relatório de atividades da comissão de representação externa · relatório de atividades da...

47
Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador) Dep. Adão Villaverde – PT Dep. Alberto Oliveira – PMDB Dep. Iradir Pietroski – PTB Dep. Jerônimo Goergen – PP Assessoria Técnica Gerson Carrion de Oliveira Assessor da Comissão Equipe de Apoio: Assessoria de Imprensa: João Silvestre. Departamento de Comissões Parlamentares da Assembléia Legislativa. Palácio Farroupilha, 20 de dezembro de 2007 1

Upload: others

Post on 25-May-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa

Membros:

Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)Dep. Adão Villaverde – PTDep. Alberto Oliveira – PMDBDep. Iradir Pietroski – PTBDep. Jerônimo Goergen – PP

Assessoria Técnica

Gerson Carrion de OliveiraAssessor da Comissão

Equipe de Apoio:

Assessoria de Imprensa: João Silvestre.Departamento de Comissões Parlamentares da Assembléia Legislativa.

Palácio Farroupilha, 20 de dezembro de 2007

1

Page 2: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

SUMÁRIO

I – Introdução, 3

II – Instalação da Comissão, 4

III – Início das Atividades, 4

IV – Cronograma de Trabalho, 5

V – Histórico da Origem da Ação Judicial, 6

VI – Fase Processual – Fatos Relevantes, 7

VII – Transcrição de Atas de Reuniões, 22

VIII – Conclusões, 42

IX – Recomendações, 45

Anexos:

Anexo I – Requerimento de Criação da Comissão

Anexo II – Diário da Assembléia de 29.11.2007

Anexo III – Carta Consulta da Comissão ao Procurador da Ação

Anexo IV – Ofício da Comissão à Ministra Chefe da Casa Civil

Anexo V – Lei Federal nº 8.631/93 e Lei Federal nº 8.724/93

Anexo VI – Lei Estadual nº 12.593/06

Anexo VII – Notícias da Imprensa

2

Page 3: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

I – Introdução:

Em 10 de outubro de 2007, por iniciativa do Deputado Adroaldo Loureiro, foi requerido e subscrito por 52 parlamentares, representando todos os partidos desta Casa, ao Senhor Presidente da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa do Estado, na forma dos artigos 75 e seguintes, especialmente nos fundamentos dos artigos 89 e 90 do Regimento Interno da Assembléia Legislativa do Estado, a constituição de uma Comissão de Representação Externa com o fim de acompanhar o andamento da ação judicial, interposta pela Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE, em fevereiro de 1993, contra à União, visando “incluir nos custos do serviço (...) as parcela pagas pela CEEE aos seus empregados, ex-autárquicos, aposentados, denominadas complementação e suplementação de proventos, eis que de natureza salarial e não de beneficio, computando-se as retroativas composições na Conta de Resultados a Compensar (CRC) e compensações via Reserva Nacional de Compensação de Remuneração (RENCOR) desde o exercício de 1981 a março de 1993”, em tramitação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF), como também, concretizar ações que busquem acelerar a conclusão definitiva deste processo, de repercussão significativa para CEEE e o Estado, tendo em vista que o montante atualizado da ação ultrapassa a expressiva quantia de R$ 4 bilhões ( Anexo I – Requerimento ).

O requerimento foi devidamente protocolado em 20/11/2007, originando o processo nº 21230 - 01.00 ALRS 07 4, que, cumpridos os trâmites regimentais foi pautado na ordem do dia 28 de novembro de 2007, da 105ª Sessão Ordinária do Plenário, sob requerimento de nº 08/2007, quando foi aprovado por 41 votos favoráveis e nenhum contrário, a constituição de uma nova Comissão de Representação Externa, chamada de CEEE Fase – III. Ficando assim, demonstrando, mais uma vez a unanimidade de apoio do parlamento gaúcho na continuidade dos trabalhos deste Legislativo no efetivo auxílio ao Grupo CEEE e ao Governo do Estado nesta demanda judicial (Anexo II – Diário da Assembléia ).

3

Page 4: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Cabe registrar que o presente requerimento tem origem nas conclusões e recomendações do Relatório Final de Atividades da Comissão de Representação Externa – CEEE – Fase II de 22 de junho de 2007, criada com a mesma finalidade.

II – Instalação da Comissão:

O Senhor Presidente da Assembléia Legislativa, Deputado Frederico Antunes, em 29 de novembro de 2007, declarou instalada a Comissão de Representação Externa dando posse aos deputados membros indicados pelas suas respectivas bancadas, Deputados Adroaldo Loureiro (PDT), Adão Villaverde (PT), Alberto Oliveira (PMDB), Iradir Pietroski (PTB) e Jerônimo Goergen (PP), na forma do art. 89-A §1º e designando o Deputado Adroaldo Loureiro – Coordenador da Comissão – fundamentado no § 2º do art. 89-A do regimento interno.

III – Início das Atividades:

A partir da instalação e designação dos membros integrantes da Comissão, o deputado Adroaldo Loureiro, na condição de Coordenador intensificou ações no sentido de realizar a primeira reunião da Comissão com a Diretoria do Grupo CEEE, Governo do Estado, representados pela suas Secretarias de Infra - Estrutura e Logística e da Fazenda e pelo advogado Dr. Luís Renato Ferreira da Silva contratado pela companhia para defender seus interesses na ação judicial, com o objetivo da Comissão situar-se do andamento da demanda judicial e propor uma ação conjunta para agilizar uma decisão favorável aos interesses do Estado.

Após inúmeras tentativas de conciliação de agenda e data possível de reunirmos diretoria do Grupo CEEE, Secretarias de Infra Estrutura e Logística e da Fazenda, bem como, as entidades representativas dos trabalhadores ativos e inativos do Grupo CEEE e advogado patrono da ação, associado a um mês atípico de calendário reduzido decorrente dos feriados de final de ano, somados ao prazo exíguo de trinta dias para funcionamento da Comissão, foi confirmada a data de 13 de dezembro de 2007 para única e derradeira reunião no prazo regimental.

4

Page 5: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

O Coordenador previu preliminarmente um cronograma de

trabalho das atividades da Comissão com o objetivo de planejar a realização de audiências públicas e reuniões interativas, o qual é transcrito na seqüência para registro do planejamento das atividades da Comissão, mesmo diante das dificuldades plena de execução do proposto, dadas as dificuldades já citadas de conciliação de datas dos agentes envolvidos no assunto, num prazo exíguo de 30 dias por força do regimento interno da Casa.

IV – Cronograma de Trabalho:

♦ Reunião Diretoria Grupo CEEE e o Advogado Contrato para defesa da ação judicial;

♦ Reunião com sindicatos e associações representativas de todos os trabalhadores do Grupo CEEE;

♦ Reunião - Secretário de Infraestrutura e Logística Daniel Andrade;

♦ Reunião - Secretário da Fazenda Aod Cunha;

♦ Audiência - Senhora Governadora do Estado Yeda Crusius;

♦ Reunião - Bancada Federal Gaúcha no Congresso Nacional (Deputados e Senadores);

♦ Audiência - Ministra Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff;

♦ Audiência – Ministro da Justiça Tarso Genro;

♦ Audiência - Ministro Minas e Energia;

♦ Audiência - Ministro-Relator, Menezes Direito, acompanhado por lideranças políticas (Senadores, Deputados, Secretários e Direção da CEEE).

5

Page 6: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

V – Histórico da Origem da Ação Judicial:

Essa ação judicial dada sua magnitude, complexidade e relevância para a CEEE e o Estado do Rio Grande do Sul que atravessa no momento uma grave crise financeira, merece destaque e um esclarecimento à sociedade gaúcha da sua origem e fundamentação.

A CEEE teve a sua criação autorizada pela lei nº 4.136, do ano de 1961, de autoria do saudoso governador Leonel de Moura Brizola.

O art. 12 dessa Lei dispôs que os servidores autárquicos da extinta Comissão de Energia Elétrica passariam a empregados da CEEE, respeitados integralmente os seus direitos, vantagens e prerrogativas já adquiridos ou em formação.

Em virtude de normas legais editadas à época, os servidores da autarquia Comissão Estadual de Energia Elétrica, ao passarem a empregados da CEEE, tiveram, portanto, assegurados o direito de perceber na inatividade o mesmo que era pago aos que se encontravam em atividade.

Desse modo, cumpria à CEEE o encargo de complementar o valor da aposentadoria recebida por esses empregados.

A partir do final do ano de 1974, nacionalmente foi instituída a chamada equalização tarifária para o serviço de energia elétrica, com sistema de tarifa única para todos os consumidores do território brasileiro. O objetivo era diminuir as desigualdades regionais e estimular investimentos em regiões economicamente menos desenvolvidas.

Por decorrência do novo sistema tarifário implementado, criou-se, por legislação do setor elétrico nacional, um regime de remuneração garantida, de maneira que, embora os custos variassem e as tarifas fossem iguais, as concessionárias não tivessem remuneração mínima inferior a 10% ou superior a 12% dos seus ativos em serviço.

Instituiu-se a CRC, Contas de Resultados a Compensar, com o objetivo de atender à diferença da remuneração das concessionárias em razão das peculiaridades regionais do mercado consumidor.

6

Page 7: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Por força de lei estadual acima citada a CEEE sempre inseriu nos seus custos e serviços, encargo decorrente do pagamento da complementação dos aposentados ex-autárquicos para a formação de suas tarifas. Até 1981 não se levantaram questionamentos pelo poder concedente.

No entanto, a partir de 1981, o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, Dnaee – hoje Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel - passou a não aceitar a inclusão dos custos dos proventos dos aposentados ex-autárquicos na tarifa, pois, interpretando equivocadamente a sua própria portaria, entendia que os custos dos aposentados ex-autárquicos não estariam caracterizados como de natureza salarial e sim benefício.

Não atendidos os pleitos administrativos de reinclusão desses custos, e na linha determinante do Governador Collares de questionar judicialmente todo e qualquer direito do Estado perante a União, o Secretário de Energia Minas e Comunicação Airton Langaro Dipp e a direção da CEEE, na época, presidida pelo Deputado Vieira da Cunha, decidiram interpor ação contra o Poder Concedente.

Em fevereiro de 1993, ocorreu o ingresso da ação em juízo para que a União fosse condenada a incluir no custo de serviço as parcelas pagas como complementação e suplementação de proventos de aposentados ex-autárquicos.

VI – Fase Processual – Fatos Relevantes:

Passados 12 anos da iniciativa do governo Collares e das tratativas nos governos Olívio Dutra e Germano Rigotto, ocorreu em 26.09.2005 a publicação do acórdão da decisão da Egrégia 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, que, finalmente, deu ganho de causa à CEEE.

