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Relatório Instituto Pro Bono 2014 -2015

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Relatório Instituto Pro Bono2014 -2015

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Carta

Nossa Equipe

Promovendo direitos humanos e democracia através da legalização pro bono

Plantão Jurídico

Clearinghouse

Cartilhas de acesso à justiça

Eventos, cursos e viagens

Resolução Pro Bono

Premiações

Balanço fi nanceiro

Amicus Instituto Pro Bono e fi nanciadores

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ExpedienteInstituto Pro Bono

RedaçãoMarcos Fuchs, Nadia de Barros, Rebecca Groterhorst, Octavio Azevedo

EdiçãoDouglas Kawaguchi

Capa, projeto gráfi co e diagramaçãoAlexandre Gonçalves Jr

Ano2014 - 2015

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Sumário

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É com muito orgulho e uma pitada de satisfação que apresentamos o relatório de atividades de um biênio pleno de conquistas gratificantes para nossa causa.

Após quase quinze anos de luta, realizamos um sonho que nasceu junto com nossa instituição: convencer a Ordem dos Advogados do Brasil da necessidade de uma previsão legal para a advocacia pro bono voltada às pessoas físicas. Finalmente inserida no Novo Código de Ética e Disciplina da Ordem, conta ainda com provimento específico da atividade.

Além de intensificar nosso advocacy, também não poupamos esforços para levar acesso à justiça para populações vulneráveis, inaugurando um novo modelo de atendimento: o plantão jurídico, já realizado por vários meses na região do Bixiga, em São Paulo, oferecendo atendimento sobre direito de família, previdenciário, trabalhista, do consumidor, penal e civil. Os dados dos atendimentos foram analisados pela consultoria da Move Social, o que nos ajudou a repensar caminhos para responder às demandas de nossos beneficiários.

Em um biênio de muitas reflexões, contamos com a parceria da fundação New Perimeter, do escritório DLA Piper e da GV-Law, braço da FGV-Direito, na organização de seminários anuais a respeito do potencial e obstáculos à prática pro bono no Brasil e no mundo.

Estas conquistas levaram a Diretoria Executiva a receber o prêmio de advogado pro bono do ano, conferido pela American Bar Association em Viena, que reconheceu o impacto social de nosso trabalho pela ampliação do acesso à justiça – feitos que não teriam sido possíveis sem o constante apoio da OAK Foundation, da Fundação Betty & Jacob Lafer e de nossos apoiadores Amicus Pro Bono.

Boa leitura!

Marcos FuchsDiretor Executivo do Instituto Pro Bono

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Nossa Equipe

Douglas Kawaguchi – Comunicador Social, formado em Publicidade pela Universidade de São Paulo e mestrando em Psicologia Cultural pela mesma Universidade, é o Coordenador de Comunicação do IPB.

Marcos Fuchs – Graduado em Direito pela Universidade Católica em 1988, é o Diretor Executivo do IPB desde 2001.

Nadia Mazzariol – Cientista Social, Mestre em Humanidades, ocupa a posição de Gerente Institucional do IPB e pesquisadora na Universidade de São Paulo em Direito e Discriminação.

Octavio Azevedo – Graduado em Direito pela Universidade de São Paulo, mestrando em Teoria na mesma universidade e Gerente de Projeto do IPB.

Rebecca Groterhorst – Graduada em Direito pela Universidade Católica de São Paulo, mestre em Direito Constitucional da Universidade de São Paulo e Coordenadora de Programa e Advocacia do IPB.

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No Brasil, fornecer serviços pro bono às pessoas que não podem pagar por um advogado particular sempre foi ilegal. Os advogados eram obrigados a cobrar uma taxa mínima estabelecida pela regional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o não cumprimento desta regra poderia resultar em interdição. Esta proibição devia-se ao receio de que a prestação de serviços jurídicos gratuitos enfraqueceria os escritórios pequenos e profissionais independentes. Primeiramente, argumentava-se que os serviços gratuitos permitiriam que escritórios de grande porte contornassem a proibição de fazer propaganda de casos pro bono através da geração de publicidade em torno de casos notáveis. Em segundo lugar, argumentava-se que os advogados pro bono poderiam “roubar” clientes cobrando honorários relativamente baixos. Nenhum desses argumentos contra pro bono possui mérito. Quase todos os países da América do Sul legalizaram o pro bono ao longo das duas últimas décadas e isso não resultou nos problemas mencionados pelos argumentos dos opositores.

O IDH brasileiro é o 75º no mundo, e o Coefi ciente GINI é de 52,9.

Fonte: PNUD/ONU, 2015: Banco Mundial, 2013.

A população carcerária brasileira é a 4ª maior do mundo.

