relatÓrio monitoramento &...

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MONITORING & IMPLEMENTATION REPORT VCS Version 3, CCB Standards Third Edition v3.0 1 RELATÓRIO MONITORAMENTO & IMPLANTAÇÃO Preparado por Project Title Amazon Rio REDD+ IFM Redução de Emissões de GEE pela Degradação Evitada Version 1.3 Report ID MIR_EBCF_REDD_0116 Date of Issue 06-Junho-2016 Project ID VCS project database ID, if registered Monitoring Period 17-Agosto-2012 to 29-Março-2016 Prepared By Original Trade Consultoria Especializada Contact Avenida André Araújo, 2936 Edifício Incubadora do INPA, sala 10, Cep. 69.060-000, Manaus-AM, Brazil. 0055 92 981590997; [email protected]; originaltrade.net

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MONITORING & IMPLEMENTATION REPORT VCS Version 3, CCB Standards Third Edition

v3.0 1

RELATRIO

MONITORAMENTO & IMPLANTAO

Preparado por

Project Title

Amazon Rio REDD+ IFM

Reduo de Emisses de GEE pela Degradao Evitada

Version 1.3

Report ID MIR_EBCF_REDD_0116

Date of Issue 06-Junho-2016

Project ID VCS project database ID, if registered

Monitoring Period 17-Agosto-2012 to 29-Maro-2016

Prepared By Original Trade Consultoria Especializada

Contact

Avenida Andr Arajo, 2936 Edifcio Incubadora do INPA, sala 10, Cep.

69.060-000, Manaus-AM, Brazil.

0055 92 981590997; [email protected]; originaltrade.net

mailto:[email protected]

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Ttulo do Projeto

Amazon Rio REDD+ IFM

Reduo de Emisses de GEE pela Degradao Evitada

Localizao do

projeto Municpio de Manicor, Estado do Amazonas, Brasil.

Proponente do

projeto

EBCF Empresa Brasileira de Conservao Florestal

Contato: Leonardo Barrionuevo (CEO) [email protected] fone +1 305-

321-4577

Auditor Rainforest Alliance (Klaus Geiger [email protected]; Tel: +1 (802)923-3766) e

Imaflora (Bruno B. Souza, [email protected]; Tel +55 (19) 98324 5522.

Data de incio do

projeto

17 de Agosto de 2012; perodo creditcio de 37 anos, tempo do projeto de 37

anos (podendo ser estendido por mais tempo).

Perodo de

cubertura do PIR 17 de agosto de 2012 at 29 de maro de 2016.

Histrio do status

CCBA Sem histrico; primeira proposio ( validao e verificao em conjunto).

Edio CCBA

Standard

CCBA. 2013. Padres Clima, Comunidade e Biodiversidade Terceira Edio.

CCBA, Arlington, VA, EUA. Dezembro de 2013. At: www.climate-standards.org

Resumo dos

resultados

gerados pelo

projeto

Conforme previsto, no houve qualquer atividade de explorao madeireira nas

reas do projeto assim como ocorreu um controle efetivo do desmatamento

tanto nas reas do projeto quanto nas comunidades do entorno. Com isso,

projeto de REDD+ da EBCF apresenta uma reduo de emisses na ordem de

430.873,68 tCO2e considerando o balano de redues e emisses entre os

anos de 2011 a 2015. Do ponto de vista comunitrio foi realizado um senso das

condies sociais bsicas, o zoneamento de atividades e a aplicao da matriz

mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]://www.climate-standards.org/

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v3.0 3

de sustentabilidade. Esse conjunto de instrumento ir servir para o

planejamento das atividades futuras assim como medir as diferentes dimenses

do progresso social local. Os benefcios biodiversidade se apresentam na

drstica reduo do desmatamento desde a implantao do projeto. Alm

disso, se realizou estudos preliminares no mbito do plano de gesto, para

monitorar a prtica da caa na regio. Tambm foi dado incio s atividades

relacionadas a sade e gerao de renda em parceria com as comunidades

locais.

Padro Ouro Em relao ao clima, entende-se que ecossistemas equilibrados possuem

maior resilincia ecolgica e social e adaptabilidade frente s mudanas

climticas, seja por meio da proteo dos corpos de gua e regulao da vazo

dos rios nos picos de enxurrada e estiagem, seja pela oferta regular de

alimentos, produtos e servios ambientais. Do ponto de vista social o projeto

tem uma forte atuao junto a populaes claramente marginalizadas pelo

sistema de ateno social do Estado e tem como estratgia interagir com as

comunidades no sentido de dar maior visibilidade s mulheres, idosos e

crianas. Os benefcios excepcionais biodiversidade se concretizam diante do

fato de o projeto Amazon Rio apresentar diversos atributos de qualificao de

Altos Valores de Conservao, tais como espcies endmicas e/ou raras e ter

diversas espcies protegidas por legislao especfica proibindo o corte, tais

como a castanheira, seringueira e mogno.

Data de concluso

do PIR 10 de Setembro de 2016.

Agenda esperada

de Verificao Peridica a cada 5 (cinco) anos

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SUMRIO

1 GERAL .............................................................................................................................................. 11

1.1 Descrio sumria do projeto (G3) ............................................................................................. 11

1.2 Objetivos do projeto .................................................................................................................... 13

1.3 Localizao do projeto (G1 & G3) ............................................................................................... 15

1.4 Condies Antes do Incio do Projeto ......................................................................................... 19

1.5 Proponente do projeto (G4) ........................................................................................................ 29

1.6 Outras entidades envolvidas no projeto (G4) ............................................................................. 30

1.7 Data de incio do projeto (G3) ..................................................................................................... 30

1.8 Perodo de crdito do projeto (G3).............................................................................................. 31

2 DESENHO DE IMPLANTAO ........................................................................................................ 31

2.1 Escopo setorial e tipo do projeto ................................................................................................. 31

2.2 Descrio das atividades do projeto (G3) ................................................................................... 31

2.3 Gesto de riscos para benefcios do projeto (G3) ...................................................................... 37

2.4 Medidas para manter reas de alto valor para conservao (G3) ............................................. 41

2.5 Financiamento do projeto ............................................................................................................ 52

2.6 Oportunidades de trabalho e segurana para o trabalhador ...................................................... 54

2.7 Stakeholders ............................................................................................................................... 55

3 STATUS LEGAL ................................................................................................................................ 58

3.1 Cumprimento das leis, estatutos, direitos de propriedade e outros quadros de Regulao ...... 58

3.2 Evidncia de direitos sobre o uso da terra .................................................................................. 60

3.3 Programas de comrcio de emisses e outros limites de ligao .............................................. 62

3.4 Participao no mbito de outros programas de GEE ............................................................... 62

3.5 Outras formas de crditos ambientais (CL1) .............................................................................. 62

3.6 Projetos rejeitados por outros programa de GEE ....................................................................... 62

3.7 Respeito aos direitos e sem realocao involuntria ................................................................. 62

3.8 Atividades ilegais e benefcios do projeto (G5) ........................................................................... 65

4 APLICAO DE METODOLOGIA .................................................................................................... 66

4.1 Ttulo e referncia da metodologia ............................................................................................. 66

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4.2 Desvios do plano de monitoramento .......................................................................................... 66

4.3 Limites do projeto (G1) ................................................................................................................ 66

4.4 Cenrio de linha de base ............................................................................................................ 72

4.5 Adicionalidade ............................................................................................................................. 73

5 DADOS DE MONITORAMENTO E PARMETROS ........................................................................ 84

5.1 Descrio do plano de monitoramento ....................................................................................... 84

5.1.1 Monitoramento dos Impactos Climticos ............................................................................ 85

5.1.2 Monitoramento dos Impactos para Biodiversidade ............................................................. 91

5.1.3 Monitoramento dos Impactos Sociais ................................................................................. 93

5.2 Dados e parmetros disponveis para validao (CL3) .............................................................. 94

5.3 Dados e parmetros do monitoramento (CL3, CM3 & B3) ....................................................... 106

6 QUANTIFICAO DAS REDUES DE EMISSES DE GEE E REMOES (CLIMA) ............ 141

6.1 Linha de base das emisses (G2) ............................................................................................ 141

6.2 Emisses do projeto .................................................................................................................. 141

6.3 Vazamento ................................................................................................................................ 141

6.4 Resumo de redues de GEE Emisses e Remoes ............................................................ 141

6.5 Benefcios da adaptao s mudanas climticas ................................................................... 142

7 COMUNIDADE ................................................................................................................................ 143

7.1 Impactos positivos para as comunidades ................................................................................. 143

7.2 Impactos negativos fora das partes interessadas..................................................................... 148

7.3 Benefcios excepcionais para as comunidades ........................................................................ 148

8 BIODIVERSIDADE .......................................................................................................................... 148

8.1 Impactos positivos para a biodiversidade ................................................................................. 148

8.2 Impactos negativos para biodiversidade ................................................................................... 149

8.3 Benefcios excepcionais para biodiversidade ........................................................................... 149

9 INFORMAO ADICIONAL ............................................................................................................ 149

REFERNCIAS ......................................................................................................................................... 151

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NDICE DE FIGURAS

Figura 1: Localizao do Municpio de Manicor. ...................................................................................... 15

Figura 2: Localizao das reas Amazon Rio I, II, III e IV. ......................................................................... 15

Figura 3: Mapa identificando a zona do projeto REDD da EBCF, incluindo zona de amortecimento e

comunidades participantes. ........................................................................................................................ 16

Figura 2. Madeira ilegal na Amaznia (2009). SFB/IMAZON (2010) ......................................................... 39

Figura 3. reas de importncia para a conservao da biodiversidade da Amaznia segundo anlise

desenvolvida pelo Ministrio do Meio Ambiente (2007) possvel ver que as reas da Amazon Rio II e

III fazem parte da classificao extremamente alta para a conservao da biodiversidade. .................. 42

Figura 4. Oficina I: Voto de Consentimento Livre, Prvio e Informado para o desenvolvimento do

Projeto REDD+ pelas lideranas das comunidades de Democracia, gua Azul, So Jos do Miriti, Vista

Alegre, Jatuarana, Terra Preta do Ramal, Pandegal, Santa Maria, Santa Eva e Terra Preta do Rio