Julgando recurso especial, o ministro-relator Teori Albino Zavascki, se pronunciou em relatório, e, no voto vencedor dando ganho de causa à CEEE, os quais tem o seguinte teor:

7

Page 8: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 435.948 - RS (2002/0062786-8)RECORRENTE : COMPANHIA ESTADUAL DE ENERGIA ELÉTRICA - CEEE

ADVOGADO : LUÍS RENATO FERREIRA DA SILVA E OUTROSRECORRIDO : UNIÃO

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI (Relator):

Cuida-se de ação visando ao reconhecimento do direito da autora, sociedade de economia mista concessionária do serviço de energia elétrica, a "incluir no custo do serviço (...) as parcelas pagas pela mesma aos seus empregados, ex-autárquicos, aposentados, denominadas complementação e suplementação de proventos, eis que de natureza salarial e não de benefício, computando-se as retroativas composições na CRC e compensações via RENCOR, desde o exercício de 1981" (fl. 29). O TRF da 4ª Região negou provimento à apelação da autora, confirmando a sentença que julgara improcedente o pedido, alinhando os seguintes fundamentos:

(a) "o Estado do Rio Grande do Sul, ao criar a CEEE como sociedade de economia mista, entidade de direito privado concessionária do serviço público federal de energia elétrica (CF, art. 21, XII, b), transferiu-lhe servidores públicos com os respectivos encargos, inclusive benefícios concernentes à aposentadoria que não são conferidos aos trabalhadores celetistas em geral";

(b) com a presente ação, pretende a concessionária "debitar à conta dos usuários dos serviços de energia elétrica, via reajuste de tarifas, as vantagens conferidas aos ex-servidores autárquicos do Estado do Rio Grande do Sul a ela incorporados, consistentes em complementação e suplementação de aposentadorias, bem como ressarcir-se dos respectivos valores pretéritos mediante débito contra a União";

(c) "evidentemente que as despesas com complementação e suplementação de aposentadoria dos servidores públicos estaduais são encargos da CEEE, ou do Estado do Rio Grande do Sul, não podendo ser repassadas para as tarifas, já que estas são calculadas e ajustadas segundo normas do Poder Concedente, e são regradas debaixo de um interesse

8

Page 9: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

público maior que é o do usuário do serviço" (fl. 271), sendo que "nem o consumidor, nem a União, podem ser responsabilizados pelas vantagens excepcionais que resolveu conferir a seus empregados além dos salários e encargos previdenciários legais" (fl. 272). Foram parcialmente acolhidos os embargos de declaração opostos pela ora recorrente, tendo o Tribunal a quo registrado que "não tem a apelante direito adquirido de repassar seus custos à União Federal, ainda que, no passado, tenha o feito por mais de 20 anos" (fl. 295).

No recurso especial, fundado na alínea a do permissivo constitucional, a recorrente aponta violação aos arts. 6º da LICC e 178, c, e 180, I, a, III e IV, do Decreto 24.643/34, aduzindo, em síntese, que

(a) a lei instituidora da CEEE (Lei Estadual 4.136/61)

transferiu à nova sociedade todas as obrigações tituladas pela Comissão Estadual de Energia elétrica, autarquia que antes detinha a concessão desse serviço público, inclusive as relativas a seus servidores, que passaram a ser empregados celetistas da CEEE;

(b) entre esses encargos estava a manutenção da paridade da

remuneração de ativos e inativos, que, desde a efetiva constituição da empresa, em 1964, integravam, como custo, o cálculo para compensação de valores tarifários (Conta de Resultados a Compensar);

(d) a partir de 1981, sem que houvesse qualquer inovação

legislativa, o DNAEE passou a glosar tais valores, alegando terem os mesmos natureza previdenciária, e não salarial, estando sujeitos, por essa razão, aos limites percentuais em relação ao valor total dos salários previstos nas Portarias 295/74 e 321/91 daquele órgão;

(e) tal fato ocasionou "quebra do equilíbrio econômico-

financeiro da concessão, bem como mal ferimento ao direito adquirido na formação dos custos" (fl. 306);

(f) as tarifas de energia elétrica eram fixadas uniformemente para todo o país, de acordo com os parâmetros do art. 180 do Código de Águas, tendo sido instituído um fundo formado por recursos vertidos pelas concessionárias cujos custos fossem inferiores à tarifa e destinados àquelas cujos custos não fossem cobertos por aquele valor;

9

Page 10: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

(g) "nenhuma regra estabelecia, em termos categóricos, como se compunham os custos tarifários" (fl. 309), conforme reconhecido na esfera administrativa pelo DNAEE, tendo havido alteração desse critério por "ato discricionário do poder concedente" (fl. 310), com ofensa ao direito adquirido e à norma do art. 178, c, do Código de Águas;

(h) a discricionariedade administrativa é limitada pela obrigação de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro da concessão;

(i) é incorreta a afirmação de que as outras concessionárias

seriam oneradas por benesses concedidas pela CEEE, uma vez que o sistema de compensação visava justamente a contemplar a assimetria de custos e que a receita correspondente à contribuição de 2% paga pelos ex-autárquicos era apropriada no cálculo da tarifa;

(j) julgados proferidos pela Justiça do Trabalho evidenciam a

natureza salarial, e não previdenciária, das verbas de suplementação e complementação dos ex-autárquicos;

(l) a Portaria 295/74 do DNAEE estabelece limite percentual

para benefícios assistenciais e para complementação de pensões por aposentadoria pagas por órgãos oficiais, não se aplicando, portanto, às complementações de aposentadoria.

A recorrida, em contra-razões (fls. 342-347), pede a confirmação do julgado do TRF.

É o relatório.

RECURSO ESPECIAL Nº 435.948 - RS (2002/0062786-8)

EMENTA

ADMINISTRATIVO. CONCESSIONÁRIA DE ENERGIAELÉTRICA. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA DE

EMPREGADOS, EX-SERVIDORES AUTÁRQUICOS.OBRIGAÇÃO DE NATUREZA TRABALHISTA, DE

RESPONSABILIDADE DA EMPREGADORA. INCLUSÃO COMORUBRICA DE CUSTO DA CONCESSIONÁRIA (ART. 180, I, DO

CÓDIGO DE ÁGUAS). RECURSO PROVIDO.

10

Page 11: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI (Relator):

1. Não pode ser conhecido o recurso especial na parte em que aponta violação ao art. 178, c, do Código de Águas ("No desempenho das atribuições que lhe são conferidas, a Divisão de Águas do Departamento Nacional da Produção Mineral fiscalizará a produção, a transmissão, a transformação e a distribuição de energia hidro-elétrica, com o tríplice objetivo de: (...) c) garantir a estabilidade financeira das empresas "), porque sobre a norma aí contida (e, da mesma forma, sobre o tema que se pretende, no especial, associar ao dispositivo, atinente à necessidade de preservação do equilíbrio econômico-financeiro da concessão) não emitiu qualquer juízo o acórdão recorrido, mesmo após a interposição dos embargos de declaração.

2. O art. 180, I, do Código de Águas (Decreto 24.643/34), dispositivo que a recorrente indica como violado pelo acórdão a quo, tem a seguinte redação:

Art. 180. Quanto às tarifas razoáveis, alínea "b" do artigo 178, o Serviço de Águas fixará, trienalmente, as mesmas:

I - sob a forma do serviço pelo custo, levando-se em conta:

a) todas as despesas e operações, impostos e taxas de qualquer natureza, lançados sobre a empresa, excluídas as taxas de benefício;

b) as reservas para depreciação;

c) a remuneração do capital da empresa.

A controvérsia estabelecida diz respeito à adequada aplicação desse dispositivo, no período de janeiro de 1981 a março de 1993, quando em vigor o regime de equalização das tarifas de energia elétrica. Interessa, para a devida compreensão, ter presente, além daquela norma, também as da Lei 5.655, 20.05.1971, que dispôs sobre a "remuneração legal do investimento dos concessionários de serviços públicos de energia elétrica", especialmente as seguintes:

Art 1º. A remuneração legal do investimento, a ser computada no custo do serviço dos concessionários de serviços públicos de energia elétrica, será de 10% (dez por cento) a 12% (doze por cento), a critério do poder concedente..

11

Page 12: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

§ 1º A diferença entre a remuneração resultante da aplicação do valor percentual aprovado pelo Poder concedente e a efetivamente verificada no resultado do exercício será registrada na Conta de Resultados a Compensar, do concessionário, para fins de compensação dos excessos e insuficiências de remuneração.

§ 2º As importâncias correspondente aos saldos credores da Conta de Resultados a Compensar serão depositados pelo concessionário, a débito do Fundo de Compensação de Resultados, até 30 de abril de cada exercício, em conta vinculada no Banco do Brasil S.A., na sede da empresa, que só poderá ser movimentada, para a sua finalidade, a juízo do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica.

Associado ao tema, igualmente, o Decreto-lei 2.432, de 17.05.1988, que instituiu a Reserva Nacional de Compensação de Remuneração - RENCOR, além de estabelecer "normas relativas ao equilíbrio econômico-financeiro das concessionárias do serviço público de energia elétrica", mediante, entre outras, as seguintes disposições:

Art. 1º. É instituída a Reserva Nacional de Compensação de Remuneração - RENCOR, com a finalidade de compensar as insuficiências de remuneração do investimento das concessionárias de serviços públicos de energia elétrica, comrecursos provenientes de:

I - produto do recolhimento das quotas anuais de compensação, constituídas pelas parcelas de receita excedente das concessionárias, atendida a taxa de remuneração legal máxima do investimento;

II - saldos credores registrados na Conta de Resultados a Compensar das concessionárias referidos no art. 1º, § 2º, da Lei nº 5.655, de 20 de maio de 1971;e,

III - receitas de outras origens, inclusive de eventuais dotações consignadas no Orçamento Geral da União.

§ 1º. As quotas anuais de compensação previstas no inciso I do caput deste artigo serão computadas como componentes do custo do serviço das concessionárias.

§ 2º. O Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica - DNAEE fixará, de acordo com os critérios estabelecidos na legislação em vigor, nos períodos de competência, os valores da quota anual de compensação relativa a cada concessionária,

12

Page 13: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

dos respectivos recolhimentos das parcelas mensais de distribuição, em Obrigações do Tesouro Nacional - OTN.

O chamado "regime de remuneração garantida" manteve-se até o advento da Lei 8.631, de 04.03.1993, que trouxe nova sistemática de fixação das tarifas, cujos níveis "serão propostos pelo concessionário ao Poder Concedente, que os homologará,observado o disposto nesta Lei" (art. 1º).

3. O que aqui se discute é se os encargos da recorrente, com seus empregados ex-servidores autárquicos (mormente os que decorrem de complementação proventos de inatividade), deviam ou não ser computados como custo do serviço, para os fins da legislação acima citada. Segundo se depreende dos autos, até 1981, nenhuma dúvida havia a respeito. Desde então, todavia, a União, por seu Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica - DNAEE, passou a glosar tais rubricas, por considerá-las, não de natureza salarial, e sim como "benefício", o que importava uma limitação (de, no máximo, 5% do valor dos salários) para efeito de inclusão na rubrica de custos. Invocou-se, para tanto, a Portaria 295/74 (que depois foi alterada pela 321/91), do próprio DNAEE. Provocada por pedido da ora recorrente, a matéria gerou dissenso entre órgãos jurídicos da recorrida, vingando, a final, a decisão no sentido de manter as referidas glosas, situação que perdurou até 1993, quando voltou a ser adotado regime de tarifas diferenciadas.

4. Para que se possa fazer juízo a respeito da controvérsia, é indispensável considerar a origem histórica da recorrente, a Companhia Estadual de Energia Elétrica - CEEE. Referida Companhia é uma sociedade de economia mista do Estado do Rio Grande do Sul, criada em 1961pela Lei Estadual 4.136/61, para suceder a "Comissão Estadual de Energia Elétrica", órgão autárquico daquele Estado. Seguindo determinações da sua lei de criação, a CEEE formou seu quadro de pessoal inicial com aproveitamento dos servidores da antiga Autarquia, os quais, todavia, passaram a ser regidos pela CLT, ficando-lhes assegurados os direitos, vantagens e prerrogativas que então detinham, que passaram a ser de responsabilidade do novo ente. Dispôs, com efeito, a lei de criação da CEEE o seguinte:

Art. 12. Os atuais servidores autárquicos da Comissão Estadual de Energia Elétrica, compreendendo os do quadro e os contratados, inclusive os não enquadrados, dos serviços encampados de Porto Alegre e de Canoas, passarão a ser empregados da Companhia, respeitados integralmente os seus direitos,vantagens e prerrogativas, já adquiridos ou em formação, previstas na legislação em vigor e nas resoluções do Conselho Estadual de Energia Elétrica aprovados pela autoridade superior.

