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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria- Geral da União Secretaria Federal de Controle Interno RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DE PROGRAMA DE GOVERNO Nº 62 FINANCIAMENTO AOS SETORES PRODUTIVOS DA REGIÃO DO CENTRO-OESTE

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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASILMinistério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da UniãoSecretaria Federal de Controle Interno

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO

DE PROGRAMA DE GOVERNO Nº 62

FINANCIAMENTO AOS SETORES

PRODUTIVOS DA REGIÃO DO CENTRO-OESTE

MINISTÉRIO DA TRANSPARÊNCIA, FISCALIZAÇÃO ECONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO – CGU

SAS, Quadra 01, Bloco A, Edifício Darcy Ribeiro70070-905 – Brasília-DF

[email protected]

Torquato JardimMinistro da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União

Wagner de Campos RosárioSecretário-Executivo do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União

Antônio Carlos Bezerra LeonelSecretário Federal de Controle Interno

Gilberto Waller JuniorOuvidor-Geral da União

Antônio Carlos Vasconcellos NóbregaCorregedor-Geral da União

Cláudia TayaSecretária de Transparência e Prevenção da Corrupção

Equipe responsável pela elaboração:Diretoria de Auditoria da Área de Infraestrutura – SFC

Wagner Rosa da Silva (Diretor)Jivago Grangeiro Ferrer (Coordenador-Geral)

Wilbur César Maciel (Chefe de Divisão)Eduardo Jacomo Seraphim Nogueira

Ronnie Coutinho de Sousa

Equipe responsável pela revisão:Diretoria de Planejamento e Coordenação das Ações de Controle – SFC

Renilda de Almeida Moura (Diretora)Bruno Oliveira Barbosa (Coordenador-Geral)

As ações de controle nos estados e municípios, elementos indispensáveis para o alcance dos resultados apresentados no presente relatório, foram executadas pelas

Controladorias-Regionais da União nos Estados.

Brasília, nOVEMBRO/2016.

Os resultados apresentados neste relatório foram gerados pelas ações de controle executadas nos estados e municípios pelos servidores lotados nas Controladorias-Regionais da União nos Estados, conforme relação a seguir:

Alessandro Alves SalesAntonio Fernandes FilhoCarlos Antonio MeneghettiDamasio de Souza PereiraDavid Lemos RosaDjalma Pecanha GomesEduardo Jacomo SeraphimEry Alves de FariaFabiana Pinheiro TaveiraFlavio Castanheira CruvinelGeorgia Maria Pompeo da SilvaGilma de Azevedo RibasGilson Roberto Santo Malagutti

Gladstone Avelino BrittoGustavo Brandao SoaresItana Maria Falcao de AlbuquerqueIvan Baiocchi FilhoJoaquim Celestino da Silva JuniorJoelmar de Amorim SouzaJosuel Barbosa GuimaraesLeda Marcia de Almeida SilveiraLuiz Antonio Camara de OliveiraMario Abrahao Abdala FilhoMauricio Barbosa CintraMaxley Alexander de OliveiraMurillo Pires Coelho

Nelson Antero Noronha EspinozaPaulo Cesar Martins SantanaPaulo Ossamu ItoRachel Santana SilvaRogerio de Aguiar LuzRogerio Picanco BanhosRonnie Coutinho de SousaSammya Krishna Ruth de SouzaSilvia Helena EscovarSilvio Paulo Epaminondas da SilvaWashington Divino Fernandes

Competência da CGU

Assistir direta e imediatamente o Presidente da República no desempenho de suas atri-buições, quanto aos assuntos e providências que, no âmbito do Poder Executivo, sejam atinen-tes à defesa do patrimônio público, ao controle interno, à auditoria pública, à correição, à pre-venção e ao combate à corrupção, às atividades de ouvidoria e ao incremento da transparência da gestão no âmbito da administração pública federal.

Avaliação da Execução de Programas de Governo

Em atendimento ao disposto no art. 74 da Constituição Federal de 1988, a CGU realiza ações de controle com o objetivo de avaliar o cumprimento das metas previstas no Plano Plu-rianual e a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União.

A escolha do programa de governo para avaliação de sua execução se dá por um processo de hierarquização de todos os programas constantes da Lei Orçamentária Anual, utilizando-se para esse fim critérios de relevância, materialidade e criticidade.

A partir de então, são geradas ações de controle com o fito de avaliar a efetiva aplicação dos recursos destinados ao cumprimento da finalidade constante da ação governamental.

As constatações identificadas nas ações de controle são consignadas em relatórios específicos que são encaminhados ao gestor do programa para conhecimento e implementação das medi-das nele recomendadas.

Cada uma das medidas é acompanhada e monitorada pela CGU até a certificação de sua efetiva implementação.

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Sumário-Executivo

Objetivo do Programa

No esforço nacional pelo desenvolvimento do País, a Constituição Federal de1988 as-segurou 3% do produto da arrecadação dos impostos sobre a renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e definiu tratamento especial ao Semiárido, ao assegurar-lhe a metade dos recursos destinados ao Nordeste.

Nesse contexto, o art. 2º da Lei nº 7.827, de 27 de setembro de 1989, que regulamentou o art. 159, inciso I, alínea c, da Constituição Federal, criou e regulamentou os Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte (FNO), do Nordeste (FNE) e do Centro-Oeste (FCO), não por acaso, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento econômico e social das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, por meio das instituições financeiras federais de caráter regional, mediante execução de programas de financiamento aos setores produtivos, em con-sonância com os respectivos planos regionais de desenvolvimento.

Finalidade da Ação

A finalidade da Ação de Governo foco do presente acompanhamento é a concessão de financiamentos às atividades produtivas dos setores agropecuário, mineral, industrial, turístico, infraestrutura, comercial e de serviços, visando ao desenvolvimento econômico e social da região Centro-Oeste, nos termos da Lei nº 7.827/89.

Como acontece

O Fundo Constitucional de Financiamento da Região Centro-Oeste – FCO é administrado conjuntamente pelo Ministério da Integração Nacional – MI, pelo Conselho Deliberativo da Supe-rintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste – Sudeco e pelo Banco do Brasil S/A – BB.

Ao Ministério da Integração Nacional compete estabelecer diretrizes e orientações gerais para as aplicações dos recursos, estabelecer normas para operacionalização dos programas de fi-nanciamento e as diretrizes para o repasse de recursos para aplicação por outras instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, supervisionar, acompanhar e controlar, por meio da Secretaria Fundos Regionais e Incentivos Fiscais (SFRI) a aplicação dos recursos e avaliar o desempenho do fundo.

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O Conselho Deliberativo da Sudeco estabelece, anualmente, as diretrizes e prioridades para aplicação dos recursos, aprova os programas de financiamento, avalia os resultados obtidos com a aplicação dos recursos e determina medidas de ajustes necessárias ao cumprimento das diretrizes estabelecidas e à adequação das atividades de financiamento às prioridades regionais, e é responsável pelo encaminhamento, após aprovado por esse Colegiado, dos programas de financiamento e dos resultados obtidos com a aplicação dos recursos à Comissão Mista Perma-nente do Congresso Nacional de que trata o § 1º do art. 166 da Constituição Federal.

O Banco do Brasil, agente operador do fundo, aplica os recursos, define normas, procedimen-tos e condições operacionais próprias da atividade bancária, além de analisar as propostas de financiamento em seus múltiplos aspectos, inclusive quanto à viabilidade econômica e financei-ra do empreendimento e concede o crédito.

Abaixo, é apresentado o fluxo do funcionamento do FCO no que tange à Elaboração da Pro-gramação Anual, Fluxo Anual de Execução e Concessão do Crédito.

Elaboração da Programação Anual:

1) BB e SFRI/MI: Promovem encontros com a sociedade para colher sugestões;

2) SFRI/MI: Define políticas e diretrizes;

3) BB: Elabora a proposta de programação anual;

4) Conselho Deliberativo da Sudeco: Avalia e aprova a programação anual do FCO.

Fluxo Anual de Execução:

1) SFRI/MI: Recebe os recursos da STN e emite as Ordens Bancárias em favor do BB;

2) BB: Aplica e gerencia os recursos e apresenta os resultados do fundo;

3) SFRI/MI: Avalia a aplicação dos recursos.

Concessão de Crédito:

1) Cliente: Busca informações sobre o fundo e apresenta projeto ou proposta;

2) BB: Realiza a análise da viabilidade econômico-financeira e risco da operação; aprova o projeto ou proposta e formaliza a operação de crédito;

3) Cliente: Aplica o crédito, presta contas e paga as prestações do financiamento;

4) BB: Realiza as vistorias e monitora a operação de crédito;

5) Cliente: Liquida a operação de crédito.

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Volume de recursos envolvidos

Por tratar-se de fundo com características financeiras, além da dotação orçamentária anu-al, que constitui sua principal fonte de recursos, o FCO possui ainda, como fontes adicionais de recursos, as disponibilidades ao final do exercício anterior, o reembolso dos financiamentos já concedidos em anos anteriores, a remuneração das disponibilidades pelo banco operador, o re-torno dos valores relativos aos riscos assumidos pelo Banco do Brasil, além de outras receitas, a exemplo da recuperação de créditos em atraso.

Abaixo temos a tabela com os valores nominais recebidos por repasses financeiros provenientes do orçamento:

Tabela 1: Ingresso orçamentários no FCO.

Despesa empenhada (Em R$)

2010 2011 2012 2013 2014

1.391.475.179 1.663.550.475 1.742.295.874 2.062.864.832 2.016.037.871

Fonte: SIGA Brasil – Despesa executada por ação – 2010 a 2014.

Ressalta-se que os projetos para empreendimentos turísticos em suas diversas modalidades, es-pecialmente os projetos para implantação, expansão e modernização de empreendimentos nas cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014 e áreas de influência, passaram a fazer parte das prio-ridades setoriais do FCO a partir do Plano de Aplicação de Recursos para o exercício de 2010, por força da Resolução do CONDEL/FCO nº 379, de 11/12/2009, que aprovou o referido plano.

Assim, as operações de financiamento que o agente operador entendeu como sendo de inte-resse da Copa do Mundo passaram a ser enquadradas na linha de financiamento de desenvolvi-mento do turismo regional, que é umas das subdivisões do Programa FCO Empresarial.

Levando-se em consideração o desdobramento das metas de aplicação de recursos por ativi-dade econômica, os empreendimentos não-rurais da atividade de turismo, onde se enquadram os projetos da Copa, foram distribuídos conforme tabela abaixo:

Tabela 2: Limite de financiamento da atividade turismo.

Empreendimentos não rurais (turismo) (Em milhões R$)

2010 2011 2012 2013 2014

464,06 453,42 469,56 311,83 277,52

Fonte: Plano de Aplicação de Recursos – Banco do Brasil – 2010 a 2014.

O presente Relatório de Avaliação teve por objeto de análise o universo de constatações e a consolidação dos questionários das Ordens de Serviço referentes às fiscalizações do acompa-nhamento sistemático do FCO, que visou avaliar a atuação do agente operador na concessão de crédito, bem como a aplicação dos recursos concedidos aos mutuários dos empreendimentos.

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Foram verificados os dossiês de crédito e realizadas vistorias em 30 empreendimentos finan-ciados com recursos do FCO, os quais totalizam valores da ordem de R$ 176,72 milhões em valores nominais. O universo foi obtido a partir da base de dados enviada pelo Banco do Brasil, contendo as operações de crédito para projetos voltados para a Copa do Mundo de 2014.

Dessa forma, levando-se em consideração os valores nominais, os recursos avaliados pela CGU foram da ordem de 8,94% dos recursos disponíveis para a atividade de turismo, dentro dos Empreendimentos Não Rurais do Programa FCO Empresarial.

Questões Estratégicas

O acompanhamento sistemático do FCO visa avaliar se o agente operador realiza satis-fatoriamente suas atividades no sentido de assegurar o uso adequado dos créditos concedidos aos empreendedores para os projetos voltados para a Copa de 2014, o que será realizado respondendo as seguintes questões estratégicas:

1. As concessões de financiamentos por parte do banco administrador do FCO, voltadas para a Copa de 2014, contribuem para o alcance da finalidade da Ação de Governo, ou seja, fomentar o desenvolvimento econômico e social da Região beneficiada pelo FCO?

2. As concessões de crédito por parte do Banco, voltadas para a Copa de 2014, possuem condições de financiamento que visam garantir a adequada gestão financeira do FCO?

3. É dada transparência à sociedade de que os recursos do financiamento pertencem ao FCO?

