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i Farmácia Confiança Ermesinde Sara Patrícia Costa Pimenta

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Farmácia Confiança Ermesinde

Sara Patrícia Costa Pimenta

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ii

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Confiança, Ermesinde

1 de março a 14 de julho de 2018

Sara Patrícia Costa Pimenta

Orientador: Dra. Cláudia Raquel Fernandes Freitas

Tutora FFUP: Professora Doutora Susana Isabel Pereira Casal

Vicente

setembro de 2018

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

iii

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro

curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores

(afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e

encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com

as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui

um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 12 de setembro de 2018

Sara Patrícia Costa Pimenta

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

iv

Agradecimentos

Ao terminar mais uma etapa crucial da minha vida, e orgulhosa do todo o meu percurso

para chegar aqui, é tempo de olhar para trás e agradecer a todos aqueles que contribuíram para

uma das melhores fases vividas.

Em primeiro lugar gostaria de deixar o meu sincero e profundo agradecimento à

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, bem como a todos os docentes e à Comissão

de Estágios, por todos os dias prezarem por um ensino de excelência, elevando o nome da nossa

faculdade e contribuindo para a formação de excelentes profissionais.

À minha orientadora, Professora Doutora Susana Casal, deixo também o meu maior

agradecimento por toda a disponibilidade demonstrada durante o estágio, e pelo incansável

apoio e acompanhamento.

No que diz respeito ao estágio na Farmácia Confiança agradeço, do fundo do meu

coração, a toda a equipa sem qualquer exceção, por todo o carinho e à vontade que me

proporcionaram no decorrer do meu estágio.

À Dra. Raquel Freitas, diretora técnica da farmácia e minha orientadora, agradeço a

oportunidade e a forma como me acolheu na sua farmácia. A sua boa disposição, compreensão

e vontade de ensinar proporcionou-me um estágio bastante enriquecedor quer a nível

profissional, por enriquecimento técnico e científico, quer a nível pessoal.

À Dra. Alexandra, não posso deixar de agradecer por desde o primeiro dia me fazer sentir

em casa, com todas as brincadeiras a que me habituou todos os dias e por tudo o que me ensinou

acerca da gestão de uma farmácia.

Pela simpatia constante, boa disposição, carinho, pela atenção que sempre me

dispensou e confiança em mim depositada, agradeço à Dra. Elsa.

A todos os restantes colaboradores da Farmácia Confiança agradeço por marcarem cada

um à sua maneira a minha vida e por fazerem de mim uma pessoa melhor. Agradeço à Catarina

Marques por todo o constante apoio e por todas as nossas conversas, ao António Pereira, por

puxar por mim todos os dias incutindo a vontade de querer saber sempre mais, à Lara Sousa,

por todos os conselhos e ensinamentos, à Patrícia, pela sua doçura característica e por me ter

acompanhado de perto todos os dias, à Fernanda Nogueira, pela maturidade e experiência

transmitidas e finalmente mas não menos importante à Sónia Guimarães, por tudo o que me

ensinou, por me acolher e me ambientar à Farmácia explicando a sua dinâmica e pela amizade

demonstrada.

Um dos maiores agradecimentos vai para todos os amigos e colegas de curso, por todos

os momentos que partilhamos e por todo o apoio nos momentos mais difíceis, por sempre me

guiarem no melhor caminho. Aqui não posso deixar de agradecer à Catarina Nogueira, amiga

que levo comigo desde o estágio e que me ajudou em tudo, sem dúvida uma das melhores

pessoas que conheci durante este meu percurso.

Por fim agradecer aos meus familiares, em especial aos meus pais, que sempre foram o

meu pilar durante estes 5 anos, acreditaram em mim, depositando toda a sua confiança e

apoiando todas as minhas decisões.

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

v

Resumo

A farmácia comunitária constitui uma das diversas áreas de atuação profissional na

atividade farmacêutica. O espetro de atividades exercidas pelo farmacêutico comunitário

atualmente é bastante amplo. Cabe a este promover a saúde da população e apelar ao uso

responsável do medicamento, centrando sempre toda a sua atenção no utente.

O Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF), oferece uma vasta formação

nas ciências básicas e nas ciências farmacêuticas, sendo lecionado com um nível de excelência

característico. O culminar de 5 anos de MICF corresponde a um período de estágio curricular em

farmácia comunitária. É neste momento que ocorre o primeiro contato com a realidade

profissional, no qual o estudante é incluído numa equipa multidisciplinar passando pelas diversas

áreas da farmácia comunitária e onde tem oportunidade de colocar em prática todos os

conhecimentos adquiridos ao longo do curso. O estágio curricular oferece a melhor oportunidade

para estabelecer comunicação com os utentes e outros profissionais de saúde, estimulando a

aprendizagem diária crucial para um bom desempenho farmacêutico.

O período de estágio foi essencial na minha formação, pois deu-me oportunidade de

conhecer a realidade de uma farmácia comunitária, a forma como se deve gerir uma farmácia e

permitiu o meu contato com a realidade profissional que o futuro me reserva, contribuindo

também para o meu crescimento a nível pessoal, com aumento da autonomia e sentido de

responsabilidade.

No presente relatório, relativo aos 4 meses e meio passados na Farmácia Confiança sob

a orientação da Dra. Raquel Freitas, encontra-se descrito todo o meu percurso durante este

tempo. O relatório encontra-se dividido em duas partes, uma primeira na qual descrevo as

atividades realizadas na farmácia e, por fim, uma segunda parte na qual estão referidos os

projetos desenvolvidos.

A elaboração destes três projetos contribuiu para complementar a minha formação,

sendo focados temas como Doenças Cardiovasculares, Proteção Solar e Fotoenvelhecimento e

ainda Polimedicação e Adesão à Terapêutica. Estes projetos foram levados a cabo no sentido

de sensibilizar os utentes para problemas de saúde que cada vez mais afetam a população

Portuguesa, tentando incutir alterações no estilo de vida promovendo assim a melhoria da saúde

pública.

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

vi

Índice

Declaração de Integridade ............................................................................................................ iii

Agradecimentos............................................................................................................................. iv

Resumo ......................................................................................................................................... v

Índice ............................................................................................................................................. vi

Índice de tabelas ........................................................................................................................... ix

Índice de figuras ............................................................................................................................ ix

Índice de anexos ........................................................................................................................... ix

Lista de abreviaturas ..................................................................................................................... x

Parte 1 - Atividades desenvolvidas na Farmácia Confiança 1) Introdução .............................................................................................................................. 1

2) Farmácia Confiança .............................................................................................................. 2

2.1) Localização e Horário de Funcionamento ..................................................................... 2

2.2) Recursos Humanos ........................................................................................................ 2

2.3) Instalações e equipamentos .......................................................................................... 3

2.3.1) Espaço Exterior ........................................................................................................... 3

2.3.2) Espaço Interior ............................................................................................................ 3

2.4) Sistema Informático ....................................................................................................... 5

2.5) Comunicação e Divulgação/Marketing .......................................................................... 5

2.6) Utentes da FC ................................................................................................................ 5

3) Gestão em Farmácia Comunitária ........................................................................................ 6

3.1) Gestão de stocks ........................................................................................................... 6

3.2) Encomendas .................................................................................................................. 7

3.2.1) Realização de encomendas ........................................................................................ 7

3.2.2) Receção e conferência da encomenda/Marcação de preços ..................................... 8

3.3) Armazenamento ............................................................................................................. 9

3.4) Controlo dos prazos de validade.................................................................................... 9

3.5) Devoluções ................................................................................................................... 10

4) Dispensa de medicamentos e produtos de saúde .............................................................. 10

4.1) Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ................................................................... 11

4.1.1) Prescrição médica ..................................................................................................... 11

4.1.2) Validação, Conferência e Verificação do Receituário ............................................... 12

4.1.3) Sistemas de saúde, subsistemas e comparticipações ............................................. 12

4.1.4) Faturação .................................................................................................................. 13

4.1.5) Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ....................................................... 13

4.2) Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ........................................................... 14

4.2.1) Automedicação e Aconselhamento Farmacêutico.................................................... 14

4.3) Medicamentos e produtos manipulados ...................................................................... 15

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

vii

4.4) Medicamentos e produtos veterinários ........................................................................ 15

4.5) Produtos Dermocosméticos e de Higiene Corporal ..................................................... 16

4.6) Suplementos alimentares e Nutrição Específica ......................................................... 16

4.7) Produtos de Puericultura .............................................................................................. 17

4.8) Dispositivos médicos .................................................................................................... 17

5) Serviços prestados na Farmácia Confiança ....................................................................... 17

5.1) Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos ............................................ 17

5.1.1) Determinação da Pressão Arterial ............................................................................ 18

5.1.2) Testes bioquímicos rápidos ...................................................................................... 18

5.1.3) Medição de peso, altura, IMC e percentagem de gordura ....................................... 18

5.1.4) Teste de gravidez ...................................................................................................... 18

6) ValorMED ............................................................................................................................ 19

7) Formação contínua.............................................................................................................. 19

Parte 2 - Projetos desenvolvidos ao longo do estágio Projeto 1: Doenças Cardiovasculares: Prevenção de risco cardiovascular ............................... 20

1) Enquadramento ................................................................................................................... 20

2) Doenças cardiovasculares .................................................................................................. 20

3) Fatores de risco cardiovascular .......................................................................................... 21

3.1) Hipertensão arterial ...................................................................................................... 21

3.1.1) Medidas de prevenção .............................................................................................. 21

3.2) Diabetes ....................................................................................................................... 22

3.2.1) Medidas de prevenção .............................................................................................. 22

3.3) Dislipidemias ................................................................................................................ 23

3.3.1) Medidas de prevenção .............................................................................................. 23

3.4) Excesso de peso e obesidade ..................................................................................... 23

3.4.1) Medidas de prevenção .............................................................................................. 24

3.5) Tabagismo .................................................................................................................... 24

3.6) Uso abusivo de álcool .................................................................................................. 25

3.7) Genética ....................................................................................................................... 25

3.8) Idade e sexo ................................................................................................................. 25

4) Avaliação do risco cardiovascular ....................................................................................... 26

4.1) A quem se deve calcular o risco cardiovascular? ........................................................ 26

4.2) Como se calcula o risco cardiovascular ....................................................................... 26

4.2.1) Escala SCORE (Systematic Coronary Risk Evaluation) ........................................... 26

4.2.2) Limitações da escala SCORE ................................................................................... 27

5) Projeto: Rastreio Cardiovascular na Farmácia Confiança .................................................. 27

5.1) Questionário ................................................................................................................. 28

5.2) Conclusão .................................................................................................................... 29

Projeto 2: A pele e exposição solar – Fotoenvelhecimento ........................................................ 29

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

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1) Enquadramento ................................................................................................................... 29

2) A pele .................................................................................................................................. 29

2.1) Estrutura e função ........................................................................................................ 29

3) Exposição solar e efeitos na pele ........................................................................................ 31

3.1) Fotótipo da pele............................................................................................................ 31

3.2) Fotoenvelhecimento ..................................................................................................... 31

3.2.1) Radiação solar .......................................................................................................... 32

3.2.2) Alterações na pele envelhecida ................................................................................ 32

3.3) Medidas de prevenção ................................................................................................. 33

3.3.1) Fotoproteção ............................................................................................................. 33

3.3.2) Antioxidantes ............................................................................................................. 34

3.3.2.1) Vitaminas................................................................................................................ 34

3.3.2.2) Carotenoides .......................................................................................................... 34

3.3.2.3) Polifenóis ................................................................................................................ 35

3.3.2.4) Selénio ................................................................................................................... 35

3.3.2.5) Coenzima Q10 ....................................................................................................... 35

3.4) Tratamento do fotoenvelhecimento.............................................................................. 36

3.4.1) Laser e Radiofrequência ........................................................................................... 36

3.4.2) Peelings ..................................................................................................................... 36

3.4.3) Técnicas de Preenchimento ...................................................................................... 36

3.4.4) Produtos cosméticos ................................................................................................. 36

4) Projeto: Aconselhamento sobre Fotoenvelhecimento e Cuidados com a pele .................. 37

4.1 Relatos de aconselhamentos realizados ...................................................................... 37

4.2 Conclusão ...................................................................................................................... 38

Projeto 3: Polimedicação no idoso – Guia do utente .................................................................. 38

1) Enquadramento ................................................................................................................... 38

2) Principais alterações fisiológicas no idoso .......................................................................... 39

3) Adesão à terapêutica .......................................................................................................... 39

4) Projeto: criação de um guia do utente ................................................................................ 39

4.2 Conclusão ...................................................................................................................... 40

Conclusão .................................................................................................................................... 41

Bibliografia ................................................................................................................................... 42

Anexos ......................................................................................................................................... 49

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

ix

Índice de tabelas Tabela 1 - Cronograma das atividades desenvolvidas no estágio ............................................... 1

Tabela 2 - Fotótipo de pele - escala Fitzpatrick .......................................................................... 31

Índice de figuras

Figura 1: Exemplo de uma tabela SCORE ................................................................................ 27

Figura 2: Algoritmo clínico: risco CV ........................................................................................... 27

Índice de anexos

Anexo I - Espaço exterior da Farmácia Confiança ...................................................................... 49

Anexo II – Zona de atendimento da Farmácia Confiança ........................................................... 49

Anexo III - Gabinete da direção técnica e de atendimento privado ............................................ 50

Anexo IV - Zona de receção de encomendas ............................................................................. 50

Anexo V - Laboratório ................................................................................................................. 50

Anexo VI - Armazém ................................................................................................................... 50

Anexo VII - Flyers para promoção de atividades realizadas na FC ............................................ 51

Anexo VIII - Cartaz de sensibilização sobre Sarampo e Vacinação ........................................... 52

Anexo IX - Inquérito realizado aos utentes no dia do rastreio cardiovascular ............................ 52

Anexo X - Resultados do Inquérito realizado aos utentes participantes no rastreio .................. 53

Anexo XI – Panfleto sobre doenças cardiovasculares ................................................................ 54

Anexo XII – Panfleto sobre Cuidados com a pela e Fotoenvelhecimento .................................. 55

Anexo XIII – Guia do utente ........................................................................................................ 56

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

x

Lista de abreviaturas ANF – Associação Nacional de Farmácias

ARS - Administração Regional de Saúde

AVC – Acidente Vascular Cerebral

BPF – Boas Práticas Farmacêuticas

CNP – Código Nacional do Produto

DCI – Denominação Comum Internacional

DCV – Doenças Cardiovasculares

DM – Dispositivo Médico

DT – Diretora Técnica

FC – Farmácia Confiança

GH – Grupo Homogéneo

MG – Medicamento genérico

MM – Medicamentos Manipulados

MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica

MUV – Medicamento de Uso Veterinário

OMS – Organização Mundial de Saúde

OTC – Over-the counters

PA- Pressão Arterial

PCHC – Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal

PIC – Preço Inscrito na Cartonagem

PS – Profissional de Saúde

PrS – Protetor Solar

PV – Prazo de Validade

PVF – Preço de venda à farmácia

PVP – Preço de venda ao Público

REP – Receita em papel

ROS – Espécies Reativas de Oxigénio

RSP – Receitas sem papel

SI – Sistema Informático

SNS – Sistema Nacional de Saúde

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

1

1) Introdução O papel do farmacêutico na área da Saúde tem vindo a revelar-se determinante nas

últimas décadas. Apresentando uma posição privilegiada, o farmacêutico comunitário contribui

em áreas como administração de medicamentos, determinação de parâmetros, identificação de

pessoas em risco, deteção precoce de diversas doenças e ainda promoção de estilos de vida

saudáveis.

A farmácia comunitária é uma das portas de entrada no Sistema de Saúde, sendo muitas

vezes a primeira opção a quem os utentes recorrem, dada a facilidade de acesso, a confiança

depositada pelos doentes na prestação de serviços e cuidados de saúde por parte do

farmacêutico e a relação de proximidade utente/farmacêutico [1].

O culminar dos meus 5 anos de curso no MICF, Mestrado Integrado em Ciências

Farmacêuticas, dá-se com o estágio profissionalizante em farmácia comunitária durante cerca

de quatro meses e meio. Esta unidade curricular equivalente a 30 créditos, é vital para a

consolidação de conhecimentos e aprendizagem, bem como para a preparação de um futuro

próspero como profissional de saúde responsável. Desde o dia 1 de março até ao dia 14 de julho,

estagiei na Farmácia Confiança (FC) em Ermesinde, sendo que no presente relatório descrevo

todas as atividades desenvolvidas durante este período. A orientação do meu estágio foi

assumida pela Dra. Cláudia Raquel Fernandes Freitas, diretora técnica e proprietária da FC, com

a qual acordei o seguinte horário de trabalho: das 9h às 13h e das 15h às 19h. Durante todo o

meu percurso na FC foi estabelecida uma relação de profissionalismo, confiança e flexibilidade

que permitiu criar um bom ambiente de trabalho possibilitando também ajustes a nível de horário,

quando eu precisasse ou quando as necessidades da farmácia os determinassem.

No cronograma a seguir representado (tabela 1), pode encontrar-se de forma resumida

as atividades que desenvolvi ao longo do estágio na FC.

Tabela 1 - Cronograma das atividades desenvolvidas no estágio

Atividades desenvolvidas

Meses

Março Abril Maio Junho Julho

Ambientação e contextualização

da dinâmica da farmácia

Receção e realização de

encomendas

Serviços farmacêuticos

Atendimento ao balcão

Formações

Receituário e gestão da farmácia

Projeto I

Projeto II

Projeto III

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

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2) Farmácia Confiança

2.1) Localização e Horário de Funcionamento

A Farmácia Confiança fica localizada na Rua Rodrigues de Freitas nº 1400, em

Ermesinde. A sua localização estratégica é bastante privilegiada, uma vez que se encontra em

frente à estação ferroviária, tirando assim proveito do elevado fluxo populacional. Encontra-se

bem no centro da cidade e com facilidade de acessos. É bastante conhecida entre os habitantes

na medida em que é uma das farmácias mais antigas da cidade, que acompanhou toda a

evolução e reestruturação do centro de Ermesinde. O facto do meio envolvente da farmácia ser

maioritariamente habitacional e comercial garante uma elevada afluência de utentes à mesma.

A FC encontra-se em funcionamento de segunda a sábado, com um horário de

funcionamento das 9h às 20h sem qualquer interrupção, estando geralmente aberta aos feriados

segundo o normal horário de funcionamento.

De forma excecional, a FC encontra-se aberta fora do horário estabelecido quando

cumpre turnos de serviço estipulados pela Associação Nacional de Farmácias (ANF) juntamente

com Administração Regional de Saúde (ARS). Em dias de serviço a farmácia encontra-se aberta

ao público durante toda a noite, sendo que no dia seguinte mantem o seu horário de

funcionamento normal até à hora de fecho. O atendimento é realizado através um

intercomunicador e a entrega dos medicamentos é realizada através de um postigo, para deste

modo aumentar a segurança do atendimento noturno. Durante o estágio fiz maioritariamente o

horário das 9h às 13h e das 15h às 19h de Segunda a Sexta.

2.2) Recursos Humanos

Segundo o Decreto-Lei nº 307/2017, a direção técnica de uma farmácia terá de ser

sempre assegurada por um farmacêutico, que deve promover a eficácia e qualidade dos serviços

prestados aos utentes [2]. A FC é constituída por um conjunto de excelentes profissionais, cada

um com funções e responsabilidades específicas, permitindo assim assegurar o bom

funcionamento e a qualidade de atendimento e prestação de serviços na farmácia. A equipa

técnica é então constituída por 9 elementos:

Dra. Raquel Freitas – Diretora Técnica (DT)

Dra. Alexandra Freitas – Gestora/Ajudante Técnica

Dra. Elsa Moreira – Farmacêutica Adjunta

Fernanda Nogueira – Ajudante Técnica

Patrícia Silva - Técnica Superior de Farmácia

Lara Sousa - Técnica Superior de Farmácia

Catarina Marques – Técnica Superior de Farmácia

Ricardo Freitas – Responsável pela Farmácia Online

Sónia Guimarães – Auxiliar de limpeza

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

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2.3) Instalações e equipamentos

Existem determinadas especificações que uma farmácia comunitária deve respeitar no

que diz respeito às instalações, quer a nível de espaço exterior como interior. De forma a cumprir

o estabelecido nas Boas Práticas Farmacêuticas (BPF) para farmácia comunitária, a FC mostra-

se um espaço adequado que garante a segurança e conservação dos seus produtos bem como

a privacidade dos utentes e dos próprios profissionais de saúde (PS) [3].

2.3.1) Espaço Exterior

No espaço exterior da FC (anexo I) pode ser observada uma cruz verde luminosa,

identificativa de uma farmácia. O respetivo nome da farmácia encontra-se com elevado

destaque, assim como o nome da diretora técnica. Afixado na porta de entrada, pode ser

encontrado o horário de funcionamento da farmácia bem como o mapa dos serviços da farmácia

do município. A FC possui duas montras de elevadas dimensões nas quais são promovidos

diversos produtos de diferentes marcas. Localizada no rés-do-chão de um edifício habitacional,

possibilita assim uma boa acessibilidade a todos os utentes, incluindo os que apresentam

mobilidade reduzida.

2.3.2) Espaço Interior

Constituída por um único piso, a FC encontra-se dividida em diferentes secções, todas

elas interligadas e em perfeita harmonia. No interior da farmácia podem ser encontradas 8 zonas

principais: zona de atendimento ao público, gabinete da direção técnica e atendimento privado,

escritório, zona de receção de encomendas, armazém, laboratório, sala com cacifos e zonas

sanitárias.

A zona de atendimento ao público (anexo II) é bastante ampla e espaçosa, apresentando

uma gôndola central e lineares em toda a sua extensão que permitem atrair os clientes para os

diversos produtos comercializados na farmácia. Estão disponíveis aos utentes 6 balcões de

atendimento, sendo que cada um dos postos encontra-se devidamente equipado com um

computador, impressora, leitor de código de barras, leitores de cartões de cidadão, caixa

registadora e terminal de multibanco. Ainda nesta zona podemos encontrar, para serviço

autónomo dos utentes, uma balança e um medidor de pressão arterial (PA) e um espaço infantil

onde as crianças podem brincar. Os utentes usufruem de um sistema de senhas e de um espaço

com cadeiras onde podem esperar pela sua vez. Para facilitar o atendimento, prestando assim

um serviço rápido e de qualidade, atrás dos balcões existem dois armários de pequenas

dimensões nos quais ficam guardados alguns medicamentos Over-the-counters (OTC) mais

vendidos na farmácia. Posicionadas mais atrás, encontram-se as gavetas de dispensação

rápida, que se estão organizadas segundo a forma farmacêutica, por ordem alfabética, havendo

separação de medicamentos de marca e medicamentos genéricos (MG).

Imediatamente a seguir a esta zona de atendimento temos o Gabinete de Direção

Técnica e de atendimento privado (anexo III). Neste gabinete ocorrem reuniões com entidades

externas e com delegados de informação médica bem como todas as formações contínuas

ministradas na farmácia. É neste local que a DT trata de todos os assuntos relacionados com a

gestão da farmácia. A prestação de serviços farmacêuticos aos utentes, como medição da PA,

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

4

determinação da glicémia, colesterol total e triglicerídeos também é realizada neste espaço,

assim como todo o tipo de atendimentos que necessite de uma maior privacidade.

Uma outra secção é a zona de receção de encomendas (anexo IV) situada na parte

traseira da farmácia. Esta região, de acesso exclusivo a pessoal autorizado, encontra-se

devidamente equipada com um computador, um leitor de código de barras, um balcão para a

colocação da encomenda, uma impressora e uma impressora de código de barras. Neste espaço

decorrem diversas atividades como receção de encomendas, devoluções, revisão de stock,

verificação de validades, entre outras.

A fazer ligação entre esta zona e as restantes zonas da farmácia temos um corredor

central que garante a dinâmica e organização da farmácia. Neste corredor podemos encontrar

um balcão e um frigorífico, no qual ficam armazenados todos os produtos termolábeis. É também

nesta região que podemos encontrar armazenados os produtos fitoterapêuticos, alguns produtos

de higiene íntima e oral e também medicamentos veterinários. Toda a documentação como é

exemplo, notas de crédito, notas de encomenda, faturas relativas ao ano atual fica armazenada

em capas numas prateleiras situadas por cima do balcão. Medicamentos psicotrópicos podem

ser encontrados no corredor central, guardados num armário específico, evitando assim o acesso

dos utentes aos mesmos, limitando tentativas de roubo.