Manicor...................................................................................................................................................... 64

Figura 5. Oficina II: Voto de Consentimento Livre, Prvio e Informado para o desenvolvimento do

Projeto REDD+ pelas lideranas das comunidades de Urucury, Mocambo, Boa Esperana e So Joo

& Ponta Grossa. .......................................................................................................................................... 64

Figura 6. Oficina III: Voto de Consentimento Livre, Prvio e Informado para o desenvolvimento do

Projeto REDD+ pela comunidade indgena Kamayu ................................................................................ 65

Figura 7. a) Limite de interferncia direta do Projeto e b) rea total do Projeto ......................................... 67

Figura 8. Formaes florestais presentes na rea do Projeto ................................................................... 68

Figura 9. Mapa das UPAs exploradas ........................................................................................................ 70

Figura 10. Filtro instalado nas 10 comunidades e de um aluno da escola da Comunidade Democracia

consumindo gua filtrada. ......................................................................................................................... 145

Figura 11. Victor Belfort realizando palestra na comunidade democracia 2015 ................................... 147

Figura 12. Evoluo do desmatamento nas reas do projeto de REDD da EBCF e reas de

amortecimento (fonte: Relatrio HDOM). ................................................................................................. 149

../../../DOC_JT/PD_2016/Junho/VCS%20CCB%20Monitoring%20%20Implementation%20Report%20EBCF_Junho_PORT.doc#_Toc459546030../../../DOC_JT/PD_2016/Junho/VCS%20CCB%20Monitoring%20%20Implementation%20Report%20EBCF_Junho_PORT.doc#_Toc459546031../../../DOC_JT/PD_2016/Junho/VCS%20CCB%20Monitoring%20%20Implementation%20Report%20EBCF_Junho_PORT.doc#_Toc459546033../../../DOC_JT/PD_2016/Junho/VCS%20CCB%20Monitoring%20%20Implementation%20Report%20EBCF_Junho_PORT.doc#_Toc459546038../../../DOC_JT/PD_2016/Junho/VCS%20CCB%20Monitoring%20%20Implementation%20Report%20EBCF_Junho_PORT.doc#_Toc459546041../../../DOC_JT/PD_2016/Junho/VCS%20CCB%20Monitoring%20%20Implementation%20Report%20EBCF_Junho_PORT.doc#_Toc459546041../../../DOC_JT/PD_2016/Junho/VCS%20CCB%20Monitoring%20%20Implementation%20Report%20EBCF_Junho_PORT.doc#_Toc459546043../../../DOC_JT/PD_2016/Junho/VCS%20CCB%20Monitoring%20%20Implementation%20Report%20EBCF_Junho_PORT.doc#_Toc459546043

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NDICE DE TABELA

Tabela 1: Crongrama de implantao do projeto e prximas atividades ................................................... 34

Tabela 2. Espcies da flora ameaadas de extino nas reas do Projeto Amazon Rio, utilizando-se

informaes do inventrio florestal expedito realizado pela EBCF e considerando-se a lista vermelha de

espcies ameaadas da IUCN (nota de rodap IUCN). ............................................................................. 44

Tabela 3. Espcies de animais ameaados nas reas do Projeto Amazon Rio e entorno. ....................... 46

Tabela 4. Espcies endmicas no sudoeste da Amaznia ........................................................................ 48

Tabela 5. Despesas de implantao e execuo do Projeto...................................................................... 54

Tabela 6. Fontes de emisses e sumidouros de GEE associados com as atividades da linha de base e

do Projeto. ................................................................................................................................................... 71

Tabela 7. Resumo das reas manejadas desde 1999. .............................................................................. 73

Tabela 8. Taxa Interna de Retorno (TIR) e Valor Presente Liquido (VPL) de distintas atividades de MFS

e Projeto REDD+......................................................................................................................................... 77

Tabela 9. Anlise de sensibilidade em diferentes cenrios com variaes de +5%, +10% e +20% no

preo das CRAs. ......................................................................................................................................... 78

Tabela 10. Anlise de sensibilidade considerando variaes de -5%, -10%e -20% no valor das

despesas administrativas do Projeto. ......................................................................................................... 79

Tabela 11. Emisses das atividades do projeto 2011 - 2016. .................................................................. 141

Tabela 12. Resumo das estimativas ex-ante. ........................................................................................... 142

ANEXOS

ANEXO 1. Operations License Summary (Resumo das LOs)

ANEXO 2. Logging Plan Valdenor II (Plano de Manejo Valdenor II)

ANEXO 3. Logging License Registration, PAAM (Cadastro para explorao florestal, PAAM)

ANEXO 4. Operations Licenses and Annual Production Units (LOs and UPAs)

ANEXO 5. Vegetation Maps (Mapas de Fitofisionomia)

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ANEXO 6. Annual Operation Plan and Forest Logging Authorization (POAs a AUTEX)

ANEXO 7. Forest Inventory 100% UPA 6 (Inventrio Florestal 100% UPA 6 (2007))

ANEXO 8. Expedited Forest Inventory - 2013 (Inventario Florestal Expedito - 2013)

ANEXO 9. Amazon Rio I RPDS Management Plan (Plano de Gesto da RPDS Amazon Rio I

ANEXO 10. Free, Prior and Informed Consent (FPIC) (Consentimento Livre Previo e Informado)

ANEXO 11. Land Titles (Escrituras)

ANEXO 12. Support Letters from Government Bodies (Cartas de apoio dos rgos do Governo)

ANEXO 13. Sales Declaration from Gethal (Declaraes de venda Gethal)

ANEXO 14. Gethal SmartWood Certification (Certificao SmartWood Gethal)

ANEXO 15. Greenpeace article on timber companies in the Amazon (Relatrio Greenpeace sobre

madeireiras da Amaznia)

ANEXO 16. Cash Flow Analysis (Anlise fluxo de caixa)

ANEXO 17. Financial Analysis Baseline and Additionality (Analise financeira linha de base e

adicionalidade)

ANEXO 18. Emissions Calculation Spreadsheet (Planilha de calculos de emisses)

ANEXO 19. EBCF Core-business (Core-business da EBCF)

ANEXO 20. EBCFs Undertanding of Project Risks and Barriers (Entendimentos da EBCF sobre

riscos)

ANEXO 21. EBCFs Energy Use and Transport (EBCF consumo de energia e transporte)

ANEXO 22. Non-Permanence Risk Analysis/Buffer (Analise de risco de no permanncia/buffer)

ANEXO 23. Forest Biomass Inventory - 2016 (Inventrio de Biomassa Florestal - 2016)

ANEXO 24. Relatrio Tcnico Desmatamento_2016

ANEXO 25. Ofcio e assinaturas do conselho consultivo

ANEXO 26. Senso Comunidades 2013.

MONITORING & IMPLEMENTATION REPORT VCS Version 3, CCB Standards Third Edition

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SIGLAS

AFOLU Agriculture, Forestry and Other Land Use (Agricultura, Florestas e Outros Uso da

Terra)

AP rea do Projeto

APP reas de Preservao Permanente

ANTAQ Agncia Nacional de Transportes Aquavirios

APD Desmatamento Planejado Evitado

ATER Assistncia Tcnica e Extenso Rural

AUTEX Autorizao de Explorao Florestal

CAAD Central das Associaes Agroextrativistas de Democracia

CAAM Associaes Agroextrativistas de Manicor

CNS Conselho Nacional das Populaes Extrativistas

CRA Cotas de Reserva Ambiental

DAP Dimetro a Altura do Peito

DOF Documento de Origem Florestal

EIA Estudo de Impacto Ambiental

EPI Equipamento de Proteo Individual

FAS Fundao Amazonas Sustentvel

FODADE Floresta Ombrfila Densa Aluvial de Dossel emergente

FODTBDE Floresta Ombrfila Densa de Terras Baixas e Dossel emergente

FSC Forest Stewardship Council

FUNAI Fundao Nacional do ndio

GEE Gases de Efeito Estufa

AVC Alto Valor para Conservao (High Conservation Value HCV)

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis

IDAM Instituto de Desenvolvimento Agropecurio e Florestal do Estado do Amazonas

IEA International Energy Agency (Agncia Internacional de Energia)

IEB Instituto Internacional de Educao do Brasil

IF Inventrio Florestal

IFM-LtPF Improved Forest Management - Logged to Protected Forest (Melhoria da Gesto

Florestal - floresta manejada para floresta protegida)

IMAZON Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amaznia

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IPAAM Instituto de Proteo Ambiental do Amazonas

IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change (Painel Intergovernamental sobre

Mudana.

MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (Clean Development Mechanism CDM)

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MCT Ministrio da Cincia e Tecnologia

MFS Manejo Florestal Sustentvel

MMA Ministrio do Meio Ambiente

PD Project Description (Descrio do Projeto)

PSA Pagamento por Servios Ambientais (Payment for environmental services PES)

PFNM Produto Florestal No Madeireiro

PM Plano de Monitoramento

PMFS Plano de Manejo Florestal Sustentvel

POA Plano Operacional Anual de Extrao

PROARCO Programa de Preveno e Controle s Queimadas e aos Incndios Florestais no

Arco do Desflorestamento

PRODES Programa de Clculo do Desflorestamento da Amaznia

RIMA Relatrio de Impacto Ambiental

RDS Reservas de Desenvolvimento Sustentvel

RL Reserva Legal

RPDS Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentvel

RPPN Reserva Particular do Patrimnio Natural

SAD Sistema de Alerta de Desmatamento

SDS Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel do

Amazonas

SEUC Sistema Estadual de Unidades de Conservao

SIG Sistema de Informao Geogrfica

UEA Universidade Estadual do Amazonas (UEA)

UFAM Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

UNFCCC United Nations Framework Convention on Climate Change (Conveno-Quadro das

Naes Unidas sobre as Alteraes Climticas)

UC Unidade de Conservao

UCV Unidade de Carbono Verificada

UPA Unidade Produtiva Anual

WBCSD World Business Council for Sustainable Development (Conselho Empresarial

Mundial para o Desenvolvimento Sustentvel)

WRI World Resources Institute (Instituto Mundial de Recursos)

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1 GERAL

1.1 Descrio sumria do projeto (G3)

O Projeto Amazon Rio consiste na conservao de um mosaico de quatro reas particulares

denominadas Amazon Rio I, II, III e IV, que somam 20.387 hectares (ha) de floresta primria,

localizadas no Municpio Manicor no Estado do Amazonas. A rea alvo do projeto

caracterizada por ser uma regio da bacia sedimentar do Solimes, onde predominam os Aluvies

Holocnicos, Formao I e a Formao Detrito-Latertica. O relevo do tipo plano com

formao de vegetao primria constituda por reas de terra firme, vrzea e algumas formaes

de igap devido influncia do Rio Manicor.

