relatório do primeiro semestre de 2004 - escola sá pereira · boneco, lança, pente, abano......

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passado, que teve várias modalidades de jogos, torcida, grito de guerra, questões para serem respondidas. Tudo isso foi realizado em dois dias de mobilização total de toda a escola e engajamento das crianças. Para atender aos anseios de nossos alunos, já estamos nos organizando para a grande Olimpíada Sá Pereira, no segundo semes- tre. Aproveitamos o fato de ser o ano das Olimpíadas e, portanto um momento signifi- cativo para aprender mais e, dessa forma, estabelecer novos links com o assunto, con- tribuindo cada vez mais para a generaliza- ção desse conhecimento. MÚSICA Começamos o ano nos preparando pa- ra o bloco da escola. As aulas viraram ani- mados ensaios para o nosso carnaval, onde as crianças tocaram instrumentos de percussão e cantaram. O tempo foi curto, mas deu para falar um pouco sobre os instrumentos que compõem a bateria das escolas de samba. No retorno às aulas, iniciamos o estudo da flauta doce. Começamos trabalhando a respiração e a postura. Depois as crianças aprenderam as cinco primeiras notas da mão esquerda: sol, lá, si, dó e ré. Com elas foi possível estudar Asa Branca, de Luiz Gonzaga. Depois estudamos as no- tas da mão direita: dó, ré, mi e fá. A partir daí iniciamos o estudo da música Bamba- lalão. Essa cantiga foi trabalhada num ar- ranjo a duas vozes, possibilitando às cri- anças vivenciar um novo ambiente musi- cal onde melodias diferentes se comple- mentam. Receberam uma apostila conten- do algumas informações que já tinham sido trabalhadas como postura, respira- ção, apresentação das notas, uma breve história da flauta doce e algumas músicas. Depois, iniciamos uma parceria com as aulas de Projeto. Tendo como inspiração a cultura indígena, buscamos a canção Nozani-ná, dos índios Parecis, recolhida por Roquete Pinto, para estudar. O traba- lho de música foi integrado ao de Expres- são Corporal e Teatro e o resultado foi apresentado na Festa Pedagógica. Durante o semestre as crianças tiveram contato com algumas partituras e fizemos alguns jogos visando a iniciação na leitura e escrita musical no pentagrama, trabalho que será aprofundado no segundo semestre. Projeto: Tânia Maria Velozo Matemática: Flávia Renata F. L. Coelho Inglês: Gabriela A. Irigoyen Expressão Corporal: Ana Cecília P Guimarães Educação Física : Carla Cristina Soares Música: Manoela Marinho Rego Teatro: Rodrigo Maia Artes: Sabrina Romeiro Tribo: Anselmo Carvalho Orientação: Maria Cecília J. A. Moura Coordenação e Direção : Maria Teresa J. A. Moura e Maria Cec ília J. A. Moura Relatório do Primeiro Semestre de 2004 Ensino Fundamental Rua Capistrano de Abreu, 29 - Botafogo Tel 535-2434 Rua Cesário Alvim, 15 - Humaitá Tel 3239-0950 www.sapereira.com.br / [email protected] Segunda Série Tarde Aimee Weiss Fernandes / Alex Moreno Caussat Jacome / Amanda Teixeira Botner / Ana Heymann Arruti / Daniel Reis Nazareth de Souza / Felipe Araujo Moraes / Gabriel Fonseca Djahjah / Joana dos Santos Uchoa / Joao Casaccia Amarante / Joao Gabriel Ribeiro de Mattos Faro / João Lima de Oliveira / João Victor Costa Guatiello / Julia Dessaune de Melo Barros / Julia Reis Nucci / Luca Fiuza Smollen / Lucas Nunes da Costa / Luiza Percia Menna Barreto / Maria Carolina Gopfert Palhano Leal / Maria Costa Picorelli / Miguel Motta de Mello / Pedro Saback Saint-clair / Rachel Nunes Merlino Fernandes / Thaiani Lutchia Daniels / Vinicius Moura Miranda TRIBO Escutar e ouvir. Duas faces da mesma moeda. Duas formas que só existem juntas. Ouvir é acreditar. Só ouve quem acredita em quem fala. E aí começa a complicação. A fala tem se proliferado além dos ouvidos. Tem pairado como um ruído de fundo. Po- de ou não ser verdadeira. Pode ou não ter Começamos a tribo buscando o ouvir. Primeiro uma música quase inaudível, de- pois o silêncio, depois os outros. Os meno- res, primeira e segundas séries, se delici- am com a existência de um espaço onde possam reclamar, trazer suas insatisfa- ções, suas inseguranças, seus protestos. Os maiores já se preocupam mais em es- tabelecer suas opiniões, dar sugestões. veracidade. Pode ou não ter a fé de quem a profere. Aos políticos já foi dado o direito de dizer o que quiserem quando em cam- panha. Aos pais o direito de falar e acredi- tar que não vão ser ouvidos. Aos professo- res o de solicitar sem a certeza de que vão ser atendidos. É nesse ambiente que recla- mamos que as crianças não ouvem. Mas não será a fala que está vazia?

