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“Brincar é como um soro silencioso, gotejante, invisível, percorre por dentro, ensina por via venal os modos de apreender o sumo do mundo.” (Piorsky, 2015 p.86) Já que somos velhos conhecidos, dispensamos grandes e formais apresentaç ões. Nos reencontramos no início do semestre e já fomos brincando! “SIGA O MESTRE!” De acordo com o planejamento para esta turma Criança pequena, brincar e escola da infância este tripé constitui hoje o ponto de partida para minhas pesquisas e aç ões pedagógicas no trabalho com criança pequena. Entendendo que o brincar é a linguagem da criança, que criança pequena é sujeito na nossa sociedade e que a escola da infância é o lugar potente para encontros, tateios e experiências.” Relatório de Educação Física 1º semestre/2017 Turma: Jardim II Professora: Andrea Desiderio da Silva Coordenadora: Lucy Ramos

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  • “Brincar é como um soro silencioso, gotejante, invisível, percorre por dentro, ensina por via venal os modos de apreender o sumo do mundo.” (Piorsky, 2015 p.86)

    Já que somos velhos conhecidos, dispensamos grandes e formais apresentações. Nos reencontramos no início do semestre e já fomos brincando!

    “SIGA O MESTRE!” De acordo com o planejamento para esta turma “Criança pequena, brincar e escola da infância este tripé constitui hoje o ponto de partida para minhas pesquisas e ações pedagógicas no trabalho com criança pequena. Entendendo que o brincar é a linguagem da criança, que criança pequena é sujeito na nossa sociedade e que a escola da infância é o lugar potente para encontros, tateios e experiências.”

    Relatório de Educação Física – 1º semestre/2017

    Turma: Jardim II Professora: Andrea Desiderio da Silva Coordenadora: Lucy Ramos

  • O espaço da escola do Sitio é bastante propício para o desenvolvimento de muitas relações e diferentes linguagens, uma delas a corporal. Ao ler Santigo Barbuy encontrei uma frase que ilustra muito bem a relação “pessoa/pessoa” que crio em minhas aulas de educação física neste espaço.

    “O espaço onde o encontro humano acontece o condiciona e o determina.”

  • Caminhos que nos possibilitaram correr, equilibrar/desequilibrar, parar, tocar, sentir temperaturas diferentes, sentir texturas e também liderar o jogo. De tempos em tempos o mestre era trocado e o novo mestre nos oferecia novos caminhos e descobertas. “Há uma intensidade de desejos de dizer do vivido nas fotografias produzidas no interior das escolas, como tentativas de reter sentidos. Há uma carga de narrativas desejantes de comunicação na invisibilidade do cotidiano. Uma forma de contar sem palavras, de dar força ao que muitas vezes é ofuscado pelas narrativas em que o foco recai sobre os processos e não sobre o efêmero.” (Alik Wunder. Foto quase grafias. 2008)

  • Para mim é importante situar você leitora ou você leitor sobre o “lugar” de onde falo sobre Educação Física, sei bem que este é apenas um relatório de grupo, de uma das áreas de conhecimento que a escola deve privilegiar, porém acho extremamente necessária tal orientação. A base teórica que fundamenta meu trabalho como professora de educação física e pesquisadora de práticas corporais está nas ciências humanas e sociais, e não na área da saúde ou da biologia. E ssa escolha nos possibilita conhecer sociologia, da antropologia e da filosofia e torna o fazer “corporal”1 um possível campo para a experiência 2 de cada um dos presentes (alunas, alunos e eu). Partindo deste lugar valorizo o brincar como algo que vai muito além da possibilidade de desenvolvimento corporal, ou de habilidades corporais. Valorizo o brincar, e todas as outras formas culturais construídas historicamente no plano material e no simbólico, por elas mesmas, por seu valor cultural, social e humano.

    Estou também com a intenção de proporcionar experiências sensoriais que perpassem pelos 4 reinos propostos por Gaston Bachelard: mineral, animal, vegetal e “imaginal”. Além de observar e proporcionar que as crianças pequenas transformem espaços, partindo do espaço corpo para o espaço externo. Seguindo o tema do ano “Transformamos” a natureza em material de brincadeira e os espaços conhecidos em novos lugares. Brincamos com os elementos da natureza: água e terra.

    1 Busquei com essas aspas, chamar a atenção para esta adjetivação do fazer, uma vez que tudo que fazemos é corporal,

    pois somos corpo! 2 A palavra experiência, aqui inserida, remete-se a ideia de experiência proposta pelo professor de filosofia da educação,

    Jorge Larrosa da Universidade de Barcelona, em seu texto “Notas sobre a experiência e o saber da experiência” capítulo

    1 do livro Tremores.

  • As músicas que fomos canta ndo e brincando fizeram parte da nossa festa junina e foram as seguintes: “Caranguejinho”, “Apambu”, “Se eu fosse um peixinho” e para finalizar quisemos mostrar nossa relação com o grupo Sabuká da aldeia Kariri Xocó e cantamos um Toré. “Caranguejinho, quém, quém, quém, quém, Caranguejinho, quém, quém, quém, quém, Caranguejinho, quém, quém, quém, quém, Tá na boca do buraco Carangueijo sinhá...” (um ritmo de Caroço) “Apambu, apambu, aroeira matadeira, quem tem nome letra A, faz favor se ajoelhar.......” (repete por todas as letras do alfabeto, ou falando os nomes das pessoas). “Se eu fosse um peixinho e soubesse nadar eu tirava as “Helenas” das ondas do mar...” (repete por todos os nomes de quem está na brincadeira, ou de uma maneira a combinar) Toré Kariri Xocó “Etsami bói ói viró Kariri Xocó Sabuká” (repete quantas vezes quiser)

  • Sem seguir padrões ou modelos permito, e a ação é essa mesma, permissão. Permito que as pessoas escolham o que querem fazer, onde querem estar, como querem se mover! E é aí que o trabalho se desenvolve, no respeito, no corpo, na pessoa. Seguindo o que aconteceu em 2016 tivemos músicos que tocaram ao vivo conosco.....quem sabe isso vire tradição! Brincantes e tocadores lado a lado! A cultura popular na espacialidade... A mú sica ao vivo, tocada com instrumentos percussivos conduziu a festa lindamente e possibilitou mostrarmos a força do brincar. A estética da apresentação das turmas do Jardim 1 e do Jardim 2, mostrou fielmente a infância e sua mais divina característica. A al egria estava lá colocada para que todos pudessem apreciar. Sei que não foi simples para todos, soubemos respeitar medos, inseguranças, vergonhas e investimos na formação humana de cada uma das crianças dessas duas turmas. Depois da festa ainda tivemos tempo para brincar com os objetos que outras turmas utilizaram na festa!!! Boas férias a todos. Andrea Desiderio