relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

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CEPDECMA 22/2/2016 CBMMA RELATÓRIO DE MONITORAMENTO E AÇÕES CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS NO MARANHÃO

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Page 1: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

CEPDECMA

22/2/2016

CBMMA

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO E AÇÕES CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS NO MARANHÃO

Page 2: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

SUMÁRIO

1. HISTÓRICO .................................................................................................................... 3

2. OBJETIVOS GERAIS ..................................................................................................... 7

2.1. Objetivos específicos ............................................................................................... 7

3. MONITORAMENTO DE QUEIMADAS (2º SEMESTRE DE 2015) .................................. 7

3.1. Trimestre de julho a setembro ................................................................................. 8

a) Mês de julho .......................................................................................................... 10

b) Mês de agosto ....................................................................................................... 12

c) Mês de setembro ................................................................................................... 16

3.2. Trimestre outubro a dezembro ............................................................................... 19

a) Mês de outubro ...................................................................................................... 19

b) Mês de Novembro ................................................................................................. 19

c) Mês de dezembro .................................................................................................. 20

4. IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS CAUSAS ............................................................. 22

5. ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO DAS QUEIMADAS ................................................ 23

5.1. 1ª Etapa: Educação e Conscientização .................................................................. 23

5.2. 2ª Etapa: Mobilização e Prevenção ........................................................................ 24

5.3. 3ª Etapa: Fiscalização e Combate aos incêndios florestais e controle de queimadas

26

5.4. 4ª Etapa: Balanço sobre as queimadas em 2015 e metas para 2016 ..................... 26

6. PLANEJAMENTO E AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS EM TERRAS INDÍGENAS

COM ALTO RISCO DE INCÊNDIO FLORESTAL ............................................................... 27

6.1. Justificativa ............................................................................................................ 27

6.2. Objetivos específicos do planejamento .................................................................. 28

6.3. Execução ............................................................................................................... 28

6.3.1. Etapa I ............................................................................................................ 31

6.3.2. Etapa II ........................................................................................................... 31

6.3.3. Etapa III .......................................................................................................... 32

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 33

Page 3: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

3

ESTADO DO MARANHÃO

SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO MARANHÃO

COORDENADORIA ESTADUAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

1. HISTÓRICO

No Brasil, os focos de queimadas se concentra, normalmente, nas região

Centro-Oeste e em algumas partes das regiões Norte e Nordeste.

O monitoramento das queimadas no país é realizado pelo Instituto Nacional

de Pesquisas Espaciais (INPE) por meio de sensoriamento remoto por satélites.

As últimas atualizações indicam o Brasil lidera o ranking de quantidade de

focos de incêndio entre os países da América Latina. Via de regra, as queimadas

iniciam-se praticamente em quase todas as regiões brasileiras no período de julho em

diante, sendo agosto e setembro, os meses mais críticos.

A seguir, é apresentado a série histórica sobre a ocorrência de queimadas no

Brasil, por estado da federação, destacando-se os que tradicionalmente apresentam

os maiores quantitativos de focos de calor no período de 2011 a 2015.

Imagem 01: Ranking de focos de calor de 2011 a 2015 (Fonte: INPE/CPTEC).

Em relação ao Estado do Maranhão, pode-se dizer que possui uma estrutura

administrativa formada por 217 municípios, extensão territorial de 331.983,293 km² (o

8° maior em extensão territorial do Brasil), está localizado na região Nordeste do Brasil

e possui uma vegetação predominante de cerrado. Historicamente, tem se destacado

de forma preocupante, ocupando quase sempre as primeiras posições entre os

estados mais afetados pelas queimadas (registrados por satélite) em todo país.

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

2011 2012 2013 2014 2015

PA

MT

MA

Page 4: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

4

A alta vulnerabilidade das regiões atingidas, ocasionada pela deficiência de

medidas no campo da prevenção, fez com que o Estado ocupasse as três primeiras

posições no ranking de queimadas nos últimos cincos anos e certamente tudo isso

está associado a fatores como:

Redução intensa das precipitações pluviométricas;

Redução da umidade relativa do ar;

Alterações climáticas que incrementam a velocidade dos ventos;

Intensificação da cultura de atear fogo em áreas de florestas e

vegetações, principalmente em áreas indígenas.

Como consequência, os incêndios florestais e/ou queimadas têm provocado

o empobrecimento do solo, a destruição do hábitat de vários animais da fauna silvestre

maranhense, a diminuição da vegetação de preservação permanente. Além de

contribuir para o desaparecimento de espécies vegetais, impedindo a regeneração da

vegetação, provocando o aumento do percentual de dióxido de carbono na atmosfera

e consequentemente intensificando o efeito estufa.

Nesse contexto, faz-se necessário conhecer a composição florestal do

Maranhão, que é contemplando pelos seguintes biomas: Amazônia (34,78%), Cerrado

(64,09%) e Caatinga (1,13%), o que lhe atribui grande diversidade morfológica e

ambiental (VALLARDES, 2007).

Imagem 02: Distribuição dos biomas maranhenses (Fonte: MMA, IBGE. 2004).

Page 5: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

5

É importante lembrar que, a legislação ambiental brasileira é bastante clara

quanto à proibição do uso de fogo na queima de vegetação nativa, seja ela florestal

ou não.

O Código Florestal (Lei n.º 4.771/65), estabelece em seu artigo 27 que “É

proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação” e estabelece

como exceção o uso de fogo controlado em práticas agropecuárias “se peculiaridades

locais ou regionais justificarem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou

florestais, a permissão será estabelecida em ato do poder público, circunscrevendo

as áreas e estabelecendo normas de precaução”.

Fica claro, entretanto, que o uso do fogo controlado deve ser precedido por

permissão pelo poder público. A permissão pode ser concedida pelo órgão ambiental,

mediante a análise de requerimento escrito encaminhado pelo produtor, porém, o que

se observa na prática é que essa medida é contraproducente.

