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RELATÓRIO FINAL

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RELATÓRIO FINAL

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Comissão Especial para avaliar o Sistema Estadual de Transporte Coletivo Intermunicipal de passageiros

RELATÓRIO FINAL

Comisão Especial para avaliar o transporte coletivo intermunicipal de passageiros

Maio de 2010

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MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 2010

Presidente:Deputado Giovani Cherini - PDT

1º Vice-Presidente:Deputado Marquinho Lang – DEM

2º Vice-Presidente:Deputado Nélson Härter – PMDB

1º Secretário:Deputado Pedro Westphalen – PP

2º Secretário:Deputado Luis Augusto Lara – PTB

3º Secretário:Deputado Paulo Brum – PSDB

4º Secretário:Deputado Adão Villaverde – PT

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COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO ESPECIAL

PRESIDENTE: Deputado Luis Augusto Lara

VICE-PRESIDENTE: Deputado João Fischer

RELATOR: Deputado Fabiano Pereira

TITULARES:Deputada Stela Farias - PT

Deputado Edson Brum - PMDB

Deputado Gilberto Capoani - PMDB

Deputado Pedro Westphalen - PP

Deputado Paulo Brum - PSDB

Deputado Gerson Burmann - PDT

Deputado Luciano Azevedo - PPS

Deputado Adroaldo Loureiro - PDT

SUPLENTES: Deputado Elvino Bohn Gass - PT

Deputada Marisa Formolo - PT

Deputado Alceu Moreira - PP

Deputado Luiz Fernando Záchia - PMDB

Deputado Adolfo Brito - PP

Deputado Silvana Covatti - PP

Deputado Adilson Troca - PSDB

Deputada Zilá Breitenbach - PSDB

Deputado Kalil Sehbe - PDT

Deputado Iradir Pietroski – PTB

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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO .................................................................................... 6

1.1 PALAVRA DO PRESIDENTE ..................................................... 6

1.2 PLANO DE TRABALHO ............................................................ 9

2 TRABALHO REALIZADO ..................................................................... 12

2.1 CRONOGRAMA DE TRABALHO .............................................. 12

2.2 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM PORTO ALEGRE ........................ 13

2.3 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM PASSO FUNDO ............................ 35

2.4 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM PELOTAS ..................................... 43

2.5 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM CAXIAS DO SUL .......................... 48

2.6 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM SANTA MARIA ............................ 65

3 REFERENCIAL TEÓRICO E LEGISLATIVO ..................................... 84

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS ................................. 88

ANEXOS

A – PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA (AGERGS)

B – MANIFESTAÇÃO FINAL FETERGS

C – MANIFESTAÇÃO FINAL FEGAM

D – ESTUDOS AGERGS

E – MINUTA DE PROJETO DE LEI FÓRUM DEMOCRÁTICO

F – MINUTA DE PROJETO DE LEI DAER/RS

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1 APRESENTAÇÃO

1.1 PALAVRA DO PRESIDENTE

A Comissão Especial para avaliar o sistema de transporte coletivo intermunicipal de

passageiros fez um atencioso trabalho durante seus 120 dias de duração regimental. Foi precedido

por outra Comissão Especial, também sob minha presidência, que se debruçou sobre a questão

das rodoviárias, onde se fez um levantamento sobre as condições das estações rodoviárias no Rio

Grande do Sul e dos contratos de concessão destas estações.

Com a conclusão e apresentação do relatório da Comissão Especial das Rodoviárias, se

buscou, nesta Comissão que ora se apresenta, tratar da segunda vertente da problemática do

transporte coletivo de passageiros: o transporte coletivo intermunicipal. O objetivo da Comissão

foi diagnosticar, em conjunto com todos os seguimentos envolvidos neste serviço público, em

especial os usuários, as condições atuais do sistema, a situação dos contratos de concessão, das

tarifas e da qualidade do serviço. Assim, se fez uma verdadeira radiografia do sistema.

O transporte coletivo intermunicipal de passageiros é assunto de grande interesse das

pessoas, uma vez que transporta um grande número de passageiros/ano. Assim, a Comissão

Especial ao abordar a temática, coletou subsídios para continuar um trabalho que vem fazendo

no sentido de que o Rio Grande do Sul possa ter uma legislação que definitivamente contemple o

que diz os artigos 178 e 179 da Constituição do Estado, que determinam a existência de uma

regulamentação legislativa sobre a matéria. Esse sistema de transporte coletivo intermunicipal há

mais de 20 anos tem sido “empurrado com a barriga”, através de Resoluções do DAER,

Decretos Governamentais, o que tem trazido aos empresários, tanto aqueles concessionários de

rodoviárias quanto aqueles do transporte intermunicipal, certa instabilidade a respeito de não ter

exatamente claro o seu tempo de concessão. Boa parte das concessões está em caráter precário,

ou seja, vai sendo renovado o contrato, período a período, impossibilitando o empresário de

investir.

Na condução dos trabalhos, não se procurou fazer “caça às bruxas”, buscando culpados

para as mazelas e os gargalos do sistema de transporte, mas sim trazer uma atitude propositiva,

no intuito de resolver tais problemas encaminhando-lhes soluções práticas, objetivas e

executáveis.

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A Comissão buscou subsídios para um modelo de concessão que interesse e que seja

realmente produtivo para o usuário e para o Rio Grande do Sul, através da oitiva tanto de quem

presta o serviço como de quem o utiliza. Por essa razão, foram ouvidos representantes das

comunidades, dos usuários, da AGERGS, do DAER, do Tribunal de Contas, Ministério Público

e das empresas. Na mesma linha, as audiências públicas nas cidades-pólos regionais de transporte

coletivo do Estado pretenderam buscar elementos nas diversas realidades do povo gaúcho.

Assim, procuramos saber quem realmente opera no dia a dia e os principais entraves, dando

condições aos usuários de terem sempre o melhor serviço pelo preço justo e àqueles que

trabalham de serem remunerados dignamente.

O Rio Grande do Sul precisa ter uma legislação adequada, que assegure o bom

funcionamento desse setor estratégico, no mínimo, pelos próximos 40 anos. Atualmente, temos

um “esclerosamento” do nosso modelo de concessões, tanto em rodoviárias como no transporte

público intermunicipal. Desta forma, a Comissão procurou debater uma nova legislação sobre o

tema a fim de subsidiar o Poder Executivo na confecção de uma lei regulamentadora, posto sua

competência exclusiva para tanto, que tenha condições de ser aprovada pelo Parlamento e

represente um avanço para o Estado.

Para que isto ocorra, entretanto, é fundamental que duas questões sejam observadas:

A) É crucial que o Poder Executivo envie para a apreciação da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul um Projeto que regulamente o sistema de transporte coletivo intermunicipal de passageiros, cumprindo, assim, a determinação contida na legislação máxima do Estado e do país: a Constituição Federal e a Estadual.

B) Da mesma maneira, findado o prazo das atuais concessões, se recomenda fortemente a realização de novas licitações, exigência impostergável inscrita na Constituição de 1988 e na Lei de concessões (Lei Federal n. 8.987/95). Essas novas licitações devem estabelecer um modelo que sirva à qualificação deste serviço público e que contemple preço justo. A modelagem pode determinar um sistema de agrupamento das linhas por bacias ou por mercados, mas que, inevitavelmente, seja um modelo que agregue um equilíbrio entre as linhas de alta rentabilidade com aquelas de baixa rentabilidade. Ou seja, aquelas empresas que fiquem com o “filé” da concessão também

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tenham dentro de suas responsabilidades que “roer o osso”, atendendo aquelas linhas menos atrativas, mas de fundamental valor social.

Muito já avançamos em matéria de transporte coletivo no Estado, que em geral possui

boa qualidade, mas a falta de clareza sobre o futuro do atual sistema impede que se desenvolva

ainda mais. Esse assunto é de importância estratégica para o Estado do Rio Grande do Sul e deve

ser tratado com responsabilidade e discernimento, o que, com certeza, teve esta Comissão

Especial no manejo do assunto. É preciso construir uma lei regulamentadora que não cause

desemprego no Rio Grande do Sul, mas que traga, sim, uma relação custo-benefício capaz de

satisfazer a nossa população.

Por fim, entendemos que as recomendações acima feitas, em conjunto com as conclusões

apresentadas pelo Relator dos Trabalhos, Deputado Fabiano Pereira, servirão de base de apoio

para a construção de um modelo moderno, preocupado com o bem estar da população, com

tarifação justa, mas que permita remunerar dignamente aqueles que operam o sistema e,

sobretudo, que possa servir de alavanca ao desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul.

Deputado Luis Augusto LaraPresidente

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1.2 PLANO DE TRABALHO

O Plano de Trabalho da Comissão Especial foi aprovado por unanimidade, em reunião

ordinária do dia 16 de março de 2010, constituindo-se na metodologia de trabalho a que a

Comissão se vincularia ao longo do seu funcionamento. Esse plano define seus principais

objetivos, a quantidade, os locais das reuniões e audiências públicas e visitas técnicas. O conteúdo

do Plano de Trabalho aprovado é o seguinte:

A. Principais Objetivos:Esta Comissão Especial tem como objetivo avaliar a qualidade do serviço de transporte

coletivo intermunicipal de passageiros, concedido pelo Departamento Autônomo de Estradas e

Rodagem - DAER/RS.

O Sistema Estadual de Transporte Coletivo representa um serviço público de

competência do Estado, o qual é prestado mediante concessão. Ele é responsável pela

movimentação de milhares de pessoas, devendo assim, seguir as regras definidas em legislação

própria no que concerne à qualidade da prestação dos serviços aos usuários.

O grau de importância desse serviço pode ser medido quando se observa que o

transporte rodoviário por ônibus é a principal modalidade de movimentação coletiva de usuários

nas viagens de âmbito intermunicipal, e sendo assim, exerce papel fundamental na economia

gaúcha, pois contribui para o desenvolvimento do território Rio-Grandense, expandindo

fronteiras econômicas e sociais e consolidando o processo de integração social, melhorando em

muito a qualidade de vida de todos os cidadãos e cidadãs gaúchos.

Por tudo isso, a Comissão terá como fim verificar os problemas relativos ao tema,

buscando soluções com vistas à melhoria das condições dos serviços, buscando sugerir, através

de amplo debate social, a modernização do regime legal a que se sujeita o transporte coletivo

municipal de passageiros, e mais:

a) Verificar a qualidade dos serviços prestados à população;

b) Avaliar as tarifas praticadas pelas empresas e a aplicabilidade das isenções previstas em leis;

c) Efetuar um real levantamento das linhas previstas nas concessões;

d) Analisar o estado das frotas dos ônibus disponíveis;

e)Verificar a existência de transporte coletivo irregular em nosso Estado;

f) Analisar o processo de concessão e fiscalização da prestação dos serviços;

g)Verificar as condições de qualidade, regularidade, continuidade, eficiência e segurança na

prestação do serviço concedido;

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h) Analisar o serviço de transporte intermunicipal de pessoal em regime de fretamento contínuo,

turístico e extraordinário;

i) Recomendar medidas e encaminhar soluções para os problemas identificados ao final dos

trabalhos, com o objetivo de examinar e propor alternativas para a solução dos problemas

resultantes da prestação de serviços pelas partes envolvidas na busca da satisfação dos serviços

oferecidos para a população.

B. Audiência Pública Geral Objetivo: Convidar os órgãos e entidades envolvidos para informar e debater as condições atuais

de funcionamento do Sistema de Transporte Coletivo Intermunicipal de Passageiros, concedido

pelo Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem - DAER/RS, através de uma análise do

processo de concessão e fiscalização, das condições dos sistemas operacionais, sistemas de apoio

e os sistemas comerciais. Também, receber sugestões e encaminhar soluções para os problemas

identificados, através da apresentação dos diagnósticos das visitas técnicas e das audiências

públicas, propondo alternativas para a solução dos problemas resultantes da prestação de serviços

pelas partes envolvidas, na busca da satisfação dos serviços oferecidos para a população. Nesta

audiência pública haverá a participação dos convidados e da população em geral.

Data: A definir.

Local: Porto Alegre- RS

C. Visitas Técnicas

Objetivo: Coleta de dados e informações nas regiões definidas nos requerimentos, com o

objetivo de verificar as condições de qualidade, regularidade, continuidade, eficiência e segurança

na prestação do serviço concedido.

Data: Anterior à audiência pública geral.

Local: A ser definido.

D. Audiência Pública Objetivo: Debater e propor alternativas acerca das concessões de transporte coletivo

intermunicipal de passageiros, no Estado, na região do entorno do MUNICÍPIO DE SANTA MARIA, com a participação dos Municípios da região e da população local. Na ocasião haverá

coleta de dados para a preparação da audiência pública geral.

Data: Anterior à audiência pública geral.

Local: Município de Santa Maria.

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E. Audiência Pública Objetivo: Debater e propor alternativas acerca das concessões de transporte coletivo

intermunicipal de passageiros, no Estado, na região do entorno do MUNICÍPIO DE PELOTAS, com a participação dos Municípios da região e da população local. Na ocasião

haverá coleta de dados para a preparação da audiência pública geral.

Data: Anterior à audiência pública geral.

Local: Município de Pelotas.

F. Audiência Pública Objetivo: Debater e propor alternativas acerca das concessões de transporte coletivo

intermunicipal de passageiros, no Estado, na região do entorno do MUNICÍPIO DE CAXIAS,

com a participação dos Municípios da região e da população local. Na ocasião haverá coleta de

dados para a preparação da audiência pública geral.

Data: Anterior à audiência pública geral.

Local: Município de Caxias.

G. Audiência PúblicaObjetivo: Debater e propor alternativas acerca das concessões de transporte coletivo

intermunicipal de passageiros, no Estado, na região do entorno do MUNICÍPIO DE PASSO FUNDO, com a participação dos Municípios da região e da população local. Na ocasião haverá

coleta de dados para a preparação da audiência pública geral.

Data: Anterior à audiência pública geral.

Local: Município de Passo Fundo.

H. Reunião Objetivo: Encaminhamento dos debates finais e das sugestões para o Relatório Final.

Data: A ser definida.

Local: Assembléia Legislativa.

I. ReuniãoObjetivo: Debater e deliberar sobre o Relatório Final.

Data: A ser definida.

Local: Assembléia Legislativa.

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2 TRABALHO REALIZADO

A Comissão Especial, que tem 120 dias como prazo regimental, realizou 07 reuniões

ordinárias e 05 audiências públicas. Para as audiências públicas foram convidados Prefeito e

Vereadores do Município onde era realizada, concessionários de rodoviárias, Sindicatos de

trabalhadores do setor, representantes de empresas transportadoras, bem como seus sindicatos e

associações. Por parte dos usuários, foram chamados a participar as associações de moradores

locais, a Federação Gaúcha de Associações de Moradores, comunidade acadêmica, Conselho

Geral dos Clubes de Mães, Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/RS, Conselhos de Idosos,

Federação das APAES e usuários em geral. Por parte dos órgãos de Estado se fizeram presentes

o Departamento de Estradas de Rodagem – DAER/RS, Tribunal de Contas, AGERGS e

Ministério Público Estadual, além dos Deputados membros da Comissão.

A metodologia utilizada foi a realização de rodadas de debate, onde, inicialmente, os

órgãos do Estado explanavam sobre o tema e na seqüência todos os participantes tinham 05

(cinco) minutos para expor suas ponderações. Ao final, acompanhadas da fala do Sr. Relator e do

Sr. Presidente, os participantes tinham espaço para réplicas e os órgãos de Estado para responder

questionamentos e fazer ponderações finais.

Assim desenvolveu-se o trabalho da Comissão Especial para avaliar o sistema de

transporte intermunicipal de passageiros, dentro do lapso temporal descrito abaixo.

2.1 CRONOGRAMA DE TRABALHO

DATA ATIVIDADE / EVENTO09/12/2009 Instalação da Comissão

17/12/2009 REUNIÃO ORDINÁRIA: Ata 01/2009: reunião de aprovação da suspensão dos trabalhos da Comissão durante o recesso parlamentar e escolha do Relator

05/02/2010 REUNIÃO ORDINÁRIA: Ata 01/2010: apresentação da identidade visual da Comissão e da Proposta de Plano de Trabalho

03/03/2010 REUNIÃO ORDINÁRIA: Ata 02/2010: Não houve quórum

09/03/2010 REUNIÃO ORDINÁRIA: Ata 03/2010: Não houve quórum

10/03/2010 REUNIÃO ORDINÁRIA: Ata 04/2010: Não houve quórum

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16/03/2010 REUNIÃO ORDINÁRIA: Ata 05/2010: Aprovação do Plano de Trabalho e dos requerimentos de audiência pública.

05/04/2010 Audiência Pública em Porto Alegre – Ata 06/2010

16/04/2010 Audiência Pública em Passo Fundo – Ata 07/2010

23/04/2010 Audiência Pública em Pelotas – Ata 08/2010

06/05/2010 Audiência Pública em Caxias do Sul – Ata 09/2010

07/05/2010 Audiência Pública em Santa Maria – Ata 10/2010

18/05/2010 REUNIÃO ORDINÁRIA: aprovação do Relatório Final da Comissão

2.2 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM PORTO ALEGRE (ATA N.º 06/2010 - 05/04/2010)

PRESENTES: Deputado Luis Augusto Lara; Deputado Fabiano Pereira; Tribunal de Contas do

Estado – TCE/RS: Sr. João Batista Soligo; DAER/RS: Ernesto Eichler; METROPLAN: Sr.

Danilo Landó; AGERGS: Sr. Eduardo Mesquita da Rosa; Ministério Público do Estado do Rio

Grande do Sul – MP/RS: Maria Luiza Segabonaza; Federação Gaúcha de Associações de

Moradores – FEGAM: Sr. Nilson Valério Lopes e Sra. Maria Horacia Ribeiro; Associação Rio-

Grandense de Transporte Intermunicipal – RTI: Sr. Jefferson Lara e Eugenio Weidle; Corede

Serra: José Antônio Adamoli; Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/RS: Sr. Lauro Delgado;

Associação Gaúcha de Pequenas e Médias Empresas Transportadoras de Passageiros – AGPM:

Sra. Maria Isabel Sanhudo; Sindicato de Agências e Estações Rodoviárias no Estado do Rio

Grande do Sul – SAERRGS: Sr. Marcelo Geliski; Federação das Empresas de Transportes

Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul – FETERGS: Sr. Darcy Rebelo; Bancada do

PSDB: Sr. Flavio Heron; Empresa Reunidas: Sr. José Afonso Prado; Sr. Jose Antonio Azevedo.

TRABALHOS / DISCUSSÕES: Aos cinco dias do mês de abril de dois mil e dez, às 16h30, na

Sala Sarmento Leite, 3º andar da Assembleia Legislativa, realizou-se a Audiência Pública da

Comissão Especial, no Município de Porto Alegre, para avaliar o Sistema Estadual de

Transporte Coletivo Intermunicipal de passageiros, sob a presidência do Deputado Luis Augusto

Lara e com a presença do Deputado Fabiano Pereira. A audiência pública foi aberta pelo Sr.

Presidente, registrando que a comissão terá o prazo de 120 dias para dar continuidade a um

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trabalho que diz respeito ao transporte coletivo intermunicipal e que começou, ainda no ano

passado, com a avaliação e o levantamento sobre as condições das estações rodoviárias no Rio

Grande do Sul e dos contratos de concessão dessas estações. Diz que a complementação desse

trabalho irá acontecer nesta comissão, que hoje faz a sua primeira audiência pública com aquelas

pessoas diretamente envolvidas no setor da prestação de serviço e que por sugestão do Deputado

Fabiano Pereira, entre as seis reuniões de audiências públicas que serão feitas, a primeira delas é

justamente esta, com representantes da prestação de serviço. Destacou que a comissão tem por

objetivo fazer um raio X das condições contratuais das empresas concessionárias, tendo em vista

que o governo do Estado deve, nos próximos meses, enviar projetos de concessões de estações

rodoviárias e de novas licitações das rodoviárias, bem como deve ocorrer a discussão do

transporte coletivo intermunicipal. Salienta que não se procura fazer caça às bruxas, mas sim um

diagnóstico e levantamento da situação não só dos contratos, mas da condição física das

rodoviárias, além de, agora, também do transporte coletivo intermunicipal e da Região

Metropolitana. A Comissão busca subsídios para votar modelo de formatos de concessões que

interessem e que sejam realmente produtivos para o usuário e para o Rio Grande do Sul.

Continua o Presidente afirmando que, assim, talvez consigamos que o nosso Estado tenha

definitivamente um modelo, estipulado por legislação, a respeito desses dois temas. Esta primeira

reunião de nivelamento é para ouvirmos os principais integrantes, tanto quem presta o serviço

como quem o utiliza. Por essa razão, temos aqui representantes das comunidades, dos usuários,

da AGERGS, do DAER, das empresas. Esperamos ter um resumo das condições em que se

encontram neste momento esses contratos e saber quais os pontos positivos e negativos.

Faremos isso antes de efetuar a verificação in loco, que será o trabalho das próximas audiências

públicas em cidades-polos regionais de transporte coletivo. Assim, esperamos saber quem

realmente opera no dia a dia e os principais entraves. A nossa intenção é dar condições aos

usuários de terem sempre o melhor serviço pelo preço justo e àqueles que trabalham de serem

remunerados dignamente. É importante que todos tenham uma visão de que o Rio Grande do

Sul precisa ter uma legislação adequada, que assegure o bom funcionamento desse setor

estratégico no mínimo pelos próximos 40 anos. Esta é uma reunião com quem trata diretamente

da matéria, ponderou o Sr. Presidente. Nos próximos encontros, abriremos o atendimento ao

público em geral a fim de ouvirmos a comunidade de uma forma mais ampla e descentralizada. O

Presidente Deputado Luis Augusto Lara, dando seguimento aos trabalhos, convidou, para fazer

parte da mesa, os representantes de entidades presentes. Dando por abertos os trabalhos desta

presente reunião, o Presidente concedeu o prazo inicial de cinco minutos, renováveis, para cada

representante de entidade fazer a sua manifestação, a fim de descrever um pouco a situação atual

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dos contratos. Pediu foco no objeto dos trabalhos desta reunião, quanto à situação dos contratos,

quanto à legislação que os ampara e quanto aos principais gargalos, para que possamos evoluir no

sentido de prestar o melhor serviço e atender melhor à nossa comunidade. O representante do DAER, Sr. Ernesto Luiz Eichler, falou que de acordo com o ofício recebido, temos alguns

dados a transmitir a esta comissão. O Departamento de Transporte Coletivo do DAER é

responsável pelo gerenciamento do sistema de transporte coletivo rodoviário intermunicipal de

passageiros de caráter regular. Cabe a esse setor planejar, controlar e fiscalizar o transporte

intermunicipal de pessoas realizado em todo o Estado do Rio Grande do Sul. O nosso sistema

regular hoje é composto por 1.682 linhas e 263 empresas concessionárias. Transportou por volta

de 60 milhões de passageiros no ano passado, auferindo uma renda em torno de 600 milhões de

reais. São efetuadas mais de 1 milhão e 700 viagens durante o ano, somando um total de 181

milhões de quilômetros percorridos, nas modalidades comum, semi-direto, direto, leito e

executivo. É uma frota total de 3.279 ônibus registrados em nosso sistema. A idade média dos

chassis é de 11,4 anos e, das carrocerias, de 11,1 anos. O transporte regular é efetuado ao longo

de todo o ano através de linhas de operação normal e durante o Plano Praia, temporário. As

linhas temporárias têm por finalidade atender aos veranistas que se deslocam para o litoral, as

praias e a lagoa dos Patos e para alguns balneários do interior. São operadas no período de 15 de

dezembro a 15 de março e algumas mantêm-se ativas até a Páscoa. O setor é regulado pelas leis

estaduais nº 3.080, de 28 de dezembro de 1956, atualizado pela lei 11.090, de 22 de janeiro de

1998, e alterações posteriores, e por toda a legislação federal concernente aos serviços públicos

concedidos. A lotação média dos veículos está em 45 lugares. Basicamente esses são os dados

iniciais. O Sr.. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) solicitou que o representante do

DAER informasse sobre a situação dos contratos, pois se tem a informação de que boa parte dos

contratos estaria em caráter precário no que diz respeito à renovação, ou previsão de nova

licitação. O SR. ERNESTO LUIZ EICHLER explica que não foi feito esse levantamento

porque não era esse o teor do ofício recebido, que falava em qualidade do sistema. Por alto, a

idéia que temos é a de que, por volta de 70, 80% dos contratos de linhas de ônibus estariam

findos; porém, todos eles possuem algumas cláusulas de renovação. Quanto à validade ou não

validade, esse é um problema de todo o Brasil, porque todos os Estados estão passando por isso.

Afirma não ser advogado, e sim engenheiro, mas a Constituição de 88 manda licitar tudo; só que

existe uma série de leis que ainda precisam ser criadas, e uma é referente ao sistema do Estado do

Rio Grande do Sul, como o senhor acabou de falar. Diz existir um processo administrativo de

2004 em que se fez uma minuta de projeto de lei e que foi encaminhado. Sabe que a direção do

DAER encaminhou esse projeto no ano passado, que já foi e voltou várias vezes e deve estar no

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governo – não sabendo exatamente onde. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB)

diz que gostaria que o DAER pudesse, então, nos encaminhar a situação dessas concessões,

como se encontram os diversos contratos para podermos ter uma ideia a respeito disso. São 70,

80% que se encontram em caráter precário. Pois isso deve estar sendo um gargalo para as

empresas que não podem investir porque estão em caráter precário; não sabem até quando vão

ficar. E deve estar sendo também um gargalo para a população, que deixa de receber melhores

investimentos, porque as empresas não têm segurança jurídica que possa ampará-las por mais

tempo. Pediu, então, que nos encaminhe, através da nossa assessoria a solicitação de uma

radiografia da situação dos principais contratos e, se possível, uma resenha de como seria a

sugestão para uma nova legislação. Isso é importante para nós, embora seja uma legislação de

atribuição do Executivo, pois poderemos ter um entendimento, um nivelamento quanto ao tipo

de matéria que vamos aprovar e qual a disposição da Casa para tal. Disse que a solicitação poderia

ser para a próxima semana, para a próxima reunião, desde já agradecendo. O SR. ERNESTO LUIZ EICHLER disse que essa comunicação solicitada pelo Presidente será logo encaminhada

e salientou uma preocupação: no contato que tivemos com as outras federações e com o governo

federal, percebemos que se trata de um problema nacional e não apenas do Rio Grande do Sul. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) – Diz que o problema é conhecido e a questão

das rodoviárias também não é muito diferente, embora o nosso sistema, aqui, seja distinto.

Continua que estamos tendo um esclerosamento do nosso modelo de concessões, tanto em

rodoviárias como no transporte público intermunicipal. Precisamos escrever uma legislação sobre

isso. Aliás, quem precisa é o governo do Estado, mas nós, aqui, é que vamos aprovar e, nesse

aspecto, esses subsídios são fundamentais para o nosso convencimento. Foi concedida uma

questão de ordem ao representante da OAB, Sr. Lauro Delgado. O SR. LAURO DELGADO,

representante da OAB/RS refere que falou com a promotoria do Patrimônio Público e eles

estavam com problema de comunicação. Havia intenção de comparecer, mas não sabiam se

conseguiriam. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) – Diz que foram convidados.

O SR. LAURO DELGADO – esclarece que viria o Ministério Público e que o Ministério

Público, em 2002, promoveu uma ação civil pública, questionando a legalidade de todo o sistema.

Tal ação foi deferida liminarmente e foi determinada a realização de licitações no sistema. De lá

para cá, passou um longo tempo. Hoje o sistema está totalmente funcionando a título precário e

está sub judice. A OAB tem uma longa participação nesse processo, porque, durante seis anos,

lutamos para que fosse cumprida a decisão. Embora liminar, ela já foi submetida a vários recursos

no Tribunal e existe essa decisão de mérito nesses recursos. A OAB lutou para que fosse

cumprida aquela decisão e, passados seis anos, conseguimos que fosse implementada. O

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Ministério Público cobrou do DAER, que fez um edital. A OAB, através de sua assessoria, o

ministro Cloraldino Severo, considerou totalmente inadequado aquele edital, porque cairíamos no

mesmo modelo de 1956, ou seja, o modelo de monopólio. A OAB pediu ao Ministério Público

para sustar a fim de trabalharmos junto ao Parlamento, ao governo e à sociedade a construção de

um novo modelo. Esclarece que todo o sistema está sub judice e também essa decisão, que

considera o nosso modelo em afronta à Constituição, todos os dispositivos que tratam da matéria

e a legislação infraconstitucionais e os princípios do art. 37. Faz tal esclarecimento, pois o

Ministério Público não está presente, suprindo essa ausência, porque trabalham em parceria. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) – Agradece ao representante da OAB referindo

que a motivação da reunião é justamente nesse sentido. Continua que essa situação, certamente,

acontece por omissão deste Parlamento e dos diversos governos que passaram. Acredita que não

cabe punir empresas ou usuários, mas nós os estamos punindo por omissão dos governos e deste

Parlamento, que, numa ação que transporta 60 milhões de pessoas por ano, não tem opinião

sobre isso. O SR. LAURO DELGADO Esclarece que o Ministério Público assegurou que, nas

próximas reuniões, estará presente. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) –

Destacou que o Ministério Público sempre está presente, estranhando a sua ausência neste

momento. Coloca a palavra à disposição do Sr. Darci Rebelo. O SR. DARCI REBELO –

Solicitando questão de ordem, faz um esclarecimento, que o Dr. Lauro presidiu uma comissão

especial da Ordem dos Advogados na gestão passada. A gestão que foi empossada agora, da qual

sou conselheiro seccional, não fez nenhuma resolução recriando a Comissão Especial de Serviços

Públicos. O Dr. Lauro, portanto, está aqui em nome próprio e não como representante da OAB.

Frisa que ele não representa a Ordem dos Advogados do Brasil. Aduz que a ação a que o Sr.

Lauro se refere é uma ação civil pública, que tem uma liminar impedindo o DAER que prorrogue

contrato de concessão, não mandando licitar. Liminar não é decisão de mérito. Diz que o Dr.

Lauro deveria se aprofundar um pouco mais em questões conceituais do Direito, pois talvez

esteja desatualizado. Continua que os contratos que estão aí vigoram, porque não foram

denunciados. Estão em vigor, tanto os contratos de longo curso quanto os metropolitanos. O

serviço vem sendo prestado – por sinal, com uma qualidade muito boa, como pode atestar

pesquisa da AGERGS. Não se pode dizer, portanto, que não existe contrato, estão todos

precários. É um engano. Assim como uma locação, se não é denunciado o contrato, segue

valendo. É exatamente a mesma situação. Finaliza que o Dr. Lauro não representa a OAB,

porque não houve resolução do Conselho Seccional instituindo essa comissão; uma ação civil

pública não tem sentença nem tem decisão de mérito, mas uma liminar a pedido. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) – Pediu a compreensão dos participantes, porque

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esta é uma reunião de oitiva da Assembleia Legislativa. Disse que toda e qualquer contribuição é

bem-vinda. Se representa ou não uma determinada instituição, é outro assunto. Claro que a

representação ajuda bastante, mas toda e qualquer contribuição é bem-vinda. Solicitou que se

voltasse ao eixo da reunião. Concedeu a palavra ao representante da Metroplan, Sr. Danilo

Landó, para abordar a questão dos contratos e dos gargalos, que podem ser ampliados e

melhorados a partir de uma legislação moderna, eficaz e mais duradoura. O SR. DANILO LANDÓ – Cumprimentou a todos e esclareceu ser coordenador de fiscalização e geógrafo e que

na verdade, a Metroplan veio a esta reunião pensando que o assunto a ser tratado era sobre

qualidade dos serviços. Relatou que a METROPLAN representa 66 Municípios no Rio Grande

do Sul, principalmente a Região Metropolitana, com 31 Municípios e 1.500 linhas. A Metroplan é

responsável pelo transporte há apenas 10 anos. Recebemos do DAER, de acordo com a lei nº

11.127, todas as linhas. Durante esse período, quase todas as linhas estão encerrando os

contratos. Alguns já estão encerrados, e outros estão ainda por encerrar. De acordo com o

jurídico e a diretoria, a Metroplan está para contratar uma consultora para realizar um estudo

sobre as concessões. Esse problema das concessões está ocorrendo em todo o território nacional,

não é privilégio só do Rio Grande do Sul, do DAER ou da Metroplan. Existe uma dependência

em relação a uma decisão federal. O estudo a ser realizado é para verificar como serão feitas essas

concessões, se por bacias, por linhas ou por Municípios, porque as diferenças são muito grandes.

