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RELATÓRIO FINAL
Comissão Especial para avaliar o Sistema Estadual de Transporte Coletivo Intermunicipal de passageiros
RELATÓRIO FINAL
Comisão Especial para avaliar o transporte coletivo intermunicipal de passageiros
Maio de 2010
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MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA 2010
Presidente:Deputado Giovani Cherini - PDT
1º Vice-Presidente:Deputado Marquinho Lang – DEM
2º Vice-Presidente:Deputado Nélson Härter – PMDB
1º Secretário:Deputado Pedro Westphalen – PP
2º Secretário:Deputado Luis Augusto Lara – PTB
3º Secretário:Deputado Paulo Brum – PSDB
4º Secretário:Deputado Adão Villaverde – PT
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COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO ESPECIAL
PRESIDENTE: Deputado Luis Augusto Lara
VICE-PRESIDENTE: Deputado João Fischer
RELATOR: Deputado Fabiano Pereira
TITULARES:Deputada Stela Farias - PT
Deputado Edson Brum - PMDB
Deputado Gilberto Capoani - PMDB
Deputado Pedro Westphalen - PP
Deputado Paulo Brum - PSDB
Deputado Gerson Burmann - PDT
Deputado Luciano Azevedo - PPS
Deputado Adroaldo Loureiro - PDT
SUPLENTES: Deputado Elvino Bohn Gass - PT
Deputada Marisa Formolo - PT
Deputado Alceu Moreira - PP
Deputado Luiz Fernando Záchia - PMDB
Deputado Adolfo Brito - PP
Deputado Silvana Covatti - PP
Deputado Adilson Troca - PSDB
Deputada Zilá Breitenbach - PSDB
Deputado Kalil Sehbe - PDT
Deputado Iradir Pietroski – PTB
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SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO .................................................................................... 6
1.1 PALAVRA DO PRESIDENTE ..................................................... 6
1.2 PLANO DE TRABALHO ............................................................ 9
2 TRABALHO REALIZADO ..................................................................... 12
2.1 CRONOGRAMA DE TRABALHO .............................................. 12
2.2 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM PORTO ALEGRE ........................ 13
2.3 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM PASSO FUNDO ............................ 35
2.4 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM PELOTAS ..................................... 43
2.5 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM CAXIAS DO SUL .......................... 48
2.6 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM SANTA MARIA ............................ 65
3 REFERENCIAL TEÓRICO E LEGISLATIVO ..................................... 84
4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS ................................. 88
ANEXOS
A – PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA (AGERGS)
B – MANIFESTAÇÃO FINAL FETERGS
C – MANIFESTAÇÃO FINAL FEGAM
D – ESTUDOS AGERGS
E – MINUTA DE PROJETO DE LEI FÓRUM DEMOCRÁTICO
F – MINUTA DE PROJETO DE LEI DAER/RS
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1 APRESENTAÇÃO
1.1 PALAVRA DO PRESIDENTE
A Comissão Especial para avaliar o sistema de transporte coletivo intermunicipal de
passageiros fez um atencioso trabalho durante seus 120 dias de duração regimental. Foi precedido
por outra Comissão Especial, também sob minha presidência, que se debruçou sobre a questão
das rodoviárias, onde se fez um levantamento sobre as condições das estações rodoviárias no Rio
Grande do Sul e dos contratos de concessão destas estações.
Com a conclusão e apresentação do relatório da Comissão Especial das Rodoviárias, se
buscou, nesta Comissão que ora se apresenta, tratar da segunda vertente da problemática do
transporte coletivo de passageiros: o transporte coletivo intermunicipal. O objetivo da Comissão
foi diagnosticar, em conjunto com todos os seguimentos envolvidos neste serviço público, em
especial os usuários, as condições atuais do sistema, a situação dos contratos de concessão, das
tarifas e da qualidade do serviço. Assim, se fez uma verdadeira radiografia do sistema.
O transporte coletivo intermunicipal de passageiros é assunto de grande interesse das
pessoas, uma vez que transporta um grande número de passageiros/ano. Assim, a Comissão
Especial ao abordar a temática, coletou subsídios para continuar um trabalho que vem fazendo
no sentido de que o Rio Grande do Sul possa ter uma legislação que definitivamente contemple o
que diz os artigos 178 e 179 da Constituição do Estado, que determinam a existência de uma
regulamentação legislativa sobre a matéria. Esse sistema de transporte coletivo intermunicipal há
mais de 20 anos tem sido “empurrado com a barriga”, através de Resoluções do DAER,
Decretos Governamentais, o que tem trazido aos empresários, tanto aqueles concessionários de
rodoviárias quanto aqueles do transporte intermunicipal, certa instabilidade a respeito de não ter
exatamente claro o seu tempo de concessão. Boa parte das concessões está em caráter precário,
ou seja, vai sendo renovado o contrato, período a período, impossibilitando o empresário de
investir.
Na condução dos trabalhos, não se procurou fazer “caça às bruxas”, buscando culpados
para as mazelas e os gargalos do sistema de transporte, mas sim trazer uma atitude propositiva,
no intuito de resolver tais problemas encaminhando-lhes soluções práticas, objetivas e
executáveis.
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A Comissão buscou subsídios para um modelo de concessão que interesse e que seja
realmente produtivo para o usuário e para o Rio Grande do Sul, através da oitiva tanto de quem
presta o serviço como de quem o utiliza. Por essa razão, foram ouvidos representantes das
comunidades, dos usuários, da AGERGS, do DAER, do Tribunal de Contas, Ministério Público
e das empresas. Na mesma linha, as audiências públicas nas cidades-pólos regionais de transporte
coletivo do Estado pretenderam buscar elementos nas diversas realidades do povo gaúcho.
Assim, procuramos saber quem realmente opera no dia a dia e os principais entraves, dando
condições aos usuários de terem sempre o melhor serviço pelo preço justo e àqueles que
trabalham de serem remunerados dignamente.
O Rio Grande do Sul precisa ter uma legislação adequada, que assegure o bom
funcionamento desse setor estratégico, no mínimo, pelos próximos 40 anos. Atualmente, temos
um “esclerosamento” do nosso modelo de concessões, tanto em rodoviárias como no transporte
público intermunicipal. Desta forma, a Comissão procurou debater uma nova legislação sobre o
tema a fim de subsidiar o Poder Executivo na confecção de uma lei regulamentadora, posto sua
competência exclusiva para tanto, que tenha condições de ser aprovada pelo Parlamento e
represente um avanço para o Estado.
Para que isto ocorra, entretanto, é fundamental que duas questões sejam observadas:
A) É crucial que o Poder Executivo envie para a apreciação da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul um Projeto que regulamente o sistema de transporte coletivo intermunicipal de passageiros, cumprindo, assim, a determinação contida na legislação máxima do Estado e do país: a Constituição Federal e a Estadual.
B) Da mesma maneira, findado o prazo das atuais concessões, se recomenda fortemente a realização de novas licitações, exigência impostergável inscrita na Constituição de 1988 e na Lei de concessões (Lei Federal n. 8.987/95). Essas novas licitações devem estabelecer um modelo que sirva à qualificação deste serviço público e que contemple preço justo. A modelagem pode determinar um sistema de agrupamento das linhas por bacias ou por mercados, mas que, inevitavelmente, seja um modelo que agregue um equilíbrio entre as linhas de alta rentabilidade com aquelas de baixa rentabilidade. Ou seja, aquelas empresas que fiquem com o “filé” da concessão também
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tenham dentro de suas responsabilidades que “roer o osso”, atendendo aquelas linhas menos atrativas, mas de fundamental valor social.
Muito já avançamos em matéria de transporte coletivo no Estado, que em geral possui
boa qualidade, mas a falta de clareza sobre o futuro do atual sistema impede que se desenvolva
ainda mais. Esse assunto é de importância estratégica para o Estado do Rio Grande do Sul e deve
ser tratado com responsabilidade e discernimento, o que, com certeza, teve esta Comissão
Especial no manejo do assunto. É preciso construir uma lei regulamentadora que não cause
desemprego no Rio Grande do Sul, mas que traga, sim, uma relação custo-benefício capaz de
satisfazer a nossa população.
Por fim, entendemos que as recomendações acima feitas, em conjunto com as conclusões
apresentadas pelo Relator dos Trabalhos, Deputado Fabiano Pereira, servirão de base de apoio
para a construção de um modelo moderno, preocupado com o bem estar da população, com
tarifação justa, mas que permita remunerar dignamente aqueles que operam o sistema e,
sobretudo, que possa servir de alavanca ao desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul.
Deputado Luis Augusto LaraPresidente
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1.2 PLANO DE TRABALHO
O Plano de Trabalho da Comissão Especial foi aprovado por unanimidade, em reunião
ordinária do dia 16 de março de 2010, constituindo-se na metodologia de trabalho a que a
Comissão se vincularia ao longo do seu funcionamento. Esse plano define seus principais
objetivos, a quantidade, os locais das reuniões e audiências públicas e visitas técnicas. O conteúdo
do Plano de Trabalho aprovado é o seguinte:
A. Principais Objetivos:Esta Comissão Especial tem como objetivo avaliar a qualidade do serviço de transporte
coletivo intermunicipal de passageiros, concedido pelo Departamento Autônomo de Estradas e
Rodagem - DAER/RS.
O Sistema Estadual de Transporte Coletivo representa um serviço público de
competência do Estado, o qual é prestado mediante concessão. Ele é responsável pela
movimentação de milhares de pessoas, devendo assim, seguir as regras definidas em legislação
própria no que concerne à qualidade da prestação dos serviços aos usuários.
O grau de importância desse serviço pode ser medido quando se observa que o
transporte rodoviário por ônibus é a principal modalidade de movimentação coletiva de usuários
nas viagens de âmbito intermunicipal, e sendo assim, exerce papel fundamental na economia
gaúcha, pois contribui para o desenvolvimento do território Rio-Grandense, expandindo
fronteiras econômicas e sociais e consolidando o processo de integração social, melhorando em
muito a qualidade de vida de todos os cidadãos e cidadãs gaúchos.
Por tudo isso, a Comissão terá como fim verificar os problemas relativos ao tema,
buscando soluções com vistas à melhoria das condições dos serviços, buscando sugerir, através
de amplo debate social, a modernização do regime legal a que se sujeita o transporte coletivo
municipal de passageiros, e mais:
a) Verificar a qualidade dos serviços prestados à população;
b) Avaliar as tarifas praticadas pelas empresas e a aplicabilidade das isenções previstas em leis;
c) Efetuar um real levantamento das linhas previstas nas concessões;
d) Analisar o estado das frotas dos ônibus disponíveis;
e)Verificar a existência de transporte coletivo irregular em nosso Estado;
f) Analisar o processo de concessão e fiscalização da prestação dos serviços;
g)Verificar as condições de qualidade, regularidade, continuidade, eficiência e segurança na
prestação do serviço concedido;
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h) Analisar o serviço de transporte intermunicipal de pessoal em regime de fretamento contínuo,
turístico e extraordinário;
i) Recomendar medidas e encaminhar soluções para os problemas identificados ao final dos
trabalhos, com o objetivo de examinar e propor alternativas para a solução dos problemas
resultantes da prestação de serviços pelas partes envolvidas na busca da satisfação dos serviços
oferecidos para a população.
B. Audiência Pública Geral Objetivo: Convidar os órgãos e entidades envolvidos para informar e debater as condições atuais
de funcionamento do Sistema de Transporte Coletivo Intermunicipal de Passageiros, concedido
pelo Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem - DAER/RS, através de uma análise do
processo de concessão e fiscalização, das condições dos sistemas operacionais, sistemas de apoio
e os sistemas comerciais. Também, receber sugestões e encaminhar soluções para os problemas
identificados, através da apresentação dos diagnósticos das visitas técnicas e das audiências
públicas, propondo alternativas para a solução dos problemas resultantes da prestação de serviços
pelas partes envolvidas, na busca da satisfação dos serviços oferecidos para a população. Nesta
audiência pública haverá a participação dos convidados e da população em geral.
Data: A definir.
Local: Porto Alegre- RS
C. Visitas Técnicas
Objetivo: Coleta de dados e informações nas regiões definidas nos requerimentos, com o
objetivo de verificar as condições de qualidade, regularidade, continuidade, eficiência e segurança
na prestação do serviço concedido.
Data: Anterior à audiência pública geral.
Local: A ser definido.
D. Audiência Pública Objetivo: Debater e propor alternativas acerca das concessões de transporte coletivo
intermunicipal de passageiros, no Estado, na região do entorno do MUNICÍPIO DE SANTA MARIA, com a participação dos Municípios da região e da população local. Na ocasião haverá
coleta de dados para a preparação da audiência pública geral.
Data: Anterior à audiência pública geral.
Local: Município de Santa Maria.
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E. Audiência Pública Objetivo: Debater e propor alternativas acerca das concessões de transporte coletivo
intermunicipal de passageiros, no Estado, na região do entorno do MUNICÍPIO DE PELOTAS, com a participação dos Municípios da região e da população local. Na ocasião
haverá coleta de dados para a preparação da audiência pública geral.
Data: Anterior à audiência pública geral.
Local: Município de Pelotas.
F. Audiência Pública Objetivo: Debater e propor alternativas acerca das concessões de transporte coletivo
intermunicipal de passageiros, no Estado, na região do entorno do MUNICÍPIO DE CAXIAS,
com a participação dos Municípios da região e da população local. Na ocasião haverá coleta de
dados para a preparação da audiência pública geral.
Data: Anterior à audiência pública geral.
Local: Município de Caxias.
G. Audiência PúblicaObjetivo: Debater e propor alternativas acerca das concessões de transporte coletivo
intermunicipal de passageiros, no Estado, na região do entorno do MUNICÍPIO DE PASSO FUNDO, com a participação dos Municípios da região e da população local. Na ocasião haverá
coleta de dados para a preparação da audiência pública geral.
Data: Anterior à audiência pública geral.
Local: Município de Passo Fundo.
H. Reunião Objetivo: Encaminhamento dos debates finais e das sugestões para o Relatório Final.
Data: A ser definida.
Local: Assembléia Legislativa.
I. ReuniãoObjetivo: Debater e deliberar sobre o Relatório Final.
Data: A ser definida.
Local: Assembléia Legislativa.
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2 TRABALHO REALIZADO
A Comissão Especial, que tem 120 dias como prazo regimental, realizou 07 reuniões
ordinárias e 05 audiências públicas. Para as audiências públicas foram convidados Prefeito e
Vereadores do Município onde era realizada, concessionários de rodoviárias, Sindicatos de
trabalhadores do setor, representantes de empresas transportadoras, bem como seus sindicatos e
associações. Por parte dos usuários, foram chamados a participar as associações de moradores
locais, a Federação Gaúcha de Associações de Moradores, comunidade acadêmica, Conselho
Geral dos Clubes de Mães, Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/RS, Conselhos de Idosos,
Federação das APAES e usuários em geral. Por parte dos órgãos de Estado se fizeram presentes
o Departamento de Estradas de Rodagem – DAER/RS, Tribunal de Contas, AGERGS e
Ministério Público Estadual, além dos Deputados membros da Comissão.
A metodologia utilizada foi a realização de rodadas de debate, onde, inicialmente, os
órgãos do Estado explanavam sobre o tema e na seqüência todos os participantes tinham 05
(cinco) minutos para expor suas ponderações. Ao final, acompanhadas da fala do Sr. Relator e do
Sr. Presidente, os participantes tinham espaço para réplicas e os órgãos de Estado para responder
questionamentos e fazer ponderações finais.
Assim desenvolveu-se o trabalho da Comissão Especial para avaliar o sistema de
transporte intermunicipal de passageiros, dentro do lapso temporal descrito abaixo.
2.1 CRONOGRAMA DE TRABALHO
DATA ATIVIDADE / EVENTO09/12/2009 Instalação da Comissão
17/12/2009 REUNIÃO ORDINÁRIA: Ata 01/2009: reunião de aprovação da suspensão dos trabalhos da Comissão durante o recesso parlamentar e escolha do Relator
05/02/2010 REUNIÃO ORDINÁRIA: Ata 01/2010: apresentação da identidade visual da Comissão e da Proposta de Plano de Trabalho
03/03/2010 REUNIÃO ORDINÁRIA: Ata 02/2010: Não houve quórum
09/03/2010 REUNIÃO ORDINÁRIA: Ata 03/2010: Não houve quórum
10/03/2010 REUNIÃO ORDINÁRIA: Ata 04/2010: Não houve quórum
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16/03/2010 REUNIÃO ORDINÁRIA: Ata 05/2010: Aprovação do Plano de Trabalho e dos requerimentos de audiência pública.
05/04/2010 Audiência Pública em Porto Alegre – Ata 06/2010
16/04/2010 Audiência Pública em Passo Fundo – Ata 07/2010
23/04/2010 Audiência Pública em Pelotas – Ata 08/2010
06/05/2010 Audiência Pública em Caxias do Sul – Ata 09/2010
07/05/2010 Audiência Pública em Santa Maria – Ata 10/2010
18/05/2010 REUNIÃO ORDINÁRIA: aprovação do Relatório Final da Comissão
2.2 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM PORTO ALEGRE (ATA N.º 06/2010 - 05/04/2010)
PRESENTES: Deputado Luis Augusto Lara; Deputado Fabiano Pereira; Tribunal de Contas do
Estado – TCE/RS: Sr. João Batista Soligo; DAER/RS: Ernesto Eichler; METROPLAN: Sr.
Danilo Landó; AGERGS: Sr. Eduardo Mesquita da Rosa; Ministério Público do Estado do Rio
Grande do Sul – MP/RS: Maria Luiza Segabonaza; Federação Gaúcha de Associações de
Moradores – FEGAM: Sr. Nilson Valério Lopes e Sra. Maria Horacia Ribeiro; Associação Rio-
Grandense de Transporte Intermunicipal – RTI: Sr. Jefferson Lara e Eugenio Weidle; Corede
Serra: José Antônio Adamoli; Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/RS: Sr. Lauro Delgado;
Associação Gaúcha de Pequenas e Médias Empresas Transportadoras de Passageiros – AGPM:
Sra. Maria Isabel Sanhudo; Sindicato de Agências e Estações Rodoviárias no Estado do Rio
Grande do Sul – SAERRGS: Sr. Marcelo Geliski; Federação das Empresas de Transportes
Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul – FETERGS: Sr. Darcy Rebelo; Bancada do
PSDB: Sr. Flavio Heron; Empresa Reunidas: Sr. José Afonso Prado; Sr. Jose Antonio Azevedo.
TRABALHOS / DISCUSSÕES: Aos cinco dias do mês de abril de dois mil e dez, às 16h30, na
Sala Sarmento Leite, 3º andar da Assembleia Legislativa, realizou-se a Audiência Pública da
Comissão Especial, no Município de Porto Alegre, para avaliar o Sistema Estadual de
Transporte Coletivo Intermunicipal de passageiros, sob a presidência do Deputado Luis Augusto
Lara e com a presença do Deputado Fabiano Pereira. A audiência pública foi aberta pelo Sr.
Presidente, registrando que a comissão terá o prazo de 120 dias para dar continuidade a um
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trabalho que diz respeito ao transporte coletivo intermunicipal e que começou, ainda no ano
passado, com a avaliação e o levantamento sobre as condições das estações rodoviárias no Rio
Grande do Sul e dos contratos de concessão dessas estações. Diz que a complementação desse
trabalho irá acontecer nesta comissão, que hoje faz a sua primeira audiência pública com aquelas
pessoas diretamente envolvidas no setor da prestação de serviço e que por sugestão do Deputado
Fabiano Pereira, entre as seis reuniões de audiências públicas que serão feitas, a primeira delas é
justamente esta, com representantes da prestação de serviço. Destacou que a comissão tem por
objetivo fazer um raio X das condições contratuais das empresas concessionárias, tendo em vista
que o governo do Estado deve, nos próximos meses, enviar projetos de concessões de estações
rodoviárias e de novas licitações das rodoviárias, bem como deve ocorrer a discussão do
transporte coletivo intermunicipal. Salienta que não se procura fazer caça às bruxas, mas sim um
diagnóstico e levantamento da situação não só dos contratos, mas da condição física das
rodoviárias, além de, agora, também do transporte coletivo intermunicipal e da Região
Metropolitana. A Comissão busca subsídios para votar modelo de formatos de concessões que
interessem e que sejam realmente produtivos para o usuário e para o Rio Grande do Sul.
Continua o Presidente afirmando que, assim, talvez consigamos que o nosso Estado tenha
definitivamente um modelo, estipulado por legislação, a respeito desses dois temas. Esta primeira
reunião de nivelamento é para ouvirmos os principais integrantes, tanto quem presta o serviço
como quem o utiliza. Por essa razão, temos aqui representantes das comunidades, dos usuários,
da AGERGS, do DAER, das empresas. Esperamos ter um resumo das condições em que se
encontram neste momento esses contratos e saber quais os pontos positivos e negativos.
Faremos isso antes de efetuar a verificação in loco, que será o trabalho das próximas audiências
públicas em cidades-polos regionais de transporte coletivo. Assim, esperamos saber quem
realmente opera no dia a dia e os principais entraves. A nossa intenção é dar condições aos
usuários de terem sempre o melhor serviço pelo preço justo e àqueles que trabalham de serem
remunerados dignamente. É importante que todos tenham uma visão de que o Rio Grande do
Sul precisa ter uma legislação adequada, que assegure o bom funcionamento desse setor
estratégico no mínimo pelos próximos 40 anos. Esta é uma reunião com quem trata diretamente
da matéria, ponderou o Sr. Presidente. Nos próximos encontros, abriremos o atendimento ao
público em geral a fim de ouvirmos a comunidade de uma forma mais ampla e descentralizada. O
Presidente Deputado Luis Augusto Lara, dando seguimento aos trabalhos, convidou, para fazer
parte da mesa, os representantes de entidades presentes. Dando por abertos os trabalhos desta
presente reunião, o Presidente concedeu o prazo inicial de cinco minutos, renováveis, para cada
representante de entidade fazer a sua manifestação, a fim de descrever um pouco a situação atual
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dos contratos. Pediu foco no objeto dos trabalhos desta reunião, quanto à situação dos contratos,
quanto à legislação que os ampara e quanto aos principais gargalos, para que possamos evoluir no
sentido de prestar o melhor serviço e atender melhor à nossa comunidade. O representante do DAER, Sr. Ernesto Luiz Eichler, falou que de acordo com o ofício recebido, temos alguns
dados a transmitir a esta comissão. O Departamento de Transporte Coletivo do DAER é
responsável pelo gerenciamento do sistema de transporte coletivo rodoviário intermunicipal de
passageiros de caráter regular. Cabe a esse setor planejar, controlar e fiscalizar o transporte
intermunicipal de pessoas realizado em todo o Estado do Rio Grande do Sul. O nosso sistema
regular hoje é composto por 1.682 linhas e 263 empresas concessionárias. Transportou por volta
de 60 milhões de passageiros no ano passado, auferindo uma renda em torno de 600 milhões de
reais. São efetuadas mais de 1 milhão e 700 viagens durante o ano, somando um total de 181
milhões de quilômetros percorridos, nas modalidades comum, semi-direto, direto, leito e
executivo. É uma frota total de 3.279 ônibus registrados em nosso sistema. A idade média dos
chassis é de 11,4 anos e, das carrocerias, de 11,1 anos. O transporte regular é efetuado ao longo
de todo o ano através de linhas de operação normal e durante o Plano Praia, temporário. As
linhas temporárias têm por finalidade atender aos veranistas que se deslocam para o litoral, as
praias e a lagoa dos Patos e para alguns balneários do interior. São operadas no período de 15 de
dezembro a 15 de março e algumas mantêm-se ativas até a Páscoa. O setor é regulado pelas leis
estaduais nº 3.080, de 28 de dezembro de 1956, atualizado pela lei 11.090, de 22 de janeiro de
1998, e alterações posteriores, e por toda a legislação federal concernente aos serviços públicos
concedidos. A lotação média dos veículos está em 45 lugares. Basicamente esses são os dados
iniciais. O Sr.. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) solicitou que o representante do
DAER informasse sobre a situação dos contratos, pois se tem a informação de que boa parte dos
contratos estaria em caráter precário no que diz respeito à renovação, ou previsão de nova
licitação. O SR. ERNESTO LUIZ EICHLER explica que não foi feito esse levantamento
porque não era esse o teor do ofício recebido, que falava em qualidade do sistema. Por alto, a
idéia que temos é a de que, por volta de 70, 80% dos contratos de linhas de ônibus estariam
findos; porém, todos eles possuem algumas cláusulas de renovação. Quanto à validade ou não
validade, esse é um problema de todo o Brasil, porque todos os Estados estão passando por isso.
Afirma não ser advogado, e sim engenheiro, mas a Constituição de 88 manda licitar tudo; só que
existe uma série de leis que ainda precisam ser criadas, e uma é referente ao sistema do Estado do
Rio Grande do Sul, como o senhor acabou de falar. Diz existir um processo administrativo de
2004 em que se fez uma minuta de projeto de lei e que foi encaminhado. Sabe que a direção do
DAER encaminhou esse projeto no ano passado, que já foi e voltou várias vezes e deve estar no
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governo – não sabendo exatamente onde. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB)
diz que gostaria que o DAER pudesse, então, nos encaminhar a situação dessas concessões,
como se encontram os diversos contratos para podermos ter uma ideia a respeito disso. São 70,
80% que se encontram em caráter precário. Pois isso deve estar sendo um gargalo para as
empresas que não podem investir porque estão em caráter precário; não sabem até quando vão
ficar. E deve estar sendo também um gargalo para a população, que deixa de receber melhores
investimentos, porque as empresas não têm segurança jurídica que possa ampará-las por mais
tempo. Pediu, então, que nos encaminhe, através da nossa assessoria a solicitação de uma
radiografia da situação dos principais contratos e, se possível, uma resenha de como seria a
sugestão para uma nova legislação. Isso é importante para nós, embora seja uma legislação de
atribuição do Executivo, pois poderemos ter um entendimento, um nivelamento quanto ao tipo
de matéria que vamos aprovar e qual a disposição da Casa para tal. Disse que a solicitação poderia
ser para a próxima semana, para a próxima reunião, desde já agradecendo. O SR. ERNESTO LUIZ EICHLER disse que essa comunicação solicitada pelo Presidente será logo encaminhada
e salientou uma preocupação: no contato que tivemos com as outras federações e com o governo
federal, percebemos que se trata de um problema nacional e não apenas do Rio Grande do Sul. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) – Diz que o problema é conhecido e a questão
das rodoviárias também não é muito diferente, embora o nosso sistema, aqui, seja distinto.
Continua que estamos tendo um esclerosamento do nosso modelo de concessões, tanto em
rodoviárias como no transporte público intermunicipal. Precisamos escrever uma legislação sobre
isso. Aliás, quem precisa é o governo do Estado, mas nós, aqui, é que vamos aprovar e, nesse
aspecto, esses subsídios são fundamentais para o nosso convencimento. Foi concedida uma
questão de ordem ao representante da OAB, Sr. Lauro Delgado. O SR. LAURO DELGADO,
representante da OAB/RS refere que falou com a promotoria do Patrimônio Público e eles
estavam com problema de comunicação. Havia intenção de comparecer, mas não sabiam se
conseguiriam. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) – Diz que foram convidados.
O SR. LAURO DELGADO – esclarece que viria o Ministério Público e que o Ministério
Público, em 2002, promoveu uma ação civil pública, questionando a legalidade de todo o sistema.
Tal ação foi deferida liminarmente e foi determinada a realização de licitações no sistema. De lá
para cá, passou um longo tempo. Hoje o sistema está totalmente funcionando a título precário e
está sub judice. A OAB tem uma longa participação nesse processo, porque, durante seis anos,
lutamos para que fosse cumprida a decisão. Embora liminar, ela já foi submetida a vários recursos
no Tribunal e existe essa decisão de mérito nesses recursos. A OAB lutou para que fosse
cumprida aquela decisão e, passados seis anos, conseguimos que fosse implementada. O
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Ministério Público cobrou do DAER, que fez um edital. A OAB, através de sua assessoria, o
ministro Cloraldino Severo, considerou totalmente inadequado aquele edital, porque cairíamos no
mesmo modelo de 1956, ou seja, o modelo de monopólio. A OAB pediu ao Ministério Público
para sustar a fim de trabalharmos junto ao Parlamento, ao governo e à sociedade a construção de
um novo modelo. Esclarece que todo o sistema está sub judice e também essa decisão, que
considera o nosso modelo em afronta à Constituição, todos os dispositivos que tratam da matéria
e a legislação infraconstitucionais e os princípios do art. 37. Faz tal esclarecimento, pois o
Ministério Público não está presente, suprindo essa ausência, porque trabalham em parceria. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) – Agradece ao representante da OAB referindo
que a motivação da reunião é justamente nesse sentido. Continua que essa situação, certamente,
acontece por omissão deste Parlamento e dos diversos governos que passaram. Acredita que não
cabe punir empresas ou usuários, mas nós os estamos punindo por omissão dos governos e deste
Parlamento, que, numa ação que transporta 60 milhões de pessoas por ano, não tem opinião
sobre isso. O SR. LAURO DELGADO Esclarece que o Ministério Público assegurou que, nas
próximas reuniões, estará presente. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) –
Destacou que o Ministério Público sempre está presente, estranhando a sua ausência neste
momento. Coloca a palavra à disposição do Sr. Darci Rebelo. O SR. DARCI REBELO –
Solicitando questão de ordem, faz um esclarecimento, que o Dr. Lauro presidiu uma comissão
especial da Ordem dos Advogados na gestão passada. A gestão que foi empossada agora, da qual
sou conselheiro seccional, não fez nenhuma resolução recriando a Comissão Especial de Serviços
Públicos. O Dr. Lauro, portanto, está aqui em nome próprio e não como representante da OAB.
Frisa que ele não representa a Ordem dos Advogados do Brasil. Aduz que a ação a que o Sr.
Lauro se refere é uma ação civil pública, que tem uma liminar impedindo o DAER que prorrogue
contrato de concessão, não mandando licitar. Liminar não é decisão de mérito. Diz que o Dr.
Lauro deveria se aprofundar um pouco mais em questões conceituais do Direito, pois talvez
esteja desatualizado. Continua que os contratos que estão aí vigoram, porque não foram
denunciados. Estão em vigor, tanto os contratos de longo curso quanto os metropolitanos. O
serviço vem sendo prestado – por sinal, com uma qualidade muito boa, como pode atestar
pesquisa da AGERGS. Não se pode dizer, portanto, que não existe contrato, estão todos
precários. É um engano. Assim como uma locação, se não é denunciado o contrato, segue
valendo. É exatamente a mesma situação. Finaliza que o Dr. Lauro não representa a OAB,
porque não houve resolução do Conselho Seccional instituindo essa comissão; uma ação civil
pública não tem sentença nem tem decisão de mérito, mas uma liminar a pedido. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) – Pediu a compreensão dos participantes, porque
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esta é uma reunião de oitiva da Assembleia Legislativa. Disse que toda e qualquer contribuição é
bem-vinda. Se representa ou não uma determinada instituição, é outro assunto. Claro que a
representação ajuda bastante, mas toda e qualquer contribuição é bem-vinda. Solicitou que se
voltasse ao eixo da reunião. Concedeu a palavra ao representante da Metroplan, Sr. Danilo
Landó, para abordar a questão dos contratos e dos gargalos, que podem ser ampliados e
melhorados a partir de uma legislação moderna, eficaz e mais duradoura. O SR. DANILO LANDÓ – Cumprimentou a todos e esclareceu ser coordenador de fiscalização e geógrafo e que
na verdade, a Metroplan veio a esta reunião pensando que o assunto a ser tratado era sobre
qualidade dos serviços. Relatou que a METROPLAN representa 66 Municípios no Rio Grande
do Sul, principalmente a Região Metropolitana, com 31 Municípios e 1.500 linhas. A Metroplan é
responsável pelo transporte há apenas 10 anos. Recebemos do DAER, de acordo com a lei nº
11.127, todas as linhas. Durante esse período, quase todas as linhas estão encerrando os
contratos. Alguns já estão encerrados, e outros estão ainda por encerrar. De acordo com o
jurídico e a diretoria, a Metroplan está para contratar uma consultora para realizar um estudo
sobre as concessões. Esse problema das concessões está ocorrendo em todo o território nacional,
não é privilégio só do Rio Grande do Sul, do DAER ou da Metroplan. Existe uma dependência
em relação a uma decisão federal. O estudo a ser realizado é para verificar como serão feitas essas
concessões, se por bacias, por linhas ou por Municípios, porque as diferenças são muito grandes.
