relatório life rupis - spea.pt · tat (acções c5 e c6), é legitimo deixar em aberto a...

40
Relatório Life Rupis Ação A4: Estudo inicial para estimar a densi- dade inicial das populações das principais pre- sas para a águia de Bonelli: pombo-das ro- chas, coelho-bravo e perdiz vermelha Baseline study to estimate initial densities of key prey-populations: pigeons, rabbits and partridges Parque Natural do Douro Internacional. 2016-2017. Eduardo Realinho e Núria Vallverdú

Upload: dangtruc

Post on 24-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Relatório Life RupisAção A4: Estudo inicial para estimar a densi-dade inicial das populações das principais pre-sas para a águia de Bonelli: pombo-das ro-chas, coelho-bravo e perdiz vermelha

Baseline study to estimate initial densities of key prey-populations: pigeons, rabbits and partridges

Parque Natural do Douro Internacional. 2016-2017.Eduardo Realinho e Núria Vallverdú

Indice

1. INTRODUÇÃO3

2. METODOLOGIAS APLICADAS 5

2.1 Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) 52.2 Perdiz vermelha (Alectoris rufa) 72.3 Pombo-das-rochas (Columba livia) 9

3. RESULTADOS OBTIDOS 11

3.1 Coelho-bravo 113.2 Perdiz vermelha 183.3 Pombo-das-rochas 273.4 Outras espécies-presa 29

4. CONCLUSÕES 32

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 33

ANEXOS 35

Anexo 1 36Anexo 2 37Anexo 3 38

2| Título. Relatório da Acção XX

1| INTRODUÇÃO

A águia de Bonelli ou águia-perdigueira (Aquila fasciata) é uma ave de rapina residen-te na Península Ibérica de forma localizada, que ocorre essencialmente em vales escarpados ezonas acidentadas e florestadas. Quanto ao estatuto de conservação, é uma espécie “em peri-go” tanto em Espanha (Madroño et al. 2004) como em Portugal (Cabral et al. 2006), sendoconsiderada de conservação prioritária na União Europeia, ao abrigo da Diretiva Aves. Umdos principais objetivos do projeto Life Rupis é o reforço da população no Douro transfrontei-riço através da redução da mortalidade e aumento do sucesso reprodutor, abrangendo territórioportuguês e espanhol. Embora a população do norte de Portugal teve um declínio do 40% nosúltimos 10 anos, os 13 casais da área do projeto representam 1,6% dos efetivos da PenínsulaIbérica.

O declínio populacional da águia de Bonelli pode ser atribuído a uma alta mortalidadenão natural (i.e.: eletrocussão em linhas elétricas de alta tensão, perseguição direta por se ali-mentar de espécies de caça) e, por outro lado, a um sucesso de reprodução muito baixo. Emgeral, as baixas taxas de reprodução observadas na área de intervenção do projeto (i.e.: Castil-la y León) foram associadas à baixa abundância das principais espécies de presas da águia deBonelli (Hernández e Real 2011; Hernández et al. 2012), como o coelho-bravo (Oryctolaguscuniculus), a perdiz vermelha (Alectoris rufa) e o pombo-das-rochas (Columba livia) (Real1996, Moleón et al. 2009, Resano-Mayor et al. 2016). A baixa abundância de presas é devida aepizootias (principalmente no caso do coelho), bem como mudanças nos habitats (Real eMañosa, 1997; Real et al. 2001) e nos usos da terra (Delibes-Mateos et al. 2007), e uma exces-siva pressão de caça (Williams et al. 2007). O baixo consumo de presas ótimas para a águia deBonelli (i.e.: coelho, perdiz), devido à grande escassez desses recursos tróficos na maioria dosterritórios do Douro, resulta num alto consumo de presas à priori sub-óptimas, como passerei-formes ou répteis (Hernández et al. 2012). As presas sub-óptimas representam um baixo inputde energia para a águia de Bonelli, ao mesmo tempo que exigem um esforço maior para seremcaçadas. Por esse motivo, e com o objetivo de aumentar a disponibilidade alimentar para estaespécie, pretende-se promover o mosaico de habitats, efectuar reflorestações e implementarsementeiras de cereais e leguminosas, que vão servir para a promoção das populações de coe-lho-bravo e perdiz vermelha (ações C5 e C6). Também serão recuperados e repovoados váriospombais tradicionais, para fixar e aumentar populações de pombo-das-rochas (ação C4).

A ação A4 - Estudo basal para estimar a densidade inicial das principais populações depresas: pombo-das-rochas, coelho-bravo e perdiz vermelha -, é uma ação preparatória quevisa desenvolver e propor metodologias para à primeira amostragem das espécies-presa poten-ciais para a águia de Bonelli, e a sua implementação, a fim de aumentar o conhecimento sobreo status das presas na área do projeto. Além disso, foi também decidido realizar censos de ou-tras espécies consideradas presas sub-óptimas (i.e.: pega-azul, pombo-torcaz, estorninho, mel-ro e tordos), devido à sua crescente importância na dieta da águia de Bonelli. As metodologiaspropostas nesta acção serão também utilizadas na acção D3: “Monitoramento das populaçõesde coelho-bravo, pombo-das-rochas e perdiz vermelha”, de modo a permitir uma correctacomparação dos resultados de cada uma das acções que pretendem melhorar o habitat e

3

promover as populações dessas espécies, de forma a poderem ser deteta-das tendências populacionais após a implementação dessas medidas.

