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Eurobarómetro Standard 76 OPINIÃO PÚBLICA NA UNIÃO EUROPEIA Outono 2011 Esta sondagem foi encomendada e coordenada pela Comissão Europeia, Direcção-Geral da Comunicação Este relatório foi produzido para a Representação da Comissão Europeia em Portugal. Este documento não reflecte as opiniões da Comissão Europeia. As interpretações ou opiniões expressas neste relatório são apenas dos seus autores. Eurobarómetro Standard 76 / Outono 2011 – TNS Opinion & Social RELATÓRIO NACIONAL PORTUGAL

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Eurobarómetro Standard 76

OPINIÃO PÚBLICA NA UNIÃO EUROPEIA

Outono 2011

Esta sondagem foi encomendada e coordenada pela Comissão Europeia, Direcção-Geral da

Comunicação

Este relatório foi produzido para a Representação da Comissão Europeia em Portugal.

Este documento não reflecte as opiniões da Comissão Europeia. As interpretações ou opiniões expressas neste relatório são apenas dos seus autores.

Eurobarómetro Standard 76 / Outono 2011 – TNS Opinion & Social

RELATÓRIO NACIONAL

PORTUGAL

EUROBARÓMETRO STANDARD 76 / OUTONO 2011

Índice

1. Introdução .......................................................................................................... 1

2. Informação sobre a União Europeia: a situação nacional ............................. 2

3. Que Europa em 2020? A opinião dos portugueses em perspetiva

comparada .............................................................................................................. 6

4. Conclusão......................................................................................................... 10

Este Relatório Nacional do Eurobarómetro 76 foi elaborado para a Representação da Comissão

Europeia em Portugal por uma equipa composta por Carlos Jalali (U. Aveiro), Marina Costa Lobo

(Instituto de Ciências Sociais – U. Lisboa), José Santana Pereira (Instituto Universitário Europeu

em Florença) e Patrícia Silva (U. Aveiro). O texto do relatório foi elaborado de acordo com as

normas do novo acordo ortográfico.

EUROBARÓMETRO STANDARD 76 / OUTONO 2011

1. Introdução

O Eurobarómetro 76 foi realizado no outono de 2011, com o propósito de prosseguir a

análise semestral das atitudes da opinião pública europeia sobre vários temas dos domínios

económico, político e social. Este relatório nacional examina os dados relativos a Portugal em

perspetiva comparada com os demais países da União Europeia, focando duas dimensões centrais

de análise: a informação dos portugueses sobre a UE e a sua opinião em relação às prioridades

europeias para a próxima década. A opinião pública nacional sobre estes dois temas é

aprofundada, sempre que relevante, através de análises longitudinais (comparando os resultados

atuais com os de inquéritos anteriores) e com recurso à desagregação dos perfis sócio-

demográficos dos inquiridos.

Em Portugal, o trabalho de campo deste Eurobarómetro foi realizado entre os dias 5 e 20

de novembro de 2011. Este período foi marcado pela proposta de Orçamento de Estado para 2012

(OE-2012) do Governo Português, aprovada na generalidade pelo Parlamento durante o trabalho

de campo deste relatório, no dia 11 de novembro. Na apresentação das medidas do OE-2012, o

Governo Português indicou como um objetivo central cumprir as metas fixadas no “Memorando de

Entendimento sobre as Condicionalidades de Política Económica” firmado pelo Estado Português

com o Fundo Monetário Internacional, a União Europeia e o Banco Central Europeu em maio de

2011, particularmente em termos da redução do défice orçamental para 4,5 por cento do PIB1. As

medidas de austeridade contidas no OE-2012 são substanciais, levando o Ministro de Estado e das

Finanças a declarar que este é “sem dúvida o orçamento mais exigente da história democrática

portuguesa". Estas medidas foram alvo de contestação dos partidos da oposição com

representação parlamentar, em especial do Partido Comunista Português, do Bloco de Esquerda e

do Partido Ecologista “Os Verdes”, tendo todos estes votado contra o OE-2012. Por sua vez, o

Partido Socialista absteve-se na votação na generalidade, tendo o seu líder sinalizado a sua

discordância com algumas das medidas do OE-2012. A contestação fez-se sentir também por

parte dos sindicatos durante o período em análise, culminando na convocação de uma greve geral

pelas duas principais centrais sindicais portuguesas, realizada quatro dias após a conclusão do

trabalho de campo deste Eurobarómetro.

