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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA VALDERICE PEREIRA ALVES REMOÇÃO DE SULFETO EM UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DE NÍQUEL POR OXIDAÇÃO ÚMIDA RECIFE – PERNAMBUCO Setembro - 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

VALDERICE PEREIRA ALVES

REMOÇÃO DE SULFETO EM UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DE NÍQUEL POR

OXIDAÇÃO ÚMIDA

RECIFE – PERNAMBUCO Setembro - 2006

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REMOÇÃO DE SULFETO EM UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DE NÍQUEL POR

OXIDAÇÃO ÚMIDA

VALDERICE PEREIRA ALVES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Engenharia Química. Área de concentração: Engenharia Ambiental.

Orientador: Profº. Dr. Maurício A da Motta Sobrinho Co-Orientador: Profª. Dra. Valdinete Lins da Silva

Recife / PE

Setembro, 2006

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CTG - UFPE

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais e familiares, pelo apoio e por tudo que tiveram que

renunciar ao longo de minha vida estudantil para que hoje eu pudesse

realizar mais essa conquista.

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AGRADECIMENTOS

Muitas pessoas contribuíram para uma pequena parte do trabalho, seja por meio

de um texto indicado, uma conversa informal, uma idéia, uma ajuda, um abraço.

Assim, começo os agradecimentos à Profª Valdinete Lins e ao Prof. Maurício

Motta pela orientação acadêmica, pelas críticas, comentários e observações sempre

pertinentes, pela disposição e paciência, pelo incentivo, enfim, por toda atenção e

profissionalismo.

A todos os colegas do curso de graduação em Química Industrial, pelo

companheirismo desde os tempos da universidade até hoje.

Ao corpo docente do Mestrado em Engenharia Química que proveu o

conhecimento necessário para a conclusão desta dissertação.

A Peter Boudewijn e à Phoenix do Brasil pelos recursos que viabilizaram esta

dissertação.

Muito obrigada!

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De tudo ficaram três coisas: ...A certeza de que estamos

sempre começando; ...A certeza de que é preciso continuar;

...A certeza de que podemos ser interrompidos

antes de terminar... Façamos da interrupção

um novo caminho; Da queda

um passo de dança; Do medo

uma escada; Do sonho

uma ponte; E da procura... ...Um encontro.

(Fernando Sabino)

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA.............................................................................................................iv

AGRADECIMENTOS....................................................................................................v

SUMÁRIO .....................................................................................................................vii

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................ix

LISTA DE TABELAS ....................................................................................................x

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS...................................................................xi

RESUMO .......................................................................................................................xii

ABSTRACT..................................................................................................................xiii

INTRODUÇÃO...............................................................................................................1

CAPITULO 1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..........................................................4 1.1 – MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO ............................................................................4 1.2 – REFLEXOS AMBIENTAIS DA GALVANOPLASTIA ......................................................6

1.2.1 Características do níquel .................................................................................7 1.2.2 Processo de niquelação....................................................................................7 1.2.3 – Estação de tratamento de efluentes de níquel (ETEN) .................................8

1.2.3.1– Caracterização dos efluentes .................................................................10 1.3 – TRATAMENTO DE EFLUENTES..............................................................................11

1.3.1– Processos biológicos....................................................................................11 1.3.2– Processos Físico-químicos...........................................................................12

1.3.2.1.Eletrodiálise ............................................................................................12 1.3.2.2 Adsorção seguida de flotação..................................................................13 1.3.2.3 Adsorção seqüencial................................................................................13 1.3.2.4 Troca iônica.............................................................................................14 1.3.2.5 Extração com solventes...........................................................................14 1.3.2.6 Precipitação química ...............................................................................14

1.4 – O GÁS SULFÍDRICO ..............................................................................................16 1.4.1. Propriedades físico-químicas do H2S ...........................................................16 1.4.2 Odor ...............................................................................................................17 1.4.3 Toxicidade......................................................................................................18 1.4.4 Corrosão ........................................................................................................19 1.4.5 Ação desfavorável sobre o tratamento biológico...........................................19

1.5 – OXIDAÇÃO QUÍMICA............................................................................................20 1.5.1 - Peróxido de hidrogênio ...............................................................................22

1.5.1.1 - Temperatura ..........................................................................................23 1.5.1.2 - pH .........................................................................................................23 1.5.1.3 - Contaminações (Decomposição Catalítica) ..........................................24 1.5.1.4 - Peróxido de hidrogênio na oxidação de sulfetos ..................................24

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1.5.2 – Cloro ...........................................................................................................28 1.5.2.1 – Concentração........................................................................................31 1.5.2.2·- pH .........................................................................................................31 1.5.2.3 –Temperatura ..........................................................................................31 1.5.2.4 –Contaminantes.......................................................................................32 1.5.2.5 - Cloro na oxidação de sulfetos...............................................................32

1.5.3 - Permanganato de Potássio ..........................................................................34 1.5.3.1 - pH .........................................................................................................35 1.5.3.2 - Toxicidade ............................................................................................37

1.6 – REMOÇÃO DE SULFETOS ATRAVÉS DE OXIDAÇÃO QUÍMICA .................................37

CAPÍTULO 2 – MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................42 2.1 – MATERIAIS..........................................................................................................42

2.1.1 – Reagentes e soluções...................................................................................42 2.1.2 – Equipamentos..............................................................................................42

2.2 – MÉTODOS............................................................................................................42 2.3 – PREPARAÇÃO DA AMOSTRA.................................................................................43 2.4 – PLANEJAMENTO FATORIAL .................................................................................44

CAPÍTULO 3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................45 3.1 – ESTUDO DOS OXIDANTES.....................................................................................45

3.1.1 – Hipoclorito de sódio....................................................................................45 3.1.2 – Hipoclorito de cálcio ..................................................................................47 3.1.3 – Permanganato de potássio..........................................................................49 3.1.4 – Peróxido de hidrogênio...............................................................................51

3.2 – ESTUDO CINÉTICO ...............................................................................................53

CAPÍTULO 4 – CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS..............................................60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................62

ANEXOS ........................................................................................................................70

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.1 - Fluxograma de um processo de galvanoplastia com indicação dos pontos

de geração de efluentes –Fonte: Companhia Pernambucana de Meio Ambiente (2001). .......................................................................................................................6

FIGURA 1.2 – Balão contendo solução de cloreto de níquel em banho-maria................8 FIGURA 2.1 –Vista superior da Estação de tratamento de efluentes de níquel. ..............9 FIGURA 2.2 – Fluxograma processo de tratamento de efluentes de níquel.....................9 FIGURA 2.3 – amostras de: (a) cloreto de níquel, (b) sulfeto de níquel e (c) filtrado

contendo sulfeto em excesso...................................................................................10 FIGURA 1.3 - Esquema do processo de eletrodiálise.....................................................13 FIGURA 1.4 –Liberação de sulfeto de acordo com o pH...............................................17 FIGURA 1.5 – Aspectos químicos do cloro em meio aquoso. .......................................29 FIGURA 1.6 - Gráfico da decomposição em função da concentração inicial.

(ABICLOR, 1993) ..................................................................................................31 FIGURA 1.7 - Esquema reagentes e condições : (i) H2O2 (14 equiv), ZrCl4(4 equiv),

CH3OH, rt; (ii) H2O2 (20 equiv), ZrCl4 (5 equiv), CH3OH,rt. ................................41 FIGURA 3.1 – Amostra de hipoclorito de sódio antes e após turvação em pH superior.

.................................................................................................................................46 FIGURA 3.2 – Interação das variáveis P (pH), C (concentração) e T (tempo) para o

hipoclorito de sódio.................................................................................................47 FIGURA 3.3 – Amostra de hipoclorito de cálcio antes e após turvação em pH superior

.................................................................................................................................48 FIGURA 3.4 – Interação das variáveis P (pH), C (concentração) e T (tempo) para o

hipoclorito de cálcio................................................................................................49 FIGURA 3.5 – Amostra com permanganato de potássio em diferentes concentrações. 50 FIGURA 3.6 – Interação das variáveis P (pH), C (concentração) e T (tempo) para o

permanganato de potássio. ......................................................................................51 FIGURA 3.7 – Amostra antes e após adição de peróxido de hidrogênio em pH superior.

.................................................................................................................................52 FIGURA 3.8 – Interação das variáveis P (pH), C (concentração) e T (tempo) para o

peróxido de hidrogênio. ..........................................................................................53 FIGURA 3.9 – Curva experimental da remoção de sulfetos ao longo do processo de

oxidação. .................................................................................................................54 FIGURA 3.10 – Curva experimental da concentração de hipoclorito de sódio ao longo

do processo de oxidação. ........................................................................................54 FIGURA 3.11 – Teste para o mecanismo bimolecular de 1ª ordem..............................57 FIGURA 3.12 – Teste para o mecanismo bimolecular de 2ª ordem aH2S + bNaOCl →

PRODUTOS , CH2S 0 ≠ CNaOCl0 ...............................................................................58

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1.1– Caracterização do efluente dos reatores na ETEN (PHOENIX, 2005). .10 TABELA 1.2: Tecnologias para remoção dos metais pesados (ECCLES 1999) ...........15 TABELA 1.3 – Características físico-químicas do gás sulfídrico (GAS PROPERTIES,

2003). ......................................................................................................................16 TABELA 1.4 – Efeitos causados pelo sulfeto ao ser humano. .......................................18 TABELA 1.5: Potencial padrão para oxidantes mais comuns (em Volts)......................21 TABELA 1.6 - Produção de oxigênio equivalente. ........................................................21 TABELA 1.7 - Sub-produtos mais comuns decorrentes do uso de oxidantes. ...............22 TABELA 1.8 – Variação da taxa de decomposição com a temperatura.........................23 TABELA 1.9 – Efeitos dos contaminantes na taxa de decomposição............................24 TABELA 2.1 – Variáveis e níveis estudados no planejamento fatorial 23 .....................44 TABELA 2.2 – Matriz de planejamento fatorial 23para cada oxidante. ........................44 TABELA 3.1 – Matriz de planejamento fatorial 23 para o hipoclorito de sódio ............45 TABELA 3.2 – Efeitos e estimativas do planejamento fatorial 23 para o hipoclorito de

sódio ........................................................................................................................46 TABELA 3.3 – Matriz de planejamento fatorial 23

para o hipoclorito de cálcio............48 TABELA 3.4 – Efeitos e estimativas do planejamento fatorial 23 para o hipoclorito de

cálcio .......................................................................................................................48 TABELA 3.5 – Matriz de planejamento fatorial 23 para o permanganato de potássio...49 TABELA 3.6 – Efeitos e estimativas do planejamento fatorial 23 para o permanganato

de potássio...............................................................................................................50 TABELA 3.7 – Matriz de planejamento fatorial 23 para o peróxido de hidrogênio.......51 TABELA 3.8 – Efeitos e estimativas do planejamento fatorial 23 para o peróxido de

hidrogênio. ..............................................................................................................52 TABELA 3.9 – Valores experimentais da equação de velocidade. ................................57 TABELA 3.10 – Custo dos oxidantes por tratamento (batelada). ..................................58

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

BRS Bactéria Redutoras de Sulfato C Concentração CAG Carvão Ativado Granulado CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente CPRH Companhia Pernambucana de Meio Ambiente DEO Demanda Endógena Orgânica DEQ Departamento de Engenharia Química DP Desvio padrão DQO Demanda Química de Oxigênio ETB Estação de Tratamento Biológico ETEN Estação de Tratamento de Efluentes de Níquel GTZ Gesellschaft Technische Zusammenarbeit ISO International Organization for Standardization LEAQ Laboratório de Engenharia Ambiental e Qualidade. OHSAS Ocupacional Health and Safety Assessment Series P pH PC pH e Concentração pH Potencial hidrogeniônico PT pH e tempo PTC pH, tempo e concentração PVC Policloreto de Vinila RO Resistance Ohmic T Tempo TC Tempo e concentração TS Technical Specification THM Trihalometano TLC Nível, Temperatura e Condutividade da água UFPE Universidade Federal de Pernambuco UV Ultravioleta

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RESUMO

O tratamento das águas residuárias de uma indústria de componentes eletrônicos que utiliza níquel em seu processo de deposição eletroquímica, consiste no uso dos métodos físico-químicos tradicionais, como precipitação química e filtração. Esta indústria da região nordeste remove o níquel presente em seu efluente pela adição de sulfeto de sódio em excesso garantindo a completa precipitação do metal. O processo de oxidação adotado pela indústria para remover o sulfeto remanescente é a remoção com ar comprimido, este processo não tem sido eficiente para atender aos parâmetros ambientais (1mg/L segundo Resolução CONAMA 357/05). Neste trabalho foi realizado um estudo da oxidação de sulfetos partindo-se de uma amostra do efluente contendo 100mg/L de sulfeto utilizando oxidantes alternativos como: peróxido de hidrogênio, permanganato de potássio, hipoclorito de sódio e hipoclorito de cálcio. Foi realizado um planejamento fatorial 2³ com dois níveis e três variáveis, a fim de determinar as melhores condições de oxidação. As variáveis estudadas para cada tipo de oxidante foram: concentração (%), pH e tempo de reação (min). Os resultados obtidos para cada oxidante foram: 85% para o hipoclorito de cálcio em condições de pH (6,5), concentração (3%) e tempo (5 min); 76% para o peróxido de hidrogênio em pH (6,5), concentração (10%) e tempo (5 min); 91% para o hipoclorito de sódio em pH (3,5), concentração (3%) e tempo (5 min) e 80% para o permanganato de potássio em pH (3,5), concentração (3%) e tempo (5 min). Nas condições estudadas o melhor rendimento foi para o hipoclorito de sódio.

