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publica Informativo da Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - APEMI nAs - Ano 2 - nº 5 - outubro/novembro/dezembro de 2009 res Leia também Centro Administrativo Os procuradores do Estado continuam sem entender a possibilidade da ida de toda a estrutura da Advocacia Geral do Estado (AGE) para o novo Centro Administrativo de Minas Gerais, ainda em construção, situado no antigo Jockey Clube, longe das prin- cipais varas judiciárias da capital mineira. Segundo a diretoria da APEMINAS, não há explicação plausível para tal mudança, já que contraria o princípio da eficiência ad- ministrativa. O procurador do Estado, Onofre Batista Júnior falou ao Res Publica sobre o tema, e afirmou que somente a ida da assessoria direta do advogado-geral é justi- ficável, e não de todas as unidades da AGE, pois isto vai contra conceitos de razoa- bilidade, eficiência e economicidade. Página 12 Entrevista “A constante evasão dos procuradores do Estado para outras carreiras é sinal de que algo precisa ser revisto”. O presidente da OAB/MG, Raimundo Cândido Júnior concedeu entrevista ao Res Publica e reafirmou sua preocupação com o tratamento concedido pelo Governo do Estado à classe dos advogados públicos mineiros. Ele abordou ainda a criação da Comissão da Advocacia Pública Estadual na entidade. Uma classe forte e unida www.apeminas.org.br Uma prova de fortalecimento da classe. Aconteceu em Belo Hori- zonte o I Congresso de Procurado- res do Estado de Minas Gerais, nos dias 17 e 18 de setembro. Com efe- tiva participação dos associados da APEMINAS e da classe jurídica, o evento reuniu palestrantes que abor- daram relevantes questões inerentes à atuação do advogado público do Estado, como também aspectos li- gados ao injustificável tratamento concedido aos procuradores pelo governador Aécio Neves da Cunha. Participaram importantes nomes do Judiciário mineiro e brasileiro como o presidente do Tribunal de Justiça (TJMG), desembargador Sérgio Re- sende, o advogado geral do Estado, José Bonifácio Borges de Andrada, o presidente da OAB de Minas, Rai- mundo Cândido Júnior e o presi- dente da Associação Nacional dos Procuradores de Estado (ANAPE), Ronald Alves Bicca. Entre os palestrantes, os que partici- param do Congresso puderam conferir aulas de nomes como o do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), José Augusto Delgado e do renomado processualista, Hum- berto Theodoro Júnior. Páginas 3 e 4

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publicaInformativo da Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - APEMInAs - Ano 2 - nº 5 - outubro/novembro/dezembro de 2009

res

Leia também

Centro Administrativo Os procuradores do Estado continuam sem entender a possibilidade da ida de todaa estrutura da Advocacia Geral do Estado (AGE) para o novo Centro Administrativo deMinas Gerais, ainda em construção, situado no antigo Jockey Clube, longe das prin-cipais varas judiciárias da capital mineira. Segundo a diretoria da APEMINAS, não háexplicação plausível para tal mudança, já que contraria o princípio da eficiência ad-ministrativa. O procurador do Estado, Onofre Batista Júnior falou ao Res Publica sobreo tema, e afirmou que somente a ida da assessoria direta do advogado-geral é justi-ficável, e não de todas as unidades da AGE, pois isto vai contra conceitos de razoa-bilidade, eficiência e economicidade. Página 12

Entrevista“A constante evasão dos procuradores do Estado para outras carreiras é sinal deque algo precisa ser revisto”. O presidente da OAB/MG, Raimundo Cândido Júniorconcedeu entrevista ao Res Publica e reafirmou sua preocupação com o tratamentoconcedido pelo Governo do Estado à classe dos advogados públicos mineiros. Eleabordou ainda a criação da Comissão da Advocacia Pública Estadual na entidade.

Uma classe forte e unidawww.apeminas.org.br

Uma prova de fortalecimento daclasse. Aconteceu em Belo Hori-zonte o I Congresso de Procurado-res do Estado de Minas Gerais, nosdias 17 e 18 de setembro. Com efe-tiva participação dos associados daAPEMINAS e da classe jurídica, oevento reuniu palestrantes que abor-daram relevantes questões inerentesà atuação do advogado público doEstado, como também aspectos li-gados ao injustificável tratamentoconcedido aos procuradores pelogovernador Aécio Neves da Cunha.Participaram importantes nomes doJudiciário mineiro e brasileiro comoo presidente do Tribunal de Justiça(TJMG), desembargador Sérgio Re-sende, o advogado geral do Estado,José Bonifácio Borges de Andrada,o presidente da OAB de Minas, Rai-mundo Cândido Júnior e o presi-dente da Associação Nacional dosProcuradores de Estado (ANAPE),

Ronald Alves Bicca. Entre os palestrantes, os que partici-param do Congresso puderam conferir aulas de nomescomo o do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ),

José Augusto Delgado e do renomado processualista, Hum-berto Theodoro Júnior. Páginas 3 e 4

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Informativo da APEMInAs - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 4 - outubro/novembro/dezembro de 2009

Expediente

PresidenteGustavo Chaves Carreira MachadoVice-presidenteJoão Lúcio Martins PintoTesoureiroGeraldo Ildebrando de Andrade

secretáriarochelle Cardoso Americanodiretor socialMarco Túlio de Carvalho rochadiretor de relações InstitucionaisGustavo Albuquerque Magalhãesdiretor de Comunicação,Jaime nápoles Villela

diretor representante dos AposentadosErasmo Cesarino de Vilhenadiretora de ConvêniosEvânia beatriz de souza CabralColaborador do res PublicaCarlos Frederico PereiraJornalista responsávelJúlio Anunciação - Mtb 10.341 JP

Projeto Gráfico e diagramaçãoMarcelo ramosTiragem: 4 mil exemplares

Palavra da Diretoria

O governador Aécio Neves implantou emMinas Gerais o seu “choque de gestão”, o qual, naspalavras do seu principal gestor, visa construirum “Estado Necessário (tertium genus entre o Es-tado máximo x Estado mínimo), que seja, a um sótempo, bem aparelhado, célere, forte, e criativo, eeticamente orientado para a promoção da Jus-tiça”. 

No campo da Advocacia Pública, o GovernoAécio Neves criou a Advocacia Geral do Estado,unificando as existentes Procuradoria Geral doEstado  e a Procuradoria Geral da Fazenda Es-tadual, implementou os escritórios regionais, com-prou novos computadores, novos veículos, alargouas competências do órgão e levou bons quadros dainstituição para outros órgãos da administraçãoindireta.

Reconhecidamente o maior escritório de ad-vocacia do Estado de Minas Gerais demonstrou edemonstra competência,  eficiência e comprome-timento com o bem público, a legalidade e a mo-ralidade. 

Com a sua atuação, diminiu sensivelmente ainscrição em precatórios, implantou a conciliaçãodestes, trazendo benefícios para toda  a sociedademineira, corrigindo erros e obtendo descontos nospagamentos, orientou secretarias e órgãos pre-ventivamente, evitando demandas, possibilitouprojetos juridicamente questionados, ganhou res-peito e visibilidade institucional.

Seus membros, pela qualidade e comprometi-mento com o Estado de Direito e a Justiça, foramindicados para a mais Alta corte do País e deMinas, como se pôde verificar nas recentes no-meações de ministro do Supremo Tribunal Federale de Desembargadores no TJMG.