Por isso a ideia de contratar uma empresa para fazer esse levantamento a fim de verificarmos

como agir com relação às concessões. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) –

Concedeu a palavra ao representante da AGERGS, Sr. Eduardo Mesquita, para que dê um

panorama sobre a situação das linhas do DAER e da Metroplan. O SR. EDUARDO MESQUITA – Cumprimentou a todos e explanou que a AGERGS acompanhou todo o

desenvolvimento da comissão especial que tratou sobre as estações rodoviárias. Ao final,

desenvolvemos um estudo, um diagnóstico das rodoviárias e propusemos alguns

encaminhamentos à comissão que foi extremamente proveitosa. Da mesma forma, a AGERGS

acompanha a comissão que trata dos Serviços de Transporte Intermunicipal de Passageiros. A

Metroplan é um poder concedente das aglomerações metropolitanas, incluindo Porto Alegre,

toda a Região Metropolitana de Porto Alegre, a aglomeração urbana do sul, que é a região urbana

de Pelotas, a aglomeração urbana do nordeste, que é a região de Caxias do Sul, e também a

Região do Litoral Norte. Como colocou o representante da Metroplan, ela tem um termo de

referência – com o qual nós contribuímos bastante na elaboração do texto final – que lhe permite

contratar uma consultoria para fazer o exame geral de todas essas aglomerações, definindo

mercados. Pela ótica, a legislação indica que as novas concessões serão, ao invés de linha por

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linha, tratadas como mercados. Cada mercado compreenderá linhas ou trechos de maior

densidade de fluxo e outras nem tanto, dessa forma compondo um mercado regional. E o

mercado será licitado – essa é a indicação da legislação. Da mesma forma, sendo o DAER um

poder concedente das linhas de longo curso, estamos desenvolvendo um trabalho, um

diagnóstico sobre o setor, utilizando os dados do DAER. Colocou-se à disposição para ajudar

nos estudos e levantamento dos contratos aos quais o deputado Luis Augusto Lara refere-se.

Continua que na AGERGS se desenvolve um sistema de banco de dados com o fluxo

operacional colhido pelas empresas e pelo DAER. Com esses resultados, foi possível montar um

grande diagnóstico inicial para compor – da mesma forma que a Metroplan compôs um termo de

referência para dar as linhas mestras às novas licitações – um termo de referência e contratar uma

consultoria que irá estudar esses mercados e atualizar os dados, pois os últimos são de 2007.

Existe uma dificuldade informacional muito grande, principalmente no longo curso. Em breve,

colocaremos esse termo de referência, que nos possibilitará atualizar todas essas informações

abrindo os grandes mercados do nosso Estado. Já temos uma aproximação desses mercados, pois

esse banco de dados nos possibilita visualizar no mapa as linhas e estabelecer os mercados de

acordo com o que existe hoje, o que as empresas estão oferecendo de serviços em cada região. Já

avançamos um pouco nesse estudo. O desenvolvimento desta comissão vai nos ajudar bastante,

pois esse contato é extremamente importante para diminuir o gap informacional que tem o setor

como um todo. De outro lado, a agência vem de longa data calculando os reajustes e as revisões

tarifárias, já há sete ou oito anos, de tal forma que conseguimos, ainda no ano passado, implantar

uma grande revisão tarifária nas linhas da AUNE – Aglomeração Urbana do Nordeste do Estado

do Rio Grande do Sul –, região de Caxias, e da Ausul, Região Metropolitana de Pelotas. Fizemos

um grande estudo abrindo toda a planilha tarifária. De outro lado, mais no sentido da qualidade

de serviço, como foi destacado na abertura desta reunião, temos as pesquisas. Durante os últimos

cinco anos foram feitas pesquisas de opinião junto aos usuários voluntários da agência. Usuários

voluntários são pessoas que se cadastram na AGERGS porque têm interesse em contribuir com

o setor. Há um cadastro imenso de pessoas. A cada ano é remetido um questionário para essas

pessoas para que a avaliação seja feita pelo usuário efetivamente do serviço. Geralmente temos

uma boa avaliação do serviço prestado pelas empresas concessionárias de transporte, tanto no

longo curso quanto nas regiões metropolitanas. A avaliação desce ao nível do detalhe. Não é o

momento de tratarmos de detalhes, mas eles estão lá registrados. Todo ano é feita essa pesquisa,

até por exigência legal. Em 2006, 2007 e neste ano promovemos uma pesquisa com toda a

população de usuários de cada sistema. A pesquisa foi feita não só com os usuários voluntários,

mas com o público em geral. Os resultados dessas duas pesquisas – a que estatisticamente pode

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se dizer que representa a população e a dos usuários voluntários – apresentam uma proximidade

muito grande, salvo pequenas diferenças pontuais pelo fato de o usuário voluntário ser mais

crítico, haja vista o próprio interesse de se cadastrar como usuário voluntário. Portanto, temos à

disposição, de pronto, para o início desse trabalho que tenho certeza será extremamente profícuo

para todos nós, o diagnóstico do setor de transporte de longo curso. Temos acompanhado

bastante de perto o andamento do termo de referência da licitação da contratação pela Metroplan

do mesmo diagnóstico, nos mesmos moldes para as aglomerações urbanas. Finaliza afirmando

estar à disposição para desenvolver e aprofundar os estudos. O SR. PRESIDENTE (Luis

Augusto Lara – PTB) – Agradece a participação do representante da AGERGS e passa a palavra

ao representante do Tribunal de Contas do Estado, para relatar a posição do Tribunal de Contas

do Estado com relação a esses contratos e licitações e a orientação que dá nesse sentido. Para o

SR. JOÃO BATISTA SOLIGO SOARES, representando o Tribunal de Contas, o problema

das concessões, especificamente das concessões de linhas intermunicipais e das aglomerações

urbanas da Região Metropolitana de Porto Alegre, vem desde a Constituição de 1988. A

Constituição de 1988 já determinava, no seu art. 175, que qualquer concessão ou permissão

deveria ser objeto de uma prévia licitação. Passados mais de 21 anos da Constituição e mesmo

com a lei de licitações, de 1993, e a lei de concessões, de 1995, nada ainda foi feito nesse sentido.

Já houve algumas tentativas em outros ramos, como é o caso das rodoviárias, mas no caso

específico das concessões de linhas ainda não foi feita a licitação. O tribunal já se manifestou a

respeito desse assunto e foi objeto de um apontamento lá no exercício de 2001. Verificando os

dados passados pelo representante do DAER, percebe-se que a situação só se agravou ao longo

do tempo. Na ocasião, foi apontado que 55,6% das linhas estavam irregulares, um terço era de

contratos vencidos, outra parte era de contratos prorrogados e ainda havia uma outra condição

de linhas licenciadas. É uma situação bastante preocupante e já foi objeto de apontamento. É

importante que se regule esse sistema estadual, para que se possa, o mais rápido possível, fazer a

licitação, de modo a deixar todas as empresas ao abrigo da legalidade. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) passa a palavra ao representante da Associação Rio-Grandense de

Transporte Intermunicipal - RTI, Sr. Eugênio Weidle. O SR. EUGÊNIO WEIDLE pondera,

em sua fala, que a RTI é a entidade que congrega as empresas de transporte de longo curso no

Estado, responsáveis por 60% dos passageiros transportados. O transporte coletivo foi

regulamentado pelo DAER na década de 40. Na época surgiu a ideia de aproximar as pessoas em

determinados locais e ali promover o embarque. No início o ônibus coletava as pessoas nos seus

locais de origem. O modelo se tornou proveitoso e fez sucesso na época, tanto é que o próprio

DAER o endossou. Dessa forma, foi regulamentado tanto o transporte coletivo quanto as

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rodoviárias. Entretanto, a indústria de veículos, especificamente ônibus, realmente evoluiu ao

longo do tempo e o modelo das estações rodoviárias ficou praticamente estático. No início isso

foi uma grande vantagem, mas depois começou a surgir um certo desconforto – pelo menos

ultimamente. Pode-se dizer que hoje as empresas que possuem ônibus primam pela qualidade,

segurança, conforto, economia e preservação ambiental, uma vez que são veículos em que

praticamente a poluição está sendo zerada. Por outro lado, as rodoviárias não conseguiram

evoluir, como no restante do País, no sentido de implantação de vias de ida e volta, de conexões.

As rodoviárias são nossas parceiras na medida em que sempre trabalharam conosco para

promover a alimentação do próprio ônibus. Ultimamente, no entanto, muitas rodoviárias

menores simplesmente entregaram suas concessões ao DAER, o que para nós é um dos pontos

que ficaram em aberto. As rodoviárias maiores, por sua vez, ainda não acompanharam a parte de

tecnologia. Quanto ao porquê disso, talvez as rodoviárias possam aprofundar essa questão, mas a

verdade, entre outras, são os custos. Outro capítulo respeita aos clandestinos. De surgimento

mais ou menos recente, da década de 90 para cá, floresceu e fixou-se de tal forma na nossa

sociedade que, embora todo o combate, está difícil de ser controlado. Os veículos que são

utilizados estão superados, em relação tanto à tecnologia quanto à própria manutenção. Quanto à

manutenção, são veículos de mais de 20 anos. A própria legislação do CONTRAN prevê veículos

do tipo coleção, e pelo fato de o Estado contemplar a isenção de ICMS a partir de 20 anos

subentende-se que são veículos que já cumpriram a sua vida útil. A manutenção desses veículos

não é mais feita de acordo com a maior segurança, porque, na medida em que não são mais

produzidos, as peças utilizadas são de outros veículos que já rodaram. Então, são veículos de

grande risco também. Outro aspecto é a gratuidade. Embora contemplada na Constituição, em

termos práticos o Estado não tomou a iniciativa de encarar essa questão de modo mais efetivo.

Ou seja: que gratuidade é legal e de que forma é remunerada. O DAER tem conceitos para

avaliar, no sentido de aproveitamento de lotação, mas não chega a ser muito preciso. Atualmente,

temos 16 categorias de gratuidade; incluem-se aí o deficiente carente, o efetivo da Brigada Militar,

o Oficial de Justiça. Embora seja em menor número, o universo é grande. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) – passa a palavra ao representante da Associação

dos Transportadores Intermunicipais Metropolitanos de Passageiros - ATM, Sr. Darci Rebelo.

Destaca o SR. DARCI REBELO que, na verdade representa a Federação das Empresas de

Transportes Rodoviários - FETERGS, que congrega todas as entidades: RTI, ATM e AGPM.

Afirma que o sistema de transporte remonta à década de 30 e foi oriundo da iniciativa privada,

com recurso absolutamente privado, sem apoio público. Construíram-se algumas estradas, outras

sequer existiam, e muitas vezes foram abertas picadas para se levar o transporte. Essa é a origem

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do sistema. Ele foi evoluindo, melhorando, sendo regulamentado pela lei nº 3.080, de 1956, que,

na época, foi absolutamente inovadora. Instituía, em 1956 um sistema colegiado de decisão sobre

qualquer decisão referente a transporte. Então, essa lei, que é um pouco criticada, tratada como

uma lei antiga, foi copiada e serviu de modelo para muitos Estados, porque implantou o sistema

colegiado de decisão já em 1956. Diz que não há nada errado com essa lei, muito antes pelo

contrário: serviu de modelo a muitos Estados. Todos os contratos que tiveram origem nessa lei

tinham cláusula de prorrogação; não foram denunciados. O art. 179 da Constituição do Estado,

citado pelo colega do Tribunal de Contas, que diz que o sistema de novas concessões deve ser

licitado, no seu parágrafo único também diz – vou me permitir ler para ser fiel ao texto: Art. 179

– A lei instituirá o sistema estadual de transporte público intermunicipal de passageiros, que será integrado, além

das linhas intermunicipais, pelas estações rodoviárias e pelas linhas de integração que operam entre um e outro

Município da Região Metropolitana e das aglomerações urbanas. Parágrafo único – A lei de que trata este artigo

disporá obrigatoriamente sobre: I – o regime das empresas concessionárias ou permissionárias dos serviços de

transporte, o caráter especial de seus contratos e de sua prorrogação. Então, a Constituição recepcionou a

possibilidade de prorrogação, como ocorre em qualquer concessão. As concessões, todos os dias,

são prorrogadas. A regra geral é que uma concessão, pelo princípio da continuidade do serviço

público, deve ser avaliada, e o serviço prestado, se de boa qualidade e uma vez que há cláusula

prevendo a prorrogação, deve ser prorrogado. Essa é uma regra do serviço público.

Concomitantemente a isso, surgiu o projeto de lei, que começou a ser trabalhado no DAER e

que hoje se encontra na Casa Civil, atendendo a outro comando constitucional e à lei nº 11.283,

de 1998, que determinava as concessões fossem agrupadas por bacias. Na Região Metropolitana,

elas são hoje agrupadas por bacias – no longo curso ainda não o são, as linhas são isoladas. Por

que agrupadas por bacias? Na época os legisladores chegaram à conclusão de que essa era a

maneira mais econômica e mais viável de se conseguir um transporte de boa qualidade. Desde

então, estamos trabalhando nesse projeto de lei, que, já afirmei, hoje se encontra na Casa Civil,

está sendo apreciado. Diz que se atreve a responder por que nunca houve tanta pressa em se

fazer essa lei. Pela simples razão de que o serviço é de boa qualidade e não é uma preocupação do

Estado, que tem graves problemas na área prisional, de segurança pública e em tantas outras

áreas. O transporte não está nas manchetes negativas do Estado. Ao contrário, com relação à

Copa de 2014, foi um dos pontos bem avaliados pela FIFA, sendo modelo para todo o Estado.

Relata ter consigo a pesquisa da Agergs de 2008 de onde leu alguns dados: Conservação geral dos

veículos: 14% dos entrevistados a consideraram ótima, 50% boa e 22% regular. Ruim, péssima e

não informaram foram respectivamente 7%, 3%, e 4%. Assim, entre ótima, boa e regular, 14%,

50% e 22%. Condições de conforto nos veículos: 10% as consideraram ótimas, 35% boas e 32%

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regulares. A absoluta minoria considerou ruim esse requisito. Cumprimento de horários e

pontualidade: 18% dos usuários os consideraram ótimos, 45% bons, e 21% regulares. Modo de

dirigir do motorista. Diz que fala sobre isso porque significa investimento em treinamento e

preparação de profissionais que as empresas regulares fazem; pois, em contrapartida, o transporte

clandestino, que tem defensores, é mais barato. Um CD pirata é mais barato também. O

transporte clandestino é mais barato porque não paga salário normativo, não paga imposto. Um

carro roubado também será mais barato do que o carro comprado na concessionária. Nesse

aspecto, 24% dos motoristas receberam avaliação ótima, 50% boa e 17% regular. Cordialidade e

educação dos motoristas e cobradores: 26% as consideraram ótimas, 47% boas e 18% regulares.

Pergunta se tudo está maravilhoso e responde que não e que as empresas têm absoluta

consciência de que devem melhorar, e uma das questões é exatamente a tarifa. Tarifas: foram

consideradas muito baratas por 1% dos usuários, razoáveis por 38% e caras por 41%. Assim,

temos que tratar da questão das tarifas. A segurança nas paradas dos ônibus também foi um item

que recebeu uma avaliação negativa por parte dos usuários. Obviamente essa é uma questão

alheia ao problema em geral. Hoje a questão da segurança pública é uma angústia para todos.

Deve-se trabalhar a questão tarifa. Desde já agradeço o convite e enalteço a iniciativa da

Assembleia em se preocupar com essa questão. Nesse aspecto, sim, temos de trabalhar. Não

podemos fazer aqui bravatas e dizer que tudo está ruim no sistema só para ganhar projeção.

Temos que ter uma atitude pró-ativa de buscar soluções. A tarifa é um problema. A redução de

custo deve ser uma preocupação nossa. Hoje, infelizmente, o que se vê é um grande número de

gratuidades, como foi citado. Não temos nada contra as gratuidades, somos absolutamente

conscientes de que determinadas categorias precisam de benefícios, mas tem que ter fonte de

custeio. Quando não há fonte de custeio o que acontece? Quem suporta esses benefícios são os

usuários que pagam as tarifas. Para fechar a questão das tarifas, quero deixar claro que há um

mecanismo de custo fixado pelos poderes concedentes da área da Metroplan, submetido aos

conselhos do DAER, Conselho de Tráfego e Conselho Metropolitano, remetido à engenharia da

AGERGS, apreciado em diversas audiências públicas, submetido também ao Conselho Superior

e somente depois enviado para o Executivo, que vai definir a tarifa. É um processo complexo,

mas há margem para se trabalhar. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) concede a

palavra à representante da Associação Gaúcha de Pequenas e Médias Empresas Transportadoras

de Passageiros - AGPM, Sra. Maria Isabel Sanhudo. A SRA. MARIA ISABEL SANHUDO –

Afirma que a posição da entidade também é em relação à gratuidade, aos clandestinos. Nossos

problemas maiores são esses. Quanto à licitação, vamos fazer um documento e repassar as

questões que acreditamos devemos levantar. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB)

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– Concede a palavra ao representante das rodoviárias, Sr. Marcelo Geliski para nos dar a sua

avaliação a respeito da situação atual. O SR. MARCELO GELISKI diz que, em relação às

estações rodoviárias, há 325 em todo o Rio Grande do Sul, sendo 31 de primeira categoria, 37 de

segunda, 42 de terceira e 214 de quarta categoria. Que as estações rodoviárias estão investindo em

informatização para melhorar seus serviços. As de primeira e segunda estão todas informatizadas;

as de terceira e quarta estão começando a se informatizar. As 214 estações rodoviárias de quarta

categoria, juntamente com a informatização, já estão fazendo os seus sites, com consulta ao

quadro de horário e mapa de localização da estação rodoviária. Ressalta que as estações

rodoviárias não estão paradas. Estão investindo dentro das possibilidades financeiras de cada

categoria. Que atuam conforme as normas estabelecidas pelo poder concedente. Foi estabelecido

um sistema de volta e prosseguimento. Que não é simplesmente implantar um sistema de volta e

prosseguimento. Isso decorre de toda uma experiência, de toda uma análise para não

acontecerem erros. Às vezes, as pessoas questionam como rodoviárias não estão informatizadas

ainda. As coisas têm de ser feitas passo a passo para que não aconteçam erros futuramente.

Quanto ao sistema de qualidade, as estações rodoviárias estão instalando rampas de acesso para

deficientes físicos em conformidade com as normas. Muitas rodoviárias de terceira e quarta

categoria estão disponibilizando recursos próprios, e não os da estação rodoviária, para fazer as

modificações e melhorias. Afirma que estão abertos a sugestões para que possamos melhorar

cada vez mais o nosso sistema. Segundo pesquisas, o sistema de transporte coletivo

intermunicipal no Estado do Rio Grande do Sul é um dos melhores e mais organizados do Brasil.

Conforme pesquisa feita pela AGERGS, o índice de avaliação dos serviços foi considerado bom

na parte de estações rodoviárias. Finaliza procuram cada vez mais melhorar e interagir juntamente

com o usuário. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB), destaca que temos,

realmente, uma radiografia completa e profunda a respeito das rodoviárias, porque foram objeto

de comissão anterior a esta, que teve 120 dias para apreciar e diagnosticar esse assunto. Esclarece

que quando falamos em esclerose, não é do sistema. O sistema pode melhorar, sem dúvida

nenhuma, tanto as rodoviárias quanto o transporte intermunicipal e metropolitano. Alerta que

estávamos nos referindo à esclerose do modelo de contratos. Essa é uma pauta da qual o Rio

Grande do Sul não vai fugir, não tem como fugir. Há toda uma pressão para que isso aconteça,

tanto na Justiça quanto na legislação. O que há são resoluções. É necessária uma legislação, um

projeto de lei aprovado por esta Casa. É assim que determina a Constituição, é nesse sentido que

estamos caminhando, com toda a cautela, com toda a prudência, não para acharmos culpados,

pois não há outros culpados que não o Poder Executivo e o Poder Legislativo, por não terem

cumprido o que a legislação determina. Nesse sentido, gostaria de ouvir também o representante

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dos Coredes, que já tem um estudo feito e encaminhado ao Fórum Democrático desta Casa.

Como já havia um estudo feito por essa representação, achamos de bom alvitre que o

trouxéssemos para dentro desta Comissão oficial da Casa, votada e aprovada em plenário pela

unanimidade dos deputados, para que pudéssemos ter maiores subsídios e, com maior

rendimento, também causarmos o menor dano ao sistema que hoje está instituído no Rio Grande

do Sul. Registra a presença da Dra. Maria Luiza, assessora jurídica do Ministério Público e tem

representado a instituição na oitiva. Concede a palavra ao representante dos Coredes, José

Antônio Adamoli. O SR. JOSÉ ANTÔNIO ADAMOLI, saúda a todos e diz que a questão do

transporte coletivo no Rio Grande do Sul preocupa a sociedade gaúcha. Nós, dos conselhos

regionais de desenvolvimento, temos clareza de que o desenvolvimento se dá numa interface

entre a iniciativa privada, o governo e as organizações da sociedade civil, sendo o transporte

coletivo um tema que, de forma recorrente, tem-nos levado a procurar o Ministério Público.

Estivemos com na Procuradoria-Geral de Justiça várias vezes, discutindo esse tema. Estivemos

com o Dr. Roberto Bandeira Pereira e, depois, com o Dr. Mauro Renner. Sempre sentimos que

há um vazio no tratamento dessa questão. Também procuramos o Estado. Estivemos no DAER

várias vezes, obtendo inclusive um compromisso oficial no sentido de que seria criada uma

comissão, dentro do departamento, para tratar dessa questão. Foi pedida aos conselhos regionais

a indicação de três representantes para a referida comissão, o que fizemos formalmente. Nunca,

no entanto, a comissão reuniu-se. Acompanhamos a abordagem do tema também na AGERGS,

em audiências públicas; levamos essa pauta para ser discutida na agência. Os conselhos regionais

de desenvolvimento, em 1999, lutaram para criar o Fórum Democrático de Desenvolvimento

Regional nesta Casa, entendendo que ele seria um espaço de interação da organização social com

o Parlamento. Em nenhum momento se pretendeu que o fórum viesse a substituir os espaços do

Poder Público. O que queremos é ver a sociedade organizada interagindo com o Parlamento, o

Executivo e o Judiciário e exercendo controle social, a fim de que sejam evitados determinados

desvios de comportamento que, via de regra, comprometem a função pública. Com essa visão,

conseguimos criar o Fórum Democrático, e já em 2008 quisemos colocar em sua pauta de

discussões a questão do transporte coletivo. A maioria, entretanto, preferiu discutir transporte de

carga, o que fez com que, no final daquele ano deixássemos, como tema referencial para o debate

de 2009, a problemática do transporte coletivo. Como membro do Fórum dos Coredes, dentro

do colégio do Fórum Democrático, consegui incluir na pauta, junto com a questão dos pedágios,

o debate sobre o transporte coletivo na área metropolitana e sobre as linhas de maior distância

intermunicipal. Apesar de sabermos que o trabalho poderia ter sido bem melhor, sobretudo se

tivesse ocorrido uma participação efetiva do DAER, construímos uma proposta que foi

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acompanhada pelos empresários e outros. Fizemos isso em audiências públicas realizadas em

Pelotas, Caxias do Sul e Carazinho, fechando o processo no dia 14 de dezembro, nesta Casa.

Ressaltou que o Dr. Ernesto compareceu a uma reunião, mas infelizmente, depois não houve

mais participação do DAER. Já a AGERGS fez-se representar inicialmente pelo Dr. Roberto e o

Odair, tendo a presidente em exercício – a nossa ex-prefeita Gertrudes – dito, mais tarde, que a

Agência não mais participaria. Entendemos que a nossa não é uma proposta acabada – aliás, nem

temos essa pretensão. Trata-se, no entanto, de um documento que deve servir de referência e que

vem muito ao encontro do que tem sido levantado pelo Eugênio e pela representação da

AGERGS, nessa idéia de análise de mercado. Contamos com o apoio da OAB e do ex-ministro

Cloraldino Severo e temos uma idéia muito clara de que é necessário, hoje, quebrar o monopólio.

Os nossos empresários têm uma visão muito clara em relação à busca do mercado, razão pela

qual devemos discutir esse espaço de forma a possibilitar que bacias e mercados tenham no

mínimo duas empresas concorrendo. Para o usuário, isso é importante. O nosso projeto tem essa

base. Queríamos lançar uma proposta de iniciativa popular já no dia 10 de março, mas

lamentavelmente houve desacordo no Comitê Gaúcho de Controle Social, que vem trabalhando

esse tema. Lançamos, então, o abaixo-assinado para apresentação de um projeto de lei que trata

de pedágio público, e logo estaremos reunindo também as organizações sociais do Rio Grande.

Diz que aquele projeto, que é preliminar, será apresentado como iniciativa popular. Precisamos

reunir 80 mil assinaturas, o que não é fácil, para forçar um debate – e que bom termos uma

comissão especial aqui na Casa – capaz de melhorar o sistema. O que o nosso representante traz

é o que mais assusta a comunidade. Podemos ter certeza de que, se as pessoas estão optando pelo

modelo de transporte clandestino, isso está ocorrendo porque o sistema é excludente. Ele é

extremamente caro em relação aos demais sistemas do Brasil e também se for comparado com os

de outros países. Sou um cidadão pobre. Vivo de salário e me desloco em um fiatzinho Mille,

gastando menos de gasolina do que gastaria se pegasse o transporte Caxias do Sul-Porto Alegre.

Quando era guri, em época de festa, nós nos cotizávamos em quatro para pagar a gasolina, se

fosse uma boa. Caso contrário, nos deslocávamos de ônibus. Não tenho clareza de onde está o

problema, mas o meu olhar é o da sociedade; considero que o sistema, hoje, é caro e excludente.

Precisamos – ouvindo os empresários, ouvindo o poder público – encontrar algo que,

efetivamente, cumpra a função de um serviço concedido. Portanto, tem de ser um serviço que

inclua as pessoas, que permita que aqueles que não têm acesso a carro e assim por diante possam

desfrutar de um serviço de transporte coletivo, que é uma concessão pública. É com esse olhar

que os Conselhos Regionais de Desenvolvimento vêm a esta Casa trazer a sua contribuição, sem

nenhuma pretensão de domínio da verdade. Pelo contrário, a única questão que nos move hoje é

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que o sistema precisa ser melhorado – o Estado precisa cumprir o seu papel, o poder concedente

tem de estar sempre alerta nesse sistema e a AGERGS precisa ser ousada nas suas definições.

Finaliza que é preciso urgência, pois o tema é recorrente. Não dá para continuar como está. Dizer

que o modelo está fazendo 21 anos, que existe desde a Constituição de 1988 já é uma referência

de que precisa ser discutido. Embora tenha cláusulas que permitem a prorrogação, nem por isso

dá para relativizar. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) passa a palavra à

representante da Federação Gaúcha das Associações de Moradores, Sra. Maria Horácia Ribeiro.

A SRA. MARIA HORÁCIA RIBEIRO (FEGAM) conta que a FEGAM tem organizados,

neste Estado, mais de 100 Municípios que possuem, legitimamente, uniões, as quais debatem não

só suas dificuldades locais, mas também as regionais. Que a qualidade passa pela regulamentação

dos contratos, apesar de o entendimento de algumas pessoas não ser esse. Não é possível tratar

de qualidade quando se tem um contrato retrógrado, obsoleto, e a sociedade já avançou muito.

Diz que falamos em nome dos usuários. Que traz o relato dos idosos, que têm dificuldade, às

vezes, de fazer com que a empresa entenda os seus direitos. O idoso também tem dificuldade em

saber a quem se reportar para fazer a denúncia. Também o relato do cidadão que usa o transporte

para a saúde e educação, que são prioridades, mas não para o lazer, para fazer uma viagem, por

exemplo, dado o custo da tarifa. Diz querer, também, debater o custo da tarifa e a qualidade das

rodoviárias, que nem sempre são acolhedoras. Estão lá, minimamente, para entregar um bilhete,

mas se o cidadão chega e precisa fazer a famosa baldeação, fica sentado num banco, muitas

vezes, sem condições dignas de aguardar outro ônibus. É pertinente que esta Casa cumpra o

papel não só de fiscalizar, mas também de construir um novo modelo. Colocasse à disposição

para fazer esse debate e construir essa solução. Nem tudo são maravilhas, mas nem tudo é terra

arrasada. Precisamos sentar com serenidade e construir um modelo que venha ao encontro dos

nossos anseios, revendo vários tópicos, principalmente o de que a qualidade passa pela

regulamentação, por saber quem é quem, para que não tenhamos transportes coletivos

clandestinos. O Rio Grande do Sul serve de modelo para muitas coisas neste Brasil, temos essa

prerrogativa, mas precisamos fazer mais, e a FEGAM está disposta a realizar isso. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB), destacando que, conforme informação do

Cerimonial, esta Casa recebeu documento designando o Dr. Lauro Delgado como representante

da OAB/RS nesta reunião. Assim, passa a a palavra ao Dr. Lauro Delgado. Conforme o SR. LAURO DELGADO (OAB/RS), o Dr. Claudio Pacheco Prates Lamachia, Presidente da OAB

do Rio Grande do Sul, recebeu convite desta Comissão para se fazer presente, e delegou essa

tarefa ao presidente da Comissão de Serviços da OAB/RS, que ainda hoje esteve reunida

conforme ofício. Esclarece que há mais de 12 anos trata do tema, primeiro em nome da OAB de

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Uruguaiana, colegiado da cidadania, depois com o apoio do fórum dos Coredes, da Uvergs e do

Colégio de Presidentes da OAB. Continua que naturalmente defende a competição, mas registra

satisfação pela iniciativa do Presidente. Diz ser velho, mas acreditar nos jovens. Depois de 12

anos na estrada, é a primeira iniciativa desde Parlamento, a qual tem o prazer de conhecer, que

diz respeito a um tema dos mais importantes para a cidadania, já que o transporte público é

decisivo para a mobilidade social e imprescindível para quem não possui automóvel, que é a

maioria. Ratifica o que disse antes com referência ao MP, e o MP assegurou-me que estará na

próxima reunião para ratificar sua fala a respeito do assunto. Que o interesse da OAB decorre da

vocação de defesa da cidadania e do imperativo legal. A lei 8.906, no art. 44, impõe a defesa do

interesse público, a defesa da Constituição e da ordem jurídica. Os dois projetos que conhece do

DAER, pecam exatamente nos mesmos problemas da legislação de 1956. Para começar, eles

afrontam os princípios do art. 37, do art. 5º inciso XIII da Constituição, do art. 170 incisos IV e

V e do art. 173. O sistema funciona atualmente a título precário. O órgão encarregado da gestão

não pode prorrogar nenhum contrato sem prévia licitação. Que diante da inércia,

lamentavelmente, do nosso Parlamento e do Poder Executivo, a sociedade, nesse espaço

extraordinário de integração com o Parlamento, durante o ano passado, e as mais respeitáveis

entidades do Rio Grande do Sul constituíram um projeto moderno, que se pratica no mundo

inteiro e se antepõe ao modelo que temos hoje. Nos últimos 10 anos, aumentou a população, e

diminuiu em 20% o número de usuários. Esse, evidentemente, é um indicativo de que o sistema

está totalmente errado. Para chegar nesta reunião, contando ida e volta, gastou 340 reais. Se

viesse em ônibus comum, gastaria 240 reais; se viesse de carro, gastaria menos. Então não vamos

discutir tarifas, pois contra fatos não há argumentos. Hoje o transporte individual custa menos

que o transporte coletivo. O projeto construído no fórum praticamente não inovou em nada.

Temos de observar o que se pratica no mundo, o que se pratica, por exemplo, na Europa, na

Argentina, no Uruguai. O nosso projeto é de 1956, reflete a realidade daquela época. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) diz que está sendo solicitada a resenha do projeto

que o DAER tem e do projeto apresentado no Fórum Democrático. Lembra que a Comissão

terá ainda mais quatro audiências públicas, a serem realizadas nas cidades de Caxias, Passo

Fundo, Santa Maria e Pelotas, para as quais todos os órgãos aqui presentes serão convidados.