Conclusões e Recomendações

A presente avaliação teve por objeto de análise a atuação do Banco do Brasil na concessão de crédito, bem como na aplicação dos recursos concedidos aos mutuários tendo como foco o fomento ao desenvolvimento econômico e social da Região Centro-Oeste, a adequada gestão financeira dos recursos do FCO e a transparência à sociedade da aplicação desses recursos.

Dessas três questões estratégicas avaliadas pela CGU, apenas a primeira questão, referente ao fomento ao desenvolvimento econômico e social, foi considerada satisfatória, embora com algumas restrições apontadas no item 4. Resultados, do presente relatório.

Assim, a adoção de medidas recomendadas pela CGU ao longo do presente Relatório de Acom-panhamento, bem como outras julgadas cabíveis por parte do Banco do Brasil, se faz essencial para o aprimoramento da política pública avaliada.

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Benefícios obtidos

Os relatórios de fiscalização foram encaminhados rotineiramente ao Banco do Brasil para adoção de providências julgadas pertinentes e as irregularidades identificadas foram objeto de acom-panhamento no Plano de Providências Permanente do Fundo Constitucional do Centro-Oeste.

Das nove recomendações estruturantes apresentadas pela CGU, por meio do Relatório de Acompanhamento da Execução de Programa de Governo n° 04/2015, como providências pas-síveis de serem adotada pelo banco, em seis o Banco do Brasil considerou que as atuais medidas de controle interno administrativo já são suficientes para o enfrentamento dos riscos avaliados.

Cabe ressaltar que o BB adota a modalidade de concessão de empréstimo com risco integral ao banco em relação aos projetos financiados pelo FCO. Dessa forma, mesmo que os projetos financiados apresentem prejuízo, este será arcado integralmente pelo Banco do Brasil.

Dessa forma, dada a manifestação apresentada, embora as fiscalizações da CGU tenham en-contrado diversas constatações e sugerido várias melhorias, na avaliação do banco, na maior parte dos casos, os controles existentes já são adequados.

Nos outros três pontos em que o Banco do Brasil considerou a necessidade de promover alterações, ainda não foi concluída a implementação dessas medidas, de forma que não há, portanto, benefícios financeiros ou não financeiros mensuráveis.

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Sumário

1. Introdução ............................................................................................................................12

1.1 Competências ..............................................................................................................................14

1.2 Prioridades ...................................................................................................................................18

1.3 Restrições ....................................................................................................................................18

2. Objetivos e abordagem ........................................................................................................19

3. Escopo da avaliação ..............................................................................................................20

4. Resultados ............................................................................................................................22

4.1 As concessões de financiamentos por parte do banco administrador do FCO, voltadas para a Copa de 2014, contribuem para o alcance da finalidade da Ação de Governo, ou seja, fomentar o desenvolvimento econômico e social da Região beneficiada pelo FCO? ...........................................22

4.1.1 A atuação do Banco do Brasil, quando da concessão dos créditos, está sendo tempestiva? ......23

4.1.2 Nas concessões de crédito, o banco emite parecer que valide a viabilidade econômica e realiza estudos sobre a capacidade do empreendimento em gerar emprego e renda de forma economicamente sustentável para as regiões beneficiadas? ............................................................24

4.1.3 Os empreendimentos implantados estão de acordo com as especificações aprovadas nos orçamentos de crédito? ..................................................................................................................27

4.2 As concessões de crédito por parte do Banco, voltadas para a Copa de 2014, possuem condições de financiamento que visam garantir a adequada gestão financeira do FCO? ...................31

4.2.1 O Banco Administrador tem observado os critérios estabelecidos pela Programação anual do FCO para a concessão dos créditos? ...............................................................................................32

4.2.2 Os encargos financeiros, os valores financiados, os prazos de carência e de amortização nas concessões de crédito estão sendo aplicados de acordo com os critérios da Programação Anual do FCO? .............................................................................................................................................33

4.2.3 As exigências das garantias para as concessões de crédito por parte do Banco Administrador estão em conformidade com as medidas mitigadoras de risco do FCO? ............................................36

4.2.4 Há comprovação de que o Banco Administrador avalia o orçamento apresentado para o projeto (constante da cédula de crédito) verificando sua compatibilidade com os valores de mercado das inversões a serem realizadas? ........................................................................................................38

4.2.5 As liberações de recursos, para os casos de obras civis e instalações, foram suportadas por pareceres/laudos de vistoria emitidos por técnicos do Banco, considerando o orçamento da operação de crédito aprovada? ......................................................................................................................39

4.2.6 A análise feita pelo Banco visa mitigar possíveis riscos associados a contenciosos administrativos ou judiciais? ..........................................................................................................43

4.3 É dada transparência à sociedade de que os recursos do financiamento pertencem ao FCO? ...44

4.3.1 No local do empreendimento há placas alusivas de que o recurso financiado provém do FCO? ....45

5. Conclusão ............................................................................................................................47

Anexo I – Recomendações estruturantes .................................................................................49

Anexo II – Relatórios de fiscalização .........................................................................................50

1. Introdução

Os Fundos Constitucionais de Financiamento do Nordeste (FNE), do Norte (FNO) e do Centro-Oeste (FCO) foram criados com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento econômico e social das Regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste e de ser um valioso ins-trumento para implementação da política de desenvolvimento regional e para a redução das desigualdades intrarregionais e inter-regionais de renda.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 159, inciso I, alínea “c”, destinou 3% do produ-to da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produ-tos industrializados para aplicação em programas de financiamento aos setores produtivos das Regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste.

A Lei nº 7.827, de 27 de setembro de 1989, que regulamentou o artigo 159, inciso I, alínea “c” da Constituição Federal, de 1988, criou os Fundos Constitucionais de Financiamento do Nordeste (FNE), do Norte (FNO) e do Centro-Oeste (FCO), com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico e social daquelas Regiões, por intermédio de programas de finan-ciamento aos setores produtivos.

Em consonância com a missão dos Fundos Constitucionais de Financiamento e com as diretri-zes e metas estabelecidas para o desenvolvimento das regiões beneficiárias, os programas de financiamento buscam maior eficácia na aplicação dos recursos, de modo a aumentar a produ-tividade dos empreendimentos, gerar novos postos de trabalho, elevar a arrecadação tributária e melhorar a distribuição de renda.

Os financiamentos concedidos pelos Fundos Constitucionais de Financiamento visam a melho-ria na qualidade de vida dos habitantes daquelas regiões e contribuir para a geração de novos postos de trabalho, para o incremento das produções regionais, para o incremento da arreca-dação de tributos e para a redução do êxodo rural.

Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO)

O Fundo Constitucional de Financiamento da Região Centro-Oeste – FCO, ação orçamentária registrada no Cadastro de Ações do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão sob o título de Financiamento aos Setores Produtivos da Região do Centro Oeste (código 0029), dentro do programa de Operações Especiais: Financiamentos com Retorno (código 0902), tem seu objetivo sumariamente descrito como concessão de financiamentos às atividades pro-dutivas dos setores agropecuário, mineral, industrial, turístico, infraestrutura, comercial e de serviços, visando ao desenvolvimento econômico e social da região Centro-Oeste, nos termos da Lei nº 7.827/89.

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Em maior detalhamento, os artigos 2º e 3º da Lei 7.827, de 27 de setembro de 1989, apresen-tam as seguintes diretrizes:

a) Oferta de crédito compatível com as condições tecnológicas, econômicas e sociais da região;

b) Priorização das atividades que fazem uso intensivo de recursos materiais e humanos locais, aliada à busca de sustentabilidade social e ambiental;

c) Conjugação do crédito com a assistência técnica, no caso de setores tecnologicamente ca-rentes;

d) Busca de pulverização de recursos, no sentido de atender a um universo maior de benefici-ários e assegurar racionalidade, eficiência, eficácia e retorno às aplicações;

e) Apoio à criação de novos centros, atividades e polos dinâmicos, notadamente em áreas inte-rioranas, que estimulem a redução das disparidades intrarregionais de renda.

Nesse aspecto, compõe o público-alvo da concessão de créditos pelo FCO, segundo o art. 4º da Lei 7.827/89, os produtores e empresas, pessoas físicas e jurídicas, além das cooperativas de produção que desenvolvam atividades produtivas nos setores agropecuário, mineral, industrial e agroindustrial da região Centro-Oeste, de acordo com as prioridades estabelecidas no plano regional de desenvolvimento.

Porém, há restrições permanentes estabelecidas por normas que detalham e interpretam o conteúdo da referida lei e, anualmente, a programação do fundo estabelece restrições e prio-ridades quanto à seleção de beneficiários.

O texto do §1º do art. 4º da Lei 7.827 estabelece a possibilidade de serem contemplados pro-jetos de infraestrutura de iniciativa de empresas públicas não dependentes de transferências financeiras do Poder Público.

Ressalte-se que o FCO, por ser uma ação de governo enquadrada na definição de operação es-pecial, não tem meta física associada. Não havendo, portanto, previsão na LOA – Lei Orçamen-tária Anual do quantitativo de mutuários beneficiados anualmente, mas somente dos recursos disponíveis para financiamento.

A administração do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) é com-partilhada entre o Ministério da Integração Nacional, o Conselho Deliberativo da Sudeco (Con-del/Sudeco) e o Banco do Brasil (BB), como detalhado a seguir:

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1.1 Competências

Compete ao Ministério da Integração Nacional:

• estabelecer diretrizes e orientações gerais para as aplicações dos recursos dos Fundos Constitucionais de Financiamento, de forma a compatibilizar os programas de financiamen-to com as orientações de política macroeconômica, das políticas setoriais e da Política Na-cional de Desenvolvimento Regional (PNDR);

• estabelecer normas para operacionalização dos programas de financiamento dos Fun-dos Constitucionais de Financiamento;

• estabelecer diretrizes para o repasse de recursos dos Fundos Constitucionais de Finan-ciamento para aplicação por outras instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil;

• supervisionar, acompanhar e controlar a aplicação dos recursos e avaliar o desempenho dos Fundos Constitucionais de Financiamento.

Compete ao Condel da Sudeco:

• estabelecer, anualmente, as diretrizes, prioridades e programas de financiamento, em consonância com o respectivo plano regional de desenvolvimento;

• aprovar, anualmente, os programas de financiamento de cada fundo para o exercício seguinte, tendo por base as diretrizes e orientações gerais traçadas pelo Ministério da Inte-gração Nacional;

• avaliar os resultados obtidos e determinar as medidas de ajustes necessárias ao cum-primento das diretrizes estabelecidas e à adequação das atividades de financiamento às prioridades regionais;

• encaminhar o programa de financiamento para o exercício seguinte e o relatório cir-cunstanciado sobre as atividades desenvolvidas e os resultados obtidos com a aplicação dos Fundos Constitucionais de Financiamento, juntamente com o resultado da apreciação e o parecer aprovado pelo Colegiado, à Comissão Mista Permanente do Congresso Nacional.

Compete ao Banco do Brasil:

• elaborar e encaminhar à apreciação do Conselho Deliberativo a proposta de programa-ção anual dos recursos;

• aplicar os recursos e implementar a política de concessão de crédito de acordo com os programas aprovados pelos respectivos Conselhos Deliberativos;

• definir normas, procedimentos e condições operacionais próprias da atividade bancária, respeitadas, dentre outras, as diretrizes constantes dos programas de financiamento apro-vados pelos Conselhos Deliberativos de cada Fundo;

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• analisar as propostas em seus múltiplos aspectos, inclusive quanto à viabilidade econô-mica e financeira do empreendimento, mediante exame da correlação custo/benefício, e quanto à capacidade futura de reembolso do financiamento almejado, para, com base no resultado dessa análise, enquadrar as propostas nas faixas de encargos e deferir créditos;

• formalizar contratos de repasses de recursos com outras instituições autorizadas a fun-cionar pelo Banco Central do Brasil;

• prestar contas sobre os resultados alcançados, desempenho e estado dos recursos e aplicações ao Ministério da Integração Nacional e aos respectivos Conselhos Deliberativos;

• exercer atividades inerentes à recuperação dos créditos.

No que tange a origem dos recursos, conforme o art. 6º da Lei nº 7827/89, as fontes do FCO são as seguintes:

a) 0,6% do produto da arrecadação do imposto sobre renda e proventos de qualquer na-tureza e do imposto sobre produtos industrializados;

b) Retornos e resultados de suas aplicações;

c) Resultado da remuneração dos recursos momentaneamente não aplicados, calculado com base em indexador oficial;

d) Contribuições, doações, financiamentos e recursos de outras origens, concedidos por entidades de direito público ou privado, nacionais ou estrangeiras;

e) Dotações orçamentárias ou outros recursos previstos em lei.

Sendo um dos Fundos Constitucionais de Financiamento, o FCO tem a especificidade de acu-mular recursos não utilizados em exercícios anteriores. De modo que a principal fonte de re-cursos para um determinado ano diz respeito às disponibilidades ao final do exercício anterior.