As reas Amazon Rio predominam florestas do tipo Floresta Ombrfila Densa Terras Baixas

Dossel emergente e Floresta Ombrfila Aberta Terras Baixas com palmeiras (79%), Floresta

Ombrfila Densa Aluvial Dossel emergente (11%), Floresta Ombrfila Aberta Aluvial com

palmeiras (8%), Formaes Pioneiras com influncia fluvial e/ou lacustre - herbcea e arbustiva

com palmeiras (1%).

O Projeto tem como foco principal: (i) a conservao dos ecossistemas florestais e da

biodiversidade; (ii) o desenvolvimento social sustentvel da regio, incluindo a promoo do

ecoturismo e pesquisa cientfica, e (iii) as redues de emisses de dixido de carbono (CO2.EQ)

atravs da conteno do desmatamento e degradao florestal.

Em 1998, foi aprovado pelas agncias ambientais competentes um plano de manejo em uma rea

de 19.800 ha para explorao madeireira por um perodo de 25 anos (rea total excluindo reas

de Proteo Permanente - APP, e corpos d'gua). Entre os anos de 1999 e 2010, 4.347,69 ha

foram degradados devido operao florestal autorizada (Anexos 1, 2, 3 e 4). Em fevereiro de

2011, a rea foi adquirida pela Empresa Brasileira de Conservao de Florestas (EBCF), que para

colocar em prtica os objetivos do Projeto tomou duas importantes decises: paralisar as

operaes de extrao de madeira que estavam em andamento nas reas do Projeto desde 1999

e transform-las em Reservas Particulares de Desenvolvimento Sustentvel (RPDSs), tendo como

suporte jurdico a Lei Estadual n. 53 de Junho de 2007 e o Decreto 30.108 de Junho de 2010.

importante informar que apenas a rea da Amazon Rio I foi homologada em junho de 2013 pela

Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel do Amazonas (SDS), por meio da

Portaria/SDS/n 86/2013. As demais reas particulares Amazon Rio II, III e IV esto em processo

de anlise na SDS para futuras homologaes. A proposta que as quatro reas integrem um

MONITORING & IMPLEMENTATION REPORT VCS Version 3, CCB Standards Third Edition

v3.0 12

sistema articulado de Unidades de Conservao privadas gerenciadas pela EBCF atravs de um

Plano de Gesto1.

Com essa nova estratgia de uso do solo sero conservados 20.387 ha de floresta primria,

evitando, assim, as emisses CO2 que ocorreria sem a implementao do Projeto. As receitas dos

crditos de carbono sero usadas para manter a floresta primria, atravs da implementao das

atividades previstas no Plano de Gesto das Reservas (Anexo 9), incluindo programas sociais e

de monitoramento ambiental.

O Projeto pretende garantir a sua sustentabilidade financeira atravs da venda de crditos de

carbono obtidos com a conservao da rea e manuteno dos servios ambientais. Outra fonte

de renda tambm prevista pelo Projeto refere-se ao mercado nacional de Compensao da

Reserva Legal (CRA)2. Com esses dois mecanismos financeiros voltados para a conservao

estima-se evitar a emisso de aproximadamente 2 milhes de toneladas de dixido de carbono

para a atmosfera durante um perodo de 37 anos.

importante ressaltar que a rea do Projeto de grande importncia para a conservao,

especialmente considerando suas caractersticas de (i) alta diversidade biolgica e concentrao

de espcies endmicas e farmacolgicas (Seo 7); (ii) extensas reas de plancies, que so

importantes para a reproduo e sobrevivncia de muitas espcies de plantas e animais,

especialmente aves e herpetofauna e de (iii) grande potencial para ecoturismo e educao

ambiental, incluindo a pesquisa cientfica.

A criao destas Reservas Particulares tambm corrobora para a consolidao da estratgia de

estabelecimentos de corredores ecolgicos e mosaicos na regio, criando conexo territorial entre

unidades de conservao pblicas e privadas. Esta situao reduz potenciais conflitos entre o

Estado, os proprietrios e as populaes residentes nas reas de amortecimento e cria

oportunidades para o estabelecimento de aes integradas, otimizando recursos humanos e

financeiros, especialmente para aes de monitoramento e controle ambiental.

Tambm importante considerar o fato de que as comunidades locais do entorno utilizam as

reas do Projeto para sua subsistncia, atravs do extrativismo de produtos florestais no-

madeireiros extrativistas (como por exemplo, castanhas, frutas, leos, cips), pesca e caa, e, por

1 Apesar do Plano de Gesto (Anexo 9, j submetido e aguardando aprovao do CEUC) tratar formalmente da

Reserva Particular Amazon Rio I, as demais reas Amazon Rio II, III, IV, foram includas como estudo do entorno para no perder a viso de conjunto das aes de manejo previstas no Plano. A proposta que com as futuras homologaes as demais Reservas Particulares sejam inseridas formalmente no Plano, constituindo um documento unificado. 2 O 2o, art. 15 do novo Cdigo Florestal Brasileiro (Lei 12.651/2012) dispe sobre a reserva florestal voluntria, ou

seja, o excedente florestal existente na propriedade rural. De acordo com esse dispositivo toda rea conservada que ultrapasse o mnimo exigido pela lei poder ser utilizada para constituio de servido ambiental ou para Cota de Reserva Ambiental no mesmo Bioma e Estado.

MONITORING & IMPLEMENTATION REPORT VCS Version 3, CCB Standards Third Edition

v3.0 13

essa razo, tem o interesse direto na conservao da floresta para a sua alimentao, segurana

econmica e manuteno das suas prticas culturais.

Os benefcios ambientais proporcionados pelas comunidades as transformam em "guardies" da

floresta, contribuindo significativamente para o monitoramento e controle de atividades ilegais de

extrao de madeira, pesca e caa praticadas na regio, bem como para a superviso e controle

de incndios florestais. Neste contexto, o Projeto Amazon Rio desempenha um papel de grande

importncia ambiental regional, alm de contribuir para a melhoria dos meios de subsistncia da

populao local e, consequentemente, para a conservao da floresta.

Estima-se uma populao de 450 famlias distribudas em 15 comunidades do entorno da rea do

Projeto Amazon Rio. So comunidades tipicamente caboclas, cuja principal atividade econmica

o cultivo agrcola familiar de baixa escala, especialmente de mandioca para produo de farinha

e banana. A relao com a floresta de extrativismo de produtos no madeireiros, como a

extrao da copaba e coleta de castanha da Amaznia e para caa de subsistncia. A pesca

tambm uma atividade econmica bastante relevante.

Os benefcios ambientais proporcionados com a implementao do Projeto e do Plano de Gesto

da RPDS Amazon Rio I e posteriormente das reas particulares Amazon Rio II, III e IV, possui um

forte componente vinculado ao desenvolvimento social, considerando a incluso de diversos

programas de apoio socioeconmico s comunidades locais e promoo do desenvolvimento

sustentvel na regio.

O Projeto ser implantado a partir da adoo de processos participativos, garantindo s

comunidades locais do entorno da rea do Projeto envolvimento ativo tanto no desenvolvimento

dos programas previstos como nas tomadas de deciso. Os programas comunitrios voltados

para a melhoria do acesso sade, educao e gerao de renda tero como referncia o

"Programa Bolsa Floresta", um programa de grande relevncia voltado para Pagamentos por

Servios Ambientais (PSA) no Estado do Amazonas. No mdio e longo prazo esses programas

pretendem melhorar significativamente as condies de vida destas comunidades, fortalecendo

sua capacidade organizacional e institucional, incluindo sua sustentabilidade produtiva, ambiental

e financeira.

1.2 Objetivos do projeto

Objetivo Geral

Os objetivos desse projeto tem uma abordagem holstica sobre a regio e guarda afinidade plena

ao recente pronunciamento das Naes Unidas na concepo dos dezessete Objetivos do

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Desenvolvimento Sustentvel3 (ODS). Nesse sentido, os objetivos do projeto tem uma relao

direta com alguns dos ODS e toma outros como fonte de inspirao para a implementao das

atividades em parceria com as comunidades locais. Tais diretrizes sero elementos fundamentais

no processo de discusso local em torno das atividades do projeto.

Sendo assim, assume-se como objetivo geral do projeto contribuir para a manuteno do clima

global (objetivo 13), por meio da implementao de atividades que evitem a emisso de gases de

efeito estufa localmente, pela substituio da explorao seletiva florestal por um projeto de

conservao da biodiversidade florestal (objetivo 15), preservando a cultura tradicional das

comunidades populacionais do entorno (objetivo 3), promovendo a gerao de renda (objetivo 1,

8) e contribuindo para o desenvolvimento social local (objetivos 2, 5, 4, 6, 7) .