A FC dispõe de um laboratório (anexo V) devidamente equipado de acordo com o

estipulado na Portaria n.º 594/2004, de 2 de junho [4]. É um espaço bem iluminado, com

condições de temperatura e humidade adequadas à preparação de manipulados e superfícies

de fácil limpeza e desinfeção. Os instrumentos para a preparação dos manipulados bem como

as matérias primas encontram-se arrumadas em armários fechados. Toda a documentação

relativa aos manipulados como fichas de preparação e Formulário Galénico Português

encontram-se devidamente arrumados também no laboratório.

O armazém (anexo VI) é o local onde são armazenadas as grandes quantidades de

produtos que não tem lugar nas gavetas ou local de exposição. Na FC a organização é um dos

aspetos mais prezados, motivo pelo qual o armazém se apresenta dividido segundo áreas

especificas de arrumação. Os medicamentos encontram-se organizados por forma farmacêutica,

tendo em conta a ordem alfabética e os prazos de validade. A arrumação é sempre realizada

segundo o princípio FEFO (first expired, first out). Os MG encontram-se separados dos

medicamentos de marca. São ainda armazenados no armazém produtos de higiene,

emagrecimento, leites e papas de bebé, produtos fitoterapêuticos e produtos de beleza. O

armazém encontra-se equipado com um balcão, um computador e uma impressora. Por vezes

ocorre neste espaço reuniões com alguns delegados de informação médica e realiza-se também

algumas encomendas. A confirmação do receituário e faturação tem também lugar a nível deste

espaço.

Existem ainda espaços como zonas sanitárias femininas e masculinas incluindo um

balneário, uma sala onde os profissionais de saúde podem descansar durante a sua hora de

pausa e onde estão disponíveis cacifos para guardar os pertences, e ainda um escritório onde

geralmente se realiza a contabilidade da farmácia e onde se encontra o cofre.

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2.4) Sistema Informático O sistema informático (SI) utilizado na FC é o Sifarma 2000®, desenvolvido pela Glintt,

que permite aos PS realizar uma série de funcionalidades contribuindo para um melhor

funcionamento e gestão da farmácia.

Com este sistema a gestão diária da farmácia, gestão de stocks e o processo de

atendimento ficam claramente facilitados. A nível do armazém todos os processos envolvem o

sistema nomeadamente, a gestão e receção de encomendas, controlo dos prazos de validade,

controlo de stock, devoluções, controlo dos preços dos produtos. No que diz respeito ao

atendimento, este sistema permite efetuar o processamento das receitas, fazer o

acompanhamento do doente e consultar informações científicas constantemente atualizadas

sobre o medicamento, interações, efeitos adversos, posologia e indicações terapêuticas [5].

2.5) Comunicação e Divulgação/Marketing

Na FC a comunicação dentro da equipa de profissionais é geralmente realizada pessoa

a pessoa, tentando sempre que todos os profissionais de saúde estejam a par de tudo o que

acontece na farmácia. O que acontece por vezes é que em tempo real, e dada a elevada

afluência à farmácia, nem sempre é fácil manter a comunicação. Para contornar este obstáculo

existe um placar de acesso limitado aos colaboradores no qual são colocadas informações

relevantes e recados ou lembretes.

No que diz respeito à comunicação com os utentes, esta é feita pessoalmente durante o

atendimento, tornando-o mais personalizado, mas também através da página do Facebook que

conta com cerca de 1200 seguidores. Nesta página são divulgadas promoções, atividades

realizadas na farmácia e também são promovidas ações de sensibilização dos utentes para

problemáticas atuais.

Durante o período de estágio tive a oportunidade de participar ativamente nas

divulgações utilizando a página do Facebook, realizando flyers (anexo VII) para promover a

participação dos utentes em atividades da farmácia e também realizando cartazes de

sensibilização (anexo VIII).

2.6) Utentes da FC

Na FC todos os dias são atendidos cerca de 300 utentes pertencentes a uma

comunidade bastante diversificada, dada a sua localização. Uma boa parte dos utentes são

residentes em Ermesinde, e sendo a FC uma das mais antigas da região, alguns utentes referem

ser já clientes da farmácia há muito tempo, havendo assim uma relação de fidelidade

estabelecida entre os utentes e a farmácia.

Por outro lado, pelo facto de estar localizada junto à estação ferroviária, existem muitos

utentes que visitam a farmácia, por necessidade imediata, não sendo clientes habituais. Isto faz

com que todos os dias os PS assumam o desafio de estabelecer fidelização com estes utentes.

O facto de ser uma farmácia moderna a nível de espaços internos e externos tem atraído para a

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FC uma variedade de novos clientes, um público mais jovem e com grau de exigência mais

elevado.

A maioria dos clientes que frequentam a FC diariamente pertencem à faixa etária da

terceira idade, muitos deles doentes crónicos polimedicados, predominantemente do sexo

feminino. Existe uma relação de extrema confiança entre a farmácia e os utentes, isto faz com

que alguns dos utentes tenham ao seu dispor uma ficha aberta, que facilita o crédito aos clientes

mais antigos, havendo uma regularização de todos os pagamentos, geralmente no final de cada

mês.

3) Gestão em Farmácia Comunitária

Segundo dados reportados pela ANF, o número de farmácias em insolvência quase que

triplicou desde 2012, passando de 241 (8,3% do total) para 630 (21,4% do total) em 2017. Esta

situação tem vindo a agravar-se de ano para ano, mas em 2017 atingiu proporções agudas,

sendo que 630 farmácias de um total de 2943 se encontram em situação financeira desfavorável.

Em 2018, cerca de um quinto das farmácias portuguesas entrou em situação de crise

económica, enfrentando não só processos de insolvência como também de penhora, não

havendo qualquer garantia de sobrevivência [6]. Esta situação faz com que a gestão de uma

farmácia seja um desafio que faz parte da vida dos farmacêuticos, tendo estes últimos a

necessidade de desenvolver competências de gestores no sentido de aumentar a rentabilidade

do seu negócio, valorizando sempre a componente ética da profissão [7].

3.1) Gestão de stocks

Garantir uma boa gestão de stock na farmácia comunitária é essencial para poder

responder de forma rápida e adequada às necessidades dos utentes. A gestão de stocks permite

à farmácia apresentar as quantidades de um determinado medicamento necessárias para

responder à procura do doente, evitando assim situações como rutura de stock e armazenamento

de produtos sem rotatividade. Deste modo gerir o stock permite atingir o equilíbrio financeiro e

gerir de forma racional os medicamentos e o capital disponíveis.

A gestão de stocks é condicionada por vários fatores como o perfil de vendas, hábitos

da prescrição médica, sazonalidade de alguns produtos, fundo de maneio da farmácia,

bonificações dos armazenistas e promoções de laboratórios, entre outros.

Na FC todos os produtos durante o seu circuito, desde a sua compra até à sua venda,

passam pelo SI de forma a garantir que o stock informático é o mais próximo possível do stock

real. Para cada um dos produtos existe um stock mínimo e um máximo no SI, estipulado pela

farmácia, tendo em conta a rotatividade do produto. Quando o stock mínimo é atingido gera-se

automaticamente uma encomenda que será depois avaliada e validada pelo responsável de

compras, sendo posteriormente enviada para o fornecedor. Estes valores de stock mínimo e

máximo devem ser revistos periodicamente, assim como deve ser realizada uma verificação

física de stock, para ajustar os valores informáticos sempre que possível. Na FC esta verificação

ocorre todos os meses, sendo que cada um dos PS possui uma lista de produtos e verifica as

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quantidades existentes na farmácia comparando com o stock informático. Durante o período de

estágio tive a oportunidade de acompanhar os PS nesta tarefa, seguindo todo o processo.

3.2) Encomendas

3.2.1) Realização de encomendas

A aquisição de medicamentos e outros produtos de saúde numa farmácia é feita

diariamente e influenciada por vários fatores como histórico de vendas, níveis de stock entre

outros. Os fornecedores são normalmente distribuidores grossistas ou laboratórios que enviam

os seus produtos diretamente ou através de um armazenista. Na escolha dos fornecedores

vigoram aspetos como a capacidade de rapidez da resposta (principalmente em situações de

emergência), cumprimento das datas e horas de entrega das encomendas, diversidade de

produtos em stock, facilidade de devoluções e condições de pagamento, descontos e

bonificações. Na FC os principais distribuidores grossistas são: Alliance Healthcare®, Cooprofar®

e OCP Portugal®.

As encomendas podem ser feitas via SI pelo Sifarma ou então em situações de maior

urgência, no caso de pedidos pontuais ou quando o produto nunca esteve disponível na farmácia

por telefone. Existem assim três tipos de encomendas aos distribuidores grossitas: diárias,

instantâneas e as do tipo via verde.

Na FC realizam-se duas encomendas diárias a cada um dos distribuidores, uma delas

por volta do meio dia e outra ao final do dia. Este tipo de encomendas tem por base um stock

mínimo de cada produto estabelecido no SI na Ficha do Produto. Quando o stock mínimo é

atingido o produto é inserido na encomenda diária de imediato. O sistema insere também na

encomenda todos os produtos vendidos após a última encomenda realizada. Esta encomenda

antes de ser enviada ao fornecedor é avaliada pelo colaborador responsável, sendo passível de

alterações caso sejam convenientes.

As encomendas instantâneas surgem normalmente aquando do atendimento, quando há

urgência de um determinado produto e é realizada via telefone diretamente com o fornecedor.

Existe uma outra modalidade de encomenda, do tipo via verde, que se realiza no SI para

produtos que normalmente se encontram esgotados no fornecedor. Neste tipo de encomendas

existe um limite de produtos que se pode encomendar e depende da disponibilidade dos

diferentes fornecedores.

Por último existe uma quarta modalidade de encomendas, que se realiza para produtos

sazonais, com elevada rotatividade ou marcas com que a farmácia trabalhe e que são realizadas

de forma presencial ou via telefone com os delegados de informação médica dos próprios

laboratórios. Neste tipo de encomendas existem condições comerciais mais favoráveis, dadas

as grandes quantidades e o facto de não existir margem de lucro para o grossista. Nestas

encomendas há a formalização das mesmas por uma nota de encomenda cujo duplicado fica na

farmácia para posterior confirmação aquando da receção, sendo necessária a criação posterior

de uma encomenda manual em papel para poder fazer a sua receção via SI.

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3.2.2) Receção e conferência da encomenda/Marcação de preços

A receção da encomenda começa com a chegada dos produtos em contentores próprios,

designados de “banheiras” ou em caixas de cartão, devidamente acompanhada da sua

fatura/guia de remessa. Nestes documentos aparecem os seguintes dados: número da fatura,

identificação do fornecedor e dos produtos, com o respetivo Código Nacional do Produto (CNP),

número de unidades, valor total a faturar, valor total de Imposto de Valor Acrescentado (IVA),

Preço de Venda ao Armazenista (PVA), Preço de Venda à Farmácia (PVF), Preço de Venda ao

Público (PVP), descontos ou bonificações. Os produtos que estão em falta na encomenda vem

também referenciados nestes documentos com a respetiva justificação da falta.

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes vêm sempre acompanhados de

documentação específica da sua requisição, sendo o original arquivado na farmácia por um

período de 3 anos e o duplicado devolvido ao fornecedor devidamente assinado pela DT e

carimbado.

Na FC em primeiro lugar procede-se à confirmação se a encomenda pertence mesmo à

farmácia e se não ocorreu um possível engano na distribuição. Seguidamente os produtos que

necessitam de ser armazenados no frio, que vem em contentores com gelo, devem ser

imediatamente rececionados e guardados.

Para fazer a receção da encomenda utiliza-se o Sifarma 2000®, acedendo ao menu

específico, sendo que primeiro identifica-se a fatura e seguidamente com a ajuda do leitor ótico

ou manualmente são inseridos todos os produtos pelo seu CNP. Relativamente aos

Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) é sempre verificado o PVP marcado na

embalagem, verificando se corresponde ao valor faturado. Quando há uma alteração no PVP de

um medicamento, ou seja, o produto passará a ser comercializado com um preço diferente do

atualmente praticado na farmácia, este é armazenado atrás do stock existente com um elástico

e um papel a indicar mudança de preço. Aquando da entrada da encomenda verifica-se também

se a quantidade de todos os produtos é a correta e o prazo de validade (PV) de cada um deles.

Se o prazo de validade do produto da encomenda for inferior ao que consta no SI ou se o stock

estiver a zero deve proceder-se à sua alteração, sendo que no SI coloca-se sempre um prazo

que não é o real, são retirados 3 meses ao mesmo para deste modo controlar melhor a

aproximação ao PV e as devoluções dos produtos. Os Medicamentos Não Sujeitos a Receita

Médica (MNSRM) após serem rececionados necessitam de ser etiquetados. O PVP destes

medicamentos é determinado tendo em conta o PVF, após ser calculada a margem de

comercialização de cada um dos produtos. Aquando da receção da encomenda alguns produtos

podem aparecer com stock negativo o que indica que esse produto já se encontra pago, sendo

colocado numa prateleira específica. Os produtos encomendados, mas que não foram

rececionados pela farmácia são solicitados a outro armazenista, numa nova encomenda.

Após este processo a fatura é corrigida completando-se as informações do PVF e

estabelecendo as margens dos produtos sem preço inscrito na cartonagem (PIC). Por fim é

impresso no verso do duplicado da fatura o registo de receção da encomenda e procede-se à

arquivação quer deste documento quer do original para a contabilidade.

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No caso de os produtos apresentarem as embalagens danificadas, se o prazo de

validade for demasiado curto ou caso o PVP na cartonagem seja diferente do debitado, realiza-

se uma devolução, devidamente justificada e pedindo crédito imediato. No caso de a devolução

não ser aceite o produto é devolvido à farmácia, caso contrário o produto pode ser trocado por

outro com melhores condições ou ser emitida uma nota de crédito.

Após a receção da encomenda o SI procede à impressão das etiquetas para os produtos

sem PIC e procede-se à etiquetagem mantendo cuidados específicos como: não se deve tapar

a parte frontal do produto, não se deve colar em nenhum local com descrições em português ou

Braille, ou ocultar informações como PV, lote e composição.

Durante o período de estágio tive oportunidade de aprender todos os aspetos acima

referidos no que diz respeito às encomendas, acompanhando diversas vezes a realização das

mesmas e procedendo à sua respetiva receção.

3.3) Armazenamento

A minha primeira tarefa realizada no estágio foi o armazenamento dos medicamentos e

restantes produtos farmacêuticos. Esta tarefa permitiu a familiarização com a farmácia e com a

sua respetiva organização. A FC apresenta uma forma bastante racional e prática de

armazenamento dos produtos permitindo uma maior rentabilidade, evitando trocas de

medicamentos e perdas de tempo durante o atendimento.

Os MSRM encontram-se no interior da farmácia, local onde o doente não tem acesso,

ao contrário dos MNSRM que se encontram em locais visíveis, de forma geral, para atrair a

atenção dos utentes e em local de rápido acesso por parte dos PS.

Todos os produtos quer a nível das gavetas, quer a nível do armazém são guardados

segundo a sua forma farmacêutica, por ordem alfabética do nome comercial ou do princípio ativo

no caso dos MG, estando os MG devidamente separados dos medicamentos de marca. O

armazenamento dos produtos farmacêuticos depende também do PV, aplicando-se a regra “first

expired, first out” (FEFO), ou seja, tudo aquilo que tem um PV mais próximo de vencer, é

armazenado de forma a ser escoado em primeiro lugar, ou seja na frente das prateleiras ou

gavetas. Na FC existe um armário específico, no corredor central onde se colocam os produtos

com prazo de validade a expirar para que este possam ser mais facilmente escoados.

As condições de temperatura e humidade da FC são altamente controladas para garantir

uma boa conservação dos fármacos. Os medicamentos que necessitam de ser conservados no

frio encontram-se no frigorífico a uma temperatura entre os 2º e os 8ºC.

Os produtos cosméticos e de higiene corporal (PCHC), encontram-se organizados por

marca na zona de atendimento ao público.

3.4) Controlo dos prazos de validade

O controlo dos prazos de validade é importante para assegurar que todos os

medicamentos e produtos farmacêuticos chegam aos utentes com a devida qualidade. Segundo

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o estipulado nas BPF, o farmacêutico não pode dispensar aos seus utentes qualquer produto

cujo PV tenha expirado [3].

Na FC a verificação dos PV é um processo bastante rigoroso e realizado em dois

momentos. Ocorre a verificação diariamente aquando da receção da encomenda como já foi

acima referido. Por outro lado, o SI utilizado possui uma ferramenta que permite imprimir uma

listagem dos produtos cujo prazo de validade se aproxima do fim. Cada um dos colaboradores

da FC fica com uma listagem da sua responsabilidade, tendo de confirmar o PV dos produtos e

proceder à sua atualização caso seja necessário. Esta tarefa permite aos PF fazer o controlo

físico do stock e acontece todos os meses na FC. Produtos cuja validade esteja a expirar, mas

que esteja previsto serem escoados, são colocados em armário específico. Caso não esteja

prevista a sua venda estes produtos são devolvidos ao armazenista.

3.5) Devoluções

As devoluções não ocorrem apenas quando um produto apresenta um PV reduzido,

existem outros motivos, nomeadamente: embalagens danificadas aquando da receção da

encomenda, quando há emissão de circulares de suspensão de comercialização emitidas pelo

INFARMED, circulares de recolha emitidas pelo detentor da Autorização de Introdução no

Mercado (AIM) ou ainda quando ocorrem pedidos feitos por engano ou ausência de pedido de

um determinado produto.

No Sifarma 2000® existe uma ferramenta que permite fazer a gestão de devoluções,

partindo da criação de uma nota de devolução, na qual é identificado o distribuidor, o produto a

devolver, a quantidade, o motivo da devolução e a fatura de origem. Seguidamente são emitidas

três vias, as quais tem de ser carimbadas, datadas e assinados pelo responsável pela devolução.

O original e duplicado são enviados juntamente com o produto para o armazenista enquanto que

o triplicado fica arquivado na FC em pasta específica, até à regularização do processo. Em caso

de confirmação da devolução é emitida nota de crédito ou efetuada a troca do produto, caso

contrário o produto volta a ser rececionado na farmácia e vai para as quebras, dando prejuízo à

farmácia.

Durante o período de estágio contatei com todo o processo de devoluções, com acesso

a toda a documentação envolvida no mesmo.

4) Dispensa de medicamentos e produtos de saúde

O principal foco do farmacêutico comunitário, como agente de saúde, deve ser sempre

o utente e a promoção da saúde e bem-estar do mesmo. A dispensação de medicamentos, é

uma das principais tarefas do farmacêutico e deve ser entendida como parte integrante da

atenção ao utente, visando a prevenção da saúde, utilizando o medicamento como instrumento

de ação, contribuindo deste modo para o uso racional do mesmo [8].

A dispensa de medicamentos pode estar dependente da apresentação de receita médica

(RM), todavia as farmácias podem dispensar outros medicamentos não sujeitos a RM ou

produtos de saúde, como estipulado no Regime Jurídico das Farmácias de Oficina [9].

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4.1) Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

De acordo com o Estatuto do Medicamento, a RM é o documento através do qual é

prescrita uma determinada medicação, sendo o responsável pela prescrição o médico, ou nos

casos previstos pela legislação, o médico dentista ou odontologista para um doente específico.

Ainda nos termos do Estatuto acima referido, são considerados MSRM todos aqueles que

obedecem a pelo menos uma das seguintes condições: o seu uso pode constituir um perigo para

a saúde do doente quando utilizado sem vigilância médica; o seu uso pode constituir um risco se

usado com maior frequência ou em quantidades superiores às terapêuticas, ou para fins

diferentes daquele a que se destina; o medicamento contém substâncias ou preparações à base

dessas substâncias cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar; a

administração do medicamento seja efetuada por via parentérica [10].

4.1.1) Prescrição médica

Na farmácia comunitária, as prescrições podem surgir materializadas, ou seja, em papel

podendo estas ser eletrónicas ou manuais, ou então não apresentar qualquer suporte físico [11].

A prescrição de medicamentos é realizada por substância ativa, ou Denominação

Comum Internacional (DCI), sendo esta também acompanhada pela indicação da dosagem,

forma farmacêutica, tamanho da embalagem e número de embalagens.

No que diz respeito às receitas materializadas eletrónicas, são prescrições impressas,

realizadas utilizando um software apropriado. Estas podem apresentar uma validade de 30 dias,

ou em casos excecionais de tratamento de longa duração, apresentar uma validade de 6 meses

sendo constituías por três vias.

As receitas materializadas manuais, ou receita em papel (REP), devem cumprir uma

série de requisitos para serem consideradas válidas. Deste modo a receita não se pode encontrar

rasurada, apresentar caligrafias diferentes ou ser prescrita com canetas diferentes ou a lápis,

apenas é permitida uma via da mesma receita manual, não sendo esta renovável. Acrescenta-

se ainda a obrigatoriedade dos seguintes elementos numa receita manual: vinheta de

identificação do local de prescrição; vinheta identificativa do médico prescritor e respetiva

assinatura; identificação da especialidade médica, se aplicável, e contato telefónico do prescritor;

nome e número de utente e, sempre que aplicável, de beneficiário de subsistema; entidade

financeira responsável; referência ao regime especial de comparticipação de medicamentos

(caso exista); DCI da substância ativa; dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem,

número de embalagens; identificação do despacho que estabelece o regime especial de

comparticipação de medicamentos (se aplicável) e data de prescrição. Este tipo de prescrições

é realizado em situações específicas nomeadamente em casos de falência informática,

inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio, ou prescrição máxima de 40 receitas por mês.

Cada REP ou receita manual só pode conter até quatro medicamentos distintos, e o máximo de

duas unidades de cada medicamento. No total a receita não pode conter mais que quatro

unidades no total.

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As receitas sem papel (RSP), ou desmaterializadas, são aquelas que podem ser

acedidas e interpretadas utilizando apenas equipamentos eletrónicos. O acesso a estas receitas

é realizado através de códigos que são enviados ao doente via SMS ou e-mail, sendo necessário

o número da receita, o código de dispensa e o código de opção. Este tipo de receita permite ao

utente fazer o levantamento da medicação segundo as suas necessidades, não sendo

necessária a dispensa de todos os medicamentos duma só vez, podendo ser dispensada por

partes e em diferentes farmácias [11,12].

4.1.2) Validação, Conferência e Verificação do Receituário

No momento do atendimento, cabe ao farmacêutico rececionar a prescrição médica e

verificar se esta se encontra de acordo com os requisitos legais especificados no ponto anterior,

podendo assim posteriormente, proceder à dispensa dos medicamentos. Depois da introdução

dos dados da RM no SI, o farmacêutico acede à prescrição médica. Cada linha da receita

corresponde a um Código Nacional Prescrição Eletrónica Médica (CNPEM), que permite aceder

a todos os medicamentos que podem ser dispensados ao utente e que fazem parte do mesmo

grupo homogéneo (GH) de fármacos, incluindo medicamentos de marca e MG. O utente tem a

capacidade de escolha dos produtos que quer levar, sendo que após a recolha de todos os

produtos por parte do farmacêutico, estes são introduzidos no SI, o que permite verificar se os

produtos selecionados correspondem aos prescritos, evitando assim a ocorrência de erros

humanos no aviamento da receita.

Na eventualidade de o utente possuir algum regime de complementaridade adicional,

como seguros de saúde por exemplo, deve indicar ao farmacêutico e apresentar comprovativo

do mesmo. No SI é possível selecionar o regime adequado a cada utente. Nestas situações, e

no final do atendimento o utente tem de assinar um documento próprio emitido pelo SI que deve

ser adicionado a uma cópia da receita juntamente com a documentação comprovativa do regime

de complementaridade adicional.