Dessa forma, tendo em vista as necessidades de planejamento das ações de controle, o funcio-namento do FCO pode ser observado nas quatro grandes divisões tratadas adiante:

A – Planejamento e Programação

Contempla a elaboração da programação anual do Fundo pelo banco administrador e sua apro-vação pelo Conselho Deliberativo da Sudeco, bem como:

a) Processos decisórios quanto ao comprometimento de recursos para exercícios futuros;

b) Definição de critérios para seleção de beneficiários;

c) Definição sobre as atividades e itens financiáveis;

d) Definição de prazos, limites (valores) e condições especiais de financiamento, respeitada a legislação vigente.

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B – Gestão do Fundo

Diz respeito às atividades relacionadas a:

a) Transferência de recursos do Tesouro Nacional para os bancos administradores;

Conforme dispõe o art. 7º, da Lei 7.827/89, a Secretaria do Tesouro Nacional liberará ao Minis-tério da Integração Nacional, nas mesmas datas e, no que couber, segundo a mesma sistemática adotada na transferência dos recursos dos Fundos de Participação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, os valores destinados aos Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste, cabendo ao Ministério da Integração Nacional, observada essa mesma sistemática, repassar os recursos diretamente em favor das instituições federais de caráter regional e do Banco do Brasil S.A.

b) Provisões e outras providências de natureza financeira tomadas por estes bancos para pre-venirem riscos;

c) Adequações administrativas e normativas para melhor funcionamento do fundo, inclusive as determinadas e/ou sugeridas pelos seguintes órgãos: Conselhos Deliberativos, TCU, CGU e SFRI/MI;

d) Utilização dos resultados do acompanhamento realizado pela Auditoria Interna do BB;

e) Prestação de contas aos demais administradores, aos órgãos de controle, ao Congresso Nacional e ao cidadão (tendo em vista sua necessidade para viabilizar o exercício do controle social);

f) Acompanhamento e avaliação dos resultados alcançados.

C – Operações de Financiamento a Empreendedores

Contempla todas as atividades relativas ao relacionamento entre os empreendedores e o fun-do, com destaque para:

a) Concessão de crédito:

As propostas de financiamento são apresentadas ao banco administrador do fundo, em confor-midade com os modelos disponibilizados pelo banco. O banco analisa a proposta, observando se elas estão enquadradas nas prioridades, diretrizes e restrições ao financiamento do fundo. Aprovado o financiamento, é realizada a contratação da operação de crédito entre o mutuário e o banco operador do fundo.

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b) Aplicação de recursos pelos empreendedores, comprovação destas aplicações e acompa-nhamento de cada operação pelo banco:

Os recursos dos financiamentos provenientes do FCO devem ser aplicados de acordo com o pactuado nas cédulas de crédito, devidamente comprovados com documentos fiscais referen-tes aos itens constantes no orçamento de aplicação de crédito. Toda a documentação referente às operações de crédito deve estar organizada em dossiês próprios, contendo a proposta apre-sentada pelo mutuário ao banco, as análises realizadas pelo banco para a concessão do crédito (porte, setor, valor, prazo, encargos financeiros, etc.), as informações sobre o mutuário (nome, endereço, consultas aos sistemas de restrições cadastrais, etc.), a cédula e o orçamento de crédito, os comprovantes das despesas e, caso a operação de crédito tenha sido selecionada para ser fiscalizada pelo banco, os laudos de vistoria.

c) Atendimento e orientação ao público-alvo:

O BB, a fim de promover a divulgação e incrementar a demanda pela concessão de créditos do FCO, deve proceder a um adequado atendimento e orientação aos mutuários em potencial do fundo, por meio da disponibilização das informações quanto à elaboração da proposta de financiamento e demais esclarecimentos sobre os recursos provenientes do FCO, tanto nas agências bancárias quanto na internet.

d) Pagamento de juros e amortização:

Os encargos financeiros e os prazos de financiamento são estabelecidos na Programação Anual do Fundo, sendo as regras definidas de acordo com alguns critérios, como porte do beneficiá-rio e a linha de financiamento.

e) Renegociação de dívidas:

As regras e critérios para renegociação de dívidas estão dispostos na Lei nº 10.177, de 12/01/2001, que dispõe sobre as operações com recursos dos Fundos Constitucionais de Fi-nanciamento.

D – Controle Social

Contempla as diversas formas de controle social, com destaque para:

a) Existência de informações públicas nos sítios eletrônicos governamentais que permitam a fiscalização pelos cidadãos em geral;

b) Existência e efetividade das representações dos trabalhadores e empresários no Conselho Deliberativo da Sudeco.

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Considerando o conteúdo aqui exposto, referente à estruturação, às competências, às atribui-ções e ao funcionamento do FCO, destaca-se que os critérios para seleção de beneficiários são definidos de acordo com as prioridades e as restrições do fundo.

E que para efeito da aplicação dos recursos do FCO, foram consideradas prioritárias as ativi-dades propostas pela Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste – Sudeco, com base nas sugestões das Unidades Federativas, e aprovadas pelas resoluções do Conselho Deli-berativo do Desenvolvimento do Centro-Oeste – Condel/Sudeco.

Dentre essas atividades, o presente relatório aborda os financiamentos referentes aos projetos do setor de turismo, especificamente as atividades voltadas para implantação, expansão e mo-dernização de empreendimentos turísticos nas cidades-sede da Copa do Mundo de Futebol de 2014 e áreas de influência.

1.2 PRIORIDADES

A operacionalização dos programas de financiamento, constantes na Programação Anu-al do FCO, deve observar as prioridades estabelecidas pelo Conselho Deliberativo da Sude-co, consideradas de relevante interesse para o desenvolvimento socioeconômico da Região centro-Oeste, na aplicação dos recursos do Fundo.

1.3 RESTRIÇÕES

Na concessão de créditos através dos recursos do FCO serão rigorosamente observa-dos os procedimentos restritivos decorrentes de imposição legal ou por não manterem com-patibilidade com os princípios do desenvolvimento sustentável da Região, incorporados na po-lítica de financiamento do Banco do Brasil.

Com a ação denominada “FCO-Itinerante”, feita em parceria com o Ministério da Integração Nacional, os Governos Estaduais e Municipais, há a realização de reuniões específicas de disse-minação do FCO, por segmento, de acordo com ações/estratégias e perfil de cada município dos estados da Região Centro-Oeste.

Relativamente aos mecanismos de controle, além das atribuições do CONDEL da Sudeco, o Banco do Brasil contrata, às expensas do FCO, empresa de auditoria externa para se manifestar sobre as demonstrações contábeis do Fundo.

No que diz respeito ao controle social, o Fundo conta com a participação de representantes dos trabalhadores e dos empresários nos respectivos Conselhos Deliberativos. Diante da publi-cação de diversas informações na internet (sítios do BB e do Ministério da Integração Nacional) e da disponibilidade dos órgãos, denúncias podem ser feitas aos administradores do fundo e aos órgãos controle.

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2. Objetivos e abordagem

A Ação de Governo 0029 – Financiamento aos Setores Produtivos da Região Centro--Oeste possui como finalidade contribuir para o desenvolvimento econômico e social da região, sendo uma das ações do Programa 0902 – Operações Especiais: Financiamentos com Retorno.

A execução da política pública ocorre mediante a concessão de financiamentos aos projetos dos produtores rurais e das empresas que exerçam atividade econômica nos setores agropecu-ário, mineral, industrial, agroindustrial, de turismo e de comércio e serviços na região, visando proporcionar ampliação da oferta de emprego e melhor distribuição de renda, contribuindo, assim, para a melhoria da qualidade de vida da população e equidade de oportunidades no País.

Dentre as várias linhas de financiamento disponíveis no FCO, a presente avaliação aborda os projetos destinados ao setor de turismo, especialmente para implantação, expansão e moder-nização de empreendimentos turísticos nas cidades-sedes da Copa do Mundo de Futebol de 2014 e áreas de influência.

A abordagem de atuação consiste em verificar se o banco administrador realiza satisfatoria-mente suas atividades no sentido de assegurar o uso adequado dos créditos concedidos aos pequenos e médios empreendedores para os projetos voltados para a Copa 2014.

A avaliação da execução da ação de governo é realizada por meio da resposta às seguintes questões estratégicas:

1. As concessões de financiamentos por parte do banco administrador do FCO, voltadas para a Copa de 2014, contribuem para o alcance da finalidade da Ação de Governo, ou seja, fomentar o desenvolvimento econômico e social da Região beneficiada pelo FCO?

1.1 A atuação do Banco, quando da concessão dos créditos, está sendo tempestiva?

1.2 Nas concessões de crédito, o Banco emite parecer que valide a viabilidade econômica e realiza estudos sobre a capacidade do empreendimento em gerar emprego e renda de forma economicamente sustentável para as regiões beneficiadas?

1.3 Os empreendimentos implantados estão de acordo com as especificações aprovadas nos orçamentos de crédito?

2. As concessões de crédito por parte do Banco, voltadas para a Copa de 2014, possuem condições de financiamento que visam garantir a adequada gestão financeira do FCO?

2.1 O banco administrador tem observado os critérios estabelecidos pela Programação anual do FCO para a concessão dos créditos?

2.2 Os encargos financeiros, os valores financiados, os prazos de carência e de amortização nas concessões de crédito estão sendo aplicados de acordo com os critérios da Programa-ção Anual do FCO?

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2.3 As exigências das garantias para as concessões de crédito por parte do banco adminis-trador estão em conformidade com as medidas mitigadoras de risco do FCO?

2.4 Há comprovação de que o banco administrador avalia o orçamento apresentado para o projeto (constante da cédula de crédito) verificando sua compatibilidade com os valores de mercado das inversões a serem realizadas?

2.5 As liberações de recursos, para os casos de obras civis e instalações, foram suportadas por pareceres/laudos de vistoria emitidos por técnicos dos Bancos, considerando o orça-mento da operação de crédito aprovada?

2.6 A análise feita pelo banco visa mitigar possíveis riscos associados a contenciosos admi-nistrativos ou judiciais?

3. É dada transparência à sociedade de que os recursos do financiamento perten-cem ao FCO?

3.1 No local do empreendimento há placas alusivas de que o recurso financiado provém do FCO?

3. Escopo da avaliação

O escopo de avaliação abrangeu a fiscalização dos projetos apresentados pelo Banco do Brasil para análise da conformidade dos dossiês e vistoria aos empreendimentos financiados. O universo fiscalizado foi obtido a partir da base de dados enviada pelo banco, contendo as operações de crédito para projetos voltados para a Copa do Mundo de 2014. Ressalta-se que a definição formal das ações do Governo Federal vinculadas à Copa 2014 ficou a cargo do Grupo Executivo da Copa do Mundo FIFA 2014 – GECOPA, conforme estabelecido no Decreto s/nº de 14 de janeiro de 2010, alterado pelo Decreto s/nº de 26 de julho de 2011.

Assim, a presente avaliação tem por objeto de análise o universo de 30 operações de crédito aprovadas pelo Banco do Brasil, no período de setembro de 2011 a fevereiro de 2013, para financiar projetos voltados para a Copa do Mundo de 2014. As fiscalizações realizadas visaram avaliar a atuação do banco administrador na concessão de crédito, bem como na aplicação dos recursos concedidos aos mutuários.

O quadro a seguir detalha as operações de crédito objeto desta avaliação:

Quadro 1: Empreendimentos fiscalizados.