Fonte: Ministério da Justiça (BRA)/Infopen

A primeira Resolução Pro Bono (RPB) foi aprovada pela Ordem em 2002, autorizando a prática pro bono em um único estado brasileiro, São Paulo; seis anos mais tarde, Alagoas autorizou a prática. A RPB, porém, apresentava uma séria limitação: apenas ONGs podiam receber os serviços jurídicos gratuitos. Assim, milhões de pessoas físicas financeiramente desfavorecidas continuavam sem ter direito atendimento pro bono. Em 2013, após mais de uma década de trabalho do Instituto Pro Bono, a OAB finalmente suspendeu a proibição e formou uma comissão para regular a prática em nível nacional. A situação ficou obscura: embora a prática pro bono não fosse mais ilegal, não ficou claro se a OAB continuaria a punir os advogados que a praticassem. Isso perdurou até que o Código de Ética foi reformulado em 2015. Agora, os beneficiários dos serviços pro bono não são apenas ONGs, mas também pessoas vulneráveis socioeconomicamente. Esta é a mais importante vitória para o Instituto Pro Bono, que realizou um trabalho de advocacy, lutando por uma resolução nacional por quase quinze anos.

Promovendo direitos humanos e democracia através da legalização pro bono

Relatório 2014|2015

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Plantão Jurídico

Ao longo do segundo semestre de 2015, nossos voluntários realizaram um trabalho de aconselhamento jurídico a comunidades vulneráveis da cidade de São Paulo: os plantões de atendimento pro bono. Em parceria com diversos SASF (Serviço de Assistência Social à Família, entidades regionais responsáveis por realizar o acompanhamento de famílias que recebem algum tipo de benefício ou participam de algum programa social do governo), as iniciativas promoveram o compartilhamento de conhecimentos jurídicos, contribuindo para o reforço da cidadania e a construção de uma sociedade mais justa.

Foram firmadas parcerias com SASF de três regiões, cada uma tomando rumos distintos, adequando-se à comunidades beneficiadas, com seus diferentes perfis, dinâmicas e demandas.

SASF LajeadoLocalizado na zona leste, recebeu, em

agosto, um ciclo de palestras sobre temas de interesse da população: direito civil, de família, do consumidor, do trabalho, previdenciário e penal. Após cada palestra,

realizamos atendimento ao público em formato de plantão individual de dúvidas, sobre o tema da palestra ou de outras áreas do direito.

Principais destaques:A palestra sobre habitação e regularização

fundiária ocorreu em uma região na qual a população busca a regularização da posse do terreno no qual vive há décadas. Diante da impossibilidade de uma atuação mais direta no caso, a população foi orientada a se organizar através da criação de uma associação de moradores para reivindicarem seus direitos.

Na palestra de direito do consumidor, ao invés de passar uma noção básica de direitos relativos à área, optamos por uma abordagem mais prática, voltada à educação financeira, de modo a permitir que a população se conscientize sobre suas contas e, assim, se wempodere perante instituições financeiras no momento de propor a negociação de suas dívidas.

A palestra de direito penal foi a que teve o maior público. Além de assistirem à palestra, boa parte das pessoas permaneceu no SASF para ser atendida individualmente acerca de questões penais, como a possibilidade de progressão de regime e as modalidades de indultos.

SASF Lajeado2015

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SASF IguatemiRealizamos uma edição do plantão

jurídico em 22 de setembro e outra em 27 de novembro. Diferentemente do que ocorreu no Lajeado, em que o público apesar de constante costumava oscilar em torno de vinte pessoas, as iniciativas no Iguatemi apresentaram um grande público interessado em receber atendimento jurídico.

As áreas de maior interesse foram previdenciário, família e civil, áreas na qual o Estado atua oferecendo assistência jurídica gratuita, tanto através da Defensoria Pública do Estado como da Defensoria Pública da União. Isso evidencia uma lacuna no serviço oferecido pelo aparato estatal: uma população inteira negligenciada, talvez pelo fato de estar localizada na periferia.

Em diálogo com a equipe técnica do SASF, identifi camos outros possíveis rumos para nossas iniciativas neste território: o principal tipo de relato das famílias refere-se a violência doméstica, o que nos indica que futuramente devemos nos atentar a esta temática, abordando-a, por exemplo, com plantões e palestras específi cos para este tipo de atendimento – o que requer uma atuação mais próxima da equipe do SASF, composta em boa parte por psicólogos e assistentes sociais.

Outro possível rumo seria a realização de uma capacitação em direito para os técnicos do SASF, tendo em vista o importante papel por eles desempenhado enquanto difusores de conhecimento e informações. Isso qualificaria ainda mais o trabalho realizado, uma vez que permitiria à própria equipe do SASF diagnosticar as demandas da população e já realizar os encaminhamentos aos órgãos competentes.

SASF Bela VistaDado o pequeno número de iniciativas

realizadas na região até o momento, ainda não encontramos a forma ideal de atendimento. O plano é, a partir do ano que vem, realizar mais alguns plantões jurídicos para diagnosticar as principais demandas trazidas pelo público. Há também a possibilidade de realizar mais palestras sobre temas jurídicos, aos moldes do que foi realizado no Lajeado, ou a capacitação dos técnicos, como parece ser interessante no Iguatemi.

