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1 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE Lei nº_____/2020 de______de_____________________ Havendo necessidade de estabelecer um quadro jurídico sobre a liberdade de religião e de culto, ao abrigo do nº 1 do artigo 178 da Constituição da República, a Assembleia da República determina: CAPÍTULO I Disposições gerais SECÇÃO I Objecto, âmbito e definições Artigo 1 (Objecto) A presente Lei estabelece os princípios e normas do exercício da liberdade religiosa e de culto, bem como de constituição, organização e funcionamento das entidades, associações religiosas e instituições de ensino religioso. Artigo 2 (Âmbito) A presente Lei aplica-se a todos os cidadãos nacionais e estrangeiros residentes, bem como às entidades e associações religiosas legalmente constituídas. Artigo 3

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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

Lei nº_____/2020

de______de_____________________

Havendo necessidade de estabelecer um quadro jurídico sobre a liberdade de religião e de

culto, ao abrigo do nº 1 do artigo 178 da Constituição da República, a Assembleia da

República determina:

CAPÍTULO I

Disposições gerais

SECÇÃO I

Objecto, âmbito e definições

Artigo 1

(Objecto)

A presente Lei estabelece os princípios e normas do exercício da liberdade religiosa e de

culto, bem como de constituição, organização e funcionamento das entidades, associações

religiosas e instituições de ensino religioso.

Artigo 2

(Âmbito)

A presente Lei aplica-se a todos os cidadãos nacionais e estrangeiros residentes, bem como

às entidades e associações religiosas legalmente constituídas.

Artigo 3

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(Definições)

Para efeito da presente Lei, entende-se por:

a) religião - conjunto de crenças, doutrinas e normas que unem o ser humano a uma

divindade, dentro de um universo histórico específico;

b) fé – crença religiosa;

c) actividade religiosa – aquela realizada, com o objectivo de exaltar, disseminar e

propagar uma religião;

d) associação religiosa – toda organização, nacional ou estrangeira, cujos membros

estão ligados a uma entidade religiosa e que prosseguem fins humanitários,

filantrópicos e sociais;

e) bons costumes – modo habitual de ser ou agir que se estabelece de forma reiterada

por actos geralmente aceite pela sociedade, dentro dos limites estabelecidos por lei;

f) confissão religiosa – O conjunto de princípios doutrinários derivados dos

mandamentos que assentam nos livros sagrados;

g) entidade religiosa – comunidade regida por princípios específicos emanados por

uma confissão religiosa;

h) instituições de ensino religioso – aquelas que são concebidas para o ensino religioso

e que estejam ligadas a uma entidade religiosa.

i) culto religioso – conjunto de ritos e rituais que se prendem à adoração ou

homenagem à divindade;

j) líder religioso - aquele que, de harmonia com a organização da mesma, exerce sobre

os fiéis qualquer espécie de jurisdição ou direcção e orientação da fé;

k) doutrina - conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso, sendo

passível de divulgação, através de pregação, sermão, opinião, ensinamento, textos

de obras e outras formas de ensino e educação;

l) intolerância baseada na religião - qualquer exclusão, restrição ou preferência

baseadas na religião;

m) local de culto - lugar onde de forma permanente são realizados os cultos;

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n) prática religiosa – actividade ritual por meio da qual as pessoas manifestam se de

forma simbólica, através do seu comportamento, o relacionamento com o sagrado.

SECÇÃO II

Princípios fundamentais

Artigo 4

(Principio da Igualdade)

1. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, perseguido, prejudicado, discriminado,

privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão da sua religião ou

práticas religiosas.

2. As entidades religiosas tem direito a igual tratamento, ressalvadas as diferenças

impostas pela sua diversa representatividade.

3. O Estado e os demais poderes e instituições públicos darão tratamento igualitário,

sem discriminação, a todas as colectividades religiosas.

Artigo 5

(Princípio da laicidade)

As entidades e associações religiosas e instituições de ensino religioso estão separadas do

Estado e são livres na organização e exercício das suas actividades, nos termos da

Constituição e da lei.

