildeo se pode passar por detraacutes de ldquocavalo cuiudordquo leia-se natildeo castrado58

Sobre o acontecimento adequado mencionar as proacuteprias palavras do proacuteprio Relator

O autor a toda evidecircncia eacute um sujeito afeito agraves lides campeiras com o que eacute perfeitamente possiacutevel considerar que agiu sem as cautelas necessaacuterias independente de estar embriagado ou natildeo Considero dessa forma que o acidente se deu exclusivamente em razatildeo de sua conduta59

Em contrapartida eacute o acontecido em um Parque de Exposiccedilotildees popularmente conhecido no estado localidade de Esteio Neste caso o demandante da accedilatildeo teve prejuiacutezos materiais em decorrecircncia de colisatildeo entre seu veiacuteculo e um cavalo da Brigada Militar que auxiliava no policiamento do local Em que pese tenha sido reconhecido o dever de ressarcimento na via administrativa as partes natildeo concordaram com o ldquoquantumrdquo o que deu ensejo ao pleito judicial

Figuraram como reacuteus tanto a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul quanto o Sargento Newton que manejava o animal no momento do ocorrido Em contestaccedilatildeo foi alegada a falta de culpa por parte do condutor do cavalo que disse se tratar de caso isolado tendo em vista que agentes e animais recebem treinamentos intriacutensecos agrave atividade De outro modo a Brigada Militar alegou o caso fortuito por ter sido o movimento repentino do equino que deu causa ao evento danoso porque este teria se assustado com brinquedos de luzes que ali estavam

A sentenccedila proferida foi no sentido de condenar exclusivamente a Brigada Militar pelos prejuiacutezos causados e apoacutes subiram os autos por recurso interposo pela parte autora

O acoacuterdatildeo proferido seguiu o entendimento que fora adotado em 1deg instacircncia alterando apenas o valor devido a tiacutetulo indenizatoacuterio A fim de evidenciar a narrativa

Ainda que se discorde da ldquocausa fortuitardquo suscitada na conclusatildeo do referido Inqueacuterito Teacutecnico a realizaccedilatildeo de patrulhamento com animais dotados de impulsos proacuteprios e instintivos enseja a assunccedilatildeo dos riscos decorrentes de eventuais danos causados a terceiros tal como ocorreu no caso dos autos Assim ainda que o equino tenha empreendido manobra inesperada eacute induvidoso que o local onde ocorreram os fatos (Expointer 2011) eacute de intenso fluxo de pessoas e veiacuteculos razatildeo pela qual maiores cuidados o ente puacuteblico deveria ter em relaccedilatildeo aos animais utilizados para o patrulhamento Em tais condiccedilotildees o ato comissivo e mesmo involuntaacuterio praticado por semovente pertencente ao acervo estatal causador de dano ao patrimocircnio particular enseja a devida indenizaccedilatildeo60

Por fim assimilaccedilatildeo homoacuteloga possui o Tribunal de Justiccedila do estado de Satildeo

58 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho

Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnumero_processo= 70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

59 Ibid 60 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de

Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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Paulo nos casos relativos ao tema em discussatildeo A decisatildeo objeto de anaacutelise trata de pedido de danos materiais oriundos da invasatildeo de animal que teria ldquopisoteadordquo a propriedade da parte autora onde cultivava sua plantaccedilatildeo de milho Entretanto em primeira instacircncia se limitou a requerer produccedilatildeo de prova oral unicamente sem pugnar fosse feita periacutecia no local e desta forma sem comprovar a extensatildeo do dano

Jaacute a defesa por sua vez requereu a improcedecircncia da demanda haja vista a cerca da propriedade estar danificada em alguns pontos atribuindo culpa a parte autora

Sobreveio sentenccedila que indeferiu o pedido formulado Apoacutes recurso interposto o Tribunal de Justiccedila decidiu por mantecirc-la uma vez que a extensatildeo do dano De forma precisa Relator do caso

Examinados os autos natildeo se verifica qualquer comprovaccedilatildeo de que os autores tenham dado causa agrave invasatildeo do gado em sua propriedade ou de que tenha existido forccedila maior a levar o gado para dentro da sua colheita Haacute menccedilotildees apenas geneacutericas e vagas a respeito de um eventual susto que o gado tenha sofrido ou do estado de conservaccedilatildeo da cerca divisoacuteria Contudo aos autores cabia ainda assim e nos termos do artigo 373 inciso I do Coacutedigo de Processo Civil comprovar a alegaccedilatildeo na qual assentaram o pedido indenizatoacuterio isto eacute que em razatildeo da invasatildeo dos bovinos fora destruiacuteda toda a sua plantaccedilatildeo de milho61

O que se pode depreender do feito eacute a pungente necessidade de comprovaccedilatildeo dos pressupostos gerais da responsabilidade civil porque recai sobre o requerente o ocircnus da prova destes elementos Por falta da comprovaccedilatildeo do dano o pedido formulado fora desacolhido antes mesmo da anaacutelise se houve a quebra do nexo causal suscitada62

61 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em

httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30194C3890cjs Acesso em 20 out 2019

62 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm 3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

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5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS

Eacute sabido ateacute aqui que a responsabilidade civil assume importantes funccedilotildees

na sociedade contemporacircnea tais como a prevenccedilatildeo dos comportamentos civilmente indenizaacuteveis reestabelecimento da ordem entre as pessoas reparaccedilatildeo ao ldquostatus quordquo ou seja situaccedilatildeo em que se encontrava a pessoa ou objeto lesado anteriormente agrave ocorrecircncia do evento danoso etc63 Aleacutem disso o fato passiacutevel de indenizaccedilatildeo pode suceder tanto de inobservaccedilotildees e demais situaccedilotildees envolvendo contratos estabelecidos entre as partes quanto extracontratuais provenientes do ato iliacutecito acima explanado64

Dito isso uma vez que eacute mister a atribuiccedilatildeo da responsabilidade pelos danos materiais ao proprietaacuterio ou detentor do animal quando da ocorrecircncia do fato lesivo um dos maiores desafios relativos ao tema em questatildeo eacute a quantificaccedilatildeo da indenizaccedilatildeo e os criteacuterios que devem ser utilizados para a atribuir o valor referente ao dano moral haja vista as criacuteticas recorrentes sobre a definiccedilatildeo nebulosa a ldquoinduacutestria do dano moralrdquo decorrente de tal situaccedilatildeo65

Acerca do tema Caio Rogeacuterio da Costa Brandatildeo

Infelizmente diante da inexistecircncia de elementos objetivos para se chegar agrave quantificaccedilatildeo do dano moral deparamo-nos agraves vezes com julgadores que na inexistecircncia destes decidem de forma incriteriosa fixando condenaccedilotildees em valores exagerados e totalmente inadequados []66

Sobre esta quantificaccedilatildeo Seacutergio Cavalieri Filho aduz

Creio tambeacutem que este eacute outro ponto onde o princiacutepio da loacutegica do razoaacutevel deve ser a buacutessola norteadora do julgador Razoaacutevel eacute aquilo que eacute sensato comedido moderado que guarda certa proporcionalidade A razoabilidade eacute o criteacuterio que permite cotejar meios e fins causas e consequecircncias de modo a aferir a loacutegica da decisatildeo [] importa dizer que o juiz ao valorar o dano moral deve arbitrar uma quantia que de acordo com seu prudente arbiacutetrio seja compatiacutevel com a reprovabilidade da conduta iliacutecita a intensidade e duraccedilatildeo do sofrimento experimentado pela viacutetima a capacidade econocircmica do causador do dano as condiccedilotildees sociais do ofendido e outras circunstancias mais que se fizerem presentes67

Por sua vez o artigo 944 do Coacutedigo Civil eacute preciso ao afirmar que a

63 SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v

1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

64 MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNMULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017 Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019

65 BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019 66 Ibid 67 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 p 98 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
Page 11: RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS ... · RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath1

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atribuiacutedo ao proprietaacuterio do catildeo que o havia confiado a um perito O comportamento deste uacuteltimo foi causa direta e imediata do resultado lesivo46

Sequente tambeacutem ao que eacute expresso no paraacutegrafo uacutenico do artigo 927 satildeo as causas excludentes da responsabilidade objetiva assim consideradas porque rompem o nexo causal entre conduta e resultado alcanccedilado Exprimem uma ideia de imprescindibilidade e imprevisibilidade do agente Assim sendo as possibilidades de escusar-se seriam a culpa da viacutetima e forccedila maior47

Na hipoacutetese de culpa da viacutetima ambas as condutas tanto do causador quanto do lesado devem ser analisadas conjuntamente a fim de mensurar qual a contribuiccedilatildeo da viacutetima para que o resultado fosse produzido Destarte trecircs podem ser as conclusotildees do julgador que a viacutetima nada contribuiu para o resultado que contribuiu de forma parcial ou que incorreu de forma exclusiva para causar o dano Consoante a esta conclusatildeo pode haver abatimento no valor indenizatoacuterio ou ateacute mesmo a isenccedilatildeo do lesante uma vez que vencido o nexo causal48

Nesta linha eacute preciso o artigo 945 do Coacutedigo Civil vigente ao instituir que no momento da fixaccedilatildeo do valor devido quando da concorrecircncia da viacutetima para o resultado seraacute levada em conta a gravidade e a dimensatildeo desta contribuiccedilatildeo em cotejo com o autor do ano49

Outrossim haacute casos em que a lei denega expressamente a possibilidade de compensaccedilatildeo indenizatoacuteria Ainda que o lesado possua parcela de culpa a miacutenima participaccedilatildeo do agente garantiraacute o valor integral como eacute o caso do Decreto nordm 26811912 que dispotildee sobre a responsabilidade das estradas de ferro50

Sob outra perspectiva eacute o caso de incidecircncia de forccedila maior Inicialmente agrave sua anaacutelise cabe frisar que haacute contiacutenua discussatildeo doutrinaacuteria sobre a similitude entre caso fortuito e forccedila maior uma vez que o artigo 393 do Coacutedigo Civil natildeo estabelece qualquer distinccedilatildeo entre estes51

Seria o caso fortuito originado do latim fortuitus e exprimindo uma ideia de azar a ocorrecircncia de acontecimentos extraordinaacuterios e alheios agrave vontade das partes envolvidas poreacutem decorrentes de accedilatildeo humana como guerras eventuais paralisaccedilotildees e assim por diante52

Jaacute a forccedila maior seria uma sucessatildeo de fatos naturais como terremotos erupccedilatildeo de vulcatildeo inundaccedilotildees etc Igualmente sem qualquer contribuiccedilatildeo efetiva das partes para o feito que eacute proveniente de forccedilas da natureza53

De qualquer sorte ambos os institutos satildeo marcados pela imprevisibilidade e superveniecircncia Aleacutem disso fora do controle humano e por fim evocando a loacutegica