PALAVRAS-CHAVE: Oxidação química, sulfeto e efluentes.

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ABSTRACT

The waste treatment of electronics components industry that use nickel in your electrochemistry process consist in aplication phisical-chemical metods as precipitation and filtration. This industry of northeast region remove nickel by add sulphide in excess with total precipitation of metal. The oxidation process adoptee by industry for removing this sulphide remaining is compressed air, this process is not efficient for according enviroment parameters (1mg/L CONAMA 357/05). The present study analyse the sulphide oxidation based sample with 100mg/L using as oxidants: hydrogen peroxide, potassium permanganate, sodium hypochlorite and calcium hypochlorite. Realized a factorial planned 2³ for determination the best condition of oxidation. The variable studed were: concentration (%), pH and reaction time (min). The results were: 85% for calcium hypochlorite pH (6,5), concentration (3 min) and time (5 min); 76% for hydrogen peroxide pH (6,5), concentration (10%) and times (1 min); 91% for sodium hypochlorite pH (3,5), concentration (3%) and times (1 min) and 80% for potassium permanganate pH (3,5), concentration (3%) and times (5 min). The best performance was sodium hypochlorite.

KEY-WORDS: Chemical Oxidation, sulphide and efluent.

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INTRODUÇÃO

O processo de fabricação de componentes eletrônicos tipo resistores requer

inicialmente o preparo de um corpo cerâmico (varilha), sobre o qual é depositado um

filme homogêneo por três tipos de processos diferentes dando origem a resistores

carbonizados, niquelados e metalizados (PHOENIX, 2005).

Dentre estes processos, o processo de niquelação é o único que gera resíduo

líquido de cloreto de níquel. O processo eletroquímico é um processo pelo qual se dá

proteção superficial a determinadas superfícies, é empregado para os mais diversos fins,

principalmente para proteger as superfícies metálicas contra a ação de intempéries,

ataques de produtos químicos, água salgada e outros (PORTO, 2003). Esse processo

gera como conseqüência, efluentes líquidos, resíduos sólidos e emissões gasosas, com

considerável grau de toxicidade (CPRH/GTZ, 2001).

Segundo BRAILE & CAVALCANTI (1993), os resíduos gerados podem ser

considerados um dos mais tóxicos entre os mais diversos tipos de indústria, devido à

presença de metais pesados.

Estes resíduos são enviados para Estação de Tratamento de Efluentes de Níquel

(ETEN), e por ser rico em metais necessita de tratamento prévio, antes de serem

descartados para a Estação de Tratamento Biológico (ETB).

Dos tratamentos conhecidos para remoção de metais pesados presentes em

despejos industriais a precipitação química é o mais comumente empregado. De forma

geral um reagente alcalino (hidróxido, carbonato ou sulfeto) é adicionado ao despejo a

ser tratado reduzindo a solubilidade do constituinte metálico e favorecendo assim a sua

precipitação (RIZZO, 2004).

O tratamento realizado na ETEN consiste na remoção do níquel por precipitação

química através da adição de sulfeto de sódio (Na2S), gerando um precipitado de sulfeto

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de níquel (NiS). Para garantir completa precipitação do níquel é adicionado sulfeto de

sódio em excesso, e o filtrado contendo este excesso precisará passar por uma oxidação

até atender completamente aos padrões estabelecidos pela legislação conforme

Resolução CONAMA No 357 de 17 março de 2005, Artigo 34, referente ao descarte de

níquel (2 mg/L) e sulfeto (1 mg/L).

A oxidação de sulfetos na ETEN através de ar comprimido, não demonstrou ser

suficiente para atender aos parâmetros ambientais. Algumas alternativas visam à

utilização de oxidantes como peróxido de hidrogênio, permanganato de potássio ou

hipoclorito de sódio e cálcio, pelo fato de serem oxidantes poderosos, ambientalmente

compatível e em sua decomposição gerar água e oxigênio, compostos presentes na

natureza.As pressões ambientais têm aumentado a preocupação das empresas a respeito

da geração (aspecto preventivo) e do tratamento (aspecto corretivo) de poluentes, a

interação com as comunidades, o atendimento à legislação, bem como, com a imagem

da empresa frente ao mercado e aos acionistas.

Os aprimoramentos tecnológicos são fundamentais para o desenvolvimento de

processos produtivos e produtos mais “limpos”; entretanto, não são, por si só,

suficientes para garantir que uma organização apresente um adequado desempenho

ambiental. (REIS, 1996).

O crescente conhecimento dos efeitos nocivos dos metais pesados ao ambiente

vem estimulando inúmeras pesquisas que abordam novas tecnologias para sua remoção,

assim como a recuperação de soluções aquosas residuais de indústrias, antes da

descarga em corpos receptores de água.

A presente dissertação de mestrado tem por objetivo estudar a atuação dos

oxidantes: peróxido de hidrogênio, permanganato de potássio, hipoclorito de sódio e

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cálcio na remoção de sulfetos provenientes de uma estação de tratamento de resíduo de

níquel. Como objetivos específicos buscou-se:

• Aumentar a eficiência do processo de oxidação - Através do estudo de

processos oxidativos mais eficientes, melhorando a qualidade do

efluente, através de um estudo sobre a influência das variáveis no

processo e assim poder otimiza-las;

• Redução da carga dos efluentes - A partir da utilização de processo

oxidativos avaliar em quanto a carga de efluentes será reduzida;

• Redução do custo de tratamento – Análise de custo para avaliar o

oxidante mais econômico;

• Estudar a cinética do processo determinando a velocidade da reação.

O trabalho está estruturado em quatro capítulos. O primeiro capítulo, “Revisão

bibliográfica” trata na primeira seção dos problemas ambientais e legislações

específicas, na segunda seção dos reflexos ambientais na galvanoplastia e na terceira

seção observam-se diversos processos para tratamento de efluentes e em especial para

os utilizados na remoção de metais. Em seguida são apresentados os oxidantes químicos

utilizados na oxidação de sulfetos e finalmente as características do sulfeto.

O segundo capítulo “Materiais e métodos” descreve todos os materiais e

equipamentos utilizados, bem como os métodos empregados, tendo em vista a oxidação

de sulfetos do efluente industrial.

Já o terceiro capítulo, “Resultados e discussões”, apresentam os modelos

estatísticos de planejamento fatorial para os oxidantes em estudo, bem como o melhor

desempenho dentre eles e o estudo cinético.

No quarto capítulo, “Considerações finais”, permite associar os casos estudados

à construção conceitual e descritiva dos três primeiros capítulos.

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CAPITULO 1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 – Meio ambiente e legislação

Os recursos naturais em nosso planeta estão cada vez mais escassos, levando a

todos uma consciência ecológica que obriga o desenvolvimento de novas metodologias

de tratamentos de resíduos e de gestão ambiental, a fim de manter o equilíbrio

ecológico. Dentro deste contexto, a maioria das indústrias é grande geradora de

poluentes e como conseqüência contaminam e reduzem recursos naturais ainda

existentes (PASQUALINI, 2004).

As atividades humanas têm provocado ao longo dos anos grandes impactos nos

ecossistemas aquáticos, sendo que os despejos de efluentes industriais e domésticos

constituem-se indiscutivelmente na maior fonte antrópica de compostos químicos que

são lançados nos corpos d’água (JUNGCLAUS et al.,1978; STAHL, 1991).

Considerando sua contribuição para a conservação e a recuperação ambiental, a

inovação tecnológica é geralmente classificada em dois grandes grupos: tecnologias

limpas “clean technologies” e tecnologias de final de circuito “end-of-pipe

technologies”. Tecnologia limpa é aquela que resulta em novos produtos ou processos

que minimizam impactos ambientais enquanto que tecnologia de fim de circuito

(technology end-of-pipe) é aquela que serve para remediar os impactos ambientais

existentes (por exemplo, reduzir a poluição). Em geral, as tecnologias limpas envolvem

produtos limpos (que apresentam baixos níveis de impacto ambiental ao longo do seu

ciclo de vida) e processos limpos (que consomem menos recursos e emitem menos

poluentes e resíduos) (CRAMER e ZEGFELD, 1991; KEMP e ARUNDEL, 1998).

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A utilização de tecnologias limpas para reuso e reciclagem de efluentes

sólidos e líquidos da indústria, conduz à minimização da quantidade de efluentes

industriais, bem como evita que substâncias poluidoras cheguem ao meio ambiente.

A partir do momento em que a degradação dos recursos naturais passou a

ameaçar a qualidade da vida humana, nasceu a consciência da necessidade da tutela

jurídica do meio ambiente. A legislação ambiental surgiu da consciência sobre o

problema da degradação e destruição do meio ambiente, onde a lei é colocada como

estratégia de controle das formas de perturbação da qualidade do meio ambiente e do

equilíbrio ecológico (CONAMA, 1992; MACHADO, 1992; SILVA, 1994).

A resolução CONAMA 357, de 17 de março de 2005, dispõe sobre a

classificação dos corpos de água e fornece as diretrizes ambientais para o seu

enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de

efluentes. Publicada pelo Ministério do Meio Ambiente, que classifica os corpos

aquáticos do território nacional segundo seus usos preponderantes, estabelece limites

máximos de concentração para até 66 (classes de) substâncias potencialmente

prejudiciais, além de definir limites e/ou condições para outros 10 parâmetros físico-

químicos. A mesma Resolução regulamenta o padrão de lançamento de efluentes

líquidos de qualquer fonte poluidora, direta ou indiretamente, no ambiente aquático,

incluindo limites máximos de concentração admissíveis para até 29 (classes de)

substâncias e definindo limites e/ou condições para 5 outros parâmetros físico-químicos.

Conforme esta resolução, o artigo 34 estabelece como parâmetros de descarte a

concentração de níquel em 2 mg/L e sulfeto 1 mg/L.

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1.2 – Reflexos ambientais da galvanoplastia

Os metais e reativos químicos são a base dos processos de tratamento de

superfície. Sua utilização produz resíduos químicos e efluentes que podem afetar de

forma drástica o meio ambiente, bem como causar sérios problemas de saúde na

população.

PONTES (2000) frisa que, independentemente de sua concentração ou

nível de toxicidade, todo efluente composto por água e reativos deve ser submetido a

um tratamento adequado e, de uma maneira geral, os efluentes gerados na

galvanoplastia provêm dos descartes periódicos dos diversos banhos concentrados

exauridos (desengraxantes, decapantes, fosfatizantes, cromatizantes, banhos de

eletrodeposição) e nas águas menos contaminadas, oriundas das etapas de lavagem

posterior às operações nos banhos concentrados.

A Companhia Pernambucana de Meio Ambiente e Recursos Hídricos -

CPRH (2001) indica que os principais poluentes gerados no processo de galvanoplastia

são: emissões gasosas, resíduos sólidos e efluentes líquidos.

FIGURA 1.1 - Fluxograma de um processo de galvanoplastia com indicação dos pontos de geração de efluentes –Fonte: Companhia Pernambucana de Meio Ambiente (2001).

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As várias etapas do processo de galvanoplastia produzem efluentes com

características distintas e, conforme BRAILE & CAVALCANTI (1993), para cada um

deles se emprega uma forma de tratamento específico.

1.2.1 Características do níquel

O níquel é um metal branco-prateado, dúctil, maleável, massa específica

8,5 g/cm3, dureza 3,5 na escala de Mohs, tem seu ponto de fusão em aproximadamente

1453º C, calor de fusão 68 cal/g, peso atômico 58,68, possuindo grande resistência

mecânica à corrosão e à oxidação; o sistema de cristalização é isométrico, possui

número atômico igual 28. (ABREU, 1962).

Este metal é muito usado sob a forma pura, para fazer a proteção de peças

metálicas, pois oferece grande resistência à oxidação. A niquelagem de peças é feita por

galvanoplastia, usando banhos de sais de níquel. O óxido de níquel é usado como

catalisador em diversos processos industriais e, dos sais, o sulfato é o mais empregado,

destinando-se a banhos para niquelagem.

1.2.2 Processo de niquelação

A Niquelação é o processo químico no qual as varilhas são polarizadas e

submetidas a um banho de cloreto de níquel. As varilhas passam por soluções ativadoras

de cloreto de paládio, cloreto de estanho e nitrato de prata, que preparam previamente a

sua superfície permitindo a deposição do metal, desta forma o níquel da solução é

transferido para as varilhas.

As varilhas são colocadas em balões de vidro apropriados e desenvolvidos

especialmente para o processo de niquelação, onde é adicionada a solução de água

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deionizada e cloreto de níquel. Os balões são aquecidos em banho-maria a uma

temperatura de 90°C, durante 90 minutos, sendo a quantidade de banhos determinada de

acordo com o valor ôhmico desejado. Quanto menor o valor ôhmico maior a quantidade

de banhos.

FIGURA 1.2 – Balão contendo solução de cloreto de níquel em banho-maria.

A solução final é descartada para a Estação de Tratamento de Efluentes de

Níquel e as varilhas seguem o processo. As varilhas secam por 20 minutos na

centrífuga, e são encaminhadas à estufa de envelhecimento por 16 horas a uma

temperatura de 230°C para uma melhor estabilização do filme.

1.2.3 – Estação de tratamento de efluentes de níquel (ETEN)

A estação de tratamento de efluentes de níquel da Phoenix é constituída

por três tanques de armazenamento de efluentes com capacidade total de 35 m³; o reator

1, onde se processa a precipitação do níquel e o reator 2 onde ocorre a oxidação do

sulfeto remanescente, ambos com capacidade para 7 m³. Um tanque para

armazenamento da solução de sulfeto de sódio de 500 L, um filtro prensa e dois tanques

de 1000 L para correção do pH contendo ácido clorídrico e soda cáustica completam a

unidade (Figura 2.1).

