relatório de estágio - senai - henrique sérgio 2.0

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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRAL ESCOLA TÉCNICA SENAI PAULISTA CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA INDUSTRIAL RELATÓRIO DE ESTÁGIO: INDÚSTRIA ENGARRAFADORA: Controle de qualidade de bebidas alcoólicas e refrigerantes e análises físico-químicas.

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Page 1: Relatório de Estágio - Senai - Henrique Sérgio 2.0

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRAL

ESCOLA TÉCNICA SENAI PAULISTA

CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA INDUSTRIAL

RELATÓRIO DE ESTÁGIO:

INDÚSTRIA ENGARRAFADORA:

Controle de qualidade de bebidas alcoólicas e refrigerantes e análises físico-químicas.

Paulista – PE

2014

Page 2: Relatório de Estágio - Senai - Henrique Sérgio 2.0

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRAL

ESCOLA TÉCNICA SENAI PAULISTA

CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA INDUSTRIAL

RELATÓRIO DE ESTÁGIO:

INDÚSTRIA ENGARRAFADORA:

Controle de qualidade de bebidas alcoólicas e refrigerantes e análises físico-químicas.

Henrique Sérgio Lima Costa

Paulista – PE

2014

Page 3: Relatório de Estágio - Senai - Henrique Sérgio 2.0

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................32 VISÃO GERAL..............................................................................................................43 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS..............................................................................53.1 PREPARO E PADRONIZAÇÃO DE SOLUÇÕES...................................................63.1.1 Solução de Ácido Clorídrico 0,1 N..........................................................................73.1.2 Solução de Carbonato de Sódio 0,1 M.....................................................................93.1.3 Padronização de Solução de Ácido Clorídrico 0,1 N...............................................93.1.4 Cálculo do Fator de Correção do Ácido Clorídrico................................................103.1.5 Preparo de Solução de Hidróxido de Sódio NaOH 0,1 N......................................113.1.6 Padronização de Solução de Hidróxido de Sódio 0,1 N.........................................123.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE MONITIRAMENTO...................................123.2.1 Análise de teor alcoólico........................................................................................133.2.1.1 Materiais, vidraria e equipamentos......................................................................133.2.1.2 Procedimento.......................................................................................................133.2.2 Análise de acidez total............................................................................................143.2.2.1 Materiais, vidraria e equipamentos......................................................................143.2.2.2 Procedimento.......................................................................................................153.2.3 Análise de extrato seco total...................................................................................153.2.3.1 Materiais, vidraria e equipamentos......................................................................163.2.3.2 Procedimento.......................................................................................................163.2.4 Análise de potencial hidrogeniônico (pH)..............................................................163.2.4.1 Materiais, vidraria e equipamentos......................................................................173.2.4.1 Procedimento.......................................................................................................184 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................195 REFERÊNCIAS...........................................................................................................20

Page 4: Relatório de Estágio - Senai - Henrique Sérgio 2.0

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1 INTRODUÇÃO

Relatório de estágio curricular realizado na empresa Engarrafadora Igarassu

Ltda., elaborado pelo aluno Henrique Sérgio Lima Costa, concluinte do Curso Técnico

em Química Industrial.

Tem como finalidade descrever e analisar as atividades desenvolvidas no setor

de Controle de Qualidade e Desenvolvimento da empresa, bem como apontar as

oportunidades de emprego do conhecimento técnico adquirido pela formação no Curso

Técnico em Química Industrial da Escola Técnica SENAI Paulista.

A empresa realiza manufatura de bebidas refrigerantes e de bebidas alcoólicas,

com destaque para o vinho de mesa, seu produto de maior reconhecimento no mercado.

Localiza-se no município de Igarassu, Rodovia BR 101 - Km 43, no estado de

Pernambuco.

O estágio curricular foi realizado no período de três meses, sob a coordenação da

Química Rosângela Moura, no laboratório de Controle de Qualidade e

Desenvolvimento. As principais atividades desenvolvidas estão relacionadas às análises

físico-químicas de fabricação de produto e ao preparo e padronização de soluções

reagentes necessárias às análises de rotina.