Para definir as áreas de implementação das diferentes ações de conservação, con-siderou-se, por território, uma área circular com um raio de 4 km, com o ninho mais utilizadopor cada casal de águia de Bonelli como ponto central, resultando num total de 14 territórios.Destes, 8 são transfronteiriços, 1 está em Portugal e 5 em Espanha (Figura 1), de acordo com ainformação recolhida nas monitorizações desta espécie nos últimos anos. A amostragem dasespécies-presa foi feita apenas dentro das áreas de cada um dos territórios identificados e osdados obtidos no âmbito da ação A4 serão usados para a implementação das ações C4, C5 eC6. A amostragem inicial (acção A4), foi executada em 2016 e está previsto na acção D3 que amonitorização das espécies-presa seja feita todos os anos do projecto – 2017, 2018 e 2019. Ostransectos e pontos de observação definidos na ação A4 podem ser modificados durante o de-correr do projeto e durante o desenvolvimento da ação D3, devido à aquisição de terras/assina-tura de acordos de gestão de habitat, tentando estimar as abundâncias nas áreas geridas pelosdiferentes parceiros deste Projeto, a fim de avaliar o efeito das medidas de gestão implementa-das.

Figura 1 | Ninhos e territórios de águia de Bonelli (Aquila fasciata) incluídos na acção A4, na ZPEDouro Internacional e ZPE Arribes del Duero.

4| Título. Relatório da Acção XX

2| METODOLOGIAS APLICADAS 2.1 Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus)

Para a amostragem da abundância relativa de coelho-bravo foi feita a contagem delatrinas em transectos feitos a pé. Considerou-se por latrina um conjunto com númeroigual ou superior a 20 dejectos, numa área mínima de aproximadamente 20 x 20 cm.

Os territórios de águia de Bonelli foram divididos em quadriculas de 2,5 x 2,5 km deárea (Figura 2). Para cada território foram previamente selecionadas as quadriculas que se en-contravam no seu interior, dando prioridade de amostragem às que se encontram mais próxi-mas do centro do território. Todas as quadrículas selecionadas encontram-se dentro da ZPE(Zona de Proteção Especial) do Douro Internacional.e com a maior parte da área afastada dasarribas de modo a evitar perturbação à nidificação.

Em cada quadrícula amostrada foi feito um transecto de 2,5 horas de duração. O per-curso do transecto foi distribuído pela área da quadricula e, sempre que possível, em áreascom habitat potencialmente favorável para coelho-bravo (áreas de ecótono entre matos e cla-reiras). Nem sempre os transectos coincidiram com caminhos existentes.

Em cada território considerado foram amostradas entre 3 a 5 quadrículas, variandocom a localização do território, as quadriculas disponíveis, caminhos ou trilhos existentes eoutros factores relevantes.

Figura 2 | Grelha 2.5 km e quadrículas amostradas para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) naacção A4, na ZPE Douro Internacional.

5

A amostragem por transectos a pé com contagem de latrinas é um método já testado ecomprovado e utilizado em toda a Península Ibérica (Palomares, 2001). O tamanho de quadrí-cula e duração do transecto escolhido é o utilizado actualmente na área do Parque Natural dasArribes del Duero (García e Jambas 2014), permitindo a comparação directa dos resultados ecaminhando em direcção a um método padrão para a região.

A amostragem estava prevista para ser executada nos meses de Junho e Julho – corres-pondente aos máximos populacionais de coelho-bravo – mas foi executada em Julho, Agosto eSetembro. Isto deveu-se ao facto de algumas acções do projecto estarem atrasadas, o que le-vou ao adiamento do início da amostragem, e ao facto de sendo esta amostragem a primeira,algumas visitas foram canceladas e adiadas por desconhecimento do território.

Os transectos foram feitos com uma ou duas pessoas, sendo apenas uma delas o obser-vador – de modo a manter a consistência da observação entre quadrículas – e a outra responsá-vel por anotar os dados. Foi criada uma ficha de campo para o efeito (ver Anexo 1) e foram re-gistadas todas as latrinas existentes com pontos GPS. As latrinas foram distinguidas em quatrotipos, conforme classes de tamanho: tipo 0 (dejectos isolados ou número inferior a 20 unida-des), tipo 1 (20 a 50 dejectos), tipo 2 (51 a 120 dejectos) e tipo 3 (mais de 121 dejectos). Foitambém registado em GPS o percurso realizado em cada quadrícula. Isto é importante para areplicação do método na acção D3 para que as visitas seguintes possam seguir o mesmo per-curso.

No final foi calculado um Índice Quilométrico de Abundância (IQA), que neste casorepresenta o número de latrinas por km. O IQA é um índice de abundância relativa (Paloma-res, 2001; Villafuerte et al., 1997), que apesar de não ter uma correspondência directa com aabundância absoluta de coelho-bravo, permite comparações fiáveis entre diferentes locais eperíodos no tempo. Uma das vantagens deste método de amostragem é que permite também ainterpolação dos dados, obtendo uma superfície contínua da abundância relativa de coelho-bravo para toda a área amostrada.

As quadrículas escolhidas e os transectos realizados para a amostragem inicial (acçãoA4) serão também os utilizados em amostragens de monitorização subsequentes (acção D3),de modo a garantir a correcta comparação dos resultados. No entanto, uma vez que esta análi-se pretende qualificar as medidas de acção a ser implementadas ao nível da melhoria do habi-tat (acções C5 e C6), é legitimo deixar em aberto a possibilidade de haver ajustes posterioresnos transectos de algumas quadriculas, de modo a que se aproximem dentro do possível àsáreas onde a melhoria do habitat foi executada. A acontecer, estes ajustes devem ser feitos noano seguinte a esta acção, ou seja, no primeiro ano da acção de monitorização (D3) de modo aque ainda seja possível comparar com os resultados dos anos posteriores. O mesmo deve serconsiderado para a perdiz-vermelha.

