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PRAXIS UMA VIVÊNCIA NO MUNDO REAL Relatório de Estágio Profissional Relatório de Estágio Profissional apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário ao abrigo do Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro. Professora Orientadora: Prof.ª Doutora Elisa Marques Tiago Magalhães Porto, setembro de 2014

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PRAXIS

UMA VIVÊNCIA NO MUNDO REAL

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional

apresentado à Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto com vista à obtenção

do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de

Mestre em Ensino de Educação Física nos

Ensinos Básico e Secundário ao abrigo do

Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o

decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro.

Professora Orientadora: Prof.ª Doutora Elisa Marques

Tiago Magalhães

Porto, setembro de 2014

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Ficha de catalogação

Magalhães, T. (2014). Praxis- Uma Vivência no Mundo Real - Relatório de

Estágio Professional. Porto: T. Magalhães. Relatório de Estágio Profissional para

a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA,

REFLEXÃO, PROFESSOR REFLEXIVO, INVESTIGAÇÃO-AÇÃO.

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III

Dedicatória

Aos meus avós e pais que me

possibilitaram toda esta jornada

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V

Agradecimentos

À Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e seus docentes por

estes 2 anos de formação profissional e pessoal.

À minha Professora Cooperante de Estágio, Professora Paula Águas que

sempre me acompanhou e instruiu ao longo deste ano.

À minha Orientadora de Estágio pela assertividade.

À minha colega de estágio Liliana pelos momentos de “descompensação”

vividos na escola.

Ao meu colega de estágio e amigo André pela companhia a apresentar

espetáculos e pela ajuda na escola com o andebol.

Ao corpo docente e auxiliar da E.B. Srª da Hora, especialmente, à prof.

Deolinda Burgos e prof. Ana Bento.

Aos meus alunos TODOS que me preencheram as semanas com dores

de cabeça e alegria, pelas conversas, pelo vosso empenho e dedicação.

Ao meu amigo estagiário João Pinheiro pela ajuda e troca de

conhecimentos.

Aos meus familiares que por vezes não sabiam bem o que eu andava a

fazer.

Aos meus amigos mais próximos, os quais não me atrevo a denominar.

Vocês sempre cá estiveram.

Aos meus amigos romenos, André e Nuno, por todo o nosso trajeto em

comum.

À minha Rita que sempre me acompanhou e ajudou nesta jornada. Muito

obrigado por me aturares, por me aturares, também por me atures e que me

continues a aturar.

Aos meus pais e avós que foram os meus pilares e patrocinadores oficiais,

tanto moral como financeiramente.

A todos, um muito obrigado.

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VII

Índice Geral

AGRADECIMENTOS ......................................................................................... V

ÍNDICE GERAL ................................................................................................ VII

ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................... IX

ÍNDICE DE QUADROS ..................................................................................... XI

ÍNDICE DE ANEXOS ...................................................................................... XIII

RESUMO.......................................................................................................... XV

ABSTRACT .................................................................................................... XVII

LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................ XIX

1. Introdução ..................................................................................................... 1

2. Dimensão Pessoal ........................................................................................ 5

2.1. Biografia ................................................................................................. 5

2.2. Expectativas vs Balanço final ................................................................. 8

3. Enquadramento da prática profissional ................................................... 13

3.1. Entendimento do Estágio Profissional ................................................. 13

3.2. Escola enquanto instituição ................................................................. 14

3.3. Caraterização da minha Escola Básica ............................................... 16

3.4. Caraterização da turma principal - 7º ano ........................................... 18

3.5. Caraterização da turma “secundária” ................................................. 21

3.6. O Núcleo de Estágio ........................................................................... 22

4. Realização da prática profissional ............................................................ 25

4.1. Conceção, planeamento, realização e avaliação do ensino ................ 26

4.1.1. Conceção ........................................................................................ 26

4.1.2. Planeamento ................................................................................... 28

4.1.3. Realização ...................................................................................... 30

4.2. Avaliação do Ensino ........................................................................... 45

4.2.1. Avaliação Diagnóstica ................................................................... 47

4.2.2. Avaliação Formativa ...................................................................... 48

4.2.3. Avaliação Sumativa ........................................................................ 49

4.2.4. Autoavaliação ................................................................................ 51

4.2.5. Avaliação Intercalar ....................................................................... 52

4.3. Participação na escola e Relações com a comunidade ...................... 53

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VIII

4.3.1. Desporto Escolar e Atividade Interna .............................................. 54

4.3.2. Desporto Escolar ............................................................................. 54

4.3.3. Corta-Mato Escolar ......................................................................... 56

4.3.4. Corta-Mato Distrital .......................................................................... 57

4.3.5. Atividade Interna .............................................................................. 58

4.3.6. Festa Solidária da Rita ................................................................... 60

4.3.7. Dia Paralímpico ............................................................................... 62

4.3.8. Aula de Campo- Surf ...................................................................... 64

4.3.9. Prova de Cicloturismo ..................................................................... 67

4.3.10. Visita de estudo e Ação de formação ........................................... 68

5. Estudo: “Fatores que influenciam a prática de atividades desportivas

nas crianças” .................................................................................................. 71

6. Devaneios de um estagiário .................................................................... 106

7. Conclusões finais e perspetivas para o futuro ...................................... 108

8. Referências bibliográficas ....................................................................... 113

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IX

Índice de figuras

Figura 1 - Relação entre conceção de EF, Didática da EF, Formação de

professores e investigação didática (Carreiro da Costa, 1998, p.428)

……………………………………………………………………………..............… 26

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XI

Índice de quadros

Quadro 1 - Como poderão as pessoas de todas as faixas etárias alcançar os

níveis recomendados de atividade física ………………………………………... 79

Quadro 2 - Características gerais dos participantes …………………………… 82

Quadro 3 - Frequência desportiva fora da escola ……………………………… 86

Quadro 4 - Prática de desporto federado ……………………………………….. 87

Quadro 5 - Participação em competições desportivas ………………………… 87

Quadro 6 - Tempos dedicados à prática de atividades desportivas até ficarem

ofegantes ……………………………………………………………………………. 88

Quadro 7 - Análise descritiva e comparativa das variáveis dependentes segundo

o género (QMAD) ……………………………………………………….. 89

Quadro 8 - Análise descritiva e comparativa das variantes dependentes segundo

a idade de escolaridade (QMAD) ……………………………………… 91

Quadro 9 - Análise descritiva e comparativa das variáveis dependentes segundo

o género (IMAAD) ……………………………………………………….. 93

Quadro 10 - Análise descritiva e comparativa das variáveis dependentes

segundo o ano de escolaridade (IMAAD) ……………………………………….. 95

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XIII

Índice de anexos

Anexo I – Autorização Aula de Surf ………………………………………………... I

Anexo II – Questionário Atividade Física …………………………………………. II

Anexo III – Questionário de Motivação para as Atividades Desportivas (QMAD)