Porém, não há instituição forte, célere e cria-tiva, que promova a justiça e perdure no tempocom procuradores desmotivados, maltratados e

sem o tratamento Constitucional adequado.Ao contrário da imagem que a propaganda

bem paga tenta incutir e os meios de comunicaçãoamordaçados não podem publicar, o Governo AécioNeves está implodindo a Advocacia Pública Mi-neira. Os Procuradores do Estado estão em cho-que.  

A Associação dos Procuradores do Estado deMinas Gerais (APEMINAS), há muito vem ten-tando alertar a sociedade, pelos mais diversosmeios, a falta de espírito público desta adminis-tração e o desrespeito pelos procuradores, que emfim a defendem. Veja texto amplamente adesivadonas petições:  “Os Procuradores do Estado deMinas Gerais informam à Sociedade que, emboravenham contribuindo efetivamente para o pro-gresso e a defesa do Estado de Direito, têm hojeuma das piores remunerações da Federação. Talsituação avilta o trabalho dos Procuradores, de-sestimula a entrada e a permanência de bons qua-dros na carreira e coloca em risco os interesses daSociedade Mineira”.

Hoje, o que se previa quando da elaboraçãodo texto acima já é realidade, pois 42% dos pro-

curadores nomeados no penúltimo concurso recu-saram posse ou já abandonaram a carreira, o quese repete no último. Nos transformaram numacarreira de passagem, num trampolim, em algobem menor do que a tradição e os bons serviçosprestados nos eleva.

Agora, mais que nunca, precisamos unir for-ças para resgatar a dignidade da Advocacia Pú-blica Mineira. Precisamos alertar a sociedadesobre os efeitos perversos que poderão advir daimplosão da carreira, haja vista que em últimaanálise, somos treinados, preparados e pagos paradefendê-la. Precisamos alertar os mineiros queentre os 27 entes federados, Minas está em últimolugar no tratamento dispensado aos seus procu-radores.

Vale lembrar que o amadurecimento do EstadoDemocrático de Direito, passa necessariamentepela valorização das carreiras Jurídicas.

A Ordem dos Advogados do Brasil, seçãoMinas Gerais, já sentiu a gravidade dos fatos eimplantou uma Comissão de Advocacia PúblicaEstadual, pois,  as lutas sociais desaguam no for-talecimento do Judiciário, na independência doMinistério Público e na valorização do Advogado,seja ele público ou privado.

No que tange ao Advogado Público Mineiro,o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Ge-rais, Sérgio Resende, afirmou no I Congresso deProcuradores do Estado de Minas Gerais: “nãoconsigo entender como o segundo Estado em arre-cadação tem a pior remuneração da Federação. Al-guma coisa de errado tem aí”, se referindo à nossacarreira.  

Fica então a pergunta: a quem interessa umaAdvocacia Pública Estadual fraca e desestimu-lada? Certamente, não é à sociedade, que na Cons-tituição deu a ela a devida importância. Interessasim aos sonegadores e grandes devedores do Es-tado, aos amantes da ilegalidade e da imorali-dade, aos políticos inescrupulosos financiados porcaixa dois, aos governos corruptos e sem compro-missos sociais verdadeiros.  

A APEMINAS vem se desdobrando para sefazer ouvir, para garantir as prerrogativas e es-tancar a sangria.

Precisamos do apoio e da colaboração detodos, pois a corrente mais forte, tem a força doseu elo mais fraco. 

www.anunciatto.com

GErALdo ILdEbrAndo dEAndrAdETEsourEIro dAAssoCIAção dosProCurAdorEsdo EsTAdo

Agora, mais que nunca, precisamos unir forças para resgatar a

dignidade da Advocacia Pública Mineira. Precisamos alertar à

sociedade sobre os efeitos perversosque poderão advir da implosão da

carreira

Fica então a pergunta: a quem interessa uma Advocacia

Pública Estadual fraca e desestimulada? Certamente, não é à sociedade, que na

Constituição deu a ela a devidaimportância

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nível de excelência do evento reforça luta pelo tratamento constitucional adequado

Congresso marca reação

“Mineiro não crê dema-siado na ação objetiva; mas,com isso, não se anula. só quemineiro não se move de graça.Ele permanece e conserva. Eleespia, escuta, indaga, protelaou palia, se sopita, tolera, re-mancheia, perrengueia, sorri,escapole, se retarda, faz vés-pera, tempera, cala a boca, ma-tuta, destorce, engabela,pauteia, se prepara. Mas,sendo a vez, sendo a hora,Minas entende, atende, tomatento, avança, peleja e faz”.Parte da obra do escritor mi-neiro, Guimarães Rosa, estefoi o último trecho do discursodo vice-presidente da Associa-ção dos Procuradores do Es-tado, João Lúcio MartinsPinto, que abriu os trabalhosdo I Congresso de Procurado-res do Estado de Minas Gerais,realizado em Belo Horizonte,nos dias 17 e 18 de setembro.O Congresso trouxe importan-tes palestras sobre aspectos ju-rídicos da atuação dosadvogados públicos e se desta-cou pela exaltação da necessi-dade de revisão do tratamentoconcedido aos procuradoresmineiros, inclusive com mani-festações dos próprios pales-

trantes. O presidente do Tribunal de

Justiça de Minas Gerais, de-sembargador sérgio Resende,afirmou durante a abertura dostrabalhos não entender como osegundo Estado brasileiro emarrecadação possui o pior salá-rio para os procuradores do Es-tado: “tem algo errado aí”.Estavam com ele, na composi-ção da mesa, o presidente daOAB de Minas Gerais, Rai-mundo Cândido Júnior, o ex-ministro do superior Tribunalde Justiça (sTJ), José AugustoDelgado, o advogado-geral doEstado, José Bonifácio Borgesde Andrada, o presidente da As-sociação nacional dos Procura-dores de Estado (AnAPE),Ronald Bicca, e os advogados-gerais adjuntos Marco AntônioRebelo Romanelli e AlbertoGuimarães Andrade.

O ex-ministro do sTJ, JoséAugusto Delgado, abriu a sériede palestras e frisou a necessi-dade de autonomia das Procu-radorias Estaduais. Eledefendeu que a AdvocaciaGeral do Estado (AGE) nãopode ser subordinada ao gover-nador, pois, isto, representauma afronta ao artigo 132 da

Constituição Federal. “Assimcomo os demais poderes, a Pro-curadoria do Estado deve terautonomia funcional, adminis-trativa e de atribuições. O con-trole dos atos dos demaisagentes públicos só podem serexercidos por quem possui in-dependência funcional”, frisou.Delgado afirmou que os procu-radores do Estado são advoga-dos da cidadania e não do poderpúblico e ressaltou ainda a ne-cessidade de criação de um có-digo de ética para osprocuradores. Ao final, se reu-niu ao coro que permeou todosos trabalhos do Congresso eafirmou ser “Minas Gerais aterra da liberdade de pensa-mento e a situação dos procura-dores estaduais é contrastantecom este espírito”.

direito modernoDurante sua participação

no Congresso, o procuradordo Estado, Onofre Batista Jú-nior enfatizou que o DireitoAdministrativo não dialogacom a sociedade atual e o Es-tado Democrático de Direitonão pode se basear somente nasegurança jurídica como valorabsoluto. “Um processo de

execução fiscal leva em média11 anos para ser finalizado,com o custo estimado de R$1mil por ano. O moderno Di-reito exige a ponderação doconcreto.”, disse. Ele afirmouainda que o procurador do Es-tado traz em si uma gama detodos os interesses públicos efinalizou: “O Estado Demo-crático de Direito tal qual oautomóvel não pode ser vistoe definido a partir do freios”.

