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SEMINÁRIO – RELIGIÕES AFRO- BRASILEIRAS A CRIAÇÃO - OLODUMARÉ

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Page 1: Religiões

SEMINÁRIO – RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS

A CRIAÇÃO - OLODUMARÉ

Page 2: Religiões

O Todo

No mundo sagrado, a experiência religiosa era parte integrante de cada um, da mesma forma como o sexo, a cor da pele, os membros, a linguagem. Uma pessoa sem religião era uma anomalia. Assim como HAMPATÉ BÁ afirma através da tradição oral da história africana, o espiritual e o material não estão dissociados. Se liga ao comportamento e ao cotidiano do homem e da comunidade. A cultura africana não é, portanto, algo abstrato que possa ser isolado da vida. Ela envolve uma visão particular do mundo, ou, melhor dizendo, uma presença particular no mundo – um mundo concebido como um Todo onde todas as coisas se religam e interagem.

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Deus nos Cultos Afro-brasileiros

Olodumaré é um dos nomes pelos quais os seguidores do Candomblé de tradição Iorubá (Yorubá) e os da Umbanda nomeiam o Ser Supremo. Ele é o Único Deus, Todopoderoso, o Criador de todo o Universo, o Autor de tudo o que existe, existiu e existirá. O Supremo Arquiteto e Criador do céu, da terra, das águas e da vida. Tão sublime, Ele é a Divindade Suprema que reconhece toda e qualquer forma de adoração a Ele, pois é O mesmo Deus Todo-poderoso adorado pelos seguidores de outras religiões, pois Ele se manifestou aos seres humanos de diversas maneiras, em lugares e épocas distintas – apesar do exclusivismo de alguns movimentos religiosos que O querem só para eles –, utilizando-se para isso da eterna e sensível linguagem da Natureza, expressa principalmente nos Orixás e nos espíritos ancestrais, sendo ela a mais direta via de comunicação com os seres humanos, quando quis nos transmitir suas mensagens sagradas, dotando os seres humanos de capacidades sensoriais muito sofisticadas, de forma que pudessem perceber a clara evidência de sua presença em tudo o que existe ao nosso redor.

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Olodumaré

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Rituais, oferendas e sacrifíciosOs ritos de sacrifício animal são destinados aos Orixás. O Ser Supremo, Olodumaré, não solicita sacrifício com derramamento de sangue nem oferenda, pois Ele está acima das contingências. A comunicação Homem-Deus é feita por pensamento e a palavra por excelência é Axé, que significa “que assim seja”, ou “que Deus permita que isto aconteça”, da qual os Orixás são seus intermediários e encaminhadores dos pedidos.A magia dos trabalhos que se realizam no corpo físico tem por objetivo penetrar o mundo metafísico, alcançar a matriz para modificar ou restabelecer o equilíbrio da cópia, através das energias mineral, vegetal e animal. Orientado pela intenção, o desejo atinge o alvo, liberando as propriedades necessárias:

Kò má ìkú — nada de morteKò má’run — nada de doençasKò má sè jó — nada de problemasKò má èpè — nada de maldadesÀ arin dede wa — entre todos nós.

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O orixá Exu, na cosmologia iorubá, possui funções bem definidas. Por ser o mensageiro e responsável pela ligação entre os homens e os demais Orixás, é a ele que se destina a primeira oferenda, antes de todos os outros orixás, pois, sem ele, não há a comunicação com os outros, é como se eles não escutassem o chamado dos homens. (OLIVA, 2005).

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Para os sacerdotes e pessoas comuns entre os iorubás a função principal de Exu é de representar a oposição à criação, sendo o infrator das regras e da ordem. (...) Incumbido por Olodumaré3 da tarefa de mudar o que está parado, Exu recebe o Adô, uma cabaça na qual se encontra a força da transformação. (...) Exu destrói para recriar. É o principio da desordem, inseparável da estrutura da ordem; um depende do outro. (...) Uma outra característica de Exu, que se alia à idéia da modificação e da recriação da ordem, é seu aspecto fálico: (...) ele é o senhor dos cruzamentos e dos caminhos, o que abre, penetra e liga os mundos que formam o universo religioso iorubá. (OLIVA, 2005, p. 19).

