relatorio executivo gem

22

Upload: roberta-mazali

Post on 22-Jul-2015

53 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

empreendedorismo no brasil 2009

PATROCNIO

1

empreendedorismo no brasil 2009

2

empreendedorismo no brasil 2009

COORDENAO INTERNACIONAL DO GEMbabson College Universidad del desarrollo reykjavk University london business school Global entrepreneurship research association (Gera)

EQUIPE TCNICACoordenao e Execuo Jlio Csar Felix simara maria de souza silveira Greco paulo alberto bastos Junior Joana paula machado rodrigo Gomes marques silvestre andressa autori de moraes ariane marcela Crtes romeu Herbert Friedlaender Junior adriano renzi maria Julia Jacubiak

PROJETO GEM BRASILINSTITUIO EXECUTORAInstituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) eduardo Camargo righi diretor presidente maurcio Fernando Cunha smijtink diretor executivo

INSTITUIES PARCEIRASServio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) adelmir santana presidente do Conselho deliberativo nacional paulo Tarciso okamotto diretor presidente Carlos alberto do santos diretor tcnico Jos Claudio do santos diretor de administrao e Finanas enio duarte pinto gerente da Unidade de atendimento individual maria del Carmen martin y Tom stepanenko coordenadora de parcerias Servio Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/PR) rodrigo Costa da rocha loures presidente Joo barreto lopes diretor regional Servio Social da Indstria (Sesi/PR) rodrigo Costa da rocha loures diretor regional Jos antnio Fares diretor superintendente

Pesquisa de Campo com Populao Adulta bonilha Comunicao e marketing s/C ltda. Pesquisa de Campo com Especialistas Nacionais em Empreendedorismo Entrevistadores ana lcia soares Gonalves milene louise Gelenski paulo alberto bastos Junior suryane nabhem Kalluf Capa e Diagramao priscila bavaresco marcelo bacellar Reviso Toms eon barreiros

3

empreendedorismo no brasil 2009

4

empreendedorismo no brasil 2009

INTRODUO

este relatrio reflete a dcima participao consecutiva do brasil nos ciclos anuais da pesquisa Gem. Cada vez mais, percebe-se a importncia e a necessidade de conhecimento Uma caracterstica marcante do Gem no brasil, que se mantm e aperfeioa-se, o pro- vasto sobre a realidade empreendedora dos pases a fim de se compreender o papel da cesso de constante evoluo pelo qual ele vem passando desde 2000, ano em que a pes- dinmica de criao de novas empresas no desenvolvimento nacional e em especial a sua quisa comeou a ser feita no pas (ver quadro 1). esse trao pe em relevo, a cada novo funo diante de momentos de crise e recesso. ciclo, as caractersticas da dinmica empreendedora a partir de perspectivas diferentes e variadas tornando os documentos oficiais do Gem um produto esperado e saudado pela em 2009, foram adotados alguns aprimoramentos na proposta de anlise dos resultados da pesquisa Gem. os principais se referem (a) ao novo critrio para o agrupamento dos sociedade brasileira a partir de seu lanamento. pases segundo o nvel de desenvolvimento econmico (factor-driven, efficiency-driven QUADRO 1 EVOLUO PESQUISA GEM BRASIL (2001 A 2008) e innovation driven) e (b) introduo de algumas mudanas, em nvel internacional, na TEMAS E APRIMORAMENTO METODOLGICO forma de abordagem da dinmica empreendedora nos pases, especialmente no tocante s atitudes, atividades e aspiraes empreendedoras. 2001 principais taxas.Condies para empreender. motivao para empreender. dados comparativos entre pases. Caractersticas dos empreendimentos.

2002

empreendedorismo de alto potencial de crescimento. relao entre empreendedorismo e crescimento econmico dos pases. Fontes de recursos para empreender. investidores informais. Contextualizao detalhada a partir de pesquisas secundrias. Tpicos especiais: investidores em capital de risco no brasil e novos habitats do empreendedorismo e a questo de gnero. proposies para a melhoria do empreendedorismo no brasil. Correlaes entre o empreendedorismo e a economia global. Caracterizao dos grupos de pases segundo renda per capita. mentalidade empreendedora no brasil. empreendedorismo social. Caracterizao dos empreendedores estabelecidos. detalhamentos dos estudos comparativos com outros pases. a inovao no empreendedorismo no brasil. o negcio na composio da renda do empreendedor. expectativa de gerao de emprego e insero internacional. busca de orientao e aconselhamento pelo empreendedor. resumo das atividades dos demais pases participantes da pesquisa Gem. Clculo do potencial de inovao dos empreendimentos. identificao do empreendedorismo brasileiro. polticas e programas educacionais voltados ao empreendedor. descontinuidade dos negcios no brasil. implicaes para formuladores de polticas pblicas. empreendedorismo brasileiro em perspectiva comparada. Financiamento do empreendedorismo no brasil. aspectos socioculturais da atividade empreendedora no brasil sob perspectiva comparada. acesso informao e tecnologia pelo empreendedor brasileiro. razes para a descontinuidade dos negcios no brasil. empreendedores em srie. descrio de programas voltados ao empreendedorismo. absoro de inovaes na sociedade brasileira. redes de relacionamento e de informaes do empreendedor. intraempreendedorismo. educao e capacitao para o empreendedorismo no brasil.

2003

2004

diversos agrupamentos j foram efetuados para tentar elucidar melhor a relao entre empreendedorismo e desenvolvimento econmico, como por exemplo a correlao entre taxas de empreendedorismo e pib per capita, crescimento econmico anual dos pases, segmentao geogrfica. a partir de 2008, coincidindo com uma fase de maior abertura institucional do Gem no que tange a interaes com outras organizaes que desenvolvem estudos e pesquisas afeitos temtica do empreendedorismo, optou-se por utilizar a classificao proposta pelo Frum econmico mundial em seus documentos que estudam a competitividade global. essa escolha agrega valor pesquisa pelo fato de ser compartilhada e respaldada por diversas entidades preocupadas com a competitividade e o desenvolvimento globais, reduzindo tambm a arbitrariedade unilateral na escolha da classificao analtica dos pases. maiores detalhes sobre o papel do empreendedorismo em diferentes fases de desenvolvimento econmico so fornecidos no quadro 2.QUADRO 2 O PAPEL DO EMPREENDEDORISMO EM DIFERENTES FASES DE DESENVOLVIMENTO ECONMICO

2005

2006

2007

2008

Empreendedorismo em pases factor-driven. o desenvolvimento econmico composto de mudanas na quantidade e nas caractersticas do valor econmico adicionado. essas alteraes resultam em maior produtividade e aumento do rendimento per capita, o que muitas vezes coincide com a migrao de mo de obra entre os diferentes setores econmicos da sociedade, por exemplo, dos setores primrio e extrativista para o setor produtivo e, eventualmente, servios (Gries; naude, 2008). os pases com baixos nveis de desenvolvimento econmico (factor-driven countries) tm tipicamente um grande setor agrcola, que fornece subsistncia para a maior parte da populao, que na sua maioria ainda vive no campo. essa situao altera-se assim que a atividade industrial comea a se desenvolver, muitas vezes em torno da extrao de recursos naturais. Com a indstria extrativa se desenvolvendo, ocorre crescimento econmico, levando populao excedente da agricultura a migrar em direo a setores industriais intensivos em mo de obra, que so muitas vezes localizados em regies especficas. o resultado do excesso de oferta de mo de obra alimenta o empreendedorismo de