Nessas audiências, se poderá, juntando as contribuições de ambos os projetos, redigir um projeto

exequível, que possa ser apresentado ao governo do Estado. Destaca que não adianta apresentar,

aqui, um projeto de lei, porque será observado vício de origem. Temos de negociar e apresentar

uma proposta ao Governo do Estado, a qual voltará a esta Casa como projeto de lei enviado pelo

próprio Governo, um projeto que possa ser aprovado aqui. É a esse ponto que temos de chegar,

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é isso que estamos mirando. Finaliza estabelecendo que ambos os projetos são importantes e que

além disso, analisaremos outros quesitos, os quais devem ser apontados por escrito. O Presidente

devolve a palavra ao SR. LAURO DELGADO que aponta á duas realidades no transporte

público: o transporte de curta distância e o de longa distância, e é em relação a este que os

problemas se avolumam. Por isso, em nome da cidadania daquela região, engajada na mudança

do sistema. Sugere, por fim, a realização de uma audiência em Uruguaiana, cuja realidade é a das

linhas de longo curso. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) esclarece que o

cronograma de trabalho já foi aprovado, e infelizmente não podemos mudar as cidades

escolhidas para a realização das audiências. Podendo, sim, sem problema algum, receber nessas

cidades representantes de outros Municípios. Passa a palavra ao Deputado Fabiano Pereira,

relator da comissão. O SR. FABIANO PEREIRA (PT) – cumprimentou a todos e seguiu

dizendo que se interessa muito pelo tema, até porque é o presidente da Comissão de Serviços

Públicos. Continua que já deu para perceber quanto o tema é desafiador e complexo e quantas

questões estão envolvidas nesse assunto. É necessário que se encontre de fato uma solução.

Destaca que o Presidente tem razão quando diz que temos de discutir a questão dos contratos e

do modelo do nosso Estado. Se há pelo menos uma liminar estabelecendo que não se pode

renovar contratos; se há a afirmação do DAER de que para boa parte deles seria preciso

encontrar saídas ou uma nova legislação, um novo modelo – como aponta a AGERGS, a partir

de uma ideia, como apontam outros setores a partir de outra ideia de modelo –, é necessário que,

em algum lugar pelo menos, esse debate se faça para que possamos encontrar um caminho a fim

de sabermos qual é a melhor forma de enfrentarmos essa realidade. Que a Assembleia pode sim

dar uma grande sugestão, uma grande contribuição e procurar encontrar ideias e caminhos nesse

sentido. Concorda que de fato os desafios são grandes. Não é uma situação, evidentemente, de

terra arrasada. Quem conhece o sistema do Rio Grande do Sul e de outras partes do mundo,

inclusive de outros países, constata que aqui já evoluímos, conquistamos um diferencial muito

grande. Quanto ao sistema de ônibus, boa parte dos ônibus municipais eram minivans que

chamavam de táxi. Agora, começou a se desenvolver esse sistema de grande porte de ônibus. Se

pode observar o transporte em outros lugares do mundo e no nosso País. Em São Paulo, há um

tempo atrás, o transporte clandestino era maior que o regular. Depois, com ousadia, enfrentando

máfias, foi possível reverter essa realidade. Que no nosso Estado, temos incidência de transporte

coletivo, mas não é no tamanho, infelizmente, do de outros Estados. Nosso sistema, em grande

medida, funciona e dá conta do transporte coletivo. Evidentemente, há pontos para pensarmos

em relação ao futuro. Essa questão da tarifa hoje é um debate nacional, e diz que sobre esse tema

já acompanhou debates nacionais na Comissão de Transportes. Existe uma grande discussão de

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como desonerar o transporte coletivo tanto metropolitano, quanto intermunicipal, interestadual e

municipal. Existem várias propostas, tais como: desoneração do diesel; outras contrapartidas;

redução da gratuidade; formação de um fundo de gratuidade; maior utilização de linhas de boa

rentabilidade junto com outras linhas de baixa rentabilidade. É preciso estudar como equacionar

isso num modelo mais moderno com uma tarifa mais barata. Diz que tudo isso faz parte de uma

discussão, e é bom que ela ocorra na Assembleia, que juntemos todas essas vozes e realizemos

um debate sobre qual é o melhor caminho. Afirma que pretende acompanhar todas as atividades,

juntamente com o presidente, e dar sua modesta contribuição, pois é necessário encontrar uma

solução que seja o máximo consertada possível, crendo nos desafios para o futuro, mas, também,

não jogando no lixo o que foi construído até agora, que é resultante de muita ação e disciplina.

Há problemas, dificuldades, e, por isso é preciso aprimorar o que temos para continuarmos tendo

um dos melhores sistemas do Brasil e do mundo. Conclui que com essa contribuição, espera ter

ajudado. Reitera que o Sr. Presidente está certo quando vem discutir essa questão de modelo. Se

hoje há uma situação que a Constituição manda retomar, em algum momento isso vai ter de

acontecer. Então, é melhor que aconteça com base em um debate para que se defina qual o

melhor caminho. E esta é a grande contribuição que esta comissão pode dar. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) agradece ao Deputado Fabiano Pereira e concede a

palavra ao representante do DAER, Ernesto Luiz Eichler, para as considerações finais. O SR. ERNESTO LUIZ EICHLER diz que para um perfeito diagnóstico do sistema de transporte

coletivo, precisamos levar em conta a qualidade. O DAER pode atestar que, com base em todas

as pesquisas de qualidade feitas no Rio Grande do Sul, inclusive da Copa, em todas as

reclamações feitas nos últimos sete anos, realmente o sistema de transporte coletivo do nosso

Estado é bastante bom, é ótimo. As reclamações que chegam ao DAER geralmente são feitas por

pessoas que não conhecem o sistema, estão mal-informadas. O DAER presta as informações e

fica tudo resolvido. São poucas as reclamações em relação à qualidade em si. Evidentemente

existem focos: estradas de chão, locais onde ônibus mais novos não podem passar. O segundo

aspecto do diagnóstico é a legalidade. O DAER, no momento em que houver alguma lei, alguma

ordem, vai cumprir as normas, só que realmente tem de passar por uma análise política, uma

análise legal, verificando essa qualidade. Temos uma ótima qualidade no sistema hoje, e é preciso

saber se, com uma mudança, não vamos piorar o sistema. Quanto ao transporte coletivo

clandestino, disse que o diagnóstico não passa pela tarifa, mas pela estabilização econômica. A

partir do plano de estabilização econômica, realmente começou a aumentar o clandestino. Só que

o clandestino não se observa só em relação ao sistema regular. O sistema especial, hoje, de

fretamento de turismo é maior do que o regular. Esse clandestino invade os outros sistemas. Em

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relação à tarifa, a própria economia resolve os problemas. Para a saúde, o transporte feito pelas as

prefeituras cada vez aumenta mais no Rio Grande do Sul, retirando muitos passageiros do

transporte regular, que acabam onerando a tarifa. Basicamente era essa a minha contribuição

final. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) passa a palavra ao representante da

Metroplan para suas considerações finais. O SR. DANILO LANDÓ esclarece que como

coordenador de fiscalização, tem atuado bastante na Região Metropolitana. Que há uma

diferenciação: as viagens do DAER são de longo curso, as da Metroplan são viagens diárias, de

segunda a sexta-feira, que atendem principalmente trabalhadores e estudantes. Quanto a queda

do número de passageiros – isso ocorreu em todo o País – e houve vários motivos. A Metroplan,

desde 1974, acompanha esse processo através de pesquisas domiciliares. Na Região

Metropolitana, principalmente, não houve crescimento em termos de infraestrutura – corredores

de ônibus, por exemplo –, e as pessoas passaram a utilizar mais seus próprios veículos. Também

o uso do computador influenciou essa queda no número de passageiros. São vários os motivos,

não só o mau atendimento das empresas tanto metropolitanas quanto do Estado. Sobre as

concessões, considera importante a sua regularização, mas principalmente penso que deva haver

fiscalização, independentemente de ser uma ou mil empresas, porque, se não houver fiscalização,

não vai fazer diferença as concessões serem diversas ou única. O SR. PRESIDENTE (Luis

Augusto Lara – PTB) diz que muito já avançamos, e o Rio Grande do Sul tem uma qualidade

que, pelas condições que foram dadas a empresários, pela falta de clareza nas concessões, pelo

que paira em cima daquilo que para alguns soa como favorecimento e, por outro lado, soa como

desconfiança, acho que tanto empresários como agentes concedentes já conseguiram andar longe

demais. Que estamos às vésperas de um momento, em que não se vai mais conseguir lidar com

este sistema de concessões, que não é um privilégio do transporte coletivo intermunicipal ou

metropolitano, que não é privilégio do sistema de concessões de rodoviárias, ou falta de

privilégio, que não diz respeito somente a essas duas áreas. Fala para que os senhores (presentes)

possam se tranquilizar e para que tenham condições de enxergar a nossa responsabilidade. O

sistema de concessões de pedágios está esclerosado. Foi bom na época em que surgiu, foi muito

importante lá e deve ter trazido seus benefícios, mas hoje está esclerosado. O sistema de

concessão de estradas no Rio Grande do Sul, da forma como é feito, está esclerosado, e não seria

diferente com as rodoviárias e nem com o transporte público. Diz que vamos ter que achar um

ponto de equilíbrio entre manter tudo aquilo que está bom dentro do sistema, mas também

termos a capacidade de avançar nos próximos anos, sob pena de termos, amanhã ou depois, um

governante que seja patrocinado por esta ou por aquela empresa que venha de fora, ou que seja

daqui de dentro, e faça, na base do canetaço, aquilo que sabemos não ser o ideal. Essa é a

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verdade. Vamos tratar o assunto de uma maneira em que não se busquem culpados. Se por um

lado, para as empresas que hoje estão instaladas, ou para as rodoviárias que hoje estão instaladas,

há uma vantagem de já estarem instaladas, por outro lado ficam a vida inteira de coração na mão

sabendo que pode chegar alguém, atendendo a interesses de outros grupos, e desfazer o sistema

todo. Temos que ter a responsabilidade, a maturidade e a serenidade de fazermos uma lei que não

cause desemprego no Rio Grande do Sul – há muitas empresas que hoje estão aí, rodoviárias ou

empresas transportadoras –, mas que traga, sim, uma relação custo-benefício capaz de satisfazer a

nossa população. Portanto, se soubermos levar com tranquilidade, com serenidade e com

maturidade este tema, vamos conseguir um modelo adequado. Diz que já foi falado – e já visto

nas rodoviárias – que o modelo de bacias é interessante, como já existe hoje em alguma parte do

transporte coletivo, que o modelo de rodoviárias, com a criação de um fundo entre as que mais

arrecadam para ajudar as que menos arrecadam na sua infraestrutura também poderia ser uma

solução. Vamos ter que encontrar um modelo para o Rio Grande do Sul que dê tranquilidade aos

empresários para investir nas rodoviárias, nas suas frotas, no aprimoramento de seus

funcionários, mas que também possa dar uma boa relação entre custo e benefício à população

que utiliza esse serviço. Por fim, concede a palavra ao Sr. Darci Rebelo. O SR. DARCI REBELO, representante da FETERGS, diz que a federação, como entidade que congrega todas

as empresas, é claro que tem uma preocupação e um desejo de que o sistema melhore. Apenas

não podemos partir de pressupostos equivocados. Tem margem para melhorar? Tem. O sistema

é bom na avaliação dos usuários. Isso é indiscutível e é dito pelos usuários através de pesquisa

feita pelos poderes concedentes e pela agência reguladora. Tem problema com a tarifa? Tem. O

colega Filipe perguntou se tínhamos uma análise da composição da tarifa, e eu lhe passei cópia de

um documento em que está demonstrado que temos problemas sérios com a tarifa. Por exemplo:

o diesel não tem isenção de impostos. Por que não podemos pleitear a isenção de impostos sobre

o diesel? Isso baratearia a tarifa com uma redução de 10%. Existe também a fonte de custeio para

a gratuidade e tantas outras maneiras de baratear a tarifa. Esse é um problema do sistema. Agora,

não são esses números que foram colocados aqui, de 300 ou 400 reais por uma passagem para

Uruguaiana. Em ônibus comum, é 70 reais. A nossa passagem, comparando com Santa Catarina e

Paraná, é mais barata. Essa é a realidade. A questão jurídica, em si, é complexa, e é complexa

também a situação das concessões. Temos que estudar um pouco a história das concessões para

entender como surgiram. Por exemplo, a radiodifusão tem uma norma contrária, uma norma

constitucional que diz que a prorrogação é assegurada. A radiodifusão é outorgada pelo

presidente da República e a não-renovação deve ser votada pelo Congresso. E isso ocorre por

quê? Porque se quer continuidade. O serviço público de transporte não é um problema do

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Estado, tanto que, nos tribunais, praticamente não há ações contra empresas de transportes. A

Dra. Adriana, numa apresentação feita na AGERGS, agradeceu às empresas de transportes, pois,

mesmo tendo recebido algumas reclamações, nunca foi gerado nenhum contencioso no Procon

contra essas empresas. A realidade é que os eventuais questionamentos e reclamações em seguida

foram resolvidos administrativamente pelos comissionados envolvidos. Logicamente deve haver

melhor esclarecimento, visto que, muitas vezes, os usuários têm dúvidas. É importante manter

um meio de comunicação com os usuários que se encontram distantes dos centros de decisão

para que eles realmente conheçam seus direitos em relação aos serviços prestados. Como em

regra os serviços são de boa qualidade, as empresas de transportes não são um problema para o

Estado. Por fim, quanto à questão de ordem, só para não ficar em branco, comunico que recebi

cópia – solicitei-a à OAB por e-mail – da ata de 9 de março de 2007 com o registro da criação da

Comissão dos Serviços Públicos pelo conselho seccional que teve seu mandato terminado em

2009. Passei cópia dessa ata para o colega. Afirma que em 2010, passou a integrar o conselho

seccional, e não foi recriada a Comissão de Serviços Públicos. Qualquer um tem o direito de

manifestar suas opiniões pessoais, todas elas são bem-vindas. Agora, ninguém pode dizer aqui

que é representante do Papa e que está falando pela Igreja Católica. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) concede a palavra ao Sr. Lauro Delgado. O SR. LAURO DELGADO diz que problema da preliminar de sua representatividade já foi perfeitamente

esclarecido, inclusive com o depoimento do deputado Fabiano Pereira. Esclarece que,

objetivamente, há mais de 12 anos a OAB está na estrada fazendo a análise crítica desse modelo

de monopólio. Diz o modelo de monopólio é defendido nos anteprojetos das empresas e nos

dois anteprojetos do DAER, ao passo que a OAB defende um modelo de competição. Diz que

se quer é a qualidade resultante da competição, como há na Argentina, no Uruguai e em toda a

Europa. É bem diferente a situação do setor aéreo, pois há competição. Conta que para ir a

Brasília, dias atrás, gastou menos do que desembolsou para vir de Uruguaiana de ônibus. Que a

qualidade é fruto da concorrência. Como no monopólio não há concorrência, a empresa torna-se

absolutamente segura, e o usuário não encontra alternativa. O SR. PRESIDENTE (Luis

Augusto Lara – PTB) concede a palavra ao Sr. Ernesto Luiz Eichler (DAER). O SR. ERNESTO LUIZ EICHLER diz que, com relação às tarifas mencionadas pelo colega, cabe

informar que existem várias tarifas, e o preço de algumas é um terço do valor aqui mencionado.

O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) encaminhando o final da reunião diz que o

debate realizado será levado ao conhecimento dos demais deputados no plenário da Assembleia

Legislativa. Agradeceu a presença de todos e encerrou os trabalhos da audiência pública. O

inteiro teor foi gravado, passando o arquivo de áudio a integrar o acervo documental desta

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reunião. E, para constar, lavrei a presente ata, que vai assinada pelo Presidente e por mim,

Secretário da Comissão, e, após aprovação, será publicada no Diário da Assembleia Legislativa.

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2.3 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM PASSO FUNDO (ATA N.º 07/2010 - 16/04/2010)

PRESENTES: Deputado Luis Augusto Lara; Deputado Fabiano Pereira; Deputado Ivar Pavan;

Tribunal de Contas do Estado – TCE/RS: Sra. Flávia Scalco Fauth e Sr. Eloi Dallavecchia;

DAER/RS: Ernesto Eichler; AGERGS: Sr. Eduardo Mesquita da Rosa; Federação Gaúcha de

Associações de Moradores – FEGAM: Sr. José Alvarez Rocha; FEGAM-RS UAMCA: Srs.

Nilton César B. Furtado e Paulo Moreira; Associação Rio-Grandense de Transporte

Intermunicipal – RTI: Sr. Jefferson Lara; Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/RS: Sr. Lauro

Delgado; Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul

– FETERGS: Sr. Darcy Rebelo; Empresa UNESUL: Sr. Belmino Zaffari; Sr. Vice-prefeito de

Passo Fundo Rene Luiz Cecconello; Empresa REUNIDAS/REAL: Srs. José Affonso Prado,

Vinícius Marcis, Áureo A. Deboni, Airbal S. Corralo e Antônio Furlin; Sr. José Antônio Azevedo;

Empresa Panalto Transportes LTDA: Paulo Roberto Petersel; AGPM: Sr. João Bernardo

Reckziegel; DCE UPF: Sr. Antônio Carlos Antunes; Câmara de Vereadores de Passo Fundo:

Vereador Patric Cavalcanti, Vereador João Pedro Nunes e Vereador José Eurides de Moraes;

Assessor do Vereador Rui Lorenzatto: Sr. João A. Moraes; Empresa HELIOS: Sr. Moisés Santos;

Empresa UNESUL: Otomar A Antoniolli; Representantes do Jornal Diário da Manhã;

Representante do Sindicato de Agências e Estações Rodoviárias no Estado do Rio Grande do Sul

– SAERRGS: Jaques Paim Bandeira e dirigentes partidários.

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TRABALHOS / DISCUSSÕES: Aos dezesseis dias do mês de abril de dois mil e dez, às

13h30, no Anfiteatro da Faculdade de Direito da Universidade de Passo Fundo - UPF, realizou-

se a Audiência Pública da Comissão Especial, no Município de Passo Fundo, para avaliar o

Sistema Estadual de Transporte Coletivo Intermunicipal de passageiros, sob a presidência do

Deputado Luis Augusto Lara, com a presença dos Deputados Fabiano Pereira e Ivar Pavan. A

audiência pública foi aberta pelo Sr. Presidente, registrando que o objetivo da Comissão é

trabalhar para que o Estado tenha uma legislação mais justa sobre a matéria. Convidou para

compor a mesa de trabalhos o representante da AGERGS, do Tribunal de Contas do Estado, do

Departamento de Estradas de Rodagem – DAER, destacou, por fim, que embora não se façam

presentes, foi convidado o Ministério Público do Estado. Salientou a presença da AGPM, RTI,

FETERGS, FEGAM, SAEERGS, Câmara de Vereadores de Passo Fundo entre outras

representações e chamou a mesa o Sr. Vice-Prefeito de Passo Fundo, Sr. Rene Luiz Cecconello e

o Sr. Deputado Ivar Pavan. Primeiramente explanou, o Sr. Presidente sobre os propósitos da

Comissão afirmando ser assunto de grande interesse das pessoas, uma vez que conta com um

trânsito de 60.000 passageiros/ano. Assim, a Assembléia, com esta audiência pública vem buscar

subsídios para continuar um trabalho que vem fazendo no sentido de que o Rio Grande do Sul

possa ter uma legislação que definitivamente contemple o que diz o art. 178 e 169 da

Constituição do Estado que determinam que exista uma legislação regendo o sistema de

transporte no Estado. Esse sistema de transporte coletivo intermunicipal é composto pelas

rodoviárias, sobre as quais já houve trabalho de uma Comissão Especial, com 09 (nove)

audiências públicas, e pelo transporte intermunicipal de passageiros, que se divide em transporte

intermunicipal e metropolitano de passageiros. Há mais de 20 anos se tem “empurrado com a

barriga”, através de Resoluções do DAER, Decretos Governamentais, o que tem trazido aos

empresários, tanto aqueles concessionários de rodoviárias quanto aqueles do transporte

intermunicipal, certa instabilidade a respeito de não ter exatamente claro o seu tempo de

concessão. Boa parte das concessões de rodoviárias está em caráter precário, ou seja, vai sendo

renovado o contrato, período a período, impossibilitando o empresário de investir. O resultado

disso é que se têm grandes dificuldades especialmente nas rodoviárias de quarta e terceira

categoria, que se encontram, algumas, em estado de abandono. Das 120 rodoviárias colocadas em

licitação, tivemos pouco mais de 10 ou 11 que conseguiram se credenciar ou que tiveram vontade

de participar do certame. Esse tema das rodoviárias foi já estudado, gerando um relatório

aprofundado, agora se voltando para a segunda parte do sistema de transporte de passageiros,

que é o coletivo intermunicipal. O objetivo da Comissão não é fazer caça às bruxas, apontar

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defeitos, mas sim para construir uma solução que dê tranqüilidade ao empresário e qualidade e

preço justo ao usuário. O Presidente da Comissão ressaltou que a competência legislativa para

modificar a legislação vigente sobre o tema é de competência do Poder Executivo, mas que ela

deverá passar e ser aceita pelo Poder Legislativo. E para que essa proposta de lei não seja

distorcida no legislativo é que essa Comissão está passando pelos principais fóruns regionais para

que se tenha conhecimento de causa ao tratar de uma matéria estratégica para o Estado e que

representa milhares de empregos. É importante que se dê estabilidade ao setor, para que não

fique a mercê da vontade dos governantes de abrir uma concorrência pública sem ter critérios

claros para que se possa realmente dar condições iguais e justas a todos que dela vão participar.

Houve a apresentação de todos os presentes. A palavra foi passada, inicialmente, ao SR. ERNESTO EICHLER (DAER/RS), que fez um histórico sobre a origem do Departamento

Autônomo de Estradas de Rodagem e sua atual atuação. Fez relato das competências do

Departamento, em Especial as do Conselho de Tráfego. Acerca dos contratos de concessão das

linhas de transporte intermunicipal de passageiros, afirmou que alguns deles se encontram

vencidos, porém com cláusulas de prorrogação, sem que estas tenham sido implementadas por

iniciativa do poder concedente. Destaca que a Constituição Estadual e a legislação

regulamentadora determinam que as futuras concessões devam ser através de licitações,

observando, como modelo, a concessão por mercado, que substituirá a concessão por linha,

segundo a Lei Estadual n. 11.283/98. Salientou a necessidade de coincidência nos termos finais

de todos os contratos para que se possa implantar um novo modelo de concessão. Assim, é

necessário que se determine um prazo para que se possa substituir o sistema atual por um novo

sistema. Alertou se tratar de um serviço de caráter essencial e que algumas ligações são

deficitárias, o que fará com que nem sempre haja concorrência por determinado mercado, o que

obriga ao novo modelo garantir que nenhum ponto hoje assistido pelo transporte coletivo, venha

a ficar desassistido. Enfatizou que existe preocupação do Poder Executivo com a matéria e que,

em razão de sua complexidade deve haver grande debate com esse que está sendo realizado. O

SR. PRESIDENTE, destacou a necessidade de marcar essa data final para o atual sistema,

posto que ele funciona em caráter precário, uma vez que é um sistema estratégico para o Estado.

Entretanto, é de se ter cuidado com a transição entre os sistemas, haja vista que são milhares de

trabalhadores envolvidos e que precisam de seus empregos. Passada a palavra para AGERGS,

falou o SR. EDUARDO MESQUITA (AGERGS) sobre o trabalho e a estrutura institucional

da AGERGS onde explicou que a Agência trabalha por metas, e uma destas metas é a elaboração

de um termo de referência para a contratação de empresa para apoio na definição dos mercados

de transporte rodoviário de longo curso, metropolitano, aglomerações urbanas e também o

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formato de uma minuta, construída em conjunto com o DAER e a sociedade, para realização das

licitações dos serviços de transporte. A AGERGS está montando um banco de dados, a partir de

dados fornecidos pelo DAER que permitirão realizar uma avaliação de como se darão esses

mercados, número de veículos, idade da frota, etc., sendo que a intenção da agência é entregar

esse levantamento de dados antes do encerramento desta Comissão. A agência tem prevista,

também, vistorias tarifárias em diversos locais do Estado e também a elaboração de um Termo

de Referência para a definição da estrutura mínima de custos de uma estação rodoviária, com

reavaliação da atual classificação das estações rodoviárias. O representante do Tribunal de Contas

do Estado, por sua vez, SR. ELOI DALLA VECCHIA (TCE-RS), ponderou que a

transferência do serviço público de transporte intermunicipal à iniciativa privada obriga o Estado

a redefinir seu papel de executor para fiscalizador. Destaca que a Constituição prevê a realização

de licitação para concessão de serviços públicos, sendo que o Tribunal de Contas tem

acompanhado essa situação de que existem contratos vencidos e que na prática tem havido

prorrogação contínua desses contratos, havendo imperiosa necessidade de licitação, valendo essa

observação para as estações rodoviárias, também. O Tribunal de Contas, além disto, está atento

ao cumprimento dos ditames legais acerca da necessária qualidade dos serviços. Com a palavra o

SR. RENE LUIZ CECCONELLO (VICE-PREFEITO DE PASSO FUNDO), destacou a

importância de um marco regulatório sobre o tema para poder qualificar o serviço oferecido aos

usuários, em especial por ser, Passo Fundo, um pólo regional, de onde partem muitos ônibus

intermunicipais. O SR. DEPUTADO IVAR PAVAN, em sua manifestação, destacou o

trabalho feito anteriormente pelo Fórum Democrático da ALRS e a competência do Poder

Executivo para apresentar a legislação sobre o tema. Explanou que nas discussões feitas pelo

Fórum, a principal reclamação foi o preço das passagens, que muitas vezes torna-se mais caro do

que o automóvel. Não houve grandes reclamações sobre a qualidade dos serviços. Na questão

das gratuidades, o Deputado colocou-se favorável ao tema, entretanto esclareceu que tal custo

não é absorvido nem pelas empresas, nem pelo Estado e as passagens gratuitas acabam sendo

pagas pelo restante dos usuários do serviço, normalmente os mais carentes, pois quem tem mais

condições viaja de carro. Defendeu que as gratuidades instituídas pelos Entes federativos sejam

por estes custeadas, na medida das que instituir. O segundo grande item sobre o tema é a questão

dos combustíveis, onde poderia haver uma desoneração fiscal que refletisse no barateamento do

preço da passagem e, por conseqüência, no aumento do número de passageiros. Também deveria

ser verificado pela AGERGS e DAER, se existe lastro no lucro das empresas que permitisse um

decréscimo no valor da passagem. Pelas empresas, foi passada a palavra ao SR. DARCI REBELO (FETERGS) fez um histórico sobre o surgimento do sistema de transporte coletivo

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intermunicipal de passageiros. Informou que o Sistema abarca dois subgrupos: o metropolitano e

o de longo curso. O de longa distância transporta mais de 69 milhões de passageiros/ano e o

metropolitano desloca 150 milhões de passageiros/ano. São mais de 300 empresas locais que

atendem todos os cantos do Estado. Destaca que o transporte coletivo intermunicipal do Estado

possui serviço adequado com bons ônibus, bilhetagem eletrônica, sistemas de plataforma para

pessoas com dificuldade de locomoção. Que o sistema tem boas avaliações em todas as suas

características, com exceção do valor da tarifa. As gratuidades são apoiadas pelas empresas, mas

necessitam de fonte de custeio. O grande desafio seria como baratear a passagem sem reduzir a

qualidade. Que as tarifas são estipuladas sob o controle do DAER e não diretamente pelas

empresas. Aponta que uma redução de 50% no preço do diesel representaria um desconto de

12% no valor da passagem. Quanto aos contratos, destaca que a situação de transição vivida pelo

RS é a mesma do resto do país, pois o sistema surgiu antes da regulação, e a regulação está

surgindo agora. Que alguns contratos ainda estão em vigência e outros foram prorrogados, e se

não foram denunciados e sim prorrogados, estão em vigência. Como a Lei que regulou a matéria

manda, para otimizar os serviços, o agrupamento em lotes, é necessário equalizar a data final do

término dos contratos, devendo ser estabelecido um prazo razoável para tanto. Com a palavra o

SR. JOSÉ ALVAREZ ROCHA (FEGAM), afirmou que a questão das isenções devia ser

repensada, devendo a aprovação de uma isenção ser acompanhada do indicativo de onde vai sair

o custeio para tanto. Que deverá haver mais audiências públicas sobre o tema. Defendeu a

criação de um fundo para os transportes, integrado entre Município, Estado e União. Fez ressalva

sobre o transporte para atendimento de saúde, que é feito pelas prefeituras, e que retira muitos

usuários do transporte coletivo intermunicipal, encarecendo a tarifa. O SR. JAQUES PAIM BANDEIRA (SAERRGS), tratou da necessidade de se chegar a bom termo entre a

obrigatoriedade legal de realizar licitações e o perigo de realizá-las de “afogadilho”. Que o

transportador coletivo intermunicipal do Estado é diferenciado, pois realiza as rotas de grande

movimento, mas também vai naqueles municípios e distritos de menor movimento, devendo

haver uma compensação por esta atuação. Assim, é necessária uma legislação que leve em conta

estes aspectos. Sobre o transporte em saúde, relatou que existem Municípios que transportam

passageiros, inclusive cobrando passagens, situação que necessita ser verificada. O SR. PAULO MOREIRA (FEGAM / UAMCA), registrou que, em nome dos usuários, existe certo

desrespeito aos usuários, que devem se mobilizar mais para buscar seus direitos, devendo ser

mais escutados. O SR. VEREADOR PATRICK CAVALCANTI (Passo Fundo), solicitou ao

DAER, dado o grande aumento no número de veículos no Município de Passo Fundo, que

retirasse a circulação dos ônibus intermunicipais do centro de Passo Fundo, devendo ir direto à

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rodoviária como nas grandes cidades, pois tal situação gera um grande transtorno no centro da

cidade. Que haja uma maior fiscalização do DAER e da AGERGS com relação aos pequenos

municípios que utilizam ambulâncias para transportar passageiros, retirando usuários do

transporte coletivo e aumentando o valor da passagem. Defendeu a criação de subsídios para o

transporte intermunicipal. O VEREADOR JOSÉ EURIDES DE MORAES (Passo Fundo), tendo em vista sua experiência como Secretário de Transporte do Município de Passo Fundo,

disse que a questão das isenções influencia enormemente o custo das passagens e que tal despesa

não pode caber ao empresário. Ressalta que no novo marco regulatório tal compromisso deve ser

inserido e que, com raras exceções, o transporte no Estado é de excelente qualidade. O

VEREADOR JOÃO PEDRO NUNES (Passo Fundo) ressaltou que é importante a presença

do Estado nas audiências públicas para ampliar a interlocução com os usuários e o empresariado.

Que o subsídio para as gratuidades é função do Estado e não deve recair sobre os empresários.

Atualmente, as empresas fazem o transporte dos passageiros, tanto nos horários mais lucrativos

quanto naqueles nem tanto. O SR. JEFERSON LARA (RTI) afirma que, embora exista uma

insegurança jurídica quanto ao sistema de transporte, as empresas continuam investindo. Que os

dois principais pontos a serem abordados pela Comissão são qualidade e preço. Quanto ao preço,

destaca que não se pode comparar os nossos com os preços do transporte argentino, pois lá

existe subsídio do governo. O diesel é subsidiado, bem como as gratuidades são subsidiadas.

