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O Visconde AGOSTO 2015-
ReportagemA cidade de São Paulo e o futebol
ENTREVISTA COM HADDAD TRANQUILÃO
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Edição III - Agosto de 2015 nº 25
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015
EDITORIAL
ACONTECE NA USP
CRUZADINHA
O Enem Como Alternativa
CAIXA Prestação de contas CAVC
CAVC FALA
REPORTAGEM A cidade de São Paulo e o futebol
A Cidade de São PauloVISCONDATA
O cartão que salvou meu mochilãoPAPO DE EMPREENDEDOR
ENRETENIMENTO
BRASIL E DAÍ Descentralizar a adimnistração de São Paulo: Uma proposta ousada
AGENDA CULTURAL
Pra que serve um doutorado? Pra que investir em um?
O MUNDO LÁ FORA
SOBE E DESCE
ESPAÇO ABERTO*
PESQUISAS ECONÔMICAS
CRÔNICA Guerra Sampa
Loucura
SUMARIO
ENVIE SUAS SUGESTÕES, TAMBÉM PARA UM DE NOSSOS ENDEREÇOS ELETRÔNICOS!
/OVISCONDE [email protected]
*Os textos da seção Espaço Aberto são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não refletem a opinião do Centro Acadêmico
“Fifa Gate”: Geopolítica e Futebol
PÉROLAS
ENTREVISTAVISCONDE RECRUTA #SPinvisível
Haddad Tranquilão
POESIA
CAVCENSACIONALISTA
A Cidade e a Ocupação dos Espaços
ERRATA: Na edição anterior o nome do autor da sessão Pesquisas Econômicas é Ulisses Ruiz de Gamboa, que tem Pós-Doutorado em História Econômica pela University of California, Los Angeles (UCLA); Doutor em Teoria Econômica FEA/USP; Economista da Associação Comercial de São Paulo; Professor dos cursos de MBA e Pós-Graduação da Fipe, FIA e FGV.
CONSELHO EDITORIAL IMPRESSÃOEDITORAÇÃO
EXPEDIENTE - O Visconde
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O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015
EDITORIAL EDITORIAL
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A nossa 3ª edição traz como tema a Cidade
de São Paulo, na qual vivemos, na qual estamos in-
seridos e na qual nos encontramos face a face com
todos os seus problemas e benefícios diariamente.
A Cidade apresenta uma gama extrema-
mente ampla de serviços e nos permite respirar la-
zer, cultura e diversas outras coisas. É uma cidade
única na América Latina, responsável por cerca de
12% do PIB brasileiro. Porém não é só de bonanças
que vive o paulistano.
Devido ao seu crescimento desmedido,
principalmente durante o século XX, o município
tornou-se macrocefálico, não conseguindo aten-
der a todas as demandas de sua população como
um todo de forma satisfatória. Habitação e servi-
ços de segurança, educação, saúde e transportes,
por exemplo, ainda representam muitas limita-
ções para os paulistanos, sobretudo na periferia.
Nesse contexto, no ano de 2012, Fernando
Haddad (PT) foi eleito como prefeito de São Pau-
lo. Após quase três anos completos de seu manda-
to, o prefeito tem um índice de reprovação muito
alto, sendo que 44% dos paulistanos consideram a
gestão ruim ou péssima. Entretanto, precisamos
analisar o projeto de cidade que o prefeito Haddad
vem efetivamente desenvolvendo em seu manda-
to. Sabe-se que boa parte dessa reprovação se deve
a medidas ousadas do ponto de vista político, so-
bretudo no campo da mobilidade e configuração
espacial do município. Entretanto, também é fato
que a ampliação das ciclovias e faixas de ônibus e
o início da implementação do novo Plano Diretor
(juntamente ao desenvolvimento da nova Lei de
Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo e dos Pla-
nos Regionais Estratégicos) compõem um projeto
de longo prazo essencial à sustentabilidade da ci-
dade de São Paulo, que a colocam como um espaço
urbano integrado, progressivo e orgânico.
Ademais, o prefeito vem tomando me-
didas que exploram sobretudo um efetivo proje-
to de cidadania, aproximando centro e periferia
e afirmando grupos tradicionalmente excluídos
por meio do oferecimento de cultura, lazer e inte-
gração. Muitas vezes, esse oferecimento se traduz
como uma manifestação e ressignificação do cha-
mado “direito à cidade”.
pararmos para pensar se esse direito se estende de
fato às comunidades que circundam o campus, a
resposta é, na maioria das vezes, uma grande nega-
tiva - à exemplo da comunidade São Remo.
Por que essas pessoas, que já possuem mui-
to menos alternativas de lazer, tantas vezes encon-
tram suas opções ainda mais reduzidas? Que tipo
de exclusão tácita é essa que lhes apara até mesmo
um espaço tão deles quanto de qualquer outra pes-
soa? Quem de fato enxerga a USP como parte inte-
grante e aberta do espaço da Cidade de São Paulo,
(apesar dos muros)? E o que isso diz sobre nós, estu-
dantes, que temos participação tão significativa nos
debates quanto no processo de exclusão?
Por essas e outras, é de extrema importân-
cia a discussão desse tema, tão presente no nosso
dia-a-dia. É uma questão de coerência com o fazer
político dentro de uma Universidade que - não
podemos esquecer - é destinada a ensinar e pro-
duzir saber que, de alguma forma, corresponda às
“necessidades reais” da sociedade. “Necessidades
reais” estas que constituem um discurso político
como qualquer outro, podendo ser utilizado tanto
para inclusão quanto para exclusão de alguns gru-
pos e de suas demandas.
Ademais, deve-se ter em mente que isso
representa apenas dois terços dos objetivos da
USP, que ainda conta (ou deveria contar) com os
programas de extensão. Este último, que seria o
principal instrumento para integrar as partes da
cidade que geralmente não têm contato com a vi-
vência universitária, muitas vezes é executado por
nossos docentes como uma atividade de cumprir
tabela, um fardo de uma instituição pública, um
objetivo menor.
Perante as muitas questões que emergem
quando se pensa a convivência em São Paulo, um
lugar tão rico e diverso, o desafio que se apresenta
a nós nesta edição é apresentar a cidade e apontar
suas contradições segundo a ótica de alguns es-
tudantes, sem a pretensão de oferecer respostas
prontas a nenhuma das questões postas, mas sem-
pre reformulando e atualizando seus temas ◘
É aí que entra a USP. A nossa Universidade
possui seis campi instalados dentro dos limites da
cidade de São Paulo. Debater o papel da universi-
dade pública e sua relação com o espaço urbano no
qual se insere, nesse contexto, se coloca como uma
necessidade e como proposta política do CAVC.
Mas, com o zeitgeist que parece ter tomado a admi-
nistração pública, evidencia-se mais do que nunca
que o direito à cidade perpassa também diretamen-
te pelo direito à Universidade. E não apenas no âm-
bito do ensino, mas do usufruto do seu espaço e da
sua infraestrutura pela população de uma cidade
que vem se tornando mais integrada e povoada.
Assim, coloca-se a questão: como é ocupa-
do o espaço da Universidade e quem a ocupa?
De tempos em tempos, a discussão da Universida-
de como espaço público ganha novo fôlego, seja por
lamentáveis episódios de violência, seja por medi-
das diretamente ligadas à problemática do acesso
à Universidade. Infelizmente, as respostas da ad-
ministração universitária geralmente incorrem
no cerceamento desse espaço. Exemplos disso são
as medidas de segurança no âmbito das unidades,
como a que enfrentamos agora com a instalação de
catracas na FEA, que visam limitar ou controlar o
“fluxo indevido de pessoas” (expressão pela qual a
nossa diretoria ganhou notoriedade ano passado
no episódio do fechamento da mesinha). Na esfera
do acesso ao ensino, mais uma vez vemos o debate
acerca de cotas adiado, apesar do inegável avanço
com a inclusão do ENEM no processo do vestibu-
lar de alguns institutos.
Um sintoma dessa relação limitada da
USP com a comunidade de São Paulo pode ser
encontrado quando se pensa o estranho fenôme-
no que toma o campus nos fins de semana: ele se
transforma num parque, repleto de corredores, ci-
clistas, pessoas em busca de lazer, em sua grande
maioria brancos, provenientes de bairros de classe
média alta de São Paulo. Essas pessoas estacionam
seus carros na USP de graça e utilizam a estrutu-
ra da USP para se refrescar e divertir-se. Perfeita-
mente compreensível: é um direito deles. Mas se
A CIDADE E A OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015
ACONTECE NA USP
6 7
Há tempos, diversos movimentos dentro da
USP clamam por uma democratização no processo
de seleção para o ingresso na Universidade. As cotas
raciais, sociais e o uso do ENEM como método de se-
leção alternativo foram as principais reinvindicações
desses grupos.
Recentemente, foi aprovada no Conselho
Universitário (CO) – instância máxima de decisão da
USP -, a adesão parcial ao Exame Nacional do Ensino
Médio (ENEM) e ao Sistema de Seleção Unificada
(SISU). O projeto, aprovado no Conselho, tem como
objetivo a destinação de 1.499 vagas para serem preen-
chidas por meio da nota do ENEM. Atualmente a USP
possui 11.057 vagas para serem preenchidas por meio
do vestibular. O atual reitor, Marco Antônio Zago,
considerou como “histórica” a aprovação da proposta.
Ainda que a aprovação tenha sido um marco
para a USP, muitas unidades não aderiram ao novo
sistema. A Medicina de São Paulo, a FEA, a Poli e o
curso de audiovisual da ECA são exemplos que não as-
sentiram com a proposta de seleção alternativa. Essa
rejeição por parte das principais unidades faz com que
não ocorra uma diversificação eficaz na entrada de
novos alunos, ao menos nos cursos mais concorridos.
Se a proposta de utilizar o ENEM como
seleção fosse aprovada pela unidade, ainda restava
a ela deliberar qual opção do SISU seria aplicada e
quantas vagas seriam destinadas. O
SISU atualmente possui principal-
mente duas opções de aplicação: (i)
ampla concorrência e (ii) reserva
de vagas (para estudantes de escola
pública, autodeclarados negros, par-
dos, indígenas, etc). Ficou definido
no Conselho Universitário que das
1.499 vagas destinadas ao SISU, 1.159
serão preenchidas por estudantes de
escolas públicas. Ou seja, aproxima-
damente 10,5% dos
alunos que ingressa-
rem na USP no ano
de 2016 terão cursa-
do ensino médio na
rede pública. Have-
rá ainda cursos que
possuirão vagas ex-
clusivas para negros,
por exemplo: bacha-
relado em sistemas
de informação, licenciatura em ciências da natureza,
gerontologia, obstetrícia, gestão ambiental, marke-
ting, psicologia e relações internacionais.
José Octávio Costa Auler Júnior, diretor da
FMUSP, declarou em entrevista que “o Enem é ava-
liatório, a Fuvest é seletiva - tem 40 anos, nunca deu
problema” e que “o Inclusp precisa ser completado ain-
da, o próprio Inclusp ainda não foi avaliado. A inclusão
está avançando, está aumentando cada vez mais. Quan-
to mais se inclui, mais você tem o problema da perma-
nência, precisa ser bem visto isso, senão você começa a
ter o problema da evasão”. A Faculdade de Medicina da
USP-SP também rejeitou a adesão ao ENEM.
Para melhor explicitar como cada unidade
destinará suas vagas para o uso do ENEM, a tabela
abaixo compila alguns dados ◘
O ENEM COMO ALTERNATIVA
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 98
CAVC FALA
ADMINISTRATIVA:
Nesse final de semestre a Diretoria Ad-
ministrativa tem focado seus esforços na Vivên-
cia, garantindo melhorias como os sofás, pufes,
a mesa de sinuca e o novo pebolim. Para o pró-
ximo semestre, buscaremos verbas para realizar
reformas mais estruturais na Vivência, faremos
o aplicativo do CAVC e buscaremos uma forma
de criar o orçamento participativo da Vivência.
Além disso, estamos em vias de finalizar o pro-
jeto Resgate Histórico do CAVC, que deverá ser
lançado em setembro!