46 Ibid 47 NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo Grupo Gen

2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

48 OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018

49 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei no

10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Portal da Legislaccedilatildeo Brasiacutelia jan

2002 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002l10406htm Acesso em 20

out 2019 50 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2018 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent

Acesso em 13 nov 2019 51 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019 52 BONHO Luciana Tramontin et al Responsabilidade civil Porto Alegre SAGAH 2018 53 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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da responsabilidade objetiva a falta de culpa do agente sendo supressivos a culpa e a forccedila maior Quando a incidecircncia de um haacute por conseguinte a ausecircncia de outro54

54 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA

Permeando o que foi dito ateacute entatildeo a responsabilidade civil decorrente de fato de animal sofreu notaacuteveis transformaccedilotildees em seu tratamento legal superando a ideia de culpa presumida conhecida no Coacutedigo Civil de 1916 um esboccedilo do tratamento puramente objetivo para os casos que satildeo especificados em lei que possui nos dias de hoje

No antigo dispositivo o tema era abordado pelo artigo 1527 que aleacutem das hipoacuteteses recepcionadas em 2002 contava com adicional previsatildeo55

Se pode inferir atraveacutes do inciso I que a presunccedilatildeo de culpa era ldquojuris tantumrdquo admitindo prova em contraacuterio no sentido de que o cuidado e diligecircncia necessaacuterios para com o animal foram observados pleiteando para que natildeo incorresse o agente no dever de indenizar Isso ocorreria portanto se ficasse comprovado o afastamento da culpa presumida56

De maneira a ilustrar essa possibilidade anteriormente prevista entendimento pelo Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande do Sul ano de 1997

Ementa RESPONSABILIDADE CIVIL FATO DE ANIMAL DANOS ESTETICOS E MORAL O DONO DO ANIMAL E RESPONSAVEL POR SUA GUARDA E SEGURANCA DAI QUE RESPONDERA POR DANOS POR ESSE OCASIONADOS SENDO A TEOR DO ART-1527 DO CODIGO CIVIL PRESUMIDA SUA CULPA E CONSEQUENTE RESPONSABILIDADE PRESUNCAO QUE LHE INCUMBE AFASTAR MEDIANTE PROVA IDONEA EM SENDO DISCUTIDA EM DEMANDA JUDICIAL PROVANDO CAUSA ELIDENTE DE RESPONSABILIDADE OU SEJA QUE MANTINHA O ANIMAL EM LUGAR ADEQUADO E SEGURO57

Cabe aqui reforccedilar que a culpa presumida natildeo eacute mais aceita em nosso ordenamento no que compete ao fato praticado por animais Hodiernamente se aceita

unicamente a incidecircncia das jaacute mencionadas culpa exclusiva da viacutetima caso fortuito e forccedila maior

Eacute a aplicaccedilatildeo de uma dessas formas que passamos a analisar atraveacutes de demanda ajuizada por fato ocorrido no municiacutepio de Augusto Pestana interior do estado do Rio Grande do Sul O demandante acionou a justiccedila com pleito indenizatoacuterio em face do realizador do rodeio em que participava e o muniacutecipio referido por lesotildees fiacutesicas sofridas em decorrecircncia do ldquocoicerdquo de um cavalo no momento em que se dirigia ao banheiro do Parque Alegou a omissatildeo do municiacutepio na fiscalizaccedilatildeo uma vez que a aacuterea cedida era de sua propriedade Apoacutes improcedecircncia da sentenccedila que reconheceu a ilegitimidade no poacutelo passivo da cidade e a natildeo configuraccedilatildeo do dever de indenizar frente aos organizadores os autos foram

55 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm

3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

56 MIGUEL Alexandre A responsabilidade civil no Novo Coacutedigo algumas consideraccedilotildees Revista dos Tribunais v 809 p 11-27 mar 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

57 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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remetidos ao Tribunal de Justiccedila Este por sua vez manteve o entendimento ao afirmar que inexistia qualquer dever de fiscalizaccedilatildeo por parte da Administraccedilatildeo Puacuteblica sendo categoacuterico ao afirmar que a viacutetima incorreu exclusivamente para o resultado uma vez que os animais estavam amarrados e em aacuterea dedicada exclusivamente para tal Para aleacutem disto por lidar com animais do gecircnero do causador deveria ter o conhecimento de que natildeo se pode passar por detraacutes de ldquocavalo cuiudordquo leia-se natildeo castrado58

Sobre o acontecimento adequado mencionar as proacuteprias palavras do proacuteprio Relator

O autor a toda evidecircncia eacute um sujeito afeito agraves lides campeiras com o que eacute perfeitamente possiacutevel considerar que agiu sem as cautelas necessaacuterias independente de estar embriagado ou natildeo Considero dessa forma que o acidente se deu exclusivamente em razatildeo de sua conduta59

Em contrapartida eacute o acontecido em um Parque de Exposiccedilotildees popularmente conhecido no estado localidade de Esteio Neste caso o demandante da accedilatildeo teve prejuiacutezos materiais em decorrecircncia de colisatildeo entre seu veiacuteculo e um cavalo da Brigada Militar que auxiliava no policiamento do local Em que pese tenha sido reconhecido o dever de ressarcimento na via administrativa as partes natildeo concordaram com o ldquoquantumrdquo o que deu ensejo ao pleito judicial

Figuraram como reacuteus tanto a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul quanto o Sargento Newton que manejava o animal no momento do ocorrido Em contestaccedilatildeo foi alegada a falta de culpa por parte do condutor do cavalo que disse se tratar de caso isolado tendo em vista que agentes e animais recebem treinamentos intriacutensecos agrave atividade De outro modo a Brigada Militar alegou o caso fortuito por ter sido o movimento repentino do equino que deu causa ao evento danoso porque este teria se assustado com brinquedos de luzes que ali estavam

A sentenccedila proferida foi no sentido de condenar exclusivamente a Brigada Militar pelos prejuiacutezos causados e apoacutes subiram os autos por recurso interposo pela parte autora

O acoacuterdatildeo proferido seguiu o entendimento que fora adotado em 1deg instacircncia alterando apenas o valor devido a tiacutetulo indenizatoacuterio A fim de evidenciar a narrativa

Ainda que se discorde da ldquocausa fortuitardquo suscitada na conclusatildeo do referido Inqueacuterito Teacutecnico a realizaccedilatildeo de patrulhamento com animais dotados de impulsos proacuteprios e instintivos enseja a assunccedilatildeo dos riscos decorrentes de eventuais danos causados a terceiros tal como ocorreu no caso dos autos Assim ainda que o equino tenha empreendido manobra inesperada eacute induvidoso que o local onde ocorreram os fatos (Expointer 2011) eacute de intenso fluxo de pessoas e veiacuteculos razatildeo pela qual maiores cuidados o ente puacuteblico deveria ter em relaccedilatildeo aos animais utilizados para o patrulhamento Em tais condiccedilotildees o ato comissivo e mesmo involuntaacuterio praticado por semovente pertencente ao acervo estatal causador de dano ao patrimocircnio particular enseja a devida indenizaccedilatildeo60

Por fim assimilaccedilatildeo homoacuteloga possui o Tribunal de Justiccedila do estado de Satildeo

58 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho

Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnumero_processo= 70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

59 Ibid 60 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de

Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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Paulo nos casos relativos ao tema em discussatildeo A decisatildeo objeto de anaacutelise trata de pedido de danos materiais oriundos da invasatildeo de animal que teria ldquopisoteadordquo a propriedade da parte autora onde cultivava sua plantaccedilatildeo de milho Entretanto em primeira instacircncia se limitou a requerer produccedilatildeo de prova oral unicamente sem pugnar fosse feita periacutecia no local e desta forma sem comprovar a extensatildeo do dano

Jaacute a defesa por sua vez requereu a improcedecircncia da demanda haja vista a cerca da propriedade estar danificada em alguns pontos atribuindo culpa a parte autora

Sobreveio sentenccedila que indeferiu o pedido formulado Apoacutes recurso interposto o Tribunal de Justiccedila decidiu por mantecirc-la uma vez que a extensatildeo do dano De forma precisa Relator do caso

Examinados os autos natildeo se verifica qualquer comprovaccedilatildeo de que os autores tenham dado causa agrave invasatildeo do gado em sua propriedade ou de que tenha existido forccedila maior a levar o gado para dentro da sua colheita Haacute menccedilotildees apenas geneacutericas e vagas a respeito de um eventual susto que o gado tenha sofrido ou do estado de conservaccedilatildeo da cerca divisoacuteria Contudo aos autores cabia ainda assim e nos termos do artigo 373 inciso I do Coacutedigo de Processo Civil comprovar a alegaccedilatildeo na qual assentaram o pedido indenizatoacuterio isto eacute que em razatildeo da invasatildeo dos bovinos fora destruiacuteda toda a sua plantaccedilatildeo de milho61

O que se pode depreender do feito eacute a pungente necessidade de comprovaccedilatildeo dos pressupostos gerais da responsabilidade civil porque recai sobre o requerente o ocircnus da prova destes elementos Por falta da comprovaccedilatildeo do dano o pedido formulado fora desacolhido antes mesmo da anaacutelise se houve a quebra do nexo causal suscitada62

61 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em

httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30194C3890cjs Acesso em 20 out 2019

62 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm 3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

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5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS

Eacute sabido ateacute aqui que a responsabilidade civil assume importantes funccedilotildees

na sociedade contemporacircnea tais como a prevenccedilatildeo dos comportamentos civilmente indenizaacuteveis reestabelecimento da ordem entre as pessoas reparaccedilatildeo ao ldquostatus quordquo ou seja situaccedilatildeo em que se encontrava a pessoa ou objeto lesado anteriormente agrave ocorrecircncia do evento danoso etc63 Aleacutem disso o fato passiacutevel de indenizaccedilatildeo pode suceder tanto de inobservaccedilotildees e demais situaccedilotildees envolvendo contratos estabelecidos entre as partes quanto extracontratuais provenientes do ato iliacutecito acima explanado64

Dito isso uma vez que eacute mister a atribuiccedilatildeo da responsabilidade pelos danos materiais ao proprietaacuterio ou detentor do animal quando da ocorrecircncia do fato lesivo um dos maiores desafios relativos ao tema em questatildeo eacute a quantificaccedilatildeo da indenizaccedilatildeo e os criteacuterios que devem ser utilizados para a atribuir o valor referente ao dano moral haja vista as criacuteticas recorrentes sobre a definiccedilatildeo nebulosa a ldquoinduacutestria do dano moralrdquo decorrente de tal situaccedilatildeo65

Acerca do tema Caio Rogeacuterio da Costa Brandatildeo

Infelizmente diante da inexistecircncia de elementos objetivos para se chegar agrave quantificaccedilatildeo do dano moral deparamo-nos agraves vezes com julgadores que na inexistecircncia destes decidem de forma incriteriosa fixando condenaccedilotildees em valores exagerados e totalmente inadequados []66

