relatório sobre o desenvolvimento mundial de 2011 - stock
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2011Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de
Visão geral
Conflito, Segurança e DesenvolvimentoBANCO MUNDIAL
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BANCO MUNDIAL
Confl ito, Segurança e Desenvolvimento
Visão geral
2011Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de
iv
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1818 H Street NW
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Esse documento resume o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2011. É um produto do
pessoal do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento/Banco Mundial. As cons-
tatações, interpretações e conclusões expressas neste volume não refl etem necessariamente as
opiniões dos Diretores Executivos do Banco Mundial nem dos governos que representam.
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Design da capa: Chefes de Estado
Fotocomposição: Barton Matheson Willse e Worthington
O manuscrito desta edição de visão geral divulga as constatações do trabalho em andamento
para incentivar a troca de ideias acerca das questões de desenvolvimento.
Ao analisar a natureza, as causas e as consequências do confl ito violento da atualidade,
bem como os sucessos e fracassos das respostas a ele, este Relatório do Desenvolvimento
Mundial tem por objetivo intensifi car a discussão acerca do que pode ser feito para ajudar
as sociedades que lutam para evitar ou enfrentar a violência e o confl ito. Parte do tema
que o Relatório aborda está fora do mandato tradicional de desenvolvimento do Banco
Mundial, um refl exo do crescente consenso sobre políticas internacionais de que tanto o
tratamento do confl ito violento quanto a promoção do desenvolvimento econômico exige
um entendimento mais profundo da estreita relação que existe entre política, segurança e
desenvolvimento. Ao estudar essa área, o Banco Mundial não pretende extrapolar o seu
campo de atuação defi nido no seu Convênio Consultivo, mas sim aumentar a efi cácia
das intervenções de desenvolvimento em locais ameaçados ou afetados pela violência em
larga escala.
v
Prefácio
Em 1944, delegados de 45 países reuniram-se em Bretton Woods para analisar as causas econômicas
da Guerra Mundial, que ainda estava acirrada naquele momento, e como poderiam conseguir
a paz. Eles concordaram em criar o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento
(BIRD), a instituição original do que se tornou o Grupo Banco Mundial. Como ressaltaram os
delegados, “Os programas de reconstrução e desenvolvimento acelerarão o progresso econômico
em toda parte, contribuirão para a estabilidade política e promoverão a paz.” O BIRD aprovou seu
primeiro empréstimo para a França em 1947, para ajudar na reconstrução daquele país.
Mais de 60 anos depois, a letra “R” da sigla BIRD tem um novo signifi cado: a reconstrução
do Afeganistão, Bósnia, Haiti, Libéria, Ruanda, Serra Leoa, Sul do Sudão e outras terras em
confl ito ou Estados divididos. O livro de Paul Collier, Th e Bottom Billion (O bilhão de baixo),
destacou os recorrentes ciclos de governança frágil, pobreza e violência que assolaram essas terras.
Nenhum dos países de baixa renda que enfrentam esses problemas conseguiu ainda alcançar um
único Objetivo do Desenvolvimento do Milênio (ODM). E os problemas dos Estados frágeis
disseminam-se rapidamente: prejudicam o progresso dos vizinhos com a violência que ultrapassa
fronteiras porque os confl itos alimentam-se de narcóticos, pirataria e violência de gênero e deixam
em seu rastro refugiados e infraestrutura fragmentada. Seus territórios podem transformar-se em
incubadoras de redes de grande alcance de radicais violentos e de crime organizado.
Em 2008 fiz uma palestra intitulada “Assegurando o Desenvolvimento” no Instituto
Internacional para Estudos Estratégicos. Escolhi aquele fórum para enfatizar as inter-relações
entre segurança, governança e desenvolvimento e afi rmar que as disciplinas separadas não estão
bem integradas para abordar problemas inter-relacionados. Descrevi o desafi o: unir segurança
e desenvolvimento para fi ncar raízes com profundidade sufi ciente para quebrar os ciclos de
fragilidade e confl ito.
Como vemos novamente agora no Oriente Médio e Norte da África, a violência no século
XXI foge aos padrões do século XX de confl ito entre Estados e de métodos para abordá-los.
Órgãos governamentais separados não têm sido adequados para enfrentar a situação, mesmo
quando os interesses ou valores nacionais instam os líderes políticos a agir. Rendas baixas,
pobreza, desemprego, choques de renda como aqueles provocados pela volatilidade dos preços
de alimentos, rápida urbanização e desigualdade entre grupos: todos esses elementos aumentam
os riscos de violência. Tensões externas, como tráfi co de drogas e fl uxos fi nanceiros ilegais, podem
aumentar esses riscos.
O Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2011 examina disciplinas e experiências extraídas
de todo o mundo para oferecer algumas ideias e recomendações práticas sobre como transpor os
confl itos e a fragilidade e assegurar o desenvolvimento. As principais mensagens são importantes
para todos os países — de renda baixa, média e alta — bem como para as instituições regionais
e globais.
Em primeiro lugar, a legitimidade das instituições é a chave para a estabilidade. Quando as
instituições do Estado não protegem adequadamente os cidadãos, elas não evitam a corrupção
nem fornecem acesso à justiça; quando os mercados não oferecem oportunidades de trabalho;
vi P R E FÁC I O
ou quando as comunidades já não têm coesão social — a probabilidade de confl itos violentos
aumenta. Nos estágios iniciais, os países muitas vezes precisam recuperar a confi ança da
população na ação coletiva básica antes mesmo que se possa transformar as instituições. As
vitórias preliminares — ações capazes de gerar resultados rápidos e tangíveis — são fundamentais.
Segundo, é essencial investir em segurança cidadã e empregos para reduzir a violência. Mas
existem grandes lacunas estruturais na nossa capacidade coletiva para apoiar essas áreas. Há
lugares onde os Estados frágeis podem buscar ajuda para construir um exército, mas ainda não
dispomos de recursos semelhantes para criar forças policiais ou sistemas de correção. Precisamos
dar mais ênfase aos projetos preliminares de criação de empregos, especialmente por intermédio
do setor privado. O Relatório apresenta percepções sobre a importância da participação das
mulheres nas coalizões políticas, reforma da segurança e da justiça e empoderamento econômico.
Terceiro, o confronto efetivo desses desafi os signifi ca que as instituições precisam mudar. Os
órgãos internacionais e parceiros de outros países devem adaptar seus procedimentos para
poderem responder com agilidade e rapidez, a uma perspectiva de longo prazo e maior poder de
permanência. A assistência precisa ser integrada e coordenada; os fundos fi duciários de múltiplos
doadores demonstraram ser úteis no alcance desses objetivos ao mesmo tempo em que diminuem
o ônus dos novos governos com pouca capacidade. Precisamos de uma melhor conexão entre
os órgãos humanitários e os órgãos de desenvolvimento. E precisamos aceitar um nível maior
de risco: Se as legislaturas e os inspetores esperarem somente os bons momentos e se limitarem
a punir os fracassos, as instituições se afastarão dos problemas mais difíceis e se sufocarão em
procedimentos e comitês para evitar a responsabilidade. Este Relatório sugere algumas ações
específi cas e maneiras de medir os resultados.
Quarto, precisamos adotar uma abordagem em camadas. Alguns problemas podem ser
tratados no nível nacional, mas outros precisam ser abordados no âmbito regional, tais como
os mercados em desenvolvimento que integram áreas de insegurança e o compartilhamento de
recursos para formular a capacidade. São necessárias algumas ações de âmbito global, tais como
a geração de novas capacidades para apoiar a reforma da justiça e a geração de empregos; a
criação de parcerias entre os países produtores e países consumidores para conter o tráfi co ilegal
de drogas; e a ação para reduzir as tensões causadas pela volatilidade dos preços dos alimentos.
Quinto, ao adotar essas abordagens, precisamos ter consciência de que o panorama global está
mudando. As instituições regionais e os países de renda média estão desempenhando um papel
maior. Isso signifi ca que devemos prestar mais atenção às trocas sul-sul e sul-norte e às recentes
experiências de transição dos países de renda média.
Os riscos são elevados. Um confl ito civil custa a um país em desenvolvimento típico cerca de
30 anos de crescimento do PIB e os países que enfrentam crises prolongadas podem perder mais
de 20 pontos percentuais no combate à pobreza. É fundamental para a segurança e o desenvolvi-
mento globais que encontremos maneiras efi cazes de ajudar as sociedades a escaparem de novos
ataques ou de ciclos repetidos de violência — mas, para tanto, é preciso reformular o pensamento
inclusive sobre como avaliamos e administramos o risco.
Qualquer uma dessas mudanças deve estar fundamentada num roteiro claro e iniciativas
fortes. Espero que este Relatório ajude outras pessoas e nós mesmos a desenhar esse roteiro.
Robert B. Zoellick
Presidente
Grupo Banco Mundial
vii
Sumário
Preâmbulo 1
Parte 1: O desafi o de ciclos repetidos de violência 2
Os confl itos e a violência do século XXI são um problema de desenvolvimento que não se encaixa no molde do século XX 2
Ciclos viciosos de confl ito: Quando tensões de segurança, justiça e de emprego se deparam com instituições defi cientes 6
Parte 2: Roteiro para interromper os ciclos de violência no nível estatal 8
Recuperação da confi ança e transformação das instituições que proporcionam segurança cidadã, justiça e empregos 8
Ferramentas práticas de políticas e programas para os atores dos países 16
Parte 3: Redução dos riscos de violência — orientações da política internacional 23
Medida 1: Prestar assistência especializada para prevenção por meio de segurança cidadã, justiça e empregos 28
Medida 2: Transformando procedimentos e gestão de riscos e resultados em agências internacionais 31
Medida 3: Atuar regional e globalmente para reduzir as tensões externas sobre os Estados frágeis 34
Medida 4: Organização do apoio dos países de renda baixa, média e alta e das instituições globais e regionais para refl etir o panorama em evolução da assistência e das políticas internacionais 36
Notas 39
Referências 45
Agradecimentos 53
Nota bibliográfi ca 55
Sumário de Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2011 58
Preâmbulo
Os esforços para manter a segu-
rança coletiva estão no âmago
da história humana: desde os
tempos antigos, o reconheci-
mento de que a segurança humana depende
de colaboração tem sido um fator de moti-
vação para a formação de comunidades de
aldeias, cidades e Estados-nação. O século XX
foi dominado pelo legado de guerras globais
devastadoras, lutas coloniais e confl itos ideo-
lógicos, e por esforços para o estabelecimento
de sistemas internacionais que promoveriam a
paz global e a prosperidade. Até certo ponto,
esses sistemas foram bem-sucedidos; isto é, as
guerras entre Estados são bem menos comuns
do que no passado e as guerras civis estão
diminuindo em número.
Contudo, além de a insegurança continuar,
ela se tornou um grande desafi o de desen-
volvimento do nosso tempo. Um bilhão e
meio de pessoas vivem em áreas afetadas por
fragilidade, confl itos ou violência criminal
organizada, em larga escala, e nenhum
país frágil de baixa renda ou afetado por
confl itos ainda alcançou um único Objetivo
de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) das
Nações Unidas. Novas ameaças — criminali-
dade organizada e tráfi co de drogas, agitação
civil devido aos choques econômicos globais,
terrorismo — têm complementado preocu-
pações contínuas com a guerra convencional
entre e dentro dos países. Apesar de grande
parte do mundo ter progredido rapidamente
na redução da pobreza nos últimos 60 anos,
áreas caracterizadas por repetidos ciclos de
violência política e criminal estão sendo
deixadas bem atrás, fi cando com o cresci-
mento econômico comprometido e indica-
dores humanos estagnados.
Para as pessoas que atualmente vivem em
localidades mais estáveis, pode parecer incom-
preensível como a prosperidade nos países de
alta renda e uma economia global sofi sticada
podem coexistir com extrema violência e
miséria em outras partes do globo. Os piratas
que atuam próximo à costa da Somália e que
atacam os navios no Golfo de Aden ilustram o
paradoxo do sistema global existente. Como é
possível que a prosperidade combinada com
a capacidade dos Estados-nação modernos
em todo o mundo não possa impedir um
problema da antiguidade? Como é possível,
quase uma década depois da participação
internacional renovada com o Afeganistão,
as perspectivas de paz parecerem distantes?
Como é possível comunidades urbanas
inteiras serem aterrorizadas por trafi cantes
de drogas? Como é possível que países no
Oriente Médio e Norte da África enfrentem
explosões de ressentimentos populares apesar
de, em alguns casos, haver um elevado índice
de crescimento sustentado e melhoria nos
indicadores sociais?
Este Relatório sobre o Desenvolvimento
Mundial pergunta o que impulsiona os riscos
de violência, por que a prevenção de confl itos
e a recuperação demonstraram ser tão difíceis
de abordar, e o que pode ser feito pelos líderes
nacionais e parceiros de desenvolvimento, de
segurança e diplomáticos para ajudar a resta-
belecer um caminho de desenvolvimento
Visão geral
VIOLÊNCIA e FRAGILIDADE
2 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
uma controvérsia aumentar e houver hostili-
dades em larga escala, um término eventual
das hostilidades (tanto por meio de vitória e
derrota ou por meio de um trato negociado)
será seguido por uma pequena fase “pós-
-confl ito”, que levará à paz. O sistema global é
amplamente criado ao redor desse paradigma
de confl ito, com funções claras para os atores
nacionais e internacionais no desenvolvi-
mento da promoção da prosperidade e capa-
cidade do Estado-nação (mas saindo durante
o confl ito ativo), na diplomacia da prevenção
e mediação de controvérsias entre Estados e
entre o governo e movimentos rebeldes, na
manutenção da paz que segue ao confl ito,
e no humanitarismo do fornecimento de
assistência.
A violência do século XXI1 não se encaixa
no molde do século XX. A guerra interes-
tatal e a guerra civil são ainda ameaças em
algumas regiões, mas têm diminuído nos
últimos 25 anos. As mortes decorrentes da
guerra civil, apesar de ainda cobrarem um
preço inaceitável, representam um quarto
do que foram na década de 1980 (Recurso 1,
Figura F1.1).2 A violência e os confl itos não
foram banidos: uma em cada quatro pessoas
no planeta, mais de 1,5 bilhão, vive em Estados
frágeis e afetados por confl itos ou em países
com níveis bastante elevados de violência
criminal.3 Mas por causa dos sucessos na
redução da guerra interestatal, as formas
remanescentes de confl ito e violência não se
encaixam nitidamente na “guerra” ou na “paz,”
ou na “violência criminal” ou na “violência
política” (ver Recurso 1, Figuras F1.1-1.2 e
Tabela F1.1).
Muitos países e áreas subnacionais agora
enfrentam ciclos de violência repetida, gover-
nança defi ciente e instabilidade. Primeiro, os
confl itos geralmente não são eventos únicos,
mas são contínuos e repetidos: 90% das
guerras civis da última década ocorreram em
países que já haviam sofrido uma guerra civil
nos últimos 30 anos.4 Segundo, novas formas
de confl itos e violência ameaçam o desen-
volvimento: muitos países que negociaram
com sucesso acordos políticos e de paz após
confl itos políticos violentos, como El Salvador,
Guatemala e África do Sul, agora enfrentam
altos níveis de crimes violentos, restringindo
seu desenvolvimento. Terceiro, diferentes
formas de violência são vinculadas entre si. Os
movimentos políticos podem obter recursos
fi nanceiros das atividades criminosas, como na
estável nas áreas mais frágeis e devastadas pela
violência. A mensagem central do Relatório
é a de que o fortalecimento da governança
e instituições legítimas para fornecer segu-
rança cidadã, justiça e empregos é crucial
para quebrar os ciclos de violência. O restabe-
lecimento da confi ança e a transformação das
instituições de segurança, justiça e economia
são possíveis dentro de uma geração, mesmo
em países que sofreram graves confl itos. Mas
isso requer uma liderança nacional determi-
nada e um sistema internacional “readap-
tado” para tratar dos riscos do século XXI:
novo enfoque da assistência na prevenção
de violência política e criminal, reforma dos
procedimentos de órgãos internacionais,
resposta a um nível regional, e renovação dos
esforços cooperativos entre os países de baixa,
média e alta rendas. O Relatório prevê uma
abordagem estratifi cada para a ação global
efi caz, com funções locais, nacionais, regio-
nais e internacionais.
Por causa da natureza do tópico, este
Relatório foi desenvolvido de um modo inusi-
tado — desde o início, envolveu o conheci-
mento de reformadores nacionais e o trabalho
em estreita colaboração com as Nações Unidas
e as instituições regionais com perícia em
questões políticas e de segurança, baseando-se
no conceito de segurança humana. Há espe-
rança de que essa parceria motive um esforço
contínuo para aprofundarmos juntos o nosso
entendimento dos vínculos entre segurança e
desenvolvimento, além de promover uma ação
prática sobre as conclusões do Relatório.
PARTE 1: O DESAFIO DE CICLOS REPETIDOS DE VIOLÊNCIA
Os conflitos e a violência do século XXI são um problema de desenvolvimento que não se encaixa no molde do século XX
Os sistemas globais no século XX foram
criados para abordar as tensões interestatais e
episódios únicos de guerra civil. A guerra entre
os Estados-nação e a guerra civil têm uma
determinada lógica e sequência. Os atores,
Estados soberanos ou movimentos rebeldes
claramente defi nidos, são conhecidos. Se
RECURSO 1 Como a violência está mudando
Uma vez que o número de guerras civis diminuiu, o total de mortes anuais desses confl itos (mortes em batal-has) caiu de mais de 200.000 em 1988 para menos de 50.000 em 2008.
Fontes: Conjunto de dados de Confl itos Armados de Uppsala/PRIO (Harbom e Wallensteen, 2010; Lacina e Gleditsch,
2005); Gleditsch e outros, 2002; Sundberg, 2008; Gleditsch e Ward, 1999; Projeto do Relatório de Segurança Humana,
2010 - a ser lançado.
Nota: as guerras civis são classifi cadas por escala e tipo no conjunto de dados sobre Confl ito Armado de Uppsala/PRIO
(Harborn e Wallensteen 2010; Lacina e Gleditsch 2005). O limite mínimo para monitoramento é uma pequena guerra
civil a partir de 25 dias de batalha por ano. As estimativas mais baixas, mais altas e as melhores estimativas sobre
mortes em combate por confl ito em cada ano estão em Lacina e Gleditsch (2005, atualizado em 2009). Ao longo deste
Relatório, são utilizadas as melhores estimativas, exceto quando elas não estão disponíveis. Nesse caso, são utilizadas
as médias das estimativas mais baixas e mais altas.
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1960 1968 1976 1984 1992 2000 2008
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Total de mortes em combate por ano em todas as guerras civis
(de pequena e grande importância)
Número total de países em guerra civil (de pequena e grande importância)
Poucos países estão verdadeiramente na fase “pós-confl ito.” A taxa de início da violência nos países com
histórico de confl ito tem aumentado desde a década de 1960, e cada guerra civil iniciada desde 2003 ocorreu
em um país que já havia sofrido uma guerra civil anterior.
Década Inícios da violência em países sem histórico de confl ito (%)
Inícios da violência em países com confl ito anterior (%)
Número de inícios
1960 57 43 35
1970 43 57 44
1980 38 62 39
1990 33 67 81
2000 10 90 39
Fontes: Walter, 2010; Cálculos da equipe do WDR.
Nota: confl ito anterior inclui qualquer confl ito importante desde 1945.
Visão geral 3
(continuaçao de Recurso na página seguinte)
F I G U R A F1.1 As mortes decorrentes de guerras civis estão diminuindo
TA B E L A F 1.1 Violência torna a aparecer com frequência
RECURSO 2 Como a violência está mudando(continuação)
4 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
F I G U R A F 1.2 Violência criminal organizada ameaça processos de paz
Os homicídios têm aumentado em todos os países da América Central desde 1999, incluindo os países que haviam progredido bastante no tratamento de confl itos políticos, e isso não é exclusivo; os países como a África do Sul enfrentam semelhantes desafi os de segunda geração.
Fontes: Cálculos da equipe do WDR baseados em UNODC, 2007; UNODC e América Latina e Região do Caribe do Banco
Mundial, 2007; e fontes nacionais.
Nota: Ano base para taxa de homicídios é 1999 = 0.
F I G U R A F 1.3 A desigualdade da pobreza está se ampliando entre os países afetados pela violência e outros
Novos dados sobre a pobreza mostram que ela está diminuindo em grande parte do mundo, mas os países
afetados pela violência estão fi cando para trás. Para cada três anos em que um país é afetado por um alto
índice de violência (as mortes em batalhas ou o excesso de mortes decorrentes de homicídios equivalem a
uma grande guerra), a redução da pobreza fi ca para trás em 2.7 pontos percentuais.
Fontes: Cálculos da equipe do WDR baseados nos dados sobre a pobreza de Chen, Ravallion e Sangraula, 2008
(disponíveis em POVCALNET (http://iresearch.worldbank.org).
Nota: pobreza é o percentual da população que vive com menos de US$ 1.25 por dia.
Como a violência afeta o desenvolvimento
–10
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19
99
BelizeEl Salvador
Panamá
Honduras
Nicarágua
Guatemala
Costa Rica
Visão geral 5
República Democrática do Congo e na Irlanda
do Norte.5 As gangues criminosas podem
apoiar a violência política durante os períodos
eleitorais, como na Jamaica e no Quênia.6 Os
movimentos ideológicos internacionais aderem
à causa comum de ressentimentos locais,
como no Afeganistão e Paquistão. Portanto, a
grande maioria dos países que se defrontam
com a violência a enfrenta de várias formas.
Quarto, os ressentimentos podem se trans-
formar em demandas agudas por mudança —
com riscos de confl itos violentos — em países
onde a mudança política, social ou econômica
fi ca abaixo das expectativas, como no Oriente
Médio e Norte da África.
Repetidos e interligados, esses confl itos têm
repercussões regionais e globais. A morte, a
destruição e o desenvolvimento tardio devido
ao confl ito são ruins para os países afetados
por confl itos, e seus impactos repercutem
em termos regionais e globais. Um país que
avança em matéria de desenvolvimento, como
a Tanzânia, perde cerca de 0,7% de PIB a cada
ano para cada vizinho em confl ito.7 Os refu-
giados e as pessoas deslocadas internamente
aumentaram cerca de três vezes nos últimos
30 anos.8 Cerca de 75% dos refugiados do
mundo são recebidos por países vizinhos.9
As novas formas de confl itos políticos locais
interligados à violência, criminalidade orga-
nizada e controvérsias internacionalizadas
indicam que a violência é um problema para os
ricos e os pobres: mais de 80% das fatalidades
dos ataques terroristas na última década ocor-
reram em alvos não ocidentais,10 mas um estudo
de 18 países da Europa Ocidental mostrou
que cada incidente terrorista transnacional
adicional reduziu seu crescimento econômico
em até 0,4 ponto percentual por ano.11 Os
ataques em uma região podem impor custos
em todos os mercados globais — um ataque
no Delta do Níger pode custar aos consumi-
dores globais de petróleo bilhões de dólares em
aumentos nos preços.12 Nas quatro semanas
que se seguiram ao início da revolta na Líbia,
os preços do petróleo aumentaram em 15%.13
A interdição das remessas de cocaína para a
Europa aumentou quatro vezes desde 2003,14
até mesmo em áreas como a África Ocidental,
agora seriamente afetadas pela violência asso-
ciada a drogas.15
As tentativas de conter a violência são
também extremamente dispendiosas. Por
exemplo, a operação naval de combate à pira-
taria no Chifre da África e no Oceano Índico
é estimada em um custo de US$ 1.3 a 2 bilhões
anualmente, mais custos adicionais incorridos
ao redirecionar os navios e aumentar os prêmios
de seguros.16 Esforços por parte dos domicílios
e empresas para proteger a si próprios contra a
violência de longo prazo impõem pesados ônus
econômicos: 35% das empresas na América
Latina, 30% na África e 27% no Leste Europeu
e Ásia Central identifi cam o crime como o
principal problema para suas atividades comer-
ciais. O ônus é mais elevado nos domicílios e
empresas menos capazes de arcar com o custo:
as empresas na África Subsaariana perdem uma
percentagem maior das vendas para o crime
e gastam um percentual maior de vendas em
segurança do que em qualquer outra região.17
Nenhum país frágil de baixa renda ou
afetado por confl ito já alcançou um único
ODM. As pessoas nos Estados frágeis e afetados
por confl itos têm mais de duas vezes a probabi-
lidade de estarem subnutridas do que as pessoas
em outros países em desenvolvimento, mais de
três vezes a probabilidade de serem incapazes
de enviar seus fi lhos à escola, duas vezes a
probabilidade de verem seus fi lhos morrerem
antes dos 5 anos de idade, e mais de duas vezes
a probabilidade de carecerem de água potável.
Em média, um país que apresentou um grande
período de violência entre 1981 e 2005 tem
uma taxa de pobreza de 21 pontos percentuais
a mais do que um país que não sofreu nenhuma
violência (Recurso 1, Figura F1.3).18 Uma
imagem semelhante surge das áreas subna-
cionais afetadas pela violência em países mais
ricos e mais estáveis — áreas onde o desenvol-
vimento fi ca para trás.19
Esses ciclos repetidos de confl ito e violência
têm outros custos humanos, sociais e econô-
micos que duram gerações. Altos níveis de
violência criminal organizada impedem o
desenvolvimento econômico. Na Guatemala, a
violência custou ao país mais de 7% do PIB em
2005, mais de duas vezes o prejuízo do Furacão
Stan no mesmo ano — mais de duas vezes o
orçamento combinado para agricultura, saúde
e educação.20 O custo médio da guerra civil
equivale a mais de 30 anos do crescimento
do PIB de um país em desenvolvimento de
tamanho médio.21 Os níveis de comércio após
grandes episódios de violência demoram
20 anos para uma recuperação completa.22
Em outras palavras, um grande episódio de
violência, diferente dos desastres naturais ou
ciclos econômicos, pode destruir toda uma
geração de progresso econômico.
6 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
Ainda assim, é difícil desemaranhar as causas e
os efeitos da violência (Recurso 2, fi gura F2.1).
