relatório final 30 03 2016

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COMITÊ NACIONAL EXECUTIVO DOS I JOGOS MUNDIAIS DOS POVOS INDÍGENAS PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO CONSULTORIA PNUD / CNE RELATÓRIO GERAL FINAL Elaboração: Ditta Dolejsiova Supervisão e Edição: Carolina Valente e Luiz André Lobo Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 2016

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COMITÊ  NACIONAL  EXECUTIVO  DOS  I  JOGOS  MUNDIAIS  DOS  POVOS  INDÍGENAS  PROGRAMA  DAS  NAÇÕES  UNIDAS  PARA  O  DESENVOLVIMENTO          

           

 CONSULTORIA  PNUD  /  CNE    

 RELATÓRIO  GERAL  FINAL  

             

   

   

Elaboração:  Ditta  Dolejsiova  Supervisão  e  Edição:  Carolina  Valente  e  Luiz  André  Lobo  

Rio  de  Janeiro,  17  de  fevereiro  de  2016  

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     ÍNDICE    1. SUMÁRIO EXECUTIVO .......................................................................................... 4

1.1 INFOGRÁFICO – RESUMO DAS INFORMAÇÕES ...................................................... 10 2. REFLEXÕES DO DIRETOR EXECUTIVO DOS I JMPI ....................................... 12 3. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14

3.1 DESCRIÇÃO DO EVENTO ..................................................................................... 16 3.2 PROPÓSITO DO RELATÓRIO ................................................................................ 18 3.3 METODOLOGIA .................................................................................................. 19 3.4 DESCRIÇÃO E ESTRUTURA DO RELATÓRIO .......................................................... 19

4. HISTÓRICO DOS JMPI2015 ................................................................................. 21 4.1 CONTEXTO INTERNACIONAL ................................................................................ 21 4.2 CONTEXTO NACIONAL ........................................................................................ 22 4.3 ENVOLVIMENTO DO MINISTÉRIO DO ESPORTE ..................................................... 23 4.4 TOMADA DE DECISÃO PARA A REALIZAÇÃO DOS JOGOS EM PALMAS ..................... 24 4.5 CRIAÇÃO DO COMITÊ NACIONAL EXECUTIVO (CNE) DOS JMPI ............................ 25 4.6 EXPECTATIVAS INICIAIS DO EVENTO ................................................................... 26

5. PRINCIPAIS ATORES DOS I JMPI 2015 ............................................................. 29 5.1 PRINCIPAIS ATORES – ORGANIZADORES DO EVENTO .......................................... 29 5.2 PARCERIA MINISTERIAL AMPLIADA - DEMAIS PARCEIROS NA ORGANIZAÇÃO DO EVENTO .................................................................................................................. 31

6. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DOS I JMPI 2015 .................................. 34 6.1 OBJETIVOS E PÚBLICO-ALVO ............................................................................. 34 6.2 PROCESSO DO DESENVOLVIMENTO DOS JMPI2015 ............................................ 35 6.3 ÁREAS DE ATUAÇÃO DO CNE ............................................................................. 44 6.4 PARCERIAS ........................................................................................................ 46

7. REALIZAÇÃO DOS I JMPI 2015 .......................................................................... 47 7.1 OBJETIVOS E PÚBLICO-ALVO ............................................................................. 48 7.2 EXECUÇÃO DOS I JMPI 2015 ............................................................................. 48 7.3 ATUAÇÃO DO CNE POR ÁREAS .......................................................................... 52

7.3.1 Infraestrutura ............................................................................................ 52 7.3.2 Produção .................................................................................................. 62 7.3.3 Hospitalidade ............................................................................................ 65 7.3.4 Alimentos e Bebidas ................................................................................. 68 7.3.5 Cultura ...................................................................................................... 73 7.3.6 Comunicação ............................................................................................ 78 7.3.7 Acessibilidade ........................................................................................... 83

7.4 ATUAÇÃO DO CNE EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS ............................................ 87 8. RESULTADOS E LIÇÕES APRENDIDAS ........................................................... 92

8.1 AVALIAÇÃO DOS I JMPI 2015 ............................................................................. 92 8.2 LIÇÕES APRENDIDAS .......................................................................................... 95 8.3 BOAS PRÁTICAS .............................................................................................. 110

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9. LEGADO DOS I JMPI 2015 E VISÃO DO FUTURO .......................................... 113 9.1 PARA POVOS INDÍGENAS BRASILEIROS ............................................................. 114 9.2 PARA INDÍGENAS INTERNACIONAIS ................................................................... 116 9.3 PARA A CIDADE DE PALMAS ............................................................................. 117 9.4 PARA O BRASIL ................................................................................................ 118 9.5 PARA O MUNDO ............................................................................................... 119

10. RECOMENDAÇÕES ......................................................................................... 126 10.1 PARA O MINISTÉRIO DO ESPORTE (ME) .......................................................... 126 10.2 PARA OS LÍDERES NACIONAIS E INTERNACIONAIS ............................................ 127 10.3 PARA O ITC ................................................................................................... 127 10.4 PARA O FUTURO PAÍS ORGANIZADOR / COMITÊ INTERNACIONAL ORGANIZADOR DOS II JMPI 2017 .................................................................................................. 128 10.5 PARA A CIDADE SEDE .................................................................................... 129

11. CONCLUSÕES ................................................................................................. 130 12. LISTA DE ANEXOS .......................................................................................... 132      

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1. SUMÁRIO EXECUTIVO  

“O  importante  não  é  ganhar  e  sim  celebrar”    Os   Primeiros   Jogos   Mundiais   dos   Povos   Indígenas   -­‐   I   JMPI   foram   um   evento  histórico,   com   uma   destacada   importância   política,   cultural   e   espiritual   para  todos  os  Povos   Indígenas   representados.  A  celebração  das   tradições  esportivas  indígenas  foi  a   linha-­‐mestre  condutora  escolhida  para  marcar  o  congraçamento  entre   os   diferentes   povos   originários   presentes,   visando   a   afirmação   de   uma  relação  pacífica  e  culturalmente  diversificada  entre  homens  e  mulheres  de  todas  as  etnias  participantes.    Os  I  JMPI  aconteceram  de  20  de  outubro  a  1º  de  novembro  de  2015,  na  cidade  de  Palmas,  Estado  do  Tocantins,  Brasil,   com  a  presença  de  atletas   indígenas  de  23  países  de  todas  as  regiões  do  mundo:  América  do  Norte,  América  Latina,  Europa,  África,  Ásia  e  Oceânia.  Além  dos   indígenas  das  Américas,   incluindo  a  Argentina,  Bolívia,  Brasil,   Canadá,  Chile,  Colômbia,  Costa  Rica,  Estados  Unidos,  Guatemala,  Guiana  Francesa,  México,  Nicarágua,  Panamá,  Paraguai,  Peru  e  Uruguai,  também  participaram   os   povos   da   Etiópia,   Filipinas,   Finlândia,   Gambia,  Mongólia,   Nova  Zelândia,  e  Rússia.  Do  Brasil,  24  etnias  participaram  da  competição,   tendo  sido  escolhidas   nos   diferentes   biomas   existentes   no   país,   a   fim   de   representar   a  diversidade   indígena   brasileira.   No   total,   cerca   de   1.800   atletas   indígenas  participaram  nos  Jogos,  sendo  1.100  brasileiros  e  700  estrangeiros.      Fruto  dos  resultados  obtidos  nas  edições  nacionais  realizadas  no  Brasil,  os  Jogos  Mundiais  dos  Povos   Indígenas  surgiram  a  partir  de  um  acordo   firmado  entre  o  Comitê  Intertribal  Memória  e  Ciência   Indígena  -­‐   ITC,   líderes  estrangeiros  de  17  países,   48   etnias   brasileiras   e   o   Governo   Federal   do   Brasil,   por   meio   de   seu  Ministério  do  Esporte.    Os   I   JMPI   foram   realizados   pelo   Governo   Federal   do   Brasil,   por   meio   do  Ministério   do   Esporte,   em   parceria   com   o   Governo   do   Estado   do   Tocantins,   a  Prefeitura   de   Palmas,   o   ITC   e   o   Programa   das   Nações   Unidas   para   o  Desenvolvimento  (PNUD).  Sua  concepção  foi  construída  de  maneira  colaborativa  com   a   participação   de   lideranças   indígenas   nacionais   e   internacionais,   da  sociedade  civil  e  de  instâncias  governamentais.    Além  disso,  uma  Parceria  Interministerial  do  Governo  Federal   foi   formada  para  atender   às   mais   diversas   necessidades   do   projeto,   além   da   parte   desportiva  capitaneada   pelo  Ministério   do   Esporte.   A   Presidência   da   República   do   Brasil,  

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por   meio   da   Casa   Civil,   supervisionou   as   ações   coordenadas   junto   a   diversos  outros  Ministérios,  Agências  e  Autarquias  brasileiros  para  garantir  a  execução  do  evento.        Os   Jogos   trouxeram   um   reconhecimento   político   à   temática,   percebido   pela  valorização  e  participação  da  Presidenta  do  Brasil  Dilma  Rousseff  nos  eventos  de  lançamento  e  abertura  dos  I  JMPI  e  deram  uma  maior  visibilidade  aos  programas  de   políticas   públicas   tanto   nacionais   quanto   internacionais   voltados   aos   povos  indígenas.   Essa   aproximação   do   Estado   com   os   povos   indígenas   contribui   em  todos   os   aspectos   à   uma  maior   inclusão   social   dessa   população,   muitas   vezes  invisível  nas  políticas  públicas  em  todo  o  mundo.    Dito   isto,   o   presente   relatório   tem   como   propósito   trazer,   de   uma   forma  organizada  e  coerente,  os  relatos  e  as  diferentes  reflexões  e  perspectivas  sobre  a  idealização,   o  processo  do  desenvolvimento   e   a   realização  dos  Primeiros   Jogos  Mundiais  dos  Povos   Indígenas  e  contribuir  com  o  processo  de  sistematização  e  sugestões   para   a   continuidade   da   próxima   edição,   prevista   para   ocorrer   em  2017.    Tendo   em   vista   o   caráter   inovador   e   inédito   deste   evento,   a   proposta   deste  documento  é  elencar  os  principais  desafios  e  resultados,  particularmente  no  que  tange   à   preparação,   montagem,   estruturação,   relacionamento   dos   parceiros  envolvidos,  desenvolvimento  de  metodologias,  execução,  monitoramento  e  pós-­‐produção  que  permitiram  a   realização  dos   I   JMPI   e   poderão   contribuir   com  as  futuras  edições  dos  Jogos.    O   objetivo   geral   dos   Jogos   foi   o   de   fomentar,   divulgar   e   preservar   a   cultura  indígena   por   meio   de   manifestações   culturais   desportivas,   ambientais   e  artísticas,  compartilhando  os  valores  tradicionais  dos  povos  indígenas  no  cenário  internacional.   Localmente,   os   I   Jogos   Mundiais   dos   Povos   Indígenas  representaram  uma  oportunidade  única  de   fortalecimento  da   cultura   indígena,  trazendo  benefícios  a  curto  e  longo  prazo  para  a  região.      

A  programação,   realizada  nos  13  dias  de  duração  do  evento,   contemplou   jogos  esportivos   indígenas,   atividades   culturais,   passeios   turísticos   e   gastronomia.   O  destaque   do   evento   foram   os   esportes   indígenas,   que   se   dividiram   em   jogos  tradicionais   competitivos,   jogos   demonstrativos   específicos   de   cada   povo  presente  e  o  futebol,  como  esporte  ocidental  competitivo.    

 

As  principais  disciplinas  dos  Jogos  Tradicionais  foram:  arco  e  flecha,  arremesso  de  lança,  cabo  de  força,  corrida  com  tora,  corrida  de  resistência  (8,4km),  corrida  de   velocidade   (100m),   natação   e   canoagem.   Já   na   categoria   Jogos  

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Demonstrativos,  foram  apresentados  esportes  nativos  de  várias  etnias  nacionais  e   internacionais   participantes,   como,   por   exemplo,   os   jogos  Xaka-­‐Akere,  Kagot,  Akô,  Peikrãn  (Brasil),  Pelota  P'urhépecha  (México),  Pelota  Maya  (Guatemala)  e  Ki  o  Rari  (Nova  Zelândia).  

 

Paralelamente   às   atividades   desportivas,   ocorreram   atividades   culturais  lideradas   pelos   povos   indígenas,   celebrando   a   diversidade   e   a   cultura   nativa.  Durante   os   jogos   foram   realizados   eventos   como   o   Festival   Artístico  Internacional   de   Culturas,   Rodas   de   Diálogo,   Fórum   Social   Indígena,  demonstrações   culturais  espontâneas,  prestigiadas  por  dezenas  de  milhares  de  pessoas.   Além  dessas   atividades,   aconteceram   saraus   literários,   lançamento   de  livros   com  a  presença  de  autores,   o  Congresso  Técnico  prévio  à   realização  dos  Jogos  e  a  Agenda  do  Futuro  que  anunciou  oficialmente  o  Canadá  como  País-­‐sede  dos  II  JMPI  a  ser  realizado  em  2017.    Também   como   parte   integrante   do   evento   ocorreu   a   Feira   Mundial   do  Artesanato   Indígena   realizada   pelo   Serviço   Brasileiro   de   Apoio   às   Micro   e  Pequenas   Empresas   -­‐   SEBRAE   e   a   II   Feira  Nacional   da   Agricultura   Tradicional  Indígena  realizada  com  o  apoio  do  Ministério  do  Desenvolvimento  Agrário.    Em   relação   ao   público   total   do   evento,   aproximadamente   180   mil   pessoas  participaram   dos   I   JMPI,   prestigiando   esse   conjunto   de   atividades   que  possibilitaram  a  interação  e  inter-­‐relação  das  diversas  etnias  presentes.  O  evento  contou,   ainda,   com   a   presença   de   280   jornalistas   de   110   veículos   de  comunicação,   vindos   de   18   países   além   do   Brasil,   para   cobrir   os   diferentes  aspectos  dos  Jogos.    Os   I   Jogos  Mundiais   dos   Povos   Indígenas   deixaram   um   enorme   legado   para   o  mundo,  servindo  de  fórum,  de  palco  e  de  livro  para  povos  indígenas  de  todos  os  continentes   apresentarem   suas   experiências   e   dialogarem   entre   si   e   com   o  restante   do   público   que   participou,   assistiu   e   fez   parte   de   um   dos   maiores  empenhos   esportivos   e   culturais  da  humanidade.  Não   seria  pretensioso  prever  que  ele  será  considerado,  no  futuro,  um  evento  tão  marcante  quanto  foi  o  início  das  olimpíadas  modernas.      Com  a  realização  dos  I  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas,  o  mundo  ganhou  um  evento   inédito  que  visa  apresentar,  valorizar  e  ampliar  a  percepção  e  o  diálogo  sobre  a  diversidade  dos  povos   indígenas,   além  de  possibilitar   trocas   antes  não  pensadas  e  permitir,  além  de  tudo,  o  respeito  e  a  prática  dos  direitos  humanos.    A   mobilização   nacional   e   internacional   gerada   pela   realização   dos   I   Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas  foi  uma  ocasião  ímpar  para  a  promoção  de  ações  

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sociais,   culturais   e   ambientais,   envolvendo   a   temática   indígena.   Essas   ações  proporcionaram   oportunidades   de   vivências   entre   os   povos   indígenas  participantes,   os   turistas  nacionais   e   internacionais,   bem  como  a  população  da  cidade  e  do  Estado  que  receberam  o  evento.  Além  disso,  a  midiatização  dos  jogos  contribuiu  para  o  acesso  às  novas  experiências  e  conhecimentos  do  público  em  geral,  no  Brasil  e  no  mundo.    Ademais,   a   própria   temática   dos   Jogos   também   proporcionou   um   efeito  mobilizador  para  o  desenvolvimento  de  atividades  de  caráter  social  relacionadas  à   preparação   do   evento,   contribuindo   para   a   sensibilização,   o   debate   e   a  mobilização   em   torno   de   temas   relacionados   à   vida   e   cultura   dos   povos  indígenas.    Quanto   às   ações   realizadas   durante   o   evento,   é   possível   perceber,   além  de  um  claro   legado  material,   por   meio   dos   conteúdos   artísticos,   sociais   e   ambientais  previstos   na   programação,   que   houve   uma   preocupação   com   o   patrimônio  imaterial  dos  povos  indígenas  envolvidos.  Tais  ações  são  percebidas  no  respeito  e   a   preservação   às   memórias   ancestrais   representadas   nas   cerimônias   de  abertura  e  encerramento,  na  elaboração  de  projetos  inovadores  de  registro  dos  esportes  tradicionais,  na  participação  dos  grupos  de  voluntários,  na  inserção  de  itens   de   acessibilidade   e   sustentabilidade   ambiental   nas   contratações   dos  serviços   e   nas   ações   pertinentes   à   execução   dos   contratos,   na   divulgação   de  ações  de  cooperação  anteriores  relacionadas  à   temática   indígena,  na  promoção  dos  Objetivos  de  Desenvolvimento  Sustentável  das  Nações  Unidas,  dentre  outros.      As  ações  de  cunho  social  e  ambiental  do  projeto   foram  negociadas  diretamente  com   os   beneficiários   e,   para   a   sua   realização,   foram   realizados   processos   de  seleção  de  agências  implementadoras  para  o  desenvolvimento  de  projetos  locais  de   inclusão   social   e   cultural,   além   de   iniciativas   na   área   de   sustentabilidade.  Também  foram  firmadas  parcerias  com  Universidades  Públicas,  com  o  Programa  de   Voluntários   das   Nações   Unidas   -­‐   UNV,   especialmente   para   a   execução   do  programa  de   voluntariado   relacionado   aos   Jogos,   e   outras   agências  do   Sistema  das  Nações  Unidas.    O   referido  Programa  de  Voluntariado  dos   I   JMPI   foi   uma  oportunidade   inédita  para   que   os   indígenas   de   Tocantins   pudessem   participar   como   voluntários   no  edital   lançado   pelo   PNUD,   com   o   apoio   do   ITC   e   da   cidade   de   Palmas.   Eles  receberam  uma  formação  junto  aos  outros  250  voluntários.  Esse  tipo  de  trabalho  conjunto  possibilita  novas  oportunidades  de  inclusão  e  troca  entre  os  diferentes  públicos.    A   experiência   dos   Jogos   também   possibilitou   ações   de   inclusão   digital.   As  delegações   nacionais   e   internacionais   tiveram,   além   do   acesso   liberado   à  

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internet,   a   oportunidade  de   participar   de   oficinas   sobre   computação   e   sobre   o  uso  de  programas,  no  espaço  da  Oca  Digital.      As   próprias  modalidades   desportivas   possibilitaram   um   destaque   dos   talentos  dos  jovens  indígenas,  tendo  em  vista  a  possibilidade  de  sua  identificação  para  os  esportes   de   alto   rendimento   pelos   profissionais   do   Ministério   do   Esporte   do  Brasil.    As   experiências   da   Feira   Mundial   do   Artesanato   Indígena,   organizada   em  parceria  com  o  SEBRAE,  possibilitaram  uma  melhor  organização  na  exposição  e  no   processo   de   comercialização   do   artesanato.   Essa   parceria   contribuiu   com   a  melhoria  da  qualidade  da  abordagem  de  venda,  marketing,  bem  como  o  fluxo  de  caixa,  possibilitando  uma  melhoria  na  inclusão  econômica  dos  povos  em  termos  da  valorização  do  seu  artesanato  e  da  sua  cultura.    Todas  essas  experiências  foram  fortalecidas  pela  presença  da  mais  variada  mídia  nacional   e   internacional.   Antes,   durante   e   após   os   Jogos,   os   povos   indígenas  foram   prestigiados   pela   atenção   aos   seus   costumes,   diversidade,   tradições   e   o  seu  modo  de  viver.  Graças  a  esse  interesse  e  participação  da  mídia,  a  cultura  e  a  diversidade   indígena   pôde   ser   compartilhada,   por   meio   de   imagens   e  reportagens  extraordinárias,  com  o  público  em  geral  no  Brasil  e  no  mundo.      Nesse   sentido,   a   cobertura   da   mídia   contribuiu   ao   reconhecimento   e   à  valorização  dos  direitos  dos  povos   indígenas  e  do  exercício  das   suas   tradições.  Pode-­‐se   observar   que   o   evento   ampliou   o   conhecimento   sobre   a   temática   no  Brasil   e   no  mundo.   Com   isso,   foi   possível   expandir   a   consciência   a   respeito   da  enorme  diversidade  cultural  e  étnica  indígena  e  da  importância  da  simbiose  com  a  natureza  neste  século  XXI.    A   beleza   da   experiência   desse   encontro   internacional   se   deu  não   apenas   pelos  cantos,   pelas  danças   e  pelos  momentos   espirituais,  mas   também  pelos  debates  das  temáticas  relacionadas  aos  indígenas  e  aos  problemas  do  mundo,  como  por  exemplo  no  Fórum  Social  Indígena,  nas  rodas  de  diálogo,  entre  outras  atividades  educacionais,  como  palestras  e  oficinas.    O  maior   legado  que  os   I   JMPI  deixou  para  as  edições   futuras   foi  o  exercício  do  direito   de   os   indígenas   não   apenas   praticarem,   mas   serem   protagonistas   na  apresentação  de  suas  tradições  culturais  e  esportivas  para  todo  o  mundo.  Muito  além   de   experimentar   a   sensação   de   receber   as   aclamações   do   público   e   de  representar   com   orgulho   as   suas   etnias,   esse   intercâmbio   em   âmbito  internacional   abriu   a   possibilidade   da   descoberta,   da   curiosidade   e   do  congraçamento   com  os  povos  de  outros  países  do  mundo.  Essa   troca  única   foi,  sem  dúvida,  a  mais  bela  conquista  dos  Jogos.      

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 Por  fim,  ficou  decidido  que  os  II  JMPI  acontecerão  em  2017  no  Canadá.  Apesar  do  desafio  de  organizar  a  segunda  edição  em  menos  de  dois  anos,  a  esperança  e  a  visão   dos   povos   indígenas   do   mundo   todo   para   tornar   esse   propósito   em  realidade   são  muito     fortes.   Será   necessário   planejar   e  melhorar   ainda  mais   a  experiência   dos   I   JMPI.   O  Brasil   foi   o   primeiro   a   liderar   esse   processo,  mas   os  olhos  do  mundo  estão  voltados   agora  para  o  Canadá.  Este   relatório   serve  para  compartilhar   essa   experiência   e   seus   desafios,   bem   como   as   boas   práticas   e  conquistas  realizadas  pelas  equipes  que  realizaram  a  primeira  edição  dos  JMPI,  além  de,  é  claro,  desejar  muito  sucesso  aos  futuros  organizadores.  

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1.1 Infográfico – Resumo das Informações

 

 

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2. Reflexões do Diretor Executivo dos I JMPI  

O   presente   relatório   é   quase   tão   histórico   quanto   seu   próprio   objeto:   Os  Primeiros   Jogos  Mundiais   dos   Povos   Indígenas.   Em   nome   de   toda   a   equipe   do  CNE/PNUD,   antecipamos   profundos   agradecimentos   ao   Excelentíssimo   Senhor  George  Hilton,  Ministro  do  Esporte  que,  em  Janeiro  de  2015,  nos  deu  a  missão  de  analisar  o  projeto  e  a  viabilidade  dos  Jogos,  confiando-­‐nos,  em  seguida,  a  direção  executiva   do   mesmo.  Agradecemos,   também,   à   toda   equipe   do   Ministério   do  Esporte   que   participou   deste   projeto,   em   especial   ao   Secretário   Nacional   de  Esporte,  Lazer  e  Inclusão  Social  -­‐  SNELIS,  Carlos  Geraldo  Santana  de  Oliveira,  um  entusiasta   dos   Jogos   e   assinante   do   acordo   de   cooperação   internacional   dos  Jogos,   ao  Secretário  Evandro  Garla  Pereira  da  Silva  e   à  Diretora  Simone  Nunes  Bergmann,   responsáveis   pela   interlocução   junto   ao  Ministério   do   Esporte,   por  terem  contribuído  para  que  todos  os  resultados  deste  projeto  fossem  alcançados.  

Além  dos  passos  comuns  a  qualquer  grande  evento,  para  viabilizar  esta  iniciativa  foi  preciso  construir  um  Acordo  de  Cooperação  Técnica  Internacional,  por  meio  de   uma   interface   e   inúmeras   reuniões   entre   o   Ministério   do   Esporte   e   o  Ministério  das  Relações  Exteriores,  a  Agência  Brasileira  de  Cooperação  -­‐  ABC  e  o  Programa  das  Nações  Unidas  para  o  Desenvolvimento  -­‐  PNUD.  Por  ser  esta  uma  ação  ainda  desconhecida  pela  maioria  dos  novos  gestores  do  Ministério,   ficou  a  nosso   cargo   liderar   o   processo   na   condução   e   na   própria   viabilidade   desta  complexa  empreitada.    

Foram   meses   de   diplomacia,   envolvimento   e   articulação   política,  desenvolvimento  de  relações  externas  e  exteriores,  pesquisa  sobre  os  Jogos,  seus  parceiros   e   os   desafios   até   então   existentes.   Foi   necessário   também   o  redimensionamento   de   estruturas,   do   orçamento   e   das   diversas   facetas  necessárias  para  dar   continuidade   a   um  projeto   grandioso,   com   características  complexas  e  dentro  de  um  prazo  bastante  curto  para  a  execução  do  projeto.    

Nosso   envolvimento   com   os   JMPI   começou,   de   fato,   14   meses   antes   dessas  primeiras  ações,  ainda  na  gestão  do  Ministro  Aldo  Rebelo.  Em  Outubro  de  2013  nos   foi   encomendada   uma   consultoria   para   produzir   um   documento   sobre   a  viabilidade  de  uma  edição  mundial  dos  jogos,  como  ela  deveria  ser  organizada  e  quais   seriam   os   passos   para   sua   execução.   O   documento   transitou   de   forma  exclusiva  na  SNELIS  e  no  Comitê  Intertribal  -­‐  ITC,  servindo  de  objeto  de  consulta  para  ambos.    

Todavia,  o  referido  estudo  só   foi  considerado  o  caminho  mais  adequado  para  a  execução  do  projeto  em  Janeiro  de  2015.  A  partir  desse  momento,  foi  feita  uma  análise  para    poder  adequar  o  que  já  havia  sido  delineado  para  a  realização  dos  Jogos,  uma  vez  que  o  projeto  em  andamento  estava  inadequado,  tanto  em  relação  

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à  parte  orçamentária  quanto  à  estrutural,  sobretudo  em  função  do  exíguo  tempo  para  a  execução.    

Iniciou-­‐se   um   esforço   no   sentido   de   convergir   as   atenções   necessárias   a   um  projeto  deste  porte,  considerando  de  uma  maneira  mais  realista  as  condições  da  cidade  sede  e  das  diversas  facetas  diplomáticas,  humanistas  e  de  logísticas  mais  adequadas  para  levar  a  cabo  este  desafio.  

Assim,   um   estudo   preliminar   foi   realizado   em   cima   das   projeções   existentes   e  das  condições  da  cidade  de  Palmas,  no  Tocantins,  onde  o  evento  seria   sediado,  iniciando,   logo   depois,   as   atividades   para   viabilizar   o   acordo   de   cooperação  técnica  internacional,  um  orçamento  mais  adequado  às  necessidades  estruturais  e  o  desenvolvimento  do  próprio  projeto.  

Este  relatório  apresenta  os  desafios  e  as  conquistas  das  coordenações  formadas  nas   mais   diversas   áreas,   traz   as   soluções   e   resultados   alcançados,   menciona  legados  e  faz  uma  reflexão  sobre  a  complexidade  e  o  processo  de  colaboração  e  desenvolvimento   dos   I   Jogos   Mundiais   dos   Povos   Indígenas.   Comenta,   ainda,  sobre   os   pontos   negativos   e   positivos   e   as   lições   aprendidas   durante   este  desafiador  e  valoroso  processo.    

Em  que  pese  os  atrasos  no  repasse  de  recursos  e  na  contratação  de  empresas  e  dos   conflitos   políticos   e   diplomáticos   ocorridos   durante   a   execução   do   evento,  vale  ressaltar  que  os   Jogos   foram  um  grande  sucesso  de  mídia  e  de  público.  Os  Jogos   entregaram   aos   Povos   Indígenas   de   diversas   partes   do   mundo,   a  oportunidade   não   apenas   de   celebrar   sua   cultura,   tradições   e   esportes   em  um  único  evento,  mas  de  iniciar  uma  constante  tradição  que  irá  persistir  através  do  tempo.    

Não  detalhamos  aqui  as  ações  pertinentes  aos  demais  Ministérios  e  diretamente  ao   Governo   Federal,   fora   de   nosso   escopo,   mas   que   facilitaram   em   muito   o  sucesso  e  realização  do  Jogos.    

Outrossim,   aproveitamos   para   agradecer   a   confiança   depositada   pelo   Exm.º  Senhor   Ministro   para   liderarmos   a   coordenação   deste   projeto   e   a   todos   os  membros  da  equipe  do  CNE,  do  Ministério  do  Esporte,  da  cidade  de  Palmas,  do  Estado  do  Tocantins   e  da  Casa  Civil   que   colaboraram  no  aprimoramento  deste  ideal  e  na  execução,  em  tempo  hábil,  deste  evento  tão  magnífico.    

 

Luiz  André  Lobo  

Diretor  Executivo  do  Comitê  Nacional  (CNE)  dos  Jogos  Internacionais  dos  Povos  Indígenas  JMPI  2015    

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3. Introdução    Os   primeiros   Jogos   Mundiais   dos   Povos   indígenas   são   uma   iniciativa   tão  grandiosa   quanto   a   que   transformou   no   século   XIX   os   Jogos   Olímpicos   em  realidade.   Eles   são   de   extrema   importância   humanista,   artística   e   cultural   e   já  demonstram  um  apelo  midiático  internacional  extraordinário...    ...Este   evento   se   apresenta   como   marco   de   celebração   cultural   e   artística   que  reúne  no  Brasil  pela  primeira  vez   com  este   teor   lideranças  de  povos   indígenas  que  estarão  focadas  em  um  encontro  pela  paz,  quero  destacar  isso,  pela  saúde  e  pela  harmonia  do  homem  com  a  natureza.  O  índio  brasileiro  é  o  selo  e  a  marca  para  que  os  outros  povos  do  mundo  saibam  em  que  lugar  da  Terra  nos  estamos.  Não  basta  valorizá-­‐los,  não  basta  admitir  e  admirar  os  seus  costumes  e  tradições,  jogos  e  atividades  esportistas,  mas  é  nosso  dever  e  responsabilidade  respeitá-­‐los  pelos  povos.    

George  Hilton,  Ministro  do  Esporte  Discurso  durante  o  evento  de  lançamento  dos  I  JMPI    

Brasília,  junho  de  2015    

 Com   o   lema   “O   importante   não   é   ganhar   e   sim   celebrar”,   os   Primeiros   Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas  foram  um  evento  de  dimensão  histórica,  de  uma  importância   política,   cultural   e   espiritual,   tendo   a   celebração   das   tradições  esportivas   indígenas   como   fio   condutor,   promovendo   a   relação   pacifica   entre  todos  os  povos  e  entre  todas  as  etnias  participantes.    De  acordo  com  os  idealizadores  dos  jogos,  os  irmãos  indígenas  Marcos  e  Carlos  Terena,  a  relevância  dos  jogos  se  refere  à  afirmação  da  diversidade  num  mundo  globalizado,  em  que  o  convívio  das  diferenças  se  expressa  por  meio  da  harmonia  entre   os   povos,   gêneros,   religiões,   e   a   afirmação   de   um   mundo   diferente,   um  mundo  em  que  é  possível  conquistar,  por  meio  do  esporte,  a  sustentabilidade  e  a  inclusão  social.    Esse   evento   tem   os   seus   fundamentos   na   Declaração   dos   Direitos   dos   Povos  Indígenas   da   ONU,   bem   como   no   Estatuto   do   Índio   no   Brasil,   ao   colocar   em  prática  os  direitos  da   igualdade  e  respeito  mútuo  entre  os  povos.  Esse  enfoque  político   é   essencial   no   contexto   do   esforço   mundial   pelo   reconhecimento   dos  direitos  dos  povos  indígenas  e  comunidades  tradicionais.    O  evento  ocasionou  um  encontro  único  da  diversidade  de  tradições  e  a  troca  das  expressões   culturais   dos   povos   indígenas   do   mundo.   Esse   enfoque   cultural  representa   um   chamado   pelo   seu   reconhecimento   e   a   valorização   dessas  

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manifestações,   uma  vez  que   é  pelo   conhecimento   e  pela  prática  que   é  possível  valorizar  as   tradições  de   cada  um.  O  encontro  e  a   troca   com  o  diverso  é  o  que  desenvolve   o   processo   da   valorização   externa   tão   importante   para   a  compreensão  do  outro.    Além  dos  enfoques  político  e  cultural,  e  as  suas  manifestações  visíveis,  o  evento  também   possibilitou   as   manifestações   invisíveis   que   envolvem   as   práticas  espirituais.  Esse  enfoque  permeou  todas  as  dimensões  do  evento  e  promoveu  as  trocas,  a  união  e  a  paz,  por  meio  dos  rituais  sagrados,  entre  os  diferentes  povos  indígenas  de  cada  país,  entre  os  países  participantes  e  com  o  público  do  Brasil  e  do  mundo.  O  sagrado  representado  pelo  fogo  e  os  rituais  demonstrados  durante  os   Jogos   foi   percebido   como  o   coração  da  humanidade,   essencial   para   a   vida   e  para  a  continuidade  do  mundo.    Nesse  sentido,  os  I  JMPI  permitiram  uma  demonstração  do  espírito  da  celebração  que  vai  muito  além  da  competitividade.  De  acordo  com  o  fundador  dos  Jogos  dos  Povos  Indígenas  no  Brasil,  Carlos  Terena,  um  dos  princípios  dos  jogos  é:    “...   (o)   exercício   de   respeito  mútuo   e   desenvolvimento   físico,   baseado   na   herança  dos   ensinamentos   ancestrais,   que   souberam   resistir   às   bruscas   intromissões  externas,   um   legado   aos   valores   e   à   essência   da   cultura   e   dos   esportes  tradicionais”.    Já  em  um  sentido  político,  Marcos  Terena  afirma  que:    “Os   Jogos  Mundiais  dos  Povos   Indígenas  representam  um  ambiente  propício  para  envolver   diversos   biomas,   países,   etnias   e   conhecimentos   tradicionais,   com   o  objetivo  único  de  celebrar  e  valorizar  as  culturas  tradicionais.  O  evento  representa  uma   das   maiores   celebrações   humanísticas   realizadas   no   mundo   por   meio   do  esporte.   Com   isso,   serão   gerados   investimentos   nas   áreas   de   inovação,  sustentabilidade,  inclusão  social,  além  de  trazer  um  legado  positivo  para  a  cidade-­‐sede.”    Em  nível  nacional,  os  Jogos  dos  Povos  Indígenas  foram  concebidos  para  edificar  e  fortalecer  políticas  públicas  capazes  de  instituir  mecanismos  de  valorização  das  etnias,  resgatando,  divulgando  e  respeitando  a  diversidade  cultural  e  as  tradições  indígenas.    Nesse  mesmo  sentido,  os  I  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas  ofereceram  uma  oportunidade   de   celebração   envolvendo   o   povo   brasileiro   e   estrangeiro,   com  vivências  culturais  diversificadas  e  focadas  no  respeito,  na  valorização  e  na  busca  pelo  conhecimento,  propiciando  maior  harmonia  e  respeito  entre  os  povos.  Eles  propiciaram,   além   disso,   um   ambiente   em   que   a   paz   e   o   respeito   mútuo   se  

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conectaram  para  apresentar  ao  mundo  a  história  do  povo   indígena  brasileiro  e  suas   possibilidades,   instalados   em   uma   modernidade   que   não   omite   a  historicidade  cultural.      

3.1 Descrição do Evento  Fruto  dos  resultados  obtidos  nas  edições  nacionais  realizadas  no  Brasil,  os  Jogos  Mundiais  dos  Povos   Indígenas  surgiram  a  partir  de  um  acordo   firmado  entre  o  Comitê  Intertribal  Memória  e  Ciência   Indígena  -­‐   ITC,   líderes  estrangeiros  de  17  países,   48   etnias   brasileiras   e   o   Governo   Federal   do   Brasil,   por   meio   de   seu  Ministério  do  Esporte.    

Os  Jogos  Nacionais  dos  Povos  Indígenas,  que  serviram  de  modelo  para  os  I  JMPI,    foram   criados   em   1996   por   meio   de   uma   iniciativa   do   ITC.   As   12   edições  realizadas  ocorreram  nas  seguintes  cidades:  Goiânia  (GO)  -­‐  1996;  Guaíra  (PR)  -­‐  1999;  Marabá  (PA)  -­‐  2000;  Campo  Grande  (MS)  -­‐  2001;  Marapanim  (PA)  -­‐  2002;  Palmas  (TO)  -­‐  2003;  Porto  Seguro  (BA)  -­‐  2004;  Fortaleza  (CE)  -­‐  2005;  Olinda  (PE)  -­‐  2007;  Paragominas   (PA)   -­‐  2009,  Porto  Nacional   (TO)   -­‐  2011;  e  Cuiabá   (MT)   -­‐  2013.  

 Os  I  JMPI  aconteceram  de  20  de  outubro  a  1º  de  novembro  de  2015,  na  cidade  de  Palmas,  Estado  do  Tocantins,  Brasil,   com  a  presença  de  atletas   indígenas  de  23  países  de  todas  as  regiões  do  mundo:  América  do  Norte,  América  Latina,  Europa,  África,  Ásia  e  Oceania.    Além  dos  indígenas  das  Américas,  incluindo  a  Argentina,  Bolívia,  Brasil,  Canadá,  Chile,  Colômbia,  Costa  Rica,  Estados  Unidos,  Guatemala,  Guiana  Francesa,  México,  Nicarágua,  Panamá,  Paraguai,  Peru  e  Uruguai,  também  participaram  os  povos  da  Etiópia,   Filipinas,   Finlândia,   Gambia,   Mongólia,   Nova   Zelândia,   e   Rússia.   Do  Brasil,   24   etnias   participaram   da   competição,   tendo   sido   escolhidas   nos  diferentes  biomas  existentes  no  país,  a  fim  de  representar  a  diversidade  indígena  brasileira.   No   total,   cerca   de   1.800   atletas   indígenas   participaram   nos   Jogos,  sendo  1.100  brasileiros  e  700  estrangeiros.      As   24   etnias   brasileiras   participantes   foram:   Assurini;   Bororo   Boe;   Canela;  Guarani   Kaiowá;   Javae   Itya   Mahãdu;   Kaigang;   Kamayurá;   Karajá;   Kayapó  Mebêngôkre;   Kuikuro;   Kura   Bakairi;   Kyikatêjê/Parakatêjê;  Mamaindê;  Manoki;  Matis;   Paresi   Haliti;   Pataxó;   Rikibaktsa;   Tapirapé;   Terena;   Wai   Wai;   Xambioá  Karajá;  Xavante;  Xerente.    

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Os   I   JMPI   foram   realizados   pelo   Governo   Federal   do   Brasil,   por   meio   do  Ministério   do   Esporte,   em   parceria   com   o   Governo   do   Estado   do   Tocantins,   a  Prefeitura   de   Palmas,   o   ITC   e   o   Programa   das   Nações   Unidas   para   o  Desenvolvimento  (PNUD).  Sua  concepção  foi  construída  de  maneira  colaborativa  com   a   participação   de   lideranças   indígenas   nacionais   e   internacionais,   da  sociedade  civil  e  de  instâncias  governamentais.    O   objetivo   geral   dos   Jogos   foi   o   de   fomentar,   divulgar   e   preservar   a   cultura  indígena   por   meio   de   manifestações   culturais   desportivas,   ambientais   e  artísticas,  compartilhando  os  valores  tradicionais  dos  povos  indígenas  no  cenário  internacional.   Localmente,   os   I   Jogos   Mundiais   dos   Povos   Indígenas  representaram  uma  oportunidade  única  de   fortalecimento  da   cultura   indígena,  trazendo  benefícios  a  curto  e  longo  prazo  para  a  região.      

A  programação,   realizada  nos  13  dias  de  duração  do  evento,   contemplou   jogos  esportivos   indígenas,   atividades   culturais,   passeios   turísticos   e   gastronomia.   O  destaque   do   evento   foram   os   esportes   indígenas,   que   se   dividiram   em   jogos  tradicionais   competitivos,   jogos   demonstrativos   específicos   de   cada   povo  presente  e  o  futebol,  como  esporte  ocidental  competitivo.  

   

As  principais  disciplinas  dos  Jogos  Tradicionais  foram:  arco  e  flecha,  arremesso  de  lança,  cabo  de  força,  corrida  com  tora,  corrida  de  resistência  (8,4km),  corrida  de  velocidade  (100m),  natação  e  canoagem.  

 

Já   na   categoria   Jogos  Demonstrativos,   foram   apresentados   esportes   nativos   de  várias  etnias  nacionais   e   internacionais  participantes.  Por  uma  decisão   tomada  no   Congresso   Técnico   preparatório   ocorrido   no   mês   de   junho   de   2015   em  Brasília,   a   modalidade   Corrida   de   Tora   feminino   foi   incluído   como   jogo  demonstrativo.  Do  Brasil  foram  apresentados  os  jogos  Akô,  Hanidú,  Hipipi,  Huka  Huka,   Idjassú,   Jawary,   Jikunahati,   Kagot,   Kaipy,   Katukaywa,   Maipên   Rônhàk  Pàràre  Nâkjê,  Peikrãn,  Rõnkran,  Tihimore,  Tumutitekré,  Uiwede  Wapraba,  Wa’í,  Wakmeti  (masculino  e  feminino),  Xaka-­‐Akere,  Yamurikumã,  Zarabatana.  

 

Já   as   delegações   estrangeiras   que   solicitaram   inclusão  de   suas  modalidades  na  programação   oficial   do   evento   foram:   Guatemala,   com   o   jogo   Pelota   Maya;  México,  com  os  jogos  Pelota  Mixteca  e  Pelota  P’urhépecha  e  a  Nova  Zelândia,  com  os   jogos  Hakariki,  Horohopu,  Ki  o  Rari,  Mau  rakau,  Poi   toa,  Pol   rakau,  Raupuhi  Rautaka,  Ruru  nei,  Tapu  ae,  Ti  uru  e  Tu  riki/Turahi.  

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Além  das  modalidades   demonstrativas   incluídas   previamente   na   programação,  as  delegações  internacionais  receberam  mapas  sinalizados  da  Vila  dos  Jogos  com  os  locais  em  que  poderiam  fazer  apresentações  demonstrativas  espontâneas.    

 

Paralelamente   às   atividades   desportivas,   ocorreram   atividades   culturais  lideradas   pelos   povos   indígenas,   celebrando   a   diversidade   e   a   cultura   nativa.  Durante   os   jogos   foram   realizados   eventos   culturais   como   o   Festival   Artístico  Internacional   de   Culturas,   Rodas   de   Diálogo,   Fórum   Social   Indígena,  demonstrações   culturais  espontâneas,  prestigiadas  por  dezenas  de  milhares  de  pessoas.   Além   dessas   atividades,   aconteceram   saraus   literários,   exibição   de  filmes  com  temática  indígena,  lançamento  de  livros  com  a  presença  de  autores,  o  Congresso   Técnico   prévio   à   realização   dos   Jogos   e   a   Agenda   do   Futuro   que  anunciou  oficialmente  o  Canadá  como  País-­‐sede  dos   II   JMPI  a   ser   realizado  em  2017.    As  atividades  esportivas  e  culturais  dos  jogos  visaram  ampliar  a  convivência  –  já  instituída  nos  jogos  nacionais  –  entre  os  diferentes  grupos  étnicos  desses  países,  dando   aos   participantes   a   oportunidade   de   conhecer,   interagir   e   se   socializar  com  os  costumes,  hábitos  e  culturas  da  população  indígena  de  diversas  partes  do  mundo.    Também   como   parte   integrante   do   evento   ocorreu   a   Feira   Mundial   do  Artesanato   Indígena   realizada   pelo   Serviço   Brasileiro   de   Apoio   às   Micro   e  Pequenas   Empresas   -­‐   SEBRAE   e   a   II   Feira  Nacional   da   Agricultura   Tradicional  Indígena   realizada   com   o   apoio   do  Ministério   do   Desenvolvimento   Agrário   do  Brasil.    Em   relação   ao   público   total   do   evento,   aproximadamente   180   mil   pessoas  participaram   dos   I   JMPI,   prestigiando   esse   conjunto   de   atividades   que  possibilitaram  a  interação  e  inter-­‐relação  das  diversas  etnias  presentes.  O  evento  contou,   ainda,   com   a   presença   de   280   jornalistas   de   110   veículos   de  comunicação,   vindos   de   18   países   além   do   Brasil,   para   cobrir   os   diferentes  aspectos  dos  Jogos.      

3.2 Propósito do Relatório  O   presente   relatório   tem   como   propósito   trazer,   de   uma   forma   organizada   e  coerente,  os  relatos  e  as  diferentes  reflexões  e  perspectivas  sobre  a  idealização,  o  processo  do  desenvolvimento   e   a   realização  dos  Primeiros   Jogos  Mundiais   dos  Povos  Indígenas  e  contribuir  com  o  processo  de  sistematização  e  sugestões  para  a  continuidade  da  próxima  edição,  prevista  para  ocorrer  em  2017.  

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 A   ideia   é   compartilhar   os   desafios   enfrentados   e   as   conquistas   adquiridas,  identificando   as   boas   práticas   para   as   próximas   edições   do   evento,  particularmente   no   que   tange   à   preparação,   montagem,   estruturação,  relacionamento   dos   parceiros   envolvidos,   desenvolvimento   de   metodologias,  execução,   monitoramento   e   pós-­‐produção.   Essa   experiência   pode   também   ser  relevante   para   outros   processos   de   organização   de   grandes   eventos  internacionais,  bem  como  servir  como  um  exemplo  de  trabalho  com  diversidade  e  inclusão  social.      Além  disso,  o  relatório  destaca  o  legado  desses  jogos  no  âmbito  local,  nacional  e  internacional  e  a  sua  importância  para  a  humanidade.      

3.3 Metodologia    Esse   relatório   é   resultado   do   esforço   coletivo   que   envolve   principalmente   os  coordenadores   das   diferentes   áreas   do   Comitê   Nacional   Executivo   dos   Jogos,  bem  como  os  representantes  dos  demais  envolvidos  na  organização  do  evento,  que  contribuíram  com  os  seus  depoimentos  por  meio  de  entrevistas   realizadas  antes,  durante  e  depois  dos  Jogos.      Adicionalmente,   foram   entrevistados   alguns   representantes   de   lideranças   das  delegações   dos   atletas   internacionais,   voluntários   e   participantes   do   evento.  Além   de   apresentar   essas   entrevistas,   o   relatório   se   baseia   também   na  documentação   e   materiais   elaborados   ao   longo   dos   Jogos,   nos   relatórios   das  diferentes   áreas,   e   na   pesquisa   de   dados   relevante   ao   histórico   e   às   pautas   do  empenho  indígena  por  seus  direitos.      

