relatÓrio de formaÇÃo em contexto de trabalho - Óleos usados

25
ÓLEOS USADOS RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO INSTITUTO POLITÉCNICO DE LEIRIA Centro para Cursos de Especialização Tecnológica (FOR.CET) LAURENTINO RODRIGUES ANSELMO Nº 7100939 GESTÃO AMBIENTAL SUPERVISOR:SÓNIA PEREIRA JULHO DE 2012

Upload: lenia

Post on 04-Aug-2015

35 views

Category:

Documents


4 download

TRANSCRIPT

Page 1: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

ÓLEOS USADOS

RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE

TRABALHO

INSTITUTO POLITÉCNICO DE LEIRIA

Centro para Cursos de Especialização Tecnológica (FOR.CET)

L A U R E N T I N O R O D R I G U E S A N S E L M O

N º 7 1 0 0 9 3 9

G E S T Ã O A M B I E N T A L

S U P E R V I S O R : S Ó N I A P E R E I R A

J U L H O D E 2 0 1 2

Page 2: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

ii

Relatório de Estágio apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do Curso de Especialização Tecnológica de Gestão Ambiental realizado sob a orientação

pedagógica de Sónia Pereira

DECLARAÇÃO

Declaro que este Relatório se encontra em condições de ser apreciada (o) pelo júri a

designar.

O formando,

____________________

Leiria, 23 de Julho de 2012

Page 3: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

iii

Resumo

Neste relatório aborda-se essencialmente a importância dos óleos lubrificantes usados e as diversas etapas pelas quais estão sujeitos.

Os óleos lubrificantes usados são considerados resíduos industriais muito perigosos, e têm como objetivo regenerar estes resíduos noutras formas de valorização. Para retificar a falta de informação e atualização referente aos sistemas de gestão de óleos usados, é necessário recorrer a Análise do Ciclo de Vida (ACV), esta permite conhecer os impactos ambientais dos diversos processos de tratamento e valorização.

Assim, este trabalho tem como principal objetivo fazer uma análise aos óleos usados, abordando também a sua classificação. Posteriormente é descrita e comentada a SOGILUB, que é a empresa que está a cargo do território nacional da gestão, recolha, transporte, armazenamento e valorização dos óleos usados.

A descrição das novas tecnologias de tratamento e valorização de óleos usados em Portugal é sem dúvida um dos tópicos mais importantes neste trabalho, analisando caso a caso cada etapa que os óleos usados atravessam, começando pela recolha e transporte, depois armazenagem e por fim o tratamento prévio. Após a descrição destas etapas o último passo é o destino final a que ele se destine, colocando neste trabalho a relação entre a reciclagem, valorização energética e a regeneração.

PALAVRAS-CHAVE: Óleos Usados, SOGILUB, Recolha e Transporte, Armazenagem,

Tratamento Prévio, Reciclagem, Valorização Energética e Regeneração.

Page 4: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

iv

Índice

RESUMO ........................................................................................................................................... III

ÍNDICE ...............................................................................................................................................IV

ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................V

ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................................V

ÍNDICE DE GRÁFICOS ..........................................................................................................................V

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1

ASPECTOS GERAIS ..................................................................................................................................... 1 BREVE HISTÓRIA DOS ÓLEOS LUBRIFICANTES .................................................................................................. 2

1. ÓLEOS USADOS .......................................................................................................................... 3

ASPECTOS GERAIS ...................................................................................................................................... 3 CLASSIFICAÇÃO DOS ÓLEOS USADOS .............................................................................................................. 4

Óleos Usados de Motor .................................................................................................................... 4 Óleos Usados Industriais .................................................................................................................. 4

2. SOGILUB .................................................................................................................................... 5

3. DESCRIÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO DE ÓLEOS USADOS EM PORTUGAL ......................................................................................................................................... 7

3.1 RECOLHA E TRANSPORTE ............................................................................................................... 9 3.2 ARMAZENAGEM ......................................................................................................................... 10 3.3 TRATAMENTO PRÉVIO ................................................................................................................. 12

4. DESTINOS FINAIS ..................................................................................................................... 14

4.1 RECICLAGEM ............................................................................................................................. 15 4.2 VALORIZAÇÃO ENERGÉTICA .......................................................................................................... 15 4.3 REGENERAÇÃO .......................................................................................................................... 15