Um PIB mais baixo per capita é associado, de
forma robusta, tanto a confl itos políticos em
larga escala quanto a elevadas taxas de homi-
cídios.28 O desemprego entre os jovens é cons-
tantemente citado nas pesquisas de percepção
dos cidadãos como um motivo para a união
tanto dos movimentos rebeldes quanto das
gangues urbanas (Recurso 2, Figura F2.2).29 A
sensação de mais proteção e poder é também
citada como um importante estímulo entre os
países, confi rmando a pesquisa existente que
mostra que a dinâmica de emprego tem a ver
não apenas com a renda, mas também com
respeito e status, envolvendo coesão social e
oportunidade econômica. A exclusão política e
a desigualdade que afetam os grupos regionais,
religiosos ou étnicos estão associadas a riscos
mais elevados de guerra civil30 (e também são
mencionados em pesquisas com cidadãos
como os impulsores-chave do confl ito, ao lado
da pobreza - ver fi gura F2.1), enquanto a desi-
gualdade entre os mais ricos e os mais pobres
está estritamente associada a riscos mais
elevados de crimes violentos (Tabela 1.1).
Os fatores externos podem acentuar os
riscos da violência. As principais tensões
de segurança externa, como ocorre com os
novos padrões de tráfi co de drogas, podem
sobrecarregar as capacidades institucionais
(ver Recurso 2). Os choques de renda podem
também aumentar os riscos da violência. Um
trabalho sobre choques pluviométricos na
África Subsaariana conclui que a ocorrência
de um confl ito civil é mais provável nos anos
seguintes à redução do volume de chuva.
Usando a variação de pluviosidade como um
substituto para choques de renda em 41 países
africanos entre 1981 e 1999, Satyanath, Miguel
e Sergenti (2004) concluíram que um declínio
no crescimento econômico de 5% aumentou a
probabilidade de confl ito pela metade no ano
seguinte.32 A corrupção — que geralmente tem
vínculos internacionais por meio de tráfi co
ilícito, lavagem de dinheiro e a obtenção de
renda a partir das vendas de recursos nacio-
nais ou contratos e concessões internacionais
— tem impactos duplamente perniciosos nos
riscos de violência, alimentando os ressen-
timentos e prejudicando a efi cácia das insti-
tuições nacionais e normas sociais.33 Novas
tensões externas da mudança climática e da
competição por recursos naturais poderiam
acentuar todos esses riscos.34
Esses números têm consequências humanas
(Figura F1.4). Nas sociedades altamente
violentas, muitas pessoas passam pela morte de
um fi lho ou fi lha antes da hora: quando os fi lhos
voltam tarde para casa, os pais têm um bom
motivo para temer por suas vidas e segurança
física. As experiências do dia a dia, como ir à
escola, ao trabalho ou ao mercado, tornam-se
ocasiões de medo. As pessoas hesitam em cons-
truir casas ou investir em pequenos negócios,
uma vez que podem ser destruídos em questão
de minutos. O impacto direto da violência
recai principalmente sobre os homens jovens
— a maioria das forças de luta e membros de
gangues — mas as mulheres e as crianças geral-
mente sofrem desproporcionalmente com os
efeitos indiretos.23 Os homens constituem 96%
dos detentos e 90% dos ausentes; as mulheres e
as crianças fi cam perto dos 80% de refugiados
e dos deslocados internos.24 E a violência gera
violência: as crianças do sexo masculino que
presenciam abusos têm maior tendência de
perpetrar a violência futuramente na vida.25
Contudo, quando a segurança é restabele-
cida e mantida, essas áreas do mundo podem
obter maiores ganhos em termos de desenvol-
vimento. Diversos países emergentes de longos
legados de violência política e criminal têm
progredido mais rapidamente em termos de
ODMs:26
• A Etiópia mais do que quadruplicou o
acesso a melhor abastecimento de água, de
13% da população em 1990 para 66% entre
2009 e 2010.
• Moçambique mais do que triplicou sua taxa
de conclusão do ensino fundamental em
apenas oito anos, de 14% em 1999 para 46%
em 2007.
• Ruanda reduziu a prevalência de subnu-
trição de 56% da população em 1997 para
40% em 2005.
• A Bósnia-Herzegóvina, entre 1995 e 2007,
aumentou as imunizações contra o sarampo
de 53% para 96%, em crianças entre 12 e
23 meses.
Ciclos viciosos de conflito: Quando tensões de segurança, justiça e de emprego se deparam com institui-ções deficientes
Causas internas de confl ito surgem de dinâ-
micas políticas, de segurança e econômica.27
Visão geral 7
• Em algumas áreas — como nas regiões
periféricas da Colômbia antes da virada do
século XXI38 ou da República Democrática
do Congo39 hoje — o Estado está presente,
mas ausente de muitas partes do país, e os
violentos grupos armados dominam as
disputas locais em termos de poder e
recursos.
• A maioria das áreas afetadas pela violência
enfrenta défi cits em suas capacidades cola-
borativas40 para mediar os confl itos pacifi -
camente. Em alguns países, as instituições
não englobam as divisões étnicas, regionais
ou religiosas, e as instituições estatais têm
sido consideradas partidárias — do mesmo
modo que em décadas atrás antes do
acordo de paz na Irlanda do Norte.41 Em
algumas comunidades, as divisões sociais
têm restringido a colaboração efi caz entre
os Estados dominados pelas elites e as
comunidades pobres no tratamento das
fontes de violência.
• Uma urbanização rápida, conforme ocor-
rida anteriormente na América Latina e
hoje na Ásia e África, enfraquece a coesão
social.42 O desemprego, as desigualdades
estruturais e o maior acesso aos mercados
para obtenção de armas de fogo e drogas
ilícitas quebram a coesão social e
aumentam a vulnerabilidade a redes e
gangues criminosas.
Contudo, muitos países enfrentam um alto
índice de desemprego, desigualdade econô-
mica ou pressão das redes de crimes organi-
zados, mas não sucumbem repetidamente
à violência disseminada e, ao contrário, a
controlam. A abordagem do WDR enfatiza
que o risco de confl itos e violência em qual-
quer sociedade (nacional ou regional) é a
combinação da exposição às tensões internas
e externas e do poder do “sistema imune”, ou
da capacidade social de lidar com a tensão
presente nas instituições legítimas.35 Tanto as
instituições estatais quanto as não estatais são
importantes. As instituições incluem normas
sociais e comportamentos — como a capa-
cidade dos líderes de transcender diferenças
sectárias e políticas e de desenvolver nego-
ciações e da sociedade civil de defender uma
maior coesão nacional e política — assim
como regras, leis e organizações.36 Onde os
Estados, os mercados e as instituições sociais
deixam de fornecer segurança básica, justiça e
oportunidades econômicas para os cidadãos,
os confl itos podem aumentar gradativamente.
Em resumo, os países e as áreas subna-
cionais com a governança e a legitimidade
institucional mais defi cientes são os mais
vulneráveis à violência e à instabilidade e
os menos capazes de responder a tensões
internas e externas. A capacidade institucional
e a responsabilização são importantes para a
violência política e criminal (ver Recurso 2).37
TA B E L A 1.1 Tensões de segurança, econômicas e políticas
Tensões Internas Externas
Segurança • Legados de violência e trauma • Invasão, ocupação
• Apoio externo a rebeldes nacionais
• Efeitos secundários de confl itos
transfronteiriços
• Terrorismo transnacional
• Redes internacionais de crimes
Econômicas
e sociais • Baixa renda, baixo custo
de oportunidade de rebelião
• Desemprego entre os jovens
• Impactos sociais de violência sexual
• Riqueza de recursos naturais
• Corrupção grave
• Rápida urbanização
• Choques econômicos, incluindo
preços dos alimentos
• Mudança climática
Políticas • Competição étnica, religiosa ou regional
• Discriminação real ou percebida
• Abusos de direitos humanos
• Percepção de injustiça e desigualdade
global no tratamento de grupos
diferentes
Fonte: Equipe do WDR.
Nota: Esta tabela, apesar de não exaustiva, contém os principais fatores na literatura acadêmica sobre as causas e correlações de
confl itos, e levantados nas consultas e pesquisas do WDR.33
8 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
quando não adaptadas às condições locais —
os mecanismos de verdade e reconciliação,
anticorrupção e direitos humanos que pres-
taram serviços de modo admirável em alguns
países nem sempre funcionaram em outros.
Existem ganhos com o compartilhamento
do conhecimento, conforme expresso no
Relatório — mas somente quando adaptado
às condições locais. As instituições “mais bem
ajustadas” são cruciais para o Relatório.
PARTE 2: ROTEIRO PARA INTERROMPER OS CICLOS DE VIOLÊNCIA NO NÍVEL ESTATAL
Recuperação da confiança e transformação das instituições que proporcionam segurança cidadã, justiça e empregos
Para romper os ciclos de insegurança e reduzir
o risco da sua recorrência, os reformadores
nacionais e seus parceiros internacionais
precisam construir instituições legítimas
capazes de proporcionar um nível sustentável
de segurança cidadã, justiça e empregos —
oferecendo uma participação na sociedade
para grupos que, de outra maneira, poderiam
receber mais respeito e reconhecimento pela
participação em violência armada do que em
atividades legais, e punindo as infrações de
forma mais competente e justa.
Mas a transformação das instituições —
sempre complexa — é particularmente difícil
em situações frágeis. Em primeiro lugar,
nos países com um histórico de violência e
desconfi ança, as expectativas são excessiva-
mente baixas de modo que ninguém acre-
dita nas promessas do governo, consideradas
inexequíveis, o que torna inviável a ação
cooperativa — de modo que os momentos
de transição geram expectativas de mudança
rápida que as instituições existentes não
podem oferecer.49 Segundo, várias mudanças
institucionais que poderiam produzir maior
capacidade de recuperação de longo prazo
contra a violência frequentemente envolvem
riscos de curto prazo. Qualquer mudança
importante — realização de eleições, desman-
telamento de redes de clientelismo, atribuição
de novas funções aos serviços de segurança,
descentralização da tomada de decisões,
• Os países com capacidade institucional
defi ciente tiveram maior probabilidade de
sofrer uma agitação social durante as crises
de alimentos entre 2008 e 2009.43
• Alguns Estados tentaram manter a estabili-
dade por meio de coerção e das redes de
paternalismo, mas os Estados com altos
níveis de corrupção e abusos de direitos
humanos aumentam seus riscos de
irrupção de violência no futuro (ver
Recurso 2).
As instituições defi cientes são particular-
mente importantes na explicação do motivo
pelo qual a violência se repete em diferentes
formas nos mesmos países ou regiões subna-
cionais. Até mesmo sociedades com institui-
ções mais defi cientes têm explosões periódicas
de paz. A parte sudeste da Somália tem tido
intervalos de poucos confl itos durante os
últimos 20 anos, com base em tratos por parte
de algumas elites.44 Mas os pactos provisórios
de elite, na Somália e em outros lugares, não
fornecem as bases para uma situação de segu-
rança e desenvolvimento sustentada, exceto
quando acompanhados pelo desenvolvimento
de um Estado legítimo e de instituições da
sociedade.45 Esses pactos geralmente têm curta
duração porque são personalizados e restritos
demais para acomodar tensões e ajustes de
mudança. Novas tensões internas e externas
surgem — a morte de um líder, choques
econômicos, a entrada de redes de tráfi co de
crimes organizados, novas oportunidades ou
rendimentos, ou interferência na segurança
externa — e não existe capacidade susten-
tada para resposta.46 Sendo assim, a violência
ocorre periodicamente.
O foco nas instituições legítimas não
signifi ca uma convergência para as institui-
ções ocidentais. A história fornece muitos
exemplos de modelos institucionais estran-
geiros que demonstraram ser pouco úteis ao
desenvolvimento nacional, principalmente
via legados coloniais,47 por terem enfatizado
a forma e não a função. O mesmo ocorre
hoje. No Iraque, a Autoridade Provisória da
Coalizão estabeleceu comissões sobre cada
assunto, desde turismo ao meio ambiente, em
paralelo com ministérios implementadores
empenhados, e legislações modelo foram
aprovadas quando tinham pouca relação com
as realidades sociais e políticas nacionais.48
Até transferências de formas organizacionais
entre os países no Sul podem ser improdutivas
Visão geral 9
RECURSO 2 Grandes tensões e instituições defi cientes = riscos de violência
Justiça, empregos e violência
F I G U R A F 2.2 O que impulsiona as pessoas a fazerem parte de movimentos rebeldes e gangues?
As mesmas pesquisas concluíram que os principais motivos citados para os jovens se tornarem rebeldes ou membros de gangues são bastante semelhantes — o desemprego predomina nos dois casos. Isso não é necessariamente o caso de recrutamento ideológico militante (capítulo 2).
F I G U R A F 2.1 Quais são as opiniões dos cidadãos sobre os impulsores dos confl itos?
Nas pesquisas realizadas em seis países e territórios afetados pela violência, envolvendo uma mistura de
amostras representantes do nível nacional e sub-regional, os cidadãos levantaram questões vinculadas ao
bem-estar econômico individual (pobreza, desemprego) e à injustiça (incluindo desigualdade e corrupção)
como os principais impulsionadores de confl itos.
Fonte: Bøås, Tiltnes e Flatø, 2010.
Fonte: Bøås, Tiltnes e Flatø, 2010.
10 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
processo de transformação de instituições
foi consideravelmente acelerado no fi nal do
século XX, com o aumento da demanda dos
cidadãos por boa governança e os avanços
das tecnologias que podem ajudar a supri-la.
Na realidade, progredir em uma geração é
algo de fato muito rápido: o progresso a essa
velocidade representaria hoje imensos ganhos
em desenvolvimento para países como o
Afeganistão, Haiti, Libéria e Timor Leste.
A estrutura básica do WDR enfoca o que
aprendemos sobre a dinâmica da ação para
prevenir ciclos repetidos de violência — no
curto prazo e durante o tempo necessário para
se alcançar um nível sustentado de resiliência.
empoderamento de grupos desfavorecidos
— produz vencedores e perdedores. Os
perdedores são geralmente bem organizados
e resistem à mudança. Terceiro, as tensões
externas podem prejudicar o progresso.
A criação de instituições legítimas, capazes
de impedir a repetição da violência é, em
linguagem clara, lenta. Leva uma geração.
Mesmo os países de transformação mais
rápida levaram de 15 a 30 anos para melhorar
seu desempenho institucional do que seria
comparável ao de um Estado frágil hoje — o
Haiti, por exemplo — ao desempenho de um
Estado institucionalizado que funciona, como
Gana (Tabela 2.1).50 A boa notícia é que este
REFLEXÕES DOS MEMBROS DO CONSELHO CONSULTIVO DO RELATÓRIO SOBRE O DESENVOLVIMENTO MUNDIAL DE 2011
Jorge Montaño, Membro, Órgão Internacional de Controle de Entorpecentes; ex-Embaixador do México nos Estados
Unidos; Membro do Conselho Consultivo do WDR.
O papel das tensões externas
Tráfi co de drogas e de seres humanos, lavagem de dinheiro, exploração ilegal de recursos naturais e vida selvagem, falsifi cação e violações
dos direitos de propriedade intelectual são atividades criminosas lucrativas, que facilitam a penetração pela criminalidade organizada nas já
vulneráveis estruturas sociopolíticas, judiciais e de segurança dos países em desenvolvimento.
Na América Central, por exemplo, diversos países que recuperaram a estabilidade política há duas décadas estão agora enfrentando o
declínio do Estado, cujas instituições carecem da força para enfrentar esse ataque violento. A criminalidade organizada transnacional trans-
formou alguns países do Caribe em corredores para o movimento de drogas ilegais e de pessoas rumo à Europa e América do Norte. A Bolívia,
a Colômbia e o Peru continuam a ser os principais produtores globais de cocaína, enquanto o México está enfrentando uma onda sem prece-
dentes de violência, devido à sua fronteira apresentar o maior número de imigrantes e ser o maior mercado de produção de armas e de
consumo de drogas. A África Ocidental tornou-se a mais nova passagem das drogas provenientes da América do Sul rumo à Europa. Vários
países africanos sofrem com a exploração ilegal de seus recursos naturais, enquanto a Ásia passou a ser um centro para toneladas de opiatos
originários do Afeganistão. A escalada sem precedentes da criminalidade organizada poderia signifi car o colapso de muitos Estados frágeis,
uma vez que suas instituições tornam-se vítimas da violência a ela associada. O desenvolvimento econômico precário observado em muitas
regiões do mundo fornece um estímulo para a consolidação dessas atividades ilegais, que continuarão a prosperar como consequência da
impunidade que encontram nos países em desenvolvimento.
Nota do WDR: Instituições deficientes são um fator comum na explicação do ciclo repetido de violência
Com base no recente trabalho de Collier e outros, Fearon, Goldstone e outros, North, Wallis e Weingast, os cientistas políticos Jim Fearon e
Barbara Walter usaram técnicas econométricas para o WDR para testar se a regra geral do Estado de direito e efi cácia do governo, baixo nível
de corrupção, e forte proteção dos direitos humanos está vinculada a um risco menor do início e da volta da guerra civil e de altos índices de
homicídios decorrentes de violência criminal. Fearon conclui que os países com indicadores de governança acima da média em relação ao
seu nível de renda têm um risco consideravelmente menor da explosão do confl ito civil dentro dos próximos 5 a 10 anos — entre 30 e 45%
mais baixo — e que a relação também permanece válida para os países com altos índices de homicídios. Esse trabalho confi rma as orien-
tações anteriores da comunidade política, como a ênfase da Rede Internacional sobre Confl itos e Fragilidade nos vínculos entre a consoli-
dação da paz e a consolidação do Estado.
As medidas de responsabilização são tão importantes quanto as medidas de capacidade nesse cálculo. Fearon conclui que altos níveis de
terror político em períodos passados aumentam as chances de um confl ito atual. Walter conclui que reduções signifi cativas no número de
prisioneiros políticos e nas execuções extrajudiciais tornam a renovação da guerra civil com duas a três vezes menos probabilidade de
ocorrência do que nos países com níveis mais altos de abuso de direitos humanos. Ela ressalta que “Uma interpretação razoável destes resul-
tados é a de que uma maior repressão e abuso por parte de um governo cria ressentimentos e sinaliza que esses governos (sic) não dependem
das partes em negociação; isto sugere que abordagens menos coercitivas e mais responsáveis reduzem signifi cativamente o risco de confl itos
civis.” Outras medidas de responsabilização também são importantes: as medidas de Estado de direito e corrupção são tão importantes
quanto ou ainda mais importantes do que as medidas de qualidade burocrática.
Visão geral 11
internacional para conter as tensões externas.
Em quarto está a natureza especializada do
apoio externo necessário.
A transformação institucional e a boa
governança, essenciais para esses processos,
trabalham de formas diferentes em situações
de fragilidade. O objetivo é mais concentrado
— transformar instituições que ofereçam
segurança cidadã, justiça e empregos — já que
sem um nível básico de segurança cidadã, não
podem existir avanços em desenvolvimento
socioeconômico.51 As dinâmicas da mudança
institucional também são diferentes. Uma boa
analogia é uma crise fi nanceira causada por
uma combinação de tensões externas e fragi-
lidades nos freios e contrapesos das institui-
ções. Numa situação como essa, são necessá-
rios esforços excepcionais para se recuperar a
confi ança na capacidade dos líderes nacionais
de administrarem a crise — por meio de ações
que indiquem um rompimento real com o
passado, mediante a garantia dessas ações e a
demonstração de que não haverá retrocesso.
A geração da confi ança — um conceito
utilizado na mediação política e nas crises
fi nanceiras, mas raramente nos círculos de
desenvolvimento52 — é um prólogo para uma
mudança institucional mais permanente em
face da violência. Por quê? Porque o baixo
nível de confi ança signifi ca que as partes inte-
ressadas que precisam contribuir para o apoio
político, fi nanceiro ou técnico somente darão
sua colaboração depois que acreditarem que
Nosso conhecimento sobre como romper
esses ciclos é apenas parcial: o Relatório apre-
senta lições extraídas de pesquisas, estudos
de países e consultas a reformadores nacio-
nais. As experiências da Bósnia-Herzegóvina,
Chile, Colômbia, Gana, Indonésia, Libéria,
Moçambique, Irlanda do Norte, Serra Leoa,
África do Sul e Timor Leste, entre outras,
são utilizadas com frequência no Relatório
porque, embora todas essas áreas ainda
enfrentem desafi os e riscos, essas sociedades
obtiveram êxito considerável em impedir a
escalada da violência ou em recuperar-se de
suas consequências. Essas e outras experi-
ências no Relatório abrangem também uma
série de países de renda alta, média e baixa,
uma série de ameaças de violência política e
criminal e contextos institucionais diversos,
que variam desde situações nas quais insti-
tuições fortes enfrentaram desafi os à sua
legitimidade devido a problemas de inclusão
e responsabilização até situações nas quais a
maior barreira foi a limitada capacidade.
Existem algumas diferenças fundamentais
entre situações frágeis e violentas e contextos
em desenvolvimento estável. Em primeiro
lugar está a necessidade de restabelecer a
confi ança na ação coletiva antes de empre-
ender uma transformação institucional mais
ampla. Em segundo lugar está a prioridade de
transformar as instituições que forneçam
segurança cidadã, justiça e empregos. Em
terceiro lugar vem a função da ação regional e
A tabela apresenta os intervalos de tempo históricos que os transformadores mais rápidos
do século XX levaram para obter transformações básicas de governança.
TABEL A 2.1 Avanço mais rápido em transformação institucional — um cálculo de intervalos realistas
IndicatorAnos até o limiar no ritmo de:
20 mais rápidos Mais rápidos acima do limiar
Qualidade da burocracia (0–4) 20 12
Corrupção (0–6) 27 14
Militares na política (0–6) 17 10
Efi cácia da governabilidade 36 13
Controle da corrupção 27 16
Estado de direito 41 17
Fonte: Pritchett e de Weijer 2010.
12 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
se baseie em êxitos de um ciclo virtuoso. Para
cada volta do espiral, as mesmas etapas se
repetem: gera-se confi ança de que a mudança
positiva é possível antes da intensifi cação
da transformação institucional e do
fortalecimento dos resultados da governança.
Geração de confi ança — coalizões sufi cientemente inclusivas e resultados preliminares
O Estado não pode, por si só, restabelecer
a confi ança. A geração de confi ança em
situações de violência e fragilidade exige o
esforço deliberado para construir coalizões
sufi cientemente inclusivas, como fez a Indonésia
ao tratar a violência em Aceh, o Timor Leste em
sua recuperação após a retomada de violência
em 2006 ou o Chile em sua transição política.
As coalizões são “sufi cientemente inclusivas”
quando compreendem as partes necessárias à
implementação das etapas iniciais da geração
de confi ança e transformação institucional.
Não precisam ser completas.55 As coalizões
sufi cientemente inclusivas funcionam de duas
maneiras: (1) em nível amplo, construindo o
apoio nacional para a mudança e incluindo
os grupos interessados relevantes, mediante a
colaboração entre o governo e outros setores
existe a possibilidade de um resultado posi-
tivo.53 Mas a geração de confi ança não é, por
si só, uma fi nalidade. Tal como numa crise
fi nanceira, o progresso só será sustentado
quando as instituições que forneçam segu-
rança cidadã, justiça e um interesse econô-
mico na sociedade forem transformadas para
impedir a volta da violência.
Da mesma forma que a violência se
repete, os esforços para construir a confi ança
e transformar as instituições geralmente
seguem um espiral de repetição. Os países que
deixaram a fragilidade e o confl ito geralmente
não o fi zeram num momento decisivo de
“tudo ou nada” — mas por meio de muitos
momentos de transição, como ilustra a
trajetória em espiral da Figura 2.1. Os líderes
nacionais tiveram de gerar confi ança no
Estado e transformar as instituições ao longo
do tempo, como ocorreu nas transições da
República da Coreia nas esferas de segurança,
política e de economia após a Guerra da
Coreia ou nas transições de Gana, Chile
e Argentina após seus regimes militares,
o que incluiu repetidas disputas internas
relacionadas às normas e à governança da
sociedade.54 Um processo repetido oferece
espaço para o desenvolvimento de normas e
capacidades colaborativas e para que o sucesso
F I G U R A 2.1 Passando da fragilidade e violência para a resiliência institucional na segurança cidadã, justiça e empregos.
Fonte: Equipe do WDR.
SEGURANÇA CIDADÃ,JUSTIÇA E EMPREGOS
VIOLÊNCIA e FRAGILIDADE
TENSÃOEXTERNA
APOIO EXTERNO E INCENTIVOS
RECUPERAÇÃO D
A CO
NFIA
NÇA
TRAN
SFOR
MA
ÇÃO DE INSTITUIÇÕES
RECUPERAÇÃO D
A CO
NFIA
NÇA
RECUPERAÇÃO DA CON
FIAN
ÇA
TRAN
SFORM
AÇÃO DE INSTITUIÇÕES
TRAN
SFOR
MA
ÇÃO DE INSTITUIÇÕES
Visão geral 13
somente são implementadas com êxito após
um aumento de confi ança e capacidade. O
equilíbrio entre a ação de transformação
“rápida demais” e “lenta demais” é crucial e
algumas lições básicas surgem das transições
de países bem-sucedidos.
Primeiramente, é fundamental priorizar a
ação preliminar quanto à reforma das insti-
tuições responsáveis pela segurança cidadã,
justiça e empregos, como no desenvolvimento
pós-independência de Cingapura (Consultar
Recurso 3). A contenção de fl uxos fi nanceiros
ilegais de dinheiro público ou do tráfi co de
recursos naturais é importante para fortalecer
essas iniciativas. Serão necessárias abordagens
pragmáticas de “melhor ajuste” adaptadas às
condições locais. Por exemplo: o Líbano resta-
beleceu a eletricidade necessária para a recu-
peração econômica durante a guerra civil por
intermédio de pequenas redes de fornecedores
do setor privado apesar dos elevados custos
unitários.57 As bem-sucedidas reformas poli-
ciais do Haiti no período de 2004 a 2009 enfo-
caram a expulsão dos transgressores da tropa e
a recuperação da disciplina básica.58
Em segundo lugar, o foco na segurança
cidadã, justiça e empregos signifi ca que a
maioria das outras reformas precisará ser
sequenciada e ter seu ritmo controlado ao
longo do tempo, inclusive reforma política,
descentralização, privatização e mudança de
atitude com relação aos grupos marginali-
zados. A implementação sistemática dessas
reformas requer um emaranhado de institui-
ções (a democratização, por exemplo, requer
muitos freios e contrapesos além das eleições)
e mudanças em comportamentos sociais.
Várias transições políticas bem-sucedidas,
tais como a descentralização de poderes que
sustenta a paz na Irlanda do Norte e as tran-
sições democráticas no Chile, Indonésia ou
Portugal, ocorreram mediante uma série de
etapas durante uma década ou mais.
