relatório sistema de produção de morango (corrigido)
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RELATÓRIO DE BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC/CNPq
Fortaleza – CE, Agosto de 2012
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NOME DO ESTAGIÁRIO: Valsergio Barros da Silva
ENDEREÇO: Rua Dr. Abdenago Rocha Lima, nº 420 - Apt 222, Pici – Fortaleza/CE
PROCEDÊNCIA: Universidade Federal do Ceará
ANO DE CONCLUSÃO DO CURSO: 2015
SETOR DO ESTÁGIO: Laboratório de Solo, Água e Planta.
PRODUTO: Produção de morangos no sistema semi-hidropônico na Serra da Ibiapaba/CE
SUPERVISOR: Fábio Rodrigues de Miranda
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ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................3
2 ATIVIDADES REALIZADAS...........................................................................................4
2.1 Trabalhos de campo...........................................................................................4
2.2 Trabalhos de laboratórios.................................................................................11
2.3 Viagens.............................................................................................................11
2.4 Pesquisas bibliográficas...................................................................................12
2.5 Seminários........................................................................................................12
3 CONCLUSÕES.................................................................................................................13
4 SUGESTÕES....................................................................................................................13
5 AGRADECIMENTOS......................................................................................................13
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1 INTRODUÇÃO
No Brasil, a cultura do morango desempenha um importante papel
socioeconômico. Além de estar presente em vários estados, geralmente é desenvolvida
em pequenas propriedades, com a necessidade de grande quantidade de mãodeobra em
todo o seu ciclo (GOUVEA et al., 2009).
A produtividade e a qualidade dos frutos de morango é muito
influenciada pelo fotoperíodo, temperatura, período de dormência, pragas, doenças,
condições do solo, adubação, flutuações na umidade do ar e de solo, entre outros.
Consequentemente, cultivares de morangueiro diferem muito de acordo com a sua
adaptação condição regional e ambiental, fazendo com que uma cultivar que se
desenvolve satisfatoriamente em uma região não apresente o mesmo desempenho em
outro local com condições ambientais diferentes (UENO, 2004)
O morangueiro é cultivado no solo (com/sem cobertura plástica, em
túneis baixos ou em estufas) e no sistema hidropônico (com/sem substrato). O cultivo
no solo enfrenta problemas sanitários e ergonométricos. Os primeiros referem-se à
contaminação dos solos por patógenos causadores de doenças. A desinfecção do solo
torna-se cada vez mais restritiva pelas dificuldades em substituir o brometo de metila
por outros fumigantes com eficiência similar. A questão ergonométrica evidencia-se
pela elevada frequência das colheitas rente ao solo, o que vem dificultando a
disponibilidade de mão de obra para essa cultura (GIMÉNEZ et al., 2008).
O cultivo no sistema hidropônico conduzido em substrato é conhecido
no país como semi-hidropônico. É uma técnica que consiste em plantar as mudas em
sacolas ou calha de polietileno, recheados com substrato e irrigadas com a solução
nutritiva com formulação adequada para a espécie cultivada. O substrato é o suporte
onde as plantas fixam suas raízes, o mesmo retém o líquido que disponibilizará os
nutrientes às plantas. As principais vantagens desse sistema para o produtor são;
Trabalho mais leve e mais limpo, produtividade e uniformidade da cultura, menor
espaço físico que o cultivo tradicional, utilização racional da água e de nutrientes e não
há necessidade de fazer rotação das culturas.
Atualmente a produção de morango está em expansão na Serra da
Ibiapaba-CE, e os primeiros cultivos realizados pelos produtores mostraram que a
cultura se adapta bem ao clima da região, no entanto o sistema de produção utilizados
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pelos mesmos estão enfrentando problemas relacionados à nutrição da cultura,
qualidade dos frutos e identificação das variedades mas produtivas. Visando uma
solução para esses produtores, este trabalho teve como objetivo avaliar a produção de
quatro variedades de morango em cultivo convencional (no solo) e no sistema semi-
hidropônico em substrato de fibra de coco.