ACADÊMICA:
A Diretoria Acadêmica segue perseguin-
do o objetivo de melhorar a experiência universi-
tária e os cursos da FEA. No final do semestre, rea-
lizamos uma roda de conversa sobre intercâmbio,
em que os alunos que almejam realizá-lo puderam
trocar ideias com alunos que acabaram de voltar
de seus respectivos intercâmbios. Além disso, em
conjunto com os RCs do primeiro ano, realizamos
o primeiro “Minhajuda, CAVC!”, um ciclo de mo-
nitorias pré-provas finais que buscou auxiliar os
bixos e bixetes a superarem o final do primeiro se-
mestre de vida acadêmica na USP - foi um sucesso!
MOBILIZAÇÃO:
O tempo de vacas magras acabou para
a Mobi e, para o segundo semestre, nós estamos
encaminhando um ciclo de debates sobre conjun-
tura política em parceria com o jornal Le Monde
Diplomatique. O ciclo contará com mesas sobre o
PT em seu 13˚ ano de mandato, sobre a oposição
política e o PMDBismo e sobre o caráter das mani-
festações que tomaram o país de 2013 a 2015. Con-
vidamos todos a se juntarem a nós e colaborarem
com a formação de debates futuros. As datas das
reuniões serão divulgadas em breve.
O VISCONDE:
A segunda edição saiu em Maio, sobre a
Reforma Política, com um timing perfeito. Para o
segundo semestre teremos mais 3 edições, sendo
uma delas esta que vos fala, sobre a cidade de São
Paulo. Pretendemos também explorar as funções
comunicativas do Facebook - nesse sentido, pedi-
mos a todos que curtam e sigam nossa página.
EVENTOS:
A chuva passou e com ela se foi mais uma
festa do CAVC! Com muito forró, bandeirinha,
amor e quadrilha, a FEA Junina foi linda! A pre-
sença e cooperação das entidades e da comissão
de organização contribuíram em muito para que a
festa ficasse melhor ainda! Ficamos surpresos pela
demanda que tivemos e, pelo fato da vivência não
ser muito grande, infelizmente tivemos que limitar
os ingressos. Nos esforçaremos para que a próxima
tenha lugar para que bem mais gente compareça!
E dá-lhe beijinho no ombro: pras recalcadas chora-
rem de inveja, o FEA Funk chegará quebrando em
agosto! Aguardem!!! ◘
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015
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O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 1312
brasil e dai brasil e dai
DESCENTRALIZAR A ADMINISTRAÇÃO DE SÃO PAULO: UMA PROPOSTA OUSADA
São Paulo é o maior e mais rico municí-
pio do Brasil. Sua população supera 11,5 milhões
de habitantes, que estão distribuídos em cerca de
4 milhões de domicílios. Possui um Produto Inter-
no Bruto superior a R$ 520 bilhões, maior do que
o de qualquer estado brasileiro, com a exceção, é
claro, do próprio estado de São Paulo. Caso fosse
um país, a cidade de São Paulo seria o sexto maior
da América do Sul, atrás apenas do Brasil (do qual
detém mais de 12% do PIB), México, Argentina,
Venezuela e Colômbia. Em termos mundiais, São
Paulo estaria entre os 45 países mais ricos. Para
2015, o orçamento da prefeitura de São Paulo é su-
perior a R$ 51 bilhões, menor apenas que os esta-
dos de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e
Rio Grande do Sul.
Como todo grande aglomerado urbano,
São Paulo tem diversos problemas. A pesquisa IR-
BEM (Indicadores de Referência de Bem-Estar no
Município), da Rede Nossa São Paulo, realizada no
final de 2014, mostra que 57% dos moradores sai-
riam da cidade se pudessem. A qualidade de vida,
medida nesta mesma pesquisa, também é repro-
vada, com nota abaixo da média. Embora o cida-
dão entenda que a qualidade de vida percebida é
fruto das ações dos três níveis de governo, 40% dos
entrevistados na pesquisa consideram a adminis-
tração municipal ruim ou péssima, 45% regular e
apenas 15% a consideram boa ou ótima.
São Paulo, devido às suas dimensões, ao
crescimento desordenado e à concentração de mi-
grantes pobres, ocorrida na segunda metade do sé-
culo XX, tem seus problemas amplificados, o que
torna sua administração um enorme desafio para
quem ocupa a cadeira de prefeito. A estrutura ad-
ministrativa centralizada do governo municipal
dificulta, não apenas sua gestão, mas também a
participação do cidadão na vida pública. Embora
a cidade seja dividida em trinta e duas subprefei-
turas, elas tem pouca autonomia de ação, com o
subprefeito indicado por critérios políticos, atuan-
do apenas como uma zeladoria da região.
Os exemplos de descentralização de ou-
tras cidades latino-americanas podem levar à cria-
ção de canais institucionalizados de participação,
que tornem a cidade mais democrática, humana e
eficiente no atendimento às necessidades dos cida-
dãos, além de diminuir as desigualdades regionais.
Esta descentralização administrativa é um
dos princípios da reforma do Estado, iniciada no fi-
nal do século passado. As experiências de alteração
do design organizacional da administração pública
mostram que, quando a decisão é tomada no nível
mais próximo ao problema, capaz de analisá-lo e
julgar as alternativas possíveis para resolvê-lo, as
soluções são mais rápidas, inovadoras e de melhor
qualidade. A redistribuição de tarefas para as uni-
dades mais periféricas, bem
como a transferência da ca-
pacidade decisória dos níveis
superiores para os inferiores,
traz maior eficiência ao siste-
ma e aumenta a participação
do cidadão.
Buenos Aires, a se-
gunda maior área metropoli-
tana da América do Sul, atrás
apenas de São Paulo, também
foi vítima de um crescimen-
to desordenado e padece de
problemas semelhantes aos
nossos. O fluxo migratório
das regiões mais pobres da Ar-
gentina para a cidade formou
as villas miserias e as casas to-
madas, equivalentes às nossas
favelas e cortiços. Buenos Ai-
res tem cerca de 3 milhões de
pessoas e é dividida em quinze
comunas, que equivalem às
nossas subprefeituras.
Estas entidades ad-
ministrativas são regidas pela
“Ley Orgánica de Comunas”,
de 2005, que estabeleceu suas
normas de organização e fun-
cionamento. Seus objetivos
principais: descentralizar as
funções do governo, facilitar
a participação do cidadão no
processo de tomada de deci-
são e controle dos atos pú-
blicos, melhorar a eficiência
e a qualidade dos serviços e implementar medidas
para diminuir a desigualdade regional. As comunas
são administradas por um Conselho de sete pesso-
as, cuja primeira eleição ocorreu em 2011, com um
mandato de quatro anos, não sendo permitida a re-
eleição dos membros. As ações destes conselhos são
coordenadas por um Conselho Intercomunal, pre-
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 1514
PAPO EMPREENDEDORbrasil e dai
sidido pelo prefeito da cidade e todos os seus atos
são controlados pelos órgãos de controle interno e
externo do município.
As subprefeituras de Buenos Aires têm orçamento
próprio, mas não podem criar tributos, nem con-
trair empréstimos. Elas têm algumas atribuições
próprias e outras que são compartilhadas com o
governo executivo central. Dentre as funções, nas
quais o Conselho que dirige a comuna é autônomo,
destacam-se:
•O planejamento, execução e controle da manuten-
ção das vias locais secundárias, indicadas pela regu-
lamentação municipal.
•O planejamento, execução e acompanhamento da
manutenção de espaços verdes, em conformidade
com o orçamento estabelecido.
•A elaboração de um programa de ação e do ante-
projeto do orçamento anual que, depois de conso-
lidado pela administração central, é enviado ao le-
gislativo.
•A administração do patrimônio municipal local.
•A iniciativa legislativa para projetos de lei que inte-
ressem à região, bem como a apresentação de proje-
tos de decretos ao executivo central.
•A realização de qualquer ação que contribua para
melhorar a qualidade de vida de seus habitantes e
que promova o desenvolvimento local, respeitando
a cidade como um todo.
São de competência concorrente com o poder exe-
cutivo central:
•Participação no planejamento, execução e acom-
panhamento dos serviços públicos.
•Participação na decisão, contratação e execução
de obras públicas, projetos e planos de impacto na
comunidade, bem como a implementação de pro-
gramas de recuperação e desenvolvimento urbano.
•A fiscalização, com o exercício do poder de polícia,
das normas sobre o uso dos espaços públicos e do
solo, decorrentes de acordos celebrados com os ór-
gãos e unidades administrativas centrais.
•A avaliação das demandas e necessidades sociais
em seu território.
•A participação na formulação e implementação de
programas de desenvolvimento e promoção de di-
reitos, que tenham impacto em seu território, de-
senvolvidos pelo Poder Executivo central.
•A gestão de políticas sociais e projetos comunitá-
rios que possam ser desenvolvidos com orçamento
próprio da subprefeitura, em complemento aos pro-
gramas do poder central.
•A implementação de um método apropriado de
resolução de conflitos, por meio de um sistema de
mediação da comunidade, envolvendo equipes mul-
tidisciplinares.
•O desenvolvimento e acompanhamento de ações
de entidades não governamentais sem fins lucrati-
vos, que atuem em sua área de jurisdição.
Desenvolver um programa deste porte
para a descentralização da administração munici-
pal de São Paulo exige muita audácia e um projeto
de transição complexo. Entretanto, seus reflexos
na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos va-
lem o esforço ◘
Sergio Luiz de Moraes Pinto - Doutor em Admi-
nistração Pública pela FGV, com mestrado pela FE-
A-USP e especialização na Universidade do Texas,
trabalhou por 32 anos na Prefeitura de São Paulo e
atualmente é professor da FGV
Todo mundo já deve ter se metido em al-
guma enrascada durante uma viagem. Seja perder
o vôo ou perder a carteira, ninguém sai para uma
aventura sem trazer uma história dessas na mala. Re-
centemente, quase que voltei para o Brasil antes do
previsto por causa de uma dessas surpresas não tão
agradáveis: acabar o dinheiro no meio da viagem.
No começo de julho, recebi um vale viagem
de presente. Para comemorar 3 anos de namoro,
meu namorado resolveu fazer uma viagem surpresa.
Eu apenas sabia que no dia 07/07 iríamos viajar para
um lugar frio, mas não fazia ideia para onde íamos
de fato.
Ansiosa como sou, sofri até o aeroporto, onde
fiquei sabendo qual seria o roteiro: estávamos indo
para o Chile, mais especificamente, para o deserto do
Atacama. E, de lá, seguiríamos para o Salar de Uyuni,
na Bolívia. Uma viagem para fotos incríveis!
O problema começou, ainda sem eu saber,
ali: embarquei sem ativar nenhum cartão de crédito
para uso internacional. Como meu limite é baixo,
achei também quem nem faria muita diferença.
Já o meu namorado, por não achar muito
seguro viajar com dinheiro em espécie (até por já
ter perdido a carteira mais de uma vez em viagens),
levou o suficiente apenas para gastos na rua, táxis e
afins. Todo o resto seria pago nos cartões de crédito
que ele já tinha ativado para uso internacional.
Tudo ocorreu às mil-maravilhas, até o dia
de comprar o tour para a Bolívia. Passaríamos 3 dias
andando de jipes para sair de San Pedro de Atacama
e chegar ao Salar de Uyuni, atravessando a Cordi-
lheira dos Andes e presenciando paisagens de tirar o
fôlego. No entanto, descobrimos apenas na hora de
O CARTÃO QUE SALVOU O MEU MOCHILÃO
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 1716
A CIDADE DE SÃO PAULO E O FUTEBOL No ano de 1895, ocorria na cidade de São
Paulo a primeira partida de um jogo de futebol,
entre os funcionários da Companhia de Gás de
São Paulo e da Companhia Ferroviária de São Pau-
lo, incentivada por aquele que é considerado o pai
do futebol no Brasil, Charles Miller, homenagea-
do pela praça em frente ao Estádio Paulo Macha-
do de Carvalho, o Pacaembu.
Na época, São Paulo vivia um momento
de explosão em seu crescimento urbano e popula-
cional, motivado, principalmente, pela expansão
baseada na cultura ferroviária-cafeeira. Era o auge
do latifúndio cafeeiro e do nascimento da indús-
tria, que fez com que muito dinheiro entrasse na
cidade (uma boa parte, estrangeiro, inglês), que
seria reinvestido em estradas, ferrovias e obras de
infra-estrutura para o escoamento do café e o pró-
prio desenvolvimento da cidade. São Paulo vivia o
frenesi da modernidade.