Violação do artigo 132 A procuradora do Estado

Raquel Carvalho também de-fendeu a necessidade de exigirque o artigo 132 da Constitui-ção Federal seja cumprido. Elaargumentou que a Advocaciado Estado não é uma atividademeio e sim, fim em si mesmo eque por esta razão o governonão pode realizar processos li-citatórios para contratação deadvogados terceirizados. Car-valho acrescentou que o inte-resse do governo transitórionão é preocupação da AGE eque somente os procuradoressão responsáveis por represen-tar e oferecer consultoria jurí-dica ao Estado.

Congresso reuniu palestrantes renomados como o processualista Humberto Theodoro

Informativo da APEMInAs - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 4 - outubro/novembro/dezembro de 2009

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Informativo da APEMInAs - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 4 - outubro/novembro/dezembro de 2009

Em sua palestra, o auditorfiscal da Receita Estadual e di-retor presidente do sInDI-FIsCO, Matias Bakir Faria fezuma análise da política fiscal le-vada a cabo pelo GovernoAécio neves desde a sua ado-ção e apresentou dados. se-gundo ele o cenário encontradopelo atual governo não era tãoaterrador como se diz. Em2003, Minas Gerais não pos-suía débitos relacionados ao 13ºsalário dos servidores e recebeuressarcimento do Governo Fe-deral oriundos de repasse paraobras em rodovias federais es-tadualizadas. “Tínhamos umambiente externo favorável eMinas havia crescido acima damédia nacional, no ano de2002. Mesmo assim, o Go-verno congelou o salário dosservidores públicos, sem preo-cupação com o tripé de susten-tação de arrecadação: políticatributária, nível da atividadeeconômica e controle fiscal”,disse. Ele salientou ainda que,o atual Governo Estadual, pos-sui um grande passivo com osservidores públicos e apresentaqueda de arrecadação no ICMsde 1,5 bilhão, tendo tomado re-centemente um empréstimo de1 bilhão junto ao BIRD, fatoque não deve ser comemoradoou alardeado como positivo,como faz a propaganda gover-namental. O subsecretário daReceita Estadual, Pedro Me-neghetti, na qualidade de deba-tedor, fez um contrapontodemonstrando a evolução da re-ceita e despesas públicas nagestão Aécio neves, ressal-tando que a despesa com afolha de pessoal está próximado limite permitido pela Lei deResponsabilidade Fiscal, reco-nhecendo, contudo, a baixís-sima remuneração dosprocuradores do Estado deMinas Gerais.

na mesma linha de pensa-mento, o procurador do Estado,Alessandro Castelo Branco,destacou que a política remune-ratória estadual não observa asdiretrizes do sistema remunera-

tório do art. 39, § 1º, da Consti-tuição, nem a precedência de-corrente da aplicação do incisoXI e do § 12 do seu art. 37, emprejuízo da advocacia pública.“O subsídio dos desembarga-dores foi adotado como teto es-tadual único, sem que ascarreiras constitucionalmente aele referenciadas tenham trata-mento adequado”, disse. Elecriticou a forma como o Estadotrata a questão salarial, de-monstrando que enquanto ovencimento básico final da car-reira de procurador do Estado éde pouco mais de R$ 5.300,00,na carreira dos procuradores daAssembleia Legislativa, com asmesmas atribuições, chega-seao vencimento de R$9.248,05.“Vivemos uma situação de ab-soluta atecnia na política remu-neratória do Estado. MinasGerais vive uma situação de in-constitucionalidade”, finalizou.

Em seguida, nilza Apare-cida Ramos nogueira defendeuque a valorização das carreirastípicas de Estado é imposiçãodo princípio da eficiência ad-ministrativa. “A fixação da re-muneração deve obediência àsdiretrizes do art. 39, § 1º, daConstituição da República, dasquais se infere tratamento iso-nômico entre cargos de carrei-ras jurídicas, entre eles os deprocurador de Estado, cujos re-quisitos para investidura, a na-tureza, o grau deresponsabilidade e a complexi-dade dos cargos são assemelha-dos”, disse. Ela acrescentou

ainda que o artigo 37, X, daConstituição assegura revisãogeral anual da remuneraçãocomo forma de manter seuvalor real. “A efetivação dessedireito é imprescindível, sobpena de esvaziamento do prin-cípio da irredutibilidade de ven-cimentos”.

A procuradora de JustiçaGisela Potério santos saldanhafalou sobre a função de defen-der os interesses da sociedade.segundo ela, “quem não lê aparte social da função que cum-pre, está fora de seu tempo”.Gisela argumentou que as ten-tativas de cercear o trabalho doMinistério Público causam re-trocesso no país e defendeu anecessidade dos procuradoresutilizarem Ações Civis Públicaspara fortalecer a legalidade dasações e o cumprimento de nor-mas. O procurador do EstadoLyssandro norton siqueira cor-roborou com as proposições daprocuradora de justiça. Con-tudo, ele acentuou que a falta degarantias, como inamovibili-dade, a irredutibilidade de ven-cimentos e a vitaliciedade,fazem com que o procuradornão lance mão desse recurso.

Ação Civil Pública“Historicamente o Ministé-

rio Público tem a hegemonia daação civil pública no País. Con-tudo, a lei permite que esta açãotambém possa ser propostapelos Estados, que têm seusprocuradores como represen-tantes. Precisamos concitar os

procuradores para exerceremeste direito em prol dos interes-ses transindividuais, alçando aclasse ao mesmo nível de res-peito de quem já vem utilizandocom maestria aquele instru-mento processual”. Isto afirmouem sua palestra o procurador doEstado, Marconi Bastos salda-nha.

Humberto TheodoroDurante sua palestra, o pro-

cessualista Humberto Júnioranalisou as visões estáticas e di-nâmicas do fenômeno jurídico edefendeu que para modernizar odireito processual é necessáriogarantir sua efetividade. Entre osinstrumentos de efetividade,Theodoro Júnior, citou o man-dado de segurança como “uminstrumento de efetividade má-xima, pois ele é sumário”. se-gundo o ex-desembargador, “aciência do direito não pode sim-plesmente acabar na norma,mas deve entrar na vida das pes-soas”. Ele saudou ainda a ini-ciativa da Associação dosProcuradores do Estado (APE-MInAs) em realizar o Con-gresso, pois valoriza a funçãodo procurador do Estado e sediscute meios para melhorar oprocesso jurídico no país. O de-sembargador do TJMG, Biten-court Marcondes, que presidiu amesa, também destacou a reali-zação do evento e elogiou obom entendimento entre Tribu-nal de Justiça de Minas Geraise os procuradores de Estado.

MoçõesAo final do evento, foram

aprovadas duas moções distin-tas. Uma em homenagem aosministros do supremo TribunalFederal (sTF). José Celso deMello Filho e Marco AurélioMello pelo apoio que dão à ad-vocacia pública. A segundamoção aprovada foi direcio-nada ao governo do Estadopara que a estrutura física daAGE não vá para o novo Cen-tro Administrativo, visto que fi-caria longe de todo o universojurídico de Belo Horizonte.