Fonte: Gem brasil

5

empreendedorismo no brasil 2009 subsistncia (por necessidade) em aglomeraes regionais, com os trabalhadores procurando criar oportunidades de autoemprego a fim de ganhar a vida. em 2009, os pases participantes da pesquisa Gem enquadrados nessa categoria so: arglia, Guatemala, Jamaica, lbano, marrocos, arbia saudita, sria, Tonga, Uganda, Venezuela, Cisjordnia e Faixa de Gaza e imen. Empreendedorismo em pases efficiency-driven Com o setor industrial se desenvolvendo mais, instituies comeam a surgir para apoiar a industrializao e a busca de maior produtividade por meio de economias de escala. normalmente, as polticas econmicas nacionais nessas economias emergentes moldam suas instituies econmicas e financeiras para favorecerem grandes empresas nacionais. Como o aumento da produtividade econmica contribui para a formao do capital financeiro, nichos podem ser abertos nas cadeias de fornecimento de servios industriais. Combinado com o fornecimento de capital financeiro do setor bancrio, isso estimula oportunidades para o desenvolvimento de pequenas e micro empresas da indstria de transformao que atuam em pequena escala. em 2009, os pases participantes da pesquisa Gem enquadrados nessa categoria so: argentina, bsnia e Herzegovina, brasil, Chile, China, Colmbia, Crocia, repblica dominicana, equador, Hungria, ir, Jordnia, letnia, malsia, panam, peru, romnia, rssia, servia, frica do sul, Tunsia, Uruguai. Empreendedorismo em economias baseada na inovao innovation-driven Quando uma economia amadurece e aumenta sua riqueza, pode-se esperar que a nfase na atividade industrial mude gradualmente em direo a uma expanso em setores voltados s necessidades de uma populao cada vez mais rica, provendo servios normalmente esperados em uma sociedade de alta renda. o setor industrial evolui, gerando melhorias em termos de variedade e sofisticao da produo. Tal desenvolvimento est tipicamente associado ao aumento nas atividades de p&d e intensidade de conhecimento empregado nas atividades produtivas. Concomitantemente, ganham destaque instituies geradoras de conhecimento, tais como os institutos de pesquisa, universidades, incubadoras de empresas, entre outros arranjos institucionais. esse desenvolvimento abre o caminho para o desenvolvimento do empreendedorismo inovador baseado na oportunidade. muitas vezes, as pequenas empresas inovadoras e empreendedoras desfrutam de uma vantagem em relao s grandes empresas: a capacidade de inovar permitelhes funcionar como agentes de destruio criativa. medida que as instituies econmicas e financeiras criadas durante a fase expanso da escala de produo da economia so capazes de acolher e apoiar a atividade empreendedora inovadora, baseada na oportunidade, podem emergir como importantes motores do crescimento econmico e da criao de riqueza. em 2009, os pases participantes da pesquisa Gem enquadrados nessa categoria so: blgica, dinamarca, Finlndia, Frana, alemanha, Grcia, Hong Kong, islndia, israel, itlia, Japo, Coreia do sul, Holanda, noruega, eslovnia, espanha, sua, reino Unido, emirados rabes Unidos e estados Unidos.

o modelo Gem aceita a natureza multifacetada do empreendedorismo. ele reconhece que uma srie de condies ambientais afeta trs componentes principais do empreendedorismo: atitudes, atividades e aspiraes, e que essa combinao dinmica produz uma nova atividade, econmica e socialmente importante, gerando empregos e riqueza. as atitudes empreendedoras so atitudes manifestadas na forma de opinies e percepes que a sociedade desenvolve face a este fenmeno sociocultural e econmico que o empreendedorismo. por exemplo: em que medida as pessoas percebem que existem boas oportunidades para iniciar um negcio, ou o status que tm os empreendedores perante uma comunidade. a atividade empreendedora pode assumir muitas formas, mas o aspecto mais importante a quantidade de pessoas em meio populao de um determinado pas que esto criando novos negcios (nmeros absolutos e relativos). a aspirao empreendedora reflete a natureza qualitativa do empreendedorismo, uma vez que os entrevistados, ao tratarem desse aspecto, manifestam suas intenes para com o empreendimento que possuem ou esto criando. no representam, portanto, um dado real, passvel de verificao in loco. so afirmaes que, muitas vezes, remetem a um tempo futuro e indicam uma avaliao subjetiva por parte do empreendedor entrevistado. O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL EM 2009 este tpico mostra como as atitudes, atividades e aspiraes empreendedoras se comportaram no brasil em 2009, considerando uma perspectiva longitudinal na qual se avalia a evoluo dos indicadores ao longo dos anos, assim como a insero do pas no contexto internacional. Atitudes empreendedoras e percepes para a atividade empreendedora ocorrer em um pas, as oportunidades para o empreendedorismo e a capacidade de empreender devem estar presentes. no brasil, nota-se (quadro 3) uma avaliao positiva em relao tanto existncia de oportunidades no ambiente quanto existncia de capacidade individual para a abertura de novos negcios. importante notar que, de forma esperada, a percepo se mostra mais positiva entre os empreendedores em estgio inicial.QUADRO 3 PERCEPO DE OPORTUNIDADES E HABILIDADES PARA INICIAR UM NOVO NEGCIO - BRASIL (2009)Empreendedores Afirmaes Iniciais Estabelecidos Proporo (%) afirmam perceber para os prximos seis meses boas oportunidades para se comear um novo negcio na regio onde vivem Consideram possuir o conhecimento, a habilidade e a experincia necessrios para comear um novo negcio 57,3 48,1 47,9 Populao Total

72,0

69,3

56,9

Fonte: bosma; levie (2010).