Após a validação e dispensa dos medicamentos, no caso de uma receita manual, é

necessário proceder à impressão no verso da mesma do registo da dispensa, nomeadamente:

qual o medicamento dispensado (nome e código de barras), o PVP, o valor da comparticipação

e o valor a pagar pelo utente, bem como as exceções aplicadas (casos existam). A receita é

depois assinada pelo utente como prova de receção dos medicamentos e assinada, datada e

carimbada pelo farmacêutico.

Com a introdução das receitas eletrónicas muitos dos erros associados à dispensa de

medicamentos são evitados uma vez que o próprio SI deteta possíveis falhas. Na FC, com

exceção das RSP, todas as receitas em papel são conferidas, pela Farmacêutica Adjunta ou pela

Técnica de farmácia destacada, sendo confirmada a dispensa correta dos medicamentos, de

forma a corrigir possíveis erros atempadamente. Esta tarefa é realizada todos os meses na

farmácia antes do processo de faturação.

4.1.3) Sistemas de saúde, subsistemas e comparticipações

Em Portugal são vários os sistemas e subsistemas de saúde, quer sejam públicos ou

privados, que comparticipam os vários MSRM dispensados. Estes sistemas destinam-se a

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estabelecer uma melhor equidade no valor dos medicamentos, sendo que a comparticipação

realizada está de acordo com a entidade de saúde a que o utente pertence.

O principal sistema de saúde português é o Sistema Nacional de Saúde (SNS), sendo

que este pode ser complementado com outras empresas como a EDP (Energias de Portugal),

sindicatos como o SAMS (Sindicato dos Bancários do Norte) ou companhia de seguros como a

Fidelidade.

No SNS, o estado é responsável pelo financiamento de uma percentagem do PVP de

um medicamento, sendo a restante parte paga pelo utente. A comparticipação do estado

encontra-se dividida em 4 escalões, variando a percentagem do PVP paga consoante cada um

deles. Para o escalão A, a percentagem é de 90%, para o B é de 69%, para o C é de 37% e

finalmente 15% para o escalão D. Em caso de regime especial de comparticipação este é

identificado nas receitas médicas pelas letras R e/ou O, e abrange pensionistas (letra R) cujo

rendimento total anual não excede em 14 vezes o salário mínimo nacional, e para o qual se

verifica um acréscimo de 5% para o escalão A e de 15% para os restantes escalões.

Pode, ainda, ser atribuída uma comparticipação especial para medicamentos que tratem

determinadas patologias (letra O), como por exemplo: artrite reumatoide e espondilite

anquilosante, doença de Alzheimer, doença inflamatória intestinal, dor oncológica moderada a

forte, hemofilia, hemoglobinopatias, infertilidade, lúpus entre outras [13,14].

4.1.4) Faturação

No final de cada mês e após a confirmação e verificação do receituário, o responsável

pela faturação realiza a separação das mesmas por plano e lote, com um máximo de 30 receitas

por lote. Seguidamente é efetuado o fecho de cada um dos lotes, imprimindo um documento

resumo de cada um deles designado por verbete. Neste verbete constam informações como PVP

dos medicamentos, o valor pago pelo doente e o valor comparticipado pela entidade responsável.

Posteriormente procede-se ao fecho da faturação no qual é emitida uma fatura por cada

organismo em quadruplicado, na qual constam informações como: nome da farmácia, código da

ANF; nº da fatura; mês e ano; organismo de comparticipação; número total de lotes e de receitas;

valores totais do PVP; encargos totais relativos ao utente e o total da importância a pagar pela

entidade; data de emissão; carimbo; e assinatura do DT ou do seu representante legal. As

receitas do SNS são depois enviadas para o Centro de Conferência de Faturas, sendo

levantadas pelos Correios de Portugal (CTT) até ao dia 5 do mês seguinte, e as restantes para

a ANF, até ao dia 6 do mês seguinte.

Depois do envio do receituário podem ser detetadas falhas nas receitas. As receitas

manuais que contenham erros regressam à farmácia para posterior correção. No caso das

receitas eletrónicas, as receitas não são devolvidas à farmácia e o valor da comparticipação

perde-se, livrando o Estado de qualquer tipo de responsabilidade e pagamento. Esta última

situação é muito rara, não se tendo verificado nenhuma situação durante o meu estágio.

4.1.5) Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

Os psicotrópicos e estupefacientes são substâncias extremamente importantes para a

medicina e as suas propriedades, desde que usadas de forma correta, podem trazer benefícios

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terapêuticos a um número alargado de situações de doença. Por terem uma ação a nível do

Sistema Nervoso Central (SNC) podem apresentar graves efeitos secundários, causando muitas

vezes dependência, o que pode levar ao uso abusivo deste tipo de fármacos. Posto isto, esta

classe de medicamentos está sujeita a um controlo rigoroso por parte de todos os intervenientes

desde a prescrição até à dispensa ao utente [15].

No momento da dispensa, após a introdução da RM, o próprio SI automaticamente

requer dados do utente como: morada, número e validade do CC, data de nascimento, sendo

que para além destas informações deve ficar ainda registado o código informático do médico

prescritor, o número da receita e respetiva via.

Após a finalização da venda o SI emite não só a fatura para entregar ao utente, mas

também dois talões comprovativos da dispensa dos medicamentos que devem ser anexados a

uma copia da receita e arquivados na farmácia por um período de 3 anos. No caso de se tratar

de uma receita manual um dos talões comprovativos fica anexado à copia da receita na farmácia

e outro é anexado à receita original.

O registo de saídas deste tipo de medicamentos deve ser enviado ao INFARMED no

final de cada mês e o mapa balanço, registo de todos os movimentos, deve ser enviado

anualmente. Durante o período de estágio foi-me explicado todo o procedimento, no entanto não

assisti diretamente à realização do mesmo.

4.2) Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

Os MNSRM, assim como o próprio nome indica, não necessitam de RM para poderem

ser dispensados ao utente, podendo estes mesmo assim aparecer nas receitas por

aconselhamento do médico, no entanto geralmente não estão sujeitos a comparticipação do

estado, sendo o preço dos mesmos definido pela própria farmácia. No caso de serem

comparticipados, os produtos apresentam PIC como os MSRM. Alguns dos MNSRM são

vendidos exclusivamente em farmácia, mas outros podem ser comercializados noutros locais

devidamente autorizados, podendo apenas ser dispensados por profissionais de saúde

devidamente habilitados para o efeito. Este grupo de fármacos devem ser utilizados na

prevenção, diagnóstico e tratamento de afeções menores que não carecem de consulta médica.

O farmacêutico toma mais uma vez um papel de elevada importância durante o aconselhamento

destes fármacos [3].

A venda destes produtos é muito influenciada pela sugestão do farmacêutico aquando

do atendimento e verificam-se diferenças sazonais na procura dos MNSRM por parte dos

utentes.

4.2.1) Automedicação e Aconselhamento Farmacêutico

A automedicação é definida como o uso de medicamentos sem prescrição médica, na

qual o utente por iniciativa própria decide qual o fármaco a tomar, muitas vezes sem qualquer

aconselhamento por PS, representando um risco para a saúde pública [16].

Torna-se assim imperativo garantir um bom aconselhamento farmacêutico de forma a

tornar o processo de automedicação mais seguro. O farmacêutico deve tentar entender o motivo

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da requisição por parte do utente e aconselhá-lo na melhor solução a adotar em cada caso,

procurando sempre fazer uma dispensa racional e escolhendo o MNSRM mais indicado. Quando

existem evidências que fazem desconfiar de um problema que não se enquadra na definição de

afeção menor, representando uma doença mais grave com necessidade médica, o farmacêutico

deve encaminhar o utente para o médico, tendo um papel importante na promoção da saúde

pública e na otimização de recursos do SNS [3]. É assim indispensável assegurar uma boa

relação entre os profissionais de saúde, promovendo a cooperação no apoio ao utente.

Durante o estágio, todos os dias contatava com utentes que procuravam

aconselhamento para problemas menores como: constipações, alergias, feridas, micoses,

cansaço, stress, perturbações do sono, afeções da pele entre outras. Perante estas situações, e

com a ajuda de todos os PS da FC, tornei-me capaz de questionar os utentes e obter informações

relevantes para interpretar o problema, e sugerir o melhor MNSRM referenciando sempre a

posologia e modo correto de administração, bem como medidas não farmacológicas úteis no

tratamento.

4.3) Medicamentos e produtos manipulados

Segundo definição do INFARMED, os medicamentos manipulados (MM) podem ser

classificados como “Fórmulas Magistrais (quando são preparados segundo uma receita médica

que especifica o doente a quem o medicamento se destina), ou Preparados Oficinais (quando o

medicamento é preparado segundo indicações compendiais, de uma Farmacopeia ou

Formulário)” [17]. A preparação de MM deve seguir todos os requisitos descritos na Portaria n.º

594/2004, de 2 de junho.

Na FC todos os medicamentos manipulados preparados são acompanhados do

preenchimento da respetiva ficha de preparação. Nesta ficha constam as seguintes informações:

nº de registo, denominação do medicamento manipulado e quantidade, nome do utente,

composição do medicamento, procedimento e prazo de validade. Todos os passos da

preparação devem ser rubricados pelo operador e pelo supervisor. Após preparação o produto é

acondicionado em embalagem específica e procede-se ao cálculo do PVP, conforme descrito na

Portaria nº769/2004 de 1 de julho. Nenhum MM é dispensado ao utente sem estar devidamente

rotulado com as informações: nome do medicamento, quantidade, preço, prazo de validade e a

inscrição “Uso externo”, quando necessário assinalado a vermelho, conforme a legislação

atualmente me vigor [4]. Na farmácia ficam arquivadas todas as fichas de preparação, bem como

fotocópia da receita original e do rótulo, em pasta especifica no laboratório. Durante o estágio

tive a oportunidade de acompanhar o processo e realizar várias preparações de MM, como por

exemplo pomada de enxofre, solução de ácido acético entre outras. Tive também acesso a toda

a documentação arquivada na farmácia.

4.4) Medicamentos e produtos veterinários

Um medicamento de uso veterinário (MUV) é definido como substância ou mistura de

substâncias que possuam propriedades curativas ou preventivas das doenças e seus sintomas

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no animal, com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou a restaurar, corrigir ou modificar

as suas funções orgânicas [18].

Na FC este tipo de medicamentos ganhou algum relevo sendo que existe uma variedade

de produtos considerável desde desparasitantes de uso interno e externo, anticoncecionais orais,

produtos de limpeza e antibióticos.

Durante o período de estágio e durante o atendimento contatei com situações em que

eram requisitados MUV, na maioria das vezes antiparasitários, anticoncecionais e produtos de

limpeza.

4.5) Produtos Dermocosméticos e de Higiene Corporal

Os PCHC são definidos como qualquer substância ou mistura destinada a ser posta em

contacto com as partes externas do corpo humano com a finalidade, exclusiva ou principal, de

limpar, perfumar, modificar o aspeto, proteger, manter em bom estado ou corrigir os odores

corporais [19].

A procura por este tipo de produtos por parte dos utentes é uma realidade cada vez mais

vivida na FC, sendo que estes procuram não só o produto ideal como um aconselhamento

dermocosmético completo e profissional. A FC trabalha várias marcas de dermocosmética com

diferentes segmentações e públicos-alvo, como por exemplo: Vichy®, Avène®, La Roche Posay®,

Uriage®, Isdin®, Galénic®, Angelif®, onde se destacam os produtos para cuidado de rosto e corpo

e cuidado capilar essencialmente. O produto destinado à saúde oral também tem um relevo

importante com uma grande variedade de marcas presentes na FC. De realçar que estes

produtos são uma importante fonte de receita para a farmácia, uma vez que as margens

comerciais são mais confortáveis.

4.6) Suplementos alimentares e Nutrição Específica

Os suplementos alimentares são géneros alimentícios que se destinam a complementar

e ou suplementar o regime alimentar normal e constituem fontes concentradas de determinadas

substâncias, nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisiológico, sendo comercializados de

forma doseada e destinando-se a ser tomados em quantidades reduzidas [20]. Graças ao

aumento progressivo e constante do marketing televisivo e online relativamente a estes produtos,

tem ocorrido também um aumento do interesse dos utentes nos mesmos. Cabe ao farmacêutico

alertar as populações sobre o uso correto dos suplementos alimentares, ressalvando o fato de

por vezes estes conterem substâncias que podem interferir com determinadas terapêuticas

levando a efeitos nefastos na saúde dos utentes.

Na FC há uma enorme procura de suplementos alimentares, principalmente no que diz

respeito a complexos vitamínicos, suplementos com cálcio e/ou magnésio na sua constituição,

tónicos cerebrais e suplementos dietéticos.

De acordo com a legislação em vigor, os produtos para alimentação especial destinam-

se à alimentação exclusiva, ou como complemento alimentar, de pessoas com necessidades

nutricionais particulares como perda de peso, desnutrição, úlceras ou doenças metabólicas [21].

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17

Também estão incluídos neste grupo, os produtos direcionados a populações específicas como

a geriátrica, uma vez que esta é uma faixa etária propensa a deficiências energéticas, vitamínicas

e minerais, e também a nutrição para lactentes que muitas vezes necessita de ser ajustada a

problemas comuns desta faixa etária, tais como pequenas complicações digestivas, como as

cólicas e a obstipação, ou episódios frequentes de regurgitação e o refluxo gastroesofágico.

Durante o período de estágio tive oportunidade de contatar com o universo dos

suplementos alimentares e produtos para alimentação especial, tentando sempre durante o

aconselhamento perceber o estado de saúde do utente, se existia alguma terapêutica instaurada

e o tipo de alimentação do utente de forma a maximizar os efeitos benéficos destes produtos e

minimizando a probabilidade de ocorrência de efeitos adversos.

4.7) Produtos de Puericultura

A puericultura é geralmente definida como uma área da saúde que se dedica à

prevenção e promoção da saúde durante o desenvolvimento, mais especificamente do

desenvolvimento infantil, de forma a assegurar que a criança atinge a idade adulta sem

condições desfavoráveis e problemas trazidos da infância [22].

A FC apresenta um espaço de puericultura bastante completo com papas e leites de

diferentes marcas como Aptamil®, Nutribén® e Nestlé® e também outros produtos relacionados

com a higiene do bebé e com a amamentação das marcas Mustela®, Uriage®, Bioderma®, entre

outras.

4.8) Dispositivos médicos

Os dispositivos médicos (DM) são definidos como qualquer instrumento, aparelho,

equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação, para fins

de diagnóstico e/ou terapêuticos, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja

alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos [23].

Na FC existe uma variedade considerável de DM que incluem, dispositivos para ostomia,

material de penso, seringas, frascos de colheitas de amostras, dispositivos ortopédicos (meias

de compressão, canadianas, bengalas), fraldas para incontinência urinária, preservativos,

aparelhos de medição para controlo glicémico, tensão arterial e colesterol entre outros. Mais uma

vez o farmacêutico é essencial na elucidação dos utentes para o correto uso dos DM alertando

para possíveis consequências do seu uso indevido.

5) Serviços prestados na Farmácia Confiança

A FC é um espaço de saúde que ao longo do tempo tem tentado evoluir, sempre

pensando no bem-estar e na promoção da saúde dos seus utentes. São vários os serviços

farmacêuticos que podem ser prestados na farmácia.

5.1) Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos

No decorrer do meu período de estágio, estive bastante presente na determinação de

parâmetros bioquímicos e fisiológicos, logo desde o primeiro mês. Durante esta atividade tive

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oportunidade de contatar com diversas situações em que a doença já se encontrava

diagnosticada e apenas se pretendia o controlo da mesma, e por outro lado, situações em que

se tentou fazer um possível diagnóstico e em alguns casos se verificou a necessidade de

reencaminhamento para o médico. Foi uma tarefa na qual consegui acompanhar alguns doentes

mais de perto, e durante a qual procurava sempre fazer um aconselhamento personalizado com

medidas não farmacológicas e algumas vezes recorrendo a MNSRM, sempre após a avaliação

do utente.

5.1.1) Determinação da Pressão Arterial

Todos os dias, na FC são vários os utentes que procuram este serviço. A hipertensão

arterial é uma condição muitas vezes silenciosa e constitui um fator de risco para muitas

complicações e patologias. Deste modo este serviço toma grande importância, permitindo

também uma intervenção ativa por parte do farmacêutico no que diz respeito à promoção de

alteração de estilo de vida e incentivo à adesão da terapêutica.

Os utentes na FC, tem disponível na zona de atendimento um tensiómetro como foi

anteriormente referido, com um custo associado de 50 cêntimos, ou podem optar por realizar a

medição no gabinete de atendimento, com a assistência de um colaborador da farmácia, tendo

o mesmo custo associado. Quando a medição é realizada no gabinete é fornecido um cartão

onde o utente pode efetuar todos os registos, de forma a tentar promover uma monitorização

mais regular.

5.1.2) Testes bioquímicos rápidos

A realização de testes bioquímicos rápidos é um dos serviços muito procurado pelos

utentes na FC. A farmácia disponibiliza a medição da glicémia capilar, utilizando um aparelho

específico e as respetivas tiras de medição, com um custo associado de 50 cêntimos. Pode

também ser realizada a avaliação do perfil lipídico, através da medição do colesterol total e dos

triglicerídeos, utilizando o mesmo aparelho para as duas medições fazendo a calibração com as

tiras reativas especificas. A medição do colesterol total apresenta um custo de 3€ e dos

triglicerídeos um custo de 2,50€. Geralmente a procura por estes serviços na FC ocorre na parte

da manhã dada a necessidade de jejum para a realização das medições, com exceção do

colesterol.

5.1.3) Medição de peso, altura, IMC e percentagem de gordura

A zona de atendimento da FC dispõe de um aparelho que faz a determinação do peso,

altura, IMC e percentagem de gordura. Os utentes usam este aparelho com elevada frequência

sendo que alguns pedem ajuda e possibilitam um aconselhamento relativamente a estes

parâmetros.

5.1.4) Teste de gravidez

A realização de testes de gravidez na FC não ocorre frequentemente como no caso dos

outros testes acima referidos, no entanto, em situações pontuais as utentes requerem este

serviço. Os motivos para a requisição passam por terem receio do resultado, ou mesmo a

dificuldade em interpretar o mesmo. É importante advertir as utentes para a importância da

realização do teste utilizando a primeira urina da manhã, pois é quando a concentração da

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hormona em análise se encontra mais elevada, embora muitas vezes estas requisitem o teste e

consequente realização a uma qualquer hora do dia. O resultado do teste é sempre entregue à

utente, mantendo o sigilo profissional e aconselhando em caso de teste positivo a ida ao médico

e algumas medidas a adotar de imediato.

6) ValorMED

A ValorMED é uma associação sem fins lucrativos, cuja principal responsabilidade é a

gestão de resíduos, embalagens vazias e medicamentos fora de uso, diminuindo assim o risco

para a saúde pública. Esta associação intervém a nível de todo o território nacional.

Os utentes entregam na farmácia as embalagens e medicamentos fora de uso, sendo

estes colocados em contentores próprios. Quando o recipiente se encontra cheio, é selado,

pesado e entregue a uma transportadora que leva para um centro de triagem, onde são

separados e classificados, de forma a serem reencaminhados para estações de tratamento

adequadas [24]. Na FC está disponível um contentor de recolha e foi possível verificar durante o

período de estágio que muitos dos utentes se encontravam sensibilizados para a importância de

usar este serviço e participavam ativamente nas recolhas.

7) Formação contínua

O farmacêutico, como membro de uma equipa de profissionais de saúde, tem o dever de

se manter constantemente informado e atualizado em prol do bem-estar e saúde dos utentes. O

contato com outros profissionais de saúde torna-se imprescindível quer no exercício da profissão

propriamente dito, quer no que diz respeito à aprendizagem e renovação do conhecimento

técnico e científico.

Neste sentido, durante o meu estágio tive a oportunidade de assistir a várias formações,

realizadas quer na FC quer nas instalações dos laboratórios Pierre Fabre®, sobre diferentes

temáticas que me permitiram aprofundar o meu conhecimento, melhorando e aperfeiçoando a

qualidade do meu atendimento. Algumas das formações em que estive presente foram: A-

Derma® - Gama de produtos e Avène®- Proteção solar e cuidados depois do sol, ambas nos

laboratórios Pierre Fabre®,com uma duração de três horas cada uma. Na FC assisti a formações

relativas a PCHC das marcas Galénic® e Avène®, produtos de higiene oral (Paradontax®),

produtos do laboratório Zambon® (Spidifen®) entre outras, ministradas pelos representantes da

marca, sendo usualmente formações rápidas

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20

Projeto 1: Doenças Cardiovasculares: Prevenção de risco cardiovascular

1) Enquadramento De acordo com dados reportados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), as

doenças cardiovasculares (DCV) são consideradas a principal causa de morte a nível mundial.

Anualmente morrem mais pessoas devido a doenças cardiovasculares do que devido a qualquer

outra causa. Em 2015, foram registadas 17,1 milhões de mortes associadas a doenças

cardiovasculares, representando assim um total de 31% das mortes globais. Três quartos das

mortes por DCV ocorrem nos países em desenvolvimento, no entanto, deve ser realçado o

aumento da incidência das doenças cardiovasculares a nível dos países desenvolvidos, com

aumento significativo do número de mortes [25].

Na Europa, 50% das mortes estão associadas a eventos cardiovasculares sendo que

80% destas são prematuras e poderiam ser facilmente evitadas se fossem adotadas medidas de

prevenção [26]. A maioria das DCV podem ser prevenidas quando tomadas as devidas

precauções no sentido de atenuar os fatores de risco (uso de tabaco, sedentarismo, dieta

desequilibrada, uso abusivo de álcool entre outros). A alteração do estilo de vida toma assim um

papel fundamental na prevenção das DCV [27].

Tendo em conta a situação exposta anteriormente e percebendo a importância de alertar

a população para esta problemática, decidi abordar este tema junto dos utentes da farmácia.

2) Doenças cardiovasculares

A doença cardiovascular resulta de uma desordem a nível do coração e dos vasos

sanguíneos. De entre as doenças cardiovasculares devem destacar-se:

o Doença coronária: na maioria dos casos é consequência do processo de

aterosclerose (depósito de gordura a nível dos vasos sanguíneos) e consiste numa insuficiência

a nível das artérias coronárias que são responsáveis pela irrigação do coração, limitando o aporte

de nutrientes e oxigénio necessários ao miocárdio [28].

o Doença cerebrovascular: é consequência de uma desordem a nível dos vasos

sanguíneos responsáveis pela irrigação cerebral. Pode levar à ocorrência de um AVC (Acidente

Vascular Cerebral) uma vez que a função cerebral se encontra comprometida por falta de

oxigénio e nutrientes.

o Doença arterial periférica: insuficiência a nível dos vasos sanguíneos

responsáveis pela irrigação dos membros superiores e inferiores, resultando num défice de fluxo

sanguíneo que pode levar à presença de sinais e sintomas de isquemia.

o Doença cardíaca reumática: doença associada a um episódio de faringite

estreptocócica, que causa danos a nível do músculo e válvulas cardíacas.

o Cardiopatia congénita: doença que resulta de malformações a nível do coração

e vasos sanguíneos, presentes no momento do nascimento.

o Trombose Venosa Profunda e Embolia Pulmonar: presença de coágulos de

sangue nos vasos sanguíneos das pernas, que podem deslocar-se originando êmbolos que se

alojam nos vasos sanguíneos do pulmão e do coração causando obstrução [26,28].

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Associados a todas as patologias acima referidas podem ainda surgir eventos agudos

como o Enfarte do Miocárdio e o AVC, considerados como as principais causas de morbilidade

e mortalidade, não só em Portugal, mas em todo o mundo. Estes eventos estão sempre

associados ao comprometimento dos vasos sanguíneos que impede o normal fluxo sanguíneo,

o qual resulta na maioria dos casos por acumulação de depósitos de gordura. [26,29].

3) Fatores de risco cardiovascular

Vários estudos realizados até aos dias de hoje demonstram a eficácia da prevenção

cardiovascular baseada na alteração do estilo de vida, no sentido de tentar controlar a exposição

aos principais fatores de risco. São verificados grandes benefícios na prevenção de DCV quando

vários fatores de risco são abordados em simultâneo [30,31]. No que diz respeito a fatores de

risco existem dois tipos essencialmente, aqueles que são modificáveis (sedentarismo,

tabagismo, uso abusivo de álcool, dislipidemias, obesidade, hipertensão) e por outro lado, os não

modificáveis (sexo, idade e genética) [32].

