reprodução de pirarucu em cativeiro

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  • 8/19/2019 Reprodução de Pirarucu Em Cativeiro

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    em Cativeiro

    Projeto Estruturante do Pirarucu da Amazônia

    Manual de Boas Práticas de

    Porto Velho | Novembro 2010

    e Cultivo do Pirarucu

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    Porto Velho | Novembro 2010

    em Cativeiro

    Projeto Estruturante do Pirarucu da Amazônia

    Manual de Boas Práticas de

    e Cultivo do Pirarucu

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    Copyright © 2010 by Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas EmpresasTodos os direi os reservados – É permi ida a reprodução

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    A reprodução controlada e a produção de juvenis saudáveis são fundamentais para viabilização de qualquer indústria que temcomo objetivo produzir uma espécie animalem cativeiro. No caso do pirarucu, espéciecom grande potencial reconhecido paradesenvolvimento de uma nova indústria,cou claro que a produção de alevinos dequalidade era o entrave principal na produçãoem escala desse animal. O pirarucu continuasendo reconhecido pelo IBAMA como espécieameaçada. A pressão da pesca de peixesadultos, devido ao valor da carne de pirarucu,é constante. Uma procura crescente e ofertalimitada de alevinos agravam mais ainda oproblema de captura ilegal de animais silvestresda natureza. Alevinos também são vendidoscom alto custo. Infelizmente, sofrem alto índicede mortalidade. A situação pede melhoras comcerta urgência. A produção de pirarucu paraconsumo em cativeiro, com alevinos necessáriosproduzidos em cativeiro, é a maneira lógica esustentável para resolver o problema.Informação e entendimento sobre a biologia e ocomportamento dessa espécie ainda não foramadequados para viabilizar a industrializaçãode sua produção em cativeiro. Devido a essaurgência para comercialização de carne depirarucu, a tecnologia sobre sua reprodução emcativeiro teve que começar com a aprendizagem básica sobre o comportamento e o históriconatural do pirarucu.

    Durante a última década, a proposta deconhecer melhor esse animal e desenvolvertécnicas úteis e práticas para viabilizar aprodução em cativeiro dessa espécie vemsendo o objetivo do prossional especialistaem aquicultura, Martin ichard Halverson. Astécnicas utilizadas pelo autor para entendermelhor o comportamento reprodutivo dopirarucu foram baseadas no estudo cientíco decomportamento de animais silvestres, a etologia.

    Todos os comportamentos possíveis dos animaisestudados são catalogados para análise dos seussignicados. Este registro dos comportamentoscontinua sendo complementado e reavaliado atéhoje. Muitas observações e aprendizagens forampossíveis devido a oportunidades de observar opirarucu de perto, sem ser visto pelos animais.Citando um exemplo, para observar detalhes deuma fêmea chocando seus ovos no seu ninho,é necessário chegar perto e permanecer emsilêncio por horas. Assim foi observado que ospeixes utilizam um sistema de comunicaçãosonoro. Foi possível ver e ouvir a chamada, atésentindo as vibrações transmitidas pela terra,o som feito por um movimento brusco da suacauda. Esta chamada provocou o macho vir ecar no lugar da fêmea enquanto ela subiu pararespirar.

    As experiências trabalhando com reprodução,alevinagem e engorda de várias espécies depeixe em cativeiro, lições aprendidas emlaboratórios de reprodução de tilápia e channelcatsh, assim como de outras espécies, foramfundamentais para poder enxergar e entender osignicado dos comportamentos envolvidos nareprodução do pirarucu. Hoje, sabemos que areprodução de pirarucu tem muito em comumcom a reprodução dessas duas espécies acimacitadas. É de grande importância agradecer aalgumas pessoas que se dedicaram em trabalharcom pirarucu e ofereceram oportunidadespara aprender junto com eles: Paulo TeodoroOliveira, Jaime Brum, Jacob Kehdi, João

    oberto Garcia, Eduardo Ono, ÂngeloCoutinho, Elthon Lago e João Menandro Fair. Agradecimento especial a oberta Figueiredodo SEBRE/ O pela sua visão e dedicaçãono caso do pirarucu e a todos os envolvidos noProjeto Estruturante do Pirarucu da Amazôniado SEBRE.

    Reprodução de PirarucuIntrodução

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    As tentativas de estabelecer produção em escalacomercial de pirarucu em cativeiro, em geral,encontraram diculdades e, até agora, nãoexiste uma indústria bem-sucedida produzindoessa espécie em cativeiro. Apesar do fato deque alevinos de pirarucu foram produzidosem cativeiro durante a década de 1950, porum grupo de biólogos que trabalhou dentrodo projeto federal do DNOCS no Ceará (1), aprodução comercial de pirarucu em cativeironão deslanchou. Naquela época, não existiatecnologia adequada, muito menos elementosde uma cadeia produtiva de piscicultura paraestimular e sustentar uma indústria produzindoesse peixe em cativeiro. Alevinos produzidosdentro do projeto do DNOCS foram soltosem lagoas e reservatórios para controlar umapopulação indesejável de piranhas, ondesobreviveram e cresceram bem até que todosforam eliminados por pescadores. Devidoà disponibilidade limitada, alevinos depirarucu sempre foram caros. Frequentementecapturados da natureza e geralmente de baixaqualidade, apresentando enfermidades variadas,como verminose e parasitos protozoáriosnas brânquias, mostrando-se malnutridos emalpreparados para entrar em engordas, nãotiveram muita chance de sobreviver em cativeiro.Produtores enfrentando estas diculdadesgeralmente caram desanimados com asexperiências com pirarucu.

    Na natureza, peixes adultos cuidam dos lhotesconstantemente durante os primeiros mesesde vida, protegendo-os de um grande lequede predadores nativos da Bacia Amazônica.Mesmo com este cuidado, peixes pequenossão vulneráveis aos insetos, pássaros, peixes,tartarugas, cobras, jacarés e até outros pirarucus.

    eservatórios utilizados em sistemas extensivosde cultivo ao redor da egião Norte do Brasilacabam formando ecossistemas ricos em fauna,incluindo estes predadores capazes de comer

    pirarucu. Sem a proteção dos pais, muitospeixes pequenos estocados nesses reservatóriossumiram. A não realização de práticas demanejo apropriadas em geral dicultou astentativas de cultivo intensivo dessa espécieem cativeiro. ações adequadas para peixescarnívoros somente apareceram no mercado brasileiro em anos recentes, com interessecrescente no cultivo comercial de outrasespécies carnívoras nativas, como o pintado eoutras espécies de peixes marinhos.

    Estratégias extensivas que funcionaram melhorenvolviam estocagem de alevinos maiores emreservatórios junto com peixes forrageiros.Nesta situação, pirarucus crescem rapidamente,alcançando maturidade sexual em 4 ou 5 anosquando pesam de 50 a 100 kg. Apesar dasdiculdades citadas, principalmente durantea última década, a produção de pirarucu vem aumentando, resultando em estoquessignicativos de peixes em cativeiro. Comoos pirarucus reproduzem naturalmente emreservatórios, que apresentam condiçõesparecidas com seu ambiente natural, alevinosproduzidos extensivamente em reservatórios viraram a primeira geração de pirarucuproduzido em cativeiro. Existem peixeshoje em cativeiro varias gerações removidasdos seus ancestres selvagens. Esses peixesservem hoje como base genética de uma novaindústria. Produtores que controlaram melhora reprodução desses animais ganharam maisexperiência com pirarucu, repassando suaprodução limitada de alevinos para outrosprodutores, e aumentando mais ainda osestoques e alimentando o interesse no pirarucu.

    Histórico da Produção de Pirarucuem Cativeiro

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    Anos de observação de pirarucu em cativeiro vêm trazendo maior conhecimento do processoreprodutivo da espécie. Experimentação emanipulação dentro do ambiente de cativeiroforam fundamentais na identicação dos fatores-chaves que estimulam a reprodução do pirarucu.Trabalhos com pesquisa e desenvolvimentorealizados dentro do setor privado, incluindo apiscicultura Só Peixes da Amazônia em PimentaBueno, ondônia, vêm mostrando resultadosanimadores. Hoje, a reprodução de pirarucu emcativeiro é bem mais previsível, sendo já umarealidade a produção em escala de alevinos dealta qualidade. Alevinos de qualidade utilizadosem projetos de engorda de pirarucu mostraramclaramente a sua importância, com crescimentorápido, conversão alimentar boa, uniformidadede tamanho e alta taxa de sobrevivência emsistemas tradicionais de cultivo, criando assimuma nova realidade para a longa espera daindústria de criação de pirarucu em cativeiro.

    Com fornecimento seguro de alevinos dequalidade, surgiu a oportunidade para amontagem de testes a campo com diferentesrações, sistemas produtivos e estratégiasde engorda. Análise dos resultados destasexperiências em “unidades de observação”serve para indicar boas práticas para engorda depirarucu. Ao longo dos últimos três anos, estestrabalhos com reprodução e engordas foramrealizados dentro doProjeto Estruturante daPirarucu da Amazôniado Sebrae.

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    Em seu ambiente natural, durante a época de chuva, o pirarucu explora as áreas alagadas da Bacia Amazônica, nadando tranquilamente no meio da vegetação em busca de comida. Mostrandogrande exibilidade no seu comportamento alimentar, esse peixe possui uma boca enorme queproduz uma sucção explosiva, sendo possível ouvir o momento da captura de peixes, cardumes decamarão ou outros pequenos animais de longas distâncias. O pirarucu também é capaz de ltrarorganismos pequenos da água utilizando seus “rastros branquiais”.