Por isso a ideia de contratar uma empresa para fazer esse levantamento a fim de verificarmos
como agir com relação às concessões. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) –
Concedeu a palavra ao representante da AGERGS, Sr. Eduardo Mesquita, para que dê um
panorama sobre a situação das linhas do DAER e da Metroplan. O SR. EDUARDO MESQUITA – Cumprimentou a todos e explanou que a AGERGS acompanhou todo o
desenvolvimento da comissão especial que tratou sobre as estações rodoviárias. Ao final,
desenvolvemos um estudo, um diagnóstico das rodoviárias e propusemos alguns
encaminhamentos à comissão que foi extremamente proveitosa. Da mesma forma, a AGERGS
acompanha a comissão que trata dos Serviços de Transporte Intermunicipal de Passageiros. A
Metroplan é um poder concedente das aglomerações metropolitanas, incluindo Porto Alegre,
toda a Região Metropolitana de Porto Alegre, a aglomeração urbana do sul, que é a região urbana
de Pelotas, a aglomeração urbana do nordeste, que é a região de Caxias do Sul, e também a
Região do Litoral Norte. Como colocou o representante da Metroplan, ela tem um termo de
referência – com o qual nós contribuímos bastante na elaboração do texto final – que lhe permite
contratar uma consultoria para fazer o exame geral de todas essas aglomerações, definindo
mercados. Pela ótica, a legislação indica que as novas concessões serão, ao invés de linha por
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linha, tratadas como mercados. Cada mercado compreenderá linhas ou trechos de maior
densidade de fluxo e outras nem tanto, dessa forma compondo um mercado regional. E o
mercado será licitado – essa é a indicação da legislação. Da mesma forma, sendo o DAER um
poder concedente das linhas de longo curso, estamos desenvolvendo um trabalho, um
diagnóstico sobre o setor, utilizando os dados do DAER. Colocou-se à disposição para ajudar
nos estudos e levantamento dos contratos aos quais o deputado Luis Augusto Lara refere-se.
Continua que na AGERGS se desenvolve um sistema de banco de dados com o fluxo
operacional colhido pelas empresas e pelo DAER. Com esses resultados, foi possível montar um
grande diagnóstico inicial para compor – da mesma forma que a Metroplan compôs um termo de
referência para dar as linhas mestras às novas licitações – um termo de referência e contratar uma
consultoria que irá estudar esses mercados e atualizar os dados, pois os últimos são de 2007.
Existe uma dificuldade informacional muito grande, principalmente no longo curso. Em breve,
colocaremos esse termo de referência, que nos possibilitará atualizar todas essas informações
abrindo os grandes mercados do nosso Estado. Já temos uma aproximação desses mercados, pois
esse banco de dados nos possibilita visualizar no mapa as linhas e estabelecer os mercados de
acordo com o que existe hoje, o que as empresas estão oferecendo de serviços em cada região. Já
avançamos um pouco nesse estudo. O desenvolvimento desta comissão vai nos ajudar bastante,
pois esse contato é extremamente importante para diminuir o gap informacional que tem o setor
como um todo. De outro lado, a agência vem de longa data calculando os reajustes e as revisões
tarifárias, já há sete ou oito anos, de tal forma que conseguimos, ainda no ano passado, implantar
uma grande revisão tarifária nas linhas da AUNE – Aglomeração Urbana do Nordeste do Estado
do Rio Grande do Sul –, região de Caxias, e da Ausul, Região Metropolitana de Pelotas. Fizemos
um grande estudo abrindo toda a planilha tarifária. De outro lado, mais no sentido da qualidade
de serviço, como foi destacado na abertura desta reunião, temos as pesquisas. Durante os últimos
cinco anos foram feitas pesquisas de opinião junto aos usuários voluntários da agência. Usuários
voluntários são pessoas que se cadastram na AGERGS porque têm interesse em contribuir com
o setor. Há um cadastro imenso de pessoas. A cada ano é remetido um questionário para essas
pessoas para que a avaliação seja feita pelo usuário efetivamente do serviço. Geralmente temos
uma boa avaliação do serviço prestado pelas empresas concessionárias de transporte, tanto no
longo curso quanto nas regiões metropolitanas. A avaliação desce ao nível do detalhe. Não é o
momento de tratarmos de detalhes, mas eles estão lá registrados. Todo ano é feita essa pesquisa,
até por exigência legal. Em 2006, 2007 e neste ano promovemos uma pesquisa com toda a
população de usuários de cada sistema. A pesquisa foi feita não só com os usuários voluntários,
mas com o público em geral. Os resultados dessas duas pesquisas – a que estatisticamente pode
19
se dizer que representa a população e a dos usuários voluntários – apresentam uma proximidade
muito grande, salvo pequenas diferenças pontuais pelo fato de o usuário voluntário ser mais
crítico, haja vista o próprio interesse de se cadastrar como usuário voluntário. Portanto, temos à
disposição, de pronto, para o início desse trabalho que tenho certeza será extremamente profícuo
para todos nós, o diagnóstico do setor de transporte de longo curso. Temos acompanhado
bastante de perto o andamento do termo de referência da licitação da contratação pela Metroplan
do mesmo diagnóstico, nos mesmos moldes para as aglomerações urbanas. Finaliza afirmando
estar à disposição para desenvolver e aprofundar os estudos. O SR. PRESIDENTE (Luis
Augusto Lara – PTB) – Agradece a participação do representante da AGERGS e passa a palavra
ao representante do Tribunal de Contas do Estado, para relatar a posição do Tribunal de Contas
do Estado com relação a esses contratos e licitações e a orientação que dá nesse sentido. Para o
SR. JOÃO BATISTA SOLIGO SOARES, representando o Tribunal de Contas, o problema
das concessões, especificamente das concessões de linhas intermunicipais e das aglomerações
urbanas da Região Metropolitana de Porto Alegre, vem desde a Constituição de 1988. A
Constituição de 1988 já determinava, no seu art. 175, que qualquer concessão ou permissão
deveria ser objeto de uma prévia licitação. Passados mais de 21 anos da Constituição e mesmo
com a lei de licitações, de 1993, e a lei de concessões, de 1995, nada ainda foi feito nesse sentido.
Já houve algumas tentativas em outros ramos, como é o caso das rodoviárias, mas no caso
específico das concessões de linhas ainda não foi feita a licitação. O tribunal já se manifestou a
respeito desse assunto e foi objeto de um apontamento lá no exercício de 2001. Verificando os
dados passados pelo representante do DAER, percebe-se que a situação só se agravou ao longo
do tempo. Na ocasião, foi apontado que 55,6% das linhas estavam irregulares, um terço era de
contratos vencidos, outra parte era de contratos prorrogados e ainda havia uma outra condição
de linhas licenciadas. É uma situação bastante preocupante e já foi objeto de apontamento. É
importante que se regule esse sistema estadual, para que se possa, o mais rápido possível, fazer a
licitação, de modo a deixar todas as empresas ao abrigo da legalidade. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) passa a palavra ao representante da Associação Rio-Grandense de
Transporte Intermunicipal - RTI, Sr. Eugênio Weidle. O SR. EUGÊNIO WEIDLE pondera,
em sua fala, que a RTI é a entidade que congrega as empresas de transporte de longo curso no
Estado, responsáveis por 60% dos passageiros transportados. O transporte coletivo foi
regulamentado pelo DAER na década de 40. Na época surgiu a ideia de aproximar as pessoas em
determinados locais e ali promover o embarque. No início o ônibus coletava as pessoas nos seus
locais de origem. O modelo se tornou proveitoso e fez sucesso na época, tanto é que o próprio
DAER o endossou. Dessa forma, foi regulamentado tanto o transporte coletivo quanto as
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rodoviárias. Entretanto, a indústria de veículos, especificamente ônibus, realmente evoluiu ao
longo do tempo e o modelo das estações rodoviárias ficou praticamente estático. No início isso
foi uma grande vantagem, mas depois começou a surgir um certo desconforto – pelo menos
ultimamente. Pode-se dizer que hoje as empresas que possuem ônibus primam pela qualidade,
segurança, conforto, economia e preservação ambiental, uma vez que são veículos em que
praticamente a poluição está sendo zerada. Por outro lado, as rodoviárias não conseguiram
evoluir, como no restante do País, no sentido de implantação de vias de ida e volta, de conexões.
As rodoviárias são nossas parceiras na medida em que sempre trabalharam conosco para
promover a alimentação do próprio ônibus. Ultimamente, no entanto, muitas rodoviárias
menores simplesmente entregaram suas concessões ao DAER, o que para nós é um dos pontos
que ficaram em aberto. As rodoviárias maiores, por sua vez, ainda não acompanharam a parte de
tecnologia. Quanto ao porquê disso, talvez as rodoviárias possam aprofundar essa questão, mas a
verdade, entre outras, são os custos. Outro capítulo respeita aos clandestinos. De surgimento
mais ou menos recente, da década de 90 para cá, floresceu e fixou-se de tal forma na nossa
sociedade que, embora todo o combate, está difícil de ser controlado. Os veículos que são
utilizados estão superados, em relação tanto à tecnologia quanto à própria manutenção. Quanto à
manutenção, são veículos de mais de 20 anos. A própria legislação do CONTRAN prevê veículos
do tipo coleção, e pelo fato de o Estado contemplar a isenção de ICMS a partir de 20 anos
subentende-se que são veículos que já cumpriram a sua vida útil. A manutenção desses veículos
não é mais feita de acordo com a maior segurança, porque, na medida em que não são mais
produzidos, as peças utilizadas são de outros veículos que já rodaram. Então, são veículos de
grande risco também. Outro aspecto é a gratuidade. Embora contemplada na Constituição, em
termos práticos o Estado não tomou a iniciativa de encarar essa questão de modo mais efetivo.
Ou seja: que gratuidade é legal e de que forma é remunerada. O DAER tem conceitos para
avaliar, no sentido de aproveitamento de lotação, mas não chega a ser muito preciso. Atualmente,
temos 16 categorias de gratuidade; incluem-se aí o deficiente carente, o efetivo da Brigada Militar,
o Oficial de Justiça. Embora seja em menor número, o universo é grande. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) – passa a palavra ao representante da Associação
dos Transportadores Intermunicipais Metropolitanos de Passageiros - ATM, Sr. Darci Rebelo.
Destaca o SR. DARCI REBELO que, na verdade representa a Federação das Empresas de
Transportes Rodoviários - FETERGS, que congrega todas as entidades: RTI, ATM e AGPM.
Afirma que o sistema de transporte remonta à década de 30 e foi oriundo da iniciativa privada,
com recurso absolutamente privado, sem apoio público. Construíram-se algumas estradas, outras
sequer existiam, e muitas vezes foram abertas picadas para se levar o transporte. Essa é a origem
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do sistema. Ele foi evoluindo, melhorando, sendo regulamentado pela lei nº 3.080, de 1956, que,
na época, foi absolutamente inovadora. Instituía, em 1956 um sistema colegiado de decisão sobre
qualquer decisão referente a transporte. Então, essa lei, que é um pouco criticada, tratada como
uma lei antiga, foi copiada e serviu de modelo para muitos Estados, porque implantou o sistema
colegiado de decisão já em 1956. Diz que não há nada errado com essa lei, muito antes pelo
contrário: serviu de modelo a muitos Estados. Todos os contratos que tiveram origem nessa lei
tinham cláusula de prorrogação; não foram denunciados. O art. 179 da Constituição do Estado,
citado pelo colega do Tribunal de Contas, que diz que o sistema de novas concessões deve ser
licitado, no seu parágrafo único também diz – vou me permitir ler para ser fiel ao texto: Art. 179
– A lei instituirá o sistema estadual de transporte público intermunicipal de passageiros, que será integrado, além
das linhas intermunicipais, pelas estações rodoviárias e pelas linhas de integração que operam entre um e outro
Município da Região Metropolitana e das aglomerações urbanas. Parágrafo único – A lei de que trata este artigo
disporá obrigatoriamente sobre: I – o regime das empresas concessionárias ou permissionárias dos serviços de
transporte, o caráter especial de seus contratos e de sua prorrogação. Então, a Constituição recepcionou a
possibilidade de prorrogação, como ocorre em qualquer concessão. As concessões, todos os dias,
são prorrogadas. A regra geral é que uma concessão, pelo princípio da continuidade do serviço
público, deve ser avaliada, e o serviço prestado, se de boa qualidade e uma vez que há cláusula
prevendo a prorrogação, deve ser prorrogado. Essa é uma regra do serviço público.
Concomitantemente a isso, surgiu o projeto de lei, que começou a ser trabalhado no DAER e
que hoje se encontra na Casa Civil, atendendo a outro comando constitucional e à lei nº 11.283,
de 1998, que determinava as concessões fossem agrupadas por bacias. Na Região Metropolitana,
elas são hoje agrupadas por bacias – no longo curso ainda não o são, as linhas são isoladas. Por
que agrupadas por bacias? Na época os legisladores chegaram à conclusão de que essa era a
maneira mais econômica e mais viável de se conseguir um transporte de boa qualidade. Desde
então, estamos trabalhando nesse projeto de lei, que, já afirmei, hoje se encontra na Casa Civil,
está sendo apreciado. Diz que se atreve a responder por que nunca houve tanta pressa em se
fazer essa lei. Pela simples razão de que o serviço é de boa qualidade e não é uma preocupação do
Estado, que tem graves problemas na área prisional, de segurança pública e em tantas outras
áreas. O transporte não está nas manchetes negativas do Estado. Ao contrário, com relação à
Copa de 2014, foi um dos pontos bem avaliados pela FIFA, sendo modelo para todo o Estado.
Relata ter consigo a pesquisa da Agergs de 2008 de onde leu alguns dados: Conservação geral dos
veículos: 14% dos entrevistados a consideraram ótima, 50% boa e 22% regular. Ruim, péssima e
não informaram foram respectivamente 7%, 3%, e 4%. Assim, entre ótima, boa e regular, 14%,
50% e 22%. Condições de conforto nos veículos: 10% as consideraram ótimas, 35% boas e 32%
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regulares. A absoluta minoria considerou ruim esse requisito. Cumprimento de horários e
pontualidade: 18% dos usuários os consideraram ótimos, 45% bons, e 21% regulares. Modo de
dirigir do motorista. Diz que fala sobre isso porque significa investimento em treinamento e
preparação de profissionais que as empresas regulares fazem; pois, em contrapartida, o transporte
clandestino, que tem defensores, é mais barato. Um CD pirata é mais barato também. O
transporte clandestino é mais barato porque não paga salário normativo, não paga imposto. Um
carro roubado também será mais barato do que o carro comprado na concessionária. Nesse
aspecto, 24% dos motoristas receberam avaliação ótima, 50% boa e 17% regular. Cordialidade e
educação dos motoristas e cobradores: 26% as consideraram ótimas, 47% boas e 18% regulares.
Pergunta se tudo está maravilhoso e responde que não e que as empresas têm absoluta
consciência de que devem melhorar, e uma das questões é exatamente a tarifa. Tarifas: foram
consideradas muito baratas por 1% dos usuários, razoáveis por 38% e caras por 41%. Assim,
temos que tratar da questão das tarifas. A segurança nas paradas dos ônibus também foi um item
que recebeu uma avaliação negativa por parte dos usuários. Obviamente essa é uma questão
alheia ao problema em geral. Hoje a questão da segurança pública é uma angústia para todos.
Deve-se trabalhar a questão tarifa. Desde já agradeço o convite e enalteço a iniciativa da
Assembleia em se preocupar com essa questão. Nesse aspecto, sim, temos de trabalhar. Não
podemos fazer aqui bravatas e dizer que tudo está ruim no sistema só para ganhar projeção.
Temos que ter uma atitude pró-ativa de buscar soluções. A tarifa é um problema. A redução de
custo deve ser uma preocupação nossa. Hoje, infelizmente, o que se vê é um grande número de
gratuidades, como foi citado. Não temos nada contra as gratuidades, somos absolutamente
conscientes de que determinadas categorias precisam de benefícios, mas tem que ter fonte de
custeio. Quando não há fonte de custeio o que acontece? Quem suporta esses benefícios são os
usuários que pagam as tarifas. Para fechar a questão das tarifas, quero deixar claro que há um
mecanismo de custo fixado pelos poderes concedentes da área da Metroplan, submetido aos
conselhos do DAER, Conselho de Tráfego e Conselho Metropolitano, remetido à engenharia da
AGERGS, apreciado em diversas audiências públicas, submetido também ao Conselho Superior
e somente depois enviado para o Executivo, que vai definir a tarifa. É um processo complexo,
mas há margem para se trabalhar. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) concede a
palavra à representante da Associação Gaúcha de Pequenas e Médias Empresas Transportadoras
de Passageiros - AGPM, Sra. Maria Isabel Sanhudo. A SRA. MARIA ISABEL SANHUDO –
Afirma que a posição da entidade também é em relação à gratuidade, aos clandestinos. Nossos
problemas maiores são esses. Quanto à licitação, vamos fazer um documento e repassar as
questões que acreditamos devemos levantar. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB)
23
– Concede a palavra ao representante das rodoviárias, Sr. Marcelo Geliski para nos dar a sua
avaliação a respeito da situação atual. O SR. MARCELO GELISKI diz que, em relação às
estações rodoviárias, há 325 em todo o Rio Grande do Sul, sendo 31 de primeira categoria, 37 de
segunda, 42 de terceira e 214 de quarta categoria. Que as estações rodoviárias estão investindo em
informatização para melhorar seus serviços. As de primeira e segunda estão todas informatizadas;
as de terceira e quarta estão começando a se informatizar. As 214 estações rodoviárias de quarta
categoria, juntamente com a informatização, já estão fazendo os seus sites, com consulta ao
quadro de horário e mapa de localização da estação rodoviária. Ressalta que as estações
rodoviárias não estão paradas. Estão investindo dentro das possibilidades financeiras de cada
categoria. Que atuam conforme as normas estabelecidas pelo poder concedente. Foi estabelecido
um sistema de volta e prosseguimento. Que não é simplesmente implantar um sistema de volta e
prosseguimento. Isso decorre de toda uma experiência, de toda uma análise para não
acontecerem erros. Às vezes, as pessoas questionam como rodoviárias não estão informatizadas
ainda. As coisas têm de ser feitas passo a passo para que não aconteçam erros futuramente.
Quanto ao sistema de qualidade, as estações rodoviárias estão instalando rampas de acesso para
deficientes físicos em conformidade com as normas. Muitas rodoviárias de terceira e quarta
categoria estão disponibilizando recursos próprios, e não os da estação rodoviária, para fazer as
modificações e melhorias. Afirma que estão abertos a sugestões para que possamos melhorar
cada vez mais o nosso sistema. Segundo pesquisas, o sistema de transporte coletivo
intermunicipal no Estado do Rio Grande do Sul é um dos melhores e mais organizados do Brasil.
Conforme pesquisa feita pela AGERGS, o índice de avaliação dos serviços foi considerado bom
na parte de estações rodoviárias. Finaliza procuram cada vez mais melhorar e interagir juntamente
com o usuário. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB), destaca que temos,
realmente, uma radiografia completa e profunda a respeito das rodoviárias, porque foram objeto
de comissão anterior a esta, que teve 120 dias para apreciar e diagnosticar esse assunto. Esclarece
que quando falamos em esclerose, não é do sistema. O sistema pode melhorar, sem dúvida
nenhuma, tanto as rodoviárias quanto o transporte intermunicipal e metropolitano. Alerta que
estávamos nos referindo à esclerose do modelo de contratos. Essa é uma pauta da qual o Rio
Grande do Sul não vai fugir, não tem como fugir. Há toda uma pressão para que isso aconteça,
tanto na Justiça quanto na legislação. O que há são resoluções. É necessária uma legislação, um
projeto de lei aprovado por esta Casa. É assim que determina a Constituição, é nesse sentido que
estamos caminhando, com toda a cautela, com toda a prudência, não para acharmos culpados,
pois não há outros culpados que não o Poder Executivo e o Poder Legislativo, por não terem
cumprido o que a legislação determina. Nesse sentido, gostaria de ouvir também o representante
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dos Coredes, que já tem um estudo feito e encaminhado ao Fórum Democrático desta Casa.
Como já havia um estudo feito por essa representação, achamos de bom alvitre que o
trouxéssemos para dentro desta Comissão oficial da Casa, votada e aprovada em plenário pela
unanimidade dos deputados, para que pudéssemos ter maiores subsídios e, com maior
rendimento, também causarmos o menor dano ao sistema que hoje está instituído no Rio Grande
do Sul. Registra a presença da Dra. Maria Luiza, assessora jurídica do Ministério Público e tem
representado a instituição na oitiva. Concede a palavra ao representante dos Coredes, José
Antônio Adamoli. O SR. JOSÉ ANTÔNIO ADAMOLI, saúda a todos e diz que a questão do
transporte coletivo no Rio Grande do Sul preocupa a sociedade gaúcha. Nós, dos conselhos
regionais de desenvolvimento, temos clareza de que o desenvolvimento se dá numa interface
entre a iniciativa privada, o governo e as organizações da sociedade civil, sendo o transporte
coletivo um tema que, de forma recorrente, tem-nos levado a procurar o Ministério Público.
Estivemos com na Procuradoria-Geral de Justiça várias vezes, discutindo esse tema. Estivemos
com o Dr. Roberto Bandeira Pereira e, depois, com o Dr. Mauro Renner. Sempre sentimos que
há um vazio no tratamento dessa questão. Também procuramos o Estado. Estivemos no DAER
várias vezes, obtendo inclusive um compromisso oficial no sentido de que seria criada uma
comissão, dentro do departamento, para tratar dessa questão. Foi pedida aos conselhos regionais
a indicação de três representantes para a referida comissão, o que fizemos formalmente. Nunca,
no entanto, a comissão reuniu-se. Acompanhamos a abordagem do tema também na AGERGS,
em audiências públicas; levamos essa pauta para ser discutida na agência. Os conselhos regionais
de desenvolvimento, em 1999, lutaram para criar o Fórum Democrático de Desenvolvimento
Regional nesta Casa, entendendo que ele seria um espaço de interação da organização social com
o Parlamento. Em nenhum momento se pretendeu que o fórum viesse a substituir os espaços do
Poder Público. O que queremos é ver a sociedade organizada interagindo com o Parlamento, o
Executivo e o Judiciário e exercendo controle social, a fim de que sejam evitados determinados
desvios de comportamento que, via de regra, comprometem a função pública. Com essa visão,
conseguimos criar o Fórum Democrático, e já em 2008 quisemos colocar em sua pauta de
discussões a questão do transporte coletivo. A maioria, entretanto, preferiu discutir transporte de
carga, o que fez com que, no final daquele ano deixássemos, como tema referencial para o debate
de 2009, a problemática do transporte coletivo. Como membro do Fórum dos Coredes, dentro
do colégio do Fórum Democrático, consegui incluir na pauta, junto com a questão dos pedágios,
o debate sobre o transporte coletivo na área metropolitana e sobre as linhas de maior distância
intermunicipal. Apesar de sabermos que o trabalho poderia ter sido bem melhor, sobretudo se
tivesse ocorrido uma participação efetiva do DAER, construímos uma proposta que foi
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acompanhada pelos empresários e outros. Fizemos isso em audiências públicas realizadas em
Pelotas, Caxias do Sul e Carazinho, fechando o processo no dia 14 de dezembro, nesta Casa.
Ressaltou que o Dr. Ernesto compareceu a uma reunião, mas infelizmente, depois não houve
mais participação do DAER. Já a AGERGS fez-se representar inicialmente pelo Dr. Roberto e o
Odair, tendo a presidente em exercício – a nossa ex-prefeita Gertrudes – dito, mais tarde, que a
Agência não mais participaria. Entendemos que a nossa não é uma proposta acabada – aliás, nem
temos essa pretensão. Trata-se, no entanto, de um documento que deve servir de referência e que
vem muito ao encontro do que tem sido levantado pelo Eugênio e pela representação da
AGERGS, nessa idéia de análise de mercado. Contamos com o apoio da OAB e do ex-ministro
Cloraldino Severo e temos uma idéia muito clara de que é necessário, hoje, quebrar o monopólio.
Os nossos empresários têm uma visão muito clara em relação à busca do mercado, razão pela
qual devemos discutir esse espaço de forma a possibilitar que bacias e mercados tenham no
mínimo duas empresas concorrendo. Para o usuário, isso é importante. O nosso projeto tem essa
base. Queríamos lançar uma proposta de iniciativa popular já no dia 10 de março, mas
lamentavelmente houve desacordo no Comitê Gaúcho de Controle Social, que vem trabalhando
esse tema. Lançamos, então, o abaixo-assinado para apresentação de um projeto de lei que trata
de pedágio público, e logo estaremos reunindo também as organizações sociais do Rio Grande.
Diz que aquele projeto, que é preliminar, será apresentado como iniciativa popular. Precisamos
reunir 80 mil assinaturas, o que não é fácil, para forçar um debate – e que bom termos uma
comissão especial aqui na Casa – capaz de melhorar o sistema. O que o nosso representante traz
é o que mais assusta a comunidade. Podemos ter certeza de que, se as pessoas estão optando pelo
modelo de transporte clandestino, isso está ocorrendo porque o sistema é excludente. Ele é
extremamente caro em relação aos demais sistemas do Brasil e também se for comparado com os
de outros países. Sou um cidadão pobre. Vivo de salário e me desloco em um fiatzinho Mille,
gastando menos de gasolina do que gastaria se pegasse o transporte Caxias do Sul-Porto Alegre.
Quando era guri, em época de festa, nós nos cotizávamos em quatro para pagar a gasolina, se
fosse uma boa. Caso contrário, nos deslocávamos de ônibus. Não tenho clareza de onde está o
problema, mas o meu olhar é o da sociedade; considero que o sistema, hoje, é caro e excludente.
Precisamos – ouvindo os empresários, ouvindo o poder público – encontrar algo que,
efetivamente, cumpra a função de um serviço concedido. Portanto, tem de ser um serviço que
inclua as pessoas, que permita que aqueles que não têm acesso a carro e assim por diante possam
desfrutar de um serviço de transporte coletivo, que é uma concessão pública. É com esse olhar
que os Conselhos Regionais de Desenvolvimento vêm a esta Casa trazer a sua contribuição, sem
nenhuma pretensão de domínio da verdade. Pelo contrário, a única questão que nos move hoje é
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que o sistema precisa ser melhorado – o Estado precisa cumprir o seu papel, o poder concedente
tem de estar sempre alerta nesse sistema e a AGERGS precisa ser ousada nas suas definições.
Finaliza que é preciso urgência, pois o tema é recorrente. Não dá para continuar como está. Dizer
que o modelo está fazendo 21 anos, que existe desde a Constituição de 1988 já é uma referência
de que precisa ser discutido. Embora tenha cláusulas que permitem a prorrogação, nem por isso
dá para relativizar. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) passa a palavra à
representante da Federação Gaúcha das Associações de Moradores, Sra. Maria Horácia Ribeiro.
A SRA. MARIA HORÁCIA RIBEIRO (FEGAM) conta que a FEGAM tem organizados,
neste Estado, mais de 100 Municípios que possuem, legitimamente, uniões, as quais debatem não
só suas dificuldades locais, mas também as regionais. Que a qualidade passa pela regulamentação
dos contratos, apesar de o entendimento de algumas pessoas não ser esse. Não é possível tratar
de qualidade quando se tem um contrato retrógrado, obsoleto, e a sociedade já avançou muito.
Diz que falamos em nome dos usuários. Que traz o relato dos idosos, que têm dificuldade, às
vezes, de fazer com que a empresa entenda os seus direitos. O idoso também tem dificuldade em
saber a quem se reportar para fazer a denúncia. Também o relato do cidadão que usa o transporte
para a saúde e educação, que são prioridades, mas não para o lazer, para fazer uma viagem, por
exemplo, dado o custo da tarifa. Diz querer, também, debater o custo da tarifa e a qualidade das
rodoviárias, que nem sempre são acolhedoras. Estão lá, minimamente, para entregar um bilhete,
mas se o cidadão chega e precisa fazer a famosa baldeação, fica sentado num banco, muitas
vezes, sem condições dignas de aguardar outro ônibus. É pertinente que esta Casa cumpra o
papel não só de fiscalizar, mas também de construir um novo modelo. Colocasse à disposição
para fazer esse debate e construir essa solução. Nem tudo são maravilhas, mas nem tudo é terra
arrasada. Precisamos sentar com serenidade e construir um modelo que venha ao encontro dos
nossos anseios, revendo vários tópicos, principalmente o de que a qualidade passa pela
regulamentação, por saber quem é quem, para que não tenhamos transportes coletivos
clandestinos. O Rio Grande do Sul serve de modelo para muitas coisas neste Brasil, temos essa
prerrogativa, mas precisamos fazer mais, e a FEGAM está disposta a realizar isso. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB), destacando que, conforme informação do
Cerimonial, esta Casa recebeu documento designando o Dr. Lauro Delgado como representante
da OAB/RS nesta reunião. Assim, passa a a palavra ao Dr. Lauro Delgado. Conforme o SR. LAURO DELGADO (OAB/RS), o Dr. Claudio Pacheco Prates Lamachia, Presidente da OAB
do Rio Grande do Sul, recebeu convite desta Comissão para se fazer presente, e delegou essa
tarefa ao presidente da Comissão de Serviços da OAB/RS, que ainda hoje esteve reunida
conforme ofício. Esclarece que há mais de 12 anos trata do tema, primeiro em nome da OAB de
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Uruguaiana, colegiado da cidadania, depois com o apoio do fórum dos Coredes, da Uvergs e do
Colégio de Presidentes da OAB. Continua que naturalmente defende a competição, mas registra
satisfação pela iniciativa do Presidente. Diz ser velho, mas acreditar nos jovens. Depois de 12
anos na estrada, é a primeira iniciativa desde Parlamento, a qual tem o prazer de conhecer, que
diz respeito a um tema dos mais importantes para a cidadania, já que o transporte público é
decisivo para a mobilidade social e imprescindível para quem não possui automóvel, que é a
maioria. Ratifica o que disse antes com referência ao MP, e o MP assegurou-me que estará na
próxima reunião para ratificar sua fala a respeito do assunto. Que o interesse da OAB decorre da
vocação de defesa da cidadania e do imperativo legal. A lei 8.906, no art. 44, impõe a defesa do
interesse público, a defesa da Constituição e da ordem jurídica. Os dois projetos que conhece do
DAER, pecam exatamente nos mesmos problemas da legislação de 1956. Para começar, eles
afrontam os princípios do art. 37, do art. 5º inciso XIII da Constituição, do art. 170 incisos IV e
V e do art. 173. O sistema funciona atualmente a título precário. O órgão encarregado da gestão
não pode prorrogar nenhum contrato sem prévia licitação. Que diante da inércia,
lamentavelmente, do nosso Parlamento e do Poder Executivo, a sociedade, nesse espaço
extraordinário de integração com o Parlamento, durante o ano passado, e as mais respeitáveis
entidades do Rio Grande do Sul constituíram um projeto moderno, que se pratica no mundo
inteiro e se antepõe ao modelo que temos hoje. Nos últimos 10 anos, aumentou a população, e
diminuiu em 20% o número de usuários. Esse, evidentemente, é um indicativo de que o sistema
está totalmente errado. Para chegar nesta reunião, contando ida e volta, gastou 340 reais. Se
viesse em ônibus comum, gastaria 240 reais; se viesse de carro, gastaria menos. Então não vamos
discutir tarifas, pois contra fatos não há argumentos. Hoje o transporte individual custa menos
que o transporte coletivo. O projeto construído no fórum praticamente não inovou em nada.
Temos de observar o que se pratica no mundo, o que se pratica, por exemplo, na Europa, na
Argentina, no Uruguai. O nosso projeto é de 1956, reflete a realidade daquela época. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) diz que está sendo solicitada a resenha do projeto
que o DAER tem e do projeto apresentado no Fórum Democrático. Lembra que a Comissão
terá ainda mais quatro audiências públicas, a serem realizadas nas cidades de Caxias, Passo
Fundo, Santa Maria e Pelotas, para as quais todos os órgãos aqui presentes serão convidados.