5. RELATÓRIOS DE ATIVIDADE - O BALANÇO ENTRE 2008 E 2010................................................. 16

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................. 19

Page 5: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

v

Índice de Figuras

Figura 1- Óleos Usados ................................................................................................................................ 1

Figura 2 – Logótipo da ECOLUB .............................................................................................................. 2

Figura 3- A empresa Vaccum Oil Company ............................................................................................. 2

Figura 4 – Sistema ECOLUB (2012).......................................................................................................... 6

Figura 5- Mapa de Portugal com as diversas empresas espalhadas pelo território ............................. 8

Figura 6 - Conjunto de 2 centrífugas (SISAV 2008) .............................................................................. 13

Figura 7 – Destino dos Óleos Usados ..................................................................................................... 14

Índice de Tabelas

Tabela 1- Especificações Técnicas para a recolha de Óleos Usados (ECOLUB 2012) ..................... 9

Tabela 2 – Critérios definidos pela SOGILUB na recolha e transporte .............................................. 9

Tabela 3 – Principais diferenças entre a construção de reservatórios superficiais e subterrâneos . 12

Tabela 4 – Análise de Relatórios de Atividade entre o ano 2008 e 2010............................................ 16

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Balanço entre 2006 a 2010 relativamente aos destinos finais dos óleos usados .......... 14

Gráfico 2 – Destinos finais nos óleos usados ......................................................................................... 17

Page 6: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados
Page 7: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

1

Introdução

A realização deste relatório tem por base mostrar os conhecimentos adquiridos ao

longo do curso, sendo proposto diretamente pelo regulamento do FOR.CET.

O relatório aqui apresentado tem como finalidade a análise de óleos usados

industriais, como é o caso dos lubrificantes utilizados nos motores de combustão dos

automóveis e em máquinas industrias.

Este trabalho tem como objetivo aprofundar a Análise do Ciclo de Vida (ACV), isto

é, trata-se de uma ferramenta que permite quantificar as emissões ambientais ou uma

análise do impacto ambiental de um determinado produto, que neste relatório destina-se

aos óleos usados.

ASPECTOS GERAIS

Os óleos usados são considerados resíduos industriais perigosos, deste modo a

legislação europeia teve como principal prioridade a prevenção da produção destes

mesmos resíduos, seguindo a regeneração e de outras formas de valorização.

Para colmatar a falta e a de informação que existe relativamente aos sistemas de

gestão dos óleos usados, é essencial recorrer a uma ACV, que permite conhecer os

impactos ambientais dos diversos processos de tratamento e valorização.

Os óleos usados necessitam

de uma gestão adequada de

forma a minimizar os danos

causados no ambiente. Em 2003,

só a União Europeia consumiu

cerca de 4,4 milhões de toneladas

de óleo, no entanto, o uso de

óleos lubrificantes perdem as

suas propriedades e ficam

contaminados, deixando de ser

apropriados para a utilização

inicialmente prevista. Apenas

Figura 1- Óleos Usados

Page 8: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

2

50% dos óleos adquiridos no mercado se transformam em óleos usados, sendo a restante

percentagem perdida com o uso e consumo do lubrificante nos processos necessários.

Em Portugal a gestão, recolha, transporte, armazenamento e valorização dos óleos

lubrificantes usados, nomeadamente, a regeneração, reciclagem e valorização energética,

estão a cargo da Sociedade de Gestão Integrada de Óleos Lubrificantes Usados, Lda

(SOGILUB) que tem como marca a ECOLUB. Esta sociedade foi constituída ao abrigo

do Decreto-Lei 153/2003, de 11 de Julho.

Figura 2 – Logótipo da ECOLUB

BREVE HISTÓRIA DOS ÓLEOS LUBRIFICANTES

A primeira empresa dedicada à comercialização de óleos lubrificantes sugeriu em

1896, designava-se por Vacuum Oil Company. Durante cerca de 50 anos esta foi a

empresa líder no mercado em Portugal.

Em 1910, começam a ser distribuídos combustíveis e lubrificantes com a marca Shell,

por outra empresa com o nome The Lisbon Coal na Oil Fuel, passado quatro anos, a

Shell instala-se em Portugal.

