relatório de estágio - repositório aberto · gráfico 21: classificação do imc final do grupo...
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Relatório de Estágio
Exercício Físico na Terceira Idade
Dissertação apresentada com vista à obtenção do
2ºciclo em Atividade Física para a Terceira Idade, ao
abrigo do Decreto-Lei nª 74/2006 de 24 de Março
Orientadora: Profª Doutora Joana Carvalho
Ana Sofia Silva
Porto, Setembro 2014
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Silva, A. S. (2014). Relatório de Estágio. Exercício Físico na Terceira Idade.
Porto: A. Silva. Relatório de Estágio profissionalizante para a obtenção do grau
de mestre em Atividade Física para a Terceira Idade, apresentado à Faculdade
de Desporto da Universidade do Porto.
Palavras-chave: ENVELHECIMENTO, EXERCÍCIO FÍSICO, TREINO
MULTICOMPONENTE, TREINO DE REFORÇO MUSCULAR,
INSTITUCIONALIZAÇÃO
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III
Esta dissertação foi realizada com base no projeto desenvolvido pelo Centro de
Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer (CIAFEL), uma unidade de
investigação e desenvolvimento situada na Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto (PEst- OE/SAU/UI0617/2014).
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Agradecimentos
À minha orientadora, Prof.ª Doutora Joana Carvalho, pelas correções e
sugestões, assim como pela disponibilidade e orientação.
À Profª Manuela Costa, a quem pude recorrer enumeradas vezes, por
acompanhar de perto o meu percurso ao longo do estágio.
À Prof.ª Susana Carrapatoso, por estar disponível sempre que solicitada para
qualquer questão no âmbito do estágio.
Aos meus alunos, pelo apoio e carinho constantes demonstrando-se pessoas
maravilhosas que contribuíram para a minha aprendizagem.
Às instituições por tornarem o estágio possível.
Aos meus pais e irmã, por me encorajarem a seguir em frente e ultrapassar as
dificuldades.
Às minhas amigas Ana Rocha, Cinara Araújo e Catarina Guimarães, pela
compreensão, paciência e apoio.
Aos meus colegas de curso Tiago Resende e Joana Magalhães, pelas reuniões
de trabalho, ajuda e amizade ao longo destes dois anos.
Um muito obrigada a todos.
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Índice Geral
Agradecimentos V
Índice Geral VII
Índice de Quadros XI
Índice de Gráficos XIII
Índice de Anexos XV
Resumo XVII
Abstract XIX
Lista de Abreviaturas XXI
I. Introdução 23
II.Expectativas iniciais 27
III. Enquadramento da prática profissional – Revisão da Literatura 31
1.Envelhecimento 33
2. Idoso institucionalizado 34
3. Benefícios do Exercício Físico na 3ª idade 36
4. Capacidades a desenvolver na 3ª idade 38
4.1 Força 38
4.2 Capacidade aeróbia 40
4.3 Equilíbrio 40
4.4 Coordenação 42
4.5 Flexibilidade 42
5. Patologias 43
5.1 Doenças Cardiovasculares 44
5.1.1. Hipertensão 45
5.1.2. Arteriosclerose 47
5.1.3 Insuficiência Cardíaca 48
5.1.4 AVC 49
5.2 Diabetes tipo 2 50
5.3 Osteoporose 51
5.4 Doenças Mentais 52
5.4.1 Depressão 52
5.4.2 Ansiedade 53
5.5 Doenças do Sistema Nervoso 54
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VIII
5.5.1 Demência 54
5.5.3 Parkinson 55
5.5.4 Alzheimer 55
5.5.5 Paralisia Supranuclear Progressiva 56
5.6. Problemas articulares 56
5.6.1 Artrite reumatóide 56
5.6.2 Osteoartrite 57
5.7 Doenças Respiratórias 58
5.7.2 Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica 58
5.8 Surdez 59
5.9 Cataratas 59
5.10 Anemia 60
6. Prescrição do exercício físico para a terceira idade 60
6.1 Princípios de treino 60
6.2. Frequência 61
6.3 Duração 62
6.4 Intensidade 62
6.5 Avaliação inicial 63
IV. Caracterização e realização da prática profissional 67
1. Grupo Musculação FADEUP 69
1.1. Descrição da turma 69
1.2. Caracterização do espaço e do material 72
1.3 Avaliação inicial 72
1.4. Planeamento anual 75
1.4.1 Justificação e alterações ao Plano anual 76
1.5. Resultados do trabalho 81
2. Grupo Centro Social e Paroquial da Nossa Senhora do
Amial
85
2.1. Descrição da turma 85
2.2. Caracterização do espaço e do material 89
2.3 Avaliação inicial 89
2.4. Planeamento anual 92
2.4.1 Justificação e alterações ao Plano anual 93
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IX
2.5. Resultados do trabalho 98
3. Dificuldades e estratégias 102
V. Conclusão 105
VI. Síntese Final 109
VI. Referências bibliográficas 115
VII. Anexos CXXXIII
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Índice de Quadros
Quadro 1 – Benefícios da AF/EF (adaptado pelo ACSM, 2011) 37
Quadro 2: Classificação da Tensão Arterial em adultos (≥18 anos) 46
Quadro 3: Resultados iniciais (pré-treino) do grupo FADEUP pela
bateria SFT 73
Quadro 4: Planeamento anual do grupo FADEUP 76
Quadro 5: Alterações ao Plano anual do grupo FADEUP 80
Quadro 6: Resultados finais (pós-treino) do grupo FADEUP pela
bateria SFT 81
Quadro 7: Resultados iniciais (pré-treino) e finais (pós-treino) do
grupo FADEUP pela bateria SFT – ilustração da evolução,
estagnação ou retrocesso
83
Quadro 8: Análise comparativa das variáveis no grupo FADEUP nos
dois momentos avaliados (pré-treino e pós-treino) 84
Quadro 9: Resultados iniciais (pré-treino) do grupo CSPA pela bateria
SFT 90
Quadro 10: Planeamento anual do grupo CSPA 93
Quadro 11: Alterações ao Plano anual do grupo CSPA 97
Quadro 12: Resultados finais (pós-treino) do grupo CSPA pela bateria
SFT 99
Quadro 13: Resultados iniciais (pré-treino) e finais (pós-treino) do
grupo CSPA pela bateria SFT – ilustração da evolução,
estagnação ou retrocesso
101
Quadro 14: Análise comparativa das variáveis no grupo CSPA nos
dois momentos avaliados (pré-treino e pós-treino) 102
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XII
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XIII
Índice de Gráficos
Gráfico 1: Percentagem de alunos do sexo feminino e masculino do
grupo FADEUP 69
Gráfico 2: Estratificação dos alunos do grupo FADEUP por idades 69
Gráfico 3: Estado civil dos alunos do grupo FADEUP 70
Gráfico 4: Escolaridade dos alunos do grupo FADEUP 70
Gráfico 5: Patologias dos alunos do grupo FADEUP 71
Gráfico 6: Quedas no último ano do grupo FADEUP 71
Gráfico 7: Classificação do IMC inicial do grupo FADEUP de acordo
com Lipschitz (1994) 74
Gráfico 08: Nível de desempenho para cada teste inicial do grupo
FADEUP de acordo com os valores de referência para a
população idosa sugeridos por Marques et al. (2013)
74
Gráfico 09: Classificação do IMC final do grupo FADEUP de acordo
com Lipschitz (1994) 82
Gráfico 10: Nível de desempenho para cada teste final do grupo
FADEUP de acordo com os valores de referência para a
população idosa sugeridos por Marques et al. (2013)
82
Gráfico 11: Percentagem de alunos do sexo feminino e masculino do
grupo CSPA 85
Gráfico 12: Estratificação dos alunos do grupo CSPA por idades 85
Gráfico 13: Agregado familiar dos alunos do grupo CSPA 86
Gráfico 14: Escolaridade dos alunos do grupo CSPA 86
Gráfico 15: Patologias dos alunos do grupo CSPA 87
Gráfico 16: Quedas sofridas no último ano no grupo CSPA 88
Gráfico 17: Dificuldades em realizar tarefas do dia-a-dia no grupo CSPA 88
Gráfico 18: Motivação do grupo CSPA para as aulas de ginástica 88
Gráfico 19: Classificação do IMC inicial do grupo CSPA de acordo com
Lipschitz (1994) 91
Gráfico 20: Nível de desempenho para cada teste inicial do grupo
CSPA de acordo com os valores de referência para a 91
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XIV
população idosa sugeridos por Marques et al. (2013)
Gráfico 21: Classificação do IMC final do grupo CSPA de acordo com
Lipschitz (1004) 91
Gráfico 22: Nível de desempenho para cada teste final do grupo CSPA
de acordo com os valores de referência para a população
idosa sugeridos por Marques et al. (2013)
100
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XV
Índice de Anexos
Anexo 1: Questionário GMF CXXXV
Anexo 2: Questionário GCSA CXXXIX
Anexo 3: Bateria de Testes de Rikli & Jones (2001) CXLIII
Anexo 4: Outputs SPSS CXLVI
Anexo 5: Tabelas de 1RM CL
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XVI
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XVII
Resumo
O envelhecimento é um processo que provoca alterações físicas,
psicológicas, e sociais, existindo uma regressão destas capacidades, o que
leva a uma diminuição da qualidade de vida e bem-estar.
Este estágio, integrado no 2º ano do 2º Ciclo em Atividade Física para a
Terceira Idade da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP),
teve como objetivo aplicar um programa de exercício em dois grupos de idosos
diferentes, a fim de melhorar a qualidade de vida e bem-estar dos mesmos.
Este relatório pretende transcrever as experiências vividas ao longo do
meu estágio profissional, decorrido no grupo de musculação da FADEUP
(GMF), constituído por idosos completamente independentes e com uma boa
aptidão física e no grupo do Centro Social e Paroquial da Nossa Senhora do
Amial (GCSA), composto por idosos muito dependentes devido à sua
mobilidade reduzida.
Assim, o planeamento do programa de treino foi diferente para os dois
grupos, de forma a se adaptar da melhor forma às necessidades dos mesmos.