Nome Fantasia Cidade UF Setor Porte Programa Valor Financiado

Alphaville Buffet Cuiabá MT Serviços de Buffet Pequeno FCO Empresarial R$

1.800.000,00

Brasília Empreendimentos Brasília DF Hotelaria Médio FCO Empresarial R$

63.273.415,47

Hotel Ônix Residence Bueno Goiânia GO Hotelaria Médio FCO Empresarial R$

5.172.800,00

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Alligators Park Caceres MT Serviços Pequeno FCO Empresarial R$ 1.577.611,00

Thermas do Rio Quente Rio Quente GO Hotelaria Grande FCO Empresarial R$

9.661.366,79

Delcas Hotel Cuiabá MT Hotelaria Pequeno-médio FCO Empresarial R$

9.888.131,00

Getullio Park Hotel Cuiabá MT Hotelaria Pequeno FCO Empresarial R$ 1.893.776,00

Villa Velluti Brasília DF Hotelaria Médio FCO Empresarial R$ 1.363.446,00

Hotel Gran Odara Cuiabá MT Hotelaria Médio FCO Empresarial R$ 3.356.809,00

Hotel Mohave Campo Grande MS Hotelaria Pequeno-

médio FCO Empresarial R$ 3.055.415,00

Hotel Portal da Amazônia

Várzea Grande MT Hotelaria Pequeno FCO Empresarial R$

1.806.564,00

Hotel Restaurante Nova Geração Juti MS Hotelaria Pequeno FCO Empresarial R$

1.100.000,00

Hotel Tainá Várzea Grande MT Hotelaria Pequeno-

médio FCO Empresarial R$ 2.470.578,75

Serra Restaurante Cuiabá MT Restaurantes Pequeno-médio FCO Empresarial R$

2.100.673,08

Manhattan Plaza Hotel Brasília DF Hotelaria Grande FCO Empresarial R$

2.000.000,00

Oriente HotelCampo

Novo do Parecis

MT Hotelaria Pequeno FCO Empresarial R$ 1.056.511,00

Point da PescaSanto

Antonio do descoberto

GO Pousada Pequeno FCO Empresarial R$ 1.125.135,00

Hotel do Aeroporto

Internacional de Brasília

Brasília DF Hotelaria Médio FCO Empresarial R$ 23.279.627,00

Striker Pier Bowling Brasília DF Restaurantes Pequeno FCO Empresarial R$

2.251.887,34

Tago Palace Hotel Fátima do Sul MS Hotelaria Pequeno-

médio FCO Empresarial R$ 2.500.000,00

Alphapark Hotel Goiânia GO Hotelaria Médio FCO Empresarial R$ 9.732.618,00

Brasil Vida Táxi Aéreo Goiânia GO Transporte

AéreoPequeno-

médio FCO Empresarial R$ 2.465.000,00

Ícone Hotel Goiânia GO Hotelaria Pequeno-médio FCO Empresarial R$

3.277.412,00

Condor Goiânia GO Turismo de Eventos Micro FCO Empresarial R$

1.726.000,00

Hotel Seibt Goiânia GO Hotelaria Pequeno FCO Empresarial R$ 4.000.000,00

Hotel Naoum Express Anápolis Anápolis GO Hotelaria Pequeno-

médio FCO Empresarial R$ 7.799.896,65

Fabbrica di Pizza Goiânia GO Restaurantes Pequeno-médio FCO Empresarial R$

3.417.000,00

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Emporio Saccaria Goiânia GO Restaurantes Médio FCO Empresarial R$ 1.250.000,00

Itumbiara Palace Hotel Itumbiara GO Hotelaria Pequeno FCO Empresarial R$

1.239.746,73

Hotel Bom Jesus Trindade GO Hotelaria Pequeno FCO Empresarial R$ 1.087.565,64

TOTAL R$ 176.728.985,45

Fonte: Banco do Brasil.

4. Resultados

A partir dos exames realizados, obteve-se um conjunto de constatações que foram previa-mente submetidas e discutidas com os gestores responsáveis pela execução da Ação de Governo.

Para cada uma das constatações mantidas após discussão com os gestores dessa atividade, foram acordadas recomendações de caráter estruturante, com vistas ao aperfeiçoamento dos controles internos, para as quais o gestor federal apresentou as providências que seriam adotadas, fixando, inclusive, prazo para implementação.

Cada uma das recomendações é monitorada pela CGU, de acordo com o cronograma para im-plementação estabelecido em acordo com o gestor, no sentido de certificar a sua implementação.

A seguir, apresentam-se registros dos resultados para cada uma das questões e subquestões estra-tégicas que foram objeto de avaliação da CGU, por meio da realização de 90 ordens de serviço de fiscalização em 30 empreendimentos financiados com recursos do FCO voltados para a Copa do Mundo de 2014.

4.1 As concessões de financiamentos por parte do banco administrador do FCO, voltadas para a Copa

de 2014, contribuem para o alcance da finalidade da Ação de Governo, ou seja, fomentar o desenvolvimento

econômico e social da Região beneficiada pelo FCO?

Nas fiscalizações conduzidas pela CGU foram verificados os dossiês de crédito e realizadas vistorias em 30 empreendimentos financiados com recursos do FCO, os quais totalizam valores da ordem de R$ 176 milhões.

Os dados obtidos a partir das fiscalizações indicam que houve a implantação de unidades hoteleiras, bem como a ampliação e reforma de outras unidades, além de investimentos nas áreas de transpor-te aéreo, bares e restaurantes e diversão e entretenimento.

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Assim, a concessão de financiamentos com recursos do FCO com foco no desenvolvimento do setor turístico regional contribuiu, dentro do contexto da realização da Copa do Mundo 2014, para fomentar o desenvolvimento econômico e social da região, mediante a ampliação e modernização do parque hoteleiro, da rede de serviços e de atrativos turísticos na Região Centro-Oeste.

Entretanto, as fiscalizações da CGU também constataram fragilidades na administração dos recur-sos do fundo, como por exemplo: a morosidade na aprovação das concessões de financiamentos e na liberação dos recursos, fragilidades nos estudos de viabilidade econômica e geração de emprego e renda, além de fragilidades nas inspeções físicas realizadas pelo Banco do Brasil que contribuíram para a ocorrência de divergências na execução dos empreendimentos financiados.

4.1.1 A atuação do Banco do Brasil, quando da concessão dos créditos, está sendo tempestiva?

Para responder a esta subquestão verificou-se, por meio de análise documental, qual o in-tervalo de tempo decorrido entre a apresentação da proposta pelo proponente e a liberação dos recursos financeiros por parte do banco, tendo sido adotado o padrão de referência de 90 dias para aprovação e liberação de recursos com financiamento do Fundo.

Figura 1 – Empreendimento: Brasília Empreendimentos

Fonte: Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União.

Este padrão de tempo adotado corresponde ao dobro do prazo estabelecido pelo Condel/FCO, mediante a Resolução nº 375, de 06 de novembro de 2009, como meta de desempenho do FCO para 2009 como Índice de Tempo Médio de Contratação, ou seja, o prazo decorrido entre a apresentação da proposta e a contratação da operação de crédito. Cabe ressaltar que anualmente a meta é revista e a última estabelecida, para o exercício de 2014, foi de 35 dias.

Pela análise dos resultados, verificou-se que 87,50% dos contratos fiscalizados apresentaram intervalo de tempo superior a 90 dias entre a apresentação das propostas de financiamento e a liberação dos recursos contratados, sendo que o menor intervalo de tempo verificado foi de 10 dias e o maior de 674 dias. O prazo médio observado foi de 285 dias, sendo, portanto, bastante elevado e bem superior à meta estabelecida para a avaliação.

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Constatou-se que a morosidade na aprovação das concessões de financiamentos acarreta difi-culdades na implementação dos empreendimentos, como perda de oportunidades de negócios e exposição a riscos de mercado que podem prejudicar ou mesmo inviabilizar o projeto, entre outros. Além disso, no caso de projetos que contribuem para infraestrutura turística visando à Copa do Mundo de 2014, a tempestividade na concessão dos financiamentos torna-se fator ainda mais relevante para o sucesso dos empreendimentos.

Nesse sentido, mediante o Relatório de Acompanhamento da Execução de Programa de Go-verno n° 04/2015, recomendou-se ao Banco do Brasil avaliar os processos de financiamento realizados, onde houve atrasos, com vistas a identificar as causas da morosidade na aprovação das concessões de financiamentos, a fim de que sejam adotadas medidas visando a aprovação dos projetos de financiamento com maior celeridade.

Manifestou-se o gestor federal, mediante o documento da Auditoria Interna - 2015/1003, que encaminhou Plano de Providências elaborado pelo Banco, no sentido de:

Reunir os intervenientes como objetivo de definir as ações, prazos, responsabilidades e demais encaminhamentos para identificar as causas da morosidade na aprovação das ope-rações de FCO Empresarial, fiscalizadas pela CGU;

Elaborar Plano de Ação; e

Comunicar a Auditoria Interna para providências de acompanhamento.

De acordo com o Plano de Providências encaminhado, as providências deveriam ser adotadas até 30/11/2015, entretanto, o banco não apresentou manifestação conclusiva acerca do assunto.

Assim, tendo em vista que as medidas permanecem pendentes de pleno atendimento, a CGU conti-nuará o monitoramento até que seja demonstrada a efetiva implantação dos mecanismos de aferição.

4.1.2 Nas concessões de crédito, o banco emite parecer que valide a viabilida-de econômica e realiza estudos sobre a capacidade do empreendimento em gerar emprego e renda de forma economicamente sustentável para as regiões

beneficiadas?

Essa subquestão tem como objetivo verificar se existe a possibilidade de concessão de financiamento com recursos do FCO a projetos que não contribuam para o desenvolvimento econômico e social das regiões de atuação do fundo.

Ressalta-se que a qualidade técnica dos pareceres apresentados pelo banco não foi avaliada por par-te desta CGU, tanto em relação à viabilidade econômica quanto à geração de empregos, tendo-se verificado somente a existência de tais documentos e a forma como as análises foram realizadas.

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Verificou-se, por meio de análise documental, que em 86,67% dos empreendimentos fisca-lizados foram efetuadas análises de viabilidade econômica pelo banco. Dentre essas análises, 76,92% foram feitas com metodologia própria do banco. Os 23,08% restantes limitaram-se apenas a reproduzir as informações prestadas pelo mutuário.

Verificou-se, ainda, por meio de análise documental, que em 50% dos empreendimentos fiscali-zados o banco realizou análises acerca das projeções de geração de emprego e de renda. Dentre essas análises, 80% limitaram-se apenas a reproduzir as informações prestadas pelo mutuário.

Figura 2 – Empreendimento: Alligators Park

Fonte: Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União.

A redução das desigualdades sociais e regionais é preconizada pela Constituição Federal como um de seus objetivos fundamentais, suscitando a existência de políticas públicas que promovam a diminuição das diferenças inter-regionais e intrarregionais, mediante a democratização de investimentos produtivos que impulsionem o desenvolvimento econômico com a correspon-dente geração de emprego e renda.

Nesse contexto, a atuação do BB deve exercer papel fundamental na promoção do desenvol-vimento econômico e social da Região Centro-Oeste, tendo em vista que se trata do operador dos recursos do FCO, a quem compete financiar investimentos de longo prazo e, complemen-tarmente, capital de giro ou custeio.

Nesse sentido, por meio do Relatório de Acompanhamento da Execução de Programa de Governo n° 04/2015, recomendou-se ao Banco do Brasil revisar e aprimorar os normativos de modo que sejam efetivamente realizadas as análises de viabilidade econômico-financeira dos projetos, bem como avaliar a implementação de mecanismos visando priorizar, nas suas avalia-ções para as concessões de crédito, o potencial de desenvolvimento socioeconômico gerado pelo empreendimento, incluindo a geração de empregos diretos e indiretos.

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Em relação à viabilidade econômico-financeira, O BB manifestou-se, no sentido de afirmar que:

“Informações suprimidas por solicitação do Banco do Brasil, em função de sigilo, na forma da Lei nº 12.527, de 18/11/2011”

De fato, a baixa taxa de inadimplência do fundo, e os resultados apresentados nos últimos exer-cícios, principalmente se comparados com os demais fundos constitucionais, demonstram que a administração do risco das operações do FCO por parte do BB vem sendo bem realizada.

Ademais, conforme reforçado pelo banco, ao contrário dos demais bancos operadores dos outros fundos constitucionais, o BB utiliza a modalidade de contratação do FCO com risco integral ao banco, o que contribui para a preservação do patrimônio do fundo.

Dessa forma, entende-se que a avaliação da viabilidade econômico-financeira das operações é realizada de forma satisfatória pelo Banco do Brasil.

Já em relação ao potencial de desenvolvimento socioeconômico gerado pelo empreendimento, incluindo a geração de emprego e renda, o BB assim se manifestou:

No que tange à análise do potencial de desenvolvimento socioeconômico produzido pelo empreendimento, incluindo a geração de emprego e renda, entendemos que não é compe-tência desta Instituição Financeira a avaliação de tais políticas públicas.

As informações sobre empregos gerados ou mantidos, em decorrência da contratação de operações de crédito com recursos do Fundo, são obtidas por meio de declaração do be-neficiário contida no Projeto, Projeto Simples ou na Carta Consulta, quando exigível.

Cabe ao Conselho de Desenvolvimento de cada Estado (CDE), quando da aprovação da Carta Consulta, avaliar se o projeto proposto está alinhado às diretrizes e prioridades es-tabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional (Ml) e Superintendência de Desenvol-vimento do Centro-Oeste (Sudeco), incluindo a análise de geração de emprego e renda.

O Banco não tem condições técnicas de avaliar se os dados informados pelos proponentes, relativos a indicação de empregos gerados de forma direta e indireta, são coerentes com o empreendimento proposto (implantação, expansão ou modernização).