Figura 3- A empresa Vaccum Oil Company

Page 9: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

3

1. Óleos Usados

ASPECTOS GERAIS

São considerados Óleos Usados, todos os óleos industriais lubrificantes de base

mineral, os óleos dos motores de combustão e dos sistemas de transmissão, e os óleos

minerais para máquinas, turbinas e sistemas hidráulicos, e outros óleos, que pelas suas

características, lhe possam ser equiparados, que já não sirvam para o uso a que estavam

inicialmente destinados.

O óleo usado é considerado um resíduo perigoso porque apresenta elevados níveis de

metais que são nocivos para o ambiente e para todos os seres vivos. O óleo pode ser

enviado para o meio hídrico, para a rede de esgotos, para o solo, ou quando a sua queima

acontece sem controlo, provocando graves problemas de poluição das águas, do solo, e/

ou do ar.

No solo:

Quando o óleo usado é enviado para o solo, para além de contaminar o solo,

contamina lençóis freáticos, ou seja, contamina a superfície que restringe a zona de

saturação da zona de aeração, onde logo de seguida a água subterrânea preenche todos os

espaços mais permeáveis.

Rede Esgotos:

No caso da rede de esgotos, quando o óleo entra na rede de esgotos, danifica e

prejudica o funcionamento das estações de tratamento de águas residuais.

Queima do óleo:

Ao ser queimado sem controlo, o óleo liberta substâncias tóxicas, metais pesados e

compostos orgânicos para a atmosfera.

No meio Hídrico:

Por fim, o óleo em meio hídrico pode formar uma fina película á superfície,

impedindo desta forma a oxigenação da água. Devido à escassez da oxigenação a morte

dos peixes e das plantas aumenta substancialmente.

Page 10: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

4

CLASSIFICAÇÃO DOS ÓLEOS USADOS

Os óleos usados, de acordo com o “Critical review of existing studies and life cycle analysis on

the regeneration and incineration of waste oils”, de Monier e Labouze1 em 2001, são

classificados da seguinte maneira:

• Óleos de motor (óleos negros) – Representam cerca de 65% dos óleos

usados;

• Óleos industriais leves – Representam 25% dos óleos usados;

• Óleos industriais negros – Representam cerca de 10% dos óleos usados.

(Dados gerados em 1999: Adaptado de Monier e Labouze, 2001)

ÓLEOS USADOS DE MOTOR

Neste tipo de óleos, tanto os níveis de aditivação como os níveis de contaminantes e

de degradação do óleo básico são muito mais elevados do que nas aplicações industriais.

Este tipo de óleos encontra-se em motores a gasolina, a diesel e em fontes geradoras.

ÓLEOS USADOS INDUSTRIAIS

Os óleos industriais possuem, de um modo geral, uma baixo nível de aditivação, e

são utilizados em turbinas, sistemas hidráulicos e engrenagens. Aqui os níveis de

contaminação ou de degradação são, também, mais baixos que os definidos pelos óleos

de motor.

1 Monier e Labouze são os autores do “Critical review of existing studies and life cycle analysis on the regeneration and incineration of waste oils”

Page 11: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

5

2. SOGILUB

Na sequência do Decreto-Lei nº 153/ 2003, foi constituída a SOGILUB, Sociedade

de Gestão Integrada de Óleos Lubrificantes Usados, Lda.

Como já foi referido anteriormente, a gestão, recolha, transporte, armazenamento e

valorização dos óleos lubrificantes usados estão a cargo da SOGILUB (Sociedade de

Gestão Integrada de Óleos Lubrificantes Usados, Lda). Em 2006, entrou em

funcionamento o Sistema Integrado de Gestão de Óleos Usados (SIGOU). Um ano

depois, em 2007, foi implantada a marca ECOLUB com o objetivo de promover uma

nova imagem para a entidade e para a SIGOU.

A ECOLUB esforça-se por cumprir a sua missão, gerindo eficazmente e

eficientemente os óleos lubrificantes usados e garantir o cumprimento dos requisitos por

parte das empresas unidas ao sistema. A ECOLUB dá valor a compromissos em relação

ao ambiente, a eficiência, a representatividade e o conhecimento.