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Deve-se ter em mente que, de maneira geral, todas as tradições africanas postulam uma visão religiosa do mundo. (...) Na Europa, a palavra “magia” é

sempre tomada no mal sentido, enquanto que na África designa unicamente o controle das forças, em si uma coisa neutra que pode se

tornar benéfica ou maléfica, conforme a direção que se lhe dê. Como se diz: “Nem a magia nem o destino são maus em si. A utilização que dele fazemos

os torna bons ou maus”.

Hampaté-Bá

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Candomblé X Umbanda

• No Candomblé são feitas através do “jogo de búzios” ou “Ifá”, não aceitando a comunicação de espíritos (eguns), sendo portanto vetada sua incorporação.

• Consultas são feitas através dos espíritos de Caboclos, Pretos-Velhos, Baianos, Exus, etc.

As consultas são as principais diferenças, visto que as outras são mais pertinentes à atuação das “entidades guias” em seus trabalhos na Umbanda e aos rituais internos do Candomblé.

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Material X Espiritual

No mundo dessacralizado as coisas se inverteram. Menos entre os homens comuns, externos aos círculos acadêmicos, mas de forma intensa entre aqueles que pretendem já haver passado pela iluminação científica, o embaraço frente à experiência religiosa pessoal é inegável. Por razões óbvias. Confessar-se religioso equivale a confessar-se como habitante do mundo encantado e mágico do passado, ainda que apenas parcialmente. E o embaraço vai crescendo na medida em que nos aproximamos das ciências humanas, justamente aquelas que estudam a religião.

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Para a religiosidade africana, a natureza é dotada de sacralidade. Nas religiões monoteístas

existe uma separação entre o que é sagrado e o que não é. (Influência Capitalista)

Texto: Marina de Mello e Souza (em aula de Lúcio Menezes)

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Influências do catolicismo

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Quando se fala em candomblé, geralmente a referência é o candomblé queto, ou da chamada “nação queto, da Bahia, vertente em que predominam os orixás e ritos de iniciação de origem iorubá. Seus antigos terreiros são os mais conhecidos e prestigiados do Brasil: a Casa Branca do Engenho Velho, o candomblé do Alaketo, o Axé Opô Afonjá e o Gantois.

As mães-de-santo que alcançaram grande prestígio e visibilidade na sociedade local têm sido dessas casas, como Pulquéria e Menininha, sua sobrinha-neta e sucessora no candomblé do Gantois; Olga, do terreiro do Alaketo; e Aninha, Senhora e Stella do candomblé Opô Afonjá.

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Candomblé na Bahia

Mãe Menininha do Gantois

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Xangô em Pernambuco e Alagoas

Terreiro do Pai Adão em Pernambuco

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Tambor de Mina no Maranhão e no Pará

Mãe Celeste, mãe de santo de um dos mais tradicionais terreiros do Maranhão.

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Tambor de mina no Maranhão e Pará

CENTRO DOS TAMBORES DE MINA JEJE NAGÔ TOY LISSÁ/AGBÊ MANJÁ

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Batuque no Rio Grande do Sul

Jogo de Búzios

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Macumba no Rio de Janeiro

Gisele Omindarewa, de origem francesa, é hoje mãe de santo. Mudou-se para Santa Cruz da Serra, na Baixada Fluminense, estado do Rio de Janeiro, e lá fundou um terreiro de candomblé.

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Música e Dança – os Ogans• Toque de Candomblé é o mesmo que festa, pois se refere às batidas dos

atabaques, que possuem uma variedade significativa de ritmos identificados com a necessidade do momento. São mais de 15 ritmos diferentes, acompanhados de cântico ou não. Esses toques têm o poder de entrar em sintonia com o Orixá, pois fornecem elementos como gestos e movimentos do corpo que entram em afinidade de forma irresistível.

• As celebrações de barracão, os toques, consistem numa seqüência de danças, em que, um por um, são honrados todos os Orixás, cada um se manifestando no corpo de seus filhos e filhas, sendo vestidos com roupas de cores específicas, usando nas mãos ferramentas e objetos particulares a cada um deles, expressando-se em gestos e passos que reproduzem simbolicamente cenas de suas biografias míticas. Essa seqüência de música e dança, sempre ao som dos tambores (chamados rum, rumpi e lé) é designada sirè, que em iorubá significa "vamos dançar". O lado público do candomblé é sempre festivo, bonito, esplendoroso, esteticamente exagerado e extrovertido para os padrões europeus.

