resenha crianças invisíveis

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE PSICOLOGIA MAYSA LANNE VIEIRA DAMASCENO Resumo crítico sobre o artigo “

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Resenha do documentário "Crianças Invisíveis"

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOASINSTITUTO DE PSICOLOGIAMAYSA LANNE VIEIRA DAMASCENO

Resumo crtico sobre o artigo

MACEI2015

MAYSA LANNE VIEIRA DAMASCENO

RESENHA SOBRE O DOCUMENTRIO "CRIANAS INVISVEIS"

Resenha solicitada pela Professora Dra Paula Orchiucci Miura, da disciplina de Psicologia do Desenvolvimento I, aos alunos do terceiro perodo do curso de Psicologia, para fins avaliativos.

MACEI2015RESENHA SOBRE O DOCUMENTRIO "CRIANAS INVISVEIS"

CRIANAS Invisveis. Direo: Mehdi Charef, Emir Kusturica, Spike Lee, Katia Lund, Jordan Scott, Ridley Scott, Stefano Veneruso, John Woo. Produo: Maria Grazia Cucinotta, Chiara Tilesi, Stefano Veneruso. Co-produo: Rai Cinema. Colaboraa: UNICEF e Programa Mundial de Alimentos. 2005. (124 min.)

O documentrio "Crianas Invisveis", de 2005, composto de sete segmentos diferentes que retratam a fundo histrias de crianas, em suas particularidades, belezas e sofrimentos, cada uma representando alguma regio do planeta.O primeiro caso contado do menino Tanza, que refugiado em seu prprio pas por conta de uma guerra, se v obrigado a lutar, ao lado de outros meninos, por sua vida - o que no significa que no est ou se sente sozinho. Trs pontos chamam ateno aqui: o primeiro que Tanza j teve contato com o universo infantil. Em uma cena ele sorri ao encontrar lpis de cores e outros objetos de sua famlia, provavelmente que ele mesmo guardou, e em outra cena ele responde a quatro perguntas deixadas no quadro-negro demonstrando que tem conhecimentos didticos, mas teve seu desenvolvimento interrompido. Percebemos ento que ele se mantm criana com desejo de poder voltar a viver como tal.O segundo talvez seja um contraponto ao primeiro, quando um dos membros do mesmo grupo de Tanza falece aps um tiroteio e diz que naquele momento, antes da morte, ele sentiu medo. Isso nos leva a perguntar por que somente naquele instante?, quais so e qual a importncia damos a atos to violentos contra esses seres ao ponto que eles se fecham ao medo?. E por fim, o terceiro a relao de Tanza com o seu par tnis, objeto tratado como escudo de guerrilheiro que descala quando se despe dessa vida.Marjan, na Srvia e Ciro, na Itlia, faz-nos atentar para questes relacionadas a violncia domstica, tanto fsica como emocional. impossvel ver esses casos e no pensar no momento importante que vivemos no Brasil da votao da reduo da menoridade penal, e de refletir sobre o que leva nossas crianas a cometer delitos e o que proporcionamos como solues.A famlia de Marjan cigana, seu padrasto alcolatra e obriga os filhos e enteados a roubarem. Conhecemos Marjan no reformatrio, que aparentemente ideal: proporciona momentos de lazer, aprendizagem de alguma profisso e percebe-se tambm a ateno do diretor com os garotos. Mas vemos que no oferece suporte algum aps a sada deles, como acontece com Marjan, que apesar da vontade de ir trabalhar com o tio comete novo roubo graas a seu padrasto e prefere voltar para o reformatrio, pois como um de seus colegas havia alertado l dentro ele poderia fazer o que quisesse e quando quisesse, l dentro eles estavam protegidos. Ciro vive com a me, mas precisa colocar de alguma forma comida na mesa e com poucas possibilidades para isso s resta tambm roubar. No entanto, talvez, o que mais impressione nesta parte so as expresses dos adultos - "vtimas" da violncia - que gostariam que as crianas fossem isoladas em localidades especficas para trabalho ou que fossem presas por seus atos, mas que em qualquer uma das duas situaes seriam imprudentemente tratadas como adultos. Ainda assim, bonito ver Ciro apegado a situaes de ingenuidade infantil, como o algodo doce e o carrossel. Em uma realidade diferente com uma violncia diferente temos Blanca, filha de drogadictos e "filha da AIDS". Encaramos aqui problemas psicossociais, como a dependncia qumica e o HIV, a falta de assistncias sociais para essas questes e a falha na divulgao de informaes corretas e relevantes sobre os temas, adversidades refletidas no preconceito e no cuidado doena. Blanca alm de todas essas dificuldades familiares sofre com a excluso dos colegas e bullying, coisas que, infelizmente, so bastante comuns nas nossas sociedades.Jonathan, o quinto caso, singular. Ele no uma dessas crianas, um fotgrafo de situaes de guerra que sofre diante da impotncia de ajudar as pessoas que retrata e diante da desiluso causada por tudo que j viu. Num momento de fuga, antes de seu prximo trabalho, ele retorna sua infncia, redescobrindo a belezas da esperana que s uma criana possui. Acho que no cotidiano, somos quase sempre um pouco Jonathan, desiludidos ou anestesiados sobre as problemas sociais, principalmente os mais naturalizados, e emocionais dos outros, mas as vezes tambm esperanosos para a construo da mudana.Bil e Joo o caso mais prximo da gente. So crianas brasileiras inseridas numa realidade em que a violncia e o agressor so invisveis (naturalizao da desigualdade social e do trabalho infantil). Em que precisam trabalhar na feira ou catando lixo para ajudar a famlia, passando por perigos que mesmo alguns adultos no seriam capazes de enfrentar. Eles dois superam as dificuldades um dia de cada vez e mantm claramente a alegria, mas sabemos que outras crianas brasileiras por esses e outros motivos acabam vivendo situaes mais parecidas com o Ciro e o Marjan, quando no matam e/ou morrem precocemente.O ltimo segmento se passa na China, contrastando duas realidades totalmente opostas. De um lado, Song Song, uma garotinha que financeiramente tem tudo, mas tem pais separados e sente a a falta de amor. Do outro, Little Cat, que financeiramente no tem nada, mas tem o av adotivo que d carinho e ateno, alm de fazer de tudo para concretizar o sonho da Little Cat estudar. Elas duas se ligam atravs de uma boneca que para Song Song era s mais uma e no fez falta depois de ser jogada fora, mas que para Little Cat foi um lindo presente do "vov", foi seu porto seguro e um objeto que detinha o bem mais precioso dela - o amor. Amor que foi repassado para Song Song em um breve momento de encontro das duas. Alm disso, mostrada a explorao do trabalho infantil, um problema comum na China e em diferentes graus, em qualquer lugar do mundo.No vejo algum modo de assistir "Crianas Invisveis" e no pensar em todas as questes to pertinentes colocadas em cada histria, de no refletir, especialmente, sobre o impacto dele na formao do psicloga e tambm cidad. O documentrio proporciona um pensamento reflexivo no s sobre a nossa noo de infncia, mas sobre as nossas aes: quando e como contribumos nessas situaes de violncia - visvel ou invisvel - contra as crianas. E se por um momento nos sentimos impotentes diante de todas as adversidades, como Jonathan, por outro aprendemos a ter esperana e quem sabe at manter o esprito de criana, pois uma coisa comum a todos os casos que mesmo privados da infncia, em suas subjetividades, no so obrigadas a deixar de lado o desejo de brincar, viver, estudar, ser curioso, de ter amor e amar, enfim, de ser criana.