Entre esses direitos estavam a complementação e a suplementação de proventos, previstas no art. 186 da Lei Estadual 1.751/52 (Estatuto do Funcionário Público do Estado do RS) e no art. 1º da Lei Estadual 3.096/56, arts. 186 e 1º, respectivamente, abaixo transcritos: Lei Estadual 1.751/52:

13

Page 14: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Art. 186. Fica assegurada aos funcionários inativos a revisão de seus proventos sempre que forem aumentados os ativos.

Parágrafo único. Essa revisão operar-se-á automaticamente mediante o acréscimo de 70% do aumento dos servidores ativos.

Lei Estadual 3.096/56:

Art. 1º. Os servidores civis e militares do Estado, quando em inatividade por aposentadoria, reserva ou reforma, perceberão, sempre, proventos iguais aos vencimentos que, em qualquer época, venham a perceber os servidores em atividade, da mesma categoria, padrão, posto ou graduação, respeitada aproporcionalidade do tempo de serviço.

§ 1º. Para a efetivação do disposto neste artigo, sempre que forem aumentados os vencimentos dos servidores em atividade, serão revistos, independentemente de requerimento dos interessados, os proventos dos inativos.

5. Não pode haver dúvida quanto à natureza trabalhista dessa obrigação de complementar proventos. A submissão dos ex-autárquicos ao regime da CLT, com a garantia da manutenção dos direitos existentes, operou a automática inclusão, nos seus contratos de trabalho, dos encargos antes suportados pelo Estado. Quanto ao ponto, há jurisprudência assentada da Justiça do Trabalho conforme demonstram os autos, valendo citar o precedente do plenário do TST no Recurso de Revista 6.763/82 (fls. 112 e ss.), em que o relator, Min. Vieira de Mello, asseverou, explicitamente, que as normas estaduais referidas assumiram "(...) caráter nitidamente de normas que se incrustam nos contratos de trabalho", fazendo com que a controvérsia então julgada demandasse verdadeira "(...) interpretação de cláusulas contratuais. Na verdade, impõe-se verificar o sentido e alcance de tais normas que se inscreveram nos contratos individuais." (DJ de 19.02.1988).

No mesmo precedente, o Min. Marco Aurélio, então membro do TST, observou: "Vigentes eram contratos de trabalho, regidos pela CLT, e com a incrustração do direito tal como outorgado inicialmente, isto por força do art. 12 da Lei nº 4.136, de 13 desetembro de 1961 - fls. 35 - assim redigido:

(...)

Destarte, na oportunidade da transformação da então autarquia Comissão Estadual de Energia Elétrica na CEEE - Companhia Estadual de Energia Elétrica, somente efetivada em 1964, os recorrentes passaram a ter relação jurídica com a recorrida – sociedade anônima - submetida à regência da Consolidação das Leis do Trabalho, deixando, assim, de ter submissão ao Estatuto do Funcionário Público do Estado do Rio Grande do Sul e aos diplomas legais editados por este último."

14

Page 15: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Aliás, não é novidade, em nosso sistema, o reconhecimento da natureza trabalhista da obrigação de complementar aposentadoria, quando tal obrigação é assumida pelo empregador, como no caso. A obrigação, na verdade, passa a ser cláusula aderente ao contrato de trabalho, insuscetível de revogação ou alteração por ato unilateral, como prevê o art. da CLT 468. São inúmeros os precedentes do STF (v.g.: RE 78.212/RJ, Pleno, Min. Moreira Alves, DJ de 08.07.1976; RE 106.910/RS, 1ª Turma, Min. Ilmar Galvão, DJ de 16.04.1993; RE 91.257/SP, Pleno, Min. Soarez Muñoz, DJ de 14.12.1979; AI 132.206 AgR/RJ, 2ª Turma, Min. Carlos Madeira, DJ de 09.02.1990) bem como do STJ (CC 20.685/BA, 3ª Seção, Min. Gilson Dipp, DJ de 17.02.1999; CC 29.215/SP, 3ª Seção, Min. Vicente Leal, DJ de 21.10.2002; CC 22.942/RJ, 2ª Seção, Min. Barros Monteiro, DJ de 19.04.1999; CC 22.087/SP, 2ª Seção, Min. Costa Leite, DJ de 19.10.1998; CC 24.239/RJ, 2ª Seção, Relator p/ o acórdão Min. Ari Pargendler, DJ de 01.02.2005), afirmando a competência da Justiça do Trabalho para o julgamento de causas dessa natureza, em que se discute complementação de proventos, justamente em razão da natureza contratual trabalhista dessa cláusula.

5. Pois bem, tratando-se de encargo econômico do concessionário, não há como dissociá-lo do custo da prestação do serviço, para os devidos fins de direito. Seria ilógico imputar à concessionária a responsabilidade pelo pagamento de tal encargo aos ex-servidores e, ao mesmo tempo, impedir que lance os respectivos pagamentos na sua rubrica de custos, para os fins da legislação ao início referida. É certo que se trata de um custo peculiar da Companhia recorrente, mas isso de forma alguma altera a situação jurídica. Cada uma das outras concessionárias também têm seus custos peculiares, que a CEEE e as demais não têm. Nesse campo, é evidente que não há como conceber modelos uniformes. Aliás, foi justamente o reconhecimento dessa variada forma de composição dos custos de cada concessionária que determinou a instituição da Conta de Resultados a Compensar (Lei 5.655/71, art. 1º), na qual deveriam ser depositados os valores correspondentes à diferença entre a remuneração estipulada pela lei e aquela efetivamente obtida por cada empresa, "para fins de compensação dos excessos e insuficiências de remuneração ". Mais tarde, a partir do Decreto-lei 2.432/88, o saldo dessa conta, bem assim as parcelas futuramente apuradas, foram direcionados à Reserva Nacional de Compensação de Remuneração - RENCOR, cujo objetivo era igualmente o de compensar as insuficiências de remuneração do investimento das concessionárias de serviços públicos de energia elétrica, juntando-se a recursos provenientes de outras fontes, "inclusive de eventuais dotações consignadas no Orçamento Geral da União" (art. 1º III).

Não há dúvida, portanto, que a glosa dessa rubrica, para excluí-la ou limitá-la, quando da apuração dos custos, operada a partir do exercício de 1981, com base em interpretação de antiga Portaria (de 1974), importou ofensa aos dispositivos legais citados, nomeadamente o art. 180, I, do Código de Águas (Decreto 24.643/34).

6. De outra parte, não ocorreu a prescrição invocada pela recorrida (fls. 176-178). A própria contestação deixa evidenciada a ocorrência de causa interruptiva do prazo prescricional, já em 1981, quando houve formalmente a instauração de procedimento administrativo para recomposição das glosas efetuadas, procedimento esse que ainda não obtivera solução definitiva na data da propositura da ação judicial. Segundo a contestação,

15

Page 16: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

"(..) a autora ingressou com pedido administrativo, no ano de 1981, com objeto idêntico ao da presente ação", sendo que, após inúmeras manifestações, pareceres, decisões, recursos e reconsiderações, noticiadas nos autos, "a apreciação do último recurso administrativo interposto [foi] sustada, face a propositura da presente ação, e da medida cautelar de nº 93.000969, em tramitação perante essa MM. Vara" (fl. 176). Como se sabe, não corre prescrição na pendência de processo administrativo, já que, na sua pendência, não se pode considerar que o interessado tenha ficado inerte. É o que se infere do art. 4º do Decreto 20.910/32.

7. Impõe-se, assim, o acolhimento do pedido, reconhecendo-se à autora o direito de lançar como custo do serviço, nos exercícios de 1981 a 1993, para fins de ajustes na Conta de Resultados a Compensar - CRC e na Reserva Nacional de Compensação de Remuneração - RENCOR, os valores relativos relativos a complementação e suplementação de aposentadoria de seus empregados ex-autárquicos, valores que serão corrigidos monetariamente, a partir das respectivas competências, pelos índices aplicáveis à correção dos débitos judiciais e acrescidos de juros moratórios de 6% ao ano, a partir da citação.

8. Pelas razões expostas, dou provimento ao recurso especial, para julgar procedente o pedido nos termos acima explicitados, invertidos os ônus sucumbenciais.

É o voto.

ACÓRDÃO

Prosseguindo no julgamento, vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, após o voto-vista do Sr. Ministro Luiz Fux a Egrégia Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça decide, por maioria, vencido o Sr. Ministro José Delgado (voto-vista), dar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Denise Arruda, Francisco Falcão e Luiz Fux (voto-vista) votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 04 de agosto de 2005.

MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKIRelator.

Como fato também relevante da fase processual, apontamos o recurso extraordinário interposto pela União, contra o acordão da Egrégia 1ª Turma do Supremo Tribunal de Justiça, tendo obtido por decisão do Ministro Vice-Presidente do STJ, Dr.

16

Page 17: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Francisco Peçanha Martins em 30 de junho de 2006 a admissibilidade de reexame do assunto junto ao Supremo Tribunal Federal, a qual transcrevemos o seu teor:

RE no RECURSO ESPECIAL Nº 435.948 - RS (2002/0062786-8)

RECORRENTE : UNIÃORECORRIDO : COMPANHIA ESTADUAL DE ENERGIA ELÉTRICA - CEEE

ADVOGADO : LUÍS RENATO FERREIRA DA SILVA E OUTROS

DECISÃO

Trata-se de recurso extraordinário manifestado pela UNIÃO, com fundamento no artigo102, inciso III, alínea a da Constituição Federal, contra acórdão da Primeira Turma deste tribunal que deu provimento ao recurso especial da COMPANHIA ESTADUAL DE ENERGIA ELÉTRICA - CEEE declarando a possibilidade de incluir, no custo do serviço as parcelas pagas pela empresa aos seus empregados, ex-autárquicos, aposentados, denominadas complementação e suplementação de proventos, eis que de natureza salarial e não de benefício, computando-se as retroativas composições na CRC.

Opostos embargos declaratórios por ambas as partes, restaram acolhidos

com efeitos infringentes os da CEEE e rejeitados os da União.

Alega a recorrente violação aos arts. 5º, caput, incisos LIV, LV, 22, I, 24, I, II e XII, 100 e 202, § 3º, da Constituição Federal. Aduz ofensa aos princípios da isonomia, da razoabilidade e do devido processo legal, afirmando que, caso seja mantido o acórdão recorrido, se permitir-se-á que uma única empresa desconte integralmente de seu custo de serviço, diferentemente de todas as outras, benefícios pessoais setorizados, concedidos por Leis do Estado do Rio Grande do Sul, para os quais nem a União nem o consumidor concorreram. Por fim, sustenta a necessidade de aplicação do regime constitucional dos precatórios no caso concreto.

Contra-razões apresentadas às fls. 484/503.

Presentes os pressupostos genéricos e específicos de admissibilidade, admito o recursoextraordinário.

Publique-se. Intimem-se.

Brasília (DF), 07 de junho de 2006.

17

Page 18: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

MINISTRO FRANCISCO PEÇANHA MARTINSVice-Presidente

Cabe destacar que o recurso extraordinário da União deu entrada no Supremo Tribunal Federal em 02 de fevereiro de 2007, sendo distribuído ao Ministro-Relator Sepúlveda Pertence em 07/02/2007.