Análise do “Choque de Gestão” desfaz mitos

Humberto Theodoro Júnior José Augusto delgado

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Informativo da APEMInAs - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 4 - outubro/novembro/dezembro de 2009

Em foco

A diretoria da Associação dos Procuradores do

Estado (APEMINAS) já se posicionou em relação

às eleições da OAB/MG, que acontecem no dia

21 de novembro próximo. Será dado apoio à

chapa que tem como candidato a presidente o

atual vice da Seccional mineira, Luís Cláudio da

Silva Chaves. Este tema já havia sido deliberado

durante Assembleia da Classe de Procuradores,

quando ficou definido pela classe que a APEMI-

NAS emprestaria apoio institucional a uma das

chapas concorrentes. A diretoria recomenda

aos associados, então, o voto na Chapa enca-

beçada por Luís Cláudio Chaves, denominada

“Advogado Valorizado” e que conta com o apoio

do atual presidente Raimundo Cândido Júnior,

como mais uma forma de fortalecer a classe e

a luta pelo tratamento constitucional adequado,

cabendo registrar a representatividade sem pre-

cedentes da advocacia pública estadual na com-

posição de uma chapa ao Conselho Seccional.

Doze pessoas que prestaram relevantes serviços, em suas

áreas de atuação, ao Ministério Público Estadual (MPE) foram ho-

menageadas, com a Medalha do Mérito do Ministério Público

Promotor de Justiça Francisco José Lins do Rego Santos, grau

Comenda. A cerimônia de outorga foi realizada na noite do dia

8 de setembro, primeiro dia da Semana do MP 2009. A procu-

radora do Patrimônio Imobiliário e Meio Ambiente da AGE,

Adrienne Lage de Rezende e o procurador chefe desta mesma

unidade, Cléber Reis Grego foram homenageados. A primeira

mencionada falou em nome dos homenageados. Em seu pro-

nunciamento, ressaltou que acompanhou como procuradora do

Estado de Minas Gerais o crescimento do Ministério Público.

“Essa comenda é um grande estímulo para a continuação de

nosso trabalho na Advocacia-Geral do Estado”, disse. O vice-

presidente da APEMINAS, João Lúcio Martins Pinto e o diretor

social, Marco Túlio de Carvalho Rocha estiveram na cerimônia.

Os procuradores do Estado lotados na Regional Divinópolis re-

ceberam a visita do deputado estadual e líder da maioria na As-

sembleia Legislativa, Domingos Sávio (PSDB). Em pauta, a

grave situação dos advogados públicos do Estado de Minas

Gerais, sobre a qual o parlamentar se mostrou conhecedor e

reconheceu a pertinência das reivindicações da classe. Ele

prometeu, na ocasião, buscar entendimento junto ao Governo

para sanar o problema. Segundo o diretor de Relações Insti-

tucionais da APEMINAS e presidente da Comissão da Assem-

bleia, Gustavo Albuquerque Magalhães, “a iniciativa dos

colegas lotados na Regional de Divinópolis deve ser seguida

também pelas demais, por potencializar o trabalho que é de-

senvolvido hoje na capital, em busca da sensibilização dos

parlamentares pela construção de uma advocacia pública for-

talecida, como forma de proteção de toda a sociedade mi-

neira“.

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Informativo da APEMInAs - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 4 - outubro/novembro/dezembro de 2009

Entrevista: raimundo Cândido Júnior

“A constante evasão dos procuradores do Estado é sinal de que algo precisa ser revisto”

nome que por mais vezes presidiua ordem dos Advogados do brasil emMinas Gerais, raimundo Cândido Júniortem seu nome já marcado na históriada advocacia mineira. Ele chega agoraao final do quarto mandato à frente dainstituição. Em entrevista ao res Pu-blica, raimundinho fala não somentesobre o atual panorama da advocaciabrasileira, mas também a respeito dagrave crise pela qual atravessa os qua-dros da Procuradoria Estadual, a AGE,em Minas Gerais. segundo ele, a cons-tante saída de profissionais em buscade outras carreiras jurídicas é sinal deenfraquecimento da defesa do Estadoe de que algo precisa ser revisto. Parao advogado, a vedação à advocacia pri-vada é um fator de desestímulo. “A ad-vocacia, ao lado da atividade deprocurador do Estado, abre horizontes aeste último, aumenta o seu relaciona-mento com os operadores do direito efacilita o exercício da atividade de de-fesa dos interesses estatais”, diz

Ele também respondeu a perguntassobre a proliferação de cursos de di-reito pelo brasil, criação da Comissãoda Advocacia Pública Estadual e au-sência de procuradores em órgãos daadministração estadual. raimundinhoapóia agora o professor Luís Cláudio dasilva Chaves, atual vice-presidente daoAb/MG, para ocupar o cargo de presi-dente da entidade representativa dosadvogados em Minas Gerais.

Res Publica - O senhor é oadvogado que por mais vezesocupou a presidência daOAB/MG. Como é lidar comesta responsabilidade de re-presentar um dos maiores co-légios de advogados doBrasil?

Raimundo Cândido Júnior -Presidir uma seção da OAB, noBrasil, não é tarefa nada fácil,ainda mais em se tratando deuma seccional com a dimensãoda nossa mineira, com mais de

60.000 inscritos. Os advogadosmineiros têm demonstrado suaconfiança no nosso trabalho,certamente porque temos pro-curado agir em nome dos inte-resses dos valorosos colegas enão de nossos próprios interes-ses, estes muitas vezes sacrifi-cados, pela dedicação devotadaà nossa classe. Mas não recla-mamos, porque servir e não seservir da Ordem, é o lema danossa administração, que herda-

mos do nosso saudoso pai, Ray-mundo Cândido, que chegou ahipotecar a nossa casa de mo-rada para garantir o pagamentoda construção da nossa sede, naRua Albita. Com a graça deDeus e o apoio dos colegas, de-legando tarefas às diversas co-missões criadas, vamos dandoconta do recado, conscientes deque, como mandatários, deve-mos cumprir as ordens dosmandantes, que são os advoga-

dos. servir e não se servir daOrdem, sempre foi o lema dasnossas administrações.

RP- O que o senhor en-xerga para o futuro da advo-cacia brasileira e da própriaOrdem dos Advogados doBrasil?

RCJ - sempre haverá lugarno mercado de trabalho para osadvogados verdadeiramentevocacionados, até mesmo por-que a palavra advogado vem daexpressão latina ad + vocatus,no sentido de chamado, de vo-cação para servir. Quem tem aconsciência de que a finalidadeda advocacia é o serviço e oshonorários a conseqüência deum trabalho sadio e honesto,sempre encontra um lugar aosol no mundo do Direito. Hoje,novos ramos do Direito vêmsurgindo e a especializaçãodeve ser uma busca constante.Direito Ambiental, Desportivo,da Informática, do Terceirosetor e assim por diante sãobons exemplos. Haverá semprelugar para quem queira traba-lhar. Como vem crescendo onúmero de novos advogados,dado o crescimento, em pro-gressão geométrica, das Facul-dades de Direito, a OAB, numfuturo próximo, tem que abrircada vez as suas portas aos jo-vens advogados, não se tole-rando mais a cláusula debarreira, constante do nosso Es-tatuto, que impede o advogadocom até cinco anos de inscri-ção, de se candidatar aos cargoseletivos. Oxigenar a OAB éuma necessidade premente e,por isso, enquanto a mudançalegislativa não vem, criamos,há onze anos, num dos nossosmandatos, a Comissão OABJovem, que vem ocupando o

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Informativo da APEMInAs - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 4 - outubro/novembro/dezembro de 2009

seu espaço e dando os seus fru-tos. O seu primeiro presidente,por exemplo, Luís CláudioChaves, é o vice-presidente daseccional e o segundo presi-dente, Lúcio Aparecido, é o te-soureiro da Caixa deAssistência dos Advogados.Em pouco tempo, com o nú-mero crescente de faculdadesde Direito, a maioria dos inscri-tos não terá cinco anos de exer-cício da advocacia, pelo que éinevitável que a maioria mandenos seus destinos.