Objetivos Especficos

Especificamente, o projeto tem como objetivos:

1. Implantar atividades econmicas alternativas de modo a gerar receitas para o projeto,

beneficiando pelo menos 300 famlias do entorno da rea alvo e interrompendo a

explorao madeireira;

2. Reduzir, aproximadamente, 3,2 milhes de toneladas de dixido de carbono em

decorrncia das atividades do projeto;

3. Contribuir para a manuteno da biodiversidade regional por meio da preservao e

conservao da floresta;

4. Contribuir para melhorar os processos educativos e ateno sade regional;

5. Promover a incluso e empoderamento feminino nas comunidades da rea do projeto.

3 Os 17 Objetivos de desenvolvimento Sustentvel nas naes Unidas so: (1) Acabar com a pobreza

em todas as suas formase todos os lugares; (2) Acabar coma fome, alcanar a segurana alimentar, melhorar a nutrio; (3) Assegurar uma vida saudvel e promover o bem-estar para todos; (4) Garantir educao inclusiva, equitativa e de qualidade; (5) Alacanar a igualdade de gnenro e empoderar todas as mulheres; (6) Garantir disponibilidade e manejo sustentvel da gua; (7) Garantir o acesso energia, confivel e sustentvel; (8) Promover o crescimento econmico sustentado, inclusivo e sustentvel; (9) Construir infraestruturas resilientes, promover a industrializao inclusiva; (10) Reduzir a desigualdade entre os pases e dentro deles; (11) Tornar as cidades assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes; (12) Assegurar padres de consumo e produo sustentvel; (13) Tomar medidas urgentes para combater a mudana do clima; (14) Conservar e promover o uso sustentvel do oceanos; (15) Proteger, recuperar e promover o uso sustentvel das florestas; (16) Promover sociedades pacficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentvel; (17) Fortalecer os mecanismos de implementao e revitalizar a parceria global.

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1.3 Localizao do projeto (G1 & G3)

O Projeto Amazon Rio est localizado na regio sul do Estado do Amazonas-Brasil, s margens

do Rio Madeira, no municpio de Manicor (Figura 1), entre as Reservas de Desenvolvimento

Sustentvel (RDS) do Rio Madeira e do Rio Amap e dista aproximadamente 333 km de Manaus

(capital do Estado) via rea e 427 km via fluvial.

As

Figura 1: Localizao do Municpio de Manicor.

Figura 2: Localizao das reas Amazon Rio I, II, III e IV.

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quatro reas do projeto incluem 15 comunidades do entorno (zona de amortecimento), totalizando

mais de 460 famlias. As populaes residentes na zona de amortecimento das reas Amazon Rio

so conhecidas como caboclas e esto distribudas em quinze comunidades, sendo que doze

comunidades (Urucury, gua Azul, Vista Alegre, Boa Esperana, Santa Eva, Santa Maria,

Pandegal, Democracia, Jatuarana, Terra Preta do Ramal, Kamayu e So Jos do Miriti)

localizam-se no entorno das reas Amazon Rio I e III e da RDS do Rio Amap s margens do Rio

Madeira e seus afluentes. Uma comunidade, formada pelos moradores da Associao

Agroextrativista So Joo e Ponta Grossa, localiza-se no entorno da rea Amazon Rio IV. Duas

comunidades, Terra Preta do Rio Manicor e Mocambo, localizam-se no entorno da Amazon Rio II

s margens do Rio Manicor.

Figura 3: Mapa identificando a zonas do projeto REDD da EBCF, incluindo zona

de amortecimento e comunidades participantes.

Geologia e geomorfologia

O Estado do Amazonas caracterizado por uma extensa cobertura sedimentar fanerozica (Era

do Paleozico), distribuda nas bacias Acre, Solimes, Amazonas e Alto Tapajs, depositadas

sobre um substrato rochoso pr-cambriano onde predominam rochas de natureza gnea,

metamrfica e sedimentar (CPRM, 2013).

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Especificamente, a regio das reas Amazon Rio, que est situada entre a RDS do Rio Amap e

o municpio de Humait, est localizada dentro da mesma bacia sedimentar do Solimes com

caractersticas similares, onde predominam os Aluvies Holocnicos, Formao I e a Formao

Detrito-Latertica.

As regies onde aluvies holocnicos predominam so caracterizadas pelos depsitos detrticos

recentes, de natureza fluvial, lacustre ou marinho constitudo por cascalho, areia, silte e argila,

transportados por corrente sobre plancie de inundao. Esses depsitos encontram-se ao longo

dos rios da regio e principalmente no Rio Madeira. Por sua vez, as regies onde prevalecem a

Formao I so cobertas por depsitos elicos, cujas rochas e sedimentos configuram uma

parte importante do extremo sudeste da unidade morfoescultural da Depresso Amaznica. J as

coberturas Detrito-Latertica so recobertas por camadas ou nveis de arenitos e argilitos,

compondo mantos de intemperismo profundos com latossolos vermelhos.

A rea do Projeto tambm se destaca por estar localizada numa faixa de unidades paisagsticas

compostas por tabuleiros com direes estruturais NE-SW. Este aspecto contrasta com os

tabuleiros do sul da depresso (direo estrutural NNW-SSE), demonstrando que o lineamento

Madre de Dios Itacoatiara o qual governa todo o subsistema fluvial Rio Madeira tem sido um

importante agente tectnico que desde o Cenozico controla as reas de acumulao inundveis

(IGREJA & CATIQUE, 1997).

Topografia e solo

Essa regio caracterizada por relevo do tipo plano e formao de vegetao primria constituda

por reas de terra firme, vrzea e algumas formaes de igap devido influncia do Rio

Manicor. Predominam plancies que so caracterizadas por serem bastante planas e

normalmente localizadas a poucos metros do nvel do mar, contudo podem tambm ocorrer em

rea de altas altitudes. Nessa forma de relevo, a deposio de matrias supera a eroso.

Especificamente nas reas Amazon Rio predominam florestas do tipo Floresta Ombrfila Densa

Terras Baixas Dossel emergente e Floresta Ombrfila Aberta Terras Baixas com palmeiras (79%),

Floresta Ombrfila Densa Aluvial Dossel emergente (11%), Floresta Ombrfila Aberta Aluvial com

palmeiras (8%), Formaes Pioneiras com influncia fluvial e/ou lacustre - herbcea e arbustiva

com palmeiras (1%) (Anexo 5).

De acordo com a base de solos do IBGE (2000), a regio de Manicor formada principalmente

por Latossolo e Argissolo. Tambm podem ser encontrados solos do tipo Gleissolo, Espodossolo,

Solo Aluvial, Neossolo, Planossolo, Plintossolo e Nitosolo. O Sistema Brasileiro de Classificao

de Solos, produzido por estudos realizados pela Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecurias

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EMBRAPA, entre os anos de 2001 e 2006, corrobora as informaes de classificao para essa

regio.

Os Latossolos so solos minerais profundos e muito intemperizados e por isso so praticamente

destitudos de minerais primrios ou secundrios, alm de apresentarem baixa reserva de

nutrientes. Como consequncia do elevado grau de intemperismo e da pobreza do material de

origem, esses solos so, em geral, muito cidos, pobres em nutrientes disponveis e apresentam

elevado teor de alumnio trocvel. Como na maioria dos solos muito intemperizados, a matria

orgnica desempenha papel fundamental no processo de nutrio das plantas e de ciclagem de

nutrientes.

Os Argissolos, de modo geral, apresentam profundidade varivel. Sua drenagem pode variar de

muito bem a imperfeitamente drenado. Morfologicamente, apresentam cor com tonalidades

amareladas ou avermelhadas, mas tambm podem ser brunados ou acinzentados. So solos de

elevada pobreza qumica natural e com ausncia de reservas de nutrientes minerais.

Os solos aluviais tambm so muito representativos na regio. Estes solos so encontrados

principalmente nas margens do Rio Madeira. Possuem fertilidade distrfica situados em relevo

plano. As atividades agrcolas e pecurias so quase sempre realizadas nas faixas aluviais dos

principais rios da regio. Os solos de melhor fertilidade que ocorrem na vrzea so muito

utilizados para a produo de lavouras temporrias, como feijo, arroz, melancia e mandioca.

Clima e hidrografia

O clima na regio do Rio Madeira do tipo equatorial mido (IBGE, 2011), com temperatura

mdia de 27C, umidade relativa do ar variando entre 85 e 90% e precipitao anual entre

2.200mm a 2.800mm/ano (RADAMBRASIL, 1974). Informaes sobre a rea da RDS do Rio

Amap indicam que entre os meses de janeiro e maro a intensidade de chuvas maior, com

precipitaes mensais entre 300 e 350 mm, enquanto os meses mais secos so julho e agosto,

com mdias mensais em torno de 50 mm.

Geograficamente a regio amaznica definida pelas bacias hidrogrficas dos rios que

desembocam no Rio Amazonas e na sua foz, na costa leste de todo o Brasil (RIBEIRO et al.,

1999). A cidade de Manicor influenciada principalmente pelos Rios Madeira e Manicor que

so, respectivamente, rios de gua branca e preta e contribuem para as condies climticas do

local, somadas s caractersticas da cobertura vegetal que incluem as florestas, as campinas, os

cerrados e as vrzeas.

O Rio Madeira drena trs unidades morfo-estruturais principais: a cordilheira dos Andes (15%), o

escudo Brasileiro (41% da bacia) e a plancie Amaznica (44%). O Rio Manicor encontra-se nas

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duas ltimas formaes. Os rios menores, ou tributrios do Rio Madeira so: Rio Manicor, Rio

Aripuan, Rio Marmelos e Rio Canum, todos localizados na sua margem direita.

1.4 Condies Antes do Incio do Projeto

A principal atividade econmica desenvolvida na rea antes do incio do Projeto de conservao

era a extrao madeireira por meio de um plano de manejo florestal sustentvel, legalmente

autorizado (Anexos 1, 2, 3, 4, e 6) pelos rgos ambientais competentes em 1998.

Tal atividade teve incio em 1999 depois de aprovada a autorizao para explorao seletiva de

madeira em 97% da propriedade por um perodo de 25 anos, tendo sido encerrada em 2010 com

o incio das discusses sobre a criao das Reserva Particulares (RPDS). Na ocasio da

aprovao do plano de manejo madeireiro o proponente do Projeto (EBCF) ainda no tinha

conhecimento sobre a existncia da rea, e tampouco planejava adquir-la para fins de

conservao e manejo florestal no madeireiro. Desse modo, a prpria cronologia e durao dos

eventos descritos acima, j descartam eventuais dvidas quanto possvel implementao do

plano de manejo madeireiro, com vista a se criar um cenrio de linha de base com emisses de

Gases de Efeito Estufa (GEE), para posterior elaborao de um Projeto de reduo de emisses.