    Estruturada CavidadeOral doPirarucu

    Lagos marginais do Rio Araguaia

    Quando faltam alimentos preferidos, o peixe separa crustáceos, moluscos e outros organismos

    bênticos do substrato. Aparentemente sua língua óssea ajuda quebrar alimentos como moluscos oucrustáceos.Na época da seca, as águas que alagaram o mato voltam para os rios. Os pirarucus evitam os canaiprincipais dos rios, preferindo permanecer em lagos marginais

    Pirarucu em seu Ambiente Natural

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    O nível de água desses lagos diminui durantea seca, podendo secar completamente. Ospirarucus estão entre as poucas criaturas quesobrevivem nesses lagos no nal da época seca, econsomem todos os organismos que são capazesde engolir. Sua tolerância de adensamento e baixa qualidade de água são expressões de suacapacidade genética adaptada para sobreviversob essas condições difíceis.O início da época chuvosa sinaliza o cicloreprodutivo do pirarucu, repleto com seusrituais misteriosos denidos durante centenasde milhões de anos de existência. Sua coloraçãonormal, que varia entre marrom, castanho ouesverdeada, e depende da coloração da águaonde se encontra, toma detalhes de vermelhointensicado na lateral dos animais.

    Casal de Pirarucu fora da época de reprodução.

    Macho forada Época deReprodução.

    Macho Durantea Época deReprodução.

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    Tranqüilos em compartilhar espaço com outrospirarucus antes das chuvas, agora pancadas barulhentas das caudas perturbam o reino dopirarucu. Dirigidos por hormônios uindo emresposta às chuvas, machos e fêmeas entram emlutas agressivas para mostrar quais são os maisfortes. Passam dias ou até semanas denindo edefendendo territórios. As chuvas continuam,os hormônios aumentam, e encontros de gruposde peixes agora são motivos para mostrarem-seconcorrentes, exibindo uma dança elaborada.De alguma forma, somente quem pertence asua espécie entende a superioridade dessasdemonstrações, acabando por denir quaisanimais se acasalam, e nesse contexto, ganharãodireitos reprodutivos. Pares monogâmicosformados desses peixes dominantes, os “casaisalfas” começam a nadar juntos, procurandolocais aptos dentro dos seus territóriosrespectivos para escavar seu ninho. Através deobservações de peixes reproduzindo em lagosnatural e em cativeiro, acredita-se que o númerode casais podendo se formar é limitado pelaárea. As chuvas aumentam as áreas alagadas, juntandolagos pequeno e expondo áreas novas aptaspara construção de ninhos. Assim, outrospeixes acabam formando casais e reproduzindosomente depois dos peixes dominantes. Aqualidade da água desses lagos no início daépoca da chuva ainda não é boa, frequentementesendo inadequada para sobrevivência de ovosou larvas, que requerem níveis de oxigêniodissolvido bem mais altos do que os adultos.Quando a água da chuva começa a aumentaro volume dos lagos, as condições melhoram. Acredita-se que os peixes dominantes,que reproduzem antes do que os outros,ganham uma vantagem distinta em termos daprobabilidade de sobrevivência de suas proles.

    Alagamento da Floresta Amazônica, com suacama rica em matéria orgânica e vegetação,fornece material abundante para sustentar“blooms” de plâncton e outros organismosaquáticos, que são alimentos de lhotes depirarucu. Foi observado em cativeiro quealevinos de pirarucu mais velhos e maiores

    comem alevinos menores. Em um mundo cheiode predadores, idade e tamanho são atributosimportantes, principalmente para lhotes. Paresdominantes reproduzem antes dos outros, bem quando a qualidade de água e a fonte dealimentos estão cando adequadas, conferindomaior sobrevivência.

    O casal defende seu território e escolhe um localem solo rme em que o macho escava com sua boca um ninho circular de aproximadamente40 cm de diâmetro, com centro mais fundode uns 20 cm. Fêmeas depositam ovos verdes,relativamente grandes com +/- 2,5 mm dediâmetro. Os ovos sentam no centro do ninho,onde o macho os fecunda. Os ovos aderentesformam uma massa circular e coesiva (vejaFotos), não por coincidência sendo exatamenteo tamanho e o formato da boca do macho, fatorelevante no momento em que aparece umaameaça, pois o macho coloca a massa inteiraem sua boca, levando-a para outro lugar seguro.

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    A fêmea é guardiã principal do ninho,parando com sua cabeça em cima do ninhoe movimentando a água sobre o ninho comsuas nadadeiras peitorais. Uma fêmea é capazde permanecer no ninho até 45 minutossem subir para respirar. O macho a substitui

    momentaneamente enquanto ela sobe pararespirar. Ele vigia o perímetro em volta doninho, geralmente de 5 a 10 metros da fêmea.Normalmente, os pais não se alimentam duranteesse período. O macho respira com maisfrequência, pois gasta mais energia. Caso umpredador se aproxime ou alguma outra ameaçaseja percebida, o macho é capaz de catar a massa

    de ovos do ninho em um instante, levando-os na boca. Ele pode devolver os ovos para oninho logo em seguida, ou levá-los para outroninho escavado por perto. Também é capazde manter os ovos (ou larvas) na boca por umtempo maior, até a hora da eclosão ou mesmo

    após elas. Os ovos demoram +/- cinco dias paraeclodir, e as larvas (veja Foto) permanecemmais quatro dias até que quem prontas parasair nadando do ninho, acompanhadas pelo pai.Sem intervenção pelo pai, o processo inteiro deuns nove dias acontece dentro do ninho.Larvas saiem do ninho e sobem pela primeira vez, acompanhadas pelo macho. Ele agora tem

    Massa de ovos deuma desova.

    Ovos de Pirarucu fecundados.

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    uma cor preta, transformação que acontecesomente no nal da incubação da prole. Formauma bela coloração o vermelho brilhante sobreo preto. As larvas de um cm de comprimento,agora são escuras também, ainda com umamancha verde na barriga o último vestígio dosaco vitelino. Formam uma “nuvem” preta,abrindo e fechando, nadando lentamente pertoda cabeça do pai em busca de alimento. Ainvasão das águas alagando a oresta e sua camade vegetação garantem produção de plâncton. Éa fêmea agora que vigia o perímetro, espantandopossíveis predadores. Assim a família nada pelaoresta alagada, mantendo o contato íntimoentre pai e lhotes durante o primeiro mês, epermanecendo juntos até dois meses. Os lhotescrescem rapidamente, nunca deixando de ltraro plâncton, mas fazendo a transição para outrosalimentos maiores, incluindo larvas, insetos,crustáceos e peixes pequenos.

    Teoricamente, mais de 40.000 ovos poderiamser coletados em uma única desova. Fêmeasadultas desovam perto de 200 ovos por kg do

    seu peso, e existem fêmeas de mais de 200 kg.De outra forma, uma desova pesando 1.000 gteria 45.000 ovos, sendo que são +/- 45 ovoshidratados por grama, existindo relatos dedesovas deste tamanho. Fêmeas desovam atésete vezes por ano. Fazendo as contas, pareceser possível produzir até 300.000 ovos de umafêmea em um ano. Ainda não chegamos pertodeste nível de produção, mas esses resultados

    mostram um potencial bem animador.

    A realidade da produtividade de alevinos é bem inferior o seu potencial. Utilizando umaestratégia semi-extensivo, em tanques decativeiro com controle de qualidade de água ede predadores, uma única desova tipicamenteproduz de 1.000 a 4.000 alevinos pequenos de

    Apesar dos cuidados constantes dos pais, osnúmeros vêm diminuindo diariamente devido aataques de predadores. Pescadores tipicamentecapturam de 50 a 500 alevinos de 7 a 10 cm deuma desova na natureza.

    *Enquanto a literatura sugere que a língua ósseado pirarucu deve servir para segurar ou esmagarpresas, possivelmente esse órgão curioso éutilizado para segurar a massa de ovos. A massade ovos é lisa e delicada. espiração aérea domacho enquanto segura uma massa de ovosseria difícil sem a engolir ou perdê-los. A línguaáspera do pirarucu provavelmente serve parasegurar uma massa de ovos, principalmentedurante a respiração.

    5 cm. Intervenção antecipada de um processoprodutivo em que ovos ou larvas são tiradosdiretamente da proteção dos pais, parecido

    com as práticas utilizadas com tilápia e catsh,aumenta signicativamente a renda. Captura delarvas recém-eclodidas do ninho já rendeu até12.000 larvas. Desovas de mais de 20.000 ovos já foram capturadas. Uma das consequênciasinteressantes da remoção antecipada de ovose larvas é de que o casal volta a desovar depoisda remoção da sua prole, sendo possível umadesova em média a cada 21 dias. Com coletas

    de rotina, um casal desova até sete vezes em umano, num período de cinco meses. A incubaçãode ovos em laboratório demonstrou eclosão de70%.

    Enquanto todo isso é positivo, varias fatoresatrapalham realização de produção maissucedida, mesmo com orientação técnica

    Reprodução em CativeiroPotencial Produtividade

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    e estratégia bem planejada. Planteis dereprodutores geralmente incluem peixes quenão cresceram perto do seu potencial, devidofalta de comida. Enquanto um peixe de cincoanos poderia pesar mais de 100 kg, muitas vezes não chegam perto disso. Não podemosesperar produção positiva de reprodutoras malnutridas. Muitos potenciais reprodutores foramcomprados em lotes pequenos de alevinos,e são de fato irmãos. Não podemos esperar bons resultados cruzando irmãos. Estruturase recursos físicos inadequadas não ofereçamcondições ótimas para reprodução e produçãode alevinos. Falta de experiência dicultaaplicação de boas práticas de manejo. Comotimização da tecnologia disponível, atualmenteprodutores dedicados poderiam esperar umaprodutividade de 10.000 alevinos (ou mais) porfêmea adulta por ano. Eventualmente podemosesperar produção de até 50.000 alevinos porfêmea por ano.

    Experiências com manejos de reprodutoresde pirarucu em cativeiro, com o objetivo deestimular sua reprodução, mostraram resultados

    de todas as formas. As que não funcionarame ensinaram como não fazer e os acertos queindicaram quando estávamos no caminhocerto. Estas “pesquisas práticas” sempre forammontadas com o objetivo de desenvolverestratégias que produzirão resultados positivose reproduzíveis. Quando começaramacontecer muitas desovas, abriu-se uma grandeoportunidade para aprender rapidamente em

    como lidar com a larvicultura, alevinagem etreinamento alimentar em escala.

