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O Visconde AGOSTO 2015- Reportagem A cidade de São Paulo e o futebol ENTREVISTA COM HADDAD TRANQUILÃO Edição III - Agosto de 2015 nº 25

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O Visconde AGOSTO 2015-

ReportagemA cidade de São Paulo e o futebol

ENTREVISTA COM HADDAD TRANQUILÃO

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Edição III - Agosto de 2015 nº 25

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015

EDITORIAL

ACONTECE NA USP

CRUZADINHA

O Enem Como Alternativa

CAIXA Prestação de contas CAVC

CAVC FALA

REPORTAGEM A cidade de São Paulo e o futebol

A Cidade de São PauloVISCONDATA

O cartão que salvou meu mochilãoPAPO DE EMPREENDEDOR

ENRETENIMENTO

BRASIL E DAÍ Descentralizar a adimnistração de São Paulo: Uma proposta ousada

AGENDA CULTURAL

Pra que serve um doutorado? Pra que investir em um?

O MUNDO LÁ FORA

SOBE E DESCE

ESPAÇO ABERTO*

PESQUISAS ECONÔMICAS

CRÔNICA Guerra Sampa

Loucura

SUMARIO

ENVIE SUAS SUGESTÕES, TAMBÉM PARA UM DE NOSSOS ENDEREÇOS ELETRÔNICOS!

/OVISCONDE [email protected]

*Os textos da seção Espaço Aberto são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não refletem a opinião do Centro Acadêmico

“Fifa Gate”: Geopolítica e Futebol

PÉROLAS

ENTREVISTAVISCONDE RECRUTA #SPinvisível

Haddad Tranquilão

POESIA

CAVCENSACIONALISTA

A Cidade e a Ocupação dos Espaços

ERRATA: Na edição anterior o nome do autor da sessão Pesquisas Econômicas é Ulisses Ruiz de Gamboa, que tem Pós-Doutorado em História Econômica pela University of California, Los Angeles (UCLA); Doutor em Teoria Econômica FEA/USP; Economista da Associação Comercial de São Paulo; Professor dos cursos de MBA e Pós-Graduação da Fipe, FIA e FGV.

CONSELHO EDITORIAL IMPRESSÃOEDITORAÇÃO

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O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015

EDITORIAL EDITORIAL

4 5

A nossa 3ª edição traz como tema a Cidade

de São Paulo, na qual vivemos, na qual estamos in-

seridos e na qual nos encontramos face a face com

todos os seus problemas e benefícios diariamente.

A Cidade apresenta uma gama extrema-

mente ampla de serviços e nos permite respirar la-

zer, cultura e diversas outras coisas. É uma cidade

única na América Latina, responsável por cerca de

12% do PIB brasileiro. Porém não é só de bonanças

que vive o paulistano.

Devido ao seu crescimento desmedido,

principalmente durante o século XX, o município

tornou-se macrocefálico, não conseguindo aten-

der a todas as demandas de sua população como

um todo de forma satisfatória. Habitação e servi-

ços de segurança, educação, saúde e transportes,

por exemplo, ainda representam muitas limita-

ções para os paulistanos, sobretudo na periferia.

Nesse contexto, no ano de 2012, Fernando

Haddad (PT) foi eleito como prefeito de São Pau-

lo. Após quase três anos completos de seu manda-

to, o prefeito tem um índice de reprovação muito

alto, sendo que 44% dos paulistanos consideram a

gestão ruim ou péssima. Entretanto, precisamos

analisar o projeto de cidade que o prefeito Haddad

vem efetivamente desenvolvendo em seu manda-

to. Sabe-se que boa parte dessa reprovação se deve

a medidas ousadas do ponto de vista político, so-

bretudo no campo da mobilidade e configuração

espacial do município. Entretanto, também é fato

que a ampliação das ciclovias e faixas de ônibus e

o início da implementação do novo Plano Diretor

(juntamente ao desenvolvimento da nova Lei de

Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo e dos Pla-

nos Regionais Estratégicos) compõem um projeto

de longo prazo essencial à sustentabilidade da ci-

dade de São Paulo, que a colocam como um espaço

urbano integrado, progressivo e orgânico.

Ademais, o prefeito vem tomando me-

didas que exploram sobretudo um efetivo proje-

to de cidadania, aproximando centro e periferia

e afirmando grupos tradicionalmente excluídos

por meio do oferecimento de cultura, lazer e inte-

gração. Muitas vezes, esse oferecimento se traduz

como uma manifestação e ressignificação do cha-

mado “direito à cidade”.

pararmos para pensar se esse direito se estende de

fato às comunidades que circundam o campus, a

resposta é, na maioria das vezes, uma grande nega-

tiva - à exemplo da comunidade São Remo.

Por que essas pessoas, que já possuem mui-

to menos alternativas de lazer, tantas vezes encon-

tram suas opções ainda mais reduzidas? Que tipo

de exclusão tácita é essa que lhes apara até mesmo

um espaço tão deles quanto de qualquer outra pes-

soa? Quem de fato enxerga a USP como parte inte-

grante e aberta do espaço da Cidade de São Paulo,

(apesar dos muros)? E o que isso diz sobre nós, estu-

dantes, que temos participação tão significativa nos

debates quanto no processo de exclusão?

Por essas e outras, é de extrema importân-

cia a discussão desse tema, tão presente no nosso

dia-a-dia. É uma questão de coerência com o fazer

político dentro de uma Universidade que - não

podemos esquecer - é destinada a ensinar e pro-

duzir saber que, de alguma forma, corresponda às

“necessidades reais” da sociedade. “Necessidades

reais” estas que constituem um discurso político

como qualquer outro, podendo ser utilizado tanto

para inclusão quanto para exclusão de alguns gru-

pos e de suas demandas.

Ademais, deve-se ter em mente que isso

representa apenas dois terços dos objetivos da

USP, que ainda conta (ou deveria contar) com os

programas de extensão. Este último, que seria o

principal instrumento para integrar as partes da

cidade que geralmente não têm contato com a vi-

vência universitária, muitas vezes é executado por

nossos docentes como uma atividade de cumprir

tabela, um fardo de uma instituição pública, um

objetivo menor.

Perante as muitas questões que emergem

quando se pensa a convivência em São Paulo, um

lugar tão rico e diverso, o desafio que se apresenta

a nós nesta edição é apresentar a cidade e apontar

suas contradições segundo a ótica de alguns es-

tudantes, sem a pretensão de oferecer respostas

prontas a nenhuma das questões postas, mas sem-

pre reformulando e atualizando seus temas ◘

É aí que entra a USP. A nossa Universidade

possui seis campi instalados dentro dos limites da

cidade de São Paulo. Debater o papel da universi-

dade pública e sua relação com o espaço urbano no

qual se insere, nesse contexto, se coloca como uma

necessidade e como proposta política do CAVC.

Mas, com o zeitgeist que parece ter tomado a admi-

nistração pública, evidencia-se mais do que nunca

que o direito à cidade perpassa também diretamen-

te pelo direito à Universidade. E não apenas no âm-

bito do ensino, mas do usufruto do seu espaço e da

sua infraestrutura pela população de uma cidade

que vem se tornando mais integrada e povoada.

Assim, coloca-se a questão: como é ocupa-

do o espaço da Universidade e quem a ocupa?

De tempos em tempos, a discussão da Universida-

de como espaço público ganha novo fôlego, seja por

lamentáveis episódios de violência, seja por medi-

das diretamente ligadas à problemática do acesso

à Universidade. Infelizmente, as respostas da ad-

ministração universitária geralmente incorrem

no cerceamento desse espaço. Exemplos disso são

as medidas de segurança no âmbito das unidades,

como a que enfrentamos agora com a instalação de

catracas na FEA, que visam limitar ou controlar o

“fluxo indevido de pessoas” (expressão pela qual a

nossa diretoria ganhou notoriedade ano passado

no episódio do fechamento da mesinha). Na esfera

do acesso ao ensino, mais uma vez vemos o debate

acerca de cotas adiado, apesar do inegável avanço

com a inclusão do ENEM no processo do vestibu-

lar de alguns institutos.

Um sintoma dessa relação limitada da

USP com a comunidade de São Paulo pode ser

encontrado quando se pensa o estranho fenôme-

no que toma o campus nos fins de semana: ele se

transforma num parque, repleto de corredores, ci-

clistas, pessoas em busca de lazer, em sua grande

maioria brancos, provenientes de bairros de classe

média alta de São Paulo. Essas pessoas estacionam

seus carros na USP de graça e utilizam a estrutu-

ra da USP para se refrescar e divertir-se. Perfeita-

mente compreensível: é um direito deles. Mas se

A CIDADE E A OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015

ACONTECE NA USP

6 7

Há tempos, diversos movimentos dentro da

USP clamam por uma democratização no processo

de seleção para o ingresso na Universidade. As cotas

raciais, sociais e o uso do ENEM como método de se-

leção alternativo foram as principais reinvindicações

desses grupos.

Recentemente, foi aprovada no Conselho

Universitário (CO) – instância máxima de decisão da

USP -, a adesão parcial ao Exame Nacional do Ensino

Médio (ENEM) e ao Sistema de Seleção Unificada

(SISU). O projeto, aprovado no Conselho, tem como

objetivo a destinação de 1.499 vagas para serem preen-

chidas por meio da nota do ENEM. Atualmente a USP

possui 11.057 vagas para serem preenchidas por meio

do vestibular. O atual reitor, Marco Antônio Zago,

considerou como “histórica” a aprovação da proposta.

Ainda que a aprovação tenha sido um marco

para a USP, muitas unidades não aderiram ao novo

sistema. A Medicina de São Paulo, a FEA, a Poli e o

curso de audiovisual da ECA são exemplos que não as-

sentiram com a proposta de seleção alternativa. Essa

rejeição por parte das principais unidades faz com que

não ocorra uma diversificação eficaz na entrada de

novos alunos, ao menos nos cursos mais concorridos.

Se a proposta de utilizar o ENEM como

seleção fosse aprovada pela unidade, ainda restava

a ela deliberar qual opção do SISU seria aplicada e

quantas vagas seriam destinadas. O

SISU atualmente possui principal-

mente duas opções de aplicação: (i)

ampla concorrência e (ii) reserva

de vagas (para estudantes de escola

pública, autodeclarados negros, par-

dos, indígenas, etc). Ficou definido

no Conselho Universitário que das

1.499 vagas destinadas ao SISU, 1.159

serão preenchidas por estudantes de

escolas públicas. Ou seja, aproxima-

damente 10,5% dos

alunos que ingressa-

rem na USP no ano

de 2016 terão cursa-

do ensino médio na

rede pública. Have-

rá ainda cursos que

possuirão vagas ex-

clusivas para negros,

por exemplo: bacha-

relado em sistemas

de informação, licenciatura em ciências da natureza,

gerontologia, obstetrícia, gestão ambiental, marke-

ting, psicologia e relações internacionais.

José Octávio Costa Auler Júnior, diretor da

FMUSP, declarou em entrevista que “o Enem é ava-

liatório, a Fuvest é seletiva - tem 40 anos, nunca deu

problema” e que “o Inclusp precisa ser completado ain-

da, o próprio Inclusp ainda não foi avaliado. A inclusão

está avançando, está aumentando cada vez mais. Quan-

to mais se inclui, mais você tem o problema da perma-

nência, precisa ser bem visto isso, senão você começa a

ter o problema da evasão”. A Faculdade de Medicina da

USP-SP também rejeitou a adesão ao ENEM.

Para melhor explicitar como cada unidade

destinará suas vagas para o uso do ENEM, a tabela

abaixo compila alguns dados ◘

O ENEM COMO ALTERNATIVA

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 98

CAVC FALA

ADMINISTRATIVA:

Nesse final de semestre a Diretoria Ad-

ministrativa tem focado seus esforços na Vivên-

cia, garantindo melhorias como os sofás, pufes,

a mesa de sinuca e o novo pebolim. Para o pró-

ximo semestre, buscaremos verbas para realizar

reformas mais estruturais na Vivência, faremos

o aplicativo do CAVC e buscaremos uma forma

de criar o orçamento participativo da Vivência.

Além disso, estamos em vias de finalizar o pro-

jeto Resgate Histórico do CAVC, que deverá ser

lançado em setembro!

ACADÊMICA:

A Diretoria Acadêmica segue perseguin-

do o objetivo de melhorar a experiência universi-

tária e os cursos da FEA. No final do semestre, rea-

lizamos uma roda de conversa sobre intercâmbio,

em que os alunos que almejam realizá-lo puderam

trocar ideias com alunos que acabaram de voltar

de seus respectivos intercâmbios. Além disso, em

conjunto com os RCs do primeiro ano, realizamos

o primeiro “Minhajuda, CAVC!”, um ciclo de mo-

nitorias pré-provas finais que buscou auxiliar os

bixos e bixetes a superarem o final do primeiro se-

mestre de vida acadêmica na USP - foi um sucesso!

MOBILIZAÇÃO:

O tempo de vacas magras acabou para

a Mobi e, para o segundo semestre, nós estamos

encaminhando um ciclo de debates sobre conjun-

tura política em parceria com o jornal Le Monde

Diplomatique. O ciclo contará com mesas sobre o

PT em seu 13˚ ano de mandato, sobre a oposição

política e o PMDBismo e sobre o caráter das mani-

festações que tomaram o país de 2013 a 2015. Con-

vidamos todos a se juntarem a nós e colaborarem

com a formação de debates futuros. As datas das

reuniões serão divulgadas em breve.