2 ATIVIDADES REALIZADAS
2.1 Trabalhos de Campo
Instalações do sistema de irrigação
Para a cultura do morangueiro no sistema semi-hidropônico (sacos),
foram construidos palanques de sustentação e sobre estes palanques foram fixadas
travessas e ripas, que formaram duas bancadas, medindo, cada uma 0,20 m de largura,
22 m de comprimento e espaçadas entre si a uma distância de 0,40 m, sobre estas
bancadas foram colocados os sacos com substrato de coco e o sistema de irrigação
(Figura 1). Para o cultivo semi-hidropônico (calhas), foram construídos apenas
palanques de sustentação, medindo, 0,90 m de largura e 22 m de comprimento, sobre os
quais ficaram as calhas com o substrato de coco e o sistema de irrigação (Figura 1).
Figura 1. Instalação do cultivo semi-hidropônico (calha e saco) em bancadas.
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O tipo de irrigação utilizado no cultivo semi-hidropônico (saco e
calha) foi o sistema de irrigação por gotejamento. Sendo que esse sistema era composto
por um motor bomba, um reservatório de água (para o preparo da solução nutritiva), um
programador de irrigação (timer) e válvulas solenoides. Cada gotejador possuía uma
estaca na extremidade para auxiliar o direcionamento do fluxo da água até a região das
raízes, mantendo uma distância que variava de 3 cm a 8 cm do caule (Figura 2). Os
gotejadores eram tipo botão, com vazão de 2,0 L/h. O tempo de irrigação utilizado no
sistema era de 5 minutos por pulso. Para a cultura no morangueiro no sistema
convencional (solo), foi utilizado um sistema de irrigação por gotejamento, instalado
pelo produtor da propriedade (Figura 2).
Figura 2. Sistema de irrigação utilizado no cultivo semi-hidropônico (calha) A, semi-hidropônico (sacos)
B e cultivo convencional (solo) C.
Plantio das mudas
Em cada sistema de cultivo foi utilizado um delineamento experimental de blocos ao acaso, os tratamentos compreenderam a combinação de quatro variedades: Oso Grande, Albion, Camarosa e Festival utilizando-se cinco repetições.
No sistema semi-hidropônico (sacos), antes do plantio das mudas os
sacos de cultivos com substrato de fibra de coco foram previamente saturados. Após a
saturação foram feitos oito orifícios em cada embalagem, com espaçamento de 30 cm
entre plantas, onde foram inseridas as variedades da cultivar (Figura 3). No outro
sistema semi-hidropônico (calhas), o substrato foi saturado e depois, as mudas foram
plantadas com espaçamento de 30 cm entre plantas (Figura 4). No cultivo convencional
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(solo) as mudas foram plantadas em canteiros com 1,2 m de largura, com espaçamento
40 cm x 30 cm entre plantas. (Figura 4).
Figura 3. Abertura de orifícios para plantas e plantio das mudas de morango em saco plástico com substrato de fibra de coco.
Figura 4. Plantio das mudas de morango em calha com substrato de fibra de coco (A) e no sistema convencional (B).
Tratos culturais
Foram realizadas inspeções sistemáticas nos três sistemas de
produção, retirando-se todas as folhas doentes, folhas velhas que se depositavam ao
redor do colo da planta, pedúnculos secos de frutos já colhidos, flores não polinizadas,
brotações de ramos ladrões e frutos atacada por agentes causadores de doenças. Outros
tratos também formam realizados como; catação manual de insetos, aplicação de
fungicidas protetores e sistêmicos, cobertura do canteiro com mulch plástico branco e
arranquio manual de ervas daninhas que surgiam proxíma ao caule das plantas.
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Preparo da solução nutritiva
No Laboratório de Solo, Água e Planta foram preparadas soluções
nutritivas estoques ou concentradas (1:200) (Tabela 1) para o preparo da solução diluída
no campo.
TABELA 1. Composições das soluções concentradas para preparar 1.000 L de solução nutritiva diluída
para o cultivo do morangueiro no sistema semi-hidropônico na região da Serra da Ibiapaba- CE.
Solução Fertilizante Quantidade (g/ 5 L)
A
Fosfato Monopotássico (MKP) 220
Nitrato de potássio 313
Sulfato de Magnésio 354
Ferromix 45
B Nitrato de Cálcio 520
Obs.: Formulação adaptada de FURLANI e FERNANDES-JÚNIOR (2004).