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Tanque de sulfeto de sódio

Filtro prensa

Tanque de armazenamento

Reator 2

Reator 1

FIGURA 2.1 –Vista superior da Estação de tratamento de efluentes de níquel.

Os efluentes de cloreto de níquel provenientes do processo produtivo são

armazenados nos tanques de armazenamento. Chegam com uma concentração de níquel

de 30g/L e pH 3, são transferidos para o reator 1 onde o pH é ajustado a 5 com soda

cáustica e em seguida o sulfeto de sódio é adicionado até pH aproximado de 6. Após

precipitação do níquel a solução é transferida para o filtro prensa onde o precipitado de

sulfeto de níquel ficará retido. O filtrado contendo apenas sulfeto em excesso será

conduzido ao reator 2 para posterior oxidação e descarte para estação de tratamento

biológico (ETB). Na Figura 2.2, pode-se observar o fluxograma do processo da ETEN.

OXIDAÇÃO

PRECIPITAÇÃO

RESÍDUO FILTRADO

ETB

ARMAZENAMENTO REATOR 2

FILTRO PRENSAREATOR 1

EFLUENTE DE NÍQUEL

FIGURA 2.2 – Fluxograma processo de tratamento de efluentes de níquel.

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O tratamento é constituído basicamente por três fases:

• Precipitação do níquel solúvel na forma de sulfeto de níquel;

• Filtragem para reter o sulfeto de níquel;

• Oxidação do excesso de sulfeto utilizado na precipitação do níquel.

(c)(b)(a)

FIGURA 2.3 – amostras de: (a) cloreto de níquel, (b) sulfeto de níquel e (c) filtrado contendo sulfeto em excesso.

1.2.3.1– Caracterização dos efluentes

A tabela abaixo apresenta os parâmetros observados no efluente da ETEN.

TABELA 1.1– Caracterização do efluente dos reatores na ETEN (PHOENIX, 2005).

PARÂMETROS LIMITES CONAMA 357/05 REATOR 1 REATOR 2 DQO (mg/L) Sem especificação 8982 8559 Cobre (mg/L) 1 8,4 0,2 Prata (mg/L) 0,1 1,6 0,1 Estanho (mg/L) 4 0,3 0,0 Paládio (mg/L) Sem especificação 0,37 0,0 Ferro (mg/L) 15 1,6 0,28 Cloretos (mg/L) Sem especificação 2493 6999 Níquel (mg/L) 2 600,0 0,8 Sulfato (mg/L) Sem especificação 451 1580 Sulfeto (mg/L) 1 200 11 pH 5-9 3,2 6,9 Temperatura(°C) <40°C 28,4 27,9

Observa-se na tabela 1.1 que os parâmetros de DQO, cloretos e sulfato estão

bastante elevados, embora não exista especificação na Resolução CONAMA 357/05

referente a estes parâmetros em descarte de efluentes industriais, o efluente passará

ainda por um tratamento biológico através do processo de lodos ativados onde serão

reduzidos. No que se refere às concentrações de níquel e sulfeto, observa-se que a

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concentração de níquel atende a resolução CONAMA No 357, especificada em 2 mg/L,

porém o sulfeto necessitará de uma adequação no Reator 2 a fim de atender ao limite de

concentração de 1 mg/L.

1.3 – Tratamento de efluentes

Despejos contendo íons metálicos, entre outros contaminantes, são

gerados na maior parte dos casos por indústrias de processamento de metais e por

plantas de concentração de minérios sulfetados. Esses contaminantes são, em particular,

indesejáveis do ponto de vista ambiental uma vez que possuem efeitos cumulativos nos

seres vivos. O crescente conhecimento dos efeitos nocivos dos metais pesados no

ambiente vem estimulando inúmeras pesquisas para estudar sua remoção e recuperação

de soluções aquosas residuais de indústrias, antes da descarga em corpos receptores de

água. Diferentes métodos têm sido descritos para o tratamento de efluentes ácidos

contendo metais pesados, mas poucos são aplicados em escala comercial. Dentre eles

destacam-se:

1.3.1– Processos biológicos

A afinidade natural de alguns compostos biológicos por elementos

metálicos contribui para o desenvolvimento de um processo econômico de tratamento

para despejos contaminados, e vem ganhando importância e credibilidade nos últimos

anos em função da boa performance apresentada e aos baixos custos envolvidos

(GADD, 1992). Neste contexto enquadram-se os microrganismos, bactérias, leveduras,

bolores, microalgas e actinomicetos, que podem ser utilizados vivos ou mortos.

Processos biológicos utilizando bactérias redutoras de sulfato (BRS),

especialmente Desulfovibrio desulfuricans, têm sido descritos como tratamentos

eficientes e economicamente viáveis (HERRERA et al., 1997; CORK et al., 1978;

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ECCLES H., 1999), sendo de interesse industrial, tanto por suas aplicações em

processos de descontaminação ambiental como na produção de enxofre ou compostos

de enxofre de alto valor comercial.

Os dois fenômenos estão geralmente envolvidos na remoção de metais por

biomassas, são denominados de bioacumulação e biossorção (MESQUITA, 1995). O

termo bioacumulação é definido como a captação de espécies metálicas através de

processos que requerem atividade metabólica, portanto células vivas. Neste processo o

metal é captado pelas células vivas que utilizam diferentes caminhos, como o transporte

através da membrana celular, a síntese de proteínas intra e extracelulares com

capacidade de formar ligação com metais, a precipitação extracelular e a formação de

complexos como resultado da excreção de metabólitos. O termo biossorção se refere à

forma de captação de metais onde não há o envolvimento de atividades metabólicas,

portanto um mecanismo passivo. Esse processo envolve interações físico-químicas entre

o íon metálico e a superfície da biomassa, a qual pode estar até mesmo morta (inativa).

Mecanismos básicos de ligação química, como a complexação, a coordenação e a

quelatação, ou troca iônica, adsorção ou ainda microprecipitação podem estar atuando

em vários graus, na imobilização de uma ou mais espécie metálica.

1.3.2– Processos Físico-químicos

1.3.2.1.Eletrodiálise

Consiste em permear o efluente através de uma membrana seletiva para

cátions e ânions sob a ação de um campo elétrico (PILAT, 2003; PERRY et al., 1999).

Neste caso, os íons são transportados e concentrados na corrente de salmoura (Fig. 1.3).

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FIGURA 1.3 - Esquema do processo de eletrodiálise.

SCHEEREN et al. (1992) concluíram que o processo de permeação em

membrana líquida é capaz de remover metais pesados presentes em despejos industriais,

atingindo concentrações residuais permitidas para o descarte nos corpos receptores.

1.3.2.2 Adsorção seguida de flotação

Inicialmente o efluente é colocado em contato com um material adsorvente

(hidroxiapatita, zeólita, goetita, hidrotalcita etc), e em seguida esta fase sólida é

separada utilizando o processo de flotação, que consiste na fluidização e separação

destas partículas sólidas. A flotação pode ser feita utilizando ar disperso como ar

dissolvido e apresenta vantagens econômicas pelo seu baixo investimento inicial, sendo

utilizada comumente na água de lavagem de processos minerais (MATIS et al., 2002;

PERRY et al., 1999).

1.3.2.3 Adsorção seqüencial.

Consiste no uso de material absorvente como sílica, carvão ativado e

alumina. Normalmente utilizado como sistema de tratamento de polimento, pois sua

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eficiência é limitada à baixas concentrações de metais pesados (faixa <10 ppm), devido

a rápida saturação do adsorvente (YABE et al., 2003).

1.3.2.4 Troca iônica

O processo consiste na troca de íons, especificamente a substituição dos

cátions presentes na matriz do mineral. A estrutura de um silicato de alumínio é

composta por SiO4-e AlO4

-. Os cátions Al3+ e Si3+ precipitam Cd, Zn e Mn presentes em

um efluente contaminado. Os silicatos apesar de inócuos são eficientes na remoção de

metais pesados em efluentes industriais. O poder de troca iônica dos silicatos de

alumínio é uma propriedade natural e com seletividade maior para o chumbo, cádmio,

zinco e cobre (CURCOVIC et al., 1997; SCHEEREN et al., 1992).

1.3.2.5 Extração com solventes

Processo usado desde 1950, consiste no uso de duas fases imiscíveis,

usualmente uma fase orgânica, que tem um extractante, e uma fase aquosa, que contém

o metal. As duas fases misturadas geram uma emulsão que proporciona uma área

interfacial para a transferência de massa. Como resultado os íons metálicos são

transferidos da fase aquosa para a fase orgânica, onde é purificada (ZHUANG et al.,

2000; PERRY et al. 1999).

1.3.2.6 Precipitação química

O processo de precipitação química empregando-se hidróxidos como

agentes de precipitação é amplamente utilizado industrialmente. Eficiências elevadas de

remoção de metais, na faixa de 94 a 99%, são obtidas no tratamento de despejos

contendo íons cádmio, cobre, cromo trivalente, ferro, manganês, níquel, chumbo e zinco

(PALMER, 1988). Usando carbonatos a eficiência de remoção de um despejo industrial

contendo níquel e chumbo, citada por PALMER (1988), foi de 99%. Para a maioria dos

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metais pesados os correspondentes sulfetos precipitados possuem solubilidades

inferiores, em solução aquosa, aos respectivos hidróxidos e carbonatos. Isto faz com que

o processo de precipitação por sulfetos se torne uma tecnologia atrativa no tratamento

de despejos contendo íons metálicos, uma vez que níveis residuais baixíssimos podem

ser obtidos.

Vários reagentes vêm sendo examinados como agentes de precipitação

entre eles o sulfeto de sódio (Na2S), tiuréia (SC(NH2)2), tiocetamida (CH3CSNH2),

tiosulfato de sódio (Na2S2O3) e gás sulfídrico (H2S) (NESBITT, 1993). As principais

desvantagens em empregar-se esta tecnologia de tratamento estão relacionadas ao

elevado custo com reagentes, às concentrações residuais de íons sulfeto presentes no

efluente tratado e a emissão de gás sulfídrico para a atmosfera.

A Tabela 1.2 apresenta um resumo das diferentes tecnologias de

recuperação e remoção dos metais pesados com suas respectivas características e

limitações. Nota-se que o menor custo de tratamento (investimento e operacional) é o

processo que utiliza a precipitação com hidróxidos e sulfeto, sendo este último mais

vantajoso por apresentar seletividade variada em função do valor do pH.

TABELA 1.2: Tecnologias para remoção dos metais pesados (ECCLES 1999)

TECNOLOGIA pH SELETIVIDADE METAL

INFLUÊNCIA SÓLIDOS

SUSPENSOS

PRESENÇA MATÉRIA

ORGÂNICA

CONCENTRAÇÃO LIMITE (mg/L)

OPERAÇÃO US$/m³

ADSORÇÃO LIMITADA MODERADA NÃO TOLERA NÃO TOLERA <10 0,02-0,05

ELETROQUÍMICA TOLERANTE MODERADA NÃO TOLERA CONDICIONADO >10 0,13

TROCA IÔNICA LIMITADA RESINA SELETIVA NÃO TOLERA NÃO TOLERA <100 0,05-0,25

MEMBRANA LIMITADA MODERADA NÃO TOLERA NÃO TOLERA >10 0,013-0,05

PRECIPITAÇÃO (HIDRÓXIDO) TOLERANTE NÃO SELETIVA TOLERANTE TOLERANTE >10 0,003-0,013

PRECIPITAÇÃO (SULFETO) LIMITADA SELETIVIDADE

LIMITADA AO pH TOLERANTE TOLERANTE >10 0,003-0,013

EXTRAÇÃO COM SOLVENTE TOLERANTE SOLVENTE

SELETIVO NÃO TOLERA NÃO TOLERA >100 SEM DADOS

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1.4 – O gás sulfídrico

O gás sulfídrico (H2S) é um subproduto gerado na estação de tratamento de

efluentes de níquel que utiliza no seu processo de tratamento a precipitação química do

níquel da solução de cloreto de níquel através da reação com o sulfeto de sódio em

excesso que remove o níquel na forma de sulfeto de níquel. Esse gás é o principal

causador de maus odores nos arredores da estação, além de ser tóxico e potencialmente

perigoso.

1.4.1. Propriedades físico-químicas do H2S

O H2S apresenta as seguintes características físico–químicas:

TABELA 1.3 – Características físico-químicas do gás sulfídrico (GAS PROPERTIES, 2003).

Aparência: gás sem cor. Massa Molecular (g/mol): 34,08 Odor: Repulsivo semelhante a ovos podres. Ponto de ebulição (°C): -60 Pressão de vapor (psia): 394,0 (37,8°C) (Densidade do vapor (Ar = 1): 1,176 (15,6 °C) Solubilidade em água: baixa. (Densidade (H2O = 1): 0,79 (15,6 °C) Ponto de ignição: Gás inflamável a temperatura e pressão ambiente.

O pH é fator importante na evolução do gás sulfídrico que é formado,

segundo as equações (29) e (30).

H2S ↔ H+ + HS (29)

HS- ↔ H+ + S2- (30)

A dissociação está relacionada à temperatura e ao pH do meio. Em

relação ao pH, pode-se estabelecer as seguintes relações representadas pelas equações

31 e 32 (CHERNICHARO, 1997):

pH < 7 : H2S (31)

pH > 7 : HS- (32)

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Um aumento da concentração de íons H+ favorece a formação do gás

sulfídrico, como mostrado a Figura 1.4.