6| Título. Relatório da Acção XX

2| METODOLOGIAS APLICADAS 2.2 Perdiz-vermelha (Alectoris rufa)

Para a amostragem da abundância de perdiz-vermelha foram realizados transectos decarro em caminhos de terra batida, a velocidade lenta (20 km/h), com contagem de todos osindivíduos observados. Foi feito um transecto de 12 km, preferencialmente contínuo, em cadaquadrícula de 10 x 10 km abrangida por cada um dos territórios considerados (Figura 3). Ostransectos foram estimados anteriormente ao censo no campo, com recurso a cartas militarese/ou fotografias aéreas, cobrindo tanto quanto possível as várias classes de ocupação do soloou habitats existentes, sendo posteriormente ajustados aos impedimentos no campo (caminhosdegradados ou impedidos).

Figura 3 | Grelha 10km e quadrículas amostradas para a perdiz-vermelha (Alectoris rufa) na acçãoA4, na ZPE Douro Internacional.

A amostragem teve lugar em duas épocas, a época de pré-reprodução e formação decasais (Fevereiro e Março) e a época de pós-reprodução (Julho e Agosto), época dos juvenis,que permite avaliar o sucesso reprodutor. As contagens foram feitas durante o período crepus-cular da manhã durante a época dos juvenis, evitando acabar o transecto depois das 10 h damanhã. Durante a época dos casais o horário foi mais abrangente, tentando a cada visita alter-nar o horário escolhido em cada quadrícula. Em cada época os transectos foram repetidos trêsvezes em cada quadrícula, com intervalo mínimo de 4 dias entre si, para aumentar a possibili-dade de registo de todos os indivíduos existentes em cada território.

7

Durante a época dos casais foram também realizados pontos de escuta, 9 por transecto(a cada 1,5 km), de modo a localizar indivíduos que não sendo vistos podem ser detectadosauditivamente. Cada paragem foi de 5 minutos, com a viatura desligada e em silêncio regis-tando os chamamentos de perdiz-vermelha, a direcção e a distância aproximada ao ponto deescuta.

Esta metodologia é usada actualmente em quase toda a Península Ibérica para amostrarperdiz-vermelha, com diferenças apenas no tamanho dos transectos e das quadrículas, que sãoadoptadas consoante a área geográfica, o terreno e o fim a que se destina.

O trabalho de campo contou com dois observadores (um condutor e um passageiropara o registo das observações). Todas as observações foram anotadas numa ficha de campo(ver Anexo 2), com indicação do número de indivíduos, a direcção e a distância aproximadados mesmos e a estrutura do grupo (indivíduo, casal, número de crias ou juvenis). As fichas decampo identificam cada visita a cada quadrícula individualmente. Todas as localizações doscontactos com perdiz-vermelha foram registadas com recurso a GPS.

No final foi possível obter o número de indivíduos detectados por quadrícula nas duasépocas de amostragem, assim como o sucesso reprodutor (em média). Foi ainda possível cal-cular um IQA correspondente ao número de indivíduos por km.

As quadrículas escolhidas e os transectos realizados para a amostragem inicial (na ac-ção A4) serão também os utilizados em amostragens de monitorização subsequentes (na acçãoD3), de modo a garantir a correcta comparação dos resultados.

Para além disto, uma vez que a alimentação da águia de Bonelli não é exclusivamenteperdiz-vermelha, durante cada transecto foram registadas outras espécies conhecidas comopresas da águia, nomeadamente tordos, melro, pega-azul, estorninho e pombo-torcaz. Estas es-pécies foram definidas com base em estudos relacionados com a dieta da águia de Bonelli an-teriores ao projecto (Hernández et al. 2012).

8| Título. Relatório da Acção XX

2| METODOLOGIAS APLICADAS 2.3 Pombo-das-rochas (Columba livia)

A amostragem de pombo-das-rochas foi realizada através de observação directa a partirde pontos de observação fixos, dentro de todos os territórios de águia de Bonelli considerados.

Foram efectuados 4 pontos de observação em cada quadrícula de 10 x 10 km (Figura 4), sen-do:

- 2 pontos de observação para as arribas, em pontos altos e com boa visibilidade para ovale/rio e para as escarpas;

- 2 pontos de observação fora das arribas, em zonas altas e de boa visibilidade para o planalto,idealmente na direcção do centro do território do casal de águia de Bonelli respectivo.

Figura 4 | Grelha 10 km e quadrículas amostradas para o pombo-das-rochas (Columba livia) na ac-ção A4, na ZPE Douro Internacional.

Em ambos os casos foram feitas sessões de observação de 1 hora em cada ponto de ob-servação, garantindo que cada quadrícula era totalmente amostrada num dia único. Algunsdestes pontos foram definidos com base nos locais de colónias registados entre 1995 e 2005(dados do ICNF, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas).

9

A época de amostragem decorreu entre Dezembro e Janeiro. O censo eestudo sanitário nos pombais da região é executado nesta mesma altura, o quecontribui para reduzir o erro de amostragem para as colónias existentes nos pla-naltos, evitando contar pombos pertencentes aos

pombais repovoados durante o projecto. Para além disto, esta época coincide com o final daépoca de caça ao pombo e com o início da época de reprodução da águia de Bonelli.

No final foi possível obter uma estimativa do número de bandos e de indivíduos emcada quadricula, coincidente com os territórios de águia de Bonelli considerados.

As quadrículas e pontos de observação escolhidos para a amostragem inicial (na acçãoA4) serão também os utilizados em amostragens de monitorização subsequentes (na acçãoD3), de modo a garantir a correcta comparação dos resultados.

Todos os bandos avistados foram registados numa ficha própria (ver Anexo 3), consi-derando o número de indivíduos, hora de observação, ponto de observação, distância e direc-ção relativamente ao ponto de observação. Também foram contabilizadas outras espécies rele-vantes na dieta da águia de Bonelli, nomeadamente tordos, melro, pega-azul, estorninho epombo-torcaz.