Fonte: pesquisa Gem, 2009

6

empreendedorismo no brasil 2009

de acordo com bosma e levie (2010),

verificado quando se restringe o foco da anlise apenas para aqueles que percebem boas oportunidades de negcios: nesse contexto, 30% manifestam que o medo do fracasH mais do que esses fatores em jogo. se as pessoas veem mais e mais empre- so um bloqueio para iniciar um empreendimento, percentual abaixo da mdia de todos srios bem sucedidos em sua localidade ou na mdia, isso afeta o reconhecimen- os grupos de pases (factor-driven, efficiency-driven e innovation-driven). to e o valor social do empreendedor no seio de uma sociedade, alm de poder aumentar a percepo de suas prprias capacidades (no implicando necessaria- Atividade empreendedora mente o aumento das capacidades reais). esse efeito pode ser mais forte quando o clima econmico favorvel. alm disso, pode haver diferenas demogrficas Como j elucidado, no campo das atividades empreendedoras, reside o aspecto mais na (percebida) capacidade empreendedora devido a razes histricas de nature- quantitativo e objetivamente verificado no mbito da pesquisa Gem. za socioeconmica ou cultural. nesse sentido, possvel afirmar que so pertinentes polticas e programas pblicos ou privados que atuem em pblicos-alvo Uma das principais medidas a taxa de empreendedorismo em estgio inicial, ou Tea. de percepo mais negativa em relao s capacidades empreendedoras, assim a Tea a proporo de pessoas com idade entre 18 e 64 anos envolvidas em atividades empreendedoras na condio de empreendedores de negcios nascentes ou empreendecomo atuao na melhoria de capacidades reais. dores frente de negcios novos, com menos de 42 meses de existncia. o brasil, no grupo de pases efficiency-driven (composto por 22 pases), tem a sexta maior Tea nominal (15,3%); entretanto, diferem significativamente apenas Colmbia, peru e China, com 22,4%, 20,9% e 18,8%, respectivamente (figura 1). curioso notar, a partir de uma anlise especfica desse grupo de pases, a disparidade na taxa de empreendedorismo entre pases europeus e latino-americanos, que difere de forma muito flagrante. dos sete pases europeus que fazem parte desse grupo, seis esto entre os dez que tm a menor taxa, enquanto dos nove da amrica latina oito esto entre as dez maiores taxas. adicionalmente, o brasil apresenta diferena significativa em relao a todos os pases europeus.FIGURA 1 TAXA DE EMPREENDEDORES INICIAIS (TEA) POR PASES (2009)68,3 66,2 79,435%

QUADRO 4 RECONHECIMENTO, VALOR SOCIAL E PRESENA NA MDIA DE ATIVIDADES EMPREENDEDORAS - BRASIL (2009)Empreendedores Afirmaes Iniciais Estabelecidos Proporo (%) afirmaram conhecer pessoalmente algum que comeou um novo negcio nos ltimos dois anos Consideram que no brasil a maioria das pessoas avalia o incio de um novo negcio como uma opo desejvel de carreira Consideram que no brasil aqueles que alcanam sucesso ao iniciar em um novo negcio tm status e respeito perante a sociedade Consideram que no brasil se vem frequentemente na mdia histrias sobre novos negcios bem sucedidos 54,2 49,3 35,6 Populao Total

70,2

69,3

80,3

73,3

74,4

78,3Percentagem da Populao Adulta entre 18 e 64 anos

30% 25% 20% 15% 10% 5%Arbia Sria Cisjordnia e Lbano Marrocos Arglia Tonga Venezuela Jamaica Lmen Guatemala Uganda Rssia Malsia Bsnia e Srvia Romnia Crocia frica do Sul Hungria Tunsia Panam Jordnia Letnia Ir Uruguai Argentina Chile Brasil Equador Repblica China Peru Colmbia Japo Blgica Dinamarca Hong Kong Itlia Alemanha Frana Espanha Finlndia Eslovnia Reino Unido Israel Coreia Holanda Sua Estados Noruega Grcia Islndia Emirados

Fonte: pesquisa Gem, 2009

pode-se depreender, a partir dos dados apresentados no quadro 4, que a sociedade brasileira , em larga escala, receptiva aos empreendedores e seus empreendimentos, da mesma forma que tem se acostumado a ver cada vez mais histrias relacionadas criao de novos negcios na mdia. de modo concreto, essas condies contribuem sobremaneira para a criao de um caldo cultural propcio para a dinmica do empreendedorismo.

0%

Todo ano, o Gem pergunta aos entrevistados se o medo do fracasso os impediria de criar uma empresa. no brasil, mais uma vez, nota-se uma postura considerada positiva no que Pases factor-driven tange a insero em atividades empreendedoras, pois apenas 32% dos respondentes teria no medo um fator impeditivo para o incio de um novo negcio. percentual semelhante Fonte: bosma; levie (2010).

Pases efficiency-driven

Pases innovation-driven

7

empreendedorismo no brasil 2009

a atividade empreendedora no brasil tem como trao caracterstico uma considervel estabilidade. de 2001 a 2008, a Tea manteve-se em torno de 13%, com pequenas variaes (figura 2). em 2009, contudo, verificada a maior taxa do perodo (15,3%), que difere significativamente em relao a 2005, 2006 e 2008. ressalte-se, porm, a necessidade do contnuo acompanhamento da taxa nos prximos anos a fim de verificar seu comportamento.FIGURA 2 EVOLUO DA TAXA DE EMPREENDEDORES INICIAIS (TEA) NO BRASIL (2001:2009)25%

FIGURA 4 EVOLUO DA TAXA DE EMPREENDEDORES NOVOS NO BRASIL (2001:2009)25%

8,46% 6,90% 4,98%

8,88%

8,20%

8,62%

8,72%

9,29%

9,75% 8,20%

14,21%

15,32% 13,52% 12,89% 13,48% 11,30% 11,65% 12,72% 12,02% 13,01%

0%

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2001:2009

FonTe: pesquisa Gem 2001 a 2009.

a explicao para o aumento considervel da taxa de empreendedores de negcios nascentes tarefa complexa, que depende da continuidade de levantamento de dados nos prximos ciclos da pesquisa Gem. entretanto, algumas inferncias podem ser pertinentes. deve ser levado em conta o aspecto explorado no tpico anterior deste captulo, no qual se coloca em relevo a valorizao e o elevado status de que a carreira empreendedora goza perante a sociedade brasileira, criando um pressuposto cultural favorvel adeso a esse tipo de ativi0% dade por parte de uma parcela da populao. soma-se a isso o fato de que 2009, sobretudo 2003 2009 2005 2004 2006 2001:2009 2007 2001 2008 2002 nos dois primeiros trimestres, foi um ano em que a ameaa ao emprego se deu de forma FonTe: pesquisa Gem 2001 a 2009. retumbante, com inmeras notcias de demisses severas, com setores industriais cortando postos de trabalho, o que de alguma forma pode ter impelido um contingente considervel de nota-se que o crescimento da Tea deu-se devido ao aumento considervel na taxa de pessoas a abraar o empreendedorismo como forma de proteo a uma situao anunciada. empreendedores nascentes na comparao 2008-2009, j que praticamente se manteve inalterada a taxa de empreendedores novos (figuras 3 e 4). Quanto motivao para empreender, tanto o empreendedorismo por oportunidade quanto o empreendedorismo por necessidade registraram aumento em suas taxas em 2009, acomFIGURA 3 EVOLUO DA TAXA DE EMPREENDEDORES panhando o aumento da Tea (figura 5).NASCENTES NO BRASIL (2001:2009)25%

FIGURA 5 MOTIVAO PARA EMPREENDER - BRASIL (2001:2009)15

10 Taxa (%)

9,23% 5,68% 6,51% 4,98% 3,15% 0% 2001 2002 2003 2004 2005 2006 3,50% 5,78% 4,29% 2,93% 2009 2001:2009 5,12%

5

0 2001 2002 2003 2004 Oportunidade 2005 2006 2007 2008 2009 Ano

2007

2008

Necessidade

FonTe: pesquisa Gem 2001 a 2009.