Sobre esta quantificaccedilatildeo Seacutergio Cavalieri Filho aduz

Creio tambeacutem que este eacute outro ponto onde o princiacutepio da loacutegica do razoaacutevel deve ser a buacutessola norteadora do julgador Razoaacutevel eacute aquilo que eacute sensato comedido moderado que guarda certa proporcionalidade A razoabilidade eacute o criteacuterio que permite cotejar meios e fins causas e consequecircncias de modo a aferir a loacutegica da decisatildeo [] importa dizer que o juiz ao valorar o dano moral deve arbitrar uma quantia que de acordo com seu prudente arbiacutetrio seja compatiacutevel com a reprovabilidade da conduta iliacutecita a intensidade e duraccedilatildeo do sofrimento experimentado pela viacutetima a capacidade econocircmica do causador do dano as condiccedilotildees sociais do ofendido e outras circunstancias mais que se fizerem presentes67

Por sua vez o artigo 944 do Coacutedigo Civil eacute preciso ao afirmar que a

63 SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v

1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

64 MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNMULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017 Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019

65 BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019 66 Ibid 67 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 p 98 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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REFEREcircNCIAS

AGEcircNCIA SENADO ldquoNatildeo eacute coisardquo projeto de lei reconhece que animais tecircm sentimentos Revista Exame Satildeo Paulo 2019 Disponiacutevel em

httpsexameabrilcombrbrasilnao-e-coisa-projeto-de-lei-reconhece-que-animais- tem-sentimentos Acesso em 20 out 2019

ALONSO Paulo Sergio Gomes Responsabilidade civil por fato de terceiro Revista de Direito Privado v 64 p 161-176 outdez 2015

ALTHEIM Roberto A atividade interpretativa e a imputaccedilatildeo do dever de indenizar no direito civil brasileiro contemporacircneo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 94 n 841 p 127ndash148 nov 2005 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Gen 2018 Disponiacutevel em

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em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
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da responsabilidade objetiva a falta de culpa do agente sendo supressivos a culpa e a forccedila maior Quando a incidecircncia de um haacute por conseguinte a ausecircncia de outro54

54 GONCcedilALVES Carlos Roberto Responsabilidade civil v 4 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2019

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4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA

Permeando o que foi dito ateacute entatildeo a responsabilidade civil decorrente de fato de animal sofreu notaacuteveis transformaccedilotildees em seu tratamento legal superando a ideia de culpa presumida conhecida no Coacutedigo Civil de 1916 um esboccedilo do tratamento puramente objetivo para os casos que satildeo especificados em lei que possui nos dias de hoje

No antigo dispositivo o tema era abordado pelo artigo 1527 que aleacutem das hipoacuteteses recepcionadas em 2002 contava com adicional previsatildeo55

Se pode inferir atraveacutes do inciso I que a presunccedilatildeo de culpa era ldquojuris tantumrdquo admitindo prova em contraacuterio no sentido de que o cuidado e diligecircncia necessaacuterios para com o animal foram observados pleiteando para que natildeo incorresse o agente no dever de indenizar Isso ocorreria portanto se ficasse comprovado o afastamento da culpa presumida56

De maneira a ilustrar essa possibilidade anteriormente prevista entendimento pelo Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande do Sul ano de 1997

Ementa RESPONSABILIDADE CIVIL FATO DE ANIMAL DANOS ESTETICOS E MORAL O DONO DO ANIMAL E RESPONSAVEL POR SUA GUARDA E SEGURANCA DAI QUE RESPONDERA POR DANOS POR ESSE OCASIONADOS SENDO A TEOR DO ART-1527 DO CODIGO CIVIL PRESUMIDA SUA CULPA E CONSEQUENTE RESPONSABILIDADE PRESUNCAO QUE LHE INCUMBE AFASTAR MEDIANTE PROVA IDONEA EM SENDO DISCUTIDA EM DEMANDA JUDICIAL PROVANDO CAUSA ELIDENTE DE RESPONSABILIDADE OU SEJA QUE MANTINHA O ANIMAL EM LUGAR ADEQUADO E SEGURO57

Cabe aqui reforccedilar que a culpa presumida natildeo eacute mais aceita em nosso ordenamento no que compete ao fato praticado por animais Hodiernamente se aceita

unicamente a incidecircncia das jaacute mencionadas culpa exclusiva da viacutetima caso fortuito e forccedila maior

Eacute a aplicaccedilatildeo de uma dessas formas que passamos a analisar atraveacutes de demanda ajuizada por fato ocorrido no municiacutepio de Augusto Pestana interior do estado do Rio Grande do Sul O demandante acionou a justiccedila com pleito indenizatoacuterio em face do realizador do rodeio em que participava e o muniacutecipio referido por lesotildees fiacutesicas sofridas em decorrecircncia do ldquocoicerdquo de um cavalo no momento em que se dirigia ao banheiro do Parque Alegou a omissatildeo do municiacutepio na fiscalizaccedilatildeo uma vez que a aacuterea cedida era de sua propriedade Apoacutes improcedecircncia da sentenccedila que reconheceu a ilegitimidade no poacutelo passivo da cidade e a natildeo configuraccedilatildeo do dever de indenizar frente aos organizadores os autos foram

55 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm

3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

56 MIGUEL Alexandre A responsabilidade civil no Novo Coacutedigo algumas consideraccedilotildees Revista dos Tribunais v 809 p 11-27 mar 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

57 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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remetidos ao Tribunal de Justiccedila Este por sua vez manteve o entendimento ao afirmar que inexistia qualquer dever de fiscalizaccedilatildeo por parte da Administraccedilatildeo Puacuteblica sendo categoacuterico ao afirmar que a viacutetima incorreu exclusivamente para o resultado uma vez que os animais estavam amarrados e em aacuterea dedicada exclusivamente para tal Para aleacutem disto por lidar com animais do gecircnero do causador deveria ter o conhecimento de que natildeo se pode passar por detraacutes de ldquocavalo cuiudordquo leia-se natildeo castrado58

Sobre o acontecimento adequado mencionar as proacuteprias palavras do proacuteprio Relator

O autor a toda evidecircncia eacute um sujeito afeito agraves lides campeiras com o que eacute perfeitamente possiacutevel considerar que agiu sem as cautelas necessaacuterias independente de estar embriagado ou natildeo Considero dessa forma que o acidente se deu exclusivamente em razatildeo de sua conduta59

Em contrapartida eacute o acontecido em um Parque de Exposiccedilotildees popularmente conhecido no estado localidade de Esteio Neste caso o demandante da accedilatildeo teve prejuiacutezos materiais em decorrecircncia de colisatildeo entre seu veiacuteculo e um cavalo da Brigada Militar que auxiliava no policiamento do local Em que pese tenha sido reconhecido o dever de ressarcimento na via administrativa as partes natildeo concordaram com o ldquoquantumrdquo o que deu ensejo ao pleito judicial

Figuraram como reacuteus tanto a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul quanto o Sargento Newton que manejava o animal no momento do ocorrido Em contestaccedilatildeo foi alegada a falta de culpa por parte do condutor do cavalo que disse se tratar de caso isolado tendo em vista que agentes e animais recebem treinamentos intriacutensecos agrave atividade De outro modo a Brigada Militar alegou o caso fortuito por ter sido o movimento repentino do equino que deu causa ao evento danoso porque este teria se assustado com brinquedos de luzes que ali estavam

A sentenccedila proferida foi no sentido de condenar exclusivamente a Brigada Militar pelos prejuiacutezos causados e apoacutes subiram os autos por recurso interposo pela parte autora

O acoacuterdatildeo proferido seguiu o entendimento que fora adotado em 1deg instacircncia alterando apenas o valor devido a tiacutetulo indenizatoacuterio A fim de evidenciar a narrativa

Ainda que se discorde da ldquocausa fortuitardquo suscitada na conclusatildeo do referido Inqueacuterito Teacutecnico a realizaccedilatildeo de patrulhamento com animais dotados de impulsos proacuteprios e instintivos enseja a assunccedilatildeo dos riscos decorrentes de eventuais danos causados a terceiros tal como ocorreu no caso dos autos Assim ainda que o equino tenha empreendido manobra inesperada eacute induvidoso que o local onde ocorreram os fatos (Expointer 2011) eacute de intenso fluxo de pessoas e veiacuteculos razatildeo pela qual maiores cuidados o ente puacuteblico deveria ter em relaccedilatildeo aos animais utilizados para o patrulhamento Em tais condiccedilotildees o ato comissivo e mesmo involuntaacuterio praticado por semovente pertencente ao acervo estatal causador de dano ao patrimocircnio particular enseja a devida indenizaccedilatildeo60

Por fim assimilaccedilatildeo homoacuteloga possui o Tribunal de Justiccedila do estado de Satildeo

58 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho

Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnumero_processo= 70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

59 Ibid 60 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de

Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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Paulo nos casos relativos ao tema em discussatildeo A decisatildeo objeto de anaacutelise trata de pedido de danos materiais oriundos da invasatildeo de animal que teria ldquopisoteadordquo a propriedade da parte autora onde cultivava sua plantaccedilatildeo de milho Entretanto em primeira instacircncia se limitou a requerer produccedilatildeo de prova oral unicamente sem pugnar fosse feita periacutecia no local e desta forma sem comprovar a extensatildeo do dano

Jaacute a defesa por sua vez requereu a improcedecircncia da demanda haja vista a cerca da propriedade estar danificada em alguns pontos atribuindo culpa a parte autora

Sobreveio sentenccedila que indeferiu o pedido formulado Apoacutes recurso interposto o Tribunal de Justiccedila decidiu por mantecirc-la uma vez que a extensatildeo do dano De forma precisa Relator do caso

Examinados os autos natildeo se verifica qualquer comprovaccedilatildeo de que os autores tenham dado causa agrave invasatildeo do gado em sua propriedade ou de que tenha existido forccedila maior a levar o gado para dentro da sua colheita Haacute menccedilotildees apenas geneacutericas e vagas a respeito de um eventual susto que o gado tenha sofrido ou do estado de conservaccedilatildeo da cerca divisoacuteria Contudo aos autores cabia ainda assim e nos termos do artigo 373 inciso I do Coacutedigo de Processo Civil comprovar a alegaccedilatildeo na qual assentaram o pedido indenizatoacuterio isto eacute que em razatildeo da invasatildeo dos bovinos fora destruiacuteda toda a sua plantaccedilatildeo de milho61

O que se pode depreender do feito eacute a pungente necessidade de comprovaccedilatildeo dos pressupostos gerais da responsabilidade civil porque recai sobre o requerente o ocircnus da prova destes elementos Por falta da comprovaccedilatildeo do dano o pedido formulado fora desacolhido antes mesmo da anaacutelise se houve a quebra do nexo causal suscitada62

61 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em

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62 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm 3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

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5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS