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passado, que teve várias modalidades de jogos, torcida, grito de guerra, questões para serem respondidas. Tudo isso foi realizado em dois dias de mobilização total de toda a escola e engajamento das crianças. Para atender aos anseios de nossos alunos, já estamos nos organizando para a grande Olimpíada Sá Pereira, no segundo semes-tre. Aproveitamos o fato de ser o ano das Olimpíadas e, portanto um momento signifi-cativo para aprender mais e, dessa forma, estabelecer novos links com o assunto, con-tribuindo cada vez mais para a generaliza-ção desse conhecimento.

MÚSICA Começamos o ano nos preparando pa-

ra o bloco da escola. As aulas viraram ani-mados ensaios para o nosso carnaval,

onde as crianças tocaram instrumentos de percussão e cantaram. O tempo foi curto, mas deu para falar um pouco sobre os instrumentos que compõem a bateria das escolas de samba.

No retorno às aulas, iniciamos o estudo da flauta doce. Começamos trabalhando a respiração e a postura. Depois as crianças aprenderam as cinco primeiras notas da mão esquerda: sol, lá, si, dó e ré. Com elas foi possível estudar Asa Branca, de Luiz Gonzaga. Depois estudamos as no-tas da mão direita: dó, ré, mi e fá. A partir daí iniciamos o estudo da música Bamba-lalão. Essa cantiga foi trabalhada num ar-ranjo a duas vozes, possibilitando às cri-anças vivenciar um novo ambiente musi-cal onde melodias diferentes se comple-

mentam. Receberam uma apostila conten-do algumas informações que já tinham sido trabalhadas como postura, respira-ção, apresentação das notas, uma breve história da flauta doce e algumas músicas.

Depois, iniciamos uma parceria com as aulas de Projeto. Tendo como inspiração a cultura indígena, buscamos a canção Nozani-ná, dos índios Parecis, recolhida por Roquete Pinto, para estudar. O traba-lho de música foi integrado ao de Expres-são Corporal e Teatro e o resultado foi apresentado na Festa Pedagógica.

Durante o semestre as crianças tiveram contato com algumas partituras e fizemos alguns jogos visando a iniciação na leitura e escrita musical no pentagrama, trabalho que será aprofundado no segundo semestre.