É interessante destacar que a queima vem sendo ocasionada por diferentes

fatores, que podem ser agrupados em quatro classes (BRASIL, 2010):

Fatores climáticos (incontroláveis);

Fatores vegetacionais (parcialmente manejáveis);

Fatores edáficos (parcialmente manejáveis);

Fatores culturais (parcialmente manejáveis).

Em relação a dinâmica das queimadas no Maranhão, observa-se que parece

estar alinhada com a sazonalidade climática e a sua variação regional. Sendo que o

uso do fogo se mostra mais intenso no bioma Cerrado que na Amazônia Maranhense

e, na Caatinga é bastante inexpressivo, devido à reduzida abrangência territorial deste

bioma no Estado.

É importante, antes de tudo, saber diferenciar os seguintes termos: focos de

calor, incêndio e queimadas (GASPAR, Lúcia. Queimadas no Brasil. 2009).

Focos de calor: qualquer temperatura registrada acima de 47ºC. Um foco de

calor não é necessariamente um foco de fogo ou incêndio. O foco de calor é

o registro de calor detectado na superfície do solo por sensores a bordo de

satélites de monitoramento. A informação sobre focos de calor é

disponibilizada diariamente pelo INPE e utilizada na rotina de monitoramento

dos órgãos competentes.

Queimada: é uma antiga prática agropastoril ou florestal que utiliza o fogo de

forma controlada para viabilizar a agricultura ou renovar as pastagens. A

queimada deve ser feita sob determinadas condições ambientais que

permitam que o fogo se mantenha confinado à área que será utilizada para a

agricultura ou pecuária.

Page 6: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

6

Incêndio Florestal: é o fogo sem controle que incide sobre qualquer forma

de vegetação, podendo tanto ser provocado pelo homem (intencional ou

negligência), quanto por uma causa natural, como os raios solares, por

exemplo.

Conforme já foi comentado, o segundo semestre é, quase sempre,

caracterizado pelo aumento significativo dos focos de calor em boa parte do país, isso

acontece principalmente devido à baixa precipitação pluviométrica - típica desse

período - associado ao manejo e uso do fogo de modo incorreto.

De acordo com as informações coletadas e analisadas pelos técnicos da

Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (CEPDECMA), a quantidade de

focos de queimada no Maranhão estiveram acima da média prevista para o trimestre

julho, agosto e setembro (JAS). Estatisticamente, em relação ao ano de 2015, se

verificou que de junho para julho, o aumento foi de 85%; de julho para agosto, o

aumento foi de aproximadamente 230,6%; enquanto que de agosto para setembro,

este aumento foi de apenas 18%.

Imagem 03: Evolução dos focos de calor no trimestre mais crítico do ano no Estado do Maranhão em 2015 (Fonte: INPE/CPTEC).

As informações sobre focos de calor são coletadas pelo satélite de referência

(NOAA 12 Noite/AQUA UMD Tarde) e disponibilizadas pelo INPE. De acordo com o

histograma anual (2015) de focos de queimada no país, o Maranhão ocupou o

terceiro lugar no ranking nacional.

Imagem 04: Ranking dos estados brasileiros mais afetados pelas queimadas em 2015 (Fonte: INPE/CPTEC).

0%

500%

1

85%

230,50%18%

junho a julho julho a agosto agosto a setembro

PA

MT

MA

BA

TO

45.202

33.007

30.137

18.397

17.403

Nº de focos

Page 7: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

7

2. OBJETIVOS GERAIS

Disponibilizar informações sobre o monitoramento de queimadas realizado

pela CEPDECMA e identificar quais fatores tem contribuído para que o Maranhão,

anualmente, esteja entre os cincos mais afetados por focos queimadas no Brasil.

Assim como propor medidas preventivas e de resposta, a médio e longo prazo, que

possam ser adotadas com o objetivo de reduzir o quadro clínico do Estado no quesito

queimadas.

2.1. Objetivos específicos

Disponibilizar os dados sobre focos de calor nos últimos cincos anos no

Maranhão;

Destacar os meses mais críticos no quesito queimadas no ano de 2015,

bem como as ações que foram desenvolvidas pelo CEPDECMA e

CBMMA para minimizar os impactos causados;

Identificar os municípios mais afetados pelas queimadas;

Apresentar as principais causas que tem contribuído para que o

Maranhão, todos os anos, possua um elevado número de focos de calor;

Identificar as principais consequências das queimadas no Estado e

principalmente nos municípios mais críticos;

Elaborar uma metodologia de educação ambiental que implique na

redução das queimadas nas áreas indígenas;

Propor estratégias e ações para que os órgãos públicos possam se

integrar de modo a tornar as ações de fiscalização e conscientização

mais eficientes.

3. MONITORAMENTO DE QUEIMADAS (2º SEMESTRE DE 2015)

Transcorrido o trimestre que vai de julho a setembro, observou-se que o

quantitativo de focos monitorados pelo INPE, em 2015, esteve um pouco acima da

média prevista para o mesmo período, contudo, ainda permaneceu abaixo da máxima

(2012) já verificada.

O gráfico a seguir faz um comparativo dos registros de focos de calor no

período compreendido de janeiro a outubro de 2015, apresentando as máximas e

médias obtidas no espaço temporal de 1998 a 2015. Nele, observa-se que a criticidade

está nos meses de julho a setembro, devido principalmente aos efeitos provenientes

do El Niño, que traz consigo consequências como a pouca ou nenhuma quantidade

de chuvas para o período.

Page 8: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

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Imagem 05: Comparativo dos focos de calor observados em 2015 com os valores médios e máximos já registrados (Fonte: INPE/CPTEC).

