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Relatório de ISSN 1517-6576 2007 Inflação Junho 2007 Volume 9 – Número 2

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Relatório de

ISSN 1517-6576

2007

Inflação

Junho 2007Volume 9 – Número 2

Relatório de Inflação Brasília v. 9 nº 2 jun 2007 P. 1 - 143

ISSN 1517-6576CGC 00.038.166/0001-05

Relatório de Inflação

Publicação trimestral do Comitê de Política Monetária (Copom), em conformidade com o Decreto 3.088, de 21.6.1999.

Os textos e os correspondentes quadros estatísti cos e gráficos são de responsabilidade dos seguintes componentes:

Departamento Econômico (Depec)(E-mail: [email protected])

Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep)(E-mail: [email protected])

Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin)(E-mail: [email protected])

É permitida a reprodução das matérias, desde que mencionada a fonte: Relatório de Inflação, Volume 9, n. 2.

Controle Geral de Publicações

Banco Central do BrasilSecre/Surel/DimepSBS – Quadra 3 – Bloco B – Edifício-Sede – M1Caixa Postal 8.67070074-900 Brasília – DFTelefones: (61) 3414-3710 e 3414-3567Fax: (61) 3414-3626E-mail: [email protected]

Tiragem: 820 exemplares

Convenções Estatísticas

... dados desconhecidos. - dados nulos ou indicação de que a rubrica assinalada é inexistente.0 ou 0,0 menor que a metade do último algarismo, à direita, assinalado. * dados preliminares.

O hífen (-) entre anos (1970-75) indica o total de anos, inclusive o primeiro e o último.A barra (/) utilizada entre anos (1970/75) indica a média anual dos anos assinalados, inclusive o primeiro e o último, ou ainda, se especificado no texto, ano-safra, ou ano-convênio.

Eventuais divergências entre dados e totais ou variações percentuais são provenientes de arredondamentos.

Não são citadas as fontes dos quadros e dos gráficos de autoria exclusiva do Banco Central do Brasil.

Central de Atendimento ao Público

Endereço: Secre/Surel/Diate Edifício-Sede – 2º subsolo SBS – Quadra 3 – Zona Central 70074-900 Brasília – DFDDG: 0800 9792345Fax: (61) 3414-2553Internet: http://www.bcb.gov.br

Índice

Apresentação 5

Sumário executivo 7

Nível de atividade 11

1.1 Comércio varejista ______________________________________________________________ 111.2 Produção _____________________________________________________________________14 Agropecuária __________________________________________________________________14 Lavouras _____________________________________________________________________14 Pecuária ______________________________________________________________________16 Produção industrial _____________________________________________________________161.3 Mercado de trabalho ____________________________________________________________23 Emprego _____________________________________________________________________23 Rendimentos __________________________________________________________________241.4 Produto Interno Bruto ___________________________________________________________251.5 Investimentos _________________________________________________________________291.6 Conclusão ____________________________________________________________________30

Preços 33

2.1 Índices gerais __________________________________________________________________332.2 Índices de preços ao consumidor __________________________________________________342.3 Monitorados __________________________________________________________________352.4 Núcleos ______________________________________________________________________352.5 Expectativas de mercado _________________________________________________________362.6 Conclusão ____________________________________________________________________37

Políticas creditícia, monetária e fiscal 39

3.1 Crédito ______________________________________________________________________39 Operações de crédito com recursos direcionados _____________________________________40 Operações de crédito com recursos livres ____________________________________________413.2 Agregados monetários ___________________________________________________________42 Títulos públicos federais e operações do Banco Central no mercado aberto _________________44 Taxas de juros reais e expectativas de mercado _______________________________________45 Mercado de capitais _____________________________________________________________45 Aplicações fi nanceiras ___________________________________________________________46

3.3 Política fi scal __________________________________________________________________47 Necessidades de fi nanciamento do setor público ______________________________________48 Dívida mobiliária federal ________________________________________________________55 Dívida Líquida do Setor Público ___________________________________________________563.4 Conclusão ____________________________________________________________________56

Economia internacional 59

4.1 Atividade econômica ____________________________________________________________594.2 Política monetária e infl ação ______________________________________________________614.3 Mercados fi nanceiros internacionais ________________________________________________624.4 Comércio mundial ______________________________________________________________65 4.4.1 Commodities ______________________________________________________________66 4.4.1.1 Petróleo ____________________________________________________________664.5 Conclusão ____________________________________________________________________67

Setor externo 69

5.1 Movimento de câmbio ___________________________________________________________705.2 Comércio de bens ______________________________________________________________705.3 Serviços e renda _______________________________________________________________745.4 Conta fi nanceira ________________________________________________________________755.5 Indicadores de sustentabilidade externa _____________________________________________775.6 Conclusão ____________________________________________________________________78

Perspectivas para a inflação 83

6.1 Determinantes da infl ação ________________________________________________________846.2 Cenário principal: pressupostos e riscos associados ____________________________________966.3 Previsão de infl ação ___________________________________________________________ 103

Boxes

Alterações no Comportamento Industrial Sul X Nordeste _______________________________18 Revisão do PIB 2007 ____________________________________________________________26 Evolução das Finanças Subnacionais _______________________________________________51 Projeções do Balanço de Pagamentos _______________________________________________79 Projeção para a Taxa Selic: um Exercício Econométrico _______________________________106

Anexo 109

Apêndice 137

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 5

Apresentação

O "Relatório de Inflação" é uma publicação trimestral do Banco Central do Brasil que tem como objetivo avaliar o desempenho do regime de metas para a infl ação e delinear um cenário prospectivo sobre o comportamento dos preços, explicitando as condições das economias nacional e internacional que orientaram as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) com relação à condução da política monetária.

Este Relatório é constituído de seis capítulos: Nível de atividade; Preços; Políticas creditícia, monetária e fi scal; Economia internacional; Setor externo; e Perspectivas para a infl ação. Com relação ao nível de atividade, são analisados a evolução das vendas no varejo, estoques, produção, mercado de trabalho e investimento. No capítulo seguinte, a análise sobre o comportamento dos preços focaliza os resultados obtidos no trimestre, em função das decisões de política monetária e das condições reais da economia que independeram da ação governamental. No capítulo relativo a políticas creditícia, monetária e fi scal, a análise é centrada no desempenho do crédito e do mercado fi nanceiro, assim como na execução orçamentária. No capítulo sobre economia internacional, apresenta-se uma análise do desempenho das principais economias e procura-se identifi car as condições que podem infl uenciar a economia brasileira, notadamente nas suas relações com o exterior. Em seguida, o capítulo sobre o setor externo enfoca a evolução das transações econômicas com o exterior, com ênfase no resultado comercial e nas condições de fi nanciamento externo. Finalmente, analisam-se as perspectivas para a evolução da infl ação.

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 7

Sumário executivo

O desempenho robusto registrado pela economia brasileira no primeiro trimestre de 2007 refletiu, em grande medida, o comportamento da demanda interna, favorecido pelo dinamismo do consumo das famílias e, mais recentemente, pela expansão dos investimentos. Em menor extensão, o comportamento da atividade também refl etiu uma demanda externa pelas exportações brasileiras superior à que se antecipava. Em particular, o crescimento no consumo das famílias, o principal componente da demanda agregada, vem sendo sustentado tanto pelos aumentos da renda e do emprego quanto pelas melhores condições de crédito. Por sua vez, o desempenho favorável dos investimentos, em parte associado ao crescente volume de importações de bens de capital, refl ete a recuperação da renda agrícola, os altos níveis de confi ança dos empresários, o patamar reduzido do risco-Brasil, assim como a continuidade do processo de fl exibilização da política monetária. Nesse contexto, o aumento recente da Utilização da Capacidade Instalada (UCI) da indústria não deverá constituir restrição à continuidade do crescimento no curto prazo.

O mercado de trabalho apresenta evolução virtuosa, com aumentos do emprego formal e da massa salarial real, esta última repercutindo, também, taxas de infl ação compatíveis com a trajetória de metas.

No âmbito externo, as importações continuam crescendo de forma mais acelerada do que as exportações, evolução associada tanto ao dinamismo do mercado consumidor doméstico quanto à oportunidade de ampliação dos investimentos. Nesse contexto, cabe destacar, de um lado, que as novas contratações de operações de crédito por parte das famílias mantêm-se em patamar elevado e, de outro, que as importações de bens de capital vêm superando, em volume, o aumento médio total das importações, o que fortalece as perspectivas de ampliação da capacidade produtiva da economia.

8 | Relatório de Inflação | Junho 2007

A evolução do crédito para pessoas físicas permanece sustentada, em grande parte, pela modalidade de crédito pessoal. As operações relativas a esse segmento traduzem o desempenho dos empréstimos consignados em folha de pagamento. Por seu turno, o crédito para pessoas jurídicas, seguindo o padrão observado nos primeiros meses de 2006, esteve vinculado de forma mais acentuada às modalidades lastreadas em moeda estrangeira.

O cenário para as contas públicas permanece favorável, com perspectivas de redução dos juros nominais apropriados, em linha com a continuidade da trajetória declinante da taxa Selic. São também positivos os prognósticos quanto ao cumprimento das metas de superávit primário, as quais se mostram consistentes com a continuidade de redução da Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), mesmo considerando a possibilidade de deduções em função do Projeto Piloto de Investimentos (PPI). Cabe destacar também as perspectivas de elevação do investimento público, por meio da implantação progressiva dos projetos incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que fortalece ainda mais as perspectivas de sustentabilidade do crescimento econômico.

A evolução do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) indica que, nos primeiros cinco meses de 2007, a dinâmica da infl ação permaneceu compatível com a trajetória de metas, ou seja, em linha com o cenário benigno para os preços que vem se materializando, com maior intensidade, desde o ano passado. De fato, a infl ação acumulada em doze meses tem-se mantido em torno de 3% desde o quarto trimestre de 2006, apesar das pressões altistas registradas no fi nal daquele ano e nos primeiros meses de 2007, associadas em grande parte aos preços dos alimentos. A despeito de indicadores antecedentes sinalizarem que a infl ação em junho será mais elevada do que se antecipava e de se notarem algumas pressões de preços no atacado, o Comitê de Política Monetária (Copom) avalia que a infl ação ao consumidor deve continuar evoluindo segundo a trajetória das metas.

Os saldos da balança comercial continuam expressivos e devem se posicionar, pelo terceiro ano consecutivo, acima dos US$40 bilhões. A despeito de o quantum das importações estar crescendo mais rapidamente do que o das exportações, a relativa estabilidade dos superávits comerciais tem sido sustentada pelo crescimento dos preços das últimas, ou seja, por uma dinâmica favorável aos termos de troca. O crescente dinamismo das importações sugere que, em consonância

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 9

com o antecipado em Relatórios anteriores e em Notas de reuniões do Copom, as transações comerciais do País com o resto do mundo começam gradualmente a oferecer indícios de uma nova dinâmica. Essa mudança é bem vinda, pois refl ete a existência de um processo natural e saudável de ajustamento das contas externas rumo ao equilíbrio de longo prazo. Esse ajuste tem sido infl uenciado tanto pelo efeito-preço, consubstanciado nos movimentos da taxa nominal de câmbio, como pelo efeito-renda, consubstanciado na maior expansão da demanda agregada.

O processo de acumulação de reservas internacionais permanece evoluindo segundo os parâmetros estabelecidos pelo Banco Central do Brasil. A melhora nesse e em outros fundamentos tem contribuído para a crescente resistência da economia brasileira aos efeitos de turbulências nos mercados fi nanceiros internacionais. Essa avaliação encontra suporte, por exemplo, nos níveis recordes de baixa no prêmio de risco-país e nas elevações do rating atribuído por agências de risco aos títulos soberanos brasileiros transacionados nos mercados financeiros domésticos e internacionais. Essa maior resistência a choques refl ete-se também no fato de a economia doméstica ter mantido um processo de fl exibilização da política monetária, bem como uma trajetória de crescimento, em meio a um longo processo de ajuste das taxas de juros nas grandes economias internacionais.

Como mencionado em Relatórios anteriores, após o avanço inequívoco no processo de desinfl ação da economia nos últimos anos, o regime de metas para a infl ação brasileiro ingressou em nova etapa, de consolidação da estabilidade, consubstanciada em uma trajetória de metas com valor central de 4,5% ao ano (a.a.), que deverá vigorar até 2008. Nessa nova fase de estabilização da dinâmica dos preços, é natural, e consistente com a experiência internacional, que as taxas de infl ação efetivamente observadas gravitem ao longo do tempo em torno do valor central do intervalo estabelecido para a atuação da autoridade monetária. Tal situação contrasta com o desempenho observado durante o processo de desinfl ação dos últimos anos, quando, durante a maior parte do tempo, a infl ação situou-se sistematicamente acima do valor central da trajetória de metas, ainda que, a partir de 2004, dentro da margem de tolerância.

A projeção central associada ao cenário de referência indica infl ação de 3,5% em 2007, abaixo, portanto, do valor central de 4,50%, estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para a meta. Observa-se, de maneira similar ao constante do último “Relatório de Infl ação”, tendência de convergência da variação do IPCA acumulada em doze

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meses para o valor central da meta de infl ação ao longo do horizonte de projeção, o que refl ete, fundamentalmente, os efeitos associados às reduções na taxa Selic. A projeção para a infl ação acumulada em doze meses atinge 3,5% e 3,7%, respectivamente, no segundo e no terceiro trimestres de 2007, mas recua no último para 3,5%. Além disso, desloca-se para 4,1% no último trimestre de 2008 e, a despeito dessa aceleração, ainda se encontra abaixo do valor central de 4,50%.

No cenário de mercado, de modo geral, as projeções para todos os trimestres de 2007 são similares aos valores encontrados para o cenário de referência. As projeções para o acumulado em doze meses, assim como verifi cado no cenário de referência, indicam aceleração no segundo e no terceiro trimestres de 2007 e desaceleração no último, e encerraram o ano em 3,5%. A projeção para a infl ação acumulada em quatro trimestres apresenta elevação ao longo de 2008, alcançando 4,6% no último trimestre.

A comparação dos valores apresentados neste Relatório com os divulgados no Relatório anterior mostra, segundo o cenário de referência, redução de 0,3 ponto percentual (p.p.) nas projeções de infl ação tanto para 2007 quanto para 2008. Esse movimento ocorre a despeito da redução de 75 pontos base (p.b.) na taxa Selic desde março de 2007, e, em grande parte, resulta da revisão das projeções para a variação dos preços administrados em 2007 (de 4,5% para 3,6%) e em 2008 (de 5,6% para 4,5%) bem como da apreciação da taxa de câmbio verifi cada desde março (R$1,95, ante R$2,10 considerados no Relatório de março). No caso do cenário de mercado, o recuo das projeções de infl ação se apresenta ligeiramente mais acentuado do que no cenário de referência, de 0,5 p.p. para 2007 e de 0,4 p.p. para 2008. Além dos fatores acima especifi cados, contribuiu para esse deslocamento o recuo nas expectativas de depreciação do câmbio nominal ao longo do horizonte de projeção considerado.

De acordo com o cenário de referência, a projeção de crescimento do PIB em 2007 se deslocou de 4,1% para 4,7%.

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1Nível de atividade

O crescimento econômico registrado no primeiro trimestre de 2007 refl etiu em grande medida o desempenho da demanda interna, favorecido pelo dinamismo do consumo das famílias e, mais recentemente, pela expansão dos investimentos. Ressalte-se a importância da contínua distensão da política monetária para a melhoria das condições de crédito, que tem exercido função cada vez mais relevante no processo de crescimento sustentado da economia.

A continuidade do crescimento havia sido delineada nos últimos Relatórios de Infl ação, registrando-se aceleração do crescimento da demanda interna, com taxas superiores às do Produto Interno Bruto (PIB) e contribuição negativa do setor externo, em ambiente de crescimento do volume exportado e de manutenção de saldo comercial de bens e serviços expressivo.

O mercado de trabalho segue apresentando evolução virtuosa, com aumentos do emprego formal e da massa salarial real, essa última explicitando, também, as reduzidas taxas de infl ação. A continuidade da melhora no mercado de trabalho e os efeitos da fl exibilização da política monetária constituem-se em fatores determinantes para a consolidação da expansão da atividade ao longo de 2007.

1.1 Comércio varejista

A evolução do mercado de trabalho, as expectativas do consumidor em patamar elevado, o aumento da renda agrícola, a estabilidade dos preços e as melhores condições de crédito constituem-se nos condicionantes da aceleração recente do comércio varejista. A expectativa de sua continuidade ao longo do ano delineia a manutenção do ritmo de crescimento do volume de vendas, conforme mencionado no último "Relatório de Infl ação".

Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística

12 | Relatório de Inflação | Junho 2007

1,5

2,5

3,5

4,5

5,5

Jan2003

Abr Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr92102112122132142152

Conc. de crédito Veículos, motos, partes e peças

Fonte: IBGE e Banco Central do Brasil1/ Operações de crédito a pessoa física com recursos livres, para aquisição de veículos, a preços de abril de 2007.

Gráfico 1.3 – Índice de volume de vendas no varejo e concessões de créditoDados dessazonalizados

Veículos, motos partes e peças2003=100

Concessões de crédito

R$ bilhões1/

(IBGE), o volume de vendas no varejo cresceu 9,2% nos primeiros quatro meses de 2007, em relação ao mesmo período do ano anterior, após aumentos de 5,7% no primeiro semestre de 2006 e de 6,6% no segundo, em relação aos períodos correspondentes de 2005. Considerando o conceito comércio varejista ampliado, que incorpora os segmentos materiais de construção e automóveis, motocicletas, partes e peças, a aceleração das vendas torna-se mais evidente, com elevações de 12,6% no primeiro quadrimestre de 2007 e de 4,1% e 8,4% no primeiro e no segundo semestres de 2006, respectivamente.

A análise na margem, que considera dados dessazonalizados, sugere a continuidade do desempenho favorável. Nesse sentido, as vendas cresceram 2,6% no trimestre encerrado em abril, em relação ao trimestre fi nalizado em janeiro, com aumentos de 3,8% nas vendas de móveis e eletrodomésticos, de 2,4% em combustíveis e lubrifi cantes, e de 2,2% em hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo.

Na mesma base de comparação, as vendas de automóveis, motocicletas, partes e peças cresceram 7,9%. A evolução das vendas nesse segmento, que atingiram níveis recordes nos últimos meses, e no de móveis e eletrodomésticos refl etiu, em parte, a relevância do crédito para o atual ciclo de crescimento das vendas do comércio varejista.

As vendas de material de construção, cuja série é divulgada a partir de 2004 e, portanto, não submetida ao processo de dessazonalização, cresceram 6% no trimestre encerrado em abril de 2007 em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. As vendas desse segmento, embora não tenham registrado aceleração nos últimos meses, deverão refl etir, proximamente, a continuidade dos processos de melhoria das condições de crédito e de aumento da massa salarial.

Consideradas por unidades da Federação, as vendas no varejo apresentaram crescimento generalizado no primeiro quadrimestre de 2007, em relação ao período correspondente do ano anterior, com elevações mais acentuadas em Alagoas, 32,8%; Acre, 20%; Maranhão, 17,6%; Ceará, 15,1%; e Mato Grosso do Sul, 14,1%. As vendas nos estados do Sul, que haviam apresentado resultados modestos em 2006, foram infl uenciadas favoravelmente pela recuperação nos setores agrícola e de máquinas e equipamentos, com elevações de 11,8% em Santa Catarina, de 7,5% no Paraná e de 5,1% no Rio Grande do Sul.

Ainda no acumulado do ano, as vendas no varejo consolidadas por regiões do País cresceram 12,4% no Norte

96100104108112116120124128132

Jan2003

Abr Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr

Fonte: IBGE

Gráfico 1.1 – Índice de volume de vendas no varejo – TotalDados dessazonalizados2003=100

90104118132146160174188

Jan2003

Abr Jul Out Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr98

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114

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Móveis e eletrodomésticos

Hipermercados, supermercadosFonte: IBGE

Gráfico 1.2 – Índice de volume de vendas no varejo – Segmentos selecionadosDados dessazonalizados2003=100Móveis e eletrodomésticos Hipermercados, supermercados

Tabela 1.1 – Índice de vendas no varejo – BrasilAbril de 2007

Variação % acumulada no anoDiscriminação Receita Volume Preços

nominal

Comércio varejista 9,4 9,2 0,2

Combustíveis e lubrificantes 1,5 5,3 -3,6 Hiper, supermercados 9,1 6,4 2,5 Tecidos, vestuário e calçados 10,6 7,3 3,1 Móveis e eletrodomésticos 13,5 18,5 -4,2

Comércio varejista ampliado 12,2 12,6 -0,4 Automóveis e motocicletas 18,5 21,3 -2,3 Material de construção 10,8 7,2 3,4

Fonte: IBGE

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 13

e 11,4% no Nordeste, seguindo-se as relativas às regiões Centro-Oeste, 8,8%; Sudeste, 9,5%; e Sul, 7,6%. Ressalte-se que, apesar de o crescimento nas regiões Norte e Nordeste ter sido mais acentuado, a aceleração das vendas em nível nacional refl etiu, principalmente, sua retomada nas regiões Sul e Centro-Oeste, após desempenho modesto no primeiro quadrimestre de 2006. Esse movimento pode ser explicado, em parte, pelo aumento da renda agrícola.

No conceito ampliado, as vendas regionais seguiram o padrão registrado no conceito restrito, com crescimento em todas as unidades da Federação. O desempenho mais expressivo ocorreu, também, nos estados do Norte e do Nordeste, enquanto Mato Grosso e Rio Grande do Sul registraram as menores taxas de crescimento.

A análise na margem, que considera dados dessazonalizados relativos aos trimestres encerrados em abril e em janeiro, revela elevações mais acentuadas no Amapá, 5,3%; em São Paulo, 4,8%; em Rondônia, 4,5%; no Maranhão, 54,3%; no Espírito Santo, 4,2%; e no Mato Grosso, 4,1%; e quedas apenas no Acre, 8,7%; em Goiás, 2,7%; e na Paraíba, 0,5%.

A receita nominal do comércio varejista aumentou 9,4% no primeiro quadrimestre de 2007 em relação ao mesmo período do ano anterior, e se registraram crescimentos de 9,2% no volume de vendas e de 0,2% nos preços. A receita nominal superou, em todos os segmentos pesquisados, excetuando-se combustíveis e lubrifi cantes, a infl ação de 2,99% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no período.

O número de consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), indicador de compras a prazo, cresceu 1,2% na comparação entre os trimestres encerrados em maio e em fevereiro, enquanto as consultas ao Usecheque, indicador de compras à vista, variou 0,5%.

O indicador de inadimplência da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) situou-se, nos primeiros cinco meses do ano, no patamar médio de 7%, ante 6,7% no mesmo período de 2006, e apresentou aumento compatível com o crescimento das vendas a prazo no período, sem constituir, até o momento, obstáculo signifi cativo à expansão das vendas.

Pesquisas nacionais relacionadas à confi ança do consumidor, revelam a permanência das expectativas, nos primeiros meses de 2007, em patamar superior ao do período correspondente de 2006. O Índice Nacional de Confi ança

Tabela 1.2 – Índice de volume de vendas no varejoVariação percentual

Discriminação 2007

Jan Fev Mar Abr

No mês1/

Comércio varejista 2,0 0,4 1,1 0,4 Combustíveis e lubrificantes 2,7 1,1 -0,2 -1,5 Hiper, supermercados 2,0 0,1 1,4 0,2 Tecidos, vestuário e calçados 3,0 -2,7 2,4 -1,7 Móveis e eletrodomésticos 19,5 -4,4 0,1 -3,6 Automóveis e motocicletas -4,9 6,8 4,5 0,9

Trimestre/trimestre anterior1/

Comércio varejista 2,2 1,9 2,8 2,6 Combustíveis e lubrificantes 2,6 3,8 4,4 2,4 Hiper, supermercados 1,2 0,8 2,0 2,2 Tecidos, vestuário e calçados 3,6 1,3 2,3 -0,5 Móveis e eletrodomésticos 2,9 3,9 11,1 3,8 Automóveis e motocicletas 3,0 3,7 3,7 7,9

No ano Comércio varejista 8,5 8,8 9,7 9,2 Combustíveis e lubrificantes 2,5 3,7 4,8 5,3 Hiper, supermercados 4,9 5,9 7,2 6,4 Tecidos, vestuário e calçados 6,5 5,1 6,8 6,1 Móveis e eletrodomésticos 24,1 21,8 20,3 18,5 Automóveis e motocicletas 14,3 16,8 17,4 21,3

Fonte: IBGE1/ Dados dessazonalizados.

230

240

250

260

270

280

290

300

Jan2004

Mai Set Jan2005

Mai Set Jan2006

Mai Set Jan2007

Mai

SCPC UsechequeFonte: ACSP

Gráfico 1.4 – Indicadores de comércio varejistaDados dessazonalizados – Média móvel trimestral1992=100

Tabela 1.3 – Indicadores de inadimplência%

Discriminação 2007

Jan Fev Mar Abr Mai Ano1/

Cheques devolvidos2/

Brasil 6,3 6,5 6,9 ... ... 6,6

Norte 9,6 9,6 10,4 ... ... 9,9

Nordeste 8,6 9,3 10,0 ... ... 9,3

Sudeste 5,8 5,9 6,3 ... ... 6,0

Centro-Oeste 7,3 7,3 7,7 ... ... 7,4

Sul 6,1 6,2 6,6 ... ... 6,3

SCPC (SP)3/5,6 6,3 7,1 8,1 8,0 7,0

Fonte: Banco Central do Brasil e ACSP1/ Média no ano.2/ Cheques devolvidos por insuficiência de fundos/cheques compensados.3/ [Novos registros (-) registros cancelados]/[consultas realizadas (t-3)].

14 | Relatório de Inflação | Junho 2007

(INC), elaborado pela Ipsos Public Affairs (Ipsos) para a ACSP, atingiu 130 pontos em maio, ante 128,8 pontos em março e 123,6 pontos em maio de 2006, e registrou aumento em todas as regiões, com exceção do Sudeste, onde se manteve estável.

O Índice de Confi ança do Consumidor (ICC), da Fundação Getulio Vargas (FGV), cresceu 2,6% em maio de 2007, em relação ao mês anterior, e registrou altas de 1% no componente que avalia a situação presente e de 3,5% no relativo às expectativas para os próximos meses.

O ICC divulgado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio SP) e restrito à região metropolitana de São Paulo, registrou queda de 2,8% no trimestre encerrado em junho em relação ao trimestre fi nalizado em março. Apesar da queda, o indicador situa-se em 128,6 pontos, nível acima da condição de indiferença de 100 pontos. Considerados seus componentes, o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC), que representa 60% do índice geral, recuou 5,6% e o Índice de Condições Econômicas Atuais (ICEA), que representa o restante do índice geral, aumentou 1,1%.

1.2 Produção

Agropecuária

Segundo as Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, a produção do setor agropecuário cresceu 2,1% no primeiro trimestre de 2007, em relação a igual trimestre do ano anterior. Para 2007, o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) indica resultados favoráveis, entre outros, para as culturas de milho, feijão, soja, trigo e cana-de-açúcar. A pecuária deverá seguir apresentando o desempenho positivo dos últimos anos, com recuperação das exportações, notadamente nos segmentos de carnes de aves e de suínos.

Lavouras

A estimativa do LSPA para a safra de 2007 atinge 135,1 milhões de toneladas de grãos, volume 15,5% superior ao do ano anterior, com expansões previstas em todas as regiões, em especial no Sul, 24,6%, e no Centro-Oeste, 12,1%.

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130

140

150

Mai2005

Jul Set Nov Jan2006

Mar Mai Jul Set Nov Jan2007

Mar Mai112

116

120

124

128

132

INC Comércio varejista

Fonte: ACSP e IBGE

Gráfico 1.5 – Índice Nacional de Confiança e comércio varejista

Comércio varejistaDados dessazonalizados

2003=100INC

70

90

110

130

150

170

Mar2004

Jun Set Dez Mar2005

Jun Set Dez Mar2006

Jun Set Dez Mar2007

Jun

ICC ICEA IEC

Fonte: Fecomercio SP

Gráfico 1.6 – Índice de Confiança do Consumidor

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 15

A produção de soja deverá totalizar 58,5 milhões de toneladas, com expansão anual de 11,7%. A área cultivada deverá decrescer 6,7%, refl etindo a migração de parte dos produtores para as culturas que apresentam, no momento, maior rentabilidade, como milho e cana-de-açúcar. Espera-se elevação de 19,8% na produtividade, refl exo do cultivo em terras mais produtivas e das condições climáticas favoráveis no início do plantio.

A safra de milho foi estimada em 52,9 milhões de toneladas. O acréscimo anual de 24,1% é sustentado por aumentos de 10,2% na área plantada e de 12,7% na produtividade. Os principais determinantes para esse desempenho constituem-se nas condições climáticas favoráveis ao cultivo e na evolução dos preços, que continua a refl etir o aumento na demanda internacional associada, em parte, às perspectivas de crescimento da produção de etanol, a partir do milho, nos Estados Unidos.

As safras de feijão e de caroço de algodão herbáceo e arbóreo deverão atingir 3,7 milhões e 2,4 milhões de toneladas, respectivamente, em 2007, com elevações de 8,1% e de 30,7%. A produção de arroz é estimada em 11 milhões de toneladas, 4% inferior à de 2006, evidenciando tanto a trajetória desfavorável dos preços de comercialização do produto como a queda no rendimento médio.

A produção de cana-de-açúcar estimada para 2007 atinge 513,3 milhões de toneladas, volume 12,7% superior à safra anterior. A área cultivada é avaliada em 6,7 milhões de hectares, aumento anual de 8,9%, enquanto a produtividade média deverá crescer 3,5%. O desenvolvimento projetado para a cultura continua a refl etir boas condições climáticas e a maior demanda externa por açúcar e álcool. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações de açúcar (bruto em cana mais refi nado) e de álcool etílico atingiram 6,7 milhões de toneladas e 1,3 bilhão de litros, respectivamente, nos cinco primeiros meses de 2007, com crescimentos de 31,1% e 80,5% em relação a igual período de 2006.

A safra de café em grãos é projetada em 2,2 milhões de toneladas. O recuo anual de 13,4% está associado, fundamentalmente, à redução de 13,3% no rendimento médio da cultura, em ciclo bianual de baixa.

A produção de trigo deverá atingir 4 milhões de toneladas, com expansão anual de 62,3%. Esse desempenho refl ete, em parte, o resultado da última safra, prejudicada por

76

86

96

106

116

126

136

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Gráfico 1.7 – Produção de grãosEm milhões de toneladas

Fonte: IBGE1/ Estimativa.

1/

Tabela 1.4 – Produção agrícolaEm mil toneladas

Discriminação Produção Variação %

2006 20071/2007/2006

Produção de grãos 116 993 135 118 15,5

Caroço de algodão 1 816 2 373 30,7 Arroz (em casca) 11 505 11 044 -4,0 Feijão 3 437 3 715 8,1 Milho 42 632 52 916 24,1 Soja 52 356 58 490 11,7 Trigo 2 482 4 028 62,3 Outros 2 765 2 552 -7,7

Fonte: IBGE

1/ Estimativa.

16 | Relatório de Inflação | Junho 2007

adversidades climáticas e pelos preços pouco competitivos para a lavoura nacional. A área cultivada deverá crescer 14,1%, e a produtividade média, 42,2%.

Pecuária

De acordo com a Pesquisa Trimestral de Abate de Animais, divulgada pelo IBGE em abril de 2007, a produção de bovinos alcançou 6,9 milhões de toneladas em 2006, com crescimento de 8,1% em relação a 2005. Considerada a mesma base de comparação, as produções de aves e de suínos atingiram 8,1 milhões e 2,3 milhões de toneladas, com crescimentos de 3,4% e de 6,6%, respectivamente.

As exportações de carne bovina, que totalizaram 1,2 milhão de toneladas em 2006, continuaram a se expandir nos primeiros meses de 2007. Dados disponíveis até abril mostram crescimento de 41,5% no ano, em relação a igual período de 2006. As exportações de carnes de aves e de suínos, que recuaram 6,4% e 16,4% em 2006, também já se recuperam em 2007, com crescimentos respectivos de 16,3% e de 39,1%, no ano, até abril.

Produção industrial

O ciclo de crescimento industrial iniciado em 2006 ganhou impulso no início deste ano, motivado principalmente pela expansão dos investimentos, como refl exo da redução dos juros e da perspectiva de crescimento sustentado da economia. Os elevados níveis dos índices de confi ança de empresários industriais indicam que o ciclo de expansão da produção industrial deverá continuar nos próximos seis meses. O forte crescimento da produção de bens de capital, absorvida em sua maior parte pelo mercado interno, respalda as perspectivas de expansão da capacidade produtiva no médio prazo.

A produção industrial, segundo a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do IBGE, vem apresentando crescimento mais acelerado no início de 2007. De acordo com dados dessazonalizados, a produção industrial aumentou 1,5% no trimestre terminado em abril, em relação ao trimestre encerrado em janeiro, quando crescera 1%, na mesma base de comparação. Em 2006, a produção industrial apresentou variação média trimestral de 0,8%.

O crescimento da produção industrial em 2006 foi sustentado pelo desempenho da indústria extrativa, que

Tabela 1.5 – Produção da pecuáriaPeso total das carcaças

Variação % acumulada no ano

Discriminação 2006Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Bovinos 5,5 5,2 5,5 6,3 8,3 8,5 8,1

Suínos 5,4 6,2 6,4 5,8 6,3 6,4 6,6

Aves 5,8 5,6 5,4 4,8 4,6 4,1 3,4

Fonte: IBGE

Gráfico 1.8 – Produção industrialDados dessazonalizados2000=100

95105115125135145155165175

Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr

TotalIndústria de transformaçãoExtrativa mineral

Fonte: IBGE

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 17

cresceu à taxa média trimestral de 1,7%, comparativamente a 0,7% na indústria de transformação. No início deste ano, a relação se inverteu, com o crescimento da produção da indústria de transformação atingindo 1,5% no trimestre terminado em abril, relativamente ao trimestre fi nalizado em janeiro, e o da indústria extrativa, 0,6%.

O incentivo proporcionado pela redução do custo do crédito de médio e de longo prazos, ocorrida ao longo de 2006, tornou-se mais evidente no início deste ano. A produção de bens de capital, que apresentou taxa de crescimento trimestral média de 1,9% em 2006, aumentou 2,9% no trimestre terminado em abril, em relação ao trimestre encerrado em janeiro, considerados dados dessazonalizados. No mesmo sentido, as produções de bens de consumo duráveis, de bens intermediários, e de bens de consumo semiduráveis e não duráveis, que haviam apresentado taxas médias de crescimento trimestral de 1,2%, 0,6% e 0,8%, em 2006, elevaram-se 4,3%, 1,6% e 0,7%, respectivamente, no trimestre terminado em abril.

A distribuição da produção física da indústria entre as atividades pesquisadas na PIM-PF revela a adequação aos incentivos associados à evolução tanto da demanda quanto dos preços relativos. Nesse sentido, considerando a variação da média móvel de doze meses terminados em abril, em relação à do período correspondente de 2006, a produção do segmento máquinas para escritório e equipamentos de informática aumentou 40,5%, seguindo-se as relativas a mobiliário, 11,2%; máquinas e equipamentos, 9,1%; equipamentos de instrumentação médico-hospitalar, ópticos e outros, 7,8,%; bebidas, 7,5%; máquinas, aparelhos e materiais elétricos, 6,7%; metalurgia básica, 6,2%; e alimentos, 3,5%. Em situação oposta, assinalem-se os recuos nas produções de material eletrônico, equipamentos e aparelhos de comunicação, 8%, em decorrência, principalmente, da queda das exportações de aparelhos de telefonia móvel; calçados e artigos de couro, 2,8%; e vestuário e acessórios, 3,8%.

A recuperação da renda agrícola favoreceu a produção de bens destinados ao setor. Considerando os índices médios dos trimestres terminados em abril de 2007 e do ano anterior, a produção de adubos, fertilizantes e corretivos para o solo cresceu 17%, a de defensivos agrícolas, 16,8%, e a de tratores, máquinas e equipamentos agrícolas, 22,2%.

Os indicadores regionais da produção (PIM-PF Regional) evidenciam que o processo de aceleração do

Tabela 1.7 – Produção industrial por categoria de usoVariação percentual

Discriminação 2007Jan Fev Mar Abr

No mês1/

Produção industrial 0,0 0,5 1,3 -0,1 Bens de capital 1,5 0,3 -0,4 -1,2 Bens intermediários -0,2 0,6 1,9 -0,6 Bens de consumo -0,6 1,2 0,5 0,3 Duráveis 2,3 1,9 2,0 -1,4 Semi e não duráveis -0,7 0,8 -0,4 0,8

Trimestre/trimestre anterior1/

Produção industrial 1,0 1,1 1,2 1,5 Bens de capital 6,4 9,4 6,9 2,9 Bens intermediários 1,2 1,5 1,6 1,6 Bens de consumo 0,7 0,9 0,7 1,4 Duráveis 0,9 2,8 4,1 4,3 Semi e não duráveis 0,4 0,8 0,3 0,7

No ano Produção industrial 4,5 3,7 3,8 4,3 Bens de capital 17,7 16,1 14,8 15,4 Bens intermediários 3,2 3,3 3,8 4,2 Bens de consumo 2,9 1,5 1,5 2,3 Duráveis 4,4 0,8 2,3 3,1 Semi e não duráveis 2,5 1,7 1,3 2,0

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

Tabela 1.6 – Produção industrialVariação percentual

Discriminação 2007Jan Fev Mar Abr

Indústria geral

No mês1/ 0,0 0,5 1,3 -0,1

Trimestre/trimestre anterior1/ 1,0 1,1 1,2 1,5

Mesmo mês do ano anterior 4,5 3,0 3,9 6,0 Acumulado no ano 4,5 3,7 3,8 4,3 Acumulado em 12 meses 2,9 2,8 2,7 3,3

Indústria de transformação

No mês1/ -0,3 0,8 1,1 0,0

Trimestre/trimestre anterior1/ 1,1 1,3 1,2 1,5

Mesmo mês do ano anterior 4,4 2,8 3,8 6,0 Acumulado no ano 4,4 3,6 3,7 4,3 Acumulado em 12 meses 2,7 2,6 2,5 3,1

Extrativa mineral

No mês1/ 0,4 0,2 0,4 0,3

Trimestre/trimestre anterior1/ 2,6 1,4 1,0 0,6 Mesmo mês do ano anterior 5,1 6,3 5,6 5,6 Acumulado no ano 5,1 5,7 5,6 5,6 Acumulado em 12 meses 6,7 6,2 5,7 5,7

Fonte: IBGE

1/ Dados dessazonalizados.

18 | Relatório de Inflação | Junho 2007

A produção industrial das regiões Sul e Nordeste apresentou dinamismo distinto no biênio 2005/2006, com desdobramentos sobre a evolução do emprego e das vendas no comércio varejista. Enquanto nos estados do Sul registrou-se queda ou pequeno crescimento do produto industrial, nos estados do Nordeste observou-se maior dinamismo, especialmente em 2006. Os principais determinantes para esse comportamento foram o maior direcionamento das indústrias do Sul para o comércio exterior, o peso mais acentuado de commodities no produto industrial do Nordeste, o crescimento mais elevado da renda no Nordeste e a queda da renda agrícola com maiores refl exos sobre a produção das indústrias do Sul.

De acordo com a Pesquisa Industrial Regional (PIR), do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), enquanto na região Sul1 o produto industrial decresceu 0,9% em 2005 e 1,3% em 2006, registraram-se taxas positivas de 2,5% e 3,3%, respectivamente, na região Nordeste.

A abertura dos dados por atividade identifi ca a importância do item alimentos e bebidas, cujo peso na indústria dessas regiões atinge 24,1% no Nordeste e 23,9% no Sul, para essa discrepância. Esse segmento registrou, em 2006, alta de 3,7% no Nordeste e de apenas 1% no Sul, comportamento associado, em parte, ao maior ganho de renda no Nordeste, decorrente tanto de aumentos da massa salarial quanto de programas assistenciais do governo federal. Nesse sentido, os dados da Pesquisa Mensal

Alterações no Comportamento Industrial Sul X Nordeste

1/ Os índices associados à produção industrial da região Sul, calculados pelo Departamento Econômico (Depec), consideram os índices da produção de cada estado sulista, ponderados pela participação relativa de seus valores de transformação industrial dentro da região, de acordo com a Pesquisa Industrial Anual (PIA) – Empresa 2005, do IBGE.

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 19

de Emprego (PME) do IBGE apontam alta da massa salarial de 8,5% no Nordeste (regiões metropolitanas de Recife e de Salvador) e de 4,9% no Sul (região metropolitana de Porto Alegre).

No mesmo sentido, o segmento de produtos têxteis apresentou comportamento distinto entre as duas regiões, com alta de 5,5% no Nordeste (peso de 7,7%) e queda de 0,5% no Sul (peso de 2,1%).

Outras atividades que impulsionaram a indústria nordestina foram celulose, papel e produtos de papel, metalurgia básica e produtos de minerais não metálicos. No Nordeste, a indústria cearense cresceu 8,2% em 2006, o melhor desempenho entre os estados da região, impulsionada pelos setores máquinas, aparelhos e materiais elétricos; produtos químicos; e têxtil.

Em relação à região Sul, o Rio Grande do Sul foi o único estado pesquisado pelo IBGE cuja produção industrial apresentou recuos consecutivos em 2005, 3,6%, e 2006, 2%. Esse desempenho refl etiu reduções nos setores associados a máquinas e equipamentos, principalmente

Tabela 1 – Produção industrial por atividadeVariação percentual

Discriminação

Nordeste Sul Nordeste Sul Nordeste Sul Nordeste Sul

Produtos alimentícios e bebidas 3,7 1,0 0,9 0,3 9,2 8,7 2,2 2,1 Metalurgia básica 10,9 ... 0,9 ... 2,5 ... 0,2 ... Celulose, papel e produtos de papel 16,6 2,6 0,6 0,1 -3,3 0,0 -0,1 0,0 Produtos têxteis 5,5 -0,5 0,4 0,0 -5,5 0,5 -0,4 0,0 Produtos de minerais não metálicos 7,3 -4,2 0,4 -0,1 7,6 12,7 0,4 0,4 Coque, refino de petróleo e produção de álcool 2,3 0,6 0,3 0,1 -3,5 2,9 -0,4 0,3 Couro, artigos de viagem e calçados 5,2 -8,8 0,2 -0,4 -0,8 -10,3 0,0 -0,5 Outros produtos químicos 1,0 -0,2 0,2 0,0 2,3 13,5 0,5 1,2 Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 1,2 6,1 0,0 0,1 -5,7 6,5 -0,1 0,2 Indústrias extrativas -4,4 ... -0,4 ... -3,7 ... -0,3 ... Confecção de artigos do vestuário e acessórios -14,5 -10,0 -0,4 -0,2 -4,9 -15,4 -0,1 -0,4 Edição, impressão e reprodução de gravações ... 4,4 ... 0,1 ... 19,7 ... 0,3 Artigos de borracha e plástico ... 8,8 ... 0,4 ... 4,2 ... 0,2 Artigos do mobiliário ... 3,7 ... 0,1 ... 10,6 ... 0,3 Máquinas e equipamentos ... -3,8 ... -0,4 ... 16,0 ... 1,6 Produtos de madeira ... -14,4 ... -0,6 ... -10,0 ... -0,4 Produtos de metal – Exclusive máquinas e equipamentos ... -6,7 ... -0,2 ... -1,5 ... -0,1 Produtos do fumo ... -7,3 ... -0,2 ... 10,0 ... 0,3 Veículos automotores, reboques e carrocerias ... -3,2 ... -0,3 ... 18,9 ... 1,8

Total 3,2 -1,2 ... ... 1,7 7,3 ... ...

Fonte: IBGE

Crescimento Contribuição

2007 (até abril)

Crescimento Contribuição

2006

20 | Relatório de Inflação | Junho 2007

voltadas ao setor agrícola, produtos de metal e calçados e artigos de couro. O comportamento do setor veículos automotores contribuiu para o fraco desempenho da indústria paranaense, enquanto os relativos a madeira, vestuário e acessórios e alimentos foram determinantes para a estagnação da indústria catarinense.

Exis te uma relação dire ta entre o comportamento da produção industrial regional e o comportamento do quantum exportado de produtos importantes na composição da indústria dessas regiões. De acordo com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), as quantidades exportadas de veículos automotores, madeira e mobiliário, e máquinas e tratores, setores que, em conjunto, responderam por 23,1% da produção da região Sul e não fazem parte de produtos pesquisados na indústria do Nordeste, recuaram 8,5%, 7,8% e 5,1%, respectivamente, em 2006, contribuindo com -1,2 ponto percentual (p.p.) para o desempenho anual da indústria no Sul.

Os efeitos decorrentes da perda de renda do setor agropecuário no biênio 2005/2006 constituíram-se em outro fator determinante para o comportamento recente da produção da região Sul. Nesse sentido, a produção de bens de capital agrícolas apresentou, pelo segundo ano consecutivo, taxas negativas tanto em máquinas, 16,5%, quanto em peças, 38,9%. Adicionalmente, assinalem-se os efeitos da gripe aviária sobre o consumo mundial de carne de frango, com desdobramentos sobre a produção da região Sul.

O desempenho da produção da indústria no Nordeste esteve favorecido pelo comportamento das commodities, a exemplo dos segmentos siderúrgico, metalúrgico, afetados positivamente pela maior demanda interna, em especial no segundo semestre de 2006; e de celulose, conforme evidenciado pelo aumento anual de 7% no quantum exportado do setor celulose, papel e gráfi ca.

Os resultados referentes à produção industrial dos primeiros quatro meses de 2007 sugerem recuperação da região Sul, infl uenciada pelo ganho de renda do setor agropecuário, que atingiu 19,4% no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período de 2006, segundo os dados das Contas

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 21

Nacionais do IBGE. Nesse sentido, a produção da região Sul registrou crescimento de 7,3% no primeiro quadrimestre de 2007, em comparação com igual período do ano anterior, ante aumento de 1,7% na região Nordeste.

Esse maior dinamismo esteve vinculado ao desempenho dos setores veículos automotores, máquinas e equipamentos, e alimentos, que apresentaram crescimentos de 18,9%, 16% e 8,7, respectivamente, no quadrimestre, sendo responsáveis, em conjunto, por 5,4 p.p. do crescimento da indústria do Sul, no período. O desempenho mais modesto registrado pela produção industrial da região Nordeste refl etiu os recuos nas indústrias têxteis e de refi no de petróleo e produção de álcool.

Nesse contexto, embora permaneça o dinamismo relativamente baixo de segmentos como madeira, vestuário e couros, a recuperação da renda agrícola e os seus reflexos sobre a produção de máquinas agrícolas e de produtos alimentícios têm garantido recuperação mais robusta da indústria na região Sul. No Nordeste, os ganhos de renda permanecem como fator determinante para a continuidade do crescimento do setor industrial. Esse comportamento sugere que o desempenho industrial nessas importantes regiões deve ser menos heterogêneo em 2007 do que foi nos últimos anos.

22 | Relatório de Inflação | Junho 2007

crescimento da produção industrial observada entre o fi nal de 2006 e o início deste ano foi mais pronunciado na região Sul. Nesse sentido, a variação da produção média do trimestre terminado em abril, em comparação com igual período do ano anterior, atingiu 7,9% no Paraná, 6,4% no Rio Grande do Sul e 2,5% em Santa Catarina. Esse desempenho foi infl uenciado pelo dinamismo dos segmentos veículos automotores, outros produtos químicos, e edição e impressão, no Paraná; veículos automotores, refi no de petróleo e produção de álcool, e máquina e equipamentos, no Rio Grande do Sul; e alimentos, em Santa Catarina. A produção física da indústria amazonense, em contraposição, refl etiu a queda da produção de aparelhos de telefonia móvel e televisores, registrando recuo de 2,5%, no período.

O maior dinamismo da produção, mesmo em um ambiente de absorção crescente de bens de capital, elevou o nível de utilização da capacidade instalada do parque industrial. Nesse sentido, segundo a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação (SCIT) da FGV, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) atingiu 84,5% em maio, 1,8 pontos percentuais (p.p.) acima do registrado no mesmo mês do ano anterior.

De acordo com dados trimestrais dessazonalizados, o NUCI atingiu 85,3% em abril, elevando-se 2,1 p.p. em relação ao nível de janeiro e aproximando-se do recorde de 85,4% assinalado em abril de 1995. No mesmo tipo de análise, o NUCI do segmento industrial de bens de consumo atingiu 83,4%, recorde registrado, igualmente, nos setores metalurgia, 94,4%, e produtos alimentares, 87,9%.

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o NUCI médio da indústria de transformação atingiu 81,7% em abril. No trimestre encerrado nesse mês, o NUCI situou-se em 81,4%, 2,1 p.p. superior ao de igual período do ano anterior, com destaque para os aumentos nos setores preparação de couro e fabricação de artigos de couro e calçados, 5,4 p.p.; e coque, refi no de combustível e produção de álcool, 4,8 p.p. Em sentido oposto, os maiores recuos ocorreram nos setores veículos automotores, 3,2 p.p.; e material eletrônico e de comunicação, 2,5 p.p.