Eacute sabido ateacute aqui que a responsabilidade civil assume importantes funccedilotildees

na sociedade contemporacircnea tais como a prevenccedilatildeo dos comportamentos civilmente indenizaacuteveis reestabelecimento da ordem entre as pessoas reparaccedilatildeo ao ldquostatus quordquo ou seja situaccedilatildeo em que se encontrava a pessoa ou objeto lesado anteriormente agrave ocorrecircncia do evento danoso etc63 Aleacutem disso o fato passiacutevel de indenizaccedilatildeo pode suceder tanto de inobservaccedilotildees e demais situaccedilotildees envolvendo contratos estabelecidos entre as partes quanto extracontratuais provenientes do ato iliacutecito acima explanado64

Dito isso uma vez que eacute mister a atribuiccedilatildeo da responsabilidade pelos danos materiais ao proprietaacuterio ou detentor do animal quando da ocorrecircncia do fato lesivo um dos maiores desafios relativos ao tema em questatildeo eacute a quantificaccedilatildeo da indenizaccedilatildeo e os criteacuterios que devem ser utilizados para a atribuir o valor referente ao dano moral haja vista as criacuteticas recorrentes sobre a definiccedilatildeo nebulosa a ldquoinduacutestria do dano moralrdquo decorrente de tal situaccedilatildeo65

Acerca do tema Caio Rogeacuterio da Costa Brandatildeo

Infelizmente diante da inexistecircncia de elementos objetivos para se chegar agrave quantificaccedilatildeo do dano moral deparamo-nos agraves vezes com julgadores que na inexistecircncia destes decidem de forma incriteriosa fixando condenaccedilotildees em valores exagerados e totalmente inadequados []66

Sobre esta quantificaccedilatildeo Seacutergio Cavalieri Filho aduz

Creio tambeacutem que este eacute outro ponto onde o princiacutepio da loacutegica do razoaacutevel deve ser a buacutessola norteadora do julgador Razoaacutevel eacute aquilo que eacute sensato comedido moderado que guarda certa proporcionalidade A razoabilidade eacute o criteacuterio que permite cotejar meios e fins causas e consequecircncias de modo a aferir a loacutegica da decisatildeo [] importa dizer que o juiz ao valorar o dano moral deve arbitrar uma quantia que de acordo com seu prudente arbiacutetrio seja compatiacutevel com a reprovabilidade da conduta iliacutecita a intensidade e duraccedilatildeo do sofrimento experimentado pela viacutetima a capacidade econocircmica do causador do dano as condiccedilotildees sociais do ofendido e outras circunstancias mais que se fizerem presentes67

Por sua vez o artigo 944 do Coacutedigo Civil eacute preciso ao afirmar que a

63 SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v

1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

64 MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNMULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017 Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019

65 BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019 66 Ibid 67 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 p 98 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

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  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
Page 13: RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS ... · RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath1

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4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA

Permeando o que foi dito ateacute entatildeo a responsabilidade civil decorrente de fato de animal sofreu notaacuteveis transformaccedilotildees em seu tratamento legal superando a ideia de culpa presumida conhecida no Coacutedigo Civil de 1916 um esboccedilo do tratamento puramente objetivo para os casos que satildeo especificados em lei que possui nos dias de hoje

No antigo dispositivo o tema era abordado pelo artigo 1527 que aleacutem das hipoacuteteses recepcionadas em 2002 contava com adicional previsatildeo55

Se pode inferir atraveacutes do inciso I que a presunccedilatildeo de culpa era ldquojuris tantumrdquo admitindo prova em contraacuterio no sentido de que o cuidado e diligecircncia necessaacuterios para com o animal foram observados pleiteando para que natildeo incorresse o agente no dever de indenizar Isso ocorreria portanto se ficasse comprovado o afastamento da culpa presumida56

De maneira a ilustrar essa possibilidade anteriormente prevista entendimento pelo Tribunal de Justiccedila do Estado do Rio Grande do Sul ano de 1997

Ementa RESPONSABILIDADE CIVIL FATO DE ANIMAL DANOS ESTETICOS E MORAL O DONO DO ANIMAL E RESPONSAVEL POR SUA GUARDA E SEGURANCA DAI QUE RESPONDERA POR DANOS POR ESSE OCASIONADOS SENDO A TEOR DO ART-1527 DO CODIGO CIVIL PRESUMIDA SUA CULPA E CONSEQUENTE RESPONSABILIDADE PRESUNCAO QUE LHE INCUMBE AFASTAR MEDIANTE PROVA IDONEA EM SENDO DISCUTIDA EM DEMANDA JUDICIAL PROVANDO CAUSA ELIDENTE DE RESPONSABILIDADE OU SEJA QUE MANTINHA O ANIMAL EM LUGAR ADEQUADO E SEGURO57

Cabe aqui reforccedilar que a culpa presumida natildeo eacute mais aceita em nosso ordenamento no que compete ao fato praticado por animais Hodiernamente se aceita

unicamente a incidecircncia das jaacute mencionadas culpa exclusiva da viacutetima caso fortuito e forccedila maior

Eacute a aplicaccedilatildeo de uma dessas formas que passamos a analisar atraveacutes de demanda ajuizada por fato ocorrido no municiacutepio de Augusto Pestana interior do estado do Rio Grande do Sul O demandante acionou a justiccedila com pleito indenizatoacuterio em face do realizador do rodeio em que participava e o muniacutecipio referido por lesotildees fiacutesicas sofridas em decorrecircncia do ldquocoicerdquo de um cavalo no momento em que se dirigia ao banheiro do Parque Alegou a omissatildeo do municiacutepio na fiscalizaccedilatildeo uma vez que a aacuterea cedida era de sua propriedade Apoacutes improcedecircncia da sentenccedila que reconheceu a ilegitimidade no poacutelo passivo da cidade e a natildeo configuraccedilatildeo do dever de indenizar frente aos organizadores os autos foram

55 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm

3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

56 MIGUEL Alexandre A responsabilidade civil no Novo Coacutedigo algumas consideraccedilotildees Revista dos Tribunais v 809 p 11-27 mar 2003 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

57 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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remetidos ao Tribunal de Justiccedila Este por sua vez manteve o entendimento ao afirmar que inexistia qualquer dever de fiscalizaccedilatildeo por parte da Administraccedilatildeo Puacuteblica sendo categoacuterico ao afirmar que a viacutetima incorreu exclusivamente para o resultado uma vez que os animais estavam amarrados e em aacuterea dedicada exclusivamente para tal Para aleacutem disto por lidar com animais do gecircnero do causador deveria ter o conhecimento de que natildeo se pode passar por detraacutes de ldquocavalo cuiudordquo leia-se natildeo castrado58

Sobre o acontecimento adequado mencionar as proacuteprias palavras do proacuteprio Relator

O autor a toda evidecircncia eacute um sujeito afeito agraves lides campeiras com o que eacute perfeitamente possiacutevel considerar que agiu sem as cautelas necessaacuterias independente de estar embriagado ou natildeo Considero dessa forma que o acidente se deu exclusivamente em razatildeo de sua conduta59

Em contrapartida eacute o acontecido em um Parque de Exposiccedilotildees popularmente conhecido no estado localidade de Esteio Neste caso o demandante da accedilatildeo teve prejuiacutezos materiais em decorrecircncia de colisatildeo entre seu veiacuteculo e um cavalo da Brigada Militar que auxiliava no policiamento do local Em que pese tenha sido reconhecido o dever de ressarcimento na via administrativa as partes natildeo concordaram com o ldquoquantumrdquo o que deu ensejo ao pleito judicial

Figuraram como reacuteus tanto a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul quanto o Sargento Newton que manejava o animal no momento do ocorrido Em contestaccedilatildeo foi alegada a falta de culpa por parte do condutor do cavalo que disse se tratar de caso isolado tendo em vista que agentes e animais recebem treinamentos intriacutensecos agrave atividade De outro modo a Brigada Militar alegou o caso fortuito por ter sido o movimento repentino do equino que deu causa ao evento danoso porque este teria se assustado com brinquedos de luzes que ali estavam

A sentenccedila proferida foi no sentido de condenar exclusivamente a Brigada Militar pelos prejuiacutezos causados e apoacutes subiram os autos por recurso interposo pela parte autora

O acoacuterdatildeo proferido seguiu o entendimento que fora adotado em 1deg instacircncia alterando apenas o valor devido a tiacutetulo indenizatoacuterio A fim de evidenciar a narrativa

Ainda que se discorde da ldquocausa fortuitardquo suscitada na conclusatildeo do referido Inqueacuterito Teacutecnico a realizaccedilatildeo de patrulhamento com animais dotados de impulsos proacuteprios e instintivos enseja a assunccedilatildeo dos riscos decorrentes de eventuais danos causados a terceiros tal como ocorreu no caso dos autos Assim ainda que o equino tenha empreendido manobra inesperada eacute induvidoso que o local onde ocorreram os fatos (Expointer 2011) eacute de intenso fluxo de pessoas e veiacuteculos razatildeo pela qual maiores cuidados o ente puacuteblico deveria ter em relaccedilatildeo aos animais utilizados para o patrulhamento Em tais condiccedilotildees o ato comissivo e mesmo involuntaacuterio praticado por semovente pertencente ao acervo estatal causador de dano ao patrimocircnio particular enseja a devida indenizaccedilatildeo60

Por fim assimilaccedilatildeo homoacuteloga possui o Tribunal de Justiccedila do estado de Satildeo

58 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho

Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnumero_processo= 70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

59 Ibid 60 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de

Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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Paulo nos casos relativos ao tema em discussatildeo A decisatildeo objeto de anaacutelise trata de pedido de danos materiais oriundos da invasatildeo de animal que teria ldquopisoteadordquo a propriedade da parte autora onde cultivava sua plantaccedilatildeo de milho Entretanto em primeira instacircncia se limitou a requerer produccedilatildeo de prova oral unicamente sem pugnar fosse feita periacutecia no local e desta forma sem comprovar a extensatildeo do dano

Jaacute a defesa por sua vez requereu a improcedecircncia da demanda haja vista a cerca da propriedade estar danificada em alguns pontos atribuindo culpa a parte autora

Sobreveio sentenccedila que indeferiu o pedido formulado Apoacutes recurso interposto o Tribunal de Justiccedila decidiu por mantecirc-la uma vez que a extensatildeo do dano De forma precisa Relator do caso

Examinados os autos natildeo se verifica qualquer comprovaccedilatildeo de que os autores tenham dado causa agrave invasatildeo do gado em sua propriedade ou de que tenha existido forccedila maior a levar o gado para dentro da sua colheita Haacute menccedilotildees apenas geneacutericas e vagas a respeito de um eventual susto que o gado tenha sofrido ou do estado de conservaccedilatildeo da cerca divisoacuteria Contudo aos autores cabia ainda assim e nos termos do artigo 373 inciso I do Coacutedigo de Processo Civil comprovar a alegaccedilatildeo na qual assentaram o pedido indenizatoacuterio isto eacute que em razatildeo da invasatildeo dos bovinos fora destruiacuteda toda a sua plantaccedilatildeo de milho61