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2 VISÃO GERAL

Na segunda metade do século XIX, a família Tonet veio da comunidade Tomaol,

na Itália, para o Brasil e se instalou no Rio Grande do Sul. Em 1934, seguindo a

tradição italiana de ser um dos países que mais produz e consome vinho, Antonio Tonet

começou a fabricar vinho em escala comercial. Como de costume, este ofício passou do

pai para o filho. Assim, Bonfílio Tonet, filho de Antonio Tonet, e Maria Araldi Tonet

iniciaram a produção com a marca Carreteiro em 1963, em São Marcos, no Rio Grande

do Sul.

Instalou-se em Pernambuco, no município de Igarassu, a Engarrafadora Igarassu

Ltda. A indústria engarrafa vinho proveniente da serra gaúcha, segundo o tradicional

padrão de qualidade Carreteiro. Neste processo, a análise da matéria-prima, dos insumos

para a fabricação, do preparo da embalagem até a disposição final do produto acabado

no estoque, cada etapa é monitorada pelo laboratório da indústria, o Controle de

Qualidade e Desenvolvimento – C.Q.D. Além das bebidas alcoólicas (aguardente,

fermentado de maçã e os diversos tipos de vinhos) a engarrafadora fabrica seus próprios

refrigerantes, de marca Ki Mania® e Refris®.

Todos estes produtos apresentam características físico-químicas distintas, e

demandam, portanto, análises diferenciadas a fim de assegurar sua qualidade. As

propriedades do produto acabado devem atender a legislação, figurada pelo Ministério

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)1, e pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA)2, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e pelo

Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro). A segurança alimentar dos produtos é ainda

assegurada pelas análises microbiológicas desenvolvidas pelo setor, que monitora o

produto final, as águas de consumo (matéria-prima do refrigerante) e de máquinas e

linhas de produção.

As análises são realizadas segundo manual de qualidade da empresa, baseado

nas instruções normativas do MAPA, específicas para cada tipo de bebida. Outras

atividades correlatas são o preparo de soluções, reagentes, limpeza e manuseio de

vidraria e o uso e calibração de equipamentos de análise.

1 BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA. Lei Nº 8.918 de 14 de Julho de 1994. Brasília, 1994.2 ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia de Alimentos e Vigilância Sanitária. Disponível em : < http://www.anvisa.gov.br/alimentos/guia_alimentos_vigilancia_sanitaria.pdf>.

Page 6: Relatório de Estágio - Senai - Henrique Sérgio 2.0

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3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

A qualidade dos produtos e serviços ofertados pelas empresas cada vez mais tem

sido exigida pelo consumidor, consciente de seus direitos e as vantagens de se consumir

algo que atende padrões de qualidade cada vez mais sofisticados. O controle de

qualidade numa indústria de bebidas não poderia ser diferente, e visa garantir aos

consumidores um produto final que atenda às suas expectativas, que apresenta

segurança alimentar confiável e dentro dos padrões estipulados pela empresa.

As análises desenvolvidas durante o estágio têm como principal objetivo garantir

o padrão de qualidade desenvolvido pela empresa para seus produtos, assegurando o

atendimento das exigências físico-químicas dos órgãos de fiscalização, bem como as de

segurança alimentar.3

Um segundo fator é o monitoramento da produção a partir das informações

coletadas durante o processo produtivo. A análise de produto durante a produção de um

lote é capaz de apresentar informações sobre o mesmo ainda na fase de produção. Este

monitoramento pode apontar ao analista que estão ocorrendo falhas de produção, erros

em máquinas, de operação e outros.

O setor de Controle de Qualidade e Desenvolvimento está atrelado à Diretoria

Industrial. É responsável pelo monitoramento de matérias-primas, monitoramento de

fabricação de produtos, pesquisa e desenvolvimento para novos produtos e/ou

formulações, monitoramento de produtos acessórios, como tampas, embalagens, rótulos

e outros.

Este relatório abrange a descrição e análise das principais atividades de preparo

e padronização de soluções e análises físico-químicas de monitoramento de produto.