Compromisso para com o ambiente:

A proteção do meio ambiente está sempre presente em todas as ações da SOGILUB,

trata-se de um compromisso que honra e respeita as gerações passadas e fortalece o

vínculo das gerações futuras.

Compromisso para com a eficiência:

Ao ter um compromisso com o meio ambiente, a SOGILUB tem práticas e critérios

de gestão muito rigorosos tendo como principal objetivo a otimização dos custos e do

valor acrescentado.

Compromisso para com a representatividade:

Devido á sua importância, a SOGILUB, tem o encargo de cumprir a licença que lhe

foi atribuída, estando disponível à participação de diversas empresas abrangidas pelo

regulamento dos óleos lubrificantes usados que queiram cumprir com as obrigações

através de diversos critérios e processos.

Page 12: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

6

Compromisso para com o conhecimento:

A SOGILUB é uma empresa sem fins lucrativos que investe em ações de

comunicação e sensibilização com objetivo de desenvolver o conhecimento social,

preservando sempre o meio ambiente.

O SIGOU engloba todas as empresas de gestão e reciclagem de óleos usados,

tornando-se assim mais fácil de cumprir a legislação em vigor para óleos usados. O seu

financiamento é assegurado pelo pagamento de um ecovalor efetuado pelos produtores

de óleos novos. Este ecovalor serve para que seja possível a recolha de óleos usados, a

sua armazenagem, o seu tratamento e o envio para destino final que é a regeneração,

reciclagem e/ ou valorização energética. A figura que se segue, mostra o funcionamento

do SIGOU.

Figura 4 – Sistema ECOLUB (2012)

Page 13: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

7

3. Descrição das tecnologias de tratamento e valorização de óleos usados em Portugal

Os óleos usados devido às suas propriedades e devido às suas elevadas quantidades,

são divididos em três modos, recolha e transporte, armazenagem e tratamento prévio.

De acordo com o Decreto-Lei nº 153/2003, as operações de recolha, transporte,

armazenagem e tratamento são definidas pelo seguinte:

- Recolha e transporte – Combinado de intervenções que permitem transferir os

óleos usados de titulares para empresas autorizadas para a sua gestão;

- Armazenagem – Trata-se da depositação temporária e controlada de óleos

usados, prevenido o seu tratamento e valorização;

- Tratamento prévio – Nesta etapa a principal preocupação é modificar as

características físicas e/ ou químicas dos óleos usados, tendo como finalidade a sua

valorização.

Em Portugal, a recolha dos óleos usados é feita por um conjunto de sete empresas

que se preocupam com a totalidade do território nacional. Essas sete empresas são

Bansaude, SA; Carmona, SA; Correia & Correia, Lda; Safetykleen, SA; SIVAV, SA e

Valor ambiente, SA. Distribuindo-se graficamente da seguinte maneira:

Page 14: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

8

Figura 5- Mapa de Portugal com as diversas empresas espalhadas pelo território

É de mencionar que a SISAV, SA; Carmona, SA e a Correia & Correia, Lda executam

a recolha, transporte, armazenamento e tratamento dos óleos usados, enquanto que as

outras empresas efetuam apenas operações de recolha, transporte e/ ou armazenamento.

Page 15: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

9

3.1 RECOLHA E TRANSPORTE

Os óleos usados têm origem em várias atividades, como é o caso das oficinas de reparação e

manutenção de máquinas e veículos. Estes produtores de óleos usados devem ter alguns cuidados

nomeadamente com a correta armazenagem, que ser feita em recipientes adequados, estando

sempre acessíveis.

O cuidado em não misturar os óleos com outro tipo de produtos é sem dúvida um dos

maiores cuidados a ter. Devem facilitar a recolha de amostras e respeitar as especificações

técnicas, conforme se pode visualizar na tabela 1, para que possam ser recolhidos no âmbito do

sistema integrado.

Tabela 1- Especificações Técnicas para a recolha de Óleos Usados (ECOLUB 2012)

Características Unidades de Medida Valor Máximo

PCB's ppm 50

Cloro ppm 2000

Água e Sedimentos % em peso 8

Sedimentos % em peso 3

Quando os óleos usados não cumprirem estas especificações acima referidas, os produtores

devem contactar uma empresa licenciada para o tratamento de óleos usados.

