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- PORTO, 2009 -
Alimentação e Desempenho Escolar 2
- MONOGRAFIA - 2009
Helga Teixeira - Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
Aos meninos da Casa Esperança, de Quelimane, Moçambique,
fontes de inspiração para esta monografia e para a vida.
A todas as crianças que vão para a escola com fome.
A todas as crianças que por dificuldades económicas ou
por negligência ou ignorância dos adultos não são
capazes de desenvolver as suas capacidades e de
atingirem os seus sonhos.
Alimentação e Desempenho Escolar 3
- MONOGRAFIA - 2009
Helga Teixeira - Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
ÍNDICE
�
RESUMO............................................................................................................ 4�
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 5�
ALIMENTAÇÃO, FACTORES SÓCIO-ECONÓMICOS E DESEMPENHO
ESCOLAR .......................................................................................................... 7�
ALIMENTAÇÃO E INTELIGÊNCIA .................................................................... 8�
ALIMENTAÇÃO E COMPORTAMENTO ............................................................ 9�
DESEQUILÍBRIOS NUTRICIONAIS E DESEMPENHO ESCOLAR ................. 10�
Alimentação e função cerebral – mecanismos de acção .............................. 11�
Estado nutricional e desenvolvimento neuronal ............................................ 13�
Macronutrientes e desempenho escolar ....................................................... 15�
Ácidos gordos ........................................................................................... 15�
Proteínas ................................................................................................... 16�
Hidratos de carbono .................................................................................. 17�
Micronutrientes e desempenho escolar ........................................................ 17�
Deficiência em ferro .................................................................................. 18�
Deficiência em zinco ................................................................................. 21�
Deficiência em iodo ................................................................................... 22�
Deficiência em vitamina B12 ..................................................................... 24�
Outras deficiências nutricionais ................................................................. 25�
Suplementação em micronutrientes .......................................................... 25�
PADRÃO ALIMENTAR E DESEMPENHO ESCOLAR ..................................... 26�
Pequeno-almoço ........................................................................................... 27�
Efeitos do consumo ou da omissão .......................................................... 27�
Efeitos da quantidade e qualidade ............................................................ 31�
Lanches ........................................................................................................ 33�
EXCESSO DE PESO E DESEMPENHO ESCOLAR ....................................... 33�
ACTIVIDADE FÍSICA E DESEMPENHO ESCOLAR ....................................... 34�
CONCLUSÃO ................................................................................................... 35�
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 38�
Alimentação e Desempenho Escolar 4
- MONOGRAFIA - 2009
Helga Teixeira - Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
RESUMO
O desempenho escolar das crianças é influenciado por vários factores
individuais e ambientais. A alimentação é um desses, pelo seu papel
determinante no desenvolvimento cerebral e cognitivo e pela sua capacidade
de afectar factores como a inteligência, a aprendizagem, a memória e
capacidades determinantes na sala de aula, como a concentração e o estado
de alerta. São várias as componentes da alimentação que podem ter efeitos no
desempenho escolar das crianças dos países em desenvolvimento ou dos
industrializados, desde as deficiências em variados macro e micronutrientes ao
padrão alimentar. Os efeitos da alimentação são mais evidentes em crianças
subnutridas, mas mesmo as deficiências sub-clínicas podem ter efeitos no
desempenho escolar.
Palavras-chave: alimentação, nutrição, desempenho escolar, crianças,
adolescentes, inteligência, comportamento, estado nutricional.
Abstract
The academic performance of children is influenced by several individual and
environmental factors. Diet is one of those factors, due its crucial role in brain
and cognitive development and their ability to affect factors such as intelligence,
learning, memory and determinant capacities in the classroom, as the
concentration and the alertness. There are several components of diet that may
have effects on school performance of children in developing and in
industrialized countries, such as deficiencies in several macro and
micronutrients, as well dietary pattern. The effects of diet are more pronounced
in undernourished children, but even sub-clinical deficiencies can have an effect
on school performance.
Keywords: diet, nutrition, school performance, children, adolescents,
intelligence, behavior, nutritional status.
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Helga Teixeira - Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
INTRODUÇÃO
O desempenho escolar das crianças e adolescentes é algo que, pelo
menos em alguma fase da vida, preocupa grande parte das pessoas, desde os
estudantes aos pais e professores, e até mesmo aos líderes políticos, criando
algum mistério quando se pensa no porquê de umas crianças terem um maior
ou menor sucesso escolar do que as outras.
Há vários factores que influenciam o desempenho escolar,
nomeadamente factores relacionados com a própria criança, a sua família e a
sua escola(1). A inteligência da criança está positivamente associada com o seu
desempenho escolar(2), influenciando o processo de aprendizagem, tal como a
motivação, que pode ser incentivada por factores internos e externos, e os
factores sociais(3). O ambiente que a rodeia, incluindo a educação e a
estimulação paterna, assim como o empenho e incentivo dos professores,
também são determinantes no sucesso escolar(4). Por sua vez, a cognição, que
no seu sentido mais amplo é uma actividade de processamento de informação
no cérebro(5), também tem várias componentes associadas ao seu
desenvolvimento na criança, onde se incluem as condições sócio-económicas(1,
6), o ambiente familiar, os aspectos motivacionais, a disponibilidade de escolas
e de recursos didácticos, a qualificação dos professores(1), o orçamento
familiar(7), a educação dos pais(6, 7), a ausência do pai, as más condições
sanitárias do ambiente que a rodeia e o baixo peso à nascença(6). O
desempenho cognitivo nas crianças também parece ter uma forte associação
positiva com os elevados níveis de estimulação em casa e a frequência de
infantário(6). Estando a cognição e a aprendizagem dependentes do
funcionamento cerebral e sendo o cérebro constituído e sustentado por
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Helga Teixeira - Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
nutrientes adquiridos pela alimentação, surge assim a questão sobre os
possíveis efeitos da alimentação no desempenho cognitivo.
O Programa Nacional de Saúde Escolar português contempla como
umas das áreas prioritárias para a promoção de estilos de vida saudáveis, a
saúde mental e a alimentação saudável, com estratégias de intervenção nestas
áreas bem definidas e separadas(8). Mas não poderá a alimentação estar
relacionada com a saúde mental? O mesmo programa considera que a escola
tem um papel determinante na promoção da saúde, incluindo nos hábitos
alimentares saudáveis, e que deve desenvolver estratégias individuais, sociais
e ambientais para esse efeito(8), mas não poderá também a alimentação e o
seu impacto na saúde ter efeitos no desempenho escolar e consequências a
nível individual, social e ambiental?
Num estudo acerca da epidemiologia do desempenho cognitivo e
escolar de crianças brasileiras (Santos, 2002), considerou-se que “os
programas de alimentação favorecem a cognição e o progresso escolar,
consoante com a ideia de que saúde e estado nutricional afectam a habilidade
da criança para o aprendizado” e que a “irregularidade na oferta de refeições
matinais na rotina de vida das crianças conduz a rendimento escolar
empobrecido”, reflectindo bem a importância da alimentação no sucesso
escolar(1). No entanto, é sabido também que o padrão sócio-económico das
famílias se repercute não só nas condições de habitação, higiene, saneamento
básico e possibilidade de escolarização das crianças, mas também na saúde e
na nutrição das crianças(6). É desta forma que surge a questão de como poderá
a alimentação, por si só, influenciar o desempenho escolar das crianças.
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- MONOGRAFIA - 2009
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Os efeitos da malnutrição severa no desempenho cognitivo e escolar já
estão bem estabelecidos, estando associada a mortalidade e a atrasos graves
no desenvolvimento motor e neurológico(9). No presente trabalho não serão
abordados os efeitos mais graves da alimentação, ligados à malnutrição
severa, mas sim a influência da alimentação no desempenho escolar de
crianças à partida saudáveis que frequentem o sistema de ensino normal.