3.1. Trimestre de julho a setembro

Vitor Kratz (2015) do Climatempo relata que:

O inverno começa no dia 20 de junho, às 13h38, horário de Brasília e será

marcado pela influência do evento El Niño e isso será o suficiente para mexer

com as condições do nosso inverno. Essa situação é bem diferente do

registrado, por exemplo, nos anos de 2010, 2011 e 2013, que na época

estávamos com a presença da La Niña, ou seja, com o Pacífico Equatorial

mais frio que o normal, e tivemos muitas massas polares avançando pelo

centro-sul do Brasil. Já nestes últimos anos, a situação é oposta, pois no ano

passado o Pacífico Equatorial estava ligeiramente mais quente do que o

normal e neste ano estamos em El Niño, ou seja, Pacífico Equatorial mais

quente do que a média. Portanto, podemos imaginar um inverno não muito

rigoroso.

A chuva continuará escassa na maior parte do país, ou seja, normal ou abaixo

da média, como já é normal nesta época do ano. Somente na região Sul a

chuva é acima da média por causa do fenômeno. Com relação as

temperaturas, a tendência é que o El Niño diminui o frio ou teremos

temperaturas acima da média de uma maneira geral.

Deste modo, os dados acima são suficientes para constatar que os primeiros

três meses do 2º semestre são os mais propícios a estiagem e, por conseguinte, as

queimadas.

O Climatempo apresentou em seu site os mapas a seguir, expondo a anomalia

de chuva e temperatura para o mês de julho. Tal anomalia representa um desvio em

relação a normalidade, podendo ser positiva ou negativa.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Média 192 32 23 34 81 338 1.018 2.952 4.659 5.042 3.635 1.921

2015 494 95 53 119 194 887 1.642 5.428 6.423 1.331 0 0

Máximo 507 116 82 128 286 915 3.548 10.395 9.795 11.244 7.567 3.470

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

de

fo

co

s

Meses

Page 9: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

9

Imagem 06: Anomalia de precipitação e de temperatura para julho.

De acordo com os dados observados nos mapas acima, fica evidenciado que

no Maranhão a precipitação pluviométrica ficou abaixo dos 25mm, contribuindo para

o aumento das queimadas.

Outra informação importante foi apresentada pelo INPE em seu site, diz o

seguinte:

A previsão por consenso para o trimestre julho a setembro de 2015

(JAS/2015) indica maior probabilidade dos totais pluviométricos sazonais

ocorrerem na categoria abaixo da faixa normal climatológica para o leste da

Região Nordeste, que se encontra no término de seu período mais chuvoso,

a previsão indica maior probabilidade das chuvas ocorrerem na categoria

dentro da faixa normal climatológica, com a segunda categoria mais provável

abaixo da média, conforme distribuição de probabilidades: 25%, 40% e 35%

para as categorias acima, dentro e abaixo da faixa normal climatológica,

respectivamente.

Desta forma, ressalta-se que no decorrer do referido trimestre ocorrerá o ápice

do período de estiagem e consequente o aumento climatológico do número de

queimadas em algumas regiões do Estado.

Page 10: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

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Imagem 07: Previsão probabilística de consenso do total de chuvas no trimestre JAS/2015 (Fonte: Infoclima).

O mapeamento acima deixa claro que os Estados marcados com a cor cinza

estão sujeito a igual probabilidade tanto para acima, dentro e abaixo do normal,

entretanto, passado o mês de julho, o que se verificou na prática foi que a

porcentagem de chuva ficou abaixo do normal previsto para o mesmo mês.

a) Mês de julho

Normalmente as queimadas começam a se intensificar neste mês, portanto,

destaca-se que o foco das preocupações para esse período recaiu sobre o município

de Mirador, por se posicionar em primeiro lugar no ranking estadual de queimadas,

além de possuir uma área de preservação ambiental (Parque Estadual do Mirador).

Ao todo, foram registrados pelo satélite de referência do INPE cerca de 1.642

focos de calor no Estado; importante frisar que em São Luís e Imperatriz foram

registrados apenas 1 e 2 focos de calor, respectivamente.

Os demais focos se concentraram nas regiões sul e centro do Maranhão, ou

seja, reafirmando que os municípios mais afetados foram os localizados nessas

regiões.

Page 11: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

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Imagem 08: Distribuição dos 1.642 focos no mês de julho/2015 (Fonte: SIG Queimadas – INPE (AQUA UMD – Tarde).

Traduzindo as informações observadas no mapa acima, verifica-se que os

municípios maranhenses com maior quantidade de focos no mês de julho de 2015,

foram os citados no gráfico abaixo.

Imagem 09: Ranking dos municípios mais afetados pelas queimadas – Mês 07 (Fonte: INPE/CPTEC).

0

50

100

150

200

250

300

Page 12: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

12

A estatística de queimada para o mês de julho, distribuída de acordo com os

tipos de biomas presentes no Estado, evidencia o bioma cerrado como o mais afetado,

devido a sua área de cobertura e principalmente em função das características dessa

vegetação no período de estiagem.

Imagem 10: Biomas mais afetados no Maranhão (Fonte: SIG Queimas – INPE/CPTEC).

b) Mês de agosto

As condições meteorológicas são acompanhadas diariamente pela

CEPDECMA diretamente nos sites do INPE e do Climatempo, e estes dados norteiam

parcialmente as ações de prevenção e combate a queimadas no Estado.

Imagem 11: Registros de focos de calor nos primeiros treze dias do mês agosto (Fonte: Climatempo).

Imagem 12: Precipitação de Acumulada Observada (mm) (Fonte: INPE/CPTEC - Res 25km. Gerado em: 2015/08/25, 18 UTC).

Cerrado94%

Amazonia6%

Caatinga0%

Page 13: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

13

Foram registrados 39.459 focos de calor no país somente neste mês, sendo

5.428 focos apenas no Maranhão, ou seja, o Estado classificou-se como 2º mais

afetado no país, perdendo tão-somente para o Pará (7.913 focos). Em 30 dias de

análise, constatou-se que a média de precipitação acumulada observada ficou entre

5 a 10 mm em mais de 80% do Maranhão, conforme aponta o mapa acima (à direita).