Projeto: Tânia Maria Velozo Matemática: Flávia Renata F. L. Coelho Inglês: Gabriela A. Irigoyen Expressão Corporal: Ana Cecília P Guimarães Educação Física: Carla Cristina Soares Música: Manoela Marinho Rego Teatro: Rodrigo Maia Artes: Sabrina Romeiro Tribo: Anselmo Carvalho

Orientação: Maria Cecília J. A. Moura Coordenação e Direção : Maria Teresa J. A. Moura e Maria Cec ília J. A. Moura

Relatório do Primeiro Semestre de 2004 Ensino Fundamental

Rua Capistrano de Abreu, 29 - Botafogo Tel 535-2434

Rua Cesário Alvim, 15 - Humaitá Tel 3239-0950 www.sapereira.com.br / [email protected]

Segunda Série Tarde Aimee Weiss Fernandes / Alex Moreno Caussat Jacome / Amanda Teixeira Botner / Ana Heymann Arruti / Daniel Reis Nazareth de Souza /

Felipe Araujo Moraes / Gabriel Fonseca Djahjah / Joana dos Santos Uchoa / Joao Casaccia Amarante / Joao Gabriel Ribeiro de Mattos Faro / João Lima de Oliveira / João Victor Costa Guatiello / Julia Dessaune de Melo Barros / Julia Reis Nucci / Luca Fiuza Smollen / Lucas Nunes da Costa /

Luiza Percia Menna Barreto / Maria Carolina Gopfert Palhano Leal / Maria Costa Picorelli / Miguel Motta de Mello / Pedro Saback Saint-clair / Rachel Nunes Merlino Fernandes / Thaiani Lutchia Daniels / Vinicius Moura Miranda

TRIBO Escutar e ouvir. Duas faces da mesma

moeda. Duas formas que só existem juntas. Ouvir é acreditar. Só ouve quem acredita

em quem fala. E aí começa a complicação. A fala tem se proliferado além dos ouvidos. Tem pairado como um ruído de fundo. Po-de ou não ser verdadeira. Pode ou não ter

Começamos a tribo buscando o ouvir. Primeiro uma música quase inaudível, de-pois o silêncio, depois os outros. Os meno-res, primeira e segundas séries, se delici-am com a existência de um espaço onde possam reclamar, trazer suas insatisfa-ções, suas inseguranças, seus protestos. Os maiores já se preocupam mais em es-tabelecer suas opiniões, dar sugestões.

veracidade. Pode ou não ter a fé de quem a profere. Aos políticos já foi dado o direito de dizer o que quiserem quando em cam-panha. Aos pais o direito de falar e acredi-tar que não vão ser ouvidos. Aos professo-res o de solicitar sem a certeza de que vão ser atendidos. É nesse ambiente que recla-mamos que as crianças não ouvem. Mas não será a fala que está vazia?

Mas a verdade é que ouvir é muito difícil. Provavelmente porque estamos prenhes de discursos vazios e sem sentido. Essa meia hora que mescla a meditação e o diá-logo completamente desprendido de qual-quer objetivo que não o diálogo, mas orga-nizado é, às vezes, um tempo curtíssimo, às vezes enorme. Pode-se conseguir falar e ouvir muito e muitas vezes não se falou nem ouviu nada. É um exercício sem fim.

Se dá algum resultado, o tempo tem dito. Mas poderíamos cuidar de filtrar mais a nossa fala. Dizer só aquilo em que acre-ditamos verdadeiramente. Precisaríamos tentar não proibir o que não podemos ga-rantir que ficará proibido. Não dizer nãos que virarão sim pela, às vezes simples, às vezes insuportável, insistência, que pode virar especialidade nas nossas crianças.

Precisamos, adultos que se propõem a coloborar na sua educação, sermos par-ceiros em uma fé verdadeira na verdade de cada um, única condição para que fa-

a ajuda de um professor auxiliar, foi mes-mo um grande desafio para o grupo. Al-guns combinados precisaram ser estabe-lecidos e devagarzinho as crianças foram dando conta do recado. Bastante ativos e falantes, todos têm sede de aprender e assim parecem ocupar todos os espaços com muitas idéias, questões, hipóteses e soluções. Ao longo desse tempo, construí-mos um vínculo de afeto e respeito. E a partir dessa relação de confiança conver-samos muito sobre nossos projetos de estudo, sobre a vida, valores e virtudes.