Artigo 6

(Princípio da legalidade)

No exercício das suas actividades, a entidade e associação religiosa e instituições de ensino

religioso devem obediência à lei.

Artigo 7

(Princípio da cooperação)

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O Estado coopera com as entidades, associação religiosa e instituições de ensino religioso,

reconhecidas ou autorizadas, com vista à promoção dos direitos fundamentais, do

desenvolvimento integral de cada pessoa, dos valores da paz, liberdade, solidariedade e da

tolerância.

Artigo 8

(Princípio da tolerância)

Os conflitos sobre a liberdade religiosa resolvem-se com base na tolerância, sem prejuízo da

intervenção do Estado para a protecção e garantia dos bens, valores e interesses

constitucionais e legalmente protegidos.

Artigo 9

(Principio do Pluralismo religioso)

O Estado garante a liberdade da prática religiosa, favorecendo um ambiente de pluralidade e de

tolerância.

CAPÍTULO II

A liberdade religiosa

Artigo 10

(Conteúdo da liberdade religiosa)

1. A liberdade religiosa compreende o direito de:

a) praticar ou não praticar uma religião ou crença;

b) permanecer, mudar, abandonar ou regressar à própria crença ou comunidade

religiosa sem prejuízo das respectivas normas sobre a filiação e exclusão de membro;

c) professar a própria crença religiosa, exprimir e divulgar livremente, pela palavra,

pela imagem ou por qualquer outro meio, o pensamento em matéria religiosa;

d) adoptar ideias ou posições diferentes, sem prejuízo do disposto na alínea b) do

presente artigo;

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e) informar e informar-se sobre a religião, através de ensino e aprendizagem;

f) reunir-se, manifestar-se e associar-se com outros fiéis, de acordo com as próprias

convicções religiosas;

g) agir ou não agir de acordo com as normas da religião professada; e

h) produzir obras científicas, literárias e artísticas em matéria de religião.

2. Os pais e encarregados de educação têm o direito de educar os seus filhos e

educandos em coerência com as próprias convicções em matéria religiosa, no

respeito da integridade moral e física e sem prejuízo da saúde dos mesmos.

3. Os direitos referidos no número anterior são exercidos nos termos da Constituição

da República e da legislação aplicável.

4. Ninguém pode:

a) ser obrigado a professar uma religião, a praticar ou a assistir actos de culto, a receber

assistência religiosa ou propaganda em matéria religiosa;

b) ser coagido a fazer parte, a permanecer ou a abandonar da entidade religiosa, sem

prejuízo das respectivas normas sobre a filiação e a exclusão de membro;

c) cobrar bens, serviços ou valores em troca de promessas de bênçãos divinas;

d) ser privado do exercício de direitos nem sofrer qualquer discriminação no acesso a

funções em instituições públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, por razões

religiosas;

e) invocar a liberdade religiosa para a prática de publicidade enganosa radiofónica,

audiovisual ou escrita;

f) ser inquirido por qualquer autoridade acerca das suas convicções ou práticas

religiosas, salvo para recolha de dados não individualmente identificáveis, nem ser

prejudicado por se recusar a responder;

g) invocar a liberdade religiosa para a prática de actos que promovam a intolerância

religiosa ou inter-religiosa;

h) invocar a liberdade religiosa para a prática de actos ou omissões que sejam

incompatíveis com a vida, a integridade física ou a dignidade da pessoa humana, a

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ordem e saúde públicas ou da moral, os princípios fundamentais previstos na

Constituição da República e demais legislação;

i) invocar a liberdade religiosa para se recusar a cumprir um dever patriótico, ou outro

constitucionalmente consagrado; e

j) invocar a liberdade religiosa para justificar a prática de crimes.

Artigo 11

(Garantias da liberdade religiosa e de culto)

1. A liberdade de religião e de culto é inviolável.

2. O Estado reconhece e garante a liberdade religiosa das pessoas e assegura às

entidades e associações religiosas e instituições de ensino religioso a protecção

jurídica, nos termos da lei.