As soluções A e B da Tabela 1, foram misturadas a 1.000 L de água
em um reservatório de 5000 L (Figura 5) e aplicadas na irrigação da cultura uma ou
duas vezes por dia, dependendo da temperatura e do estágio de desenvolvimento do
morangueiro do sistema semi-hidropônico.
A condutividade elétrica (CE) da solução nutritiva diluída para o
morangueiro ficava ao redor de 1,4- 1,5 dS e o pH variava entre 5,5 e 6,5. No sistema
convencional (solo) a adubação utilizada foi realizada pelo produtor.
Figura 5. Preparo da solução diluída para ser utilizada na irrigação do sistema semi-hidropônico.
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Sistema de recirculação
Para o aproveitamento da solução diluída aplicada no plantio semi-
hidropônico (sacos), foi instalado um sistema que coletava a solução drenada em um
tubo de PVC de 100 mm serrado ao meio, para um reservatório de 500 L (Figura 6), a
seguir a solução retornava para o tanque principal de 5000 L, e posteriormente era
reutilizada para irrigação. Para o plantio semi-hidropônico (calhas), o sistema de
recirculação era semelhante ao semi-hidropônico (sacos), sendo que a coleta da
drenagem da solução era realizada através de tubos de PVC de 40 mm (Figura 6).
Figura 5. Sistema de recirculação da solução nutritiva diluída, aplicada no plantio de morango.
Colheita das variedades
As colheitas foram realizadas entre os dias 05 e 04 de agosto/2012,
sendo que os frutos eram colhido três vezes por semanas, quando os mesmos atingiam
o estágio de maturação completa da epiderme. Em cada sistema de produção os frutos
foram colhidos, contados e pesados separadamente para posteriomente serem
comparados em relação a seu peso (Figura 6 e 8) e números de frutos por planta (Figura
7 e 9) das diferentes variedades. Devido ao atraso no plantio das mudas no solo e ao
término do estágio, não foi possivel analisar os dados de colheita do sistema
convencional.
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Oso Albion Camarosa Festival0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
29.8
17.3
11.9
45.7
Peso de frutos (g/planta)
Figura 6. Peso de frutos (g/planta) das variedades Oso, Albion, Camarosa e Festival, produzidas no
sistema semi-hidropônico (calhas ) e cultivada em substrato de coco. Periodo de colheita 05/07 até
04/08/2012. Ibiapina, CE, 2012.
Oso Albion Camarosa Festival0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
2.5
1.2 1.1
5.1
Número de frutos por planta
Figura 7. Número de frutos por planta das variedades: Oso, Albion, Camarosa e Festival, produzidas no
sistema semi-hidropônico (calhas ) e cultivada em substrato de coco. Periodo de colheita 05/07 até
04/08/2012. Ibiapina, CE, 2012.
OBS.: Durante o periodo de colheira (05/07 à 04/08) no sistema semi-hidropônico
(calhas ), a cultivar Festival apresentou o melhor desempenho produtivo, em relação ao
peso e número de frutos por plantas.
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Oso Albion Camarosa Festival0.05.0
10.015.020.025.030.035.040.045.0
22.9
12.19.0
41.6
Peso de frutos (g/planta)
Figura 6. Peso de frutos (g/planta) das variedades Oso, Albion, Camarosa e Festival, produzidas no
sistema semi-hidropônico (sacos) e cultivada em substrato de coco. Periodo de colheita 05/07 até
04/08/2012. Ibiapina, CE, 2012.
Oso Albion Camarosa Festival0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
1.8
0.9 0.9
4.5
Número de frutos por planta
Figura 7. Número de frutos por planta das variedades: Oso, Albion, Camarosa e Festival, produzidas no
sistema semi-hidropônico (sacos) e cultivada em substrato de coco. Periodo de colheita 05/07 até
04/08/2012. Ibiapina, CE, 2012.
OBS.: Durante o periodo de colheira (05/07 à 04/08) no sistema semi-hidropônico
(calhas ), a cultivar Festival apresentou o melhor desempenho produtivo, em relação ao
peso e número de frutos por plantas.
