resenha hannah arendt

9
RESUMO “O totalitarismo é uma forma de domínio radicalmente nova limita a destruir as capacidades políticas do homem, isol à vida pública, como faziam as velhas tiranias e os velho mas tende a destruir os próprios grupos e instituições qu das relações privadas do homem, tornando-o assim estranho privando-o do seu próprio eu”. A frase inicial nos oferece bem a tônica de todo um trabalho por Hannah Arendt. É costumeiro se confundir o conceito de nacionalidade primeiro exprime muito mais a idéia de onde o individuo nasceu direitos civis dados pelo estado que o governa. Desde o fim da Primeira Guerra Mundial, a qual foi uma explos irremediavelmente a comunidades dos países europeus, como nenhuma feito antes, o clima de instabilidade política e econômica era ger da inflação, havia um quadro alarmante de desemprego, pois o desaparecimento progressivo do emprego formal e por tempo indeterminado, cria ess As relações de trabalho “flexíveis” destroem uma das característic sociedades mais civilizadas: A previsibilidade quanto às condições Outros agravantes à crise, são as guerras civis que alast sangrentos. Todos esses episódios geraram uma série de pessoas desprovida consequentemente, sem os seus direitos civis. Pois, “uma vez fora permaneciam sem lar; quando deixavam seu Estado, tornavam- perdiam seus direitos humanos, perdiam todos os direitos: eram o O Pós-Primeira Guerra deixou uma atmosfera de desintegração c toda Europa, esse clima de destruição poderia ser mais visível nos nos vitoriosos, atingindo seu ponto mais alto nos Estados recém-es liquidação da Monarquia Dual e do império czarista. O que pareciam pequenas querelas nacionais, sem conseqüência políticos do continente, resultaram, no período entre guerras, em cujos sofrimentos foram muito diferentes de todos os outros grupos que as classes médias desapossadas, os desempregados, os pequenos retierns , os

Upload: victor-daniel-oliveira

Post on 22-Jul-2015

2.398 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

RESUMO O totalitarismo uma forma de domnio radicalmente nova porque no se limita a destruir as capacidades polticas do homem, isolando-o em relao vida pblica, como faziam as velhas tiranias e os velhos despotismos, mas tende a destruir os prprios grupos e instituies que formam o tecido das relaes privadas do homem, tornando-o assim estranho ao mundo e privando-o do seu prprio eu. A frase inicial nos oferece bem a tnica de todo um trabalho muito bem elaborado por Hannah Arendt. costumeiro se confundir o conceito de nacionalidade e cidadania, pois o primeiro exprime muito mais a idia de onde o individuo nasceu e o segundo os seus direitos civis dados pelo estado que o governa. Desde o fim da Primeira Guerra Mundial, a qual foi uma exploso que dilacerou irremediavelmente a comunidades dos pases europeus, como nenhuma outra guerra havia feito antes, o clima de instabilidade poltica e econmica era geral. No havia o controle da inflao, havia um quadro alarmante de desemprego, pois o desaparecimento progressivo do emprego formal e por tempo indeterminado, cria essas mesmas condies. As relaes de trabalho flexveis destroem uma das caractersticas fundamentais das sociedades mais civilizadas: A previsibilidade quanto s condies de sobrevivncia. Outros agravantes crise, so as guerras civis que alastravam com seus conflitos sangrentos. Todos esses episdios geraram uma srie de pessoas desprovidas de suas ptrias e consequentemente, sem os seus direitos civis. Pois, uma vez fora de seu pas de origem, permaneciam sem lar; quando deixavam seu Estado, tornavam-se aptridas; quando perdiam seus direitos humanos, perdiam todos os direitos: eram o refugo da terra. O Ps-Primeira Guerra deixou uma atmosfera de desintegrao caracterstica em toda Europa, esse clima de destruio poderia ser mais visvel nos pases derrotados que nos vitoriosos, atingindo seu ponto mais alto nos Estados recm-estabelecidos aps a liquidao da Monarquia Dual e do imprio czarista. O que pareciam pequenas querelas nacionais, sem conseqncia para os destinos polticos do continente, resultaram, no perodo entre guerras, em novos grupos de vitimas, cujos sofrimentos foram muito diferentes de todos os outros grupos, visto que, a situao que as classes mdias desapossadas, os desempregados, os pequenos retierns, os