No GMF foi aplicado um programa centrado no treino da resistência muscular,
enquanto no GCSA foi aplicado um treino multicomponente. Ambos os
programas de exercício físico levaram a uma melhoria nas várias componentes
da aptidão física.
Este estágio foi indispensável para o desenvolvimento das minhas
competências profissionais, fazendo-me sentir, atualmente, capaz de
responder às exigências desta área.
PALAVRAS-CHAVE: ENVELHECIMENTO, ATIVIDADE FÍSICA, EXERCÍCIO
FÍSICO, TREINO MULTICOMPONENTE, TREINO DE REFORÇO MUSCULAR
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XVIII
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XIX
Abstract
Aging is a process associated to physical, psychological and social
changes, inducing a decline of the physical function, influencing the quality of
life and well-being older population.
This training ship, integrated in 2ºyear of 2º Cycle in Physical Activity for
Seniors of FADEUP, aimed to implement a exercise program on two different
groups of elderly adults in order to improve their quality of life and well-being.
This report intend to transcribe the experiences lived throughout my
internship, involving a strength training group of FADEUP, constituted by
independent and physically fit elderly individuals and institutionalized group of
“Centro Social e Paroquial da Nossa Senhora do Amial”, that involved very
dependent elderly subjects with reduced mobility.
Thus, the training program planning was different for the two groups, in
order to adapt optimally to they need. In FADEUP strength training group, a
specific strength training program was applied, while in “Centro Social da Nossa
Senhora do Amial” group a multicomponent training was applied. Both exercise
programs led to improvements in the various components of physical fitness.
This training ship was very important for the development of my
professional skills, making me feel currently comfortable to meet this area
demands.
KEY WORDS: AGING, PHYSICAL ACTIVITY, PHYSICAL EXERSICE,
MULTICOMPONENT TRAINING, STRENGTH TRAINING
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XXI
Lista de Abreviaturas
< - Sinal de menor
– Sinal de maior
>P75 – Acima do Percentil 75
1RM – Uma repetição máxima
ACSM – American College of Sports Medicine
AF – Atividade Física
ApF – Aptidão Física
AVC – Acidente Vascular Cerebral
AVD – Atividades da Vida Diária
cm - Centímetros
DCV – Doença Cardiovascular
DP – Desvio Padrão
EF – Exercício Físico
et al – e outros
FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
GCSA – Grupo do Centro Social e Paroquial da Nossa Senhora do Amial
GMF – Grupo de Musculação da FADEUP
IMC – Índice de Massa Corporal
INE – Instituto Nacional de Estatística
Kg - Quilogramas
m – Metros
MI – Membros Inferiores
mmHg – Unidade de Medida do Milímetro de Mercúrio
MS – Membros Superiores
n - Amostra
OMS – Organização Mundial de Saúde
P25 – Dentro do Percentil 75
P50-75 – Entre o percentil 50 e 75
P75 – Dentro do Percentil 75
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PA – Pressão Arterial
PAD - Pressão Arterial Diastólica
PAS - Pressão Arterial Sistólica
SFT – Senior Fitness Test
VO2máx – Consumo máximo de Oxigénio
WHO – World Health Organization
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I. Introdução
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Nos últimos anos o número de idosos tem vindo a aumentar
exponencialmente, facto que se deve à queda da natalidade aliada ao aumento
da expectativa de vida (WHO, 2011). Em Portugal, a percentagem de idosos já
é maior que a percentagem de jovens (INE, 2014).
Este fenómeno de envelhecimento populacional, caracterizado pelo
aumento do número de idosos, realça a importância de criar políticas capazes
de responder aos desafios inerentes ao envelhecimento, de forma a melhorar a
qualidade de vida do idoso (OMS, 2005).
A literatura sustenta que a prática de AF e EF traz benefícios ao idoso a
nível físico, social e psicológico (Spirduso et al.,2005), tendo sido apontada
como um instrumento eficaz para melhorar a qualidade de vida desta
população.
Este relatório de estágio surge no âmbito da realização do 2º ciclo em
Atividade Física para a Terceira Idade da Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto, onde é descrita toda a atividade realizada nos centros
de estágio e investigação que suportou o trabalho ao longo do ano.
O estágio contemplou dois grupos de idosos de realidades
completamente diferentes, pertencendo um grupo ao programa de musculação
da FADEUP e o outro ao Centro Social e Paroquial da Nossa Senhora do
Amial.
Este trabalho está dividido em três partes fundamentais. A primeira
corresponde à dimensão pessoal, onde são expostas as expectativas antes de
iniciar o estágio bem como a justificação da escolha do mesmo. Na segunda
parte encontra-se o enquadramento da prática profissional, isto é, uma revisão
de literatura dos temas mais importantes para aplicar na prática. E, finalmente,
a terceira parte refere-se à caracterização e realização da prática profissional,
ou seja, é feita a caracterização do contexto em que a prática decorre e,
posteriormente, com base nesta caracterização, é justificado o plano anual
delineado e são dados a conhecer os resultados da aplicação do mesmo.
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II. Expectativas iniciais
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Apesar de ter consciência de que optar por realizar estágio se traduziria
em trabalho árduo, nunca tive dúvidas em relação a esta escolha pois sentia
que, para me tornar uma boa profissional nesta área, precisava acrescentar
aos conhecimentos teóricos a experiência prática.
Assim, com este estágio, pretendi adquirir experiência prática e
competências que me permitam tornar numa profissional mais completa e
qualificada para exercer a minha atividade após o término do Mestrado em
Atividade Física para a Terceira Idade.
Desde que fui aceite que fiquei um pouco ansiosa e receosa pois, para
além de considerar uma das etapas mais marcantes da minha formação, seria
uma experiencia nova muito diferente das que vivi até aqui.
Esperava utilizar os conhecimentos adquiridos de forma produtiva porém,
sempre consciente do trabalho de pesquisa e investigação que teria de
desenvolver ao longo do estágio de forma a desenvolver um trabalho seguro e
eficaz para esta população de idosos.
O contacto com esta faixa etária tornou este estágio especial e, de certa
forma, amedrontou-me ainda mais por ser um grupo etário com o qual não
estou habituada a lidar, principalmente com os idosos institucionalizados.
Penso que possuo características que me favoreceram no
desenvolvimento deste trabalho, como a capacidade de adaptação, a
paciência, motivação e capacidade de me relacionar com as pessoas. Contudo,
fiz sempre um esforço no sentido de controlar um pouco a rigidez e a
autoridade com que estou habituada a lecionar as atividades dirigidas a jovens
assim como a minha sensibilidade a determinadas situações.
Com este estágio espero evoluir com os próprios erros, com a prática e
com os ensinamentos que irei receber das orientadoras. Assim, desejo poder
dizer, aquando do seu término, que sou capaz de desenvolver um trabalho
eficaz, seguro e correto para esta população, de acordo com as suas limitações
e capacidades.
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III. Enquadramento da prática profissional
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1. Envelhecimento
A World Health Organization (2002) classifica como idosos as pessoas
com mais de 65 anos de idade, em países desenvolvidos, e com mais de 60
anos de idade, em países em desenvolvimento.
Correia (2003) refere três grupos de idosos: idosos jovens, idosos e
idosos velhos. No grupo dos “idosos jovens” estão os indivíduos com idades
entre 65 e 74 anos, “idosos” são aqueles que se encontram entre os 75 e 84
anos e, finalmente, os “idosos velhos” referem-se a indivíduos com 85 anos ou
mais.
Segundo a WHO (2011), devido à queda da fertilidade aliada ao aumento
da expectativa de vida, o número de idosos continuará a aumentar, atingindo
perto de 1,5 biliões em 2050, representando 16% da população mundial. Este
fenómeno é mais acentuado nos países desenvolvidos.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) (2014) prevê que a proporção de
jovens com menos de 15 anos diminuirá enquanto a população com 65 ou mais
anos aumentará. Entre 2012 e 2060 poderão vir a residir em Portugal 307
idosos por cada 100 jovens, aumentando de 2033 para 3043 indivíduos com
mais de 65 anos. Esta tendência está bem visível nos resultados dos Censos
2011, onde se verifica que em Portugal cerca de 15% da população é jovem (0-
14anos) e cerca de 19% é idosa (mais de 65 anos). Em 1981, um quarto da
população pertencia aos jovens e apenas 11,4% era idosa (INE, 2011).
O envelhecimento é um processo irreversível e inerente a todos os
indivíduos durante o qual ocorre uma diminuição da funcionalidade (Spirduso,
1995). Durante este processo ocorrem então alterações, como a diminuição da
estatura, alteração da composição corporal, diminuição da massa muscular e
da força, diminuição da massa óssea, alterações da pele, aumento da pressão
arterial sistólica, diminuição da capacidade aeróbia avaliada pelo VO2 máximo,
entre outras (Spirduso et al., 2005).
Para além das transformações físicas, o processo de envelhecimento
envolve transformações psicológicas, sociais e culturais (Mazo et al., 2005).
Segundo Conradsson et al. (2013), a idade avançada é um estado de
regressão das habilidades físicas e mentais durante o qual ocorrem alterações
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morfológicas, psicológicas e patológicas que estão relacionadas com o
aparecimento de várias doenças.
Assim, deve haver uma preocupação em criar políticas capazes de
responder aos desafios inerentes ao envelhecimento, mantendo a
independência e a qualidade de vida ao promover um envelhecimento saudável
(WHO, 2002).
2. Idoso institucionalizado
Oliveira (2006) considera que o idoso é institucionalizado quando este
vive numa instituição, entregue aos cuidados desta.
O número de idosos institucionalizados tem vindo a ascender, facto visível
nos Censos de 2001 (INE, 2001).
Segundo a Carta Social (2010) a situação familiar, habitacional,
económica e social, como a solidão, o isolamento, a precariedade das
condições económicas e habitacionais, a ausência de redes de solidariedade e
a dependência física, são os fatores principais que potenciam a
institucionalização. Almeida & Rodrigues (2008), através de um estudo
realizado em todos os Lares de Terceira Idade de Lamego, verificaram que os
principais fatores de institucionalização foram a solidão e os problemas de
saúde. Segundo os Censos de 2011 o número de pessoas idosas a viver
sozinhas aumentou 28% (INE, 2011).