ALIMENTAÇÃO, FACTORES SÓCIO-ECONÓMICOS E DESEMPENHO
ESCOLAR
A malnutrição está tipicamente associada a privações sociais e
culturais(10), ocorrendo muitas vezes num contexto de pobreza(9, 11, 12) – que por
si só está associada a défices no desempenho cognitivo e motor(11) – de
deficiência de prestação de cuidados(11) e em famílias caracterizadas por
múltiplos factores de stress que podem interferir com o desenvolvimento
saudável da criança(12). Assim, a etiologia dos problemas de desenvolvimento
cognitivo e motor(11, 12) tem contribuições tanto de factores nutricionais como
ambientais(11), em sinergismo(10), mas ambos parecem ter impactos
independentes no desempenho cognitivo(13).
Há uma forte relação entre as carências alimentares e a classe sócio-
económica, mas esta relação não é absoluta(2). Alguns estudos têm sugerido
que a insuficiência alimentar tem efeitos no desenvolvimento educacional e
psico-social, independentemente da ingestão nutricional e da classe sócio-
económica(2), e que está significativamente e consistentemente associada a
problemas de saúde(2) e comportamentais(2, 14), a menor funcionamento
cognitivo, a menor assiduidade(15) e a menor sucesso escolar(14, 15).
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ALIMENTAÇÃO E INTELIGÊNCIA
O maior determinante do desempenho escolar é a inteligência(2, 16). Esta
componente, que pode ser medida pelo Quociente de Inteligência (QI), tem
sido amplamente estudada há já vários anos, tendo-se mostrado que a
inteligência é influenciada tanto por factores genéticos(16) como por factores
ambientais(2, 16).
A evidência demonstra que numerosos genes no cromossoma X
afectam a inteligência, e que as principais capacidades mentais (verbais,
espaciais, velocidade e precisão de percepção e memória) têm grandes
influências hereditárias, sugerindo inclusivamente uma associação positiva
entre o QI da criança e o QI da mãe(16).
A influência ambiental parece ser mais modesta(16), mas também tem um
impacto significativo na inteligência. A malnutrição, para além de interferir com
a saúde em geral, interfere com os níveis de energia da criança e com a taxa
de desenvolvimento motor e cerebral(2, 16), pelo que o perímetro cefálico é a
medida antropométrica mais sensível à subnutrição prolongada durante a
infância e reflecte o desenvolvimento cerebral(16). A subnutrição moderada
pode mesmo ser suficiente para afectar negativamente o QI e os resultados
académicos a longo prazo(2). O tamanho cerebral e a inteligência parecem
estar relacionados positivamente, embora os factores genéticos e ambientais
possam também afectar esta relação(16). A pobreza e a privação são outros
factores ambientais que parecem estar negativamente associados à
inteligência, exacerbando os efeitos negativos da malnutrição supracitados,
especialmente quando as mães têm baixos níveis de escolaridade. O peso à
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nascença também parece associar-se positivamente e significativamente ao QI
das crianças mas não parece explicar a variação de QI(16).
ALIMENTAÇÃO E COMPORTAMENTO
As evidências sugerem fortemente que as deficiências nutricionais
podem levar a problemas comportamentais, independentemente do ambiente
social e de factores psicológicos, pelo que, segundo estudos realizados em
escolas que implementaram programas de alimentação escolar, a melhoria da
ingestão nutricional das crianças parece resultar em benefícios bastante
significativos no comportamento(2, 7, 17-20).
Algumas crianças, mesmo de países industrializados, têm o seu
comportamento afectado por carências nutricionais(2), predispondo-as a
comportamentos anti-sociais(21), incluindo a disciplina na sala de aula, a
interacção com os colegas e o seu bem-estar emocional, inclusivamente ao
nível da ansiedade, depressão e motivação(2). Parece haver também uma
relação entre a malnutrição e os comportamentos de exteriorização, como a
agressividade, problemas de conduta(10) e a hiperactividade(2, 10). Todas estas
relações devem-se possivelmente ao facto de as deficiências nutricionais
poderem comprometer o funcionamento cognitivo que afecta o controlo dos
impulsos ou a capacidade de aprender com os erros(2). Por outro lado, o facto
de as deficiências nutricionais poderem levar ao insucesso escolar, por si só
aumenta o risco de desenvolver estes comportamentos(8). A omissão do
pequeno-almoço pode também ter efeitos negativos discutidos adiante(7, 17-20).
Várias deficiências de nutrientes ou de combinações de nutrientes
podem ter efeitos no comportamento. A deficiência em ferro é talvez a mais
investigada e tem vindo a ser associada a problemas de aprendizagem e de
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comportamento, incluindo a hiperactividade(2). A deficiência em ácidos gordos
polinsaturados também parece estar associada a violência, sendo que a sua
suplementação, inclusive durante a gravidez e os primeiros anos de vida,
diminui os níveis deste comportamento(10, 21, 22), efeito também conseguido com
a suplementação de vitaminas e minerais(21, 22).
O pressuposto que o açúcar tem efeitos adversos no comportamento
das crianças é frequente(10), mas não parece haver qualquer evidência de que
o consumo de sacarose seja responsável por esses efeitos(23, 24), embora se
saiba que a tendência a desenvolver níveis baixos de glicose, não
necessariamente hipoglicémicos, está associada a irritabilidade, violência(10) e
agressão(22) e que uma melhor tolerância à glicose parece estar associada a
melhor humor(25). Evidências sugerem que algumas crianças tenham
intolerâncias alimentares sub-clínicas, inclusivamente a alguns aditivos, como a
tartrazina e o conservante benzoato de sódio, que resultam em problemas
comportamentais(10). Os aditivos alimentares têm sido bastante investigados no
sentido de se detectarem os seus efeitos no comportamento das crianças(2).
DESEQUILÍBRIOS NUTRICIONAIS E DESEMPENHO ESCOLAR
O cérebro, como qualquer outro órgão, é composto por substâncias
presentes na alimentação, algumas exclusivamente, como vitaminas, minerais,
aminoácidos e ácidos gordos essenciais. No entanto, nem sempre foi
completamente aceite que a alimentação pudesse influenciar a estrutura
cerebral e consequentemente as suas funções, incluindo as cognitivas e
intelectuais(26). Inicialmente começaram por ser estudados os efeitos negativos
da ingestão proteico-energética inadequada, mas nos últimos anos tem-se
dado importância a outras deficiências alimentares e padrões alimentares que,
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para além de terem grandes impactos na saúde, têm efeitos ao nível do
desenvolvimento neurológico e cognitivo, influenciando o desempenho
escolar(11, 12).
Alimentação e função cerebral – mecanismos de acção
A malnutrição, a subnutrição e o desequilíbrio nutricional podem afectar
a aprendizagem e a memória por modificarem ou interferirem com a fisiologia
e/ou a estrutura cerebrais, podendo os danos ser temporários, se prevalecerem
enquanto o problema nutricional existir, ou irreversíveis, se ocorrerem num
período crítico do desenvolvimento da criança(27).
De acordo com Coutre e Schmitt (2008), o papel da alimentação na
cognição pode ser dividido em duas propriedades principais dos alimentos: a
percepção da comida de forma indirecta, durante o consumo e a digestão, e os
componentes intrínsecos da nutrição e os seus efeitos directos no cérebro.