A nível europeu, o período é marcado pela crise da dívida soberana europeia. Em 26 de

outubro, oito dias antes do início do trabalho de campo deste relatório, a cimeira extraordinária da

zona euro aprovou um pacote adicional de medidas para combater esta crise, incluindo um

aumento substancial do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira2. Contudo, tal não evitou a

continuação da crise, com o aumento nas taxas de juro de títulos de dívida soberana a gerar

crescente pressão sobre vários Estados-Membros, com especial destaque para a Itália, que viu a

taxa de juro da sua dívida ultrapassar os 7 por cento durante o trabalho de campo deste relatório. A

crise da dívida soberana europeia teve também reflexos políticos em vários Estados-Membros

durante este período, incluindo a queda de dois governos nacionais: na Grécia, onde o governo de

George Papandreou foi substituído por um executivo encabeçado por Lucas Papademos (11 de

novembro), e na Itália, onde o governo de Silvio Berlusconi deu lugar ao executivo de Mario Monti

(16 de novembro).

Esta conjuntura ajuda assim a contextualizar o panorama da opinião pública nacional, que

de seguida examinamos.

1 Ver Lei do Orçamento de Estado para 2012, disponível em <http://bit.ly/hfCSvh>; e “Memorando de Entendimento sobre

as Condicionalidades de Política Económica”, disponível em <http://bit.ly/AgkoVe>. 2 Ver “Declaração da Cimeira do Euro”, disponível em <http://bit.ly/wmY99x>; e “Observações do Presidente do Conselho

Europeu, Herman Van Rompuy, após a Cimeira do Euro”, disponível em <http://bit.ly/ydqsJt>.

EUROBARÓMETRO STANDARD 76 / OUTONO 2011

2. Informação sobre a União Europeia: a situação nacional

Esta secção examina a opinião dos portugueses sobre a informação relativa à União

Europeia; identifica as suas principais fontes de informação europeia, quer sobre os assuntos

políticos europeus em geral, quer sobre a UE especificamente; e, por fim, explora a avaliação que

os portugueses fazem das redes sociais enquanto fonte de informação política.

O gráfico 2.1 apresenta os sentimentos de informação dos portugueses sobre a União

Europeia em perspetiva comparada. Para tal, mobiliza dois indicadores distintos: a avaliação que

os inquiridos fazem do seu nível de informação sobre os assuntos europeus; e a sua perceção em

relação ao grau de informação dos portugueses em geral sobre estes assuntos.

Gráfico 2.1 – Sentimento de informação sobre assuntos europeus

(% de inquiridos que responderam “muito bem” ou “bem”)

20%

28%

29%

24%

25%

30%

28%

36%

28%

41%

37%

32%

32%

28%

37%

29%

41%

38%

41%

41%

34%

39%

47%

44%

39%

46%

52%

33%

14%

18%

18%

18%

19%

19%

22%

23%

23%

23%

23%

24%

25%

25%

27%

28%

31%

32%

33%

33%

34%

36%

39%

40%

40%

41%

48%

24%

Espanha

Bulgária

Grécia

Chipre

França

Hungria

Roménia

Alemanha

Letónia

Holanda

Suécia

Itália

Bélgica

Portugal

Reino Unido

Rep. Checa

Polónia

Eslováquia

Áustria

Eslovénia

Estónia

Malta

Finlândia

Dinamarca

Lituânia

Irlanda

Luxemburgo

UE27

País está bem informado

Indivíduo está bem informado

À semelhança da generalidade dos europeus, os portugueses tendem a apresentar

uma perspetiva globalmente negativa do seu grau de informação sobre assuntos europeus e

não diferem muito da média europeia nas duas questões aqui examinadas. Tal é particularmente

evidente na avaliação do nível de informação do país, com 25 por cento dos portugueses a

considerar que, globalmente, o país está bem informado sobre os assuntos europeus – um valor

ligeiramente acima da média europeia de 24 por cento. Este padrão é invertido quando a questão

se centra no sentimento de informação individual sobre estes assuntos, com 28 por cento dos

portugueses a considerarem-se “muito bem” ou “bem” informados, contra uma média europeia de

33 por cento. Contudo, é importante salientar que o sentimento de informação dos portugueses

melhorou consideravelmente em comparação com o Eurobarómetro 74 (EB74) realizado em

novembro de 2010, com uma redução de sete pontos percentuais no número de portugueses que

avaliava negativamente o seu nível de informação individual e de oito pontos percentuais no que

diz respeito à informação global do país. Esta evolução contrasta com o padrão europeu, que

se manteve inalterado em relação a 2010.