10| Título. Relatório da Acção XX

3| RESULTADOS OBTIDOS3.1 Coelho-bravo

Nesta secção estão apresentados os resultados obtidos na acção A4. Os mesmos sãoapresentados em forma de tabelas e imagens que representam o trabalho executado no campo(transectos e/ou pontos, assim como os registos obtidos). No final de cada espécie é apresenta-da uma imagem com buffers, que procuram facilitar a visualização gráfica dos resultados paracada quadrícula ou território visitado. Estes buffers foram desenhados com base no valor má-ximo de cada resultado, em cada caso, nas várias quadrículas ou territórios e têm como objec-tivo a comparação visual entre os mesmos. Assim sendo, os buffers de maior tamanho não re-presentam o valor ideal ou o máximo real possível em cada caso, mas sim o valor máximo ob-tido, de forma a poder ser comprado com as restantes quadrículas ou territórios. Isto permitefacilitar a analise visual da distribuição e da abundância das várias espécies-presa alvo recen-seadas.

No fim do censo de coelho-bravo, um total de 35 quadrículas foram visitadas, perfa-zendo um total de aproximadamente 198 km percorridos para o levantamento das latrinas (Ta-bela 1, Figuras 5 e 6).

Tabela 1 | Distância percorrida e número total de quadrículas amostradas em cada território de águiade Bonelli (Aquila fasciata) na acção A4, para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus).

Distância em metros percorrida por quadrícula

Território A B C D EAlmofala 5043 5467 6275 6551 -Escalhão 4685 6381 4287 5511 -

Ligares 7080 3407 4739 6427 7337

Freixo EC 4512 4573 5522 - -

Lagoaça 4246 4818 4724 - -

Bemposta 5726 4348 7388 7427 -

Urrós 4216 5014 4742 5037 -

Picote 6697 6514 6018 6479 -

Miranda 6267 7581 7130 6161 -

Distância total (m) 198330 Distância total (km) 198,33

Total quadrículas amostradas 35

11

De forma a se obter um valor de IQA para cada quadrícula, o total de la-trinas registadas foi calculado para cada uma usando como factor de multiplica-ção o respectivo tipo de cada latrina, ou seja, as latrinas de tipo 0 não foram con-sideradas, as de tipo 1 têm um factor de 1, as

de tipo 2 um factor de 2 e as de tipo 3 um factor de 3. O objectivo desta multiplicaçãoé tornar possível a distinção entre os vários tipos de latrinas, uma vez que latrinas do tipo 3 te-rão um peso maior do que latrinas do tipo 1 (Tabela 2, Figuras 7 e 8). Após calculado o valordas latrinas para cada quadrícula, o mesmo foi dividido pela distância percorrida em cada, demodo a obter o valor de IQA correspondente a cada quadrícula (Tabela 3). O mesmo foi calcu-lado para cada território (Tabela 4).

Figura 5 | Transectos executados para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), na acção A4, na me-tade Norte da ZPE Douro Internacional.

12| Título. Relatório da Acção XX

Figura 6 | Transectos executados para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), na acção A4, na me-tade Sul da ZPE Douro Internacional.

13

Tabela 2 | Número dos diferentes tipos de latrinas e respectivo valor total a considerar para o cálculodo IQA, para cada quadrícula de cada território de águia de Bonelli (Aquila fasciata) na acção A4, parao coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus).

Número dos diferentes tipos de latrinas

Território Quadrícula LAT0 (x0) LAT1 (x1) LAT2 (x2) LAT3 (x3) LAT total

Almofala

A 63 5 3 0 11B 3 3 4 3 20

C 3 1 0 2 7D 5 0 0 0 0

Escalhão

A 44 13 4 2 27B 25 4 1 5 21

C 60 17 2 22 87D 13 4 7 14 60

Ligares

A 0 0 0 0 0B 15 6 1 3 17

C 3 0 0 0 0

D 59 23 6 4 47E 4 1 0 0 1

Freixo EC

A 2 4 1 1 9B 26 8 0 0 8

C 16 1 1 0 3

Lagoaça

A 54 22 8 12 74B 35 6 5 4 28

C 6 0 0 0 0

Bemposta

A 5 1 1 4 15B 1 2 1 0 4C 0 0 0 0 0D 0 1 2 5 20

Urrós

A 12 7 8 8 47B 1 0 0 2 6C 3 2 0 4 14D 0 1 4 3 18

Picote

A 0 0 0 0 0B 6 3 1 5 20C 1 1 4 6 27D 1 3 0 0 3

MirandaA 17 4 3 9 37B 0 0 0 0 0C 0 2 0 0 2

14| Título. Relatório da Acção XX

D 8 1 1 1

6

Figura 7 | Diferentes tipos de latrinas registadas para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), na ac-ção A4, na metade Norte da ZPE Douro Internacional.

15

Figura 8 | Diferentes tipos de latrinas registadas para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), na ac-ção A4, na metade Sul da ZPE Douro Internacional.

Tabela 3 | Valores de IQA para cada quadrícula de cada território de águia de Bonelli (Aquila fascia-ta) na acção A4, para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus).

Valor de IQA obtido por quadrícula

Território A B C D E

Almofala2,18 3,66 1,12 0,00 -

Escalhão5,76 3,29 20,29 10,89 -

Ligares0,00 4,99 0,00 7,31 0,14

Freixo EC1,99 1,75 0,54 - -

Lagoaça17,43 5,81 0,00 - -

Bemposta2,62 0,92 0,00 2,69 -

Urrós11,15 1,20 2,95 3,57 -

Picote0,00 3,07 4,49 0,46 -

Miranda5,90 0,00 0,28 0,97 -

16| Título. Relatório da Acção XX

Tabela 4 | Valores de IQA para cada território de águia de Bonelli (Aquila fasciata) naacção A4, para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus).