O VISCONDE:

A segunda edição saiu em Maio, sobre a

Reforma Política, com um timing perfeito. Para o

segundo semestre teremos mais 3 edições, sendo

uma delas esta que vos fala, sobre a cidade de São

Paulo. Pretendemos também explorar as funções

comunicativas do Facebook - nesse sentido, pedi-

mos a todos que curtam e sigam nossa página.

EVENTOS:

A chuva passou e com ela se foi mais uma

festa do CAVC! Com muito forró, bandeirinha,

amor e quadrilha, a FEA Junina foi linda! A pre-

sença e cooperação das entidades e da comissão

de organização contribuíram em muito para que a

festa ficasse melhor ainda! Ficamos surpresos pela

demanda que tivemos e, pelo fato da vivência não

ser muito grande, infelizmente tivemos que limitar

os ingressos. Nos esforçaremos para que a próxima

tenha lugar para que bem mais gente compareça!

E dá-lhe beijinho no ombro: pras recalcadas chora-

rem de inveja, o FEA Funk chegará quebrando em

agosto! Aguardem!!! ◘

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015

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.....

Vend

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livr

os d

o CA

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o se

bo...

......

......

......

......

......

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......

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Sub

Tota

l - E

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pesa

s A

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nist

rati

vas.

......

......

......

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......

......

......

......

......

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ções

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......

......

......

......

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......

......

......

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erso

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iais

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......

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......

......

......

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m d

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ebsi

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em

ail -

Loc

aweb

......

......

......

......

...Te

lefo

ne -

Clar

o....

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

TV -

Sky.

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

.

Inve

stim

ento

s em

infr

aest

rutu

ra -

CAVC

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......

......

......

......

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ncia

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......

......

......

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eio

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......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

Man

uten

ção

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ncia

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......

......

......

......

......

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......

......

......

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.....

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stim

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s em

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.....

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sses

......

......

......

......

......

......

......

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......

......

......

......

......

......

......

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e A

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......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

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......

......

......

......

......

......

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......

......

......

......

......

......

......

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......

......

......

......

......

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......

......

......

......

......

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......

......

......

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......

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......

......

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......

......

......

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......

......

......

......

......

......

......

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......

......

......

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......

......

......

......

......

......

......

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......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

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......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

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......

......

......

......

......

......

......

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......

......

......

......

......

......

......

......

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......

......

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......

......

......

......

......

......

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......

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......

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......

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......

......

......

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......

......

......

......

......

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......

......

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......

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......

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......

......

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......

......

......

......

......

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......

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......

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......

......

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......

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......

......

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......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

R$ 2

2.50

0,00

R$ 1

0.00

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R$ -

R$ 1

2.50

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R$ 4

92,2

0R$

492

,20

R$ -

R$ -

R$ 2

9.34

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R$ -

R$ 1

30,0

0R$

-R$

-R$

5.6

04,4

5R$

23.

615,

00R$

-

R$ 5

2.34

1,65

R$ 1

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R$ 7

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5,80

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179

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7.49

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R$ 2

69,6

2R$

-

PRES

TAÇ

ÃO

DE

CO

NTA

S

Mai

/201

5

R$ 3

2.86

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R$ 3

43,6

3R$

33.

209,

57

R$ 1

0.00

0,00

R$ -

R$ 1

0.00

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R$ 4

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R$ -

R$ 3

5.17

4,91

R$ 5

.300

,00

R$ 6

98,3

1R$

13.

168,

60R$

-

Jun/

2015

R$ 2

8.99

1,83

R$ 3

.043

,51

R$ 3

2.03

5,34

R$ -

R$ 1

6.38

7,70

R$ -

R$ 7

6.16

0,05

R$ 1

0.00

0,00

R$ -

R$ -

R$ 1

0.00

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R$ 4

4.83

3,00

R$ -

R$ 7

.833

,00

R$ 3

7.00

0,00

R$ 2

1.32

7,05

R$ -

R$ 2

60,0

0R$

-R$

4.6

79,3

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R$ 1

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R$ 1

36,0

0R$

64,

00R$

79,

90R$

376

,60

R$ 1

84,8

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R$ 1

69,0

0

R$ 9

.513

,55

R$ 7

.549

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R$ 1

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R$ 7

31,0

0

Jul/2

015

R$ 5

6.81

7,62

R$ 6

.408

,48

R$ 6

3.22

6,10

R$ -

R$ -

R$ -

R$ -

R$ -

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R$ -

R$ -

R$ -

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R$ -

R$ -

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R$ -

R$ -

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R$ -

R$ -

R$ -

R$ -

R$ 1

5.30

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R$ 7

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0

R$ 4

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R$ 1

.641

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R$ 3

00,0

0R$

474

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R$ 4

10,2

0R$

79,

90R$

196

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R$ 1

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R$ 7

.695

,56

R$ 6

.639

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R$ 2

06,9

0R$

849

,00

Abr

/201

5

R$ 9

.352

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R$ 4

0,13

R$ 9

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AD

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2015

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com

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ento

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desp

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que

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man

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ção

da

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. Um

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o é

que

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s gas

tos

salta

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das

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que

se re

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e um

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e da

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ênci

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lém

de

uma

font

e im

port

ante

de

rece

itas

do C

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ela

é

um p

atrim

ônio

dos

alu

nos

e, p

or is

so, n

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e m

uita

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nção

da

dire

toria

. A

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da

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pro

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men

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tenh

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Fisc

al d

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lanc

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rimei

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mes

tre

de 2

015

do C

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Apo

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em

um

pro

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azo

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estã

o re

alis

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os r

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men

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lem

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tos

que

mer

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des

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e já

no

iníc

io d

o an

o. N

o en

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o, d

eve-

se e

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man

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o o

pote

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.

Hen

rique

Ple

nsM

embr

o do

Con

selh

o Fi

scal

201

5

Luca

s Fa

bbro

Mem

bro

do C

onse

lho

Fisc

al 2

015

Rafa

el P

asso

s Vic

ente

Mem

bro

do C

onse

lho

Fisc

al 2

015

A c

riaçã

o da

col

una

“Con

tas”

den

tro

d’O

Vi

scon

de

poss

ui

com

o ob

jetiv

o pr

inci

pal

aum

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r a tr

ansp

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cia

do C

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quan

to à

s su

as c

onta

s, na

med

ida

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ue p

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m

mai

or

ente

ndim

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da

s ru

bric

as

aqui

pu

blic

adas

.N

este

sen

tido,

é n

eces

sário

torn

ar c

laro

que

es

ta p

rest

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de

cont

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pub

licad

a co

m

cará

ter

de e

rrat

a da

s co

ntas

do

prim

eiro

bi

mes

tre

de 2

015

reve

lada

s na

EDIÇ

ÃO -

m

arço

de

20t1

5, n

o 23

. Iss

o se

suc

edeu

por

co

nta

da i

dent

i�ca

ção

tard

ia d

e er

ros

na

cont

abili

dade

no

iníc

io d

o an

o. U

ma

vez

que

os

mét

odos

co

ntáb

eis

inte

rnos

es

tão

ajus

tado

s, er

ros

com

o es

se

não

deve

m

ocor

rer m

ais.

Um

out

ro p

onto

im

port

ante

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stên

cia

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ma

cont

a co

rren

te p

aral

ela

do C

AVC

no

Sant

ande

r, ab

erta

em

nov

/199

7, c

ujo

sald

o es

bloq

uead

o pa

ra

mov

imen

taçã

o po

r qu

estõ

es

buro

crát

icas

de

tr

ansi

ção

de

gest

ão (

2014

-15)

ain

da n

ão s

oluc

iona

das.

Com

o o

mon

tant

e nã

o se

enq

uadr

a co

mo

sald

o di

spon

ível

, opt

ou-s

e po

r de

scon

side

-rá

-lo n

esta

pre

staç

ão.

Essa

situ

ação

est

ará

regu

lariz

ada

para

a

próx

ima

ediç

ão

d’O

Vi

scon

de.

Vict

or V

acca

roTe

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eiro

do

CAVC

Sald

o In

icia

l Co

nta

corr

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ades

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......

......

......

......

......

......

......

......

......

.....

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heiro

em

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......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

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tal -

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do in

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l.....

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

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......

......

......

......

......

......

......

......

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......

......

......

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....

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AVC

Idio

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......

......

......

......

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......

......

......

......

......

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timos

CAV

C Id

iom

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......

......

......

......

......

......

......

......

......

.In

term

édio

par

a En

tidad

e Es

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ntil¹

......

......

......

......

......

......

....

Patr

ocín

ios.

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

.....

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......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

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Resg

ate

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tóric

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......

......

......

......

......

......

......

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......

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......

......

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......

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......

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caçã

o de

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ário

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......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

.En

trad

as d

e Ev

ento

s - S

prin

g Br

eak.

......

......

......

......

......

......

......

.En

trad

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e Ev

ento

s - F

EA Ju

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......

......

......

......

......

......

......

.....

Entr

adas

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Even

tos

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......

......

......

......

......

......

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.Ve

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......

......

......

......

......

......

......

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vas.

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ções

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......

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......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

TV -

Sky.

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

......

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O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 1312

brasil e dai brasil e dai

DESCENTRALIZAR A ADMINISTRAÇÃO DE SÃO PAULO: UMA PROPOSTA OUSADA

São Paulo é o maior e mais rico municí-

pio do Brasil. Sua população supera 11,5 milhões

de habitantes, que estão distribuídos em cerca de

4 milhões de domicílios. Possui um Produto Inter-

no Bruto superior a R$ 520 bilhões, maior do que

o de qualquer estado brasileiro, com a exceção, é

claro, do próprio estado de São Paulo. Caso fosse

um país, a cidade de São Paulo seria o sexto maior

da América do Sul, atrás apenas do Brasil (do qual

detém mais de 12% do PIB), México, Argentina,

Venezuela e Colômbia. Em termos mundiais, São

Paulo estaria entre os 45 países mais ricos. Para

2015, o orçamento da prefeitura de São Paulo é su-

perior a R$ 51 bilhões, menor apenas que os esta-

dos de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e

Rio Grande do Sul.

Como todo grande aglomerado urbano,

São Paulo tem diversos problemas. A pesquisa IR-

BEM (Indicadores de Referência de Bem-Estar no

Município), da Rede Nossa São Paulo, realizada no

final de 2014, mostra que 57% dos moradores sai-

riam da cidade se pudessem. A qualidade de vida,

medida nesta mesma pesquisa, também é repro-

vada, com nota abaixo da média. Embora o cida-

dão entenda que a qualidade de vida percebida é

fruto das ações dos três níveis de governo, 40% dos

entrevistados na pesquisa consideram a adminis-

tração municipal ruim ou péssima, 45% regular e

apenas 15% a consideram boa ou ótima.

São Paulo, devido às suas dimensões, ao

crescimento desordenado e à concentração de mi-

grantes pobres, ocorrida na segunda metade do sé-

culo XX, tem seus problemas amplificados, o que

torna sua administração um enorme desafio para

quem ocupa a cadeira de prefeito. A estrutura ad-

ministrativa centralizada do governo municipal

dificulta, não apenas sua gestão, mas também a

participação do cidadão na vida pública. Embora

a cidade seja dividida em trinta e duas subprefei-

turas, elas tem pouca autonomia de ação, com o

subprefeito indicado por critérios políticos, atuan-

do apenas como uma zeladoria da região.

Os exemplos de descentralização de ou-

tras cidades latino-americanas podem levar à cria-

ção de canais institucionalizados de participação,

que tornem a cidade mais democrática, humana e

eficiente no atendimento às necessidades dos cida-

dãos, além de diminuir as desigualdades regionais.

Esta descentralização administrativa é um

dos princípios da reforma do Estado, iniciada no fi-

nal do século passado. As experiências de alteração

do design organizacional da administração pública

mostram que, quando a decisão é tomada no nível

mais próximo ao problema, capaz de analisá-lo e

julgar as alternativas possíveis para resolvê-lo, as

soluções são mais rápidas, inovadoras e de melhor

qualidade. A redistribuição de tarefas para as uni-

dades mais periféricas, bem

como a transferência da ca-

pacidade decisória dos níveis

superiores para os inferiores,

traz maior eficiência ao siste-

ma e aumenta a participação

do cidadão.

Buenos Aires, a se-

gunda maior área metropoli-

tana da América do Sul, atrás

apenas de São Paulo, também

foi vítima de um crescimen-

to desordenado e padece de

problemas semelhantes aos

nossos. O fluxo migratório

das regiões mais pobres da Ar-

gentina para a cidade formou

as villas miserias e as casas to-

madas, equivalentes às nossas

favelas e cortiços. Buenos Ai-

res tem cerca de 3 milhões de

pessoas e é dividida em quinze

comunas, que equivalem às

nossas subprefeituras.