EUROBARÓMETRO STANDARD 76 / OUTONO 2011

Os resultados nacionais são também similares à média dos países da Zona Euro,

onde 75 por cento dos inquiridos considera que o seu país está mal informado e 68 por cento

sente-se individualmente mal informado. De notar, por fim, que o sentimento de informação nos

países que não pertencem à moeda única é ligeiramente menos negativo (70 e 63 por cento,

respetivamente). Este padrão poderá, em parte, refletir a complexidade da conjuntura enfrentada

na Zona Euro, descrita na introdução deste relatório.

Ao mesmo tempo, o sentimento de desinformação não é igualmente partilhado pela

população portuguesa. Como o gráfico 2.2 demonstra, esta perceção é particularmente evidente

entre os reformados, as domésticas e os menos escolarizados. A maioria dos quadros superiores e

dos cidadãos mais escolarizados considera que está bem informada sobre os assuntos europeus,

enquanto que apenas 15 por cento das domésticas e 20 por cento dos reformados partilham esta

perceção.

Gráfico 2.2 – Sentimento de informação sobre assuntos europeus

por grupos sócio-demográficos (% de inquiridos que responderam “muito bem” ou “bem”)

25%27%

22%

29%28%

22%21% 21%

28%

43%

25%

45%

22% 22%

15%

21%

24%

29%28%

35%

22%

36%35%

29%

18%20%

37%

56%

41%

55%

25%

20%

15%

27%26%

36%

Média

nac

ional

Homens

Mulh

eres

15-24 an

os

25-39 an

os

40-54 an

os

55 ou m

ais a

nos

Termin

ou est

udos com

15 o

u menos a

nos

Termin

ou est

udos com

16-1

9 anos

Termin

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udos com

20 o

u mai

s anos

É est

udante

Quadro

s superio

res

Trabal

hadore

s man

uais

Reform

ados

Domést

icas

Aldeia

s e vi

las ru

rais

Pequenas e

médias

cidad

es

Grandes c

idad

es

País está bem informado

Indivíduo está bem informado

Em Portugal, a principal fonte de informação usada para obter notícias sobre

assuntos políticos europeus é, tal como na generalidade da UE, a televisão. De igual modo, e

como o gráfico 2.3 abaixo ilustra, a proporção de portugueses que recorre à televisão é muito

semelhante à média dos UE-27. Este gráfico apresenta também as médias para o grupo de

Estados-Membros que faziam parte da UE antes dos alargamentos de 2004 e 2007 (UE15) e ao

conjunto dos Estados-Membros que aderiram à UE naquelas datas (NEM12). Os resultados

nacionais relativos à televisão são semelhantes à média dos UE15 e inferiores aos dos NEM12,

onde o uso deste meio como fonte de notícias sobre assuntos políticos europeus é referido por um

maior número de cidadãos.

No entanto, importa frisar que em Portugal a televisão apresenta um papel muito mais

central no conjunto de fontes de informação do que na generalidade dos países europeus.

Com efeito, no nosso país, a proporção de inquiridos que refere usar a televisão para obter notícias

sobre assuntos europeus (77 por cento) é superior à soma das proporções de inquiridos que usam

qualquer um dos outros meios aqui em consideração – imprensa, rádio e Internet (76 por cento).

Tal contrasta com o padrão europeu, onde a proporção de inquiridos que recorrem à imprensa,

EUROBARÓMETRO STANDARD 76 / OUTONO 2011

rádio ou Internet é 29 pontos percentuais superior à proporção dos que recorrem à televisão. Aliás,

Portugal é o único país da UE onde a televisão é mais usada do que o conjunto dos outros

meios (imprensa, rádio e Internet) para obter informação sobre assuntos políticos europeus.