Descrevem-se o preparo de solução de hidróxido de sódio NaOH 0,1 N,

empregado na análise titulométrica de acidez total; solução padrão secundário de ácido

clorídrico HCl 0,1 M, para a padronização de solução de hidróxido de sódio 0,1 N; e

solução padrão primário de solução de carbonato de sódio Na2CO3 0,1 M, empregado na

padronização do ácido clorídrico 0,1 M.

As análises físico-químicas descritas abrangem: análise de teor alcoólico, análise

titulométrica de acidez total, análise de extrato seco total e análise de potencial

hidrogeniônico (pH).

3 ZENEBON, Odair; PASCUET, Neus S.; TIGLEA, Paulo. Métodos físico-químicos para análise de alimentos.4. ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008, p.38.

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6

O conhecimento técnico acerca destas atividades foi largamente presenciado nas

aulas das disciplinas durante o Curso Técnico, entre elas as disciplinas de Química

Inorgânica, Química Analítica e Físico-Química.

3.1 PREPARO E PADRONIZAÇÃO DE SOLUÇÕES

O preparo de soluções é uma etapa que antecede as análises. Os laboratórios

analíticos devem sempre manter soluções de vários reagentes em estoque.4 Portanto, são

empregadas substâncias que apresentam alta estabilidade e pureza química. Essas

substâncias são comumente conhecidas como padrão primário. Quando uma análise

demanda o emprego de reagentes menos estáveis que os padrões primários, procede-se a

padronização destas soluções, a fim de garantir que o valor da concentração se encontre

numa faixa aceitável. Skoog afirma que uma “uma solução padrão (ou um titulante

padrão) refere-se a um reagente de concentração conhecida que é usado para se fazer

uma análise volumétrica.”5

No caso da solução ser preparada a partir de um sólido, o analista deve estar

atento às condições da balança analítica. Entre as medidas usuais encontram-se a

utilização de vidro de relógio para não sujar o prato da balança, verificar sua calibração,

sua correta posição em relação à bancada (observando a “bolha” de indicação de

inclinação) e outros.

Soluções preparadas a partir de líquidos demandam a verificação das vidrarias

de aferição de volume (são indicadas as pipetas volumétricas, sempre respeitando o

“menisco”).6 Em geral, a dissolução de ácidos e bases em água destilada libera calor no

meio, aquecendo a vidraria que a contem. Recomenda-se esfriar a vidraria à temperatura

ambiente. O aquecimento de vidrarias de aferição de volume pode comprometer sua

medição, uma vez que o vidro está sujeito a sofrer dilatação com o aumento de sua

temperatura.

Dentre as mais variadas soluções empregadas na rotina do laboratório

encontram-se a solução de ácido clorídrico HCl 0,1 N, a solução de hidróxido de sódio

4 VOGEL, Arthur I. Análise química quantitativa. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. p. 54.5 SKOOG, A.D. et al. Fundamentos de Química Analítica. S.l.: Thonson, 2006. Tradução da 8ª ed. norte americana. p. 322.6 VOGEL, Arthur I. Análise química quantitativa. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. p. 39.

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NaOH 0,1 N, a solução de ácido sulfúrico H2SO4 a 4%, a solução indicadora de amido

a 2% e a solução padrão primário de carbonato de cálcio Na2CO3 0,1 M.

Neste trabalho será apresentado o preparo e padronização da solução se ácido

clorídrico HCl 0,1 N, empregada na padronização da solução de hidróxido e sódio

NaOH 0,1 N, uma das principais soluções utilizadas nas análises de bebidas.

3.1.1 Solução de Ácido Clorídrico 0,1 N

Esta solução é empregada na padronização da solução de hidróxido de sódio

NaOH 0,1 N.

Por se tratar de um produto corrosivo e que libera vapores ácidos, o HCl deve

ser manipulado na capela.

Dispõe-se de HCl concentrado nas seguintes condições:

a) Título: 37%;

b) Massa molar (MM): 36,46 g/mol;

c) Densidade (D): 1,19 g/ml.