Estas entidades ad-

ministrativas são regidas pela

“Ley Orgánica de Comunas”,

de 2005, que estabeleceu suas

normas de organização e fun-

cionamento. Seus objetivos

principais: descentralizar as

funções do governo, facilitar

a participação do cidadão no

processo de tomada de deci-

são e controle dos atos pú-

blicos, melhorar a eficiência

e a qualidade dos serviços e implementar medidas

para diminuir a desigualdade regional. As comunas

são administradas por um Conselho de sete pesso-

as, cuja primeira eleição ocorreu em 2011, com um

mandato de quatro anos, não sendo permitida a re-

eleição dos membros. As ações destes conselhos são

coordenadas por um Conselho Intercomunal, pre-

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 1514

PAPO EMPREENDEDORbrasil e dai

sidido pelo prefeito da cidade e todos os seus atos

são controlados pelos órgãos de controle interno e

externo do município.

As subprefeituras de Buenos Aires têm orçamento

próprio, mas não podem criar tributos, nem con-

trair empréstimos. Elas têm algumas atribuições

próprias e outras que são compartilhadas com o

governo executivo central. Dentre as funções, nas

quais o Conselho que dirige a comuna é autônomo,

destacam-se:

•O planejamento, execução e controle da manuten-

ção das vias locais secundárias, indicadas pela regu-

lamentação municipal.

•O planejamento, execução e acompanhamento da

manutenção de espaços verdes, em conformidade

com o orçamento estabelecido.

•A elaboração de um programa de ação e do ante-

projeto do orçamento anual que, depois de conso-

lidado pela administração central, é enviado ao le-

gislativo.

•A administração do patrimônio municipal local.

•A iniciativa legislativa para projetos de lei que inte-

ressem à região, bem como a apresentação de proje-

tos de decretos ao executivo central.

•A realização de qualquer ação que contribua para

melhorar a qualidade de vida de seus habitantes e

que promova o desenvolvimento local, respeitando

a cidade como um todo.

São de competência concorrente com o poder exe-

cutivo central:

•Participação no planejamento, execução e acom-

panhamento dos serviços públicos.

•Participação na decisão, contratação e execução

de obras públicas, projetos e planos de impacto na

comunidade, bem como a implementação de pro-

gramas de recuperação e desenvolvimento urbano.

•A fiscalização, com o exercício do poder de polícia,

das normas sobre o uso dos espaços públicos e do

solo, decorrentes de acordos celebrados com os ór-

gãos e unidades administrativas centrais.

•A avaliação das demandas e necessidades sociais

em seu território.

•A participação na formulação e implementação de

programas de desenvolvimento e promoção de di-

reitos, que tenham impacto em seu território, de-

senvolvidos pelo Poder Executivo central.

•A gestão de políticas sociais e projetos comunitá-

rios que possam ser desenvolvidos com orçamento

próprio da subprefeitura, em complemento aos pro-

gramas do poder central.

•A implementação de um método apropriado de

resolução de conflitos, por meio de um sistema de

mediação da comunidade, envolvendo equipes mul-

tidisciplinares.

•O desenvolvimento e acompanhamento de ações

de entidades não governamentais sem fins lucrati-

vos, que atuem em sua área de jurisdição.

Desenvolver um programa deste porte

para a descentralização da administração munici-

pal de São Paulo exige muita audácia e um projeto

de transição complexo. Entretanto, seus reflexos

na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos va-

lem o esforço ◘

Sergio Luiz de Moraes Pinto - Doutor em Admi-

nistração Pública pela FGV, com mestrado pela FE-

A-USP e especialização na Universidade do Texas,

trabalhou por 32 anos na Prefeitura de São Paulo e

atualmente é professor da FGV

Todo mundo já deve ter se metido em al-

guma enrascada durante uma viagem. Seja perder

o vôo ou perder a carteira, ninguém sai para uma

aventura sem trazer uma história dessas na mala. Re-

centemente, quase que voltei para o Brasil antes do

previsto por causa de uma dessas surpresas não tão

agradáveis: acabar o dinheiro no meio da viagem.

No começo de julho, recebi um vale viagem

de presente. Para comemorar 3 anos de namoro,

meu namorado resolveu fazer uma viagem surpresa.

Eu apenas sabia que no dia 07/07 iríamos viajar para

um lugar frio, mas não fazia ideia para onde íamos

de fato.

Ansiosa como sou, sofri até o aeroporto, onde

fiquei sabendo qual seria o roteiro: estávamos indo

para o Chile, mais especificamente, para o deserto do

Atacama. E, de lá, seguiríamos para o Salar de Uyuni,

na Bolívia. Uma viagem para fotos incríveis!

O problema começou, ainda sem eu saber,

ali: embarquei sem ativar nenhum cartão de crédito

para uso internacional. Como meu limite é baixo,

achei também quem nem faria muita diferença.

Já o meu namorado, por não achar muito

seguro viajar com dinheiro em espécie (até por já

ter perdido a carteira mais de uma vez em viagens),

levou o suficiente apenas para gastos na rua, táxis e

afins. Todo o resto seria pago nos cartões de crédito

que ele já tinha ativado para uso internacional.

Tudo ocorreu às mil-maravilhas, até o dia

de comprar o tour para a Bolívia. Passaríamos 3 dias

andando de jipes para sair de San Pedro de Atacama

e chegar ao Salar de Uyuni, atravessando a Cordi-

lheira dos Andes e presenciando paisagens de tirar o

fôlego. No entanto, descobrimos apenas na hora de

O CARTÃO QUE SALVOU O MEU MOCHILÃO

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 1716

A CIDADE DE SÃO PAULO E O FUTEBOL No ano de 1895, ocorria na cidade de São

Paulo a primeira partida de um jogo de futebol,

entre os funcionários da Companhia de Gás de

São Paulo e da Companhia Ferroviária de São Pau-

lo, incentivada por aquele que é considerado o pai

do futebol no Brasil, Charles Miller, homenagea-

do pela praça em frente ao Estádio Paulo Macha-

do de Carvalho, o Pacaembu.

Na época, São Paulo vivia um momento

de explosão em seu crescimento urbano e popula-

cional, motivado, principalmente, pela expansão

baseada na cultura ferroviária-cafeeira. Era o auge

do latifúndio cafeeiro e do nascimento da indús-

tria, que fez com que muito dinheiro entrasse na

cidade (uma boa parte, estrangeiro, inglês), que

seria reinvestido em estradas, ferrovias e obras de

infra-estrutura para o escoamento do café e o pró-

prio desenvolvimento da cidade. São Paulo vivia o

frenesi da modernidade.

De lá para cá, o futebol paulista presen-

ciou diversas mudanças, fundação de clubes e his-

tórias que se assemelham em muitos aspectos com

o próprio desenvolvimento da cidade e História

do país.

Em 1 de setembro de 1910 surgia o Sport

Club Corinthians Paulista, clube formado pelo

operariado paulista do Bom Retiro (reduto de imi-

grantes italianos), da Companhia Ferroviária de

São Paulo, responsável pelas obras e manutenção

das importantes ferrovias que escoavam o café

da cidade. Surge como inspiração ao Corinthian

FC, clube de futebol amador, tradicional da In-

glaterra que fazia excursão pelo Brasil e logo de

cara se propõe como “o Time do Povo”. São Paulo

se formava como uma cidade totalmente elitista,

e, devido a isso, somente clubes da elite paulista

podiam competir na Liga Paulista, fato que mu-

dou em 1913, sendo o Corinthians o primeiro clu-

be popular a participar do Campeonato Paulista,

vencendo-o um ano depois. Era rompida então a

fronteira de classes no futebol paulista e São Pau-

lo se tornava um pouco menos sectária.

Anos mais tarde à fundação do Corin-

thians, mais precisamente no dia 26 de agosto de

1914, surgia outro clube que viria também a se tor-

nar um dos mais importantes do país, com uma

história belíssima de superação. Funda-se na cida-

de de São Paulo a Società Sportiva Palestra Italia

REPORTAGEMPAPO EMPREENDEDOR

fechar o pacote, que o tour, que custa por volta de

US$ 200,00 por pessoa, era operado pelas empresas

bolivianas e, por tanto, diferentemente dos opera-

dos pelas empresas chilenas, não aceitavam cartões

de crédito. Logo bateu uma certa preocupação: só

tínhamos uma nota de US$ 100,00. Só nos restou

sacar em algum caixa eletrônico.

O que era para ser fácil e indolor, se tor-

nou uma saga. Rodamos todos os caixas eletrôni-

cos da cidade e nenhum dos cartões estava sendo

autorizado a sacar. Mesmo tendo saldo suficiente

na conta corrente, meu namorado não conseguiu

sacar com um de seus cartões de crédito porque

havia estourado o limite. O outro, que mal havia

sido usado, simplesmente não funcionava. Já os

meus não foram aceitos por não estarem habilita-

dos para uso internacional. E o pior: não dava para

ativá-los para o mesmo dia se não fosse por um

telefone no Brasil. Em suma: tínhamos dinheiro e

não podíamos comprar por conta do terrível siste-

ma dos nossos bancos.

Foi aí que me lembrei de uma outra opção:

meu cartão pré pago Controly. Entrei no aplicati-

vo que controla as despesas desse cartão e vi que,

além de ter quase R$1000,00 de saldo na conta,

não precisava pedir autorização para uso interna-

cional. Fomos, então, novamente ao caixa e conse-

guimos sacar, com o custo de um saque nacional,

todo o dinheiro que precisávamos.

Se não fosse pelo Controly, não teríamos

nunca conseguido tirar essas fotos e realizado esse

sonho de conhecer o maior salar do mundo. Por

isso, mandei uma mensagem para a empresa con-

tando a história e me convidaram para contar essa

história verídica aqui.

A dica é: se for viajar, conheça diferentes opções de

como levar seu dinheiro! ◘

Marjorie Ribeiro

Sócrates, um dos líderes da torcida democrática corinthiana

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 201518 19

REPORTAGEM

utilizadas como base para os paulistas. A época

serviu como período em que os clubes foram in-

troduzidos a um alto grau de profissionalismo,

seguindo a mesma tendência do próprio futebol

brasileiro, que começou a ser competitivo em

1938, com o 3º lugar na Copa do Mundo, liderado

pelo Diamante Negro, Leônidas da Silva, que veio

a fazer História no próprio São Paulo, de 1942 a 50.

Em 1939, iniciou-se a Segunda Guerra Mundial

e, após o rompimento das relações diplomáticas

com os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão)

em 1942 pelo governo brasileiro, muitos clubes

paulistas sofreram com as relações que tinham

com esses países. O Palestra Italia era um clube

formado por imigrantes italianos, que detinha

uma boa parte dos seus sócios descendentes ita-

lianos. O Corinthians também tinha sócios da ter-

ra da bota, bem como alemães. Ambos os clubes

haviam se tornado muito populares no cenário

paulistano e sofreram com a vigilância feita pelo

governo Vargas, tendo que excluir boa parte dos

seus sócios.

O Palestra Italia, inclusive, foi obrigado

a alterar seu nome, e acabou virando a Sociedade

Esportiva Palmeiras (como é conhecida até hoje).

Aqui entra a segunda história de participação do

São Paulo Futebol Clube. Enquanto o Palestra

sofria pressões do governo brasileiro, nos basti-

dores, o São Paulo tentava arrancar as posses do

time de origem italiana, como o estádio, na época,

o maior do Brasil. Por incrível ironia do destino, a

primeira partida do Palestra como Palmeiras era

contra o próprio São Paulo, no Estádio do Paca-

embu, jogo que decidia o Campeonato Paulista de

1942. O novo Palmeiras fez 3x1 no São Paulo que

resolveu então abandonar o jogo, episódio que fi-

cou conhecido como Arrancada Heroica. Em 1945,

os antigos sócios que haviam sido excluídos dos

clubes acabaram por serem, reintegrados.

O último episódio histórico que vale a

pena ser citado como importantíssimo para a for-

mação da cidade e do próprio país é a Democracia

Corinthiana. Liderado por Sócrates, foi um movi-

mento surgido na década de 80 na equipe do Co-

rinthians que consistiu no maior movimento ide-

ológico da história do futebol mundial. A década

contou com os últimos anos do regime militar, e

a Democracia Corinthiana surgiu como um movi-

mento interno ao clube, em que os jogadores deti-

nham certa autonomia para as decisões do clube,

como contratações, divisão dos prêmios, entre

outras, e, posteriormente, se espalhou pelo país

como um movimento político com um caráter pró

democracia no Brasil. Com slogans como: “Dia 15,

vote”, “Ganhar ou perder, mas sempre com demo-

cracia”, o movimento tornou-se impulsionador,

inclusive, das Diretas Já!, nas quais os próprios

atletas participaram de comícios e shows na ci-

dade de São Paulo, como o Comício do 1 Milhão

no Vale do Anhangabaú, defendendo a campanha

para espalhar a ideia de democracia.