Dando continuidade as tratativas efetivadas pelos governos Collares, Olívio Dutra e Germano Rigotto, o governo Yeda Crusius intensificou ações no sentido de agilizar uma decisão do Ministro-Relator Sepúlveda Pertence, face a notícia de aposentadoria do ministro ao final do primeiro semestre de 2007.

Da fase processual no Supremo Tribunal Federal – STF, o fato de relevante registro e significado histórico é a decisão do Ministro-Relator Sepúlveda Pertence , em 12 de junho de 2007, de negar seguimento ao recurso extraordinário da União, a qual transcrevemos o seu teor:

DECISÃO: Cuida-se de recurso extraordinário da União contra acórdão do Superior Tribunal de Justiça que deu provimento a recurso especial interposto pela Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE para que esta possa incluir na composição dos custos da prestação de serviço as parcelas denominadas complementação e suplementação de proventos pagas aos seus aposentados, ex-autárquicos, de modo a ajustar a Conta de Resultados a Compensar – CRC (art. 1º da Lei 5.655/71).

O STJ entendeu que se tratava de obrigação de natureza trabalhista, razão pela qual sua inclusão como rubrica de custo da concessionária estava autorizado pelo art. 180, I, do Código de Águas.

A União opôs embargos de declaração para tentar prequestionar os arts. 5º, caput e LV, e 100 da Constituição Federal.

O RE alega que (f. 472):

“Salta aos olhos a situação de desigualdade de tratamento e a injustiça tarifária que emergirão caso se mantenha o acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, por se permitirá que uma única empresa desconte

18

Page 19: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

integralmente do seu custo de serviço, diferentemente de todas as outras, benefícios pessoais setorizados, extravagantes, concedidos por Leis do Estado do Rio Grande do Sul, para os quais nem a União nem o consumidor (que arcarão com tal privilégio) concorreram.

Afinal, a manutenção do julgado importará em precedente por demais temerário, franqueando-se aos Estados-Membros o poder de editarem leis o inconcebível efeito de CONSTITUIR EM OBRIGAÇÃO A UNIÃO em relação jurídica que lhe é estranha, algo ainda mais perigoso, in casu, por se tratar de obrigação travada entre o Estado do Rio Grande do Sul e Sociedade de Economia Mista concessionária de serviço público da qual este último é acionista.

Tal entendimento fere de morte o pacto federativo e a enumeração das competências legislativas estampadas na Constituição da República, mormente as dos artigos 22, inciso I, e 24, incisos, I, II e XII.” (grifos no original)

Aduz, ainda, que (f. 477/478):

“Não há que se olvidar ainda os transtornos financeiros atuais que a manutenção do indesejado provimento do recurso especial da CEEE trará à União e ao usuário do serviço público de energia elétrica, eis que busca a manutenção das verbas em tela na chamada Conta de Resultados a Compensar mediante a sua integral inclusão no custo do serviço da CEEE, desde 1981 até 1993 (além dos consectários legais da dívida), em verdadeira burla ao incontornável regime dos precatórios, estampado no artigo 100 da CF/1988.

(...)Como se nota, a reforma integral do

acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região pelo Superior Tribunal de Justiça fez surgir, a partir dos debates travados no bojo do recurso especial perante a sua Egrégia Primeira Turma, questões constitucionais a serem apreciadas exclusivamente por este Pretório Excelso, mormente no que atine à aplicação do regime constitucional dos precatórios no caso concreto, no caso de manutenção da condenação da União nos moldes expostos.”

19

Page 20: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Também foi alegada a violação dos arts. 105, III, a, e 202, § 3º, da Constituição.

Decido.Os temas dos arts. 22, I; 24, I, II e XII; 105,

III, a; e 202, § 3º, da Constituição, em nenhum momento foram analisados pelo acórdão recorrido nem objeto dos embargos de declaração opostos: incidem as Súmulas 282 e 356.

Do mesmo modo, falta o prequestionamento do art. 100, porquanto somente o voto-vencido o mencionou e a jurisprudência deste Tribunal entende como não suprido o requisito constitucional nesta hipótese (RE 131.739, M. Aurélio, RTJ 144/327; e RE 118.479, 30.05.2000, 1ª T, Pertence); e, malgrado fora aventado nos embargos de declaração, estes são inidôneos para suprir a falta de prequestionamento se o tema constitucional não fora suscitado anteriormente (nesse sentido, v.g. RE 114.682, Gallotti, RTJ 138/589; AAII 138.196-AgR, Pertence, RTJ 161/641; 181.802-AgR, 05.11.1996, 1ª T, Moreira).

Ainda que assim não fosse, o art. 100 da Constituição é impertinente à espécie: o pedido da recorrida é de compensação de créditos e não de cobrança de valores retroativos. Extrato do voto-vista do em. Ministro Luiz Fux (f. 413):

“Assente-se, por fim, que não há pretensão de recebimento sem precatório como afirma o voto divergente, senão direito a uma conduta, assim exposta no voto-condutor:

‘Impõe-se, assim, o acolhimento do pedido, reconhecendo-se à autora o direito de lançar como custo do serviço, nos exercícios de 1981 a 1993, para fins de ajustes na Conta de Resultado a Compensar – CRC e na Reserva Nacional de Compensação de Remuneração – RENCOR, os valores relativos a complementação e suplementação de aposentadoria de seus empregados ex-autárquicos, valores que serão corrigidos monetariamente, a partir das respectivas competências, pelos índices aplicáveis à correção dos

20

Page 21: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

débitos judiciais e acrescidos de juros moratórios de 6% ao ano, a partir da citação’.”

Quanto à violação ao princípio da isonomia, lê-se do voto-condutor do em. Ministro Teori Albino Zavascki (f. 396):

“É certo que se trata de um custo peculiar da Companhia recorrente, mas isso de forma alguma altera a situação jurídica. Cada uma das outras concessionárias também têm seus custos peculiares, que a CEEE e as demais não têm. Nesse campo, é evidente que não há como conceber modelos uniformes. Aliás, foi justamente o reconhecimento dessa variada forma de composição dos custos de cada concessionária que determinou a instituição da Conta de Resultados a Compensar (Lei 5.655/71, art. 1º), na qual deveriam ser depositados os valores correspondentes à diferença entre a remuneração estipulada pela lei e aquela efetivamente obtida por cada empresa, ‘para fins de compensação dos excessos e insuficiências de remuneração’.”

Portanto, não há falar em violação ao princípio da isonomia, que pressupõe o tratamento desigual de situações iguais, o que não ocorre no caso.

Por fim, as demais questões suscitadas são restritas ao âmbito da legislação infraconstitucional, mais precisamente, à disciplina do Decreto 24.643/34 (Código de Águas), do Decreto-lei 2.432/88 e da Lei 5.655/71, como se observa nos votos proferidos no Superior Tribunal de Justiça.

Desse modo, nego seguimento ao recurso extraordinário (art. 557, caput, C.Pr.Civil).

Brasília, 12 de junho de 2007.

Ministro SEPÚLVEDA PERTENCE - Relator

21

Page 22: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Na sequência, após a publicação da decisão no Diário da Justiça de 29/06/2007, registramos outro aspecto relevante desta fase processual, que é o Agravo Regimental interposto pela União em 21/08/2007, contra a decisão do Ministro-Relator Sepúlveda Pertence.

Em 05/09/2007, confirmou-se a anunciada aposentadoria do ministro Sepúlveda Pertence, com a sua substituição como Ministro-Relator pelo ministro Menezes Direito. Assim sendo, desde 06/09/2007 a matéria está conclusa ao novo ministro empossado.

VII – Transcrição de Atas de Reuniões:

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA

COMISSÃO DE REPRESENTAÇÃO EXTERNA PARA ACOMPANHAR A AÇÃO JUDICIAL INTERPOSTA PELA CEEE CONTRA A UNIÃODATA: 13-12-2007ASSUNTO: Audiência pública para ouvir convidados sobre o impasse, entre os governos federal e estadual, com referência aos créditos da Companhia Estadual de Energia Elétrica - CEEE.

SEM REVISÃO

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Senhoras e senhores, declaramos abertos os trabalhos da Comissão de Representação Externa para Acompanhar a Ação Judicial Interposta pela CEEE contra a União instituída para dar acompanhamento à ação que tramita no Supremo Tribunal Federal com respeito ao CRC, para a qual já temos ganho de causa em diversas instâncias e estamos em uma instância final de tramitação no STF.

Chamo para compor a mesa os trabalhos o deputado Adão Villaverde, que é membro titular desta comissão de representação externa em nome da bancada do PT; o Sr. Caio Rocha, diretor financeiro da CEEE; o Sr. Carlos Eduardo Provenzano, representante da Secretaria da Fazenda;

22

Page 23: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

o Sr. João Abelardo Brito, do Sintec; o Sr. Cláudio Canalis Goulart, do Senergisul; o Sr. João Alberto Fernandes, Presidente do Sindicato dos Administradores; o Sr. Evanir Freitas, da Associação dos Aposentados da CEEE; o Sr. Roberto Silva Dias, da Associação dos Engenheiros da CEEE; o Sr. Júlio, da Uniproceee; o Sr. Fermin Luís Perez Camison, vice-presidente do Senge.

Registro a presença do Sr. Jorge Luis, assessor da CEEE; dos Srs. Júlio Trombeta e Paulo Ricardo de Oliveira, do Sintec; do Sr. Gomes Flores e do Sr. Ponciano de Almeida, do Senergisul, da Sra. Beatriz Carlesso e do Sr. Gilberto Silva da Silveira, da Uniproceee; e do Sr. Wilson Bertei, da Associação dos Engenheiros da CEEE.

Está-se deslocando para cá uma representação da Secretaria Estadual de Infra-Estrutura.

Instalamos pela terceira vez a Comissão de Representação Externa para Acompanhar a Ação Judicial Interposta pela CEEE contra a União para dar o acompanhamento a esta ação tão importante para o Estado do Rio Grande do Sul, para a Companhia Estadual de Energia Elétrica, uma ação que tramita desde 1993, visando ao ressarcimento da companhia pelos pagamentos e pela não-inclusão nos custos de serviços dos ex-autárquicos. Todos os senhores conhecem sobejamente esta ação.

Esta ação tramitou por diversos anos, teve ganho de causa no STJ, posteriormente, no STF, também, o governo federal interpôs recurso que foi julgado neste ano, o qual não foi acatado por decisão, à época, do Ministro Sepúlveda Pertence e, posteriormente, em agosto, o governo interpôs um outro recurso de agravo instrumental, e este recurso está nas mãos do Ministro Menezes Direito, que substituiu o Ministro Sepúlveda Pertence, que se aposentou.

Há três ou quatro meses o referido processo está nas mãos do Ministro Menezes Direito. Estamos fazendo esta reunião com a representação de diversos organismos do Estado, da Secretaria da Fazenda, da CEEE, da Secretaria Estadual de Infra-Estrutura e com a representação de diversas entidades de funcionários, ativos e inativos da CEEE, as quais quero agradecer a presença.

23

Page 24: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

O objetivo desta reunião é reforçar esta luta, auxiliando com a força política muito especialmente dessas representações a fazer com que a gente consiga agilizar o parecer do Ministro Menezes Direito e a votação da matéria, para que seja finalizada, concluída esta ação de tamanha magnitude. Os cálculos feitos extraoficialmente indicam que poderemos chegar a uma valor em torno de 4 bilhões de reais. Então é uma ação muito importante para a companhia que poderá utilizar parte desses recursos para a sua capitalização e a outra parte desses recursos serão utilizados pelo governo do Estado para compensar seus débitos, enfim utilizá-los da melhor forma possível, dentro da legislação.