Iniciamos o ano, Catando sonhos no tempo, sambando na avenida e pensando sobre este refrão:

“...O canto de um povo é pra gente es-cutar / Tanta história ele tem pra contar / Outros lados da compreensão...”

A partir de uma chuva de idéias, chega-mos aos índios, e nesse estudo embarca-mos, iluminados por um instigante convite de Leonardo Boff.

lando sejamos escutados, e ouvindo seja-mos acolhedores.

O tom deste texto pode parecer estra-nho aos que estão acostumados com nos-sos relatórios. Mas carrega um pouco das preocupações que temos compartilhado com nossas crianças e entre a equipe pe-dagógica. Preocupações que têm tomado algum espaço no que temos pensado so-bre o como educá-las e orientá-las para a vida, tarefas em que somos parceiros, fa-mílias e escola. PROJETO

As férias passaram voando... Fevereiro chegou. As aulas iniciaram e no burburi-nho do retorno, fomos matando a saudade de cada um de nossos pequenos, feste-jando a alegria desse gostoso reencontro. Muito animados e cheios de novidades, aos pouquinhos precisaram ir se acostu-mando à nova rotina. Cuidar dos materi-ais, fazer as anotações na agenda e resol-ver pequenos problemas do dia a dia, sem

de acontecimentos. Grandes aventuras e emoções, sempre com muita imaginação.

O conto criado durante esse processo em aulas-ensaio foi “Creuza” livremente inspirado a partir dos exercícios de imaginação ativa.

Estando bastante afinados com o uni-verso das histórias, optamos por encenar a Peça ‘Irapuru: O canto que encanta’. Uma adaptação feita a partir de dois contos so-bre a lenda do Irapuru, tomando como refe-rência “O Canto da Flauta Mágica: O Irapu-ru” em “O casamento entre o céu e a terra” de Leonardo Boff e “O Irapuru” da coletâ-nea Contos na Selva. Trata-se de um rito de passagem e paixão, presente na cultura indígena brasileira.

A adaptação foi concebida de maneira que pudéssemos integrar, ainda mais, o tea-tro, a dança, a música e as artes plásticas. EXPRESSÃO CORPORAL

As atividades do semestre estimularam as crianças no seu desenvolvimento cor-poral, contribuindo para o conhecimento de suas possibilidades motoras. No carna-val, aprendemos a letra e a melodia do samba e inventamos gestos para repre-sentá-los. Os materiais foram fartamente explorados nas aulas. Novas habilidades foram experimentadas com os colchone-tes, os panos suspensos, o bolão e as pernas de pau. Todos desenvolveram-se nas manobras realizadas em grupos e nos rolamentos individuais e em duplas. Os aquecimentos preparavam e disponibiliza-

vam as crianças para o trabalho corporal. Abordamos a necessidade do cuidado com os colegas e com o corpo, ampliando a consciência do grupo no respeito e nas noções espaciais.

Envolvidos com o projeto sobre os ín-dios, aproveitamos para realizar ativida-des remetendo-nos a esse universo. Per-cursos foram desenhados com fita crepe no chão, representando motivos da cesta-ria indígena. Improvisamos uma movimen-tação divertida que seguia os diferentes percursos. Dançamos, cantando e seguin-do uma mesma pulsação com os pés, tra-

çando coletivamente movimentos curvilí-neos e retilíneos, que uniam todos numa mesma sintonia. Algumas danças foram criadas em grupos. Filmamos e assistimos o vídeo, apreciando e comentando as di-versas coreografias. Depois sugerimos que cada grupo reproduzisse as coreogra-fias criadas pelos colegas, enriquecendo a experiência vivida e estabelecendo uma interessante troca na turma. Para finalizar esse projeto as linguagens musical, corpo-ral e teatral foram integradas e ensaiamos uma movimentação que pôde ser vista na apresentação do “Irapuru: O canto que encanta.” na Festa Pedagógica.