Por fim, é interessante notar o quanto a

ascendência do futebol, na cidade de São Paulo

teve uma relação gigantesca com o próprio desen-

volvimento econômico, político e social da cidade,

dado que, ao mesmo momento em que a cidade

começava a atingir altos níveis de desenvolvimen-

to, surgiu meteoricamente o futebol na primeira

metade do século XX, se tornando o principal es-

porte da cidade e o mais popular do país ◘

Danilo Oliveira Imbimbo

‘Economia - 2º período

– que anos mais tarde viria a se chamar Sociedade

Esportiva Palmeiras –, time formado pela colônia

italiana, funcionários das Indústrias Matarazzo,

que crescia cada vez mais na cidade de São Pau-

lo. Um dos maiores grupos imigrantes à época no

país, os italianos não se sentiam representados

pelos outros clubes que já existiam na cidade (há

de se ressaltar que o Palestra Italia não surge de

uma dissidência do Corinthians, essa história não

passa de uma lenda). O Palestra só viria a estrear

na Liga Paulista no ano de 1916 e conquistaria seu

primeiro título, junto com seu estádio, o Parque

Antarctica, no ano de 1920.

Nesse mesmo ano, surgia a Associação

Portuguesa de Desportos, no dia 14 de agosto, for-

mada pela colônia portuguesa, que também imi-

grava para São Paulo para trabalhar na indústria

cafeeira, nas indústrias que emergiam na cidade e

no comércio (há de se destacar que a colônia por-

tuguesa em São Paulo cresceu muito no final no

século XIX). A associação surgia a partir de uma

junção de outras cinco associações lusitanas. No

mesmo ano, junta-se ao Mackenzie College para

a disputa de seu primeiro Campeonato Paulista.

Mackenzie que era um clube tradicionalíssimo

da primeira metade do século XX, formado den-

tro da própria Universidade Mackenzie em 1898,

uma escola conservadora, patriarcal e tradicional

da cidade, participante de um dos conflitos mais

famosos da cidade de São Paulo, a “Batalha da

Maria Antonia”, em 3 de outubro de 1968, auge

da ditadura militar, na qual os estudantes da Uni-

versidade, simpatizantes do regime, entraram em

confronto com os estudantes da Faculdade de Fi-

losofia, Ciências e Letras da Universidade de São

Paulo (FFCL-USP), hoje, a FFLCH.

Em 1924, mais um clube de origem italia-

na e operária aparecia. Surgia o tradicional Clube

Atlético Juventus, ou, Juventus da Mooca, locali-

zado na antológica Rua Javari, na Mooca, bairro

com uma enorme colônia Italiana. A famosa frase

de Ciccilio Matarazzo “O Brasil é filho de Portu-

gal, mas São Paulo é filho da Itália.”, diz bem o

que a fundação de mais um clube com origens da

terra da bota representava. A quantidade de ita-

lianos no Brasil, à época, acabou influenciando o

caráter, os costumes e as tradições paulistas. Isso

mostra a importância da participação italiana na

formação e no desenvolvimento social e histórico

da cidade de São Paulo.

Seis anos mais tarde, a partir da junção

de dois clubes tradicionais da Liga Paulista, o

Clube Atlético Paulistano e a Associação Atlética

das Palmeiras, surgia o São Paulo da Floresta, que

mais tarde, seria conhecido como São Paulo Fute-

bol Clube. O São Paulo era conhecido como um

time extremamente democrático, permitindo que

jogadores de qualquer classe social pudessem par-

ticipar de seu elenco, a intenção era representar a

cidade em todos os âmbitos possíveis.

Anos depois seria protagonista de duas

histórias fantásticas do futebol paulista. A primei-

ra seria sua iminente falência no ano de 1938, a

qual, passando por graves problemas financeiros,

promoveu um campeonato com a participação dos

rivais Palestra Italia, Corinthians e Portuguesa

para ajudar a se reerguer.

A década de 30, foi marcada por diversos

acontecimentos. Em 1932, aconteceu a Revolução

Constitucionalista, que provocou inclusive a pa-

ralisação do futebol paulista por cerca de quatro

meses. As enfermarias dos clubes chegaram a ser

Último jogo do Palestra Itália, primeiro jogo do Palmeiras. Arrancada histórica

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 2120

PARA QUE SERVE O DOUTORADO? POR QUE INVESTIR EM UM?

PESQUISAS ECONOMICAS^

PESQUISAS ECONOMICAS^

Se você está no começo da graduação, esta

pergunta pode lhe parecer muito distante, preci-

pitada. Talvez você nem saiba ao certo o que é um

doutorado. Tampouco para que serve este título.

Vou tentar responder estas perguntas a

partir da minha experiência pessoal. Sou econo-

mista, mas acredito que estas respostas poderão

servir para outras escolhas de carreira.

Vou abordar estas questões sobre dois ân-

gulos: o racional e o emocional. Estas abordagens

parecem ser diferentes, mas no fundo não são. São

duas faces da mesma moeda.

ABORDAGEM RACIONAL:

Um doutorado é um investimento estraté-

gico de longo prazo. Estratégico porque é um inves-

timento em você, na sua capacidade de se diferen-

ciar de seus concorrentes no mercado de trabalho

privado, público e acadêmico. De longo prazo, pois

não são só os 4 anos do programa em si, mas todo

um preparo intelectual e financeiro que deve come-

çar o quanto antes, desde a graduação.

O doutorado é capaz de ensinar algumas

coisas importantes, que podemos aprender tam-

bém na graduação e no mestrado, mas no doutora-

do o nível de profundidade é mais elevado e inten-

so. O que o doutorado nos ensina?

1) Desenvolver uma técnica própria para estudar:

Isso vale ouro, pois nunca paramos de estudar. E

quando paramos, mofamos, ficamos defasados. E

cada um tem um jeito próprio de estudar.

2) Pesquisar: Ouro novamente! O mundo, o Brasil,

está repleto de perguntas sem respostas. De fenô-

menos misteriosos, tanto na academia quanto no

mercado não acadêmico. O doutorado te ensina a

perguntar. Depois te ensina a como tentar desco-

brir possíveis respostas. Por vezes, nas provas do

doutorado, os professores fazem perguntas que

nem eles próprios sabem a resposta. Eles querem

saber se você é capaz de pensar. De fazer as pergun-

tas corretas, de apresentar o problema e possíveis

soluções.

3) Ter perseverança: Nunca me esqueço da minha

primeira semana no doutorado. Conheci um dou-

torando que já estava no programa há quatro anos.

Perguntei: “O que é preciso para fazer um douto-

rado? É preciso ser um gênio?” Ele me respondeu:

“Não precisa ser gênio, precisa ter paciência”. Pa-

ciência, disciplina e perseverança são ingredientes

fundamentais em todo o investimento estratégico

de longo prazo. Desde um doutorado, um casamen-

to, uma start-up, uma carreira...

4) Ensinar: No doutorado há possibilidades de aju-

dar professores a ensinar na graduação. Isso é mui-

to precioso. O melhor curso que fiz no doutorado,

foi “Introdução a Economia”, que ensinei por 4 se-

mestres a alunos de graduação. Uma coisa é você

estudar e entender um conceito, uma metodologia.

Outra coisa é você ensiná-los a outra pessoa. Se

aprende muito ensinando.

Portanto, o doutor é capaz de estudar, pesquisar

e ensinar com perseverança e vários graus de pro-

fundidade. Além de tudo isso, um doutorado é um

título internacional. É como se fosse uma “carteira

de motorista internacional”, que você pode usar no

Brasil, na Austrália, onde quiser. Aumenta sua ca-

pacidade de ir e vir. Isso lhe dá opções. Em econo-

mia aprendemos que opções tem valor.

Além de abrir as portas do mundo, um doutorado

também pode permitir o transito entre o mercado

acadêmico e o não acadêmico (bancos, consultorias

e empresas). Nem sempre o mercado sabe precifi-

car um doutor adequadamente, mas acredito que

seja questão de tempo. Este transito entre o acadê-

mico e o não acadêmico acredito ser de muito valor,

pois é a oportunidade de articular teoria com a prá-

tica e vice-versa.

ABORDAGEM EMOCIONAL:

Repetindo: um doutorado é um investi-

mento estratégico de longo prazo. Assim como em

outros investimentos de longo prazo, por exemplo,

uma carreira em uma empresa, uma start-up, um

casamento, filhos, um idioma estrangeiro, um es-

porte, um instrumento musical, é preciso apostar.

Apostar num desejo, num gostar. E, como todos os

investimentos de longo prazo, não há garantias de

sucesso. Mas, o desejo é fundamental.

Como você pode saber se gosta o suficiente

do que faz para sustentar um doutorado? Só o tem-

po dirá.

Posso adiantar-lhe que se você leu este artigo

até aqui, há um desejo. Um desejo que deve ser ouvido.

Para mim, a certeza de que realmente gos-

to de economia demorou 20 anos. Oras, vamos ser

sinceros. Estudar é árduo e pode ser bem solitário.

Fazer provas, então... Mas, eu consegui me gradu-

ar e fazer o doutorado. Isso tudo não se consegue

sem gostar.

Depois do doutorado fui trabalhar como

economista em grandes instituições no exterior e

no Brasil. Tive chefes que admirei e tentei seguir,

até imitar. Não havia mais provas. Mas havia metas

a se cumprir.

Cometi erros, acertei também. Segui mi-

nha carreira como economista em grandes institui-

ções. Mas, foi quando decidi abrir minha própria

empresa de consultoria, quando pude escolher o

que iria ensinar e pesquisar, quando pude exer-

cer a economia da maneira que acredito ser a

melhor, que percebi o quanto amo a economia.

Um poema de Fernando Pessoa ilustra bem este

momento de passagem:

“Senta-te ao sol

Abdica

E sê rei de ti próprio”

Descobri também o que me fascina em economia,

que é seu objeto de estudo e seu método, que pode

ser assim resumido:

“Cada vez mais a economia tem se tornado uma

disciplina quantitativa, de números. Mas, seu ob-

jetivo primordial é explicar o comportamento hu-

mano.”

(Magretta, p. 203)

Há outros caminhos alternativos ao dou-

torado? Sim! Tudo depende do que se quer e como

se quer. O doutorado pode ser um destes caminhos,

que começa estruturado (ex.: créditos a cumprir),

mas termina com você e seu desejo. Um doutora-

do é também um ato de empreender. E você pode

empreender dentro de uma empresa existente, ou

criar algo novo, por exemplo.

Independente do caminho escolhido, é pre-

ciso saber que não há atalhos. Qualquer caminho

para a diferenciação sustentável vem com muito es-

forço, perseverança e visão de longo prazo. O desejo

custa caro. O desejo próprio, mais ainda.

Por fim, independente do caminho esco-

lhido, lembre-se que é preciso ter humildade para

progredir. O que é humildade? Humildade é saber

que você não é melhor ou pior porque tem um dou-

torado. Você é apenas diferente. Nunca se esqueça

que fazer um doutorado é apenas uma etapa. Daí

vem a mais importante: o que você vai fazer com

seu doutorado? ◘Boa sorte no seu caminho.

Um abraço.

Eduardo Luzio

http://eduardoluzio.wordpress.com

e-mail: [email protected]

“Nem tudo que quantificamos importa, e nem tudo que importa pode ser quantificado.” - Albert Einstein

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015

o mundo la fora o mundo la fora

“FIFAGATE”: GEOPOLÍTICA E FUTEBOL Um tsunami atingiu o mundo do futebol

no dia 27 de maio desse ano. Em operação deflagrada

pelas autoridades suíças com colaboração da Justiça

dos Estados Unidos, 7 dirigentes de peso do futebol

mundial foram presos em Zurique. Entre os detidos

estavam cartolas do alto escalão da FIFA (Federação

Internacional de Futebol), como José Maria Marin,

presidente da CBF (Confederação Brasileira de Fu-

tebol) até abril e governador de São Paulo entre 1982

e 1983, durante o regime militar.

As prisões foram seguidas por uma série de

denúncias mundo afora, com a Justiça estaduniden-

se revelando a participação de outros dirigentes no

endêmico esquema de corrupção na entidade, que

incluía até propinas para a definição de países-sede

de Copas do Mundo. Alguns, como Jack Warner, ex-

-vice-presidente da FIFA e atualmente conselheiro

da federação de Trinidad e Tobago, não estavam na

Suíça no momento das prisões e tentam evitar uma

possível extradição para os EUA.

As denúncias estão sendo reveladas publi-

camente de maneira gradual, mas muitos cartolas já

viram sua situação mudar nesses dois meses, a come-

çar pelo presidente da FIFA, Joseph Blatter. A opera-

ção ocorreu dois dias antes do 65º congresso da Fe-

deração, que reelegeu o dirigente como mandatário

em um pleito com total descrédito perante a opinião

pública, uma vez que Blatter acabou o processo elei-

toral como candidato único (mesmo forçando um se-

gundo turno, o príncipe jordaniano Ali bin Hussein

desistiu de concorrer ao cargo na última etapa).

Apesar de ter resistido à pressão em um

primeiro momento, o suíço acabou anunciando no

dia 2 de junho a convocação de novas eleições presi-

denciais na entidade, as quais significavam a sua re-

núncia ao cargo. Posteriormente, ficou definido que

o novo pleito será no dia 26 de fevereiro do próximo

ano. Mesmo não tendo sido citado publicamente pe-

los investigadores norte-americanos até agora, Blat-

ter tem motivos para se preocupar. Afinal, a maioria

dos esquemas revelados até o momento envolvem

pessoas importantes de seu mandato, que começou

em 1998, sucedendo o do brasileiro João Havelange.