Indirectamente a alimentação afecta a função cerebral através de mudanças a
nível vascular, imunológico, metabólico, sensorial e hormonal, já que, tal como
todos os outros órgãos, o cérebro está vulnerável aos processos fisiológicos
extra-cerebrais. Segundo estes autores, a alimentação diária tem
essencialmente 4 componentes com o potencial de afectar directamente a
função cerebral: a energia, os precursores celulares, os co-factores e outros
componentes psico-activos ou com efeitos na função cerebral(5).
A energia é talvez a característica da alimentação que mais
evidentemente afecta o desempenho neurológico(5). À nascença o cérebro da
criança é responsável por 44% da taxa de metabolismo basal, cerca do dobro
da energia gasta pelo cérebro adulto(10), o que se deve parcialmente à elevada
razão entre o tamanho cerebral e o tamanho corporal nas crianças. As
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necessidades energéticas cerebrais sob condições fisiológicas normais são
conseguidas quase exclusivamente através da glicose(5), pelo que nos
primeiros 10 anos de vida a utilização absoluta de glicose pelo cérebro das
crianças chega a ser o dobro da dos adultos(5, 10), devido aos elevados graus
de conectividade sináptica durante a infância(5). Sendo o órgão do corpo mais
metabolicamente activo, o cérebro precisa continuamente de glicose, o seu
combustível básico(10), o que sugere que em condições de necessidades
cognitivas elevadas a disponibilidade de glicose possa tornar-se um factor
limitativo para o funcionamento cerebral óptimo(5).
Para além de energia, a alimentação fornece precursores essenciais
para o cérebro, como ácidos gordos e aminoácidos. O papel dos ácidos gordos
polinsaturados de cadeia longa n-3 e n-6 têm adquirido muito interesse no
contexto do desenvolvimento neurológico e de doenças neuropsiquiátricas,
como a hiperactividade e a depressão, estando também sob investigação
outros lípidos(5). A síntese de neurotransmissores importantes, incluindo a
serotonina, a dopamina, a noradrenalina, a histamina e a glicina, pode ser
modulada pela disponibilidade dos aminoácidos seus precursores, triptofano,
tirosina, histidina e treonina, respectivamente, pelo que aqui a ingestão proteica
tem um papel importante(5).
A alimentação fornece ainda micronutrientes como ferro, zinco, iodo,
magnésio, vitamina A, vitaminas B e vitamina C, que actuam como co-factores
em processos enzimáticos no metabolismo dos neurotransmissores, dos lípidos
estruturais e funcionais do cérebro, das proteínas, do DNA e do RNA, assim
como no metabolismo energético(5).
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Há ainda outros componentes nutricionais específicos que são psico-
activos ou têm outros efeitos importantes no funcionamento cerebral: a cafeína,
que é um estimulante ligeiro e pode atenuar a diminuição do desempenho
cognitivo devido à fadiga em adultos(5), mas em crianças parece diminuir a
capacidade de concentração(2), embora os estudos ainda sejam controversos;
e os polifenóis, como os flavonóides e o resveratrol, que têm mostrado exercer
uma multiplicidade de acções relacionadas com o cérebro, incluindo modulação
da expressão de genes, protecção neuronal, defesa antioxidante endógena e
aumento do fluxo sanguíneo cerebral(5), efeitos ainda a comprovar em crianças.
Estado nutricional e desenvolvimento neuronal
O impacto da alimentação no desempenho escolar de uma criança
começa muito antes de esta ingressar na escola, podendo o estado nutricional
peri-natal da mãe ter implicações a longo prazo no desempenho escolar do
filho(10). A alimentação da grávida(10, 28-30), e consequentemente a sua variação
ponderal ao longo da gravidez, assim como o seu Índice de Massa Corporal
(IMC) antes da gravidez, influenciam o desenvolvimento neurológico e cognitivo
do seu filho(28-30), já que a disponibilidade nutricional adequada é fundamental
para um correcto desenvolvimento cerebral(10, 28-30). O baixo peso à nascença
(˂2,5 kg), relacionado com o baixo IMC antes da gravidez e/ou reduzido ganho
de peso durante a mesma(30), está associado a morbilidades a longo prazo,
inclusivamente a défices de crescimento, de desenvolvimento neuro-
comportamental(31) e cognitivo(10, 29), a problemas de aprendizagem(28) e a um
menor QI(10, 16). Também a idade gestacional, negativamente associada ao
ganho de peso desadequado durante a gravidez(28-30), está relacionada com a
inteligência, em particular com o raciocínio não-verbal e o processamento de
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informação, e há uma maior incidência de doenças psiquiátricas e
hiperactividade em crianças que nasceram prematuramente(10).
O cérebro humano desenvolve-se rapidamente no último trimestre da
gravidez e nos primeiros 2 anos de vida(2, 10), pelo que este é o período mais
crítico do seu desenvolvimento(2). O peso do cérebro de um recém-nascido
representa cerca de 10% do total do seu peso – enquanto que o de um adulto
representa apenas 2% – atingindo aos 2 anos de idade cerca de 80% do peso
do cérebro de um adulto, terminando nesta altura grande parte do seu
desenvolvimento(10), que continua até à adolescência(10, 21). Esta elevada taxa
de crescimento cerebral torna a criança vulnerável a inadequações nutricionais,
com consequências no desenvolvimento cerebral(21), dependentes do nutriente
em défice, do estado de desenvolvimento da criança, do grau da deficiência e
da sua duração(21), que nesta fase poderá mesmo derivar em défices de
cognição permanentes(5). A subnutrição nos primeiros anos de vida está
associada a baixo QI, a fracos resultados académicos a longo prazo(2), a
défices de atenção e a comportamento agressivo a longo prazo(10).
Segundo estudos realizados em países industrializados, também a
amamentação parece estar associada a melhor desenvolvimento cognitivo,
mas como a decisão de amamentar é mais comum em mulheres com maior
escolaridade, nível sócio-económico e inteligência, é difícil de distinguir os
efeitos do leite materno de outros efeitos benéficos nesse desenvolvimento(10).
Embora o período pré-escolar não seja um período crítico de
desenvolvimento, o cérebro continua a desenvolver-se(2, 10, 21, 27),
particularmente na área que se pensa ser responsável por actividades
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cognitivas como a atenção e resolução de problemas(2), pelo que qualquer
dano que ocorra nesta fase pode ter resultados a longo prazo(27).
Macronutrientes e desempenho escolar
Ácidos gordos
Os ácidos gordos são essenciais ao correcto desenvolvimento e
funcionamento cerebrais(26, 27), pois possuem um papel estrutural importante
nas membranas celulares, particularmente no seu estado físico(27). O estado
físico ideal da membrana neuronal é o de gel, pois uma maior fluidez facilita a
comunicação entre células(27), e o estado de saturação dos ácidos gordos está
negativamente associado a essa fluidez(10). Para além dos ácidos gordos há
ainda várias moléculas capazes de alterar este estado, como o álcool, que
aumenta a fluidez da membrana, e o colesterol, que a endurece(27).
Os ácidos gordos essenciais, nomeadamente os n-3 e n-6, são os
maiores componentes da mielina, induzem a mielinização e estão também
envolvidos na produção de neurotransmissores(27). No entanto, apesar de o
cérebro usar os ácidos linoleico (n-6) e α-linolénico (n-3) para muitas funções,
os ácidos gordos polinsaturados de cadeia muito longa (PUFA), seus
derivados, também são importantes. Vários estudos confirmaram que os níveis
de PUFA na membrana neuronal são importantes e que a razão entre PUFA n-
3 e n-6 também, sendo a razão 1:4 (n-3:n-6) a mais efectiva na redução dos
níveis de colesterol na membrana, na melhoria do desempenho da
aprendizagem e na melhoria do sono(27).