3. O Estado garante o efectivo gozo da liberdade de religião e de culto, expressa em

forma individual ou colectiva, em público ou em privado.

Artigo 12

(Limitação à liberdade religiosa)

1. A liberdade de religião e de culto só admite as restrições impostas por lei, necessárias

para salvaguardar direitos ou interesses constitucionalmente protegidos.

2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, a limitação do exercício da liberdade

religiosa aplica-se sempre que a sua prática seja susceptível de pôr em causa a ordem

pública, a vida, a integridade física e moral e a dignidade das pessoas.

3. A declaração do estado de sítio ou do estado de emergência em nenhum caso pode

afectar o exercício da liberdade religiosa.

CAPÍTULO III

Confissões, entidades e associações religiosas e instituições de ensino religioso

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SECÇÃO I

Disposições gerais

Artigo 13

(Denominação)

1. A denominação das confissões, entidades e associações religiosas e instituições de

ensino religioso, nacionais e estrangeiras deve ser identificada não podendo ser

confundida com uma outra existente ou com instituições e órgãos públicos e nem

fira os bons costumes.

2. Para efeitos do disposto no número anterior, a singularidade da denominação é

comprovada mediante certidão de reserva de nome.

Artigo 14

(Doutrina)

1. As confissões e entidades religiosas nacionais e estrangeiras fixam livremente a sua

doutrina, a qual não deve contrariar a Constituição da República e demais legislação

aplicável e não fira os bons costumes.

2. A doutrina deve especificadamente definir os princípios subjacentes à confissão

religiosa.

Artigo 15

(Estatutos)

Nos estatutos das entidades e associações religiosas e instituições de ensino religioso

nacionais devidamente aprovados pela Assembleia Geral constituinte devem

especificadamente, constar:

a) a denominação, duração e sede;

b) o âmbito e finalidade;

c) os princípios essenciais da sua doutrina;

d) os direitos e deveres dos fiéis;

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e) a forma de organização e funcionamento dos órgãos;

f) a condição para alteração das disposições estatutárias e para a sua dissolução;

g) a fonte de financiamento;

h) a declaração do património inicial; e

i) o destino dos bens em caso de dissolução.

Artigo 16

(Reserva de nome)

1. Para o reconhecimento das confissões, entidades e associações religiosas e

instituições de ensino religioso nacionais é necessário que se solicite a reserva de

nome, por meio de requerimento.

2. Para a inscrição das confissões, entidades e associações religiosas e instituições de

ensino religioso estrangeiras é necessário que se solicite a reserva de nome, por meio

de requerimento, no qual deve ser indicada a denominação que não fira os bons

costumes e nem se confunda com outras existentes no país.

Artigo 17

(Fusão)

A fusão das entidades religiosas e instituições de ensino religioso pode ser requerida pelos

interessados com competências para o efeito, ao Governo.

Artigo 18

(Novas confissões religiosas)

1. As novas confissões religiosas só podem ser exercidas mediante autorização do

Governo.

2. As entidades religiosas que queiram fundar uma nova confissão religiosa devem

observar os seguintes requisitos:

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a) a descrição dos princípios doutrinários da confissão religiosa que não contrarie a

Constituição da República, as demais leis e os bons costumes; e

b) 60.000 assinaturas presencialmente reconhecidas pelo Notário, acompanhadas de

uma declaração dos titulares, maiores de 18 anos, a confirmar a sua aderência à

entidade religiosa.

SECÇÃO II

Constituição da entidade e associação religiosa e instituição de ensino religioso em território

nacional

Artigo 19

(Natureza da entidade jurídica)

As entidades religiosas são pessoas colectivas constituídas por um substrato pessoal que,

independentemente da sua denominação ou designação jurídica visam a actividade

especificamente religiosa e sem fim lucrativo.

Artigo 20

(Âmbito)

As entidades religiosas são sempre de âmbito nacional.