A produção tem aumentado, de forma geral, em ritmo mais intenso do que o emprego industrial, o que caracteriza um processo de ganhos de produtividade, típico da fase de expansão do ciclo econômico que se benefi cia da maior absorção de bens de capital. Considerando dados da CNI, a produtividade do trabalho na indústria cresceu 3% entre os trimestres terminados em abril de 2006 e de 2007,

Gráfico 1.11 – Produção industrialBens de consumo semi e não duráveisDados dessazonalizados2000=100

100

103

106

109

112

Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr

Fonte: IBGE

Gráfico 1.10 – Produção industrialBens de consumo duráveisDados dessazonalizados2000=100

115

125

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155

165

Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr

Fonte: IBGE

90

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150

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Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan 2007

Abr

Semimanufaturados ManufaturadosFonte: Funcex

Gráfico 1.9 – Exportações industriais – QuantumDados dessazonalizados2002=100

Gráfico 1.12 – Produção industrialBens intermediáriosDados dessazonalizados2000=100

108

111

114

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120

123

Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr

Fonte: IBGE

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 23

e atingiu 4,3% na indústria extrativa e 2,9% na indústria de transformação.

Setorialmente, ressaltem-se as elevações na produtividade dos segmentos máquinas e equipamentos, 12,5%, o que evidencia elevações de 14,4% na produção física e de 1,6% no número de horas pagas; e fumo, 9%, resultado de aumento de 1,2% na produção e de recuo de 9,1% no número de horas pagas. A produtividade se reduziu nos segmentos coque, refi no de petróleo, combustíveis nucleares e álcool, 13,5%, refl exo do recuo de 1,2% na produção e do aumento de 14% no número de horas pagas; e alimentos e bebidas, 2,9%, traduzindo aumentos de 6,4% no número de horas pagas e de 5,3% na produção.

Os empresários industriais seguem confi antes em relação à situação atual e às expectativas para o futuro próximo da economia. O Índice de Confi ança do Empresário Industrial (Icei) da CNI atingiu 59,4 pontos em abril, ressaltando-se que a referência de 50 pontos corresponde à estabilidade da atividade industrial. O Índice de Confi ança da Indústria (ICI) da FGV, cuja estabilidade referencia-se em 100 pontos, atingiu 118,2 em maio, com recuo de 2,5 pontos em relação a abril, quando atingira o maior nível da série iniciada em abril de 1995.

O otimismo do empresariado industrial se refl ete na intenção de investimento, tanto corrente quanto para o futuro próximo. Segundo a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação – Quesitos Especiais (SCIT-QE) da FGV, realizada em abril, 34% das empresas consultadas afi rmaram estar investindo mais no primeiro semestre deste ano do que no semestre anterior, enquanto 21% das empresas adotaram comportamento inverso. Com referência ao segundo semestre de 2007, novamente 34% da empresas consultadas manifestaram intenção de elevar os investimentos, enquanto 14% pretendem reduzi-los.

1.3 Mercado de trabalho

Emprego

Os indicadores do mercado de trabalho seguiram apresentando desempenho positivo no primeiro quadrimestre de 2007, com ênfase na geração de empregos formais e em seus desdobramentos favoráveis sobre o nível de rendimento real e da massa salarial real. Ressalte-se que esse cenário tende a estimular a procura por emprego, reduzindo o número de desalentados e, em conseqüência, elevando a taxa de

787980818283848586

Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr

CNI FGVFonte: CNI e FGV

Gráfico 1.15 – Utilização da capacidade instalada na indústria de transformaçãoDados dessazonalizados%

100

105

110

115

120

125

Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr

Produção (IBGE) Vendas (CNI)

Fontes: IBGE e CNI

Gráfico 1.14 – Produção e vendas industriaisDados dessazonalizados2003=100

Gráfico 1.13 – Produção industrialBens de capitalDados dessazonalizados2000=100

120

127

134

141

148

155

162

Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr

Fonte: IBGE

24 | Relatório de Inflação | Junho 2007

desemprego, processo já observado em outros ciclos de expansão nos últimos anos.

De acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, que abrange seis regiões metropolitanas, a taxa de desemprego aberto manteve-se em trajetória ascendente, mas esperada, no primeiro quadrimestre de 2007, alcançando 10,1% em abril, ante 8,4% em dezembro de 2006. Esse aumento refletiu, fundamentalmente, a sazonalidade desfavorável do período, quando foi registrada a eliminação de 258 mil postos de trabalho.

A taxa média de desemprego recuou 0,17 p.p., em relação ao mesmo período de 2006, refl exo de expansões de 2,9% no número de ocupados e de 0,9% no de desocupados. Considerando estatísticas relativas a abril de 2007 e ao mesmo mês do ano anterior, registrou-se a criação de 640 mil vagas, com melhoria da qualidade das ocupações, tendo em vista o aumento de 361 mil postos de trabalho no segmento com carteira assinada, ante a criação de 90 mil empregos no mercado informal.

De acordo com o Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram criados 701.619 postos de trabalho no ano, até abril, recorde para o quadrimestre desde o início da série, em janeiro de 1985. Esse volume de novos empregos representou elevação de 4,8% no total de empregados com carteira assinada, com registro de taxas de expansão de 6,4% na construção civil; 5,9% no comércio; 4,8% nos serviços; e 4,6% na indústria de transformação.

O emprego na indústria de transformação, segundo dados da pesquisa efetuada pela CNI junto a doze federações estaduais, cresceu 3,4% nos quatro primeiros meses de 2007, em relação a igual período de 2006. A análise na margem revela, igualmente, aumento do emprego nesse segmento, atingindo 0,8% no trimestre terminado em abril, em relação ao trimestre encerrado em janeiro, considerados dados dessazonalizados.

Rendimentos

O rendimento médio real habitualmente recebido pelos trabalhadores nas seis regiões metropolitanas abrangidas pela PME apresentou expansão média de 5% no primeiro quadrimestre do ano, em relação a igual período de 2006. O rendimento médio alcançou R$1.114,00 em abril, com aumento nominal de 10% em relação ao mesmo mês de

90

92

94

96

98

100

102

104

Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr

Fonte: CNI

Gráfico 1.17 – Emprego na indústria detransformação – Média móvel trimestralDados dessazonalizados2003=100

Gráfico 1.16 – Taxa de desemprego aberto%

8

9

10

11

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2005 2006 2007

Tabela 1.8 – Evolução do emprego formal

Novos postos de trabalho – Acumulado no período (em mil)Discriminação 2007

Jan Fev Mar Abr No ano

Total 105,5 148,0 146,1 302,0 701,6 Ind. de transformação 39,1 30,8 40,5 103,8 214,2 Comércio - 9,9 11,8 12,9 36,9 51,6 Serviços 47,3 62,8 56,5 82,8 249,4 Construção civil 11,7 5,5 17,3 30,9 65,4 Agropecuária 17,2 22,0 11,3 41,2 91,8 Serv. ind. de util. pública 0,8 1,0 0,7 1,3 3,8

Outros1/- 0,8 14,2 6,9 5,1 25,3

Fonte: MTE1/ Inclui extrativa mineral, administração pública e outras.

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 25

2006, enquanto a massa salarial real, produto do rendimento médio real habitualmente recebido pelo número de ocupados, aumentou 8,4%.

1.4 Produto Interno Bruto

O PIB cresceu 0,8% no primeiro trimestre do ano, em relação ao quarto trimestre de 2006, segundo estatísticas dessazonalizadas das Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. A taxa de crescimento do PIB na margem ratifi cou a percepção de recuperação do ritmo de crescimento da economia, infl uenciada, principalmente, pelo crescimento contínuo da renda real e do emprego, pelo bom desempenho do setor agrícola e pelos refl exos da fl exibilização da política monetária.

Considerada a mesma base de comparação, registraram-se aumentos de 0,3% na indústria e de 1,7% no setor de serviços, e redução de 2,4% na produção agropecuária. Em relação aos componentes da demanda, ressalte-se, no período, a continuidade do crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que atingiu 2,1%. O consumo das famílias aumentou 0,9%, e o do governo, 3,5%, enquanto as exportações elevaram-se 1,2%, e as importações, em linha com o processo de aceleração do nível da atividade, 4,1%.

O PIB apresentou crescimento de 4,3% em relação ao primeiro trimestre de 2006. Esse resultado refl etiu o dinamismo expresso, principalmente, a partir do segundo semestre de 2006, ressaltando-se que sua análise por componentes evidencia crescimento generalizado, seja sob a ótica da produção, seja pela ótica da demanda.

A produção agropecuária cresceu 2,1% no primeiro trimestre de 2007, em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse resultado refl etiu o desempenho favorável de lavouras com pesos importantes no primeiro trimestre do ano, como algodão, milho, e soja, com estimativas de crescimento de produção em 2007 de 30,7%, 24,1% e de 11,7%, respectivamente, e foi, em parte, reduzido pela queda na safra de arroz, que também tem participação importante no primeiro trimestre. Ressalte-se que as perspectivas favoráveis em relação à safra de grãos sinalizam crescimento expressivo da produção do setor em 2007. Outro fator importante foi o desempenho positivo dos bovinos, produto mais importante dentro da pecuária.

600

700

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1 000

1 100

1 200

Jan2005

Abr Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr

Total Com carteiraSem carteira Conta própria

Fonte: IBGE1/ Média móvel trimestral

Gráfico 1.18 – Rendimento habitual médio real1/

Em R$, a preços de abril de 2007, deflacionado pelo INPC

Tabela 1.9 – Produto Interno Bruto – Preços de mercado

Variação %Discriminação 2006 2007

I Tri II Tri III Tri IV Tri I Tri

Acumulado no ano 4,1 2,7 3,3 3,7 4,3Acumulado em 4 trimestres 3,3 2,9 3,3 3,7 3,8Trimestre/igual trimestredo ano anterior 4,1 1,5 4,5 4,8 4,3Trimestre/trimestre anterior1/

1,3 -0,4 2,7 1,1 0,8 Agropecuária 1,8 0,0 5,9 0,5 -2,4 Indústria 1,2 -2,0 3,5 0,9 0,3 Serviços 1,2 0,3 1,3 1,1 1,7

Fonte: IBGE1/ Dados dessazonalizados

26 | Relatório de Inflação | Junho 2007

A estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2007 foi revisada de 4,1%, constante no último “Relatório de Infl ação”, para 4,7%, em razão dos resultados divulgados para o primeiro trimestre, da evolução recente da economia e da mudança metodológica implementada pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE)1.

A atual previsão incorpora cenário mais otimista para a agropecuária, traduzido em crescimento anual de 7%, comparativamente a 4,8% na estimativa anterior. Essa alteração refl ete o crescimento de 15,5% (ante 11% em março) projetado pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE, para a safra agrícola, principalmente nas colheitas de soja, milho e feijão, assim como a manutenção de perspectiva favorável para a safra de cana-de-açúcar e do dinamismo da produção pecuária.

A estimativa de crescimento do setor industrial recuou 0,3 pontos percentuais (p.p.), para 4,4%, incorporando o resultado do primeiro trimestre de 2007. Espera-se, nos próximos meses, maior dinamismo da indústria extrativa, especialmente, de minério de ferro e da produção e distribuição de eletricidade, gás e água. Nesse contexto, o crescimento projetado para o setor agropecuário, a demanda doméstica mais aquecida e a continuidade do esforço exportador devem proporcionar aceleração da indústria no decorrer do ano.

A estimativa de expansão do setor de serviços foi alterada de 2,3% para 4,3%, constituindo-se no principal responsável pela elevação esperada do PIB para 2007. A alteração foi fundamentada,

Revisão do PIB 2007

1/ A esse respeito, ver boxe “Sistema de Contas Nacionais – Referência 2000", divulgado no “Relatório de Infl ação” de março de 2007.

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 27

principalmente, nas alterações metodológicas de importantes subsetores e no forte crescimento da demanda interna, que, em relação ao setor de serviços, será atendida, fundamentalmente, pela produção doméstica. Desse modo, o bom desempenho dos serviços refl ete o aperfeiçoamento metodológico para apuração do desempenho do setor e a recuperação dos demais segmentos da economia, que têm infl uência direta, entre outros, sobre o resultado dos subsetores comércio, transporte, armazenamento e correios.

Tabela 1 – Produto Interno Bruto – Variação por componente da demanda%

Período PIB a preços Consumo das Consumo do Consumo Formação Bruta Exportações Importações

de mercado famílias governo total de Capital Fixo

2001 1,3 0,7 2,7 1,2 0,4 10,0 1,5

2002 2,7 1,9 4,7 2,6 -5,2 7,4 -11,9

2003 1,1 -0,8 1,2 -0,3 -4,6 10,4 -1,6

2004 5,7 3,8 4,1 3,9 9,1 15,3 14,4

2005 2,9 4,7 1,9 4,1 3,6 10,1 9,3

Contribuição (p.p.) 2,8 0,4 3,2 0,6 1,7 -1,2

2006 3,7 4,3 3,6 4,2 8,7 4,6 18,1

Contribuição (p.p.) 2,6 0,7 3,4 1,4 0,7 -2,1

2007 (estimado) 4,7 6,1 2,9 5,3 8,5 5,7 18,8

Contribuição (p.p.) 3,7 0,6 4,3 1,4 0,8 -2,2

Fonte: IBGE e Banco Central

Tabela 2 – Produto Interno BrutoVariação acumulada no ano

Discriminação 2006 2006 2007 20071/

Pesos I Tri II Tri III Tri IV Tri I Tri

Agropecuária – Total 4,4 -2,7 -2,5 2,4 4,1 2,1 7,0

Indústria – Total 26,6 5,0 1,9 2,5 2,8 3,0 4,4

Extrativa mineral 2,5 14,0 6,8 6,1 6,0 4,1 6,2

Transformação 15,8 3,4 0,2 1,1 1,6 2,8 4,2

Construção civil 4,7 7,3 4,8 5,2 4,6 2,4 4,1

Produção e distribuição de eletricidade, gás e água 3,5 3,0 2,6 3,3 3,6 3,9 4,8

Serviços – Total 55,1 4,4 3,7 3,7 3,7 4,6 4,3

Comércio 8,9 6,2 4,0 4,1 4,8 6,0 6,7

Transporte, armazenagem e correio 4,4 5,0 3,1 3,0 3,2 3,5 5,1

Serviços de informação 3,6 1,2 0,2 1,9 2,3 7,3 3,4

Intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relativos 6,1 9,2 9,8 7,9 6,1 9,2 6,7

Outros serviços 11,8 2,9 2,5 2,4 2,6 3,7 3,2

Atividades imobiliárias e aluguel 7,6 4,2 4,3 4,5 4,3 4,2 4,1

Administração, saúde e educação públicas 12,7 3,2 2,8 2,9 3,1 2,1 2,5

Valor adicionado a preços básicos 86,1 3,9 2,5 3,1 3,5 3,9 4,5

Impostos sobre produtos 13,9 5,3 4,4 4,6 5,2 6,9 6,0

PIB a preços de mercado 100,0 4,1 2,7 3,3 3,7 4,3 4,7

Fonte: IBGE e Banco Central

1/ Estimativa.

28 | Relatório de Inflação | Junho 2007

Pela ótica da demanda, a estimativa para o crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) passou de 7,1% para 8,5%. Esse aumento refl ete, principalmente, a aceleração registrada nos investimentos durante o primeiro trimestre do ano, e mostra-se coerente tanto com a elevação do otimismo dos empresários quanto com a redução observada nos custos de investimentos.

A alteração na ponderação dos componentes da FBCF constituiu-se em determinante adicional à elevação em sua projeção anual. Nesse sentido, na atual metodologia de cálculo do PIB, a representatividade do segmento de bens de capital, que apresenta dinamismo mais acentuado, passou a ser mais relevante do que a atribuída à construção civil.

A projeção para a elevação do quantum importado atingiu 18,8%. O aumento de 4,8 p.p. em relação à estimativa anterior, além de incorporar resultados recentes, considerou a manutenção da trajetória da demanda doméstica.

As estimativas para o consumo das famílias, o consumo do governo e as exportações foram elevadas para 6,1%, 2,9% e 5,7%, respectivamente, o que introduziu mudanças relativamente reduzidas em relação às projeções anteriores.

Nesse cenário, a contribuição da demanda doméstica para o crescimento do PIB é estimada em 6,1 p.p., incluindo a variação de estoque, enquanto o setor externo deverá contribuir negativamente com 1,4 p.p., correspondendo ao segundo ano consecutivo em que o crescimento da economia decorre exclusivamente da expansão da demanda doméstica.

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 29

O setor industrial cresceu 3% no primeiro trimestre, em relação ao período correspondente de 2006, com ênfase para as expansões nos segmentos produção e distribuição de eletricidade, gás e água, 3,9%; produção da indústria de transformação, 2,8%; construção civil, 2,4%, resultado favorecido pelo aumento dos recursos direcionados ao setor de habitação por meio de fi nanciamentos imobiliários. A atividade extrativa mineral cresceu 4,1%, reflexo, principalmente, de aumentos nas produções de minério de ferro, 7,9%, e de petróleo e gás, 2,6%.

O setor de serviços, em linha com a maior demanda interna, cresceu 4,6% no primeiro trimestre de 2007, em relação ao mesmo período do ano anterior, com destaque para os desempenhos dos segmentos serviços de intermediação fi nanceira, seguros, previdência complementar e serviços relativos, 9,2%; serviços de informação, 7,3%; comércio, 6%; e atividades imobiliárias, 4,2%. Os setores transporte, armazenamento e correios, e administração, saúde e educação públicas apresentaram, igualmente, crescimento de 3,5% e de 2,1%, respectivamente, no período.

A exemplo do observado em relação à oferta, todos os componentes da demanda apresentaram desempenho favorável no primeiro trimestre de 2007, ante o período correspondente do ano anterior. O consumo das famílias cresceu 6%, décimo quarto crescimento consecutivo na comparação entre trimestres correspondentes em anos subseqüentes, conseqüência, principalmente, dos aumentos da massa salarial real, do emprego e do volume de operações de crédito do sistema fi nanceiro destinado a pessoas físicas. O consumo do governo elevou-se em 4%, e a FBCF, em linha com o desempenho da construção civil e da produção e importação de máquinas e equipamentos, 7,2%. As exportações cresceram 5,9%, e as importações, 19,9%. A contribuição da demanda externa para a variação de 4,3% do PIB registrada no trimestre foi negativa em 1,5 p.p., enquanto a associada à demanda doméstica, considerando a variação de estoques, atingiu 5,8 p.p.

1.5 Investimentos

De acordo com as Contas Nacionais Trimestrais, divulgadas pelo IBGE, os investimentos, excluídas as variações de estoques, aumentaram 7,2% no primeiro trimestre de 2007, ante o mesmo período de 2006, constituindo o décimo terceiro trimestre consecutivo de expansão nessa base de comparação. A análise na margem evidencia, da mesma forma, o dinamismo do segmento e registra aumento

Tabela 1.10 – Produto Interno BrutoTaxa acumulada ao longo do ano

Variação %Discriminação 2006 2007

I Tri II Tri III Tri IV Tri I Tri

Agropecuária -2,7 -2,5 2,4 4,1 2,1

Indústria 5,0 1,9 2,5 2,8 3,0 Extrativa mineral 14,0 6,8 6,1 6,0 4,1 Transformação 3,4 0,2 1,1 1,6 2,8 Construção civil 7,3 4,8 5,2 4,6 2,4 Produção e distribuição de eletricidade, gás e água 3,0 2,6 3,3 3,6 3,9

Serviços 4,4 3,7 3,7 3,7 4,6 Comércio 6,2 4,0 4,1 4,8 6,0 Transporte, armazenagem e correio 5,0 3,1 3,0 3,2 3,5 Serviços de informação 1,2 0,2 1,9 2,3 7,3 Intermediação financeira, seguros, previdência comple- mentar e serviços relativos 9,2 9,8 7,9 6,1 9,2 Outros serviços 2,9 2,5 2,4 2,6 3,7 Atividades imobiliárias e aluguel 4,2 4,3 4,5 4,3 4,2 Administração, saúde e educação públicas 3,2 2,8 2,9 3,1 2,1

Valor adic. a preços básicos 3,9 2,5 3,1 3,5 3,9

Impostos sobre produtos 5,3 4,4 4,6 5,2 6,9

PIB a preços de mercado 4,1 2,7 3,3 3,7 4,3

Fonte: IBGE

Tabela 1.11 – Produto Interno Bruto – Ótica da demanda1/

Taxa acumulada no anoVariação %

Discriminação 2006 2007I Tri II Tri III Tri IV Tri I Tri

PIB a preços de mercado 4,1 2,7 3,3 3,7 4,3

Consumo das famílias 4,0 4,1 4,1 4,3 6,0Consumo do governo 5,0 4,3 4,1 3,6 4,0Formação Bruta de Capital Fixo 11,8 8,5 8,4 8,7 7,2Exportação 8,2 3,0 4,5 4,6 5,9Importação 15,6 14,4 16,5 18,1 19,9

Fonte: IBGE1/ Dados dessazonalizados.

30 | Relatório de Inflação | Junho 2007

de 2,1% em relação ao trimestre encerrado em dezembro de 2006, considerados dados dessazonalizados.

O comportamento favorável dos investimentos no primeiro trimestre vinha sendo antecipado pela trajetória de indicadores mensais da FBCF. A absorção de bens de capital, principal componente da FBCF continuou se expandindo no trimestre, período em que a produção doméstica cresceu 14,8%; as exportações, 11,2%; e as importações, 30,9%.

O crescimento trimestral da produção de bens de capital, ante o mesmo período de 2006, refl etiu expansão setorial generalizada, com destaque para o desempenho dos segmentos bens mistos, 18,3%; bens tipicamente industrializados, 15,9%; e bens destinados ao setor agrícola, 13%. Este último setor, benefi ciado pela recuperação da renda agrícola, deverá seguir em expansão acentuada no decorrer do ano, conforme sugerem estatísticas mais recentes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que revelam aumento acumulado no ano, até maio, de 17% na produção de máquinas agrícolas, ante o mesmo período do ano anterior.

Ressalte-se, adicionalmente, a evolução mais recente tanto das produções de insumos da construção civil e de bens de capital, que apresentaram crescimentos anuais respectivos, até abril, de 3,5% e de 15,4%, como das exportações e das importações de bens de capital, que aumentaram 8,4% e 32%, respectivamente, no mesmo período, fortalecendo as perspectivas positivas em relação ao desempenho dos investimentos em 2007. Esse cenário benigno é reforçado pela evolução de indicadores antecedentes, como o risco-Brasil, medido pelo Emerging Markets Bond Index Plus (Embi+), divulgado pelo J.P. Morgan, pelo nível das taxas de juros, que se encontram em patamares historicamente reduzidos e pela continuidade da recuperação da renda agrícola.

1.6 Conclusão

O crescimento econômico observado desde o segundo semestre de 2006 segue impulsionado pelo dinamismo da demanda interna. O ciclo de crescimento registrado no consumo das famílias vem sendo sustentado tanto pelos aumentos da renda e do emprego quanto pelas melhores condições de crédito.

O crescimento expressivo apresentado pelos investimentos nos primeiros meses de 2007 evidencia a recuperação da renda agrícola, os altos níveis de confi ança

Tabela 1.12 – Produto Interno BrutoTrimestre ante trimestre imediatamente anteriorDados dessazonalizados

Variação %Discriminação 2006 2007

I Tri II Tri III Tri IV Tri I Tri

PIB a preços de mercado 1,3 -0,4 2,7 1,1 0,8

Agropecuária 1,8 0,0 5,9 0,5 -2,4 Indústria 1,2 -2,0 3,5 0,9 0,3 Serviços 1,2 0,3 1,3 1,1 1,7

Consumo das famílias -0,2 2,1 1,2 1,7 0,9 Consumo do governo 2,7 -0,2 0,4 -0,2 3,5 Formação Bruta de Capital Fixo 4,8 -1,6 4,6 1,8 2,1 Exportação 0,7 -4,0 10,0 -1,2 1,2 Importação 7,1 1,9 8,3 3,8 4,1

Fonte: IBGE

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 31

dos empresários, o patamar reduzido do risco-Brasil, o volume de importações de bens de capital, assim como a continuidade do processo de fl exibilização da política monetária. Nesse contexto, o aumento recente da utilização da capacidade instalada da indústria, desdobramento compatível com o maior dinamismo da produção, não deverá constituir-se em restrição à continuidade do crescimento da atividade econômica no curto prazo. As perspectivas para o médio prazo também parecem ser benignas, haja vista a postura aparentemente favorável dos empresários, em especial nos segmentos com menor grau de ociosidade, em relação ao aumento da capacidade produtiva.

No âmbito externo, as importações continuam crescendo de forma mais acelerada do que as exportações, evolução associada tanto ao dinamismo do mercado interno quanto à oportunidade de ampliação da capacidade produtiva, ressaltando-se que o crescimento das importações de bens de capital vem superando, em volume, o aumento médio total das importações, o que fortalece as perspectivas de adequação da capacidade instalada ao cenário de manutenção do crescimento da demanda interna.

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 33

2Preços

A infl ação registrou desaceleração no trimestre terminado em maio, em relação ao trimestre fi nalizado em fevereiro. A evolução benigna dos índices gerais de preços esteve associada, fundamentalmente, à queda dos preços agrícolas, e foi registrada elevação no segmento de produtos industrializados.

A desaceleração dos preços ao consumidor refl etiu, principalmente, o arrefecimento das pressões nos segmentos alimentação e educação, com destaque, no primeiro caso, para o recuo dos preços dos alimentos in natura e, no segundo, para o fi nal do impacto dos reajustes anuais das mensalidades escolares. A infl ação ao consumidor acumulada em doze meses segue em patamar próximo a 3% desde outubro de 2006, o que fortalece as perspectivas de continuidade do atual ciclo de crescimento da economia brasileira.

2.1 Índices gerais

O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), da FGV, aumentou 0,51% no trimestre encerrado em maio, ante 0,93% nos três meses anteriores, com recuo de 4,5% nos preços agrícolas no atacado. O IGP-DI acumulou alta de 4,38% em doze meses, ante 3,79% nos 12 meses encerrados em fevereiro, refl exo, em parte, do recuo de 0,05% registrado no trimestre fi nalizado em maio de 2006.

O Índice de Preços por Atacado – Disponibilidade Interna (IPA-DI) cresceu 0,09% no trimestre encerrado em maio, ante 0,62% nos três meses anteriores e -0,52% no trimestre correspondente de 2006. Os preços agrícolas recuaram 4,5%, ante alta de 1,49% no trimestre encerrado em fevereiro, com ênfase nas reduções dos preços de legumes e frutas, 15,84%; milho, 14,66%; e soja, 7,98%. A aceleração dos preços industriais registrada no trimestre fi nalizado em maio, quando cresceram 1,63%, comparativamente a 0,34% no trimestre encerrado em fevereiro, decorreu, principalmente,

Tabela 2.1 – Índices gerais de preçosVariação % mensal

Discriminação 2007

Jan Fev Mar Abr Mai

IGP-DI 0,43 0,23 0,22 0,14 0,16

IPA 0,32 0,19 0,11 0,02 -0,04

IPC-Br 0,69 0,34 0,48 0,31 0,25

INCC 0,45 0,21 0,27 0,45 1,15

Fonte: FGV

34 | Relatório de Inflação | Junho 2007

das elevações dos preços nos segmentos mecânica, 14,3%; óleo diesel, 11,85%; e gasolina, 17,01%. Em sentido inverso, registraram-se recuos nos preços relativos a perfumaria e sabões, 16,13%; e óleos e lubrifi cantes, 2,84%.

A variação acumulada do IPA-DI em doze meses atingiu 4,76% em maio, comparativamente a 4,12% em fevereiro.

2.2 Índices de preços ao consumidor

O IPCA, divulgado pelo IBGE, aumentou 3,18% nos doze meses terminados em maio, resultado de elevações de 2,88% nos preços dos bens e serviços monitorados e de 3,3% nos preços livres.

O índice variou 0,9% no trimestre encerrado em maio, comparativamente a 1,37% no trimestre fi nalizado em fevereiro, e registrou desaceleração tanto dos preços livres quanto dos monitorados. A variação dos preços livres recuou de 1,43% para 0,88%, no período, e evidenciou, por um lado, a redução de 2,29% para 0,82% nos preços dos bens e serviços não comercializáveis e, por outro lado, o crescimento de 0,52% para 0,95% nos preços dos bens e serviços comercializáveis.

A desaceleração trimestral dos preços dos comercializáveis, embora estivesse associada, principalmente, à sazonalidade dos preços dos alimentos in natura e da educação, refl etiu a redução de 1,26 p.p., para 0,82%, na variação dos serviços, no período. A variação acumulada em doze meses dos preços dos serviços atingiu 4,88% em maio, ante 5,12% em fevereiro, menor percentual desde outubro de 2002, não obstante a elevação, de 10,85% para 12,15%, registrada no item empregado doméstico, no período.

Os preços dos bens monitorados cresceram 0,88% no trimestre encerrado em maio, ante 1,22% no trimestre fi nalizado em fevereiro, favorecidos pela redução acentuada nos preços do item ônibus urbano, 0,36% ante 8,05%, nos trimestres considerados.

Para o conjunto dos preços livres, os itens que mais contribuíram para a desaceleração no último trimestre foram condomínio, -0,74% ante 3,24%; óleos e gorduras, -3,34% ante 7,15%; alimentos in natura, 0,11% ante 10,32%; e cursos, 0,24% ante 4,28%.

-1

0

1

2

3

4

5

6

Jul 2006

Ago Set Out Nov Dez Jan 2007

Fev Mar Abr Mai

Agrícola IndustrialFonte: FGV

Gráfico 2.1 – Evolução do IPA (10, M e DI) – Agrícola e industrial Variação % mensal

Gráfico 2.2 – Evolução do IPCA Variação % mensal

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Fev 2005

Mai Ago Nov Fev 2006

Mai Ago Nov Fev2007

Mai

IPCA Monitorados Livres

Fonte: IBGE

Gráfico 2.3 – IPCA – AlimentaçãoVariação % em 12 meses

-10

-6

-2

2

6

10

Jan2005

Mar Mai Jul Set Nov Jan2006

Mar Mai Jul Set Nov Jan2007

Mar Mai-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

Alimentação IndustrializadosSemi-elaborados In natura

Fonte: IBGE

In natura

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 35

O índice de difusão, que mede a proporção do número de componentes do IPCA com variação positiva, registrou média de 57,47% no trimestre encerrado em maio, ante 60,33% no trimestre fi nalizado em fevereiro, desempenho compatível com a desaceleração dos preços ocorrida no período.

As perspectivas em relação à evolução do IPCA seguem favoráveis para os próximos meses, tendo em vista que, além de refl etir a ausência de pressões signifi cativas sobre itens específicos, com exceção de laticínios, o comportamento dos preços deverá traduzir, nos próximos meses, o recuo esperado no item álcool combustível, em contrapartida à forte oferta sazonal do produto.

2.3 Monitorados

Os preços monitorados aumentaram 0,95% no trimestre fi nalizado em maio, respondendo por 0,29 p.p. da variação de 0,9% do IPCA no período. As maiores pressões originaram-se de gasolina, 1,72%; planos de saúde, 2,29%; taxa de água e esgoto, 2,16%; telefone celular, 1,83%; e correios, 9,08%.

O comportamento dos preços monitorados refl etiu, especialmente, a quebra da rigidez desses preços, o que garante maior previsibilidade para a infl ação no médio e longo prazos. A variação acumulada em doze meses dos preços monitorados tem recuado desde dezembro de 2006, e atingiu 2,88% em maio, superior apenas à variação de 2,63% registrada em novembro de 1988.

A expectativa para o comportamento dos preços monitorados, nos próximos meses, segue favorável. Nesse sentido, espera-se redução tanto no preço do álcool anidro quanto nas tarifas de energia da Eletropaulo, tendo em vista a proposta da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de sua redução, em 5,4%, a partir de julho.

2.4 Núcleos

O comportamento dos núcleos de inflação acompanhou a desaceleração do índice cheio no trimestre terminado em maio. A medida de núcleo calculada com exclusão de preços monitorados e alimentos no domicílio apresentou alta de 0,86% no período, ante 1,28% no trimestre encerrado em fevereiro, e acumulou variação em doze meses de 3,04% e 2,9%, respectivamente.

50

55

60

65

70

Jan2005

Mar Mai Jul Set Nov Jan2006

Mar Mai Jul Set Nov Jan2007

Mar Mai

Fonte: IBGE1/ O IPCA é composto por 384 subitens.

Gráfico 2.4 – Índice de difusão do IPCAProporção do número de subitens com aumentos1/

Média móvel trimestral%

Gráfico 2.5 – IPCA – Grupos discriminadosVariação % em 12 meses

23456789

10111213

Jan2005

Mar Mai Jul Set Nov Jan2006

Mar Mai Jul Set Nov Jan2007

Mar Mai

IPCA Livres MonitoradosFonte: IBGE

Tabela 2.2 – Preço ao consumidorVariação % mensal

Discriminação Pesos 2007

Jan Fev Mar Abr Mai No ano

IPCA 100,00 0,44 0,44 0,37 0,25 0,28 1,76

Livres 68,85 0,52 0,59 0,44 0,19 0,21 1,95

Monitorados 31,15 0,27 0,12 0,21 0,39 0,35 1,34

Principais itens

Energia elétrica 3,81 -1,04 -0,10 -0,46 0,37 0,47 -0,77

Água e esgoto 1,61 0,00 0,00 1,24 0,72 0,19 2,16

Ônibus urbano 3,78 1,66 1,60 0,09 0,03 0,24 3,66

Passagem aérea 0,28 0,27 0,27 0,03 -0,83 -0,43 -0,69

Gasolina 4,68 -0,57 -0,86 0,72 0,66 0,33 0,27

Gás de bujão 1,21 -0,04 -0,05 -0,26 0,23 -0,25 -0,37

Remédios 2,99 0,30 0,00 -0,26 0,50 0,68 1,22

Plano de saúde 3,26 0,75 0,75 0,76 0,76 0,75 3,83

Fonte: IBGE

36 | Relatório de Inflação | Junho 2007

O núcleo por médias aparadas com suavização acumulou alta de 0,88% no trimestre encerrado em maio, comparativamente a 1,01% no trimestre finalizado em fevereiro, e apresentou variações em doze meses de 3,68% e 4,14%, respectivamente. O núcleo por médias aparadas sem suavização registrou elevação de 0,83% nos dois trimestres considerados, e acumulou 2,39% nos doze meses encerrados em maio, ante 2,29% no trimestre fi nalizado em fevereiro.

O núcleo de inflação do Índice de Preços ao Consumidor – Brasil (IPC-Br), da FGV, calculado pelo método das médias aparadas, variou 0,89% no trimestre encerrado em maio, ante 0,73% no período dezembro de 2006 a fevereiro de 2007.

2.5 Expectativas de mercado

A mediana das expectativas para o IPCA em 2007, coletadas pela Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin), recuou de 3,9%, no fi nal do primeiro trimestre deste ano, para 3,6%, na segunda semana de junho. Para 2008, as expectativas de infl ação mantiveram-se em 4%. As projeções estão consistentes com a meta para a infl ação de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais, estabelecida pelo CMN.

A expectativa para a evolução do IPCA doze meses à frente diminuiu de 3,7%, ao fi nal de março, para 3,4%, na segunda semana de junho, o que confi rma a percepção de um cenário benigno para a infl ação. As perspectivas tanto de menor inércia infl acionária quanto de cumprimento das metas de infl ação pelo quinto ano consecutivo contribuem para ajustar as expectativas de infl ação futura a patamares mais baixos.

As estimativas em relação às variações dos índices gerais de preços em 2007 e 2008 também retrocederam ligeiramente. Para 2007, as medianas relativas ao Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) e ao IPA-DI atingiram 3,6% e 3,3%, respectivamente, na segunda semana de junho, ante 4,1% e 4%, ao fi nal de março. Para 2008, as medianas das projeções do mercado para o IGP-M e IPA-DI mantiveram-se em 4%.

As perspectivas de reajustes reduzidos para os preços administrados seguem contribuindo para a consolidação de um cenário com menor inércia infl acionária, o que facilita a ancoragem das expectativas à trajetória das metas. A mediana das expectativas relacionadas à correção dos preços

Gráfico 2.7 – IPCA Medianas

3,4

3,6

3,8

4,0

4,2

4,4

4,6

Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

2007 2008

Gráfico 2.8 – IGP-M e IPA-DIMedianas 2007

3,0

3,2

3,4

3,6

3,8

4,0

4,2

4,4

4,6

Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

IGP-M IPA-DI

Tabela 2.3 – Preços ao consumidor e seus núcleos

Variação % mensal

Discriminação 2007

Jan Fev Mar Abr Mai

IPCA (cheio) 0,44 0,44 0,37 0,25 0,28

Exclusão 0,41 0,52 0,23 0,29 0,33

Médias aparadas

Com suavização 0,39 0,24 0,29 0,29 0,30

Sem suavização 0,35 0,22 0,24 0,28 0,30

IPC-Br (cheio) 0,69 0,34 0,48 0,31 0,25

Médias aparadas 0,26 0,16 0,27 0,32 0,30

Fontes: IBGE, Bacen e FGV

Gráfico 2.6 – Núcleos de inflaçãoVariação % em 12 meses

23456789

Jan2005

Mar Mai Jul Set Nov Jan2006

Mar Mai Jul Set Nov Jan2007

Mar Mai

IPCA – Exclusão IPCA – Médias aparadas

IPCA IPC-Br – Médias aparadas

Fontes: IBGE, Bacen e FGV

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 37

administrados em 2007 atingiu 3,2% na segunda semana de junho, ante 3,8%, no fi nal de março. Para 2008, a projeção diminuiu de 4% para 3,8%.

As projeções de mercado para a taxa de câmbio recuaram no período e refl etiram a percepção de continuidade de um cenário favorável para as contas externas. As medianas para as taxas de câmbio média e de fi nal de período, em 2007, passaram de R$2,10/US$ e R$2,11/US$, respectivamente, ao fi nal de março, para R$1,99/US$ e R$1,93/US$, na segunda semana de junho. Considerada a mesma base de comparação, a mediana da expectativa para a taxa de câmbio média para 2008 recuou de R$2,17/US$ para R$2,00/US$, enquanto a relativa à taxa de fi nal de período passou de R$2,20/US$ para R$2,00/US$.

As projeções para a taxa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) acompanharam a tendência de queda dos indicadores de infl ação. A taxa Selic projetada para o fi nal de 2007 foi revista de 11,5% a.a., ao fi nal de março, para 10,8% a.a., na segunda semana de junho, enquanto a previsão para a taxa média Selic recuou 0,4 p.p., e situou-se em 11,8% a.a. Adicionalmente, a projeção para a taxa Selic para o fi nal de 2008 declinou 0,7 p.p. no período e atingiu 9,8% a.a., enquanto a previsão para a taxa média no próximo ano recuou de 11% a.a.para 10,3% a.a.

Considerando a mesma base de comparação, elevaram-se as previsões para o crescimento do PIB tanto para 2007, de 3,5% para 4,3%, quanto para 2008, de 3,6% para 4%.

2.6 Conclusão

O comportamento favorável dos preços nos últimos meses refl etiu, especialmente, o fi m das pressões sazonais de alimentos in natura e de cursos. Ressalte-se que a infl ação acumulada em doze meses tem-se mantido no patamar de 3% desde o quarto trimestre de 2006, apesar das pressões altistas registradas no fi nal daquele ano e nos primeiros meses de 2007, associadas aos preços dos alimentos, em cenário tanto de adversidades climáticas quanto de aquecimento da demanda internacional.

As perspectivas para os próximos meses em relação ao comportamento da infl ação continuam favoráveis, mesmo considerando a aceleração do crescimento da economia. Ressalte-se, no cenário interno, os aspectos positivos da redução dos preços de alguns itens importantes, a exemplo de

Gráfico 2.9 – CâmbioMedianas 2007

1,90

1,95

2,00

2,05

2,10

2,15

2,20

2,25

2,30

2,35

Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

Fim de período Média

Tabela 2.4 – Resumo das expectativas de mercado

2007 2008 2007 2008 2007 2008

IPCA 4,0 4,1 3,9 4,0 3,6 4,0

IGP-M 4,3 4,2 4,1 4,0 3,6 4,0

IPA-DI 4,5 4,3 4,0 4,0 3,3 4,0

Preços administrados 4,0 4,0 3,8 4,0 3,2 3,8

Selic (fim de período) 11,8 11,0 11,5 10,5 10,8 9,8

Selic (média do período) 12,3 11,5 12,2 11,0 11,8 10,3

Câmbio (fim de período) 2,25 2,35 2,11 2,20 1,93 2,00

Câmbio (média do período) 2,20 2,30 2,10 2,17 1,99 2,00

PIB 3,5 3,5 3,5 3,6 4,3 4,0

30.3.2007 15.6.200729.12.2006

38 | Relatório de Inflação | Junho 2007

energia elétrica. Entretanto, a continuidade do crescimento da economia mundial deverá seguir pressionando os preços internacionais de alimentos e de energia, enquanto a expansão da demanda doméstica deve pressionar os preços de bens e serviços não comercializáveis.

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 39

3Políticas creditícia, monetária e fiscal

3.1 Crédito

A evolução das operações de crédito do sistema financeiro manteve, no trimestre encerrado em abril, a tendência crescente observada nos períodos anteriores, consistente com o nível da atividade econômica e com a trajetória de redução das taxas de juros e alongamento de prazos. A expansão do crédito foi sustentada pelo desempenho das carteiras contratadas com recursos livres, com ênfase para o crescimento das operações com pessoas jurídicas.

Os empréstimos e financiamentos concedidos pelo sistema fi nanceiro, incluindo-se os recursos livres e direcionados, totalizaram R$777,3 bilhões em abril, com elevações de 5,3% no trimestre e de 21,9% em doze meses. A relação entre o volume total de crédito e o PIB situou-se em 32%, ante 30,9% em janeiro e 28,9% em abril de 2006. Considerando-se o controle de capital das instituições fi nanceiras, as operações de crédito realizadas pelos bancos privados nacionais representaram 41,5% do total da carteira de empréstimos, seguindo-se as relativas às instituições públicas, 36,3%, e aos bancos estrangeiros, 22,2%.

Relativamente à distribuição setorial por atividade econômica, os financiamentos efetuados pelo sistema fi nanceiro ao setor privado totalizaram R$758,3 bilhões em abril, com expansão de 5,4% em relação a janeiro. As operações com o comércio elevaram-se 6,4% no trimestre, seguindo-se as realizadas com a indústria, 5,9%, e com outros serviços, 3,7%.

As operações com o setor público somaram R$19 bilhões em abril, com aumento de 0,8% no trimestre. Esse desempenho refl etiu o acréscimo de 2,7% na dívida bancária relativa aos governos estaduais e municipais, cujo volume atingiu R$15 bilhões, assim como a redução de 5,6% nos fi nanciamentos concedidos ao governo federal, que totalizaram R$4 bilhões.

20

25

30

35

40

45

Público Privado nacional Estrangeiro

Abril 2006 Abril 2007

Gráfico 3.1 – Crédito segundo controle do capital das instituições financeiras% do saldo

Tabela 3.1 – Evolução do créditoR$ bilhões

Discriminação 2007 2007 Variação %

Jan Fev Mar Abr 3 12

meses meses

Total 738,5 748,5 759,2 777,3 5,3 21,9

Recursos livres 501,3 511,3 521,2 537,7 7,3 24,8

Direcionados 237,2 237,2 238,0 239,7 1,1 16,0

Participação %:

Total/PIB 30,9 31,1 31,4 32,0

Rec. livres/PIB 20,9 21,3 21,6 22,1

Rec. direc./PIB 9,9 9,9 9,9 9,9

22,6

1,06,1

12,2

42,4

14,1

1,6

11,8 13,6

42,1

6,22,1

22,1

2,0

0

10

20

30

40

50

Setorpúblico

Indústria Habi-tação

Rural Comér-cio

PF Outrosserviços

Abril 2006 Abril 2007

Gráfico 3.2 – Direcionamento do crédito para atividades econômicas – Instituições privadas nacionaisComposição %

40 | Relatório de Inflação | Junho 2007

O volume de provisões constituídas pelas instituições fi nanceiras correspondeu a 6,1% da carteira total de crédito em abril, e apresentou redução de 0,2 p.p. em relação a janeiro. Esse resultado foi favorecido pelo comportamento da inadimplência da carteira de crédito total, que decresceu de 3,8% para 3,6% no mesmo período.

Operações de crédito com recursos direcionados

As operações de crédito com recursos direcionados somaram R$239,7 bilhões em abril, com crescimentos de 1,1% em relação a janeiro e de 16% em doze meses. O resultado no trimestre traduziu, basicamente, os aumentos de 5,5% e de 2,7% nos fi nanciamentos destinados aos setores habitacional e rural.

Os fi nanciamentos destinados à habitação somaram R$37,3 bilhões em abril, expandindo-se 5,5% em relação a janeiro. A carteira de crédito do setor rural totalizou R$56 bilhões, com crescimento de 2,7% no trimestre, ressaltando-se o aumento dos recursos destinados a investimentos agrícolas.

O estoque das operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) recuou 0,8% no trimestre encerrado em abril, totalizando R$139,8 bilhões. Em sentido inverso, os desembolsos realizados por essa instituição, de janeiro a abril, aumentaram 39,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, somando R$14,9 bilhões. Em termos setoriais, ressalte-se o crescimento de 53% nas liberações para a indústria, R$7,4 bilhões, com destaque para o setor de metalurgia básica, setor que vem operando com taxas de utilização da capacidade relativamente elevadas. Os fi nanciamentos contratados pelo segmento de comércio e serviços aumentaram 30,6%, e atingiram R$6 bilhões, com ênfase para o ramo transporte terrestre. Os desembolsos destinados à agropecuária somaram R$1,5 bilhão, elevando-se 21,9% no período.

As consultas formalizadas ao BNDES, que correspondem à demanda potencial para investimentos de médio e longo prazos do setor produtivo, alcançaram R$36,3 bilhões no primeiro quadrimestre do ano, com aumento de 42,5% ante igual período de 2006. Esse desempenho foi infl uenciado pelo acréscimo de 102% na demanda do segmento de comércio, inclusive serviços, cujo volume atingiu R$18 bilhões, o que refl ete, fundamentalmente, a

Tabela 3.2 – Crédito com recursos direcionadosR$ bilhões

Discriminação 2007 2007 Variação %

Jan Fev Mar Abr 3 12

meses meses

Total 237,2 237,2 238,0 239,7 1,1 16,0

BNDES 140,9 140,1 139,5 139,8 -0,8 12,5 Direto 73,2 72,9 71,3 70,6 -3,6 7,2 Repasses 67,7 67,2 68,2 69,2 2,3 18,5 Rural 54,5 54,8 55,4 56,0 2,7 21,0 Bancos e agências 52,0 52,3 52,8 53,3 2,6 20,1 Cooperativas 2,5 2,5 2,6 2,7 6,0 43,3 Habitação 35,4 35,9 36,7 37,3 5,5 22,8 Outros 6,4 6,5 6,5 6,6 2,6 13,7

5

6

7

8

9

10

Abr2005

Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr

Excesso sobre o mínimoTotal sobre a carteira crédito

Gráfico 3.5 – Provisões de operações de crédito Participação %

18,2

0,5

7,912,2

42,8

16,5

0,4

14,6 16,1

40,4

8,02,3

17,7

2,4

0

10

20

30

40

50

Setorpúblico

Indústria Habi-tação

Rural Comér-cio

PF Outrosserviços

Abril 2006 Abril 2007

Gráfico 3.4 – Direcionamento do crédito para atividades econômicas – Instituições estrangeirasComposição %

24,4

5,2

16,7

6,9

16,219,0

6,96,8

19,115,7

17,5

9,7

26,0

10,0

0

5

10

15

20

25

30

Setorpúblico

Indústria Habi-tação

Rural Comér-cio

PF Outrosserviços

Abril 2006 Abril 2007

Gráfico 3.3 – Direcionamento do crédito para atividades econômicas – Instituições públicasComposição %

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 41

expansão das consultas dos setores de construção civil e de energia e eletricidade. As solicitações da indústria somaram R$17 bilhões, com acréscimo de 10,5%, com destaque para os segmentos de refi no de petróleo, coque e álcool, produtos de metal e alimento e bebida.

Operações de crédito com recursos livres

Os empréstimos concedidos com recursos livres atingiram R$537,7 bilhões em abril, e registraram crescimentos de 7,3% em relação a janeiro e de 24,8% em doze meses. A participação desses empréstimos no estoque total de crédito do sistema fi nanceiro atingiu 69,2% em abril, ante 67,9% em janeiro.

As operações de crédito que envolvem pessoas jurídicas somaram R$279 bilhões em abril, com expansões de 8% no trimestre e de 24,2% em doze meses. As modalidades com recursos externos, representadas exclusivamente pelo crédito referencial para taxa de juros, registraram acréscimos de 13,8% e 18,5%, respectivamente, nas mesmas bases de comparação, ressaltando-se que o crescimento trimestral esteve associado, principalmente, à expansão de 23,7% registrada nos Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio (ACC).

A carteira com recursos domésticos aumentou 6,5% no trimestre e 25,9% em doze meses, totalizando R$219,3 bilhões. A parcela do crédito referencial para taxa de juros, que representava 78,5% do total de recursos domésticos em abril, somou R$172,1 bilhões, com variação de 5,6% no trimestre. Na mesma linha, as operações de arrendamento mercantil avançaram 6,1%, enquanto, em sentido oposto, as operações destinadas ao setor rural recuaram 1,9% no mesmo período.

O estoque de crédito destinado às pessoas físicas alcançou R$258,7 bilhões em abril, com crescimentos de 6,5% em relação a janeiro, e de 25,4% em doze meses. O desempenho trimestral esteve associado, principalmente, à expansão de 6,4% no crédito referencial, saldo de R$209 bilhões, com participação de 80,8% no volume total de pessoas físicas. As modalidades de crédito pessoal e aquisição de veículos elevaram-se, respectivamente, 7,6% e 5,6% no trimestre.