A deficiência em ácidos gordos essenciais é encontrada em crianças
com hiperactividade, por vezes articulada com a deficiência em ferro(27). As
deficiências em n-3 induzem uma redução das catecolaminas cerebrais, da
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capacidade de transporte e de utilização de glicose e da taxa de mielinização,
podendo cada uma destas variáveis ser responsável por défices de
aprendizagem(27). O ácido α-linolénico (ALA) e o ácido decosahexanóico
(DHA), dois ácidos gordos polinsaturados n-3, são particularmente importantes
pois condicionam as capacidades intelectuais. A deficiência em ALA altera o
curso do desenvolvimento cerebral, induzindo modificações bioquímicas e
fisiológicas que resultam em perturbações neuro-sensoriais e
comportamentais(26), efeitos que também parecem ocorrer devido a mudanças
nas concentrações cerebrais de DHA, segundo alguns estudos animais(10).
Estudos sugerem uma associação entre a maior ingestão de pescado, fontes
ricas de ácidos gordos essenciais, durante a gravidez e melhor comportamento
pró-social, melhor controlo motor e desenvolvimento social e maior inteligência
verbal, e entre a sua baixa ingestão durante a gravidez e elevados riscos de
menor desenvolvimento(10).
Proteínas
A atenção sobre o impacto da alimentação no desenvolvimento cognitivo
iniciou-se e incidiu durante muito tempo apenas na malnutrição proteico-
energética(11, 12). Esta tem efeitos bem estabelecidos(2) no atraso do
desenvolvimento motor e cerebral, e consequências a curto e a longo prazo na
cognição e no comportamento(10). No entanto é muito difícil separar os efeitos
da deficiência energética e proteica dos efeitos das deficiências em
micronutrientes que normalmente lhe estão associadas(10). Sabe-se que alguns
aminoácidos essenciais presentes nas fontes alimentares proteicas participam
na elaboração de neurotransmissores e neuromodeladores(26), podendo a sua
deficiência afectar o funcionamento cerebral.
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Hidratos de carbono
Durante muitos anos assumiu-se que no cérebro havia um único
compartimento para a glicose, com uma concentração estável e que sob
circunstâncias normais não limitava a actividade neuronal. No entanto, as
últimas evidências têm demonstrado que as concentrações de glicose no
cérebro variam entre áreas cerebrais e ao longo do tempo, sugerindo que a
ingestão de glicose influencia os seus níveis extracelulares no cérebro(10).
A glicose é essencial para a função cerebral(32) pois a maioria do cérebro
consome mais de 50% dos HC, aproximadamente 80% do qual é usado
apenas para obtenção de energia(26), podendo assim a natureza do
fornecimento de glicose ao cérebro afectar o desempenho cognitivo(32). A
ingestão de alimentos com baixo índice glicémico assegura níveis baixos de
insulina e regula a glicemia(26), fornecendo ao cérebro uma concentração
suficiente e prolongada da glicose sanguínea(32), que consequentemente
melhora a qualidade e a duração do desempenho intelectual(26, 32).
Nas crianças, adolescentes e idosos, assim como nos diabéticos, o mau
controlo glicémico está associado a baixo desempenho no momento de testes
de memória(26) e, como já foi referido, a tolerância à glicose está associada ao
comportamento(10, 22, 25).
Micronutrientes e desempenho escolar
O potencial genético das crianças para o crescimento e desenvolvimento
mental pode ser comprometido devido a deficiências de micronutrientes,
mesmo que sub-clínicas, pois o pobre estado nutricional conduz a alterações
das funções mentais e comportamentais, imediatas ou a longo prazo(33, 34). No
entanto, ainda não se sabe muito acerca do impacto de várias deficiências em
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micronutrientes no desenvolvimento cognitivo, pois estas podem ocorrer
simultaneamente, particularmente se os micronutrientes derivam da mesma
fonte, dificultando a interpretação dos efeitos de um único micronutriente(12).
A ingestão adequada de micronutrientes é uma medida básica
necessária para promover o funcionamento cognitivo óptimo, mas as
recomendações diárias de ingestão de micronutrientes não reflectem
necessariamente os valores óptimos no que diz respeito ao funcionamento
cerebral, que podem variar com as características demográficas, como a idade
e o sexo, com os estilos de vida e com factores genéticos(5).
As deficiências em ferro, iodo, zinco e vitamina A são as que têm um
maior impacto no desenvolvimento das crianças em países sub-desenvolvidos,
que, apesar de alguma controvérsia, também podem ocorrer de forma sub-
clínica nos países industrializados(21).
Deficiência em ferro
O ferro é fundamental para a imunidade, crescimento e
desenvolvimento(12). Ele é essencial para o transporte de oxigénio pois participa
na síntese de hemoglobina(12, 35), pelo que a sua deficiência é a principal causa
de anemia(36), sendo responsável por 50% destas(37). O ferro actua ainda como
co-factor enzimático(5, 35), tendo um papel importante, na produção de energia
no parênquima cerebral e na síntese de neurotransmissores e de mielina(33),
modelando a fluidez da membrana neuronal(27).
A deficiência em ferro é actualmente o problema nutricional mais
prevalente no mundo(12, 36, 38), principalmente em mulheres(33, 39) e em
crianças(39), sendo nas crianças em idade escolar a prevalência de anemia de
25%(39). Nos países desenvolvidos a prevalência de anemia por deficiência em
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ferro é menor, de 2 a 8%, mas mesmo assim elevada(35). No entanto, quando
se considera a deficiência em ferro sem anemia, as taxas de prevalência são
ainda maiores(12, 35). O maior risco de deficiência em ferro ocorre durante os
períodos de rápido crescimento e de maiores exigências nutricionais,
especialmente dos 6 aos 24 meses, na adolescência e na gravidez(12).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)(36) e os dados de
vários estudos, incluindo o estudo The National Health and Nutrition
Examination Survey III (NHANES), desenvolvido nos Estados Unidos da
América, há uma associação entre o estado nutricional em ferro e o
desempenho escolar, havendo piores resultados nas crianças com deficiência
em ferro, mesmo que sem anemia(37). O défice de ferro é compensado
utilizando preferencialmente o ferro cerebral para a síntese de eritrócitos(21),
pelo que é possível que os níveis cerebrais de ferro diminuam quando a
ingestão deste é baixa, mesmo que não haja anemia(21, 37). Assim, mesmo sem
anemia, a deficiência em ferro está ligada a perturbações do desenvolvimento
cerebral(21) e das funções cognitivas(12, 15, 21, 33, 38, 39). As crianças com
deficiência em ferro apresentam frequentemente letargia, irritabilidade, apatia,
fadiga(21, 27). Vários estudos têm ainda associado esta deficiência a diminuição
da atenção, das capacidades de aprendizagem(27, 35) e da memória, a
dificuldades de concentração(21, 27, 35), a alterações de humor(35), a pica, a
menor QI(27) e a piores resultados escolares(15). Sabe-se ainda que a
deficiência em ferro é encontrada frequentemente em crianças com défice de
atenção/ hiperactividade(21, 27, 33).
A base biológica dos problemas comportamentais e do desenvolvimento
cognitivo observados nas crianças com deficiência em ferro não está ainda
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completamente compreendida mas está possivelmente relacionada com o facto
de a diminuição da síntese de hemoglobina, assim como da actividade das
enzimas cerebrais que contêm ferro, afectar o funcionamento cerebral(21); com
anomalias no metabolismo dos neurotransmissores(38), como da dopamina, que
tem fortes efeitos na atenção, percepção, memória, motivação e controlo
motor(12); com diminuição da formação da mielina; e com alterações no
metabolismo energético cerebral(38).