Artigo 21

(Objectivos)

As entidades religiosas visam o exercício de actividades espiritual, humanitária, filantrópica

ou social.

SECÇÃO III

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Reconhecimento da entidade e associação religiosa e instituição de ensino religioso

Artigo 22

(Aquisição de personalidade jurídica da entidade religiosa)

1. As entidades religiosas constituídas no território nacional adquirem a personalidade

jurídica mediante o reconhecimento do estatuto de pessoa colectiva com fins

religiosos pelo Governo.

2. As entidades religiosas são obrigadas a efectuar a listagem de todas suas sub-

unidades.

3. As entidades religiosas através da sua sede são obrigadas a publicar seus relatórios

anuais sobre as actividades desenvolvidas na sua página de internet.

Artigo 23

(Pedido de reconhecimento)

1. O pedido de reconhecimento de entidade religiosa inicia-se com a apresentação do

respectivo pedido.

2. O formulário contém, nomeadamente, os seguintes elementos:

a) requerimento do líder religioso da entidade religiosa com assinatura reconhecida,

dirigido ao Governo;

b) certidão de reserva de nome;

c) proposta dos estatutos;

d) acta da assembleia constituinte;

e) 15000 assinaturas presencialmente reconhecidas pelo Notário, acompanhadas de

uma declaração dos titulares, maiores de 18 anos, a confirmar a sua aderência à

entidade religiosa;

f) fotocópia do Bilhete de Identidade do líder religioso autenticada;

g) certificado de formação religiosa do líder religioso, num curso de duração mínima de

3 anos, emitido por uma instituição de ensino religioso;

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h) carta de desvinculação da sua entidade religiosa anterior, com informação da

idoneidade, assinada pelo líder máximo que consta na certidão do registo definitivo;

i) certificado de ordenação religiosa do líder religioso;

j) certificado de registo criminal do líder religioso;

k) biografia do líder religioso;

l) a indicação dos membros dos órgãos, composto por pelo menos ¾ de fiéis nacionais;

e

m) comprovativo de existência de infraestruturas da entidade religiosa para fins de culto.

3. O líder da entidade religiosa deve ser cidadão nacional.

Artigo 24

(Aquisição de personalidade jurídica da associação religiosa)

1. As associações religiosas adquirem a personalidade jurídica mediante o

reconhecimento do estatuto de pessoa colectiva com fins religiosos pelo Governo.

2. A organização e o funcionamento das associações religiosas obedecem, com as

necessárias adaptações, o regime jurídico das associações.

3. Têm o estatuto de associação religiosa, os conselhos, as congregações e os institutos

de vida consagradas.

Artigo 25

(Aquisição de personalidade jurídica da instituição de ensino religioso)

1. As instituições de ensino religioso adquirem a personalidade jurídica mediante o

reconhecimento do estatuto de pessoa colectiva com fins religiosos pelo Governo.

2. A educação religiosa não é alternativa à educação convencional.

Artigo 26

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(Requisitos para instituição de ensino religioso)

O pedido de autorização para a criação de uma instituição de ensino religioso deve ser

formulado em requerimento, com a assinatura reconhecida do proponente ou seu

representante legal dirigido ao Governo, acompanhado dos seguintes elementos:

a) denominação da instituição;

b) identificação da entidade proponente;

c) sede;

d) acta da comissão instaladora;

e) proposta dos estatutos;

f) plano curricular;

g) certidão de reserva de nome;

h) Número Único de Identificação Tributária (NUIT);

i) planta ou projecto das instalações onde irá funcionar a instituição e a respectiva

memória descritiva;

j) título de propriedade do edifício ou contrato de arrendamento, com garantia de

um mínimo de três anos;

k) relação do mobiliário escolar, equipamentos e materiais didácticos; e

l) comprovativo do pagamento da taxa de autorização para a criação de instituição

do ensino religioso.

Artigo 27

(Capacidade das pessoas colectivas religiosas)

A capacidade das pessoas colectivas religiosas abrange todos os direitos e obrigações

necessários à prossecução dos seus fins.