Quando o idoso se torna dependente, necessitando de apoio integral por
parte da família, é muito difícil mantê-lo em casa devido ao quotidiano das
pessoas que constituem a família, como por exemplo o trabalho ou estudos,
restando os serviços gerontológicos (Oliveira, 2006).
Muitas vezes, a instituição torna-se um abrigo para os idosos excluídos da
família e da sociedade (Freire & Tavares, 2005), um suporte social do idoso
dependente (Oliveira, 2006). Portanto, se por um lado a institucionalização é
benéfica na medida em que acolhe os idosos e diminui a sobrecarga dos seus
cuidadores, por outro pode debilitar os laços familiares e sociais (Jesus et al.,
2010).
Aquando da institucionalização, o idoso encontra-se desvinculado do seu
meio social e familiar e tem de se adaptar a um novo meio (Oliveira, 2006).
Segundo Freire & Tavares (2005) os idosos institucionalizados sentem muita
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falta do trabalho e dos familiares e amigos. A rede social de uma pessoa tende
a diminuir à medida que se envelhece, fenómeno que se acentua no idoso
institucionalizado (Freire & Tavares, 2005), uma vez que, geralmente, o
processo de institucionalização é seguido pelo abandono (Oliveira, 2006).
A mudança de um idoso para uma instituição acarreta uma alteração da
sua realidade, ou seja, das suas condições e modos de vida e da forma como
como imaginaram viver a sua velhice, o que torna a sua adaptação um desafio
(Freire & Tavares, 2005).
As instituições devem proporcionar atividades estimulantes que permitam
que a pessoa idosa se mantenha ativa com o objetivo de melhorar a qualidade
de vida (Almeida & Rodrigues, 2008). No entanto, elas muitas vezes levam ao
isolamento social e apresentam falta de atividade física e mental, o que resulta
numa diminuição da qualidade de vida, acentuando a debilidade do idoso
(Jesus et al., 2010).
Segundo a WHO (2007) a frequência de quedas em idosos
institucionalizados é maior relativamente aos idosos que vivem na comunidade.
Quadros et al. (2008) verificaram que os idosos institucionalizados
apresentaram níveis de cognição mais baixos do que era suposto pelo seu
nível de escolaridade e idade.
Segundo Rikli & Jones (1999) os idosos que vivem em instituições são
mais inactivos que aqueles que continuam a residir na comunidade.
Segundo Araújo & Ceolim (2007), após a institucionalização, muitos
idosos podem perder a capacidade funcional e a autonomia, sendo que esta
perda está possivelmente relacionado ao facto de os idosos institucionalizados
realizarem menos atividades da vida diária (AVD) por serem poupados de
algumas atividades uma vez que, ao apresentarem dificuldades na realização
das AVD, mas não incapacidade, os funcionários realizam-nas por eles.
Assim, é necessário criar estratégias de incentivo à prática de atividade
física e exercício físico EF pelos idosos das instituições, de forma a manter e
melhorar a aptidão física (ApF) e a capacidade funcional dos seus utentes
(Rolland et al., 2007).
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3. Benefícios da atividade física e do exercício físico na
terceira idade
Atividade físico (AF) e exercício físico (EF) não são sinónimos (ACSM
2010). Ribeiro & Paúl (2011) consideram que o EF é um subgrupo da AF.
Segundo Nahas (2010) & Spirduso et al. (2005), AF é qualquer
movimento corporal músculo-esquelético que resulta num gasto energético
acima dos níveis de repouso, incluindo exercícios físicos, deslocamentos,
atividades laborais e atividades domésticas e de lazer.
EF é uma AF planeada, estruturada e repetitiva que tem como objetivo a
manutenção do condicionamento físico (ACSM, 2010; Spirduso et al., 2005).
Tendo em conta que o sedentarismo aliado ao envelhecimento está
associado ao aparecimento de doenças crónicas e ao declínio da capacidade
funcional, causando dependência (Civinski et al., 2011) é muito importante
conhecer os benefícios da prática regular de EF, enquanto subcategoria da AF
(Ribeiro & Paúl, 2011).
Segundo a Organização Mundial de Saúde participar regularmente em
atividades físicas moderadas pode retardar a degeneração da funcionalidade e
o início de doenças crónicas, sendo esta participação essencial para a
manutenção da saúde e da independência dos idosos (WHO, 2002).
A prática regular de EF está associada à ausência ou baixa incidência de
sintomas depressivos e de ansiedade (Mello et al., 2005).
O EF traz ainda benefícios a nível social, na medida em que cria laços e
relações afetivas entre os seus participantes (Hogan, 2013).
Em suma, a prática de EF e AF traz benefícios nos aspectos fisiológicos,
psicológicos e sociais (ACSM, 2011; Civinski et al.,2011), sendo fundamental
para atenuar ou prevenir as perdas relacionadas com o envelhecimento
(Spirduso et al., 2005).
Para Carvalho & Soares (2005) a prática de AF neste grupo etário é
fundamental na medida em que contribui para a melhoria da qualidade de vida.
Desta forma, segundo Spirduso e al. (2005), apesar de o envelhecimento
ser um processo inevitável, a velocidade deste processo degenerativo pode ser
alterada pela aquisição de um estilo de vida saudável
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A prática de EF é importante para um envelhecimento ativo e saudável,
que se traduz em independência e execução eficaz das AVD (Ribeiro, 2012).
A WHO (2002) define envelhecimento ativo como “o processo de
optimização de oportunidades para a saúde, participação e segurança, no
sentido de aumentar a qualidade de vida durante o envelhecimento”.
Segundo a OMS, o EF traz os benefícios físicos, psíquicos e sociais
apresentados abaixo (Quadro 1):
Quadro 1 – Benefícios da AF/EF
Benefícios imediatos Benefícios a longo prazo
Fisiológicos
Regulação do açúcar no
sangue, ao manter os
níveis de glicose;
Estimulação das
catecolaminas;
Melhoria do sono.
Aumento da resistência
aeróbia/cardiorrespiratória;
Aumento da Força
Muscular, promovendo a
independência;
Aumento da Flexibilidade.
Melhoria do Equilíbrio e da
Coordenação, diminuindo o
risco de quedas;
Retardamento da
diminuição do tempo de
reação, ao provocar um
aumento da velocidade de
movimento.
Psicológicos
Aumento do relaxamento
corporal;
Diminuição do stress e
ansiedade;
Melhoria no humor.
Melhoria no Bem-Estar
Geral;
Melhoria na Saúde Mental;
Diminuição do tempo de
reação consequente da
melhoria Cognitiva;
Melhor controlo e
desempenho motor.
Sociais Capacitação para o Integração e envolvimento
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desempenho de um papel
ativo na sociedade;
Integração e
desenvolvimento social e
cultural.
na sociedade;
Formação de novas
amizades;
Aumento da interação
intergerações.
Cognitivos Melhoria do desempenho cognitivo através de atividades
complexas que requeiram rapidez.
Fonte: Adaptado pelo ACSM (2011)
Tal como já foi referido, o EF tem como objetivo melhorar um ou mais
componentes da aptidão física (Caspersen et al., 1985), importante para
realizar as AVD e manter a qualidade de vida (Carvalho & Soares, 2004;
Civinski, 2011).
Caspersen et al. (1985) e Rikli & Jones (1999) definem aptidão física
como a capacidade física para realizar tarefas do dia-a-dia de forma segura,
independente e sem fadiga.
4. Capacidades físicas a desenvolver na terceira idade
A aptidão física relacionada com a saúde é aquela que interessa
equacionar quando falamos da população idosa. Esta está habitualmente
relacionada com componentes como a força, flexibilidade, capacidade aeróbia,
equilíbrio, coordenação e composição corporal (Nahas, 2010). A diminuição
destas capacidades associada ao envelhecimento pode ser atenuada pelo
aumento do nível de AF/EF (Nahas, 2010).
Vejamos resumidamente as componentes determinantes para a
realização autónoma das tarefas diárias sem fadiga:
Força
A função muscular de um músculo é determinada pela força que este
consegue produzir, quer isométrica quer dinamicamente (Spirduso et al., 2005).
Força é a capacidade que permite um músculo ou grupo muscular
produzir tensão, permitindo levantar objetos, empurrar, puxar, resistir às
pressões e sustentar cargas (Cerca, 2011).
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Esta capacidade é fundamental para a manutenção da qualidade de vida
dos idosos na medida em que é essencial para o desempenho de AVD e para
a diminuição do risco de quedas (ACSM, 2010). Na maioria dos casos a
incapacidade do idoso está associada à fraqueza muscular (Civinski et al.,
2011).
A quantidade de força que um sujeito consegue produzir depende da
quantidade de trabalho muscular requerido para a tarefa (Spirduso et al.,2005).
O envelhecimento é caracterizado por uma diminuição da função
muscular que pode conduzir ao aumento da morbilidade e mortalidade deste
grupo etário devido à incapacidade de realização das AVD (Carvalho & Soares,
2004), assim como ao aumento de quedas (Silva et al., 2006).
À perda de quantidade e qualidade muscular associada ao
envelhecimento, é atribuída a designação de sarcopenia (Matsudo, 2003).
Segundo Deschenes (2004), o decréscimo no número de fibras
musculares e a atrofia das fibras, particularmente do tipo II, são as principais
causas de sarcopenia.
A força muscular diminui entre 10 a 15% por década, acentuando-se a
partir dos 50/60 anos e ainda mais a partir dos 70/80, atingindo uma diminuição
de 30% (Matsudo, 2003),
Esta perda de força é maior nos membros inferiores do que nos
superiores (Amaral et al., 2014), fato que poderá influenciar a sua locomoção e
equilíbrio.
A diminuição da força muscular ocorre em grande parte devido à
inatividade física, uma vez que os músculos menos solicitados atrofiam
(Spirduso et al., 2005). Pelo contrário, através de um programa de EF
adequado, regular, sistemático e organizado, é possível atenuar os efeitos do
envelhecimento sobre o sistema músculo-esquelético (Spirduso, 1995).