E isso é importante mormente neste momento de grandes dificuldades pelas quais nosso Estado está passando. Então, com este objetivo, instituímos mais uma vez esta comissão, e assim temos feito porque comissão de representação externa pode funcionar por apenas 30 dias. Em decorrência disso, estamos na sua terceira edição.

Embora esteja próximo o final do ano, período de festas, queremos realizar uma ação concreta no sentido de contribuir para que haja este julgamento ainda neste ano. Seria uma grande vitória, pois encerraríamos o ano com chave de ouro, se conseguíssemos por intermédio de uma ação política fazer com que o Ministro Menezes Direito se manifestasse a respeito desse recurso que, no entendimento dos juristas que acompanham esta ação, é um recurso meramente protelatório. Jamais um recurso como este seria acatado no STF, mas ele tem o condão de postergar a decisão e com isso impedir que o Estado acesse aos recursos ou impeça que a União faça este acerto de contas com a CEEE e com o nosso Estado.

Então, nesse sentido é que fazemos esta reunião aqui, até para definir ou consertar algumas ações que a gente possa fazer conjuntamente. Podemos fazer o contato com o Dr. Luis Renato Ferreira da Silva ou com o Gerson Carrion de Oliveira, que sempre tem-nos assessorado, pois conhece tudo a respeito desta ação, já que na época em que era diretor da CEEE foi iniciado todo este processo. Ele tem-nos acompanhado ao longo do tempo e nos tem dado essa assessoria aqui na comissão.

24

Page 25: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

O Gerson é que tem feito o acompanhamento e tem essas informações. Como o Gerson conversava com o Luís Renato, acho que pode nos dar essa informação.

Vou dar ciência da manifestação do Dr. Luís Renato em resposta ao ofício que encaminhei: Na seqüência de posicionamentos que já tive oportunidade de prestar a esta comissão ao longo do valioso acompanhamento que a mesma vem dando a um processo de altíssima relevância para o Rio Grande, informo-lhe que estive em audiência com o ministro Menezes Direito, novo relator do processo no STF. A reunião, na qual esteve presente um dos diretores da CEEE, foi no início do mês de dezembro (mais precisamente no dia 6 de dezembro). E o ministro ficou, evidentemente, impressionado com a grandeza da demanda e entendeu igualmente o impacto para o Estado.

Na ocasião, disse que daria prioridade no julgamento, entretanto, isso depende de haver pauta na turma para o mesmo. Considerando que o recesso inicia-se no dia 20 de dezembro próximo – que é na semana que vem –, creio que não haverá pauta. De qualquer forma, tão logo finde o recesso, o que ocorrerá no dia 1º de fevereiro de 2008, acho que o processo estará em condições de ser julgado.

Em termos de estratégia, entendo que devemos seguir na linha de não produzir manifestações perante as autoridades federais e muito menos na mídia em geral. Sempre temos tido esse cuidado.

Por mais boa vontade que alguns membros do governo federal possam ter para com a causa, o comando jurídico é da Advocacia da União, que, até por dever de ofício, deve prosseguir com todos os meios na busca da reversão da decisão. Quanto mais destaque dermos à matéria, mais obrigada estará a União a não descurar de interesse desse vulto.

Acredito firmemente que qualquer movimento deve ser feito no âmbito jurídico, até porque vencida a demanda em favor da CEEE, aí, sim, serão necessárias gestões fortes para o aproveitamento dos créditos junto à União.

Infelizmente estarei fora de Porto Alegre até o final da semana, não

25

Page 26: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

podendo comparecer à reunião de amanhã, mas estou à disposição para quaisquer esclarecimentos. Cordialmente. Luís Renato Ferreira da Silva.

Gostaria de deixar a palavra à disposição para recolher impressões, sugestões de todos os que estão presentes, na certeza de que todos nós estamos ansiosos para que esse processo caminhe e seja concluído e que o Estado possa reaver esse recurso, que é um direito seu e que virá, sem dúvida nenhuma, na hora mais propicia possível. O Estado necessita recursos externos para fazer frente às suas necessidades e demandas.

Parece que a ministra Dilma Rousseff está confirmando sua vinda a Porto Alegre para amanhã. Houve dúvida quanto à manutenção de sua agenda, mas o deputado Adão Villaverde está nos ajudando e cuidando diretamente dessa questão. Se a ministra vier, é possível que consigamos um espaço de tempo com ela para tratar desse tema, embora com a decisão de ontem do Senado, com a derrota da CPMF, as finanças do governo federal, nesses primeiros dias, ficarão bastante nebulosas.

Coloco a palavra à disposição.

O SR. EDMUNDO FERNANDES DA SILVA – Cumprimento o presidente desta comissão, deputado Adroaldo Loureiro, que tem como bandeira a resolução desse impasse entre o governo federal e o governo do Estado no que diz respeito aos créditos da CEEE.

Cumprimento também o meu colega da companhia à época, Gerson Carrion, que foi àquela sala de reuniões da diretoria quando tomamos a decisão corajosa de entrar na Justiça contra a União, devido a créditos de CRC. Vejam bem que, naquela ocasião, o megawatt não chegava a 34 dólares; hoje, o valor é quase cinco vezes maior. Assim, podem verificar bem o que a nossa querida Companhia Estadual de Energia Elétrica, que eu gostaria que continuasse a ser a mesma daquela época. Se conseguimos, naquela época, resolver os problemas da CEEE, ela poderia ter sido mantida íntegra, sem ter parte privatizada. Aposentei-me pela CEEE, não escondo isso. Sou um profissional, e não um político, e de muita transparência.

Quando fiquei sabendo que iriam privatizar a CEEE, e como já tinha 33 anos e meio de serviço, me aposentei, fui embora para casa, embora continue trabalhando até hoje.

26

Page 27: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Quero comentar a todos os senhores, aos meus colegas da CEEE, pelo labor que sempre têm imprimido vestindo aquele macacão e aquele capacete branco, azul ou amarelo, que a companhia é um orgulho para o Estado do Rio Grande do Sul. Quando tomamos aquela decisão de entrarmos na Justiça contra o governo federal, sabíamos a que tínhamos direito, pois algumas empresas do setor elétrico já tiveram seu caso resolvido.

No entanto, mais uma vez, a ponta deste Brasil... E somos brasileiros por opção, já que hoje poderíamos estar anexados à Argentina ou ao Uruguai não fosse a Revolução Farroupilha. Hoje, eu represento o Estado do Rio Grande do Sul no Comitê Binacional nas ações tanto da Argentina como do Uruguai. Sempre digo a eles que os gaúchos são brasileiros por opção, e temos lutado, com a nossa bandeira farroupilha, para que consigamos as nossas vitórias.

Lembro-me bem que, em dezembro, numa reunião da comissão comandada pelo deputado Frederico Antunes, foi decidido que o deputado Vieira da Cunha, que estava assumindo uma cadeira no governo federal, seria o nosso representante lá. Aproveito para informar que tenho conversado seguidamente com o deputado Vieira da Cunha. Na semana passada, recebemos a visita do coordenador da bancada federal, deputado Mendes Ribeiro Filho, na nossa secretaria, quando abordamos este assunto.

Este é um assunto jurídico, mas a solução dele passa por uma decisão política, deputados Adroaldo Loureiro e Adão Villaverde, nosso amigo, colega e engenheiro. É decisão política, até porque o governo que hoje está sob o comando federal teve aqui também uma decisão estadual pelo então secretário da Fazenda, cobrando esses débitos. Hoje, ele lá tem a caneta, é secretário do Tesouro, tem a sua força política.

Temos de fazer, meu amigo deputado, todas as frentes possíveis para que isso se solucione. A CEEE precisa dessa decisão hoje. Pegamos essa gestão, na qual está meu amigo Caio, com déficit de 65 milhões de reais. Hoje está zerado. Digo isso porque também estou representando o Conselho de Administração da CEEE, que, em última análise, aprova ou desaprova as suas decisões em diretoria. Hoje, repito, esse déficit está zerado.

Precisamos investir mais, deputado. A CEEE precisa investir em geração. Hoje, estamos coordenando pela secretaria o programa gaúcho de PC

27

Page 28: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

a gás e também o programa gaúcho do carvão. Repito: a CEEE precisa investir em geração.

Foi uma decisão muito difícil nossa lá, amigo Caio, para continuarmos como acionista, o Estado, a CEEE, da usina Foz do Chapecó, em Santa Catarina. Ela passou de 20%, foi baixando, baixando, baixando, e hoje estamos numa participação de 6%. A CEEE precisa ser fortalecida com seus investimentos em geração e transmissão. Ela precisa disso, e esse dinheiro é dela, é nosso e do Estado.

A Secretaria de Estado de Infra-Estrutura e Logística está aqui, irmanada com a Assembléia Legislativa, buscando solução junto à bancada federal e ao governo federal. Há duas semanas, por ocasião das festividades de um ano da Ventos do Sul, do parque eólico, estivemos com a ministra Dilma Rousseff e com o ministro Nelson Hubner, quando também foi tocado esse assunto.

Deputado Adão Villaverde, esse assunto tem de ser resolvido, muito mais no âmbito político do que no âmbito da Justiça. Se a Justiça Federal tiver uma sinalização política, tenho certeza absoluta de que o processo será liberado.

Então, faço esse pedido. O deputado é nosso parceiro, é nosso amigo lá da secretaria. É muito importante, como disse o deputado Adroaldo Loureiro, essa agenda com a nossa ministra Dilma Rousseff amanhã. Ela sabe disso, ela também tem sido parceira. Tem de haver uma conjugação de esforços. Que alguém lá com uma canetinha, não precisa ser uma Mont Blanc, pode ser uma Bic mesmo, dê um jamegãozinho e, tenho certeza, isso vai adiante.

Vamos continuar a nossa luta. Obrigado pela atenção de todos.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Obrigado, Edmundo Fernandes.

Está com a palavra o companheiro Caio Tibério da Rocha, diretor da nossa CEEE, que representa a companhia nesta reunião.

28

Page 29: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

O SR. CAIO TIBÉRIO DA ROCHA – Primeiro, cumprimento o coordenador desta comissão, deputado Adroaldo Loureiro. Ao saudá-lo, reporto-me a todos os deputados e ao nosso Parlamento, que se mostra zeloso com essa questão, que não é apenas da companhia de todos os gaúchos – os donos da CEEE somos nós, cidadãos do Rio Grande.

Trago também meu cumprimento ao deputado Adão Villaverde, que está sempre presente nas questões importantes do nosso Estado. Convivo com o parlamentar não apenas neste mandato, já convivi em outro, e sei que faz a correção. Aquilo que está ao alcance do seu trabalho, do seu partido, ele tem feito para ajudar o nosso Rio Grande. Então, receba o nosso abraço.

Minha palavra é em nome da nossa diretoria.

Antes, quero fazer referência a algumas entidades representativas que estão aqui, demonstrando seu interesse, a importância desse assunto não só para a companhia – como já foi dito aqui – mas também para todo o Rio Grande.

Refiro a presença do Cláudio Canalis; do presidente dos nossos aposentados, Evanir Freitas; do representante da Uniproceee, Júlio Laux; da nossa colega Beatriz Carlesso; do diretor do Senge-RS, Fermin Camison; do representante da Secretaria da Fazenda, Carlos Eduardo Provenzano, um dos grandes interessados nesse processo; e do secretário adjunto de Infra-Estrutura e Logística, Edmundo Fernandes da Silva, que com o Gerson Carrion iniciou esse processo.