Contexto econmico do uso do solo

O sul do Amazonas uma regio importante e estratgica para impedir o avano do

desmatamento na Amaznia. Entretanto, nos ltimos anos, a regio vem sofrendo sucessivos

desmatamentos para a expanso de atividades agropecurias, contribuindo para o avano do

chamado arco do desmatamento em direo ao Estado do Amazonas. Historicamente, o arco

do desmatamento se desenvolveu pela expanso da agropecuria nos estados do Par, Mato

Grosso, Rondnia, Tocantins e Maranho. Os ltimos anos tm apontado para uma tendncia de

maior presso sob as florestas, considerando a globalizao dos mercados de carne e da soja na

Amaznia e as polticas internacionais de desenvolvimento para a regio (IDESAM, 2011),

Nesse cenrio de crescente desmatamento as florestas dos municpios do Sul do Amazonas

esto criticamente ameaadas, assim como sua grande diversidade biolgica que possui

ambientes heterogneos e espcies endmicas de extrema relevncia para a conservao da

biodiversidade amaznica (IDESAM, 2011).

Na localidade da rea do Projeto, no municpio de Manicor, h um movimento migratrio de

empresas madeireiras vindas dos estados de Rondnia e Mato Grosso, que pressiona a abertura

e manuteno de estradas no oficiais, contribuindo para a economia local do municpio. Somado

a este fator, h um fluxo migratrio de pessoas que habitavam Rondnia para a regio de

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Manicor, o que contribui fortemente para a expanso de atividades ilegais e conflitos fundirios

na regio (IDESAM, 2011).

Na Amaznia, o mercado de madeira tem influencia, sobremaneira, o sistema de uso e ocupao

do solo com impactos diretos para a conservao dos recursos naturais.. Sabe-se que a

Amaznia brasileira uma das principais regies produtoras de madeira tropical no mundo

juntamente com Malsia e Indonsia, sendo que produo de madeira em tora no Brasil

concentra-se principalmente nos estados do Par, Amazonas e Mato Grosso. Sua produo

mantm relativamente estvel, em torno de 24,5 milhes de m3 nos anos de 2010 e 2011 (ITTO,

2011). A explorao e o processamento industrial de madeira esto entre suas principais

atividades econmicas ao lado da minerao e da agropecuria (LENTINI et al., 2005). O setor

madeireiro impulsiona de forma direta a economia de dezenas de municpios da Amaznia,

incluindo Manicor. Segundo Lentini et al. (2005) em 2004 este setor gerou quase 400 mil

empregos na regio, o equivalente a 5% da populao economicamente ativa, e sua receita bruta

foi de US$ 2,3 bilhes.

O ltimo levantamento sobre mercado de madeira amaznica, realizado pelo SFB/IMAZON (2010)

mostra mudanas importantes no mercado de madeira processada. Em 1998, apenas 14% do

volume total produzido foi exportado. Em 2004, fatores como cmbio favorvel e aumento da

demanda por madeira amaznica no mercado europeu, norte-americano e asitico elevaram a

proporo de madeira exportada para 36%. Em 2009, porm, a participao da madeira nativa da

regio no mercado externo diminuiu para 21% da produo total. Neste mesmo ano, o mercado

de madeira foi essencialmente nacional. Aproximadamente 79% do volume produzido de madeira

foi destinado ao mercado brasileiro. O Estado de So Paulo (17%) e a Regio Sul (15%) foram os

principais consumidores de madeira da Amaznia. Outros 16% foram consumidos nos prprios

estados produtores (em 2004 era 11%).

Neste cenrio, a preveno do desmatamento em reas privadas, atravs de mecanismos de

conservao, um grande desafio para o desenvolvimento sustentvel na Amaznia e de

importncia vital.

As quatro propriedades que compem a rea do Projeto foram adquiridas em fevereiro de 2011

pela Empresa Brasileira de Conservao de Florestas (EBCF) com o objetivo principal de

implementar as atividades de conservao florestal, visando a proteo e valorizao da sua

biodiversidade, bem como a melhoria da qualidade de vida das comunidades que vivem no seu

entorno. Essas comunidades utilizam h vrias geraes os recursos florestais no madeireiros

dentro e fora da rea do Projeto como parte da sua subsistncia. At 2011, a rea do Projeto tinha

como principal uso, por mais de uma dcada, a extrao de madeira por meio de plano de manejo

florestal sustentvel, com ciclo de 25 anos. Em 1998 foi autorizada a explorao seletiva de

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madeira em 97% da propriedade, respeitando este ciclo de 25 anos. At 2010, 4.347,69 hectares

haviam sido explorados e, caso o cenrio de explorao se perpetuasse, estima-se que

aproximadamente 2 milhes de toneladas de CO2 teriam sido liberados para a atmosfera nos

prximos 37 anos.

Caracteristicas biticas da regio4

A Amaznia uma regio geogrfica composta pela floresta Amaznica latifoliada mida que

recobre a maior parte da Bacia Amaznica da Amrica do Sul, distribuda em nove naes.

Representa a maior bacia hidrogrfica do planeta, a do Rio Amazonas, com cerca de 6,9 milhes

de Km2, drenando 1/3 das guas da Amrica do Sul. O territrio amaznico tambm abriga os

maiores rios do mundo, so eles: o Rio Amazonas, Rio Solimes, Rio Negro, Rio Madeira e Rio

Tapajs. Essa profuso de rios faz com que a regio concentre 15% das guas doces superficiais

em forma lquida do planeta a maior reserva mundial (MEIRELES FILHO, 2006).

A Amaznia tambm superlativa em termos de diversidade biolgica, pois se estima que suas

florestas e rios abriguem aproximadamente 25% das espcies conhecidas no planeta, sendo

aproximadamente 60.000 espcies de plantas (das quais 30.000 so plantas superiores, sendo

mais de 2.500 espcies de rvores, o que representa 10% das plantas de todo o planeta), 2.000

espcies de peixes e 300 espcies de mamferos (ALBAGLI, 2001) e mais de 1000 espcies de

aves (10% do mundo todo).

As Reservas Amazon Rio se encontram no interflvio Purus-Madeira, regio de intensa e antiga

atividade antrpica, incluindo agricultura, pecuria e extrao de madeira, o que vem

comprometendo a qualidade dos ecossistemas locais terrestres e aquticos, como os rios e

igaraps. Entretanto, reas abrangidas pelas unidades privadas de conservao ainda

apresentam um excelente estado de conservao, com grande diversidade de plantas e animais.

Estudos regionais realizados no sudoeste da Amaznia e, particularmente, prximo ao Rio

Madeira, tm demonstrado alguns dos mais altos nveis de biodiversidade do mundo. Para um

maior detalhamento da diversidade faunstica das reas Amazon Rio e seu entorno, foram

utilizadas informaes de levantamentos e inventrios biolgicos realizados na RDS do Rio

Amap, localizada prxima s reas em questo.

Para anlises da biodiversidade florstica das reas Amazon Rio, lanou-se mo dos dados

previamente levantados pelos inventrios florestais elaborados para explorao madeireiras das

propriedades em 2007 (Anexo 7), assim como o desenvolvimento de um inventrio florestal

expedito em 2013 (Anexo 8), que seguiu as recomendaes de Filgueiras et al., (1994) a fim de

registrar a riqueza das espcies florestais, sempre em trilhas j abertas.

4 Tema mais detalhadamente discutido na Seo 7 deste documento.

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Para a anlise da biodiversidade de fauna, foram utilizadas informaes do inventrio biolgico da

RDS do Rio Amap, realizada em 2009 pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentvel do Amazonas (SDS) e disponibilizadas no seu Plano de Gesto

(GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS, 2010).

FLORA

Floresta de terra firme

O inventrio florestal de 100% de registro das rvores de terra firme em uma das reas

exploradas (UPA - Unidade Produtiva Anual) da Amazon Rio I (Anexo 7), identificou 87 espcies

distribudas em 30 famlias e 26 ocorrncias de uma mesma espcie no identificada. O inventrio

florestal expedito realizado em rea de terra firme em uma faixa de cerca de 4 km de comprimento

ao oeste na Amazon Rio I, permitiu identificar 43 espcies distribudas em 20 famlias, havendo

predominncia das famlias Fabaceae (16%), Sapotaceae (15%), Arecaceae (12%), Burseraceae

(9%) e Lecytidaceae (8%). Inseridas nessas famlias, as principais espcies madeirveis incluem

o breu (Protium sp.) e a abiurana (Pouteria sp.) que so espcies abundantes e frequentes em

toda essa regio.

As espcies mais comumente encontradas no inventrio de terra firme foram abiurana branca

(Micropholis mensalis), acariquara (Minquartia guianensis), cedrinho (Erisma uncinatum),

maparajuba (Manilkara paraensis), massaranduba (Manilkara huberi), pau marfim (Calycophyllum

acreanum) e tacacazeiro (Sterculia speciosa). Vale destacar o registro de espcies de grande

importncia ecolgica, como castanheira (Bertholletia excelsa), copaba jacar (Eperua oleifera

Ducke), tento (Adenanthera pavonina L.), fava (Abarema sp.), pajur (Licania laevigata Prance),

tauar (Couratari guianensis Aubl.), arur (Osteophloeum platyspermum) e juta (Pterocarpus sp.).

Dentre essas espcies, a castanheira tem contribuio significativa para a economia local dos

moradores da regio por meio da comercializao em grande escala da sua amndoa, que feita

por meio de uma cooperativa, a COVEMA, que ser descrita mais adiante.

Houve registro tambm de palmeiras como aa (Euterpe precatoria), babau (Attalea speciosa),

caramuri (Pouteria elegans) e patau (Oenocarpus bataua) muito utilizadas na alimentao e a

palmeira carana (Lepidocaryum tnue), cujas sementes so aproveitadas para confeco de

artesanato e suas folhas utilizadas na cobertura de moradias das comunidades do interior do

Amazonas. De um modo geral, as espcies de palmeiras contribuem significativamente para a

diversidade florstica de toda a regio onde esto inseridas as reas Amazon Rio.

Florestas de Vrzea

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O inventrio expedito nas reas de vrzea verificou que as mesmas apresentam-se cobertas por

florestas com formao heterognea que incluem espcies arbreas e arbustivas. Nestas

florestas foram identificadas 103 espcies florestais distribudas em 29 famlias, incluindo 27

rvores no necessariamente da mesma espcie e no identificadas pelos moradores locais.