Existem exceções — onde a exclusão
de grupos da participação democrática
é claramente uma fonte predominante
de ressentimento, a ação rápida nas elei-
ções tem sentido; e quando diminuem os
interesses que anteriormente impediam a
reforma, como é o caso da reforma agrária
no pós-guerra do Japão ou da República
da Coreia,59 a ação rápida pode benefi ciar-
-se de uma janela de oportunidade. Mas na
maioria das situações, a ação sistemática e
gradual parece funcionar melhor.
da sociedade bem como de vizinhos regionais,
doadores ou investidores; e (2) no nível
local, ao envolver a participação dos líderes
comunitários para identifi car as prioridades
e implementar programas. Coalizões
sufi cientemente inclusivas aplicam-se, tanto
à violência política quanto à penal, mediante
a colaboração com os líderes comunitários,
empresas e a sociedade civil em áreas afetadas
pela violência criminal. A sociedade civil
— inclusive a organização de mulheres —
geralmente exerce funções importantes na
recuperação da confi ança e manutenção do
ímpeto para a recuperação e transformação,
demonstrado pelo papel desempenhado pela
Iniciativa das Mulheres Liberianas ao fazer
pressão pelo progresso contínuo no acordo de
paz.56
A persuasão de grupos interessados para
trabalharem de forma colaborativa requer
sinais de um rompimento real com o passado
— por exemplo: o fi m da exclusão política
ou econômica de grupos marginalizados, da
corrupção ou abusos de direitos humanos
— bem como mecanismos para “assegurar”
essas mudanças e para demonstrar que
não haverá retrocesso. Em momentos de
oportunidade ou de crise, resultados rápidos
e visíveis também ajudam na recuperação da
confi ança na capacidade dos governos de lidar
com ameaças de violência e implementar a
mudança institucional e social. Parcerias entre
o Estado e a comunidade, Estado e ONGs,
Estado e comunidade internacional e Estado
e setor privado podem ampliar a capacidade
do Estado de cumprir o prometido. As ações
em um campo podem apoiar os resultados
em outro. As operações na área da segurança
podem facilitar o comércio seguro e o trânsito,
além da atividade econômica geradora de
empregos. Os serviços prestados aos grupos
marginalizados podem contribuir para a
percepção de justiça. Abordagens de apoio
a coalizões sufi cientemente inclusivas estão
descritas em detalhes na seção a seguir sobre
políticas e programas práticos para os atores
nacionais.
Transformação de instituições que oferecem segurança cidadã, justiça e empregos
Existe um limite para o volume de mudanças
que as sociedades podem absorver de uma só
vez e, em situações frágeis, muitas reformas
14 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
REFLEXÕES DOS MEMBROS DO CONSELHO CONSULTIVO DO RELATÓRIO SOBRE O DESENVOLVIMENTO MUNDIAL DE 2011
R E C U R S O 3 Experiências dos países com a construção de confi ança e transformação das instituições para a segurança cidadã, justiça e empregos — refl exões dos Membros do Conselho Consultivo do WDR
Geração de confiança na África do Sul
Jay Naidoo, Presidente da Aliança Global para Melhoria da Nutrição; ex-Secretário Geral do Congresso dos Sindicatos da África do Sul; Ministro da Reconstrução e Desenvolvimento da África do Sul; e Presidente do Banco de Desenvolvimento da África do Sul; Membro do Conselho Consultivo do WDR.
(Resumo do Capítulo 3 do WDR)
Na África do Sul o “momento” de transição em 1994 foi precedido de várias transições pontuais que exigiram esforços dos protagonistas para mudar o debate e que conferiram credibilidade ao processo. Por parte da Aliança do Congresso Nacional Africano (ANC), incluiu-se a mudança para uma abordagem mais ampla e mais inclusiva e o enten-dimento da necessidade de assegurar incentivos para o partido nacional e a população branca. Por parte do Partido Nacional, incluiu-se a mudança de pensamento em termos de direitos dos grupos e proteção das minorias para o pensa-mento em termos de direitos individuais e de que a maioria decide. Certos sinais que eram considerados irreversíveis (notadamente a libertação incondicional de Nelson Mandela e a suspensão da luta armada da ANC) foram fundamentais para a manutenção da confi ança entre as partes. Após as eleições de 1994, a implementação de projetos com resul-tados preliminares positivos — entre os quais a saúde materno-infantil e o uso das estruturas comunitárias para a melhoria do abastecimento de água — foram importantes para manter a confi ança no nosso novo governo.
Além dos êxitos, houve também carência de oportuni-dades, o que pode ser útil quando outros países levarem em conta a experiência da África do Sul. Estas incluíram muito pouca atenção à criação de empregos para os jovens e os riscos de violência criminal. Isso quer dizer que não tratamos integral-mente a necessidade crucial de assegurar que a nova geração, que não tinha passado pelo apartheid já na idade adulta, tivesse uma participação importante — e oportunidades econômicas — no novo Estado democrático.
Acreditou-se demais na premissa de que 1994 havia marcado o auge de um processo de democratização e reconci-liação. Foi dada atenção relativamente pequena ao verdadeiro sentido da transformação para um Estado constitucional: o papel contínuo da sociedade civil no aprofundamento não apenas da democratização e da responsabilização, mas também da prestação de serviços. E houve necessidade de um debate contínuo mais completo sobre racismo, desigualdade e exclusão social.
Toda a política é local e atenção preliminar à segurança cidadã, justiça e empregos
George Yeo, Ministro de Relações Exteriores de Cingapura; Membro do Conselho Consultivo do WDR.
(Resumos dos Capítulos 4 e 5 do WDR)
As iniciativas de sucesso devem começar no nível local. Sem ênfase nos resultados locais, os cidadãos perdem a confi ança na capacidade dos seus governos de lhes oferecer uma vida melhor. As ações para recuperar a segurança, construir confi ança, gerar empregos e prestar serviços nas comuni-dades locais são a base do progresso nacional. Não é sufi ciente gerar resultados em cidades grandes. Em casos de confl itos étnicos e religiosos, nos quais a insegurança de ambas as partes é capaz de se autoalimentar, uma autoridade local que seja considerada justa e imparcial por todos os grupos é essencial antes que ocorra o processo de cura e recuperação. Essa foi a experiência de Cingapura quando tivemos tumultos por causa de racismo na década de 1960. Um líder em quem as pessoas confi am pode fazer uma diferença decisiva.
Leva tempo para se construir instituições. Fazer o que é urgente em primeiro lugar, particularmente a melhoria da segurança e a geração de empregos, ajuda as pessoas a se sentirem mais esperançosas com relação ao futuro. O
sucesso então cria as condições para mais sucesso. Sem uma abordagem prática, as novas instituições não podem lançar raízes nos corações e mentes das pessoas comuns. Em Cingapura nos primeiros anos, a prioridade era a segurança, lei e ordem, e a criação de condições favoráveis para investimentos e crescimento econômico. A confi ança era tudo. O Serviço Nacional foi lançado em um ano. As sociedades secretas e outras atividades criminosas foram suprimidas. A corrupção foi sendo aos poucos erradicada. Para promover o investimento e a criação de empregos, as leis trabalhistas e de aquisição de propriedade foram logo reformadas. Na contramão do pensamento convencional em muitos países em desenvolvimento, rechaçávamos o protecionismo e incentivá-vamos as multinacionais a investirem. A gestão da política da mudança sempre foi um desafi o.
A chave estava em conquistar a confi ança das pessoas. As instituições que persistem são apoiadas pelo respeito e a afeição da população. É um processo que leva no mínimo uma geração.
Visão geral 15
Tratamento de tensões externas e mobilização do apoio internacional
Tensões externas como a infi ltração da crimi-
nalidade organizada e redes de tráfi co, conse-
quências de confl itos em países vizinhos e
choques econômicos são fatores importantes
no aumento do risco de violência. Em situações
frágeis, muitas dessas tensões externas já estarão
presentes e as instituições para responder a elas
são geralmente inefi cazes. Se não forem abor-
dadas, ou se aumentarem, elas podem preju-
dicar os esforços de prevenção e recuperação
pós-violência. Muito mais do que em ambientes
de desenvolvimento estável, o tratamento de
tensões externas precisa, portanto, ser uma
parte essencial das estratégias nacionais e dos
esforços de apoio internacional à prevenção da
violência e à recuperação dos seus efeitos.
REFLEXÕES DOS MEMBROS DO CONSELHO CONSULTIVO DO RELATÓRIO SOBRE O DESENVOLVIMENTO MUNDIAL DE 2011
Recuperação da confiança no trânsito seguro na Colômbia
Marta Lucia Ramirez de Rincon, Diretora da “Fundacion Ciudadania en Accion”; ex-Senadora e Presidente da
Comissão de Segurança da Colômbia; ex-Ministra da Defesa e ex-Ministra de Comércio Exterior da Colômbia,
Membro de Conselho Consultivo do WDR.
(Resumo do Capítulo 5 do WDR)
O desafi o que enfrentamos em 2002 foi impedir que a Colômbia se tornasse um Estado fracassado. Isso exigiu a proteção de nossos cidadãos contra sequestros e terrorismo. Exigiu também a proteção da nossa infraestrutura, estradas e instituições democráticas contra os ataques das guerrilhas, dos paramilitares e trafi cantes de drogas. Esses grupos roubavam carros e sequestravam as pessoas que viajavam pelo país. Como esse problema havia piorado nos anos que se seguiram às eleições de 2002, o governo defi niu a recupe-ração da segurança nas ruas e estradas como prioridade-chave na sua agenda. O governo concebeu o programa Meteoro amplamente conhecido como “Vive Colombia, Viaja por ella” (Viva a Colômbia, viaje por ela).
O Meteoro tinha o objetivo de retomar o controle das ruas e estradas de todo o país que se encontravam nas mãos de grupos armados sem legitimidade que infl igiam medo à população. O governo convidou a população colombiana a pegar seus carros e viajar pelo país sem medo. Ao mesmo tempo iniciava uma importante operação militar, de inteli-gência e de polícia para proteger as ruas e garantir a segurança da população. Por intermédio desse plano, o governo procurou devolver o país à população e a reativar o comércio e o turismo. Acima de tudo, esse plano, implementado numa etapa bastante inicial do novo governo, provocou um grande avanço na recuperação da confi ança e esperança na sociedade colombiana.
Não confundir rapidez com pressa nos processos políticos
Lakhdar Brahimi, ex-Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas no Iraque e no
Afeganistão, Membro do Conselho Consultivo do WDR
(Resumo do Capítulo 5 do WDR)
É importante não confundir rapidez com pressa nos processos políticos: abordagens excessivamente apressadas podem precipitar o efeito oposto naquele de quem esperamos apoio. A grande esperança da comunidade inter-nacional com relação à experiência do Iraque com democracia eleitoral proporcional em 2005 produziu uma disputa de poder que aumentou em vez de amainar a violência sectária e a constituição, que foi apressadamente produzida depois, demonstra ser de difícil implementação. Da mesma forma, as eleições de 2009 no Afeganistão demonstraram prejudicar em vez de reforçar as percepções de legitimidade institucional no futuro próximo.
As opções não são mutuamente excludentes — existe uma grande demanda mundial por governança mais inclusiva e mais ágil e as eleições podem ser um meio crucial de atender a essa demanda. Mas seu sentido de oportunidade exige muita atenção. Na maioria dos países, as tradições democráticas levaram um tempo considerável para se desenvolverem. Da mesma forma, os atuais esforços de democratização exigem atenção às heranças históricas e às divergências políticas existentes e devem ser vistos como um processo contínuo de transformação social e o desenvolvimento de uma ampla gama de instituições que proporcionam freios e contrapesos em vez de um “evento” identifi cável. A democratização não começa nem termina com eleições.
R E C U R S O 3 Experiências dos países com a construção de confi ança e transformação das instituições para a segurança cidadã, justiça e empregos — refl exões dos Membros do Conselho Consultivo do WDRs (continuação)
16 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
empregos em prazo mais longo. O Relatório
apresenta primeiro as ferramentas básicas e
depois examina como diferenciar as estratégias
e a programação para as diferentes circunstân-
cias dos países, usando avaliações de riscos e
oportunidades específi cas para os países.
Sinais políticos e de políticas para construir coalizões colaborativas e sufi cientemente inclusivas
Existe uma semelhança surpreendente entre
os países no que se referem aos sinais que com
maior frequência constroem a confi ança e as
coalizões colaborativas (Consultar Recurso 4).
Podem incluir ações imediatas em nomea-
ções nacionais ou locais confi áveis, em trans-
parência e, em alguns casos, na remoção dos
fatores considerados negativos, tais como
leis discriminatórias. As forças de segurança
podem ser redistribuídas como um sinal posi-
tivo de atenção a áreas de insegurança, mas
também como um sinal de que o governo reco-
nhece onde determinadas unidades têm um
histórico de falta de confi ança ou abuso com
as comunidades e as substitui. Medidas para
aumentar a transparência das informações e
os processos de tomada de decisão podem ser
importantes na construção da confi ança, bem
como para fi xar a base para a transformação
institucional sustentada.
Os sinais podem ser também anún-
cios de ações futuras — a seleção de dois ou
três resultados preliminares-chave; o foco
do planejamento militar e policial sobre as
metas de segurança cidadã; ou a defi nição
de abordagens e cronologia para a reforma
política, descentralização ou justiça tran-
sicional. A garantia de que os sinais polí-
ticos e de políticas tenham uma abrangência
realista e possam ser aplicados é importante
para administrar as expectativas — fi xando-
-os ao planejamento nacional e aos processos
orçamentários e discutindo antecipadamente
com parceiros internacionais qualquer apoio
externo necessário.
Quando os sinais estão relacionados à ação
futura, sua credibilidade será aumentada pelos
mecanismos de compromisso que convencem
as partes interessadas de que eles serão real-
mente implementados e não haverá retro-
cesso. Exemplos são as agências executoras
multissetoriais independentes da Colômbia
e Indonésia e monitores terceirizados, tais
como a missão conjunta de monitoramento
A assistência internacional também precisa
ser diferente em situações frágeis. O requisito
de gerar resultados rápidos da construção de
confi ança confere importância particular à
velocidade. O foco na construção de coalizões
colaborativas e sufi cientemente inclusivas,
bem como na segurança cidadã, justiça e
empregos reúne uma gama maior de capaci-
dades internacionais que precisam trabalhar
em harmonia — por exemplo, para mediação,
direitos humanos e assistência à segurança,
além de ajuda humanitária e ao desenvolvi-
mento. Nos lugares onde a situação política
é frágil e a capacidade dos sistemas locais de
garantir a responsabilização é insufi ciente,
as iniciativas internacionais — tais como
mecanismos de reconhecimento e sanção
— também desempenham um papel signi-
fi cativo. Tomemos como exemplo um dos
menores países da África Ocidental que recen-
temente passaram por golpes de estado. Os
mecanismos locais para solucionar a situação
de forma pacífi ca são limitados e a pressão
da União Africana (UA) e da Comunidade
Econômica dos Estados da África Ocidental
(ECOWAS) para o retorno a um caminho
constitucional é crucial. Portanto, o reconhe-
cimento regional e global de uma liderança
responsável pode ser importante para reforçar
os incentivos e sistemas de responsabilização
no âmbito nacional.
Ferramentas práticas de políticas e programas para os atores dos países
O WDR apresenta uma maneira diferente
de pensar as abordagens de prevenção da
violência e de recuperação em situações
frágeis. Ele não tem a intenção de ser um “livro
de receitas” — cada país tem um contexto
político diferente e não há uma solução que
atenda a todos. Embora a opção de medidas
de geração de confi ança e de abordagens de
construção de instituições precise ser adap-
tada a cada país, um conjunto de ferramentas
básicas que surge da experiência pode servir
de base para essa adaptação. Essas ferramentas
essenciais incluem as opções por sinais e
mecanismos de compromisso para construir
coalizões colaborativas, demonstrando um
rompimento com o passado e construindo a
confi ança com resultados positivos. Incluem
também uma descrição do programa capaz
de oferecer resultados rápidos e fornecimento
institucional de segurança cidadã, justiça e
Visão geral 17
VIOLÊNCIA e FRAGILIDADE
SEGURANÇA CIDADÃ,JUSTIÇA E EMPREGOS
RECUPERAÇÃO DA CO
NFIA
NÇA
TRAN
SFORM
AÇÃO
DE INSTITUIÇÕES
RECUPERAÇÃO D
A CON
FIAN
ÇA
RECUPERAÇÃO DA CO
NFIA
NÇA
TRAN
SFORM
AÇÃO
DE INSTITUIÇÕES
TRAN
SFORM
AÇÃO DE INSTITUIÇÕES
APOIO EXTERNO E INCENTIVOS
TENSÃOEXTERNA
APOIO EXTERNO E INCENTIVOS
TENSÃOEXTERNA
VIOLÊNCIA e FRAGILIDADE
CITIZEN SECURITY,JUSTICE, AND JOBS
SEGURANÇA CIDADÃ, JUSTIÇAE EMPREGOS
TENSÃOEXTERNA
TRAN
SFORM
AÇÃO
DE INSTITUIÇÕES
TRAN
SFORM
AÇÃO
DE INSTITUIÇÕES
TRAN
SFORM
AÇÃO DE INSTITUIÇÕES
VIOLÊNCIA e FRAGILIDADE
APOIO EXTERNO E INCENTIVOS
Recurso 4: Ferramentas essenciaisRECUPERAÇÃO DA CONFIANÇA
TRANSFORMANDO INSTITUIÇÕES
AÇÃO NACIONAL PARA GERENCIAR A TENSÃO EXTERNA
INDICADORES DE RESULTADOS VIÁVEIS PARA SE DEMONSTRAR O PROGRESSO GERAL
Sinais: Políticas e Sinais: Mecanismos prioridades futuras Ações imediatas de compromisso Ações de apoio
Segurança cidadã Justiça Empregos e serviços associados
Segurança cidadã Justiça Empregos e serviços associados
Segurança cidadã Justiça Empregos e serviços associados
• Objetivos de segurança
cidadã
• Princípios-chave e
cronogramas realistas
para a reforma política,
descentralização, corrupção,
justiça transicional
• Mescla de Estado,
comunidade, ONG e
capacidade internacional
Reforma do setor de segurança:
• Projetada para proporcionar
benefícios da segurança cidadã
• Aumentos de capacidade vincu-
lados à repetição de resultados de
desempenho realistas e funções de
justiça
• Desmantelamento de redes crimi-
nosas mediante a supervisão por
civis, avaliações e transparência
das despesas do orçamento
• Uso de sistemas de pouco dispen-
diosos para o policiamento rural
e comunitário
• Cooperação nas fronteiras
• Polícia militar e inteligência
fi nanceira
• Mortes violentas
• Pesquisa de percepções sobre
os aumentos/diminuições da
segurança.
• Pesquisas com vítimas
• Capacidade em etapas e responsa-
bilização em funções de segurança
especializada
• Nomeações confi áveis
• Transparência nas despesas
• Alocações de recursos para
áreas prioritárias
• Redistribuição das forças de
segurança
• Remoção das políticas
discriminatórias
• Independência dos órgãos
executores
• Monitoramento de terceiro
independente
• Sistemas nacionais-
internacionais com duas
autoridades
• Execução internacional de
uma ou mais funções-chave
Reforma do setor judiciário:
independência e vínculo com as reformas
de segurança, fortalecimento do processa-
mento dos números de casos básicos;
ampliação dos serviços de justiça; uso de
mecanismos tradicionais/comunitários
Divisão em etapas e medidas de combate
à corrupção: demonstrar que os recursos
nacionais podem ser utilizados para o bem
público antes de desmantelar os sistemas
de arrendamento; captura do controle de
aluguéis e uso de mecanismos de respon-
sabilização social
• Respostas coordenadas dos lados da
oferta e da procura
• Investigações conjuntas e litígios nas
jurisdições
• Criação de vínculos entre os sistemas
formal e informal
• Pesquisas de percepção por grupos (étnicos,
geográfi cos, religiosos, de classe) acerca
do aumento ou não de seu bem-estar com
o tempo e em relação com outros.
• Pesquisa de percepção sobre confi ança nas
instituições e sobre corrupção
• Indicadores de governança redirecionados para
resultados para resultados e grau de progresso
dentro de cronogramas historicamente realistas
• Dados de pesquisas de domicílios sobre
desigualdades verticais e horizontais e acesso
o a serviços de justiça
• Reforma política e eleitoral
• Descentralização
• Justiça transicional
• Reformas abrangentes de combate
à corrupção
• Avaliações de riscos
e prioridades
• Comunicação dos custos
da inércia
• Planos simples e medições
do progresso em 2-3
resultados preliminares
• Comunicação estratégica
Programas multissetoriais de empoderamento da
comunidade: associação de segurança cidadã, emprego,
justiça, educação e infraestrutura
Programas de emprego: simplifi cação normativa e recupe-
ração da infraestrutura para a criação de empregos para o
setor privado, programas públicos de longo prazo,
expansão de ativos, programas de cadeia de valor, apoio ao
setor informal, migração da mão de obra, empoderamento
econômico das mulheres e expansão de ativos.
Prestação de serviços humanitários e de proteção social:
com a transição planejada do suprimento internacional.
Política macroeconômica: foco na volatilidade do preço ao
consumidor e emprego
• Capacidade administrativa complementar conjunta
• Elaboração de programas de desenvolvimento
transnacional
• Percepção sobre o aumento ou não das
oportunidades de emprego
• Pesquisas de preço (para implicações
sobre rendimentos reais)
• Dados de domicílios acerca de emprego
e participação da força de trabalho
• Reformas econômicas estruturais, tais como a privatização
• Reformas da educação e saúde
• Inclusão de grupos marginalizados
Reformas de fundamentos e abordagens de “melhor ajuste”
Programas graduais e sistemáticos
Curto
prazo
Prazo
mais
longo
18 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
• Os líderes precisam apoderar-se das
oportunidades antes que a violência
cresça ou recrudesça.
Estrutura de programa nacional para restabelecer a confi ança e transformar as instituições
As ferramentas essenciais do programa que
emergem das diferentes experiências dos
países são mantidas em pequeno número deli-
beradamente para refl etir as lições dos países
relacionadas ao foco e às prioridades. Todas
elas são projetadas para serem implementadas
em etapas, em grandes programas nacionais
ou subnacionais em vez de em pequenos
projetos. Incluem programas multissetoriais
que vinculam as estruturas comunitárias
ao Estado; reforma do setor de segurança;
reforma da justiça; política e programas
nacionais de emprego; serviços correlatos que
apoiam a segurança cidadã, justiça e criação
de empregos, tais como eletricidade e proteção
social; e abordagens escalonadas contra a
corrupção. Incluem ainda programas que
podem ser cruciais para a prevenção contínua
da violência: reforma política, descentra-
lização, justiça transicional e reforma da
educação, em que a atenção sistemática se faz
necessária depois que as reformas prelimi-
nares na segurança cidadã, justiça e empregos
começaram a progredir.
As cinco principais lições do que funciona
na estrutura dos programas são:
• Programas que apoiem as relações entre o
Estado e a sociedade em áreas de insegu-
rança. Eles incluem programas comunitá-
rios para a prevenção da violência, emprego
e prestação de serviços associados e acesso
à justiça e à solução de controvérsias locais.
Entre os exemplos estão: policiamento
comunitário em uma ampla variedade de
países de renda alta, média e baixa, o
Programa Nacional de Solidariedade do
Afeganistão e os programas multissetoriais
de prevenção da violência na América
Latina.63
• Programas complementares para trans-
formação institucional nas áreas prioritá-
rias de segurança e justiça. Os programas
preliminares de reforma devem enfocar
funções básicas simples (como o processa-
mento do número de atendimentos penais,
investigação básica adequada e procedi-
mentos de detenção); incluem a supervisão
de Aceh ASEAN-EU (Associação das Nações
do Sudeste da Ásia — União Europeia).60 A
adoção de uma autoridade única ou duas
autoridades (dual-key) sobre uma ou mais
funções que envolvam órgãos internacio-
nais — como ocorre com o Programa de
Governança e Gestão Econômica na Libéria,
de administração conjunta,61 a Comissão
Internacional Contra a Impunidade na
Guatemala (CICIG),62 ou com as missões
de paz da ONU que têm responsabilidade
executiva de policiar — também é um meca-
nismo de compromisso quando a capaci-
dade institucional e a responsabilização são
frágeis.
Uma vigorosa comunicação estratégica
acerca desses sinais de mudança é sempre
importante — as ações e mudanças de polí-
ticas não podem infl uenciar os comporta-
mentos a menos que as pessoas saibam que
elas ocorreram e como elas se inserem em
uma visão mais ampla. Quando os riscos de
aumento da crise não são completamente
reconhecidos por todos os líderes nacionais, a
divulgação de uma mensagem precisa e irre-
futável acerca das consequências da ausência
de ação pode ajudar a estimular o ímpeto por
progresso. Essa narrativa pode ser acompa-
nhada por análises socioeconômicas — que
demonstrem de que modo o aumento da
violência e o fracasso das instituições estão
fazendo com que áreas nacionais ou subna-
cionais fi quem muito atrasadas com relação
aos seus vizinhos no avanço do desenvolvi-
mento; ou que mostrem como outros países
que não trataram o aumento das ameaças
enfrentaram consequências graves e dura-
douras para o desenvolvimento. A análise do
WDR oferece algumas mensagens claras:
• Nenhum país ou região pode se permitir
ignorar áreas onde ciclos repetidos de
violência prosperam e os cidadãos estão
distanciados do Estado.
• Desemprego, corrupção e exclusão
aumentam os riscos de violência — ao
passo que as instituições legítimas e a
governança que conferem a todos uma
parcela de participação na prosperidade
nacional são o sistema imune que protege
contra os diferentes tipos de violência.
• A segurança cidadã é um objetivo priori-
tário em situações de fragilidade, apoiada
por justiça e empregos.
Visão geral 19
por civis, avaliações e transparência das
despesas orçamentárias para desbaratar
redes secretas ou criminosas; e harmo-
nizar o ritmo da reforma entre a polícia e
os sistemas civis de justiça para evitar situ-
ações em que o aumento da capacidade
policial resulte em detenções prolongadas
ou na liberação de delinquentes de volta à
comunidade sem o devido processo.