Nessas audiências, se poderá, juntando as contribuições de ambos os projetos, redigir um projeto
exequível, que possa ser apresentado ao governo do Estado. Destaca que não adianta apresentar,
aqui, um projeto de lei, porque será observado vício de origem. Temos de negociar e apresentar
uma proposta ao Governo do Estado, a qual voltará a esta Casa como projeto de lei enviado pelo
próprio Governo, um projeto que possa ser aprovado aqui. É a esse ponto que temos de chegar,
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é isso que estamos mirando. Finaliza estabelecendo que ambos os projetos são importantes e que
além disso, analisaremos outros quesitos, os quais devem ser apontados por escrito. O Presidente
devolve a palavra ao SR. LAURO DELGADO que aponta á duas realidades no transporte
público: o transporte de curta distância e o de longa distância, e é em relação a este que os
problemas se avolumam. Por isso, em nome da cidadania daquela região, engajada na mudança
do sistema. Sugere, por fim, a realização de uma audiência em Uruguaiana, cuja realidade é a das
linhas de longo curso. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) esclarece que o
cronograma de trabalho já foi aprovado, e infelizmente não podemos mudar as cidades
escolhidas para a realização das audiências. Podendo, sim, sem problema algum, receber nessas
cidades representantes de outros Municípios. Passa a palavra ao Deputado Fabiano Pereira,
relator da comissão. O SR. FABIANO PEREIRA (PT) – cumprimentou a todos e seguiu
dizendo que se interessa muito pelo tema, até porque é o presidente da Comissão de Serviços
Públicos. Continua que já deu para perceber quanto o tema é desafiador e complexo e quantas
questões estão envolvidas nesse assunto. É necessário que se encontre de fato uma solução.
Destaca que o Presidente tem razão quando diz que temos de discutir a questão dos contratos e
do modelo do nosso Estado. Se há pelo menos uma liminar estabelecendo que não se pode
renovar contratos; se há a afirmação do DAER de que para boa parte deles seria preciso
encontrar saídas ou uma nova legislação, um novo modelo – como aponta a AGERGS, a partir
de uma ideia, como apontam outros setores a partir de outra ideia de modelo –, é necessário que,
em algum lugar pelo menos, esse debate se faça para que possamos encontrar um caminho a fim
de sabermos qual é a melhor forma de enfrentarmos essa realidade. Que a Assembleia pode sim
dar uma grande sugestão, uma grande contribuição e procurar encontrar ideias e caminhos nesse
sentido. Concorda que de fato os desafios são grandes. Não é uma situação, evidentemente, de
terra arrasada. Quem conhece o sistema do Rio Grande do Sul e de outras partes do mundo,
inclusive de outros países, constata que aqui já evoluímos, conquistamos um diferencial muito
grande. Quanto ao sistema de ônibus, boa parte dos ônibus municipais eram minivans que
chamavam de táxi. Agora, começou a se desenvolver esse sistema de grande porte de ônibus. Se
pode observar o transporte em outros lugares do mundo e no nosso País. Em São Paulo, há um
tempo atrás, o transporte clandestino era maior que o regular. Depois, com ousadia, enfrentando
máfias, foi possível reverter essa realidade. Que no nosso Estado, temos incidência de transporte
coletivo, mas não é no tamanho, infelizmente, do de outros Estados. Nosso sistema, em grande
medida, funciona e dá conta do transporte coletivo. Evidentemente, há pontos para pensarmos
em relação ao futuro. Essa questão da tarifa hoje é um debate nacional, e diz que sobre esse tema
já acompanhou debates nacionais na Comissão de Transportes. Existe uma grande discussão de
29
como desonerar o transporte coletivo tanto metropolitano, quanto intermunicipal, interestadual e
municipal. Existem várias propostas, tais como: desoneração do diesel; outras contrapartidas;
redução da gratuidade; formação de um fundo de gratuidade; maior utilização de linhas de boa
rentabilidade junto com outras linhas de baixa rentabilidade. É preciso estudar como equacionar
isso num modelo mais moderno com uma tarifa mais barata. Diz que tudo isso faz parte de uma
discussão, e é bom que ela ocorra na Assembleia, que juntemos todas essas vozes e realizemos
um debate sobre qual é o melhor caminho. Afirma que pretende acompanhar todas as atividades,
juntamente com o presidente, e dar sua modesta contribuição, pois é necessário encontrar uma
solução que seja o máximo consertada possível, crendo nos desafios para o futuro, mas, também,
não jogando no lixo o que foi construído até agora, que é resultante de muita ação e disciplina.
Há problemas, dificuldades, e, por isso é preciso aprimorar o que temos para continuarmos tendo
um dos melhores sistemas do Brasil e do mundo. Conclui que com essa contribuição, espera ter
ajudado. Reitera que o Sr. Presidente está certo quando vem discutir essa questão de modelo. Se
hoje há uma situação que a Constituição manda retomar, em algum momento isso vai ter de
acontecer. Então, é melhor que aconteça com base em um debate para que se defina qual o
melhor caminho. E esta é a grande contribuição que esta comissão pode dar. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) agradece ao Deputado Fabiano Pereira e concede a
palavra ao representante do DAER, Ernesto Luiz Eichler, para as considerações finais. O SR. ERNESTO LUIZ EICHLER diz que para um perfeito diagnóstico do sistema de transporte
coletivo, precisamos levar em conta a qualidade. O DAER pode atestar que, com base em todas
as pesquisas de qualidade feitas no Rio Grande do Sul, inclusive da Copa, em todas as
reclamações feitas nos últimos sete anos, realmente o sistema de transporte coletivo do nosso
Estado é bastante bom, é ótimo. As reclamações que chegam ao DAER geralmente são feitas por
pessoas que não conhecem o sistema, estão mal-informadas. O DAER presta as informações e
fica tudo resolvido. São poucas as reclamações em relação à qualidade em si. Evidentemente
existem focos: estradas de chão, locais onde ônibus mais novos não podem passar. O segundo
aspecto do diagnóstico é a legalidade. O DAER, no momento em que houver alguma lei, alguma
ordem, vai cumprir as normas, só que realmente tem de passar por uma análise política, uma
análise legal, verificando essa qualidade. Temos uma ótima qualidade no sistema hoje, e é preciso
saber se, com uma mudança, não vamos piorar o sistema. Quanto ao transporte coletivo
clandestino, disse que o diagnóstico não passa pela tarifa, mas pela estabilização econômica. A
partir do plano de estabilização econômica, realmente começou a aumentar o clandestino. Só que
o clandestino não se observa só em relação ao sistema regular. O sistema especial, hoje, de
fretamento de turismo é maior do que o regular. Esse clandestino invade os outros sistemas. Em
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relação à tarifa, a própria economia resolve os problemas. Para a saúde, o transporte feito pelas as
prefeituras cada vez aumenta mais no Rio Grande do Sul, retirando muitos passageiros do
transporte regular, que acabam onerando a tarifa. Basicamente era essa a minha contribuição
final. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) passa a palavra ao representante da
Metroplan para suas considerações finais. O SR. DANILO LANDÓ esclarece que como
coordenador de fiscalização, tem atuado bastante na Região Metropolitana. Que há uma
diferenciação: as viagens do DAER são de longo curso, as da Metroplan são viagens diárias, de
segunda a sexta-feira, que atendem principalmente trabalhadores e estudantes. Quanto a queda
do número de passageiros – isso ocorreu em todo o País – e houve vários motivos. A Metroplan,
desde 1974, acompanha esse processo através de pesquisas domiciliares. Na Região
Metropolitana, principalmente, não houve crescimento em termos de infraestrutura – corredores
de ônibus, por exemplo –, e as pessoas passaram a utilizar mais seus próprios veículos. Também
o uso do computador influenciou essa queda no número de passageiros. São vários os motivos,
não só o mau atendimento das empresas tanto metropolitanas quanto do Estado. Sobre as
concessões, considera importante a sua regularização, mas principalmente penso que deva haver
fiscalização, independentemente de ser uma ou mil empresas, porque, se não houver fiscalização,
não vai fazer diferença as concessões serem diversas ou única. O SR. PRESIDENTE (Luis
Augusto Lara – PTB) diz que muito já avançamos, e o Rio Grande do Sul tem uma qualidade
que, pelas condições que foram dadas a empresários, pela falta de clareza nas concessões, pelo
que paira em cima daquilo que para alguns soa como favorecimento e, por outro lado, soa como
desconfiança, acho que tanto empresários como agentes concedentes já conseguiram andar longe
demais. Que estamos às vésperas de um momento, em que não se vai mais conseguir lidar com
este sistema de concessões, que não é um privilégio do transporte coletivo intermunicipal ou
metropolitano, que não é privilégio do sistema de concessões de rodoviárias, ou falta de
privilégio, que não diz respeito somente a essas duas áreas. Fala para que os senhores (presentes)
possam se tranquilizar e para que tenham condições de enxergar a nossa responsabilidade. O
sistema de concessões de pedágios está esclerosado. Foi bom na época em que surgiu, foi muito
importante lá e deve ter trazido seus benefícios, mas hoje está esclerosado. O sistema de
concessão de estradas no Rio Grande do Sul, da forma como é feito, está esclerosado, e não seria
diferente com as rodoviárias e nem com o transporte público. Diz que vamos ter que achar um
ponto de equilíbrio entre manter tudo aquilo que está bom dentro do sistema, mas também
termos a capacidade de avançar nos próximos anos, sob pena de termos, amanhã ou depois, um
governante que seja patrocinado por esta ou por aquela empresa que venha de fora, ou que seja
daqui de dentro, e faça, na base do canetaço, aquilo que sabemos não ser o ideal. Essa é a
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verdade. Vamos tratar o assunto de uma maneira em que não se busquem culpados. Se por um
lado, para as empresas que hoje estão instaladas, ou para as rodoviárias que hoje estão instaladas,
há uma vantagem de já estarem instaladas, por outro lado ficam a vida inteira de coração na mão
sabendo que pode chegar alguém, atendendo a interesses de outros grupos, e desfazer o sistema
todo. Temos que ter a responsabilidade, a maturidade e a serenidade de fazermos uma lei que não
cause desemprego no Rio Grande do Sul – há muitas empresas que hoje estão aí, rodoviárias ou
empresas transportadoras –, mas que traga, sim, uma relação custo-benefício capaz de satisfazer a
nossa população. Portanto, se soubermos levar com tranquilidade, com serenidade e com
maturidade este tema, vamos conseguir um modelo adequado. Diz que já foi falado – e já visto
nas rodoviárias – que o modelo de bacias é interessante, como já existe hoje em alguma parte do
transporte coletivo, que o modelo de rodoviárias, com a criação de um fundo entre as que mais
arrecadam para ajudar as que menos arrecadam na sua infraestrutura também poderia ser uma
solução. Vamos ter que encontrar um modelo para o Rio Grande do Sul que dê tranquilidade aos
empresários para investir nas rodoviárias, nas suas frotas, no aprimoramento de seus
funcionários, mas que também possa dar uma boa relação entre custo e benefício à população
que utiliza esse serviço. Por fim, concede a palavra ao Sr. Darci Rebelo. O SR. DARCI REBELO, representante da FETERGS, diz que a federação, como entidade que congrega todas
as empresas, é claro que tem uma preocupação e um desejo de que o sistema melhore. Apenas
não podemos partir de pressupostos equivocados. Tem margem para melhorar? Tem. O sistema
é bom na avaliação dos usuários. Isso é indiscutível e é dito pelos usuários através de pesquisa
feita pelos poderes concedentes e pela agência reguladora. Tem problema com a tarifa? Tem. O
colega Filipe perguntou se tínhamos uma análise da composição da tarifa, e eu lhe passei cópia de
um documento em que está demonstrado que temos problemas sérios com a tarifa. Por exemplo:
o diesel não tem isenção de impostos. Por que não podemos pleitear a isenção de impostos sobre
o diesel? Isso baratearia a tarifa com uma redução de 10%. Existe também a fonte de custeio para
a gratuidade e tantas outras maneiras de baratear a tarifa. Esse é um problema do sistema. Agora,
não são esses números que foram colocados aqui, de 300 ou 400 reais por uma passagem para
Uruguaiana. Em ônibus comum, é 70 reais. A nossa passagem, comparando com Santa Catarina e
Paraná, é mais barata. Essa é a realidade. A questão jurídica, em si, é complexa, e é complexa
também a situação das concessões. Temos que estudar um pouco a história das concessões para
entender como surgiram. Por exemplo, a radiodifusão tem uma norma contrária, uma norma
constitucional que diz que a prorrogação é assegurada. A radiodifusão é outorgada pelo
presidente da República e a não-renovação deve ser votada pelo Congresso. E isso ocorre por
quê? Porque se quer continuidade. O serviço público de transporte não é um problema do
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Estado, tanto que, nos tribunais, praticamente não há ações contra empresas de transportes. A
Dra. Adriana, numa apresentação feita na AGERGS, agradeceu às empresas de transportes, pois,
mesmo tendo recebido algumas reclamações, nunca foi gerado nenhum contencioso no Procon
contra essas empresas. A realidade é que os eventuais questionamentos e reclamações em seguida
foram resolvidos administrativamente pelos comissionados envolvidos. Logicamente deve haver
melhor esclarecimento, visto que, muitas vezes, os usuários têm dúvidas. É importante manter
um meio de comunicação com os usuários que se encontram distantes dos centros de decisão
para que eles realmente conheçam seus direitos em relação aos serviços prestados. Como em
regra os serviços são de boa qualidade, as empresas de transportes não são um problema para o
Estado. Por fim, quanto à questão de ordem, só para não ficar em branco, comunico que recebi
cópia – solicitei-a à OAB por e-mail – da ata de 9 de março de 2007 com o registro da criação da
Comissão dos Serviços Públicos pelo conselho seccional que teve seu mandato terminado em
2009. Passei cópia dessa ata para o colega. Afirma que em 2010, passou a integrar o conselho
seccional, e não foi recriada a Comissão de Serviços Públicos. Qualquer um tem o direito de
manifestar suas opiniões pessoais, todas elas são bem-vindas. Agora, ninguém pode dizer aqui
que é representante do Papa e que está falando pela Igreja Católica. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) concede a palavra ao Sr. Lauro Delgado. O SR. LAURO DELGADO diz que problema da preliminar de sua representatividade já foi perfeitamente
esclarecido, inclusive com o depoimento do deputado Fabiano Pereira. Esclarece que,
objetivamente, há mais de 12 anos a OAB está na estrada fazendo a análise crítica desse modelo
de monopólio. Diz o modelo de monopólio é defendido nos anteprojetos das empresas e nos
dois anteprojetos do DAER, ao passo que a OAB defende um modelo de competição. Diz que
se quer é a qualidade resultante da competição, como há na Argentina, no Uruguai e em toda a
Europa. É bem diferente a situação do setor aéreo, pois há competição. Conta que para ir a
Brasília, dias atrás, gastou menos do que desembolsou para vir de Uruguaiana de ônibus. Que a
qualidade é fruto da concorrência. Como no monopólio não há concorrência, a empresa torna-se
absolutamente segura, e o usuário não encontra alternativa. O SR. PRESIDENTE (Luis
Augusto Lara – PTB) concede a palavra ao Sr. Ernesto Luiz Eichler (DAER). O SR. ERNESTO LUIZ EICHLER diz que, com relação às tarifas mencionadas pelo colega, cabe
informar que existem várias tarifas, e o preço de algumas é um terço do valor aqui mencionado.
O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) encaminhando o final da reunião diz que o
debate realizado será levado ao conhecimento dos demais deputados no plenário da Assembleia
Legislativa. Agradeceu a presença de todos e encerrou os trabalhos da audiência pública. O
inteiro teor foi gravado, passando o arquivo de áudio a integrar o acervo documental desta
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reunião. E, para constar, lavrei a presente ata, que vai assinada pelo Presidente e por mim,
Secretário da Comissão, e, após aprovação, será publicada no Diário da Assembleia Legislativa.
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2.3 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM PASSO FUNDO (ATA N.º 07/2010 - 16/04/2010)
PRESENTES: Deputado Luis Augusto Lara; Deputado Fabiano Pereira; Deputado Ivar Pavan;
Tribunal de Contas do Estado – TCE/RS: Sra. Flávia Scalco Fauth e Sr. Eloi Dallavecchia;
DAER/RS: Ernesto Eichler; AGERGS: Sr. Eduardo Mesquita da Rosa; Federação Gaúcha de
Associações de Moradores – FEGAM: Sr. José Alvarez Rocha; FEGAM-RS UAMCA: Srs.
Nilton César B. Furtado e Paulo Moreira; Associação Rio-Grandense de Transporte
Intermunicipal – RTI: Sr. Jefferson Lara; Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/RS: Sr. Lauro
Delgado; Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul
– FETERGS: Sr. Darcy Rebelo; Empresa UNESUL: Sr. Belmino Zaffari; Sr. Vice-prefeito de
Passo Fundo Rene Luiz Cecconello; Empresa REUNIDAS/REAL: Srs. José Affonso Prado,
Vinícius Marcis, Áureo A. Deboni, Airbal S. Corralo e Antônio Furlin; Sr. José Antônio Azevedo;
Empresa Panalto Transportes LTDA: Paulo Roberto Petersel; AGPM: Sr. João Bernardo
Reckziegel; DCE UPF: Sr. Antônio Carlos Antunes; Câmara de Vereadores de Passo Fundo:
Vereador Patric Cavalcanti, Vereador João Pedro Nunes e Vereador José Eurides de Moraes;
Assessor do Vereador Rui Lorenzatto: Sr. João A. Moraes; Empresa HELIOS: Sr. Moisés Santos;
Empresa UNESUL: Otomar A Antoniolli; Representantes do Jornal Diário da Manhã;
Representante do Sindicato de Agências e Estações Rodoviárias no Estado do Rio Grande do Sul
– SAERRGS: Jaques Paim Bandeira e dirigentes partidários.
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TRABALHOS / DISCUSSÕES: Aos dezesseis dias do mês de abril de dois mil e dez, às
13h30, no Anfiteatro da Faculdade de Direito da Universidade de Passo Fundo - UPF, realizou-
se a Audiência Pública da Comissão Especial, no Município de Passo Fundo, para avaliar o
Sistema Estadual de Transporte Coletivo Intermunicipal de passageiros, sob a presidência do
Deputado Luis Augusto Lara, com a presença dos Deputados Fabiano Pereira e Ivar Pavan. A
audiência pública foi aberta pelo Sr. Presidente, registrando que o objetivo da Comissão é
trabalhar para que o Estado tenha uma legislação mais justa sobre a matéria. Convidou para
compor a mesa de trabalhos o representante da AGERGS, do Tribunal de Contas do Estado, do
Departamento de Estradas de Rodagem – DAER, destacou, por fim, que embora não se façam
presentes, foi convidado o Ministério Público do Estado. Salientou a presença da AGPM, RTI,
FETERGS, FEGAM, SAEERGS, Câmara de Vereadores de Passo Fundo entre outras
representações e chamou a mesa o Sr. Vice-Prefeito de Passo Fundo, Sr. Rene Luiz Cecconello e
o Sr. Deputado Ivar Pavan. Primeiramente explanou, o Sr. Presidente sobre os propósitos da
Comissão afirmando ser assunto de grande interesse das pessoas, uma vez que conta com um
trânsito de 60.000 passageiros/ano. Assim, a Assembléia, com esta audiência pública vem buscar
subsídios para continuar um trabalho que vem fazendo no sentido de que o Rio Grande do Sul
possa ter uma legislação que definitivamente contemple o que diz o art. 178 e 169 da
Constituição do Estado que determinam que exista uma legislação regendo o sistema de
transporte no Estado. Esse sistema de transporte coletivo intermunicipal é composto pelas
rodoviárias, sobre as quais já houve trabalho de uma Comissão Especial, com 09 (nove)
audiências públicas, e pelo transporte intermunicipal de passageiros, que se divide em transporte
intermunicipal e metropolitano de passageiros. Há mais de 20 anos se tem “empurrado com a
barriga”, através de Resoluções do DAER, Decretos Governamentais, o que tem trazido aos
empresários, tanto aqueles concessionários de rodoviárias quanto aqueles do transporte
intermunicipal, certa instabilidade a respeito de não ter exatamente claro o seu tempo de
concessão. Boa parte das concessões de rodoviárias está em caráter precário, ou seja, vai sendo
renovado o contrato, período a período, impossibilitando o empresário de investir. O resultado
disso é que se têm grandes dificuldades especialmente nas rodoviárias de quarta e terceira
categoria, que se encontram, algumas, em estado de abandono. Das 120 rodoviárias colocadas em
licitação, tivemos pouco mais de 10 ou 11 que conseguiram se credenciar ou que tiveram vontade
de participar do certame. Esse tema das rodoviárias foi já estudado, gerando um relatório
aprofundado, agora se voltando para a segunda parte do sistema de transporte de passageiros,
que é o coletivo intermunicipal. O objetivo da Comissão não é fazer caça às bruxas, apontar
36
defeitos, mas sim para construir uma solução que dê tranqüilidade ao empresário e qualidade e
preço justo ao usuário. O Presidente da Comissão ressaltou que a competência legislativa para
modificar a legislação vigente sobre o tema é de competência do Poder Executivo, mas que ela
deverá passar e ser aceita pelo Poder Legislativo. E para que essa proposta de lei não seja
distorcida no legislativo é que essa Comissão está passando pelos principais fóruns regionais para
que se tenha conhecimento de causa ao tratar de uma matéria estratégica para o Estado e que
representa milhares de empregos. É importante que se dê estabilidade ao setor, para que não
fique a mercê da vontade dos governantes de abrir uma concorrência pública sem ter critérios
claros para que se possa realmente dar condições iguais e justas a todos que dela vão participar.
Houve a apresentação de todos os presentes. A palavra foi passada, inicialmente, ao SR. ERNESTO EICHLER (DAER/RS), que fez um histórico sobre a origem do Departamento
Autônomo de Estradas de Rodagem e sua atual atuação. Fez relato das competências do
Departamento, em Especial as do Conselho de Tráfego. Acerca dos contratos de concessão das
linhas de transporte intermunicipal de passageiros, afirmou que alguns deles se encontram
vencidos, porém com cláusulas de prorrogação, sem que estas tenham sido implementadas por
iniciativa do poder concedente. Destaca que a Constituição Estadual e a legislação
regulamentadora determinam que as futuras concessões devam ser através de licitações,
observando, como modelo, a concessão por mercado, que substituirá a concessão por linha,
segundo a Lei Estadual n. 11.283/98. Salientou a necessidade de coincidência nos termos finais
de todos os contratos para que se possa implantar um novo modelo de concessão. Assim, é
necessário que se determine um prazo para que se possa substituir o sistema atual por um novo
sistema. Alertou se tratar de um serviço de caráter essencial e que algumas ligações são
deficitárias, o que fará com que nem sempre haja concorrência por determinado mercado, o que
obriga ao novo modelo garantir que nenhum ponto hoje assistido pelo transporte coletivo, venha
a ficar desassistido. Enfatizou que existe preocupação do Poder Executivo com a matéria e que,
em razão de sua complexidade deve haver grande debate com esse que está sendo realizado. O
SR. PRESIDENTE, destacou a necessidade de marcar essa data final para o atual sistema,
posto que ele funciona em caráter precário, uma vez que é um sistema estratégico para o Estado.
Entretanto, é de se ter cuidado com a transição entre os sistemas, haja vista que são milhares de
trabalhadores envolvidos e que precisam de seus empregos. Passada a palavra para AGERGS,
falou o SR. EDUARDO MESQUITA (AGERGS) sobre o trabalho e a estrutura institucional
da AGERGS onde explicou que a Agência trabalha por metas, e uma destas metas é a elaboração
de um termo de referência para a contratação de empresa para apoio na definição dos mercados
de transporte rodoviário de longo curso, metropolitano, aglomerações urbanas e também o
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formato de uma minuta, construída em conjunto com o DAER e a sociedade, para realização das
licitações dos serviços de transporte. A AGERGS está montando um banco de dados, a partir de
dados fornecidos pelo DAER que permitirão realizar uma avaliação de como se darão esses
mercados, número de veículos, idade da frota, etc., sendo que a intenção da agência é entregar
esse levantamento de dados antes do encerramento desta Comissão. A agência tem prevista,
também, vistorias tarifárias em diversos locais do Estado e também a elaboração de um Termo
de Referência para a definição da estrutura mínima de custos de uma estação rodoviária, com
reavaliação da atual classificação das estações rodoviárias. O representante do Tribunal de Contas
do Estado, por sua vez, SR. ELOI DALLA VECCHIA (TCE-RS), ponderou que a
transferência do serviço público de transporte intermunicipal à iniciativa privada obriga o Estado
a redefinir seu papel de executor para fiscalizador. Destaca que a Constituição prevê a realização
de licitação para concessão de serviços públicos, sendo que o Tribunal de Contas tem
acompanhado essa situação de que existem contratos vencidos e que na prática tem havido
prorrogação contínua desses contratos, havendo imperiosa necessidade de licitação, valendo essa
observação para as estações rodoviárias, também. O Tribunal de Contas, além disto, está atento
ao cumprimento dos ditames legais acerca da necessária qualidade dos serviços. Com a palavra o
SR. RENE LUIZ CECCONELLO (VICE-PREFEITO DE PASSO FUNDO), destacou a
importância de um marco regulatório sobre o tema para poder qualificar o serviço oferecido aos
usuários, em especial por ser, Passo Fundo, um pólo regional, de onde partem muitos ônibus
intermunicipais. O SR. DEPUTADO IVAR PAVAN, em sua manifestação, destacou o
trabalho feito anteriormente pelo Fórum Democrático da ALRS e a competência do Poder
Executivo para apresentar a legislação sobre o tema. Explanou que nas discussões feitas pelo
Fórum, a principal reclamação foi o preço das passagens, que muitas vezes torna-se mais caro do
que o automóvel. Não houve grandes reclamações sobre a qualidade dos serviços. Na questão
das gratuidades, o Deputado colocou-se favorável ao tema, entretanto esclareceu que tal custo
não é absorvido nem pelas empresas, nem pelo Estado e as passagens gratuitas acabam sendo
pagas pelo restante dos usuários do serviço, normalmente os mais carentes, pois quem tem mais
condições viaja de carro. Defendeu que as gratuidades instituídas pelos Entes federativos sejam
por estes custeadas, na medida das que instituir. O segundo grande item sobre o tema é a questão
dos combustíveis, onde poderia haver uma desoneração fiscal que refletisse no barateamento do
preço da passagem e, por conseqüência, no aumento do número de passageiros. Também deveria
ser verificado pela AGERGS e DAER, se existe lastro no lucro das empresas que permitisse um
decréscimo no valor da passagem. Pelas empresas, foi passada a palavra ao SR. DARCI REBELO (FETERGS) fez um histórico sobre o surgimento do sistema de transporte coletivo
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intermunicipal de passageiros. Informou que o Sistema abarca dois subgrupos: o metropolitano e
o de longo curso. O de longa distância transporta mais de 69 milhões de passageiros/ano e o
metropolitano desloca 150 milhões de passageiros/ano. São mais de 300 empresas locais que
atendem todos os cantos do Estado. Destaca que o transporte coletivo intermunicipal do Estado
possui serviço adequado com bons ônibus, bilhetagem eletrônica, sistemas de plataforma para
pessoas com dificuldade de locomoção. Que o sistema tem boas avaliações em todas as suas
características, com exceção do valor da tarifa. As gratuidades são apoiadas pelas empresas, mas
necessitam de fonte de custeio. O grande desafio seria como baratear a passagem sem reduzir a
qualidade. Que as tarifas são estipuladas sob o controle do DAER e não diretamente pelas
empresas. Aponta que uma redução de 50% no preço do diesel representaria um desconto de
12% no valor da passagem. Quanto aos contratos, destaca que a situação de transição vivida pelo
RS é a mesma do resto do país, pois o sistema surgiu antes da regulação, e a regulação está
surgindo agora. Que alguns contratos ainda estão em vigência e outros foram prorrogados, e se
não foram denunciados e sim prorrogados, estão em vigência. Como a Lei que regulou a matéria
manda, para otimizar os serviços, o agrupamento em lotes, é necessário equalizar a data final do
término dos contratos, devendo ser estabelecido um prazo razoável para tanto. Com a palavra o
SR. JOSÉ ALVAREZ ROCHA (FEGAM), afirmou que a questão das isenções devia ser
repensada, devendo a aprovação de uma isenção ser acompanhada do indicativo de onde vai sair
o custeio para tanto. Que deverá haver mais audiências públicas sobre o tema. Defendeu a
criação de um fundo para os transportes, integrado entre Município, Estado e União. Fez ressalva
sobre o transporte para atendimento de saúde, que é feito pelas prefeituras, e que retira muitos
usuários do transporte coletivo intermunicipal, encarecendo a tarifa. O SR. JAQUES PAIM BANDEIRA (SAERRGS), tratou da necessidade de se chegar a bom termo entre a
obrigatoriedade legal de realizar licitações e o perigo de realizá-las de “afogadilho”. Que o
transportador coletivo intermunicipal do Estado é diferenciado, pois realiza as rotas de grande
movimento, mas também vai naqueles municípios e distritos de menor movimento, devendo
haver uma compensação por esta atuação. Assim, é necessária uma legislação que leve em conta
estes aspectos. Sobre o transporte em saúde, relatou que existem Municípios que transportam
passageiros, inclusive cobrando passagens, situação que necessita ser verificada. O SR. PAULO MOREIRA (FEGAM / UAMCA), registrou que, em nome dos usuários, existe certo
desrespeito aos usuários, que devem se mobilizar mais para buscar seus direitos, devendo ser
mais escutados. O SR. VEREADOR PATRICK CAVALCANTI (Passo Fundo), solicitou ao
DAER, dado o grande aumento no número de veículos no Município de Passo Fundo, que
retirasse a circulação dos ônibus intermunicipais do centro de Passo Fundo, devendo ir direto à
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rodoviária como nas grandes cidades, pois tal situação gera um grande transtorno no centro da
cidade. Que haja uma maior fiscalização do DAER e da AGERGS com relação aos pequenos
municípios que utilizam ambulâncias para transportar passageiros, retirando usuários do
transporte coletivo e aumentando o valor da passagem. Defendeu a criação de subsídios para o
transporte intermunicipal. O VEREADOR JOSÉ EURIDES DE MORAES (Passo Fundo), tendo em vista sua experiência como Secretário de Transporte do Município de Passo Fundo,
disse que a questão das isenções influencia enormemente o custo das passagens e que tal despesa
não pode caber ao empresário. Ressalta que no novo marco regulatório tal compromisso deve ser
inserido e que, com raras exceções, o transporte no Estado é de excelente qualidade. O
VEREADOR JOÃO PEDRO NUNES (Passo Fundo) ressaltou que é importante a presença
do Estado nas audiências públicas para ampliar a interlocução com os usuários e o empresariado.
Que o subsídio para as gratuidades é função do Estado e não deve recair sobre os empresários.
Atualmente, as empresas fazem o transporte dos passageiros, tanto nos horários mais lucrativos
quanto naqueles nem tanto. O SR. JEFERSON LARA (RTI) afirma que, embora exista uma
insegurança jurídica quanto ao sistema de transporte, as empresas continuam investindo. Que os
dois principais pontos a serem abordados pela Comissão são qualidade e preço. Quanto ao preço,
destaca que não se pode comparar os nossos com os preços do transporte argentino, pois lá
existe subsídio do governo. O diesel é subsidiado, bem como as gratuidades são subsidiadas.