Para o preparo de 1 litro de solução a 0,1 N (ou 0,1 M, uma vez que o ácido

apresenta apenas um hidrogênio ionizável, portanto suas concentrações molar e normal

são semelhantes), utiliza-se a fórmula (1) para o cálculo de massa necessária de ácido

clorídrico concentrado.

m=MM ×V × M (1)

Onde: -m = massa de ácido clorídrico;

-MM = massa molar do ácido clorídrico;

-V = volume de solução;

-M = concentração molar da solução.

Os dados apresentados apontam para uma massa de 3,646 g de HCl. A solução

concentrada apresenta título de 37%, portanto calculamos a massa real, segundo o

quadro abaixo:

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Massa de HCl T í tulo3,646 g↔100 %m1↔ 37 %

Com massa m1 aproximadamente igual a 9,8541 g. Por se tratar de substância

líquida, procede-se o cálculo de volume de ácido clorídrico concentrado necessário à

solução. O cálculo é feito a partir da fórmula da densidade:

D=mV

(2)

Onde: -m = massa do analito;

-V = volume do analito;

-D = densidade do analito.

Tem-se que a massa de ácido concentrado é igual a 9,8541 g e a densidade é de

1,19 g/ml. Logo, o volume procurado será de:

D=mV

→ 1,19=9,8541V

→ V=9,85411,19

→V =8,28 ml

Dessa forma, prepara-se a solução de ácido clorídrico 0,1 N a partir da

dissolução de 8,28 ml de ácido clorídrico concentrado (título de 37%) em porção de

água destilada num balão volumétrico de 1 litro, completando-se o volume até a

aferição. Em seguida deve-se agitar o balão, invertendo-o várias vezes, seguro que a

rolha está bem vedada, para homogeneizar a solução. Após isso, deve-se padronizar

contra uma solução padrão primário, tornando-a uma solução padrão secundário7; neste

caso utiliza-se a solução de carbonato de sódio Na2CO3 0,1 M.

7 MORITA, Tokyo; ASSUMPÇÃO, Rosely M. Manual de Soluções, Reagentes e Solventes. São Paulo: Blücher, 1972. p. 10.

Page 10: Relatório de Estágio - Senai - Henrique Sérgio 2.0

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3.1.2 Solução de Carbonato de Sódio 0,1 M

O Carbonato de Sódio P.A. (para análise) é considerado um padrão primário

devido sua alta pureza e estabilidade química. Dessa forma sua solução não necessita de

padronização. 8A massa de Carbonato de Sódio necessária para o preparo de 1 litro de

solução 0,1 M é calculada pelo emprego da fórmula (1).

Tem-se que os dados para a solução de Carbonato de Sódio são:

a) Massa molar (MM): 106 g/mol;

b) Volume de solução (V): 1 litro;

c) Concentração molar (M): 0,1 M.

m=MM ×V × M → m=106 ×1 ×0,1 → m=10,6 g

Logo a massa de Carbonato de Sódio P.A. necessária é de 10,6 gramas. A

solução é preparada a partir da dissolução desta massa em certa porção de água

destilada, transferida para um balão volumétrico de 1 litro, completando-se o volume ate

a aferição. Agitar e inverter até a homogeneização da solução.

3.1.3 Padronização de Solução de Ácido Clorídrico 0,1 N

A padronização da solução de ácido clorídrico 0,1 N é feita contra uma solução

de carbonato de sódio 0,1 M. A partir de uma pipeta volumétrica são adicionados 10 ml

de solução de carbonato de sódio 0,1 M a um erlenmeyer de 125 ml. Adicionam-se três

gotas de indicador de alaranjado de metila. A solução de ácido clorídrico 0,1 N

previamente preparada é adicionada a uma bureta de 25 ml. Procede-se a titulação, gota

a gota, agitando-se constantemente até a cor amarela tornar-se alaranjada. Aquecer o

erlenmeyer à ebulição, para retirada de gás carbônico. Se a cor da solução retornar ao

amarelo, continuar a titulação até o alaranjado prevalecer. Anotar o volume de HCl

gasto e calcular o fator de correção. Recomenda-se realizar a titulação em triplicata.