FIGURA 1.4 –Liberação de sulfeto de acordo com o pH.

1.4.2 Odor

Tanto o sulfeto de hidrogênio como os sulfetos orgânicos são

extremamente odoríferos e são detectáveis pelo olfato humano a uma concentração de

algumas partes por bilhão (SITTIG, 1977).

O odor desagradável de sulfeto é comparável ao ovo podre, e é

perceptível mesmo em concentrações inferiores a 0,3 ppm. Segundo GOODMAN &

GILMAN (1987), apesar do seu odor característico e desagradável, em teores acima de

150 ppm ocorre a perda da sensação de odor, que é devida à fadiga do sistema olfatório

sensitivo pela destruição pelo H2S dos nervos (neuroepitélio olfatório) responsáveis por

esta função.

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1.4.3 Toxicidade

O H2S quando inalado entra na circulação diretamente através das

membranas alvéolo capilar onde é dissociado em íons HS-. H2S livre interage

reversivelmente com metalo-proteínas formando sulfitos metálicos. Os íons HS-

interagem com numerosas enzimas e outras macromoléculas, incluindo hemoglobina e

mioglobina gerando sulfohemoglobinas em quantidade suficiente para contribuir à

toxicidade aguda.

H2S é um inibidor mais potente que o cianeto, tendo um mecanismo

celular diferente. Devido ao anteriormente dito, o controle de emissão de H2S tem que

ser cuidadoso em uma planta de produção, evitando qualquer operação unitária aberta.

(CHATURVEDI et al., 2001).

Os sulfetos constituem uma ameaça por serem venenosos à vida aquática

em geral. O gás sulfídrico é igualmente tóxico e, em concentrações superiores a 1000

ppm no ar, ocasionam a morte em poucos minutos. A irritação dos olhos e do aparelho

respiratório, dores de cabeça e sensação de fadiga são sintomas de uma exposição a

concentrações superiores a 5 ppm (Tabela 1.4). Em razão de sua pouca solubilidade e

volatilidade elevada, o perigo representado pelo gás sulfídrico é da mesma ordem do gás

cianídrico (MAINIER, 2001).

TABELA 1.4 – Efeitos causados pelo sulfeto ao ser humano.

Concentração de S2-(ppm) Efeitos fisiológicos

3 Alarme de odor

5 Limite máximo aceitável

10 Dor de cabeça e irritação dos olhos e garganta

50 Início de sérios danos ao sistema respiratório

100 Perda do olfato

300 Iminente perigo de vida

1000 Colapso imediato com paralisia respiratória

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A detecção e o monitoramento do H2S podem ser efetuados por uma

série de técnicas e equipamentos cuja principal função é registrar e avaliar as

concentrações de H2S no ambiente e conseqüentemente garantir as condições de

segurança e qualidade de vida necessária ao trabalhador. Existe uma grande diversidade

de equipamentos dimensionados para atender aos requisitos de ordem individual ou em

sistema “on-line”. Estes aparelhos indicam, continuamente, o teor de H2S presente e

alertam quando o limite é ultrapassado e pode trazer problemas ambientais. Geralmente

estão baseados nas propriedades de absorção e/ou de adsorção do H2S em materiais

específicos (AMBIENTECH, 2000).

1.4.4 Corrosão

A corrosão provocada pelo gás sulfídrico é o fator que mais contribui

para a degradação rápida das tubulações e das instalações industriais e de tratamento de

efluentes (PERÓXIDOS, 2000).

1.4.5 Ação desfavorável sobre o tratamento biológico

Em concentrações elevadas, os sulfetos são tóxicos ao tratamento

biológico, podendo reduzir a eficiência do processo e até inibir a atividade microbiana.

Na prática, para que não ocorram perturbações da biomassa, a concentração dos sulfetos

não deve ser superior a 25 mg/L. Essa concentração não deve ser variável, pois a

variação também é danosa. A presença de sulfetos no efluente favorece também o

crescimento de bactérias filamentosas (PERÓXIDOS, 2000).

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1.5 – Oxidação química

Segundo JARDIM (2004), oxidação química é o processo no qual elétrons

são removidos de uma substância aumentando o seu estado de oxidação. Alguns

processos oxidativos têm a grande vantagem de não gerarem subprodutos sólidos (lodo)

e por não haver simplesmente transferência de fase líquida (poluente) para um sólido

(como adsorção em carvão ativo, por exemplo). Os produtos finais são gás carbônico

(CO2) e água (H2O).

Inúmeros oxidantes químicos são freqüentemente usados em tratamento

de águas (como agentes de desinfecção e remoção de odor) e efluentes. Os mais comuns

incluem:

• Peróxido de hidrogênio - H2O2

• Ozônio - O3

• Cloro - Cl2

• Dióxido de cloro - ClO2

• Permanganato - KMnO4 -

Há também outros sistemas de oxidação que incluem processos físicos, tais

como:

• Destruição eletroquímica

• Destruição fotoquímica - UV e UV-TiO2

• Oxidação com ar úmido

• Oxidação supercrítica com água

O poder oxidante comparativo (dado em termos do potencial padrão) de alguns

compostos mais comumente usados é mostrado na Tabela 1.5.

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TABELA 1.5: Potencial padrão para oxidantes mais comuns (em Volts).

Oxidante Condições do meio EH (V)

Cl2 ácido 1,36

HOCl

ácido básico

1,49 0,89

ClO2

ácido básico

1,95 1,16

O3

ácido básico

2,07 1,25

H2O2

ácido

1,72

KMnO4 ácido básico

1,70 0,59

Uma outra propriedade que sempre é requerida na prática quando se

pretende usar um oxidante diz respeito a estequiometria oxidante/redutor, ou seja, ao

número de moles de oxigênio disponível por unidade de peso (razão mássica) ou por

mol (razão molar) do composto. A Tabela 1.6 traz um resumo do chamado oxigênio

reativo disponível, e que é um ótimo ponto de partida para se avaliar custos em

aplicações ambientais de oxidantes.

TABELA 1.6 - Produção de oxigênio equivalente.

Oxigênio reativo equivalente Semi reação Mols [O] / mol de

oxidante Mols [O] / kg de

oxidante

Cl2 + H2O = [O] + 2Cl- + 2H+ 0,5 14,1

HOCl = [O] + Cl- + H+ 1,0 19,0

2ClO2 + H2O = 5[O] + 2Cl- + 2H+ 2,5 37,0

O3 = [O] + O2 0,3 20,8

H2O2 = [O] + H2O 1,0 29,4

2MnO4- + H2O = 3[O] + 2MnO2 + 2 OH 1,5 12,6

Quando um composto é colocado em contato com um oxidante, uma

grande variedade de sub-produtos ou intermediários podem ser produzidos, dependendo

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do tipo de oxidante escolhido. A Tabela 1.7 mostra alguns sub-produtos comumente

encontrados para os oxidantes.

TABELA 1.7 - Sub-produtos mais comuns decorrentes do uso de oxidantes.

OXIDANTE SUB-PRODUTOS

H2O2 Ácidos orgânicos (oxálico, fórmico, acético) e quinonas

O3 Orgânicos bromados, Ácidos orgânicos

Cl2 Orgânicos clorados

KMnO4 MnO2 (s)

Finalmente, o sucesso da oxidação química depende se o objetivo final do

tratamento é a eliminação de uma espécie química em particular, se é a redução da carga

orgânica como um todo, remoção de cor ou redução de toxicidade. Lembrar sempre que

um residual de oxidante poderá levar à formação de subprodutos após o tratamento,

além de ser economicamente muito desaconselhável (JARDIM, 2004). O processo,

fundamentado na geração do radical hidroxila (HO•), que é um oxidante muito forte,

permite a rápida e indiscriminada degradação de uma grande variedade de compostos

orgânicos, muitas vezes permitindo a sua completa mineralização, os processo que

geram este radical são conhecidos como processos oxidativos avançados

(SAFARZADEH-AMIRI, 1997; FENG, 2003; JOSEPH, 2001).

1.5.1 - Peróxido de hidrogênio

A principal característica do peróxido de hidrogênio é o seu forte poder

oxidante. Ele tem a propriedade de gerar água e oxigênio em sua decomposição,

compostos presentes na natureza, e por esta razão a sua utilização em processos de

tratamentos de efluentes é ambientalmente compatível. A forma de aplicação depende

do processo utilizado. Por ser um produto líquido, de fácil adição ao sistema, pode ser

aplicado na forma comercial ou diluída. Tem a propriedade de reagir rapidamente com

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compostos derivados do enxofre, tipo sulfetos. GLAZE et al.(1987), mostraram que

H2O2 é tipicamente eficiente para controlar odor. Baseada nestas informações é possível

observar a importância na escolha de alguns parâmetros:

1.5.1.1 - Temperatura

Uma solução de peróxido de hidrogênio a 50% estabilizada, estocada a

20ºC, perderá aproximadamente 1% de O2 ativo por ano, porém, com o aumento de

temperatura essa taxa se eleva significativamente. Para alterações de 10ºC de

temperatura sobre a temperatura ambiente a taxa de decomposição é elevada de 2 a 3

vezes, segundo Tabela 1.8 (DEGUSSA S.A., 2000).

TABELA 1.8 – Variação da taxa de decomposição com a temperatura.

Temperatura ( ºC ) Taxa de decomposição em O2 (L/hora/m3) 20 0,3 40 2,0 60 12,0

1.5.1.2 - pH

O peróxido de hidrogênio, ácido fraco, se dissocia em solução aquosa,

conforme equação abaixo:

H2O2 → ½ O2 + H2O (1)

O valor do pH possui uma grande influência na estabilidade do peróxido

de hidrogênio, portanto as soluções comerciais são ajustadas para um pH abaixo de 5,0.

Acima desse pH a decomposição aumenta rapidamente (DEGUSSA S.A., 2000).

Segundo RATHI et al. (2003), a taxa de degradação torna-se mais rápida

em pH ácido do que em pH neutro ou sistema alcalino. Em pH ácido baixo, o radical

(•OH) é o oxidante reativo predominante, porém, em pH alcalino baixo, tem-se a

presença do radical hidroperoxila (HO2·), que diminui a eficiência de oxidação.

23

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1.5.1.3 - Contaminações (Decomposição Catalítica)

A decomposição catalítica do peróxido ocorre conforme a equação:

H2O2 -→ ½ O2 + H2O + CALOR (2)

A reação é a mesma que ocorre na decomposição natural (Eq. 1), porém

difere na velocidade de reação. A velocidade de decomposição decorrente da

contaminação com catalisadores será determinada pela quantidade e tipo de

contaminantes metálicos (Tabela 1.9), os mais comuns são: Ferro, Cobre, Cromo,

Níquel, Vanádio, Zinco, Ouro e Prata. (DEGUSSA S.A, 2000; FMCCHEMICAL,

2006).

TABELA 1.9 – Efeitos dos contaminantes na taxa de decomposição.

CONTAMINANTE CONCENTRAÇÃO (ppm)

TAXA DECOMPOSIÇÃO (% O2 formado/dia a 100ºC)

Ferro ( Fe3+) 1,0 15 Zinco (Zn2+) 10,0 10 Cobre (Cu2+) 0,1 85

1.5.1.4 - Peróxido de hidrogênio na oxidação de sulfetos

A oxidação de sulfetos pelo peróxido de hidrogênio ocorre de duas formas.

Em solução ácida ou neutra, onde a parcela preponderante do sulfeto é transformada em

enxofre elementar conforme equação abaixo:

S2- + H2O2 → S + 2 OH (3)

A outra parcela é constituída de diferentes compostos solúveis de enxofre,

que - de acordo com a estrutura - podem também ser posteriormente oxidados. A reação

é relativamente lenta em meio ácido, mas pode ser acelerada através de íons de metal

pesado.

Em solução alcalina, pH ≥ 8, a oxidação ocorre segundo a equação (4).

2S2- + 4 H2O2 → 2SO4 2-+ 4H2O (4)

24

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Nesse caso, a reação é consideravelmente mais rápida que em meio ácido.

À temperatura ambiente ela se conclui dentro de poucos minutos, mesmo sem o auxílio

de catalisadores.

Basicamente existem quatro maneiras práticas e economicamente viáveis

de efetuar a oxidação dos sulfetos com o peróxido de hidrogênio:

Oxidação plena:

A oxidação total dos sulfetos a sulfatos com o peróxido de hidrogênio é

utilizada preferencialmente por empresas que possuem uma grande vazão de efluente

com sulfetos e pouca área para o tratamento, ou por aquelas que ainda estão com o seu

tratamento de efluentes em construção. Pode ser usada também no caso de emergência

tal como um vazamento acidental e inoperância momentânea da estação de tratamento.

A rapidez da implantação do sistema de dosagem, a facilidade operacional, e a

eficiência reacional com um tempo muito curto são características inerentes ao peróxido

de hidrogênio.

Oxidação auxiliar:

Para aquelas empresas que já efetuam a oxidação do efluente por meio de

aeração ou injeção de oxigênio, o peróxido de hidrogênio é um valioso parceiro. O uso

de quantidades suficiente para uma oxidação parcial do efluente elimina o mau odor

imediatamente e aceleram a operação de aeração subseqüente, garantindo um aumento

da eficiência do processo com economia de energia.

Polimento:

É uma adequação do efluente às condições exigidas pelo órgão de controle

ambiental. Se ao final do tratamento convencional detectar-se sulfetos acima dos níveis

de lançamento, o efluente poderá ser adequado rapidamente com uma pequena dosagem

de peróxido de hidrogênio.