    A pressão de ter dezenas de milhares de larvasde pirarucu de repente entrando no laboratóriode uma vez forçou a procura de técnicas maisecientes e convenientes. A consolidação docorpo de informação relacionado à reprodução

    de pirarucu em cativeiro, fez com que hojeexista uma tecnologia apropriada para produçãoeconômica de alevinos de pirarucu de qualidade

    e em quantidades necessárias para deslancharuma indústria. Produtores seguindo essasrecomendações terão as ferramentas necessáriaspara produzir alevinos de pirarucu com êxito,evitando problemas maiores, e participandono início de uma atividade ainda inovadorae excitante. Procurar novas descobertas emelhorar a base tecnológica existente é desaoque unica todos os participantes dessa

    atividade. Bom serviço e boa sorte para todos!

    Pesquisa Pratica com Êxito

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    Captura e transporte de pirarucu sempreforam arriscados. As histórias sobre tentativasde capturar e transportar pirarucus grandes,relata uma grande incidência de mortalidadede peixes e pessoas machucadas. Peixes adultossão grandes, com força explosiva, capazes demachucar eles próprios ou as pessoas queresolvem manuseá-los. Sendo respiradores de ar,correm risco de afogamento durante o manejodentro da água. Equipamentos adequados,equipes de cinco ou mais pessoas experientese fortes e uma boa estratégia são importantesferramentas na hora de capturar e transportarpirarucu.

    Em geral, deveriam ser observadas as seguintes orientações na captura e manejo de pirarucusgrandes:

    - Utilização de equipamentos adequados, incluindo rede resistente, macas e tanques de transporte.- Tentar capturar um ou poucos peixes na rede, removendo os peixes imediatamente da água.- Trabalhar em águas rasas.- Colocar peixes dentro de “macas” para transporte fora da água, de um tanque para outro ou até umtanque de transporte.Os animais são bem resistentes. Em ondônia, um grupo de 65 peixes adultos foi capturadoem vários locais e transportado até a piscicultura Só Peixes da Amazônia sem perder um únicoexemplar. Durante três anos de manejo desse plantel, mudando peixes de um tanque para outro,

    não houve uma única mortalidade, nem um acidente com funcionários requerendo atendimentomédico.

    Redes devem ser altas (cinco ou seismetros), pois assim a rede acaba formandouma bolsa, que diculta fuga por cima ou por baixo. Pirarucus grandes geralmente saltamquando sentem que estão presos e a área darede ca apertada. edes equipadas com bolsaadicional construído no fundo fazem com queos peixes demorem mais para saltar, dando maistempo para fechar a rede antes da inevitável

    tentativa explosiva a fugir. O comprimentonecessário dependerá do tamanho dos tanquesutilizados. edes devem ser fabricadas de linha bem resistente. Serve linha multi-lamentade 210-096, ou parecida. Malhas de 25 a 50mm são mais apropriadas. edes de alevinosnão são adequadas, pois malhas menores não vêm com linhas muito resistentes. edes querasgam durante a captura raspam a pele dos

    Estratégias de Manejo de Reprodutores

    Equipamentos e como utilizá-los:

    Cuidados com manejo de peixes adultos:

    Captura de Reprodutor com Rede de Arrasto(2 peixes na rede)

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    peixes, machucando-os. Estresse de captura já é signicativo para os peixes. Passando peloprocesso repetidamente pode ser insuportável.Puxando e fechando a rede rapidamente acelerao processo da captura, diminuindo risco de

    acidentes.

    Macasservem para carregar peixesmanualmente fora da água

    A maca deve ser fabricada de material lisopara não machucar o animal e resistente paranão permitir queda de peixes. O Transporteé realizado sem água. Saídas de água (cortespequenos ou telas) no fundo da maca sãoimportantes para drenagem rápida de água

    da mesma. A maca fechada deve car escura,deixando os peixes mais tranqüilos. Devem serde aproximadamente 2 a 2,5 m de comprimento,60 cm de altura e 60 cm de largura. Um pano delona resistente de 2,5m x 1,8 m, com dois painéisde 60 cm x 60 cm costurados e arrendadospara fechar os fundos servem para fabricar umamaca. Cabos de corda ou madeira podem serutilizados. Os peixes são colocados dentro das

    macas com a barriga para baixo. A aberturasuperior deve ser mantida fechada para evitarque os peixes escapem. Quatro a seis pessoassão necessárias para carregar um peixe adultocom segurança. Os animais devem sair da macapela frente, deslizando pela barriga até entrar naágua do tanque recipiente. É bom trabalhar com várias macas e equipe adequada no manejo de vários peixes.

    Transporte Adequado para Pirarucu (TAP)é tanque simples, pequeno e portátil paratransporte de um indivíduo adulto. Fabricadode lona, suspenso em armação de ferro, otanque ca em cima de caminhões ou outros veículos (veja Foto). Com espaço mínimopara se mexer, e sem material rígido ou áspero

    exposto no interior do tanque, pirarucu nãotem como se machucar. Dimensões do tanquedevem ser de aproximadamente 2,5m decomprimento x 70cm de largura (medida deabertura da armação de ferro superior) x 90cm de altura. Tanques podem ser maiores ou

    menores dependendo do tamanho dos peixes.Importante é que o peixe não que com a caudadobrada, nem com muito espaço livre, podendo virar. Material deve ser lona resistente, liso eimpermeável para segurar água. Tanques maisresistentes podem ser fabricados utilizando duascamadas de lonas - uma interior de materialplasticado e liso e uma exterior de material bem resistente.

    enovação de água para manter água limpaé necessário. Aeração não é necessário. Umpano de rede amarrada por cima evita qualquerpossibilidade em pular fora. Tanques deveriamser posicionados perpendiculares à direção demovimento do veículo.

    Carregando Peixe Grande em Maca

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    Assim os tanques balançam, sem sair água deles. Deve encher para manter 20 cm de borda livre,cobrindo completamente o peixe com água, sem que a barriga do peixe encoste-se ao fundo dotanque.

    Peixes agüentam viagens longas com esse sistema de transporte. Peixes são removidos do TAP coma maca, sendo necessário colocar a maca dentro do TAP e o peixe dentro da maca, erguendo a macapara escoar água antes de remover o peixe.

    A CapturaPlanejamento para a captura e transporte

    de peixes grandes é importante, sendonecessário providenciar todos os equipamentosnecessários, equipe de trabalho e hora previstado serviço. Não se deve capturar pirarucusquando a temperatura da água é menos de23 graus C, nem acima de 32 graus C, sendoaconselhável trabalhar de amanha durante osmeses mais quentes.

    Abaixar o nível do tanque de onde vairetirar os peixes na preparação da captura éimportante. Em águas de mais de um metro deprofundidade, pirarucus podem saltar e atingiras pessoas no tórax, no pescoço ou na cabeça,sendo potencialmente letal. eduzir a áreado tanque facilita a visualização dos peixes emelhora a eciência da captura.

    - Deve se passar rede de arrasto em áreas livresde obstáculos. Desenroscar uma rede presaem toco ou outro objeto xo é extremamenteperigoso com pirarucus grandes dentro darede. Peixes assustados podem se machucargravemente ao bater em objetos sólidos também.

    - Nunca se deve deixar os pescadores carematrás da rede. Os peixes “atacam” a rede comforça. Também não devem entrar na rede,principalmente quando a rede está em processonal de fechamento.

    - A melhor posição das pessoas na hora defechar uma rede com pirarucu grande é nas duaspontas da rede e totalmente fora da água.

    Captura de Pirarucu com Rede de Arrastocom Água Baixa

    Fechando Rede de Arrasto com Segurança

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    - Tentar capturar um ou poucos peixes em cadafechamento da rede. Peixes não removidosimediatos da rede precisam de espaço para semanter em posição normal para não sofrer riscode afogamento.

    - É quase impossível segurar um peixe adultodentro da água com as mãos. São fortes e lisos.Podem ser removidos da água com um puçá(veja seqüência de fotos), com uma rede (dedormir) ou colocando-o diretamente na maca.Um problema comum é que falta pessoal parasegurar a rede e também retirar os peixes.

    - Uma técnica boa para realizar a captura éremover peixes da água com a própria rede,colocando o peixe no chão, com a barriga para baixo. É possível remover dois peixes adultoscom essa técnica, com seis pessoas fortes, desdeque não tenha barranco alto. Com mais de doispeixes na rede, precisa de mais pessoas pararemover os peixes e colocar rapidamente emmacas.

    -Tanques com “praias”, ou saídas com declivessuaves facilitam as despescas. Terras bemgramadas são mais macias para acolchoar peixesno chão. Um colchão velho é excelente paraproteger os peixes durante manejos.

    Captura de Peixe com Puçá

    Colocando Peixe na Maca

    Tirando Peixe da Água com Própria Rede

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    - Tanques com “praias”, ou saídas com declives suaves facilitam as despescas. Terras bem gramadasão mais macias para acolchoar peixes no chão. Um colchão velho é excelente para proteger ospeixes durante manejos.

    - Geralmente pirarucus não mordem fora da água. A cauda é perigosa! Os peixes batem muito fortlateralmente com a cauda enquanto sentados de barriga para baixo, podendo quebrar pernas. Umapessoa deve segurar a cabeça, sentando em cima do animal, com a cabeça do peixe entre as pernasOs peixes respiram fora ou dentro da água, da mesma maneira; levantando a cabeça, exalandopelo opérculo, e abrindo a boca para inalar. A pessoa segurando a cabeça não deve atrapalhar essemovimento. Uma pessoa encostada de cada lado do centro do animal segura seus movimentos, semcar exposta a cauda. Peixes deitados de lado podem pular e se machucar. É importante manter ospeixes de barriga para baixo.