3.4 Descrição e Estrutura do Relatório  Com  o  sumário  executivo  do  relatório,  as  reflexões  do  Diretor  Executivo  do  CNE,  Luiz  André  Lobo  e  a  introdução,  o  relatório  é  composto  de  12  partes.    Enquanto  os  antecedentes  e   a   introdução  apresentam  a   ideia  geral  dos   jogos  e  deste   relatório,   a   terceira   parte   conta   um   pouco   do   histórico   dos   Jogos,  considerando   o   contexto   internacional   e   nacional.   Apresenta   o   processo   do  envolvimento  do  Ministério  do  Esporte,  a  criação  do  Comitê  Nacional  Executivo  (CNE)  e  a  tomada  da  decisão  sobre  a  escolha  da  cidade  sede.  Essa  parte  também  inclui  as  expectativas  dos  principais  atores  antes  dos  jogos.  

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 A   quarta   relata   sobre   os   principais   organizadores   dos   Jogos,   as   suas   funções   e  papéis,  bem  como  apresenta  brevemente  outros  atores  cruciais  para  a  realização  do   evento.   Essa   parte   apresenta,   ainda,   a   Matriz   de   Responsabilidades   pela  organização   dos   Jogos   e   aponta   os   principais   desafios   e   oportunidades  identificados  no  processo  da  cooperação  internacional,  nacional  e  local.    A  quinta  parte   enfatiza  o  processo  de  desenvolvimento  dos   Jogos,   com  as   suas  principais   fases   e   princípios   de   trabalho   estabelecidos,   áreas   de   atuação,  realização   do   Congresso   Técnico   e   as   parcerias   estabelecidas   ao   longo   desse  processo.    A  sexta  parte  descreve  o  evento,  dando  espaço  aos  relatos  das  áreas  de  atuação  do  CNE,  considerando  as  principais  lições  aprendidas  de  cada  área.      A  sétima  parte  destaca  os  desafios  e  as  conquistas  do  evento,  bem  como  oferece  um  resumo  das  lições  aprendidas  do  evento  como  um  todo.    O   enfoque   da   oitava   parte   é   o   legado   dos   jogos   no   contexto   nacional,  internacional  e  local  –  na  cidade  de  Palmas.    A  nona  parte  sintetiza  as  recomendações  para  a  organização  de  futuros  eventos  similares,   considerando   os   principais   atores   e   organizadores   do   evento,  especificamente   para   o   Ministério   do   Esporte,   para   os   líderes   nacionais   e  internacionais,  para  o  ITC,  para  o  futuro  país  organizador/Comitê  Internacional  Organizador  dos  JMPI2017,  para  a  cidade  sede  e  para  o  PNUD.    A   décima   parte   oferece   algumas   conclusões   do   evento   como   um   todo,  considerando   quatro   percepções   do   evento:   das   delegações   participantes,   do  público  visitante,  da  mídia  e  dos  organizadores  e  prestadores  de  serviço.    Por  final,  são  apresentados  os  anexos  que  complementam  o  relatório  de  maneira  mais    detalhada  e  informações  adicionais  sobre  os  diferentes  aspectos  dos  Jogos,  que  formam  uma  parte  integrante  da  gestão  do  conhecimento  do  evento.    Espera-­‐se   que   este   relatório   contribua   com   a   melhoria   da   qualidade   da  organização   de   futuros   grandes   eventos   indígenas   e   outros   dentro   e   fora   do  Brasil.        

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4. Histórico dos JMPI2015  In   the   words   of   a   Cree   elder,   who   said   “you   must   know   where   you   came   from  yesterday,   know   where   you   are   today,   if   you’re   to   know   where   you’re   going  tomorrow.”    Nas  palavras  de  um  ancião  do  povo  Cree  ,  que  disse  "você  deve  saber  de  onde  você  veio  ontem,  saber  onde  você  está  hoje,  se  você  quiser  saber  para  onde  vai  amanhã.”      

4.1 Contexto internacional  A  ideia  de  juntar  os  povos  indígenas  por  meio  do  esporte  e  assim  celebrar  as  suas  tradições   não   é   tão   recente.   O   Grandchief   Wilton   Littlechild   do   Canadá,  Embaixador  dos  I   JMPI,  sonhou  com  a  realização  dos  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas  há  mais  de  40  anos.  Porém,  a  realização  de  um  encontro  que  poderia  celebrar   as   tradições   esportivas   e   culturais   dos   povos   indígenas   do   mundo   é  intrinsecamente   ligada  à  busca  dos  direitos  dos  povos   indígenas  e  essa  busca  é  de  longa  data.      Essa   grande   liderança   Littlechild   lutou   pelos   direitos   dos   povos   indígenas   do  mundo   nas   últimas   décadas.   No   60o   Aniversário   da   Declaração   Universal   de  Direitos   Humanos   em   Genebra,   em   2008,   ele   abordou   o   Conselho   de   Direitos  Humanos  da  ONU  em  Genebra,  com  essas  palavras:    "  ...Em  1948,  os  povos  indígenas  não  foram  incluídos  na  Declaração  Universal.  Nós  não  fomos  considerados  para  usufruir  da  igualdade  de  direitos  como  os  outros.  Na  verdade,  não   fomos   considerados  humanos.  Nem  como  povos.  Consequentemente,  houve   às   vezes   graves   violações   de   nossos   direitos   humanos.   Os   povos   indígenas  simplesmente   não   se   beneficiaram   dos   direitos   e   as   liberdades   proclamados   na  Declaração  Universal  ."    Na   prática,   foi   somente   em   2007,   que   a   ONU   adotou   a   Declaração   sobre   os  Direitos   dos   Povos   Indígenas   (UNDRIP   -­‐   United   Nations   Declaration   on   the  Rights  of   Indigenous  Peoples)  pela  Assembleia  Geral  que  esclarece  e  reconhece  “as  históricas  queixas  indígenas,  os  desafios  contemporâneos  e  aspirações  sócio-­‐econômicas,   políticas   e   culturais"   que   representam   "a   culminação   de   esforços  das   gerações   de   longos   tempos   por   meio   das   organizações   indígenas   para  receber   a   atenção   internacional,   por   assegurar   o   reconhecimento   para   as   suas  aspirações  e,  para  gerar  apoio  para  as  suas  agendas  políticas".    

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Por  isso,  foi  de  histórica  importância  a  participação  da  delegação  oficial  do  Brasil  e   indígenas   do   Canadá,   Peru,   Panamá,   Filipinas,   Congo,   EUA,   entre   outros,  durante  a    Conferência  Mundial  dos  Povos  Indígenas  em  Setembro  2014,  na  sede  da   ONU,   em   Nova   Iorque,   onde   além   da   realização   do   debate   sobre   os   Jogos  Indígenas,  foi  tomada  a  decisão  da  realização  dos  Primeiros  Jogos  Mundiais  dos  Povos   Indígenas   com   a   sede   no   Brasil,   incluindo   a   confirmação   do   apoio   do  Governo   Brasileiro   por  meio   da   chancela   do  Ministro   da   Justiça,   José   Eduardo  Cardozo.    O   lançamento   internacional   dos   I   Jogos   Mundiais   dos   Povos   Indígenas   foi  realizado   seis   meses   depois,   durante   a   14a   Sessão   do   Fórum   Permanente   em  Assuntos  Indígenas  (PFII  14),  em  Nova  Iorque,  em  Abril  de  20151.      

4.2 Contexto Nacional  Visão  dos  irmãos  Terena  -­‐  ITC      No  contexto  do  Brasil,  a  ideia  dos  Jogos  Mundiais  surge  com  a  visão  dos  irmãos  Terena,   fundadores   do   Comitê   Intertribal   -­‐   ITC,   organizadores   dos   jogos  nacionais,  que  por  meio  de  encontros   internacionais  dos  povos   indígenas,  e  em  particular,  com  o  líder  canadense  Grandchief  Littlechild,  formulam  o  sonho  dos  I  JMPI  a  serem  realizados  no  Brasil.      De   acordo   com   Marcos   Terena,   a   importância   dos   jogos   mundiais   dos   povos  indígenas   se   expressa   pelo   tema   dos   direitos   indígenas   e   dos   conteúdos  abordados  durante  os  jogos:    “Nosso  compromisso  é  com  os  povos  indígenas  e  com  o  meio  ambiente  que  a  gente  chama  de  ecossistema,  o  esporte  é  um  argumento  para  a  gente  poder   falar  disso.  Por   isso,  a  gente  faz  o  Fórum  Social   Indígena,  para  que  a  gente  possa  exercitar  o  tema   dos   direitos:   do   direito   da   mulher,   do   direito   ambiental,   o   acesso   a   novas  tecnologias  -­‐  tudo  isso  vai  ser  debatido  nos  Jogos.  Do  jeito  que  a  gente  imagina.  Não  existe   uma   fórmula,   ela   é   dinâmica.   E   para   finalizar,   assim,   o   objetivo   é   dar   um  passo  para  a  gente  sair  das  mãos  do  colonizador,  eu  digo  assim  num  sentido  mais  amplo,  que  a  gente  nunca  vai  separar  do  colonizador,  mas  ele  precisa  aprender  a  respeitar  a  soberania  dos  povos  indígenas  e  a  diversidade  de  cada  um  deles,  e  não  tratar  o  indígena  como  um  pacote  e  como  restos  de  povos.  Nós  vamos  enaltecer  a  dignidade.   E   a   única   forma   de   fazer   isso,   não   só   no   Brasil,   como   no   mundo,   a  

1  Para  mais  informações:  http://sd.iisd.org/events/14th-session-of-the-un-permanent-forum-on-

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própria   ONU   fala   isso,   é   através   do   esporte   para   paz   e   para   a   dignidade   das  pessoas.  Então  nós  estamos  praticando  isso  aqui  no  Brasil”.  

 

A   articulação   do   ITC,   tanto   no   Brasil   quanto   no   exterior,   foi   crucial   para   a  demonstração   da   viabilidade   dos   Jogos   por  meio   do   convite   do  maior   número  possível   de   etnias,   garantindo,   assim,   o   envolvimento   da   diversidade   indígena.  Além  disso,  o   ITC  decidiu  pensar  a  geografia   sob  um  novo  paradigma:  além  do  desenvolvimento   de   contatos   em   todos   os   continentes   -­‐   África,   Ásia,   Américas,  Europa  e  Oceania  -­‐  a  escolha  das  etnias  participantes  no  Brasil  se  deu  não  pela  divisão  das  regiões  brasileiras,  mas  por  meio  de  seus  vários  ecossistemas,  como  Pantanal,  Mata  Atlântica,  Cerrado,  Floresta  Amazônica,  Caatinga,  etc.  

 

Carlos   Terena,   responsável   pela   parte   esportiva   no   ITC   e   nos   I   JMPI,   comenta  sobre  a  importância  dos  Jogos,  como  um  meio  de  resgate  da  cultura  indígena:      “Quando  nós  começamos  os  Jogos  nacionais,  nós  pensávamos  e  praticávamos  para  o   Brasil,   os   jogos   tradicionais   originais.   A   gente   não   precisa   de   nenhum  material  ocidental,   com   exceção   do   futebol   (...),   todos   os   nossos  materiais  são  originais  (...),  baseado  nessa  experiência  da  nossa  tradição  e  da  nossa  cultura”.    Foi  a  força  da  visão  e  a  capacidade  da  articulação  do  ITC  que  deu  início  à  parceria  com  o  Governo  Federal  para  a  realização  do  I  JMPI.  

   

4.3 Envolvimento do Ministério do Esporte  Entre   os   grandes   eventos   internacionais   da   Copa   do   Mundo   em   2014   e   as  Olimpíadas  em  2016,  a  ideia  de  apoiar  a  realização  dos  Primeiros  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas,  surgiu  como  uma  excelente  oportunidade  de  mostrar  para  o   mundo   a   valorização   da   diversidade   do   Brasil   e   sua   capacidade   de   realizar  eventos  de  alta  complexidade,  em  um  pequeno  espaço  de  tempo.    No   relato   do   Secretário   Carlos   Geraldo,   o   primeiro   estudo   da   viabilidade   dos  JMPI   foi   realizado   a   convite   do   Ministro   Aldo   Rebelo,   em   seguida   dos   Jogos  Nacionais  em  Cuiabá  em  2013:    “O  Ministro  me  fez  o  convite,  (...)  e  decidi  que  viria.  O  Ministro  me  informou  do  que  tinha  que  ser  realizado.  À  minha  primeira  análise,  do  tempo  do  que  tinha  que  ser  realizado,  pela   importância  do  evento,   fiquei  preocupado.  Analisei  o  projeto,  mas  não   tinha   um   projeto   executivo.   Um   evento   deste   porte   tem   que   ter   um   projeto  

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executivo.  Não  tinha  um  levantamento  de  custo  específico.  Isso  foi  em  fevereiro  e  aí  a   preocupação   bateu.   Tínhamos   pouco   tempo.   Não   tínhamos   uma   definição   de  como   seriam   os   Jogos.   Em   Palmas   ainda   não   tinha   nada   definido.   As   áreas   não  estavam   definidas.   Estava   tudo   muito   solto.   Cheguei   em   Palmas,   não   vi   nada.  Cheguei   a   falar   para   o   Ministro   que   o   evento   era   maravilhoso,   de   grandes  proporções,  mas   que   tem   um   envolvimento  muito  maior.   Cheguei   a   solicitar   que  fosse   realizado   no   ano   seguinte,   que   a   gente   ia   ter   tempo   de   organizar,   mas   a  Presidenta  queria,  o  Ministro  queria.  Então  eu  disse:  vamos  fazer!  Aí  foi  um  desafio  que  foi  passado  para  as  minhas  mãos  e  eu  comecei  a  articular(…)  e  começamos  a  formatar   o   projeto   e   deu   certo:   hoje   é   uma   realidade!   Os   Jogos   hoje   têm   uma  visibilidade   mundial.   Nós   chegamos   na   ONU,   fomos   muito   bem   recebidos.   Os  indígenas   do  mundo   inteiro   se   sentiram   prestigiados   por   este   evento.   Tanto   que  vêm  índios  de  todas  as  partes  do  mundo.”      Além   da   oportunidade   de   grande   visibilidade   para   o   Brasil,   tendo   em   vista   o  interesse  das  emissoras   internacionais  como  o  BBC,  NYTimes  e  a  CNN,  desde  o  início  do  processo  de  organização,  os  Jogos  abriram  a  oportunidade  de  trabalhar  as  políticas  públicas  para  as  comunidades  indígenas  no  Brasil.    O  Secretário  Evandro  Garla  comenta:    “...Foi  um  grande  pontapé  essa  parceria  do  ITC  com  o  Ministério  do  Esporte.  E  com  o  passar  dos  anos   foram  havendo  reuniões  e  debates  para  não   ficar   somente  nos  eventos.  Nos  últimos  anos,  além  de  ter  os  eventos  dos   jogos  nacionais,  começou  a  ter  um  trabalho  de  discussão  de  políticas  públicas  para  a  comunidade  indígena“.        Os   esforços   e   o   compromisso   do   Ministério   do   Esporte   e,   em   particular   da  Secretaria  Nacional  de  Esporte,  Educação,  Lazer  e   Inclusão  Social   -­‐   SNELIS,   em  desenvolver  e  implantar  políticas  voltadas  para  os  povos  indígenas,  se  fortalece  pela   criação   da       Coordenação-­‐Geral   de   Políticas   Esportivas   Indígenas   e   a  realização  de  ações  contínuas,  ampliando  o  acesso  e  oferecendo  programas  para  as  comunidades  indígenas.  Nesse  contexto,  o  compromisso  com  os  JMPI  reflete  o  interesse   do   fortalecimento   das   políticas   de   inclusão   social   das   comunidades  indígenas   com   difícil   acesso,   desenvolvidas   com   empenho   pelo   Ministério   do  Esporte.      

4.4 Tomada de decisão para a realização dos Jogos em Palmas  

A  cidade  participou  de  um  processo  de  candidatura  que  começou  em  agosto  de  2013,   na   edição   nacional   dos   Jogos   Indígenas   ocorrida   na   cidade   de   Cuiabá.   A  cidade  de  Palmas,  em  Tocantins,  representada  pelo  seu  Prefeito  Carlos  Amastha,  

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concorreu   com   as   cidades   de   Belém   e   Marabá,   ambas   no   Estado   do   Pará.   A  escolha  da  cidade-­‐sede  dos  Jogos  levou  em  conta  o  fato  de  o  Estado  de  Tocantins  contar   com   cerca   de   13   mil   indígenas   em   seu   território   e   o   compromisso   do  Prefeito  em  garantir  a  organização  de  um  evento  mundial  na  mais  jovem  capital  do  Brasil.  

   

4.5 Criação do Comitê Nacional Executivo (CNE) dos JMPI  A  necessidade  de  um  órgão  de  apoio  para  a  realização  dos  I  JMPI  foi  identificada  poucos   meses   após   a   decisão   da   realização   no   Brasil,   ocorrida   nos   Jogos  Nacionais   em   Cuiabá.     Assim   relata   o   Diretor   Executivo   do   Comitê   Nacional  Executivo  (CNE):      “O  envolvimento  com  os  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas  começou,  de  fato,  14  meses  antes  dessas  primeiras  ações,  ainda  na  gestão  do  Ministro  Aldo  Rebelo.  Em  Outubro   de   2013   nos   foi   encomendada   uma   consultoria   para   produzir   um  documento  sobre  a  viabilidade  de  uma  edição  mundial  dos  jogos,  como  ela  deveria  ser  organizada  e  quais  seriam  os  passos  para  sua  execução.  O  documento  transitou  de   forma   exclusiva   na   Secretaria   de   Inclusão   Social   do  Ministério   (SNELIS)   e   no  Comitê  Intertribal  -­‐  ITC,  servindo  de  objeto  de  consulta  para  ambos.”    Porém  a  criação  do  Comitê  foi  realizada  somente  com  a  assinatura  da  Matriz  de  Responsabilidades   entre   os  principais   organizadores,   em  abril   de  2015.   Com  o  Acordo   de   Cooperação   Internacional,   firmado   entre   o   Governo   Brasileiro   e   o  PNUD   e   tendo   os   direcionamentos   necessários,   detalhados   na   Matriz   de  Responsabilidades,  foi  iniciado  o  processo  de  execução  do  projeto.  Por  meio  das  UNOPS,   o   PNUD   passou   a   ser   o   executor   direto   da   parte   de   infraestrutura,  alimentação  e  produção  do  evento  e  contratou  os  especialistas  que  prestariam  os  serviços  necessários  para  executar  as  ações  determinadas  pelo  CNE.      O   Ministério   do   Esporte,   como   o   apoiador   maior   do   evento,   assumiu   o  compromisso   de   viabilizar   os   recursos   orçamentários   e   de   monitorar   as  atividades  dos  consultores  que  formariam  o  CNE.  A  ilustração  abaixo  descreve  o  processo  da  execução.            

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   O   processo   foi   repleto   de   desafios   burocráticos,   políticos   e   operacionais   e,   ao  mesmo  tempo,  contou  com  a  energia  e  o  entusiasmo  de  todos  os  envolvidos  que  acompanharam   a   viabilização   para   realizar   esse   evento   inédito   de   alcance  mundial.  Tendo  como  desafio  o  curto  prazo  para  a  sua  execução,  o  evento  trouxe  múltiplos  aprendizados  e  reflexões  importantes  para  o  futuro  dos  futuros  jogos.      

4.6 Expectativas Iniciais do Evento  Um   dos   grandes   desafios   no   processo   foi   o   alinhamento   das   expectativas   em  relação   aos   I   JMPI.   Apesar   da   relativa   união   em   relação   à   visão   geral   e   ao  propósito   dos   Jogos,   questões   relacionadas   ao   protagonismo,   ao   entendimento  sobre  o  como  proceder  e  em  que  investir  o  tempo  e  os  recursos  disponíveis  para  o  evento,  acabaram  em  vários  momentos  desalinhados.  As  constantes  tentativas  do   CNE   em   trazer   todos   os   atores   para   o   trabalho   colaborativo,   a   fim   de  coordenar   os   diferentes   passos,   criaram  múltiplos   desgastes   em   nível   pessoal,  profissional  e  institucional.    A   seguir   uma   apresentação   geral   das   expectativas   iniciais   dos   Jogos   dos  principais  organizadores:    Ministério   do   Esporte   –   Expectativas   do   Secretário   Carlos   Geraldo   de  Almeida  

“O   que   é   que   nós   queríamos   realmente   desse   evento?   Primeiro   eu   acho   que   é  mostrar   para   o   mundo   a   nossa   cultura   indígena,   assim   também   como   trazer  conhecimentos.  Nós  sabemos  que   lá   fora  os   indígenas  tiveram  que  se  especializar  muito   mais   rápido.   Os   nossos   indígenas   estão   começando   agora.   Já   tem   vários  indígenas   formados   em   várias   profissões,   mas   isso   não   era   o   essencial   na   época  aqui   no   Brasil,   então   os   projetos   de   inclusão   fizeram   também   que   os   brasileiros  começassem   a   evoluir.   E   tínhamos   ali   como   é   que   nós   vamos   fazer   a   prova   se  

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alguns  índios  já  usam  o  arco,  aquele  que  já  e  bem  desenvolvido  tecnologicamente,  então  tínhamos  que  fazer  uma  coisa  que  mostrasse  um  pouco  da  cultura,  ali  nativa  e   que   mostrasse   também   o   desenvolvimento,   que   todos   passaram   por   esse  desenvolvimento,   e   a   troca   de   conhecimento.   Então   eu   acho   que   assim,   para   um  Brasil  para  os  nossos  indígenas,  vai  trazer  uma  evolução  que  não  têm  precedentes.  O  (Grandchief)  Littlechield  falou  que  isso  é  um  feito  inédito  para  o  mundo  e  para  os  povos   indígenas   e   eu   acredito   que   vai   haver   a   partir   daí   uma   mudança   muito  grande  com  relação  às  políticas   indígenas,  a  valorização  dos   indígenas.  Acho  que  isso  vai  começar  a  despertar  não  só  no  Brasil  como  no  mundo  inteiro,  com  relação  à   segregação   racial,   com   relação   a   separações,   vai   mostrar   que   é   possível   uma  convivência  pacifica  entre  todos  os  povos.  (...)  

Vamos   também  unir  os   indígenas  brasileiros  para  que  eles  nesses   fóruns  que  vão  existir  lá,  dentro  dos  Jogos,  que  sirva  de  força  de  conhecimento  e  unidade  entre  eles.  Que   é   isso   que   precisa   para   o   crescimento   da   própria   cultura   indígena,   nós   não  podemos  perder  nem  eles  podem  perder  a  cultura  deles,  ali  nativos,  a  cultura  que  eles   têm   também.   Eles   tem   que   evoluir   para   que   possam   dar   uma   assistência  melhor  ao  seu  povo.  (...)  

Acredito  que  os  Jogos  vão  ser  um  momento  transformador  do  mundo  indígena,  não  só  no  Brasil  como  no  mundo  inteiro.”    

 

Ministério  do  Esporte  –  Expectativas  do  Secretário  Evandro  Garla  

“Vejo   um   grande   marco,   tanto   para   o   Ministério,   quanto   para   o   país,   pela  oportunidade   de   sediar   os   Jogos   e,   principalmente,   por   ele   ser   o   primeiro.   O  interessante   é   que   existe   essa   parceria   do  Ministério   desde   sua  criação  em  2012,  tudo   bem   que   os   jogos   são   mais   antigos   desde   1996,   já   foram   12   edições,   o  Ministério  começou  a   participar,  se  não  me   engano   na   sexta   edição   junto   com   o  ITC.  E  algo  interessante  que  foi  nos  últimos  Jogos  em  Cuiabá,  foi  quando  houve  uma  reunião   entre   as  etnias  brasileiras   e  alguns   países   que   foram   convidados  para  discutir  e   ter  esse  lançamento  e  aí   foi  escolhido  tanto  Brasil,  quanto  Palmas.  Na   oportunidade   aconteceu  algo   interessante,   o   prefeito   Amastha   estava   nesse  evento,   (...)   participou,   gostou   muito   e   melhor   ainda   que   conseguiu   levar   e  transformar  a  cidade  em  cidade  sede.  Então  vejo  que  é  um  grande  marco.  Segundo,  observando   à   parte   histórica,   a   dívida   que   o   Governo   tem   com   a   população  indígena  é  muito  grande.  Eu  sei  que  existem  inúmeras  ações,  conversas  da  parte  da  FUNAI   e   SESAI,   e   o   fato   do  Ministério   do  Esporte   estar   entrando  ativamente  nos  Jogos  Mundiais,  demonstra  o  respeito  que  o  Governo  e  principalmente  a  pasta  do  Esporte  tem  para  com  as  comunidades  indígenas.  

Para  se  ter  uma  ideia,  os   Jogos   fazem  parte  de  uma  ação  do  Ministério,  mas  hoje  temos   uma   coordenação   específica   que   trata   somente   de   Políticas   Públicas   para  Indígenas,   tanto  que   o   coordenador  hoje   ele   é   um   indígena.   (...)   Para   se   ter   uma  ideia,   esse   indígena  que   está   no   projeto   hoje   trabalhando   conosco   ele   é   um   líder  

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tribal,   lá   de   Itacuruba,   Pernambuco,   por   incrível   que   pareça   nunca   ninguém   de  Pernambuco   e   daquela   região   tinha   sido   contemplado   num   espaço   do   Governo  Federal.  Para  ele  e  a  sua  comunidade  indígena,  foi  muito  importante.    

Então,   falando   sobre   isso,   o   trabalho   que   o  Ministério   tem   feito   de   discussões   de  políticas   públicas   para   as   comunidades   indígenas,   em   abril   tivemos   o  Fórum   em  Mato   Grosso,   passaram-­‐se   lá   três   dias   com   várias   etnias,   200   pessoas,   180  indígenas,  e  os  demais  não  indígenas,  ouvindo  as  necessidades  e  as  demandas  dos  indígenas  em  relação  ao  esporte.    

Então,   os   Jogos   Mundiais   fazem   parte,   serão   um   legado   importante,   mas,   além  disso,  o  Ministério  tem  a  preocupação  de  fomentar  o  esporte  entre  os  indígenas.”    Comitê  Intertribal  –  Expectativas  de  Marcos  Terena  

“Porque   é   um   aprendizado,   esses   Jogos   vão   ser   um   aprendizado   para   o   Comitê  Intertribal,  como  é  que  você  se  relaciona  com  critérios  pré-­‐estabelecidos  pela  ONU,  critérios  estabelecidos  pelo  poder  público.”  

“É   um   evento   criado,   idealizado   e   organizado   pelos   indígenas,   não   é   um   evento  como  a  gente  chama  assim  do  homem  branco,  mas  a  gente  tem  que  conviver  com  essa   realidade   institucional   que   é   o   PNUD,   os   vários   ministérios,   a   Prefeitura,   o  Governo   do   Estado   e   as   universidades   no   caso   de   Palmas;   por   isso   que   a   gente  precisa   agregar   um   valor   que   a   gente   considera   o  maior   valor  mais   importante  para  os  jogos,  que  é  o  tema  dos  direitos  indígenas.  Se  você  não  cria  um  conteúdo,  ele   passa   a   ser   um   evento   qualquer,   um   grande   evento,   porém   qualquer.   Essa  missão   é   nossa.   A  missão   de   fazer   isso.   (...)   Esse   conteúdo   ele   é   essencial   para   o  próximo  passo.”    Cidade   de   Palmas,   Secretaria   Extraordinária   dos   Jogos   Indígenas   –  Expectativas  do  Secretário  Hector  Franco  

“Palmas   se   mostra   como   uma   cidade   especial   que   você   pode   visitar,   que   pode  conhecer  e  investir  e  que  aqui  se  realizam  coisas  bem  feitas.”  

“Aqui   é   um   lugar   de   acolhimento,   de   pessoas   que   vieram  para   cá   construir   uma  nova  realidade;  obviamente  que  existe  um  sentimento  de  pioneirismo,  só  que  esse  sentimento  é  mesclado  com  um  sentimento  de  aceitação  do  outro,  (...)  Isso  faz  com  que   sejamos   todos  muito   acolhedores   aqui   em   Palmas   principalmente.   Com   isso,  existe  um  ponto  de  partida  interessante  para  bem  receber,  quem  vem  de  qualquer  lugar.  E  temos  nossa  raiz  indígena  aqui  também  que,  para  conviver  com  a  cultura  indígena,  também  não  nos  assusta,  não  nos  espanta  e  não  nos  intimida.  Claro  que  a  gente  entende  também  que,  por  ser  uma  cidade  jovem,  a  infraestrutura  de  cidade  jovem,   temos   necessidade   de   aprimoramento   em  diversas   áreas,   então   é   por   isso  que   a   gente   hoje   está   estimulando   a   Abrasel   que   é   a   associação   de   bares   e  restaurantes  a  utilizar  um  recurso  que  estamos   impulsionando  cursos   rápidos  de  atendimento   em   inglês,   por   exemplo,   (...),   estamos   estimulando   outras   entidades  

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como  o  SENAC  a  proporcionar  cursos  de  atendimento  para  restaurantes,  hotéis  e  etc.   (...)   Vamos   ter   no   site   da   prefeitura   uma   área   de   dicas   e   um   aplicativo   dos  jogos,  aonde  a  pessoa  terá  todas  as   informações  em  três   idiomas  e  poder  acessar  esse  apoio.”  

 Comitê   Nacional   Executivo   –   Expectativas   do   Luiz   André   Lobo,   Diretor  Executivo  “...Citando  um   filme  que   já  assisti,   "Construa  que  eles   virão",  que  é  aquele   campo  dos  sonhos  né,  e  isso  é  uma  verdade  sobre  este  evento,  ao  mesmo  tempo  em  que  a  gente   avança   com   a   participação   do   Governo   e   fica   feliz   que   coisas   estão  avançando,   elas   trazem   também   expectativas   maiores.   Expectativas   maiores  significam  um  evento  bem  feito,  seguro  para  receber  diplomatas  e  pessoas  de  fora,  o  que  implica  também  em  mais  estrutura  e  mais  cuidado.  (...)  é  a  cada  segundo,  a  cada  batida  do  coração  que  eu  penso  nesse  desafio.”  

5. Principais Atores dos I JMPI 2015  Com  a  oficialização  da  participação  do  Estado  do  Tocantins,  no  final  de  março  de  2015,   concluiu-­‐se   e   oficializou-­‐se   uma  Matriz   de   Responsabilidades2,   assinada  pelo  Governo  do  Estado  de  Tocantins,  pelo  Município  de  Palmas,  pelo  Ministério  do  Esporte  e  pelo  Comitê  Intertribal  -­‐  ITC.    A  Matriz  foi  alterada  e  complementada  várias  vezes  para  alinhar  as  necessidades  do   projeto,   considerando   as   áreas   sem   clara   definição   de   responsabilidade,   as  competências   insuficientes   do   ator   inicialmente   alocado   e   as   novas   parcerias  formadas  ao  longo  do  processo.    A   seguir   uma   breve   apresentação   dos   principais   atores   –   organizadores   do  evento,  e  outros  sem  os  quais  a  realização  do  evento  não  seria  possível.      

5.1 Principais Atores – Organizadores do Evento  Ministério   do   Esporte   –   ME:   O   Ministério   do   Esporte   é   responsável   por  construir  a  Política  Nacional  de  Esporte.  Além  de  desenvolver  o  esporte  de  alto  rendimento,  o  Ministério  trabalha  ações  de  inclusão  social  por  meio  do  esporte,  

2  Anexo  1  do  Relatório  

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garantindo   à   população   brasileira   o   acesso   gratuito   à   prática   esportiva,  qualidade  de  vida  e  desenvolvimento  humano.  Nesta  primeira  edição  dos   Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas,  o  Ministério  visou  à  construção  e  fortalecimento  de  políticas  públicas  capazes  de  instituir  mecanismos  de  valorização  das  etnias  e  de  resgate  cultural,  com  o  objetivo  de  manter  suas  tradições.    Comitê  Nacional  Executivo:  Criado  exclusivamente  para  coordenar  a  execução  do  projeto  dos   JMPI,  com  representantes  do  Ministério  do  Esporte,  do  Governo  do   Estado   do   Tocantins,   da   Prefeitura   Municipal   de   Palmas   e   do   Comitê  Intertribal   -­‐   ITC,   foi   responsável   por   dimensionar   projetos,   desenhos   e  montagem   das   estruturas   temporárias   e   tecnológicas,   bem   como   pela  coordenação  e  implementação  dos  serviços  de  alimentação  e  hospitalidade,  pela  organização  do  Congresso  Técnico  prévio  aos  Jogos,  pela  organização  e  produção  das  cerimônias  de  Abertura  e  Encerramento  dos  I  JMPI.      Comitê   Intertribal   Memória   e   Ciência   Indígena   –   ITC:   A   missão   do   ITC   é  respeitar   as   diferenças,   entendendo   como  princípio  básico  da  democracia   e   do  respeito  à  diversidade  cultural.  A  organização,   idealizadora  dos   Jogos  Mundiais  dos   Povos   Indígenas,   acredita   que   cada   povo,   cada   etnia,   cada   cultura   tem  identidade  própria,  peculiaridades  que  resistem  à  globalização  da  economia  e  da  comunicação   e   geram   formas   de   convivências   específicas.   Assim   sendo,   a  ideologia  e  prática  profissional  do  ITC  promove  ações  em  prol  da  construção  de  uma   sociedade   mais   justa,   igualitária   e   humana,   criando   elos   familiares,  profissionais  e/ou  comunitários.    Prefeitura   Municipal   de   Palmas   -­‐   Secretaria   Extraordinária   dos   Jogos  Indígenas  -­‐  SEJI:  Com  o  objetivo  de  cuidar  exclusivamente  dos  I  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas,  o  prefeito  de  Palmas,  Sr.  Carlos  Amastha,  criou  a  Secretaria  Municipal  Extraordinária  dos  Jogos  Indígenas  -­‐  SEJI.  O  órgão  tem  a  finalidade  de  articular,  promover,  executar  e   representar  a  cidade  sede,  Palmas,  em  todas  as  ações  relacionadas  ao  evento.    Governo  do  Estado  de  Tocantins:  A  realização  dos  I  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas   foi   um   momento   importante   para   integrar   não   só   as   culturas  indígenas,   mas   todos   os   povos,   como   também,   para   promover   o   resgate   e  celebrar  as  culturas  tradicionais.  Por  isso,  o  Estado  do  Tocantins  se  orgulhou  em  ter  a  sua  Capital,  Palmas,  como  a  sede  de  tão  importante  evento.    Programa   das   Nações   Unidas   para   o   Desenvolvimento   -­‐   PNUD:   Com   o  objetivo   de   contribuir   para   o   combate   à   pobreza   e   a   desigualdade,   o  fortalecimento   da   governança   democrática,   o   crescimento   econômico   e   o  desenvolvimento   humano   e   sustentável,   o   PNUD   Brasil   -­‐   por   intermédio   da  cooperação  técnica  e  em  parceria  com  o  Governo  Brasileiro,  o  setor  privado  e  a  

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sociedade  civil  -­‐  tem  a  constante  missão  de  alinhar  seu  trabalho  às  necessidades  de  um  país  dinâmico,  complexo,  multifacetado  e  diversificado.      

5.2 Parceria Ministerial Ampliada - Demais Parceiros na Organização do Evento  1.  ANAC   -­‐  Agência  Nacional  da  Aviação  Civil:   é  uma  agência   reguladora   federal  responsável   por   supervisionar   a   atividade   de   aviação   civil   no  Brasil,   tanto   nos  aspectos  econômicos  quanto  no  que  diz  respeito  à  segurança  técnica  do  setor.    2.  ANVISA  -­‐  Agência  Nacional  da  Vigilância  Sanitária:  é  uma  agência  reguladora  vinculada  ao  Ministério  da  Saúde  do  Brasil  e  exerce  o  controle  santuário  de  todos  os   produtos   e   serviços   (nacionais   ou   importados)   submetidos   à   vigilância  sanitária,   tais  como  medicamentos,  alimentos,  cosméticos,  saneantes,  derivados  do  tabaco,  produtos  médicos,  sangue,  hemoderivados  e  serviços  de  saúde.  Além  disso,  em  conjunto  com  o  Ministério  das  Relações  Exteriores  controla  os  portos,  aeroportos   e   fronteiras   nos   assuntos   relacionados   à   vigilância   sanitária.   Sua  atuação   abrange   também   o   monitoramento   e   a   fiscalização   dos   ambientes,  processos,  insumos  e  tecnologias  relacionados  à  saúde.    3.  CASA  CIVIL  DA  PRESIDÊNCIA  DA  REPÚBLICA:  é  responsável  por  assistir  direta  e   imediatamente  ao  Presidente  da  República  do  Brasil  no  desempenho  de  suas  atribuições,   especialmente   na   coordenação   e   na   integração   das   ações   do  Governo;   na   verificação   prévia   da   constitucionalidade   e   legalidade   dos   atos  presidenciais;   na   análise   do  mérito,   da   oportunidade   e   da   compatibilidade   das  propostas,  inclusive  das  matérias  em  tramitação  no  Congresso  Nacional,  com  as  diretrizes   governamentais;   na   avaliação   e   monitoramento   da   ação  governamental   e   da   gestão   dos   órgãos   e   entidades   da   administração   pública  federal  e  na  promoção  da  publicação  e  da  preservação  dos  atos  oficiais.    4.   CONAERO   -­‐   Comissão  Nacional   de   Autoridades   Aeroportuárias:   é   um   fórum  consultivo   e   deliberativo   formado   por   representantes   de   nove   órgãos   do  Governo  Federal  que   trabalham  diretamente  na  gestão  dos  aeroportos  do  País.  Promove,   contribui,   supervisiona   e   avalia   decisões   e   medidas   estratégicas   a  serem  tomadas  ou  executadas  pelas  autoridades  aeroportuárias.    5.   EMBRATUR   -­‐   Instituto   Brasileiro   de   Turismo:   é   a   autarquia   especial   do  Ministério   do   Turismo   responsável   pela   execução   da   Política   Nacional   de  Turismo   no   que   diz   respeito  a   promoção,   ao   marketing   e   ao   apoio   à  comercialização   dos   destinos,   serviços   e   produtos   turísticos   brasileiros   no  mercado  internacional.  

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 6.   FUNAI   -­‐   Fundação  Nacional   do   Índio:   vinculada   ao  Ministério   da   Justiça,   é   a  coordenadora  e  principal  executora  da  política   indigenista  do  Governo  Federal.  Visa  proteger   e  promover  os  direitos  dos  povos   indígenas  no  Brasil,   promover  estudos   de   identificação   e   delimitação,   demarcação,   regularização   fundiária   e  registro   das   terras   tradicionalmente   ocupadas   pelos   povos   indígenas,   além   de  monitorar  e  fiscalizar  as  terras  indígenas.  Coordena  e  implementa  as  políticas  de  proteção   aos   povos   isolados   e   recém-­‐contatados,   a   garantia   do   acesso  diferenciado  aos  direitos  sociais  e  de  cidadania  aos  povos  indígenas,  por  meio  do  monitoramento   das   políticas   voltadas   à   seguridade   social   e   educação   escolar  indígena,  bem  como  promove  processos  educativos  comunitários  tradicionais  e  de   participação   e   controle   social.   Tem   como   princípios   o   reconhecimento   da  organização   social,   costumes,   línguas,   crenças   e   tradições  dos  povos   indígenas,  buscando  o  alcance  da  plena  autonomia  e  autodeterminação  dos  povos  indígenas  no  Brasil,  contribuindo  para  a  consolidação  do  Estado  democrático  e  pluriétnico.      7.   IBAMA   -­‐   Instituto   Brasileiro   do   Meio   Ambiente   e   dos   Recursos   Naturais  Renováveis:  é  responsável  pela  execução  da  política  nacional  do  meio  ambiente  e  desenvolve  atividades  para  a  preservação  e  conservação  do  patrimônio  natural,  exercendo  o  controle  e  a  fiscalização  sobre  uso  dos  recursos  naturais  (água,  flora,  fauna,  solo  e  etc.).    8.   INFRAERO   -­‐   Empresa   Brasileira   de   Infraestrutura   Aeroportuária:   é   uma  empresa   pública   federal   brasileira   de   administração   indireta   vinculada   à  Secretaria  de  Aviação  Civil,  sendo  responsável  pela  administração  dos  principais  aeroportos  do  país.    9.   MAPA   -­‐  Ministério   da   Agricultura,   Pecuária   e   Abastecimento:   é   responsável  pela   gestão  das  políticas  públicas  de  estímulo  à   agropecuária,  pelo   fomento  do  agronegócio  e  pela  regulação  e  normatização  de  serviços  vinculados  ao  setor.  No  Brasil,  o  agronegócio  contempla  o  pequeno,  o  médio  e  o  grande  produtor  rural  e  reúne   atividades   de   fornecimento   de   bens   e   serviços   à   agricultura,   produção  agropecuária,   processamento,   transformação   e   distribuição   de   produtos   de  origem  agropecuária  até  o  consumidor  final.    10.  MDA  -­‐  Ministério  do  Desenvolvimento  Agrário:  é  responsável  por  promover  a  política  de  desenvolvimento  do  Brasil  rural,  a  democratização  do  acesso  à  terra,  a  gestão  territorial  da  estrutura   fundiária,  a   inclusão  produtiva,  a  ampliação  de  renda  da   agricultura   familiar   e   a   paz   no   campo,   contribuindo   com  a   soberania  alimentar,  o  desenvolvimento  econômico,  social  e  ambiental  do  país.    11.  MRE  -­‐  Ministério  das  Relações  Exteriores:  é  responsável  pelo  assessoramento  do   presidente   da   República   na   formulação,   no   desempenho   e   no  

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acompanhamento   das   relações   do   Brasil   com   outros   países   e   organismos  internacionais.  Exerce  as  tarefas  clássicas  da  diplomacia:  representar,  informar  e  negociar.    12.   MTUR   -­‐   Ministério   do   Turismo:   é   responsável   por   desenvolver   o   turismo  como  uma  atividade  econômica  sustentável,  com  papel  relevante  na  geração  de  empregos  e  divisas,  proporcionando  a  inclusão  social.    13.  MS  -­‐  Ministério  da  Saúde:  é  o  órgão  do  Poder  Executivo  Federal  responsável  pela   organização   e   elaboração   de   planos   e   políticas   públicas   voltados   para   a  promoção,   prevenção   e   assistência   à   saúde   dos   brasileiros.   Tem   a   função   de  oferecer   condições   para   a   promoção,   proteção   e   recuperação   da   saúde   da  população,   reduzindo   enfermidades,   controlando   as   doenças   endêmicas   e  parasitárias  e  melhorando  a  vigilância  à  saúde,  dando,  assim,  mais  qualidade  de  vida  ao  brasileiro.    14.  Polícia  Federal  do  Brasil:  é  uma  instituição  policial  brasileira,  subordinada  ao  Ministério   da   Justiça,   cuja   função,   de   acordo   com   a   Constituição   de   1988,   é  exercer  a  segurança  pública  para  a  preservação  da  ordem  pública  e  da  segurança  das  pessoas,  bem  como  dos  bens  e  interesses  da  União,  exercendo  atividades  de  polícia   marítima,   aeroportuária   e   de   fronteiras,   repressão   ao   tráfico   de  entorpecentes,   contrabando   e   descaminho   e   exercendo   com   exclusividade   as  funções  de  polícia  judiciária  da  União.    15.  Receita  Federal  do  Brasil:  é  um  órgão  subordinado  ao  Ministério  da  Fazenda  que   tem   como   responsabilidade   a   administração   dos   tributos   federais   e   o  controle   aduaneiro,   além   de   atuar   no   combate   à   elisão   e   evasão   fiscal  (sonegação),  contrabando,  descaminho,  pirataria  e  tráfico  de  drogas  e  animais.    16.   SEBRAE   TOCANTINS   -­‐   Serviço   Brasileiro   de   Apoio   às   Micro   e   Pequenas  Empresas   de   Tocantins:   é   um   serviço   social   autônomo   brasileiro,   parte  integrante  do  Sistema  S  (instituições  de  interesse  de  categorias  profissionais  no  Brasil)  que  objetiva  auxiliar  o  desenvolvimento  de  micro  e  pequenas  empresas,  estimulando  o  empreendedorismo  no  país.    17.  SESGE  -­‐  Secretaria  Extraordinária  de  Segurança  para  Grandes  Evento:  é  um  órgão   subordinado   ao   Ministério   da   Justiça,   que   tem   como   responsabilidade  planejar,   definir,   coordenar,   implementar,   acompanhar   e   avaliar   as   ações   de  segurança  para  os  Grandes  Eventos  no  Brasil,  além  de  articular-­‐se  com  os  órgãos  e   as   entidades,   governamentais   e   não   governamentais,   envolvidos   com   a  segurança   dos   Grandes   Eventos,   visando   à   coordenação   e   supervisão   das  atividades.  

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6. Processo de Desenvolvimento dos I JMPI 2015  Esta   parte   do   relatório   inclui   a   descrição   do   processo   como   um   todo,   com   o  enfoque   em   processos   internos   e   externos,   objetivos,   públicos   a   serem  alcançados,   trabalho   nas   áreas   dividas   por   coordenações   e   as   parcerias  estabelecidas  para  a  viabilização  do  projeto.    A  fase  de  desenvolvimento  dos  I  JMPI  englobou  múltiplos  processos  internos:    • Viabilização  dos  próprios  jogos  em  termos  políticos,  técnicos  e  financeiros;  • Estruturação   e   organização   da   equipe   do   CNE,   desenvolvimento   das   bases  

para  o  planejamento,  gestão  do  conhecimento,  monitoramento  e  avaliação;  • Coordenação  dos  trabalhos  entre  os  principais  organizadores;  • Organização,   realização  e  avaliação  do  Congresso  Técnico,  para  estabelecer  

as  bases  e  critérios  para  a  realização  dos  Jogos,  considerado  como  um  evento  teste;  

• Realização   das   licitações   para   a   contratação   de   empresas   executoras   de  serviços  para  o  Congresso  Técnico  e  para  os  próprios  Jogos;  

• Realização  dos  preparativos  necessários  para  a  execução  dos  Jogos.    Além  disso,  o  processo  também  incluiu  algumas  ações  externas:    • Envolvimento   e   comunicação   com  novos   atores  que   apareceram  durante  o  

processo  de  desenvolvimento  dos  Jogos;  • Tentativas  de  captação  de  recursos  adicionais;  • Negociação  com  as  principais  mídias;  • Comunicação  e  apoio  à  chegada  das  delegações  internacionais;  • Elaboração  de  questionários  sobre  as  delegações  internacionais  e  geração  de  

insumos  para  as  diferentes  áreas  da  organização  de  jogos.      