25

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Oxidação preventiva:

Quando usado como medida preventiva ao desenvolvimento de sulfetos, o

peróxido de hidrogênio é primariamente usado como fonte de oxigênio (Equação 5).

2H2O2 → 2H2O + O2 (5)

O grau de decomposição a oxigênio dependerá da presença de constituintes

no efluente, particularmente metais de transição.

Os compostos de enxofre, em sua maioria, podem ser oxidados com

peróxido de hidrogênio. O consumo de peróxido de hidrogênio pode ser previsto

segundo as reações químicas, porém uma quantidade adicional pode ser necessária

devido à presença de outros contaminantes oxidáveis. Devem ser consideradas também

as condições de reação, como temperatura, pH e duração do tratamento.

Oxidação de compostos de enxofre utilizando peróxido de hidrogênio:

ENXOFRE ELEMENTAR - O enxofre é oxidável pelo peróxido de hidrogênio

apenas em meio fortemente alcalino (pH>12). Surgindo compostos solúveis de enxofre

(polissulfetos, tiossulfatos etc.) que são posteriormente oxidados em reações

secundárias.

POLISSULFETOS - Polissulfetos de fórmula geral Sx2- reagem com o peróxido

de hidrogênio em meio alcalino, resultando sulfatos e água (Equação 6).

Sx2- + (3x+1) H2O2 + (2x-2) OH- → x SO4

2- + 4 H2O (6)

Em meio ácido ou neutro os Polissulfetos decompõem-se formando

sulfetos e enxofre elementar(Equação 7):

Sx2- → S2- + (x-1)S (7)

SULFITOS - O íons sulfito é totalmente oxidado a sulfato pelo peróxido de

hidrogênio, de forma rápida em meio ácido e mais lentamente em meio alcalino

(Equação 8).

26

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SO32- + H2O2 → SO4

2- + H2O (8)

METABISSULFITOS - O íon metabissulfito, S2O52-, reage de forma

semelhante ao sulfito, pois em solução aquosa existe um equilíbrio entre: S2O52-, HSO5

e

SO52-

.

TIOSSULFATOS - Em meio fracamente alcalino o tiossulfato é oxidado pelo

peróxido de hidrogênio, sem a presença de catalisador, em alguns minutos. Em meio

fortemente alcalino a oxidação é praticamente instantânea (Equação 9).

S2O32- + 4H2O2 +2OH→ 2SO6

2- + 5H2O (9)

Em meio ácido (4<pH<7), na presença de catalisadores metálicos, a

oxidação leva à formação de tetrationato (Equação 10):

2S2O32- + H2O2 +2H+→ S4O6

2- + 2H2O (10)

Em meio fortemente ácido, o tiossulfato se decompõe em enxofre e sulfito.

DITIONITOS - Em meio alcalino, os ditionitos são oxidados a sulfatos

(Equação 11).

S 2O42- + 3H2O2 +2OH→ 2SO4

2- + 4H2O (11)

DITIONATOS - Os ditionatos são de difícil oxidação pelo peróxido de

hidrogênio. Em meio alcalino são decompostos lentamente em sulfitos e sulfatos. Esta

decomposição pode ser acelerada pela elevação da temperatura (Equação 12).

S 2O62- + 2OH→ SO3

2- + SO42- + H2O (12)

POLITIONATOS - Em meio alcalino os politionatos são oxidados a sulfatos

(Equação 13).

27

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SxO62- + (3x-5)H2O2 +(2x-2) OH→ xSO4

2- + (4x-6)H2O (13)

A oxidação em meio ácido ou neutro ocorre lentamente.

MERCAPTANAS - À temperatura ambiente e sem catalisador, as mercaptanas

oxidam-se de forma lenta pelo peróxido de hidrogênio (Equação 14).

R-SH + 3H2O2 + OH→ R-SO3- + 4H2O (14)

1.5.2 – Cloro

O cloro e seus compostos são fortes agentes oxidantes. Em geral, a

reatividade do cloro diminui com o aumento do pH, e sua velocidade de reação aumenta

com a elevação da temperatura (MEYER, 1994).

O Cloro não só é um agente desinfetante eficaz, como possui uma ação

oxidante comprovada. Sendo assim, é empregado no tratamento da água também para

outros fins, como: oxidação de Ferro e Manganês, remoção de Ácido Sulfídrico,

controle de odor, cor, sabor e remoção de algas.

Quando o cloro é adicionado a uma água quimicamente pura ocorre a

seguinte reação (DEGRÉMONT, 1979):

Cl2 + H2O → HOCl + H+ + Cl- (15)

O ácido hipocloroso (HOCl), formado pela adição de cloro à água, se

dissocia rapidamente (DEGRÉMONT, 1979):

HOCl → H+ + OCl- (16)

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A ação desinfetante e oxidante do cloro é controlada pelo ácido

hipocloroso, um ácido fraco. Em soluções de pH menor que 2, a forma predominante é

o Cl2; para valores de pH próximo a 5, a predominância é do HOCl, tendo o Cl2

desaparecido. A forma ClO- predomina em pH 10 (BAZZOLI, 1993; DEGRÉMONT,

1979).

1,

0,

0,

0,

0,

0,

00

0,10

20

30

0,40

50

0,60

0,70

80

0,90

00

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

pH

Fraç

ões i

oniz

ávei

s

HOClOCl

FIGURA 1.5 – Aspectos químicos do cloro em meio aquoso.

O cloro existente na água sob as formas de ácido hipocloroso e de íon

hipoclorito é definido como cloro residual livre. A Portaria 518/04 do Ministério da

Saúde recomenda concentração mínima de 0,2 mg/l de Cloro livre.

Quando existem, na água, amônia e compostos amoniacais, com a adição

de cloro são formados compostos clorados ativos, denominados cloraminas. O cloro

combinado quimicamente com o nitrogênio amoniacal, ou compostos nitrogenados

orgânicos (proteínas e amino-ácidos) é denominado cloro combinado disponível

(OPAS, 1987; ROSSIN, 1987).

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O cloro sob a forma de ácido hipocloroso combina-se com a amônia

presente na água, formando monocloramina (NH2Cl), dicloramina (NHCl2) e

tricloramina ou tricloreto de nitrogênio (NCl3).

HOCl + NH3 = H2O + NH2Cl (monocloroamina) (17)

HOCl + NH2Cl = NHCl2 + H2O(dicloroamina) (18)

NHCl2 + HOCl = NCl3 + H2O(tricloroamina). (19)

Os produtos da reação dependem do pH, da temperatura, do tempo e da

razão inicial entre cloro e amônia (ROSSIN, 1987; VAN BREMEM, 1984).

O pH da solução influencia as quantidades relativas das cloraminas

presentes. Essas reações podem ocorrer simultaneamente, e o aumento de acidez e da

relação cloro/nitrogênio favorece a formação dos derivados mais clorados.

As reações são mais rápidas em valores de pH mais baixos, onde é elevada

a concentração de ácido hipocloroso não-dissociado (VAN BREMEM,1984).

O cloro pode ser aplicado sob as formas de hipoclorito de cálcio e

hipoclorito de sódio, os quais, em contato com a água, se ionizam conforme as equações

20 e 21 (MORGADO, 1999):

NaOCl→ Na+ + OCl- (20)

Ca(OCl2) → Ca 2+ + 2OCl- (21)

Comercialmente, o hipoclorito de cálcio é encontrado na forma sólida, em

diversas marcas, sendo relativamente estável na forma seca (perda aproximada de

concentração igual a 0,013% por dia). Já o hipoclorito de sódio é encontrado na forma

líquida (solução), em concentrações que usualmente variam de 1 a 16%. Não é viável

comercializar o hipoclorito de sódio em concentrações mais elevadas, uma vez que a

sua estabilidade química diminui rapidamente com o aumento da concentração. Por

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exemplo, à temperatura ambiente, a concentração de uma solução de hipoclorito de

sódio a 18% reduz-se a metade em apenas 60 dias (USEPA, 1986).

Os hipocloritos são mais utilizados no tratamento de água de piscinas e em

estações de tratamento. Principais fatores que influenciam na decomposição do

hipoclorito (CARBOCLORO, 2005):

1.5.2.1 – Concentração

A concentração inicial do produto influencia muito na decomposição.

Quanto maior a concentração, maior será a decomposição inicial.

FIGURA 1.6 - Gráfico da decomposição em função da concentração inicial. (ABICLOR, 1993)

1.5.2.2·- pH

Hipoclorito de sódio é comercializado com um pequeno excesso de soda

cáustica, suficiente para garantir maior estabilidade.

1.5.2.3 –Temperatura

A temperatura tem forte influência na decomposição do produto. É muito

importante que a estocagem seja coberta, em local fresco e arejado.

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O produto pode ser estocado, em tanques de polietileno, resina reforçada

com fibra de vidro ou em bombonas opacas ou escuras. Pode-se também utilizar tanques

metálicos revestidos com resinas reforçadas com fibra de vidro ou PVC. O uso de

tanques constituídos em cimento-amianto não são adequados para a estocagem do

produto, uma vez que estes materiais são ricos em substâncias que decompõem o

hipofosfito. Assim, a solução de hipoclorito deve ser estocada em locais frescos e em

tanques resistentes à corrosão.

1.5.2.4 –Contaminantes

A pior contaminação é a proveniente de metais, principalmente níquel,

cobre, ferro entre outros. Este tipo de contaminação favorece a decomposição via

oxigênio (Equação 23).

O hipoclorito não pode entrar em contato com materiais metálicos, pois

estes aceleram a decomposição. Os produtos da decomposição são inofensivos;

constituindo-se principalmente de sal (cloreto de sódio) e oxigênio.

O hipoclorito de sódio é um produto inerentemente instável. Decompõe-se

de duas maneiras, sendo que a conseqüência imediata é a redução do teor de cloro ativo

ou hipoclorito:

A reação dominante forma clorato de sódio:

3NaClO = 2NaCl + NaClO3 (22)

A reação secundária, que ocorre em menor escala, gera oxigênio:

2NaClO = 2NaCl + O2 (23)

1.5.2.5 - Cloro na oxidação de sulfetos

Pode-se ainda proceder à remoção de sulfetos pelo uso de outros oxidantes

enérgicos, como por exemplo, o dióxido de cloro, a ozona ou o hipoclorito de sódio ou

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cálcio. Segundo ALVES et al. (2004) a fórmula geral para o uso de cloro gasoso ou na

forma de hipoclorito em combinação com o gás sulfídrico é a seguinte:

HClO → HCl + [ O ] (24)

H2S + [ O ]→ H2O + [ S ] (25)

O uso de cloro no tratamento da água pode ter como objetivos a

desinfecção (destruição dos microorganismos patogênicos), a oxidação (alteração das

características da água pela oxidação dos compostos nela existentes) ou ambas as ações

ao mesmo tempo (BAZZOLI, 1993).

A principal preocupação, e principal inconveniente apontado por alguns

especialistas, especialmente da área ambiental, contra a cloração de efluentes, tem sido

com respeito à formação de compostos organoclorados, elementos apontados como

nocivos à saúde humana por possuírem potencial carcinogênico. A entidade ambiental

americana EPA fixou um limite máximo de 0,1mg/l (100 microgramas por litro) de

THMs nas águas de abastecimento e no Brasil somente com a Portaria 518/04, aprovada

pelo Ministério da Saúde, é que se determinou Valor Máximo Permissível, portanto, o

nível de segurança assumido pela Organização Mundial da Saúde e pelo Ministério da

Saúde é de 100 microgramas por litro para concentração de THMs totais. Não se

observa a formação de THMs (trihalometanos) nas amostras com dosagem até 25 ppm

de cloro ativo.

Quando introduzido no esgoto, o cloro ataca preferencialmente os

compostos sulforados. Somente com uma quantidade superior a estequiometricamente

necessária para reagir com todos os compostos mais reativos, como o gás sulfídrico e os

sulfetos, e alguns íons metálicos no estado reduzido, como ferroso, é que o cloro irá

reagir com outros compostos oxidáveis, começando, por sua vez com os nitrogenados

(ALVES et al., 2004).

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Assim, somente uma quantidade excessiva de cloro ou hipoclorito (ácido

hipocloroso) poderia fazer este reagir com a matéria orgânica, absolutamente mais

estável que os compostos sulforados e nitrogenados, para então ocorrer à formação de

THM. Isso se explica pela alta reatividade do hipoclorito com os sulfetos em relação à

baixa reatividade com compostos orgânicos. Deve-se frisar que o objetivo de tal

aplicação é a redução de maus odores oriundos da emissão de gás sulfídrico, através da

oxidação enérgica e instantânea dos sulfetos, de modo a fixar o enxofre inodoro e não-

volátil no efluente, desta forma se reduz o potencial do gás sulfídrico se dispersar no ar.

1.5.3 - Permanganato de Potássio

O permanganato de potássio (KMnO4) é um sólido cristalino que pode ser

preparado em solução aquosa de concentração desejada (até 4%). Por ser sólido, os

riscos de transporte são minimizados. O permanganato de sódio (NaMnO4) é

usualmente fornecido como um líquido concentrado (40%), sendo geralmente diluído e

aplicado em baixas concentrações, assim os riscos de poeira são eliminados.