Mesmo as concentrações de ferro na artéria umbilical são críticas
durante o desenvolvimento do feto, inclusive cerebral, e no QI da criança(33). O
desempenho cognitivo de crianças com deficiência em ferro parece melhorar
com a subsequente ingestão adequada de ferro(21, 35), mesmo que haja
anemia(15). No entanto, isso não parece acontecer quando a deficiência em
ferro ocorre nos primeiros anos de vida, pois é nessa fase inicial de
desenvolvimento cerebral que as células cerebrais aprovisionam ferro, e se
isso não se suceder adequadamente ocorrem danos irreparáveis nas células(35)
que fazem com que os problemas persistam(21) e que as crianças continuem
com baixo desempenho escolar(37), mesmo que a ingestão subsequente de
ferro seja adequada(21). Todos estes efeitos da deficiência em ferro
supracitados são fortes argumentos para a detecção precoce e tratamento da
deficiência em ferro, especialmente em grávidas, crianças e adolescentes(27).
O sistema imunitário também é prejudicado pela deficiência em ferro(27,
35), o que pode explicar o facto de a taxa de crianças com deficiência em ferro
com doenças infecciosas ser muito maior do que a de crianças sem esta
deficiência(27), podendo ter implicações no absentismo escolar.
Alimentação e Desempenho Escolar 21
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Deficiência em zinco
O zinco está presente em elevadas concentrações no cérebro, onde se
liga às proteínas, contribuindo para a estrutura e função cerebrais, e tem um
papel central no crescimento celular, especificamente na produção de enzimas
necessárias para a síntese de RNA e DNA(11).
A prevalência global da deficiência em zinco parece ser de 31%,
variando de 4 a 73% entre sub-regiões(40). Não se sabe muito acerca da
prevalência desta deficiência mas, com base nos níveis de ingestão, esta
parece ser elevada nas crianças mais novas nos países em desenvolvimento, e
comum mesmo em países desenvolvidos(12).
A deficiência em zinco pode conduzir a défices no funcionamento
neuropsicológico e a atrasos no desenvolvimento cognitivo, prejudicando as
respostas comportamentais e emocionais(11), parecendo estar associada a
agressividade e a diminuição da atenção(11, 21), da memória(21)e da actividade e
desenvolvimento motor da criança(11, 12). Por sua vez, a redução de actividade
pode ter consequências negativas no desenvolvimento motor e cognitivo da
criança, pois crianças inactivas que não exercitam as suas capacidades estão
menos predispostas a adquirir capacidades novas ou mais complexas(11). No
caso das crianças hiperactivas, que têm elevados níveis de actividade
indiferenciada, estas podem não atingir os benefícios cognitivos e motores que
têm sido associados à actividade funcional e relacional(11). Para além disto,
estudos animais sugerem que a deficiência em zinco pode afectar o estado
emocional e a resposta ao stress da criança, mais do que o desempenho
cognitivo por si só, pelo que crianças com esta deficiência podem ser mais
susceptíveis ao contexto social e ao stress do ambiente que as rodeia(11).
Alimentação e Desempenho Escolar 22
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Segundo Black (1998), é possível que as crianças com deficiência em
zinco demonstrem funcionamento cognitivo normal mas que mesmo assim se
encontrem prejudicadas por défices no funcionamento neuropsicológico, por
exemplo de atenção, que enfraquecem o desempenho escolar(11). Esta autora
sugeriu ainda que a relação entre a deficiência em zinco e o desenvolvimento
cognitivo pode variar com a idade da criança, já que as crianças estão
particularmente vulneráveis à deficiência em zinco durante períodos de rápido
crescimento e desenvolvimento, como os primeiros anos de vida e a
adolescência(11), o que poderá explicar que em alguns estudos a
suplementação com zinco em crianças de baixa idade melhore a atenção e a
memória mas o mesmo não aconteça com a suplementação de crianças mais
velhas(21), assim como a ausência, em vários estudos, de qualquer associação
entre a deficiência em zinco e o desempenho cognitivo em crianças nem de
melhoria desse desempenho com a suplementação em zinco(15). A
suplementação tem mostrado ainda ter efeitos benéficos no crescimento, na
incidência de diarreia e pneumonia, e na mortalidade em bebés com deficiência
em zinco, mas os resultados em mulheres grávidas são controversos no que
diz respeito à melhoria do desenvolvimento e do funcionamento cognitivo dos
seus filhos(12). As evidências de melhorias do desempenho neuropsicológico
em crianças suplementadas com zinco têm vindo a crescer, mas é necessário
mais trabalho para clarificar o seu efeito no desempenho escolar(12).
Deficiência em iodo
A deficiência em iodo é também um dos problemas nutricionais mais
prevalente por todo o mundo(21), e tem implicações sérias na escolaridade e no
desenvolvimento económico das regiões onde a ingestão de iodo é baixa(36, 41).
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Na Europa, a prevalência de ingestão insuficiente de iodo nas crianças em
idade escolar é a maior do mundo (59,9%)(41), maior ainda do que em regiões
subdesenvolvidas. Estes valores são preocupantes, pois a deficiência em iodo
é a maior causa de atraso mental prevenível(12, 42), podendo nestas idades
levar, entre outras consequências, a diminuição da função cerebral e do
desenvolvimento neuro-intelectual(42), reduzindo as capacidades intelectuais(21,
41), de trabalho e o desempenho escolar(41)
No entanto, embora a deficiência em iodo seja bastante prevalente
mesmo em países desenvolvidos(21, 39, 41), uma revisão bibliográfica recente
(Taras, 2005) não revelou qualquer associação entre a deficiência em iodo e
diminuição do desempenho cognitivo em escolas dos EUA(15), mas isto poderá
dever-se à fortificação dos alimentos muito utilizada neste pais(41).
A deficiência em iodo pode provocar hipotiroidismo(12), já que é essencial
para síntese das hormonas tiroideias(5, 12, 21), que assumem um papel
importante no metabolismo de todas as células e no crescimento de muitos
órgãos, em particular do cérebro(12, 21). Assim, o défice de iodo e/ou hormonas
tiroideias durante o período crítico da gestação(12, 21) e no período pós-natal
pode resultar em défices irreversíveis no desenvolvimento cerebral que,
embora apenas em 5-10% dos casos conduza a cretinismo, prejudicam o
funcionamento psicológico, mesmo nas crianças que parecem normais(21).
Vários estudos têm mostrado uma maior taxa de défices no
funcionamento cognitivo, inclusivamente de défices na escrita e leitura, em
crianças que vivem em regiões deficientes em iodo, áreas que abrangem 30%
da população mundial(12). A repleção do iodo em crianças em idade escolar
com deficiência moderada em iodo parece melhorar as funções cognitivas e
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motoras(21), mas isto parece acontecer apenas nas crianças residentes em
áreas deficientes em iodo(15). Os resultados dos estudos do impacto da
suplementação no desempenho cognitivo destas crianças são inconsistentes,
principalmente no que se refere à deficiência pós-natal em iodo, pelo que é
ainda necessária mais investigação(12).
Deficiência em vitamina B12
A vitamina B12 é uma das vitaminas envolvidas directamente na síntese
de alguns neurotransmissores(33) e é essencial na formação dos eritrócitos, na
síntese de DNA e na manutenção da saúde do sistema neural, já que intervém
no metabolismo dos ácidos gordos necessários à produção da mielina(21).