Na vrzea as famlias vegetais com maior abundncia so Arecaceae (18%), Euphorbiaceae

(15%), Moraceae (9%), Myristicaceae (7%), Chrysobalanaceae (6%), Fabaceae (6%), Sapotaceae

(4%), Meliaceae (4%) e Lecythidaceae (4%), representadas principalmente pela seringa (Hevea

pauciflora), seringa barriguda (Hevea spruceana), jataba (Guarea guidonia), apu (Ficus sp.),

assacu (Hura crepitans), andiroba (Carapa guianensis), cedro (Cedrela odorata), muirapiranga

(Brosimum angustifolium), muiratinga (Maquira sclerophylla) e virola (Virola cuspidata), tambm

conhecida pelos locais com o nome de ucuba. Todas essas espcies so madeirveis e

utilizadas para diversos fins, como construo civil, naval, mveis, embalagens variadas e

sementes para artesanato.

Para as reas de vrzea, destaca-se a existncia de extensas reas de seringais com histrico de

explorao onde possvel a visualizao dos cortes antigos e novos nos mesmos indivduos.

Tambm notvel a ocorrncia de outras espcies que foram retiradas no passado pelo seu valor

madeireiro, como o paric (Schizolobium amazonicum), copaba mari-mari (Copaifera reticulata),

envira de cutia (Scleronema micranthum), garrote (Brosimum utile) e copaiba jacar (Eperua

oleifera), que representam aproximadamente 89% do volume das espcies exploradas, de acordo

com o relatrio ps-exploratrio de 2006 do Projeto de manejo florestal (Anexo 6 - Vald. II T05

POA, POS, REV. 2006), atualmente paralisado.

Ameaas flora local

Nas reas do Projeto Amazon Rio, as espcies florestais de interesse econmico sofreram

sucessivas supresses por meio do corte seletivo, principalmente as rvores das espcies Eperua

olefera (copaba jacar), Brosimum utile (garrote); Scleronema micranthum (envira cutia),

Copaifera reticulata (copaba mari-mari) e Schizolobium amazonicum (paric), Simarouba amara

(marupa), Parkia paraenses (paricarana), Brosimum parinarioides (amap), Couratari guianensis

(tauari branco) e Anacardium giganteum (caju-au). Essas foram as 10 espcies mais exploradas,

no ano de 2006 nas reas que agora so parte da RPDS Amazon Rio I. Essas 10 espcies

representaram 96% de toda madeira retirada do total de 19 espcies exploradas.

FAUNA

Em relao fauna, os inventrios biolgicos realizados pela SDS na RDS do Rio Amap nas

imediaes da rea do Projeto indicaram a presena de 29 espcies de mamferos, 210 espcies

de aves, 18 espcies de anfbios e 85 espcies de peixes (GOVERNO DO ESTADO DO

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AMAZONAS, 2010). Dentre as principais espcies de fauna citadas pelos comunitrios durante a

realizao de oficinas participativas na rea do Projeto esto: paca, cutia, tatu, veado, macacos

aranha, macaco guariba, macaco prego, anta, queixada e catitu.

Mamferos

Em um percurso de 82 km na floresta de terra firme foram obtidos 47 registros de mamferos de

mdio e grande porte, entre observao visual, rastros, fezes, material coletado como crnios e

pelos. Foi confirmada a presena de 29 espcies distribudas em sete ordens, conforme

apresentado no Plano de Gesto da RDS do Rio Amap (2010).

A presena de grandes carnvoros, como a ona-pintada (Panthera onca) e a ona-vermelha

(Puma concolor), indica boa qualidade ambiental, podendo estar associada baixa presso

antrpica, ,permitindo, assim, a permanncia de populaes viveis destes carnvoros (CULLEN

JR. & VALLADARES-PDUA, 1999). Alm disso, a presena de ariranhas (Pteronura brasiliensis)

nos rios de entorno, como no Rio Amap, pode ser considerada um bom indicador de manuteno

do equilbrio e da qualidade ambiental aqutica.

Avifauna

Na RDS do Rio Amap foram registradas 210 espcies de aves, sendo quatro espcies novas: o

gavio (Leucopternis sp), o chororozinho (Herpsilochmus sp.), a maria (Hemitriccus sp), e a gralha

(Cyanocorax sp) A distribuio geogrfica dessas quatro novas espcies limita-se, provavelmente,

ao pequeno interflvio Madeira-Purus.

Outro resultado importante foi quanto extenso da distribuio de cinco espcies em centenas

de quilmetros de floresta: maxalalag (Micropygia schomburgkii), bacurauzinho (Chordeiles

pusillus), choror-preto (Cercomacra serva), tinguau-de-barriga-amarela (Attila citriniventris) e

canrio-do-campo (Emberizoides herbicola), o que indica a heterogeneidade da rea e a

disponibilidade de recursos em toda a sua extenso. De acordo com Menger (2011), em estudo

realizado na regio do interflvio Purus-Madeira, a desigualdade na distribuio de espcies pode

ser explicada, em parte, pela sensibilidade das espcies s variaes ambientais, representadas

pela composio de palmeiras, que so muito abundantes em toda a regio conforme inventrios

florsticos realizados na regio.

Herpetofauna

Na RDS do Rio Amap foram registradas 18 espcies de anfbios pertencentes a cinco famlias,

sendo as famlias Leptodactylidae e Hylidae as mais freqentes. A floresta de terra firme

apresentou alta riqueza de dendrobatdeos. O sapo-de-dedo-azul (Colostethus caeruleodactylus)

descrito para a regio de Autazes e recentemente para o Rio Purus, foi encontrado em

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abundncia em florestas de terra firme com castanheiras, prximas ao Rio Amap. Este registro

ampliou sua rea de ocorrncia em cerca de 210 km ao sul.

Foram ainda identificadas trs espcies de cobras: Helicops angulatus, Dendrophidion dendrophis

e a jararaca Bothrops sp. em florestas de terra firme. O jacar-coroa, (Paleosuchus trigonatus) foi

registrado nas margens do Rio Amap, espcie que vive em igaraps de terra firme e em contato

com rios maiores.

Ictiofauna

O inventrio biolgico de peixes na RDS do Rio Amap amostrou 11 igaraps sazonalmente

alagveis e destes, nove so igaraps de pequeno porte (1/2 ordem) e dois igaraps de porte

intermedirio (3/4 ordem).

No Rio Amap foi realizadas amostragens em cinco pores. Foram encontradas 133 espcies,

pertencentes a sete ordens e 28 famlias. Destas, destacam-se as contribuies dos

Characiformes (73 espcies), Siluriformes (27 espcies), Gymnotiformes (15 espcies),

Perciformes (14), Beloniformes (2 espcies) e Synbranchiformes e Cyprinodontiformes (1 espcie

cada).

Seis espcies apresentaram alta abundncia, representando 46,26% de todos os indivduos

coletados. Destacaram-se reco-reco (Physopyxis ananas) e sarap (Hypopygus lepturus),

representando 11,28% e 10,99% respectivamente, seguidas pela piaba (Hyphessobrycon sp.)

(9,49%), pelo car (Apistogramma cf. agassizii) (6,09%), o peixe borboleta (Carnegiella strigata)

(4,54%) e pela piaba (Hemigrammus gr. Belottii) (3,88%). A riqueza de espcies registrada em

cada igarap amostrado variou entre 16 e 45. Vale destacar o registro de pelo menos trs

espcies ainda no descritas, como Gladioglanis sp. n., Gymnotus sp. n. tigrado e Synbranchus

sp.

A diversidade de espcies e o o padro de distribuio desses organismos em relao sua

espcie foram muito altos, sendo que a dominncia foi extremamente baixa, indicando que os

corpos dagua no entorno da RDS do Rio Amapa, e prximos das areas Amazon Rio, apresentam

um excelente estado de conservao. Alm disso, verificou-se a presena de vrias espcies

consideradas raras e at mesmas novas com populaes geneticamente viveis, com rea de

reproduo e desenvolvimento de juvenis.

Porm, de acordo com estudos realizados por Cardoso (2008), a regio de Manicor apresenta

grande diversidade de espcies de peixes, contribuindo expressivamente para a economia local.

Os principais destinos de expedies de pesca so: os Rios Madeira (29,5%), Manicor (16,2%)

e Atininga (8,0%), os lagos Acar (9,8%) e Boquero (8,8%) e o igarap Matupiri (8,1%). As

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espcies mais comercializadas so o jaraqui (Semaprochilodus spp), pacu (Mylossoma

duriventre), curimat (Prochilodus nigricans), sardinha (Triportheus spp), jatuarana (Brycon spp),

branquinha (Curimatidae), dourada (Brachyplatystoma rousseauxii), caparari (Pseudoplatystoma

tigrinum), aracu (Anostomidae) e surubim (Pseudoplatystoma fasciatum), sendo as 5 primeiras

espcies listadas as mais comercializadas, representando 75% do comrcio de pescado da

regio.

No mdio e longo prazo, esses nmeros podem representar uma ameaa para a conservao da

ictiofauna da regio, tendo que lanar mo de estratgias de manejo por meio de retiradas

seletivas dos peixes comumente mais consumidos.

Ameaas fauna

De acordo com os nmeros do Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade

(ICMBio) a maior biodiversidade do mundo encontra-se no Brasil. So mais de 100 mil espcies

de invertebrados e aproximadamente 8.200 espcies de vertebrados que se dividem entre 713

mamferos, 1.826 aves, 721 rpteis, 875 anfbios, 2.800 peixes continentais e 1.300 peixes

marinhos. Dentre elas registra-se o expressivo nmero de 627 espcies listadas como ameaadas

de extino.

O mapeamento participativo do sistema de uso dos recursos naturais das comunidades de

entorno das reas Amazon Rio, conduzido pela EBCF em 2013, mostra que as principais

ameaas fauna local devem-se sobre-explorao de populaes locais, principalmente via

pesca comercial e caa de animais.