Tenho conhecimento profundo dessa questão. O que dizer, a não ser, em nome da companhia, agradecer e me solidarizar aos esforços que faz o Parlamento do nosso Rio Grande em defesa, em sintonia, com ações do próprio governo do Estado. A companhia tem acompanhado a situação pari passu, mesmo antes do parecer do ministro Sepúlveda Pertence, que se aposentou. O processo agora está nas mãos do ministro Menezes Direito. Esperamos que o voto de S. Exa. seja favorável. Segundo o advogado, o ministro gostaria de votar ainda neste ano. Embora consideremos um pouco difícil, há uma esperança grande.

Como todos sabem, são créditos a compensar de dívidas junto à União e à Eletrobrás. Em 2006, foi feita a legislação da desverticalização e houve uma cisão, por determinação federal, da distribuição, da geração e da

29

Page 30: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

transmissão. A própria lei nº 12.593, de 2006, autoriza a CEEE, após compensar seus débitos junto à União, a repassar o restante ao Estado para que este possa compensar os seus créditos.

Esses números são importantes para uma companhia que neste ano de 2007 destinou 320 milhões de reais para investimentos. Em 2008, estamos em fase de conclusão, serão investidos aproximadamente 400 milhões de reais pela CEEE na distribuição, geração, transmissão e custeio, porque uma companhia de energia só cresce, moderniza-se e melhora a tarifa se investir. Caso contrário, fica sucateada e os custos também passam a aumentar.

Sugiro que esta comissão de deputados que está aí consiga uma audiência, porque que o problema técnico está encaminhado. Agora, necessitamos de uma ação política mais fortalecida e em sintonia. Se fosse possível, que esta comissão de deputados realize uma audiência com a ministra Dilma Rousseff, num primeiro momento, e também, se for o caso, marque essa mesma audiência novamente em Brasília, porque certamente a ministra fará alguma manifestação nesse sentido, de prazo e eventual acerto junto ao governo.

Portanto, que se fizesse isso lá em Brasília, pelo reflexo e pela representação, demonstrando que os cinco deputados que representam a comissão, na verdade, não são cinco, são 55. E os 55 não são 55, é a comunidade do Rio Grande do Sul que reivindica os seus direitos. Isso não representa mais o gaúcho de lança e de espada – essa época já passou –, mas um gaúcho do diálogo, da articulação, da justiça e do bem comum.

Deputado Adroaldo Loureiro, deixo a sugestão da nossa diretoria no sentido desse encaminhamento e aproveito a oportunidade para, mais uma vez, saudar a ação de todos os deputados que compõem essa comissão, em nome também de todo o corpo técnico da nossa casa. Só temos que elogiar essa ação e colocarmo-nos à disposição para o auxílio desse encaminhamento. Muito obrigado.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Quero registar que esta comissão foi formada com a assinatura de 53 parlamentares desta Casa. Certamente, os outros dois não assinaram por motivos de agenda de compromissos.

30

Page 31: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Além da minha pessoa e o sempre atuante deputado Adão Villaverde, formam a comissão os deputados Alberto Oliveira, Jerônimo Goergen e Iradir Pietroski. São cinco deputados que compõem esta Comissão de Representação Externa.

Antes de conceder a palavra ao próximo convidado, registro a presença da Associação do Técnicos da CEEE Técnicos da CEEE, que se faz representar pelos Srs. Waldecy Barnichi de Ávila e do Aramis. Muito obrigado pela presença.

Esta reunião tem o objetivo de aqui trocarmos algumas idéias, recolhermos sugestões e darmos seqüência e conseqüência a essa atividade que estamos desenvolvendo e que, conforme já foi dito, requer uma concertação de todos nós, de todas as forças políticas e de toda ordem para que consigamos efetivamente empurrar essa parte final da ação e obtermos a definição do ministro, que é quem está com a caneta na mão para decidir. Vamos ver o que podemos fazer. Creio que todos aqui têm razão em afirmar que a condução tem que ser, nessa hora, política, numa demonstração de força política e de união do nosso Estado, que é o que estamos querendo compor hoje aqui com todos os senhores.

A palavra está à disposição de quem dela quiser fazer uso. (pausa) Concedo a palavra a Cláudio Canalis, presidente do Senergisul.

O SR. CLÁUDIO CANALIS – Cumprimento o deputado Adroaldo Loureiro, o deputado Adão Villaverde, meu colega e amigo Edmundo Fernandes da Silva, da secretaria, o diretor Cáio Tibério da Rocha, o Dr. Carlos Eduardo Provenzano, os demais componentes da mesa, os colegas, companheiros dos demais sindicatos e associações aqui presentes.

Em nome do Senergisul, em nome do presidente Antonio Barbedo, ex deputado desta Casa, que tinha outro compromisso, direi palavras breves. Evanir Júlio de Freitas e eu somos ex-autárquicos, extranumerários. Somos parte de cerca de 1.800 ex-autárquicos que ainda estão vinculados à CEEE. Em determinada época, os ex-autárquicos, na sua maioria aposentados – hoje todos aposentados –, foram chamados por um diretor de peso morto. Ele alegou que mamávamos na folha de pagamento da CEEE. Foi uma colocação absurda na época, porque foram os ex-autárquicos que construíram essas empresas, às quais, depois, os celetistas deram continuidade, e hoje constróem essa nossa gloriosa CEEE.

31

Page 32: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Graças aos ex-autárquicos é que hoje temos cerca de 4 bilhões de reais em a haver para a nossa companhia.

Por que eu falo em 4 bilhões de reais da companhia, hoje grupo CEEE? Porque ao nosso sindicato, que faz acordos coletivos por mais de 20 anos, em certos acordos foi-nos jogado na mesa de negociação que não poderiam ser concedidas determinadas vantagens, porque o salário dos ex-autárquicos não entrava na tarifa, logo a CEEE não tinha caixa suficiente para pagar alguns direitos e vantagens dos extranumerários e posteriormente dos celetistas.

A diretoria, na época presidida pelo deputado Vieira da Cunha; o Edmundo, diretor; o Gerson Carrion, diretor; e os demais diretores entraram na Justiça, e hoje esses valores estão praticamente ganhos.

Eu dizia que os ex-autárquicos, na época, foram prejudicados e hoje, com todo o respeito ao Estado, quero dizer que esses 4 bilhões de reais pertencem à CEEE. Foi falado aqui que dois bilhões de reais seriam destinados ao Estado e dois bilhões de reais seriam destinados à CEEE, mas nós temos o dever e a obrigação de dizer, como representante do sindicato, que todo esse dinheiro deveria ser destinado à CEEE.

Na época, a CEEE honrou esse compromisso nas folhas de pagamento dos ex-autárquicos e dos demais servidores com dinheiro de caixa, isto é, deixou de fazer determinados investimentos, mas o dinheiro de caixa foi muito bem administrado por diretores e ex-diretores, no entanto é preciso registrar que esses recursos que virão pertencem à CEEE.

É claro que o Estado está envolvido, uma vez que a empresa faz parte da administração estadual, e essa idéia de dois bilhões de reais para lá e dois bilhões de reais para cá já está-se criando.

Em parte concordamos com isso, mas é necessário que fique registrado que deve haver compensações, pois os empregados tiveram prejuízos no passado, e esse passa a ser o momento, quando esses recursos chegarem que, se não vamos pegá-los na totalidade, pelo menos esperamos que o Estado também dê o sinal verde no momento das nossas negociações e reivindicações.

32

Page 33: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Na verdade, a totalidade desse dinheiro pertence à CEEE, e os empregados, mesmo ganhando menos, honraram o seu serviço, redobrando a sua força de trabalho que foi o que manteve a empresa de pé. Da mesma forma, os profissionais que estão trabalhando na ativa da CEEE continuam honrando o seu trabalho.

Meus cumprimentos para esta comissão, conte sempre com o Senergisul, concordo com o Edmundo quando diz que agora a decisão é política. Muito obrigado.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro– PDT ) – Obrigado, Cláudio Canalis.

Com a palavra Fermin Luís Perez Camison.

O SR. FERMIN LUÍS PEREZ CAMISON – Bom-dia a todos. Congratulo-me mais uma vez com o deputado Adroaldo Loureiro que retoma o trabalho desta comissão e que muito tem feito em prol desta causa. O resultado do trabalho desta comissão trará um serviço inestimável para o Estado. Cumprimento o deputado Adão Villaverde; o nosso colega Edmundo Fernandes da Silva, na secretaria; o colega Caio Rocha, diretor da CEEE e os demais colegas companheiros de associações e de entidades sindicais.

Somo-me às palavras do Canalis e digo que o corpo técnico da CEEE, ao longo de inúmeras gestões, sempre orientou tecnicamente as direções da Companhia Estadual de Energia Elétrica, durante diversos governos, para que tomassem uma decisão de entrar com uma ação dessa natureza e compensar prejuízos. Isso porque já era insuportável, internamente, essa questão de colocar dentro da empresa, pelas diversas gestões, diversos governos, o peso morto dos ex-autárquicos, o que era uma injustiça muito grande realizada, e essa era uma maneira de subtrair recursos dos trabalhadores da Companhia Estadual de Energia Elétrica.

O grande mérito foi do governo Collares, e ainda do Dr. Airton Dipp na gestão da Secretaria de Minas e Energia, e aqui estão presentes dois diretores que fizeram parte daquela administração que tomou a decisão política de enfrentar o governo, enfrentar essa questão e ter esse desdobramento de resultado.

33

Page 34: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Para nossa satisfação – nós empregados da empresa – e para a sociedade do Rio Grande do Sul, enfim para toda a comunidade gaúcha, o que era considerado sistematicamente um peso morto dentro da empresa passou a ser a salvação do Estado, não somente da CEEE.

O caráter, o resultado dessa ação, hoje, é vendido na sociedade pela própria governadora do Estado como a salvação do Estado do Rio Grande do Sul.

O que o Canalis fala tem que ser considerado, sim. Será uma briga permanente do sindicato dentro da CEEE, no sentido de que esses recursos tenham a devida compensação aos seus trabalhadores, à parcela dos que

contribuíram muito pesadamente com subtração de salários e vantagens ao longo desse período.

Por outro lado, o Sindicato dos Engenheiros e as demais entidades colocam-se à disposição, neste momento em que a pressão é política – e tem de ser feita dessa forma –, dentro das nossas possibilidades, queremos somar todos os esforços que forem definidos, todas as estratégias organizadas sob o ponto de vista do Poder Legislativo, especialmente desta comissão, e se tivermos de ir a Brasília, seja lá o que for, faremos adequadamente para dar mais um passo neste ação, visando a que esse dinheiro chegue ao Rio Grande do Sul. Era isso. Muito obrigado.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Concedo a palavra à Sra. Beatriz Carlesso.

A SRA. BEATRIZ CARLESSO – Bom-dia a todos.

Saúdo especialmente o deputado Adroaldo Loureiro pela retomada da comissão, os demais parlamentares participantes desta comissão, e os demais integrantes da Mesa.

Deixo claro que, para a Uniproceee, são muito importantes todas essas iniciativas na busca desses recursos de fundamental importância para CEEE e que também poderão contribuir com o governo do Estado. As dificuldades da CEEE são conhecidas. O diretor Caio Tibério Dornelles da Rocha tem enfrentado muitas dificuldades no decorrer deste ano.

34

Page 35: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

A questão do CRC, além do caráter técnico que forneceu a vitória para a CEEE, de certa forma, resgata uma questão de justiça em relação a todos os problemas que a CEEE enfrentou no decorrer dos últimos anos.