O sistema muscular é aquele em que é mais visível a diferença entre um
individuo que pratica AF regularmente e um individuo sedentário (Spirduso et
al., 2005).,
O treino de força leva ao aumento da massa e força muscular (ACSM,
1998), sendo muito importante na medida em que previne a sarcopenia
(ACSM, 2011). Pícoli et al. (2011) verificaram que o treino de reforço muscular
retarda ou minimiza a sarcopenia ao aumentar a força e resistência muscular.
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A prática regular de exercícios de reforço muscular traduz-se numa
redução da velocidade de deterioração das fibras musculares (Rice & Keogh,
2009).
Capacidade aeróbia
A capacidade aeróbia é a capacidade da função cardiorrespiratória
fornecer sangue e oxigénio de forma a ativar músculos e esses músculos
usarem oxigénio e substratos energéticos durante o esforço físico máximo
(Astrand & Rodahl, 1986). Andar, correr, nadar, dançar, jogar ténis,
basquetebol são exemplos de exercícios aeróbios (ACSM, 2011).
Esta capacidade é habitualmente medida pelo consumo máximo de
oxigénio durante uma tarefa (Spirduso et al. 2005).
Com o envelhecimento, esta capacidade declina, devido a fatores como
diminuição na frequência cardíaca e no volume sistólico, atrofia muscular,
diminuição na capacidade enzimática aeróbia, diminuição do fluxo sanguíneo e
da capacidade oxidativa muscular (Spirduso et al., 2005).
São vários os estudos que mostram o efeito positivo da AF/EF no
aumento dos níveis de resistência aeróbia. Matsudo (2004) observou que
idosas participantes de um programa de treino aeróbio com intensidade
moderada estagnaram o declínio da capacidade aeróbia.
Segundo Spirduso et al. (2005), a prática de EF induz um aumento do
VO2máx ao aumentar o volume sistólico máximo e a diferença arteriovenosa.
Equilíbrio
O equilíbrio é o controlo do centro de gravidade em relação à base de
sustentação, esteja o corpo numa posição estática ou dinâmica (Spirduso et al.,
2005).
No equilíbrio dinâmico a base de sustentação e o centro de gravidade
movem-se, enquanto no estático a base de sustentação é fixa (Spirduso et al.
2005).
O equilíbrio envolve os sistemas vestibular, somatossensorial e visual. O
sistema visual fornece informação acerca do posicionamento do corpo em
relação ao espaço, a velocidade a que este se move e os obstáculos
existentes. Já o sistema vestibular fornece informações sobre aos movimentos
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da cabeça e, por fim, o sistema somatossensorial fornece informações
relacionadas com o contacto e posicionamento do corpo (Spirduso et al., 2005).
Com o envelhecimento, ocorre o declínio destes sistemas que controlam
o equilíbrio (Hernandez, 2010).
A força muscular e a autoconfiança também são fatores que influenciam o
equilíbrio. Assim, também a degeneração do sistema músculo-esquelético e o
medo de cair, característicos do envelhecimento, contribuem para o aumento
do risco de queda (Spirduso et al., 2005).
Com isto, a instabilidade postural ocorre com frequência nos idosos,
dificultando a locomoção e, consequentemente, a autonomia, uma vez que têm
medo de cair e reduzem as AVD (Spirduso et al., 2005), influenciando a
qualidade de vida destes idosos (Ribeiro et al.,2008).
A perda de equilíbrio pode provocar quedas, o que é um risco para a
saúde e segurança dos idosos (Spirduso et al., 2005). Para autores como Lord
et al. (2003), um dos principais fatores responsáveis pela ocorrência de quedas
é a instabilidade.
A WHO (2007) define queda como uma consequência de um
acontecimento que leve o indivíduo a cair no chão de forma não intencional.
Este é um problema muito grave associado ao envelhecimento, uma vez
que a frequência de ocorrência de quedas aumenta com a idade e o nível de
fragilidade (WHO, 2007), podendo levar o idoso à incapacidade, lesão e até
morte (Fabrício et al., 2004).
As quedas são consideradas a segunda maior causa de morte acidental
no mundo (WHO, 2007), e representam a maior parte das lesões acidentais
que constituem a sexta causa de morte entre a população idosa (Fabrício et al.,
2004).
Cerca de 30% dos indivíduos com mais de 65 anos caem pelo menos
uma vez por ano, aumentando a percentagem a partir dos 80 anos para 40%
(Ministério da Saúde, 2006).
A prática regular de EF diminui o risco de quedas e fraturas (Civinski et
al., 2011; WHO, 2007), em parte pelo aumento do equilíbrio (WHO, 2007). Lord
et al. (2003) observou que um grupo de idosos submetidos a EF regular
diminuíram o risco e a prevalência de quedas.
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Diversos estudos avaliam o efeito do EF no equilíbrio do idoso. Por
exemplo, Silva et al. (2008) submeteu um grupo de idosos a exercícios físicos
resistidos e observou uma melhoria desta capacidade. Skelton & Bayer (2003)
relatam após um programa de treino incluindo exercícios de equilíbrio,
coordenação, tempo de reação e fortalecimento muscular, uma melhoria do
equilíbrio e uma redução do risco de quedas e de fraturas ósseas.
Gauchard et al. (2003), afirmam que o EF promove benefícios no
alinhamento postural, sistema vestibular, sensibilidade propriocetiva, força dos
MI, amplitude articular e velocidade de reação e movimento, melhorando o
equilíbrio do idoso.
Coordenação
A coordenação motora é a capacidade de realizar uma combinação de
movimentos simultâneos ou em sucessão de forma adequada (Cerca, 2011).
Segundo Spirduso (1995) coordenação é a capacidade de organizar os grupos
musculares numa sequência apropriada e com a adequada quantidade de
energia, ou seja, sem gastos energéticos.
A coordenação é necessária para qualquer movimento ou AVD. Assim, a
coordenação em idosos deve ser trabalhada visando padrões de movimentos
da vida diária (Dias & Duarte, 2005)
Com o envelhecimento ocorre um declínio da coordenação, diminuindo a
capacidade dos idosos realizarem AVD e, portanto, causando dependência
(Dias & Duarte, 2005; Spirduso et al., 2005).
A prática de AF leva a um aumento ou manutenção da coordenação
motora dos idosos (Spirduso et al., 2005). Num estudo realizado por Silva et al.
(2008) verificou-se uma melhoria na coordenação do grupo que realizou a o
programa de exercícios resistidos.
Flexibilidade
Flexibilidade é a capacidade de execução de movimentos de grande
amplitude angular, sendo esta alcançada pelo próprio individuo ou através de
forças externas (Cerca, 2011).
Quando uma articulação não tem muito uso ou é imobilizada perde
flexibilidade (Spirduso et al., 2005)
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Este componente da aptidão física é muito importante para a realização
das AVD (ACSM, 2011) e quando diminuída aumenta o risco de lesão
(Spirduso et al., 2005).
Com o envelhecimento ocorre uma diminuição desta capacidade (ACSM,
2011), sendo que este declínio da flexibilidade deve-se às alterações
articulares e musculares decorrentes do envelhecimento assim como à falta de
AF (Ferreira et al., 2001).
A diminuição da flexibilidade está associada a dificuldades na realização
das AVD e aumenta o risco de lesões e quedas (ACSM, 2010), afetando a
qualidade de vida dos idosos (Silva & Rabelo, 2006).
A AF regular contribui para o aumento da flexibilidade das articulações
(Spirduso et al., 2005). Silva e Rabelo (2006) realizaram um estudo a partir do
qual verificaram que idosas praticantes de AF apresentam melhores resultados
na flexibilidade relativamente às não praticantes.
A realização sistemática de exercícios de flexibilidade mantém a
elasticidade dos tendões, ligamentos e músculos, permitindo que a articulação
atinja maiores amplitudes (Spirduso et al., 2005).
É essencial a realização de alongamentos regularmente, de modo a
aumentar, manter ou diminuir as perdas muito acentuadas de flexibilidade
(ACSM, 2011).
O treino de força poderá igualmente aumentar a flexibilidade, ao reduzir a
tensão passiva e a rigidez do músculo-esquelético (Araújo et al., 2012).
Gonçalves et al. (2007) verificaram que o treino de força induziu aumentos na
flexibilidade.
Elevados níveis de aptidão física relacionam-se não apenas com a
melhoria da capacidade funcional essencial para realizar as atividades
quotidianas com independência mas também com um menor risco de
desenvolvimento de doenças (ACSM, 2009).
5. Patologias
O envelhecimento não é em si uma doença, no entanto, é um processo
que dispõe o indivíduo a ela (Paúl & Fonseca,2005).
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Até inícios do século XX, as principais causas de mortalidade estavam
relacionadas com infeções e doenças parasíticas, que afetavam principalmente
crianças. Actualmente, a mortalidade associa-se principalmente a doenças
crónicas, que refletem os fenómenos de alteração do estilo de vida bem como
o próprio envelhecimento (WHO, 2011).
O envelhecimento está associado com o desenvolvimento de doenças
crónicas, sendo que o aumento da população idosa representa um aumento
das doenças crónico-degenerativas (WHO, 2011)
Segundo a WHO (2002), as principais doenças cronicas que afetam os
idosos são: doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, cancro, doença
pulmonar obstrutiva cronica, doenças músculo-esqueléticas, doenças mentais
e diminuição da visão.
Com o envelhecimento, as doenças não transmissíveis tornam-se as
principais causas de morbidade, incapacidade e mortalidade (WHO, 2002).
Nesse sentido interessa conhecer as patologias mais frequentemente
observadas no idoso no sentido de conhecer não apenas a etiologia das
mesmas mas fundamentalmente como intervir sobre elas para promoção do
envelhecimento ativo e bem-sucedido.
Uma das intervenções é através da prática regular de EF, fundamental
para prevenir o aparecimento de doenças crónicas (WHO, 2002).
Doenças cardiovasculares
Os maiores problemas de saúde associados ao sistema cardiovascular
podem ser encontrados nos vasos sanguíneos, primariamente nas artérias e de
forma mais específica, nas artérias do coração (coronárias). É justamente
quando o diâmetro natural (luz arterial) das artérias está reduzido ou totalmente
bloqueado que os problemas cardiovasculares começam a aparecer
(Williams, 1996).