Uma das maneiras de baixar a tarifa seria avaliar a questão do diesel, pois ele tem impacto direto
de, em torno de 25% da tarifa. Na questão da gratuidade, somente na rodoviária de Porto Alegre,
houve 28 mil passageiros que viajaram de graça no mês de março, o que representa 713 ônibus
lotados. E esse custo é repassado para os demais passageiros. Mas mesmo com esse repasse das
gratuidades temos trechos como Porto Alegre – Rio Grande, de 322 Km, a R$ 54,30, sendo que
em São Paulo um mesmo trecho custa R$ 57,00. Porto Alegre – Vacaria, 251 Km, R$ 34,30, no
Rio de Janeiro, R$ 52,00. Porto Alegre – Uruguaiana, a partir de R$ 79,00, em São Paulo, a partir
de R$ 113,00. A tarifa no RS tem a tarifa social, que é a tarifa convencional, e a partir daí tem
serviço para quem pode pagar, como o semi-direto, executivo, leito. As empresas estão engajadas
na construção de uma legislação que seja adequada a todos os seguimentos. Quanto a qualidade, a
pesquisa feita pela AGERGS retrata bem a situação. O SR. BELMINO ZAFFARI (Empresa UNESUL) relatou que a empresa UNESUL possui uma empresa transportadora, TPS Turismo
Ltda., que faz o transporte internacional Porto Alegre – Montevidéu. Em visita a Montevidéu,
ficou impressionado com o tamanho e o movimento do terminal rodoviário daquela cidade. Que
em contato com os empresários do ramo no Uruguai, recebeu o relato de que o transporte
naquele país estava extremamente bem. Lá o transporte de passageiros possui um subsídio de
40
40%, os pneus, importados aqui do Brasil, chegam lá a um preço inferior aos aqui praticados, as
peças são 40% mais baratas. Assim, um trecho de 400 Km, tem uma tarifa de R$ 37,00, sendo
que Porto Alegre – Erechim, R$ 73,00, ou seja, o dobro do preço. O aproveitamento dos ônibus
no Uruguai é de 70%. Que a essência do transporte coletivo está no preço, no custo. Sugere que
se entre em contato com as autoridades uruguaias, o Ministério do Transporte, para conhecer seu
modelo de tarifação. Outra coisa importante é o fato de que eles têm gratuidade escolar e do
aposentado com 75 anos, e que ambos são pagos pelo Governo. O empresário anota e emite uma
fatura que é paga pelo Governo em 45 dias. Que ônibus retornando vazio, paga metade do valor
do pedágio. Assim, tudo o que tem sido discutido pela Comissão, já praticado pelo Uruguai, que
tem um transporte eficiente, de primeira qualidade e com usuários satisfeitos. Os empresários
brasileiros, em especial de pequenas empresas, não tem como competir com a
“ambulancioterapia”, tendo um aproveitamento de 30% do veículo, às vezes, e sendo que a tarifa
é calculada com um aproveitamento de 56%. Vai ocorrer que pequenos municípios vão acabar
ficando sem atendimento em alguns lugares. SR. DARCI REBELO (FETERGS). Destaca a
complexidade do sistema e ressalva que a retirada dos ônibus de longo curso do centro de Passo
Fundo fará com que o usuário necessita deslocar-se até a rodoviária, ou seja, precisará de dois
deslocamentos. Quanto ao subsídio, diz que não é necessário ir à Argentina ou Uruguai, basta ver
o Trensurb, que recebe 40 milhões por ano. Só que o Trensurb opera no horário de pico
retirando passageiros do transporte de ônibus, mas as 23 horas ele pára, enquanto que o
transporte rodoviário continua. O SR. RELATOR, DEPUTADO FABIANO PEREIRA,
encaminhando o encerramento da audiência pública, disse que a Comissão de Serviços Públicos
da ALRS realizou no ano anterior um fórum sobre infra-estrutura e logística estratégica para o
Estado do Rio Grande do Sul. Nesse ano haverá continuidade esse fórum com reunião no
Conselho de Tráfego do DAER, com debate entre diversas entidades. Tal debate é importante,
pois o Estado tem de dar atenção ao tema de sua infra-estrutura. Foi feito o debate sobre a
questão das ferrovias, onde surgiu a idéia de reeditar uma ferrovia pública, foi debatida o tema
das hidrovias, onde se falou no corredor do MERCOSUL, que se inicia em Cachoeira, chegando
a Santa Vitória, e que inclusive está, inclusive, incluído no PAC. Que se aumentarmos o
transporte hidroviário em 10%, isso significa uma economia de 300 milhões para o Estado,
basicamente o que o DAER tem de orçamento para investir e construir novas estradas. Na
questão aeroportuária, se quisermos a Copa de 2014, o Aeroporto Salgado Filho tem de ser
duplicado. E a questão do transporte de passageiros, que não entrou no debate do fórum
propriamente dito, mas que temos um transporte muito desenvolvido no Estado, só que dos 10
maiores Estado da Federação o RS é o que tem o menor número de rodovias duplicadas e tem
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114 municípios sem ligação asfáltica, de um total de 496 municípios, tendo que o ônibus de
passageiros circular por estradas de chão. Existe um consenso na sociedade que a qualidade do
serviço no Estado é boa, sendo que a questão do preço merece um pouco mais de atenção. Tem
um debate mais geral que envolve a redução tributária, as gratuidades, o transporte clandestino e
feito pelas secretarias de saúde, mas hoje já se tem uma maior conscientização sobre a concessão
das gratuidades, de que a verba para o custeio não sai de qualquer lugar. Tem surgido em vários
lugares a idéia do subsídio, como em Campinas, por exemplo. Por fim, quanto aos contratos de
concessão, essa transição não pode se dar sob uma insegurança jurídica, sob pena das empresas
deixarem de investir. Citou o caso da CEEE. As novas licitações devem ser bem pensadas, com
muita responsabilidade e seriedade, pois as empresas têm funcionários que delas dependem,
familiares, investimento, planejamento e sua dignidade, e esse processo não pode ser feito de uma
hora por outra, sob risco de comprometer a capacidade de investimento no sistema. E, assim, ao
invés de evoluir, ficar atravancado em discussões e brigas internas que não beneficiam o Estado.
Nada mais havendo a tratar, o Presidente agradeceu a presença de todos e deu por encerrada a
reunião. O inteiro teor foi gravado, passando o arquivo de áudio a integrar o acervo documental
desta reunião. E, para constar, lavrei a presente ata, que vai assinada pelo Presidente e por mim,
Secretário da Comissão, e, após aprovação, será publicada no Diário da Assembleia Legislativa.
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2.4 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM PELOTAS (ATA N.º 08/2010 - 23/04/2010)
PRESENTES: Deputado Luis Augusto Lara; Deputado Fabiano Pereira; Sr. Lauro Delgado
(OAB/RS), Sr. Wilson Valério Lopes e Sr. José Alvarez Rocha (FEGAM), Romoaldo Lindemann
Ribeiro (TCE/RS), Sr. Jorge Oehlschlaeger (Presidente do Sindicato das Empresas de Transporte
Rodoviário de Pelotas), Sra. Sheila da Fonseca e Sr. Eduardo Mesquita (AGERGS), Sr. Ademir
de Oliveira (SAERRGS / ETERPEL), Sr. Pedro Fonseca, Fábio Fonseca e Sr. Pedro Paulo
Bosenbecker (Empresa Embaixador); Jefferson Lara (RTI); Paulo Roberto Petersen (Empresa
Planalto); Sr. Leomar Ferreira (Empresa Rainha); Sr. Ernesto Eichler (DAER); Sr. Darcy Rebelo
Jr. (FETERGS); Sr. Belmino Zaffari e Sr. Rafael Zaffari (Empresa UNESUL); Sr. Agostinho
Meirelles (Secretaria do Planejamento de Pelotas); Sr. José Azevedo; Vereadora Miriam Maroni;
Sra. Ana Beatriz Rostirolla e Sr. Rodemar Ávila da Veiga
TRABALHOS / DISCUSSÕES: Aos vinte e três dias do mês de abril de dois mil e dez, às
11h, na Câmara Municipal de Vereadores de Pelotas, realizou-se a Audiência Pública da
Comissão Especial, no Município de Pelotas, para avaliar o Sistema Estadual de Transporte
Coletivo Intermunicipal de passageiros, sob a presidência do Deputado Luis Augusto Lara, com a
presença do Deputado Fabiano Pereira.. A audiência pública foi aberta pelo SR.
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PRESIDENTE, DEPUTADO LUIS AUGUSTO LARA, registrando que o objetivo da
Comissão é fazer um diagnóstico do sistema de transporte coletivo intermunicipal de passageiros
para subsidiar, em conjunto com o Poder Executivo, um marco regulatório para a matéria,
cumprindo, assim, as diretrizes constitucionais. Apresentou o Relatório Final da Comissão que
avaliou as Estações Rodoviárias do Estado. Disse que o objetivo da Comissão não é fazer caça às
bruxas, apontar defeitos, mas sim para construir uma solução que dê preço justo e transporte de
qualidade aos usuários e que modernize o sistema atual. São milhares de pessoas que utilizam o
transporte de longo curso e o metropolitano e é dever da Assembleia Legislativa promover essa
discussão. A palavra foi passada, inicialmente, ao SR. ERNESTO EICHLER (DAER/RS), que fez relato sobre a forma de atuação do Conselho de Trafego do DAER destacando seu
funcionamento democrático. Quanto aos contratos, afirmou que alguns deles se encontram
vencidos, porém com cláusulas de prorrogação, sem que estas tenham sido implementadas por
iniciativa do poder concedente. Destaca que a Constituição Estadual e a legislação
regulamentadora determina que as futuras concessões devam ser através de licitações,
observando, como modelo, a concessão por mercado, que substituirá a concessão por linha,
segundo a Lei Estadual n. 11.283/98. Que a Lei Estadual n. 11.283/98 prioriza a qualidade,
pontualidade e a segurança e determina as diretrizes a serem levadas em conta na formulação de
nova legislação sobre o tema. Alertou se tratar de um serviço de caráter essencial e que algumas
ligações são deficitárias, o que fará com que nem sempre haja concorrência por determinado
mercado, o que obriga ao novo modelo garantir que nenhum ponto hoje assistido pelo transporte
coletivo, venha a ficar sem assistência. O novo marco regulatório deverá manter o que existe de
bom no atual sistema e acrescentar os avanços da legislação federal. Enfatizou que existe
preocupação do Poder Executivo com a matéria e que, em razão de sua complexidade, deve
haver grande debate como esse que está sendo realizado. Passada a palavra para AGERGS, falou
o SR. EDUARDO MESQUITA (AGERGS) explicou que a Agência trabalha por metas,
instituídas pelo seu Conselho Superior, e uma destas metas é a elaboração de um termo de
referência para a contratação de empresa para consultoria para definição dos mercados de
transporte rodoviário de longo curso, metropolitano, aglomerações urbanas e também uma
minuta, construída em conjunto com o DAER e a sociedade, para realização das licitações dos
serviços de transporte. Que a AGERGS tem prevista, também, revisões tarifárias em diversos
locais do Estado, feita pela sua Diretoria de Tarifas. A AGERGS está montando um banco de
dados, a partir de dados fornecidos pelo DAER, balancetes das empresas, que permitirão realizar
uma avaliação de como se darão esses mercados, número de veículos, idade da frota, etc. A
agência tem prevista, também, a elaboração de um Termo de Referência para a definição da
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estrutura mínima de custos de uma estação rodoviária, com reavaliação da atual classificação das
estações rodoviárias. Apresentou dados já constantes no banco de dados da Instituição,
apresentando um panorama geral sobre o sistema de transporte coletivo intermunicipal.
Comentou tabelas do banco de dados específicas do Município de Pelotas. O representante do
Tribunal de Contas do Estado, por sua vez, SR. ROMOALDO LINDEMANN RIBEIRO (TCE-RS), ponderou que o Tribunal de Contas não participa diretamente da construção do
sistema, mas sim zela pelo cumprimento da legislação. Assim, o sistema de transporte
intermunicipal deve respeitar o princípio da livre concorrência e realizar licitações. Que no
Município de Pelotas o serviço é bem prestado, mas essa boa prestação não impede a realização
de licitação. Se colocou a disposição em nome do Tribunal de Contas. O SR. WILSON VALÉRIO (Presidente da FEGAM) disse que nos anos 90 houve um “sucateamento” do
DAER com o intuito da criação da AGERGS. Que existe um anacronismo, criado pelo Estado
liberal, entre o DAER e a AGERGS que deve ser discutido. Que também se deve discutir a
questão do Conselho de Tráfego do DAER, que deve ampliar a participação da sociedade civil,
modificando a composição atual do Conselho. Defendeu a criação de um Fundo para subsidiar o
sistema de transporte coletivo, em especial as gratuidades e o atendimento das linhas de menor
interesse de mercado. o SR. EDUARDO MESQUITA (AGERGS) fez esclarecimento acerca
das diferenças entre o poder concedente e a agência reguladora, destacando a função e a
importância destas agências. O SR. PRESIDENTE, DEPUTADO LUIS AUGUSTO LARA,
tendo em vista pergunta que chegou à Comissão Especial, questionou acerca das empresas que
terceirizam os ônibus extras que colocam em dias de grande demanda, como nos feriados, por
exemplo, onde esses ônibus não tem a mesma qualidade daqueles do transporte regular. O SR. ERNESTO EICHLER (DAER/RS), respondeu que é permitida por lei tal terceirização e por
isso é autorizado pelo DAER. Que em geral os ônibus extras são de boa qualidade e que há
fiscalização do DAER quanto a isto. Eventualmente, em casos de demanda muito alta, para não
deixar o passageiro sem viajar, se autoriza o que se tem a disposição para tanto, mesmo não
tendo a mesma qualidade. Que essa autorização é acompanhada pelo DAER. O SR. DARCI REBELO (FETERGS), sobre o assunto, esclareceu, pelas empresas, que estes ônibus extras
sempre são de boa qualidade, previamente cadastrados no DAER e sob responsabilidade da
empresa titular da concessão. Que qualquer responsabilização jurídica é do concessionário. O
SR. PRESIDENTE, DEPUTADO LUIS AUGUSTO LARA, leu correspondência de usuário
reclamando das condições de linha do Município de Charqueadas e sugeriu encaminhamento à
AGERGS e METROPLAN para que realizem a fiscalização da denúncia. O SR. EDUARDO MESQUITA (AGERGS) destacou que está entre as funções da AGERGS, em caso de não
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solução pelo poder concedente, a fiscalização de tais demandas. Solicitou que a correspondência
fosse enviada à AGERGS para providências. O SR. ERNESTO EICHLER (DAER/RS) disse que qualquer denúncia que chega ao DAER é verificada pela fiscalização. Que em caso de
irregularidade, a empresa é notificada e, havendo continuidade nas irregularidades, a empresa
pode até ter sua concessão cassada, como já ocorreu. Entretanto, a qualidade das empresas
fiscalizadas pelo DAER é boa. Que no caso especificamente relatado, já está havendo fiscalização
do DAER e METROPLAN sobre a empresa, que já tem melhorado seu serviço, diminuindo o
número de notificações que recebe. O SR LAURO DELGADO (OAB/RS), diz que o modelo
atual é de 1956 e não atende mais as necessidades dos usuários. Que o sistema já está a 8 anos sob
judice estando o DAER proibido de contratar e prorrogar contratos sem a obediência à legislação.
Que o atual sistema confronta a Constituição e tem altas tarifas. Um novo modelo deve ser
construído baseado na competição entre as empresas. Que o DAER e as empresas defendem
esse sistema defasado, monopolista e de reserva de mercado. Destacou a ausência do DAER,
AGERGS e empresas das discussões anteriores sobre o assunto realizada pelo Fórum
Democrático da Assembleia Legislativa. Sugeriu que a Comissão vá a países onde vige o modelo
de competição para conhecer como funciona. Defendeu a redução da idade dos veículos do
transporte coletivo para 10 anos e prazo de outorga não superior a 10 anos. Denunciou a má
qualidade de alguns ônibus em circulação e a falta de fiscalização do DAER. O projeto
apresentado pelo DAER não enfoca o interesse público e sim o interesse das empresas. O SR. RELATOR, DEPUTADO FABIANO PEREIRA, sugeriu que se acatasse a sugestão de visita
à Buenos Aires para conhecer o sistema que lá vige. Disse que realizou no ano anterior um fórum
sobre infra-estrutura e logística estratégica para o Estado do Rio Grande do Sul e que o assunto
deve ser analisado de forma abrangente, buscando soluções para todos os gargalos estruturais que
o Estado possui, como, por exemplo, a necessidade de duplicação do Aeroporto Salgado Filho.
Acredita que existe uma boa qualidade no transporte coletivo intermunicipal de passageiros no
Estado. Que em alguns outros Estados a situação é muito mais grave do que no Rio Grande do
Sul. Que um problema grave é a questão das tarifas, sendo um problema nacional que está sendo
debatido. Quanto aos contratos, a Constituição determinou a revisão de todas as concessões,
entretanto, isso deve ser feito com cuidado, caso a caso. Citou o exemplo da CEEE. Não acredita
que o sistema de permissões de 10 anos seja o adequado para o Estado, uma vez que as empresas
não vão investir altas somas na compra de veículos para apenas 10 anos. Essa insegurança
jurídica vai trazer para o sistema apenas grandes empresas ou então aventureiros, quebrando as
pequenas empresas que atuam no setor. A questão social, neste tema, deve ser levada em conta.
As novas licitações devem ser bem pensadas, com muita responsabilidade e seriedade, pois as
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empresas têm funcionários que delas dependem, familiares, investimento, planejamento. Deve se
partir do modelo como está e evoluir a partir daí e que está a disposição para esta discussão. A
SRA. SHEILA DA FONSECA (AGERGS) destacou a função da AGERGS no auxílio da
sociedade por ser um órgão autônomo. Falou sobre o serviço de ouvidoria da Agência que tem
abrangência sobre todos os serviços públicos concedidos. Informou o telefone da ouvidoria da
AGERGS. Destacou que o contato com a sociedade ajuda na modernização e na melhoria da
Agência. O SR. JEFERSON LARA (RTI) afirmou a maior segurança do transporte coletivo
em comparação com o transporte individual, tendo em vista os números de acidentes no trânsito.
Quanto a tarifa, em comparação com outros Estados, o Rio Grande do Sul apresenta as melhores
tarifas. Discordou do Sr. Lauro, com relação a má qualidade do sistema no Estado. Disse que os
números da pesquisa da AGERGS, bem como os dados apresentados na Comissão demonstram
que o sistema tem problemas mas é um sistema de qualidade. Destacou que o sistema não possui
nenhum tipo de subsídio do poder público. Foi passada a palavra ao SR. DARCI REBELO (FETERGS) que fez, na condição de Conselheiro da OAB, um relato sobre a atuação do Sr.
Lauro na Comissão de Serviços Públicos da OAB. Fez um histórico sobre o surgimento do
sistema de transporte coletivo intermunicipal de passageiros. Disse que a qualidade do sistema é
indiscutível e a pesquisa da AGERGS demonstra isto. Destacou que o Trensurb é barato, mas
recebe R$ 95 milhões por ano do Governo Federal de subsídio, que só funciona até as 23 horas.
Com subsídio se consegue passagem barata. Que a licitação não é uma “panacéia” que resolve
todos os problemas e deve ser feito através de um estudo profundo, levando em conta as linhas
de menor demanda e o agrupamento entre linhas economicamente viáveis com aquelas de menor
rendimento. Afirma que as empresas praticam a mesma tarifa independente dos horários e dias
de maior ou menor demanda. Que não se pode comparar o sistema uruguaio com o brasileiro,
que é um país continental. O SR. ERNESTO EICHLER (DAER/RS), destacou o trabalho
dos 120 funcionários da fiscalização do DAER que atendem todos os cantos do Estado e o
trabalho que é realizado pelo Departamento. O SR LAURO DELGADO (OAB/RS) relatou
que a OAB quer a legalidade e que apresentou fatos que demonstram a falta de fiscalização, por
fim, disse que o Projeto feito pelo Fórum Democrático representa um avanço. Nada mais
havendo a tratar, o Presidente agradeceu a presença de todos e deu por encerrada a reunião. O
inteiro teor foi gravado, passando o arquivo de áudio a integrar o acervo documental desta
reunião. E, para constar, lavrei a presente ata, que vai assinada pelo Presidente e por mim,
Secretário da Comissão, e, após aprovação, será publicada no Diário da Assembleia Legislativa.
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2.5 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM CAXIAS DO SUL (ATA N.º 09/2010 - 23/04/2010)
PRESENTES: Deputado Luis Augusto Lara; Deputado Fabiano Pereira; Tribunal de Contas do
Estado – TCE/RS: Sr. Carlos Roberto Matos; DAER/RS: Ernesto Eichler; AGERGS: Sr.
Eduardo Mesquita da Rosa; Federação Gaúcha de Associações de Moradores – FEGAM: Sr.
Nilson Valério Lopes; Associação Rio-Grandense de Transporte Intermunicipal – RTI: Sr.
Jefferson Lara; COREDE Serra: José Antônio Adamoli; Ordem dos Advogados do Brasil –
OAB/RS: Sr. Lauro Delgado; Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado
do Rio Grande do Sul – FETERGS: Sr. Darcy Rebelo; Empresa UNESUL: Sr. Belmino Zaffari;
Empresa Expresso Caxiense: Srs. Rodrigo Bongiovani e Aldo Raiz; Empresa Ozelami
Transportes e Turismo LTDA: Sr. Luiz Henrique Barcarolo.
TRABALHOS / DISCUSSÕES: Aos vinte e três dias do mês de abril de dois mil e dez, às
18h, no Auditório do Prédio H da Universidade de Caxias do Sul - UCS, realizou-se a Audiência Pública da Comissão Especial, no Município de Caxias do Sul, para avaliar o Sistema Estadual
de Transporte Coletivo Intermunicipal de passageiros, sob a presidência do Deputado Luis
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Augusto Lara. A audiência pública foi aberta pelo Sr. Presidente, agradecendo a presença de
todos e chamando para compor a mesa dos trabalhos os representantes do DAER; do Tribunal
de Contas do Estado; da AGERGS; da OAB; da Associação Rio-Grandense de Transporte
Intermunicipal – RTI; da Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio
Grande do Sul – FETERGS; da Empresa Unesul; da Federação Gaúcha de Associações de
Moradores – FEGAM; da Empresa Expresso Caxiense; da Empresa Ozelame Transporte e
Turismo Ltda.; do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários do Rio Grande do
Sul e dos COREDES. Afirmou que por sugestão de participantes de outras reuniões, devemos
ter ainda uma audiência com o setor de transporte coletivo intermunicipal de passageiros do país
vizinho, a Argentina. Estamos ainda avaliando a questão do Uruguai, que tem uma realidade
muito diferente da nossa, em função daquele tamanho do país. Deixou registrado o
encaminhamento de visitas a outros três Estados brasileiros para tratar dos subsídios. Disse que é
importante sempre lembrar que no ano eleitoral o tema concessão será mais do que nunca
debatido, não só para a área de transporte coletivo intermunicipal e metropolitano, mas também
de empresas de transporte, de rodoviárias, de estradas pedagiadas e de empresas de energia
elétrica. Esse assunto fará parte da pauta das responsabilidades do próximo governo. Que estão
findando as concessões de estradas pedagiadas, de empresas fornecedoras de energia elétrica e de
empresas transportadoras, inclusive já findou boa parte das concessões das rodoviárias no Rio
Grande do Sul. O trabalho, o acompanhamento dos participantes está servindo de embasamento,
como certamente servirá para aqueles que neste ano devem discutir essa questão como proposta
ao governo do Estado. É muito importante o posicionamento de cada candidato ao governo do
Estado, ou do próximo governador com relação a esses serviços concedidos pelo Estado.
Iniciando as manifestações, O SR. JOSÉ ANTÔNIO ADAMOLI (COREDES) – Disse que
quando olhamos a questão dos serviços concedidos, lamentavelmente, num olhar de sociedade,
nos fica a preocupação de que infelizmente o Estado não tem tido a isenção e a postura de
assegurar o interesse público e, muitas vezes, curva-se a outros interesses que não esses. Isso se
reproduz nas instituições que estão aqui representadas: é o Tribunal de Contas, é o DAER, é a
AGERGS, é o Parlamento gaúcho que, muitas vezes, preferem outros caminhos que não o da
transparência e do debate necessários. Em relação ao tema transporte coletivo, estamos, há algum
tempo, acompanhando e, para ser bem preciso, eu, filho de Pelotas, líder estudantil desde a
década de 70, faço uma reflexão em relação ao transporte de Pelotas/Porto Alegre. Os
empresários que estão aqui sabem que tivemos, durante muito tempo, a empresa Princesa do Sul
e a empresa Embaixador concorrendo naquele trajeto entre Pelotas e Porto Alegre. Inclusive,
naquela fase, por vezes, eu pedia – e recebia – lá para o pessoal da Princesa passagens de cortesia
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para fazer a militância e os movimentos, e assim também da Família Fonseca Júnior, tínhamos
uma qualidade diferenciada e um preço competitivo. Então, estou voltando 40 anos, na década de
70, quando essas duas empresas disputavam, de forma intensa, o mercado. Os anos passaram, a
realidade é outra, o número de carros cresceu, as oportunidades se modificaram, mas, quando
deveríamos, com esse passar de tempo, ter criado mais oportunidades em relação ao transporte
coletivo pela questão ambiental, pela questão do consumo de combustível, pelo
congestionamento da rodovia, estamos sentindo que efetivamente o número de usuários vem
caindo – a estatística mostra isso – e vem caindo por n fatores. Um dos fatores que nos preocupa
é que, naquela fase de 40 anos atrás, eu, como estudante, preferia, às vezes, fazer uma vaquinha e
dividir entre quatro a gasolina, para sair mais ou menos o equivalente à passagem. Passaram-se 40
anos. Hoje fazemos uma análise crítica e concluímos que estamos a praticamente um quarto
daquele valor. Então é preciso, deputado Luis Augusto Lara, membros da mesa, representantes
de instituições de Estado, que se faça uma análise e veja efetivamente em que áreas precisamos
melhorar. Não somos contra os empresários, pelo contrário. Entendemos que o
desenvolvimento precisa de bons empreendedores. Não somos contra os órgãos reguladores,
pelo contrário. Queremos que cada vez mais estejam tecnicamente instrumentalizados e com
autonomia para preservar esse interesse público. Já fizemos esse debate ao longo de algumas
audiências na Agergs. Estivemos com o Dr. Vicente Pereira, diretor do DAER, em debates.
Lamentamos que o DAER não tenha aberto essa discussão e tenha gerado um projeto, hoje, que
passa a ser referência, sem uma ampla discussão com a sociedade. A AGERGS, através de bons
técnicos que temos na Casa, gerou um bom documento que serviu de referência para o nosso,
mas infelizmente, na hora da construção dentro da Assembleia Legislativa, do Fórum
Democrático de Desenvolvimento Regional, tínhamos a expectativa de uma bela contribuição
técnica. Na época, obtivemos da presidente em exercício, a ex-prefeita Gertrudes Pelissaro dos
Santos, do Município de Paraí, uma posição oficial de que a AGERGS se retiraria deste debate.
Na medida em que empresários, usuários e órgãos reguladores vêm ao encontro dessa nossa
expectativa de que o bom senso prevaleça e esse bom senso permita que as partes, usuários e
empreendedores, tenham um serviço de qualidade, os empreendedores, uma remuneração justa
pelo seu trabalho e que o Estado cumpra o seu papel, estaremos, nas diferentes audiências, ao
lado do Parlamento buscando essa alternativa. Temos uma minuta produzida e, se não houver o
avanço necessário, ousaremos, através de um projeto de iniciativa popular, propor ao Parlamento
gaúcho esse projeto. Já estamos discutindo a questão do pedágio e estamos em curso na coleta de
80 mil assinaturas para apresentarmos o primeiro projeto de iniciativa popular na Assembleia
Legislativa neste ano. Com estas palavras, quis trazer a confiança de que deveremos olhar para a
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frente, reconhecendo as falhas do passado e construindo este Estado, para que não seja um
Estado instrumento de alguns, mas um Estado a serviço da coletividade, dando a ele a função
originária para a qual a sociedade o criou. É um ente regulador que assegura o interesse público, e
não o interesse de poucos – essa é a preocupação. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara –
PTB) – Sr. José Antônio Adamoli, em nome do relator, solicito que nos alcance a minuta de que
dispõe. Objetivando a transparência, o melhor serviço prestado e o serviço mais justo, estamos
todos aqui tratando sobre esse tema em audiências públicas e o agregando a tudo que já foi
tratado, no caso, no Fórum Democrático, que, certamente, nos fornecerá também excelentes
subsídios. O SR. JOSÉ ALVAREZ ROCHA (FEGAM), disse que o trabalhador, o usuário é
aquele que acorda de manhã cedo e dorme à noite, que produz na indústria, no comércio e tem o
seu aprendizado nas escolas. O que nos preocupa é que esse mesmo cidadão que constrói a
cidade, não apenas de Caxias do Sul, mas também de toda a região, fica muitas vezes no ônibus
por uma, duas horas até chegar em casa. Tratamos aqui de vários assuntos e, como o senhor
falou, já estamos contemplados pelas outras audiências, mas isso faz parte também do transporte
coletivo e por não termos uma política realmente pública voltada ao usuário no sentido de ele ter
prioridade nos ônibus, a fim de chegar mais rápido em casa e não precisar levantar tão cedo para
ir para o trabalho. Não encontramos, nem por parte do Município nem por parte do Estado, um
aporte a esse usuário que tem de ficar mais tempo dentro do ônibus. Não encontramos paradas
decentes nas quais ele possa permanecer, além de não existirem canaletas que permitam ao
transporte coletivo andar mais rapidamente; sabemos que a velocidade desses veículos, hoje, é
muito pequena. O que nos preocupa é saber por que o Brasil é diferente em relação aos outros
países. Aqui, a atenção maior é dada ao carro pequeno, que é utilizado por um único passageiro.
Um outro detalhe muito importante que tem de ser levantado é o de que pessoas estão-se
machucando dentro dos ônibus. Estão ocorrendo até mesmo quebras de bacia em função dos
quebra-molas, os quais são mantidos mais por uma questão política do que pela análise efetiva de
quantas pessoas são transportadas pelos ônibus, cuja altura, hoje, faz com que os passageiros
corram o risco de morrer, caso caiam. Que fórmula a Câmara e a Assembléia vão encontrar para
resolver esse tipo de problema, para que ele deixe de ser político e passa a ser tratado como uma
questão técnica. O SR. WILSON VALÉRIO DA ROSA LOPES (FEGAM) disse que, com
todo o respeito aos trabalhadores da AGERGS, a AGERGS é anacrônica quanto ao resultado da
política para o usuário. O DAER e a Agergs já fazem cálculo de tarifa, mas isso não é bom para o
usuário. Estou de fora, não sei que cálculo é feito e por que existem as diferenças, mas quero
registrar minha opinião. O DAER deve fazer concurso público para incrementar seu quadro de
técnicos. Precisamos fortalecer o Estado, precisamos abrir vagas para engenheiros, fiscais,
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operadores e motoristas, entre outros, para o DAER. É disto que precisamos: fiscalização do
sistema de transporte. É por essa razão, deputado Luiz Augusto Lara, que estamos aqui. Estamos
aqui para dizer ainda que o Conselho de Transporte do DAER também é anacrônico, está fora da
realidade e precisa ser reformulado, arejado, ter outras entidades que contribuam com o seu
trabalho. Por que estamos aqui, deputado Luiz Augusto Lara? Justamente porque não há um
conselho que represente efetivamente a sociedade gaúcha. Precisamos ter lá a CUT, a CGT, a
Força Sindical, a OAB, o CREA. Toda a sociedade precisa estar representada nesse conselho.
Nós da Fegam também reivindicamos nossa participação nesse processo. Não se pode deixar que
alguns iluminados – e no Rio Grande há fartura desses – construam a si próprios e falem o
tempo inteiro em nome do povo. Precisamos ter mais gente falando em nome do povo. Se isso
não acontecer, a política de transporte não conseguirá avançar no Rio Grande. Vamos, sim,
avançar com qualidade para termos uma política de Estado. Digo isso, deputado Lara, porque
defendo um terceiro ponto – aliás, já foi referido em outras audiências, mas quero vê-lo
registrado no seu livrinho depois –, qual seja: a necessidade de se criar um fundo para subsidiar o
transporte das pessoas que não pagam passagem. Hoje quem arca com a passagem do passageiro
isento são os passageiros pagantes, e isso encarece a tarifa. Estamos aqui para reafirmar a
importância de se criarmos um fundo que faça esse tipo de cobertura. Digo, com todo o respeito
– e quero que os companheiros da AGERGS não me entendam mal –, que a AGERGS foi um
anacronismo. A criação de uma agência de Estado é coisa do neoliberalismo. Todos sabem disso.