No final do semestre uma bela quadri-lha foi ensaiada para a festa caipira. EDUCAÇÃO FÍSICA

Começamos o semestre resgatando as regras de convivência.

Trabalhamos com alguns jogos e espor-tes já conhecidos pelas crianças como pi-que-bandeira, queimado, câmbio, futebol, handebol, basquetebol e as competições por equipes (contestes), sempre buscando uma maior integração e socialização entre as cri-anças, modificando regras como agente mo-tivador, ora facilitando, ora aumentando a complexidade do jogo, dependendo do de-sempenho e competência do grupo.

As crianças mostraram-se muito ansiosas pelo grande torneio, que realizamos no ano

sos comentários. Observamos o grafismo dos Wajãpi procurando descobrir o que representava cada desenho, numa ativida-de que suscitou curiosidade.

Após tantas observações, as crianças criaram desenhos de padrões, fazendo abstrações do que havíamos visto até o momento. Esses desenhos foram preen-chidos por barbante com cola para serem cobertos por papel laminado e pintados de nanquim preto. O resultado final, depois de descascada a tinta com palha de aço, foi o padrão prateado. Essa técnica des-pertou interesse de todos.

Uma outra atividade mobilizadora foi a apreciação de objetos indígenas. Cestos, boneco, lança, pente, abano... foram dese-nhados com nanquim preto, ganhando no-vas cores com o pastel oleoso empregado.

Nossas aulas também ganharam um clima de galpão para a criação e elabora-ção do cenário, com tinta guache, da peça Irapuru: O canto que encanta, encenada na Festa Pedagógica.

O grafismo indígena foi trabalhado, ain-da, em mais uma atividade no semestre, que consistiu na construção de silhuetas das crianças, que foram por elas decora-das, utilizando alguns padrões apresenta-dos e posteriormente recortadas. O dese-nho em nanquim preto, vermelho e branco sobre o suporte de papel craft, possibilitou a reflexão sobre a relação desenho/suporte, numa apreciação em que foram destacadas as representações dos pa-drões na pintura corporal.

TEATRO Começamos o semestre aprendendo vá-

rios jogos de regras, necessários para o en-tendimento da cena. Os jogos visam estimu-lar atitude, solidariedade, respeito, entre ou-tros aspectos. São eles: João e Joana, Gato e Rato, Congela, Máscara, Jogo do Passo... Jogos que já nos ajudaram e vêm nos auxili-ando, cada vez mais, a estar em cena de-monstrando desembaraço e maior possibili-dade de comunicação.

Em seguida, através dos povos e paí-

ses presentes na música composta para o carnaval “Tem Grego, tem Japonês, India-no, Árabe, Índio, Africano, Egípcio, Celta, Chinês”, demos início aos jogos dramáti-cos, que envolveram a escolha de um lu-gar, um personagem e uma situação para serem vivenciadas em um esquete.

A partir do momento em que instalamos a cena, introduzimos o exercício de Criação de Histórias, com o tema vinculado ao proje-to desfrutando de uma autoria coletiva. Con-quistamos, aí, uma passagem ao mundo das histórias fantásticas, com toda a sorte

preciar a exposição “Tempo e espaço na Amazônia: os Wajãpi” foi como um pre-sente. Lá, conhecemos objetos, sons e imagens que integram a cultura desse po-vo do Amapá e pudemos nos aproximar de seus modos de ver e de pensar. Em sala, com gravetos, penas, papéis e mui-ta cor as crianças recontaram e ilustraram o mito de criação desse povo e uma de suas festas.

“A gente pinta como a gente vê. Mas o que a gente vê é como a gente sente.”

Por uma índia Ticuna, artista No CCBB, foi a vez de observar algu-

mas instalações a respeito dos rituais rea-lizados pelo povo Ianomâmi e ainda mer-gulhar no “mundo dos sonhos” dos Ticu-na. Tomadas por este universo de infor-mações as crianças começaram a com-preender, a valorizar e a respeitar diferen-tes crenças, modos de viver e de ser. Per-cebemos que neste caminho a visão ro-mântica do índio puro e pleno também foi se modificando. Surgiu uma nova imagem, um novo conceito, para aquele que nós chamamos de índio.