A precipitação muita baixa de certo modo contribuiu para o elevado número

de queimadas registradas nesse mês, logo, foram verificados 5.428 focos de calor no

Estado. Vale lembrar que a média para o mês de agosto é de 2.952 focos e o máximo

já registrado aconteceu no ano de 2012, quando foram computados 10.395 focos.

Deduz-se, então, que a quantidade de focos para o mês de agosto foi quase que o

dobro da média registrada para o mesmo período.

Imagem 13: Distribuição dos 5.428 focos no mês de agosto/2015. (Fonte: INPE/CPTEC - NOAA 12 Noite/AQUA UMD tarde).

Logo abaixo, observa-se no mapa de registro de dias sem chuvas divulgado

no dia 12 de agosto, que mais de 70% do Estado se encontrava há 15 dias sem

chuvas, enquanto que boa parte do centro-sul maranhense já estava há 30 dias.

Tal informação serve de embasamento para identificarmos o porquê do aumento

brusco de focos de calor nesse mês em específico.

O Climatempo apresentou em seu site os mapas a seguir, expondo a anomalia

de chuva e temperatura para o mês de agosto, assim como feito no mês de julho. Esta

anomalia representa um desvio em relação a normalidade, que pode ser positiva ou

negativa.

Page 14: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

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Imagem 14: Registro de número de dias sem chuva no Maranhão (Fonte: INPE/CPTEC).

Imagem 15: Anomalia de precipitação e de temperatura para agosto.

De acordo com os dados observados nos mapas acima, fica evidenciado que

no Maranhão a precipitação pluviométrica ficou muito abaixo dos 25 mm,

intensificando ainda mais as queimadas no Estado.

Page 15: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

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Imagem 16: Ranking dos municípios mais afetados pelas queimadas – Mês 08 (Fonte: SIG Queimadas - INPE/CPTEC. Satélite de Referência).

Ao final do mês, consultou-se o mapa risco de fogo com as previsões do

período de 25 de agosto a 1º de setembro e este apontou que o risco de fogo seria

de alto a crítico, concentrando-se em sua grande maioria na messoregião sul

maranhense, afetando ainda uma pequena faixa das messoregiões oeste, centro e

leste maranhense; já grande parte da messoregião norte e oeste apresentariam riscos

de baixo a minímo.

Imagem 17: Modelo de monitoramento de risco de fogo no Maranhão (Fonte: SIG Queimadas – INPE/CPTEC).

Imagem 18: Ranking dos municípios mais afetados pelas queimadas – Mês 08 (Fonte: INPE/CPTEC).

615

577

4627

255

221

180

178

176

144

135

0 1000 2000 3000 4000 5000

Grajaú

Barra do Corda

Mirador

Jenipapo dos Vieiras

Colinas

Fernando Falcão

Amarante do Maranhão

Balsas

Riachão

Alto Parnaíba

Qtd de focos

Page 16: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

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Os dados apresentados pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos

Climáticos - CPTEC alusivos a precipitação acumulada observada (PCD) para os

últimos 10 dias (15 a 24 de agosto) apontam que as mesorregiões Sul, Centro, Oeste

e Norte maranhense registraram 5 mm de chuvas acumuladas para o período, sendo

que boa parte do Leste maranhense e uma pequena porção do Sul registrou 0 mm

de chuvas acumuladas para o mesmo período.

O mapa ao lado deixa claro que

ocorreriam poucas chuvas na

segunda quinzena do mês de agosto,

pois como já se sabe este é um mês

seco do ponto de vista climatológico.

Observa-se ainda que a previsão

indicava 30mm ou menos de chuva na

região norte do Estado e em boa parte

da baixada maranhense. Enquanto

que na região sul do Estado, a

previsão era de no máximo 2mm de

chuvas.

Imagem 19: Previsão de chuva acumulada para o período de 13 a 27 de agosto (Fonte: Climatempo).

c) Mês de setembro

A equipe do Departamento de Gestão de Riscos de Desastres (DGRD) da

CEPDECMA, em seu constante monitoramento acerca dos focos de calor no

Maranhão, chegou as seguintes conclusões sobre as queimadas no último trimestre.

Imagem 20: Técnicos da CEPDECMA em reunião acerca das queimadas no Maranhão.

Page 17: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

17

Conforme os dados disponibilizados pelo INPE e analisados pelos técnicos

do DGRD da CEPDECMA, a quantidade de focos de queimadas no Maranhão

estiveram acima da média prevista para o trimestre (julho-agosto-setembro).

Estatisticamente, verificou-se que de julho para agosto houve um aumento de

aproximadamente 230,6% no número de focos, enquanto que de agosto para

setembro o aumento foi de apenas 18%.

Conforme dados anteriormente apresentados pelo Centro de Previsão de

Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC sobre a climatologia para o trimestre JAS

(julho, agosto e setembro), observou-se que de fato as chuvas diminuíram em grande

parte da Região Nordeste, incluindo o Maranhão. E que neste trimestre não choveu

em grande parte do Estado, implicando no aumento das queimadas.

Imagem 21: registro de queimadas do último trimestre JAS (Fonte: INPE/CPTEC).

Analisando as informações acerca das queimadas para o mês de setembro,

fica facilmente comprovado que o Maranhão se posicionou em 4º lugar no ranking

de queimadas para este mês, entretanto, quando se observa o quantitativo de

focos para o último trimestre, o Maranhão passa a ocupar o 3º lugar na

classificação nacional, com 13.199 focos registrados.

Imagem 22: Ranking de queimadas no Brasil – mês 09 (Fonte: INPE/CPTEC).