6.1 Objetivos e Público-Alvo  Objetivos    Garantir  a  realização  dos  I  JMPI  2015  em  toda  a  sua  complexidade.    Público  direto  

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 • Delegações  nacionais  • Delegações  internacionais  • Celebridades  e  cerimonial  • Instituições  organizadoras  e  parceiras    • Mídia  local,  nacional,  internacional  

 Público  indireto    

• Público  geral  de  Palmas,  do  Brasil  e  internacional  • Organizações  da  sociedade  civil  • Representantes  dos  serviços  prestados  pelo  governo  

   

6.2 Processo do Desenvolvimento dos JMPI2015  O   processo   de   desenvolvimento   dos   I   JMPI   envolveu   desde   a   elaboração   do  projeto   técnico   dos   Jogos,   o   planejamento,   o   apoio   inicial   para   a   definição   dos  termos  de  contratação  das  empresas  de  logística,  como  também  o  apoio  da  área  jurídica  responsável  por  assegurar  o  tratamento  apropriado  dos  povos  indígenas  nacionais  e  estrangeiros,  o  monitoramento  e  acompanhamento  da  execução  dos  Jogos,  bem  como  o   tratamento  das   informações  providenciadas  pelo   ITC  como,  por   exemplo,   a   definição   e   o   convite   das   etnias   nacionais   e   internacionais,  informações  sobre  as  tradições  e  esportes  praticados.    Viabilização  dos  Jogos    De  acordo  com  o  Diretor  Executivo  dos  I  JMPI,  Luiz  André  Lobo,  uma  das  etapas  mais   longas   e   desafiadoras   deste   projeto   foi   a   de   demonstrar   e   convencer   os  representantes  do  Governo  e  da  sociedade  sobre  a  importância,  a  magnitude  e  a  viabilidade  dos  Jogos.  Além  da  complexidade  de  produção  de  todo  grande  evento  e  do  ineditismo  e  desconhecimento  generalizado  em  relação  aos  Jogos  Indígenas,    o   evento   aconteceu   durante   um   ano   de   cortes   orçamentários   e   percepções  negativas   da   população   em   relação   ao   governo,   afetando   não   somente   a  proporção   do   que   poderia   ter   sido   feito,   como   o   processo   de   levantamento   de  recursos   públicos   e   privados.   Em   função   desse   cenário   desafiador,   os   esforços  necessários   para   viabilizar   um   evento   que   necessitava   de   um   período   de  planejamento  de  pelo  menos  um  ano,  a  fim  de  garantir  uma  execução  técnica  de  qualidade,   acabou   sendo   condensado   em   um   período   de   aproximadamente  quatro  meses,  após  os  primeiros  repasses  orçamentários.    

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Durante  esse  processo  pela  busca  da  viabilidade   financeira  do  projeto,  ocorreu  uma   dificuldade   de   alinhamento   entre   os   protagonistas   dos   Jogos   dentro   do  próprio   Ministério   do   Esporte,   demorando   para   que   houvesse   a   necessária  sincronia   e   compreensão   interna   sobre   todas   as   facetas   do   projeto,   entre   o  Gabinete  do  Ministro,  a  Secretaria  Executiva  do  ME  e  a  SNELIS.  Esse  momento,  crítico  para  o  projeto,     acabou  gerando  atrasos  nos  empenhos  orçamentários  e  transferências   e   no   próprio   avanço   do   planejamento   e   das   obras.   Parte   deste  desafio   se   deu   pela   alteração   no   comando   da   Pasta,   na   composição   dos   novos  gestores   do   Ministério   e   em   desencontros   internos   não   inerentes   aos   Jogos.  Entretanto,   apesar   de   um     inicial   desconhecimento   generalizado   sobre   o  potencial  do  evento  e  das  outras  responsabilidades  do  Ministério  do  Esporte  em  relação   aos   Jogos   Olímpicos,   o   Ministro   George   Hilton   conseguiu   construir   as  pontes  necessárias  para  que  o  projeto  fosse  viabilizado.    Uma   vez   que   o   Governo   Federal   compreendeu   a   magnitude   do   projeto   e  reconheceu   a   importância   e   complexidade  dos   Jogos   como  um   todo,   colaborou  no   planejamento   das   questões   pertinentes   às   atividades   de   seus   Ministérios,  como  relações  exteriores,  saúde,  segurança,  direitos  humanos,  dentre  outros.  O  ME,  como  o  apoiador  maior  do  evento,  assumiu  o  compromisso  de  viabilizar  os  recursos   orçamentários   e   de   monitorar   as   atividades   dos   consultores   que  comporiam  o  Comitê  Nacional  Executivo  -­‐  CNE.    Levando   em   consideração   o   curto   prazo   para   a   preparação   dos   Jogos,   o  desenvolvimento   das   relações   e   do   entrosamento   dos   diferentes   atores   foi  demorado,   e   necessitou   longas   e   frequentes   reuniões   e   apresentações   no  Ministério  do  Esporte,  na  Agência  Brasileira  de  Cooperação,  no  PNUD  e  na  Casa  Civil.  Um  fator  que  dificultou    o  avanço  das  ações  foi  o  fato  de  que  o  ponto  focal  de  cada  ministério  participante  da  Parceria  Interministerial  Ampliada  mudava  a  cada  semana,  atrasando  a  compreensão  de  como  o  projeto  deveria  ser  executado.      No   âmbito   da   cooperação   internacional,   foram   encontradas   várias   barreiras  legais   e   burocráticas   para   a   ativação   da   modalidade   de   execução   direta   e  aprovação  da  ABC  para  um  acordo  com  o  PNUD,  julgado  como  o  melhor  caminho  para   a   realização   dos   Jogos,   com   base   em   experiências   já   realizadas   e   bem-­‐sucedidas.   Com   persistência   jurídica   e   diplomática,   o   acordo   de   cooperação  internacional   foi   assinado   no   final   de   abril   e   o   PNUD   passou   a   ser   o   executor  direto  da  parte  de  infraestrutura,  alimentação  e  produção  do  evento.      A  demora  ocasionada  pelo  processo  político  e  burocrático  fez  com  que  o  depósito  da   parcela   inicial   ao   PNUD   só   fosse   viabilizada   em   meados   de   junho,   o   que  atrasou  consideravelmente  o  contrato  da  equipe  de  consultores  necessária  para  a   realização   do   projeto,   a   desistência   de   alguns   profissionais   e   outras  

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complicações,   sobretudo   na   fase   do   planejamento   e   no   início   da   execução   das  obras  do  projeto.      Cooperação  entre  os  Organizadores    As  relações  envolvendo  o  Governo  Federal  e  a  cidade  de  Palmas,  sede  dos  jogos  e  responsável   pelo   desenvolvimento   inicial   dos   projetos   precisou   ser   ajustada  durante  os  primeiros  meses  da  execução.  Foram  necessárias  inúmeras  reuniões  para   ajustar   expectativas   e   para   que   os   executores   locais   e   o   Governo   Federal  pudessem  chegar  a  um  projeto  que  fosse  viável  para  o  evento.  Tendo  em  vista  a  deficiência   da   quantidade   adequada   de   recursos   humanos   qualificados   para  executar  grandes  eventos,   foi   feito  um  esforço  conjunto  entre  os  organizadores  para  que  eles  não  se  sentissem  substituídos  e  desprestigiados  em  seus  esforços  e  protagonismo.      Essas   tensões   foram   diminuindo   ao   longo   do   tempo   com   a   aproximação   dos  coordenadores   do   CNE   dos   integrantes   da   Secretaria  Municipal   Extraordinária  dos  Jogos  Indígenas  -­‐  SEJI.  Nos  últimos  meses  que  antecederam  o  evento,  Palmas  passou   para   uma   posição   mais   clara   de   parceira   do   CNE,   se   abrindo   para  colaborações   e   colaborando   de   maneira   mais   receptiva   com   os   profissionais  contratados  para  compor  a  equipe  organizadora.    Neste  sentido,  a  participação  da  Casa  Civil,  ao  monitorar  e  cobrar  ações  locais  e  reafirmar  a  necessidade  de  uma  ação  conjunta  de  todos  os  órgãos  participantes  do   CNE,   foi   de   vital   importância.   O  Ministério   do   Esporte   iniciou,   também,   um  acompanhamento  mais   direto   do   desenvolvimento   dos   jogos,   participando   das  decisões  macro  que  causariam  impacto  em  todas  as  áreas  do  evento.    A   ação   do   corpo   de   engenheiros   civis,   de   elétrica   e   de   hidráulica   e   das  coordenadoras   de   hospitalidade   e   receptivo,   trabalhando   em   equipe   com   os  profissionais  da  cidade  de  Palmas,  foi  de  vital  importância  para  o  projeto.  Tendo  em   vista   a   carência   do  município   em   ter   uma   equipe   robusta   de   profissionais  especializados  nessas   áreas,   os  profissionais   contratados  para   colaborar   com  o  CNE   puderam   participar   ativamente   nos   projetos   de   infraestrutura   básica,   de  receptivo   das   delegações   nacionais   e   internacionais,   auxiliando   com   suas  experiências   em   projetos   de   grandes   eventos   e   de   cooperação   técnica  internacional,   potencializando   os   resultados   face   à   falta   de   recursos   do  município.    O  relacionamento  do  CNE  com  o  Comitê   Intertribal   -­‐   ITC,   idealizador  dos   Jogos  Indígenas   Nacionais   e   proponente   do   presente   projeto,   também   foi   bastante  desafiador  ao  longo  dos  meses  de  execução,  tendo  em  vista  os  diferentes  tempos  e   ritmos   de   comunicação   e   a   demora   na   tomada   de   decisões   sobre   temas   que  

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impactavam   em   áreas   essenciais   do   evento.   O   CNE   trabalhou   no   sentido   de  advogar   em   favor   do   ITC   e   dos   interesses   do   evento   em   inúmeras   questões   e  controvérsias,   como   a   alteração   substancial   dos   projetos   arquitetônicos,  previamente  elaborados  pela  cidade  de  Palmas,  a  readequação  aos  itens  orçados  e  apresentados  preliminarmente  em  um  convênio  com  o  Ministério  do  Esporte  e  a   contratação   de   profissionais   com   experiência   em   temas   indígenas,   indicados  pelo   ITC.   Além   disso,   o   CNE   acabou   por   dar   encaminhamento   a   até   mesmo  absorver,   por   diversas   vezes,   as   reivindicações,   posições   e   mesmo   algumas  responsabilidades  que  deveriam  ser  do  Comitê  Intertribal.    Novo  projeto  de  implantação  do  Jogos    Durante  o  processo  de   readequação  dos  projetos   arquitetônicos   e  de   execução  dos  Jogos,  definiu-­‐se  a  necessidade  de  um  novo  conceito  e  de  um  replanejamento  das   ações   inerentes   ao   evento.   O   CNE   atendeu   e   provocou,   em   nome   do   ITC,  diversas  reuniões  de  alinhamento  com  os  demais  partícipes,  protegendo  sempre  a  essência  do  evento  desenhada  pelo  Comitê  Intertribal,  seguindo  e  respeitando  as   orientações   dos   irmãos   Terenas   e   dos   demais   integrantes   do   ITC.   O   CNE  também  promoveu  encontros  diretos  do  ITC  com  o  Ministro  George  Hilton,  bem  como   a   participação   deste,   à   pedido   de   Carlos   Terena,   no   Fórum   Permanente  sobre  Questões  Indígenas  da  ONU,  em  abril  de  2015  em  Nova  York.      Na  ocasião  do  lançamento  dos  JMPIs  na  ONU,  a  reunião  com  a  representante  do  PNUD  para  as  Américas,  Sra.  Jessica  Fayeta,  possibilitou  a  agilização  do  processo  de  aprovação  dos  projetos  de  execução.  Os  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas  foram   então   lançados   internacionalmente   em   um   dos   auditórios   da   ONU,   com  discursos   do   Diretor   do   CNE,   Luiz   André   Lobo,   do   Prefeito   de   Palmas,   Carlos  Amastha,   do   Ministro   do   Esporte,   George   Hilton   e   de   Carlos   Terena,  representante  do  ITC.      O   Secretário   da   SNELIS,   Carlos   Geraldo   de   Almeida,   e   o   Secretário   Municipal  Extraordinário  do   Jogos,  Hector  Franco,   também  participaram  da  missão  e,  por  ordem   do   Ministro,   selou-­‐se   o   compromisso   do   alinhamento   mensal   sobre   as  demandas,  os  desafios  e  as  soluções  encaminhadas  para  o  projeto.  Em  meados  de  maio,   já  no  Brasil,   foi   realizada  a  primeira  reunião  entre  os  representantes  dos  três   parceiros   componentes   do   CNE:   Ministério   do   Esporte,   ITC   e   SEJI,  representando  a  cidade  de  Palmas.      No   início   do  mês   de  maio,   o   CNE   conduziu   uma   oficina   de   alinhamento   direto  com   os   membros   do   Comitê   Intertribal,   em   que   foram   apresentadas   as  modificações  solicitadas  pelo   ITC  no  projeto  básico  e  um  novo  conceito  cênico.  Um   mês   antes,   engenheiros,   arquitetos   e   produtores   do   CNE   já   haviam   sido  colocados   à   disposição   do   Comitê   Intertribal   para   ajustes,   modificações   e  

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sugestões  ao  projeto,  bem  como  o  avanço  do  roteiro  de  abertura  e  encerramento  e  o  cronograma  do  evento.      Nesse  momento,   com  o   início  da   cobrança  por  parte  do  CNE   junto   ao   ITC  pela  apresentação  de  dados,  informações  e  resultados,  o  Comitê  Intertribal  iniciou  um  período   de   distanciamento   da   comunicação   com   os   demais   parceiros.   Foi  percebida   uma   certa   lentidão   e   resistência   nas   informações   que   deveriam   ser  compartilhadas   ou   que   eram   de   sua   responsabilidade   em   produzir,  demonstrando   pouca   confiança   no   trabalho   de   equipe   tanto   em   relação   ao  Ministério  do  Esporte  quanto  à  cidade  de  Palmas.  Esse  distanciamento  acarretou  no  atraso  do  planejamento  de  áreas  sensíveis  do  evento,  como  as  programações  das  cerimônias  de  abertura  e  encerramento  dos  Jogos,  bem  como  a  programação  desportiva,   artística   e   organizacional,   além   da   falta   de   informações   sobre   as  delegações  nacionais  e  internacionais  convidadas,  que  impactavam  diretamente  sobre  as  ações  dos  demais  órgãos  federais  envolvidos.    Houve  também  o  início  de  uma  atividade  paralela  por  parte  do  ITC,  com  ações  de  busca  de  patrocínio,  sem  o  conhecimento  dos  demais  parceiros.  Neste  período  o  CNE   tomou   o   conhecimento,   por   parte   do   ITC,   de   que   o   SEBRAE   também   se  tornara  parceiro  no  projeto,  assumindo  a  gestão  da  Feira  Mundial  de  Artesanato  Indígena.   Assim  que   tomou   conhecimento,   o   CNE   se   colocou   à   disposição   para  colaborar  em  plantas  e  no  direcionamento  básico  da  parte  cênica.  O  mesmo  não  ocorreu  com  o  patrocínio  da  Petrobras  para  a  programação  da  Oca  da  Sabedoria,  cujo  conhecimento  o  CNE  só  tomou  dias  antes  da  abertura  dos  Jogos.  Nunca  foi  reportado  o  valor  ou  as  formas  do  acordo.    Em   função   dessas   condições,   foi   preciso   rever   as   atribuições   designadas   na  Matriz  de  Responsabilidades,  por  falhas  na  colaboração  dos  partícipes  e/ou  por  insuficiência   de   competência   para   a   realização   da   responsabilidade   assumida,  sendo  necessário,  a  partir  do  mês  de  agosto,  a  revisão  das  atividades,  semana  a  semana,   a   fim   de   que   fossem   levantadas   as   dificuldades   e   realinhadas   as  atribuições  de  cada  um  dos  parceiros.    Congresso  Técnico    Com   a   formação   da   equipe   técnica   do   CNE   e   o   trabalho   diário   desses  especialistas,   avançou-­‐se   na   produção   do   Congresso   Técnico,   primeiro   grande  marco  dos  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas.  A  data  do  Congresso,  como  a  dos  próprios  Jogos,  já  havia  sido  adiada  em  30  dias,  a  fim  de  possibilitar  mais  tempo  para  a  assinatura  de  acordos,  contratações  e  a  própria  execução.      O   CNE   absorveu   a   responsabilidade   de   organizar   a  maior   parte   do   evento,   de  cuidar   do   bem   estar   de   seus   participantes   nacionais   e   internacionais   e   de  

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redimensiona-­‐lo  para  receber  um  público  quatro  vezes  maior  que  o  antecipado.  Os   recursos   para   a   contratação   dos   consultores   e   da   empresa   que   venceu   a  primeira   licitação   pública   do   projeto,   a   do   Congresso   Técnico,   entraram   dias  antes,   foçando   a   contratação  de  uma   empresa  pouco   experiente   em  produções  deste  porte  (Anexo  12.13).    A   direção   do   CNE   alertou   o   PNUD   para   a   pouca   experiência   e   ineficiência   da  empresa,  antes  do  evento.  De  todo  modo,  em  função  do  curto  espaço  de  tempo,  ela   foi   autorizada   e   o   CNE   acabou   acumulando   parte   das   obrigações   da  contratada  que  não  foram  cumpridas.  A  falta  de  informações,  o  distanciamento  e  a   demonstração   de   pouca   eficiência   do   ITC   em   algumas   tarefas,   acarretou   o  atraso  dos  itinerários  e  de  dados  dos  participantes  estrangeiros.  Houve,  também,  problemas   e   atrasos   na   emissão   de   bilhetes   das   delegações   estrangeiras   pela  agência   de   viagens   contratada   do   PNUD.   Apesar   de   ser   a   responsabilidade   do  ITC,   toda   a   comunicação   e   organização   em   torno   da   vinda   de   estrangeiros   ao  evento,   acabou   sendo   realizada   pela   equipe   técnica   do   CNE.   A   programação,  alterada  diversas  vezes,  deixou  lacunas  e  causou  improviso  na  área  de  traslados  e  receptivo.    Apesar  de  todo  esse  transtorno,  o  desempenho  e  a  dedicação  do  corpo  técnico  do  CNE  conduziu  o  evento  para  um  êxito  de  público,  ganhando  a  admiração  dos  chefes  de  delegações  e  participantes  internacionais.  Nas  palavras  do  Diretor  Executivo  do  CNE,  Luiz  André  Lobo,  os  exemplos  e  as  lições  que  se  aprendem  em  situações  como  esta  é  que  “não  importa  a  origem  dos  problemas  ou  quão  grande  eles  são,  mas  sim  o  esforço  de  uma  equipe  competente  para  solucioná-­‐los  de  maneira  transparente  para  o  público.”  Essa  era  uma  das  responsabilidades  desde  o  início  da  missão  do  CNE,  o  que  ficou  ainda  mais  evidente  a  partir  do  marco  do  Congresso  Técnico.      A   abertura   do   congresso   técnico   teve   a   participação   da   Presidente   Dilma  Rousseff,   de   seis  Ministros  de  Estado,  Governadores   e  mais  de  mil   convidados,  incluindo   representantes   de   23   países,   diplomatas,   membros   de   Organismos  Internacionais,   dentre   outras   autoridades.  A  programação   geral,   compreendida  de  uma  abertura  social,  com  cunho  artístico  e  político,  foi  seguida  de  reuniões  e  sessões  de  esclarecimento  por  parte  dos  organizadores  dos  Jogos,  com  os  líderes  indígenas  nacionais  e  internacionais,  considerados  os  Chefes  de  suas  Delegações,  acompanhados   por   representantes   dos   Ministérios   envolvidos   e   outros  apoiadores   do   evento.   O   objetivo   era   a   definição   de   regras   técnicas   e   dos  equipamentos  a  serem  utilizados  no  período  dos  Jogos,  bem  como  o  fechamento  da  programação  básica  do  evento.      Processo  de  seleção  das  etnias  brasileiras  participantes  

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Durante   o   Congresso   Técnico,   o   responsável   pela   área   desportiva   dos   Jogos,  Carlos   Terena,   apresentou   os   critérios   utilizados   pelo   Comitê   Intertribal  Memória  e  Ciência  Indígena  -­‐  ITC  na  seleção  das  etnias  brasileiras  para  participar  dos   I   JMPI.  Ele   informou  que   todas  as  etnias   foram  selecionadas  pelos  mesmos  critérios  utilizados  nas  edições  nacionais,  como  a  conservação  dos  costumes  de  cada   etnia,   o   idioma,   as   crenças,   os   ritos,   as   pinturas   corporais,   a  música   e   os  esportes  tradicionais  dos  povos.    

No   caso   das   etnias   brasileiras,   também   foi   pré-­‐requisito   a   participação   em  alguma   edição   dos   Jogos   Nacionais,   que   acontecem   desde   1996.   Bom  comportamento   e   cumprimento   das   regras   nas   edições   passadas   também  contaram  como  pontuação  para  conquistar  uma  vaga  nos   I   Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas.    

Além  disso,  o  ITC  não  segue  o  que  eles  intitulam  de  o  “Mapa  do  Branco”  (o  mapa  político   brasileiro),   e   sim   uma   geografia   étnica,   levando   em   conta   os   biomas  nacionais:   a   caatinga,   o   cerrado,   a   mata   atlântica,   a   floresta   amazônica,   os  pampas  e  o  pantanal.    

Os  indígenas  precisavam  ser  originários  de  suas  aldeias,  falar  a  língua  da  etnia  e  conhecer  sua  cultura.  Escolhida  a  etnia  participante,  coube  ao  cacique  e  ao  chefe  da  delegação  recrutar  seus  atletas  e  apresentar  as  componentes  das  delegações  diretamente  ao  ITC.  

 Princípios  dos  Jogos  Esportivos    Todas   as   programações   do   evento,   tanto   do   Congresso   Técnico,   quanto   das  partes  desportiva  e  cultural  dos  Jogos  ficou  a  cargo  do  ITC.  Durante  o  Congresso  Técnico  foram  apresentados  os  princípios  que  regeriam  os  I  JMPI.    Um   dos   principais   princípios   dos   Jogos,   elaborados   pelos   irmãos   Terena,   com  base  nos  Jogos  Nacionais,  era  a  celebração  em  vez  da  competividade,  sendo  este  o  lema  dos  I  JMPI:  “O  importante  não  é  ganhar  e  sim  celebrar”.    Também  não  houve  restrição  da   faixa  etária,  de  acordo  com  os  critérios  bebês,  crianças,  mulheres  e  velhos,  todos  puderam  participar.      Porém  algumas  disciplinas,   como   arco   e   flecha,   a   lança   e   canoagem,   de   acordo  com   as   tradições   da   maioria   dos   povos   da   América   do   Sul   são   praticados  somente  por  homens.  Isso  gerou  um  grande  debate  no  Congresso  Técnico  sobre  as   regras   dos   jogos  mundiais,   tendo   sido   solicitado   por   alguns   representantes  internacionais  a  participação  feminina  nos  Jogos  Demonstrativos.    Tradicionalmente,   a   figura   do   juiz   não   existe   e   tampouco   há   pódio   para  premiação;   é   um   evento   em   que   todos   são   campeões.   O  momento   em   que   no  

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Congresso  Técnico   foram   apresentadas   as  medalhas   também  gerou   um  debate  entre   as   diferentes   delegações.   As   decisões   sobre   que   disciplina   seria   de  competição   e   qual   seria   demonstrativa   foram   questionadas   e   várias   vezes  alteradas.    Outro   princípio   foi   que   os   materiais   usados   nas   práticas   esportivas   são   de  fabricação   individual   de   cada   atleta,   utilizando   todo   seu   conhecimento   e  tecnologia   tradicional   para   atender   às   demanda   em   cada   modalidade   de   que  venha  a  participar.  Os  materiais  deveriam  ser  extraídos  da  natureza.    A   seguir   alguns   depoimentos   sobre   as   modalidades   desportivas   durante   o  Congresso  Técnico3:    Marcos  Terena,  ITC  –  Arco  e  flecha  “Cada  povo  tem  um  tipo  de  flecha,  então  a  ideia  dos  jogos  era  que  cada  povo  que  venha  participar  da  flecha,  trouxesse  sua  flecha,  cada  país,  cada  povo  vem  com  sua  flecha  tradicional.”    Carlos  Terena,  ITC  -­‐  Lança  “A   lança   nós   vamos   ceder,   (...)   Porque   ela   é   uma   prova   incomum,   nós   vamos   ter  praticamente   três,   quatro  dias  para  aquele  atleta  que   vai   ser   o   lanceiro  de   cada  povo  fazer  uma  experiência  com  a  lança,  o  local  para  reconhecer.”    Carlos  Terena,  ITC  -­‐  Corrida  de  8400  metros  “Essa  corrida  é  para  homens  e  mulheres.  Cada  povo  poderá  inscrever  20  atletas,  10  homens   e   10  mulheres.   Nessa  modalidade   poderá   o   uso   de  tênis.   (...)   a   gente   faz  essa   recomendação  do  uso  das  pinturas  corporais  para   facilitar  a   identificação  e  reforçar  as  suas  origens  culturais.”    Carlos  Terena,  ITC  -­‐  Corrida  de  Tora  “Aqui   no   Brasil   nós   temos   corrida   de   tora   na   nossa   cultura.   Durante   seis   anos  (jogos)  a  cultura  de  tora  foi  e  ainda  é  demonstrativa  para  cada  povo,  porque  cada  povo   tem  a   sua  particularidade.  Uns   tem  a   tora  grande,   outros  pequenas,   outros  ainda  menor.  Durante  esse  período  muitos  chefes  indígenas  falam  assim:  "Carlos  eu  quero   correr   contra   o   xavante",   aí   outro   fala   assim   ''Eu   quero   correr   contra  o  Parakatejê'',   esse   pedido  nós   estamos   estudando,   para  um  dia  quem   sabe   fazer  uma  corrida  de  tora,  porque  algumas  coisas  nós  temos  que  ter  cuidado  aqui  irmão,   3  É   importante   notar   que   algumas   decisões   tomadas   durante   o   Congresso  Técnico,  a  respeito  de  várias  disciplinas,  tanto  de  jogos  de  competição  quanto  de  demonstração,   foram   finalmente   alteradas   durante   o   decorrer   dos   próprios  Jogos,   o   que   causou   grande   desconforto   e   inúmeras   reclamações   entre   as  diferentes  delegações,  especialmente  as  internacionais.  

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para   a   gente   não   pegar   uma   coisa   que   é   original   nossa   que   é   sagrada   e  ''esportivizar'',  isso  é  uma  coisa  que  temos  que  ter  cuidado.  Em  2004,  atendendo  a  esses   pedidos,   estudei  muito   uma   regra   para   fazer   possível   uma   corrida   de   tora  entre  os  povos  diferente.  Eu  lembro  que  o  grupo  aqui  do  Tocantins,  o  Krahô,  tem  a  tora  mais  pesada  que  eu  já  vi,  pesa  uns  120  -­‐  130  kg  a  tora  deles,  e  você  imagina  que  antes  da  prova  eles  colocam  a  tora  dentro  d'água  para  ela  ficar  mais  pesada  (...).  E  aí  eu  resolvi  fazer  uma  tora  neutra  que  ninguém  conhecia.  (...)  Então  há  essa  competição,  mas  também  há  as  demonstrações  peculiares,  particular  de  cada  povo  (...).”    Plano  de  interação  com  a  mídia    O  sucesso  de  mídia  gerado  no  Congresso  Técnico  facilitou  a  projeção  dos  Jogos.  A  presença  marcante  de  inúmeros  veículos  de  comunicação  no  Congresso  Técnico  acabou  por  demandar  um  redesenho  da  forma  de  comunicação  com  a  mídia  pelo  CNE   e   a   necessidade   de   formalizar   o   credenciamento   no   site   oficial   dos   Jogos.  Logo  após  o  Congresso,   foram  desenvolvidos  critérios  e  um  espelho  de  como  o  mesmo   aconteceria   online,   para   garantir   o   credenciamento   da   mídia   para   os  Jogos.  A  direção  do  CNE  já  havia  visitado  emissoras  e  redações,  apresentando  o  evento  e  demonstrando  que  o  mesmo  teria  enorme  sucesso  de  mídia.      O   excesso   de   preocupação   em   proteger   as   suas   informações   e   a   falta   de  compreensão  da  necessidade  do  dimensionamento  da  interação  com  a  mídia,  por  parte  do  Comitê  Intertribal,  causou  atrasos  e  mais  ruído  no  processo,  o  que  só  foi  contornado  meses  depois,  de  maneira  estratégica,  com  a  atuação  da  coordenação  de   comunicação   do   CNE   e   o   apoio   da   ASCOM   do   Ministério   do   Esporte,   do  Município  de  Palmas  e  do  Estado  do  Tocantins.  Finalmente,  teve  um  alinhamento  com   todos   os   partícipes   e   com   uma   nova   oportunidade   para   o   ITC   participar  ativamente  do  planejamento  de  toda  a  comunicação  do  evento.    Percepções  pós-­‐Congresso  Técnico    Depois   da   realização   do   Congresso   Técnico,   ficou   claro   que   a   equipe   do   CNE  estava  subdimensionada  e  ficaria  sobrecarregada  nos  próximos  meses,  que  seria  necessário   prever   e   improvisar   sobre   todo   o   tipo   de   atraso   na   execução   do  planejamento,   na   produção   dos   Jogos   e   no   repasse   de   recursos   ao   PNUD   pelo  Ministério.      Além   disso,   foi   feito   um   levantamento   do   impacto   que   o   atraso   no   repasse   de  recursos   afetaria   o   projeto   e   foi   apresentado   ao   Ministério   do   Esporte.   Como  previsto,  esses  atrasos  desencadearam  na  morosidade  da  aprovação  de  projetos  e  de  novas  contratações  de  pessoal  e  de  empresas  pelo  organismo  internacional,  

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não   importando  a  modalidade  de   contratação  escolhida  para  este  projeto,   a  de  fast  track.    Por  outro  lado,  foi  também  levado  em  consideração  os  atrasos  devido  à  ausência  de   decisões   claras   sobre   os   procedimentos   dos   jogos,   uma   vez   que   o   ITC  continuou   não   apresentando   uma   consolidação   e   sistematização   de   dados   e  informações  sobre  as  regras  e  a  programação.    Nessa   ausência   de   definições,   as   cobranças   aumentaram,   por   ordem   do  Ministério  e  da  Casa  Civil,  e  houve  um  recuo  ainda  maior  do  ITC  em  participar  de  reuniões,   fornecer   informações,  atuar  de  maneira  ativa  na  comunicação  com  os  estrangeiros  ou  em  participar  das  decisões  pertinentes  ao  evento,  junto  à  cidade  de  Palmas,  ao  Governo  Federal  e  ao  CNE.  O   ITC  também  começou  a  apresentar  demandas  novas  e  a  antagonizar  a  direção  do  Comitê  Nacional.    Olhando  em  perspectiva,  após  a  realização  dos  Jogos,  pode-­‐se  observar  a  falta  de  um   Comitê   Intertribal   Internacional   que   teria   como   responsabilidade   o  esclarecimento  das   regras,   princípios   e   a   programação  dos   Jogos,   alinhando   as  expectativas   dos   organizadores   às   demandas,   realidades   e   recomendações  apresentadas   pelas   delegações   internacionais   durante   a   realização   dos   Jogos,  auxiliando  todos  os  parceiros  envolvidos  na  organização  com  informações  vitais  para  o  processo.  

   

6.3 Áreas de Atuação do CNE  A  composição  do  CNE   foi  alterando  de  acordo  com  as  necessidades  do  projeto,  porém  a  sua   forma   inicial  pode  ser  encontrada  no  Anexo  12.2  que  apresenta  o  Organograma   e   a   descrição   das   funções   dos   consultores   contratados   para   dar  todo  o  suporte  técnico  necessário  para  o  Ministério  do  Esporte,  articulando  com  os  demais  partícipes.    Além   da   Coordenação   Geral,   que   incluiu   a   coordenação   de   parcerias,   da  infraestrutura,  do  planejamento,  da  gestão  de  conhecimento,  do  monitoramento  e  avaliação,  bem  como  a  parte  jurídica,  o  CNE  foi  inicialmente  responsável  pelas  seguintes  áreas:    

• Infraestrutura  • Produção  e  Credenciamento  • Hospitalidade  • Alimentação  e  Bebidas  

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• Cultura  • Comunicação  

 Para  não  haver  duplicidade  de   informações  providenciadas   em   relação   a   essas  áreas  de  atuação  do  CNE,  as  mesmas  serão  descritas   com  detalhes  na  parte  da  realização  do  evento.      Além  disso,  o  CNE  acabou  assumindo  também  o  apoio  nas  seguintes  áreas:    

• Comunicação   com   as   delegações   estrangeiras   e   a   organização   da  participação  das  mesmas;  

• Informações  sobre  as  tradições,  equipamentos  culturais  e  esportivos  e  do  artesanato   dos   povos   indígenas   do   exterior,   realizadas   por   meio   de  questionários  em  2   idiomas  (inglês  e  espanhol)  e  a  geração  de   informes  relevantes  por  área  (Anexo  12.9);  

• Análise   e   apoio   ao   desenvolvimento   do   Programa   do   Voluntariado   e   a  formação  dos  educadores,  monitores,  coordenadores  dos  voluntários  dos  Jogos;  

• Áreas  de  acessibilidade  dos  Jogos.    O   CNE   também   contribuiu   ao   desenvolvimento   dos   materiais   que   ajudaram  orientar  a  realização  dos  Jogos,  entre  eles:    

• Manuais   de   Procedimentos   (Anexo   12.5)   que   inclui   o   Manual   para  Delegações   internacionais,   Manual   da   Mídia,   Manual   do   Voluntariado,  Manual  do  Alojamento  das  delegações  internacionais;  

• Lista   das   delegações   internacionais   com   informações   sobre   as   tradições  culturais  e  esportivas,  artesanato,  entre  outros  (Anexo  12.7);  

• Comunicados   às   Delegações   Internacionais   em   português,   espanhol   e  inglês   sobre   o   Congresso   Técnico,   Questionário,   Convite   com  Responsabilidades  do  Governo  Brasileiro  (Anexo  12.9);  

• Manual  de  Hospitalidade  e  Turismo  (Anexo  12.11);  • Conceito  da  Alimentação  e  Bebidas  (Anexo  12.12).  

 Um  outro  grande  desafio  foi  relacionado  ao  entendimento  jurídico  e  à  legislação  nacional  e   internacional  sobre  temas   indígenas,  que  deveriam  ser  observadas  e  levadas   em   consideração   na   preparação   para   a   realização   de   um   encontro   de  povos  indígenas  de  caráter  internacional.    Como  o  Dr.  Marcelo  Barros,  consultor  jurídico  do  CNE,  observa:    

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“O   primeiro   desafio   é   a   definição   de   como   vão   ser   tratados   os   índios,   não   só   os  índios  nacionais,  porque  a  lei  protege  e  tem  toda  uma  codificação  especial  para  o  índio  nacional,  o  Estatuto  do  Índio,  mas  como  o  índio  estrangeiro  vai  ser  tratado.  Se  vai  ser  tratado  como  um  estrangeiro  ou  um  se  vai  ser  tratado  como  índio.      Acredito  que  ele  deve  ser  tratado  como  índio.  Porque  ele  é  índio  e,  índio  é  índio  em  qualquer   lugar.   Embora   o   estatuto   brasileiro   trate   do   índio   brasileiro,   a   nível  internacional  existe  uma  regulamentação  da  ONU,  que  o  Brasil  é  signatário.  Então  todas   as   questões   intencionais   em  que   a  ONU   instituiu,   o   Brasil   pode   ser   ou   não  signatário.   Neste   caso   ele   é,   e   acompanha   os   direitos   humanos   relacionados   aos  índios  que  a  ONU  estabeleceu.    O   Índio   Brasileiro   e   o   índio   de   um  modo   geral   estão   amparados,   só   que   a   gente  precisa  definir  a  questão  de  como  o  índio  estrangeiro  vai  ser  tratado  aqui  no  Brasil.  Nós   temos   reuniões   (...)   junto   com   a   Casa   Civil,   Polícia   Federal,   junto   com   o  Ministério  da  Agricultura,  ANVISA  etc...  para  podermos  definir  não  só  o  tratamento  que  o   índio  vai   ter,  e  o  que  ele  vai  poder  trazer.  Porque  existem  muitas  barreiras  sanitárias,  existem  barreiras  legais  para  a  entrada  de  produtos  no  Brasil.  (...).”      Nesse  sentido  as  conquistas  realizadas  em  parceria  com  a  FUNAI,  o  IBAMA  e  com  os   governos   de   Palmas   e   Tocantins,   além   do   Governo   Federal,   foram  imprescindíveis  para  a  realização  dos  I  JMPI.    Finalizando  essa  fase,  na  véspera  do  começo  dos  Jogos  ficou  evidente  que  muitos  desafios  encontrados  durante  o  processo  preparativo  impactaram  na  realização  e  no  andamento  dos  jogos,  pelo  caráter  inédito  e  único  do  evento  proposto.        

6.4 Parcerias  Durante   o   processo   de   desenvolvimento   do   projeto,   as   seguintes   parcerias  institucionais  foram  estabelecidas:    ANAC,   ANVISA,   CONAERO,   INFRAERO,   MAPA,   MRE,   RECEITA   FEDERAL   e  POLÍCIA   FEDERAL   –   Responsáveis   pelas   ações   conjuntas   para   viabilizar   a  entrada  das  delegações   internacionais  no  Brasil,  bem  como  seus  equipamentos  desportivos,   artesanatos,   substâncias   entorpecentes   para   rituais   sagrados,  alimentos  típicos  ou  especiais,  etc.;    CASA   CIVIL   –   Responsável   por   coordenar   e   monitorar   as   ações   de   todos   os  envolvidos  na  Parceria  Interministerial  Ampliada,  criada  para  este  projeto;  

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EMBRATUR  e  MTUR  –  Responsáveis  por  orientar  e   coordenar  o  Plano  de  Ação  para  o  recebimento  de  turistas,  junto  à  Coordenação  de  Hospitalidade  e  a  cidade  de  Palma;  FUNAI  –  Responsável  por  monitorar  o  deslocamento  dos   indígenas  nacionais  e  fazer  recomendações  para  os  internacionais,  bem  como  dar  suporte  à  Casa  Civil  no  trato  das  questões  indígenas  durante  o  período  dos  Jogos;  IBAMA  –  Responsável  por  dar  as  orientações  relacionadas  ao  uso  de  fauna  e  flora  brasileira,   sobretudo   nos   artesanatos   comercializados   na   Feira   de   Artesanatos  dos  Jogos  e  por  coibir  a  venda  de  artesanatos  fora  dos  padrões  fora  do  perímetro  dos  Jogos;  MDA   –   Responsável   pela   realização   da   II   Feira   Nacional   da   Agricultura  Tradicional   Indígena,   com   troca   de   sementes   entre   os   indígenas   e   venda   de  produtos  produzidos  por  comunidades  indígenas;  MRE  –  Responsável  pela  ações  de  emissão  de  visto  de  cortesia  para  os  delegados  internacionais  oficiais,  bem  como  pelas  comunicações  oficiais  diplomáticas  com  os  ministérios  das  relações  exteriores  dos  países  participantes.  Responsável  pela  elaboração   do   plano   para   o   receptivo   de   eventual   participação   de   Chefe   de  Estado  de  outros  países,  junto  à  CONAERO;  MS   –   Responsável   por   criar   parâmetros   de   saúde   para   a   realização   dos   Jogos,  desde   a   saída   dos   indígenas   de   suas   tribos   até   o   retorno,   tanto   os   nacionais  quanto  os   internacionais,   além  do  público  em  geral  do  evento,   coordenando  as  ações  junto  à  SEJI  e  toda  a  estrutura  de  saúde  da  cidade  de  Palmas;  PNUD   –   Responsável   pelo   Programa   de   Voluntariado:   apoio   técnico   para   a  realização   do   Programa   do   Voluntariado   em   conjunto   com   o   ITC,   a   SEJI   e   a  Universidade  Federal  de  Tocantins;  SEBRAE   –   Responsável   pela   realização   da   I   Feira   Mundial   do   Artesanato  Indígena;  SESGE  –  Responsável  por  fazer  o  plano  de  segurança  dos  Jogos,  coordenando  as  ações  com  todos  os  órgãos  envolvidos  em  nível  estadual  e  municipal;  UNIVERSIDADE  FEDERAL  DE  TOCANTINS  –  Responsável  por  colaborar  com  as  ações  do  Programa  de  Voluntariado  e  com  o  planejamento  e  execução  das  ações  da  Coordenação  de  Alimentos  e  Bebidas  dos  Jogos.      

7. Realização dos I JMPI 2015  A   realização   dos   I   JMPI   2015   enfrentou  múltiplos   desafios,  muitos   conhecidos  desde  o  Congresso  Técnico,  outros  que  surgiram  devido  aos  atrasos  na  execução  do  planejamento,  na  produção  dos  Jogos  e  no  repasse  de  recursos  ao  PNUD  pelo  Ministério.   Ainda   assim,   o   principal   objetivo   de   todos   os   envolvidos   foi   o   de  

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encontrar  a  maneira  mais  apropriada  de  conduzir  os  I  JMPI  ao  seu  fenomenal  e  merecido  sucesso.      Desta  maneira,  este  capítulo  relata  sobre  os  desafios  e  as  soluções  encontradas  pelo  CNE,  tanto  a  sua  coordenação  em  geral,  como  as  áreas  de  responsabilidade  do  CNE  em  específico.  

   

7.1 Objetivos e Público-Alvo  Objetivos    Realizar   com   sucesso   os   I   JMPI   2015   pela   execução   das   áreas   de  responsabilidade  do  CNE,  bem  como  encontrar  de  maneira  coletiva  as  respostas  necessárias,   tendo   em   vista   os   desafios   do   processo   do   desenvolvimento   dos  Jogos.    Público  direto    

• Delegações  nacionais;  • Delegações  internacionais;  • Celebridades  e  cerimonial;  • Instituições  parceiras;  • Mídia  local,  nacional,  internacional;  • Agentes  de  turismo  em  Palmas;  • Agentes  culturais  de  Palmas  e  TO;  • Voluntários.  

 Público  indireto    

• Público  geral  de  Palmas,  Tocantins,  Brasil  e  internacional;  • Organizações  da  sociedade  civil.  

   

7.2 Execução dos I JMPI 2015  Descrição  geral  do  evento    

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Considerando   os   desafios   apresentados   na   parte   do   processo   de  desenvolvimento  do  evento,  a  realização  dos  Jogos  sofreu  as  consequências  dos  atrasos  e  dos  processos  que  influenciaram  a  sua  execução.    Por  mais  que  a  equipe  fosse  redimensionada,  os  conflitos  entre  os  parceiros  do  projeto   e  os  problemas  de  orçamento   seriam  as  principais  barreiras  principais  para   a   etapa   de   execução.   Na   área   de   infraestrutura,   como   exemplo,   foram  enfrentadas  discrepâncias  e  resistência  ao  modelo  de  contratação  recomendado  pelos   consultores   coordenadores   de   projetos   e   o   Organismo   Internacional.   Os  atrasos  do  repasse  de  orçamento  por  parte  do  Ministério  do  Esporte  agravaram  ainda  mais  essas  decisões.    Sem   pormenorizar   a   importância   das   regras   e   a   experiência   do   PNUD   em  grandes  eventos,  observou-­‐se  uma  resistência  do  organismo  em  compreender  os  precedentes  e  desafios  do  CNE,  colocando  experiências  passadas  com  o  Esporte,  em  comparação  a  um  evento  nada  comum.  Foram  necessários  acordos  mediados  pelos   Secretários   do  Ministério   durante   o   processo,   e,   por   vezes,   pelo   próprio  Ministro.      Controvérsias   na   articulação   política   atrasaram   muito   o   processo.   Somadas   à  demora  no  repasse  de  recursos,  bem  como  aos  ruídos  na  comunicação  com  o  ITC,  comprometeram   o   início   e   a   tranquilidade   na   condução   das   atividades   em  Palmas.   Chegou   um  momento   em   que   o   mais   prudente   a   ser   feito   foi   montar  estratégias  que  pudessem  garantir  uma  adaptação  à  realidade  que  foi  enfrentada  até  o  final  da  execução  dos  Jogos.  A  finalização  do  cronograma,  da  programação  dos  Jogos  e  novos  conflitos  entre  Palmas  e  o  ITC  e  mesmo  com  a  equipe  do  CNE,  são  alguns  exemplos  dos  desafios  enfrentados.      Com   as   demandas   de   tempo   impostas   ao   projeto   e   as   cobranças   de   outros  envolvidos   e   da   própria   Casa   Civil   por   cronogramas,   informações   sobre   o  números  de  participantes,  programação  e  cronogramas  de  atividades,  questões  alfandegárias,   entre   outras,   o   CNE   se   colocou   na   posição   de   protagonista   para  obter  essas  informações  e  se  comunicar  com  os  participantes  estrangeiros,  com  as   empresas,   com   a   imprensa,   entre   outras   funções   que   sobrecarregaram   a  equipe  que  não  havia  sido  dimensionada  para  atender  a  todas  essas  questões.      Ocorreram  também  algumas  desistências  de  profissionais  envolvidos  no  projeto  e   com   novas   demandas,   a   direção   do   CNE   decidiu   por   realocar   alguns  coordenadores  para   áreas  diferentes,   aproveitando   ao  máximo  a  habilidade  de  cada  um.      

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Alguns  fatores  são  importantes  de  serem  enfatizados,  ilustrando  bem  o  momento  delicado  enfrentado  nessa  fase  de  execução  do  projeto:    

• Os   contratos   dos   consultores   só   foram   assinados   em   Junho   de   2015,  quatro  meses  e  meio  antes  o  evento;  

• A   integradora   que   montou   a   estrutura   dos   Jogos,   começou   a   trabalhar  depois  de  excedido  os  prazos  máximos  de  segurança  para  a  finalização  das  obras,  estabelecidos  pelos  consultores  da  área  de  infraestrutura,  uma  vez  que   a   empresa   somente   foi   adjudicada   45   dias   depois   da   abertura   das  propostas  e  da  decisão  e  contratada  menos  de  30  dias  antes  do   início  do  evento;  

• A   empresa   de   alimentação   que   executou,   com   enorme   êxito,   a  responsabilidade   de   alimentar   quase   duas   mil   pessoas   por   dia,   foi  contratada  poucos  dias  antes  da  chegada  das  delegações;  

• Os   consultores   trabalharam   sem   acesso   à   qualquer   tipo   de   telefonia  celular,   mesmo   quando   em   campo,   responsabilizando-­‐se   por   despesas  extraordinárias   de   comunicação,   uma   vez   que   o   serviço   solicitado   não  pode  ser  contratado  por  um  problema  interno  do  PNUD;  

• Muitas  das   responsabilidades  de  Palmas   e  do   ITC   foram  absorvidas  pela  equipe  do  CNE;  

• A   programação   finalmente   aprovada   pelo   ITC   não   incluía   demandas   da  cidade   de   Palmas,   como   a   realização   de   jogos   de   futebol   no   período  noturno   ou   a   participação   sistematizada   das   delegações   estrangeiras,   o  que   ocasionou   uma   situação   delicada   e   conflitiva   com   os   atletas  internacionais,  no  período  anterior  ao  início  dos  Jogos,  se  estendendo  até  três  dias  após  a  cerimônia  de  abertura.    