Fonte: pesquisa Gem 2001 a 2009.

8

empreendedorismo no brasil 2009

Quando analisada a razo entre empreendedores por oportunidade e necessidade, 2009 registrou uma reduo, indo de 2:1 em 2008, para 1,6:1 em 2009 (figura 6). essa reduo influenciada pelo aumento da participao de empreendedores por necessidade entre os empreendedores de negcios novos, uma vez que entre os empreendedores de negcios nascentes verificou-se um pequeno aumento na participao de empreendedores por oportunidade.FIGURA 6 RAZO ENTRE EMPREENDEDORES POR OPORTUNIDADE E NECESSIDADE (TEA E NASCENTES) - BRASIL (2001-2009)

FIGURA 7 EMPREENDEDORISMO E GNERO NO BRASIL (2002-2009)75

60

45

Proporo (%)

3

30

15

2 RAZO0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Ano

1

Fonte: Gem brasil.

Masculino

Feminino

0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 TEA 2007 2008 2009

alm do fato de mais uma vez numericamente as mulheres terem ultrapassado os homens na atividade empreendedora, cumpre destacar que ao longo do perodo analisado, em 2009, a primeira vez que a proporo de mulheres empreendendo por oportunidade supera a proporo de homens na mesma condio (quadro 5).QUADRO 5 EMPREENDEDORISMO POR OPORTUNIDADE E GNERO (2002-2009)Empreendedores por Oportunidade - Brasil Proporo (%) 2009 masculino Feminino Total 46,6 53,4 100,0 2008 51,3 48,7 100,0 2007 54,3 45,7 100,0 2006 64,3 35,7 100,0 2005 52,2 47,8 100,0 2004 60,3 39,7 100,0 2003 53,0 47,0 100,0 2002 61,6 38,4 100,0 2002:2009 55,4 44,6 100,0

Nascentes

Fonte: pesquisa Gem 2001 a 2009.Gnero

interessante destacar que, se por um lado houve essa reduo na razo oportunidade:necessidade entre os empreendedores em estgio inicial, por outro, verifica-se um aumento quando isolados apenas os empreendedores de negcios nascentes: 2,6:1 em 2008 e 2,9:1 em 2009 (figura 6). Idade e gnero no empreendedorismo brasileiro o brasil um pas em que mais uma vez se comprova o equilbrio entre gneros, ao menos no que se refere ao empreendedorismo. poucas diferenas se observam na proporo da participao de mulheres e homens na atividade empreendedora nacional, em 2009. mais uma vez, as mulheres se sobrepem numericamente aos homens: dos empreendedores brasileiros, 53% so mulheres e 47% homens. Como se observa na figura 7, h uma constante oscilao entre homens e mulheres no empreendedorismo brasileiro, o que no inviabiliza a afirmao de que a mulher brasileira historicamente uma das mais empreendedoras no mundo. em 2009, alm do brasil, apenas outros dois pases registraram taxas de empreendedorismo feminino mais elevadas que as taxas de empreendedorismo masculino: Guatemala e Tonga.

Fonte: pesquisa Gem 2002 a 2009.

em 2007, ano em que a proporo de mulheres envolvidas em atividades empreendedoras tambm foi maior do que a dos homens, a participao delas nos negcios por oportunidade foi inferior, evidenciando que mais um reduto tipicamente masculino, o de empreendedorismo por oportunidade, foi alcanado pela parcela feminina da populao brasileira. Com relao faixa etria do empreendedorismo no brasil, verifica-se a ocorrncia de alteraes ao se comparar 2008 e 2009. ao se analisar a taxa de empreendedorismo e a idade do empreendedor, ou seja, a incidncia de indivduos empreendedores na populao de cada faixa etria considerada, verifica-se que em todas as faixas pesquisadas houve aumento nas taxas, exceto entre os mais jovens (18-24 anos), que em 2008 apresentaram

9

empreendedorismo no brasil 2009

a mais alta taxa e em 2009 superam apenas os empreendedores de mais idade (55-64 anos) (figura 8). apesar dessa reduo nominal na atividade empreendedora juvenil, considerados os erros amostrais, no se observam diferenas significativas entre 2008 e 2009. em 2009, a faixa etria que tem a mais alta taxa a que vai dos 35 aos 44 anos (18,7%), como pode ser visto no quadro 6. nesse ponto, o brasil, embora no diferindo significativamente, contrasta com a mdia dos grupos de pases analisados, nos quais a faixa etria que prevalece a dos 25 aos 34 anos.FIGURA 8 EMPREENDEDORISMO E FAIXA ETRIA NO BRASIL20

Empreendedorismo de Alto Potencial de Crescimento o mtodo Gem permite a categorizao do empreendimento em estgio inicial de acordo com sua expectativa de crescimento, expectativa essa que representa de certa forma os objetivos do negcio manifestados pelo empreendedor. o Gem pergunta a todos os empreendedores identificados na pesquisa quantos funcionrios (com exceo dos proprietrios) esperam ter no prazo de cinco anos. em termos mundiais, de cada dez empreendedores em estgio inicial, sete esperam gerar pelo menos um emprego. no entanto, as expectativas de crescimento rpido so raras entre os empreendedores iniciais: apenas 14% pretendem criar 20 ou mais postos de trabalho. no brasil, esse percentual ainda menor, em torno de 5%, considerando a mdia do perodo 2004-2009. a figura 9 mostra as taxas de prevalncia de expectativa de alto crescimento dos empreendedores em estgio inicial (Hea) em meio populao adulta (18-64 anos) no perodo de 2004 a 2009. o padro apresentado na figura 9 coerente com a noo de que as taxas Hea variam com o contexto econmico. a taxa Hea para o brasil, no perodo mencionado, foi de 0,5%, atrs de pases como argentina, Chile, rssia, China e praticamente todos os demais pases da amrica latina considerados nesta anlise.

15 Taxa (%)

10

5

0 2002 2003 18 a 24 2004 25 a 34 2005 2006 35 a 44 2007 45 a 54 2008 2009 55 a 64

FIGURA 9 TAXA DE EMPREENDEDORISMO EM ESTGIO INICIAL DE ALTO CRESCIMENTO (HEA) POR GRUPO DE PASES (2004-2009)

Percentagem da Populao Adulta entre 18 e 64 anos

Fonte: pesquisa Gem 2002 a 2009.QUADRO 6 EMPREENDEDORES SEGUNDO FAIXA ETRIA BRASIL (2009)Faixa Etria(anos) 18 a 24 25 a 34 35 a 44 45 a 54 55 a 64 TEA Total Taxa (%) 13,5 17,9 18,7 14,4 6,5 Proporo (%) 20,8 31,7 28,2 15,0 4,3

5,0% 4,5% 4,0% 3,5% 3,0% 2,5% 2,0% 1,5% 1,0% 0,5%

Quando se avalia a proporo dos empreendedores brasileiros segundo a faixa etria, mais uma vez, em toda a srie histrica esse comportamento nunca se alterou: na faixa de 25 a 34 anos que est concentrada a maior parte dos empreendedores brasileiros, 31,7%. Aspiraes empreendedoras neste tpico, so utilizados dados acumulados de seis anos da pesquisa Gem (20042009) e dados de pases cujo tamanho de amostra acumulada nesse perodo foi suficiente para a realizao dos clculos e anlises (bosma; levie, 2010).