NaMnO4 e KMnO4 são poderosos agentes oxidantes e largamente usados

na indústria química, com propriedades bactericidas e algicidas. O permanganato é

usado na purificação de água de beber e tratamento de efluentes. Ele é também usado

para controlar odor, inclusive desodorizador de descarga de fábricas de tintas,

processamento de peixe entre outros. Outros usos incluem alvejamento, limpeza de

metais, produção de placas de circuitos de impressão e síntese química. Permanganato

de potássio não é encontrado naturalmente na crosta terrestre e é produzido pela

oxidação térmica do dióxido de manganês {MnO2 / Mn 4+} seguido pela oxidação

eletrolítica. Todavia, manganês (Mn) é um elemento que é encontrado naturalmente em

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rochas, solos e água. No meio ambiente compreende cerca de 0.1% da crosta terrestre,

sendo usualmente encontrado como pirolusita ex: MnO2.

Em muitas aplicações, o íon permanganato solúvel {MnO4- /Mn 7+} é

reduzido a dióxido de manganês insolúvel. Para a maior parte o MnO2 formado de uma

reação de permanganato é inerte, insolúvel e quimicamente similar ao original MnO2

encontrado naturalmente na terra.

O Manganês existe no ambiente aquático de duas formas: Mn (II) e Mn

(IV). A transição entre estas duas formas ocorre via reação de oxidação e redução que

pode ser mediada abiótica ou microbiologicamente (NEALSON, 1983; THAMDRUP et

al., 2000; HEAL, 2001). Ambas as formas de permanganato são agentes oxidantes com

uma afinidade preferencial para oxidar compostos orgânicos contendo ligação dupla

carbono-carbono, grupos aldeídos, ou grupos hidroxilas (THE INTERSTATE

TECHNOLOGY & REGULATORY COUNCIL, 2005).

1.5.3.1 - pH

A química ambiental do manganês é largamente administrada pelo pH e

condição redox. O Mn 2+ predomina em condições de baixo pH e potencial redox, com

um aumento proporcional a pH 5.5 são formados oxihidróxidos de manganês coloidal

(LAZERTE & BURLING, 1990). Em efluentes ácidos de despejo de minas, a

concentração de manganês dissolvido foi < 40 µg/litro em pH acima 5.5; todavia,

abaixo de pH 3, a concentração de manganês dissolvido variou de 250 a 4400 µg/litro

(FILIPEK et al., 1987).

Uma série complexa de reações de oxidação, precipitação e adsorção

ocorrem quando Mn 2+ está presente em ambientes aeróbicos. Todavia, a cinética de

oxidação do Mn 2+ é lenta em águas com pH abaixo de 8.5 (ZAW & CHISWELL,

1999). O tempo requerido para a oxidação e precipitação de manganês varia de dias na

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água natural há anos em águas sintéticas (STOKES et al., 1988). A variação de

oxidação do manganês melhora como o aumento do pH ou a presença de superfície

catalisada com dióxido de manganês (HUNTSMAN & SUNDA, 1980).

Soluções de permanganato (MnO4-) são efetivos como agentes oxidantes

para controlar odor em soluções ácidas e alcalinas (MINER, 1974). Todavia, a

eficiência diminui em soluções neutras.

A reação do permanganato em condições ácidas envolve a transferência de

cinco elétrons como mostra a Equação 26, com Mn2+ produzido. Na faixa de pH de 3.5–

12, a reação envolve a transferência de três elétrons como mostra a Equação 27, com

MnO2 (sólido) como produto primário da reação. Em pH alto (>12), ocorre a

transferência de um elétron como dado na Equação 28, produzindo MnO4-2. Nestas três

reações, o manganês é reduzido de Mn+7 a Mn+2 (Eq. 26), Mn+4 (Eq. 27), ou Mn+6 (Eq.

28). Equação 26 representa a típica reação nas condições ambientais comuns e conduz a

formação do dióxido de manganês sólido.

pH < 3.5 MnO4- + 8H+ + 5e- → Mn2+ + 4H2O (26)

3.5 < pH < 12 MnO4- + 2H2O + 3 e- → MnO2(s) + 4OH- (27)

pH > 12 MnO4- + e-→ MnO4

2- (28)

O cátion Mn+2 formado em condições fortemente ácidas (pH <3.5) pode

ser oxidado pelo excesso (não reagido) de íons permanganato e formar um precipitado.

Todavia, MnO2 é naturalmente reduzido com rendimento baixo a Mn+2. Em todas as

três reações, a razão de reação melhorará com o aumento da temperatura, o aumento da

concentração de KMnO4 e o aumento da concentração de compostos oxidáveis.

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1.5.3.2 - Toxicidade

Muitos testes de toxicidade têm sido conduzidos usando sais solúveis de

Mn+2. Pouco é conhecido sobre a toxicidade aquática de colóides, particulados e

complexos de manganês. Em geral a toxicidade é inversamente proporcional à

solubilidade.

1.6 – Remoção de sulfetos através de oxidação química

O uso de peróxido de hidrogênio (H2O2) para controlar odores em

abatedouros suínos foi documentada no início de 1970 (MINER, 1974). Dejetos de

porco foram tratados com peróxido de hidrogênio a 10%, diluídos em níveis de 115 e

275 ppm por O’NEIL (1972). Ele constatou que os níveis de sulfeto de hidrogênio

foram reduzidos a zero nos dejetos. O controle de odores maiores já foi obtido na

dosagem de 115 ppm. Foi observado também que o Sulfeto de hidrogênio que estava

presente em um nível de 10 ppm, foi reduzido a zero depois do tratamento.

SATO et al. (2000), verificou que sulfetos alifáticos e aromáticos são

oxidados a sulfóxidos ou sulfonas com alto rendimento com peróxido de hidrogênio a

30%. Sulfetos de dialquila e alquil arila são oxidados a sulfóxidos usando peróxido de

hidrogênio sem catalisador. A oxidação de sulfeto foi eficientemente alcançada na

presença de pequenas quantidades de Na2WO4, um ácido fosfônico iniciador

(C6H5PO3H2), e um sal ácido quaternário de amônio, [CH3(n-C8H17)3N]HSO4. Sem o

ácido fosfônico em condições idênticas o rendimento foi reduzido a 13%. O uso de

H2O2 30% é recomendado, todavia o H2O2 a 60% oxidou sulfetos mais rapidamente. A

reação com H2O2 a 5% não ocorreu a 25°C. Eles obtiveram uma condição ótima de

obtenção da difenil sulfona através da mistura de difenil sulfeto, H2O2 30%,

Na2WO4.H2O, C6H5PO3H2, e [CH3(n-C8H17)3N]HSO4 (substrato/ H2O2 /W/acido

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fosfônico/PTC=1000:2500:1:1 ) sob agitação a 50°C por 2 h a 1000 rpm, com 99% de

rendimento. Ambos sulfetos aromáticos e alifáticos podem ser usados, com o último

sendo mais reativo.

SHAABANI & LEE (2001) descreveram um procedimento simples e geral

que pudesse ser usado para transformação oxidativa de muitos grupos funcionais

orgânicos usando um oxidante barato e ambientalmente correto como o permanganato

de potássio. Os melhores resultados são obtidos quando o KMnO4 é primeiro misturado

com sulfato pentahidratado (ou a mistura 20/80 de sulfato de cobre/alumina) para dar

um reagente que tem sido usado extensivamente como oxidante em solventes inertes. O

redutor (2 mmol) é adicionado a uma porção de oxidante (4 g), em 25 mL. TLC

(equipamento de medição do nível, temperatura e condutividade da água) é indicado

para monitorar a reação. Sulfetos de arila e alquila são convertidos às correspondentes

sulfonas com rendimento acima de 85%.

LAI & LEE (2002) também utilizaram ácidos de Lewis combinado com

permanganato em solução de acetona para formar um complexo que tem capabilidade

de oxidação. As literaturas do uso do ácido de Lewis na oxidação com permanganato

são limitadas a dois estudos – um na oxidação de sulfetos, e outro na oxidação de

alcanos. Em 1994, BLOCK et al. relataram que o Tioanisole foi resistente a oxidação

por permanganato com o cloreto de ferro (III). Xie et al. (2000), usando cloreto de zinco

como catalisador demostraram a reação. Um prévio estudo do efeito catalítico do

cloreto de ferro (III) na oxidação de sulfetos com permanganato foi confirmada usando

sulfeto de benzil fenila como um redutor típico. Pode-se comprovar que o tratamento de

sulfeto de benzil fenila com permanganato e cloreto de ferro (III) em acetona ou

acetonitrila dão sulfonas correspondentes. Todavia, na mesma condição, com ausência

de cloreto de ferro (III) os resultados são reduzidos.

38

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SHAABANI et al (2004) estudaram a combinação de permanganato de

potássio(KMnO4) e dióxido de manganês (MnO2) ativo na proporção de 1:3 (gramas)

para produzir um reagente que pode ser usado na oxidação de uma variedade de

compostos orgânicos. Quando compostos orgânicos são oxidados por este reagente, o

co-produto sólido é o dióxido de manganês contendo quantidade residual de

permanganato de potássio. Este co-produto pode ser reciclado, fazendo o processo

infinitamente sustentável na teoria. Sulfetos de arila e alquila são ambos oxidados pelo

dióxido de manganês e permanganato de potássio. Todavia na reação do dióxido de

manganês ativo com sulfetos é obtido somente sulfóxidos. Com irradiação ultra-sônica a

reação do KMnO4 suportado em MnO2 se processa mais rapidamente. Os produtos são

originados da reação de sulfeto com KMnO4, e não pela reação do sulfeto com MnO2.

Estes oxidantes foram preparados através da mistura de permanganato de potássio(1.0 g,

6.3 mmol) e ativado com dióxido de manganês (3.00 g, 34.5 mmol). Eles adicionaram

um substrato (2.0 mmol) à mistura de oxidante KMnO4 e MnO2 (4.0 g), em 25 mL, e

monitoraram o progresso da reação por TLC.

POPIEL et al. (2005) mostraram que um dos métodos de descontaminação

do gás mostarda (dicloretilsulfeto) é a oxidação. Oxidantes como peróxido de

hidrogênio e hipoclorito de sódio oxidaram o gás mostarda a sulfóxidos e sulfonas. O

Gás mostarda foi preparado no laboratório em 1990 e estocado em ampola de vidro com

pureza de (99.8%). Foram preparadas soluções aquosas 0.027 e 0.108 mmol/mL de

peróxido de hidrogênio e hipoclorito de sódio. Em cada caso a razão da concentração

inicial do oxidante e do gás foi 5:1 por mol. No presente estudo a concentração inicial

de mostarda foi 0.0054 mmol/mL, a 20 ◦C. Usando peróxido de hidrogênio como

oxidante a maioria dos produtos formados foram sulfóxidos. Com hipoclorito de sódio

como oxidante, o gás mostarda foi oxidado primeiro a sulfóxidos e depois a sulfonas.

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KSIBI (2006) estudou o reuso de efluentes domésticos como combate à

escassez de água na Tunísia. Após oxidação com peróxido de hidrogênio as substâncias

orgânicas no efluente foram decompostas. A oxidação de sulfetos a sulfatos pelo H2O2

pode ser aplicado diretamente ao efluente para desodorizar. Foram testados a oxidação

química (peróxido de hidrogênio) e Processos Oxidativos Avançados – POA (peróxido

e o catalisador ferro (Fe2+ ou Fe3+)) na desinfecção e desodorização de efluentes

domésticos em reuso na agricultura. Foi construído um reator em um tanque de 25L

equipado com um misturador de rotação (25–250 rpm), aerado com vazão de 12 L/min,

equipado com controle do pH e potencial redox. Os experimentos foram feitos a

temperatura ambiente (25 ◦C). A agitação foi feita a 100 rpm. O peróxido de hidrogênio

foi adicionado partindo de uma solução estabilizada de 30% H2O2. Cinco concentrações

diferentes de H2O2 foram testadas: 0.25, 0.5, 1, 1.5 e 2.5 ml/L. Amostras foram

coletadas durante a reação num intervalo de tempo de 30, 60, 90 min, 2 e 3 h após

adição de H2O2. Pela adição de H2O2 observou-se um aumento da concentração de

sulfatos e diminuição de sulfetos no efluente tratado, concluindo que a concentração de

sulfeto e sulfato são inversamente proporcionais. Em pH 8.62 os sulfetos são oxidados

pelo peróxido a sulfatos. O uso de peróxido catalisado por Fe2+ não teve um feito

significante no controle de odor, ou seja, na eficiência de tratamento do presente estudo.

BAHRAMI (2006) utilizou a oxidação de sulfetos para síntese de

sulfóxidos e sulfonas utilizados como produtos químicos e em alguns casos

farmacêuticos. A oxidação seletiva de sulfetos a sulfóxidos e de sulfetos a sulfonas é um

processo importante na síntese da química orgânica e somente poucos trabalhos são

encontrados na literatura sobre este tema. Como conseqüência a introdução de novos

métodos e ou trabalhos de melhoramento técnico sofrem limitações. A oxidação

quimioseletiva de sulfetos é outro ponto de interesse. Recentemente muitos

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procedimentos têm usado peróxido de hidrogênio (H2O2) como oxidante, devido ao

oxigênio disponível, baixo custo, segurança no estoque e operação e características

ambientais favoráveis. Foi utilizado nessa oxidação um ácido de Lewis como um

ativador. O ativador é essencial para o sucesso da reação por que o H2O2 oxida sulfetos

de forma lenta. Este trabalho descreveu o uso de sistema H2O2/ZrCl4 como um método

de oxidar sulfetos a sulfóxidos ou sulfonas. A rota para síntese de sulfóxidos e sulfonas

é mostrado no esquema 1:

FIGURA 1.7 - Esquema reagentes e condições : (i) H2O2 (14 equiv), ZrCl4(4 equiv), CH3OH, rt; (ii) H2O2 (20 equiv), ZrCl4 (5 equiv), CH3OH,rt.