Artigo 28

(Extinção)

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1. As entidades religiosas e instituições de ensino religioso extinguem-se:

a) por decisão do órgão deliberativo; e

b) pela verificação de qualquer causa extintiva prevista no acto de constituição ou nos

estatutos;

2. As entidades religiosas e instituições de ensino religioso podem ainda extinguir-se

por decisão da entidade competente para o reconhecimento devido aos seguintes

fundamentos:

a) por se constatar ser o seu fim ilícito, diferente do fim declarado nos estatutos ou

contrário à lei; e

b) por declaração de insolvência, quando se trate de instituições de ensino religioso.

Artigo 29

(Cessação de funcionamento e suspensão)

1. O encerramento das entidades religiosas e instituições de ensino religioso pode ser

requerido pelos seus titulares, com motivos devidamente fundamentados, ao

Governo.

2. O pedido de cessação de funcionamento ou suspensão dá entrada até noventa dias

antes da data prevista para a cessação e suspensão.

3. Em caso de irregularidades detectadas, Governo pode mandar cessar as actividades.

Artigo 30

(Sanções)

1. Sem prejuízo das sanções civis e criminais, a violação às disposições previstas na

presente Lei, é punível com a aplicação das seguintes medidas:

a) advertência;

b) multa;

c) suspensão das actividades por um período de um a dois anos; e

d) revogação.

2. A revogação do reconhecimento de uma confissão religiosa determina a extinção das

respectivas associações ou institutos religiosos, e bem assim das outras pessoas colectivas

que dela dependam.

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3. As infracções que correspondem as sanções acima, bem como a competência para a sua

aplicação são estabelecidas por regulamento.

CAPITULO IV

Entidades e associações religiosas e instituições de ensino religioso constituídas no

estrangeiro

SECÇÃO I

Pedido de autorização

Artigo 31

(Autorização para o exercício de actividades)

1. Para o exercício das suas atividades, as entidades e associações religiosas e

instituições de ensino religioso constituídas no estrangeiro são autorizadas pelo

Governo, mediante solicitação da entidade religiosa representante.

2. A autorização referida no número anterior é obtida mediante a apresentação dos

seguintes documentos:

a) requerimento do representante de nacionalidade moçambicano da entidade e da

associação religiosa que pretendem exercer actividades, com assinatura reconhecida,

dirigido ao Governo;

b) cópia dos estatutos e da certidão de registo devidamente autenticadas pelo

Ministério que superintende os assuntos das relações exteriores do país de origem e

pelo consulado moçambicano, acompanhadas da tradução ajuramentada em língua

portuguesa;

c) cópias dos passaportes dos cidadãos estrangeiros representantes no país de origem

com prazo de validade nunca inferior a 6 meses;

d) certificado de registo criminal dos representantes emitido para o efeito e autenticado

pelo Ministério que superintende os assuntos das relações exteriores do país de

origem e pelo consulado moçambicano, acompanhado da tradução ajuramentada

em língua portuguesa; e

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e) apresentação de projecto de construção do local de culto ou contrato de

arrendamento de um local apropriado para o efeito, em nome do representante

nacional, homologado pelo representante estrangeiro, com a duração mínima de um

ano.

3. Para além dos requisitos referidos no número anterior, aplica-se para as instituições

de ensino religioso, os elementos previstos nas alíneas f), k) e l) do artigo 26 da

presente Lei, bem como a indicação do endereço físico.

Artigo 32

(Cidadãos estrangeiros em missão religiosa)

Para efeitos de entrada de cidadãos estrangeiros em missão religiosa no território nacional

observa-se o regime jurídico previsto para a entrada, permanência e saída do país.

SECÇÃO II

Recusa de autorização

Artigo 33

(Fundamentos da recusa)

1. O pedido de autorização pode ser recusado nos seguintes casos:

a) se o requerimento não for devidamente instruído com os documentos solicitados;

b) se o pedido não possuir os requisitos essenciais previstos na presente Lei; e

c) havendo comprovação de existência de entidade religiosa com idêntica

denominação, ou diferente denominação, mas que resulte da cisão ou

desmembramento e seja susceptível de se confundir com outra já existente em

território nacional.