O volume de crédito destinado pelas cooperativas às pessoas físicas alcançou R$10,6 bilhões em abril, com aumento

Tabela 3.4 – Crédito com recursos livresR$ bilhões

Discriminação 2007 2007 Variação %

Jan Fev Mar Abr 3 12

meses meses

Total 501,3 511,3 521,2 537,7 7,3 24,8

Pessoa jurídica 258,4 264,3 269,1 279,0 8,0 24,2

Recursos domésticos 205,9 211,1 214,3 219,3 6,5 25,9

Referencial1/ 163,0 166,3 169,6 172,1 5,6 20,3

Leasing 21,0 21,3 21,6 22,3 6,1 60,8

Rural 2,0 2,0 1,9 1,9 -1,9 -19,0

Outros 19,9 21,5 21,1 23,0 15,4 54,7

Recursos externos 52,4 53,2 54,8 59,7 13,8 18,5

Pessoa física 242,9 247,0 252,0 258,7 6,5 25,4

Referencial1/ 196,4 200,6 204,4 209,0 6,4 21,5

Cooperativas 10,0 10,3 10,4 10,6 6,3 20,5

Leasing 14,6 15,3 16,4 17,4 18,8 66,9 Outros 21,9 20,9 20,8 21,6 -1,3 44,0

1/ Crédito referencial para taxas de juros, definido pela Circular 2.957, de 30.12.1999.

Tabela 3.3 – Desembolsos do BNDESR$ milhões

Discriminação Jan-Abr Variação %

2006 2007

Total 10 625 14 852 39,8

Indústria 4 826 7 386 53,0

Outros equipamentos de transportes1/ 1 501 247 -83,5

Veículo automotor 536 602 12,3

Metalurgia básica 185 2 248 1115,1

Prod. alimentício e bebidas 686 1 201 75,1

Produtos químicos 139 338 143,2

Refino petróleo, coque e álcool 52 450 765,4

Comércio/Serviços 4 574 5 973 30,6

Transporte terrestre 2 071 2 630 27,0

Eletricidade, gás, água quente 675 1 003 48,6

Construção 379 416 9,8

Comércio e reparação de veículos 377 550 45,9

Agropecuária 1 225 1 493 21,9

Fonte: BNDES

1/ Inclui indústria aeronáutica.

0

400

800

1 200

1 600

2004 2005 2006 2007

Gráfico 3.6 – Crédito habitacional com recursos da caderneta de poupança – Janeiro-fevereiroR$ milhões

42 | Relatório de Inflação | Junho 2007

de 6,3% ante janeiro. No mesmo sentido, as operações de leasing cresceram 18,8%, e somaram R$17,4 bilhões.

A taxa média de juros das operações de crédito livre referencial recuou 1,8 p.p. no trimestre, situando-se em 38,1% a.a., menor valor da série histórica iniciada em junho de 2000, registrando-se quedas de 3,2 p.p. no segmento de pessoas físicas e de 0,9 p.p. no de pessoas jurídicas, com reduções de 1,1 p.p. nos encargos prefi xados e de 0,9 p.p. nos encargos pós-fixados. O spread bancário alcançou 26,4 p.p., com redução de 1 p.p. em relação a janeiro.

A inadimplência da carteira de crédito com recursos livres atingiu 4,8% em abril, com redução de 0,2 p.p. em relação a janeiro. Esse resultado refl etiu, principalmente, o decréscimo de 0,4 p.p. nos atrasos relativos às operações com pessoas físicas, associado, em parte, à cessão de crédito com risco mais elevado para instituição não integrante do sistema fi nanceiro, bem como à renegociação e baixa para prejuízo de dívidas não quitadas. Complementarmente, a inadimplência referente aos créditos para pessoas jurídicas diminuiu 0,1 p.p.

O prazo médio da carteira de crédito referencial para taxa de juros, excluídas as operações de cheque especial e conta garantida, alcançou 348 dias em abril de 2007, com aumento de 45 dias (15%) em relação a igual período de 2006. Nas operações com pessoas físicas, o prazo médio atingiu 416 dias, e registrou aumento de 67 dias (19%), atribuído, principalmente, à ampliação do crédito consignado em folha de pagamento e dos fi nanciamentos para aquisição de bens, modalidades com prazos mais dilatados. No segmento de pessoas jurídicas, o prazo médio situou-se em 281 dias, e apresentou elevação de 24 dias (9%) no mesmo período, com destaque para capital de giro.

3.2 Agregados monetários

Os meios de pagamento restritos (M1), considerada a média dos saldos diários, alcançaram R$158,5 bilhões no fi nal de maio, apresentando crescimento de 20,1% nos últimos doze meses. Essa variação resultou de aumentos de 20,8% no saldo médio do papel-moeda em poder do público e de 19,6% nos depósitos à vista.

A análise dos dados dessazonalizados e defl acionados pelo IPCA no trimestre encerrado em maio evidenciou a manutenção da tendência ascendente do M1 em 2007. A expansão de 3,7% em relação ao trimestre fi nalizado em

Gráfico 3.10 – Taxa de inadimplência1/

%

1

2

3

4

5

6

7

8

Abr2005

Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr

1/ Percentual da carteira de recursos livres com atraso superior a 90 dias.

Média do mercado PJ PF

10

13

16

19

22

25

28

31

Abr2005

Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr35

38

41

44

47

50

53

Spread médio PJ PF

p.p. – PF

Gráfico 3.9 – Spread médio das operações de crédito com recursos livresp.p. – Média e PJ

48

50

52

54

56

58

60

62

64

Abr2005

Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr

Gráfico 3.8 – Taxas das operações de crédito a juros prefixados – Pessoa física% a.a.

37

39

41

43

45

47

49

Abr2005

Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr24

26

28

30

32

34

Média geral Média pessoa jurídica

Gráfico 3.7 – Taxas das operações de crédito com recursos livres% a.a. – Geral % a.a. – Pessoas jurídicas

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 43

fevereiro mostrou-se consistente com o crescimento real da massa salarial, notadamente do salário mínimo, e com o ritmo de expansão das operações de crédito.

Em maio, a média dos saldos diários da base

monetária atingiu R$111,3 bilhões. A expansão de 22,6% observada em doze meses decorreu de aumentos de 21,7% no saldo médio do papel-moeda emitido e de 24,8% nas reservas bancárias.

Relativamente às fontes de emissão primária de moeda, no trimestre de março a maio, as operações do setor externo determinaram impacto expansionista de R$68,8 bilhões, como resultado das compras líquidas de divisas pelo Banco Central no mercado interbancário de câmbio. Em sentido inverso, o movimento na conta única do Tesouro Nacional resultou em contração de R$14,7 bilhões, enquanto as demais operações com o sistema fi nanceiro foram expansionistas em R$3,2 bilhões. O comportamento observado, associado às colocações líquidas de títulos públicos federais de R$54,2 bilhões, determinou o aumento de R$3,1 bilhões da base monetária no trimestre, considerado o critério de saldo em fi nal de período.

No conceito M2, que agrega os depósitos para investimento, cadernetas de poupança e títulos emitidos por instituições fi nanceiras, observou-se, em maio, expansão de 11,9% em relação ao mesmo período de 2006. No trimestre, o crescimento do saldo das cadernetas de poupança atingiu 4,4%, e o relativo aos depósitos a prazo, 1,9%.

O conceito M3, que agrega ao M2 as quotas de fundos de investimento e os títulos públicos federais que dão lastro à posição líquida de fi nanciamento em operações compromissadas realizadas entre o setor fi nanceiro e o público não fi nanceiro, cresceu 4,1% na comparação com fevereiro e 17,5% em doze meses, e totalizou R$1,5 trilhão. O conceito M4, que agrega ao M3 os títulos públicos em posse do setor não financeiro, expandiu-se 21,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, e totalizou R$1,7 trilhão, ressaltando-se a expansão de 52,8% dos títulos públicos federais pertencentes a instituições não fi nanceiras. Em ambiente de maior previsibilidade e menor risco, a substancial expansão dos agregados monetários tem, até o momento, atendido a um crescimento da demanda por moeda sem conseqüências infl acionárias.

0

6

12

18

24

30

Nov 2004

Fev 2005

Mai Ago Nov Fev2006

Mai Ago Nov Fev 2007

Mai

%

M2 M3 M4

Gráfico 3.14 – Meios de pagamento ampliados – Variação percentual em 12 meses

708090

100110120130140150160170

Mai 2004

Set Jan 2005

Mai Set Jan 2006

Mai Set Jan 2007

Mai

R$ bilhões

M1 Base monetária

Gráfico 3.13 – M1 e base monetária a preço de maio de 2007, dessazonalizados1/

1/ Índice de preço: IPCA.

60

80

100

120

140

160

180

Mai 2004

Set Jan 2005

Mai Set Jan 2006

Mai Set Jan 2007

Mai

R$ bilhões

Base monetária M1

Gráfico 3.12 – Base monetária e meios de pagamento – Média dos saldos diários

270

300

330

360

390

420

Abr2005

Jun Ago Out Dez Fev Abr Jun Ago Out Dez Fev Abr 170

200

230

260

290

Pessoa física Pessoa jurídica

Gráfico 3.11 – Prazo médio das operações de crédito – Dias corridosPessoaFísica

PessoaJurídica

44 | Relatório de Inflação | Junho 2007

Títulos públicos federais e operações do Banco Central no mercado aberto

As operações primárias do Tesouro Nacional com títulos públicos federais resultaram em colocação líquida de R$18,3 bilhões no trimestre encerrado em maio, registrando-se colocações de R$155,2 bilhões e resgates de R$136,9 bilhões. A estratégia de alongamento do prazo médio da dívida, condicionada ao ambiente de estabilidade, viabilizou operações de troca da ordem de R$40,8 bilhões, das quais 48% em Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B).

O alongamento dos prazos dos papéis da dívida pública, bem como a substituição dos títulos indexados à taxa de câmbio e à taxa Selic por títulos com rentabilidade prefi xada ou vinculada a índice de preços, diretrizes contidas no Plano Anual de Financiamento (PAF) do Tesouro Nacional, encontram sustentação no ambiente de confi ança na política monetária implementada pelo Banco Central. De fato, o prazo médio da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) elevou-se de 31,64 meses, em fevereiro, para 33,28 meses, em maio, refl exo, em parte, das emissões de NTN-B, título com vencimento mais dilatado. No mesmo sentido, a boa aceitação pelo público de papéis prefi xados ensejou uma mudança importante no perfi l da DPMFi, que apresentou, ao fi nal de maio, maior participação desses títulos em sua composição total.

Com objetivo de adequar as condições de liquidez do sistema, infl uenciadas pelas operações primárias do Tesouro Nacional e pelas compras de moeda estrangeira realizadas pela autoridade monetária no período, o saldo médio diário das operações de fi nanciamento e de go-around realizadas pelo Banco Central recuou de R$45 bilhões, no início de março, para R$5,7 bilhões, ao fi nal de maio. Saliente-se que essa queda ocorreu paralelamente à elevação dos saldos médios diários relativos a operações com prazos mais longos, alteração consistente com o horizonte de maior previsibilidade do cenário macroeconômico e que promove ganhos no grau de liberdade da gestão de liquidez empreendida pela autoridade monetária. Em termos estruturais, após o pico de abril, de R$136 bilhões, explicado pelo vencimento de Letras do Tesouro Nacional (LTN), a posição líquida de fi nanciamento do BC no open market cresceu de R$100,5 bilhões em março para R$124,6 bilhões em maio.

Consolidando a posição ativa na exposição cambial da dívida pública federal, as colocações de swaps cambiais reversos pela autoridade monetária totalizaram US$11,3 bilhões

0

20

40

60

80

100

120

140

Fev 2005

Mai Ago Nov Fev 2006

Mai Ago Nov Fev 2007

Mai

R$ bilhões

Gráfico 3.15 – Posição líquida de financiamento dos títulos públicos federais – Média diária

0

10

20

30

40

50

60

70

Set2006

Out Nov Dez Jan 2007

Fev Mar Abr Mai

R$ bilhões

Até 30 dias De 1 a 3 meses 5 meses 7 meses

Gráfico 3.16 – Operações compromissadas do Banco Central – Volume por prazo – Fim de período

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 45

no trimestre terminado em maio, enquanto os resgates dessa modalidade responderam por US$3,3 bilhões.

Taxas de juros reais e expectativas de mercado

Ao longo do trimestre terminado em maio, as taxas de juros futuros dos contratos de swap DI x pré mostraram redução em todos os vértices, com destaque para os contratos de prazos mais longos, que sofreram queda mais acentuada. Esse movimento refletiu a consolidação do cenário benigno para a infl ação doméstica e a redução do risco-país, que apresentou média de 163 pontos no trimestre, ante 194 pontos no trimestre encerrado em fevereiro. A taxa dos contratos de swap DI x pré de 360 dias situou-se em 10,99% a.a., ao fi nal de maio, recuo de 111 pontos base em relação ao fi nal de fevereiro.

A taxa de juros Selic real ex-ante para os próximos doze meses, calculada com base na pesquisa Relatório de Mercado, de 31 de maio, realizada pelo Banco Central, alcançou 7,4% a.a., ante 7,9% a.a. no fi nal de fevereiro. O recuo da taxa real refl etiu, principalmente, o ajuste das expectativas sobre a evolução da taxa Selic, em face do processo de fl exibilização monetária em curso que, aliado a um cenário de estabilidade de preços, favorece a redução das incertezas e, em conseqüência, dos prêmios de risco.

Mercado de capitais

O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) apresentou, ao final de maio, elevação de 19,1% em relação a fevereiro, e atingiu 52.268 pontos. O desempenho do índice, que apresenta sucessivos recordes de fechamento desde março, esteve associado à evolução benigna do cenário macroeconômico, assim como à recente melhoria da classifi cação do risco soberano brasileiro, à expectativa da obtenção do grau de investimento por parte das agencias de ratings internacionais e à manutenção do cenário externo favorável. Nesse aspecto, ressaltem-se as perspectivas favoráveis, em relação à evolução da taxa de juros nos Estados Unidos, decorrentes da estabilidade dos indicadores de infl ação e de desemprego naquele país.

A média diária do volume transacionado na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) totalizou R$4 bilhões no trimestre encerrado em maio, com acréscimo de 15,3% em relação ao trimestre fi nalizado em fevereiro. Avaliado

Gráfico 3.19 – IbovespaPontos

30 000

35 000

40 000

45 000

50 000

55 000

30.52006

13.7 25.8 10.10 28.11 15.12007

2.3 17.4 31.5

Fonte: Bovespa

Gráfico 3.18 – Selic x swap DI x Pré

10,5

11,0

11,5

12,0

12,5

13,0

13,5

14,0

4.122006

26.12 18.12007

9.2 6.3 27.3 18.4 10.5 31.5

% a.a.

Selic Swap 30 dias Swap 360 diasFonte: BM&F

7

8

9

10

11

12

Jan2006

Mar Mai Jul Set Nov Jan2007

Mar Mai

Gráfico 3.17 – Taxa de juros ex-ante deflacionada pelo IPCA para 12 meses% a.a.

46 | Relatório de Inflação | Junho 2007

em dólares, o Ibovespa registrou acréscimo de 30,3% no período, o que evidenciou o efeito da apreciação cambial. No mesmo período, os índices Dow Jones e Nasdaq variaram 11,1% e 7,8%, respectivamente.

O efeito da redução das taxas de juros sobre a rentabilidade dos títulos públicos e a diminuição do custo de captação no mercado de capitais continuam a favorecer a emissão de títulos privados corporativos. O fi nanciamento das empresas no mercado de capitais, mediante emissões de ações, debêntures, notas promissórias e colocação de recebíveis de direitos creditórios, atingiu R$14,5 bilhões no trimestre encerrado em maio, salientando-se as expressivas emissões primárias de ações, que acumulam R$10,4 bilhões no ano, ante R$4,7 bilhões no mesmo período de 2006. No trimestre, as captações no mercado de capitais por meio de ações e direitos creditórios atingiram R$6,4 bilhões e R$2,7 bilhões, respectivamente, ante R$2,6 bilhões e R$1,6 bilhão no mesmo período de 2006. Entretanto, as novas emissões de debêntures totalizaram R$4 bilhões no trimestre e R$4,3 bilhões no ano, o que representa redução de 33,3% em relação a igual período do ano anterior.

Aplicações financeiras

O saldo de recursos nas aplicações fi nanceiras, considerados os fundos de investimento, os depósitos a prazo e as cadernetas de poupança, atingiu R$1,4 trilhão em maio, elevando-se 5% em relação a fevereiro. Desse total, 71,9% corresponderam às diversas classes de fundos de investimento, enquanto 14,3% encontravam-se em cadernetas de poupança e 13,8%, em depósitos a prazo.

O patrimônio líquido dos fundos de investimento, que incorpora os cambiais, de curto prazo, de renda fi xa, multimercados e referenciados, totalizou R$868,6 bilhões em maio e apresentou crescimento de 5,1% ante fevereiro. Ressalte-se a continuação do aumento da participação relativa dos fundos multimercados, que alcançou 25,2%, ante 21,9% em maio de 2006.

A participação dos títulos públicos na carteira agregada dos fundos atingiu 59,2%, seguindo-se as relativas às operações compromissadas, 19,5%, e aos títulos privados, 16,1%.

O patrimônio líquido dos fundos de investimento extramercado, que administram os recursos de propriedade das entidades da administração federal indireta, somou

600640680720760800840880

Nov2005

Jan 2006

Mar Mai Jul Set Nov Jan2007

Mar Mai140

170

200

230

260

290

320

FI CDB Poupança

R$ bilhõesFI

Gráfico 3.23 – Evolução patrimonial de poupança, CDB e FI1/

CDB, poupança

1/ Exclui fundos de investimentos em ações e em dívida externa.

Gráfico 3.20 – Bolsas de valoresMaio 2006 = 100

80

100

120

140

160

180

Mar2006

Mai Jul Set Nov Jan 2007 Mar Mai

Ibovespa (em dólar) Dow Jones Nasdaq

Gráfico 3.21 – Emissões primárias no mercado de capitaisR$ bilhões – Acumulado até maio

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

Ações Notas promissórias Direitos Creditórios2004 2005 2006 2007

Fonte: CVM

Gráfico 3.22 – Emissão primária de debênturesR$ bilhões – Acumulado até maio

0

4

8

12

16

20

2004 2005 2006 2007

Fonte: CVM

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 47

R$24,3 bilhões em maio. O acréscimo de 1,3%, em relação a fevereiro, refl etiu resgates líquidos de R$413 milhões e incorporação de rendimentos de R$718 milhões.

Os recursos aplicados em fundos de renda variável atingiram R$108,8 bilhões em abril, elevando-se 18% em relação a fevereiro. As captações líquidas desses fundos totalizaram R$5 bilhões e evidenciaram o desempenho favorável das bolsas de valores. O patrimônio líquido dos Fundos Mútuos de Privatização (FMP-FGTS) e dos Fundos Mútuos de Privatização – Carteira Livre (FMP-FGTS-CL) atingiu R$12,1 bilhões, com aumento de 12,4% no trimestre.

O saldo das cadernetas de poupança atingiu R$200 bilhões em maio, com aumento de 4,4% no trimestre, enquanto os depósitos a prazo totalizaram R$288,8 bilhões, elevando-se 1,7%. As captações líquidas das cadernetas de poupança somaram R$5 bilhões, no período, enquanto registraram-se resgates líquidos de R$3,4 bilhões nos depósitos a prazo. A rentabilidade nominal das cadernetas de poupança atingiu 2% no trimestre, e a dos depósitos a prazo, 2,9%.

3.3 Política fiscal

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2007 foi modifi cada pela Lei 11.477, de 29/5/2007, que estabeleceu a meta de R$95,9 bilhões para o superávit primário do setor público, anteriormente fi xada em 4,25% do PIB. A nova meta, que segue considerando as projeções de receitas e despesas públicas implícitas anteriormente, consiste em uma adequação à elevação dos valores nominais do PIB decorrentes das alterações metodológicas introduzidas pelo IBGE no seu cálculo. A meta em reais estabelecida pela Lei 11.477/2007 corresponde a 3,8% do PIB projetado para 2007, mesmo percentual estipulado para 2008 pelo Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias.

O valor dos investimentos incluídos no Projeto Piloto de Investimentos (PPI), fi xados originalmente em R$4,6 bilhões, foi alterado para R$11,3 bilhões, conforme as diretrizes estabelecidas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), divulgado no início do ano. Foram ampliados os recursos passíveis de serem deduzidos da meta de superávit primário, tendo em vista que a própria LDO prevê essa possibilidade para as despesas realizadas no âmbito do PPI.

35

40

45

50

55

60

65

70

Set2005

Nov Jan 2006

Mar Mai Jul Set Nov Jan2007

Mar Mai

% – Selic

05101520253035404550

% – Preços, cambiais e pré

Selic Pré Cambiais Preços

Gráfico 3.24 – Evolução de títulos públicos na carteira dos fundos, por indexador

-11

-8

-5

-2

1

4

7

10

Set2005

Nov Jan 2006

Mar Mai Jul Set Nov Jan2007

Mar Mai

R$ bilhões

Poupança Depósitos a prazo

Gráfico 3.25 – Captação líquida – Caderneta de poupança e depósito a prazo

48 | Relatório de Inflação | Junho 2007

Necessidades de financiamento do setor público

O superávit primário do setor público consolidado alcançou R$23,5 bilhões em abril, melhor resultado mensal desde o início da série, em 1991, e acumulou R$50,7 bilhões no primeiro quadrimestre do ano. Esse resultado, que superou o assinalado no período correspondente de 2006 em 0,89 p.p. do PIB, esteve associado, em grande parte, à elevação de 0,61 p.p. do PIB registrada no superávit dos governos regionais.

O superávit do Governo Central aumentou 0,31 p.p. do PIB, em relação ao observado no primeiro quadrimestre de 2006, com melhoria do resultado do governo federal e manutenção da tendência crescente do défi cit da Previdência Social observada nos últimos anos, a despeito do forte crescimento do emprego formal.

O resultado do Governo Central refl etiu tanto o crescimento de 13,3% nas receitas do Tesouro, que atingiram 20,3% do PIB, 0,88 p.p. acima do resultado assinalado nos primeiros quatro meses de 2006, quanto a elevação de 12,3% em suas despesas, equivalentes a 0,34 p.p. do PIB. Ressalte-se que a elevação das receitas ocorreu a despeito das medidas de desoneração tributária setoriais adotadas em 2006, com refl exos no exercício corrente.

O desempenho das receitas no primeiro quadrimestre de 2007 esteve relacionado, especialmente, ao crescimento de 31,2% na arrecadação do Imposto de Renda – Pessoa Física (IRPF), decorrente da intensifi cação do controle sobre ganho de capital sobre a alienação de bens, do maior ganho líquido sobre operações em bolsas de valores e do crescimento dos recolhimentos sobre depósitos judiciais.

No mesmo sentido, assinalem-se as elevações de 19,8% na arrecadação do Imposto de Renda – Pessoa Jurídica (IRPJ) e de 18,5% na relativa à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), registrando-se, em ambas, maior recuperação de débitos em atraso relativos a depósitos administrativos e judiciais e a retomada do recolhimento regular por parte de empresas fi nanceiras. Este último fator foi determinante, igualmente, para o crescimento de 9% na arrecadação da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofi ns).

O crescimento da massa salarial, a elevação na remuneração de prestadores de serviços e o maior volume de remessas de juros e comissões para o exterior favoreceram a

Tabela 3.5 – Necessidades de financiamento do setor público – Resultado primário – Janeiro-abril

Segmento 2005 2006 2007

R$ % R$ % R$ %

bilhões PIB bilhões PIB bilhões PIB

Governo Central -32,1 -4,8 -28,5 -4,0 -33,3 -4,3

Governos regionais -9,3 -1,4 -8,0 -1,1 -13,4 -1,7

Empresas estatais -2,6 -0,4 -3,9 -0,5 -4,0 -0,5

Total -44,0 -6,6 -40,4 -5,6 -50,7 -6,5

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 49

arrecadação do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), que aumentou 12,7% em relação ao primeiro quadrimestre de 2006. Adicionalmente, a elevação no volume das importações tributadas e o aumento de 3,35% na alíquota média efetiva do Imposto de Importação (II) proporcionaram crescimento de 22,5% em sua arrecadação.

Relativamente às despesas, os gastos com pessoal e encargos elevaram-se 11,8% no quadrimestre encerrado em abril, ante o mesmo período de 2006, e passaram a representar 4,77% do PIB. As despesas do Poder Executivo aumentaram 14,8%, em função, sobretudo, da reestruturação de carreiras de servidores civis e militares, enquanto as associadas aos Poderes Legislativo, Judiciário e ao Ministério Público elevaram-se 3% no período, refl exo, em parte, da redução de 29,6% nas despesas de precatórios de pessoal das Justiças Federal e do Trabalho.

As despesas com custeio e capital cresceram 13% no primeiro quadrimestre de 2007. Os gastos com benefícios assistenciais (Lei Orgânica da Assistência Social – Loas/Renda Mensal Vitalícia – RMV) aumentaram 22,5%, em função do reajuste do salário mínimo e do crescimento de 8% na quantidade de benefícios pagos. As despesas com o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), também vinculadas ao salário mínimo, cresceram 16,1%. Em sentido inverso, as despesas com subsídios, subvenções e reordenamento de passivos recuaram no período e evidenciaram a não-correspondência, em 2007, da capitalização da Emgea, realizada em 2006.

As outras despesas de custeio e capital aumentaram 19,1% em relação ao primeiro quadrimestre de 2006, resultado associado à elevação de R$2,8 bilhões nas despesas discricionárias. Os investimentos pagos, que podem incluir eventuais restos a pagar de exercícios anteriores e ordens bancárias do exercício imediatamente anterior, aumentaram 37,9% no período e atingiram R$4,7 bilhões, enquanto os investimentos empenhados passaram de R$614 milhões para R$4,2 bilhões. As despesas do PPI totalizaram R$695,3 milhões no primeiro quadrimestre de 2007, a maior parte referente a projetos de transporte incluídos no PAC.

As despesas previstas com investimentos para 2007 atingem R$24,4 bilhões, superam as realizadas no ano anterior em 60% e representam 0,97% do PIB. Desse total, 0,63 p.p. do PIB refere-se a investimentos do PAC, dos quais 0,45 p.p. no âmbito do PPI.

Tabela 3.6 – Despesas do Tesouro NacionalJaneiro-abril

Discriminação 2006 2007

R$ milhões % PIB R$ milhões % PIB

Total 66 797 9,3 75 028 9,6

Pessoal e encargos 33 279 4,6 37 216 4,8

Custeio e capital 33 330 4,6 37 650 4,8

FAT 3 384 0,5 3 930 0,5

Subsídios e subvenções 3 007 0,4 1 524 0,2

Loas/RMV 3 434 0,5 4 206 0,5

Outras 23 504 3,3 27 991 3,6

Transferências ao Bacen 188 0,0 161 0,0

Fonte: STN

0,6

4,2

3,4

4,7

0

1

2

3

4

5

2006 2007

R$ bilhões

Investimento empenhado Investimento pago

Gráfico 3.26 – Governo federal: investimento no primeiro quadrimestre do ano

1/ Inclui restos a pagar de outros exercícios e ordens bancárias emitidas no último dia do exercício anterior.Fonte: STN

1/

50 | Relatório de Inflação | Junho 2007

A arrecadação de receitas da Previdência Social cresceu 14,1% no primeiro quadrimestre de 2007, em relação ao mesmo período do ano anterior, evolução consistente com os crescimentos da massa salarial e das contribuições incidentes sobre a folha de pagamento. As despesas com benefícios cresceram 13,6% no período, em parte devido ao aumento de despesas com o pagamento de precatórios judiciais. Embora o aumento percentual das despesas tenha sido inferior ao das receitas, incidiu sobre uma base de cálculo mais ampla, o que resultou em elevação de 0,06 p.p. do PIB, para 1,8%, no défi cit acumulado do período.

O crescimento das despesas com benefícios previdenciários esteve associado aos aumentos tanto da quantidade e do valor médio dos benefícios emitidos quanto das despesas com o pagamento de precatórios judiciais, que cresceram 24,4%. A quantidade média mensal de benefícios emitidos atingiu 21,6 milhões no primeiro quadrimestre de 2007, com destaque para os crescimentos de aposentadorias e auxílios.

As despesas com transferências para estados e municípios somaram R$33,2 bilhões até abril, 14,1% superiores às efetivadas no período correspondente de 2006. As transferências relativas à desoneração das exportações cresceram 118,9%, em função dos ajustes previstos na Medida Provisória (MP) 355/2007, enquanto as associadas a fundos constitucionais, evidenciando o desempenho dos tributos compartilhados, aumentaram 12,7%.

Em linha com o crescimento das transferências, o superávit primário dos governos regionais alcançou R$13,4 bilhões no primeiro quadrimestre de 2007, ante R$8 bilhões no mesmo período de 2006, resultado associado tanto ao aumento de R$4,5 bilhões na arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), registrado nesse período, quanto aos efeitos do ajuste fi scal implantado pelos governos regionais nos últimos anos (Ver boxe "Evolução das Finanças Subnacionais").

O superávit primário das empresas estatais passou de R$3,9 bilhões, no primeiro quadrimestre de 2006, para R$4 bilhões, no mesmo período de 2007. As despesas com pagamento de dividendos à União alcançaram R$2,2 bilhões, com aumento de R$608 milhões em relação ao ano anterior.

Os juros nominais apropriados no primeiro quadrimestre de 2007 totalizaram R$51,1 bilhões, o menor valor desde 2004, nessa base de comparação. A redução

2,7 2,7

2,3

2,6

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

Auxílios Aposentadorias Pensões pormorte

Benefícios totais do RGPS

Percentual

Fonte: STN

Gráfico 3.29 – Crescimento da quantidade média de benefícios emitidos pela Previdência Social (Jan-abr 2007/Jan-abr 2006)

5,00

6,74

1,74

5,27

7,07

1,80

0

2

4

6

8

Receitas Benefícios Déficit2006 2007

Gráfico 3.28 – Receitas e benefícios da Previdência Social – Jan-abrPercentual do PIB

0

0,5

1

1,5

2005 2006 2007

1/ Inclui restos a pagar.2/ Estimativa.Fonte: STN

% do PIB

5

10

15

20

25

30R$ bilhões

Investimento em % do PIB Investimento em R$ bilhões

Gráfico 3.27 – Governo federal: investimento pago no ano1/

2/

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 51

Evolução das Finanças Subnacionais

O ajuste fiscal implementado pelo setor público desde o fi nal dos anos 1990 contou com participação importante dos estados e municípios. Os programas de ajuste possibilitaram a geração de superávits primários expressivos nos últimos anos e a queda contínua da relação dívida/PIB dos governos subnacionais, sendo superado o histórico de crises fiscais e de constantes processos de assunção e refi nanciamento de dívida por parte da União. Subjacente a esse ajuste, ocorreu melhoria na administração tributária, traduzida em elevação da arrecadação e melhor controle dos gastos, em cenário de redução sistemática da relação entre despesas administrativas e receitas líquidas. O objetivo desse boxe é analisar a evolução das fi nanças subnacionais nos últimos anos, com destaque para os principais determinantes dos ajustes implementados e sua contribuição para a estabilidade das contas públicas do País.

A situação fi scal dos governos estaduais se deteriorou a partir da segunda metade da década de 1990, e as condições de fi nanciamento junto ao mercado, que evidenciavam o elevado nível do défi cit nominal, foram restringidas. Nesse contexto, o governo federal elaborou amplo programa de ajuda aos governos estaduais, que culminou com a publicação da Lei 9.496, em setembro de 1997.

A Lei permitiu o refi nanciamento de dívidas mobiliárias e parte da dívida contratual dos estados, limitando seu serviço a uma parcela de sua receita líquida, de forma a não comprometer as demais obrigações assumidas pelos estados. O grande diferencial em relação às experiências anteriores de refi nanciamento de dívidas consistiu na contrapartida, requerida pela União, sob a forma da implantação

52 | Relatório de Inflação | Junho 2007

de um programa de ajuste fi scal que contemplasse dispositivos relacionados a limites para a dívida em relação às receitas líquidas, metas de arrecadação de receitas próprias e metas de resultado primário.

Em 1999, foi editada medida provisória que permitiu a assunção e o refi nanciamento de dívidas dos municípios por parte da União1, favorecendo a solução, sobretudo, da trajetória crescente da dívida mobiliária, que se tornara um pesado encargo para alguns municípios. Embora não existisse a necessidade de criação de um programa de ajuste, nos moldes do acordado com os estados, os contratos de refi nanciamento previam limites e condições para contratação de novas dívidas e punições para os municípios que não se enquadrassem, por exemplo, nos limites de despesas com pessoal.

Posteriormente, a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/2000) proibiu novos refinanciamentos de dívidas entre a União e os governos regionais, e estabeleceu uma série de regras para a gestão sustentável das finanças públicas, reforçando e consolidando o ajuste iniciado com os acordos fi rmados.

A evolução da dívida líquida e do resultado primário dos governos regionais traduz as alterações da situação fi scal e as mudanças advindas a partir da segunda metade da década de 1990. Nesse sentido, o resultado primário acumulado em doze meses dos governos regionais passou a ser superavitário a partir de junho de 1998, exercendo contribuição fundamental para o cumprimento das metas de superávit do setor público consolidado.

Ressalte-se que o patamar mais elevado da relação entre o endividamento líquido e as receitas correntes líquidas na esfera estadual do que na municipal constituiu fator determinante para a maior intensidade do ajuste fi scal observado no âmbito dos estados.

O ajuste empreendido pelos governos regionais foi calcado, em um primeiro momento, na elevação da carga tributária, que, no caso dos estados, passou de 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB), em

1/ Medida Provisória 1.811, de 25 de fevereiro de 1999, reeditada posteriormente.

-0,6-0,4-0,2

00,20,40,60,8

1

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

(+) Superávit (-) Déficit

% do PIB

Estados Municípios

Gráfico 3 – Resultado primário dos estados e municípios Acumulado em 12 meses

30

35

40

45

50

55

60

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Set

or p

úblic

o co

nsol

idad

o

10111213141516171819

Gov

erno

s re

gion

ais

Setor público consolidado Governos regionais

Gráfico 2 – Dívida líquida do setor público consolidado e dos governos regionaisPercentual do PIB

-2-10123456

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

(+) Superávit (-) Déficit

% do PIB

Governos regionais Setor público consolidado

Gráfico 1 – Resultado primário do setor público consolidado e dos governos regionais

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 53

1998, para 8,7%, em 2005. Embora a carga tributária dos municípios tivesse se mantido relativamente estável nesse período, esses se beneficiaram do crescimento da arrecadação dos estados e da União, mantendo, assim, sua participação relativa na distribuição fi nal dos recursos. Esse desempenho refl etiu, em parte, o aumento real

2 de 24,2% registrado na arrecadação relativa ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), principal tributo dos estados e com destinação de 25% aos municípios, entre 1998 e os últimos doze meses terminados em abril de 2007.

O reordenamento das fi nanças dos governos subnacionais incorporou, ainda, maior controle das despesas administrativas em relação aos recursos arrecadados. No caso dos estados, a relação entre as despesas com pessoal do Poder Executivo, item mais signifi cativo das despesas, e a receita corrente líquida reduziu-se de 45,5%, em 2002, para 40,8%, em 2006. Nos municípios, embora em proporção menor, a relação também apresentou tendência declinante no período de 2002 a 2005.

Em relação às despesas com investimentos, fundamentais para o crescimento da economia, predomina desde 2003, no âmbito estadual, a tendência de sua ampliação.

Com o crescimento das receitas e o maior controle sobre novas operações de crédito, a relação entre a dívida líquida dos estados e a receita corrente líquida também se reduziu, alcançando 1,43 em 2006, ante 1,95 em 2002. A proporção vem recuando mais intensamente nos municípios, passando de 0,24, em 2002, para 0,16, em 2005.

Em suma, a situação fiscal de estados e municípios passou por ajuste signifi cativo desde o fi nal da década de 1990, sobretudo nos primeiros, com crescimento de receitas e redução relativa tanto das despesas administrativas como da dívida líquida. Essa evolução refl ete as condições acordadas com a União, reforçadas posteriormente pelas regras impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Esse arcabouço institucional, bem como a ação fi rme e responsável de diversos governos, contribui para a

2/ Considerado o IGP-DI como defl ator.

100120140160180200

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

1/ A preços de abril de 2007 (IGP-DI).2/ Acumulado em doze meses até abril.

R$ bilhões

Gráfico 7 – Arrecadação de ICMS a preços constantes1/

2/

68,7 69,8 69,1 69,0 70,0 69,4 69,7 70,0

26,2 25,4 26,3 26,5 25,8 26,2 26,1 25,8

5,2 4,9 4,5 4,5 4,2 4,4 4,2 4,2

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: SRFUnião Estados Municípios

Gráfico 5 – Carga tributária bruta: participação percentual por esfera de governo

7,07,27,47,67,88,08,28,48,68,8

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: SRF e Bacen

Est

ados

1,301,321,341,361,381,401,421,441,46

Mun

icíp

ios

Estados Municípios

Gráfico 4 – Carga tributária bruta de estados e municípiosPercentual do PIB

59,2 60,1 59,9 56,4 57,1 57,4 58,2 57,9

25,0 24,7 25,1 27,1 26,6 26,4 25,7 25,8

15,8 15,2 15,0 16,5 16,3 16,2 16,1 16,4

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

1/ Após a distribuição das transferências constitucionais.Fonte: SRF

União Estados Municípios

Gráfico 6 – Distribuição final da carga tributária bruta por esfera de governo1/

Participação percentual

54 | Relatório de Inflação | Junho 2007

superação de problemas fi scais crônicos no âmbito subnacional, que tiveram impactos macroeconômicos claramente deletérios nos anos 1980 e 1990. Com as perspectivas de evolução favorável dos índices que corrigem as dívidas dos governos regionais e com a continuidade da gestão responsável das fi nanças estaduais e municipais, espera-se que a trajetória declinante da dívida em relação ao PIB e às receitas líquidas prossiga nos próximos anos, contribuindo para a manutenção de trajetória semelhante em relação à dívida do setor público consolidado.

36

38

40

42

44

46

2002 2003 2004 2005 2006

* Inclui somente Poder Executivo.Fonte: STN

Des

pesa

com

pes

soal

/R

ec. c

orre

nte

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2%

Dív

ida/

Rec

. cor

rent

e

Dívida líquida/Receita corrente líquida

Despesa com pessoal * / Receita corrente líquida

Gráfico 8 – Governos estaduais: dívida líquida e despesas com pessoal em relação à receita corrente líquida

0

1

2

3

4

5

6

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

% do PIB

Juro

s

-5

0

5

10

15

20

25

30

35Percentual

IGP

-DI

Juros nominais IGP-DI

Gráfico 11 – Juros nominais apropriados dos governos regionais e IGP-DIValores acumulados em 12 meses

0,20,30,40,50,60,70,80,91,01,1

2000 2001 2002 2003 2004 2005

1/ Despesas liquidadas de investimentos.Fontes: STN e Bacen

% do PIB

Estados Municípios

Gráfico 10 – Investimentos de estados e municípios1/

4142424343444445

2002 2003 2004 2005

Fonte: STN

Des

pesa

com

pes

soal

/R

ecei

ta c

orre

nte

0,0

0,1

0,2

0,3%

Dív

ida/

Rec

. cor

rent

e

Dívida líquida/Receita corrente líquida

Despesa com pessoal/Receita corrente líquida

Gráfico 9 – Governos municipais: dívida líquida e despesas com pessoal em relação à receita corrente líquida

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 55

dos juros apropriados vem ocorrendo em ritmo menor que a redução da taxa Selic, movimento consistente com as alterações na composição da dívida líquida, o que privilegia papéis prefi xados. A trajetória em doze meses dos juros nominais, expressos em percentual do PIB, segue declinante e refl ete a redução da taxa Selic.

O superávit nominal do setor público não financeiro, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, atingiu R$11,2 bilhões em abril, o melhor resultado mensal da série, iniciada em 1991. O défi cit nominal acumulado no ano, até abril, totalizou R$405 milhões, 2,26 p.p. do PIB, inferior ao registrado no mesmo período de 2006.

Em relação às fontes de financiamento do déficit nominal acumulado no ano, assinalem-se as reduções de R$93,7 bilhões no fi nanciamento externo e de R$13,3 bilhões na dívida bancária, paralelamente à expansão de R$114,2 bilhões da dívida mobiliária, principal fonte de fi nanciamento do setor público no ano.

Dívida mobiliária federal

O estoque da DPMFi, avaliado pela posição de carteira, alcançou R$1151,5 bilhões, 47,4% do PIB, em abril de 2007, e registrou crescimento de R$63,3 bilhões em relação a janeiro. Esse resultado refletiu emissões líquidas de R$30,1 bilhões realizadas no mercado primário e incorporação de juros de R$34,1 bilhões, assim como o efeito fi nanceiro da ordem de R$0,6 bilhão associado à apreciação de 4,3% do real frente ao dólar, observada no período.

A composição da DPMFi segue evidenciando as diretrizes e estratégias adotadas pelo governo federal para sua administração, que consideram a minimização do custo de fi nanciamento no longo prazo e a manutenção de níveis prudentes de risco. Nesse contexto, a participação no total da DPMFi relativa aos títulos prefi xados e àqueles referenciados em índices de preços e na taxa Selic passou de 34,5%, 23% e 38,9%, respectivamente, em janeiro, para 36,2%, 23,3% e 37%, em abril.

Considerando a posição de abril, o cronograma de amortização da dívida mobiliária em mercado, exceto operações de fi nanciamento, indica que 20,4% de seu total vence no próprio ano; 25,2% em 2008; e 54,4% a partir de janeiro de 2009. O prazo médio da DPMFi passou de 31,9 meses, em janeiro, para 32,7 meses, em abril.

51

57

51

50

52

54

56

58

60

2005 2006 2007

R$ bilhões

Gráfico 3.30 – Juros nominais acumulados até abril

0

10

20

30

40

50

60

Over/Selic Prefixado Índices depreços

Câmbio TR

Dez 2005 Dez 2006 Abr 2007

Gráfico 3.32 – Composição da dívida mobiliária federal1/

1/ Sem swap.

%

Tabela 3.7 – Necessidades de financiamento dosetor público – Janeiro-abril

Discriminação 2006 2007

R$ bilhões % PIB R$ bilhões % PIB

Usos 16,6 2,3 0,4 0,1 Primário -40,4 -5,6 -50,7 -6,5 Juros 57,0 7,9 51,1 6,6

Fontes 16,6 2,3 0,4 0,1 Financiamento interno 56,0 7,8 94,1 12,1 Dívida mobiliária 75,4 10,5 114,2 14,6 Dívida bancária -7,8 -1,1 -13,3 -1,7 Outros -11,6 -1,6 -6,7 -0,9 Financiamento externo -39,4 -5,5 -93,7 -12,0

Gráfico 3.31 – Juros nominais e taxa Selic acumulados em doze meses

4

5

6

7

8

9

10

Jan 2003

Jul Jan 2004

Jul Jan 2005

Jul Jan 2006

Jul Jan2007

% do PIB

Juro

s no

min

ais

10

12

14

16

18

20

22

24

26

Percentual a.a.S

elic

Juros nominais Selic 12 meses

56 | Relatório de Inflação | Junho 2007

As operações de swap cambial atingiram R$29,3 bilhões negativos em abril. O resultado dessas operações, defi nido como a diferença entre a rentabilidade do DI e a variação cambial mais cupom, apurado pelo critério caixa, foi desfavorável ao Banco Central em R$2 bilhões no acumulado de janeiro a abril de 2007, refl exo da depreciação do dólar em relação ao real no período. O resultado acumulado dessas operações, desde o seu início em 2002, é favorável ao Banco Central em R$6 bilhões.

Dívida Líquida do Setor Público

A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) alcançou 44,4% do PIB em abril, com recuo de 0,5 p.p. em relação a dezembro de 2006. O principal determinante desse recuo constituiu-se no superávit primário, com contribuição de 2,1 p.p., seguindo-se o crescimento do PIB valorizado, com 1 p.p. Em sentido inverso, a contribuição dos juros nominais apropriados para o crescimento da relação atingiu 2,1 p.p., enquanto as relativas aos ajustes da apreciação cambial e da paridade da cesta de moedas que compõem a dívida externa líquida totalizaram 0,2 p.p. e 0,3 p.p., respectivamente.

Em relação à evolução da composição da DLSP no primeiro quadrimestre de 2007, assinale-se o crescimento dos créditos externos líquidos, de R$63,5 bilhões, em dezembro de 2006, para R$145,3 bilhões, em abril, passando a representar 6% do PIB. As parcelas prefi xada e indexada a índices de preços também cresceram no período, e ratifi caram o ambiente macroeconômico benigno.

A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) alcançou R$1.602,4 bilhões em abril, equivalentes a 66% do PIB, ante R$1.556,5 bilhões em dezembro de 2006, 65,5% do PIB. O aumento da dívida mobiliária constituiu-se no principal determinante do crescimento da DBGG, no período.

3.4 Conclusão

A evolução das operações de crédito do sistema financeiro, no trimestre encerrado em abril, ratifica a manutenção da trajetória crescente observada ao longo dos dois últimos anos. A contínua expansão dos créditos contratados a taxas médias em contínua redução, em ambiente de inadimplência estável, alongamento de prazos, aumento da massa salarial real e melhora das expectativas, segue dando sustentação à demanda doméstica.

-20

-10

0

10

20

30

40

50

Selic Prefixada Índice depreços

Câmbio Outros

Percentual

Dez 2005 Dez 2006 Abr 2007

Gráfico 3.34 – DLSP – Participação percentual dos indexadores

- 60

- 30

0

30

60

90

120

Jan2004

Abr Jul Out Jan2005

Abr Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr

R$ bilhões

Oper. no merc. aberto Exposição em swap

Posição comprada Posição vendida

Gráfico 3.33 – Operações de swap e mercado aberto

Tabela 3.8 – Operações compromissadas – MercadoabertoSaldos e participações

R$ milhõesAté 1 mês Acima de 1 mês Total

Saldo % Saldo % Saldo %

2003 Dez 43 742 78,5 11 975 21,5 55 717 100

2004 Mar 47 718 72,1 18 440 27,9 66 158 100

Jun 46 509 58,8 32 578 41,2 79 088 100

Set 34 839 47,0 39 250 53,0 74 089 100

Dez 7 797 16,5 39 410 83,5 47 207 100

2005 Mar 5 239 11,5 40 506 88,5 45 744 100

Jun 4 099 12,3 29 165 87,7 33 264 100

Set -6 857 -16,4 48 591 116,4 41 734 100

Dez -24 430 -106,9 47 286 206,9 22 856 100

2006 Mar -8 399 -18,3 54 395 118,3 45 996 100

Jun 7 241 10,3 62 821 89,7 70 062 100

Set 19 120 26,6 52 779 73,4 71 899 100

Dez 5 800 9,7 54 231 90,3 60 030 100

2007 Jan 46 943 47,0 52 882 53,0 99 825 100

Fev 41 464 42,2 56 883 57,8 98 347 100

Mar 41 656 39,3 64 281 60,7 105 937 100

Abr 43 143 37,3 72 555 62,7 115 698 100

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 57

A demanda por crédito no segmento das famílias continua impulsionada por contratações nas modalidades com prazos mais dilatados e taxas mais reduzidas, como crédito pessoal e fi nanciamento de veículos, em detrimento do crédito rotativo. Ao mesmo tempo, as contratações por parte das empresas seguem em linha com a expansão do nível da atividade, tanto em operações vinculadas a recursos domésticos quanto naquelas referenciadas em moeda estrangeira.

Adicionalmente, registre-se a crescente utilização, por parte das empresas, de formas de fi nanciamento alternativas ao crédito bancário. As emissões privadas, favorecidas pela redução da remuneração dos títulos públicos e dos custos de captação no mercado de capitais, seguem ampliando o leque de alternativas para os investimentos fi nanceiros e de canalização de recursos para o setor produtivo.

A evolução do cenário fi scal continua favorável, em 2007, com perspectivas consistentes de redução dos juros nominais apropriados, em linha com a trajetória declinante da taxa Selic, e da relação DLSP/PIB.

As metas estabelecidas para o superávit primário continuam sendo cumpridas, mesmo em ambiente de crescimento das despesas públicas, com ênfase para a consolidação do processo de ajuste fi scal dos governos subnacionais. Assinale-se que as metas fiscais são compatíveis com a redução consistente da relação DLSP/PIB, mesmo considerando as deduções do superávit primário relativas aos investimentos prioritários incluídos no PPI.

Tabela 3.9 – Evolução da dívida líquidaFatores condicionantes

Discriminação 2005 2006 2007-Abr

R$ % R$ % R$ %

milhões PIB milhões PIB milhões PIB

Dívida líquida

total – Saldo 1002 485 46,5 1067 363 44,9 1079 527 44,4

Fluxos Acumulados no ano

Var. DLSP 45 488 -0,5 64 879 -1,5 12 163 -0,5

Fatores 45 488 2,1 64 879 2,7 12 163 0,5

NFSP 63 641 2,9 69 883 2,9 405 0,0

Primário -93 505 -4,3 -90 144 -3,8 -50 732 -2,1

Juros 157 146 7,3 160 027 6,7 51 136 2,1

Ajuste cambial -18 202 -0,8 -4 881 -0,2 4 154 0,2

Dív. interna1/ -4 554 -0,2 -2 222 -0,1 - 696 0,0

Dív. externa -13 648 -0,6 -2 659 -0,1 4 850 0,2

Outros2/ -2 258 -0,1 2 302 0,1 7 092 0,3

Reconhecimento

de dívidas 3 262 0,2 - 375 0,0 513 0,0

Privatizações -954 0,0 -2049 -0,1 0 0,0

Efeito crescimento

PIB -2,6 -4,3 -1,0

1/ Dívida mobiliária interna indexada ao dólar.2/ Paridade da cesta de moedas que compõem a dívida externa líquida.

