renovaÇÃo aos 50 anos - revista nectar · duriense tem ambiÇÃo para crescer._ texto e fotos...

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Caves Santa Marta RENOVAÇÃO AOS 50 ANOS 06 JAN./FEV. NECTAR 1928 associados. 121 mil hecto- litros de produção global. 40 mil hecto- litros de produção de vinho do Porto. 328 mil hectolitros de capacidade de armazenamento. Activos de 49 mi- lhões de euros e uma autonomia fi- nanceira de 25%. 1,8 milhões de bag-in-box tinto vendidos anualmen- te, destacados líderes nacionais no seg- mento. Eis, em alguns números, a re- alidade das Caves Santa Marta, ao vi- rar dos seus 50 anos. Porém, mais do Reportagens NOVA IMAGEM, NOVA DESIGNAÇÃO PARA OS DOC DOURO E NOVO VINHO NO MERCADO. AOS 50 ANOS, AS CAVES SANTA MARTA RENOVAM-SE, MOSTRANDO QUE A MAIOR COOPERATIVA DURIENSE TEM AMBIÇÃO PARA CRESCER. _ TEXTO E FOTOS MARC BARROS que a frieza dos números, esta adega cooperativa representa a vitória do espírito associativo, o resultado de muitos anos de esforço contínuo e comum, que culminaram numa ce- rimónia que reuniu não apenas coo- perantes mas muitos convidados. Afi- nal, trata-se da segunda maior adega cooperativa nacional em termos de facturação e a maior empresa do dis- trito de Vila Real. O presidente da direcção das Caves Santa Marta, José Eduardo Lopes, re- cordou “a luta árdua de 50 anos, contra tudo e contra todos e, por vezes, contra nós mesmos”. Porém, esse combate não terminou, antes enforma agora outra dimensão - uma dimensão global, onde os desafios co- locados são imensos. O secretário de Estado Adjunto da Agricultura e Pescas, Luís Vieira, re- cordou isso mesmo: “O modelo coo- perativo continua a dar resposta Da esquerda para a direita: Francisco Ribeiro, presidente da CM de Santa Marta de Penaguião, Luís Vieira, secretário de Estado Adjunto da Agricultura e Pescas, Paulo Dolores, presidente da mesa da Assembleia Geral das Caves Santa Marta e José Eduardo Lopes, presidente da direcção

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Caves Santa Marta

RENOVAÇÃO AOS 50 ANOS

06 JAN./FEV. NECTAR

1928 associados. 121 mil hecto-litros de produção global. 40 mil hecto-litros de produção de vinho do Porto.328 mil hectolitros de capacidade dearmazenamento. Activos de 49 mi-lhões de euros e uma autonomia fi-nanceira de 25%. 1,8 milhões debag-in-box tinto vendidos anualmen-te, destacados líderes nacionais no seg-mento. Eis, em alguns números, a re-alidade das Caves Santa Marta, ao vi-rar dos seus 50 anos. Porém, mais do

Reportagens

NOVA IMAGEM, NOVA DESIGNAÇÃO PARA OS DOC DOURO E NOVO VINHO NO MERCADO. AOS 50 ANOS, AS CAVES SANTA MARTA RENOVAM-SE, MOSTRANDO QUE A MAIOR COOPERATIVADURIENSE TEM AMBIÇÃO PARA CRESCER. _ T E X T O E F O T O S M A R C B A R R O S

que a frieza dos números, esta adegacooperativa representa a vitória doespírito associativo, o resultado demuitos anos de esforço contínuo ecomum, que culminaram numa ce-rimónia que reuniu não apenas coo-perantes mas muitos convidados. Afi-nal, trata-se da segunda maior adegacooperativa nacional em termos defacturação e a maior empresa do dis-trito de Vila Real.

O presidente da direcção das Caves

Santa Marta, José Eduardo Lopes, re-cordou “a luta árdua de 50 anos,contra tudo e contra todos e, porvezes, contra nós mesmos”. Porém,esse combate não terminou, antesenforma agora outra dimensão - umadimensão global, onde os desafios co-locados são imensos.