…………………………………………………………………………………………. III

Anexo IV – O Inquérito de Motivações para a Ausência de Atividade Desportiva

(IMAAD) ……………………………………………………………………………… IV

Anexo V – Apresentação Power Point da aula prática ………………………….. V

Anexo VI – Questionário Final …………………………………………………….. VI

Anexo VII – Análise descritiva das variáveis dependentes (QMAD) …………. VII

Anexo VIII – Análise descritiva das variáveis dependentes (IMAAD) ……….. VIII

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XV

Resumo

O presente relatório foi realizado no âmbito do Estágio Profissional decorrido

numa Escola Básica no ano letivo 2013/2014, unidade curricular inserida no 2º

ciclo do plano de estudos da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto,

e conduz ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico

e Secundário. O objetivo da redação deste documento é registar de forma

reflexiva e descritiva todas as experiências e vivências, formando um portefólio

de informações que permitam ao aluno refletir a sua prática pedagógica,

sustentando-a com bibliografia, e que permita aos docentes da faculdade criar

um perfil e identidade profissional do estudante estagiário.

O relatório de estágio está dividido por sete tópicos, sendo eles: a introdução, a

dimensão pessoal, o enquadramento da prática profissional, realização da

prática profissional, participação na escola e relações com a comunidade, o

estudo de investigação e conclusão. Na Introdução é realizado um

enquadramento de todo o documento e quais os seus objetivos. Na Dimensão

Pessoal está relatada a minha autobiografia e quais as expectativas acerca deste

EP. No Enquadramento da Prática Profissional está caraterizado o contexto em

que a minha prática pedagógica decorreu. Na Realização da Prática Profissional

está retratada a organização e gestão do ensino e aprendizagem. Na

Participação na Escola e Relações com a Comunidade estão documentadas

algumas atividades realizadas no decorrer do Estágio Profissional, assim como

reflexões relativas à minha envolvência com o meio e seus agentes

intervenientes da escola. Neste documento também está presente um estudo

denominado “Fatores que influenciam a prática de atividades desportivas nas

crianças”. O último ponto, Considerações Finais, está presente uma pequena

reflexão e conclusões sobre esta experiência, desenvolvimento pessoal e

profissional e perspetivas para o futuro.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, PROFESSOR ESTAGIÁRIO,

EDUCAÇÃO FÍSICA, FORMAÇÃO INICIAL, ATIVIDADE FÍSICA

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XVII

Abstract

This following report was performed with regards to the Professional Internship

elapsed in a Primary School in the academic year of 2013/2014, a curricular unit

embedded on the second cycle of the study plans for the FADEUP, that leads to

the Masters Degree on the teaching of Physical Education, in the Basic and

Secondary school years.

The purpose of this writing, is to record on a reflective and descriptive way, all

the experiences and knowledge acquired, by creating a portfolio of information

that allows students to reflect on their received teachings, by sustaining it with a

bibliography that allows the college faculty, to create a profile and a professional

identity of the student intern.

The internship report is divided into seven chapters, namely: “The introduction”,

“The personal dimension”, the “Framework of the professional practice”,

“Realization of professional practice”, “Participation in school and community

relations”, “The research study” and finally, the “Conclusion”.

In the “Introduction” chapter, there’s an inclusion of the entire document, and their

respective goals. On “Personal dimension”, it’s described my autobiography and

what the expectations about this Professional Internship are.

The “Framework of Professional Practice”, features the context in which my

teaching practice took place. On “Realization of professional practice” it’s

portrayed the organization and management of the teaching and learning.

In “Participation in School and Community Relations” there are documented

some performed activities during the EP, as well as some reflections concerning

my involvement with the surroundings and the respective school interveners.

There’s also present on this document a case study entitled "Factors that affect

the practice of sports activities, in children."

The last point, “Final Thoughts”, offers a small reflection and conclusion on this

experience, personal and professional development and prospects for the future.

KEYWORDS: PROFESSIONAL INTERNSHIP, TRAINEE TEACHER,

PHYSICAL EDUCATION, INITIAL TRAINING, PHYSICAL ACTIVITY

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Lista de abreviaturas

AF: Atividade Física

EE: Estudante Estagiário

EF: Educação Física

EP: Estágio Profissional

FADEUP: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

MEC: Modelo de Estrutura do Conhecimento

NE: Núcleo de Estágio

NEE: Necessidades Educativas Especiais

RE: Relatório de Estágio

PC: Professora Cooperante

PO: Professora Orientadora

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1. Introdução

O presente documento foi realizado no âmbito do EP, unidade curricular

inserida no 2º ano do 2º Ciclo de ensino de EF nos Ensinos Básico e Secundário,

e portanto conducente ao respetivo grau de mestre.

Neste ano, todo o EE passa pela difícil tarefa de ser um estudante na sua

faculdade e, em simultâneo, ser um docente na escola que o acolhe para

realização do seu estágio.

Segundo Ferreira (2013, p.114), o EP, enquanto fase final da formação

inicial de um docente, “tem como objetivo promover as vivências que conduzam

ao desenvolvimento da sua competência profissionais, como sejam, as

“competências docentes a integrar no exercício da prática pedagógica”1”. Este

Decreto-Lei estabelece o ordenamento jurídico da formação dos educadores de

infância e dos professores dos ensinos básico e secundário.

Nóvoa (1995a, p.18) refere que a formação, “mais do que o lugar de

aquisição de técnicas e de conhecimento, a formação de professores é o

momento-chave da socialização e da configuração profissional”. Já Cunha

(2008, p.35) defende que “a formação pode e deve fomentar o processo de auto

e hétero-desenvolvimento do indivíduo, abrindo novos caminhos, estabelecendo

novos objetivos, proporcionando condições de desenvolvimento pessoal e

profissional, baseados em estratégias que possibilitem uma maior capacidade

de adaptação e modos de equilíbrio superiores”.

De acordo com as Normas Orientadoras do EP 2 , este promove a

integração de um EE no que será a sua vida profissional enquanto docente, “de

forma progressiva e orientada através da prática de ensino supervisionada em

contexto real”. O objetivo deste EP é, portanto, a obtenção de competências e

da sua aplicação prática no meio escolar, formando desta forma um docente

capaz de lecionar e comunicar com toda a comunidade escolar, um indivíduo

1 Diário da República, 1ª Série - nº234 - 8 de outubro de 1989

2 Normas orientadoras do Estágio Profissional é um documento interno do 2º ciclo de estudos

em Ensino de Educação Física nos ensinos Básico e Secundário da FADEUP, elaborado

originalmente por Zélia Matos e adaptado para o ano letivo 2013-2014

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com acuidade crítica e autocrítica, ou seja, um indivíduo capaz de refletir.

Formando assim um indivíduo que se adapte ao meio em que atua, superando

as suas exigências e os seus desafios.