pensionistas e os que perderam suas propriedades: eles haviam perdido aqueles direitos que at ento eram tidos como inalienveis, ou seja, os Direitos do Homem. Os aptridas e as minorias, dentro de um contexto histrico, se tornaram para muitos Estados anomalias sociais, pois, no dispunham de governos que os representassem e protegessem, sendo obrigados a viver sob leis de exceo dos Tratados das Minorias. Nenhum destes tratados adviera diretamente da tradio e das instituies dos prprios Estados-naes. Visto que, acabaram aglutinado vrio povos em um s Estado, outorgando a alguns o status de povos estatais e lhes confiaram o governo, como por exemplo os eslavos na Tchecoslovquia ou os croatas e eslovenos na Iugoslvia. Como o objetivo de todos era preservar o status quo europeu, a concesso do direito autodeterminao nacional e soberania a todos os povos europeus parecia realmente inevitvel: a alternativa seria conden-los impiedosamente posio de povos coloniais, introduzindo assim mtodos coloniais na convivncia europia. Assim mesmo, os Tratados das Minorias protegiam apenas nacionalidade das quais existia um nmero considervel em pelo menos dois Estados sucessrios, mas no mencionaram, deixando-as margem de direito, todas as outras nacionalidades sem governo prprio, concentradas num s pas, fazendo com a verdadeira emancipao e a verdadeira soberania popular s podiam ser alcanadas atravs da completa emancipao nacional, e que os povos privados do seu prprio governo nacional ficariam sem a possibilidade de usufruir dos direitos humanos. A Liga das Naes no expirava confiana por parte das minorias, pois, a Liga, afinal, era composta de estadistas nacionais, cujas simpatias obviamente no estavam com os governos e principalmente com os governos novos. Nem a Liga das Naes nem os Tratados das Minorias teriam evitado que os Estados recm-estabelecidos assimilassem as minorias mais ou menos fora, visto que, os tratados da Liga haviam tentado ignorar o carter interestadual das minorias, assinando com cada pas um tratado separado, bilateral e no multilateral, como se no existissem minorias judaica ou germnica fora das fronteiras dos respectivos Estados. O fato que, at a ascenso de Hitler, a relao entre os judeus e os alemes era harmoniosa e coesa, at que em 1933, a Alemanha, j nazista, consegui o apoio da maioria das delegaes dos grupos minoritrios, que abraaram o anti-semitismo, nascente em todos os Estados sucessrios.

Tornava-se claro que a completa soberania nacional s era possvel enquanto existisse uma convivncia supranacional de naes europias, porque s o esprito de solidariedade podia impedir o exerccio por algum governo de todo o poder potencialmente soberano. Muito mais persistentes na realidade e muito mais profundas em suas conseqncias tem sido a condio de aptrida, que o mais recente fenmeno de massas de histria contempornea, e a existncia de um novo grupo humano, em continuo crescimento, constitudo de pessoas sem Estado, grupo sintomtico do mundo aps a Segunda Guerra Mundial. A culpa de sua existncia no pode ser atribuda a um nico fator, mas, se considerarmos a diversidade grupal dos aptridas, parece que cada evento poltico, desde o fim da primeira Guerra Mundial, inevitavelmente acrescentou uma nova categoria aos que j vivam fora da lei, sem nenhuma categoria, por mais que se houvesse alterado a constelao original, jamais pudesse ser devolvida normalidade. A repatriao e a naturalizao eram as principais teorias para resolver os problemas dos aptridas e das nacionalidades, realidade paradoxal aos termos da Declarao dos Direitos Humanos, que para a autora estaria mais vinculado defesa de Grupo humano e no a defesa do ser humanos individualmente. Esses grupos estavam excludos de manifestar os seus direitos civis, pois, no tinham um Estado pudesse reapresent-los, estariam merc daqueles que lhe dessem abrigo, dessa forma os direitos humanos, que em sua origem dava autoridade ao Homem de fazer leis responsveis pela sua prpria vivncia, no englobaria esses indivduos.