2. Constitui fundamento para a recusa da autorização a verificação de práticas da

entidade religiosa ou instituição de ensino religioso que sejam consideradas contra a

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moral, os bons costumes e a ordem pública ou interesses legal ou

constitucionalmente protegidos.

Artigo 34

(Revogação da autorização)

1. O pedido de autorização da entidade religiosa ou instituição de ensino religioso pode

ser revogado, entre outros, nos seguintes casos:

a) quando seja comprovada a existência de violações graves aos direitos humanos;

b) quando resulte da sua actividade ou práticas a incitação a crimes, ao ódio e à

violência;

c) quando seja comprovada a prática de actos de comércio, de exercício directo ou

indirecto com finalidades lucrativas;

d) sustentação de actividade política ou o suporte directo ou indirecto de partidos

políticos ou de grupos subversivos, incluindo o terrorismo, dentro e fora do território

nacional;

e) prática de branqueamento de capitais;

f) tráfico de seres humanos e de órgãos humanos;

g) auxílio a emigração ilegal e a criminalidade organizada transnacional; e

h) prática de corrupção e o envolvimento directo ou indirecto no tráfico de

estupefacientes e substâncias psicotrópicas.

2. As circunstâncias previstas no nº anterior são punidas nos termos do código penal e

respectiva legislação aplicável.

3. Notificada a revogação, devem cessar as actividades da entidade religiosa,

incorrendo no crime de desobediência qualificada todos os que nelas persistirem.

Artigo 35

(Extinção)

A extinção da entidade religiosa ou instituição de ensino religioso implica o cancelamento

do assento no respectivo registo.

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CAPÍTULO V

Exercício do culto e o regime jurídico dos bens das entidades religiosas

SECÇÃO I

Exercício de culto

Artigo 36

(Conteúdo do culto)

1. O culto integra a prática de rituais, cerimónias e actos directamente relacionados

com adoração, incluindo o uso de fórmulas, rituais e objectos.

2. As entidades religiosas devem possuir locais de cultos adequados para prosseguir

livremente os seus fins religiosos.

3. São locais de cultos adequados, nos termos da presente Lei, em todos os casos, os

que observam o regime jurídico sobre as edificações.

4. Excepcionalmente e sem prejuízo dos casos previstos no número anterior, a

entidade religiosa pode adoptar outros locais de culto desde que não perturbe a

segurança, a ordem e a tranquilidade públicas.

Artigo 37

(Actividade religiosa)

1. O Estado garante e protege a actividade religiosa, podendo os fiéis receber e partilhar

informações e ideias de carácter religioso, dentro e fora do país, oralmente ou por

escrito por meios de comunicação existentes.

2. A actividade religiosa é realizada no respeito pelos direitos dos fiéis, da Constituição

da República e demais legislação, não podendo estes serem submetidos a práticas

que ponham em risco a vida e a saúde ou ofendam a integridade física, sexual,

psicológica e moral destes.

3. Sem prejuízo do previsto no número anterior, as actividades das entidades religiosas

que envolvam crianças devem ser realizadas em estrita observância da legislação

sobre a promoção e protecção dos direitos dos menores.

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Artigo 38

(Relação laboral nas entidades religiosas e instituições de ensino religioso)

Toda a relação de trabalho estabelecida entre as entidades religiosas ou instituições de

ensino religioso e pessoa singular, de forma verbal ou escrita, para prestar pessoalmente

serviço àquelas e sob sua autoridade e direcção, é regida pela legislação laboral.

Artigo 39

(Acordos entre entidades religiosas e o Estado)

1. As entidades religiosas, no exercício das suas actividades, podem celebrar acordos

com instituições do Estado.