E qual o objetivo do RE inserido no EP? Este documento tem como

objetivo transcrever as vivências e atividades experienciadas ao longo de todo o

ano de EP. A realização deste documento permite aos EEs documentar e

organizar um leque de conhecimentos, fundamentando-os com base na literatura

estudada ao longo de todo o seu percurso académico.

Segundo Pacheco e Flores (1999, p.37), “o conhecimento pedagógico do

professor equivale ao estudo da bibliografia dedicada à compreensão do

processo educativo, em geral, e do processo didático, em particular”.

Alguns pontos-chave deste documento são transmitir para suporte escrito

um conjunto de reflexões, documentar as dificuldades vividas, as espectativas

para o EP e para o futuro, e notificar as nossas evoluções nas competências

pedagógicas.

Tratando-se este de um documento onde é retratada a realidade vivida

pelo EE, realço que a oportunidade de ter beneficiado do contacto direto com

três turmas durante o ano letivo, tive uma importância acrescida, pois permitiu-

me colocá-las em “contraste”, lidando com a heterogeneidade das mesmas e

dos seus intervenientes. A luta pela obtenção de estratégias que cativassem e

motivassem todas as turmas e todas as suas individualidades foi um fator

sempre implícito no meu dia-a-dia. Refletir tornou-se parte constante e

fundamental da minha vida desde o primeiro ao último dia de EP.

Este RE é constituído por sete tópicos, introdução, a dimensão pessoal, o

enquadramento da prática profissional, realização da prática profissional,

participação na escola e relações com a comunidade, o estudo de investigação

e conclusão.

Numa fase inicial, após esta breve introdução, já na “dimensão pessoal”,

trato da minha biografia contando com toda a minucia o meu trajeto académico

e desportivo, tal como o que me fez enveredar por esta área. Aqui é-me possível

verificar quais as expectativas iniciais, o balanço final e as dificuldades

verificadas.

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No seguinte capítulo, “enquadramento da prática profissional”, começo por

um breve entendimento acerca do EP, da caraterização da escola enquanto uma

instituição, assim como as caraterizações e distinções acerca da escola onde

exerci funções, as turmas ao meu encargo e NE, destacando a relação mantida

com os seus elementos, as funções do PC na prática supervisionada e,

consequente, o meu desenvolvimento.

Relativamente à “realização da prática profissional”, aqui está impressa

informação acerca da conceção, planeamento, realização e avaliação de todo o

processo de ensino assim como algumas temáticas que julguei preponderantes.

A gestão do tempo de aula, o feedback pedagógico e a utilização de recursos

audiovisuais foram os temas abordados mais aprofundadamente.

No tópico seguinte, “participação na escola e relações com a

comunidade”, é abordada informação do meu entendimento acerca da minha

relação com o meio e seus agentes intervenientes da escola (professores,

alunos, auxiliares de educação e encarregados de educação). Também estão

expostas reflexões acerca de reuniões, visitas de estudo, ações de formação,

desporto escolar e aulas de campo fora do recinto escolar.

No final deste documento, está disposto um capítulo que engloba as

minhas perspetivas profissionais para o futuro, o meu desenvolvimento

profissional alcançado ao longo do EP, assim como as reflexões e conclusões

finais deste fim de ciclo académico. Neste capítulo final, através desta narrativa

composta por conjuntos de introspeções e reflexões, tenciono obter a resposta

a três questões para mim fundamentais: Será possível um professor desvincular

o seu eu pessoal, do seu eu profissional? O que é realmente o tato pedagógico?

Será um professor um processo inacabado?

Pretendo com este documento realizar um testemunho que irá constituir

um importante instrumento de apoio a todo o meu percurso profissional, do EP

em diante, pois nele está impressa a realização de uma compilação de

atividades, vivências e observações retiradas desta prática pedagógica em

contexto real, servindo duplamente como um documento de desenvolvimento

atual da minha identidade profissional e também será útil para posteriores

consultas.

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2. Dimensão Pessoal

2.1. Biografia

O meu nome é Tiago Magalhães e já trago comigo esta vontade de fazer

do desporto um estilo de vida desde muito cedo. As minhas memórias de infância

passam todas por imagens minhas de bicicleta ou a jogar futebol. Apesar desta

vontade de querer sempre jogar futebol, apenas fui jogador de futebol federado

dos 16 aos 18 anos de idade num clube pequeno de Leça do Bálio (Desportivo

de Leça do Bálio), uma idade já tardia para quem ambicionava seguir carreira

como sénior na modalidade. Antes de me dedicar ao futebol tive uma breve

passagem pelo basquetebol, no Guifões SC, assim como inúmeros anos de

prática não federada de natação desde tenra idade.

Para mim, a disciplina de EF sempre foi a disciplina de eleição a par de

ciências e mais tarde biologia. Nestas disciplinas sempre fui um aluno exemplar.

Era trabalhador, empenhado e respeitava os professores, algo que desejava

observar nos meus alunos, ao longo do EP.

O motivo que me levou a enveredar por estes caminhos da EF e mais tarde

professor da disciplina, para além do meu gosto já referido pela EF e desporto,

foi a atitude de um dos meus professores durante o ensino secundário. Este

professor também me deu alguma motivação para arriscar e tentar ligar-me à

prática de basquetebol federado. Ainda me apoiou no treino de preparação para

os pré-requisitos de acesso à entrada no curso de ciências de desporto. Um dia

espero chegar onde ele chegou.

O meu percurso universitário nem sempre passou pela FADEUP. No ano

de ingresso na faculdade, apesar de querer entrar diretamente na Universidade

do Porto, não tive média suficiente, ficando umas décimas abaixo, entrando no

ISMAI, finalizando a licenciatura em 2012. Apesar de não ter sido a primeira

opção, o ISMAI proporcionou-me vivências únicas e certamente diferentes da

FADEUP, tais como, a frequência de um semestre em ERASMUS, realizado na

Roménia.

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Ao longo do meu percurso no ensino superior, fui trabalhando em alguns

empregos temporários e fiz voluntariado em campos de férias e alguns projetos

da instituição APEE Autismo – Associação de Pais e Encarregados de Educação

de Alunos com Perturbação do Espectro do Autismo. Ao fim de 3 anos consegui

entrar na faculdade que sempre quis.

Relativamente ao ano de estágio e à escolha da escola cooperante em que

realizaria a minha prática pedagógica supervisionada, esta, baseou-se em dois

fatores, a proximidade a que esta escola se situa da minha residência e o facto

de já ter sido aluno na mesma, conhecendo bem a estrutura e alguns membros

do seu corpo docente e auxiliar. Estes foram aspetos preponderantes na minha

tomada de decisão.

Realizando uma autoanálise, no que diz respeito às minhas potencialidades

e dificuldades enquanto professor, alcancei algumas respostas.