RP - Cresce de forma sig-nificativa o número de ba-charéis em Direito que seformam anualmente no Bra-sil. O que o senhor pensasobre a proliferação de facul-dades de Direito e como aOAB/MG atua para evitarque instituições ofereçamcursos de baixa qualidade?

RCJ - A OAB Federal é ou-vida quando da criação denovas faculdades e, através dotrabalho criterioso da sua Co-missão de Ensino Jurídico,opina pela criação ou não denovos Cursos. Os pareceres daComissão, na sua grande maio-ria, tem sido contra a aberturados cursos que não atendam asexigências legais, mas, infeliz-mente, o Ministério da Educa-ção, por pressões políticas nemsempre tem ouvido esses pare-ceres. O certo é que o mercadoé seletivo, já se tendo notícia deCursos que estão fechando assuas portas, por falta de alunos.só em Belo Horizonte, só naCapital, pasme-se, já são 26Cursos de Direito, não há de-manda para tantos, data venia.

RP - Presidente, segundodados apurados pela APEMI-NAS, dos nomeados no últimoconcurso para procurador doEstado, 39% sequer tomaramposse ou pediram exoneração.O senhor acha que isso de-monstra que há algo erradona carreira?

RCJ - A evasão de procura-dores do Estado dos respecti-vos quadros é, sem dúvida,sinal de que algo precisa ser re-

visto. De um lado, creio que avedação à advocacia é um de-sestímulo aos integrantes dacarreira, não sendo concebívelque uns possam e outros nãopossam advogar. A advocacia,ao lado da atividade de procu-rador do Estado, abre horizon-tes a este último, aumenta o seurelacionamento com os opera-dores do Direito e facilita oexercício da atividade de de-fesa dos interesses estatais.Disso posso falar, porque,como procurador da República,com direito adquirido à advo-cacia, vejo como fica facilitadaa tarefa de atuar em nome doMinistério Público Federal. Deoutro lado, a baixa remunera-ção faz com que os competen-tes procuradores do Estadobusquem outras carreiras maisatraentes do ponto-de-vista re-muneratório.

RP - A constante evasãode procuradores dos quadrosda AGE e a consequente ro-tatividade faz a defesa do pa-trimônio público ficarenfraquecida? Qual a suavisão sobre isso? Por que osenhor resolveu criar naOAB a Comissão da Advoca-cia Pública Estadual?

RCJ - sem dúvida que a de-fesa dos interesses do Estadofica fragilizada com a cons-tante rotatividade em seus qua-dros, decorrente da saída deprocuradores para outras car-reiras. A Comissão da Advoca-cia Pública Estadual foi criadacom o deliberado intuito defortalecer um dos mais cres-

centes seguimentos da advoca-cia no Estado e temos a certezade que a OAB, por intermédiodela, terá mais ação em defesadas prerrogativas dos valorososprocuradores do Estado. Aquestão remuneratória deixamal um Estado que tem um dosmaiores índices de desenvolvi-mento no País e temos procu-rado sensibilizar o Governo doEstado para esta triste reali-dade, que necessita urgente-mente de mudança.

RP - A Procuradoria doEstado sempre se destacoupor ter grandes talentos emseus quadros. Porém já se ob-servam sinas de enfraqueci-mento da carreira em Minas,com a ida de nomes para ou-tras carreiras jurídicas. O se-nhor acha que o quadro éirreversível? Minas pode vol-tar a ocupar destaque no ce-nário da advocacia públicanacional?

RCJ - A persistir esse es-tado de coisas, os quadros daProcuradoria do Estado esta-rão, brevemente, esvaziados degrandes talentos, a não ser,porém, que as autoridades go-vernamentais se sensibilizemda necessidade de valorizaçãoda Procuradoria, para adequá-la à realidade do Estado. Aindahá tempo para reversão dessestatus quo, no que acreditamos,pela consciência que o Go-verno tem da importância deser bem defendido o patrimô-nio público nas diversas causasestatais.

RP - Órgãos como aSEMAD, IEF, ITER nãopossuem procuradores doEstado em seus quadros.Recente matéria da Folhade São Paulo trouxe Minascomo o Estado que maisdesmata a mata atlântica.Isto pode ser consideradoum reflexo da ausência deprocuradores nestas insti-tuições responsáveis muitasvezes pelos licenciamentosambientais?

RCJ - O ideal é que os ór-gãos da chamada administra-ção indireta tenhamdepartamentos jurídicos che-fiados por Procuradores do Es-tado. Lógico que uma dascausas desse elevado desmata-mento pode ser a ausência deProcuradores do Estado nos ór-gãos responsáveis pela defesado meio ambiente.

RP - O que o senhorainda sonha em ver aconte-cendo na advocacia mineirae qual a mensagem pode dei-xar para os procuradores doEstado?

RCJ - na advocacia mi-neira, sonho com a união cadavez maior da classe, para queos cerca de 60 mil advogadosno Estado sejam cada vez maisrespeitados e conquistem vitó-rias junto aos Poderes consti-tuídos, que devem seconscientizar do mandamentoconstitucional insculpido noart. 133 da Carta Magna, de in-dispensabilidade do advogadoà administração da justiça. Paraos valorosos Procuradores doEstado, deixo uma mensagemde esperança de melhores diaspara a carreira, até aqui tão so-frida. Passo a passo, porém,conquistas serão obtidas e paratanto, tenho certeza de que oGoverno do Estado, atento aessa necessidade de valoriza-ção dos quadros da Procurado-ria, vai atender os anseios dacategoria. Paciência, um pou-quinho de paciência, que é aciência da paz, é o que sugiroaos ilustres Procuradores doEstado.

A advocacia, ao lado daatividade de procurador

do Estado, abre horizontesa este último, aumenta oseu relacionamento com

os operadores do direito efacilita o exercício da

atividade de defesa dosinteresses estatais

novos ramos do direitovêm surgindo e a

especialização deve seruma busca constante:

direito Ambiental, desportivo, da

Informática e assim pordiante, haverá semprelugar para quem queira

trabalhar

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Informativo da APEMInAs - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 4 - outubro/novembro/dezembro de 2009

Mote buscou valorização da carreira e reforço da marca da Associação

APEMINAS divulga campanha publicitária

outdoors foram utilizados com eficácia na campanha

Foi veiculada nos meses desetembro e outubro, em BeloHorizonte, a campanha publi-citária “Procuradores do Es-tado – Defendendo Minas,defendemos Você”, da Asso-ciação de Procuradores do Es-tado de Minas Gerais(APEMInAs). As peças fica-ram no ar por dois meses eforam distribuídas em out-doors, cartazes, panfletos e nastraseiras de ônibus (backbus),além de veiculações nas rádiosItatiaia e CBn. O objetivo dacampanha objetivou exaltar aimportante função do procura-dor do Estado na defesa da le-galidade dos atos e políticaspúblicas. Todo o planejamentoda campanha foi realizado por

uma Comissão criada especifi-camente para este fim. Foramvárias reuniões para definir omote e o briefing trabalhado. AAnunciatto Comunicação assi-nou a campanha.