Não se sabe muito acerca da prevalência da deficiência em vitamina
B12, mas a nível mundial parece ser bastante elevada(12), particularmente em
crianças vegetarianas estritas ou que são amamentadas por mulheres com
esse tipo de alimentação(12, 21). Esta deficiência pode causar anemia perniciosa,
e consequente cansaço, falta de ar e fadiga, e neuropatia, por danos cerebrais
irreversíveis e degeneração das fibras nervosas, e provoca irritabilidade,
anorexia, menor crescimento, inclusive cerebral, diminuição da inteligência(21) e
alterações cognitivas(21, 33). Alguns estudos sugerem que esta deficiência está
associada a mais comportamentos delinquentes e a uma pior percepção,
memória, raciocínio e atenção, o que diminui o desempenho cognitivo e
escolar(33). A ingestão adequada de vitamina B12 é particularmente importante
em crianças e em mulheres grávidas, pois se os danos cerebrais ocorrerem
durante a gestação e o primeiro tempo de vida podem ser irreversíveis(21).
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Outras deficiências nutricionais
A deficiência em vitamina A, para além de ser uma das principais causas
de cegueira e xeroftalmia em crianças dos países em desenvolvimento, parece
afectar a memória. Esta deficiência tem também implicações a nível do sistema
imunitário, o que poderá explicar que a suplementação em vitamina A de
crianças tenha aumentado a assiduidade em alguns estudos(21).
As deficiências em vitamina A, vitamina B12 ou folato, assim como a
malária, HIV ou outras doenças infecciosas(37), são responsáveis pelos
restantes 50% de anemias, podendo por isso também ter efeitos no
desempenho escolar devido às consequências associadas à anemia.
A colina é um precursor do neurotransmissor acetilcolina e é essencial
enquanto o feto está em desenvolvimento, pois influencia a proliferação celular
e a apoptose, influenciando a estrutura e função cerebrais e a memória a longo
prazo(21).
Também são importantes para o desempenho cognitivo a vitamina B1,
necessária para a utilização da glicose para produção de energia pelas células
nervosas, e a vitamina B9, que preserva o cérebro durante o seu
desenvolvimento(21).
Suplementação em micronutrientes
Embora uma grande parte das pessoas dos países industrializados use
suplementos, incluindo as crianças(25), não há evidências de que a
suplementação em vitaminas e minerais da população em geral leve a um
aumento do desempenho escolar(15), pois embora haja vários estudos, inclusive
em países industrializados, que demonstrem que a suplementação de crianças
com multivitamínicos tenha efeitos positivos na inteligência, memória e
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atenção, somente uma pequena parte das crianças responde a essa
suplementação, possivelmente apenas aquelas com uma depleção do estado
nutricional(2, 21). A maioria das crianças dos países desenvolvidos tem um
aporte adequado de micronutrientes, o que faz com que o seu desempenho
intelectual não melhore com a ingestão adicional de micronutrientes, mas uma
parte das crianças tem um aporte de micronutrientes tão baixo que impossibilita
a sua função cerebral óptima, pelo que quando consomem suplementos de
micronutrientes o seu estado nutricional melhora e o seu QI aumenta(2).
PADRÃO ALIMENTAR E DESEMPENHO ESCOLAR
A nutrição, para além de afectar a arquitectura cerebral, pode influenciar
o seu funcionamento de um momento para o outro(10). Dado que o cérebro
precisa continuamente de glicose, assim como de vários nutrientes que
intervêm nos processos metabólicos, coloca-se a questão de como a natureza
da alimentação e o padrão do consumo de refeições pode influenciar o
funcionamento cerebral nas horas seguintes à ingestão, pelo efeito agudo dos
nutrientes(10).
As crianças parecem ser mais vulneráveis à omissão de refeições, uma
vez que se encontram numa fase de rápido crescimento e desenvolvimento(18).
Os estudos acerca dos efeitos a curto prazo da omissão de uma refeição ou da
ingestão de um alimento particular têm encontrado resultados pequenos e
inconsistentes entre a generalidade das crianças bem nutridas, pois dada a
importância de um funcionamento óptimo da cognição para a sobrevivência,
este é fortemente protegido de alterações alimentares a curto prazo. No
entanto, estudos em países em desenvolvimento sugerem que as crianças mal
nutridas são mais prejudicadas pelo jejum (saltar uma refeição) do que as bem
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nutridas, provavelmente por terem menores capacidades de compensar a falta
de uma refeição, já que não têm reservas para utilizar(2).
Há muita literatura acerca dos efeitos a curto prazo do jejum e da
ingestão de macronutrientes particulares no desempenho cognitivo a curto
prazo, por exemplo a nível da memória, da atenção, de habilidades espaciais,
de tempo de reacção e de capacidades de cálculo. No entanto, os resultados
das investigações a este nível são controversos(2).
Pequeno-almoço
Efeitos do consumo ou da omissão
Nos últimos anos vários estudos associaram a omissão do pequeno-
almoço a consequências negativas quantificáveis na actividade académica,
bem como na saúde física e mental, da população infanto-juvenil(7, 18, 20, 43), e o
seu consumo a benefícios(7, 20, 43) nos vários grupos etários, demográficos e
sócio-económicos(7). No entanto, a omissão desta refeição continua a ser muito
comum, mesmo em países desenvolvidos(18, 20), principalmente devido à falta
de tempo(44).
A prevalência desta omissão varia muito de acordo com a definição de
pequeno-almoço, havendo inclusivamente um estudo que encontrou uma
variação de 8 para 29% de omissão de pequeno-almoço em crianças de
acordo com as definições de pequeno-almoço, de consumir alguma coisa ou
consumir pelo menos alimentos de 2 grupos de alimentos e um teor energético
correspondente a pelo menos 10% da RDA, respectivamente(20). Para além
disso, a variação de definição de pequeno-almoço também torna muito difícil a
comparação de resultados entre os vários estudos realizados neste âmbito.
Alimentação e Desempenho Escolar 28
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A importância do pequeno-almoço para o sucesso escolar é reflectida
nos seus efeitos no desempenho cognitivo(32). Esta refeição pode afectar as
funções cognitivas através de 2 mecanismos: modulação das respostas
metabólicas a curto prazo ao jejum prolongado, de forma a que o organismo
consiga manter o aporte regular de nutrientes ao sistema nervoso central; ou
através de efeitos a longo prazo na ingestão nutricional, e consequentemente
no estado nutricional, cuja adequação afecta a cognição(7). O pequeno-almoço
parece ter efeitos positivos em várias capacidades cognitivas a curto prazo,
mas é ainda pouco conhecido o seu impacto a longo prazo no desempenho
escolar(15), pois a sua avaliação torna-se mais complexa devido à influência dos
vários indicadores sócio-económicos e educacionais neste desempenho(18).
Vários estudos, desde observacionais a experimentais, em centros de
investigação ou em ambiente escolar, têm investigado os efeitos do consumo e
da omissão do pequeno-almoço, associando o consumo de pequeno-almoço a
melhor desempenho escolar(5, 7, 17, 20, 44, 45), a melhor desempenho cognitivo(5, 7,
10, 17, 46), nomeadamente ao nível da memória(7, 10, 44, 46, 47), quer a curto(7, 10, 20, 32,
46, 47) quer a longo prazo(7, 47), e da aritmética, das tarefas de resolução de
problemas e do raciocínio lógico(32), assim como a uma melhor aprendizagem(7,
10, 17, 44, 46), a um melhor estado de alerta(10, 20, 32, 48), a maior concentração, a
diminuição do sono e fadiga durante as aulas(20, 44) e a uma melhor função
psico-social(7, 17-20). No entanto, há também vários estudos que não
encontraram qualquer efeito do consumo(7) ou da omissão(10) do pequeno-
almoço.