    Tudo indica que é importante alimentar bemos reprodutores. Precisam ser bem nutridospara produzir ovos e larvas de qualidade e em

    quantidade. Como o potencial produtivo de cadafêmea dependerá do tamanho dela, o crescimentoé importante. Sendo animais carnívoros, preferemcomer peixes frescos ou vivos. Pirarucus emcativeiro aprendem rapidamente a car esperandocomida quando tratados sempre no mesmolocal. “Domesticando” peixes a comer na mão éinteressante, pois a falta de interesse pela comida ésinal que estão mais interessados em reproduzir do

    que em comer. Preferem comer peixes pequenos, oupedaços de peixes maiores. Peixes ou pedaços de 200-300 g são ideais. É possível tratar reprodutores comração, desde que a ração seja para peixes carnívoros, ede alta qualidade. Geralmente rações comerciais têmtamanho de “pellets” aquém do tamanho adequadopara peixes grandes, e acaba sobrando. Qualidadede água é importante em tanques de reprodução,principalmente durante a época de reprodução, eevitar sobras de alimentos é fundamental. Umaprática utilizada por vários produtores é de misturarração comercial com peixe moído, formando bolas.Dicilmente existe uma ração com qualidadenutricional igual a um peixe vivo. Custos de produçãopodem ser determinantes na hora de resolvera questão do alimento mais adequado para osreprodutores. Estocagem de peixes forrageiros vivos, juntos com reprodutores é interessante do ponto de

    vista nutricional. Problema com essa prática é quepeixes forrageiros podem ser ameaças aos ovos oulhotes de pirarucu. Uso de ração e peixes forrageiro

    é interessante com grupos de peixes juvenis, sendoalimentados como reprodutores futuros. Os peixesforrageiros limpam as sobras de ração e ajudammanter os peixes saudáveis e crescendo bem. Pelomenos durante a época reprodutiva, tratar peixesacasalados manualmente com peixes frescos é amelhor opção. Bons resultados foram conseguidostratando peixes frescos à vontade, uma vez por dia,sendo perto de 1% do seu peso por dia.

    Alimentação de Reprodutores

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    eprodutores bem tratados dicilmente apresentam doenças graves. Ocasionalmente podem

    aparecer parasitos externos, como Argulus ou “piolho”. Essas enfermidades podem ser tratadaso produto Masoten, seguindo orientações do fabricante.

    A possibilidade de trabalhar com “desovasinduzidas” de pirarucu é duvidosa. Nenhumatentativa conhecida em estimular desovascom aplicação de hormônios resultou em umadesova bem-sucedida. O órgão reprodutivode pirarucu não apresenta condição apta paradesovas induzidas A maioria das espécies depeixe comercialmente importante e produzidaem cativeiro realiza desovas completas, ondetodos os ovos são do mesmo padrão, e todos sãoexpulsos juntos, ou em poucas horas. “Desovasinduzidas” geralmente envolvem aplicaçõesde dosagens “pesadas” de hormônios com oobjetivo de desencadear a desova completa detodos os ovos que ocupam o ovário de uma vez. A extrusão manual de ovos, prática utilizadacom muitas espécies sendo induzidas, seriamuito difícil com pirarucu. A captura de peixesgrandes é bem estressante para eles. Apertar a barriga de uma fêmea gigante para extrusão depequenas quantidades de ovos repetidamenteé inviável. A maturação e a desova de ovosde pirarucu são parceladas, signicando quesomente uma porção dos ovos do ovário chega aamadurecer junto.

    Peixes com esse tipo de ovário geralmente nãorespondem bem a essa estratégia de induçãohormonal, e também não precisam desse tipo deindução. Caso mais conhecido é do tilápia, peixedesova parcelada, reproduzido no mundo inteiro uso de hormônios. Grande motivo para acreditar não é necessário aplicar hormônios para estimulareprodução de pirarucu é que já foi possível realiaté sete desovas em um ano de uma única fêmeasem uso de hormônios. A “desova natural” funcicom pirarucu, desde que condições adequadas sefornecidas aos peixes.

    Uma rotina deadministração crônica dehormônios com implantes ou administração oralpara estimular desovas fora da época normal dereprodução de pirarucu poderia ser interessante. Ainda acredito que teria que manipular condiçõeambientais para viabilizar essa estratégia, sendopossível realizar desovas sem uso de hormônios.Como é o caso na natureza, existem animaisgeneticamente inferiores, sem condições dereproduzir, ou pouco ecientes. Em plantéisde reprodutores de projetos comerciais, seriaaconselhável selecionar indivíduos e linhagens dpeixes mais aptos para reprodução, eliminado doplantel animais menos produtivos.

    Doenças

    Reprodução “Natural”

    Ovário Maduro de Pirarucu23

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    Muitos trabalhos com pirarucu já foram realizadoscom o objetivo de distinguir seu sexo, uma vezque fora da época de reprodução não apresentamcaracterísticas externas que indicam imediatamente osexo do animal.

    Coloração avermelhada na parte ventralda cabeçaé característica dos machos adultos

    durante a época reprodutiva (veja Fotos), enquantoessa parte das fêmeas permanece branca. Machosmostram diferenças distintas de coloração quandoestão cuidando de lhotes, cando preto com vermelho vivo. Machos e fêmeas do casal mostramos comportamentos bem diferenciados descritosanteriormente.

    Como a marcação requer captura dos peixes e é

    estressante para o animal, é importante aproveitar aoportunidade de realizar marcação de peixes durantequalquer manejo necessário deles. Quando forpossível, é melhor fazer a marcação fora da épocade reprodução. Peixes identicados como machoe fêmea durante a época reprodutiva não deveriamser capturados somente para marcar, sendo indicadamarcação posteriormente. Marcação denitiva podeser feita com marcadores PIT implantados na base

    anterior da nadadeira dorsal. Outra opção é utilizarmarcadores simples de plástico, que são baratos eduráveis.

    Identicação de Sexo

    Macho

    Fêmea

    Marcadores Externos de Peixe

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    Utilizamos marcadores rosa para identicar fêmease amarelas para machos. Podem ser colocados nomesmo local em frente da nadadeira dorsal, e são visíveis durante a respiração dos animais. A vantagemdo marcador externo é que a identicação, depois é bem menos invasiva, não sendo necessário capturaros peixes. Por enquanto, o sistema mais fácil, seguro, barato e disponível a todos para identicação de sexo

    seria de marcadores externos de plástico. Outra opçãoé trabalhar com ambos.

    Hormônios sexuais, incluindotestosterona eestrogênio podem ser analisados para distinguirmachos de fêmeas. Em Peru essa técnica foiempregada para identicar sexo de peixes adultose juvenis (2). Análise desses hormônios no Brasilmostrou resultados mais

    complexos. A relaçãoentre a concentraçãodos dois hormônios foimuito diferente do queos resultados do estudoperuano, com peixesde casais já formados mostrando um padrão bemdiferente do que peixes “solteiros”. Esse fato mostraque acontecem mudanças signicativas com a

    concentração de hormônios depois da formaçãodo casal. Assim, medição de hormônios ou seusprecursores deve ser avaliado com cuidado, ciente dofato que as concentrações dessas substâncias variammuito ao longo do ciclo reprodutivo do pirarucu, eentre animais, dependendo da sua posição social dogrupo.

    O estudo no Peru com análise de vitelogenin,

    substância ligada com desenvolvimento e maturaçãode ovócitos e presente somente em fêmeas, foiconável para identicação de sexo de pirarucu.Limitação dessas estratégia é que somente foidenitiva para sexagem de peixes adultos. Problemaé que às vezes não sabemos se um animal é adulto ounão.

    Canalização , ou introdução de cateter ou sondaurinária no oviduto, processo utilizado na avaliaçde ovócitos de outros peixes, não é possível compirarucu sem machucar o animal devido ao formado poro genital.

    Laparoscopia é processo cirúrgico envolvendoremoção de uma escama no local da gônada (ven

    lateral, do lado esquerdo), cortando com bisturi apele, musculatura e peritônio e introduzindo um trígido com lente ocular para visualização direta dovário ou testículo. Esse procedimento está sendoempregado no Estado do Ceará, dentro do projetopirarucu do DNOCS para sexagem de juvenis de ou 10 kg (3).

    Análise de DNA , com

    o objetivo de distinguiro sexo do pirarucu seriamétodo conável e menosestressante de sexagem. Odesao de identicar o sexo,analisando tecidos, como pele

    ou escama, foi objetivo de vários estudos realizadnos últimos anos, mas essa tecnologia ainda não disponível para identicação do sexo de pirarucu

    Ultrassom convencional não consegue atravessaras escamas para observar órgãos internos. Ultrasscom sonda trans-retal, de espessura na para entrno reto do animal é equipamento interessantepara visualizar os órgãos sexuais. Serve parasexagem imediata e também para avaliação dodesenvolvimento das gônadas. Sondas “transretade boi, ovinos, ou seres humanos não são adequa

    Equipamento especializado é necessário para reaesses exames.

    ***Desenvolvimento de um exame rápido e nãoinvasivo, com resultado saindo na beira do tanquseria ideal para facilitar tomada de decisões imeda respeito do manejo de reprodutores.

    “Hormônios sexuais, incluindotestosterona e estrogênio podemser analisados para distinguir

    machos de fêmeas”. (...)

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    Pirarucus reproduzem dentro da Bacia Amazônica durante a época de chuva. Existem certascondições que são requerimentos absolutos para que aconteça a reprodução. Basicamente, peixessaudáveis formarão casais reprodutivos quando tiverem substratos adequados para construçãode ninhos, em um metro de água, com transparência adequada para os peixes se ver, temperaturada água acima de 29o C, e pancadas de chuvas fortes. Sobrevivência das proles depende de umaqualidade de água adequada, alimento suciente e proteção contra predadores. O processoreprodutivo é complexo, com uma etapa do processo necessária para desencadear outra, umaseqüência de estímulos ambientais desencadeando respostas comportamentais dos peixes, cujos

    acertos em harmonia com as mudanças ambientais são necessários para garantir sobrevivência doslhotes.

    Precisamos lembrar e entender aquilo que acontece na natureza. Lá, o ambiente aquático dopirarucu sofre grandes mudanças com o processo reprodutivo de pirarucu englobando essasmudanças. Os animais que conseguem reproduzir no momento certo, no local certo, aproveitandoqualidade de água adequada que confere sobrevivência dos seus ovos e larvas, em seguida as larvatendo acesso a alimento suciente, serão aqueles cujos genes continuarão sobrevivendo. Formaçãode casais é a etapa inicial do processo reprodutivo de pirarucu. Desova e incubação são outrasetapas, e cuidar dos lhotes é ainda outra. Acontece que o ambiente ideal para formação de casaisnão é o mesmo que o ideal para sobrevivência de ovos, que não é ideal para alimentação de lhotes

    Então, no ambiente de cativeiro seria necessário controlar e oferecer ambientes apropriados durantetodo o processo para que todas as necessidades sejam atendidas. Foram realizadas pesquisas práticatestando várias estruturas e situações para avaliar a importância das condições ambientais e suasconseqüências na reprodução.