Foram cinco pontos deoutdoors localizados em locaisestratégicos e que atingiram opúblico-alvo da campanha. Osanúncios das rádios se dividi-ram entre os períodos entre13h e 19h, por duas vezes emcada uma das emissoras já aquimencionadas e trouxerammensagens explicativas em re-lação às funções de controle dalegalidade e defesa do patri-mônio público exercidas pelosprocuradores do Estado.

segundo a procuradora do

Estado e integrante da Comis-são, Cristina Mendonça, acampanha pode ser conside-rada o marco inicial do fortale-cimento da classe. “Essa éprimeira que fazemos e o ob-jetivo central é mostrar para asociedade mineira a importân-cia da função do procurador doEstado, pois, ainda há pessoasque desconhecem nossa realatividade e como ela influen-cia no dia-a-dia de cada cida-dão. Além disso, estacampanha reforça nosso movi-mento de busca por dias me-lhores para todos nós, já quesomos pifiamente tratados peloGoverno do Estado”, frisa.Ainda segundo Mendonça, otom da próxima campanha de-

penderá da evolução das nego-ciações com o Governo do Es-tado.

A campanha foi possíveldevido a uma chamada extrafeita com os associados daAPEMInAs, que contribuí-ram e acabaram por financiar aação. Esta idéia foi aprovadadurante Assembléia Geral Or-dinária, quando foi fixado ovalor de R$ 200,00 por asso-ciado. “Ficamos bastante feli-zes com a adesão à campanhae esperamos ter agradado atodos. Outra certamente viráem breve, também com a ajudade nossos associados. somenteassim, nos unimos, consegui-remos alcançar nosso obje-tivo”, conclui a procuradora.

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Informativo da APEMInAs - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 4 - outubro/novembro/dezembro de 2009

Sérgio Resende e Adrienne Lage Onofre Batista Júnior, João Lúcio Martins Pinto e Jaime Nápoles Villela

Robson Lucas da Silva, Eduardo Andrade, José Bonifácio Borges de Andrada (AGE) eJaime Nápoles Villela

José Augusto Delgado, Marco Túlio Carvalho e Adrienne Lage

Marco Túlio Carvalho, Humberto Theodoro Júnior e João Lúcio Martins Pinto João Lúcio Martins Pinto, Lyssandro Siqueira, Gisela Saldanha, Roney Oliveira, Adrienne

Lage e Roney Oliveira Júnior

Geraldo Idelbrando, Célia Cunha, Raquel Urbano, Kildare Carvalho e João Lúcio Pinto

Alberto Guimarães, Kildare Carvalho, João Lúcio Martins, Luís Cláudio Chaves, Marco TúlioCarvalho e Gustavo Albuquerque Magalhães

I Congresso de Procuradores do Estado de Minas Gerais

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Informativo da APEMInAs - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 4 - outubro/novembro/dezembro de 2009

Mural da ProcuradoriaIEF segundo matéria publicada no Jornal Hojeem dia, a recente queda da cúpula do IEFteria se dado em função de um suposto es-quema de cobrança de propina a proprietá-rios de siderúrgicas, que está sobinvestigação do Ministério Público de MinasGerais. Além da queda do diretor-geral e dodiretor de monitoramento e fiscalização am-biental daquele órgão, chamou atençãotambém a queda da procuradora chefe, ocu-pante de cargo em comissão, sem vínculocom a AGE, como todo o quadro jurídico doreferido Instituto, fato que vem sendo de-nunciado com insistência pela APEMInAs.

IEF IIParece implicância, mas não é muita coinci-dência que fatos rumorosos como este tei-mem em acontecer em entidades públicasonde a presença de procuradores (sabe-se láporquê..) é vista com reservas? Há pouco foiInstituto Estadual de Terras que ganhou asprimeiras páginas dos jornais ao causar pre-juízos da ordem de 100 milhões, contrariandoorientação da AGE. Hoje o IEF. Amanhã...

IEF IIIo pior é saber que as irregularidades no IEFnão se resumem ao suposto esquema inves-tigado pelo Ministério Público, sendo pú-blico e notório que multas ambientais ecertidões de ativa daquele instituo são emi-tidas sem qualquer controle por servidoressem vínculo efetivo com o Estado, muitosdeles em nebulosa situação funcional. Maisinteressante foi a recente e às pressas in-dicação de uma procuradora autárquicapara atuar no IEF. Por certo que com tal efe-tivo o problema estará resolvido.

IbAPdestaque para a excelente repercussão da4ª edição do jornal res Publica durante oúltimo Congresso sul Americano de direitode Estado, promovido pelo Instituto brasi-leira da Advocacia Pública (IbAP), aconte-cido recentemente em são Paulo. difícildizer o que causou mais espanto aos pre-sentes, advogados públicos de todos o país:o fato de Minas Gerais ser o Estado quemais desmata a Mata Atlântica em todo obrasil, a ausência de procuradores em ór-

gãos ambientais da Administração direta eIndireta, o aviltante tratamento remunera-tório conferido aos Procuradores de Estadomineiros, ou tamanho da evasão na car-reira.

FALTA dE EsTruTurAnão bastasse o crescimento galopante dacarga de trabalho dos procuradores do Es-tado, a estrutura de apoio tem se mostradomuito aquém do necessário. Em uma deter-minada unidade da Advocacia Geral do Es-tado é disponibilizado um estagiário (a)para cada três procuradores(as). É comumencontrar procuradores às voltas com ser-viços administrativos e burocráticos que,embora relevantes, tomam grade parte dotempo daqueles responsáveis pela elabora-ção da defesa do Estado.

noTA dE APoIoAinda repercute nacionalmente a nota deApoio do Conselho deliberativo da AnAPE aosProcuradores de Estado de Minas Gerais, re-pudiando o tratamento a eles conferido pelogoverno Aécio neves. Vários foram os Esta-

dos em que a mesma foi veiculada em jor-nais, informativos, sites entre outras mídias.destaque para as recentes publicações danota no “o ProCurAdor”, jornal da Asso-ciação dos Procuradores de Goiás, e no “Jor-nAL do ProCurAdor”, respeitadoinformativo da Associação dos Procuradoresdo Estado de são Paulo, edição 43, que, alémde entrevista com o Presidente da Câmara,Michel Temmer, traz elucidativa matériasobre como o desequilíbrio entre carreiras ju-rídicas compromete a efetividade da justiça. recomenda-se a leitura em:http://www.apesp.org.br/publicacoes/j_pro-curador/procurador_43/j_procurador_43.pdf.

HoMEnAGEM MPA diretoria da APEMInAs congratula-se comos colegas Adrienne Lage de rezende e Clé-ber reis Grego pela Medalha do Mérito doMinistério Público Promotor de Justiça Fran-cisco José Lins do rego santos, recebida nomês passado. Tal fato só reforça o que todasas instituições mineiras já sabem, mas o go-verno Aécio neves insiste em ignorar: Pro-curador do Estado também tem valor.