O secretário de Estado Adjunto daAgricultura e Pescas, Luís Vieira, re-cordou isso mesmo: “O modelo coo-perativo continua a dar resposta

Da esquerda para a direita: Francisco Ribeiro, presidente da CM de Santa Marta de Penaguião, Luís Vieira, secretário de EstadoAdjunto da Agricultura e Pescas,Paulo Dolores, presidente da mesa da Assembleia Geral das Caves SantaMarta e José Eduardo Lopes, presidente da direcção

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aos anseios e necessidades dos as-sociados. Porém, as cooperativasenfrentam grandes desafios nomercado global, sendo necessárioque essas organizações adoptemmodelos mais empresariais. É pre-ciso apostar em gestão de excelên-cia, com recursos qualificados eorientada para os mercados”.

Por essa razão, as Caves Santa Mar-ta aproveitaram a cerimónia para apre-sentar a nova imagem dos seus vi-nhos DOC Douro e o lançamento deuma nova marca. Desta forma, as mar-cas Caves Santa Marta Rosé 2008,Branco 2008, Tinto 2006 e Tinto Re-serva 2005, Montes Pintados Tinto2005 (homenagem ao médico e es-critor duriense João de Araújo Cor-reia) e Valdarante Branco e Rosé, am-bos de 2008, contam com uma novaroupagem, mais limpa e atraente, aopasso que será em breve colocado nomercado o vinho CSM 59 Tinto 2005,que se encontra ainda em estágio.

Uma nota que merece ser destaca-da: todos os vinhos DOC das CSM os-tentam doravante o título «DouroValley», com o intuito de aproveitarcomercialmente o crescimento da no-toriedade internacional dos vinhos doDouro, no sentido de aumentar aquota de exportação daquela adega,que actualmente ronda os 10% dasvendas, segundo revelou Francisco Tei-xeira, director comercial das CavesSanta Marta.

Os desafios do cooperativismoA concentração de adegas cooper-

ativas foi um tema que mereceu umaatenção particular por parte do secre-tário de Estado da Agricultura (vercaixa). Segundo Luís Vieira, as adegascooperativas do Douro detinham em2005 cerca de 40% do volume deprodução total da região, sendo queem 2007 esse volume desceu para29%, uma quebra de quase 30% emdois anos. Isto significa que “muitas >

Reportagem • nome

PortefólioAs aguardentes, tal como os espumantres, fazem igualmente parte do portefólio das Caves Santa Marta; Aproveitando o seu cinquentenário, fez-se a apresentaçãoda nova imagem dos seus vinhos.

CelebraçãoOs associados e convidados acorreram

em massa a este evento;Luís Vieira entrega medalha de mérito associativo

a José Carvalhais Santos Lopes

08 JAN./FEV. NECTAR

nome • Reportagem

NECTAR JAN./FEV. 09

uvas passaram a ser entregues aosector privado”. Por isso, “pagar atempo e horas é essencial para asustentabilidade das cooperati-vas”, considerou. E “se o sector pri-vado tem vindo a cumprir essa la-cuna”, por outro lado “não garanteo escoamento anual da matéria-prima dos viticultores”.

Por sua vez, José Eduardo Lopes cha-mou a atenção para as consequênciasque derivarão da entrada em vigor danova legislação comunitária relativa à“transferência da vinha”. Esta pre-tende “valorizar a vinha”, trans-ferindo vinhas de zonas com maior al-titude para outras de menor altitude,“dentro da mesma região, passan-do a deter direito a benefício paraprodução de vinho do Porto”. Se-gundo José Lopes, “se não for au-mentado o volume de exportaçãode vinho do Porto, o quantitativopassa a ser mais distribuído”. Estaafectará sobretudo os pequenos pro-dutores, pois manterão a área que ex-ploram com um rendimento menor.