Gráfico 2.3 – Principais fontes de informação para notícias sobre assuntos europeus

(várias respostas possíveis)

79%

47%

35%

26%

10%

29%

78%

48%

33%

24%

11%

27%

84%

37% 37%

30%

8%

20%

77%

41%

22%

13%16%

-1%

Televisão Imprensa Rádio Internet Não procura informação Diferencial

imprensa/rádio/internet vs.

televisão

UE27 UE15

NEM12 Portugal

A preponderância da televisão reflete sobretudo os níveis comparativamente baixos de

utilização da rádio e da Internet para obter notícias sobre temas políticos europeus, com o

nosso país a apresentar a mais baixa proporção de uso destes meios na UE-27. Esta

diferença é particularmente saliente no caso da Internet, com a proporção dos portugueses que

recorrem a este meio para se informarem sobre os assuntos políticos europeus (13 por cento) a ser

metade da média europeia (26 por cento). Este padrão é consistente com o baixo uso que os

portugueses fazem da Internet de uma forma geral. Com efeito, dados recolhidos neste

Eurobarómetro indicam que apenas 23 por cento dos portugueses acedem diária ou quase

diariamente à Internet – a mais baixa proporção dos UE-27 e substancialmente inferior à média

europeia (48 por cento). De igual modo, Portugal é o país com a mais elevada percentagem de

inquiridos que afirmam nunca aceder à Internet (58 por cento), praticamente o dobro da média

europeia (30 por cento). Por fim, a proporção dos portugueses que afirmam não procurar

informação sobre assuntos políticos europeus (16 por cento) é comparativamente elevada,

sendo não só superior à média europeia (10 por cento) mas também a segunda mais alta em

toda a UE, inferior apenas à observada em Itália.

A análise anterior centrou-se nas notícias sobre assuntos políticos europeus em geral.

Viramos agora a nossa atenção para as fontes usadas pelos inquiridos para obterem informação

específica sobre a União Europeia, as suas políticas e instituições. O gráfico 2.4 apresenta os

resultados nacionais para esta questão, comparando-os quer com a média europeia, quer com a

média dos Estados-Membros mais antigos (UE15) e mais recentes (NEM12).

Como se pode ver no gráfico, as fontes usadas pelos portugueses para se informarem

sobre a União Europeia não diferem muito das que são utilizadas para aceder a notícias sobre

assuntos políticos europeus. Assim, a televisão emerge como a principal fonte de informação

sobre a UE. A proporção dos que recorrem a este meio em Portugal não é muito diferente da

média europeia. Contudo, verifica-se novamente uma ainda maior preponderância da

televisão no nosso país. Com efeito, no caso português, a diferença entre o uso de todas as

EUROBARÓMETRO STANDARD 76 / OUTONO 2011

outras fontes aqui examinadas e o uso da televisão é a mais baixa dos 27 Estados-Membros (em

igualdade com a Polónia), e substancialmente inferior à média da UE e dos demais Estados-

Membros mais antigos (UE15).

Gráfico 2.4 – Principais fontes de informação sobre a UE, suas políticas e instituições

(várias respostas possíveis)

57%

44%

30%

22%

17%

4% 3%

16%

63%

57%

48%

31%

23%

17%

5%3%

16%

70%

58%

29% 28%

20%

15%

3% 2%

18%

39%

55%

32%

13%11% 11%

6%

27%

21%

3%

Televisão Jornais e revistas Internet Rádio Discussões com

família, amigos,

colegas

Livros, brochuras,

panfletos de

informação

Assistir a

conferências,

debates, reuniões

Não procura

informação

Diferencial outras

fontes vs. TV

UE27 UE15

NEM12 Portugal

As principais diferenças verificam-se novamente nos baixos níveis de utilização da

rádio e da Internet, com especial destaque para esta última (13 por cento, menos de metade

dos 30 por cento da média europeia). De igual modo, a proporção dos portugueses que

afirmam nunca procurar informação sobre a União Europeia (27 por cento) é a segunda mais

elevada da UE (apenas inferior à verificada em Malta), excedendo substancialmente a média

europeia (16 por cento). Há todavia uma particularidade neste panorama de baixo uso de

meios de informação não-televisivos: a participação em conferências, debates ou reuniões.

Não só os valores nacionais de uso desta fonte (6 por cento) excedem a média europeia (3 por

cento), como importa frisar que Portugal é o país da UE onde esta fonte foi mais

frequentemente referida.

Tendo em conta os baixos níveis de acesso à Internet em Portugal, não é surpreendente

constatar que os portugueses encaram o papel das redes sociais enquanto meio de informação e

participação política com bastante menos entusiasmo que os seus congéneres europeus. Assim:

– 37 por cento dos portugueses concordam com a ideia que as redes sociais online são

uma forma moderna de se manter informado sobre os assuntos políticos. Este é o

segundo valor mais baixo da UE (superior apenas ao relativo à Roménia), e situa-se dez

pontos percentuais abaixo da média europeia (47 por cento).