O que se pode depreender do feito eacute a pungente necessidade de comprovaccedilatildeo dos pressupostos gerais da responsabilidade civil porque recai sobre o requerente o ocircnus da prova destes elementos Por falta da comprovaccedilatildeo do dano o pedido formulado fora desacolhido antes mesmo da anaacutelise se houve a quebra do nexo causal suscitada62

61 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em

httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30194C3890cjs Acesso em 20 out 2019

62 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm 3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

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5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS

Eacute sabido ateacute aqui que a responsabilidade civil assume importantes funccedilotildees

na sociedade contemporacircnea tais como a prevenccedilatildeo dos comportamentos civilmente indenizaacuteveis reestabelecimento da ordem entre as pessoas reparaccedilatildeo ao ldquostatus quordquo ou seja situaccedilatildeo em que se encontrava a pessoa ou objeto lesado anteriormente agrave ocorrecircncia do evento danoso etc63 Aleacutem disso o fato passiacutevel de indenizaccedilatildeo pode suceder tanto de inobservaccedilotildees e demais situaccedilotildees envolvendo contratos estabelecidos entre as partes quanto extracontratuais provenientes do ato iliacutecito acima explanado64

Dito isso uma vez que eacute mister a atribuiccedilatildeo da responsabilidade pelos danos materiais ao proprietaacuterio ou detentor do animal quando da ocorrecircncia do fato lesivo um dos maiores desafios relativos ao tema em questatildeo eacute a quantificaccedilatildeo da indenizaccedilatildeo e os criteacuterios que devem ser utilizados para a atribuir o valor referente ao dano moral haja vista as criacuteticas recorrentes sobre a definiccedilatildeo nebulosa a ldquoinduacutestria do dano moralrdquo decorrente de tal situaccedilatildeo65

Acerca do tema Caio Rogeacuterio da Costa Brandatildeo

Infelizmente diante da inexistecircncia de elementos objetivos para se chegar agrave quantificaccedilatildeo do dano moral deparamo-nos agraves vezes com julgadores que na inexistecircncia destes decidem de forma incriteriosa fixando condenaccedilotildees em valores exagerados e totalmente inadequados []66

Sobre esta quantificaccedilatildeo Seacutergio Cavalieri Filho aduz

Creio tambeacutem que este eacute outro ponto onde o princiacutepio da loacutegica do razoaacutevel deve ser a buacutessola norteadora do julgador Razoaacutevel eacute aquilo que eacute sensato comedido moderado que guarda certa proporcionalidade A razoabilidade eacute o criteacuterio que permite cotejar meios e fins causas e consequecircncias de modo a aferir a loacutegica da decisatildeo [] importa dizer que o juiz ao valorar o dano moral deve arbitrar uma quantia que de acordo com seu prudente arbiacutetrio seja compatiacutevel com a reprovabilidade da conduta iliacutecita a intensidade e duraccedilatildeo do sofrimento experimentado pela viacutetima a capacidade econocircmica do causador do dano as condiccedilotildees sociais do ofendido e outras circunstancias mais que se fizerem presentes67

Por sua vez o artigo 944 do Coacutedigo Civil eacute preciso ao afirmar que a

63 SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v

1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

64 MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNMULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017 Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019

65 BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019 66 Ibid 67 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 p 98 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
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remetidos ao Tribunal de Justiccedila Este por sua vez manteve o entendimento ao afirmar que inexistia qualquer dever de fiscalizaccedilatildeo por parte da Administraccedilatildeo Puacuteblica sendo categoacuterico ao afirmar que a viacutetima incorreu exclusivamente para o resultado uma vez que os animais estavam amarrados e em aacuterea dedicada exclusivamente para tal Para aleacutem disto por lidar com animais do gecircnero do causador deveria ter o conhecimento de que natildeo se pode passar por detraacutes de ldquocavalo cuiudordquo leia-se natildeo castrado58

Sobre o acontecimento adequado mencionar as proacuteprias palavras do proacuteprio Relator

O autor a toda evidecircncia eacute um sujeito afeito agraves lides campeiras com o que eacute perfeitamente possiacutevel considerar que agiu sem as cautelas necessaacuterias independente de estar embriagado ou natildeo Considero dessa forma que o acidente se deu exclusivamente em razatildeo de sua conduta59

Em contrapartida eacute o acontecido em um Parque de Exposiccedilotildees popularmente conhecido no estado localidade de Esteio Neste caso o demandante da accedilatildeo teve prejuiacutezos materiais em decorrecircncia de colisatildeo entre seu veiacuteculo e um cavalo da Brigada Militar que auxiliava no policiamento do local Em que pese tenha sido reconhecido o dever de ressarcimento na via administrativa as partes natildeo concordaram com o ldquoquantumrdquo o que deu ensejo ao pleito judicial

Figuraram como reacuteus tanto a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul quanto o Sargento Newton que manejava o animal no momento do ocorrido Em contestaccedilatildeo foi alegada a falta de culpa por parte do condutor do cavalo que disse se tratar de caso isolado tendo em vista que agentes e animais recebem treinamentos intriacutensecos agrave atividade De outro modo a Brigada Militar alegou o caso fortuito por ter sido o movimento repentino do equino que deu causa ao evento danoso porque este teria se assustado com brinquedos de luzes que ali estavam

A sentenccedila proferida foi no sentido de condenar exclusivamente a Brigada Militar pelos prejuiacutezos causados e apoacutes subiram os autos por recurso interposo pela parte autora

O acoacuterdatildeo proferido seguiu o entendimento que fora adotado em 1deg instacircncia alterando apenas o valor devido a tiacutetulo indenizatoacuterio A fim de evidenciar a narrativa

Ainda que se discorde da ldquocausa fortuitardquo suscitada na conclusatildeo do referido Inqueacuterito Teacutecnico a realizaccedilatildeo de patrulhamento com animais dotados de impulsos proacuteprios e instintivos enseja a assunccedilatildeo dos riscos decorrentes de eventuais danos causados a terceiros tal como ocorreu no caso dos autos Assim ainda que o equino tenha empreendido manobra inesperada eacute induvidoso que o local onde ocorreram os fatos (Expointer 2011) eacute de intenso fluxo de pessoas e veiacuteculos razatildeo pela qual maiores cuidados o ente puacuteblico deveria ter em relaccedilatildeo aos animais utilizados para o patrulhamento Em tais condiccedilotildees o ato comissivo e mesmo involuntaacuterio praticado por semovente pertencente ao acervo estatal causador de dano ao patrimocircnio particular enseja a devida indenizaccedilatildeo60

Por fim assimilaccedilatildeo homoacuteloga possui o Tribunal de Justiccedila do estado de Satildeo

58 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho

Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnumero_processo= 70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

59 Ibid 60 RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de

Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca- solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

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Paulo nos casos relativos ao tema em discussatildeo A decisatildeo objeto de anaacutelise trata de pedido de danos materiais oriundos da invasatildeo de animal que teria ldquopisoteadordquo a propriedade da parte autora onde cultivava sua plantaccedilatildeo de milho Entretanto em primeira instacircncia se limitou a requerer produccedilatildeo de prova oral unicamente sem pugnar fosse feita periacutecia no local e desta forma sem comprovar a extensatildeo do dano

Jaacute a defesa por sua vez requereu a improcedecircncia da demanda haja vista a cerca da propriedade estar danificada em alguns pontos atribuindo culpa a parte autora

Sobreveio sentenccedila que indeferiu o pedido formulado Apoacutes recurso interposto o Tribunal de Justiccedila decidiu por mantecirc-la uma vez que a extensatildeo do dano De forma precisa Relator do caso

Examinados os autos natildeo se verifica qualquer comprovaccedilatildeo de que os autores tenham dado causa agrave invasatildeo do gado em sua propriedade ou de que tenha existido forccedila maior a levar o gado para dentro da sua colheita Haacute menccedilotildees apenas geneacutericas e vagas a respeito de um eventual susto que o gado tenha sofrido ou do estado de conservaccedilatildeo da cerca divisoacuteria Contudo aos autores cabia ainda assim e nos termos do artigo 373 inciso I do Coacutedigo de Processo Civil comprovar a alegaccedilatildeo na qual assentaram o pedido indenizatoacuterio isto eacute que em razatildeo da invasatildeo dos bovinos fora destruiacuteda toda a sua plantaccedilatildeo de milho61

O que se pode depreender do feito eacute a pungente necessidade de comprovaccedilatildeo dos pressupostos gerais da responsabilidade civil porque recai sobre o requerente o ocircnus da prova destes elementos Por falta da comprovaccedilatildeo do dano o pedido formulado fora desacolhido antes mesmo da anaacutelise se houve a quebra do nexo causal suscitada62

61 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em

httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30194C3890cjs Acesso em 20 out 2019

62 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm 3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

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5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS

Eacute sabido ateacute aqui que a responsabilidade civil assume importantes funccedilotildees

na sociedade contemporacircnea tais como a prevenccedilatildeo dos comportamentos civilmente indenizaacuteveis reestabelecimento da ordem entre as pessoas reparaccedilatildeo ao ldquostatus quordquo ou seja situaccedilatildeo em que se encontrava a pessoa ou objeto lesado anteriormente agrave ocorrecircncia do evento danoso etc63 Aleacutem disso o fato passiacutevel de indenizaccedilatildeo pode suceder tanto de inobservaccedilotildees e demais situaccedilotildees envolvendo contratos estabelecidos entre as partes quanto extracontratuais provenientes do ato iliacutecito acima explanado64

Dito isso uma vez que eacute mister a atribuiccedilatildeo da responsabilidade pelos danos materiais ao proprietaacuterio ou detentor do animal quando da ocorrecircncia do fato lesivo um dos maiores desafios relativos ao tema em questatildeo eacute a quantificaccedilatildeo da indenizaccedilatildeo e os criteacuterios que devem ser utilizados para a atribuir o valor referente ao dano moral haja vista as criacuteticas recorrentes sobre a definiccedilatildeo nebulosa a ldquoinduacutestria do dano moralrdquo decorrente de tal situaccedilatildeo65

Acerca do tema Caio Rogeacuterio da Costa Brandatildeo

Infelizmente diante da inexistecircncia de elementos objetivos para se chegar agrave quantificaccedilatildeo do dano moral deparamo-nos agraves vezes com julgadores que na inexistecircncia destes decidem de forma incriteriosa fixando condenaccedilotildees em valores exagerados e totalmente inadequados []66