Sobre   o   último   item,   o   CNE   precisou   tomar   a   iniciativa   e   atuar   de   maneira  bastante   protagonista   para   dar   a   direção   na   resolução   das   demandas   na  programação   dos   Jogos   por   parte   dos   participantes   estrangeiros,   realizar  alterações  diárias  na  programação  e  reportá-­‐las  ao  Comitê  Intertribal,  Casa  Civil  e  ao  Município.  Foi  também  obrigado  a  responder  por  promessas  feitas  pelo  ITC  a   estes   participantes   com   relação   a   acomodações   e   passagens   aéreas,   as   quais  iam  além  do  compromisso  e  da  responsabilidade  do  CNE.      A  união  dos  Governos  Estadual,  Municipal,  o  Ministério  do  Esporte  e  a  Casa  Civil,  trouxe  soluções  improvisadas  para  todas  essas  áreas.      Nesse   sentido,   a   atuação   do   CNE   necessitou   que   o   seu   papel   fosse   além   do  esperado,   por   precisar   agir   como   gestores   políticos   e   diplomáticos   do   projeto,  como  mediadores  de  conflitos.  Teve  de  atuar  em  questões  e  controvérsias  entre  os   demais   parceiros,   ou   para   suprir   deficiências   no   trabalho   dos   demais  

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parceiros,  ora  por  demanda  apresentadas  por  eles,  ora  por  questões  detectadas  por  agentes  externos  ou  pelo  próprio  CNE.      Até  mesmo  as  primeiras  mediações  entre  o  PNUD  e  o  ME,  ou  do  ME  com  a  Casa  Civil   foram   conduzidas   por   consultores   na   coordenação   do   Comitê  Nacional.   O  CNE   também   assumiu   toda   a   organização   e   sistematização   das   informações  sobre   as   delegações   estrangeiras,   o   receptivo   e   organização   do   transporte   em  Palmas,  a  resolução  de  conflitos  sobre  a  programação  e  as  emergências  e  crises  comuns  a  todo  grande  evento.    Em   consequência,   isso   deu   espaço   para   o   crescimento   dos   improvisos.   Alguns  dos   desafios   entre   o   CNE   e   o   PNUD   foram   mediadas   com   a   interferência   do  próprio  Ministro  do  Esporte,  em  contato  com  o  Diretor  Executivo  do  CNE,  ou  pela  improvisação   e   dedicação   do   Comitê   ao   projeto.   A   Casa   Civil   assumiu   também  uma   responsabilidade   extraordinária,   resolvendo   e   mediando   outros   tipos   de  conflitos  juntos  a  representantes  do  ME,  a  cidade  de  Palmas  e  outros  Ministérios.    O  CNE  também  agiu  na  captação  de  recursos  externos,  que   infelizmente  não  se  concretizaram  por   falta  de   conhecimento   sobre  o   evento,   pela   crise   econômica  instalada  no  país  e  um  certo  zelo  (mesmo  por  parte  das  empresas  públicas)  com  investimento  em  um  evento  do  Governo.      Outro   fator  negativo   foi  o   tempo  para  a  realização  da  captação.  Para  garantir  o  apoio   das   empresas,   sobretudo   as   privadas,   esse   processo   deveria   ter   iniciado  mais  cedo,  com  pelo  menos  um  ano  de  antecedência,  antes  do  fim  do  ano  fiscal  anterior.   Além   disso,   fez   falta   durante   as   tentativas   de   captação   um   pedido  institucional  do  ME  ou  da  própria  presidência,  muitas  vezes  recomendado,  mas  nunca   concretizado.   Os   atrasos   na   assinatura   de   contratos   e   nos   repasse  prejudicaram  o  CNE  atrás  nessa  tarefa.      Avançou-­‐se   para   os   dias   que   antecederam   os   Jogos   e   toda   a   equipe   de  consultores  e  de  apoio  foi  mobilizada  para  acompanhar  e  dar  encaminhamento  a  todas   as     demandas   levantadas   pela   precursora   da   Presidência   da   República.  Foram   três   visitas   prévias,   além   das   ações   no   dia   da   abertura,   envolvendo  agentes   de   segurança,   forças   policiais,   ABIN   e   cerimonial.   Muito   teve   que   ser  viabilizado,   reestruturado   e   redimensionado   para   receber   a   Presidente   no  evento,   mas   a   confirmação   de   sua   presença   projetou   ainda   mais   o   evento   e  contou  com  o  esforço  de  todos  os  parceiros  neste  sentido.      Houve   um   reconhecimento   bastante   entusiasmado   da   equipe   especial   de  segurança,   comunicação   e   logística   da   presidência   ao   trabalho   do   CNE   e   ficou  certo,   apesar   de   alguns   percalços,   de   que   a   abertura   seria   um   sucesso.   Assim  

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foram  também  os  dias  que  a  sucederam,  apesar  de  conflitos  e  estresses  diários  e  uma  improvisação  constante  no  trato  de  todas  as  ações  que  foram  demandadas  de  última  hora.      Como  é  de  conhecimento  do  senso  comum,  nenhum  evento  deste  porte  termina  com  planilhas  elaboradas  na  fase  de  planejamento.  Ocorreram  custos  adicionais  em  função  de  necessidades  e  iniciativas  que  precisaram  ter  soluções  tomadas  de  última  hora,  a  fim  de  reparar  atrasos  e  vários  pedidos  feitos  por  agentes  de  todo  o   projeto,   incluindo   a   precursora   da   Presidência   da   República.   Nada   sem   o  consentimento  e  participação    ativa  do  Ministério  do  Esporte,  do  PNUD  e  de  seus  representantes.   Algumas   adaptações   também   foram   necessárias   para   atender  características  regionais  e  necessidades,  detectada  pelos  consultores  in  loco.    De  todo  modo,  um  projeto  foi  concluído  com  um  enorme  sucesso  de  público  e  de  mídia  (ver  Anexo  12.4.6).  Esse  sucesso  foi  mérito  de  todos  os  atores  envolvidos.  O  mais  relevante  de  todo  o  processo   foi  vencer  enormes  desafios,  garantindo  o  êxito   de   crítica   internacional   e   de   público,   sem   deixar   o   estresse   e   as  improvisações  transparecerem  para  o  público  no  resultado  final.      Os  relatos  das  demais  áreas  de  atuação  serão  descritos  na  parte  a  seguir.      

7.3 Atuação do CNE por Áreas  

7.3.1 Infraestrutura    

Atividades  realizadas  

 

Em   março   de   2015,   foram   iniciados   os   projetos   de   infraestrutura   dos   Jogos  Mundiais   dos   Povos   Indígenas.   Após   uma   visita   técnica   ao   local,   um  levantamento  para  melhor  entendimento  do  escopo  do  projeto  e  contato  com  as  equipes   responsáveis   pela   organização   do   evento,   o   planejamento   de   estudo  preliminar  foi  traçado.    

Por   ser   um   evento   de   grande   porte,   nunca   antes   realizado   e   de   estruturas  provisórias   necessárias,   levou-­‐se   em   consideração   a   experiência   da   equipe  nas  execuções  de  trabalhos  anteriores.  Buscou-­‐se,  ainda,  atender  às  necessidades  do  Comitê   Intertribal   Memória   e   Ciência   Indígena   -­‐   ITC   na   área   de   implantação  demarcada  pela  Secretaria  dos  Jogos  e  Prefeitura  de  Palmas.  

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Com   o   programa   de   necessidades   elaborado,   as   ações   de   infraestrutura   foram  realizadas  em  três  áreas:  Vila  dos  Jogos,  Ocara  e  Estruturas  auxiliares.  

Ainda   durante   a   etapa   de   implementação   da   infraestrutura,   a   equipe   foi  responsável   também   por   acompanhar   a   evolução   das   obras   de   terraplanagem  água,  esgoto  calçamentos  e  arruamento.  

 

Vila  dos  Jogos:  

-­‐ Portal   de   entrada   principal   e   de   serviço   do   evento   com   catracas,  detectores  de  metais  e  Mag  &  bags  (Raios-­‐X  de  volumes);  

-­‐ Arena  para  competições  desportivas  e  apresentações;    

-­‐ Oca  da  Sabedoria  (área  de  interlocução  e  apresentações  artísticas);  

-­‐ Oca   Digital   (espaço   de   inclusão   digital   indígena   com   computadores  conectados  a  internet);  

-­‐ Feira  do  SEBRAE  (espaço  de  venda  de  artesanato  indígena);  

-­‐ Feira  do  Ministério  do  Desenvolvimento  Agrário  (espaço  destinado  à  troca   de   sementes   entre   as   tribos   indígenas   nacionais   e  comercialização  de  produtos  produzidos  por  indígenas  cadastrados);  

-­‐ Área  para  credenciamento  de  prestadores  de  serviços  e  indígenas;  

-­‐ Área   dos   Atletas   (espaço   de   descanso   e   espera   para   a   entrada   na  Arena);  

-­‐ Centro  de  Mídia/Sala  de  Conferência  (reservado  aos  jornalistas);  

-­‐ Centro  de  Monitoramento  de  Crise  (através  do  CATV);  

-­‐ Banheiros  públicos;  

-­‐ Escritórios   destinados   aos   órgãos   e   empresas   relacionadas  diretamente  aos  Jogos;  

-­‐ Sala   de   reunião   à   disposição   da   Casa   Civil,   Ministério   do   Esporte   e  demais  partícipes;    

-­‐ Guaritas;  

-­‐ Área  de  Carga  e  Descarga;  

-­‐ Refeitório  de  serviço;  

-­‐ Serviços   Públicos,   área   destinada   aos   órgãos   públicos   (Direitos  Humanos,   Polícia   Militar,   Polícia   Civil,   Itamaraty,   Juizado   Especial   e  ANVISA);  

-­‐ Tribuna  de  Imprensa  (área  para  transmissão  e  acompanhamento  dos  eventos  na  Arena);  

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-­‐ Áreas  VIP  e  VVIP  (Camarotes  na  Arena  para  autoridades);  

-­‐ Espaço  reservado  para  descanso  e  espera  dos  voluntários.  

 

Ocara:  

-­‐ Residência  temporária  das  24  etnias  indígenas  brasileiras;  

-­‐ Refeitório  para  os  indígenas  nacionais.  

 

Estruturas  auxiliares:  

-­‐ Arquibancada  de  público  nos  dois  campos  de  futebol  localizados  em  áreas  fora  da  vila  dos  jogos;  

-­‐ Arquibancada  e  área  de  apoio  para  jogos  aquáticos.    

 

Logo   após   a   Cerimônia   de   Encerramento   dos   Jogos,   teve   início   o   processo   de  desmontagem  das  partes  técnicas  dos  elementos  de  cenografia  (pira  e  geradores  que   não   seriam   mais   usados).   Nos   dias   seguintes,   as   estruturas   foram  desmontadas   na   seguinte   sequência:   cenografia,   mobiliário,   divisórias,  contêineres,  pisos,  tendas  e  arquibancadas.  

 

Projetos  complementares  de  elétrica  e  hidráulica:  

O   projeto   de   elétrica   foi   desenvolvido   para   atender   às   demandas   do   projeto  arquitetônico,   com   escopo   na   locação   e   fornecimento   de   conjunto   de   grupos  geradores   da   energia   doméstica,   alimentadores,   quadros   gerais   e   parciais   de  distribuição,  tomadas,  luminárias,  pontos  de  força,  iluminação  cênica  de  forma  a  contemplar  todos  os  setores  abaixo  relacionados:  

 

Setor  1  -­‐  G1/G2  -­‐  400kVA  

-­‐ Tenda  Credenciamento  e  Tenda  Ticket  Center;  

-­‐ Tenda  Polícia  Militar;  

-­‐ Tenda  Polícia  Civil;  

-­‐ Tenda  Juizado  Especial;  

-­‐ Tenda  Achados  e  Perdidos;  

-­‐ Tenda  Posto  Brigada;  

-­‐ Tenda  Posto  Médico;  

-­‐ Tenda  Centro  de  Informações;  

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-­‐ Tendas  M&B;  

-­‐ Contêineres  Banheiros;  

-­‐ Tenda  MDA.  

 

Setor  1  -­‐  G1C/G2C  -­‐  550kVA  

-­‐ Iluminação  Cênica  do  Pórtico  de  Entrada  e  M&B;  

-­‐ Iluminação  Cênica  do  MDA  (Feira  de  Agricultura  Familiar);  

-­‐ Iluminação  Cênica  Credenciamento/Ticket  Center.  

 

Setor  2  -­‐  G3/G4  -­‐  260kVA  

-­‐ Tenda  Monitoramento  de  Crise;  

-­‐ Tenda  Guarita;  

-­‐ Contêineres  Banheiros;  

-­‐ Tenda  Centro  de  Mídia;  

-­‐ Tenda  Sala  de  Conferências.  

 

Setor  2  -­‐  G3C/G4C  -­‐  170kVA  

-­‐ Iluminação  Cênica  do  Centro  de  Mídia;    

-­‐ Sala  de  Conferência.  

 

Setor  3  -­‐  G5/G6  -­‐  400kVA  (Standby)  

-­‐ Tendas  Carga  e  Descarga;  

-­‐ Contêiner  Banheiros;  

-­‐ Tenda  M&B;  

-­‐ Tenda  Voluntários;  

-­‐ Tenda  Refeitório  Prestadores;  

-­‐ Contêiner  Depósito  Seco;  

-­‐ Contêiner  Depósito  Refrigerado;  

-­‐ Contêiner  Escritório;  

-­‐ Contêiner  Broadcast.  

 

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Setor  4  -­‐  G7/G8  -­‐  500kVA    

-­‐ Tendas  M&B;  

-­‐ Área  de  Hospitalidade;  

-­‐ Tenda  área  VIP;  

-­‐ Tenda  área  VVIP;  

-­‐ Tenda  Tribuna  de  Mídia;  

-­‐ Cozinha  área  VIP;  

-­‐ Tenda  área  dos  Atletas;  

-­‐ Posto  Médico;  

-­‐ Contêiner  Banheiros.  

 

Setor  4  -­‐  G5C/G6C  -­‐  400kVA  

-­‐ Iluminação  Cênica  da  Fachada/Entrada/Funcional  da  Arena.  

 

Setor  5  -­‐  G9/G10  -­‐  500kVA  

-­‐ Contêiner  Sanitário;  

-­‐ Tenda  M&B;  

-­‐ Oca  da  Sabedoria;  

-­‐ Tenda  Guarita;  

-­‐ Oca  Digital.  

 

Setor  5  -­‐  G7C/G8C  -­‐  260kVA  

-­‐ Iluminação  Cênica  da  Oca  Digital;  

-­‐ Iluminação  Cênica  da  Oca  da  Sabedoria;  

-­‐ Iluminação  Cênica  do  deck  entre  as  Ocas  Digital  e  da  Sabedoria.  

 

Setor  6  -­‐  G11/G12  -­‐  25kVA  

-­‐ Arquibancada  Junto  ao  Rio  para  provas  aquáticas.  

 

Setor  7  -­‐  G13/G14  -­‐  260kVA  

-­‐ Tenda  Posto  Médico  Ocara,  

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-­‐ Tenda  Refeitório  Ocara,  

-­‐ Área  da  Ocara.  

 

Luz  Cênica  da  Praça  de  Alimentação  -­‐  G9C/G10C  -­‐  400kVA.  

Luz  Cênica  da  Abertura  e  Encerramento  do  Evento  -­‐  G11C/G12C  -­‐1000kVA.  

Por   ser   um   evento   de   nível   internacional,   as   instalações   elétricas   foram  formatadas   considerando   a   disponibilidade   de   duas   fontes   de   suprimento   de  energia,   uma   local,   da  Casa,   fornecida  pela  ENERGISA   (Concessionária   Local)   e  outra  pelas  Ilhas  de  geradores  fornecidos  pela  INTEGRADORA.  

A  ENERGISA  executou  toda  a  Rede  de  Distribuição  em  Média  Tensão,  incluindo  o  fornecimento   e   a   instalação   dos   Transformadores   de   75   e   150kVA,   conforme  solicitado  pela  Coordenação  de  Infraestrutura.  

Coube   à   INTEGRADORA   executar   a   interligação   entre   a   saída   dos  transformadores  e  os  quadros  de  reversão  das   Ilhas  de  Geração,  contemplando  cabeamento,  proteção,  medição  e  aterramento,  segundo  as  normas  da  ENERGISA.  

Foi  utilizado  no  evento  o  Suprimento  de  Energia  100%,  por  meio  da  utilização  dos   geradores   em   paralelo   e   sincronizados,   garantindo   a   redundância   do  sistema,  ficando  a  Energia  da  Casa  (ENEGISA)  como  backup  para  o  caso  de  pane  de  uma  das  Ilhas  de  Geração.  Fora  do  horário  do  evento  foi  realizada  a  reversão  em  todas  as  Ilhas  de  Geração,  passando  a  ser  utilizado  100%  da  Energia  da  Casa  (ENERGISA)  ficando  os  Geradores  como  backup.  

A  reversão  do  fornecimento  de  energia   foi  manual  e  realizada  de  acordo  com  a  programação  do  evento.  Os  Quadros  de  Reversão  foram  instalados  nas  Ilhas  de  Geradores,  onde  estava  disponível  um  ponto  de  suprimento  de  elétrica  da  Casa,  disponibilizado  pela  ENERGISA.  

O  Quadro  de  Reversão  alimentou  o  QGBT-­‐GMG  de  cada  uma  das  Ilhas  de  Geração  e  deste  quadro  foram  alimentados  os  diversos  QDG  ou  QDM,  conforme  diagrama  unifilar   dos   Setores.   Dos   QDG   ou   QDM   foram   alimentados   os   quadros   de  distribuição   de   luz,   tomadas,   força   e   pontos   de   ar   condicionado   rooftop   que  alimentaram  as  tendas  e  os  contêineres.  

 

Relação  de  Desenhos  do  Projeto  Básico  de  Elétrica  desenvolvido  para  o  evento:  

Elétrica  Ilha  de  Geradores  Setor  1  -­‐  EL01  

Elétrica  Ilha  de  Geradores  Setor  2  -­‐  EL02  

Elétrica  Ilha  de  Geradores  Setor  3  -­‐  EL03  

Elétrica  Ilha  de  Geradores  Setor  4  -­‐  EL04  

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Elétrica  Ilha  de  Geradores  Setor  5  -­‐  EL05  

Elétrica  Ilha  de  Geradores  Setor  6  e  7  -­‐  EL06  

Elétrica  Modelo  Diagrama  GMG  /QGBT/QG  -­‐  EL07  

 

Resumo  das   instalações  complementares   implantadas  durante  o  evento  na  Vila  dos  Jogos  e  na  Ocara:  

-­‐ Geradores  instalados  (25  unidades);  

-­‐ Ar  condicionado  (janela,  split  e  rooftop  -­‐  700  tr);  

-­‐ Climatizadores  de  ambiente  (42  unidades);  

-­‐ Refletores  para  iluminação  cênica  (244  unidades);  

-­‐ Telão  de  alta  resolução  (03  unidades);  

-­‐ Sistema  de  sonorização  (03  unidades);  

-­‐ Luminárias  (800  unidades);  

-­‐ Tomadas  (600  unidades);  

-­‐ Quadros  de  distribuição  (50  unidades);  

-­‐ Câmeras  fixas  (80  unidades);  

-­‐ Câmera  móvel  (10  unidades);  

-­‐ Central  de  monitoramento  (01  unidade);  

-­‐ Ponto  de  CFTV  (06  unidades);  

-­‐ Computadores  em  rede  (20  unidades).  

 

Projeto  de  rede  hidráulica,  esgoto  e  engenharia  civil  

Os   serviços   desenvolvidos   na   área   de   engenharia   civil,   para   a   realização   dos  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas,  tiveram  como  escopo:  

-­‐ Levantamento   preliminar   da   situação   da   infraestrutura   local   para  utilização  de  espaços  e  instalações  existentes;  

-­‐ Elaboração  e  execução  de  projetos  hidro-­‐sanitários  para  atendimento  das  demandas  nos  espaços  do  evento;  

-­‐ Execução   de   eventuais   obras   civis   para   atendimentos   pontuais   nas  montagens  das  estruturas  temporárias  do  evento.  

As  áreas  beneficiadas  com  o  abastecimento  de  água  e  coleta  de  esgotos  foram  a  de   hospedagem   das   etnias   brasileiras,   denominada   Ocara   e   o   espaço   Vila   dos  Jogos  onde  ocorreu  a  realização  do  evento.  

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O  trabalho  de  implementação  nessas  áreas  se  desenvolveu  com  base  na  parceria  entre   as   equipes   de   infraestruturas   do   Comitê   Nacional   Executivo   -­‐   CNE,   da  Secretaria   dos   Jogos   Indígenas   Mundiais   -­‐   SEJI   e   do   corpo   técnico   da   área   de  projetos,   execução   e   manutenção   da   concessionária   local   de   água   e   esgoto.  Foram   implementadas   as   redes   com   base   nos   projetos   desenvolvidos   pela  SANEATINS   e   nos   projetos   das   instalações   de   autoria   da   coordenação   de  infraestrutura,  ambos  embasados  nos  dados  populacionais  e  de  vazão  estimadas  inicialmente  para  o  evento.  

A   coordenação   acompanhou   ainda   toda   a   execução   das   redes   hidráulicas,  incluindo  os   serviços  de  marcação,   abertura  de   valas,   colocação  de   tubulações,  registros   e   pontos   de   abastecimento,   descarga   e   o   fechamento   das   valas,   em  ambas  as  áreas  acima  citadas.  Foram  realizados   testes  de  vazão  e  pressão  com  medidores  colocados  pela  Concessionária  ao   longo  da  rede,  obtendo  os  valores  de  vazão  próximos  de  11  l/se  pressões  de  30  mca.  

Para   a   concretização   do   evento   foram   realizadas,   por   intermédio   da   Empresa  Integradora,  as  interligações  dos  pontos  de  consumo  às  redes  de  água  e  esgoto  já  disponibilizadas   pela   SANEATINS.   Como   pontos   de   consumo   colocaram-­‐se   os  contêineres   sanitários,   chuveiros   da   Ocara,   pias   das   cozinhas   e   dos   postos  médicos  e  os  bebedouros.  

As   interligações   englobaram   os   serviços   de   abertura   e   fechamento   de   valas,  colocação  de  tubulações  em  PVC  para  água  e  esgoto  e  instalação  de  registros  de  controle.  

   Principais  desafios  

 

Alterações  no  projeto  inicial  

Ao   longo   do   desenvolvimento   das   atividades   surgiram   diversas   demandas  advindas  do  Comitê   Intertribal  Memória  e  Ciência   Indígena   -­‐   ITC,  da  Secretaria  Extraordinária  dos  Jogos  Indígenas  -­‐  SEJI,  órgãos  públicos  municipais  e  federais  e  pelo  CNE.  Tais  solicitações  foram  incorporadas  ao  projeto,  tanto  em  sua  fase  de  concepção  quanto  em  sua  fase  de  construção,  visto  que  a  organização  não  impôs  uma  data  limite  para  estas  ações.    

Demandas  que  não  haviam  sido  discutidas  durante  o  processo  de  elaboração  do  projeto   surgiram   quando   o   projeto   já   estava   sendo   executado.   As   novas  demandas   resultaram   em   muitas   mudanças   e   revisões   no   projeto   original  totalizando   25   revisões   em   apenas   06   meses.   As   alterações   ocorreram   até   o  ultimo  dia  de  evento,  dadas  as  indecisões  sobre  o  projeto.  

 

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Atrasos  nas  licitações  e  fechamentos  de  contratos  

Os  projetos  foram  entregues  ao  PNUD  no  início  de  julho,  porém,  somente  um  mês  antes   do   evento   as   montagens   puderam   ser   iniciadas   com   a   chegada   dos  contêineres,   fornecidos   pela   empresa   Lafaete.   A   demora   no   fechamento   dos  contratos   impactou   diretamente   no   cronograma   de   execução   das   atividades.   A  licitação  da  integradora  foi  a  que  teve  um  atraso  maior.  Como  o  prazo  era  curto  para   início  do  evento,   a   empresa   integradora  que   já   tinha  um  resultado  prévio  com   todo   o   processo   aprovado   pelo   PNUD,   mas   ainda   não   publicado  oficialmente,   começou   seus   trabalhos   com   a   chegada   da   arquibancada  temporária  da  Arena,  montada  pela  FAST  Engenharia.  

 

Ausência  de  informações  importantes  

A  dificuldade  na  obtenção  de  informações  em  relação  ao  evento,  junto  ao  Comitê  Intertribal  Memória  e  Ciência   Indígena   -­‐   ITC,  prejudicou  muito  o  planejamento  das   ações.   A   indefinição   da   programação   dos   Jogos   impactou   diretamente   na  formatação   do   horário   de   funcionamento   da   disciplina   de   Elétrica   quanto   no  funcionamento  dos  Grupos  Geradores.  

Já   a   falta   de   estimativa   orçamentária   para   o   evento,   bem   como   a   ausência   de  informações   no   valor   de   fechamento   de   diversos   contratos,   comprometeu   o  desenvolvimento  das  atividades  no  geral.    

 

Prazos  incompatíveis  

Em   decorrência   de   atrasos   diversos   nas   licitações,   o   trabalho   de   montagem  precisou   ser   realizado   em   um   prazo   muito   curto.   Com   a   confirmação   da  participação  da  Presidente  da  República  no  evento,  novas  demandas  de  projeto  oriundas  de  sua  equipe  precursora  tiveram  que  ser  realizadas  em  tempo  recorde.  

 Ausência  de  estrutura  adequada  para  o  desenvolvimento  das  atividades  

A   falta  de   condições   adequadas   tanto  no   início  do  projeto   e  principalmente  na  cidade   de   Palmas   prejudicou   o   trabalho   da   equipe   que   precisou   utilizar  equipamentos   próprios   para   desenvolver   as   atividades   em   um   ambiente   com  ausência   de   luz,   água,   sala,   equipamentos   eletrônicos,   etc.   A   composição   da  equipe   em   si   foi   considerada   pequena   em   relação   à   dimensão   do   projeto   e   a  cidade  dispunha  de  pouca  infraestrutura  de  apoio,  materiais  e  insumos.  

Alguns   serviços   de   instalação,   como   a   distribuição   dos   circuitos   parciais   e  aterramento,   foram  executados  em  não   conformidade   com  a  Norma  NBR  5410  da   ABNT.   No   restaurante   da   Ocara,   o   sistema   de   condicionamento   de   ar   com  aparelhos  de  janela,  executado  pela  Integradora,  não  atendeu  à  demanda  térmica  do   ambiente   no   horário   de   pico,   sendo   necessário   substituir   os   aparelhos   de  

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baixo  rendimento  por  08  splits  de  5TR  cada.  

Durante  a  montagem  das  estruturas  nas  áreas  do  evento,  vários  pontos  das  redes  de   água   foram   danificados   pelas   atividades   desenvolvidas   dentro   das  mesmas  pelos   caminhões,   carretas   de   serviço   e   transporte   de   materiais,   carros  particulares  e  trabalhadores  no  desenvolvimento  de  suas  atividades.  

Com  o  começo  da  ocupação  da  Ocara  observou-­‐se  a  falta  de  água,  principalmente  nos   horários   de   pico   de   consumo.   Como   a   Vila   dos   Jogos   ainda   não   estava  ocupada   e   a   vazão   estabelecida   era  mais   que   suficiente   para   atender   a   Ocara,  concluiu-­‐se  que  o  não  atendimento  da  demanda  teria  como  causa  dificuldades  na  rede  de  abastecimento  da  SANEATINS  e/ou  na  rede  de  distribuição  na  Ocara.  

Devido  a  esta  situação  emergente,  a  equipe  precisou  realizar  a  readequação  da  rede  de  distribuição  a  partir  da  entrada  geral  na  Vila  dos  Jogos  até  o  seu  ponto  final  na  Ocara,  substituindo  os  elementos  danificados  e  operando  os  registros  da  rede   da   cidade   que   abastecem   a   região   do   estádio   Nilton   Santos   para   levar   a  maior  quantidade  possível  de  água  às  áreas  do  evento.  

 

Ausência  de  uma  empresa  líder  no  consórcio  

A  falta  de  uma  empresa  líder  no  consórcio  para  coordenar  e  distribuir  as  tarefas  das   diversas   disciplinas   pelas   demais   consorciadas   fez   com   que   as   mesmas  buscassem   a   equipe   de   consultores   para   intermediar   assuntos   relacionados   à  montagem.  

 

Finalização  das  ações  

Não  existiu  uma  proposta  de  limpeza  após  a  desmontagem  e  ficou  acordado  que  a   SEJI   tentaria   uma   negociação   com   a   empresa   de   limpeza   pública   local   Valor  Ambiental  para  efetuar  a  limpeza  final  dos  itens  dessa  área.  

   Pontos  positivos    

Segundo  a  Matriz  de  responsabilidades,  as  obras  de  terraplanagem  água,  esgoto,  calçamentos   e   arruamento   estavam   a   cargo   da   Prefeitura,   representada   pela  Secretaria  Extraordinária  dos  Jogos  Indígenas  -­‐  SEJI.  As  obras  foram  executadas  de   forma   ordenada   e   eficiente,   cumprindo   os   acordos   entre   a   coordenação   de  infraestrutura  do  CNE  e  a  SEJI.  A   interlocução  e  compatibilização  dos  objetivos  entre  as  partes  envolvidas  nos  projetos   foram  essenciais  para  a  entrega  dessas  obras  dentro  do  prazo  estabelecido.  

As  constantes  reuniões  entre  o  corpo  técnico  da  coordenação  de  infraestrutura  e  as   equipes   técnicas   da   SEJI   e   da   Concessionária   local,   contribuíram   para   os  

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resultados   positivos.   O   apoio   irrestrito   da   SEJI   junto   às   concessionárias   locais,  durante   a   fase   de   implantação   da   infraestrutura   da   Vila   dos   Jogos   e   da   Ocara,  possibilitou  a  tramitação  das  demandas  junto  as  concessionárias  de  forma  ágil  e  eficaz.  

Outros   fatores   como  o   empenho  da   Integradora   em  entregar   todos  os   serviços  dentro  dos  prazos  acordados  para  o  início  do  evento  e  a  instalação  de  toda  a  rede  de  infraestrutura  de  elétrica  para  a  Vila  dos  Jogos  e  para  a  Ocara  também  dentro  do  prazo,  foi  de  fundamental  importância  para  os  Jogos.  

É   importante   destacar   ainda   o   comprometimento,   a   capacidade   e   o  entrosamento  da  equipe  de  infraestrutura,  aliados  à  agilidade  na  elaboração  dos  projetos   arquitetônicos,   complementares   e   de   compatibilização   como   pontos  fundamentais  para  o  êxito  obtido  nas  ações  realizadas.  

Para  informações  adicionais,  consulte  o  Anexo  12.4.1.  

 

7.3.2 Produção    Atividades  realizadas    As  atividades  de  Produção  para  os  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas  incluíram  a   coordenação   de   toda   a   parte   de   logística   referente   à   produção   do   evento   e  interface  entre  os  órgãos  envolvidos,  a  exemplo  do  Comitê  Intertribal  Memória  e  Ciência  Indígena  -­‐  ITC  e  a  empresa  integradora.    Foi   realizada   ainda   a   supervisão   dos   serviços   de   produção   referentes   ao  credenciamento,   segurança,   brigada,   postos   médicos,   limpeza,   carregadores,  áreas  VIP  e  VVIP,  acessos  e   logística  prestados  pela  empresa   integradora.  Além  da  coordenação  e  supervisão  de  áreas  de  uso  comum  do  evento  (Estádio  Nilton  Santos,   Oca   da   Saberia,   Oca   Digital,   Arena   Verde,   áreas   externas)   e   Suporte   à  Feira  do  SEBRAE,  Feira  do  MDA  e  Praça  de  Alimentação.      Principais  desafios      Durante   o   evento   foram   enfrentados   diversos   desafios,   alguns   puderam   ser  superados   com   esforço   coletivo,   enquanto   outros   prejudicaram   a   fluidez   das  atividades  e  causaram  atritos  desnecessários  entre  as  equipes.    Entre   os   principais   desafios   pode-­‐se   destacar   o   apoio   do   ITC,   considerado  insuficiente,  especialmente  em  relação  a  questões  ligadas  ao  credenciamento  de  indígenas  no  evento  e  a  necessária  intermediação  do  diálogo  entre  a  produção  e  

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os  diferentes  povos,  gerando  inúmeros  atritos  com  indígenas  não  constantes  das  listas  previamente  recebidas  no  local  de  credenciamento.      O  setor  que  apresentou  os  maiores  desafios  foi  o  de  credenciamento,  pois,  além  de   divergências   inicias   entre   as   equipes,   foram   realizados   muitos   pedidos   de  credenciamento  provenientes  de  diversos  setores  e  órgãos,  sem  uma  lista  prévia,  o   que   dificultou   o   planejamento   e   causou   falta   de   material,   além   da   evidente  falha  de  segurança,  pois  nem  todos  os  nomes  puderam  ser  verificados  pela  ABIN,  permitindo   assim   que   o   evento   ficasse   vulnerável.   Os   materiais   utilizados   na  confecção   de   crachás   não   eram   adequados,   o   que   gerou   uma   quantidade  excessiva  de  credenciais  perdidas.      Houve   deficiências   estruturais,   a   exemplo   dos   postos  médicos   na   Vila   que   não  comportaram   a   demanda;   falhas   no   projeto   do   espaço   destinado   ao  credenciamento   que   subutilizou   a   estrutura   e   a   constatação   (pela   equipe   de  alimentação)  de  que  cozinha  da  área  VIP  estava   inadequada  para  uso,  geraram  transtornos,  em  especial  na  noite  de  abertura.    A   estrutura   física   disponibilizada   para   a   entrada   e   saída   do   público   das  dependências   da   Vila   e   Arena   apresentou   problemas   devido   à   forma   como   foi  montada,   não   comportando   de   maneira   adequada   o   quantitativo   de   público   e  permitindo   o   acesso   de   algumas   pessoas   sem   que   passassem   pelo   detector   de  metal,   podendo   assim   comprometer   a   segurança.   A  mesma   situação   aconteceu  com  os  portões  de  acesso  para  os  ônibus  das  delegações  indígenas.      Igualmente  preocupante  foi  o  fato  das  rotas  originárias  das  saídas  de  emergência  conduzirem  para  vias  sem  condição  de  comportar  um  volume  grande  de  pessoas  em  caso  de  emergência.    O  quantitativo  de  pessoal  e  equipamentos  não  estava  adequado  à  necessidade  de  setores   como   limpeza,   credenciamento,   segurança   privada   e   recepção.   Estes  setores   também   careceram   de   um   treinamento   adequado   o   que   prejudicou   o  desempenho  de  algumas  equipes.      Os   problemas   na   regularidade   do   abastecimento   de   água   (banheiros,   postos  médicos,  etc.)  na  Vila,  no  Estádio  Nilton  Santos  e  principalmente  na  Ocara,  foram  contornados  com  apoio  da  Prefeitura.  Também  foi  preciso  comprar  um  volume  bastante   considerável   de   água   mineral   para   suprir   a   falta   de   água   para  hidratação  dos  indígenas  e  equipes  de  trabalho  na  Ocara.    O  cadastramento  de  indígenas,  que  comercializavam  artesanato  na  parte  externa  à  Vila  dos  Jogos,  pela  FUNAI,  sem  o  prévio  conhecimento  da  equipe  de  produção,  

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e  a  consequente  liberação  da  venda  de  alimentos  e  bebidas  foi  um  desafio,  pois  poderia  acarretar  em  problemas  de  segurança  e  com  a  Vigilância  Sanitária.        Pontos  positivos    Os  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas  contaram  com  a  participação  das  forças  federais,  estaduais  e  municipais  em  conjunto  com  a  segurança  privada  do  evento.  Embora   fossem   registrados   pequenos   furtos   durante   os   Jogos,   o   trabalho   de  segurança  foi  eficiente,  tendo  grande  destaque  o  caminhão  de  monitoramento  da  PM   de   Minas   Gerais   e   a   delegacia   móvel   que   foi   de   grande   importância   para  sanar  a  tempo  as  deficiências  causadas  pelo  baixo  efetivo  da  segurança  privada.  De   papel   fundamental   foi   o   desempenho   dos   representantes   da   Secretaria  Extraordinária   de   Segurança   para   Grandes   Eventos   (SESGE)   e   da   Guarda  Metropolitana,   que   com   conhecimento   e   apoio   foram  essenciais   para   controlar  crises  no  local.    Realizado  com  a  colaboração  das  equipes  de  apoio  do  CNE  os  controles  de  acesso  ao   estacionamento,   ao   evento   e   à   Arena,   apesar   de   eventuais   dificuldades  estruturais,   foram   efetivos.   O   bloqueio   de   catracas   evitou   a   superlotação,   e   o  envio   de   informações   de   hora   em   hora   permitiu   controlar   o   quantitativo   de  pessoas  no  evento.    Apesar   do   pequeno   efetivo,   a   equipe   de   limpeza   privada   se   dedicou   de   forma  integral   ao   evento,   assim   como   a   equipe   de   brigadistas   e   carregadores   que  atenderam  prontamente  às  necessidades.      O  Ministério  da  Saúde  foi  peça  fundamental  na  interlocução  entre  as  equipes  de  saúde  regidas  pelos  Governos  Estadual  e  Municipal.  Neste  contexto,  o  destaque  foi   o   posto   Médico   da   Ocara   que,   equipado   pela   saúde   municipal,   estava  adequado  à  necessidade.    A   equipe   do   CNE   também   contribuiu   para   a   boa   fluidez   das   ações   de   logística  relativas   ao   translado   dos   indígenas   nacionais   e   internacionais   desde   a   sua  chegada   à   cidade   até   o   fim   das   atividades   do   evento.   Com   destaque   para   as  operações   de   embarque   e   desembarque   dos   indígenas   no   evento   e   Ocara   que  contribuíram  para  o  controle  do  quantitativo  de  etnias  na  Vila  dos  Jogos.    A   Prefeitura   de   Palmas   foi   decisiva   para   o   desenvolvimento   das   atividades.  Extremamente   solícita  em   todos  os  momentos   foi   eficiente  e   fundamental  para  que  a  equipe  de  produção  pudesse  operar  o  evento,  apesar  das  peculiaridades  do  mesmo,  como  a  liberação  de  armas  brancas  dentro  do  perímetro  da  Vila.    

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 Para  informações  adicionais,  consulte  o  Anexo  12.4.2.  

 

7.3.3 Hospitalidade    Atividades  realizadas    As  atividades  da  Coordenação  de  Hospitalidade  dos  I  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas  foram  baseadas  em  duas  frentes  de  trabalho:  logística/hospedagem,  e  o   Plano   de   Ação   de   turismo.   No   que   tange   à   logística,   a   coordenação   foi  responsável  por  voluntários,   equipes  de   trabalho  e  pelos   indígenas  nacionais  e  internacionais,  atuando  diretamente  na  hospedagem  destes  últimos.    Os  principais  itens  planejados  e  executados  referentes  à  logística  e  hospedagem  foram:    

• Acompanhamento  e  supervisão  da  instalação  dos  equipamentos  nas  escolas  de  tempo  integral  utilizadas  para  hospedagem  dos  indígenas  internacionais  (antes,  durante  e  depois  dos  Jogos);  

• Acompanhamento   diário   da   manutenção   física   e   atividades   dentro   das  escolas;  

• Acompanhamento   das   refeições   e   saídas   de   transporte   para   garantia   de  participação  dos  indígenas  nas  atividades;  

• Elaboração   do   Informativo   de   Condutas   a   serem   adotadas   dentro   das  escolas;  

• Elaboração   do   Informativo   do   Transporte   para   os   indígenas   nacionais   e  internacionais  e  voluntários;    

• Monitoramento  dos  indígenas  internacionais  e  nacionais  em  seus  itinerários  (desde   a   saída   de   seus   países   e/ou   aldeias   até   seu   regresso   aos   locais   de  origem).  

 Baseado  em  um  projeto  colaborativo,  em  parceria  com  as  áreas  do  setor  turístico  de  Palmas  e  Tocantins,  ligados  direta  ou  indiretamente  ao  evento,  a  coordenação  criou  e  executou  o  plano  de  ação  de  turismo.  As  principais  ações  desenvolvidas  e  executadas,  relacionadas  ao  plano  de  ação  de  turismo  foram:    

-­‐ Elaboração  do  Plano  de  Ação  de  Hospitalidade  dos  I  JMPI;  -­‐ Elaboração  de  um  Informativo  de  Hospitalidade  inédito  para  o  município  

de   Palmas   e   o   Estado   de   Tocantins,   com   os   dados   dos   principais  prestadores   de   serviços   de   turismo,   por   meio   das   entidades   e   setores  ligados  aos  Jogos;  

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-­‐ Mensuração  da  expectativa  real  dos   Jogos  entre  os  partícipes  do  projeto  (10  mil   turistas  no  período  e  média  de  30  mil  pessoas/dia  na  arena  dos  jogos);    

-­‐ Monitoramento   da   oferta   de   hospedagem   disponível   no   município   de  Palmas,  Paraíso  do  Tocantins  e  Porto  Nacional;    

-­‐ Monitoramento   da   previsão   de   oferta   de   hospedagem   no   município   de  Palmas;  

-­‐ Auxílio   nas   ações   locais   do   AirBnb   (plataforma   online   em   que   pessoas  anunciam  apartamentos  ou  quartos  para  alugar  para  estadias  curtas);  

-­‐ Estruturação  da  Central  de  Atendimento  aos  Turistas  (CATUR);  -­‐ Auxílio   no   aumento   da   oferta   e   qualidade   dos   transportes   durante   o  

período   dos   Jogos.   Em   parceria   com   a   Companhia   Metropolitana   de  Ônibus  (SMAMTT)   foi  elaborado  um  roteiro  alternativo  para  as  rotas  de  transporte  público;  

-­‐ Apoio  na   implementação  das   rotas   alternativas  de  ônibus  para  o   acesso  aos   seguintes   roteiros:   aeroporto,   Vila   dos   Jogos,   centro   da   cidade   e  pontos  turísticos,  além  de  meios  de  hospedagem.  Durante  o  período  dos  Jogos  foram  disponibilizados,  ainda,  ônibus  executivos;  

-­‐ Monitoramento  no  aumento  das  ofertas  de  voos  para   cidade  de  Palmas.  Foram  ofertados  dois  novos  voos  diretos,  a  partir  de  setembro  de  2015,  partindo  dos  aeroportos  de  Congonhas  (SP)  e  Confins  (MG);  

-­‐ Monitoramento   da   adesão   dos   taxistas   ao   aplicativo   local   99taxi.   Entre  julho   e   outubro   houve   um   acréscimo  de   cadastros   elevando   de   23   para  64;  

-­‐ Auxílio   na   elaboração   do   plano   de   divulgação   internacional   junto   à  EMBRATUR  para   apoio   na   realização   das   press   trips,   ou   seja,   turnês   de  imprensa   para   familiarizar   esses   profissionais   com   um   novo   destino  turístico   e   assegurar   a   sua   divulgação   nos   meios   de   comunicação  nacionais  e  internacionais;  

-­‐ Sensibilização   quanto   à   necessidade   de   capacitação   dos   prestadores   de  serviços   turísticos   em   Palmas.   Foi   elaborada   uma   agenda   do   Sistema   S,  mediante  provocação  desta  coordenação,  com  ofertas  de  cursos  gratuitos  para  o  setor  de  turismo,  visando  à  melhoria  do  atendimento  ao  turista;    

-­‐ Auxílio  na  elaboração  de  material  promocional   impresso  e  digital  para  o  evento  (Mapas  e  Aplicativos);  

-­‐ Auxílio  no  monitoramento  da  cadeia  turística  em  Palmas  antes  e  durante  o  evento;    

-­‐ Monitoramento   junto   às   agências   de   receptivo   dos   produtos   turísticos  ofertados   para   o   período   dos   Jogos,   relacionados   à   vivência   da   Cultura  Indígena;  

-­‐ Mapeamento  do  quantitativo  de  bancos  e  casas  de  câmbio  em  Palmas.      

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Principais  desafios    A   falta   de   estrutura   adequada   para   o   desenvolvimento   das   atividades   foi   um  obstáculo  a  ser  superado.  Com  uma  equipe  reduzida,  sem  a  disponibilização  de  celulares   equipados   com   internet   móvel   e   material   de   apoio   como   internet,  impressora,   medicamentos   e   material   de   escritório   nas   escolas   onde   as  delegações   internacionais   foram   hospedadas,   foi   um   desafio   transportar   e  hospedar  um  quantitativo  relevante  de  pessoas.  

Outros   fatores  como  mudanças  bruscas  e   repentinas  na  programação,  ausência  de   informações   cruciais,   atrasos   da   equipe   de   trabalho   e   retorno   de   algumas  equipes   internacionais   após   a   data   prevista,   tendo   a   última   delegação   saído  apenas   no   dia   01º   de   novembro,   representaram   barreiras   mais   difíceis   de  transpor.  Problemas  na  estrutura  do  refeitório  da  Ocara  obrigaram,  por  diversas  ocasiões,  que  os  indígenas  nacionais  se  deslocassem  para  realizar  suas  refeições  juntamente   com   as   equipes   internacionais   nas   escolas/alojamentos.   Isto  influenciou   diretamente   no   fluxo   de   pessoas   atendidas   nesses   locais,   cerca   de  2.000,  sobrecarregando  a  estrutura  e  a  equipe.  

A   falta   de   cooperação   e   união   entre   as   equipes   de   trabalho,   em   especial   as  dificuldades   com   o   Comitê   Intertribal   da   Memória   e   Ciência   Indígena   -­‐   ITC,  representaram  um  grande  problema  durante  todo  o  processo  e  um  consequente  desgaste  adicional.  

Em  relação  às  atividades  de  fomento  ao  turismo,  o  principal  fator  negativo  foi  o  descrédito  da  população  local  em  relação  à  magnitude  do  evento  proposto.  Este  fato   foi   devido   à   imagem   que   os   habitantes   da   cidade   de   Palmas   tinham   das  edições  nacionais  dos  Jogos  Indígenas,  o  que  dificultou  a  adesão  de  empresários  e   população   em   geral   aos   Jogos.   Desta   forma,   foi   preciso   um   esforço   adicional  para  atingir  os  objetivos  propostos.  

