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Escola Secundária Homem Cristo 2010/2011 Trabalho pedido pela professora de Biologia e Geologia Trabalho realizado por: - André Costa Nº 4 - António Ramalho Nº 5 - Gil Domingues Nº 12 - Hugo Verde Nº 13 - Hugo Figueiredo Nº 14 Turma: 10º D

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Escola Secundária Homem Cristo

2010/2011

 

 

 

Trabalho pedido pela professora de Biologia e Geologia  

 

Trabalho realizado por:

- André Costa Nº 4 - António Ramalho Nº 5 - Gil Domingues Nº 12

- Hugo Verde Nº 13 - Hugo Figueiredo Nº 14 Turma: 10º D

No dia 3 de Fevereiro de 2011 a turma do 10º D, juntamente com as professoras Nélia Leonardo e Margarida Rocha, de Biologia e Geologia e de Matemática respectivamente, realizou uma saída de campo à Praia da Aguda.

O ponto de encontro foi na estação ferroviária de Aveiro, a partir da qual iniciámos a viagem até à Praia da Aguda no comboio das 8 horas e 20 minutos. Saímos em Granja e apanhámos um novo comboio até á Aguda. Durante a viagem trocámos impressões sobre a visita que iríamos efectuar e convivemos uns com os outros, passando a maioria da viagem a jogar às cartas. Após sairmos do comboio dirigimo-nos até à Estação Litoral da Aguda.

  Aí, deixámos as nossas mochilas, trazendo connosco apenas o essencial (bloco de notas, lanche, lápis, máquina digital, …) e fomos divididos em grupos para a actividade de campo.

Na areia, os diferentes guias explicaram-nos a existência das marés, pois sem elas não existiriam os seres vivos em estudo. Foi-nos explicado que existem dois tipos de marés, marés rotacionais (causadas pelo movimento de rotação da terra) e marés lunares (causadas

pela associação da força gravítica do Sol e da Lua). A maré alterna entre maré baixa e maré alta a cada 6 horas, devido à nossa posição geográfica (marés circadiurnas) ao contrário do que acontece nos pólos onde só existe um ciclo de marés ou no equador onde não ocorrem marés. Foi-nos explicado que durante as fases de lua nova e lua cheia, dão-se as chamadas marés vivas (marés com grande amplitude) e durante as fases de quarto crescente e quarto minguante dão-se as chamadas marés mortas (marés com baixa amplitude).

Após esta breve explicação sobre as marés, foi-nos explicado como estava dividida a zona entre marés. A divisão é a seguinte: zona supralitoral (zona onde ocorre a imersão apenas nas marés vivas), o eulitoral que se divide em superior, médio e inferior e a franja sublitoral (zona que só fica emersa nas marés vivas).

Assim, com a informação necessária para compreender estes seres vivos dirigimo-nos para a zona entre marés propriamente dita. Não pudemos observar a franja sublitoral pois a maré já estava a encher e por isso apenas nos foi explicado em teoria. Na franja sublitoral é onde ocorre a maternidade das laminárias, onde existem alguns povos e recifes de barroeira (também avistados no eulitoral inferior). Os recifes da barroeira albergam cerca de 140 espécies endémicas onde lhes dão abrigo, local de reprodução e alimento. Estes recifes são construídos com grãos de areia pela poliqueta Sabellaria

Alveolata. A seguir, passámos para o eulitoral inferior onde observámos esponjas e várias algas vermelhas como a Corallina Officinalis e a Mastocarpus Stellatus. Foi-nos explicado também uma relação biótica entre o ouriço-do-mar e a alga Lithophyllum Incrustans. O ouriço-do-mar escava a rocha permitindo que a alga cresça, protegendo assim o ouriço-do-mar dos predadores. A alga é beneficiada pois aproveita os excrementos do ouriço-do-mar (simbiose).