De lá para cá, o futebol paulista presen-
ciou diversas mudanças, fundação de clubes e his-
tórias que se assemelham em muitos aspectos com
o próprio desenvolvimento da cidade e História
do país.
Em 1 de setembro de 1910 surgia o Sport
Club Corinthians Paulista, clube formado pelo
operariado paulista do Bom Retiro (reduto de imi-
grantes italianos), da Companhia Ferroviária de
São Paulo, responsável pelas obras e manutenção
das importantes ferrovias que escoavam o café
da cidade. Surge como inspiração ao Corinthian
FC, clube de futebol amador, tradicional da In-
glaterra que fazia excursão pelo Brasil e logo de
cara se propõe como “o Time do Povo”. São Paulo
se formava como uma cidade totalmente elitista,
e, devido a isso, somente clubes da elite paulista
podiam competir na Liga Paulista, fato que mu-
dou em 1913, sendo o Corinthians o primeiro clu-
be popular a participar do Campeonato Paulista,
vencendo-o um ano depois. Era rompida então a
fronteira de classes no futebol paulista e São Pau-
lo se tornava um pouco menos sectária.
Anos mais tarde à fundação do Corin-
thians, mais precisamente no dia 26 de agosto de
1914, surgia outro clube que viria também a se tor-
nar um dos mais importantes do país, com uma
história belíssima de superação. Funda-se na cida-
de de São Paulo a Società Sportiva Palestra Italia
REPORTAGEMPAPO EMPREENDEDOR
fechar o pacote, que o tour, que custa por volta de
US$ 200,00 por pessoa, era operado pelas empresas
bolivianas e, por tanto, diferentemente dos opera-
dos pelas empresas chilenas, não aceitavam cartões
de crédito. Logo bateu uma certa preocupação: só
tínhamos uma nota de US$ 100,00. Só nos restou
sacar em algum caixa eletrônico.
O que era para ser fácil e indolor, se tor-
nou uma saga. Rodamos todos os caixas eletrôni-
cos da cidade e nenhum dos cartões estava sendo
autorizado a sacar. Mesmo tendo saldo suficiente
na conta corrente, meu namorado não conseguiu
sacar com um de seus cartões de crédito porque
havia estourado o limite. O outro, que mal havia
sido usado, simplesmente não funcionava. Já os
meus não foram aceitos por não estarem habilita-
dos para uso internacional. E o pior: não dava para
ativá-los para o mesmo dia se não fosse por um
telefone no Brasil. Em suma: tínhamos dinheiro e
não podíamos comprar por conta do terrível siste-
ma dos nossos bancos.
Foi aí que me lembrei de uma outra opção:
meu cartão pré pago Controly. Entrei no aplicati-
vo que controla as despesas desse cartão e vi que,
além de ter quase R$1000,00 de saldo na conta,
não precisava pedir autorização para uso interna-
cional. Fomos, então, novamente ao caixa e conse-
guimos sacar, com o custo de um saque nacional,
todo o dinheiro que precisávamos.
Se não fosse pelo Controly, não teríamos
nunca conseguido tirar essas fotos e realizado esse
sonho de conhecer o maior salar do mundo. Por
isso, mandei uma mensagem para a empresa con-
tando a história e me convidaram para contar essa
história verídica aqui.
A dica é: se for viajar, conheça diferentes opções de
como levar seu dinheiro! ◘
Marjorie Ribeiro
Sócrates, um dos líderes da torcida democrática corinthiana
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 201518 19
REPORTAGEM
utilizadas como base para os paulistas. A época
serviu como período em que os clubes foram in-
troduzidos a um alto grau de profissionalismo,
seguindo a mesma tendência do próprio futebol
brasileiro, que começou a ser competitivo em
1938, com o 3º lugar na Copa do Mundo, liderado
pelo Diamante Negro, Leônidas da Silva, que veio
a fazer História no próprio São Paulo, de 1942 a 50.
Em 1939, iniciou-se a Segunda Guerra Mundial
e, após o rompimento das relações diplomáticas
com os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão)
em 1942 pelo governo brasileiro, muitos clubes
paulistas sofreram com as relações que tinham
com esses países. O Palestra Italia era um clube
formado por imigrantes italianos, que detinha
uma boa parte dos seus sócios descendentes ita-
lianos. O Corinthians também tinha sócios da ter-
ra da bota, bem como alemães. Ambos os clubes
haviam se tornado muito populares no cenário
paulistano e sofreram com a vigilância feita pelo
governo Vargas, tendo que excluir boa parte dos
seus sócios.
O Palestra Italia, inclusive, foi obrigado
a alterar seu nome, e acabou virando a Sociedade
Esportiva Palmeiras (como é conhecida até hoje).
Aqui entra a segunda história de participação do
São Paulo Futebol Clube. Enquanto o Palestra
sofria pressões do governo brasileiro, nos basti-
dores, o São Paulo tentava arrancar as posses do
time de origem italiana, como o estádio, na época,
o maior do Brasil. Por incrível ironia do destino, a
primeira partida do Palestra como Palmeiras era
contra o próprio São Paulo, no Estádio do Paca-
embu, jogo que decidia o Campeonato Paulista de
1942. O novo Palmeiras fez 3x1 no São Paulo que
resolveu então abandonar o jogo, episódio que fi-
cou conhecido como Arrancada Heroica. Em 1945,
os antigos sócios que haviam sido excluídos dos
clubes acabaram por serem, reintegrados.
O último episódio histórico que vale a
pena ser citado como importantíssimo para a for-
mação da cidade e do próprio país é a Democracia
Corinthiana. Liderado por Sócrates, foi um movi-
mento surgido na década de 80 na equipe do Co-
rinthians que consistiu no maior movimento ide-
ológico da história do futebol mundial. A década
contou com os últimos anos do regime militar, e
a Democracia Corinthiana surgiu como um movi-
mento interno ao clube, em que os jogadores deti-
nham certa autonomia para as decisões do clube,
como contratações, divisão dos prêmios, entre
outras, e, posteriormente, se espalhou pelo país
como um movimento político com um caráter pró
democracia no Brasil. Com slogans como: “Dia 15,
vote”, “Ganhar ou perder, mas sempre com demo-
cracia”, o movimento tornou-se impulsionador,
inclusive, das Diretas Já!, nas quais os próprios
atletas participaram de comícios e shows na ci-
dade de São Paulo, como o Comício do 1 Milhão
no Vale do Anhangabaú, defendendo a campanha
para espalhar a ideia de democracia.
Por fim, é interessante notar o quanto a
ascendência do futebol, na cidade de São Paulo
teve uma relação gigantesca com o próprio desen-
volvimento econômico, político e social da cidade,
dado que, ao mesmo momento em que a cidade
começava a atingir altos níveis de desenvolvimen-
to, surgiu meteoricamente o futebol na primeira
metade do século XX, se tornando o principal es-
porte da cidade e o mais popular do país ◘
Danilo Oliveira Imbimbo
‘Economia - 2º período
– que anos mais tarde viria a se chamar Sociedade
Esportiva Palmeiras –, time formado pela colônia
italiana, funcionários das Indústrias Matarazzo,
que crescia cada vez mais na cidade de São Pau-
lo. Um dos maiores grupos imigrantes à época no
país, os italianos não se sentiam representados
pelos outros clubes que já existiam na cidade (há
de se ressaltar que o Palestra Italia não surge de
uma dissidência do Corinthians, essa história não
passa de uma lenda). O Palestra só viria a estrear
na Liga Paulista no ano de 1916 e conquistaria seu
primeiro título, junto com seu estádio, o Parque
Antarctica, no ano de 1920.
Nesse mesmo ano, surgia a Associação
Portuguesa de Desportos, no dia 14 de agosto, for-
mada pela colônia portuguesa, que também imi-
grava para São Paulo para trabalhar na indústria
cafeeira, nas indústrias que emergiam na cidade e
no comércio (há de se destacar que a colônia por-
tuguesa em São Paulo cresceu muito no final no
século XIX). A associação surgia a partir de uma
junção de outras cinco associações lusitanas. No
mesmo ano, junta-se ao Mackenzie College para
a disputa de seu primeiro Campeonato Paulista.
Mackenzie que era um clube tradicionalíssimo
da primeira metade do século XX, formado den-
tro da própria Universidade Mackenzie em 1898,
uma escola conservadora, patriarcal e tradicional
da cidade, participante de um dos conflitos mais
famosos da cidade de São Paulo, a “Batalha da
Maria Antonia”, em 3 de outubro de 1968, auge
da ditadura militar, na qual os estudantes da Uni-
versidade, simpatizantes do regime, entraram em
confronto com os estudantes da Faculdade de Fi-
losofia, Ciências e Letras da Universidade de São
Paulo (FFCL-USP), hoje, a FFLCH.
Em 1924, mais um clube de origem italia-
na e operária aparecia. Surgia o tradicional Clube
Atlético Juventus, ou, Juventus da Mooca, locali-
zado na antológica Rua Javari, na Mooca, bairro
com uma enorme colônia Italiana. A famosa frase
de Ciccilio Matarazzo “O Brasil é filho de Portu-
gal, mas São Paulo é filho da Itália.”, diz bem o
que a fundação de mais um clube com origens da
terra da bota representava. A quantidade de ita-
lianos no Brasil, à época, acabou influenciando o
caráter, os costumes e as tradições paulistas. Isso
mostra a importância da participação italiana na
formação e no desenvolvimento social e histórico
da cidade de São Paulo.
Seis anos mais tarde, a partir da junção
de dois clubes tradicionais da Liga Paulista, o
Clube Atlético Paulistano e a Associação Atlética
das Palmeiras, surgia o São Paulo da Floresta, que
mais tarde, seria conhecido como São Paulo Fute-
bol Clube. O São Paulo era conhecido como um
time extremamente democrático, permitindo que
jogadores de qualquer classe social pudessem par-
ticipar de seu elenco, a intenção era representar a
cidade em todos os âmbitos possíveis.
Anos depois seria protagonista de duas
histórias fantásticas do futebol paulista. A primei-
ra seria sua iminente falência no ano de 1938, a
qual, passando por graves problemas financeiros,
promoveu um campeonato com a participação dos
rivais Palestra Italia, Corinthians e Portuguesa
para ajudar a se reerguer.
A década de 30, foi marcada por diversos
acontecimentos. Em 1932, aconteceu a Revolução
Constitucionalista, que provocou inclusive a pa-
ralisação do futebol paulista por cerca de quatro
meses. As enfermarias dos clubes chegaram a ser
Último jogo do Palestra Itália, primeiro jogo do Palmeiras. Arrancada histórica
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 2120
PARA QUE SERVE O DOUTORADO? POR QUE INVESTIR EM UM?
PESQUISAS ECONOMICAS^
PESQUISAS ECONOMICAS^
Se você está no começo da graduação, esta
pergunta pode lhe parecer muito distante, preci-
pitada. Talvez você nem saiba ao certo o que é um
doutorado. Tampouco para que serve este título.
Vou tentar responder estas perguntas a
partir da minha experiência pessoal. Sou econo-
mista, mas acredito que estas respostas poderão
servir para outras escolhas de carreira.
Vou abordar estas questões sobre dois ân-
gulos: o racional e o emocional. Estas abordagens
parecem ser diferentes, mas no fundo não são. São
duas faces da mesma moeda.
ABORDAGEM RACIONAL:
Um doutorado é um investimento estraté-
gico de longo prazo. Estratégico porque é um inves-
timento em você, na sua capacidade de se diferen-
ciar de seus concorrentes no mercado de trabalho
privado, público e acadêmico. De longo prazo, pois
não são só os 4 anos do programa em si, mas todo
um preparo intelectual e financeiro que deve come-
çar o quanto antes, desde a graduação.
O doutorado é capaz de ensinar algumas
coisas importantes, que podemos aprender tam-
bém na graduação e no mestrado, mas no doutora-
do o nível de profundidade é mais elevado e inten-
so. O que o doutorado nos ensina?
