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26 Pessoaljaneiro2016 REPORTAGEM P rovavelmente, nunca, como hoje, a captação, desenvolvi- mento e gestão de talento assumiram tanta relevância. E três questões se colocam: • O que é preciso ser feito? (Dru- cker) • Como poderei produzir diferença e incrementar valor? • Que potencialidades possuo e não estou a desenvolver? Das múltiplas opções de desenvol- vimento do potencial humano, o Neurofeedback (NF) é uma aborda- gem inovadora, assumindo-se como um game changer em matéria de autoconhecimento e mudança com- portamental. Tecnicamente, o NF é um treino de neuromodulação cerebral, assente nos princípios do condicionamento operante, com aplicação direta na melhoria das funções executivas que permitem o planeamento, o contro- lo de impulsos (emoções), a moni- torização de complexos orientados para objetivos. Um exemplo-tipo poderá ser a tarefa de conduzir um veículo automóvel num território desconhecido, prestando atenção aos sinais de trânsito, aos outros veí- culos e pessoas, seguindo as instru- ções dum GPS e evitando acidentes. Como metáfora, poderá ilustrar com muito realismo o ambiente vi- vido, quotidianamente, por executi- vos e líderes empresariais. Neurofeedback e Desempenho Profissional: o ginásio do cérebro No mundo globalizado, multicêntrico e altamente competitivo, num contexto volátil e incerto, há cada vez mais necessidade de um back to basics, de um recentramento de pessoas e organizações nas componentes core que conferem individualidade, diferenciação e aquele je ne sais quoi que faz a diferença. por: Jaime Ferreira da Silva e Samuel Antunes, Managing partners da Dave Morgan Antecedentes históricos Apesar da sua aplicação como técnica de melhoria de desempenhos profis- sionais datar dos anos 70 do século passado, há um sólido suporte cien- tífico com cerca de 150 anos, inicia- do por Richard Caton (1875) que descobriu que flutuações na atividade elétrica do cérebro eram seguidas de atividade mental. Esta descoberta imprimiu um interesse crescente pela medição da atividade elétrica do cére- bro e a sua correlação com perturba- ções clínicas (Berger, 1929). Entre os anos 30 e 60 do séc. passado, houve ganhos incrementais de conhecimen- to sobre o cérebro que culminaram com a descoberta do controlo volun- tário do SNA (sistema nervoso autó- nomo) e da possibilidade de alteração do seu funcionamento por via do con- dicionamento operante (Miller, 1965). A partir dos anos 70, a utilização do NF como parte integrante do treino de astronautas na NASA (melhoria da atenção, do foco e da calma), lançou a “semente” para a utilização da técnica como um otimizador de desempenho profissional. A última década tem sido pródiga na afirmação das neurociências, tendo- -se assistido a uma mudança na visão médica do cérebro, com a aceitação dos princípios da neuroplasticidade. Quando devidamente estimulado, o cérebro reforça as redes neuronais associadas, mudando o seu padrão de resposta. Verificam-se assim, alte- rações na gama de frequências das ondas cerebrais (aprendizagem) que tende a perdurar no tempo. Um exemplo ilustrativo clássico é o de aprender a andar de bicicleta. Uma vez adquirida a técnica, esta tende- rá a perdurar no tempo, ainda que o indivíduo possa não exercitar a competência. Como funciona o NF? O cérebro emite atividade elétrica em forma de ondas cerebrais que podem ser captadas, medidas e interpretadas através de uma máquina denominada eletroencefalograma (EEG). Os programas de NF iniciam-se com um qEEG (eletroencefalograma quan- titativo) que permite identificar os pa- drões de ondas cerebrais do sujeito, correlacionando-o com as necessida- des de melhoria de desempenho pro- fissional por si reportadas. São avaliadas as quatro ondas cere- “O Neurofeedback é um treino de neuromodulação cerebral, assente nos princípios do condicionamento operante, com aplicação direta na melhoria das funções executivas.”