    A importância em identicar o sexo de reprodutores dependerá da estratégia produtiva empregadana hora de juntar grupos de peixes reprodutores. Formação de casais é necessário para acontecera reprodução natural. Sabendo o sexo de cada animal, seria possível estocar um casal por tanque.Como dois (um macho e uma fêmea) é o número mínimo necessário para acontecer reprodução,

    Condições Climáticas e Físicas Necessárias

    Ambientes Apropriados para Reprodução

    Formação de Casais

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    uma divisão dessas aparentemente seria o usomais eciente de um plantel de reprodutores. Acontece que qualquer macho não formaum casal produtivo com qualquer fêmea.Poderíamos trocar parceiros até conseguirmosuma química aceitável entre os dois. Tambémacontece a formação de casais que reproduzem,mas com baixa produtividade. A eciênciadessa estratégia, então, ainda é questionável.Estratégia que vem funcionando melhor é ade colocar vários peixes juntos, deixando-osescolher seus próprios pares. Casais formadosdessa maneira têm grande chance de reproduzire produzir números maiores. Casais formadosassim podem ser removidos detanques deformação de casaise colocados emtanques dedesova.

    Muitas descobertas foram possíveis através deobservação de peixes em tanques pequenose em águas claras. Tanques pequenos nãosão os preferidos dos pirarucus, mas facilitammuito nossa observação deles. Observaçãodos peixes e seus comportamentos em águascom transparência limitada é difícil. Águatransparente é necessário para enxergar todasas suas atividades. Mas, como os pirarucussão bem conscientes daquilo que acontecefora da água, pelo menos perto das bordasdos tanques, a água transparente faz com queos peixes percebam a nossa presença, o queinuencia seu comportamento. Em tanquescom água transparente, grupos maiores depeixes mostram diculdades em formar casais ereproduzir. Análise subjetiva dessa observação éque a visibilidade maior dentro da água faz comque os peixes não tenham sossego, sentindo erespondendo à presença dos outros peixes aindalonge deles. Acontecem muitas brigas e nada dereprodução.

    Tanques revestidos com lonas de PVC ouPEAD foram montados para manter água claracom proposta de avaliar as conseqüências.Muitas observações interessantes forampossíveis nesses tanques, incluindo aconrmação do fato de que os machos removamovos dos seus ninhos, levando e segurando-os na boca por tempo prolongado. A primeira desova

    inteira capturada do ninho e colocada em umaincubadora em cativeiro saiu de um tanquerevestido de plástico. Manipulação de qualidadede água em tanques pequenos revestidosé rápida, facilitando análise do impacto demudanças químicas e físicas da água.

    A ideia de fabricar e instalarninhos articiaiscom a esperança de estimular desovas vem deuma técnica improvável utilizada na indústriaamericana para estimular a reprodução decatsh (animal que por coincidência produzmassas de ovos muito parecidas com as dopirarucu). A técnica emprega ninhos articiaisfabricados com latas de leite metálicas. Machosescolhem e defendem essas latas de 20 litroscomo seus ninhos preferidos. As fêmeas entrampara desovar, e os machos chocam as massasde ovos, que cam colados no fundo. Coletados ovos é manual, sendo possível monitorare coletar ovos de dezenas ou até centenas de“latas” por dia.

    Vários modelos de ninhos foram fabricadosde concreto, madeira e plástico. Nenhumdesses ninhos foi utilizado pelos pirarucus.Outra estratégia foi construir armações demadeira de 3m x 3m, enchendo-as de terrae areia e colocando estes ninhos dentro dostanques revestidos de plástico. Os resultadosforam positivos. Essas áreas foram escolhidaspelos pirarucus para escavar seus própriosninhos. Assim os tanques plásticos, com suaságuas transparentes, serviram para facilitara observação da reprodução e avançar atecnologia. Os peixes continuaram desovandodentro desses ninhos por três anos consecutivos,mas não com grande freqüência, nemcom desovas grandes. Água transparente éinteressante para facilitar observação, e boa paraincubação de ovos, mas não tem plâncton parasustentar larvas.

    Aparentemente, o ato da escavação do ninhopelo macho e a aprovação da estrutura pelafêmea é importante; as fêmeas exigemninhosautênticos, escavados pelo seu parceiropara desovar. Pirarucus gostam de solosrmes, podendo conter areia ou cascalho, e,

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    frequentemente o fundo de ninhos ativos de pirarucu contém uma pedra, raiz ou outro materialduro. Possivelmente, durante a escavação o macho precisa de um sinal de que o fundo do ninhoseja rme mesmo, ou tem instinto de procurar uma “ancora” para segurar a massa de ovos. Às veze vários ninhos são escavados, um ao lado do outro. Na procura de local ideal para construir seuninho, o macho às vezes escava vales compridos. Em solos mais rmes, a parte exterior do ninho menor. Em terras mais soltas, a parte exterior do ninho acaba tendo diâmetro maior. A profundidadde água onde escava o ninho é pouco variável, sendo mais ou menos de um metro.

    Uma das perguntas mais ouvidas é sobre arelação de número de fêmeas e machos quedevem ser colocados juntos para maximizara produtividade. As questões de como ospeixes adultos se relacionam quando colocados

    juntos em tanques é realmente fundamental. Aestrutura social que os peixes formam denequais peixes terão direitos reprodutivos. O fatoé que dicilmente mais de um casal se formaráem um mesmo tanque, independente donúmero de peixes e a relação entre número de

    Muitos peixesestocados juntos teriam poucaprobabilidade em reproduzir. Aparentemente,as lutas e as danças que normalmente acabam

    denindo quais animais seriam os Peixes Alfasque formam casais não acontecem. A confusãocausada pelo excesso de contatos é demais e ospeixes não conseguem estabelecer casais, etapanecessária para reprodução. Quando foramcolocados 30 peixes adultos em um tanquede um hectare, não reproduziram durante umano. Outras histórias parecidas suportam essa

    fêmeas e machos. Em tanques maiores, tanquesmais compridos, com mais curvas ou maisestruturas, aumenta a possibilidade de formarmais de um casal por tanque. Muitas estratégias já foram testadas, com o objetivo de identicar

    situações mais ecazes e mais ecientes, comresultados variáveis. Uma descrição de váriasestratégias testando estruturas de populaçõese tanques e seus resultados, segue abaixo. Hámuitas possibilidades ainda não testadas quepoderiam funcionar bem.

    teoria. Certamente o problema é uma questãode densidades excessivas. Assim, os mesmos 30peixes em um reservatório de 30 hectares teriam

    condições para formar muitos casais.

    Não é conhecida a área mínima necessária paraformar um casal quando existem vários peixesno mesmo tanque. Nesse mesmo grupo de 30peixes, quando foram colocados seis peixes desexo desconhecido em um tanque de 4.000m2, um casal se formou quando começaram as

    Agrupamento de Pirarucu

    Estratégias de Agrupamento

    (Denição da Estrutura Social)

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    chuvas e reproduziu em seguida. Dicilmenteteriam dois casais se formando em tanquescomuns de até 10.000 m2, independente donúmero de peixes presentes e da relação entrenúmero de fêmeas e machos. Para melhorara eciência e reduzir custos, uma estratégialógica é identicar o número mínimo de peixesnecessário e o tamanho mínimo dos tanques.

    Colocando somente dois peixes (um machoe uma fêmea) em um tanque, sem ser casalformado, pode resultar em casal reprodutivo ounão. A probabilidade foi de 30% dos tanquesproduzindo casais reprodutivos durante oprimeiro ano em uma piscicultura testandoessa estratégia. Com sistema 100% conávelde sexagem dos peixes, esse sistema seria mais

    ecaz. Não é o caso que qualquer dois animaisde sexo oposto vão acasalar. Mesmo formandocasais, essa estratégia produziu desovas bemmenores do que outras estratégias. Nossaidéia de cortar esta etapa natural de escolha eformação de casais compatíveis não produziu osmelhores resultados.

    Colocando um casal formado em um tanque,

    a probabilidade de ter reprodução aumentousignicativamente, com 67% dos paresreproduzindo durante o primeiro ano. A estratégia utilizandotanques especicamentepara formação de casais, com captura de casaise reestocagem em outro “tanque de desova”, vemfuncionando bem. Por motivos não conhecidos,certos tanques foram melhores para formaçãode casais. Tanques maiores, com mais estruturas,

    plantas ou áreas para esconder são preferidospara formação de casais.

    Tanques pequenos servem para reprodução depirarucu. Tanques com 200 m2 (10m x 20m)tiveram muitas desovas em ondônia, incluindodesovas repetitivas (três em um ano), e desovasgrandes. Tanques pequenos (200 m2) com 2

    peixes de 150 kg teriam 15 toneladas por hectarede biomassa, sendo muito peixe em pouca água,situação que acaba sobrecarregando o tanquee comprometendo a qualidade da água. A seufavor, a renovação de água para melhorar suaqualidade é rápida e eciente devido ao seupequeno volume. Outro problema com tanquespequenos é que não dá para estocar mais de doispeixes por tanque. Três peixes foram colocadosem dois tanques de 200 m2, um tanque comdois machos e uma fêmea, outro tanque comduas fêmeas e um macho. Dois dias depois,apareceram mortos um dos dois machos, e umadas duas fêmeas. Pirarucus adultos brigam e sematam quando apertados em tanques pequenos!Portanto, tanques pequenos servem para recebercasais formados, mas não devem ser utilizados

    para a formação de casais.O sistema do DNOCS , construídooriginalmente para reprodutores de pirarucu,era uma bateria de tanques de 100 m2 (10m x10m), com um canal ligando todos os tanques.Não foram altamente produtivos. Certamenteo mesmo sistema com tanques maiores seriamais produtivo. Como os tanques tinham

    saídas, as lutas entre os peixes não resultaramem mortalidade (pelo menos não foi relatadanenhuma mortalidade dos reprodutores).Onde grupos de peixes são estocados juntos, ostanques devem ter tamanho adequado, ou saídaspara que os peixes submissos tenham como fugirdos agressores.