2. O Estado coopera com as colectividades religiosas, tendo em consideração a sua

representatividade, com vista designadamente à promoção dos direitos humanos, do

desenvolvimento social e espiritual do povo, à realização integral da pessoa humana

e promoção dos valores da paz, da liberdade, da solidariedade e da tolerância.

Artigo 40

(Símbolos e objectos das entidades religiosas)

1. Os símbolos, objectos e as indumentárias distintivas das entidades religiosas são

integralmente respeitados e protegidos nos termos da lei.

2. As entidades religiosas devem assegurar que as indumentárias utilizadas permitam

sempre a identificação do rosto do fiel para efeitos civis e legais.

Artigo 41

(Campanhas, cruzadas ou outros eventos religiosos)

As entidades religiosas podem realizar campanhas, cruzadas ou outros eventos similares,

mediante prévia autorização da entidade municipal ou administrativa local, com mero

conhecimento da entidade que tutela os assuntos religiosos na área da respectiva jurisdição.

SECÇÃO II

Regime jurídico dos bens

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Artigo 42

(Registo e protecção dos bens)

1. O Estado garante a protecção dos bens adquiridos pelas entidades religiosas

legalmente constituídas.

2. Os bens legalmente adquiridos pelas entidades religiosas devem ser registados em

nome desta, nos termos da lei.

3. O Estado reconhece os locais de culto, devendo os órgãos e serviços competentes

tomar as medidas adequadas para a sua protecção, quando requerida pelos

representantes das entidades religiosas.

Artigo 43

(Alteração do local de culto por razões de interesse público)

1. O Estado, por razões de necessidade, utilidade ou interesse públicos, mediante

prévia comunicação à entidade religiosa, pode expropriar o local do culto desta, sem

prejuízo da justa indemnização.

2. Para efeitos do disposto no número anterior do presente artigo, a entidade

competente toma as medidas necessárias, nos termos da lei

Artigo 44

(Regime de aquisição e fruição de imóveis)

1. A aquisição e fruição de prédios rústicos ou urbanos pelas entidades religiosas,

obedece o regime comum, com as devidas adaptações aplicáveis às pessoas

colectivas sem fins lucrativos.

2. A utilização de edifícios em propriedade horizontal ou da fracção para fins de culto

religioso, não é permitido nos termos da presente Lei.

SECÇÃO III

Angariação de fundos e benefícios fiscais

Artigo 45

(Angariação de fundos)

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As entidades religiosas podem livremente, sem estarem sujeitas a qualquer imposição fiscal:

a) receber prestações voluntárias dos crentes para o exercício do culto e ritos, bem

como donativos para a realização dos seus fins religiosos, com carácter regular ou

eventual;

b) fazer colectas públicas, designadamente dentro ou à porta dos lugares de culto, assim

como dos edifícios ou lugares que lhes pertençam; e

c) distribuir gratuitamente publicações com declarações, avisos ou instruções e afixá-las

nos lugares de culto.

Artigo 46

(Benefícios fiscais)

1. As pessoas colectivas religiosas legalmente reconhecidas estão isentas de imposto

predial autárquico, sobre:

a) os lugares de culto ou outros prédios ou partes deles directamente destinados à

realização de fins religiosos;

b) as instalações de apoio directo e exclusivo às actividades com fins religiosos;

c) os estabelecimentos efectivamente destinados à formação dos Líderes Religiosos ou

ao ensino da religião;

d) as dependências ou anexos dos prédios descritos nas alíneas a) a c) em uso de

instituições particulares de solidariedade social; e

e) os jardins e logradouros dos prédios descritos nas alíneas a) a d), desde que não

estejam destinados a fins lucrativos.

2. As entidades religiosas legalmente reconhecidas estão isentas do imposto de Sisa e

sobre as sucessões e doações, quanto às aquisições de bens para fins religiosos e a

actos de constituição de fundações, nos termos da legislação aplicável.

3. Para efeito de apuramento de rendimento tributável, as liberalidades concedidas

pelas actividades ou projectos das entidades religiosas, são consideradas custos ou

perdas do exercício, fiscalmente dedutíveis à matéria colectável do Imposto.