– 34 por cento dos portugueses consideram que as redes sociais podem fazer com que

as pessoas se interessem pelos assuntos políticos. Mais uma vez, este valor excede

apenas o da Roménia, e é substancialmente inferior à média europeia (47 por cento).

– 37 por cento dos portugueses avaliam as redes sociais como uma boa forma de dar a

sua opinião sobre questões políticas, uma proporção bastante abaixo da média

europeia (47 por cento) e somente superior à da Roménia (27 por cento).

– 20 por cento dos portugueses consideram que as informações sobre assuntos

políticos publicadas nas redes sociais são de confiança, contra uma média europeia de

26 por cento.

EUROBARÓMETRO STANDARD 76 / OUTONO 2011

3. Que Europa em 2020? A opinião dos portugueses em perspetiva comparada

Esta secção examina a avaliação que os portugueses fazem das medidas da Estratégia

Europa 2020 da Comissão Europeia. A Estratégia 2020 define sete iniciativas centrais, com o

objetivo de estimular um “crescimento inteligente, sustentável e inclusivo para a UE”3. O

Eurobarómetro 76 pediu aos inquiridos que avaliassem alguns dos objetivos centrais de cada uma

destas sete iniciativas, e que indicassem em que medida as consideram importantes para a União

Europeia enfrentar a atual crise financeira e económica e preparar-se para a próxima década. Os

resultados desta avaliação são apresentados no gráfico 3.1.

Gráfico 3.1 – Importância atribuída às iniciativas da Estratégia 2020

(escala de 1 a 10: 1 = “nada importante”, 10 = “muito importante”)

8,1 8,0 7,87,5 7,5

7,06,5

8,2 8,17,6 7,6 7,5 7,3

6,7

Ajudar os pobres e as

pessoas socialmente

excluídas e dar-lhes a

possibilidade de

desempenharem um

papel ativo na

sociedade (Iniciativa

“Plataforma europeia

contra a pobreza”)

Modernizar os

mercados de

trabalho, com vista a

aumentar os níveis de

emprego (Iniciativa

“Agenda para novas

qualificações e novos

empregos”)

Apoiar uma economia

que usa menos

recursos naturais e

emite menos gás com

efeito de estufa

(Iniciativa “Uma

Europa eficiente em

termos de recursos”)

Ajudar a base

industrial da UE a ser

mais competitiva

promovendo o

espírito empresarial e

desenvolvendo novas

capacidades

(Iniciativa “Uma

política industrial para

a era de

globalização”)

Aumentar a qualidade

e atratividade do

sistema de educação

superior da UE

(Iniciativa “Juventude

em movimento”)

Aumentar o apoio às

políticas de

investigação e

desenvolvimento e

transformar as

invenções em

produtos (Iniciativa

“Uma União da

Inovação”)

Desenvolver a e-

economia

fortalecendo a

internet ultra rápida

dentro da UE

(Iniciativa “Agenda

digital para a

Europa”)

UE27 Portugal

À semelhança dos seus congéneres europeus, os portugueses avaliam muito

positivamente as iniciativas da Estratégia 2020. Com efeito, no conjunto das sete iniciativas, a

avaliação média dos portugueses é de 7,6 numa escala de 10 pontos, 0,1 pontos acima da

avaliação média europeia (7,5 pontos). Para além disso, a diferença nas avaliações nacionais e

europeias é de 0,1 pontos em cinco destas iniciativas, e as duas exceções apresentam também

diferenças muito pequenas (0,2 pontos no caso da iniciativa “Uma Europa eficiente em termos de

recursos” e 0,3 pontos na iniciativa “Uma União de inovação”).

As duas iniciativas consideradas mais importantes – quer pelos portugueses, quer

pelos europeus em geral – são a “Plataforma europeia contra a pobreza” (média de 8,2 em

Portugal e de 8,1 na UE) e a “Agenda para novas qualificações e novos empregos” (média de

8,1 em Portugal e de 8,0 na UE). Estas prioridades podem ser reflexo do atual contexto de crise,

na medida em que esta tende a afetar negativamente o mercado de trabalho e aumentar a

exclusão social.