• Programas de criação de empregos “De
volta ao básico”. Esses programas incluem
obras públicas em grande escala baseadas
na comunidade, tais como as que a Índia e
a Indonésia utilizam em todo o país, inclu-
sive em comunidades marginalizadas e
afetadas pela violência; simplifi cação
normativa do setor privado e tratamento
dos gargalos na infraestrutura (particular-
mente eletricidade, que é a principal limi-
tação para as empresas em áreas frágeis e
violentas); e acesso ao fi nanciamento e aos
investimentos para unir produtores e
mercados, como nas iniciativas de café,
laticínios e turismo no Kosovo e em
Ruanda.64
• A participação das mulheres em programas
de segurança, justiça e empoderamento
econômico, tais como as reformas na
Nicarágua, Libéria e Serra Leoa para intro-
duzir funcionárias do sexo feminino e
serviço específi co de gênero na força poli-
cial; e iniciativas de empoderamento
econômico no Nepal, que abordou as ques-
tões das funções de gênero — que haviam
sido motivo de discórdia em áreas de inse-
gurança — com o fornecimento de fi nan-
ciamento e treinamento empresarial para
grupos de mulheres.65
• Iniciativas focadas no combate à corrupção
que demonstram que iniciativas novas
podem ser bem administradas. As ferra-
mentas incluem o uso da capacidade do
setor privado para monitorar funções
vulneráveis à grande corrupção, como na
inspeção fl orestal na Libéria e na arreca-
dação alfandegária de Moçambique, asso-
ciado aos mecanismos de responsabili-
zação social que utilizam a publicação
transparente das despesas e o monitora-
mento da comunidade/sociedade civil para
garantir que os recursos cheguem aos seus
destinos.66
Alguns dos resultados preliminares da
geração de confi ança que podem ser enfocados
por meio desses programas incluem a liber-
dade de movimento pelas rotas de trânsito,
o fornecimento de eletricidade, o número
de empresas registradas e dias de emprego
criados, o processamento de casos judiciais e
a redução da impunidade mediante avaliações
ou processo judicial. O crucial aqui é que os
resultados preliminares aumentem a moti-
vação das instituições nacionais e estimulem
as iniciativas corretas para a criação de insti-
tuições futuras.
Por exemplo: se as forças de segurança
receberem metas baseadas no número de
combatentes rebeldes mortos ou capturados
ou, ainda, de criminosos presos, elas poderão
utilizar abordagens coercitivas, sem qualquer
incentivo à geração de confi ança no longo
prazo com as comunidades que evitarão que
a violência recrudesça. As metas baseadas na
segurança cidadã (liberdade de movimento
etc.), por outro lado, criam incentivos de
longo prazo para a função das forças de segu-
rança na sustentação da unidade nacional e na
efi cácia das relações entre o Estado e a socie-
dade. Da mesma forma, se os serviços e as
obras públicas forem prestados somente por
intermédio de programas nacionais ditados
de cima para baixo, haverá poucos incentivos
para as comunidades assumirem a responsa-
bilidade pela prevenção da violência ou para
as instituições nacionais se responsabilizarem
pela proteção de todos os cidadãos vulne-
ráveis, homens e mulheres. Uma mistura de
abordagens estatais e não-estatais, de baixo
para cima e de cima para baixo, é a melhor
base para a transformação institucional de
longo prazo.
O escalonamento das transições a partir
da ajuda humanitária também é uma parte
importante da transformação das instituições.
Nos países em que as tensões atuais esmagam
em grande parte a capacidade das instituições
nacionais, os reformadores nacionais geral-
mente recorrem à capacidade humanitária
internacional para oferecer resultados preli-
minares. Esses programas podem ser efi cazes
para salvar vidas, gerar confi ança e ampliar
a capacidade nacional. Mas é difícil decidir
acerca do tempo necessário para passar essas
funções para as instituições nacionais. Para
os programas de alimentos isso geralmente
signifi ca a redução do fornecimento antes
das colheitas locais e a mudança de distri-
buição geral para programas direcionados em
20 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
Mobilização do apoio internacional
Algumas restrições ao apoio internacional vêm
de políticas e sistemas estabelecidos nas sedes
de órgãos multilaterais e países doadores. As
ações relativas a essas questões são discutidas
na Parte 3, sob o título Orientações para a
Política Internacional. Os líderes nacionais e
seus parceiros nesse campo não podem defi nir
individualmente essas mudanças mais amplas
no sistema internacional, mas podem maxi-
mizar os benefícios do apoio existente.
É de grande valia quando os líderes nacio-
nais e seus parceiros internacionais nesse
campo apresentam prioridades claras do
programa relacionadas a segurança, justiça e
desenvolvimento. As experiências dos países
indicam que as iniciativas precisam focar em
somente dois ou três resultados rápidos para
gerar a confi ança e na construção de insti-
tuições restritas e realistas. As prioridades
são mais bem apresentadas em um número
bastante limitado de programas claros — tais
como intervenções baseadas na comunidade
em áreas sem segurança, segurança de desloca-
mento nas principais vias — como na Libéria69
após a guerra civil e na Colômbia70 diante da
violência da criminalidade em 2002. O uso do
processo de orçamento nacional para decidir
acerca dos programas prioritários coordena
mensagens e desenvolve a cooperação na
implementação entre os ministérios envol-
vidos com segurança e desenvolvimento.
Os líderes nacionais também podem
produzir resultados melhores a partir da
assistência externa fi cando alertas às necessi-
dades de parceiros internacionais para apre-
sentar resultados e administrar os riscos. Os
parceiros internacionais têm suas próprias
tensões internas — demonstrar que a assis-
tência não está sendo utilizada erradamente e
atribuir resultados aos seus empreendimentos.
Uma conversa sincera sobre os riscos e resul-
tados ajuda a encontrar maneiras de transpor
as diferenças. Na Indonésia, após o tsunami
e o acordo de paz de Aceh, por exemplo, o
governo acordou com os doadores que a assis-
tência recebida teria uma “marca conjunta” da
Agência de Reconstrução da Indonésia e dos
doadores, como medida especial de trans-
parência para permitir que ambas as partes
demonstrassem resultados visíveis e adminis-
trassem os riscos ao mesmo tempo em que
consolidavam a legitimidade das relações entre
o Estado e a sociedade após a crise. Um “pacto
duplo” entre os governos e seus cidadãos e
coordenação com os órgãos de proteção social
do governo, quando possível. Para as áreas
da saúde, educação, água e saneamento, isso
signifi ca a redução gradual das funções inter-
nacionais enquanto a capacidade das institui-
ções nacionais ou locais aumenta — como na
transição da prestação de serviços de saúde de
estrangeiros para nacionais no Timor Leste,
que passaram da execução internacional para
a contratação de ONGs internacionais pelo
governo e depois para a gestão do próprio
governo.67
Iniciativas regionais e transnacionais
As sociedades não se podem dar ao luxo de
transformar suas instituições isoladamente
— precisam ao mesmo tempo administrar as
tensões externas, quer geradas por choques
econômicos, que pelo tráfi co e corrupção
internacionais. Muitas dessas questões estão
além do controle de cada Estado-nação e a
última seção do Relatório analisa a política
internacional para reduzir as tensões externas.
Os líderes nacionais podem desempenhar
um papel signifi cativo no incentivo à ampla
cooperação regional ou global acerca de ques-
tões como o tráfi co de drogas e a cooperação
bilateral. As possíveis iniciativas incluem:
• Abertura para discutir segurança e coope-
ração para o desenvolvimento entre regiões
fronteiriças sem segurança, baseadas em
metas compartilhadas de segurança
cidadã, justiça e empregos em vez de
unicamente em operações militares.
Programas de desenvolvimento transfron-
teiriço podem envolver simplesmente
acordos especiais para compartilhar lições.
Mas pode também transformar-se em
acordos formais conjuntos para planejar e
monitorar programas de desenvolvimento
em áreas de fronteira sem segurança e
transformar-se em disposições específi cas
para ajudar áreas sem costa marítima a
obterem acesso aos mercados.
• Processos conjuntos para investigar e
processar incidentes de corrupção capazes
de alimentar a violência, como fi zeram o
Haiti e a Nigéria (com os Estados Unidos e
o Reino Unido) no combate à corrupção e à
lavagem de dinheiro.68 Esses processos
podem gerar capacidade em jurisdições
mais frágeis e fornecer resultados que não
poderiam ser obtidos por uma jurisdição
isoladamente.
Visão geral 21
essa lacuna.72 O países de renda média e
alta utilizam pesquisas o tempo todo para
fornecer feedback aos governos acerca do
progresso e dos riscos, mas elas são pouco
utilizadas em países frágeis e de renda baixa.
A mensuração direta de melhorias na segu-
rança também pode demonstrar progresso
rápido, mas embora os dados sobre mortes
violentas sejam bastante fáceis de coletar, eles
não estão disponíveis para os países que mais
se benefi ciariam deles: Estados frágeis de
baixa renda.
Diferenciação entre estratégia e programas para o contextode cada país
Embora exista um conjunto básico de
ferramentas que emergem da experiência,
cada país precisa avaliar suas circunstâncias
e adaptar as lições de outros ao contexto
político local. Cada país enfrenta tensões
diferentes, diferentes desafi os às instituições,
diferentes grupos interessados que precisam
ser envolvidos para fazer diferença e diversos
tipos de oportunidades de transição. As dife-
renças não são preto ou branco, mas ocorrem
em um espectro — cada país terá diferentes
manifestações de violência, diferentes combi-
nações de tensões internas e externas e dife-
rentes desafi os institucionais — e esses fatores
irão mudar com o tempo. Mas todos os países
enfrentam alguns aspectos dessa mescla.
O Relatório cobre algumas das principais dife-
renças nas circunstâncias dos países mediante
a diferenciação simples demonstrada acima.
Os reformadores nacionais e seus inter-
locutores nos países precisam tomar dois
tipos de decisão em cada etapa da geração de
confi ança e reforma institucional, levando em
conta o contexto político local. A primeira é
decidir os tipos de sinais — ações imediatas e
divulgações dos resultados iniciais, bem como
políticas de longo prazo — que podem ajudar
entre os Estados e seus parceiros internacio-
nais, proposto inicialmente por Ashraf Ghani
e Clare Lockhart, é outra forma de adminis-
trar as diferentes perspectivas sobre o risco, a
velocidade da resposta e o compromisso com
instituições nacionais — tornando explícita
a responsabilização dupla dos recursos dos
doadores.71
Monitoramento de resultados
Para avaliar o êxito dos programas e adaptá-los
quando surgem problemas, os reformadores
nacionais e seus parceiros internacionais no
país também precisam de informações acerca
dos resultados gerais da redução da violência
e acerca da confi ança dos cidadãos nas metas
de segurança, justiça e empregos em intervalos
regulares. Para a maioria dos países em desen-
volvimento, os Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio (ODMs) e as metas e indicadores
associados a eles são a estrutura internacional
dominante. Os ODMs elevaram o perfi l do
desenvolvimento humano abrangente e conti-
nuam a ser importantes objetivos de longo
prazo para os países que enfrentam a fragi-
lidade e a violência. Mas eles têm inconve-
nientes quanto a sua importância direta para
o progresso na prevenção e recuperação da
violência. Não cobrem a segurança cidadã,
justiça ou empregos. Eles se movem lenta-
mente e, portanto, não oferecem aos reforma-
dores nacionais ou a seus parceiros interna-
cionais as espirais de feedback rápido capazes
de demonstrar áreas de progresso e identifi car
riscos novos ou remanescentes.
Um complemento útil para os ODMs
seriam indicadores que medissem mais dire-
tamente a redução da violência, a geração
de confi ança bem como a segurança cidadã,
justiça e emprego (Recurso 4). Os dados
de pesquisas com cidadãos, notoriamente
ausentes em muitos países frágeis e afetados
por confl itos poderiam ajudar a preencher
Espectros de desafi os e oportunidades em situações específi cas
Tipos de violência: Civil e/ou criminal e/ou transfronteiriça e/ou subnacional e/ou ideológica
Oportunidade de transição: Gradual/limitada
a espaço imediato/importante para a mudança
Principais partes interessadas: Partes interessadas
internas versus externas; partes interessadas estatais
vs. não-estatais; partes interessadas de baixa renda
vs. de renda média-alta
Principais tensões: Tensões internas vs. externas;
níveis elevados vs. níveis baixos de divisões entre
os grupos
Desafi os institucionais: Grau de capacidade,
responsabilização e inclusão
22 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
qualquer é menos importante do que os défi -
cits institucionais subjacentes que permitam
ciclos repetidos de violência — e que aborda-
gens de sucesso para tratar da violência polí-
tica, comunitária e criminal tenham muito em
comum. Mas a mescla de diferentes tipos de
violência não afeta a estratégia. A desigualdade
entre grupos étnicos, religiosos ou geográfi cos
é importante como um risco de confl ito civil
— programas de emprego e serviços focariam
então a igualdade e oportunidades de ligação
entre esses grupos. Mas para a violência
criminal organizada, a desigualdade entre
ricos e pobres importa mais (independente de
identidades étnicas ou religiosas). A violência
com fortes ligações internacionais — crimi-
nalidade organizada, recrutamento interna-
cional em movimentos ideológicos — exige
maior cooperação internacional.
As circunstâncias do país também fazem
diferença para o desenho do programa,
exigindo as condições políticas locais “mais
bem ajustadas”. Por exemplo, as aborda-
gens comunitárias multissetoriais podem ser
efi cazes em contextos tão diferentes quanto
os da Costa do Marfi m, Guatemala e Irlanda
do Norte — mas seria necessário mais atenção
na Costa do Marfi m e Irlanda do Norte para
garantir que essas abordagens não fossem
vistas como direcionadas a um grupo étnico
ou religioso mas, em vez disso, como cria-
doras de vínculos entre grupos. A Colômbia e
o Haiti estão considerando a reforma no setor
de justiça, mas os problemas de responsabili-
zação e capacidade são um grande desafi o no
Haiti e as reformas teriam sido concebidas em
conformidade.75 Nos países de renda média
com instituições sólidas que enfrentam desa-
fi os de exclusão e responsabilização, lições
sobre o desenho do programa, sucessos e
oportunidades perdidas virão principalmente
dos países que enfrentaram circunstâncias
similares, tais como as transições democrá-
ticas na América Latina, Indonésia, Europa
Ocidental ou África do Sul. Portanto, os refor-
madores nacionais e seus parceiros interna-
cionais precisam refl etir sobre a economia
política de intervenções e adaptar o desenho
do programa a esse contexto (Recurso 5).
Cada país precisa de sua própria avaliação
de riscos e prioridades para desenhar a estra-
tégia e os programas mais adequados ao seu
contexto político. As ferramentas de avaliação
internacional, tais como as avaliações das
necessidades pós-confl ito/pós-crise, podem
a construir coalizões colaborativas “sufi ciente-
mente inclusivas”. O segundo é decidir sobre
o desenho dos programas prioritários para
iniciar a transformação institucional.
Na diferenciação entre os sinais polí-
ticos e de políticas, fazem diferença o tipo de
tensões enfrentadas e os grupos interessados
cujo apoio é mais necessário para a ação
efi caz. Quando cisões étnicas, geográfi cas ou
religiosas estiverem associadas ao confl ito e
quando a cooperação entre esses grupos for
crucial para o progresso, a credibilidade das
indicações poderá depender de as pessoas
gozarem ou não de respeito entre os grupos.
Quando a corrupção representar uma tensão
grave, a credibilidade das principais indica-
ções poderá depender da reputação de inte-
gridade dos indivíduos.
O tipo de momento de transição também
faz diferença. No fi nal das guerras do Japão
e da República da Coreia, no nascimento
da nova nação do Timor Leste, na primeira
eleição pós-guerra da Libéria, na vitória
militar na Nicarágua e após o genocídio de
Ruanda, havia mais espaço para anúncios
rápidos de mudança política, social e institu-
cional de longo prazo do que existe hoje para
o governo de coalizão no Quênia ou outras
situações de reforma negociada.
Capacidade institucional, responsabili-
zação e confi ança entre os grupos também
afetam as escolhas e o calendário dos anún-
cios políticos preliminares. Em países com
instituições fortes mas que foram conside-
radas ilegítimas porque são excludentes,
abusivas ou irresponsáveis (como em algumas
transições a partir de regimes autoritários),
a ação relativa à transparência, participação
e justiça pode ser mais importante para a
geração de confi ança de curto prazo do que
o fornecimento de bens e serviços. Quando
a coesão social está dividida em facções,
pode ser necessário tempo para construir a
confi ança entre os grupos antes de tentar-se
uma reforma mais ampla. Na África do Sul,
por exemplo, os líderes sabiamente deram
tempo para a reforma constitucional e o
desenvolvimento de confi ança entre grupos
antes da primeira eleição pós-apartheit.73 E na
Irlanda do Norte a transferência das funções
de segurança e justiça para o governo local
foram retardadas até que a confi ança e a
responsabilização aumentassem.74
Uma mensagem essencial é que a manifes-
tação particular de violência em um momento
Visão geral 23
Especifi camente, embora existam processos
para prestar a assistência pós-guerra típica
dos paradigmas do século XX, dispensa-se
pouca atenção no que se refere a ajudar países
que lutam para impedir ciclos repetidos de
violência política e criminosa (Recurso 6,
Figura 6.1) e aos desafi os envolvidos na trans-
formação de instituições para fornecer segu-
rança cidadã, justiça e empregos. Os processos
internos dos organismos internacionais são
muito lentos, muito fragmentados, muito
dependentes de sistemas paralelos e muito
rápidos para deixar o cenário, e há divisões
signifi cativas entre os atores internacionais.
O conjunto de ferramentas preventivas
no sistema internacional tem melhorado,
com aumentos na capacidade de mediação
global e regional78 e nos programas que
apoiam esforços de colaboração locais e
nacionais para mediar a violência. Os exem-
plos incluem os comitês da paz de Gana
apoiados pelo Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD) e pelo
Departamento de Assuntos Políticos das
Nações Unidas (UNDPA)79 e pelos projetos
comunitários do Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID) para a segurança
cidadã. Esses programas geralmente apoiam
atividades relacionadas à segurança cidadã,
justiça e empregos, mas elas não integram as
principais tendências sobre desenvolvimento,
diplomacia e segurança. A mediação sob os
auspícios da ONU, de mecanismos regional
e de ONGs tem tido um papel signifi cativo
em uma gama de casos — desde a mediação
UA-ONU-ECOWAS na África Ocidental para
a facilitação das Nações Unidas do Acordo
de Bonn do Afeganistão, até iniciativas não
governamentais, tais como o Centro para o
Diálogo Humanitário e a Iniciativa de Gestão
da Crise em Aceh.80
Mas esses programas ainda não são desen-
volvidos em grande escala. Para os países é
muito mais difícil obter assistência interna-
cional para apoiar o desenvolvimento de suas
forças policiais e judiciárias do que de suas
forças militares. Assistência internacional para
o desenvolvimento econômico tende a apoiar
mais facilmente a política macroeconômica e
capacidades de saúde ou educação do que a
criação de empregos. A capacidade policial, o
desenvolvimento doutrinário e o treinamento
da ONU melhoraram, mas não estão inteira-
mente vinculados a capacidades de justiça.
Embora alguns órgãos bilaterais forneçam
identifi car os riscos e as prioridades. Essas
avaliações poderiam ser intensifi cadas com:
• A adaptação periódica e frequente das
avaliações em diferentes momentos de
transição, inclusive quando os riscos são
maiores, e não somente após uma crise.
• A identifi cação das características especí-
fi cas de oportunidades de transição, pres-
sões, desafi os institucionais, partes interes-
sadas e instituições que fornecem
segurança cidadã, justiça e empregos.
• Identifi cação das prioridades a partir da
perspectiva do cidadão e das partes interes-
sadas por meio de grupos de interesse ou
pesquisas de opinião, como fez a África do
Sul ao desenvolver suas prioridades de
reconstrução ou como fez o Paquistão ao
avaliar as fontes de violência nas regiões
fronteiriças.76
• A análise explícita do histórico de inicia-
tivas passadas, como fez a Colômbia ao
revisar pontos fracos e fortes de iniciativas
anteriores para solucionar a violência no
início dos anos 2000.77
• Com uma abordagem mais realista a
respeito do número de prioridades identifi -
cadas e dos cronogramas, assim como com
as mudanças recomendadas para a
avaliação conjunta das necessidades pós-
-crise das Nações Unidas –Banco Mundial–
União Europeia.
PARTE 3: REDUÇÃO DOS RISCOS DE VIOLÊNCIA — ORIENTAÇÕES DA POLÍTICA INTERNACIONAL
A ação internacional proporcionou grandes
benefícios para o progresso da segurança e
da prosperidade. É difícil imaginar como
os líderes comprometidos da Europa do
pós-Segunda Guerra Mundial, Indonésia,
República da Coreia, Libéria, Moçambique,
Irlanda do Norte ou Timor-Leste teriam esta-
bilizado seus países sem a ajuda de outros
países. Muitos indivíduos que trabalham
em Estados frágeis e afetados por confl itos
são profi ssionais dedicados tentando apoiar
esforços nacionais. Mas eles são limitados
por estruturas, ferramentas e processos proje-
tados para diferentes contextos e fi nalidades.
24 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
RECURSO 5 Adaptando o desenho do programa do nível comunitário ao contexto do país
Países: Afeganistão, Burundi, Camboja, Colômbia, Indonésia, Nepal, Ruanda
Os elementos básicos de um programa de desenvolvimento
comunitário pós-confl ito são simples e podem ser adap-
tados a uma ampla série de contextos nacionais. Todos os
programas comunitários sob os auspícios do Estado consistem,
essencialmente, em mecanismos de tomada de decisões pela
comunidade para determinar prioridades bem como o forneci-
mento de fundos e ajuda técnica para implementá-las. Neste
modelo há uma grande discrepância que pode ser adaptada a
diferentes tipos de pressões e capacidades institucionais assim
como a diferentes oportunidades de transição. As três impor-
tantes fontes de discrepância dizem respeito à forma como é
realizada a tomada de decisões pela comunidade, quem controla
os fundos e que lugar os programas ocupam no governo.
Diferentes pressões, capacidade e responsabilização institu-
cional afetam a tomada de decisão pela comunidade. Em muitas
áreas violentas, os conselhos comunitários foram destruídos ou
estão desacreditados. Uma primeira etapa importante é reesta-
belecer formas participativas de representação confi áveis. Em
Burundi, por exemplo, uma ONG local organizou eleições para
comitês representativos para lidar com desenvolvimento comu-
nitário das comunas participantes, que englobavam diferentes
grupos étnicos. Do mesmo modo, o Programa Nacional de
Solidariedade do Afeganistão deu início a eleições no nível das
aldeias para formar um conselho de desenvolvimento comuni-
tário. Mas os programas da Indonésia para as áreas afetadas por
confl itos de Aceh, Maluku, Sulawesi e Kalimantan não reali-
zaram novas eleições comunitárias. Os conselhos comunitários
estavam basicamente intactos e as leis nacionais haviam provi-
denciado eleições democráticas locais nas aldeias. A Indonésia
também tentou separar subsídios para aldeias de muçulmanos e
cristãos para minimizar tensões intercomunitárias, mas acabou
por usar fundos e conselhos comuns para superar as divisões
entre essas comunidades.
Os diferentes desafi os institucionais também afetam aqueles
que detêm os fundos. Os programas devem pesar as compensa-
ções entre o primeiro objetivo de geração da confi ança com os
riscos da perda de dinheiro ou a apropriação dos recursos por
parte da elite, conforme mostrado nos seguintes exemplos:
• Na Indonésia, onde a capacidade local era muito sólida, os
conselhos subdistritais estabeleceram unidades de gestão
fi nanceira que são periodicamente auditadas, mas têm total
responsabilidade em todos os aspectos do desempenho
fi nanceiro.
• No Burundi, a falta de progresso na descentralização geral e
as difi culdades no monitoramento dos fundos por meio de
estruturas comunitárias signifi cavam que a responsabilidade
pela gestão dos fundos era das ONGs parceiras.
• No Programa Nacional de Solidariedade do Afeganistão, as
ONGs também assumiram a responsabilidade inicial pela
gestão dos fundos enquanto os conselhos eram treinados em
escrituração contábil, mas em um ano os subsídios em bloco
começaram a ser transferidos diretamente para os
conselhos.
• Na Colômbia, onde os principais desafi os institucionais eram
aproximar o Estado das comunidades e superar a descon-
fi ança entre as agências governamentais civis e as de segu-
rança, os fundos eram mantidos por cada ministério do
governo, mas as aprovações de atividades eram dadas por
equipes multissetoriais nos escritórios de representação.
• No Nepal, os programas comunitários mostram o conjunto
completo: alguns programas delegam a principal responsabi-
lidade pela supervisão dos fundos para as ONGs parceiras;
em outros programas, tais como o amplo programa de escolas
de aldeia, as comissões de escolas comunitárias são os
proprietários legais das instalações das escolas e podem usar
os fundos do governo para contratar e formar seu pessoal.
O tipo de momento de transição afeta a forma como as estru-
turas de tomada de decisão da comunidade se alinham com a
administração formal do governo. Muitos países que estão
saindo do confl ito também passarão por importantes reformas
constitucionais e administrativas ao mesmo tempo em que os
programas comunitários de resposta rápida serão lançados.
Pode ser difícil alinhar os conselhos comunitários com as estru-
turas emergentes do governo. No Programa Nacional de
Solidariedade do Afeganistão, por exemplo, os Conselhos de
Desenvolvimento Comunitário, embora constituídos sob uma
lei vice-presidencial de 2007, ainda estão sob revisão para inte-
gração formal na estrutura administrativa nacional. No
Programa Seila do Camboja, os conselhos foram lançados sob os
auspícios do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) e depois passaram para a estrutura
da comuna do governo recentemente formada. Em Ruanda,
uma maior oportunidade de mudança após o genocídio signi-
fi cou que os conselhos podiam ser integrados aos planos de
descentralização do governo desde o início.
Fonte: Guggenheim 2011.
Visão geral 25
assistência.84 Em uma pesquisa recente da
Comissão Europeia sobre a assistência para
o Camboja, mais de 35% de todos os projetos
tinham uma duração inferior a um ano e 66%
duravam menos de três anos. Apesar da neces-
sidade de uma assistência mais consistente e
sustentada, a ajuda para Estados frágeis é
muito mais volátil do que a ajuda para Estados
não frágeis — na verdade, duas vezes mais
volátil, com uma perda em efi ciência estimada
em 2,5% do PIB para Estados benefi ciários
(Recurso 6, Figuras F6.2 e F6.3).85
A ação regional e global sobre as tensões
externas é uma parte importante da redução
de riscos, mas a assistência ainda é focada
principalmente no nível de cada país.