Artigo 47

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(Financiamento de instituições religiosas)

1. As entidades e associações religiosas e instituições de ensino religioso podem

angariar fundos e bens dos fiéis, pessoas singulares e colectivas, públicas ou privadas,

nacionais ou estrangeiras.

2. As entidades religiosas estão proibidas a coação psicológica em troca de bens,

serviços ou valores.

3. As entidades e associações religiosas e instituições de ensino religioso são proibidas

por lei, do exercício de quaisquer actividades comerciais, devendo declarar os bens

que recebem a título de doação, os quais devem estar registados, nos termos da

legislação aplicável.

4. As entidades e associações religiosas e instituições de ensino religioso devem adoptar

medidas de transparência sobre a gestão e aplicação dos fundos.

SECÇÃO III

Qualidade de líder religioso e seus direitos e deveres

Artigo 48

(Qualidade de líder religioso)

1. A qualidade de líder religioso é conferida pelos órgãos da respectiva entidade

religiosa.

2. No momento da instrução do processo de reconhecimento da entidade religiosa, o

líder declara os seus bens.

3. Para efeitos do número anterior, a declaração de bens é feita na Procuradoria-Geral

da República, onde lhe é passado um comprovativo de entrega.

4. Aos líderes religiosos estrangeiros da entidade religiosa estrangeira aplica se o

disposto nos números 2 e 3 do presente artigo.

Artigo 49

(Direitos e deveres dos líderes religiosos)

Os direitos e deveres dos líderes religiosos são objecto a regulamentar pelo Governo.

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Artigo 50

(Garantias dos líderes religiosos)

1. Os líderes religiosos têm a liberdade de exercer a sua actividade religiosa, nos termos

da lei.

2. Os líderes religiosos não podem ser obrigados a depor em juízo em razão da sua

função.

3. O exercício da actividade religiosa é considerado actividade profissional dos líderes

religiosos, quando lhe proporciona meios de sustento.

4. Os líderes das entidades religiosas reconhecidas têm direito às prestações do sistema

de segurança social nos termos da lei, sendo obrigatoriamente inscritos pela entidade

religiosa a que pertençam, desde que a actividade religiosa seja considerada como

sua actividade principal e sua profissão.

Artigo 51

(Sigilo religioso)

1. Os Líderes das entidades religiosas devem guardar segredo sobre todos os factos que

lhes tenham sido confiados ou de que tenham tomado conhecimento em razão e no

exercício das suas funções.

2. A obrigação de sigilo persiste mesmo quando o líder tenha deixado de exercer a sua

actividade.

3. A violação do sigilo religioso é passível de responsabilidade disciplinar, civil e

criminal, nos termos da legislação aplicável.

Artigo 52

(Objectores de consciência)

Os membros de uma entidade religiosa têm o direito de objectar ao cumprimento de leis que

contrariem a sua integridade moral em termos que tornem inexigível esse cumprimento,

dentro dos limites dos direitos e deveres impostos pela Constituição e nos termos da lei que

regula o exercício da objecção de consciência.

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CAPÍTULO VI

Disposições transitórias e finais

Artigo 53

(Reajustamento)

1. As entidades e associações religiosas e instituições de ensino religioso existentes à

data de entrada em vigor da presente Lei devem no prazo de 48 meses, proceder aos

reajustamentos necessários à sua conformação com o disposto na presente Lei.

2. À aplicação do disposto no número 1 do presente artigo, observa o princípio de

gradualismo, conforme os casos.

Artigo 54

(Regulamentação)

Compete ao Governo regulamentar a presente Lei no prazo de 180 dias após a sua

publicação.

Artigo 55

(Entrada em vigor)

A presente Lei entra em vigor 180 dias após a sua publicação.

Aprovado pela Assembleia da Republica aos…... de…………….….2020

A Presidente da Assembleia da Republica

Esperança Bias

Publique-se

O PRESIDENTE DA REPUBLICA

FILIPE JACINTO NYUSI