O envelhecimento está associado a modificações do sistema
cardiovascular que podem dar origem a uma diminuição do ritmo cardíaco,
aumento da tensão arterial e redução da quantidade de sangue bombeada pelo
coração em cada contracção (DGS, 2001).
Segundo a Direção Geral de Saúde (2013), as doenças cardiovasculares
são a maior causa de morte em toda a Europa e, portanto, em Portugal.
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As doenças cardiovasculares (DCV) podem-se apresentar em diferentes
formas clínicas, sendo as de maior relevância a doença isquémica e a doença
cerebrovascular (Direção Geral de Saúde, 2013).
A maior parte das doenças cardiovasculares ocorrem em idosos, estando
presentes em cerca de 20% dos homens e 12% das mulheres de idade
superior a 65 anos (Direção Geral da Saúde, 2001).
As DCV são de natureza multifactorial (Williams, 1996), ou seja,
geralmente, são devidas à combinação de vários fatores de risco.
Segundo Mackay & Mensah (2004), a hipertensão, tabagismo, consumo
de álcool, colesterol e a obesidade são fatores de risco para o desenvolvimento
destas doenças.
Também, é amplamente aceite que indivíduos com diabetes, têm risco
aumentado para DCV (Mackay & Mensah, 2004) essencialmente porque os
elevados níveis de glicose no sangue podem danificar pequenos vasos
sanguíneos do coração ou do cérebro, acelerando o processo de
aterosclerose. Além disso, pela deficiência ou resistência à insulina os
diabéticos tendem a apresentar problemas no metabolismo dos lipídeos
levando-os à hiperlipidemia (Williams, 1996).
Outros fatores como dificuldades socioeconómicas, doença mental,
stress, idade avançada, hereditariedade e sexo masculino são considerados
por Mackay & Mensah (2004).
O sedentarismo aumenta em 50% a possibilidade de doença
cardiovascular (Mackay & Mensah, 2004).
O EF, pelo contrário, mesmo em idosos reduz o risco de DCV. Praticar
150 minutos por semana de AF moderada ou 60 minutos de AF vigorosa reduz
o risco de DCV em 30% (Mackay & Mensah, 2004).
Hipertensão
A pressão arterial (PA) é a força que o sangue exerce contra as paredes
dos vasos sanguíneos (Williams, 1996). A hipertensão é uma pressão arterial
constantemente alta, considerando pressão alta quando a pressão sistólica é
igual ou superior a 140 mm Hg ou quanto a diastólica é de 90 mm Hg ou mais
(Beers, 2004; Duprez et al., 2012). Segundo estes autores, nos países
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desenvolvidos, a hipertensão afeta mais de metade dos indivíduos acima dos
65 anos. Esta é a
Leituras da PA são dadas em dois números: Pressão Arterial Sistólica
(PAS) e Pressão Arterial Diastólica (PAD). A PAS representa a fase em que o
coração está a bombear o sangue através do sistema arterial, a PAD
representa a fase em que o coração relaxa (entre os batimentos) e o fluxo
sanguíneo retorna aos ventrículos (Williams, 1996).
Como podemos observar no quadro 02, a hipertensão pode ser
classificada em leve, moderada, severa e muito severa (Williams, 1996).
Quadro 2: Classificação da Tensão Arterial em adultos (≥18 anos)
Classificação PAS (mmHg) PAD (mmHg)
Normal
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Segundo Duprez et al. (2012), o principal objetivo do tratamento da
hipertensão é diminuir a morbidade e mortalidade cardiovascular.
Uma mudança no estilo de vida, como deixar de fumar, diminuir o peso,
reduzir o consumo de sal e álcool e realizar EF, pode ajudar na diminuição da
hipertensão (Beers, 2004). Estas mudanças no estilo de vida baixam
efetivamente a pressão arterial e podem evitar o tratamento farmacológico
(Duprez et al., 2012).
A prática regular de EF é recomendada para a prevenção e tratamento da
hipertensão (Brum et al., 2004).
Entre outros benefícios, a prática de EF aumenta a sensibilidade do
barorrecetor tanto em normotensos como hipertensos, resultando numa
regulação mais eficiente da PA (Brum et al., 2000).
Durante o período de recuperação, após a realização de EF, ocorre uma
diminuição da PA, verificando-se uma diminuição na leitura dos valores da PA
relativamente à leitura realizada antes do EF, efeito designado de hipotensão
pós-exercício e que pode permanecer até 24 horas pós-exercício (Brum et al.,
2004).
Quando esta alteração do estilo de vida não é suficiente, o tratamento é
feito por anti-hipertensivos, fármacos tomados por mais de três quartos dos
indivíduos com hipertensão (Beers, 2004).
Tratar indivíduos idosos com hipertensão é um desafio pois estes
normalmente têm outras doenças, havendo o risco de interação
medicamentosa e diminuição do metabolismo de drogas, reduzindo a eficácia
(Duprez et al., 2012). O EF não deve ser realizado caso a tensão esteja
particularmente elevada (sistólica > 200 e diastólica > 11) (ACSM, 2010).
Aterosclerose
Arteriosclerose é uma patologia em que as paredes das artérias estão
espessas e perdem a sua elasticidade (Beers, 2004).
Uma das formas de arteriosclerose é a aterosclerose, patologia onde há
formação de placas por depósitos de gorduras, colesterol, macrófagos, cálcio e
ainda outras substâncias que acabam por obstruir a passagem do sangue
pelos vasos (Beers, 2004).
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A doença aterosclerótica é uma das maiores causas de morbidade e
mortalidade (Mallika et al., 2007).
A incidência da aterosclerose aumenta a cada década de vida
(Costopoulos et al., 2008).
Ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC), cãibras nos membros
inferiores, insuficiência renal e hipertensão são sintomas da presença de
aterosclerose (Beers, 2004).
Tabagismo, obesidade, sedentarismo, hipertensão, diabetes mellitus,
idade avançada, sexo masculino e historial familiar são fatores de risco
inerentes ao aparecimento desta doença (Mallika et al., 2007). Assim, para
prevenir e tratar esta doença deve haver uma correção dos fatores de risco, ou
seja, realizar uma dieta baixa em gorduras saturadas e carboidratos, deixar de
fumar, ingerir alimentos ricos em ácido fólico e vitamina B6 e B12 e realizar AF
regular (Beers, 2004).
O EF aliado a uma dieta baixa em gordura diminui a progressão ou pode
até mesmo provocar uma regressão das lesões coronarianas (Pinho et al.,
2010).
Insuficiência cardíaca
A insuficiência cardíaca é uma síndrome em que o coração deixa de
conseguir bombear sangue suficiente para o resto do corpo (Beers, 2004; DGS,
2001).
A partir dos 40 anos, a cada década que passa, o risco de sofrer
insuficiência cardíaca dobra (Segovia e al., 2004).
A insuficiência cardíaca manifesta-se pelos seguintes sintomas:
dificuldade respiratória, astenia, inchaço nos pés, tornozelos, pernas, fígado e
abdómen, constrição do tórax, sonolência, irritabilidade, confusão, tosse
crónica, dificuldade em realizar atividades físicas, pele pálida ou azulada,
sudação fria e perda de consciência (Beers, 2004).
Segovia et al. (2004) enumeram vários fatores de risco: alterações
estruturais congénitas ou adquiridas dos vasos periféricos, alterações da
circulação coronária (pericárdio, miocárdio, endocárdio ou valvulares), o enfarte
agudo do miocárdio, hipertensão arterial, hipertrofia ventricular esquerda,
diabetes e febre reumática, idade avançada, sexo masculino, obesidade,
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cardiomegália, capacidade vital reduzida, fumadores, proteinúria, alterações no
electrocardiograma.
Os indivíduos que sofrem desta patologia devem estar inseridos num
programa de EF, diminuir o peso, deixar de fumar, reduzir o consumo de álcool,
evitar o consumo de sal, elevar as pernas e a cabeça, tomar a vacina contra a
gripe e realizar tratamento farmacológico (Beers, 2004).
O EF regular é recomendado para os doentes que sofrem de insuficiência
cardíaca (Carneiro et al., 2012). Um estudo realizado por O’Conner et al.
(2009) mostrou que o EF regular melhora a qualidade de vida e reduz o risco
de internamento e mortalidade em doentes com insuficiência cardíaca.
Segundo Bocchi et al. (2009) o EF reduz os sintomas da insuficiência
cardíaca e melhora a capacidade funcional dos sujeitos com insuficiência
cardíaca, melhorando a sua qualidade de vida.
AVC
O Acidente Vascular Cerebral é o comprometimento súbito da circulação
cerebral que ocorre devido a uma bloqueio das artérias cerebrais, podendo
estas romper (Williams, 1996)
O AVC é a primeira causa de morte e de dependência no nosso país,
afetando principalmente a população idosa (DGS, 2001).
Os níveis elevados de colesterol, a aterosclerose, a hipertensão, a
diabetes, inflamações, o elevado nível de homocisteína, o tabagismo, o
sedentarismo, o excesso de peso e o elevado consumo de álcool são fatores
que podem aumentar o risco de acidente vascular cerebral (Beers, 2004).
Também a história familiar da doença (Baldin, 2009), a idade avançada, o sexo
masculino e a etnia negra (Scalzo et al., 2010) são fatores de risco para o
desenvolvimento da doença.
A ocorrência de um AVC resulta frequentemente numa perda de
autonomia, provocando situações de dependência de cuidados de saúde e
sociais (Direcção Geral de Saúde, 2001). Segundo Scianni et al. (2010), a
ocorrência de um AVC provoca o deficit da marcha, comprometendo a
capacidade funcional e, assim, diminuindo a capacidade de realização das
atividades do dia-a-dia.
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Neste sentido, o EF pode ter grandes benefícios na qualidade de vida
destes pacientes na medida em que melhora a capacidade funcional (Scalzo et
al., 2010).
Um programa de EF aplicado a um sujeito que sofreu um AVC pode
ajudá-lo a adaptar-se às suas deficiências, aumentar a sua recuperação
funcional e neuropsicológica e promover a sua integração familiar, social e
profissional, devolvendo a auto-estima e o gosto pela vida (Baldin, 2009).
