relatÓrio de instruÇÃo de impugnaÇÃo ao edital...

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INFRAERO Página 1 RELATÓRIO DE INSTRUÇÃO DE IMPUGNAÇÃO AO EDITAL I - HISTÓRICO: Trata-se de instrução das impugnações ao edital da Concorrência nº 001/ADCO/SBGO/2012 apresentada pelas empresas e cidadãos acima relacionados em razão de inconformismo quanto aos termos do referido edital. Delineamos, ao longo deste relatório o histórico, as argumentações apresentadas pelas IMPUGNANTES, bem como o exame e opinião desta Comissão de Licitação no tocante aos aspectos que lhes cabe analisar. II DA IMPUGNAÇÃO: Insurgem-se as impugnantes contra os termos do edital alegando o que abaixo transcrevemos em resumo: 1) VÂNIA HELENA DE OLIVEIRA A INFRAERO Goiânia sabe que o presente local é atualmente utilizado por um terceiro, sendo que nenhum momento se refere a tal fato no Edital. ASSUNTO: IMPUGNAÇÃO DO EDITAL IMPUGNANTES: 1 - VÂNIA HELENA DE OLIVEIRA; 2 - MYLLS MARIA VILELA GUIMARÃES; 3 - PROJECT AIR ENGENHARIA LTDA ME; 4 - BRASIL VIDA TÁXI AÉREO LTDA; 5 - VOAR TÁXI AÉREO LTDA; E 6 - GLOBO AVIAÇÃO TÁXI AÉREO E MANUTENÇÃO LTDA. REFERENTE: CONCORRÊNCIA Nº 001/ADCO/SBGO/2012 OBJETO: CONCESSÃO DE USO DE 01 (UMA) ÁREA EXTERNA, SITUADA NO SETOR DE HANGARES SUL DO AEROPORTO DE GOIÂNIA SANTA GENOVEVA, DESTINADA ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE PARA ABRIGO E/OU MANUTENÇÃO DE AERONAVES E/OU TÁXI AÉREO.

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INFRAERO Página 1

RELATÓRIO DE INSTRUÇÃO DE IMPUGNAÇÃO AO EDITAL

I - HISTÓRICO:

Trata-se de instrução das impugnações ao edital da Concorrência nº

001/ADCO/SBGO/2012 apresentada pelas empresas e cidadãos acima relacionados em

razão de inconformismo quanto aos termos do referido edital.

Delineamos, ao longo deste relatório o histórico, as argumentações

apresentadas pelas IMPUGNANTES, bem como o exame e opinião desta Comissão de

Licitação no tocante aos aspectos que lhes cabe analisar.

II – DA IMPUGNAÇÃO:

Insurgem-se as impugnantes contra os termos do edital alegando o que

abaixo transcrevemos em resumo:

1) VÂNIA HELENA DE OLIVEIRA

A INFRAERO Goiânia sabe que o presente local é atualmente utilizado

por um terceiro, sendo que nenhum momento se refere a tal fato no

Edital.

ASSUNTO: IMPUGNAÇÃO DO EDITAL

IMPUGNANTES: 1 - VÂNIA HELENA DE OLIVEIRA;

2 - MYLLS MARIA VILELA GUIMARÃES;

3 - PROJECT AIR ENGENHARIA LTDA ME;

4 - BRASIL VIDA TÁXI AÉREO LTDA;

5 - VOAR TÁXI AÉREO LTDA; E

6 - GLOBO AVIAÇÃO – TÁXI AÉREO E MANUTENÇÃO LTDA.

REFERENTE: CONCORRÊNCIA Nº 001/ADCO/SBGO/2012

OBJETO: CONCESSÃO DE USO DE 01 (UMA) ÁREA EXTERNA, SITUADA NO SETOR DE HANGARES SUL DO AEROPORTO DE GOIÂNIA – SANTA GENOVEVA, DESTINADA ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE PARA ABRIGO E/OU MANUTENÇÃO DE AERONAVES E/OU TÁXI AÉREO.

INFRAERO Página 2

Há uma área que se encontra cercada, todavia, contínua a esta, em

frente, consta a presença de aeronaves estacionadas, o que não

deveria se dar sem a anuência da INFRAERO.

Inclusive, a recente, outra parte do mesmo local foi pintada com faixas

pontilhadas, onde parece haver movimento e abastecimento de

aeronaves.

[...]

Ou seja, não há qualquer garantia de que quem eventualmente

vença o presente pregão possa fazer uso do hangar, pelo menos

da maneira prevista do edital. (grifo do autor).

[...]

Portanto, faz-se urgente a necessária reconsideração quanto a teor do

Edital, no tocante às exigências assinaladas, segundo predica nossa

melhor legislação.

2) MYLSS MARIA VILELA GUIMARÃES

1) Estudo de viabilidade econômica

Todavia, resta presente a exigência da apresentação de um “estudo de

viabilidade econômica”, ao passo que praticamente qualquer empresa

possa participar (mesmo aquelas que não tenham qualquer afinidade

com área da aviação), e de que o prazo do edital é suficiente para que

se elabore algo dessa monta (o que desde já se impugna), o que

acontecerá será o andamento da licitação sem que sejam apresentados

quaisquer dos estudos correlatos a atividades importantes, como os

táxis aéreos (empresas TPX e/ou RBAC 135)!

Ora, não há um estudo no edital que reflexe a viabilidade quanto a

atividade dos táxis aéreos, que prestam serviços públicos essenciais ao

país!

Portanto, está descumprida o que prevê o teor da Lei geral de

Licitações, do regulamento de licitações e contratos da própria

INFRAERO, o que não foi contemplado na justificativa do relatório

quanto à impugnação do Edital!

2) Ramo de negócio para empresa que deseja explorar a atividade de

abrigo de aeronaves.

3) Documentação relativa à qualificação técnica

...se basearmos na sub-cláusula 4.1 a.2, se observado o entendimento

supra, resta claro que empresas de qualquer porte ou cooperativas que

não possuírem homologação da ANAC para executar atividades de

manutenção ou cooperativas que não possuírem homologação da

ANAC para executar atividades de manutenção ou táxi aéreo, poderão

INFRAERO Página 3

participar desta Concorrência, o que não foi devidamente justificado em

sede de impugnação anteriormente envergada!