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REPORTAGEM

Provavelmente, nunca, como hoje, a captação, desenvolvi-mento e gestão de talento assumiram tanta relevância. E três questões se colocam:

• O que é preciso ser feito? (Dru-cker)• Como poderei produzir diferença e incrementar valor?• Que potencialidades possuo e não estou a desenvolver?Das múltiplas opções de desenvol-vimento do potencial humano, o Neurofeedback (NF) é uma aborda-gem inovadora, assumindo-se como um game changer em matéria de autoconhecimento e mudança com-portamental.Tecnicamente, o NF é um treino de neuromodulação cerebral, assente nos princípios do condicionamento operante, com aplicação direta na melhoria das funções executivas que permitem o planeamento, o contro-lo de impulsos (emoções), a moni-torização de complexos orientados para objetivos. Um exemplo-tipo poderá ser a tarefa de conduzir um veículo automóvel num território desconhecido, prestando atenção aos sinais de trânsito, aos outros veí-culos e pessoas, seguindo as instru-ções dum GPS e evitando acidentes. Como metáfora, poderá ilustrar com muito realismo o ambiente vi-vido, quotidianamente, por executi-vos e líderes empresariais.

Neurofeedback e Desempenho Profissional: o ginásio do cérebroNo mundo globalizado, multicêntrico e altamente competitivo, num contexto volátil e incerto, há cada vez mais necessidade de um back to basics, de um recentramento de pessoas e organizações nas componentes core que conferem individualidade, diferenciação e aquele je ne sais quoi que faz a diferença.

por: Jaime Ferreira da Silva e Samuel Antunes, Managing partners da Dave Morgan

Antecedentes históricosApesar da sua aplicação como técnica de melhoria de desempenhos profis-sionais datar dos anos 70 do século passado, há um sólido suporte cien-tífico com cerca de 150 anos, inicia-do por Richard Caton (1875) que descobriu que flutuações na atividade elétrica do cérebro eram seguidas de atividade mental. Esta descoberta imprimiu um interesse crescente pela medição da atividade elétrica do cére-bro e a sua correlação com perturba-ções clínicas (Berger, 1929). Entre os

anos 30 e 60 do séc. passado, houve ganhos incrementais de conhecimen-to sobre o cérebro que culminaram com a descoberta do controlo volun-tário do SNA (sistema nervoso autó-nomo) e da possibilidade de alteração do seu funcionamento por via do con-dicionamento operante (Miller, 1965).A partir dos anos 70, a utilização do NF como parte integrante do treino de astronautas na NASA (melhoria da

atenção, do foco e da calma), lançou a “semente” para a utilização da técnica como um otimizador de desempenho profissional.A última década tem sido pródiga na afirmação das neurociências, tendo--se assistido a uma mudança na visão médica do cérebro, com a aceitação dos princípios da neuroplasticidade. Quando devidamente estimulado, o cérebro reforça as redes neuronais associadas, mudando o seu padrão de resposta. Verificam-se assim, alte-rações na gama de frequências das ondas cerebrais (aprendizagem) que tende a perdurar no tempo. Um exemplo ilustrativo clássico é o de aprender a andar de bicicleta. Uma vez adquirida a técnica, esta tende-rá a perdurar no tempo, ainda que o indivíduo possa não exercitar a competência.

Como funciona o NF? O cérebro emite atividade elétrica em forma de ondas cerebrais que podem ser captadas, medidas e interpretadas através de uma máquina denominada eletroencefalograma (EEG). Os programas de NF iniciam-se com um qEEG (eletroencefalograma quan-titativo) que permite identificar os pa-drões de ondas cerebrais do sujeito, correlacionando-o com as necessida-des de melhoria de desempenho pro-fissional por si reportadas.São avaliadas as quatro ondas cere-

“O Neurofeedback é um treino de neuromodulação cerebral, assente nos princípios do condicionamento operante, com aplicação direta na melhoria das funções executivas.”

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brais principais, a saber:• Alfa (8-12 Hz) associadas a estados meditativos, de calma e paz interior.• Beta (12-21 Hz) associadas a es-tados mentais de foco, pensamento analítico, raciocínio.• Delta (1-4 Hz) associadas ao estado de sono.• Teta (4-8 Hz) associadas a estados de hiperatividade e dificuldade de controlo de impulsos assim como à criatividade e à espontaneidade.O Neurofeedback é uma técnica não--invasiva e sem contraindicações. Nas sessões de NF são ligados sensores ao escalpe do indivíduo que vão me-dir a atividade cerebral. Esses sensores estão ligados a um computador que converte a atividade elétrica em ima-gens em movimento projetadas num ecrã. Adicionalmente, poderão ser colocados fones de onde sai um som algo desagradável (mas suportável).No decurso de cada sessão e sob a orientação dum neuropsicólogo pre-sente, o indivíduo terá de parar as imagens em movimento no ecrã (e o som desagradável) pela ação da sua concentração mental. Quando isso