1.642

5.428 6.423

1.018

2.952

4.659

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

julho agosto setembro

2015 Média

M TP A

B AM A

R O

11.06811.068

7.956

6.4236.129

Page 18: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

18

No que se refere a classificação dos municípios maranhenses mais

afetados no mês de setembro, verificou-se a seguinte disposição:

Imagem 23: Municípios maranhenses com destaque no ranking de queimadas – mês 09 (Fonte: INPE/CPTEC).

No mapa de distribuição dos focos de calor disponibilizado pelo INPE/CPTEC,

utilizando-se o satélite de referência na coleta dos dados, verificou-se a

concentração dos focos nas regiões Sul, Leste e Centro maranhense.

Imagem 24: disposição dos 6.423 focos de calor no Estado do Maranhão (Fonte: INPE/CPTEC).

O mapa de número de dias sem chuvas divulgado no último domingo (27/09)

pelo INPE expos uma situação alarmante, porém, já prevista, que mais de 90% do

Maranhão se encontrava há mais de 30 dias sem chuvas, havendo algumas regiões

mais críticas onde se verificava mais de 60 dias sem chuvas, como a exemplo da

pequena porção do leste maranhense.

0

200

400

600546

432364

266 230 218 207 204 193 160

Page 19: Relatório de monitoramento e ações de combate a incêndios florestais

19

Imagem 25: mapa do número de dias sem chuvas divulgado no dia 27/09 (Fonte: INPE/CPTEC).

Contudo, nos últimos dias do mês de setembro já se conseguiu observar

uma melhora em relação ao número de dias sem chuvas, conforme apontou o relatório

de queimadas apresentado pelo INPE do dia 29/09/2015. Neste documento ficou claro

que aproximadamente 70% do Estado já apresentava uma redução no período sem

chuvas, diminuindo de 60 dias para 3 a 5 dias em boa parte do Maranhão.

3.2. Trimestre outubro a dezembro

a) Mês de outubro

Em outubro, foram registrados 6.746 no Maranhão, logo, observando o

registro de focos mês a mês neste mês ocorreu o ápice do número de focos de calor

registrado no ano de 2015. O gráfico abaixo dispõe sobre os municípios maranhenses

mais afetados no período.

Imagem 26: Ranking de queimadas no Maranhão – mês 10 (Fonte: INPE/CPTEC).

b) Mês de Novembro

412256

241207206

193192

169153

138

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Amarante do Maranhão

Parnarama

Arame

Alto do Parnaíba

Aldeias Altas

Nº DE FOCOS

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Já em novembro, computou-se 4.350 focos, onde se observou, conforme o

gráfico a seguir, os municípios que foram mais afetados pelos incêndios.

Imagem 27: Municípios maranhenses mais afetados pelas queimadas – mês 11 (Fonte: INPE/CPTEC).

c) Mês de dezembro

Já no último mês de 2015, o número de queimadas no Maranhão superou a

média prevista, de acordo com os dados históricos do INPE.

A média e o mínimo registrados para esse período é de, respectivamente,

2.025 e 800 focos. No entanto, foram registrados 3.706 focos de calor (satélite

referência), valor mais alto já registrado para esse mês nos últimos 18 anos.

Nesse mesmo mês, foram identificados os municípios mais atingidos pelas

queimadas em todo o estado, o gráfico abaixo apresenta os 10 municípios mais

afetados de acordo com o INPE.

326

192159 154

103 93 91 88 88 79

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Imagem 28: Municípios maranhenses mais afetados pelas queimadas - mês de 12 (Fonte: INPE/CPTEC).

A maioria dos focos concentraram-se nas mesorregiões norte, leste e oeste

maranhense, conforme pode ser observado no mapa a seguir.

Imagem 29: Distribuição espacial dos focos de queimadas no mês de dezembro de 2015 (Fonte: INPE).

O relatório anual do INPE (2015) apontou um total de 30.066 focos de calor

apenas no Estado do Maranhão. Sendo, portanto, o segundo maior registro nos

últimos 18 anos (série histórica de 1998 a 2015), valor tão alto somente foi observado

em 2012, quando foram computados 31.594 focos calor.

244

178153 147

120 96 93 77 74 69

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Tabela 01: Comparação do total de focos ativos detectados pelo satélite de referência (1998-2015), com destaque nos dois anos mais críticos.

Fonte: INPE/CPTEC.

4. IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS CAUSAS

Diversas são as causas podem ser apontadas como motivadoras para que o

Maranhão vigore sempre entre os Estados com maiores registros de focos de calor

no Brasil. Uma parte se deve aos fatores climáticas característicos dos meses de

julhos a novembro, que possuem uma redução brusca nos índices de precipitações

pluviométricas, havendo momentos em que algumas partes do Estado ficam sem

registros de chuvas por mais de 60 dias, e quando chove é muito pouco. Além disso

a umidade do ar e as altas temperaturas também são fatores que ajudam a maximizar

tal situação.

As queimadas também estão associadas ao fator ecológico, ou seja, vários

aspectos relacionados à ecologia do fogo na vegetação do cerrado têm sido

investigados. Estudos feitos apontam que a recorrência do fogo nesse tipo de bioma

ocorre devido a distribuição do material combustível, sua frequência de combustão e

conteúdo de umidade tende a aumentar quando o período de estiagem é

suficientemente mais intensificado.

Um ponto crítico deve-se ao fato da vegetação se encontrar muito seca,

devido ao período de estiagem prolongado, de modo a favorecer ainda mais

queimadas

E também, não menos importante, a ação antrópica, que talvez seja umas das

principais causas. A queima da vegetação como prática de manejo para criação de

gado, aliado a expansão da fronteira agrícola, visto que as terras dos cerrados têm

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baixo custo e proveem condições favoráveis à produção intensiva de cereais. Além

do uso do fogo na caça de animais, principalmente nas reservas ambientais, também

contribuem nesse quesito.