[...]

Assim, será correto o entendimento que a empresa que desejar explorar

a atividade de abrigo de aeronaves deverá possuir em seu contrato

social este ramo de negócio?

4) Projeção detalhada dos custos

Dando continuidade, aos argumentos que apontam a necessidade da

sobrestação do feito para sua adequação, na cláusula 6.3 há a relação

de documentos que devem ser entregues juntos com a proposta

comercial.

[...]

Nos anexos ao edital, não existe o modelo que o texto acima menciona

e sua ausência não foi justificada no relatório de impugnação ao Edital...

5) Prazo de amortização

Na mesma toada, a Cláusula 10 que trata do prazo de amortização e do

prazo contratual não cita qual o percentual do valor proposto que será

amortizado no período máximo de 96 meses.

3) PROJECT AIR ENGENHARIA LTDA – ME

“[...]

Temos que o item 5.6.1.1 do edital tem a seguinte redação, e

consequente exigência:

5.6.1.1 a qualificação econômico-financeira será comprovada através

dos Índices de Liquidez Geral (LG), Solvência Geral (SG) e Liquidez

Corrente (LC), que deverão ser maiores que 1,00 (um inteiro). Caso os

referidos índices sejam iguais ou inferiores a 1,00 (um inteiro), a

licitante deverá possuir capital igual ou superior a R$ 670.800,00

(seiscentos e setenta mil e oitocentos reais).

A partir do texto acima se percebe que não está evidenciado razões e

critérios utilizados para determinar o capital social solicitado. Tal

situação absurda faz com que várias empresas de interesse e

potencialidade, sejam injustamente excluídas do certame!

[...]

Aliás, se pretende o certame promover as pequenas e micro empresas,

tal exigência faz com que o adimplemento previsto na LC 123/2006,

não passe de um jogo de cena, pois dificilmente uma ME possui ou

precisa possuir tal capital social mesmo para empreender operações

de importações/exportações.

INFRAERO Página 4

Ora, a elaboração do fluxo de caixa solicitado no edital, para o projeto

básico de edificação, já foi solicitado, logo se necessárias mudanças o

custo o empreendimento será comprometido.

Por tais razões, o presente Edital merece ser impugnado, reeditado, e

com nova data a ser entabulado o certame, pelos motivos mais que

justos apresentados.”

4) BRASIL VIDA TÁXI AÉREO LTDA

“[...]

Senhores, o presente edital, de forma quase velada, deixou publicar a

título de errata que:

4.6 Caso a licitante seja concessionária ou possua em sua composição

societária algum sócio concessionário estabelecido no aeroporto, na

mesma atividade comercial, deverá, em caso de lograr êxito como

vencedor do certame, optar entre a área já ocupada e a área licitada,

sendo vedado agregá-la a área existente, devendo manifestar-se

formalmente sobre a devolução da outra área à INFRAERO antes da

homologação da licitação;

Entendemos que tal situação é ilegal e inexigível por parte da Infraero,

pois vem tolher o potencial de crescimento de inúmeras empresas, que

muitas vezes não podem abrir mão de um empreendimento já realizado,

para começar um novo, praticamente do zero!

Outro fato nesse sentido, diz respeito a que o sítio aeroportuário federal

de Goiânia, possui inúmeras áreas desocupadas que precisam cumprir

com sua função social, sendo que, inclusive a área que se pretende

licitar, está sub judice, o que veio esta licitante descobrir ao fazer mera

consulta ao site do TRF-1!

[...]

Logo, o que propõe o teor da errata quanto à retificação do Edital é

esdrúxulo e ilegal, merecendo a devida correção com a consequente

suspensão do certame para sua adequação, baixo pena de se

apresentar a presente representação aos órgãos de controle externo,

com o fito de apurar as motivações de tanto!

[...]”

5) VOAR TÁXI AÉREO LTDA

“Sra. Coordenadora, não consta qualquer referência no relatório

envergado frente à impugnação anterior, quanto aos termos referentes

ao uso da área objeto do Edital, “DESTINADA ÚNICA E

EXCLUSIVAMENTE PARA ABRIGO E/OU MANUTENÇÃO DE

INFRAERO Página 5

AERONAVES E/OU TÁXI AÉREO”, por outro lado, o entendimento que

se tem, deixa evidente que empresas de qualquer porte ou cooperativas

que não possuírem homologação da ANAC para executar atividades de

manutenção ou táxi aéreo, poderão participar desta Concorrência (sub-

cláusula 4.1 a.2).

Tem-se que não existe homologação para “hangaragem”, e pela cláusula

5.5 letra c, exige a “Comprovação que exerce atividade pertinente ao

objeto da presente licitação.” Essa exigência deverá ser atendida através

da apresentação do Contrato Social da licitante...”

Ora, não se pode admitir que a empresa que deseje explorar a atividade

de abrigo de aeronaves deverá tão somente possuir em seu contrato

social este ramo de negócio.

Ademais na elaboração do edital, não foram determinados ou

considerados quais seriam os fatores competitivos em relação a

regionalidade do sítio aeroportuário em comento e o mesmo nem

demonstra estar adaptado aos novos ditames que pretende adotar o

governo quanto aos incentivos que serão disponibilizados à aviação

geral e regional, as quais na condição de serviços aéreos públicos

demandam áreas aeroportuárias para desenvolver suas atividades.

[...]

Assim, conforme envergado em questionamentos/impugnações

anteriores, continuam não disponibilizados por esta regional os estudos

prévios de viabilidade concorrencial da área, bem como os respectivos

projetos e comprovação de capacidade operacional de empresas

interessadas em áreas do aeródromo de Goiânia e que desempenhem a

mesma atividade especificada no item1.1.1 do edital...

[..]

O Edital, mais uma vez, nos termos da errata publicada onde retificou-se

alguns de seus termos veio a restringir de maneira ilegal a concorrência

e a participação de diversos atores. Eis que decide:

Incluir os subitens 4.6, 4.6.1 e 4.6.2 com a seguinte redação...

[...]

Ademais, ressalta-se que o Edital e seu Anexo IV Projeto Básico se

apresentam de forma inconsistente, o que leva à inviabilidade da

consecução de qualquer empreendimento, pois não fornece informações

adequadas para elaboração de projeção de viabilidade econômico e

financeira.