ocorre, obtém-se um sinal objetivo e mensurável (feedback neuronal) de que o indivíduo conseguiu colo-car a atividade elétrica do seu cére-bro dentro do padrão normativo de frequência.Progressivamente, sessão após sessão, o indivíduo conseguirá alcançar este resultado mais rapidamente, manten-do a imagem parada (e o som cala-do) durante mais tempo – efeito de aprendizagem por estimulação e re-forço neuronal. No final do programa de treino de NF (standard 15 sessões), é realizado um segundo qEEG com o objetivo de avaliar com precisão as alterações ocorridas na atividade elétrica cere-bral, correlacionando-as com as mu-danças comportamentais entretanto reportadas pelo sujeito.Para além da otimização de desempe-nho de executivos e líderes empresa-riais, o desporto de alta competição é já um segmento robusto na utilização do NF. A seleção de futebol da Ale-manha, vencedora do último Mundial, as equipas do Chelsea e do AC Mi-lan, entre outras, são utilizadoras as-

síduas do NF na preparação dos seus jogadores para o contexto altamente stressante das competições em que participam.Como treino comportamental e com o objetivo de maximizar resultados, o NF pode ser conjugado com pro-gramas de treino executivo. Metafo-ricamente, o NF é como a afinação do ralenti no motor (normalização da atividade cerebral) e o Coaching Exe-cutivo, o treino do “piloto” (executi-vo/líder) com vista à consolidação da vitória pretendida!

Referências bibliográficas Brenninkmeijer, J. (2010). Taking care of one’s brain: How manipulating the brain change people’s selves. History of the Human Scien-ces, vol. 23, 1, 107-126.Damásio, A. (2010). O Livro da Consciência. Lis-boa: Círculo de Leitores.Enriquez-Geppert, S., Huster, R. & Herrmann, C. (2013). Boosting brain functions: Improving executive functions with behavioral training, neurostimulation and neurofeedback. Inter-national Journal of Psychophysiology 88, 1-16.

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REPORTAGEM

Pessoal (P): A quem se des-tina o programa de treino com o Neurofeedback?Jaime Ferreira da Silva (JFS): O Neurofeedback

(NF) é uma técnica de autorregu-lação da atividade cerebral, direcio-nada para a melhoria das funções cognitivas superiores (por ex. pla-neamento, controlo de impulsos, análise de dados, memorização, foco de atenção, etc.), tendo como des-tinatários naturais, os executivos e quadros dirigentes de Organizações que funcionam em contextos exi-gentes e complexos.

P: Qual tem sido a recetividade?JFS: Em Portugal, somos pioneiros na utilização do Neurofeedback como otimizador do desempenho profis-sional, tendo começado a aplicá-lo como parte integrante dos nossos programas de desenvolvimento e gestão de talento. O passa-palavra, que tem ocorrido entre executi-vos que concluíram o programa de treino tem gerado uma procura incremental, superando as nossas expectativas.

P: Quanto tempo dura o programa e que resultados poderão esperar aqueles que nele participarem? JFS: O programa standard é compos-to por 15 sessões com a duração de 50 minutos cada. Como o NF fun-

Neurofeedback: Game-changer na otimização de desempenho e mudança comportamentalEm Portugal, a Dave Morgan é pioneira na utilização do Neurofeedback como otimizador do desempenho profissional. Falámos com Jaime Ferreira da Silva, Managing partner da empresa, que explicou como este tipo de treino cerebral vem sendo integrado nos programas de desenvolvimento e gestão de talento do segmento corporate.

por: Luís Pedro Costa Santos

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ciona numa lógica à medida, no início de cada programa é realizada uma entrevista individual para apuramen-to das necessidades de desempenho profissional (neurofitness), reforçada pela realização de um qEEG (ele-troencefalograma quantitativo) que fornece uma leitura precisa do pa-drão de funcionamento cerebral do executivo, correlacionando-o com as necessidades reportadas. Após as 15 sessões, é realizado um segundo qEEG com o objetivo de assegurar uma medida rigorosa das alterações verificadas no funciona-mento cerebral, correlacionando--as com as alterações no desem-penho profissional reportadas pelo executivo.Por norma, as pessoas começam a reportar mudanças comportamentais (melhorias de desempenho) a partir da quarta, quinta sessão, consideran-do no final do programa, o sucesso alcançado acima dos 90% (face às ne-cessidades/objetivos definidos).