Uma das maneiras de baixar a tarifa seria avaliar a questão do diesel, pois ele tem impacto direto

de, em torno de 25% da tarifa. Na questão da gratuidade, somente na rodoviária de Porto Alegre,

houve 28 mil passageiros que viajaram de graça no mês de março, o que representa 713 ônibus

lotados. E esse custo é repassado para os demais passageiros. Mas mesmo com esse repasse das

gratuidades temos trechos como Porto Alegre – Rio Grande, de 322 Km, a R$ 54,30, sendo que

em São Paulo um mesmo trecho custa R$ 57,00. Porto Alegre – Vacaria, 251 Km, R$ 34,30, no

Rio de Janeiro, R$ 52,00. Porto Alegre – Uruguaiana, a partir de R$ 79,00, em São Paulo, a partir

de R$ 113,00. A tarifa no RS tem a tarifa social, que é a tarifa convencional, e a partir daí tem

serviço para quem pode pagar, como o semi-direto, executivo, leito. As empresas estão engajadas

na construção de uma legislação que seja adequada a todos os seguimentos. Quanto a qualidade, a

pesquisa feita pela AGERGS retrata bem a situação. O SR. BELMINO ZAFFARI (Empresa UNESUL) relatou que a empresa UNESUL possui uma empresa transportadora, TPS Turismo

Ltda., que faz o transporte internacional Porto Alegre – Montevidéu. Em visita a Montevidéu,

ficou impressionado com o tamanho e o movimento do terminal rodoviário daquela cidade. Que

em contato com os empresários do ramo no Uruguai, recebeu o relato de que o transporte

naquele país estava extremamente bem. Lá o transporte de passageiros possui um subsídio de

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40%, os pneus, importados aqui do Brasil, chegam lá a um preço inferior aos aqui praticados, as

peças são 40% mais baratas. Assim, um trecho de 400 Km, tem uma tarifa de R$ 37,00, sendo

que Porto Alegre – Erechim, R$ 73,00, ou seja, o dobro do preço. O aproveitamento dos ônibus

no Uruguai é de 70%. Que a essência do transporte coletivo está no preço, no custo. Sugere que

se entre em contato com as autoridades uruguaias, o Ministério do Transporte, para conhecer seu

modelo de tarifação. Outra coisa importante é o fato de que eles têm gratuidade escolar e do

aposentado com 75 anos, e que ambos são pagos pelo Governo. O empresário anota e emite uma

fatura que é paga pelo Governo em 45 dias. Que ônibus retornando vazio, paga metade do valor

do pedágio. Assim, tudo o que tem sido discutido pela Comissão, já praticado pelo Uruguai, que

tem um transporte eficiente, de primeira qualidade e com usuários satisfeitos. Os empresários

brasileiros, em especial de pequenas empresas, não tem como competir com a

“ambulancioterapia”, tendo um aproveitamento de 30% do veículo, às vezes, e sendo que a tarifa

é calculada com um aproveitamento de 56%. Vai ocorrer que pequenos municípios vão acabar

ficando sem atendimento em alguns lugares. SR. DARCI REBELO (FETERGS). Destaca a

complexidade do sistema e ressalva que a retirada dos ônibus de longo curso do centro de Passo

Fundo fará com que o usuário necessita deslocar-se até a rodoviária, ou seja, precisará de dois

deslocamentos. Quanto ao subsídio, diz que não é necessário ir à Argentina ou Uruguai, basta ver

o Trensurb, que recebe 40 milhões por ano. Só que o Trensurb opera no horário de pico

retirando passageiros do transporte de ônibus, mas as 23 horas ele pára, enquanto que o

transporte rodoviário continua. O SR. RELATOR, DEPUTADO FABIANO PEREIRA,

encaminhando o encerramento da audiência pública, disse que a Comissão de Serviços Públicos

da ALRS realizou no ano anterior um fórum sobre infra-estrutura e logística estratégica para o

Estado do Rio Grande do Sul. Nesse ano haverá continuidade esse fórum com reunião no

Conselho de Tráfego do DAER, com debate entre diversas entidades. Tal debate é importante,

pois o Estado tem de dar atenção ao tema de sua infra-estrutura. Foi feito o debate sobre a

questão das ferrovias, onde surgiu a idéia de reeditar uma ferrovia pública, foi debatida o tema

das hidrovias, onde se falou no corredor do MERCOSUL, que se inicia em Cachoeira, chegando

a Santa Vitória, e que inclusive está, inclusive, incluído no PAC. Que se aumentarmos o

transporte hidroviário em 10%, isso significa uma economia de 300 milhões para o Estado,

basicamente o que o DAER tem de orçamento para investir e construir novas estradas. Na

questão aeroportuária, se quisermos a Copa de 2014, o Aeroporto Salgado Filho tem de ser

duplicado. E a questão do transporte de passageiros, que não entrou no debate do fórum

propriamente dito, mas que temos um transporte muito desenvolvido no Estado, só que dos 10

maiores Estado da Federação o RS é o que tem o menor número de rodovias duplicadas e tem

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114 municípios sem ligação asfáltica, de um total de 496 municípios, tendo que o ônibus de

passageiros circular por estradas de chão. Existe um consenso na sociedade que a qualidade do

serviço no Estado é boa, sendo que a questão do preço merece um pouco mais de atenção. Tem

um debate mais geral que envolve a redução tributária, as gratuidades, o transporte clandestino e

feito pelas secretarias de saúde, mas hoje já se tem uma maior conscientização sobre a concessão

das gratuidades, de que a verba para o custeio não sai de qualquer lugar. Tem surgido em vários

lugares a idéia do subsídio, como em Campinas, por exemplo. Por fim, quanto aos contratos de

concessão, essa transição não pode se dar sob uma insegurança jurídica, sob pena das empresas

deixarem de investir. Citou o caso da CEEE. As novas licitações devem ser bem pensadas, com

muita responsabilidade e seriedade, pois as empresas têm funcionários que delas dependem,

familiares, investimento, planejamento e sua dignidade, e esse processo não pode ser feito de uma

hora por outra, sob risco de comprometer a capacidade de investimento no sistema. E, assim, ao

invés de evoluir, ficar atravancado em discussões e brigas internas que não beneficiam o Estado.

Nada mais havendo a tratar, o Presidente agradeceu a presença de todos e deu por encerrada a

reunião. O inteiro teor foi gravado, passando o arquivo de áudio a integrar o acervo documental

desta reunião. E, para constar, lavrei a presente ata, que vai assinada pelo Presidente e por mim,

Secretário da Comissão, e, após aprovação, será publicada no Diário da Assembleia Legislativa.

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2.4 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM PELOTAS (ATA N.º 08/2010 - 23/04/2010)

PRESENTES: Deputado Luis Augusto Lara; Deputado Fabiano Pereira; Sr. Lauro Delgado

(OAB/RS), Sr. Wilson Valério Lopes e Sr. José Alvarez Rocha (FEGAM), Romoaldo Lindemann

Ribeiro (TCE/RS), Sr. Jorge Oehlschlaeger (Presidente do Sindicato das Empresas de Transporte

Rodoviário de Pelotas), Sra. Sheila da Fonseca e Sr. Eduardo Mesquita (AGERGS), Sr. Ademir

de Oliveira (SAERRGS / ETERPEL), Sr. Pedro Fonseca, Fábio Fonseca e Sr. Pedro Paulo

Bosenbecker (Empresa Embaixador); Jefferson Lara (RTI); Paulo Roberto Petersen (Empresa

Planalto); Sr. Leomar Ferreira (Empresa Rainha); Sr. Ernesto Eichler (DAER); Sr. Darcy Rebelo

Jr. (FETERGS); Sr. Belmino Zaffari e Sr. Rafael Zaffari (Empresa UNESUL); Sr. Agostinho

Meirelles (Secretaria do Planejamento de Pelotas); Sr. José Azevedo; Vereadora Miriam Maroni;

Sra. Ana Beatriz Rostirolla e Sr. Rodemar Ávila da Veiga

TRABALHOS / DISCUSSÕES: Aos vinte e três dias do mês de abril de dois mil e dez, às

11h, na Câmara Municipal de Vereadores de Pelotas, realizou-se a Audiência Pública da

Comissão Especial, no Município de Pelotas, para avaliar o Sistema Estadual de Transporte

Coletivo Intermunicipal de passageiros, sob a presidência do Deputado Luis Augusto Lara, com a

presença do Deputado Fabiano Pereira.. A audiência pública foi aberta pelo SR.

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PRESIDENTE, DEPUTADO LUIS AUGUSTO LARA, registrando que o objetivo da

Comissão é fazer um diagnóstico do sistema de transporte coletivo intermunicipal de passageiros

para subsidiar, em conjunto com o Poder Executivo, um marco regulatório para a matéria,

cumprindo, assim, as diretrizes constitucionais. Apresentou o Relatório Final da Comissão que

avaliou as Estações Rodoviárias do Estado. Disse que o objetivo da Comissão não é fazer caça às

bruxas, apontar defeitos, mas sim para construir uma solução que dê preço justo e transporte de

qualidade aos usuários e que modernize o sistema atual. São milhares de pessoas que utilizam o

transporte de longo curso e o metropolitano e é dever da Assembleia Legislativa promover essa

discussão. A palavra foi passada, inicialmente, ao SR. ERNESTO EICHLER (DAER/RS), que fez relato sobre a forma de atuação do Conselho de Trafego do DAER destacando seu

funcionamento democrático. Quanto aos contratos, afirmou que alguns deles se encontram

vencidos, porém com cláusulas de prorrogação, sem que estas tenham sido implementadas por

iniciativa do poder concedente. Destaca que a Constituição Estadual e a legislação

regulamentadora determina que as futuras concessões devam ser através de licitações,

observando, como modelo, a concessão por mercado, que substituirá a concessão por linha,

segundo a Lei Estadual n. 11.283/98. Que a Lei Estadual n. 11.283/98 prioriza a qualidade,

pontualidade e a segurança e determina as diretrizes a serem levadas em conta na formulação de

nova legislação sobre o tema. Alertou se tratar de um serviço de caráter essencial e que algumas

ligações são deficitárias, o que fará com que nem sempre haja concorrência por determinado

mercado, o que obriga ao novo modelo garantir que nenhum ponto hoje assistido pelo transporte

coletivo, venha a ficar sem assistência. O novo marco regulatório deverá manter o que existe de

bom no atual sistema e acrescentar os avanços da legislação federal. Enfatizou que existe

preocupação do Poder Executivo com a matéria e que, em razão de sua complexidade, deve

haver grande debate como esse que está sendo realizado. Passada a palavra para AGERGS, falou

o SR. EDUARDO MESQUITA (AGERGS) explicou que a Agência trabalha por metas,

instituídas pelo seu Conselho Superior, e uma destas metas é a elaboração de um termo de

referência para a contratação de empresa para consultoria para definição dos mercados de

transporte rodoviário de longo curso, metropolitano, aglomerações urbanas e também uma

minuta, construída em conjunto com o DAER e a sociedade, para realização das licitações dos

serviços de transporte. Que a AGERGS tem prevista, também, revisões tarifárias em diversos

locais do Estado, feita pela sua Diretoria de Tarifas. A AGERGS está montando um banco de

dados, a partir de dados fornecidos pelo DAER, balancetes das empresas, que permitirão realizar

uma avaliação de como se darão esses mercados, número de veículos, idade da frota, etc. A

agência tem prevista, também, a elaboração de um Termo de Referência para a definição da

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estrutura mínima de custos de uma estação rodoviária, com reavaliação da atual classificação das

estações rodoviárias. Apresentou dados já constantes no banco de dados da Instituição,

apresentando um panorama geral sobre o sistema de transporte coletivo intermunicipal.

Comentou tabelas do banco de dados específicas do Município de Pelotas. O representante do

Tribunal de Contas do Estado, por sua vez, SR. ROMOALDO LINDEMANN RIBEIRO (TCE-RS), ponderou que o Tribunal de Contas não participa diretamente da construção do

sistema, mas sim zela pelo cumprimento da legislação. Assim, o sistema de transporte

intermunicipal deve respeitar o princípio da livre concorrência e realizar licitações. Que no

Município de Pelotas o serviço é bem prestado, mas essa boa prestação não impede a realização

de licitação. Se colocou a disposição em nome do Tribunal de Contas. O SR. WILSON VALÉRIO (Presidente da FEGAM) disse que nos anos 90 houve um “sucateamento” do

DAER com o intuito da criação da AGERGS. Que existe um anacronismo, criado pelo Estado

liberal, entre o DAER e a AGERGS que deve ser discutido. Que também se deve discutir a

questão do Conselho de Tráfego do DAER, que deve ampliar a participação da sociedade civil,

modificando a composição atual do Conselho. Defendeu a criação de um Fundo para subsidiar o

sistema de transporte coletivo, em especial as gratuidades e o atendimento das linhas de menor

interesse de mercado. o SR. EDUARDO MESQUITA (AGERGS) fez esclarecimento acerca

das diferenças entre o poder concedente e a agência reguladora, destacando a função e a

importância destas agências. O SR. PRESIDENTE, DEPUTADO LUIS AUGUSTO LARA,

tendo em vista pergunta que chegou à Comissão Especial, questionou acerca das empresas que

terceirizam os ônibus extras que colocam em dias de grande demanda, como nos feriados, por

exemplo, onde esses ônibus não tem a mesma qualidade daqueles do transporte regular. O SR. ERNESTO EICHLER (DAER/RS), respondeu que é permitida por lei tal terceirização e por

isso é autorizado pelo DAER. Que em geral os ônibus extras são de boa qualidade e que há

fiscalização do DAER quanto a isto. Eventualmente, em casos de demanda muito alta, para não

deixar o passageiro sem viajar, se autoriza o que se tem a disposição para tanto, mesmo não

tendo a mesma qualidade. Que essa autorização é acompanhada pelo DAER. O SR. DARCI REBELO (FETERGS), sobre o assunto, esclareceu, pelas empresas, que estes ônibus extras

sempre são de boa qualidade, previamente cadastrados no DAER e sob responsabilidade da

empresa titular da concessão. Que qualquer responsabilização jurídica é do concessionário. O

SR. PRESIDENTE, DEPUTADO LUIS AUGUSTO LARA, leu correspondência de usuário

reclamando das condições de linha do Município de Charqueadas e sugeriu encaminhamento à

AGERGS e METROPLAN para que realizem a fiscalização da denúncia. O SR. EDUARDO MESQUITA (AGERGS) destacou que está entre as funções da AGERGS, em caso de não

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solução pelo poder concedente, a fiscalização de tais demandas. Solicitou que a correspondência

fosse enviada à AGERGS para providências. O SR. ERNESTO EICHLER (DAER/RS) disse que qualquer denúncia que chega ao DAER é verificada pela fiscalização. Que em caso de

irregularidade, a empresa é notificada e, havendo continuidade nas irregularidades, a empresa

pode até ter sua concessão cassada, como já ocorreu. Entretanto, a qualidade das empresas

fiscalizadas pelo DAER é boa. Que no caso especificamente relatado, já está havendo fiscalização

do DAER e METROPLAN sobre a empresa, que já tem melhorado seu serviço, diminuindo o

número de notificações que recebe. O SR LAURO DELGADO (OAB/RS), diz que o modelo

atual é de 1956 e não atende mais as necessidades dos usuários. Que o sistema já está a 8 anos sob

judice estando o DAER proibido de contratar e prorrogar contratos sem a obediência à legislação.

Que o atual sistema confronta a Constituição e tem altas tarifas. Um novo modelo deve ser

construído baseado na competição entre as empresas. Que o DAER e as empresas defendem

esse sistema defasado, monopolista e de reserva de mercado. Destacou a ausência do DAER,

AGERGS e empresas das discussões anteriores sobre o assunto realizada pelo Fórum

Democrático da Assembleia Legislativa. Sugeriu que a Comissão vá a países onde vige o modelo

de competição para conhecer como funciona. Defendeu a redução da idade dos veículos do

transporte coletivo para 10 anos e prazo de outorga não superior a 10 anos. Denunciou a má

qualidade de alguns ônibus em circulação e a falta de fiscalização do DAER. O projeto

apresentado pelo DAER não enfoca o interesse público e sim o interesse das empresas. O SR. RELATOR, DEPUTADO FABIANO PEREIRA, sugeriu que se acatasse a sugestão de visita

à Buenos Aires para conhecer o sistema que lá vige. Disse que realizou no ano anterior um fórum

sobre infra-estrutura e logística estratégica para o Estado do Rio Grande do Sul e que o assunto

deve ser analisado de forma abrangente, buscando soluções para todos os gargalos estruturais que

o Estado possui, como, por exemplo, a necessidade de duplicação do Aeroporto Salgado Filho.

Acredita que existe uma boa qualidade no transporte coletivo intermunicipal de passageiros no

Estado. Que em alguns outros Estados a situação é muito mais grave do que no Rio Grande do

Sul. Que um problema grave é a questão das tarifas, sendo um problema nacional que está sendo

debatido. Quanto aos contratos, a Constituição determinou a revisão de todas as concessões,

entretanto, isso deve ser feito com cuidado, caso a caso. Citou o exemplo da CEEE. Não acredita

que o sistema de permissões de 10 anos seja o adequado para o Estado, uma vez que as empresas

não vão investir altas somas na compra de veículos para apenas 10 anos. Essa insegurança

jurídica vai trazer para o sistema apenas grandes empresas ou então aventureiros, quebrando as

pequenas empresas que atuam no setor. A questão social, neste tema, deve ser levada em conta.

As novas licitações devem ser bem pensadas, com muita responsabilidade e seriedade, pois as

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empresas têm funcionários que delas dependem, familiares, investimento, planejamento. Deve se

partir do modelo como está e evoluir a partir daí e que está a disposição para esta discussão. A

SRA. SHEILA DA FONSECA (AGERGS) destacou a função da AGERGS no auxílio da

sociedade por ser um órgão autônomo. Falou sobre o serviço de ouvidoria da Agência que tem

abrangência sobre todos os serviços públicos concedidos. Informou o telefone da ouvidoria da

AGERGS. Destacou que o contato com a sociedade ajuda na modernização e na melhoria da

Agência. O SR. JEFERSON LARA (RTI) afirmou a maior segurança do transporte coletivo

em comparação com o transporte individual, tendo em vista os números de acidentes no trânsito.

Quanto a tarifa, em comparação com outros Estados, o Rio Grande do Sul apresenta as melhores

tarifas. Discordou do Sr. Lauro, com relação a má qualidade do sistema no Estado. Disse que os

números da pesquisa da AGERGS, bem como os dados apresentados na Comissão demonstram

que o sistema tem problemas mas é um sistema de qualidade. Destacou que o sistema não possui

nenhum tipo de subsídio do poder público. Foi passada a palavra ao SR. DARCI REBELO (FETERGS) que fez, na condição de Conselheiro da OAB, um relato sobre a atuação do Sr.

Lauro na Comissão de Serviços Públicos da OAB. Fez um histórico sobre o surgimento do

sistema de transporte coletivo intermunicipal de passageiros. Disse que a qualidade do sistema é

indiscutível e a pesquisa da AGERGS demonstra isto. Destacou que o Trensurb é barato, mas

recebe R$ 95 milhões por ano do Governo Federal de subsídio, que só funciona até as 23 horas.

Com subsídio se consegue passagem barata. Que a licitação não é uma “panacéia” que resolve

todos os problemas e deve ser feito através de um estudo profundo, levando em conta as linhas

de menor demanda e o agrupamento entre linhas economicamente viáveis com aquelas de menor

rendimento. Afirma que as empresas praticam a mesma tarifa independente dos horários e dias

de maior ou menor demanda. Que não se pode comparar o sistema uruguaio com o brasileiro,

que é um país continental. O SR. ERNESTO EICHLER (DAER/RS), destacou o trabalho

dos 120 funcionários da fiscalização do DAER que atendem todos os cantos do Estado e o

trabalho que é realizado pelo Departamento. O SR LAURO DELGADO (OAB/RS) relatou

que a OAB quer a legalidade e que apresentou fatos que demonstram a falta de fiscalização, por

fim, disse que o Projeto feito pelo Fórum Democrático representa um avanço. Nada mais

havendo a tratar, o Presidente agradeceu a presença de todos e deu por encerrada a reunião. O

inteiro teor foi gravado, passando o arquivo de áudio a integrar o acervo documental desta

reunião. E, para constar, lavrei a presente ata, que vai assinada pelo Presidente e por mim,

Secretário da Comissão, e, após aprovação, será publicada no Diário da Assembleia Legislativa.

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2.5 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM CAXIAS DO SUL (ATA N.º 09/2010 - 23/04/2010)

PRESENTES: Deputado Luis Augusto Lara; Deputado Fabiano Pereira; Tribunal de Contas do

Estado – TCE/RS: Sr. Carlos Roberto Matos; DAER/RS: Ernesto Eichler; AGERGS: Sr.

Eduardo Mesquita da Rosa; Federação Gaúcha de Associações de Moradores – FEGAM: Sr.

Nilson Valério Lopes; Associação Rio-Grandense de Transporte Intermunicipal – RTI: Sr.

Jefferson Lara; COREDE Serra: José Antônio Adamoli; Ordem dos Advogados do Brasil –

OAB/RS: Sr. Lauro Delgado; Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado

do Rio Grande do Sul – FETERGS: Sr. Darcy Rebelo; Empresa UNESUL: Sr. Belmino Zaffari;

Empresa Expresso Caxiense: Srs. Rodrigo Bongiovani e Aldo Raiz; Empresa Ozelami

Transportes e Turismo LTDA: Sr. Luiz Henrique Barcarolo.

TRABALHOS / DISCUSSÕES: Aos vinte e três dias do mês de abril de dois mil e dez, às

18h, no Auditório do Prédio H da Universidade de Caxias do Sul - UCS, realizou-se a Audiência Pública da Comissão Especial, no Município de Caxias do Sul, para avaliar o Sistema Estadual

de Transporte Coletivo Intermunicipal de passageiros, sob a presidência do Deputado Luis

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Augusto Lara. A audiência pública foi aberta pelo Sr. Presidente, agradecendo a presença de

todos e chamando para compor a mesa dos trabalhos os representantes do DAER; do Tribunal

de Contas do Estado; da AGERGS; da OAB; da Associação Rio-Grandense de Transporte

Intermunicipal – RTI; da Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio

Grande do Sul – FETERGS; da Empresa Unesul; da Federação Gaúcha de Associações de

Moradores – FEGAM; da Empresa Expresso Caxiense; da Empresa Ozelame Transporte e

Turismo Ltda.; do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários do Rio Grande do

Sul e dos COREDES. Afirmou que por sugestão de participantes de outras reuniões, devemos

ter ainda uma audiência com o setor de transporte coletivo intermunicipal de passageiros do país

vizinho, a Argentina. Estamos ainda avaliando a questão do Uruguai, que tem uma realidade

muito diferente da nossa, em função daquele tamanho do país. Deixou registrado o

encaminhamento de visitas a outros três Estados brasileiros para tratar dos subsídios. Disse que é

importante sempre lembrar que no ano eleitoral o tema concessão será mais do que nunca

debatido, não só para a área de transporte coletivo intermunicipal e metropolitano, mas também

de empresas de transporte, de rodoviárias, de estradas pedagiadas e de empresas de energia

elétrica. Esse assunto fará parte da pauta das responsabilidades do próximo governo. Que estão

findando as concessões de estradas pedagiadas, de empresas fornecedoras de energia elétrica e de

empresas transportadoras, inclusive já findou boa parte das concessões das rodoviárias no Rio

Grande do Sul. O trabalho, o acompanhamento dos participantes está servindo de embasamento,

como certamente servirá para aqueles que neste ano devem discutir essa questão como proposta

ao governo do Estado. É muito importante o posicionamento de cada candidato ao governo do

Estado, ou do próximo governador com relação a esses serviços concedidos pelo Estado.

Iniciando as manifestações, O SR. JOSÉ ANTÔNIO ADAMOLI (COREDES) – Disse que

quando olhamos a questão dos serviços concedidos, lamentavelmente, num olhar de sociedade,

nos fica a preocupação de que infelizmente o Estado não tem tido a isenção e a postura de

assegurar o interesse público e, muitas vezes, curva-se a outros interesses que não esses. Isso se

reproduz nas instituições que estão aqui representadas: é o Tribunal de Contas, é o DAER, é a

AGERGS, é o Parlamento gaúcho que, muitas vezes, preferem outros caminhos que não o da

transparência e do debate necessários. Em relação ao tema transporte coletivo, estamos, há algum

tempo, acompanhando e, para ser bem preciso, eu, filho de Pelotas, líder estudantil desde a

década de 70, faço uma reflexão em relação ao transporte de Pelotas/Porto Alegre. Os

empresários que estão aqui sabem que tivemos, durante muito tempo, a empresa Princesa do Sul

e a empresa Embaixador concorrendo naquele trajeto entre Pelotas e Porto Alegre. Inclusive,

naquela fase, por vezes, eu pedia – e recebia – lá para o pessoal da Princesa passagens de cortesia

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para fazer a militância e os movimentos, e assim também da Família Fonseca Júnior, tínhamos

uma qualidade diferenciada e um preço competitivo. Então, estou voltando 40 anos, na década de

70, quando essas duas empresas disputavam, de forma intensa, o mercado. Os anos passaram, a

realidade é outra, o número de carros cresceu, as oportunidades se modificaram, mas, quando

deveríamos, com esse passar de tempo, ter criado mais oportunidades em relação ao transporte

coletivo pela questão ambiental, pela questão do consumo de combustível, pelo

congestionamento da rodovia, estamos sentindo que efetivamente o número de usuários vem

caindo – a estatística mostra isso – e vem caindo por n fatores. Um dos fatores que nos preocupa

é que, naquela fase de 40 anos atrás, eu, como estudante, preferia, às vezes, fazer uma vaquinha e

dividir entre quatro a gasolina, para sair mais ou menos o equivalente à passagem. Passaram-se 40

anos. Hoje fazemos uma análise crítica e concluímos que estamos a praticamente um quarto

daquele valor. Então é preciso, deputado Luis Augusto Lara, membros da mesa, representantes

de instituições de Estado, que se faça uma análise e veja efetivamente em que áreas precisamos

melhorar. Não somos contra os empresários, pelo contrário. Entendemos que o

desenvolvimento precisa de bons empreendedores. Não somos contra os órgãos reguladores,

pelo contrário. Queremos que cada vez mais estejam tecnicamente instrumentalizados e com

autonomia para preservar esse interesse público. Já fizemos esse debate ao longo de algumas

audiências na Agergs. Estivemos com o Dr. Vicente Pereira, diretor do DAER, em debates.

Lamentamos que o DAER não tenha aberto essa discussão e tenha gerado um projeto, hoje, que

passa a ser referência, sem uma ampla discussão com a sociedade. A AGERGS, através de bons

técnicos que temos na Casa, gerou um bom documento que serviu de referência para o nosso,

mas infelizmente, na hora da construção dentro da Assembleia Legislativa, do Fórum

Democrático de Desenvolvimento Regional, tínhamos a expectativa de uma bela contribuição

técnica. Na época, obtivemos da presidente em exercício, a ex-prefeita Gertrudes Pelissaro dos

Santos, do Município de Paraí, uma posição oficial de que a AGERGS se retiraria deste debate.

Na medida em que empresários, usuários e órgãos reguladores vêm ao encontro dessa nossa

expectativa de que o bom senso prevaleça e esse bom senso permita que as partes, usuários e

empreendedores, tenham um serviço de qualidade, os empreendedores, uma remuneração justa

pelo seu trabalho e que o Estado cumpra o seu papel, estaremos, nas diferentes audiências, ao

lado do Parlamento buscando essa alternativa. Temos uma minuta produzida e, se não houver o

avanço necessário, ousaremos, através de um projeto de iniciativa popular, propor ao Parlamento

gaúcho esse projeto. Já estamos discutindo a questão do pedágio e estamos em curso na coleta de

80 mil assinaturas para apresentarmos o primeiro projeto de iniciativa popular na Assembleia

Legislativa neste ano. Com estas palavras, quis trazer a confiança de que deveremos olhar para a

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frente, reconhecendo as falhas do passado e construindo este Estado, para que não seja um

Estado instrumento de alguns, mas um Estado a serviço da coletividade, dando a ele a função

originária para a qual a sociedade o criou. É um ente regulador que assegura o interesse público, e

não o interesse de poucos – essa é a preocupação. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara –

PTB) – Sr. José Antônio Adamoli, em nome do relator, solicito que nos alcance a minuta de que

dispõe. Objetivando a transparência, o melhor serviço prestado e o serviço mais justo, estamos

todos aqui tratando sobre esse tema em audiências públicas e o agregando a tudo que já foi

tratado, no caso, no Fórum Democrático, que, certamente, nos fornecerá também excelentes

subsídios. O SR. JOSÉ ALVAREZ ROCHA (FEGAM), disse que o trabalhador, o usuário é

aquele que acorda de manhã cedo e dorme à noite, que produz na indústria, no comércio e tem o

seu aprendizado nas escolas. O que nos preocupa é que esse mesmo cidadão que constrói a

cidade, não apenas de Caxias do Sul, mas também de toda a região, fica muitas vezes no ônibus

por uma, duas horas até chegar em casa. Tratamos aqui de vários assuntos e, como o senhor

falou, já estamos contemplados pelas outras audiências, mas isso faz parte também do transporte

coletivo e por não termos uma política realmente pública voltada ao usuário no sentido de ele ter

prioridade nos ônibus, a fim de chegar mais rápido em casa e não precisar levantar tão cedo para

ir para o trabalho. Não encontramos, nem por parte do Município nem por parte do Estado, um

aporte a esse usuário que tem de ficar mais tempo dentro do ônibus. Não encontramos paradas

decentes nas quais ele possa permanecer, além de não existirem canaletas que permitam ao

transporte coletivo andar mais rapidamente; sabemos que a velocidade desses veículos, hoje, é

muito pequena. O que nos preocupa é saber por que o Brasil é diferente em relação aos outros

países. Aqui, a atenção maior é dada ao carro pequeno, que é utilizado por um único passageiro.

Um outro detalhe muito importante que tem de ser levantado é o de que pessoas estão-se

machucando dentro dos ônibus. Estão ocorrendo até mesmo quebras de bacia em função dos

quebra-molas, os quais são mantidos mais por uma questão política do que pela análise efetiva de

quantas pessoas são transportadas pelos ônibus, cuja altura, hoje, faz com que os passageiros

corram o risco de morrer, caso caiam. Que fórmula a Câmara e a Assembléia vão encontrar para

resolver esse tipo de problema, para que ele deixe de ser político e passa a ser tratado como uma

questão técnica. O SR. WILSON VALÉRIO DA ROSA LOPES (FEGAM) disse que, com

todo o respeito aos trabalhadores da AGERGS, a AGERGS é anacrônica quanto ao resultado da

política para o usuário. O DAER e a Agergs já fazem cálculo de tarifa, mas isso não é bom para o

usuário. Estou de fora, não sei que cálculo é feito e por que existem as diferenças, mas quero

registrar minha opinião. O DAER deve fazer concurso público para incrementar seu quadro de

técnicos. Precisamos fortalecer o Estado, precisamos abrir vagas para engenheiros, fiscais,

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operadores e motoristas, entre outros, para o DAER. É disto que precisamos: fiscalização do

sistema de transporte. É por essa razão, deputado Luiz Augusto Lara, que estamos aqui. Estamos

aqui para dizer ainda que o Conselho de Transporte do DAER também é anacrônico, está fora da

realidade e precisa ser reformulado, arejado, ter outras entidades que contribuam com o seu

trabalho. Por que estamos aqui, deputado Luiz Augusto Lara? Justamente porque não há um

conselho que represente efetivamente a sociedade gaúcha. Precisamos ter lá a CUT, a CGT, a

Força Sindical, a OAB, o CREA. Toda a sociedade precisa estar representada nesse conselho.

Nós da Fegam também reivindicamos nossa participação nesse processo. Não se pode deixar que

alguns iluminados – e no Rio Grande há fartura desses – construam a si próprios e falem o

tempo inteiro em nome do povo. Precisamos ter mais gente falando em nome do povo. Se isso

não acontecer, a política de transporte não conseguirá avançar no Rio Grande. Vamos, sim,

avançar com qualidade para termos uma política de Estado. Digo isso, deputado Lara, porque

defendo um terceiro ponto – aliás, já foi referido em outras audiências, mas quero vê-lo

registrado no seu livrinho depois –, qual seja: a necessidade de se criar um fundo para subsidiar o

transporte das pessoas que não pagam passagem. Hoje quem arca com a passagem do passageiro

isento são os passageiros pagantes, e isso encarece a tarifa. Estamos aqui para reafirmar a

importância de se criarmos um fundo que faça esse tipo de cobertura. Digo, com todo o respeito

– e quero que os companheiros da AGERGS não me entendam mal –, que a AGERGS foi um

anacronismo. A criação de uma agência de Estado é coisa do neoliberalismo. Todos sabem disso.