Ela está anacrônica com o nosso modelo atual. Sei que os representantes da AGERGS vão
discordar disso. Assim como queremos uma maior participação das pessoas no Conselho de
Transporte do DAER, também queremos discutir a participação da sociedade civil no TCE, na
AGERGS. Não queremos a AGERGS do 0800, número para o qual a pessoa liga e faz uma
catarse, pois recebe a informação de que daqui a três dias receberá a resposta. Isso não é
suficiente. Isso desorganiza a luta popular. Essa é a nossa preocupação, seja na área de energia
elétrica, seja no transporte. Cada vez que alguém liga para a AGERGS reclamando do transporte,
do ônibus que não chegou ou de qualquer outra questão, está ajudando a individualizar as
pessoas, e não a coletivizar. Queremos que todas as discussões sejam amplamente difundidas e
debatidas com a sociedade civil gaúcha. O SR. TACIMER KULMANN DA SILVA,
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Caxias do Sul, afirma
sua preocupação é com as concessões que são feitas ao longo do tempo e com a proposta de
licitação para o transporte público intermunicipal. A maior preocupação hoje é com a defesa dos
trabalhadores. Em várias empresas que fazem transporte de passageiros temos visto o motorista
cobrar a passagem enquanto está dirigindo. Isso não pode acontecer. É contra a lei. Todos já
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estão cansados de saber que existe uma lei no Detran estabelecendo que o motorista não pode
dirigir e cobrar a passagem. Diz que há falta de uma campanha para que o usuário utilize mais o
ônibus. Nós mesmos, aqui na cidade, temos problemas para andar na cidade. Vocês viram que o
pessoal chegou atrasado por causa do trânsito. Acho que deve haver uma campanha por parte
das empresas e do próprio DAER, enfim, das pessoas envolvidas nessa área, no sentido de que o
pessoal passe a andar mais de ônibus. E nós, que estamos especificamente na defesa dos
trabalhadores das empresas que hoje trabalham conosco, dizemos que, por enquanto, está tudo
certo. O SR. LAURO BEHEREGARAY DELGADO (OAB/RS), diz que iniciou como
presidente da OAB de Uruguaiana e nessa função estive por cinco vezes Nessa condição, há mais
de 12 anos, iniciamos uma luta pela modernização do transporte público estadual e pela sua
adequação aos termos legais, aos termos da Constituição. Afirma que valeram os 3 mil
quilômetros percorridos, porque viajei na semana passada e, hoje, viajei novamente. Realmente,
valeu ter vindo. Eu nem precisaria falar, pois o que ouvi do senhor neste encontro é muito
importante. Adamoli, este é o momento mais importante e mais feliz que tenho em mais de 12
anos. O deputado Luis Augusto Lara disse simplesmente que esse será um tema de campanha.
Isso é realmente necessário, porque é um serviço público dos mais importantes, deputado Luis
Augusto Lara. É um serviço do qual todos se utilizam, especialmente os que não possuem
automóvel, e que, no entanto, diminuiu 20% nos últimos 10 anos enquanto a população
aumentou. É dramático! Sabemos que a tarifa do transporte coletivo – embora o DAER, aqui em
Caxias do Sul, no começo dezembro, tenha afirmado que é justa – é um absurdo, é mais cara do
que a do automóvel e do avião. Convenhamos! Para chegar aqui e voltar a Uruguaiana, gasto 450
reais. Todo mundo sabe o preço das passagens de avião hoje. Então, deputado Luis Augusto
Lara, vou confessar que tinha esperança no senhor pela sua juventude, porque na turma mais
velha já não acredito. Estou velho e, por isso, conheço bem a situação. Estou confiante na sua
juventude. Sugerimos – e o senhor acatou – a realização de uma visita técnica a esses dois países
vizinhos. Em dois dias, de ônibus, vamos a Buenos Aires e Montevidéu e voltamos. Há um
trabalho que se propõe a fotografar, a pensar o futuro do transporte. São dois modelos. Há o
atual, de monopólio, que o DAER e as empresas querem perpetuar – estão aqui os projetos, e,
por outro lado, há o que a OAB e a sociedade defendem. Esse projeto que o José Antônio
Adamoli falou, que é o projeto do fórum. Trabalhamos um ano nesse projeto, que já está nas
suas mãos. Temos insistido em dizer – e o senhor vai constatar isso – que o nosso projeto é tão
moderno quanto o argentino, e o argentino é tão moderno quanto o da Europa. A sua decisão de
acatar nossa sugestão mostra que realmente o senhor está querendo resgatar uma dívida que a
classe política, a Assembléia Legislativa e os Executivos devem aos usuários. Devem, sim. É tão
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grave esse problema, deputado. Estou feliz hoje e não vou entrar no terreno que provoque muito
desconforto. Só vou chamar a atenção para o seguinte: não adianta termos o melhor projeto do
mundo se não reformularmos a sua gestão. Mesmo um monopólio, deputado Luis Augusto Lara
– tenho mais de 10 anos de estudo desse assunto –, se tivesse uma gestão séria, comprometida
com o interesse público, ainda poderia ser um bom sistema. Como gestor, o DAER tinha que se
dar conta de que não é possível uma pessoa gastar 440 reais de Itaqui a Porto Alegre. Não é
possível que, em ônibus comum, com 50 lugares, a pessoa pague uma importância maior do que
o que gasta de automóvel. Fiz o cálculo agora há pouco com o Adamoli. Então, temos que
pensar na gestão. O meu companheiro Valério tem razão quando diz – e isso passa pela gestão –
que tem que ser reformulado o conselho do DAER. E tem mais. Vou fazer uma revelação aqui
muito grave. O conselho do DAER não tem desempenhado um bom papel. Inclusive, há muitas
entidades com assento no departamento, cujo representante tem vínculos profundos com o setor
de transportes. Ora, isso não é possível! É como se o representante da OAB no DAER tivesse
vinculação com empresa de transporte. Deveria e deve ser um espaço. Então, Valério, acho que
tu abordaste bem. Sr. Presidente, estou encerrando. Eu não precisaria falar hoje, mas estou em
estado de felicidade. Estou velho, mas acredito, Valério, na juventude. É deles que devemos
esperar algo. Deputado Lara, eu o felicito por ter acatado. Em dezembro, eu fiz 4.800
quilômetros – agora, no sábado, fecharei 6.500 quilômetros –, para falar, até repetitivamente: de
um lado, há o monopólio – digamos, o DAER defendendo o monopólio –, e as empresas,
inclusive, querendo se perpetuar pelos projetos que têm. Por outro lado, há a sociedade, de quem
a OAB tem a honra de ser a porta-voz aqui, porque o nosso compromisso, o nosso objetivo é o
interesse público. Nós precisamos nos modernizar, e a modernização passa pela competição,
como acontece na Argentina, na Europa, na aviação, porque aí tudo irá se equilibrar, a pessoa
terá liberdade. O SR. JEFFERSON LARA (RTI): Considero que temos de pensar o que
queremos para o transporte. Discordo do professor Adamoli e do Dr. Lauro quando
estabelecemos um comparativo. É evidente que se eu comparar o meu carro, que tem
determinado valor, com um ônibus, que custa bem mais – incluindo o IPVA, o salário da
tripulação, os mecanismos de segurança, enfim –, encontrarei uma diferença substancial. Não há
dúvida alguma. Não há almoço e nem champanha grátis. Agora: eu quero subsídio. Amanhã,
deputado, estará saindo de Alegrete – vou puxar a brasa para o meu assado – um ônibus para
Santiago que estará transportando o professor, o aluno da Escola Agrotécnica, o enfermeiro que
abrirá o posto de saúde. Outro ônibus está passando por Santo Cristo, por Palmeira, por Vacaria,
lá no Chuí, em Uruguaiana, em Pelotas, enfim, em todas as localidades do Estado. Trata-se do
único sistema concedido, professor Adamoli, que se encontra em todas as localidades. O
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deputado Luiz Augusto Lara, que viaja bastante, sabe, por exemplo, que em algumas localidades
não há uma escola de segundo grau, um hospital ou até mesmo um posto de saúde, mas há um
ônibus passando e interligando todas as regiões do nosso Estado. Estamos em Caxias do Sul, e
nos honra muito, o povo deste Município está de parabéns porque aqui está a maior
encarroçadora de ônibus do Brasil e uma das maiores do mundo. No Uruguai, vemos ônibus da
China. E eu me pergunto: será que no meu sistema de transporte – e digo meu como aquela coisa
do Alegrete, do Estado, do gaúcho – quero me igualar ao argentino, ao uruguaio, ou quero ter o
meu sistema? Será que vou querer importar ônibus da China? E o que faço com os trabalhadores
da empresa encarroçadora daqui, que está exportando os ônibus que vão servir a Copa do Mundo
daqui a 40 dias? Que qualidade nós queremos? Que transporte nós queremos? Chile, Argentina,
Uruguai... Será que vou querer os ônibus da China, que tanta dificuldade nos traz na Região do
Vale do Sinos, na região calçadista? Que transporte intermunicipal queremos? E o transporte
metropolitano, que transporta 150 milhões de passageiros por ano? Ou será que só estamos
pensando no transporte entre Porto Alegre e Uruguaiana, Porto Alegre e Itaqui, Porto Alegre e
Pelotas, Porto Alegre e Caxias? E o transporte de massa, que também está incluído? Então, o que
nós queremos? As empresas de transporte coletivo são concessionárias, e aí, professor Adamoli,
discordo do senhor quando diz que é preocupante. Acredito que o ônibus intermunicipal, como
já disse antes, está em todas as partes em que está o Estado. Se uma praça de pedágio amanhã
parar de cobrar, a rodovia continua, mas o ônibus, se parar de andar entre Alegrete e Manoel
Viana, não vai levar o estudante, o professor, o enfermeiro, o trabalhador. Então, que sistema de
transporte queremos? O concessionário vai se adequar à concessão, mas a concessão é do
governo, é do Estado. Essa é a grande pergunta que queremos responder, e temos como
respondê-la ao longo dessas últimas audiências públicas. Amanhã, teremos uma em Santa Maria.
Temos conversado, e é aprazível, quando se começa a conversar antes, perceber que, dali a
pouco, queremos a mesma coisa. Agora, temos a responsabilidade de transportar com segurança,
com qualidade. Que transporte queremos? Um transporte que atenda às linhas troncais? E o das
7 horas da manhã, que leva o trabalhador, quem vai fazer? Essa é a grande discussão que temos
de enfrentar. É preciso modernizar, mas o Estado do Rio Grande do Sul já tem um muito bom
sistema de transporte, em qualidade e preço. Já comprovamos, já demonstramos isso em relação
a preços em outros Estados. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB): Nas audiências
públicas, a cada reunião, conseguimos um pouco mais de equilíbrio, de tempero nas nossas
colocações, nas nossas angústias, nas nossas ponderações. Realmente, o que estamos tratando
aqui é que sistema de transporte nós queremos. Se formos verificar o que acontece até o dia de
hoje ou o que aconteceu até um minuto atrás, veremos que isso é fruto de um sistema de
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transporte que, certamente, teve seus acertos e seus erros, um modelo de concessão que fez bem
em alguns pontos e não fez tão bem em outros pontos. O olhar é daqui para a frente, e tenho a
convicção de que, se o Estado fizer a sua parte, sendo claro e justo, com equilíbrio entre usuários,
empresários e trabalhadores, iremos conseguir, sim, achar um sistema, um modelo de concessão.
E não tenho dúvida de que os concessionários irão se adaptar a um modelo de concessão que for
justo e proporcionar ganho e qualidade do serviço prestado. O SR. DARCI REBELO – Sr.
Presidente, não quero ser repetitivo, mas é importante salientar que o sistema de transporte
começou na década de 30, com recursos privados, que nunca houve o aporte de recursos
públicos e que sempre houve serviço contínuo. Esse histórico mostra um pouco da origem. É
importante, sim, conhecermos a origem do sistema, porque, sem conhecer o passado, não se
consegue fazer um presente adequado e planejar o futuro. É relevante, sim, sempre relembrar
esses fatos históricos, com ônibus trafegando onde não havia rodovia, onde não havia ponte e
assim por diante. O sistema atual transporta 220 milhões de passageiros por ano. Quase 5 mil
linhas atendem em todo o Estado, com 6 mil ônibus, sendo 300 empresas gaúchas de pequeno e
médio porte. Em todo o Estado há um baixíssimo índice de acidentes. Por isso questiono
olharmos o modelo uruguaio. O Uruguai tem 4 milhões de habitantes. Como vamos reproduzir
esse modelo, se temos 220 milhões de habitantes? Não sei se vale a pena, mas, em todo o caso,
eu gosto muito do Uruguai, tenho familiares lá. Vou ir com muito prazer. Aqui está sendo
mostrado um pouquinho do que já temos. Empresas sérias, uma infraestrutura construída ao
longo dos anos, com investimentos em recursos humanos. Na antessala, o pessoal do sindicato
cobrava – como é o seu dever – melhores salários. E o representante da Agergs dizia que o
reajuste foi do INPC. Nós podemos copiar o modelo chinês, onde um funcionário ganha 80
dólares por mês e dorme num alojamento precário. Vamos ter tarifas baixas também. É todo um
mix de coisas. Temos de considerar o que queremos. Hoje, o que temos é isso: funcionários
altamente treinados e índices de satisfação excelentes. Os nossos ônibus têm um bom
espaçamento entre os bancos, diferentemente do avião, que é apertado. São ônibus novos. Aqui é
mostrado um Marcopolo Geração 7 e a sala de embarque de uma das empresas na Estação
Rodoviária de Porto Alegre. É um ônibus fabricado aqui em Caxias, pela Marcopolo, que está
sendo exportado para o mundo inteiro. Será que vamos querer trazer ônibus da China, ao invés
de usar o Geração 7? É uma decisão que teremos de tomar. No transporte metropolitano, é bom
e interessante ver como é a nossa bilhetagem. Temos a melhor bilhetagem do mundo, e eu
conheço bilhetagem. Muito tempo antes do sistema ser implantado aqui, comecei a trabalhar –
sou engenheiro eletrônico – nos primeiros projetos de bilhetagem que se fez. Visitei o mundo
inteiro para conhecer os sistemas de bilhetagem, e não existe sistema como o nosso, nem na
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Europa, nem em lugar nenhum. O nosso é único por uma simples razão, que é até cultural:
porque lá não há necessidade de haver um controle escrito. O metrô tem uma fichinha. A pessoa
passa uma fichinha, não tem ninguém controlando. Se pular a roleta, passou. Aqui tem um
sistema de controle que é único, por peculiaridades nossas. Os ônibus são preparados para
deficientes físicos. Então, temos uma série de coisas importantes. Vou pular a pesquisa de
qualidade, mas é importante dizer que, pela pesquisa, o serviço é muito bem avaliado não por
nós, não pela Agergs, mas pelos usuários voluntários. Todos os itens são bens avaliados, exceto
tarifa, que já vimos que é o ponto negativo. Temos que ver o que compõe, afinal, a tarifa. Tarifa é
um rateio de custos. Temos salários, encargos, diesel, pneus, lubrificantes, despesas
administrativas, tributos, divididos pelo número de passageiros pagantes. É uma conta muito
simples. Queremos baixar a tarifa? É só mexer nessa equação. Para isso não é preciso licitar. O
governo pode, por determinação, baixar a tarifa agora mesmo. Baixando os encargos, baixa a
tarifa. Não é preciso licitar. Está-se colocando tanto modelo para o transporte aéreo. Pergunto:
qual a licitação que foi feita para o transporte aéreo? O transporte aéreo é modelo, as tarifas são
baixas, é maravilhoso. Qual a licitação que foi feita no transporte aéreo? Nunca houve. Então,
licitação não é panacéia, não é solução de coisa alguma. Licitar um sistema mal planejado é um
caos, e foi o que aconteceu com as estações rodoviárias. Fez-se licitação para as estações
rodoviárias e criou-se um caos no sistema rodoviário. Também tenho ouvido falar muito em
monopólio. O monopólio do Estado é o transporte. Está na Constituição. Fui até estudar para
ver o que é monopólio, pois devo ter esquecido as aulas da faculdade. Monopólio é quando um
fornecedor detém os meios de produção para praticar os preços que desejar. As empresas de
transporte – um serviço totalmente concedido – controlam os meios de produção? A empresa
cria horários sem autorização do poder concedente? Cria um novo serviço ou altera itinerários?
Não. O serviço é totalmente regulado. A empresa fixa os preços? Não. A tarifa é fixada pela
engenharia do DAER, segue para o conselho de tráfego ou conselho metropolitano, para a
engenharia da AGERGS, é submetida a audiências públicas, segue para o conselho superior e
para o Executivo. A empresa não controla a tarifa. Quer baixar a tarifa? Baixa tributos, subsidia
lubrificantes e pneus. Isto é o que ocorre no Uruguai e na Argentina: há subsídios de diesel, de
pneus e etc. Então, não é preciso licitar para baixar tarifa. Ela pode ser baixada amanhã. É muito
simples baixar tarifa. Portanto, monopólio não é. As empresas não controlam nada. É um serviço
totalmente regulado. Por que essa redução de passageiros? Porque os incentivos sempre foram
para a motorização privada. Quem não lembra do Proálcool, em 1975? O álcool visava a
substituir qual combustível? A gasolina. Nunca precisamos de gasolina, sempre exportamos
gasolina. Precisávamos de diesel, no entanto, fizemos um programa para substituir a gasolina,
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para incentivar a motorização privada. Agora na crise, o que fizemos? Redução de IPI para
motorização privada. É claro que tem de haver um prejuízo no sistema público de transporte,
porque o incentivo foi sempre para a motorização privada. É disto que precisamos: Trensurb.
Para construir nove quilômetros de Trensurb, o governo federal vai investir 700 milhões de reais.
Isso é o que será investido para ampliar a linha do Trensurb em 9 quilômetros! Não estou
criticando o Trensurb. Acho muito bom que tenha metrô em todas as grandes cidades do Estado.
Agora, se colocarmos esses 700 milhões de reais como subsídio no sistema de transporte,
seguramente a tarifa baixa, e baixa amanhã. Não precisam fazer panaceia, licitação, falar em
monopólio, etc.; baixa amanhã! Este projeto está tramitando na Câmara desde 2003: Institui o
regime especial de incentivos para o transporte coletivo urbano e metropolitano de passageiros. Prevê a redução
de tributos – está escrito. Por que não anda essa matéria? A tarifa baixa também! É uma equação
matemática! Não precisa haver licitação, oligopólio, monopólio; baixa amanhã a tarifa! Vejam a
diferença de tratamento dos nossos irmãos do transporte aéreo – nada contra o transporte aéreo,
estou citando porque estamos sempre comparando coisas incomparáveis. Decisão do STJ –
Superior Tribunal de Justiça – em uma ação que o Ministério Público entrou contra a VASP, que
queria implantar gratuidades: Em homenagem ao equilíbrio do contrato de concessão, revoga-se antecipação de
tutela que obriga as empresas aéreas a transportarem gratuitamente pessoas portadoras de deficiência. Para que tal
aconteça, é necessário que exista regulamentação específica, com a previsão da contrapartida financeira, de
responsabilidade do Estado. Decisão do STJ, saliento, acerca do transporte aéreo. Por que o ônibus
tem 20% de gratuidades? Quem paga essas gratuidades? Estão embutidas na tarifa! Não somos
contra gratuidades, quem precisa do transporte gratuito deve tê-lo, mas deve ser pago pelo
Estado, como foi determinado pelo STJ quanto ao transporte aéreo. Com relação ao transporte
aéreo, também há isenção de ICMS sobre o combustível, o que para nós não existe. Quanto ao
MDT, saliento que esse não é um movimento nosso. É o Movimento Nacional pelo Direito ao
Transporte Público de Qualidade para Todos. Trata-se da campanha Vejam como seu transporte vai
ficar mais barato. Prestem atenção: se baixarem os tributos, a tarifa pode reduzir em 12%. Quanto
se paga de tributos? Está aqui: é possível reduzir em 18% o valor da tarifa! E isso pode se
concretizar amanhã. Não precisam falar em um projeto maravilhoso de transporte, uma licitação
maravilhosa. Mais: se houver fonte de custeio para implantar gratuidades, dá para reduzir em
19%. É nisso que devemos pensar. Vamos parar de fazer histórias fantásticas quando o tema é
muito mais simples do que parece. O sistema de ônibus tem cunho social, diferente do sistema de
avião, que transporta de acordo com o interesse, isto é, onde há demanda. O ônibus vai em
lugares onde há ou não demanda. Fui advogado em uma ação defendendo o Consórcio
Metropolitano de Transporte que atende Alvorada. O Ministério Público queria saber por que
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havia passageiros em pé nos ônibus nos horários de pico. Ora, porque é assim no mundo inteiro,
no metrô de Tóquio, no horário de pico, há pessoas em pé. Fui pegar o metrô em Londres e,
simplesmente, não consegui entrar. Então, tentei mostrar, fazer uma perícia. Alvorada tem a
particularidade de ser uma cidade dormitório. Então, entre os horários de pico, ou seja, das 9
horas às 11 horas, sabem quantos ônibus ficam estacionados em Porto Alegre? Noventa ônibus
ficam parados. Agora, podemos baixar a tarifa do transporte metropolitano. Basta irmos na
Agergs para dizer que não vamos mais transportar passageiros de Alvorada para Porto Alegre.
Realmente, vai reduzir a tarifa de todo o sistema metropolitano. Maravilhoso, resolvam o
problema com os usuários. O metrô tem uma tarifa baixa, recebe 95 milhões de reais de subsídios
por ano, e às 23 horas fecham as portas. O ônibus segue, continua rodando. Esta é a realidade
dos transportes. O sistema de ônibus é diferente do sistema aéreo e do sistema de metrô, no
entanto foi abandonado pelo poder público. Nunca recebeu incentivo, nem uma maior atenção, e
sempre foi feito com a construção do esforço privado, num trabalho sério e competente. Muitos
ficaram pelo caminho, mas os que estão aqui são sérios e há competição neste setor, sim. Caxias
do Sul é um bom exemplo, estão aqui dois representantes de empresas que atendem este
Município e o fazem muito bem. Precisamos partir de pressupostos mais adequados para
alcançarmos um sistema melhor do que o já existente. O SR. JOSÉ ANTÔNIO ADAMOLI (COREDES): Sinto-me na obrigação de falar, fui provocado pelo presidente. Fui o primeiro a
falar mas, ouvindo as diferentes manifestações, preciso fazer algumas ponderações. A primeira:
temos a clara convicção de que o nosso marco legal, no Estado do Rio Grande do Sul, está
superado. A segunda questão: o Doutor Darci e outros que fizeram intervenções manifestaram
inquietação quanto a licitações. Se há uma segurança tão grande em relação à qualidade dos
serviços, à capacidade dos serviços, por que a preocupação com uma nova licitação? Ao longo do
governo Rigotto realizamos várias reuniões com o Dr. Roberto Bandeira. Em uma delas, Dr.
Darci, pressionado sobre o cumprimento de uma decisão judicial, ele chamou o Doutor Eduardo
Veiga, que era o subprocurador naquele momento e perguntou: o que está acontecendo, Dr. Eduardo,
que essa coisa não anda? E aí, com muita tranquilidade, Dr. Ernesto Eichler, o Dr. Eduardo
respondeu assim: na verdade o DAER tem nos pedido para que a gente não abra um novo processo licitatório
porque, senão, outras empresas virão de fora. Estou usando as palavras dele. Jefferson, com relação ao
nosso modelo de ônibus, nós temos clareza de que, à medida que um novo marco regulatório
aconteça, e quando efetivamente o sistema de transporte vier a corrigir distorções que ocorrem
por parte do Estado, como carga tributária, ou como isenção de tarifas – e sabemos também que
há problemas dentro das empresas –, nós não estaremos abrindo oportunidade para importar
ônibus da China, mas estaremos possibilitando à Empresa Marcopolo vender um número muito
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maior de veículos, com melhor qualidade, os quais estarão circulando no Estado do Rio Grande
do Sul. Nessa área, tenho interface com a própria empresa Marcopolo. É falácia afirmarem que
vão trazer ônibus da China. Existe espaço no mercado para os nossos ônibus, eles são
competitivos e estão no mundo. Por último, a questão que o Valério levantou, em relação aos
usuários. Usuários gratuitos são as pessoas com mais de 60 anos, são os brigadianos e outras
categorias. A nossa proposta prevê, inclusive, que essa gratuidade seja de responsabilidade do
Estado. Toda a vez que se cria um direito, esse, não deve ser assumido pelo usuário, mas pelo
poder público. Então o nosso projeto prevê isso. O poder público assume essa responsabilidade.
Portanto, a nossa manifestação visa a esclarecer que não estamos querendo importar ônibus da
China, embora a Marcopolo também esteja produzindo naquele país. Não queremos importar,
pois entendemos que podemos produzir aqui. Temos a clareza de que os nossos empresários são
competentes, e à medida que um novo marco legal surgir, terão competência para se adaptar a
esse novo marco. Desejamos que este seja um momento de inclusão em que possamos,
efetivamente, ver mais pessoas que estão excluídas do sistema ingressando nele, além de outros
motivos. Por todas essas qualidades, e havendo uma tarifa módica, que possamos deixar o carro
particular e usar mais o transporte coletivo. Ganha o conjunto da sociedade brasileira. É com esta
intenção de imparcialidade que estamos aqui. Não podemos deixar passar batidas essas questões,
embora não estejam na pauta. O modelo está precisando ser repensado, e é para repensar que
estamos aqui, assim como estaremos em outras reuniões, muito tranquilos, embora sem nenhum
domínio técnico. Está falando aqui alguém que não tem a experiência de um engenheiro
eletrônico, que não tem uma vida dedicada a uma assessoria jurídica de empresas. Está-se
manifestando, neste momento, um cidadão comum, que vive o dia a dia na comunidade, que tem
recolhido essas informações assim como os representantes do movimento comunitário devem tê-
las. O nosso sistema é excludente. Está excluindo pessoas. Como vamos fazer com que o Estado
garanta que mais pessoas usem o sistema, que melhore sua qualidade e que tenhamos empresas
cada vez mais revigoradas não transferindo renda para o setor, mas reinvestindo no sistema para
se conservar no mercado? Para nós a licitação é um marco importante. Desculpem se extrapolei o
tempo de três minutos, porém queremos um novo marco legal, queremos uma licitação que
efetivamente não quebre a questão do monopólio como está sendo ponderado aqui. Fazendo
uma ponderação: a nossa idéia de monopólio é o monopólio da linha. Sobre a exclusividade da
linha, gostaríamos que houvesse, pelas bacias e pelos mercados, duas ou três empresas,
disputando o mesmo mercado e aquelas que têm mais competência terão a preferência do
usuário. Essa é a nossa expectativa. Vocês tanto defendem a idéia do livre mercado, essa é uma
oportunidade. Duas ou três empresas dentro do mesmo mercado; aquela que tem mais
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competência, que oferece o melhor serviço, a melhor qualidade e o menor preço terá a
preferência do usuário. Só isso. Nenhuma complicação. Esta é a opinião de um leigo, talvez
vocês conheçam muito mais e possam me ajudar a modificar esta ótica. O SR. ODAIR GONÇALVES (AGERGS): Considero que a importância das audiências públicas está em
ouvirmos. Mesmo que venham críticas, no caso da Agergs não vou defender, nem falar nada,
nem no caso do DAER. Já trabalhei no DAER também um pouquinho antes da época do
Ernesto. Sei que é importante que a gente ouça realmente as colocações feitas aqui e que se reflita
sobre elas. Já que estamos na fase de ouvir e pensar num modelo para a frente, queria deixar uma
contribuição no sentido de conhecimento técnico em relação à regulação. Considerei
interessantes as colocações feitas pelo Valério, e temos de entender, aceitar e pensar sobre isso
tudo. O DAER, por exemplo, no sistema, tem um papel importantíssimo de planejamento, de
coordenação e de fiscalização do trabalho. Foi dito aqui algo muito importante: a cada quatro
anos discutem-se políticas ou sistemas. Por que existe a regulação? E se tiver de repensar alguma
coisa, não sou eu. É a própria Assembleia Legislativa que criou a lei do DAER, o governo que
criou a lei da Agergs. Sempre que se pensa em regulação é exatamente para dar estabilidade a um
sistema, a uma política pública que foi criada em determinado governo. Os governos mudam a
cada quatro anos. E se a cada quatro anos mudar a política em relação ao que já está estabelecido
há quatro anos, ou há dois anos, ou há três anos para um serviço ou contrato que tem 10, 15, 20
ou 25 anos? A ideia de ter agência de regulação independente, eqüidistante de governo, de
usuário de concessionárias é para que tenhamos estabilidade em um serviço para o qual foi
decidido fazer a concessão num determinado momento. É imprescindível que não haja mais
interferências políticas oportunistas que venham a prejudicar o usuário, o concessionário e o
próprio Estado. Isso precisa ficar bem claro. Quem sabe a gente venha a discutir um novo
modelo. Se tivermos de rediscutir com a Agência, que o façamos. Não estou aqui apenas para
defender. Venho trazer esta contribuição acerca de qual é o papel da agência, isto é, de garantir
uma estabilidade a um setor, seja de transporte, seja de rodovias, seja de energia elétrica, seja qual
for o serviço, para que se tenha uma continuidade na garantia dos investimentos, na qualidade
para o usuário, enfim, para todas as pessoas envolvidas, para todos os interessados naquele
serviço. Esse é o papel. Então, já que estamos discutindo o futuro, temos de pensar dessa forma.
O SR. ERNESTO EICHLER (DAER): Ouvindo o que foi falado aqui, hoje, penso que
basicamente é preciso definir que tipo de sistema a gente quer. Se é um sistema de primeiro
mundo, segundo mundo ou terceiro mundo. Temos de avaliar o que temos hoje. Os dados de
que disponho no DAER, e que recebemos da Agergs e das entidades, informam que temos um
sistema de primeiro mundo no Estado do Rio Grande do Sul. Temos de nos orgulharmos do
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sistema que temos. Recentemente estive em Brasília em uma reunião dos DAERs, dos dez
Departamentos Autônomos de Estradas de Rodagem, cujo tema era justamente licitação. A
informação que recebi foi de que o único Estado ali presente que estava licitando, ou que estava
tentando fazê-lo, era Rondônia. O pessoal me perguntou sobre a legislação estadual, sobre todas
as normas que o DAER possuía, e ficaram espantados. Também ficaram surpresos com o nosso
sistema de rodoviárias que tanto criticamos, e sobre o qual tantas críticas ouvimos, dizendo que
precisa ser modernizado. Vários Estados se manifestaram dizendo que o nosso sistema era muito
bom. Que eles têm problemas, que a linha, a empresa faz o que quer, para onde quiser. Não. O
sistema de rodoviárias é um sistema que ajuda a fiscalizar e a manter a atualidade. Saí de lá feliz.
Ouvi de todos os representantes dos Estados lá presentes que a nossa legislação, apesar de ser de
1956, atualizada por várias normas, é uma legislação que os outros Estados brasileiros gostariam
de copiá-la. Basicamente avaliando, temos um sistema muito bom, de primeiro mundo. Não
queremos ter um sistema de terceiro mundo. O que o DAER vem fazendo de forma intensiva
desde 2003 e até antes disso? O combate ao transporte clandestino no Estado do Rio Grande do
Sul. Aumentamos o número de blitz no transporte especial, que é operado por uma quantidade
muito grande de empresas. Fiscalizamos o transporte para Municípios da fronteira como
Uruguaiana, Santana do Livramento, que é de longo curso; também fiscalizamos o transporte de
pequeno percurso. E o que encontramos? É bom falar sobre a nossa realidade. A maior parte das
empresas faz um transporte de acordo com a legislação; entretanto, ao abordarmos ônibus que ia
para Uruguaina no posto da Polícia Federal de Eldorado do Sul encontramos crianças
desacompanhadas – tivemos que chamar o Conselho Tutelar, o que é comum nas blitz que o
DAER faz –, havia um mau cheiro terrível, pessoas de pé, motorista sem habilitação – o ônibus
foi retido pela Polícia Federal –, veículo com pneus carecas, plástico substituindo os vidros. Em
alguns veículos que abordamos aqui no Estado do Rio Grande do Sul havia cadeira de praia no
lugar da poltrona. É esse o sistema que queremos? Temos que pensar bem. Temos um sistema
muito bom. Sabemos que tem defeitos, que tem que ser modernizado. O DAER tem trabalhado
muito nesse sentido. Gostaria que pensassem a respeito disso aqueles que hoje falam em licitação.