Quem também teve a rotina modificada foi

o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, su-

cessor de Marin e peça chave durante todo o man-

dato do mesmo. Na mesma situação do presidente

da FIFA, sem ter sido citado pelo FBI, o brasileiro

voltou ao país às pressas logo após a prisão do an-

tecessor e não saiu daqui desde então. Membro do

Comitê Executivo da Fifa, ele não participou da re-

eleição de Blatter e do sorteio para as Eliminatórias

da Copa do Mundo de 2018, no dia 25 de julho, além

de ter deixado a seleção brasileira à deriva no Chile

para a disputa da Copa América.

POLÍTICA

A crise envolvendo a FIFA não diz respeito

apenas ao mundo do futebol. Instrumento não ape-

nas de enriquecimento ilícito para uns, mas também

uma forma de alavancar politicamente outros, o es-

porte tem suas raízes consolidadas em setores da po-

lítica pelo mundo inteiro. Um exemplo da dimensão

que esta relação pode tomar está no Paraguai.

Em Assunção, a sede da CONMEBOL

(Confederação Sul-Americana de Futebol), coman-

dada até 2013 pelo paraguaio Nicolás Leoz, contava

desde 1997 com imunidade diplomática até a eclosão

do atual escândalo, que obrigou o parlamento do

país a rever a situação da entidade. Em outras pala-

vras, a Justiça local não tinha autonomia para reali-

zar operações na CONMEBOL, como se essa fosse

uma embaixada dentro do país.

Dito isso, é importante ter-se em mente

o que a ação na FIFA pode representar para a geo-

política mundial. Como é sabido, parte das inves-

tigações dizem respeito a escolhas de países-sede

para as Copas do Mundo. A Rússia, sede do Mun-

dial de 2018 e grande rival dos EUA no cenário

geopolítico, vê a movimentação americana com

bastante desconfiança.

O governo russo vê na onda de detenções e

denúncias um caminho para, se não tirar a Copa do

país, pelo menos denegrir a imagem da Rússia pe-

rante a opinião pública. O presidente Vladimir Pu-

tin deixou bem claro o seu apoio à Blatter e à FIFA

durante o sorteio para as Eliminatórias, realizado

em São Petersburgo, ao afirmar à televisão pública

da Suíça que “pessoas como o sr. Blatter ou os chefes

de grandes federações esportivas internacionais, ou

dos Jogos Olímpicos, merecem um reconhecimento

especial. Se há alguém que merece o prêmio Nobel,

[ele] é uma dessas pessoas.”.

A desconfiança russa é compreensível, mas

ainda não conta com fatos e elementos os suficientes

para se comprovar. Segundo declaração da própria

Loretta Lynch, chefe do Departamento de Justiça

dos Estados Unidos, a investigação é tão extensa

que se atém a esquemas cujo início datariam até de

1991. Tendo em vista o grau de promiscuidade nas

relações entre o alto escalão da FIFA que tem sido

revelado, por que acreditar que a Copa de 1994, nos

Estados Unidos, também não teve a sede escolhida

por meio de acordos escusos?

Uma notícia publicada no dia 12 de junho

pelo The Wall Street Journal, pode fornecer uma

pista sobre a postura americana no “Fifagate”. O

jornal revelou que a Nike, multinacional americana

é investigada pelo seu contrato de fornecimento de

material esportivo à CBF, assinado em 1996 por cerca

de US$ 160 milhões e renovado em 2006.

A postura do Tio Sam perante uma de suas

principais marcas no mundo pode revelar um pouco

sobre o real alcance e independência das suas ins-

tituições, além de elucidar o quão política pode ser

sua atuação em escala global ◘

Pedro HallackO Estado de S. Paulo

2322

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 2524

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 2726

ESPACO ABERTO ESPACO ABERTO

Depois de anos de desvalorização contí-

nua e de ter seu papel rebaixado como agregados de

poluição, crime e disfunções afins, as cidades vem

presenciando um resgate essencial de sua imagem,

com, finalmente, o reconhecimento do importante

vetor para o sucesso de países e seus habitantes. De

acordo com recente estudo conduzido pela McKin-

sey, de 2015 a 2025 cerca de 60% do crescimento do

PIB mundial virá de apenas 600 cidades (1). Além de

dínamo importante para o desempenho econômico

destas regiões, as cidades ao redor do mundo têm im-

portante papel na mobilidade social, tendo sido um

histórico pólo de atração para milhões de indivídu-

os e suas famílias, em busca de melhores condições

de vida, crescimento profissional, oportunidades de

educação e saúde - ou mesmo pela busca por um co-

tidiano mais plural.

No Brasil, metrópoles como São Paulo, Rio

de Janeiro, Recife, dentre tantas outras, tiveram, ao

longo de sua história, importantes momentos de in-

flexão migratória que propalaram rápidas expansões

– por vezes coincidindo com concomitantes acelera-

ções na evolução econômica do país. Se por um lado

a expansão da indústria e, posteriormente, do setor

de comércio e serviços, funcionou como um fator

de atração para quem quer que quisesse aproveitar

suas oportunidades, por outro a própria vinda destes

migrantes impulsionou o crescimento, criando um

efeito de retroalimentação. Mesmo quando as razões

dos fluxos migratórios eram de crises por diversos

fatores, e ainda que inicialmente sob condições di-

fíceis, etnografias diversas produzidas sob diferentes

momentos e a não verificação de inversão no fluxo

campo-cidade demonstra que de fato a cidade re-

presentou novas chances e oportunidades nos movi-

mentos pendulares.

No entanto, esses movimentos de crescimen-

to, por mais que tivessem alterado de forma impor-

tante parte do contexto socioeconômico do país - e

permitido a ascensão social de milhões de brasileiros

ao longo das décadas, bem como, em muitos locais,

uma fratura nas tradições patriarcais e oligarquias

reinantes - também deixaram uma herança nefasta

na cultura nacional. O crescimento desordenado das

cidades, permitido por um poder público inoperante

e um planejamento mais orientado à distribuição de

benesses aos grupos de interesse do que efetiva me-

lhora de qualidade de vida, ainda mais enfraquecido

com o pouco poder municipal, frente ao centralismo

federal no país, resultou na formação de um imagi-

nário popular no país de nossas cidades como um

antro de congestionamentos, alagamentos, alta cri-

minalidade e pobreza.

Se parcialmente verdadeira, ao analisarmos a

aridez do contexto espacial de nossas cidades, a visão

do cenário urbano no Brasil esconde que suas maze-

las foram, em parte, aprofundadas pela via de quem,

supõem-se, atuava para resolvê-las: o poder público.

Ao abrir bulevares inspirados em Paris na década de

10, Pereira Passos empurraria milhares de moradores

de cortiços no centro carioca para as primeiras fave-

las do país; ao regulamentar o uso da terra no trecho

entre o Rio Pinheiros e a Avenida Paulista em São

Paulo, seriam empurrados para cidades periféricas e

para o extremo da Zona Leste milhões de habitan-

tes “irregulares”, em nome do exclusivismo (com a

alegoria de “zonas exclusivamente residenciais”) da

aberração dos “Jardins” na metrópole, que usa o dis-

curso de parque para estender o direito de suas pro-

priedades legislando em cima de.

Ou, talvez na pior das intervenções, cujo efeito

foi mais duradouro e devastador, o congelamento de

aluguéis por Vargas nos idos populistas dos anos 40,

que inviabilizou o aluguel de cerca de 40% da popula-

ção paulistana, por restrições gigantes na oferta ime-

diatamente e uma disparada nos preços do mercado

no médio prazo do que antes eram baratos aluguéis

nas zonas centrais, e é uma das principais razões da

periferização no país (2).

Ainda que grandes renovações foram permiti-

das por alguns ambiciosos planos de urbanização (e

readequação), estes também promoveram e garan-

tiram uma profunda desigualdade espacial no que

tange à ocupação de nossos centros urbanos, por hi-

per-regulações que, se belas na teoria, na prática são

apenas garantidas em bairros mais abastados, que

tornar-se-iam ilhas (ou litorais) de riqueza, em meio

a cinturões de pobreza - vide gigantescos projetos ha-

bitacionais como a Cidade Tiradentes, no extremo da

zona leste paulistana, em que, pasmem, o comércio é

proibido em uma região de mais de 24 mil habitantes

(!), seguindo a lógica racionalizadora que imperou

por décadas no locus burocrata de planejamento ur-

bano mundial.

De qualquer maneira, é imperativo uma ação

conjunta dos níveis do Executivo, com amparo de um

legislativo antenado com as necessidades do cotidia-

no prático - bancadas ruralistas ou agindo pelo fulgor

do lobby, por exemplo, pouco atuam nesse sentido - e

um judiciário independente e atuante. É preciso um

esforço para entender que o crescimento e ordena-

mento de nossas cidades não é puramente um Plano

Diretor, mas sim uma contínua reação à diferentes

políticas públicas, empreendimentos privados e,

mais importantemente, dos indivíduos que ocupam

o espaço, por meio de organizações e participação

cidadã. Impostos, políticas de estímulo industrial,

transparência de informação, corrupção, burocracia,

segurança - ações de qualquer área do governo im-

pactam e edificam os mecanismos urbanos.

Realizar projetos que envolvam maior densi-

dade demográfica em locais próximos aos pólos de

emprego e eixos de transporte, com uso misto e qua-

dras inteligentes, que aliem trabalho, ativa interação

social, equipamentos públicos e moradia (criando

efetivos laços comunitários); ouvir comunidades ao

realizar os planos, evitando grandes projetos direto

de Brasília sem conhecimento das realidades locais;

subsidiar aluguéis em bairros centrais e realizar acor-

dos com empreiteiras que aliem aumento do coefi-

ciente de construção com cotas de habitação social

nos próprios empreendimentos - todos métodos não

tão dispendiosos ou autoritários, e com maior flexi-

bilidade de ajuste, teste e acompanhamento de resul-

tados, além de serem saídas para o alto custo do solo

urbano.

A cidade de São Paulo avançou em diversos pon-

tos, neste aspecto, com seu novo Plano Diretor - que,

se chegou atrasado, foi devido a um amplo processo

de discussão de suas ações, em um esforço de debate

que consolidou e facilitou a aceitação da população

por suas diretrizes. Essa transparência na política

pública evitou os ruídos, como os observáveis na im-

plementação das ciclovias na cidade, que, na falta de

POR POLÍTICAS DE QUALIDADE PARA NOSSAS CIDADES

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 2928

ESPACO ABERTO ESPACO ABERTO

Talvez na contramão do que se esperava du-

rante e após o boom da economia mundial, anos co-

nhecidos como “A Grande Moderação”, em junho de

2013 eclodiram passeatas e movimentos massivos nas

grandes cidades brasileiras, cujo estopim foi o au-

mento da passagem do transporte público, nos mo-

dais de ônibus e no metropolitano. Cessava a letargia

causada pela grande mobilidade social possibilitada

por extensos programas sociais de transferência de

renda, pelo acesso ao mercado de consumo e pela va-

lorização admirável do salário mínimo. Inflação (ain-

da) mantida sob controle, nenhuma crise cambial

no horizonte nem o desemprego rondando os lares

brasileiros tal como o ajuste estrutural dos anos 1990

impôs de forma tão necessária.

Era sentida, contudo, a falta da cidadania

ampla, concreta, no cotidiano. Clamava-se por um

sistema de transportes digno de primeiro mundo,

bem como a mesma qualidade era exigida para a

educação e para a saúde públicas, tão parcas. Criti-

cava-se duramente a postura repressora das polícias

militares, soando sombria e perigosamente os anos

da ilegalidade, que enterraram a jovem democracia

brasileira por 21 anos. De que valiam uma economia

que crescia célere, acesso a bens materiais, a crédito

subsidiado e a financiamentos sem fim quando o co-

tidiano impunha ainda o subdesenvolvimento brasi-

leiro à maioria da população?

Remediar tal insurreição? Parece uma pro-

posta simples, atender aos clamores da sociedade víti-

ma de uma carga tributária altíssima sem correspon-

dente retorno em termos de bem-estar social. Como

dialogar com as massas em erupção? Como atender

suas demandas? A resposta é difícil. Os clamores vi-

SÃO PAULO: É POSSÍVEL UMA NOVA CIDADE?um verdadeiro planejamento e boa comunicação,

provocou uma polarização indesejável. De qualquer

maneira, não deixa de ser louvável os esforços de

secretarias municipais e estaduais por maior trans-

parência dos dados, como o HabiSP (que permite

acompanhar as moradias populares em construção

ou planejamento), da Secretaria de Habitação, e a di-

vulgação de Cenários de Planejamento Urbano para

as próximas décadas pela Secretaria de Transportes

Metropolitanos.

Outra ambição do Plano, as moradias populares

próximas aos eixos de transporte e pólos de emprego,

vem sendo limitada pelos baixos tetos do programa

federal Minha Casa Minha Vida, e por sua limitação

de andares em muitos de seus editais - apenas 10%

dos projetos habitacionais em execução, planejados

ou prontos na cidade estão no centro expandido, de

acordo com análise do jornal O Estado de S. Paulo

(3). Aliás, o MCMV pouco faz pelas cidades, ao di-

recionar-se para os extremos periféricos - só poten-

cialmente piora a já extremamente débil mobilida-

de, com aprofundamento das cidades-dormitório, e

legalmente motiva a nefasta desigualdade espacial

- uma das raízes observada na renda. Uma solução

possível e tentada com relativo sucesso em diversas

grandes cidades com altos valores de terrenos e imó-

veis foi conceder mecanismo de crédito para permi-

tir compra pelas classes mais baixas, de acordo com

escolha do imóvel pela própria família, e não incor-

rer do risco de isolar em ambientes socialmente ho-

mogêneos e segregados do fluxo urbano, bem como

alimentando a concorrência e evitando centralização

de recursos em um ou outro agente econômico privi-

legiado pelo edital.