Após estas explicações, centrámos as nossas atenções nos mexilhões (moluscos bivalves). Os mexilhões são característicos do eulitoral, mas os que vivem permanentemente debaixo de água desenvolvem-se mais dos que se encontram nas rochas. Os mexilhões que se encontram nas rochas beneficiam pois há menos competição pelo espaço mas, para sobreviverem à secura, os mexilhões fecham as duas conchas armazenando água dentro. Os mexilhões são filtradores, alimentando-se do que se encontra na água. Os seus principais predadores são os búzios como a Nucella. Estes búzios fazem um furo nas conchas dos mexilhões e libertam sucos digestivos, sendo o mexilhão digerido e só depois ingerido. Outro grande predador dos mexilhões é a estrela-do-mar.

A seguir, chegou a vez de nos centrarmos nas lapas e nas cracas. As lapas e as cracas têm uma relação biótica de competição pelo espaço. As cracas ocupam a maior parte do espaço e as lapas ocupam lugares fixos. As lapas (moluscos gastrópodes) movimentam-se deixando um rasto químico para voltarem para o seu lugar fixo, embora cerca de 15% delas se percam. Apesar da competição existente entre as lapas e as cracas, as lapas beneficiam em estarem “encaixadas” nas cracas pois torna-as menos vulneráveis à força hidráulica e aos predadores. As lapas são moluscos gastrópodes herbívoros.

Observámos um peixe chamado “ Ranhosa”, que apresenta este nome devido à sua elevada produção de muco que a protege do choque com as rochas. Contrariamente aos outros peixes, a ranhosa não apresenta escamas.

No eulitoral, observámos também uma alga infestante proveniente do Japão. Esta alga apenas se desenvolve em locais calmos e tranquilos tendo chegado a Portugal devido ao tráfego marítimo entra as colónias.

Os últimos seres vivos que observámos foram as anémonas. As anémonas são carnívoras (alimentam-se de pequenos peixes e camarões) e utilizam os tentáculos para paralisar

a presa com um veneno urticante e com uma espécie de micro anzóis.

Após a observação dos diversos seres vivos, efectuou-se a medição da salinidade e da temperatura de diferentes poças (pequena, média e grande). A poça pequena tinha 34,5 g/l de salinidade e a temperatura era 11,9 ºC, a poça média tinha

34,3 g/l de salinidade e a temperatura era 12ºC e a poça grande apresentava 34,4 g/l de salinidade e a temperatura era 12,5ºC. A partir das medições, concluímos que a poça pequena era a mais afectada pela atmosfera. Quando a temperatura era elevada, a poça apresentava um elevado grau de salinidade, devido á evaporação e a temperatura subia, quando a temperatura era baixa e existia pluviosidade, a poça apresentava um baixo grau de salinidade, devido ao contacto com a água doce e uma temperatura muito baixa.

Depois, regressámos á praia onde fizemos uma breve pausa e tirámos uma fotografia de grupo.

A próxima etapa da visita foi conhecer um pouco sobre a praia da Aguda. A praia da Aguda ficou conhecida por este nome devido a uma rocha pontiaguda que fazia afundar os barcos que por ali passavam. Esta zona é habitada desde há pouco tempo. Tudo

começou com a pesca de caranguejo pilado nesta praia. Os pescadores vinham de Espinho e vendiam os caranguejos pilados aos agricultores, pois estes caranguejos são ricos em fosfato logo eram utilizados como fertilizantes. Assim os pescadores criaram uma comunidade nesta zona, rendia-lhes mais dinheiro (pouca concorrência) e os agricultores escusavam de ir a Espinho.

Com o tempo, a pesca de caranguejo pilado entrou em declínio devido à importação do chamado “nitrato do Chile” (excrementos de corvos marinhos) que por sua vez o “nitrato” entrou em declínio devido ao aparecimento dos fertilizantes químicos. Com este declínio, os barcos de pesca tradicional passaram de 72 a 7. Estes barcos têm 7 metros de comprimento e o motor apenas pode ter 70 cavalos de potência.