SASF Iguatemi2015

Relatório 2014|2015

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Clearinghouse

Vertical: número de ONGs atendidasHorizontal: anos

Nossa clearinghouse foca na assistência jurídica a organizações da sociedade civil. O projeto funciona como uma ponte entre, de um lado, organizações que não podem arcar com as despesas pelos honorários advocatícios e, do outro, advogados que desejam dedicar parte do seu tempo para prestar serviços pro bono.

Fruto de nossa experiência com assistência jurídica para pessoas em comunidades vulneráveis, começamos a pensar em métodos alternativos de compartilhar conhecimento jurídico com a população. Um deles é a produção e distribuição de cartilhas de acesso à justiça, com o objetivo de fornecer um guia rápido de referência para os assuntos mais relevantes para a população. O material foi desenvolvido com o auxílio de advogados e estudantes voluntários.

Cartilhas de acesso à justiça

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Colóquio

Realizado em 2015 e com duração de oito horas, o colóquio reuniu advogados, estudantes e outros profissionais interessados na prática da advocacia pro bono e acesso à justiça no Brasil. O presidente do Tribunal de São Paulo, Renato Nalini, falou sobre métodos alternativos de resolução de conflitos no tribunal.

Curso Pro BonoEm suas duas edições realizadas em

2014 e 2015, esta iniciativa introduziu possibilidades, incentivos e questões éticas envolvendo a prática de advocacia pro bono em todo o mundo. Foi uma parceria entre o Instituto Pro Bono, o Programa de Graduação em Direito da GV, New Perimeter e Lei de Interesse Público PILnet.

Semana Pro BonoNo fi nal de 2015, obtivemos a aprovação,

junto à OAB, da Semana Nacional Pro Bono. A iniciativa tem por objetivo promover a discussão e prática advocatícia voluntária às pessoas em situação de vulnerabilidade.

Viagens pelos estados do Brasil

O Instituto Pro Bono visitou regularmente todas as regiões do Brasil, disseminando a cultura pro bono e chamando a atenção para a urgência da aprovação da resolução nacional pro bono. Em 2015, o resultado desse trabalho fi nalmente apareceu: a aprovação de uma nova regulamentação sobre advocacia pro bono no Novo Código de Ética.

Estados em destaque: Piauí, Tocantins, Goiás, Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Relatório 2014|2015

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Nova regulamentação pro bono

Após 15 anos de luta, trabalho duro e discussões, o IPB fi nalmente viu acontecer o nascimento de sua maior conquista: a aprovação da advocacia pro bono no Novo Código de Ética. A partir de sua aprovação, qualquer advogado no Brasil passou a ter permissão para exercer atividades voluntárias a pessoas que precisavam de atendimento jurídico e não podiam arcar com um advogado particular, bem como organizações da sociedade civil e seus benefi ciários.

PremiaçõesEm 2015, o Instituto Pro Bono através

de seu Diretor Executivo, Marcos Fuchs, teve um reconhecimento histórico e emblemático na consolidação da advocacia de interesse público no contexto brasileiro. Após criteriosa seleção de candidatos e uma comissão julgadora, Marcos Fuchs foi reconhecido como “advogado pro bono do ano” pela International Bar Association. Em outubro do mesmo ano, Marcos recebeu das mãos do Presidente da IBA o prêmio mencionado. Em dezembro de 2015, a OAB de São Paulo reconheceu a importância do papel desempenhado pelo IPB na garantia do acesso à justiça, Marcos Fuchs recebeu a Láurea de Homenagem das mãos do Presidente do Conselho Estadual Marcos da Costa.

Luiz Flávio Borges D’urso, Presidente da Comissão Pro Bono, e Marchos Fuchs

Marcos Fuchs recebendo o prêmio de “melhor advogado pro bono” em Vienna

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Balanço fi nanceiro (em reais)

Receita das atividades 2014 2015

Doações nacionais 271.224

Doações internacionais 194.986

466.210Total

Despesas das atividades 2014 2015

Remuneração de consultoria de planejamento estratégico, colaboradores e empresas contratadas quando da realização de eventos ou atendimentos

220.522

95.472Despesas relativas ao co-working (aluguel, equipe administrativa, materiais de escritório)

Remuneração de colaboradores e estagiários 58.200

Despesas relativas a viagens de advocacy pelo Brasil e participação em eventos 24.871

Outras despesas 29.340

434.690Total

2014 2015

Receita 466.210

Despesas - 434.690

21.612

Total

Resultado fi nanceiro

53.132

Balanço fi nal

500.105

109.900

610.005

222.118

95.472

114.600

26.392

47.460

528.826

610.005

- 528.826

20.024

101.203

Despesas com auxílio refeição para voluntários e colaboradores em campo 2.510 13.878

Relatório 2014|2015

Tributárias 3.775 8.906

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Financiadores

Amicus Instituto Pro Bono

Instituto Pro Bono

+55 11 3889 9070 | 3884 7440Av. Paulista, 575, 19º andar, São Paulo-SP, Brasil | 01311-000

[email protected]