1) Desenvolver uma técnica própria para estudar:
Isso vale ouro, pois nunca paramos de estudar. E
quando paramos, mofamos, ficamos defasados. E
cada um tem um jeito próprio de estudar.
2) Pesquisar: Ouro novamente! O mundo, o Brasil,
está repleto de perguntas sem respostas. De fenô-
menos misteriosos, tanto na academia quanto no
mercado não acadêmico. O doutorado te ensina a
perguntar. Depois te ensina a como tentar desco-
brir possíveis respostas. Por vezes, nas provas do
doutorado, os professores fazem perguntas que
nem eles próprios sabem a resposta. Eles querem
saber se você é capaz de pensar. De fazer as pergun-
tas corretas, de apresentar o problema e possíveis
soluções.
3) Ter perseverança: Nunca me esqueço da minha
primeira semana no doutorado. Conheci um dou-
torando que já estava no programa há quatro anos.
Perguntei: “O que é preciso para fazer um douto-
rado? É preciso ser um gênio?” Ele me respondeu:
“Não precisa ser gênio, precisa ter paciência”. Pa-
ciência, disciplina e perseverança são ingredientes
fundamentais em todo o investimento estratégico
de longo prazo. Desde um doutorado, um casamen-
to, uma start-up, uma carreira...
4) Ensinar: No doutorado há possibilidades de aju-
dar professores a ensinar na graduação. Isso é mui-
to precioso. O melhor curso que fiz no doutorado,
foi “Introdução a Economia”, que ensinei por 4 se-
mestres a alunos de graduação. Uma coisa é você
estudar e entender um conceito, uma metodologia.
Outra coisa é você ensiná-los a outra pessoa. Se
aprende muito ensinando.
Portanto, o doutor é capaz de estudar, pesquisar
e ensinar com perseverança e vários graus de pro-
fundidade. Além de tudo isso, um doutorado é um
título internacional. É como se fosse uma “carteira
de motorista internacional”, que você pode usar no
Brasil, na Austrália, onde quiser. Aumenta sua ca-
pacidade de ir e vir. Isso lhe dá opções. Em econo-
mia aprendemos que opções tem valor.
Além de abrir as portas do mundo, um doutorado
também pode permitir o transito entre o mercado
acadêmico e o não acadêmico (bancos, consultorias
e empresas). Nem sempre o mercado sabe precifi-
car um doutor adequadamente, mas acredito que
seja questão de tempo. Este transito entre o acadê-
mico e o não acadêmico acredito ser de muito valor,
pois é a oportunidade de articular teoria com a prá-
tica e vice-versa.
ABORDAGEM EMOCIONAL:
Repetindo: um doutorado é um investi-
mento estratégico de longo prazo. Assim como em
outros investimentos de longo prazo, por exemplo,
uma carreira em uma empresa, uma start-up, um
casamento, filhos, um idioma estrangeiro, um es-
porte, um instrumento musical, é preciso apostar.
Apostar num desejo, num gostar. E, como todos os
investimentos de longo prazo, não há garantias de
sucesso. Mas, o desejo é fundamental.
Como você pode saber se gosta o suficiente
do que faz para sustentar um doutorado? Só o tem-
po dirá.
Posso adiantar-lhe que se você leu este artigo
até aqui, há um desejo. Um desejo que deve ser ouvido.
Para mim, a certeza de que realmente gos-
to de economia demorou 20 anos. Oras, vamos ser
sinceros. Estudar é árduo e pode ser bem solitário.
Fazer provas, então... Mas, eu consegui me gradu-
ar e fazer o doutorado. Isso tudo não se consegue
sem gostar.
Depois do doutorado fui trabalhar como
economista em grandes instituições no exterior e
no Brasil. Tive chefes que admirei e tentei seguir,
até imitar. Não havia mais provas. Mas havia metas
a se cumprir.
Cometi erros, acertei também. Segui mi-
nha carreira como economista em grandes institui-
ções. Mas, foi quando decidi abrir minha própria
empresa de consultoria, quando pude escolher o
que iria ensinar e pesquisar, quando pude exer-
cer a economia da maneira que acredito ser a
melhor, que percebi o quanto amo a economia.
Um poema de Fernando Pessoa ilustra bem este
momento de passagem:
“Senta-te ao sol
Abdica
E sê rei de ti próprio”
Descobri também o que me fascina em economia,
que é seu objeto de estudo e seu método, que pode
ser assim resumido:
“Cada vez mais a economia tem se tornado uma
disciplina quantitativa, de números. Mas, seu ob-
jetivo primordial é explicar o comportamento hu-
mano.”
(Magretta, p. 203)
Há outros caminhos alternativos ao dou-
torado? Sim! Tudo depende do que se quer e como
se quer. O doutorado pode ser um destes caminhos,
que começa estruturado (ex.: créditos a cumprir),
mas termina com você e seu desejo. Um doutora-
do é também um ato de empreender. E você pode
empreender dentro de uma empresa existente, ou
criar algo novo, por exemplo.
Independente do caminho escolhido, é pre-
ciso saber que não há atalhos. Qualquer caminho
para a diferenciação sustentável vem com muito es-
forço, perseverança e visão de longo prazo. O desejo
custa caro. O desejo próprio, mais ainda.
Por fim, independente do caminho esco-
lhido, lembre-se que é preciso ter humildade para
progredir. O que é humildade? Humildade é saber
que você não é melhor ou pior porque tem um dou-
torado. Você é apenas diferente. Nunca se esqueça
que fazer um doutorado é apenas uma etapa. Daí
vem a mais importante: o que você vai fazer com
seu doutorado? ◘Boa sorte no seu caminho.
Um abraço.
Eduardo Luzio
http://eduardoluzio.wordpress.com
e-mail: [email protected]
“Nem tudo que quantificamos importa, e nem tudo que importa pode ser quantificado.” - Albert Einstein
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015
o mundo la fora o mundo la fora
“FIFAGATE”: GEOPOLÍTICA E FUTEBOL Um tsunami atingiu o mundo do futebol
no dia 27 de maio desse ano. Em operação deflagrada
pelas autoridades suíças com colaboração da Justiça
dos Estados Unidos, 7 dirigentes de peso do futebol
mundial foram presos em Zurique. Entre os detidos
estavam cartolas do alto escalão da FIFA (Federação
Internacional de Futebol), como José Maria Marin,
presidente da CBF (Confederação Brasileira de Fu-
tebol) até abril e governador de São Paulo entre 1982
e 1983, durante o regime militar.
As prisões foram seguidas por uma série de
denúncias mundo afora, com a Justiça estaduniden-
se revelando a participação de outros dirigentes no
endêmico esquema de corrupção na entidade, que
incluía até propinas para a definição de países-sede
de Copas do Mundo. Alguns, como Jack Warner, ex-
-vice-presidente da FIFA e atualmente conselheiro
da federação de Trinidad e Tobago, não estavam na
Suíça no momento das prisões e tentam evitar uma
possível extradição para os EUA.
As denúncias estão sendo reveladas publi-
camente de maneira gradual, mas muitos cartolas já
viram sua situação mudar nesses dois meses, a come-
çar pelo presidente da FIFA, Joseph Blatter. A opera-
ção ocorreu dois dias antes do 65º congresso da Fe-
deração, que reelegeu o dirigente como mandatário
em um pleito com total descrédito perante a opinião
pública, uma vez que Blatter acabou o processo elei-
toral como candidato único (mesmo forçando um se-
gundo turno, o príncipe jordaniano Ali bin Hussein
desistiu de concorrer ao cargo na última etapa).
Apesar de ter resistido à pressão em um
primeiro momento, o suíço acabou anunciando no
dia 2 de junho a convocação de novas eleições presi-
denciais na entidade, as quais significavam a sua re-
núncia ao cargo. Posteriormente, ficou definido que
o novo pleito será no dia 26 de fevereiro do próximo
ano. Mesmo não tendo sido citado publicamente pe-
los investigadores norte-americanos até agora, Blat-
ter tem motivos para se preocupar. Afinal, a maioria
dos esquemas revelados até o momento envolvem
pessoas importantes de seu mandato, que começou
em 1998, sucedendo o do brasileiro João Havelange.
Quem também teve a rotina modificada foi
o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, su-
cessor de Marin e peça chave durante todo o man-
dato do mesmo. Na mesma situação do presidente
da FIFA, sem ter sido citado pelo FBI, o brasileiro
voltou ao país às pressas logo após a prisão do an-
tecessor e não saiu daqui desde então. Membro do
Comitê Executivo da Fifa, ele não participou da re-
eleição de Blatter e do sorteio para as Eliminatórias
da Copa do Mundo de 2018, no dia 25 de julho, além
de ter deixado a seleção brasileira à deriva no Chile
para a disputa da Copa América.
POLÍTICA
A crise envolvendo a FIFA não diz respeito
apenas ao mundo do futebol. Instrumento não ape-
nas de enriquecimento ilícito para uns, mas também
uma forma de alavancar politicamente outros, o es-
porte tem suas raízes consolidadas em setores da po-
lítica pelo mundo inteiro. Um exemplo da dimensão
que esta relação pode tomar está no Paraguai.
Em Assunção, a sede da CONMEBOL
(Confederação Sul-Americana de Futebol), coman-
dada até 2013 pelo paraguaio Nicolás Leoz, contava
desde 1997 com imunidade diplomática até a eclosão
do atual escândalo, que obrigou o parlamento do
país a rever a situação da entidade. Em outras pala-
vras, a Justiça local não tinha autonomia para reali-
zar operações na CONMEBOL, como se essa fosse
uma embaixada dentro do país.
Dito isso, é importante ter-se em mente
o que a ação na FIFA pode representar para a geo-
política mundial. Como é sabido, parte das inves-
tigações dizem respeito a escolhas de países-sede
para as Copas do Mundo. A Rússia, sede do Mun-
dial de 2018 e grande rival dos EUA no cenário
geopolítico, vê a movimentação americana com
bastante desconfiança.
O governo russo vê na onda de detenções e
denúncias um caminho para, se não tirar a Copa do
país, pelo menos denegrir a imagem da Rússia pe-
rante a opinião pública. O presidente Vladimir Pu-
tin deixou bem claro o seu apoio à Blatter e à FIFA
durante o sorteio para as Eliminatórias, realizado
em São Petersburgo, ao afirmar à televisão pública
da Suíça que “pessoas como o sr. Blatter ou os chefes
de grandes federações esportivas internacionais, ou
dos Jogos Olímpicos, merecem um reconhecimento
especial. Se há alguém que merece o prêmio Nobel,
[ele] é uma dessas pessoas.”.
A desconfiança russa é compreensível, mas
ainda não conta com fatos e elementos os suficientes
para se comprovar. Segundo declaração da própria
Loretta Lynch, chefe do Departamento de Justiça
dos Estados Unidos, a investigação é tão extensa
que se atém a esquemas cujo início datariam até de
1991. Tendo em vista o grau de promiscuidade nas
relações entre o alto escalão da FIFA que tem sido
revelado, por que acreditar que a Copa de 1994, nos
Estados Unidos, também não teve a sede escolhida
por meio de acordos escusos?
Uma notícia publicada no dia 12 de junho
pelo The Wall Street Journal, pode fornecer uma
pista sobre a postura americana no “Fifagate”. O
jornal revelou que a Nike, multinacional americana
é investigada pelo seu contrato de fornecimento de
material esportivo à CBF, assinado em 1996 por cerca
de US$ 160 milhões e renovado em 2006.
A postura do Tio Sam perante uma de suas
principais marcas no mundo pode revelar um pouco
sobre o real alcance e independência das suas ins-
tituições, além de elucidar o quão política pode ser
sua atuação em escala global ◘
Pedro HallackO Estado de S. Paulo
2322
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 2726
ESPACO ABERTO ESPACO ABERTO
Depois de anos de desvalorização contí-
nua e de ter seu papel rebaixado como agregados de
poluição, crime e disfunções afins, as cidades vem
presenciando um resgate essencial de sua imagem,
com, finalmente, o reconhecimento do importante
vetor para o sucesso de países e seus habitantes. De
acordo com recente estudo conduzido pela McKin-
sey, de 2015 a 2025 cerca de 60% do crescimento do
PIB mundial virá de apenas 600 cidades (1). Além de
dínamo importante para o desempenho econômico
destas regiões, as cidades ao redor do mundo têm im-
portante papel na mobilidade social, tendo sido um
histórico pólo de atração para milhões de indivídu-
os e suas famílias, em busca de melhores condições
de vida, crescimento profissional, oportunidades de
educação e saúde - ou mesmo pela busca por um co-
tidiano mais plural.