[...]

Entrementes, conforme citado, o Edital não apresenta de maneira clara o

período a ser amortizado! Tal fato influencia diretamente no cálculo do

INFRAERO Página 6

VPL, consequentemente impactando na viabilidade do negócio. Logo, o

projeto de viabilidade econômica fica comprometido em função da

contradição do edital em determinar o prazo de vigência, se 156 ou 256

meses, somatória do período de amortização e vigência.

O texto ainda é omisso em esclarecer o valor do ônus de concessão

durante o período de amortização...

[...]

O edital é omisso em exigir evidências e comprovações para garantir a

plausibilidade dos valores declarados a título de investimento ficando

aberto a quaisquer propostas sem fundamentação, sobretudo em virtude

de uma obra de tal proporção exigir demonstração de exequibilidade

atendendo as normas e regulamentos de sítios aeroportuários e a

elevados padrões técnicos de engenharia.

[...]

Merece o Edital ser revisado quanto a tanto, pois não é qualquer

atividade que possa se desenvolver dentro de um sítio aeroportuário, ao

passo em que como se encontra, o item daria azo para diversas

sublocações, desenvolvimento de atividades não alinhadas com a

vocação do aeroporto...

... O edital é evidentemente omisso em esclarecer a escolha do critério

“Payback Econômico”.

Prosseguindo as irregularidades e omissões presentes em seus termos,

se observa que no item 6.3, na alínea b.7.2 é solicitada a apresentação

da TIR que compõem em sua forma de cálculo a taxa mínima de

atratividade.

A indignação consiste em verificar o motivo do presente edital não

especificar uma TMA padrão (ou mínima requerida) aos participantes,

viso que diversas empresas podem inferir uma taxa de atratividade que

não represente a sustentabilidade do negócio, acarretando na

plausibilidade de futura insustentabilidade da empresa e consequente

inadimplemento dos pagamentos dos valores da concessão.

É igualmente bisonho que não haja qualquer referência quanto a

necessidade de avaliação dos critérios de qualidade e segurança da

estrutura a ser edificada no local. Tais condições dentro de um sítio

aeroportuário se traduz em requisitos mínimos par a viabilidade de

qualquer empreendimento dessa monta!

Quanto a outro absurdo, denota-se no item 8.5.6:

[...]

Ou seja, é informado que haverá sorteio para a abertura do

INVÓLUCRO. Ora, dever-se-ia levar em consideração o plano de

INFRAERO Página 7

negócios com maior potencial de agregar receitas em aeródromo, tais

como tarifas aeroportuárias a partir da análise do capacity share de cada

licitante, no sentido de resguardar os próprios interesses da

administração pública.

[...]

Contrario senso, é no mínimo desejado que haja uma padronização

quanto aos indicadores para facilitar a geração das informações

financeiras!

[...]

Adiante, abordando os anexos do certame, vê-se em seu anexo IV do

Projeto Parte 01 de 02 item 5.4, que o término da obra deverá ocorrer

em 09 (nove) meses. Não há qualquer embasamento técnico para tal

proposição ou prazo, pois várias questões estão involucradas nos

deslindes de uma construção de tamanho vulto (ambientais, climáticas,

operacionais, regulamentação, etc.) devendo constar as condições

quanto a outros fatores que impeçam o adimplemento dessa exigência,

ou ao menos a possibilidade de sua prorrogação sem que tanto importe

em penalidades ao cessionário!

[...]

Tais condições, Senhores, são impraticáveis, pois o Aeroporto Santa

Genoveva ainda não possui o licenciamento ambiental regularizado, bem

como ainda está em fase de discussão o aspecto de zoneamento de

ruído!

[...]

E sobre a realidade fática do local, há algo ainda mais relevante e que

não foi abordado nas análises às anteriores impugnações: a área

encontra-se sub judice, o que compreende feitos possessórios,

cominatórios e de prestação de contas envolvendo a impugnante e a

impugnada.

[...]

E tanto pior, pois a licitação persiste em moldes que desobedecem o

plano diretor vigente da cidade- Lei Complementar Municipal 171, que

determina que o aeroporto internacional Santa Genoveva receba uso do

solo especial o que atualmente impede emissão de Licenças Ambientais

e de Uso do Solo para construção de novos hangares, de forma a

impedir que as empresas atendam ao requisito previsto no item 12.1 do

Edital.

[..]

INFRAERO Página 8

6) GLOBO AVIAÇÃO – TÁXI AÉREO E MANUTENÇÃO LTDA

[..]

O Edital é contraditório, pois ao mesmo tempo em que menciona que

poderá haver a necessidade de aprovação por parte da ANAC (fazendo

de tanto uma condicional), conclui em seu item 6.6.3 do Projeto Básico

da obrigação da aprovação junto à ANAC da homologação do

empreendimento, bem como da suspensão do pagamento da

concessão, em caso de demora das aprovações supostamente

necessárias pela ANAC (item 5.3 do Projeto Básico).

[...]

Constata-se ainda, a inexistência de estudos prévios de visibilidade

econômica das atividades prestigiadas pelo Edital – desprestigiando

orientação desse Tribunal de Contas a INFRAERO burlou a exigência do

EVE, impondo aos licitantes a sua realização.

[...]

Todavia, já no ato seguinte, a Direção da INFRAERO deu início à

supressão da exigência, argumentando que o Estudo Técnico – PIMA –

era suficiente para substituí-lo. E assim foi feito. Com a posterior

anuência da Gerência Jurídica, inclusive, que se manifestou através do

Procurador diverso daquele que condicionou a aprovação à realização

do EVE.

Mas o fato é que, ao contrário do que fez valer a Direção da INFRAERO,

o Estudo Técnico – PIMA – não serve como substituto do Estudo de

Viabilidade Econômica e Concorrencial, até porque, no seu conteúdo é

afirmado, categoricamente, que o EVE não foi feito por insuficiência de

informações.

Todavia, não bastando as ilegalidades acima enumeradas, o Edital

desrespeita, ainda, o prazo legal de 45 (quarenta e cinco) dias a ser

observado entre a publicação do Edital...

[...]