Relativamente à recolha e ao transporte propriamente dita, estes são efetuados por

operadores de gestão de óleos usados. Estes devem obedecer a vários critérios definidos pela

SOGILUB, conforme se pode verificar na tabela abaixo.

Tabela 2 – Critérios definidos pela SOGILUB na recolha e transporte

Page 16: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

10

3.2 ARMAZENAGEM

A armazenagem de óleos usados é um reservatório que possuí a capacidade superior a 1000

litros e tem como objetivo uma posterior análise e tratamento dos óleos. Tal como na recolha e

transporte, a armazenagem tem de ser efetuada por operadores de gestão de resíduos e têm de

cumprir alguns requisitos gerais que são apresentados já de seguida.

Requisitos gerais para armazenagem de óleos usados:

1. Não é permitida a construção e funcionamento de instalações de armazenagem de

óleos usados nos seguintes locais:

a. Em áreas sujeitas a inundação. Neste local só é permitido a construção caso

sejam adotadas medidas fortemente eficazes impeditivas para os efeitos em

causa;

b. Em terrenos cujas dimensões correspondam com todas a normas agora

indicadas.

2. A armazenagem de óleos usados deverá ser efetuada de forma a não provocar

qualquer dano ambiental nem por em causa a saúde do ser humano;

3. Os óleos usados devem ser devidamente armazenados, colocando os óleos em

diversos depósitos, impedindo contaminações, nomeadamente por água ou poeiras,

e ter um fácil acesso;

4. Os óleos devem ser armazenados por forma a que seja possível detetar a qualquer

altura eventuais derrames ou fugas;

Page 17: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

11

5. Todos os locais com armazenagem de óleos usados devem ser equipados com

material absorvente para prevenir pequenos derrames;

6. A identificação dos óleos usados deverá ser efetuada de acordo com as normas em

vigor, e identificado com toda a clareza o código da Lista Europeia de Resíduos

(Portaria nº209/2004, 3 de Março);

7. A ventilação no local de armazenagem temporária deve ser adequada; Este sistema

de ventilação deverá ser dimensionado de forma a impedir a acumulação de gases

inflamáveis em concentrações suscetíveis de causar danos à saúde humana e

ambiental;

8. Os depósitos ou reservatórios utilizadas na armazenagem de óleos usados devem

estar em excelentes condições, não apresentando qualquer sinal de deterioração,

enferrujamento, ou possibilidade de fugas;

9. Todos os locais de acesso aos óleos usados devem ter avisos relativos à proibição de

fumar, atear fogo ou qualquer equipamento que possa provocar faíscas ou calor;

10. No local de armazenagem devem existir extintores ou outros meios de combate a

incêndios. Este tipo de equipamento deverá ser equivalente ao máximo de óleos

possíveis armazenados.

Page 18: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

12

Poderão existir reservatórios subterrâneos e/ ou reservatórios superficiais. Para a construção

de cada um existem determinadas disposições como podemos verificar na tabela seguinte:

Tabela 3 – Principais diferenças entre a construção de reservatórios superficiais e subterrâneos

Construção de Reservatórios Superficiais

Construção de Reservatórios Subterrâneos

Materiais utilizados na construção devem ser resistentes e totalmente impermeáveis.

Os reservatórios deverão ter uma parede dupla ou uma bacia única com bacia de contenção com, pelo menos, 50% de capacidade máxima do reservatório.

Os reservatórios devem ser colocados dentro de uma bacia de contenção da qual deverá possuir, pelo menos 50% da capacidade máxima do reservatório, e encontrar-se totalmente coberto.

No material de construção, deverá existir uma proteção adequada e resistente a danos físicos.

A base e as paredes não devem ser trespassadas por qualquer dispositivo.

Deverá ter dispositivos com deteção de fugas.

Qualquer válvula, filtro ou qualquer outro equipamento auxiliar, deve estar contido numa bacia de contenção secundária.

Caso a entrada de enchimento não esteja numa bacia de contenção secundária, deverá ser utilizado um tabuleiro para prevenir durante o processo de enchimento do reservatório.

3.3 TRATAMENTO PRÉVIO

Este tratamento dos óleos usados baseia-se num processo de decantação e consiste

basicamente na redução do teor de sedimentos, metais pesados e água, por forma a que seja

possível a sua posterior valorização.