    Comenta-se sobre um sistema de Motel,

    com um tanque ou reservatório maior comtanques pequenos ligados, com esperançados peixes entrarem nos tanques pequenospara reproduzir. Peixes podem reproduzir emtanques pequenos, desde que não tenham umaopção melhor. Acredito que essa estratégianão é ecaz, pois a tendência dos peixes maisfortes é lutar para defender a área maior e não

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    entrar em áreas apertadas. O sistema seria maisinteressante se a área comum fosse menordo que os tanques motéis, ou sem condiçõespara reproduzir. Lembrando que os peixesprecisam de substratos adequados (terrarme), e profundidade apropriada (1 metro),poderia montar um sistema onde os hotéisoferecem condições propícias e a área comumnão, servindo somente para a fuga de peixessubmissos.

    Com o objetivo de melhorar a eciênciaprodutiva de um tanque, avaliar a inuênciada presença de outros peixes além do casal eprevenir lutas mortais foi construídodivisoresou cercas de madeira dentro dos tanques. Essesdivisores foram equipados com comportas,para poder controlar acesso e contato entre ospeixes. esultados em geral foram piores doque em tanques sem divisores. Uma estratégiaque funcionou foi a de colocar três peixes emum tanque de 600 m2com três divisões, comas comportas mantidas abertas. Um casal seformou e reproduziu três vezes em um ano. Ospeixes foram vistos se misturando, com lutasacontecendo de vez em quando. O terceiro peixeera um macho que passava a maior parte do seutempo na área do lado da área escolhida pelocasal para construir seu ninho.

    Tanques maiores são mais produtivos, mastambém mais caros para construir. Avaliaçãodo tamanho ideal de tanques vai depender dadisponibilidade e custo de terra, da água e deconstrução. Logicamente o valor dos peixesproduzidos teria que ser considerado. O tanquemais produtivo conhecido foi um de 12.000m2, onde foram estocados seis peixes adultos.Foi deixada aberta uma saída (manilha de 80cm), de onde saíram três peixes, cando outrostrês, sendo dois machos e uma fêmea. Seis,e possivelmente sete, desovas de uma únicafêmea foram registradas nesse tanque em cincomeses. O tanque é mais de 50 vezes maior doque os tanques de 200 m2. Não produz 50 vezes mais do que os tanques menores, mas suaprodutividade mostra a potencial produtividadede um casal quando tem espaço maior.

    Um problema dos tanques maiores é que aobservação dos peixes, bem como a captura deovos, larvas ou alevinos, é bem mais complicada.

    Resumindo , os sistemas que juntaram muitospeixes não deram bons resultados. Com altasdensidades e grupos maiores a confusão nãofacilita a reprodução, mas pelo menos não acabaem mortalidades. Produção ou engorda deplantéis de reprodutores poderiam trabalharcom densidades altas. Tanques de formaçãode casais teriam que trabalhar com densidadesmenores, e em tanques de desova, deveriareduzir para dois ou três peixes. Enquantoum segundo macho com o casal estimuladesovas, vários peixes causam confusão. Oinstinto do pirarucu é de lutar (principalmenteentre os machos), e lutas breves e seguras sãoadequadas para estimular o processo, sendopossível provocar esta situação sem machucar osparticipantes.

    *Fora da época reprodutiva a interaçãosocial entre animais adultos muda bastante. A convivência é muita mais tranqüila. Casaisinteragem com outros peixes. Linhas invisíveisque marcam territórios defendidos em lutasmortais durante a época reprodutiva, fora dessaépoca desaparecem. Os cuidados necessáriospara proteger peixes durante a época produtivapodem ser relaxados.

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    Onde tem adultos juntos, desovas podemacontecer. Enquanto a época de chuva dene aépoca reprodutiva de pirarucu, ocasionalmentepodem acontecer desovas fora da épocanormal. Em regiões onde as épocas de chuvae a da seca são menos distinta, peixes podemestar “preparados” em praticamente qualquerépoca do ano. Fundamental é a observação

    dos reprodutores, aprendendo reconheceras mudanças físicas e comportamentais queacontecem e sinalizam a preparação para areprodução.

    Normalmente, no início da época das chuvasas temperaturas são altas. Quando começaa chover, o comportamento dos peixes semodica. As cores mudam, machos e fêmeas

    cam visivelmente mais avermelhados.Sinalizam que estão competindo paraestabelecer territórios com pancadas dascaudas na superfície da água. Peixes se agregam,nadando em círculos, um em volta do outro.Sem água transparente, poderia não se enxergareste comportamento. Começam a correr umatrás do outro. De repente, dois peixes começama nadar juntos, um paralelo ao outro. As cores

    se intensicam. A formação do casal acontececom facilidade, às vezes não se percebe queaconteceu. Dois peixes vermelhos nadando juntos é sinal provável do acasalamento. Agoralutas com outros peixes são mais freqüentes emais agressivas. Turbulência forte na beira dotanque mostra onde um peixe está atacandooutro. O casal já formado luta para se manter.

    Casais formados podem reproduzir logo emseguida, principalmente aqueles formadosno meio da época reprodutiva. Ou, essescomportamentos podem durar semanas. Semestímulos ambientais ou as condições básicasadequados, o processo parece estacionar, semprosseguir para a próxima etapa.

    Manchas de água turva aparecerão na hora dospeixes escavarem seus ninhos, tipicamente pertoda beira do tanque. É o serviço principalmentedo macho; a fêmea pode participar. Ele já estámais vermelho do que ela. Às vezes aparece acauda dele fora da água, ou pelo menos cria umaturbulência na superfície enquanto escava comsua boca. A boca do macho ca avermelhada,

    machucada pelo serviço. Os peixes respiramcom maior freqüência devido ao exercício físicoenvolvido, subindo a cada cinco minutos oumenos enquanto trabalham.

    Agora as lutas com outros peixes podem ser bemagressivas. Ninhos são defendidos com muitaseriedade. Às vezes uma desova é depositadaem um ninho recémescavado. Tipicamente,

    escavação e acabamento de ninhos é trabalhomais prolongado, podendo durar uma a algumassemanas antes de receber a primeira desova. Amanutenção de ninhos é serviço intermitentedurante a estação inteira, até cinco meses do ano.

    Perceber que tem um casal escavando um ninhoé importante. Tipicamente o “ninho principal”acaba sendo mantido durante a estação inteira,

    e às vezes por vários anos em seguida. Marcar olocal exato do ninho é interessante, pois é o localonde a captura de ovos ou larvas pode ser feita,e é necessário saber onde os peixes estão parapoder avaliar seu comportamento. Às vezes doisou três ninhos são escavados, um perto do outro,sendo nesse caso um “local principal”, e não umninho único.

    Preparação para as Desovas

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    As desovas normalmente acontecem um ou dois dias depois de uma chuva forte, quando a águcom 290C. Aparentemente a fêmea passa várias vezes por cima do ninho durante a desova, commacho fecundando cada parcela da desova. Não sabemos quanto tempo demora para ela terminsua desova. Os dois peixes aparecem perto do ninho com frequência durante a desova. Depois terminar a desova, começa a rotina de chocar, com a fêmea parada com sua cabeça em cima doninho. Ela é capaz de car até 45 minutos sem subir para respirar. A tomada de ar dela normalmacontece poucos metros do ninho. É possível distinguir uma diferença no comportamentorespiratório dela, sendo que agora sua tomada de ar é rápida, e que o movimento do seu corpo n

    é linear como é normalmente na hora de aparecer na superfície, sendo mais inclinado e sempredescendo em direção ao ninho.

    O macho, por sua parte, ca vigiando um perímetro, geralmente de 5 a 10 metros do ninho. Elerespira com frequencia. Aparecendo ao redor do ninho, chegando a encostar sua cabeça com a fêmea, em cima do ninho. Durante a respiração da fêmea, ele ca no lugar dela em cima do ninDicilmente um ninho com ovos ou larvas encontra-se sem o pai ou a mãe vigiando a prole cocabeça encostada no ninho.

    A água dos tanques de desova deve ser de boa qualidade, com oxigênio dissolvido o mais pertpossível do ponto de saturação. Ovos e larvas recémnascidos precisam de níveis adequados deoxigênio. Foram registradas desovas saudáveis acontecendo em águas bem ácidas, neutras elevemente alcalinas (de pH de 5 a 8). Água verde com toplâncton pode atrapalhar desovas esobrevivência. Água turva também não é ideal, apesar de uma turbidez leve e temporária não um grande problema. Pode ser necessário renovar água para evitar esses problemas. Substratosadequados para escavação de ninhos é fundamental. Precisa de terra rme, podendo ser misturacom areia ou cascalho. Solo com argila na que causa turbidez da água não é interessante. Solomuito orgânico ou “turfa” não é bom, nem areia solta. Ausência de predadores aquáticos no taé importante, principalmente se a estratégia não é a de remover ovos ou larvas imediatamente. transparente é aceitável, desde que essa situação não continue por tempo prolongado, pois plantaquáticas tendem tomar conta desses tanques, não sendo desejável. Algumas plantas aquáticas atrapalham. Peixes adultos gostam de sombra. Passam tempo nas beiras dos tanques onde temsombra. Sombras articiais podem ser colocadas em tanques que não oferecem sombra natural

    Captura de ovos ou larvas do ninho é mais complicada com água transparente, pois os peixesadultos conseguem enxergar nossa presença, dando oportunidade para o macho coletar a prole boca.

    Desovas

    Condições Físicas Importantes em Tanquesde Reprodução

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    Uma estratégia melhor de como capturar ovosdo ninho promete ser o avanço que aumentarásignicativamente a produtividade de alevinosde pirarucu. Até agora a captura e a incubaçãode ovos permanecem um desao complicado,mesmo que já tenham sido feitas com sucesso.