Diabetes Mellitus
A diabetes mellitus é uma doença em que os níveis de açúcar no sangue
estão elevados resultado de uma produção insuficiente de insulina ou da
incapacidade desta exercer adequadamente os seus efeitos (ACSM, 2010;
Williams, 1996).
O nível normal de glicose em jejum é 110mg/dl, considerando-se
diabético aquele com o nível acima de 126,g/dl (Boavida et al., 2012)
A prevalência da diabetes em Portugal está relacionada com as
alterações no estilo de vida e os comportamentos de risco. Esta é uma doença
que afeta sobretudo os idosos, havendo uma correlação entre o aumento da
prevalência da diabetes e o envelhecimento (Boavida et al., 2012). Segundo
Beers (2004), cerca de 15 a 25% dos idosos possui Diabetes tipo 2.
O desenvolvimento de diabetes mellitus num idoso leva ao
desenvolvimento de complicações como o aumento do risco de disfunções
cognitivas, o aparecimento de ansiedade, depressão, hipertensão, distúrbios de
humor e comprometimento da capacidade funcional (Mushi et al., 2006).
A obesidade, hereditariedade, idade avançada e o estilo de vida
sedentário são fatores de risco para o desenvolvimento da diabetes (Boavida et
al., 2012).
Para o tratamento da diabetes os pacientes devem realizar dieta e
praticar EF e, caso esta mudança do estilo de vida não seja suficiente para
diminuir os níveis de açúcar, deverão iniciar o tratamento farmacológico (Beers,
2004).
O EF traz benefícios para os sujeitos com Diabetes Mellitus ou tipo 2,
tendo este como principais objetivos perder peso e melhorar a disponibilidade
de glicose, ao aumentar a tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina
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(ACSM, 2010). Silva & Lima (2002) verificaram que o EF regular de intensidade
moderada facilita o controlo glicémico do sujeito com Diabetes Mellitus.
Osteoporose
A osteoporose é definida como uma desordem esquelética, caracterizada
pela baixa densidade óssea e pela degeneração da microarquitetura óssea,
que aumenta a fragilidade óssea e o risco de fraturas (WHO, 1994). É um
problema de saúde pública cada vez mais frequente, com consequências
físicas, psicossociais e financeiras.
Durante as duas primeiras décadas de vida, até à quarta década, a
formação de tecido ósseo predomina, aumentando a massa mineral óssea. A
partir desse momento, o número de osteoblastos começa a diminuir, enquanto
a atividade dos osteoclastos aumenta, ocorrendo uma diminuição da massa
óssea, podendo desenvolver-se osteoporose (Rossi, 2008). A diminuição da
densidade óssea é um processo contínuo que começa a ocorrer a partir dos
30/35 anos. Assim, à medida que se envelhece, o osso fica menos denso e,
portanto, mais frágil, aumentando então o risco de fratura (Beers, 2004).
Mudanças da hormona que regula o cálcio e das propriedades minerais
do osso, diminuição da perfusão do tecido ósseo e do número de células e
atividades metabólicas das células produtoras do osso, são fatores que levam
a esta diminuição da densidade mineral óssea (Spirduso et al., 2005).
A doença pode afetar qualquer osso do corpo (excepto ossos do crânio),
mas as fraturas mais comuns ocorrem na região das vértebras, das ancas e do
punho (Black et al., 2009). A fratura da anca é considerada mais grave por
estar relacionada à maior percentagem de mortalidade na medida em que
frequentemente leva à situação de acamamento e, como tal, inatividade física
(ACSM, 2010).
As fraturas da anca em idosos causam incapacidade de realização das
tarefas do quotidiano e dependência e são resultantes de quedas ou da
osteoporose. Assim, elas devem ser prevenidas mantendo um estilo de vida
ativo na medida em que o exercício reforça os músculos e os ossos. Segundo
Beers (2004) idade avançada, o sexo feminino, a magreza, a hereditariedade, o
consumo insuficiente de cálcio e vitamina D, a baixa exposição solar, o
tabagismo e a falta de AF são fatores de risco para o surgimento da
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osteoporose. Desta forma, o tratamento passa por consumir cálcio e vitamina
D, em suplementos se necessário, deixar de fumar, tomar fármacos e praticar
exercícios regulares que suportem o peso corporal.
A prevenção da osteoporose, principalmente deve começar na infância e
estender até fases mais tardias da vida, sendo necessário agir sobre os seus
fatores de risco, como manter uma nutrição adequada, níveis adequados de
estrogénio e manter um bom nível de AF, para assim aumentar o pico de
massa óssea e diminuir a perda (Matsudo & Matsudo, 1991).
O consumo suficiente de cálcio e a prática regular de AF durante toda a
vida exercem um fator de proteção contra a perda de massa óssea relacionada
com o envelhecimento (Almeida & Rodrigues, 1997).
Segundo Queiroz (1998), a terapêutica ideal da osteoporose é estimular a
formação óssea e diminuir a reabsorção óssea, sem modificar a mineralização
e sem originar efeitos adversos extra-esqueléticos significativos.
A prevenção e tratamento da osteoporose são processos a longo prazo,
sendo multifactorial e multidisciplinar, que depende de cada individuo e de cada
caso (Matsudo & Matsudo, 1991).
Além disso, para impedir a fratura, além de se atender à estrutura óssea,
evitar quedas é também outro importante fator de prevenção de fraturas. Nesse
sentido, para além de serem importantes aspetos ambientais, é importante
realizar exercícios de equilíbrio e coordenação motora (Beers, 2004).
Doenças mentais
Uma doença mental, à semelhança de uma doença física, pode privar um
idoso de disfrutar da vida, ao comprometer o desempenho das funções.
Depressão
A depressão é uma tristeza profunda (Beers, 2004). Esta é caracterizada
por uma alteração bioquímica no cérebro causada por um défice no
metabolismo de serotonina, norepinefrina e dopamina (Hasler et al., 2010).
Estudos mostram que ser do sexo feminino, viúvo ou solteiro são fatores
de risco para o aparecimento da depressão (Cole et al., 2003). Outro fator que
pode contribuir para o desenvolvimento desta doença é o stress (Joca et al.,
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2003). Conradsson et al. (2013) referem ainda o baixo nível de educação como
fator que pode aumentar o risco de depressão.
Relativamente aos sintomas, a World Health Organization (2011) refere:
humor depressivo, perda de interesse e prazer, sentimento de culpa, baixa
auto-estima, insónias, falta de concentração e falta de energia. Em
consequência destes sintomas, mais precisamente a falta de energia e
interesse, os indivíduos que sofrem de depressão têm mais dificuldades em
realizar as atividades do quotidiano (Cole et al., 2003), afetando a sua
qualidade de vida.
Tratar uma doença ou suspender medicamentos que possam provocar
depressão, tomar antidepressivos e realizar psicoterapia, terapia
electroconvulsiva ou fototerapia, são possíveis tratamentos para a depressão
(Beers, 2004).
A AF/EF pode ser um tratamento eficaz para esta doença (Frazer et al.,
2005), sendo já há algum tempo proposta como terapia para a depressão
(Spirduso et al., 2005). Vieira et al. (2006) realizaram um estudo com mulheres
com depressão e verificaram que as que foram submetidas à prática de EF
regular apresentaram melhorias ao nível da doença.
A AF é uma terapia adjuvante na medida em que promove uma sensação
de bem-estar, melhor humor e auto-estima (Costa et al., 2007). Szabo et al.
(2013) verificaram que, apenas três minutos de exercício, podem despoletar
sensações de bem-estar.
Ansiedade
A ansiedade traduz-se num nervosismo intenso, sendo uma perturbação
comum nos idosos ao afetar pelo menos 1 em cada 30 idosos (Beers, 2004).
Os principais sintomas de ansiedade são: inquietude, cansaço, falta de
concentração, irritabilidade, tensão muscular, insónia, sudorese e preocupação
excessiva (Associação Brasileira de Psiquiatria, 2008).
As causas da ansiedade não são exatas, no entanto, este transtorno pode
ter origem noutras doenças como hipertiroidismo, doença pulmonar obstrutiva e
insuficiência cardíaca, pode ser causada por efeito secundário de
medicamentos ou resultar do consumo excessivo de cafeína. Assim, para tratar
esta doença devem-se tratar as outras doenças ou cortar nos medicamentos
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que induzam à ansiedade, reduzir ou eliminar a cafeína da dieta, utilizar
fármacos e ter acompanhamento psicológico (Beers, 2004).
Estudos demonstram uma relação entre a prática de EF e diminuição da
ansiedade (Mello et al., 2005).
Aquando da prática de EF os neurotransmissores dopamina, serotonina e
norepinefrina, associados à ansiedade, sofrem uma alteração (ACSM, 2010).
Doenças do sistema nervoso
Demência
A demência é uma doença crónica e progressiva que retira a capacidade
de recordar, pensar, compreender, comunicar e controlar o comportamento
(WHO, 2006), ou seja, está associada com a perda progressiva da
cognição (Andersen et al., 2004). Estas alterações das funções nervosas
levam a perturbações da atividade social, profissional e da vida quotidiana do
indivíduo com demência (WHO, 2006).
Andersen et al. (2004) verificaram que a dependência dos pacientes com
demência, que não conseguem realizar AVD, é o fator que mais afeta a
qualidade de vida dos mesmos.
A demência, apesar de poder existir em qualquer idade, é mais frequente
nos idosos, estando presente entre 6 a 8% dos indivíduos com idades
superiores a 65 anos (Beers, 2004) e entre 20 a 30% com 85 anos (WHO,
2011). Apenas 2% dos casos começam antes dos 65 anos (WHO, 2006).
Muitas vezes, principalmente no início, os sintomas da doença são
ignorados por serem associados aos efeitos normais do envelhecimento, o que
torna o diagnóstico precoce difícil (WHO, 2011).
Segundo Beers (2004), o nível de cetolina baixo e perturbações como a
diabetes, a doença pulmonar obstrutiva crónica e a insuficiência cardíaca, são
fatores que podem causar demência.