   Pontos  positivos    Apesar   das   dificuldades   encontradas,   não   houve   nenhum   registro   grave   como  assaltos,   sumiços,   entre  outros,   durante  o  período  dos   Jogos   e  da  permanência  dos   indígenas   nacionais   e   internacionais.   Assim   como   nenhuma   ocorrência   de  intoxicação   alimentar,     considerado   um   grande   êxito   da   organização,   devido   à  qualidade  das  refeições  ofertadas  aos  indígenas.  

Entre   os   pontos   positivos,   é   possível   destacar   ainda   o   acompanhamento   em  tempo   integral   nos   deslocamentos   de   todos   os   indígenas,   desde   a   saída   e   o  retorno   às   aldeias,   quanto   às   saídas   e   retornos   aos   países   de   origem,   além   do  

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suporte   policial,   assistência   médica,   transporte,   inclusive   para   passeios  turísticos,  câmbio  e  demais  serviços  24  horas.    

Em   relação   à   hospitalidade   turística,   entre   os   principais   destaques   estão   a  constituição  do  Comitê  de  Hospitalidade  (Ministério  do  Turismo,  AGTUR,  CNE  e  SEJI);   o   levantamento  de  dados   turísticos   do  município   de  Palmas   (número  de  agências  de  turismo,  agências  de  receptivo,  hotéis  etc...),  inéditos  para  a  Agência  Municipal  de  Turismo  e  a  Secretaria  de  Estado  de  Turismo;   funcionamento  dos  Centros  de  Atendimento  aos  Turistas  (CATURs);  ações  dos   I   JMPI  no  aeroporto  para  atendimento  aos  turistas;  oferecimento  de  cursos  de  capacitação  gratuitos  pelo  Sistema  S;  mobilização  do  trade  turístico  para  o  evento  e  oferta  de  meios  de  transporte  e  rotas  alternativas  para  os  turistas  durante  os  Jogos.  

Durante   o   período   dos   Jogos   houve   um   aumento   significativo   e   importante   na  arrecadação  financeira  dos  serviços  ligados  a  toda  a  cadeira  de  turismo.  Os  bares  e   restaurantes   incrementaram  entre  25%  e  40%  o   seu   volume  de   vendas.   Já   a  rede  hoteleira  registrou  taxa  de  ocupação  de  99%.  

Foram   analisados   50   estabelecimentos   do   setor   de   Alimentos   e   Bebidas  representados  pela  ABRASEL  TO,  tendo  como  base  prévia  aos  Jogos  a  ocupação  média   de   30   assentos   e   durante   os   I   JMPI   a   ocupação   média   de   50   lugares.  Considerando  gasto  diário  médio   individual  de  R$  60,00  e  o  número  médio  de  ocupação   diária   3.000,   alcança-­‐se   a  movimentação   estimada   de   R$   180.000,00  por  dia,  o  que  equivale  a  uma  movimentação  total  de  cerca  de  R$  1.620.000,00  nos  equipamentos  monitorados.  

Analisando  o  número  de  visitantes  identificados,  apenas  nos  leitos  ocupados  na  hotelaria  (3.566),  durante  os  I  JMPI,  considerando  um  valor  médio  de  R$  150,00  para  cada  diária,  tem-­‐se  o  número  de  R$  534.900,00/dia.  Considerando  o  mesmo  público   e   o   valor   médio   de   refeição   em   torno   de   R$   30,00   por   pessoa,   02  refeições   diárias,   há   a   movimentação   de   R$   213.960,00/dia.   Analisando   as  estimativas   apresentadas   acima   o   valor   total   de   arrecadação   diária   fica   em  R$  748.860,00,   se   somados   os   nove   dias   de   evento,   resulta   num   total   de   R$  6.739.740,00   de   faturamento   proveniente   apenas   do   público   que   utilizou   rede  hoteleira.  

Para  informações  adicionais,  consulte  o  Anexo  12.4.3.  

   

7.3.4 Alimentos e Bebidas    Atividades  realizadas    

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A  Coordenação  de  Alimentos  e  Bebidas  executou  durante  cerca  de  nove  meses,  diferentes  atividades  a  fim  de  garantir  a  alimentação  adequada  aos  participantes  dos     I   Jogos   Mundiais   dos   Povos   Indígenas.   Dentre   as   ações   desenvolvidas   é  possível  destacar:  

 

Participação  no  Congresso  Técnico  dos  Jogos  

Em  Brasília,  durante  o  Congresso  Técnico  a  coordenação  defendeu  o  conceito  da  alimentação   que   seria   utilizada   nos   Jogos,   com   alimentos   variados,  representando  as  etnias  brasileiras  e  valorizando  os  outros  países  participantes  dos  Jogos.  

 

Visitas  técnicas  às  cozinhas  /  Logística  e  alimentação  nas  escolas  

Foram   realizadas   visitas   técnicas   nas   05   (cinco)   Escolas  Municipais   de   Tempo  Integral,   apresentadas   pela   Prefeitura   de   Palmas   por   meio   da   Secretaria  Extraordinária   dos   Jogos,   que   serviriam   para   o   apoio   e   acomodação   das  delegações  indígenas  estrangeiras.  Em  função  do  número  de  delegações,  apenas  duas  escolas  foram  utilizadas.  

As  Escolas  Municipais  visitadas  receberam  de  modo  geral  um  parecer  favorável  para  a  execução  dos  serviços  de  alimentação  em  suas  dependências  técnicas,  tais  como:   refeitório,   cozinha,   sistema   de   gás,   área   de   limpeza,   armazenagem,  ventilação,  coleta  de  lixo.    

Embora   todas   as   escolas   municipais   estivessem   equipadas   com   inventários   e  materiais   para   preparo   das   refeições   foi   enviada   a   prefeitura   uma   lista   com  observações   e   análise   sobre   melhorias   e   reparos   necessários   para   o  funcionamento  correto  das  cozinhas  dos  refeitórios  durante  todo  o  período  dos  Jogos.    

Em  reunião  com  o  Secretário  de  Educação  do  Município,  Danilo  Mello,  o  mesmo  garantiu  disposição  para  cumprir  os  prazos  estabelecidos  pelo  Comitê  Nacional  Executivo.  As  delegações  internacionais  foram  divididas  e  acomodadas  em  duas  Escolas  de  Tempo  Integral,  em  Palmas:  Anísio  Teixeira  e  Padre  Josimo  Tavares.  Cerca  de  350  pessoas  ficaram  hospedadas  em  cada  escola,  onde  receberam  toda  a  alimentação  dividida  em  café  da  manhã,  almoço,  lanche  da  tarde,  jantar  e  ceia.  

 

Alimentação  e  nutrição  na  Ocara  

A  alimentação  na  Ocara,  espaço  onde  os  indígenas  nacionais  foram  hospedados,  durante   os   I   Jogos   Mundiais   dos   Povos   Indígenas   foi   variada,   buscando  diversificação  entre  os  alimentos  para  que  todos  os  nutrientes  estivem  presentes  nas  refeições.  Levando  em  consideração  as  características  em  comum  das  etnias  

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presentes   no   evento,   a   equipe   procurou   oferecer   alimentos   do   hábito   diário  desses  povos.  

Ao  longo  do  evento,  um  trabalho  de  observação  foi  realizado  para  identificar  os  alimentos   mais   consumidos   pelos   indígenas   que   realizavam   suas   refeições   na  Ocara.  Foi  observado  que  o  café  da  manhã  mais  comum  era  composto  por  pão  de  sal   com   manteiga,   bolo,   tapioca,   leite   com   café   e   uma   fruta,   sempre   com   a  preferência  pela  banana  nanica  ou  laranja.    

O   almoço   e   jantar,   sempre   acompanhado   da   farinha   de   mandioca,   foram  compostos  em  sua  maioria  por  arroz  branco,   feijão  de  caldo  e,  como  guarnição,  as  mais  escolhidas  foram:  mandioca,  batata  doce,  cará,  inhame  e  macarrão,  entre  as   carnes   as   escolhidas   foram:   peixe,   frango,   porco   e   bovina.   As   saladas   mais  aceitas  foram  à  alface,  tomate,  cenoura,  beterraba  e  pepino.    

 

Kit  saudável  

O   lanche  da   tarde  pensado  para  atender  os  atletas  e  os  demais   integrantes  das  delegações  dos  Jogos  foi  servido  diariamente  na  Vila  dos  Jogos,  na  área  do  atleta.  Para  elaboração  do  lanche  foram  levadas  em  consideração  várias  questões,  como  segurança   alimentar,   condições   climáticas   do   Estado   do   Tocantins   e   alimentos  que  fazem  parte  da  cultura  dos  povos  indígenas  a  exemplo  do  cacau,  castanha  do  Pará   e   cereais.   Dessa   forma,   o   kit   elaborado   para   o   lanche   foi   composto   por  frutas  in  natura,  como  banana  e  laranja,  mel  nativo,  suco  integral  de  frutas,  frutas  desidratadas,   bolachas   integrais   e   barra   de   cereal   e,   por   sua   natureza,   foi  denominado   ‘kit   saudável’.   O   lanche   continha   um   valor   energético   de   cerca   de  420  kcal  diárias.  Importante  ressaltar  que  a  refeição  fracionada  foi  pensada  para  facilitar  a  ingestão  calórica  diária  e  diminuir  a  plenitude  pós-­‐prandial.  

 

Roda  de  saúde  -­‐  conversa  com  indígenas  

Nas   pesquisas   realizadas   para   os   I   JMPI,   observou-­‐se   uma   transformação   na  alimentação   atual   dos   povos   indígenas.   Fatores   como   a   proximidade   com   a  sociedade  do  branco  e  o  acesso  a  políticas  públicas  assistencialistas  contribuíram  com  esse  processo  de  modificação  alimentar.  

A   equipe   de   Alimentos   e   Bebidas   aproveitou   esse  momento   único   dos   Jogos   e  realizou  um  encontro  de  etnias  para  conversar,  principalmente  com  as  mulheres,  sobre  alimentação  e  saúde.  A  roda  de  conversa  ocorreu  no  dia  29  de  novembro,  por  volta  das  23h,  após  o  jantar.  A  atividade  foi  conduzida  pela  nutricionista  chef  do  evento,  a  também  professora  do  curso  de  nutrição  da  Universidade  Federal  do  Tocantins  (UFT),  Tatiana  Evangelista,  com  a  participação  da  antropóloga  Reijane  Pinheiro  Silva,  a  residente  em  enfermagem,  Karoline  Nunes,  além  de  dois  alunos  do  curso  de  nutrição  da  UFT.  

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Os   assuntos   abordados   foram   desde   a   mudança   alimentar   indígenas   e   suas  consequências   como  diabetes,   hipertensão  e  obesidade,   até   a  demonstração  da  quantidade  de  açúcar  nos  alimentos   industrializados  como  refrigerantes,  sucos,  achocolatados  e  bolachas   recheadas,  presentes  na  alimentação  atual  dos  povos  indígenas.  Os  presentes  puderam  participar  com  perguntas  e  tirar  dúvidas  sobre  saúde,  diabetes  e  debater  sobre  os  problemas  do  alto  consumo  de  açúcar.  

 

Fiscalização  da  Feira  do  MDA  

Com   o   objetivo   de   garantir   o   controle   de   qualidade   dos   produtos   expostos   ou  comercializados  na  Feira  de  Produtos   Indígenas,  promovida  pelo  Ministério  do  Desenvolvimento   Agrário   (MDA),   a   equipe   realizou   a   fiscalização   observando  questões  relativas  à  segurança  sanitária.  

Os  produtores  do  MDA  foram  destacados  no  conceito  da  alimentação  dos  I  JMPI  2015,   que   por   meio   do   edital   para   a   contração   da   empresa   prestadora   dos  serviços   de   alimentação   e   bebidas,   foi   incentivada   a   aquisição   de   alimentos  dessas  comunidades  indígenas  já  certificadas  com  o  selo  do  produtor  indígena.  A  medida   visava   garantir,   também,   a   oportunidade   para   o   fomento   na   economia  dos  povos  indígenas.  

 

Feira  de  Artesanato  Indígena  do  SEBRAE  

A   equipe   colaborou   com   o   SEBRAE   na   definição   do   conceito   da   praça   de  alimentação   da   Feira   Internacional   de   Artesanato   Indígena   e   fiscalizou   o  cumprimento   das   regras   estabelecidas   no   Manual   de   Alimentos   e   Bebidas,  elaborado  por  esta  Coordenação.      Festa  na  Ocara  Foi  organizada  uma  festa  em  homenagem  às  etnias  brasileiras,  com  o  intuito  de  destacar   ainda   mais   os   ritos   e   alimentos   tradicionais   das   culturas   dos   povos  indígenas,  como  o  peixe  e  a  mandioca.  A  festa  foi  um  momento  de  celebração  das  etnias   hospedadas   na   Ocara,   inclusive   da   vitória   do   povo   Xerente   na   final   do  futebol  masculino.    

Livro  

Um   dos   principais   trabalhos   desenvolvidos   na   área   de   alimentação   dos   I   JMPI  2015  foi  o  levantamento  dos  hábitos  alimentares  das  etnias  para  a  produção  de  um  livro  que  trará  um  panorama  da  cultura  alimentar  dos  indígenas  brasileiros  participantes  dos  Jogos.  O  livro  pode  ser  visto  como  um  legado  para  os  próximos  Jogos   e   servirá   como   fonte   de   pesquisa   sobre   a   importância   que   o   alimento  tradicional  exerce  na  cultura  dos  povos  indígenas.    

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 Principais  desafios    Antes   do   início   dos   Jogos   a   empresa   de   alimentação   teve   apenas   04   dias   para  executar   seu  plano  de  ação.   Inicialmente  o  prazo  era  de  20  dias,   estipulado  no  planejamento   do   projeto.   Apesar   da   alteração   no   prazo   a   empresa   conseguiu  iniciar  os  trabalhos  a  contento.    

As   estruturas  do   refeitório  dos   indígenas  nacionais  não   estavam  concluídas  no  dia   18   de   outubro,   data   da   chegada   das   etnias   brasileiras   aos   Jogos.   Por   este  motivo,   a   equipe   precisou   deslocar   as   delegações   para   as   escolas,   o   que   gerou  superlotação  nos  refeitórios  destinados  aos  indígenas  estrangeiros.  

No   dia   22   de   outubro,   durante   o   almoço,   a   energia   acabou   com   cerca   de   800  pessoas   dentro   do   refeitório.   Uma   das   fases   do   gerador   estava   caindo  constantemente  e  elevando  a  temperatura  interna  para  quase  60  graus.  Foi  uma  situação   de   calamidade,   com   crianças   chorando,   pessoas   gritando   e   até  desespero  de  alguns.  Muitos  decidiram  comer  do  lado  de  fora  do  refeitório.  Por  um   momento   houve   um   sinal   de   conflito   interno   com   alguns   líderes  questionando  e  cobrando  soluções  imediatas.  

A  equipe  de  Alimentos  e  Bebidas  foi  intimada  a  comparecer  na  aldeia  para  uma  reunião   com   as   lideranças.   Diante   das   explicações   apresentadas,   e   apesar   da  tensão  e  palavras  em  tons  de  ameaça,  toda  a  situação  de  conflito  foi  contornada  com  um  diálogo  estratégico   e   sincero.  Os  problemas  elétricos   foram  corrigidos  no  mesmo  dia  e  instalados  mais  aparelhos  de  ar  condicionado.  

No  dia  24  de  outubro  às  5h50  da  manhã,  a  equipe  foi  surpreendida  com  a  queda  do  refeitório  da  Ocara.  Este   foi  um  dos  desafios  mais  complexos  para  a  área  de  Alimentos   e   Bebidas.   Apesar   de   alguns   funcionários   terem   sido   feridos,   os  indígenas  não  foram  atingidos  pelos  destroços,  pois  o  acidente  aconteceu  poucos  minutos  antes  da  abertura  do  refeitório  às  seis  da  manhã.  

A  fim  de  acalmar  os  ânimos  e  tranquilizar  as  etnias,  a  equipe  participou  de  dois  encontros   distintos   com   os   líderes   indígenas   dentro   da   Ocara.   Embora   as  reuniões  tenham  iniciado  com  muita  agitação  e  tensão,  após  quase  três  horas  de  conversa   a   equipe   conseguiu   acalmar   os   ânimos   e   apresentar   profissionais   do  Corpo  de  Bombeiro  e  Defesa  Civil  para  prestar  os  devidos  esclarecimentos.  Com  a  resolução  do  conflito,  o  líder  Cacique  Tabata  Kuikuro  resolveu  cantar  com  sua  família   em   uma   demonstração   de   agradecimento.   Isto   representou   uma  conquista  e  um  marco  para  todos  os  que  estiveram  envolvidos  no  processo.  

Por   meio   de   um   esforço   coletivo   de   pessoas,   profissionais   e   empresas,   o  refeitório  foi  reconstruído  ainda  no  dia  24  de  outubro.  Após  a  finalização  da  obra  houve   uma   nova   reunião   de   líderes   em   que   puderam   conferir   e   validar   as  estruturas,  garantindo  então  o  uso  do  espaço  perante  seus  parentes.  

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 Pontos  positivos    A   área   de   Alimentos   e   Bebidas   conseguiu   executar   todo   o   conceito   que   foi  estabelecido  no  planejamento  das  ações,  bem  como  eliminar  todos  os  riscos  de  contaminação,   atuando   com   um   rigoroso   controle   para   garantir   a   segurança  alimentar.      A   combinação   de   todo   o   trabalho   e   empenho   da   equipe   da   Coordenação   de  Alimentação   e   Bebidas,   as   providências   e   soluções   da   Coordenação   de  Infraestrutura,   o   controle   e   fiscalização   da   Vigilância   Sanitária   e   a   expertise   e  dedicação   da   empresa   contratada   para   a   execução   dos   serviços   que   soube  respeitar   o   conceito   do   evento   e   que   conseguiu   superar   todas   as   adversidades  foram  essenciais  no  sucesso  do  evento.    A   empresa   contratada  para   a   execução  dos   serviços  de   alimentação  dos   I   JMPI  conseguiu   administrar   todos   os   problemas   e   fatos   que   impactaram  negativamente  e  poderiam  comprometer   toda  a  área  de  alimentação  e  bebidas.  Todos   os   quesitos   técnicos,   como   profissionais   qualificados   com   experiência  comprovada,   equipamentos   avançados   de   cocção   e   metodologia   de   processos  foram   cumpridos   adequadamente   pela   empresa   e   contribuíram   positivamente  para  o  resultado  final  de  todo  o  evento.    Os  refeitórios  das  escolas  contribuíram  para  o  sucesso  das  ações  de  alimentação  dos   indígenas   estrangeiros,   pois   possuíam   instalações   adequadas   para   atender  aos  atletas  com  espaço  e  conforto.    Outros  fatores  positivos  foram  a  possibilidade  de  envolver  os  alunos  de  nutrição  da   UFT   nas   ações   de   alimentação,   conseguir   apoio   para   produção   de   um   livro  sobre  a  cultura  alimentar   indígena  e   ter  conseguido  alinhar   todos  os  principais  atores  e  agentes  que  estavam  ligados  ao  projeto.    

Para  informações  adicionais,  consulte  o  Anexo  12.4.4.  

 

7.3.5 Cultura    Atividades  realizadas    A  Coordenação  de  Cultura  atuou  em  diversas  frentes  a  fim  de  viabilizar  e  apoiar  a  promoção   cultural.   As   atividades   da   coordenação   compreenderam   ações  relativas   ao   lançamento  dos   Jogos   em  Brasília,   atividades  prévias   ao   início  dos  

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Jogos,   cerimônias  de  abertura  e   encerramento  dos   Jogos,   suporte  às   atividades  da  Oca  Digital,  além  da  curadoria  e  programação  das  atividades  culturais  da  Oca  da  Sabedoria.  

 

Lançamento  dos  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas  

Durante  o  lançamento  dos  I   JMPI,  ocorrido  no  Congresso  Técnico  em  Brasília,  a  coordenação   de   cultura   foi   responsável   por   receber   e   coordenar   as   seguintes  apresentações  musicais,   artísticas   e   culturais:  Hamilton  de  Holanda,  Margareth  Menezes,  Grupo  Espiritual  dos  Paresis,  Grupo  Batukejê  e  Tulio  Borges.    

 

Visitas  técnicas  /  Projetos  arquitetônico,  cenográfico  e  estético  

A  primeira  visita  técnica  realizada  à  cidade  de  Palmas  e  à  Vila  dos  Jogos  ocorreu  em   abril   de   2015.   Após   essa   visita,   outras   foram   realizadas   com   o   objetivo   de  levantar  as  necessidades  e  desenvolver  ações  para  a   implementação  do  projeto  arquitetônico,  cenográfico  e  estético.    

Com   o   intuito   de   criar   uma   atmosfera   de   conforto,   foram   utilizados  materiais  naturais  e  pouco  processados  na  cenografia  da  Oca  Digital  e  na  Oca  da  Sabedoria,  tendo   como   base   a   experiência   anterior   em   grandes   eventos,   em   projetos   de  cenografia   com   ideais   de   sustentabilidade   e   uso   de   materiais  reutilizados/reutilizáveis  como  o  bambu,  a  juta,  a  palha,  o  tecido  e  a  madeira  de  reflorestamento  que  proporcionam  um  aspecto  rústico  aos  projetos.  

 

Atividades  pré-­‐evento:  -­‐ Realização   de   reuniões   de   briefing   com   Comitê   Intertribal   Memória   e  

Ciência  Indígena  -­‐  ITC  sobre  as  Cerimônias  de  Abertura  e  Encerramento,  Festival   Internacional   de   Culturas,   bem   como   a   possibilidade   de  apresentações  espontâneas  na  Vila  dos  Jogos;  

-­‐ Contribuição  na  definição  do  conceito  das  apresentações  culturais  e  tipo  de   contratação  dos   grupos   locais   para   a   área  de   apresentação  da  Feira  Internacional  de  Artesanato  Indígena  do  SEBRAE;  

-­‐ Levantamento   e   mapeamento   dos   grupos   culturais   do   Estado   do  Tocantins   e   da   cidade   de   Palmas,   para   compor   as   cerimônias   e  programação;  

-­‐ Levantamento   das   manifestações   artísticas   e   culturais   por   meio   de  formulário  direcionado  às  lideranças  das  delegações  internacionais;  

-­‐ Preparação  de  um  roteiro  prévio  com  elementos  culturais  para  integrar  as  Cerimônias  de  Abertura  e  Encerramento;  

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-­‐ Levantamento  dos  setlists  das  atrações  junto  ao  ITC  a  fim  de  repassar  à  Prefeitura   de   Palmas   para   que   esta   pudesse   realizar   o   pagamento   do  ECAD;  

-­‐ Colaboração  com  a  Secretaria  de  Educação  do  município  de  Palmas  para  fazer  um  plano  de  visita  guiada  à  Vila  dos  Jogos  para  estudantes  da  rede  municipal,   que   posteriormente   foi   ampliado   para   a   rede   estadual,  particular  e  alunos  do  SESC;  

-­‐ Diálogo  com  o  Secretário  de  Cultura  do  Estado  e  Presidente  da  Fundação  Cultural  sobre  a  programação  cultural  da  cidade  e  do  Estado,  no  período  de  pré-­‐evento  e  evento;  

-­‐ Contato   com   as   assessorias   de   comunicação   do   Estado   de   Tocantins,  cidade   de   Palmas   e   do   ITC   para   padronização   das   cinco   bandeiras   da  Arena.  

 

Festival  Artístico  Internacional  de  Culturas  Indígenas  -­‐  Oca  da  Sabedoria  

A  curadoria  e  programação  do  Festival  ficaram  a  cargo  do  Comitê  Intertribal  de  Memória   e   Ciência   Indígena   -­‐   ITC,   sendo   assessorado   pela   Coordenação   de  Cultura  do  Comitê  Nacional  Executivo.    

O   Festival   Artístico   Internacional   de   Culturas   Indígenas   foi   um   evento   que  antecedeu  a  abertura  oficial  dos  I  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas,  realizado  durante   três   noites,   na   Oca   da   Sabedoria,   exclusivamente   para   as   delegações  indígenas   participantes   dos   I   JMPI.   A   programação   incluiu   shows   de   artistas  nacionais  e  regionais,  além  de  apresentações  culturais   indígenas,   traduzindo-­‐se  em  uma  oportunidade  de  ambientação  e  integração  para  as  delegações  indígenas  participantes.    

A   equipe   de   cultura   coordenou   e   integrou   operações   no   espaço,   assessorou   a  produção  artística  e  o  cerimonial.  Atuou,  ainda,  para  que  a  estrutura  funcionasse  como   um   todo,   desde   a   limpeza,   ventiladores,   camarins,   vias   de   acessibilidade  até  as  passagens  de  som,  os  sistemas  de  som,  luz  e  vídeo  em  relação  a  cada  rider  técnico   (lista   de   equipamentos   de   sonorização   e/ou   iluminação),   etc.   Além   de  estimular   interações   entre   artistas   indígenas   e   não   indígenas   e   articular  parcerias/colaborações  entre  agentes  públicos  e  privados.  

 

Rodas   de   Diálogos,   Exibições   Audiovisuais   e   outras   apresentações  Organização  I  JMPI  e  Agendas  do  Futuro  (Oca  da  Sabedoria)    

As   rodas   de   diálogo   aconteceram   em   formato   de   painéis,   fóruns,   debates   e  oficinas,   abordando   temas   diversos   relacionados   à   cultura   e   ao   cotidiano   dos  povos   indígenas.   Dentre   os   assuntos   debatidos,   pode-­‐se   destacar:   agricultura  familiar,   esportes,   saúde,  meio-­‐ambiente,   educação,   ciência  e  memória,  direitos  humanos,   infância   e   adolescência,   literatura,   comunicação,  música   e   política.   O  

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resultado  foi  um  conjunto  de  atividades  de  diálogos  correspondente  a  mais  de  40  horas   de   programação,   bem   como   um   espaço   para   intervenções   coletivas   e  apresentações  espontâneas.  

A   equipe   de   cultura   coordenou   e   integrou   operações   no   espaço   e   prestou  consultoria  de  evento/público.  Atuou  para  que  a  estrutura  funcionasse  como  um  todo,   desde   a   limpeza,   os   ventiladores,   os   camarins   até   a   disposição   cênica,   os  sistemas   de   som,   luz   e   vídeo   em   relação   a   cada   atividade,   as   vias   de  acessibilidade,  etc.  Assessorou  a  coordenação  e  a  produção  técnica,  bem  como  o  receptivo   e   o   cerimonial,   além   de   apoiar   nas   interações   entre   indígenas   e   não  indígenas  e  atender  intervenções  e  apresentações  indígenas  espontâneas.    

 

Demonstrações  Esportivas  e  Culturais  espontâneas  

Povos  indígenas  nacionais  e  internacionais  realizaram  demonstrações  esportivas  e  culturais  espontâneas  em  diversas  áreas  de  convivência  e  de  circulação  da  Vila  dos   Jogos,   no   período   de   27   a   31   de   outubro   de   2015.   O  mapeamento   de   tais  demonstrações  foi  organizado  pela  responsável  pelo  contato  com  as  delegações  internacionais,   a   consultora   Carolina   Valente,   com   o   apoio   da   equipe   de  voluntários,   consultores   desta   coordenação   e   da   prefeitura   e   produtores  culturais   do   I   JMPI.   A   equipe   de   cultura   coordenou   e   integrou   operações   de  estrutura,   produção   e   receptivo   que   viabilizaram   a   realização   das  demonstrações.   Estima-­‐se   que   um   público   de   cerca   de   10.000   pessoas   tenha  visto  tais  ações.    

 

Cerimônias  de  Abertura  e  Encerramento  (Arena)  e  Ritual  do  Fogo  Sagrado  (Praça  dos  Girassóis)  

Como  assessoria  cultural,  a  equipe  de  cultura  se  colocou  à  disposição  da  equipe  técnica  e  artística  responsável  pelas  Cerimônias  de  Abertura  e  Encerramento.  Em  reunião   com   todos   os  partícipes   institucionais   dos   I   JMPI,   a   equipe   repassou  o  roteiro  de  abertura,   inclusive  à  Presidência  da  República.  Nesta  ocasião,  outras  questões   também   foram   debatidas,   como   receptivo   e   segurança   do   público,  consolidando  ajustes  de  atendimento.  Outra  ação  definida  foi  o  roteiro  do  Ritual  do  Fogo   Sagrado,   que   aconteceu  no  dia  22  de  outubro,   na  Praça  dos  Girassóis,  centro  geodésico  do  Brasil,  sede  do  Poder  Público  Estadual  e  museu  a  céu  aberto  de  esculturas  sobre  tradições,  inclusive  indígenas.  No  encerramento  da  reunião,  a  equipe  de  cultura  e  a  SECOM  providenciaram  o  teste  de  exibição  do  vídeo  da  cerimônia.  

 

Oca  Digital   (Acesso  de   indígenas  a   internet,   lançamento  de   livros  e  exibição  de  vídeos)  

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A   Oca   Digital   foi   gerenciada   pelo   Comitê   Intertribal   ITC   e   a   equipe   de   cultura  apenas  acompanhou  o  dia-­‐a-­‐dia  das  atividades  desenvolvidas.  

   Principais  desafios    As   demandas   crescentes   advindas   da   intenção   de   diversas   etnias   em   realizar  apresentações  culturais  requereu  um  esforço  conjunto  para  que  se  aproveitasse  todo   o   interesse   demonstrado   e   para   que   o   mundo   conhecesse   o   máximo  possível  da  riqueza  cultural  ali  presente.  Um  processo  desafiador  para  todos  os  profissionais   envolvidos,   superado   com   apoio   e   parceria   com   as   várias  coordenações  do  projeto.    

No  entanto,  vale  ressaltar  que  a  Oca  da  Sabedoria  foi  projetada  como  espaço  para  palestras   e   não   para   shows   ou   apresentações   coletivas.   Mas   poderia   ter   sido  planejado  de  maneira   a   atender  de  maneira  mais   efetiva   esta  demanda,   caso   a  gestão  cultural  fosse  aplicada  desde  o  início  da  organização  do  evento.  Todo  um  diálogo   prévio   e   mapeamento   detalhado   das   expressões   culturais   seriam  realizados   antes   da   chegada   das   delegações,   de   modo   que   a   organização   e   a  estrutura   pudessem   estar   preparadas   para   as   apresentações   culturais   e  demonstrações   esportivo-­‐culturais   quando   as   delegações  desembarcassem.  Em  tal   cenário,   haveria   também   a   previsão   orçamentária   correspondente   para   o  atendimento  dessas  atividades.  

A   Oca   Digital   foi   concebida   como   um   espaço   de   conectividade   exclusivo   aos  indígenas.  Neste,   outras   ações   foram  programadas   para   o   público   em   geral,   os  saraus   literários  e  musicais.  No  entanto,   tal  programação  não  estava  disponível  antes   da   abertura   do   espaço   e   houve   alterações   após   a   disponibilização   do  programa.   Os   saraus   musicais   programados   para   os   primeiros   dias   não  aconteceram   e   aqueles   que   estavam   programados   nos   últimos   dias   foram  realizados  na  Oca  da  Sabedoria.  No  lugar  de  saraus  que  não  aconteceram,  foram  exibidos  vídeos  de  realizadores  indígenas,  apresentados  espontaneamente.  

   Pontos  positivos    A   programação   da   Oca   da   Sabedoria   incluiu   shows   de   artistas   nacionais   e  regionais,   além   de   apresentações   culturais   indígenas,   traduzindo-­‐se   em  oportunidade   de   ambientação   e   integração   para   as   delegações   indígenas  participantes.  

Indígenas   nacionais   e   internacionais   se   apresentaram   na   Praça   dos   Girassóis,  durante  a  Cerimônia  do  Fogo  Sagrado.  A  apresentação  foi  acompanhada  por  um  grande  público  e  contou  com  ampla  cobertura  da  mídia,  como  consequência  os  

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indígenas  da  etnia  Maori,  da  Nova  Zelândia,  se  tornaram  capa  do  maior  jornal  do  Estado  no  dia  seguinte.  

O  Festival  Artístico  Internacional  de  Culturas  Indígenas  permitiu  a  interação  entre  as  diferentes  etnias  que  puderam  conhecer  os  trabalhos  artísticos  e  expressões  culturais  dos  povos  presentes,  antes  do  início  das  competições  esportivas.      

Para  informações  adicionais,  consulte  o  Anexo  12.4.5.  

   

7.3.6 Comunicação    Atividades  realizadas    A  Coordenação  de   Imprensa  e  Relações  Públicas   (Comunicação),  desde  o   início  do  projeto,   trabalhou  em  todas  as  atividades  voltadas  à  Comunicação  Social  do  evento,   sua   divulgação   em   níveis   local,   nacional   e   internacional.   Além   disso,  organizou  e  coordenou  toda  a  logística  de  recepção  e  orientação  dos  jornalistas  que  estiveram  na  cidade  de  Palmas,  o  credenciamento  da  imprensa  mundial  e  o  atendimento  e  direcionamento  dado  aos  profissionais  de  Comunicação  durante  os  I  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas.  

A  área  de  Comunicação  se  dividiu  em  quatro  pilares,  que  atuaram  paralelamente  desde  antes  do  lançamento  do  evento,  no  Congresso  Técnico,  em  junho  de  2015,  até  algumas  semanas  depois  da  data  de  encerramento  dos  I  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas,  ocorrida  em  31  de  outubro.  São  eles:  divulgação  e  assessoria  de  imprensa,  Relações  Públicas,  credenciamento  e  coordenação  de  imprensa.  

 

Divulgação  e  Assessoria  de  Imprensa    

-­‐ Levantamento  de  dados  e   informações   junto  aos  coordenadores  de  cada  área   do   Comitê   Nacional   Executivo,   Governo   Federal,   por   meio   do  Ministério   do   Esporte,   Comitê   Intertribal   Memória   e   Ciência   Indígena   -­‐  ITC,   Governo   do   Estado   do  Tocantins,   Prefeitura   de   Palmas   e   Programa  das   Nações   Unidas   para   o   Desenvolvimento   (PNUD),   a   fim   de   elaborar  estratégias  de  divulgação  e  agenda  positiva  para  a  imprensa;  

-­‐ Produção   de   informações   e   slides   para   as   páginas   dos   canais   de  comunicação  dos  I  JMPI  (textos  de  abertura  e  capas  das  páginas  dos  sites  e  textos  informativos  de  todos  os  canais);  

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-­‐ Produção  de  notícias  para  o  site  oficial:  captação  de  pautas,  produção  de  textos   e   releases,   edição,   revisão,   acompanhamento   de   tradução   e  monitoramento  das  postagens  nos  canais  de  comunicação  dos  I  JMPI;  

-­‐ Alimentação   das   redes   sociais:   sugestão   e   aprovação   de   posts   e   cards  (artes)   para   o   Facebook,   Instagram   e   Twitter   junto   às   agências   de  propaganda  e  posterior  acompanhamento  das  postagens  nestes  canais;  

-­‐ Sugestão   e   venda   de   pautas   para   a   imprensa:   produção   de   releases   e  avisos  de  pauta,  montagem  de  mailing  especializado,  envio  de  matérias  e  follow  up  (acompanhamento)  com  as  redações;  

-­‐ Visita   às   redações   e   aproximação   com   a   imprensa   local,   nacional   e  internacional  para  inserção  da  mídia  mundial  no  projeto;  

-­‐ Cobertura  total  do  evento:  matérias  produzidas  em  forma  de  texto,  vídeo  e   áudio   para   todos   os   canais   de   comunicação   do   Governo   Federal,  replicado  por  toda  a  imprensa  nacional.  

 

Relações  Públicas  

-­‐ Interface   com   os   entes   envolvidos   (Governo   Federal,   ITC,   Governo   do  Estado  do  Tocantins,  Prefeitura  de  Palmas  e  PNUD)  a  fim  de  alcançar  uma  Comunicação   integrada  e  discurso  unificado  sobre  as  ações  concluídas  e  aquelas  em  andamento  antes,  durante  e  depois  dos  Jogos;  

-­‐ Interface   entre   todos   os   entes   supracitados   com   as   agências   de  propaganda   envolvidas   no   evento   (Agência   Fields   360   Comunicação   e  Agência  Lieve),  com  a  qual,  a  partir  desta  ponte,  foi  possível  produzir  todo  o  material  de  comunicação  dos  Jogos;  

-­‐ Visita   às   redações   dos   principais   veículos   de   Tocantins,   a   fim   de  apresentação  e  explicação  do  projeto.  

 

Credenciamento  da  Imprensa  

-­‐ Coordenação   e   elaboração   de   todo   o   processo   de   credenciamento   de  imprensa;  

-­‐ Testes,   revisão   e   acompanhamento   da   tradução   do   site   de  credenciamento;  

-­‐ Processo   de   credenciamento   de   imprensa:   elaboração   de   requisitos   de  seleção,  aprovação  e  reprovação  das  solicitações;  

-­‐ Envio   de   informações   e   captação   de   documentações   de   todos   os  jornalistas  aprovados;  

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-­‐ Atendimento  à  imprensa  para  informações  e  dúvidas  sobre  o  processo  de  credenciamento;  

-­‐ Atendimento   especializado   à   imprensa   no   setor   de   credenciamento  durante   todo   o   evento   (recepção,   direcionamento,   credenciamento,  informações).  

 

Coordenação  de  Imprensa  

-­‐ Coordenação,   logística   e   funcionamento   de   todos   os   espaços   destinados  aos   jornalistas  na  Vila  dos   Jogos:  Media  Center,  Tribuna  de  Mídia,  Arena  Verde   e   demais   instalações   de   competições,   locais   de   apresentações   e  hospedagem  dos  indígenas,  por  onde  a  imprensa  estava  apta  a  circular;  

-­‐ Produção,  revisão,  tradução  e  distribuição  de  materiais  informativos  para  os   profissionais   de   imprensa,   chamados   “manual   de   imprensa”   e   “press  kit”;    

-­‐ Roteirização   e   realização   de   briefing   diário   com   os   jornalistas   para  atualização  da  programação  do  evento  e  dos  acontecimentos  na  Vila  dos  Jogos  e  demais  instalações  envolvidas;  

-­‐ Envio  diário  de  sugestões,  avisos  de  pautas  e  matérias  para  publicação;  

-­‐ Disponibilização  nos  sites  oficiais  de  todo  o  conteúdo  produzido;  

-­‐ Convocações  para  coletivas  de  imprensa;  

-­‐ Atendimento   aos   jornalistas   e   auxílio   na   produção   de   pautas,   fazendo  interface  com  as  autoridades  envolvidas  e  com  os  indígenas  participantes,  marcando   entrevistas,   coletivas,   e   colocando   os   jornalistas   em   contato  com  representantes  das  áreas  para  captação  de  informações.  

 

Pré-­‐credenciamento  

No   período   de   01º   de   agosto   a   25   de   setembro   foi   aberto   no   site   dos   I   JMPI  (www.jmpi2015.gov.br)   o   credenciamento   de   imprensa,   onde   os   profissionais  mandavam   suas   solicitações   para   aprovação.   O   primeiro   passo   para   se  credenciar   era   enviar   uma   carta   timbrada   do   diretor   da   empresa   de  Comunicação   da   qual   o   jornalista   faz   parte   ao   diretor   executivo   dos   I   Jogos  Mundiais  dos  Povos   Indígenas.  O  documento,   que   era   anexado  no  próprio   site,  deveria   conter:   a   data   e   tipo   da   cobertura   intencionada   (jornalística,  documentária,   acadêmica,   etc.),   nome   dos   profissionais   que   pretendiam  trabalhar  nos  Jogos  e  o  tipo  de  veículo  (jornal,  revista,  TV,  web,  trabalho  autoral,  dentre  outros).  

A   Coordenação   de   Comunicação,   composta   por  membros   do   CNE,   do   Governo  Federal/Ministério  do  Esporte,   ITC  e  SEJI,  analisava  todos  os  pedidos  e  enviava  

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resposta   positiva   ou   negativa.   Foram   239   solicitações   de   credenciamento   de  imprensa   pelo   site.   Devido   ao   espaço   restrito   destinado   a   estes   profissionais,  infelizmente   não   foi   possível   credenciar   todos   os   interessados   em   cobrir   o  evento.   A   Coordenação   de   Comunicação   utilizou,   então,   de   alguns   critérios   de  seleção:  

1  -­‐  Grandes  grupos,  veículos  de  imprensa  e  agências  de  notícias  nacionais  e   internacionais,   de   grande   circulação,   audiência   e   público,   conhecidos  mundialmente;  

2  -­‐  Principais  veículos  de  Tocantins;  

3  -­‐  Imprensa  oriunda  de  países  com  delegações  de  atletas  nos  Jogos;  

4  -­‐  Solicitação  de  credenciamento  -­‐  com  upload  no  site  da  carta  do  diretor  do   veículo   -­‐   e   posterior   envio   dos   documentos   solicitados   dentro   dos  prazos   estabelecidos   pela   Coordenação   (25   de   setembro   e   02   de  novembro,  respectivamente).  

Vale   salientar   que   este   credenciamento   foi   exclusivamente   para   veículos   de  imprensa.   Profissionais   autônomos   e   demais   interessados   em   outros   tipos   de  trabalhos   como   documentários,   trabalhos   autorais,   estudos,   entre   outros,   não  estavam   aptos   ao   credenciamento   de   imprensa   e   deveriam   entrar   em   contato  diretamente  com  o  ITC  para  apresentar  um  projeto  e  solicitar  autorização  prévia.        

Caso  o  pedido  de  credenciamento  fosse  deferido,  o  jornalista  recebia  uma  senha,  que  dava  direito   a   um  acesso  mais   restrito   à   área  de   credenciamento,   onde  os  profissionais  detalharam  seus  dados  pessoais  e  a  cobertura  pretendida.  

Ao  todo,  foram  aprovados  242  profissionais  de  91  veículos  diferentes,  vindos  de  19  países.    

 

Credenciamento  definitivo  

No   dia   20   de   outubro,   foi   aberto   o   espaço   físico   para   o   credenciamento   da  imprensa   nos   Jogos   Mundiais   dos   Povos   Indígenas,   em   Palmas,   onde   os  profissionais  puderam  apresentar  pessoalmente  a  documentação  original,   fazer  solicitações,   como   troca  de  profissionais,   e   receber   as   instruções   de   cobertura.  Ao   todo,   110   veículos   de   18   países   foram   credenciados,   totalizando   280  profissionais.   O   mundo   inteiro   estava   representado   pela   mídia   nos   I   JMPI:  profissionais  de  quatro  continentes  estavam  presentes.  

A   lista   final   de   credenciados   foi,   portanto,   alterada,   em   comparação   aos  profissionais  pré-­‐aprovados,  devido  a  fatores  como:  

-­‐ Veículos  que  substituíram  seus  profissionais;  

-­‐ Novos   profissionais   que   chegaram   ao   evento   acompanhando   as  delegações  nacionais  e  estrangeiras;  

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-­‐ Repercussão   internacional,   atraindo   novos   veículos   de   grande  importância;  

-­‐ Veículos  que  não  puderam  mandar  profissionais  pré-­‐aprovados  a  Palmas.  

-­‐ Um  fator  que  influenciou  o  aumento  do  número  de  profissionais  do  Brasil  foi   a   contratação   por   parte   de   veículos   internacionais   de   jornalistas   e  fotógrafos  freelancers  nacionais,  agências  e  produtoras  brasileiras,  o  que  viabilizou   ainda  mais   a   cobertura   internacional   e   a   divulgação   em  mais  países.  Por  isso,  o  grande  número  de  profissionais  brasileiros.  

   Principais  desafios    O  que  mais  causou  crise  na  Coordenação  de  Comunicação  dos  I   Jogos  Mundiais  dos  Povos   Indígenas   foi   a   falta  de   fluxo  de   informações,   o  que  gerou  um  clima  delicado   entre   os  profissionais   de   imprensa  desde  o   lançamento  do   evento,   na  cidade  de  Brasília.  As  reclamações  começaram  já  em  junho,  quando  os  jornalistas  começaram   a   ter   muita   dificuldade   no   acesso   aos   indígenas   e   aos   atletas  participantes,  principalmente  entre  as  etnias  nacionais.  

Durante  o  evento,  a  falta  de  uma  programação  consolidada  e  a  quebra  constante  do  cronograma  diário  divulgado  foram  as  principais  reclamações  dos  jornalistas,  que   não   puderam   se   programar   com   antecedência   para   produzir   pautas.   A  grande  maioria  das  matérias  publicadas  foi  produzida  de  forma  espontânea  e  de  última  hora,  sem  levar  em  conta  o  deadline  de  muitos  veículos,  os  fusos  horários  de  cada  país,  horário  de  entradas  ao  vivo  nos  telejornais  e  boletins  de  rádio,  etc.  

Na   falta   de   informações,   a   Coordenação   de   Comunicação   optou,   então,   por  direcionar   os   jornalistas   para   as   demais   áreas   que   não   dependessem   única   e  exclusivamente   de   histórias   e   informações   sobre   as   etnias   nacionais,   como  organização,  espaços  físicos,    programações  culturais  e  etnias  internacionais  que  solicitaram  promover  seus  costumes  para  a  imprensa.  

   Pontos  positivos  Os  jornalistas  que  se  interessaram  pelas  etnias  estrangeiras  tiveram  fácil  acesso  a   diferentes   dados,   já   que   todas   as   informações   e   contatos   destas   delegações  foram   coletadas   pelo   Comitê   Nacional   Executivo.   Além   disso,   os   indígenas  internacionais   ficavam  hospedados   em  escolas   que   também  eram  monitoradas  pelo   CNE,   o   que   facilitou   muito   o   acesso   da   imprensa   nestes   locais,   a   pedido  deles.  

 Para  informações  adicionais,  consulte  o  Anexo  12.4.6.  

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7.3.7 Acessibilidade    Atividades  realizadas    Foram   desenvolvidas   as   seguintes   ações,   com   o   objetivo   de   promover   a  acessibilidade  durante  os  I  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas:  

-­‐ Visitas   diárias   nas   diversas   áreas   da   Vila   dos   Jogos   e   diagnósticos   com  registro  de  fotos  e  indicação  de  soluções  nos  aspectos  físico-­‐estruturais  e  de  serviço;    

-­‐ Levantamento   de   estruturas   e   serviços   disponíveis   para   mobilização   em  favor  da  acessibilidade:  equipamentos,  materiais  e  pessoal;  

-­‐ Envio   sistemático   de   relatórios   detalhados   aos   consultores   responsáveis  pela  montagem,  coordenadores  e  produtores;  

-­‐ Sensibilização  dos  profissionais  responsáveis  nas  diversas  áreas  do  evento:    

(a)   empresa   integradora,   Secretaria   Extraordinária   dos   Jogos   Indígenas  (SEJI),   Ministério   do   Esporte   (ME),   Programa   das   Nações   Unidas   para   o  Desenvolvimento  (PNUD);    

(b)  equipes  de  montagem  e  atendimento  das  Ocas  da  Sabedoria  e  Digital,  da  Arena   dos   Jogos,   espaços   de   exposição   do  Ministério   do  Desenvolvimento  Agrário  (MDA)  e  áreas  de  circulação;    

-­‐ Sensibilização   de   equipes   de   credenciamento,   serviços   de   acesso   das  entradas   principal,   de   serviço,   de   transporte   e   cargas,   áreas   VIP   e   VVIP;  bombeiros,   brigadistas,   área   médica;   voluntários;   praça   de   alimentação;  restaurante  e  áreas  de  circulação.    