A aplicabilidade do sistema H2O2/ZrCl4 foi examinado para a sulfoxidação

do diaril, dibenzil, arilbenzil, dialquil sulfetos em metanol. A razão de 2:14:4 sulfeto/

H2O2/ZrCl4 foi encontrada como ótima para completa conversão de sulfetos a

sulfóxidos. Todas as reações são completadas em um curto tempo. Em um béquer de

(50 mL) equipado com um agitador magnético, a solução de sulfeto (2 mmol) em

CH3OH (15 mL) foi preparada. H2O2 (30%, 14 mmol,1.4 mL) e ZrCl4 (4 mmol, 0.93 g)

foram adicionados e a mistura foi deixada por 1 – 3 min. O progresso da reação foi

monitorado pelo TLC o efluente sintético foi uma mistura de n-hexano e acetato de etila

na proporção de 7:/. Um procedimento idêntico foi feito usando H2O2 30% (20 mmol, 2

mL) e ZrCl4 (5 mmol, 1.16 g) para a oxidação de sulfetos a sulfonas.

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CAPÍTULO 2 – MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 – Materiais

2.1.1 – Reagentes e soluções

Para a realização dos experimentos de oxidação foram utilizados os

seguintes reagentes e soluções: Permanganato de potássio 99% – Alpha Galvano

Química do Brasil Ltda; Hipoclorito de cálcio 65% – Arch Química do Brasil Ltda;

Hipoclorito de sódio 12% – Cia. Agroindustrial Igarassu; Peróxido de hidrogênio 50% -

Degussa S.A.; Ácido clorídrico (HCl) – Merck S.A. Indústria Química; Hidróxido de

sódio (NaOH) p.a.– Merck S.A. Indústria Química; Iodo 0,025N (I2); Tiossulfato de

sódio 0,025N (N2S2O2.5H2O); Biiodato de potássio 0,0021M (KH(IO2)); Indicador

Amido; Os oxidantes utilizados neste trabalho não são de grau analítico, mas comerciais

com uso industrial.

2.1.2 – Equipamentos

Utilizou-se os seguintes equipamentos: Medidor de pH, DIGIMED,

modelo DM20; Agitador magnético, QUIMIS, modelo Q261; Medidor de sulfetos,

ECOLO (AMBIENTECH,2000).

2.2 – Métodos

Para a determinação de sulfetos adotou-se o método iodométrico

recomendado pelo Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 20º

edição (APHA, 1992).

Os dados cinéticos experimentais foram analisados pelo método da

integral (LEVENSPIEL, 1926).

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2.3 – Preparação da amostra

As amostras deste trabalho foram obtidas dos efluentes brutos da ETEN

contendo 100mg/L de sulfeto. Para cada ensaio realizado tomou-se uma alíquota de

200mL da amostra do efluente transferindo-o para um béquer, as concentrações dos

oxidantes (Hipoclorito de sódio, Hipoclorito de cálcio, Permanganato de potássio e

Peróxido de hidrogênio) foram adicionados nas concentrações correspondente ao

planejamento fatorial onde também ficaram definidos outros parâmetros como pH e

tempo.

Foram utilizados neste trabalho quatro oxidantes: Hipoclorito de Sódio

(pureza 12%), Hipoclorito de Cálcio (com 65% de Cloro ativo) e Permanganato de

Potássio (com grau de pureza de 99%) e Peróxido de Hidrogênio com 50% de pureza.

Prepararam-se soluções dos oxidantes nas concentrações de 1%, 2% e 3% (m/v) de

acordo com as variáveis e níveis estabelecidos no planejamento experimental (Tabela

2.1).

Cerca de 200mL da amostra foram tomadas para um béquer de 500 mL

contendo 100mg/L de sulfeto em cada recipiente, seguindo-se o planejamento já

estabelecido.

Os ajustes de pH foram realizados com solução de HCl 1:1 ou NaOH 6N.

As amostras foram submetidas a agitação constante utilizando-se um

agitador magnético Q261, com velocidade de agitação entre 50 e 1300 rpm, com pontos

de referência entre 1 e 10, sendo usado nos ensaios o ponto 3 como referência

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2.4 – Planejamento Fatorial

Para alcançar os objetivos propostos neste trabalho a metodologia

utilizada será um experimento estatisticamente planejado, do tipo fatorial completo em

dois níveis (2k), em que k é o número de parâmetros ou variáveis de entrada estudadas.

Sendo as variáveis selecionadas: Concentração do oxidante (C), pH da

amostra (P) e Tempo de reação com o oxidante (T).

Portanto, o projeto fatorial completo resultaria em uma configuração 23

com 08 experimentos mais o ponto central, totalizando 09 corridas experimentais e ao

final de toda a investigação 18, uma vez que se trabalhou em duplicata.

A Tabela 2.1 apresenta os níveis das variáveis estudadas e a tabela 2.2

apresenta a matriz do planejamento experimental. Os experimentos foram realizados de

forma aleatória como forma de minimizar os efeitos de erros devido à repetição dos

experimentos (BARROS NETO, 2001).

TABELA 2.1 – Variáveis e níveis estudados no planejamento fatorial 23

Níveis Variáveis Fatores Inferior (-) Central Superior (+)

P pH 3,5 5 6,5 T Tempo de reação (min) 1 3 5

Concentração oxidante (%): Hipoclorito de sódio 1 2 3 Hipoclorito de cálcio 1 2 3 Permanganato de potássio 1 2 3

C

Peróxido de hidrogênio 2 6 10

TABELA 2.2 – Matriz de planejamento fatorial 23para cada oxidante.

Ensaios P T C 01 + + + 02 - + + 03 + - + 04 - - + 05 + + - 06 - + - 07 + - - 08 - - - 09 0 0 0

44

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CAPÍTULO 3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 – Estudo dos oxidantes

Estão descritos abaixo todas as combinações possíveis de se obter com as

três variáveis estudadas, os resultados e a matriz de planejamento para um fatorial 23.

Os efeitos calculados num planejamento fatorial 23 também podem ser

interpretados como contrastes geométricos. A figura básica é um cubo. Nos vértices

encontram-se as médias dos resultados obtidos relativos a cada ensaio.

3.1.1 – Hipoclorito de sódio

As amostras tratadas por hipoclorito segundo tabela 2.1 apresentaram os

resultados abaixo:

TABELA 3.1 – Matriz de planejamento fatorial 23 para o hipoclorito de sódio

Ensaios P T C REMOÇÃO (%) MÉDIA 01 + + + 70% 73% 72% 02 - + + 91% 90% 91% 03 + - + 68% 74% 71% 04 - - + 76% 77% 77% 05 + + - 38% 36% 37% 06 - + - 43% 42% 43% 07 + - - 23% 16% 20% 08 - - - 42% 33% 38% 09 0 0 0 64% 64% 64%

Observou-se experimentalmente que o melhor percentual de remoção

encontrado foi na condição de concentração (+), pH (-) e tempo (+). Nos ensaios 01, 03,

05 e 07 após adicionar o oxidante, estando o pH no nível superior, houve turvação e

formação de precipitado branco leitoso, que provavelmente deve ser decorrente da

precipitação do sulfato gerado no processo de oxidação envolvido.

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FIGURA 3.1 – Amostra de hipoclorito de sódio antes e após turvação em pH superior.

A estimativa do desvio padrão do efeito foi de 1,69. Para avaliar se os

efeitos calculados são significativamente diferentes de zero, empregou-se o teste t de

Student. com 7 graus de liberdade (2,365), obtendo-se os intervalos com 95% de

confiança os quais estão apresentados na Tabela 3.2.

TABELA 3.2 – Efeitos e estimativas do planejamento fatorial 23 para o hipoclorito de sódio

Efeitos principais P 12,0 ± 1,69 T -9,3 ± 1,69 C -43,3 ± 1,69

Interação de dois fatores PT -0,3 ± 1,69 PC -0,3 ± 1,69 TC -2,0 ± 1,69

Interação de três fatores PTC 6,5 ± 1,69

Efeitos principais e interações maiores em módulo que 3,99 são

considerados significativos. No caso, são significativos todos os efeitos principais e as

interações de três fatores PTC.

Fazendo-se a interpretação com contrastes geométricos, onde nos vértices

encontram-se as médias dos resultados obtidos na Tabela 3.2.

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C

P

T

- -

+

+

+-

72 91

71 77

37

20

43

38

FIGURA 3.2 – Interação das variáveis P (pH), C (concentração) e T (tempo) para o hipoclorito de sódio.

Observa-se que à medida que o tempo de oxidação aumenta, a remoção de

sulfetos aumenta. O aumento da concentração do oxidante se mostra bastante favorável

à remoção de sulfetos. Em geral, o efeito do aumento do pH é desfavorável à remoção

de sulfetos, pois diminui a sua remoção. O melhor percentual de remoção encontrado

foi na condição de concentração (+), pH (-) e tempo (+). Segundo MORGADO (1999)

em geral a reatividade do cloro diminui com o aumento do pH.

3.1.2 – Hipoclorito de cálcio

Os resultados do experimento com hipoclorito de cálcio encontram-se na

Tabela 3.4 a quantidade de hipoclorito dosado para cada concentração utilizada

correspondeu a 1% do volume total da amostra (2 mL). Durante o tempo definido nos

ensaios as amostras ficaram sob agitação com agitador magnético.

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TABELA 3.3 – Matriz de planejamento fatorial 23 para o hipoclorito de cálcio

ENSAIO P T C REMOÇÃO (%) MÉDIA 01 + + + 85% 84% 85% 02 - + + 76% 68% 72% 03 + - + 84% 84% 84% 04 - - + 58% 57% 58% 05 + + - 64% 68% 66% 06 - + - 48% 51% 50% 07 + - - 46% 45% 46% 08 - - - 34% 36% 35% 09 0 0 0 50% 53% 52%

Observou-se experimentalmente que nos ensaios 01, 03, 05 e 07 (pH

superior) houve turvação e formação de precipitado branco leitoso.

FIGURA 3.3 – Amostra de hipoclorito de cálcio antes e após turvação em pH superior

A partir do desvio padrão calculado através das medidas em duplicatas,

calculou-se a estimativa do desvio padrão do efeito (1,22) que está apresentada na

Tabela 3.4.

TABELA 3.4 – Efeitos e estimativas do planejamento fatorial 23 para o hipoclorito de cálcio

Efeitos principais P -8,3 ± 1,22 T -12,5 ± 1,22 C -25,5 ± 1,22

Interação de dois fatores PT -10,3 ± 1,22 PC 11,3 ± 1,22 TC -5,0 ± 1,22

Interação de três fatores PTC -3,3 ± 1,22

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Efeitos principais e interações maiores em módulo que 2,9 são

considerados significativos. No caso, são significativos todos os efeitos principais e

também as interações.

P

C

T

- -

+

+

+-

8572

8458

66

46

50

35

FIGURA 3.4 – Interação das variáveis P (pH), C (concentração) e T (tempo) para o hipoclorito de cálcio.

Observa-se que o aumento do tempo de oxidação da amostra, o aumento

do pH do meio e da concentração do oxidante favorecem a remoção de sulfetos.

O melhor percentual de remoção encontrado foi na condição de

concentração (+), pH (+) e tempo (+).

3.1.3 – Permanganato de potássio

Resultados utilizando permanganato de potássio:

TABELA 3.5 – Matriz de planejamento fatorial 23 para o permanganato de potássio

Ensaio P T C REMOÇÃO (%) MÉDIA 01 + + + 69% 77% 73% 02 - + + 78% 81% 80% 03 + - + 71% 75% 73% 04 - - + 65% 68% 67% 05 + + - 50% 57% 54% 06 - + - 58% 65% 62% 07 + - - 41% 48% 45% 08 - - - 29% 38% 34% 09 0 0 0 72% 73% 73%

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Também neste caso observou-se experimentalmente que nos ensaios 01, 03

(pH e concentração superior) houve formação de precipitado marrom, provavelmente

precipitação de óxido de manganês . e nos ensaios 02 e 04 (pH superior e concentração

inferior) houve turvação e formação de precipitado branco leitoso, que pode ser

precipitação de sulfatos (Figura 3.5)

FIGURA 3.5 – Amostra com permanganato de potássio em diferentes concentrações.

A partir do desvio padrão calculado através das medidas em duplicatas,

calculou-se a estimativa do desvio padrão do efeito (2,24), cujos resultados estão

apresentados na Tabela 3.6.

TABELA 3.6 – Efeitos e estimativas do planejamento fatorial 23 para o permanganato de potássio

Efeitos principais P -0,6 ± 2,24 T -12,5 ± 2,24 C -24,8 ± 2,24

Interação de dois fatores PT -8,0 ± 2,24 PC -0,8 ± 2,24 TC -5,9 ± 2,24

Interação de três fatores PTC -1,4 ± 2,24

Efeitos principais e interações maiores em módulo que 5,3 são

considerados significativos. No caso, são significativos: os efeitos principais T e C e

também as interações TC e PT.

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FIGURA 3.6 – Interação das variáveis P (pH), C (concentração) e T (tempo) para o permanganato de potássio.

P

C

T

- -

+

+

+-

73 80

73 67

54

45

62

34

Observa-se que em geral que o aumento do tempo de oxidação e o

aumento da concentração do oxidante favorecem a remoção de sulfetos. Em geral o

aumento do pH não se mostra eficiente na remoção de sulfetos. O melhor percentual de

remoção encontrado foi na condição de concentração (+), pH (-) e tempo (+).