No Brasil, metrópoles como São Paulo, Rio
de Janeiro, Recife, dentre tantas outras, tiveram, ao
longo de sua história, importantes momentos de in-
flexão migratória que propalaram rápidas expansões
– por vezes coincidindo com concomitantes acelera-
ções na evolução econômica do país. Se por um lado
a expansão da indústria e, posteriormente, do setor
de comércio e serviços, funcionou como um fator
de atração para quem quer que quisesse aproveitar
suas oportunidades, por outro a própria vinda destes
migrantes impulsionou o crescimento, criando um
efeito de retroalimentação. Mesmo quando as razões
dos fluxos migratórios eram de crises por diversos
fatores, e ainda que inicialmente sob condições di-
fíceis, etnografias diversas produzidas sob diferentes
momentos e a não verificação de inversão no fluxo
campo-cidade demonstra que de fato a cidade re-
presentou novas chances e oportunidades nos movi-
mentos pendulares.
No entanto, esses movimentos de crescimen-
to, por mais que tivessem alterado de forma impor-
tante parte do contexto socioeconômico do país - e
permitido a ascensão social de milhões de brasileiros
ao longo das décadas, bem como, em muitos locais,
uma fratura nas tradições patriarcais e oligarquias
reinantes - também deixaram uma herança nefasta
na cultura nacional. O crescimento desordenado das
cidades, permitido por um poder público inoperante
e um planejamento mais orientado à distribuição de
benesses aos grupos de interesse do que efetiva me-
lhora de qualidade de vida, ainda mais enfraquecido
com o pouco poder municipal, frente ao centralismo
federal no país, resultou na formação de um imagi-
nário popular no país de nossas cidades como um
antro de congestionamentos, alagamentos, alta cri-
minalidade e pobreza.
Se parcialmente verdadeira, ao analisarmos a
aridez do contexto espacial de nossas cidades, a visão
do cenário urbano no Brasil esconde que suas maze-
las foram, em parte, aprofundadas pela via de quem,
supõem-se, atuava para resolvê-las: o poder público.
Ao abrir bulevares inspirados em Paris na década de
10, Pereira Passos empurraria milhares de moradores
de cortiços no centro carioca para as primeiras fave-
las do país; ao regulamentar o uso da terra no trecho
entre o Rio Pinheiros e a Avenida Paulista em São
Paulo, seriam empurrados para cidades periféricas e
para o extremo da Zona Leste milhões de habitan-
tes “irregulares”, em nome do exclusivismo (com a
alegoria de “zonas exclusivamente residenciais”) da
aberração dos “Jardins” na metrópole, que usa o dis-
curso de parque para estender o direito de suas pro-
priedades legislando em cima de.
Ou, talvez na pior das intervenções, cujo efeito
foi mais duradouro e devastador, o congelamento de
aluguéis por Vargas nos idos populistas dos anos 40,
que inviabilizou o aluguel de cerca de 40% da popula-
ção paulistana, por restrições gigantes na oferta ime-
diatamente e uma disparada nos preços do mercado
no médio prazo do que antes eram baratos aluguéis
nas zonas centrais, e é uma das principais razões da
periferização no país (2).
Ainda que grandes renovações foram permiti-
das por alguns ambiciosos planos de urbanização (e
readequação), estes também promoveram e garan-
tiram uma profunda desigualdade espacial no que
tange à ocupação de nossos centros urbanos, por hi-
per-regulações que, se belas na teoria, na prática são
apenas garantidas em bairros mais abastados, que
tornar-se-iam ilhas (ou litorais) de riqueza, em meio
a cinturões de pobreza - vide gigantescos projetos ha-
bitacionais como a Cidade Tiradentes, no extremo da
zona leste paulistana, em que, pasmem, o comércio é
proibido em uma região de mais de 24 mil habitantes
(!), seguindo a lógica racionalizadora que imperou
por décadas no locus burocrata de planejamento ur-
bano mundial.
De qualquer maneira, é imperativo uma ação
conjunta dos níveis do Executivo, com amparo de um
legislativo antenado com as necessidades do cotidia-
no prático - bancadas ruralistas ou agindo pelo fulgor
do lobby, por exemplo, pouco atuam nesse sentido - e
um judiciário independente e atuante. É preciso um
esforço para entender que o crescimento e ordena-
mento de nossas cidades não é puramente um Plano
Diretor, mas sim uma contínua reação à diferentes
políticas públicas, empreendimentos privados e,
mais importantemente, dos indivíduos que ocupam
o espaço, por meio de organizações e participação
cidadã. Impostos, políticas de estímulo industrial,
transparência de informação, corrupção, burocracia,
segurança - ações de qualquer área do governo im-
pactam e edificam os mecanismos urbanos.
Realizar projetos que envolvam maior densi-
dade demográfica em locais próximos aos pólos de
emprego e eixos de transporte, com uso misto e qua-
dras inteligentes, que aliem trabalho, ativa interação
social, equipamentos públicos e moradia (criando
efetivos laços comunitários); ouvir comunidades ao
realizar os planos, evitando grandes projetos direto
de Brasília sem conhecimento das realidades locais;
subsidiar aluguéis em bairros centrais e realizar acor-
dos com empreiteiras que aliem aumento do coefi-
ciente de construção com cotas de habitação social
nos próprios empreendimentos - todos métodos não
tão dispendiosos ou autoritários, e com maior flexi-
bilidade de ajuste, teste e acompanhamento de resul-
tados, além de serem saídas para o alto custo do solo
urbano.
A cidade de São Paulo avançou em diversos pon-
tos, neste aspecto, com seu novo Plano Diretor - que,
se chegou atrasado, foi devido a um amplo processo
de discussão de suas ações, em um esforço de debate
que consolidou e facilitou a aceitação da população
por suas diretrizes. Essa transparência na política
pública evitou os ruídos, como os observáveis na im-
plementação das ciclovias na cidade, que, na falta de
POR POLÍTICAS DE QUALIDADE PARA NOSSAS CIDADES
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 2928
ESPACO ABERTO ESPACO ABERTO
Talvez na contramão do que se esperava du-
rante e após o boom da economia mundial, anos co-
nhecidos como “A Grande Moderação”, em junho de
2013 eclodiram passeatas e movimentos massivos nas
grandes cidades brasileiras, cujo estopim foi o au-
mento da passagem do transporte público, nos mo-
dais de ônibus e no metropolitano. Cessava a letargia
causada pela grande mobilidade social possibilitada
por extensos programas sociais de transferência de
renda, pelo acesso ao mercado de consumo e pela va-
lorização admirável do salário mínimo. Inflação (ain-
da) mantida sob controle, nenhuma crise cambial
no horizonte nem o desemprego rondando os lares
brasileiros tal como o ajuste estrutural dos anos 1990
impôs de forma tão necessária.
Era sentida, contudo, a falta da cidadania
ampla, concreta, no cotidiano. Clamava-se por um
sistema de transportes digno de primeiro mundo,
bem como a mesma qualidade era exigida para a
educação e para a saúde públicas, tão parcas. Criti-
cava-se duramente a postura repressora das polícias
militares, soando sombria e perigosamente os anos
da ilegalidade, que enterraram a jovem democracia
brasileira por 21 anos. De que valiam uma economia
que crescia célere, acesso a bens materiais, a crédito
subsidiado e a financiamentos sem fim quando o co-
tidiano impunha ainda o subdesenvolvimento brasi-
leiro à maioria da população?
Remediar tal insurreição? Parece uma pro-
posta simples, atender aos clamores da sociedade víti-
ma de uma carga tributária altíssima sem correspon-
dente retorno em termos de bem-estar social. Como
dialogar com as massas em erupção? Como atender
suas demandas? A resposta é difícil. Os clamores vi-
SÃO PAULO: É POSSÍVEL UMA NOVA CIDADE?um verdadeiro planejamento e boa comunicação,
provocou uma polarização indesejável. De qualquer
maneira, não deixa de ser louvável os esforços de
secretarias municipais e estaduais por maior trans-
parência dos dados, como o HabiSP (que permite
acompanhar as moradias populares em construção
ou planejamento), da Secretaria de Habitação, e a di-
vulgação de Cenários de Planejamento Urbano para
as próximas décadas pela Secretaria de Transportes
Metropolitanos.
Outra ambição do Plano, as moradias populares
próximas aos eixos de transporte e pólos de emprego,
vem sendo limitada pelos baixos tetos do programa
federal Minha Casa Minha Vida, e por sua limitação
de andares em muitos de seus editais - apenas 10%
dos projetos habitacionais em execução, planejados
ou prontos na cidade estão no centro expandido, de
acordo com análise do jornal O Estado de S. Paulo
(3). Aliás, o MCMV pouco faz pelas cidades, ao di-
recionar-se para os extremos periféricos - só poten-
cialmente piora a já extremamente débil mobilida-
de, com aprofundamento das cidades-dormitório, e
legalmente motiva a nefasta desigualdade espacial
- uma das raízes observada na renda. Uma solução
possível e tentada com relativo sucesso em diversas
grandes cidades com altos valores de terrenos e imó-
veis foi conceder mecanismo de crédito para permi-
tir compra pelas classes mais baixas, de acordo com
escolha do imóvel pela própria família, e não incor-
rer do risco de isolar em ambientes socialmente ho-
mogêneos e segregados do fluxo urbano, bem como
alimentando a concorrência e evitando centralização
de recursos em um ou outro agente econômico privi-
legiado pelo edital.
Além disso, ainda que tenha atentado para a
necessidade (real, frise-se) de reajustar um VGV (Va-
lor Geral de Vendas, usado para o cálculo do IPTU)
já muito defasado com o tempo - e com a vertiginosa
valorização dos imóveis e terrenos na capital paulis-
ta - a estratégia de realizar este reajuste de uma só
vez será catastrófica para os de renda mais baixa, que
hoje ainda conseguiam viver de aluguel no centro
expandido de São Paulo. Com os maiores índices de
aumento incluindo a Sé e o Brás - regiões com con-
siderável população de baixa renda (4). Se correto na
intenção e na justificativa, a falta de pensamento a
médio e longo prazos implica numa maior distância
do pobre e da cidade, com largos incentivos à ocupa-
ção da periferia - reduções do IPTU foram reservadas
para estas regiões, por exemplo. Vale ressaltar que
o IPTU social não é aplicável em aluguéis, o que irá
ter seu impacto sobre a acessibilidade a migrantes e
imigrantes que escolhem tradicionalmente o centro,
minando potencialmente seu dinamismo.
A vitalidade e potencial socioeconômico das
cidades não vem somente por meio da inércia da
concentração demográfica - e nem é isso que sua
própria existência sugere. A diferença entre o suces-
so e contínuo crescimento de uma aglomeração de-
pende não só de fatores externos - e sim, sobretudo,
ao dinamismo econômico dessa região e ao nível de
integração dos municipes com sua cidade, evitan-
do fugas paulatinas de moradores “bem de vida” - e
isso pode ser facilitado por uma eficiente e transpa-
rente administração pública, redução do peso e das
complicações burocráticas no ambiente permitindo
vigoroso comércio, bem como ambiente nacional
propício - experiências como a estadunidense, cujo
declínio das cidades na metade do século XX foi im-
pulsionada por uma política forjada por subsídios
governamentais a suburbanização, demonstram (4).
É essencial uma sociedade ativa e mídia vigilante,
proporcionando real pressão e provocando um fluxo
de ideias e propostas, e evitando injustas e desneces-
sárias polarizações - que só nos levarão a lados que se
ignoram, ao invés de efetivamente melhorar a quali-
dade de nosso tecido urbano. Não há solução mágica
para nossos dilemas urbanos – mas só ao procurar-
-se as respostas destes problemas dentro da própria
dinâmica urbana, poderemos permitir cidades que
funcionem melhor, para todos os seus moradores, e
não apenas uns ou outros.