Sobre esta quantificaccedilatildeo Seacutergio Cavalieri Filho aduz

Creio tambeacutem que este eacute outro ponto onde o princiacutepio da loacutegica do razoaacutevel deve ser a buacutessola norteadora do julgador Razoaacutevel eacute aquilo que eacute sensato comedido moderado que guarda certa proporcionalidade A razoabilidade eacute o criteacuterio que permite cotejar meios e fins causas e consequecircncias de modo a aferir a loacutegica da decisatildeo [] importa dizer que o juiz ao valorar o dano moral deve arbitrar uma quantia que de acordo com seu prudente arbiacutetrio seja compatiacutevel com a reprovabilidade da conduta iliacutecita a intensidade e duraccedilatildeo do sofrimento experimentado pela viacutetima a capacidade econocircmica do causador do dano as condiccedilotildees sociais do ofendido e outras circunstancias mais que se fizerem presentes67

Por sua vez o artigo 944 do Coacutedigo Civil eacute preciso ao afirmar que a

63 SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v

1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

64 MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNMULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017 Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019

65 BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019 66 Ibid 67 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 p 98 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo

Gen 2018 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
Page 15: RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS ... · RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath1

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Paulo nos casos relativos ao tema em discussatildeo A decisatildeo objeto de anaacutelise trata de pedido de danos materiais oriundos da invasatildeo de animal que teria ldquopisoteadordquo a propriedade da parte autora onde cultivava sua plantaccedilatildeo de milho Entretanto em primeira instacircncia se limitou a requerer produccedilatildeo de prova oral unicamente sem pugnar fosse feita periacutecia no local e desta forma sem comprovar a extensatildeo do dano

Jaacute a defesa por sua vez requereu a improcedecircncia da demanda haja vista a cerca da propriedade estar danificada em alguns pontos atribuindo culpa a parte autora

Sobreveio sentenccedila que indeferiu o pedido formulado Apoacutes recurso interposto o Tribunal de Justiccedila decidiu por mantecirc-la uma vez que a extensatildeo do dano De forma precisa Relator do caso

Examinados os autos natildeo se verifica qualquer comprovaccedilatildeo de que os autores tenham dado causa agrave invasatildeo do gado em sua propriedade ou de que tenha existido forccedila maior a levar o gado para dentro da sua colheita Haacute menccedilotildees apenas geneacutericas e vagas a respeito de um eventual susto que o gado tenha sofrido ou do estado de conservaccedilatildeo da cerca divisoacuteria Contudo aos autores cabia ainda assim e nos termos do artigo 373 inciso I do Coacutedigo de Processo Civil comprovar a alegaccedilatildeo na qual assentaram o pedido indenizatoacuterio isto eacute que em razatildeo da invasatildeo dos bovinos fora destruiacuteda toda a sua plantaccedilatildeo de milho61

O que se pode depreender do feito eacute a pungente necessidade de comprovaccedilatildeo dos pressupostos gerais da responsabilidade civil porque recai sobre o requerente o ocircnus da prova destes elementos Por falta da comprovaccedilatildeo do dano o pedido formulado fora desacolhido antes mesmo da anaacutelise se houve a quebra do nexo causal suscitada62

61 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em

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62 BRASIL Presidecircncia da Repuacuteblica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juriacutedicos Lei nordm 3071 de 1ordm de janeiro de 1916 Coacutedigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Brasiacutelia Presidecircncia da Repuacuteblica 1916 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisL3071htm Acesso em 20 out 2019

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5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS

Eacute sabido ateacute aqui que a responsabilidade civil assume importantes funccedilotildees

na sociedade contemporacircnea tais como a prevenccedilatildeo dos comportamentos civilmente indenizaacuteveis reestabelecimento da ordem entre as pessoas reparaccedilatildeo ao ldquostatus quordquo ou seja situaccedilatildeo em que se encontrava a pessoa ou objeto lesado anteriormente agrave ocorrecircncia do evento danoso etc63 Aleacutem disso o fato passiacutevel de indenizaccedilatildeo pode suceder tanto de inobservaccedilotildees e demais situaccedilotildees envolvendo contratos estabelecidos entre as partes quanto extracontratuais provenientes do ato iliacutecito acima explanado64

Dito isso uma vez que eacute mister a atribuiccedilatildeo da responsabilidade pelos danos materiais ao proprietaacuterio ou detentor do animal quando da ocorrecircncia do fato lesivo um dos maiores desafios relativos ao tema em questatildeo eacute a quantificaccedilatildeo da indenizaccedilatildeo e os criteacuterios que devem ser utilizados para a atribuir o valor referente ao dano moral haja vista as criacuteticas recorrentes sobre a definiccedilatildeo nebulosa a ldquoinduacutestria do dano moralrdquo decorrente de tal situaccedilatildeo65

Acerca do tema Caio Rogeacuterio da Costa Brandatildeo

Infelizmente diante da inexistecircncia de elementos objetivos para se chegar agrave quantificaccedilatildeo do dano moral deparamo-nos agraves vezes com julgadores que na inexistecircncia destes decidem de forma incriteriosa fixando condenaccedilotildees em valores exagerados e totalmente inadequados []66

Sobre esta quantificaccedilatildeo Seacutergio Cavalieri Filho aduz

Creio tambeacutem que este eacute outro ponto onde o princiacutepio da loacutegica do razoaacutevel deve ser a buacutessola norteadora do julgador Razoaacutevel eacute aquilo que eacute sensato comedido moderado que guarda certa proporcionalidade A razoabilidade eacute o criteacuterio que permite cotejar meios e fins causas e consequecircncias de modo a aferir a loacutegica da decisatildeo [] importa dizer que o juiz ao valorar o dano moral deve arbitrar uma quantia que de acordo com seu prudente arbiacutetrio seja compatiacutevel com a reprovabilidade da conduta iliacutecita a intensidade e duraccedilatildeo do sofrimento experimentado pela viacutetima a capacidade econocircmica do causador do dano as condiccedilotildees sociais do ofendido e outras circunstancias mais que se fizerem presentes67

Por sua vez o artigo 944 do Coacutedigo Civil eacute preciso ao afirmar que a

63 SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v

1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

64 MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNMULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017 Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019

65 BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019 66 Ibid 67 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 p 98 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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Gen 2018 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

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  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
Page 16: RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS ... · RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath1

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5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS

Eacute sabido ateacute aqui que a responsabilidade civil assume importantes funccedilotildees

na sociedade contemporacircnea tais como a prevenccedilatildeo dos comportamentos civilmente indenizaacuteveis reestabelecimento da ordem entre as pessoas reparaccedilatildeo ao ldquostatus quordquo ou seja situaccedilatildeo em que se encontrava a pessoa ou objeto lesado anteriormente agrave ocorrecircncia do evento danoso etc63 Aleacutem disso o fato passiacutevel de indenizaccedilatildeo pode suceder tanto de inobservaccedilotildees e demais situaccedilotildees envolvendo contratos estabelecidos entre as partes quanto extracontratuais provenientes do ato iliacutecito acima explanado64

Dito isso uma vez que eacute mister a atribuiccedilatildeo da responsabilidade pelos danos materiais ao proprietaacuterio ou detentor do animal quando da ocorrecircncia do fato lesivo um dos maiores desafios relativos ao tema em questatildeo eacute a quantificaccedilatildeo da indenizaccedilatildeo e os criteacuterios que devem ser utilizados para a atribuir o valor referente ao dano moral haja vista as criacuteticas recorrentes sobre a definiccedilatildeo nebulosa a ldquoinduacutestria do dano moralrdquo decorrente de tal situaccedilatildeo65

Acerca do tema Caio Rogeacuterio da Costa Brandatildeo

Infelizmente diante da inexistecircncia de elementos objetivos para se chegar agrave quantificaccedilatildeo do dano moral deparamo-nos agraves vezes com julgadores que na inexistecircncia destes decidem de forma incriteriosa fixando condenaccedilotildees em valores exagerados e totalmente inadequados []66

Sobre esta quantificaccedilatildeo Seacutergio Cavalieri Filho aduz

Creio tambeacutem que este eacute outro ponto onde o princiacutepio da loacutegica do razoaacutevel deve ser a buacutessola norteadora do julgador Razoaacutevel eacute aquilo que eacute sensato comedido moderado que guarda certa proporcionalidade A razoabilidade eacute o criteacuterio que permite cotejar meios e fins causas e consequecircncias de modo a aferir a loacutegica da decisatildeo [] importa dizer que o juiz ao valorar o dano moral deve arbitrar uma quantia que de acordo com seu prudente arbiacutetrio seja compatiacutevel com a reprovabilidade da conduta iliacutecita a intensidade e duraccedilatildeo do sofrimento experimentado pela viacutetima a capacidade econocircmica do causador do dano as condiccedilotildees sociais do ofendido e outras circunstancias mais que se fizerem presentes67

Por sua vez o artigo 944 do Coacutedigo Civil eacute preciso ao afirmar que a

63 SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v

1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

64 MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNMULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017 Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019

65 BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019 66 Ibid 67 CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo Paulo Editora

Atlas 2018 p 98 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597018790recent Acesso em 13 nov 2019

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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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RIZZARDO Arnaldo Responsabilidade civil 7 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30 194C3890cjs Acesso em 20 out 2019 RODRIGUES JUNIOR Otavio Luiz Nexo Causal probaliacutestico elementos para a criacutetica de um conceito Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 8 p 115-137 set 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v 1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em

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SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na- responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov

2019 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo

Paulo Editora Meacutetodo 2018 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo

Gen 2018 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
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indenizaccedilatildeo eacute quantificada utilizando-se como paracircmetro a extensatildeo do dano e uma vez que a teoria do dano social eacute primeiramente apresentada pelo expert Antocircnio Junqueira de Azevedo este ampara que o arbitramento de dano moral natildeo tem como funccedilatildeo aprestar que novas situaccedilotildees semelhantes ocorram fazendo-se necessaacuteria portanto esta nova modalidade se sansatildeo68

Relevante tambeacutem eacute a diferenciaccedilatildeo feita pelo doutrinador Silvano Gomes Flumignan ao afirmar que dano social eacute distinto de dano coletivo utilizando trecircs criteacuterios para tanto Quanto ao primeiros deles o direito que fora violado

O primeiro deles refere-se ao aspecto do direito violado No dano individual o direito violado teria caraacuteter individual no dano moral coletivo o direito violado seria individual homogecircneo ou coletivo em sentido estrito com base no art 81 paraacutegrafo uacutenico II e III do CDC no dano social o direito violado seria de caraacuteter difuso na forma do art 81 paraacutegrafo uacutenico I do CDC69

O segundo criteacuterio para a distinccedilatildeo eacute o destino da indenizaccedilatildeo acima mencionada uma vez que quando estabelelecido o dano moral coletivo tais verbas seriam destinadas agraves viacutetimas e natildeo ao fundo de proteccedilatildeo tal qual ocorre com o dano social Tal abordagem diverge do preceptor do tema jaacute que para Antocircnio Junqueira a viacutetima seria merecedora do recebimento inclusive dos danos sociais70

Como terceiro requisito de diferenciaccedilatildeo se observa a viacutetima Tambeacutem nas palavras de Flumignan