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 59

4Economia internacional

O nível de atividade da economia mundial permaneceu aquecido nos primeiros meses de 2007, com o desempenho menos robusto da economia norte-americana sendo compensado por taxas expressivas de crescimento nas demais regiões. Nos Estados Unidos da América (EUA), a persistente retração do investimento residencial, a seqüência de um ciclo de ajuste no nível de estoques das empresas e a contribuição negativa das exportações líquidas restringiram signifi cativamente o nível da atividade econômica. Por outro lado, os indicadores econômicos relativos às demais regiões mantiveram-se em trajetória favorável, o que motivou revisões positivas das estimativas de crescimento.

Na China, o avanço do PIB exige que o governo adote medidas restritivas destinadas à contenção de desequilíbrios no setor produtivo e no mercado de capitais. Na Área do Euro, a sólida expansão do investimento compensou a moderação dos gastos de consumo, enquanto no Japão, o consumo doméstico e a demanda externa sustentaram o crescimento do produto. Em ambas as regiões, bem como nos EUA, o aquecimento do mercado de trabalho sugere perspectivas de evolução positiva do consumo doméstico no decorrer do segundo semestre.

4.1 Atividade econômica

A economia dos EUA registrou crescimento anualizado de 0,6% no primeiro trimestre de 2007, menor taxa, nessa base de comparação, desde 2002. A desaceleração, observada desde meados de 2006, esteve associada diretamente à redução do nível de atividade no mercado de imóveis residenciais, cujas vendas permanecem contidas. O início de novas construções se mantém deprimido, face ao elevado estoque de unidades acumuladas para venda e, adicionalmente, pela alta recente das taxas de juros hipotecárias. Os gastos com construções não residenciais, por sua vez, mostraram forte aceleração no início do ano, inexistindo, até o momento, evidências de

Gráfico 4.1 – EUA – Gastos com construção

200

300

400

500

600

Abr2001

Out Abr2002

Out Abr2003

Out Abr2004

Out Abr2005

Out Abr2006

Out Abr2007

US$ bilhões1/

Residencial Não residencial

1/ Anualizados. Preços constantes de janeiro/2000.Fonte: Bureau of Census

60 | Relatório de Inflação | Junho 2007

impactos signifi cativos da crise no segmento subprime do mercado hipotecário sobre os gastos de consumo.

A produção industrial norte-americana cresceu 1,6% em doze meses até maio, com recuo no nível de utilização da capacidade instalada. As vendas de veículos em abril e em maio, sensíveis à alta do petróleo, permaneceram abaixo da média do primeiro trimestre. Por outro lado, as encomendas às indústrias apresentaram expansão acelerada a partir de março, o que indica a superação do ciclo de ajuste da formação de estoques, após expressivas contribuições negativas para o PIB nos dois últimos trimestres. A criação de novos empregos, embora em ritmo modesto, favorece a formação de expectativas e tende, portanto, a impulsionar o consumo das famílias. Com a gradual superação dos efeitos negativos das difi culdades do setor imobiliário e a recuperação do setor industrial, as perspectivas para a atividade no segundo trimestre são favoráveis.

No Japão, os sinais de fortalecimento, tanto do consumo como dos indicadores industriais, e a contínua evolução favorável do mercado de trabalho contribuem para a sustentação do crescimento econômico, que alcançou 3,3%, em termos anualizados, no primeiro trimestre, a despeito do desempenho modesto da produção industrial. Ressalte-se que a retração dos níveis de estoque deverá favorecer, nos próximos meses, a retomada da atividade industrial.

O PIB da Área do Euro cresceu 2,4% no primeiro trimestre de 2007, em termos anualizados. Esse resultado refl etiu a expansão acentuada dos investimentos, mais que sufi ciente para compensar o arrefecimento do consumo doméstico, infl uenciado pela elevação, de 16% para 19%, da alíquota do imposto sobre valor agregado incidente sobre mercadorias comercializadas na Alemanha. A economia alemã, impulsionada pelas expansões tanto do investimento em máquinas e equipamentos como da construção, expandiu-se à taxa anualizada de 2,1%, apesar da retração de 5,6% no consumo privado. Os resultados positivos do primeiro trimestre, fortalecidos pelas expectativas para os próximos meses, de aquecimento do consumo privado, tendo em vista a situação favorável do mercado de trabalho, motivaram a revisão da previsão de crescimento do PIB da região em 2007 de 2%, em janeiro, para 2,7%, em junho, conforme a Consensus Forecasts.

O PIB chinês, impulsionado pelas demandas doméstica e externa, aumentou 11,1% nos três primeiros meses de 2007, em relação ao mesmo período do ano anterior. No âmbito doméstico, a evolução acentuada dos

Gráfico 4.2 – EUA e Japão – PIB1/

-2

0

2

4

6

8

I2002

III I2003

III I2004

III I2005

III I2006

III I2007

%

EUA Japão

Fontes: Bureau of Economic Analysis, Economic and Social Research Institute1/ Variações trimestrais anualizadas e dessazonalizadas.

Gráfico 4.3 – Área do Euro – PIB1/

-2-10123456

I2002

III I2003

III I2004

III I2005

III I2006

III I2007

Fonte: Eurostat1/ Variações trimestrais anualizadas e dessazonalizadas.

%

Alemanha França Itália Área do Euro

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 61

investimentos em ativos fi xos reacendeu as preocupações quanto ao aquecimento excessivo do segmento. Em relação ao setor externo, a despeito das medidas anunciadas para conter o crescimento das exportações, o superávit comercial cresceu 84% nos primeiros cinco meses de 2007, em relação a igual período de 2006. Espera-se, para os próximos meses, a retomada de estratégias governamentais para conter um possível fortalecimento excessivo da demanda.

4.2 Política monetária e inflação

Desde o início de 2007, vários bancos centrais, com vistas à contenção de expectativas infl acionárias associadas tanto à elevação nos preços de commodities quanto, exceto nos EUA, à ocorrência de crescimento econômico acima do esperado, têm atuado de maneira mais agressiva, seja no teor de seus comunicados, seja por meio da adoção de políticas monetárias mais restritivas.

Nos EUA, embora a infl ação anual tenha alcançado 2,7% em maio, ante 4,2% no período correspondente de 2006, e o crescimento econômico, ainda refl etindo os ajustes no setor imobiliário, siga em ritmo inferior ao potencial, persistem as preocupações quanto à variação do núcleo da infl ação que, desde meados de 2004, mantém-se acima ou no nível superior da zona de conforto, de 1% a 2%, considerada pelo Federal Reserve (Fed). O posicionamento do Fed quanto à manutenção da meta anual para os fed funds inalterada em 5,25% a.a. considera, ainda, a atual elevação do preço do petróleo e das commodities metálicas, a depreciação do dólar, a elevada utilização da capacidade instalada e a reduzida taxa de desemprego. Essa postura, ao viabilizar taxas de crescimento econômico inferiores à potencial, favorece a trajetória de redução gradual do núcleo infl acionário. Por outro lado, expectativas de fortalecimento da atividade nos EUA, em ambiente de infl ação ainda elevada, dada a zona de conforto das autoridades monetárias, implicam risco de novas elevações de taxas de juros.

Na Área do Euro, a infl ação acumulada em doze meses manteve-se abaixo de 2% em maio, comportamento observado pelo nono mês consecutivo. Não obstante, o Banco Central Europeu (BCE) elevou a taxa básica de juros para 4%, em junho, mantendo o viés de alta. Essa postura contracionista do BCE refl ete seu posicionamento ante a vigorosa expansão do crédito e da moeda, a ampliação das expectativas infl acionárias e o aquecimento do mercado de trabalho, expresso na taxa de desemprego de 7,1% observada em abril, a menor já registrada. Há sinais de certa moderação

Gráfico 4.4 – China – PIB1/

6

7

8

9

10

11

12

I2002

III I2003

III I2004

III I2005

III I2006

III I2007

Fonte: Bloomberg1/ Variações relativas a igual trimestre do ano antecedente.

%

Gráfico 4.6 – Inflação – EUAVariação anual%

-2-101234567

Mai2005

Ago Nov Fev2006

Mai Ago Nov Fev2007

Mai

Fonte: Bureau of Labor StatisticsIPP IPC

Gráfico 4.5 – Taxas de juros oficiaisTaxas anuais

01234567

Jun2005

Set Dez Mar2006

Jun Set Dez Mar2007

Jun

Fontes: Fed , BCE, BoJ, Banco da Inglaterra e Banco do Povo da China

EUA Área do Euro Reino UnidoJapão China

%

62 | Relatório de Inflação | Junho 2007

da expansão monetária na margem, mas o “pilar econômico” da análise do BCE, qual seja, a análise prospectiva da atividade e infl ação, parece continuar apontando na direção da continuidade do ajuste monetário.

No Reino Unido, a infl ação acumulada em doze meses atingiu 2,5% em maio, superando o patamar de 2% pelo décimo quinto mês consecutivo. Nesse cenário, o Monetary Policy Committee (MPC) do Banco da Inglaterra elevou a taxa repo para 5,5% a.a., em maio, maior percentual desde 2001.

A economia japonesa, não obstante a evolução dos preços do petróleo, convive, desde o início do ano, com taxas de infl ação negativas ou tendendo a zero. Esse resultado, expresso pelo desempenho dos índices cheio ou de seus núcleos, decorreu, em parte, do recuo observado nos salários médios, mesmo em um ambiente de taxa de desemprego declinante. Nesse contexto, o Banco do Japão (BoJ) manteve inalterada, em 0,50% a.a., a taxa overnight.

Na China, o superaquecimento da atividade econômica e a exuberância do mercado acionário seguem suscitando preocupações a respeito da evolução da infl ação, que atingiu, em termos anuais, 3,4% em maio, ante 1,4% em maio de 2006. Com o objetivo de reduzir a liquidez interna e impor limites ao crescimento dos empréstimos, o Banco do Povo da China (BPC) tem intensifi cado, desde o início de 2007, o emprego de medidas restritivas, tanto administrativas quanto monetárias, a exemplo da elevação do imposto sobre transações no mercado bursátil e da ampliação das possibilidades de investimento fi nanceiro no exterior, assim como dos aumentos do compulsório, atualmente em 11,5%; da banda de variação diária do renminbi frente ao dólar; e da taxa de juros básica, atualmente em 6,57% a.a.

4.3 Mercados financeiros internacionais

O Índice de Volatilidade Chicago Board Options Exchange (VIX), que mede a volatilidade implícita de curto prazo do Standard and Poor’s 500 (S&P500), e é visto como um termômetro da aversão ao risco por parte dos investidores, oscilou, entre 1º de março e 15 de junho, em patamar superior ao observado no trimestre encerrado em fevereiro. Esse resultado refl etiu o acentuado aumento do índice registrado em 27 de fevereiro, o que evidenciou a desvalorização da Bolsa de Xangai e, em menor escala, as

Gráfico 4.7 – Inflação ao consumidor – Área do EuroVariação anual%

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Mai2005

Ago Nov Fev2006

Mai Ago Nov Fev2007

Mai

Fonte: EurostatIPCH – Núcleo IPCH

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

Mai2005

Ago Nov Fev2006

Mai Ago Nov Fev2007

Mai

Fonte: Bloomberg

Gráfico 4.8 – Inflação ao consumidor – Reino UnidoVariação anual%

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

Abr2005

Jul Out Jan2006

Abr Jul Out Jan2007

Abr

Fonte: Bloomberg

IPC IPC – Núcleo

Gráfico 4.9 – Inflação ao consumidor – JapãoVariação anual%

0

1

2

3

4

5

6

Mai2005

Ago Nov Fev2006

Mai Ago Nov Fev2007

Mai

Fonte: BloombergIPP IPC

Gráfico 4.10 – Inflação – ChinaVariação anual%

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 63

incertezas sobre a intensidade da desaceleração da economia norte-americana. Esse ciclo persistiu durante toda a primeira quinzena de março, com o VIX alcançando o valor máximo do período, 19,63 pontos, em 5 de março. Entre 16 de março e 15 de junho, o VIX variou entre 11,98 e 17,06, com novo pico em 7 de junho. Apesar de a bolsa de Xangai ter registrado dois dias de expressivas baixas – retrações de 6,5% em 30 de maio e de 8,3% em 4 de junho –, dessa vez a desvalorização ocorrida na China não provocou reação em cadeia nas outras bolsas de valores, e a alta do índice VIX refl etiu as expectativas de que as pressões infl acionárias poderiam conduzir os principais bancos centrais a impor novos ciclos de alta nas taxas de juros.

A preocupação relativa à possibilidade de novos apertos monetários nas principais economias teve refl exo sobre os mercados de títulos governamentais dos Estados Unidos, da Alemanha, do Japão e do Reino Unido, com os retornos dos papéis de 10 anos destes países registrando forte elevação entre 28 de fevereiro e 15 de junho, em especial nos meses de maio e junho. O rendimento anual dos títulos de longo prazo dos Estados Unidos atingiu 5,16%, em 15 de junho, ante 4,57% em 28 de fevereiro, tendo alcançado 5,29%, o maior percentual em cinco anos, em 12 de junho. Os retornos dos papéis de longo prazo da Alemanha e do Reino Unido apresentaram tendência semelhante, e cresceram 70 pontos-base (p.b.) e 69 p.b., respectivamente, entre 28 de fevereiro e 15 de junho, para 4,66% a.a. e 5,48% a.a., assinalando-se que essa taxa constituiu-se na maior registrada no Reino Unido nos últimos sete anos. No mesmo período de análise, os rendimentos anuais dos títulos japoneses subiram 31 p.b., para 1,94%.

O Embi+, indicador de risco associado a mercados emergentes, apresentou média de 164 pontos entre 28 de fevereiro e 15 de junho, ante 173 pontos no trimestre encerrado em fevereiro. O indicador registrou, em 22 de maio, novo mínimo histórico, de 149 pontos, patamar repetido em primeiro de junho, e atingiu 154 pontos em 15 de junho. Desde meados de abril, o Embi+ associado ao Brasil, que recuou 27,7% no período em análise e atingiu 141 pontos em 15 de junho, vem situando-se em patamar inferior ao índice médio dos países emergentes. Os indicadores Embi+ da Turquia, África do Sul e México recuaram 23,4%, 6,1% e 29,8%, respectivamente, no mesmo período.

As principais bolsas de valores apresentaram fortes altas entre 28 de fevereiro e 15 de junho, com os índices Dow Jones dos Estados Unidos, Financial Times Securities Exchange Index (FTSE 100) do Reino Unido,

Gráfico 4.11 – VIX

5

10

15

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25

8.122005

8.22006

11.4 12.6 11.8 12.10 13.12 13.22007

16.4 15.6

Fonte: Bloomberg

050

100150200250300350

8.122005

8.22006

11.4 12.6 11.8 12.10 13.12 13.22007

16.4 15.6

p. b.

Embi + Brasil TurquiaÁfrica do Sul México

Fonte: Bloomberg

Gráfico 4.13 – Emerging Markets Bond Index Plus (Embi+)

Gráfico 4.12 – Retorno sobre títulos governamentais1/

1

2

3

4

5

6

Dez 2005

Mar 2006

Jun Set Dez Mar 2007

Jun

% a.a.

EUA AlemanhaJapão Reino Unido

Fonte: Bloomberg1/ Média mensal dos rendimentos nominais dos títulos de 10 anos, até 15 de junho de 2007.

64 | Relatório de Inflação | Junho 2007

Deutscher Aktienindex (DAX) da Alemanha e Nikkei do Japão registrando altas de 11,2%, 9,1%, 19,6% e 2,1%, respectivamente. Entre os países emergentes, o índice Xangai da China, mesmo com importantes perdas em 30 de maio e 4 de junho, refl exo da elevação de imposto sobre operações com ações, aumentou 43,4%, na mesma base de comparação. Os índices Ibovespa do Brasil, Índice de Precios y Cotizaciones (IPC) do México e Istanbul Stock Exchange National 100 Index (XU100) da Turquia avançaram 24,2%, 20,6% e 11%, respectivamente, no período.

Embora a volta do otimismo quanto ao nível de atividade nos Estados Unidos e o aumento das taxas de juros de mercado nesse país tenham favorecido a apreciação do dólar frente às principais moedas, essa tendência não foi, à exceção das cotações frente ao iene, sufi ciente para reverter o processo de depreciação experimentado pelo dólar desde meados de fevereiro, quando expectativas pessimistas quanto à evolução daquela economia passaram a preponderar nas avaliações dos investidores internacionais.

Nesse contexto, em 15 de junho, as cotações do dólar em relação à libra e ao euro aumentaram, igualmente, 1,62% em relação às registradas em 18 de abril, mas situaram-se em 1,5% e em 3,3%, respectivamente, abaixo daquelas observadas em 12 de fevereiro. A apreciação do dólar em relação ao iene iniciou-se no começo de março, quando os investidores internacionais retomaram gradualmente as operações de carrego financiadas no mercado de crédito japonês. Em 15 de junho, a cotação do dólar superou as assinaladas em 7 de março, 6,4%, e em 12 de fevereiro, 1,2%.

A partir do início de março, o dólar voltou a depreciar-se frente às moedas de países emergentes. Esse movimento foi especialmente importante em relação às moedas de países cujas classifi cações de risco pelas agências internacionais de rating foram revistas para cima no período, como Colômbia e Brasil, frente às quais o dólar se depreciou, respectivamente, 14,1% e 9,5%, entre 7 de março e 15 de junho.

Outro acontecimento importante nos mercados cambiais dos países emergentes constituiu-se no aumento, de 0,3% para 0,5%, na banda de fl utuação diária permitida para a cotação do renminbi frente à moeda norte-americana, implementado em 18 de maio. Após dois meses de arrefecimento, a apreciação média do renminbi frente ao dólar atingiu 0,62% em maio, maior variação desde o início do processo de fl exibilização cambial. Em junho, até o dia

Gráfico 4.16 – Cotações do dólar19.9.2003=100

80

90

100

110

17.10 2005

9.1 2006

4.4 28.6 21.9 15.12 12.3 2007

5.6

Fonte: BloombergEuro/dólar Libra/dólar Iene/dólar

23456789

10111213

Gráfico 4.14 – Bolsas de valores – EUA, Europa e Japão 31.12.2003=100

90

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150

180

210

19.12006

24.3 27.5 30.7 2.10 5.12 7.22007

12.4 15.6

Fonte: BloombergDow Jones Reino UnidoJapão Alemanha

23456789

10111213

Gráfico 4.15 – Bolsas de valores – Mercados emergentes31.12.2003=100

50

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150

200

250

300

350

400

19.12006

24.3 27.5 30.7 2.10 5.12 7.22007

12.4 15.6

Fonte: BloombergBrasil Turquia México China

60

70

80

90

100

110

120

17.10 2005

10.1 2006

5.4 29.6 22.9 15.12 12.3 2007

5.6

Rand/dólar Real/dólar Peso/dólar

Gráfico 4.17 – Moedas de países emergentesBrasil, Colômbia e África do Sul19.9.2003=100

Fonte: Bloomberg

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 65

15, a moeda chinesa teve apreciação de 0,42% em relação à cotação média de maio.

4.4 Comércio mundial

A evolução do comércio mundial nos primeiros meses deste ano evidenciou a crescente redução de importância da demanda dos Estados Unidos para a determinação de seu ritmo de crescimento. Esse fenômeno é mais consistente nas economias asiáticas, lideradas pela China, o que evidencia a ampliação de novos mercados, em especial a União Européia; e nos mercados emergentes não-asiáticos, o que traduz a consolidação de parceiros não tradicionais.

As exportações norte-americanas cresceram mais fortemente do que as importações nos últimos oito meses encerrados em abril, favorecidas pelo cenário de aceleração do nível da atividade global e depreciação do dólar. Esse desempenho proporcionou que a relação entre o défi cit em conta-corrente e o PIB dos Estados Unidos recuasse de 6,6%, no primeiro trimestre de 2006, para 5,7%, no período correspondente de 2007.

Em abril, a balança comercial norte-americana registrou déficit de US$58,5 bilhões, 6,2% inferior ao assinalado no mês anterior, situando-se US$9,2 bilhões abaixo do défi cit recorde registrado em agosto de 2006. As exportações cresceram 0,2%, para o nível recorde de US$129,5 bilhões, enquanto as importações recuaram 1,9%, para US$188 bilhões, a despeito de o preço médio do barril de petróleo ter aumentado US$4,28, para US$57,28.

Na Área do Euro, a balança comercial registrou saldo positivo de €1,8 bilhão em abril, ante superávit de €7,6 bilhões no mês anterior e défi cit de €2,7 bilhões em abril de 2006. Considerados dados dessazonalizados, as exportações cresceram 0,6% em abril, em relação ao mês anterior, e as importações, 2,2%.

O superávit da balança comercial japonesa atingiu ¥926,7 bilhões em abril, e apresentou aumento de 51,8% em relação ao mesmo mês de 2006 e retração de 8,2% comparativamente ao mês anterior. O volume das exportações direcionadas aos Estados Unidos vem apresentando tendência declinante, trajetória contrabalançada pelo desempenho das vendas aos países asiáticos.

A corrente de comércio da China segue apresentando desempenho expressivo, totalizando US$165,6 bilhões

0,00%0,10%0,20%0,30%0,40%0,50%0,60%0,70%0,80%

Set2005

Dez2005

Mar2006

Jun2006

Set2006

Dez2006

Mar2007

Jun2007

Variação média mensal

Gráfico 4.18 – Valorização média mensal do renminbi frete ao dólar

Fonte: Bloomberg

-800

-600

-400

Out2002

Abr Out2003

Abr Out2004

Abr Out2005

Abr Out2006

Abr

US$ bilhões

Fonte: Bloomberg

Gráfico 4.19 – EUA – Saldo comercial acumulado em 12 meses

-40-20

020406080

100120

Out2002

Abr Out2003

Abr Out2004

Abr Out2005

Abr Out2006

Abr

US$ bilhões

-40-20020406080100120

Bilhões de euros

Japão Área do EuroFonte: Bloomberg

Gráfico 4.20 – Japão e Área do Euro – Saldo comercial acumulado em 12 meses

66 | Relatório de Inflação | Junho 2007

em maio. O superávit da balança comercial totalizou US$22,5 bilhões, com as exportações, que atingiram US$94 bilhões, elevando-se 28,7% em relação a maio de 2006 e as importações, 19,1%.

4.4.1 Commodities

As cotações das commodities metálicas seguem fortemente impulsionadas pelo desempenho robusto da atividade econômica mundial. Em maio, os preços dos metais registraram altas de 16,8% ante fevereiro e de 40,3% em relação ao preço médio praticado em 2006. Nesta última base de comparação, assinale-se a elevação de 98% no preço do níquel, enquanto na comparação trimestral o preço do cobre aumentou 24%.

Os preços das commodities agrícolas aumentaram 9,5% em maio, em relação a fevereiro, situando-se 23% acima das cotações médias registradas em 2006. Nessa base de comparação, assinalem-se, também, as elevações nas cotações do milho, 45%; soja, 34,8%; e trigo, 26,5%. Por outro lado, o preço do açúcar apresentou recuo de 35,7%.

4.4.1.1 Petróleo

Os preços internacionais no mercado spot do petróleo tipo Brent elevaram-se 18% entre 28 de fevereiro e 15 de junho, e atingiram US$71,60 o barril, comparativamente ao preço médio de US$65,40 praticado em 2006. Essa trajetória, em ambiente de desempenho mais acentuado do que o esperado da economia mundial, traduziu a ocorrência de tensões geopolíticas no Oriente Médio e de problemas de produção na Nigéria – principais riscos inerentes a esse mercado, assim como a atuação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) no sentido de rejeitar o aumento da oferta por parte do cartel.

No mercado futuro, os contratos negociados em 28 de fevereiro cotavam o barril do tipo Brent para entrega em dezembro de 2007 em US$66,26. Em 15 de junho, esses contratos eram transacionados a US$73,08, com alta de 10,3% no período. A Agência Internacional de Energia (AIE) revisou sua estimativa de demanda global de petróleo em 2007 para 86,1 milhões de barris/dia, o que representa crescimento de 1,7 milhão de barris/dia, em relação a 2006.

0

40

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Jan2003

Mai Set Jan2004

Mai Set Jan2005

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Mai

US$ bilhões

Fonte: Bloomberg

Gráfico 4.21 – China – Saldo comercial acumulado em 12 meses

200

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Mai 2004

Ago Nov Fev 2005

Mai Ago Nov Fev 2006

Mai Ago Nov Fev 2007

Mai

Agrícolas Metais

Fonte: Commodity Research Bureau (CRB)

Gráfico 4.22 – Índice CRB de preço de commodities 1995 = 100

Gráfico 4.23 – Petróleo – Mercado à vistaUS$ por barril

455055606570758085

23.122005

10.22006

31.3 19.5 7.7 25.8 13.10 1.12 19.12007

9.3 27.4 15.6

Brent WTI

Fonte: Bloomberg

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 67

4.5 Conclusão

A perspectiva de manutenção do ritmo de crescimento da economia mundial em patamar superior a 4%, conforme registrado nos últimos cinco anos, tem suscitado preocupações em relação tanto à sua sustentabilidade quanto a seus desdobramentos sobre o conjunto de preços da economia. A sustentação do crescimento deverá ser favorecida pela retomada dos investimentos, em especial nos países asiáticos, que vêm constituindo-se nos principais propulsores do atual ciclo econômico.

Relativamente aos preços, as expectativas de infl ação continuam bem ancoradas, o que explicita a gestão efi ciente das políticas monetárias. Assinale-se, entretanto, a persistência dos riscos associados à renovada alta dos preços do petróleo e de outras commodities.

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 69

5Setor externo

A solidez das contas externas permanece, tal como enfatizado nas últimas edições deste “Relatório de Infl ação”, adicionando graus de liberdade à gestão da política econômica. Os saldos da balança comercial, estimulados pela sustentação do dinamismo das exportações, seguem expressivos, e devem alcançar, pelo terceiro ano consecutivo, o patamar de US$40 bilhões, trajetória especialmente relevante tendo em vista o cenário de crescimento das importações consistente com a aceleração do nível da atividade econômica. Nesse contexto, os superávits comerciais elevados coexistem com a ampliação da corrente de comércio do País, aumentando, ainda que em uma base limitada, o grau de abertura da economia brasileira.

Esse desempenho da balança comercial se traduz em seguidos superávits das contas-correntes do País que, neste ano, devem atingir US$10,7 bilhões. Adicionalmente, o fortalecimento dos fundamentos macroeconômicos do País, como a estabilização da infl ação e a aceleração do crescimento, deverá estimular expressivos ingressos sob a forma de investimentos estrangeiros diretos e aplicações em ações e títulos de renda fi xa negociados no País, contribuindo, juntamente com as transações correntes, para a manutenção de elevado superávit global no balanço de pagamentos.

Nesse cenário, permanecem em curso medidas destinadas a melhorar a capacidade de o Brasil resistir a eventuais quadros externos adversos. A acumulação de reservas internacionais cresce a ritmo acentuado, com a aquisição de divisas pelo Banco Central refl etindo os saldos positivos no mercado cambial e obedecendo à política anunciada de não impor tendência nem pisos à fl utuação cambial, assim como não adicionar volatilidade ao mercado. Seguem-se as emissões de bônus soberanos denominados em moeda nacional no mercado internacional, com taxas de juros decrescentes a cada nova emissão, reduzindo a exposição da dívida externa às variações cambiais. Adicionalmente, persiste a política do Tesouro Nacional de recompra da dívida externa, o que favorece o perfi l desse endividamento para os próximos anos.

70 | Relatório de Inflação | Junho 2007

5.1 Movimento de câmbio

O mercado de câmbio gerou ingressos líquidos de US$28,1 bilhões nos quatro primeiros meses do ano, ante US$18,3 bilhões no período correspondente do ano anterior. A contratação de câmbio de exportação – incluída a operação de pagamento antecipado de exportações de companhia mineradora no valor de US$6 bilhões para refi nanciar dívida de curto prazo com aquisição de empresa no exterior – atingiu US$60,6 bilhões, e a de importações, US$30,1 bilhões, registrando crescimentos de 42,8% e 18,2%, respectivamente, considerada a mesma base de comparação. O saldo do segmento comercial alcançou US$30,5 bilhões, com aumento de 79,8% no período.

No segmento fi nanceiro, ocorreram saídas líquidas de US$2,3 bilhões de janeiro a abril de 2007, ante ingressos líquidos de US$1,4 bilhão no mesmo período de 2006, registrando-se aumentos de 48,3% nas compras e de 55,9% nas vendas de moeda estrangeira.

O superávit cambial acumulado nos quatro primeiros meses do ano permitiu que as compras líquidas do Banco Central totalizassem US$32,9 bilhões no quadrimestre, comparativamente a US$34,3 bilhões durante 2006. A diferença entre o saldo do mercado cambial e as aquisições líquidas do Banco Central foi determinada pela ampliação da posição vendida dos bancos, que atingiu US$7,5 bilhões ao fi nal de abril, ante US$2 bilhões ao fi nal de 2006.

5.2 Comércio de bens

A balança comercial foi superavitária em US$3,9 bilhões em maio, maior valor para maio. As exportações atingiram US$13,6 bilhões; as importações, US$9,8 bilhões; e a corrente de comércio, US$23,4 bilhões, todos valores recordes para maio.

Da mesma forma, as exportações médias diárias por fator agregado apresentaram os valores mais elevados para o período em todas as três categorias no mês. O valor exportado de produtos básicos cresceu 49,7% em relação a maio de 2006, seguindo-se os itens semimanufaturados, 46,9%, e os manufaturados, 22,4%.

O maior dinamismo observado nas vendas de produtos básicos refl etiu, principalmente, o desempenho das exportações de farelo de soja, 105%; minério de ferro, 94,8%; carnes de frango, 85,9%; e petróleo, 54,5%.

Tabela 5.1 – Movimento de câmbioUS$ bilhões

Discriminação 2006 2007

Abr Jan- Ano Abr Jan-

abr abr

Operações com clientes no país 0,6 18,3 37,3 10,7 28,1

Comercial 3,3 16,9 57,6 9,8 30,5

Exportação 10,1 42,4 144,4 17,1 60,6

Importação 6,8 25,5 86,8 7,3 30,1 Financeiro1/

-2,7 1,4 -20,3 0,9 -2,3

Compras 11,1 58,8 195,4 24,0 87,2

Vendas 13,8 57,5 215,7 23,1 89,6

Saldo 0,6 18,3 37,3 10,7 28,1

1/ Exclui operações interbancárias e operações externas do Banco Central.

Tabela 5.2 – Balança comercial – FOBUS$ milhões

Período Exportação Importação Saldo Corrente de

comércio

Jan-mai 2007 60 013 43 244 16 769 103 257

Jan-mai 2006 49 466 34 131 15 335 83 596

Var. % 21,3 26,7 9,4 23,5

Fonte: MDIC/Secex

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 71

Destaque-se, adicionalmente, a expressiva ampliação das exportações de milho em grãos, 214%, que, embora ainda representem percentual reduzido das vendas externas totais, apresentam perspectivas favoráveis em função da tendência de ampliação da demanda por biocombustíveis.

A expansão das exportações de semimanufaturados esteve vinculada às elevações nas vendas de óleo de soja, 198%; produtos semimanufaturados de ferro e aço, 79,8%; e ferro fundido, 108%; enquanto o dinamismo das exportações de manufaturados refletiu, em parte, os crescimentos das vendas de suco de laranja, 84,4%; aviões, 62,9%; e laminados planos, 43,4%. Assinale-se, ainda, o aumento de mais de mil por cento nas exportações de gasolina no mês, que atingiram US$270 milhões em maio de 2007.

As exportações acumularam US$60 bilhões nos primeiros cinco meses do ano, com as vendas de manufaturados atingindo US$32,1 bilhões, as de básicos, US$18,4 bilhões, e as de semimanufaturados, US$8,3 bilhões, todos valores recordes para o período.

Nos primeiros cinco meses de 2007, observou-se a retomada do dinamismo das quantidades exportadas, o que superou a contribuição da variação dos preços para o aumento do valor exportado. De acordo com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), os índices de preços e de quantum das exportações brasileiras cresceram 9,4% e 10,9%, respectivamente, de janeiro a maio de 2007, em relação a igual período do ano anterior. Esse comportamento foi diferenciado entre os fatores agregados. O maior dinamismo do quantum exportado ocorreu no segmento de produtos básicos, 22,5%, enquanto as variações relativas a bens manufaturados e semimanufaturados atingiram, na ordem, 6,5% e 7,4%. O crescimento dos preços foi mais expressivo nos itens semimanufaturados, 17,5%, enquanto o aumento dos preços de básicos atingiu 9,2%, e o de manufaturados, 8,3%.

Considerando o valor das exportações por segmentos de produtos, apenas o relativo a elétricos e eletrônicos decresceu nos cinco primeiros meses de 2007, em relação ao mesmo período do ano anterior. No setor têxtil, que tem sido impactado mais diretamente pelos efeitos da concorrência de produtos chineses, observou-se estabilidade no período, enquanto as vendas externas dos seis segmentos mais representativos para o desempenho exportador apresentaram as seguintes taxas de crescimento: carnes, 40,1%; minérios, 39,7%; químicos, 28,7%; metalúrgicos, 26,1%; petróleo e derivados, 17,8%; e materiais de transporte, 3,1%. Assinale-se

Tabela 5.3 – Exportação por fator agregado – FOBMédia diária – Janeiro-maio

US$ milhões

Discriminação 2006 2007 Var. %

Total 480,2 577,0 20,2

Básicos 133,3 176,7 32,5

Industrializados 334,8 388,7 16,1

Semimanufaturados 63,9 80,2 25,5

Manufaturados 270,8 308,4 13,9

Operações especiais 12,1 11,6 - 4,2

Fonte: MDIC/Secex

0

4

8

12

16

20

24

Total Básicos Semimanufatur. Manufaturados

%

Preços QuantumFonte: Funcex

Gráfico 5.2 – Exportações – Índices de preços equantum – Janeiro-maio – 2007/2006

0 6 12 18 24 30 36 42

Carnes

Químicos

Minérios

Petróleo e derivados

Metalúrgicos

Mat. de transporte

Gráfico 5.1 – Exportações por principais setores Janeiro-maio – 2007/20061/ – %

Fonte: MDIC/Secex1/ Variação do valor sobre igual período do ano anterior.

72 | Relatório de Inflação | Junho 2007

que as vendas desses seis setores, acrescidas das relativas à soja, responderam por 62,6% das exportações brasileiras no período.

As importações seguem apresentando o desempenho dinâmico observado em anos anteriores. Esse comportamento, que explicita o momento virtuoso vivenciado pela economia brasileira, traduz-se em compras acumuladas de US$43,2 bilhões nos primeiros cinco meses do ano. Em maio, as importações expandiram-se 34,2% em relação ao mesmo mês de 2006, observando-se crescimento generalizado em todas as categorias de uso. O valor importado de matérias-primas e produtos intermediários, categoria de uso que representa aproximadamente metade das importações do País, aumentou 37,6% no período, destacando-se, dentre os mais representativos, as compras de acessórios para equipamentos de transporte, 36,9%; produtos minerais, 26,9%; e produtos químicos e farmacêuticos, 26%.

As importações de bens de consumo elevaram-se 33,5% em relação a maio de 2006, com aumentos de 31,5% nas compras de bens duráveis, ênfase em automóveis, 59,9%; objetos de adorno e uso pessoal, 22,3%; e máquinas e aparelhos de uso doméstico, 20,9%; e de 35,5% nas referentes a bens de consumo não duráveis, com destaque para as importações de produtos farmacêuticos, 31,6%; produtos alimentícios, 9,4%; e vestuário, 142%.

As compras externas de bens de capital aumentaram 29% em maio, em relação ao mesmo mês de 2006, com expansão generalizada entre os componentes do segmento. Dessa forma, as importações de partes e peças para bens de capital cresceram 89,6% no período, seguindo-se as relativas tanto à maquinaria industrial quanto a máquinas e aparelhos de escritório, 38,3%. A importação de combustíveis e lubrifi cantes cresceu 31,3% no período, com recuo de 3,5% nas compras externas de petróleo.

A análise desagregada das importações no período de janeiro a maio de 2007, em relação ao período correspondente de 2006, revela crescimento generalizado dos principais setores da pauta importadora brasileira. Nesse sentido, considerando os principais setores, que responderam por 60,4% das importações totais do País no período, as compras de produtos químicos orgânicos e inorgânicos elevaram-se 31,2%, seguindo-se as relativas a veículos automóveis e partes, 29,5%; equipamentos mecânicos, 27,1%; instrumentos de ótica, precisão e médicos, 21,3%; e combustíveis e lubrifi cantes, 18,1%. Registre-se, igualmente, a expressiva expansão das importações nos setores de adubos

Tabela 5.4 – Importação por categoria de uso final – FOBMédia diária – Janeiro-maio

US$ milhõesDiscriminação 2006 2007 Var. %

Total 331,4 415,8 25,5

Bens de capital 71,0 87,7 23,4Matérias-primas 164,5 208,6 26,8 Naftas 6,1 7,5 23,5Bens de consumo 41,3 55,7 34,9 Duráveis 20,2 26,3 30,3 Automóveis de passageiros 5,3 8,1 52,1 Não duráveis 21,1 29,4 39,4Combustíveis e lubrificantes 54,5 63,8 17,0 Petróleo 34,8 31,3 - 10,2

Fonte: MDIC/Secex

0 4 8 12 16 20 24 28 32

Plásticos e obras

Instr.ótica/precisão/médico

Veíc. automóveis e partes

Químicosorgân./inorgânicos

Eletroeletrônicos

Combustíveis elubrificantes

Gráfico 5.3 – Importações por principais setores Janeiro-maio – 2007/20061/ – %

Fonte: MDIC/Secex1/ Variação do valor sobre igual período do ano anterior.

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 73

e fertilizantes, 130%; aeronaves e peças, 59,6%; e cereais e produtos de moagem, 58,9%.

De acordo com a Funcex, o crescimento de 26,8% observado no valor das importações brasileiras nos cinco primeiros meses do ano, em relação ao mesmo período do ano anterior, decorreu de variações de 3% nos preços e de 23,1% nas quantidades importadas. Esse cenário favorável de expansão das compras externas associada, fundamentalmente, à variação do quantum, foi observado em todas categorias de uso fi nal. Os bens de consumo não duráveis apresentaram aumento de preços de 11,2% no período, comparativamente a recuos de 0,4% nos bens de consumo duráveis e de 2,2% nos associados a bens de capital. As matérias-primas e produtos intermediários e os combustíveis e lubrifi cantes apresentaram elevação de preços de cerca de 3%. Em relação ao desempenho do quantum importado, assinalem-se os crescimentos de 22,3% nas importações de matérias-primas e produtos intermediários, e de 49,1% nas relativas a bens de consumo duráveis, estimuladas pela apreciação cambial, pelo aumento da renda e pelo crescimento do crédito doméstico. As quantidades importadas de bens de capital, bens de consumo não duráveis e combustíveis e lubrifi cantes cresceram 31,7%, 23,7% e 15%, respectivamente, no período.

O saldo comercial do País foi positivo em relação a todos os principais blocos e regiões, com exceção da Ásia. Consideradas as médias diárias de janeiro a maio de 2006 e de 2007, as exportações destinadas à China cresceram 36%, enquanto as direcionadas à União Européia e à Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) elevaram-se em 32,3% e 14,8%, respectivamente. Os principais mercados de destino das exportações brasileiras nos primeiros cinco meses do ano foram a União Européia, responsável pela absorção de 25,1% do total das vendas externas brasileiras, e a Aladi, 22,3%; enquanto o principal comprador individual foram os EUA, 16,5%. Esses dados indicam que a taxa de câmbio entre o real e o euro não pode ser ignorada em análises da rentabilidade das exportações brasileiras.

Considerada a mesma base de comparação, a análise das importações segundo o mercado de origem revela crescimento de 47,3% nas compras provenientes da China, o que infl uencia o aumento da participação da Ásia, que atingiu 24,9%, mantendo-se como principal região fornecedora de bens para o País. As importações originárias da União Européia e da Aladi responderam por 22,6% e 17,4%, respectivamente, do total das compras externas brasileiras, assinalando-se que, no âmbito da Aladi, as importações procedentes do México e da Argentina expandiram-se em

100

120

140

160

180

200

Ago2003

Dez Abr2004

Ago Dez Abr2005

Ago Dez Abr2006

Ago Dez Abr2007

105

111

117

123

129

135

Importação de matérias-primas Produção industrial

Produção industrialImportação

Gráfico 5.5 – Importação de matérias-primas x produção industrial – Média móvel de 3 mesesÍndices dessazonalizados

1999 = 100

Fonte: Funcex e IBGE

65

85

105

125

145

165

Ago2003

Dez Abr2004

Ago Dez Abr2005

Ago Dez Abr2006

Ago Dez Abr2007

105

111

117

123

129

135

Importação de bens de capital Produção industrial

Produção industrialImportação

Gráfico 5.4 – Importação de bens de capital x produção industrial – Média móvel de 3 mesesÍndices dessazonalizados

1999 = 100

Fonte: Funcex e IBGE

-505

101520253035404550

Total Bens decapital

Bensintermed.

Duráveis Nãoduráveis

Comb. elubrif.

%

Preços QuantumFonte: Funcex

Gráfico 5.6 – Importações – Índices de preços e quantum – Janeiro-maio – 2007/2006

74 | Relatório de Inflação | Junho 2007

50% e 33,9%, respectivamente. As importações provenientes dos EUA, principal fornecedor individual, elevaram-se em 24,8% no período, representando 16,4% do total das importações brasileiras.

5.3 Serviços e renda

O resultado em transações correntes acumulou saldo positivo de US$15,1 bilhões nos doze meses encerrados em abril de 2007, o que equivale a 1,37% do PIB, ante US$13,3 bilhões no período correspondente no ano anterior, 1,42% do PIB. Embora o défi cit na conta de serviços venha se acelerando nessa base de comparação, o desempenho do superávit comercial, combinado com a redução do défi cit na conta de rendas, proporciona a elevação do superávit acumulado em transações correntes.

Nos primeiros quatro meses do ano, as remessas líquidas de serviços somaram US$3,1 bilhões, e as de rendas, US$7,6 bilhões, registrando, na ordem, expansão de 33,1% e redução de 21,3% em relação ao primeiro quadrimestre de 2006. Paralelamente ao aumento do défi cit, ressalte-se a permanência da tendência de elevação dos valores transacionados na rubrica de serviços, tanto nas receitas como nas despesas, o que amplia a corrente de comércio de serviços internacionais.

De janeiro a abril deste ano, as receitas com viagens internacionais atingiram US$1,7 bilhão, e as despesas, US$2,2 bilhões, com crescimentos de 10,4% e de 28,3%, respectivamente, em relação a igual período de 2006. As despesas líquidas totalizaram US$433 milhões no período, ante défi cit de US$119 milhões no mesmo período de 2006.

Na rubrica de rendas, destacou-se o aumento da receita com juros, função da ampliação de ativos brasileiros no exterior, especialmente o crescimento das reservas internacionais. As despesas líquidas com juros acumularam US$3,5 bilhões de janeiro a abril, ante US$4,4 bilhões no período correspondente de 2006. A remuneração das reservas cresceu 116,1%, na mesma base de comparação, atingindo US$1,5 bilhão.

De janeiro a abril deste ano, as remessas líquidas de lucros e dividendos somaram US$4,2 bilhões, ante US$5,2 bilhões no período correspondente de 2006. Em doze meses, essas remessas líquidas acumularam US$15,4 bilhões e permanecem estáveis nesse patamar desde junho do ano passado.

Tabela 5.6 – Transações correntesUS$ bilhões

Discriminação 2006 2007Abr Jan- Ano Abr Jan- Ano1/

abr abr

Transações correntes 0,1 1,7 13,3 1,8 3,5 10,7

Balança comercial 3,1 12,3 46,1 4,2 12,9 40,0

Exportações 9,8 39,2 137,5 12,4 46,4 152,0

Importações 6,7 26,8 91,4 8,2 33,5 112,0

Serviços -0,6 -2,4 -9,7 -0,9 -3,1 -10,4

Transportes -0,2 -0,8 -3,1 -0,3 -1,1 -3,6

Viagens internacionais -0,1 -0,1 -1,4 -0,2 -0,4 -1,8

Computação e inform. -0,2 -0,7 -1,9 -0,2 -0,7 -2,1

Aluguel equipamentos -0,3 -1,4 -4,9 -0,4 -1,7 -5,0

Demais 0,1 0,7 1,7 0,2 0,9 2,1

Rendas -2,7 -9,6 -27,5 -1,8 -7,6 -23,4

Juros -1,1 -4,4 -11,3 -0,7 -3,5 -7,9

Lucros e dividendos -1,6 -5,2 -16,4 -1,1 -4,2 -15,7

Salários e ordenados 0,0 0,1 0,2 0,0 0,2 0,2

Transferências correntes 0,3 1,3 4,3 0,3 1,3 4,5

1/ Projeção.

Tabela 5.5 – Exportação e importação por áreageográfica – FOBMédia diária – Janeiro-maio

US$ milhões

Discri- Exportação Importação Saldo

minação 2006 2007 Var. 2006 2007 Var. 2006 2007

% %

Total 480 577 20,2 331 416 25,5 149 161

Aladi 112 128 14,8 56 72 29,0 56 56

Mercosul 50 59 18,9 31 41 33,3 19 18

Argentina 42 49 16,9 28 37 33,9 14 12

Demais 8 10 30,0 3 4 27,5 4 6

México 17 16 - 8,4 4 7 50,0 13 9

Demais 45 53 19,2 21 24 18,2 24 29

EUA1/ 90 95 5,8 55 68 24,8 35 27

UE 109 145 32,3 75 94 24,9 34 51

Europa Or. 12 15 25,6 4 8 128,1 8 7

Ásia 71 89 26,0 85 104 22,0 - 14 - 14

Japão 14 16 12,9 15 17 9,0 - 1 0

Coréia (Sul) 7 8 1,6 13 12 - 4,4 - 5 - 5

China 27 37 36,0 28 41 47,3 - 1 - 4

Outros 22 29 30,4 29 34 16,2 - 7 - 5

Demais 86 104 21,0 57 69 21,9 29 35

Fonte: MDIC/Secex1/ Inclui Porto Rico.

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 75

As transferências unilaterais líquidas somaram US$1,3 bilhão no primeiro quadrimestre do ano, mantendo-se no patamar observado no mesmo período do ano anterior. Nos últimos doze meses encerrados em abril, no entanto, esses ingressos líquidos apresentaram crescimento de 15,9%.

5.4 Conta financeira

A conta fi nanceira do balanço de pagamentos foi superavitária em US$8,9 bilhões em abril e acumulou saldo de US$30,8 bilhões no ano. Os Investimentos Brasileiros Diretos (IBD) no exterior apresentaram retornos líquidos de US$2,8 bilhão no ano, até abril. O IBD participação no capital continua apresentando constituição de haveres no exterior, US$3,5 bilhões no período analisado, enquanto os empréstimos intercompanhias apresentaram amortizações líquidas de US$6,2 bilhões.

Os ingressos líquidos de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) somaram US$10 bilhões nos primeiros quatro meses do ano, ante US$4,7 bilhões no período correspondente do ano anterior. A trajetória de expansão dos IED ocorre, também, se considerados valores acumulados em doze meses, o que totaliza US$24,1 bilhões em abril, maior valor da série desde outubro de 2001, consolidando o nono mês de expansão nessa base de comparação. Os ingressos líquidos em participação no capital atingiram US$8,3 bilhões no ano, até abril, e os empréstimos intercompanhias, US$1,8 bilhão.

Os investimentos em portfólio no País, ações e títulos de renda fi xa foram superavitários em US$5,7 bilhões em abril, e totalizaram ingressos líquidos de US$10,7 bilhões no ano. Os ingressos líquidos em bolsas de valores atingiram US$2,7 bilhões no mês e US$5,3 bilhões no ano. As receitas líquidas em títulos de renda fi xa negociados no País se aceleraram ao longo do ano, e atingiram, apenas em abril, US$3,1 bilhões, ante US$3,5 bilhões no primeiro trimestre do ano.

Em relação aos investimentos estrangeiros negociados no exterior, as principais rubricas apresentaram superávits tanto em abril quanto no acumulado do ano, à exceção dos bônus, impactados pelo programa de recompras do Tesouro Nacional. Em abril, os bônus de médio e longo prazos apresentaram saídas líquidas de US$1,2 bilhão, resultado de desembolso de US$525 milhões decorrente da reabertura do Global 17, e de amortizações de US$1,8 bilhão, dos quais US$957,7 milhões referentes ao valor de face dos títulos recomprados e US$283,9 milhões associados ao

Tabela 5.7 – Conta financeiraUS$ bilhões

Discriminação 2006 2007Abr Jan- Ano Abr Jan- Ano1/

abr abr

Conta financeira -3,9 0,2 15,5 8,9 30,8 28,0

Investimentos Diretos 0,4 1,3 -9,4 4,3 12,8 15,0

Brasileiros no exterior -0,3 -3,5 -28,2 0,8 2,8 -10,0

Estrangeiros no País 0,8 4,7 18,8 3,5 10,0 25,0

Participação 0,7 3,3 15,4 2,6 8,3 25,0

Intercompanhias 0,1 1,4 3,4 0,9 1,8 0,0

Investimentos em carteira -5,5 1,2 9,6 5,3 14,7 19,8

Ativos -0,2 0,2 0,5 -0,2 0,2 -1,2

Passivos -5,3 1,0 9,1 5,5 14,5 21,0

Derivativos 0,1 0,2 0,4 0,1 0,1 0,0

Outros investimentos 1,0 -2,5 14,9 -0,9 3,2 -6,8

Ativos 1,2 -4,8 -8,9 -3,2 -7,0 -15,9

Passivos -0,2 2,3 23,8 2,3 10,2 9,1

1/ Projeção.