A avaliação destas iniciativas pelos portugueses é aprofundada no gráfico 3.2. Este gráfico

apresenta a opinião sobre a importância das iniciativas “Agenda Digital para a Europa” e

“Plataforma europeia contra a pobreza” (que obtiveram, no quadro nacional, as avaliações de

importância mais alta e mais baixa) desagregada por grupos sócio-demográficos.

3 Esta estratégia está disponível em <http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=COM:2010:2020:FIN:PT:PDF>.

EUROBARÓMETRO STANDARD 76 / OUTONO 2011

Gráfico 3.2 – Importância atribuída às iniciativas “Agenda Digital” e “Plataforma Europeia contra a Pobreza” por grupos sócio-demográficos

(escala de 1 a 10: 1 = “nada importante”, 10 = “muito importante”)

6,7

6,8

6,5

7,4

6,7

6,4

6,4

6,4

7,1

7,0

7,2

7,2

6,6

6,5

6,2

6,0

6,7

7,5

8,2

8,2

8,1

8,4

8,1

8,2

8,0

8,1

8,2

8,4

8,5

8,6

8,1

8,2

7,9

8,3

8,0

8,4

Média nacional

Homens

Mulheres

15-24 anos

25-39 anos

40-54 anos

55 ou mais anos

Terminou estudos com 15 ou menos anos

Terminou estudos com 16-19 anos

Terminou estudos com 20 ou mais anos

É estudante

Quadros superiores

Trabalhadores manuais

Reformados

Domésticas

Aldeias e vilas rurais

Pequenas e médias cidades

Grandes cidades

Iniciativa “Agendadigital para aEuropa”

Iniciativa“Plataformaeuropeia contra apobreza”

A iniciativa “Agenda digital para a Europa” apresenta as maiores diferenças entre

grupos sócio-demográficos, sendo as mais salientes associadas ao local de residência dos

inquiridos. Assim, os residentes em zonas rurais são os que atribuem menor importância a

esta iniciativa (6 pontos), contrastando com os habitantes de grandes cidades (7,5 pontos).

Os mais jovens, os estudantes e os quadros superiores também apresentam um nível de apoio

comparativamente superior a esta iniciativa. As diferenças são consideravelmente menores no que

diz respeito à iniciativa “Plataforma europeia contra a pobreza” – com efeito, apenas 0,7 pontos

separam os grupos mais e menos entusiastas relativamente a esta iniciativa. Tal sugere um

considerável consenso nacional em torno da importância da prioridade do combate à

pobreza e à exclusão social, confirmado pelo facto de que as avaliações feitas por praticamente

todos os grupos superam os 8 pontos.

O gráfico 3.3 apresenta a opinião dos portugueses em relação aos grandes objetivos desta

estratégia4. À semelhança da generalidade dos europeus, os portugueses consideram que os

objetivos desta estratégia são adequados. Contudo, esta opinião é ligeiramente mais acentuada

na UE que em Portugal. A avaliação positiva dos portugueses supera a dos europeus em dois

dos oito objetivos, ambos relacionados com a área da educação. Dos três objetivos onde a

avaliação dos portugueses mais difere negativamente da média europeia, dois estão

relacionados com a área das alterações climáticas e o terceiro com a área da inovação. É de

referir que a percentagem de cidadãos nacionais que classificam as metas estipuladas como sendo

excessivamente modestas é superior à média europeia em sete dos oito objetivos aqui analisados,

o que sugere uma avaliação mais exigente em Portugal.