3.1) Hipertensão arterial

Atualmente já é bem conhecida a relação entre a hipertensão arterial e a doença

cardiovascular, sendo a primeira um dos principais fatores de risco (fator de risco major) que

contribui para a ocorrência de complicações macrovasculares e microvasculares [32]. A

hipertensão arterial aumenta o risco de morte por doença cardiovascular, sendo vários os fatores

responsáveis por aumentos significativos dos valores de pressão arterial (quer da pressão

sistólica como da diastólica), nomeadamente a idade, o sexo e estilo de vida [33]. Com a idade

os valores de pressão arterial tendem a aumentar, sendo que até aos 45 anos parece ser mais

frequente nos homens, mas a partir dos 65, são as mulheres que apresentam um risco mais

elevado [34].

Ao longo do tempo a percentagem de pessoas que controlam a sua pressão arterial e

que atingem as metas terapêuticas, tem vindo a aumentar significativamente, no entanto, cerca

de 50% dos doentes não atingem os objetivos terapêuticos estipulados. Este facto deve-se

essencialmente a três fatores: um mau controlo dos valores de pressão arterial, má adesão à

terapêutica e por fim a falta de conhecimento e aplicação sobre causas secundárias da

hipertensão [33-35].

3.1.1) Medidas de prevenção

Todas os adultos saudáveis em geral devem efetuar medições regulares de tensão

arterial (pelo menos uma vez por ano), realizadas por profissionais de saúde que garantam que

as medições sejam realizadas de acordo com as Guidelines estabelecidas. No entanto por vezes

pode ocorrer um fenómeno designado por “Efeito de bata branca”, que implica dois princípios

necessariamente. Estamos perante este fenómeno quando um individuo apresenta valores de

pressão elevados de forma isolada, apenas em consulta médica, e valores normais quando

realiza as medições fora da consulta [36]. Se uma pessoa notar um aumento da pressão arterial

deve realizar a medição novamente no dia seguinte, para fazer a confirmação do valor. Caso

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haja uma manutenção da elevação deve procurar a ajuda do médico. A população obesa,

diabética, fumadora ou com antecedentes familiares de DCV deve redobrar todos os cuidados,

fazendo medições ainda mais regulares de acordo com as recomendações médicas.

Uma alimentação equilibrada rica em vegetais, cereais, fruta e produtos lácteos, com

reduzido aporte de sal (este pode ser substituído por ervas aromáticas ou sumo de limão) e a

prática de exercício físico diário são medidas de prevenção que todos devem adotar. De salientar

ainda que o stress, o consumo excessivo de álcool e o tabagismo são fatores que contribuem

para a elevação da pressão arterial devendo assim ser evitados [29,31,32,37].

3.2) Diabetes

Pacientes com diabetes tipo 2 apresentam um elevado risco de doença cardiovascular e

complicações associadas à mesma. A hiperglicemia promove a reação da glucose com

componentes da parede dos vasos sanguíneos formando produtos glicosilados que se ligam ao

colagénio promovendo rigidez vascular. Por outro lado, a resistência à insulina, promove uma

desregulação no perfil lipídico, que por sua vez origina uma disfunção endotelial, iniciando-se

assim um processo de aterosclerose [38].

A incidência de diabetes é cada vez maior e estima-se que até ao ano de 2025 cerca de

380 milhões de pessoas estejam afetadas em todo o mundo [39]. A prevalência de insuficiência

cardíaca em pacientes com diabetes é elevada, sendo que um em cada cinco diabéticos com

idade superior a 65 anos apresenta patologia cardíaca [40]. No que diz respeito aos diabéticos

tipo 1, o risco elevado de DCV parece estar associado a uma desregulação metabólica causada

pelo défice de insulina e hiperglicemia, bem como à presença de proteínas glicosiladas e

oxidadas, e aumento da atividade inflamatória [41].

3.2.1) Medidas de prevenção Em adultos saudáveis, o principal objetivo a alcançar é evitar o aparecimento de

diabetes, e deste modo, indiretamente, diminuir o risco cardiovascular associado. Para o efeito,

a prevenção passa por uma nutrição adequada e a prática de exercício físico. Estudos

demonstram que a prática regular de exercício físico diminui o risco de desenvolvimento de

diabetes tipo 2, quer no sexo feminino como masculino, independentemente do peso, da

predisposição familiar e outros fatores de risco cardiovascular como o tabagismo e a hipertensão

[42].

Quando a patologia já se encontra presente deve garantir-se:

o Níveis de glucose no sangue controlados: a ingestão de alimentos com açúcares simples

na sua composição deve ser evitada, como por exemplo refrigerantes, doces, produtos pré-

confecionados entre outros. O exercício físico toma também um papel importante, estando

comprovado o facto de este ser essencial no que diz respeito à diminuição da resistência à

insulina e aumento da tolerância a glucose.

o Um perfil lipídico que permita a redução do risco cardiovascular

o Valores de pressão arterial dentro dos valores normais estipulados

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o O aporte necessário de nutrientes e mudanças no estilo de vida, que passam por tentar

atenuar outros fatores de risco cardiovascular como tabagismo, uso abusivo de álcool entre

outros [43].

3.3) Dislipidemias

Desregulações a nível do perfil lipídico são amplamente aceites como um fator de risco

major para o desenvolvimento de DCV dada a sua contribuição para o processo de aterosclerose

dos vasos sanguíneos de médio e grande porte. Existem também evidencias que elevados níveis

de colesterol possam causar danos a nível do sistema microvascular mesmo antes do

desenvolvimento da aterosclerose, agravando ainda mais o risco cardiovascular [44]. As

dislipidemias por si só, já adquirem um papel muito importante no que diz respeito a danos

vasculares, no entanto, estudos demonstram que associadas a outro tipo de patologias como

diabetes, hipertensão e obesidade (quadro designado por Síndrome Metabólica) causam danos

muito mais graves [45].

Existe uma correlação entre os níveis de HDL-colesterol e o risco de eventos

cardiovasculares, sendo que uma redução dos níveis de HDL-c de 1mg/dl está associada a um

aumento do risco cardiovascular em cerca de 3%.

No que diz respeito aos triglicerídeos e LDL-colesterol, existe uma associação positiva,

ou seja, um aumento descontrolado do nível destas partículas leva a um aumento do risco

cardiovascular [46].

3.3.1) Medidas de prevenção

Controlar os níveis de colesterol é essencial, principalmente em indivíduos cujo risco

cardiovascular é maior, sendo neste último caso, essencial o acompanhamento médico.

A alimentação, evitando gorduras saturadas como óleos, manteigas entre outros e dando

privilégio às gorduras insaturadas, principalmente monoinsaturadas presentes no azeite, nozes

e algumas sementes são uma das formas de intervenção primária no controlo lipídico [47].

Novamente, o exercício físico torna-se vital, sendo que a nível do perfil lipídico podem

ser verificadas reduções nos valores de colesterol total e LDL-colesterol. Paralelemente

verificam-se também melhorias nos níveis de HDL-colesterol, além da contribuição já acima

referida no controlo da pressão arterial e glicémico, também evidenciado. De realçar ainda o

facto de o exercício físico só contribuir para uma melhoria se for realizado de forma regular e

moderadamente (cerca de 30 minutos, 5 dias por semana) [48].

3.4) Excesso de peso e obesidade

Cada vez mais a obesidade constitui um fator de preocupação para os profissionais de

saúde, dadas as proporções epidémicas da doença. Dados reportam que desde 1975 a

percentagem de obesos em todo o mundo quase que triplicou. Em 2016, 35% dos adultos (com

idade superior a 18 anos) apresentavam excesso de peso e 13% eram obesos. A obesidade

infantil é cada vez mais uma realidade no nosso mundo sendo que em 2016, 41 milhões de

crianças com idades inferiores a 5 anos eram obesas [49].

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As principais complicações associadas à obesidade são: aumento do risco de DCV,

diabetes, distúrbios músculo-esqueléticos e desenvolvimento de alguns cancros. A obesidade

infantil está associada a uma maior probabilidade de obesidade na idade adulta, maior risco de

desenvolver doenças como hipertensão, diabetes e DCV. Os efeitos psicológicos na criança

obesa são também alvo de grandes estudos [50].

3.4.1) Medidas de prevenção

As principais medidas de prevenção passam por uma alimentação equilibrada, rica em

vegetais, fruta, fibras, carne magra e peixe. Alimentos como salgados, enchidos e conservas

devem ser evitados, bem como doces e alimentos ricos em açúcares simples. Para além da dieta

equilibrada devem também ser adotados bons hábitos alimentares (comer várias vezes ao dia e

em pequenas porções) [32,51]. Associada à alimentação, a prática de exercício físico contribui

não só para a redução do peso como também para a redução da gordura abdominal e diminuição

das co morbilidades associadas à obesidade. Conhecer o Índice de Massa Corporal ajuda a

perceber se é necessário ou não a perda de peso. O controlo do peso é algo que deve ser

realizado ao longo de toda a vida. Em caso de presença de patologias como depressão,

ansiedade entre outras, poderá ser necessário também recorrer a apoio psicológico [51].

3.5) Tabagismo

O tabaco é uma das principais causas de morte entre os fumadores, sendo que mais de

7 milhões de pessoas morrem por ano, das quais cerca de 6 milhões é devido ao uso direto do

tabaco e as restantes corresponde aos não fumantes sujeitos ao fumo passivo [52].

Os efeitos adversos associados ao tabaco resultam da sua composição (alcatrão e uma

imensa quantidade de gases), à qual está associada uma variedade de radicais livres que

causam danos cardiovasculares irreversíveis. Estudos demonstram a participação ativa do fumo

do tabaco no processo de aterosclerose dos vasos sanguíneos, causando danos a nível do

endotélio, por aumento da concentração de óxido nítrico (NO), danificando a estrutura do vaso e

a sua função. Para além do referido anteriormente, o tabaco apresenta também a capacidade de

interferir com a estrutura, função e ativação das plaquetas, sendo o risco de ocorrência de

trombose exacerbado em fumadores [53].

No que diz respeito aos danos causados pelo tabaco, sabe-se que estes são similares

quer no homem como na mulher. Porém relativamente ao risco cardiovascular, demonstrou-se

que na mulher ocorre um aumento principalmente durante o uso de contracetivos orais, uma vez

que o metalismo da nicotina se encontra alterado [53-56].

Em vários estudos foi já demonstrado que a cessação tabágica diminui o risco

cardiovascular, num curto período de tempo, independentemente da idade e do número de anos

de exposição ao tabaco [57].

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3.6) Uso abusivo de álcool

O uso abusivo do álcool é responsável por cerca de 3.3 milhões de morte por ano no

mundo, o que representa 5.9% do total de mortes. Associadas ao consumo de álcool encontram-

se cerca de 200 doenças e lesões, sendo as DCV parte constituinte deste facto [58].

Em pacientes com doença cardiovascular comprovada, foi demonstrado que o consumo

moderado de álcool pode ter efeitos protetores. De entre os mecanismos pelos quais ocorre este

efeito protetor podemos destacar, a diminuição do processo inflamatório, diminuição da

agregação plaquetária, efeitos sobre os fatores de coagulação e também aumento dos níveis de

HDL-colesterol [59]. Em contrapartida o uso abusivo do álcool está intimamente relacionado com

o aumento do risco cardiovascular. Alguns estudos apontam para mecanismos como alterações

a nível do HDL-colesterol, aumento da agregação plaquetária, enquanto que outros afirmam

estar relacionado com aumento da pressão arterial e aumento dos níveis de triglicerídeos [55,60].

3.7) Genética

A associação de determinadas patologias a uma população específica pode ser

explicada pela existência de polimorfismos genéticos que predispõem a população à ocorrência

da doença, não descartando o facto de as práticas culturais e o ambiente social poderem afetar

a forma como a doença se expressa [61].

A história familiar de uma doença tem vindo a ser reconhecida como um fator preditivo

de risco. Este facto tem-se verificado no que diz respeito às doenças cardiovasculares. A história

familiar de DCV pode ser usada como fator preditivo de risco de um individuo, tendo sempre em

conta a avaliação de todos os outros fatores como são exemplo a hipertensão, hábitos tabágicos,

diabetes, dislipidemias entre outros [62,63].

3.8) Idade e sexo

Existem algumas diferenças consideráveis no que diz respeito à forma como as doenças

cardiovasculares afetam ambos os sexos, dependendo sempre de outro fator de risco que é a

idade.

Homens e mulheres de meia-idade apresentam risco de DCV semelhante. No entanto,

estudos demonstram que o sexo masculino apresenta maior predisposição, principalmente em

idades mais jovens, para desenvolver doença coronária. Por outro lado, a mulher apresenta um

maior risco para o desenvolvimento de insuficiência cardíaca e AVC. Deve ainda ser realçado o

efeito protetor conferido pelos estrogénios na mulher, durante a sua idade fértil, efeito este que

deixa de existir numa idade mais avançada, após a menopausa [55,64].

O aumento da idade contribui para um aumento do risco cardiovascular, uma vez que

ocorre simultaneamente uma maior exposição a outros fatores de risco. O facto de a mulher

apresentar uma maior esperança média de vida, faz com que esta apresente um maior risco

cardiovascular. Enquanto os efeitos da pressão arterial elevada, do excesso de peso e obesidade

e do aumento do colesterol são muito semelhantes entre mulheres e homens, relativamente ao

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risco cardiovascular, a exposição ao tabaco e diabetes são significativamente mais perigosos

para as mulheres [54,65].

4) Avaliação do risco cardiovascular 4.1) A quem se deve calcular o risco cardiovascular?

O risco cardiovascular deve ser calculado a todos os indivíduos que possuem fatores de

risco, mas ainda sem doença estabelecida, como forma de prevenção primária de doença

cardiovascular. Indivíduos cuja DCV esteja estabelecida são considerados de alto risco, devendo

efetuar-se o tratamento dos fatores de risco o mais atempadamente possível. São também

considerados indivíduos de alto risco os que apresentarem Diabetes Mellitus tipo 2 ou tipo 1 com

microalbuminúria, Insuficiência Renal Crónica ou valores muito elevados de um dos fatores de

risco. Em indivíduos considerados de alto risco a avaliação poderá ser útil para avaliar qual a

melhor intervenção terapêutica, comparando um valor de risco com um segundo valor, obtido

após a terapêutica [66].

4.2) Como se calcula o risco cardiovascular

A avaliação do risco cardiovascular é realizada através da utilização de umas escalas,

que constituem instrumentos que permitem quantificar o risco de uma determinada pessoa, tendo

em conta a presença dos diferentes fatores de risco cardiovascular. Estas escalas permitem:

quantificar o risco e também identificar indivíduos com risco elevado; avaliar a necessidade e a

intensidade da intervenção terapêutica; motivar os indivíduos para alterar o seu estilo de vida,

uma vez que estes instrumentos são extremamente úteis para explicar o conceito de risco

cardiovascular, promovendo assim muitas vezes uma melhor adesão à terapêutica e definir

intervalos de vigilância médica e estabelecer objetivos terapêuticos, tendo em conta o valor

obtido.

Existem duas escalas com elevada relevância no que diz respeito ao cálculo do risco, a

de Framingham e a SCORE. A escala de risco de Framingham americana foi considerada a base

de muitas das escalas conhecidas hoje em dia. A escala utilizada a nível Europeu é a escala de

SCORE [66].

4.2.1) Escala SCORE (Systematic Coronary Risk Evaluation)

É uma escala que passou a ser utilizada desde 1994, baseada em bases de dados muito

maiores do que as do estudo de Framingham. Devem ser avaliados utilizando a escala SCORE,

todos os utentes com idade entre os 40 e os 65 anos. Baseia-se em folhas de cálculo para as

regiões da Europa consideradas de baixo e alto risco cardiovascular, sendo que países como

Bélgica, França, Itália, Grécia, Luxemburgo, Portugal, Espanha e Suíça são considerados de

baixo risco e os restantes países da Europa foram classificados como sendo de elevado risco.

Ao contrário do que se verifica com a escala de Framingham, no SCORE avalia-se

apenas a mortalidade por doença cardiovascular total, excluindo-se assim do estudo eventos

não fatais. Deste modo o valor SCORE obtido corresponde ao risco absoluto de desenvolver um

evento cardiovascular fatal num período de 10 anos.

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O SCORE é constituído por duas tabelas (figura 1), uma para o sexo feminino e outra

para o sexo masculino. Cada uma destas tabelas apresenta-se subdividida em duas outras, uma

para fumadores e outra para não fumadores. Junto das tabelas podem ser observadas escalas

com as idades, os valores de pressão arterial e os valores de colesterol. Existe um maior detalhe

na faixa etária dos 50 aos 65 anos uma vez que é neste período que os valores de risco variam

mais rapidamente. O SCORE é ainda constituído por dois modelos, um deles baseado nos

valores de colesterol total e o outro na razão entre colesterol total e colesterol HDL. No caso de

mulheres diabéticas, o valor de SCORE deve ser multiplicado por 4 e no caso dos homens

diabéticos por 2. Se houver história familiar de DCV, o valor deve ser multiplicado por 1,5. Estas

tabelas permitem-nos identificar 4 níveis de risco cardiovascular (CV) (figura 2): Risco CV muito

alto, Risco CV alto, Risco CV moderado e Risco CV baixo [66-68].

4.2.2) Limitações da escala SCORE

Assim como em todos os métodos, existem limitações associadas à escala SCORE,

nomeadamente o facto de apenas ter em conta eventos fatais, não permite a inclusão de outras

variáveis que também afetam o risco cardiovascular, o valor obtido é baseado apenas numa

única medição dos fatores de risco e o uso de faixas etárias pode ser enganador, quando a idade

do individuo se aproxima muito dos limites da faixa [66,67]

5) Projeto: Rastreio Cardiovascular na Farmácia Confiança

No mês de maio, mês do coração, a FC achou importante alertar os seus utentes para

esta problemática das DCV, dada a elevada incidência das mesmas e também pelo facto de

grande parte da população ainda desconhecer esta realidade e os riscos associados. No sentido

de sensibilizar os utentes foi organizado um rastreio no qual os utentes tiveram oportunidade de

Figura 2: Exemplo de uma tabela SCORE Figura 2: Algoritmo clínico: risco CV

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esclarecer as suas dúvidas e receber aconselhamento a cerca do tema em questão e realizaram

a medição da tensão arterial e colesterol total de forma completamente gratuita.

Para que a atividade tivesse sucesso, na semana anterior à realização da mesma, foram

entregues na farmácia aos utentes um flyer promocional da atividade no qual convidamos os

mesmos a participar no rastreio. Também durante o atendimento chamamos a atenção dos

utentes não só para o rastreio que se ia realizar, mas também para a importância da problemática

em questão. No dia do rastreio realizei um questionário (anexo IX) aos utentes no sentido de

perceber quais as principais dúvidas dos mesmos acerca das DCV e também qual a sua opinião

acerca do papel do farmacêutico no aconselhamento e esclarecimento de dúvidas. Com os

resultados deste inquérito (anexo X) pretendia perceber melhor qual a posição do utente face à

temática, nomeadamente as principais dúvidas relativamente às DCV, permitindo assim uma

melhoria no aconselhamento farmacêutico no restante período de estágio, adaptado às

necessidades dos utentes da FC. Foi também distribuído no final do aconselhamento um panfleto

(anexo XI) no sentido de complementar a informação fornecida ao utente, realizado por mim no

qual constava informação como: o que são as DCV, os principais fatores de risco associados e

também medidas de prevenção.

5.1) Questionário

No rastreio participaram cerca de 50 utentes, no entanto nem todos se mostraram

disponíveis para realizar o questionário. No total, 42 utentes responderam ao questionário e os

resultados são apresentados a seguir, estando a informação gráfica representada no anexo X.

Dos 42 utentes, 27 eram do sexo masculino (64%) e 15 eram do sexo feminino (36%). A

grande maioria pertencia à faixa etária dos [66,85] anos correspondendo a uma percentagem de

72% dos utentes.

No que diz respeito a fatores de risco cardiovascular foram avaliados: a hipertensão

arterial, a presença de glicemia e colesterol elevados, o tabagismo e o uso de bebidas alcoólicas.

Um total de 74% dos utentes referiu sofrer de hipertensão, sendo que todos eles referiram estar

já medicados. Quanto à manifestação de diabetes, 64% dos utentes apresentavam a patologia.

Um total de 33 utentes referiram ter colesterol elevado correspondendo a uma percentagem de

78%. Quando abordados sobre os hábitos tabágicos, 74% dos utentes afirmaram não fumar e

5% referiu já ter fumado, no entanto neste momento tinham cessado o hábito. O uso excessivo

de bebidas alcoólicas regularmente foi negado por todos os participantes, sendo que alguns

utentes, principalmente do sexo masculino faziam referência a um copo de vinho às refeições

apenas. Dos 42 utentes, 5 deles referiram ter já sofrido um evento agudo cardiovascular, 3 deles

teriam sofrido um enfarte do miocárdio e os restantes um AVC.

Quando questionados sobre o papel do farmacêutico no diagnóstico, aconselhamento e

no apoio à terapêutica das DCV, todos os utentes sem exceção referiram ser de elevada

importância, inclusive alguns dos utentes referiram confiar mais nos farmacêuticos do que nos

próprios médicos. As principais dúvidas sentidas pelos doentes, são no que diz respeito aos

fatores de risco associados às DCV, representando 55% das respostas dos utentes.

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5.2) Conclusão

A atividade realizada teve uma boa afluência por parte dos utentes FC e permitiu-me um

maior contato com alguns em particular, que se demonstraram muito recetivos ao

aconselhamento e participaram ativamente no dia do rastreio com questões e dúvidas. Pude

constatar que a maioria dos utentes que se disponibilizaram a comparecer ao rastreio pertenciam

à faixa etária da terceira idade tendo já doença estabelecida. Posto isto senti a necessidade de

alertar a população mais jovem, aquando do atendimento na farmácia, para a importância de

fazer um controlo dos fatores de risco, uma vez que as DCV afetam qualquer pessoa em qualquer

idade. A maioria dos utentes apresentava-se hipertensa, no entanto estavam já medicados e

com a doença controlada. Contudo em alguns utentes senti a necessidade de reforçar medidas

não farmacológicas como exercício físico regular, alimentação saudável, uma vez que estes

demonstravam no seu discurso uma falta de preocupação com estes aspetos preocupante, tendo

em conta o seu estado de saúde. A apresentação do panfleto informativo foi muito bem recebida

por parte dos participantes, sendo que fiz questão de ler com os mesmos algumas partes que

considerei relevantes para cada um individualmente.

Projeto 2: A pele e exposição solar – Fotoenvelhecimento

1) Enquadramento O aumento constante da incidência de doenças cancerígenas da pele e

fotoenvelhecimento, mais pronunciadas em populações caucasianas, é uma realidade vivida nos

dias de hoje. Associado ao cancro cutâneo surge o envelhecimento precoce da pele, que

envolve uma variedade de fatores de risco como é exemplo o tabagismo. No entanto, consta que

o principal agente predisponente para o surgimento de cancro da pele seja a exposição solar

prolongada e sem qualquer tipo de proteção contra as radiações UV. Estilos de vida criados

pelas populações, frequentemente em idades mais jovens, estão cada vez mais introduzidos nas

rotinas do dia a dia e têm vindo a agravar este problema. A exposição solar artificial, em solários,

é um exemplo do anteriormente referido [69].

Atualmente um e cada três cancros detetados corresponde a cancro cutâneo segundo a

OMS [70]. Tomar consciência da problemática em questão e alertar as pessoas sobre os riscos

e formas de prevenção face à exposição solar, torna-se assim imperativo. A educação para a

prevenção deve ser realizada logo desde a infância e deve ser mantida ao longo de toda a vida.

Para o efeito durante o meu estágio profissional, achei relevante sensibilizar os utentes da

Farmácia Confiança para o tema.

2) A pele

2.1) Estrutura e função

A pele juntamente com os seus anexos (unhas, pelos e glândulas sebáceas e mamárias)

é parte integrante do sistema tegumentar. Constitui o maior órgão do corpo humano e ao longo

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do tempo mostrou-se essencial ao desempenhar diversas funções importantes no organismo.