Inicialmente, cabe destacar que o financiamento de projetos com elevado potencial de desen-volvimento socioeconômico, incluindo a geração de empregos diretos e indiretos, é a razão de existência dos fundos constitucionais.

Esses projetos contam com condições de financiamento mais atrativas que as de mercado, como por exemplo: o prazo alongado de carência e pagamento e taxas de juros mais baixas. Tais concessões são justificadas pela capacidade que os projetos financiados possuem para im-pactar a realidade econômica local.

De acordo com o previsto no inciso III, art. 14 da Lei nº 7.827/1989, cabe ao Condel/Sudeco, dentre outros, avaliar os resultados obtidos e determinar as medidas de ajustes necessárias ao cumprimento

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das diretrizes estabelecidas e à adequação das atividades de financiamento às prioridades regionais.

Ao agente operador, no caso o BB, cabe, dentre outros, aplicar os recursos e implementar a política de concessão de crédito de acordo com os programas aprovados pelos respectivos Conselhos Deliberativos; analisar as propostas em seus múltiplos aspectos, inclusive quanto à viabilidade econômica e financeira do empreendimento, mediante exame da correlação custo/benefício, e quanto à capacidade futura de reembolso do financiamento almejado, para, com base no resultado dessa análise, enquadrar as propostas nas faixas de encargos e deferir cré-ditos; e prestar contas sobre os resultados alcançados, desempenho e estado dos recursos e aplicações ao Ministério da Integração Nacional e aos respectivos Conselhos Deliberativos.

Assim, a avaliação de desempenho dos fundos, incluído a análise da geração de emprego e renda, não é mera formalidade e deveria fazer parte da análise de mérito dos empréstimos concedidos pelo banco, tendo em vista a escassez de recursos provenientes do FCO.

Ao contrário do que foi afirmado pelo BB, é o agente operador, e não o Conselho de Desenvol-vimento, que deve possuir corpo técnico capacitado para efetuar as análises necessárias à con-tratação, sendo o banco remunerado pela taxa de administração para executar tais atividades.

Dessa forma, constata-se que não são realizados estudos sobre a capacidade do empreendimento em gerar emprego e renda de forma economicamente sustentável para as regiões beneficiadas.

Constata-se, ainda, que a estimativa de empregos diretos e indiretos, gerados e mantidos pelos proje-tos financiados são meras compilações dos dados declarados pelos tomadores, sem qualquer metodo-logia de análise ou verificação dos dados, não devendo, portanto, servir de parâmetro para a avaliação da efetividade da aplicação dos recursos dos fundos constitucionais, e em particular, do FCO.

Assim, considerando que o objetivo principal do fundo constitucional é promover o desenvol-vimento econômico e social da região Centro-Oeste, reitera-se a recomendação anterior ao Banco do Brasil, qual seja: revisar e aprimorar os normativos de modo que sejam efetivamente realizadas as análises de viabilidade econômico-financeira dos projetos, bem como avaliar a im-plementação de mecanismos visando priorizar, nas suas avaliações para as concessões de cré-dito, o potencial de desenvolvimento socioeconômico gerado pelo empreendimento, incluindo a geração de empregos diretos e indiretos.

4.1.3 Os empreendimentos implantados estão de acordo com as especifica-ções aprovadas nos orçamentos de crédito?

O objetivo da subquestão é verificar, por meio de inspeção física, no caso das obras e edificações, se há evidências de incompatibilidade entre as quantidades e especificações rea-lizadas com as previstas no orçamento de crédito aprovado conforme especificado no dossiê de operação de crédito. Já no caso de máquinas e equipamentos, se as inversões financeiras correspondem ao pactuado na cédula de crédito.

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Em relação ao nível da execução do empreendimento, em nenhum empreendimento foi cons-tatada a execução além do previsto; em 12% das obras foi verificada a execução de serviços divergentes dos previstos; em 68% não foi achada qualquer inconsistência quanto ao nível de execução, comparada com os boletins de medição; e em 20% o nível de execução da obra civil (quantidade e qualidade) não pôde ser avaliado, tendo em vista a indisponibilidade de plantas, memorais descritivos e boletins de medição para subsidiar a vistoria.

Em relação à análise qualitativa da execução do empreendimento, 4,17% dos empreendimen-tos apresentaram qualidade do serviço claramente aquém dos previstos, como por exemplo: a existência de trincas, fissuras e infiltrações; em 87,5% não foi observada qualquer inconsistên-cia quanto à qualidade da execução do empreendimento; e em 8,33% foi impossível de avaliar.

Ressalta-se, entretanto, que, a despeito das alterações qualitativas e quantitativas encontradas, não foram identificadas quaisquer inconsistências quanto aos objetivos do financiamento, no que se refere aos beneficiários e à localização das obras.

Em relação à viabilidade da inspeção física do empreendimento financiado, houve restrição de es-copo em 6,67% dos empreendimentos, onde a fiscalização foi prejudicada em função da não apre-sentação das plantas, memorais descritivos e boletins de medição para subsidiar a vistoria das obras.

Quanto aos equipamentos e máquinas com aquisições orçadas na cédula de crédito, em 23,08% dos empreendimentos contratados, alguns objetos não foram localizados pela equipe de fisca-lização da CGU e, em 17,39% dos empreendimentos, os objetos (máquinas e equipamentos) não são compatíveis com os serviços orçados nas células de crédito.

Figura 3 – Empreendimento: Delcas Hotel

Fonte: Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União.

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Os dossiês de crédito de 6,67% dos empreendimentos fiscalizados não apresentaram laudo de vistoria do banco acerca desta operação. Dos que apresentaram laudo, em 17,86% dos casos, as conclusões dos laudos de vistoria efetuados pelo Banco do Brasil não são coerentes com a situação verificada in loco, segundo a visão da equipe de fiscalização.

Tal fato deveu-se, principalmente, às discrepâncias na comprovação da execução físico-finan-ceira dos projetos, onde o BB atestava a execução completa do objeto, inclusive, tendo emitido atestado de Empreendimento Implantado – EI, sem que, no entanto, todas as inversões tives-sem efetivamente ocorrido.

Ressalta-se que, de todos os empreendimentos fiscalizados pela CGU, 96,55% dos mutuários confirmaram que receberam visita do BB em suas dependências.

Já em relação à execução física de obras e instalações, 26,67% dos empreendimentos apre-sentaram inconsistências de medição em relação ao nível de execução do empreendimento, em função de pagamentos antecipados ou por serviços não prestados e execução de serviços divergentes dos previstos.

Foram constatadas, inclusive, alterações significativas em relação aos projetos anteriormente apro-vados pelo FCO sem a prévia e necessária reavaliação e aprovação das modificações pelo BB. Tais modificações podem impactar as condições previstas de funcionamento, com possíveis reflexos na viabilidade dos empreendimentos, aumentando significativamente o risco da operação de crédito.

Nesse sentido, por meio do Relatório de Acompanhamento da Execução de Programa de Governo n° 04/2015, recomendou-se ao Banco do Brasil, adotar, por meio de normativos, a obrigatoriedade da apresentação dos boletins de medição como forma de acompanhamento da execução das inversões realizadas.

Manifestou-se o gestor federal, mediante o documento da Auditoria Interna - 2015/1003, que encaminhou Plano de Providências elaborado pelo Banco, no sentido de:

O Banco adota procedimentos previstos em sua norma interna que orientam e definem a exigência ou não de medição dos projetos em que há execução de obras civis, bem como quanto à necessidade de realização de verificação de orçamento.

A verificação do orçamento consiste na análise da compatibilidade do orçamento consolidado do empreendimento objeto do financiamento; das obras de construção civil, máquinas e equi-pamentos, com os elementos utilizados para sua elaboração (projetos, especificações/memo-rial descritivo, cronograma físico-financeiro, parâmetros, etc.) e com os preços de mercado.

As vistorias das obras de empreendimentos financiados ou com repasse de recursos, para liberação de parcela de financiamento, consistem na verificação do estágio de evolução físi-ca do empreendimento: com a medição da obra civil executada, máquinas e equipamentos, observados os projetos, orçamentos, especificações e o cronograma físico-financeiro.

Adotamos por critério de análise o grau de complexidade do projeto em si e não tão so-

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mente o porte do cliente, de forma que sejam permitidas situações de dispensa de medição.

Não obstante, o Banco possui outros mecanismos mitigadores de riscos, a exemplo das fiscalizações, que têm por finalidade comprovar a correta aplicação do crédito, acompa-nhar a implantação de projetos de investimento, verificar o desenvolvimento das atividades financiadas e o estado das garantias.

As fiscalizações obrigatórias permitem obter informações importantes acerca do andamen-to do projeto e a adoção tempestiva de medidas adequadas para assegurar o retorno dos capitais do Fundo.

Informamos que já existem normas internas que definem o nível de detalhamento do projeto a ser apresentado pelo proponente, de acordo com o tipo de complexidade da demanda. O mo-delo está disponível em ambiente da internet, no site do Banco do Brasil e pode ser consultado por meio do endereço: http://www.bb.com.br/doc$/pub/emp/mpe/dwn/RoteiroADicre.pdf.

Dessa forma, manifestamos nossa discordância total em relação as recomendações/provi-dências indicadas por essa CGU.

Adicionalmente, o banco apresentou quadro contendo os critérios, prazos e periodicidade das fiscalizações.

Cabe destacar, inicialmente, que o link informado pelo banco apresenta erro – “Não foi possível loca-lizar a Página” – logo, não foi possível consultar a norma interna indicada pelo banco em sua resposta.

De acordo com o quadro apresentado, todos os empreendimentos contratados com valores cima de R$ 500 mil deveriam receber fiscalização em até 90 dias após a primeira liberação de recursos e, posteriormente, verificações anuais.

Entretanto, conforme demostrando anteriormente, a fiscalização da CGU constatou que uma pequena parcela dos empreendimentos (3,45%) não foi fiscalizada pelo banco, e que mais de 25% dos empreendimentos fiscalizados apresentaram discrepâncias entre o nível de execução do empreendimento e o que foi informado pelo banco.

Assim, embora o banco tenha alegado que existam normativos internos definindo o nível de detalhamento do projeto a ser apresentado pelo proponente e as fiscalizações do banco, cons-tatou-se que, na prática, ocorreram falhas nas rotinas estabelecidas pelos normativos internos.

Dessa forma, a recomendação anterior deve ser alterada no sentido de aperfeiçoar as rotinas internas visando o acompanhamento físico-financeiro da execução das inversões realizadas, entre outros procedimentos julgados necessários por parte da administração, de forma a garantir que os objetos fornecidos sejam compatíveis com os orçamentos constantes na cédula de crédito.

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4.2 As concessões de crédito por parte do Banco, voltadas para a Copa de 2014, possuem condições de financiamento que visam garantir a adequada gestão

financeira do FCO?

Na realização do presente trabalho, considerou-se como adequada gestão financeira dos recursos provenientes do FCO, a adoção de medidas, por parte do agente operador, que visem res-guardar o patrimônio do fundo e que estejam de acordo com as normas e regulamentos vigentes.

Constatou-se que: as operações de crédito estão de acordo com as diretrizes e prioridades dos in-vestimentos definidos para a região; que todos os empreendimentos contratados guardam relação com o setor de turismo; que as atividades econômicas dos mutuários são compatíveis com as regras do fundo e que seus respectivos objetos estão de acordo com o programa de financiamento.

Verificou-se, também, que os critérios utilizados nas concessões de crédito guardam conso-nância com a Programação do Fundo, principalmente quanto aos prazos de financiamento e de carência, ao objeto do empreendimento, ao porte da empresa, aos encargos financeiros e às garantias dadas pelos mutuários. Contudo, ressalta-se que a definição do porte dos mutuários foi apenas parcialmente amparada em pareceres fundamentados pelo banco, tendo sido utiliza-da na maioria dos casos, como base para este critério, a informação fornecida pelos mutuários.

Figura 4 – Empreendimento: Getullio Park Hotel

Fonte: Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União.

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Em relação às garantias apresentadas, observa-se que, na maioria dos empreendimentos fisca-lizados, não foram constatados aspectos inadequados em relação à cobertura de garantia das operações que pudessem afetar a gestão financeira do fundo, embora tenham sido identificadas falhas quanto ao registro das hipotecas e ao valor de cobertura das garantias apresentadas.

A fiscalização também detectou fragilidades no processo de avaliação, por parte do Banco do Brasil, dos custos do empreendimento e na comparação destes com os preços praticados no mercado, a fim de avaliar a compatibilidade.

Em relação à liberação de recursos, as equipes de fiscalização da CGU tiveram dificuldades no acesso às notas fiscais dos dossiês de crédito, constituindo-se assim, limitação ao escopo dos trabalhos de fiscalização.