Conforme visita feita ao local, se depara que, ademais da área estar

ocupada, sobre a mesma há diversas demandas judiciais, sendo que

não houve qualquer manifestação por parte da Infraero no relatório

pertinente à última impugnação! (grifo do autor).

[...]

INFRAERO Página 9

III - TEMPESTIVIDADE:

Registre-se que as impugnações foram recebidas e conhecidas, vez que

presentes os requisitos de admissibilidade e tempestividade previstos no subitem 9.1 do

Edital da licitação.

IV - DA ANÁLISE DA IMPUGNAÇÃO:

Por tratar-se de assuntos eminentemente técnicos, as peças

impugnativas foram encaminhadas à área técnica, a qual se manifestou nos seguintes

termos, abaixo transcritos, os quais foram organizados didaticamente, em forma de itens:

1. Trata-se de manifestação legal sobre os aspectos jurídicos pertinentes

às impugnações ao edital da Concorrência nº 001/ADCO/SBGO/2012,

autuadas às fls. 1915/1963, da PEC 1303/05, as quais provocaram a

suspensão do certame licitatório, em 7 de fevereiro de 2013, consoante

se depreende do Ofício-Circular nº 361/ADCO-4/2013, à f. 1964 dos

autos.

2. A impugnação inaugural foi apresentada por Vânia Helena de Oliveira

(fls. 1915/1918) e tem por objeto questionar a legalidade da licitação,

uma vez que “o presente local é atualmente utilizado por um terceiro”,

logo não há garantia de que o vencedor poder á fazer uso da área,

inclusive porque existe ação judicial sobre a sua posse. Aduz que a

omissão no edital acerca dos mencionados fatos fere o princípio

constitucional da publicidade.

3. A segunda impugnação (fls. 1919/19625), de autoria da advogada Mylss

Maria Vilela Guimarães, defende que as lacunas constantes no edital,

que não foram respondidas, segundo a impugnante, pela Infraero em

outra impugnação que fizera nestes autos, desprestigiam os princípios

da publicidade e da legalidade.

4. Para ilustrar o suposto menoscabo aos princípios constitucionais

destacados, a impugnante relata o fato de a licitação comportar a

participação de qualquer empresa e o edital não apresentar estudo de

viabilidade econômica, culminando no prosseguimento da licitação, “sem

que sejam apresentados quaisquer dos estudos correlatos e atividades

importantes [ao objeto da licitação], como os táxis aéreos” (f. 1920).

Ainda no diapasão da possibilidade de participação de qualquer empresa

na licitação em exame, podendo, por exemplo, apenas hangarar

aeronaves de terceiros, questiona a legalidade de se exigir da licitante a

INFRAERO Página 10

comprovação, por meio do contrato social, o exercício de atividade

pertinente à hangaragem própria ou de terceiro, manutenção própria ou

de terceiro e táxi aéreo. Seria isso restritivo à competição!

5. Aduz também que é ilegal a exigência de apresentação detalhada dos

itens de custo e dos respectivos valores, porque não há modelo

predefinido pela Infraero, conforme resposta da estatal aeroportuária a

outra impugnação que fizera, o que fere o princípio da publicidade.

Outrossim, entende ilegal não constar no edital “o percentual do valor

proposto que será amortizado no período máximo de 96 meses ” (f.

1924), pois “é imprescindível [...] que se estabeleça qual percentual do

valor proposto o concessionário irá pagar a Infraero mensalmente” (f.

1924).

6. A terceira impugnação, juntada às fls. 1926/1928, protocolada pela

Project Air Engenharia Ltda. - ME, questiona apenas uma das cláusulas

editalícias (5.6.1.1). De acordo com a impugnante, exigir da licitante

capital igual ou superior a R$ 670.800,00 (seiscentos e setenta mil e

oitocentos reais) demonstra que a Administração, embora permita

(privilegie) a participação de micro e pequenas empresas, não

homenageia os princípios licitatórios enumerados no art. 3º da Lei nº

8666, de 21 de junho de 1993.

7. A quarta impugnação, às fls. 1929/1932, consiste em alegação da Brasil

Vida Táxi A éreo Ltda. acerca da ilegalidade da cláusula 4.6., a qual

estabelece que, em sendo vencedor do certame empresa concessionária

do Aeroporto de Goiânia, na mesma atividade comercial, deverá optar

pela área que ocupa ou pela em licitação, haja vista o prescrito no art. 3

º, § 1 º, da Lei n º 8666/1993, que tem por finalidade assegurar a ampla

competição entre os interessados.

8. A quinta impugnação, outrora apresentada, tem a assinatura da Voar

Táxi Aéreo Ltda., fls. 1933/1951. De início, questiona a exigência de

comprovação de hangaragem, por intermédio do contrato social , por

empresa interessada na licitação, para que possa participar do certame,

uma vez que o § 1 º do art. 30 da Lei n º 8666/1993 requer “atestado”

para demonstrar a qualificação técnica da licitante.

9. Ou seja, a impugnante requer meio mais gravoso à licitante para

comprovar a sua qualificação técnico-operacional. Justifica a restrição

mediante o argumento de que a atividade de hangaragem não é objeto

de homologação da Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC.

10. Em seguida, adota argumentação em sentido contrário à primeira para

defender que o edital “merece ser totalmente revisto, especialmente para

se adequar a critérios de legalidade e de viabilidade.” Confira:

INFRAERO Página 11

a) não disponibilização dos estudos prévios de viabilidade

concorrencial da área (f. 1936);

b) não disponibilização de projetos e comprovação de capacidade

operacional de empresas interessadas em áreas do aeródromo de

Goiânia e que desempenhem a mesma atividade especificada no

item 1.1.1 do Edital da Concorrência nº 001/ADCO/SBGO/2012 (f.