O terceiro criteacuterio observa a viacutetima No dano individual a viacutetima seria determinada no dano moral coletivo a viacutetima seria determinada ou determinaacutevel no dano social a viacutetima seria indeterminada ou indeterminaacutevel71

Como se percebe as viacutetimas tambeacutem podem ser consideradas no ponto de vista coletivo em sentido amplo quando mais de uma pessoa for atingida pela conduta do animal em questatildeo Nestas situaccedilotildees aleacutem das funccedilotildees tradicionais de indenizar e compensar a doutrina e a jurisprudecircncia atuais reconhecem funccedilatildeo punitiva e pedagoacutegica ao responsaacutevel destes seres

Nesse sentido esclarece Antocircnio Junqueira de Azevedo que classicamente a responsabilidade civil se preocupa com a indenizaccedilatildeo da viacutetima individual do dano Para tanto o direito trouxe a indenizaccedilatildeo e a compensaccedilatildeo dos danos injustos material e imaterial respectivamente causados pelo autor do fato Nas palavras do mestre Junqueira

68 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral

o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

69 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

70 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

71 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago 2015 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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ALONSO Paulo Sergio Gomes Responsabilidade civil por fato de terceiro Revista de Direito Privado v 64 p 161-176 outdez 2015

ALTHEIM Roberto A atividade interpretativa e a imputaccedilatildeo do dever de indenizar no direito civil brasileiro contemporacircneo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 94 n 841 p 127ndash148 nov 2005 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

ALVAREZ Claudio Parlamento da Espanha apoia por unanimidade considerar os animais como seres vivos e natildeo objetos EL PAIacuteS Madri 2017 Disponiacutevel em httpsbrasilelpaiscombrasil20171212internacional1513066545_704063html Acesso em 16 nov 2019

AMARANTE Aparecida Animais Natureza juriacutedica objetos ou sujeitos de

direito Animais domeacutesticos Guarda compartilhada2019 Disponiacutevel em httpwwwconteudojuridicocombrconsultaArtigos51114animais-natureza- juridica-objetos-ou-sujeitos-de-direito-animais-domesticos-guarda-compartilhada Acesso em 16 nov 2019

AMORIM Bruno de Almeida Lewer O fenocircmeno de objetivizaccedilatildeo da responsabilidade civil crise econocircmica e soluccedilotildees juriacutedicas Revista dos Tribunais Satildeo Paulo n 77 fev 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na- responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov

2019 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo

Paulo Editora Meacutetodo 2018 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo

Gen 2018 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
Page 18: RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS ... · RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath1

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Por outro lado o mesmo raciociacutenio deve ser feito quanto aos atos que levam agrave conclusatildeo de que natildeo devem ser repetidos atos negativamente exemplares ndash no sentido de que sobre eles cabe dizer lsquoimagina se todas as vezes fosse assimrsquo Tambeacutem esses atos causam um rebaixamento do niacutevel coletivo de vida ndash mais especificamente na qualidade de vida72

Suas aplicaccedilotildees praacuteticas ainda satildeo esparsas nas decisotildees proferidas mas concentram-se principalmente na esfera consumerista como se verifica na decisatildeo proferida pelo Superior Tribunal Federal

ldquoNatildeo haacute um criteacuterio legal fechado menos ainda tarifado para fixaccedilatildeo do valor compensatoacuterio do dano moral Devem entatildeo ser observados os criteacuterios doutrinaacuterios e jurisprudenciais norteadores dessa fixaccedilatildeo O valor arbitrado natildeo deve tornar a indenizaccedilatildeo por dano moral fonte de enriquecimento sem causa para o autor da accedilatildeo mas apenas justa medida da compensaccedilatildeo da dor pelo ocorrido Outrossim deve-se ater na tarefa de arbitramento de um justo valor compensatoacuterio para o vieacutes de puniccedilatildeo ao infrator capaz de desestimulaacute-lo a reincidir na praacutetica do ato iliacutecito () Por tal razatildeo buscando equilibrar todos esses elementos pode o julgador destinar parte do valor da condenaccedilatildeo agrave instituiccedilatildeo puacuteblica de caraacuteter social73

Sendo assim para fins de enriquecimento da mateacuteria ainda que natildeo exista doutrina ou jurisprudecircncia no sentido de determinar indenizaccedilatildeo por dano social nesta hipoacutetese o fato de animal seria uma forma plenamente capaz de incidecircncia atribuiacuteda ao seu dono ou detentor quando ocorrido em eventos Isso porque conforme recorrentes notiacutecias eacute causa de susto temor e caos para as pessoas que ali estatildeo presentes natildeo se podendo indenizar unicamente os que ali estavam presentes porque danos reflexos tambeacutem satildeo evidentes

Tal situaccedilatildeo visivelmente abala a imagem do evento perante a sociedade gerando uma quebra de fiduacutecia e credibilidade haja vista ser anteriormente opccedilatildeo de lazer aos visitantes aleacutem dos que ali vislumbram uma possibilidade de realizar negoacutecios e diante disso percebe-se que o dano social interpretado agrave sua literalidade envolve um direito transindividual possuindo funccedilatildeo punitiva e preventiva Tal espeacutecie de dano difere do dano moral porque este pode ser unicamente extrapatrimonial enquanto aquele envolve situaccedilotildees patrimoniais e extrapatrimonias74 Para os doutrinadores que defendem o tema essa eacute uma outra espeacutecie de dano distinta dos amplamente debatidos danos materiais morais e esteacuteticos O valor arbitrado natildeo seria destinado agrave viacutetima mas a fundos transindividuais de proteccedilatildeo que refletem a funccedilatildeo de prevenccedilatildeo da ocorrecircncia de situaccedilotildees similares Aleacutem disso tal valor soacute pode ser atribuiacutedo se requerido por alguma das partes envolvidas no litiacutegio75

72 JUNQUEIRA DE AZEVEDO Antonio Por uma nova categoria de dano na responsabilidade

civil o dano social Revista Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro v 5 n 19 p 211-218 2004

73 BRASIL Supremo Tribunal Federal RE 741868Rel Min Carmen Lucia Julgado em 29-04- 2013 DJe de 03-05-2013 Disponiacutevel httpstfjusbrasilcombrjurisprudencia23122223recurso- extraordinario-re-741868-go-stf Acesso em 13 nov 2019 74 FLUMIGNAN Silvano Joseacute Gomes Uma nova proposta para a diferenciaccedilatildeo entre o dano

moral o dano social e os punitive damages Revista dos Tribunais v 958 p 119-147 ago

2015 75 NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da Jurisprudecircncia do STJ ed

14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

20

REFEREcircNCIAS

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direito Animais domeacutesticos Guarda compartilhada2019 Disponiacutevel em httpwwwconteudojuridicocombrconsultaArtigos51114animais-natureza- juridica-objetos-ou-sujeitos-de-direito-animais-domesticos-guarda-compartilhada Acesso em 16 nov 2019

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GOTINJO Bruno Resende Azevedo FIUZA Ceacutesar Dos fundamentos da proteccedilatildeo aos animas - Uma anaacutelise acerca das teorias de personificaccedilatildeo dos animais e dos sujeitos de direito sem personalidade Revista dos Tribunais Satildeo

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Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca-solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca-solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnume ro_processo=70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

RIZZARDO Arnaldo Responsabilidade civil 7 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30 194C3890cjs Acesso em 20 out 2019 RODRIGUES JUNIOR Otavio Luiz Nexo Causal probaliacutestico elementos para a criacutetica de um conceito Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 8 p 115-137 set 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

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2019 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo

Paulo Editora Meacutetodo 2018 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo

Gen 2018 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
Page 19: RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS ... · RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath1

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6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Percebe-se nos dias de hoje que discussotildees envolvendo os direitos dos

animais e sua categoria juriacutedica satildeo as mais atuais possiacuteveis Levando isso em conta eacute niacutetida a importacircncia do estudo da responsabilidade civil por fato praticado pelos animais pois ainda que a doutrina caminhe no sentido de reconhecer e tutelar os direitos destes natildeo se pode exigir indenizaccedilatildeo e demais ressarcimentos agravequeles que natildeo sejam pessoas naturais

Atrelado agrave isso o fato de eventos agropecuaacuterios tais como rodeios exposiccedilotildees leilotildees dentre outras ocasiotildees em que a presenccedila de animais eacute intriacutenseca serem essenciais para o fomento da economia deste Paiacutes e por conseguinte envolverem um grande nuacutemero de pessoas natildeo se pode ignorar que quando um fato ocorre causa caos e tumulto entre aos que ali estatildeo

Com isso depreende-se que a escolha do legislador foi no sentido de definir a responsabilidade objetiva ao dono ou detentor do animal ou seja ao que detenha poder de comando quando do acontecimento Tal previsatildeo exclui a necessidade de comprovaccedilatildeo do dolo ou da culpa porque a responsabilidade por fato das coisas eacute de certa forma anaacuteloga agraves atividades de risco

Ainda prevecirc o Coacutedigo Civil as excludentes de tal responsabilizaccedilatildeo que tambeacutem sofreram diversas transformaccedilotildees ao longo do tempo O que se pode inferir atraveacutes das decisotildees que foram mencionadas no presente artigo eacute que satildeo situaccedilotildees peculiares e deste modo os usos e costumes para com os animais satildeo levados em consideraccedilatildeo

Dessa forma a responsabilidade civil cumpre um papel de destaque e eacute meio efetivo de ressarcimento econocircmico e demais formas para que agravequeles que tenham suportado dano causado por fato de bem moacutevel como parte da doutrina define os animais

Para aleacutem disto resta clara a possibilidade de requerimento por parte dos lesados a aplicaccedilatildeo de indenizaccedilatildeo por danos sociais uma vez que a situaccedilatildeo caoacutetica eacute sempre enfrentada quando diante de fatos praticados por animais em eventos propiacutecios a maiores aglomeraccedilotildees de pessoas Isso porque eacute insuficiente a atribuiccedilatildeo de indenizaccedilatildeo mateacuterias e eventualmente morais aos envolvidos no fato propriamente dito pois os danos reflexos foram tamanhos na sociedade de forma geral que se deve coibir a praacutetica seja por ato doloso ou culposo de tais situaccedilotildees76

76 SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de

responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na-responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov 2019

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REFEREcircNCIAS

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AMARANTE Aparecida Animais Natureza juriacutedica objetos ou sujeitos de

direito Animais domeacutesticos Guarda compartilhada2019 Disponiacutevel em httpwwwconteudojuridicocombrconsultaArtigos51114animais-natureza- juridica-objetos-ou-sujeitos-de-direito-animais-domesticos-guarda-compartilhada Acesso em 16 nov 2019

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CABRAL Ailim Donos de animais domeacutesticos podem registrar os pets em cartoacuterio Correio Brasiliense Brasiacutelia 18 ago 2017 Disponiacutevel em httpswwwcorreiobraziliensecombrappnoticiarevista20170820interna_revista_ correio618566donos-de-animais-domesticos-podem-registrar-os-pets-em- cartorioshtml Acesso em 20 out 2019