Alguns processos inovadores contra o tráfi co
combinam incentivos de oferta e demanda
e os esforços de várias partes interessadas
em países desenvolvidos e em desenvolvi-
mento86 — um é o Esquema de Certifi cação
do Processo Kimberley para conter a venda de
diamantes ligados ao confl ito.87 No entanto,
ainda está faltando um princípio geral de
co-responsabilidade, combinando ações de
oferta e demanda e cooperação entre regiões
desenvolvidas e em desenvolvimento. Os
esforços atuais sofrem com a defi ciência e
a fragmentação nos sistemas fi nanceiros
usados para “seguir o dinheiro” que fl ui de
transações corruptas. E são restritos por uma
multiplicação de iniciativas multinacionais
fracas e confl itantes no lugar de abordagens
regionais sólidas e bem dotadas de recursos.
Apesar de algumas exceções — os programas
regionais de longa duração do Banco de
Desenvolvimento Asiático e da União
Europeia, os escritórios do Departamento
de Assuntos Políticos da ONU e aumentos
recentes nos empréstimos regionais feitos pelo
Banco Mundial — a maioria dos doadores de
ajuda para o desenvolvimento focam princi-
palmente no apoio nacional, em vez de focar
no apoio regional.
O panorama internacional está se tornando
mais complexo. O fi m da Guerra Fria teve o
potencial para antecipar uma nova era de
consenso no apoio internacional à violência
e áreas afetadas por confl itos. Na verdade, a
última década tem presenciado um aumento
na complexidade e problemas contínuos de
coordenação. Os atores políticos, de segurança,
humanitários e de desenvolvimento, presentes
no contexto de cada país, tornaram-se mais
numerosos. Acordos legais que estabelecem
assistência especializada para reforma da
segurança e justiça, suas capacidades são
relativamente novas e pouco desenvolvidas
em comparação a outras áreas. Instituições
fi nanceiras internacionais e assistência econô-
mica bilateral tendem a focar principalmente
o crescimento e não na geração de empregos.
Segurança cidadã, justiça e empregos não são
mencionados nos ODMs.
Todos os programas descritos acima
exigem ação vinculada de atores da diplo-
macia, da segurança e do desenvolvimento
e, às vezes, atores humanitários. No entanto,
esses atores geralmente avaliam prioridades
e desenvolvem seus programas separada-
mente, com esforços para ajudar reformadores
nacionais a desenvolver programas unifi cados
como exceção e não como regra. As “missões
integradas” da ONU e várias iniciativas de
“governo integral” e “sistemas integrais”,
tanto bilaterais como regionais, surgiram
para superar o desafi o de unifi car estratégias
e operações de desenvolvimento, segurança
e diplomacia.81 Mas diferentes disciplinas
trazem com elas diferentes objetivos, prazos
de planejamento, processos de tomada de
decisão, fl uxos de fi nanciamentos e tipos de
cálculo de risco.82
De modo geral, a assistência costuma ser
lenta para chegar apesar dos esforços da ONU
e das instituições fi nanceiras internacionais, e
os doadores bilaterais para estabelecer meca-
nismos rápidos de desembolsos e implemen-
tação. A ajuda é fragmentada em pequenos
projetos, tornando difícil para os governos
concentrar esforços em alguns resultados
chave. A Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
pesquisou em 2004 que em 11 países frágeis
havia uma média de 38 atividades por doador,
cada projeto com um montante médio de
apenas US$ 1.1 milhão — muito pouco para
a maior parte ter algum impacto sobre os
desafi os de transformação institucional.83 Os
doadores de ajuda geralmente operam em
países frágeis por meio de sistemas paralelos
às instituições nacionais — com unidades de
projeto separadas para ajuda ao desenvolvi-
mento e com programas humanitários imple-
mentados por meio de ONGs internacionais.
Apesar do progresso na ampliação dos hori-
zontes temporais das missões de manutenção
da paz e de alguns tipos de assistência, o sistema
é restrito por um foco de curto prazo em opor-
tunidades pós-confl ito e alta volatilidade em
26 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
muito sensíveis aos riscos de uma crítica
interna sobre desperdício, abuso, corrupção
e falta de resultados em programas de
doadores. Os atores internacionais precisam
ser responsabilizados por seus cidadãos e
contribuintes, assim como pelas necessidades
nacionais de seus parceiros e essas
expectativas podem estar em confl ito (fi gura
3.1).
O lento progresso na mudança do
comportamento dos doadores é proveniente
desses incentivos subjacentes. Por exemplo,
realizar pequenos projetos por meio de
sistemas paralelos, focando na “forma e
não na função” da mudança (com ênfase
nas eleições, leis-modelo de aquisições e
comissões de combate à corrupção e defesa
dos direitos humanos) e evitar compromissos
com o reforço de instituições de maior risco
— tudo isso ajuda os doadores a gerenciarem
as expectativas internas de resultados e a
crítica pelo insucesso. No rigoroso ambiente
fi scal de hoje de muitos doadores, o dilema
é se tornar mais proeminente, e não menos.
As pressões internas também contribuem
para divisões entre doadores, pois alguns
doadores enfrentam muito mais pressão
interna do que outros sobre corrupção,
igualdade de gêneros ou a necessidade de
mostrar benefícios econômicos em seu
país resultantes da ajuda além-mar. A
responsabilização em favor de contribuintes
é uma faceta desejável da ajuda de doadores
— mas o desafi o é ajustar as expectativas
internas às necessidades e realidades da
assistência no terreno.
padrões para uma liderança nacional
responsável se tornaram mais complicados
com o decorrer do tempo: A Convenção das
Nações Unidas contra o Genocídio, de 1948
, tem 17 parágrafos em vigor; a Convenção
contra a Corrupção, de 2003, tem 455. Nos
países da OCDE, há opiniões divididas
sobre o papel relativo da assistência para
segurança e desenvolvimento e sobre a
ajuda dada pelas instituições nacionais. O
aumento na assistência proveniente de países
de renda média, com um histórico de apoio
solidário, não somente traz nova energia,
recursos e ideias valiosos, mas também
novos desafi os nas diferentes visões dos
atores internacionais. As consultas da WDR
frequentemente revelam opiniões divididas
entre os atores nacionais, órgãos regionais,
países de renda média e doadores da OCDE
sobre o que é realista esperar de uma
liderança nacional ao melhorar a governança,
sobre que período e sobre as “formas” versus
as “funções” de uma boa governança (eleições
versus práticas e processos democráticos
mais amplos; minimizar a corrupção na
prática versus estabelecer leis de aquisições e
comissões anticorrupção).
A responsabilização dupla está no âmago
do comportamento internacional. Os atores
internacionais sabem que é necessário uma
participação mais rápida, mais inteligente
e de longo prazo por meio de instituições
nacionais e regionais para ajudar sociedades
a se fortalecerem. Mas como foi destacado
pela Rede Internacional sobre Confl ito e
Fragilidade da OCDE88, eles também são
F I G U R A 3.1 O dilema da responsabilização dupla para doadores comprometidos com ambientes frágeis e em confl ito
Atores
Nacionais
Atores
Internacionais
Grupos de representantes
nacionais
Grupos eleitorais internos
e órgãos deliberativos.
Responsabilização
Responsabilização
Responsabilização
Responsabilização
Diferentes perspectivas
de riscos e resultados
Fonte: Equipe do WDR.
F I G U R A F 6.3 Ajuda com períodos de restrições e incentivos: A volatilidade nos Estados frágeis selecionados
Os quatro países abaixo fornecem uma ilustração. Não raramente
a ajuda total para Burundi, República Centro-Africana, Guiné-Bissau
e Haiti caía de 20 a 30% em um ano e aumentava até 50% no ano
seguinte (ajuda humanitária e perdão da dívida, excluídos dessas
estatísticas, aumentariam ainda mais a volatilidade).
Fonte: Cálculos da equipe do WDR baseados em OECD 2010d.
RECURSO 6 Padrões de assistência internacional para países afetados pela violência
F I G U R A F 6.1 Apoio internacional desigual na África Ocidental — pós-confl ito supera a prevenção
Um conceito isolado de progresso e as difi culdades de prevenção levaram a um foco excessivo nas transições pós-confl ito.
A quantidade de verba para ajuda e para a manutenção da paz direcionada aos países após o fi m de uma guerra civil
ultrapassa bastante o que é fornecido a países que lutam para impedir um agravamento do confl ito.
Fonte: Cálculos da equipe do WDR baseados em OECD 2010d.
F I G U R A F 6.2 A volatilidade da ajuda aumenta com a duração da violência
Nos últimos 20 anos, os países que sofreram períodos mais longos de fragilidade, violência ou confl ito experimentaram mais volatilidade em sua ajuda. Figura 6.2 mostra que o coefi ciente de variação da assistência ofi cial ao desenvolvimento(ODA, do inglês “offi cial development assistance”), total líquida, excluindo o perdão da dívida, é mais alto em países que sofreram violência prolongada desde 1990. Esta relação, refl etida pela linha de tendência de crescimento, é estatisticamente signifi cativa e sugere que, em média, um país que sofreu 20 anos de violência experimentou duas vezes mais volatilidade na ajuda do que um país que não sofreu violências. A volatilidade das receitas tem custos consideráveis para todos os governos, mas especialmente em situações frágeis nas quais ela pode sabotar esforços de reforma.
Fonte: Cálculos da equipe do WDR baseados na OCDE 2010d.
Libéria (períodoem destaque:2004 a 2008)
Serra Leoa(período em
destaque:2000 a 2003)
Guiné(período em
destaque: 2008)
Guiné-Bissau(período em
destaque:2002 a 2005)
Togo (períodoem destaque:2005 a 2008)
Média global para países
de baixa renda
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
África Ocidental, países selecionados (2000 a 2008)
De
spe
sa t
ota
l, p
er
cap
ita,
da
aju
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anu
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ção
da
paz
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S$ c
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–100
–50
0
50
100
150
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008
Var
iaçã
o d
o %
an
ual
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aju
da
pe
r ca
pit
a
Burundi República Centro-Africana
Guiné-Bissau Haiti
Visão geral 27
28 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
As respostas multilaterais também são
restritas por acordos históricos adequados
a ambientes mais estáveis. Por exemplo, os
procedimentos de aquisições de instituições
fi nanceiras foram baseados na suposição
de uma segurança contínua, em um nível
razoável de capacidade institucional estatal
e em mercados competitivos. Portanto, eles
têm difi culdade de se adaptar a situações em
que as condições de segurança mudam entre
a elaboração e a licitação de um projeto,
onde um pequeno número de interlocu-
tores qualifi cados dos governos lutam para
gerenciar uma complexa documentação de
aquisições e onde o número de empreiteiros
qualifi cados preparados para concorrer
e mobilizar é muito limitado. Da mesma
forma, o Secretariado da ONU desenvolveu
originalmente sistemas de aquisições proje-
tados para sua função, como o serviço de
assessoramento na sede e no secretariado da
Assembleia Geral. Mas quando as operações
de manutenção da paz foram lançadas, esses
sistemas foram ampliados com relativamente
pouca adaptação, apesar da diferença nos
contextos e objetivos.
Para alcançar uma mudança real nas
abordagens que podem restaurar a confi ança
e evitar a recorrência de riscos, os atores
internacionais podem considerar quatro
medidas para melhorar as respostas globais
para segurança e desenvolvimento, como a
fi gura a seguir:
• Medida 1: Prestar assistência mais espe-
cializada, e mais integrada, para a segu-
rança cidadã, justiça e empregos —
voltada para a prevenção de situações
imediatas de pós-confl ito e aumento de
riscos.
• Medida 2: Reformar os sistemas internos
dos organismos para permitir que uma
ação rápida restaure a confi ança e
promova um reforço institucional de
longo prazo em apoio aos esforços
nacionais.
• Medida 3: Atuar regional e globalmente
sobre as tensões externas.
• Medida 4: Reunir o apoio dos países de
renda baixa, média e alta e de instituições
globais e regionais, para refl etir o pano-
rama em transformação da política e
assistência internacionais.
Medida 1: Prestar assistência especializada para prevenção por meio de segurança cidadã, justiça e empregos
Os vínculos entre o desenvolvimento e a segu-
rança são aplicados em todas as áreas empe-
nhadas em prevenir a violência política ou
criminosa em larga escala. Tanto a violência
política como a violência criminal precisa de
um enfoque inovador, que vá além do para-
digma de desenvolvimento tradicional. Os
problemas da segurança cidadã e das queixas
sobre justiça e empregos não são periféricos
para “integrar” a dimensão do desenvolvi-
mento. Elas são de várias formas um problema
para os países maiores e mais prósperos que
enfrentam violência subnacional urbana e
rural, para os países que estão emergindo de
confl ito e fragilidade que precisam prevenir
a recorrência e para regiões que enfrentam
ameaças novas ou ressurgentes de protesto
e instabilidade social. O fortalecimento de
instituições que proporcionam segurança
cidadã, justiça e empregos é crucial para a
prevenção da violência e instabilidade tal ação
não é uma “fórmula mágica” capaz de impedir
todo episódio de violência, mas é crucial para
mudar as probabilidades de violência e para
uma redução contínua dos riscos.
Uma lição importante sobre prevenção
bem-sucedida e a recuperação pós-violência
é que a segurança, a justiça e as pressões
econômicas estão vinculadas: abordagens
que tentam resolvê-las por meio de soluções
ligadas exclusivamente ao militar, à justiça ou
ao desenvolvimento irão fracassar. É neces-
sário um conjunto de programas especia-
lizados em ambientes frágeis, combinando
elementos de transformação na segurança,
justiça e economia. Mas como essas áreas são
cobertas por diferentes órgãos internacionais,
tanto bilaterais como multilaterais, é raro
obter uma ação combinada em um contexto
de programa global. Um conjunto especiali-
zado de programas combinados de segurança-
-justiça-desenvolvimento precisa visar um
efeito catalítico, apoiando esforços colabora-
tivos nacionais para vencer esses desafi os. As
mudanças nas abordagens dos organismos
internacionais para apoiar tais programas
incluiriam (fi gura 3.2):
• Passar de um esporádico alerta antecipado
para uma avaliação de risco contínua
sempre que uma legitimidade institucional
APOIO EXTERNOE INCENTIVOS
VIOLÊNCIAe FRAGILIDADE
SEGURANÇA CIDADÃ, JUSTIÇA E EMPREGOS
RECUPERAÇÃO DA CONFIANÇA
TRAN
SFORM
AÇÃO DE INSTITUIÇÕES
RECUPERAÇÃO DA CO
NFIA
NÇA
RECUPERAÇÃO DA CO
NFIA
NÇA
TRAN
SFORM
AÇÃO DE INSTITUIÇÕES
TRAN
SFORM
AÇÃO DE INSTITUIÇÕES
TENSÃOEXTERNA
desenvolvimentoesfera diplomática
esfera humanitáriasegurança
UMA NOVA FORMA DE SE FAZER NEGÓCIOS
Passando de alerta antecipado para avaliação contínua do risco.Apoio orçamentário e assistência técnica para segurança cidadã e justiça em equipes conjuntasRecursos financeiros no apoio aos acordos colaborativos e mediadosProcessos de planejamento unificadoProgramas Estado-comunidade, Estado-ONG, Estado-setor privado para a prestação de serviços e prevenção da violência multissetorialApoio humanitário para sistemas de proteção do Estado
Visão geral 29
F I G U R A 3.2 Ação combinada nas esferas de segurança, desenvolvimento e humanitária para os atores externos apoiarem as transformações institucionais nacionais
Fonte: Equipe do WDR.
e justiça, enquanto parceiros com
conhecimento especializado em segu-
rança e justiça podem contribuir para
a geração de capacidades técnicas,
como foi feito no Timor-Leste durante
a preparação para a independência.89
➢ Programas comunitários multissetoriais
que envolvem policiamento e justiça,
além de atividades de desenvolvimento,
tais como as iniciativas na América
Latina para prestar serviços locais de
justiça e solução de controvérsias, poli-
ciamento comunitário, emprego e trei-
namento, espaços comerciais e públicos
seguros, programas socioculturais que
promovam a tolerância.
• Criar instalações para mediadores e
enviados especiais (internos e internacio-
nais) para aproveitar uma perícia mais
apoiada por órgãos internacionais, tanto
para informar sobre acordos de transição
como para estimular recursos para ativi-
dades integradas identifi cadas colaborati-
vamente pelas partes diferentes de um
precária e tensões internas e externas indi-
carem a necessidade de atenção à prevenção
e a capacidades de processos de reformas
pacífi cas.
• Simplifi car os mecanismos atuais de
avaliação e planejamento para prestar aos
países um processo que apoie um planeja-
mento nacional que inclua as áreas polí-
ticas, humanitárias, de justiça, segurança e
desenvolvimento.
• Passar da retórica de coordenação para
programas de apoio combinados de segu-
rança, justiça e empregos locais e serviços
associados, cada qual dentro de seus
respectivos mandatos e sua respectiva
técnica. Duas prioridades de programas
combinados são:
➢ Assistência técnica e fi nanciamento
para reformas na segurança e justiça
apoiadas por equipes combinadas.
Entidades de desenvolvimento, por
exemplo, podem apoiar medidas para
abordar processos de orçamento e
despesas nas funções de segurança
30 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
entre a gestão das fi nanças públicas e o reforço
institucional, administração jurídica, desen-
volvimento de sistemas de justiça e aborda-
gens multissetoriais no âmbito da comuni-
dade que combinam serviços comunitários
de policiamento e justiça com programas de
coesão social, desenvolvimento e criação de
empregos. Mas as IFIs não são equipadas para
liderar o apoio internacional especializado
nessas áreas. Uma clara liderança no sistema
da ONU ajudaria nessa iniciativa.
Agências com competência econômica
precisam prestar mais atenção à questão dos
empregos. Programas nacionais de obras
públicas baseadas na comunidade devem
receber um apoio maior e prazo mais longo
em situações frágeis, em reconhecimento ao
tempo necessário para que o setor privado
absorva o desemprego de jovens. Outros
programas prioritários para a criação de
empregos incluem investimentos para o apoio
da infraestrutura, em particular, eletricidade
e trânsito. Um terceiro grupo de programas
é aquele que investe em aptidões e experi-
ência de trabalho; desenvolve vínculos entre
produtores, comerciantes e consumidores; e
expande o acesso a fi nanciamentos e ativos,
por exemplo, por meio de habitação de baixa
renda. As atuais instituições fi nanceiras inter-
nacionais e as iniciativas da ONU focadas na
criação de empregos devem abordar explici-
tamente as necessidades específi cas das áreas
afetadas pela fragilidade, confl ito e violência,
reconhecendo que a criação de empregos
nessas situações pode ir além dos benefícios
materiais ao fornecer uma função produtiva e
uma ocupação para os jovens, e ao avaliar e
expandir os exemplos de políticas de emprego
mais bem ajustadas para as situações frágeis
apresentadas neste Relatório. A iniciativa
global de empregos deve incluir o redirecio-
namento para os riscos representados pelo
emprego de jovens.
Essas abordagens ajudariam. Mas é
provável que haja uma pressão contínua das
grandes populações jovens desempregadas,
a menos que seja criada uma iniciativa inter-
nacional mais signifi cativa. Uma abordagem
mais arrojada poderia reunir capacidades
de entidades de desenvolvimento, do setor
privado, fundações e ONGs em uma nova
parceria global para estimular investimentos
em países e comunidades onde o alto desem-
prego e a desocupação social contribuem para
confl ito. Isso deve incluir esforços especí-
fi cos para apoiar a função cada vez mais
importante de instituições regionais e
subregionais, tais como UA e ECOWAS,
fornecendo-lhes vínculos específi cos com a
técnica de desenvolvimento.
• Considerar quando a ajuda humanitária
pode ser integrada aos sistemas nacionais
sem comprometer os princípios humanitá-
rios — com base na boa prática atual do
PNUD, Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF), Organização Mundial
de Saúde (OMS), Programa Mundial de
Alimentos (PMA) e outros, ao combinar
ajuda humanitária com geração de capaci-
dades, usando pessoal local e estruturas da
comunidade e comprando alimentos
localmente.
Para implementar esses programas seriam
necessárias mudanças na capacidade interna-
cional. A segurança cidadã e a justiça requerem
capacidades novas e interligadas para lidar
com as repetidas ondas de violência política e
criminal. O ponto inicial para uma capacidade
mais profunda nesta área é o investimento do
governo em pessoal treinado de prontidão
para ocupar uma série de funções de polícia
executiva e de aconselhamento, funções corre-
cionais e de justiça. Os Estados precisarão de
reservas da polícia e da justiça para responder
com efi cácia à violência contemporânea, utili-
zando pessoal aposentado, voluntários em
atividade e unidades constituídas de polícia de
alguns países. Em segundo lugar, essas capaci-
dades devem ser treinadas e implantadas, sob
uma doutrina compartilhada para vencer os
desafi os de coerência apresentados por dife-
rentes modelos nacionais de policiamento.90
Um maior investimento por meio da ONU e
de centros regionais no desenvolvimento de
uma doutrina conjunta e treinamento prévio
de capacidades do governo aumentaria a
efi cácia e reduziria a incoerência.
Por último, a responsabilidade pelo
trabalho de reforma da justiça deve ser
esclarecida na estrutura internacional para
permitir que órgãos multilaterais e bilaterais
invistam no desenvolvimento das capacidades
e especializações necessárias. Há áreas onde, a
pedido do governo, o Banco Mundial e outras
IFIs podem considerar o desempenho de
uma função mais ampla em apoio à base do
desenvolvimento na prevenção da violência
em seus mandatos — tais como os vínculos
Visão geral 31
• Esperar um certo grau de falhas nos
programas que requerem inovação e parti-
cipação de instituições precárias em
ambientes de risco e adaptá-los de modo
apropriado.
A gestão de riscos de doadores também
depende basicamente dos controles na sede e
não de mecanismos de prestação “mais bem
ajustados” às condições locais. Esta abor-
dagem pode gerenciar riscos de doadores, mas
limita o progresso real no reforço institucional
disponível. Uma alternativa é adotar uma
participação mais rápida por meio de institui-
ções nacionais, mas variar as formas como a
ajuda é prestada para gerenciar riscos e resul-
tados. Alguns doadores têm uma tolerância
mais alta a riscos e serão capazes de escolher
modos que passam mais diretamente pelos
orçamentos nacionais e instituições; outros
precisarão de uma maior supervisão ou envol-
vimento não estatal na prestação. Três opções
complementares:
• Variar os mecanismos de supervisão e
implementação quando participar por meio
de instituições nacionais. Mecanismos de
supervisão para adaptação ao risco incluem
mudar de apoio orçamentário para despesa
“rastreada” por meio de sistemas do
governo92 e de relatórios regulares e meca-
nismo de controle interno para agentes de
monitoramento fi nanceiro independente,
monitoramento independente de reclama-
ções e agentes técnicos independentes.
Variações nos mecanismos de implemen-
tação incluem estruturas comunitárias,
sociedade civil, setor privado, ONU e outros
órgãos executores internacionais nos
programas de prestação, conjuntamente
com instituições governamentais.
• Em situações de risco extremo, quando os
doadores normalmente se desligariam,
cumpre tomar medidas para que a capaci-
dade executiva complemente os sistemas
de controle nacionais, como em
mecanismos de “chave dupla”, onde a capa-
cidade de gestão de linhas internacionais
trabalha junto com participantes nacionais
e processos de entidades regidas por dire-
torias conjuntas nacionais e internacionais.
Nem todos os governos desejarão consi-
derar essas opções. Quando é assim, usar as
estruturas locais de pessoal e comunidade
para fornecer programas humanitários,
os riscos de um confl ito. Ao focar principal-
mente na criação de empregos por meio de
fi nanciamento de projetos, serviços de assesso-
ramento, treinamento, colocação no emprego
e garantias para apoiar pequenas e médias
empresas, a iniciativa também poderia apoiar
iniciativas socioculturais que promovem uma
boa governança, capacidades colaborativas em
comunidades, tolerância social e reconheci-
mento do papel socioeconômico dos jovens.
As capacidades do setor privado a serem
aproveitadas incluiriam grandes empresas
que negociam e investem em áreas inseguras
(criando vínculos com os empresários locais),
assim como empresas de tecnologia que
podem ajudar com conectividade e treina-
mento em áreas inseguras remotas.
Medida 2: Transformando procedimentos e gestão de riscos e resultados em agências internacionais
Para implementar programas rápidos, susten-
tados e integrados para a segurança cidadã,
justiça e empregos, as entidades internacionais
precisam de reformas internas. Para o grupo
de líderes de Estados frágeis do G-7+, que
começou a se reunir regularmente como parte
do Diálogo Internacional sobre Consolidação
da Paz e Fortalecimento do Estado, reformar
os procedimentos internos da entidade, espe-
cialmente os procedimentos de aquisições,
foi a sugestão número um para a reforma
internacional.91 As agências internacionais
não conseguem responder rapidamente para
restaurar a confi ança ou prestar apoio insti-
tucional profundo se seu orçamento, pessoal,
procedimentos de aprovação e contratação
levarem meses e defi nirem pré-requisitos
irreais para a capacidade institucional.
Sistemas de agências internacionais exigiriam
mudanças fundamentais para implementar
esses programas de maneira efi caz, com base
nos quatro princípios a seguir (como abordar
essa implementação é tratado no Recurso 7):
• Aceitar os vínculos entre a segurança e os
resultados do desenvolvimento.
• Basear os processos fi duciários no mundo
real de situações frágeis e afetadas pela
violência: insegurança, falta de mercados
competitivos e instituições precárias.
• Equilibrar os riscos de ação com os riscos
de inação.
32 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
REFLEXÕES DOS MEMBROS DO CONSELHO CONSULTIVO DO RELATÓRIO SOBRE O DESENVOLVIMENTO MUNDIAL DE 2011
R E C U R S O 7 Reformas de agências internas
Reflexões de Membros do Conselho Consultivo do WDR: Ação rápida? Gana ajuda a restaurar a eletricidade na Libéria
Ellen Johnson Sirleaf, Presidente da Libéria; Membro do Conselho Consultivo do WDR
Após a eleição de 2005 na Libéria, o novo governo anunciou um plano de 100 dias que incluiu a reparação da eletricidade para determinadas áreas da capital, para ajudar a restaurar a confi ança no Estado e dinamizar a recuperação nas atividades econômicas e serviços básicos. Com o apoio da ECOWAS, o governo da Libéria contatou vários doadores para obter ajuda, uma vez que o novo governo estava sem recursos e capacidade institucional de implementação. Nenhum dos doadores tradicionais, formados pela ONU, Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento, União Europeia e USAID, foram capazes de fornecer os geradores necessários para este empreendimento dentro do prazo desejado e de acordo com seus sistemas regulares. O governo da Libéria foi eventual-mente bem-sucedido em garantir a ajuda do governo de Gana, que forneceu dois geradores que ajudaram a restaurar a eletricidade em algumas áreas urbanas.