ANLISE

Hannah Arendt, em sua obra Origens do Totalitarismo: anti-semitismo, imperialismo e totalitarismo, concebido na dcada de 40 e publicado em 1951, reala a singularidade do totalitarismo, como uma nova forma de governo baseada na organizao burocrtica de massas e apoiada no emprego do terror e da ideologia. Ela consegue, com sucesso, sublinha como a emergncia do medo e a fraqueza generalizada das pessoas, que permitiu, com o nazismo na Alemanha e o stalinismo na URSS, a dominao total, inesperada humanos. A incisiva e inesgotvel originalidade do abrangente pensamento de Hannah Arendt torna este livro um marco da sua obra, visto que a autora, de origem judaica, o lana ainda na efervescncia da Segunda Grande Guerra Mundial, em que os regimes de configurao totalitria emergiram no perodo entre guerra e conseqentemente eclodiram com a prpria Segunda Guerra. A linguagem utulizada pela autora no de facil compreensso, pois ela uma filosofa, por tanto no tem a preteno de escrever de forma simples, at mesmo pelo seu grau intelectual. No entanto, aborda muito bem a forma como os Estados totalitarios, malgrado o seu carter evidentemente criminoso, contavam com o apoio das massas, do monoplio dos meios de comunicao, do controle policial sobre a sociedade. Hannah Arendt apresenta um quadro completo da organizao totalitria, fazendo uma crtica da razo governamental totalitria que ainda hoje pertinente, numa poca onde vigoraram regimes com estas caractersticas e, mais do que isso, num terreno onde a democracia liberal no afastou por completo os vestgios de uma ideologia de terror que torna o homem suprfluo e uma presa fcil para essas ideologias. No capitulo analisado, intitulado O declnio do Estado-nao e o fim dos Direitos do Homem, autora mantm toda a atualidade ao tratar do problema dos aptridas e dos refugiados, [povos sem Estado], fora de todo o sistema legal e expostos arbitrariedade da polcia. So estes princpios de excluso da comunidade que, aliados a uma subordinao obrigatria vontade de um Chefe [o Estado], tornaram possvel o totalitarismo. Esses desumanos exemplos expostos por Arendt, lembra-nos dos povos que a poucos anos tiveram que fugir de seus pases como os albaneses, os macednios e outros que para no morrerem, tiveram que abandonar suas casa e porque no seus direitos a cidadania, por causa do governo ditatorial de Slobodan Miloevi. e terrvel dessa outra face da modernidade ocidental, que tambm ensejou a democracia, a prosperidade econmica e os direitos

Num presente como o nosso, com genocdios e acumulao de refugiados, pessoas morrem de fome no Haiti, no Iraque, no Afeganisto e em outras partes do globo. Sem falar nas localizadas guerras civis que enfrentamos em nossas cidades, em funo do alto ndice de desempregados, de criminalidade e corrupo que assolam no pas.. Arendt sem dvida uma fonte esclarecedora dos grandes fenmenos governamentais que surgiram na Europa no sculo XX.