8 MORITA, Tokyo; ASSUMPÇÃO, Rosely M. Manual de Soluções, Reagentes e Solventes. São Paulo: Blücher, 1972. p. 42.

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Na2CO3(aq)+2 HCl(aq)→ 2 NaCl(aq)+CO2 (g)+H 2O(l) (3)

3.1.4 Cálculo do Fator de Correção do Ácido Clorídrico

O fator de correção é calculado segundo a fórmula abaixo:

f =M r

M d(4)

Onde Mr é a concentração molar real a ser calculada pela fórmula:

M r=2 ×V ' × M r

'

V(5)

Os símbolos correspondem a:

a) f = fator de correção;

b) Mr = Concentração molar real;

c) Md = Concentração molar desejada;

d) V’ = Volume de carbonato de sódio;

e) V = Volume de ácido clorídrico;

f) M’r = Concentração molar do carbonato de sódio.

Primeiramente calcula-se a concentração molar real (Mr) do ácido clorídrico a

partir da equação (5). Com a concentração molar desejada, efetua-se o cálculo do fator

de correção, f.

Este fator deve apresentar um valor entre o intervalo 0,98 < f < 1,02. Este

intervalo sugere que soluções com valores de fator de correção abaixo de 0,98

apresentam concentração muito abaixo do desejado; ou seja, estão diluídas. Valores

acima de 1,02 indicam soluções com concentração muito acima do desejado; em outras

palavras, estão concentradas.

Soluções diluídas devem receber um pouco de solução de ácido clorídrico para

aumentar sua concentração. As soluções concentradas por sua vez receberão água

destilada, a fim de diluir e diminuir a concentração das mesmas.

Page 12: Relatório de Estágio - Senai - Henrique Sérgio 2.0

11

A fórmula abaixo frequentemente auxilia no cálculo de adição de água destilada

para a diluição da concentração. É preciso conhecer o volume ainda restante de ácido. A

concentração é de difícil manuseio, dependendo várias vezes da experiência do analista,

que por tentativas busca alcançar um fator de correção aceitável.

N1 ×V 1=N2 ×V 2 (6)

Após seu preparo e padronização, a solução de ácido clorídrico é armazenada em

frasco de vidro âmbar, devidamente identificada com o nome da substância, sua fórmula

molecular, concentração, data de preparo e nome do analista responsável pelo preparo.

3.1.5 Preparo de Solução de Hidróxido de Sódio NaOH 0,1 N

Esta solução é preparada a partir de Hidróxido de Sódio em Micro Pérolas P.A.

100%. Devido sua característica higroscópica, retira-se uma porção em recipiente de

polietileno, e deixa-se repousar em dessecador por algumas horas. Em seguida pesa-se a

amostra, segundo a massa calculada pela fórmula (1):

m=MM ×V × M (1)

Onde se deseja uma solução final com volume de 1 litro e concentração de 0,1 N

(equivalente á concentração de 0,1 M, por ser uma monobase).

A massa molar do Hidróxido de Sódio é de 40 g/mol. Procede-se assim o cálculo

da massa de analito para composição da solução:

m=40 ×1×0,1

Onde se encontra uma massa de 4,0 gramas. Após a passagem pelo dessecador,

pesar cuidadosamente e com presteza, a fim de evitar a exposição da substância à

atmosfera e minimizar seu efeito higroscópio. A massa é dissolvida em porção de água

Page 13: Relatório de Estágio - Senai - Henrique Sérgio 2.0

12

destilada, transferida para balão volumétrico de 1 litro, completando o volume até a

aferição. Inverter o balão, repetidas vezes, até homogeneizar.9

3.1.6 Padronização de Solução de Hidróxido de Sódio 0,1 N

A solução de hidróxido de sódio será padronizada contra a solução de ácido

clorídrico previamente preparada e padronizada, mencionada no item 2.3.

Toma-se a partir de uma pipeta volumétrica de 10 ml igual volume de solução de

hidróxido de sódio 0,1 N, dispondo-a num erlenmeyer de 125 ml de capacidade.