1936);

c) não apresentação de estudo que comprove a viabilidade de

competição, mediante disponibilização de estudo que indique

número de pedidos de empresas dos ramos (hangaragem,

manutenção e táxi aéreo) para realização de licitação em número

superior à quantidade de áreas especificadas no Plano de

Distribuição de Áreas (f. 1936);

d) não apresentação de estudo de viabilidade econômica, com

informações adequadas para elaboração de projeção de

viabilidade econômica e financeira (f. 1938) , inclusive prazo de

carência no período de edificação das obras e de percentual

mínimo mensal de amortização do empreendimento em 96

(noventa e seis) meses (f. 1939);

d.1) aduz que o prazo de 9 (nove) meses para construção do

hangar não possui fundamentação técnica, desconsiderando-se o

tempo gasto no licenciamento ambiental, na autorização da ANAC

para construir etc. (f. 1947/1948);

e) não disponibilização dos critérios para determinação do valor

mínimo mensal e consequentemente do valor global do contrato,

que “não encontra qualquer parâmetro dentro do sítio

aeroportuário, seja em áreas sem edificações ou em áreas

edificadas” (f. 1938);

f) a cláusula 4.6., ao estabelecer que, em sendo vencedor do

certame empresa concessionária do Aeroporto de Goiânia, na

mesma atividade comercial, dever á ela optar pela área que ocupa

ou em licitação, “veio a restringir de maneira ilegal a concorrência

e a participação de diversos atores” (f. 1937);

g) a cláusula 6, ao exigir declaração do valor total do investimento,

incluindo: projetos, construção, equipamentos, móveis, bem como

a projeção da receita, não fixa parâmetros “para garantir a

plausibilidade dos valores declarados a título de investimento

ficando aberto a quaisquer propostas sem fundamentação” (f.

1840), ferindo o princípio do julgamento objetivo das propostas;

INFRAERO Página 12

h) classifica de “absurdo” a previsão de sorteio, na hipótese de

equivalência de valores apresentados pelas microempresas,

empresas de pequeno porte ou cooperativas, mesmo após o

exercício do desempate ficto entre elas, propondo a impugnante o

desempate de acordo com “o plano de negócios com maior

potencial de agregar receitas ao aeródromo” (f. 1945);

i) alega insegurança jurídica, em face da estipulação do INPC para

reajustar o valor do preço mensal do contrato e do IPCA para

corrigir o valor da caução depositada em garantia da execução da

avença (fls. 1945/1946);

j) aduz que “compromete-se o planejamento da viabilidade” da

contratação a cláusula 11.6 do edital , uma vez que não enumera

a legislação que determina a alteração do preço do contrato,

sempre que ocorrer acréscimo ou supressão da área concedida (f.

1947); e

k) defende a ilegalidade da cláusula 5.6. 1.1, que comina o valor de

R$ 670.800,00 (seiscentos e setenta mil e oitocentos reais), como

capital mínimo a qualificar econômica e financeiramente a licitante

que não apresentar liquidez geral, solvência geral e liquidez

corrente maiores do que 1,0 (um inteiro).

11. A sexta impugnação, acostada às fls. 1952/1963 dos autos, foi ofertada,

repetindo-se impugnação anterior, por Globo Aviação – Táxi Aéreo e

Manutenção Ltda., que questiona se “existe qualquer obra de edificação

de grande monta em um sítio aeroportuário federal envolvendo a

construção de um hangar para manutenção ou hangaragem própria ou

para terceiros de aeronaves que preceda de autorização do órgão

regulador e fiscalizador da aviação brasileira?”

12. Segundo a impugnante, a „Nota‟ à cláusula 12 do edital leva à conclusão

de que a Infraero entende que a Agência Nacional de Aviação Civil –

ANAC poder á autorizar e homologar a construção do hangar,

caracterizando contradição entre a cláusula 12, que é não assertiva

quanto à participação da ANAC, e as cláusulas 5.3, do projeto básico, e

6.6.3 , do edital, as quais são peremptórias quanto à necessidade de

autorização e homologação da construção do hangar em aeroporto.

Logo, requer o afastamento de alegada contradição, “pois os prejuízos

aos licitantes (...) podem comprometer todo o empreendimento.” (fls.

1953/1955).

13. Aduz ainda que o “Projeto Básico que instrui o Edital de Concorrência” é

insuficiente para permitir a formulação de propostas, vez que não

INFRAERO Página 13

considerou “o exercício da atividade de taxi aéreo para aquela área e

localidade” (f. 1955).

14. Alega, outrossim, que h á necessidade de apresentação de estudo de

viabilidade econômica e que, quando da nova publicação do edital, o

prazo dever á ser de, no mínimo, 45 (quarenta e cinco) dias para

apresentação de proposta, haja vista se tratar de licitação com objeto

similar à obra em regime de empreitada integral.

15. Por derradeiro, afirma que o local para construção do hangar se encontra

ocupado, de modo que “inúmeros Tribunais têm decidido quanto a esta

situação que em terrenos sob litígio, poder á o edital ser mesmo

suspenso”. (f. 1960).

16. É o relatório.

I – APRECIAÇÃO

17. Reza o art. 41 da Lei nº 8666, de 21 de junho de 1993:

Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e condições do

edital, ao qual se acha estritamente vinculada.

§ 1o Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação

por irregularidade na aplicação desta Lei, devendo protocolar o pedido até

5 (cinco) dias úteis antes da data fixada para a abertura dos envelopes de

habilitação, devendo a Administração julgar e responder à impugnação

em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade prevista no § 1o do

art. 113.

§ 2o Decairá do direito de impugnar os termos do edital de licitação

perante a administração o licitante que não o fizer até o segundo dia útil

que anteceder a abertura dos envelopes de habilitação em concorrência,

a abertura dos envelopes com as propostas em convite, tomada de

preços ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou irregularidades

que viciariam esse edital, hipótese em que tal comunicação não terá

efeito de recurso.

§ 3o A impugnação feita tempestivamente pelo licitante não o impedirá de

participar do processo licitatório até o trânsito em julgado da decisão a ela

pertinente.

§ 4º A inabilitação do licitante importa preclusão do seu direito de

participar das fases subsequentes.

18. Verifique que a Lei admite a impugnação do edital por qualquer cidadão

e por licitantes, a fim de que apontem “irregularidade na aplicação desta

Lei” e não determina a suspensão do certame, garantindo-se a

participação do impugnante na licitação até a inabilitação do licitante-

impugnante ou o trânsito em julgado da decisão referente à impugnação.