Território Valor de IQA obtido por territórioAlmofala 1,71Escalhão 10,06Ligares 2,49

Freixo EC 1,43Lagoaça 7,75

Bemposta 1,56Urrós 4,72Picote 2,00

Miranda 1,79

Os resultados obtidos parecem demonstrar a baixa densidade de coelho-bravo existentena área do projecto. Os valores de IQA obtidos em cada quadrícula são, de forma geral, bas-tante reduzidos, por vezes nulos (Tabela 3, Figuras 9 e 10). A forma como a população de coe-lho-bravo se encontra distribuída na área do projecto também não é uniforme, destacando al-guns territórios com presença evidente de coelho-bravo (Urrós, Lagoaça e Escalhão), contras-tando com outros cuja presença desta espécie é escassa (Miranda, Picote, Bemposta, FreixoEC, Ligares e Almofala) (Tabela 4, Figura 11). Mesmo a forma como a distribuição do coelho-bravo acontece em cada território não é de todo homogénea, havendo secções do territóriocom

presença de coelho, enquanto outros locais do mesmo território se encontram desprovi-dos de uma presença evidente de coelho-bravo (Figuras 9 e 10).

17

Figura 9 | Valores de IQA para cada quadrícula amostrada durante o censo de coelho-bravo (Orycto-lagus cuniculus), na metade Norte da ZPE Douro Internacional.

18| Título. Relatório da Acção XX

Figura 10 | Valores de IQA para cada quadrícula amostrada durante o censo de coelho-bravo (Oryc-tolagus cuniculus), na metade Sul da ZPE Douro Internacional.

Figura 11 | Valores de IQA de cada território de águia de Bonelli (Aquila fasciata) para o censo de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), na acção A4, na ZPE Douro Internacional.

19

3| RESULTADOS OBTIDOS3.2 Perdiz-vermelha

No caso da perdiz-vermelha foram visitadas 13 quadrículas que incluíam parte ou a to-talidade dos territórios de águia de Bonelli, perfazendo um total de 158 km viajados para de-tecção de indivíduos, divididos pelos vários transectos executados. (Figura 12)

O censo da perdiz-vermelha conta com três visitas a cada quadrícula, em duas épocasdistintas: a primeira época, aquando da formação dos casais desta espécie (Tabelas 5 e 6, Figu-ras 13 e 14), e a segunda época (Tabelas 7 e 8, Figuras 15 e 16), aquando do nascimento dosjuvenis e formação dos bandos familiares.

De forma a obter um valor de IQA para cada quadrícula, das três visitas, foi seleciona-da a visita que obteve o número mais elevado de observações (indivíduos totais), dividindo ototal de indivíduos pela distância percorrida. O número total de indivíduos considerado paracada transecto inclui observações durante o mesmo e escutas nos pontos de escuta. Os resulta-dos distinguem observações de pares (casais) e observações ou escutas de indivíduos sozinhos(Tabela 5 e 6).

Figura 12 | Transectos e pontos de escuta amostrados para a perdiz-vermelha (Alectoris rufa), naacção A4.

20| Título. Relatório da Acção XX

Tabela 2 | Número de indivíduos detectados durante as visitas a cada quadrícula, para a perdiz-ver -melha (Alectoris rufa), na acção A4, durante a primeira época de censo. A verde destacam-se as visi-tas escolhidas para cálculo do valor de IQA em cada quadrícula.

Território Quadrícula Visita Nº indivíduos (x1) Nº casais (x2) Total

Almofala Almofala1ª 1 2 52ª 0 1 23ª 1 1 3

Escalhão Escalhão1ª 0 1 22ª 0 0 03ª 0 2 4

Ligares

Ligares1ª 1 0 12ª 0 1 23ª 1 2 5

Almendra1ª 0 0 02ª 1 0 03ª 0 4 8

Freixo EC Freixo EC1ª 0 1 22ª 0 1 23ª 0 0 0

Lagoaça Lagoaça1ª 0 0 02ª 0 0 03ª 1 0 1

Bemposta

Vilarinho dos Galegos1ª 0 1 22ª 0 0 03ª 0 0 0

Bemposta1ª 0 0 02ª 1 0 13ª 1 0 1

Urrós Urrós1ª 2 0 22ª 4 1 63ª 0 0 0

Picote Picote1ª 0 0 02ª 0 0 03ª 0 1 2

Miranda

Duas Igrejas1ª 0 0 02ª 0 0 03ª 1 0 1

Miranda do Douro1ª 0 0 02ª 1 0 13ª 0 1 2

Aldeia Nova1ª 2 1 42ª 0 0 03ª 0 0 0

21

Tabela 6 | Distâncias percorridas, número de indivíduos detectados e respectivo IQAobtido em cada quadrícula e em cada território de águia de Bonelli (Aquila fasciata), parao censo de perdiz-vermelha (Alectoris rufa), na acção A4, na primeira época de censo.

Território Quadrícula Distância (m)Nº indivíduos to-

talIQA Quadrícula IQA Território

Almofala Almofala 12063 5 0,41 0,41

Escalhão Escalhão 11464 4 0,35 0,35

Ligares

Ligares 10680 5 0,47

0,58

Almendra 11614 8 0,69

Freixo EC Freixo EC 13402 2 0,15 0,15

Lagoaça Lagoaça 11754 1 0,09 0,09

Bemposta

Vilarinho dos Gale-gos

11069 2 0,18

0,13

Bemposta 12277 1 0,08

Urrós Urrós 14728 6 0,41 0,41

Picote Picote 12510 2 0,16 0,16

Miranda

Duas Igrejas 12217 1 0,08

0,19Miranda do Douro 12082 2 0,17

Aldeia Nova 12507 4 0,32

Distância total (m) 158367 Distância total (km) 158,38Total quadrículas amostradas 13

22| Título. Relatório da Acção XX

Figura 13 | Registos de casais e indivíduos de perdiz-vermelha (Alectoris rufa), na acção A4, na pri-meira época de censo, na ZPE Douro Internacional.