Segundo esse mapeamento, as principais espcies de peixes pescadas nos igaraps e lagos so:

tucunar (Cichla sp), pirarucu (Arapaima gigas), tambaqui (Colossoma macropomum), pirapitinga

(Piaractus brachypomus), aruan (Osteoglossum bicirrhosum), Matrinch (Brycon amazonicus),

jatuarana (Brycon sp) e surubim (Pseudoplatystoma corruscans). de fundamental importncia o

monitoramento da viabilidade populacional destas espcies de peixes para saber se est havendo

sobre-explorao de suas populaes, no sentido de direcionar aes voltadas para o manejo e

gesto sustentvel dos recursos pesqueiros das reas da Amazon Rio.

Em relao caa de animais silvestres, as comunidades de entorno da RPDS promovem

presso principalmente sobre as populaes primatas como o guariba (Alouatta seniculus),

macaco barrigudo (Lagothrix cf.), macaco prego (Cebus apela); felinos como a ona-pintada

(Panthera onca) e ona-vermelha (Puma concolor); e herbvoros como anta (Tapirus terrestres),

veado (Mazama sp.) e porco-do-mato (Pecari tajacu). necessrio haver um monitoramento

contnuo da caa realizada pelas comunidades de entorno da Amazon Rio, como forma de facilitar

a implantao de um sistema de eficiente de manejo de animais silvestres, garantindo, assim, a

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viabilidade populacional dos animais mais pressionados, bem como aproviso continuada de

oferta de protena animal para as comunidades locais.

Caractersticas scio-econmicas, polticas e culturais das comunidades5

As populaes residentes na zona de amortecimento das reas Amazon Rio so conhecidas

como caboclas e esto distribudas em quinze comunidades, sendo que doze comunidades

(Urucury, gua Azul, Vista Alegre, Boa Esperana, Santa Eva, Santa Maria, Pandegal,

Democracia, Jatuarana, Terra Preta do Ramal, Kamayu e So Jos do Miriti) localizam-se no

entorno das reas Amazon Rio I e III e da RDS do Rio Amap s margens do Rio Madeira e seus

afluentes. Uma comunidade, formada pelos moradores da Associao Agroextrativista So Joo e

Ponta Grossa, localiza-se no entorno da rea Amazon Rio IV. Duas comunidades, Terra Preta do

Rio Manicor e Mocambo, localizam-se no entorno da Amazon Rio II s margens do Rio

Manicor.

As habitaes so construdas, preferencialmente de frente para o rio e ficam suspensas a cerca

de um metro acima do cho. Geralmente so construdas com madeira e cobertas com telhas de

amianto, de zinco, de barro ou palha; poucas so feitas de alvenaria e as famlias mais pobres

possuem casas com paredes e coberturas de palhas. Em reas de vrzea, quando a cheia

maior que a esperada, as famlias suspendem os assoalhos das casas e, em algumas situaes

crticas, so obrigadas a migrarem para regies de terra-firme.

A orientao religiosa destas comunidades predominantemente catlica, somente a comunidade

Terra Preta do Ramal possui igreja evanglica. O catolicismo praticado por essas comunidades

essencialmente popular com nfase na devoo dos santos e realizao de rituais, como

hasteamento de bandeira, recitao de novenas e festas religiosas de arraias. Muitas famlias

celebram festas anuais para homenagear os santos padroeiros, considerados os protetores das

comunidades.

Em junho de 2013 foi realizada uma atualizao do nmero de domiclios, famlias e populao

em 14 das 15 comunidades do entorno das reas Amazon Rio, apontando para um total de 1436

pessoas, sendo as comunidades mais populosas: Vista Alegre, Jatuarana, Democracia e gua

Azul. Quanto classificao etria, durante o censo realizado em 2013 foram registradas 537

crianas (0 a 14 anos), 329 adolescentes (entre 15 e 24 anos), 484 adultos (entre 24 e 65 anos) e

99 idosos (acima de 65 anos). (Tabela 4 do Anexo 9).

Quase todas as comunidades no entorno das reas Amazon Rio possuem escola at o 4 ano do

ensino fundamental de responsabilidade da Prefeitura de Manicor, com exceo da Comunidade

Santa Eva e a Associao Agroextrativista So Joo e Ponta Grossa. Os principais plos

5 Tema mais detalhadamente discutido na Seo 6 deste documento.

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educacionais so as comunidades de Democracia e gua Azul que possuem ensino mdio

distncia que funciona atravs de tele-aulas no perodo noturno. As comunidades de Vista Alegre,

Santa Maria, Urucury, Mocambo e Jatuarana possuem at 5 ano do ensino fundamental. H

programas de Educao de Jovens e Adultos em quatro comunidades: Democracia, Jatuarana,

So Jos do Miriti e Mocambo, embora, muitas vezes descontnuo.

A assistncia sade nas comunidades feita por meio dos agentes comunitrios de sade e

parteiras. Quase todas as comunidades possuem agentes de sade, com exceo das

comunidades de Santa Maria, Pandegal e a Associao Agroextrativista de So Joo e Ponta

Grossa, porm esta ltima, pela proximidade Manicor, tem acesso fcil aos servios de sade.

Apenas Jatuarana possui posto de sade, porm sem funcionamento. Os agentes de sade

fazem o atendimento em suas prprias residncias, disponibilizando um cmodo para

atendimento emergencial. Em casos mais graves o agente de sade acompanha o doente at

Manicor. De uma maneira geral, os moradores reclamam de falta de apoio da Secretaria

Municipal de Sade no fornecimento de remdios e com relao baixa qualificao dos agentes

de sade no exerccio de suas funes.

A maioria das comunidades, com exceo da Democracia, Vista Alegre, Boa Esperana,

Pandegal e gua Azul, utiliza gua diretamente do rio e de igarap para consumo e preparo dos

alimentos, muitas vezes sem qualquer tipo de tratamento. Essa situao favorece

significativamente a ocorrncia de doenas relacionadas ao uso da gua, especialmente entre

crianas. Alm disso, a maioria das famlias utiliza fossas rasas, com graves riscos de

contaminao da gua. As principais doenas so relacionadas a saneamento bsico, nutrio e

endemias.

Todas as comunidades possuem presidentes de associao de moradores, da comunidade e da

igreja que so escolhidos pelos moradores. Os lderes comunitrios, que podem acumular mais

de um cargo de direo, possuem obrigaes bastante definidas e so respeitados pela

capacidade de intermediar os conflitos internos e de representar os interesses da comunidade

junto s instituies externas. So eles que organizam festas e buscam parcerias para

desenvolvimento de Projetos sociais e produtivos que tm por finalidade beneficiar todos os

moradores.

Como ocorre em outras regies da Amaznia, estas populaes engajam-se em vrias atividades

para reduzir situaes de vulnerabilidade e riscos, aumentar a segurana alimentar e melhorar a

qualidade de suas vidas. Dividem seu tempo com atividades extrativistas, agrcolas, de pesca e

caa. Suas prticas produtivas de cultivo e de extrativismo so predominantemente tradicionais

com grande herana indgena.

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As comunidades possuem forte vnculo com atividades produtivas ligadas agricultura,

especialmente o cultivo de mandioca para fabricao de farinha, seguido da banana e da

melancia e com o extrativismo de produtos florestais no madeireiros com nfase para a

castanha-do-brasil, seguido do aa, tucum, seringa e leo de copaba. Somente na comunidade

do Pandegal a atividade mais expressiva a minerao, seguida do extrativismo. Alm da

agricultura e extrativismo, os benefcios sociais constituem importantes fontes de renda para

essas comunidades.

Apesar dessa grande variedade, para a maior parte das famlias a venda da castanha-do-brasil

constitui o carro chefe, especialmente para as comunidades de So Jos do Miriti, Democracia,

Boa esperana, Jatuarana, Urucury, Santa Eva e Terra Preta do Ramal, cuja coleta da castanha

feita preferencialmente na RDS do Rio Amap e na Reserva Particular Amazon Rio I.

Atualmente todas as comunidades do entorno das reas Amazon Rio possuem associaes que

integram o Conselho das Associaes Agroextrativistas de Democracia (CAAD), que por sua vez

est ligada ao Conselho das Associacoes Agroextrativistas de Manicore (CAAM) e COVEMA6,

responsvel pela compra, beneficiamento final e comercializao da castanha na regio.

1.5 Proponente do projeto (G4)

Nome da empresa Empresa Brasileira de Conservao de Florestas S.A. (EBCF)

Contato Leonardo Barrionuevo

Cargo Presidente

Endereo Escritrio Curitiba-PR: Al. Dr Carlos de Carvalho 555, Conj. 231

Centro, Curitiba PR, CEP 80430-180, Brazil

Telefone +55 41 3158 9800 | +55 41 9943 8005

Email [email protected]

6 A COVEMA assiste todas as comunidades do entorno das reservas alm de outras 40 comunidades do municpio, dentro e fora de Unidades de Conservao e Projetos de Assentamento. No total somam mais de 500 castanheiros cadastrados, sendo a segunda maior instituio geradora de empregos no municpio de Manicor, ficando atrs apenas da Prefeitura. Esse desempenho lhe confere uma posio de destaque no Estado do Amazonas. Em 2011, a COVEMA ampliou sua atuao ao municpio vizinho de Novo Aripuan para comprar a produo das RDSs do Madeira e do Juma

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1.6 Outras entidades envolvidas no projeto (G4)

Nome da empresa Original Trade Consultoria Especializada

Funo Atualizao do PD (V2.0) e conduo do processo de certificao do

Projeto Amazon Rio REDD+ IFM

Contato Joo Batista Tezza Neto

Cargo Diretor

Endereo Avenida Andr Arajo, 2936 Edifcio Incubadora do INPA, sala 10,

Cep. 69.060-000, Manaus-AM, Brazil.

Telefone +55 92 981590997

Email [email protected]

Nome da empresa HDOM

Funo Elaborao do relatrio de degradao e desmatamento e Inventrio

florestal para efeito de clculo da biomassa na rea do projeto

Contato Francisco Higushi

Cargo Diretor

Endereo Av. Mrio Ypiranga, 315. Ed. The Office, sala 609. Adrianpolis. CEP

69.057-002

Telefone 98128 2561

Email [email protected]

1.7 Data de incio do projeto (G3)

O Projeto teve incio no dia 17 de Agosto de 2012, data em que a diretoria e os acionistas da

EBCF formalmente aprovaram o Plano de Negcios da empresa (ANEXO 27), onde consta os

mailto:[email protected]

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objetivos de conservar as florestas, por meio do mecanismo de REDD+, oferta de servios e uso

sustentvel de recursos florestais no madeireiros.