Fonte: bosma; levie (2010).

10

Jamaica ndia Venezuela Mxico Hungria frica do Sul Srvia Romnia Brasil Crocia Equador Tailndia Letnia Ir Uruguai Turquia Repblica Dominicana Argentina Rssia Chile Per Colmbia China Finlndia Espanha Blgica Japo Grcia Frana Itlia Holanda Sucia Alemanha Suia Eslovnia Dinamarca Reino Unido Noruega Austrlia Israel Irlanda Cingapura Hong Kong Canad Estados Unidos Islndia Emirados rabes UnidosFactordriven Efficiency-driven Innovation-driven

Fonte: pesquisa Gem 2009.

0,0%

empreendedorismo no brasil 2009

Com relao inteno de criao de postos de trabalho propriamente dita, os empreendedores brasileiros mostram-se pouco confiantes nas possibilidades de expanso do seu empreendimento, como indica o quadro 7. pouco mais de 50% dos empreendedores (2009) no possuem expectativa de criao de empregos no prazo de cinco anos, e menos de 15% objetivam gerar seis ou mais postos de trabalho. o ano de 2009 pode ser considerado como um dos mais limitados no que se refere expectativa de criao de novos empregos. ao mesmo tempo em que aumenta a proporo dos empreendedores que no pretendem gerar postos de trabalho, diminui a proporo daqueles mais ambiciosos, com forte inteno geradora de empregos. em comparao com o ano anterior (2008), houve uma reduo de 30% na proporo de empreendedores que declaram a inteno de gerar seis ou mais postos de trabalho no prazo de cinco anos. esse dado pode ser explicado pelo fato de que, no perodo em que a pesquisa de campo foi realizada, em 2008, ainda no haviam eclodido os principais fatos relacionados crise econmica mundial, e o pas mostrava constantemente fortes sinais de crescimento na sua economia portanto, o otimismo era a tnica do ambiente de negcios , enquanto em 2009, apesar de sinais de recuperao nos principais indicadores econmicos, persistia ainda a insegurana quanto s possibilidades reais de recuperao.QUADRO 7 PROPORO DE EMPREENDEDORES SEGUNDO EXPECTATIVA DE CRIAO DE EMPREGO - BRASIL (2002-2009)

nesses aspectos, pouca variao tem ocorrido no pas nos ltimos anos (quadros 8 e 9). a grande maioria dos empreendedores afirma que os produtos ou servios disponibilizados sero conhecidos por todos os consumidores, pouco mais de 80%, considerando-se a mdia do perodo 2004 a 2009. dito de outra forma, o brasil possui um dos menores ndices de novidade de produto entre todos os pases participantes: pouco mais de 15% dos empreendedores afirmam que seu produto ser reconhecido como novidade por pelo menos alguns de seus consumidores.QUADRO 8 EMPREENDEDORES SEGUNDO CONHECIMENTO DO PRODUTO - BRASIL (2004-2009)Produto ou servio 2009 Novo para todos Novo para alguns Ningum considera novo Total 5,4 11,1 83,5 100,0 2008 3,4 13,1 83,5 100,0 Empreendedores Iniciais - Brasil Proporo (%) 2007 3,3 17,1 79,7 100,0 2006 13,7 9,7 76,5 100,0 2005 4,5 10,9 84,5 100,0 2004 1,9 13,6 84,5 100,0 2004:2009 5,4 12,6 82,1 100,0

Fonte: pesquisa Gem 2004 a 2009.

Expectativa de criao de emprego ( 5 ano) Nenhum emprego De 1 a 5 empregos De 6 a 19 empregos Mais de 20 empregos Total

Empreendedores Iniciais-Brasil Proporo (%) 2009 50,6 34,2 11,4 3,8 100,0 2008 45,5 32,8 13,8 7,9 100,0 2007 46,6 38,2 12,6 2,6 100,0 2006 40,9 40,9 10,9 7,3 100,0 2005 31,3 47,2 17,6 4,0 100,0 2004 40,9 40,4 13,9 4,8 100,0 2004:2009 42,6 39,0 13,4 5,1 100,0

Quando se trata da intensidade da concorrncia a que ser ou est submetido um empreendimento, nota-se que os empreendedores brasileiros tm pouca percepo quanto ocupao de nichos de mercado, pois cerca de 95% dos empreendimentos se localizam em ambientes onde so expostos a algum nvel de concorrncia direta. Complementarmente a essa avaliao, em torno de dois teros dos empreendimentos esto submetidos a muita concorrncia.QUADRO 9 EMPREENDEDORES SEGUNDO QUANTIDADE DE CONCORRENTES - BRASIL (2004-2009)Empreendedores Iniciais-Brasil Proporo (%) 2009 2008 65,0 27,8 7,2 100,0 2007 56,1 37,0 6,9 100,0 2006 61,5 33,2 5,3 100,0 2005 68,6 28,6 2,7 100,0 2004 65,3 28,7 6,0 100,0 2004:2009 64,0 30,3 5,7 100,0

Fonte: pesquisa Gem 2004 a 2009.

Concorrncia Muitos concorrentes Poucos concorrentes Nenhum concorrente Total

Orientao inovao na atividade empreendedora

67,6 26,4 6,0 100,0

o Gem avalia a inovao no empreendedorismo, investigando junto aos empreendedores o quanto o produto ou servio pode ser considerado novo perante os consumidores. em outras palavras, quanto menos familiar for o produto para o pblico-alvo do empreendimento, maior contedo inovador o empreendimento apresenta. ainda no sentido de oferecer parmetros para a anlise da inovao no empreendedorismo, o Gem averigua a intensidade da concorrncia a que os negcios criados esto submetidos. os empreendedores so instados a avaliar se h muitos, poucos ou nenhum concorrente operando no mesmo ambiente do seu empreendimento, oferecendo produtos e servios semelhantes.

Fonte: pesquisa Gem 2004 a 2009.

associando-se as duas medidas, combinando-se produto x mercado, ou seja, considerando-se os empreendedores que simultaneamente afirmam que seus produtos so considerados novos para pelo menos alguns consumidores e que tero pouca ou nenhuma

11

empreendedorismo no brasil 2009

concorrncia no ambiente onde esto inseridos, verifica-se que o brasil tem a menor proporo (8,2%) de empreendimentos com algum contedo inovador entre todos os pases analisados (figura 10).