Congresso de Procuradores aplaudeindicação de Toffoli para o STF

O anúncio da indicação doadvogado-geral da União, JoséAntonio Dias Toffoli, para ocu-par uma vaga no supremo Tri-bunal Federal foi recebido comaplausos de pé pelos procurado-res que participavam do I Con-gresso dos Procuradores doEstado de Minas Gerais, promo-vido pela APEMInAs, reali-zado em setembro. Para opresidente da Associação nacio-nal dos Procuradores de Estado(Anape), Ronald Alves Bicca, aindicação significa o reconheci-mento do trabalho dos seus as-sociados e também a presençada advocacia brasileira na su-prema Corte.

segundo Ronald Bicca, caberegistrar, que o ministro Toffoliinovou, revolucionou e fortale-ceu o sistema de consultoria ju-

rídica e defesa do Estado, naforma do fortalecimento da ins-tituição que comanda. “Tal re-forço teve reflexos diretos nosEstados, pois a advocacia pú-blica estadual, da mesma forma,cresceu e se modernizou emmuitos aspectos após Toffoli as-sumir a AGU”, disse.

O presidente da Associação

dos Procuradores do Estado deMinas Gerais, Gustavo ChavesCarreira Machado, destacou quea indicação de Toffoli é uma vi-tória, pois, aumentou o númerode representantes da advocaciapública no sTF. “Já temos a Car-men Lúcia e agora este novo re-presentante. Isto, sem dúvida,significa fortalecimento da

classe e certeza de que nossospleitos serão bem recebidos na-quele Tribunal”, afirmou.

Para o presidente do supe-rior Tribunal Federal (sTF), Gil-mar Mendes, o agora nomeadoministro é seguramente é umapessoa qualificada que vemexercendo a função de advo-gado-geral da União com granderesponsabilidade, mantendo umdiálogo altivo com o supremo.“Ele vai dar uma contribuiçãono esforço que estamos fazendode modernização do sTF paratransformá-lo em uma autênticacorte constitucional”, falouMendes para a imprensa.

Toffoli foi sabatinado noCongresso nacional e aprovado.Ele substitui o falecido ministroCarlos Alberto Menezes Direito.

Indicação de Toffoli foi bem recebida pelos procuradores

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Requerer alvarás, licenças ou autorizações.Recorrer de multas injustamente impostas. Recor-rer de penalidades aplicadas a estudantes nas ins-tituições de ensino. Pleitear a reparação por danoscausados pela ação ou omissão do Poder Público.Requerer intervenção ou fechamento de estabeleci-mentos nocivos aos cidadãos. Questionar barulhoexcessivo causado por terceiros. Como agir nessescasos e nas diversas outras situações em que ne-cessitamos reportar ao Poder Público, especial-mente no plano municipal? Qual prazo paradecisão pela Administração Pública? Quais os re-cursos cabíveis?

Esses processos, ou apenas alguns, se é queforam regulamentados na maior parte dos Muni-cípios do País, estão previstos em leis esparsas,ainda assim com possíveis deficiências, impli-cando manifesta insegurança para os cidadãos,que na maioria das vezes sequer conhecem a leilocal à qual se reportar.

O art. 1º da Constituição Federal refere-se aosMunicípios como integrantes da República Fede-rativa (para a conclusão buscada, abstraímos adiscussão acerca do papel do Município da confi-guração de nosso federalismo, negada sua inte-gração por alguns autores como José Afonso daSilva e José Nilo de Castro, corrente à qual nãoaderimos) e prevê, entre os fundamentos republi-canos, a cidadania. A adoção do modelo federativotem por conseqüência submeter-se o cidadão a di-versos círculos de normatividade. Ou seja, sujei-tamo-nos às leis nacionais (válidas para todos osentes da Federação), federais, estaduais e munici-pais. Cada uma delas, para que seja válida, deveser editada segundo a competência constitucionalconferida aos entes federativos, em especial nosarts. 22 a 30 da Constituição da República.

Ao tratar dos direitos e garantias fundamen-tais, a Constituição Federal, em seu art. 5º (certa-mente conhecido por todos nós, operadores do

Direito, mas não por considerável parte da socie-dade), inciso XXXIV, dispõe que a todos são assegu-rados, independentemente do pagamento de taxas,o direito de petição aos Poderes Públicos, em defesade direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.Os incisos LIV e LV do mesmo artigo prevêem, res-pectivamente, que ninguém será privado da sua li-berdade ou de seus bens sem o devido processolegal, e que aos litigantes, em processo judicial ouadministrativo, e aos acusados em geral, são asse-gurados o contraditório e a ampla defesa, com todosos meios e recursos a ela inerentes. Por meio daEmenda Constitucional n° 45, de 2004, foi acres-centado o inciso LXXVIII ao art. 5º, estabe lecendoque a todos, no âmbito judicial ou administrativo,são assegurados a razoável duração do processo e osmeios que garantam a celeridade de suas tramita-ção, sendo certo que em favor da celeridade não sepode mitigar os princípios do contraditório e daampla defesa, sem os quais não há devido processolegal.

Nos termos do § 1º, ainda do art. 5º da Cons-tituição Federal, as normas constitucionais que de-finem os direitos e garantias fundamentais têmaplicação imediata. Isto significa que para todasas hipóteses cogitadas no primeiro parágrafo, emqualquer esfera da Federação, a forma a ser ado-tada é o processo administrativo. Também noplano municipal, tenha ou não o Município lei re-gulamentando a matéria. Se não houver lei, a va-lidade do ato administrativo final pressupõe aobservância de preceitos mínimos caracterizado-res de devido processo administrativo, legal ejusto.

Como decorrência da cidadania e do princípioconstitucional do devido processo legal, evidente-mente aplicável também no âmbito municipal, en-tende-se que em todos os níveis da Federação,incluídos os Municípios, devem ser adotadas leisdispondo sobre o processo administrativo geral,sem prejuízo dos processos regidos por legislaçãoespecífica, pautadas, entre outros, pelos princípiosdo formalismo moderado, razoabilidade, motiva-ção, confiança legítima. Não se trata de faculdade,mas de imposição constitucional.

O fenômeno da processualidade na Adminis-tração Pública, embora tratado, ainda que pontuale indiretamente, há longa data pela doutrina noDireito Brasileiro, por autores desde Visconde deUruguai, Themístocles Brandão Cavalcanti, Ma-noel de Oliveira Franco Sobrinho, e mais recente-mente por Odete Medauar, Carlos Ari Sundfeld,Lúcia Valle Figueiredo, Cármen Lúcia AntunesRocha (sendo hoje tema obrigatório para os jusad-ministrativistas) ganhou relevo na década pas-sada, com a edição da Lei 9.784, de 29 de janeirode 1999, que dispõe sobre o processo administra-tivo no âmbito da Administração Pública Federal.Em Minas Gerais a Lei 14.184, que dispõe sobre otema no plano estadual, é datada de 30 de janeirode 2002. Trata-se de decorrência da afirmação dacidadania em nossa cultura jurídica, que progres-sivamente ati nge os Estados e deverá se estendertambém aos Municípios. Divulgar tal proposta épapel de todos nós, profissionais do Direito, emfavor da legalidade e do Estado Democrático de Di-reito.

Entre as vantagens de se adotar legislaçãonesse sentido, tema abordado de forma pormeno-rizada pela Professora Odete Medauar, em sua obra“A Processualidade no Direito Administrativo”, ci-tamos: afirmação da cidadania e da segurança ju-rídica também no âmbito municipal, permitindoao cidadão participar, em contraditório e comampla defesa, da elaboração dos atos administra-tivos decorrentes de situações de litígio ou que in-terfiram negativamente na sua esfera pessoal;melhor observância do princípio da impessoali-dade, segundo o qual a Administração deve tratarisonomicamente a todos, cabendo à lei estabelecercritérios de desigualdade, quando justificáveis;maior eficiência administrativa, com a padroni-zação dos procedimentos e, consequentemente,menor risco de adoção de decisões administrativasilegais ou injustas, evitando possíveis ações judi-ciais e dever de reparação pelo erário, com sucum-bência a ser suportada pela sociedade.