A demência é uma doença progressiva e incurável, no entanto, pode ser
retardada adotando as seguintes medidas: tratamento de outras doenças que
contribuem para a demência, toma de antidepressivos, abstinência de álcool,
suspensão de fármacos que piorem a demência, permanecer num ambiente
familiar e seguro, toma de fármacos chamados inibidores da colinesterase
(Beers, 2004).
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Pesquisas mostram que a prática regular de AF pode ser benéfica ao
nível da função cognitiva e da capacidade funcional em idosos com demência
(Hernandez, 2010).
Segundo Foster et al. (2011), o EF pode provocar hipertrofia no
hipocampo, que possui um potencial de prevenção na degeneração neuronal, e
ocorre a produção de fatores de crescimento neurotrófico do cérebro, que
melhora a neurogénese, possuindo um efeito protetor sobre a cognição.
Parkinson
A doença de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso
(Beers, 2004).
Esta aparece com frequência entre os 50 e os 79 anos, afetando um em
cada cem idosos (Beers, 2004).
A manifestação clínica da doença dá-se pelos seguintes sintomas: tremor
em repouso, rigidez muscular, lentidão de movimentos, perturbação dos
movimentos involuntários, alterações posturais, dificuldade na marcha, face
menos expressiva, depressão, alterações cognitivas, voz baixa, distúrbios da
fala (Dias e Limongi, 2003).
O tratamento farmacológico, a fisioterapia e o acompanhamento
psicológico, nutricional e neurológico representam um tratamento multifactorial
(Beers, 2004).
O EF traz benefícios para os portadores da doença de Parkinson.
Segundo Smith e Zigmond (2003) na fase inicial da doença a AF pode reduzir a
degeneração de neurónios dopaminérgicos e os sintomas da doença.
Alzheimer
Alzheimer é uma doença degenerativa do tecido cerebral, em que a
capacidade de recordar, pensar, compreender, comunicar e controlar o
comportamento diminui progressivamente, sendo as causas da mesma
desconhecidas (Beers, 2004).
A doença de Alzheimer é mais frequente em idosos, sendo rara em
indivíduos com menos de 60 anos (Beers, 2004).
Segundo Beers (2004), a sintomatologia desta doença passa pela perda
de memória, alterações de personalidade, problemas de linguagem,
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desorientação, dificuldade em realizar as atividades da vida diária e
comportamento perturbador.
Um programa de EF traz benefícios para a doença de Alzheimer na
medida em que diminui o risco de queda (Civinski et al., 2011), aumenta a
capacidade funcional (Hernandez, 2010), controla os distúrbios mentais
(Lyketsos et al., 2002) e diminui a depressão (Vieira et al. 2006), sendo estes
problemas-chave para sujeitos portadores de Alzheimer (Rolland et al., 2007).
Rolland et al. (2007) realizaram um programa de AF com idosos com
Alzheimer e verificaram que estes obtiveram um menor declínio na realização
das atividades do dia-a-dia.
Paralisia supranuclear progressiva
A paralisia supranuclear progressiva caracteriza-se por uma rigidez
muscular, paralisia dos olhos e debilidade dos músculos da faringe,
assemelhando-se à Doença de Parkinson (Beers, 2004).
Segundo Beers (2004), esta doença aparece, geralmente, depois dos 50
anos, manifestando-se pelos seguintes sintomas: movimento dos olhos
anormal, pálpebras superiores para trás, secura ocular, pescoço inclinado para
trás, rigidez muscular, movimentos lentos, voz rouca, insónias, irritabilidade,
agitação, mudanças de humor, apatia, depressão e confusão.
Não há um tratamento eficaz para esta doença, no entanto, podem ser
utilizados os fármacos para a Doença de Parkinson, antidepressivos, cadeira-
de-rodas para evitar quedas, lentes bifocais e realizar uma dieta com alimentos
de fácil deglutição (Beers, 2004).
Problemas articulares
Artrite reumatóide
A artrite reumatóide é uma doença caracterizada pela inflamação das
articulações, causando inchaço, dor e, por vezes, lesões (Beers, 2004).
A prevalência da doença aumenta com a idade e é mais frequente em
mulheres (Bértolo et al., 2007).
A artrite reumatóide causa sintomas como: articulações rígidas, dolorosas,
vermelhas e inchadas, cansaço, debilidade, deslocamento das articulações,
formigueiro no pulso, dor e tumefação na parte interior dos membros inferiores,
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protuberâncias duras debaixo da pele, secura dos olhos e da boca e gânglios
linfáticos volumosos (Beers, 2004).
O tratamento eficaz da doença raramente é alcançado (Bértolo et al.,
2007), contudo, modificações do estilo de vida, como uma dieta, descanso,
fisioterapia, EF, e toma de fármacos, são tratamentos para esta doença (Beers,
2004).
A prática regular de EF melhora o quadro da doença e reduz a morbidade
causada por esta, proporcionando maior independência e, consequentemente,
melhor qualidade de vida dos portadores de artrite reumatóide (Kulkamp et al.,
2012).
Osteoartrite
A osteoartrite é uma desordem crónica da cartilagem, dos ossos e de
tecidos que envolvem a articulação, sendo causada pelo desgaste e roturas
das articulações (Beers, 2004). Esta é a forma mais comum de doença articular
afetando principalmente a anca, joelhos, mãos e pés (Lawrence et al., 2008)
Esta doença tem uma elevada prevalência nos idosos, afetando a maioria
dos indivíduos com idades perto dos 70 anos (Beers, 2004).
Como sintomas da doença aparecem dores ao realizar esforço utilizando
a articulação, rigidez e instabilidade da articulação, som estridente na
auscultação e inchaço da articulação (Beers, 2004).
A progressão desta doença pode ser acentuada com a inatividade, que é
característica deste escalão etário mais velho. Pelo contrário alguns estudos
efectuados têm demonstrado que a prática de AF regular associada a uma
terapêutica medicamentosa adequada a cada caso, tem sido consideradas
como uma importante medida terapêutica na prevenção e/ou regressão da
doença (Deyle et al., 2000).
Assim, a AF deve ser fomentada no idoso particularmente no portador de
osteoartrose, quer recorrendo a tarefas do dia-a-dia, quer através de
programas de EF regular.
O treino de resistência muscular e mobilidade articular é o mais indicado,
pois diminuem a rigidez das articulações e as dores e aumentam a flexibilidade
e a força, prevenindo lesões posteriores (Beers, 2004). As atividades
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aquáticas, ao diminuírem o peso corporal de suporte, são bastante
recomendadas para estes casos (Beers, 2004).
Segundo Beers (2004), o tratamento da osteoartrite passa pela prática de
EF regular, exercícios de resistência e de alongamento, pela fisioterapia e
tratamento farmacológico. A cirurgia é o tratamento em último caso.
Doenças respiratórias
Doença pulmonar obstrutiva crónica
A doença pulmonar obstrutiva crónica, que engloba a bronquite crónica e
o enfisema, caracteriza-se por uma obstrução das vias respiratórias, reduzindo
a passagem do ar para os pulmões (Beers, 2004).
A bronquite crónica caracteriza-se pela presença de tosse e produção de
expectoração, enquanto o enfisema é caracterizado pela destruição alveolar
(Jardim et al., 2004).
Segundo Beers (2004), a doença pulmonar obstrutiva crónica ocorre
principalmente em indivíduos com idade superior a 55 anos.
Tabagismo, poeiras, químicos, poluição ambiental, baixa condição
socioeconómica e infecções respiratórias ocorridas em criança são fatores de
risco para o desenvolvimento da Doença Pulmonar Obstrutiva crónica (Jardim
et al., 2004).
Os sintomas que se manifestam em indivíduos com esta doença são:
tosse, expectoração, dificuldade respiratória, dispneia, sibilos, perda de peso,
expectorar sangue, cefaleia matinal, alterações na respiração, tórax em barril,
pele, unhas ou lábios azuis, dor repentina num lado do peito (Beers, 2004).
De um modo geral, a prática de EF tem efeitos benéficos em indivíduos
com doença pulmonar obstrutiva crónica. Paulin et al. (2003) verificaram que o
EF melhora a expansão torácica e a capacidade submáxima de exercício e
reduzem a dispneia.
Surdez
A surdez é uma perda auditiva profunda (Beers, 2004).
Segundo Beers (2004), 29% dos idosos com 65 aos e 50% com 80
apresentam perda significativa da audição.
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De acordo com Beers (2004), a exposição ao ruído é a principal causa da
perda auditiva. No entanto, outros fatores, como os fármacos incluindo
antibióticos e a aspirina por exemplo, a obstrução do canal auditivo com
cerume, nadar em água fria muito anos, alterações no crânio, rotura no
tímpano, infecções que geram liquido atrás do tímpano, tumor do nervo auditivo
ou do cérebro, AVC e perturbações do sistema imunológico, também
contribuem para o desenvolvimento da surdez.
Assim, ela pode ser prevenida ao evitar a exposição excessiva ao
barulho, o uso de drogas potencialmente prejudiciais e ao tratar precocemente
doenças que podem levar à perda, tais como infecções no ouvido médio,
diabete e, possivelmente, hipertensão (OMS, 2005).
Esta perda auditiva pode causar dificuldades de comunicação,
provocando frustração, baixa auto-estima e isolamento social (Wilson, 1999).
Assim, a prática de EF pode ser benéfica na medida em que promove as
relações sociais (Hogan, 2013) e aumenta a auto-estima (Costa et al., 2007).
A maioria das perdas auditivas não tem cura mas alguns tratamentos
como próteses auditivas, implantes na cóclea, sistemas de alerta, sistemas
sonoros e leitura labial, melhoram a qualidade de vida (Beers, 2004).
Cataratas
Cataratas são definidas pela perda de transparência do cristalino,
impedindo a passagem dos raios luminosos ao olho, sendo estas a causa mais
frequente de perda irreversível da visão (Beers, 2004). Segundo o mesmo
autor, esta doença em pessoas idosas apresenta-se frequentemente sem
causa aparente.
Cerca de 180 milhões de sujeitos têm deficiência visual, sendo que muitos
deles são idosos, uma vez que com a idade aumenta o comprometimento
visual (OMS, 2005). A causa mais frequente de cegueira e deficiência visual
são as cataratas (OMS, 2005).