Figura 14 | Valores de IQA em cada quadrícula amostrada para a perdiz-vermelha (Alectoris rufa),na acção A4, na primeira época de censo, na ZPE Douro Internacional.

23

Tabela 7 | Número de adultos e juvenis detectados durante as visitas a cada quadrícula, para aperdiz-vermelha (Alectoris rufa), na acção A4, durante a segunda época de censo. A verde destacam-se as visitas escolhidas para cálculo do valor de IQA em cada quadrícula.

Território Quadrícula Visita Nº indivíduos (x1) Nº casais (x2) Total

Almofala Almofala

1ª 0 3 32ª 1 11 12

3ª - - -

Escalhão Escalhão

1ª 2 5 72ª 1 0 1

3ª - - -

Ligares

Ligares

1ª 2 0 22ª 0 0 0

3ª - - -

Almendra1ª 3 0 32ª 0 0 03ª - - -

Freixo EC Freixo EC

1ª 12 0 122ª 2 13 15

3ª - - -

Lagoaça Lagoaça

1ª 1 5 62ª 0 0 0

3ª - - -

Bemposta

Vilarinho dos Galegos1ª 0 0 02ª 0 0 03ª 2 0 2

Bemposta1ª 1 0 12ª 2 6 83ª 0 0 0

Urrós Urrós1ª 0 7 72ª 4 0 43ª 0 0 0

Picote Picote1ª 0 0 02ª 0 0 03ª 1 8 9

Miranda

Duas Igrejas1ª 0 0 02ª 2 4 63ª 0 0 0

Miranda do Douro

1ª 0 0 02ª 0 0 0

3ª 0 0 0

Aldeia Nova1ª 3 20 232ª 1 2 33ª 1 0 0

24| Título. Relatório da Acção XX

Tabela 8 | Distâncias percorridas, número total de indivíduos detectados e respectivo IQA obti-do em cada quadrícula e em cada território de águia de Bonelli (Aquila fasciata), para o censo de per-diz-vermelha (Alectoris rufa), na acção A4, na segunda época de censo.

Território Quadrícula Distância (m)Nº indivíduos to-

talIQA Quadrícula IQA Território

Almofala Almofala 12063 12 0,99 0,99

Escalhão Escalhão 11464 7 0,61 0,61

Ligares

Ligares 10680 2 0,19

0,22

Almendra 11614 3 0,26

Freixo EC Freixo EC 13402 15 1,12 1,12

Lagoaça Lagoaça 11754 6 0,51 0,51

Bemposta

Vilarinho dos Gale-gos

11069 2 0,18

0,43

Bemposta 12277 8 0,65

Urrós Urrós 14728 7 0,48 0,48

Picote Picote 12510 9 0,72 0,72

Miranda

Duas Igrejas 12217 6 0,49

0,79Miranda do Douro 12082 0 0

Aldeia Nova 12507 23 1,84

Distância total (m) 158367 Distância total (km) 158,38Total quadrículas amostradas 13

25

Figura 15 | Registos de adultos e juvenis de perdiz-vermelha (Alectoris rufa), na acção A4, na se-gunda época de censo, na ZPE Douro Internacional.

Figura 16 | Valores de IQA em cada quadrícula amostrada para a perdiz-vermelha (Alectoris rufa),na acção A4, na segunda época de censo, na ZPE Douro Internacional.

26| Título. Relatório da Acção XX

Assim como no caso do coelho-bravo, também para a perdiz-vermelha são evidentes adiferenças populacionais entre as quadrículas amostradas e os territórios da águia de Bonelli.No caso da perdiz-vermelha, uma vez que são contados os indivíduos reais, observados ou es-cutados, é notória a escassez desta espécie em alguns dos territórios (Miranda, Picote, Bem-posta, Lagoaça e Freixo EC) (Tabela 6, Figuras 13 e 14). Na segunda época de censo os valo-res de IQA obtidos são superiores aos valores da primeira época de censo, o que parece de-monstrar que a espécie se reproduz com relativo sucesso na área de acção do projecto, exceptono território de Ligares (Tabela 8, Figuras 15 e 16). Esta diferença entre as duas épocas terávárias causas possíveis, como a dispersão natural dos indivíduos, a predação e até a actividadecinegética que ocorre entre as duas épocas, onde alguns dos indivíduos são perdidos por cau-sas não naturais.

27

3| RESULTADOS OBTIDOS3.3 Pombo-das-rochas

Relativamente ao censo de pombo-das-rochas, foram visitadas 11 quadrículas de 10 x10 km, num total de 44 pontos de observação (Figura 17).

Neste caso, não sendo executado nenhum transecto (distância), os resultados não sãoapresentados na forma de IQA, mas sim resumindo o número total de observações de pombo-das-rochas em cada quadrícula, somando as observações de cada um dos quatro pontos visita-dos em cada quadrícula (Tabela 9 e Figura 18).

Figura 17 | Pontos de observação amostrados durante o censo de pombo-das-rochas (Columba li-via), na acção A4, na ZPE Douro Internacional.

Igualmente para as espécies anteriores, a distribuição de pombo-das-rochas ao longoda área do projecto não é uniforme. Em alguns dos territórios a presença desta espécie pareceser abundante (caso de Bemposta), ao contrário de territórios onde a presença da espécie foimuito dificilmente confirmada (Picote, Urrós, Lagoaça e Escalhão). Uma vez que o habitat denidificação desta espécie não será factor limitante para a sua distribuição, admite-se algumadificuldade de detecção aquando dos censos, uma vez que foram executados numa época doano em que com as condições climatéricas adversas (vento forte e frio), os indivíduos podempassar muito tempo em repouso sem serem detectados.

28| Título. Relatório da Acção XX

Tabela 9 | Número de indivíduos observados em cada ponto de observação e número de indivíduosobservados no total de cada quadrícula amostrada, para o pombo-das-rochas (Columba livia), na ac-ção A4.