O colega Edmundo citou muito bem todas as dificuldades oriundas do processo de privatização. Este processo foi extremamente danoso no sentido de que a CEEE ficou com 88% do passivo, e somente com 53% da receita. Mesmo assim ela sobreviveu, superou-se e vem atendendo ao povo gaúcho. Sem dúvida, poderia atender melhor, se não tivesse ocorrido todo esse processo. Através desta questão dos ex-autárquicos, resgatando a justiça da proposta, também resgata uma justiça em relação a CEEE e a outras estatais.

Na década de 90, houve uma campanha de desmoralização das estatais, certamente nos prejudicou muito, e também aos serviços públicos neste Estado e neste País.

Pesquisas recentes que temos analisado revelam – e há uma pesquisa recente do jornal Estado de S.Paulo – que hoje 62% dos brasileiros são contra a privatização dos serviços públicos. Isso certamente não é por acaso. Apesar de muitos segmentos da mídia eventualmente defenderem a privatização, serem contrários às empresas estatais, na realidade, a população já percebeu que houve todo um conjunto de promessas em relação à privatização que não se concretizou. Na verdade, os serviços não melhoraram, muito menos as tarifas baixaram, e isso está revelado nas pesquisas de hoje.

Uma pesquisa realizada pela Ulbra, em nosso Estado, no início do ano, também demonstrou que 85% da população era contra a privatização da CEEE, mesmo com todas as campanhas públicas realizadas contra a companhia, deteriorando a sua imagem e a dos eletricitários, tendo havido tempos em que os eletricitários eram quase agredidos na rua, no cumprimento do seu trabalho. Apesar disso, hoje, a população gaúcha reconhece a importância da CEEE, e certamente reconhece a qualidade dos serviços.

Ressalto que, sem dúvida, o resultado dessa ação é, acima de tudo, uma questão de justiça em relação à CEEE. Queremos, então, elogiar os esforços, colocarmo-nos à disposição para ajudar no que for possível nos próximos procedimentos e desejar também muito sucesso à comissão, que possa contribuir para se chegar nos resultados esperados. Muito obrigado.

35

Page 36: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Muito obrigado. Desejar sucesso para todos nós e para o Estado, não é mesmo?

O Estado poderá apropriar-se de dois bilhões de reais da CEEE, que talvez venha a compensar isso com o governo federal.

Está sendo decantada agora, e saudada em prosa e verso, a possibilidade de o Estado receber um empréstimo do BID de um bilhão de dólares, que é menos do que esses possíveis dois bilhões de reais. Então vejam a grandiosidade do objeto da reunião que estamos tendo hoje aqui.

Com a palavra o Senhor João Abelardo Brito.

O SR. JOÃO ABELARDO BRITO – Bom-dia a todos, ao deputado Adroaldo Loureiro; ao diretor Edmundo Fernandes da Silva, na época em que fui gerente em São Leopoldo; ao atual diretor Caio Tibério da Rocha; ao representante da Secretaria da Fazenda, Sr. Carlos Eduardo Provenzano; e aos demais colegas.

Não vou repetir o que os colegas já disseram aqui, mas o Sindicato dos Técnicos Industriais, juntamente com as demais entidades, mostraram, no trabalho de verticalização da empresa, que estávamos sempre dispostos e unidos para defendermos a nossa empresa, a nossa CEEE. Acredito que me pronuncio por todos aqui, pois todos os que se manifestaram até agora se colocaram favoráveis a auxiliar nos encaminhamentos. Estamos dispostos, assim como o Sr. Fermin Luis Perez Camison se pronunciou de forma favorável em nome do Sindicato dos Engenheiros, nós, do Sindicato dos Técnicos também nos propomos, se for necessário, a ir até Brasília, com uma representação das entidades, acompanhando os deputados e a direção da empresa. Estamos à disposição para isso, e penso até em conversar com o ministro que é relator.

Relembrando o meu sindicato, na época era o primeiro acordo com a empresa, quando era presidente o hoje deputado federal Vieira da Cunha, e S. Exa. assinou nosso acordo. Por decisão do TRT daqui foi negado o acordo, e a matéria caiu em um ministro no Ministério do Trabalho. Fomos lá com o nosso advogado e conversamos com ele, antes de ele fazer o relato, e conseguimos convencê-lo que nossa entidade também era representativa. Então, creio que quanto mais pessoas conversarem com o Sr. Ministro, será muito mais interessante para ganharmos a causa.

36

Page 37: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

E nós, do Sindicato dos Técnicos, colocamo-nos à disposição para irmos a Brasília com as demais entidades, pois precisamo-nos somar junto com a empresa e com os deputados. Acrescentaria que também a nossa bancada federal, deputados e senadores, que sempre se reúne em Brasília, deveria ir junto conosco para falarmos com o ministro.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Muito obrigado.

Passo a palavra ao Sr. João Alberto Araújo Fernandes, do Sindicato dos Administradores.

O SR. JOÃO ALBERTO ARAÚJO FERNANDES – Em primeiro lugar, gostaria de saudar o deputado Adroaldo Loureiro, cumprimentá-lo pela terceira fase desta comissão de representação externa, e de dizer que temos a convicção de que esse processo andou nos últimos tempos pela mobilização, entre outros fatores, desta comissão e de todas as entidades que se mostraram dispostas a apoiar essa luta.

Para não me alongar muito, pois as posições já foram expressas pela maioria dos membros da mesa e por representantes das outras entidades, registro que tenho a certeza de que esse assunto vai ser resolvido e só poderá ter solução, politicamente. Muitos de nós, às vezes, temos a ilusão de que alguns casos que se resolvem nos tribunais superiores, e principalmente no STF e no STJ, são decisões jurídicas. Todavia nem sempre o são.

Temos a lembrança da Reforma da Previdência, para a qual, no próprio STF, ministros votaram contrariamente a pareceres que eles mesmo havia exarado enquanto advogados. Posteriormente, no momento de julgarem, em vez de seguirem os pareceres para os quais haviam sido, inclusive, regiamente pagos, mudaram. Então a decisão é política, e os mesmos juízes, principalmente nos tribunais em Brasília, tomam decisões políticas, e se não houver pressão política, a coisa não andará e não chegará a bom termo.

Reforçando a questão política, gostaria de lembrar que nos governos anteriores, quanto à questão do ressarcimento das verbas, esse direito foi reivindicado.

37

Page 38: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

No governo Olívio Dutra, o então Secretário da Fazenda, Sr. Arno Augustin, pleiteou, junto ao governo Fernando Henrique Cardoso, uma série de verbas a que o Estado tinha direito líquido e certo. Ele pleiteava naquela época, todavia agora, que ele tem a chave do cofre, diz que não tem condições.

A nossa governadora já havia desistido dessas verbas, mas resolveu retomar o diálogo diante do surgimento de uma firme posição política, e parece que começa a existir uma certa boa vontade, pelo menos houve uma demonstração disso.

O Sindicato dos Administradores tem muita satisfação em estar aqui presente desde a primeira comissão de representação externa para tratar sobre a ação judicial interposta pela CEEE contra a União e também pelo fato de o nosso colega Gerson Carrion ter sido o diretor na época em que a decisão de entrar com essa ação foi tomada.

Quero expressar a minha satisfação por ver os representantes do governo do Estado neste encontro, como o engenheiro Edmundo Fernandes da Silva, expressando a necessidade de fortalecimento da CEEE como um patrimônio do nosso Estado.

É com muita satisfação que ouço um representante do governo do Estado dizer que a CEEE precisa ser fortalecida e mais valorizada do que já é e que merece ser.

Por último, eu gostaria de colocar o Sindicato dos Administradores à disposição para todas as ações que se fizerem necessárias. Seremos parceiros de todas as entidades aqui presentes. Muito obrigado.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Obrigado. Passo a palavra ao Sr. Evanir Júlio de Freitas.

O SR. EVANIR JÚLIO DE FREITAS – Em nome da AAPERGS saúdo o deputado Adroaldo Loureiro, e em o fazendo saúdo os demais integrantes da mesa.

Nossa saudação especial aos demais amigos, colegas e companheiros aqui presentes representando entidades de classe da nossa categoria.

38

Page 39: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Não poderia deixar passar a oportunidade de confirmar aqui aquilo que acontece ao longo dos nossos últimos tempos: dizem que somos peso morto, mas nós nunca desistimos. Não será agora que vamos cair fora desse barco. Estamos à disposição para o que der e vier.

Também não serei repetitivo, mas é claro que fazemos coro com todas as manifestações dos que me antecederam. Tenho a obrigação de agradecer às manifestações carinhosas, respeitosas dos mais novos com os ex-autárquicos. Isso é importante para nós. Como já havia dito, já estivemos mortos, agora estamos ressuscitando.

Mas quero aproveitar a oportunidade, na realidade, para resgatar, aqui, um ato, um momento que foi muito valioso para nós enquanto entidade – falo pela minha, e garanto que os outros também pensam assim – que diz respeito à seriedade e ao compromisso com que esta comissão de representação externa tem se empenhado nesse nosso pleito.

Saúdo a atitude do parlamentar. Um fato muito importante para a nossa entidade, pois foi a primeira vez que um parlamentar esteve nos visitando para nos dar ciência e para nos entregar o relatório de todo o trabalho executado depois da criação desta comissão. Juntamente com todas essas manifestações, todo nosso apoio, nossa solidariedade. Deixo explícito para todos o nosso agradecimento enquanto entidade representativa, e creio que de todas as outras entidades. Nesse sentido agradecemos por esse compromisso, por essa parceria que certamente terá bons frutos, como foi o nosso trabalho durante todo o processo da desverticalização da nossa CEEE. Muito obrigado.

O SR. COORDENAÇÃO (Adroaldo Loureiro – PDT) – Muito obrigado, Sr. Evanir.

O SR. ROBERTO DIAS – Estou representando o Paulo, da Associação dos Engenheiros da CEEE.

Saúdo a reinstalação da comissão. Desejo ressaltar alguns pontos: estão dizendo que esses recursos serão uma salvação para o Estado. Não deixemos de nos preocupar em salvar a CEEE também.

39

Page 40: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Colocando a situação atual, o diretor financeiro Caio está presente, lembrando os números da distribuição, que mais eu tenho na mente, a tarifa nos paga em torno de 150 milhões por ano de remuneração.

A CEEE, atuando corretamente, pagaria isso. Se considerarmos esse item, ex-autárquicos e outros que não são reconhecidos na tarifa, hoje, supera 150 milhões. Isso mostra uma inequação em relação à saúde financeira da CEEE.

Nós, funcionários, queremos uma empresa saudável, boa para trabalhar, que possa cumprir o papel a que se propõe na sociedade. Ela deve se preocupar com isso.

Esse recurso pode salvar o Estado e deve salvar a CEEE também. Já confiando na habilidade política, e que a gente vá conseguir ter sucesso no recebimento desses recursos, eles terão que servir como uma solução estrutural para a empresa, porque o rombo continua aumentando. Isso fica claro para nós.

Para termos uma perspectiva de continuidade na empresa, seria bastante importante que esse recurso fosse utilizado numa solução estrutural, porque o rombo continua.

Certamente a Associação dos Engenheiros tem o maior interesse nesse assunto e poderá também acompanhar os encaminhamentos. Muito obrigado.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Muito bem, Roberto, muito bem colocado.

O Sr. Carlos Eduardo Provenzano, representante da Secretaria da Fazenda, que é quem está se preparando para ajudar a trazer o dinheiro e bem utilizá-lo.