Luiz Eduardo Peixoto
Economia - 4º Semestre
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 3130
ESPACO ABERTOESPACO ABERTO
nham da esquerda e da direita, mais e menos Estado,
acima dos partidos políticos que, tradicionais como
são, já não conseguiam acolher os gritos desolados de
quem estava abaixo da super-estrutura estatal.
Carvalho (2014) parte da análise das eclo-
sões sociais violentas dos jovens das periferias
pobres de Paris em 2005 para elucidar que parti-
dos tradicionalmente organizados e a democracia
ocidental teriam plena dificuldade para atender
demandas instáveis. “Socializados, contemporane-
amente, na multiplicidade e na negociação, perma-
necemos, contudo, engolfados por uma imaginação
regressiva, vincada por diferenciações absolutas e
binárias que o Iluminismo estabeleceu (particular
x universal, tradição x modernidade)
ou vem potencializando em sua ver-
são tardia, a exemplo do acirramento
das clivagens raciais” (CARVALHO,
2014, p. 148). Para o caso brasileiro,
pensa-se nas clivagens sociais, além
dos critérios raciais (também caros à
nossa sociedade, que viu mais séculos
de escravidão que de liberdade). As
camadas menos abastadas exigindo,
nos lustros do século XXI, direitos
que sempre lhes foram negados ou-
trora, mas não mais se organizando,
necessariamente, em grupos sociais
como bancários, securitários, comer-
ciários, médicos etc. Surgem identifi-
cações múltiplas, porém provisórias,
a depender do calor do momento e
do que se reivindica.
Por que tal fervor social não
eclodiu já nos anos de chumbo? O
AI-5 de 1968 colocaria uma pá de cal
sobre a efervescência popular, o ar-
rocho salarial silenciaria os pobres
que apenas sobreviviam àquela altura
do campeonato. A passeata dos cem
mil seria apenas uma lufada de espe-
rança, ou de ilusão perdida, quando
gritos eram sufocados dentro de ca-
labouços de tortura. A distância temporal pode ser
grande, abrange diversas gerações, no entanto per-
manece a herança maldita de uma cidade anti-ur-
bana, segregacionista, desenhada errônea e espon-
taneamente para favorecer interesses de grupos de
controle, aqui tratados por elites – sejam políticas,
sejam econômicas.
É negado o direito à rua, o direito ao deslo-
camento, o direito à moradia, ao assentamento, a ser-
viços básicos. E eram temas ainda mais agudos nos
anos 1970, quando o poder municipal, todo e nada
poderoso, pouco fazia para melhorar qualitativa-
mente a vida dos mais pobres. Recorria tão somente
a anistias, apresentava planos tecnicamente funda-
mentados, porém ineficientes. A lógica da irregula-
ridade, tão perversa, atingia a autorreprodução, fu-
gindo ao controle daqueles que antes a incentivaram.
Afinal, o que é a imagem de uma metrópole global?
Arranha-céus, pontes estaiadas e carros importados
circulando numa cidade corporativa ou favelas inter-
mináveis, milhares de indivíduos entregues à própria
sorte, sujeitos ao descaso do Estado e aos desmandos
da conseqüente violência, seja policial, seja do crime?
O que antes figurava como emprego in-
formal ou mesmo desemprego se tornou, nos anos
presentes, emprego formal que paga um salário
mínimo e meio, valor irrisório em uma das cidades
mais caras do planeta. O Estado permanece incapaz
de prover todo o conjunto urbano de adequada in-
fraestrutura e outros serviços públicos, tão somen-
te se limitando a remoções, revitalização e novas
possibilidades de especulação imobiliária, sempre
lembrando o que já ocorria a partir dos anos 1940
e que seria a semente da periferização desenfreada
da urbe paulistana. O padrão é o mesmo, seja ao
longo do século XX, seja no atual: surgem bairros
abastados, acessível para poucos dotados de recur-
sos financeiros, tornando-se eventualmente encla-
ves (como Alphaville e os condomínios fechados do
subúrbio, como o Morumbi ou os de Mairiporã) ou
Genebras em meio a Biafras, ilhas de riqueza em
um mar de miséria. Seriam aqueles mais pobres,
não tão bem sucedidos, a “humanida-
de excedente”? Ela é essencial para a
reprodução do sistema desigual insta-
lado na cidade, é parte do anti-urba-
nismo paulistano. E à urbanidade tem
direitos negados. Se a globalização da
riqueza é constantemente celebrada
pelos seus entusiastas, existe o outro
e perverso lado da história: as sincro-
nias e semelhanças nada acidentais
no crescimento da pobreza no mundo.
São Paulo é um espelho fidedigno des-
te processo.
É possível, pois, outra cidade?
Terras públicas eram e ainda são
usurpadas em nome do capital imobi-
liário e em prejuízo das classes popu-
lares. Em 2014, o movimento Ocupe
Estelita, em Recife (PE), enfrentou o
consórcio que arrematara, em 2008,
um espaço de 100 mil m² no centro
daquela cidade. O movimento ganha-
ra tamanha proporção contra a cons-
trução de torres residenciais e comer-
ciais de alto padrão que a Prefeitura
de Recife suspendeu a licença para
a demolição dos armazéns do cais,
abrindo espaço para discussões acerca
de projetos alternativos para a área.
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 201532
ESPACO ABERTO ESPACO ABERTO
Em uma sociedade claramente sexista, é
tido como fato que o machismo foi institucionalizado
em quase todos os ambientes e, muitas vezes, chega a
passar despercebido para todos nós. Exemplificando
essa nossa falta de atenção, temos os casos dos bares,
baladas, festas e todos os tipos de ambientes voltados
à “azaração”, onde na maioria dos casos a mulher é o
sexo frágil a ser conquistado e até disputado. Contu-
do, não venho aqui desmoralizar (por mais que seja
merecido) o “macho alfa”, que agarra mulheres à for-
ça na tentativa desesperada de demonstrar sua frá-
gil masculinidade, ainda mais delicada nos citados
ambientes. Busco questionar algo muito mais acei-
to nos referidos espaços, e até tido como normal na
vida noturna, e que, quando polemizado, faz com que
surjam os mais variados argumentos para assegurar a
sua manutenção.
Como argumento principal, favorável à di-
ferenciação, temos a suposta questão dos custos e
do consumo, apoiada numa ideia de que, em média,
o homem sempre beberá mais do que a mulher em
qualquer ambiente. Tal argumento mostra-se insus-
tentável quando pensamos em situações cotidianas
fora do ambiente noturno, como ir a rodízios de
pizzarias e churrascarias, onde, pelo senso comum,
não faria o menor sentido haver diferenciação de
preços. Então, tem-se um ponto: se em rodízios ou
outros serviços relacionados ao consumo, nos quais
a diferença absoluta de consumação entre os gêneros
pode ser bastante relevante, não faz sentido a dis-
criminação de preços, por que numa festa open bar,
com uma diferença absoluta infinitamente menor,
nós encontramos sentido e achamos a diferenciação
razoável? WWOs cálculos relacionados ao consumo
são feitos com base em médias do público que com-
prará o serviço em qualquer lugar, logo, segmentar
esse público com base no gênero e criar duas novas
médias parece um trabalho desnecessário e sem sen-
tido, pois já existe uma primeira média relacionada
ao público alvo. Então, cria-se uma extensão à per-
POR QUE SER CONTRA A DIFERENCIAÇÃO DE PREÇOS?Não somente este caso, mas uma série de parcerias
público-privadas (PPPs) tem disponibilizado para
empreendimentos imobiliários áreas públicas de
discutível interesse público. O que as insurreições
populares sinalizam é precisamente o desejo de
discutir e propor alternativas para a nova cidade
do século XXI. Cessou a letargia social e o silên-
cio duramente imposto. Da cidade anti-urbana e
pulverizada, torna-se atualmente para uma cida-
de aprazível, em que o convívio seja incentivado,
a cultura, educação e saúde, acessíveis, em que a
qualidade de vida sempre cresça, não apenas em
números absolutos, mas também a níveis concre-
tos no cotidiano popular.
São Paulo também vive um momento
ímpar em sua história, talvez sendo aquele da tão
necessária virada urbana, face à sua história de se-
gregação social. O prefeito Fernando Haddad, do
Partido dos Trabalhadores (PT), no cargo desde 2013,
sancionou em 31 de julho de 2014 o novo Plano Di-
retor Estratégico (PDE), documento responsável por
ordenar o crescimento urbano e o desenvolvimento
de iniciativas para os próximos 16 anos. A aprovação
do plano foi especialmente marcada pela pressão
provocada pelos movimentos de moradia de expres-
siva atuação no centro de São Paulo. Citando do blog
de Raquel Rolnik, “os movimentos têm uma agenda
histórica pelo direito à cidade, incluindo propostas
como a função social da propriedade, a demarcação
de Zeis – áreas destinadas à habitação de interesse
social, a cota de solidariedade, a destinação de recur-
sos para compra de terras para habitação, a política
de regularização de favelas e proteção em despejos e
remoções, transporte público de qualidade e equipa-
mentos de cultura e lazer nos bairros populares, que
vai muito além de reivindicar terrenos”. Tal agenda
soa similar ao que se propunha com o zoning cuja
implantação falhou em 1972, e que figura no debate
do novo PDE.
Determinada a missão de cada região da
cidade, com a aprovação do PDE, a discussão é con-
cernente a quais serão exatamente os usos permitidos
e proibidos e a forma como as construções poderão
ocupar os terrenos. O zoneamento de 1972 demarcou
zonas exclusivamente residenciais nos denominados
bairros-jardins (Morumbi, Pacaembu). Tal modelo
privilegiou o avanço dos espaços privados na urbe
(por meio de edifícios de área cada vez maior, tam-
bém), pouco evoluindo o debate de uma cidade mais
democrática desde 1972 até o advento do novo PDE.
De uma cidade de histórico segregacionista
e que ignorou por anos sem fim seus mais premen-
tes problemas e parcela massiva de sua população,
São Paulo vive hoje um dos momentos mais cruciais
para redefinir sua reprodução, seu crescimento e
seu desenvolvimento, integrando a população às
discussões urbanas graças a um mundo cada vez
mais conectado e de acesso mais fácil às tecnologias
da informação.
Renato Janine Ribeiro (atual Ministro da
Educação e professor titular de Ética e Filosofia
Política da Universidade de São Paulo), no cader-
no Aliás do jornal O Estado de S. Paulo de 18 de
outubro de 2014, ilustra o que pode ser esperado da
lei, cujo entendimento é estendido ao PDE: “Será
que nossa confiança na lei ainda é tão baixa que
há quem acredite, após uma ditadura militar que
deixou o país em petição de miséria, que a violência
pode ser a solução? Eleições frustram. Poucos saem
realmente felizes delas. Mas não há outro caminho
senão o da lei. Pode demorar, mas o que ela escreve,
escreve em pedra”.
À luz da história da periferia paulistana e
das dificuldades inerentes às classes menos abas-
tadas, o que se espera é um novo tempo para São
Paulo. Uma cidade mais democrática, mais urbana,
mais amigável à sua população (independente da
condição social), menos hostil ao bem viver, mais
receptiva àquelas camadas mais carentes e que ain-
da estão à margem de um Estado que, aos poucos,
deixa de se omitir ◘
Eduardo Soares Bueno, 24, economista graduado
pela FEA-USP
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015
#SPinvisívelESPACO ABERTO
34 35
VISCONDE RECRUTA
gunta anterior: por que essa situação que exige mais
trabalho e parece sem sentido ocorre apenas em am-
bientes onde o foco é a já citada azaração?