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Ogans

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Música e Dança - Ogans

• Os atabaques são tocados por Ogans confirmados da Casa ou por visitantes importantes, merecedores de homenagens especiais.

• Os atabaques são instrumentos sagrados que passam por rituais de iniciação e recebem obrigações como verdadeiras divindades.

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Ogans

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No dia 09 de dezembro foi veiculado pela imprensa nacional o caso do menino que tinha agulhas pelo corpo. Ficamos consternados com o fato e, lógico, torcendo pelo seu pronto restabelecimento. Porém um pensamento grassou em nossa

mente: só falta dizerem, agora, que se trata de feitiçaria ou algo do gênero. Pensamos: "não, não é possível que isso tenha sido feito em nome de algo tão belo como a Umbanda ou Candomblé". Infelizmente estávamos errados. Era

possível!

Domingo, 20 de dezembro, assistimos à entrevista do padrasto da criança, Roberto Carlos Magalhães, ao Fantástico e vimos que as entidades do universo religioso afro-brasileiro, mais uma vez, estavam sendo usadas. Mais uma vez,

pessoas sem nenhum escrúpulo ou moral, utilizavam-se das religiões afro-brasileiras para justificar ou perpetrar um ato vil e cruel.

Parte da entrevista, que pode ser vista em http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,MUL1422008-5598,00.html, nos mostra a frieza de como os fatos aconteceram. Embebedavam a criança, Roberto Carlos e mais duas mulheres, e, em seguida, enfiavam-lhe as agulhas no corpo. Roberto afirma que tudo era feito na casa de Angelina, uma pretensa "benzedeira",

sendo Bia, que, segundo Roberto era sua amásia, "trabalhava com os caboclos, com os orixás, para poder fazer isso", "era ela que preparava o vinho para dopar o menino". Tudo isso para afetar a mãe da criança, que convivia com Roberto há

cerca de seis meses, às turras.

É triste vermos o ponto em que a loucura transforma alguns seres humanos! É triste vermos que, mais uma vez, as entidades espirituais, que não tem nada a ver com isso, são feitas de bode expiatório para as sandices de malucos e

ignorantes (no pior sentido da palavra).

Caboclos e Orixás, parte indissociável das religiões afro-brasileiras, nunca poderão ser utilizados para justificar ou servirem de muleta para perpetração de atos ignomiosos como esse, feito contra uma criança de dois anos, com o objetivo

de matá-la.

As religiões afro-brasileiras, especialmente os dirigentes de casas de Candomblé e Umbanda, precisam agir; precisam orientar melhor seus seguidores e praticantes, para que coisas desse tipo não voltem a acontecer. Nossos amigos

espirituais não merecem a pecha de demônios diabólicos!

Mário FilhoBacharel em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, com Especialização em Políticas Públicas de Gestão em

Segurança Pública e Ciências da Religião, Mestrando em Ciências da Religião (todos pela PUC/SP)

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“Se queres saber quem sou, Se queres que te ensine o que sei, Deixa um pouco de ser o que tu és

E esquece o que sabes”.

Tierno Bokar (o sábio de Bandiagara)

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Bibliografia

• PRANDI, Reginaldo. As religiões negras do Brasil. Para uma sociologia• dos cultos afro-brasileiros. • BÂ, Hampaté. A tradição viva.• MELLO E SOUZA, Marina de. África e Brasil africano.• OLIVA, Anderson. As faces de Exu: representações européias acerca da cosmologia dos• Orixás na África Ocidental (Séculos XIX e XX). In Revista Múltipla, Brasília: junho/2005. (p. 9-37).• SARACENI, Rubens. Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada: a religião dos mistérios, u

m hino de amor a vida. São Paulo, ed. Madras, 2008.• http://www.alagoas24horas.com.br• http://afinsophia.com• http://cafehistoria.ning.com• http://www.casadeoxumare.com

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SEMINÁRIO: RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS

• DISCIPLINA: CULTURA AFRO-BRASILEIRA

• CURSO: LICENCIATUTA EM HISTÓRIA – 4º semestre

• PROFº. LÚCIO MENEZES

• Data: 28/11/2012 – Universidade Nove de Julho

• Autores: Emerson Mathias, Priscila Cassanti, Elaine Aprígio e Carolina Fioravanti.