Outra peculiaridade observada é que a maior incidência de incêndios está

concentrada em municípios que possuem aldeias indígenas e algumas fazendas mais

rudimentares.

Por fim, analisando um pouco o perfil dos municípios afetados podemos

considerar que as ações antrópicas têm contribuído de forma preponderante para a

intensificação dos incêndios.

5. ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO DAS QUEIMADAS

O ideal para que as ações não sejam ineficazes, seria dividir os trabalhos em

pelos menos quatro etapas, que seriam as seguintes:

5.1. 1ª Etapa: Educação e Conscientização

Necessário que sejam desenvolvidas medidas que possam comtemplar as

seguintes ações:

Campanhas educativas de prevenção ao fogo;

Imagem 30: Modelo de panfleto educativo utilizado na Operação Grajaú (Fonte: BBA, 2012).

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Visitas de sensibilização e orientação aos produtores rurais e indígenas;

Imagem 31: Campanha de conscientização desenvolvida na Aldeia de Bacurizinho no município de Grajaú (Fonte: BBA, 2012).

Imagem 32: Reunião com o Cacique da Aldeia Sabonete em Grajaú (Fonte: BBA, 2012).

A atuação em áreas indígenas é de grande importância, pois, os municípios

com maiores índices de queimadas na maioria das vezes possuem aldeias, e de certo

modo, os índios tem contribuído para essa agravar essa situação. A exemplo do que

acontecer nas aldeias de Bacurizinho, Cocal, Atiriú, Sapucaia, Sabonete e Matusalém,

todas situadas no município de Grajaú (2012).

Palestras para os agentes ambientais e agentes de saúde.

Imagem 33: I Conferência da Campanha contra as Queimadas: “O fogo pega, mas a vida acaba!”, realizado na Câmara dos Vereadores em Grajaú (Fonte: BBA, 2012).

Imagem 34: Reunião com a Guarda Municipal de Grajaú e o promotor de justiça local para traças ações de combate as queimadas (Fonte: BBA, 2012).

5.2. 2ª Etapa: Mobilização e Prevenção

Tais medidas já vêm sendo desenvolvidas pelo Batalhão de Bombeiros

Ambiental, contudo, estão centralizadas no quesito resposta. Faz-se necessários um

maior enfoque nas ações preventivas por parte do Estado, pois, só assim realmente

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se conseguirá resultados mais efetivos.

Promover a capacitação de brigadas civis nos municípios rotineiramente mais

afetados para a prevenção e combate a incêndios florestais e controle de

queimadas nos períodos de estiagem;

Imagem 35: Guarnições formadas por equipes de Bombeiros Civis, Guardas Municipais e Prevfogo, na Expo Agro no Município de Grajaú (Fonte: BBA, 2012).

Imagem 36: Guarda Municipal e Prevfogo trabalhando em parceria no combate as queimas em Grajaú (Fonte: BBA, 2012).

Busca de sustentabilidade das brigadas civis de combate a incêndios florestais;

Limpeza de áreas prioritárias;

Imagem 37: Deslocamento para limpeza de áreas prioritárias em Grajaú (Fonte: BBA, 2012).

Imagem 38: Área toda protegida por aceiro em Grajaú (Fonte: BBA, 2012).

Ampliar as ações de implementação de protocolos municipais de uso do fogo;

Descentralização das orientações para autorizações de queima controlada;

Caracterização das atividades agropecuárias que fazem uso do fogo no Estado

estabelecendo os períodos para autorização de queima;

Prevenção a Incêndios Florestais nas Áreas Protegidas do Estado do

Maranhão.

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5.3. 3ª Etapa: Fiscalização e Combate aos incêndios florestais e controle de

queimadas

Promover monitoramento de queimadas e prevenção de incêndios florestais;

Validar informações de focos de queimadas do satélite “in loco”;

Imagem 39: Identificação de 31 focos de calor expressivos em Grajaú (Fonte: BBA, 2012).

Imagem 40: Visualização “in loco” focos identificados no sistema do Inpe em Grajaú (Fonte: BBA, 2012).

Combate aos incêndios florestais;

Imagem 41: Identificação de área devastada pelas queimadas em Grajaú (Fonte: BBA, 2012).

Imagem 42: Bombeiro do BBA realizando o combate as queimadas em Grajaú (Fonte: BBA, 2015).

Reprimir o uso ilegal do fogo;

Controle de queimadas em municípios estratégicos.

5.4. 4ª Etapa: Balanço sobre as queimadas em 2015 e metas para 2016

Realizar levantamento de dados sobre a saúde referente às Infecções

Respiratórias Agudas nos municípios com os maiores índices de queimadas;

Apresentar dados, estatísticas e relatórios ao comando do CBMMA sobre a

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situação encontrada;

Definir ações que deverão ser executadas bem como reformular as que não

foram eficazes.

6. PLANEJAMENTO E AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS EM TERRAS

INDÍGENAS COM ALTO RISCO DE INCÊNDIO FLORESTAL

Os incêndios florestais são enquadrados como desastres graduais (agravam-se

com o tempo), periódicos (ocorrem em períodos esperados) e frequentemente de origem

antrópica. Por essas características, pensou-se na elaboração de ações em épocas

específicas e direcionadas no que tange ao combate e, principalmente, prevenção desse

tipo de desastre.

Nesse contexto, a CEPDECMA e o CBMMA têm planejado ações direcionadas

as áreas indígenas no Estado do Maranhão, a fim de reduzir a frequência e a dimensão

dos incêndios florestais nessas localidades. Para tal, foram desenvolvidas medidas de

intervenção que possibilitam alcançar o resultado esperado, sendo elas: capacitação em

prevenção e combate a incêndio florestal, palestras educativas, além de controle e

monitoramento a serem realizados em uma escala muito mais ampla e sensível.