A experiência liberiana assinala duas importantes lições. Primeiro, a necessidade de uma consulta antecipada entre os governos nacionais e os parceiros internacionais sobre o realismo na produção de resultados rápidos e na demonstração de progresso para as populações locais. Segundo, o desafi o das infl exibilidades dos sistemas dos doadores incapazes de prestar determinados tipos de assistência rápida. Na realidade, a UE, a USAID e o Banco Mundial foram capazes de prestar outros tipos de apoio (combustível, restauração das linhas de transmissão) para o sistema de eletricidade em 100 dias, mas nenhum dos doadores pôde atender à necessidade específi ca de geradores. De fato, é preciso reconsiderar as políticas e processos atuais para modifi car o que chamo de conformismo procedimental para países em situações de crise.
Opções de aplicação dos princípios do WDR para a reforma de agências internas em diferentes contextos
Aceitar os vínculos entre segurança e os resultados do desenvolvimento
As intervenções socioeconômicas em situações de insegurança podem ser justifi cadamente criadas para contribuir para resultados relacionados a segurança cidadã e a justiça (no programa de eletricidade da Libéria acima, um aumento da confi ança do cidadão no governo teria sido uma medida apropriada para o sucesso do programa, em vez da sustentabilidade do fornecimento de eletricidade). Os programas de segurança também podem ser criados para contribuir para os resultados do desenvolvimento (um aumento no comércio, por exemplo). Isso exigiria que as agências usassem indicadores de resultados fora de seus domínios “técnicos” tradicionais e trabalhassem juntos nos contextos dos programas combinados descritos acima.
Processos orçamentários e fi duciários básicos no mundo real: insegurança, falta de mercados perfeitamente competitivos e instituições precárias
Quando a insegurança é alta, tanto os custos quanto os benefícios das intervenções podem mudar dramaticamente em um período curto. Isso argumenta em favor de uma maior fl exibilidade no orçamento administrativo e planejamento de pessoal. Nos orçamentos dos programas, isso signifi ca um cuidadoso sequenciamento no qual alguns programas serão mais benéfi cos em uma data posterior, mas também implica em dar um grande peso à velocidade (sobre algumas preocupações com a economia e a qualidade) na contratação onde os benefícios de uma ação rápida são altos. Quando os mercados competitivos são muito restritos e não são transparentes, diferentes controles de aquisições — tais como pré-licitação internacional de acordo com contratos com quantidade variável ou processos de contratação que permitem negociações diretas com o conhecimento de mercados regionais — podem ser apropriados. Quando a capacidade institucional é insufi ciente, os procedimentos precisam ser refi nados para o nível mais simples do devido processo, juntamente com mecanismos fl exíveis para realizar algumas atividades em nome de instituições benefi ciárias.
Equilibrar os riscos de ação com os riscos de inação
Fora do plano dos desastres naturais, os atores internacionais geralmente tendem a ser mais sensíveis ao risco de que seu apoio seja um tiro pela culatra nas críticas sobre desperdícios ou abusos do que ao risco de que atrasos em seu apoio aumentem o potencial para violência ou sabotem iniciativas de reformas promissoras. Ao descentralizar uma maior responsabilidade e responsabilização para uma equipe internacional no terreno, pode-se aumentar a receptividade aos riscos da inação. A publicação transparente dos resultados em relação aos cronogramas previstos para a liberação dos fundos de doadores — e razões para atrasos — também ajudaria.
Esperar um grau de falhas nos programas em ambientes de riscos e adaptar de modo apropriado
Como os retornos de programas bem-sucedidos são altos, a assistência internacional pode arcar com uma taxa de falhas mais alta em situações violentas. Não é como a maioria dos trabalhos de assistência, contudo: os doadores esperam certo grau de sucesso em ambientes de risco assim como em ambientes seguros. Uma melhor abordagem é adaptar os princípios do setor privado ao investimento do capital de risco para apoiar situações frágeis e afetadas por confl itos: conduzir vários tipos diferentes de abordagens para ver qual funciona melhor; aceitar uma taxa de falhas mais alta; avaliar rigorosamente e adaptar rapidamente; e ampliar as abordagens que estão funcionando.
Visão geral 33
desde lentidão até falta de gerenciamento de
expectativas, passando pelo sucesso variável
de se trabalhar por meio de sistemas nacio-
nais.94 Os programas combinados de segu-
rança-justiça-desenvolvimento e as reformas
de agências internas descritas acima ajuda-
riam a atenuar esse.
As agências internacionais precisam
pensar cuidadosamente em como estender
a duração da assistência para conhecer as
realidades da transformação institucional
no decorrer de uma geração, sem elevar os
custos. Nos programas humanitários em
crises prolongadas, aproveitar as iniciativas
existentes para apoiar a contratação de pessoal
local, compras locais e produção na comu-
nidade pode aumentar o impacto sobre o
reforço institucional e reduzir os custos unitá-
rios. Para a manutenção da paz, há potencial
para uma maior utilização de acordos mais
fl exíveis, incluindo garantias de segurança de
longo prazo, onde forças fora do país comple-
mentam as forças locais durante períodos
tensos ou ampliam a alavancagem da manu-
tenção de paz externa após a conclusão das
missões — conforme sugerido nas contribui-
ções fornecidas pela UA e pelo Departamento
de Operações de Manutenção da Paz da ONU
para este Relatório. A melhor obtenção de
recursos para mediação e facilitação diplomá-
tica também é uma vitória fácil, uma vez que
têm custo baixo e podem reduzir as probabili-
dades de confl ito.
Para as agências de desenvolvimento,
a redução da volatilidade de fl uxos para
programas que geram resultados na segurança
cidadã, justiça e empregos — ou simples-
mente preservar a coesão social e a capacidade
humana e institucional — pode aumentar o
impacto sem aumentar o custo geral. Como
já foi descrito, a volatilidade reduz bastante
a efi cácia da ajuda e é duas vezes mais alta
para países frágeis e afetados por confl itos do
que para outros países em desenvolvimento,
apesar de sua maior necessidade de persis-
tência em criar instituições sociais e governa-
mentais. Há opções para a redução da volati-
lidade, incluindo a prestação de um volume
limitado de assistência com base em moda-
lidades apropriadas (conforme descrito pelo
membro do Conselho Consultivo Paul Collier,
no capítulo 9), complementando as alocações
da ajuda para os Estados mais frágeis quando
tipos específi cos de programas tiverem
demonstrado a capacidade de cumprir os
econômicos e sociais ainda mantém algum
foco na capacidade institucional local,
atenuando a fuga de cérebros para
o exterior.
• Aumentar as contingências nos orça-
mentos, de acordo com premissas de plane-
jamentos transparentes. Quando a gover-
nança é volátil, os orçamentos de programas
de desenvolvimento, assim como os orça-
mentos para missões políticas e de manu-
tenção da paz, se benefi ciariam com
medidas de maior contingência de modo
que mecanismos de implementação e ativi-
dades sejam ajustados quando novos riscos
e oportunidades surgirem, sem prejudicar o
apoio geral. As premissas de planejamento
para tais contingências — por exemplo,
esses mecanismos de supervisão adicionais
serão adotados se determinadas medidas de
governança estabelecidas se deteriorarem
— devem ser transparentes tanto para os
governos benefi ciários quanto para os
órgãos deliberativos de entidades
internacionais.
Para alcançar resultados em larga escala,
a reunião de recursos em fundos fi duciários
de vários doadores (MDTFs, do inglês multi-
donor trust funds) também é uma opção
efi caz, uma vez que ela oferece aos governos
benefi ciários maiores programas individuais
e parceiros internacionais como forma de
apoiar programas que ultrapassam bastante
sua própria contribuição nacional. Também
pode ser uma forma efi caz de reunir riscos,
passando a carga da responsabilidade pelos
riscos de desperdício, abuso ou corrupção
dos ombros de cada doador individual para
o sistema multilateral. Fundos fi duciários
com múltiplos doadores produziram exce-
lentes resultados em algumas situações —
fi nanciando, por exemplo, um conjunto de
programas de alto impacto no Afeganistão por
meio do Fundo Fiduciário para a Reconstrução
do Afeganistão (ARTF) e o Fundo para a Lei
e Ordem do Afeganistão (LOTFA), apoiando
custos iniciais essenciais e de manutenção do
sistema para a incipiente Autoridade Nacional
da Palestina sob o Fundo Holst em meados
da década de 1990 na Cisjordânia e Gaza,
ou servindo como fi nanciamento catalítico
no Nepal sob os auspícios da Comissão de
Consolidação da Paz (PBC)93. Mas o desem-
penho dos fundos fi duciários de múltiplos
doadores é variável, com críticas que variam
34 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
oferta e interdição por si sós são limitadas
nessas circunstâncias e a concorrência entre
gangues e cartéis produzem altos níveis de
violência nos países produtores e de trânsito.
Explorar os custos e benefícios de diferentes
combinações de medidas de oferta e demanda
seria uma primeira etapa para sustentar ações
de demanda mais decisivas.
Seguir o dinheiro, ou seja, o tráfi co de fl uxos
fi nanceiros ilícitos, está no âmago da ação
contra o tráfi co ilícito de drogas e de recursos
naturais. Para áreas seriamente afetadas pelo
tráfi co ilícito e pela corrupção, tais como
a América Central e a África Ocidental, a
maioria dos países não tem nada para lidar
com a capacidade nacional necessária para
reunir e processar informações sobre transa-
ções fi nanceiras sofi sticadas ou para investigar
e processar criminosos. Junto com iniciativas
que apóiam a comunidade global a solu-
cionar problemas de corrupção, tais como a
Aliança dos Caçadores de Corrupção Global
e a Iniciativa para a Recuperação de Bens
Roubados (STAR), as duas seguintes medidas
chave poderiam ajudar nesse esforço:
• Fortalecer a capacidade de conduzir
análises estratégicas desses fl uxos em um
grande volume de países, com a maioria
das transferências fi nanceiras globais.
Cerca de 15 mercados e centros fi nanceiros
importantes desempenham esse papel.
Esforços concentrados para intensifi car a
transparência e as capacidades dos centros
fi nanceiros e dos centros de inteligência
fi nanceira, assim como a análise pró-ativa
de fl uxos suspeitos e a troca de informa-
ções poderiam aumentar bastante a capaci-
dade global para detectar fl uxos fi nanceiros
ilícitos e para recuperar bens roubados.
Instituições fi nanceiras globais também
poderiam realizar análises estratégicas e
disponibilizá-las para os países afetados.
Para respeitar a privacidade, essas análises
poderiam ser baseadas em mudanças nos
fl uxos agregados e não em informações de
contas individuais.
• Expandir compromissos de Estados desen-
volvidos e centros fi nanceiros com investi-
gações conjuntas com autoridades da
segurança pública em países frágeis e
afetados pela violência. Como parte desse
compromisso, eles também poderiam
implementar programas de desenvolvi-
mento de capacidades com autoridades da
objetivos com efi cácia e em larga escala (como
proposto em um recente trabalho realizado
pelo Centro de Desenvolvimento Global)95, e
dedicar uma percentagem destinada à assis-
tência para programas maiores e de prazo
mais longo em Estados frágeis e afetados
por confl itos de acordo com o contexto da
Comissão de Assistência ao Desenvolvimento.
Para fechar o ciclo nas reformas de agên-
cias internas, os indicadores de resultados
devem ser mais direcionados às prioridades
em situações frágeis e afetadas pela violência.
As principais ferramentas dos atores nacionais
e seus interlocutores internacionais incluem
indicadores propostos para melhor capturar
tanto o progresso de curto prazo como o de
longo prazo, complementando os ODMs
(consulte o Recurso 4). O uso desses indica-
dores por agências internacionais — em todas
as divisões diplomáticas, de segurança e ajuda
— aumentaria os incentivos para respostas
mais integradas.
Medida 3: Atuar regional e globalmente para reduzir as tensões externas sobre os Estados frágeis
A ação efi caz contra o tráfi co ilegal requer a
corresponsabilidade de países produtores e
consumidores. Para conter o impacto de longo
alcance do tráfi co ilegal, é preciso reconhecer
que uma ação efi caz realizada por um único
país simplesmente empurrará o problema
para outros países e que são necessárias abor-
dagens regionais e globais. Para o tráfi co no
qual o abastecimento, o processamento e os
mercados varejistas são concentrados e facil-
mente monitorados — tal como o tráfi co de
diamantes — os esforços de interdição combi-
nados com campanhas de produtores e consu-
midores de vários grupos interessados podem
ser efi cazes. Além do Processo Kimberley para
diamantes e da Iniciativa de Transparência
das Indústrias Extrativas, o novo Convênio
de Recursos Naturais e uma recente iniciativa
do Banco Mundial/ Conferência das Nações
Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento
(UNCTAD)/Organização para a Alimentação
e Agricultura (FAO) sobre as normas para
compras de terras internacionais tem poten-
cial semelhante. Para o tráfi co de drogas, a
situação é complicada devido aos locais de
produção e instalações de processamento
ilegal altamente fragmentados. Ações de
Visão geral 35
político local e a legitimidade das institui-
ções regionais, juntamente com a capacidade
técnica e fi nanceira das agências globais.
Fornecido por meio de instituições regionais
em colaboração com organismos globais, esse
esforço poderia adaptar as lições das inicia-
tivas que já utilizaram com sucesso a capa-
cidade regional. Também poderia aproveitar
lições da cooperação internacional existente,
como da sub-região do Grande Mekong98, as
iniciativas da África Ocidental sobre tráfi co
e integração econômica99, e os programas da
União Europeia100 para as regiões fronteiriças
anteriormente afetadas por confl itos. Poderia
apoiar iniciativas políticas de instituições
regionais (como o Programa de Fronteiras da
União Africana101 e as iniciativas sub-regio-
nais da ASEAN)102, com os conhecimentos
técnicos e fi nanceiros dos parceiros globais.
Pesquisas adicionais também são neces-
sárias para acompanhar os impactos da
mudança climática sobre o tempo, a disponi-
bilidade de terras e os preços dos alimentos,
que, por sua vez, podem ter impacto no risco
de confl itos. A pesquisa atual não sugere que
a mudança climática por si só possa causar
confl itos, a não ser talvez que uma rápida dete-
rioração da disponibilidade de água acenda as
tensões existentes e enfraqueça as instituições.
Mas uma série de problemas interligados —
modifi cando os padrões globais de consumo
de energia e recursos escassos, aumentando
a demanda por alimentos importados (que
consomem insumos energéticos, terra e
água), e a realocação da terra para adaptação
climática — estão aumentando as pressões
nos Estados mais frágeis. Esses precisam de
pesquisas adicionais e atenção das políticas.
Medida 4: Organização do apoio dos países de renda baixa, média e alta e das instituições globais e regionais para refletir o panorama em evolução da assistência e das políticas internacionais
O cenário da assistência internacional nos
países frágeis e afetados pela violência mudou
nos últimos 20 anos, com mais ajuda e polí-
ticas dos países de renda média com um histó-
rico de apoio solidário. Várias instituições
regionais também têm um maior papel nas
questões de segurança e desenvolvimento.
Apesar disso, as discussões sobre violência
segurança pública em Estados frágeis —
como os nos exemplos da Nigéria e do
Haiti fornecidos acima.96
A ação regional também pode gerar opor-
tunidades positivas. Os doadores poderiam
aumentar seu apoio fi nanceiro e técnico para
a infraestrutura internacional e regional — e
várias formas de cooperação administrativa
e econômica regionais — dando prioridades
a regiões afetadas pela violência. Esse tipo de
apoio poderia assumir as seguintes formas:
• Programas de desenvolvimento transfron-
teiriço. Os atores internacionais poderiam
apoiar mais diretamente as oportunidades
de atividades transfronteiriças que inte-
gram ação sobre segurança cidadã, justiça e
empregos. Mesmo quando a colaboração
política regional ou internacional é bem
menos estabelecida, o apoio internacional
para a programação através de fronteiras
ainda será capaz de apoiar e responder aos
esforços bilaterais do governo, usando
questões de desenvolvimento tais como
infraestrutura de comércio e transporte ou
programas de saúde entre fronteiras para
apoiar o aumento gradual da confi ança. A
provisão de serviços fi nanceiros especiais
para que regiões frágeis sem saída para o
mar acessem mercados, como foi recente-
mente acordado pelas estruturas adminis-
trativas do Banco Mundial, é outra forma
de encorajar a cooperação para o desenvol-
vimento transfronteiriço.
• Capacidade administrativa regional
compartilhada. A reunião de capacidades
administrativas subregionais pode ajudar
os Estados a desenvolver capacidades insti-
tucionais que não conseguiriam gerenciar
por conta própria. Já existem bons exem-
plos de tribunais compartilhados no Caribe
e capacidade de banco central comparti-
lhado na África Ocidental.97 Embora essas
iniciativas levem tempo para serem estabe-
lecidas, elas complementam difíceis trans-
formações institucionais nacionais e
merecem a assistência de instituições de
desenvolvimento regional e internacional.
Em vez dessas abordagens um tanto
graduais para determinadas iniciativas inter-
nacionais, os doadores internacionais deve-
riam dar um passo maior na direção das
abordagens regionais. O princípio dessa
iniciativa seria aumentar o conhecimento
36 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
Estado de 15 na década de 1990 para 5 nos
anos 2000;103 e, apesar do aumento dos golpes
nos últimos cinco anos, a ação continental
para restaurar o governo constitucional tem
sido sempre forte.
Algumas ações modestas poderiam forta-
lecer a colaboração entre os países de renda
mais alta, média e mais baixa para problemas
comuns de violência e desenvolvimento,
globais e locais, tais como:
• Aumentar os intercâmbios Sul-Sul e
Sul-Norte. Os intercâmbios Sul-Sul têm
enorme potencial para fornecer capaci-
tação e lições relevantes nas atuais situa-
ções frágeis e afetadas pela violência.104 Os
países de renda média e baixa que tiveram
experiências próprias e recentes de tran-
sição têm muito a oferecer às suas contra-
partes — conforme foi demonstrado neste
Relatório, segundo o qual os países da
América Latina ofereceram perspectivas
sobre prevenção da violência urbana e
reformas da segurança e da justiça, a China
sobre a geração de empregos, a Índia sobre
obras públicas locais e práticas democrá-
ticas, os países da África e do sudeste
Asiático sobre desenvolvimento voltado
para a comunidade em áreas de confl ito.
Mas os intercâmbios Sul-Norte também
são importantes. Embora as capacidades
institucionais possam diferir, muitos
países, províncias e cidades dos países do
Sul enfrentam algumas tensões seme-
lhantes. Os enfoques do programa —
como a abordagem do tráfi co, a reinte-
gração de antigos membros de gangues e
jovens desocupados, e a promoção da tole-
rância e de laços sociais entre as comuni-
dades divididas por questões étnicas ou
religiosas — terão lições relevantes para
outros. Esses intercâmbios aumentariam a
compreensão de que os desafi os de
violência não são exclusivos dos países em
desenvolvimento e que os países em desen-
volvimento não estão sozinhos na luta para
encontrar soluções.
• Adaptar melhor a assistência interna-
cional de acordo com os esforços regionais
de governança. Quando as instituições
regionais tomam a iniciativa, como a UA
sobre constitucionalidade ou a ASEAN em
certas situações de confl itos e desastres
naturais (Recurso 8), elas têm grande
e confl itos globais, as normas de liderança
responsável para responder a esses confl itos e
a forma da assistência internacional têm sido
direcionada mais pelos atores do Norte do
que do Sul. O Diálogo Internacional sobre a
Consolidação da Paz e a Fortalecimento dos
Estados foi criado para ajudar a abordar essa
defi ciência.
A equipe do WDR realizou diversas
consultas com países afetados pela violência,
formuladores de políticas regionais e institui-
ções regionais, bem como com doadores tradi-
cionais parceiros. Foram encontradas várias
áreas de concordância — tais como o foco
na criação e governança de instituições e na
segurança cidadã, justiça e empregos — mas
também algumas áreas de diferenças. Como
já foi descrito anteriormente, essas diferenças
incluíram o que é possível esperar em termos
de liderança nacional responsável, por quanto
tempo, e questões sobre as “formas” versus
“funções” da boa governança. Os interlocu-
tores do WDR também criticaram alguns
padrões duplos que foram percebidos, que
refl etiam um sentimento de que os países e as
organizações doadoras que enfrentaram suas
próprias difi culdades internas de governança
poderiam abordar as defi ciências dos Estados
em desenvolvimento com mais humildade.
Os países desenvolvidos não estão imunes
a corrupção, suborno, abusos dos direitos
humanos ou falhas no controle adequado das
fi nanças públicas. Assim, a implementação
efi caz das normas de boa governança também
é um desafi o nos países mais avançados, prin-
cipalmente onde a comunidade internacional
teve uma função executiva ou de segurança nas
áreas afetadas pela violência.
A falta de apoio coordenado das normas
de liderança responsável é uma preocupação,
uma vez que o progresso das normas globais é
fundamental para reduzir o risco de violência.
Os padrões regionais e globais, bem como
os mecanismos de reconhecimento e sanção
em constitucionalidade, direitos humanos e
corrupção, forneceram apoio e incentivos para
os reformadores nacionais, principalmente
quando a capacidade do sistema nacional para
fornecer recompensas e responsabilização é
fraca. Por exemplo, a Declaração de Lomé
em 2000, que estabeleceu os padrões afri-
canos e um mecanismo regional de resposta
às mudanças inconstitucionais no governo,
foi associada com uma redução nos golpes de
Visão geral 37
necessários indicadores que enfoquem se os
países estão no rumo certo para fazer melho-
rias institucionais e de governança dentro dos
cronogramas geracionais realistas que os
reformadores mais rápidos conseguiram e
como os cidadãos percebem as tendências na
legitimidade e no desempenho das institui-
ções nacionais em todos os domínios de segu-
rança política e desenvolvimento. Os indi-
cadores apresentados no Recurso 4 seriam
uma maneira simples, como sugere Louise
Arbour (Recurso 8), de comparar progresso,
estagnação ou deterioração. Assegurar que
tais indicadores meçam os resultados e não
apenas a forma das instituições (leis apro-
vadas, comissões anticorrupção formadas)
também é importante para garantir que
eles incentivem e não que suprimam a ação
nacional inovadora, e que promovam o
aprendizado entre as instituições dos países
de renda baixa, média e alta. A Comissão
para a Consolidação da Paz da ONU, que
reúne os Estados frágeis, doadores, países
que contribuem com tropas e organismos
regionais, tem um potencial inexplorado de
aconselhar sobre um melhor acompanha-
mento do progresso e dos riscos, bem como
cronogramas realistas para transformação da
governança (Recurso 8).
No início desta “Visão Geral”, pergun-
tamos como a pirataria na Somália, a
violência contínua no Afeganistão ou as novas
ameaças de tráfi co de drogas nas Américas ou
confl itos decorrentes de protestos sociais no
Norte da África podem acontecer no mundo
de hoje. A resposta pronta é que essa violência
não pode ser contida por soluções de curto
prazo que não geram as instituições capazes
de fornecer às pessoas o direito a segurança,
justiça e perspectivas econômicas. As socie-
dades não podem ser transformadas de fora
para dentro, nem da noite para o dia. Mas o
progresso é possível com um esforço consis-
tente e coordenado por parte dos líderes
nacionais e dos seus parceiros internacionais
para fortalecer as instituições locais, nacio-
nais e globais que apoiam a segurança cidadã,
a justiça e empregos.
Todas as recomendações deste Relatório
têm em seu âmago o conceito de risco global
compartilhado. Os riscos estão em evolução,
com o surgimento de novas ameaças do
crime organizado internacional e de insta-
bilidade econômica global. O panorama das
vantagem comparativa nos atritos com os
Estados membros. O papel aglutinador
potencial das instituições regionais também
foi amplamente reconhecido nas consultas
do WDR feitas por interlocutores de países
semelhantes de renda alta, média ou baixa.
O apoio às plataformas regionais para
discutir a aplicação de normas de gover-
nança é uma forma efi caz de se aumentar a
participação. A adoção de estruturas mais
claras para debater respostas para as princi-
pais melhorias ou deteriorações na gover-
nança (como golpes de Estado) entre os
atores bilaterais e multilaterais também
melhoraria a troca de informações e o
potencial de respostas coordenadas, sem
criar obrigações inaceitáveis para os atores
internacionais.105
• Expandir as iniciativas para reconhecer a
liderança responsável. Embora sempre
exista lugar para as críticas francas e trans-
parentes, as abordagens do Norte que são
vistas como excessivamente direcionadas
para a crítica em situações frágeis podem
ser desagregadoras. As iniciativas como o
Prêmio Ibrahim para a liderança africana
poderiam ser imitadas para o reconheci-
mento de diferentes tipos de líderes (por
exemplo, ministros que tenham um
impacto duradouro na corrupção ou
líderes militares que implementem com
sucesso a reforma do setor de segurança).
As iniciativas com várias partes interes-
sadas, como a Iniciativa de Transparência
nas Indústrias Extrativas, poderiam consi-
derar dispositivos para premiar os líderes
individuais ou as equipes que melhoraram
a transparência das receitas e despesas dos
recursos, seja no governo, na sociedade
civil ou nas empresas.
Expectativas mais direcionadas e realistas
dos cronogramas para melhorias na gover-
nança também ajudariam a preencher as
lacunas nas perspectivas entre os países
que recebem assistência internacional, seus
parceiros internacional de renda média ou
alta, e as instituições regionais e globais.
Isso é particularmente importante diante
dos recentes protestos que demonstram
fortes reclamações e expectativas quanto à
mudança de governança — que não foram
identifi cadas pelas análises padrão de segu-
rança e de progresso do desenvolvimento. São
38 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
REFLEXÕES DOS MEMBROS DO CONSELHO CONSULTIVO DO RELATÓRIO SOBRE O DESENVOLVIMENTO MUNDIAL DE 2011
R E C U R S O 8 Iniciativas, normas e padrões regionais
Experiência da ASEAN em prevenção e recuperação de crises
Surin Pitsuwan, Secretário-Geral da ASEAN; Membro do Conselho Consultivo do WDR
Existem muitos confl itos fervilhando no panorama da ASEAN. Mas a região não está totalmente destituída de experiências próprias em mediação e resolução de confl itos. A ASEAN teve um papel importante nesses esforços. O Triunvirado da ASEAN no confl ito do Camboja de 1997–99, a operação de manutenção da paz no Timor-Leste a partir de 1999, a Reconciliação de Aceh de 2005 e a catástrofe do ciclone Nargis em Mianmar em maio de 2008 foram casos de mediação e eventual resolução nos quais as regiões e alguns Estados membros da ASEAN fi zeram contribuições valiosas e aprenderam lições do processo. Foi sempre como juntar as peças de um quebra-cabeça diplo-mático, tecer o tapete da paz, improvisar a melhor modalidade e o melhor padrão com os materiais disponíveis e adequados.