Apresenta características bem definidas e encontra-se em constantes processos de renovação.

A sua composição e estrutura faz com que seja capaz de responder a agressões quer do meio

externo quer do meio interno. A pele é constituída por 3 camadas principais: a epiderme, a derme

e a hipoderme. Por sua vez cada uma destas camadas encontra-se subdividida em várias outras.

[71,72]

Epiderme: É a camada mais à superfície da pele, deriva da ectoderme, constituída por

um epitélio pavimentoso estratificado e encontra-se dividida em 5 camadas principais,

diferenciadas pela morfologia das células constituintes, pelo grau de maturação das mesmas e

pela profundidade a que se encontram. Fazem parte essencial da sua constituição os

queratinócitos, melanócitos, células de Merkel e células de Langerhans.

o Camada Basal: camada mais profunda, assente no tecido conjuntivo subjacente, que

constitui a derme. Local onde se reproduzem as células queratinócitas.

o Camada espinhosa: encontra-se imediatamente a seguir à camada basal, sendo

essencialmente composta por células de Malpighi.

o Camada granulosa: é nesta camada que se inicia o processo de queratinização, com

formação de grânulos de queratina.

o Camada lúcida: camada muito fina situada entre a camada córnea e a camada

granulosa, na qual as células se encontram muito achatadas e indistinguíveis.

o Camada córnea: camada mais superficial (principal barreira contra o espaço externo),

constituída por um vasto conjunto de camadas celulares, essencialmente tecido morto

que resulta normalmente num processo de descamação. À superfície da camada córnea

está presente um manto hidrolipídico (emulsão de água e lípidos), essencial à proteção

e manutenção da pele saudável [71,72].

Derme: Camada de tecido conjuntivo derivada da mesoderme, que surge imediatamente

a seguir à epiderme. Fazem parte da sua constituição essencialmente fibroblastos, fibras

elásticas (responsáveis pela elasticidade) e de colagénio (responsáveis pela força),

glicosaminoglicanos e proteoglicanos. As características desta camada conferem flexibilidade,

resistência e maleabilidade à pele, sendo também a derme a camada responsável pela irrigação

da epiderme [71,72].

Hipoderme: Constituída por tecido adiposo, é a camada mais profunda constituinte da

pele. Apresenta-se rica em células gordas (adipócitos), fibras, vasos sanguíneos e nervos. A

quantidade de células presentes na hipoderme varia consoante a região corporal. A hipoderme

funciona como um reservatório energético, sendo também responsável pela proteção térmica da

pele [71,72].

A pele, quando se encontra saudável, constitui a principal barreira do organismo contra

agressões externas. Este órgão confere assim proteção contra a desidratação, contra a entrada

de microrganismos ou substâncias estranhas (barreira microbiana) e contra a radiação

ultravioleta. Para além da função protetora, a pele é também responsável pela regulação da

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temperatura corporal, pelo controlo de sensações, sendo também uma fonte de nutrientes

essencial [73].

3) Exposição solar e efeitos na pele

3.1) Fotótipo da pele

Um dos constituintes fundamentais da pele é a melanina, uma proteína produzida pelos

melanócitos, responsável por conferir pigmentação à pele, pela proteção contra a radiação UV e

com algumas evidências de desempenhar funções importantes na regulação da homeostase da

epiderme. Na pigmentação cutânea reside o principal mecanismo de proteção contra a agressão

solar, responsável pelo fotoenvelhecimento e carcinogénese [74].

Existem diferentes tipos de pele, associados a diferentes suscetibilidades à exposição

solar, o que levou ao desenvolvimento de um sistema de classificação clínica que permite

determinar o fotótipo de pele de cada individuo. O fotótipo de pele (tabela 2) foi criado por Thomas

B. Fitzpatrick, tendo por base relatos de sensibilidade ao eritema e capacidade de bronzeamento.

Este sistema consiste numa graduação numérica (do I ao VI) que reflete o grau de coloração da

pele e o seu nível de sensibilidade aos danos causados pela radiação ultravioleta [75,76].

O fotótipo I e II são característicos de peles mais claras e que apresentam maior

suscetibilidade a danos externos, enquanto que os fotótipos V e VI são representativos de peles

mais escuras, que apresentam maior resistência [77].

3.2) Fotoenvelhecimento

A pele é o órgão que mais espelha os sinais do tempo e do envelhecimento, passando

por processo de deterioração constante ao qual designamos de envelhecimento cronológico ou

intrínseco. Quando este processo de envelhecimento é intensificado pela radiação solar,

estamos perante um processo designado por fotoenvelhecimento ou envelhecimento extrínseco.

O fotoenvelhecimento é condicionado pelo grau de exposição solar e pelo grau de pigmentação

cutânea [78].

Tabela 2 - Fotótipo de pele - escala Fitzpatrick

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3.2.1) Radiação solar

A radiação UV é a principal responsável pelo envelhecimento extrínseco da pele,

provocando um desequilíbrio no balanço entre a produção de espécies reativas de oxigénio

(ROS) e a sua neutralização por parte dos antioxidantes endógenos, o que causa um elevado

stress oxidativo. As ROS são capazes de provocar peroxidação lipídica das membranas

celulares, alterar a estrutura e função de várias enzimas e ainda levar à oxidação de vários

componentes celulares. Os efeitos referidos anteriormente são responsáveis por alterações

histológicas que marcam a diferença entre as diferentes regiões da pele, expostas ou não à

radiação UV [79].

Existem três tipos de radiação UV de acordo com o seu comprimento de onda: UV-A

(315-400 nm), UV-B (280-315 nm) e UV-C (100-280 nm) sendo esta última totalmente filtrada a

nível da camada do ozono e por isso, apenas as radiações UV-A e UV-B conseguem atingir a

superfície terrestre [79]. O comprimento de onda da radiação influencia a sua penetração na pele

e por consequência a interação com as células localizadas nas diferentes camadas da pele. A

nível da epiderme é absorvida a radiação UV-B, afeta predominantemente os queratinócitos,

enquanto que a radiação UV-A tem maior capacidade de penetração podendo atingir a derme,

afetando não só os queratinócitos, mas também os fibroblastos [78].

Relativamente à interação com o DNA, a radiação UV-A estabelece uma relação indireta,

através da produção de ROS que induzem mutações a nível do DNA mitocondrial, afetando

processos de transcrição e expressão genética. Já a radiação UV-B é diretamente absorvida

pelo DNA induzindo mutações que podem originar lesões cutâneas pré-malignas. Em suma, a

radiação UV tem a capacidade de direta, ou indiretamente afetar a estrutura celular e o DNA,

desencadear processos inflamatórios, conduzir à imunossupressão e interferir com o processo

de angiogenese [71,78].

3.2.2) Alterações na pele envelhecida

Numa exposição solar aguda, as alterações mais marcadas verificam-se na epiderme,

sendo as alterações da derme bastante subtis e muitas vezes de caráter transitório. Quando a

exposição solar é continuada as alterações tornam-se permanentes e afetam de igual modo

ambas as camadas da pele.

As principais alterações a nível da epiderme são [80]:

o Os queratinócitos tornam-se resistentes à apoptose ficando mais suscetíveis a

mutações;

o Redução de lípidos do estrato córneo

o A camada espinhosa torna-se mais fina;

o Achatamento da junção dermoepidérmica;

o Redução do número de melanócitos e células de Langerhans assim como alteração da

sua função.

Relativamente à derme, ocorrem as seguintes alterações:

o Alteração no metabolismo do colagénio originando fibras sem capacidade extensível,

que fragmentam facilmente. As fibras encontram-se desorganizadas e mais solúveis;

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33

o Aparecimento de fibras elásticas anormais sem capacidade de flexibilidade;

o A quantidade de glicosaminoglicanos aumenta;

o Diminuição do volume de gordura subcutânea;

o Redução na vascularização.

Dadas as alterações acima referidas a pele envelhecida apresenta-se fragilizada,

verificando-se uma alteração da permeabilidade da mesma a substâncias químicas agressoras,

uma vez que a sua função barreira se encontra comprometida. O aspeto seco e desidratado

deve-se a alterações do fluxo de água para a epiderme. A pigmentação da pele sofre também

alterações, esta mostra-se mais amarelada, uma vez que a produção de melanina é afetada e

consequentemente há um menor efeito protetor contra a radiação. O aparecimento de rugas e

alteração da textura da pele é muito comum, dada a diminuição da flexibilidade e resistência. A

garantia de aporte de nutrientes e oxigénio necessários à regeneração da pele fica também

comprometida, resultado das alterações verificadas a nível da junção dermoepidérmica. Podem

ainda surgir pequenas lesões pré-malignas [81,82].

3.3) Medidas de prevenção

Existem mecanismos de defesa e reparação natural da pele quando há a exposição a

um agente agressor, no entanto estes encontram-se limitados tornando-se imperativo a

necessidade de adotar medidas extra de prevenção. As medidas de prevenção podem centrar-

se em dois objetivos principais, limitar a penetração da radiação ou favorecer a ação antioxidante,

permitindo eliminar as ROS [79].

3.3.1) Fotoproteção

A fotoproteção deve iniciar-se logo desde a infância e deve prolongar-se até ao final da

vida. Esta pode dividir-se em dois grupos: fotoproteção externa e protetores solares (PrS).

A fotoproteção externa deve ser a primeira medida de prevenção a ter em conta e

consiste no uso de roupa adequada, chapéu e óculos de sol. Estas são medidas que apresentam

algumas vantagens relativamente ao uso de protetor solar, como por exemplo, o facto de ocorrer

uma proteção contra ambos os tipos de radiação, serem medidas associadas a menores custos

e não haver necessidade de controlar horários de aplicação como no caso dos protetores, que

devem ser aplicados cerca de 30 minutos antes da exposição solar [83].

O uso de protetores solares previne não só os efeitos do fotoenvelhecimento como

também outros danos causados pela exposição excessiva ao sol, como por exemplo a

imunossupressão, cujos efeitos são atenuados. Um PrS, atua por absorção, reflexão ou

dispersão da radiação e deve conferir proteção contra as duas formas de radiação UV, UV-A e

UV-B, permanecendo estável ao calor e também à radiação [73].

Nas formulações dos PrS podem ser usados filtros químicos ou físicos como substâncias

ativas que tem a capacidade de absorver ou refletir a radiação ultravioleta, tornando-os assim

eficazes na prevenção. Alguns filtros químicos (atuam por absorção de radiação dada a sua

estrutura molecular) aprovados e utlizados nas formulações são a benzofenona, os cinamatos e

o octocrileno. O uso de filtros físicos, como o dióxido de titânio ou óxido de zinco (normalmente

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atuam por reflecção da radiação), tem vindo a ganhar cada vez mais relevância, dadas as

demostrações de eficácia comprovada e também devido à implementação do conceito de

produto biodegradável. Este tipo de filtro tem um efeito muito menos negativo a nível de poluição

ambiental [73,84].

Uma das principais caraterísticas que um protetor solar deve apresentar, para além do

fator proteção, é a sua forma de apresentação, uma vez que este fator é o responsável na maioria

das vezes pela adesão ao seu uso ou não. PrS com filtros físicos geralmente são alvo de maior

resistência à sua utilização por parte da população, uma vez que o tamanho das partículas do

filtro confere à formulação caraterísticas indesejáveis, como o facto de ser de difícil aplicação e

ficar com a pele branca. Ao longo dos anos esta tendência tem vindo a ser contrariada devido a

mudanças que ocorreram nas formulações como é exemplo o uso de nanopartículas do filtro,

conferindo melhores características ao produto [83].

Deve ser realçado o facto de a utilização de PrS não afetar processos do nosso

organismo que necessitam de energia solar para ocorrem como por exemplo a síntese de

vitamina D ou, mais recentemente descoberto, a redução da pressão arterial promovida pela

radiação UV-A [84].

3.3.2) Antioxidantes

Como referido anteriormente uma das formas de prevenção do fotoenvelhecimento

passa pela limitação das ROS. O nosso organismo possui substâncias antioxidantes endógenas,

no entanto por vezes estas deixam de ter a capacidade de atuar sendo necessário reforçar a sua

atividade. Para o efeito a utilização de agentes antioxidantes, muitos deles provenientes de

produtos naturais, tem vindo a adquirir importância, sendo que estes podem ser introduzidos nas

próprias formulações do PS ou então adicionados a suplementos alimentares [85].

Os agentes antioxidantes devem respeitar princípios básicos como: ter a capacidade de

sequestrar as ROS e desencadear uma cadeia de reações antioxidantes e não podem perder a

estabilidade quando presentes numa formulação [83]

3.3.2.1) Vitaminas

Vitamina C: Em diversos estudos tem sido demonstrada a capacidade protetora da vitamina C,

sendo que esta tem a capacidade de aumentar a produção de colagénio, protege contra a

radiação UV de ambos os tipos, corrige a pigmentação da pele e promove melhorias no que diz

respeito a processos inflamatórios da pele [86].

Vitamina E: A depleção de Vitamina E é um marcador da exposição à radiação ultravioleta.

Estudos demonstram que esta vitamina tem a capacidade de estabilizar a função barreira da

pele, para além da sua capacidade de absorver radiação UV e sequestrar ROS. É bastante

utilizada em formulações tópicas [86].

3.3.2.2) Carotenoides

β-caroteno: Constitui um dos principais constituintes dos produtos e suplementos

comercializados e administrados para a prevenção primária, demonstrando uma eficácia

comprovada no que diz respeito ao aumento da capacidade da pele de reagir aos danos solares.

A suplementação com β-caroteno mostra-se eficaz, dependendo da dose e duração do

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tratamento, mas não suficiente no que diz respeito à prevenção. A sua atuação baseia-se no

ataque e sequestro das ROS [86,87].

3.3.2.3) Polifenóis

Chá Verde: Os polifenóis constituintes do chá verde tem demonstrado um efeito fotoprotetor na

natureza, daí o seu interesse em ser usado em formulações de PS ou mesmo em suplementação

alimentar, como agente farmacológico. O efeito protetor dos polifenóis não se deve à absorção

direta da radiação UV. Em alguns estudos demonstrou-se que estes compostos tem a

capacidade de limitar a oxidação de lípidos, proteínas e depleção de enzimas antioxidantes,

ocorrendo deste modo uma diminuição das ROS produzidas. A aplicação tópica destes

compostos resulta numa prevenção quer a nível da derme quer da epiderme [86,88].

Silimarina: constitui o principal princípio ativo presente na planta Cardo Mariano e é composta

por um conjunto de 3 flavonoides (silibina, silidianina e silicristina). O composto com atividade

antioxidante mais pronunciada é a silibina, que apresenta uma grande capacidade de sequestro

dos radicais livres impedindo assim a peroxidação lipídica e oxidação das proteínas [83].

3.3.2.4) Selénio

O selénio é um elemento essencial, uma vez que é co-fator de enzimas como a glutationa

peroxidase e a tioredoxina redutase, que atuam no organismo no combate ao stress oxidativo.

O selénio pode ser administrado via oral, existindo já registos do seu benefício no que diz respeito

à proteção de danos no DNA e nas membranas lipídicas. Quando usado de forma tópica, na

forma de L-selenometionina, demonstra um aumento da dose de eritema mínimo [83].

3.3.2.5) Coenzima Q10

Dados recentes reportam que a Coenzima Q10 apresenta um efeito protetor contra a

morte celular induzida pelo stress oxidativo e ainda estimula a síntese de compostos das

membranas celulares quer da epiderme como da derme, limitando assim os danos a nível dos

queratinócitos. A suplementação alimentar com coenzima Q10 tem também sido alvo de vários

estudos, no que diz respeito à proteção cutânea e melhoria da aparência da pele. Bons

resultados têm sido obtidos na medida em que se verifica uma redução dos efeitos causados

pelo envelhecimento como as rugas. Aspetos como a textura da pele, bem como a sua firmeza

e vitalidade também apresentam melhorias [89].

Todos os antioxidantes acima reportados são apenas exemplos duma enorme variedade

de antioxidantes disponíveis e que desempenham um papel importantíssimo na prevenção

cutânea. A eficácia comprovada destes agentes faz com que cada vez mais se opte por uma

prevenção combinada, com a associação de um produto de aplicação tópica, muitos deles já

com antioxidantes na sua composição, e suplementos alimentares. Esta associação já

demonstrou efeitos sinérgicos na prevenção cutânea bastante desejáveis [90].

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3.4) Tratamento do fotoenvelhecimento

3.4.1) Laser e Radiofrequência

Com o aumento da incidência de patologia cutânea, cresce também a necessidade de

desenvolver técnicas de melhoria estética, valorizando sempre as que menos riscos apresentam

e que possibilitam uma recuperação mais rápida [91].

As técnicas de Laser e Radiofrequência atuam através da utilização de um feixe de luz

de comprimento de onda específico e uso de corrente elétrica, respetivamente. Estudos revelam

que a utilização destas técnicas leva a melhorias da textura da pele e aumento da flexibilidade e

resistência, uma vez que estimulam a síntese de colagénio. A pigmentação da pele é também

melhorada, limitando o número de manchas e lesões cutâneas. A duração deste tipo de

tratamento é bastante prolongada, sendo usual no mínimo 6 meses de tratamento, sendo que

não se verificam imediatamente os seus efeitos. Os primeiros sinais de melhoria aparecem cerca

de 1 mês após o início do tratamento [91,92].

3.4.2) Peelings

Os peelings são utilizados já há muito tempo, sendo atualmente de elevada importância

como tratamento do fotoenvelhecimento promovendo o rejuvenescimento, através de uma

destruição moderada da epiderme e derme levando à sua regeneração. Os peelings químicos,

no qual são utilizadas substâncias químicas como o fenol podem ser considerados superficiais,

médios e profundos. Associado a este tipo de tratamentos são observadas melhorias a nível da

luminosidade da pele, atenuação e diminuição do aparecimento de rugas e diminuição da flacidez

[93].

3.4.3) Técnicas de Preenchimento

As técnicas de preenchimento cutâneo são utilizadas essencialmente para fazer a

correção e eliminação de rugas, sulcos e também de algumas cicatrizes. A injeção de

determinadas substâncias na pele, na região a ser tratada, diminui a profundidade das lesões

melhorando o aspeto da pele. As principais substâncias utilizadas neste tipo de técnicas são o

Ácido Hialurónico (efeito temporário, necessidade de repetição do tratamento cerca de 6 a 12

meses depois), componente que faz parte da constituição normal da pele, e o Metacrilato (efeito

permanente) [94,95].

3.4.4) Produtos cosméticos

Os produtos cosméticos, são os mais utilizados no que diz respeito ao tratamento do

fotoenvelhecimento. Até a data, os ingredientes mais estudados e que apresentam eficácia

comprovada no melhoramento da textura e pigmentação da pele são os retinoides e a

hidroquinona. Os retinoides atuam quer a nível da epiderme, normalizando o ciclo de vida dos

queratinócitos e limitando a propagação dos melanossomas, quer a nível da derme ao aumentar

a síntese de colagénio, fibras elásticas e glicosaminoglicanos. A hidroquinona não aparece

atualmente nas formulações da Europa e Japão, dadas algumas suspeitas relativamente ao seu

potencial poder neoplásico.

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Outros ingredientes bastante utilizados nas formulações e com eficácia comprovada são:

os alfa hidroxiácidos (AHA) e agentes antioxidantes como as vitaminas C, E e B3, a coenzima

Q10, entre outros [96,97],

4) Projeto: Aconselhamento sobre Fotoenvelhecimento e Cuidados com a pele

No dia a dia na Farmácia Confiança fui várias vezes abordada por utentes com dúvidas

relativamente aos melhores produtos para o cuidado diário da sua pele. Muitos deles não

demonstravam cuidados para além da lavagem com água e, em alguns casos, aplicação de um

produto hidratante. A maioria dos utentes recorre a produtos de proteção solar apenas na altura

do Verão, deixando esse cuidado completamente de parte nas restantes alturas do ano. No mês

de maio iniciou-se na farmácia uma grande procura relativamente a produtos solares,

principalmente por mulheres em idades mais jovens, sendo que a população mais idosa não

recorria muito a este tipo de produtos. Durante o atendimento, tive a oportunidade de constatar

que uma boa parte da população não se encontrava elucidada sobre as consequências na pele

provenientes da exposição solar excessiva. Posto isto decidi debruçar-me um pouco sobre este

tema alertando os utentes para esta problemática, aquando do atendimento na farmácia. Para

uma maior sensibilização elaborei um panfleto (anexo XII), entregue aos utentes durante o

aconselhamento farmacêutico, no qual fiz referência às caraterísticas da pele, aos cuidados

básicos diários, bem como ao fotoenvelhecimento e medidas de prevenção do mesmo. Estes

panfletos encontravam-se distribuídos pelos diversos balcões da farmácia, para poderem deste

modo chegar a todos os utentes sem exceção. Esta ação de sensibilização dos utentes decorreu

durante duas semanas na FC.

4.1 Relatos de aconselhamentos realizados

Caso 1: Utente, com aproximadamente 20 anos, dirige-se à Farmácia pois apresenta

uma pele muito sensível à exposição solar, tendo desenvolvido uma alergia grave no ano

anterior, com aparecimento de bolhas e prurido intenso. Procura um produto para prevenção. A

utente apresentava pele muito clara e cabelos loiros.

No aconselhamento comecei por referir que as caraterísticas da sua pele predispunham

a utente para queimaduras muito facilmente e que a proteção diária era essencial. Foram

posteriormente propostos 2 produtos, primeiro um suplemento alimentar de β-caroteno (duas

cápsulas por dia) dadas as suas propriedades antioxidantes como medida de prevenção. A

utente deveria iniciar a toma o mais cedo possível e devia continuar a mesma, aquando da época

de exposição solar e após a exposição. Seguidamente foi sugerida a utilização de um Protetor

Solar de fator de proteção solar 50+, para aplicação diária.

Foi ainda referido à utente que em caso de desenvolvimento de nova alergia poderia

optar pela utilização de um fármaco anti-histamínico. Para além dos produtos indicados foram

indicadas também medidas como a utilização de chapéu, roupa adequada e óculos de sol. Por

fim foram feitas recomendações sobre os cuidados básicos a ter com a pele no que diz respeito

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à limpeza, hidratação e proteção. A utente acabou por aceitar os dois produtos sugeridos, no

entanto não obtive feedback por parte da mesma, relativamente aos resultados obtidos.

Caso 2: Utente com aproximadamente 65 anos, dirige-se à farmácia e queixa-se que

apresenta a pele bastante seca e com algumas manchas que se tornam mais evidentes na época

do Verão. Faz referência que lava a cara com água apenas, e que coloca um creme hidratante

diariamente. Comecei o aconselhamento, questionando a utente se conseguia perceber o porquê

de as manchas ficarem mais evidentes com a exposição solar, pergunta à qual não obtive

qualquer resposta. Desde logo aproveitei para introduzir o panfleto, com a ajuda do qual, falei à

doente um pouco acerca da radiação solar e fotoenvelhecimento. Sugeri assim à utente a

utilização diária de um protetor solar, fazendo também referência a algumas formas de

tratamento para a atenuação das manchas, no entanto este último tópico não foi bem recebido

pela utente referindo o facto de serem tratamentos um pouco dispendiosos, os quais não tinha

capacidade de realizar. Relativamente à secura da pele questionei a utente sobre alguma

medicação recentemente introduzida ou alguma patologia que pudessem estar na origem deste

problema e tive oportunidade de referir à senhora que a higiene da sua pele não estaria a ser a

mais correta, sugerindo um produto de limpeza e um bom creme hidratante, com capacidade

regeneradora da pele (para imperfeições), para tentar atenuar as manchas que se verificavam.

4.2 Conclusão

A atividade de sensibilização teve um feedback bastante positivo, sendo que tive

oportunidade de realizar bastantes aconselhamentos, sempre com o apoio e suporte dos

colaboradores da FC, e contatar com diversos problemas e situações patológicas. Foi uma

experiência bastante enriquecedora no que diz respeito ao conhecimento dos produtos de

cuidado da pele das diferentes marcas e das patologias associadas à pele. Apesar de a atividade

ser centrada no fotoenvelhecimento, com os diversos aconselhamentos fui capaz de aprofundar

mais o meu conhecimento acerca de outras situações como acne, rosácea entre outras o que

veio complementar a formação teórica anteriormente adquirida. Por outro lado, sinto que os

utentes tiraram também partido desta ação de sensibilização e muitos deles, principalmente a

população mais jovem, mostrava-se cada vez mais preocupada com os efeitos devastadores da

exposição solar excessiva e eles próprios tinham a iniciativa de levar o panfleto e em alguns

casos questionavam os PS sobre a problemática.