P: Que futuro para o Neurofeedback, nas empresas, em Portugal?JFS: O Neurofeedback é uma técni-ca suportada em mais de 100 anos de investigação científica mas só a partir dos anos 70 do século pas-sado começou a ter uma utilização mais funcional, nomeadamente com

a NASA, que passou a usá-lo como parte integrante do treino dos as-tronautas. Os EUA são o mercado atual mais maduro na sua utilização, tanto na

componente Corporate (executivos e líderes empresariais) como Clínica, com uma gama de aplicação muito variada (depressão, ansiedade, défi-ce de atenção, fobias, etc.).Num mundo globalizado, as boas notícias também correm depressa, assistindo-se, atualmente, a uma procura crescente deste tipo de treino cerebral, sobretudo por par-te dos segmentos mais informados e escolarizados da população. Em Portugal, antevemos um futuro muito promissor para o NF como otimizador do desempenho profis-sional de executivos e líderes em-presariais. Poderá ser usado em con-jugação com programas de Coaching Executivo, maximizando a produção (e manutenção) das mudanças com-portamentais pretendidas.O NF não é uma moda nem um capricho, é um verdadeiro game--changer na otimização de de-sempenho e mudança comporta-mental.

“Em Portugal, antevemos um futuro muito promissor para o Neurofeedback como otimizador do desempenho profissional de executivos e líderesempresariais.”

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REPORTAGEM

Pessoal (P): Na fase de diag-nóstico, que aspetos foram considerados passíveis de melhoramento através do programa de treino com

Neurofeedback? Sofia Almeida (SA): Os aspetos passí-veis de ser melhorados foram a con-centração, a rapidez de pensamento, a ansiedade e os problemas de sono. O que me levou a aderir ao programa de Neurofeedback foi a crescente falta de concentração que eu sentia ao realizar as minhas tarefas diárias. Essa dificulda-de levava a erros constantes no meu trabalho causando-me stress e ansieda-de difícil de controlar. Também tinha problemas de sono, não conseguindo dormir mais de cinco horas por dia, o que agravava o estado aluado e de apatia em que me encontrava.Nelson Pires (NP): Na fase de diag-nóstico, para além da apresentação da técnica (que para mim era totalmente desconhecida), foi-me diagnosticada uma necessidade maior de concentra-ção (devido aos inúmeros e variados assuntos que tenho de tratar durante o dia) bem como um cansaço perma-nente (resultante da elevada atividade a que estou sujeito). Aliás, isso foi tão notório que adormeci durante algumas das sessões. Para além disso, havia tam-bém necessidade de aumentar o foco de atenção e a priorização de assuntos. Foi bastante útil, porque confirmou algo que eu já suspeitava e permitiu conceber um plano de melhoria.Paulo Lopes (PL): A minha principal questão, quando procurei o Neuro-feedback, foi a resolução de um dis-túrbio de sono que me prejudicava imenso o meu quotidiano. Esse proble-ma de sono tinha como causa principal uma enorme ansiedade derivada de um enorme stress a que estava sujeito na altura, derivado de problemas pro-

O programa, na práticaSofia Almeida, Nelson Pires e Paulo Coimbra Lopes foram três dos profis-sionais que se submeteram ao programa de treino com Neurofeedback. As queixas iniciais revelavam problemas relacionados com o sono, a ansiedade, o stress e a dispersão. Eis o que contaram à Pessoal sobre as suas experiências.

P: Foi de simples execução, o processo utilizado? SA: O processo é simples. Na primeira consulta, fazem um exame ao nosso cérebro, onde nos é colocado um ca-pacete “divertido”, cheio de fios. Esse exame irá servir para diagnosticar quais os aspetos que podemos melhorar tendo em conta as nossas queixas. Em seguida, é-nos proposta a realização de um programa para treinar/desenvolver esses aspetos. As sessões são realizadas num gabinete, onde ficamos sentados num confortável cadeirão, são colados uns fios elétricos em alguns pontos da nossa cabeça e colocados uns auricu-lares. À nossa frente, temos um ecrã onde é iniciado um jogo cujo objetivo é conseguirmos, com o nosso cérebro, fazer com que duas bolas fiquem pa-radas. Quando não conseguimos esse objetivo, as bolas começam a disparar

em grande rapidez e o som nos auri-culares vai-se tornando mais agudo e desconfortável. Antes de começarmos o jogo, são-nos ensinados alguns mé-todos para conseguirmos controlar as bolas, mas com o tempo vamos crian-do as nossas próprias técnicas.No meu caso, foi-me proposto fazer 15 sessões de cerca de 30 minutos cada. Umas corriam melhor que ou-tras, e, por vezes, saía da consulta com alguma frustração, embora o nível de dificuldade seja ajustado conforme o nosso estado de cansaço, ansiedade ou stress.Para acabar, na última sessão é feita nova avaliação onde é novamente co-locado o capacete cheio de fios elé-tricos. Os resultados são apresentados alguns dias depois, com uma compa-ração do cérebro antes e depois das consultas.NP: Foi bastante simples, embora

fissionais, mas essencialmente de pro-blemas pessoais. Todas estas questões, distúrbio de sono, ansiedade e stress foram passíveis de serem melhorados, já que todos estavam interligados.