19. Portanto, a impugnação é garantia do devido processo legal.

INFRAERO Página 14

20. No presente caso, todavia, é importante observar que 3 (três) das seis

impugnantes se utilizam de tal garantia constitucional pela segunda vez,

no mesmo certame, para abordar os mesmos assuntos , de modo que o

exercício do direito de impugnação, neste caso, poder á afetar princípios

ainda mais preciosos à Administração.

21. As impugnantes Mylss Maria Vilela Guimarães, Globo Aviação– Táxi

Aéreo e Manutenção Ltda. e Voar Táxi Aéreo Ltda. apenas repisaram

seus argumentos, enquanto as novas impugnantes Vania Helena de

Oliveira, Project Air Engenharia Ltda. – ME e Brasil Vida Táxi Aéreo

Ltda., apesar de apresentarem impugnações originárias, não

apresentaram alegações novas sobre suposta irregularidade na

aplicação da Lei nº 8666/1993.

22. Segundo as impugnantes Mylss Maria Vilela Guimarães, Voar Táxi

Aéreo Ltda. e Globo Aviação – Táxi Aéreo e Manutenção Ltda., inexiste

estudo de viabilidade econômica do objeto da contratação.

23. No entanto, o departamento jurídico da Infraero, ainda na fase interna da

licitação, ou seja, antes da aprovação do edital , por intermédio da

Informação nº 561/DJCO/2012, de 6 de setembro de 2012,devolveu os

autos em diligência à área requisitante, que, por meio da CF nº

28964/NCPC/2012, de 28 de setembro de 2012, afirmou que o Estudo

resultante do Grupo de Trabalho é suficiente para o início da fase interna

[externa] do procedimento licitatório e atende às recomendações

vigentes dos órgãos de controles, interno e externos.

24. Nesses termos, a Gerência Jurídica da Regional Centro Oeste – DJCO,

mediante a Informação n º 612/DJCO/2012, de 3 de outubro de 2012,

aprovou o edital em impugnação.

25. Por ocasião das primeiras impugnações, a Comissão de Licitação

entendeu necessário, em razão da matéria questionada, ouvir a área

proponente do certame, a qual declarou:

1 - Quanto à disponibilização dos Estudos de Viabilidade

O Estudo Técnico/Econômico desenvolvido pela Infraero retrata elemento

indispensável visando a instrução da Fase Interna da presente

Concorrência.

Desta forma, a sua disponibilização importa em prejuízo ao processo

concorrencial que ora se vislumbra, uma vez que traduz os requisitos

referenciais que devem nortear os potenciais participantes na formulação

objetiva de suas propostas.

O processo licitatório nos termos da legislação vigente ser á instruído com

os elementos mínimos e necessários que possam orientar os

interessados na apresentação de propostas válidas que atendam as

disposições contidas nos Art. 38 a 40 da Lei nº 8.666/93.

INFRAERO Página 15

Desta forma, todos os elementos necessários à formulação da

proposta estão contemplados no Edital. Lembramos que o objeto da

licitação é amplo, podendo a empresa vencedora desenvolver as

diversas atividades nele prevista, ou ainda apenas uma delas. Os

Estudos de Viabilidade serão, dessa forma, elaborados de diversas

possibilidades, adequados à realidade de cada empresa e sua(s)

respectiva(s) atividade(s). Vide também a resposta ao questionamento nº

29 do Esclarecimento n º 001/ADCO-4/20121. (grifo nosso).

26. Veja que a área comercial da Infraero, que detém a expertise do

negócio, assegura que o edital e seus anexos possuem todos os

elementos necessários à formulação da proposta. Logo, não há que se

falar em irregularidade à Lei nº 8666/19931.

27. Ademais, é oportuno rememorar o que o Tribunal de Contas da União –

TCU assentou quanto à licitação de áreas comerciais dos aeroportos, no

Acórdão nº 2844/2010-P, ao constatar a inaplicabilidade, in totum, da Lei

Geral de Licitações:

A legislação sobre contratações públicas volta-se essencialmente para os

contratos que geram dispêndios, ou seja, contratos de aquisição de bens

e serviços, havendo pouca disciplina sobre os ajustes que geram receitas

para a Administração Pública.

Daí por que, em se tratando de contratos de geração de receita, a

utilização da legislação em vigor não prescinde da analogia.

(...)

Assim, sob a ótica da consecução do interesse público, os procedimentos

licitatórios adotados pela Infraero para a concessão de uso de áreas

aeroportuárias se mostram especialmente louváveis, porque concretizam

os princípios da eficiência, isonomia, impessoalidade , moralidade, dentre

outros.

28. Importante assentar que o referido Acórdão consiste em vetor

interpretativo da matéria, sendo fundamental para resolver as

impugnações em destaque.

29. As impugnantes Project Air Engenharia Ltda. - ME e Voar Táxi Aéreo

Ltda. alegaram irregularidade na fixação do valor para a licitante

demonstrar sua qualificação econômico-financeira:

Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira

limitar-se-á a:

I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício

social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que comprovem a boa

1 As solicitações em geral recaem sobre elementos que pertencem a estratégia de negócio da Infraero, e encontram-se protegidos pelo Decreto n º 7.724/2012, consoante § 1 º do art. 5 º, em especial para os Estudos de viabilidade Econômica e estimativas de custos. A presente licitação encontra-se fundamentada na visão de desenvolvimento do aeroporto, visando aferir receitas para a sustentabilidade das operações globais da Infraero. Portanto, não existem estudos de viabilidade concorrencial. Não existem solicitações para utilização de áreas compartilhadas com o objeto da presente licitação. Nesse sentido, temos que para atender as disposições da Resolução n° 113/2009, foram destinadas 10% de áreas de hangares para compartilhamento correspondentes aos lotes 34 e 35 do Plano de distribuição áreas.

INFRAERO Página 16

situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes

ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais

quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação da

proposta;

(...)

§ 2o A Administração, nas compras para entrega futura e na execução de

obras e serviços, poder á estabelecer, no instrumento convocatório da

licitação, a exigência de capital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo,

ou ainda as garantias previstas no § 1o do art. 56 desta Lei, como dado

objetivo de comprovação da qualificação econômico-financeira dos

licitantes e para efeito de garantia ao adimplemento do contrato a ser

ulteriormente celebrado.