A remoção da água e dos sedimentos do óleo usado é através de um simples tratamento

físico-mecânico. As principais técnicas usadas neste processo são a sedimentação, filtração e

centrifugação ou destilação. Assim que é recebido o óleo no tratamento, este é encaminhado para

tanques onde permanece até formar três camadas, a camada superior do óleo, a camada de água e

a camada inferior de lamas. A sedimentação é utilizada para remover a água e as lamas

provenientes do óleo usado. A filtração, que é um processo de separação entre um sólido e um

líquido. Nos óleos usados, a filtração funciona então como um filtro ou um coador. A

centrifugação é um processo em que a força centrífuga relativa gerada pela rotação da amostra é

usada para separar líquidos imiscíveis de diferentes densidades e para sedimentar sólidos em

líquidos. Por fim, a destilação é o modo de separação baseado no fenómeno de equilíbrio líquido-

Page 19: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

13

vapor de misturas. No caso dos óleos usados, este método pode ser utilizado para remover a

água.

Na última parte do tratamento procede-se a uma última limpeza a diferentes etapas

produzidas no tratamento do óleo de forma a obter um produto com determinadas

especificações, como pode ser o caso da melhoria da cor, do cheiro, estabilidade térmica e da

oxidação.

Para obter estas especificações existem cinco técnicas alternativas, que são as seguintes:

• Tratamento alcalino – Utiliza hidróxido de potássio e hidróxido de sódio para

melhorar as propriedades da cor;

• Tratamento com terra descorante – É um tratamento para remover a coloração

negra do óleo para que possa ser comparada visualmente ao óleo base;

• Polimento de argila – Processo em que é utilizado bentonite como argila. A argila é

separada do óleo utilizando um filtro;

• Hidrotratamento – É removido cloro e enxofre do óleo usado através de altas

temperaturas numa atmosfera de hidrogénio. Neste mesmo processo são também

removidos fósforo, chumbo e zinco;

• Extração por solvente – Esta técnica melhora o índice de cor e de viscosidade.

Figura 6 - Conjunto de 2 centrífugas (SISAV 2008)

Page 20: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

14

4. Destinos Finais

Após o tratamento prévio dos óleos usados, segue-se os vários destinos finais, sendo eles a

reciclagem, valorização energética e regeneração. Estes destinos são definidos em Portugal

segundo o Decreto-Lei nº 153/2003.

Comparado o ano 2006 com o ano 2010 presente no gráfico 1 podemos verificar que a

regeneração e reciclagem tiveram um aumento e a valorização energética uma diminuição drástica

devido às novas normas impostas.

Figura 7 – Destino dos Óleos Usados

Gráfico 1 – Balanço entre 2006 a 2010 relativamente aos destinos finais dos óleos usados

Page 21: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

15

4.1 RECICLAGEM

O processo de reciclagem é definido no Decreto-Lei nº 153/2003 como a operação de

reaproveitamento de óleos usados para o fim original ou para outros fins, como por exemplo na

produção de argila expandida.

A reciclagem está assegurada em Portugal pelas empresas ENVIROIL, Resíduos e Energia,

Lda e a ARGEX, Argila Expandida, S.A.

4.2 VALORIZAÇÃO ENERGÉTICA

Este destino é definido como a utilização de óleos usados como meio de produção de

energia através de processos de queima controlada.

A valorização energética é assegurada pela empresa MAXIT, Argilas Expandidas, S.A. e

GAUAR, Gestión de Aceites Usados de Aragon, S.L.U, situada esta última em Espanha.

4.3 REGENERAÇÃO

Por fim, a regeneração constitui o destino prioritário na hierarquia do tratamento e

valorização dos óleos usados. O seu objetivo é a obtenção de óleos base de forma a voltar a ser

usado para o mesmo fim.

O processo de regeneração de óleos tratados passa por diversas etapas que são as seguintes:

tratamento químico; extração do hidrocarboneto com propano líquido; recuperação do solvente

utilizado e destilação em vácuo para obtenção de bases lubrificantes.

É de salientar que não existe nenhuma unidade de regeneração em Portugal, tendo o

SOGILUB de enviar para Espanha, sendo as empresas responsáveis a AURECAN, Aceites

Usados y Recuperación Energética de Andalucia e a GAUAR, Gestión de Aceites Usados de

Aragon, S.L.U.