-­‐ A   sensibilização   incluiu   envio   do   documento   Ações   Orientadoras   para  Atendimento   às   Pessoas   com   Deficiência   e   Mobilidade   Reduzida,   ou  simplesmente  Pessoas  com  Prioridade  –  que  inclui  pessoas  idosas,  mulheres  grávidas,  adultos  com  crianças  de  colo  e  pessoas  obesas;    

-­‐ Reunião   de   sensibilização   e   posterior   entrega   de   documento   com   ações  orientadoras   para   atendimento   às   Pessoas   com   Deficiência   e   Mobilidade  Reduzida   (ou   simplesmente   Pessoas   com   Prioridade)   aos   Coordenadores  das   seguintes   áreas   de   atendimento:   acessos,   segurança,   Centro   de  Mídia,  serviços  gerais  e  de  limpeza;  

-­‐ Treinamento   e   coordenação   dos   recepcionistas   e   responsáveis   pelo  atendimento  e  acesso  às  áreas  VIP  e  VVIP,  da  equipe  do  Posso  Ajudar  e  da  Mídia;  

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-­‐ Sinalização   dos   acessos   preferenciais   na   portaria   principal,   Arena   e  entradas   para   áreas   VIP   e   VVIP;   sinalização   dos   espaços   preferenciais   na  Arena  e  Praça  da  Alimentação;  

-­‐ Observação   e   diagnóstico   dos   problemas   de   acesso   nos   primeiros   dias   do  evento,   especialmente   após   o   domingo   seguinte   à   abertura   dos   jogos,   e  sugestões  para  solução;  

-­‐ Elaboração,  apresentação  e  aprovação  do  Plano  de  Acessibilidade  à  equipe  de  representantes  da  Secretaria  Especial  de  Direitos  Humanos  e  Casa  Civil  na  Agenda  de  Convergência  e  Ministério  do  Esporte  -­‐  ME,  designados  para  acompanhar   a   estratégia   proposta   e   implementada,   a   partir   da  disponibilização  da  área  VIP  para  o  público  com  prioridade;  

-­‐ Articulação   com   o   Governo   de   Tocantins,   especialmente   as   Secretaria   de  Defesa  e  Proteção  Social  e  Secretaria  de  Turismo,  para  os  seguintes  apoios,  respectivamente:   (1)   sinalização   de   quatro   pontos   estratégicos   na   Vila,   a  partir  de  acessos  preferenciais  estabelecidos  na  entrada  principal,  na  Arena,  nas   áreas  VIP   e  VVIP;   e   (2)   cessão  de  dois   intérpretes   de   LIBRAS   (Língua  Brasileira  de  Sinais)  e  coordenador/apoiador  para  a  Cerimônia  de  Abertura;  

-­‐ Articulação   com   os   seguintes   órgãos   do   Governo,   a   partir   do   apoio   da  Agenda   de   Convergência:   Secretaria   Extraordinária   de   Segurança   em  Grandes   Eventos   -­‐   SESGE/MJ,   Centro   Integrado   de   Comando   e   Controle,  Secretaria   de   Segurança   Pública,   Departamento   Estadual   de   Trânsito   que  em  conjunto  viabilizaram  os  seguintes  recursos:  

   -­‐  Pessoal  para  orientação  dos  veículos  com  pessoas  com  prioridade;    

   -­‐  Quatro  letreiros  luminosos  nas  áreas  de  acesso  do  entorno  da  Vila;    

   -­‐  Cobertura  e  iluminação  do  estacionamento  da  área  VIP;    

 -­‐   30   letreiros   luminosos   adicionais   pela   cidade   informando   sobre   o  serviço  especial  para  pessoas  com  prioridade;    

-­‐ Articulação  com  a  área  de  comunicação  do  Ministério  do  Esporte  alocada  no  evento  para  divulgação  da  pauta  com  informações  sobre  os  serviços;  

-­‐ Orientação   aos   prestadores   de   serviço   em   toda   a   rota   acessível   criada:  seguranças,   voluntários,   controladores   de   acesso,   operador   do   elevador,  recepcionistas  nas  rampas;  

-­‐ Diagnóstico   da   área   VIP   e   VVIP,   desde   os   acessos   dos   veículos   para   o  estacionamento,  rotas  a  partir  do  estacionamento  e  a  partir  da  entrada  do  público   geral,   rampas,   eventualmente   pela   área   da   mídia,   elevador,  banheiros  e  acessos  às  arquibancadas;  

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-­‐ Demanda   aos   consultores   da   infraestrutura   pela   instalação   de   rampa   de  acesso,  de  banheiro  químico  acessível  nas  proximidades  da  rampa  de  acesso  às   áreas   VIP   e   VVIP,   pavimentação   e   remoção   de   meios-­‐fios,   portões   e  outras  barreiras  que  impediam  o  acesso  pela  área  atrás  da  arena;  

-­‐ Coordenação   do   acesso,   credenciamento   do   público   e   das   equipes  envolvidas   na   operação   do   Plano   de   Acessibilidade,   com   experiências   e  ajustes  diários  e  de  modo  articulado  até  o  dia  do  encerramento  dos  Jogos;  

-­‐ Coleta  de  depoimentos  dos  usuários  dos  serviços  implantados;  

-­‐ Relatório  de  Ações  encaminhado  ao  PNUD.  

   Principais  desafios    Uma  vez  que  o  componente  Acessibilidade  não  dispunha  de  orçamento,  equipes  ou   recursos   próprios   na   organização   e/ou   produção   dos   Jogos,   o   trabalho   foi  desenvolvido   a   partir   do   mapeamento   e   articulação   com   as   diversas  coordenações,   equipes   de   implantação   e   serviços,   empresas   terceirizadas   e  parcerias,  internas  e  externas  ao  evento.  

O  trabalho  de  promoção  da  acessibilidade  iniciou-­‐se  sete  dias  antes  da  abertura  oficial  dos   I   Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas  o  que  representou  um  desafio  adicional,  pois,  além  da  escassez  de  tempo  hábil  para  a  implementação  das  ações  o  evento  se  encontrava  em  momento  avançado  de  produção.    

Não   fosse   a   relevante   experiência   em   organização   de   eventos   em   geral   e   na  promoção   do   componente   Acessibilidade   em   especial,   uma   leitura   inicial   faria  crer   em   quase   absoluta   limitação   ou  mesmo   impossibilidade   de   realização   do  trabalho  de  Promoção  da  Acessibilidade  na  primeira  edição  dos  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas.  

   Pontos  positivos    Considerando   a   atuação   em   outros   três   grandes   eventos   (Rio+20,   Copa   das  Confederações,   Fórum  Mundial   de   Direitos   Humanos)   e   diante   do   contexto   de  absoluta   escassez   de   tempo   e   recursos   disponíveis,   o   trabalho   efetivamente  implantado  representou  uma  realização  bem  sucedida,  acima  do  esperado.      O   projeto   de  mobiliário   da   Oca   da   Sabedoria   foi   desenhado   por   arquitetos   de  acordo  com  normas  de  circulação  acessível.    

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Coordenada   pelo   Ministério   das   Mulheres,   da   Igualdade   Racial   e   de   Direitos  Humanos,   por  meio  da   Secretaria  Especial   dos  Direitos  Humanos,   a  Agenda  de  Convergência   foi   responsável   pela   articulação   de   esforços   para   a   defesa   dos  direitos   humanos   na   realização   de   grandes   eventos.   A   iniciativa   prevê   ações  integradas   entre   as   três   esferas  de   governo,   organizações  não  governamentais,  rede  de  proteção  e  organismos  internacionais.  A  metodologia   já   foi  utilizada  na  Copa  do  Mundo  de  2014  e  na  Copa  das  Confederações  de  2013.      Durante  os  I  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas,  a  Agenda  de  Convergência  de  Proteção  dos  Direitos  Humanos  funcionou  nos  seguintes  formatos:      

-­‐ Plantão   integrado   central,   com   atuação   na   arena   e   em   todo   o   complexo  dos  Jogos,  das  8h  às  23h;  

-­‐ Equipes   volantes   com   atuação   no   Espaço   de   Convivência/Praça   do  Bosque  e  Praia  das  Arnos,  das  8h  às  23h.    

-­‐ Equipes  de  protetores  de  Direitos  Humanos  com  atuação  na  Arena  e  todo  Complexo  dos  Jogos,  Espaço  de  Convivência  e  Praça  do  Bosque,  das  8h  às  20h.    

-­‐ Disque   100:   As   denúncias   de   violação   de   direitos   humanos   também  puderam  ser  feitas  pelo  Disque  100.  O  serviço  funciona  24  horas  por  dia,  incluindo  sábados,  domingos  e  feriados.  As  ligações  são  gratuitas  e  podem  ser   feitas   de   qualquer   telefônico   fixo   ou   móvel.   As   denúncias   são  anônimas.  

 Além   da   articulação   com   os   coordenadores,   equipes   de   profissionais   e  voluntários   já  mencionada,   o  Plano  de  Acessibilidade   consistiu  basicamente  na  criação/adaptação   de   três   rotas   acessíveis   e   delimitação   de   locais   reservados  para  pessoas  com  Prioridade  em  consonância  com  o  Decreto  n.  5296/2004  (Lei  da  Acessibilidade):      

-­‐ Liberação  da  área  VIP  para  público  com  prioridade;  -­‐ Assentos  reservados  na  Arena  dos  Jogos;  -­‐ Entrada  com  veículos  até  o  estacionamento  das  áreas  VIP  e  VVIP,  com  

acesso  pela  rampa  ou  elevador  dessas  áreas;  -­‐ Entrada   por   portões   de   acesso   prioritários   na   entrada   geral   do  

público,   com  rota  até  a  arena  dos   jogos,   catracas   reposicionadas  em  portão   de   acesso   com   prioridade   e   assentos   reservados,   conforme  percentuais  definidos  em  lei;    

-­‐ Entrada   por   portões   de   acesso   prioritários   na   entrada   geral   do  público,  com  rota  até  as  áreas  VIP  e  VVIP,  em  alguns  casos  de  maior  dificuldade  de   locomoção  ou  em  cadeiras  de   rodas,  usando  a   rampa  do  acesso  à  área  de  mídia,  ou,  de  modo  geral,  pela  área  dos  fundos  da  arena  e  a  partir  daí  pela  rampa  ou  elevador  de  acesso  a  essas  áreas.  

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Para  informações  adicionais,  consulte  o  Anexo  12.4.7.  

 

7.4 Atuação do CNE em Relações Internacionais      Atividades  Realizadas    Apesar  de  não  estar,  preliminarmente,  dentro  das  atribuições  do  CNE  a  função  de  coordenar   as   atividades   de   relações   internacionais   do   projeto,   por   questões  circunstanciais  essas  atividades  foram  absorvidas  pela  Coordenação  de  Parcerias  Estratégicas.   A   Coordenação   atuou   sob   as   orientações   da   Casa   Civil   e   do  Ministério   do   Esporte,   informando   e   alinhando   com   o   ITC,   no   momento   do  projeto  em  que  a  comunicação  entre  os  partícipes  foi  plenamente  restabelecida,  todas  as  ações  e  comunicações  com  os  líderes  indígenas  internacionais.        O  primeiro  contato  com  a  área  internacional  do  projeto  foi  feito  entre  o  ITC  e  o  Ministério   das   Relações   Exteriores   -­‐   MRE,   a   fim   de   que   o   Governo   Brasileiro  fizesse   uma   consulta   junto   aos   países   em   que   o   Brasil   tem   representação  diplomática   e   identificasse   os   possíveis   povos   tradicionais/originários,   que  pudessem  participar  do  projeto.  A  partir  da   lista  de  países  que   sinalizaram   ter  indígenas  em  seus  territórios,  foi  iniciado  um  processo  de  convite  para  que  esses  países   pudessem   participar   dos   Jogos.   Alguns   poucos   países   sinalizaram   ao  Governo   Brasileiro   não   ter   interesse   em   participar   dos   Jogos   por   questões  políticas  e  o  MRE,  atendendo  ao  princípio  da  soberania  de  cada  Estado,  respeitou  todas  as  justificativas  apresentadas,  compartilhando-­‐as  com  o  ITC.      Foi   nesse   momento,   também,   que   o   MRE   tomou   a   iniciativa   de   propor   que   o  Governo   Brasileiro   oferecesse   visto   de   cortesia   a   todos   os   delegados  participantes   dos   Jogos,   tendo   sido   a   proposta   aprovada   pelo   Ministério   e  estabeleceu,   utilizando   o   critério   de   respeito   à   soberania   dos   povos,   que  nenhuma   bandeira   de   outra   nação   deveria   ser   hasteada.   Sendo   assim,   foi  estabelecido   que   somente   as   Bandeiras   do   Brasil,   do   Estado   de   Tocantins,   da  Cidade   de   Palmas,   do   ITC   e   dos   Jogos   Indígenas   seriam   hasteadas   duraste   os  Jogos.      Além  da  lista  elaborada  em  conjunto  com  o  MRE,  o  ITC  convidou  diretamente  os  povos  internacionais  que  já  haviam  participada  e  prestigiado  alguma  das  edições  nacionais   dos   Jogos   Indígenas.   O   ITC,   por   conta   de   sua   atuação   em   fóruns  internacionais   indígenas,   já   tinha   uma   rede   de   relacionamentos   internacional  

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estabelecida  e   já   iniciou  o  projeto  tendo  boas  perspectivas  de  adesão  por  parte  de  seus  pares  internacionais.    Como   mencionado,   dentro   da   Matriz   de   Responsabilidades,   o   contato   com   as  etnias  internacionais  estaria  a  cargo  do  ITC,  que  deveria  municiar  com  todas  as  informações   relativas   aos   convidados   internacionais   tanto   o   CNE   quanto   a  Parceria   Interministerial   Ampliada   criada   para   este   evento.   A   expectativa   era  que  o  ITC  aproveitaria  a  oportunidade  da  reunião  de  todos  os  líderes  nacionais  e  internacionais,   ocorrida   no   Congresso   Técnico   prévio   ao   evento,   para   fazer   o  levantamento   de   todas   as   informações   necessárias,   solicitadas   por   todos   os  parceiros.    Com   base   nessas   informações,   todos   os   planos   de   ação   seriam   iniciados.   A  expectativa  de  todos  os  envolvidos  pelos  dados  a  serem  levantados  no  Congresso  Técnico   era   muito   grande.   Entretanto,   apesar   das   três   dilações   de   prazo  estabelecidas  pela  Casa  Civil,  tendo  em  vista  a  necessidade  premente  de  todos  os  órgãos  envolvidos,  o  ITC  não  conseguiu  apresentar  os  dados  sistematizados.      Foi  então  solicitado  ao  CNE  que  iniciasse  um  movimento  de  localizar  e  dialogar  com  todos  os  líderes  estrangeiros  a  fim  de  garantir  a  participação  internacional  que  caracterizasse,  de  fato,  que  os  Jogos  tivessem  caráter  mundial.      Os  países  foram  contatados  de  forma  a  ter  pelo  menos  um  representante  de  cada  continente   e   esse  objetivo   foi   alçado.  Tivemos   representantes  das  Américas  do  Norte,  Central  e  do  Sul,  da  Europa,  da  África,  da  Ásia  e  da  Oceania.  A  lista  final  de  países  participantes  foi:  Argentina,  Bolívia,  Brasil,  Canadá,  Chile,  Colômbia,  Costa  Rica,   Estados   Unidos,   Etiópia,   Filipinas,   Finlândia,   Gambia,   Guatemala,   Guiana  Francesa,  México,  Mongólia,  Nicarágua,  Nova  Zelândia,  Panamá,  Paraguai,  Peru,  Rússia  e    Uruguai.    Numa   listagem   preliminar   chegaram   constar   Austrália,   Congo-­‐Brazzaville,  Equador,   Paquistão   e   Venezuela.   Com   exceção   do   Paquistão,   todos   os   demais  países  chegaram  a  participar  do  Congresso  Técnico  em  Brasília  para  conhecer  o  eventos  e  as  regras  dos  Jogos.  Austrália  foi  o  primeiro  a  confirmar  o  não  envio  de  delegação;   após   esse   momento,   apesar   de   uma   visita   da   Embaixadora   da  Austrália  à  SEJI  e  dos  vários  esforços  do  CNE  e  da  SEJI  e  buscar  uma  delegação  alternativa,  não  foi  possível  conseguir  a  confirmação  do  país.  Congo-­‐Brazzaville  e  Venezuela  permaneceram  confirmados  até  poucos  dias  antes  do  início  dos  Jogos  e  alegaram  falta  de  recursos  suficientes  para  vir  ao  Brasil  no  momento  em  que  enviaram   o   comunicado   de   não   participação.   Equador   também   estava  confirmado   até   poucos   dias   antes   do   início   do   evento   e   alegou   problemas  políticos  das  etnias  com  o  governo  de  seu  país,  enviando  uma  carta  manifesto  ao  justificar  a  não  participação.  Paquistão  foi  um  caso  sui  generis,  ao  apresentar  uma  

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postulação   para   participar   dos   Jogos,   após   as   delegações   já   estarem   todas  definidas.  Houve  uma   consulta  por  parte  desta  Coordenação   a   todos  os  órgãos  vinculados:   Casa   Civil,   MRE,   ITC,   Polícia   Federal   e   ABIN.   Decidiu-­‐se   abrir   a  possibilidade   da   participação   paquistanesa   e   os   nomes   dos   delegados   e  informações  sobre  a  sua  etnia  foram  submetidos  à  análise  por  parte  dos  órgãos  de   inteligência   e   devidamente   aprovados   para   o   envio   do   convite   formal   e   do  visto  de  cortesia.      Apesar   de   todo   esse   esforço   e   da   confirmação   da   vinda   com   o   envio   das  passagens  aéreas  para  o  Brasil,  a  delegação  não  compareceu.  Contatados  após  o  início  dos  Jogos,  o  líder  indígena  paquistanês  alegou  um  terremoto  na  cidade  dos  delegados,   impedindo   a   saída   do   país.   Todas   essas   situações   dos   países  confirmados  que  não  compareceram,  bem  como  o  nome  de   todos  os  delegados  que  haviam  confirmado  mas  não  participaram  dos  Jogos  foram  apresentadas  aos  órgãos  competentes  do  Governo  Federal.        Principais  Desafios    A   Coordenação   de   Parcerias   Estratégicas   absorveu   o   desafio   de   localizar,  dialogar   e   providenciar   todas   as   informações   necessárias   para   que   todos   os  órgãos  envolvidos  pudessem  realizar  seus  planos  de  ação.    Para  tanto,   foi  criado  um  formulário,  enviado  para  todos  os   líderes  que  haviam  participado  do  Congresso  Técnico,  em  que  o  CNE  consultou  a  respeito  de  todas  as  informações  necessárias,  solicitadas  pela  Casa  Civil,  que  pudessem  nos  ajudar  a   conhecer   suas   realidades   e   direcionar   as   ações.   As   informações   solicitadas  foram:  país;   nome  da   liderança  que   conduziria   a  delegação;   contatos   (telefone,  email,   skype);   quantidade   de   pessoas   na   delegação;   nome   das   etnias  participantes  e  um  breve  relato  a  respeito  de  cada  uma  delas;  data  estimada  da  chegada  e  da  saída  da  delegação  no  Brasil;  aeroporto  de  entrada  no  Brasil;  qual  a  rota   pretendida   até   a   cidade   de   Palmas;   quais   equipamentos   desportivos   eles  pretendiam   trazer;   alguma   restrição   de   dieta   e/ou   alergia   alimentar   da  delegação;   se   havia   alguma   solicitação   específica   por   alimentos   que   devessem  fazer   parte   da   dieta   da   delegação;   quais   disciplinas   desportivas   a   delegação  pretendia   participar;   quais   disciplinas   desportivas   a   delegação   se   destacava  mais;  se  a  delegação  pretendia  participar  de  alguma  apresentação  na  Modalidade  Demonstrativa  dos  Jogos;  se  existia  e  qual  seria  a  participação  da  mulher/atleta  indígena  naquela  delegação;  quais  artefatos  indígenas  e  artesanatos  a  delegação  pretendia  trazer  tanto  para  exibir  quanto  para  comercializar  na  Feira  Mundial  do  Artesanato   Indígena;   se  a  delegação  pretendia   trazer  para  consumo  próprio  ou  para  uso  em  rituais  religiosos;  quais  eram  as  danças  tradicionais;  quais  eram  as  músicas   tradicionais;   quais   eram   as   artes   e   artesanatos   tradicionais;     se   a  

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delegação  pretendia   fazer  alguma  apresentação  cultural  durante  os   JMPI;  quais  eram  as  modalidades  esportivas  tradicionais;  a  solicitação  de  envio  de  materiais  audiovisuais,   links,   arquivos   que   pudessem   nos   ajudar   a   entender   melhor   as  tradições  culturais  e  históricas  de  cada  povo;  qual  era  a  motivação  deles  em  fazer  parte  dos  I  JMPI;  qual  era  a  relevância  dos  JMPI  para  o  líder  e  para  os  delegados;  de  que  maneira  os   JMPI  poderia   contribuir  para  os  distintos  grupos  étnicos  de  cada   delegação;   de   que  maneira   a   delegação   pretendia   contribuir   para   o   êxito  dos  JMPI;  se  o  país  estaria  interessado  em  ser  sede  de  futuras  edições  dos  JMPI;  se   a   delegação   pretendia   fazer   alguma   apresentação   cultural   durante   os   JMPI;  informar   se   havia   algum   tipo   de   comida,   medicamento,   medicina   tradicional,  artefato  tradicional  ou  sagrado  que  a  delegação  pretendia  trazer;  um  espaço  para  que   eles   pudessem   preencher   com   informações   que   julgassem   nos   ajudar   a  compreender   melhor   as   identidades   e   essência   das   tradições   dos   distintos  grupos  étnicos  de  cada  delegação  ou  qualquer  outra  informação  relevante.    Como  o  CNE  não  tinha  a   função  de  providenciar  essas   informações  até  então,  o  período   entre   receber   essa   função   e   conseguir   levantar   todos   esses   dados   foi  bastante  crítico  e  crucial  em  relação  ao  tempo.  Todo  o  plano  e  dimensionamento  em   áreas   cruciais,   como   de   receptivo   e   hospitalidade,   de   segurança,   de  mobilização   aeroportuária,   de   alimentação,   de   saúde,   de   emissão   de   vistos   de  cortesia,  etc.  e  por  isso  havia  uma  enorme  pressão  de  todos  os  órgãos  para  que  essas  informações  fossem  brevemente  providenciadas.    Apesar   da   morosidade   em   que   as   informações   foram   sendo   recebidas   e   das  insistentes   cobranças   por   e-­‐mail,   telefone   e   Skype,   ao   final   deste   processo  conseguimos   ter   um   retrato   bastante   aproximado   da   realidade,   que   foi  prontamente   repassado   aos   responsáveis   de   cada   área   para   a   elaboração   dos  planos  de  ação.      Uma   vez   estabelecidos   os   contatos,   o   CNE   tomou   a   frente   na   elaboração   de  documentos   que   facilitassem  o   relacionamento   e   a   comunicação   com   as   etnias  internacionais.  Com  o  apoio  de  todos  os  órgãos  vinculados  ao  Governo  Brasileiro,  foi  possível  elaborar  as  normas  e  regras  importantes  de  serem  observadas  antes  mesmo   da   saída   deles   de   suas   tribos   e   países.   O   apoio   providenciado   às  delegações  internacionais,  por  meio  dos  Manuais  de  procedimento  (Anexo  12.5  e  12.11),   e   comunicados   (Anexo   12.9),   bem   como   as   informações   sobre   as  delegações  providenciadas  para  os  demais  parceiros  (Anexo  12.7),  facilitaram  a  realização  não  só  da  chegada  das  delegações,  mas  também  da  realização  da  Feira  Mundial   do   Artesanato   Indígena,   da   programação   cultural   e   esportiva,   e   da  atuação  dos  voluntários,  entre  outros.        

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Pontos  Positivos    Essa   aproximação   do   CNE   das   lideranças   indígenas   internacionais   teve   boa  aderência  e  conseguiu  se  consolidar  na  tentativa  de  buscar  soluções  para  todas  as  questões  por  eles  apresentadas,  ainda  que  não  houvesse  dentro  do  CNE  uma  equipe  específica  para  essa  função,  nem  tradutores  disponíveis  para  auxiliar  nos  contatos.   A   boa   comunicação   estabelecida   foi   fundamental   para   resolver   os  conflitos  surgidos  entre  os  líderes  indígenas  internacionais  e  o  ITC,  por  conta  da  falta   de   contato   direto,   de   informações   desencontradas   e   da   falta   da  programação   fechada   nos   dias   que   antecederam   a   abertura   dos   Jogos   e   nos  primeiros  dias  de  Jogos  propriamente  ditos.    Havia  uma  grande  expectativa  de  que  houvesse  um  Congresso  Técnico  nos  dias  anteriores  aos   Jogos,  como  havia  sido  anunciado  pelo   ITC,  a   fim  de  repassar  as  regras,   tirar   dúvidas,   apresentar   o   interesse   pelas   apresentações   nas  modalidades   demonstrativas   e   na   programação   cultural.   Entretanto,   esse  Congresso   não   foi   realizado   e   o   ITC   preferiu   conversar   individualmente   com  algumas   das   lideranças.   Isso   resultou   num   descontentamento   por   parte   dos  líderes  que  acabaram  solicitando  o  apoio  do  CNE  na  intermediação  da  situação.  Foi  um  momento  bastante  delicado  para  a  organização  dos  Jogos,  com  a  ameaça  de  que  algumas  delegações  se  retirariam  dos  Jogos,  uma  vez  que  não  estavam  se  sentindo  acolhidos  e  valorizados.      Após  solicitar  ao  ITC  que  se  reunisse  com  as  lideranças  internacionais  e  tentasse  acalmar  os  ânimos,   tendo  em  vista  o  não  atendimento  dessa  solicitação  e,  para  evitar   que   os   Jogos   perdessem   a   participação   de   delegações,   o   CNE   tomou   a  iniciativa  de  reunir   todos  os   líderes   internacionais  para  ouvir  suas  demandas  e  solicitações.  Todas  as  demandas  foram  registradas  e  repassadas  ao  ITC  que,  após  esse  momento,  se  comprometeu  a  se  reunir  diariamente  com  eles,  permitindo  a  interação  e  congraçamento  esperados.    A   comunicação   internacional   sempre   foi   feita   com   um   tom   colaborativo,  informando   os   motivos   de   estarmos   contatando-­‐os   diretamente,   mas   sempre  reforçando  o  papel  protagônico  do  ITC  no  projeto,  sobretudo  em  todos  os  temas  relacionados   diretamente   aos   temas   indígenas.   A   intenção   do   CNE   nessas  comunicações   era   apenas   tentar   facilitar   a   logística   para   todas   as   áreas  envolvidas,  reforçada  em  todas  as  reuniões  presenciais  que  precisaram  ser  feitas  para  alinhar  as  expectativas  dos  líderes  internacionais  quando  da  sua  chegada  a  Palmas.   Eles   solicitaram   ao   CNE   que   garantissem   espaços   para   apresentações  culturais   e   demonstrativas   espontâneas;   que   fosse   criado   um   Comitê  Internacional   Indígena   para   participar   da   elaboração   da   programação  desportiva;  que  eles   fossem   informados  com  antecedência  das  atividades  e  dos  horários  que  deveriam  participar,   uma  vez  que   a  programação   era   alterada  de  

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forma  unilateral  pelo  ITC  quase  que  diariamente;  que  eles  pudessem  reconhecer  os   trajetos  que   iriam   fazer   tanto  na  corrida  de  8.4km,  quanto  nas  modalidades  aquáticas;   que   eles   pudessem   reconhecer   as   canoas   que   seriam   utilizadas   e  treinar  nelas;  que  eles  pudessem  utilizar  a  arena  dos  Jogos  para  treinar  antes  das  competições;   que   eles   pudessem   manusear   os   equipamentos   esportivos  oferecidos   antes   dos   jogos,   como   as   lanças,   os   arco   e   flecha,   as   toras;   que   as  regras   fossem   alteradas   para   que   existisse   o  mesmo   número   de   competidores  por   país,   uma   vez   que   eles   se   sentiam   prejudicados   por   haver   mais   de   mil  indígenas   brasileiros   e   apenas   50   indígenas   estrangeiros   por   país,   no  máximo;  que   algumas   melhorias   fossem   feitas   nos   alojamentos   (melhorar   a   vazão   dos  ralos  dos  chuveiros,  melhorar  o  sinal  de  internet,  oferecer  mais  banana  durante  as   refeições,   ter   um   kit   de   primeiros   socorros   nas   escolas);   que   eles   fossem  recebidos   e   ouvidos   pelos   líderes   do   ITC   e   tivessem   todas   essas   demandas  repassadas  aos  responsáveis.    O   CNE   se   encarregou   de   providenciar   que   todas   as   demandas   que   envolviam  logística,  seja  por  parte  de  Palmas,  seja  por  parte  das  equipes  de  infraestrutura  e  cultura   fossem   atendidas   prontamente.   Algumas   estruturas   tiveram   que   ser  providenciadas,   como   a   construção   de   uma   parede   para   que   a   Guatemala  pudesse   jogar   a   Pelota   Maya;   a   aquisição   de   gasolina   e   preparo   da   equipe   de  incêndio  para  a  apresentação  da  Pelota  P’urhépecha  por  parte  da  delegação  do  México;   a   entrega   de   mapas   sinalizados   da   Vila   dos   Jogos   para   que   todos   os  líderes  internacionais  pudessem  planejar  apresentações  espontâneas.      Além  disso,   após   esse  momento,   o   ITC   se   comprometeu   a   sentar   todos   os  dias  com  os  líderes  internacionais  para  ouvir  e  refletir  sobre  as  demandas  e  debatê-­‐las  no  momento  da  construção  da  Agenda  do  Futuro  dos   Jogos,   criando  espaço  para   que   todas   as   vozes   pudessem   ser   ouvidas   e   essas   experiências   pudessem  servir  para  as  futuras  edições  dos  Jogos.        

8. Resultados e Lições Aprendidas    

8.1 Avaliação dos I JMPI 2015  Os   I   Jogos  Mundiais   dos   Povos   Indígenas   deixaram   um   enorme   legado   para   o  mundo,  servindo  de  fórum,  de  palco  e  de  livro  em  branco  para  que  fosse  escrito  um  novo  capítulo  sobre  a  interação  dos  povos  indígenas  de  todos  os  continentes,  neste   momento   em   que   eles   apresentaram   e   refletiram   sobre   as   suas  experiências  entre   si   e   com  o   restante  do  público  que  participou,   assistiu  e   fez  

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parte   de   um   dos   maiores   empenhos   esportivos   e   culturais   da   humanidade.  Prevê-­‐se   que   ele   será   considerado  um  evento   tão  marcante   quanto   foi   o   início  das  Olimpíadas  modernas.      Foi   entregue   um   espetáculo   sócio-­‐cultural,   de   artes   e   de   atividades   esportivas  tradicionais  e  milenares  sem  precedentes.  A  missão  dos  primeiros  realizadores  exigiu,   além   de   recursos,   a   coragem   de   enfrentar   o   grande   aprendizado   de  improvisação  e  iniciativa.  Foi  essa  atitude  que  conduziu,  salvou  e  elevou  o  evento  para  seu  destino  final  -­‐  o  de  grande  sucesso.      Observa-­‐se  que  o  alinhamento  da  Secretaria  Extraordinária  dos  Jogos  Indígenas  -­‐  SEJI  com  os  integrantes  do  CNE  contribuiu  para  esse  sucesso.  Apesar  das  falhas  e  algumas  promessas  não  cumpridas  durante  os  Jogos,  o  alinhamento  de  forças  foi  essencial   para   o   encontro   das   soluções   para   os   inúmeros   desafios.   O   apoio  administrativo   local,   como   a   logística   e   viabilidade   das   instalações   para   o  trabalho  realizado  pelo  CNE,  foi  de  grande  importância  para  o  sucesso  do  evento.  Com   os   atrasos   na   contratação   das   empresas,   o   aporte   de   contêineres   para  escritórios   e   áreas   de   trabalho   só   foram   viabilizados   poucos   dias   antes   do  evento,  por  estarem  sem  energia  e  ar  condicionado.    Embora  alguns  parceiros  talvez  possam  discordar  desta  análise,  seria  melhor  ter  investido   em   pelo  menos  mais   seis   consultores   que   pudessem   ter   absorvido   a  responsabilidade  da  produção,  do  credenciamento,  da  segurança  e  de  projetos  de  parcerias  estratégicas.  Foram  dias  de  muito  estresse,  em  que  uma  considerável  parte  do  tempo  foi  consumida  pela  resolução  de  conflitos  e  demandas  vindas  da  equipe  avançada  do  ME,  da  Casa  Civil  e  de  outros  partícipes,  todas  fora  do  escopo  do  CNE.    A   Direção   do   CNE   também   ficou   afetada,   com   a   assessoria   de   parcerias  estratégicas  e  da  própria  direção  comprometida  com  muitas  atividades  além  de  seu   escopo.   Apesar   do   trabalho   em   equipe   e   das   parcerias   estabelecidas   que  funcionaram   até   o   final,   houve   uma   sobrecarga   de   tarefas   não   previstas   que,  muitas   vezes,   contribuiu   a   um  distanciamento   de   uma   operação  mais   eficaz.   A  atuação   da   consultoria   jurídica   foi   essencial   neste   caso,   dando   um   apoio  providencial  e  preciso  nos  últimos  dias  que  precederam  a  abertura  e  durante  o  evento.    Em   relação   ao   relacionamento   com   o   ITC,   o   entendimento   ilusório   de   uma  competição   pelo   protagonismo   dos   Jogos,   a   confiança   exacerbada   em   uma  atuação  de  forma  isolada  e  não  coordenada  com  o  CNE,  a  falta  de  compreensão  das  necessidades  efetivas  considerando  o  tamanho  do  evento,  e  a  resistência  ao  apoio   técnico   oferecido,   foram   pontos   negativos.   O   ITC   representava   e   foi  respeitado   em   todos  os  passos   como  os   idealizadores  do   evento,  mas   em  vista  

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dessa   resistência   a   um   trabalho   articulado   com   o   CNE,   muitas   vezes   não   foi  possível   avançar   em   função   das   regras   de   convivência   impostas   por   eles   e  acatadas  pelos  parceiros  por  uma  questão  de  simples  sobrevivência  ao  processo  organizacional.   A   responsabilidade   pela   programação,   a   articulação   entre   os  povos  indígenas  internacionais  e  as  soluções  dadas  em  conflitos  de  última  hora  não  teriam  trazido  frutos  sem  a  atuação  direta  do  CNE.  O  mesmo  pode  ser  dito  sobre   os   projetos   de   infraestrutura,   de   hospitalidade   e   de   alimentação,   áreas  importantes  para  realizar  um  evento  internacional  desta  natureza.      Por   último,   como   todo   projeto,   este   também   enfrentou   momentos   de   crise   e  comunicação  com  a  mídia.  Embora  tenham  sido  poucas  as  incursões,  foi  preciso  lidar   com   agentes   externos   que   não   queriam   a   realização   dos   Jogos   e   que  tentaram   minar   o   evento   com   informações   incorretas,   se   aproveitaram   ou  inspiraram  outros  na  oportunidade  de  conduzir  outros  tipos  de  protesto.      O  principal   exemplo   foi   sobre  o  orçamento,  que  apareceu   com  um  valor   irreal,  multiplicado   diversas   vezes   em   algumas   publicações.   Os   aproveitadores   de  plantão   tentaram   então   maximizar   seus   protestos   utilizando-­‐se   desses   dados.  Algumas   etnias   e   organizações   contrárias   ao   ITC   foram   as   que   mais   se  aproveitaram   disso,   espirrando   na   organização   algumas   responsabilidades   e  acusações  sem  o  menor  fundamento.    Um  evento  deste  porte  requer  a  participação  de  profissionais  especializados  para  acompanhar  matérias   e   trabalhar   com   a  mídia.   Desde   o   início,   fomos   avisados  que   a   parte   de   comunicação   e   imprensa   seriam   atribuições   da   Agência   de  Publicidade  que  atendia  ao  Ministério  do  Esporte,  bem  como  de  sua  Assessoria  de   Comunicação   -­‐   ASCOM.   Assim,   o   CNE   tinha   contratado   somente   uma  consultora   para   gerir   conteúdo   do   site,   a   comunicação   com   os   demais  representantes  e  a  organização  da  imprensa  no  centro  de  mídia.  Em  função  disso,  a   recomendação   que   pode   ser   feita   para   os   futuros   eventos   é   contratar   uma  assessoria   mais   arrojada   que   possa   cuidar   de   conflitos   pontuais   sobre   essas  ocorrências  e  manifestações.    Recomenda-­‐se,  também,  uma  maior  e  melhor  coesão  entre  os  comunicadores  de  cada   instituição   (ITC,   ME,   Governo   e   cidade   de   Palmas),   que   não   aconteceu   a  partir  da  realização  do  Congresso  Técnico.    Ao   enxergar   que   nenhuma   ação   mais   arrojada   seria   tomada   e   o   grande  antagonismo  e  discrepância  entre  as  mensagens  enviadas  por  Palmas,  pelo  ITC,  pelo  PNUD,  pelo  CNE,  pelo  Estado  e  pelo  próprio  Governo  Federal,  optou-­‐se  por  formar  um  grupo  gestor  de  comunicação.  Essa  união  veio  um  pouco  tarde,  mas  teve  vários  efeitos  positivos,  como  a  escolha  compartilhada  dos  profissionais  de  imprensa,   mas   não   conseguiu   surtir   todos   os   efeitos   desejados.   Isso   ocorreu  porque  não  existia  uma  voz  uníssona  por  parte  de  cada  um  dos  organizadores;  o  

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resultado  foi  que  cada  um  lidou  com  os  conflitos,  a  publicidade  e  a  autopromoção  de  maneiras  diferentes,  até  mesmo  dentro  do  próprio  site  dos  Jogos.      Em   linhas   gerais,   o   maior   desafio   dos   Jogos   foi   conseguir   achar   o   ponto   de  equilíbrio  em  que  fosse  escolhida  a  melhor  direção  a  ser  tomada,  considerando  todos  os  aspectos  desafiadores  de  recursos  orçamentários  liberados  com  atraso,  dificuldades  de  comunicação  entre  as  equipes,  tempo  insuficiente  para  um  bom  planejamento   e   execução   sem   atropelos,   recursos   limitados   na   cidade   sede   de  pessoal   e   de   estrutura   para   um   evento   de   grande   porte,   além   das   facetas  transversais   como   as   diplomáticas,   humanistas   e   de   logística   que   um   evento  deste  porte  sempre  envolvem.        

8.2 Lições aprendidas  Tendo   em   vista   todos   os   desafios   enfrentados   durante   todo   o   processo   de  organização   dos   Jogos,   os   principais   aprendizados   podem   ser   resumidos   pela  importância   da   comunicação   clara   e   direta   e   de   uma   parceria   leal,   forte   e   de  confiança,  desde  o  início,  entre  todos  participantes  envolvidos.    Vale  ressaltar  a  importância  de  deixar  registrado  que:    

• A  Matriz  de  Responsabilidades  deve  ser  criada  antes  do  início  de  qualquer  atividade,   ser   disseminada   e   cobrada   em   todas   as   etapas   do   projeto   e,  eventualmente,  revista  e  adaptada,  quando  for  percebida  alguma  falha  ou  falta   de  menção   de   determinado   assunto/responsabilidade   relevante   ao  evento;    

 • Um   evento   desta   natureza   levaria   mais   tempo   para   atingir   sua  

maturidade,  sem  a  presença  dos  conflitos  acima  citados;      

• A   confiança   no   corpo   de   consultores   e   suas   experiências   é   de   vital  importância   para   que   seja   multiplicado   o   sucesso   do   evento,   sempre  levando   em   consideração   e   respeitando   a   experiência   técnica,   cultural   e  artística   dos   povos   tradicionais,   tornando   o   caminho  menos   beligerante  em   função   de   posições   egóicas,   e   mais   brando,   justo,   equilibrado,  cooperativo  e  colaborativo;  

 • Todo  evento  deste  porte,  precisa  de  um  orçamento  adequado  à  realidade  

da   magnitude   a   ser   apresentada,   de   uma   reserva   técnica   de   igual  importância,   a   fim   de   garantir   a   beleza,   a   diversidade   e   todo   o  profissionalismo  que  se  espera  atingir  ao  aceitar  esse  desafio.  

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 Além  disso,  vale  ressaltar:    

• A  necessidade  de  alinhamento  de  expectativas  do  evento,  dos  objetivos  e  modos   de   atuação   e   posições   em   relação   do   protagonismo  do   evento,   a  fim  de  que  ninguém  desenvolva  resistência  à  colaboração;  

 • A   necessidade   de   um   investimento  mínimo   para   esse   alinhamento,   por  

meio   de   formação   de   equipe   que   contribua   ao   desenvolvimento   de  confiança  mútua,  de  colaboração,  com  base  em  princípios  de  educação  da  diversidade,   com   enfoque   nas   competências   interculturais   e   de  transformação  de  conflitos;  

 • A  necessidade  de  desenvolvimento  de  uma  gestão  de  documentação  única  

e  compartilhada  entre  os  principais  organizadores,  que  contribua  com  a  informação   dos   atores   envolvidos   e   minimize   os   retrabalhos   e  duplicidades;  

 • A   importância   da   atuação   conjunta   dos   líderes   indígenas   internacionais  

na  construção  do  conceito,  das  regras  das  modalidades  e  da  programação  do  evento,  a  fim  de  evitar  desgastes  durante  a  execução  dos  Jogos.  

 A   seguir   um   resumo   das   lições   aprendidas   em   relação   às   diferentes   áreas   do  evento:      Infraestrutura    Considerando   que   a   Prefeitura   de   Palmas   possuía   um   estudo   de   projeto   para  uma  futura  Vila  Olímpica  da  cidade  no  mesmo  terreno  destinado  aos   Jogos,  em  princípio,  optou-­‐se  por  aproveitar  o  estudo  para   implantação  da  referida  Vila  e  deixar   de   legado   o   que   fosse   possível.   Porém,   pela   inviabilização   do   tempo   de  execução  e  orçamento,  pouco  do  projeto  dos  Jogos  foi  aproveitado.  

O   Projeto   sofreu   diversas   alterações,   ao   longo   de   seu   desenvolvimento,  principalmente  devido  à  escassez  de   tempo,  gerada  por  atrasos  em   licitações  e  definições  de  contratos,  e  descompasso  entre  os  recursos  aportados  e  os  custos  das   ações   programadas.   Embora   houvesse   um   planejamento   traçado   com   um  cronograma  de  execução  definido  ao  longo  do  processo,  os  atrasos  nas  definições  e   assinaturas   dos   contratos,   tiveram   como   consequência   a   redução   de   áreas   e  mudança  de  materiais.  

Abaixo  é  possível  observar  alguns  dados  referentes  ao  projeto  e  ao  evento:  

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• 165.000m2  aproximados  de  área  total  do  evento;    

• 10.000  pessoas,  em  média,  por  dia  no  evento;    

• 5.000  lugares  sentados  na  arquibancada  construída  em  estrutura  tubular  com:    

o 5.000  metros  de  gradeamento;  

o 23  contêineres  habitacionais  20';  

o 57  contêineres  banheiro  20';  

o 12  depósitos  marítimos  20';  

o 3  contêineres  frigoríficos  20';  

o 7.000  m2  de  cobertura  em  tendas  (aproximado);  

o 5.000  metros  de  piso  elevado  h=20  cm  de  estrutura  em  alumínio;  

o Área   VVIP:   Camarote   presidencial   para   aproximadamente   120  pessoas;  

o  Área  VIP:  Camarote  para  aproximadamente  300  pessoas;    

o Área  de  imprensa  para  180  pessoas;    

o Arena   e   camarotes   em   piso   elevado   tubular   20x100   metros   e  altura  3,5  metros;  

o 2.000  metros  lineares  de  estrutura  em  divisória  tipo  octanorm  ou  naval;  

• 24   ocas   em   estrutura   de   madeira   e   cobertura   em   palha,   para   as  delegações  indígenas  brasileiras;    

• Arquibancada   para   800   pessoas   na   área   destinada   para   as   provas  aquáticas;    

• 02  arquibancadas  de  apoio  aos  campos  de  futebol.  

Considerando  que  a  forma  de  pagamento  e  o  valor  cobrado  pela  concessionária  local  de  energia  ENERGISA,  ultrapassava  a  disponibilidade  de  recursos  alocados  para  a  utilização  da  energia  da  casa,  a  INTEGRADORA  foi  autorizada  a  reformatar  

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a  matriz  de  distribuição  de  energia  elétrica,  passando  a  funcionar  apenas  com  os  geradores  já  alocados.  

Para  não  haver  aumento  do  consumo  de  diesel,  fora  do  horário  do  evento  as  ilhas  de  geração  passaram  a  funcionar  com  apenas  um  gerador  energizado,  ficando  os  demais   em   espera.   A   carga   total   instalada   nos   I   Jogos   Mundiais   dos   Povos  Indígenas   foi   de   3,6   MVA   destinada   à   iluminação   geral,   iluminação   cênica,  tomadas  de  uso  geral,  tomadas  de  força  para  equipamentos,  ar  condicionado,  TI,  CATV/CFTV  e  sistema  de  sonorização.  

Comparando  com  outro  evento  de  nível  internacional  com  o  mesmo  perfil,  como  a  Copa  do  Mundo  no  Maracanã,  em  que  foram  utilizados  para  o  mesmo  escopo  de  elétrica   4.7MVA,   é   possível   inferir   que   o   valor   cobrado   pelas   ações   está  compatível   com   o   evento,   pois   no  Maracanã   grande   parte   da   infraestrutura   já  existia   no   estádio   e   nos   I   JMPI   foi   necessário   instalar   toda   infraestrutura   e  construir  as  edificações  efêmeras.  

Para  as  obras  hídricas  considerou-­‐se  uma  população  diária  itinerante  de  40.000  pessoas  na  Vila  dos   Jogos  com  um  consumo   individual  de  50l/dia,   e  população  fixa  de  2.000  pessoas  na  Ocara,  com  consumo  individual  de  150l/dia,  tendo  como  base  os  valores  estabelecidos  pela  norma  brasileira  NBR  5626.  