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exigisse disponibilidade e rigor com as marcações das sessões, de forma a manter a regularidade. Na essência foi um processo descomplicado e simples. Por outro lado, o Dr. Ivo Rocha, que conduzia as sessões, demonstrou sem-pre uma assertividade e profissionalismo que simplificavam bastante o processo.PL: O processo foi-me explicado e de muito simples aplicação. P: Na prática, o que mudou no seu comportamento? SA: Logo após as sessões é difícil de avaliar. Mas com o passar do tempo sinto-me mais viva, mais desperta, mais concentrada. Muitas vezes, ficava a meio de uma conversa por não me vir à cabeça a palavra certa, interrompen-do a linha de pensamento e tornando o diálogo aborrecido. Nesse aspeto, também senti uma evolução, pois o pensamento surge mais rápido e eficaz.Consigo lidar melhor com a minha an-siedade e a nível do sono, apesar de ainda ter algumas noites complicadas, tenho outras que durmo “que nem um anjo”.NP: Julgo que aumentei bastante o meu nível de concentração nas tarefas a executar, diminuí o nível de dispersão que tinha quando lidava com vários as-suntos ao mesmo tempo. Finalmente, constatei o meu elevado nível de can-saço (não apenas físico) e disciplinei--me para dormir mais (antes dormia quatro a cinco horas por dia, agora durmo pelo menos seis por dia).PL: Melhorei o meu sono. Era esse o meu grande objetivo quando procurei o Neurofeedback. Como é óbvio, para

isso ter acontecido, o meu nível de stress reduziu e consequentemente a minha ansiedade. Notei melhorias qua-se imediatas.

P: De que modo influiram essas melho-rias no seu trabalho? SA: Eu trabalho na área do Design Grá-fico, passo o dia em frente ao com-putador. É um trabalho muito criativo mas pouco “intelectual”. Além de gerir o meu atelier onde faço o trabalho de designer, secretária, gerente, etc., tenho ainda dois filhos que necessitam da mi-nha ajuda na escola. O tempo de des-canso é pouco, mas o facto de estar mais focada faz com que não cometa tantos erros, e os erros, além de cau-sarem uma má impressão, são também uma perda do precioso tempo.Sinto-me também menos ansiosa e mais capaz na realização das tarefas, o que me leva a um sentimento de maior realização pessoal. O facto de dormir melhor também é fundamental para me sentir mais descansada e com mais energia para o dia-a-dia.NP: Estou certamente mais focado, mais concentrado, e disperso-me me-nos. Sendo que, sempre que tenho algum problema mais complexo para resolver, imagino a imagem que via enquanto realizava as sessões, o que

me ajuda a concentrar de imediato. Em suma, antes, era eficaz (atingia o resultado pretendido na solução de questões e problemas, às vezes com maior esforço) e agora sinto-me efi-ciente (atinjo o resultado pretendido mas com menor esforço).PL: O facto de ter melhorado o meu sono. Ando menos cansado, mais cal-mo, o que, como é óbvio, melhora o meu desempenho a todos os níveis. P: Que saldo retira da experiência? SA: Sem dúvida positiva. De tal manei-ra que coloquei o meu filho que estava com dificuldades de concentração na escola, a fazer o programa. A evolução dele foi mais rápida e evidente. Ele ain-da só teve algumas sessões mas eu já noto diferença quando o ajudo a estu-dar. As notas melhoraram e ele come-çou a recuperar a autoestima que eu sentia que começava a perder.NP: Um saldo bastante positivo, uma vez que, para além de conhecer uma técnica nova que ajuda realmente as pessoas, consegui usufruir dessa mes-ma técnica no meu dia-a-dia, no meu trabalho e na minha vida pessoal.PL: Um saldo muito positivo. Como já referi nas questões atrás, o facto de ter melhorado o meu sono foi muito im-portante para o meu bem-estar.

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