Abastecer a bureta de 25 ml com a solução de ácido clorídrico. até aferição. Adicionar

três gotas de fenolftaleína ao erlenmeyer e proceder a titulação, gota a gota, agitando

continuamente o erlenmeyer. A firme presença da cor rósea indica o fim da titulação.

Recomenda-se titular em triplicata.

Com a média dos volumes gastos, calcular o fator de correção do hidróxido de

sódio.

A concentração real é calculada pela equação (5).

M r=2 ×V ' × M r

'

V(5)

E o fator de correção é então encontrado pela equação (4).

f =M r

M d(4)

3.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE MONITIRAMENTO

As análises físico-químicas de monitoramento de produto revelam ao analista as

características de controle acerca do produto. O analista deve conhecer a metodologia, o

roteiro de análise, assegurar as condições dos materiais e equipamentos demandados,

bem como ter discernimento para avaliar os dados resultantes dos ensaios laboratoriais.9 MORITA, Tokyo; ASSUMPÇÃO, Rosely M. Manual de Soluções, Reagentes e Solventes. São Paulo: Blücher, 1972. p. 77.

Page 14: Relatório de Estágio - Senai - Henrique Sérgio 2.0

13

A principal referência nestes ensaios é a legislação vigente, figurada pelo

MAPA. Este Órgão estabelece os limites para as características químicas, físico-

químicas e microbiológicas de produtos alimentares. O analista deve assegurar que os

produtos atendem não só o padrão de qualidade da empresa, mas principalmente estes

limites exigidos pelos Órgãos.

3.2.1 Análise de teor alcoólico

Este ensaio considera o fato fisco-químico de que soluções alcoólicas com

diferentes teores apresentam diferentes pontos de ebulição. A análise toma uma amostra

de bebida alcoólica e a coloca no ponto de ebulição. Este valor é levado a uma escala,

que aponta o respectivo teor alcoólico da bebida. É recomendado realizar o ensaio em

triplicata para maior confiança dos resultados. Seu monitoramento é essencial para a

qualidade do produto, uma vez que vinhos com diferentes teores alcoólicos apresentam

notadamente características organolépticas diferenciadas.

De acordo com a Legislação, os vinhos de mesa (tinto e branco) devem

apresentar graduação alcoólica entre 8º - 14 º Gay-Lussac (G.L.). A aguardente deve

apresentar graduação entre 38º - 54º G.L.

3.2.1.1 Materiais, vidraria e equipamentos

A seguir os materiais necessários à realização do ensaio:

a) Ebuliômetro, munido de termômetro graduado e lamparina a álcool;

b) Copo de Becker de 250 ml;

c) Tubo de ensaio com marcação para volume de 50 ml.

3.2.1.2 Procedimento

Page 15: Relatório de Estágio - Senai - Henrique Sérgio 2.0

14

Com o tubo de ensaio, tomar 50 ml de amostra contida em copo de Becker e

adicionar à caldeira e água destilada ao condensador até a marcação do Ebuliômetro.

Encaixar o termômetro graduado e acender a lamparina. Aguardar a temperatura se

elevar e se estabilizar. Anotar o valor do ponto de ebulição encontrado. Procurar na

escala o valor do teor alcoólico correspondente à temperatura de ebulição encontrada.

Recomenda-se rinsar a caldeira com a amostra, pelo menos duas vezes, antes de iniciar

o ensaio, e realizar o mesmo em triplicata.

3.2.2 Análise de acidez total

A acidez total em vinhos é monitorada a fim de assegurar o sabor final do

produto. Este fator é característico de cada produto, assumindo diferentes valores de

acordo com a formulação e a legislação vigente. Os vinhos tintos em geral são

apreciados em baixo teor de acidez, enquanto os vinhos brancos apresentam elevado

teor de acidez total.

A legislação estabelece um valor de acidez total para os vinhos de mesa entre 55

– 130 miliequivalentes por litro (meq/L).

3.2.2.1 Materiais, vidraria e equipamentos

Este ensaio demanda os seguintes materiais:

a) Solução de hidróxido de sódio 0,1 N;

b) Copo de Becker de 250 ml;

c) Pipeta Volumétrica de 10 ml;

d) Potenciômetro;

e) Bureta de 25 ml;

f) Agitador magnético.