Page 22: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

16

5. Relatórios de Atividade - O balanço entre 2008 e 2010

A ECOLUB todos os anos faz um relatório de atividade que visa recolher toda a

informação relevante desse mesmo ano. Neste trabalho são comparados e analisados os

relatórios relativos aos anos de 2008 e 2010, como se pode observar na tabela 1.

Tabela 4 – Análise de Relatórios de Atividade entre o ano 2008 e 2010

É de ter em conta que segundo os dados fornecidos pela ECOLUB, o ano 2008 teve

um maior número de óleos comercializados, cerca de 7 000 toneladas a mais que o ano

de 2010, o que significa que muito provavelmente 2008 foi um ano melhor que 2010.

Para a recolha destes dados, em ambos os anos tiveram em conta as 3 principais

etapas, que são a recolha, armazenagem e transporte e por fim o tratamento. Nos óleos

Toneladas

2008 Percentagem 2010 Percentagem

Óleos novos e usados gerados

Óleos novos colocados no mercado (pagam Ecovalor) 77 135 82,44% 70 302 81,23%

Óleos novos colocados no mercado (isentos de Ecovalor) 14 044 15,01% 13 364 15,44%

Massas colocadas no mercado (isentas de Ecovalor) 2 388 2,55% 2 878 3,33%

Total de óleos comercializados 93 567 100% 86 545 100%

Óleos usados gerados 41 169 44% 38 080 44%

Recolhidos

Total 31 695 100% 30 096 100%

Armazenagem e Transporte para Tratamento

Stock 1 56 0,18% -49 -0,16%

Enviados para Tratamento 31 639 99,82% 30 145 100,16%

Total 31 695 100% 30 096 100%

Tratados

Stock 2 229 0,72% 301 1,00%

Regeneração 10 444 33,01% 8 983 29,85%

Reciclagem 17 809 56,29% 17 854 59,32%

Valorização energética 0 0% 0 0%

Água 2 331 7% 2 456 8%

Sedimentos 826 2,61% 502 1,67%

Total 31 639 100% 30 096 100%

Page 23: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

17

recolhidos, o ano de 2008 foi o ano em que a recolha foi mais notória, recolhendo cerca

de 32 000 toneladas de óleo.

Relativamente à armazenagem e transporte, como é de esperar o ano 2008 superou o

ano 2010, o que é perfeitamente normal, só podemos armazenar e transportar aquilo que

se recolhe, daí os valores totais serem iguais tanto na recolha como posteriormente na

armazenagem e transporte.

Para finalizar, passou-se à recolha de dados na etapa a que se destina o tratamento

do óleo. Para uma melhor perceção e análise genérica relativamente ao tratamento,

efetuou-se um gráfico que abrange todos os tópicos referentes ao tratamento, podendo

assim visualizar no gráfico 2 os resultados que comparam os dois anos.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

11000

12000

13000

14000

15000

16000

17000

18000

Stock Regeneração Reciclagem Valorizaçãoenergética

Água Sedimentos

Óleos Tratados

2008

2010

Gráfico 2 – Destinos finais nos óleos usados

Page 24: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

18

Nesta análise, podemos verificar que o Stock, a reciclagem e a água são superiores no

ano 2010 do que em 2008. Já a valorização energética é nula em ambos os anos devidos

às regras impostas no ano 2008.

Para concluir esta análise, pode-se verificar que apesar de o ano 2008 ter tido uma

maior recolha, o tratamento de 2010 foi muito mais eficiente que em 2008, o que

significa que os recursos usados em 2010 foram muito mais proveitosos e eficazes que

2008. No entanto a regeneração não foi a bem sucedida em 2010, ficando

aproximadamente 3% abaixo que em 2008.

Page 25: RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - Óleos Usados

19

Bibliografia

• www.valorpneu.pt;

• www.ecolub.pt;

• http://www.slideshare.net/boaera/reciclagem-e-reutilizao-de-leos-usados;

• http://www.ehsportugal.com/temas.php?cat=14&scat=310;

• Desenvolvimento de um modelo conceptual para Análise do Ciclo de Vida

(ACV) de tecnologias de tratamento e valorização de óleos usados –

Universidade Nova Lisboa;