Comenta-se muito em Brasília que o pessoal gosta muito do Rio Grande do Sul porque é um
Estado federalista, valoriza a legislação estadual. Ao concluir o meu pronunciamento, quero
agradecer ao deputado Luis Augusto Lara pela oportunidade de poder mostrar o que temos de
informação sobre o sistema de transporte. Quero, ainda, dizer que esses debates são bastante
interessantes e deveriam ser isentos, da melhor forma possível. Como funcionário concursado do
DAER, tentei trazer às reuniões todos os dados que são fato para que possamos fazer uma
análise e melhorar o sistema, que já considero muito bom. Sempre ouço dos demais Estados que
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devemos ter orgulho do nosso sistema e das nossas normas – embora realmente precisem ser
modernizadas. O SR. LAURO BEHEREGARAY DELGADO (OAB/RS): Primeiro falarei
sobre os ônibus chineses da Argentina. Quanto aos do Uruguai, sinceramente não sei. Na
Argentina e no Chile, são Marcopolo. Ali se vê como estamos defasados em matéria de qualidade.
Preciso me alongar, porque vamos verificar in loco. Quanto à licitação, é um problema legal.
Vivemos num estado democrático de direito. Temos que nos cingir à lei. Temos de obedecer aos
princípios que regem a administração pública. Não pode ser diferente disso. O que é monopólio?
É total. Ao que me consta, deputado Luis Augusto Lara, é monopólio, porque, para eu sair de
Uruguaiana, só há uma empresa, não há alternativa. Isso não ocorre na Argentina, país que conta
com três empresas. Continuarei achando que é monopólio. Sinceramente, acho que o engenheiro
Ernesto Eichler fez uma provocação aqui. Engenheiro, pelo amor de Deus, ando há 12 anos na
estrada. Para encerrar, não irei falar, mas dar a palavra ao Ministério Público do Estado e Federal.
Tenho aqui a documentação que comprova que esses conceitos aqui são do Ministério Público
do Estado e Federal. Agradeço a sua atenção e termino fazendo essa leitura: Ação Civil Pública. A
atuação do DAER é contrária ao interesse público e totalmente em desacordo com a legislação em vigor. A
atuação do DAER afronta as normas constitucionais e infraconstitucionais em vigor. O terceiro é um
documento, do Ministério Público Federal, o qual entregarei à comissão amanhã, referente a um
modelo de prorrogação do DAER. Ele não é apenas ilegal como totalmente imoral. Não sou eu
quem está dizendo, mas o Ministério Público Federal. Voltando ao Ministério Público Estadual:
A gestão do DAER ofende os princípios constitucionais que regem a atividade da administração pública,
especialmente os princípios da legalidade, impessoalidade e moralidade. O DAER falta com o dever de lealdade ao
cidadão, que poderia participar do certame. O falta de licitação beneficia as empresas que já exploram os serviços
em detrimento de todos ou de vários interessados. O SR. PRESIDENTE (Luis Augusto Lara – PTB) –
Solicitou ao Dr. Lauro Delgado que cópia desse material, para incluí-lo nos trabalhos. O SR. DARCI REBELO (FETERGS): Esclareço aos presentes que ninguém disse ser contrário à
licitação. Este é um dispositivo legal, previsto na Constituição e nas normas infralegais. Apenas
discutimos como, quando e onde. Vamos analisar o modelo. Licitar por licitar não resolve nada.
Licitar com uma especificação mal feita dá o que dá, no caso das licitações rodoviárias. Não
tenho problema nenhum quanto a licitar, mas é necessário regras claras para licitar e termos um
serviço melhor. No entanto, é necessário reconhecer os investimentos feitos pelas empresas.
Toda a legislação de concessões e de licitação prevê que os investimentos feitos têm de ser
indenizados a quem os fez. Então, está previsto também na legislação. Com relação à questão do
Ministério Público, à ação civil pública proposta em 2003, o esse órgão é livre para propor ações
como qualquer cidadão. Isso não quer dizer que ele tenha razão. Tanto que ele propôs uma ação
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contra a Vasp, mandando essa companhia transportar gratuidades, e o STJ disse que o Ministério
Público não tinha razão e julgou improcedente a ação. Então, propor ação é um direito de
qualquer um, inclusive do Ministério Público. Uma vez, conversando com o então secretário
Paulo Michelucci, que conheço pessoalmente, ele me disse que recebia duas visitas por semana
no gabinete do Ministério Público, querendo que ele assinasse termos de ajuste de conduta. Se ele
assinasse todos os termos de ajuste de conduta que o Ministério Público pretendia que ele
assinasse, não precisaria mais secretário, porque não haveria o que fazer. Ele estaria
completamente engessado. Então, propor ações, propor termos de ajuste de conduta é uma
faculdade que tem o Ministério Público. Isso não quer dizer que o que ele diga é uma verdade
absoluta. O SR. JEFFERSON LARA (RTI): Só quero dizer que eu respondi para o Paulo
Sant’Anna. Estou esperando o direito de resposta dele. Aqui está minha resposta, o comparativo
de preço que fiz. Encaminhei a passagem de ônibus entre Porto Alegre e Uruguaiana, no valor de
72 reais e 46 centavos. Aqui está o comparativo que encaminhei para ele. Estou esperando que
ele responda na sua coluna. Inclusive, hoje de manhã, no programa do Macedo, no Atualidade,
uma reporter, in loco fez um agradecimento ao sistema. Ela trabalhou ontem numa cobertura, em
Santa rRsa. Hoje de manhã estava em Porto Alegre. Fez uma viagem durante toda a madrugada e
estava apta para trabalhar. Esse é o nosso sistema. Estou esperando a resposta do Paulo
Sant’Anna. O SR. ERNESTO EICHLER (DAER): Faltou eu falar sobre tarifas. Nessa
abordagem que o DAER faz do transporte ilegal que vai para todas as regiões do Estado do Rio
Grande do Sul, principalmente para Uruguaiana, Livramento, Alegrete, os fiscais do DAER
verificam o preço das passagem. Basicamente, já temos, mais ou menos, uma noção. O valor,
geralmente, é metade do que cobra o sistema regular. Como o sistema regular tem um
aproveitamento médio na ordem de 60%, podemos dizer que o preço praticamente é parecido
em ambos os sistemas – entre aspas. No sistema do Terceiro Mundo, o transporte pirata tem essa
qualidade maravilhosa, motoristas que não têm vínculo empregatício, que não tem habilitação,
carros lotados, em mau estado. A tarifa média do Rio Grande do Sul, que o pessoal tanto critica,
é bastante razoável se comparada com o resto dos Estados brasileiros. Nada mais havendo a
tratar, o Presidente agradeceu a presença de todos e deu por encerrada a reunião. O inteiro teor
foi gravado, passando o arquivo de áudio a integrar o acervo documental desta reunião. E, para
constar, lavrei a presente ata, que vai assinada pelo Presidente e por mim, Secretário da Comissão,
e, após aprovação, será publicada no Diário da Assembleia Legislativa.
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2.6 AUDIÊNCIA PÚBLICA EM SANTA MARIA (ATA N.º 10/2010 - 07/05/2010)
PRESENTES: Deputado Fabiano Pereira; Tribunal de Contas do Estado – TCE/RS: Sr. Paulo
Cesar Grimaldi; DAER/RS: Ernesto Eichler; AGERGS: Sr. Eduardo Mesquita da Rosa;
Sindicato de Agências e Estações Rodoviárias do Rio Grande do Sul – SAERRGS: Sr. Jorge Aita
Federação Gaúcha de Associações de Moradores – FEGAM: Sr. Wilson Valério Lopes;
Associação Rio-Grandense de Transporte Intermunicipal – RTI e Federação das Empresas de
Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul – FETERGS: Sr. Darcy Rebelo e Sr.
Sr. Pedro Teixeira; Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/RS: Sr. Lauro Delgado e Sr. Ricardo
Jobim; Empresa Panalto Transportes LTDA: Sr. Ademar Hupps e Sr. Fabrício da Costa;
Associação Rio-Grandense de Transporte Intermunicipal – RTI: Sr. José Antônio e Sr. Eugênio;
Associação Brasileira de Transportadores Internacionais: Sr. José Carlos Becker e Sra. Graciele
Santos; Empresa Expresso São Pedro: Sr. Sérgio Mafini e Sr. Ilo da Luz; Universidade Federal de
Santa Maria: Sr. Lauro Delgado de David, Sr. Odilon Ledesma da Silva; Unifra: Carlos Alberto
Delgado de David e Marcelo Vianna Gonçalves; da Efal; da Argenta e o Maninho, da Medianeira.
(Foto: Graciele Santos – Imprensa ABTI)
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TRABALHOS / DISCUSSÕES: Aos sete dias do mês de maio de dois mil e dez, às 14h, na
Câmara de Vereadores do Município de Santa Maria, realizou-se a Audiência Pública da
Comissão Especial, no Município de Santa Maria, para avaliar o Sistema Estadual de
Transporte Coletivo Intermunicipal de passageiros, sob a presidência do Deputado Fabiano
Pereira. A audiência pública foi aberta pelo Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Fabiano
Pereira – PT) registrou que esta comissão foi instalada por proposta do Deputado Luis Augusto
Lara e, de acordo com o Regimento Interno da Assembleia Legislativa, o deputado proponente
pode escolher atuar como presidente ou como relator da comissão especial. O deputado Luis
Augusto Lara escolheu ser o presidente, e o vice-presidente e o relator foram escolhidos na
primeira reunião da comissão. Fui eleito relator e integro a equipe que deverá apresentar o
relatório. O deputado Luis Augusto Lara não pode estar presente nessa reunião, fruto de um
acerto que fizemos. Como não pude me fazer presente na audiência pública em Caxias do Sul, S.
Exa. delegou-me a incumbência de presidir a reunião, aqui, em Santa Maria, que é a minha
cidade. O SR. PAULO CESAR GRIMALDI (TCE/RS) se colocou a disposição para, em
nome do Tribunal de Contas esclarecer qualquer dúvida seja levantada.O SR. EDUARDO MESQUITA (AGERGS) disse que: no ano passado, concluímos a primeira grande revisão
tarifária da aglomeração urbana do sul – da região de Pelotas – e da aglomeração urbana do
nordeste – da região de Caxias do Sul. Tratou-se de uma revisão de todos os parâmetros que
compõem a planilha tarifária e os processos de reajustamento, ou seja, a recuperação inflacionária
das tarifas ano a ano ao longo dos últimos oito anos no mínimo. Inicialmente, minha participação
se dará em cima do programa de trabalho de 2010, que foi aprovado pelo Conselho Superior da
Agergs, o qual destaca a missão da agência. Com a leitura dessa missão, ficará mais fácil o
entendimento de todos quanto ao papel da regulação econômica nos setores de serviços públicos
delegados. A Agergs tem como missão se consolidar como instituição de referência para a promoção do
crescimento e do desenvolvimento econômico baseado no conhecimento técnico, mantendo equidistância entre poder
concedente, concessionárias e usuários através das melhores práticas regulatórias. Essa não é oficialmente a
missão posta pela Agergs, mas a extraída desse documento, que dá bem a ideia e o caráter da
agência reguladora, a qual mantém como valor máximo a equidistância entre as políticas de
governo de curto e médio prazo, os interesses das concessionárias e os interesses sobretudo dos
usuários, que, muitas vezes, não estão representados como se gostaria. A agência reguladora, não
só nos serviços de transporte, preocupa-se com o equilíbrio e a justa organização do setor de
forma que não prejudique a nenhuma das partes – o governo, o poder concedente, as
concessionárias e os usuários. Com base nesse documento também, a agência tem como meta até
o final do ano a conclusão de todos os trabalhos. Cada meta tem especificamente a sua data-
66
limite para conclusão dos trabalhos. A meta que mais interessa ao trabalho desta comissão é a
elaboração de um termo de referência para contratação de empresa para apoio na definição dos
mercados de transporte rodoviário de passageiros de longo curso. Essa é uma necessidade que
impõe a legislação. A organização do setor passa a não ser mais de contratos por linha, mas por
mercados, por lotes de mercados. Para isso, evidentemente, é preciso conhecer os mercados. Já
começamos a realizar esse trabalho. Essa sistemática de contratação de empresas de consultoria
especializada responde à necessidade que a agência tem de ser referência, de produzir números e
estatísticas em que todos possam confiar, exatamente pelo seu papel principal de manter
equidistância dos interesses entre as partes envolvidas na produção desse serviço e para não
tornar a agência em uma superagência, com centenas de funcionários, o que também não é o
objetivo da regulação. Contratar serviços especializados para realizar trabalhos pontuais que vão
auxiliar a regulação é uma prática que vem sendo desenvolvida no mundo inteiro, especialmente
entre as agências federais. Já se iniciou a elaboração de um termo de referência para fazer uma
contratação externa para saber quais são exatamente esses mercados, onde estão e como se
podem definir alguns lotes. Para isso, buscamos junto ao DAER as informações estatísticas
disponíveis. As estatísticas disponíveis do sistema de longo curso constam do boletim de oferta e
demanda, assim como nas aglomerações, o que está a cargo do poder concedente, a Metroplan.
Todas as estatísticas lá disponíveis são remetidas pelas próprias empresas. Esse é um estudo
inicial, para o qual temos algumas informações. Para começar a organizar essas informações, foi
desenvolvido pela agência um sistema de banco de dados pelo qual se podem fazer cruzamentos
entre as variáveis, entre as linhas – separar por empresa, por região, por Município. Gostaria de
ter trazido aqui as informações relativas a Santa Maria, mas não foi possível. De qualquer forma,
é possível desenvolver todas as informações que existem nas estatísticas do DAER, único
produtor de informações originais sobre o sistema, tendo Santa Maria como origem ou destino
das linhas de longo curso. Podem-se listar todas as linhas, vendo, linha por linha, a extensão
pavimentada, a extensão não pavimentada e o aproveitamento econômico de cada uma – e, com
isso, fechar o aproveitamento econômico por região. Da forma como estavam disponíveis as
informações no DAER, era muito difícil conseguir isso. Este sistema de banco de dados traz essa
possibilidade, essa maleabilidade entre cruzar, somar, fechar e separar informações. Há como
separar também as modalidades, se é comum, direto, semidireto; bem como o número de
viagens, a receita, a rodagem – isso vinha por linha –, ou, se quiser, em determinadas regiões,
como estava referindo, como Santa Maria, se poderia fechar um bloco de informações desse tipo,
relativo ao Município; e principalmente o número de passageiros, para se ter uma ideia do
mercado de cada região. Da mesma forma, já que se trata de uma comissão cujo tema é o
67
transporte intermunicipal de passageiros, que não é só de longo curso, nas regiões metropolitanas
e aglomerações urbanas a Metroplan também já se debruçou sobre esse tema e produziu um
termo de referência, que seria semelhante a este sobre o qual estamos debruçados, para as
aglomerações urbanas do Sul, Nordeste e Litoral Norte do Estado e da Região Metropolitana de
Porto Alegre, com vista, entre outras coisas, também à definição dos mercados. Estamos
trabalhando junto com a Metroplan neste termo já por ela desenvolvido e estamos também
trabalhando em conjunto para produzir as informações necessárias. A AGERGS tem
basicamente três diretorias, uma Diretoria de Tarifas, à qual eu pertenço; a Diretoria de
Qualidade, que evidentemente cuida dos aspectos da qualidade; e a Diretoria Jurídica, cada uma
com suas metas, com suas linhas de trabalho, seus temas de trabalho. Entre as outras atribuições
da Diretoria de Tarifas está, para este ano, a revisão tarifária da Ulinor. Já havíamos comentado
que foi feita a revisão tarifária da aglomeração do Sul e da aglomeração urbana do Nordeste, no
ano passado. Então, a este ano cabe a revisão tarifária da aglomeração urbana do Litoral Norte
do Estado. Também uma meta da Diretoria de Tarifas da AGERGS é a reelaboração do plano de
contas, porque houve muitas alterações nos aspectos contábeis, nos lançamentos contábeis das
empresas em geral, e, em específico, também serão afetadas as empresas do setor de transportes.
Para isso, é preciso fazer essa adequação. Já existe um plano de contas específico para o setor de
transporte intermunicipal de passageiros, e também é preciso fazer uma readequação, uma
atualização. Outro estudo que está definido como meta de trabalho da agência é o cálculo de
custo da estrutura mínima de cada estação rodoviária, para subsidiar a comissão anterior a esta, da
Assembleia Legislativa, que tratou das estações rodoviárias. Também tivemos oportunidade de
participar dessa comissão, que produziu resultados bem interessantes, bem importantes, e vamos
dar sequência a isso com um estudo de custo mínimo das estações rodoviárias por categoria,
redefinindo categorias, enfim, dando subsídios técnicos à reestruturação do setor. O SR. JOSÉ CARLOS BECKER (Associação Brasileira de Transportes Internacionais) disse que:
quando falamos na questão do transporte – e as pessoas podem estar se perguntando por que
está aqui representado o transporte internacional –, estamos primeiramente falando em vidas.
Antes de custos, antes de caminhões, de ônibus, estamos falando em vidas. E muitas vezes se
perde um pouco o foco sobre essa questão vidas. Quando ocorre um acidente com os nossos
caminhões, com os nossos ônibus, o primeiro culpado ou é o caminhão ou é o ônibus. E isso nos
serve de alerta. Não entendemos assim. Hoje precisamos de uma melhor infraestrutura. Hoje
precisamos de melhores motoristas. Hoje precisamos que o transporte internacional e o
transporte de passageiros sejam vistos sob uma visão melhor. Vemos nas nossas estradas ônibus
sem nenhum preparo para trafegar. Muitas vezes cobram do transporte de passageiros e do
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transporte rodoviário só a questão custo e esquecem de olhar a qualidade das nossas empresas.
Os procedimentos que as empresas têm feito para padronizar, para qualificar, demandam uma
organização nessas empresas. Isso tem que ser melhor observado, analisado, no momento em
que existe, hoje, uma concorrência no nosso País em todos os sentidos. Deputado, V. Exa. pediu
para que estivéssemos aqui para tratar da questão do transporte. Faço o alerta de que temos uma
concorrência desleal com as transportadoras argentinas, tanto em nível de transporte rodoviário,
de caminhões, quanto em nível de transporte de ônibus. Hoje, a Argentina tem um subsídio no
que se refere à tarifa do diesel em quase 50% para as empresas de ônibus. As empresas argentinas
têm subsídio também quanto às questões do pedágio, do pagamento de impostos e da compra de
ônibus. Hoje isso tudo tem um acompanhamento. Isso leva a haver uma concorrência desleal.
Faço esse alerta, porque já sofremos no transporte de cargas. Perdemos 35% da nossa
concorrência para a Argentina. Vejo, hoje, os ônibus entrando no nosso País ou até mesmo se
falando, dentro da Argentina, em tarifas para ônibus como mais barata, com um custo melhor do
que o nosso. Mas isso não se observa. Deputado, V. Exa. faz parte de uma comissão. O senador
Paulo Paim está trabalhando no tempo de direção. Os ônibus brasileiros não podem andar com
dois motoristas. Isso me foi confirmado pelo Pedro. Os ônibus argentinos entram aqui com dois
motoristas dentro da cabine. Que qualificação para dormir ele tem? Darei um exemplo específico.
O trecho Buenos Aires a Camboriú é feito com dois motoristas. Esse motorista deveria estar aqui
no Brasil aguardando por esse ônibus para troca de motorista, mas isso não ocorre. Isso é custo.
A empresa teria mais custo. Por isso, ela cobra uma passagem mais barata. São detalhes que
temos que observar, porque, nas acusações ou até mesmo nas posições muitas vezes, só se olha o
custo, e estamos falando em vidas. Faço outro alerta para esta comissão, que, pelo que V. Exa.
tem me passado, tem feito um grande trabalho. Hoje, as nossas empresas estão nas estradas, os
nossos caminhões cruzando dia e noite com empresas de ônibus que cobram passagem mais
barata, mas que não têm nenhuma estrutura para estar nas estradas. Onde está a fiscalização? Que
fiscalização é essa que não existe? Faço essa observação, deputado, porque o nosso setor do
transporte está passando por essa situação, tem sofrido com ela. Muitas vezes, quando um
caminhão tomba, dizem que a culpa foi do motorista, quando a realidade não é essa. A culpa foi
de um carro, e o motorista teve que tirar o caminhão para fora da estrada para não causar um
acidente. A causa foi um outro procedimento ou a questão da infraestrutura. Temos que ser
claros quando falamos numa regulamentação, numa fiscalização, ou sobre um setor, porque isso
preocupa a todos nós. O nosso sistema viário está estagnado. Temos que trabalhar
diuturnamente nele. Temos acompanhado os nossos caminhões nas estradas, cruzando, muitas
vezes, por ônibus que não têm nenhuma infraestrutura, não têm motoristas capacitados e não
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têm regulamentação total para trafegarem por essas estradas. Minha colaboração não é no sentido
da crítica, porque nós também, como transportadores rodoviários temos os nossos problemas e
estamos trabalhando para resolvê-los. A nossa colaboração aqui é no intuito de, juntos,
construirmos algo coordenado, regulamentado, que nos faça crescer e que, principalmente, dê-
nos segurança, salvando vidas. Vou remeter esses documentos referentes ao transporte
internacional e ao que temos hoje com relação à Argentina. Alerto no sentido de que existem
empresas que hoje entram no Brasil, que compram ônibus na Argentina e que têm mais de 100
ônibus parados. Por causa dos subsídios e dos incentivos, quanto mais ônibus comprarem, mais
incentivos terão. Lamentavelment, hoje a Argentina passa por um caos político. Isso é aberto.
Não estamos falando aqui uma bobagem. Estamos citando algo em que o nosso País está sendo
prejudicado. Muitas vezes, nós, transportadores rodoviários de caminhões ou de ônibus, também
estamos sendo prejudicados. Quero deixar esse depoimento e agradecer mais uma vez o convite
para estar aqui. Infelizmente, não vou poder acompanhar toda a audiência, devido a
compromissos já firmados, mas aceitei o convite para estar aqui. Coloco-me à disposição, através
da minha assessoria, assim como todas as informações que temos, para auxiliar no crescimento
da segurança, da regulamentação dos setores e para que possamos, principalmente, pensar na vida
das pessoas que estão nas estradas no dia a dia. O SR. DARCI REBELO (FETERGS), fez um
relato sobre a história do transporte coletivo. Disse que as empresas que temos hoje foram
construídas ao longo de toda uma história de trabalho de famílias, que foram-se estabelecendo,
consolidando-se e com raízes aqui. Por isso, tem-se esse tipo de infraestrutura. Não se tem
barracão para prestar um serviço por um período e, depois, ir para outra atividade. Não se
trabalha aqui com esquema de circo com empresa de transporte. Trabalha-se com empresas com
raízes locais, com centro de decisão local. Os proprietários estão lá, na frente. Se acontece algum
infortúnio, sabe-se exatamente a quem se pode reclamar e reclamar. Há investimento em
treinamento. Isso justifica por que temos um baixo índice de acidentes. Para V. Exas. terem uma
ideia, temos um ônibus-escola, em que é feito um treinamento volante. Então, há muito
investimentos em recursos humanos. O tipo de equipamento que se usa: ônibus modernos,
confortáveis e com bom espaçamento. Temos uma sala de embarque na Estação Rodoviária de
Porto Alegre. Temos aqui o ônibus da Geração 7 da Marcopolo. Temos vários já em operação.
Trata-se de um ônibus totalmente com comando eletrônico. Disponibilizamos também um
sistema de vendas de passagem por Internet. Então, temos bastantes coisas novas acontecendo
todos os dias nesse setor apesar da instabilidade jurídica que se vive. Na área metropolitana,
também foi recentemente implantado o Sistema de Bilhetagem Eletrônica com o Cartão TEU,
que é o sistema mais moderno do mundo – posso afirmar isso a V. Exa. porque conheço
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bilhetagem há muitos anos, pois participei, como Engenheiro, do projeto dos primeiros sistemas
implantados no Brasil. Pesquisei sobre isso em todo o mundo e não há sistema como o nosso,
não há nenhum modelo no exterior que possamos trazer para cá; o nosso modelo é o modelo
que se exporta. O conceito de que tudo que é feito lá fora é melhor do que o que é feito aqui
dentro precisa ser mudado. Dispomos de empresas com ISO 9000, com acessibilidade. Por isso
que as pesquisas de qualidade revelam que temos, na maioria dos itens, uma excelente avaliação.
Por exemplo: conservação geral dos veículos: 14% consideram ótima; 52% boa e 80% de boa
avaliação em termos de conservação geral. Quanto ao conforto dos veículos, também temos uma
excelente avaliação, uma avaliação positiva – e aqui, senhores, é uma pesquisa realizada com
usuários voluntários da Agergs; não é uma pesquisa nossa, de empresários. Cumprimento de
horários e pontualidade, também é muito bem avaliado; modo de dirigir do motorista, também
muito bem avaliado; cordialidade e educação, da mesma forma. Na verdade, o que se vê aqui?
Além do serviço que está sendo avaliado, a população tem uma percepção de que ele está
melhorando comparativamente ao ano anterior. Dezoito por cento consideram que está
melhorando e 70% consideram igual ao que era antes, que já era bom. Qual é o ponto em que
temos uma avaliação negativa? O valor da tarifa, que é um consenso geral. O usuário considera a
tarifa cara apesar de o serviço ser de boa qualidade. Qual o nosso desafio? Trabalhar no ponto
em que temos uma avaliação negativa. Como a tarifa pode ser reduzida? Com redução de carga
tributária, com desoneração, com fonte e custeio extra-tarifárias de gratuidades, com tarifas
promocionais em horários de baixa demanda. Na verdade, a tarifa é uma equação simples, é um
rateio de despesas entre os passageiros pagantes. Temos como custos: salários, encargos, diesel,
pneus, lubrificantes, despesas administrativas e tributos, que são divididos pelo número de
passageiros pagantes. A tarifa, senhores, não é fixada por nós, obviamente, mas pelos poderes
concedentes. Como é o processo tarifário? Ele tem origem no DAER ou na Metroplan se for
sistema de longo curso, ou Metropolitano. O novo valor da tarifa é submetido ao Conselho de
Tráfego ou ao Conselho Metropolitano, à engenharia da Agergs, às audiências públicas, vai ao
Conselho Superior, quando, então, é fixado por decreto do Poder Executivo. Tem todo um ciclo
tarifário. E qual é a maneira de reduzir a tarifa? É analisando essa equação. E o que acontece
hoje? Na verdade, a origem vem de 1975, que os mais velhos devem se lembrar quando vou
lançado o pró-álcool, que era um incentivo à motorização privada. O álcool veio substituir a
gasolina, que sempre o Brasil exportou e que também foi um incentivo à motorização privada.
Não se fez pró-álcool para ônibus ou para caminhões, foi para incentivar a motorização privada.
Recentemente, em 2009, quando ocorreu a crise econômica mundial, reduziu-se o IPI para a
motorização privada. Por isso que temos ruas lotadas de carros. As pesquisas que acompanhamos
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pelos meios de comunicação, que são alarmantes, registram que temos 500 mortos desde o
princípio do ano até agora. E somente no Rio Grande do Sul. Não tenho a estatística no País
inteiro, mas gostaria de levantar esses dados porque faço o seguinte cálculo: se temos 500 mortos
no Rio Grande do Sul, imagino que Estados semelhantes ao nosso, como Rio de Janeiro, Minas
Gerais e outros, devem somar um total de 1.500 mortos. Somando São Paulo com mais 1.000
mortos, já estamos falando em 4.000 ou 5.000 mortos no trânsito, no Brasil inteiro. Cinco mil
mortos no trânsito é alarmante. Quando cai um avião, sai nos jornais do mundo inteiro, mas são
cento e poucos mortos. Aqui, temos de quatro a cinco mil mortos no trânsito. São 1.000 mortos
por mês. É uma loucura. E por quê? Porque se incentiva a motorização privada. As ruas e as
estradas estão superlotadas. Enquanto isso, o transporte coletivo regular tem um baixíssimo
índice de acidentes. Tenho certeza, principalmente quem tem filhos adolescentes, que uma das
grandes preocupações dos pais deve ser o trânsito. Por sorte meus dois filhos já casaram e estão
mais quietos, mas quando saíam à noite, eu não dormia até que chegassem. E isso porque tem
duas questões preocupantes: trânsito e segurança pública. Porque? Há outras questões
preocupantes, como saúde, por exemplo. Claro, quem tem condições de ter um plano privado,
obviamente está protegido das deficiências de saúde pública, mas também, seguramente, é uma
grande fonte de angústia. O transporte coletivo, na verdade, não é uma grande fonte de
preocupação, porque não é um problema, é uma solução. Tenho certeza de que todos, aqui,
preferem que, se um filho for viajar, que vá de ônibus. Assim tu sabes que ele sai e chega no
horário, chegando incólume a seu destino. Enquanto que enfrentando o trânsito, nunca se sabe.
Incentivos. Quero deixar bem claro, aqui, que não se trata de crítica. Isso é uma reportagem de
Zero Hora contra o trensurb. Não é uma crítica ao trensurb, deputado. É o contrário. Temos que
ter esse mesmo tipo de incentivo. Essa extensão da linha do trensurb é de 9,3 quilômetros. Serão
investidos 700 milhões, pelo governo federal. Em absoluto, não é uma crítica, é uma
reivindicação. Façamos também investimento em transporte coletivo. Com 700 milhões de reais,
poderíamos fazer muitos melhoramentos no sistema de transporte coletivo do Estado. Isso é o
que tem que andar, é um projeto de lei que institui regime especial de incentivos para o
transporte coletivo urbano e metropolitano de passageiros, condicionado à implantação de um
bilhete único, eu sei que essa é uma tese que o Senhor defende também, deputado. Isso está no
Congresso desde 2003. Temos que fazer andar, esse tipo de projeto. Gratuidade. Vejam que
interessante esta questão. Não podemos comparar ônibus com avião. São sistemas diferentes. O
ônibus tem um apelo social, tem que atender onde há demanda e onde não há demanda. O
transporte aéreo atende onde há demanda. O transporte aéreo reduziu o seu espectro de
atendimento ao longo dos anos. O ônibus, não. O ônibus tem que ter sempre o atendimento. Se
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tiver excesso de demanda, tem que colocar ônibus extra. Se tiver que sair vazio, sai vazio o
ônibus. Se tiver que sair com um passageiro, sai com um passageiro. No caso do avião, cancela-se
o voo. Olhem só a diferença do tratamento das gratuidades do transporte aéreo em relação ao
nosso. Olhem o que disse o Superior Tribunal de Justiça – STJ – em Brasília, em uma ação
intentada pelo Ministério Público, para que vejamos também que o Ministério Público não é
dono da verdade, isso é uma ação intendada contra o Ministério Público, pretendendo que a
VASP transportasse gratuidade. Eis a resposta do STJ: Em homenagem ao equilíbrio do contrato de
concessão, revoga-se a antecipação de tutela que obriga as empresas aéreas a transportarem gratuitamente pessoas
portadoras de deficiência. Para que tal aconteça é necessário que exista regulamentação específica da lei, com a
previsão de contrapartida financeira de responsabilidade do Estado. Ou seja, gratuidade no transporte aéreo
não tem, agora V. Exas. querem saber quanto transportamos apenas na rodoviária de Porto
Alegre gratuitamente? Em janeiro, passageiros transportados gratuitamente embarcados na
rodoviária de Porto Alegre: 30 mil e 449 passageiros. Calculei, isso daria uns 700 ônibus grátis. E
vai para a tarifa. Em fevereiro, 20 mil e 159 passageiros; março, 28 mil e 524 passageiros; abril, 28
mil e 340 passageiros. E pior do que isso é que ano a ano vem aumentando. Em abril de 2002
foram 13 mil passageiros gratuitos; em 2003, 15 mil passageiros; depois 18 mil passageiros e
atualmente 28 mil passageiros. Ou seja, de 2002 para cá duplicou o número de pessoas
transportadas gratuitamente somente na rodoviária de Porto Alegre, que representa 10% do
sistema. Setecentos ônibus grátis, isso tem custo? Claro que tem. Não vamos ser inocentes e
pensar que isso ocorre de graça. Claro que não. Alguém paga a conta. É o que está acontecendo.