Chegamos, então, a um ponto crucial. Nele,
vemos que toda a tentativa de desenvolvimento de
uma argumentação relacionada a ofertas e deman-
das dos dois públicos parece ilógica, sendo assim,
ela só tem uma função: defender, por outras linhas,
um modelo ultrapassado de eventos. Nesse modelo,
mulheres são atraídas para as divertidas festas graças
ao notável incentivo de pagarem menos (isso quan-
do não são VIPs), a relação custo-benefício parece
ótima para as mesmas, sendo esse ponto o atrativo
principal para o público feminino. Já para o público
masculino, acostumado a pagar a conta do restauran-
te, do cinema, do motel e do drinque do bar, talvez
um atrativo ter preços baixos não seja um atrativo
tão forte, dado que eles já estão habituados e até dis-
postos a gastar, pois sabem que isso é necessário no
processo de conquista do sexo oposto. Com isso, de-
ve-se buscar um novo atrativo para esse público, até
porque com certeza serão eles os que mais gastarão
e, por consequência, darão mais lucros à casa. Per-
cebe-se então que esse novo atrativo, esses “objetos”
que tornarão a festa mais interessante e bonita, que
farão com que os homens comprem as entradas dos
eventos mesmo pagando muito mais, e que talvez
até os faça gastar ainda mais no decorrer da noite,
já foi previamente definido. Em um resumo simples
desse raciocínio machista, tem-se: mulheres atraem
homens, homens atraem lucros. Além disso, que an-
fitrião não quer uma que sua festa tenha uma ótima
imagem, cheia de moças jovens e bonitas prontinhas
para serem fotografadas dançando, para dar aquela
ajuda na hora de divulgar os próximos eventos. Nota-
-se, então, a base dessa lógica marqueteira retrógra-
da, que sempre foi e continua sendo muito utilizada
e disseminada nos eventos de hoje em dia.
É válido salientar que toda essa argumen-
tação só se aplica a festas open bar, pois elas dão
margem a essa discussão. Em outros modelos, onde
apenas a entrada é cobrada e mesmo assim há dife-
renciação de preços, ou até VIPs só para as mulheres,
o sexismo fica ainda mais evidente. Nessas situações,
é bastante claro que um dos gêneros, além de con-
sumidor do serviço (no caso, a festa), é também um
atrativo do mesmo. Logo, me parece desnecessário
argumentar contra algo facilmente perceptível e, por
si só, eticamente duvidoso.
Como consideração final, devemos nos lem-
brar de que esse modelo é, ao mesmo tempo, o refle-
xo de uma sociedade atrasada na questão de gêneros
e um perpetuador desse mesmo atraso. Podemos
dizer até que ele cria uma atmosfera onde há certa
permissividade para as mais variadas formas de pre-
conceitos que vão além de sexismos, tentando legiti-
má-las da mesma maneira equivocada que o fazem
nas questões tratadas nesse texto ◘Arthur Paggioro
Administração - 4º período
Em outubro de 2013, eu, Vinícius Lima, André
Soler e mais um grupo de 20 amigos, mais ou menos,
saímos pela cidade de São Paulo para fotografar tudo
que era invisível à nossa percepção para incomodar as
redes sociais com a #SPinvisivel, pois o que prevalecia
nesse ambiente virtual eram as selfies, os cachorri-
nhos, comidas e viagens. Nesse dia, tiramos muitas fo-
tos de favelas, buracos, mas o que mais apareceu entre
as fotos foram as pessoas em situação de rua.
Porém, nesse dia não interagimos com os
moradores de rua, apenas tiramos as fotos à distância.
Em março de 2014, num papo com o André, chegamos
à conclusão que invisível não é a pessoa, mas a histó-
ria dela, o motivo de estar lá. Após essa conversa, de-
cidimos contar as histórias dessas pessoas, pois mui-
tas vezes até ajudamos elas, mas nossa postura muda
quando descobrimos sua história. Quando ajudamos
sem saber a história, ajudamos de maneira distante,
vertical e como caridade. Ao saber a história e a iden-
tidade daquela pessoa, ela é mais próxima da gente e
ajudamos com justiça e de maneira horizontal.
Hoje, o SP Invisível existe há um ano e é
um movimento que conta com um site e páginas no
Instagram e no Facebook. Ele visa abrir os olhos e a
mente das pessoas para verem que quem está na rua é
um ser humano igual a ele que está lendo em casa. A
partir dessa identificação, ele vai ver que há histórias
riquíssimas a sua volta e que ele pode ser a diferença
na vida de alguns.
As pessoas perguntam se nós não ajudamos
as pessoas entrevistadas. Às vezes ajudamos no possí-
vel na hora do papo, quando podemos, mas o foco das
histórias é mais quem lê do que quem está na foto.
Queremos ajudar as pessoas através de pessoas após
passarem por uma transformação. Alguns resultados
dessa conscientização causada pelo SP invisível foi o
fato de desde no dia a dia, vários moradores de rua
comerem, pois outros terem visto as histórias do SP
até o fato de moradores de rua serem empregados,
pois empregadores se conscientizaram pela página.
Além disso, outros frutos foram colhidos
com o SP Invisível, é o caso das mais de 30 cidades
que ampliaram o movimento e hoje pode contar
com RIO invisível, Porto Alegre Invisível, Campo
Grande Invisível, Fortaleza, entre outros. Só que o
maior resultado foi a história do Bruno, na qual ele
havia brigado com a sua mãe há 7 anos atrás e veio
do Paraná para São Paulo. Aqui, ele acabou moran-
do na Roosevelt e nós o entrevistamos. Quando sua
mãe viu sua história, contatou a página na hora, dis-
se que o perdoava e veio para cá buscá-lo. Hoje falo
com o Bruno pelo Facebook ◘Vinícius Lima
Jornalismo – PUC SP
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015
visconde recruta
36 37
NESSA 3ª EDIÇÃO D`O VISCONDE, TROUXEMOS O TEMA CIDADE DE SÃO PAULO. COM ISSO, ENTREVISTAMOS A
FAMOSA PÁGINA DO FACEBOOK “HADDAD TRANQUILÃO”. A PÁGINA, UMA CARICATURA, EM APOIO À ATUAL
GESTÃO DO PREFEITO FERNANDO HADDAD TENTA EXPOR OS PONTOS POSITIVOS DA PREFEITURA, SEM QUE, ÀS
VEZES, EXISTAM CRÍTICAS SOBRE A ATUAÇÃO DA PREFEITURA.
ENTREVISTA HADDAD TRANQUILÃO
O Visconde: De onde surgiu a ideia de fazer um per-
fil em apoio ao prefeito Haddad?
Haddad Tranquilão: A ideia surgiu durante a cam-
panha pela prefeitura em 2012, do primeiro para o
segundo turno. Nós (somos dois) aproveitamos a
onda de rejeição do José Serra para criar um per-
fil que simulasse a interpretação do Haddad, que é
um cara bem tranquilo, daí o nome, a respeito dos
fatos políticos e ações do Serra na campanha.
Com o tempo, depois da prefeitura come-
çar a implementar algumas ações, entendemos que
o espaço seria melhor utilizado se nós comunicás-
semos de maneira descontraída e informal essas
ações. Tem dado certo.
V: Já houve alguma forma de interação com o prefei-
to em que este expôs sua opinião acerca do perfil? Se
sim, há algum tipo de contato ou relação?
HT: Houve uma conversa de 10 segundos durante
um evento. O prefeito perguntou: “Ah... Então, você
é o Haddad Tranquilão? Você está fazendo um bom
trabalho, hein?!”. E eu respondi: “Eu não, é o senhor
que está fazendo um trabalho genial. Muito obriga-
do por isso!”. E foi só.
A relação que temos é a de atender alguns
poucos pedidos de divulgação que a Prefeitura nos
faz. Já tentamos conversar a respeito de fazer parte
do mailing oficial da SECOM, mas nem com isso
nos ajudaram.
V: Como funciona a manutenção e a administração
do perfil?
HT: Nós sempre ficamos ligados nas notícias rela-
cionadas à prefeitura ou a seus “antagonistas”. Con-
versamos muito sobre o que postar e como postar,
mas sempre no intervalo do trabalho ou dos estu-
dos... Muitas vezes agendamos as publicações à noite
para manter a página funcionando.
V: De maneira geral, o perfil se alinha completa-
mente com as propostas e diretrizes de Fernando
Haddad?
HT: O perfil é uma leitura nossa a respeito da ges-
tão. Já houveram vezes em que nós nos posiciona-
mos contra algumas ações da Prefeitura, mas enten-
demos que de oposição já bastam os grandes meios
de comunicação, então, quando é para se opor nós
preferimos sempre explicar muito bem os motivos.
Isso também acontece com as posições favoráveis.
Sempre tentamos transmitir o máximo de informa-
ção possível para que o debate seja mais politizado.
V: Caso o contrário, o que vocês discordam?
HT: Já discordamos do primeiro aumento de tarifa.
Da situação na favela do moinho, de uma ou outra
ação da Secretaria de Saúde... Mas o que mais nos
irrita é a total falta de discernimento com a qual a
SECOM tratou a internet até o começo
deste ano. A comunicação da Pre-
feitura de São Paulo não condiz
com o alto padrão de gestão
administrado pelo prefeito.
Nem de longe.
V: Quais os pontos fortes
e fracos da atual gestão
da prefeitura na opinião
de vocês?
HT: Os pontos fortes são com
certeza as ações voltadas para o lado humano. Essa
gestão é acima de tudo humanista. De braços abertos,
as ciclovias, os corredores de ônibus, os incentivos de
estudo à população LGBTT e, principalmente, o diá-
logo com todos os grupos da sociedade são atitudes
que nos saltam aos olhos.
Nos pontos negativos estão, sem a menor
sombra de dúvida, a comunicação e falta de enfren-
tamento (mais no começo da gestão do que agora)
aos opositores. Mas as falhas de comunicação são
imperdoáveis.
V: Sobre a cidade de São Paulo, qual vocês acham
que é a área mais precária e que precisaria de mais
atenção e foco de atuação da Prefeitura?
HT: As demandas mais fortes ou mais “impacientes”
são as demandas por moradia. O povo precisa morar,
não é? Mas, apesar dessas demandas, entendemos
que a Prefeitura tem agido com muita responsabi-
lidade e rapidez em muitos casos. Sendo assim, tal-
vez o maior problema da gestão seja a saúde. Como
é uma competência compartilhada entre as 3 instân-
cias de poder, fica mais complicado administrar as
peculiaridades do sistema.
V: De que forma o perfil afetou a relação pública do
Haddad com os paulistanos?
HT: Nós acreditamos que muito. O prefeito ga-
nhou o epíteto “tranquilão” por conta da
página. Nós somos, desde a criação, o
principal meio de comunicação
do prefeito com os cidadãos na
internet. Além do Facebook,
nós temos o Blog, o Twitter
e o Mapa (esse copiado pela
gestão). Ora... Se a gestão
copiou ideias que tivemos
de comunicação, é evidente
que de alguma maneira nós
influenciamos a relação dos
cidadãos com o prefeito ◘
visconde recruta
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 20153840-
SOBE
• Maioridade penal: Em primeira
votação, Câmara vota contra a redu-
ção da maioridade penal.
• Pan 2015 de Toronto: Brilhante campanha dos atle-
tas brasileiros no Pan, destaque para Thiago Pereira,
maior medalhista da história nos jogos Panamericanos
e para as atletas femininas do Brasil, que conquistaram cerca de metade das
medalhas. Parabéns a todas/os as/os atletas brasileiras/os!!!
• Investigação no futebol: O que todo o mundo já sabia veio à tona.
Depois de investigações por parte do FBI e do Departamento de Justiça
dos EUA, vários dirigentes da FIFA foram presos, assim como o ex-pre-
sidente da CBF José Maria Marin.
• FEA Junina: mesmo com junho já para trás e nós estarmos em agosto, vale
a menção. O CAVC, juntamente a outras entidades da FEA, realizou uma
bela festa, com espírito junino e muita alegria!
-41
DESCE
• Grécia: Economia em queda livre, desemprego beirando os 25%. Em forte
contestação do poder da troika europeia, o povo grego votou OXI (não) e o
país recusou o plano de austeridade inicialmente proposto por seus credores.
• Segurança na USP: Mais um caso de violência na USP, mais um estupro e
nenhuma atitude ou pronunciamento da reitoria para evitar que essas situa-
ções sejam recorrentes.
• Maioridade penal: No entanto, após incrível manobra por parte
do presidente da Câmara do Deputados, Eduardo Cunha, a redu-
ção da maioridade penal foi aprovada pela casa, embora restrita a
uma gama menor de delitos.
• Turbulência no Governo: Pressões nas últimas sema-
nas por parte da oposição colocam em cheque a conti-
nuação da presidenta Dilma Rouseff.