Nas comprovações que puderam ser fiscalizadas, a CGU encontrou diferenças entre os va-lores orçados e os comprovados, falta de vinculação da despesa com o orçamento, falta de documentação comprovando que os recursos próprios do mutuário foram previamente apli-cados e alterações no orçamento sem nova avaliação por parte do banco.

A fiscalização constatou ainda que o Banco do Brasil não adotou procedimentos no sentido de mitigar possíveis riscos associados a contenciosos administrativos ou judiciais nos empreendi-mentos financiados pelo FCO em grande parte dos empreendimentos financiados.

Nesse sentido, pelos motivos acima expostos, verifica-se que o banco não adotou, nos empre-endimentos fiscalizados, medidas suficientes que proporcionem a adequada gestão financeira dos recursos provenientes do FCO.

4.2.1 O Banco Administrador tem observado os critérios estabelecidos pela Programação anual do FCO para a concessão dos créditos?

O objetivo da subquestão é verificar, por meio de análise documental, se o objeto é financiável pelo fundo, se é compatível com o programa de financiamento e se há restrições para a contratação. Além disso, buscou-se verificar se há um adequado enquadramento das concessões por programa de financiamento, porte e natureza (rural, não rural).

Figura 5 – Empreendimento: Villa Velluti

Fonte: Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União.

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Após a análise documental dos contratos fiscalizados, constatou-se que todas as operações de crédito estão de acordo com as diretrizes e prioridades dos investimentos definidos para a região, conforme elencado nas Diretrizes e nas Prioridades Setoriais da Programação Anual do FCO.

Quanto ao setor econômico dos mutuários, a fiscalização constatou que todos os empreendi-mentos contratados guardam relação com o setor de turismo, que as atividades econômicas dos mutuários são compatíveis com as regras do fundo e que seus respectivos objetos estão de acordo com o programa de financiamento.

4.2.2 Os encargos financeiros, os valores financiados, os prazos de carência e de amortização nas concessões de crédito estão sendo aplicados de acordo

com os critérios da Programação Anual do FCO?

A partir da subquestão em tela, a CGU avaliou o enquadramento dos financiamentos aprovados quanto aos critérios utilizados nas concessões de crédito, especialmente quanto aos prazos de financiamento e carência e quanto aos encargos financeiros, a partir da análise docu-mental das cédulas de crédito.

Figura 6 – Empreendimento: Hotel Gran Odara

Fonte: Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União.

Em relação ao porte, 4 empreendimentos foram classificados como mini/micro, 11 como pe-quenos, 13 como médios e 2 como de grande porte. Já em relação aos critérios adotados na classificação do porte, 93,33% foram baseados em uma memória de cálculo da Receita Ope-racional Bruta (ROB) prevista na estabilização do empreendimento, ou, no caso de empresas em instalação, utilizando a previsão de faturamento no primeiro ano de produção efetiva do projeto, efetuada pelo próprio mutuário.

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Por não serem obedecidos os critérios para classificação do porte em todos os empreendimen-tos, a CGU constatou que em dois empreendimentos, que representam 6,67% das operações contratadas, o porte não foi corretamente classificado segundo os critérios técnicos estabele-cidos no Plano de Aplicação de Recursos Anual.

Destaque-se que a definição do porte é fundamental para a definição das condições gerais de financiamento, como por exemplo: os encargos financeiros, os limites de financiamento e pra-zos de carência e de amortização.

De acordo com as fiscalizações realizadas pela CGU, em 93,33% dos casos, os critérios adota-dos pelo Banco do Brasil na classificação do porte do beneficiário foram baseados em informa-ção fornecida pelos mutuários; mediante memória de cálculo do faturamento bruto apurado no último exercício fiscal das empresas ou grupos empresariais ou, no caso de empresas em instalação, utilizando a previsão de faturamento no primeiro ano de produção efetiva do proje-to; sem maiores estudos por parte do banco.

Em que pese os percentuais de casos em conformidade com os critérios avaliados sejam ele-vados, detectou-se desconformidades com os normativos que causaram perdas financeiras ao FCO por enquadramento equivocado do mutuário.

Nesse sentido, por meio do Relatório de Acompanhamento da Execução de Programa de Go-verno n° 04/2015, recomendou-se ao Banco do Brasil, implementar mecanismos de controles internos que impeçam a classificação incorreta quanto ao porte, e a utilização de encargos financeiros divergentes do estabelecido nas normas do fundo.

Manifestou-se o gestor federal, mediante o documento da Auditoria Interna - 2015/1003, que encaminhou Plano de Providências elaborado pelo Banco, no sentido de:

O Banco define em suas normas as orientações e procedimentos para apuração da correta classificação do porte do proponente/Grupo Empresarial, de acordo com as normas do Fundo.

A classificação do porte é realizada com base no faturamento bruto anual apurado no últi-mo exercício fiscal do proponente ou Grupo Empresarial.

Nos casos de empresa em instalação deve ser observada a orientação contida na Progra-mação do FCO, abaixo descrita:

Título IV- Programa de FCO Empresarial de Apoio aos El e às MPE

Subtítulo I- Condições de Financiamento

1. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AOPORTE: com base no faturamento bruto apurado no último exercício fiscal das empresas/grupos, observados os parâmetros a seguir:

a) empreendedor individual (El), classificado conforme a Lei Complementar nº 128, de 19.12.2008, c/c a Lei Complementar nº 139, de 10.11.2011: até R$ 60 mil;

b) microempresas: até R$ 360 mil;

c) pequena empresa: acima de R$ 360 mil até R$ 3,6 milhões;

d) pequeno-média empresa: acima de R$ 3,6 milhões até R$ 16 milhões.

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Obs.:

I. no caso de empresas em instalação, será considerada a previsão de faturamento no pri-meiro ano de produção efetiva do projeto;

(...)” Grifo nosso.

Título V- Programa de FCO Empresarial para MGE

Subtítulo I - Condições de Financiamento

1. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO PORTE: com base no faturamento bruto apurado no último exercício fiscal das empresas/grupos, observados os parâmetros a seguir:

a) média empresa: acima de R$ 16 milhões até R$ 90 milhões;

b) grande empresa: acima de R$ 90 milhões;

Obs.:

I. no caso de empresas em instalação, será considerada a previsão de faturamento no pri-meiro ano de produção efetiva do projeto;

(...)” Grifo nosso.

Fonte; Programação FCO 2015.

Como podemos observar, as empresas em instalação devem apresentar a previsão de fa-turamento do primeiro ano de produção efetiva do projeto para apuração do porte do proponente, a fim de que seja definido o percentual de financiamento, bem como a taxa de juros a ser aplicada para a operação.

O apontamento que gerou a presente recomendação tem como base o financiamento de empresas em instalação, e que por conta da sua situação operacional, apresentou-nos como comprovante de faturamento Declaração de Previsão de Faturamento para apuração do porte e demais condições da linha.

No entanto, essa CGU quando da fiscalização, efetuou a análise tomando por base docu-mento fiscal (DRE) emitido posteriormente à contratação, o qual não refletia os mesmos valores apurados quando da contratação da operação.

Dessa forma, entendemos não haver falha de procedimento na aplicação da regra, vez que a análise obedeceu rigorosamente às normas vigentes à época da contratação da operação.

Por fim, manifestamos nossa discordância total em virtude da recomendação emitida por essa CGU.

A fiscalização da CGU constatou que o empreendimento foi onerado com taxa de juros supe-rior ao seu porte previsto, pois, entre a proposição da carta-consulta e aprovação do crédito, ocorreram alterações dos limites mínimos e máximos de faturamento para efeito de classifica-ção do porte, conforme Programação do FCO para o exercício de 2012.

Assim, no caso específico em análise, não houve prejuízo ao FCO. Entretanto, a constatação da CGU demonstra fragilidade na concessão de financiamentos para a instalação de novos projetos, pois, se um empreendedor propositadamente subavaliar a previsão de faturamento com a finalidade de conseguir menores taxas de financiamentos, não haverá qualquer medida mitigadora de risco adotada por parte do banco.

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Dessa forma, cabe ao Banco do Brasil, avaliar a implementação de mecanismos de controles internos que impeçam a subavaliação da previsão de faturamento e a consequente classificação incorreta quanto ao porte, e a utilização de encargos financeiros divergentes do estabelecido nas normas do fundo.

4.2.3 As exigências das garantias para as concessões de crédito por parte do Banco Administrador estão em conformidade com as medidas mitigadoras de

risco do FCO?

Os objetivos da subquestão incluem verificar, por meio de análise documental, se exis-tiam laudos para todas as garantias pré-existentes, se o montante das garantias pré-existentes avaliadas é apropriado ao risco do empreendimento e se consta do dossiê, na data de liberação da primeira parcela do financiamento, o registro em cartório das hipotecas dos bens imóveis dados em garantia.

Dentre as garantias apresentadas pelos empreendimentos destacam-se as modalidades de hi-poteca, aval e alienação fiduciária.

Figura 7 – Empreendimento: Hotel Mohave

Fonte: Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União.

De acordo com as fiscalizações efetuadas pela CGU, em 6,67% dos empreendimentos fiscali-zados o banco administrador não efetuou a convalidação das garantias em seus laudos.

No que se refere ao percentual de garantia em relação ao valor do financiamento, também em 6,67% dos empreendimentos a cobertura não estava condizente com mínimo exigido segundo os normativos do banco.

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Já no caso da hipoteca de bens imóveis, também em 7,40% dos casos não constava no dossiê da operação o registro em cartório das hipotecas na data da liberação da primeira parcela des-ses bens imóveis dados em garantia.

Embora não tenham sido constatadas inadequações graves em relação à cobertura de garantia das operações, que pudessem afetar a gestão financeira do fundo, optou-se por orientar o ges-tor federal no sentido de reforçar os controles internos.

Nesse sentido, recomendou-se ao Banco do Brasil, implementar mecanismos que restrinjam a liberação de recursos apenas àqueles financiamentos cujas garantias apresentadas estejam em conformidade com os normativos do banco.

Em resposta à recomendação efetuada pelo Relatório de Acompanhamento da Execução de Programa de Governo n° 04/2015, o banco gestor do FCO assim se manifestou:

Trata-se de apontamento que tem por base operações contratadas pelo Hotel Mohave Ltda. e pela LTA Investimentos e Participações.

Com relação ao Hotel Mohave Ltda., essa CGU alega que a garantia fidejussória (aval) não foi devidamente constituída. Ocorre que o aval havia sido constituído, no próprio docu-mento, motivo pelo qual entendemos ser indevida.

Quanto à operação da empresa LTA Investimentos e Participações, essa CGU alega não ter havido a correta constituição das garantias exigidas pela Diretoria de Crédito (DICRE).

Na súmula da DICRE/GEPRO n° 2012/002404 há a seguinte exigência quanto à constituição das garantias:

GARANTIAS: As regulamentares, incluindo no mínimo fidejussórias de todos os sócios e reais, constituídas por imóveis de propriedade da empresa, incluindo o imóvel objeto do financiamento.

Assim, considerando que a operação foi garantida por: (a) coobrigação de sócio/dirigente, (b) hipoteca do imóvel objeto do financiamento: e (c) hipoteca evolutiva do imóvel da ope-ração; a exigência mínima da DICRE foi devidamente cumprida.

Dessa forma, entendemos ter ocorrido equívoco quando da interpretação da Súmula de Análise da DICRE por essa CGU.

Não obstante, o Banco já possui normas e mecanismos que garantem que as liberações dos recursos só ocorram quando verificada a conformidade das garantias de acordo com os normativos internos.

Cabe destacar que o Banco adota como enunciado em sua Política Específica de Crédito a segregação de funções. Sendo assim, dispõe de estrutura operacional apartada da área de negó-cios, responsável por estudar e liberar os recursos das operações. Trata-se de estrutura tecnica-mente qualificada e padronizada, quanto à pratica dos procedimentos previstos nos normativos.

Desse modo, manifestamos nossa discordância total frente à recomendação/providência emitida por essa CGU.

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As alegações ora apresentadas pelo gestor são semelhantes às apresentadas anteriormente nos relatórios de fiscalização dos projetos e foram avaliadas individualmente.

Dessa forma, dada a manifestação apresentada, embora não tenha sido identificada a causa das falhas observadas na fiscalização, verifica-se que o BB julga que a sistemática atual de controles internos preventivos e corretivos em relação às garantias das operações são condizentes com os riscos enfrentados pelo banco.

Com base nesse posicionamento, e considerando o fato que o banco responde integralmente pelos riscos das operações de crédito financiadas com recursos do FCO, a CGU entende que cumpriu o seu papel de alertar o gestor para as fragilidades constatadas, cabendo a ele a res-ponsabilidade de adotar medidas para a preservação do patrimônio do Banco do Brasil.