No que concerne às potencialidades, a boa relação e empatia que

facilmente consigo criar com crianças, jovens pré-adolescentes e adolescentes,

o gosto pelo desporto e AF são as competências que penso possuir para que

consiga uma prática pedagógica favorável para os alunos, beneficiando,

consequentemente, o processo ensino/aprendizagem, mantendo um clima de

positivismo ao longo das aulas. Outro aspeto que considero positivo no meu perfil

de estudante e professor de EF, é o facto de possuir boas capacidades em

termos de conhecimentos teóricos e práticos na generalidade das modalidades,

considerando-me versátil nesta vertente, porém, senti-me claramente mais hábil

em lecionar algumas modalidades do que noutras.

Surgiram no entanto questões, tais como o controlo da turma, a autoridade

e alguns défices na colocação de voz que considero aspetos que teria a

melhorar. Estas dificuldades estão diretamente relacionadas, estabelecendo,

muitas vezes, uma relação de causa-efeito, sendo elas competências de enorme

importância na área do ensino. Um professor que não consiga controlar

completamente a sua turma estará a condicionar todo o processo de ensino-

aprendizagem, sendo desvantajoso para si enquanto professor e para os alunos

enquanto aprendizes. Julgo que essas dificuldades foram sendo ultrapassadas

com o decorrer do EP.

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Relativamente à elaboração das unidades didáticas elaboradas com base

na construção detalhada do Modelo de Estruturas de Conhecimento (MEC), as

modalidades de ginástica e atletismo foram as que exigiram mais trabalho e

estudo para que conseguisse obter um bom nível de qualidade de ensino devido

à minha falta de experiência nas modalidades, conseguindo arranjar estratégias

para melhorar e lecionar estas temáticas.

Considero que este foi o ano fundamental e culminante de todos estes anos

de ensino superior. Ao longo desta experiência, foi-me possível testar todas as

metodologias aprendidas durante o meu processo de formação, quer enquanto

aluno de instituições de ensino superior, quer enquanto antigo aluno do ensino

básico e secundário, que sempre valorizou a disciplina de EF.

A promoção do gosto pela AF e de um estilo de vida saudável nos alunos

através das minhas aulas de EF permitirá uma clara (ainda que ténue) guerra ao

sedentarismo. A cada dia que passa, o ser humano, valoriza mais as questões

da estética corporal, a melhoria da saúde, concentração, consciência, humor e

melhorias psicológicas em geral. A prática de AF também oferece melhorias

relacionadas com as capacidades condicionais, tais como a força e resistência

muscular, resistência cardiovascular, entre muitos outros benefícios.

Ao longo do ano tentei agir sem medo de errar, pois o erro por vezes é um

aliado de quem está a aprender. Sobre o EE há sempre um receio pairando pois

nós, estagiários, enquanto professores, poderemos ser considerados modelos a

seguir ou respeitar, agentes transmissores de valores e cultura.

Em suma, mais do que provar à PC e PO que sou um futuro docente com

potencial e capacidade de lecionar, tenho como objetivo máximo, provar a mim

mesmo, que sou competente e responsável para passar à fase seguinte, a

docência profissional.

2.2. Expectativas vs Balanço final

Recuando no tempo, recordo plenamente as minhas palavras introdutórias

do meu projeto de formação individual relativas a todas as minhas expetativas

iniciais para o derradeiro ano, o ano de Estágio.

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Desde cedo perspetivei este ano letivo enquanto uma época de mudança.

Apesar de a caminhada ainda ser precoce e ainda haver um longo caminho a

seguir, penso não me ter equivocado.

Confronto agora, estas minhas palavras com todo o conhecimento

adquirido ao longo deste trajeto tão enriquecedor. A realização deste balanço

permite-me afirmar que a mudança esteve imediatamente presente, desde o

primeiro dia em que me apresentei na escola. Este primeiro contacto com a

comunidade escolar fez-me ganhar consciência da minha nova realidade e do

meu papel como professor, que eu próprio ainda não tinha descortinado. Eu tinha

um desafio em mãos, que honestamente me provocava um certo desconforto ao

pensar, que poderia não corresponder às expetativas, pois as novas

experiências por vezes encaminham-nos para o desconhecido, gerando um

misto de incerteza e de ansiedade, não sendo esta, indubitavelmente, uma

exceção. Um dos motivos que mais contribuiu para essa incerteza e ansiedade

deveu-se ao facto da PC ter proposto, para além da turma titular, assumir mais

uma turma. Logo serem muitos alunos, haver um acréscimo de trabalho, e o

receio de não conseguir conciliar tudo, não demonstrando as minhas valências

foram os principais fatores a atormentar a fase inicial do estágio.

No entanto, esta insegurança inicial transformou-se num grau de confiança

da minha parte, pois finalmente tinha a possibilidade de concretizar uma das

minhas ambições e demonstrar todo o meu empenho e conhecimentos.

Após estudar uma das sebentas da unidade curricular didática de atletismo

no ano transato, houve um parágrafo referente ao assunto EP que me marcou.

Segundo Rolim e Garcia (2012, p.11), “A imagem dada por um paraquedista

também é representativa desse facto. Lançando-se de um avião, apesar de, por

vezes, munido do mais sofisticado paraquedas, o paraquedista não consegue

antever, com exatidão, o local onde irá cair. As interferências do vento, a abertura

precipitada ou tardia do paraquedas, a necessidade de utilizar o paraquedas de

reserva, a par de outras eventuais influências, serão as principais condicionantes

dessa incerteza.” Esta metáfora transcreve na perfeição o que para mim

representa o EP na perspetiva de um jovem PE que vai pelas primeiras vezes à

escola enquanto professor responsável por um grupo de jovens adolescentes. O

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facto de os meus alunos estarem a atravessar um período crítico, torna o papel

do professor ainda mais revelante para o desenvolvimento destes jovens no

mundo da EF, do desporto e na sociedade.

Enquanto professor, ainda inexperiente, esperava conseguir compreender

a relação entre diferentes alunos/diferentes abordagens e metodologias de

ensino. Isto é, através do contacto direto com os alunos, PC, corpo docente e

colegas estagiários, poder ter a oportunidade de assistir, observar, comparar

métodos e respetivos resultados para incrementar não só as minhas práticas

pedagógicas, assim como fornecer feedbacks aos outros. Sobre nós, EE, o

receio e o medo de errar é constante, tanto na qualidade de alunos como de

professores, pois queremos ser sempre um modelo a seguir, a respeitar e

sermos agentes transmissores de valores e cultura. Segundo Mesquita (2009,

p.114) na “gestão dos erros (…) o erro é entendido como uma oportunidade,

como um desafio e não como uma ameaça (…) os erros podem ser uma

excelente oportunidade de rever a própria aprendizagem” sendo considerados

como “indicadores de progresso”.

Enquanto EE, fui responsável por duas turmas o que implicou trabalho

redobrado. Esse trabalho resultou num caminho mais pensado, mais refletido.