4 Para uma lista destes objetivos e das áreas em que se inserem, ver <http://bit.ly/wXHArv>.

EUROBARÓMETRO STANDARD 76 / OUTONO 2011

Gráfico 3.3 – Avaliação dos objetivos da Estratégia Europa 2020

22%

27%

30%

27%

17%

21%

16%

20%

17%

21%

20%

22%

12%

21%

21%

25%

49%

48%

48%

52%

50%

53%

60%

49%

57%

50%

53%

50%

55%

46%

60%

55%

25%

15%

17%

9%

27%

13%

16%

14%

19%

12%

19%

12%

17%

10%

16%

8%

UE27

PT

UE27

PT

UE27

PT

UE27

PT

UE27

PT

UE27

PT

UE27

PT

UE27

PTR

edução

de 2

5%

dos

euro

peus

abaix

o d

o

limia

r de

pobre

za

40%

da

gera

ção

mais

jovem

com

licencia

tura

ou d

iplo

ma

Abandono

escola

r

pre

coce

infe

rior

a

10%

Aum

enta

r

eficiê

ncia

energ

ética

em

20%

Aum

enta

r

part

ilha d

e

energ

ia

renovável

em

20%

Redução

em

issões

de g

ás c

/

efe

ito d

e

estu

fa e

m

20%

3 %

do P

IB

da U

E

deve s

er

investido

em

I&

D

75%

da

popula

ção

entr

e 2

0 e

64 d

eve ter

em

pre

go

Muito modesto

Adequado

Muito ambicioso

Contudo, em comparação com o Eurobarómetro 74, a avaliação dos portugueses em

relação aos objetivos da Estratégia Europa 2020 tornou-se menos exigente. Como o gráfico

3.4 ilustra, em todos os objetivos houve uma redução não negligenciável na proporção de

inquiridos que os consideram demasiado modestos. Esta tendência poderá refletir as políticas

de austeridade que têm sido adotadas como resposta à crise económica e financeira.

Gráfico 3.4 – Evolução da avaliação dos objetivos da Estratégia 2020 nos últimos 12 meses

(diferença entre a percentagem de respostas no EB76 em comparação com o EB74)

-6%

-6%

-4%

-5%

-1%

-7%

-4%

-5%

4%

-2%

1%

-1%

-3%

3%

-1%

4%

-2%

4%

1%

2%

1%

0%

2%

0%

75% da população entre 20 e 64 deve

ter emprego

3 % do PIB da UE deve ser investido

em I&D

Redução emissões de gás c/ efeito de

estufa em 20%

Aumentar partilha de energia

renovável em 20%

Aumentar eficiência energética em

20%

Abandono escolar precoce inferior a

10%

40% da geração mais jovem com

licenciatura ou diploma

Redução de 25% dos europeus abaixo

do limiar de pobreza

Muito modesto Adequado Muito ambicioso

À semelhança do que foi feito no Eurobarómetro 74, este Eurobarómetro apresentou aos

inquiridos algumas das medidas associadas às sete iniciativas centrais, pedindo-lhes que

indicassem quais consideram prioritárias. Os resultados obtidos são elencados no gráfico 3.5.

EUROBARÓMETRO STANDARD 76 / OUTONO 2011

Gráfico 3.5 – Principal prioridade por área de iniciativa da Estratégia 2020 (uma única resposta possível)

38%

27%

28%

7%

11%

35%

51%

3%

23%

25%

33%

19%

23%

32%

40%

5%

35%

28%

31%

6%

36%

18%

42%

4%

31%

40%

25%

4%

31%

30%

26%

13%

14%

33%

46%

7%

22%

28%

24%

26%

20%

33%

34%

13%

22%

40%

27%

11%

32%

22%

36%

10%

23%

39%

29%

9%

Orientar investigação para novos desafios

Encorajar cooperação entre investigadores

Mais financiamento à investigação

NS/NR

Encorajar estudantes a estudar noutro país da UE

Aumentar a qualidade geral de todos os níveis da educação

Mais jovens no mercado de trabalho

NS/NR

Desenvolver serviços de Internet para cidadãos

Aumentar a confiança no comércio eletrónico

Acesso a banda larga para todos os europeus

NS/NR

Reduzir emissões de CO2 nos transportes

Financiar consumos energéticos eficientes

Promover fontes de energias renováveis

NS/NR

Facilitar criação e gestão de empresas, em particular PMEs

Reestruturar indústrias em dificuldades

Maximizar recurso à economia verde

NS/NR

Facilitar adaptação a novas condições laborais

Proteger direito a viver e a trabalhar noutro país da UE

Promover aprendizagem ao longo da vida

NS/NR

Formação e emprego para mais vulneráveis

Sustentabilidade da proteção social e melhorar saúde

Combater a discriminação e ajudar os grupos em risco

NS/NR

Ino

vaçã

oJu

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tud

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gen

da

dig

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Efic

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cia

no

s

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No

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ões

e em

pre

gos

Pla

tafo

rma

con

tra

a

po

bre

za

UE27

Portugal

Em cinco das sete iniciativas, as prioridades expressas pelos portugueses coincidem

com a opinião dos europeus. As exceções ocorrem nas iniciativas “Agenda Digital para a

Europa” e “Uma política industrial para a era de globalização”. Em relação à primeira, a principal

prioridade para os portugueses é aumentar a confiança dos consumidores no comércio eletrónico