Outra matéria prende-se com a trans-ferência de autorização de plantaçãode vinhas de outras regiões vinícolaspara o Douro. Mesmo não tendo di-reito a produzir vinho generoso, tra-ta-se de “uma forma de aumentara produção de vinho na região,criando em alguns anos exceden-tes desnecessários”, alertou.

José Lopes deu o exemplo da re-gião de Champagne que, com “ascaracterísticas do Douro em ter-mos de qualidade e preço, regula-menta o seu sistema produtivo deforma a não existirem excessos deprodução que comprometam aimagem da própria região”. Ou se-ja, têm capacidade para fazerem valeras suas posições em defesa da de-nominação de origem. Na perspectivade José Lopes, “devemos aumentara produção se o mercado o pede,mas não nos anteciparmos à procu-

ra”. A liberalização dos direitos de plan-tação prevista para 2013 criará maisdificuldades: “Não adianta estarmosa liberalizar sem criar mercados”.Por isso, advoga, a promoção é fun-damental.

Pioneiros no espírito associativo Porém, o espírito associativo predo-

minou no decurso daquela cerimónia.Para além da entrega das medalhasde mérito e associado honorário aoscooperantes José Carvalhais SantosLopes, Adolfo Aníbal Sequeira, Ma-nuel António Alves Dias e Marco Au-rélio Peixoto, José Lopes não deixoude fazer referência, no percurso de 50anos das Caves Santa Marta, àquelesque participaram nesse caminho.

Foi o caso das adegas cooperativasda Cumieira e de Medrões, as quais in-tegraram um processo de fusão com asCaves de Santa Marta, numa anteci-pação de décadas aos mais recentesmovimentos, sendo mesmo um dospercursores a nível nacional e europeu.Esse espírito pioneiro vive ainda hoje,uma vez que esta adega é membrofundador do grupo A9, lançado em2008 por nove adegas cooperativasportuguesas, no sentido de conquistaros mercados internacionais.

Porque, como se pode ler nas pare-des daquela instituição, “o coopera-tivismo não é uma solução paratímidos, comodistas ou aquelesque pretendam alhear-se e não to-mar parte activa na vida e futuroda sua sociedade”. •

Fusão de cooperativas

GOVERNO LANÇA LINHA DE CRÉDITOO Governo irá lançar uma linha de

crédito bonificado destinada aos

sectores da agro-indústria,

agricultura e pescas, num montante

global de 175 milhões de euros.

Segundo Luís Vieira, esta linha de

crédito será “dividida em duas

partes”, sendo que 100 milhões de

euros “serão aplicados no sector

agro-indústria e sector cooperativo”,

e visa dar “às adegas cooperativas

uma oportunidade para recorrerem a

valores consideráveis com juros

bonificados para a modernização,

fusão, concentração e promoção”.

A concentração de adegas é

encarada por Luís Vieira como

fundamental para o sucesso do

sector cooperativo. A região duriense

tem 20 adegas cooperativas, número

considerado demasiado elevado,

pelo que “é preciso recentrar as

cooperativas, dimensionando-as,

e apostar nas concentrações para

reduzir custos”. •

Luís Vieira, secretário de Estado Adjunto da Agricultura e Pescas, descerra a placacomemorativa dos 50 anos

>

Francisco Teixeira, director comercial das Caves Santa Marta.

10 JAN./FEV. NECTAR

Reportagem • Jamie Goode

Os 50 melhores vinhos portu-gueses em 2008, segundo a escolhado reputado crítico e jornalista inglêsJamie Goode, foram apresentados eprovados no dia 28 de Janeiro na Em-baixada de Portugal em Londres, nu-

Escolha de Jamie Goode

50 MELHORES VINHOS PORTUGUESESPELO QUINTO ANO CONSECUTIVO, A EMBAIXADA DE PORTUGALEM LONDRES ACOLHEU UMA PROVA DOS MELHORES VINHOS NACIONAIS. A SELECÇÃO DE 2008 COUBE AO CONCEITUADO JORNALISTA E CRÍTICO JAMIE GOODE, QUE ELEGEU CINCO BRANCOS E 45 TINTOS.

ma animada cerimónia que contoucom a presença de dezenas de convi-dados.