“Ser índio é ser protetor da floresta. É ser simples. É viver sem frufru de

pés descalços. Hoje em dia alguns têm celular e coi-

sas modernas.

“... Revisitemos a sabedoria indígena e sonhemos os mesmos sonhos que eles sonharam. Vamos rir, chorar e aprender. Aprender como combinar o cotidiano com o surpreendente.” A sensibilização para o trabalho aconte-

ceu em parceria com o grupo da manhã. À escola, chegaram diversas imagens retra-tando os índios brasileiros. Numa grande roda, construímos um belo mosaico, com recortes de jornais e revistas. Iniciamos nossa viagem em terras brasileiras. Foi um trabalhão e tanto! Envolveram-se com o conteúdo das imagens e puderam ques-tionar o que viram.

Com muitas conversas e debates, de-vagarzinho foram desconstruindo algumas crenças e abrindo espaços para novos conceitos. Após uma animada votação o projeto ganhou um nome: Sonhos de Ín-dio, histórias de povos brasileiros. Escre-veram então a justificativa para os nossos estudos e juntos buscamos novas respos-tas para velhas perguntas. O que é ser índio? Quem são eles? Onde vivem? O que fazem? O que contam?

Muitos foram os recursos que utiliza-mos para dar cabo de tantas questões. Notícias de jornal, vídeos, recontos escr i-tos e orais, passeios e algumas visitas. E a leitura compartilhada dos livros “Coisas

de Índio”, de Daniel Munduruku e Irakisu e “O menino criador”, de René Kithasu.

Todos comprometidos e envolvidos, nosso caminho foi sendo trilhado com cer-to encantamento e surpresa. Em alguns momentos, a emoção tomou conta, trans-bordou e contaminou a todos. Como acon-teceu no passeio ao Museu do Índio. A-

Os índios têm vivido de maneira dife-rente.

Moram na cidade, trabalham, estudam e alguns fazem Faculdade.

É assim que são os índios.” Na Biblioteca, como se estivéssemos

em volta do fogo, procuramos garantir mo-mentos de muita “contação” de histórias. Foram várias as lendas e muitos os mitos contados e marcados pelo som do tambor, do cax ixi e de muitas vozes. Perdemos a conta dos instantes em que foram abertos espaços para reflexão, para os questiona-mentos, para as várias falas e para o res-gate e valorização das narrativas orais. Em sala, tiveram contato com diversas fichas sobre o assunto. Foram inúmeras as oportunidades de interpretação e pro-dução de textos. Leram e escreveram bastante. Sabemos que escrever não é tarefa simples! Esses meninos e meninas, o tempo todo, esbarraram em dúvidas e impasses durante a realização de seus registros escritos. E neste embates des-pertaram para a importante pergunta: Co-mo é que se escreve? O nosso objetivo, nas séries iniciais, não é apenas respon-der, mas também confrontar, levantar dis-cussões, deixar aparecer a dúvida e fazer pensar. Dessa forma, foram descobrindo algumas regras e juntos fomos fazendo alguns combinados do que não podem mais errar. O dicionário passou a ser im-portante ferramenta e, aos poucos, todos vêm encontrando recursos para superar dificuldades e ter mais autonomia para escrever. Aproveitamos para conhecer um pouquinho das principais características das regiões brasileiras, seus estados e importantes cidades. Adoraram usar o A-tlas. A leitura de tantos mapas entusias-mou o pessoal.

Chegamos ao fim desse nosso vôo má-gico, nas asas do Uirapuru. Lendo, ouvin-do, escrevendo, pintando, tocando, falan-do e dançando se uniram num mesmo palco e com toda emoção e seriedade re-presentaram esta singela lenda. Este foi um breve recorte do que foi o nosso se-mestre. Dessa trajetória ninguém saiu ile-so e com certeza algo de especial, de e-terno, deve estar guardado dentro de cada um de nossos viajantes. Olhar a lua, des-cobrir o som dos passarinhos, mesmo que

entre os arranha-céus, não será mais a mesma coisa. Talvez já consigam sentir, contemplar e ouvir a natureza também com o coração.