(28 por cento), enquanto que a generalidade dos europeus salienta o alargamento do acesso à

Internet de banda larga a todos os cidadãos europeus como mais prioritário (33 por cento). No que

diz respeito à segunda iniciativa, enquanto que na Europa como um todo é a alteração das regras

para que seja mais fácil criar e gerir uma empresa que merece mais destaque (35 por cento), em

Portugal a principal prioridade centra-se na reestruturação das indústrias em dificuldades. Por fim,

EUROBARÓMETRO STANDARD 76 / OUTONO 2011

importa salientar a elevada proporção dos portugueses que não sabe ou não responde a

estas questões. Com efeito, em cinco das sete questões acima elencadas, Portugal é o

Estado-Membro com a taxa de não-respostas mais elevada da UE e, nas restantes duas,

apresenta a segunda taxa mais elevada.

Tendo sido informados sobre as prioridades da UE ao longo do inquérito, como avaliam os

portugueses o rumo da UE para sair da crise e enfrentar os novos desafios mundiais? Neste

Eurobarómetro, os portugueses tendem a considerar que a UE está a ir na direção errada (33

por cento), contra 30 por cento que consideram que o rumo adotado pela UE é correto e 22 por

cento que pensam que a direção seguida pela UE não é nem certa nem é errada. Tal como nos

dois Eurobarómetros anteriores (EB74, realizado no outono de 2010, e EB75, realizado na

primavera de 2011), os portugueses são mais críticos do rumo da UE que os seus

congéneres europeus, que tendem a avaliá-lo positivamente (38 por cento), contra 31 por

cento que tem a opinião oposta. A avaliação nacional maioritariamente negativa neste

Eurobarómetro altera o padrão dos dois Eurobarómetros anteriores, em que a atitude mais

frequente passava por afirmar que a Europa seguia a direção certa (33 por cento dos inquiridos no

outono de 2010 e 36 por cento na primavera de 2011).

4. Conclusão

A maioria dos portugueses considera que não está pessoalmente bem informada em

relação aos assuntos europeus. Se este resultado não difere muito da média europeia, ele não é

igual em todos os setores da população portuguesa. São sobretudo os mais idosos, os menos

escolarizados, as domésticas e os reformados que sentem estar mal ou nada informados,

enquanto que os inquiridos mais escolarizados e os quadros superiores consideram-se

maioritariamente muito bem ou bem informados sobre os temas europeus. Há contudo a registar

uma evolução positiva no sentimento de informação dos portugueses em comparação com o

Eurobarómetro 74, realizado 12 meses antes do presente estudo.

À semelhança dos seus congéneres europeus, a principal fonte de informação dos

portugueses é a televisão, seja para se informarem sobre os assuntos políticos europeus em geral,

seja para obterem informação específica sobre a UE. Contudo, a televisão apresenta uma

preponderância muito maior em Portugal que nos restantes países europeus, sendo o país da UE

onde a televisão apresenta o maior peso relativo enquanto fonte de informação. Na situação

inversa encontramos a Internet, com os portugueses a surgirem neste EB como os que menos

recorrem a este meio para se informarem sobre a UE e os assuntos europeus; bem como entre os

menos entusiastas em relação ao papel das redes sociais na informação e participação política.

Os portugueses avaliam muito positivamente as sete iniciativas da Estratégia 2020 da

Comissão Europeia. No conjunto das sete iniciativas, a avaliação média dos portugueses é de 7,6

pontos numa escala de 10 pontos (0,1 pontos acima da média europeia). Tanto os portugueses

como os europeus em geral destacam a “Plataforma europeia contra a pobreza” e a “Agenda para

novas qualificações e novos empregos” como as iniciativas mais importantes, um padrão que pode

refletir o atual contexto de crise. Os objetivos da Estratégia 2020 são maioritariamente vistos como

sendo adequados, tanto em Portugal como na UE; e em geral os portugueses apoiam medidas

semelhantes aos seus congéneres europeus para as diferentes áreas de iniciativa desta estratégia.

Contudo, ao contrário da média europeia, os portugueses tendem a considerar que a UE está a ir

na direção errada para sair da crise e enfrentar os novos desafios mundiais. Se esta posição mais

crítica dos portugueses em relação ao rumo da UE já se verificava nos dois Eurobarómetros

anteriores, este é o primeiro onde o número de portugueses que avaliam negativamente a direção

da UE excede o número dos que a avaliam positivamente.