Ela está anacrônica com o nosso modelo atual. Sei que os representantes da AGERGS vão

discordar disso. Assim como queremos uma maior participação das pessoas no Conselho de

Transporte do DAER, também queremos discutir a participação da sociedade civil no TCE, na

AGERGS. Não queremos a AGERGS do 0800, número para o qual a pessoa liga e faz uma

catarse, pois recebe a informação de que daqui a três dias receberá a resposta. Isso não é

suficiente. Isso desorganiza a luta popular. Essa é a nossa preocupação, seja na área de energia

elétrica, seja no transporte. Cada vez que alguém liga para a AGERGS reclamando do transporte,

do ônibus que não chegou ou de qualquer outra questão, está ajudando a individualizar as

pessoas, e não a coletivizar. Queremos que todas as discussões sejam amplamente difundidas e

debatidas com a sociedade civil gaúcha. O SR. TACIMER KULMANN DA SILVA,

Presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Caxias do Sul, afirma

sua preocupação é com as concessões que são feitas ao longo do tempo e com a proposta de

licitação para o transporte público intermunicipal. A maior preocupação hoje é com a defesa dos

trabalhadores. Em várias empresas que fazem transporte de passageiros temos visto o motorista

cobrar a passagem enquanto está dirigindo. Isso não pode acontecer. É contra a lei. Todos já

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estão cansados de saber que existe uma lei no Detran estabelecendo que o motorista não pode

dirigir e cobrar a passagem. Diz que há falta de uma campanha para que o usuário utilize mais o

ônibus. Nós mesmos, aqui na cidade, temos problemas para andar na cidade. Vocês viram que o

pessoal chegou atrasado por causa do trânsito. Acho que deve haver uma campanha por parte

das empresas e do próprio DAER, enfim, das pessoas envolvidas nessa área, no sentido de que o

pessoal passe a andar mais de ônibus. E nós, que estamos especificamente na defesa dos

trabalhadores das empresas que hoje trabalham conosco, dizemos que, por enquanto, está tudo

certo. O SR. LAURO BEHEREGARAY DELGADO (OAB/RS), diz que iniciou como

presidente da OAB de Uruguaiana e nessa função estive por cinco vezes Nessa condição, há mais

de 12 anos, iniciamos uma luta pela modernização do transporte público estadual e pela sua

adequação aos termos legais, aos termos da Constituição. Afirma que valeram os 3 mil

quilômetros percorridos, porque viajei na semana passada e, hoje, viajei novamente. Realmente,

valeu ter vindo. Eu nem precisaria falar, pois o que ouvi do senhor neste encontro é muito

importante. Adamoli, este é o momento mais importante e mais feliz que tenho em mais de 12

anos. O deputado Luis Augusto Lara disse simplesmente que esse será um tema de campanha.

Isso é realmente necessário, porque é um serviço público dos mais importantes, deputado Luis

Augusto Lara. É um serviço do qual todos se utilizam, especialmente os que não possuem

automóvel, e que, no entanto, diminuiu 20% nos últimos 10 anos enquanto a população

aumentou. É dramático! Sabemos que a tarifa do transporte coletivo – embora o DAER, aqui em

Caxias do Sul, no começo dezembro, tenha afirmado que é justa – é um absurdo, é mais cara do

que a do automóvel e do avião. Convenhamos! Para chegar aqui e voltar a Uruguaiana, gasto 450

reais. Todo mundo sabe o preço das passagens de avião hoje. Então, deputado Luis Augusto

Lara, vou confessar que tinha esperança no senhor pela sua juventude, porque na turma mais

velha já não acredito. Estou velho e, por isso, conheço bem a situação. Estou confiante na sua

juventude. Sugerimos – e o senhor acatou – a realização de uma visita técnica a esses dois países

vizinhos. Em dois dias, de ônibus, vamos a Buenos Aires e Montevidéu e voltamos. Há um

trabalho que se propõe a fotografar, a pensar o futuro do transporte. São dois modelos. Há o

atual, de monopólio, que o DAER e as empresas querem perpetuar – estão aqui os projetos, e,

por outro lado, há o que a OAB e a sociedade defendem. Esse projeto que o José Antônio

Adamoli falou, que é o projeto do fórum. Trabalhamos um ano nesse projeto, que já está nas

suas mãos. Temos insistido em dizer – e o senhor vai constatar isso – que o nosso projeto é tão

moderno quanto o argentino, e o argentino é tão moderno quanto o da Europa. A sua decisão de

acatar nossa sugestão mostra que realmente o senhor está querendo resgatar uma dívida que a

classe política, a Assembléia Legislativa e os Executivos devem aos usuários. Devem, sim. É tão

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grave esse problema, deputado. Estou feliz hoje e não vou entrar no terreno que provoque muito

desconforto. Só vou chamar a atenção para o seguinte: não adianta termos o melhor projeto do

mundo se não reformularmos a sua gestão. Mesmo um monopólio, deputado Luis Augusto Lara

– tenho mais de 10 anos de estudo desse assunto –, se tivesse uma gestão séria, comprometida

com o interesse público, ainda poderia ser um bom sistema. Como gestor, o DAER tinha que se

dar conta de que não é possível uma pessoa gastar 440 reais de Itaqui a Porto Alegre. Não é

possível que, em ônibus comum, com 50 lugares, a pessoa pague uma importância maior do que

o que gasta de automóvel. Fiz o cálculo agora há pouco com o Adamoli. Então, temos que

pensar na gestão. O meu companheiro Valério tem razão quando diz – e isso passa pela gestão –

que tem que ser reformulado o conselho do DAER. E tem mais. Vou fazer uma revelação aqui

muito grave. O conselho do DAER não tem desempenhado um bom papel. Inclusive, há muitas

entidades com assento no departamento, cujo representante tem vínculos profundos com o setor

de transportes. Ora, isso não é possível! É como se o representante da OAB no DAER tivesse

vinculação com empresa de transporte. Deveria e deve ser um espaço. Então, Valério, acho que

tu abordaste bem. Sr. Presidente, estou encerrando. Eu não precisaria falar hoje, mas estou em

estado de felicidade. Estou velho, mas acredito, Valério, na juventude. É deles que devemos

esperar algo. Deputado Lara, eu o felicito por ter acatado. Em dezembro, eu fiz 4.800

quilômetros – agora, no sábado, fecharei 6.500 quilômetros –, para falar, até repetitivamente: de

um lado, há o monopólio – digamos, o DAER defendendo o monopólio –, e as empresas,

inclusive, querendo se perpetuar pelos projetos que têm. Por outro lado, há a sociedade, de quem

a OAB tem a honra de ser a porta-voz aqui, porque o nosso compromisso, o nosso objetivo é o

interesse público. Nós precisamos nos modernizar, e a modernização passa pela competição,

como acontece na Argentina, na Europa, na aviação, porque aí tudo irá se equilibrar, a pessoa

terá liberdade. O SR. JEFFERSON LARA (RTI): Considero que temos de pensar o que

queremos para o transporte. Discordo do professor Adamoli e do Dr. Lauro quando

estabelecemos um comparativo. É evidente que se eu comparar o meu carro, que tem

determinado valor, com um ônibus, que custa bem mais – incluindo o IPVA, o salário da

tripulação, os mecanismos de segurança, enfim –, encontrarei uma diferença substancial. Não há

dúvida alguma. Não há almoço e nem champanha grátis. Agora: eu quero subsídio. Amanhã,

deputado, estará saindo de Alegrete – vou puxar a brasa para o meu assado – um ônibus para

Santiago que estará transportando o professor, o aluno da Escola Agrotécnica, o enfermeiro que

abrirá o posto de saúde. Outro ônibus está passando por Santo Cristo, por Palmeira, por Vacaria,

lá no Chuí, em Uruguaiana, em Pelotas, enfim, em todas as localidades do Estado. Trata-se do

único sistema concedido, professor Adamoli, que se encontra em todas as localidades. O

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deputado Luiz Augusto Lara, que viaja bastante, sabe, por exemplo, que em algumas localidades

não há uma escola de segundo grau, um hospital ou até mesmo um posto de saúde, mas há um

ônibus passando e interligando todas as regiões do nosso Estado. Estamos em Caxias do Sul, e

nos honra muito, o povo deste Município está de parabéns porque aqui está a maior

encarroçadora de ônibus do Brasil e uma das maiores do mundo. No Uruguai, vemos ônibus da

China. E eu me pergunto: será que no meu sistema de transporte – e digo meu como aquela coisa

do Alegrete, do Estado, do gaúcho – quero me igualar ao argentino, ao uruguaio, ou quero ter o

meu sistema? Será que vou querer importar ônibus da China? E o que faço com os trabalhadores

da empresa encarroçadora daqui, que está exportando os ônibus que vão servir a Copa do Mundo

daqui a 40 dias? Que qualidade nós queremos? Que transporte nós queremos? Chile, Argentina,

Uruguai... Será que vou querer os ônibus da China, que tanta dificuldade nos traz na Região do

Vale do Sinos, na região calçadista? Que transporte intermunicipal queremos? E o transporte

metropolitano, que transporta 150 milhões de passageiros por ano? Ou será que só estamos

pensando no transporte entre Porto Alegre e Uruguaiana, Porto Alegre e Itaqui, Porto Alegre e

Pelotas, Porto Alegre e Caxias? E o transporte de massa, que também está incluído? Então, o que

nós queremos? As empresas de transporte coletivo são concessionárias, e aí, professor Adamoli,

discordo do senhor quando diz que é preocupante. Acredito que o ônibus intermunicipal, como

já disse antes, está em todas as partes em que está o Estado. Se uma praça de pedágio amanhã

parar de cobrar, a rodovia continua, mas o ônibus, se parar de andar entre Alegrete e Manoel

Viana, não vai levar o estudante, o professor, o enfermeiro, o trabalhador. Então, que sistema de

transporte queremos? O concessionário vai se adequar à concessão, mas a concessão é do

governo, é do Estado. Essa é a grande pergunta que queremos responder, e temos como

respondê-la ao longo dessas últimas audiências públicas. Amanhã, teremos uma em Santa Maria.

Temos conversado, e é aprazível, quando se começa a conversar antes, perceber que, dali a

pouco, queremos a mesma coisa. Agora, temos a responsabilidade de transportar com segurança,

com qualidade. Que transporte queremos? Um transporte que atenda às linhas troncais? E o das

7 horas da manhã, que leva o trabalhador, quem vai fazer? Essa é a grande discussão que temos

de enfrentar. É preciso modernizar, mas o Estado do Rio Grande do Sul já tem um muito bom

sistema de transporte, em qualidade e preço. Já comprovamos, já demonstramos isso em relação

a preços em outros Estados. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB): Nas audiências

públicas, a cada reunião, conseguimos um pouco mais de equilíbrio, de tempero nas nossas

colocações, nas nossas angústias, nas nossas ponderações. Realmente, o que estamos tratando

aqui é que sistema de transporte nós queremos. Se formos verificar o que acontece até o dia de

hoje ou o que aconteceu até um minuto atrás, veremos que isso é fruto de um sistema de

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transporte que, certamente, teve seus acertos e seus erros, um modelo de concessão que fez bem

em alguns pontos e não fez tão bem em outros pontos. O olhar é daqui para a frente, e tenho a

convicção de que, se o Estado fizer a sua parte, sendo claro e justo, com equilíbrio entre usuários,

empresários e trabalhadores, iremos conseguir, sim, achar um sistema, um modelo de concessão.

E não tenho dúvida de que os concessionários irão se adaptar a um modelo de concessão que for

justo e proporcionar ganho e qualidade do serviço prestado. O SR. DARCI REBELO – Sr.

Presidente, não quero ser repetitivo, mas é importante salientar que o sistema de transporte

começou na década de 30, com recursos privados, que nunca houve o aporte de recursos

públicos e que sempre houve serviço contínuo. Esse histórico mostra um pouco da origem. É

importante, sim, conhecermos a origem do sistema, porque, sem conhecer o passado, não se

consegue fazer um presente adequado e planejar o futuro. É relevante, sim, sempre relembrar

esses fatos históricos, com ônibus trafegando onde não havia rodovia, onde não havia ponte e

assim por diante. O sistema atual transporta 220 milhões de passageiros por ano. Quase 5 mil

linhas atendem em todo o Estado, com 6 mil ônibus, sendo 300 empresas gaúchas de pequeno e

médio porte. Em todo o Estado há um baixíssimo índice de acidentes. Por isso questiono

olharmos o modelo uruguaio. O Uruguai tem 4 milhões de habitantes. Como vamos reproduzir

esse modelo, se temos 220 milhões de habitantes? Não sei se vale a pena, mas, em todo o caso,

eu gosto muito do Uruguai, tenho familiares lá. Vou ir com muito prazer. Aqui está sendo

mostrado um pouquinho do que já temos. Empresas sérias, uma infraestrutura construída ao

longo dos anos, com investimentos em recursos humanos. Na antessala, o pessoal do sindicato

cobrava – como é o seu dever – melhores salários. E o representante da Agergs dizia que o

reajuste foi do INPC. Nós podemos copiar o modelo chinês, onde um funcionário ganha 80

dólares por mês e dorme num alojamento precário. Vamos ter tarifas baixas também. É todo um

mix de coisas. Temos de considerar o que queremos. Hoje, o que temos é isso: funcionários

altamente treinados e índices de satisfação excelentes. Os nossos ônibus têm um bom

espaçamento entre os bancos, diferentemente do avião, que é apertado. São ônibus novos. Aqui é

mostrado um Marcopolo Geração 7 e a sala de embarque de uma das empresas na Estação

Rodoviária de Porto Alegre. É um ônibus fabricado aqui em Caxias, pela Marcopolo, que está

sendo exportado para o mundo inteiro. Será que vamos querer trazer ônibus da China, ao invés

de usar o Geração 7? É uma decisão que teremos de tomar. No transporte metropolitano, é bom

e interessante ver como é a nossa bilhetagem. Temos a melhor bilhetagem do mundo, e eu

conheço bilhetagem. Muito tempo antes do sistema ser implantado aqui, comecei a trabalhar –

sou engenheiro eletrônico – nos primeiros projetos de bilhetagem que se fez. Visitei o mundo

inteiro para conhecer os sistemas de bilhetagem, e não existe sistema como o nosso, nem na

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Europa, nem em lugar nenhum. O nosso é único por uma simples razão, que é até cultural:

porque lá não há necessidade de haver um controle escrito. O metrô tem uma fichinha. A pessoa

passa uma fichinha, não tem ninguém controlando. Se pular a roleta, passou. Aqui tem um

sistema de controle que é único, por peculiaridades nossas. Os ônibus são preparados para

deficientes físicos. Então, temos uma série de coisas importantes. Vou pular a pesquisa de

qualidade, mas é importante dizer que, pela pesquisa, o serviço é muito bem avaliado não por

nós, não pela Agergs, mas pelos usuários voluntários. Todos os itens são bens avaliados, exceto

tarifa, que já vimos que é o ponto negativo. Temos que ver o que compõe, afinal, a tarifa. Tarifa é

um rateio de custos. Temos salários, encargos, diesel, pneus, lubrificantes, despesas

administrativas, tributos, divididos pelo número de passageiros pagantes. É uma conta muito

simples. Queremos baixar a tarifa? É só mexer nessa equação. Para isso não é preciso licitar. O

governo pode, por determinação, baixar a tarifa agora mesmo. Baixando os encargos, baixa a

tarifa. Não é preciso licitar. Está-se colocando tanto modelo para o transporte aéreo. Pergunto:

qual a licitação que foi feita para o transporte aéreo? O transporte aéreo é modelo, as tarifas são

baixas, é maravilhoso. Qual a licitação que foi feita no transporte aéreo? Nunca houve. Então,

licitação não é panacéia, não é solução de coisa alguma. Licitar um sistema mal planejado é um

caos, e foi o que aconteceu com as estações rodoviárias. Fez-se licitação para as estações

rodoviárias e criou-se um caos no sistema rodoviário. Também tenho ouvido falar muito em

monopólio. O monopólio do Estado é o transporte. Está na Constituição. Fui até estudar para

ver o que é monopólio, pois devo ter esquecido as aulas da faculdade. Monopólio é quando um

fornecedor detém os meios de produção para praticar os preços que desejar. As empresas de

transporte – um serviço totalmente concedido – controlam os meios de produção? A empresa

cria horários sem autorização do poder concedente? Cria um novo serviço ou altera itinerários?

Não. O serviço é totalmente regulado. A empresa fixa os preços? Não. A tarifa é fixada pela

engenharia do DAER, segue para o conselho de tráfego ou conselho metropolitano, para a

engenharia da AGERGS, é submetida a audiências públicas, segue para o conselho superior e

para o Executivo. A empresa não controla a tarifa. Quer baixar a tarifa? Baixa tributos, subsidia

lubrificantes e pneus. Isto é o que ocorre no Uruguai e na Argentina: há subsídios de diesel, de

pneus e etc. Então, não é preciso licitar para baixar tarifa. Ela pode ser baixada amanhã. É muito

simples baixar tarifa. Portanto, monopólio não é. As empresas não controlam nada. É um serviço

totalmente regulado. Por que essa redução de passageiros? Porque os incentivos sempre foram

para a motorização privada. Quem não lembra do Proálcool, em 1975? O álcool visava a

substituir qual combustível? A gasolina. Nunca precisamos de gasolina, sempre exportamos

gasolina. Precisávamos de diesel, no entanto, fizemos um programa para substituir a gasolina,

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para incentivar a motorização privada. Agora na crise, o que fizemos? Redução de IPI para

motorização privada. É claro que tem de haver um prejuízo no sistema público de transporte,

porque o incentivo foi sempre para a motorização privada. É disto que precisamos: Trensurb.

Para construir nove quilômetros de Trensurb, o governo federal vai investir 700 milhões de reais.

Isso é o que será investido para ampliar a linha do Trensurb em 9 quilômetros! Não estou

criticando o Trensurb. Acho muito bom que tenha metrô em todas as grandes cidades do Estado.

Agora, se colocarmos esses 700 milhões de reais como subsídio no sistema de transporte,

seguramente a tarifa baixa, e baixa amanhã. Não precisam fazer panaceia, licitação, falar em

monopólio, etc.; baixa amanhã! Este projeto está tramitando na Câmara desde 2003: Institui o

regime especial de incentivos para o transporte coletivo urbano e metropolitano de passageiros. Prevê a redução

de tributos – está escrito. Por que não anda essa matéria? A tarifa baixa também! É uma equação

matemática! Não precisa haver licitação, oligopólio, monopólio; baixa amanhã a tarifa! Vejam a

diferença de tratamento dos nossos irmãos do transporte aéreo – nada contra o transporte aéreo,

estou citando porque estamos sempre comparando coisas incomparáveis. Decisão do STJ –

Superior Tribunal de Justiça – em uma ação que o Ministério Público entrou contra a VASP, que

queria implantar gratuidades: Em homenagem ao equilíbrio do contrato de concessão, revoga-se antecipação de

tutela que obriga as empresas aéreas a transportarem gratuitamente pessoas portadoras de deficiência. Para que tal

aconteça, é necessário que exista regulamentação específica, com a previsão da contrapartida financeira, de

responsabilidade do Estado. Decisão do STJ, saliento, acerca do transporte aéreo. Por que o ônibus

tem 20% de gratuidades? Quem paga essas gratuidades? Estão embutidas na tarifa! Não somos

contra gratuidades, quem precisa do transporte gratuito deve tê-lo, mas deve ser pago pelo

Estado, como foi determinado pelo STJ quanto ao transporte aéreo. Com relação ao transporte

aéreo, também há isenção de ICMS sobre o combustível, o que para nós não existe. Quanto ao

MDT, saliento que esse não é um movimento nosso. É o Movimento Nacional pelo Direito ao

Transporte Público de Qualidade para Todos. Trata-se da campanha Vejam como seu transporte vai

ficar mais barato. Prestem atenção: se baixarem os tributos, a tarifa pode reduzir em 12%. Quanto

se paga de tributos? Está aqui: é possível reduzir em 18% o valor da tarifa! E isso pode se

concretizar amanhã. Não precisam falar em um projeto maravilhoso de transporte, uma licitação

maravilhosa. Mais: se houver fonte de custeio para implantar gratuidades, dá para reduzir em

19%. É nisso que devemos pensar. Vamos parar de fazer histórias fantásticas quando o tema é

muito mais simples do que parece. O sistema de ônibus tem cunho social, diferente do sistema de

avião, que transporta de acordo com o interesse, isto é, onde há demanda. O ônibus vai em

lugares onde há ou não demanda. Fui advogado em uma ação defendendo o Consórcio

Metropolitano de Transporte que atende Alvorada. O Ministério Público queria saber por que

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havia passageiros em pé nos ônibus nos horários de pico. Ora, porque é assim no mundo inteiro,

no metrô de Tóquio, no horário de pico, há pessoas em pé. Fui pegar o metrô em Londres e,

simplesmente, não consegui entrar. Então, tentei mostrar, fazer uma perícia. Alvorada tem a

particularidade de ser uma cidade dormitório. Então, entre os horários de pico, ou seja, das 9

horas às 11 horas, sabem quantos ônibus ficam estacionados em Porto Alegre? Noventa ônibus

ficam parados. Agora, podemos baixar a tarifa do transporte metropolitano. Basta irmos na

Agergs para dizer que não vamos mais transportar passageiros de Alvorada para Porto Alegre.

Realmente, vai reduzir a tarifa de todo o sistema metropolitano. Maravilhoso, resolvam o

problema com os usuários. O metrô tem uma tarifa baixa, recebe 95 milhões de reais de subsídios

por ano, e às 23 horas fecham as portas. O ônibus segue, continua rodando. Esta é a realidade

dos transportes. O sistema de ônibus é diferente do sistema aéreo e do sistema de metrô, no

entanto foi abandonado pelo poder público. Nunca recebeu incentivo, nem uma maior atenção, e

sempre foi feito com a construção do esforço privado, num trabalho sério e competente. Muitos

ficaram pelo caminho, mas os que estão aqui são sérios e há competição neste setor, sim. Caxias

do Sul é um bom exemplo, estão aqui dois representantes de empresas que atendem este

Município e o fazem muito bem. Precisamos partir de pressupostos mais adequados para

alcançarmos um sistema melhor do que o já existente. O SR. JOSÉ ANTÔNIO ADAMOLI (COREDES): Sinto-me na obrigação de falar, fui provocado pelo presidente. Fui o primeiro a

falar mas, ouvindo as diferentes manifestações, preciso fazer algumas ponderações. A primeira:

temos a clara convicção de que o nosso marco legal, no Estado do Rio Grande do Sul, está

superado. A segunda questão: o Doutor Darci e outros que fizeram intervenções manifestaram

inquietação quanto a licitações. Se há uma segurança tão grande em relação à qualidade dos

serviços, à capacidade dos serviços, por que a preocupação com uma nova licitação? Ao longo do

governo Rigotto realizamos várias reuniões com o Dr. Roberto Bandeira. Em uma delas, Dr.

Darci, pressionado sobre o cumprimento de uma decisão judicial, ele chamou o Doutor Eduardo

Veiga, que era o subprocurador naquele momento e perguntou: o que está acontecendo, Dr. Eduardo,

que essa coisa não anda? E aí, com muita tranquilidade, Dr. Ernesto Eichler, o Dr. Eduardo

respondeu assim: na verdade o DAER tem nos pedido para que a gente não abra um novo processo licitatório

porque, senão, outras empresas virão de fora. Estou usando as palavras dele. Jefferson, com relação ao

nosso modelo de ônibus, nós temos clareza de que, à medida que um novo marco regulatório

aconteça, e quando efetivamente o sistema de transporte vier a corrigir distorções que ocorrem

por parte do Estado, como carga tributária, ou como isenção de tarifas – e sabemos também que

há problemas dentro das empresas –, nós não estaremos abrindo oportunidade para importar

ônibus da China, mas estaremos possibilitando à Empresa Marcopolo vender um número muito

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maior de veículos, com melhor qualidade, os quais estarão circulando no Estado do Rio Grande

do Sul. Nessa área, tenho interface com a própria empresa Marcopolo. É falácia afirmarem que

vão trazer ônibus da China. Existe espaço no mercado para os nossos ônibus, eles são

competitivos e estão no mundo. Por último, a questão que o Valério levantou, em relação aos

usuários. Usuários gratuitos são as pessoas com mais de 60 anos, são os brigadianos e outras

categorias. A nossa proposta prevê, inclusive, que essa gratuidade seja de responsabilidade do

Estado. Toda a vez que se cria um direito, esse, não deve ser assumido pelo usuário, mas pelo

poder público. Então o nosso projeto prevê isso. O poder público assume essa responsabilidade.

Portanto, a nossa manifestação visa a esclarecer que não estamos querendo importar ônibus da

China, embora a Marcopolo também esteja produzindo naquele país. Não queremos importar,

pois entendemos que podemos produzir aqui. Temos a clareza de que os nossos empresários são

competentes, e à medida que um novo marco legal surgir, terão competência para se adaptar a

esse novo marco. Desejamos que este seja um momento de inclusão em que possamos,

efetivamente, ver mais pessoas que estão excluídas do sistema ingressando nele, além de outros

motivos. Por todas essas qualidades, e havendo uma tarifa módica, que possamos deixar o carro

particular e usar mais o transporte coletivo. Ganha o conjunto da sociedade brasileira. É com esta

intenção de imparcialidade que estamos aqui. Não podemos deixar passar batidas essas questões,

embora não estejam na pauta. O modelo está precisando ser repensado, e é para repensar que

estamos aqui, assim como estaremos em outras reuniões, muito tranquilos, embora sem nenhum

domínio técnico. Está falando aqui alguém que não tem a experiência de um engenheiro

eletrônico, que não tem uma vida dedicada a uma assessoria jurídica de empresas. Está-se

manifestando, neste momento, um cidadão comum, que vive o dia a dia na comunidade, que tem

recolhido essas informações assim como os representantes do movimento comunitário devem tê-

las. O nosso sistema é excludente. Está excluindo pessoas. Como vamos fazer com que o Estado

garanta que mais pessoas usem o sistema, que melhore sua qualidade e que tenhamos empresas

cada vez mais revigoradas não transferindo renda para o setor, mas reinvestindo no sistema para

se conservar no mercado? Para nós a licitação é um marco importante. Desculpem se extrapolei o

tempo de três minutos, porém queremos um novo marco legal, queremos uma licitação que

efetivamente não quebre a questão do monopólio como está sendo ponderado aqui. Fazendo

uma ponderação: a nossa idéia de monopólio é o monopólio da linha. Sobre a exclusividade da

linha, gostaríamos que houvesse, pelas bacias e pelos mercados, duas ou três empresas,

disputando o mesmo mercado e aquelas que têm mais competência terão a preferência do

usuário. Essa é a nossa expectativa. Vocês tanto defendem a idéia do livre mercado, essa é uma

oportunidade. Duas ou três empresas dentro do mesmo mercado; aquela que tem mais

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competência, que oferece o melhor serviço, a melhor qualidade e o menor preço terá a

preferência do usuário. Só isso. Nenhuma complicação. Esta é a opinião de um leigo, talvez

vocês conheçam muito mais e possam me ajudar a modificar esta ótica. O SR. ODAIR GONÇALVES (AGERGS): Considero que a importância das audiências públicas está em

ouvirmos. Mesmo que venham críticas, no caso da Agergs não vou defender, nem falar nada,

nem no caso do DAER. Já trabalhei no DAER também um pouquinho antes da época do

Ernesto. Sei que é importante que a gente ouça realmente as colocações feitas aqui e que se reflita

sobre elas. Já que estamos na fase de ouvir e pensar num modelo para a frente, queria deixar uma

contribuição no sentido de conhecimento técnico em relação à regulação. Considerei

interessantes as colocações feitas pelo Valério, e temos de entender, aceitar e pensar sobre isso

tudo. O DAER, por exemplo, no sistema, tem um papel importantíssimo de planejamento, de

coordenação e de fiscalização do trabalho. Foi dito aqui algo muito importante: a cada quatro

anos discutem-se políticas ou sistemas. Por que existe a regulação? E se tiver de repensar alguma

coisa, não sou eu. É a própria Assembleia Legislativa que criou a lei do DAER, o governo que

criou a lei da Agergs. Sempre que se pensa em regulação é exatamente para dar estabilidade a um

sistema, a uma política pública que foi criada em determinado governo. Os governos mudam a

cada quatro anos. E se a cada quatro anos mudar a política em relação ao que já está estabelecido

há quatro anos, ou há dois anos, ou há três anos para um serviço ou contrato que tem 10, 15, 20

ou 25 anos? A ideia de ter agência de regulação independente, eqüidistante de governo, de

usuário de concessionárias é para que tenhamos estabilidade em um serviço para o qual foi

decidido fazer a concessão num determinado momento. É imprescindível que não haja mais

interferências políticas oportunistas que venham a prejudicar o usuário, o concessionário e o

próprio Estado. Isso precisa ficar bem claro. Quem sabe a gente venha a discutir um novo

modelo. Se tivermos de rediscutir com a Agência, que o façamos. Não estou aqui apenas para

defender. Venho trazer esta contribuição acerca de qual é o papel da agência, isto é, de garantir

uma estabilidade a um setor, seja de transporte, seja de rodovias, seja de energia elétrica, seja qual

for o serviço, para que se tenha uma continuidade na garantia dos investimentos, na qualidade

para o usuário, enfim, para todas as pessoas envolvidas, para todos os interessados naquele

serviço. Esse é o papel. Então, já que estamos discutindo o futuro, temos de pensar dessa forma.

O SR. ERNESTO EICHLER (DAER): Ouvindo o que foi falado aqui, hoje, penso que

basicamente é preciso definir que tipo de sistema a gente quer. Se é um sistema de primeiro

mundo, segundo mundo ou terceiro mundo. Temos de avaliar o que temos hoje. Os dados de

que disponho no DAER, e que recebemos da Agergs e das entidades, informam que temos um

sistema de primeiro mundo no Estado do Rio Grande do Sul. Temos de nos orgulharmos do

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sistema que temos. Recentemente estive em Brasília em uma reunião dos DAERs, dos dez

Departamentos Autônomos de Estradas de Rodagem, cujo tema era justamente licitação. A

informação que recebi foi de que o único Estado ali presente que estava licitando, ou que estava

tentando fazê-lo, era Rondônia. O pessoal me perguntou sobre a legislação estadual, sobre todas

as normas que o DAER possuía, e ficaram espantados. Também ficaram surpresos com o nosso

sistema de rodoviárias que tanto criticamos, e sobre o qual tantas críticas ouvimos, dizendo que

precisa ser modernizado. Vários Estados se manifestaram dizendo que o nosso sistema era muito

bom. Que eles têm problemas, que a linha, a empresa faz o que quer, para onde quiser. Não. O

sistema de rodoviárias é um sistema que ajuda a fiscalizar e a manter a atualidade. Saí de lá feliz.

Ouvi de todos os representantes dos Estados lá presentes que a nossa legislação, apesar de ser de

1956, atualizada por várias normas, é uma legislação que os outros Estados brasileiros gostariam

de copiá-la. Basicamente avaliando, temos um sistema muito bom, de primeiro mundo. Não

queremos ter um sistema de terceiro mundo. O que o DAER vem fazendo de forma intensiva

desde 2003 e até antes disso? O combate ao transporte clandestino no Estado do Rio Grande do

Sul. Aumentamos o número de blitz no transporte especial, que é operado por uma quantidade

muito grande de empresas. Fiscalizamos o transporte para Municípios da fronteira como

Uruguaiana, Santana do Livramento, que é de longo curso; também fiscalizamos o transporte de

pequeno percurso. E o que encontramos? É bom falar sobre a nossa realidade. A maior parte das

empresas faz um transporte de acordo com a legislação; entretanto, ao abordarmos ônibus que ia

para Uruguaina no posto da Polícia Federal de Eldorado do Sul encontramos crianças

desacompanhadas – tivemos que chamar o Conselho Tutelar, o que é comum nas blitz que o

DAER faz –, havia um mau cheiro terrível, pessoas de pé, motorista sem habilitação – o ônibus

foi retido pela Polícia Federal –, veículo com pneus carecas, plástico substituindo os vidros. Em

alguns veículos que abordamos aqui no Estado do Rio Grande do Sul havia cadeira de praia no

lugar da poltrona. É esse o sistema que queremos? Temos que pensar bem. Temos um sistema

muito bom. Sabemos que tem defeitos, que tem que ser modernizado. O DAER tem trabalhado

muito nesse sentido. Gostaria que pensassem a respeito disso aqueles que hoje falam em licitação.