4.2.4 Há comprovação de que o Banco Administrador avalia o orçamento apresentado para o projeto (constante da cédula de crédito) verificando sua compatibilidade com os valores de mercado das inversões a serem realizadas?

O objetivo da subquestão foi verificar, por meio de análise documental: se existem docu-mentos nos dossiês apresentados pelo Banco do Brasil que comprovem que os custos do empre-endimento foram avaliados pelo banco; se o banco pesquisou, sob algum critério, quais os preços praticados no mercado e se os custos são compatíveis com os preços praticados no mercado.

Figura 8 – Empreendimento: Hotel Portal da Amazônia

Fonte: Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União.

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Constatou-se que em 46,67% dos empreendimentos financiados, o Banco do Brasil não apre-sentou comprovante de que efetuou a análise comparativa entre os preços considerados no empreendimento (bens, equipamentos e/ou obras civis) e os praticados pelo mercado.

Em relação aos restantes, o banco realizou as avaliações necessárias, normalmente mediante a contratação de consultoria, registrada no documento Laudo de Verificação de Orçamento, abrangendo, quando necessário, a parte de construção civil.

Verificou-se que a falta de detalhamento dos orçamentos apresentados dificultou, ou até mes-mo impediu, a comparação entre os custos efetivos e as despesas previstas no projeto.

Nesse sentido, recomendou-se ao Banco do Brasil, incluir, por meio de normativos internos, a exigência de detalhamento do projeto financiado, visando conferir se os custos do empre-endimento estão de acordo com os valores de mercado e verificar a existência de despesas não previstas no projeto, de forma a mitigar as falhas decorrentes da análise inadequada dos orçamentos apresentados.

Em resposta à recomendação constante efetuada pelo Relatório de Acompanhamento da Exe-cução de Programa de Governo n° 04/2015, o banco gestor do FCO apresentou a mesma resposta que foi dada na subquestão 1.3, ou seja, afirmou que o banco adota procedimentos previstos em sua norma interna que orientam e definem a exigência ou não de medição dos projetos em que há execução de obras civis, bem como quanto à necessidade de realização de verificação de orçamento.

Assim, embora o banco tenha alegado que existam normativos internos definindo o nível de detalhamento do projeto a ser apresentado pelo proponente e as fiscalizações do banco, cons-tatou-se que, na prática, ocorreram falhas nas rotinas estabelecidas pelos normativos internos.

Dessa forma, a recomendação anterior deve ser alterada no sentido de aperfeiçoar as rotinas internas visando conferir se os custos do empreendimento estão de acordo com os valores de mercado e verificar a existência de despesas não previstas no projeto, de forma a mitigar as falhas decorrentes da análise inadequada dos orçamentos apresentados.

4.2.5 As liberações de recursos, para os casos de obras civis e instalações, foram suportadas por pareceres/laudos de vistoria emitidos por técnicos do

Banco, considerando o orçamento da operação de crédito aprovada?

O objetivo da subquestão é verificar se o Banco do Brasil utiliza medidas prudenciais, como laudos de vistoria e pareceres técnicos, além das próprias notas fiscais, para suportar a liberação de recursos financeiros para cada parcela dos financiamentos concedidos no âmbito do FCO.

As equipes de fiscalização da CGU tiveram dificuldades no acesso às notas fiscais dos dossiês de crédito. Do total de empreendimentos fiscalizados, 6,67% dos dossiês não apresentavam

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notas fiscais comprobatórias das despesas; 36,67% apresentavam as notas sem planilha ou qualquer ordenação dos comprovantes de despesas; 10% apresentaram as notas sem planilha de gastos, mas ordenadas de acordo com o orçamento; e, em 46,66% dos casos, as notas es-tavam organizadas e foram integralmente apresentadas.

Dessa forma, 43,33% das fiscalizações foram executadas com limitação de escopo, em virtu-de da não disponibilização das notas fiscais, ou da apresentação de forma desordenada e sem qualquer possibilidade de comparação com o orçamento.

A CGU também efetuou, por amostragem não estatística, a comparação das notas fiscais apre-sentadas para fins de comprovação com o orçamento aprovado pelo banco. Dos empreen-dimentos onde foi possível efetuar a verificação, em 33,33% foram encontradas diferenças superiores a 10% entre os valores orçados e os valores comprovados, totalizando recursos da ordem de R$ 4,09 milhões. Desse modo, ficaram evidenciadas as deficiências por parte do Banco do Brasil na verificação dos orçamentos apresentados.

Figura 9 – Empreendimento: Hotel Tainá

Fonte: Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União.

A ausência de documentação comprobatória da comparação dos custos apresentados pelos mutuários com os de mercado compromete a confiabilidade dos orçamentos e das análises de viabilidade econômica dos projetos.

Tal fato pode ocasionar a alocação de mais recursos para o projeto do que o necessário, di-minuindo a eficiência na aplicação dos recursos do fundo. Além disso, pelo fato das operações serem efetuadas com crédito subsidiado, a alocação de valores superiores às reais necessidades do projeto pode proporcionar uma renda indevida ao mutuário.

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Tal fato foi agravado pelas alterações dos orçamentos após a aprovação do financiamento. A fiscalização constatou que 30% das propostas apresentaram alteração em relação ao orçamen-to original, sendo: 3,33% referentes à renegociação do valor da dívida ou de algum termo do contrato; 6,67% referente à prorrogação de prazo e os 20% restantes abrangem outras altera-ções como modificação da composição social, suplementação do crédito e, inclusive, alteração unilateral do objeto por parte da empresa beneficiária.

Dentre esses orçamentos alterados, em 75% das ocorrências não foi realizado um novo laudo ou relatório de fiscalização por parte do banco.

Verificou-se também os dossiês quanto às liberações das parcelas, consistência das notas fiscais apresentadas pelo mutuário e compatibilidade com o projeto aprovado.

Em relação à liberação das parcelas, em 70% das operações não foi encontrada nenhuma inconsistência; em 6,67% não houve laudo de vistoria comprovando a aplicação de recursos próprios anteriormente à liberação da 1ª parcela; em 10% não houve laudo de vistoria com-provando que os recursos foram adequada e previamente aplicados; e em 13,33% foram en-contrados outros problemas, como por exemplo: orçamento superestimado, divergência de dados, incompatibilidade de cronogramas e descumprimento das condições estabelecidas em relação a desembolsos e aplicações de recursos.

Figura 10 – Empreendimento: Oriente Hotel

Fonte: Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União.

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A fiscalização da CGU também constatou que em 63,33% não foi encontrada nenhuma incon-sistência em relação aos dados que devem constar nas Notas Fiscais apresentadas. Em 16,67% das comprovações verificadas foram encontradas Notas Fiscais com nomes de empresas di-ferentes do mutuário, e/ou despesas que não guardam relação com o objeto da operação de crédito e/ou Notas Fiscais com data de emissão anterior a 180 dias da apresentação do projeto.

Por fim, em 20% foram encontradas outras inconsistências em relação aos dados que deve-riam constar nas Notas Fiscais apresentadas, como por exemplo: notas apresentadas em du-plicidade; descrição genérica do item/serviço adquirido/prestado; notas ilegíveis ou não foram integralmente xerocopiadas, deixando, assim, de apresentar todas as informações correspon-dentes, dificultando ou impossibilitando a respectiva análise; e notas e recibos sem data e sem especificação de valores.

O montante de todas as inconsistências verificadas somou R$ 4,85 milhões, o que é equivale a 2,74% do volume total de recursos fiscalizados.

Entretanto, ressalta-se que a conferência foi executada por amostragem não estatística, de for-ma que o valor total das inconformidades não pode ser extrapolado para o universo de notas fiscais apresentadas, podendo ser bastante superior ao montante observado.

Nesse sentido, pelos motivos acima expostos, recomendou-se ao Banco do Brasil avaliar a opor-tunidade de efetuar melhorias no controle dos procedimentos a cargo das agências, no que tange à efetiva comprovação de recursos e controle do agendamento e execução das fiscalizações.

Em resposta à recomendação efetuada pelo Relatório de Acompanhamento da Execução de Programa de Governo n° 04/2015, o banco gestor do FCO manifestou-se conforme abaixo:

Esclarecemos que os normativos internos do Banco preveem procedimentos e mecanismos adequados para comprovação da utilização de recursos de forma financeira (documental) e física (verificação de orçamentos e fiscalização), os quais estão previstos ao longo das IN 677 (instrução específica para o Pilar Varejo) e 749 (instrução específica para o Pilar Atacado).

De todo modo, procederemos conforme descrito no Plano de Providências anexado ao presente relatório.

No Plano de Providências encaminhado constam três ações:

Reunir os intervenientes como objetivo de definir as ações, prazos, responsabilidades e demais encaminhamentos para avaliar a oportunidade de melhorias quanto aos procedi-mentos a cargo das agências, no que tange à efetiva comprovação de recursos, controle do agendamento e execução das fiscalizações;

Elaborar Plano de Ação; e

Comunicar a Auditoria Interna para providências de acompanhamento.

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De acordo com o Plano de Providências encaminhado, as providências deveriam ser adotadas até 30/12/2015, entretanto, o banco não apresentou manifestação conclusiva acerca do assunto.

Assim, tendo em vista que as medidas permanecem pendentes de pleno atendimento, a CGU continuará o monitoramento até que seja demonstrada a efetiva implantação das melhorias no controle dos procedimentos de comprovação de aplicação de recursos e do controle do agen-damento e da execução das fiscalizações.

4.2.6 A análise feita pelo Banco visa mitigar possíveis riscos associados a con-tenciosos administrativos ou judiciais?

O objetivo da subquestão é verificar, por meio de análise documental, no caso de obras ci-vis financiadas, se o dossiê apresenta escritura comprovando a regularidade do terreno onde será implantado o empreendimento, Alvará ou licença para a execução da obra, Licença Ambiental ou sua inexigibilidade e se foi apresentada a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) da obra.

Figura 11 – Empreendimento: Hotel e Restaurante Nova Geração

Fonte: Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União.

Constatou-se que, em 13,33% dos empreendimentos, não havia no dossiê de crédito laudos ou pareceres que comprovem a fiscalização do BB quanto a verificação da documentação do objeto do contrato de financiamento.

Verificou-se que, para todos os dossiês de crédito analisados, 23,33% não apresentaram a ART, 20% não apresentaram Alvará ou licença para a execução da obra, 40% não apresentaram Licença Ambiental ou sua inexigibilidade, 30% não apresentaram comprovante da regularidade do terreno onde será implantado o empreendimento e 6,66% não apresentaram nenhum dos documentos de garantia acima citados.

Dessa forma, observou-se que o Banco do Brasil não adotou procedimentos no sentido de mitigar possíveis riscos associados a contenciosos administrativos ou judiciais nos empreendi-mentos financiados pelo FCO.

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Recomendou-se, portanto, ao Banco do Brasil rever os normativos e implementar ações com o objetivo de mitigar possíveis riscos associados a contenciosos administrativos ou judiciais.

Em resposta à recomendação efetuada pelo Relatório de Acompanhamento da Execução de Programa de Governo n° 04/2015, o banco gestor do FCO manifestou-se, mediante o docu-mento da Auditoria Interna – 2015/1003, conforme abaixo:

Esclarecemos que os normativos internos do Banco já preveem procedimentos detalhados, no que tange à exigência de documentação (a exemplo de responsabilidade técnica pela execução da obra, alvará, licenciamentos, dentre outros) para fins de mitigação de riscos de paralização de obras/empreendimentos, questionamentos administrativos por parte do Poder Executivo, bem como de situações que possam expor o Banco a riscos jurídicos em suas contratações.

A exigência documental está definida em função de variáveis como finalidade do crédito, garantias, e condição do proponente. Ademais, a segregação de funções adotada pelo Ban-co possibilita a verificação do cumprimento dessas exigências por instância desvinculada do negócio, em alinhamento às diretrizes da Lei Sarbanes-Oxley (SOX).

Portanto, não aceitamos totalmente a providência indicada por essa CGU.

Dada a manifestação apresentada, embora não tenha sido identificada a causa das falhas ob-servadas na fiscalização, verifica-se que o BB julga que a sistemática atual de controles internos preventivos e corretivos em relação aos possíveis riscos associados a contenciosos adminis-trativos ou judiciais são condizentes com os normativos do banco é suficiente para mitigar os riscos associados a contenciosos administrativos ou judiciais.

Com base nesse posicionamento, e considerando o fato que o banco responde integralmente pelos riscos das operações de crédito financiadas com recursos do FCO, a CGU entende que cumpriu o seu papel de alertar o gestor para as fragilidades constatadas, cabendo a ele a res-ponsabilidade de adotar medidas para a preservação do patrimônio do Banco do Brasil.