1.8 Perodo de crdito do projeto (G3)

O primeiro perodo creditcio do Projeto de 37 anos, com incio em 17 de Agosto de 2012 e

trmino em 17 de Agosto de 2049. Esse perodo equivale aos 12 anos restantes do primeiro plano

de manejo autorizado (25 anos a partir de 1998) somados a outros 25 anos referentes a um novo

plano de manejo florestal que estava previsto, conforme a prtica comum de explorao florestal

no Brasil. As atividades de explorao madeireira poderiam continuar alm dos 37 anos, visando

um segundo perodo de crdito.

2 DESENHO DE IMPLANTAO

2.1 Escopo setorial e tipo do projeto

Escopo do Projeto: Agricultura, Floresta e Outros de Uso da Terra (AFOLU)

Categoria do Projeto: Reduo de Emisses por Desmatamento e Degradao - por

Desmatamento Planejado (REDD-IFM)

Tipo de Atividade: Melhoria de Gesto Florestal - Floresta Manejada para Floresta Protegida

(IFM LFPF)

2.2 Descrio das atividades do projeto (G3)

O Projeto Amazon Rio prev a reduo das emisses de gases de efeito estufa nas reas

Amazon Rio I, II, III e IV, atravs do fomento de atividades de conservao florestal em

substituio explorao florestal licenciada em agosto de 1998 e em funcionamento desde 1999.

As atividades de conservao florestal so importantes para a regio do Projeto devido a sua

relevncia ecolgica e bom estado de preservao, somada a elevada diversidade biolgica e a

concentrao de espcies endmicas e de potencial econmico e farmacolgico. Tais

caractersticas criaram a oportunidade de planejar iniciativas relacionadas ao turismo ecolgico,

educativo e cientfico, alm de pesquisas tcnicas-cientficas relacionadas ao manejo dos

recursos naturais. Entretanto, por fazerem parte de uma estratgia voltada ao fortalecimento e

gerao de renda para as comunidades, as receitas destas iniciativas so mais difceis de serem

quantificadas e, por isso, no foram consideradas na anlise econmica. Tampouco foram

levadas em conta para a tomada de deciso ao se optar pela criao das reservas particulares,

em substituio s atividades de manejo madeireiro.

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A nica fonte de receita considerada pelo proponente do Projeto aquela proveniente do

pagamento por servios ambientais (PSA), especificamente a comercializao de cotas de

reserva legal e os crditos de carbono. No que diz respeito s cotas ambientais, esta foi

reconhecida no novo Cdigo Florestal (Lei n. 12.651/ 2012)7 como uma oportunidade para

aproveitar o excedente de cobertura florestal de um imvel rural para compensar a ausncia de

Reserva Legal em outro imvel, desde que pertencentes ao mesmo bioma. Estas reas

compensadas so denominadas como Cotas de Reserva Ambiental (CRAs), que so

consideradas como ttulos representativos de cobertura vegetal que podem ser usados para

cumprir a obrigao de Reserva Legal em outra propriedade. Esse mecanismo oferece a

possibilidade de agregar valor de mercado s reas de floresta de uma propriedade que excedam

as exigncias legais (RL e APP). O Cdigo Florestal define que as Cotas de Reserva Ambiental

(CRAs) podem ser criadas em reas de:

Servido Florestal

Reserva Legal instituda voluntariamente sobre a vegetao que exceder os percentuais

legais

Unidade de Conservao de domnio pblico que ainda no tenha sido desapropriada

Reserva Particular do Patrimnio Natural (RPPN) - que possui figura jurdica semelhante a

da RPDS, entretanto mais restritiva, por se enquadrar na categoria das unidades de

conservao de proteo integral, enquanto que a RPDS faz parte da categoria de unidades

de conservao de uso sustentvel

O usufruto tanto dos crditos de carbono oriundos da reduo de emisses do desmatamento,

como das CRAs criar condies financeiras para implementar as atividades previstas no Plano

de Gesto da Reserva Particular Amazon Rio I e das futuras Reservas Amazon Rio II, III e IV.

Apesar de se tratar de reas particulares que no abrigam comunidades tradicionais em seu

interior e sim no seu entorno, h uma deciso deliberada de que as mesmas participem

ativamente do planejamento e execuo dos programas e projetos previstos no Plano de Gesto,

cujas aes so voltadas para negcios sustentveis e para a melhoria significativa da qualidade

de vida destas populaes.

Visando uma implementao eficiente e bem sucedida do Plano, inicialmente devero ser

executadas atividades preliminares como inventrios, pesquisas, diagnsticos e cursos de

capacitao. Concomitantemente, devero ser implementados projetos que deem retorno rpido a

fim de motivar e envolver as comunidades, como recuperao de escolas, reformas e construes

de poos artesianos, construo de armazns, paiis, aquisio de ambulanchas8 entre outros.

7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/L12651compilado.htm

8 Ambulanchas so embarcaes equipadas para atuar como UTIs mveis. Em especial, so muito utilizadas no

Estado do Amazonas que apresenta o meio fluvial como principal tipo de deslocamento entre municpios.

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No mdio e longo prazo, os esforos e investimentos devero se concentrar em projetos

inovadores de gerao de renda, como turismo, sistemas agroflorestais, consolidao de cadeias

produtivas de produtos florestais no madeireiros, dentre outros, alm de toda implantao de

infraestrutura e aquisio de equipamentos necessrios para seu bom funcionamento.

Alm disso, sero implantados programas para o monitoramento da flora, da fauna e dos diversos

sistemas de uso dos recursos naturais pelas comunidades de entorno, semelhantes ao Programa

de Monitoramento da Biodiversidade e do Uso de Recursos Naturais em Unidades de

Conservao s (ProBUC) e ao Programa Agente Ambiental Voluntrio (AAV), ambos

desenvolvidos pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel do Estado do

Amazonas (SDS). O ProBUC um programa participativo no qual o envolvimento dos

comunitrios vai alm da capacitao para coleta de dados sobre a biodiversidade e o uso de

recursos naturais. Nesse programa a populao local envolvida e estimulada a participar de

todas as etapas, desde o planejamento at a avaliao dos resultados. O funcionamento do

programa permite mostrar para a populao local a importncia e a responsabilidade de suas

aes para a manuteno da integridade dos ecossistemas e com isso assegurar seus modos de

vida de maneira sustentvel (MARINELLI et al., 2007). Com o foco nas ameaas, o

monitoramento busca compreender o status da biodiversidade e uso de recursos das

comunidades da UC a fim de planejar medidas mitigadoras e preventivas sobre a explorao

excessiva da fauna e da flora local. A implantao do ProBUC garantir um melhor planejamento

e manejo das atividades caa e pesca pelas comunidades, evitando, assim, a sobre-explorao

de animais como antas, veados, macacos, aves e porcos-do-mato. Seu escopo compreende as

seguintes fases: i) sensibilizao, ii) capacitao e iii) monitoramento ambiental..

O Programa Agente Ambiental Voluntrio (AAV) atuar com o objetivo de capacitar e apoiar a

formao de moradores do entorno das Reservas Amazon Rio em aes de mobilizao

comunitria na busca de solues para os problemas socioambientais. Sero desenvolvidas

aes de educao ambiental, de mediao de conflitos e realizao de mutires de vigilncia nas

reservas particulares e no seu entorno, ,em especial, nas reas de uso coletivo pelas famlias. ,

importante ressaltar que essas aes no devem configurar aes de fiscalizao, mas sim de

apoio s atividades de proteo e vigilncia ambiental. Portanto, esse programa possibilitar

populao local a oportunidade de prestar auxlio s suas comunidades em atividades de

educao ambiental, proteo, preservao e conservao dos recursos naturais.

Aps a implantao desses dois programas nas reas da Amazon Rio e no seu entorno, ser

incentivado o estabelecimento de acordos de pesca nos lagos Matupiri, So Joo e Jatuarana

para controlar a pesca comercial e exploratria de barcos de pesca de outras regies, inclusive da

sede do municpio de Manicor. Tambm se pretende apoiar a organizao do sistema tradicional

de pesca das comunidades para evitar a sobre-pesca de espcies de importncia alimentar e

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econmica local, como pirarucu, tambaqui, tucunar e outros, e assim garantir o equilbrio e a

manuteno do estoque pesqueiro para alimentao e venda. Para avaliar o sucesso e o

progresso destas iniciativas ao longo do desenvolvimento do Projeto, empregou-se a metodologia

da Matriz de Sustentabilidade desenvolvida pela Secretaria de Meio ambiente e Desenvolvimento

Sustentvel do Estado do Amazonas. Esta ferramenta foi aplicada nas 15 comunidades, levando-

se em considerao os aspectos socioeconmicos locais que fundamentaram a elaborao de 20

parmetros, considerados de grande importncia para o desenvolvimento comunitrio, descritos

atravs de indicadores especficos. Por ser uma ferramenta visual, a Matriz de Sustentabilidade

bastante apropriada para populaes tradicionais, como o caso das comunidades ribeirinhas e

indgenas do entorno da Reserva Amazon Rio I e demais reas do Projeto. Alm disso, a Matriz

proporciona espaos interessantes de discusso, j que sua construo feita coletivamente.

Atravs da Matriz de Sustentabilidade foi possvel identificar, em conjunto com as comunidades,

os projetos, suas atividades e estratgias de execuo. J os oramentos, os meios de verificao

e avaliao destes projetos sero detalhados posteriormente, por meio de Planos Operacionais

Anuais elaborados e acompanhados oportunamente. Ao todo foram definidos quatro programas e

nove subprogramas de gesto e desenvolvimento comunitrio (Anexo 9).

Tabela 1: Cronograma de implantao do projeto e prximas atividades

Ano Atividade

2010

A EBCF faz o protocolo simblico de criao da primeira RPDS durante o

Seminrio de Resultados e Perspectiva das Unidades de Conservao

Estadual do Amazonas, realizado pela SDS.

2011 A EBCF submete o protocolo formal ao CEUC

2011 Reunio de apresen