Page 16: Relatório de Estágio - Senai - Henrique Sérgio 2.0

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3.2.2.2 Procedimento

Pipetar 10 ml de amostra e dispor em um copo de Becker de 250 ml contendo

100 ml de água destilada. Colocar o agitador magnético e ligar. Dispor os eletrodos do

potenciômetro na solução. Realizar a titulação com a solução de hidróxido de sódio 0,1

N, gota a gota, acompanhando o pH do meio. Finalizar ensaio quando o pH atingir o

valor de 8,20-8,40 e estabilizar. Anotar o volume de hidróxido de sódio gasto na

titulação.

A acidez total é dada pela fórmula a seguir:

n × f × N × 1000V

=acidez emmeq / L (7)

Onde:

n = volume em mL de solução de hidróxido de sódio gasto na titulação;

f = fator de correção da solução de hidróxido de sódio;

N = normalidade da solução de hidróxido de sódio;

V = volume da amostra.

3.2.3 Análise de extrato seco total

O extrato seco total é o conjunto de substâncias presentes nos vinhos e

fermentados, que em condições físicas determinadas, não se volatilizam.

O ensaio de extrato seco em vinhos concede ao analista informações relevantes

sobre a apreciação de sua qualidade,

A determinação do extrato seco nos vinhos fornece um dado analítico

considerável para a apreciação da bebida, representando, de um modo geral, os

componentes responsáveis pelo “corpo do vinho”.

Page 17: Relatório de Estágio - Senai - Henrique Sérgio 2.0

16

3.2.3.1 Materiais, vidraria e equipamentos

Neste ensaio são utilizados:

a) Cápsulas de metal para extrato seco;

b) Aquecedor em banho-maria;

c) Estufa de secagem;

d) Dessecador;

e) Pipeta volumétrica de 25 ml.

3.2.3.2 Procedimento

Pesar a cápsula vazia e anotar sua massa. Pipetar 25 ml de amostra para a

cápsula e colocar em banho-maria a 100 ºC por três horas. Retirar do banho-maria e

colocar na estufa a 100 ºC por uma hora. Transferir a cápsula para o dessecador por 30

minutos. Retirar a cápsula e pesar novamente. O extrato seco é calculado a partir da

seguinte fórmula:

(M 2−M 1)× 40=Extrato Seco ( g/ L )

Onde se tem que:

a) M1 = Massa da cápsula vazia;

b) M2 = Massa da cápsula após ensaio.

3.2.4 Análise de potencial hidrogeniônico (pH)

A uma dada temperatura, a acidez ou a alcalinidade de uma solução é indicada

pelo valor do pH ou pela atividade do íon hidrogênio.10 O pH é a característica de uma

10 ZENEBON, Odair; PASCUET, Neus S.; TIGLEA, Paulo. Métodos físico-químicos para análise de alimentos.4. ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008. p. 380.

Page 18: Relatório de Estágio - Senai - Henrique Sérgio 2.0

17

solução associada a sua acidez ou alcalinidade. Uma solução é ácida se apresenta pH

inferior a 7,0, alcalina (ou básica) se apresenta pH superior a 7,0, e neutra no caso de

apresentar pH igual a 7,0. A temperatura influi na medição deste item, uma vez que a

solução só apresenta caráter neutro, com pH igual a 7,0, a temperatura de 25 ºC. A

indicação da concentração de íon hidrogênio em uma solução é definida como:11

pH=log1¿¿ ¿ (8)

O pH pode ser determinado usando um medidor de pH que consiste em um

eletrodo acoplado a um potenciômetro. O medidor de pH é um milivoltímetro com uma

escala que converte o valor de potencial do eletrodo em unidades de pH. Este tipo de

elétrodo é conhecido como eletrodo de vidro, que na verdade, é um eletrodo do tipo "íon

seletivo".

O pH pode ser determinado indiretamente pela adição de um indicador de pH na

solução em análise. A cor do indicador varia conforme o pH da solução. Indicadores

comuns são a fenolftaleína, o alaranjado de metila e o azul de bromofenol.