4.3 É dada transparência à sociedade de que os recursos do financiamento pertencem ao FCO?

Constatou-se que, em mais da metade dos empreendimentos visitados, não havia placa visí-vel alusiva ao financiamento do empreendimento com recursos provenientes do FCO, ou, quando havia, não estava em local visível ou estava fora das normas aprovadas pelo CONDEL/Sudeco.

Nesse sentido, pode-se concluir que não foi dada a devida transparência à sociedade do uso desses recursos públicos.

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4.3.1 No local do empreendimento há placas alusivas de que o recurso finan-ciado provém do FCO?

O objetivo da subquestão é verificar, mediante inspeção física, se havia placa no local do empreendimento informando que os recursos são oriundos do FCO.

Mediante fiscalização da CGU verificou-se que, em 40% dos empreendimentos fiscalizados, não foi encontrado qualquer placa que faça alusão ao financiamento do FCO; em 3,34% não foi encontrada placa alusiva ao financiamento do FCO, porém foi identificada outro objeto alusivo definido pelo Banco; em 13,33% dos empreendimentos, foram encontradas placas fora do padrão ou em lugar não visível, em desacordo com o estabelecido pelo Manual de Orientações para a Confecção e a Manutenção de Placa, Plaqueta ou Adesivo do FCO; e, em 43,33% dos empreendimentos, as placas estavam em local visível e de acordo com as normas.

Ressalte-se que, de acordo com os normativos internos do banco, a colocação da placa alusiva ao financiamento é condição para o desembolso das parcelas dos empreendimentos financiados.

Dessa forma, o descumprimento dessas normas, relativas à inclusão da placa alusiva ao FCO, compromete a publicidade e a transparência quanto à fonte de recursos dos financiamentos, dificultando o controle social da utilização dos recursos do FCO.

Recomendou-se, portanto, ao BB buscar alternativas no sentido de garantir o efetivo cumpri-mento do normativo referente à fixação de placas alusivas sobre a origem dos recursos aplica-dos nos empreendimentos financiados com recursos do FCO.

Figura 12 – Empreendimento: Manhattan Plaza Hotel

Fonte: Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União.

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Em resposta à recomendação emitida no Relatório de Acompanhamento da Execução de Pro-grama de Governo n° 04/2015, o agente operador alegou que a recomendação foi aceita total-mente, conforme detalhado no Plano de Providências anexado ao presente relatório.

No Plano de Providências encaminhado por meio do documento da Auditoria Interna – 2015/1003, constam três ações:

Reunir os intervenientes como objetivo de buscar alternativas para garantir o efetivo cum-primento do normativo referente à fixação de placa alusiva sobre a origem de recursos aplicados ao FCO Empresarial;

Elaborar Plano de Ação; e

Comunicar a Auditoria Interna para providências de acompanhamento.

De acordo com o Plano de Providências encaminhado, as providências deveriam ser adotadas até 30/11/2015, entretanto, o banco não apresentou manifestação conclusiva acerca do assunto.

Assim, tendo em vista que as medidas permanecem pendentes de pleno atendimento, a CGU con-tinuará o monitoramento até que seja demonstrada a efetiva implantação das melhorias no controle da prestação de contas à sociedade da origem e do uso dos recursos públicos oriundos do FCO.

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5. Conclusão

A presente avaliação teve por objeto de análise a atuação do Banco do Brasil na concessão de crédito, bem como na aplicação dos recursos concedidos aos mutuários tendo como foco o fomento ao desenvolvimento econômico e social da Região Centro-Oeste, a adequada gestão financeira dos recursos do FCO e a transparência à sociedade da aplicação desses recursos.

Dos exames realizados, concluiu-se que a concessão de financiamentos com recursos do FCO com foco no desenvolvimento do setor turístico regional contribuiu, dentro do contexto da realização da Copa do Mundo 2014, para fomentar o desenvolvimento econômico e social da região, mediante a ampliação e modernização do parque hoteleiro e de atrativos turísticos na Região Centro-Oeste.

Figura 13 – Empreendimento: Striker Pier Bowling

Fonte: Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União.

Entretanto, as fiscalizações da CGU constataram fragilidades na administração dos recursos do fundo, como por exemplo: a morosidade na aprovação das concessões de financiamentos e na liberação dos recursos, fragilidades nos estudos de viabilidade econômica e geração de emprego e renda, além de fragilidades nas inspeções físicas realizadas pelo Banco do Brasil que contribuíram para a ocorrência de inconformidades nos objetos realizados.

A fiscalização constatou, ainda, que o Banco do Brasil não adotou procedimentos no sentido de mitigar possíveis riscos associados a contenciosos administrativos ou judiciais em grande parte dos empreendimentos financiados pelo FCO.

Nesse sentido, pelos motivos acima expostos, verifica-se que o banco não adotou, nos empre-endimentos fiscalizados, medidas suficientes que proporcionem a adequada gestão financeira dos recursos provenientes do FCO.

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Por fim, constatou-se que, em mais da metade dos empreendimentos visitados, não havia placa visível alusiva ao financiamento do empreendimento com recursos provenientes do FCO, ou, quando havia, não estava em local visível ou estava fora das normas aprovadas pelo CONDEL/Sudeco. Nesse sentido, pode-se concluir que não foi dada a devida transparência à sociedade do uso desses recursos públicos.

Assim, a adoção de medidas recomendadas pela CGU, bem como outras julgadas cabíveis por parte do Banco do Brasil, se faz essencial para o aprimoramento da política pública avaliada.

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Anexo I – Recomendações estruturantes

Tendo em vista as constatações efetuadas pelas equipes de fiscalização da CGU e com a finalidade de contribuir diretamente para o aperfeiçoamento da gestão da política pública, recomendou-se ao Banco do Brasil, por meio do Relatório de Acompanhamento da Execução de Programa de Governo n° 04/2015, adotar várias providências.

Após a análise da manifestação apresentada pelo banco, reitera-se as seguintes providências, ainda pendentes de implementação:

1. Avaliar os processos de financiamento realizados, onde houve atrasos, com vistas a identificar as causas da morosidade na aprovação das concessões de financiamentos, a fim de que sejam adotadas medidas visando a aprovação dos projetos de financiamento com maior celeridade.

2. Revisar e aprimorar os normativos de modo que sejam efetivamente realizadas as análises de viabilidade econômico-financeira dos projetos, bem como avaliar a implementação de me-canismos visando priorizar, nas suas avaliações para as concessões de crédito, o potencial de desenvolvimento socioeconômico gerado pelo empreendimento, incluindo a geração de em-pregos diretos e indiretos.

3. Avaliar a oportunidade de efetuar melhorias no controle dos procedimentos a cargo das agências, no que tange à efetiva comprovação de recursos e controle do agendamento e exe-cução das fiscalizações.

4. Buscar alternativas no sentido de garantir o efetivo cumprimento do normativo referente à fixação de placas alusivas sobre a origem dos recursos aplicados nos empreendimentos finan-ciados com recursos do FCO.

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Anexo II – Relatórios de fiscalização

Os seguintes Relatórios de Fiscalização referente às fiscalizações realizadas pela CGU, no âmbito do Acompanhamento da Execução de Programas de Governo – AEPG FCO COPA 2014, acerca da aplicação dos recursos do Fundo Constitucional do Centro-Oeste – FCO, fo-ram encaminhados ao Banco do Brasil, em meio digital:

Quadro 2: Relatórios de fiscalização

RELATÓRIO CIDADE UF EMPREENDIMENTO

201407449 Trindade GO Hotel Bom Jesus

201407448 Trindade GO Hotel Bom Jesus

201407447 Trindade GO Hotel Bom Jesus

201407446 Itumbiara GO Itumbiara Palace Hotel

201407445 Itumbiara GO Itumbiara Palace Hotel

201407444 Itumbiara GO Itumbiara Palace Hotel

201407442 Goiânia GO Emporio Saccaria

201407441 Goiânia GO Emporio Saccaria

201407440 Goiânia GO Emporio Saccaria

201407439 Goiânia GO Fabbrica di Pizza

201407438 Goiânia GO Fabbrica di Pizza

201407437 Goiânia GO Fabbrica di Pizza

201407435 Anápolis GO Hotel Naoum Express Anápolis

201407434 Anápolis GO Hotel Naoum Express Anápolis

201407433 Anápolis GO Hotel Naoum Express Anápolis

201407432 Aparecida de Goiânia GO Hotel Seibt

201407430 Aparecida de Goiânia GO Hotel Seibt

201407429 Aparecida de Goiânia GO Hotel Seibt

201407428 Goiânia GO Condor

201407427 Goiânia GO Condor

201407426 Goiânia GO Condor

201407425 Goiânia GO Ícone Hotel

201407423 Goiânia GO Ícone Hotel

201407422 Goiânia GO Ícone Hotel

201407418 Goiânia GO Brasil Vida Táxi Aéreo

201407416 Goiânia GO Brasil Vida Táxi Aéreo

201407415 Goiânia GO Brasil Vida Táxi Aéreo

201407414 Goiânia GO Alphapark Hotel

201407413 Goiânia GO Alphapark Hotel

201407412 Goiânia GO Alphapark Hotel

201407409 Fátima do Sul MS Tago Palace Hotel

201407407 Fátima do Sul MS Tago Palace Hotel

51

201407406 Fátima do Sul MS Tago Palace Hotel

201407405 Brasília DF Striker Pier Bowling

201407404 Brasília DF Striker Pier Bowling

201407403 Brasília DF Striker Pier Bowling

201407401 Brasília DF Hotel do Aeroporto Internacional de Brasília

201407400 Brasília DF Hotel do Aeroporto Internacional de Brasília

201407398 Brasília DF Hotel do Aeroporto Internacional de Brasília

201407397 Santo Antônio do Descoberto GO Point da Pesca

201407396 Santo Antônio do Descoberto GO Point da Pesca

201407395 Santo Antônio do Descoberto GO Point da Pesca

201407390 Campo Novo do Parecis MT Oriente Hotel

201407389 Campo Novo do Parecis MT Oriente Hotel

201407388 Campo Novo do Parecis MT Oriente Hotel

201407387 Brasília DF Manhattan Plaza Hotel

201407386 Brasília DF Manhattan Plaza Hotel

201407385 Brasília DF Manhattan Plaza Hotel

201407384 Cuiabá MT Serra Restaurante

201407383 Cuiabá MT Serra Restaurante

201407382 Cuiabá MT Serra Restaurante

201407381 Várzea Grande MT Hotel Tainá

201407380 Várzea Grande MT Hotel Tainá

201407379 Várzea Grande MT Hotel Tainá

201407378 Juti MS Hotel Restaurante Nova Geração

201407377 Juti MS Hotel Restaurante Nova Geração

201407376 Juti MS Hotel Restaurante Nova Geração

201407375 Várzea Grande MT Hotel Portal da Amazônia

201407373 Várzea Grande MT Hotel Portal da Amazônia

201407372 Várzea Grande MT Hotel Portal da Amazônia

201407371 Campo Grande MS Hotel Mohave

201407370 Campo Grande MS Hotel Mohave

201407369 Campo Grande MS Hotel Mohave

201407368 Cuiabá MT Hotel Gran Odara

201407367 Cuiabá MT Hotel Gran Odara

201407366 Cuiabá MT Hotel Gran Odara

201407365 Brasília DF Villa Velluti

201407364 Brasília DF Villa Velluti

201407363 Brasília DF Villa Velluti

201407360 Cuiabá MT Getullio Park Hotel

201407359 Cuiabá MT Getullio Park Hotel

201407358 Cuiabá MT Getullio Park Hotel

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201407356 Cuiabá MT Delcas Hotel

201407355 Cuiabá MT Delcas Hotel

201407354 Cuiabá MT Delcas Hotel

201407350 Rio Quente GO Thermas do Rio Quente

201407349 Rio Quente GO Thermas do Rio Quente

201407348 Rio Quente GO Thermas do Rio Quente

201407347 Cáceres MT Alligators Park

201407346 Cáceres MT Alligators Park

201407345 Cáceres MT Alligators Park

201407344 Goiânia GO Hotel Ônix Residence Bueno

201407343 Goiânia GO Hotel Ônix Residence Bueno

201407342 Goiânia GO Hotel Ônix Residence Bueno

201407341 Brasília DF Brasília Empreendimentos

201407340 Brasília DF Brasília Empreendimentos

201407320 Brasília DF Brasília Empreendimentos

201407309 Cuiabá MT Alphaville Buffet

201407308 Cuiabá MT Alphaville Buffet

201407289 Cuiabá MT Alphaville Buffet

Fonte: Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União.