O evento, que este ano cumpriu a5ª edição, foi promovido pela Asso-ciation of Portuguese Wine Importers(Associação de Importadores de Vi-nhos Portugueses), com o apoio daViniPortugal.

Jamie Goode, o jornalista escolhidopara fazer a selecção de 2008, falou dadificuldade da tarefa. “Há cinco anosatrás, Richard Mayson, o primeirojornalista a fazer esta selecção, teveum trabalho mais fácil do que ac-tualmente: os vinhos portuguesespercorreram um longo caminho du-rante este período e penso que Por-tugal é, actualmente, um dos paísesprodutores de vinho mais excitantese dinâmicos da Europa. Escolher só50 vinhos foi uma tarefa difícil e,

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para ser justo com todos os produ-tores, não defini regras especiais -simplesmente tentei escolher osmeus favoritos”.

Dos muitos vinhos que provou aolongo do ano passado, Jamie Goodeacabou por escolher cinco brancos e 45tintos. Curiosamente, todos os brancoseleitos são da região dos Vinhos Verdes.

A apresentação dos vinhos, que serealizou pela primeira vez em 2005, édirigida aos profissionais ingleses daárea da restauração, importação, crí-ticos de vinhos e jornalistas. Este ano,pela primeira vez, o evento não serácircunscrito à Embaixada de Portugalem Londres. Assim, os 50 vinhos vol-tarão a ser apresentados e provadosno dia 28 de Abril em Manchester, noThe Lowry Hotel, e no dia 30 de Abrilem Edimburgo (capital da Escócia),no The Balmoral Hotel. •

Escolhidos por Jamie Goode

OS 50 MELHORES VINHOS PORTUGUESES EM 2008

VINHO ANO PRODUTOR

BRANCOS

Giro Sol 2007 Qta. de Soalheiro / Dirk NiepoortSoalheiro Primeiras Vinhas colheita 2007 Quinta de SoalheiroAlvarinho Anselmo Mendes 2007 Anselmo MendesReguengo de Melgaço 2006 Reguengo de MelgaçoQuinta do Ameal Escolha 2007 Quinta do Ameal

TINTOS

Covela Escolha Red 2005 2005 Quinta de CovelaAfros 2007 Afros WineValle Pradinhos Reserva 2005 Maria A. de Azevedo MascarenhasConceito Bastardo Red 2007 ConceitoQuinta do Vallado Touriga Nacional 2006 Quinta do ValladoQuinta do Vale D. Maria 2006 Quinta do Vale D. MariaQuinta do Crasto Vinha Maria Teresa 2006 Quinta do CrastoQuinta do Vale Meão 2005 Quinta do Vale MeãoPoeira 2005 Jorge MoreiraQuinta da Romaneira 2005 Soc. Agr. da RomaneiraQuinta de S. José 2005 João Brito e CunhaQuinta de la Rosa Vale do Inferno 2005 Quinta de la RosaGouvyas Vinhas Velhas 2005 Bago de TourigaQuinta do Noval 2005 Quinta do NovalPintas 2005 Wine & SoulQuinta da Gaivosa Vinha de Lordelo 2005 Alves de SousaDuas Quintas Reserva Colheita 2005 A. Ramos PintoNiepoort Robustus 2004 Niepoort VinhosCasa Ferreirinha Barca Velha 2000 Sogrape Quinta da Pellada 2005 2005 Álvaro de CastroPape 2005 2005 Álvaro de CastroQuinta do Perdigão Touriga Nacional 2005 Quinta do PerdigãoQuinta da Vegia Reserva 2005 Casa de CelloFlor das Maias 2005 Quinta das MaiasCabriz Escolha 2004 Dão SulVinha do Contador 2005 Dão SulQuinta do Ribeirinho Pé Franco 2005 Luís PatoQuinta das Bágeiras Garrafeira 2005 Quinta das BágeirasLokal Sílex 2006 Filipa PatoQta. de Foz de ArouceVinhas Velhas de Santa Maria 2005 Quinta de Foz de ArouceQuinta do Cardo - Selecção do Enólogo 2004 Companhia das QuintasQuinta dos Currais Reserva 2002 Quinta dos CurraisQuinta de Sant'Ana Reserva 2005 Quinta de Sant'AnaQuinta do Rocio 2006 DFJ VinhosQuinta Lagoalva de Cima Alfrocheiro 2006 Quinta da Lagoalva de CimaAdega de Pegões Cinquentenário 2005 Cooperativa Agrícola de PegõesAntónio Maria 2006 Francisco Nunes GarciaS de Soberanas 2004 SoberanasHerdade da Comporta Aragonez/Alicante Bouschet 2005 Herdade da ComportaPalácio da Bacalhôa 2005 Bacalhôa Vinhos de PortugalMarias da Malhadinha 2004 Herdade da Malhadinha NovaDona Maria Reserva 2005 Dona Maria VinhosHerdade dos Grous "Moon Harvested" 2007 Herdade dos GrousMouchão 2002 2002 Herdade de MouchãoPreta 2005 Fita Preta Vinhos