Comenta-se muito em Brasília que o pessoal gosta muito do Rio Grande do Sul porque é um

Estado federalista, valoriza a legislação estadual. Ao concluir o meu pronunciamento, quero

agradecer ao deputado Luis Augusto Lara pela oportunidade de poder mostrar o que temos de

informação sobre o sistema de transporte. Quero, ainda, dizer que esses debates são bastante

interessantes e deveriam ser isentos, da melhor forma possível. Como funcionário concursado do

DAER, tentei trazer às reuniões todos os dados que são fato para que possamos fazer uma

análise e melhorar o sistema, que já considero muito bom. Sempre ouço dos demais Estados que

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devemos ter orgulho do nosso sistema e das nossas normas – embora realmente precisem ser

modernizadas. O SR. LAURO BEHEREGARAY DELGADO (OAB/RS): Primeiro falarei

sobre os ônibus chineses da Argentina. Quanto aos do Uruguai, sinceramente não sei. Na

Argentina e no Chile, são Marcopolo. Ali se vê como estamos defasados em matéria de qualidade.

Preciso me alongar, porque vamos verificar in loco. Quanto à licitação, é um problema legal.

Vivemos num estado democrático de direito. Temos que nos cingir à lei. Temos de obedecer aos

princípios que regem a administração pública. Não pode ser diferente disso. O que é monopólio?

É total. Ao que me consta, deputado Luis Augusto Lara, é monopólio, porque, para eu sair de

Uruguaiana, só há uma empresa, não há alternativa. Isso não ocorre na Argentina, país que conta

com três empresas. Continuarei achando que é monopólio. Sinceramente, acho que o engenheiro

Ernesto Eichler fez uma provocação aqui. Engenheiro, pelo amor de Deus, ando há 12 anos na

estrada. Para encerrar, não irei falar, mas dar a palavra ao Ministério Público do Estado e Federal.

Tenho aqui a documentação que comprova que esses conceitos aqui são do Ministério Público

do Estado e Federal. Agradeço a sua atenção e termino fazendo essa leitura: Ação Civil Pública. A

atuação do DAER é contrária ao interesse público e totalmente em desacordo com a legislação em vigor. A

atuação do DAER afronta as normas constitucionais e infraconstitucionais em vigor. O terceiro é um

documento, do Ministério Público Federal, o qual entregarei à comissão amanhã, referente a um

modelo de prorrogação do DAER. Ele não é apenas ilegal como totalmente imoral. Não sou eu

quem está dizendo, mas o Ministério Público Federal. Voltando ao Ministério Público Estadual:

A gestão do DAER ofende os princípios constitucionais que regem a atividade da administração pública,

especialmente os princípios da legalidade, impessoalidade e moralidade. O DAER falta com o dever de lealdade ao

cidadão, que poderia participar do certame. O falta de licitação beneficia as empresas que já exploram os serviços

em detrimento de todos ou de vários interessados. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) –

Solicitou ao Dr. Lauro Delgado que cópia desse material, para incluí-lo nos trabalhos. O SR. DARCI REBELO (FETERGS): Esclareço aos presentes que ninguém disse ser contrário à

licitação. Este é um dispositivo legal, previsto na Constituição e nas normas infralegais. Apenas

discutimos como, quando e onde. Vamos analisar o modelo. Licitar por licitar não resolve nada.

Licitar com uma especificação mal feita dá o que dá, no caso das licitações rodoviárias. Não

tenho problema nenhum quanto a licitar, mas é necessário regras claras para licitar e termos um

serviço melhor. No entanto, é necessário reconhecer os investimentos feitos pelas empresas.

Toda a legislação de concessões e de licitação prevê que os investimentos feitos têm de ser

indenizados a quem os fez. Então, está previsto também na legislação. Com relação à questão do

Ministério Público, à ação civil pública proposta em 2003, o esse órgão é livre para propor ações

como qualquer cidadão. Isso não quer dizer que ele tenha razão. Tanto que ele propôs uma ação

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contra a Vasp, mandando essa companhia transportar gratuidades, e o STJ disse que o Ministério

Público não tinha razão e julgou improcedente a ação. Então, propor ação é um direito de

qualquer um, inclusive do Ministério Público. Uma vez, conversando com o então secretário

Paulo Michelucci, que conheço pessoalmente, ele me disse que recebia duas visitas por semana

no gabinete do Ministério Público, querendo que ele assinasse termos de ajuste de conduta. Se ele

assinasse todos os termos de ajuste de conduta que o Ministério Público pretendia que ele

assinasse, não precisaria mais secretário, porque não haveria o que fazer. Ele estaria

completamente engessado. Então, propor ações, propor termos de ajuste de conduta é uma

faculdade que tem o Ministério Público. Isso não quer dizer que o que ele diga é uma verdade

absoluta. O SR. JEFFERSON LARA (RTI): Só quero dizer que eu respondi para o Paulo

Sant’Anna. Estou esperando o direito de resposta dele. Aqui está minha resposta, o comparativo

de preço que fiz. Encaminhei a passagem de ônibus entre Porto Alegre e Uruguaiana, no valor de

72 reais e 46 centavos. Aqui está o comparativo que encaminhei para ele. Estou esperando que

ele responda na sua coluna. Inclusive, hoje de manhã, no programa do Macedo, no Atualidade,

uma reporter, in loco fez um agradecimento ao sistema. Ela trabalhou ontem numa cobertura, em

Santa rRsa. Hoje de manhã estava em Porto Alegre. Fez uma viagem durante toda a madrugada e

estava apta para trabalhar. Esse é o nosso sistema. Estou esperando a resposta do Paulo

Sant’Anna. O SR. ERNESTO EICHLER (DAER): Faltou eu falar sobre tarifas. Nessa

abordagem que o DAER faz do transporte ilegal que vai para todas as regiões do Estado do Rio

Grande do Sul, principalmente para Uruguaiana, Livramento, Alegrete, os fiscais do DAER

verificam o preço das passagem. Basicamente, já temos, mais ou menos, uma noção. O valor,

geralmente, é metade do que cobra o sistema regular. Como o sistema regular tem um

aproveitamento médio na ordem de 60%, podemos dizer que o preço praticamente é parecido

em ambos os sistemas – entre aspas. No sistema do Terceiro Mundo, o transporte pirata tem essa

qualidade maravilhosa, motoristas que não têm vínculo empregatício, que não tem habilitação,

carros lotados, em mau estado. A tarifa média do Rio Grande do Sul, que o pessoal tanto critica,

é bastante razoável se comparada com o resto dos Estados brasileiros. Nada mais havendo a

tratar, o Presidente agradeceu a presença de todos e deu por encerrada a reunião. O inteiro teor

foi gravado, passando o arquivo de áudio a integrar o acervo documental desta reunião. E, para

constar, lavrei a presente ata, que vai assinada pelo Presidente e por mim, Secretário da Comissão,

e, após aprovação, será publicada no Diário da Assembleia Legislativa.

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2.6 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM SANTA MARIA (ATA N.º 10/2010 - 07/05/2010)

PRESENTES: Deputado Fabiano Pereira; Tribunal de Contas do Estado – TCE/RS: Sr. Paulo

Cesar Grimaldi; DAER/RS: Ernesto Eichler; AGERGS: Sr. Eduardo Mesquita da Rosa;

Sindicato de Agências e Estações Rodoviárias do Rio Grande do Sul – SAERRGS: Sr. Jorge Aita

Federação Gaúcha de Associações de Moradores – FEGAM: Sr. Wilson Valério Lopes;

Associação Rio-Grandense de Transporte Intermunicipal – RTI e Federação das Empresas de

Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul – FETERGS: Sr. Darcy Rebelo e Sr.

Sr. Pedro Teixeira; Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/RS: Sr. Lauro Delgado e Sr. Ricardo

Jobim; Empresa Panalto Transportes LTDA: Sr. Ademar Hupps e Sr. Fabrício da Costa;

Associação Rio-Grandense de Transporte Intermunicipal – RTI: Sr. José Antônio e Sr. Eugênio;

Associação Brasileira de Transportadores Internacionais: Sr. José Carlos Becker e Sra. Graciele

Santos; Empresa Expresso São Pedro: Sr. Sérgio Mafini e Sr. Ilo da Luz; Universidade Federal de

Santa Maria: Sr. Lauro Delgado de David, Sr. Odilon Ledesma da Silva; Unifra: Carlos Alberto

Delgado de David e Marcelo Vianna Gonçalves; da Efal; da Argenta e o Maninho, da Medianeira.

(Foto: Graciele Santos – Imprensa ABTI)

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TRABALHOS / DISCUSSÕES: Aos sete dias do mês de maio de dois mil e dez, às 14h, na

Câmara de Vereadores do Município de Santa Maria, realizou-se a Audiência Pública da

Comissão Especial, no Município de Santa Maria, para avaliar o Sistema Estadual de

Transporte Coletivo Intermunicipal de passageiros, sob a presidência do Deputado Fabiano

Pereira. A audiência pública foi aberta pelo Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Fabiano

Pereira – PT) registrou que esta comissão foi instalada por proposta do Deputado Luis Augusto

Lara e, de acordo com o Regimento Interno da Assembleia Legislativa, o deputado proponente

pode escolher atuar como presidente ou como relator da comissão especial. O deputado Luis

Augusto Lara escolheu ser o presidente, e o vice-presidente e o relator foram escolhidos na

primeira reunião da comissão. Fui eleito relator e integro a equipe que deverá apresentar o

relatório. O deputado Luis Augusto Lara não pode estar presente nessa reunião, fruto de um

acerto que fizemos. Como não pude me fazer presente na audiência pública em Caxias do Sul, S.

Exa. delegou-me a incumbência de presidir a reunião, aqui, em Santa Maria, que é a minha

cidade. O SR. PAULO CESAR GRIMALDI (TCE/RS) se colocou a disposição para, em

nome do Tribunal de Contas esclarecer qualquer dúvida seja levantada.O SR. EDUARDO MESQUITA (AGERGS) disse que: no ano passado, concluímos a primeira grande revisão

tarifária da aglomeração urbana do sul – da região de Pelotas – e da aglomeração urbana do

nordeste – da região de Caxias do Sul. Tratou-se de uma revisão de todos os parâmetros que

compõem a planilha tarifária e os processos de reajustamento, ou seja, a recuperação inflacionária

das tarifas ano a ano ao longo dos últimos oito anos no mínimo. Inicialmente, minha participação

se dará em cima do programa de trabalho de 2010, que foi aprovado pelo Conselho Superior da

Agergs, o qual destaca a missão da agência. Com a leitura dessa missão, ficará mais fácil o

entendimento de todos quanto ao papel da regulação econômica nos setores de serviços públicos

delegados. A Agergs tem como missão se consolidar como instituição de referência para a promoção do

crescimento e do desenvolvimento econômico baseado no conhecimento técnico, mantendo equidistância entre poder

concedente, concessionárias e usuários através das melhores práticas regulatórias. Essa não é oficialmente a

missão posta pela Agergs, mas a extraída desse documento, que dá bem a ideia e o caráter da

agência reguladora, a qual mantém como valor máximo a equidistância entre as políticas de

governo de curto e médio prazo, os interesses das concessionárias e os interesses sobretudo dos

usuários, que, muitas vezes, não estão representados como se gostaria. A agência reguladora, não

só nos serviços de transporte, preocupa-se com o equilíbrio e a justa organização do setor de

forma que não prejudique a nenhuma das partes – o governo, o poder concedente, as

concessionárias e os usuários. Com base nesse documento também, a agência tem como meta até

o final do ano a conclusão de todos os trabalhos. Cada meta tem especificamente a sua data-

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limite para conclusão dos trabalhos. A meta que mais interessa ao trabalho desta comissão é a

elaboração de um termo de referência para contratação de empresa para apoio na definição dos

mercados de transporte rodoviário de passageiros de longo curso. Essa é uma necessidade que

impõe a legislação. A organização do setor passa a não ser mais de contratos por linha, mas por

mercados, por lotes de mercados. Para isso, evidentemente, é preciso conhecer os mercados. Já

começamos a realizar esse trabalho. Essa sistemática de contratação de empresas de consultoria

especializada responde à necessidade que a agência tem de ser referência, de produzir números e

estatísticas em que todos possam confiar, exatamente pelo seu papel principal de manter

equidistância dos interesses entre as partes envolvidas na produção desse serviço e para não

tornar a agência em uma superagência, com centenas de funcionários, o que também não é o

objetivo da regulação. Contratar serviços especializados para realizar trabalhos pontuais que vão

auxiliar a regulação é uma prática que vem sendo desenvolvida no mundo inteiro, especialmente

entre as agências federais. Já se iniciou a elaboração de um termo de referência para fazer uma

contratação externa para saber quais são exatamente esses mercados, onde estão e como se

podem definir alguns lotes. Para isso, buscamos junto ao DAER as informações estatísticas

disponíveis. As estatísticas disponíveis do sistema de longo curso constam do boletim de oferta e

demanda, assim como nas aglomerações, o que está a cargo do poder concedente, a Metroplan.

Todas as estatísticas lá disponíveis são remetidas pelas próprias empresas. Esse é um estudo

inicial, para o qual temos algumas informações. Para começar a organizar essas informações, foi

desenvolvido pela agência um sistema de banco de dados pelo qual se podem fazer cruzamentos

entre as variáveis, entre as linhas – separar por empresa, por região, por Município. Gostaria de

ter trazido aqui as informações relativas a Santa Maria, mas não foi possível. De qualquer forma,

é possível desenvolver todas as informações que existem nas estatísticas do DAER, único

produtor de informações originais sobre o sistema, tendo Santa Maria como origem ou destino

das linhas de longo curso. Podem-se listar todas as linhas, vendo, linha por linha, a extensão

pavimentada, a extensão não pavimentada e o aproveitamento econômico de cada uma – e, com

isso, fechar o aproveitamento econômico por região. Da forma como estavam disponíveis as

informações no DAER, era muito difícil conseguir isso. Este sistema de banco de dados traz essa

possibilidade, essa maleabilidade entre cruzar, somar, fechar e separar informações. Há como

separar também as modalidades, se é comum, direto, semidireto; bem como o número de

viagens, a receita, a rodagem – isso vinha por linha –, ou, se quiser, em determinadas regiões,

como estava referindo, como Santa Maria, se poderia fechar um bloco de informações desse tipo,

relativo ao Município; e principalmente o número de passageiros, para se ter uma ideia do

mercado de cada região. Da mesma forma, já que se trata de uma comissão cujo tema é o

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transporte intermunicipal de passageiros, que não é só de longo curso, nas regiões metropolitanas

e aglomerações urbanas a Metroplan também já se debruçou sobre esse tema e produziu um

termo de referência, que seria semelhante a este sobre o qual estamos debruçados, para as

aglomerações urbanas do Sul, Nordeste e Litoral Norte do Estado e da Região Metropolitana de

Porto Alegre, com vista, entre outras coisas, também à definição dos mercados. Estamos

trabalhando junto com a Metroplan neste termo já por ela desenvolvido e estamos também

trabalhando em conjunto para produzir as informações necessárias. A AGERGS tem

basicamente três diretorias, uma Diretoria de Tarifas, à qual eu pertenço; a Diretoria de

Qualidade, que evidentemente cuida dos aspectos da qualidade; e a Diretoria Jurídica, cada uma

com suas metas, com suas linhas de trabalho, seus temas de trabalho. Entre as outras atribuições

da Diretoria de Tarifas está, para este ano, a revisão tarifária da Ulinor. Já havíamos comentado

que foi feita a revisão tarifária da aglomeração do Sul e da aglomeração urbana do Nordeste, no

ano passado. Então, a este ano cabe a revisão tarifária da aglomeração urbana do Litoral Norte

do Estado. Também uma meta da Diretoria de Tarifas da AGERGS é a reelaboração do plano de

contas, porque houve muitas alterações nos aspectos contábeis, nos lançamentos contábeis das

empresas em geral, e, em específico, também serão afetadas as empresas do setor de transportes.

Para isso, é preciso fazer essa adequação. Já existe um plano de contas específico para o setor de

transporte intermunicipal de passageiros, e também é preciso fazer uma readequação, uma

atualização. Outro estudo que está definido como meta de trabalho da agência é o cálculo de

custo da estrutura mínima de cada estação rodoviária, para subsidiar a comissão anterior a esta, da

Assembleia Legislativa, que tratou das estações rodoviárias. Também tivemos oportunidade de

participar dessa comissão, que produziu resultados bem interessantes, bem importantes, e vamos

dar sequência a isso com um estudo de custo mínimo das estações rodoviárias por categoria,

redefinindo categorias, enfim, dando subsídios técnicos à reestruturação do setor. O SR. JOSÉ CARLOS BECKER (Associação Brasileira de Transportes Internacionais) disse que:

quando falamos na questão do transporte – e as pessoas podem estar se perguntando por que

está aqui representado o transporte internacional –, estamos primeiramente falando em vidas.

Antes de custos, antes de caminhões, de ônibus, estamos falando em vidas. E muitas vezes se

perde um pouco o foco sobre essa questão vidas. Quando ocorre um acidente com os nossos

caminhões, com os nossos ônibus, o primeiro culpado ou é o caminhão ou é o ônibus. E isso nos

serve de alerta. Não entendemos assim. Hoje precisamos de uma melhor infraestrutura. Hoje

precisamos de melhores motoristas. Hoje precisamos que o transporte internacional e o

transporte de passageiros sejam vistos sob uma visão melhor. Vemos nas nossas estradas ônibus

sem nenhum preparo para trafegar. Muitas vezes cobram do transporte de passageiros e do

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transporte rodoviário só a questão custo e esquecem de olhar a qualidade das nossas empresas.

Os procedimentos que as empresas têm feito para padronizar, para qualificar, demandam uma

organização nessas empresas. Isso tem que ser melhor observado, analisado, no momento em

que existe, hoje, uma concorrência no nosso País em todos os sentidos. Deputado, V. Exa. pediu

para que estivéssemos aqui para tratar da questão do transporte. Faço o alerta de que temos uma

concorrência desleal com as transportadoras argentinas, tanto em nível de transporte rodoviário,

de caminhões, quanto em nível de transporte de ônibus. Hoje, a Argentina tem um subsídio no

que se refere à tarifa do diesel em quase 50% para as empresas de ônibus. As empresas argentinas

têm subsídio também quanto às questões do pedágio, do pagamento de impostos e da compra de

ônibus. Hoje isso tudo tem um acompanhamento. Isso leva a haver uma concorrência desleal.

Faço esse alerta, porque já sofremos no transporte de cargas. Perdemos 35% da nossa

concorrência para a Argentina. Vejo, hoje, os ônibus entrando no nosso País ou até mesmo se

falando, dentro da Argentina, em tarifas para ônibus como mais barata, com um custo melhor do

que o nosso. Mas isso não se observa. Deputado, V. Exa. faz parte de uma comissão. O senador

Paulo Paim está trabalhando no tempo de direção. Os ônibus brasileiros não podem andar com

dois motoristas. Isso me foi confirmado pelo Pedro. Os ônibus argentinos entram aqui com dois

motoristas dentro da cabine. Que qualificação para dormir ele tem? Darei um exemplo específico.

O trecho Buenos Aires a Camboriú é feito com dois motoristas. Esse motorista deveria estar aqui

no Brasil aguardando por esse ônibus para troca de motorista, mas isso não ocorre. Isso é custo.

A empresa teria mais custo. Por isso, ela cobra uma passagem mais barata. São detalhes que

temos que observar, porque, nas acusações ou até mesmo nas posições muitas vezes, só se olha o

custo, e estamos falando em vidas. Faço outro alerta para esta comissão, que, pelo que V. Exa.

tem me passado, tem feito um grande trabalho. Hoje, as nossas empresas estão nas estradas, os

nossos caminhões cruzando dia e noite com empresas de ônibus que cobram passagem mais

barata, mas que não têm nenhuma estrutura para estar nas estradas. Onde está a fiscalização? Que

fiscalização é essa que não existe? Faço essa observação, deputado, porque o nosso setor do

transporte está passando por essa situação, tem sofrido com ela. Muitas vezes, quando um

caminhão tomba, dizem que a culpa foi do motorista, quando a realidade não é essa. A culpa foi

de um carro, e o motorista teve que tirar o caminhão para fora da estrada para não causar um

acidente. A causa foi um outro procedimento ou a questão da infraestrutura. Temos que ser

claros quando falamos numa regulamentação, numa fiscalização, ou sobre um setor, porque isso

preocupa a todos nós. O nosso sistema viário está estagnado. Temos que trabalhar

diuturnamente nele. Temos acompanhado os nossos caminhões nas estradas, cruzando, muitas

vezes, por ônibus que não têm nenhuma infraestrutura, não têm motoristas capacitados e não

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têm regulamentação total para trafegarem por essas estradas. Minha colaboração não é no sentido

da crítica, porque nós também, como transportadores rodoviários temos os nossos problemas e

estamos trabalhando para resolvê-los. A nossa colaboração aqui é no intuito de, juntos,

construirmos algo coordenado, regulamentado, que nos faça crescer e que, principalmente, dê-

nos segurança, salvando vidas. Vou remeter esses documentos referentes ao transporte

internacional e ao que temos hoje com relação à Argentina. Alerto no sentido de que existem

empresas que hoje entram no Brasil, que compram ônibus na Argentina e que têm mais de 100

ônibus parados. Por causa dos subsídios e dos incentivos, quanto mais ônibus comprarem, mais

incentivos terão. Lamentavelment, hoje a Argentina passa por um caos político. Isso é aberto.

Não estamos falando aqui uma bobagem. Estamos citando algo em que o nosso País está sendo

prejudicado. Muitas vezes, nós, transportadores rodoviários de caminhões ou de ônibus, também

estamos sendo prejudicados. Quero deixar esse depoimento e agradecer mais uma vez o convite

para estar aqui. Infelizmente, não vou poder acompanhar toda a audiência, devido a

compromissos já firmados, mas aceitei o convite para estar aqui. Coloco-me à disposição, através

da minha assessoria, assim como todas as informações que temos, para auxiliar no crescimento

da segurança, da regulamentação dos setores e para que possamos, principalmente, pensar na vida

das pessoas que estão nas estradas no dia a dia. O SR. DARCI REBELO (FETERGS), fez um

relato sobre a história do transporte coletivo. Disse que as empresas que temos hoje foram

construídas ao longo de toda uma história de trabalho de famílias, que foram-se estabelecendo,

consolidando-se e com raízes aqui. Por isso, tem-se esse tipo de infraestrutura. Não se tem

barracão para prestar um serviço por um período e, depois, ir para outra atividade. Não se

trabalha aqui com esquema de circo com empresa de transporte. Trabalha-se com empresas com

raízes locais, com centro de decisão local. Os proprietários estão lá, na frente. Se acontece algum

infortúnio, sabe-se exatamente a quem se pode reclamar e reclamar. Há investimento em

treinamento. Isso justifica por que temos um baixo índice de acidentes. Para V. Exas. terem uma

ideia, temos um ônibus-escola, em que é feito um treinamento volante. Então, há muito

investimentos em recursos humanos. O tipo de equipamento que se usa: ônibus modernos,

confortáveis e com bom espaçamento. Temos uma sala de embarque na Estação Rodoviária de

Porto Alegre. Temos aqui o ônibus da Geração 7 da Marcopolo. Temos vários já em operação.

Trata-se de um ônibus totalmente com comando eletrônico. Disponibilizamos também um

sistema de vendas de passagem por Internet. Então, temos bastantes coisas novas acontecendo

todos os dias nesse setor apesar da instabilidade jurídica que se vive. Na área metropolitana,

também foi recentemente implantado o Sistema de Bilhetagem Eletrônica com o Cartão TEU,

que é o sistema mais moderno do mundo – posso afirmar isso a V. Exa. porque conheço

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bilhetagem há muitos anos, pois participei, como Engenheiro, do projeto dos primeiros sistemas

implantados no Brasil. Pesquisei sobre isso em todo o mundo e não há sistema como o nosso,

não há nenhum modelo no exterior que possamos trazer para cá; o nosso modelo é o modelo

que se exporta. O conceito de que tudo que é feito lá fora é melhor do que o que é feito aqui

dentro precisa ser mudado. Dispomos de empresas com ISO 9000, com acessibilidade. Por isso

que as pesquisas de qualidade revelam que temos, na maioria dos itens, uma excelente avaliação.

Por exemplo: conservação geral dos veículos: 14% consideram ótima; 52% boa e 80% de boa

avaliação em termos de conservação geral. Quanto ao conforto dos veículos, também temos uma

excelente avaliação, uma avaliação positiva – e aqui, senhores, é uma pesquisa realizada com

usuários voluntários da Agergs; não é uma pesquisa nossa, de empresários. Cumprimento de

horários e pontualidade, também é muito bem avaliado; modo de dirigir do motorista, também

muito bem avaliado; cordialidade e educação, da mesma forma. Na verdade, o que se vê aqui?

Além do serviço que está sendo avaliado, a população tem uma percepção de que ele está

melhorando comparativamente ao ano anterior. Dezoito por cento consideram que está

melhorando e 70% consideram igual ao que era antes, que já era bom. Qual é o ponto em que

temos uma avaliação negativa? O valor da tarifa, que é um consenso geral. O usuário considera a

tarifa cara apesar de o serviço ser de boa qualidade. Qual o nosso desafio? Trabalhar no ponto

em que temos uma avaliação negativa. Como a tarifa pode ser reduzida? Com redução de carga

tributária, com desoneração, com fonte e custeio extra-tarifárias de gratuidades, com tarifas

promocionais em horários de baixa demanda. Na verdade, a tarifa é uma equação simples, é um

rateio de despesas entre os passageiros pagantes. Temos como custos: salários, encargos, diesel,

pneus, lubrificantes, despesas administrativas e tributos, que são divididos pelo número de

passageiros pagantes. A tarifa, senhores, não é fixada por nós, obviamente, mas pelos poderes

concedentes. Como é o processo tarifário? Ele tem origem no DAER ou na Metroplan se for

sistema de longo curso, ou Metropolitano. O novo valor da tarifa é submetido ao Conselho de

Tráfego ou ao Conselho Metropolitano, à engenharia da Agergs, às audiências públicas, vai ao

Conselho Superior, quando, então, é fixado por decreto do Poder Executivo. Tem todo um ciclo

tarifário. E qual é a maneira de reduzir a tarifa? É analisando essa equação. E o que acontece

hoje? Na verdade, a origem vem de 1975, que os mais velhos devem se lembrar quando vou

lançado o pró-álcool, que era um incentivo à motorização privada. O álcool veio substituir a

gasolina, que sempre o Brasil exportou e que também foi um incentivo à motorização privada.

Não se fez pró-álcool para ônibus ou para caminhões, foi para incentivar a motorização privada.

Recentemente, em 2009, quando ocorreu a crise econômica mundial, reduziu-se o IPI para a

motorização privada. Por isso que temos ruas lotadas de carros. As pesquisas que acompanhamos

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pelos meios de comunicação, que são alarmantes, registram que temos 500 mortos desde o

princípio do ano até agora. E somente no Rio Grande do Sul. Não tenho a estatística no País

inteiro, mas gostaria de levantar esses dados porque faço o seguinte cálculo: se temos 500 mortos

no Rio Grande do Sul, imagino que Estados semelhantes ao nosso, como Rio de Janeiro, Minas

Gerais e outros, devem somar um total de 1.500 mortos. Somando São Paulo com mais 1.000

mortos, já estamos falando em 4.000 ou 5.000 mortos no trânsito, no Brasil inteiro. Cinco mil

mortos no trânsito é alarmante. Quando cai um avião, sai nos jornais do mundo inteiro, mas são

cento e poucos mortos. Aqui, temos de quatro a cinco mil mortos no trânsito. São 1.000 mortos

por mês. É uma loucura. E por quê? Porque se incentiva a motorização privada. As ruas e as

estradas estão superlotadas. Enquanto isso, o transporte coletivo regular tem um baixíssimo

índice de acidentes. Tenho certeza, principalmente quem tem filhos adolescentes, que uma das

grandes preocupações dos pais deve ser o trânsito. Por sorte meus dois filhos já casaram e estão

mais quietos, mas quando saíam à noite, eu não dormia até que chegassem. E isso porque tem

duas questões preocupantes: trânsito e segurança pública. Porque? Há outras questões

preocupantes, como saúde, por exemplo. Claro, quem tem condições de ter um plano privado,

obviamente está protegido das deficiências de saúde pública, mas também, seguramente, é uma

grande fonte de angústia. O transporte coletivo, na verdade, não é uma grande fonte de

preocupação, porque não é um problema, é uma solução. Tenho certeza de que todos, aqui,

preferem que, se um filho for viajar, que vá de ônibus. Assim tu sabes que ele sai e chega no

horário, chegando incólume a seu destino. Enquanto que enfrentando o trânsito, nunca se sabe.

Incentivos. Quero deixar bem claro, aqui, que não se trata de crítica. Isso é uma reportagem de

Zero Hora contra o trensurb. Não é uma crítica ao trensurb, deputado. É o contrário. Temos que

ter esse mesmo tipo de incentivo. Essa extensão da linha do trensurb é de 9,3 quilômetros. Serão

investidos 700 milhões, pelo governo federal. Em absoluto, não é uma crítica, é uma

reivindicação. Façamos também investimento em transporte coletivo. Com 700 milhões de reais,

poderíamos fazer muitos melhoramentos no sistema de transporte coletivo do Estado. Isso é o

que tem que andar, é um projeto de lei que institui regime especial de incentivos para o

transporte coletivo urbano e metropolitano de passageiros, condicionado à implantação de um

bilhete único, eu sei que essa é uma tese que o Senhor defende também, deputado. Isso está no

Congresso desde 2003. Temos que fazer andar, esse tipo de projeto. Gratuidade. Vejam que

interessante esta questão. Não podemos comparar ônibus com avião. São sistemas diferentes. O

ônibus tem um apelo social, tem que atender onde há demanda e onde não há demanda. O

transporte aéreo atende onde há demanda. O transporte aéreo reduziu o seu espectro de

atendimento ao longo dos anos. O ônibus, não. O ônibus tem que ter sempre o atendimento. Se

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tiver excesso de demanda, tem que colocar ônibus extra. Se tiver que sair vazio, sai vazio o

ônibus. Se tiver que sair com um passageiro, sai com um passageiro. No caso do avião, cancela-se

o voo. Olhem só a diferença do tratamento das gratuidades do transporte aéreo em relação ao

nosso. Olhem o que disse o Superior Tribunal de Justiça – STJ – em Brasília, em uma ação

intentada pelo Ministério Público, para que vejamos também que o Ministério Público não é

dono da verdade, isso é uma ação intendada contra o Ministério Público, pretendendo que a

VASP transportasse gratuidade. Eis a resposta do STJ: Em homenagem ao equilíbrio do contrato de

concessão, revoga-se a antecipação de tutela que obriga as empresas aéreas a transportarem gratuitamente pessoas

portadoras de deficiência. Para que tal aconteça é necessário que exista regulamentação específica da lei, com a

previsão de contrapartida financeira de responsabilidade do Estado. Ou seja, gratuidade no transporte aéreo

não tem, agora V. Exas. querem saber quanto transportamos apenas na rodoviária de Porto

Alegre gratuitamente? Em janeiro, passageiros transportados gratuitamente embarcados na

rodoviária de Porto Alegre: 30 mil e 449 passageiros. Calculei, isso daria uns 700 ônibus grátis. E

vai para a tarifa. Em fevereiro, 20 mil e 159 passageiros; março, 28 mil e 524 passageiros; abril, 28

mil e 340 passageiros. E pior do que isso é que ano a ano vem aumentando. Em abril de 2002

foram 13 mil passageiros gratuitos; em 2003, 15 mil passageiros; depois 18 mil passageiros e

atualmente 28 mil passageiros. Ou seja, de 2002 para cá duplicou o número de pessoas

transportadas gratuitamente somente na rodoviária de Porto Alegre, que representa 10% do

sistema. Setecentos ônibus grátis, isso tem custo? Claro que tem. Não vamos ser inocentes e

pensar que isso ocorre de graça. Claro que não. Alguém paga a conta. É o que está acontecendo.