“Sentir é estar distraído.” Fernando Pessoa

Agora, é parar para as férias, descan-sar muito, pois no próximo semestre, part i-remos para vôos por terras mais distantes! MATEMÁTICA

Iniciamos o semestre relembrando um pouco as conquistas do ano anterior. As aprendizagens foram muitas. Na primeira série as estratégias pessoais de cálculo ocuparam lugar de destaque. Agora, na segunda-série, investimos para torná-las mais organizadas e só depois fazer uso do algoritmo formal da adição e da subtração, estabelecendo relações com o acervo construído pelo grupo. Aprender essa téc-nica operatória traz sempre a possibilidade de perdermos de vista o numeral com que estamos operando, em sua totalidade, u-ma vez que somamos as ordens em colu-nas isoladas. Para que as crianças façam uso consciente desse econômico recurso de cálculo, representar esse procedimento de diversas maneiras é fundamental. As-sim, voltaram à cena, em nossas aulas, o material dourado – para vivenciarmos os diferentes agrupamentos – e o ábaco – para trabalharmos a idéia de posicionalida-de, características do sistema decimal. O uso dessa técnica já está validada, porém, nossos alunos e alunas ainda resolvem muitas situações-problema a partir de pro-cedimentos pessoais. A adição com reser-va – “vai um” – e a subtração com recur-so – “pedir emprestado” – são metas para o próximo semestre.

Aprender a ver horas no relógio analógi-co, foi um grande desafio. Atribuir, simulta-neamente, dois diferentes valores aos al-garismos que aparecem no mostrador do relógio não foi muito fácil para algumas cri-anças. Utilizamos um relógio de papel que em muito contribuiu para a compreensão desse conhecimento. Na resolução dos problemas que envolviam essas unidades de medida, hora e minuto, a reta numérica usada para fazer contagens em diferentes intervalos foi um recurso valioso. Sabendo que a apropriação da habilidade de ler as

horas com maior rapidez depende de um uso mais constante, sugerimos trocar o relógio de pulso digital por um analógico. E, para mostrar que estão “craques,” as crianças produziram seus próprios mostra-dores com padrões indígenas. A produção de nossos artistas foi exposta em nossa primeira Festa Pedagógica.

“Os Problemas da Família Gorgonzola” deixou saudades e a turma insistia para que voltasse a participar de nossas aulas. Sugerimos então que cada criança esco-lhesse um dos problemas para criar uma nova história. A proposta foi acolhida com o maior entusiasmo. Foi interessante per-ceber o quanto nossos escritores preser-varam os textos em sua essência, adotan-do uma linguagem irreverente, alegre, fan-tasiosa, adotada inicialmente por Eva Fur-nari, autora do livro. Montamos, então, uma apostila com problemas a partir do contexto elaborado por cada criança, na qual puderam colocar em prática e siste-matizar muitos dos conhecimentos cons-truídos. Nenhum dos problemas, mesmo os que tornamos mais complexos, pareci-am difíceis. Foi bonito ver as crianças, com alegria, colorindo a ilustração dos colegas e parabenizando umas às outras pelas suas idéias.

Concluímos essa etapa com a certeza de muito trabalho construído. Para o se-gundo semestre, o compromisso de maior sistematização com outras unidades de medida e um encontro com a geometria através dos sólidos geométricos. INGLÊS

Baseada num grande respeito por to-das as línguas e formas de cultura, esta abordagem de ensino coloca o estudante no centro dos procedimentos didáticos, fazendo-o mobilizar diversos conhecimen-tos e capacidades, além de despertar a curiosidade e o prazer de descobrir – não só novos dados lingüísticos – mas aspec-tos históricos e culturais dos usuários de outras línguas.