Tabela 5.8 – Fontes de financiamento do BPItens selecionados

US$ bilhões

Discriminação 2006 2007Abr Jan- Ano Abr Jan- Ano1/

abr abr

Capitais de médio e

longo prazos 0,5 5,4 33,5 2,3 6,1 23,5

Bônus públicos 0,0 1,4 4,8 0,5 2,1 2,9

Títulos privados 0,2 3,3 10,3 1,5 3,3 15,4

Empréstimos diretos 0,3 0,7 18,4 0,2 0,7 5,2

Empréstimos decurto prazo (líq)2/ -0,5 -0,8 -0,5 0,4 -0,8 8,5

Tít. de curto prazo (liq.) 0,0 -0,6 0,1 0,4 -0,6 2,0

Taxas de rolagem para o setor privado3/(%)

Total: 128% 326% 206% 56% 60% 100%

Títulos privados 86% 397% 206% 161% 226% 188%

Emprést. diretos 175% 165% 205% 11% 16% 42%

1/ Projeção.2/ Inclui empréstimos diretos e linhas de comércio repassadas por bancos.3/ Equivale à razão entre desembolsos e amortizações de médio e longo prazos, exclusive as amortizações decorrentes de conversão de dívida em investimento direto.

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ágio dessas operações. No ano, as saídas líquidas de bônus totalizaram US$2,8 bilhões.

Em relação aos títulos privados de médio e longo prazos, os ingressos líquidos atingiram US$564 milhões em abril e US$2,8 bilhões no quadrimestre, enquanto os desembolsos líquidos dos títulos de curto prazo somaram US$2,5 bilhões de janeiro a abril de 2007.

Os outros investimentos brasileiros apresentaram constituições de haveres no exterior no valor de US$3,2 bilhões, em abril, e acumularam US$7 bilhões no primeiro quadrimestre do ano.

Os outros investimentos estrangeiros foram superavitários em US$2,3 bilhões em abril, acumulando saldo de US$10,2 bilhões no ano. Desagregando esse resultado, o crédito comercial de curto prazo respondeu integralmente pelo superávit do mês, acumulando ingressos líquidos de US$4,2 bilhões, enquanto os empréstimos diretos foram defi citários em US$2,1 bilhões. Os empréstimos de curto prazo apresentaram desembolsos líquidos de US$360 milhões. No primeiro quadrimestre do ano, o crédito comercial de curto prazo, evidenciando o dinamismo das contratações de câmbio de exportações, acumulou saldo positivo de US$10,1 bilhões. Os empréstimos diretos permaneceram apresentando comportamento distinto, de acordo com o prazo das operações. No médio e longo prazos, ocorreram saídas líquidas de US$7,9 bilhões, incluindo a amortização de US$8,3 bilhões referente ao empréstimo-ponte contratado por empresa brasileira de mineração para fi nanciar investimento direto no exterior. No curto prazo, os ingressos líquidos registrados de janeiro a abril somaram US$7,8 bilhões.

As rese rvas in te rnac iona i s to ta l i za ram US$121,8 bilhões ao final de abril, acréscimo de US$36 bilhões no primeiro quadrimestre de 2007. As compras do Banco Central no mercado à vista de câmbio atingiram US$32,9 bilhões, enquanto, dentre as operações externas, sobressaíram os desembolsos de US$2,1 bilhões em bônus da República e as amortizações de US$4,2 bilhões, sendo US$69 milhões relativos a Multi-Year Deposit Facility Agreement (MYDFA – Acordo Plurianual de Facilidade de Depósito) e US$4,1 bilhões derivados de bônus soberanos, incluindo-se, neste último, US$2,4 bilhões referentes às operações de recompra de títulos da dívida externa, por parte do Tesouro Nacional. A despesa líquida de juros de US$688 milhões resultou de pagamentos de US$2,2 bilhões relativos a juros de bônus e de receita de US$1,5 bilhão com

Tabela 5.9 – Demonstrativo de reservasUS$ bilhões

Discriminação 2006 2007Jan-abr Ano Jan-abr Ano1/

Posição de reservas no período anterior 53,8 53,8 85,8 85,8Compras líquidas do Bacen 10,1 34,3 32,9 32,9Serviço da dívida (líquido) -16,7 -22,8 -4,9 -6,5 Juros -2,2 -2,8 -0,7 -0,2 Receita 0,7 2,8 1,5 4,5 Despesa -2,9 -5,6 -2,2 -4,7 Amortização -14,6 -20,0 -4,2 -6,3Desembolsos 1,9 6,6 2,1 3,5 Organismos multilaterais - 1,2 - 0,6 Bônus da República 1,9 5,5 2,1 2,9

Demais2/ 0,3 1,5 -0,5 -0,5Compras do Tesouro Nacional 7,2 12,3 6,3 10,9Variação de haveres 2,8 32,0 36,0 40,3Posição de reservas brutas 56,6 85,8 121,8 126,1

1/ Projeção.2/ Compreende pagamentos/recebimentos do Convênio de Créditos Recíprocos (CCR), flutuação nos preços dos papéis, variação na paridade das moedas e preço do ouro, ágio/deságio, pagamento de comissões e liberação de garantias colaterais.

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a remuneração das reservas. As liquidações de compras do Tesouro Nacional somaram US$6,3 bilhões, enquanto as demais operações perfi zeram despesa de US$460 milhões.

Ao final de 2007, estima-se que o estoque de reservas internacionais atinja US$126,1 bilhões, com expansão de US$40,3 bilhões em relação ao fi nal de 2006. Incluindo-se o ocorrido nos quatro primeiros meses, estão previstos pagamentos de US$6,5 bilhões com o serviço da dívida externa, desembolsos de organismos internacionais de US$600 milhões e desembolsos de bônus soberanos de US$2,9 bilhões. Estimam-se, ainda, liquidações de compras de US$32,9 bilhões do Banco Central, já integralmente ocorridas, e de US$10,9 bilhões do Tesouro Nacional no mercado doméstico de câmbio.

5.5 Indicadores de sustentabilidade externa

Os indicadores de sustentabilidade externa mantiveram, de maneira geral, trajetória favorável, quando comparados às estimativas da dívida externa relativas a abril de 2007 e a dezembro do ano anterior, evidenciando o desempenho benigno das exportações, do PIB e das reservas internacionais, que contrabalançou, com folga, os efeitos associados aos aumentos da dívida externa total no período.

A dívida total cresceu US$10,3 bilhões no período, exclusivamente por conta do aumento do endividamento de curto prazo, enquanto a dívida total líquida recuou US$26 bilhões. Tendo em vista a elevação de US$34,5 bilhões registrada no PIB em dólares, a relação entre a dívida total e o PIB passou de 16,2%, em dezembro, para 16,6%, em abril, enquanto a proporção entre a dívida total líquida e o PIB recuou de 7% para 4,4%, situando-se no menor patamar de toda a série, iniciada em 1970.

O coefi ciente entre a dívida total e as exportações manteve-se em 1,3, em abril, enquanto a relação entre a dívida total líquida e as exportações, ao decrescer de 0,5 para 0,3, atingiu o menor patamar desde o início da série, em 1970.

Ainda no mesmo período, o percentual da dívida externa total afiançado pelas reservas internacionais elevou-se de 49,7% para 66,6%, o percentual mais elevado já registrado, o que evidencia o crescimento de US$36 bilhões nas reservas internacionais, no quadrimestre.

Tabela 5.10 – Indicadores de sustentabilidade externa

US$ bilhões

Discriminação 2005 2006 2007

Set Dez Jun Set Dez Abr1/

Exportações de bens 112,9 118,3 125,5 132,3 137,5 144,6Exportações de bense serviços 128,0 134,4 143,2 151,0 156,9 162,4Serviço da dívida 52,8 66,0 76,8 67,7 56,9 56,5Dívida externa total 183,2 169,5 156,7 159,6 172,6 182,8Dívida externa total líquida 110,0 101,1 79,4 70,8 74,8 48,8Reservas internacionais 57,0 53,8 62,7 73,4 85,8 121,8PIB 827 883 969 1017 1067 1102

IndicadoresDívida total/PIB (%) 22,2 19,2 16,2 15,7 16,2 16,6Dívida total líquida/PIB (%) 13,3 11,5 8,2 7,0 7,0 4,4Dívida total/exportações 1,6 1,4 1,2 1,2 1,3 1,3Dívida total/exportaçãode bens e serviços 1,4 1,3 1,1 1,1 1,1 1,1Dív. total líquida/exportação 1,0 0,9 0,6 0,5 0,5 0,3Dív. total líquida/exportaçãode bens e serviços 0,9 0,8 0,6 0,5 0,5 0,3Serviço dívida/exportação (%) 46,7 55,8 61,2 51,1 41,4 39,0Serviço dívida/exportaçãode bens e serviços (%) 41,3 49,2 53,6 44,8 36,2 34,8Reservas/dívida total (%) 31,1 31,7 40,0 46,0 49,7 66,6

1/ Dados estimados.

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5.6 Conclusão

O superávit acumulado pelo balanço de pagamentos nos primeiros meses do ano já é sufi ciente para fi nanciar as contas externas em 2007. Esse resultado foi propiciado, internamente, pela adoção de políticas macroeconômicas consistentes e críveis e, externamente, pelo ambiente internacional favorável, com liquidez ainda abundante e signifi cativo crescimento da demanda. Como decorrência do fortalecimento das contas externas, o governo tem implementado política de ampliação das reservas internacionais em conjunto com medidas para a redução do endividamento externo, a exemplo de recompras e emissões qualitativas no mercado internacional, inclusive com bônus denominados em reais. Dessa forma, os níveis de risco atribuído aos títulos brasileiros têm registrado mínimos históricos, criando-se as condições adequadas tanto para a obtenção do grau de investimento quanto para a consolidação de perspectivas favoráveis para o cenário macroeconômico no médio prazo.

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Este boxe apresenta as projeções para o balanço de pagamentos em 2007. As atualizações em relação às previsões divulgadas no “Relatório de Inflação” do trimestre anterior resultam da trajetória observada das principais rubricas, das compras líquidas de divisas em mercado pelo Banco Central e dos resultados do programa de recompras de papéis externos pelo Tesouro Nacional, ambos considerando apenas os dados ocorridos até abril. Assim, as principais modifi cações encontram-se nas exportações, nos investimentos diretos, nas aplicações estrangeiras em portfólio, nos ingressos de capitais de curto prazo, nos depósitos de bancos no exterior e na variação de haveres de reservas.

Projeta-se que as transações correntes devam apresentar superávit de US$10,7 bilhões em 2007. O aumento de US$3 bilhões em relação à previsão anterior refl ete, exclusivamente, a revisão da projeção para as exportações brasileiras no ano, proporcionando, mesmo em um ambiente de retomada do nível da atividade e de conseqüente elevação das importações, a obtenção, pelo terceiro ano consecutivo, de expressivo superávit comercial, passando de US$44,7 bilhões, em 2005, para US$46,1 bilhões, em 2006, e US$40 bilhões, em 2007.

No ano, até maio, as exportações acumularam US$60 bilhões, o que equivale à média diária de US$577 milhões. Considerando o valor exportado por dia útil, as vendas externas ampliaram-se 20,2% em relação ao mesmo período de 2006. Com base nesses dados, e mesmo projetando desaceleração dessa trajetória de crescimento até o fi nal do ano, as exportações em 2007 foram revisadas para US$152 bilhões, US$3 bilhões acima da previsão constante do “Relatório de Infl ação” anterior. A

Projeções do Balanço de Pagamentos

Tabela 1 – Usos e fontes de recursosUS$ bilhões

Discriminação 2006 2007Abr Jan- Ano Abr Jan- Ano1/

abr abr

Usos -8,2 -17,5 -30,8 -3,8 -15,4 -23,7

Transações correntes 0,1 1,7 13,3 1,8 3,5 10,7

Amortizações de MLP2/ -8,3 -19,2 -44,1 -5,7 -18,9 -34,3

Papéis -7,1 -14,4 -25,6 -2,7 -7,7 -15,6

Pagas -7,1 -14,3 -24,2 -2,7 -7,5 -15,4

Refinanciadas 0,0 0,0 -0,7 0,0 0,0 0,0

Conversões em IED 0,0 -0,1 -0,7 0,0 -0,2 -0,2

Créd. de fornecedores -0,1 -0,5 -1,7 -0,2 -0,5 -1,9

Empréstimos diretos3/ -1,0 -4,3 -16,9 -2,8 -10,7 -16,8

Fontes 8,1 17,4 30,6 3,8 15,4 23,7

Conta capital 0,1 0,3 0,9 0,1 0,3 1,0

Inv. estrangeiros diretos 0,8 4,7 18,8 3,5 10,0 25,0

Papéis domésticos4/ 1,2 6,9 14,7 4,7 9,5 15,0

Desembolsos de MLP5/ 1,0 10,6 43,7 2,8 10,7 31,1

Papéis 0,2 6,2 15,8 2,0 7,7 18,3

Créd. de fornecedores 0,0 0,3 0,8 0,1 0,2 1,2

Empréstimos6/ 0,7 4,1 27,1 0,7 2,7 11,7

Ativ. brasil. no exterior 0,7 -7,8 -36,1 -2,5 -3,9 -27,1

Demais7/ 0,6 4,8 19,4 7,3 24,1 18,3

Ativos de reservas 3,8 -2,0 -30,6 -12,0 -35,3 -39,6

1/ Projeção.2/ Registra amortizações de crédito de fornecedores de médio e longo prazos, empréstimos de médio e longo prazos e papéis de médio e longo prazos colocados no exterior deduzidos de refinanciamentos e descontos. Exclui amortizações de empréstimos do FMI e intercompanhias.3/ Registra amortizações de empréstimos concedidos por bancos estrangeiros, compradores, agências e organismos.4/ Inclui investimentos estrangeiros em ações e em títulos de dívida negociados no mercado doméstico.5/ Exclui desembolsos de empréstimos intercompanhias.6/ Inclui organismos, agências e créditos de compradores.7/ Registra valores líquidos de refinanciamentos de bônus, papéis de curto prazo, crédito comercial de curto prazo, derivativos financeiros, depósitos de não-residentes, outros passivos e erros e omissões.

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trajetória das importações deve permanecer, pelo segundo ano consecutivo, mais dinâmica que a das vendas externas. No acumulado do ano, até maio, as importações atingiram US$43,2 bilhões, com média diária de US$415,8 milhões, 25,5% superior à do período equivalente de 2006. Esse desempenho permanece consistente com a variação de 22,6% no ano, implícita na projeção de US$112 bilhões para as compras externas em 2007.

As projeções relativas às demais rubricas das transações correntes não foram alteradas, estimando-se défi cit na conta de serviços da ordem de US$10,4 bilhões, com saídas líquidas de US$5 bilhões em aluguel de equipamentos, de US$3,6 bilhões em transportes, e de US$2,1 bilhões em computação e informações.

A conta de rendas, cujo déficit previsto atinge US$23,4 bilhões, considera saídas líquidas de US$7,9 bilhões em juros e de US$15,7 bilhões em lucros e dividendos, registrando-se, nos dois casos, fundamentalmente em função do aumento dos créditos, redução na projeção dos défi cits na comparação com o ano anterior. As receitas de juros devem atingir US$6,5 bilhões em 2007, com crescimento de 27,7% em relação a 2006, principalmente pela remuneração das aplicações das reservas internacionais. As receitas com lucros e dividendos devem alcançar US$1,5 bilhão no ano, ante US$949 milhões no ano anterior, em função do expressivo aumento de ativos brasileiros no exterior.

As receitas líquidas com transferências unilaterais correntes deverão situar-se em US$4,5 bilhões neste ano.

A conta financeira deverá apresentar ingressos líquidos de US$28 bilhões em 2007, comparativamente a US$10,5 bilhões previstos no “Relatório de Infl ação” de março. Esse aumento deve-se, em sua maior parte, às variações de US$5 bilhões nos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED); US$6,5 bilhões nos investimentos estrangeiros em carteira; e de US$14,8 bilhões nos outros investimentos estrangeiros. Em sentido contrário, foi ampliada a perspectiva de constituição de novos Investimentos Diretos Brasileiros (IDB) no exterior, para US$10 bilhões no ano.

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Os ingressos líquidos de investimentos estrangeiros diretos previstos para 2007 foram elevados de US$20 bilhões para US$25 bilhões. De janeiro a abril deste ano, esses fl uxos atingiram US$10 bilhões, largamente superiores aos US$4,7 bilhões registrados no período equivalente do ano anterior. Além desse acréscimo nos dados ocorridos, as perspectivas de novos investimentos, em diversos setores como siderurgia, sucroalcoleiro, imobiliário, entre outros, mostram-se amplamente favoráveis, justificando o acréscimo nesses investimentos projetados para este ano.

Em relação aos investimentos estrangeiros em carteira, ressalte-se a revisão na projeção dos fl uxos de médio e longo prazos negociados no País, títulos de renda fi xa e ações, de US$12 bilhões para US$15 bilhões. Adicionalmente, foram incorporadas as emissões recentes de bônus soberanos, com seus desembolsos projetados passando de US$1,6 bilhão para US$2,9 bilhões, já inteiramente ocorridos até junho. Para os papéis de curto prazo, foi alterada a premissa de taxa de rolagem integral no ano, passando a rubrica a registrar projeção de ingressos líquidos de US$2 bilhões.

Da mesma forma que nos títulos de curto prazo, a modificação da projeção dos outros investimentos estrangeiros deveu-se, em parte, ao desempenho observado dos empréstimos diretos estrangeiros de curto prazo. De projeção de rolagem integral desse passivo no ano, assumiram-se ingressos líquidos de US$8,5 bilhões. Adicionalmente, foram revisados os ingressos de divisas na rubrica de créditos comerciais de curto prazo, para US$6 bilhões.

A taxa de rolagem do endividamento externo privado de médio e longo prazos prevista para este ano permaneceu estável em 100%.

Como resultado dessa nova projeção, os fl uxos privados do balanço de pagamentos elevarão os haveres do setor financeiro no exterior em US$11,9 bilhões, valor superior ao projetado no “Relatório de Infl ação” de março, US$8,4 bilhões.

Finalmente, o desempenho favorável do balanço de pagamentos deverá permitir um resultado global superavitário em US$39,6 bilhões, refl etido no

Tabela 2 – Balanço de pagamentos – MercadoUS$ bilhões

Discriminação 2006 2007Abr Jan- Ano Abr Jan- Ano1/

abr abr

Transações correntes -0,1 1,2 10,6 1,3 2,0 6,3

Capitais (líquido) 0,7 11,1 21,9 9,7 31,1 38,5

Investimento Estrangeiro

Direto 0,8 4,7 18,8 3,5 10,0 25,0

Em carteira 1,2 6,9 14,7 4,7 9,5 15,0

Empréstimos de médio

e longo prazos -1,0 -0,2 6,9 -3,4 -10,2 -6,3

Crédito comercial de curto,

médio e longo prazos -0,4 1,9 6,9 4,6 17,9 14,2

Bancos -0,6 -2,6 -3,5 0,5 8,0 9,0

Demais 0,1 4,5 10,4 4,0 9,9 5,2

Investimentos brasileiros

no exterior -0,9 -5,7 -32,3 -2,5 -3,8 -15,2

Demais 1,0 3,4 6,9 2,9 7,6 5,8

Hiato financeiro 0,6 12,3 32,5 11,0 33,1 44,8

Compras líquidas

do Banco Central -2,2 -10,1 -34,3 -11,0 -32,9 -32,9

Depósitos de bancos 1,6 -2,2 1,9 0,0 -0,2 -11,9

1/ Projeção.

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crescimento das reservas internacionais. Ressalte-se que essa projeção toma como pressuposto apenas os dados ocorridos até abril das compras líquidas de divisas pelo Banco Central em mercado, mantendo, por defi nição, valor nulo para os meses projetados.

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6Perspectivas para a inflação

Este capítulo do “Relatório de Infl ação” apresenta a avaliação feita pelo Comitê de Política Monetária (Copom) sobre o comportamento da economia brasileira e do cenário internacional desde a divulgação do último Relatório, em março de 2007, assim como a análise das perspectivas para a infl ação até o fi m de 2008 e para o crescimento do PIB até o fi m de 2007. As projeções para a infl ação são apresentadas em dois cenários principais. O primeiro, denominado cenário de referência, supõe que a taxa Selic será mantida inalterada durante o horizonte de previsão, em 12% a.a., valor decidido pelo Copom em sua última reunião, em 5 e 6 de junho, e que a taxa de câmbio permanecerá em valor próximo ao vigente nos dias que antecederam a reunião (R$1,95 por dólar norte-americano). O segundo cenário, denominado cenário de mercado, utiliza as trajetórias para a taxa básica de juros e para a taxa de câmbio que constam da pesquisa realizada pela Gerin do Banco Central do Brasil com analistas do setor privado nas últimas semanas. É importante ressaltar que esses cenários servem apenas para balizar as decisões de política monetária, e suas hipóteses não devem ser vistas como previsões do Copom sobre o comportamento futuro das taxas de juros e de câmbio.

As previsões de infl ação e de crescimento do PIB divulgadas neste Relatório não são pontuais. Elas explicitam intervalos de probabilidade que ressaltam o grau de incerteza presente no momento em que a decisão sobre a taxa básica de juros foi tomada. As previsões de infl ação dependem não apenas das hipóteses sobre as taxas de juros e de câmbio, mas também de um conjunto de hipóteses sobre o comportamento de variáveis exógenas. O conjunto de hipóteses considerado mais provável pelo Copom é utilizado para construir os cenários a que o Comitê atribui maior peso na tomada de decisão sobre a taxa de juros. Ao expô-las, o Copom procura dar maior transparência às decisões de política monetária e contribuir para sua efi cácia no controle da infl ação, que é seu objetivo precípuo.

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6.1 Determinantes da inflação

O PIB a preços de mercado, segundo dados dessazonalizados do IBGE, já sob a nova metodologia de Contas Nacionais, cresceu 0,8% no primeiro trimestre de 2007 frente ao quarto trimestre de 2006 (cuja expansão foi revista de 0,9% para 1,1%), e 4,3% na comparação com igual trimestre do ano anterior. Após as revisões das estimativas preliminares das taxas de crescimento trimestral, os dados do IBGE indicam uma expansão do PIB de 3,7% em 2006, 0,8 p.p. acima do desempenho observado em 2005. Com o resultado do desempenho no primeiro trimestre de 2007, pela primeira vez, desde o quarto trimestre de 1986, a economia brasileira cresce consecutivamente por 21 trimestres, tomado o mesmo período do ano anterior como base de comparação. Além disso, depois de oscilarem na primeira metade de 2006, as taxas de crescimento do PIB passaram a mostrar crescimento mais consistente nos últimos três trimestres, o que sinaliza a consolidação do ciclo de expansão. O Comitê ratifi ca o cenário constante dos últimos Relatórios de Infl ação, segundo o qual o ritmo de crescimento da economia brasileira deverá se acelerar em 2007. De fato, a estabilidade de preços, o fortalecimento do mercado de trabalho, o crescimento da renda real, o aumento das intenções de investimento, a ampliação do crédito, a menor vulnerabilidade externa, a redução da incerteza macroeconômica e a continuidade do processo de fl exibilização da política monetária devem ser sufi cientes para possibilitar a aceleração do ritmo de crescimento da economia brasileira nos próximos trimestres. A esses fatores de estímulo se somarão, ao longo do ano, os efeitos do PAC, notadamente sobre o investimento.

Após terminar 2006 em 3,14%, a infl ação medida pelo IPCA recuou para 2,96% nos doze meses fi ndos em março de 2007, e depois se acelerou para 3,18% em maio, nessa base de comparação, continuando abaixo do centro da meta (4,5%), mas dentro do intervalo de tolerância estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Ao se situar nesse patamar, a infl ação recuou 1,05 p.p. em relação ao nível verifi cado no período de doze meses até maio de 2006. Dessa forma, continua se materializando o cenário benigno para a infl ação ao consumidor, repetidamente antecipado em Relatórios anteriores e em Notas das reuniões do Copom. Esse cenário, que provavelmente terá continuidade ao longo dos próximos trimestres, refl ete, em grande parte, os efeitos intertemporais sobre a infl ação da política monetária adotada ao longo dos últimos anos. A estabilidade de preços, ao possibilitar que os agentes econômicos tomem decisões sob condições de menor incerteza macroeconômica, permite

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que o alcance dessas decisões se estenda para horizontes de tempo mais longos, pois propicia uma progressiva redução dos prêmios de risco. O Copom avalia que a melhoria do ambiente macroeconômico é a principal contribuição que a política monetária pode oferecer para o desenvolvimento sustentável da economia.

A inflação acumulada em doze meses, medida pela variação do IGP-DI, registrou aceleração de 3,79% em dezembro de 2006 para 4,38% em maio de 2007 (ante defl ação de 0,14% em maio de 2006) e continua a se posicionar em patamares superiores aos da infl ação ao consumidor. Em relação a maio de 2006, a infl ação de doze meses mostrou elevação de 4,52 p.p. Haja vista que, no acumulado de doze meses até maio, o IPC-Br variou 3,12%, a elevação do IGP-DI nessa base de comparação foi, em sua maior parte, motivada pelos movimentos do IPA-DI e do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), respectivamente com variações de 4,76% e de 5,18%. Em particular, a aceleração do IPA-DI se deveu essencialmente ao comportamento dos preços agropecuários, que se elevaram 9,13%, ao passo que os preços dos produtos industriais aumentaram 3,46%. A elevação dos preços agropecuários refl ete, em parte, a infl uência de tendências altistas nos mercados internacionais de commodities como soja, arroz e bovinos. Por seu turno, preços industriais no atacado têm refl etido, a despeito do fortalecimento do real, a alta de algumas commodities metálicas e do preço dos fertilizantes. Em suma, além do impacto de oscilações na oferta doméstica de produtos agropecuários, os preços no atacado têm sofrido os efeitos contraditórios de elevações de preços internacionais de matérias-primas, pressionando os índices, e do fortalecimento do real, mitigando tais pressões. Até o momento, o efeito líquido tem sido de aceleração da infl ação no atacado frente ao que se observou em igual período de 2006.

No que se refere ao cenário externo, as evidências acumuladas nos últimos meses sugerem que a economia global continua em ritmo de expansão robusta, a despeito da desaceleração da economia americana. Seja porque essa desaceleração venha até o momento mostrando-se mais suave do que o esperado anteriormente, ou porque a Área do Euro e as grandes economias asiáticas venham mostrando dinamismo autônomo, ou mesmo por uma combinação desses desenvolvimentos, a tese da rotação dos pólos de expansão da economia internacional parece estar sendo respaldada pelos fatos. Ainda não se pode descartar, todavia, uma desaceleração mais intensa da economia dos EUA, por exemplo, caso as repercussões de difi culdades do setor

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imobiliário se intensifi quem, com potenciais repercussões negativas sobre o comportamento da economia global. Entretanto, se, como esperam diversos analistas, a economia americana de fato ganhar impulso a partir desse segundo trimestre, com o enfraquecimento da frenagem emanada do setor imobiliário e certa recuperação do setor industrial, as perspectivas seriam de um fortalecimento ainda mais intenso da atividade econômica global. A propósito, cabe destacar que a manutenção de taxas de crescimento em níveis historicamente elevados em diversas regiões tem levado a aumento das pressões infl acionárias, notadamente no caso de matérias-primas e alimentos. Nesse contexto, a intensifi cação da atividade global tenderia a incrementar tais pressões.

O comportamento dos preços de algumas commodities tem corroborado essas avaliações. O índice do Commodity Research Bureau (CRB), por exemplo, elevou-se em cerca de 6% em doze meses até maio, e, especifi camente no caso do sub-índice para grãos e oleaginosas, o incremento foi de 40% (8% no bimestre abril/maio). Nesses dois meses, o componente do CRB que retrata o comportamento dos preços das commodities industriais teve elevação de 4%. Os preços internacionais do petróleo (tipo Brent), por sua vez, aumentaram 18% desde o fi nal de 2006, e voltaram aos patamares observados em meados do ano passado. Os níveis recentes das cotações internacionais dessa commodity parecem estar refletindo deslocamentos estruturais na demanda global por energia, bem como recorrentes episódios de incerteza geopolítica. As pressões sobre os preços agrícolas nos mercados internacionais podem estar refl etindo o estágio do ciclo econômico global, bem como fatores mais persistentes, como a crescente alocação de áreas agricultáveis para a produção de biocombustíveis e o incremento da demanda global por proteínas associado à melhora do padrão de consumo de grandes contingentes populacionais na Ásia.

Em geral, a elevação dos preços de commodities tem impactado positivamente o balanço de pagamentos brasileiro, especialmente depois que a economia reduziu a dependência do petróleo importado. De fato, os termos de troca (razão entre índices de preços de exportações e importações) do Brasil, segundo dados da Funcex, registraram elevação de 6,1% nos primeiros cinco meses do ano, frente ao mesmo período de 2006, com elevação de 10,6% no preço das exportações (sendo que 10% para produtos básicos e 20,7% para semimanufaturados) e de 4,3% no preço das importações. Por outro lado, o comportamento dos preços ao atacado no mercado doméstico sugere certa

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sensibilidade em relação a tendências altistas globais que podem ser persistentes.

O comportamento dos mercados financeiros internacionais, especialmente o de títulos, tem de fato se mostrado consistente com o aumento de preocupações com a infl ação e a redução da incerteza sobre a continuidade do crescimento global. Nos EUA, Área do Euro, Japão e Reino Unido, as inclinações das estruturas a termo de taxas de juros aumentaram, e o fi zeram com certa intensidade desde março. Especifi camente, entre o fi nal de março e 20 de junho, no caso dos EUA, o spread entre a taxa de dois anos e a taxa básica de juros saiu de -68 p.b. para -27 p.b., enquanto o spread entre a taxa de dez anos e essa taxa de curto prazo se deslocou de -61 p.b. para -11 p.b. Os movimentos das estruturas a termo na Área do Euro, Reino Unido e Japão foram mais suaves, mas na mesma direção do movimento observado nos EUA. As expectativas de mercado quanto às próximas ações de política monetária nessas economias seguiram padrão compatível com as preocupações sobre a infl ação. Nos EUA, a perspectiva de que um ciclo de fl exibilização monetária teria início no segundo semestre de 2007 foi, no mínimo, adiada para 2008; havendo, inclusive, avaliações de que o Fed poderia voltar a elevar taxas de juros. Dirigentes do Banco Central Europeu têm indicado que a política monetária da Área do Euro ainda não é restritiva, e representantes do Banco da Inglaterra também têm manifestado, em suas declarações públicas, disposição para implementar novas elevações na taxa de juros. Nessas economias, as expectativas de infl ação implícitas nos preços de ativos (especifi camente, as taxas break-even calculadas pelas diferenças de retornos entre títulos com taxas fi xas e títulos vinculados a índices de preços nos EUA, na França e no Reino Unido) para os horizontes de dois e dez anos têm mostrado certa estabilidade nos últimos meses, mas encontram-se no intervalo entre 2% e 3,5%, acima, portanto, dos níveis geralmente tidos como desejáveis em economias maduras. Mesmo no Japão, onde as pressões infl acionárias se apresentam moderadas, a tendência parece ser de gradual elevação de taxas de juros.

Recentemente os mercados americanos de títulos e obrigações lastreadas em empréstimos, especialmente aqueles voltados para o setor imobiliário, vêm experimentando um incremento de volatilidade, com impactos potencialmente importantes, mas difíceis de quantifi car a priori, sobre o apetite por ativos de risco. Diante do predomínio, nos últimos trimestres, de confi gurações de preços de ativos calcadas na noção de que o atual contexto benigno irá persistir por mais tempo, não se pode descartar completamente que problemas,

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inicialmente setoriais e localizados, poderiam ter efeitos mais amplos.

Apesar das incertezas apresentadas nos parágrafos anteriores, o cenário externo continua benigno, e as perspectivas para o balanço de pagamentos brasileiro continuaram melhorando nos últimos meses. De fato, desde o “Relatório de Infl ação” de março, as medianas das projeções para a balança comercial e o para o saldo em conta-corrente em 2007, coletadas pela Gerin, deslocaram-se de US$39,5 bilhões e US$8,0 bilhões para US$42 bilhões e US$10 bilhões, respectivamente, ao mesmo tempo em que as projeções para a taxa de câmbio ao fi nal do ano eram alteradas de R$2,11 para R$1,95.

Nesse cenário, o Copom deu continuidade, ao longo do segundo trimestre, ao processo de fl exibilização da política monetária iniciado em setembro de 2005. Após reduzir a meta para a taxa básica de juros em 700 p.b. entre as reuniões de setembro de 2005 a março de 2007, o Comitê voltou a reduzir a meta para a taxa Selic em 75 p.b. nas reuniões de abril e junho de 2007, totalizando 775 p.b. de redução. Somente nos últimos nove meses, a queda alcançou significativos 225 p.b., cujos efeitos sobre a atividade econômica e a infl ação ainda estão por vir. Atualmente fi xada em 12% a.a., a taxa Selic situa-se em seu menor nível desde que foi criada, em 1986.

A evolução do IPCA indica que, nos primeiros cinco meses de 2007, a dinâmica da infl ação permaneceu compatível com a trajetória de metas, ou seja, em linha com o cenário benigno para os preços que vem se materializando, com maior intensidade, desde o ano passado. A infl ação registrou desaceleração em abril e em maio para 0,25% e 0,28%, respectivamente, ante 0,37% em março. Sendo assim, a infl ação acumulada nos primeiros cinco meses de 2007 situou-se em 1,79%, acima da taxa de 1,75% observada no mesmo período do ano passado. Os preços monitorados, que avançaram 1,35%, ante 2,70% nos cinco primeiros meses de 2006, têm contribuído para mitigar a aceleração infl acionária, uma vez que os preços livres tiveram elevação de 2,01% de janeiro a maio de 2007, acima da taxa de 1,27% observada nesse período em 2006. No período de doze meses até maio, a infl ação alcançou 3,18% (4,23% até maio de 2006), os preços livres subiram 3,32% (2,48%), e os monitorados, 2,88% (8,24%). O recuo da infl ação mensal em abril e em maio deveu-se à redução da variação dos preços livres, 0,19% e 0,25%, respectivamente, frente a 0,44% em março, em contraste com a aceleração da infl ação dos preços administrados, de 0,21% em março

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para 0,39% em abril e 0,35% em maio. Sob outra ótica, note-se que a infl ação dos preços dos itens comercializáveis se acelerou de 0,21% em março para 0,25% em abril e para 0,48% em maio, em contraste com a variação dos preços dos itens não comercializáveis, que recuou para 0,13% em abril e 0,03% em maio, ante 0,66% em março. Os preços dos serviços tiveram alta de 0,18% em abril e de 0,26% em maio (4,87% nos últimos doze meses). A despeito de indicadores antecedentes sinalizarem que a infl ação em junho será mais elevada do que se antecipava e de se notarem algumas pressões de preços no atacado, o Comitê avalia que a infl ação ao consumidor deve continuar evoluindo segundo a trajetória das metas.

O comportamento favorável da infl ação plena nos últimos meses se refl etiu de um modo geral nas medidas de núcleo calculadas pelo Banco Central. O núcleo por exclusão de monitorados e de alimentos no domicílio se deslocou de 0,23% em março para 0,29% em abril e 0,33% em maio. Já o núcleo por médias aparadas com suavização de itens preestabelecidos manteve-se próximo da taxa de 0,29% observada em março, ao passo que o núcleo por médias aparadas sem suavização de itens preestabelecidos deslocou-se de 0,24% para 0,28% em abril e 0,30% em maio. Nos primeiros cinco meses do ano, os núcleos por exclusão e as médias aparadas com e sem suavização registraram infl ação de 1,80%, 1,51% e 1,40%, respectivamente, abaixo das variações acumuladas em igual período de 2006. A variação acumulada nos doze meses até maio do núcleo por médias aparadas com suavização recuou de 3,98% em março para 3,86% em abril e para 3,68% em maio. Por outro lado, os núcleos por exclusão e por médias aparadas sem suavização registraram altas, em abril e em maio, em comparação às taxas observadas em março, mas permanecem abaixo do valor central de 4,5% para a meta de 2007.

Cabe destacar que a observância, entre janeiro e março, de números historicamente baixos para o acumulado em doze meses, tanto no que diz respeito à infl ação plena, quanto aos núcleos, deve-se em grande parte à substituição de taxas de inflação relativamente altas registradas no início de 2006, pelos valores mais favoráveis que vinham sendo observados recentemente. Esses recordes de baixa, por conseguinte, não devem ser associados a um recuo permanente dos núcleos ou da infl ação plena. Dessa forma, a infl ação em doze meses se acelerou em abril e em maio, processo que tende a continuar nos próximos meses, em função desse efeito substituição estatístico, de modo que as medidas de núcleo e a própria infl ação plena, ao se considerar um período de doze meses, paulatinamente

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passem a observar uma dinâmica que refl ita com mais fi dedignidade os respectivos comportamentos ao longo de meses mais recentes. Alguns fatores vão ao encontro dessa avaliação. De modo especial, podem ser mencionados os efeitos de impulsos fi scais sobre a demanda agregada, os efeitos de fatores de auto-sustentação da expansão, como o crescimento da massa salarial real, e o impacto defasado do processo de fl exibilização da política monetária em curso desde setembro de 2005.

A infl ação medida pelo IGP-DI continuou recuando na margem desde o início do ano, caindo de 0,43% em janeiro, para 0,23% em fevereiro, 0,22% em março, 0,14% em abril e 0,16% em maio. No acumulado em doze meses, até maio, a variação atingiu 4,38%, abaixo das taxa de março (4,49%) e abril (4,61%), mas ainda substancialmente acima da taxa de doze meses observada para o IPCA ou para o IPC-DI nesse intervalo (3,18% e 3,12%, respectivamente). Dessa forma, os números recentes sugerem que a infl ação mais ampla continua situando-se em patamares superiores aos da infl ação ao consumidor, tendo revertido o movimento de convergência ocorrido entre novembro de 2006 e janeiro de 2007. Nos últimos meses, os componentes do IGP-DI, com exceção do IPA-DI, apresentaram dinâmica mensal distinta à do índice agregado. A variação do IPA-DI, à semelhança do índice geral, foi se reduzindo mês a mês, até registrar defl ação em maio. Já o IPC-DI só passou a mostrar taxas mensais declinantes a partir de abril, ao passo que o INCC, pressionado por elevações de custos de material de construção e mão-de-obra, elevou-se fortemente a partir de março. No acumulado em doze meses, o IPA-DI passou de 4,29% em dezembro para 5,27% em abril, recuando para 4,76% em maio. Evidências preliminares sugerem que após fortes quedas em abril e em maio, os preços agrícolas no atacado voltaram a apresentar elevação substancial em junho. Tal comportamento estaria vinculado a oscilações dos preços internacionais, que podem indicar o início de um movimento persistente. O fortalecimento do real tem contribuído para conter a infl ação de preços industriais no atacado, mas esses também sofrem a infl uência das altas de certas commodities metálicas. Diante do movimento de apreciação cambial, as perspectivas de que os preços no atacado contribuam para a convergência da infl ação para a trajetória das metas ao longo dos próximos trimestres continuam benignas, mas tornaram-se mais incertas. Tal contribuição depende das condições prospectivas da demanda e das expectativas dos formadores de preços em relação à trajetória futura da infl ação.

A continuidade do processo de acomodação da infl ação desde o início de 2007 refl etiu-se, como era

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esperado, nas expectativas de infl ação para este e para o próximo ano. A mediana das expectativas coletadas pela Gerin para a variação do IPCA em 2007 reduziu-se de 3,88% no período imediatamente anterior à reunião do Copom de março para 3,50% antes da reunião de junho, mas posteriormente se deslocou para 3,59%. Por sua vez, a mediana das expectativas para 2008 permanece ancorada em 4,00% desde janeiro, mas a média das projeções caiu abaixo desse patamar recentemente. Conforme ressaltado em documentos anteriores do Copom, tais desenvolvimentos indicam a consolidação de um ambiente macroeconômico cada vez mais favorável em horizontes mais longos.

Os números relativos ao PIB a preços de mercado, divulgados pelo IBGE, mostram que, no primeiro trimestre de 2007, o ciclo de expansão que teve início no segundo semestre de 2006 continuou. De fato, segundo dados dessazonalizados pelo IBGE, a economia brasileira cresceu 0,8% em relação ao trimestre anterior e, com relação ao mesmo trimestre de 2006, o crescimento alcançou 4,3%. Dessa forma, o PIB acumulou expansão de 3,8% nos últimos quatro trimestres, frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores, implicando, portanto, aceleração quando comparado ao crescimento de 3,7% verifi cado no último trimestre de 2006, nessa mesma base de comparação. A nova série de Contas Nacionais divulgada pelo IBGE mostra que a economia tem tido maior dinamismo nos últimos anos do que se avaliava anteriormente. Desde 1999, ano em que foi adotado o regime de metas para a infl ação, o crescimento anual médio da economia alcançou 2,8%, pela série nova, ante 2,4% na série antiga. Mais importante, no período 2004-2006, posterior ao forte ajuste do balanço de pagamentos ocorrido entre 2001 e 2003, o crescimento anual se acelerou para 4,1% em média (3,4% na série antiga). O maior dinamismo evidenciado pela nova série do IBGE sugere que a economia tem se benefi ciado não apenas dos efeitos de médio prazo das reformas implementadas nos anos noventa, mas também da consolidação da estabilidade macroeconômica alcançada nos últimos anos. De fato, a continuidade da expansão sugere que cada vez mais se fortalecem as evidências de que o processo errático de crescimento, que caracterizou a economia brasileira por décadas, aparentemente foi superado. Essa nova realidade, portanto, contribui para o aprofundamento das perspectivas de que a economia brasileira tenha entrado em uma fase inédita de crescimento sustentado. Essa avaliação é corroborada, entre outros fatores, pelo recuo das taxas de infl ação, pela melhora nos indicadores referentes ao mercado de trabalho, pela elevação da renda real, pelo comportamento da FBCF, bem como das intenções de

Gráfico 6.1 – Evolução das expectativas de mercadoe das metas referentes à inflação doze meses à frente

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

Jun2005

Ago Out Dez Fev 2006

Abr Jun Ago Out Dez Fev 2007

Abr Jun

(%)

Meta Gerin

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investimento, pela menor vulnerabilidade externa e pela redução da incerteza macroeconômica.

Relativamente à oferta, no primeiro trimestre de 2007, frente ao primeiro trimestre de 2006, a agropecuária registrou expansão de 2,1%, a indústria de transformação teve expansão de 2,8% e a indústria extrativa mineral cresceu 4,1%. No setor de serviços, que tem o maior peso na composição do PIB, os destaques foram os segmentos de intermediação financeira (9,2% na mesma base de comparação) e serviços de informação (7,3%). Sob a ótica da demanda, a absorção doméstica teve contribuição de 5,8 p.p. para o crescimento do PIB, ante uma contribuição líquida negativa de 1,5 p.p. do setor externo. A formação bruta de capital fi xo continua com performance bastante encorajadora, ao registrar crescimento de 7,2%. O consumo das famílias, com 6,0% de expansão, também apresentou desempenho acima da média, em grande parte devido à elevação da renda do trabalhador e à melhoria do mercado de crédito. Como esperado, de acordo com as contas nacionais, as importações de bens e serviços se elevaram signifi cativamente (de 19,9%) enquanto as exportações de bens e serviços cresceram 5,9%.

A balança comercial continua frustrando as expectativas menos otimistas. A despeito do fortalecimento da moeda nacional verificado desde 2006, a balança comercial manteve desempenho robusto nos primeiros cinco meses de 2007, sem, até o momento, mostrar um arrefecimento consistente na dinâmica de geração de superávits. Se até o fi nal do primeiro trimestre o superávit acumulado, de US$8,7 bilhões, era 6% inferior ao registrado no mesmo período de 2006, de abril a maio os superávits voltaram a crescer, e o saldo acumulado no ano alcançou US$16,8 bilhões, ante US$15,3 bilhões nos primeiros cinco meses de 2006 – ainda que este último número tenha sido afetado pela greve da Receita Federal do ano passado. Com isso, o saldo comercial dos doze meses fi ndos em maio atingiu US$47,5 bilhões, frente a US$44,4 bilhões em igual período de 2006. Cabe notar que, a despeito do aumento dos superávits observado nos últimos meses, o maior dinamismo das importações no ano, expansão de 26,7% frente a crescimento de 21,3% das exportações, sugere que, em consonância com o antecipado em Relatórios anteriores e em Notas de reuniões do Copom, as transações comerciais do País com o resto do mundo começam gradualmente a oferecer indícios de uma nova dinâmica. Essa mudança é bem vinda, pois refl ete a existência de um processo natural e saudável de ajustamento das contas externas rumo ao equilíbrio de longo prazo. Esse ajuste tem

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sido infl uenciado tanto pelo efeito preço, consubstanciado nos movimentos da taxa nominal de câmbio, como pelo efeito-renda, consubstanciado na maior expansão da demanda agregada.

A despeito de o quantum das importações estar crescendo mais rapidamente que o das exportações, a relativa estabilidade dos superávits comerciais tem sido sustentada pelo crescimento dos preços das últimas, ou seja, por uma dinâmica favorável aos termos de troca. Com efeito, o valor exportado continua batendo recordes e alcançou a cifra inédita de US$148,0 bilhões em doze meses até maio, valor 19,1% superior ao observado no mesmo período do ano passado. Por sua vez, o valor das importações cresceu em ritmo ainda maior, e atingiu US$100,5 bilhões no acumulado de doze meses até maio, implicando aumento de 25,8% sobre o montante registrado até maio de 2006. Sendo assim, o Copom espera para 2007 um saldo comercial inferior aos observados no último biênio, mas ainda elevado para o padrão histórico brasileiro, ou seja, não vislumbra reversão signifi cativa na trajetória de geração de vultosos saldos comerciais registrada no passado recente. O saldo em transações correntes registrou superávits de US$817 milhões e de US$1.821 milhões em março e em abril, respectivamente, acumulando em doze meses até abril, US$15,1 bilhões, equivalentes a 1,4% do PIB.

Segundo dados da CNI sem ajuste sazonal, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) na indústria de transformação foi em média 81% no primeiro quadrimestre de 2007, frente a 79,1% em igual período de 2006. A taxa de utilização da capacidade, para a série da CNI dessazonalizada pelo Banco Central, encontrava-se em 81,8% em abril, 3,1 p.p. acima da taxa de utilização observada em abril de 2006, e 0,5 p.p. abaixo do máximo da série observado em julho de 2004. Utilizando os dados com ajuste sazonal da própria CNI, a utilização da capacidade instalada em abril atingiu 82,6%, e constitui o novo máximo da série. Indicadores desagregados calculados pela CNI para abril registravam quinze, de um total de dezenove setores, que operavam acima das respectivas taxas médias de utilização da capacidade, ante onze setores em abril de 2006. Essa dinâmica refl ete a intensifi cação da atividade econômica e ocorre a despeito de dados relativos à produção e à absorção de bens de capital, recentemente coletados, indicarem que a expansão dos investimentos permanece robusta. No primeiro quadrimestre, na comparação com o mesmo período de 2006, a absorção de bens de capital apresentou o expressivo aumento de 20,1%. Esse resultado refl ete o aumento das importações de bens de capital (32% em volume), bem como da produção

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de bens de capital (15,4%). Por sua vez, a produção de insumos para a construção civil aumentou 3,5%. Tendo em vista o comportamento recente das taxas de utilização da capacidade, a continuidade da expansão do investimento será fundamental para evitar descompassos relevantes no que se refere à evolução da oferta e da demanda agregada.

A produção industrial, segundo dados dessazonalizados pelo IBGE, cresceu continuamente entre outubro de 2006 e março de 2007, mostrando ligeira acomodação em abril. Já a média móvel trimestral da série cresceu 0,6% em abril frente ao mês anterior, mantendo o ritmo observado em março, e registrou a décima terceira expansão consecutiva, o que mostra sinais claros de dinamismo da atividade industrial. A dinâmica observada nos últimos trimestres sugere que o descompasso que se vinha detectando entre produção e vendas industriais está diminuindo gradualmente. Em 2007, até abril, a indústria geral e a de transformação registraram aumentos na produção de 4,3% e de 4,1%, respectivamente, enquanto a extrativa mineral cresceu 5,6%. Destaque-se a forte expansão de 15,4% na produção de bens de capital, a despeito do declínio observado em abril, sinalizando perspectivas favoráveis ao crescimento da economia, em grande parte sustentado pela demanda doméstica.

A aceleração do ritmo de atividade ao longo dos últimos trimestres tem tido repercussões positivas no mercado de trabalho, especialmente no que se refere ao crescimento da renda. A taxa de desemprego aberto situou-se em 10,1% da População Economicamente Ativa (PEA) em maio, o que representa estabilidade em relação à taxa observada tanto em abril quanto em março (10,2% em maio de 2006). A estabilidade da taxa de desemprego entre abril e maio refl ete a estabilidade da população ocupada (acréscimo de 21 mil pessoas ou 0,1%) e da PEA (acréscimo de 22 mil pessoas ou 0,1%). Na série ajustada sazonalmente pelo Banco Central, o desemprego registrou em maio ligeiro aumento em relação ao mês anterior (9,8% ante 9,6% em abril). A média móvel trimestral do desemprego registra estabilidade desde janeiro de 2007, em patamar de 9,7% da PEA. Em maio, o rendimento médio real habitualmente recebido manteve a trajetória de crescimento, comparativamente ao mês anterior (0,3%), situando-se em R$1.120,30. Na comparação com maio de 2006, registrou-se alta de 3,9%, acumulando 4,8% no ano. A massa salarial, calculada pelo produto entre rendimento médio real habitual e população ocupada, apresentou elevação de 6,8% em maio de 2007, em comparação a maio de 2006, e acumula alta de 7,8% no ano, mantendo-se em patamar elevado em comparação com o mesmo período de 2006. A relativa estabilidade da taxa de

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desemprego deriva naturalmente do crescimento equilibrado da demanda e oferta de trabalho. Por sua vez, o aumento da PEA refl ete, em parte, perspectivas otimistas por parte dos trabalhadores quanto à probabilidade de encontrar emprego, comportamento típico de fases de expansão econômica. Uma vez diluído esse “efeito alento”, é razoável esperar que a taxa de desemprego comece a cair com maior intensidade.