    A captura de larvas recém eclodidas do ninho

    já é uma estratégia consagrada. Uma estratégiamais antiga é a de esperar que os adultos criemos lhotes até um tamanho maior. Pescadoresde peixes silvestres gostam de peixes maiorese mais fortes, de 8 a 15 cm. Produtoresde pirarucu em cativeiro capturam peixesmenores, tipicamente de 5 a 8 cm, aumentandosignicativamente o número capturado pordesova. Um problema em esperar para capturar

    peixes maiores é que a grande variedade depredadores é difícil controlar e esses comemlhotes de pirarucu sem parar. Outro problemaé que as larvas precisam de comida após sairdo ninho. Para produzir plâncton sucientepara alimentar as larvas, é necessário adubar otanque para estimular produção de plâncton.Isso é um pouco arriscado, pois as larvasnovas respiram com suas brânquias por alguns

    dias, e a adubação tem como conseqüênciaabaixar o oxigênio dissolvido, sendo perigosopara as larvas. A adubação também faz comque o tanque que com qualidade de águacomprometida pa ra a próxima desova. O temponecessário para os pais criarem esses lhotesé tempo perdido, no sentido de que não vãoreproduzir novamente até que saiam do tanquetodos seus lhotes. Às vezes não é fácil capturar

    todos os lhotes, pois eles cam mais rápidos emais espertos a cada dia.

    Captura de ovos do ninho ainda éestratégia difícil de ser realizada, devido aocomportamento do macho em catar a massade ovos em sua boca. Aparentemente a fêmeanão faz isso. É possível capturar o macho com

    os ovos na boca utilizando rede de arrasto.O macho segura a massa até o momento emque ele entra em pânico e salta. O processo étraumático e perigoso para a massa delicada. Hárisco de perder ou machucar os ovos. Existe apossibilidade de o macho engolir a massa. Outraestratégia utilizada é a de remover ovos do ninhono momento do macho subir para respirar.

    Precisa estar escondido muito perto do ninhopara conseguir chegar até ele antes do macho. Amassa de ovos pode ser removida da água com asmãos e colocada dentro de uma bacia com água.

    A distância do ninho mantida pelo machoaumenta depois do nascimento das larvas,dando mais tempo para chegar até o ninhoantes de chegar o macho. Geralmente o macho

    não ca no lugar da fêmea, em cima do ninhoenquanto a fêmea respira quando o ninho estácom larvas. É menos provável que o machoresolva catar as larvas do ninho, enquanto éuma certeza que nossa entrada em seu ninhoprovoca essa reação quando ainda está comovos. Melhores resultados foram conseguidosentrando no ninho diretamente de umesconderijo que ca bem perto do ninho, sem

    os peixes saberem da presença da pessoa antesde sua entrada na água. Muito cuidado deve sertomado na hora de entrar no ninho, achandoa beirada do ninho com o pé sem pisar dentro. As larvas são muito delicadas. Sentir a presençadas larvas no ninho com a mão pode ser difícil, já que são muito pequenas. Larvas devem serremovidas do ninho com uma peneira plásticade tamanho médio (diâmetro de 20 cm) com

    tela bem na, de menos de 1 mm.(Fotos à direita, acima)

    Capturar Ovos, Larvas ou Alevinos?

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    Não se deve raspar a peneira no fundo do ninho para evitar esmagar as larvas. Um movimento

    a mão livre para empurrar água com as larvas dentro da peneira (sem encostar a mão no ninho)funciona bem. Devem ser transferidos para uma bacia, sendo importante não tirar as larvas da depois as larvas com a água da bacia podem ser despejadas dentro de um saco ou outro contêinOvos, larvas e alevinos agüentam bem o transporte em sacos fechados com oxigênio.

    Precisa manter água de transporte e de tanques recipientes saturados com oxigênio dissolvido,perto de 7 ppm (veja Foto). Cuidados normais empregados com outros peixes tropicais devem observados, mantendo a temperatura do tanque original (normalmente de 28 a 300C), evitandochoque térmico e outras mudanças bruscas entre a água do tanque de origem a água de transpo

    a água de tanques recipientes. Assim, a água deve ser trocada aos poucos na hora de soltar.

    Larvas recém nascidas

    Captura de Larvas do Ninho

    Larvas dois dias pós-eclosão

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    Uma estratégia, que é mais prática para produtores menos experientes, a é de capturar larvas na horque saem do ninho. É relativamente fácil enxergar o momento em que as larvas saem do ninho, poo macho muda de cor, cando preto. Ele sobe com as larvas em volta dele, e sai nadando lentamentpela superfície do tanque. Nesse momento, as larvas são lentas e vulneráveis, a prole ca fácil decapturar. Como as larvas ainda não estão se alimentando, não é necessário se preocupar com apresença de comida nos tanques delas. É um momento propício para realizar a captura. Devemser capturadas sem passar o segundo dia, pois o consumo do saco vitelino acaba e precisam seralimentadas imediatamente, quando seu sistema digestivo termina sua formação. Larvas devem sercapturadas de manhã para evitar temperaturas elevadas da água supercial. Ferramenta preferida épuçá de 60 a 80 cm diâmetro, com cabo leve e comprido (4 m) e tela resistente de 1 mm ou menos.Um lance perfeito com o puçá captura todas as larvas da desova em uma vez (veja Foto).

    É importante evitar bater no macho com o puçá, pois um susto grande pode fazer com que eleabandone a prole, que pode se perder. O puçá com as larvas não devem ser removidos da água,sendo possível remover lãs do puçá com uma bacia, trazendo água e larvas juntas dentro da bacia com água. Em seguida, são colocados dentro de um saco de transporte ou outro contêineradequado, observando os cuidados descritos para ovos ou larvas.

    Captura de pós-larvascom puçá

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    Tanque Redondo de 1.000 l com Alevinos de 10 cm

    Larvas dentro do laboratório poderiam seralojadas em tanques redondos ou calhas,sendo que uma superfície interna lisa, comode plástico, bra de vidro, pedra, ou aço inox éimportante. Tanques redondos são preferidos,pois facilitam limpeza. Tanques redondos de1.000 a 1.500 litros funcionam bem e servempara todas as fases do processo (veja Foto).

    Tanques maiores podem ser interessantes paraalevinos maiores. Devem ser equipados comuma saída de 1,5 ou 2 polegadas no centro dotanque, com cano vertical furado no centro e oexterno com cotovelo móvel para poder regularo nível do tanque. Entrada pode ser de 1,5 ou2 polegadas. Telas removíveis de tamanhosdiferentes, confeccionadas em tubos e colocadasem volta do cano furado servem para conter os

    peixes de tamanhos diferentes, deixando passarsujeira. A tela adequada para larvas recém-eclodidas é de menos de 1 mm.

    Até 10.000 larvas recém-eclodidas podem serestocadas em um tanque de 1.500 litros. O nívelda água deve ser mantido em 20 a 40 cm deprofundidade. Depois de começar a se alimentar bem, com 10 dias após a eclosão, deve-se reduzir

    a densidade pela metade, ou de 3.000 por m3,aumentando a profundidade para 40 a 80 cm.

    Para manter peixes de cinco cm no laboratório,é recomendado reduzir a densidade para 2.000por m3. Com oito cm, uma densidade de 1.000/m3 é apropriada. Larvas e pós-larvas precisamde bons níveis de oxigênio dissolvido, perto da

    saturação, e sem ser supersaturada. Pequenosalevinos começam a respirar ar com poucosdias de vida, mas a transição da respiraçãoaérea não é imediata. Depois de 12 a 15 diasapós a eclosão, os peixes não precisam maisde oxigenação ou aeração da água. Água deveser limpa e livre de sólidos em suspensão. As brânquias de larvas de pirarucu são externas, e bem sensíveis a problemas de qualidade de água

    como amônia elevada, oxigênio baixo e águaturva. Sujeira deve ser aspirada do fundo pelomenos duas vezes por dia. Evitam correntezasde água, exceto na hora de limpar os tanques,quando rotação suave da água dos tanques podeser utilizada para remoção de sujeira.

    Limpeza deve incluir todas as superfícies e a tela.enovação de água para larvas de uma troca

    por hora é suciente. É necessário aumentar arenovação de água comensurada com o tamanhodos peixes.

    Depois do 5º dia após a eclosão, as larvascomeçam se alimentar. Aceitam náuplias deartemia ou zooplâncton de menos de 200micras. Espécies de zooplâncton menores são

    Larvicultura e Alevinagem em Laboratório

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    melhores, sendo que juvenis de cladóceros sãoos preferidos. Deveria evitar fontes de plânctonrico em juvenis de copépodes, pois essas podemmachucar as larvas. As larvas comem pouconos primeiros dias, mas seu consumo aumentarapidamente. A oferta de zooplâncton vivogarante que o alimento que suspenso na colunade água, onde as larvas procuram comida porinstinto (veja Foto).

    Zooplâncton vivo não suja o tanque igualoutros alimentos, sendo grande vantagem paraevitar problemas com doenças. Não tem outroalimento tão perfeito para pirarucus pequenos.Oferta de zooplâncton deve ser de duas em duashoras, e não pode ser à vontade. Zooplânctondeve ser peneirado na hora de tratar, passandoágua com plâncton por uma peneira de um mmpara remover organismos maiores. Para facilitarquanticação das refeições o plâncton peneiradopode ser colocado em cima de outra peneirana de 50 micras. Esse processo de “deságua” doplâncton deixa uma massa de plâncton vivo, quepode ser quanticado para ajudar em mediçãopadronizada dos tratos.

    Pirarucus são capazes de comer mais do quedevem, e grandes quantidades de plânctoncolocadas de uma vez com as larvas pode serprejudicial ou fatal. A regra é de refeições levese freqüentes. A melhor maneira de ajustar aquantidade de plâncton a ser oferecida é deexaminar as barrigas dos peixes durante aalimentação. A porcentagem do zooplâncton,sendo oferecido que é consumível, é difícilde ser calculada. Existem organismos que opirarucu não consegue ou prefere não ingerir.

    A barriga de todos os peixes deve ser visivelmente arredondada depois da refeição,sem atrapalhar a natação dos peixes (veja Foto).