Outro indicador de pH muito usado em laboratórios é o chamado papel de

tornassol (papel de filtro impregnado com tornassol). Este indicador apresenta uma

ampla faixa de viragem, servindo para indicar se uma solução é nitidamente ácida

(quando ele fica vermelho) ou nitidamente básica (quando ele fica azul).

3.2.4.1 Materiais, vidraria e equipamentos

Este ensaio necessita dos seguintes materiais:

a) Copo de Becker de 250 mL;

b) Proveta graduada de 100 ml;

c) Potenciômetro.

3.2.4.1 Procedimento

11 BRADY, James E.; HUMISTON, Gerard E. Química Geral. Vol. 2. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, Rio de Janeiro. p. 536.

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Dispor 100 ml de amostra em copo de Becker e ajustá-lo ao potenciômetro,

imergindo os eletrodos na amostra. Após estabilização, o dispositivo indicará o valor de

pH da amostra através de seu painel. Recomenda-se a limpeza dos eletrodos do

potenciômetro sempre após o uso, com água destilada e secar com papel higiênico fino,

para não provocar danos ao eletrodo.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio de fato traz ao estudante um contato ímpar com o mundo profissional,

agregador para sua formação profissional e desenvolvimento pessoal. Nele é possível

aplicar os conhecimentos adquiridos durante a formação técnica, vivenciar as realidades

do cotidiano da empresa e se especializar em uma área do conhecimento de sua

formação, como foi o caso deste trabalho.

Neste trabalho o estudante obteve contato com as rotinas de um laboratório de

controle de qualidade e desenvolvimento. A função exige dos profissionais

conhecimentos acerca da Química Analítica, da Físico-Química, da Química Orgânica e

outros. O desenvolvimento de controle estatístico de processo demanda naturalmente

conhecimentos de Estatística, ferramenta cada vez mais exigida pelo mercado como

requisito de formação dos Técnicos em Química, principalmente os que almejam a

especialização na área de controle de qualidade.

Durante o estágio o aluno participou de treinamentos em Boas Práticas de

Fabricação, junto aos colaboradores envolvidos com a produção do alimento. A

formação neste tema garante a melhoria da qualidade do produto, bem como contribui

para a formação dos funcionários, introduzindo-os no conhecimento técnico mais

apurado acerca da produção de alimentos.

No que se refere à manipulação de bebidas alcoólicas, o Técnico deve estar

atento às exigências que a Legislação aponta para os produtos, assegurando que os

mesmos atendem às especificações técnicas. A Ética e a Moral são as principais

diretrizes neste trabalho. A pesquisa acerca de assuntos técnicos é uma constante

atividade para o profissional que busca soluções para os novos paradigmas.

O mercado exige dos profissionais, além dos já apresentados conhecimentos

técnicos, a desenvoltura e sensibilidade de se trabalhar com bebidas fermentadas, como

o vinho, e destiladas, como a aguardente. Identificar anormalidades organolépticas em

amostras, desenvolver novos padrões de qualidade, com nova matéria-prima,

fornecedores de melhor padrão produtivo, são técnicas aprendidas ao longo do estágio

que apenas a experiência profissional pode proporcionar ao Técnico.

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5 REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA. Lei Nº 8.918 de 14 de Julho de 1994. Brasília, 1994.

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia de Alimentos e Vigilância Sanitária. Disponível em: < http://www.anvisa.gov.br/alimentos/guia_alimentos_vigilancia_sanitaria.pdf>.

ZENEBON, Odair; PASCUET, Neus S.; TIGLEA, Paulo. Métodos físico-químicos para análise de alimentos.4. ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008.

VOGEL, Arthur I. Análise química quantitativa. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011.

SKOOG, A.D. et al. Fundamentos de Química Analítica. S.l.: Thonson, 2006. Tradução da 8ª ed. norte americana.

MORITA, Tokyo; ASSUMPÇÃO, Rosely M. Manual de Soluções, Reagentes e Solventes. São Paulo: Blücher, 1972.

BRADY, James E.; HUMISTON, Gerard E. Química Geral. Vol. 2. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, Rio de Janeiro.