Uma lição importante para nós é que nossas estru-turas da ASEAN podem ter um importante papel de convocação política quando ocorrem suscetibilidades entre os Estados membros. Havia um nível mais alto de confi ança mútua entre a Indonésia e os Estados da ASEAN que participaram da operação do Timor-Leste. Contornamos o rígido princípio de “não interferência” oferecendo tropas sob um comando conjunto com um líder militar da “ASEAN” com a função de liderança ativa. E a Indonésia facilitou para todos os parceiros ASEAN enviando um convite para que eles partici-passem. Em Mianmar, a ASEAN desempenhou um papel central no diálogo com o governo após o Ciclone Nargis, ajudando a desobstruir as áreas afetadas para permitir a ajuda internacional, onde mais de 130.000 homens, mulheres e crianças morreram e muitos outros enfrentaram condições traumáticas.
Uma segunda lição é que as combinações de capacidades entre nosso conhecimento local e o papel
de convocação política e as capacidades técnicas de outros parceiros podem ser úteis. Nosso trabalho de apoio à recuperação após o Ciclone Nargis foi apoiado por equipes técnicas do Banco Mundial e realizado em conjunto com as Nações Unidas. Na Missão de Monitoramento de Aceh, trabalhamos juntamente com colegas da União Europeia que trouxeram conheci-mentos técnicos valiosos.
A terceira é que quanto mais operações desse tipo realizarmos, maior será a nossa capacitação. No Timor-Leste, os longos anos de treinamento e exercícios militares conjuntos entre as Filipinas, a República da Coreia e a Tailândia, apoiadas por parceiros fora da região como os Estados Unidos, foram recompensados. As tropas no terreno podiam se comunicar, cooperar e conduzir operações conjuntas sem nenhum atraso — mas sua experiência no Timor-Leste também contribuiu para a sua capacidade. Em Mianmar, o papel da ASEAN incluiu a participação de pessoas de vários dos nossos Estados membros, tais como Indonésia, Cingapura e Tailândia, que têm grande experiência de gestão de recuperação pós-desastre, e também a capacitação interna na nossa Secretaria. Vinculadas aos programas de capacitação de longo prazo com alguns de nossos doadores parceiros, essas experiências nos deixam mais aptos a enfrentar novos desafi os no futuro. Os resultados cumulativos desses esforços de gestão de confl itos políticos e alívio após catástrofes ajudaram a ASEAN a aumentar sua capacidade de coordenar nossas estra-tégias de cooperação para o desenvolvimento. Aprendemos a conter manifestações esporádicas de violência e tensão na região e não permitimos que elas desviassem nossos esforços de desenvolvimento comunitário visando a segurança comum e a prospe-ridade sustentável do nosso pessoal.
relações de poder também está mudando,
à medida que os países de renda média e
baixa aumentam sua parcela de infl uência
econômica global e suas contribuições ao
pensamento político global. Essa mudança
exige uma reformulação fundamental das
abordagens dos atores internacionais para
gerenciar coletivamente os riscos globais
e como parceiros iguais. A mudança real
exige uma forte base lógica. Mas existe uma
lógica dupla: a fragilidade e a violência são os
principais obstáculos ao desenvolvimento, e
eles não estão mais confi nados às áreas pobres
e remotas ou aos arredores das cidades. Esta
década acompanhou um aumento da insta-
bilidade na vida global — o terrorismo, a
expansão do comércio de drogas, impacto
nos preços de produtos básicos e os números
crescentes de refugiados movimentando-se
em âmbito internacional. Quebrar os ciclos
de violência repetida é, portanto, um desafi o
compartilhado que exige uma ação urgente.
Visão geral 39
REFLEXÕES DOS MEMBROS DO CONSELHO CONSULTIVO DO RELATÓRIO SOBRE O DESENVOLVIMENTO MUNDIAL DE 2011
Reafirmar o consenso sobre normas e padrões internacionais – o papel das organizações regionais
Louise Arbour, Presidente, Grupo de Crise Internacional (ICG); ex-Alta Comissária das Nações Unidas
para Direitos Humanos; Membro do Conselho Consultivo do WDR
Sejam baseadas em valores universais, como a invio-labilidade da vida humana, ou em regras legais inter-nacionais, existem algumas normas universalmente aceitas — refletidas na Carta das Nações Unidas e em outros instrumentos internacionais.
Essas normas não têm implementação automática e, como incluem o direito à diversidade cultural, sua interpretação deve refletir a diversidade local, nacional e regional. A resistência à exportação de “valores ocidentais” pode não ser mais do que a rejeição de um modo diferente de expressar uma norma específica do que uma rejeição à norma em si.
As instituições regionais podem reduzir a distância entre as normas universais e os costumes locais. Esses costumes ou práticas, em essência, devem estar em conformidade com os mais relevantes princípios internacionais nos quais a comunidade internacional baseia a sua coesão. Caso contrário, a diversidade cultural pode simplesmente invalidar, e prejudicar, o contexto internacional.
No setor da justiça, por exemplo, a uniformidade dos modelos e procedimentos institucionais pode encobrir diferenças radicais na execução real da justiça. Mas a decisão judicial sobre controvérsias com base nos princípios de justiça, imparcialidade, transparência, integridade, compaixão e, finalmente, responsabilização pode adotar muitas formas.
Na sua assistência ao desenvolvimento, os atores internacionais devem resistir à exportação da forma sobre a substância e aceitar a regionalização de normas que aumentem, e não que impeçam, seu verdadeiro caráter universal. No mesmo espírito, os atores regionais devem traduzir, de maneira culturalmente relevante, as normas internacionais e repudiar as práticas que não estiverem em conformidade.
E todos devem admitir que os padrões definidos pelas normas universais são aspirações. As medidas de desempenho devem refletir o progresso, a estagnação ou a regressão em um determinado país, em direção a um ideal universal comum.
Notas
1. O Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2011 defi ne a violência organizada como o uso ou a ameaça de força física por parte de grupos, incluindo ações do Estado contra outros Estados ou contra civis, guerras civis, violência eleitoral entre lados opostos, confl itos comunitários motivados por identidade regional, étnica, religiosa ou outra identidade coletiva, ou por inte-resses econômicos confl itantes, violência relacionada a gangues e criminalidade organizada, bem como movimentos armados não estatais, internacionais, com objetivos ideológicos. Embora estes também sejam tópicos importantes para o desenvolvimento, o WDR não aborda violência nacional ou interpessoal. Às vezes nos referimos à violência ou confl ito como uma abreviação de violência organizada, compreendida nestes termos. Muitos países tratam certas formas de violência, tais como ataques terroristas por movimentos armados não estatais, como assunto da competência de seu direito penal.
2. Banco de Dados de Confl itos Armados de Uppsala/PRIO (Harbom e Wallensteen, 2010; Lacina e Gleditsch, 2005); Sundberg, 2008; Gleditsch e Ward, 1999; Projeto do Relatório de Segurança Humana - a ser lançado; Gleditsch e outros, 2002.
3. Países afetados por fragilidade, confl itos e violência incluem os países com: (1) taxas de homi-cídios maiores que 10 para cada 100.000 pessoas por ano; (2) grandes confl itos civis (mortes em batalhas maiores que 1.000 por ano), (3) missões de consolidação ou manutenção da paz em cumprimento de mandatos das Nações Unidas ou de regiões; e (4) países de baixa renda com níveis institucionais de 2006 a 2009 (CPIA do Banco Mundial menor que 3,2), vinculados a altos riscos de violência e confl itos. Ver Banco de Dados de Confl itos Armados de Uppsala/PRIO (Lacina e Gleditsch, 2005; Harbom e Wallensteen, 2010); Departamento de Operações de Manutenção da Paz das Nações Unidas, 2010a; Departamento de Operações de Manutenção da Paz das Nações Unidas, 2010b; Banco Mundial, 2010c.
4. Para fi ns de discussão das tendências sobre o início e o término das guerras civis, ver Hewitt, Wilkenfeld e Gurr, 2010; Sambanis 2004; Elbadawi, Hegre e Milante, 2008; Collier e outros, 2003.
40 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
5. Demombynes 2010; Escritório de Drogas e Crime das Nações Unidas, 2010a; 6. Leslie, 2010; Harriott, 2008; Harriott, 2004; Grupo Crise Internacional, 2008; Ashforth, 2009.7. Bayer e Rupert, 2004. Baker e outros, 2002, concluíram que o efeito do confl ito equivale a
barreiras tarifárias de 33%. Para uma discussão atualizada da metodologia para determinar os efeitos de crescimento dos confl itos bem como da teoria e nova análise baseada nos vizinhos primários e secundários, ver De Groot, 2010; Murdoch e Sandler, 2002.
8. Comitê Americano para Refugiados e Imigrantes, 2009; Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno, 2008.
9. Gomez e Christensen, 2010; Harild e Christensen (2010).10. Banco de Dados de Terrorismo Global, 2010; Centro Nacional de Contraterrorismo, 2010;
Cálculos da equipe do WDR.11. Gaibulloev e Sandler 2008.12. Davies, von Kemedy e Drennan, 2005.13. Cálculos da equipe do WDR baseados no preço Europe Brent spot FOB (dólares por barril) rela-
tados pela Administração de Informações sobre Energia 201114. Escritório de Drogas e Crime das Nações Unidas, 2010b.15. Escritório de Drogas e Crime das Nações Unidas, 2010b.16. Hanson, 2010; Bowden, 2010.17. Banco Mundial, 2010a.18. Cálculos da equipe do WDR baseados nos dados de pobreza de Chen, Ravallion e Sangraula,
2008 (disponíveis em POVCALNET (http://iresearch.worldbank.org)).19. Narayn e Petesch, 2010.20. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2006.21. Para obter uma visão geral dos custos de confl itos e violência, ver Skaperdas e outros, 2009.
Estimativas específi cas dos custos econômicos associados a confl itos são encontradas em Hoeffl er, von Billerbeck e Ijaz, 2010; Collier e Hoeffl er, 1998; Cerra e Saxena, 2008; Collier, Chauvet e Hegre, 2007; Riascos e Vargas, 2004; Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2006.
22. Martin, Mayer e Th oenig, 2008.23. Fundo das Nações Unidas para a Infância, 2004; Fundo de População das Nações Unidas, 2002;
Anderlini, 2010.24. Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, 1995; Comissão para Mulheres Refugiadas, 2009;
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2004. 25. Associação Americana de Psicologia, 1996; Dahlberg, 1998; Verdú e outros, 2008.26. Cálculos da equipe do WDR.27. As teorias das causas de confl itos são abordadas no capítulo 2 do texto principal. Dentre a lite-
ratura abordada nesse capítulo, as leituras recomendadas selecionadas incluem: Gurr, 1970; Hirshleifer, 1995; Skaperdas, 1996; Grossman, 1991; Fearon, 1995; Collier e Hoeffl er, 2004; Satyanath, Miguel e Sergenti, 2004; Blattman e Miguel, 2010; Keefer, 2008; Besley e Persson, 2009; Toft , 2003; Murshed e Tadjoeddin, 2007; Arnson e Zartman, 2005. Os vínculos entre as dinâmicas política, de segurança e econômica também são reconhecidos no círculo de políticas. Ver Zoellick 2010b.
28. Para obter informações sobre a relação entre desigualdade de renda e o risco de confl itos civis, ver Fearon, 2010a. Para obter informações sobre a relação entre desigualdade de renda e violência criminal, ver Loayza, Fajnzylber, and Lederman, 2002a; Loayza, Fajnzylber e Lederman, 2002b; Messner, Raff alovich e Shrock, 2002.
29. Fearon, (2010b); Bøås, Tiltnes e Flatø, 2010; Neumayer, 2003; Loayza, Fajnzylber e Lederman,
2002a; Loayza, Fajnzylber e Lederman, 2002b; Messner, Raff alovich e Shrock, 2002; Cálculos da
equipe do WDR.
30. Stewart, 2010.31. Além disso, existem fatores estruturais e incrementais que aumentam o risco de confl itos. Entre
eles, existem recursos do campo físico que tornam as rebeliões mais fáceis. Esses recursos não causam a guerra no sentido comum da palavra, eles simplesmente a tornam mais viável. Já se demonstrou que o terreno montanhoso aumenta riscos, porque aumenta a viabilidade de rebe-lião. Assuntos de vizinhança também: existem tanto os efeitos negativos da proximidade com outras guerras ou países com elevadas taxas de crime violento e tráfi co ilícito, quanto os efeitos positivos de uma vizinhança em grande parte em paz. Ver Buhaug e Gleditsch, 2008; Gleditsch e Ward, 2000; Salehyan e Gleditsch, 2006; Goldstone, 2010. Sobre os efeitos de vizinhança em guerras civis, ver Hegre e Sambanis, 2006 e Gleditsch, 2007.
32. Satyanath, Miguel e Sergenti, 2004.33. Para obter informações sobre a relação entre defi ciências institucionais e confl itos de violência,
ver Fearonver Fearon 2010, 2010b; Johnston2010; Walter 2010.
Visão geral 41
34. McNeish 2010; Ross 200335. Isso está de acordo com a literatura recente sobre a consolidação de Estados, principalmente
North, Wallis e Weingast, 2009; Dobbins e outros, 2007; Fukuyama, 2004; Acemoglu, Johnson e Robinson, 2005; Acemoglu, Johnson e Robinson, 2001. Esse aprendizado é refl etido nos recentes documentos das políticas e também: OCDE 2010a; OCDE 2010g; OCDE 2011; Acemoglu e Robinson 2006.
36. As instituições são defi nidas no WDR como as “regras do jogo” formais e informais, que incluem regras formais, leis escritas, organizações, normas informais de comportamento e crenças compartilhadas, bem como as formas organizacionais existentes para viabilizar a implementação e garantir o cumprimento dessas normas (tanto as organizações estatais como as não estatais). As instituições moldam os interesses, os incentivos e os comportamentos que podem facilitar a violência. Ao contrário dos pactos de elite, as instituições são impessoais — continuam a funcionar a despeito da presença de determinados líderes e, portanto, oferecem mais garantias de resiliência em relação à violência. As instituições operam em todos os níveis da sociedade – local, nacional, regional e global.
37. Fearon, 2010a; Fearon, 2010b; Walter, 2010.38. Arboleda (2010); Consultas da equipe do WDR com autoridades governamentais, representantes
da sociedade civil e pessoal de segurança na Colômbia em 2010.39. Gambino 201040. Uma reunião em 2010 dos delegados de idioma inglês e francês no Quênia, convocada pelo
PNUD, criou a frase “capacidades colaborativas” e ainda defi niu as instituições relevantes à prevenção e à recuperação da violência como “redes dinâmicas de estruturas, mecanismos, recursos, valores e aptidões interdependentes que, por meio de diálogo e consulta, contribuem para a prevenção de confl itos e a consolidação da paz em uma sociedade.” Estrutura Americana Interagências para Coordenação de Ações Preventivas, 2010, 1.
41. Barron e outros, 2010.
42. Banco Mundial, 2010c; Buhaug e Urdal, 2010.
43. Ver Schneider, Buehn e Montenegro, 2010. Os dados dos protestos contra as crises de alimentos
são provenientes de relatórios da imprensa; os dados de efi cácia sobre governança são prove-
nientes de Kaufmann, Kraay e Mastruzzi, 2010.
44. Menkhaus, 2010; Menkhaus, 2006.
45. Para o papel das instituições no crescimento econômico e desenvolvimento, consulte Acemoglu,
Johnson e Robinson 2005. Veja também Zoellick 2010.
46. North, Wallis e Weingast, 2009.
47. Para o impacto do colonialismo sobre o desenvolvimento de instituições atuais nos países que já
foram colônias, consulte Acemoglu, Johnson e Robinson 2010.
48. Inspetor Geral Especial para a Reconstrução do Iraque, 2009.49. Segundo Margaret Levi, “A confi ança é, na realidade, uma palavra que encerra diversos fenô-
menos que permitem às pessoas assumirem riscos ao lidar com outras, solucionar problemas de ação coletiva ou agir de maneira que pareçam contrárias às defi nições-padrão de interesse próprio.” Ademais, Levi ressalta que “está em debate o empreendimento cooperativo, que indica que aquele que confi a acredita de modo sensato que a confi ança bem colocada produzirá frutos positivos e está disposto a agir de acordo com a sua crença.” (Braithwaite e Levi 1998, 78).
50. Pritchett e de Weijer 2010.51. A interligação entre segurança e desenvolvimento tem sido discutida dentro da noção de segu-
rança humana, que abrange a libertação do medo, a libertação da carência e a liberdade para viver com dignidade. Ao colocar a segurança e a prosperidade dos seres humanos no centro da discussão, a segurança humana aborda uma ampla gama de ameaças, tanto de pobreza quanto de violência, e suas interações. Embora reconheça a importância da segurança humana e da sua ênfase em colocar as pessoas no centro do foco, este Relatório utiliza o termo “segurança cidadã” com mais frequência para intensifi car o nosso foco na libertação da violência física e libertação do medo da violência. Desejamos complementar a discussão acerca do aspecto da libertação do medo dentro do conceito de segurança humana. Com base no Relatório da Comissão de Segurança Humana de 2003, a importância da segurança humana foi reconhecida pela Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas de 2005 adotada na Cúpula Mundial de 2005, no relatório da Assembleia Geral da ONU de 2009 e na Resolução da Assembleia Geral da ONU de 2010, bem como em outros fóruns tais como a Cooperação Econômica Ásia-Pacífi co, G8 e Fórum Econômico Mundial. Veja Comissão sobre Segurança Humana 2003; Assembleia Geral da ONU 2005b, 2009b, 2010.
52. “Geração de confi ança” em terminologia de mediação signifi ca gerar a confi ança entre adver-sários; num contexto fi nanceiro, o termo “confi ança” indica confi ança por parte dos atores do
42 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
mercado em que os governos estejam adotando políticas sólidas e sejam capazes de implementá--las. O WDR defi ne o termo como a geração de confi ança entre grupos de cidadãos que foram divididos pela violência, entre cidadãos e o Estado e entre o Estado e outros grupos interessados importantes (vizinhos, parceiros internacionais, investidores) cujo apoio político, comporta-mental ou fi nanceiro seja necessário para um resultado positivo.
53. Sobre geração de confi ança e mudança de expectativas, consulte Hoff e Stiglitz 2008.54. Bedeski 1994; Cumings 2005; Kang 2002; Chang e Lee 2006.55. Consultar Stedman 1996; Nilsson e Jarstad 2008. Para negociações da elite, acordos políticos e
inclusão, consulte Di John e Putzel 2009. 56. Anderlini 2000.57. Banco Mundial 2008f; Banco Mundial 2009; Ministério do Meio Ambiente da República do
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consulte Shin 2006.60. Braud e Grevi 2005.61. O Programa de Assistência à Governança e à Gestão Econômica (GEMAP) lançado na corrida
eleitoral de 2005 na Libéria fornece autoridade “dupla” (dual key) nas áreas de obtenção de rendi-mentos e despesas. Administrado em conjunto pelo governo e pela comunidade internacional, foi projetado especifi camente para devolver a confi ança a uma população cética e a doadores de que os anos de roubos ofi ciais e corrupção acabaram e que os serviços seriam prestados de forma confi ável. Dwan e Bailey 2006; Residência Ofi cial do Governo da República da Libéria 2009.
62. Para combater a corrupção e o crime, a Guatemala criou a Comissão Internacional contra a Impunidade, conhecida pela sua sigla em espanhol, CICIG, por intermédio de um acordo com a ONU em 2007. Seu mandato é de “apoiar, fortalecer e auxiliar as instituições do Estado da Guatemala responsáveis por investigar e processar os crimes cometidos supostamente relacio-nados às atividades de forças de segurança ilegais e organizações de segurança clandestinas.” Consulte Organização das Nações Unidas 2006a.
63. Para ler sobre o Programa Nacional de Solidariedade do Afeganistão, consulte Christia e outros 2010; Ashe e Parott 2001; Missão da ONU de Assistência no Afeganistão e UNOHCHR 2010. Para os programas multissetoriais de prevenção contra a violência na América Latina, consulte Alvarado e Abizanda (2010); Beato 2005; Fabio 2007; Centro Internacional de Prevenção da Criminalidade 2005; Duailibi e outros 2007; Peixoto, Andrade e Azevedo 2007; Guerrero 2006; Llorente e Rivas 2005; Formisano 2002.
64. Para a Índia, consulte Ministério do Desenvolvimento Rural da Índia 2005; Ministério do Desenvolvimento Rural da Índia (2010). Para a Indonésia, consulte Barron (2010); Guggenheim (2011). Para o Kosovo, consulte GRYGIEL (Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos) 2007; Instituto para a Efi cácia do Estado 2007. Para Ruanda, consulte Boudreaux 2010.
65. Para a Nicarágua, consulte Bastick, Grimm e Kunz 2007. Para o Nepal, consulte Ashe e Parott 2001.66. Para a Libéria, consulte Blundell 2010. Para Moçambique, consulte Crown Agents 2007.67. Para os programas de saúde do Timor Leste, consulte; Rohland e Cliff e 2002; Baird 2010.68. Messick 2011.69. Giovine e outros 2010;70. Guerrero 2006; Mason 2003; Presidência da República da Colômbia 2010.71. Em Fixing Failed States, (Consertando os Estados fracassados), Ashraf Ghani e Clare Lockhart
analisam a questão da criação de legitimidade e do preenchimento da lacuna da soberania nos Estados frágeis e afetados pelo confl ito através da lente do “pacto duplo”. O pacto duplo enfoca a “rede de direitos e obrigações que servem de base para a reivindicação do Estado por soberania” e refere-se primeiro ao “pacto entre um Estado e seus cidadãos inserido em um conjunto de regras coerente e, segundo, “entre um Estado e a comunidade internacional para garantir a adesão às normas e padrões internacionais de responsabilização e transparência.” Ghani e Lockhart 2008, 8.
72. Agoglia, Dziedzic e Sotirin 2008.73. Consulta do WDR a ex-negociadores-chave da Aliança ANC e o Partido nacional da África do
Sul 201074. Baron e outros 201075. Equipe de consulta do WDR no Haiti, 2010; UNDPKO 2010.76. Para África do Sul, ver Kambuwa e Wallis 202; Consulta do WDR a ex-negociadores-chave da
Aliança ANC e o Partido nacional da África do Sul 2010.77. Consultas da equipe do WDR com representantes do governo, representantes da sociedade civil
e pessoal da segurança na Colômbia 2010.
Visão geral 43
78. Estas ferramentas incluem a unidade de mediação do Departamento de Assuntos Políticos da ONU (UNDPA), AU e outras capacidades de mediação regional; “recurso II– mediação,” tais como o Centro de Diálogo Humanitário.
79. Ojielo 2007; Odendaal 2010; UNDPA (Departamento de Assuntos Políticos da ONU) 2010a.80. A Iniciativa de Gestão da Crise (CMI) é uma organização não lucrativa independente fi nlan-
desa que trabalha para resolver confl itos e gerar paz sustentável. Em 2005, o Presidente da CMI, ex-presidente fi nlandês Martti Ahtisaari, facilitou um acordo de paz entre o Governo da República da Indonésia e o Movimento Aceh Livre em Aceh, Indonésia. Consulte a Iniciativa de Gestão da Crise2011.
81. Para “missões integradas”, consulte Eide e outros 2005. Para abordagens de “governo inte-gral”, consulte Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico — Comitê de Assistência ao Desenvolvimento (OCDE–DAC) 2006; Departamento de Desenvolvimento Internacional 2010; Departamento de Desenvolvimento Internacional 2009. Para abordagens de “sistemas integrais” consulte Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE-DAC 2007a. Para ferramentas regionais, consulte União Africana 2006; União Africana 2007b.
82. Stewart and Brown 2007.83. Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico — Comissão de Assistência ao
Desenvolvimento (OCDE-DAC) 2008.84. Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico — Comissão de Assistência ao
Desenvolvimento (OCDE-DAC) 2010a.85. Um estudo recente examinou o custo da volatilidade da ajuda para os países, que induz volatili-
dade nas receitas públicas e nos programas de desenvolvimento.A perda em efi ciência da volati-lidade da ajuda ofi cial para o desenvolvimento, líquida, foi duas vezes mais alta nos estados fracos do que nos estados fortes, em 2,5 versus 1,2% do PIB (consulte Kharas 2008).
86. O tráfi co é intrinsecamente regional e global por natureza, com impactos indiretos entre países produtores, consumidores e de trânsito. As ações da Colômbia contra os cartéis da droga afetam a América Central, o México e até mesmo a África Ocidental; o recente debate político da Califórnia sobre a legalização das drogas afeta potencialmente os países produtores. Efeitos simi-lares ocorrem com outros produtos básicos: restrições à extração em um país podem aumentar a demanda em outros países que não possuam políticas similares, resultando assim em uma maior vulnerabilidade à corrupção e violência.
87. O Processo Kimberley é realizado conjuntamente por grupos da sociedade civil, indústria e governos para diminuir o fl uxo de “diamantes de confl ito” usados para abastecer rebeliões em países como a República Democrática do Congo. O processo tem seu próprio esquema de certifi -cação de diamantes que impõe várias exigências aos seus 49 membros (representando 75 países) para garantir que os diamantes brutos enviados não tenham fi nanciado violência. Consulte o Esquema de Certifi cação do Processo Kimberley 2010.
88. Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento — Comissão de Assistência ao Desenvolvimento (OECD-DAC) 2010a.
89. Consulta da equipe do WDR à equipe nacional do Timor Leste em 2010.90. Escritório do Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos 2006.91. O G-7+ é um fórum independente e autônomo de países e regiões frágeis e afetados pro confl itos
que se uniram para formar uma voz coletiva no cenário global.” O G-7+ foi criado em 2008 e inclui: Afeganistão, Burundi, República Centro-Africana, Chade, Costa do Marfi m, República Democrática do Congo, Haiti, Libéria, Nepal, Ilhas Salomão, Serra Leoa, sul do Sudão e Timor-Leste. Consulte o “Diálogo Internacional sobre Consolidação da Paz e Fortalecimento do Estado” 2010.
92. Um exemplo prático desse tipo de mudança é a Etiópia em 2005, quando o governo e doadores concordaram em mudar de apoio orçamental regular para um programa de transferências para os governos locais e municipais. O programa incluiu medidas para garantir que todas as regiões do país, independentemente de como votaram nas eleições, receberam apoio contínuo do governo central.