    Pirarucu de 3 a 4 cm se alimentando dezooplâncton

    Pirarucu de 4 cm após alimentação comzooplâncton

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    Peixes comendo em excesso têm diculdadesem nadar, com a tendência de virar de barrigapara cima. Avaliar a concentração de plânctonsobrando na água é hábito importante.

    Colocando plâncton em cada tanque, aospoucos, em 10 a 15 minutos devem encher as barrigas, sobrando uma concentração leve deplâncton na água. Basicamente, depois das dehoras, não deve ter mais plâncton (consumível)na água e as barrigas não vão estar maisredondas. Os peixes podem passar a noite semcomer, sendo que de 6 a 8 horas sem comer é ocerto.

    *Peixes machucados ou mortos, com ponta dacauda esbranquiçada, indicam que os peixesestão se mordendo, geralmente devido aproblemas nutricionais (alimento inadequadoou fome). O metabolismo do pirarucu éimpressionante! Basicamente não são canibais,

    mas a fome faz com que eles se mordam. Faltade comida crônica faz com que os peixesemagreçam e passem mal. Classicaçãode peixes para manter peixes do mesmopadrão juntos é necessário somente quandoalimentação inadequada facilita crescimentodesuniforme. Quando peixes de tamanhos bemdiferentes são misturados, podem aparecerpeixes machucados com caudas mordidas. Esseproblema se torna mais grave quando os peixesnão são bem alimentados com alimentos dequalidade. Às vezes, forçando a transição deplâncton para ração antes de todos os peixesestarem prontos, pode causar crescimentodesuniforme. Isso indica que ajustes no manejosão necessários. Peixes podem ser classicadoscom classicadores que utilizam barras ou canosparalelos, ou manualmente. Bem-alimentados,crescimento uniforme facilita muito o manejode alevinos de pirarucu, sendo desnecessáriotrabalho com classicação. Boa alimentação é achave principal na produção desse animal.

    “Boa alimentação é a chave principal na produçãodesse animal”.

    Pirarucus bem tratados e mantidos em água

    de boa qualidade com manejo adequado dostanques não apresentam problemas graves comdoenças. Uma única desova de larvas capturadasdentro do ninho e criadas no laboratório, usandoas técnicas descritas aqui foi vendida com 11 a12 cm, com uma sobrevivência de 99%, sem usonenhum de medicamentos.

    Banhos diários de uma hora com 100 ppm de

    base de oxitetraciclina impedem problemaseventuais com bacterioses em peixes pequenos.No caso de aparecerem parasitos nas brânquiasdos alevinos, podem ser administrados banhosde Masoten, de acordo com recomendações dofabricante. Banhos de sal em concentração de1% por 24 horas são ecazes também.

    Tratamento de Doenças

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    Zooplâncton é o grupo de animais aquáticos bem pequenos que aparecem em corpos de águanaturais e tanques escavados, e são alimentos naturais e perfeitos para alevinos de pirarucu.Produção de zooplâncton é prolíco, e pode ser capturada em tanques de engorda de outros peixes,ou em tanques especializados para esse m. Tanques não recebendo ração devem ser adubados.Zooplâncton é facilmente capturado, puxando uma rede de plâncton. edes de plâncton podem serconfeccionadas (veja desenho):

    Produção de Zooplâncton

    Fabricação de Rede de Plâncton

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    Uma armação fabricada de ferro redondo (barrade 3m) de 1/4 a 3/8 polegadas deve ser dobradae amarrada ou soldada nos pontos para formarum retângulo de 1 m x 50 cm, e serve como bocada rede. A tela deve ser de 100 a 200 micras,sendo que um material barato e adequadoé tecido chamado de organza, facilmentedisponível em lojas de tecidos. O tecido deveser cortado e costurado em forma de cone, comaplicação de cola de sapato nas emendas para vedar e fortalecer. Uma garrafa de 2 litros, comfundo cortado é amarrando no nal do funilda rede com borracha, serve para esvaziar oconteúdo. Duas garrafas PET amarradas na partesuperior da armação servem como boias, comuma corda comprida para puxar. O Plânctonca concentrado na garrafa no fundo da rede, e

    deve ser colocado em baldes de 20l com águapara transporte rápido até o laboratório, ondepode car estocado por algumas horas emincubadoras, tanques com aeração ou sacos comoxigênio. Melhor é alimentar com zooplânctonrecém capturada.

    Produção de zooplâncton pode ser realizadaatravés de adubação orgânica e/ou química

    da água. As possíveis receitas para produçãode zooplâncton são innitas. Basicamente,produção eciente de zooplâncton requerprodução de toplâncton, as microplantas queesverdeiam a água e que servem como baseda cadeia alimentar. O zooplancton consomeo toplâncton. Correção de pH estimulaa produção dos plânctons, e geralmenteaplicações de 1 a 4 toneladas de calcário agrícola

    por hectare são necessários para aumentaralcalinidade da água para 20 a 30 mg/l. Énecessário aplicar macronutrientes para produzirtoplâncton, sendo N (nitrogênio), P (fósforo) eK (potássio). Importantes são o N e P. Aplicaçãode adubos químicos na forma de fertilizantesagrícolas é ecaz e conveniente. Aplicação dematéria orgânica pode ser utilizada para acelerar

    e aumentar produtividade de plâncton. Matériaorgânica fornece outros micronutrientes queadubam a produção de toplâncton, estimulaprodução de uma grande variedade de outrosmicrorganismos que o zooplâncton é capaz deingerir e as partículas de matéria orgânica sãoconsumidas diretamente pelo zooplâncton,dando uma resposta mais rápida. Popular entreprodutores de alevinos são as farinhas de origemanimal e os farelos vegetais (carne, sangue, arroz,semente de algodão, entre outros), e estercos(boi, cama de frango etc.).

    Melhor opção dependerá da disponibilidade edo custo dos vários materiais. Quantidade deadubos aplicada em tanques sem peixes vivospode ser mais liberal, sendo que não tem perigo

    de matar os peixes. Produtos devem ser bemdistribuídos nos tanques. Muitos produtorespreferem misturar os materiais em água antes delançar nos tanques, principalmente os adubosquímicos. Adubação pesada é capaz de produzirplâncton suciente para 100.000 alevinos depirarucu em um hectare de água (10.000 m2)durante uma estação. De adubo: 200 kg de P,300 kg de N (lembrando que esses produtos

    são diluídos, 200 kg de P signica 1.000 kg deproduto de 20% pureza), e quatro toneladas defarinha de carne seriam sucientes, distribuídasao longo do ano. Substituindo outros farelos vegetais com menos proteína, teria que aplicarmais (5 a 6 toneladas), com mais ainda deesterco seco (10 a 15 toneladas). equerimentos variam, pois a variabilidade entre a qualidadede água, de solo, de materiais, de adubação

    prévia do tanque etc., é grande. Avaliação diáriada produção de plâncton e o consumo dospeixes denem a necessidade em aumentar oudiminuir aplicações e área dedicada à produçãode plâncton.

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    Ensinar peixes carnívoros a se alimentaremexclusivamente de rações secas é atividade bastante complicada para algumas espécies,menos com outras. Pirarucu deve ser umadas espécies mais fáceis de todas, sendo queo animal não é totalmente carnívoro. O fatode o pirarucu ser peixe ltrador, que continuaconsumindo zooplâncton por muitos meses,facilita muito esse trabalho. Técnicas complexasutilizadas com outras espécies de peixescarnívoras, envolvendo fabricação de umaseqüência de rações úmidas, que contem peixemoído ou outras carnes, não são necessárias.

    A transição de zooplâncton para ração comercialno caso de pirarucu é direta. Fundamental emdesenvolver esse processo simplicado foi a

    identicação do “período crítico” para realizara transição. Existe um momento certo em queos peixes mudam de comportamento e ca fácilexecutar a transição com peixes desse tamanho,que é de +/- sete cm.

    Pós-larvas pequenas de pirarucu formamcardumes bem organizados por instinto. Seucomportamento alimentar é de nadar em frente,

    um peixe ao lado do outro, um para cima, outropara baixo, cada um abrindo e fechando a boca,sem identicar visualmente sua presa (vejaFoto).

    O grupo é eciente e a distribuição dosalimentos disponível é justa. Cada indivíduonão tem vantagem sobre o outro, pois a entradado zooplâncton na boca é cega e aleatória. Assim, o grupo não para. Continua em frente. Apresentação de ração enquanto os peixes sealimentam assim é fútil, pois os peixes nãoparam para olhar e a maior parte da ração seriadesperdiçada, caindo até o fundo e poluindo otanque. Quando atinge um tamanho de 7 cm, ospeixes começam a procurar presas individuais,parando para olhar e catar organismos da água.Este é o momento correto para começar arealizar o “treinamento” (veja Foto).

    Treinamento alimentar

    Cardume de Pirarucu de 3 cm ProcurandoPlâncton

    Peixes de 7 cm Prontos Para Treinamento Alimentar

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    Como o pirarucu mantém interesse no zooplâncton, mas já procura organismos de tamanhomaior, é questão simplesmente de oferecer uma ração de tamanho apropriado (de 0,5 a 0,8 mmcom sabor de zooplâncton. Zooplâncton vivo peneirado para escoar água, depois misturado coração extrusada desse tamanho, é consumido entusiasticamente pelo pirarucu. Gradualmente, ozooplâncton é removido da dieta. Em mais ou menos dez dias, os peixes aprendem a comer a r A primeira marca de ração que apareceu com qualidade adequada para facilitar este trabalho foração Aquaxcell da Purina. Depois do treinamento, os peixes devem ser tratados de 4 a 5 vezesdia, novamente não deixando que eles se alimentem totalmente à vontade. Peixes de 9 a 10 cm bem-alimentados consumindo de 5 a 6% do seu peso por dia (veja Foto). A quantidade de plândisponível faz com que essas quantidades variem.

    Pirarucu de 9 cm comendoração extrusada

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    Produtores com menos experiência, ou sem laboratórios, podem produzir pirarucu de qualidadesem laboratório. Simplesmente capturando pós-larvas (ale