O SR. CARLOS EDUARDO PROVENZANO – Primeiro, que ele venha, não é.

Bom-dia a todos. Saúdo o deputado Adroaldo Loureiro pela liderança nessa missão tão importante para a CEEE e para o Estado.

40

Page 41: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Estou aqui substituindo o secretário Ricardo Engler. Inteirei-me desses assuntos recentemente, de ontem para hoje, rapidamente, mas gostaria de deixar um recado que é do secretário, no sentido de que a Secretaria da Fazenda está engajada neste processo e apoiará as iniciativas que se fizerem necessárias para o sucesso do pleito, cujo significado tem muita importância para a companhia e para o Estado. Era esse o registro que queria fazer.

A Secretaria da Fazenda está à disposição dos senhores.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Muito bom, Sr. Provenzano.

Senhoras e senhores, acredito que poderemos encerrar o nosso trabalho. Já houve um bom encaminhamento da matéria nesta reunião.

Gostaria de poder contar sempre com as entidades.

A nossa comissão de representação externa é formada por cinco deputados, mas queremos que todos os senhores, informalmente, também façam parte desta nossa comissão, assessorando-nos e dela participando.

Peço aos senhores que, se possível, fiquem disponíveis, caso viermos a precisar de ajuda. Convocaremos, através do Sr. Gerson Carrion, para alguma audiência que vier a ocorrer. Não sabemos como será a agenda da ministra Dilma Roussef que visitará o Estado amanhã. Não sei se poderemos conversar com S. Exa. O deputado Adão Villaverde tem sido o nosso interlocutor, mas deve estar ocupado neste momento. Quando o deputado der o retorno, comprometo-me, por intermédio do Sr. Gerson, de repassar as informações para os senhores e de convocá-los, se necessário, para alguma outra atividade. Serão avisadas todas as entidades, as Secretarias da Fazenda e de Infra-Estrutura e obviamente a CEEE, através do Sr. Caio Tibério da Rocha.

Gostaria que trabalhássemos juntos com o mesmo objetivo, porque o importante é, realmente, conseguirmos os recursos para investir na CEEE, conforme falou o Sr. Roberto. Acredito que se possa realizar isso: recuperar e capitalizar a nossa empresa, que é tão importante, e permitir com que o Estado utilize uma boa parte desses créditos para seu desenvolvimento.

41

Page 42: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Apresentarei uma sugestão, já referida pelo Dr. Luís Renato – e repito-a agora, repassando-a ao Sr. Edmundo e ao Sr. Caio – no sentido de que seja contratado o parecer de um jurista de notório saber a respeito desta ação, porque com tal parecer chegaríamos à presença do ministro com um documento na mão, além da pressão política dos nossos senadores e deputados federais.

Enfim, nós, aqui do Estado, teríamos um elemento concreto na mão, que seria o parecer, para a audiência com o Sr. Ministro.

O companheiro João Alberto Araújo Fernandes disse algo muito importante, que essas decisões, principalmente do STF, o Supremo Tribunal Federal, são muito mais políticas do que técnicas. Se conseguirmos ter essa sensibilização política, com parecer, que dê segurança para o ministro – segurança política e jurídica –, creio que não haverá erro.

É uma sugestão que deixo, fica para os senhores darem o encaminhamento.

E no mais, é aquilo que falei anteriormente, vamos tentar audiência com a ministra, vamos tentar audiência com o próprio ministro, em Brasília, vamos buscar o mais rapidamente possível fazer essa interlocução, e assim que conseguirmos alguma novidade, daremos ciência a todos os senhores.

Há alguma outra sugestão de encaminhamento?

Se não, concluímos assim os nossos trabalhos, agradecendo pela presença de todos os senhores. Fiquemos todos nós em estado de alerta e atentos a qualquer novidade que possamos receber no sentido do bom encaminhamento desse nosso objetivo.

Muito obrigado a todos. Está encerrada a reunião.

VIII - Conclusões:

Face ao exposto, a Comissão de Representação Externa por fatores alheios à sua competência institucional, atingiu parcialmente os seus objetivos de acompanhar o andamento da ação judicial interposta pela Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE - contra a União, tendo em

42

Page 43: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

vista as dificuldades de agendamento das audiências públicas e reuniões interativas previstas no seu cronograma de trabalho.

Cabe ressaltar, que o prazo regimental de 30 dias para funcionamento de uma Comissão dessa magnitude e complexidade é extremamente exíguo para o consecução plena dos objetivos e finalidades da Comissão.

Todavia, entendemos que a Comissão cumpriu o seu papel de representação institucional do Poder Legislativo, objetivando sistematizar o seu auxílio ao Poder Executivo e a CEEE nesta significativa demanda judicial. As dificuldades do prazo exíguo, foram superadas focando os trabalhos na realização de uma única audiências pública extremamente representativa e qualificada, ouvindo a maioria dos agentes diretamente envolvidos no processo, bem como, no acompanhamento permanente da atual fase processual da ação no Supremo Tribunal Federal.

O resultado deste trabalho está expresso no conteúdo do presente relatório de atividades da Comissão, onde identifica-se a importância da participação do legislativo como apoiador e auxiliar nas ações de articulação política na missão de convencimento do Supremo Tribunal Federal na defesa dos legítimos e justos direitos da CEEE. Além do que, institucionalmente coloca-se como contumaz colaborador das medidas necessárias e possíveis de agilização da decisão final do Poder Judiciário favorável à nossa CEEE.

Destacamos a participação efetiva do Governo do Estado através das Secretarias de Infra Estrutura e Logística e da Fazenda, Direção do Grupo CEEE e de todas as entidades representativas dos empregados ativos e inativos da CEEE, e também a cobertura da imprensa ( Anexo VII– Notícias da Imprensa ).

É importante sublinhar as informações prestadas pelo patrono da ação Dr. Luís Renato Ferreira da Silva, quando da consulta oficial da Comissão sobre o andamento do processo, registrou que esteve em audiência com o novo Ministro-Relator Menezes Direito no início do mês de dezembro, colhendo a informação de que o mesmo daria prioridade no julgamento.

Entretanto, manifestou a sua opinião de que dificilmente ocorreria pauta na Turma neste ano, considerando-se que o recesso da justiça inicia-se no dia 20 de dezembro de 2007.

43

Page 44: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Diante de tal circunstância, há um indicativo de que a matéria será apreciada pelo Ministro-Relator, findo o recesso em 01 de fevereiro de 2008, quando o processo estará em condições de ser julgado ( Anexo III – Carta Consulta ao Procurador da Ação ).

Dada as informações prestadas pelo Dr. Luís Renato, foi deliberado na audiência pública de 13/12/07 acolher proposta do Coordenador da Comissão deputado Adroaldo Loureiro de reiterar a recomendação do Relatório de Atividades da Comissão Representação Externa – CEEE – Fase II, de a direção do Grupo CEEE analisar a viabilidade de contratar um parecer de jurista de notório saber, tais como ex-Ministros do STJ e STF, especificamente sobre o agravo interposto pela União.

Outro aspecto relevante que merece registro, foi o empenho dos membros da Comissão em conseguir uma reunião com a Ministra Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff em visita oficial ao Estado, em 14/12/07, num prazo extremamente exíguo. O resultado foi significativo para os trabalhos da Comissão, sendo que na oportunidade o seu Coordenador deputado Adroaldo Loureiro efetivou a entrega de um ofício a ministra solicitando o seu apoio na agilização da conclusão definitiva do processo. ( Anexo IV – Ofício da Comissão à Ministra Chefe da Casa Civil )

Conclui-se também, a necessidade permanente de nivelar e uniformizar as informações entre todos os agentes envolvidos, buscando traduzir em ações conjuntas eficazes que agilizem e viabilizem uma sentença final vitoriosa ao Grupo CEEE.

Por tudo até aqui relatado, os membros da Comissão de Representação Externa concluem pela continuidade dos trabalhos de apoio permanente do Parlamento ao Governo do Estado nesta significativa ação judicial da CEEE contra à União, aglutinando todas as forças políticas representativas do Estado em prol de uma decisão favorável definitiva aos interesses do Rio Grande do Sul.

Tal fato certamente possibilitará a recuperação do equilíbrio econômico-financeiro do Grupo CEEE, reduzindo a sua dívida atual em aproximadamente 70%, tendo em vista as disposições da Lei Federal nº 8.631/93, modificada pela Lei Federal nº 8.724/93, que permitem as compensações dos créditos da Conta de Resultados a Compensar ( CRC ) com dívidas junto à Eletrobrás e a União. ( Anexo V – Leis )

44

Page 45: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

Além do que, pelas citadas normas legais conjugadas com a Lei Estadual nº 12.593/06 ( Anexo VI ), o artigo 7º, prevê que o Estado, como acionista majoritário, poderá adquirir da CEEE os saldos remanescentes da CRC após as compensações legais, da ordem de R$ 2,5 bilhões e utilizá-los na compensação das suas dívidas junto à União, significando um extraordinário auxílio ao governo estadual na solução e superação da grave crise atual das finanças públicas.

Finalizando, reforçamos e reiteramos na íntegra as recomendações do “ Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa – CEEE – Fase II “ de 22 de junho de 2007, a fim de que a próxima Comissão criada implemente na totalidade as propostas sugeridas.

IX – Recomendações:

Da análise dos assuntos discutidos nas reuniões, do exame da legislação pertinente e da fase processual do processo, bem como, de todos os documentos anexados ao presente relatório, a Comissão recomenda as seguintes medidas:

- definir uma estratégia conjunta de ações e atuação do Parlamento, Governo do Estado e CEEE, tendo em vista a fase atual de tramitação da ação no Supremo Tribunal Federal – STF - ;

- sincronizar as ações da Comissão com o Governo do Estado e Direção do grupo CEEE são fundamentais para o sucesso de uma decisão favorável aos interesses do Rio Grande;

- nivelar e uniformizar sistematicamente as informações entre a Comissão, Grupo CEEE e Governo do Estado ( Secretaria de Infra Estrutura e Logística e Secretaria da Fazenda );

- conduzir as ações com extrema cautela junto ao STF, em especial com o novo Ministro-Relator do processo Menezes Direito;

45

Page 46: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

- acolher a proposta do Coordenador da Comissão deputado Adroaldo Loureiro de reiterar a sugestão do Dr. Luís Renato Ferreira da Silva para direção do Grupo CEEE analisar a viabilidade de contratar um parecer de juristas de notório saber, tais como ex-Ministros do STJ e STF, especificamente sobre o agravo regimental interposto pela União;

- agendar urgentemente uma reunião da Comissão com a governadora Yeda Crusius, para o estabelecimento de estratégias conjuntas de ações futuras compatíveis com a realidade da fase atual do processo em tramitação no STF;

- requerer à Presidência a criação de uma nova Comissão de Representação Externa da CEEE, em razão de exigências regimentais, objetivando dar continuidade aos trabalhos realizados por essa Comissão e a importância do Poder Legislativo de acompanhar, participar e auxiliar o Governo do Estado na sua competência institucional até o final de todo esse processo, que visa a obtenção dos R$ 4 bilhões de créditos da CRC pela CEEE.

É o nosso relatório.

Porto Alegre, 20 de dezembro de 2007.

Deputado Adroaldo Loureiro - Coordenador

(PDT)

46

Page 47: Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)

1) Deputado Adão Villaverde

(PT)

2) Deputado Alberto Oliveira

(PMDB)

3) Deputado Iradir Pietroski

(PTB)

4) Deputado Jerônimo Goergen

(PP)

47