QUADRO 10 EMPREENDEDORES EM ESTGIO INICIAL E EXPECTATIVA DE EXPORTAO BRASIL (2004-2009)Empreendedores Iniciais -Brasil Proporo (%) 2009 2008 0,4 3,6 11,2 84,8 100,0 2007 0,9 3,1 11,6 84,4 100,0 2006 4,2 4,2 10,7 80,9 100,0 2005 0,0 2,3 16,3 81,4 100,0 2004 0,6 0,6 9,1 89,7 100,0 2004:2009 1,3 2,7 10,9 85,1 100,0

Concorrncia De 75 a 100% dos consumidores De 25 a 74% dos consumidores De 1 a 24% dos consumidores Nenhum Total

FIGURA 10 EXPECTATIVA DE INOVAO (PRODUTO X MERCADO) POR GRUPOS DE PASES (2004-2009)

1,4 2,4 6,8 89,5 100,0

50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5%ndia Venezuela Jamaica Brasil Hungria China Ir Rssia Repblica Dominicana Srvia Romnia Equador Crocia Tailndia Turquia Letnia Mxico Colmbia frica do Sul Peru Argentina Uruguai Chile Japo Cingapura Hong Kong Itlia Grcia Finlndia Espanha Blgica Sucia Alemanha Israel Austrlia Estados Unidos Reino Unido Holanda Sua Noruega Frana Emirados rabes Unidos Canad Irlanda Islndia Eslovncia Dinamarca Factordriven Efficiency-driven

Fonte: pesquisa Gem 2004 a 2009

em 2009, houve uma reduo de 30% de empreendedores que manifestam a inteno de atuarem com alguma orientao internacional (10,6% dos empreendedores) em relao a 2008, ano em que 15,2% dos empreendedores manifestaram tal inteno (quadro 10). EMPREENDEDORISMO E A CRISE DE 2008-2009 no dia 15 de setembro de 2008, os jornais americanos noticiaram a maior declarao de falncia da histria americana, quando o banco lehman brothers sucumbiu finalmente a um lento e mal sucedido processo de busca por auxlio. sua fragilidade surgiu do imenso volume de ttulos que perderam valor com a crise de confiana no sistema bancrio mundial. Cerca de oito meses depois, a sadia s/a foi comprada pela perdigo s/a, e surgiu em 19 de maio de 2009 o segundo maior conglomerado frigorfico do brasil. a fuso foi motivada pela situao delicada nas finanas da sadia causada por excessivos investimentos no mercado financeiro em detrimento de investimentos na produo.

0%

os fatos acima so eventos que marcaram a crise e sua dimenso na economia americana e seus reflexos pelo mundo. no brasil, a crise tornou-se tambm evidente, porm, os impactos foram sentidos Innovation-driven em propores menores do que nos estados Unidos da amrica (eUa). os resultados da economia Produtos novos para clientes e no muitos concorrentes brasileira em termos de produto interno bruto mantiveram-se em torno de 5% em 2007 e 2008, quando a economia americana j enfrentava forte desacelerao. em 2009, a crise atingiu seu auge, e a reFonte: bosma; levie (2010). cesso foi confirmada por trs trimestres consecutivos de recuo do pib tanto na economia brasileira outra medida da aspirao empreendedora descreve a orientao internacional dos em- quanto na americana. preendimentos em estgio inicial. esse indicador baseia-se na quantidade de clientes proa escolha dos eUa como termo de comparao foi feita para explicitar as possveis diferenas entre venientes de outros pases; portanto, refere-se tanto s exportaes como ao atendimenos dois pases no que concerne atividade empreendedora. inicialmente, por ter sido a economia to a clientes estrangeiros que compram produtos via comrcio eletrnico ou a turistas em americana o epicentro da crise que atingiu em cadeia a economia mundial, mas tambm por serem visita ao pas. os dois pases importantes atores no cenrio geopoltico atual. a derradeira razo que ambos possuem uma estimativa elevada de empreendedores em termos absolutos. o brasil, nessa referncia de anlise, apresenta uma das menores intenes de insero no mercado internacional. isso pode ser explicado, em parte, pela extenso territorial bra- Uma questo a ser melhor compreendida com base nessa comparao como a atividade empresileira, na qual o percentual da populao situada em reas de fronteiras baixo, e pelo endedora afetada pela recesso, particularmente aquele empreendedorismo em estgio inicial, forte apelo que a demanda de consumo interno exerce sobre os vetores da economia pois ele que est contido nesse perodo de intempries e mudanas. nacional.

12

empreendedorismo no brasil 2009

no trivial encontrar uma relao entre a atividade empreendedora medida pela pesquisa Gem com os indicadores usuais de atividade econmica, pois o empreendedorismo investigado pela pesquisa considera o indivduo como foco de anlise e amplia a concepo de atividade empreendedora para alm daquela que se estabelece formalmente como empresa. o indicador de interesse nesse contexto a Tea, que capta o empreendedorismo em seu estgio inicial. Uma primeira comparao que pode ser feita para buscar informaes sobre como se comportou a atividade empreendedora durante a recesso com a variao da produo nos pases. ao se comparar a Tea com a variao anual do produto interno bruto (pib) nos anos de 2007, 2008 e 2009 (estimado) (Fmi, 2009), pode-se observar, conforme a figura 11, que a economia americana sofreu uma desacelerao de 2007 para 2008 e uma retrao de 2008 para 2009. na economia brasileira, o padro foi semelhante, com desacelerao de 2007 para 2008 e retrao de 2008 para 2009. a diferena entre os dois pases est no patamar de crescimento entre as duas, que, no caso do brasil, estava em torno de 5%, e para os eUa estava em torno de 1%. a retrao americana tambm foi mais significativa do que a brasileira. o indicador da atividade empreendedora, considerando-se o mesmo perodo, apresentou um pequeno crescimento de 2007 para 2008 nos eUa e sofreu um decrscimo em 2009. ressalte-se que a Tea no se refere variao anual da atividade empreendedora e sim quantidade estimada de pessoas empreendendo em cada grupo de 100; portanto, a correlao entre as duas variveis ter sempre ressalvas. no brasil, a atividade empreendedora apresentou um decrscimo de 2007 para 2008 e elevou-se em 2009. Uma primeira constatao pode ser feita pela aparente proporcionalidade entre a menor velocidade da economia americana e o menor nvel da Tea e a maior velocidade da atividade econmica no brasil e o maior nvel da Tea no pas.FIGURA 11 COMPARAO ENTRE BRASIL E USA20

olhando-se mais detalhadamente para economia brasileira e estendendo-se o perodo de anlise at 2002, pode-se observar que a variao anual do pib per capita e o valor anual da Tea tm comportamentos semelhantes, com exceo do ano de 2009, quando caminham em direes opostas. ao se considerar a variao anual da Tea, a semelhana torna-se menos explcita, mas a divergncia na direo para o ano de 2009 evidente. a figura 12 apresenta as duas formas de se comparar a Tea com o pib per capita.FIGURA 12 PRODUTO INTERNO BRUTO E EMPREENDEDORISMO

30 25 20 15 10 Porcentagem (%) 5 0 -5 -10 -15

PIB per capita TEA VAR TEA

15

-20 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

10 2007 5 2008 2009 0

Fonte: ibGe e Gem 2009.

outra questo relevante nesse contexto de crise entender em que medida o empreendedorismo presta-se como mecanismo para reverter uma tendncia de queda na atividade econmica e transform-la em uma tendncia de alta. no brasil, o impacto da crise foi sentido mais fortemente pelos indicadores de atividade econmica em 2009, entretanto, a atividade empreendedora observou um aumento. ao longo do perodo, a atividade empreendedora e a atividade econmica caminharam em trajetrias semelhantes. Certamente, no se pode estabelecer uma causalidade ou covarincia entre as duas sries, entretanto, uma concluso possvel que a atividade empreendedora uma das causas para a gerao de renda e elevao do pib dos pases.