§ 3o O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a que se refere o

parágrafo anterior não poder á exceder a 10% (dez por cento) do valor

estimado da contratação, devendo a comprovação ser feita relativamente

à data da apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a

atualização para esta data através de índices oficiais.

(...)

§ 5o A comprovação de boa situação financeira da empresa ser á feita de

forma objetiva, através do cálculo de índices contábeis previstos no edital

e devidamente justificados no processo administrativo da licitação que

tenha dado início ao certame licitatório, vedada a exigência de índices e

valores não usualmente adotados para correta avaliação de situação

financeira suficiente ao cumprimento das obrigações decorrentes da

licitação.

30. O Tribunal de Contas da União – TCU 3 , nos Acórdãos nº 313/2008 - 2 ª

Câmara e 2393/2007-P, decidiu, respectivamente, pela legalidade da

fixação do capital social da licitante em 10% do valor estimado para a

contratação. Veja:

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União [...] em:

9.5. determinar à ECT que, caso seja prevista a comprovação de capital

social mínimo em seus editais de licitação, nos termos do art. 31, §§ 2 º e

3 º, da Lei n º 8.666/1993, respeite o limite previsto no § 3 º do citado

artigo (máximo de 10% do valor estimado da contratação) e exija a

comprovação de integralização de quotas ou ações da empresa

vencedora do certame apenas no momento da contratação;

9.3. determinar à Infraero que , na hipótese de se revelar pertinente o

estabelecimento de requisito de qualificação econômico-financeira

previsto no § 3º do art. 31 da Lei 8666/93, em licitações que visem à

concessão de uso de área para a exploração de atividade negocial,

atente para a necessidade de observância dos limites especificados

nessa norma, de forma a não exigir capital mínimo ou valor do

patrimônio líquido superior a 10% do valor estimado para a

contratação, a menos que haja justificativa, a ser devidamente

INFRAERO Página 17

explicitada, que respalde o estabelecimento de exigência mais restritiva;

(grifo nosso).

31. Logo, não há irregularidade à Lei quanto à cláusula 5.6.1.1 do edital.

32. Outra suposta irregularidade à Lei, anotada pelos impugnantes Brasil Vida

Táxi A éreo Ltda., Voar Táxi A éreo Ltda. e Globo Aviação – Táxi Aéreo e

Manutenção Ltda., consiste na afirmação de que área se encontra

ocupada por terceiro, estando a sua posse discutida em juízo.

33. Neste particular, é importante que a área comercial esclareça que a

posse da área em que se erguerá o hangar foi reintegrada à Infraero,

consoante decisão judicial proferida na Seção Judiciária de Goiás, a qual

se fundamenta em jurisprudência pacífica dos tribunais pátrios.

34. Também não caracteriza irregularidade a exigência prescrita na cláusula

4.6. do edital, pois é somente aparente a restrição à competitividade,

uma vez que a opção do vencedor do certame, se empresa

concessionária do Aeroporto de Goiânia, na mesma atividade comercial,

pela área que ocupa ou pela área em licitação, tem amparo na

jurisprudência do Tribunal de Contas da União – TCU e visa a coibir a

reserva de área aeroportuária por determinada empresa.

35. Ademais, a determinação para que se opte pela área concedida ou em

licitação apenas tem incidência, quando houver outro interessado no

objeto da contratação.

36. Dessarte, não há que se falar em irregularidade à Lei, por ofensa ao

princípio da ampla competitividade, conforme defendido pelas

impugnantes Brasil Vida Táxi Aéreo Ltda., Voar Táxi Aéreo Ltda. e Voar

Táxi Aéreo Ltda.

37. Mylss Maria Vilela Guimarães e Voar Táxi A éreo Ltda. também evocam

ilegalidade no certame, porque a Infraero não apresentou modelo de

planilha para que os licitantes declarem o valor total do investimento,

unitariamente ou por item: projetos, construção ou obra, equipamentos,

móveis, bem como a projeção da receita.

38. Não assiste razão às impugnantes. A Infraero não busca selecionar

licitante que, preenchendo os requisitos de qualidade e de quantidade

exaustivamente elencados nos autos, mostre-se eficiente a sua

consecução pelo menor preço, o que se pretende é selecionar proposta

exequível, de empresa que exerça a atividade de hangaragem própria ou

de terceiros, preste serviços de manutenção em aeronaves próprias ou

de terceiros ou de táxi a éreo, segundo as técnicas de mensuração de

investimentos: período de payback; valor presente líquido; e taxa interna

de retorno.

39. Daí decorre a afirmação da área comercial, acima citada, de que:

INFRAERO Página 18

O Estudo Técnico/Econômico desenvolvido pela Infraero retrata elemento

indispensável visando a instrução da Fase Interna da presente

Concorrência.

Desta forma, a sua disponibilização importa em prejuízo ao processo

concorrencial que ora se vislumbra, uma vez que traduz os requisitos

referenciais que devem nortear os potenciais participantes na formulação

objetiva de suas propostas.

40. Por outras palavras, a proposta não há de seguir modelo predeterminado

pela Infraero, porque ser á a livre iniciativa do licitante que determinará a

escolha da proposta mais vantajosa pela Infraero.

41. Portanto, improcedente, também nessa quadra, as alegações das

impugnantes imediatamente identificadas.

42. Quanto às demais irregularidades apontadas pela Voar Táxi Aéreo Ltda.,

ela seguem a mesma sorte das anteriores.

43. Nesse desiderato, registre-se que a não disponibilização dos estudos

prévios de viabilidade concorrencial da área é direito da Administração

Pública. A Infraero, empresa pública federal que é, encontra-se jungida

ao princípio constitucional da licitação, de modo que somente contrata

diretamente quando a Lei o autorizar.

44. Contudo, ainda que autorizada pelo legislador ordinário a dispensar

determinada licitação, o gestor pode decidir por contratar mediante

prévio processo de licitação.

45. É o que está ocorrendo na hipótese em estudo. Não obstante o disposto

no art. 40 do Código Brasileiro de Aeronáutica, o gestor aeroportuário

decidiu pela licitação, por meio de concorrência, de área situada no setor

de hangares sul do Aeroporto de Goiânia/GO.