O nível de emprego na indústria de transformação apresentou crescimento de 3,4% nos primeiros quatro meses do ano, segundo dados da CNI, dessazonalizados pelo Banco Central. Após certo arrefecimento em janeiro e em fevereiro, em março e em abril as contratações na indústria se aceleraram. Com relação ao emprego formal celetista, os dados divulgados pelo MTE mostram que a forte expansão de 2006 se intensifi cou em 2007. Nos primeiros cinco meses do ano, foram criados 914 mil empregos, o que representa recorde na série histórica para o período. Com isso, o nível de emprego formal apresenta expansão de 4,9% no ano, liderado pela construção civil (6,6%) e pelo comércio (5,9%), mas com crescimento expressivo também na indústria de transformação (4,7%). O aumento do nível de emprego em ambiente de infl ação moderada continua produzindo ganhos no poder de compra dos trabalhadores. A massa salarial real da população ocupada cresceu substanciais 6,4% em 2006 e 7,9% de março a maio frente aos mesmos meses de 2006.

O volume de vendas do comércio varejista registrou elevação de 0,4% em abril, comparativamente ao mês anterior, na série com ajuste sazonal, após expansão forte no primeiro trimestre (1,1% em março, 0,4% em fevereiro e 2% em janeiro). Nos primeiros quatro meses de 2007, as vendas no varejo se expandiram 9,2% frente ao mesmo período de 2006. Na mesma comparação, o segmento veículos, motos, partes e peças, que não é incluído no índice geral, teve expansão de 21,3%. No trimestre de fevereiro a abril, comparativamente a igual período de 2006, o aumento do volume de vendas alcançou 9,4%, com destaque para o comportamento de outros artigos de uso pessoal e doméstico (24,4%) e de móveis e eletrodomésticos (16,5%), segmentos influenciados pela continuidade do crescimento da massa salarial e das melhores condições de crédito. Para os próximos trimestres, as perspectivas são de continuidade do processo de expansão das vendas no varejo, que deverão continuar sendo impulsionadas pelo crescimento dos níveis de emprego e renda, pelo aumento do volume de crédito e pelo processo de fl exibilização da política monetária, aliados à recuperação da confi ança do consumidor.

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6.2 Cenário principal: pressupostos e

riscos associados

As projeções com as quais o Copom trabalha baseiam-se em um conjunto de hipóteses sobre o comportamento das principais variáveis macroeconômicas. Esse conjunto de pressupostos, bem como os riscos a eles associados, compõem o cenário principal com base no qual o Comitê toma decisões.

O Comitê avalia que, desde o último Relatório, as infl uências de fatores externos e internos sobre o balanço de riscos para a trajetória esperada da infl ação se exacerbaram e atuaram em direções opostas. O setor externo, que vem atuando de forma importante para ampliar a oferta agregada, continua tendo infl uência predominantemente benigna sobre as perspectivas para a infl ação, ao passo que o ritmo de expansão da demanda doméstica pode trazer riscos para a dinâmica infl acionária no médio prazo.

O cenário externo permanece favorável e se caracteriza pelo crescimento robusto em blocos econômicos importantes, embora em menor intensidade do que em 2006, e pela emergência de alguma pressão infl acionária. Persistem dúvidas sobre a trajetória da política monetária dos EUA, mas as incertezas sobre a evolução da atividade econômica nesse país parecem ter diminuído. Os sinais de que a infl ação poderia estar se consolidando em patamares superiores aos desejados pelas autoridades monetárias norte-americanas, sem que a economia mostre sinais de intensifi cação da desaceleração, indicam que a expectativa de que um ciclo de fl exibilização monetária teria início ainda em 2007 pode ter sido prematura, e não se descarta por completo a possibilidade de ocorrência de novas elevações de taxas de juros pelo Fed. Na Área do Euro, as ações do BCE e as manifestações públicas de seus dirigentes sinalizam de forma inequívoca preocupação com o grau de utilização de recursos e com a infl ação naquela região, bem como com a confi ança quanto à pujança do nível de atividade da economia. A propósito, a mesma avaliação se aplica ao Reino Unido.

Nos EUA, o ajuste do setor imobiliário, que se refletiu no recuo do investimento residencial e no arrefecimento dos preços dos imóveis, contribuiu para desacelerar a economia nos últimos trimestres, mas com efeitos aparentemente declinantes. Ainda que não se possa descartar uma desaceleração da economia mais forte do que o esperado, o cenário que recentemente vem ganhando mais

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respaldo é o de aceleração gradual do crescimento em direção à sua taxa potencial, em detrimento da hipótese de “pouso forçado”. Na verdade, alguns indicadores de atividade ainda são bastante positivos, como os do mercado de trabalho e os da UCI, e persistem pressões sobre os preços ao consumidor. Nesse contexto, embora não se trate de hipótese totalmente descartada, expectativas sobre o início, ainda em 2007, da flexibilização da política monetária nos EUA estão se revertendo, havendo, inclusive, certa expectativa de retomada das elevações da taxa de juros.

Em contrapartida, com a continuidade da recuperação no Japão e na Europa – a despeito de essas economias atualmente estarem em ciclo de contração monetária – e forte crescimento de importantes economias emergentes – embora exista a possibilidade de adoção de medidas de contenção econômica na China – em geral as perspectivas para o crescimento da economia mundial permanecem favoráveis, ou seja, menos otimistas do que se observava em 2006, mas mais benignas do que se imaginava no início deste ano. No que diz respeito à política monetária na Europa, o principal destino das exportações brasileiras, desde a divulgação do último Relatório, tanto o BCE quanto o Banco da Inglaterra voltaram a elevar suas respectivas taxas básicas de juros.

Como indicado na seção anterior, o comportamento dos mercados fi nanceiros internacionais, especialmente de renda fixa, tem sido consistente com aumento das preocupações quanto à infl ação, e com redução do temor de uma desaceleração mais aprofundada nos EUA. Vem ocorrendo na margem também certo aumento de volatilidade em segmentos do mercado americano de títulos e obrigações lastreadas em empréstimos, o qual poderia ter impactos signifi cativos sobre o apetite por ativos de risco.

É importante destacar, contudo, que, com a melhora dos fundamentos, especialmente dos indicadores de solvência externa, a economia brasileira tem dado sinais de resistência crescente aos efeitos de turbulências nos mercados fi nanceiros internacionais. Essa avaliação encontra suporte, por exemplo, nos níveis recordes de baixa no prêmio de risco-país e nas elevações do rating atribuído por agências de risco aos títulos soberanos brasileiros transacionados nos mercados fi nanceiros domésticos e internacionais, elevações que, no mínimo, colocaram o País próximo de atingir o grau de investimento (investment grade). Essa maior resistência a choques refl ete-se também no fato de a economia doméstica ter mantido um processo de flexibilização da política monetária, bem como uma trajetória de crescimento, em meio a um longo processo de ajuste das taxas de juros nas

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grandes economias internacionais. Além disso, cabe notar que o Brasil permanece sendo destino importante não só de investimentos em carteira, mas também de crescentes volumes de IED. Nesse contexto, o Copom reafi rma que a redução consistente da infl ação, os vultosos e persistentes superávits comerciais, a geração de superávits primários adequados, a acumulação de reservas internacionais e a melhora do perfi l da dívida pública interna têm tornado o País cada vez mais resistente a choques externos. Assim, o Comitê continua atribuindo baixa probabilidade a um cenário de deterioração dos mercados fi nanceiros internacionais que seja suficiente para comprometer as condições de financiamento do setor privado. Nesse contexto, a expansão das importações tem contribuído de forma fundamental para conter eventuais pressões infl acionárias de curto prazo, complementando a produção doméstica e facilitando a expansão do investimento, o que aumenta assim as perspectivas de que os efeitos infl acionários do crescimento sustentado da demanda agregada continuem sendo limitados.

Uma fonte sistemática de incerteza advinda do

cenário internacional nos últimos anos refere-se aos preços do petróleo, que seguem mostrando alta volatilidade e se elevaram em relação ao observado no último trimestre. Os patamares recentes das cotações internacionais dessa commodity parecem estar refletindo deslocamentos estruturais na demanda global por energia, bem como recorrentes episódios de incerteza geopolítica. A despeito da considerável incerteza inerente às previsões sobre a trajetória futura dos preços do petróleo, permanece plausível o cenário central de trabalho adotado pelo Copom, que prevê preços domésticos da gasolina inalterados em 2007.

No que diz respeito ao cenário interno, o Copom entende que os dados referentes à atividade econômica ainda sugerem baixa probabilidade de que observemos pressões signifi cativas sobre a infl ação no curto prazo, especialmente porque as expectativas de infl ação para 2007 e 2008 permanecem bem ancoradas.

Por outro lado, o Comitê avalia que o ritmo de expansão da demanda doméstica, que ainda não refl ete a totalidade do estímulo monetário já injetado na economia, pode colocar riscos para a dinâmica infl acionária. Cabe, nesse sentido, reconhecer que os impulsos fi scais deste ano constituem fator adicional de estímulo à demanda doméstica, bem como o fato de a demanda por exportações brasileiras ter se mostrado maior do que se antecipava. A esses fatores, somam-se fatores de auto-sustentação dos gastos de consumo,

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 99

como o crescimento da massa salarial real. Em linha com a avaliação feita pelo Copom em Relatórios anteriores, portanto, tornam-se crescentes as incertezas em relação à dinâmica futura da infl ação, associadas à intensidade e às defasagens com que opera o mecanismo de transmissão da política monetária, especialmente se considerarmos que são cumulativos os efeitos do processo de fl exibilização em curso há quase dois anos.

Do ponto de vista dos preços por atacado, a principal mudança em relação ao trimestre anterior foi o recuo dos preços agrícolas, que interrompeu a trajetória de aumentos signifi cativos registrada ao longo do segundo semestre de 2006. Reduziu-se, assim, uma fonte potencial de pressão sobre os preços ao consumidor, embora no acumulado de doze meses os aumentos ainda sejam elevados. Além disso, o comportamento dos preços agrícolas nos mercados internacionais e, na margem, no próprio mercado doméstico, não permite complacência quanto a essa possível fonte de pressões infl acionárias. Os preços industriais no atacado, por sua vez, apresentaram certa elevação em abril e em maio. Como resultado, o IPA-DI tem apresentado valores relativamente elevados no acumulado de doze meses (4,76% em maio, embora menor que o valor de 5,27% em abril). De qualquer forma, o impacto de variações dos preços por atacado sobre os preços ao consumidor dependerá essencialmente das condições prospectivas de oferta e demanda e das expectativas dos formadores de preços em relação à trajetória futura da infl ação.

Especificamente sobre os preços livres, ainda persistem pressões importantes sobre os preços dos bens não comercializáveis, em especial nos preços dos serviços, mas, em contrapartida, configura-se um quadro mais favorável quanto à evolução dos preços administrados. Sem desconsiderar quaisquer desenvolvimentos nesses grandes componentes da infl ação, o Copom continuará conduzindo suas ações de forma a assegurar que os ganhos obtidos no combate à infl ação em anos recentes sejam permanentes. Para tanto, acompanhará atentamente, nos próximos meses, a evolução da infl ação e das diferentes medidas do seu núcleo, discriminando entre reajustes pontuais e reajustes persistentes ou generalizados de preços e adequando prontamente a postura de política monetária às circunstâncias.

Parte importante da dinâmica prospectiva do processo de formação de preços na economia está relacionada a eventuais descompassos entre a demanda e a oferta agregadas. A produção se expande em ritmo sustentado, apesar da ligeira desaceleração registrada no

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primeiro trimestre de 2007, em comparação à taxa de crescimento observada no trimestre anterior. De fato, no primeiro trimestre, houve leve aumento quando se comparam os últimos quatro trimestres com os quatro trimestres imediatamente anteriores, de 3,7% para 3,8%. Especialmente do ponto de vista de adequação das condições de oferta, é fundamental observar o ritmo acelerado da FBCF, a qual cresceu 7,7% nesse mesmo critério de comparação. Esse desempenho sinaliza expansão progressiva da capacidade produtiva da economia nos próximos trimestres. Tal avaliação ganha suporte ao se analisar a dinâmica recente da produção e da absorção de bens de capital, bem como da produção de insumos para a construção civil. De fato, estimativas de absorção de bens de capital indicam crescimento de 20,1% nos primeiros quatro meses do ano, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Apesar dessa dinâmica favorável, o NUCI na indústria de transformação tem crescido desde o segundo semestre de 2006 e atingiu níveis elevados do ponto de vista histórico. Nesse sentido, a continuidade da expansão do investimento será crucial para evitar que surjam descompassos relevantes no que se refere à evolução da oferta e da demanda agregada.

As expectativas de infl ação para 2007 diminuíram em relação aos valores vigentes por ocasião da publicação do último Relatório. A mediana das expectativas deslocou-se de 3,9% em março para 3,6% em junho. Já para 2008, a mediana encontra-se estabilizada em 4,0%, entretanto, ao considerarmos que a média das expectativas diminuiu, pode-se esperar movimento similar da parte da mediana. Dessa maneira, continua se confi gurando um cenário em que, graças ao compromisso inequívoco da política monetária com o cumprimento das metas de infl ação estabelecidas pelo CMN, as pressões infl acionárias de curto prazo permanecem contidas, ao mesmo tempo em que se consolidam perspectivas favoráveis para horizontes mais longos.

O Copom avalia que a postura de política monetária adotada ao longo dos últimos anos vem contribuindo de maneira importante para a consolidação de um ambiente macroeconômico favorável, extensivo aos horizontes de longo prazo, por intermédio da construção de um cenário benigno para a evolução da infl ação. Diante dessa nova realidade, o principal desafi o da política monetária consiste em garantir que os desenvolvimentos favoráveis que se antecipam para o futuro se consolidem efetivamente. Taxas de infl ação consistentes com a trajetória de metas e a resultante concretização de um cenário de estabilidade macroeconômica duradoura contribuirão, decisivamente, para a consolidação do processo de redução progressiva da

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 101

percepção de risco macroeconômico que vem ocorrendo nos últimos anos. O espaço para que observemos juros reais menores no futuro continuará se consolidando de forma natural, como conseqüência dessa melhora de percepção. Esses desenvolvimentos positivos favorecerão o investimento, principalmente os projetos de longa maturação, e poderão contribuir para a sustentabilidade do processo de crescimento que a economia brasileira ora experimenta.

Por outro lado, o Copom também avalia que é relevante ressaltar, mais uma vez, que há defasagens importantes entre a implementação da política monetária e seus efeitos sobre o nível de atividade e sobre a infl ação. Dessa forma, considerando que, desde o início do atual ciclo de fl exibilização da política monetária, em setembro de 2005, a taxa de juros básica já foi reduzida em 775 p.b. (475 p.b. em 2006), a tendência é de que, ao longo do tempo, sobreponham-se os efeitos defasados da redução da taxa de juros ocorrida no ano passado aos efeitos iniciais das reduções ocorridas em 2007 (125 p.b.). Assim, embora o ritmo da atividade econômica venha se intensifi cando desde o terceiro trimestre do ano passado, parcela signifi cativa dos efeitos desses cortes nos juros ainda não se refl etiu no nível de atividade, assim como os efeitos da atividade sobre a infl ação também não tiveram tempo de se materializar integralmente.

A avaliação de decisões alternativas de política monetária deve se concentrar, necessariamente, na análise do cenário prospectivo para a infl ação e nos riscos a ele associados, em vez de privilegiar os valores correntes para essa variável. A propósito, ao longo dos próximos trimestres, a expansão do nível de emprego e da renda e o crescimento do crédito continuarão impulsionando a demanda agregada. A esses fatores, devem ser acrescidos os efeitos da expansão dos gastos correntes e das transferências governamentais, bem como os de outros impulsos fi scais. A esse cenário, somem-se os efeitos sobre a demanda agregada dos cortes de juros considerados no parágrafo acima, os sinais de demanda aquecida e o fato de que as decisões de política monetária recentes terão impactos predominantemente sobre o comportamento da economia em 2008. Assim sendo, a extensão do processo de fl exibilização já implementado, as incertezas remanescentes quanto aos impactos defasados do estímulo monetário já injetado na economia, o comportamento esperado dos outros fatores de sustentação do dispêndio, como o crescimento da renda, em um quadro de sólida expansão da demanda doméstica por bens e serviços transacionáveis e não transacionáveis, e o fortalecimento da atividade econômica, sugerem que a fl exibilização adicional deve ser conduzida com parcimônia.

102 | Relatório de Inflação | Junho 2007

Cabe notar, por outro lado, que a contribuição do setor externo para a consolidação de um cenário benigno para a infl ação no horizonte de projeção poderá ser maior do que a inicialmente contemplada, especialmente pela disciplina exercida sobre os preços de bens transacionáveis e por meio da ampliação dos investimentos, em ambiente de demanda aquecida. Muito embora o quantum de exportações prossiga em crescimento, a contribuição do setor externo (isto é, as exportações líquidas), por meio da ampliação da oferta de bens e serviços, continua aliviando as pressões da expansão da demanda agregada sobre a produção doméstica. Tal contribuição estaria ampliando o escopo para que as taxas de crescimento da demanda agregada e da oferta doméstica voltem a se equilibrar em um prazo relevante para as decisões de política monetária, sem comprometer a convergência para a trajetória das metas de infl ação.

À luz dessas considerações, o Copom decidiu por reduções de 0,25 p.p. e de 0,5 p.p. na meta para a taxa Selic, respectivamente, nas reuniões de abril e de junho. O Comitê continuará acompanhando atentamente a evolução dos cenários interno e externo e o balanço de riscos associado à suas projeções de infl ação, e atuando de forma a assegurar a permanência da infl ação em patamares compatíveis com a trajetória de metas.

A projeção para o conjunto dos preços administrados por contrato e monitorados em 2007 foi redimensionada para 3,6%, ante 4,5% considerados no “Relatório de Infl ação” de março de 2007. Essa projeção baseia-se na hipótese de variação nula nos preços da gasolina e do gás de botijão, no acumulado de 2007. Supõe-se também variação de -0,9% nos preços médios da eletricidade e de 3,3% nas tarifas de telefonia fi xa. A projeção de reajustes dos itens administrados por contrato e monitorados para 2008 foi alterada para 4,5%, ante 5,6% no Relatório anterior. Cabe informar que, no caso dos itens para os quais se dispõe de maiores informações, as projeções são individualizadas, ao passo que, para os demais, as projeções continuam baseadas no modelo de determinação endógena de preços administrados, que considera componentes sazonais, variações cambiais, infl ação de preços livres e infl ação medida pelo IGP.

De acordo com os procedimentos tradicionalmente adotados, o cenário de referência pressupõe a manutenção da taxa de câmbio constante ao longo do horizonte de previsão, em R$1,95, valor próximo ao verifi cado no período que antecedeu a reunião do Copom de junho, e a meta para a taxa Selic em 12%, valor fi xado naquela oportunidade. Esse conjunto de informações se traduz em

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 103

trajetórias esperadas para a taxa de swap pré-DI de 180 dias com spreads de 16 p.b. e 73 p.b., em relação à taxa Selic, para o último trimestre de 2007 e 2008, respectivamente.

As expectativas para a evolução da taxa de câmbio, coletadas pela Gerin com analistas do setor privado, apresentaram redução na comparação com os valores divulgados no “Relatório de Infl ação” de março. Para o último trimestre de 2007, as expectativas passaram de R$2,14 para R$1,95, e para o último trimestre de 2008, de R$2,21 para R$2,04. As expectativas acerca da evolução da taxa Selic média também apresentaram redução. Para o último trimestre de 2007, deslocaram-se de uma média de 11,55% para 10,98%, ao passo que, para o último trimestre de 2008, passaram de uma média de 10,57% para 10%. Essa trajetória é consistente com spreads de -23 p.b. para o swap pré-DI de seis meses no último trimestre de 2007 e de -102 p.b. no último trimestre de 2008. No cenário de mercado, pressupõe-se variação de 3,6% para o conjunto dos preços administrados em 2007. Em 2008, refl exo dos efeitos da depreciação cambial esperada, a variação dos administrados se encontra em 4,8%.

As projeções apresentadas neste Relatório pressupõem, em relação à política fi scal, o cumprimento da meta de superávit primário de 3,8% do PIB em 2007 e em 2008, ajustada pela possibilidade de que esse percentual seja reduzido em até 0,45 p.p., em virtude da implementação do PPI.

6.3 Previsão de inflação

Com base nos pressupostos acima e nos riscos a eles associados, conforme considerados pelo Copom, e utilizando o conjunto disponível de informações, foram construídas as projeções para a variação do IPCA acumulada em quatro trimestres, compatíveis com as trajetórias de juros e câmbio que caracterizam os cenários de referência e de mercado. O cenário de referência considera a manutenção da meta para a taxa Selic em 12%, de acordo com decisão tomada na reunião do Copom de junho, e a taxa de câmbio constante, ao longo do horizonte de previsão, em R$1,95. No cenário de mercado, baseado em dados de pesquisa realizada pela Gerin junto a um conjunto signifi cativo de instituições, a trajetória de juros esperada pelos agentes contempla uma taxa Selic média de 11,53% a.a. no terceiro trimestre de 2007, que se reduz até atingir 10,98% a.a. no último trimestre de 2007 e 10% a.a. no último trimestre de 2008. A trajetória para a taxa de câmbio parte de uma média de R$1,93 no terceiro

104 | Relatório de Inflação | Junho 2007

trimestre de 2007 e atinge R$1,95 e R$2,04 nos últimos trimestres de 2007 e 2008, respectivamente.

A previsão associada ao cenário de referência indica infl ação de 3,5% em 2007, abaixo, portanto, do valor central de 4,5% estabelecido pelo CMN para a meta. No Gráfi co 6.2 pode-se observar tendência de convergência da variação do IPCA acumulada em doze meses para o valor central da meta de infl ação ao longo do horizonte de projeção, o que refl ete, fundamentalmente, os efeitos associados às reduções na taxa Selic. Os dados da Tabela 6.1 indicam aceleração da infl ação acumulada em doze meses no segundo e no terceiro trimestres de 2007, quando atinge 3,5% e 3,7%, respectivamente. Esse movimento é conseqüência de maiores projeções para a variação dos preços livres, no segundo trimestre, e para a variação dos preços administrados, no terceiro trimestre, em comparação aos valores verifi cados em iguais períodos de 2006. No que se refere ao último trimestre de 2007, a Tabela 6.1 indica redução de 0,2 p.p. na projeção de infl ação acumulada em doze meses, devido à menor contribuição tanto do conjunto de preços livres quanto do conjunto de administrados, ante os valores observados no quarto trimestre de 2006. A probabilidade estimada de a infl ação ultrapassar o limite superior do intervalo de tolerância da meta em 2007, segundo o cenário de referência, encontra-se em 3%, ante 10% em março. Cabe destacar, ainda, que a projeção para a infl ação acumulada em doze meses atinge 4,1% no último trimestre de 2008 e permanece, portanto, abaixo do valor central de 4,5% para a meta.

No cenário de mercado, a projeção para a infl ação acumulada em 2007 também recuou para 3,5% e, por conseguinte, continua em patamar inferior ao valor central de 4,5% para a meta. As projeções para o acumulado em doze meses, apresentadas na Tabela 6.2 e ilustradas no Gráfi co 6.3, indicam aceleração da infl ação acumulada em doze meses no segundo e no terceiro trimestres de 2007 e desaceleração no último, assim como verifi cado no cenário de referência. De um modo geral, as projeções associadas ao cenário de mercado, para todos os trimestres de 2007, são similares aos valores encontrados para o cenário de referência. Isso se deve, em parte, ao fato de que as projeções para o cenário de mercado levam em conta uma taxa de câmbio, para o fi nal de 2007, igual à considerada no cenário de referência. O recuo da projeção de infl ação para 2007, segundo o cenário de mercado, relativamente ao valor constante do último “Relatório de Infl ação”, implicou redução da probabilidade de a infl ação ultrapassar o limite superior do intervalo de tolerância, que passou de 12% para 3%. Note-se ainda que,

Tabela 6.1 – Inflação do IPCA, com juros constantes de 12% a.a.(Cenário de referência)

Intervalo de confiança

50%

Período 30% Projeção

10% central

2007 1 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0

2007 2 3,2 3,3 3,5 3,6 3,7 3,9 3,5

2007 3 3,0 3,3 3,5 3,8 4,1 4,4 3,7

2007 4 2,4 2,9 3,3 3,7 4,1 4,6 3,5

2008 1 1,8 2,4 3,0 3,5 4,0 4,6 3,2

2008 2 1,9 2,6 3,3 3,9 4,6 5,3 3,6

2008 3 2,1 3,0 3,7 4,4 5,1 6,0 4,0

2008 4 2,1 2,9 3,7 4,5 5,3 6,1 4,1

Obs.: Inflação acumulada em 12 meses em % a.a.

Tabela 6.2 – Projeção da inflação medida pelo IPCA, com expectativas de mercado para as taxas de câmbio e de juros ¹

Intervalo de confiança

50%

Período 30% Projeção

10% central

2007 1 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0

2007 2 3,2 3,3 3,5 3,6 3,7 3,9 3,5

2007 3 3,0 3,3 3,5 3,8 4,1 4,4 3,7

2007 4 2,4 2,9 3,3 3,7 4,1 4,6 3,5

2008 1 1,9 2,5 3,0 3,6 4,1 4,7 3,3

2008 2 2,1 2,8 3,5 4,1 4,8 5,5 3,8

2008 3 2,5 3,3 4,1 4,8 5,5 6,3 4,4

2008 4 2,6 3,5 4,3 5,0 5,8 6,7 4,6

Obs.: Inflação acumulada em 12 meses em % a.a.1/ De acordo com a Gerin.

Gráfico 6.3 – Projeção da inflação medida pelo IPCA, com expectativas de mercado para as taxas de câmbio e de jurosLeque de inflação

Obs.: Inflação acumulada em 12 meses (% a.a.).

-2

0

2

4

6

8

10

I 2005

II III IV I 2006

II III IV I 2007

II III IV I 2008

II III IV

(%)

Gráfico 6.2 – Projeção da inflação medida pelo IPCA, comjuros constantes de 12% a.a. (Cenário de referência) Leque de inflação

Obs.: Inflação acumulada em 12 meses (% a.a.).

-2

0

2

4

6

8

10

I 2005

II III IV I 2006

II III IV I 2007

II III IV I 2008

II III IV

(%)

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 105

apesar de a projeção para a infl ação acumulada em quatro trimestres apresentar elevação ao longo de 2008, ainda encerra o ano em nível próximo ao valor central de 4,5% para a meta.

A Tabela 6.3 apresenta os valores centrais constantes no “Relatório de Infl ação” de março de 2007. Comparando essas projeções com as atuais, observa-se, segundo o cenário de referência, redução de 0,3 p.p. nas estimativas de infl ação para 2007 e para 2008. Esse movimento ocorre a despeito da redução de 75 p.b. na taxa Selic desde a divulgação do último Relatório, e, em grande parte, resulta da revisão das projeções para a variação dos preços administrados em 2007 (de 4,5% para 3,6%) e em 2008 (de 5,6% para 4,5%), bem como da apreciação da taxa de câmbio verifi cada desde março (de R$2,10 para R$1,95). Já no caso do cenário de mercado, o recuo das projeções de infl ação se apresenta ligeiramente mais acentuado do que no cenário de referência, de 0,5 p.p. para 2007 e de 0,4 p.p. para 2008. Além dos fatores acima especifi cados, contribuiu para esse deslocamento o recuo nas expectativas de depreciação do câmbio nominal ao longo do horizonte de projeção considerado.

O Gráfi co 6.4 mostra a evolução da projeção para a infl ação acumulada em doze meses, de acordo com os cenários de referência e de mercado, além da trajetória de metas, até o quarto trimestre de 2008. Conforme diagnosticado em Relatórios anteriores, após o primeiro trimestre de 2007, persiste a tendência de elevação das projeções para a infl ação acumulada em doze meses ao longo do horizonte analisado. Em ambos os cenários observa-se, ainda, uma ligeira infl exão da projeção de infl ação para o acumulado em doze meses no último trimestre de 2007 e no primeiro trimestre de 2008. Cabe observar, todavia, que a despeito da tendência de elevação nos dois cenários, as projeções caminham abaixo do valor central da trajetória de metas em quase todo o horizonte de projeção. Especifi camente no caso do cenário de mercado, as projeções de fato ultrapassam o valor central da trajetória de metas para a infl ação, mas apenas no último trimestre de 2008.

O Gráfico 6.5 mostra o leque de crescimento do produto, baseado nas hipóteses do cenário de referência. Tendo em vista que o modelo que gera as projeções utiliza dois componentes que não são diretamente observáveis – produto potencial e hiato do produto – cabe ressaltar que os erros de previsão associados às projeções de crescimento do PIB são consideravelmente maiores do que os associados às projeções de infl ação. De acordo com esse cenário, o crescimento do PIB previsto para 2007 é de 4,7%, 0,6 p.p. acima do projetado no “Relatório de Infl ação” de março de 2007.

Período Cenário dereferência

Cenário demercado

2007 I 2,8 2,8

2007 II 3,5 3,6

2007 III 4,0 4,1

2007 IV 3,8 4,0

2008 I 3,8 4,0

2008 II 4,1 4,4

2008 III 4,3 4,7

2008 IV 4,4 5,0

Tabela 6.3 – Projeções do "Relatório de Inflação" de Março de 2007

Gráfico 6.4 – Trajetória das metas e projeções referentes à inflação acumulada em doze meses

2

3

4

5

6

7

8

Jan 2006 Jun Nov Abr 2007 Set Fev 2008 Jul Dez

(%)

MetaCenário de mercadoCenário de referência

Gráfico 6.5 – Variação do PIB com juros fixos em 12% a.a.Cenário de referênciaLeque do produto

-2

0

2

4

6

8

I 2006

II III IV I 2007

II III IV

(%)

106 | Relatório de Inflação | Junho 2007

No “Relatório de Infl ação” de junho de 2006, consta um boxe em que se apresenta um modelo usado para se projetar uma trajetória para a taxa nominal de câmbio, com métodos econométricos e simulação. Seguindo direção semelhante, este boxe apresenta o modelo de Diebold e Li (2006)1, bem como uma aplicação desse modelo em um exercício de projeção da trajetória para taxa Selic implícita na estrutura a termo da taxa de juros. Esse modelo foi utilizado com sucesso em exercícios de projeção da curva de juros norte-americana e gerou projeções mais precisas do que aquelas obtidas por meio de modelos VAR, VECM e afi m, entre outros. No caso da economia brasileira, Vicente e Tabak (2007)2 comparam o desempenho do supracitado modelo com o de benchmarks importantes, como o passeio aleatório.

Diebold e Li (2006) pressupõem a existência de uma forma funcional para a curva de juros, dada por uma constante adicionada ao produto de um polinômio e a um termo de decaimento exponencial:

, (1)

onde yt (τ) corresponde à taxa de juros no instante t com vencimento em τ, λt governa a taxa de decaimento exponencial e β1,t, β2,t e β3,t são coefi cientes a serem determinados.

Podem-se interpretar os coefi cientes β1,t, β2,t e β3,t como fatores latentes que governam a dinâmica

Projeção para a Taxa Selic: um Exercício Econométrico

1/ Diebold, F., e Li, C., 2006. Forecasting the Term Structure of Government Bond Yields. Journal of Econometrics 130, 337-364. 2/ Vicente, J., e Tabak, B.M. 2007. Forecasting Yields in the Brazilian Fixed-Income Market. Working Paper Series do Banco Central do Brasil, no prelo.

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 107

da estrutura a termo de taxa de juros. Nesse sentido, o coefi ciente β1,t regeria a dinâmica do nível das taxas de juros para qualquer maturidade (não depende de τ), ao passo que os coefi cientes β2,t e β3,t estariam, respectivamente, relacionados à inclinação e à curvatura da curva de juros.

Nos procedimentos de estimação, admite-se que os fatores latentes na equação (1) seguem processos auto-regressivos de primeira ordem:

, (2)

onde

i = 1,2,3, (3)

e e são obtidos regredindo cada coefi ciente latente em sua defasada de primeira ordem.

A amostra usada contempla informações semanais sobre as médias da taxa Selic e das taxas dos contratos de swap pré-DI para os vértices de 30, 60, 90, 180, 360 e 540 dias. O intervalo amostral se estende de maio de 2005 a maio de 2007.

Com base no modelo estimado, construíram-se

projeções fora da amostra para a trajetória da taxa Selic seis meses à frente. O Gráfi co 1 (para um período de aperto monetário) e o Gráfi co 2 (para um período de relaxamento monetário) contêm projeções geradas pelo modelo, assim como a mediana das expectativas coletadas pela Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin) e a própria trajetória da taxa Selic. Observa-se que no período de aperto monetário, de modo geral, o modelo gera projeções superiores à mediana das expectativas, e que ocorre o contrário no período de relaxamento monetário. Embora signifi cativos, os erros de projeção do modelo são menores do que os associados à mediana das expectativas coletadas pela Gerin. Além disso, cabe destacar que, grosso modo, a taxa Selic efetiva tem se posicionado entre as projeções do modelo e a mediana das expectativas coletadas pela Gerin.

Admita-se que a trajetória implícita na estrutura a termo represente as expectativas dos operadores de renda fi xa. Isso posto, os resultados

Gráfico 1 – Expectativas de inflação, evolução da taxa Selice projeções seis meses à frente (aperto monetário)

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Set 2004 Jan 2005 Jun 2005

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Selic Gerin Modelo Econométrico

Gráfico 2 – Expectativas de inflação, evolução da taxa Selice projeções seis meses à frente (relaxamento monetário)

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Nov 2006 Dez Jan 2007 Fev Mar Abr

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Selic Gerin Modelo Econométrico

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alcançados sugerem que, em períodos de relaxamento monetário, os economistas, cujas expectativas são capturadas pela pesquisa da Gerin, geralmente se mostram menos otimistas do que os operadores em termos de evolução da política monetária, ao passo que, nos períodos de contração monetária, os economistas se mostram menos pessimistas.

Este boxe apresentou o modelo de Diebold e Li (2006), bem como uma aplicação para a economia brasileira. O exercício econométrico sugere que o modelo apresenta um bom desempenho e pode se constituir em ferramenta importante no sentido de se projetar a trajetória para a taxa Selic implícita na estrutura a termo da taxa de juros. Os resultados, porém, não pressupõem a existência de choques negativos e/ou positivos no período. Assim, à medida que choques atinjam a economia brasileira, o modelo deve ser reestimado e o exercício, refeito.

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Anexo

Notas da 126ª Reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom)

Data: 17 e 18/04/2007Local: Sala de reuniões do 8º andar (17/04) e do 20º andar (18/04) do Edifício-Sede do Banco Central – Brasília – DF Horário de início: 16h30 (17/04) e 17h (18/04)Horário de término: 19h30 (17/04) e 19h (18/04) Presentes:Membros do CopomHenrique de Campos Meirelles – PresidenteAlexandre Antonio TombiniAntonio Gustavo Matos do ValeMário Magalhães Carvalho MesquitaPaulo Sérgio CavalheiroPaulo Vieira da CunhaRodrigo Telles da Rocha Azevedo Chefes de Departamento (presentes no dia 17)Altamir Lopes – Departamento EconômicoCarlos Hamilton Vasconcelos Araújo – Departamento de Estudos e Pesquisas (também presente no dia 18)Beatriz da Costa Lourenço Florido – Departamento de Operações do Mercado AbertoJosé Antonio Marciano – Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de PagamentosMárcio Barreira de Ayrosa Moreira – Departamento de Operações das Reservas InternacionaisRenato Jansson Rosek – Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores

Demais participantes (presentes no dia 17)Alexandre Pinheiro de Moraes Rego – Assessor Especial do PresidenteAdriana Soares Sales – Chefe-Adjunto do Departamento de Estudos e PesquisasAlexandre Pundek Rocha – Consultor da DiretoriaFlávio Pinheiro de Melo – Consultor da Diretoria Jocimar Nastari – Assessor de Imprensa Os membros do Copom analisaram a evolução recente e as perspectivas para a economia brasileira e para a economia internacional, no contexto do regime de política monetária, cujo objetivo é atingir as metas fi xadas pelo governo para a infl ação.

Evolução recente da economia 1. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a infl ação desacelerou em março para 0,37%, ante 0,44% tanto em janeiro como em fevereiro. Sendo assim, a infl ação acumulada no primeiro trimestre de 2007 foi de 1,26%, acima das expectativas vigentes ao fi nal do quarto trimestre de 2006, mas abaixo da taxa de 1,44% observada no primeiro trimestre do ano passado. Para tanto, a principal contribuição foi dos preços monitorados, que avançaram 0,59%, ante 1,69% no mesmo período de 2006, uma vez que os preços livres tiveram elevação de 1,55% no trimestre, acima da taxa de 1,31% observada no primeiro trimestre de 2006. No período de doze meses até março, a infl ação alcançou 2,96% (5,32% em março de 2006), sendo que os preços

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livres subiram 2,82% (3,90%), e os monitorados, 3,15% (8,66%). O recuo da infl ação mensal em março deveu-se à redução da variação dos preços livres, 0,44% ante 0,59% em fevereiro, em contraste com a aceleração da infl ação dos preços administrados, 0,21% ante 0,12% em fevereiro. Destaque-se, em março, a pressão altista dos grupos alimentação e vestuário. Sob outra ótica, note-se que os preços dos itens comercializáveis se elevaram 0,21% em março, ante defl ação de 0,10% em fevereiro; e que os preços dos bens não comercializáveis variaram 0,66% em março, ante 1,23% em fevereiro. A infl ação de preços de serviços foi de 0,38% no mês e de 5,09% em doze meses (o custo de cursos teve alta de 4,62%, e outros serviços subiram 5,19%). Em que pese a aceleração infl acionária observada no fi nal de 2006 e no início de 2007, o cenário mais provável é que a infl ação continue evoluindo segundo a trajetória das metas. 2. O recuo da infl ação plena em março foi acompanhado pelo movimento do núcleo por exclusão de monitorados e de alimentos no domicílio, que se deslocou de 0,52% em fevereiro para 0,23% em março. Já outras medidas de infl ação subjacente calculadas pelo Banco Central mostraram pequenas elevações: o núcleo por médias aparadas com suavização de itens preestabelecidos elevou-se de 0,24% em fevereiro para 0,29% em março e mostra maior rigidez entre as três medidas de núcleo, ao passo que o núcleo por médias aparadas sem suavização de itens preestabelecidos deslocou-se de 0,22% para 0,24%. No primeiro trimestre, o núcleo por exclusão registrou infl ação de 1,16%, a menor para o período desde 2002, enquanto os núcleos por médias aparadas com e sem suavização registraram infl ações de 0,92% e 0,81%, respectivamente, os menores níveis desde o início das séries nos dois casos. Esse cenário se repete ao se analisar a variação acumulada em doze meses até março, com taxas de 2,59%, 3,97% e 2,23% para os três núcleos, respectivamente. 3. A inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) se manteve praticamente estável, 0,22% contra 0,23% em fevereiro. Indicadores antecedentes, como o IGP-10, sinalizam que essa estabilidade tende a continuar. No primeiro trimestre, o Índice registra variação de 0,88%, mostrando alta frente aos 0,21% observados no mesmo período do ano passado. Em doze meses, a variação se elevou de 3,79% em fevereiro para

4,49% em março. Esse comportamento resulta, entre outros fatores, da recuperação dos preços agrícolas, que apresentaram defl ação em vários meses ao longo do ano passado. Dentre os componentes do IGP-DI, o Índice de Preços ao Consumidor – Brasil (IPC-Br) apresentou elevação de 0,34% em fevereiro para 0,48% em março, e o Índice Nacional de Construção Civil (INCC), de 0,21% para 0,27%. Por outro lado, o Índice de Preços por Atacado – Disponibilidade Interna (IPA-DI) recuou para 0,11% em março, ante 0,19% no mês anterior. O recuo do IPA-DI deveu-se à defl ação observada nos preços agrícolas, que diminuíram 0,18% em março, após haverem aumentado 1,07% e 1,08%, respectivamente, em janeiro e fevereiro. Conforme destacado nas Notas de reuniões anteriores do Copom, os efeitos do comportamento dos preços no atacado sobre a infl ação para os consumidores dependerão das condições prospectivas da demanda e das expectativas dos formadores de preços em relação à trajetória futura da infl ação. 4. Após a última reunião do Copom, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou novos números do PIB, resultantes da implementação de ampla revisão metodológica. Os novos dados mostraram alterações relevantes no nível do PIB (incremento de aproximadamente 11%) e nas taxas de crescimento, com a média dos últimos cinco anos subindo de 2,5% para 3,2% e, no caso específi co de 2006, de 2,9% para 3,7%. Dentre outras modifi cações importantes, destaca-se o substancial recuo da taxa de investimento. O novo conjunto de dados também sugere que a economia, pelo menos nos períodos mais recentes, poderia estar utilizando seus fatores de produção de forma mais efi ciente. Outra mudança importante foi a ampliação da participação do setor de serviços na composição do PIB, o que aproxima o perfi l da economia brasileira do observado em outras importantes economias. Sob a ótica da oferta, os novos números do PIB de 2006 mostram maior crescimento da agropecuária (4,1% ante 3,2%) e dos serviços (3,7% ante 2,4%) e redução do crescimento industrial (2,8% ante 3,0%). Pela ótica da demanda, houve aumento na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) (8,7% ante 6,3%), no consumo das famílias (4,3% ante 3,8%) e no consumo do governo (3,6% ante 2,1%), menor crescimento das exportações (4,6% ante 5,0%), ao

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passo que a expansão das importações manteve-se inalterada (18,1%). Além disso, o crescimento da economia no último trimestre de 2006 ante o trimestre anterior, de acordo com dados dessazonalizados pelo IBGE, reduziu-se ligeiramente, de 1,1% para 0,9%, enquanto o crescimento no terceiro trimestre aumentou substancialmente, de 0,8% para 2,6%, uma trajetória consistente com a análise desenvolvida em Notas de reuniões anteriores do Copom. 5. Após expansão nos três últimos meses de 2006 e recuo em janeiro de 2007, a produção industrial, segundo dados dessazonalizados pelo IBGE, voltou crescer em fevereiro, com incremento de 0,3% frente ao mês anterior, com a indústria de transformação e a extrativa mineral crescendo 0,6% e 0,3%, respectivamente. Em comparação com fevereiro de 2006, houve incremento de 3,0%, configurando o oitavo mês consecutivo de expansão da produção industrial agregada. No acumulado em doze meses, a produção industrial geral registra expansão de 2,8%, com 2,6% para a indústria de transformação e 6,2% para a extrativa mineral. Pelo critério das médias móveis trimestrais, a produção industrial cresceu pelo décimo-primeiro mês consecutivo em fevereiro. Nesse mês, a expansão da atividade manufatureira alcançou 14 das 23 atividades pesquisadas, que têm séries sazonalmente ajustadas. Para março, os indicadores antecedentes e coincidentes da produção industrial sinalizam a continuidade da expansão. Os diversos fatores de estímulo à atividade econômica, inclusive a flexibilização monetária já realizada, sugerem que a tendência de expansão da indústria deve continuar nos próximos meses. 6. Dentre as categorias de uso, os dados dessazonalizados de fevereiro destacam o crescimento mensal de 1,2% na produção de bens de consumo duráveis. Quando se compara com igual mês do ano passado, houve um forte incremento, de 14,3%, na produção de bens de capital, ao passo que a produção de bens intermediários aumentou 3,5%. Na mesma base de comparação, a produção de bens de consumo duráveis mostra retração de 2,9%. No primeiro bimestre de 2007, chama atenção o desempenho da produção de bens de capital (com expansão de 16,0%) e a aceleração do ritmo de produção de bens intermediários (com expansão de 3,3%). O dinamismo da produção de bens de capital decorre da consolidação das perspectivas favoráveis de continuidade do crescimento da demanda interna, bem

como da infl uência de preços internacionais favoráveis a alguns setores. É plausível supor, ainda, que o aumento na produção de bens intermediários sugere aceleração mais generalizada na atividade industrial. 7. Após recuar de agosto a dezembro do ano passado, quando alcançou 8,4%, a taxa de desemprego elevou-se para 9,3% em janeiro e para 9,9% em fevereiro, seguindo comportamento sazonal típico de início de ano. Não obstante, ao se comparar com o mesmo mês de 2006, houve estabilidade. O número de ocupados cresceu 2,5%, em doze meses até fevereiro, indicando ritmo forte de geração de empregos. Por sua vez, o poder de compra dos trabalhadores subiu 2,5% em fevereiro ante o mês anterior, e 6,1% frente ao mesmo mês de 2006. Esse dinamismo se refl ete também na massa salarial real, que apresentou elevação de 8,8% em fevereiro de 2007 (8,1% no ano), em comparação a fevereiro de 2006, mantendo a tendência de alta e constituindo suporte importante ao crescimento da demanda agregada. O nível de emprego na indústria de transformação, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), dessazonalizados pelo Banco Central, cresceu 0,2% em fevereiro, na comparação mês a mês, a décima quinta expansão consecutiva. No confronto com fevereiro de 2006, o emprego na indústria se elevou 3,3%. Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) indicam que o emprego formal celetista continuou se expandindo em fevereiro, com a criação de 148 mil novos postos, um incremento de 0,4% em relação ao mês anterior, na série com ajuste sazonal. No primeiro bimestre, a expansão alcançou 4,7%, enquanto em doze meses atingiu 4,8%. 8. Após o pequeno recuo de 0,1% observado em dezembro, que interrompeu uma série de quatro meses seguidos de signifi cativa expansão, as vendas no comércio varejista aumentaram fortemente no primeiro bimestre do ano, segundo dados dessazonalizados pelo IBGE. De fato, em janeiro e fevereiro houve, respectivamente, expansão de 1,9% e de 0,4%, na comparação mês a mês. Quando a comparação é feita com o mesmo mês do ano anterior, verifi cam-se expansões bastante robustas: de 8,5% em janeiro e de 9,4% em fevereiro. Nessa base de comparação, em ambos os períodos as expansões foram as maiores, para o respectivo mês, da série histórica com início em janeiro de 2000. Em termos acumulados, as

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vendas no varejo expandiram signifi cativos 8,9% no primeiro bimestre de 2007, ante o mesmo período de 2006, a maior expansão para esses meses desde o início da série histórica. Nota-se, além da forte expansão nas vendas de itens ligados ao crédito, o desempenho favorável dos itens mais sensíveis à renda e ao emprego. Por exemplo, as vendas nos hiper e supermercados avançaram 6,8% no primeiro bimestre. O indicador ampliado de comércio, que incorpora também as vendas de automóveis, motocicletas, partes e peças, bem como de material de construção, apresentou elevação de 11,0% no primeiro bimestre, em comparação ao mesmo período de 2006. Espera-se, para o resto do ano, a continuidade do fortalecimento do comércio varejista, que deverá ser impulsionado pela expansão dos níveis de emprego e da renda, pelo crescimento do crédito e pelo processo de fl exibilização da política monetária, aliados à própria recuperação da confi ança do consumidor. 9. A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) na indústria de transformação situou-se em 81,8% em fevereiro, 1,3 p.p. acima do verificado no mesmo mês de 2006, de acordo com a nova série divulgada pela CNI, dessazonalizada pelo Banco Central. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, fevereiro registrou a sétima expansão consecutiva. De fato, em fevereiro a taxa de utilização encontrava-se 0,56 p.p. abaixo do máximo da nova série, observado em julho de 2004 (essa diferença era de 0,62 p.p. em janeiro). Indicadores desagregados calculados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) para março apontavam para nível recorde de utilização da capacidade no setor de bens de capital. O maior nível médio de utilização da capacidade que recentemente vem se verifi cando refl ete a intensifi cação da atividade econômica. Não obstante, dados relativos ao investimento, como o aumento de 21,2% da absorção de bens de capital no primeiro bimestre, sugerem que a expansão da capacidade permanece robusta, sustentada tanto pela importação quanto pela produção de bens de capital. A produção de insumos para a construção civil também aumentou, embora de maneira mais comedida, e se expandiu 1,8% no primeiro bimestre. Dessa forma, ainda não se antecipam descompassos relevantes no que se refere à evolução da oferta e da demanda agregada. Como ressaltado em Notas das reuniões do Copom, entretanto, a

trajetória da infl ação mantém estreita relação com os desenvolvimentos correntes e prospectivos no tocante à ampliação da oferta de bens e serviços para o adequado atendimento à demanda. 10. A balança comercial continua apresentando desempenho robusto, corroborando avaliações expressas em Notas de reuniões anteriores do Copom sobre mudanças estruturais importantes no comércio exterior brasileiro. No primeiro trimestre, o saldo situou-se em US$8,7 bilhões, 6,0% abaixo do verifi cado no mesmo período do ano anterior. Esse arrefecimento era esperado, e se deveu a exportações de US$33,9 bilhões e a importações de US$25,2 bilhões, valores respectivamente 15,4% e 25,3% maiores do que os registrados no primeiro trimestre de 2006. A despeito de permanecerem vultosos, os menores saldos comerciais são uma conseqüência natural tanto do maior nível de atividade quanto do fortalecimento da moeda nacional e mostram um processo saudável de ajustamento das contas externas. O saldo em transações correntes registrou superávit de US$1,7 bilhão no primeiro trimestre e de US$13,3 bilhões em doze meses até março, equivalentes a 1,2% do PIB. 11. Com relação ao cenário externo, persistem as dúvidas quanto aos próximos passos da política monetária norte-americana. Não se podem descartar por completo novas elevações de taxas de juros nos Estados Unidos (EUA), ainda que a avaliação dominante nos mercados seja a de que um ciclo de fl exibilização monetária poderia ter início ainda neste ano. Similarmente, não se pode descartar a possibilidade de desaceleração mais forte do que o esperado da economia dos EUA, e tampouco os potenciais desdobramentos sobre a economia global. Por outro lado, a economia e os preços de ativos brasileiros têm mostrado notável resistência frente às oscilações de sentimento nos mercados fi nanceiros internacionais, graças à melhora de fundamentos observada nos últimos anos, e ao comportamento bastante benigno dos preços de exportações. Nesse sentido, além de se apresentar mais resistente a mudanças de sentimento nos mercados internacionais, a economia brasileira encontra-se em um ciclo de crescimento com estabilidade de preços. Dessa forma, o Copom continua avaliando que o cenário internacional é favorável.