Após   o   fim   do   evento   e   desmontagem   das   estruturas,   alguns   elementos   foram  doados  para  entidades  da  região  e/ou  a  prefeitura,  como  foi  o  caso  da  pira  dos  Jogos  e  as  lonas  da  cenografia.  Outros  itens  ficaram  de  legado  para  a  cidade  sede,  como   o   cercamento,   as   infraestruturas   de   instalações   feitas   pela   prefeitura   e  material  como  brita,  seixo,  cascalho  e  pó  de  brita.  O  fim  das  atividades  da  equipe  de  infraestrutura  aconteceu  em  21  de  novembro  de  2015.  

Sugestões  para  eventos  futuros:  

-­‐ Examinar   os   projetos   de   instalações   hidro-­‐sanitárias,   elétricas,   entre  outras,   antes   de   formalizar   modificações,   para   atender   às   demandas  imediatas  e  normais  em  eventos  deste  porte  e  importância;  

-­‐ Avaliar   in   loco   as   vazões   e   pressões   da   rede   de   água,   bem   como   a   sua  continuidade   ao   longo   do   dia,   antes   de   utilizar   uma   rede   pública   como  abastecedora;  

-­‐ Interagir  com  a  equipe  da  concessionária  para  se  estabelecer  um  trabalho  em  equipe;  

-­‐ Substituir   o  material   das   tubulações  que  utilizam   conexões   como  o  PVC  rígido   por   soluções   em   que   a   flexibilidade   dos   tubos   e   a   ausência   de  conexões  com  colas,  tipo  PEX,  sejam  a  solução  a  adotar;  

-­‐ Incluir  a   limpeza  final  no  escopo  de  serviços  vinculado  ao  pagamento  da  parcela  final.  

   

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Produção    Apesar   das   dificuldades   encontradas,   foi   possível   cumprir   todas   as   atividades  necessárias   para   a   realização   do   evento,   com   o   apoio   da   empresa   Integradora  que,   exceto   no   caso   de   acesso   e   logística,   atendeu   prontamente   quando  solicitada.        A   Empresa   responsável   pela   área   de   produção,   dentro   do   consórcio   da  Integradora,   apesar   do   curtíssimo   período   prévio   à   abertura   dos   Jogos,  conseguiu   atender   e   executar   o   trabalho.   Como   mencionado   anteriormente,  entre   as   principais   dificuldades   pode-­‐se   destacar   as   áreas   que   dependiam   de  pessoal,   principalmente   limpeza   e   segurança,   pois   o   efetivo   solicitado   era  reduzido,  de  acordo  com  a  licitação,  o  que  prejudicou  a  operação  dessas  áreas.  

 Sugestões  para  eventos  futuros:  

-­‐ Realizar   o   trabalho   de   integração   entre   as   equipes,   com   antecedência  adequada   para   que   seja   possível   a   familiarização   com   fornecedores,  empresa  integradora  e  órgãos  públicos;  

-­‐ Centralizar,   por  meio   de   um   curador,   as   informações   e   programação  da  Oca  Digital;  

-­‐ Organizar   de   forma   antecipada   as   apresentações   na   Oca   da   Sabedoria,  inclusive  as  manifestações  espontâneas;  

-­‐ Expandir  o  horário  de  funcionamento  da  Oca  da  Sabedoria,  com  a  gestão  das   atividades   realizada   pelos   próprios   indígenas,   para   que   a   mesma  possa  funcionar  paralelamente  aos  demais  espaços.  Desta  forma,  quando  houver   lotação   nas   outras   áreas,   os   visitantes   podem   observar   outros  aspectos  da  cultura  indígena.  Essa  sugestão  foi  feita  por  diversas  vezes  ao  ITC,  mas  não  chegou  a  ser  considerada;  

-­‐ Reduzir   a   distancia   entre   o   estacionamento   de   ônibus   e   a   área   de  embarque  e  desembarque,  dada  à  magnitude  e  dinâmica  do  evento,  além  do  expressivo  número  de  veículos  e  indígenas  participantes.  

   Hospitalidade    Os   I   Jogos  Mundiais  dos  Povos   Indígenas  representaram  não  apenas  um  marco  cultural   indígena,   como   viabilizaram   um   incremento   na   atividade   turística   e  hoteleira  de  Palmas  e  na  geração  de  renda.   Isso  pode  ser  observado  nos  dados  abaixo,  considerando:  

-­‐ Movimentação  de  R$  6.739.740,00,  relativo  à  ocupação  hoteleira.    -­‐ Utilização   da   hotelaria   no   destino   por   30%   dos   visitantes,   de   acordo  

estudo  do  Ministério  do  Turismo;  

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-­‐ Utilização   da   Ocara   e   das   Escolas   de   Tempo   Integral   como   alojamento  para   os   cerca   de   2.000   participantes   dos   jogos,   entre   indígenas   e  voluntários;  

-­‐ Presença  dos  moradores  das  cidades  no  entorno  que,  apesar  de  não  terem  pernoitado  na  cidade,  consumiram  produtos  e  serviços;  

-­‐ Participação  expressiva  de  visitantes  na  Feira  Internacional  de  Artesanato  e  na  Feira  da  Agricultura  Tradicional  Indígena;    

-­‐ Participação   expressiva   de   público   na   Arena   e   no   Estádio,   espaços   que  receberam  público  maior  do  que  o  dobro  da  oferta  hoteleira  da  cidade.  

 Pode-­‐se   inferir   que   a   movimentação   total,   durante   os   JMPI,   foi   superior   à   R$  20.000.000,00  (vinte  milhões  de  reais),  injetados  na  economia  da  cidade.    

   Outros  itens  a  serem  considerados:  

-­‐ Mais   de   100.000   visitas   à   Feira   Mundial   de   Artesanato   Indígena,   com  circulação  relevante  de  recursos;  

-­‐ Acréscimos  no  volume  de  serviços  prestados   (taxis,  moto-­‐táxis,   salão  de  beleza,  guia  de  turismo,  tradutores,  câmbio);  

-­‐ Acréscimo  no  número  de  assentos  utilizados  no  transporte  aéreo;  -­‐ Promoção  espontânea  em  escala  mundial  com  valor  incalculável;  -­‐ Nenhuma  ocorrência  policial  relacionada  à  violência  (ligada  aos  Jogos);  -­‐ R$   62.000,00   (sessenta   e   dois   mil   reais)   de   arrecadação   líquida   dos  

estacionamentos  (Divididos  em  partes  iguais  entre  a  APAE  e  a  Associação  dos  Guardadores  de  Carros  de  Palmas).  

-­‐ 1.500  atendimentos  na  Rede  Municipal  de  Saúde  durante  os  I   JMPI  (sem  registros  de  desdobramentos);  

-­‐ 561  indígenas  internacionais  participantes  dos  JMPI  hospedados  na  rede  Municipal  de  Escolas;    

6739740

15726060

22465800

0.00

7,500,000.00

15,000,000.00

22,500,000.00

30,000,000.00

Valores inseridos na Economia por Hóspedes da

Hotelaria

Valores inseridos na Economia por não

Hóspedes.

Estimativa do Total de Valores Inseridos na

Economia Durante os JMPI

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-­‐ 1.129  indígenas  nacionais  participantes  dos  JMPI  hospedados  na  Ocara;  -­‐ 283  Voluntários;  -­‐ 23  ônibus  e  01  van  para  atender  aos  indígenas  nacionais;  -­‐ 11   ônibus,   três   micro-­‐ônibus   e   10   vans   para   atender   aos   indígenas  

internacionais,  voluntários  e  equipes  de  trabalho.    Sugestões  para  eventos  futuros:  

-­‐ Desenvolver  um  sistema  online  de  agendamento  de   transporte   (transfer  in   e   out),   no   qual   os   líderes   indígenas   e   voluntários   possam   verificar  informações  de  nomes,  horário  de   retorno  e   locais  de  hospedagem  para  auxiliar  em  vários  quesitos  da  logística;  

-­‐ Desenvolver   um   sistema   de   gerenciamento   de   todas   as   áreas   para  emissão  de  relatórios  imediatos;  

-­‐ Disponibilizar  uma  ampla  estrutura  de  apoio  nos  locais  dos  alojamentos,  especialmente  de  acesso  à  internet;  

-­‐ Organizar  a  programação  com  ampla  participação  dos  países  presentes  no  evento,  a  fim  de  promover  a  integração  entre  os  povos;  

-­‐ Dimensionar   de   maneira   proporcional   o   quantitativo   de   meios   de  transportes.  

   Alimentação  e  bebidas    Durante   quase   nove  meses,   a   área   de   Alimentos   e   Bebidas   assumiu   o   desafio,  assim   como   a   responsabilidade   de   respeitar   a   cultura   indígena   e   valorizar   um  dos   elementos   de  maior   representatividade   na   história   dos   povos   indígenas:   o  alimento.      Apesar  de  algumas  dificuldades  que  ocorreram  durante  os   Jogos,   toda  a  equipe  da   alimentação   foi   envolvida   em   um   sentimento   de   entrega   e   produtividade.  Conseguiu,   de   maneira   eficaz,   entregar   com   qualidade   todas   as   demandas   da  área,   chegando   a   um   resultado   coletivo   importante  mais   de   130  mil   refeições,  com  aproximadamente  220   toneladas  de  alimentos,   em  15  dias  de   Jogos.  Tudo  isso   sem   nenhum   registro   ou   apontamento   de   problemas   de   saúde,   segurança  alimentar  ou  infecção  devido  aos  alimentos  manipulados  e  servidos.    Toda   a   equipe   envolvida   aprendeu   que   quanto   mais   rigorosos,   exigentes   e  burocráticos  são  os  níveis  de  controle;  menores  as  chances  de  erros,  problemas  ou  apontamentos  ligados  à  saúde  e  à  segurança  alimentar.      As  atividades  no  refeitório  da  Ocara  permitiram  que  a  equipe  pudesse  observar  e  aprender   mais   sobre   a   alimentação   indígena   e   a   quantidade   de   alimentos  consumida   por   este   grupo.   A   partir   dessa   observação,   alguns   indígenas   foram  

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convidados   para   que   seu  prato   fosse   pesado   e   cerca   de   100   adultos   aceitaram  participar,  sendo  50  pratos  de  cada  sexo.    Após   a   pesagem  dessa   amostra   chegou-­‐se   a   um  volume  médio   de   consumo  de  alimentos  de  cerca  de  800g/homens  e  cerca  de  700g/mulheres.  Percebeu-­‐se  que  o  volume  de  alimento  é  maior  entre  os  indígenas  do  que  entre  os  não  índios,  uma  vez  que  a   literatura   sugere  para  não   índios  um  consumo  de  cerca  de  450g  por  prato.    Essa   observação   pode   ser   entendida   por   um   maior   gasto   energético   pelos  indígenas,   em   função   de   suas   atividades   diárias.   Embora   sejam   necessários  novos   estudos   para   resultados   mais   detalhados,   esta   pesquisa,   assim   como   o  livro   com   o   panorama   da   cultura   alimentar   dos   indígenas   brasileiros,   pode  ajudar  no  planejamento  de  alimentação  das  futuras  edições  dos  Jogos.      Cultura    Os   I   Jogos   Mundiais   dos   Povos   Indígenas   foram   noticiados   e   compreendidos  socialmente   como   um   evento   de   esporte   e   cultura.   As   expressões   culturais  tradicionais  dos  indígenas  marcaram  o  evento  do  começo  ao  fim.  A  cultura  é  uma  área   essencialmente   transversal,   mas   no   caso   dos   povos   originários   e  tradicionais,   é   necessário   que   a   cultura   seja   trabalhada   antes   como   princípio  norteador  que  como  apenas  uma  ação  vinculada.  

Cada  atividade  dialógica  da  Oca  da  Sabedoria  apresentava  um  tema  próprio,  mas,  a   equipe   observou   que   o   debate   sobre   a   demarcação   e   preservação   de   terras  indígenas   foi   recorrente.   Brasileiros   indígenas   e   não   indígenas   discutiram  transversalmente   a   PEC   215   (Proposta   de   Emenda   Constitucional)   dentro   dos  fóruns   já   previstos.   Todos   os   dias   foram   realizadas   exibições   audiovisuais  programadas   e   espontâneas,   bem   como   várias   apresentações   culturais  espontâneas  de  indígenas  brasileiros  e  internacionais.  Estima-­‐se  que  um  público  flutuante  de  mais  de  20.000  pessoas  participou  de  tais  atividades.  

A  Oca  da  Sabedoria  e  os  espaços  de  circulação  foram  ambientes  reveladores  e  a  experiência  adquirida  é  altamente  proveitosa  para  planejamentos  futuros.  Todas  as   delegações   ansiavam   por   expressar   suas   tradições   culturais   e   conhecer   as  tradições   dos   outros   indígenas.   Esse   interesse   mútuo   foi   notório   e   gerou   um  aumento   contínuo   de   atividades   culturais   ao   longo   do   evento.   As   demandas  crescentes   foram   atendidas   pela   equipe   de   cultura   em   parceria   com   várias  coordenações   do   projeto,   como   relacionamento,   infraestrutura,   produção,  logística,  etc.  Foi  um  esforço  conjunto  para  que  se  aproveitasse  todo  o  interesse  demonstrado   e   para   que   o   mundo   conhecesse   o   máximo   possível   da   riqueza  

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cultural   ali   presente.   Um   processo   desafiador   para   todos   os   profissionais  envolvidos.  

Atender  às   ações  espontâneas   com  necessidades   técnicas   específicas  durante  a  realização  do  evento  foi  um  desafio  dos  mais  louváveis.  A  cultura  indígena  é  de  uma   riqueza   tal   que   não   poderíamos   concluir   esse   trabalho   de   forma   mais  agradecida.  Mais  que  um  trabalho,  os  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas  foram  uma  grande  experiência  de  vida  para  toda  a  equipe.  

   Comunicação    A   repercussão   dos   I   Jogos   Mundiais   dos   Povos   Indígenas   foi   massiva,   tanto  nacional,   como   internacionalmente.   Devido   à   presença   de   grandes   agências  internacionais,   como   Reuters,   Getty   Images   e   Associated   Press,   centenas   de  veículos   no   mundo   inteiro   replicaram   as   matérias   nos   cinco   continentes.   A  presença   dos   principais   veículos   nacionais   e   das   grandes   emissoras   de   TV  também   foi   um   diferencial,   com   muitas   imagens,   vídeos,   documentários   e  matérias  especiais  sobre  os  Jogos.    

Das  244  principais  matérias  analisadas,  120  são  positivas,  89   são  neutras  e  35  são  de  cunho  negativo.  Os  principais  temas  que  geraram  mídia  negativa  foram  os  indígenas   que   boicotaram   os   Jogos,   os   protestos   e   críticas   à   organização.   As  matérias   de   status   neutro   falaram   basicamente   sobre   o   evento,   os   Jogos,   a  programação  e  os  resultados.  Já  as  mídias  positivas  elogiaram  a  organização  do  evento,   destacando   a   miscigenação   de   culturas,   a   interação   esportiva   e  parabenizaram  a  iniciativa  de  produzir  o  grande  evento  mundial.      Acessibilidade    

A   experiência   demonstrou   de   modo   cabal   a   importância   da   boa   leitura   e  compreensão   da   dinâmica   de   um   evento;   seus   inter-­‐relacionamentos   e  estruturas   já   estabelecidas   entre   empresas,   pessoas,   instituições;   a   diferença  entre  ações  e  objetivos  desejáveis  e  possíveis.    

Reafirmou-­‐se,   de   modo   inequívoco,   que   a   promoção   da   Acessibilidade   em  eventos   de   grande   porte   e   em  momento   avançado   de   produção   é  mais   efetiva  quanto  mais  se  dispõe  a  adaptar  estruturas  de  materiais,  equipamentos,  equipes  e   serviços   ao   que   é   possível,   deixando   como   legado   a   convicção   de   que   nesse  cenário  a  flexibilidade  é  mais  contundente  que  a  coerção,  ainda  que  com  amparo  legal.  

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Sugestões   que   atendem   aos   quesitos   de   acessibilidade   para   pessoas   com  deficiência  e  segurança  ao  público  em  geral,  para  as  futuras  edições  do  evento  e  outros  eventos  similares  que  os  partícipes  venham  a  realizar:    A  –  Entradas,  acessos  e  rotas,  aspectos  gerais    

1. Pavimentar,   separar,   e   sinalizar   como   preferenciais   as   vagas   (quando  houver  estacionamento)  mais  próximas  aos  portões,   contemplando  área  de   transferência   com   1,20m   e   rampa   até   o   meio   fio   para   pessoas   com  deficiência,   idosas   e   com   mobilidade   reduzida.   A   proporção   de   vagas  sinalizadas   deve   respeitar   a   proporção   de   1%   do   total   para  estacionamentos   acima   de   100   vagas   e   uma   vaga   para   estacionamentos  com  até  100  vagas;  

 

 EXEMPLO  

2. Instalar  piso   tátil  desde  o  estacionamento  até  a  Central  de  Atendimento  para  pessoas  com  deficiência  e  em  todos  os  espaços  dentro  da  Vila;  

 3. Instalar  01  balcão  para  Central  de  Atendimento  à  Pessoa  com  Deficiência  

logo   na   entrada,   com   02   pessoas   em   revezamento   por   turnos,   pré-­‐capacitadas   (15   minutos   com   a   consultora)   e   em   comunicação   com   a  equipe   de   produção,   por   meio   de   radio   comunicador;   uma   Central   de  Libras,   com   pelo   menos   dois   intérpretes   em   revezamento   (sugere-­‐se  parceria   com   Secretaria   Estadual   ou   Municipal,   que   já   dispõe   desses  profissionais);  

 

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4. Nivelar  os  pisos  nas   entradas   e   em   todo  o   trajeto  de   acesso.  Estender   a  pavimentação   do   trecho   do   Portão   de   Acesso   Preferencial   até   onde   já  existe  -­‐  o  mesmo  procedimento  deve  ser  adotado  nos  demais  trechos  da  pavimentação  onde  há  interrupção;  

 

     

5. Mobilizar  equipe  de   intérpretes  da  Língua  Brasileira  de  Sinais   (LIBRAS),  com   uniformes   diferenciados   e   com   o   Símbolo   Internacional   de   Surdez,  constituindo   uma   Central   que   atende   por   demanda;   com   quatro  intérpretes  por  turno;  

 6. Separar  um  portão  na  entrada  para  a  passagem  preferencial  de  pessoas  

em  cadeira  de  rodas,  pessoas  com  mobilidade  reduzida  e  pessoas  obesas;  detecção  de  metal  deve  ser  feita  por  pessoas  capacitadas  com  detectores  manuais  e  não  portais;  

 7. Nivelar  os  pisos  de  acesso  aos  equipamentos;  solo  bem  compactado  pode  

ser   coberto   em   pó   de   brita   sobre   toda   a   superfície   nas   rotas   onde   não  houver  pavimentação;  

 8. Adicionar   cordão   orientador   das   rotas   onde   não   haja   pavimentação  

claramente  orientadora  (cones,  por  exemplo,  com  cordões  interligando  os  cones);    

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9. Adicionar   sinalização   orientadora   de   acessos   e   entradas,   com   acessos  preferencias  devidamente  sinalizados;  

 10. Acrescentar   algum   material   a   fim   de   cercar   cabos   de   aço   e   outros  

obstáculos   aéreos  no   chão,   em  especial   pinos  que  prendem  os   cabos  de  modo  que  não  permitam  aproximação  demasiada  e  assim  evitar  o  choque  da  cabeça  e  pescoço  dos  transeuntes.  

 11. Remover  ou  delimitar,  com  sinais  de  alerta  no  solo,  estruturas  metálicas,  

pontiagudas,   que   “avançam”   sobre   as   rotas,   independente   da   altura   (no  chão  ou  não);  

   

 12. Cobrir  cabos  e  fios  que  cruzam  o  terreno  longitudinalmente  com  madeira  

(ou  outro).  Projetar  de  modo  a  contemplar  mini  declives  nas   laterais  da  estrutura,  em  ambos  os  lados,  permitindo  que  rodas  possam  passar  sobre  os  fios  e  evitando  tropeços;  

   13. Construir   ao   redor   de   postes   de   iluminação   e   obstáculos   aéreos   algum  

“cercado”   em   torno   da   implantação   no   solo,   pode   ser   em   qualquer  material,  o  importante  é  que  possa  ser  “tocado”  por  bengalas  usadas  por  cegos  e  que  sejam  visualmente   identificáveis/coloridos,  de  algum  modo,  para  todos  e  em  especial  para  pessoas  com  baixa  visão;    

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14. Instalar   rampas   com   baixa   inclinação   e   equipamentos   de   apoio   em  banheiros  e  em  contêineres  ou  outras  estruturas;  

 15. Sinalizar   banheiros   adaptados,   instalar   barras   de   apoio   e   acrescentar  

espaço   adequado   que   permita   rotação   das   cadeiras   de   rodas;   além   de  dispositivos,   cujos   acionamentos   não   exijam   pressão   e/ou   força   na  pegada;      

   

 B  –  Credenciamento,  Praça  de  Alimentação,  Feira  de  Agricultura  e  outras  estruturas  de  atendimento.    

1. Realizar  nivelamentos,   instalar   sinalização  e   rampas  nas   rotas.  Rebaixar  uma  parte  do  balcão  de  cada  tenda  (para  pessoas  em  cadeira  de  rodas  e  outras  com  baixa  estatura,  por  exemplo);  

   

2. Sinalizar  mesas  de  alimentação  com  assentos  preferenciais.    C  –  Oca  da  Sabedoria,  Oca  Digital  e  Área  dos  Atletas.    

1. Atentar  para  nivelamento  entre  os  pallets,  vale  ressaltar  que  os  escolhidos  não   são   ideias,   uma   vez   que   os   vãos   dificultam   a   fluidez   de   rodas   e  oferecem   riscos   de   desequilíbrios;   certificar-­‐se   das   rotas   de   circulação  com  largura  adequada  e  sem  obstáculos;  prever  locais  preferenciais  para  

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acomodar  pessoas  em  cadeira  de  rodas,  pessoas  com  mobilidade  reduzida  e  pessoas  obesas;  

 

   

2. Identificar,   dentro   da   Oca   Digital,   posições   de   mesas   preferenciais  deixando-­‐as  sem  cadeiras.  

 D  –  Arena      

1. Sinalizar  a  rota  de  chegada  para  uma  entrada  preferencial;  2. Disponibilizar   acesso   sem   roleta   e   sem   portal   de   detecção   de   metal,  

apenas  “raquetes”  de  detecção;  3. Deixar  o  acesso  livre  de  impedimentos  como  equipamentos  e/ou  pessoal  

de  apoio  ou  público.    

     

4. Demarcar   20   locais   em   frente   às   arquibancadas  nas   áreas   de   circulação  bem  próximas   das   cercas,   para   acomodar   pessoas   em   cadeira   de   rodas,  deixando   espaço   entre   as   arquibancadas   e   os   locais   marcados   para  circulação;    

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5. Sinalizar  20  assentos  preferenciais  nas  primeiras  filas;  para  pessoas  com  mobilidade   reduzida  e  obesas.   Instalar  10   cadeiras   (das  20)  mais   largas  para  pessoas  obesas;    

6. Reduzir   a   elevação   (distância/altura)   entre   os   degraus   de   acesso   às  arquibancadas,  no  mínimo  no  primeiro  lance;  

 

   

7. Virar   para   dentro   prendedores/lacres   que   possuem   pontas   cortantes  expostas.    

     

E  –  Tribunas  e  Centro  de  Mídia      1.  Seguir  as  mesmas  orientações  apontadas  ao  longo  deste  relatório.    G  –  Aspectos  Gerais      

1. Orientar   o   pessoal   de   apoio,   informações,   posto   médico   e  atendimento,  em  especial  os  voluntários  (foram  contempladas  no  Guia  do  Voluntário   algumas   orientações   básicas),   pois   devem  estar  muito  

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bem  informados  quanto  à  localização  das  estruturas  e  melhores  rotas  e  articulados  com  a  coordenação  de  acessibilidade;    

2. Disponibilizar   rádios   de   comunicação,   pois,   são   instrumentos  fundamentais   para   a   coordenação   de   acessibilidade   juntamente   com  uma  lista  de  contatos  chave  das  outras  áreas;    

3. Disponibilizar  cadeiras  de  rodas  em  locais  estratégicos,  especialmente  nas  entradas  e  balcões  de  atendimento,  pois  são  estruturas  igualmente  fundamentais  para  todo  o  público  presente  ao  evento;    

4. Disponibilizar   um   carrinho   elétrico   tipo   Golfe   ou   outro   veículo   que  possa   ser   usado   para   auxiliar   no   transporte   de   pessoas   com  dificuldade  de   locomoção   (cadeirantes,   obesos,   acidentados,   idosos  e  outras  situações);  

 5. Entregar  informativo  impresso  com  o  mapa  do  local  e  rotas  de  acesso;  

 6. Articular  estruturas  de  Posto  Médico,  disponibilizadas  para  o  público  

geral,   em   estreita   comunicação   com   a   equipe   de   atendimento   a  Pessoas  com  Deficiência;    

7. Providenciar   saídas  de  emergência  e   rotas  de   fuga  em  conformidade  com  as  normas,  em  todos  os  espaços;    

8. Divulgar   que   o   evento   disponibilizará   de   estrutura   e   serviços  adequados   às   necessidades   das   Pessoas   com   Deficiência,   com   o  objetivo  de  estimular  a  sua  participação.  

   

8.3 Boas Práticas  Após  analisar,   em  perspectiva,   tudo  o  que  ocorreu  durante  o  planejamento  e   a  execução   dos   Jogos,   pode-­‐se   perceber   quais   boas   práticas   fizeram   a   diferença  para   o   êxito   do   evento   e   quais   teriam   auxiliado   no   caso   de   terem   sido   mais  utilizadas.   É   difícil  mensurar   o   volume   e   a   intensidade   com  que   cada   uma  das  boas   práticas   foram   aplicadas,  mas   consideramos   todas   elas   relevantes   para   o  sucesso   destes   Jogos,   uma   vez   que   ajudaram   a   amenizar   os   desafios  apresentados  durante  o  processo.      Essa  lista  não  é  completa,  e  pode  ser  certamente  ampliada,  porém  representa  um  começo  para  a  coleta  de  práticas  que  possam  ajudar  outras  equipes.  Os  registros  

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mencionados   podem   ser   entendidos   como   instrumentos   relevantes   para   os  comitês   organizadores   dos   países   sedes   das   futuras   edições,   bem   como   para  organização  de  outros  grandes  eventos  internacionais.    Reuniões  e  informes  regulares    Apesar  de  ser  percebidas  como  cansativas,  reuniões  regulares  entre  os  principais  atores/organizadores   com   enfoque   na   atualização   e   compartilhamento   das  informações  são  cruciais,  considerando  um  evento  de  muita  complexidade  a  ser  realizado  em  pouco   tempo.  Principalmente  na  área  de  Relações   Internacionais,  as   reuniões   com   a   Casa   Civil   e   os   representantes   do   Itamaraty   e   órgãos  vinculados  à  entrada  de  estrangeiros  no  Brasil,  como  a  ANVISA,  ANAC,  Infraero,  Receita   Federal,   Polícia   Federal,   dentro   outros,   contribuíram   para   uma   ágil  resolução  de  problemas  de  vistos,  transporte  de  materiais  tradicionais,  ponto  de  entrada  no  Brasil  para  facilitar  os  trâmites  de  imigração,  etc.    Direção  e  delegação  de  tarefas  Em   eventos   como   esse,   é   muito   comum   que   existam   inúmeras   tarefas  imprevistas   que   precisam   ser   resolvidas   com   urgência,   e   pelas   quais   não   tem  ninguém  responsável.  Em  situações  como  essa,  a  direção  tomada  e  a  capacidade  de   delegar   as   tarefas,   sem   acúmulo   em   uma   só   pessoa,   é   fundamental.   Isso  requer  agilidade,  visão  clara  das  funções  e  competências  de  membros  da  equipe,  bem  como  a  abertura  e  flexibilidade  da  equipe  em  abraçar  o  imprevisto.    Trabalho  em  equipe  multidisciplinar  Poder   trabalhar   com   uma   equipe   multidisciplinar   e   competente   traz   muitos  benefícios.   Uma   vez   que   a   equipe   é   composta   por   especialistas   das   áreas   de  organização  de   eventos,   produção,   bem  como,   jurídico,   relações   internacionais,  mídia,  gestão  de  conhecimentos,  hospitalidade,  entre  outros,  muitos  desafios  se  vencem   em   curto   prazo   em   reuniões   de   equipe   ou   por   meio   de   comunicação  virtual,   sem   necessidade   de   esperar   o   parecer   dos   especialistas   convocados  externamente.    Múltiplos  cenários  A   história   desses   jogos   deixou   muito   claro   que   um   bom   planejamento   não   é  suficiente,  pois  atrasos,  curtos  prazos  e   imprevistos,  são   inerentes  a  um  evento  desse  tipo.  Por  isso,  é  importante  ter  não  somente  um  plano  B,  mas  também  um  plano   C,   D,   e   E,   caso   o   plano   A   se   torna   inviável.   Trabalhar   com   múltiplos  cenários,  incertezas  e  constantes  mudanças  é  certamente  cansativo  e  requer  não  só   uma   grande   flexibilidade,   bem   como   uma   enorme   boa   vontade,   coragem   e  competência   em   encontrar   as   soluções   certas   para   os   devidos   momentos   ou  situações.   Isso   significa   saber   tornar   o   impossível,   possível,   dentro  de   regras   e  procedimentos  previamente  acordados.    

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Documentação  e  Gestão  de  Conhecimento  Em  eventos  de  grande  complexidade  é   importante  saber  um  pouco  de   todas  as  áreas,   de   todos   os   processos,   especialmente   quando   se   trabalha   com   não   só  diferentes  equipes  mas  também  diversos  atores.  Por  isso,  o  desenvolvimento  de  manuais  de  procedimentos  específicos  por  área,  que  podem  ser  consultados  por  cada  um  quando  necessário,  é  de  muita   importância  e  utilidade.  Nesse  sentido,  foi   também   proveitoso   trabalhar   com   documentos   e   arquivos   compartilhados  entre  as  diferentes   equipes  e   entre  os   atores.  Uma  boa  organização  dessa  área  contribui  a  uma  gestão  de  conhecimento  transparente  e  de  fácil  entendimento  de  todos   envolvidos.   Em   situações   de   informações   sigilosas,   foram   encontradas  formas   em   compartilhar   sem   expor   conteúdos   para   além   daqueles   que  precisavam   ter   acesso.   Isso   contribui   ao   desenvolvimento   e   à   manutenção   da  confiança  e  respeito  entre  os  parceiros.    Competências  da  Comunicação  Intercultural  Trabalhar  em  eventos  internacionais,  e  além  disso  com  a  grande  diversidade  de  povos  indígenas,  requer  muita  sensibilidade,  saber  se  colocar  no  lugar  do  outro,  bem   como   saber   encontrar   formas   criativas   em   romper   barreiras   e   ou   achar  soluções  em  momentos  de  desespero  ou  tensão.  É  preciso  saber  se  comunicar  de  forma   clara,   direta   e   verdadeira,   e   ao   mesmo   tempo   compassiva   e   sem  julgamento.   É   imprescindível   que   os  membros   da   equipe,   bem   como   os   atores  envolvidos,  passem  por  uma  formação  que  possibilita  uma  reflexão  sobre  o  como  trabalhar  no  contexto  dos  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas.        Competências  de  Gestão  de  Conflitos,  Mediação  e  Negociação  Além   das   competências   interculturais,   é   necessário   também   trabalhar   as  competências  de  gestão  de  conflitos,  da  mediação  e  negociação  entre  a  equipe,  os  seus   membros   e   os   diferentes   atores   envolvidos   –   desde   a   direção   até   os  voluntários,  conhecendo  os  limites  das  responsabilidades  de  cada  um.  Isso  ajuda  muitas  vezes  a  transformar  situações  de  alta  tensão  e   impasses  sem  saídas,  em  aprendizado   mútuo,   em   que   todos   se   co-­‐responsabilizam   pelas   soluções  encontradas.    Comunicação,  Tecnologia  de  Informação  e  Comunicação  e  Redes  Sociais  É   de   conhecimento   comum   que   organizar   um   grande   evento   sem   acesso   a  telefone  e    à  internet  é  praticamente  impossível.  Nesse  sentido,  a  importância  do  fluxo   das   informações   e   decisões   em   momentos   sem   acesso   ao   e-­‐mail,   e   sem  poder  gastar  com  ligações  internacionais  e  ou  interurbanas,  é  fundamental  para  determinar   o   sucesso   dos   Jogos.   Por   isso,   recomenda-­‐se,   como   práticas   de  comunicação,  o  uso  do  aplicativo  Whatsapp  individual  e  de  grupos,  por  área  e/ou  por  equipes,  bem  como  de  redes  sociais  como  o  Facebook  e  ou  o  Twitter.  O  uso  diário   dessas   ferramentas   permitiu   muitas   vezes   respostas   imediatas   e  

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compartilhadas,   mesmo   com   as   equipes   em   diferentes   cidades   e   os   delegados  internacionais  em  diferentes  países.    Casos  interessantes    Hospitalidade    “No   processo   de   construção   do   Plano   de   Ação   de   hospitalidade   foi   fundamental  envolver  os  "atores  locais"  para  que  pudéssemos  atingir  nossos  objetivos.  Todas  as  reuniões   que   realizamos   durante   o   período   de   julho   a   outubro,   na   cidade   de  Palmas,   convidamos   todos   os   representantes   do   trade   turístico   para   ouvir   as  demandas   e   auxiliar   nas   dúvidas   e   questionamentos   acerca   do   evento.   Fizemos  ações   com   Sistema   S,   AGTUR,   Agências   de   viagem   e   receptivo;   Bares   e  Restaurantes,  Locadoras  de  Automóveis,  Taxistas,  Shoppings  Centers,  Hotéis,  Casas  de  Câmbio,  etc...”  

Cynnara  Bretas,  Coordenadora  da  Hospitalidade    Alimentos  e  Bebidas    “Durante  o  congresso  técnico  conheci  um  índio  Guarani-­‐Kawioa  que  tem  70  anos  e  gostou  da  minha  apresentação  sobre  a  alimentação.  Ao  final  me  pediu  uma  cópia  da   apresentação   e   me   explicou   que   ele   está   se   formando   em   Antropologia   pela  Universidade  de  Mato  Grosso  e  que  sua  monografia  seria  sobre  a  alimentação  dos  Povos   Indígenas.   Fiquei   muito   contente   e   emocionado,   pois   realmente   o   nosso  trabalho  e  todo  o  cuidado  para  respeitar  as  tradições  das  culturas  alimentares  dos  grupos  étnicos   foi  compreendida  e  muito  valorizada.  Ainda  mais   feliz  por  ver  um  senhor  estudando  um  tema  de  tamanha  relevância.”  

Luiz  Camargo,  Coordenador  de  Alimentos  e  Bebidas      

9. Legado dos I JMPI 2015 e Visão do Futuro  Com  a  realização  dos  I  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas,  o  mundo  ganhou  um  evento   inédito  que  visa  apresentar,   valorizar  e  ampliar  a  percepção  e  o  debate  sobre  a  diversidade  dos  povos   indígenas,   além  de  possibilitar   trocas   antes  não  pensadas  e  permitir,  além  de  tudo,  o  respeito  e  a  prática  dos  direitos  humanos.    A   mobilização   nacional   e   internacional   gerada   pela   realização   dos   I   Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas  foi  uma  ocasião  ímpar  para  a  promoção  de  ações  sociais,   culturais   e   ambientais,   envolvendo   a   temática   indígena.   Essas   ações  proporcionaram   oportunidades   de   vivências   entre   os   povos   indígenas  

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participantes,   os   turistas  nacionais   e   internacionais,   bem  como  a  população  da  cidade  e  do  Estado  que  receberam  o  evento.  Além  disso,  a  midiatização  dos  jogos  contribuiu  para  o  acesso  às  novas  experiências  e  conhecimentos  do  público  em  geral,  no  Brasil  e  no  mundo.    Ademais,   a   própria   temática   dos   Jogos   também   proporcionou   um   efeito  mobilizador  para  o  desenvolvimento  de  atividades  de  caráter  social  relacionadas  à   preparação   do   evento,   contribuindo   para   a   sensibilização,   o   debate   e   a  mobilização   em   torno   de   temas   relacionados   à   vida   e   cultura   dos   povos  indígenas.    Quanto   às   ações   realizadas   durante   o   evento,   é   possível   perceber,   além  de  um  claro   legado  material,   por   meio   dos   conteúdos   artísticos,   sociais   e   ambientais  previstos   na   programação,   que   houve   uma   preocupação   com   o   patrimônio  imaterial  dos  povos  indígenas  envolvidos.  Tais  ações  são  percebidas  no  respeito  e   a   preservação   às   memórias   ancestrais   representadas   nas   cerimônias   de  abertura  e  encerramento,  na  elaboração  de  projetos  inovadores  de  registro  dos  esportes  tradicionais,  na  participação  dos  grupos  de  voluntários,  na  inserção  de  itens   de   acessibilidade   e   sustentabilidade   ambiental   nas   contratações   dos  serviços   e   nas   ações   pertinentes   à   execução   dos   contratos,   na   divulgação   de  ações  de  cooperação  anteriores  relacionadas  à   temática   indígena,  na  promoção  dos  Objetivos  de  Desenvolvimento  Sustentável  das  Nações  Unidas,  dentre  outros.      As  ações  de  cunho  social  e  ambiental  do  projeto   foram  negociadas  diretamente  com   os   beneficiários   e,   para   a   sua   realização,   foram   realizados   processos   de  seleção  de  agências  implementadoras  para  o  desenvolvimento  de  projetos  locais  de   inclusão   social   e   cultural,   além   de   iniciativas   na   área   de   sustentabilidade.  Também  foram  firmadas  parcerias  com  Universidades  Públicas,  com  o  Programa  de   Voluntários   das   Nações   Unidas   -­‐   UNV,   especialmente   para   a   execução   do  programa  de   voluntariado   relacionado   aos   Jogos,   e   outras   agências  do   Sistema  das  Nações  Unidas.      

9.1 Para Povos Indígenas Brasileiros  O  maior   legado  que   os   I   JMPI   deixou  para   os   indígenas   que  participaram   foi   o  exercício  do  direito  de  eles  não  apenas  praticarem,  mas  serem  protagonistas  na  apresentação  de  suas  tradições  culturais  e  esportivas  para  todo  o  mundo.  Muito  além   de   experimentar   a   sensação   de   receber   as   aclamações   do   público   e   de  representar   com   orgulho   as   suas   etnias,   esse   intercâmbio   em   âmbito  internacional   abriu   a   possibilidade   da   descoberta,   da   curiosidade   e   do  congraçamento   com   os   povos   de   outros   países   do   mundo.   A   experiência   do  

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encontro   internacional   se   deu   não   só   pelos   cantos,   danças   e   momentos  espirituais,  mas  também  pelos  debates  das  temáticas  relacionadas  aos  indígenas  e   aos   problemas   do   mundo,   como   por   exemplo   no   Fórum   Social   Indígena,   as  rodas  de  diálogo,  entre  outras  atividades  educacionais,  como  palestras  e  oficinas.  Essa  troca  única  foi,  sem  dúvida,  a  mais  bela  conquista  dos  Jogos.        Os   Jogos   também  trouxeram  um  reconhecimento  político  à   temática,  percebido  pela   valorização   e   participação   da   Presidenta   do   Brasil   Dilma   Rousseff   nos  eventos  de  lançamento  e  abertura  dos  I  JMPI  e  deram  uma  maior  visibilidade  aos  programas  de  políticas  públicas   tanto  nacionais  quanto   internacionais  voltados  aos   povos   indígenas.   Essa   aproximação   do   Estado   com   os   povos   indígenas  contribui   em   todos   os   aspectos   à   uma  maior   inclusão   social   dessa   população,  muitas  vezes  invisível  nas  políticas  públicas  em  todo  o  mundo.    A   experiência   dos   Jogos   possibilitou,   ainda,   ações   de   inclusão   digital.   As  delegações   nacionais   e   internacionais   tiveram,   além   do   acesso   liberado   à  internet,   a   oportunidade  de   participar   de   oficinas   sobre   computação   e   sobre   o  uso  de  programas,  no  espaço  da  Oca  Digital.    As   próprias  modalidades   desportivas   possibilitaram   um   destaque   dos   talentos  dos  jovens  indígenas,  tendo  em  vista  a  possibilidade  de  sua  identificação  para  os  esportes   de   alto   rendimento   pelos   profissionais   do   Ministério   do   Esporte   do  Brasil.    As   experiências   da   Feira   Mundial   do   Artesanato   Indígena,   organizada   em  parceria  com  o  SEBRAE,  possibilitaram  uma  melhor  organização  na  exposição  e  no   processo   de   comercialização   do   artesanato.   Essa   parceria   contribuiu   com   a  melhoria  da  qualidade  da  abordagem  de  venda,  marketing,  bem  como  o  fluxo  de  caixa,  possibilitando  uma  melhoria  na  inclusão  econômica  dos  povos  em  termos  da  valorização  do  seu  artesanato  e  da  sua  cultura.    Houve,  ainda,  o  Programa  de  Voluntariado  dos  I  JMPI  que  foi  uma  oportunidade  inédita   para   que   os   indígenas   de   Tocantins   pudessem   participar   como  voluntários   no   edital   lançado   pelo   PNUD,   com   o   apoio   do   ITC   e   da   cidade   de  Palmas.   Eles   receberam   uma   formação   junto   aos   outros   250   voluntários.   Esse  tipo  de   trabalho  conjunto  possibilitou  novas  oportunidades  de   inclusão  e   troca  entre  os  diferentes  públicos.    Todas  essas  experiências  foram  fortalecidas  pela  presença  da  mais  variada  mídia  nacional  e   internacional  e  de  um  público  altamente   interessado  e  participativo.  Antes,   durante   e   após   os   Jogos,   os   povos   indígenas   foram   prestigiados   pela  atenção  aos  seus  costumes,  diversidade,  tradições  e  o  seu  modo  de  viver.  Graças  a  esse  interesse  e  participação  da  mídia,  a  cultura  e  a  diversidade  indígena  pôde  

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ser   compartilhada,   por  meio   de   imagens   e   reportagens   extraordinárias,   com   o  público  em  geral  no  Brasil  e  no  mundo.      Nesse   sentido,   a   cobertura   da   mídia   contribuiu   ao   reconhecimento   e   à  valorização  dos  direitos  dos  povos   indígenas  e  do  exercício  das   suas   tradições.  Pode-­‐se   observar   que   o   evento   ampliou   o   conhecimento   sobre   a   temática   no  Brasil   e   no  mundo.   Com   isso,   foi   possível   expandir   a   consciência   a   respeito   da  enorme  diversidade  cultural  e  étnica  indígena  e  da  importância  da  simbiose  com  a  natureza  neste  século  XXI.      

9.2 Para Indígenas Internacionais  No   contexto   internacional,   similarmente   à   situação   do   Brasil,   o   espaço  conquistado   pelos   povos   indígenas   para   se   reunirem,   praticarem   as   suas  tradições  e  trocarem    experiências  foi  de  primordial  importância.      Para   as   diferentes   delegações,   como   no   caso   do   Canadá,   Estados   Unidos   e  também   da   Nova   Zelândia,   Etiópia,   Rússia,   México,   Uruguai,   dentre   outras,   foi  uma   experiência   nova   fazer   parte   de   uma   delegação   escolhida   pelo   mesmo  sentimento   de   pertencimento   a   um   povo   originário,   com   a   oportunidade   de  mostrar   ao  mundo   suas   tradições,   por   vezes  milenares,   seus   costumes,   rituais  religiosas,   danças,   cantos,   entre   outros.   Além   disso,   algumas   delegações   foram  compostas  por  diversos  povos  de  um  mesmo  país,  que  na  maioria  dos  casos  não  se   conheciam   pessoalmente.   Isso   permitiu   que   os   atletas   criassem   novas  conexões   e   se   aproximassem   uns   dos   outros   durante   os   mais   de   10   dias   de  convivência,  sendo  percebidos  como  “delegação  de  um  país”.  Além   das   novas   amizades   e   conhecimentos   adquiridos   sobre   os   povos   do   seu  país,   promovidas   inclusive   com   debates   nos   horários   livres   nos   alojamentos,  foram  criadas  novas  trocas  com  os  diferentes  povos  do  Brasil  e  dos  outros  países.      Outra   importante  conexão  também  estabelecida  foi  a  com  o  público  visitante,  o  público  do  Brasil.  A  recepção  e  a  troca  com  os  indígenas  foi  emocionante  e  cheia  de  entusiasmo,  tanto  por  parte  dos  voluntários,  quanto  do  público  visitante  em  geral.   Isso   contribuiu   com   mais   aprendizado   de   ambos   os   lados,   mais  reconhecimento,  sentimento  de  empatia  e  inclusão  entre  os  diferentes  mundos.    Os   indígenas   internacionais   foram   também   expostos   à   mídia   nacional   e  internacional.   Essa   oportunidade   trouxe   a   possibilidade   de   promover   a   sua  cultura  ao  universo  dos  espectadores  presentes  e  dos  à  distância  e  compartilhar,  não  só  os  seus  sentimentos  do  evento,  como  aproximar  as  suas   tradições  a  um  público  imensurável  pelo  mundo  inteiro.  

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 Além  de  tudo  isso  e,  principalmente,  todos  os  indígenas  do  mundo  ganharam  os  Jogos  Mundiais  dos  Povos  Indígenas  como  um  evento  que  já  tem  data  certa  para  se  repetir.  Durante  a  organização  da  Agenda  do  Futuro,  que  ocorreu  no  dia  30  de  outubro  na  Oca  da  Sabedoria,  foi  decidido  que  os  II  JMPI  acontecerão  em  2017  no  Canadá.  É  com  muita  probabilidade  que  com  isso,  os  JMPI  se  tornarão  um  evento  mundial  com  regular  periodicidade.  Apesar  dos  desafios  que  essa  decisão  traz,  e  das  dúvidas  se  a  periodicidade  de  2  anos  é  viável,  considerando  as  necessidades  da   preparação   dos   Jogos   em   termos   de   recursos,   articulação   e   outros,   essa  decisão  é  certamente  uma  grande  conquista  e  um  motivo  para  celebração!        