-5 PIB EUA TEA EUA PIB BRASIL TEA BRASIL

Fonte: World economic outlook, out. 2009 e Gem 2009.

13

empreendedorismo no brasil 2009

o ponto de interesse ento saber por que ocorreu esse aparente descolamento entre os ao se retomar a comparao com a economia norte-americana, a diferena entre a motivao para empreender apresenta-se significativa nos anos de crise. em 2009, a Tea caminhos da atividade econmica e a capacidade empreendedora nacional. brasileira de empreendedores por oportunidade ultrapassa a Tea dos eUa para o mesmo Uma possvel explicao seria que, embora a economia brasileira tenha entrado em estado quesito. Uma possvel explicao para isso est na menor dependncia das empresas de alerta em funo da crise na economia financeira mundial, o crescimento recente, for- brasileiras, no perodo recente, das receitas extraordinrias geradas no mercado financeitemente pautado no investimento e no consumo de mquinas e equipamentos, gerou um ro. outra explicao possvel est na disponibilidade de ttulos pblicos com rentabilidade ambiente de cautela, mas ainda favorvel ao esprito empreendedor brasileiro. isso , de elevada e cada vez mais acreditados no mercado financeiro nacional. a figura 14 apresenta certa forma, o que indica a curva da taxa de empreendedorismo por oportunidade, princi- a comparao entre os dois pases em relao motivao para empreender. palmente para os anos de 2007, 2008 e 2009. Complementarmente, a crise tambm teve efeitos sobre o emprego, o que gerou tambm um contingente significativo de pessoas FIGURA 14 COMPARAO ENTRE BRASIL E EUA: MOTIVAO que tiveram que buscar na atividade empreendedora uma soluo para a manuteno do padro de consumo. 12 se a curva de oportunidade se manteve crescente mesmo com a desacelerao da produo real, a curva de necessidade inverte sua direo em 2009 (figura 13), quando a crise atinge seu ponto mais grave no perodo analisado. Cabe destacar que, mesmo com a atividade empreendedora em estgio inicial crescendo nos anos da crise econmica mundial, o resultado sobre o agregado da riqueza nacional ainda foi negativo. isso certamente reflete o peso da economia formal e consolidada que depende mais fortemente de fluxos externos de capital para ampliar a produo e at mesmo continuar a atuar.FIGURA 13 PRODUTO INTERNO BRUTO E MOTIVAO PARA EMPREENDER

10

8 TEA (Motivao) EUA OP 6 EUA NE BRA OP 4 BRA NE

10

2

05 Porcentagem (%) PIB per capita Oportunidade Necessidade 0

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

Fonte: Gem 2009

a atividade empreendedora nos eUa sofreu fortemente com o agravamento da crise, no por uma substituio da motivao para iniciar um empreendimento, mas com o desaparecimento de oportunidades visveis de negcios que estimulassem a ao empreendedora. Com o crescimento recente e a melhoria nas instituies nacionais, o brasil tornou-se um lugar com mais oportunidades para empreender do que os eUa. essa tendncia possivelmente foi resultado das opes diferentes nos anos recentes. o primeiro ponto divergente se refere postura do governo em relao ao controle do mercado financeiro. nos eUa, a busca por entidades autorreguladas e com baixa interferncia do estado levou a uma crise de confiana que resultou na interveno do governo americano para auxiliar as instituies que estavam em risco. no brasil, a regulamentao

-5 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Fonte: ibGe e Gem 2009.

14

empreendedorismo no brasil 2009

do sistema financeiro nacional permitiu que episdios com fraudes contbeis de enormes propores em geral, os especialistas em pases economicamente mais desenvolvidos atribuem (caso enron) no ocorressem. nesse contexto, a forte dependncia do mercado financeiro para alavan- classificaes mais altas s eFCs. o nico item em que a avaliao dos especialistas car a produo e o consumo nos eUa certamente foi um fator para a reduo das oportunidades para brasileiros superior quela realizada pelos especialistas de pases innovation-driven empreender durante o perodo de recesso, o que no se observou no brasil. o que se refere dinmica do mercado interno, fator este em que a mdia do brasil outro ponto importante est na diferena de postura na poltica internacional, pois a poltica externa ame- superior tambm mdia dos demais grupos de pases. ricana, pautada na manuteno da guerra contra o terror, gerou um crescente dficit nas contas do governo americano que limitou a capacidade de implementao de polticas anticclicas para evitar um evidentemente, os especialistas nas economias factor-driven podem ter diferentes ponaumento do desemprego e a reduo no consumo das famlias. no caso do brasil, que por muitos anos manteve-se com uma poltica de austeridade fiscal para reduo do endividamento externo e controle tos de referncia em comparao com seus colegas em pases innovation-driven. isso da proporo dvida/pib em patamares inferiores a 50% do pib, o governo pde implementar polticas pode explicar por que as diferenas observadas entre os trs grupos de pases no so como a iseno fiscal e tributria em segmentos mais duramente atingidos pelo encolhimento do mer- muito elevadas. Fatores que mostram as diferenas mais pronunciadas entre as fases de cado internacional e pela ausncia de crdito. desenvolvimento econmico incluem polticas governamentais, programas de governo, AVALIAO DOS ESPECIALISTAS NACIONAIS transferncia e desenvolvimento de tecnologia, infraestrutura comercial e profissional, abertura de mercado interno e infraestrutura fsica. As Condies que Afetam o Empreendedorismo - EFCs (Entrepreneurial Framework Conditions) as eFCs refletem as principais caractersticas do ambiente socioeconmico de um pas, em relao s a avaliao do fator apoio financeiro foi particularmente baixa em 2009. isso pode ser reflexo da crise financeira global. Comparando-se as avaliaes obtidas nos trs diferenquais se espera que tenham um impacto significativo na atividade empreendedora. tes grupos de pases e a percepo dos especialistas brasileiros, possvel perceber um 1 para cada uma destas eFCs , pelo menos 36 especialistas em cada pas realizaram suas avaliaes, de forma objetiva, utilizando a escala likert de cinco pontos para verificar se as condies atuais existentes posicionamento mais crtico dos brasileiros em relao aos seguintes fatores: polticas configuram-se como fatores favorveis ou limitantes ao empreendedorismo e inovao em seus res- governamentais, educao bsica e educao superior. pectivos pases. Uma viso geral dos resultados de cada condio nos diferentes grupos de pases, divididos por seu Comparando-se os escores em cada item, no possvel perceber diferenas entre os estgio de desenvolvimento econmico, fornecida na Figura 15. pases; desse modo, a fim de possibilitar anlises comparativas entre eles, h no quadro 11 a identificao dos trs principais itens com escores mais altos e mais baixos em cada FIGURA 15 AVALIAO DAS EFCS (ENTREPRENEURIAL FRAMEWORK CONDIpas. TIONS) PELOS ESPECIALISTAS NACIONAIS, POR GRUPOS DE PASES 20095,0