Os efeitos positivos do pequeno-almoço supracitados poderão ser
atribuídos à melhoria das concentrações de glicose(5, 7, 20, 47) com o pequeno-
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almoço, que diminuem durante o jejum nocturno levando a alterações na
função cerebral(44). O declínio gradual de insulina e de glicose pode determinar
uma resposta de stress que interfere com diferentes aspectos da cognição,
como a atenção e a memória(7, 44), afectando o desempenho cognitivo(44, 46),
resposta que poderá ser intensificada por baixos níveis de ferro(44, 46). Caso as
alterações metabólicas transitórias da omissão do pequeno-almoço ocorram
frequentemente, poderão ter um efeito adverso cumulativo(44, 46) que pode
colocar o progresso escolar da criança em risco(44). No entanto, vários estudos
têm mostrado não haver uma associação significativa entre os testes de
desempenho e as concentrações de glicose sanguínea(7, 46, 49), sugerindo que
haja outros mecanismos responsáveis pelos efeitos do pequeno-almoço no
desempenho cognitivo, possivelmente alterações nas concentrações de
neurotransmissores(7, 46).
O impacto positivo do consumo de pequeno-almoço no desempenho
cognitivo também poderá dever-se ao facto de este aliviar a fome(7), situação
bastante prevalente mesmo em países desenvolvidos(7, 14, 19, 50) e que tem sido
associada a problemas emocionais, comportamentais e escolares em crianças
e adolescentes(7). As crianças que saltam o pequeno-almoço mas que comem
mais tarde podem conseguir satisfazer as suas necessidades nutricionais
diárias mas não são capazes de se concentrarem nas aulas da manhã pois têm
fome(44).
As crianças nutricionalmente em risco parecem ser aquelas que
beneficiam mais dos efeitos positivos do consumo do pequeno-almoço(7, 10, 19,
46, 47, 49, 51-53), embora isto se verifique mais em intervenções de curto prazo do
que nas intervenções a longo prazo(7). O consumo de pequeno-almoço não
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parece melhorar significativamente o desempenho em crianças normalmente
bem alimentadas, a não ser ao nível da atenção(10). No entanto, Pollitt et al
(1998) encontraram um efeito negativo da omissão do pequeno-almoço na
função cognitiva de crianças bem nutridas em países desenvolvidos, o que,
segundo estes, não se observa nas crianças bem nutridas dos países em
desenvolvimento, pelo que colocaram a hipótese de isto acontecer por as
crianças dos países desenvolvidos estarem habituadas a tomar o pequeno-
almoço e quando não o fazem isso é algo estranho e respondem
negativamente, enquanto que as crianças dos países em desenvolvimento não
costumam consumir esta refeição e por isso adaptaram-se a essa situação(46).
Também se têm realizado vários estudos acerca dos efeitos dos
programas de pequeno-almoço escolar nos estudantes, que têm mostrado que
estes, para além de aumentarem os níveis de consumo do pequeno-almoço(7,
20), melhoram o estado nutricional(19, 47), a concentração(20) e o desempenho(7, 15,
20), aumentam a assiduidade(7, 17-20, 47) e a pontualidade(7, 18, 20), e provavelmente
diminuem as taxas de abandono escolar(47). Cueto et al (2001) sugerem que o
efeito positivo dos programas de pequeno-almoço escolar na assiduidade,
tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento, não está
relacionado directamente com consequências nutricionais mas com benefícios
económicos. As famílias enviam as crianças para a escola como forma de
poupar dinheiro, tendo ao mesmo tempo confiança na qualidade da
alimentação destas na escola(47). A função psico-social também melhorou
significativamente nas crianças participantes em programas de pequeno-
almoço escolar cujo estado nutricional melhorou com essa participação ou cuja
participação aumentou, tendo melhorado também nestas as alterações a nível
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da hiperactividade(7), da depressão e do humor(20), incluindo no estado de alerta
e no contentamento. No entanto, não parece haver efeitos significativos a nível
de tranquilidade ou ansiedade(7).
O consumo regular de pequeno-almoço também contribui
significativamente para a adequação nutricional da alimentação em geral(7, 17, 43,
46), o que também poderá ter efeitos positivos no desempenho escolar por
diminuir a probabilidade de ocorrerem deficiências nutricionais e os efeitos
negativos no desempenho escolar a estas associados.
Efeitos da quantidade e qualidade
O facto de nem todos os estudos mostrarem efeitos positivos do
consumo de pequeno-almoço no comportamento cognitivo poderá ser
explicado em parte pelas diferenças na composição do pequeno-almoço(32), já
que também a quantidade e a qualidade do pequeno-almoço influenciam o
desempenho das crianças em idade escolar(51).
Os benefícios do pequeno-almoço não se limitam ao seu simples
consumo, devendo a contribuição energética e nutricional dos alimentos nele
incluídos também ser tida em consideração(18). Pequenos-almoços de baixo
teor energético parecem estar associados a uma maior demora no
desempenho de determinadas tarefas escolares(10, 18, 46), a menor empenho,
concentração, atenção e interacção com o professor(18, 46), e a pior fluência
verbal(10) e menor criatividade, capacidades de cálculo, memória a curto
prazo(32) e resistência física(10, 32). No entanto, pelo menos a maior demora no
desempenho de determinadas tarefas escolares parece ser revertida pelo
consumo de um lanche a meio da manhã(10). Num estudo realizado por López-
Sobaler et al (2003) para determinar as relações entre o consumo de pequeno-
Alimentação e Desempenho Escolar 32
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almoço e o desempenho intelectual num grupo de crianças bem nutridas de
Madrid, o consumo habitual de um pequeno-almoço inadequado (<20% da
ingestão energética diária total) mostrou-se associado a piores resultados nos
testes de desempenho intelectual(51).
Quanto à composição do pequeno-almoço, há muita literatura que
sugere que as crianças podem beneficiar do consumo de um pequeno-almoço
com uma baixa carga glicémica(52), havendo evidências de que este está
associado a melhor desempenho ao nível da memória(10, 32, 52), da percepção
visual e da vigilância auditiva(32), a maiores capacidade de manter a atenção(10,
32, 52), a menos sinais de frustração e a maior dedicação de tempo na realização
de tarefas individuais nas aulas(52). Estes efeitos benéficos da menor carga
glicémica do pequeno-almoço devem-se possivelmente ao fornecimento
gradual de glicose ao sangue por um maior período de tempo (10, 32, 52). No
entanto, alguns autores colocam a possibilidade que os benefícios do consumo
de pequeno-almoço se devam à frequente ingestão de cereais de pequeno-
almoço, muitas vezes fortificados nos países onde foram realizados muitos dos
estudos(7).
Ainda relativamente à composição do pequeno-almoço, há estudos que
sugerem que um pequeno-almoço rico ou equilibrado em proteínas resulte num
melhor desempenho cognitivo durante a manhã(54).
O horário do consumo do pequeno-almoço também parece ter um papel
importante no desempenho cognitivo. Num estudo de Vaisman et al (1996), o
consumo por rotina de pequeno-almoço 2 horas antes do início dos testes não
melhorou as funções cognitivas, mas o consumo alimentar 30 minutos antes da
realização de um teste melhorou notavelmente os resultados(55).
Alimentação e Desempenho Escolar 33
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Lanches
Embora seja frequentemente recomendado que se façam várias
refeições ao dia, de forma a diminuir a fadiga e a manter a atenção, há muita
gente que não o faz(10).