Com esse enfoque começamos o ano buscando estratégias que abordassem aspectos culturais, históricos e também lingüísticos da língua inglesa e dos povos que se expressam através desse idioma.

Como temos duas aulas por semana,

em uma delas trabalhamos os conteúdos específicos da língua inglesa para essa faixa etária e na seguinte buscamos inter-conexões com o projeto institucional da escola. Dessa forma as crianças podem adquirir algumas habilidades e competên-cias na utilização do Inglês como língua estrangeira e podem aprender sobre ela e o seu contexto cultural.

Iniciamos o ano estudando sobre a ori-gem dos nomes dos dias da semana em inglês. Os nomes de quatro dias da sema-na foram dados em homenagem a alguns deuses da mitologia nórdica: Tuesday (Tyr’s day), Wednesday (Wooden’s ou Oden’s day), Thursday (Thor’s day) e Fri-day (Freyja’s day). Ouvimos histórias so-bre cada um desses deuses e seus ani-

mais, vimos ilustrações e os desenhamos. Também descobrimos, no Atlas, onde

ficam a Noruega, a Dinamarca e a Sué-cia – países que ocupam a região onde os vikings se concentravam. Assistimos a um video sobre a vida e a história dos vikings da série “O Homem” e ouvimos a Caval-gada das Valquírias, de Wagner.

Buscando uma ponte com as aulas de Projeto e o que as crianças estavam vi-venciando sobre os povos indígenas bra-sileiros, aprendemos sobre alguns povos nativos norte-americanos. Começamos com os Cheyennes e duas lendas desse povo: “Estrela Cadente” e “Penas de Á-guia”. A primeira conta a origem da estrela cadente e a razão dela existir e a segunda conta como e porquê os Cheyenne usam

penas de águia nos seus enfeites para a guerra. Terminamos o semestre apren-dendo um pouco sobre os Iroqueses. Ou-v imos a lenda da “Cabeça Voadora”, que conta como uma jovem mãe conseguiu derrotar um espírito que assustava toda a aldeia. Além de ouvir lendas desses povos e registrar em desenhos com legendas as nossas partes favoritas, lemos textos a-daptados e traduzidos sobre alguns as-pectos culturais da vida dessas nações. Também procuramos, no Atlas, as regiões onde eles viviam quando os Europeus chegaram.

O conteúdo de língua inglesa que foi selecionado a partir do livro adotado – Smile – para este primeiro semestre foi cores, perguntar e responder qual a sua cor favorita (What’s your favorite color? My favorite color is...); perguntar e infor-mar qual a cor de determinado objeto (What color is it? It’s....); perguntar e infor-mar sobre determinado objeto utilizando os pronomes that e a/an (What is that? It’s a/an....); utilizar os adjetivos big, small, long, tall, short com o vocabulário aprendi-do sobre animais; a perguntar e informar sobre a localização de objetos (Where’s my... It’s in/on/under/behind the...). ARTES

Inspirados no tema Catando os Sonhos no Velho e no Novo Mundo, o projeto de trabalho Mitologia Indígena nos fez pensar nos padrões presentes nos grafismos des-sas culturas. Iniciamos com a apreciação do filme Pintura Corporal: Uma pele social, que apresenta o grafismo corporal dos ín-dios... As crianças estiveram bastante en-volvidas na observação do “desenho que se repete”, reconhecendo que aquele siste-ma cultural vive o seu próprio tempo, em seu próprio ritmo e que por isso o contato com outros materiais (industrializados) po-de representar um problema visto no interi-or de sua própria lógica.

Em outro momento, fizemos observa-ção com lupa de fotografias das superfí-cies de peixes e cascos de répteis, já que para alguns grupos indígenas os padrões representam abstrações dos desenhos desses animais. Cada aluno desenhou o que foi visto ampliado, seguindo a apreci-ação dos trabalhos das crianças e diver-