93. Ver Garassi 2010. Para Afeganistão, veja Atos Consulting 2009. Para Cisjordânia e Gaza, consulte Banco Mundial 1999a. Para Nepal, veja UNOHCHR (Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos) 2010; Governo do Nepal, PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e UNDG (Grupo de Desenvolvimento das Nações Unidas) 2010.
94. Consulte Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) 2010i; Scanteam 2010.
95. Gelb 2010.
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96. Messick 2011.97. Consulte Favaro 2008; Favaro 2010.98. Os países da Sub-região do Grande Mekong (GMS) — Camboja, China, República Democrática
Popular do Laos, Mianmar, Tailândia e Vietnã — implementaram uma ampla série de projetos regionais que englobam transportes, energia, telecomunicações, gestão ambiental, desenvolvi-mento de recursos humanos, turismo, comércio, investimento no setor privado e agricultura. A GMS é reconhecida por ter incrementado o comércio internacional e, ao mesmo tempo, redu-zido os níveis de pobreza e criado interesses compartilhados em relação à paz e à estabilidade econômica.
99. A Iniciativa para a Costa da África Ocidental (WACI) é um programa conjunto entre o Escritório de Drogas e Crime das Nações Unidas, o Escritório das Nações Unidas para a África Ocidental, o Departamento de Assuntos Políticos das Nações Unidas e a INTERPOL para combater problemas de tráfi co de drogas ilícitas, crime organizado e abuso de drogas na África Ocidental. A iniciativa compreende um conjunto abrangente de atividades voltadas para a capacitação, tanto no nível nacional como regional, nas áreas de segurança pública, forense, gestão de fronteiras, combate à lavagem de dinheiro e fortalecimento das instituições de justiça criminal, contribuindo para iniciativas de consolidação da paz e reformas do setor de segurança.
100. A “Eurorregião” começou como uma forma inovadora de cooperação transfronteiriça (entre dois ou mais Estados que compartilham uma região fronteiriça comum) no fi m da década de 1959. Com o propósito de incentivar a cooperação transfronteiriça econômica, sociocultural e de lazer, o modelo da Eurorregião cresceu e foi impulsionado com a criação de uma mercado comum europeu e recentes transições democráticas. Atualmente há mais de 100 eurorregiões espalhadas em toda a Europa e o modelo foi recentemente replicado nos territórios da Europa Oriental e Europa Central. A cooperação não deixou de ter problemas em áreas previamente afetadas por confl itos, mas também há bons exemplos de programas transfronteiriços de desenvolvimento, sociais e de segurança que envolvem áreas em que vivem minoridades étnicas em vários Estados ou em áreas que têm sofrido o trauma da guerra interestatal e civil. Ver Greta e Lewandowski 2010; Otocan 2010; Council of Europe 1995; Council of Europe and Institute of International Sociology of Gorizia 2003;Bilcik e outros 2001.
101. Reconhecendo que as fronteiras inseguras têm abrigado confl itos de forma recorrente, a União Africana criou em 2007 o Programa de Fronteiras da União Africana para delimitar e demarcar áreas fronteiriças sensíveis e prover a cooperação através das fronteiras e comércio como ferra-menta de prevenção de confl itos. Este programa tem quatro componentes. Primeiro, propõe a demarcação de fronteiras terrestres e marítimas, uma vez que menos de 25% das fronteiras foram formalmente demarcadas e acordadas e as controvérsias provavelmente continuarão com as futuras descobertas de petróleo. Segundo, promove a cooperação transfronteiriça para lidar com atividades criminosas itinerantes. Terceiro, apoia programas de fortalecimento da paz através das fronteiras. Quarto, consolida ganhos na integração econômica por meio de comunidades econômicas regionais. O primeiro projeto-piloto foi lançado na região de Sikasso no Mali e em Bobo Dioualasso em Burkina Faso — reunindo atores locais, privados e públicos para reforçar a cooperação. Ver African Union 2007a.
102. A ASEAN desempenha um papel importante na mediação e resolução de confl itos na região do Sudeste da Ásia. Entre os exemplos estão sua assistência no confl ito do Camboja de 1997-99, a operação de manutenção da paz do Timor Leste de 1999 em diante, A Reconciliação de Aceh em 2005 e a catástrofe provocada pelo Ciclone Nargis em Mianmar em maio de 2008.
103. Cálculos da equipe do WDR com base no conjunto de dados em Powell e Th yne (A ser lançado em breve).
104. Entre as diversas formas adotadas pela cooperação Sul-Sul, a assistência técnica foi a mais comum. Embora muitos projetos de assistência técnica enfoquem o desenvolvimento econô-mico e social, os países do hemisfério sul também desenvolveram capacidades especializadas na construção da paz pós-confl ito. Exemplos disso são o apoio da África do Sul à capacitação estrutural do serviço público por meio de aprendizado entre pares com Burundi, Ruanda e sul do Sudão. A cooperação entre 45 municípios em El Salvador, Guatemala e Honduras ajuda a administrar bens públicos regionais, tais como a água na região do Trifi nio. O Banco Africano de Desenvolvimento também tem um mecanismo específi co para a cooperação sul-sul em Estados frágeis. Ver Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) (2010e).
105. Nos países da África Ocidental que passaram recentemente por golpes de Estado, o ponto de vista da União Africana era de que o apoio dos doadores aos programas sociais e de redução da pobreza deveria continuar nesses países, mas que o apoio em maior escala deveria ser espe-cífi co para auxiliar o retorno a um caminho constitucional. Na prática, os doadores foram divi-didos entre os que suspenderam totalmente a assistência e os que continuaram o auxílio sem modifi cações.
Visão geral 45
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53
Agradecimentos
Este Relatório foi preparado por uma equipe central liderada por Sarah Cliff e e Nigel Roberts
e composta por Erik Alda, David Andersson, Kenneth Anye, Holly Benner, Natalia Cieslik, Ivan
Crouzel, Markus Kostner, Daniel Maree, Nicholas Marwell, Gary Milante, Stephen Ndegwa,
Nadia Selim, Pia Simonsen, Nicholas van Praag, Suranjan Weeraratne e Nikolas Win Myint. Bruce
Jones foi Auditor Externo Sênior da equipe e fez importantes contribuições, assim como James
Fearon, Jack Goldstone e Lant Pritchett.
Bruce Ross-Larson foi o editor-chefe.
Relatório do Desenvolvimento Mundial 2011 é copatrocinado pela Economia do
Desenvolvimento (DEC) e Política Operacional e Serviços aos Países (OPC). O trabalho foi reali-
zado sob a orientação geral de Justin Yifu Lin na DEC e Jeff rey Gutman e Joachim von Amsberg
na OPC. Caroline Anstey, Hassan Cisse, Shahrokh Fardoust, Varun Gauri, Faris Hadad-Zervos,
Ann Harrison, Karla Hoff , Phillip Keefer, Anne-Marie Leroy, Rui Manuel de Almeida Coutinho,
Alastair McKechnie, Vikram Raghavan e Deborah Wetzel também prestaram valiosa orientação.
A equipe do WDR estende um agradecimento especial ao Grupo do Banco Mundial para Países
Frágeis e Afetados por Confl itos (OPCFC) e à Equipe de Peritos Globais para Países Frágeis e
Afetados por Confl itos (FCS GET) por suas amplas contribuições e feedback ao longo do processo
de desenvolvimento do WDR.
Um Conselho Consultivo formado por Madeleine Albright, Louise Arbour, Lakhdar Brahimi,
Mohamed Ibn Chambas, Paul Collier, Nitin Desai, Carlos Alberto dos Santos Cruz, Martin
Griffi ths, Mohamed “Mo” Ibrahim, H.E. Paul Kagame, Ramtane Lamamra, Shivshankar Menon,
Louis Michel, Jorge Montaño, Jay Naidoo, Kenzo Oshima, Surin Pitsuwan, Zeid Ra’ad Al-Hussein,
Marta Lucía Ramírez de Rincón, H.E. Ellen Johnson Sirleaf, Dmitri Trenin, Wu Jianmin e George
Yeo fornecu ampla e excelente consultoria.
O Presidente do Banco Mundial, Robert B. Zoellick, contribuiu com orientação e comentários.
Muitas outras pessoas de dentro e de fora do Banco Mundial colaboraram com comentários
e sugestões. O Grupo de Dados sobre o Desenvolvimento contribuiu para os dados anexos e foi
responsável pelos Indicadores Selecionados de Desenvolvimento Mundial.
A equipe foi amplamente benefi ciada por uma grande variedade de consultas. Foram reali-
zadas reuniões no Afeganistão, Áustria, Austrália, Bélgica, Canadá, China, Colômbia, República
Democrática do Congo, Dinamarca, Egito, Etiópia, França, Alemanha, Haiti, Índia, Indonésia,
Iraque, Itália, Japão, Quênia, Líbano, Mali, México, Nepal, Holanda, Noruega, Paquistão,
Ruanda, Arábia Saudita, África do Sul, Espanha, Sudão, Suécia, Suíça, Timor Leste, Reino Unido,
Estados Unidos, Cisjordânia e Gaza, Iêmen. A equipe deseja agradecer aos participantes desses
workshops, videoconferências e debates on-line que incluíram formuladores de política, autori-
dades governamentais e representantes de organizações não-governamentais, da sociedade civil
e do setor privado.
A equipe gostaria de agradecer o generoso apoio da União Africana, Associação das Nações
do Sudeste da Ásia, União Europeia, Governo da Austrália, Governo do Canadá, Governo da
China, Governo da Dinamarca, Governo da Finlândia, Governo da Alemanha, Governo do Japão,
Governo do México, Governo da Holanda, Governo da Noruega, Governo da Suécia, Governo da
Suíça, Governo do Reino Unido, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
e Nações Unidas.
54 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
A equipe deseja estender seus agradecimentos ao incansável apoio da Equipe de Produção
do WDR: Jessica Ardinoto, Nga (Ty) Lopez, Bertha Medina, Brónagh Murphy, e Jason Victor.
O apoio de gestão de recursos de Irina Sergeeva e Sonia Joseph também é muito bem-vindo,
além do excelente apoio prestado pelo Escritório do Editor e GSDTR à produção, publicação,
tradução e divulgação, além de agradecimento especial a Mary Fisk, Stephen McGroarty,
Nancy Lammers, Santiago Pombo-Bejarano, Denise Bergeron, Janet Sasser, Cécile Jannotin e
Hector Hernaez por suas contribuições. Debra Naylor e Gerry Quinn contribuíram com sua
perícia para o desenho e os gráfi cos. Agradecemos ainda Ivar Cederholm, Jean-Pierre Djomalieu,
Sharon Faulkner, Vivian Hon, Gytis Kanchas, Rajvinder Kaur, Alexander Kent, Esabel Khoury,
Nacer Megherbi, Th yra Nast, Jimmy Olazo, Nadia Piff aretti, Carol Pineau, Jean Gray Ponchamni,
Swati Priyadarshini, Janice Rowe-Barnwell, Merrell Tuck-Primdahl e Constance Wilhel por seu
gentil apoio à equipe. Muitos agradecimentos também a Jeff rey Lecksell pela excelente elaboração
de mapas. Reconhecemos os esforços do Escritório do Banco Mundial em Nova York, inclusive
Dominique Bichara e Tania Meyer, bem como os colegas que auxiliaram nas consultas do WDR
em todo o mundo — entre os quais aqueles que trabalham nos escritórios do Banco Mundial no
Afeganistão, Bélgica, China, Colômbia, República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Haiti,
Índia, Indonésia, Iraque, Itália, Japão, Quênia, Líbano, Mali, México, Nepal, Paquistão, Ruanda,
Arábia Saudita, África do Sul, Sudão, Timor Leste, Cisjordânia e Gaza e Iêmen.
55
Nota bibliográfi ca
Este relatório baseia-se em uma ampla série de documentos do Banco Mundial e em inúmeras
fontes externas. Contribuíram para a análise de antecedentes: Beatriz Abizanda, Rede de
Desenvolvimento Aga Khan, Nathalie Alvarado, Sanam Naraghi-Anderlini, Matthew Andrews,
Jairo Arboleda, Paul Arthur, Claus Astrup, Alexandra Avdeenko, Kathryn Bach, Mark Baird,
Patrick Barron, Peter Bartu, Christina Biebesheimer, Arthur G. Blundell, Morten Bøås, Saswati
Bora, James Boyce, Henk-Jan Brinkman, Tilman Brück, Rex Brynen, Iride Ceccacci, Brian Center,
Pinki Chaudhuri, Asger Christensen, James Cockayne, Blair Glencorse, Tara Cooper, Maria C.
Correia, David Craig, Christopher Cramer, Martha Crenshaw, Olivia D’Aoust, Victor A.B. Davies,
Pablo de Greiff , Alex de Waal, Dimitri F. De Pues, Frauke de Weijer, Christopher Delgado, Gabriel
Demombynes, Deval Desai, Peter Dewees, Sinclair Dinnen, Le Dang Doanh, Barry Eichengreen,
Gregory Ellis, Sundstøl Eriksen, FAFO, Alexander Evans, Doug Farah, Edgardo Favaro, James D.
Fearon, Ministério das Relações Exteriores da Finlândia, Hedda Flatø, Shepard Forman, Paul
Francis, Anthony Gambino, Esther Garcia, Scott Gates, Alan Gelb, Luigi Giovine, Jack A.
Goldstone, Margarita Puerto Gomez, Sonja Grimm, Jean-Marie Guehenno, Scott Guggenheim,
Debarati Guha-Sapir, Paul-Simon Handy, Bernard Harborne, Niels Harild, Emily Harwell, Håvard
Hegre, Cullen S. Hendrix, Anke Hoeffl er, Karla Hoff , Richard Horsey, Fabrice Houdart, Yasheng
Huang, Elisabeth Huybens, Banco Interamericano do Desenvolvimento, Syeda S. Ijaz, Horst
Intscher, Kremena Ionkova, Michael Jacobson, Prashant Jha, Agência de Cooperação Internacional
do Japão (JICA), Michael Johnston, Patricia Justino, Tarcisius Kabutaulaka, Gilbert Khadaglia,
Anne Kielland, Robert Krech, Christof P. Kurz, Sarah Laughton, Constantino Lluch, Norman V.
Loayza, Clare Lockhart, Megumi Makisaka, Alexandre Marc, Keith Martin, Omar McDoom,
Mike McGovern, John-Andrew McNeish, Pratap Bhanu Mehta, Kenneth Menkhaus, Richard
Messick, Nadir Mohammed, Hannah Nielsen, Håvard Mokleiv Nygård, David Pearce, Mary
Porter Peschka, Nicola Pontara, Douglas Porter, Ministry of Foreign Aff airs of Portugal, Monroe
Price, Habib Rab, Clionadh Raleigh, Martha Ramirez, Anne Sofi e Roald, Paula Roque, Narve
Rotwitt, Caroline Sage, Yezid Sayigh, Mark Schneider, Richard Scobey, Jake Sherman, Sylvana Q.
Sinha, Judy Smith-Höhn, Joanna Spear, Anna Spenceley, Radhika Srinivasan, Frances Stewart,
Håvard Strand, Scott Straus, Nicole Stremlau, Naotaka Sugawara, Deepak Th apa, Åge Tiltnes,
Monica Toft , Robert Townsend, Bakary Fouraba Traore, Keiichi Tsunekawa, Programa das Nações
para o Desenvolvimento(PNUD), Departamento de Operações da Missão de Paz das Nações
Unidas (UNDPKO), Departamento de Assuntos Políticos das Nações Unidas (UNDPA), Bernice
van Bronkhorst, Philip Verwimp, Joaquin Villalobos, Sarah von Billerbeck, Henriette von
Kaltenborn-Stachau, Barbara F. Walter, Jusuf Wanandi, Xueli Wang, Clay Wescott, Teresa
Whitfi eld, Alys Willman, Michael Woolcock, Michael Wyganowski, Kohei Yoshida.
Os documentos de referência do Relatório estão disponíveis na Internet, no endereço www.
worldbank.org/wdr2011 ou por intermédio do escritório do Relatório sobre o Desenvolvimento
Mundial. As opiniões expressas nestes documentos não refl etem necessariamente aquelas do
Banco Mundial ou deste Relatório.
Muitas pessoas de dentro e de fora do Banco Mundial contribuíram com comentários para a
equipe. Comentários, orientação e contribuições foram fornecidas por Patricio Abinales, Ségolène
Adam, James W. Adams, Douglas Addison, Ozong Agborsangaya-Fiteu, Sanjeev S. Ahluwalia,
Ahmad Ahsan, Bryant Allen, Noro Andriamihaja, Edward Aspinall, Laura Bailey, Bill Battaile,
56 R E L AT Ó R I O D O D E S E N VO LV I M E N T O M U N D IA L 2 0 1 1
Ferid Belhaj, Eric Bell, Christina Biebesheimer, Anna Bjerde, Brian Blankespoor, Chris Blattman,
Edith H. Bowles, Mike Bourke, Sean Bradley, Cynthia Brady, Anne Brown, Gillie Brown, Colin
Bruce, Paola Buendia, Roisín de Burca, William Byrd, Charles Call, Otaviano Canuto, Michael
Carnahan, Francis Carneiro, Paloma Anos Casero, Mukesh Chawla, Judy Cheng-Hopkins, Fantu
Cheru, Punam Chuhan-Pole, Laurence Clarke, Kevin Clements, Cybèle Cochran, Departamento
Nacional de Planeación (DNP) da Colômbia, Daniele Conversi, Louise Cord, Pamela Cox, Jeff
Crisp, Geoff rey Dabelko, Beth Daponte, Monica Das Gupta, Elisabeth David, Martin David,
John Davidson, Scott Dawson, Shanta Devarajan, James Dobbins, Joost Draaisma, Gregory
Keith Ellis, Ibrahim Elbadawi, Obiageli Kathryn Ezekweli, Kene Ezemenari, Judith Fagalasuu,
Oscar Fernandez-Taranco, Ezzedine Choukri Fishere, Cyprian F. Fisiy, Ariel Fiszbein, Robert
L. Floyd, Verena Fritz, Francis Fukuyama, Ivor Fung, Varun Gauri, Madhur Gautam, Germany’s
Deutscher Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (GTZ), Coralie Gevers, Indermit S. Gill,
Chiara Giorgetti, Giorgia Giovannetti, Edward Girardet, Jack Goldstone, Kelly Greenhill, Pablo de
Greiff , Scott E. Guggenheim, Tobias Haque, Bernard Harborne, David Harland, Jenny Hedman,
Joel Hellman, Bert Hofman, Virginia Horscroft , Elisabeth Huybens, Elena Ianchovichina,
Patchamuthu Illangovan, Sana Jaff rey, Martin Jelsma, Emmanuel E. Jimenez, Hilde Johnson, Mary
Judd, Sima Kanaan, Alma Kanani, Phil Keefer, Caroline M. Kende-Robb, Homi Kharas, Young
Chul Kim, Mark Kleiman, Steve Knack, Sahr Kpundeh, Aart Kraay, Keith Krause, Aurélien Kruse,
Arvo Kuddo, Sibel Kulaksiz, Julien Labonne, Tuan Le, Th eodore Leggett, René Lemarchand,
Anne-Marie Leroy, Brian Levy, Esther Loening, Ana Paula Fialho Lopes, Chris Lovelace, Andrew
Mack, Charles Maier, Sajjad Malik, David Mansfi eld, Alexandre Marc, Roland Marchal, Ernesto
May, Alastair McKechnie, Dave McRae, Pratap Mehta, Piers Merrick, Jeff rey Miron, Peter
Moll, Mick Moore, Adrian Morel, Edward Mountfi eld, Robert Muggah, Izumi Nakamitsu, Eric
Nelson, Carmen Nonay, Antonio Nucifora, Liam O’Dowd, the OECD/International Network
on Confl ict and Fragility (OECD/INCAF), Adyline Waafas Ofusu-Amaah, Patti O’Neill, Robert
Orr, Marina Ottaway, Phil Oxhorn, Kiran Pandey, Andrew Parker, Martin Parry, Borany Penh,
Nadia Piff aretti, Nicola Pontara, Rae Porter, Ben Powis, Giovanna Prennushi, Gérard Prunier,
Vikram Raghavan, Bassam Ramadan, Peter Reuter, Joey Reyes, Dena Ringold, David Robalino,
Michael Ross, Mustapha Rouis, Jordan Ryan, Joseph Saba, Abdi Samatar, Nicholas Sambanis,
Kirsti Samuels, Jane Sansbury, Mark Schneider, Colin Scott, John Sender, Yasmine Sherif,
Janmejay Singh, David Sislen, Eduardo Somensatto, Radhika Srinivasan, Scott Straus, Camilla
Sudgen, Vivek Suri, Agência Suíça de Desenvolvimento e Cooperação (SDC), Almamy Sylla,
Stefanie Teggemann, Th omas John Th omsen, Martin Tisné, Alexandra Trzeciak-Duval, Anne
Tully, Carolyn Turk, Oliver Ulich, Departamento de Desenvolvimento Internacional do Reino
Unido (DFID), Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos(USAID), Peter
Uvin, Manuel Vargas, Antonius Verheijen, Th ierry Vircoulon, M. Willem van Eeghen, Axel van
Trotsenburg, Juergen Voegele, Femke Vos, Tjip Walker, John Wallis, El Ghassim Wane, Dewen
Wang, Achim Wennmann, Alys Willman, Andreas Wimmer, Susan Wong, Rob Wrobel, Tevfi k
Yaprak e Philip Zelikow.
Somos gratos a pessoas de lugares de todo o mundo que participaram e forneceram seus
comentários. Além disso, agradecemos a blogueiros convidados e ao público em geral que se
conectaram ao nosso blog: http://blogs.worldbank.org/confl ict/.
Apesar dos esforços para elaborar uma lista abrangente, é possível que algumas pessoas que
colaboraram tenham sido inadvertidamente omitidas. A equipe pede desculpas por quaisquer
equívocos e reitera sua gratidão a todos os que contribuíram para este relatório.
Sumário de Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2011
Prefácio
Contexto e estrutura
Glossário
Nota sobre metodologia
Abreviações e notas sobre dados
Visão Geral
PARTE 1: O DESAFIO DE CICLOS REPETIDOS DE VIOLÊNCIA
1 A Violência Recorrente Ameaça o Desenvolvimento
2 Vulnerabilidade à violência
PARTE 2: LIÇÕES OBTIDAS DAS RESPOSTAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
3 Da violência à resiliência: Recuperando a confi ança e transformando as instituições
4 Recuperando a confi ança: Afastando-se da iminência
5 Transformando instituições para fornecer segurança justiça e empregos
6 Apoio internacional para a geração de confi ança e transformação das instituições
7 Ação internacional para mitigar as tensões externas
PARTE 3: OPÇÕES PRÁTICAS E RECOMENDAÇÕES
8 Orientações para a ação nacional
9 Novas orientações para o apoio internacional
Nota bibliográfi ca
Referências
Indicadores selecionados
Indicadores Selecionados do Desenvolvimento Mundial
Índice
58
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Declaração de Benefícios Ambientais
O Banco Mundial está comprometido
com a preservação das fl orestas ameaçadas
de extinção e dos recursos naturais.
O Escritório do Editor decidiu imprimir a
versão em inglês e as traduções do Relatório
sobre o Desenvolvimento Mundial 2011:
Visão geral em papel reciclado com 50%
de fi bra pós-consumo, em conformidade
com os padrões recomendados para o uso
de papel, estabelecidos pela Iniciativa da
Imprensa Verde, um programa sem fi ns
lucrativos que apoia editores no uso de fi bra
que não provenha de fl orestas ameaçadas
de extinção. Para obter informações mais
detalhadas favor consultar o website
www.greenpressinitiative.org
Foram salvos:
• 40 árvores
• 13 milhões de BTUs de energia total
• 1729,5 quilogramas líquidos de gases
causadores do efeito estufa
• 69.511,5 litros de águas servidas
• 505,7 quilos de resíduos sólido
32566
Com mais de 1,5 bilhão de pessoas vivendo em países afetados por confl itos, o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2011 (WDR) investiga a mudança da natureza da violência no século XXI. As guerras interestatal e civis caracterizaram os confl itos violentos no século passado, e hoje, de modo mais pronunciado, a violência está vinculada a controvérsias locais, repressão política e criminalidade organizada. O Relatório ressalta o impacto negativo de confl itos duradouros nas perspectivas de desenvolvimento de um país ou região, e observa que nenhum Estado de baixa renda, afetado pelo confl ito ainda alcançou um único Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (MDG).
O risco de alto índice de violência é maior quando altos níveis de tensão são associados a instituições nacionais defi cientes e ilegítimas. As sociedades são vulneráveis quando suas instituições são incapazes de proteger os cidadãos de abusos, ou de garantir acesso equitativo à justiça e à oportunidade econômica. Essas vulnerabilidades são exacerbadas em países com grandes populações jovens, desigualdade de renda crescente e injustiça perceptível. Os eventos provocados por fatores externos, como infi ltração de combatentes estrangeiros, a presença de redes de tráfi co ou choques econômicos, intensifi cam as tensões que podem provocar a violência.
O WDR 2011 aproveita a experiência dos países que conseguiram fazer, com sucesso, a transição da violência repetitiva, apontando para uma necessidade específi ca de priorizar ações que gerem a confi ança entre os Estados e o cidadãos e desenvolver instituições que possam garantir segurança, justiça e empregos. A capacidade do governo é crucial, mas a competência técnica sozinha é insufi ciente: as instituições e os programas devem ser responsáveis por seus cidadãos, para terem legitimidade. A impunidade, a corrupção e os abusos de direitos humanos claramente prejudicam confi ança entre Estados e cidadãos e aumenta os riscos de violência. A construção de instituições duradouras ocorre em várias transições ao longo de uma geração e não signifi ca convergir para modelos institucionais do ocidente.
O WDR 2011 reúne as lições dos reformadores nacionais que fogem dos repetitivos ciclos de violência. Ele defende um maior enfoque na ação preventiva de modo contínuo, equilibrando uma concentração às vezes excessiva na reconstrução pós-confl ito. O Relatório baseia-se em novas pesquisas, estudos de caso e consultas extensas com líderes e outros atores em todo o mundo. Ele propõe um kit de ferramentas de opções para tratar da violência que pode ser adaptado aos contextos locais, bem como às novas orientações da política internacional, destinado a melhorar o apoio aos reformadores nacionais e a enfrentar as tensões que emanam das tendências globais ou regionais para além do controle de um país.
BANCO MUNDIAL