Como vamos resolver a questão da tarifa? Uma das formas é essa; não somos contra a gratuidade.
Em absoluto, apenas tem que haver uma fonte de custeio. Isso é o que disse o Movimento
Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade. Veja como seu transporte pode ficar
mais barato. O óleo diesel quase dobrou de preço nos últimos três anos, hoje representa 25% do
total da tarifa. Uma redução de 50% no preço do diesel para o transporte público significaria uma
economia de 12% no preço da passagem. Claro que na Argentina o transporte tem como ser mais
barato, pois o diesel é subsidiado. O combustível da aviação é subsidiado, enquanto o nosso não.
O transporte público é essencial. Hoje os tributos cobrados – tenho em mãos a nossa carga
tributária – poderiam ser reduzidos em 18%. Existe um projeto nesse sentido na Câmara, desde
2003, mas não há andamento. Gratuidade, 19%. Essas são as questões com as quais temos que
nos preocupar. Fala-se em licitação como se fosse uma panacéia que resolvesse todos os males.
Licitação não resolve nada ela é apenas um meio de contratação. Uma licitação mal feita, não leva
a nada. O que aconteceu com as estações ferroviárias por pressões do Ministério Público foram
licitadas estações rodoviárias de quarta geração por todo o Estado. Resultado 89% de licitações
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desertas. Pode nos confirmar o representante do Tribunal de Contas do Estado. Isso é o legítimo
desperdício do dinheiro público. Organizar cento e poucas licitações que resultaram em 89%
desertas. Isso é um desperdício de dinheiro público. No transporte não há investimento de
recursos públicos, nunca o Estado contribuiu com 1 centavo. Quem paga é a tarifa e os
investimentos privados. Então aqui não tem desperdício de dinheiro público, e sim, um acervo
que está sendo construído para o Estado do Rio Grande do Sul. Porque são empresas que
começaram fazendo muito esforço e hoje estão aí trabalhando para construir o que construíram.
Isso tem que ser considerado e respeitado quando se planejar o novo sistema. Não somos contra
a licitação, ou a planejar o novo sistema, mas ele tem que ser planejado com maturidade,
respeitando os investimento já realizados e respeitando a legislação. A Lei de Concessões diz que
os investimentos tem que ser indenizados. Está na Lei. Tem que haver um prazo de transição
para que realmente seja reorganizado o sistema. Como já está sendo feito pela AGERGS, com
estudo e planejamento, e como está sendo feito na esfera federal. Porque licitar por licitar não
resolve nada, só piora o sistema. O SR. JORGE AITA (SAERRGS): Quero fazer o registro do
que nós, das estações rodoviárias, observamos in loco, do que nós pudemos perceber nesse
processo que está se desenvolvendo agora com as linhas de ônibus nas estações rodoviárias. Foi
feito aqui comentário pelo próprio Darcy e pelo Dr. Becker em relação ao transporte clandestino
e à condição de alguns veículos que trafegam nas estradas. Nas rodoviárias onde existe a
fiscalização do DAER e onde há o controle do sistema de transporte rodoviário, as empresas,
nós temos observado uma melhoria cada vez maior nas condições dos veículos que estacionam
nas rodoviárias. Esse é um depoimento que quero dar em nome das rodoviárias, quero dizer que
os veículos do transporte regular estão cada vez melhores. E com relação à gratuidade, assunto
que também foi bastante comentado aqui, o sistema todo, não só as linhas, todo o sistema sofre
com as gratuidades. Como disse o Dr. Darci, também não temos absolutamente nada contra a
gratuidade, só que o custo da passagem acaba sendo repassado para quem a compra. Observando
melhor essa questão, quem sabe alterando a forma de como ser fornecida a gratuidade, cabe ao
deputado e à comissão tentar analisar outro formato. Sinceramente, não saberia dar uma solução
agora. Sugiro um trabalho mais aprimorado. O SR. ERNESTO EICHLER (DAER): No
Estado do Rio Grande do Sul, temos a nossa lei estadual de 1956, a lei nº 3.080, que regula o
setor de transporte. Embora tenha mais de 50 anos, com vários aperfeiçoamentos, define muito
bem o nosso sistema de transporte coletivo. Em 1956, essa lei era um grande avanço para a
sociedade, porque incluía a participação de toda a sociedade através de um Conselho de Tráfego.
Nesse Conselho, todas as alterações solicitadas previam a participação da sociedade. Em relação a
essa legislação, gostaria de colocar que como representante do DAER do Estado do Rio Grande
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do Sul participei, na semana passada, em Brasília, de uma reunião de todos os departamentos de
estradas de rodagem do Brasil. O assunto era o mesmo que estamos discutindo hoje, e todos os
colegas engenheiros e advogados de outros Estados ficaram surpresos com a modernidade da
legislação que temos no Rio Grande do Sul e do conselho que permite a participação da
sociedade. Ontem, em Caxias do Sul, ouvi um pessoal dizendo que o conselho deveria ser
mudado. Eu concordo com isso, mas, em relação aos Estados brasileiros, o Conselho de Tráfego
do DAER é um instrumento que permite a participação de toda a sociedade de forma aberta. Nas
outras unidades da Federação, a norma é simplesmente baixada e deve ser cumprida. Mesmo no
que diz respeito ao regulamento que temos para o transporte especial, o fretamento para turismo
e as rodoviárias eles ficaram surpresos. Representantes de alguns Estados informaram, por
exemplo, que tinham problemas para controlar o itinerário dos ônibus. Em Recife, São Paulo, no
Acre e Paraná eles disseram que não conseguiam fazer isso, indagando como conseguíamos
realizar tal controle. Informamos que temos o sistema de rodoviárias do Estado do Rio Grande
do Sul, que é concedido. Trata-se de um sistema que nos permite ter uma fiscalização, uma vez
que as rodoviárias, hoje, controlam as linhas de ônibus e os horários. Apesar de haver muitas
críticas dentro do Estado relativamente à modernização do sistema, o fato é que a legislação de
1956 e todas as outras que vieram possuem qualidade. Se formos pensar em mudá-las, temos de
fazer isso para melhorá-las, e não para que a situação fique pior. A Constituição Estadual e a
legislação regulamentadora determinam que as futuras concessões devam ser feitas através de
licitação, com modelo de concessão por mercados. Pelo artigo 179 da Constituição Estadual de
1989, ficou estabelecido que lei instituirá o Sistema Intermunicipal de Passageiros. Em obediência
a esse artigo, foi editada a lei nº 11.283, de 1998, que estabeleceu as diretrizes para instituir esse
sistema; que passasse, a concessão, a ser por mercado, em substituição à concessão por linhas,
como é a atual. Tendo em vista essa determinação legal, nós, do DAER, salientamos a
necessidade de que haja coincidência nos termos finais dos contratos, para que se possa implantar
um novo modelo de concessão, a fim de que essa mudança seja estabelecida no prazo final de
operação de todo o sistema atual. Priorizar a segurança, a qualidade, a pontualidade na operação,
além dos pontos citados, a lei n°11.276/2006 estabelece que a legislação deve levar em
consideração dentre outros os seguintes pontos: 1 – Regime das empresas concessionárias o caráter
especial dos contratos e sua prorrogação, bem como a condição de caducidade, a fiscalização e a rescisão. 2 – o
Direito dos usuários. 3 – As diretrizes para a política tarifária. 4 – As penalidades. Alertamos que, por se
tratar de um serviço público essencial e tendo em vista que algumas ligações são deficitárias, nem sempre haverá
concorrência pelo mercado, pois a necessidade que a nova modelagem tem a preocupação que nenhum ponto que hoje
é atendido seja desassistido. No âmbito do Executivo, existem já estudos, no sentido, de nova legislação e discussão
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atualmente – já está no Executivo – que contemple todos os pontos determinados pela legislação estadual
vigente, bem como, incorpore os avanços ocorridos na legislação federal. Temos de salientar que esse tipo de
debate, que está ocorrendo hoje e participei de todos. Tem de haver debates isentos. Temos de
refletir sobre o nosso sistema no Estado do Rio Grande do Sul. O fundamental do debate é
sabermos qual é o sistema que queremos, o que a lei determina, o que temos hoje. Pela avaliação
que verificamos nas nossas reuniões, elencando todos os itens de qualidade, temos um bom
sistema no Rio Grande do Sul. Temos de definir se queremos dessa ou daquela maneira e se
queremos melhorar isso e aquilo. Repito o que falei ontem em Caxias do Sul: todas as avaliações
que o usuário, a Agergs fizeram do nosso sistema e pelos dados que obtemos diariamente no
Daer – já trabalho há 7 anos no setor –, podemos dizer, com certeza, que temos um bom
sistema. Evidentemente, temos que consertar muita coisa, mas temos um bom sistema no Estado
do Rio Grande do Sul, superior, provavelmente, a todos os Estados brasileiros e até do exterior.
O que não gostaria de forma alguma que acontecesse é que o nosso sistema, com a qualidade que
podemos constatar, se torne um sistema de terceiro mundo. A partir de 2002, 2003 o DAER
começou a combater o transporte clandestino no Estado do Rio Grande do Sul. O DAER
fiscaliza as rodoviárias, o transporte regular e o transporte de fretamento de turismo. Tivemos
oportunidade de participar de várias blitzs em que constatamos que esse transporte clandestino,
entre aspas, era feito no melhor horário. A linha regular de ônibus é obrigada a seguir a risca a
norma que estabelece seu horário. Isso não ocorre com o transporte pirata. Sai no melhor horário,
com o ônibus lotado. Realizamos algumas blitzs em que encontramos crianças desacompanhadas,
veículos lotados, em mau estado. O fiscal ao entrar no veículo quase caí para trás devido ao mau
cheiro interno. A Polícia Rodoviária Federal, junto com o DAER, apreendeu veículos dirigidos
por motoristas sem habilitação. Há motoristas sem vínculo empregatício. A pessoa contratou na
hora da viagem alguém que encontrou em algum lugar. Não podemos baixar o nível que temos,
que é altíssimo. Evidentemente, queremos alcançar um nível mais elevado ainda. Sobre a má
conservação, já encontramos ônibus com tábuas na lateral, em lugar do vidro, plásticos. Houve
uma blitz na Br-386 que foi o fim da picada, havia cadeiras de praia dentro do ônibus. Cadeiras de
praia, gente! Não tinha nada, nem cinto de segurança. Em relação à tarifa, ontem fiz um cálculo
rápido. O DAER não é obrigado a verificar tarifas, custo, planilha tarifária, junto com a Agergs, a
gente trabalha bastante em conjunto. Temos uma noção. Basicamente, o pirata, esse que trabalha
no melhor horário, só no melhor horário, não trabalha o ano inteiro, a semana inteira com chuva,
com sol. O preço do pirata geralmente é metade do preço da linha regular. Como temos um
aproveitamento por volta de 60% arredondando, praticamente a tarifa do nosso sistema regular é
equivalente à do pirata com essa maravilhosa qualidade que a gente procura combater. Então, para
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finalizar, a minha contribuição é essa, nós não podemos destruir o que está bom, nós temos de
melhorar o que temos, modernizar. Isso o DAER está fazendo, A Assembleia Legislativa, por
meio desta iniciativa também e do outro fórum que houve, das rodoviárias, está tentando fazer e
desde que entrei no DAER, vou fazer 8 anos lá, sou concursado, todas as iniciativas foram no
sentido de modernizar, o que eu pude ajudar foi no sentido de modernizar toda a equipe que lá
trabalha, diretoria, enfim. Só que muitas coisas, realmente, estão longe das nossas possibilidades.
Agradeço esta oportunidade e espero ter contribuído de forma técnica e precisa, com dados
exatos, não fazer política, mas tentando ser técnico aqui. Agradeço por esta oportunidade. Muito
obrigado. A SRA. HORÁCIA RIBEIRO (FEGAM) disse que: acho que o transporte
intermunicipal de passageiros nem é a oitava maravilha do mundo e nem é tão ruim. Ele cumpre,
hoje, o papel dele, mas dá para melhorar. Quero dizer que eu já participei de pesquisas feitas pela
Agergs, pelo DAER, pelos próprios donos das empresas sobre a qualidade dos ônibus, mas quem
atente Pelotas é só a Embaixador e quero dizer que o atendimento é de excelência. Digo isso
porque não tenho como fazer uma comparação. O transporte da Embaixador é bom? É. Eu não
tenho outra para comparar, para dizer se é bom ou ruim. Tive que dizer o que estava ali. Quero
dizer que é bom. Lembrando, Dr. Darci, o vídeo que o senhor mostrou, lá em Pelotas duas linhas
atendiam a rota Pelotas-Porto Alegre: Princesa do Sul e Fonseca Júnior. A Fonseca Júnior sempre
foi inovadora, eu fiz um estágio na área de psicologia na empresa e o dono contava que, no
início, quando vinha a Porto Alegre e saia um ônibus na frente dele, ele o seguia de carro para
contar quantas vezes o motorista pisava no freio. Esse era o controle de qualidade do profissional
dele. Ele dizia que o cidadão tinha que dormir na ponte do Retiro e acordar na ponte de Porto
Alegre, não poderia haver sobressaltos e etc. Esse era o controle de qualidade que a Fonseca
Júnior exigia dos seus funcionários. Ele se dedicou e realmente a empresa é boa. Mas trago esse
comparativo, porque hoje o senhor mostrou como era no passado com os ônibus e como
estamos hoje. Existe algo importante que não foi computado ali, na tarifa. Paguei R$22,00 na
rodoviária de Porto Alegre para mandar uma carta, uma procuração dentro de um envelope, para
Pelotas, pela empresa Embaixador. As empresas, quando começaram, aqui no Rio Grande do
Sul, não faziam transporte de carga, se hoje os ônibus têm dois andares é para fazer transporte e
não para carregar nossas malas. Tínhamos a Mercúrio, a Panex, aqueles caminhõezinhos rápidos
que faziam transportes, mas sumiram das estradas. Que bom que sumiram. O transporte está
sendo feito pelas transportadoras, mas isso não aparece no custo da passagem, não diminuiu o
seu preço. Nós também defendemos um fundo, deputado, gostaríamos que na sua relatoria fosse
destinado um olhar especial para esse fato. Defendemos um fundo que possa, realmente, ser
controlado por esse conselho. Daí a nossa proposta de reformulação no conselho, que tenham
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entidades que sejam representativas e que acompanhem, realmente, a aplicação do fundo. Alceu
Collares, quando governador, baixou os impostos da cesta básica, mas nós, donas-de-casa, nunca
sentimos isso na nossa mesa. Não adianta diminuir os tributos se, depois, não houver
fiscalização. Fica tudo muito bonito. Tiram o imposto do pneu, mas não entra, assim como não
entrou no cômputo do barateamento da nossa passagem o serviço de transportadora que as
empresas de ônibus fazem. Se eu for a Pelotas com três pessoas no carro, são sete pedágios ida e
volta, sai muito mais barato do que de ônibus, mesmo com toda a qualidade que a Embaixador
oferece, pontualidade, ar-condicionado, etc. Nós, queremos, sim, uma reformulação nesse
conselho para que tenham entidades mais eficazes no controle social, é importante o controle
social de entidades representativas. Nós queremos qualidade. O DAER diz que faz a fiscalização.
Isso é papel do poder público, gente! Está cumprindo o seu papel. Agora, o poder público não
pode se equivocar e achar que o que a sociedade civil e privada estão fazendo está bom e que não
pode mudar, tem que continuar assim, porque é perigoso. Temos que fortalecer o estado, que
deve ser regulador disso. Em Porto Alegre é o papel que a Carris faz, naquelas linhas que
ninguém quer fazer, a Carris vai lá e faz com qualidade. Do jeito que a tecnologia está, uma vez
que nós saímos cada vez menos de casa, trabalhando mais em casa, sabe-se que no valor da tarifa
também está embutido o cidadão que ocupa os ônibus. Se diminuir cada vez mais o número de
usuários, mais cara será a tarifa, levando ao caos e a qualidade diminuirá em vista disso.
Queremos reiterar a reformulação do conselho, entendemos que é importante, qualidade e
fiscalização fazem parte do pacote do conselho do DAER. Dizer que acreditamos que esse
conselho, com entidades efetivas, pode, sim, ajudar a construir nesse sistema que, torno a dizer,
não é a oitava maravilha do mundo, mas também não é o caos, pode melhorar. O SR. FERNANDO PIGATTO (FEGAM): Fazemos parte do Departamento de Desenvolvimento
Urbano da Fegam. Há anos é feita essa discussão de mobilidade, mais precisamente desde a
construção do movimento comunitário no Brasil por garantias de direitos. No ano passado,
quando teve início o debate sobre o plano nacional de mobilidade, organizamos seminários
regionais para discutir qualidade, tarifas, pedágios e acessibilidade. Participamos do debate do
fórum democrático, no qual encontramos o deputado em algumas regiões deste Estado. Hoje,
esta comissão especial é mais um espaço que estamos tendo para participar. Em todas os lugares
em que têm acontecido debates sobre esse ponto – Pelotas, Caxias, Santa Maria –, temos
participado, porque achamos importante a participação da sociedade civil organizada, bem como
de outros agentes, do Estado, da Assembleia Legislativa, das agências reguladoras, dos
empresários, para que se possa construir coletivamente saídas para os gargalos encontrados. Se
não houvesse problemas, não estaríamos aqui e não haveria essa série de debates, como o da
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comissão especial, do fórum democrático e do plano nacional de mobilidade. Citarei os três
pontos principais da nossa formulação da Federação Gaúcha das Associações de Moradores: o
conselho de transporte do DAER, a ampliação do conselho e a criação do fundo. Se o conselho é
bom, funciona e contribui, com certeza ficará melhor ainda se houver a sua ampliação e se outras
representações também forem contempladas. Quanto à criação do fundo, hoje temos
experiências que deram certo, em nível de País, no que diz respeito a fundos de habitação, de
assistência, de educação e de saúde. Por que não termos também esse fundo para o transporte?
Aí entrarão inclusive essas questões das isenções. Será um fundo que logicamente contará
também com o controle da sociedade. Quanto à fiscalização, achamos importante haver
concurso público para aumentar o efetivo de funcionários do DAER. Se existe hoje fiscalização,
com certeza isso poderia ser melhorado ainda mais e serem proibidas ações clandestinas,
malfeitas, que prejudicam o sistema. Isso se faz com concurso público, aumentando o poder de
fiscalização do Estado e com o apoio da sociedade civil. Enfim, queremos que exista neste País,
neste Estado, uma política de Estado e não uma política de governo, que, de quatro em quatro
anos, fica na dependência de quem entra ou de quem sai. Estamos sujeitos às alterações das
eleições. É a política que decide. Se tivermos uma política de Estado com efetivo controle social,
com a participação de todos os setores envolvidos, com certeza teremos um transporte de maior
qualidade e eficiência. Se isso acontecer, iremos nos encontrar outras vezes para comemorar os
avanços que resultaram desse debate e as transformações das quais fomos agentes. O SR. LAURO BEHEREGARAY DELGADO (OAB/RS): Amanhã de manhã, estarei completando
6.500 quilômetros percorridos nesses últimos 30 dias para dar a contribuição da OAB do Rio
Grande do Sul ao equacionamento moderno e eficaz desse importante serviço público. Nas
discussões dessas audiências todas, afloraram dois modelos: o que convencionamos chamar de
monopólio e o de competição. O modelo de monopólio é defendido pelas empresas que querem
perpetuar os seus privilégios, e o do DAER historicamente tem como foco não o interesse
público, do usuário, mas o interesse das empresas. Tanto isso é verdade que vou entregar ao
representante do Tribunal de Contas dois projetos: um do DAER e outro das empresas.
Sinceramente, considero que as empresas estão no seu legítimo direito de defender os seus
interesses. Acho perfeito. O que não concordo, o que lamento, o que é altamente prejudicial ao
Rio Grande do Sul é que o DAER sempre esteja defendendo não o interesse dos usuários, mas o
das empresas. Deputado Fabiano Pereira, defendemos o modelo do projeto que a sociedade
construiu no Fórum Democrático, que é um projeto de competição, um projeto moderno, legal.
Sempre falamos – e hoje repetimos e sustentamos – que a Argentina é exemplo de um modelo
moderno, de competição, em que o usuário é o foco, no qual tem direito de escolha, etc. Por
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outro lado – já falamos –, há o do DAER. Quando a comissão, deputado, aceitou a nossa
sugestão de irmos à Argentina e ao Uruguai para ver como funcionam os sistemas de transporte
daqueles países, em que condições funcionam, quais os subsídios dados, a OAB ficou tranqüila.
A comissão mostrou que quer conhecer a verdade de tudo. Sinceramente, a participação do meu
conterrâneo hoje aqui foi lamentável. É uma pena que ele não ficou aqui, mas terá de ajustar
contas conosco em Uruguaiana. Ele veio participar de uma comissão que trata do transporte
intermunicipal só para falar do transporte argentino. Ele não falou sobre o nosso modelo. Não
falou sobre tarifa, sobre fiscalização, sobre gestão do DAER. Ele só veio aqui dar depoimento de
que na Argentina é ruim, mas foi infeliz porque nós vamos lá. A comissão vai lá e vai constatar
como esse moço foi muito infeliz no que disse, hoje, aqui. Ele vai ter de manter essa posição lá
em Uruguaiana. Eu até não vinha hoje, aqui, depois que o deputado Lara disse que vamos
conferir os modelos, até nem viria porque conheço todas as posições que a OAB e que o Corede
defendem. Por outro lado, o filminho do meu querido colega já é conhecido, então eu não vinha.
Mas o representante do DAER me tirou do sério, deputado Fabiano, me levou à loucura! E hoje
ainda, aqui, ratificou. E disse – pelo amor de Deus! – ontem, que o modelo é de primeiro mundo
e, hoje, anotei aqui, ele, além de ser forte, é corajoso. Mas veja bem, ele disse que o nosso modelo
de 1956 é moderno e que o apresentando fez sucesso em Brasília! Pelo amor de Deus! Esse
processo que o senhor diz que é moderno, afronta, engenheiro, toda a legislação brasileira! Ele
afronta a constituição! Deputado, outro dia li – e vocês que são estudantes de Direito conhecem
–, todos as artigos da constituição que são afrontados por esse modelo do DAER e que ele quer
perpetuar, e olha que não trouxe todos porque, se fosse falar nisso, esgotaria todo o meu tempo.
Esse modelo afronta toda a legislação brasileira, e o senhor vem dizer que ele é moderno! Isso
aqui é uma loucura: tarifa mais cara do que automóvel! Pergunto, precisa argumentar se o
transporte individual afronta a lógica? O ônibus com 50 lugares, com o preço de uma passagem o
cidadão vai a seu destino e volta com menos dinheiro e ainda precisa provar! E o DAER acha
que está bem! Mas onde é que nós estamos? Vamos ficar repetindo isso? Então, engenheiro,
estou aqui hoje em sua homenagem. Por que o senhor me desviou? Deputado, depois que foi
decidido que vamos, tranquila, serena e responsavelmente, com espírito público, analisar o que
existe no mundo, para fazermos um projeto com foco no interesse da comunidade, fiquei
tranquilo. Mas também não poderia deixar de comentar o que foi dito pelo representante do
DAER, que cometeu aqui verdadeiras atrocidades. Queria também, deputado, fico emocionado.
São quatorze anos na estrada, deputado. É uma luta muito grande. Eu até me emociono. Mas o
meu novo amigo, o Jefferson, que conheci agora, nessas cruzadas, trouxe um dado aqui, que
informa que o Uruguai está comprando ônibus chinês, etc. Disse ontem e, repito: o Uruguai, não
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tenho certeza, a Argentina eu sei que só compra ônibus da Marcopolo. Só que há um detalhe,
deputado, esses meninos aí conhecem, vão a Buenos Aires naqueles ônibus, em que o conforto é
muito maior, a qualidade é muito maior. Se instituirmos aqui a competição, já que o Jefferson
está preocupado com a indústria nacional, certamente irão comprar mais ônibus, porque quando
houver duas empresas, como o nosso modelo prevê, evidentemente, essa preocupação do
Jefferson, penso, não terá sentido. Ele trouxe também ontem, quando falávamos em tarifa, um
dado de que agora, de dois meses para cá, de Itaqui-Uruguaina para Porto Alegre de repente
houve redução na tarifa. É claro, com a pressão legítima que a OAB exerce, denunciando as
coisas erradas e procurando construir o que é bom, isso acontece. Expôs que havia uma tarifa de
72 reais. Expôs que havia uma tarifa de 72 reais. Veja vem, deputado Fabiano. Isso aí aconteceu
agora em função da pressão. Só que foram de uma infelicidade, não falaram com o Pedro, porque
o Pedro é um cara competentíssimo. Vejam bem, colocaram os ônibus sem ar- condicionado,
num clima de 40º de calor. Na Argentina, que vieram aqui falar mal – e não sei a que título –, há
20 anos é proibido trafegar ônibus sem ar-condicionado. Aqui, ele acha vantagem, uma passagem
popular – e é claro que é três vezes por semana, não é todo dia. Isso prova que o DAER não
cumpre o seu dever. Se na Argentina, há 20 anos, não pode trafegar ônibus sem ar-condicionado,
como é que o DAER permite que trafeguem 50 pessoas, por 600 quilômetros, dentro de um
ônibus sem ar-condicionado? Deputado Fabiano, o senhor se lembra do depoimento que dei a
respeito daquela viagem que fiz a Pelotas, num ônibus que tinha 20 anos, que não tinha luz de
leitura, nem bancos apropriados para viagens longas, e que nem água tinha? Ninguém vai me
contestar aqui. Sabem o que é isso? Falta de fiscalização do DAER, falta de cumprimento do
dever por parte do DAER. Continuando, deputado Fabiano, por que, engenheiro, representante
do DAER, se é tão bom o sistema, nos últimos 10 anos, diminuiu em 20% o número de
usuários? Se ele é tão bom assim. Outra coisa, quero fazer um convite para o DAER, para as
empresas, para a Agergs, compreendeu? Eu, sinceramente, outro dia critiquei e ratifico, a crítica
que fiz. Estou fazendo uma viagem, nessas condições, chego em Pelotas, me apresento com 82%
ou 86% de satisfação. Alguma coisa está errada. Então convido a Agergs, o DAER e as empresas
que fiscalizem, e a OAB vai acompanhar, vamos fazer uma pesquisa, vamos a Uruguaiana, vamos
a São Borja, e vamos nós, porque essa pesquisa de conselho... Ah! Mas qual é o critério para
integrar o Conselho do DAER? Tem algum critério? Se foi o conselho, esse conselho está mal
formado, esse conselho está inventando, pois não pode dar satisfação a alguém pagar mais para o
ônibus, por um serviço péssimo, do que andar de automóvel, mais do que andar de avião. Ora, o
Rebelo procurar falar do avião, mas o avião é o melhor transporte do mundo. Até de pé, a gente
vai de avião e vai feliz, porque anda 2 mil quilômetros em duas horas. E no transporte
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intermunicipal se demora de 9 horas a 10 horas para se viajar de Itaqui a São Borja. Então,
defender que o transporte de avião e de automóvel custa mais barato, isso chega a ser uma
loucura. Qual é o modelo que queremos? O nosso modelo é moderno, porque é de 2010. É legal,
porque se ajusta a todos os dispositivos legais. O Tribunal de Contas, e chamo a atenção, e vou
lhe entregar agora, o projeto do DAER é todo ele ilegal e inconstitucional, pois defende a reserva
de mercado e o favorecimento de todas as maneiras. Esse é o projeto moderno que o engenheiro
fala. Pensei, deputado Fabiano, colega Darci, e não entendia como poderia uma licitação ser
assim considerada, se em todo mundo, para ser concedido o serviço público, é usada a licitação.
Agora, eu sei, panacéia são as licitações que o DAER faz, baseado numa lei de 1956. Está aqui.
Entregamos um documento no qual o Sr. Cloraldino Severo, grande ex-ministro dos transportes
analisa o edital do DAER. Então, aquele edital nos levou a lutar por um novo marco regulatório.
E não adiantaria nada, pois o edital seria uma panacéia se fosse como o do DAER, que não tem
um plano de outorga decente. É todo ele trabalhado não no sentido do interesse público. Então,
hoje, entendo o Darci, quando ele se referiu à legislação atual e a essa que o DAER quer. Aí, sim,
concordo com o Darci que a licitação vira uma panacéia, ou seja, é um expediente que não
deveria existir. Agora, sendo com uma legislação adequada à constituição e a toda a legislação
infraconstitucional certamente não vai ser. Conforto. Vamos ver que a competição, é evidente,
traz mais conforto – e sobre isso aqui não vou falar, porque vamos ver na Argentina. Aquela
necessidade de encantar o usuário. E o serviço. A regime de outorga, defendemos a permissão,
porque é mais favorável ao interesse público, ao usuário, ou seja, mais de uma empresa por linha.
Agora, quando não há condições, defendemos que haja somente uma empresa. Do contrário, tem
que haver competição. Vida útil dos veículos. Defendemos 10 anos. No Chile, são 10 anos, e o
Chile é um grande exportador de ônibus para países subdesenvolvidos. Por quê? Porque lá são
somente 10 anos. Não estamos sonhando, não inventamos nada, só que o nosso foco é o
interesse público. Reajuste de tarifa. Por aquela legislação do DAER, esse projeto é um problema
técnico, é isso. Negativo. Senhor, no Tribunal de Contas, nós queríamos pôr índice oficial. É
simples. Não estamos inventando nada, agora, não há nenhum critério subjetivo. Transparência
do sistema e o projeto ter uma visão de futuro. O nosso projeto visa a qualificar o transporte
coletivo: que voltem os 20%, que viajem mais de ônibus, que deixem o automóvel em casa, que
seja mais vantajoso, em matéria de tarifa e de conforto, viajar de ônibus. Então, é isso que
queremos, e isso aí vai repercutir no desenvolvimento do Rio Grande. Vai se economizar mais
combustível com a qualificação do transporte público, haverá menos gases poluentes, e o tráfego
nas estradas vai diminuir, ou nós vamos controlar. Então, isso é que é moderno, engenheiro. Isso
aqui é plano moderno. O SR. PRESIDENTE (Fabiano Pereira – PT): todos esses dados
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estarão no relatório da comissão. Evidentemente, que vamos checar todos os documentos que
nos chegam. Vamos checar com o DAER se assume ou não a responsabilidade pelo projeto,
embora o DAER não tenha a responsabilidade de fazer projeto O DAER pode fazer pré-projeto
e enviá-lo à Casa Civil, pois não tem competência de enviar projeto para a Assembleia Legislativa.
Quem manda o projeto para o Parlamento Gaúcho é o governo do Estado, pois a governadora
deve assinar o projeto. Assim é que vai para a Assembleia Legislativa, somente desta forma é que
vai, oficialmente, um documento do Estado. É assim que funciona o processo constitucional para
análise de qualquer projeto de lei que possa ser apreciado pela Poder Legislativo, que é o órgão
que vota os projetos. Nada mais havendo a tratar, o Presidente agradeceu a presença de todos e
deu por encerrada a reunião. O inteiro teor foi gravado, passando o arquivo de áudio a integrar o
acervo documental desta reunião. E, para constar, lavrei a presente ata, que vai assinada pelo
Presidente e por mim, Secretário da Comissão, e, após aprovação, será publicada no Diário da
Assembleia Legislativa.
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3 REFERENCIAL TEÓRICO E LEGISLATIVO
O transporte coletivo intermunicipal de passageiros é um serviço de caráter público de
responsabilidade do Estado em virtude de sua competência constitucional residual, sendo o
serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros de competência da
União Federal por força do art. 22, XII. “e” da Constituição Federal, e o transporte coletivo
municipal de competência dos Municípios em virtude do art. 30, V da Carta Magna.