4,0

em praticamente todos os pases, o item relativo a educao e formao no ensino primrio e secundrio classificado como um dos trs piores eFCs (as excees so letnia, rssia e dinamarca). Quase dois teros dos pases factor-driven classificam o item educao superior como positivo, em comparao com cerca de um sexto nos pases innovation-driven. no brasil, esse item no est entre os trs principais, sejam eles positivos ou negativos.Infraestrutura com. e prof. Mercado interno -dinmica Educaoensino fund. e mdio Mercado interno -abertura Polticas governamentais -regulao Programas governamentais Polticas governamentais -geral P&D/transfer. tecnologia Infraestrutura fsica Apoio financeiro Educaosuperior Normas sociais e culturais

3,0 Escala likert (1= Mnimo, 5=Mximo)

2,0

1,0

no brasil, os especialistas, alm da educao bsica, reputam que os fatores mais limitantes referem-se s polticas governamentais de apoio ao empreendedorismo, tanto quelas de cunho geral quanto s que versam sobre a regulao da atividade das emprePases efficiency-driven Pases innovation-driven sas novas e em crescimento. as condies melhor avaliadas foram a dinmica econPases factor-driven Brasil Fonte: bosma; levie (2010) e Gem brasil 2009. mica do mercado interno no brasil, a infraestrutura fsica disponvel no pas (em pratica1 so elas: apoio financeiro, polticas governamentais, programas governamentais, educao e ca- mente todos os pases essa condio foi uma das melhor avaliadas), sobretudo no que se pacitao, pesquisa e desenvolvimento (transferncia de tecnologia), infraestrutura comercial refere a telecomunicaes e internet, e, por fim, o fator normas sociais e culturais, visto e profissional, acesso ao mercado e barreiras entrada, acesso infraestrutura fsica, normas pelos especialistas como favorvel ao desenvolvimento de atividades empreendedoras. culturais e sociais.

15

empreendedorismo no brasil 2009QUADRO 11 CONDIES QUE AFETAM O EMPREENDEDORISMO (EFCS) MAIS POSITIVAS (+) E MAIS NEGATIVAS (-), POR PASES QUADRO 11 CONDIES QUE AFETAM O EMPREENDEDORISMO (EFCS) MAIS POSITIVAS (+) E MAIS NEGATIVAS (-), POR PASES

1 apoio Financeiro 2a poltica Governamental - Geral 2b poltica Governamental regulao 3 programas Governamentais 1 Factor-driven Guatemala Jamaica arbia saudita sria Tonga Uganda Venezuela + 2a 2b 3

4a educao - ensino Fundamental e mdio 4b educao - ensino superior 5 p&d Transferncia de Tecnologia 6 infraestrutura Comercial 4a 4b 5 6

7a mercado interno dinmico 7b abertura do mercado interno 8 infraestrutura Fisica 9 normas Culturais e sociais 7a 7b 8 9 Efficiency-driven

1 apoio Financeiro 2a poltica Governamental - Geral 2b poltica Governamental regulao 3 programas Governamentais 1 2a 2b 3

4a educao - ensino Fundamental e mdio 4b educao - ensino superior 5 p&d Transferncia de Tecnologia 6 infraestrutura Comercial 4a 4b 5 6

7a mercado interno dinmico 7b abertura do mercado interno 8 infraestrutura Fisica 9 normas Culturais e sociais 7a 7b 8 9

-

+ + + +

+

+ + + + + + + + + + + +

argentina bsnia e Herzegovina Brasil Chile Colmbia Crocia repblica dominicana equador Hungria litunia malsia panam peru rssia srvia frica do sul Tunsia Uruguai -

+

-

-

+ -

+ + + + -

+ + + + + + + + + + + +

+ + + + + + + +

-

+

+ +

-

-

-

+ + + + + + + + + +

-

-

-

+ + + + -

+ + + + + + + +

+ + -

+

+ + + -

16

empreendedorismo no brasil 2009QUADRO 11 CONDIES QUE AFETAM O EMPREENDEDORISMO (EFCS) MAIS POSITIVAS (+) E MAIS NEGATIVAS (-), POR PASES

1 apoio Financeiro 2a poltica Governamental -Geral 2b poltica Governamental regulao 3 programas Governamentais 1 2a 2b 3

4a educao - ensino Fundamental e mdio 4b educao - ensino superior 5 p&d Transferncia de Tecnologia 6 infraestrutura Comercial 4a 4b 5 6

7a mercado interno dinmico 7b abertura do mercado interno 8 infraestrutura Fisica 9 normas Culturais e sociais 7a 7b 8 9

Innovation-driven blgica dinamarca Finlndia alemanha Grcia Hong Kong islndia israel itlia Holanda noruega eslovnia Coria do sul espanha sua emirados rabes Unidos reino Unido estados UnidosFonte: bosma; levie (2010).

+ + + + + + +

+ + + + -

+ + + + + +

-

+

+ + + +

+

+ + + + +

+ + + + + + + + + + + + + + -

+ + + + + + + + + + +

-

+

17

empreendedorismo no brasil 2009

18

empreendedorismo no brasil 2009

REFERNCIASbosma, n; leVie, J. Global Entrepreneurship Monitor 2009 executive report. santiago: Global entrepreneurship research association, 2010. Gries, T; naUde, W. Entrepreneurship and Structural Economic Transformation. Helsinki: UnU Wider research papers, 2008. ibQp instituto brasileiro da Qualidade e produtividade. Empreendedorismo no Brasil: 2003. Curitiba: ibQp, 2004. ________ . empreendedorismo no brasil: 2004. Curitiba: ibQp, 2005. ________ . empreendedorismo no brasil: 2005. Curitiba: ibQp, 2006. ________ . empreendedorismo no brasil: 2006. Curitiba: ibQp, 2007. ________ . empreendedorismo no brasil: 2007. Curitiba: ibQp, 2008. ________ . empreendedorismo no brasil: 2008. Curitiba: ibQp, 2009. sCHWab, K. Global Competitiveness Report 2009-2010. Genebra: World economic Forum, 2009. disponvel em .

19

empreendedorismo no brasil 2009

20