Número de indivíduos observados

Território Quadrícula Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3Ponto

4Total

Almofala Almofala 4 0 50 0 54Escalhão Escalhão 0 0 10 3 13Ligares Ligares 4 3 0 22 29

Freixo EC Freixo EC 25 38 0 0 63Lagoaça Lagoaça 0 0 1 0 1

Bemposta Bemposta 100 0 80 0 180Urrós Urrós 5 0 1 0 6Picote Picote 6 0 0 7 13

MirandaDuas Igrejas 0 10 0 20 30

Miranda do Douro 10 9 25 0 44Aldeia Nova 50 0 0 0 50

Total quadrículas amostradas 11

29

Figura 18 | Número de indivíduos observados em cada quadrícula amostrada para o pombo-das-

rochas (Columba livia), na acção A4, na ZPE Douro Internacional.

3| RESULTADOS OBTIDOS3.4 Outras espécies-presa

Os censos das outras espécies-presa ocorreram simultaneamente com os censos da per-diz-vermelha e, portanto, em duas épocas distintas que coincidem com o inicio da época de re-produção da águia de Bonelli e imediatamente após o voo das crias. Desta forma, é possívelavaliar a importância destas espécies para a alimentação dos casais de águia de Bonelli en-quanto se reproduzem e das crias quando iniciam os primeiros voos e caça.

Em cada visita às quadrículas de perdiz-vermelha foram registados todos os indivíduosdas outras espécies-presa (pega-azul, pombo-torcaz, estorninho, melro e tordos) contando nofinal o seu número total. Das várias visitas foi escolhida aquela que mostrou um maior númeroregistado, podendo não ser a mesma visita a escolhida para cada espécie.

Após os censos foi possível obter um valor total de indivíduos registados de cada espé-cie e um valor total das várias espécies-presa para cada território (Tabelas 10 e 11).

30| Título. Relatório da Acção XX

Tabela 10 | Número máximo e total de indivíduos observados em cada quadrículaamostrada, para as outras espécies-presa, na acção A4, durante a primeira época decenso.

1ª época: número máximo de indivíduos observados

Quadrícula Pega-azulPombo-tor-

cazEstorninho Melro Tordos

To-tal indi-

víduosAlmofala 33 3 62 28 14 140Escalhão 14 0 4 9 2 29Almendra 7 1 10 13 1 32Ligares 7 1 0 5 1 14

Freixo EC 0 4 2 9 0 15Lagoaça 62 2 31 9 3 107Vilarinho 12 14 49 28 6 109

Bemposta 20 0 2 18 2 42Urrós 18 2 111 33 11 175Picote 4 4 59 32 6 105

Duas Igrejas 0 2 150 18 9 179Miranda 48 7 31 25 9 120

Aldeia Nova 4 13 33 29 8 87Total 229 53 544 256 72 1154

Total quadrículas amostradas 13

Tabela 11 | Número máximo e total de indivíduos observados em cada quadrícula amostrada, paraas outras espécies-presa, na acção A4, durante a segunda época de censo.

1ª época: número máximo de indivíduos observados

Quadrícula Pega-azulPombo-tor-

cazEstorninho Melro Tordos

Total indiví-duos

Almofala 36 2 28 22 0 88Escalhão 0 7 0 15 0 22Almendra 0 3 4 15 0 22Ligares 3 1 41 9 0 54

Freixo EC 14 5 1 6 0 26Lagoaça 28 0 30 4 0 62Vilarinho 20 5 31 12 2 70

Bemposta 12 6 9 6 0 33Urrós 3 2 60 6 0 71Picote 6 3 48 12 2 71

Duas Igrejas 16 17 7 5 4 49Miranda 24 7 13 8 3 55

Aldeia Nova 12 13 17 9 5 56Total 174 71 289 129 16 679

Total quadrículas amostradas 13

31

Mais uma vez, é possível notar a diferença entre territórios no que dizrespeito à distribuição e abundância das várias espécies-presa. Territórios comoEscalhão, Ligares e Freixo EC mostram uma reduzida abundância destas espéci-es, em contraste com os restantes territórios, em ambas as épocas de censo (Fi-guras 19 e 20). Na segunda época de censo os valores obtidos para cada espécie-presa são de forma geral inferiores aos da primeira época de censo. Apesar de a se-gunda época de censo já contar com os indivíduos juvenis recém-voadores das outras espé-cies-presa, é presumível que para além da predação natural que ocorre, haja dispersão destesindivíduos para outras áreas com melhores condições, uma vez que em pleno verão, na área deacção do projecto, as condições de sobrevivência são limitantes devido ao calor extremo e àfalta de recursos alimentares e água.

A outra espécie-presa que aparenta ser mais comum na área do projecto é o estorninho,formando bandos de centenas de indivíduos, seguida da pega-azul. Também o melro poderáser uma espécie-presa importante para a águia de Bonelli uma vez que não formando bandosmuito grandes, é uma espécie muito abundante e bem distribuída pela maior parte dos territó-rios (Tabelas 10 e 11).

Figura 19 |Número total de indivíduos observados em cada quadrícula amostrada, para as outrasespécies-presa, na acção A4, durante a primeira época de censo.

32| Título. Relatório da Acção XX

Figura 20 | Número total de indivíduos observados em cada quadrícula amostrada, para as outrasespécies-presa, na acção A4, durante a segunda época de censo.

4| CONCLUSÕES

Após análise dos resultados obtidos na acção A4, é evidente que a actual distribuição eabundância das várias espécies-presa não é a ideal. Existem territórios de águia de Bonellicom uma evidente ausência de algumas das espécies amostradas, assim como a própria distri-buição das várias espécies não é, de todo, homogénea dentro dos próprios territórios. Isso sig-nifica que algumas quadrículas específicas em territórios que não apresentam baixa densidadeglobal de espécies de presas, também precisam de reforço (i.e.: densidades de coelhos no Es-calhão, ver Figura 10).