Além disso, ainda que tenha atentado para a

necessidade (real, frise-se) de reajustar um VGV (Va-

lor Geral de Vendas, usado para o cálculo do IPTU)

já muito defasado com o tempo - e com a vertiginosa

valorização dos imóveis e terrenos na capital paulis-

ta - a estratégia de realizar este reajuste de uma só

vez será catastrófica para os de renda mais baixa, que

hoje ainda conseguiam viver de aluguel no centro

expandido de São Paulo. Com os maiores índices de

aumento incluindo a Sé e o Brás - regiões com con-

siderável população de baixa renda (4). Se correto na

intenção e na justificativa, a falta de pensamento a

médio e longo prazos implica numa maior distância

do pobre e da cidade, com largos incentivos à ocupa-

ção da periferia - reduções do IPTU foram reservadas

para estas regiões, por exemplo. Vale ressaltar que

o IPTU social não é aplicável em aluguéis, o que irá

ter seu impacto sobre a acessibilidade a migrantes e

imigrantes que escolhem tradicionalmente o centro,

minando potencialmente seu dinamismo.

A vitalidade e potencial socioeconômico das

cidades não vem somente por meio da inércia da

concentração demográfica - e nem é isso que sua

própria existência sugere. A diferença entre o suces-

so e contínuo crescimento de uma aglomeração de-

pende não só de fatores externos - e sim, sobretudo,

ao dinamismo econômico dessa região e ao nível de

integração dos municipes com sua cidade, evitan-

do fugas paulatinas de moradores “bem de vida” - e

isso pode ser facilitado por uma eficiente e transpa-

rente administração pública, redução do peso e das

complicações burocráticas no ambiente permitindo

vigoroso comércio, bem como ambiente nacional

propício - experiências como a estadunidense, cujo

declínio das cidades na metade do século XX foi im-

pulsionada por uma política forjada por subsídios

governamentais a suburbanização, demonstram (4).

É essencial uma sociedade ativa e mídia vigilante,

proporcionando real pressão e provocando um fluxo

de ideias e propostas, e evitando injustas e desneces-

sárias polarizações - que só nos levarão a lados que se

ignoram, ao invés de efetivamente melhorar a quali-

dade de nosso tecido urbano. Não há solução mágica

para nossos dilemas urbanos – mas só ao procurar-

-se as respostas destes problemas dentro da própria

dinâmica urbana, poderemos permitir cidades que

funcionem melhor, para todos os seus moradores, e

não apenas uns ou outros.

Luiz Eduardo Peixoto

Economia - 4º Semestre

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015 3130

ESPACO ABERTOESPACO ABERTO

nham da esquerda e da direita, mais e menos Estado,

acima dos partidos políticos que, tradicionais como

são, já não conseguiam acolher os gritos desolados de

quem estava abaixo da super-estrutura estatal.

Carvalho (2014) parte da análise das eclo-

sões sociais violentas dos jovens das periferias

pobres de Paris em 2005 para elucidar que parti-

dos tradicionalmente organizados e a democracia

ocidental teriam plena dificuldade para atender

demandas instáveis. “Socializados, contemporane-

amente, na multiplicidade e na negociação, perma-

necemos, contudo, engolfados por uma imaginação

regressiva, vincada por diferenciações absolutas e

binárias que o Iluminismo estabeleceu (particular

x universal, tradição x modernidade)

ou vem potencializando em sua ver-

são tardia, a exemplo do acirramento

das clivagens raciais” (CARVALHO,

2014, p. 148). Para o caso brasileiro,

pensa-se nas clivagens sociais, além

dos critérios raciais (também caros à

nossa sociedade, que viu mais séculos

de escravidão que de liberdade). As

camadas menos abastadas exigindo,

nos lustros do século XXI, direitos

que sempre lhes foram negados ou-

trora, mas não mais se organizando,

necessariamente, em grupos sociais

como bancários, securitários, comer-

ciários, médicos etc. Surgem identifi-

cações múltiplas, porém provisórias,

a depender do calor do momento e

do que se reivindica.

Por que tal fervor social não

eclodiu já nos anos de chumbo? O

AI-5 de 1968 colocaria uma pá de cal

sobre a efervescência popular, o ar-

rocho salarial silenciaria os pobres

que apenas sobreviviam àquela altura

do campeonato. A passeata dos cem

mil seria apenas uma lufada de espe-

rança, ou de ilusão perdida, quando

gritos eram sufocados dentro de ca-

labouços de tortura. A distância temporal pode ser

grande, abrange diversas gerações, no entanto per-

manece a herança maldita de uma cidade anti-ur-

bana, segregacionista, desenhada errônea e espon-

taneamente para favorecer interesses de grupos de

controle, aqui tratados por elites – sejam políticas,

sejam econômicas.

É negado o direito à rua, o direito ao deslo-

camento, o direito à moradia, ao assentamento, a ser-

viços básicos. E eram temas ainda mais agudos nos

anos 1970, quando o poder municipal, todo e nada

poderoso, pouco fazia para melhorar qualitativa-

mente a vida dos mais pobres. Recorria tão somente

a anistias, apresentava planos tecnicamente funda-

mentados, porém ineficientes. A lógica da irregula-

ridade, tão perversa, atingia a autorreprodução, fu-

gindo ao controle daqueles que antes a incentivaram.

Afinal, o que é a imagem de uma metrópole global?

Arranha-céus, pontes estaiadas e carros importados

circulando numa cidade corporativa ou favelas inter-

mináveis, milhares de indivíduos entregues à própria

sorte, sujeitos ao descaso do Estado e aos desmandos

da conseqüente violência, seja policial, seja do crime?

O que antes figurava como emprego in-

formal ou mesmo desemprego se tornou, nos anos

presentes, emprego formal que paga um salário

mínimo e meio, valor irrisório em uma das cidades

mais caras do planeta. O Estado permanece incapaz

de prover todo o conjunto urbano de adequada in-

fraestrutura e outros serviços públicos, tão somen-

te se limitando a remoções, revitalização e novas

possibilidades de especulação imobiliária, sempre

lembrando o que já ocorria a partir dos anos 1940

e que seria a semente da periferização desenfreada

da urbe paulistana. O padrão é o mesmo, seja ao

longo do século XX, seja no atual: surgem bairros

abastados, acessível para poucos dotados de recur-

sos financeiros, tornando-se eventualmente encla-

ves (como Alphaville e os condomínios fechados do

subúrbio, como o Morumbi ou os de Mairiporã) ou

Genebras em meio a Biafras, ilhas de riqueza em

um mar de miséria. Seriam aqueles mais pobres,

não tão bem sucedidos, a “humanida-

de excedente”? Ela é essencial para a

reprodução do sistema desigual insta-

lado na cidade, é parte do anti-urba-

nismo paulistano. E à urbanidade tem

direitos negados. Se a globalização da

riqueza é constantemente celebrada

pelos seus entusiastas, existe o outro

e perverso lado da história: as sincro-

nias e semelhanças nada acidentais

no crescimento da pobreza no mundo.

São Paulo é um espelho fidedigno des-

te processo.

É possível, pois, outra cidade?

Terras públicas eram e ainda são

usurpadas em nome do capital imobi-

liário e em prejuízo das classes popu-

lares. Em 2014, o movimento Ocupe

Estelita, em Recife (PE), enfrentou o

consórcio que arrematara, em 2008,

um espaço de 100 mil m² no centro

daquela cidade. O movimento ganha-

ra tamanha proporção contra a cons-

trução de torres residenciais e comer-

ciais de alto padrão que a Prefeitura

de Recife suspendeu a licença para

a demolição dos armazéns do cais,

abrindo espaço para discussões acerca

de projetos alternativos para a área.

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 201532

ESPACO ABERTO ESPACO ABERTO

Em uma sociedade claramente sexista, é

tido como fato que o machismo foi institucionalizado

em quase todos os ambientes e, muitas vezes, chega a

passar despercebido para todos nós. Exemplificando

essa nossa falta de atenção, temos os casos dos bares,

baladas, festas e todos os tipos de ambientes voltados

à “azaração”, onde na maioria dos casos a mulher é o

sexo frágil a ser conquistado e até disputado. Contu-

do, não venho aqui desmoralizar (por mais que seja

merecido) o “macho alfa”, que agarra mulheres à for-

ça na tentativa desesperada de demonstrar sua frá-

gil masculinidade, ainda mais delicada nos citados

ambientes. Busco questionar algo muito mais acei-

to nos referidos espaços, e até tido como normal na

vida noturna, e que, quando polemizado, faz com que

surjam os mais variados argumentos para assegurar a

sua manutenção.

Como argumento principal, favorável à di-

ferenciação, temos a suposta questão dos custos e

do consumo, apoiada numa ideia de que, em média,

o homem sempre beberá mais do que a mulher em

qualquer ambiente. Tal argumento mostra-se insus-

tentável quando pensamos em situações cotidianas

fora do ambiente noturno, como ir a rodízios de

pizzarias e churrascarias, onde, pelo senso comum,

não faria o menor sentido haver diferenciação de

preços. Então, tem-se um ponto: se em rodízios ou

outros serviços relacionados ao consumo, nos quais

a diferença absoluta de consumação entre os gêneros

pode ser bastante relevante, não faz sentido a dis-

criminação de preços, por que numa festa open bar,

com uma diferença absoluta infinitamente menor,

nós encontramos sentido e achamos a diferenciação

razoável? WWOs cálculos relacionados ao consumo

são feitos com base em médias do público que com-

prará o serviço em qualquer lugar, logo, segmentar

esse público com base no gênero e criar duas novas

médias parece um trabalho desnecessário e sem sen-

tido, pois já existe uma primeira média relacionada

ao público alvo. Então, cria-se uma extensão à per-

POR QUE SER CONTRA A DIFERENCIAÇÃO DE PREÇOS?Não somente este caso, mas uma série de parcerias

público-privadas (PPPs) tem disponibilizado para

empreendimentos imobiliários áreas públicas de

discutível interesse público. O que as insurreições

populares sinalizam é precisamente o desejo de

discutir e propor alternativas para a nova cidade

do século XXI. Cessou a letargia social e o silên-

cio duramente imposto. Da cidade anti-urbana e

pulverizada, torna-se atualmente para uma cida-

de aprazível, em que o convívio seja incentivado,

a cultura, educação e saúde, acessíveis, em que a

qualidade de vida sempre cresça, não apenas em

números absolutos, mas também a níveis concre-

tos no cotidiano popular.

São Paulo também vive um momento

ímpar em sua história, talvez sendo aquele da tão

necessária virada urbana, face à sua história de se-

gregação social. O prefeito Fernando Haddad, do

Partido dos Trabalhadores (PT), no cargo desde 2013,

sancionou em 31 de julho de 2014 o novo Plano Di-

retor Estratégico (PDE), documento responsável por

ordenar o crescimento urbano e o desenvolvimento

de iniciativas para os próximos 16 anos. A aprovação

do plano foi especialmente marcada pela pressão

provocada pelos movimentos de moradia de expres-

siva atuação no centro de São Paulo. Citando do blog

de Raquel Rolnik, “os movimentos têm uma agenda

histórica pelo direito à cidade, incluindo propostas

como a função social da propriedade, a demarcação

de Zeis – áreas destinadas à habitação de interesse

social, a cota de solidariedade, a destinação de recur-

sos para compra de terras para habitação, a política

de regularização de favelas e proteção em despejos e

remoções, transporte público de qualidade e equipa-

mentos de cultura e lazer nos bairros populares, que

vai muito além de reivindicar terrenos”. Tal agenda

soa similar ao que se propunha com o zoning cuja

implantação falhou em 1972, e que figura no debate

do novo PDE.

Determinada a missão de cada região da

cidade, com a aprovação do PDE, a discussão é con-

cernente a quais serão exatamente os usos permitidos

e proibidos e a forma como as construções poderão

ocupar os terrenos. O zoneamento de 1972 demarcou

zonas exclusivamente residenciais nos denominados

bairros-jardins (Morumbi, Pacaembu). Tal modelo

privilegiou o avanço dos espaços privados na urbe

(por meio de edifícios de área cada vez maior, tam-

bém), pouco evoluindo o debate de uma cidade mais

democrática desde 1972 até o advento do novo PDE.

De uma cidade de histórico segregacionista

e que ignorou por anos sem fim seus mais premen-

tes problemas e parcela massiva de sua população,

São Paulo vive hoje um dos momentos mais cruciais

para redefinir sua reprodução, seu crescimento e

seu desenvolvimento, integrando a população às

discussões urbanas graças a um mundo cada vez

mais conectado e de acesso mais fácil às tecnologias

da informação.