Dos muitos vinhosque provou ao longo do anopassado, Jamie Goodeacabou por escolher cincobrancos e 45 tintos.

Reportagem • nome

NECTAR OUTUBRO 1212 JAN./FEV. NECTAR

Casa Ermel inda Fre i tas • Reportagem

NECTAR JAN./FEV. 13

A apresentação do novo DonaErmelinda Reserva foi o pretexto paraa realização de uma prova e jantar ví-nico desta casa de Palmela. O evento,que teve lugar no restaurante PortoBeer, uma das várias propostas gas-tronómicas disponíveis no hotel PortoPalácio, primou sobretudo pela des-contracção e descomprometimentoda prova, sem no entanto deixar decobrir um amplo leque do portefólioda Casa Ermelinda Freitas, desde osbrancos, tintos de lote e monocasta.

Conduzida por Pedro Azevedo, daempresa distribuidora Prime Drinks,esta prova pretendeu sobretudo reve-lar um pouco mais do “terroir” da re-gião da Península de Setúbal e, so-

Casa Ermelinda Freitas

VINHOS À PROVA NO PORTOO RESTAURANTE PORTO BEER, EM PARCERIA COM A PRIME DRINKS, LEVOU A CABO UMA PROVADE ALGUNS DOS VINHOS MAIS EMBLEMÁTICOS DA CASA ERMELINDA FREITAS, INCLUINDO ONOVÍSSIMO DONA ERMELINDA RESERVA 2004.

_ T E X T O M A R C B A R R O S • F O T O S M A R C B A R R O S E C O R T E S I A P O R T O P A L Á C I O

bretudo, de Fernão Pó, onde o enólo-go Jaime Quendera potencia as ca-racterísticas resultantes da conju-gação de vinhas nascidas em solos are-nosos, pelo que a planta tem que re-alizar um esforço suplementar na ob-tenção de nutrientes, o que se traduzna qualidade e concentração das uvasobtidas, bem como na tipicidade dascastas regionais, onde o Castelão,vulgo Periquita, é rei e senhor.

O carácter de Fernão PóA prova teve início com a grande

novidade da noite, o Dona ErmelindaReserva 2004. Trata-se de um vinhoproduzido com base na casta Caste-lão, que integra o lote em cerca de60%, ao qual se juntam Touriga Na-cional, Trincadeira e Cabernet Sau-vignon, casta bordalesa que encon-trou naquela zona da Península de Se-túbal um bom pouso para a demons-tração das suas qualidades, sobretu-do ao nível da estrutura que confereaos vinhos, mas também do seu po-tencial aromático. É um vinho que apre-senta uma cor bastante carregada eintensa, com aromas especiados, quecontinuam na boca, numa sensaçãode leve picante. Alguma fruta preta etaninos bem vincados, tornam este

vinho bebível, mas que poderá cres-cer em garrafa. Deste, temos a dizerque se trata de um forte candidato amelhor compra, dada a sua forte re-lação preço/qualidade, com um custoPVP que ronda os sete euros.