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12. O preço do petróleo, outra fonte sistemática de incerteza advinda do cenário internacional, segue mostrando alta volatilidade, e apresentou ligeira elevação desde a última reunião do Comitê. Essa tendência altista no curto prazo está ligada, sobretudo, a novos episódios de incerteza geopolítica. A despeito da considerável incerteza inerente às previsões sobre a trajetória futura dos preços do petróleo, permanece plausível o cenário central de trabalho adotado pelo Copom, que prevê preços domésticos da gasolina inalterados em 2007.

Avaliação prospectiva das tendências da infl ação

13. Os choques identifi cados e seus impactos foram reavaliados de acordo com as novas informações disponíveis. O cenário considerado nas simulações contempla as seguintes hipóteses: a) Comparadas com os valores considerados na reunião do Copom de março, as projeções de reajustes nos preços da gasolina e do gás de bujão foram mantidas em 0%, para o acumulado de 2007; b) As projeções de reajustes das tarifas de eletricidade e telefonia fi xa para o acumulado de 2007 foram modifi cadas, ante as previstas para a reunião de março, com os reajustes projetados agora se situando em 2,2% e 3,4%, respectivamente; c) A projeção de reajuste para o conjunto de preços administrados, para o acumulado de 2007, foi alterada para 4,2%, ante os 4,5% considerados na reunião do Copom de março. Esse conjunto de preços, de acordo com os dados publicados pelo IBGE, correspondeu a 30,99% do total do IPCA de março; d) A projeção de reajustes dos itens administrados por contrato e monitorados para 2008 foi redimensionada, para 5,2%, com base em modelos de determinação endógena de preços administrados, que consideram componentes sazonais, variações cambiais, infl ação de preços livres e infl ação medida pelo Índice Geral de Preços (IGP); e) O modelo VAR, baseado nos níveis da taxa Selic e do swap de 180 dias, estima um spread, no cenário de referência, de 38 p.b. no quarto trimestre de 2007. A

trajetória do swap indica, ainda, que o spread atinge 71 p.b. no último trimestre de 2008. 14. Em relação à política fiscal, as projeções levam em conta o cumprimento da meta de superávit primário de 3,8% do PIB em 2007 e em 2008, ajustada pela possibilidade de que esse percentual seja reduzido em até 0,45 p.p., em virtude da implementação do Programa Piloto de Investimentos. As demais hipóteses consideradas na reunião anterior foram mantidas. 15. Desde a reunião de março do Copom, houve redução na mediana das expectativas coletadas pela Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin) para a variação do IPCA em 2007, que passou de 3,88% para 3,80%. Essa redução deve-se, basicamente, à diminuição das expectativas de inflação para o segundo e terceiro trimestres de 2007. As expectativas para doze meses à frente diminuíram de 3,80% para 3,64%. Para 2008, as expectativas de infl ação permaneceram em 4%. Como mencionado em Notas de reuniões anteriores do Copom, esses desenvolvimentos continuam sugerindo a consolidação de um ambiente macroeconômico cada vez mais favorável, para horizontes mais longos. 16. Considerando-se as hipóteses do cenário de referência, que leva em conta a manutenção da taxa de câmbio em R$2,05 e da taxa Selic em 12,75%, em todo o horizonte de previsão, a projeção para o IPCA em 2007 sofreu ligeira elevação em relação ao valor considerado na reunião do Copom de março, permanecendo abaixo do valor de 4,50% estipulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para o centro da meta deste ano. No cenário de mercado, que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros apuradas pela Gerin, junto a analistas, no período imediatamente anterior à reunião do Copom, a projeção de infl ação para 2007 sofreu pequena redução em relação ao valor considerado na reunião do Copom de março, permanecendo, portanto, abaixo do valor central de 4,5% para a meta de infl ação. Por sua vez, as projeções de infl ação para 2008 apresentaram redução em ambos os cenários, quando comparadas às projeções obtidas em março, permanecendo os valores abaixo do valor central de 4,5% no cenário de referência e acima de 4,5% no cenário de mercado.

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Implementação da política monetária 17. O Copom reafi rma o diagnóstico, expresso nas Notas das últimas reuniões, de que, além de conter as pressões infl acionárias de curto prazo, a política monetária tem contribuído de maneira importante para a consolidação de um ambiente macroeconômico favorável em horizontes mais longos. Os dados referentes à atividade econômica ainda não sugerem uma probabilidade elevada de que observemos pressões signifi cativas sobre a infl ação no curto prazo. A expansão das importações tem contribuído de forma relevante para esse processo, complementando a produção doméstica e assim permitindo que os efeitos infl acionários do crescimento sustentado da demanda agregada continuem sendo limitados. Além disso, a despeito da perspectiva de consolidação de um ambiente de menor liquidez global, em virtude dos efeitos dos processos de elevação das taxas de juros nas economias industrializadas, e de certo aumento de volatilidade nos mercados globais, o cenário externo continua favorável. Particularmente no que diz respeito às perspectivas de fi nanciamento externo para a economia brasileira, o Copom continua atribuindo baixa probabilidade a um cenário de deterioração signifi cativa nos mercados fi nanceiros internacionais. Assim, as perspectivas para a trajetória da infl ação permanecem benignas. Tal como nas reuniões recentes, o Copom enfatiza que o principal desafi o da política monetária nesse contexto é garantir a consolidação dos desenvolvimentos favoráveis que se antecipam para o futuro. 18. O Copom avalia que as taxas mensais relativamente elevadas que vêm persistindo desde o fi nal de 2006 ainda não apresentam riscos para a trajetória de médio prazo da infl ação. Parte da elevação da infl ação no início deste ano pode ser atribuída a fatores pontuais, como a elevação dos preços de alimentos, e sazonais, como a temporada de reajustes de mensalidades escolares, aos quais se somam certas pressões sobre preços de serviços. Dada a natureza de tais desenvolvimentos, espera-se que sofram arrefecimento ao longo do tempo, sem que necessariamente observemos contaminação para horizontes mais longos. Entretanto, o Copom continuará conduzindo suas ações de forma a assegurar que os ganhos obtidos no combate à infl ação em anos recentes sejam permanentes. Para tanto, continuará acompanhando atentamente a evolução da infl ação e

das diferentes medidas do seu núcleo, discriminando entre reajustes pontuais e reajustes persistentes ou generalizados de preços e adequando prontamente a postura de política monetária às circunstâncias. 19. A manutenção de taxas de infl ação consistentes com a trajetória de metas e a resultante consolidação de um cenário de estabilidade macroeconômica duradoura contribuirão para a continuidade do processo de redução progressiva da percepção de risco macroeconômico que vem ocorrendo nos últimos anos. O espaço para que observemos juros reais menores no futuro continuará se consolidando de forma natural, como conseqüência dessa melhora de percepção. O Copom considera que a persistência de uma atuação cautelosa da política monetária tem sido fundamental para aumentar a probabilidade de que a infl ação siga evoluindo segundo a trajetória de metas. Para que essa maior probabilidade continue se traduzindo em resultados efetivos, entretanto, é preciso que os indicadores prospectivos de infl ação sigam apresentando elementos compatíveis com o cenário benigno que tem se confi gurado nos últimos trimestres. 20. O Copom considera relevante ressaltar, mais uma vez, que há defasagens importantes entre a implementação da política monetária e seus efeitos sobre o nível de atividade e sobre a infl ação. Desde o início do ciclo de fl exibilização da política monetária, em setembro de 2005, a taxa de juros básica já foi reduzida em 700 p.b., sendo que parcela substancial da redução ocorreu nos últimos nove meses. Assim, parte importante dos efeitos dos cortes de juros ainda não se refl etiu no nível de atividade, e tampouco os efeitos da atividade sobre a infl ação tiveram tempo de se materializar. Dessa forma, a avaliação de decisões alternativas de política monetária deve concentrar-se necessariamente na análise do cenário prospectivo para a infl ação e nos riscos a ele associados, em vez de privilegiar os valores correntes observados para essa variável. 21. Ao longo dos próximos meses, a expansão do nível de emprego e da renda e o crescimento do crédito continuarão impulsionando a atividade econômica. Como mencionado em Notas de reuniões recentes do Copom, a esses fatores devem ser acrescidos os efeitos da expansão das transferências governamentais e de outros impulsos fi scais ocorridos

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em 2006 e esperados para os próximos trimestres deste ano. Dessa forma, os efeitos defasados dos cortes de juros sobre uma demanda agregada que já cresce a taxas robustas se somarão a outros fatores que continuarão contribuindo de maneira importante para a sua expansão. Essas considerações se tornam ainda mais relevantes quando se levam em conta os nítidos sinais de demanda aquecida, as pressões sobre a infl ação no curto prazo, e o fato de que as decisões de política monetária passarão a ter impactos concentrados nos últimos meses de 2007 e crescentemente em 2008. 22. Tendo em vista os estímulos já existentes para a expansão da demanda agregada, as incertezas que cercam os mecanismos de transmissão da política monetária, a menor distância entre a taxa básica de juros corrente e as taxas de juros que deverão vigorar em equilíbrio no médio prazo e os cortes já implementados desde setembro de 2005, os membros do Copom entendem que a preservação das importantes conquistas obtidas no combate à infl ação e na manutenção do crescimento econômico, com geração de empregos e aumento da renda real, demanda que a fl exibilização monetária seja conduzida com parcimônia. 23. Mesmo nesse contexto, participantes do Copom argumentaram que se acumulam sinais de que a contribuição das importações, por meio da disciplina exercida sobre os preços de bens transacionáveis em ambiente de demanda robusta, para a consolidação de um cenário benigno para a infl ação no horizonte de projeção, poderá ser maior do que a inicialmente contemplada. Com isso, no processo de discussão sobre o ritmo de flexibilização monetária, três membros do comitê entenderam que o balanço de riscos para a evolução da trajetória futura da infl ação, levando em conta as perspectivas tanto para preços livres quanto para administrados, justifi caria reduzir a taxa básica de juros em 50 p.b. 24. A maioria do Comitê, entretanto, manteve a avaliação de que, tendo em vista a extensão do processo de flexibilização já implementado, as incertezas remanescentes quanto aos impactos defasados do estímulo monetário já injetado na economia, o comportamento esperado dos outros fatores de sustentação do dispêndio, como o crescimento da renda, em um quadro de sólida

expansão da demanda doméstica por bens e serviços transacionáveis e não transacionáveis, e de fortalecimento da atividade econômica, continuavam a recomendar a manutenção do ritmo de redução da taxa básica de juros em 25 p.b. 25. Diante disso, dando prosseguimento ao processo de fl exibilização da política monetária, iniciado na reunião de setembro de 2005, o Copom decidiu, por quatro votos a três, reduzir a taxa Selic para 12,50% ao ano, sem viés. 26. No regime de metas para a infl ação, a Autoridade Monetária orienta suas decisões de acordo com os valores futuros projetados para a infl ação, e analisa diversos cenários alternativos para a evolução das principais variáveis que determinam a dinâmica dos preços, e o balanço dos riscos associado às suas projeções. Ainda que persistam incertezas quanto ao desempenho da economia norte-americana, a conjuntura internacional permanece positiva, favorecendo a contribuição do setor externo para um cenário infl acionário benigno. Por outro lado, pressões de preços, a princípio isoladas e transitórias, atingem a economia em um momento em que a demanda doméstica se expande a taxas robustas, sustentando a recuperação da atividade econômica, inclusive em setores pouco expostos à competição externa, quando os efeitos de importantes fatores de estímulo, como a flexibilização monetária já implementada, ainda estão por se fazer sentir em sua plenitude. Nesse ambiente, cabe à política monetária manter-se especialmente vigilante para evitar que a maior incerteza detectada em horizontes mais curtos se propague para horizontes mais longos. 27. Ao fi nal da reunião, foi registrado que o Comitê voltaria a se reunir em 05 de junho de 2007, para as apresentações técnicas, e no dia seguinte, para deliberar sobre a política monetária, conforme estabelecido pelo Comunicado 15.011, de 31/10/2006.

Sumário dos dados analisados pelo Copom

Infl ação 28. O IPCA variou 0,37% em março, ante 0,44% em fevereiro. A pequena queda da taxa deveu-se,

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principalmente, ao esgotamento do impacto dos reajustes no item educação, após a alta sazonal que infl uenciou a variação do IPCA em fevereiro. Os preços do grupo alimentação e bebidas mostraram aceleração, com alta de 0,98%, ante 0,78% no mês anterior, e respondem por 0,2 p.p. do resultado mensal do IPCA, sobretudo pela maior elevação dos preços dos produtos in natura. Com o resultado, o IPCA manteve a trajetória de desaceleração, acumulando variações de 2,96% em doze meses e de 1,26% no primeiro trimestre do ano. 29. A variação dos preços livres passou de 0,59% em fevereiro para 0,44% em março, enquanto a dos preços monitorados aumentou de 0,12% para 0,21%, no mesmo período. Em doze meses, os preços livres acumularam crescimento de 2,82%, e os preços monitorados, de 3,15%. Entre os livres, os preços dos produtos não comercializáveis subiram 4,51%, principalmente pela elevação de 5,09% nos serviços, enquanto os preços dos produtos comercializáveis evoluíram 1,1%. 30. As medidas de núcleo do IPCA pelo critério de médias aparadas aumentaram ligeiramente em março, comparativamente às do mês anterior, enquanto a medida de núcleo pela exclusão de preços de alimentação no domicílio e monitorados registrou recuo expressivo. Considerando a variação em doze meses, os indicadores mantiveram trajetória declinante. Pelo método das médias aparadas sem suavização de itens preestabelecidos, a variação do núcleo atingiu 0,24% no mês, ante 0,22% em fevereiro, acumulando 2,23% em doze meses. De acordo com o critério de médias aparadas com suavização, o núcleo aumentou de 0,24%, em fevereiro, para 0,29% em março, totalizando 3,97% em doze meses. A variação do núcleo calculada pela exclusão dos preços de alimentação no domicílio e monitorados situou-se em 0,23% em março, comparativamente a 0,52% no mês anterior, e acumulou variação de 2,59% em doze meses. 31. O IGP-DI variou 0,22% em março, ante 0,23% em fevereiro, acumulando crescimentos de 0,88% no ano e de 4,49% em doze meses. Dos componentes do índice geral, apenas o IPA DI, de maior peso, acusou desaceleração em março, com alta de 0,11% ante 0,19% no mês anterior. O IPC-Br variou 0,48%,

ante 0,34% em fevereiro, infl uenciado pelas maiores taxas em 5 dos 7 grandes grupos que o compõem, sobretudo, produtos alimentícios. O núcleo de infl ação para o IPC-Br, calculado pela FGV pelo método das médias aparadas com suavização, variou 0,27% em março, ante 0,16% em fevereiro, acumulando 0,69% no trimestre e 2,52% em doze meses. O INCC-DI variou 0,27% em março, comparativamente a 0,21% em fevereiro, refletindo o acréscimo na taxa de variação da mão-de-obra, conseqüência do impacto do reajuste salarial em Salvador e no Rio de Janeiro. O grupo materiais e serviços registrou aumento de 0,19% em março, ante 0,4% em fevereiro. O INCC-DI acumulou expansões de 0,94% no ano e de 5,25% em doze meses. 32. A menor variação do IPA em março refl etiu a queda dos preços agrícolas, cujo efeito se sobrepôs ao impacto da aceleração dos preços industriais. O IPA-agrícola recuou 0,18% no período, ante a elevação de 1,08% em fevereiro, enquanto o IPA-industrial cresceu 0,2%, após variação negativa de 0,1% no mês anterior. Considerando o IPA segundo os três estágios de processamento, apenas as matérias-primas brutas registraram variação negativa de preços em março, -0,8%, após elevação de 0,42% no mês anterior. Os preços dos bens fi nais subiram 0,55%, acelerando ante a alta de 0,42% em fevereiro, e a variação dos preços dos bens intermediários passou de -0,08% para 0,31%, no mesmo período. Em doze meses, os preços das matérias-primas brutas aumentaram 15,28%, exercendo a maior pressão sobre o resultado do IPA no período. Os preços dos bens intermediários cresceram 3,21% e dos bens fi nais, 0,69%. Atividade econômica 33. O PIB cresceu 3,7% em 2006, segundo a nova metodologia divulgada pelo IBGE, ante 2,9% na versão anterior. A expansão do produto foi generalizada entre todos os seus componentes. Pela ótica da produção, a agropecuária expandiu 4,1%, a indústria 2,8% e os serviços 3,7%. Considerando a ótica da demanda, houve crescimento de 8,7% na FBCF, de 4,3% no consumo das famílias, de 3,6% no consumo do governo, de 4,6% nas exportações e de 18,1% nas importações. A contribuição do setor externo para o crescimento do PIB foi negativa em 1,4 p.p., enquanto a demanda interna (consumo mais FBCF) respondeu

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com 4,8 p.p. para a expansão do produto, o que resultou em 0,3 p.p. para o ajuste de estoque. 34. De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, o volume de vendas no segmento varejista do País registrou alta de 0,4% em fevereiro, em relação ao do mês anterior, considerados dados dessazonalizados. Entre as atividades que compõem o indicador geral, apresentaram crescimento, na comparação mensal, combustíveis e lubrifi cantes, 1,3%, e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo 0,1%. Entre os segmentos que apresentaram retração no período estão tecidos, vestuário e calçados, -2,5%, e móveis e eletrodomésticos, -4,2%. O item veículos e motos partes e peças, que integra o indicador de comércio varejista ampliado, registrou crescimento de 5,3% no mês. Regionalmente, 26 das 27 unidades da Federação obtiveram resultados positivos em fevereiro deste ano, comparativamente a fevereiro de 2006 – a exceção foi o Piauí (-0,1%). 35. Ainda em relação ao volume de vendas de fevereiro de 2006, observou-se crescimento de 9,4% no comércio varejista. Esse resultado é decorrente dos crescimentos observados em todos os segmentos nessa base de comparação, principalmente em móveis e eletrodomésticos (19,1%) e hipermercados (6,9%). No indicador de comércio varejista ampliado, destaca-se ainda o segmento de automóveis (19,5%). O desempenho das vendas no varejo reflete a continuidade do crescimento da massa salarial e das melhores condições de crédito. No primeiro bimestre de 2007, a expansão do volume de vendas do comércio varejista atingiu 8,9%, em relação a igual período de 2006. 36. As vendas do comércio varejista ampliado, que incluem as atividades material de construção e veículos, motos, partes e peças, cresceram 11,9% em fevereiro, em relação às de igual mês de 2006. No primeiro bimestre, o crescimento alcançou 11%, resultado obtido principalmente pelo crescimento de 16,7% em veículos e de 6,1% em material de construção. 37. Segundo dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), referentes à capital paulista e dessazonalizados pelo Banco Central, as consultas

ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) e ao Usecheque aumentaram, respectivamente, 1,8% e 2,2% em março, em relação às do mês anterior. Comparativamente às consultas realizadas em março de 2006, registraram-se acréscimos de 4,5% e 5,5%, na mesma ordem. 38. Em relação aos indicadores de investimento, a produção doméstica de bens de capital e a fabricação de insumos da construção civil cresceram 0,1% e 0,3%, respectivamente, em fevereiro de 2007, ante as observadas no mês anterior, segundo dados dessazonalizados. A importação de bens de capital diminuiu em 6%, na mesma base de comparação, após dois meses seguidos de expansão acelerada. Nos últimos doze meses encerrados em fevereiro, esses indicadores cresceram 6,9%, 3,6% e 24,4%, respectivamente. Por setores de destinação, nessa mesma base de comparação, a produção de bens de capital para energia aumentou 18,3%; para uso misto, 12,4%; tipicamente industrializados, 7,7%; e para a construção, 6,6%. A produção de bens de capital para a agricultura diminuiu 11,2% em doze meses até fevereiro, ante queda de 14,6% acumulada até o mês anterior, sinalizando reversão de tendência, na margem. 39. Os financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investimentos de médio e longo prazos alcançaram R$11,3 bilhões no primeiro trimestre de 2007, superando em 66,5% aqueles desembolsados no mesmo período de 2006. A expansão dos desembolsos atingiu 26% no acumulado em doze meses até março, realçando a aceleração recente desse indicador de investimentos. O aumento da demanda por fi nanciamento de médio e longo prazos também é evidenciado pelo volume total de recursos envolvido nas consultas de fi nanciamento recebidas pelo BNDES em março de 2007, de R$15 bilhões, cerca de 190% superior ao observado em igual mês de 2006. 40. A produção mensal da indústria brasileira cresceu 0,3% em fevereiro, após ajuste sazonal. Com esse resultado, o patamar de produção retornou ao nível recorde histórico registrado em dezembro de 2006. Em relação a fevereiro de 2006, a produção industrial expandiu 3%, acumulando altas de 3,7% no primeiro bimestre do ano e de 2,8% em doze meses.

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41. Considerando dados dessazonalizados, o resultado da indústria geral em fevereiro refl etiu crescimentos mensais de 0,3% na produção extrativa e de 0,6% na transformação. Todas as categorias de uso registraram, no período, acréscimos na produção, destacando-se as altas de 1,2% em bens de consumo durável, de 0,7% em bens de consumo não duráveis e de 0,5% em bens intermediários. A produção de bens de capital manteve-se praticamente estável no mês (+0,1%), após três resultados positivos consecutivos. Na comparação interanual, a categoria registrou expansão de 14,3%, acumulando elevação de 16% no primeiro bimestre do ano. 42. A análise desagregada da atividade industrial mostrou que, em fevereiro, das 23 atividades pesquisadas passíveis de ajuste sazonal, catorze apresentaram crescimento, destacando-se, pela ordem de contribuição no resultado, “refi no de petróleo e produção de álcool”, 4,1%; “material eletrônico e equipamentos de comunicações”, 7,4%; e “alimentos”, 1,8%. As principais infl uências negativas decorreram dos desempenhos de “máquinas, aparelhos e materiais elétricos”, -5,7%; “máquinas e equipamentos”, -2,6%; e “metalurgia básica”, -2,9%. 43. Ainda no setor industrial, conforme estatísticas da CNI, dessazonalizadas pelo Banco Central, observaram-se acréscimo de 2,2% nas horas trabalhadas na produção e estabilidade nas vendas industriais reais em fevereiro, comparativamente ao mês anterior. No bimestre, esses indicadores registraram respectivamente elevações de 3% e 4,9%, comparativamente aos correspondentes no mesmo período de 2006. O nível de UCI atingiu 81,8% em fevereiro, ante 81,7% em janeiro, após ajuste sazonal. Considerando os dados observados, o nível de utilização atingiu 80,3% no mês, 1,3 p.p. acima do patamar de fevereiro de 2006. 44. A produção de autoveículos alcançou recorde mensal em março de 2007: 246,5 mil unidades, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O total produzido representa aumento de 7,4% em relação ao mesmo mês de 2006 e de 5,5% sobre a produção do mês anterior, conforme dados dessazonalizados pelo Banco Central. Ainda considerando a série com ajuste sazonal, as vendas internas cresceram

6,7%, enquanto as externas diminuíram 2,5%. Comparativamente às estatísticas do primeiro trimestre de 2006, a produção de autoveículos cresceu 4%, e as vendas internas, 11,4%, enquanto as exportações recuaram 9,5%. Ainda segundo a Anfavea, a produção de máquinas agrícolas cresceu 8,3% no primeiro trimestre do ano, ante a do mesmo período do ano anterior, refl etindo a recuperação do setor agrícola na atual safra. 45. De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, realizado pelo IBGE em março, a estimativa para a safra do ano agrícola 2006/2007 apontou acréscimo de 11,8% em relação à safra anterior. A produção nacional de grãos (cereais, leguminosas e oleaginosas) deverá atingir 130,7 milhões de toneladas, em decorrência das boas condições climáticas e do incentivo à produção, advindo com a elevação dos preços dos produtos agrícolas no mercado internacional. A soja e o milho da segunda safra são os principais responsáveis pela expansão da produção de grãos neste ano. Destaque-se, ainda, a tendência de aumento da área para futuras safras de cana-de-açúcar, motivada pelo interesse crescente na produção do álcool combustível. Em 2007, a área plantada de cana aumentou 7%, e a produção estimada deve ser 7,9% maior que a da safra anterior. Expectativas e sondagens 46. A pesquisa mensal da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio SP) registrou estabilidade no Índice de Confi ança do Consumidor (ICC) em abril, após queda expressiva observada em março. O Índice das Condições Econômicas Atuais (Icea) cresceu 2,5%, e o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC) recuou 1,8%, sinalizando que os consumidores estão cautelosos com as expectativas econômicas futuras. De fato, em abril, pelo quarto mês consecutivo, o Icea manteve-se acima do IEC. 47. De acordo com a Sondagem de Expectativas do Consumidor da FGV, que abrange cerca de dois mil domicílios em sete das principais capitais do País, o ICC diminuiu 2,8% em março, em relação ao mês anterior, resultado que decorreu da deterioração tanto nas avaliações sobre a situação presente

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como das expectativas em relação aos próximos seis meses. 48. Ainda segundo a FGV, o Índice de Confi ança da Indústria (ICI), composto por seis quesitos contidos na Sondagem da Indústria de Transformação, cresceu 4,7% em março, comparativamente ao observado em fevereiro, acumulando expansão de 8,1% no primeiro trimestre de 2007, relativamente a igual trimestre de 2006. Na comparação mensal, registraram-se acréscimos de 2,4% nas avaliações sobre a situação presente e de 7,4% no índice que mede as expectativas em relação aos próximos meses. Mercado de trabalho 49. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do MTE, foram gerados 148.019 postos de trabalho em fevereiro, o segundo melhor resultado para o mês desde o início do levantamento em 1985, situando-se abaixo apenas do apurado em fevereiro de 2006, quando foram criados 176.632 empregos. No primeiro bimestre de 2007 foram gerados 253 mil novos empregos, comparativamente a 263 mil no mesmo período de 2006. Após a dessazonalização da série, o índice de emprego apresentou elevação mensal de 0,4%, registrando acréscimos em todos os setores. Em doze meses a expansão atingiu 4,8%, com destaque para a ampliação de 7,8% do emprego na construção civil. 50. De acordo com a PME, realizada pelo IBGE nas seis principais regiões metropolitanas, a taxa de desemprego aberto atingiu 9,9% da População Economicamente Ativa (PEA) em fevereiro de 2007, ante 9,3% no mês anterior e 10,1% em fevereiro de 2006. A variação da taxa de desemprego entre fevereiro e janeiro refl etiu, principalmente, o aumento de 6,5% da população desocupada, tendo em vista que a PEA se manteve praticamente estável (aumento de 0,2%) no período. O número de trabalhadores ocupados recuou 0,4% em fevereiro, cerca de 91 mil pessoas. Destaque-se, todavia, que o número de empregados com carteira assinada no setor privado cresceu 0,2%, enquanto o de empregados sem carteira diminuiu 2,8%, evidenciando a continuidade do aumento da formalidade no mercado de trabalho, com resultados positivos sobre a produtividade e as condições de

trabalho. No primeiro bimestre de 2007, observou-se queda de 3% no número de empregados sem carteira de trabalho assinada e aumento de 4,1% no número de empregados com carteira. 51. De acordo com a mesma pesquisa, o rendimento médio real habitual das pessoas ocupadas alcançou R$1.096,30 em fevereiro, com elevações de 2,5% em relação ao de janeiro e de 6,1% ante o observado em fevereiro de 2006. A massa salarial real cresceu 2% em fevereiro, comparativamente à observada em janeiro, mantendo a tendência de alta na comparação anual, com aumento de 8,8% em relação à de fevereiro de 2006. 52. Segundo estatísticas da CNI, dessazonalizadas pelo Banco Central, o contingente de pessoal empregado na indústria aumentou 0,2% em fevereiro, em relação ao do mês anterior. No bimestre, a expansão acumulada totalizou 3,4%. A massa salarial real na indústria cresceu 6,4% em fevereiro comparativamente à do mesmo mês de 2006, acumulando elevação de 7% no bimestre. Crédito e inadimplência 53. O saldo dos empréstimos do sistema fi nanceiro registrou aumento de 1,3% em março, acumulando crescimento de 21% em doze meses. As operações com recursos livres registraram acréscimos de 1,9% no mês e de 23,5% em doze meses, enquanto as realizadas com recursos direcionados apresentaram estabilidade e expansão de 15,9%, na mesma ordem. Nas operações de crédito com recursos livres, continuam em destaque os acréscimos em doze meses nos saldos das operações de leasing, sendo de 54,1% nas contratadas com pessoas físicas e de 62,6% relativamente às pessoas jurídicas. Entre as operações com recursos direcionados, as maiores expansões em doze meses estão registradas nos créditos destinados à habitação, 22,8%, e ao setor rural, 21,3%. 54. As operações de crédito referencial para taxas de juros com recursos livres aumentaram 2,1% em março e 20,1% em doze meses. O saldo das operações com pessoas físicas cresceu 2% no mês, acumulando expansão de 21,7% em doze meses. Em relação às carteiras de pessoas jurídicas, as operações com recursos domésticos evoluíram 2% em março e 20,8%

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em doze meses, enquanto naquelas referenciadas em moeda estrangeira, os acréscimos atingiram 3,1% e 12,3%, na mesma ordem. 55. A taxa média ativa de juros incidente sobre as operações de crédito referencial atingiu 38,5% a.a. em março, a menor da série histórica, 1,2 p.p. abaixo da praticada em fevereiro e 7,2 p.p. inferior ao patamar verificado em março de 2006. Nas operações com pessoas físicas, a taxa média de juros atingiu 49,9% a.a., ante 59% a.a. no mesmo mês de 2006. Nos empréstimos contratados com as pessoas jurídicas, a taxa média de juros registrou redução de 5,3 p.p. em doze meses, ao atingir 25,4% a.a. 56. O prazo médio das operações de crédito referencial realizadas com pessoas físicas, excetuando-se cheque especial, atingiu, em março, 410 dias corridos, ante 347 no mesmo mês de 2006. Na carteira de crédito pessoal, o prazo médio situou-se em 402 dias, com alongamento de 76 dias na comparação interanual, refl etindo o crescente aumento do peso do crédito consignado nessa carteira. Adicionalmente, ressalte-se a ampliação dos prazos negociados nos contratos de aquisição de veículos, elevando-se de 500 dias para 549 dias nos últimos doze meses. 57. A taxa de inadimplência das operações de crédito referencial com atraso superior a noventa dias alcançou 4,9% em fevereiro, registrando queda de 0,1 p.p. no mês e aumento de 0,3 p.p. em doze meses. Por segmentos, a taxa relativa às pessoas jurídicas manteve-se estável no mês e subiu 0,6 p.p. em relação à de fevereiro de 2006, atingindo 2,8%. Nas operações com pessoas físicas, a taxa de inadimplência situou-se em 7,1%, com decréscimo de 0,2 p.p. em termos mensais e em doze meses. 58. A taxa líquida de inadimplência no comércio, calculada pela ACSP, atingiu 7,1% em março, ante 7,3% no mesmo mês do ano anterior e 5,3% na média de 2006. Ambiente externo 59. Superada a turbulência ocorrida nos mercados acionários no fi nal de fevereiro, as atenções voltaram-se novamente para o grau de intensidade da desaceleração da economia norte-americana – principalmente em

função do setor imobiliário residencial – e a evolução da infl ação naquele país, preocupação que se refl etiu na última ata do Federal Open Market Committee (FOMC). Na Área do Euro, o Banco Central Europeu (BCE) manteve na última reunião a taxa de juros em 3,75% a.a., mas ressaltou que os riscos em relação à evolução da infl ação persistem e que a autoridade monetária permanecerá atenta a qualquer movimento dos preços. Os demais bancos centrais emissores de moeda internacional reafi rmaram sua disposição para conter as pressões infl acionárias. 60. Em termos de desempenho da atividade econômica global, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou novas projeções de crescimento mundial, prevendo mais dois anos de crescimento econômico vigoroso – taxa de 4,9% de crescimento mundial tanto para 2007 como para 2008 – com os países emergentes apresentando crescimento maior do que nos países desenvolvidos – de 7,5% e 2,5%, respectivamente. Segundo o FMI, os riscos ao crescimento global declinaram e são moderados. Os principais riscos concentram-se no desempenho da economia norte-americana, em especial do seu mercado imobiliário, e na possibilidade de um ajuste desordenado dos desequilíbrios globais. Assim, ao mesmo tempo em que o Fundo reconhece que as condições econômicas globais têm dado suporte a um ambiente fi nanceiro benigno, admite que os riscos subjacentes têm potencial para enfraquecer a estabilidade fi nanceira. No geral, o FMI observa que houve redução dos riscos macro e uma modesta ampliação dos riscos fi nanceiros. Comércio exterior e reservas internacionais 61. No primeiro trimestre de 2007, o comércio exterior brasileiro continuou em expansão. O superávit comercial atingiu US$8,7 bilhões e acumulou US$45,5 bilhões em doze meses, enquanto a corrente de comércio totalizou US$59,1 bilhões e US$238,5 bilhões, respectivamente, nos mesmos períodos. Em abril, decorridos nove dias úteis, o superávit somou US$1.763 milhões, resultado de exportações de US$5.449 milhões e de importações de US$3.686 milhões. 62. Em março as exportações alcançaram US$12,9 bilhões, cifra recorde para esse período do

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ano, registrando valor médio diário de US$584,3 milhões, 18,2% superior ao observado no mês corresponde de 2006. As exportações de produtos manufaturados atingiram US$7,3 bilhões, com aumento anual de 18,3%, considerada a média diária. As vendas de produtos básicos totalizaram US$3,7 bilhões, e as de semimanufaturados, US$1,6 bilhões, com acréscimos respectivos de 23,6% e 10,6%, na mesma base de comparação. Além do aumento das quantidades embarcadas, importantes produtos da pauta de exportação continuaram apresentando elevação de preços na comparação interanual, destacando-se: suco de laranja, 75,5%; laminados planos, 40,3%; óleo de soja em bruto, 35,7%; álcool, 29,5%; e semimanufaturados de ferro/aço, 28,9%. Mantiveram-se, ainda, ao longo do trimestre, o processo em curso de diversifi cação da pauta, particularmente de itens manufaturados com pequena participação, e a ampliação de mercados de destino para as vendas de produtos brasileiros. 63. As importações totalizaram US$9,5 bilhões em março, valor recorde histórico mensal, com acréscimo de 28,9% em relação ao mesmo mês de 2006, considerando-se as médias diárias. Todas as categorias de produtos apresentaram expansão – em especial a de bens de consumo, 44,6% –, refl etindo, principalmente, o aumento de 79,2% nas importações de automóveis. As compras externas de matérias-primas, de bens de capital e de combustíveis e lubrifi cantes cresceram 33,1%, 23,3% e 13%, respectivamente, na mesma base de comparação, considerando-se as médias diárias. 64. Em março, as reservas internacionais totalizaram US$109,5 bilhões, representando aumento de US$8,5 bilhões no mês, de US$23,7 bilhões no ano e de US$49,7 bilhões em relação ao saldo de março de 2006. Mercado monetário e operações de mercado aberto 65. No período que se seguiu à reunião do Copom de março, até meados do mês, a curva de juros se manteve estável, devido à cautela com o cenário externo em parte associada aos problemas enfrentados pelas empresas norte-americanas do setor de hipotecas de alto risco. A partir de então, as taxas futuras decaíram continuamente, reduzidas as preocupações com o

desempenho da economia dos Estados Unidos diante de resultados positivos referentes ao mercado de trabalho e ao nível de atividade. O comunicado do FOMC de 21 de março de 2007, por seus refl exos positivos nas bolsas internacionais e no fluxo de recursos para países emergentes, ajudou a disparar esse movimento de queda. A melhora de diversos indicadores macroeconômicos – inclusive das taxas recentes de crescimento e da relação dívida/PIB – resultante da nova metodologia do IBGE de aferição do produto interno bruto aumentou o otimismo dos investidores e contribuiu para o recuo do risco-país, que atingiu mínimos históricos, e das taxas de juros, especialmente as de mais longo prazo. Entre 5 de março e 16 de abril, as taxas de 1, de 2 e de 3 anos recuaram, respectivamente, 0,41 p.p., 0,73 p.p. e 0,92 p.p. Infl uenciadas pela trajetória favorável dos índices de infl ação corrente e das expectativas infl acionárias, as taxas de 1, de 3 e de 6 meses caíram 0,27 p.p., 0,29 p.p. e 0,26 p.p., respectivamente. A taxa real de juros medida pelo quociente entre a taxa nominal de um ano e a expectativa de infl ação (suavizada) para os próximos doze meses deslocou-se de 8,00%, em 5 de março de 2007, para 7,79%, em 16 de abril de 2007. 66. Em 22 de março e 11 de abril, o Banco Central realizou leilões de swap cambial reverso destinados, respectivamente, à rolagem dos vencimentos de 2 de abril e de 2 de maio. Essas operações somaram US$2,9 bilhões. 67. Na administração da liquidez do mercado de reservas bancárias, o Banco Central realizou, semanalmente, no período de 6 de março a 16 de abril, operações compromissadas longas, de rentabilidade prefi xada e prazo de 5 e de 7 meses. O saldo diário médio do estoque dessas operações alcançou R$64,1 bilhões, dos quais R$48,3 bilhões em operações de sete meses. No mesmo período, o Banco atuou em 24 oportunidades por meio de operações compromissadas de curtíssimo prazo, 23 das quais destinadas a retirar recursos excedentes do sistema bancário. Realizou, ainda, operações de nivelamento ao fi nal do dia, com prazo de dois dias úteis. As operações de curtíssimo prazo, incluídas as de nivelamento, tiveram saldo diário médio tomador de R$53,5 bilhões. 68. Entre 6 de março e 16 de abril, as emissões do Tesouro Nacional referentes aos seus leilões

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Notas da 127ª Reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom)

Data: 05 e 06/06/2007Local: Sala de reuniões do 8º andar (05/06) e do 20º andar (06/06) do Edifício-Sede do Banco Central – Brasília – DF Horário de início: 17h (05/06) e 17h (06/06)Horário de término: 19h30 (05/06) e 20h (06/06) Presentes:Membros do CopomHenrique de Campos Meirelles – PresidenteAlexandre Antonio TombiniAntonio Gustavo Matos do ValeMário Gomes TorósMário Magalhães Carvalho MesquitaPaulo Sérgio CavalheiroPaulo Vieira da Cunha Chefes de Departamento (presentes no dia 5)Altamir Lopes – Departamento EconômicoCarlos Hamilton Vasconcelos Araújo – Departamento de Estudos e Pesquisas (também presente no dia 06)Ivan Luis Gonçalves de Oliveira Lima – Departamento de Operações do Mercado AbertoJosé Antonio Marciano – Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de PagamentosRenato Jansson Rosek – Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores

Demais participantes (presentes no dia 5)Adriana Soares Sales – Chefe-Adjunto do Departamento de Estudos e PesquisasAlexandre Pinheiro de Moraes Rego – Assessor Especial do PresidenteAlexandre Pundek Rocha – Consultor da DiretoriaFlávio Pinheiro de Melo – Consultor da Diretoria Katherine Hennings – Consultora da Diretoria Jocimar Nastari – Assessor de Imprensa Os membros do Copom analisaram a evolução recente e as perspectivas para a economia brasileira e para a economia internacional, no contexto do regime de política monetária, cujo objetivo é atingir as metas fi xadas pelo governo para a infl ação.

Evolução recente da economia 1. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a infl ação registrou desaceleração em abril e em maio para 0,25% e 0,28%, respectivamente, ante 0,37% em março. Sendo assim, a inflação acumulada nos primeiros cinco meses de 2007 foi de 1,79%, acima da taxa de 1,75% observada no mesmo período do ano passado. Os preços administrados, que avançaram 1,35%, ante 2,70% nos cinco primeiros meses de 2006, têm contribuído para mitigar a aceleração infl acionária, uma vez que os preços livres tiveram elevação de 2,01% de janeiro a maio de 2007,

tradicionais somaram R$61,7 bilhões. A colocação de títulos de remuneração prefixada alcançou R$34,2 bilhões, sendo R$22,3 bilhões em Letras do Tesouro Nacional (LTN) de vencimento em 2007, 2008 e 2009, e R$11,9 bilhões em Notas do Tesouro Nacional Série F (NTN-F) de vencimento em 2010, 2012 e 2017. As vendas de Letras Financeiras do Tesouro (LFT), de títulos de vencimento em 2010 e 2012, totalizaram R$14,5 bilhões. Nos leilões de Notas do Tesouro Nacional, Série B (NTN-B), foram vendidos R$13,0 bilhões em títulos de vencimento em 2009, 2011, 2015, 2024, 2035 e 2045.

69. No mesmo período, o Tesouro promoveu leilões de venda de LTN de vencimento em outubro de 2007 e abril e julho de 2008 conjugada à compra de LTN de prazos mais curtos, perfazendo um total de R$9,1 bilhões. Realizou também leilões de venda de LFT de vencimento em 2010 e 2012, no montante de R$2,7 bilhões, aceitando como pagamento LFT de vencimento em 2007, e efetuou, ainda, leilões de compra de LTN de vencimento em abril de 2007, cujo montante alcançou R$1,2 bilhão, e de NTN-B de vencimentos em 2024 e 2045, no valor total de R$85 milhões.

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acima da taxa de 1,27% observada nesse período em 2006. No período de doze meses até maio, a infl ação alcançou 3,18% (4,23% até maio de 2006), os preços livres subiram 3,32% (2,48%), e os monitorados, 2,88% (8,24%). O recuo da infl ação mensal em abril e em maio deveu-se à redução da variação dos preços livres, 0,19% e 0,25%, respectivamente, frente a 0,44% em março, em contraste com a aceleração da infl ação dos preços administrados, de 0,21% em março para 0,39% em abril e 0,35% em maio. Sob outra ótica, note-se que a infl ação dos preços dos itens comercializáveis se acelerou de 0,21% em março para 0,25% em abril e para 0,48% em maio, em contraste com a variação dos preços dos itens não comercializáveis, que recuou para 0,13% em abril e 0,03% em maio, ante 0,66% em março. Os preços dos serviços tiveram alta de 0,18% em abril e de 0,26% em maio (4,87% nos últimos doze meses). A moderação das pressões infl acionárias observadas no fi nal de 2006 e no início de 2007 indica que a infl ação deve continuar evoluindo segundo a trajetória das metas. 2. O recuo da infl ação plena desde março não foi acompanhado pelo movimento das medidas de núcleo da variação do IPCA. De fato, o núcleo por exclusão de monitorados e de alimentos no domicílio se deslocou de 0,23% em março para 0,29% em abril e 0,33% em maio. Já o núcleo por médias aparadas com suavização de itens preestabelecidos manteve-se próximo da taxa de 0,29% observada em março, ao passo que o núcleo por médias aparadas sem suavização de itens preestabelecidos deslocou-se de 0,24% para 0,28% em abril e 0,30% em maio. Nos primeiros cinco meses do ano, os núcleos por exclusão e por médias aparadas com e sem suavização registraram infl ação de 1,80%, 1,51% e 1,40%, respectivamente, abaixo das variações acumuladas em igual período de 2006. A variação acumulada nos doze meses até maio do núcleo por médias aparadas com suavização recuou de 3,98% em março para 3,86% em abril e para 3,68% em maio. Por outro lado, no que se refere à variação acumulada em doze meses, os núcleos por exclusão e por médias aparadas sem suavização registraram altas, em abril e em maio, face às taxas observadas em março, mas permanecem abaixo do valor central de 4,5% para a meta de 2007. 3. A infl ação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) esteve em média no

patamar de 0,29% no primeiro trimestre (ante 0,07% no primeiro trimestre de 2006), mas apresentou desaceleração nos últimos dois meses. No bimestre abril/maio a variação média do índice recuou para 0,15%, repercutindo movimentos similares no comportamento de dois dos três grandes componentes do IGP-DI: Índice de Preços ao Consumidor – Brasil (IPC-Br), de 0,50% para 0,28%; e Índice de Preços por Atacado – Disponibilidade Interna (IPA-DI), de 0,21% para -0,01%. Por sua vez, o Índice Nacional de Construção Civil (INCC) registrou variação média de 0,31% no primeiro trimestre, que se deslocou para 0,81% no bimestre abril/maio, pressionado pela elevação de custos de matérias primas e reajustes salariais por ocasião de data-base. No acumulado em doze meses, em maio a variação do IGP-DI alcançou 4,38%, ante uma defl ação de 0,14% em maio de 2006. Haja vista que no acumulado de doze meses até maio o IPC-Br variou 3,12%, a elevação do IGP-DI nessa base de comparação foi, em sua maior parte, motivada pelos movimentos do IPA-DI e do INCC, respectivamente, com variações de 4,76% e de 5,18%. Em particular, a aceleração do IPA-DI se deveu essencialmente ao comportamento dos preços agrícolas, que se elevaram 9,13%, ao passo que os preços dos produtos industriais aumentaram apenas 3,46%. Conforme destacado nas Notas de reuniões anteriores do Copom, os efeitos do comportamento dos preços no atacado sobre a inflação para os consumidores dependerão das condições prospectivas da demanda e das expectativas dos formadores de preços em relação à trajetória futura da infl ação. 4. A despeito de registrar certa acomodação em abril, a produção industrial continua mostrando tendência de crescimento robusto. A média móvel trimestral, segundo dados dessazonalizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cresceu 0,6% frente ao mês anterior, mantendo o ritmo observado em março, e registrou a décima terceira expansão consecutiva. Em relação a abril de 2006, houve incremento de 6%, a maior taxa de crescimento, sob esse critério de comparação, desde junho de 2005, o que refl ete o comportamento positivo em vinte das 27 atividades pesquisadas. No acumulado em doze meses, a produção industrial geral registra expansão de 3,3%, com 3,1% para a indústria de transformação e 5,7% para a extrativa mineral. Para maio, os poucos indicadores

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antecedentes e coincidentes da produção industrial disponíveis sinalizam a continuidade do ciclo de crescimento. Os diversos fatores de estímulo à atividade econômica, inclusive a flexibilização monetária já realizada, sugerem que a tendência de expansão da indústria deverá continuar nos próximos meses. 5. Dentre as categorias de uso, os dados dessazonalizados do IBGE destacam o crescimento de 15,4% na produção de bens de capital no ano, seguido pela expansão de 4,2% na produção de bens intermediários. Quando se compara com igual mês do ano passado, houve um incremento de 17,4% na produção de bens de capital, ao passo que a produção de bens intermediários aumentou 5,3%. Na mesma base de comparação, a produção de bens de consumo duráveis mostra elevação de 5,4%. O dinamismo da produção de bens de capital decorre da consolidação das perspectivas favoráveis de continuidade do crescimento da demanda interna, graças à percepção de maior estabilidade macroeconômica, bem como da infl uência de preços internacionais favoráveis a alguns setores. É plausível supor, ainda, que o aumento na produção de bens intermediários nos primeiros quatro meses de 2007 sugere aceleração mais generalizada na atividade industrial. 6. Seguindo padrão sazonal típico do início do ano, a taxa de desemprego subiu nos primeiros meses de 2007, e passou de 8,4% em dezembro de 2006 para 10,1% em março e em abril. Não obstante, no primeiro quadrimestre, a taxa média apresenta-se 0,2 p.p. menor do que a verifi cada no mesmo período do ano passado. Por sua vez, o poder de compra dos trabalhadores subiu 5% no primeiro quadrimestre de 2007, frente ao mesmo período do ano passado, o maior crescimento da série, nessa base de comparação. Em conseqüência, a massa salarial real aumentou 8% nos primeiros quatro meses do ano, frente ao mesmo período de 2006, constituindo-se em fator importante de suporte ao crescimento da demanda agregada. O nível de emprego na indústria de transformação, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), dessazonalizados pelo Banco Central, cresceu 0,4% tanto em abril como em março, após ter se elevado em 0,2% em fevereiro, e atingiu o máximo da série iniciada em 2003. Além disso, ao se comparar com o mesmo mês do ano

passado, verifi ca-se expansão de 3,1% em abril. No que se refere ao emprego formal celetista, dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) indicam a continuidade do processo de expansão. Em abril, houve crescimento de 0,5% do número de postos de trabalho, em relação ao mês anterior, na série com ajuste sazonal. Desse modo, nos primeiros quatro meses do ano, bem como em doze meses, a expansão alcançou 4,8%, com destaques para as indústrias da construção civil (7,5%) e indústria extrativa mineral (4,8%). Em abril, foram criados 302 mil postos de trabalho e, em doze meses, 1.361 mil. 7. O volume de vendas do comércio varejista registrou elevação de 1,1% em março, comparativamente ao mês anterior, na série com ajuste sazonal (depois de expansões de 0,4% em fevereiro e de 2% em janeiro). Com esse resultado, as vendas registram alta de 2,8% no primeiro trimestre, em comparação com o último trimestre de 2006. Na comparação com o mesmo trimestre de 2006, o aumento de 9,7% no volume das vendas ocorrido no primeiro trimestre superou os 7% registrados no último trimestre de 2006. Para esse robusto desempenho do comércio varejista, que indica crescimento forte da demanda doméstica, contribuíram tanto segmentos mais sensíveis à expansão da massa salarial, como “outros artigos de uso pessoal e doméstico” (crescimento de 21,8% nessa base de comparação) quanto aqueles que são usualmente mais infl uenciados pelas condições de crédito, como vendas de móveis e eletrodomésticos (expansão de 20,5% no período). No comércio varejista ampliado, conceito que incorpora ao varejo geral a comercialização de veículos, motos, partes e peças e material de construção, o crescimento do volume atingiu 13,2% na comparação com março de 2006, o nono mês consecutivo em que as vendas no comércio ampliado superaram as vendas no comércio varejista. Espera-se, para o resto do ano, a continuidade do fortalecimento das atividades de comércio varejista, que deverá ser impulsionado pela expansão dos níveis de emprego e da renda, pelo crescimento do crédito e pelo processo de fl exibilização da política monetária, aliados à própria recuperação da confi ança do consumidor. 8. Segundo dados da CNI sem ajuste sazonal, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) na indústria

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de transformação foi em média 81,0% no primeiro quadrimestre de 2007, frente a 79,1% em igual período de 2006. A taxa de utilização da capacidade, para a série da CNI dessazonalizada pelo Banco Central, encontrava-se em 81,8% em abril, 3,1 p.p. acima da taxa de utilização observada em abril de 2006, e 0,5 p.p. abaixo do máximo da série observado em julho de 2004. Utilizando os dados com ajuste sazonal da própria CNI, a utilização da capacidade instalada em abril atingiu 82,6%, e constitui o novo máximo da série. Indicadores desagregados calculados pela CNI para abril registravam quinze, de um total de dezenove setores, que operavam acima das respectivas taxas médias de utilização da capacidade, ante onze setores em abril de 2006. Essa dinâmica refl ete a intensifi cação da atividade econômica, e ocorre a despeito de dados relativos à produção e à absorção de bens de capital, recentemente coletados, indicarem que a expansão dos investimentos permanece robusta. No primeiro quadrimestre, na comparação com o mesmo período de 2006, a absorção de bens de capital apresentou o expressivo aumento de 20,1%. Esse resultado refl ete o aumento das importações de bens de capital (32% em volume), bem como da produção de bens de capital (15,4%). Por sua vez, a produção de insumos para a construção civil aumentou 3,5%. Tendo em vista o comportamento recente das taxas de utilização da capacidade, a continuidade da expansão do investimento será fundamental para evitar descompassos relevantes no que se refere à evolução da oferta e da demanda agregada. Como ressaltado em Notas anteriores das reuniões do Copom, a trajetória da infl ação mantém estreita relação com os desenvolvimentos correntes e prospectivos no tocante à ampliação da oferta de bens e serviços para o adequado atendimento à demanda. 9. A balança comercial continua apresentando desempenho robusto, o que corrobora avaliações expressas em Relatórios de Infl ação e em Notas de reuniões anteriores do Copom sobre mudanças estruturais importantes no comércio exterior brasileiro. Depois de atingir, em 2006, o saldo recorde de US$46,1 bilhões, com crescimento de 3,2% sobre o saldo de 2005, a balança comercial permanece com desempenho fortemente superavitário, o que tem suscitado revisões positivas nas projeções dos analistas para essa variável. Até maio, o saldo acumulado situou se em US$16,9 bilhões, cifra

9,3% superior à verifi cada no mesmo período do ano anterior. Esse resultado adveio de exportações no valor de US$60,1 bilhões e das importações de US$43,2 bilhões, com as primeiras crescendo 21,2% e as últimas, 26,7%. Como observado em Notas de reuniões anteriores, na margem as importações vêm crescendo em ritmo mais acelerado do que as exportações, em função tanto do maior nível de atividade como do fortalecimento do real, o que sinaliza um processo saudável de ajustamento da balança comercial. 10. Com relação ao cenário externo, persistem as dúvidas quanto aos próximos passos da política monetária norte-americana. Sinais de que a infl ação poderia estar se consolidando em patamares superiores aos desejados pelas autoridades monetárias indicam que a expectativa de que um ciclo de fl exibilização monetária poderia ter início ainda nesse ano pode ter sido prematura, e que não se podem descartar por completo novas elevações de taxas de juros nos Estados Unidos (EUA). Similarmente, não se pode descartar a possibilidade de desaceleração mais forte do que o esperado da economia americana, e tampouco os potenciais desdobramentos sobre as demais economias. Por outro lado, até o momento, o fortalecimento da atividade econômica na Europa e a continuidade da forte expansão das grandes economias asiáticas têm sustentado o dinamismo da economia global, a despeito de uma desaceleração moderada nos EUA. A manutenção de taxas de crescimento em níveis historicamente elevados em diversas regiões tem levado a certo aumento das pressões infl acionárias, notadamente no caso de matérias primas e alimentos. Nesse contexto de ainda robusto crescimento global, a economia e os preços de ativos brasileiros têm mostrado notável resistência frente às oscilações nos mercados fi nanceiros internacionais, graças à melhora de fundamentos observada nos últimos anos e ao comportamento bastante benigno dos preços de exportações. Nesse sentido, além de se apresentar mais resistente a mudanças de sentimento nos mercados internacionais, a economia brasileira encontra-se em um ciclo de crescimento com estabilidade de preços. Dessa forma, o Copom continua avaliando que o cenário internacional é favorável. 11. O preço do petróleo, outra fonte sistemática de incerteza advinda do cenário internacional, segue

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mostrando alta volatilidade, e apresentou elevação desde a última reunião do Comitê. Os patamares recentes das cotações internacionais dessa commodity parecem estar refl etindo deslocamentos estruturais na demanda global por energia, bem como recorrentes episódios de incerteza geopolítica. A despeito da considerável incerteza inerente às previsões sobre a trajetória futura dos preços do petróleo, permanece plausível o cenário central de trabalho adotado pelo Copom, que prevê preços domésticos da gasolina inalterados em 2007.