Este, por sua vez, permitiu-me a comparação entre turmas, idades, géneros,

sendo as duas turmas completamente heterogéneas, optando por modelos

diferentes de abordagem às diversas modalidades. Se de um lado tinha uma

turma mais unida e apta para o desporto, do outro tinha uma menos unida e com

algumas dificuldades na globalidade das modalidades desportivas. Na procura

por soluções e metodologias para incrementar a qualidade do meu processo de

ensino aprendizagem, considero que fui incansável, tendo procurado adaptar as

estratégias ao nível do desenvolvimento dos alunos. No final de todo este

processo, consigo perceber que o facto de ter duas turmas tão dissemelhantes,

só me trouxe mais conhecimento e experiência, denotando que esta foi uma

excelente proposta da PC. Apesar de ser inexperiente a todos os níveis: atuação

prática, organização do processo de ensino-aprendizagem, tarefas do

planeamento, realização e avaliação, isso foi sendo ultrapassado pelo meu

trabalho e desempenho, assim como pelo apoio da PC e do restante NE.

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O estabelecimento da relação professor/aluno e o cumprimento do

planeamento anual de EF também foram metas a alcançar, tratando-se de

conceitos chaves para o ato de bem lecionar.

Outro meu anseio derivava do não conhecimento especifico acerca

características das turmas e seus alunos e, sabendo que teria de lidar com

características como disciplina e comportamento, disponibilidade motora e

heterogeneidade, aliado à minha capacidade de resposta rápida perante esses

factos, assim como o princípio da individualização a que cada aluno tem direito,

assim como a forma de apresentar a matéria de ensino, tornando-a motivante e

interessante.

Tal como todos os professores desta disciplina de EF, tentei em todas as

circunstâncias influenciar e motivar todos os alunos para a sua participação ativa

nas aulas e, consequentemente, para uma maior motivação para a prática

regular de exercício físico, levando-os a pensar e agir de outra forma,

direcionada para os valores e regras. O desenvolvimento do gosto pela

competição, espírito de equipa, capacidade de superação, assim como os

deveres e os prazeres que a AF proporciona, também foram fundamentados

enquanto objetivos a alcançar

Num momento inicial de contacto com as minhas turmas, percebi que

muitas destes adolescentes tinham nesta disciplina a única oportunidade de

usufruírem de uma aprendizagem supervisionada relativamente à prática da AF.

Este cenário fez-me pensar e depreender quanto o desporto está, por vezes,

esquecido. Este tópico influenciou diretamente a escolha do meu estudo inserido

neste RE, assim como dominou a minha decisão de propor aos alunos um

circuito de sessões, onde estivessem presentes modalidades externas ao plano

curricular respetivo.

O balanço deste ano não podia ser mais positivo, pois mesmo até com o

desânimo, frustração, desafio, exigência tanto a nível profissional, como físico e

psicológico, julgo ter incitado em mim uma evolução natural, que juntamente com

a minha missão de dar o meu melhor, me proporcionou vivências bastante

enriquecedoras.

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Não estaria a ser correto se afirmasse que a passagem de aluno para

professor fora um processo de fácil adaptação, sem conflitos morais e

existenciais. Foi uma ponderação de quem tem consciência de si mesmo, das

suas fragilidades, limitações, pontos fortes, de quem quis experimentar e ver os

resultados da experiência, de quem ouviu o que lhe foi dito e de quem procurou

ser aconselhado, o que me fez evoluir e tentar alcançar sempre um nível superior

ao corrente.

Num período inicial de prática pedagógica, considerei como minhas

principais limitações a colocação de voz e possíveis dificuldades em controlo de

turma. Relativamente à abordagem da unidade didática de ginástica no solo, esta

também foi apontada como uma fragilidade. Nesta etapa final, sinto-me capaz

de exprimir perentoriamente, que essas dificuldades foram ultrapassadas, fruto

de muito trabalho e de um planeamento mais cuidado.

Agora sim, no culminar do EP, faço uma análise retrospetiva dos passos

seguidos, das práticas concretizadas e volto atrás sem esquecer o presente e

reformulo o meu pensamento, identificando os meus erros e retirando de cada

um deles, uma lição para refletir. Mas, indubitavelmente, este ano transmitiu-me

mais segurança e confiança para o prolongamento do meu sonho.

Em termos gerais, o meu objetivo primário era cumprir os objetivos

definidos pela unidade curricular EP, isto é, concluir o estágio com sucesso, no

qual vivenciasse o máximo de oportunidades de contacto com a escola e alunos,

e evidenciasse o meu trabalho na comunidade escolar.

Inúmeras etapas foram ultrapassadas. No entanto, a minha formação não

fica concluída por aqui. É sabido que quem opta pela vertente da docência, opta

por uma formação contínua de ano letivo para ano letivo, sendo necessária mais

e mais informação.

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3. Enquadramento da prática profissional

3.1. Entendimento do Estágio Profissional

O EP está inserido no 2º ciclo de estudos relativo à obtenção do grau de

Mestre em Ensino de EF nos Ensinos Básicos e Secundário, é orientado pelo

enquadramento legal que visa desenvolver e complementar o regime jurídico

instituído pelo Decreto-lei nº.74/2006 de 24 de Março, atualizado pelo Decreto-

Lei nº. 107/2008 de 25 de Junho, pelo Decreto-Lei nº 43/2007 de 22 Fevereiro e

demais legislação aplicável, bem como o Regulamento Geral dos segundos

ciclos da UP, o Regulamento Geral dos segundos ciclos da FADEUP e o

regulamento específico do 2º ciclo em Ensino da EF nos Ensinos Básico e

Secundário.

Para que o grau de mestre seja obtido, será necessário finalizar este EP

com aproveitamento, assim como concluir o respetivo documento relativo ao seu

RE. Durante todo este processo, o EE é assistido por um professor cooperante,

membro do corpo docente da escola a estagiar, e por um orientador de estágio,

membro do corpo docente da faculdade, enquanto elo de ligação

multidimensional entre a escola, a PC, os EEs e a faculdade.

Relativamente às atividades letivas e não-letivas realizadas no local de

estágio, estas terão que respeitar as normas orientadoras da Escola cooperante,

particularmente o Projeto Educativo de Escola, o Projeto Curricular de Escola, o

Projeto do Departamento em que está inserida a disciplina de EF, o Grupo de

EF, o Projeto Curricular de EF e Projeto do Desporto Escolar e por fim o Projeto

Curricular de Turma.

Quanto à organização e enquadramento deste EP, a Faculdade de EF e

Desporto da Universidade do Porto apresenta 3 áreas3:

Área 1 – “Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem” – área

que engloba a Conceção, o Planeamento, a Realização e a Avaliação. O objetivo

3 Normas orientadoras do Estágio Profissional é um documento interno do 2º ciclo de estudos

em Ensino de Educação Física nos ensinos Básico e Secundário da FADEUP, elaborado originalmente por Zélia Matos e adaptado para o ano letivo 2013-2014

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de construir uma estratégia de intervenção, orientada por objetivos pedagógicos,

que respeite o conhecimento válido no ensino da EF e conduza com eficácia

pedagógica o processo de educação e formação do aluno na aula de EF".