Este tipo de serviço público pode ser explorado diretamente pelo Estado ou por
concessão de serviço público, que é o instituto através do qual o Estado atribui o exercício de um
serviço público a alguém que aceita prestá-lo em nome próprio, por sua conta e risco, nas
condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo Poder Público, mas sob garantia contratual de
um equilíbrio econômico-financeiro, remunerando-se pela própria exploração do serviço, em
geral e basicamente mediante tarifas cobradas diretamente dos usuários do serviço1.
A concessão de serviço público recebe regramento constitucional através do art. 175 da
Constituição Federal que estatui: “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”. Tal artigo, em seu
parágrafo único, dispõe ainda que: “A lei disporá sobre: I – regime das empresas concessionárias e
permisionárias de serviço público, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de
caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permisssão; II – os direitos dos usuários; III – política tarifária;
IV – obrigação de manter o serviço adequado”.
Para cumprir a determinação do art. 175 da Constituição Federal foi editada a Lei Federal
n. 8.987/95 que trata sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviço públicos,
de onde se extrai no art. 2º, II que: “concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo
poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado”.
Em nível de Constituição Estadual, está contemplado, o transporte intermunicipal de
passageiros, pelos artigos 178 e 179, in verbis:
1 MELLO, CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 22 ed., 2007, p. 680.
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Art. 178 - O Estado estabelecerá política de transporte público intermunicipal de passageiros, para a organização, o planejamento e a execução deste serviço, ressalvada a competência federal.Parágrafo único - A política de transporte público intermunicipal de passageiros deverá estar compatibilizada com os objetivos das políticas de desenvolvimento estadual, regional e urbano, e visará a:I - assegurar o acesso da população aos locais de emprego e consumo, de educação e saúde, e de lazer e cultura, bem como outros fins econômicos e sociais essenciais;II - otimizar os serviços, para a melhoria da qualidade de vida da população;III - minimizar os níveis de interferência no meio ambiente;IV - contribuir para o desenvolvimento e a integração regional e urbana.Art. 179 - A lei instituirá o sistema estadual de transporte público intermunicipal de passageiros, que será integrado, além das linhas intermunicipais, pelas estações rodoviárias e pelas linhas de integração que operam entre um e outro Município da região metropolitana e das aglomerações urbanas.Parágrafo único - A lei de que trata este artigo disporá obrigatoriamente sobre:I - o regime das empresas concessionárias ou permissionárias dos serviços de transporte, o caráter especial de seus contratos e de sua prorrogação, bem como sobre as condições de caducidade, fiscalização e rescisão de concessão ou permissão;II - direito dos usuários;III - as diretrizes para a política tarifária;IV - os níveis mínimos qualitativos e quantitativos dos serviços prestados;V - as competências específicas e a forma de gestão dos órgãos de gerenciamento do sistema;VI - os instrumentos de implementação e as formas de participação comunitária.
No Estado do Rio Grande do Sul, a outorga de qualquer concessão de serviço público
estadual é regida pela Lei Estadual n. 10.086/94. Entretanto, por força do art. 31 desta Lei, ela
não se aplica à concessão e permissão para o serviço público intermunicipal de passageiros.
O Transporte Coletivo Intermunicipal de Passageiros é regulado, em nosso Estado, pela
Lei Estadual n. 3.080/56, somada a uma série de leis esparsas que tratam de assuntos pontuais2.
2 Vide: Lei n. 4.738, de 4 de junho de 1964 - Revoga a Lei n. 4.480, de 9 de janeiro de 1963 e revigora o art. 26 da Lei n. 3.080 de 28 de dezembro de 1956 e dá outras providências; Lei n. 5.875, de 9 de dezembro de 1969 - Cria a taxa de Manutenção e serviços de Rodovias e dá outras providências; Lei n. 6.187, de 8 de janeiro de 1971 - Dispõe sobre os serviços de Estações Rodoviárias no Estado; Lei n. 6.404, de 14 de julho de 1972 Altera a Lei n. 3.080, de 28 de dezembro de 1956 e Lei n. 6.187, de 8 de janeiro de 1971 e dá outras providências; Lei n. 6.738, de 25 de setembro de 1974 - Revoga o Art. 10 da Lei n. 6.187, de 8 de janeiro de 1971; Lei n. 7.105, de 28 de novembro de 1977 - Dispõe sobre violação da legislação estadual de concessões de linhas de transporte coletivo intermunicipal de passageiros, sobre os transportes especiais e dá outras providências; Lei n. 7.304, de 29 de novembro de 1979 - Revoga o art. 14, da Lei n. 7.105, de 28 de novembro de 1977; Lei n. 7.813, de 21 de setembro de 1983 - Dispõe sobre o uso do fumo, e dá outras providências; Lei n. 7.552, de 3 de novembro de 1981 - Altera a Lei n. 7.105, de 28 de novembro de 1977, e dá outras providências; Lei n. 8666, de 14 de julho de 1988 - Dispõe sobre validade de bilhetes de passagem de transporte coletivo intermunicipal; Lei n. 9.823, de 22 de janeiro de 1993 - Dispõe sobre a concessão de passagens a policiais militares no sistema de transporte coletivo intermunicipal de passageiros; Lei n. 10982, de 06 de Agosto de 1997 - Determina a concessão de desconto no valor da passagem rodoviária intermunicipal no Estado do RGS; Lei n. 11.338, de 17 de Junho de 1999 - Introduz modificações na lei 10.382 de 06 de agosto de 1997; Lei n 11.090 de 22 de janeiro de 1998 - Reorganiza o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem - DAER, criado pela Lei n.º 750, de 11 de agosto de 1937, e dá outras providências; Lei n 11.664, DE 29 DE MAIO de 2001 - Dispõe sobre gratuidade nas linhas comuns de transporte intermunicipal de passageiros até o limite de 02(duas) passagens por coletivo aos deficientes físicos, mentais e sensoriais, comprovadamente carentes;
85
Mais recentemente, foi editada a Lei Estadual n. 11.283/98 que dispõe sobre diretrizes para a
instituição de um sistema estadual de transporte intermunicipal de passageiros, sem, entretanto
dispor especificamente sobre um Sistema em si. Desta forma, sem que haja legislação acerca do
Sistema de Transporte Coletivo Intermunicipal de Passageiros o Poder Executivo Estadual tem
feito a gestão do “Sistema” através de Decretos3 e também por Decisões, Resoluções, atos do
poder concedente e ordens de serviço exaradas pelo Conselho de Tráfego do Departamento de
Estradas de Rodagem – DAER/RS. Destaca-se que a regulamentação do transporte coletivo
intermunicipal das regiões interurbanas é de competência da Fundação Estadual de Planejamento
Metropolitano e Regional – METROPLAN, instituída pela Lei Estadual n.º 6.748, de 29 de
outubro de 1974 e pelo Decreto n.º 23.856, de 8 de maio de 1975, como órgão de apoio técnico
do Conselho Deliberativo da Região Metropolitana de Porto Alegre. Pelas alterações estatutárias
estabelecidas no Decreto n.º 39.271/99 e Decreto n.º 40.148/00, a METROPLAN ficou
encarregada de tarefas relacionadas com a elaboração e coordenação de planos, programas e
projetos de desenvolvimento regional e urbano do Estado. Inclusive a nova a atribuição de
planejamento, de coordenação, de fiscalização e de gestão do Sistema Estadual de Transporte
Lei n.º 11.993, DE 29 DE OUTUBRO DE 2003 - Dispõe sobre o bilhete de passagem no transporte intermunicipal de passageiros no Estado do Rio Grande do Sul. 3 Decreto n. 2.841, de 29 de janeiro de 1952 - Regulamenta o Serviço Intermunicipal de Transporte Coletivo de Passageiros; Decreto n. 7.728, de 27 de março de 1957 - Aprova o regulamento do serviço de transporte coletivo intermunicipal de passageiros; Decreto n. 14.686, de 10 de janeiro de 1963 - Altera os Decretos 7.728, de 27 de março de 1957 e 4.139, de 28 de agosto de 1953, nas partes em que, respectivamente, regulam as transferências de concessões de linhas de transporte coletivo intermunicipal de passageiros e de Estações Rodoviárias; Decreto n. 16.494, de 6 de março de 1964 - Altera o Parágrafo único do artigo 118 do regulamento do serviço de transporte intermunicipal de passageiros do Estado do Rio Grande do Sul, aprovado pelo Decreto n. 7.728, de 27 de março de 1957; Decreto n. 18.563, de 20 de junho de 1967 - Altera disposições do regulamento do serviço de transporte coletivo intermunicipal de passageiros, aprovado pelo DECRETO n. 7.728, de 27 de março de 1957, a fim de adaptá-lo à Lei n. 4.738, de 4 de junho de 1964; Decreto n. 20.051 – de 23 de dezembro de 1969 - Regulamenta a Lei n. 5.875, de 9 de dezembro de 1969, que cria a taxa de manutenção e serviços de rodovias; Decreto n. 21.072, de 12 de março de 1971 - Regulamenta a Lei n. 6.187, de 8 de janeiro de 1971, que dispõe sobre os serviços de Estações Rodoviárias no Estado; Decreto n. 22.624, de 6 de setembro de 1973 - Altera disposições do Regulamento aprovado pelo Decreto n. 7.728, de 27 de março de 1957, já alterado pelo Decreto n. 18.563, de 20 de junho de 1967; Decreto n. 23.121, de 27 de maio de 1974 - Altera dispositivo do Regulamento do Serviço de Transporte coletivo intermunicipal de passageiros aprovado pelo DECRETO n. 7.728, de 27 de março de 1957; Decreto n. 29.767, de 25 de agosto de 1980 - Dispõe sobre o procedimento a ser adotado para a liberação de licenças relativas aos transportes especiais de que trata a Lei n. 7.105, de 28 de novembro de 1977; Decreto n. 30.231, de 3 de julho de 1981 - Dá nova redação aos artigos 131 e 134 do regulamento aprovado pelo DECRETO n. 7.728, de 27 de março de 1957, já anteriormente alterados pelo Decreto n. 22.624, de 6 de setembro de 1973; Decreto n. 30.555, de 19 de janeiro de 1982 - Institui a Comissão de Racionalização de Combustíveis do Estado do Rio Grande do Sul; Decreto n. 30.647, de 22 de abril de 1982 - Dispõe sobre o regime de prioridades entre empresas preferentes à concessão de linhas de transporte coletivo intermunicipal e dá outras providências; Decreto n. 33.679 de 27 de setembro de 1990 – Altera o Decreto n. 21.072, de 12 de março de 1971, que dispõe sobre os serviços de Estações Rodoviárias no Estado; Decreto n. 38.868, de 14 de setembro de 1998 - Dispõe sobre o regulamento do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem - DAER, reorganizado pela Lei n.º 11.090, de 22 de janeiro de 1998; Decreto n. 41.640, de 24 de maio de 2002; Dispõe sobre o Regulamento do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem - DAER (revoga o decreto 38868); Decreto n. 41.708 de 03 de junho de 2002 - Altera dispositivo do Decreto n.º 41.640 de 24 de maio de 2002, que dispõe sobre regulamento do DAER; Decreto n. 42.410, de 29 de agosto de 2003 - Regulamenta a Lei n.º 11.664, de 28 de agosto de 2001, que dispõe sobre a gratuidade nas linhas comuns do transporte intermunicipal de passageiros, até o limite de duas passagens por coletivo, a deficientes físicos, mentais e sensoriais, comprovadamente carentes.
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Metropolitano Coletivo de Passageiros, conferida pela Lei Estadual n.º 11.127, de 09 de fevereiro
de 1998.
Desta maneira, é sobre esta base legislativa que está erigido, atualmente, o sistema de
transporte coletivo intermunicipal de passageiros do Rio Grande do Sul.
87
4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS
Inicialmente, salienta-se a importância de haver uma permanente avaliação dos serviços
públicos oferecidos aos Gaúchos, pois esta é a finalidade precípua do Estado, e, justamente, por
esta razão, é que existe, na Assembléia Legislativa, a Comissão de Serviços Públicos, que dentre
outras atividades, tem competência de apreciar assuntos referentes à organização político-
administrativa do Estado, bem como matérias relacionadas a obras públicas, saneamento,
transporte, viação, energia, comunicações, mineração e funcionalismo público.
No último período, a Comissão tem se dedicado a aprofundar o debate em torno da
questão da infraestrutura. Assim, criou o Fórum de Infraestrutura e Logística que se debruça a
discutir e apontar soluções para o tema, abrangendo os modais aeroviário, ferroviário, hidroviário
e rodoviário. A proximidade da Copa do Mundo, em 2014, reforça a necessidade da adoção de
todos os ajustes necessários nessa área visando a adequada preparação para realização de evento
de tal importância.
Nesse sentido, é salutar o esforço do Legislativo que ramifica o debate através desta
Comissão Especial para avaliar o sistema de Transporte Coletivo Intermunicipal de Passageiros,
elemento fundamental de mobilidade entre os gaúchos, cujo trabalho passamos a analisar.
O sistema estadual de transporte público intermunicipal de passageiros surgiu na década
de 30, quando sequer havia estradas e pontes, fruto de investimentos privados, realizados pelos
pioneiros do setor, que sempre demonstraram o desejo de prestar um serviço público contínuo e
de qualidade, pois todos têm uma história de vida ligada a transportes.
Em 1956, foi editada a Lei Estadual nº 3.080, que com outras legislações e regulamentos
complementares supervenientes, passaram a reger o sistema de transporte coletivo de
passageiros. Esta Lei, na época, foi inovadora, pois criou uma sistemática pioneira de decisão
colegiada, com deliberações em sessões públicas, o Conselho de Tráfego, composto de
representantes do Poder Concedente, dos concessionários, dos estacionários, dos trabalhadores e
dos usuários.
As atuais concessões foram outorgadas pela Lei nº 3080/56 a todas as empresas cujos
serviços foram, então, considerados de boa qualidade, as quais vinham, até então, prestando os
serviços como autorizadas. Celebraram-se, então, contratos que vieram sendo mantidos até esta
data.
Em 1997, a Lei nº 10.931, criou a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos
Delegados do Rio Grande do Sul – AGERGS. Em 1998, a Lei 11.127 instituiu o Sistema
Estadual de Transporte Metropolitano Coletivo de Passageiros – SETM e criou o Conselho
Estadual de Transporte Metropolitano Coletivo de Passageiros – CETM, passando a gestão do
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subsistema metropolitano à Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional –
METROPLAN, permanecendo a gestão do subsistema de longo curso com o Departamento
Autônomo de Estradas e Rodagem – DAER, com algumas competências alteradas pela Lei nº
11.090/98.
Ao longo destes anos, o sistema evoluiu e chegou a todos as localidades do Estado, sendo
operado por mais de 300 empresas gaúchas de pequeno e médio porte, com centro de decisão
local, com boa aceitação dos usuários, conforme atestado pelo programa de usuários voluntários
da AGERGS.
Os dados gerais do sistema de transporte coletivo de passageiros, de longo curso e
metropolitano, são:
• 220 milhões de passageiros por ano são transportados;
• Quase 5.000 linhas e variantes atendem todo o Estado;
• Aproximadamente 6.000 ônibus realizam o serviço;
• Mais de 300 empresas gaúchas de pequeno e médio porte que operam o
sistema;
• 325 estações rodoviárias;
• Empresas com centro de decisão no Rio Grande do Sul.
Em 1989, entretanto, a Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, no seu artigo 1794,
determinou que lei específica deveria instituir o Sistema Estadual de Transporte Público
Intermunicipal de Passageiros, englobando os dois subsistemas antes mencionados. Nessa esteira,
a Lei Estadual nº 11.283, em 1998, no seu art. 2º5, definiu que as linhas de transporte coletivo
intermunicipal seriam agrupadas em mercados econômica e operacionalmente viáveis,
diferentemente do sistema de linhas isoladas preconizadas pela Lei nº 3080/56. Com isso, o
sistema seria organizado através de da outorga de novas concessões com linhas agrupadas em
4 Art. 179 - A lei instituirá o sistema estadual de transporte público intermunicipal de passageiros, que será integrado, além das linhas intermunicipais, pelas estações rodoviárias e pelas linhas de integração que operam entre um e outro Município da região metropolitana e das aglomerações urbanas.5 Art. 2º - O transporte público intermunicipal de passageiros é serviço público e será explorado diretamente pelo Estado ou mediante concessão ou permissão de mercado, assim entendido o conjunto economicamente viável de linhas entre localidades geradoras de demanda por transporte intermunicipal de passageiros.Parágrafo único - Os mercados do transporte intermunicipal de passageiros subdividir-se-ão em:I - mercado de abrangência estadual;II - mercados inter-regionais;III - mercados regionais;IV - mercados locais.
89
mercados [bacias no termo mais usual de transporte]. Esse modelo já é adotado em Porto Alegre,
com a formação de consórcios operacionais, e será utilizado no plano federal, para o sistema
interestadual.
Em razão do sistema contratual de linhas isoladas, hoje existente, com diferentes prazos
de término dos contratos, alguns vigentes no prazo previsto no contrato e outros por não terem
sido denunciados, a implantação do novo sistema de mercados, como determinado pela
Constituição do Estado e pela Lei Estadual nº 11.283/98, exige que seja equalizado o vencimento
de todos os contratos para se poder agrupar as linhas em bacias. Se não for assim, licitações
isoladas inviabilizarão o complexo sistema que vai ser adotado, como ocorreu com as estações
rodoviárias. Nelas, licitações precipitadas geraram mais de 80% de deserções num total de pouco
mais de 100 licitações.
Esta situação de transição, pela qual passam as concessões de transporte de passageiros
do Rio Grande do Sul, em verdade, também está sendo vivenciada em outros tipos de serviços
públicos, tanto estaduais, quanto federais.
Recentemente, inclusive, no dia 7 de abril deste ano, foi instalada a Frente Parlamentar
para Renovação das Concessões de Energia Elétrica. Liderada pelo Deputado Adroaldo Loureiro
(PDT), com a participação e o apoio de outros 40 parlamentares, entre eles este Relator, com
objetivo a formação de um movimento político em defesa das estatais de energia, de modo a
permitir a renovação de contratos que vencem em 2015.
“É um tema da mais alta importância em um país que possui uma matriz energética
invejável, construída com muito sacrifício”, disse Loureiro. De acordo com o parlamentar, a
Constituição Federal prevê a obrigatoriedade de licitação para serviços de concessão de energia
elétrica, o que vem causando insegurança com relação à renovação dos contratos. “Cinco anos
parecem longe, mas estão logo ali”, disse o parlamentar.
Em relação ao transporte interestadual de passageiros, também se tem conhecimento
existir processo similar, com a realização de estudos, pela Agência Nacional de Transportes
Terrestres – ANTT, com o intuito de conceber um novo sistema, denominado Pro-Pass, para
depois dar início a processos licitatórios, previstos para 2.011.
90
A própria Lei Federal nº 11.445, em 2007, que promoveu modificações na Lei de
Concessões, Lei Federal nº 8.987/95, principalmente em relação ao art. 426 das Disposições
Transitórias, reflete toda essa mudança pela qual passa o setor de concessões.
Logo, não há dúvida da necessidade de criar-se um novo marco regulatório para o
transporte coletivo de passageiros, a ser construído levando-se em conta o aprendizado de
décadas do DAER, da METROPLAN, da AGERGS, dos concessionários do sistema, bem como
com as informações colhidas das diversas audiências públicas realizadas pela Comissão, inclusive
com a ativa participação de entidades representativas de usuários.
Nestas audiências realizadas em Porto Alegre, Passo Fundo, Pelotas, Caxias do Sul e
Santa Maria, as questões mais relevantes que foram abordadas, que serão objeto de maior análise,
foram:
6 Art. 42. As concessões de serviço público outorgadas anteriormente à entrada em vigor desta Lei consideram-se válidas pelo prazo fixado no contrato ou no ato de outorga, observado o disposto no art. 43 desta Lei.§ 1º Vencido o prazo mencionado no contrato ou ato de outorga, o serviço poderá ser prestado por órgão ou entidade do poder concedente, ou delegado a terceiros, mediante novo contrato.§ 2º As concessões em caráter precário, as que estiverem com prazo vencido e as que estiverem em vigor por prazo indeterminado, inclusive por força de legislação anterior, permanecerão válidas pelo prazo necessário à realização dos levantamentos e avaliações indispensáveis à organização das licitações que precederão a outorga das concessões que as substituirão, prazo esse que não será inferior a 24 (vinte e quatro) meses.§ 3º As concessões a que se refere o § 2o deste artigo, inclusive as que não possuam instrumento que as formalize ou que possuam cláusula que preveja prorrogação, terão validade máxima até o dia 31 de dezembro de 2010, desde que, até o dia 30 de junho de 2009, tenham sido cumpridas, cumulativamente, as seguintes condições:I - levantamento mais amplo e retroativo possível dos elementos físicos constituintes da infra-estrutura de bens reversíveis e dos dados financeiros, contábeis e comerciais relativos à prestação dos serviços, em dimensão necessária e suficiente para a realização do cálculo de eventual indenização relativa aos investimentos ainda não amortizados pelas receitas emergentes da concessão, observadas as disposições legais e contratuais que regulavam a prestação do serviço ou a ela aplicáveis nos 20 (vinte) anos anteriores ao da publicação desta Lei; II - celebração de acordo entre o poder concedente e o concessionário sobre os critérios e a forma de indenização de eventuais créditos remanescentes de investimentos ainda não amortizados ou depreciados, apurados a partir dos levantamentos referidos no inciso I deste parágrafo e auditados por instituição especializada escolhida de comum acordo pelas partes; eIII - publicação na imprensa oficial de ato formal de autoridade do poder concedente, autorizando a prestação precária dos serviços por prazo de até 6 (seis) meses, renovável até 31 de dezembro de 2008, mediante comprovação do cumprimento do disposto nos incisos I e II deste parágrafo.§ 4º Não ocorrendo o acordo previsto no inciso II do § 3o deste artigo, o cálculo da indenização de investimentos será feito com base nos critérios previstos no instrumento de concessão antes celebrado ou, na omissão deste, por avaliação de seu valor econômico ou reavaliação patrimonial, depreciação e amortização de ativos imobilizados definidos pelas legislações fiscal e das sociedades por ações, efetuada por empresa de auditoria independente escolhida de comum acordo pelas partes.§ 5º No caso do § 4o deste artigo, o pagamento de eventual indenização será realizado, mediante garantia real, por meio de 4 (quatro) parcelas anuais, iguais e sucessivas, da parte ainda não amortizada de investimentos e de outras indenizações relacionadas à prestação dos serviços, realizados com capital próprio do concessionário ou de seu controlador, ou originários de operações de financiamento, ou obtidos mediante emissão de ações, debêntures e outros títulos mobiliários, com a primeira parcela paga até o último dia útil do exercício financeiro em que ocorrer a reversão.§ 6º Ocorrendo acordo, poderá a indenização de que trata o § 5o deste artigo ser paga mediante receitas de novo contrato que venha a disciplinar a prestação do serviço.
91
• a tarifa do serviço, pesar de ser menor em relação a outros estados da
Federação, é considerada elevada, sendo identificado como os principais
fatores que pressionam o seu valor, as gratuidades sem fonte de custeio, a alta
carga tributária incidente sobre os insumos e o preço dos combustíveis;
• deve ser criado um Fundo de Transporte para subsidiar passagens de
aposentados, idosos, deficientes e também de serviços deficitários;
• o transporte clandestino e “ambulancioterapia”, realizado com veículos sem as
condições adequadas, oferecem riscos aos usuários, desviam passageiros do
sistema oficial do Estado e pressionam a tarifa.;
• o incentivo a motorização privada – isenção de IPI dos veículos e outros –
contribuem para a redução do número de passageiros;
• os conselhos decisórios, como o Conselho de Tráfego do DAER, devem ser
ampliados com a participação de mais representantes da sociedade;
• o serviço de transporte coletivo de passageiros é de boa qualidade, conforme
avaliado pelos Poderes Concedentes, pela Agência Reguladora7, bem como
pelas manifestações das pessoas que compareceram aos eventos;
• o novo modelo, onde for viável, deve ampliar as opções de escolha dos
usuários;
• deve haver uma transição gradual do modelo atual para o novo modelo, com
respeito aos contratos existentes;
• os futuros processos licitatórios devem conduzir a um sistema equivalente ou
melhor ao que se tem atualmente, impondo aos interessados que se sub-
roguem em eventuais obrigações indenizatórias de responsabilidade do
Estado, para preservar o erário.
A tarifa, primeiro ponto mencionado, é o resultado do rateio do custo pelos usuários
pagantes do serviço. Assim, o assustador número de gratuidades que chega a casa de milhões de
pessoas transportadas ao ano - sem pagar e sem fonte de custeio - evidentemente, contribuem
para uma majoração da tarifa, como de resto ocorre quando os usuários migram para o
transporte clandestino ou passam a utilizar a motorização privada.
7 Fonte: AGERGS – Qualidade dos Serviços Públicos RS/2008 – Transporte Intermunicipal de Longo Curso e Estações Rodoviárias.
92
A representação dos usuários defendeu a criação de um Fundo de Transporte para
subsidiar passagens de aposentados, idosos, deficientes e também de serviços deficitários. Disse
ser favorável a essas isenções, mas consideram que quanto mais passageiros gratuitos, mais a
passagem fica cara. Isso quer dizer que tem de haver subsídio de uma forma ou outra. Parece ser
evidente e lógico que quem concede a gratuidade deve prever a sua fonte de custeio.
O transporte clandestino, de outra banda, deve ser combatido com veemência pela
fiscalização do DAER e da METROPLAN, inclusive levando o caso à esfera judicial, cível e
criminal, quando for o caso. O relato de representantes do DAER é deveras preocupante. É
comum a fiscalização encontrar ônibus sem condições de trafegabilidade (sem licenciamento),
pessoas sem habilitação dirigindo e menores desacompanhados e sem identidade sendo
transportados.
Ademais, enquanto as empresas regulares mantêm alojamentos em pontos estratégicos do
itinerário, para fazer o revezamento dos motoristas, sempre mantendo um profissional habilitado
e descansado para conduzir o veiculo, os clandestino dirigem por horas e horas, o que somado ao
fato das más condições do veículo, aumenta exponencialmente a probabilidade de acidentes. A
questão vai além do transporte, consistindo em matéria de segurança pública.
Já “ambulancioterapia” é questão mais complexa, pois envolve dois aspectos: um é do
transporte de enfermos que necessitam deslocar-se do interior à Capital e de cidade menores a
cidades pólos, para receber atendimento médico; outro é das pessoas não enfermas, que
ilegalmente viajam nestas ambulâncias. O primeiro aspecto diz respeito às deficiências do serviço
público de saúde e foge a análise desta Comissão Especial, mas está dentro do aspecto de
abrangência da Comissão de Serviços Público e lá será debatido. Já o segundo constitui
transporte clandestino e deve ser objeto de fiscalização.
No que tange à necessária desoneração do transporte, seguramente ela deve ser apreciada
pela Casa Legislativa. E uma das formas possíveis de contribuir para tal fim é reduzir, por
exemplo, a carga tributária incidente sobre os principais insumos do transporte, pneus e
combustíveis, que certamente trará como reflexo a diminuição da tarifa. Tem-se conhecimento
que o tramita na Câmara de Deputados, o Projeto de Lei nº 1.927/2003, que institui regime
especial de incentivos para o transporte coletivo urbano e metropolitano, devendo o Estado
93
seguir esta linha. Na Argentina, por exemplo, o diesel e o pneu custam a metade do valor aqui
praticado.
Sobre o crescente aumento da motorização privada, resultante do incentivo dado pelo
Governo Federal, com a redução do IPI dos veículos, do aumento do poder aquisitivo do
cidadão e das facilidades de crédito, salienta-se que no Rio Grande do Sul, em 2009, conforme os
dados do DETRAN/RS, a frota de automóveis era 2.726.795, de camionetas 393.891 e de motos
875.494, sendo que, com o incremento deste ano, já está beirando a uma frota total de 5 milhões.
Evidentemente, deve-se estudar formas de dar prioridade ao transporte coletivo, incrementado as
vias expressas para transporte coletivo, baixando a tributação incidente sobre ônibus, reduzindo o
custo de pneus e combustíveis, entre outras coisas.
No que diz respeito ao aumento da participação de representantes da sociedade civil nos
conselhos decisórios, do DAER, da METROPLAN e da AGERGS, parece medida que contribui
com a democratização do processo de decisão. Isto certamente vai aperfeiçoar o sistema gaúcho
de julgamentos públicos e colegiados, paradigma para todos os demais estados que tem
deliberação monocrática sobre questões administrativas de transporte coletivo.
Sobre o novo modelo em linhas agrupadas em bacias economicamente viáveis, deve ser
precedido de aprofundado estudo de mercado, como de resto vem ocorrendo na esfera federal,
por meio da contratação da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE, que está
fazendo extenso levantamento de oferta e demanda de todas as linhas projetadas para o novo
sistema interestadual. Onde for economicamente viável e tecnicamente recomendável, pode
haver mais de uma operadora, competindo de forma controlada, para assegurar o equilíbrio do
sistema.
Giza-se ser importante levar em conta a contribuição das entidades representativas do
setor, públicas e privadas, na montagem deste novo modelo. É de conhecimento público que os
atuais operadores não são meros investidores, mas, sim, empreendedores com íntima ligação com
o transporte coletivo de passageiros, gaúchos com conhecimento da aldeia, que certamente
podem trazer informações pertinentes para o aprimoramento do sistema.
As futuras licitações para escolha de operadores dos novos serviços, exigidas pelas
constituições estaduais e federais, devem privilegiar a avaliação de critérios técnicos [Lei nº
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8987/95, art. 15, IV], de forma que o novo sistema seja igual ou melhor ao atual, adotando-se a
tarifa regulamentar como forma de permitir uma adequada execução de política de transporte.
Não menos importante é privilegiar a participação de empresas gaúchas, dentro dos limites legais,
com o intuito de manter o centro de decisão no Estado.
Deve-se ainda atentar que toda a extinção de contratos de concessão de ser precedida de
uma espécie de “balanço” [Lei nº 8987/95, art. 35, c/c art. 42]. Por isso, convém impor-se que os
interessados sub-roguem-se de eventuais indenizações devidas pelo Estado. Este alerta já foi feito
pelo Tribunal de Contas da União – TCU, no voto do Ministro Revisor [TC 016.104/2008-1], em
relação as extinção dos atuais contratos de concessão de linhas interestaduais, que disse: “Por fim,
registro o recente parecer da lavra do Professor Celso Antônio Bandeira de Mello, que, entre outros, oferece
argumentos jurídicos ao deslinde da questão debatida no presente feito, em especial quanto a eventual indenização à
conta do Erário aos atuais exploradores das linhas caso seja levado adiante, nas bases atualmente postas, o
certame licitatório em comento”.
Finalmente, tem-se conhecimento estar em estudo no Executivo, a quem compete propor
este tipo de lei que reorganiza serviços públicos, anteprojeto de lei que trará o novo marco
regulatório do sistema de transporte coletivo. Assim, tão logo chegue a esta Casa Legislativa tal
pedido, deve ser apreciado com prioridade, a luz dos conhecimentos acumulados com os
trabalhos desta Comissão.
É o Relatório.
Deputado Fabiano Pereira
Relator
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Comissão Especial para avaliar o Sistema Estadual de Transporte Coletivo Intermunicipal de passageiros
Declaramos aprovado o Relatório Final da Comissão Especial para avaliar o sistema estadual de transporte coletivo intermunicipal de passageiros.
Deputado Luis Augusto LaraPresidente.
Deputado João Fischer Deputado Fabiano PereiraVice-Presidente. Relator.
Deputada Stela Farias Deputado Edson Brum
Deputado Gilberto Capoani Deputado Pedro Westphalen
Deputado Paulo Brum Deputado Gerson Burmann
Deputado Luciano Azevedo Deputado Adroaldo Loureiro
SUPLENTES
Deputado Elvino Bohn Gass Deputado Silvana Covatti
Deputada Marisa Formolo Deputado Adilson Troca
Deputado Alceu Moreira Deputada Zilá Breitenbach
Deputado Luiz Fernando Záchia Deputado Kalil Sehbe
Deputado Adolfo Brito
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Comissão Especial para avaliar o Sistema Estadual de Transporte Coletivo Intermunicipal de passageiros
ANEXOS( CONSTANTES NO RCE 5/2009)
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