Tais resultados destacam a necessidade de medidas de maneio e gestão de habitat, paramelhorar as populações da perdiz vermelha e do coelho-bravo dentro dos territórios de águiade Bonelli de Miranda, Picote, Bemposta e Freixo de Espada á Cinta. A densidade de coelhos-bravos também é baixa em Ligares e Amofala, assim como da perdiz em Lagoaça. Fica evi-dente que ações de melhoria do habitat e uma gestão cinegética apropriada destas espécies,que são tão importantes para a águia de Bonelli como são procuradas pela actividade cinegéti-ca, são necessárias e urgentes em algumas secções da área de acção do projecto. Com o finaldesta acção iniciam-se as acções de gestão de habitat (C5 e C6) que irão procurar promover oequilíbrio entre as várias espécies-presa, assim como melhorar tanto a sua distribuição como asua abundância ao longo dos territórios da águia de Bonelli.

Em relação aos pombos-das-rochas, encontrara-se baixa densidade em Picote, Urrós,Lagoaça e Escalhão. Estes dados devem ser considerados para o desenvolvimento da ação C4,para a restauração e gestão de pombais tradicionais.

33

5| REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Cabral, M. J., Almeida, J., Almeida, P. R., Dellinger, T., Ferrand de Almeida, N., Oliveira, M. E., ... &Santos-Reis, M (eds.). 2006. Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. 2ª ed. Instituto daConservação da Natureza/Assírio & Alvim. Lisboa. 660pp.

Delibes-Mateos, M., Redpath, S. M., Angulo, E., Ferreras, P., & Villafuerte, R. 2007. Rabbits as a key-stone species in southern Europe. Biological Conservation 137, 149-156.

Delibes-Mateos, M., Farfán, M.A., Olivero, J., Vargas, J. M. 2010. Land use changes as a critical factorfor longterm wild rabbit conservation in the Iberian Peninsula. Environmental Conservation37, 169-176.

García, J., Jambas, J. 2014. Actuaciones de conservación del Águila‐azor perdicera (Aquila fasciata)en el Parque Natural de Arribes del Duero en 2014. Fundación del Patrimonio Natural de Cas-tilla y León y Fundación Iberdrola. Junta de Castilla y León.

Hernández, A., Real, J. 2011. Evaluación de las actuaciones de alimentación suplementaria para la con-servación del águila perdicera (Aquila fasciata) en Castilla y León y aplicaciones a su conser-vación. Fundación Tierra Ibérica, Junta de Castilla y León. Documento inédito.

Hernández, A., Resano, J., Real, J. 2012. Monitorización demográfica del águila perdicera (Aquila fas-ciata) en Castilla y León, análisis de la dieta, de la calidad de los pollos y aplicaciones a laconservación. Fundación Tierra Ibérica, Junta de Castilla y León. Documento inédito.

Madroño, A., González, C., Atienza, J. 2004. Libro Rojo de las Aves de España. Madrid, Dirección Ge-neral para la Biodiversidad-SEO/Birdlife. Navarro, L.; Pereira, H. (2012):“Rewilding Abando-ned Landscapes in Europe”. Ecosystems (15), 900-912.

Moleón, M., Sánchez‐Zapata, J. A., Real, J., García‐Charton, J. A., Gil‐Sánchez, J. M., Palma, L., ... &Bayle, P. 2009. Large‐scale spatio‐temporal shifts in the diet of a predator mediated by anemerging infectious disease of its main prey. Journal of Biogeography 36, 1502-1515.

34| Título. Relatório da Acção XX

Palomares, F. 2001. Comparison of 3 methods to estimate rabbit abundance in a Mediter-ranean environment. Wildlife Society Bulletin, 578-585.

Real, J. 1996. Biases in diet study methods in the Bonelli's eagle. The Journal of wildlifemanagement, 632-638.

Real, J., Grande, J. M., Mañosa, S., Sanchez-Zapata, J. A. 2001. Causes of death in different areasfor Bonelli’s Eagle (Hieraaetus fasciatus) in Spain. Bird Study 48, 221–228.

Real, J., Mañosa, M. 1997. Demography and conservation of Western European Bonelli’s eagle Hier-aatus fasciatus populations. Biological Conservation 79, 59-66.

Resano‐Mayor, J., Real, J., Moleón, M., Sánchez‐Zapata, J. A., Palma, L., & Hernández‐Matías, A.2016. Diet–demography relationships in a long‐lived predator: from territories to populations.Oikos 125, 262-270.

Villafuerte, R., Lazo, A., Moreno, S. 1997. Influence of food abundance and quality on rabbit fluctua-tions: conservation and management implications in Donana National Park (SW Spain). Revued’Ecologie: La Terre et la Vie 52, 345–356

Williams, D., Acevedo, P., Gortázar, C., Escudero, M. A., Labarta, J. L., Marco, J., Villafuerte, R.2007. Hunting for answers: rabbit (Oryctolagus cuniculus) population trends in northeasternSpain. European Journal of Wildlife Research 53, 19-28.

35

5| ANEXOS

1 – Ficha de campo para o registro de latrinas existentes durante os transectos de

coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), na ação A4.

36| Título. Relatório da Acção XX

2 – Ficha de campo para o registro de indivíduos de perdiz vermelha(Alectoris rufa) (observações e escutas) e outras espécies de presas

durante os transectos, na ação A4.

3 – Ficha de campo para o registro de indivíduos de pombo-das-rochas(Columba livia) e outras espécies de presas durante os censos dos pontos de observação, na ação A4.

37

Anexo 1

Anexo 2

38| Título. Relatório da Acção XX

Anexo 3

39

40| Título. Relatório da Acção XX