Avaliação prospectiva das tendências da infl ação

12. Os choques identifi cados e seus impactos foram reavaliados de acordo com as novas informações disponíveis. O cenário considerado nas simulações contempla as seguintes hipóteses: a) Comparadas com os valores considerados na reunião do Copom de abril, as projeções de reajustes nos preços da gasolina e do gás de bujão foram mantidas em 0%, para o acumulado de 2007; b) As projeções de reajustes das tarifas de eletricidade e telefonia fi xa para o acumulado de 2007 foram modifi cadas, ante as previstas para a reunião de abril, com os reajustes projetados agora se situando, respectivamente, em -0,9% e 3,3%; c) A projeção de reajuste para o conjunto de preços administrados, no acumulado de 2007, foi alterada para 3,6%, ante os 4,2% considerados na reunião do Copom de abril. Esse conjunto de preços, de acordo com os dados publicados pelo IBGE, correspondeu a 30,99% do total do IPCA de maio; d) A projeção de reajustes dos itens administrados por contrato e monitorados para 2008 foi redimensionada, para 4,8%, com base em modelos de determinação endógena de preços administrados, que consideram componentes sazonais, variações cambiais, infl ação de preços livres e infl ação medida pelo Índice Geral de Preços (IGP); e) O modelo VAR, baseado nos níveis da taxa Selic e do swap de 180 dias, estima um spread, no cenário de referência, de 6 p.b. no quarto trimestre de 2007. A

trajetória do swap indica, ainda, que o spread atinge 70 p.b. no último trimestre de 2008. Os choques identifi cados e seus impactos foram reavaliados de acordo com as novas informações disponíveis. 13. Em relação à política fi scal, as projeções levam em conta o cumprimento da meta de superávit primário de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2007 e em 2008, ajustada pela possibilidade de que esse percentual seja reduzido em até 0,45 p.p., em virtude da implementação do Programa Piloto de Investimentos. As demais hipóteses consideradas na reunião anterior foram mantidas. 14. Desde a reunião de abril do Copom, houve redução na mediana das expectativas coletadas pela Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin) para a variação do IPCA em 2007, que passou de 3,8% para 3,5%. Essa redução deve-se, principalmente, à diminuição das expectativas de infl ação para o terceiro trimestre de 2007. As expectativas para doze meses à frente diminuíram de 3,64% para 3,37%. Para 2008, as expectativas de infl ação permaneceram em 4%. Como mencionado em Notas de reuniões anteriores do Copom, esses desenvolvimentos continuam sugerindo a consolidação de um ambiente macroeconômico cada vez mais favorável, para horizontes mais longos. 15. Considerando-se as hipóteses do cenário de referência, que leva em conta a manutenção da taxa de câmbio em R$1,95 e da taxa Selic em 12,5%, em todo o horizonte de previsão, a projeção para o IPCA em 2007 reduziu-se em relação ao valor considerado na reunião do Copom de abril, e permaneceu, portanto, posicionada abaixo do valor central de 4,5% para a meta desse ano, fi xada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No cenário de mercado, que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros apuradas pela Gerin, junto a analistas, no período imediatamente anterior à reunião do Copom, a projeção de infl ação para 2007 sofreu redução em relação ao valor considerado na reunião do Copom de abril, permanecendo, portanto, abaixo do valor central de 4,5% para a meta de infl ação. Por sua vez, as projeções de infl ação para 2008 se mostraram relativamente estáveis, quando comparadas às projeções obtidas em abril. Os valores se encontram abaixo do valor central de 4,5%, no caso do cenário de referência, e acima desse patamar, no caso do cenário de mercado.

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Implementação da política monetária 16. O Copom reafi rma o diagnóstico, expresso nas Notas das últimas reuniões, de que, além de conter as pressões infl acionárias de curto prazo, a política monetária tem contribuído de maneira importante para a consolidação de um ambiente macroeconômico favorável em horizontes mais longos. Os dados referentes à atividade econômica apontam para um fortalecimento da expansão da demanda, mas ainda não sugerem uma probabilidade elevada de que observemos pressões signifi cativas sobre a infl ação no curto prazo. O crescimento das importações tem contribuído de forma fundamental para esse processo, complementando a produção doméstica e assim permitindo que os efeitos inflacionários do crescimento sustentado da demanda agregada continuem sendo limitados. Além disso, a despeito da incerteza sobre a continuidade do forte crescimento da economia internacional observado nos últimos anos, das perspectivas de restrição monetária adicional em importantes economias e blocos econômicos, e de certo aumento de volatilidade nos mercados globais, o cenário externo continua favorável. Particularmente no que diz respeito às perspectivas de fi nanciamento externo para a economia brasileira no horizonte de projeção, a combinação de vultosos superávits comerciais e crescente atração de fl uxos de capitais sugere que o balanço de pagamentos deve continuar tendo desempenho robusto. Dessa forma, as perspectivas para a trajetória da infl ação permanecem benignas. Tal como nas reuniões recentes, o Copom enfatiza que o principal desafi o da política monetária nesse contexto é garantir a consolidação dos desenvolvimentos favoráveis que se antecipam para o futuro. 17. O Copom avalia que o comportamento mais benigno da infl ação nos últimos meses, em contraste com as taxas mensais relativamente elevadas que vinham persistindo desde o fi nal de 2006, confi rma a convergência da infl ação para a trajetória das metas. A emergência de pressões infl acionárias globais ainda não apresenta riscos para a trajetória de infl ação doméstica no curto prazo, mas o aquecimento da demanda poderia ensejar aumento no repasse de pressões sobre preços no atacado para os preços ao consumidor. Nesse contexto, o Copom continuará conduzindo suas ações de forma a assegurar que

os ganhos obtidos no combate à infl ação em anos recentes sejam permanentes. Para tanto, continuará acompanhando atentamente a evolução da infl ação e das diferentes medidas do seu núcleo, discriminando entre reajustes pontuais e reajustes persistentes ou generalizados de preços e adequando prontamente a postura de política monetária às circunstâncias. 18. A manutenção de taxas de infl ação consistentes com a trajetória de metas e a resultante consolidação de um cenário de estabilidade macroeconômica duradoura contribuirão para a continuidade do processo de redução progressiva da percepção de risco macroeconômico que vem ocorrendo nos últimos anos. O espaço para que observemos juros reais menores no futuro continuará se consolidando de forma natural, como conseqüência dessa melhora de percepção. O Copom considera que a persistência de uma atuação cautelosa da política monetária tem sido fundamental para aumentar a probabilidade de que a infl ação siga evoluindo segundo a trajetória de metas. Para que essa maior probabilidade continue se traduzindo em resultados efetivos, entretanto, é preciso que os indicadores prospectivos de infl ação continuem apresentando elementos compatíveis com o cenário benigno que tem se confi gurado nos últimos trimestres. 19. O Copom considera relevante ressaltar, mais uma vez, que há defasagens importantes entre a implementação da política monetária e seus efeitos sobre o nível de atividade e sobre a infl ação. Desde o início do ciclo de fl exibilização da política monetária, em setembro de 2005, a taxa de juros básica já foi reduzida em 725 p.b., sendo que parcela substancial da redução ocorreu nos últimos nove meses. Assim, parte importante dos efeitos dos cortes de juros ainda não se refl etiu no nível de atividade, e tampouco os efeitos da atividade sobre a infl ação tiveram tempo de se materializar. Dessa forma, a avaliação de decisões alternativas de política monetária deve concentrar-se necessariamente na análise do cenário prospectivo para a infl ação e nos riscos a ele associados, em vez de privilegiar os valores correntes observados para essa variável. 20. Ao longo dos próximos meses, a expansão do nível de emprego e da renda e o crescimento do crédito continuarão impulsionando a atividade

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econômica. Como mencionado em Notas de reuniões recentes do Copom, a esses fatores devem ser acrescidos os efeitos da expansão das transferências governamentais e de outros impulsos fi scais ocorridos em 2006 e esperados para os próximos trimestres deste ano. Dessa forma, os efeitos defasados dos cortes de juros sobre uma demanda agregada que já cresce a taxas robustas se somarão a outros fatores que continuarão contribuindo de maneira importante para a sua expansão. Essas considerações se tornam ainda mais relevantes quando se levam em conta os nítidos sinais de demanda aquecida e o fato de que as decisões de política monetária terão efeitos limitados sobre 2007, e passarão a ter impactos predominantemente sobre 2008. 21. Tendo em vista os estímulos já existentes para a expansão da demanda agregada, as incertezas que cercam os mecanismos de transmissão da política monetária, a menor distância entre a taxa básica de juros corrente e as taxas de juros que deverão vigorar em equilíbrio no médio prazo e os cortes já implementados desde setembro de 2005, os membros do Copom entendem que a preservação das importantes conquistas obtidas no combate à infl ação e na manutenção do crescimento econômico, com geração de empregos e aumento da renda real, demanda que a fl exibilização monetária seja conduzida com parcimônia. 22. O Comitê avalia que, desde sua última reunião, as infl uências de fatores externos e internos sobre o balanço de riscos para a trajetória esperada da infl ação se exacerbaram, e atuaram em direções opostas. O setor externo, que vem atuando de forma importante para ampliar a oferta agregada, continua tendo infl uência predominantemente benigna sobre as perspectivas para a infl ação, ao passo que o ritmo de expansão da demanda doméstica pode colocar riscos para a dinâmica infl acionária no médio prazo. 23. Membros do Copom entenderam que, diante da extensão do processo de flexibilização já implementado, das incertezas remanescentes quanto aos impactos defasados do estímulo monetário já injetado na economia, do comportamento esperado dos outros fatores de sustentação do dispêndio, como o crescimento da renda, em um quadro de sólida expansão da demanda doméstica por bens

e serviços transacionáveis e não transacionáveis, e do fortalecimento da atividade econômica, a manutenção do ritmo de redução da taxa básica de juros em 25 p.b. contribuiria para estender no tempo o processo de fl exibilização. 24. A maioria do Copom, entretanto, argumentou que a contribuição do setor externo para a consolidação de um cenário benigno para a infl ação no horizonte de projeção, poderá ser maior do que a inicialmente contemplada, especialmente pela disciplina exercida sobre os preços de bens transacionáveis e por meio da ampliação dos investimentos, em ambiente de demanda aquecida. Tal contribuição estaria ampliando o escopo para que as taxas de crescimento da demanda agregada e da oferta doméstica voltem a se equilibrar em um prazo relevante para as decisões de política monetária, sem comprometer a convergência para a trajetória das metas de infl ação. Com isso, cinco membros do Comitê entenderam que o balanço de riscos para a evolução da trajetória futura da infl ação justifi caria reduzir a taxa básica de juros em 50 p.b. 25. Diante disso, avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a infl ação, o Copom decidiu, neste momento, reduzir a taxa Selic para 12,00% a.a., sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pela redução da taxa Selic em 25 p.b. 26. No regime de metas para a infl ação, o Copom orienta suas decisões de acordo com os valores futuros projetados para a infl ação, e analisa diversos cenários alternativos para a evolução das principais variáveis que determinam a dinâmica dos preços e o balanço dos riscos associado às suas projeções. Ainda que persistam incertezas quanto ao desempenho da economia norte-americana, a conjuntura internacional permanece positiva, e favorece a contribuição do setor externo para a manutenção de um cenário infl acionário benigno. Por outro lado, a demanda doméstica se expande a taxas robustas, sustentando a recuperação da atividade econômica, inclusive em setores pouco expostos à competição externa, quando os efeitos de importantes fatores de estímulo, como a fl exibilização monetária já implementada, ainda estão por se fazer sentir em sua plenitude. Nesse ambiente, cabe à política monetária manter-se especialmente vigilante para evitar que a maior

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incerteza detectada em horizontes mais curtos se propague para horizontes mais longos. 27. Ao final da reunião, foi registrado que o Comitê voltaria a se reunir em 17 de julho de 2007, para as apresentações técnicas, e no dia seguinte, para deliberar sobre a política monetária, conforme estabelecido pelo Comunicado 15.011, de 31/10/2006.

Sumário dos dados analisados pelo Copom

Infl ação 28. O IPCA variou 0,28% em maio, ante 0,25% em abril, acumulando alta de 3,18% em doze meses. Nos primeiros cinco meses do ano o índice aumentou 1,79%, percentual superior ao acumulado no mesmo período de 2006, 1,75%. A evolução no mês refl etiu comportamentos distintos entre os grandes grupos. Mostraram aceleração, principalmente, alimentação e bebidas, sobretudo leite in natura; despesas pessoais, em especial empregado doméstico; e vestuário, por pressões sazonais. Em sentido oposto, registraram taxas menores os grupos transporte – que refl etiu o arrefecimento na alta de combustíveis – comunicação e habitação. 29. A variação dos preços livres aumentou de 0,19% em abril para 0,25% em maio, enquanto a dos preços monitorados passou de 0,39% para 0,35%, no mesmo período. Em doze meses, os preços livres acumularam crescimento de 3,32%, e os preços monitorados, de 2,88%. Entre os livres, os preços dos produtos não comercializáveis subiram 4,42%, principalmente pela elevação de 4,88% nos serviços, enquanto os preços dos produtos comercializáveis cresceram 2,14%. 30. A variação acumulada em doze meses do núcleo do IPCA seguiu em declínio pelo critério de médias aparadas com suavização e mostrou elevações para os núcleos por exclusão e por médias aparadas sem suavização. Mesmo registrando altas nesses dois critérios, as variações dos núcleos mantiveram-se abaixo da meta para o IPCA. O núcleo por médias aparadas com suavização registrou taxa de 0,30%, comparativamente a 0,29% em abril, acumulando 3,68% em doze meses até maio, ante 3,85% até abril.

Pelo critério de médias aparadas sem suavização, o indicador variou 0,30% em maio, ante 0,28% em abril, e a variação em doze meses passou de 2,33% para 2,39% no mesmo período. O núcleo por exclusão de preços monitorados e alimentos no domicílio apresentou taxa de 0,33%, ante 0,29% em abril, enquanto em doze meses a taxa aumentou de 2,66% para 3,04%. 31. O IGP-DI variou 0,16% em maio ante 0,14% em abril, e acumulou no ano 1,18% e, em doze meses, 4,38%. Considerando os grandes componentes do indicador, o aumento na taxa deveu-se exclusivamente à alta na variação do INCC, que atingiu 1,15% no mês ante 0,46% no mês anterior pressionado, sobretudo, pelo custo da mão-de-obra, que aumentou 1,81% no período, em decorrência de reajustes salariais por ocasião da data-base, nas cidades de Brasília, Fortaleza, Florianópolis, Goiânia e São Paulo. O IPC-Br variou 0,25% em maio ante 0,31% em abril, e o IPA-DI, -0,04% ante 0,02%, na mesma ordem. 32. A variação do IPA-DI em maio refletiu a continuidade do recuo nos preços agrícolas, ainda que em menor intensidade, e o arrefecimento da elevação dos industriais. A queda do IPA-agrícola passou de 2,44% em abril para 1,94% em maio, enquanto o IPA-industrial registrou taxas de 0,84% e 0,58% para os mesmos períodos. As principais contribuições negativas no período advieram dos preços de legumes e frutas, da cana-de-açúcar, das aves e ovos, entre os agrícolas, e do álcool etílico hidratado e açúcar, entre os industriais, contrapondo-se às elevações dos preços de leite in natura, óleos combustíveis, metais não ferrosos, ferro, aço e derivados e fertilizantes, que se constituíram nas principais pressões altistas em maio. No ano e em doze meses, o IPA-DI registrou variações de 0,61% e 4,76% respectivamente. O IPA por estágios de processamento evidenciou, em maio, queda de 0,15% nos preços de bens finais, após elevação de 0,85% em abril refletindo, principalmente, a desaceleração do subgrupo combustíveis, cuja taxa passou de 2,76%, em abril, para -1,10%, em maio. O grupo de bens intermediários registrou variação de 1,01% em maio, ante 0,96% em abril, destacando a elevação do subgrupo materiais e componentes para a manufatura. O índice relativo a matérias-primas brutas variou -1,89% ante -2,78% em abril.

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Atividade econômica 33. De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, o volume de vendas no segmento varejista no País registrou alta de 1,1% em março, relativamente ao mês anterior, considerados dados dessazonalizados. Entre as atividades que compõem o indicador geral, apenas as vendas de combustíveis e lubrificantes recuaram na comparação mensal, 0,1%. Os demais segmentos registraram expansão, destacando-se tecidos, vestuário e calçados com alta de 2,7%, e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo com 1,2%. O item automóveis, motocicletas, partes e peças, que não integra o indicador de comércio varejista geral, registrou crescimento de 4,4% no mês. Regionalmente, 18 das 27 unidades da Federação obtiveram resultados positivos em março deste ano, comparativamente aos de fevereiro, dados dessazonalizados, enquanto todas as Unidades registraram elevações na comparação com março de 2006, com destaque para as taxas de crescimento observadas nas regiões sul e centro-oeste, refl etindo os efeitos da recuperação da renda do setor agrícola. 34. Em relação a março de 2006, o volume de vendas do comércio varejista cresceu 11,5%. Esse resultado decorreu dos desempenhos positivos observados em todos os segmentos, nessa base de comparação, principalmente em móveis e eletrodomésticos (18,1%) e hipermercados (9,3%). No indicador de comércio varejista ampliado, a alta atingiu 13,2%, com destaque para o segmento de veículos e motos, partes e peças (18,5%). 35. O desempenho das vendas no varejo refl ete a continuidade do crescimento da massa salarial e das melhores condições de crédito, além dos efeitos da recuperação do setor agropecuário. No primeiro trimestre de 2007, a expansão do volume de vendas do comércio varejista atingiu 9,7%, e no comércio varejista ampliado, que inclui as atividades material de construção e veículos, motos, partes e peças, 11,8%. Os destaques no trimestre foram os aumentos de 20,5% nas vendas de móveis e eletrodomésticos e de 17,4% em veículos. 36. Segundo dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), referentes à capital paulista e dessazonalizados pelo Banco Central, as consultas

ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) e ao Usecheque registraram variações respectivas de 0,8% e -0,7% em maio, em relação ao mês anterior. Comparativamente às consultas realizadas em maio de 2006, registraram-se acréscimos de 5,6% e 6,1%, na mesma ordem. 37. Em relação aos indicadores de investimento, a produção de insumos da construção civil aumentou 1,3% em abril, relativamente ao mês anterior, e a produção doméstica de bens de capital recuou 1,2%, segundo dados dessazonalizados. A retração da produção mensal de bens de capital não deve ser interpretada como uma alteração da tendência, haja vista a intensidade da expansão neste ciclo, evidenciada pelas taxas de crescimento de 15,4% no primeiro quadrimestre e de 8,5% nos últimos doze meses. No primeiro quadrimestre deste ano, relativamente a igual período de 2006, a produção de bens de capital para uso misto cresceu 17%; bens de capital tipicamente industrializados, 17,7%; energia elétrica, 14,4%; e construção, 10,7%. A produção de bens de capital para a agricultura expandiu 19,1% no quadrimestre, e a variação negativa da produção acumulada em doze meses diminuiu de 8,9% até março para 4,3% até abril, o que confi rma a reversão de tendência, na margem. 38. Os financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investimentos de médio e longo prazos alcançaram R$14,9 bilhões no primeiro quadrimestre de 2007, superando em 39,8% aqueles desembolsados no mesmo período de 2006. A expansão dos desembolsos atingiu 21,9% no acumulado em doze meses até abril, realçando a aceleração recente desse indicador de investimentos. 39. A produção mensal da indústria brasileira recuou 0,1% em abril, após ajuste sazonal. Pelo critério de média móvel trimestral, que atenua oscilações pontuais, a atividade industrial atingiu, em abril, patamar recorde pelo 13º mês consecutivo. Em relação a abril de 2006, a produção industrial expandiu 6%, e acumulou altas de 4,3% no primeiro quadrimestre do ano e de 3,3% em doze meses. 40. Considerando dados dessazonalizados, observou-se crescimento mensal de 0,3% na produção extrativa

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e estabilidade na transformação. Por categorias de uso, registraram recuos as produções de bens de capital, bens intermediários e de bens de consumo duráveis, -1,2%, 0,6% e -1,3%, respectivamente, enquanto bens de consumo semi e não duráveis cresceu 0,8%. Destaque-se que apesar da queda mensal a produção de bens de capital, no acumulado do ano, até abril, registrou expansão de 15,4%. 41. A análise desagregada da atividade industrial mostrou que, em abril, das 23 atividades pesquisadas, passíveis de ajuste sazonal, doze apresentaram crescimento, destacando-se, pela ordem de contribuição no resultado, bebidas, 4,3%, e outros produtos químicos, 2,3%. As principais infl uências negativas decorreram do desempenho de alimentos, -1,9%, perfumaria, sabões e produtos de limpeza, -5,7%, material eletrônico e equipamentos de comunicações -3,4%. 42. Ainda no setor industrial, conforme estatísticas da CNI, dessazonalizadas pelo Banco Central, observou-se expansão de 1% nas horas trabalhadas na produção e recuo de 1,2% nas vendas industriais reais em abril, comparativamente às do mês anterior. No ano, esses indicadores registraram, respectivamente, elevações de 3,6% e de 4,8%, em comparação aos correspondentes no mesmo período de 2006. O nível de UCI atingiu 81,9% em abril, ante 82% em março, após ajuste sazonal. Considerando os dados observados, o nível de utilização atingiu 81,7% no mês, 3,2 p.p. acima do patamar de abril de 2006. 43. Em maio, foram produzidos 258,9 mil autoveículos, recorde mensal do setor, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O total produzido representou aumento de 7,2% em relação ao mesmo mês de 2006. Na série dessazonalizada pelo Banco Central, observou-se alta de 3% comparativamente ao mês anterior, após queda de 1,7% em abril. As vendas totais da indústria automobilística brasileira apresentaram aumento de 13,3% em comparação a maio de 2006, e atingiram 263,8 mil autoveículos, recorde mensal de vendas. Esse incremento ocorreu, exclusivamente, pelo desempenho do mercado interno, cuja alta atingiu 23,8% (melhor mês da série histórica), uma vez que as vendas externas registraram redução de 7,6%. Em relação ao mês imediatamente anterior, observou-se

elevação de 4,7% nas vendas internas e de 7,1% nas exportações, considerando a série dessazonalizada. 44. De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de abril, realizado pelo IBGE, a estimativa para a safra de grãos do ano agrícola 2006/2007 apontou acréscimo de 13% em relação à safra anterior. A produção nacional de grãos (cereais, leguminosas e oleaginosas) deverá atingir 132,3 milhões de toneladas, em decorrência das boas condições climáticas e do incentivo à produção advindo da elevação dos preços dos produtos agrícolas no mercado internacional. No levantamento realizado em abril, destacaram-se os acréscimos previstos nas produções de trigo (52,3%), caroço de algodão (30,1%), milho (20,6%), feijão (10,2%) e soja (9,2%), e as quedas nas produções de café e arroz, de 15,3% e 4,1%, respectivamente. Destaque-se, ainda, a tendência de aumento da área para futuras safras de cana-de-açúcar, motivada pelo interesse crescente na produção do álcool combustível. Em 2007, a área plantada de cana aumentou 8,9%, e a produção deve ser 12,7% maior do que a da safra anterior. Expectativas e sondagens 45. A pesquisa mensal da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio SP) registrou quedas de 1% no Índice de Confi ança do Consumidor (ICC) em maio, comparativamente ao mês anterior, e de 8,4% ante maio de 2006. De abril para maio, o Índice das Condições Econômicas Atuais (Icea) cresceu 0,7%, e o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC) recuou 2,3%. Em maio, pelo quinto mês consecutivo, o Icea manteve-se acima do IEC. 46. De acordo com a Sondagem de Expectativas do Consumidor da Fundação Getulio Vargas (FGV), que abrange cerca de dois mil domicílios em sete das principais capitais do País, o ICC subiu 2,6% em maio, em relação ao mês anterior, resultado que decorreu da melhora nas avaliações sobre a situação presente e das expectativas em relação aos próximos seis meses. Em relação a maio de 2006, o ICC elevou-se 7,3%, principalmente pelo aumento de 8,9% no índice de expectativas. 47. Ainda segundo a FGV, o Índice de Confi ança da Indústria (ICI), composto por seis quesitos contidos na

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Sondagem da Indústria de Transformação, diminuiu 1,8% em maio, comparativamente ao patamar recorde observado em abril. O ICI cresceu 15,9% em relação ao de maio de 2006, e acumulou expansão de 8,1% no primeiro quadrimestre de 2007, relativamente à igual período de 2006, destacando-se os aumentos das avaliações positivas sobre o nível esperado de demanda e das previsões de novas contratações de pessoal pela indústria. O nível de utilização da capacidade instalada situou-se em 84,8% em maio deste ano, ante 82,7% em maio de 2006. 48. Pela Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, realizada pela FGV em abril, 34% das empresas consultadas afirmaram que estão investindo mais em capital fi xo no primeiro semestre de 2007 do que no semestre anterior, enquanto 21% responderam que estão investindo menos. A previsão de aumento dos investimentos no segundo semestre de 2007 também atingiu 34% das empresas, enquanto 14% pretendem investir menos. Os principais motivos citados para a realização de investimentos foram a expansão da capacidade produtiva, 47%, e o aumento da efi ciência produtiva, 31%. A carga tributária elevada continuou sendo o principal fator apontado para inibição de investimentos em ativos fi xos, 49% das respostas, 4 p.p. acima da proporção registrada no ano passado. O custo do fi nanciamento foi citado por 18% das empresas, a menor freqüência relativa da série histórica iniciada em 1998. Mercado de trabalho 49. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do MTE, foram criados 302 mil novos postos de trabalho formais em abril, o melhor resultado mensal desde o início do levantamento em 1985. No primeiro quadrimestre de 2007, foram gerados 701,6 mil novos empregos, 23,2% a mais que no mesmo período de 2006. Essas contratações elevaram o nível de emprego em 4,8% no período, relativamente ao primeiro quadrimestre de 2006. Em doze meses a expansão também atingiu 4,8%, com destaque para os acréscimos de 8% do emprego na construção civil e de 5,7% no comércio. Após a dessazonalização da série, o índice de emprego em abril apresentou elevação de 0,5% sobre o de março, e registrou acréscimos em todos os setores.

50. De acordo com a PME, realizada pelo IBGE nas seis principais regiões metropolitanas, a taxa de desemprego aberto permaneceu em 10,1% da População Economicamente Ativa (PEA) em abril de 2007, repetindo o patamar verifi cado no mês anterior. A estabilidade da taxa de desemprego refletiu as oscilações de -0,33% e -0,34% nos números de trabalhadores ocupados e da PEA em abril, respectivamente. A diminuição de cerca de 68 mil pessoas no número de trabalhadores ocupados decorreu das reduções de 2,4% no número de trabalhadores por conta própria e de 3% entre funcionários públicos e militares, enquanto entre os empregados do setor privado houve alta de 0,7%. No quadrimestre, observou-se aumento de 2,9% no número médio de trabalhadores ocupados, em relação ao de igual período de 2006, o que refl etiu a expansão dos investimentos e a recuperação da atividade no setor agrícola. Considerando-se os empregados no setor privado, houve aumento de 4,1% no número de empregados com carteira e estabilidade no número de empregados sem carteira de trabalho assinada, o que evidencia a melhora qualitativa no mercado de trabalho. 51. De acordo com a mesma pesquisa, o rendimento médio real habitual das pessoas ocupadas alcançou R$1.114,00 em abril, com elevações de 0,3% em relação a março e de 5% ante o observado em abril de 2006. A massa salarial real diminuiu 0,1% no mês, refl etindo a queda no número de trabalhadores ocupados, mas mantém a tendência de alta na comparação anual, com aumentos de 8,4% em relação à de abril de 2006 e de 8% no ano. Ambiente externo 52. O ambiente econômico global permanece favorável e com riscos controlados. Dados recentes apontam consumo fi rme nos EUA e leve aceleração do crescimento do PIB na Europa e na Ásia. Mesmo com expansão menor, 17% em 2006 ante 34% em 2005, o fl uxo líquido de capitais privados para os países em desenvolvimento atingiu o recorde de US$647 bilhões. 53. Nos EUA, a taxa revisada de crescimento do PIB no primeiro trimestre passou para 0,6%, ante a estimativa anterior de 1,3%, a menor desde a de 0,2%

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ocorrida no último trimestre de 2002. No entanto, componentes importantes da demanda agregada permanecem robustos, e podem sustentar expansão maior ao longo do ano. A expansão do consumo, cujo peso na demanda total excede 2/3, passou de 3,8% para 4,4%. Combinada com a redução constatada nos estoques, essa aceleração abre espaço para elevação na produção. No setor imobiliário, as vendas de imóveis novos subiram 16,2% em abril em relação às de março, o que atenuou os efeitos depressivos sobre a economia. Esses dados corroboram a percepção do Federal Reserve Bank (Fed) de aceleração moderada da expansão nos próximos trimestres. 54. Os índices de confi ança apontam na mesma direção: o Conference Board subiu de 106,3 em abril para 108 em maio, e o da Universidade de Michigan, de 87,1 para 88,7, entre os índices que apuram o sentimento dos consumidores. O da indústria manufatureira subiu de 50,9 em março para 54,7 em abril, e atingiu o maior nível dos últimos meses. A produção industrial subiu 0,7% em abril em relação à de março, acima das previsões do mercado, e a utilização da capacidade instalada passou de 81,2% para 81,6%. O comportamento recente da infl ação reduz a expectativa de pressão infl acionária. O índice de preços ao consumidor (CPI) cresceu 2,6% em doze meses até abril, e o seu núcleo, 2,3%, ritmo inferior ao do mês anterior. O índice de preços ao produtor (PPI) cresceu 0,7% e seu núcleo fi cou estável. 55. Na Área do Euro, o PIB do primeiro trimestre cresceu 3,1% ante o do primeiro de 2006, acima das expectativas do mercado. O da Alemanha também cresceu acima das previsões, 3,6% no ano e 0,5% no trimestre. O índice de sentimento do consumidor atingiu 119,9 em maio, ante 111 em abril, e alcançou o maior nível desde janeiro de 2001. Não obstante, a variação em doze meses até maio do índice de preços ao consumidor repetiu a do mês anterior, 1,9%, em linha com a meta do Banco Central Europeu (BCE). No Japão, embora aquém da expectativa de 2,7% do mercado, o PIB cresceu 2,4% ao ano no primeiro trimestre, o que confi rma a manutenção do ritmo de expansão. 56. Na China, a economia continua com forte expansão. A produção industrial cresceu 17,4% em abril em relação à do mesmo mês de 2006, e 18% no acumulado

do ano. A balança comercial registrou superávit de US$16,9 bilhões em abril, 144% superior ao de março, e de US$63,3 bilhões nos quatro primeiros meses do ano, com elevação de 88% ante a do mesmo período de 2006. Esse ritmo de atividade vem se refl etindo na infl ação. O índice de preços ao consumidor acumulou alta de 3% em doze meses até abril, e o índice ao produtor, 2,9%, ante 2,7% em março. 57. No Reino Unido, o Bank of England (BoE) elevou a taxa de juros em 0,25 p.p., para 5,5% a.a., em resposta a pressões infl acionárias, principalmente em serviços. O índice de preços ao consumidor subiu 3,1% em doze meses até março, e superou o teto da meta, mas com o resultado mensal de 0,3% em abril a variação anual recuou para 2,8%. O índice de preços ao produtor subiu 0,5% em abril em relação ao do mês anterior, após subir 0,6% em março. Em doze meses, o índice avançou 2,5% em abril ante 2,7% em março. 58. No fi nal de maio, o anúncio do governo chinês de alterar de 0,1% para 0,3% a taxação do mercado acionário a fi m de conter o crescimento do mercado provocou queda de 6,5% na Bolsa de Xangai, mas os impactos foram limitados nas demais bolsas internacionais. Em 31 de maio, o principal índice das ações européias (FTEurofi rst 300) encerrou as operações no maior patamar em seis anos e meio, impulsionado por mineradoras e petrolíferas. Nos mercados cambiais, as cotações seguiram fortes oscilações, com o dólar norte-americano apresentando desvalorização. Comércio exterior e reservas internacionais 59. Nos primeiros cinco meses de 2007, o comércio exterior brasileiro continuou em expansão. O superávit comercial atingiu US$16,8 bilhões e acumulou US$47,9 bilhões em doze meses, enquanto a corrente de comércio totalizou US$103,3 bilhões e US$248,8 bilhões, respectivamente, nos mesmos períodos. 60. Em maio, as exportações alcançaram US$13,6 bilhões, cifra recorde para maio, e registraram valor médio diário de US$620,4 milhões, 32,4% superior ao observado no mês corresponde de 2006. As exportações de produtos manufaturados atingiram US$7,1 bilhões, com aumento de 21,9% em relação a

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maio de 2006. As vendas de produtos básicos totalizaram US$4,4 bilhões, e as de semimanufaturados, US$1,9 bilhão, com acréscimos respectivos de 49,6% e 46,9%, na mesma base de comparação. Além do aumento das quantidades embarcadas, importantes produtos da pauta de exportação continuaram apresentando elevação de preços na comparação interanual, destacando-se suco de laranja, 80,4%; óleo de soja em bruto, 34,6%; carne de frango, 34,1%; laminados planos, 32,7%; e semimanufaturados de ferro e aço, 31,9%. Mantiveram-se, ainda, ao longo dos cinco primeiros meses do ano, o processo em curso de diversifi cação da pauta, particularmente de itens manufaturados com pequena participação, e a ampliação de mercados de destino para as vendas de produtos brasileiros. 61. As importações totalizaram US$9,8 bilhões em maio, valor recorde histórico mensal, com acréscimo de 34,2% em relação ao mesmo mês de 2006. Todas as categorias de produtos apresentaram expansão: matérias-primas, 38,6%; bens de consumo, 33,5%; bens de capital, 28,8%; e combustíveis e lubrifi cantes, 28,5%, na mesma base de comparação. Dentre as compras externas de matérias-primas, elevaram-se as aquisições de produtos alimentícios, acessórios para equipamentos de transporte, produtos minerais, agropecuários não alimentícios, químicos e farmacêuticos. No segmento de bens de consumo, os principais crescimentos foram observados nas compras de vestuário, bebidas e tabaco, automóveis, móveis, produtos de toucador e farmacêuticos. Dentre as importações de bens de capital, sobressaíram-se as compras de maquinaria industrial, máquinas e aparelhos para escritório e serviço científi co, e partes e peças para bens de capital. Mercado monetário e operações de mercado aberto 62. Desde a reunião do Copom de abril, as taxas de juros futuros registraram redução, motivada pela divulgação de indicadores econômicos internos positivos e pela elevação da classifi cação de risco soberano do Brasil por duas agências de classifi cação de risco. Diante de um cenário externo também favorável, que se refl etiu na alta persistente das bolsas de valores internacionais, o fl uxo cambial positivo permitiu a valorização do real frente ao dólar, o que contribuiu para o movimento de queda da curva de juros, particularmente no

seu trecho mais curto. Na última semana de maio, avaliações de que o mercado acionário chinês estaria superaquecido levaram a um breve movimento de realização das bolsas de valores internacionais, que teve efeitos sobre o mercado de juros interno. Entre 16 de abril e 4 de junho, as taxas de 1, de 2 e de 3 anos recuaram, respectivamente, 0,73 p.p., 0,90 p.p. e 0,95 p.p. As taxas para os prazos de 1, de 3 e de 6 meses também apresentaram redução de 0,37 p.p., 0,44 p.p. e 0,60 p.p., respectivamente. A taxa real de juros medida pelo quociente entre a taxa nominal de um ano e a expectativa de infl ação (suavizada) para os próximos doze meses caiu de 7,79%, em 16 de abril de 2007, para 7,31%, em 4 de junho de 2007. 63. Entre 17 de abril e 4 de junho, o Banco Central realizou leilões de swap cambial reverso em onze oportunidades. As operações resultantes somaram US$11,0 bilhões. 64. Na administração da liquidez do mercado de reservas bancárias, o Banco Central realizou, semanalmente, no período de 17 de abril a 4 de junho, operações compromissadas longas, tomando recursos por prazos de 5 e de 7 meses. O saldo diário médio do estoque dessas operações alcançou R$73,1 bilhões, dos quais R$56,1 bilhões em operações de sete meses. No mesmo período, o Banco Central atuou em 28 oportunidades por meio de operações compromissadas de curtíssimo prazo, 25 das quais destinadas a retirar recursos excedentes do sistema bancário, além de ter intervindo, em uma oportunidade, pelo prazo de 32 dias úteis, também com a fi nalidade de absorver recursos. Participou, ainda, de operações de nivelamento, ao fi nal do dia, com prazo de 1 e de 2 dias úteis. As operações de curtíssimo prazo, incluídas as de nivelamento, tiveram saldo diário médio tomador de R$14,6 bilhões. 65. Entre 17 de abril e 4 de junho, as emissões do Tesouro Nacional referentes aos seus leilões tradicionais somaram R$76,9 bilhões. A colocação de títulos de remuneração prefixada alcançou R$37,2 bilhões, sendo R$18,1 bilhões em Letras do Tesouro Nacional (LTN), de vencimento em 2008 e 2009, e R$19,2 bilhões em Notas do Tesouro Nacional Série F (NTN-F), de vencimento em 2010, 2012 e 2017. As vendas de Letras Financeiras do Tesouro (LFT), de títulos de vencimento em 2010 e 2012,

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totalizaram R$13,0 bilhões. Nos leilões de Notas do Tesouro Nacional Série B (NTN-B), o Tesouro vendeu R$26,7 bilhões em títulos de vencimento em 2009, 2011, 2012, 2015, 2017, 2024, 2035 e 2045, dos quais R$13,1 bilhões liquidados mediante a entrega de outros títulos. 66. No mesmo período, o Tesouro promoveu leilões de venda de LTN de vencimento em abril, julho

e outubro de 2008 conjugada à compra de LTN de prazos mais curtos, perfazendo um total de R$9,0 bilhões. Realizou também leilões de venda de LFT de vencimento em 2010 e 2012, no montante de R$4,5 bilhões, aceitando como pagamento LFT de vencimento em 2007, e leilões de compra de LTN de vencimento em julho de 2007, cujo montante alcançou R$5,9 bilhões, e de NTN-B, no valor de R$246 milhões.

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Administração do Banco Central do Brasil

Membros do Comitê de Política Monetária (Copom)

Apêndice

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Administração do Banco Central do Brasil

Diretoria Colegiada

Henrique de Campos MeirellesPresidente

Alexandre Antonio TombiniDiretor

Paulo Vieira da CunhaDiretor

Antonio Gustavo Matos do ValeDiretor

Paulo Sérgio CavalheiroDiretor

Mario TorósDiretor

Mário Magalhães Carvalho MesquitaDiretor

140 | Relatório de Inflação | Junho 2007

Membros do Comitê de Política Monetária (Copom)

Membros

Henrique de Campos MeirellesPresidente

Alexandre Antonio TombiniDiretor

Paulo Vieira da CunhaDiretor

Antonio Gustavo Matos do ValeDiretor

Paulo Sérgio CavalheiroDiretor

Mário TorósDiretor

Mário Magalhães Carvalho MesquitaDiretor

Demais participantes

Altamir LopesChefe do Departamento Econômico (Depec)

Carlos Hamilton Vasconcelos AraújoChefe do Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep)

Márcio Barreira de Ayrosa MoreiraChefe do Departamento de Operações das Reservas Internacionais (Depin)

Ivan Luis Gonçalves de Oliveira Lima Chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab)

José Antonio MarcianoChefe do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (Deban)

Renato Jansson RosekGerente-Executivo da Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin)

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Siglas

a.a. Ao anoACC Adiantamento sobre Contratos de CâmbioACSP Associação Comercial de São PauloAIE Agência Internacional de EnergiaAladi Associação Latino-Americana de IntegraçãoAneel Agência Nacional de Energia ElétricaAnfavea Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos AutomotoresBCE Banco Central EuropeuBNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e SocialBoJ Banco do JapãoBovespa Bolsa de Valores de São PauloBPC Banco do Povo da ChinaCaged Cadastro Geral de Empregados e DesempregadosCMN Conselho Monetário NacionalCNI Confederação Nacional da IndústriaCofi ns Contribuição para Financiamento da Seguridade SocialCopom Comitê de Política MonetáriaCRB Commodity Research BureauCSLL Contribuição Social sobre o Lucro LíquidoDAX Deutscher AktienindexDBGG Dívida Bruta do Governo GeralDLSP Dívida Líquida do Setor PúblicoDPMFi Dívida Pública Mobiliária Federal internaEmbi+ Emerging Markets Bond Index PlusEUA Estados Unidos da AméricaFAT Fundo de Amparo ao TrabalhadorFBCF Formação Bruta de Capital FixoFecomercio SP Federação do Comércio do Estado de São PauloFed Federal ReserveFGV Fundação Getulio VargasFMP-FGTS Fundos Mútuos de PrivatizaçãoFMP-FGTS-CL Fundos Mútuos de Privatização – Carteira LivreFTSE 100 Financial Times Securities Exchange IndexFuncex Fundação Centro de Estudos do Comércio ExteriorGerin Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores IBD Investimentos Brasileiros DiretosIBGE Instituto Brasileiro de Geografi a e EstatísticaIbovespa Índice da Bolsa de Valores de São PauloICC Índice de Confi ança do Consumidor

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ICEA Índice das Condições Econômicas AtuaisIcei Índice Conjuntural de Emprego IndustrialICI Índice de Confi ança da IndústriaICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e ServiçosIEC Índice de Expectativas do ConsumidorIED Investimentos Estrangeiros DiretosIGP-DI Índice Geral de Preços – Disponibilidade InternaIGP-M Índice Geral de Preços – MercadoII Imposto de ImportaçãoINC Índice Nacional de Confi ançaINCC Índice Nacional de Custo da ConstruçãoIPA-DI Índice de Preços por Atacado – Disponibilidade InternaIPC Índice de Precios Y CotizacionesIPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor AmploIPC-Br Índice de Preços ao Consumidor – BrasilIpsos Ipsos Public AffairsIRPF Imposto de Renda – Pessoa FísicaIRPJ Imposto de Renda – Pessoa JurídicaIRRF Imposto de Renda Retido na FonteLDO Lei de Diretrizes OrçamentáriasLoas Lei Orgânica da Assistência SocialLSPA Levantamento Sistemático da Produção AgrícolaLTN Letras do Tesouro Nacional MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio ExteriorMP Medida ProvisóriaMPC Monetary Policy CommitteeMTE Ministério do Trabalho e EmpregoMYDFA Multi-Year Deposit Facility Agreement/Acordo Plurianual de Facilidade de DepósitoNasdaq National Association of Securities Dealers Automated QuotationNTN-B Nota do Tesouro Nacional – Série BNUCI Nível de Utilização da Capacidade Instalada na IndústriaOpep Organização dos Países Exportadores de Petróleop.b. Pontos-basep.p. Pontos percentuaisPAC Programa de Aceleração do Crescimento PAF Plano Anual de FinanciamentoPEA População Economicamente AtivaPIA População em Idade AtivaPIB Produto Interno BrutoPIM-PF Pesquisa Industrial Mensal – Produção FísicaPIR Pesquisa Industrial RegionalPMC Pesquisa Mensal do Comércio PME Pesquisa Mensal de EmpregoPPI Projeto Piloto de InvestimentoRMV Renda Mensal VitalíciaS&P 500 Standard and Poor’s 500SCIT Sondagem Conjuntural da Indústria de TransformaçãoSCIT-QE Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação – Quesitos EspeciaisSCPC Serviço Central de Proteção ao CréditoSecex Secretaria de Comércio Exterior

Junho 2007 | Relatório de Inflação | 143

Selic Sistema Especial de Liquidação e de CustódiaUCI Utilização da Capacidade InstaladaVIX Chicago Board Options ExchangeXU100 Istanbul Stock Exchange National 100 Index