BIOGRAFIA

Nascida numa rica e antiga famlia judia de Linden, Hanver, fez os seus estudos universitrios de teologia e filosofia em Knigsberg (a cidade natal de Kant, hoje Kaliningrado). Arendt estudou filosofia com Martin Heidegger na Universidade de Marburgo, relacionando-se passional e intelectualmente com ele. Posteriormente Arendt foi estudar em Heidelberg, tendo escrito na respectiva universidade uma tese de doutoramento sobre a experincia do amor na obra de Santo Agostinho, sob a orientao do filsofo existencialista Karl Jaspers. A tese foi publicada em 1929. Em 1933 (ano da tomada do poder de Hitler) Arendt foi proibida de escrever uma segunda dissertao que lhe daria o acesso ao ensino nas universidades alems por causa da sua condio de judia. O seu crescente envolvimento com o sionismo lev-la-ia a colidir com o anti-semitismo do Terceiro Reich o que a conduziria, seguramente, priso. Conseguiu escapar da Alemanha para Paris, onde trabalhou com crianas judias expatriadas e onde conheceu e tornou-se amiga do crtico literrio e mstico marxista Walter Benjamin. Foi presa (uma segunda vez) em Frana conjuntamente com o marido, o operrio e "marxista crtico" Heinrich Blutcher, e acabaria em 1941 por partir para os Estados Unidos, com a ajuda do jornalista americano Varian Fry. Trabalhou nos Estados Unidos em diversas editoras e organizaes judaicas, tendo escrito para o "Weekly Aufbau". Em 1963 contratada como professora da Universidade de Chicago onde ensina at 1967, ano em que se muda para a New School for Social Research, instituio onde se manter at sua morte em 1975. O trabalho filosfico de Hannah Arendt abarca temas como a poltica, a autoridade, o totalitarismo, a educao, a condio laboral, a violncia, e a condio de mulher. Arendt regressaria depois Alemanha e manteria contato com o seu antigo mentor Martin Heidegger, que se encontrava afastado do ensino, depois da libertao da Alemanha, dadas as suas simpatias nazis. Envolver-se-ia, pessoalmente, na reabilitao do filsofo alemo, o que lhe valeria novas crticas das associaes judaicas americanas. Do relacionamento secreto entre ambos ao longo de dcadas (inclusive no exlio nos Estados Unidos) seria publicado um livro marcante, "Lettres et autres documents", 19251975, Hannah Arendt, Martin Heidegger, com edio alem e traduo francesa da responsabilidade das Editions Gallimard. Hannah Arendt faleceu em 1975, e est sepultada em Bard College, Annandaleon-Hudson, Nova Iorque.

PRINCIPAIS OBRAS

O primeiro livro "As origens do totalitarismo" (1951) consolida o seu prestgio como uma das figuras maiores do pensamento poltico ocidental. Arendt assemelha de forma polmica o nazismo e o comunismo, como ideologias totalitrias, isto , com uma explicao compreensiva da sociedade mas tambm da vida individual, e mostra como a via totalitria depende da banalizao do terror, da manipulao das massas, do acriticismo face mensagem do poder. Hitler e Stalin seriam duas faces da mesma moeda tendo alcanado o poder por terem explorado a solido organizada das massas. Sete anos depois publica "A condio humana" e enfatiza a importncia da poltica como aco e como processo, dirigida conquista da liberdade. Publica depois "Sobre a Revoluo" (1963), talvez o seu maior tributo para o pensamento liberal contemporneo, e examina a revoluo francesa e a revoluo americana, mostrando o que tm de comum e de diferente, e defendendo que a preservao da liberdade s possvel se as instituies ps-revolucionrias interiorizarem e mantiverem vivas as idias revolucionrias. Lembraria os seus concidados americanos (entretanto adquiriria a nacionalidade americana) que se se distanciassem dos ideais que tinham inspirado a revoluo americana perderiam o seu sentido de pertencer e identidade. Ainda, em 1963, escreveria "Eichmann em Jerusalm" a partir da cobertura jornalstica que faria do julgamento do exterminador dos judeus e arquitecto da Soluo Final para a The New Yorker. Nesse livro impressionante revela que o grande exterminador dos judeus no era um demnio e um poo de maldade (como o criam os activistas judeus) mas algum terrvel e horrivelmente normal. Um tpico burocrata que se limitara a cumprir ordens, com zelo, sem capacidade de separar o bem do mal, ou de ter mesmo contrio. Esta perspectiva valer-lhe-ia a crtica virulenta das organizaes judaicas que a considerariam falsa e abjurariam a insinuao da cumplicidade dos prprios judeus na prtica dos crimes de extermnio. Arendt apontara, apenas, para a complexidade da natureza humana, para uma certa "Banalidade do Mal" que surge quando se condescede com o sofrimento, a tortura e a prpria prtica do mal. Da conclui que fundamental manter uma permanente vigilncia para garantir a defesa e preservao da liberdade.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS FACULDADE DE HISTRIA

RESENHA DO CAPITULO: ARENDT, Hannah. O declnio do Estado-nao e o fim dos Direitos do homem In:--, As Origens do Totalitarismo: anti-semitismo, imperialismo e totalitarismo.SP: Cultrix, 2005. (p.300-336).

Resenha como 3 avaliao da disciplina Histria Contempornea I, ministrada pelo professor Dr. Maurcio Costa da Faculdade de Histria da UFPA.

ALUNO: VICTOR DANIEL DE OLIVEIRA ALVES MAT. 0503603801 BELM 2007