As crianças que fazem refeições regulares e que têm uma ingestão
adequada de nutrientes parecem ter melhores resultados escolares do que
aquelas que saltam refeições e têm uma ingestão nutricional inadequada(2). A
distribuição da ingestão energética ao longo da manhã, pelo consumo de um
lanche a meio desta, em vez do consumo de pequeno-almoço exclusivamente
durante a manhã parece melhorar o desempenho nas crianças com menor
classe sócio-económica, mesmo quando o total de energia consumido na
manhã não é alterado, o que parece dever-se ao facto de a ingestão energética
ao pequeno-almoço não ser suficiente para suportar o desempenho físico e
mental ao longo da manhã em crianças fisicamente activas, pois o
desempenho cognitivo começa a diminuir 2 a 3 horas após o pequeno-almoço.
Assim, tanto as crianças bem nutridas como as mal nutridas provavelmente
beneficiarão de um lanche a meio da manhã(53).
EXCESSO DE PESO E DESEMPENHO ESCOLAR
O excesso de peso e a obesidade em crianças em idade escolar estão
associados a baixos níveis de desempenho escolar(50, 56-58). A causa e o efeito
para esta associação não foram ainda estabelecidos(50), mas sabe-se que a
obesidade não afecta apenas a saúde física das crianças mas também a sua
saúde mental e os seus resultados psico-sociais(56, 59) e que as crianças com
excesso de peso ou obesas estão mais susceptíveis a ter baixa auto-estima e
maiores taxas de ansiedade(50, 56, 59), depressão e outras psicopatologias, pelo
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que estas condições de saúde mental poderão ser os factores mediadores para
que estas crianças apresentem baixos níveis de sucesso escolar(50, 56). De
acordo com Von-Amann (2006), da Divisão de Saúde Escolar da Direcção-
Geral de Saúde, as consequências psico-sociais do excesso de peso estão
ainda relacionados com problemas de comportamento e de aprendizagem(58).
No entanto, há autores que consideram que o excesso de peso é um marcador
mas não um factor causal de insucesso escolar, já que em alguns estudos esta
associação desaparece quando se ajusta para vários factores sócio-
económicos e comportamentais, sugerindo que os piores resultados das
crianças com excesso de peso podem ser explicados por outras características
individuais, como a educação dos pais e o ambiente em casa(56).
Outra perspectiva é que o insucesso escolar pode aumentar o risco de
obesidade, pois os problemas de saúde mental supracitados e outros factores
podem predispor as crianças a ter excesso de peso ou obesidade e baixo
desempenho escolar, sem qualquer associação entre o peso e o sucesso
escolar(50).
ACTIVIDADE FÍSICA E DESEMPENHO ESCOLAR
Alguns estudos encontraram um aumento da aprendizagem, da saúde
mental e da concentração no período imediatamente seguinte à actividade
física e uma associação entre a actividade física e a redução da adopção de
comportamentos de risco. No entanto, há muitos estudos que não encontraram
qualquer associação ou cujos resultados são controversos, pelo que são
necessários mais estudos para se poderem tirar conclusões acerca dos efeitos
da actividade física no desempenho escolar(60). É possível que os benefícios da
actividade física em crianças e adolescentes sejam subtis e apenas possam
Alimentação e Desempenho Escolar 35
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ser detectados a longo prazo, quando se estudam grandes populações ou
quando os programas de actividade física são suficientemente aeróbios(60).
De facto, a actividade física melhora a circulação e aumenta o fluxo
cerebral de sangue e os níveis de norepinefrina e endorfinas, efeitos que
podem reduzir o stress, melhorar o humor, induzir um efeito relaxante depois
do exercício e talvez, como resultado, melhorar o desempenho escolar(60). A
actividade física nas escolas também traz benefícios sociais que podem
resultar em melhores resultados escolares, uma vez que as crianças que
aprendem a cooperar, a partilhar, a obedecer a regras de actividade física em
grupo e a descobrir e a testar as suas capacidades físicas, provavelmente
sentem-se mais conectadas com a escola e a comunidade(60).
CONCLUSÃO
Como conclusão final de toda a bibliografia revista e presente neste
documento, pode-se dizer incontestavelmente que a alimentação tem um forte
impacto no desempenho escolar da população infanto-juvenil, mesmo em
países desenvolvidos. A privação nutricional é um problema internacional sério
que pode levar a défices a curto e longo prazo no crescimento, função
imunitária, desenvolvimento cognitivo e motor, comportamento e desempenho
escolar.
Embora a associação entre alimentação e desempenho escolar seja
certa, muita investigação ainda é necessária fazer nesta área. A maioria dos
estudos investigou os efeitos de nutrientes particulares no desempenho
cognitivo, mas os nutrientes não actuam sob forma isolada e muitas vezes uma
alimentação deficiente num nutriente é-o também noutros(21), pelo que é difícil
encontrar relações precisas entre défices de nutrientes específicos e os seus
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efeitos no desempenho escolar. Há ainda muitas questões a responder nesta
área, como acerca da severidade inicial das deficiências nutricionais, do tempo
necessário para que uma deficiência tenha efeitos negativos, das
consequências a longo prazo no desempenho escolar e dos processos
específicos envolvidos no impacto das deficiências nutricionais no
funcionamento cerebral, no desenvolvimento cognitivo e no sucesso escolar.
Como foi abordado ao longo desta monografia, várias deficiências nutricionais,
mesmo que sub-clínicas, e várias práticas alimentares têm efeitos marcados no
desempenho escolar, mas ainda carecem as evidências acerca da prevalência
de muitos problemas alimentares e dos seus efeitos, incluindo em Portugal,
pelo que se sugere mais investigação nesta área.
Segundo Santos et al (2002), “o desenvolvimento mental e o ritmo de
progresso intelectual dos indivíduos devem ser vistos como atributos da saúde,
(…) principalmente pelas habilidades requeridas para inserção e
funcionamento na sociedade letrada pós-moderna” e constituem “uma
dimensão individual com um evidente impacto sobre a saúde colectiva”(1). A
saúde e um bom estado nutricional são essenciais para um bom desempenho
na escola e ao longo da vida e, por sua vez, o nível educacional dos indivíduos
influencia a saúde e as suas capacidades e motivação para manter estilos de
vida saudáveis(61).
O acesso a uma alimentação adequada pode ajudar a combater as
desigualdades sociais, por diminuir as diferenças de oportunidades de acesso
ao conhecimento devido a uma melhor ou pior alimentação e as suas
consequências no desempenho cognitivo. De referir ainda que, devido aos
efeitos dos factores sócio-económicos na alimentação e no desempenho
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cognitivo, também o acompanhamento social se poderá revelar de especial
importância para a melhoria do desempenho escolar. A alimentação tem o
potencial de melhorar os resultados escolares, o desempenho físico e
intelectual e as condições sócio-económicas, o que poderá reflectir-se em
melhorias no desenvolvimento do país.
As associações entre a alimentação e desempenho escolar encontradas
em diversos estudos e referidas ao longo deste trabalho parecem ser
suficientes para que sejam tidas em consideração no planeamento de políticas
alimentares escolares e políticas sociais, nacionais e mesmo internacionais e
de programas de prevenção que comecem mesmo antes da gravidez e se
estendam pelas fases de maior vulnerabilidade.
Embora a desadequação nutricional esteja muitas vezes associada a
dificuldades sócio-económicas e a outros factores ambientais, e tenha grande
impacto, por vezes irreversível, no desenvolvimento cognitivo, “mesmo que os
danos psicológicos maiores e irreparáveis tenham ocorrido, a melhoria da
nutrição e das condições no ambiente social pode modificar os efeitos no
desenvolvimento dos factores de risco biológicos e sociais a que a criança é
exposta no início da sua vida.” (US Nutrition-Cognition National Advisory
Committee, 1998)(2)
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