Renato Janine Ribeiro (atual Ministro da

Educação e professor titular de Ética e Filosofia

Política da Universidade de São Paulo), no cader-

no Aliás do jornal O Estado de S. Paulo de 18 de

outubro de 2014, ilustra o que pode ser esperado da

lei, cujo entendimento é estendido ao PDE: “Será

que nossa confiança na lei ainda é tão baixa que

há quem acredite, após uma ditadura militar que

deixou o país em petição de miséria, que a violência

pode ser a solução? Eleições frustram. Poucos saem

realmente felizes delas. Mas não há outro caminho

senão o da lei. Pode demorar, mas o que ela escreve,

escreve em pedra”.

À luz da história da periferia paulistana e

das dificuldades inerentes às classes menos abas-

tadas, o que se espera é um novo tempo para São

Paulo. Uma cidade mais democrática, mais urbana,

mais amigável à sua população (independente da

condição social), menos hostil ao bem viver, mais

receptiva àquelas camadas mais carentes e que ain-

da estão à margem de um Estado que, aos poucos,

deixa de se omitir ◘

Eduardo Soares Bueno, 24, economista graduado

pela FEA-USP

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015

#SPinvisívelESPACO ABERTO

34 35

VISCONDE RECRUTA

gunta anterior: por que essa situação que exige mais

trabalho e parece sem sentido ocorre apenas em am-

bientes onde o foco é a já citada azaração?

Chegamos, então, a um ponto crucial. Nele,

vemos que toda a tentativa de desenvolvimento de

uma argumentação relacionada a ofertas e deman-

das dos dois públicos parece ilógica, sendo assim,

ela só tem uma função: defender, por outras linhas,

um modelo ultrapassado de eventos. Nesse modelo,

mulheres são atraídas para as divertidas festas graças

ao notável incentivo de pagarem menos (isso quan-

do não são VIPs), a relação custo-benefício parece

ótima para as mesmas, sendo esse ponto o atrativo

principal para o público feminino. Já para o público

masculino, acostumado a pagar a conta do restauran-

te, do cinema, do motel e do drinque do bar, talvez

um atrativo ter preços baixos não seja um atrativo

tão forte, dado que eles já estão habituados e até dis-

postos a gastar, pois sabem que isso é necessário no

processo de conquista do sexo oposto. Com isso, de-

ve-se buscar um novo atrativo para esse público, até

porque com certeza serão eles os que mais gastarão

e, por consequência, darão mais lucros à casa. Per-

cebe-se então que esse novo atrativo, esses “objetos”

que tornarão a festa mais interessante e bonita, que

farão com que os homens comprem as entradas dos

eventos mesmo pagando muito mais, e que talvez

até os faça gastar ainda mais no decorrer da noite,

já foi previamente definido. Em um resumo simples

desse raciocínio machista, tem-se: mulheres atraem

homens, homens atraem lucros. Além disso, que an-

fitrião não quer uma que sua festa tenha uma ótima

imagem, cheia de moças jovens e bonitas prontinhas

para serem fotografadas dançando, para dar aquela

ajuda na hora de divulgar os próximos eventos. Nota-

-se, então, a base dessa lógica marqueteira retrógra-

da, que sempre foi e continua sendo muito utilizada

e disseminada nos eventos de hoje em dia.

É válido salientar que toda essa argumen-

tação só se aplica a festas open bar, pois elas dão

margem a essa discussão. Em outros modelos, onde

apenas a entrada é cobrada e mesmo assim há dife-

renciação de preços, ou até VIPs só para as mulheres,

o sexismo fica ainda mais evidente. Nessas situações,

é bastante claro que um dos gêneros, além de con-

sumidor do serviço (no caso, a festa), é também um

atrativo do mesmo. Logo, me parece desnecessário

argumentar contra algo facilmente perceptível e, por

si só, eticamente duvidoso.

Como consideração final, devemos nos lem-

brar de que esse modelo é, ao mesmo tempo, o refle-

xo de uma sociedade atrasada na questão de gêneros

e um perpetuador desse mesmo atraso. Podemos

dizer até que ele cria uma atmosfera onde há certa

permissividade para as mais variadas formas de pre-

conceitos que vão além de sexismos, tentando legiti-

má-las da mesma maneira equivocada que o fazem

nas questões tratadas nesse texto ◘Arthur Paggioro

Administração - 4º período

Em outubro de 2013, eu, Vinícius Lima, André

Soler e mais um grupo de 20 amigos, mais ou menos,

saímos pela cidade de São Paulo para fotografar tudo

que era invisível à nossa percepção para incomodar as

redes sociais com a #SPinvisivel, pois o que prevalecia

nesse ambiente virtual eram as selfies, os cachorri-

nhos, comidas e viagens. Nesse dia, tiramos muitas fo-

tos de favelas, buracos, mas o que mais apareceu entre

as fotos foram as pessoas em situação de rua.

Porém, nesse dia não interagimos com os

moradores de rua, apenas tiramos as fotos à distância.

Em março de 2014, num papo com o André, chegamos

à conclusão que invisível não é a pessoa, mas a histó-

ria dela, o motivo de estar lá. Após essa conversa, de-

cidimos contar as histórias dessas pessoas, pois mui-

tas vezes até ajudamos elas, mas nossa postura muda

quando descobrimos sua história. Quando ajudamos

sem saber a história, ajudamos de maneira distante,

vertical e como caridade. Ao saber a história e a iden-

tidade daquela pessoa, ela é mais próxima da gente e

ajudamos com justiça e de maneira horizontal.

Hoje, o SP Invisível existe há um ano e é

um movimento que conta com um site e páginas no

Instagram e no Facebook. Ele visa abrir os olhos e a

mente das pessoas para verem que quem está na rua é

um ser humano igual a ele que está lendo em casa. A

partir dessa identificação, ele vai ver que há histórias

riquíssimas a sua volta e que ele pode ser a diferença

na vida de alguns.

As pessoas perguntam se nós não ajudamos

as pessoas entrevistadas. Às vezes ajudamos no possí-

vel na hora do papo, quando podemos, mas o foco das

histórias é mais quem lê do que quem está na foto.

Queremos ajudar as pessoas através de pessoas após

passarem por uma transformação. Alguns resultados

dessa conscientização causada pelo SP invisível foi o

fato de desde no dia a dia, vários moradores de rua

comerem, pois outros terem visto as histórias do SP

até o fato de moradores de rua serem empregados,

pois empregadores se conscientizaram pela página.

Além disso, outros frutos foram colhidos

com o SP Invisível, é o caso das mais de 30 cidades

que ampliaram o movimento e hoje pode contar

com RIO invisível, Porto Alegre Invisível, Campo

Grande Invisível, Fortaleza, entre outros. Só que o

maior resultado foi a história do Bruno, na qual ele

havia brigado com a sua mãe há 7 anos atrás e veio

do Paraná para São Paulo. Aqui, ele acabou moran-

do na Roosevelt e nós o entrevistamos. Quando sua

mãe viu sua história, contatou a página na hora, dis-

se que o perdoava e veio para cá buscá-lo. Hoje falo

com o Bruno pelo Facebook ◘Vinícius Lima

Jornalismo – PUC SP

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015

visconde recruta

36 37

NESSA 3ª EDIÇÃO D`O VISCONDE, TROUXEMOS O TEMA CIDADE DE SÃO PAULO. COM ISSO, ENTREVISTAMOS A

FAMOSA PÁGINA DO FACEBOOK “HADDAD TRANQUILÃO”. A PÁGINA, UMA CARICATURA, EM APOIO À ATUAL

GESTÃO DO PREFEITO FERNANDO HADDAD TENTA EXPOR OS PONTOS POSITIVOS DA PREFEITURA, SEM QUE, ÀS

VEZES, EXISTAM CRÍTICAS SOBRE A ATUAÇÃO DA PREFEITURA.

ENTREVISTA HADDAD TRANQUILÃO

O Visconde: De onde surgiu a ideia de fazer um per-

fil em apoio ao prefeito Haddad?

Haddad Tranquilão: A ideia surgiu durante a cam-

panha pela prefeitura em 2012, do primeiro para o

segundo turno. Nós (somos dois) aproveitamos a

onda de rejeição do José Serra para criar um per-

fil que simulasse a interpretação do Haddad, que é

um cara bem tranquilo, daí o nome, a respeito dos

fatos políticos e ações do Serra na campanha.

Com o tempo, depois da prefeitura come-

çar a implementar algumas ações, entendemos que

o espaço seria melhor utilizado se nós comunicás-

semos de maneira descontraída e informal essas

ações. Tem dado certo.

V: Já houve alguma forma de interação com o prefei-

to em que este expôs sua opinião acerca do perfil? Se

sim, há algum tipo de contato ou relação?

HT: Houve uma conversa de 10 segundos durante

um evento. O prefeito perguntou: “Ah... Então, você

é o Haddad Tranquilão? Você está fazendo um bom

trabalho, hein?!”. E eu respondi: “Eu não, é o senhor

que está fazendo um trabalho genial. Muito obriga-

do por isso!”. E foi só.

A relação que temos é a de atender alguns

poucos pedidos de divulgação que a Prefeitura nos

faz. Já tentamos conversar a respeito de fazer parte

do mailing oficial da SECOM, mas nem com isso

nos ajudaram.

V: Como funciona a manutenção e a administração

do perfil?

HT: Nós sempre ficamos ligados nas notícias rela-

cionadas à prefeitura ou a seus “antagonistas”. Con-

versamos muito sobre o que postar e como postar,

mas sempre no intervalo do trabalho ou dos estu-

dos... Muitas vezes agendamos as publicações à noite

para manter a página funcionando.

V: De maneira geral, o perfil se alinha completa-

mente com as propostas e diretrizes de Fernando

Haddad?

HT: O perfil é uma leitura nossa a respeito da ges-

tão. Já houveram vezes em que nós nos posiciona-

mos contra algumas ações da Prefeitura, mas enten-

demos que de oposição já bastam os grandes meios

de comunicação, então, quando é para se opor nós

preferimos sempre explicar muito bem os motivos.

Isso também acontece com as posições favoráveis.

Sempre tentamos transmitir o máximo de informa-

ção possível para que o debate seja mais politizado.

V: Caso o contrário, o que vocês discordam?

HT: Já discordamos do primeiro aumento de tarifa.

Da situação na favela do moinho, de uma ou outra

ação da Secretaria de Saúde... Mas o que mais nos

irrita é a total falta de discernimento com a qual a

SECOM tratou a internet até o começo

deste ano. A comunicação da Pre-

feitura de São Paulo não condiz

com o alto padrão de gestão

administrado pelo prefeito.

Nem de longe.

V: Quais os pontos fortes

e fracos da atual gestão

da prefeitura na opinião

de vocês?

HT: Os pontos fortes são com

certeza as ações voltadas para o lado humano. Essa

gestão é acima de tudo humanista. De braços abertos,

as ciclovias, os corredores de ônibus, os incentivos de

estudo à população LGBTT e, principalmente, o diá-

logo com todos os grupos da sociedade são atitudes

que nos saltam aos olhos.

Nos pontos negativos estão, sem a menor

sombra de dúvida, a comunicação e falta de enfren-

tamento (mais no começo da gestão do que agora)

aos opositores. Mas as falhas de comunicação são

imperdoáveis.

V: Sobre a cidade de São Paulo, qual vocês acham

que é a área mais precária e que precisaria de mais

atenção e foco de atuação da Prefeitura?

HT: As demandas mais fortes ou mais “impacientes”

são as demandas por moradia. O povo precisa morar,

não é? Mas, apesar dessas demandas, entendemos

que a Prefeitura tem agido com muita responsabi-

lidade e rapidez em muitos casos. Sendo assim, tal-

vez o maior problema da gestão seja a saúde. Como

é uma competência compartilhada entre as 3 instân-

cias de poder, fica mais complicado administrar as

peculiaridades do sistema.

V: De que forma o perfil afetou a relação pública do

Haddad com os paulistanos?

HT: Nós acreditamos que muito. O prefeito ga-

nhou o epíteto “tranquilão” por conta da

página. Nós somos, desde a criação, o

principal meio de comunicação

do prefeito com os cidadãos na

internet. Além do Facebook,

nós temos o Blog, o Twitter

e o Mapa (esse copiado pela

gestão). Ora... Se a gestão

copiou ideias que tivemos

de comunicação, é evidente

que de alguma maneira nós

influenciamos a relação dos

cidadãos com o prefeito ◘

visconde recruta

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 20153840-

SOBE

• Maioridade penal: Em primeira

votação, Câmara vota contra a redu-

ção da maioridade penal.

• Pan 2015 de Toronto: Brilhante campanha dos atle-

tas brasileiros no Pan, destaque para Thiago Pereira,

maior medalhista da história nos jogos Panamericanos

e para as atletas femininas do Brasil, que conquistaram cerca de metade das

medalhas. Parabéns a todas/os as/os atletas brasileiras/os!!!

• Investigação no futebol: O que todo o mundo já sabia veio à tona.

Depois de investigações por parte do FBI e do Departamento de Justiça

dos EUA, vários dirigentes da FIFA foram presos, assim como o ex-pre-

sidente da CBF José Maria Marin.

• FEA Junina: mesmo com junho já para trás e nós estarmos em agosto, vale

a menção. O CAVC, juntamente a outras entidades da FEA, realizou uma

bela festa, com espírito junino e muita alegria!