Área 2 – “Participação na escola e Relações com a comunidade" -

Área que engloba todas as atividades não letivas realizadas pelo EE, tendo

em vista a sua integração na comunidade escolar e que, simultaneamente,

contribuam para um conhecimento do meio regional e local tendo em vista um

melhor conhecimento dessas condições, da relação educativa e da exploração

de ligação entre a escola e o meio.

Área 3 – “Desenvolvimento Profissional” – área que engloba atividades

e vivências importantes na construção da competência profissional, numa

perspetiva do seu desenvolvimento ao longo da vida profissional, promovendo o

sentido de pertença e identidade profissional, a colaboração e a abertura à

inovação. Tem como objetivo fazer perceber a necessidade do desenvolvimento

profissional, partindo da reflexão acerca das condições e do exercício da

atividade, da experiência, da investigação e de outros recursos de

desenvolvimento profissional. Investigar a sua atividade em toda a sua

abrangência (criar hábitos de investigação/reflexão/ação).

3.2. Escola enquanto instituição

A escola, enquanto instituição, tem o dever de preparar os seus alunos para

a sociedade em que eles estão inseridos, sendo o corpo docente e os seus

funcionários, os agentes transmissores de conhecimentos, competências e

valores, que a sociedade solicita aos seus membros, complementando a

educação transmitida pelos pais e a própria comunidade, enquanto rede de apoio

e suporte das escolas. O objetivo será proporcionar um ensino de qualidade a

todos os estudantes.

Com o aumento da diversidade étnica, racial e socioeconómica do período

em que vivemos, associado à presença de casos de NEE ou alunas em situação

de gravidez precoce, a escola deve optar por uma perspetiva em que toda a

gente seja abrangida, a Escola Inclusiva.

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Na opinião de Bernard (2006, p.11): “O currículo deve ser acessível a todos

os alunos e basear-se em modelos de aprendizagem, eles próprios, inclusivos e

deve acomodar-se a uma diversidade de estilos de aprendizagem.(…) deve

organizar-se de forma flexível, respondendo à diversidade das necessidades

individuais dos alunos (linguísticas, étnicas, religiosas ou outras) e não ser

rigidamente prescrito a nível nacional ou central.” E ainda acrescenta que “um

currículo inclusivo coloca maiores desafios e exigências aos professores que

devem ser apoiados nos seus esforços de planificação, organização e

implementação dos contextos de aprendizagem que melhor asseguram a

participação e sucesso dos alunos”.

O currículo referido acima está diretamente relacionado com os

pressupostos da escola inclusiva do ponto de vista da Organização das Nações

Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Nos termos da

Declaração de Salamanca (1994, p.8) ficou registado que “Cada criança tem

características, interesses e capacidades únicas e, assim, se pretendermos dar

algum sentido ao direito à educação, os sistemas devem ser organizados e os

programas educativos devem ser planeados de forma a ter em conta a vasta

diversidade destas características e destas necessidades”.

A escola tem portanto a missão de satisfazer as necessidades de toda a

comunidade estudantil, ajustando-se às diversidades, garantindo uma boa

formação e educação através de currículos adequados, de uma boa organização

escolar, de estratégias pedagógicas, de utilização de recursos e de uma

cooperação com as várias comunidades.

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3.3. Caraterização da minha Escola Básica

A Escola Básica onde realizei o meu EP está localizada na Rua Quinta do

Viso na freguesia da Senhora da Hora, fazendo jus ao seu nome, dado em

homenagem à santa padroeira da localidade, como tal, esta escola pertence ao

concelho de Matosinhos, distrito do Porto. Esta escola foi inaugurada no ano

letivo 1977/1978. Desde então, já sofreu diversas alterações. Entre os anos 2002

e 2003, a escola foi demolida e edificada, constituindo as instalações onde hoje

podemos lecionar.

Esta escola abrange o 2º e 3º ciclo, do 5º ao 9º ano de ensino e possui

apoio a crianças com NEE e a crianças economicamente menos favorecidas.

Sendo um estabelecimento de ensino público, funciona no regime oficial,

respondendo por isso, em todas as suas instâncias ao Ministério da Educação.

Relativamente à sua tipologia de ocupação do solo, a escola encontra-se

situada numa zona residencial, com uma população cada vez mais em

crescimento. Nas imediações podemos encontrar dois bairros sociais, S. Gens

e Seixo, esta é uma zona que tem presente indivíduos de todas as classes

socioeconómicas.

No que concerne a serviços que garantem o bem-estar e a qualidade de

vida de toda a comunidade, esta freguesia é sublime. Na Senhora da Hora, a

cultura e o associativismo (salas de cinema, salas de exposições, vários centros

culturais, desportivos e recreativos, Clube de Campismo e Caravanismo,

escuteiros, etc.), o sector da saúde (centro de saúde, hospital Pedro Hispano,

clinicas, farmácias, etc.), a área da Segurança Social (lares de acolhimento de

crianças, lares destinados à terceira idade, programas de integração na

sociedade, etc.), o sector da educação e formação superior (Agrupamento

abrangente, três estabelecimentos de formação superior) e o setor do desporto

(clubes, pavilhões, etc.) demonstram ser áreas bem representadas na freguesia.

Tendo em conta o panorama desportivo, que a nós, professores de EF

tanto nos interessa, temos inúmeros clubes e modalidades desportivas nos

arredores. Modalidades como futebol, andebol, futsal, ténis, basquetebol, ballet,

entre outros. No que toca à modalidade mais praticada na zona, o futebol,

podemos então encontrar clubes como o Padroense FC a cerca de 775m, o

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Sport Clube Senhora da Hora a 1km, o Estádio do Mar do Leixões a menos de

2km e ainda, também nas redondezas o Sport Clube de Infesta e Leça do Bálio

entre outros. Já o andebol, segunda modalidade favorita, podemos encontrar

clubes como o Padroense e ainda dois clubes em S. Mamede Infesta. Em

Guifões, a 2,3km, podemos encontrar um clube onde é possível praticar

basquetebol, possuindo boas condições de formação para jovens atletas.

No que toca a acessos, a Escola está muito bem situada, tendo ao seu

dispor inúmeros meios de transporte (metro, camionetas, autocarros)

As paragens dos autocarros mais próximas estão situadas

aproximadamente a 300m da escola, demorando o seu trajeto a pé cerca de

cinco a dez minutos.

Atualmente a escola está inserida num Agrupamento de Escolas das quais

fazem parte mais quatro escolas (três básicas, uma secundária e a sede do

agrupamento).