De seguida foi dado a provar umdos exemplos do bom trabalho que acasa Ermelinda Freitas tem demons-trado no que toca à produção de vi-nhos monocasta. Para além do Syrah(o tal melhor do mundo...), TourigaNacional, Alicante Bouschet e Caber-net Sauvignon, o Trincadeira 2005 foio vinho dado a degustar. Com corconcentrada, o que não é de estra-nhar uma vez tratar-se de uma castatintureira, este vinho apresenta umaroma adocicado, com frutos pretosmuito maduros. Na boca é um vinhosuave e onde ressalta a sua acidez,tornando-o um vinho fresco. Porém,ganha elegância com algum tempode copo. O Trincadeira 2005 tem umPVP que ronda oito euros.

Os dois restantes vinhos provadosforam o Quinta da Mimosa 2006 e oLeo D'Honor 2003, uma experiênciainteressante, uma vez que ambos sãointegralmente produzidos a partir doCastelão. O Quinta da Mimosa é ela-borado a partir de vinhas com cerca

<Em cima:Os vinhos provados contaram com a novidade Dona Ermelinda Reserva 2004 Tinto

Em baixo:Abílio Nogueira, em conjunto com a equipa do Porto Palácio, tem feito um bom trabalho na divulgação do vinho >

14 JAN./FEV. NECTAR

Reportagem • nome

de 50 anos, enquanto que o Leo D'Ho-nor provém de vinhas com mais de 60anos, sendo produzido apenas emanos de extrema qualidade.

E se o Quinta da Mimosa ofereceuma cor e um nariz intenso, especia-do e abaunilhado, proveniente do seuestágio em madeira, já o Leo D'Honoré um vinho mais complexo e elegan-te, com fruta preta bem casada comas mais discretas notas de especiarias.Curiosamente, na boca o comporta-mento do Quinta da Mimosa parecemais suave, mostrando que se tratade um vinho já pronto para beber, aopasso que o Leo D'Honor apresenta--se ainda com uma certa adstringên-cia, podendo evoluir um pouco mais.A diferença está patente ainda nopreço, com o Quinta da Mimosa a servendido a 10 euros e o Leo D'Honor a33 euros.

A democratização dos vinhosApós a prova, foi servido um jantar

degustação, acompanhado pelos vi-nhos Dona Ermelinda Branco 2007 eTinto 2006. Pela nossa parte, acom-panhamos a refeição exclusivamentecom o branco, bastante bem conse-guido e com um preço apelativo, querondará 3,5 euros. Elaborado com ba-

se nas castas Fernão Pires (30%), Arin-to (30%), Antão Vaz (20%) e Char-donnay (20%), este vinho apresenta-se bastante frutado no nariz, com no-tas exóticas e uma untuosidade agra-dável na boca, propiciada pelos doismeses de estágio em meias pipas decarvalho francês e americano.

Assim, depois das entradas, com-postas por rissóis de carne e marisco,patanisquinhas, as aclamadas tapasde francesinha e espetadinhas de me-xilhão, provámos uma delícia de ba-calhau com um magnífico puré de grãode bico, bastante cremoso e com umpaladar levemente picante e espi-nafres, que conjugou perfeitamentecom o vinho. Na sobremesa, um fo-lhado quente de papaia com geladode chocolate com laranja fez jus aoTawny Reserva Graham's servido.

Resta aplaudir o trabalho que oPorto Beer tem desenvolvido em prolda promoção e “democratização”dos vinhos, como referiu Abílio No-gueira, responsável do espaço, propi-ciando um contacto mais próximo en-tre os produtores, os seus vinhos e osconsumidores. Até porque os preçospraticados ao público são bastanterazoáveis: prova e jantar por 22,5 eu-ros por pessoa. •

O restaurante Porto Beer assume um papel cada vez

mais importante no panoramavínico da Invicta

Um aspectoda prova

>