Obviamente, não basta a adoção de lei. É pre-ciso sua edição e efetiva aplicação. Assim cami-nhamos na ampliação de nossa cidadania

Informativo da APEMInAs - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 4 - outubro/novembro/dezembro de 2009

Chá de cadeira (nada mudou...)o ÚnICoo presidente da Associação nacional dosProcuradores de Estado (AnAPE), ronaldbicca, afirmou que o governador do Estadode Minas Gerais, Aécio neves é o único que

se recusa a receber os procuradores de suaunidade federada. o fato preocupa o diri-gente nacional, pois revela a falta de con-sideração em relação à Advocacia Pública,comprovada, inclusive, com o pior trata-

mento remuneratório do País.

PL 2.752/08Embora enviado à ALMG há mais de um ano,até hoje não foi aprovado o Projeto de Lei que

reajusta o pior vencimento de Procuradoresdo Estado de Minas Gerais em 15%, divididosem três parcelas semestrais. Fato este que de-monstra o descaso do Governo de Minas comos seus procuradores aposentados.

Artigo

ALEssAndro HEnrIquE soArEs CAsTELo brAnCoProcurador do Estado de Minas Gerais, professor e advogado

do procedimento administrativo municipal

* os textos permanecem os mesmos das edições anteriores pois estas questões continuam sem respostas

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Informativo da APEMInAs - Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - Ano 2 - nº 4 - outubro/novembro/dezembro de 2009

Possível ida de toda estrutura da AGE para o Centro Administrativo preocupaNa contramão da eficiência

A construção do Centro Ad-ministrativo de Minas Gerais,em uma área de 804.000m2, noantigo Jockey Club serra Verde,idealizada pelo governadorAécio neves da Cunha, que jácusta R$ 1,5 bilhão para os co-fres públicos, vem acumulandocríticas e desconfianças. Além deser alvo de investigação sigilosado Ministério Público, a obravem sendo questionada sob o en-foque do atendimento do inte-resse público e da eficiênciaadministrativa, o que se tornamais evidente com a possibili-dade cogitada de transferência detoda a estrutura da AdvocaciaGeral do Estado (AGE) para olocal. O principal motivo depreocupação se deve à absurdadistância entre o novo CentroAdministrativo e as principaisvaras judiciárias da capital mi-neira.

segundo a APEMInAs, emconsonância com toda a classe, arotina profissional dos advoga-dos públicos e servidores daAGE ficará extremamente com-plicada devido a esse fator, pois,audiências, despachos e outrosfeitos, que exigem a presença fí-sica do procurador, assim como adistribuição de ações, serão pra-ticamente inviáveis, principal-mente nos casos de urgênciaprocessual. A entidade destacaexemplos de outras instituiçõesde consultoria e assessoria jurí-dica tais como a AGU, Procura-doria do Município, entre outros,que estão situadas próximas a ór-gãos como TJMG, Fórum Muni-cipal e Vara da Fazenda PúblicaEstadual.

A equipe do jornal Res Pu-

blica percorreu, de carro, em ho-rário de trânsito complicado emBelo Horizonte, entre 13 e 14h,o trajeto entre o Tribunal de Jus-tiça de Minas Gerais (TJMG),unidade da Rua Goiás até a obrado Centro Administrativo. Daporta do órgão até o novo CAgastou-se 1h12m. Em contrapar-

tida, do mesmo local até a uni-dade da AGE, na AvenidaAfonso Pena, levou-se oito mi-nutos, a pé. Outro exemplo: doFórum Lafayette, na AvenidaAugusto de Lima, até o CentroAdministrativo, no mesmo horá-rio aqui já mencionado, o tempode trajeto foi de 53 minutos, en-quanto do mesmo local até amesma sede da AGE, de carro,levou-se 18 minutos.

segundo o procurador do Es-tado e chefe, Onofre Batista Jú-nior, os Gabinetes do governadore dos secretários reclamam a pre-sença próxima do advogado-geral e de sua respectivaconsultoria jurídica. Porém, asunidades especializadas - PPP,sPDC, 1ª e 2ª PDA, PO, PA ePPI - não podem ir, pois isto vaicontra critérios de economici-dade, razoabilidade, racionali-dade e eficiência. “seconcretizada, esta transferênciacontraria qualquer idéia de eco-nomicidade, pois distancia essasunidades do Tribunal de Justiçae das Varas da Justiça. O contra-

senso seria patente, uma vez queos procuradores teriam de se des-locar a todo o tempo para os ór-gãos judiciais, seja paradespachar ou para audiências etc.Por esse ângulo, a ida dessas uni-dades para o Centro ofenderia aomais singelo critério de razoabi-lidade”, considera.

Outro fator destacado porOnofre se refere às unidades deatendimento ao contribuinte. Deacordo com o procurador, a in-terface com as Delegacias Fis-cais e Unidades Fazendárias deatendimento ao contribuinte tor-naria a ida ao Centro Adminis-trativo um atentado contra asmáximas de otimização de aten-dimento ao público. “Imagineque o contribuinte, que quasesempre tem de transitar pela se-cretaria de Estado da Fazenda epela AGE, diversas vezes ao dia,deverá percorrer distâncias alu-cinantes, uma vez que as mes-mas não vão para o CentroAdministrativo. Uma simplesCertidão negativa de Débito oupara um parcelamento com débi-

tos inscritos e não-inscritos, compendências, o contribuinte teriade ir diversas vezes da UnidadeFazendária até o Centro Admi-nistrativo, em alucinado martírio.Ademais, as reuniões de trabalhoentre procuradores voltados paraa execução da Dívida Ativa eagentes do Fisco são diárias econstantes. O caos, assim, seriaum atentado à razoabilidade”,pondera.

Entusiasmo perigosoA previsão é de que todas as

unidades do Governo e secreta-rias de Estado se desloquem parao Centro Administrativo. nestesentido, Onofre Batista disseainda ao Res Publica lhe pareceróbvio que estas transferênciasobedeçam critérios de razoabili-dade, eficiência, economicidadee racionalidade. Porém, a ida dealgumas unidades do Governopara o novo Centro pode ser trá-gica. “Existem órgãos quedevem ir e, evidentemente, ou-tros cuja ida seria catastrófica. Épreciso eliminar qualquer idéiagenérica que decorra do entu-siasmo com a obra, que verda-deiramente encanta, e estudarracionalmente a questão, sobpena de provocar prejuízos seve-ros ao bom andamento dos tra-balhos e ao atendimento aoscontribuintes”, salienta.

A assessoria de comunicaçãoda obra do Centro Administra-tivo esclareceu ao Res Publicaque para setores do Governo quenecessitem de deslocamentospara órgãos localizados em ou-tras áreas da cidade, está sendodefinido um sistema de trans-porte para atendimento aos ser-vidores cujas atribuiçõesdemandem idas a esses locais.Com relação a deslocamentos docontribuinte, foi informado queos serviços de atendimento aopúblico dos órgãos que serãotransferidos para a Cidade Ad-ministrativa permanecerão na re-gião central da cidade.

obra de gastos exorbitantes foi idealizada por Aécio neves