3.1.4 – Peróxido de hidrogênio

Partindo-se do reagente líquido contendo 50% de peróxido de hidrogênio

foram preparadas três soluções de concentração 2%, 6% e 10%, conforme definido na

tabela 2.1. Os resultados encontram-se na Tabela 3.7.

TABELA 3.7 – Matriz de planejamento fatorial 23 para o peróxido de hidrogênio.

Ensaio P T C REMOÇÃO (%) MÉDIA 01 + + + 78% 73% 76% 02 - + + 53% 62% 58% 03 + - + 75% 68% 72% 04 - - + 40% 36% 38% 05 + + - 75% 73% 74% 06 - + - 50% 42% 46% 07 + - - 54% 56% 55% 08 - - - 32% 31% 32% 09 0 0 0 40% 44% 42%

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Observou-se experimentalmente que nos ensaios 01, 03, 05 e 07 (pH alto)

houve turvação e formação de precipitado branco leitoso. Nesta condição segundo

FMCCHEMICAL (2006) o sulfeto está sendo convertido em sulfato (Figura 3.7).

FIGURA 3.7 – Amostra antes e após adição de peróxido de hidrogênio em pH superior.

A partir do desvio padrão calculado através das medidas em duplicatas,

calculou-se a estimativa do desvio padrão do efeito (1,95), cujo resultado encontra-se

na Tabela 3.8.

TABELA 3.8 – Efeitos e estimativas do planejamento fatorial 23 para o peróxido de hidrogênio.

Efeitos principais P -25,8 ± 1,95 T -14,3 ± 1,95 C -9,0 ± 1,95

Interação de dois fatores PT -2,8 ± 1,95 PC 0,0 ± 1,95 TC -2,5 ± 1,95

Interação de três fatores PTC 5,0 ± 1,95

Efeitos principais e interações maiores em módulo que 4,62 são

considerados significativos. No caso, são significativos todos os efeitos principais e

também a interação PTC.

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P

C

T

- -

+

+

+-

76 58

72 38

74

55

46

32

FIGURA 3.8 – Interação das variáveis P (pH), C (concentração) e T (tempo) para o peróxido de hidrogênio.

Observa-se que o aumento do tempo de oxidação, do pH do meio e da

concentração do oxidante favorecem à remoção de sulfetos, e dentre as três variáveis o

aumento de pH promoveu a maior remoção. O melhor percentual de remoção

encontrado foi na condição de concentração (+), pH (+) e tempo (+). KSIBI (2006) em

seus experimentos também obteve melhor percentual de remoção de sulfeto em pH

elevado.

Como a concentração de ferro no efluente, segundo a Tabela 1.9, é de 1,62

mg/L, o mesmo atuará como catalisador natural da reação de oxidação com o peróxido.

3.2 – Estudo cinético

O sistema adotado pela empresa para tratamento do níquel gerado no

processo de niquelação é a precipitação por sulfeto em excesso.

A avaliação cinética do processo de remoção de Sulfetos através de

oxidação com o Hipoclorito de Sódio foi avaliada experimentalmente através de ensaios

em reatores descontínuos (batelada).

53

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Foram realizados ensaios nas condições ótimas do planejamento fatorial

(pH (3,5) e concentração do oxidante (3%)), fixaram-se os parâmetros pH da amostra e

concentração do oxidante, observando-se o tempo de oxidação de 1 a 10 minutos. Cada

amostra de 100mL analisada continha 100 mg/L de sulfetos, os rendimentos foram

quantificados para cada minuto. A Figura 3.9 representa a remoção de sulfetos em

função do tempo de oxidação com o Hipoclorito de Sódio.

0

5

10

15

20

25

30

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Tempo (minuto)

Con

cent

raçã

o Su

lfeto

(m

g/L)

FIGURA 3.9 – Curva experimental da remoção de sulfetos ao longo do processo de oxidação.

Observou-se que após o tempo de 5 minutos de reação o sulfeto presente

em solução foi completamente removido, atingindo concentração reduzida, atendendo

ao parâmetro de descarte de 1mg/L exigido pela Resolução CONAMA 357/05.

Do mesmo modo foi determinada a concentração de hipoclorito de sódio

com o tempo de oxidação (Figura 3.10)

g/L)

rito

(m

poc

0,00,51,01,52,02,53,03,54,04,55,0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 1Tempo (minuto)

hilo

0

FIGURA 3.10 – Curva experimental da concentração de hipoclorito de sódio ao longo do processo de oxidação.

54

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Foi determinada a quantidade de cloro ativo remanescente após 5 minutos

de oxidação nas condições ótimas do experimento que atingiu níveis inferiores a

0,0005% (5 ppm). Segundo ALVES et al.(2004), não é detectado THM em

concentrações de cloro de até 25 ppm.

Os dados cinéticos experimentais foram analisados pelo método da integral

(LEVENSPIEL, 1926). Neste método, seleciona-se um modelo cinético e sua

correspondente equação de velocidade.

Considerando a reação de oxidação de sulfetos por hipoclorito:

( )[ ] ( )

( )31] S [ OH NaCl SH NaOCl

] S [ OH ] O [ SH

30OClHHOCl

29HOClOHNaOHNaOCl

22

2k

2

k

k2

3

2

1

++→++→+

++→

++→+−+

−+

Aplicando um balanço de massa no sistema em fase líquida para o

hipoclorito de sódio e o sulfeto, tem-se:

SL rV ⋅ = t

S

ddn

NaOClL rV ⋅− = t

NaOCl

ddn

(32)

t

S

ddc

= rS - t

NaOCldcd = SHNaOCl CCk

2⋅⋅ (33)

Modelo de 1ª ordem segundo o mecanismo da reação:

rS =t

S

ddc

= [ ] SHO CCk23 ⋅⋅ (34)

t

O

ddc ][

= [ ] SHOHOCl CCkCk232 ⋅⋅− = 0 (35)

t

]O[

ddc

≅ 0 (Condição de aproximação do estado estacionário (Bodeistein)) (36)

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C[O] =SH

HOCl

CC

kk

23

2 (37)

HOClS Ckr 2= (38)

t

S

ddc

= NaOClCk1 (39)

CS = (40) NaOClNaOCl XC 0

Substituindo e integrando tem-se a equação integrada para um modelo de

primeira ordem:

(41) Ln- ( ) tk 2NaOClX-1 =

Modelo de 2ª ordem segundo a equação química global:

Considerando a reação bimolecular irreversível, representando o processo

global, como de segunda ordem, tem-se :

→ PRODUTOS bNaOClSaH +2

Sua correspondente equação de velocidade:

bNaOCl

aSH

NaOClSHSH CkC

dtdC

dtdC

r2

22 =−=−=− (42)

( ) ( ) ∫∫ =−−−

t

SH

X

SHSH

SH dtkCXMX

dX

0002

S2H

22

2

1 (43)

Separando em frações parciais e integrando:

ktMCMCC

LnCC

CCLn

XMXM

LnX

XLn SH

SHSHNaOCl

SHNaOCl

SH

SH

SH

NaOCl NaOCl )1()1()(

)1()1(

02

220

02

2

2

2

−===−

−=

= M≠1 (44) ktCC SHNaOCl )(020

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Abaixo os dados experimentais para a equação de velocidade:

TABELA 3.9 – Valores experimentais da equação de velocidade.

t CH2S XH2S CNaOCl XNaOCl Ln (M-XH2S)/(M(1- XH2S) -Ln (1-XNaOCl)0 100 0,00 3148 0,0000 0,00 0,00 1 26 0,74 4,28 0,9986 1,32 6,60 2 14 0,87 3,53 0,9989 1,97 6,79 3 10 0,91 2,66 0,9992 2,32 7,08 4 5 0,95 1,64 0,9995 3,01 7,56 5 1 0,99 1,12 0,9996 4,35 7,94

A Figura 3.11 mostra uma reta de inclinação k2 para o modelo de 1ª ordem,

com coeficiente de correlação R2 = 0,9752 , com o valor da constante k2 = 0,335.

y = 0,3455x + 6,1585R2 = 0,9752

6,0

6,5

7,0

7,5

8,0

8,5

1 2 3 4

Tempo (minutos)

- Ln

(1 -

XNaO

Cl)

5

FIGURA 3.11 – Teste para o mecanismo bimolecular de 1ª ordem

A Figura 3.12 apresenta uma reta de inclinação (C NaOCl0 – CH2S 0)k para o

modelo de 2ª ordem, com coeficiente de correlação R2 = 0,9632 tendo a constante de

velocidade assumido um valor de k = 0,7575.

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y = 0,7763x + 0,2229R2 = 0,9632

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5Tempo (minuto)

Ln (

M -

XH

2S)

M (1

- X

H2S

)

FIGURA 3.12 – Teste para o mecanismo bimolecular de 2ª ordem aH2S + bNaOCl → PRODUTOS ,

CH2S 0 ≠ CNaOCl0

Os ajustes obtidos revelam que o modelo de primeira ordem com base no

mecanismo da reação é o mais indicado para representar o comportamento cinético do

processo. Substituindo os valores de k2 e XNaOCl ,determinados experimentalmente, na

Equação 41, chega-se a conversão total de hipoclorito em 13 minutos.

Considerando o custo dos oxidantes envolvidos nos experimentos foi feita

a avaliação da utilização dos mesmos no processo de oxidação de sulfetos em escala

real. A Tabela 3.10 mostra um comparativo do custo em valores comerciais de todos os

oxidantes utilizados nos ensaios realizados.

TABELA 3.10 – Custo dos oxidantes por tratamento (batelada).

OXIDANTES R$/Kg Batelada (70Kg) Hipoclorito de sódio 1,76 123,2 Hipoclorito de cálcio 8,42 589,4 Permanganato de potássio 15,71 1099,7 Peróxido de hidrogênio 4,85 339,5

O oxidante mais viável economicamente para aplicação na remoção de

sulfeto é o hipoclorito de sódio.

Comparando o processo convencional de oxidação (ar comprimido), onde

são gastos no mínimo 16 horas com o tratamento do efluente, e o processo proposto de

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oxidação com Hipoclorito de Sódio (6 minutos). O ganho em tempo de processo será de

99%.

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CAPÍTULO 4 – CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

Tendo feito o estudo da atuação dos oxidantes: peróxido de hidrogênio,

permanganato de potássio, hipoclorito de sódio e cálcio na remoção de sulfetos

provenientes de uma estação de tratamento de resíduo de níquel, observou-se que todos

os oxidantes químicos estudados obtiveram um percentual de remoção de sulfetos acima

de 70%. Sendo o oxidante de melhor rendimento o hipoclorito de sódio com 91% de

remoção em pH (3,5), concentração (3%) e tempo (5 min).

Observou-se que após o tempo de 6 minutos de reação o Sulfeto presente

em solução foi completamente eliminado, atingindo concentração zero, atendendo ao

parâmetro de descarte de 1mg/L exigido pela Resolução CONAMA 357/05.

A quantidade de cloro ativo remanescente após 6 minutos nos mesmos

tempos experimentados atingiu níveis inferiores a 0,0005% (5 ppm) o que segundo

ALVES et al.(2004) não contribui para a formação de THM o qual só se detecta em

concentrações de cloro de até 25 ppm.

O Hipoclorito de Sódio além de apresentar a melhor eficiência na remoção

de sulfetos, possui o menor custo por quilograma de oxidante (R$ 1,76/kg) e assim o

menor custo por batelada (R$ 123,2/batelada).

Observou-se no estudo cinético que o modelo de 1ª ordem foi o que

melhor se adequou aos resultados experimentais, significando que a conversão total do

hipoclorito se aproxima do valor máximo num tempo de 13 minutos, reduzindo o teor

de sulfeto em 100 %.

Como propostas futuras pretende-se: avaliar o efeito da variável

temperatura sobre a remoção de sulfetos com os oxidantes em estudo; estudar o efeito

de interação do oxigênio presente no ar comprimido com os oxidantes durante o

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processo de tratamento de efluentes e caracterizar os compostos intermediários

formados para cada oxidante em estudo em suas condições ótimas.

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69

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ANEXOS

Modelo de 2ª ordem:

Considerando esta reação bimolecular irreversível de segunda ordem:

PRODUTOSBA ba →+

Sua correspondente equação de velocidade:

dtCCk

dtdCdCr

bB

aAB

AA =−=−=−

As quantidades A e B consumidas no tempo t são iguais e dadas por:

AAAAA

AAA CCXC

CCC

X −==−

=00

0

0 AAAA XCCC00

−=

BBBBB

BBB CCXC

CCC

X −==−

=00

0

0 BBBB XCCC00

−=

bXC

aXC BBAA 00 = a = b = 1

BBAA XCXC

00=

Escrevendo em termos de XA:

))((00000 BBBAAA

AAA XCCXCCk

dtdXCr −−=−=−

Fazendo M = CB0 = relação molar inicial de reagentes CA0

))((00000 AAAAAA

AAA XCMCXCCk

dtdXCr −−=−=−

))(1(00

2AAA

AAA XMXkC

dtdXCr −−=−=−

Após separação e integração:

70

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dtCC

kXMX

dX

A

A

AA

A

0

0

2

))(1(=

−−

( ) ( ) ∫∫ =−−−

t

00A

X

0 AA

A dtkCXMX1

dXA

Separando em frações parciais e integrando:

ktMCMCC

LnCC

CCLn

XMXM

LnX

XLn SH

SHSHNaOCl

SHNaOCl

SH

SH

SH

NaOCl NaOCl )1()1()(

)1()1(

02

220

02

2

2

2

−===−

−=

= ( M≠1 ktCC SHNaOCl )

020−