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 201540 41- O Visconde AGOSTO 2015 -
4140
AGENDA CULTURAL
Dois dos principais nomes da música brasileira
se apresentam no Espaço das Américas. Evento
para quem curte desde “Mina do Condomínio”
até um dos mais famosos álbuns da MPB, “Sam-
ba Esquema Novo”.
QUANDO? 8 de julho a 23
de setembro
QUANDO? 12 de setembro
QUANDO? 22 de setembro
ONDE?Centro Cultural
Banco do Brasil - SP
ONDE?Espaço das
Américas
ONDE?Ginásio do
Ibirapuera
QUANTO? Grátis!
QUANTO? Preços variam de
R$70 a R$300
QUANTO? Preços variam entre
R$190 a R$590
- O Visconde MAIO 2015
O Visconde JUNHO 2015 -
39
Exposição em homenagem ao cineasta francês, um dos
ícones do cinema do século XX e um dos fundadores do
movimento cinematográfico “Nouvelle Vague”, movimento
francês pautado na contestação, próprio dos anos 70. Autor
de clássicos como “Os Incompreendidos” (1959) e “Jules e
Jim: Uma Mulher Para Dois” (1962).
QUANDO? 14 de julho a 18
de outubro
QUANDO? 18 a 27 de setembro
QUANDO? Até 6 de
setembro
ONDE?MIS – Museu de
Imagem e Som
ONDE?Cidade do Rock,
Rio de Janeiro
ONDE?Pinacoteca
de São Paulo
QUANTO? R$ 3,00 (meia
entrada) e entrada
gratuita aos sábados
QUANTO? R$ 5,00 (meia
entrada)
QUANTO? Ingressos atualmente
esgotados (cambistas
ditarão os preços)
A exposição visa mostrar a inserção da mulher no sis-
tema artístico brasileiro, enfatizando os processos de
formação a que tiveram acesso e sua afirmação como
artistas profissionais. Contrariando os discursos de
época, que procuravam restringi-las ao ambiente do-
méstico e reduzi-las à condição de “naturalmente ama-
doras”, diversas pintoras e escultoras realizaram obras
de grande importância histórica.
ROCK IN RIO
OS DOIS JORGES: SEU JORGE E JORGE BEN JOR
KANDISKY: TUDO COMECA NUM PONTO´
MULHERES ARTISTAS: AS PIONEIRAS (1880-1930)
Kandinsky, um dos pioneiros e fundadores da arte
abstrata, terá seus trabalhos em exposição no Cen-
tro Cultural Banco do Brasil, nos meses de agosto
e setembro. A exposição conta com mais de 150
trabalhos do artista e de seus contemporâneos. O
CCBB se mantém aberto das 9:00h às 21:00h.
Mesmo após a morte de Freddie Mercury, a banda
Queen continua a realizar shows por todo o mun-
do. Depois da parceria com Paul Rodgers, a banda
agora conta com a presença de Adam Lambert, vice
colocado no American Idol, nos vocais. Evento para
quem gosta de um rock n’ roll de qualidade!
Apesar de não ser mais tão “rock” quanto antes, em
2015 o evento comemora os seus 30 anos! O festival
ocorrerá na Cidade do Rock, no Rio de Janeiro e,
dessa vez,contará com nomes como Metallica, Sli-
pknot, A-ha, Faith no More, Queens of the Stone
Age, System of a Down e... Katy Perry!
QUEEN + ADAM LAMBERT
FRANCOIS TRUFFAUT
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015
Horizontal 1. Professor FEAno, morto durante a ditadura 4. Estádio mais charmoso da cidade de São Paulo 7. Museu que teve a presença da Rainha britânica em sua inauguração 9. Time maior Campeão de futebol brasileiro, time da cidade de São Paulo 11. Parque mais famoso de São Paulo 12. Maior produção primáriaexportadora de SP e do Brasil no final do século XIX e começo do XX 13. Maior Campeão Paulista 14. Responsáveis pela fundação da Cidade 16. Lugar onde se vende o mais famoso sanduíche de mortadela 17. Nordestino que liderou o movimento sindical em SP na década de 80 e viria a se tornar o Presidente Vertical 2. Meio de transporte que vem ganhando espaço na cidade 3. Atual Prefeito da Cidade de São Paulo 5. Aqueles conhecidos por desbravarem o Brasil 6. Órgão máximo do futebol paulista, que tinha como presidente, o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero 8. Órgão Responsável pela organização da Indústria no Estado de São Paulo 10. Setor predominante na economia paulistana 14. Bairro imortalizado pela música do grupo Demônios da Garoa 15. Música de Caetano Veloso em homenagem a cidade
42 43
ENTRETEnIMENTO
A figura mostra a localização dos aparta-
mentos de um edifício de três pavimen-
tos que tem apenas alguns deles ocupa-
dos. Sabe-se que:
- Maria não tem vizinhos no seu andar, e seu apartamento localiza-se
o mais a leste possível;
- Taís mora no mesmo andar de Renato, e dois apartamentos a sepa-
ram do dele;
- Renato mora em um apartamento no segundo andar exatamente
abaixo do de Maria;
- Paulo e Guilherme moram no andar mais baixo, não são vizinhos e não moram abaixo de um
apartamento ocupado.
- No segundo andar estão ocupados apenas dois apartamentos.
Se Guilherme mora a sudoeste de Tais, o apartamento de Paulo pode ser:
LÓGICA: Cruzadinha
a) 1 ou 3
b) 1 ou 4
c) 3 ou 4
d) 3 ou 5
e) 4 ou 5
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015
SENSACIONALISTA CRONICA^
44 45
Às 5h da manhã tocam os despertadores da
Zona Sul. Cotidiano difícil. As pessoas saem de casa
e ainda parece que é noite (no horário de verão, nem
se fala). Noite que ainda não acabou para os traba-
lhadores que aguardam, moribundos, do outro lado
da plataforma da Linha Lilás, após uma cansativa e
solitária jornada de trabalho noturno. E apesar des-
sa morbidez, chega a bater uma inveja desses que
pegam o contra fluxo, enquanto a gente se espreme
para caber no trem. A viagem é longa, arrastada, aba-
fada e as histórias são muitas. O calor bate, o celular
vibra, mas nem sempre há espaço para tirar a blusa
ou ver quem te mandou mensagem. Imóveis, lado a
lado, as conversas penetram os ouvidos sem pedir
licença. Às vezes, ouve-se em primeira mão as tra-
gédias que hoje estarão nos jornais. Relatos de uma
noite mal dormida por conta da violência, daquela
perseguição ou daquela chacina que ocorreram no
seu bairro e hoje serão pauta no Datena.
Mas nem só de tristeza vive a periferia. Mui-
tas vezes o que se ouve são os planos: para o churras-
co no final de semana, para a reforma na casa, para o
futuro da família... Até que existe amor em SP.
“Para aumentar a oferta de trens na outra
via, este trem tem como destino a estação terminal
Pinheiros. Passageiros com destino à estação Osas-
co, aguardem o próximo trem na mesma platafor-
ma.”, anuncia uma voz feminina. Que diferença fa-
ria – retrucam mentalmente a gravação - se o trem
seguisse para a estação Cidade Universitária? As
portas se abrem e a plataforma é tomada por uma
enchente de gente. Uma fila ininterrupta segue an-
dares e andares de escada rolante abaixo, como se
penetrássemos o centro da terra. Da Linha Amarela
para o mundo, cada um segue seu rumo e a massa
se desagrega aos poucos.
Depois de horas e horas de trabalho ou
estudo (ou trabalho e estudo), o merecido repouso
ainda está distante: a cruzada diária tem duas mãos.
Da ponte, as pessoas avistam o trem que se aproxima
pela marginal e correm para pegá-lo. O trem passa
lotado (não de gente, antes fosse: estava sem servi-
ço). A cada minuto que passa, a plataforma se enche
mais e o clima de disputa vai se acirrando. Ele chega,
as portas se abrem, dando a largada à corrida atrás
de um banco. Nessa hora é cada um por si. Às vezes
os ânimos se exaltam, mas logo tudo volta ao nor-
mal. Afinal, quem não queria estar sentado?
Embora estejam todos cansados, a iminên-
cia do repouso torna o ar um pouco mais leve (tal-
vez nem tanto para as mulheres que ainda têm que
encarar a segunda jornada de trabalho). Enquanto
os arranha-céus da marginal vão dando lugar às fa-
velas, tem gente que lê a Bíblia e gente que escuta
funk. Todos são retidos, de súbito, pelo ambulante
que vende bala, amendoim, chiclete, chocolate, fone
de ouvido e ainda consegue rimar isso tudo para te
convencer a ajudá-lo a fugir do “rapa”.
Chegamos do lado de cá da ponte que divi-
de o mundo. Cada qual na sua solidão se dirige à sua
casa. Na TV, a novela. À mesa, as novidades do dia.
Mas não há muito tempo pra distrações. Logo o sono
bate e abate todos, que se deitam e se resguardam
para a próxima cruzada ◘
Guilherme Augusto Ribeiro
Economia - 4º período
Bianca Oliveira
Economia - 2º período
Guerra Sampa
Após nomes criativíssimos das mais
novas ferramentas de comunicação do
CAVC, como o vídeo Minforma e o interna-
mente rejeitado nome para o aplicativo CA-
comVC (esse em um futuro próximo à dis-
posição de você, FEAno ou FEAna, em todas
CAVCensacionalista
Envie suas sugestões para o email d’O Visconde:
Todos são muito bem-vindos para participar!
as plataformas tecnológicas possíveis, com
mencionável exceção de rádios de carro e
afins) O Visconde apresenta a ideia menos
original, com um nome copiado, porém
com muito humor aplicado ao ambiente
que todos nós vivemos: chegará, no segun-
do semestre, o CAVCensacionalista.
O projeto de comunicação visa o entre-
tenimento da comunidade FEAna, funcio-
nando nos mesmos moldes do Sensacio-
nalista: notícias com tons de sarcasmo e
ironia, provocativas ou não, com um site
próprio e uma página do Facebook. Então,
preparem-se! Mandem ideias e participem
dessa zoeira sadia e respeitosa! Tire sarro
daquele seu professor ou amigo que gosta-
ria de ser zoado e daria uma risada com isso!
Seja criativo e venha conosco! Façamos da
FEA um ambiente mais alegre e cômico! ◘
O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015
Caminhando
só
em um transe completo
com pontadas
de melancolia
e dor nas costelas
enquanto o sol
nasce solitário
e a vida acontece
e percebo
a mediocridade da existência
da minha existência
e da tristeza
de estar acordado
e sentir falta
de pessoas
e sentado
ao lado de uma lata de lixo
me pergunto
e tento realmente descobrir
se esse cheiro
de cerveja dos infernos
é meu
da lixeira
ou do universo
e olho no espelho
e vejo o espectro
do que era para ser um poeta
mas tudo o que eu vi
foi um fantasma
ou melhor um viciado
com olhos vermelhos
acabado.
Tetos
brancos
com alucinações cristalinas
das entidades
subconscientes
do meu ser
tão puras
quanto uma alma singela
uma doce moça qualquer
sem sentido.
cabelos psicodélicos
estalando
criando uma onda
estreita
estranha
verde
e explosões
vórtices
mandalas
rodantes
acima de tudo
olhos profundos
um grupo dançante
nem nexo
luzes vermelhas brilhando
na escuridão
enquanto que
alucinados insanos
passam por mim
sem nunca passar
deitado
dormindo sob o
som
de um digitar
frenético
de um mago
e a sua voz rouca
cantando
embalando
meus estranhos sonhos
e percebo
que ele é realmente
um mago quando ele está
do meu lado
e eu nem percebi
(apesar de estar acordado).
Com vultos que correm
pela escuridão
jogando água
em jovens depravados
esperando
na chuva pela noite
de suas vidas
todas almas
querendo ser amadas
e morrer felizes
simplesmente passando
pela vida
e vivendo ela ◘
Christian Frederico
Economia - 4º período
POESIA
Loucura
O Visconde MAIO 2015 - 46
- O Visconde AGOSTO 2015
ReportagemA cidade de São Paulo e o futebol
ENTREVISTA COM HADDAD TRANQUILÃO
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Edição III - Agosto de 2015 nº 25