Essas medidas serão executadas em períodos específicos, principalmente

durante o “período seco”, e em áreas indígenas que se localizem nas regiões de alto

risco de incêndio florestal segundo o mapeamento realizado por esta Coordenadoria.

Com isso, almeja-se reduzir de maneira significativa o risco de incêndio

florestal, tornando a população residente extremamente preparada para atuar tanto na

prevenção como na resposta.

Dessa forma, a proposição de medidas que visem reduzir a incidência e os

impactos das queimadas em áreas indígenas, ajudam a alcançar resultados mais

duradouros permitindo que seus efeitos sejam sentidos a curto e longo prazo.

6.1. Justificativa

Tal planejamento visa preparar a população que reside nas terras indígenas no

que tange a incêndio em vegetação e incêndios florestais, principalmente nos períodos

regulares de estiagem. Este tipo ocorrência tem sido cada vez mais frequente nesses

locais devido a fatores como: limpeza de áreas para plantio feito de maneira incorreta,

incêndios criminosos e períodos de estiagem mais rigorosos.

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6.2. Objetivos específicos do planejamento

Capacitar os moradores das terras indígenas em prevenção e combate a

incêndio florestal;

Ministrar palestras educativas para a população nas áreas de prevenção de

incêndios florestais, ações básicas para prevenção e tratamento em caso de acidentes

domésticos, noções básicas em Proteção e Defesa Civil;

Aproximar as autoridades estaduais das lideranças indígenas; e

Facilitar o monitoramento das áreas indígenas com alto risco de incêndio

florestal.

6.3. Execução

A execução aconteceria em três etapas distintas, a saber:

Tabela 02: Etapas de execução do planejamento.

Fonte: CEPDECMA (2016).

As regiões onde serão realizadas as atividades previstas nesse planejamento

englobam áreas indígenas quem se situam em áreas de alto risco de incêndio florestal,

conforme mapeamento realizado pela CEPDECMA no final de 2015.

Imagem 43: Mapa de risco de incêndio florestal no maranhão (Fonte: CEPDECMA).

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Após analisar os dados coletados pela CEPDECMA durante o monitoramento de

queimadas no ano de 2015, constatou-se que as áreas indígenas de maior risco

englobam aquelas localizadas no Centro maranhense, a saber: Arariboia, Toco Preto,

Lagoa Comprida, Guajajara, Governador, Kikati, Rodeador, Porquinhos, Morro Branco,

Bacurizinho e Kanela. Destas, a Terra Indígena Arariboia é a maior em área e já foi

atingida por um incêndio florestal de grandes proporções no ano de 2015.

A tabela em seguida apresenta a quantidade de focos de calor em cada uma das

Terras Indígenas (TI’s) maranhenses.

Tabela 03: Monitoramento e registro de focos de calor nas TI’s maranhenses (2015).

TERRA INDÍGENA (TI) LOCALIZAÇÃO Nº DE FOCOS

Porquinhos dos Canela-Apãnjekra Fernando Falcão/MA 321

Kanela Fernando Falcão/MA 196

Bacurizinho Grajaú/MA 448

Araribóia Amarante do Maranhão/MA 975

Porquinhos Barra do Corda/MA 164

Cana Brava Jenipapo dos Vieiras/MA 643

Awá Zé Doca/MA 81

Krikati Montes Altos/MA 276

Governador Amarante do Maranhão/MA 132

Caru Bom Jardim/MA 19

Rodeador Barra do Corda/MA 08

Urucu-Juruá Grajaú/MA 33

Alto Turiaçu Centro Novo do Maranhão/MA 125

Lagoa Comprida Jenipapo dos Vieiras/MA 58

Rio Pindaré Bom Jardim/MA 08

Geralda/Toco Preto Arame/MA 14

TOTAL: 3.501 focos de queimadas.

Fonte: INPE/CPTEC (2015).

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Imagem 44: Mapa de demarcação de unidades de conservação e áreas afins (Fonte: http://www.zee.ma.gov.br/html/indi.html).

As etapas de execução seriam realizadas dispostas segundo tabela abaixo.

Tabela 04: Período de execução das etapas.

Fonte: CEPDECMA (2016).

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6.3.1. Etapa I

O curso de capacitação em prevenção e combate a incêndio florestal representa

o principal ponto na execução das atividades e demanda uma maior quantidade de

recursos, entretanto, tem um maior impacto na redução e no combate aos incêndios

florestais.

O perfil do público alvo são pessoas, principalmente homens, entre 18 e 30 anos

com afinidade em combate às chamas e pré-disposição física para o mesmo. Essas

pessoas serão devidamente capacitadas com o intuito de manterem-se

permanentemente brigadas voluntárias de prevenção e combate a incêndio florestal nas

áreas indígenas.

Os responsáveis por ministrar os cursos seriam militares do CBMMA com

especialização na área de prevenção e combate a Incêndio florestal, ficando a

coordenação dos cursos a cargo do Batalhão de Bombeiros Ambiental (BBA), devendo

este preparar todo o planejamento e a logística necessária para a execução dos mesmos

em parceria com a CEPDECMA.

Por fim, cabe ressaltar que o curso tem uma duração aproximada de dois meses

e, portanto, precisa ser direcionado às áreas mais significativas no que tange a

densidade demográfica e o tamanho da área.

6.3.2. Etapa II

As palestras educativas têm por função levar conhecimento a população em

geral que reside em áreas indígenas. Sendo exploradas as seguintes: prevenção de

incêndios florestais, ações básicas para prevenção e tratamento em caso de acidentes

domésticos e noções básicas em Proteção e Defesa Civil.

As apresentações serão realizadas durante um turno inteiro de um dia em cada

localidade escolhida, portanto, a organização e a logística necessária ficaria a cargo do

BBA e da CEPDECMA.

Esta etapa, por demandar menos tempo que a anterior, pode abranger uma área

maior e consequentemente um número maior de pessoas. Com isso os resultados

podem ser mais abrangentes e alcançar o objetivo geral deste planejamento.