-41

DESCE

• Grécia: Economia em queda livre, desemprego beirando os 25%. Em forte

contestação do poder da troika europeia, o povo grego votou OXI (não) e o

país recusou o plano de austeridade inicialmente proposto por seus credores.

• Segurança na USP: Mais um caso de violência na USP, mais um estupro e

nenhuma atitude ou pronunciamento da reitoria para evitar que essas situa-

ções sejam recorrentes.

• Maioridade penal: No entanto, após incrível manobra por parte

do presidente da Câmara do Deputados, Eduardo Cunha, a redu-

ção da maioridade penal foi aprovada pela casa, embora restrita a

uma gama menor de delitos.

• Turbulência no Governo: Pressões nas últimas sema-

nas por parte da oposição colocam em cheque a conti-

nuação da presidenta Dilma Rouseff.

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 201540 41- O Visconde AGOSTO 2015 -

4140

AGENDA CULTURAL

Dois dos principais nomes da música brasileira

se apresentam no Espaço das Américas. Evento

para quem curte desde “Mina do Condomínio”

até um dos mais famosos álbuns da MPB, “Sam-

ba Esquema Novo”.

QUANDO? 8 de julho a 23

de setembro

QUANDO? 12 de setembro

QUANDO? 22 de setembro

ONDE?Centro Cultural

Banco do Brasil - SP

ONDE?Espaço das

Américas

ONDE?Ginásio do

Ibirapuera

QUANTO? Grátis!

QUANTO? Preços variam de

R$70 a R$300

QUANTO? Preços variam entre

R$190 a R$590

- O Visconde MAIO 2015

O Visconde JUNHO 2015 -

39

Exposição em homenagem ao cineasta francês, um dos

ícones do cinema do século XX e um dos fundadores do

movimento cinematográfico “Nouvelle Vague”, movimento

francês pautado na contestação, próprio dos anos 70. Autor

de clássicos como “Os Incompreendidos” (1959) e “Jules e

Jim: Uma Mulher Para Dois” (1962).

QUANDO? 14 de julho a 18

de outubro

QUANDO? 18 a 27 de setembro

QUANDO? Até 6 de

setembro

ONDE?MIS – Museu de

Imagem e Som

ONDE?Cidade do Rock,

Rio de Janeiro

ONDE?Pinacoteca

de São Paulo

QUANTO? R$ 3,00 (meia

entrada) e entrada

gratuita aos sábados

QUANTO? R$ 5,00 (meia

entrada)

QUANTO? Ingressos atualmente

esgotados (cambistas

ditarão os preços)

A exposição visa mostrar a inserção da mulher no sis-

tema artístico brasileiro, enfatizando os processos de

formação a que tiveram acesso e sua afirmação como

artistas profissionais. Contrariando os discursos de

época, que procuravam restringi-las ao ambiente do-

méstico e reduzi-las à condição de “naturalmente ama-

doras”, diversas pintoras e escultoras realizaram obras

de grande importância histórica.

ROCK IN RIO

OS DOIS JORGES: SEU JORGE E JORGE BEN JOR

KANDISKY: TUDO COMECA NUM PONTO´

MULHERES ARTISTAS: AS PIONEIRAS (1880-1930)

Kandinsky, um dos pioneiros e fundadores da arte

abstrata, terá seus trabalhos em exposição no Cen-

tro Cultural Banco do Brasil, nos meses de agosto

e setembro. A exposição conta com mais de 150

trabalhos do artista e de seus contemporâneos. O

CCBB se mantém aberto das 9:00h às 21:00h.

Mesmo após a morte de Freddie Mercury, a banda

Queen continua a realizar shows por todo o mun-

do. Depois da parceria com Paul Rodgers, a banda

agora conta com a presença de Adam Lambert, vice

colocado no American Idol, nos vocais. Evento para

quem gosta de um rock n’ roll de qualidade!

Apesar de não ser mais tão “rock” quanto antes, em

2015 o evento comemora os seus 30 anos! O festival

ocorrerá na Cidade do Rock, no Rio de Janeiro e,

dessa vez,contará com nomes como Metallica, Sli-

pknot, A-ha, Faith no More, Queens of the Stone

Age, System of a Down e... Katy Perry!

QUEEN + ADAM LAMBERT

FRANCOIS TRUFFAUT

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015

Horizontal 1. ­ Professor FEAno, morto durante a ditadura 4. ­ Estádio mais charmoso da cidade de São Paulo 7. ­ Museu que teve a presença da Rainha britânica em sua inauguração 9. ­ Time maior Campeão de futebol brasileiro, time da cidade de São Paulo 11. ­ Parque mais famoso de São Paulo 12. ­ Maior produção primária­exportadora de SP e do Brasil no final do século XIX e começo do XX 13. ­ Maior Campeão Paulista 14. ­ Responsáveis pela fundação da Cidade 16. ­ Lugar onde se vende o mais famoso sanduíche de mortadela 17. ­ Nordestino que liderou o movimento sindical em SP na década de 80 e viria a se tornar o Presidente Vertical 2. ­ Meio de transporte que vem ganhando espaço na cidade 3. ­ Atual Prefeito da Cidade de São Paulo 5. ­ Aqueles conhecidos por desbravarem o Brasil 6. ­ Órgão máximo do futebol paulista, que tinha como presidente, o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero 8. ­ Órgão Responsável pela organização da Indústria no Estado de São Paulo 10. ­ Setor predominante na economia paulistana 14. ­ Bairro imortalizado pela música do grupo Demônios da Garoa 15. ­ Música de Caetano Veloso em homenagem a cidade

42 43

ENTRETEnIMENTO

A figura mostra a localização dos aparta-

mentos de um edifício de três pavimen-

tos que tem apenas alguns deles ocupa-

dos. Sabe-se que:

- Maria não tem vizinhos no seu andar, e seu apartamento localiza-se

o mais a leste possível;

- Taís mora no mesmo andar de Renato, e dois apartamentos a sepa-

ram do dele;

- Renato mora em um apartamento no segundo andar exatamente

abaixo do de Maria;

- Paulo e Guilherme moram no andar mais baixo, não são vizinhos e não moram abaixo de um

apartamento ocupado.

- No segundo andar estão ocupados apenas dois apartamentos.

Se Guilherme mora a sudoeste de Tais, o apartamento de Paulo pode ser:

LÓGICA: Cruzadinha

a) 1 ou 3

b) 1 ou 4

c) 3 ou 4

d) 3 ou 5

e) 4 ou 5

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015

SENSACIONALISTA CRONICA^

44 45

Às 5h da manhã tocam os despertadores da

Zona Sul. Cotidiano difícil. As pessoas saem de casa

e ainda parece que é noite (no horário de verão, nem

se fala). Noite que ainda não acabou para os traba-

lhadores que aguardam, moribundos, do outro lado

da plataforma da Linha Lilás, após uma cansativa e

solitária jornada de trabalho noturno. E apesar des-

sa morbidez, chega a bater uma inveja desses que

pegam o contra fluxo, enquanto a gente se espreme

para caber no trem. A viagem é longa, arrastada, aba-

fada e as histórias são muitas. O calor bate, o celular

vibra, mas nem sempre há espaço para tirar a blusa

ou ver quem te mandou mensagem. Imóveis, lado a

lado, as conversas penetram os ouvidos sem pedir

licença. Às vezes, ouve-se em primeira mão as tra-

gédias que hoje estarão nos jornais. Relatos de uma

noite mal dormida por conta da violência, daquela

perseguição ou daquela chacina que ocorreram no

seu bairro e hoje serão pauta no Datena.

Mas nem só de tristeza vive a periferia. Mui-

tas vezes o que se ouve são os planos: para o churras-

co no final de semana, para a reforma na casa, para o

futuro da família... Até que existe amor em SP.

“Para aumentar a oferta de trens na outra

via, este trem tem como destino a estação terminal

Pinheiros. Passageiros com destino à estação Osas-

co, aguardem o próximo trem na mesma platafor-

ma.”, anuncia uma voz feminina. Que diferença fa-

ria – retrucam mentalmente a gravação - se o trem

seguisse para a estação Cidade Universitária? As

portas se abrem e a plataforma é tomada por uma

enchente de gente. Uma fila ininterrupta segue an-

dares e andares de escada rolante abaixo, como se

penetrássemos o centro da terra. Da Linha Amarela

para o mundo, cada um segue seu rumo e a massa

se desagrega aos poucos.

Depois de horas e horas de trabalho ou

estudo (ou trabalho e estudo), o merecido repouso

ainda está distante: a cruzada diária tem duas mãos.

Da ponte, as pessoas avistam o trem que se aproxima

pela marginal e correm para pegá-lo. O trem passa

lotado (não de gente, antes fosse: estava sem servi-

ço). A cada minuto que passa, a plataforma se enche

mais e o clima de disputa vai se acirrando. Ele chega,

as portas se abrem, dando a largada à corrida atrás

de um banco. Nessa hora é cada um por si. Às vezes

os ânimos se exaltam, mas logo tudo volta ao nor-

mal. Afinal, quem não queria estar sentado?

Embora estejam todos cansados, a iminên-

cia do repouso torna o ar um pouco mais leve (tal-

vez nem tanto para as mulheres que ainda têm que

encarar a segunda jornada de trabalho). Enquanto

os arranha-céus da marginal vão dando lugar às fa-

velas, tem gente que lê a Bíblia e gente que escuta

funk. Todos são retidos, de súbito, pelo ambulante

que vende bala, amendoim, chiclete, chocolate, fone

de ouvido e ainda consegue rimar isso tudo para te

convencer a ajudá-lo a fugir do “rapa”.

Chegamos do lado de cá da ponte que divi-

de o mundo. Cada qual na sua solidão se dirige à sua

casa. Na TV, a novela. À mesa, as novidades do dia.

Mas não há muito tempo pra distrações. Logo o sono

bate e abate todos, que se deitam e se resguardam

para a próxima cruzada ◘

Guilherme Augusto Ribeiro

Economia - 4º período

Bianca Oliveira

Economia - 2º período

Guerra Sampa

Após nomes criativíssimos das mais

novas ferramentas de comunicação do

CAVC, como o vídeo Minforma e o interna-

mente rejeitado nome para o aplicativo CA-

comVC (esse em um futuro próximo à dis-

posição de você, FEAno ou FEAna, em todas

CAVCensacionalista

Envie suas sugestões para o email d’O Visconde:

[email protected]

Todos são muito bem-vindos para participar!

as plataformas tecnológicas possíveis, com

mencionável exceção de rádios de carro e

afins) O Visconde apresenta a ideia menos

original, com um nome copiado, porém

com muito humor aplicado ao ambiente

que todos nós vivemos: chegará, no segun-

do semestre, o CAVCensacionalista.

O projeto de comunicação visa o entre-

tenimento da comunidade FEAna, funcio-

nando nos mesmos moldes do Sensacio-

nalista: notícias com tons de sarcasmo e

ironia, provocativas ou não, com um site

próprio e uma página do Facebook. Então,

preparem-se! Mandem ideias e participem

dessa zoeira sadia e respeitosa! Tire sarro

daquele seu professor ou amigo que gosta-

ria de ser zoado e daria uma risada com isso!

Seja criativo e venha conosco! Façamos da

FEA um ambiente mais alegre e cômico! ◘

O Visconde AGOSTO 2015-- O Visconde AGOSTO 2015

Caminhando

em um transe completo

com pontadas

de melancolia

e dor nas costelas

enquanto o sol

nasce solitário

e a vida acontece

e percebo

a mediocridade da existência

da minha existência

e da tristeza

de estar acordado

e sentir falta

de pessoas

e sentado

ao lado de uma lata de lixo

me pergunto

e tento realmente descobrir

se esse cheiro

de cerveja dos infernos

é meu

da lixeira

ou do universo

e olho no espelho

e vejo o espectro

do que era para ser um poeta

mas tudo o que eu vi

foi um fantasma

ou melhor um viciado

com olhos vermelhos

acabado.

Tetos

brancos

com alucinações cristalinas

das entidades

subconscientes

do meu ser

tão puras

quanto uma alma singela

uma doce moça qualquer

sem sentido.

cabelos psicodélicos

estalando

criando uma onda

estreita

estranha

verde

e explosões

vórtices

mandalas

rodantes

acima de tudo

olhos profundos

um grupo dançante

nem nexo

luzes vermelhas brilhando

na escuridão

enquanto que

alucinados insanos

passam por mim

sem nunca passar

deitado

dormindo sob o

som

de um digitar

frenético

de um mago

e a sua voz rouca

cantando

embalando

meus estranhos sonhos

e percebo

que ele é realmente

um mago quando ele está

do meu lado

e eu nem percebi

(apesar de estar acordado).

Com vultos que correm

pela escuridão

jogando água

em jovens depravados

esperando

na chuva pela noite

de suas vidas

todas almas

querendo ser amadas

e morrer felizes

simplesmente passando

pela vida

e vivendo ela ◘

Christian Frederico

Economia - 4º período

POESIA

Loucura

O Visconde MAIO 2015 - 46

- O Visconde AGOSTO 2015

ReportagemA cidade de São Paulo e o futebol

ENTREVISTA COM HADDAD TRANQUILÃO

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Edição III - Agosto de 2015 nº 25