Projeto 3: Polimedicação no idoso – Guia do utente

1) Enquadramento

Segundo documento emitido pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2016 um em

cada cinco portugueses apresentava mais de 65 anos, ou seja 20,7% da população era idosa.

Estas estatísticas colocam Portugal nos primeiros lugares na lista dos países com a população

mais envelhecida da União Europeia [98].

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Com o envelhecimento aumentam os cuidados necessários com a saúde e surgem

diversas patologias, o que consequentemente leva ao conceito de Polimedicação, que consiste

no uso crónico e simultâneo de vários medicamentos pelo mesmo individuo, podendo verificar-

se maior número de interações medicamentosas e efeitos adversos. Os idosos, dadas as

alterações fisiológicas que se verificam, tornam-se mais suscetíveis ao aparecimento de efeitos

adversos. O anteriormente referido associado ao facto de muitas vezes as prescrições serem

feitas por vários médicos, à falta de adesão à terapêutica por parte dos utentes e toma de

medicação não prescrita é motivo de grande preocupação na atualidade [99].

2) Principais alterações fisiológicas no idoso

As principais alterações que ocorrem no organismo do idoso são: diminuição da função

cardíaca, hepática, renal e respiratória, perda de massa muscular e aumento da massa gorda e

comprometimento do sistema nervoso [100]. As alterações referidas têm efeitos no organismo,

sendo que um deles se reflete na alteração da farmacocinética e farmacodinâmica dos fármacos.

Os processos de absorção, metabolização, distribuição e eliminação de fármacos encontram-se

alterados potenciando muitas vezes reações adversas ou não fazendo com que o efeito

farmacológico pretendido não aconteça [99].

3) Adesão à terapêutica

A adesão à terapêutica é um dos principais aspetos que contribui para o sucesso e

efetividade do tratamento de uma doença, principalmente no que diz respeito a uma doença

crónica [101]. Os principais fatores que levam à não adesão a um determinado tratamento são:

a quantidade diária de medicação a administrar, duração longa do tratamento, dificuldade de

deglutição, negação da doença, dificuldades económicas, suspensão da terapia para ingestão

de bebidas alcoólicas, o nível cultural do doente, esquecimento e por fim automedicação [102].

4) Projeto: criação de um guia do utente

Após consciencialização desta problemática, por ter lidado de perto com idosos no

atendimento ao balcão na farmácia, detetando as dificuldades por eles sentidas no que diz

respeito à medicação, achei que seria relevante tentar ajudar os utentes na organização da sua

medicação, promovendo estratégias de adesão à terapêutica.

As principais razões pelas quais os utentes da FC demonstravam baixa adesão à

terapêutica eram: o facto de serem muitos medicamentos e por vezes confundirem os horários

das tomas, a incapacidade financeira para adquirir todos os medicamentos necessários e a

negação da presença de patologia.

A baixa adesão à terapêutica é um problema bastante difícil de contornar, no entanto o

farmacêutico pode exercer um papel fundamental no que diz respeito à promoção do uso racional

do medicamento, conversando com o doente e desenvolvendo formas de atenuar as dificuldades

por estes sentidas. Para o efeito, criei um Guia do Utente (anexo XIII) onde constam informações

importantes sobre a Polimedicação e alguns conselhos práticos para a manutenção da saúde no

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idoso. Neste guia consta uma tabela na qual os doentes podem escrever toda a medicação atual,

bem como para que serve e o modo como deve tomar.

Uma vez que a maioria dos doentes recorre à farmácia no início de cada mês para

levantar a medicação, considerei pertinente apresentar este guia aos utentes no início do mês

de julho. Aquando da dispensa da medicação, e durante o aconselhamento farmacêutico, efetuei

com alguns doentes o preenchimento do guia, aproveitando para esclarecer as dúvidas dos

mesmos e dando dicas para conseguirem uma melhor organização. Em alguns casos deparei-

me com pessoas que não sabiam ler/escrever e para contornar esta situação sugeri que fosse

destacada uma parte da embalagem e colada no guia para tornar fácil a identificação por parte

do utente. O preenchimento do guia deve ser realizado da forma mais simples possível para que

os próprios utentes possam, sozinhos, mais tarde atualizá-la sem qualquer dificuldade.

4.2 Conclusão

Este projeto foi realizado ao longo de uma semana na FC, sendo que obtive reações

diferentes por parte dos utentes que visitavam a farmácia. Em alguns casos os utentes

mostraram-se bastante colaboradores no preenchimento do Guia, sendo que pelo menos um

deles voltou à farmácia com o Guia pois tinha atualizado com a restante que medicação que já

tinha em casa e fez questão de mostrar a evolução. Alguns utentes agradeceram o facto de

estarmos a desenvolver atividades para os ajudar, e mostraram-se agradados com a

preocupação com o seu bem-estar, referindo que o Guia os iria ajudar e que iriam adotar aquela

medida no futuro.

Por outro lado, alguns utentes não reagiram bem a esta iniciativa pois achavam que de

certa forma, estávamos a desvalorizar a capacidade deles, não querendo preencher o Guia,

sendo esta a maior dificuldade sentida na realização desta atividade. Nestes casos optei por uma

outra abordagem, que consistia em fornecer o Guia fazendo apenas referencia às informações

úteis que nele existem, e ao longo do aconselhamento ia questionando o doente sobre como

tomava a diferente medicação, se sabia para que efeito se destinavam os diferentes fármacos,

no sentido de tentar detetar problemas na terapêutica que pudessem ser corrigidos durante a

conversa com o utente.

Perante tudo isto, concluo que a atividade, apesar de alguns contratempos teve um

feedback positivo. Apesar de ter sido realizada durante uma semana, o meu objetivo era tentar

introduzir esta medida na FC, não apenas na semana da sua realização, mas também nos futuros

atendimentos, tornando assim o Guia do Utente uma mais valia para personalizar os

atendimentos e promover o uso racional do medicamento.

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Conclusão

Olhando para aquele que foi o meu percurso na Farmácia Confiança, considero que

estes meses de estágio permitiram momentos de grande aprendizagem e consolidação de

conhecimentos científicos e técnicos, quer com todos os profissionais de saúde, quer com o

contato com os diversos utentes.

Durante todo o período de estágio, e sempre contando com o apoio de todos os

colaboradores da FC, consegui por em prática os conhecimentos que me foram transmitidos ao

longo de 5 anos de curso, tentando sempre ultrapassar as dificuldades que todos os dias iam

surgindo. Apesar de no início ser um pouco complicada a adaptação, dada alguma insegurança,

sinto que depositei todo o meu esforço e dedicação, ganhando assim cada vez mais autonomia

e confiança no desempenho das funções a que me propunha.

A Farmácia Confiança juntamente com todos os seus colaboradores, disponibiliza aos

utentes um acompanhamento dinâmico de excelência, apresentando um papel muito ativo no

que diz respeito à sensibilização e intervenção na saúde pública, possibilitando assim um estágio

bastante enriquecedor.

Posso garantir que saio deste período curricular ciente das minhas capacidades, com

uma formação mais completa enquanto farmacêutica e preparada para enfrentar novos desafios

na minha vida profissional, que agora se inicia.

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Anexos

Anexo I - Espaço exterior da Farmácia Confiança

Anexo II – Zona de atendimento da Farmácia Confiança

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50

Anexo III - Gabinete da direção técnica e de atendimento privado

Anexo IV - Zona de receção de encomendas

Anexo V - Laboratório

Anexo VI - Armazém

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Anexo VII - Flyers para promoção de atividades realizadas na FC

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52

Anexo VIII - Cartaz de sensibilização sobre Sarampo e Vacinação

Anexo IX - Inquérito realizado aos utentes no dia do rastreio cardiovascular

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53

64%

36%

SEXO DOS PARTICIPANTES

masculino feminino

7%

21%

72%

IDADE DOS PARTICIPANTES

[25,45] [46,65] [66,85]

74%

26%

HIPERTENSÃO

sim não

64%

36%

DIABETES

sim não

79%

21%

COLESTEROL

Sim Não

21%

74%

5%

HÁBITOS TAGÁGICOS

Sim Não Já fumou

12%

55%

12%

21%

PRINCIPAIS DÚVIDAS DOS UTENTES

Como fazer o diagnóstico Fatores de risco

Tratamento das DCV Consequências das DCV

Anexo X - Resultados do Inquérito realizado aos utentes participantes no rastreio

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Anexo XI – Panfleto sobre doenças cardiovasculares

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55

Anexo XII – Panfleto sobre Cuidados com a pela e Fotoenvelhecimento

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56

Anexo XIII – Guia do utente

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Relatório de Estágio Profissionalizante em Farmácia Comunitária

57

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i

Hospital Privado de Alfena

Sara Patrícia Costa Pimenta

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ii

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Hospital Privado de Alfena

15 de janeiro a 29 de fevereiro de 2018

Sara Patrícia Costa Pimenta

Orientador: Dra. Patrícia André Simões de Moura

Setembro 2018

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iii

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro

curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores

(afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e

encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com

as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui

um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 12 de setembro de 2018

Sara Patrícia Costa Pimenta

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iv

Agradecimentos

Nesta fase final do meu percurso académico, sinto a necessidade de agradecer a todos

aqueles que colaboraram para a minha formação durante estes últimos anos, não só a todos os

que me ensinaram a crescer profissionalmente, mas também como ser humano.

Em primeiro lugar devo agradecer à Faculdade de Farmácia do Porto (FFUP) e a todos

os docentes e auxiliares que me transmitiram todos os conhecimentos científicos necessários à

minha aprendizagem. Foi um longo e, nem sempre fácil, percurso e sem eles nada teria sido

possível.

Seguidamente, não posso deixar de agradecer também à Comissão de Estágios, por

todo o seu empenho em tentar proporcionar a todos os alunos, a melhor experiência profissional

e por promover o nosso contato com a realidade que o Futuro nos reserva. Neste aspeto deixo

aqui o meu mais sincero agradecimento à minha orientadora, doutora Susana Casal.

Gostaria também de agradecer à Doutora Patrícia Moura, pela oportunidade que me

concedeu de experimentar a vertente hospitalar, pela sua simpatia e disponibilidade e por todos

os conhecimentos transmitidos, que sem dúvida foram enriquecedores.

Para quem durante dois intensos meses me acompanhou de perto vai o meu maior

agradecimento, doutora Ana Araújo. Obrigada pelo acompanhamento dia após dia, por tudo o

que me foi ensinado, por me dar a conhecer a realidade de um farmacêutico hospitalar, por todas

as conversas e pela sua amizade. Vejo em si um exemplo de grande profissionalismo e ser

humano.

Não posso deixar ainda de agradecer a todos os profissionais que fizeram parte desta

experiência: Iolanda, Dra. Nádia, Tiago, Luís e José que me receberam e acompanharam,

sempre com boa disposição e total disponibilidade para tudo o que fosse necessário. Todas estas

pessoas foram sem dúvida importantes e a todos ficarei sempre grata.

Por fim agradecer a todos os meus amigos, em particular aqueles que me

acompanharam ao longo destes cinco anos de curso e nunca me deixaram desistir, bem como

aos meus familiares, pelo apoio e por sempre acreditarem em mim.

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v

Resumo

No último semestre do ciclo de estudos do Mestrado Integrado em Ciências

Farmacêuticas, os alunos têm a possibilidade de contatar com a realidade profissional, quer a

nível hospitalar, quer a nível da farmácia comunitária.

Tive a oportunidade de iniciar o meu estágio curricular na farmácia hospitalar do Hospital

Privado de Alfena, unidade pertencente ao Grupo Trofa Saúde, desde 15 de janeiro até dia 28

de fevereiro sendo o horário de trabalho das 9h às 18h, de segunda a sexta-feira.

Durante este período, fui integrada numa equipa de excelentes profissionais com os

quais desenvolvi várias competências técnicas e científicas, e que me permitiram conhecer e

participar ativamente naquele que é o dia a dia de um farmacêutico hospitalar.

Apesar do curto período de estágio, desde cedo percebi que a realidade de um

farmacêutico hospitalar passa por apresentar um papel ativo aquando da decisão da terapêutica

adequada a cada doente e não só por dispensar medicamentos aos diversos serviços.

Para garantir o bom funcionamento do Hospital é imperativo manter sempre uma ligação

profissional coesa entre médicos e farmacêuticos, caso contrário existirão repercussões que

afetarão todo o funcionamento do hospital.

Este estágio permitiu a aplicação de vários conceitos teóricos que me foram

apresentados ao longo de cinco anos de curso, agora num contexto mais prático e recorrendo

ao meu espírito crítico e responsabilidade profissional. Para além de todo o conhecimento

científico adquirido, e não desprezando esta vertente, a mais valia que levo deste estágio foi sem

dúvida a perceção da importância e do papel do farmacêutico hospitalar, bem como as

competências adquiridas a nível da gestão de uma farmácia em ambiente hospitalar.

No presente relatório consta toda a informação e conhecimento adquiridos durante o

estágio, bem como a descrição de todas as atividades realizadas diariamente nos Serviços

Farmacêuticos do Hospital Privado de Alfena.

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vi

Índice

Declaração de Integridade ............................................................................................................ iii

Agradecimentos............................................................................................................................. iv

Resumo ......................................................................................................................................... v

Índice de tabelas ......................................................................................................................... viii

Índice de anexos ......................................................................................................................... viii

Lista de abreviaturas ..................................................................................................................... ix

1) Grupo Trofa Saúde ................................................................................................................ 1

1.1) Hospital Privado de Alfena ........................................................................................ 1

2) Farmácia Hospitalar .............................................................................................................. 2

2.1) O farmacêutico hospitalar .............................................................................................. 2

2.2) Os Serviços Farmacêuticos Hospitalares ...................................................................... 2

3) Os SFH no Hospital Privado de Alfena ................................................................................. 3

3.1) Localização dos SFH e descrição do espaço físico ....................................................... 5

4) Sistema Informático ............................................................................................................... 6

5) Recursos Humanos ............................................................................................................... 6

6) Comissão de Farmácia e Terapêutica - Formulário Hospitalar ............................................ 7

7) O circuito do medicamento .................................................................................................... 7

7.1) Seleção .......................................................................................................................... 7

7.2) Aquisição e gestão de stock .......................................................................................... 8

7.2.1) Medicamentos de Autorização de Utilização Especial ............................................... 8

7.2.2) Empréstimos ............................................................................................................... 9

7.3) Receção e armazenamento de encomendas .............................................................. 10

7.4) Distribuição ................................................................................................................... 10

7.4.1) Distribuição Clássica ................................................................................................. 10

7.4.2) Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (DIDDU) ......................................... 11

7.4.3) Distribuição Medicamentos sujeitos a Legislação Especial ...................................... 12

7.4.3.1) Estupefacientes e Psicotrópicos ............................................................................ 12

7.4.3.2) Produtos Hemoderivados ....................................................................................... 12

7.4.3.3) Produtos Extra-Formulário ..................................................................................... 13

7.4.3.4) Sugamadex® .......................................................................................................... 13

8) Farmacotecnia ..................................................................................................................... 14

8.1) Manipulados não-estéreis ............................................................................................ 14

8.2) Manipulados estéreis- Fármacos citotóxicos ............................................................... 14

9) Reacondicionamento por reembalagem e fracionamento de fármacos ............................. 15

10) Carros de emergência ..................................................................................................... 16

11) Gases Medicinais ............................................................................................................ 16

12) Controlo de qualidade ..................................................................................................... 18

12.1) Parâmetros físicos ..................................................................................................... 18

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vii

12.2) Prazos de validade ..................................................................................................... 18

13) Validação Farmacêutica .................................................................................................. 18

13.1) Validação das prescrições farmacêuticas .................................................................. 18

14) Farmacovigilância ................................................................................................................. 19

Conclusão .................................................................................................................................... 20

Bibliografia ................................................................................................................................... 21

Anexos ......................................................................................................................................... 23

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viii

Índice de tabelas

Tabela 1- Plano operacional dos SF do Hospital Privado de Alfena ............................................ 4

Índice de anexos

Anexo I - Hospital Privado de Alfena .......................................................................................... 23

Anexo II - Formulário Hospitalar – localização dos fármacos ..................................................... 23

Anexo III - Modelo de Requisição de Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos ............. 24

Anexo IV - Pedido de Autorização de Utilização Excecional de um fármaco ............................. 24

Anexo V - Autorização de Utilização Excecional de um fármaco ............................................... 25

Anexo VI - Pedido de reposição de stock de um serviço ............................................................ 25

Anexo VII - Folha de registo de levantamento de medicação .................................................... 26

Anexo VIII - Exemplo de um mapa de DIDDU ............................................................................ 26

Anexo IX - Módulos com gavetas para DIDDU – organizados por ordem de camas ................. 27

Anexo X - Modelo de Requisição de Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos .............. 27

Anexo XI - Modelo de Requisição de Medicamentos Hemoderivados ....................................... 28

Anexo XII - Modelo de Justificação de Requisição de Produtos Extra - Formulário .................. 28

Anexo XIII - Modelo de justificação de utilização de Sugamadex .............................................. 29

Anexo XIV - Sala de preparação de manipulados não-estéreis ................................................. 29

Anexo XV - Ficha de Preparação do manipulado de Ácido Tricloroacético 80% ....................... 30

Anexo XVI - Sala de preparação de manipulados estéreis ........................................................ 30

Anexo XVII - Máquina de reembalamento da Farmácia Central ................................................ 31

Anexo XVIII - Folha de registos de reembalamento de fármacos .............................................. 31

Anexo XIX - Carro de emergência de um serviço ....................................................................... 32

Anexo XX - Cilindros de Gases Medicinais ................................................................................. 32

Anexo XXI - Folha de registo dos Gases Medicinais .................................................................. 33

Anexo XXII - Gráfico de temperatura da farmácia do Hospital Privado de Alfena ..................... 33

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ix

Lista de abreviaturas

AIM – Autorização de Introdução no Mercado

AUE – Autorização de Utilização Especial

CAUL – Certificado de Autorização de Utilização de Lote

CFT – Comissão de Farmácia e Terapêutica

COELL – Certificado Oficial Europeu de Libertação de Lote

DCI – Designação Comum Internacional

DIDDU – Distribuição Individual Diária em Dose Unitária

FC – Farmácia Central

FH – Farmacêutico Hospitalar

FHNM – Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos

GM – Gases Medicinais

GTS – Grupo Trofa Saúde

HPAV – Hospital Privado de Alfena

SF – Serviços Farmacêuticos

SFH - Serviços Farmacêuticos Hospitalares

SI – Sistema Informático

SNF – Sistema Nacional de Farmacovigilância

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1

1) Grupo Trofa Saúde

O Trofa Saúde Hospital é um projeto global de saúde no qual se integram várias

Unidades Hospitalares. O principal objetivo é melhorar a forma de cuidar da saúde dos utentes,

pensando sempre em satisfazer as necessidades dos mesmos. São por este motivo exigidos

elevados padrões de qualidade técnica e humana.

Constituído por uma rede de hospitais privados, o Grupo Trofa Saúde (GTS) serve mais

de 2.5 milhões de habitantes, principalmente a norte do país. Cada uma das unidades dispõe de

serviços como Serviços de Urgência de Adultos e Pediátrica 24 horas, Blocos Operatórios,

Unidades de Neonatologia 24 horas, Maternidades com várias salas de parto; Medicina Física e

Reabilitação, Consultas Externas com mais de 45 especialidades clínicas e um conjunto de

diversos Meios Complementares de Diagnóstico. O grupo iniciou-se em 2001 com a abertura do

Hospital Privado da Trofa, sendo agora constituído por 9 unidades:

Hospital Privado da Trofa

Hospital Privado de Alfena

Hospital Privado de Gaia

Hospital Privado de Braga

Hospital Privado de Braga Centro

Hospital Privado da Boa Nova

Hospital de Dia de Famalicão

Hospital de Dia da Maia

Hospital Privado de São João da Madeira

A principal missão do grupo é a “Prestação de cuidados de saúde personalizados e

de excelência, globais e compreensivos,”, seguindo valores bastante restritos como

Transparência, Responsabilidade, Lealdade e Confidencialidade entre outros [1].

1.1) Hospital Privado de Alfena

O Hospital Privado de Alfena (HPAV) (anexo I) é uma das unidades hospitalares mais

recentes do grupo, apresentando um conceito bastante inovador. Localizado na Rua Manuel

Bento Júnior nº 201 Alfena, no concelho de Valongo, distrito do Porto mostra-se como um dos

principais prestadores de serviços de saúde privados da região norte do país. É um hospital com

destaque para o serviço de urgência adultos e pediátrico 24horas/365 dias por ano. São

prestados cuidados de saúde desde a prevenção ao tratamento e reabilitação [2].

É caraterizado por espaços amplos e luminosos, equipado com os melhores

equipamentos e tecnologias. A equipa de excelência é liderada pelo diretor clínico Dr. José

Carlos Vilarinho e pelo administrador Dr. Jorge Curval [2].

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2

2) Farmácia Hospitalar

2.1) O farmacêutico hospitalar

O farmacêutico hospitalar (FH) assume um papel de elevada responsabilidade quando

integrado numa equipa multidisciplinar. A direção dos Serviços Farmacêuticos Hospitalares

(SFH) fica sempre a cargo de um farmacêutico. São várias as funções desempenhadas pelo FH

no decorrer da sua atividade profissional. Como membro de uma equipa de profissionais de

saúde, está envolvido na aquisição e gestão dos medicamentos, na sua preparação e na

distribuição dos mesmos pelas enfermarias e blocos. É também responsabilidade do

farmacêutico, gerar informação de natureza clínica, científica ou financeira, especialmente no

que diz respeito à avaliação da inovação terapêutica e monotorização de ensaios clínicos. A

farmácia hospitalar deve ser encarada como uma fonte de informação não só para os doentes,

mas também para os outros profissionais de saúde. Deste modo, os FH são farmacêuticos

especialistas que desenvolveram competências em todas as fases do circuito do medicamento

e que assumem liderança na terapêutica que é administrada a cada doente.

O foco da atividade do FH é sempre o doente, procurando oferecer o melhor tratamento

ao menor custo possível, de forma a conseguir obter todos os medicamentos que o doente

precisa.

Dada uma determinada prescrição hospitalar é necessária uma validação por parte do

FH, na qual é feita uma revisão das doses e uma confirmação da indicação terapêutica. Neste

aspeto torna-se vital o diálogo com médicos e enfermeiros, levando assim a tratamentos mais

eficazes e garantindo a segurança dos utentes.

No que diz respeito à preparação dos medicamentos, cabe ao farmacêutico a preparação

por exemplo dos medicamentos citotóxicos e produtos de nutrição parentérica. A preparação de

manipulados utilizados em diversas áreas do hospital são também responsabilidade pelo FH.

O método de distribuição de medicamentos tem vindo a evoluir e os farmacêuticos

tiveram um papel crucial no que diz respeito ao nível de informatização atual dos hospitais, sendo

que a prescrição eletrónica está implementada há quase uma década na farmácia hospitalar em

Portugal.

Em regime ambulatório, são dispensados medicamentos de elevado valor e é imperativo

um aconselhamento devido quanto ao uso do medicamento, garantindo sempre a efetividade

das políticas do medicamento, uma vez que o farmacêutico estabelece o último contato com o

doente [3-4].

2.2) Os Serviços Farmacêuticos Hospitalares

Os Serviços Farmacêuticos Hospitalares são departamentos com autonomia técnica e

científica sujeitos à orientação geral dos Órgãos Administradores dos hospitais, que asseguram

a terapêutica dos doentes, a qualidade e eficácia dos medicamentos, promovendo ao mesmo

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3

tempo ações de investigação científica e de ensino. São estas as competências básicas exigidas

a estes serviços. As principais responsabilidades destes serviços centram-se na gestão do

medicamento e de outros produtos farmacêuticos, na implementação e monotorização da política

do medicamento e na gestão dos orçamentos hospitalares [5].

