resenha de “o funcionalismo em linguística” (erotilde goreti)

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Resenha de “O funcionalismo em linguística” (Erotilde Goreti) “O funcionalismo em linguística”, escrito por Erotilde Goreti Perzatti, é um dos capítulos do livro Introdução à linguística: fundamentos epistemológicos, organizado por Mussalim e Bentes, em linhas gerais, apresenta os principais aspectos da teoria funcionalista. O texto se estrutura em quatro tópicos: primeiro, visão geral do modelo funcionalista; Segundo, A teoria funcionalista: temas relevantes; Terceiro, Um modelo de análise funcionalista e; Quarto, considerações finais. No primeiro, Pezatti expõe o “o pontos de vista teórico” do funcionalismo, tal exposição permite ao leitor compreender que o paradigma funcional, diferentemente d outras teorias, como a sociolinguística, a linguística textual, a análise do discurso etc, embora tenha sido desencadeada, assim como essas teorias, pela mesma insatisfação para o modelo gerativo, o qual desconsiderava as questões discursivas, não é tão recente quanto elas, o que houve, segundo a autora, foi uma reatualização dos princípios. Encontram-se também neste tópico menções à concepção de linguistas a estruturalismo de Saussure, à escola linguística de Praga, à antropologia americana, dentre outras, e ratifica-se o princípio fundamental do funcionalismo, que, de forma sucinta, consiste na subordinação do sistema linguístico ao uso. Ainda nesse tópico, a autora apresenta os múltiplos conceitos para o termo função (interna, semântica e externa) e tratará de diferenciá-los. O primeiro conceito designa a relação entre uma forma e outra; e o segundo, entre uma forma e seu significado e o terceiro, entre a forma e seu contexto. Outros pontos destacados pela autora são: o funcionalismo e sus princípios de adequação explanatória, no qual tecem-se considerações acerca da organização das línguas naturais, dos tipos de sistemas de regras (semânticas, sintáticas, morfológicas, fonológicas e pragmáticas) e de três níveis que abarcam relações funcionais. O tópico encerra-se com a apresentação da polêmica entre o formalismo e funcionalismo no Brasil e traz o feliz comentário de Dillinger (1991), segundo o qual essas teorias são complementares e igualmente necessárias. O segundo tópico dedica-se a apresentação dos temas relevantes para a teoria funcionalista: dinamismo comunicativo, dado/novo, tópico, ponto de vista, fluxo de atenção, noção de estrutura

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Resenha de “O funcionalismo em linguística” (Erotilde Goreti)

“O funcionalismo em linguística”, escrito por Erotilde Goreti Perzatti, é um dos capítulos do livro Introdução à linguística: fundamentos epistemológicos, organizado por Mussalim e Bentes, em linhas gerais, apresenta os principais aspectos da teoria funcionalista. O texto se estrutura em quatro tópicos: primeiro, visão geral do modelo funcionalista; Segundo, A teoria funcionalista: temas relevantes; Terceiro, Um modelo de análise funcionalista e; Quarto, considerações finais. No primeiro, Pezatti expõe o “o pontos de vista teórico” do funcionalismo, tal exposição permite ao leitor compreender que o paradigma funcional, diferentemente d outras teorias, como a sociolinguística, a linguística textual, a análise do discurso etc, embora tenha sido desencadeada, assim como essas teorias, pela mesma insatisfação para o modelo gerativo, o qual desconsiderava as questões discursivas, não é tão recente quanto elas, o que houve, segundo a autora, foi uma reatualização dos princípios. Encontram-se também neste tópico menções à concepção de linguistas a estruturalismo de Saussure, à escola linguística de Praga, à antropologia americana, dentre outras, e ratifica-se o princípio fundamental do funcionalismo, que, de forma sucinta, consiste na subordinação do sistema linguístico ao uso. Ainda nesse tópico, a autora apresenta os múltiplos conceitos para o termo função (interna, semântica e externa) e tratará de diferenciá-los. O primeiro conceito designa a relação entre uma forma e outra; e o segundo, entre uma forma e seu significado e o terceiro, entre a forma e seu contexto.

Outros pontos destacados pela autora são: o funcionalismo e sus princípios de adequação explanatória, no qual tecem-se considerações acerca da organização das línguas naturais, dos tipos de sistemas de regras (semânticas, sintáticas, morfológicas, fonológicas e pragmáticas) e de três níveis que abarcam relações funcionais. O tópico encerra-se com a apresentação da polêmica entre o formalismo e funcionalismo no Brasil e traz o feliz comentário de Dillinger (1991), segundo o qual essas teorias são complementares e igualmente necessárias. O segundo tópico dedica-se a apresentação dos temas relevantes para a teoria funcionalista: dinamismo comunicativo, dado/novo, tópico, ponto de vista, fluxo de atenção, noção de estrutura argumental preferida, conceito de transitividade, gramaticalização etc. Em seguida o leitor é levado a conhecer a “perspectiva funcional da sentença” os três níveis de abordagem sintática: semântico, gramatical e o de organização contextua. No restante do tópico, Pezatti trata do “estatuto informacional: noções de dado e novo”, sendo este um dos aspectos que, segundo a autora, mais tem influenciado os estudos funcionalistas e que retoma os conceitos tema e rema defendidos pela escola de Praga: após essas considerações, a autora discute o “conceito de tópico”, “o ponto de vista e fluxo de atenção”, a “transitividade e relevância discursiva”, a “estrutura argumental preferida e o fluxo de informação”, terceiro tópico, como o próprio título sugere, dedica-se à apresentação de uma análise linguística com enfoque funcionalista, para isso, a autora vale-se do modelo de análise da gramática funcional e de um texto da língua falada. Essa análise permite ao leitor a intelecção das regras, dos princípios, da importância e da própria funcionalidade da teoria adotada. Após a análise, apresentam-se as funções pragmáticas do funcionalismo e o desenvolvimento de outros conceitos da gramática funcional, como, por exemplo, tópico, foco, ordenação de constituintes e antitema.

No último tópico, considerações finais, Pezatti ratifica que, de acordo com o funcionalismo, a sintaxe não é um componente autônomo e que, justamente por não ser autônomo, depende

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da semântica e da pragmática da linguagem. O texto cumpre seu objetivo de apresentar um quadro expositivo, ou síntese introdutória, dos principais aspectos da teoria funcionalista e, ao meu ver, faz isso de forma compreensiva e sem reducionismos. Sugiro, finalmente, a leitura deste capitulo a todos aqueles que desejam se debruçar sobre os estudos da linguagem, principalmente os de ordem funcional.