Concluindo, esta é uma escola agradável e acolhedora. Possui um corpo

docente disposto a trabalhar no processo de ensino-aprendizagem passando

valores e crenças adequadas ao meio em que está inserida, esse meio torna-a

numa referência no âmbito escolar, pois situa-se num local perfeito para se viver

em família e educar os filhos. Na cidade da Senhora da Hora, podemos encontrar

tudo sem grandes esforços, desde transportes públicos para o local de trabalho

(linha do metro, autocarros, etc.), shoppings, super e hipermercados, zonas

verdes, locais religiosos, centros hospitalares, escolas, creches, faculdades,

entre muitas outras facilidades.

Nesta escola básica, cruzam-se crianças de diferentes níveis

socioeconómicos e crianças portadoras de deficiências, sem que sejam

verificados grandes conflitos e violência.

Tudo isto gerou que esta escola fosse uma boa escolha para trabalhar e no

meu caso estagiar.

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3.4. Caraterização da turma principal - 7º ano

Inicialmente esta turma era composta por vinte e oito alunos, dois pediram

transferência para outro estabelecimento de ensino e o terceiro aluno NEE, já

concluiu a disciplina de EF, estando a realizar o currículo por disciplinas.

A média de idades da turma é de 13,24 anos, nesta turma para além da

existência de cinco alunos a repetir o 7º ano e três possuem NEE. Os alunos

com NEE, após a realização das avaliações de diagnóstico a algumas

modalidades, provaram que não necessitam de ser alvo de um processo de

avaliação adaptado, pois as suas características não o exigem. Observando os

processos destes alunos, concluí que fisicamente são capazes de desempenhar

todas as funções pedidas à turma apesar dos seus défices. Dois deles

apresentam défice cognitivo, apresentando também alguns problemas

associados, como por exemplo, dificuldades ao nível da coordenação motora,

manifestando algum descontrole na orientação do corpo no espaço e no tempo.

Já o terceiro, apresenta apenas dislexia e alguns problemas de coordenação e

autonomia.

No que concerne ao género, fazem parte desta turma dezassete alunos do

sexo feminino (68%) e oito do sexo masculino (32%), estando claramente o sexo

feminino em maior número. Estes alunos encontram-se entre a fase da pré-

adolescência e a adolescência e, como tal, todos são um ser individual com os

seus problemas, alguns relacionados com a necessidade de serem aceites por

um grupo, ou de terem certas diferenças em relação a outros adolescentes da

mesma faixa etária. Nesta fase existem também questões relacionadas com o

desenvolvimento do corpo, nomeadamente nas raparigas, que por vezes as

levam a não fazerem uma ou outra aula, muitas vezes sem uma justificação

plausível, mas o suficiente para pedirem dispensa da aula. Os adjetivos “gordo”,

“magro”, “alto”, “baixo” começam a fazer cada vez mais parte do vocabulário e

do pensamento dos jovens. Os aspetos fisiológicos começam a ser cada vez

mais evidentes, sendo possível verificar diferenças em termos motores e

desportivos de acordo com o género e a idade.

Segundo Rolim (2001, p.12), ao contrário das abordagens realizadas até

ao 5º ano de escolaridade, em que os alunos não sofriam de uma grande

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diferenciação a nível do género, a partir do 6º ano e com a entrada na

adolescência, essa diferenciação terá que ser obrigatoriamente realizada,

começando a ser percetível pelo menos dois níveis de desenvolvimento nas

turmas. “O pico ou período de crescimento rápido e à diferenciação sexual

decorrente do processo maturacional” (Rolim, 2001, p.12) são os motivos que

levam a essas diferenciações, apresentando como justificativas para isso o

momento frágil a nível das estruturas osteo – articulares, musculares e

tendinosas a que os alunos estão sujeitos devido ao crescimento e as alterações

ao nível da “componente psicológica, afetiva e estruturação da própria

personalidade dos sujeitos”.

O preenchimento de inquéritos, permitiu-me conhecer melhor a turma,

verificar quais as modalidades favoritas dos alunos, assim como as suas

expetativas para este ano letivo, disciplinas favoritas, passatempos e se praticam

algum desporto federado.

Após análise dos documentos, foi-me possível observar que relativamente

às disciplinas preferenciais, a nossa disciplina é uma das preferidas atrás de

ciências. Relativamente às modalidades desportivas preferenciais, como já era

expectável, o futebol é a modalidade com mais simpatizantes, não estando

preferencialmente muito longe do basquetebol e do atletismo. Também foi

possivel verificar que três alunos não apresentaram modalidade desportiva

favorita, dado que cada aluno podia escrever mais do que uma modalidade,

subentende-se que desporto e AF pode não ser algo presente na vida destes

estudantes. Quando questionados se praticavam alguma modalidade federada,

44% dos alunos responderam afirmativamente. Quando inquiridos acerca de

quais as suas atividades prediletas de ocupação dos tempos livres, foi possível

apurar que a prática desportiva está presente em pelo menos 17 alunos desta

turma. Ouvir música, ver televisão e utilizar o computador são as atividades de

lazer que estes estudantes também apreciam.

Esta é uma turma ruidosa, mas que ao longo do ano foi revelando gosto

pela disciplina e por mim, enquanto docente. Demonstraram empenho e gosto

pela prática do desporto e AF, comparecendo sempre às aulas, realizando

sempre os exercícios propostos, mesmo não sendo as suas modalidades de

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eleição. No entanto, os comportamentos de desvio e as frequentes faltas de

atenção e concentração também foram uma constante ao longo do ano, o que

frequentemente dificultava o processo de compreensão dos exercícios

propostos. Cognitivamente, esta turma apresentou inúmeras dificuldades e

fragilidades, prevalentes em simultâneo nas restantes disciplinas, existindo uma

grande percentagem de alunos com mais de duas negativas e alunos retidos no

presente ano de escolaridade. A capacidade de compreensão de exercícios e

atividades foi de um dos fatores que me fez mais batalhar e refletir ao longo deste

ano de estágio pedagógico.

Relativamente às relações professor/aluno penso que estes alunos

respeitam a autoridade do professor, havendo um bom e saudável

relacionamento de parte a parte. Esta é uma turma que facilmente cativa a

atenção do seu professor pois, apesar do comportamento não ser o melhor, a

turma é composta por crianças desfavorecidas, que por vezes apenas anseiam

por um pouco de atenção por parte dos professores, e alguns mesmo, por parte

de familiares.

Sendo uma turma com dimensão razoável, maioritariamente composta por

elementos do sexo feminino, com número considerável de alunos repetentes e

NEE, não revelaram sinais de intolerância uns com os outros, respeitando-se

mutuamente. Na aula de apresentação da disciplina foi observável uma clara

divisão, como se houvesse uma barreira entre os alunos do sexo feminino e

masculino, já nas aulas finais, isto não se verificou. A turma age como uma só,

sendo um exemplo disso mesmo, a espontânea vontade de todos os alunos

jogarem badminton trocando de parceiros.

Concluindo, no decurso do atual ano letivo, através do contacto

estabelecido com a minha turma do 7º ano em contexto de aula, foi óbvia a

carência de disciplina devido à constituição dos elementos desta turma.