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MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNM ULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017

Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019 MORAES Maria Celina Bodin de Risco Solidariedade e Responsabilidade Objetiva Revista dos Tribunais v 854 p 18 dez 2006 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo

Grupo Gen 2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da

Jurisprudecircncia do STJ ed 14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

23

NORONHA Fernando O nexo de causalidade na responsabilidade civil Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 92 n 816 p 733ndash752 out 2003

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OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

REINIG Guilherme Henrique Lima A teoria da causalidade adequada no direito civil alematildeo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 18 p 215 ndash 248 janmar

2019 apud TRAEGER Ludwig Der Kausalbegriff Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf

Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca-solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca-solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnume ro_processo=70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

RIZZARDO Arnaldo Responsabilidade civil 7 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30 194C3890cjs Acesso em 20 out 2019 RODRIGUES JUNIOR Otavio Luiz Nexo Causal probaliacutestico elementos para a criacutetica de um conceito Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 8 p 115-137 set 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v 1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na- responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov

2019 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo

Paulo Editora Meacutetodo 2018 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo

Gen 2018 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
Page 20: RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS ... · RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DE ANIMAIS EM EVENTOS: TRATAMENTO LEGAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS Amália Garcia Kath1

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REFEREcircNCIAS

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AMARANTE Aparecida Animais Natureza juriacutedica objetos ou sujeitos de

direito Animais domeacutesticos Guarda compartilhada2019 Disponiacutevel em httpwwwconteudojuridicocombrconsultaArtigos51114animais-natureza- juridica-objetos-ou-sujeitos-de-direito-animais-domesticos-guarda-compartilhada Acesso em 16 nov 2019

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BRANDAtildeO Caio Rogeacuterio da Costa Dano moral valoraccedilatildeo do quantum e razoabilidade objetiva Revista de Direito Privado v 25 p 73-88 janmar 2006

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CABRAL Ailim Donos de animais domeacutesticos podem registrar os pets em cartoacuterio Correio Brasiliense Brasiacutelia 18 ago 2017 Disponiacutevel em httpswwwcorreiobraziliensecombrappnoticiarevista20170820interna_revista_ correio618566donos-de-animais-domesticos-podem-registrar-os-pets-em- cartorioshtml Acesso em 20 out 2019

CAVALIERI FILHO Seacutergio Programa de responsabilidade civil 13 ed Satildeo

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MAEDA Renata de Souza Pressupostos da responsabilidade civil nexo

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REINIG Guilherme Henrique Lima A teoria da causalidade adequada no direito civil alematildeo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 18 p 215 ndash 248 janmar

2019 apud TRAEGER Ludwig Der Kausalbegriff Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf

Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca-solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca-solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnume ro_processo=70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

RIZZARDO Arnaldo Responsabilidade civil 7 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30 194C3890cjs Acesso em 20 out 2019 RODRIGUES JUNIOR Otavio Luiz Nexo Causal probaliacutestico elementos para a criacutetica de um conceito Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 8 p 115-137 set 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

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SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na- responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov

2019 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo

Paulo Editora Meacutetodo 2018 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo

Gen 2018 Disponiacutevel em

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em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
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  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
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RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnume ro_processo=70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

RIZZARDO Arnaldo Responsabilidade civil 7 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30 194C3890cjs Acesso em 20 out 2019 RODRIGUES JUNIOR Otavio Luiz Nexo Causal probaliacutestico elementos para a criacutetica de um conceito Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 8 p 115-137 set 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

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VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo

Gen 2018 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
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Paulo v 01 p

189 - 204 out-dez 2014 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 16 nov 2019

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MAEDA Renata de Souza Pressupostos da responsabilidade civil nexo

causal 2014 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos27530pressupostos-da- responsabilidade-civil-nexo-causal Acesso em 20 out 2019

MARCHI Cristiane de A culpa e o surgimento da responsabilidade objetiva evoluccedilatildeo histoacuterica noccedilotildees gerais e hipoacuteteses previstas no Coacutedigo Civil Revista dos Tribunais v 964 p 215-241 fev 2016 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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2019 Disponiacutevel em httpsdspacealmggovbrhandle1103717022 Acesso em 13 nov 2019

MIGUEL Alexandre A responsabilidade civil no Novo Coacutedigo algumas consideraccedilotildees Revista dos Tribunais v 809 p 11-27 mar 2003 Disponiacutevel

em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

MONATERI Pier Giuseppe TARTUCE Flaacutevio GIANNESSE Giuliana HTTPSREVISTADOSTRIBUNAISCOMBRMAFAPPSEARCHWIDGETRUNM ULTI Revista de Direito do Consumidor v112 p 59-91 julago 2017

Disponiacutevel em Acesso em 13 nov 2019 MORAES Maria Celina Bodin de Risco Solidariedade e Responsabilidade Objetiva Revista dos Tribunais v 854 p 18 dez 2006 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

NADER Paulo Curso de Direito Civil Responsabilidade Civil 6 ed Satildeo Paulo

Grupo Gen 2019 Disponiacutevel em httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788530968724cfi6242200 Acesso em 13 nov 2019

NETTO Felipe Braga Manual de Direito do Consumidor Agrave luz da

Jurisprudecircncia do STJ ed 14 Satildeo Paulo Editora Juspodium 2019 p 307

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NORONHA Fernando O nexo de causalidade na responsabilidade civil Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 92 n 816 p 733ndash752 out 2003

Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti

OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

REINIG Guilherme Henrique Lima A teoria da causalidade adequada no direito civil alematildeo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 18 p 215 ndash 248 janmar

2019 apud TRAEGER Ludwig Der Kausalbegriff Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf

Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca-solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca-solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnume ro_processo=70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

RIZZARDO Arnaldo Responsabilidade civil 7 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30 194C3890cjs Acesso em 20 out 2019 RODRIGUES JUNIOR Otavio Luiz Nexo Causal probaliacutestico elementos para a criacutetica de um conceito Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 8 p 115-137 set 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v 1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na- responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov

2019 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo

Paulo Editora Meacutetodo 2018 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo

Gen 2018 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
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NORONHA Fernando O nexo de causalidade na responsabilidade civil Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 92 n 816 p 733ndash752 out 2003

Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti

OLIVEIRA Ana Paula Cazarini Ribas de A ldquoculpardquo e a evoluccedilatildeo da responsabilidade civil Revista de Direito Privado Satildeo Paulo n 88 p 81-95 abr 2018 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

REINIG Guilherme Henrique Lima A teoria da causalidade adequada no direito civil alematildeo Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 18 p 215 ndash 248 janmar

2019 apud TRAEGER Ludwig Der Kausalbegriff Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC597188069 6ordf

Cacircmara Ciacutevel Rel Osvaldo Stefanello Julgado em 17-12-1997 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca-solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70015032873 Rel Luiz Ary Vessini de Lima Sapucaia do Sul Julgado em 15-04-2019 Disponiacutevel em httpwwwtjrsjusbrsitebusca-solrindexhtmlaba=jurisprudenciamain_res_juris Acesso em 20 out 2019

RIO GRANDE DO SUL Tribunal de Justiccedila do Estado AC70077948479 Rel Ana Luacutecia Carvalho Pinto Vieira Rebout Julgado em 20-12-2006 Disponiacutevel em httpswww1tjrsjusbrsite_phpconsultadownloadexibe_documento_attphpnume ro_processo=70077948479ampano=2019ampcodigo=546628 Acesso em 20 out 2019

RIZZARDO Arnaldo Responsabilidade civil 7 ed Satildeo Paulo Grupo Gen 2015 SAtildeO PAULO Tribunal de Justiccedila do Estado AC1000094-1020188260095 Rel Arantes Theodoro Brotas SP 10-10-2019 Disponiacutevel em httpsesajtjspjusbrcjsggetArquivodojsessionid=06CFA93259544806B4A3ED30 194C3890cjs Acesso em 20 out 2019 RODRIGUES JUNIOR Otavio Luiz Nexo Causal probaliacutestico elementos para a criacutetica de um conceito Revista dos Tribunais Satildeo Paulo v 8 p 115-137 set 2016 Disponiacutevel em httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 06 jan 2020

SEIXAS Bernardo Silva de Funccedilatildeo punitiva da responsabilidade civil Revista dos Tribunais v 1005 p 43-72 jul 2019 Disponiacutevel em

httpsrevistadostribunaiscombrmafappsearchwidgetrunmulti Acesso em 13 nov 2019

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SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na- responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov

2019 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo

Paulo Editora Meacutetodo 2018 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo

Gen 2018 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS
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SILVESTRE Gilberto Fachetti et al O dano social como nova categoria de dano de responsabilidade civil e a destinaccedilatildeo da sua indenizaccedilatildeo 2015 Disponiacutevel em httpsjuscombrartigos40969o-dano-social-como-nova-categoria-de-dano-na- responsabilidade- civil-e-a-destinacao-da-sua-indenizacao Acesso em 13 nov

2019 TARTUCE Fernanda Manual de responsabilidade civil Volume uacutenico Satildeo

Paulo Editora Meacutetodo 2018 TARTUCE Flaacutevio Manual de responsabilidade civil Satildeo Paulo Editora Meacutetodo

VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito civil parte geral 18 ed Satildeo Paulo Grupo

Gen 2018 Disponiacutevel em

httpsintegradaminhabibliotecacombrbooks9788597014570recent Acesso

em 13 nov 2019

  • RESUMO
  • 1 INTRODUCcedilAtildeO
  • 2 TRATAMENTO DADO AOS ANIMAIS NA LEGISLACcedilAtildeO
  • 3 ASPECTOS RELEVANTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PARA A REPARACcedilAtildeO DO DANO POR FATO DO ANIMAL
  • Entretanto influenciado principalmente pelo Direito Alematildeo se denota uma flexibilizaccedilatildeo na aplicaccedilatildeo do pressuposto nexo causal nos uacuteltimos anos e a sequente adoccedilatildeo da causalidade adequada em algumas searas o que se justifica pela dificuldade proba
  • Sobre a causalidade adequada a esclarecedora explicaccedilatildeo de Guilherme Henrique Lima Reing acerca dos estudos do alematildeo Traeger
  • Para Traeger uma accedilatildeo ou qualquer acontecimento comprovado como conditio sine qua non de um determinado resultado eacute condiccedilatildeo adequada deste ldquose for uma condiccedilatildeo genericamente favoraacutevel a um resultado da espeacutecie do ocorrido ou seja se de uma maneir
  • 4 ANAacuteLISE DE CASOS NA JURISPRUDEcircNCIA
  • 5 DAS FUNCcedilOtildeES DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS DANOS PRATICADO PELOS ANIMAIS
  • 6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
  • REFEREcircNCIAS