46. Sua decisão, é importante dizer, especa-se não em ato administrativo

isolado, mas em diretriz consubstanciada em Ato Administrativo editado

pela diretoria da Infraero. Confira:

Art. 13. As áreas operacionais a serem destinadas às empresas a

éreas não regulares, incluindo as atividades de hangaragem e/ou

manutenção de aeronaves de terceiros, deverão ser precedidas dos

competentes procedimentos licitatórios, como forma de assegurar

tratamento isonômico e de buscar a proposta mais vantajosa ao operador

do aeroporto. (grifo nosso).

47. Logo, não prospera a alegação de irregularidade em razão da não

disponibilização dos estudos prévios de viabilidade concorrencial.

48. Quanto a não disponibilização de projetos e comprovação de capacidade

operacional de empresas interessadas em áreas do aeródromo de

Goiânia e que desempenhem a mesma atividade especificada no item

1.1.1 do Edital da Concorrência nº 001/ADCO/ SBGO/2012, registre-se

sua impertinência. A licitação em curso (suspensa) não requer a

INFRAERO Página 19

disponibilização de projetos das empresas estabelecidas, no mesmo

ramo, no Aeroporto de Goiânia, assim como é irrelevante à licitação o

levantamento prévio da capacidade operacional de empresas

potencialmente interessadas.

49. Em relação ao que denominou de “absurdo” a previsão de sorteio, na

hipótese de equivalência de valores apresentados pelas microempresas,

empresas de pequeno porte ou cooperativas, mesmo após o exercício

do desempate ficto entre elas, propondo a impugnante o desempate de

acordo com “o plano de negócios com maior potencial de agregar

receitas ao aeródromo”, revela-se, mais uma vez, legal, cujo fundamento

se lastreia no art. 5 º, § 4 º, inciso III, do Decreto n º 6204, de 5 de

setembro de 2007.

50. Da mesma forma, improcede a alegada insegurança jurídica, em face da

estipulação do INPC para reajustar o valor do preço mensal do contrato

e do IPCA para corrigir o valor da caução depositada em garantia da

execução da avença.

51. Embora pudesse dar uniformidade ao índice de reajustamento do contrato

e de sua garantia, que representa percentual seu, a licitação pode

prosseguir. Recomenda-se, por outro lado, que a área comercial passe a

adotar um índice para corrigir monetariamente o valor do contrato e o

valor de sua garantia.

52. Quanto à irregularidade da licitação, em especial da cláusula 11.6 do

edital, por comprometer “o planejamento da viabilidade ” da contratação,

vez que não enumera a legislação que determina a alteração do preço

do contrato, sempre que ocorrer acréscimo ou supressão da área

concedida, também não merece acolhida.

53. A própria equação econômico-financeira do contrato, que se traduz num

princípio de equidade e justiça, d á sustentação jurídica à alteração do

seu preço no caso de acréscimo ou supressão da área.

54. Aliás, na hipótese de acréscimo da área, não basta à razoabilidade

administrativa alterar o preço proporcionalmente, sendo obrigatória a

apresentação de justificativa, à vista do aumento do proveito econômico

que o concessionário terá em razão do aditamento do contrato.

II CONCLUSÃO

55. Diante do exposto, conclui-se que as impugnações apresentadas, às fls.

1915/1963 da PEC 1303/05 , não merecem guarida legal, haja vista que

o certame licitatório obedece aos ditames da Lei de regência da matéria.

56. Assim, à vista dos elementos constantes dos autos, recomenda-se o

prosseguimento do processo de licitação para concessão de uso de

área, mediante investimento do licitante, destinado à construção de

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hangar para abrigo de aeronaves próprias ou de terceiros, manutenção

de aeronaves próprias ou de terceiros e/ou exploração de táxi aéreo,

mediante a exploração de aeronaves próprias ou de terceiros.

Analisando os argumentos das impugnantes e, exclusivamente, as

considerações da área técnica, verifica-se que não há qualquer razão para que as

alegações das recorrentes sejam atendidas.

V – CONCLUSÃO:

Consubstanciado em todo o exposto neste Relatório de Instrução esta

Comissão de Licitação conhece as impugnações formuladas, para no mérito NEGAR

PROVIMENTO aos argumentos interpostos.

Brasília, de maio de 2013.

ANDREIA E SILVA Presidente Titular

(AA Nº 770/SRCO/2012)

Lucileide Torres Membro / CMCO-2

CARMEN LÚCIA PATTA OLIVEIRA Membro / CMCO-2

INFRAERO Página 21

DA: GERENTE COMERCIAL E DE LOGÍSTICA DE CARGA

PARA: COMISSÃO DE LICITAÇÃO

IMPUGNANTES: 1 - VÂNIA HELENA DE OLIVEIRA; 2 - MYLLS MARIA VILELA GUIMARÃES; 3 - PROJECT AIR ENGENHARIA LTDA ME; 4 - BRASIL VIDA TÁXI AÉREO LTDA; 5 - VOAR TÁXI AÉREO LTDA; 6 - GLOBO AVIAÇÃO – TÁXI AÉREO E MANUTENÇÃO LTDA.

REFERENTE: CONCORRÊNCIA Nº 001/ADCO/SBGO/2012

OBJETO: CONCESSÃO DE USO DE 01 (UMA) ÁREA EXTERNA, SITUADA NO SETOR DE HANGARES SUL DO AEROPORTO DE GOIÂNIA – SANTA GENOVEVA, DESTINADA ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE PARA ABRIGO E/OU MANUTENÇÃO DE AERONAVES E/OU TÁXI AÉREO.

Consubstanciado nas informações contidas no Relatório de Instrução

de Impugnação expedido pela Comissão de Licitação e nos termos alínea “a”, do subitem

1.12 do Ato Administrativo 2650/PR/2011, de 27 de setembro de 2011, NEGO

PROVIMENTO às Impugnações interpostas por VÂNIA HELENA DE OLIVEIRA; MYLLS

MARIA VILELA GUIMARÃES; PROJECT AIR ENGENHARIA LTDA ME; BRASIL VIDA

TÁXI AÉREO LTDA; VOAR TÁXI AÉREO LTDA e GLOBO AVIAÇÃO – TÁXI AÉREO E

MANUTENÇÃO LTDA.

Brasília, de maio de 2013.

RUBIANA DA SILVA MARTINS

Gerente Comercial e de Logística de Carga