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2.2 Trabalhos de laboratórios
Laboratório de solo, água e planta
Preparo de soluções nutritivas concentradas;
Laboratório de Fitopatologia
Lavagem de vidrarias;
Esterilização de materiais;
Preparação de meios de culturas (sólido e líquido);
Isolamentos direto e indireto de fungos;
Repicagem de fungos;
Identificação de fungos;
Preparo de lâminas;
Inoculação de fungos fitopatogênicos em variedades de morango;
Participação nas atividades desenvolvidas no laboratório;
2.3 Viagens
Todas as viagens foram realizadas com destino a região da Serra da Ibiapaba-
CE, local onde o Projeto de Morango estava sendo desenvolvido (Tabela 3).
TABELA 3. Viagens realizadas para a região da Serra da Ibiapaba-CE, durante o estágio.
Datas Atividades desenvolvidas
23 e 24/02 Ajuste no sistema de irrigação
07 e 08/05 Manejos para o plantio das mudas
23 a 25/05 Plantio das Mudas no sistema semi-hidropônico
04 e 05/06 Plantio das mudas nos solo e instalação do sist. de drenagem (inicio)
22 e 23/06 Instalação do sist. de drenagem (conclusão) e do túnel de proteção
11 e 12/07 Colheita dos frutos e coleta de plantas doentes para analise
02 e 03/08 Colheita dos frutos e coleta de plantas doentes para analise
2.4 Pesquisas Bibliográficas
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GIMÉNEZ et al. Cultivo sem solo do morangueiro. Ciência Rural, v.38, n.1, jan-fev,
2008.
RADIN B. et al. 2011. Desempenho de quatro cultivares de morangueiro em duas
regiões ecoclimáticas do Rio Grande do Sul. Horticultura Brasileira 29: 287-291.
NUNES, M. U. C. Produção de mudas de hortaliças com o uso da plasticultura e do
pó de coco. Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2000. 29p. (Circular Técnica 13).
MIRANDA, F. R. de. et al. Produção de tomate em substratos de fibra de coco.
Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2011. 20p. (Circular Técnica 33).
BORTOLOZZO, A. R. et al. Produção de morangos no sistema semi-hidropônico.
Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2007. 24p. (Circular Técnica 62).
GOUVEA, A. et al. Controle de doenças foliares e de flores e qualidade póscolheita
do morangueiro tratado com Saccharomyces cerevisiae. Horticultura Brasileira,
Brasília, v. 27, n. 4, p. 527533, 2009.
UENO, Bernardo. Manejo integrado de doenças do morango. In: SIMPÓSIO
NACIONAL DO MORANGO, 2., 2004, Pelotas, Palestras.., Pelotas: Embrapa Clima
Temperado, 2004. P.70-79. (Documento 124).
2.5 Seminários
Não houve.
3 CONCLUSÕES
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O estágio foi de grande importância e enriquecimento acadêmico, já que foi
possível adquirir uma noção mais ampla sobre os sistemas de produção do morango
(semi-hidropônico e convencional) tais como; Tratos culturais, preparo de solução
nutritiva, sistema de irrigação e drenagem, doenças e plantio de mudas.
No entanto, algumas expectativas com relação ao estágio não foram alcançadas,
em vista de que o projeto continua em andamento, porém os resultados obtidos até o
presente momento são promissores, sinalizando o sucesso na identificação da cultivar
mais adaptativa a região e com os melhores desempenhos produtivos em relação aos
três sistemas de produção.
4 SUGESTÕES
Dar continuidade a pesquisa do morangueiro nas áreas de
nutrição, doença, pragas e polinização. E se possível expandir este projeto para
outros locais do Ceará, para analisar se é possível um plantio comercial.
5 AGRADECIMENTO
A EMBRAPA e a FUNARBE, pelos recursos de auxilio ao estágio.
Ao orientador Dr. Fábio Miranda, pela paciência e conhecimento científico repassado.
A todos os amigos de trabalho pelas reflexões, críticas e sugestões recebidas.
Valsergio Barros da Silva Fábio Rodrigues de MirandaBolsista Orientador