Vale lembrar que esta etapa demanda uma logística de transporte muito mais

ampla que a etapa I devido a grandes distâncias entre as localidades e acessos muitas

vezes precários e que os capacitados nos cursos da etapa I seriam empregados nesta

fase.

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6.3.3. Etapa III

Constitui a fase mais dinâmica, pois necessita de comprometimento e ação

integrada de todos os envolvidos na execução das atividades. Caracteriza-se por uma

coordenação absoluta dos recursos humanos capacitados durante as etapas anteriores,

monitoração “in loco” por lideranças indígenas e monitoração geral a ser realizada pela

CEPDECMA em parceria com o CBMMA e a SEMA.

Esta etapa é circundada de dificuldades como falta de meios apropriados de

comunicação na maior parte das áreas indígenas, dificuldade de acesso e falta de

envolvimento com a atividade. Ainda assim, ela constitui uma parte essencial para que

as atividades executadas nas fases anteriores não sejam desperdiçadas.

É nesse ponto que os focos de incêndio deverão ser informados e combatidos

com antecedência e que as atividades preventivas realizadas pelos capacitados serão

desenvolvidas. Dessa forma, a monitoramento torna-se mais objetivo, preciso e precoce,

permitindo a rápida ação de todos os órgãos envolvidos nas ações de combate a

incêndio florestal.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As queimadas florestais constituem um dos mais danosos eventos que

provocam alterações nas formações vegetais, sejam elas naturais ou plantadas.

Muitas são as causas de sua origem, entretanto, as mais frequentes e preocupantes

reúnem-se em pequeno grupo onde o homem se destaca, principalmente por meio de

suas atividades no meio rural (ASSUNÇÃO, 2011). Em vista disso, quando a natureza

entra em desequilíbrio, normalmente as consequências são sentidas de maneira

quase imediata pelo ser humano. E é isso que vem acontecendo nos períodos de

ausência prolongada das chuvas (estiagem), momento este em que a vegetação se

torna de fácil combustão, principalmente nas regiões de cerrado.

Assim como no período de chuvas intensas, também no período de ausência

prolongada das chuvas (estiagem), o Estado precisará estar preparado e equipado

para atuar de forma preventiva, de maneira que a população não sofra danos ainda

maiores do que os já previstos. Para uma melhor atuação no combate a esse tipo de

problema se faz necessário o uso de medidas que vão além do monitoramento e

identificação das queimadas florestais, ou seja, o desenvolvimento de medidas

educativas que conscientizem a população acerca do uso e manejo do fogo de

maneira correta.

Em se tratando dos recursos humanos, a Corporação dispõe de 97 militares

qualificados e preparados para atuar no combate as queimadas florestais, todavia,

as ações de resposta, apesar de necessárias, exigem um investimento

financeiro muito alto (diárias, combustível, materiais e equipamentos,

contratação de carro-pipa e manutenção dos materiais e equipamentos). De

modo que, a prevenção de qualquer sinistro é uma tarefa muito mais segura, no

entanto, para que a prevenção se torne efetiva é necessário um planejamento sério

associado a uma análise bem apurada dos dados históricos (com estimativa sobre a

probabilidade de ocorrência de fogo juntamente com a implementação de medidas

mitigadoras para impedir a recorrência desse tipo de problema). É importante destacar

que dentre todas as ações, a conscientização da população atinente aos riscos da

queimada florestal constitui-se numa tarefa fundamental.

A prevenção, pelo fato de preceder as demais ações para controle dos

incêndios florestais, tem por objetivo principal a adoção de medidas que procuram

eliminar a origem ou a causa das queimadas, bem como reduzir os riscos de

propagação do fogo, constituindo-se numa das mais importantes etapas. A

experiência mostra que os investimentos realizados com ações preventivas são

compensadores em relação aos custos de combate, os quais envolvem riscos de

acidentes e desgaste físico dos brigadistas, desgaste e perda de ferramentas e

equipamentos, custos com transporte e apoio logístico, perdas econômicas reais do

objeto da proteção e perdas devidas aos danos ambientais.

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Infelizmente, as queimadas florestais somente chamam a atenção quando

ocorrem em grandes proporções e de forma inesperada e destrutiva. E o que se

observa, geralmente, é que as ações de prevenção não mostram, num primeiro

momento, um retorno econômico, em virtude da dificuldade em se estimar os

benefícios advindos destas, bem como a ideia equivocada de que é muito mais fácil

avaliar os prejuízos provocados pelo fogo do que dimensionar os benefícios auferidos

por medidas preventivas de combate as queimadas florestais.

É importante esclarecer que as ações preventivas serão tão mais eficientes

quanto mais investimentos se fizer nas seguintes áreas: educação ambiental

direcionada a atividade do homem no meio rural (campanhas educativas, aplicação

da legislação e medidas coercitivas voltadas para o uso e manejo do fogo), redução

dos riscos de propagação do fogo (construção de aceiros, manejo do material

combustível e utilização de técnicas adequadas de manejo do fogo), vigilância ou

patrulhamento das áreas com maior recorrência de focos (participação da sociedade

civil), treinamento de pessoal (brigadistas), equipamentos (planejar as ações com

base nos recursos disponíveis), montagem de um banco de dados (contribuindo tanto

no aumento da eficiência técnica quanto na economia dos trabalhos) e formação de

parcerias (afinal, os incêndios florestais não respeitam fronteiras administrativas nem

políticas de uma região).

São Luís – MA, 22 de fevereiro de 2016.

Rafael Lima de Araújo – 1º Ten. QOCBM Chefe da Seção de Ações de Defesa Civil

Jairon Moura da Silva – Cap. QOCBM Chefe do Departamento de Gestão de Riscos de Desastres

Izac Muniz Matos – Cel. QOCBM Coordenador Estadual de Proteção e Defesa Civil