9.3 Para a Cidade de Palmas  A   cidade   de   Palmas   ganhou,   de   acordo   com   as   suas   expectativas,   uma   enorme  visibilidade  nacional  e  internacional,  além  de  uma  experiência  com  a  organização  de   um   grande   evento   internacional   que   respeita   e   promove   a   diversidade.   A  presença  de  mídia  nacional  e  internacional  em  Palmas,  trouxe  muito  interesse  e  atenção  para  os  pontos  turísticos  e  as  belezas  naturais  do  cerrado.      Considerando  o  tamanho  da  cidade  e  os  serviços  disponíveis,  o  saber  receber  não  era   tão   óbvio.   A   experiência   desse   evento   contribuiu   para   uma   melhor  organização   e   coordenação   dos   seus   serviços   na   área   de   turismo,   transporte,  hotelaria,   bem   como   receptivo   internacional   como   todo.   Os   I   JMPI   também  contribuíram  com  um  aquecimento  da  economia,  graças  a  um  grande  movimento  de  pessoas   e   serviços  na   cidade,   envolvidos  pelo   acontecimento  dos   Jogos.  Por  conta   da   promoção   da   cidade   de   Palmas   e   do   Estado   de   Tocantins   e   de   seus  pontos   turísticos,   desde   os   dias   que   precederam  os   Jogos,   os  mesmos   também  receberam  um  aumento  considerável  de  visitas  e  negócios.    Ainda  nesse   sentido,  uma  experiência   importante   foi   a   realização  do  Programa  do   Voluntariado.   Foi   pela   primeira   vez   que   a   cidade   de   Palmas   realizou   um  programa  de   voluntariado   desse   porte,   em  parcerias   com   três   universidades   e  com  o  PNUD.  Apesar  de  pouco  conhecimento  prévio  sobre  como  trabalhar  essa  questão,   houve   o   apoio   do   PNUD   e   do   Programa   das   Nações   Unidas   para   o  Voluntariado   -­‐  UNV  para   realizar  essa  ação.  Especialistas  da  área   contribuíram  para   novos   entendimentos   da   questão,   das   necessidades   do   processo   do  programa  de  voluntariado,  bem  como  dos  benefícios  que  os  voluntários  trazem  para  todos  os  aspectos  de  um  evento  como  esse  –  desde  a  sua  organização,  como  na   parte   da   oferta   de   informações,   turismo,   apoio   às   delegações,   entre   outros.  Isso   também   possibilitou   a   participação   da   cidade   nos   Jogos   de   forma   mais  próxima  e  direta,   contribuindo  assim  para  uma  memória  mais  profunda  e   viva  

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dos   Jogos  em  seus  habitantes.  Os   relatos  na  mídia  da   cidade  apontaram  a  uma  nova  dinâmica  na  cidade  após  o  encerramento  dos  Jogos,  entre  os  voluntários  e  os   seus  monitores.4  Espera-­‐se   que   a   cidade   aproveite   dessa   experiência   para   o  desenvolvimento   de   outros   programas   de   voluntariado,   visando   ao  fortalecimento  da  cidadania  e  aos  direitos  à  participação  social.    Considerando  a  participação  de  etnias   indígenas  no  programa  de  voluntariado,  além   de   outras   ações   da   Prefeitura/SEJI   como,   por   exemplo,   a   Campanha  midiática  com  o  Slogan  “Em  2015,  somos  todos  indígenas”,  a  atuação  do  mascote  Kali   na   cidade,   oficinas   e   palestras   nas   escolas   e   em   outros   espaços   públicos,  festivais  de  filmes  e  gastronomia  com  temática  indígena,  pode-­‐se  observar  uma  tentativa   de   realização   de   políticas   e   programas   de   inclusão   social   com   a  temática   indígena.   Espera-­‐se   que   após   os   Jogos,   essas   políticas   de   inclusão  possam   continuar,   diminuindo   cada   vez   mais   as   barreiras   existentes   à  participação  dos  povos  indígenas  na  sociedade.    Devido   ao   curto   tempo   para   a   realização   dos   Jogos,   foi   tomada   a   decisão   de  montar   estruturas   temporárias   para   a   Vila   dos   Jogos.   Porém,   após   o   fim   do  evento   e   a   desmontagem   das   estruturas,   alguns   elementos   foram   doados   para  entidades  da  região  e/ou  para  a  prefeitura,  como  foi  o  caso  da  pira  dos  Jogos  e  das   lonas   da   cenografia.   Outros   itens   ficaram   de   legado   para   a   cidade   como   o  cercamento,   as   infraestruturas   de   instalações   feitas   pela   prefeitura   e  materiais  como  brita,  seixo,  cascalho  e  pó  de  brita.    

Não  longe  da  Vila  dos  Jogos,  foi  também  criado  um  Parque  Ecológico  dos  Povos  Indígenas,   às  margens   dos  Ribeirão  Taquaruçu.  O   local   recebeu   200  mudas   de  espécies  nativas  nos  últimos  dias  do  evento.  Assim,  Palmas  será  gravada  como  o  lugar  especial  dos  I  JMPI  nos  corações  das  pessoas  e  na  história  da  humanidade.        

9.4 Para o Brasil  Com   a   realização   dos   I   JMPI,   o   Brasil   ganhou   mais   uma   experiência   com   a  organização   de   um   grande   evento   internacional,   com   enfoque   em   diversidade,  em  particular   dos   povos   indígenas.   Isso   é   inédito   em   termos  da   aprendizagem  intercultural   e   da   combinação   do   trabalho   da   diplomacia,   política   pública,  realização   técnica,   em   prol   dos   interesses   dos   povos   indígenas   do   Brasil   e   do  mundo.  O  Programa  do  Voluntariado,  realizado  em  curto  prazo,  considerando  o  

4  http://globotv.globo.com/tv-­‐anhanguera-­‐to/globo-­‐esporte-­‐to/v/voluntarios-­‐desafiam-­‐monitores-­‐dos-­‐jmpi-­‐em-­‐partida-­‐de-­‐futebol/4659554/  

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tamanho  do  evento,  também  representa  uma  experiência  única  e  traz  certamente  muitas  reflexões  e  aprendizados5.    A  visibilidade  do  Brasil  como  País-­‐sede  dos  primeiros  Jogos,  permitiu  que  o  País  fosse  reconhecido  e  apreciado  mundialmente  por  essa  iniciativa  e  a  atuação  das  mídias   brasileiras   e   internacionais   mostraram   a   riqueza   da   diversidade   e   da  cultura   indígena   em   diferentes   e   emocionantes   reportagens   e   documentários.  Isso  contribuiu  também  com  a  promoção  de  uma   imagem  positiva  do  Brasil  no  exterior,  como  um  país  corajoso  que  promove  eventos  únicos,  dando  valor  a  sua  população  indígena.    Finalmente,  este  evento  contribuiu  com  uma  reflexão  mais  aprofundada  sobre  as  políticas   públicas   voltadas   para   os   povos   indígenas   no   Brasil   e   as   políticas   de  inclusão   e   da   participação   cidadã,   em   geral.   Nesse   sentido,   o   Ministério   do  Esporte   tem   trabalhado,   de   maneira   mais   consistente,   por   meio   dos   seus  programas,  como  o  PELC  -­‐  Programa  Esporte  e  Lazer  nas  Cidades,  que  fomenta  a  promoção  e  adoção  do  esporte  e  do   lazer  nas  cidades  e  o  PTC  -­‐  Programa  para  Comunidades   Tradicionais,   que   leva   o   esporte   e   o   lazer   para   as   diferentes  comunidades  nas  áreas  dos  indígenas.  Desde  o  ano  2103,  esses  programas  atuam  em  aproximadamente  60  municípios  brasileiros.  Essa   foi  a  maneira  encontrada  pelo   Governo   Brasileiro   de   se   aproximar   e   atuar,   usando   o   esporte   como  ferramenta,   dos   indígenas   brasileiros,   por   meio   de   uma     política   pública  inclusiva.  Além  disso,  existe  o  Programa  Segundo  Tempo,  em  que  há    um  projeto  piloto   que   beneficia,   em  Manaus,   exclusivamente   a   uma   comunidade   indígena.  Outras  oportunidades  de  fomento  de  políticas  públicas  estão  surgindo  na  área  da  juventude   e   voluntariado,   em   que   diferentes   órgãos   públicos   cooperam,   como  por   exemplo   o   Ministério   do   Esporte,   da   Justiça   e   a   Secretaria   Nacional   da  Juventude,   para   fazer   um   programa   que   terá   um   dos   enfoques   também   nas  comunidades  tradicionais,  entre  elas,  a  juventude  indígena.  Além  disso,  os  Jogos  contribuíram   para   chamar   a   atenção   aos   atletas   indígenas   que   tem   potencial  para   o   esporte   de   alto   rendimento.   A   identificação   de   talentos   fez   parte   desse  processo  e  espera-­‐se  que  traga  frutos  em  um  futuro  próximo.      

9.5 Para o Mundo  Os   I   JMPI   permitiram   para   o   mundo   inteiro   um   acesso   extraordinário   à  diversidade   da   Terra   pelas   imagens   e   relatos   trazidos   por   meio   da   mídia.   O  

5  Esse  relatório  não  contempla  o  Programa  do  Voluntariado  em  profundidade,  por  não  ser  a  responsabilidade  direta  do  CNE  e,  por  existir  um  relatório  específico  tratando  desse  Programa.  

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evento   também  contribuiu   ao   reconhecimento   e   a   valorização  dos  direitos  dos  povos  indígenas  e  do  exercício  das  suas  tradições.      Pode-­‐se  observar  também  que  o  evento  ampliou  o  conhecimento  sobre  os  povos  indígenas   entre   a  população   em  geral.   Com   isso   se   expandiu   a   consciência  dos  diferentes  estilos  de  vida  e  da  importância  da  simbiose  com  a  natureza  no  século  XXI.    Por  fim,  ficou  decidido  que  os  II  JMPI  acontecerão  em  2017  no  Canadá.  Apesar  do  desafio  de  organizar  a  segunda  edição  em  menos  de  dois  anos,  a  esperança  e  a  visão   dos   povos   indígenas   do   mundo   todo   para   tornar   esse   propósito   em  realidade   são  muito     fortes.   Será   necessário   planejar   e  melhorar   ainda  mais   a  experiência   dos   I   JMPI.   O  Brasil   foi   o   primeiro   a   liderar   esse   processo,  mas   os  olhos  do  mundo  estão  voltados  agora  para  o  Canadá.  Este  relatório  serviu  para  compartilhar   todas   essas   experiências   e   seus   desafios,   bem   como   as   boas  práticas  e  conquistas  realizadas  pelas  equipes  que  realizaram  a  primeira  edição  dos   JMPI.   Toda   a   equipe   envolvida   na   organização   dos   I   JMPI   deseja   muito  sucesso  aos  futuros  organizadores!      Depoimentos    “Nós   vamos   torcer   juntos   para   que   os   primeiros   Jogos   Mundiais   Indígenas  permitam  que  a  gente  reafirme  nosso  apreço  pela  diversidade  e  pela  pluralidade,  o  nosso   apreço   pelo   respeito   à   diferença,   pela   tolerância   e,   sobretudo   por   uma  convivência   pacífica   e   fraterna   entre   todos   os   povos   do   mundo,   entre   todas   as  etnias.”  

 Dilma  Rousseff  

Presidenta  do  Brasil    

“Confesso   que   poucas   vezes   me   emocionei   tanto   como   hoje,   de   ver   da   união   e  esforço   que   envolve   hoje   não   só   o   Governo   Federal,   Governo   do   Estado   do  Tocantins,   a   Prefeitura   de   Palmas,   o   PNUD,   que   foi   importante   para   a   gente  quando  iniciamos  o  processo  da  organização  deste  torneio  que  tenho  certeza  será  um  marco,   será   importante  para  a  história  da  valorização  e   reconhecimento  dos  Povos  Indígenas.”  

 George  Hilton    

Ministro  do  Esporte    

 

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“Hoje  esse  evento  é  considerado  para  o  governo  como  ''Grandes  eventos''  tanto  que  as  oficinas,  ações,   conversas  e  debates  que  estão   sendo  desenvolvidos  em  Palmas,  está  com  a  mesma  expertise  que  foi  realizada  para  a  Copa  e  a  mesma  expertise  que  está   sendo   realizada   para   as   Olimpíadas.   Então,   podemos   assim   dizer,   numa  proporção   menor,   mas   não   deixa   de   ser   um   evento   teste   para   as   grandes  organizações.   Hoje   lá   em   Palmas   têm   ocorrido   oficinas   da   parte   de   segurança,  saúde,  turismo,   justamente   pelo   fato   de   já   ser   considerado   um   grande   evento.  Principalmente   com   a   presença   da   presidenta   Dilma   e   alguns   outros   chefes   de  estado.  Então  isso  está  sendo  muito  bom  para  a  organização  das  Olimpíadas.    No   sentido   legado   isso   vai   demonstrar   para  mim   que   a   partir   desses   Jogos   será  muito  mais   divulgado   e   debatido   o   direito   para   os   indígenas   estar   praticando   o  esporte  e  o  lazer.  Como  um  direito  fundamental  para  eles.  Que  se  formos  observar  pela  constituição,  está  perto,  mas  ao  mesmo  tempo  está  muito  longe.  Então  através  dos  Jogos  acredito  que  será  muito  mais  difundido.”    

Evandro  Garla    Secretário  Nacional  do  Esporte,  Educação,  Lazer  e  Inclusão  Social  (SNELIS)  

 

 “Com  relação  aos  índios  eles  têm  uma  cultura  de  que  o  esporte  é  para  integrar.  É  união  é  um  prazer  os  guerreiros  estarem  ali  disputando  aqui,  é  prazeroso,  é  uma  competição  em  que  eles  tentam  mostrar  as  suas  habilidades,  mas  não  para  atingir  objetivos,  olímpicos.  Mas  é  um  objetivo  de  que  através  do  esporte   traz  a  união.  E  que  eles  estão  ali,  todos  são  vencedores,  por  já  estarem  ali.  Essa  é  a  lógica  deles.”  

 “O   indígena   faz   parte   da   nossa   vida,   do   nosso   dia.   (...)  Tem   que   acabar   com   a  separação.   Eles   têm   que   se   sentir   incluídos   nessa   nova   sociedade.   Isso   vai   trazer  muito  desenvolvimento  cultural,  sem  perder  suas  raízes.  Porque  eles  também  têm  a  cultura,  os  conhecimentos.  (...)  Lá  no  evento  eles  tem  que  ser  as  estrelas  (...).”  

“...Eu   acredito   que   a   Secretaria   de   Alto   Rendimento   vem   trabalhado,   vai   revelar  bastante  atletas.”  

Carlos  Geraldo  Secretário  Nacional  do  Alto  Rendimento  

 

“Pensando   em   um   aspecto   importante   que   são   as   duas   formas   de   legado   (...).  Legado  material   que   se   traduz   na  melhoria   da  malha   urbana   (...),   por   conta   da  criação   onde   está   sendo   construída   a   área   dos   jogos,   lá   vai   se   tornar   a   Vila  Olímpica   de   Palmas,   todo   um   complexo   esportivo   e   de   lazer   para   a   população  utilizar  (...)  ali  vai  passar  o  novo  modelo  de  transporte  urbano  da  cidade  (BRT).”  

“Ali  teremos  escolas  de  tempo  integral  focadas  no  esporte,  um  centro  de  iniciação  esportiva,  centro  de   esportes  de  alto   rendimento,   o   estádio,   a  arena  que   vai   ficar  em  definitivo  para  os  grandes  eventos  da  cidade  (...)  então  aquele  complexo  vai  se  

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tornar  um  centro  da  cidade,  nova  alternativa  para  a  convivência  e  lazer,  então  isso  é  um  legado  material  importante.”  

“Por   outro   lado,   a   gente   construiu   um   legado   imaterial   que   é   o   legado  moral.   A  cidade,  principalmente  saber  que  pode   fazer,   tem  condições  de   fazer  um  evento  e  uma   ação   que   envolva   a   cidade   como   todo   e   que   repercuta   nacional   e  internacionalmente   de   forma   positiva   essa   é   a   nossa   grande   preocupação   na  construção  desse  plano.”  

Hector  Franco  Secretário  Extraordinário  dos  Jogos  Indígenas  

Cidade  de  Palmas      

“...poder  participar  de  um  evento  que  vai  deixar  um  legado,  que  vai  despertar  um  interesse,  e  para  a  gente  desde  o  início  este  evento  sempre  foi  o  grande  desafio  de  trazer   os   olhos   do   mundo   para   Palmas   e   tornar   Palmas   uma   cidade   conhecida  internacionalmente.”    “Acho  que  este  salto  que  os  Jogos  Indígenas  podem  trazer  para  a  cidade  vai  suprir  no  sentido  de  a  gente  ter  outros   investimentos  e  outras  possibilidades  de  geração  de  renda  para  a  cidade.”  

Patrícia  Fragonese    Diretora  de  Relações  Institucionais  

Secretaria  Extraordinária  dos  Jogos  Indígenas  Cidade  de  Palmas  

 “Os  I  JMPI  é  um  evento,  não  só  esportivo,  mas  é  também  cultural  e  artístico  de  um  caráter   humanista   espetacular.   (...)   Então   ele   é   de   uma   importância   humanista  fabulosa  o  que  se  espera  disso,  o  que  vai  sair  desse  congraçamento  é  algo  que  eu  não   consigo   mensurar,   eu   acho   que   ninguém   consegue   ainda.   Nem   os   próprios  Terenas.  (...)  Essa  é  uma  mensagem  que  tem  que  ser  passada  para  o  mundo.”    “Esse   evento   é   diferente   justamente   por   essas   características   do   processo   de  aprovação,   da  diplomacia,   do   entendimento  do  que   se   pode,   do  que  não   se   pode.  Estamos   lidando   com   questões   atípicas   que   envolvem   tanto   a   legislação   do   país  quanto  o  entendimento  do  que  é  sagrado  para  esses  outros  povos,  do  que  trazer,  do  que   não   trazer   o   que   se   pode   portar   ou   não.   (...)   Para   legado,   isso   é   muito  importante,  que  as  pessoas  entendam  que  os  segundos  jogos,  que  os  terceiros  e  os  quartos,   todos   eles   vão   ter   essa   característica  que   talvez  nunca   termine   e   espero  até  que  não.”  

Luiz  André  Lobo  Diretor  Executivo  

Comitê  Nacional  Executivo  

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“É   um   evento   criado,   idealizado   e   organizado   pelos   indígenas   não   é   um   evento  como  a  gente  chama  assim  do  homem  branco,  mas  a  gente  tem  que  conviver  com  essa   realidade   institucional   que   é   o   PNUD,   os   vários   ministérios,   a   prefeitura,   o  Governo   do   Estado   e   as   universidades   no   caso   de   Palmas,   por   isso   que   a   gente  precisa   agregar   um   valor   que   a   gente   considera   o  maior   valor  mais   importante  para  os  Jogos,  que  é  o  tema  dos  direitos  indígenas.”  

Marcos  Terena  ITC  

   

“Gostaria   muito   de   agradecer   aos   organizadores   pelos   Jogos,   a   Internet   aqui  poderia   ser   melhor,   mas   a   acomodação   é   boa   e   a   alimentação   também.  Gostaríamos  apenas  de  mais   frutas  e  verduras,  e   talvez  uma  área  de  estudo  para  nossos   indígenas   estudantes,   bem   como   a   programação   antes   dos   eventos  esportivos.  Também  seria  importante  ter  nas  manhãs  um  horário  para  os  eventos  culturais   e,   um   transporte   mais   consistente   para   todos   os   eventos.   No   geral,   o  espírito  das  pessoas  e  dos  Jogos  tem  sido  um  sucesso”.  

 Liderança  do  Canadá,  Dano  Thorne  

 “Para   os   próximos   Jogos   indígenas   poderíamos   chamar   mais   países   da   África,  porque   aqui   o   único   representante   é   a   Etiópia.   Se  mais   países   participarem   dos  Jogos   Indígenas,   eles   poderão   conhecer   mais   da   cultura   uns   dos   outros.   Estou  gostando  muito  de  participar  destes  Jogos,  eles  são  muito  legais.”  

Liderança  da  Etiópia,  Eyasu  Bonkola  Joffe      “Olá,   me   chamo   Davi   e   represento   a   Costa   Rica.   Para   mim   é   muito   importante  poder   estar   aqui   nos   Jogos,   é   tudo  muito   bonito   e   quero   poder   participar   destes  Jogos  novamente.  Tudo  está  muito  bem  organizado”.  

Indígena  Davi,  Costa  Rica  

 

“Eu   me   chamo   Serafín   Chaves,   sou   Guarani   Ocidental,   Chaco   paraguaio,   viemos  para   competir   no   futebol.   Os   Jogos   estão   ótimos   tudo   muito   bem,   embora   falte  apoio   aos   indígenas,   por   parte   da   organização,   porque   existem   várias   comitivas  que   vem   do   Peru,   Argentina   e   Bolívia   e   não   tem   apoio   de   seus   países,   de   seus  governos.   Isso   é   o   que   se   nota   muito.   A   organização   geral   está   ótima   para   a  primeira   vez.   Espero   que   nos   próximos   jogos   seja   ainda   melhor,   mas   para   a  primeira  vez  está  realmente  ótimo.  Isto  é  uma  experiência  única.  O  melhor  de  tudo,  

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não  foram  os  Jogos,  o  esporte,  nada  assim.  Mas  sim  o  encontro  de  várias  etnias,  de  vários  indígenas  diferentes,  em  língua  e  culturas,  isso  foi  o  melhor.  Dá  até  arrepio  de  emoção.  Acredito  que  não  sou  o  único  indígena  que  se  dê  conta  de  que  no  mundo  há  muitos  indígenas,  e  que  somos  parte  da  sociedade  e  do  mundo”.    

Indígena  Serafín  Chaves,  Paraguai    “Eu  gostei  muito   dos   Jogos.   Achei  muito   interessante   a   troca  de   saberes   entre   as  culturas  desse  país  e  de  outros,  porque  mostra  um  pouco  da  cultura  de  cada  um  e  esse   convívio  para  mim  está   sendo  ótimo.  Este   é  um  dos  motivos  pelo  qual   estou  gostando  de  participar  dos  Jogos.  E  a  Oca  Digital  para  mim  foi  uma  das  melhores  ideias   de   todas,   nos   jogos   nacionais   nunca   tivemos   esta   Oca   Digital   para   os  Indígenas.  Isto  foi  uma  das  coisas  que  eu  mais  gostei  no  evento.  A  Internet  deixa  a  gente  mais  livre,  ela  permite  que  a  gente  saiba  mais  sobre  o  que  está  acontecendo  no  mundo  que  a  gente  não  está  vendo”.    

Indígena  Denilsson  Lopes,  Etnia  Bororo,  Brasil      “Eu  sou  da  etnia  Kuikuro,  do  Alto  Xingu,  Mato  Grosso.  Meu  nome  é  Waikié,  mas  esse  nome  é  muito  difícil,  apelido  mais  fácil,  Pelé  Kuikuro.  Eu  sou  técnico  do  time  que  eu  trouxe.  Nós  estamos  aqui  a  primeira  vez,  a  etnia  Kuikuro,  nesse  Palmas  e  achamos  tudo   muito   bonito,   nós   gostamos   de   tudo   aberto,   diferente   de   São   Paulo   tudo  fechado,  ninguém  aguenta  aquele  lugar.  Gostamos  de  tudo  aqui.  Só  achei  errado  a  falta  d’água,  nos  primeiros  quatro  dias  no  acampamento,  sorte  que  nós  estávamos  na  beira  do  rio  e  deu  para  banhar,  mas,   faltou  água  para  beber.  No  próximo  tem  que  melhorar,  mas  nos  primeiros  dias  é  assim,  depois  melhora  que  nem  melhorou  agora.  A  comida  tá  ótima.  Só  que  nós  Xinguanos  somos  diferentes,  os  outros  índios,  eu   vejo   tudo   comendo   a   comida   do   branco,   acho   que   estão   acostumados   com   a  comida  do  Branco.  Aqui   tem  a  carne  do  porco,  do  boi  e  a  gente  não  come.  Lá  no  Xingu  a  gente  só  come  peixe.  Eu  criei  dez  filhos  no  peixe.  Por  isso  aqui  a  gente  só  tá  comendo  arroz  e  frango.  Só.  Nós  não  é  guerreiro,  nós  não  mata  bicho”.    

Indígena  Pelé,  Etnia  Kuikuiro,  Brasil    “Falar   sobre  os   Jogos  é   falar   sobre  algo  que  eu  acredito,   é   falar   sobre   tolerância,  sobre   democratização   de   outros   saberes,   que   eu   acho   muito   importante.   É   um  evento   ímpar   porque   faz   com   que   toda   a   comunidade   apoie   e   abrace   a   causa  indígena,   que   é   a   causa   de   todos   nós.   Afinal   de   contas,   que   brasileiro   não   tem   o  sangue  indígena  correndo  nas  veias?  Enquanto  mãe,  eu  trouxe  os  meus  filhos  aqui  para   participar   porque   eu   acredito   que   complementa   a   educação.   Nessa  perspectiva,   eu   acho   que   algo   que   poderia   ser   acrescentado   no   escopo   dos   Jogos  seria  justamente  esse  envolvimento  de  toda  a  sociedade.  Mas  não  como  um  evento  apenas,   mas   como   um   espaço   de   aprendizagem.   Aprendizagem   do   diferente,  

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aprendizagem   naquilo   que   faz   parte   da   nossa   vida   também,   aprendizagem   no  acolher,  aprendizagem  da  tolerância”.    

Selma  Noleto,  espectadora,  moradora  de  Palmas    “Meu  nome  é  Iara  e  os  Jogos  são  muito  legais.  Eu  adorei  os  Jogos”.    

Iara,  espectadora  e  estudante  palmense      “O   legado   que   os   Jogos   deixam   é   principalmente   a   diversidade   cultural,  mostrar  para   as   pessoas   que   índio   não   é   tudo   igual,   que   nem   todos   têm   as   mesmas  características.  Que  cada  povo  tem  a  sua  língua,  seu  modo  de  vestir,  seu  modo  de  falar   e   seu   modo   de   comer.   Então   realmente   é   a   diversidade   que   vai   ficar   de  legado”.    “O   que   pode   melhorar   para   os   próximos   Jogos,   em   relação   ao   programa   de  voluntariado,  é  a   forma  como  ele   foi  conduzido.  No  caso,   todo  o  processo  desde  o  início  até  a   realização  dos   Jogos   tiveram  algumas   falhas,   como  a   falta  do  evento  teste,  e  testes  mais  avançados  de  proficiência  para  saber  aonde  aquela  pessoa  vai  se  encaixar  melhor”.  “Os   Jogos   estão   sendo   muito   bons,   acredito   que   o   público   têm   sim   visto   a  diversidade   cultural,   têm   sentido   a   oportunidade   de   estar   participando   de   um  evento   mundial,   e   de   ver   realmente   que   Tocantins   e   Palmas   pode   receber   este  evento   da  melhor   maneira,   é   claro   que   tem   falhas   e   precisa   melhorar,   mas   que  muita  coisa  foi  feita  e  os  Jogos  estão  sendo  muito  bonitos”.  

Marcos  Jones,  estudante  da  UFT,  Coordenador  de  Voluntários      “O   melhor   dos   Jogos   foi   a   oportunidade   de   estar   com   pessoas   de   vários   grupos  diferentes,   tanto   do   Brasil,   quanto   de   grupos   de   fora.   O   ponto   que   falhou   foi  justamente   a   organização   dos   Jogos,   o   cuidado   com   a   logística,   comunicação,  programação,   recepção,   e   encaminhamento   dos   Jogos   e   muitas   vezes   das  atividades   culturais.   Acho   que   a   ideia   é   bem   legal   e   nos   próximos   anos   pode   se  desenvolver  mais”.      

Maria,  voluntária,  Minas  Gerais,  Brasil    “Acho  que  o  evento  foi   incrível.  Foi  muito  bom  para  os   indígenas  do  mundo.  Acho  que  muito   poderia   ter   sido   feito   em   relação  à   organização.  Acho  que  precisa   ter  mais   planejamento,   principalmente   para   que   se   possa   cumprir   a   programação.  Acho  que  é  preciso  munir  os  voluntários  e  todas  as  pessoas  que  colaboram  com  o  evento   de   informação,   para   que   elas   não   tenham   sempre   que   passar   pelo  constrangimento   ao   dizer   que   não   sabem.   Fora   isso,   acho   que   foi   muito   bem  produzido.  O  evento  foi  muito  bonito,  o  marketing  e  o  branding  foram  muito  bem  feitos”.    

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 Brandon  Buchalter,  voluntário,  EUA  

   

 

10. Recomendações    

10.1 Para o Ministério do Esporte (ME)  

• Planejamento   com   o   tempo   realista   para   todas   as   fases   do   projeto,   em  especial  as  fases  de  planejamento  e  produção/execução  do  evento;  

• Necessidade   de   incluir   um   Comitê   Internacional   de   Povos   Indígenas   na  Matriz  de  Responsabilidades,  responsável  pela  Programação  do  Evento  e  a  Comunicação  com  as  delegações  nacionais  e  estrangeiras;  

• Organização  com  a  Matriz  de  Responsabilidades  clara  desde  o  começo  do  planejamento  com  todos  os  atores  envolvidos;  

• Realização  de  reuniões  semanais  com  todos  as  instituições  envolvidas  na  organização   do   evento,   em   especial   as   signatárias   da   Matriz   de  Responsabilidades,   com   a   concentração   de   todas   as   atividades   e   o  acompanhamento   do   andamento   de   cada   uma   delas,   para   que   eventos  dessa  natureza  tenha  uma  visão  global  da  execução;  

• Sistema   de   cobrança   e   acompanhamento   da   execução,   de   acordo   com  o  planejado  com  todos  os  parceiros  envolvidos;  

• Investimento   na   formação   inicial   sobre   trabalho   com   diversidade,   em  equipes   interculturais,   transformação   de   conflitos   e   alinhamento   das  expectativas,  entre  outros;  

• Investimento   na   assessoria  mais   arrojada   que   possa   cuidar   de   conflitos  pontuais  sobre  ocorrências  e  manifestações  que  possam  ocorrem;  

• Contratação   de   tradutores   inglês,   espanhol   e   francês   desde   o   início   do  processo   de   organização,   apenas   para   se   comunicar   com   as   delegações  internacionais;  

• Melhor   coordenação   da   representação   do   evento   em   relação   à   mídia,  baseada  no  alinhamento  entre  os  coordenadores  da  comunicação  de  cada  instituição  (ITC,  ME,  Governo,  Palmas,  etc);  

• Criação   de   um   banco   de   dados   atualizado   com   os   dados   dos   líderes  indígenas  mundiais,   vinculado   ao   Comitê   Indígena   Internacional   (criado  ao   final   desse   evento).   Essa   listagem   deveria   ser   compartilhada   com   os  Ministério   das   Relações   Exteriores   para   conhecimento   e  acompanhamento  diplomático;  

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• Disponibilização  desse  relatório  traduzido  ao  menos  para  o  inglês,  para  os  organizadores  dos  próximos  Jogos.  

     

10.2 Para os Líderes Nacionais e Internacionais  

• Preparação  para  os  Jogos  enquanto  delegação  representante  de  um  país,  levantando   materiais   e   informações   para   apresentar   a   diversidade   de  seus  povos  nacionais  e  ao  mesmo  tempo  os  valores  importantes  de  serem  divulgados  ao  mundo,  como  tradições  milenares,  manifestações  culturais,  história,   a   união,   participação   da  mulher,   tipos   de   artesanato,   além   dos  jogos  tradicionais  e  demonstrativos  que  pretendem  participar;  

• Preparação  da  delegação  para  ser  recebido  por  uma  equipe  de  logística  e  de   voluntários   que   não   necessariamente   conhecem   os   costumes   e   as  tradições  dos  seus  povos;  

• Preparação   para   a   captação   de   recursos   com   antecedência   para   poder  participar   dos   jogos,   em   relação   às   passagens,   eventuais   vistos,   vacinas,  equipamentos  esportivos  pessoais,  entre  outros.  

   

10.3 Para o ITC  

• Investimento  no  desenvolvimento  de  relacionamentos  de  confiança  entre  os  parceiros/organizadores;  

• Investimento  na  avaliação  das  competências  da  sua  equipe  para  realizar  as   diferentes   tarefas   e   aceitar   as   limitações   de   forma   que   permita  aprendizagem  e  colaboração  mútua;  

• Investimento  no  desenvolvimento  de  competências  de  comunicação  clara  e  objetiva;  

• Composição   da   equipe   de   acordo   com   as   necessidades   reais   da  organização  dos  Jogos,  alocando  pessoas  com  competências  definidas;  

• Desenvolvimento   de   uma   prática   de   uma   tomada   de   decisão  compartilhada  e  comunicação  regular  com  as  delegações  estrangeiras;  

• Desenvolvimento   do   entendimento   que   informações-­‐chave,   como   as   da  Programação   oficial   dos   Jogos,   não   podem   ser   deixadas   para   serem  estabelecidas   durante   a   execução   do   evento,   uma   vez   que   as   mesmas  impactam   em   toda   a   cadeia   de   organização:   comunicação,   logística,  alimentação,  transporte,  etc.  

   

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10.4 Para o Futuro País Organizador / Comitê Internacional Organizador dos II JMPI 2017  

• Desenvolvimento   do   Projeto   Técnico   dos   II   JMPI   com   o   detalhamento  técnico  necessário  para  a  realização  dos  JMPI  de  forma  realista;  

• Consideração   deste   relatório   em   todas   as   suas   partes,   com   enfoque   no  aprendizado,  como  parte  integrante  do  planejamento  dos  futuros  Jogos;  

• Inclusão   dos   Programas   de   Voluntariado,   Acessibilidade   e  Sustentabilidade  ao  Projeto  Técnico  dos  JMPI  desde  o  começo;  

• Planejamento   com   um   tempo   realista   para   a   execução   do   evento,  considerando    tempo  suficiente  para  cada  uma  das  fases  e  etapas;  

• Necessidade   de   incluir   o   Comitê   Internacional   de   Povos   Indígenas   na  Matriz  de  Responsabilidades,  responsável  pela  Programação  do  Evento  e  a  Comunicação  com  as  delegações  nacionais  e  estrangeiras;  

• Organização  com  a  Matriz  de  Responsabilidades  clara  desde  o  começo  do  planejamento  com  todos  os  atores  envolvidos;  

• Realização  de  reuniões  semanais  com  todos  as  instituições  envolvidas  na  organização   do   evento,   em   especial   as   signatárias   da   Matriz   de  Responsabilidades,   com   a   concentração   de   todas   as   atividades   e   o  acompanhamento   do   andamento   de   cada   uma   delas,   para   que   eventos  dessa  natureza  tenha  uma  visão  global  da  execução;  

• Sistema   de   cobrança   e   acompanhamento   da   execução,   de   acordo   com  o  planejado  com  todos  os  parceiros  envolvidos;  

• Investimento   na   formação   inicial   sobre   trabalho   com   diversidade,   em  equipes   interculturais,   transformação   de   conflitos   e   alinhamento   das  expectativas  entre  outros;  

• Investimento   na   assessoria  mais   arrojada   que   possa   cuidar   de   conflitos  pontuais  sobre  ocorrências  e  manifestações  que  possam  ocorrem;  

• Contratação   de   tradutores   inglês,   espanhol   e   francês   desde   o   início   do  processo   de   organização,   apenas   para   se   comunicar   com   as   delegações  internacionais;  

• Melhor   coordenação   da   representação   do   evento   em   relação   à   mídia,  baseada  no  alinhamento  entre  os  coordenadores  da  comunicação  de  cada  instituição;  

• Criação   de   um   banco   de   dados   atualizado   com   os   dados   dos   líderes  indígenas  mundiais,   vinculado   ao   Comitê   Indígena   Internacional   (criado  ao   final   dos   I   JMPI).   Essa   listagem   deveria   ser   compartilhada   com   os  Ministério   das   Relações   Exteriores   para   conhecimento   e  acompanhamento  diplomático;  

• Realização   do   Congresso   Técnico   na   mesma   cidade   em   que   serão  realizados  os  próprios  JMPI;  

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• Elaboração  do   cronograma   compartilhado  dos   JMPI,   desde  o   começo  do  planejamento  até  a  realização  dos  Jogos;  

• Preparação  da  programação  dos   JMPI  a  partir  de  decisões  colegiadas  de  um  Comitê  Internacional  dos  Povos  Indígenas;  

• Desenvolvimento   de   informes   periódicos   para   as   delegações   sobre   o  processo  dos  JMPI;  

• Desenvolvimento   de   um   banco   de   dados   incluindo   os   dados   e   os  conhecimentos   sobre   todos   os   povos   participantes   dos   Jogos.   É  fundamental  que  essa  pesquisa  seja   feita  bem  no  início  do  planejamento  dos   Jogos,   uma   vez   que   impacto   em   toda   a   cadeia   operacional   da  organização;  

• Reprodução   do   esforço   do   Governo   Brasileiro   em   oferecer   Visto   de  Cortesia  para  todos  os  membros  das  delegações  estrangeiras;  

• Interação   com  os  Governos   Federais   dos  países   organizadores  para  que  seja  considerado  o  caráter  único  do  evento,  solicitando  a  alteração  de  leis  e   regras,   quando   necessário,   como   foi   o   caso   do   Governo   Brasileiro   ao  criar   o  Manual   para   os   participantes   estrangeiros,   em  que   considerou   e  flexibilizou  as  regras,  durante  os  Jogos,  para  a  possibilidade  de  entrada  de  substâncias  entorpecentes  para  uso  em  rituais  religiosos  e  de  artesanatos  para   exibição   na   Feira   de   Artesanatos,   feitos   com   partes   de   animais  silvestres  e  da  fauna.  

   

10.5 Para a Cidade Sede  

• Confirmar  que  a  cidade  pode  acolher  as  delegações,  bem  como  os  turistas,  convidados,  visitantes  e  a  mídia  internacional,  de  acordo  com  os  padrões  internacionais  de  hospitalidade;    

• Ter   um  plano   de   ação   para   o   turismo   para   incentivar   o   turismo   local   e  com  isso  aumentar  a  geração  de  emprego  e  renda  da  cidade,  observando,  sempre  maneiras  de  incluir  indígenas  nesse  processo;    

• Considerar   a   possibilidade   de   ter   um   espaço   estruturado,   além   do  previsto   para   o   recebimento   de   delegados   indígenas,   para   os   indígenas  não  considerados  dentro  das  delegações  de  cada  país;  

• Considerar   a   possibilidade   de   haver  manifestações   de   cunho   político   e,  para   isso,   garantir   a   segurança   necessárias   tanto   dos   atletas/delegados,  quanto  do  público  em  geral,  para  que  não  haja  ocorrências  durante  esses  momentos;  

• Capacitar   os   prestadores   de   serviço   da   cidade   para   receber   turistas   e  atletas  indígenas  com  diferentes  costumes  e  hábitos  alimentares;        

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• Assegurar  que  a  alimentação  e  bebidas  oferecidas  durante  os  jogos  sejam  de  acordo  com  os  hábitos  e  as  tradições  dos  povos  indígenas;  

• Examinar   os   projetos   de   instalações   físicas,   elétricas,   hidro-­‐sanitárias,  entre  outras,  antes  de  formalizar  modificações  para  atender  às  demandas  imediatas  e  normais  em  eventos  deste  porte  e  importância;  

• Avaliar   in   loco   as   vazões   e   pressões   da   rede   de   água,   bem   como   a   sua  continuidade   ao   longo   do   dia,   antes   de   utilizar   uma   rede   pública   como  abastecedora;  

• Interagir  com  a  equipe  da  concessionária  para  se  estabelecer  um  trabalho  em  equipe;  

• Substituir   o  material   das   tubulações  que  utilizam   conexões   como  o  PVC  rígido   por   soluções   onde   a   flexibilidade   dos   tubos   e   a   ausência   de  conexões  com  colas,  tipo  PEX,  sejam  a  solução  a  adotar;  

• Incluir  a  limpeza  final  no  escopo  de  serviços  vinculado  ao  pagamento  da  parcela  final.  

11. Conclusões    Esta   primeira   edição   dos   Jogos   Mundiais   dos   Povos   Indígenas   foi   realizada  dentro  desse  espírito  de  ineditismo,  sabendo-­‐se  ser  um  evento  sem  precedentes  e,   justamente   por   essas   características,   o   evento   foi   considerado   um   sucesso  tanto  pelos  diferentes  povos  indígenas,  quanto  pelo  público  que  participou,  bem  como   pela   mídia.   Ao   mesmo   tempo,   quando   algo   acontece   pela   primeira   vez,  existe   uma   grande   vontade   de   todos   os   envolvidos   em   contribuir   para   que   o  evento  tenha  êxito,  apesar  dos  desafios  e  complicações  que  certamente  também  estiveram  presentes.  O  Brasil   tomou  a   liderança  e  tornou  este  sonho  realidade!  Com   base   nessa   experiência,   o   Brasil   tem   muitos   aprendizados   a   serem  compartilhados.      Pode-­‐se   concluir   que   os   I   JMPI   deixaram   os   diferentes   públicos   com   quatro  percepções.  Primeiro,  o  público  geral  composto  pelos  visitantes  e  participantes  que  observaram  o  evento  de   fora.  Esse  público,  que  chegou  a  180.000  pessoas,  saiu   muito   satisfeito   por   ter   tido   acesso   a   um   espetáculo   de   diversidade,  tradições  milenares  e  uma  estrutura  de  qualidade  com  atendimento  profissional.      Segundo,   foram   as   percepções   das   delegações   estrangeiras   e   nacionais   que  apesar  do  compromisso  com  os  Jogos,  da  celebração  das  suas  tradições  e  da  troca  que   experimentaram,   acabaram  por   vivenciar   também  os   desafios   na   parte   da  organização,  os  transtornos  gerados  pela  falta  da  programação,  a  falta  de  contato  

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direto  com  responsáveis  pelos  temas  indígenas  no  inícios  dos  Jogos,  entre  outros.  Isso   gerou   uma   vontade   de   fazer   mais   e   melhor,   com   mais   tempo   para  preparação  e  com  mais  qualidade  nas  próximas  edições  dos  Jogos.    O   terceiro   público   traz   as   percepções   da   mídia.   Com   base   nas   244   matérias  analisadas,   pode   se   concluir   que   a   maioria   (120   matérias)   trouxe   uma   visão  muito  positiva  dos  Jogos,  com  elogios  para  a  organização  do  evento,  destacando  a  diversidade  cultural  dos  povos  indígenas,  a  interação  esportiva,  parabenizando  a  iniciativa   de   produzir   este   grande   evento   mundial.   Uma   outra   parte   foi  considerada  neutra  (89  matérias),  envolvendo  a  descrição  do  evento,  dos  I  JMPI,  a   programação   e   os   resultados.   E   tinha   uma   parte   das   matérias   considerada  negativas   (35   matérias),   essas   incluíram   críticas   à   organização,   e   deram   um  espaço  aos  indígenas  que  boicotaram  os  Jogos  por  questões  políticas.  Finalmente,   o   quarto   público   representa   as   percepções   dos   organizadores,  voluntários  e  prestadores  de  serviço.  Enquanto  as  primeiras  três  percepções  são  na   sua   grande   maioria   positivas,   as   percepções   pós-­‐jogos   da   organização,  voluntários  e  prestadores  de  serviço  enfatizam  muito  mais  a  falta,  a  ausência  e  os  desafios  que  foram  vencidos  do  que  uma  imagem  positiva  dos  Jogos.  Esse  público  tinha  que  lidar  com  muita  falta  de  informação,  condições  de  trabalho  por  vezes  inadequadas,  o  que  gerou  muita  frustração  e  um  desgaste.  Como  já  previamente  observado,   não   é   possível   realizar   um   evento   desse   porte   com   qualidade   em,  praticamente,   quatro   meses.   A   parte   boa   é   que   os   três   públicos,   incluindo   as  delegações,  o  público  em  geral  e  a  mídia,  vivenciaram  relativamente  pouco  dos  desafios  que  os  organizadores  e  prestadores  de  serviço  tiveram  que  vivenciar.    Sem   dúvida,   muito   mais   poderia   ter   sido   feito   se   as   condições   fossem   outras.  Entretanto,   entendemos  que  a   falta  de   tempo   suficiente   e  o   atraso  desgastante  dos   repasses   orçamentários   conseguiram   ser   superados   pela   dedicação,  resiliência,  ousadia,  pela  vontade  de  fazer  dar  certo  esse  sonho,  por  uma  equipe  comprometida   com   esse   propósito   coletivo.   No   final,   são   as   memórias,   as  lembranças,  os  aprendizados,  os   relacionamentos  estabelecidos  e  as   trocas  que  ficarão,  marcando   indelevelmente  na  História   e   em   todos  nós   essa   experiência  sem  igual.      Espera-­‐se  que  este  relatório  contribua  com  a  descrição  do  processo,  as  reflexões  das  áreas,  bem  como  as   lições  aprendidas  e  as  recomendações  para  a  melhoria  dos  II  JMPI  e  dos  próximos  grandes  eventos  no  Brasil.      

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12. Lista de anexos  12.1  Matriz  das  Responsabilidades  e  Acordo  de  Cooperação  com  PNUD  (DOU)  12.2  JMPI2015  Organograma    12.3  Programação  Tentativa  JMPI  2015  12.4  Relatórios  das  Áreas  

12.4.1  Infraestrutura  12.4.2  Produção  12.4.3  Hospitalidade  12.4.4  Alimentação  e  Bebidas  12.4.5  Cultura  12.4.6  Comunicação  12.4.7  Acessibilidade  

12.5  Manuais  de  Procedimentos       12.5.1  Manual  para  Delegações  Internacionais  (Inglês,  Espanhol)     12.5.2  Regras  de  Publicidade  

12.5.3  Manual  do  Voluntariado  e  Programação  da  Formação  de  Monitores     12.5.4  Manual  do  Alojamento  dos  Internacionais  12.6  Manual  de  Hospitalidade/Turismo  (Inglês,  Espanhol)  12.7  Conceito  da  Alimentação  e  Bebidas  12.8  Apresentação  Resumida  dos  JMPI  2015  12.9  Folder  do  Congresso  Técnico  (Português,  Espanhol,  Inglês)  12.10  Relatório  do  Congresso  Técnico  12.11  Comunicados  às  Delegações  Internacionais  em  Português,  Espanhol,  Inglês  (Congresso  Técnico,  Questionário,  Convite  com  Responsabilidades  do  Governo  Brasileiro)  12.12  JMPI2015  Lista  de  Delegações  Internacionais  Confirmadas  com  Dados  e  Países  que  Não  Participaram  12.13  Informações  Detalhadas  das  Delegações  Internacionais       12.13.1  Alimentação    

12.13.2  Arte  e  Cultura  12.13.3  Contribuições  para  o  Futuro  12.13.4  Disciplinas  Esportivas  Confirmadas  12.13.5  Dados  para  Casa  Civil  Detalhada  

12.14  Lista  das  Delegações  Nacionais  por  Etnia  12.15  Nomes  dos  Delegados  Nacionais  12.16  Cronograma  JMPI2015  para  Ministério  do  Esporte  elaborado  pelo  Diretor  Executivo  do  CNE  12.17  Infográfico  dos  I  JMPI  2015  12.18  Lista  dos  Consultores  do  CNE