Como vamos resolver a questão da tarifa? Uma das formas é essa; não somos contra a gratuidade.

Em absoluto, apenas tem que haver uma fonte de custeio. Isso é o que disse o Movimento

Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade. Veja como seu transporte pode ficar

mais barato. O óleo diesel quase dobrou de preço nos últimos três anos, hoje representa 25% do

total da tarifa. Uma redução de 50% no preço do diesel para o transporte público significaria uma

economia de 12% no preço da passagem. Claro que na Argentina o transporte tem como ser mais

barato, pois o diesel é subsidiado. O combustível da aviação é subsidiado, enquanto o nosso não.

O transporte público é essencial. Hoje os tributos cobrados – tenho em mãos a nossa carga

tributária – poderiam ser reduzidos em 18%. Existe um projeto nesse sentido na Câmara, desde

2003, mas não há andamento. Gratuidade, 19%. Essas são as questões com as quais temos que

nos preocupar. Fala-se em licitação como se fosse uma panacéia que resolvesse todos os males.

Licitação não resolve nada ela é apenas um meio de contratação. Uma licitação mal feita, não leva

a nada. O que aconteceu com as estações ferroviárias por pressões do Ministério Público foram

licitadas estações rodoviárias de quarta geração por todo o Estado. Resultado 89% de licitações

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desertas. Pode nos confirmar o representante do Tribunal de Contas do Estado. Isso é o legítimo

desperdício do dinheiro público. Organizar cento e poucas licitações que resultaram em 89%

desertas. Isso é um desperdício de dinheiro público. No transporte não há investimento de

recursos públicos, nunca o Estado contribuiu com 1 centavo. Quem paga é a tarifa e os

investimentos privados. Então aqui não tem desperdício de dinheiro público, e sim, um acervo

que está sendo construído para o Estado do Rio Grande do Sul. Porque são empresas que

começaram fazendo muito esforço e hoje estão aí trabalhando para construir o que construíram.

Isso tem que ser considerado e respeitado quando se planejar o novo sistema. Não somos contra

a licitação, ou a planejar o novo sistema, mas ele tem que ser planejado com maturidade,

respeitando os investimento já realizados e respeitando a legislação. A Lei de Concessões diz que

os investimentos tem que ser indenizados. Está na Lei. Tem que haver um prazo de transição

para que realmente seja reorganizado o sistema. Como já está sendo feito pela AGERGS, com

estudo e planejamento, e como está sendo feito na esfera federal. Porque licitar por licitar não

resolve nada, só piora o sistema. O SR. JORGE AITA (SAERRGS): Quero fazer o registro do

que nós, das estações rodoviárias, observamos in loco, do que nós pudemos perceber nesse

processo que está se desenvolvendo agora com as linhas de ônibus nas estações rodoviárias. Foi

feito aqui comentário pelo próprio Darcy e pelo Dr. Becker em relação ao transporte clandestino

e à condição de alguns veículos que trafegam nas estradas. Nas rodoviárias onde existe a

fiscalização do DAER e onde há o controle do sistema de transporte rodoviário, as empresas,

nós temos observado uma melhoria cada vez maior nas condições dos veículos que estacionam

nas rodoviárias. Esse é um depoimento que quero dar em nome das rodoviárias, quero dizer que

os veículos do transporte regular estão cada vez melhores. E com relação à gratuidade, assunto

que também foi bastante comentado aqui, o sistema todo, não só as linhas, todo o sistema sofre

com as gratuidades. Como disse o Dr. Darci, também não temos absolutamente nada contra a

gratuidade, só que o custo da passagem acaba sendo repassado para quem a compra. Observando

melhor essa questão, quem sabe alterando a forma de como ser fornecida a gratuidade, cabe ao

deputado e à comissão tentar analisar outro formato. Sinceramente, não saberia dar uma solução

agora. Sugiro um trabalho mais aprimorado. O SR. ERNESTO EICHLER (DAER): No

Estado do Rio Grande do Sul, temos a nossa lei estadual de 1956, a lei nº 3.080, que regula o

setor de transporte. Embora tenha mais de 50 anos, com vários aperfeiçoamentos, define muito

bem o nosso sistema de transporte coletivo. Em 1956, essa lei era um grande avanço para a

sociedade, porque incluía a participação de toda a sociedade através de um Conselho de Tráfego.

Nesse Conselho, todas as alterações solicitadas previam a participação da sociedade. Em relação a

essa legislação, gostaria de colocar que como representante do DAER do Estado do Rio Grande

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do Sul participei, na semana passada, em Brasília, de uma reunião de todos os departamentos de

estradas de rodagem do Brasil. O assunto era o mesmo que estamos discutindo hoje, e todos os

colegas engenheiros e advogados de outros Estados ficaram surpresos com a modernidade da

legislação que temos no Rio Grande do Sul e do conselho que permite a participação da

sociedade. Ontem, em Caxias do Sul, ouvi um pessoal dizendo que o conselho deveria ser

mudado. Eu concordo com isso, mas, em relação aos Estados brasileiros, o Conselho de Tráfego

do DAER é um instrumento que permite a participação de toda a sociedade de forma aberta. Nas

outras unidades da Federação, a norma é simplesmente baixada e deve ser cumprida. Mesmo no

que diz respeito ao regulamento que temos para o transporte especial, o fretamento para turismo

e as rodoviárias eles ficaram surpresos. Representantes de alguns Estados informaram, por

exemplo, que tinham problemas para controlar o itinerário dos ônibus. Em Recife, São Paulo, no

Acre e Paraná eles disseram que não conseguiam fazer isso, indagando como conseguíamos

realizar tal controle. Informamos que temos o sistema de rodoviárias do Estado do Rio Grande

do Sul, que é concedido. Trata-se de um sistema que nos permite ter uma fiscalização, uma vez

que as rodoviárias, hoje, controlam as linhas de ônibus e os horários. Apesar de haver muitas

críticas dentro do Estado relativamente à modernização do sistema, o fato é que a legislação de

1956 e todas as outras que vieram possuem qualidade. Se formos pensar em mudá-las, temos de

fazer isso para melhorá-las, e não para que a situação fique pior. A Constituição Estadual e a

legislação regulamentadora determinam que as futuras concessões devam ser feitas através de

licitação, com modelo de concessão por mercados. Pelo artigo 179 da Constituição Estadual de

1989, ficou estabelecido que lei instituirá o Sistema Intermunicipal de Passageiros. Em obediência

a esse artigo, foi editada a lei nº 11.283, de 1998, que estabeleceu as diretrizes para instituir esse

sistema; que passasse, a concessão, a ser por mercado, em substituição à concessão por linhas,

como é a atual. Tendo em vista essa determinação legal, nós, do DAER, salientamos a

necessidade de que haja coincidência nos termos finais dos contratos, para que se possa implantar

um novo modelo de concessão, a fim de que essa mudança seja estabelecida no prazo final de

operação de todo o sistema atual. Priorizar a segurança, a qualidade, a pontualidade na operação,

além dos pontos citados, a lei n°11.276/2006 estabelece que a legislação deve levar em

consideração dentre outros os seguintes pontos: 1 – Regime das empresas concessionárias o caráter

especial dos contratos e sua prorrogação, bem como a condição de caducidade, a fiscalização e a rescisão. 2 – o

Direito dos usuários. 3 – As diretrizes para a política tarifária. 4 – As penalidades. Alertamos que, por se

tratar de um serviço público essencial e tendo em vista que algumas ligações são deficitárias, nem sempre haverá

concorrência pelo mercado, pois a necessidade que a nova modelagem tem a preocupação que nenhum ponto que hoje

é atendido seja desassistido. No âmbito do Executivo, existem já estudos, no sentido, de nova legislação e discussão

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atualmente – já está no Executivo – que contemple todos os pontos determinados pela legislação estadual

vigente, bem como, incorpore os avanços ocorridos na legislação federal. Temos de salientar que esse tipo de

debate, que está ocorrendo hoje e participei de todos. Tem de haver debates isentos. Temos de

refletir sobre o nosso sistema no Estado do Rio Grande do Sul. O fundamental do debate é

sabermos qual é o sistema que queremos, o que a lei determina, o que temos hoje. Pela avaliação

que verificamos nas nossas reuniões, elencando todos os itens de qualidade, temos um bom

sistema no Rio Grande do Sul. Temos de definir se queremos dessa ou daquela maneira e se

queremos melhorar isso e aquilo. Repito o que falei ontem em Caxias do Sul: todas as avaliações

que o usuário, a Agergs fizeram do nosso sistema e pelos dados que obtemos diariamente no

Daer – já trabalho há 7 anos no setor –, podemos dizer, com certeza, que temos um bom

sistema. Evidentemente, temos que consertar muita coisa, mas temos um bom sistema no Estado

do Rio Grande do Sul, superior, provavelmente, a todos os Estados brasileiros e até do exterior.

O que não gostaria de forma alguma que acontecesse é que o nosso sistema, com a qualidade que

podemos constatar, se torne um sistema de terceiro mundo. A partir de 2002, 2003 o DAER

começou a combater o transporte clandestino no Estado do Rio Grande do Sul. O DAER

fiscaliza as rodoviárias, o transporte regular e o transporte de fretamento de turismo. Tivemos

oportunidade de participar de várias blitzs em que constatamos que esse transporte clandestino,

entre aspas, era feito no melhor horário. A linha regular de ônibus é obrigada a seguir a risca a

norma que estabelece seu horário. Isso não ocorre com o transporte pirata. Sai no melhor horário,

com o ônibus lotado. Realizamos algumas blitzs em que encontramos crianças desacompanhadas,

veículos lotados, em mau estado. O fiscal ao entrar no veículo quase caí para trás devido ao mau

cheiro interno. A Polícia Rodoviária Federal, junto com o DAER, apreendeu veículos dirigidos

por motoristas sem habilitação. Há motoristas sem vínculo empregatício. A pessoa contratou na

hora da viagem alguém que encontrou em algum lugar. Não podemos baixar o nível que temos,

que é altíssimo. Evidentemente, queremos alcançar um nível mais elevado ainda. Sobre a má

conservação, já encontramos ônibus com tábuas na lateral, em lugar do vidro, plásticos. Houve

uma blitz na Br-386 que foi o fim da picada, havia cadeiras de praia dentro do ônibus. Cadeiras de

praia, gente! Não tinha nada, nem cinto de segurança. Em relação à tarifa, ontem fiz um cálculo

rápido. O DAER não é obrigado a verificar tarifas, custo, planilha tarifária, junto com a Agergs, a

gente trabalha bastante em conjunto. Temos uma noção. Basicamente, o pirata, esse que trabalha

no melhor horário, só no melhor horário, não trabalha o ano inteiro, a semana inteira com chuva,

com sol. O preço do pirata geralmente é metade do preço da linha regular. Como temos um

aproveitamento por volta de 60% arredondando, praticamente a tarifa do nosso sistema regular é

equivalente à do pirata com essa maravilhosa qualidade que a gente procura combater. Então, para

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finalizar, a minha contribuição é essa, nós não podemos destruir o que está bom, nós temos de

melhorar o que temos, modernizar. Isso o DAER está fazendo, A Assembleia Legislativa, por

meio desta iniciativa também e do outro fórum que houve, das rodoviárias, está tentando fazer e

desde que entrei no DAER, vou fazer 8 anos lá, sou concursado, todas as iniciativas foram no

sentido de modernizar, o que eu pude ajudar foi no sentido de modernizar toda a equipe que lá

trabalha, diretoria, enfim. Só que muitas coisas, realmente, estão longe das nossas possibilidades.

Agradeço esta oportunidade e espero ter contribuído de forma técnica e precisa, com dados

exatos, não fazer política, mas tentando ser técnico aqui. Agradeço por esta oportunidade. Muito

obrigado. A SRA. HORÁCIA RIBEIRO (FEGAM) disse que: acho que o transporte

intermunicipal de passageiros nem é a oitava maravilha do mundo e nem é tão ruim. Ele cumpre,

hoje, o papel dele, mas dá para melhorar. Quero dizer que eu já participei de pesquisas feitas pela

Agergs, pelo DAER, pelos próprios donos das empresas sobre a qualidade dos ônibus, mas quem

atente Pelotas é só a Embaixador e quero dizer que o atendimento é de excelência. Digo isso

porque não tenho como fazer uma comparação. O transporte da Embaixador é bom? É. Eu não

tenho outra para comparar, para dizer se é bom ou ruim. Tive que dizer o que estava ali. Quero

dizer que é bom. Lembrando, Dr. Darci, o vídeo que o senhor mostrou, lá em Pelotas duas linhas

atendiam a rota Pelotas-Porto Alegre: Princesa do Sul e Fonseca Júnior. A Fonseca Júnior sempre

foi inovadora, eu fiz um estágio na área de psicologia na empresa e o dono contava que, no

início, quando vinha a Porto Alegre e saia um ônibus na frente dele, ele o seguia de carro para

contar quantas vezes o motorista pisava no freio. Esse era o controle de qualidade do profissional

dele. Ele dizia que o cidadão tinha que dormir na ponte do Retiro e acordar na ponte de Porto

Alegre, não poderia haver sobressaltos e etc. Esse era o controle de qualidade que a Fonseca

Júnior exigia dos seus funcionários. Ele se dedicou e realmente a empresa é boa. Mas trago esse

comparativo, porque hoje o senhor mostrou como era no passado com os ônibus e como

estamos hoje. Existe algo importante que não foi computado ali, na tarifa. Paguei R$22,00 na

rodoviária de Porto Alegre para mandar uma carta, uma procuração dentro de um envelope, para

Pelotas, pela empresa Embaixador. As empresas, quando começaram, aqui no Rio Grande do

Sul, não faziam transporte de carga, se hoje os ônibus têm dois andares é para fazer transporte e

não para carregar nossas malas. Tínhamos a Mercúrio, a Panex, aqueles caminhõezinhos rápidos

que faziam transportes, mas sumiram das estradas. Que bom que sumiram. O transporte está

sendo feito pelas transportadoras, mas isso não aparece no custo da passagem, não diminuiu o

seu preço. Nós também defendemos um fundo, deputado, gostaríamos que na sua relatoria fosse

destinado um olhar especial para esse fato. Defendemos um fundo que possa, realmente, ser

controlado por esse conselho. Daí a nossa proposta de reformulação no conselho, que tenham

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entidades que sejam representativas e que acompanhem, realmente, a aplicação do fundo. Alceu

Collares, quando governador, baixou os impostos da cesta básica, mas nós, donas-de-casa, nunca

sentimos isso na nossa mesa. Não adianta diminuir os tributos se, depois, não houver

fiscalização. Fica tudo muito bonito. Tiram o imposto do pneu, mas não entra, assim como não

entrou no cômputo do barateamento da nossa passagem o serviço de transportadora que as

empresas de ônibus fazem. Se eu for a Pelotas com três pessoas no carro, são sete pedágios ida e

volta, sai muito mais barato do que de ônibus, mesmo com toda a qualidade que a Embaixador

oferece, pontualidade, ar-condicionado, etc. Nós, queremos, sim, uma reformulação nesse

conselho para que tenham entidades mais eficazes no controle social, é importante o controle

social de entidades representativas. Nós queremos qualidade. O DAER diz que faz a fiscalização.

Isso é papel do poder público, gente! Está cumprindo o seu papel. Agora, o poder público não

pode se equivocar e achar que o que a sociedade civil e privada estão fazendo está bom e que não

pode mudar, tem que continuar assim, porque é perigoso. Temos que fortalecer o estado, que

deve ser regulador disso. Em Porto Alegre é o papel que a Carris faz, naquelas linhas que

ninguém quer fazer, a Carris vai lá e faz com qualidade. Do jeito que a tecnologia está, uma vez

que nós saímos cada vez menos de casa, trabalhando mais em casa, sabe-se que no valor da tarifa

também está embutido o cidadão que ocupa os ônibus. Se diminuir cada vez mais o número de

usuários, mais cara será a tarifa, levando ao caos e a qualidade diminuirá em vista disso.

Queremos reiterar a reformulação do conselho, entendemos que é importante, qualidade e

fiscalização fazem parte do pacote do conselho do DAER. Dizer que acreditamos que esse

conselho, com entidades efetivas, pode, sim, ajudar a construir nesse sistema que, torno a dizer,

não é a oitava maravilha do mundo, mas também não é o caos, pode melhorar. O SR. FERNANDO PIGATTO (FEGAM): Fazemos parte do Departamento de Desenvolvimento

Urbano da Fegam. Há anos é feita essa discussão de mobilidade, mais precisamente desde a

construção do movimento comunitário no Brasil por garantias de direitos. No ano passado,

quando teve início o debate sobre o plano nacional de mobilidade, organizamos seminários

regionais para discutir qualidade, tarifas, pedágios e acessibilidade. Participamos do debate do

fórum democrático, no qual encontramos o deputado em algumas regiões deste Estado. Hoje,

esta comissão especial é mais um espaço que estamos tendo para participar. Em todas os lugares

em que têm acontecido debates sobre esse ponto – Pelotas, Caxias, Santa Maria –, temos

participado, porque achamos importante a participação da sociedade civil organizada, bem como

de outros agentes, do Estado, da Assembleia Legislativa, das agências reguladoras, dos

empresários, para que se possa construir coletivamente saídas para os gargalos encontrados. Se

não houvesse problemas, não estaríamos aqui e não haveria essa série de debates, como o da

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comissão especial, do fórum democrático e do plano nacional de mobilidade. Citarei os três

pontos principais da nossa formulação da Federação Gaúcha das Associações de Moradores: o

conselho de transporte do DAER, a ampliação do conselho e a criação do fundo. Se o conselho é

bom, funciona e contribui, com certeza ficará melhor ainda se houver a sua ampliação e se outras

representações também forem contempladas. Quanto à criação do fundo, hoje temos

experiências que deram certo, em nível de País, no que diz respeito a fundos de habitação, de

assistência, de educação e de saúde. Por que não termos também esse fundo para o transporte?

Aí entrarão inclusive essas questões das isenções. Será um fundo que logicamente contará

também com o controle da sociedade. Quanto à fiscalização, achamos importante haver

concurso público para aumentar o efetivo de funcionários do DAER. Se existe hoje fiscalização,

com certeza isso poderia ser melhorado ainda mais e serem proibidas ações clandestinas,

malfeitas, que prejudicam o sistema. Isso se faz com concurso público, aumentando o poder de

fiscalização do Estado e com o apoio da sociedade civil. Enfim, queremos que exista neste País,

neste Estado, uma política de Estado e não uma política de governo, que, de quatro em quatro

anos, fica na dependência de quem entra ou de quem sai. Estamos sujeitos às alterações das

eleições. É a política que decide. Se tivermos uma política de Estado com efetivo controle social,

com a participação de todos os setores envolvidos, com certeza teremos um transporte de maior

qualidade e eficiência. Se isso acontecer, iremos nos encontrar outras vezes para comemorar os

avanços que resultaram desse debate e as transformações das quais fomos agentes. O SR. LAURO BEHEREGARAY DELGADO (OAB/RS): Amanhã de manhã, estarei completando

6.500 quilômetros percorridos nesses últimos 30 dias para dar a contribuição da OAB do Rio

Grande do Sul ao equacionamento moderno e eficaz desse importante serviço público. Nas

discussões dessas audiências todas, afloraram dois modelos: o que convencionamos chamar de

monopólio e o de competição. O modelo de monopólio é defendido pelas empresas que querem

perpetuar os seus privilégios, e o do DAER historicamente tem como foco não o interesse

público, do usuário, mas o interesse das empresas. Tanto isso é verdade que vou entregar ao

representante do Tribunal de Contas dois projetos: um do DAER e outro das empresas.

Sinceramente, considero que as empresas estão no seu legítimo direito de defender os seus

interesses. Acho perfeito. O que não concordo, o que lamento, o que é altamente prejudicial ao

Rio Grande do Sul é que o DAER sempre esteja defendendo não o interesse dos usuários, mas o

das empresas. Deputado Fabiano Pereira, defendemos o modelo do projeto que a sociedade

construiu no Fórum Democrático, que é um projeto de competição, um projeto moderno, legal.

Sempre falamos – e hoje repetimos e sustentamos – que a Argentina é exemplo de um modelo

moderno, de competição, em que o usuário é o foco, no qual tem direito de escolha, etc. Por

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outro lado – já falamos –, há o do DAER. Quando a comissão, deputado, aceitou a nossa

sugestão de irmos à Argentina e ao Uruguai para ver como funcionam os sistemas de transporte

daqueles países, em que condições funcionam, quais os subsídios dados, a OAB ficou tranqüila.

A comissão mostrou que quer conhecer a verdade de tudo. Sinceramente, a participação do meu

conterrâneo hoje aqui foi lamentável. É uma pena que ele não ficou aqui, mas terá de ajustar

contas conosco em Uruguaiana. Ele veio participar de uma comissão que trata do transporte

intermunicipal só para falar do transporte argentino. Ele não falou sobre o nosso modelo. Não

falou sobre tarifa, sobre fiscalização, sobre gestão do DAER. Ele só veio aqui dar depoimento de

que na Argentina é ruim, mas foi infeliz porque nós vamos lá. A comissão vai lá e vai constatar

como esse moço foi muito infeliz no que disse, hoje, aqui. Ele vai ter de manter essa posição lá

em Uruguaiana. Eu até não vinha hoje, aqui, depois que o deputado Lara disse que vamos

conferir os modelos, até nem viria porque conheço todas as posições que a OAB e que o Corede

defendem. Por outro lado, o filminho do meu querido colega já é conhecido, então eu não vinha.

Mas o representante do DAER me tirou do sério, deputado Fabiano, me levou à loucura! E hoje

ainda, aqui, ratificou. E disse – pelo amor de Deus! – ontem, que o modelo é de primeiro mundo

e, hoje, anotei aqui, ele, além de ser forte, é corajoso. Mas veja bem, ele disse que o nosso modelo

de 1956 é moderno e que o apresentando fez sucesso em Brasília! Pelo amor de Deus! Esse

processo que o senhor diz que é moderno, afronta, engenheiro, toda a legislação brasileira! Ele

afronta a constituição! Deputado, outro dia li – e vocês que são estudantes de Direito conhecem

–, todos as artigos da constituição que são afrontados por esse modelo do DAER e que ele quer

perpetuar, e olha que não trouxe todos porque, se fosse falar nisso, esgotaria todo o meu tempo.

Esse modelo afronta toda a legislação brasileira, e o senhor vem dizer que ele é moderno! Isso

aqui é uma loucura: tarifa mais cara do que automóvel! Pergunto, precisa argumentar se o

transporte individual afronta a lógica? O ônibus com 50 lugares, com o preço de uma passagem o

cidadão vai a seu destino e volta com menos dinheiro e ainda precisa provar! E o DAER acha

que está bem! Mas onde é que nós estamos? Vamos ficar repetindo isso? Então, engenheiro,

estou aqui hoje em sua homenagem. Por que o senhor me desviou? Deputado, depois que foi

decidido que vamos, tranquila, serena e responsavelmente, com espírito público, analisar o que

existe no mundo, para fazermos um projeto com foco no interesse da comunidade, fiquei

tranquilo. Mas também não poderia deixar de comentar o que foi dito pelo representante do

DAER, que cometeu aqui verdadeiras atrocidades. Queria também, deputado, fico emocionado.

São quatorze anos na estrada, deputado. É uma luta muito grande. Eu até me emociono. Mas o

meu novo amigo, o Jefferson, que conheci agora, nessas cruzadas, trouxe um dado aqui, que

informa que o Uruguai está comprando ônibus chinês, etc. Disse ontem e, repito: o Uruguai, não

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tenho certeza, a Argentina eu sei que só compra ônibus da Marcopolo. Só que há um detalhe,

deputado, esses meninos aí conhecem, vão a Buenos Aires naqueles ônibus, em que o conforto é

muito maior, a qualidade é muito maior. Se instituirmos aqui a competição, já que o Jefferson

está preocupado com a indústria nacional, certamente irão comprar mais ônibus, porque quando

houver duas empresas, como o nosso modelo prevê, evidentemente, essa preocupação do

Jefferson, penso, não terá sentido. Ele trouxe também ontem, quando falávamos em tarifa, um

dado de que agora, de dois meses para cá, de Itaqui-Uruguaina para Porto Alegre de repente

houve redução na tarifa. É claro, com a pressão legítima que a OAB exerce, denunciando as

coisas erradas e procurando construir o que é bom, isso acontece. Expôs que havia uma tarifa de

72 reais. Expôs que havia uma tarifa de 72 reais. Veja vem, deputado Fabiano. Isso aí aconteceu

agora em função da pressão. Só que foram de uma infelicidade, não falaram com o Pedro, porque

o Pedro é um cara competentíssimo. Vejam bem, colocaram os ônibus sem ar- condicionado,

num clima de 40º de calor. Na Argentina, que vieram aqui falar mal – e não sei a que título –, há

20 anos é proibido trafegar ônibus sem ar-condicionado. Aqui, ele acha vantagem, uma passagem

popular – e é claro que é três vezes por semana, não é todo dia. Isso prova que o DAER não

cumpre o seu dever. Se na Argentina, há 20 anos, não pode trafegar ônibus sem ar-condicionado,

como é que o DAER permite que trafeguem 50 pessoas, por 600 quilômetros, dentro de um

ônibus sem ar-condicionado? Deputado Fabiano, o senhor se lembra do depoimento que dei a

respeito daquela viagem que fiz a Pelotas, num ônibus que tinha 20 anos, que não tinha luz de

leitura, nem bancos apropriados para viagens longas, e que nem água tinha? Ninguém vai me

contestar aqui. Sabem o que é isso? Falta de fiscalização do DAER, falta de cumprimento do

dever por parte do DAER. Continuando, deputado Fabiano, por que, engenheiro, representante

do DAER, se é tão bom o sistema, nos últimos 10 anos, diminuiu em 20% o número de

usuários? Se ele é tão bom assim. Outra coisa, quero fazer um convite para o DAER, para as

empresas, para a Agergs, compreendeu? Eu, sinceramente, outro dia critiquei e ratifico, a crítica

que fiz. Estou fazendo uma viagem, nessas condições, chego em Pelotas, me apresento com 82%

ou 86% de satisfação. Alguma coisa está errada. Então convido a Agergs, o DAER e as empresas

que fiscalizem, e a OAB vai acompanhar, vamos fazer uma pesquisa, vamos a Uruguaiana, vamos

a São Borja, e vamos nós, porque essa pesquisa de conselho... Ah! Mas qual é o critério para

integrar o Conselho do DAER? Tem algum critério? Se foi o conselho, esse conselho está mal

formado, esse conselho está inventando, pois não pode dar satisfação a alguém pagar mais para o

ônibus, por um serviço péssimo, do que andar de automóvel, mais do que andar de avião. Ora, o

Rebelo procurar falar do avião, mas o avião é o melhor transporte do mundo. Até de pé, a gente

vai de avião e vai feliz, porque anda 2 mil quilômetros em duas horas. E no transporte

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intermunicipal se demora de 9 horas a 10 horas para se viajar de Itaqui a São Borja. Então,

defender que o transporte de avião e de automóvel custa mais barato, isso chega a ser uma

loucura. Qual é o modelo que queremos? O nosso modelo é moderno, porque é de 2010. É legal,

porque se ajusta a todos os dispositivos legais. O Tribunal de Contas, e chamo a atenção, e vou

lhe entregar agora, o projeto do DAER é todo ele ilegal e inconstitucional, pois defende a reserva

de mercado e o favorecimento de todas as maneiras. Esse é o projeto moderno que o engenheiro

fala. Pensei, deputado Fabiano, colega Darci, e não entendia como poderia uma licitação ser

assim considerada, se em todo mundo, para ser concedido o serviço público, é usada a licitação.

Agora, eu sei, panacéia são as licitações que o DAER faz, baseado numa lei de 1956. Está aqui.

Entregamos um documento no qual o Sr. Cloraldino Severo, grande ex-ministro dos transportes

analisa o edital do DAER. Então, aquele edital nos levou a lutar por um novo marco regulatório.

E não adiantaria nada, pois o edital seria uma panacéia se fosse como o do DAER, que não tem

um plano de outorga decente. É todo ele trabalhado não no sentido do interesse público. Então,

hoje, entendo o Darci, quando ele se referiu à legislação atual e a essa que o DAER quer. Aí, sim,

concordo com o Darci que a licitação vira uma panacéia, ou seja, é um expediente que não

deveria existir. Agora, sendo com uma legislação adequada à constituição e a toda a legislação

infraconstitucional certamente não vai ser. Conforto. Vamos ver que a competição, é evidente,

traz mais conforto – e sobre isso aqui não vou falar, porque vamos ver na Argentina. Aquela

necessidade de encantar o usuário. E o serviço. A regime de outorga, defendemos a permissão,

porque é mais favorável ao interesse público, ao usuário, ou seja, mais de uma empresa por linha.

Agora, quando não há condições, defendemos que haja somente uma empresa. Do contrário, tem

que haver competição. Vida útil dos veículos. Defendemos 10 anos. No Chile, são 10 anos, e o

Chile é um grande exportador de ônibus para países subdesenvolvidos. Por quê? Porque lá são

somente 10 anos. Não estamos sonhando, não inventamos nada, só que o nosso foco é o

interesse público. Reajuste de tarifa. Por aquela legislação do DAER, esse projeto é um problema

técnico, é isso. Negativo. Senhor, no Tribunal de Contas, nós queríamos pôr índice oficial. É

simples. Não estamos inventando nada, agora, não há nenhum critério subjetivo. Transparência

do sistema e o projeto ter uma visão de futuro. O nosso projeto visa a qualificar o transporte

coletivo: que voltem os 20%, que viajem mais de ônibus, que deixem o automóvel em casa, que

seja mais vantajoso, em matéria de tarifa e de conforto, viajar de ônibus. Então, é isso que

queremos, e isso aí vai repercutir no desenvolvimento do Rio Grande. Vai se economizar mais

combustível com a qualificação do transporte público, haverá menos gases poluentes, e o tráfego

nas estradas vai diminuir, ou nós vamos controlar. Então, isso é que é moderno, engenheiro. Isso

aqui é plano moderno. O SR. PRESIDENTE (Fabiano Pereira – PT): todos esses dados

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estarão no relatório da comissão. Evidentemente, que vamos checar todos os documentos que

nos chegam. Vamos checar com o DAER se assume ou não a responsabilidade pelo projeto,

embora o DAER não tenha a responsabilidade de fazer projeto O DAER pode fazer pré-projeto

e enviá-lo à Casa Civil, pois não tem competência de enviar projeto para a Assembleia Legislativa.

Quem manda o projeto para o Parlamento Gaúcho é o governo do Estado, pois a governadora

deve assinar o projeto. Assim é que vai para a Assembleia Legislativa, somente desta forma é que

vai, oficialmente, um documento do Estado. É assim que funciona o processo constitucional para

análise de qualquer projeto de lei que possa ser apreciado pela Poder Legislativo, que é o órgão

que vota os projetos. Nada mais havendo a tratar, o Presidente agradeceu a presença de todos e

deu por encerrada a reunião. O inteiro teor foi gravado, passando o arquivo de áudio a integrar o

acervo documental desta reunião. E, para constar, lavrei a presente ata, que vai assinada pelo

Presidente e por mim, Secretário da Comissão, e, após aprovação, será publicada no Diário da

Assembleia Legislativa.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO E LEGISLATIVO

O transporte coletivo intermunicipal de passageiros é um serviço de caráter público de

responsabilidade do Estado em virtude de sua competência constitucional residual, sendo o

serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros de competência da

União Federal por força do art. 22, XII. “e” da Constituição Federal, e o transporte coletivo

municipal de competência dos Municípios em virtude do art. 30, V da Carta Magna.