Compete assim aos SFH as seguintes funções:

Selecionar e adquirir medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos;

Aprovisionar, armazenar e proceder à distribuição dos medicamentos experimentais e

dispositivos usados para a sua administração, bem como os medicamentos já utilizados;

Produzir medicamentos;

Analisar matérias-primas bem como produtos acabados;

Distribuir medicamentos e outros produtos de saúde

Participar em Comissões Técnicas

A Farmácia Clínica, a Farmacocinética, a Farmacovigilância e assegurar a prestação de

cuidados Farmacêuticos;

Colaborar na elaboração de protocolos terapêuticos

Participar em ensaios clínicos

Colaborar na prescrição de Nutrição Parentérica bem como na sua preparação

Ceder informação sobre o medicamento

Desenvolver ações de formação

Tendo em conta todas as responsabilidades e funções dos Serviços Farmacêuticos

Hospitalares, podemos estabelecer as seguintes áreas funcionais:

Seleção e aquisição

Receção e armazenamento

Preparação

Controlo

Distribuição

Informação

Farmacovigilância, Farmacocinética e Farmácia Clínica [5]

3) Os SFH no Hospital Privado de Alfena

No Hospital Privado de Alfena os SFH são da responsabilidade da farmacêutica Dra. Ana

Araújo e funcionam segundo um horário que pretende responder de forma eficaz às

necessidades do hospital, sendo esse horário de Segunda a Sexta das 9h00 até às 18h00, com

intervalo de uma hora para almoço. Para necessidades fora do horário normal está disponível o

contato da farmacêutica coordenadora do grupo Dra. Patrícia Moura. Para garantir o bom

funcionamento dos serviços farmacêuticos é seguido um plano operacional semanal (tabela 1),

que permite a manutenção de stocks de fármacos de todos os serviços.

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4

Tabela 3- Plano operacional dos SF do Hospital Privado de Alfena

Segunda-feira

Efetuar o débito da medicação de fim de

semana (tendo em conta as altas)

Gerar e satisfazer o pedido da Urgência

Gerar e satisfazer o pedido do

internamento (INT5)

Preparação e entrega da dose unitária

dos pisos 5 e 6

Terça-feira

Satisfazer o pedido de medicação, soros

e embalagens vazias do Bloco Operatório

Gerar e satisfazer o pedido do INT5

Preparação e entrega da dose unitária

dos pisos 5 e 6

Quarta-feira

Efetuar consumo aos serviços

Gerar e satisfazer o pedido do INT5

Preparação e entrega da dose unitária

dos pisos 5 e 6

Efetuar controlo de validades da

medicação dos serviços

Quinta-feira

Satisfazer o pedido de medicação, soros

e embalagens vazias do Bloco Operatório

Gerar e satisfazer o pedido do INT5

Preparação e entrega da dose unitária

dos pisos 5 e 6

Sexta-feira

Satisfazer o pedido de medicamentos,

soros e embalagens vazias da Urgência

Gerar e satisfazer o pedido do INT5

Preparação e entrega da dose unitária

dos pisos 5 e 6 (inclusive a dose unitária

do fim de semana)

Debitar a medicação de Sexta-feira

Realização da encomenda semanal à

farmácia central

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5

Para além do discriminado anteriormente na tabela, diariamente é ainda verificada toda

a medicação levantada pelos diversos serviços do hospital, bem como realizado o seu débito. A

satisfação dos pedidos de serviços como Medicina Dentária, Endogastroentereologia, Consultas

externas, Serviço de Esterilização são também realizados diariamente. A receção das

encomendas geralmente é realizada à segunda-feira.

O farmacêutico é também responsável por diariamente validar as prescrições médicas,

reverter a medicação do dia anterior e fazer o débito da medicação da dose unitária. No que diz

respeito à preparação de manipulados, geralmente esta tem lugar à terça-feira, no entanto em

caso de aumento das necessidades esta preparação ocorre a qualquer outro dia da semana.

3.1) Localização dos SFH e descrição do espaço físico

De acordo com o descrito no “Manual de Farmácia Hospitalar”, a localização dos serviços

farmacêuticos (SF) de um hospital deverá, sempre que seja possível e viável, estar de acordo

com determinados pressupostos, nomeadamente:

Facilidade de acesso externo e interno;

Implantação de todas as áreas no mesmo piso, incluindo o armazém se presente;

Em caso de existência do setor de distribuição de medicamentos a doentes ambulatórios,

este deve localizar-se na zona de circulação normal destes doentes, como por exemplo

junto das consultas externas;

A localização deve ser próxima a sistemas de circulação vertical como elevadores [5].

No Hospital Privado de Alfena está localizada a Farmácia Central (FC) responsável por

servir a todas as unidades do GTS, bem como o armazém. Estes dois espaços estão localizados,

juntamente com a Farmácia do HPAV, no piso -1 do edifício com facilidade de acesso externo e

também interno. Estes serviços encontram-se próximos de elevadores privados nos quais

apenas pode circular pessoal devidamente autorizado.

A FC trata-se de um espaço amplo dividido em três partes principais, uma região de

receção e preparação de encomendas, uma região de armazenamento de medicamentos e uma

terceira região onde podemos encontrar o gabinete da farmacêutica coordenadora do grupo e

também a câmara de preparação de fármacos citotóxicos.

A farmácia do HPAV constitui um espaço bem iluminado e também ele dividido em

seções. Imediatamente a seguir à entrada da farmácia encontra-se uma secção onde estão

armazenados os soros e soluções estéreis. Na parte central encontram-se os medicamentos,

organizados por forma farmacêutica sendo que ampolas, comprimidos, pomadas e material de

penso se encontram separados fisicamente e organizados por ordem alfabética segundo a

substância ativa e respetiva dosagem. Pode ainda ser encontrada nesta região uma mesa de

trabalho, um frigorífico para armazenamento de produtos de frio, um lavatório para lavagem de

mãos, um termo-higrómetro elétrico, e equipamentos de segurança como o extintor, sistema de

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alarme automático e estojo de primeiros socorros, localizados de forma bem visível e de fácil

acessibilidade.

No interior da farmácia encontram-se três divisões separadas fisicamente da região

central. Uma das salas destina-se à preparação de manipulados onde podemos encontrar uma

mesa de trabalho, uma hotte e um armário onde se encontram arrumadas as matérias-primas.

Numa segunda sala encontra-se a máquina de reembalamento automático de fármacos, e por

fim uma terceira sala onde se encontra o cofre (local onde são guardados os medicamentos de

legislação especial) e onde são armazenados todos os produtos inflamáveis, embalagens vazias,

stock avançado e arquivos.

4) Sistema Informático

No dia a dia do farmacêutico a complexidade e quantidade de informação, determina a

necessidade extrema de ferramentas que permitam gerir os serviços farmacêuticos da melhor

forma possível. Graças ao desenvolvimento de ferramentas eletrónicas adaptadas ao

funcionamento dos hospitais, conseguiu-se numa plataforma única incluir todos os processos

associados ao uso do medicamento, simplificando assim os mesmos.

Todo o GTS trabalha utilizando os meus programas informáticos, uniformizando assim o

funcionamento do grupo. O sistema informático (SI) utilizado é o Glintt® - CPCHS (Companhia

Portuguesa de Computadores – Healthcare Solutions). Este é usado para um vasto conjunto de

funções como gestão de stocks, pedidos semanais, realização e satisfação de pedidos dos

serviços, consulta de prescrições médicas, criação dos mapas de dose unitária entre outras.

Na FC é utilizado o Intranet, pela Dra. Patrícia Moura, no qual ela realiza as compras

necessárias para a satisfação dos pedidos das diversas unidades hospitalares. O PHC® é o

software utilizado também a nível da FC para realizar a receção de encomendas e emitir as guias

de transporte.

Recorrendo a estes três sistemas informáticos consegue-se uma maior rentabilidade e

desempenho nos serviços prestados.

5) Recursos Humanos

Os recursos humanos são essenciais para o bom funcionamento dos serviços

farmacêuticos hospitalares, sendo que no HPAV são assegurados pela farmacêutica Dra. Ana

Araújo, sob a supervisão da Dra. Patrícia Moura, também farmacêutica e responsável por

coordenar todo o grupo. Ambas asseguram o bom funcionamento dos serviços de acordo com

as exigências legais, contando com o apoio de todos os assistentes técnicos e operacionais que

complementam a equipa.

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6) Comissão de Farmácia e Terapêutica - Formulário Hospitalar

Os Diretores Clínicos e farmacêuticos de cada um dos hospitais do GTS formam a

Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT), que constitui um órgão consultivo e efetua a ligação

entre os serviços de ação médica e os farmacêuticos.

O Formulário Hospitalar é um documento no qual constam todos os medicamentos que

se encontram disponíveis nos hospitais do GTS e são passíveis de serem prescritos pelos

médicos. Pode encontrar-se este documento na farmácia do HPAV, em local de fácil acesso para

consulta. Exposto na farmácia, existe também, um documento com todos os fármacos existentes

e a localização dos mesmos (anexo II).

O formulário foi elaborado pela coordenadora do grupo, Dra. Patrícia Moura, com o apoio

e consentimento dos Diretores Clínicos de cada uma das unidades hospitalares.

No caso de necessidade de medicação Extra-Formulário, é necessário que

primeiramente ocorra uma avaliação do pedido, e a sua validação ou não validação passa

sempre pela CFT. Cabe assim a CFT avaliar os potenciais benefícios da introdução de um novo

produto para todo o GTS.

O Formulário deve ser alvo de uma revisão periódica, de forma a ajustar os

medicamentos que nele constam às necessidades específicas dos doentes dos hospitais, sendo

que muitas vezes são os próprios médicos e farmacêuticos que sugerem a introdução de um

novo fármaco.

7) O circuito do medicamento

7.1) Seleção

Para uma boa seleção de medicamentos existem dois aspetos que adquirem elevada

importância, por um lado deve ter sempre por base o Formulário Hospitalar Nacional de

Medicamentos (FHNM), por outro lado a seleção deve sempre ter em conta as necessidades

terapêuticas dos doentes do hospital [5].

Cabe então à coordenadora dos serviços farmacêuticos e ao diretor clínico do hospital

garantir aos doentes os medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos de melhor

qualidade e a baixos custos [5].

Todos os anos existe um concurso, no qual todos os laboratórios fornecedores de

medicamentos podem concorrer enviando um e-mail com informações como preços e condições

de entrega. É depois realizada uma avaliação por parte da coordenadora do grupo que agrupa

os laboratórios por ordem de preferência, sendo assim escolhido o principal fornecedor de cada

medicamento, ficando também decididas as condições de entrega e pagamento que vigoram

durante aquele ano de contrato.

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Os SF têm de ter acesso à Internet para poder facilmente aceder a catálogos eletrónicos

de consulta. Toda a documentação de aquisição deve ser devidamente arquivada, durante o

período exigido pela legislação [5].

7.2) Aquisição e gestão de stock

A aquisição de produtos farmacêuticos do GTS é realizada pela coordenadora do grupo

que avalia os stocks e consumos de cada hospital e gere a aquisição de forma a garantir a

satisfação das necessidades do hospital.

A gestão de stock é essencial para o bom funcionamento dos SFH, sendo assim evitadas

situações como a existência de produtos farmacêuticos sem rotação e rutura de stocks que

originam falhas e atrasos na distribuição do medicamento [5]. Durante o estágio tive oportunidade

de realizar várias contagens de produtos existentes quer na farmácia quer nos vários serviços

do hospital, no sentido de fazer o controlo de stock.

No HPAV, bem como em todo o grupo a gestão de stock é realizada informaticamente,

através da existência de um stock ideal estabelecido pela administração hospitalar. A cada sexta-

feira, é gerado automaticamente um pedido tendo em conta os consumos semanais e o stock

informático de cada produto farmacêutico. Este pedido é posteriormente analisado pela

farmacêutica responsável e alterado tendo em conta as necessidades hospitalares semanais.

Finalmente o pedido semanal é enviado para a coordenadora do grupo, que está responsável

por juntar todos os pedidos de cada unidade hospitalar do grupo e efetuar um único pedido ao

fornecedor, via Intranet [6].

Existem alguns medicamentos cuja aquisição é feita de forma ligeiramente diferente, por

exemplo estupefacientes e psicotrópicos. Após a avaliação do pedido de todas as unidades é

feito um único pedido, via e-mail, no entanto para que ocorra a satisfação do pedido é necessário

enviar uma carta registada para o laboratório com uma requisição, o Anexo VII da Portaria n.º

981/98, de 8 de junho (anexo III) devidamente preenchido. Este documento é composto por um

original e um duplicado. Uma cópia da requisição fica sempre arquivada na farmácia até à

devolução do documento original pelo laboratório. Após a chegada da encomenda ao laboratório,

o Diretor Técnico procede ao preenchimento do anexo VII e arquiva o duplicado enviando o

original novamente para a farmácia central, onde este deve permanecer arquivado durante 5

anos. A aquisição deste tipo de fármacos é realizada apenas uma vez por mês dada a

complexidade do procedimento [7].

7.2.1) Medicamentos de Autorização de Utilização Especial

Para que um fármaco de uso humano possa ser introduzido no mercado e utilizado a

nível terapêutico, necessita de possuir uma Autorização de Introdução no Mercado (AIM),

concedida pela autoridade competente, o INFARMED. Por vezes existe a necessidade de utilizar

um determinado medicamento que não possua AIM nacional, mas que tenha demonstrado

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benefícios clínicos bem conhecidos. Nestes casos em particular a farmacêutica coordenadora

do grupo deve requerer ao INFARMED, uma Autorização prévia de Utilização Excecional (AUE)

Para cada um dos medicamentos é necessário efetuar o pedido individualmente, e este é

realizado anualmente pelo requerente, no mês de setembro. A acompanhar toda a informação

enviada ao INFARMED, via e-mail, deve ser também enviado um documento designado por

Autorização de Utilização Excecional de Medicamentos de Uso Humano (anexo IV), devidamente

preenchido, assinado e carimbado pelo Diretor dos SF.

Após ser concedida a AUE (anexo V) tem a validade de um ano devendo ser renovada

no ano seguinte. Quer o registo do pedido quer toda a documentação enviada ao requerente a

informar da concessão da autorização deve ser arquivada na FC pelo menos durante 5 anos,

caso seja necessário dar alguma resposta ao INFARMED [8].

Na farmácia do HPAV tive a oportunidade de contatar com alguns destes fármacos como

por exemplo: isoprenalina ampolas, azul de metileno e metoprolol ampolas.

7.2.2) Empréstimos

Em ambiente hospitalar a imprevisibilidade de situações é constante e por isso

ocasionalmente é necessário um determinado medicamento que pode não estar presente na

farmácia. Quando estas situações acontecem, a farmacêutica primeiramente consulta o stock

das restantes unidades hospitalares do grupo solicitando o produto àquela que apresentar um

maior stock.

No caso de o produto ser comercializado em Farmácia Comunitária, pode recorrer-se à

Farmácia Portela, que disponibiliza o transporte até ao HPAV. Por outro lado, se o produto for

apenas de uso hospitalar, o pedido pode ser efetuado a um hospital.

Quando o empréstimo é realizado entre hospitais, o Farmacêutico Responsável do

hospital que cede o produto deve imprimir um documento relativo à realização do empréstimo,

constituído por original e duplicado, bem como uma guia de transporte. O original e a guia são

enviados juntamente com o produto para o hospital requerente. Aquando da receção do produto,

o documento original é devidamente preenchido e reenviado para o Hospital que disponibilizou

o medicamento. Assim que o hospital requerente possuir stock do fármaco inicialmente em falta,

procede imediatamente à sua devolução, exatamente nas mesmas quantidades que recebeu.

Anexado à devolução, segue um documento relativo à mesma, que deve ser devidamente

preenchido, sendo uma das copias reenviada para o hospital responsável pela devolução. Todos

estes documentos devem ser arquivados em ambos os hospitais envolvidos no empréstimo.

As condições do empréstimo, nomeadamente tempo para devolução, são decididas

inicialmente pelos farmacêuticos das duas unidades hospitalares.

Ao longo de todo o estágio tive a oportunidade de contatar com todas as situações acima

descritas e os procedimentos a elas associados.

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7.3) Receção e armazenamento de encomendas

Após a realização do pedido, chegam à Farmácia Central os produtos requeridos por

cada uma das unidades do GTS, no período de 24 a 48 horas. A encomenda é rececionada por

um funcionário da Farmácia que dá entrada da mesma no sistema informático através das

faturas/guias de transporte. Neste momento ocorre a verificação do número de volumes

entregues, da sua integridade e dos prazos de validade. Posteriormente os produtos são

separados consoante os pedidos de cada unidade hospitalar sendo o pedido satisfeito a nível do

SI. Cada SF é assim responsável por receber e armazenar os produtos farmacêuticos recebidos.

No HPAV, após a receção da encomenda procede-se à confirmação dos produtos

rececionados, sendo avaliada a correspondência com o pedido realizado. Neste momento é

sempre registado o lote e o prazo de validade dos produtos.

A farmácia do HPAV encontra-se dividida segundo áreas de arrumação bem definidas e

com as condições apropriadas para o armazenamento de medicamentos.

Todos os produtos que não requerem condições especiais de armazenamento são

armazenados segundo a sua forma farmacêutica (ampolas, comprimidos, pomadas etc.), por

ordem alfabética e prazo de validade.

Produtos termolábeis são armazenados em frigoríficos específicos cuja temperatura é

altamente controlada e mantida entre os 2ºC e os 8ºC.

Medicamentos fotossensíveis devem permanecer em locais ao abrigo da luz e para o

efeito procede-se ao acondicionamento dos mesmos com papel de alumínio. Estes produtos

encontram-se devidamente identificados com etiquetas com a designação “Proteger da Luz”.

Os medicamentos inflamáveis são acondicionados em local específico, dentro de um

armário fechado, separados dos restantes produtos farmacêuticos.

Medicação sujeita a legislação específica é armazenada no cofre blindado com

fechadura de segurança. Existe também o cuidado no armazenamento da medicação tendo em

conta a regra FEFO (First Expired, First Out), que garante que a medicação é dispensada sempre

tendo em conta os prazos de validade, saindo sempre primeiro a medicação com prazo mais

curto, pois esta deve encontrar-se sempre na frente. Existe ainda uma região na farmácia

designada por “Stock Avançado” onde são colocados todos os produtos que excedem a

capacidade de arrumação do local para eles destinado [9].

7.4) Distribuição

7.4.1) Distribuição Clássica

A distribuição clássica tem como principal função garantir a satisfação das necessidades

dos diferentes serviços clínicos da unidade hospitalar, que efetuam um pedido para reposição

de stock (anexo VI) através do sistema informático. Esse pedido é rececionado pelos SF que

garantem a separação e fazem chegar os produtos aos serviços. Paralelamente ao que acontece

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na realização do pedido semanal, também os diferentes serviços clínicos possuem um stock fixo

de medicamentos e produtos farmacêuticos com as respetivas quantidades, previamente

definido pelos próprios juntamente com os SF, o qual serve de base para a renovação de stock

após satisfação dos utentes [10].

Para uma boa manutenção dos serviços estipulou-se que a reposição dos mesmos teria

dias fixos. Deste modo, no HPAV todas as terças-feiras e quintas-feiras estão destinadas à

reposição do Bloco Operatório, assim como todas as segundas-feiras e sextas-feiras garantem

a reposição da Urgência relativamente a medicamentos, soros e embalagens vazias.

Diariamente faz-se a reposição do stock do Internamento bem como dos restantes serviços com

a ajuda de um auxiliar que está encarregue de levar todas as encomendas e efetuar as devidas

entregas.

Apesar dos esforços para garantir que nada falte nos serviços clínicos são várias as

situações, difíceis de prever, que fazem com que por vezes ocorra falhas no stock, sendo

necessário muito vezes o recurso à farmácia fora do seu horário de funcionamento normal. O

que acontece nestes casos específicos é que os serviços de manutenção possuem uma chave

suplente, que é disponibilizada ao enfermeiro do serviço ao qual falta o medicamento, para que

este o possa adquirir. Aquando desta requisição é necessário o preenchimento de um documento

(anexo VII) que se encontra exposto na farmácia, no qual se pode registar o nome do

medicamento, a quantidade, o doente a quem se destina, a assinatura do enfermeiro que fez o

levantamento, data e hora. É da responsabilidade do enfermeiro o preenchimento obrigatório de

todos os documentos que permitam ao farmacêutico tomar conhecimento do levantamento da

medicação.

7.4.2) Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (DIDDU)

Para cada doente que se encontre hospitalizado no HPAV, diariamente existe uma

distribuição designada por DIDDU, que consiste em dispensar as doses de medicamentos

necessárias a cada um para um período de 24 horas.

Todos os dias, chega à farmácia uma prescrição médica para cada doente através do

CPC realizada pelo médico responsável. O farmacêutico fica assim encarregue de interpretar e

avaliar a prescrição, estando sempre em contato com o médico para possíveis alterações

necessárias. Após análise, o farmacêutico efetua a validação da prescrição e inicia a preparação

individualizada da terapêutica lançando um mapa de DIDDU (anexo VIII) de todos os doentes

presentes nos internamentos. Esta preparação requer o uso de módulos com gavetas que são

devidamente identificadas com as informações de cada doente (anexo IX). De segunda a quinta-

feira é preparada a medicação necessária para 24h, no entanto à sexta-feira efetua-se a

preparação para 72h, uma vez que os serviços farmacêuticos se encontram encerrados durante

o fim de semana. Qualquer medicação que seja necessária em SOS e possa não estar presente

na gaveta do doente pode ser encontrada no stock do Internamento e está disponível aos

enfermeiros. Usualmente a partir das 15h de cada dia os módulos com a dose unitária são

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entregues nos pisos do Internamento e são recolhidos durante a manhã do dia seguinte para

nova reposição [11].

7.4.3) Distribuição Medicamentos sujeitos a Legislação Especial

Medicamentos sujeitos a Legislação Especial apresentam uma distribuição caraterística

na qual, na maioria dos casos surge a necessidade do preenchimento de documentos que

posteriormente ficam arquivados nos serviços farmacêuticos.

7.4.3.1) Estupefacientes e Psicotrópicos

No que diz respeito a estes fármacos, e porque muitas vezes o seu consumo está

associado a atos ilícitos e consumo abusivo, existe um controlo muito rigoroso na sua distribuição

por parte das autoridades reguladoras e competentes. No HPAV existe um circuito fechado de

distribuição destes fármacos que envolve o médico prescritor, o farmacêutico que valida a

prescrição e cede o medicamento e o enfermeiro que receciona e é responsável pela

administração do fármaco ao doente. No que respeita ao armazenamento destes medicamentos,

eles encontram-se aprisionados no cofre presente na farmácia e ao qual só os farmacêuticos

têm acesso.

Nos serviços do Hospital Privado de Alfena existe também um stock fixo de

estupefacientes e psicotrópicos estabelecido pelo responsável do serviço e pelo farmacêutico.

Este stock é contato e monitorizado ao longo das semanas, para garantir o cumprimento da

legislação. Sempre que há necessidade de administração de um destes medicamentos a um

doente, é feita uma requisição e registado um impresso específico designado por “Anexo X-

modelo nº1509” (anexo X), o qual é assinado pelo enfermeiro e médico responsável e entregue

ao farmacêutico. Posteriormente, no ato de entrega do fármaco, é registada no modelo a

quantidade cedida, em numerário e por extenso, sendo necessária a assinatura do farmacêutico

e de quem recebe a medicação [12].

7.4.3.2) Produtos Hemoderivados

Produtos hemoderivados são aqueles que derivam do sangue ao plasma humano e que

por isso estão sujeitos a elevado risco de contaminações e são passíveis de transmitir doenças

transmissíveis por via sanguínea [13]. São por isso sujeitos também a um controlo apertado na

sua utilização e distribuição.

No que diz respeito ao seu armazenamento, no HPAV eles encontram-se num setor

apropriado, separados da restante medicação, sendo que aqueles que necessitam de condições

especiais de armazenamento, nomeadamente de temperatura, se encontram no frigorífico

devidamente conservados.