Com esta introdução, foi-nos explicado as diferentes técnicas desta pesca. Foram-nos mostrados diferentes redes e técnicas para a captura dos diferentes seres. A bateria de covos que serve para a apanha de crustáceo e polvos, a rede sombreira para a apanha do camarão (o camarão fica preso pois gosta de locais com pouca luz logo é traído para este tipo de rede), a rede de emalhar para peixes e diferentes estruturas afuniladas com a parte maior como entrada. O sistema nervoso dos peixes

não lhes permite sair destas armadilhas por causa da parte mais apertada. Estas armadilhas são usadas para a apanha de peixes, de santolas, lagostas e sapateiras.

A próxima zona a ser estudada foram as dunas. As dunas constituem um habitat para 140 espécies endémicas, embora só se encontrem nesta zona 63 delas. As dunas constituem a melhor protecção das habitações

contra o hidrodinamismo devido à permeabilidade da areia fazendo com que as

ondas percam energia. As dunas da praia da Aguda foram muito desgastadas ao longo dos anos encontrando-se em regeneração através de um projecto de requalificação de dunas. Através de ripas, a areia transportada pelo vento é separada ao transpor as ripas e ao juntar-se acumula-se nesse local.

As plantas neste local possuem diversas adaptações que as permite viver nesta zona. Possuem raízes com muitos metros de comprimento, podendo atingir os 10 metros. Estas raízes permitem a absorção de água com uma maior velocidade pois, devido à permeabilidade do solo, as plantas desta zona apenas absorvem água quando chove. Para sobreviverem aos períodos de seca, elas possuem folhas e caules grossos que lhes permite armazenar grandes quantidades de água (possuem muitas células). Algumas delas possuem folhas pequenas para não perderem a água pela evapotranspiração, outras possuem folhas que lhes permite reter o orvalho, outras possuem folhas enroladas e folhas encarquilhadas (folhas em todas as direcções) que permitem fazer sombra qualquer que seja a orientação solar.

Uma espécie de pássaros abordados no local foi os borrelhos-de-coleira-interrompida. Os borrelhos fazem os seus ninhos nas dunas e são vistos em terra entre Abril e Julho. O processo reprodutivo dos borrelhos é extremamente rápido (2

semanas) o que lhes concede uma vantagem pois o número de predadores em terra é superior do que no mar, e em terra são mais vulneráveis. Nas dunas também habitam cobras, ratos, ouriços-cacheiros e lagartos, como por exemplo o lagarto - verde.

Após a visita as dunas, dirigimo-nos a uma cabana onde observámos uma maqueta e diferentes conchas de diferentes seres vivos.

Assim, regressámos à Estação Litoral da Aguda. Aí vimos o museu onde se podia vislumbrar carapaças de diferentes seres vivos, as diferentes técnicas de pesca das diferentes partes do mundo, e ainda diferentes anzóis de todos os tamanhos e feitios. Dentro da Estação Litoral da Aguda foi possível observar, dentro de aquários, os diferentes seres que se podiam encontrar desde a zona entre marés, passando por algumas zonas marítimas, entrando na foz de um rio até à sua nascente. Foi possível observar anémonas, ranhosas, camarões, estrelas-do-mar, moreias, tartarugas, polvos, trutas, entre muitos outros. À saída da Estação Litoral da Aguda, o nosso grupo comprou dois livros de identificação de espécies para nos ajudar no nosso trabalho a desenvolver na aula.

Após uma manhã de aprendizagem e de experiências novas, chegou a altura do almoço. Cada um comeu o seu almoço trazido de casa num ambiente de convívio. Depois do almoço, tivemos direito a uma hora de descanso na praia da Aguda, que aproveitamos para nos divertimos um pouco.

Regressámos a Aveiro de comboio com uma viagem agradável e com muita cantoria. Chegámos a Aveiro por volta das 15 horas e cada um seguiu o seu caminho.

Em suma, a viagem foi bastante agradável e produtiva, a nível de aprendizagem de conteúdos sobre aquela zona e sobre os seres vivos que lá habitam, embora não tenha sido possível observar os seres da franja sublitoral.