Este tipo de serviço público pode ser explorado diretamente pelo Estado ou por

concessão de serviço público, que é o instituto através do qual o Estado atribui o exercício de um

serviço público a alguém que aceita prestá-lo em nome próprio, por sua conta e risco, nas

condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo Poder Público, mas sob garantia contratual de

um equilíbrio econômico-financeiro, remunerando-se pela própria exploração do serviço, em

geral e basicamente mediante tarifas cobradas diretamente dos usuários do serviço1.

A concessão de serviço público recebe regramento constitucional através do art. 175 da

Constituição Federal que estatui: “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de

concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”. Tal artigo, em seu

parágrafo único, dispõe ainda que: “A lei disporá sobre: I – regime das empresas concessionárias e

permisionárias de serviço público, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de

caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permisssão; II – os direitos dos usuários; III – política tarifária;

IV – obrigação de manter o serviço adequado”.

Para cumprir a determinação do art. 175 da Constituição Federal foi editada a Lei Federal

n. 8.987/95 que trata sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviço públicos,

de onde se extrai no art. 2º, II que: “concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo

poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que

demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado”.

Em nível de Constituição Estadual, está contemplado, o transporte intermunicipal de

passageiros, pelos artigos 178 e 179, in verbis:

1 MELLO, CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 22 ed., 2007, p. 680.

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Art. 178 - O Estado estabelecerá política de transporte público intermunicipal de passageiros, para a organização, o planejamento e a execução deste serviço, ressalvada a competência federal.Parágrafo único - A política de transporte público intermunicipal de passageiros deverá estar compatibilizada com os objetivos das políticas de desenvolvimento estadual, regional e urbano, e visará a:I - assegurar o acesso da população aos locais de emprego e consumo, de educação e saúde, e de lazer e cultura, bem como outros fins econômicos e sociais essenciais;II - otimizar os serviços, para a melhoria da qualidade de vida da população;III - minimizar os níveis de interferência no meio ambiente;IV - contribuir para o desenvolvimento e a integração regional e urbana.Art. 179 - A lei instituirá o sistema estadual de transporte público intermunicipal de passageiros, que será integrado, além das linhas intermunicipais, pelas estações rodoviárias e pelas linhas de integração que operam entre um e outro Município da região metropolitana e das aglomerações urbanas.Parágrafo único - A lei de que trata este artigo disporá obrigatoriamente sobre:I - o regime das empresas concessionárias ou permissionárias dos serviços de transporte, o caráter especial de seus contratos e de sua prorrogação, bem como sobre as condições de caducidade, fiscalização e rescisão de concessão ou permissão;II - direito dos usuários;III - as diretrizes para a política tarifária;IV - os níveis mínimos qualitativos e quantitativos dos serviços prestados;V - as competências específicas e a forma de gestão dos órgãos de gerenciamento do sistema;VI - os instrumentos de implementação e as formas de participação comunitária.

No Estado do Rio Grande do Sul, a outorga de qualquer concessão de serviço público

estadual é regida pela Lei Estadual n. 10.086/94. Entretanto, por força do art. 31 desta Lei, ela

não se aplica à concessão e permissão para o serviço público intermunicipal de passageiros.

O Transporte Coletivo Intermunicipal de Passageiros é regulado, em nosso Estado, pela

Lei Estadual n. 3.080/56, somada a uma série de leis esparsas que tratam de assuntos pontuais2.

2 Vide: Lei n. 4.738, de 4 de junho de 1964 - Revoga a Lei n. 4.480, de 9 de janeiro de 1963 e revigora o art. 26 da Lei n. 3.080 de 28 de dezembro de 1956 e dá outras providências; Lei n. 5.875, de 9 de dezembro de 1969 - Cria a taxa de Manutenção e serviços de Rodovias e dá outras providências; Lei n. 6.187, de 8 de janeiro de 1971 - Dispõe sobre os serviços de Estações Rodoviárias no Estado; Lei n. 6.404, de 14 de julho de 1972 Altera a Lei n. 3.080, de 28 de dezembro de 1956 e Lei n. 6.187, de 8 de janeiro de 1971 e dá outras providências; Lei n. 6.738, de 25 de setembro de 1974 - Revoga o Art. 10 da Lei n. 6.187, de 8 de janeiro de 1971; Lei n. 7.105, de 28 de novembro de 1977 - Dispõe sobre violação da legislação estadual de concessões de linhas de transporte coletivo intermunicipal de passageiros, sobre os transportes especiais e dá outras providências; Lei n. 7.304, de 29 de novembro de 1979 - Revoga o art. 14, da Lei n. 7.105, de 28 de novembro de 1977; Lei n. 7.813, de 21 de setembro de 1983 - Dispõe sobre o uso do fumo, e dá outras providências; Lei n. 7.552, de 3 de novembro de 1981 - Altera a Lei n. 7.105, de 28 de novembro de 1977, e dá outras providências; Lei n. 8666, de 14 de julho de 1988 - Dispõe sobre validade de bilhetes de passagem de transporte coletivo intermunicipal; Lei n. 9.823, de 22 de janeiro de 1993 - Dispõe sobre a concessão de passagens a policiais militares no sistema de transporte coletivo intermunicipal de passageiros; Lei n. 10982, de 06 de Agosto de 1997 - Determina a concessão de desconto no valor da passagem rodoviária intermunicipal no Estado do RGS; Lei n. 11.338, de 17 de Junho de 1999 - Introduz modificações na lei 10.382 de 06 de agosto de 1997; Lei n 11.090 de 22 de janeiro de 1998 - Reorganiza o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem - DAER, criado pela Lei n.º 750, de 11 de agosto de 1937, e dá outras providências; Lei n 11.664, DE 29 DE MAIO de 2001 - Dispõe sobre gratuidade nas linhas comuns de transporte intermunicipal de passageiros até o limite de 02(duas) passagens por coletivo aos deficientes físicos, mentais e sensoriais, comprovadamente carentes;

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Mais recentemente, foi editada a Lei Estadual n. 11.283/98 que dispõe sobre diretrizes para a

instituição de um sistema estadual de transporte intermunicipal de passageiros, sem, entretanto

dispor especificamente sobre um Sistema em si. Desta forma, sem que haja legislação acerca do

Sistema de Transporte Coletivo Intermunicipal de Passageiros o Poder Executivo Estadual tem

feito a gestão do “Sistema” através de Decretos3 e também por Decisões, Resoluções, atos do

poder concedente e ordens de serviço exaradas pelo Conselho de Tráfego do Departamento de

Estradas de Rodagem – DAER/RS. Destaca-se que a regulamentação do transporte coletivo

intermunicipal das regiões interurbanas é de competência da Fundação Estadual de Planejamento

Metropolitano e Regional – METROPLAN, instituída pela Lei Estadual n.º 6.748, de 29 de

outubro de 1974 e pelo Decreto n.º 23.856, de 8 de maio de 1975, como órgão de apoio técnico

do Conselho Deliberativo da Região Metropolitana de Porto Alegre. Pelas alterações estatutárias

estabelecidas no Decreto n.º 39.271/99 e Decreto n.º 40.148/00, a METROPLAN ficou

encarregada de tarefas relacionadas com a elaboração e coordenação de planos, programas e

projetos de desenvolvimento regional e urbano do Estado. Inclusive a nova a atribuição de

planejamento, de coordenação, de fiscalização e de gestão do Sistema Estadual de Transporte

Lei n.º 11.993, DE 29 DE OUTUBRO DE 2003 - Dispõe sobre o bilhete de passagem no transporte intermunicipal de passageiros no Estado do Rio Grande do Sul. 3 Decreto n. 2.841, de 29 de janeiro de 1952 - Regulamenta o Serviço Intermunicipal de Transporte Coletivo de Passageiros; Decreto n. 7.728, de 27 de março de 1957 - Aprova o regulamento do serviço de transporte coletivo intermunicipal de passageiros; Decreto n. 14.686, de 10 de janeiro de 1963 - Altera os Decretos 7.728, de 27 de março de 1957 e 4.139, de 28 de agosto de 1953, nas partes em que, respectivamente, regulam as transferências de concessões de linhas de transporte coletivo intermunicipal de passageiros e de Estações Rodoviárias; Decreto n. 16.494, de 6 de março de 1964 - Altera o Parágrafo único do artigo 118 do regulamento do serviço de transporte intermunicipal de passageiros do Estado do Rio Grande do Sul, aprovado pelo Decreto n. 7.728, de 27 de março de 1957; Decreto n. 18.563, de 20 de junho de 1967 - Altera disposições do regulamento do serviço de transporte coletivo intermunicipal de passageiros, aprovado pelo DECRETO n. 7.728, de 27 de março de 1957, a fim de adaptá-lo à Lei n. 4.738, de 4 de junho de 1964; Decreto n. 20.051 – de 23 de dezembro de 1969 - Regulamenta a Lei n. 5.875, de 9 de dezembro de 1969, que cria a taxa de manutenção e serviços de rodovias; Decreto n. 21.072, de 12 de março de 1971 - Regulamenta a Lei n. 6.187, de 8 de janeiro de 1971, que dispõe sobre os serviços de Estações Rodoviárias no Estado; Decreto n. 22.624, de 6 de setembro de 1973 - Altera disposições do Regulamento aprovado pelo Decreto n. 7.728, de 27 de março de 1957, já alterado pelo Decreto n. 18.563, de 20 de junho de 1967; Decreto n. 23.121, de 27 de maio de 1974 - Altera dispositivo do Regulamento do Serviço de Transporte coletivo intermunicipal de passageiros aprovado pelo DECRETO n. 7.728, de 27 de março de 1957; Decreto n. 29.767, de 25 de agosto de 1980 - Dispõe sobre o procedimento a ser adotado para a liberação de licenças relativas aos transportes especiais de que trata a Lei n. 7.105, de 28 de novembro de 1977; Decreto n. 30.231, de 3 de julho de 1981 - Dá nova redação aos artigos 131 e 134 do regulamento aprovado pelo DECRETO n. 7.728, de 27 de março de 1957, já anteriormente alterados pelo Decreto n. 22.624, de 6 de setembro de 1973; Decreto n. 30.555, de 19 de janeiro de 1982 - Institui a Comissão de Racionalização de Combustíveis do Estado do Rio Grande do Sul; Decreto n. 30.647, de 22 de abril de 1982 - Dispõe sobre o regime de prioridades entre empresas preferentes à concessão de linhas de transporte coletivo intermunicipal e dá outras providências; Decreto n. 33.679 de 27 de setembro de 1990 – Altera o Decreto n. 21.072, de 12 de março de 1971, que dispõe sobre os serviços de Estações Rodoviárias no Estado; Decreto n. 38.868, de 14 de setembro de 1998 - Dispõe sobre o regulamento do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem - DAER, reorganizado pela Lei n.º 11.090, de 22 de janeiro de 1998; Decreto n. 41.640, de 24 de maio de 2002; Dispõe sobre o Regulamento do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem - DAER (revoga o decreto 38868); Decreto n. 41.708 de 03 de junho de 2002 - Altera dispositivo do Decreto n.º 41.640 de 24 de maio de 2002, que dispõe sobre regulamento do DAER; Decreto n. 42.410, de 29 de agosto de 2003 - Regulamenta a Lei n.º 11.664, de 28 de agosto de 2001, que dispõe sobre a gratuidade nas linhas comuns do transporte intermunicipal de passageiros, até o limite de duas passagens por coletivo, a deficientes físicos, mentais e sensoriais, comprovadamente carentes.

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Metropolitano Coletivo de Passageiros, conferida pela Lei Estadual n.º 11.127, de 09 de fevereiro

de 1998.

Desta maneira, é sobre esta base legislativa que está erigido, atualmente, o sistema de

transporte coletivo intermunicipal de passageiros do Rio Grande do Sul.

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4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS

Inicialmente, salienta-se a importância de haver uma permanente avaliação dos serviços

públicos oferecidos aos Gaúchos, pois esta é a finalidade precípua do Estado, e, justamente, por

esta razão, é que existe, na Assembléia Legislativa, a Comissão de Serviços Públicos, que dentre

outras atividades, tem competência de apreciar assuntos referentes à organização político-

administrativa do Estado, bem como matérias relacionadas a obras públicas, saneamento,

transporte, viação, energia, comunicações, mineração e funcionalismo público.

No último período, a Comissão tem se dedicado a aprofundar o debate em torno da

questão da infraestrutura. Assim, criou o Fórum de Infraestrutura e Logística que se debruça a

discutir e apontar soluções para o tema, abrangendo os modais aeroviário, ferroviário, hidroviário

e rodoviário. A proximidade da Copa do Mundo, em 2014, reforça a necessidade da adoção de

todos os ajustes necessários nessa área visando a adequada preparação para realização de evento

de tal importância.

Nesse sentido, é salutar o esforço do Legislativo que ramifica o debate através desta

Comissão Especial para avaliar o sistema de Transporte Coletivo Intermunicipal de Passageiros,

elemento fundamental de mobilidade entre os gaúchos, cujo trabalho passamos a analisar.

O sistema estadual de transporte público intermunicipal de passageiros surgiu na década

de 30, quando sequer havia estradas e pontes, fruto de investimentos privados, realizados pelos

pioneiros do setor, que sempre demonstraram o desejo de prestar um serviço público contínuo e

de qualidade, pois todos têm uma história de vida ligada a transportes.

Em 1956, foi editada a Lei Estadual nº 3.080, que com outras legislações e regulamentos

complementares supervenientes, passaram a reger o sistema de transporte coletivo de

passageiros. Esta Lei, na época, foi inovadora, pois criou uma sistemática pioneira de decisão

colegiada, com deliberações em sessões públicas, o Conselho de Tráfego, composto de

representantes do Poder Concedente, dos concessionários, dos estacionários, dos trabalhadores e

dos usuários.

As atuais concessões foram outorgadas pela Lei nº 3080/56 a todas as empresas cujos

serviços foram, então, considerados de boa qualidade, as quais vinham, até então, prestando os

serviços como autorizadas. Celebraram-se, então, contratos que vieram sendo mantidos até esta

data.

Em 1997, a Lei nº 10.931, criou a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos

Delegados do Rio Grande do Sul – AGERGS. Em 1998, a Lei 11.127 instituiu o Sistema

Estadual de Transporte Metropolitano Coletivo de Passageiros – SETM e criou o Conselho

Estadual de Transporte Metropolitano Coletivo de Passageiros – CETM, passando a gestão do

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subsistema metropolitano à Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional –

METROPLAN, permanecendo a gestão do subsistema de longo curso com o Departamento

Autônomo de Estradas e Rodagem – DAER, com algumas competências alteradas pela Lei nº

11.090/98.

Ao longo destes anos, o sistema evoluiu e chegou a todos as localidades do Estado, sendo

operado por mais de 300 empresas gaúchas de pequeno e médio porte, com centro de decisão

local, com boa aceitação dos usuários, conforme atestado pelo programa de usuários voluntários

da AGERGS.

Os dados gerais do sistema de transporte coletivo de passageiros, de longo curso e

metropolitano, são:

• 220 milhões de passageiros por ano são transportados;

• Quase 5.000 linhas e variantes atendem todo o Estado;

• Aproximadamente 6.000 ônibus realizam o serviço;

• Mais de 300 empresas gaúchas de pequeno e médio porte que operam o

sistema;

• 325 estações rodoviárias;

• Empresas com centro de decisão no Rio Grande do Sul.

Em 1989, entretanto, a Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, no seu artigo 1794,

determinou que lei específica deveria instituir o Sistema Estadual de Transporte Público

Intermunicipal de Passageiros, englobando os dois subsistemas antes mencionados. Nessa esteira,

a Lei Estadual nº 11.283, em 1998, no seu art. 2º5, definiu que as linhas de transporte coletivo

intermunicipal seriam agrupadas em mercados econômica e operacionalmente viáveis,

diferentemente do sistema de linhas isoladas preconizadas pela Lei nº 3080/56. Com isso, o

sistema seria organizado através de da outorga de novas concessões com linhas agrupadas em

4 Art. 179 - A lei instituirá o sistema estadual de transporte público intermunicipal de passageiros, que será integrado, além das linhas intermunicipais, pelas estações rodoviárias e pelas linhas de integração que operam entre um e outro Município da região metropolitana e das aglomerações urbanas.5 Art. 2º - O transporte público intermunicipal de passageiros é serviço público e será explorado diretamente pelo Estado ou mediante concessão ou permissão de mercado, assim entendido o conjunto economicamente viável de linhas entre localidades geradoras de demanda por transporte intermunicipal de passageiros.Parágrafo único - Os mercados do transporte intermunicipal de passageiros subdividir-se-ão em:I - mercado de abrangência estadual;II - mercados inter-regionais;III - mercados regionais;IV - mercados locais.

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mercados [bacias no termo mais usual de transporte]. Esse modelo já é adotado em Porto Alegre,

com a formação de consórcios operacionais, e será utilizado no plano federal, para o sistema

interestadual.

Em razão do sistema contratual de linhas isoladas, hoje existente, com diferentes prazos

de término dos contratos, alguns vigentes no prazo previsto no contrato e outros por não terem

sido denunciados, a implantação do novo sistema de mercados, como determinado pela

Constituição do Estado e pela Lei Estadual nº 11.283/98, exige que seja equalizado o vencimento

de todos os contratos para se poder agrupar as linhas em bacias. Se não for assim, licitações

isoladas inviabilizarão o complexo sistema que vai ser adotado, como ocorreu com as estações

rodoviárias. Nelas, licitações precipitadas geraram mais de 80% de deserções num total de pouco

mais de 100 licitações.

Esta situação de transição, pela qual passam as concessões de transporte de passageiros

do Rio Grande do Sul, em verdade, também está sendo vivenciada em outros tipos de serviços

públicos, tanto estaduais, quanto federais.

Recentemente, inclusive, no dia 7 de abril deste ano, foi instalada a Frente Parlamentar

para Renovação das Concessões de Energia Elétrica. Liderada pelo Deputado Adroaldo Loureiro

(PDT), com a participação e o apoio de outros 40 parlamentares, entre eles este Relator, com

objetivo a formação de um movimento político em defesa das estatais de energia, de modo a

permitir a renovação de contratos que vencem em 2015.

“É um tema da mais alta importância em um país que possui uma matriz energética

invejável, construída com muito sacrifício”, disse Loureiro. De acordo com o parlamentar, a

Constituição Federal prevê a obrigatoriedade de licitação para serviços de concessão de energia

elétrica, o que vem causando insegurança com relação à renovação dos contratos. “Cinco anos

parecem longe, mas estão logo ali”, disse o parlamentar.

Em relação ao transporte interestadual de passageiros, também se tem conhecimento

existir processo similar, com a realização de estudos, pela Agência Nacional de Transportes

Terrestres – ANTT, com o intuito de conceber um novo sistema, denominado Pro-Pass, para

depois dar início a processos licitatórios, previstos para 2.011.

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A própria Lei Federal nº 11.445, em 2007, que promoveu modificações na Lei de

Concessões, Lei Federal nº 8.987/95, principalmente em relação ao art. 426 das Disposições

Transitórias, reflete toda essa mudança pela qual passa o setor de concessões.

Logo, não há dúvida da necessidade de criar-se um novo marco regulatório para o

transporte coletivo de passageiros, a ser construído levando-se em conta o aprendizado de

décadas do DAER, da METROPLAN, da AGERGS, dos concessionários do sistema, bem como

com as informações colhidas das diversas audiências públicas realizadas pela Comissão, inclusive

com a ativa participação de entidades representativas de usuários.

Nestas audiências realizadas em Porto Alegre, Passo Fundo, Pelotas, Caxias do Sul e

Santa Maria, as questões mais relevantes que foram abordadas, que serão objeto de maior análise,

foram:

6 Art. 42. As concessões de serviço público outorgadas anteriormente à entrada em vigor desta Lei consideram-se válidas pelo prazo fixado no contrato ou no ato de outorga, observado o disposto no art. 43 desta Lei.§ 1º Vencido o prazo mencionado no contrato ou ato de outorga, o serviço poderá ser prestado por órgão ou entidade do poder concedente, ou delegado a terceiros, mediante novo contrato.§ 2º As concessões em caráter precário, as que estiverem com prazo vencido e as que estiverem em vigor por prazo indeterminado, inclusive por força de legislação anterior, permanecerão válidas pelo prazo necessário à realização dos levantamentos e avaliações indispensáveis à organização das licitações que precederão a outorga das concessões que as substituirão, prazo esse que não será inferior a 24 (vinte e quatro) meses.§ 3º As concessões a que se refere o § 2o deste artigo, inclusive as que não possuam instrumento que as formalize ou que possuam cláusula que preveja prorrogação, terão validade máxima até o dia 31 de dezembro de 2010, desde que, até o dia 30 de junho de 2009, tenham sido cumpridas, cumulativamente, as seguintes condições:I - levantamento mais amplo e retroativo possível dos elementos físicos constituintes da infra-estrutura de bens reversíveis e dos dados financeiros, contábeis e comerciais relativos à prestação dos serviços, em dimensão necessária e suficiente para a realização do cálculo de eventual indenização relativa aos investimentos ainda não amortizados pelas receitas emergentes da concessão, observadas as disposições legais e contratuais que regulavam a prestação do serviço ou a ela aplicáveis nos 20 (vinte) anos anteriores ao da publicação desta Lei; II - celebração de acordo entre o poder concedente e o concessionário sobre os critérios e a forma de indenização de eventuais créditos remanescentes de investimentos ainda não amortizados ou depreciados, apurados a partir dos levantamentos referidos no inciso I deste parágrafo e auditados por instituição especializada escolhida de comum acordo pelas partes; eIII - publicação na imprensa oficial de ato formal de autoridade do poder concedente, autorizando a prestação precária dos serviços por prazo de até 6 (seis) meses, renovável até 31 de dezembro de 2008, mediante comprovação do cumprimento do disposto nos incisos I e II deste parágrafo.§ 4º Não ocorrendo o acordo previsto no inciso II do § 3o deste artigo, o cálculo da indenização de investimentos será feito com base nos critérios previstos no instrumento de concessão antes celebrado ou, na omissão deste, por avaliação de seu valor econômico ou reavaliação patrimonial, depreciação e amortização de ativos imobilizados definidos pelas legislações fiscal e das sociedades por ações, efetuada por empresa de auditoria independente escolhida de comum acordo pelas partes.§ 5º No caso do § 4o deste artigo, o pagamento de eventual indenização será realizado, mediante garantia real, por meio de 4 (quatro) parcelas anuais, iguais e sucessivas, da parte ainda não amortizada de investimentos e de outras indenizações relacionadas à prestação dos serviços, realizados com capital próprio do concessionário ou de seu controlador, ou originários de operações de financiamento, ou obtidos mediante emissão de ações, debêntures e outros títulos mobiliários, com a primeira parcela paga até o último dia útil do exercício financeiro em que ocorrer a reversão.§ 6º Ocorrendo acordo, poderá a indenização de que trata o § 5o deste artigo ser paga mediante receitas de novo contrato que venha a disciplinar a prestação do serviço.

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• a tarifa do serviço, pesar de ser menor em relação a outros estados da

Federação, é considerada elevada, sendo identificado como os principais

fatores que pressionam o seu valor, as gratuidades sem fonte de custeio, a alta

carga tributária incidente sobre os insumos e o preço dos combustíveis;

• deve ser criado um Fundo de Transporte para subsidiar passagens de

aposentados, idosos, deficientes e também de serviços deficitários;

• o transporte clandestino e “ambulancioterapia”, realizado com veículos sem as

condições adequadas, oferecem riscos aos usuários, desviam passageiros do

sistema oficial do Estado e pressionam a tarifa.;

• o incentivo a motorização privada – isenção de IPI dos veículos e outros –

contribuem para a redução do número de passageiros;

• os conselhos decisórios, como o Conselho de Tráfego do DAER, devem ser

ampliados com a participação de mais representantes da sociedade;

• o serviço de transporte coletivo de passageiros é de boa qualidade, conforme

avaliado pelos Poderes Concedentes, pela Agência Reguladora7, bem como

pelas manifestações das pessoas que compareceram aos eventos;

• o novo modelo, onde for viável, deve ampliar as opções de escolha dos

usuários;

• deve haver uma transição gradual do modelo atual para o novo modelo, com

respeito aos contratos existentes;

• os futuros processos licitatórios devem conduzir a um sistema equivalente ou

melhor ao que se tem atualmente, impondo aos interessados que se sub-

roguem em eventuais obrigações indenizatórias de responsabilidade do

Estado, para preservar o erário.

A tarifa, primeiro ponto mencionado, é o resultado do rateio do custo pelos usuários

pagantes do serviço. Assim, o assustador número de gratuidades que chega a casa de milhões de

pessoas transportadas ao ano - sem pagar e sem fonte de custeio - evidentemente, contribuem

para uma majoração da tarifa, como de resto ocorre quando os usuários migram para o

transporte clandestino ou passam a utilizar a motorização privada.

7 Fonte: AGERGS – Qualidade dos Serviços Públicos RS/2008 – Transporte Intermunicipal de Longo Curso e Estações Rodoviárias.

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A representação dos usuários defendeu a criação de um Fundo de Transporte para

subsidiar passagens de aposentados, idosos, deficientes e também de serviços deficitários. Disse

ser favorável a essas isenções, mas consideram que quanto mais passageiros gratuitos, mais a

passagem fica cara. Isso quer dizer que tem de haver subsídio de uma forma ou outra. Parece ser

evidente e lógico que quem concede a gratuidade deve prever a sua fonte de custeio.

O transporte clandestino, de outra banda, deve ser combatido com veemência pela

fiscalização do DAER e da METROPLAN, inclusive levando o caso à esfera judicial, cível e

criminal, quando for o caso. O relato de representantes do DAER é deveras preocupante. É

comum a fiscalização encontrar ônibus sem condições de trafegabilidade (sem licenciamento),

pessoas sem habilitação dirigindo e menores desacompanhados e sem identidade sendo

transportados.

Ademais, enquanto as empresas regulares mantêm alojamentos em pontos estratégicos do

itinerário, para fazer o revezamento dos motoristas, sempre mantendo um profissional habilitado

e descansado para conduzir o veiculo, os clandestino dirigem por horas e horas, o que somado ao

fato das más condições do veículo, aumenta exponencialmente a probabilidade de acidentes. A

questão vai além do transporte, consistindo em matéria de segurança pública.

Já “ambulancioterapia” é questão mais complexa, pois envolve dois aspectos: um é do

transporte de enfermos que necessitam deslocar-se do interior à Capital e de cidade menores a

cidades pólos, para receber atendimento médico; outro é das pessoas não enfermas, que

ilegalmente viajam nestas ambulâncias. O primeiro aspecto diz respeito às deficiências do serviço

público de saúde e foge a análise desta Comissão Especial, mas está dentro do aspecto de

abrangência da Comissão de Serviços Público e lá será debatido. Já o segundo constitui

transporte clandestino e deve ser objeto de fiscalização.

No que tange à necessária desoneração do transporte, seguramente ela deve ser apreciada

pela Casa Legislativa. E uma das formas possíveis de contribuir para tal fim é reduzir, por

exemplo, a carga tributária incidente sobre os principais insumos do transporte, pneus e

combustíveis, que certamente trará como reflexo a diminuição da tarifa. Tem-se conhecimento

que o tramita na Câmara de Deputados, o Projeto de Lei nº 1.927/2003, que institui regime

especial de incentivos para o transporte coletivo urbano e metropolitano, devendo o Estado

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seguir esta linha. Na Argentina, por exemplo, o diesel e o pneu custam a metade do valor aqui

praticado.

Sobre o crescente aumento da motorização privada, resultante do incentivo dado pelo

Governo Federal, com a redução do IPI dos veículos, do aumento do poder aquisitivo do

cidadão e das facilidades de crédito, salienta-se que no Rio Grande do Sul, em 2009, conforme os

dados do DETRAN/RS, a frota de automóveis era 2.726.795, de camionetas 393.891 e de motos

875.494, sendo que, com o incremento deste ano, já está beirando a uma frota total de 5 milhões.

Evidentemente, deve-se estudar formas de dar prioridade ao transporte coletivo, incrementado as

vias expressas para transporte coletivo, baixando a tributação incidente sobre ônibus, reduzindo o

custo de pneus e combustíveis, entre outras coisas.

No que diz respeito ao aumento da participação de representantes da sociedade civil nos

conselhos decisórios, do DAER, da METROPLAN e da AGERGS, parece medida que contribui

com a democratização do processo de decisão. Isto certamente vai aperfeiçoar o sistema gaúcho

de julgamentos públicos e colegiados, paradigma para todos os demais estados que tem

deliberação monocrática sobre questões administrativas de transporte coletivo.

Sobre o novo modelo em linhas agrupadas em bacias economicamente viáveis, deve ser

precedido de aprofundado estudo de mercado, como de resto vem ocorrendo na esfera federal,

por meio da contratação da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE, que está

fazendo extenso levantamento de oferta e demanda de todas as linhas projetadas para o novo

sistema interestadual. Onde for economicamente viável e tecnicamente recomendável, pode

haver mais de uma operadora, competindo de forma controlada, para assegurar o equilíbrio do

sistema.

Giza-se ser importante levar em conta a contribuição das entidades representativas do

setor, públicas e privadas, na montagem deste novo modelo. É de conhecimento público que os

atuais operadores não são meros investidores, mas, sim, empreendedores com íntima ligação com

o transporte coletivo de passageiros, gaúchos com conhecimento da aldeia, que certamente

podem trazer informações pertinentes para o aprimoramento do sistema.

As futuras licitações para escolha de operadores dos novos serviços, exigidas pelas

constituições estaduais e federais, devem privilegiar a avaliação de critérios técnicos [Lei nº

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8987/95, art. 15, IV], de forma que o novo sistema seja igual ou melhor ao atual, adotando-se a

tarifa regulamentar como forma de permitir uma adequada execução de política de transporte.

Não menos importante é privilegiar a participação de empresas gaúchas, dentro dos limites legais,

com o intuito de manter o centro de decisão no Estado.

Deve-se ainda atentar que toda a extinção de contratos de concessão de ser precedida de

uma espécie de “balanço” [Lei nº 8987/95, art. 35, c/c art. 42]. Por isso, convém impor-se que os

interessados sub-roguem-se de eventuais indenizações devidas pelo Estado. Este alerta já foi feito

pelo Tribunal de Contas da União – TCU, no voto do Ministro Revisor [TC 016.104/2008-1], em

relação as extinção dos atuais contratos de concessão de linhas interestaduais, que disse: “Por fim,

registro o recente parecer da lavra do Professor Celso Antônio Bandeira de Mello, que, entre outros, oferece

argumentos jurídicos ao deslinde da questão debatida no presente feito, em especial quanto a eventual indenização à

conta do Erário aos atuais exploradores das linhas caso seja levado adiante, nas bases atualmente postas, o

certame licitatório em comento”.

Finalmente, tem-se conhecimento estar em estudo no Executivo, a quem compete propor

este tipo de lei que reorganiza serviços públicos, anteprojeto de lei que trará o novo marco

regulatório do sistema de transporte coletivo. Assim, tão logo chegue a esta Casa Legislativa tal

pedido, deve ser apreciado com prioridade, a luz dos conhecimentos acumulados com os

trabalhos desta Comissão.

É o Relatório.

Deputado Fabiano Pereira

Relator

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Comissão Especial para avaliar o Sistema Estadual de Transporte Coletivo Intermunicipal de passageiros

Declaramos aprovado o Relatório Final da Comissão Especial para avaliar o sistema estadual de transporte coletivo intermunicipal de passageiros.

Deputado Luis Augusto LaraPresidente.

Deputado João Fischer Deputado Fabiano PereiraVice-Presidente. Relator.

Deputada Stela Farias Deputado Edson Brum

Deputado Gilberto Capoani Deputado Pedro Westphalen

Deputado Paulo Brum Deputado Gerson Burmann

Deputado Luciano Azevedo Deputado Adroaldo Loureiro

SUPLENTES

Deputado Elvino Bohn Gass Deputado Silvana Covatti

Deputada Marisa Formolo Deputado Adilson Troca

Deputado Alceu Moreira Deputada Zilá Breitenbach

Deputado Luiz Fernando Záchia Deputado Kalil Sehbe

Deputado Adolfo Brito

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Comissão Especial para avaliar o Sistema Estadual de Transporte Coletivo Intermunicipal de passageiros

ANEXOS( CONSTANTES NO RCE 5/2009)

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