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Para cada lote destes fármacos existe um Certificado Oficial Europeu de Libertação de

Lote (COELL) juntamente com um certificado que define se o produto em questão está aprovado

para uso terapêutico. O INFARMED emite também para cada produto hemoderivado um

Certificado de Autorização de Utilização de Lote (CAUL).

Sempre que há uma requisição de um hemoderivado é necessário recorrer ao

documento do modelo nº1804 (anexo XI), o qual deve ser devidamente preenchido pelo médico

requerente com as seguintes informações: serviço requerente, nome, nº mecanográfico,

identificação do doente e do hemoderivado, justificação clínica, dose/frequência do tratamento e

a sua duração. No momento da dispensa, o produto é enviado para o serviço juntamente com o

documento acima referido devidamente preenchido pelo farmacêutico com a identificação do

hemoderivado, a quantidade, o lote, o laboratório de origem e o CAUL. Aquando da receção o

enfermeiro assina o documento e fica responsável por arquivar o duplicado na ficha do doente,

enquanto que o documento original volta aos serviços farmacêuticos e fica arquivado durante um

período de 5 anos [14-15].

7.4.3.3) Produtos Extra-Formulário

Como referido anteriormente o Formulário Hospitalar deve ter em conta o FHNM, onde

estão disponíveis um conjunto de medicamentos considerados essenciais na terapêutica da

maioria das situações clínicas associadas ao ambiente hospitalar. No ato de prescrição médica

o médico deve consultar o formulário com os medicamentos disponíveis nos serviços

farmacêuticos, no entanto isto não garante que uma determinada patologia possa ocorrer e exigir

um medicamento que não conste no formulário hospitalar. Perante estas situações deve ser feita

uma requisição do fármaco devidamente justificada, através do preenchimento de um documento

específico (anexo XII).

7.4.3.4) Sugamadex®

Atualmente, e devido aos seus rápidos efeitos, o Sugamadex® tem vindo a ser utilizado

pelos anestesistas para rapidamente reverter o bloqueio neuromuscular produzido aquando da

utilização de anestésicos como o rocurónio e o vecurónio [16]. Inicialmente este fármaco não

estava incluído no circuito de distribuição especial, no entanto por se ter observado um aumento

muito brusco da sua utilização em todo o GTS, e também por se tratar de um fármaco altamente

dispendioso para a instituição, foi decidido que seria imposto um maior controlo á sua circulação.

Atualmente no HPAV, sempre que seja requerida a utilização deste fármaco, é

necessária devida justificação e preenchimento obrigatório de um documento próprio (anexo

XIII), com o intuito de este ser apenas usado em situações de elevada necessidade e não de

forma indiscriminada.

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14

8) Farmacotecnia

Atualmente os SFH sentem a necessidade de responder a determinadas limitações como

por exemplo o facto ser financeiramente inviável a produção de alguns produtos em larga escala

dados os seus elevados custos e baixa estabilidade química. Estas limitações são superadas

através da preparação de medicamentos, em ambiente hospitalar, cada vez mais

individualizados e adaptados a cada doente.

8.1) Manipulados não-estéreis

A preparação de manipulados não-estéreis de todo o GTS é realizada no HPAV e cabe

à Farmácia Central garantir a sua correta produção. Atualmente as preparações realizadas são

essencialmente destinadas a doentes individuais (xarope de Ondansetron, por exemplo) ou

então preparações assépticas (soluções desinfetantes e respetivas diluições).

Semanalmente uma técnica auxiliar da FC, após a receção dos pedidos das diferentes

unidades hospitalares, encarrega-se da produção dos manipulados, utilizando para o efeito a

sala de preparação de manipulados (anexo XIV) existente na farmácia do HPAV, que possui uma

Hotte e as condições necessárias, como já foi anteriormente descrito. Após a sua preparação,

os manipulados são então enviados para os respetivos Hospitais, segundo as requisições.

Sempre que ocorre a produção de um manipulado não-estéril é necessário o

preenchimento da ficha de preparação (anexo XV) do produto em questão. Nela devem constar

sempre a composição quantitativa e qualitativa da formulação, a forma farmacêutica, as técnicas

de preparação utilizadas, bem como o número de unidades que foram preparadas. Devem

também ficar sempre registados lotes e validades das matérias primas utilizadas. As fichas de

preparação dos produtos bem como os seus rótulos devem ficar sempre arquivadas num dossier

que se encontra na FC.

Cada produto que resulta de uma preparação na farmácia não pode abandoná-la sem

antes estar devidamente rotulado, sendo que a cada um deles é atribuído um número de lote

que segue sempre o seguinte esquema: ano, mês, dia e ordem de preparação, por exemplo

20180218/01.

Durante o período de estágio tive a oportunidade de participar ativamente na preparação

de manipulados como por exemplo: manipulado de hipoclorito de sódio a 1% e 3% (para o serviço

de medicina dentária), manipulado de álcool a 20% e 50% (para o bloco operatório e consulta

externa) e manipulado de salicilato de sódio 2% (para o serviço de fisioterapia).

8.2) Manipulados estéreis- Fármacos citotóxicos

Fármacos citotóxicos são utilizados no tratamento de neoplasias malignas, provocando

a destruição de células tumorais quando outras abordagens como a radioterapia e a intervenção

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15

cirúrgica não se mostraram eficazes, ou por outro lado, como adjuvantes no tratamento

associados a uma das terapias acima referidas [17].

A preparação deste tipo de fármacos, nomeadamente a sua reconstituição, segue um

processo extremamente rigoroso que requer cuidados e precauções adicionais, que permite não

só manter a qualidade da preparação, mas também a segurança do responsável pela sua

produção, uma vez que se tratam de produtos de elevada toxicidade. Paralelamente ao que

acontece com os manipulados não-estéreis, as preparações de fármacos citotóxicos de todas as

unidades hospitalares do grupo ficam ao encargo da FC do HPAV, sendo a Dra. Patrícia Moura

a responsável pela sua produção.

Como toda a medicação dispensada pelos SF também a preparação e dispensa de um

medicamento citotóxico é precedida de uma prescrição médica, através do SI, que é

posteriormente validada pelo farmacêutico responsável. Para a validação da prescrição é

necessário avaliar se a concentração final da mistura, a sua posologia e o volume a administrar

estão de acordo com as caraterísticas do doente. Após a validação dá-se então início ao

processo de produção do fármaco e são impressos os mapas de produção, perante os quais o

farmacêutico escolhe as matérias primas, e também os rótulos.

Por se tratar de substâncias extremamente tóxicas, a preparação destes fármacos

necessita de condições assépticas, sendo por isso realizada numa sala limpa, com uma câmara

de fluxo laminar vertical (anexo XVI). A entrada de pessoal e material é realizada por uma

antecâmara que deve também encontrar-se sempre limpa. O farmacêutico responsável, deve

também manter-se sempre equipado, usando um fato próprio, luvas, touca e máscara [5].

Durante o período de estágio assisti a todo o processo de preparação de fármacos

citotóxicos, bem como tive acesso a toda a documentação necessária para a sua preparação.

9) Reacondicionamento por reembalagem e fracionamento de fármacos

Faz parte dos SFH garantir a qualidade do medicamento e uma das formas pela qual

conseguimos esta garantia é através de uma correta rotulagem dos mesmos. O processo de

rotulagem e embalamento torna-se assim essencial. Todos os medicamentos cuja informação

de prazo de validade e número de lote não esteja presente nos respetivos blisters, são sujeitos

a reembalamento. Do mesmo modo, todos os comprimidos que necessitam de ser fracionados

aquando da preparação da Dose Unitária são também reembalados e devidamente rotulados.

O processo de reembalamento é automático e para o efeito utiliza-se uma máquina

stracar (anexo XVII). Posteriormente todos os medicamentos reembalados são rotulados,

apresentando no rótulo as seguintes informações:

Código de barras

Lote

Designação Comum Internacional (DCI): nome do princípio ativo, dosagem e

forma farmacêutica

Prazo de validade

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16

Deve ser salientado que relativamente ao prazo de validade, caso o comprimido seja

retirado do blister para o reembalamento, este deve ser reduzida para apenas 6 meses.

Muitas vezes é necessário o fracionamento de determinados comprimidos, no sentido de

obter doses inferiores de fármaco, que muitas vezes não estão disponíveis no mercado. O

produto deve ser fracionado sempre recorrendo a condições de higiene e esterilidade, para isso

devem ser usados luvas e campos estéreis. Deve ter-se em conta que o produto resultante do

fracionamento deve apresentar as mesmas caraterísticas do medicamento que lhe deu origem.

Por esse motivo, deve ser garantida a estabilidade da forma farmacêutica, que não deve ser

destruída, não devem existir perdas nem alterações químicas ou físicas do medicamento.

Medicamentos fracionados são também reembalados e passam a ter uma validade

apenas de 6 meses.

O processo de reembalamento fica ao encargo da FC e todos os produtos reembalados

devem ser registados num documento próprio (anexo XVIII) no qual constam as seguintes

informações: data, nome da substância ativa, prazo de validade, lote, quantidade reembalada e

assinatura do responsável pelo processo [18].

10) Carros de emergência

Assim como em todo o GTS, no HPAV todas as salas de emergência dos serviços de

urgência e também nos serviços de internamento e no bloco operatório existem carros de

emergência (anexo XIX) que possuem toda a medicação e material que permitam socorrer em

caso de emergência. Estes carros encontram-se selados para garantir que numa situação de

emergência estejam devidamente equipados, permitindo assim uma resposta imediata e eficaz.

O farmacêutico hospitalar assegura a reposição do stock de medicamentos e produtos

farmacêuticos dos carros de emergência periodicamente, sendo também responsável por

verificar se toda a medicação se encontra dentro do prazo de validade. Durante as verificações

dos prazos de validade, faz-se a anotação dos mesmos em modelo próprio que se encontra

sempre junto ao carro, informação esta que deve estar sempre acessível.

Se houver a necessidade de utilização do carro de emergência, deve proceder-se ao

registo em documento próprio do medicamento/material utlizado com a respetiva justificação,

para que depois este posso ser reposto. Após cada utilização ou verificação de stock o carro

deve ser novamente selado.

11) Gases Medicinais

De acordo com o descrito no “Manual de Gases Medicinais” da Ordem dos

Farmacêuticos, gases medicinais medicamentos são “gases ou misturas de gases, liquefeitos ou

não, destinados a entrar em contacto direto com o organismo humano e desenvolvendo uma

atividade em conformidade com a de um medicamento, designadamente pelos seus usos em

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terapias de inalação, anestesia, diagnóstico in vivo ou para conservar ou transportar órgãos,

tecidos ou células destinadas a transplantes, sempre que em contacto com estes.”

Os gases medicinais (GM) são acondicionados em cilindros (anexo XX), que são

reservatórios transportáveis, pressurizados e capacidade máxima de enchimento de 150 litros

de água. Estes cilindros apresentam a cor branca, indicando assim tratar-se de um gás medicinal,

sendo que o topo do cilindro tem uma cor especifica identificando qual o gás acondicionado. No

caso de termos uma mistura de gases o topo apresenta faixas de acordo com cada um dos gases

presentes. Os cilindros devem também encontrar-se devidamente rotulados com a informação

necessária para uma correta identificação e caraterização do gás, assim como indicação dos

riscos inerentes, medidas de prevenção e instruções em caso de ocorrência de acidentes.

Os gases medicinais ou terapêuticos, são utilizados para ventilar, oxigenar ou anestesiar

um paciente, aliviar a dor aquando de um ato doloroso ou, ainda, tratar as infeções respiratórias

agudas. No HPAV são utilizados nos serviços de urgência, no bloco operatório, nos

internamentos e nos restantes serviços que possuem carro de emergência. Cabe ao

farmacêutico hospitalar garantir a qualidade e segurança dos gases medicinais em todas as

fases do circuito hospitalar até chegar ao doente [19].

Em todas as unidades hospitalares do GTS, os gases medicinais encontram-se

acondicionados num espaço exterior ao hospital e separados por rampas: direita, esquerda e de

emergência (direita e esquerda relativamente ao debitómetro).

No HPAV, os SF juntamente com a equipa de manutenção do hospital, efetuam o

controlo dos gases medicinais. Os técnicos de manutenção informam os SF sempre que há uma

mudança de garrafa de gás e são também responsáveis por fazer a encomenda direta ao

laboratório. É necessário efetuar o registo da rampa que se encontra atualmente em

funcionamento e relativamente às garrafas devem ser registados lote e quantidades de garrafas

que saíram de funcionamento e também os mesmos registos das garrafas que foram colocadas.

Todas estas informações ficam registadas num documento próprio (anexo XXI),

preenchido pelo farmacêutico e posteriormente arquivadas numa pasta designada “Registo

Gases Medicinais” [20].

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12) Controlo de qualidade

12.1) Parâmetros físicos

Os parâmetros físicos de todos os serviços do HPAV são controlados pelo farmacêutico.

Este deve assegurar que parâmetros como temperatura e humidade se encontrem dentro de

valores específicos garantindo assim o bom funcionamento dos serviços assim como, de forma

indireta, uma boa manutenção e conservação de todos os fármacos.

Para efetuar este controlo são recebidos na farmácia semanalmente, através do serviço

de manutenção do hospital, gráficos com registos de valores de temperatura dos frigoríficos

(anexo XXII), que devem manter-se sempre entre os 2º e os 8ºC e também o valor da temperatura

ambiente que deve manter-se inferior a 25ºC.

Cabe ao farmacêutico analisar estes gráficos e em caso de alguma incongruência

solucionar o problema com a ajuda do serviço de manutenção.Todos os registos analisados

devem permanecer nos SF, devidamente arquivados na pasta de Registo de Temperatura e

Humidade, e organizados por data.

12.2) Prazos de validade

O prazo de validade de um medicamento é um dos parâmetros de garantia de qualidade

e viabilidade de um fármaco, sendo por essa razão motivo para que seja realizado um controlo

rigoroso e apertado do mesmo.

No HPAV, todos os meses, o farmacêutico responsável pelos SF faz a verificação dos

prazos de validade de toda a medicação presente nos serviços da unidade hospitalar. Aquando

desta verificação o farmacêutico faz-se acompanhar de uma listagem de stock de cada serviço,

na qual efetua o registo das validades de toda a medicação. Produtos cuja validade expire em

dois meses são devidamente identificados com uma etiqueta com a designação “Validade a

expirar”, para alertar que devem ser os primeiros a ser escoados [21].

13) Validação Farmacêutica

13.1) Validação das prescrições farmacêuticas

O farmacêutico hospitalar tem um papel muito importante no que diz respeito à

distribuição segura de medicamentos e outros produtos farmacêuticos exercendo um papel ativo

na validação das prescrições médicas [5].

A dispensa de medicamentos só deve acontecer perante uma prescrição médica, cujo

principal objetivo é maximizar a eficácia dos fármacos e diminuir a ocorrência de efeitos

adversos.

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No HPAV, assim como em todo o GTS, o farmacêutico tem acesso através do SI, às

prescrições individuais de cada doente presente nos serviços de internamento, sendo que estas

podem ser consultadas ao longo de toda a manhã, até à altura de preparação da Dose Unitária.

Juntamente com cada prescrição médica, o farmacêutico tem também acesso a

informações sobre os utentes, como idade e respetivo diagnóstico, a medicação e posologia

prescrita, duração do tratamento e identificação do médico prescritor.

Cabe então aos SF avaliar conjuntamente a situação do doente e a prescrição médica e

proceder à validação da mesma, isto permite adequar os fármacos ao perfil de cada doente. No

caso de serem detetadas incongruências como doses inadequadas, manutenção de tratamentos

que já deveriam ter sido suspendidos, medicamentos que não pertençam ao formulário entre

outras, o farmacêutico deve sempre manter o contato com o médico prescritor, via telefone, para

regularizar a situação.

14) Farmacovigilância

Para a introdução de um novo fármaco no mercado é necessário a realização de um

conjunto de ensaios prévios durante o processo de desenvolvimento do mesmo. Estes ensaios

permitem obter informações sobre o perfil farmacológico, quer em termos de atividade

terapêutica, quer sobre efeitos tóxicos associados à sua administração. Por vezes, a população

estudada nos ensaios clínicos não coincide com a população-alvo, pelo que se torna importante

o desenvolvimento de atividades de farmacovigilância [22]..

De acordo com o descrito no INFARMED, farmacovigilância é “a ciência e conjunto de

atividades relacionados com a deteção, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos

indesejáveis (ou reações adversas) ou qualquer outro problema de segurança relacionado a

medicamentos, visando melhorar a segurança dos medicamentos, em defesa do utente e da

Saúde Pública.”

Em Portugal, o Sistema Nacional de Farmacovigilância (SNF) existe desde 1992, criado

pelo Despacho Normativo nº107/92, sendo o INFARMED a entidade responsável pelo

acompanhamento, coordenação e aplicação [22].

A nível hospitalar, a Farmacovigilância adquire particular importância, uma vez que a

terapêutica utilizada a este nível é habitualmente múltipla e bastante complexa, fazendo prever

uma maior probabilidade de ocorrência de reações adversas e efeitos tóxicos. Deste modo, é da

responsabilidade do FH não apenas a dispensa do medicamento na dose e nas condições

adequadas, acompanhada da informação necessária para a sua correta utilização, mas também

a deteção de possíveis reações adversas originadas pela utilização da medicação prescrita.

No HPAV, todos os profissionais de saúde integram a estrutura do SNF e têm a obrigação

de reconhecer, registar e reportar qualquer reação adversa ou não esperada a um medicamento.

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20

Conclusão

Este mês e meio de estágio em farmácia hospitalar que deu início ao meu período de

estágio curricular foi sem dúvida uma mais-valia para a minha formação, sendo que me mostrou

uma vertente na qual não tinha qualquer conhecimento e apesar de pouco tempo, foi um estágio

bastante dinâmico, versátil e enriquecedor.

Tive a possibilidade de entrar em contato com o circuito do medicamento, numa

perspetiva completamente diferente à da farmácia comunitária, e também o contacto com os

diferentes serviços permitiu desenvolver competências importantes para o futuro enquanto

farmacêutica.

Para além de todo o conhecimento técnico-científico na área hospitalar adquirido tornou-

se ainda possível desenvolver competências de trabalho individual e em equipa, aplicáveis em

qualquer setor de intervenção farmacêutica.

Assim concluo que o estágio em farmácia hospitalar permitiu uma consolidação de

conhecimentos, frisando a importância do FH enquanto especialista do medicamento e

responsável máximo pela gestão do circuito de distribuição da medicação, ao qual se exige uma

atualização constante e uma participação ativa nos grupos multidisciplinares de que faz parte.

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Bibliografia

1. TROFA SAÚDE HOSPITAL: quem somos. Acessível em: http://www.trofasaude.pt/ [acedido

em 20 de maio de 2018]

2. TROFA SAÚDE HOSPITAL: hospital privado de alfena. Acessível em:

http://www.trofasaude.pt/alfena/ [acedido em 20 de maio de 2018]

3. APEF: farmácia hospitalar. Acessível em: http://www.apef.pt/farmacia-hospitalar/ [acedido em

20 de maio de 2018]

4. ORDEM DOS FARMACÊUTICOS: farmácia hospitalar. Acessível em

https://www.ordemfarmaceuticos.pt/pt/areas-profissionais/farmacia-hospitalar/ [acedido em 20

de maio de 2018]

5. INFARMED - manual da farmácia hospitalar: Acessível em

http://www.infarmed.pt/web/infarmed/institucional/documentacao_e_informacao/publicacoes/te

maticos/manual-da-farmacia-hospitalar [acedido em 23 de maio de 2018]

6. Serviços Farmacêuticos Grupo Trofa Saúde: Manual de Procedimentos – Circuito de compra

de medicamentos – Hospital Privado de Alfena – Grupo Trofa Saúde

7. Serviços Farmacêuticos Grupo Trofa Saúde: Manual de Procedimentos – Procedimento

operacional benzodiazepinas, psicotrópicos e estupefacientes – Hospital Privado de Alfena –

Grupo Trofa Saúde

8. Serviços Farmacêuticos Grupo Trofa Saúde: Manual de Procedimentos - Medicamentos de

autorização de utilização especial – Hospital Privado de Alfena – Grupo Trofa Saúde

9. Serviços Farmacêuticos Grupo Trofa Saúde: Manual de Procedimentos - Armazenamento de

medicamentos - Hospital Privado de Alfena – Grupo Trofa Saúde.

10. Serviços Farmacêuticos Grupo Trofa Saúde: Manual de Procedimentos - Distribuição

clássica de medicamentos – Hospital Privado de Alfena – Grupo Trofa Saúde.

11. Serviços Farmacêuticos Grupo Trofa Saúde: Manual de Procedimentos - Distribuição

individual e diária de medicamentos - Hospital Privado de Alfena – Grupo Trofa Saúde.

12. Serviços Farmacêuticos Grupo Trofa Saúde: Manual de Procedimentos - Distribuição de

estupefacientes – Hospital Privado de Alfena – Grupo Trofa Saúde

13. Serviços Farmacêuticos Grupo Trofa Saúde: Manual Hemoderivados - Hospital Privado de

Alfena – Grupo Trofa Saúde

14. Serviços Farmacêuticos Grupo Trofa Saúde: Manual de Procedimentos – Distribuição de

Hemoderivados – Hospital Privado de Alfena – Grupo Trofa Saúde

15. INFARMED: Certificado de Autorização de Utilização de Lotes de medicamentos derivados

do sangue ou plasma Humano. Acessível em: http://www.infarmed.pt [acedido em 26 de maio de

2018]

16. INFARMED: relatório de avaliação prévia de medicamento para uso humano em meio

hospitalar. Acessível em http://www.infarmed.pt/ [acedido em 26 de maio de 2018]

17. ORDEM DOS FARMACÊUTICOS: manual de preparação de citotóxicos. Acessível em

https://www.ordemfarmaceuticos.pt/pt/ [acedido em 28 de maio de 2018]

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18. Serviços Farmacêuticos Grupo Trofa Saúde: Manual de Procedimentos – Fracionamento e

Reembalagem de comprimidos – Hospital Privado de Alfena – Grupo Trofa Saúde

19. ORDEM DOS FARMACÊUTICOS: manual de gases medicinais. Acessível em

https://www.ordemfarmaceuticos.pt [acedido em 28 de maio de 2018]

20. Serviços Farmacêuticos Grupo Trofa Saúde: Manual de Procedimentos de Gases Medicinais

- Hospital Privado de Alfena – Grupo Trofa Saúde

21. Serviços Farmacêuticos Grupo Trofa Saúde: Manual de Procedimentos - Controlo

de prazos de validade – Hospital Privado de Alfena – Grupo Trofa Saúde

22. INFARMED: farmacovigilância. Acessível em http://www.infarmed.pt [acedido em 28 de maio

de 2018]

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Anexos

Anexo I - Hospital Privado de Alfena

Anexo II- Formulário Hospitalar – localização dos fármacos

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Anexo IV- Pedido de Autorização de Utilização Excecional de um fármaco

Anexo III - Modelo de Requisição de Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos

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Anexo V- Autorização de Utilização Excecional de um fármaco

Anexo VI - Pedido de reposição de stock de um serviço

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Anexo VIII- Exemplo de um mapa de DIDDU

Anexo VII - Folha de registo de levantamento de medicação

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Anexo IX- Módulos com gavetas para DIDDU – organizados por ordem de camas

Anexo X - Modelo de Requisição de Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos

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Anexo XII - Modelo de Justificação de Requisição de Produtos Extra - Formulário

Anexo XI- Modelo de Requisição de Medicamentos Hemoderivados

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Anexo XIV- Sala de preparação de manipulados não-estéreis

Anexo XIII - Modelo de justificação de utilização de Sugamadex

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Anexo XVI - Sala de preparação de manipulados estéreis

Anexo XV - Ficha de Preparação do manipulado de Ácido Tricloroacético 80%

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Anexo XVII - Máquina de reembalamento da Farmácia Central

Anexo XVIII - Folha de registos de reembalamento de fármacos

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Anexo XX - Cilindros de Gases Medicinais

Anexo XIX - Carro de emergência de um serviço

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Anexo XXI - Folha de registo dos Gases Medicinais

Anexo XXII - Gráfico de temperatura da farmácia do Hospital Privado de Alfena

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