Os sintomas são: visão turva, encandeamento, difícil leitura, visão dupla,
visão em halo. Para o tratamento eficaz desta doença recorre-se à cirurgia
(Beers, 2004).
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Anemia
A anemia é caracterizada por um reduzido número de glóbulos vermelhos
(Beers, 2004).
A prevalência desta doença aumenta com a idade, sendo mais comum
em idosos (Eisenstaedt et al., 2006).
A anemia manifesta-se pelos seguintes sintomas: cansaço, debilidade,
palidez, confusão, depressão, agitação, apatia, falta de equilíbrio e dificuldades
na marcha, afetando a qualidade de vida (Beers, 2004).
Segundo Beers (2004), as causas da anemia podem ser: hemorragia
anormal, consumo insuficiente ou incapacidade de absorver vitamina B12,
ácido fólico ou ferro, doenças como infecções, inflamações, cancro ou doenças
renais, e a destruição de glóbulos vermelhos em maior quantidade que a sua
produção.
A toma de suplementos de ferro, vitamina B12 ou ácido fólico, o
tratamento de doenças que causem anemia e as transfusões de sangue são
tratamentos para a anemia (Beers, 2004).
6. Prescrição de exercício físico na terceira idade
Para prescrever o treino devemos seguir um conjunto de princípios de
treino, tal como em pessoas de outros grupos etários, no entanto sempre
respeitando as limitações de cada idoso (Civinski et al., 2011).
Princípios de treino
Princípio da Sobrecarga
O princípio da sobrecarga refere-se ao aumento gradual da carga sobre o
corpo. As adaptações ocorrem num curto período de tempo se as cargas forem
aumentando progressivamente (ACSM, 2009), ou seja, a carga com que se
executa um exercício deve ser maior que aquela ao que o músculo está
habituado (ACSM, 2011).
Princípio da Especificidade
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Segundo o ACSM (2011), o princípio da especificidade refere-se às
diferentes adaptações, resultantes do treino, que ocorrem nos músculos, sendo
estas especificas para o estímulo que foi aplicado.
Princípio da Individualidade
Segundo Cerca (2011), os indivíduos são todos diferentes uns dos outros.
Estas especificidades que distinguem os indivíduos uns dos outros devem-se à
junção do fenótipo e do genótipo.
O genótipo é a constituição genética de um indivíduo, a qual influencia a
nível da altura, força máxima, biótipo, composição corporal e aptidões
intelectuais e físicas, enquanto o fenótipo é responsável pelo desenvolvimento
de características no indivíduo, como as habilidades desportivas e a
percentagem real do tipo de fibras musculares, por exemplo.
Assim, o treino deve de ser adequado de individuo para individuo, de
acordo com a sua individualidade.
Princípio da Reversibilidade
Segundo este princípio, o treino só produz adaptações se for realizado de
uma forma sistemática (Verkhoshansky, 2002)., ou seja, se houver uma
interrupção do EF o musculo volta ao estado inicial (Williams, 1996).
Duração, frequência, intensidade e volume são fatores relacionados à
prescrição de exercício (ACSM, 2011).
A modalidade apropriada, intensidade, duração, frequência e progressão
das cargas são os componentes essenciais para a prescrição de EF para
idosos, com o objetivo de melhorar a sua qualidade de vida (Virtuoso & Tribess,
2005).
Frequência
A frequência é o número de sessões realizadas por semana (ACSM,
2013).
No treino de força para idosos ela deve ser de 2 a 4 sessões por semana
com intervalos de pelo menos 48 horas entre elas (ACSM, 2013).
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Para o treino aeróbio é recomendado 5 ou mais dias, numa intensidade
moderada, ou 3 ou mais dias, a uma intensidade vigorosa (ACSM, 2011).
Já para o treino neuromuscular assim como para a flexibilidade, o ACSM
(2011) recomenda 2 a 3 dias por semana.
Duração
A duração refere-se ao tempo que dura uma sessão de treino. As sessões
de treino mais longas não são necessariamente as mais eficazes e,
inclusivamente, os idosos devem evitar sessões longas pois estas aumentam o
risco de lesão derivada da fadiga (ACSM, 2013).
No treino de força para este grupo etário cada sessão deve ter entre 20 e
45 minutos (ACSM, 2013).
O treino aeróbio deve durar pelo menos 20 minutos para atingir benefícios
cardiovasculares (Spirduso, 1995). O ACSM (2013) indica que a prática deve
variar entre os 3 e os 5 dias semanais, com uma duração de 30 a 60 minutos e
numa intensidade baixa a moderada, ou então, 20 a 30 minutos por dia de
atividades vigorosas, perfazendo um total de 75 a 100 minutos por semana
(ACSM, 2013).
No treino de flexibilidade cada exercício deve ser realizado entre 10 e 30
segundos, numa totalidade de 10 minutos (ACSM, 2011).
Por sua vez, o treino neuromuscular deve ter uma duração entre 20 a 30
minutos (ACSM, 2011).
Intensidade
A intensidade é a porção de trabalho executado numa unidade de tempo
(Cerca, 2011).
No treino de força a intensidade é expressa como a percentagem da
carga máxima que se consegue levantar (1RM). Idosos toleram intensidades
até 85% de 1RM, no entanto, uma intensidade entre 65 e 75% é usualmente
recomendada para que haja aumento da força muscular sem risco de lesão
(ACSM, 2013)
No treino aeróbio esta deve ser moderada, se realizada 5 ou mais dias
por semana, ou vigorosa, se realizada a 3 ou mais dias numa semana (ACSM,
2011)
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Nos exercícios de flexibilidade os indivíduos devem manter 20 a 75% da
amplitude máxima entre 10 a 30 segundos (ACSM, 2011).
Uma sessão de treino com idosos deve durar entre 45 e 60 minutos,
sendo dividido em 3 partes: inicial (aquecimento e alongamento) durante 15 a
20 minutos, fundamental (capacidade a desenvolver) entre 20 a 30 minutos e,
finalmente, final (relaxamento), entre 5 a 10 minutos (ACSM, 2010).
Além de seguir estes princípios, traçar um programa de treino periodizado
linear depende de uma avaliação inicial para que seja possível conhecer a
realidade dos idosos.
Na prescrição de treino para o idoso devemos sempre ter em
consideração que o envelhecimento é um processo muito individualizado e
pessoal (Spirduso et al., 2005).
Assim, antes de iniciar um programa de treino, deve-se aplicar métodos
de avaliação que permitam conhecer quais as limitações do idoso de forma a
utilizar exercícios que possam melhorar a sua saúde ou pelo menos que não a
prejudiquem (ACSM, 2011).
Avaliação inicial
Para conhecer as necessidades funcionais de cada idoso deve ser
realizada uma avaliação física, através de uma bateria, como por exemplo a
Senior Fitness Test de Rikli & Jones (1999), a qual envolve vários testes (Rikli
& Jones, 2013) que passamos a descrever:
Estatura e peso
Este teste tem como objetivo avaliar o IMC, sendo este calculado pelo
peso e altura (Rech et al., 2008), usando a divisão do peso em quilogramas
pelo quadrado da altura em metros.
Levantar e sentar na cadeira
O objetivo deste teste é avaliar a força dos MI. A pontuação é obtida pelo
número total de vezes que o idoso se senta e levanta durante 30 segundos.
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Para que seja contabilizado o avaliado deve realizar uma extensão completa ao
levantar-se (Rikli & Jones, 2013).
Flexão do antebraço
Este teste avalia a força dos MS. Durante 30 segundos são contadas o
número de flexões, em que a extensão é completa, realizadas. Os homens
realizam a avaliação com um haltere de 3,6 kg enquanto as mulheres utilizam
um haltere de 2,27 kg (Rikli & Jones, 2013).
Sentado e alcançar
Este teste permite avaliar a flexibilidade dos MI. O avaliado deve chegar
com as duas mãos, uma por cima da outra, o mais longe possível ao longo do
MI que se encontra estendido, mantendo a posição durante 2 segundos. A
pontuação é obtida pela distância da ponta das mãos à ponta do pé (Rikli &
Jones, 2013).
Alcançar atrás das costas
O objetivo deste teste é avaliar a flexibilidade dos MS. o sujeito deve
tentar tocar com as mãos atrás das costas, passando uma mão por cima do
ombro com palma da mão virada para as costas e a outra mão sob o ombro
com a palma da mão virada. A pontuação é obtida pela distância entre os
dedos maiores das mãos (Rikli & Jones, 2013).
Sentado, caminhar 2,44m e voltar a sentar
A partir deste teste é possível avaliar a velocidade, agilidade e equilíbrio
dinâmico. O avaliado deve caminhar o mais rápido possível mas sem correr. O
resultado corresponde ao tempo que o avaliado demora entre o momento em
que o avaliador dá o sinal de partida e o momento em que se senta na cadeira
(Rikli & Jones, 2013).
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Andar seis minutos
Com este teste pretende-se avaliar a resistência aeróbia através de uma
caminhada de 6 minutos ao longo de um percurso de 50 metros. O resultado é
dado pelos metros percorridos durante os 6 minutos (Rikli & Jones, 2013)
2 Minute Step Test
Este teste é uma alternativa ao teste de andar 6 minutos, avaliando
igualmente a capacidade aeróbia. O sujeito submetido à avaliação deve elevar
os joelhos, um de cada vez, ultrapassando o ponto intermédio entre a rótula e a
crista ilíaca. A contagem é feita sempre que o joelho direito se eleva acima do
ponto de referência A partir deste teste é possível avaliar a velocidade,
agilidade e equilíbrio dinâmico. O avaliado deve caminhar o mais rápido
possível mas sem correr. O resultado corresponde ao tempo que o avaliado
demora entre o momento em que o avaliador dá o sinal de partida e o momento
em que se senta na cadeira (Rikli & Jones, 2013).
Para avaliar o desempenho nos testes de Aptidão física, os resultados
obtidos deverão ser comparados com os valores sugeridos para idosos
portugueses por Marques et al. (2013), em que P75 excelente.
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IV. Caracteri