Os alunos possuíam um nível motor baixo, salvo raras exceções, mas

mesmo assim demonstravam interesse nas atividades propostas. A indisciplina

foi começando a desvanecer com o seguimento da prática pedagógica, da

introdução de rotinas, regras e hábitos que foram fundamentais para o efeito,

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tendo mesmo sido realizado um contrato de responsabilização e

consciencialização com os alunos.

No final, julgo ter criado um clima de afetividade benéfico para mim e para

os discentes, criando uma relação de confiança e respeito mútuo.

3.5. Caraterização da turma “secundária”

Juntamente com a turma do 7º ano de escolaridade, também me foi

atribuída, pela PC, uma segunda turma com o objetivo de aumentar

qualitativamente e quantitativamente as vivências e experiências nesta

caminhada pelo mundo da docência.

Esta turma pertencia ao mesmo ciclo, mas não ao mesmo ano de

escolaridade, era uma turma de 9º ano.

Os vinte e seis alunos, catorze do sexo feminino e doze do masculino,

compunham este grupo de jovens já na adolescência, rondando a média de

idades entre os 14,6 anos de idade, havendo apenas um aluno a repetir o 9º ano

de escolaridade.

O aluno repetente era uma criança diagnosticada com uma Perturbação do

Espectro do Autismo, e como tal, estava a cumprir um currículo adaptado para

findar o 3º ciclo. Associado a esse diagnóstico não havia qualquer comorbilidade

com défice cognitivo, no entanto, demonstrava-se resiliente aquando era

abordado para realizar as tarefas da aula. A turma demonstrou-se tolerante e

compreensiva com este aluno, ajudando-o em todo o ano letivo.

Para proceder a uma caraterização mais detalhada desta turma, tal como

foi efetuado no 7º ano, foram entregues uns questionários para que

compreendesse, na globalidade, quais as disciplinas e as modalidades

desportivas prediletas da turma. Aqui, após análise, conclui que tal como no 7º

ano, o futsal e o basquetebol foram as modalidades mais registadas como

preferidas, assim como as suas disciplinas prediletas eram a EF e ciências da

natureza.

Esta é uma turma reconhecida na escola pela excelência das suas notas

que desde cedo revelou gosto pela disciplina. No entanto, no que concerne ao

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comportamento, precocemente foi percetível a sua falta de rotinas e até mesmo

algum desrespeito pelos docentes. Tratando-se de uma turma de 9º ano,

composta por jovens no início da adolescência, de se esperar algumas rotinas e

um comportamento bastante mais aceitável. Esse comportamento menos

próprio era apenas adotado pelo sexo masculino, não havendo grandes

questões comportamentais no que toca ao sexo feminino.

Os constantes comportamentos de desvio e falta de atenção nas aulas

foram variando e com o desenrolar do ano letivo foram melhorando. No final do

ano, apenas era percetível a existência de alguns comportamentos menos

positivos, e esses comportamentos apareciam no fim das aulas e eram

caraterizados pela ansia dos alunos quererem continuar as atividades durante o

intervalo, algo que era contra o regulamento, revelando interesse pela disciplina,

mas violando uma das ordens predefinidas no início do ano relativamente ao

horário de saída das aulas e o horário para prática de bons hábitos de higiene.

Relativamente às relações professor/aluno penso que estes alunos foram

ganhando respeito por mim enquanto seu professor, culminando num bom

relacionamento professor aluno. Esta melhoria no comportamento geral da turma

e a sua ascensão de aproveitamento resultou do convite para algumas visitas de

estudo para o final do ano letivo.

Concluindo, minha inflexibilidade assertiva inicial relativamente aos

comportamentos de desvio aliada à introdução de rotinas, regras e hábitos foram

fundamentais para o bom desenrolar do ano letivo da turma. Se no início do ano

havia uma desconfiança destes alunos para com o seu professor, pelo simples

facto de ele ser estagiário, rapidamente mudaram a sua atitude e acabaram o

ano em bom plano evidenciando bom aproveitamento e um comportamento

aceitável.

3.6. O Núcleo de Estágio

O NE em que estive inserido ao longo deste EP era constituído por mais

dois estudantes estagiários e uma PC.

No início do ano letivo, foi-nos proposto assumir o papel de docente da

disciplina de EF de duas turmas do 3º ciclo (7º e 9º ano de escolaridade) para

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cada um dos estagiários e ainda a possibilidade de lecionar em regime de prática

pedagógica conjunta uma turma do 2º ciclo. Este desafio tinha como principal

objetivo aumentar o leque de experiências e vivências enquanto estudantes

estagiários.

Ao longo do EP, o trabalho em grupo, cooperação, entreajuda e momentos

de confraternização foram acontecimentos sempre presentes para alcançarmos

o sucesso e tornar as nossas práticas pedagógicas e processos de ensino-

aprendizagem mais eficazes em todas as turmas. A realização dos diversos

Modelos de Estrutura do Conhecimento das diversas modalidades abordadas,

assim como a troca de conhecimentos com o objetivo de elaborar planos de aula

mais enriquecidos e adaptados ao nível dos nossos alunos, foram uma

constante, corroborando o que foi descrito previamente.

Relativamente à participação da PC no meu processo de formação, esta

esteve sempre muito ativa, caraterizando-a, até mesmo, como omnipresente. A

PC supervisionou e manteve-se presente no ato de ajudar a organizar e planear

todo o ano letivo. Esta docente representa um papel tão relevante na vida do EE,

pois este auxilia-o ao longo de todo o seu percurso com o objetivo de melhorar

a sua capacidade de instrução ao longo dos períodos letivos, fornecendo

feedbacks construtivos com o intuito de incentivar o crescimento profissional do

mesmo. Também orienta o processo de avaliação dos alunos durante todo o ano

letivo, fornecendo auxílio na entrada do estagiário na escola, no processo de

avaliação do mesmo e dos seus discentes, convocando-o para participarem

reuniões e concelhos de turma de cariz intercalar final, o PC ajuda também o EE

na sua integração no meio escolar.

Após este ano letivo, se me questionarem acerca do que considero,

detalhadamente, quais são as funções de um docente com a importante missão

de orientar e guiar um grupo de estudantes estagiários, que um dia anseiam

lecionar e tornarem-se professores competentes reunindo inúmeras faculdades

e estando aptos para o serviço, com base no suporte vivido ao longo deste

estágio, eu afirmaria o seguinte:

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Ajudar na integração do EE a sentir-se como em casa, apresentando-o

inicialmente ao corpo docente e funcionários da escola, assim como os espaços

físico da mesma e materiais à disposição;

Convocando o EE para reuniões formais ou informais, mantendo-o

também envolvido nas diversas atividades escolares;

Informar o EE acerca das características das turmas com as quais vai

ter contacto, fornecendo informações fundamentais para a organização do

processo de ensino-aprendizagem;

Agendar reuniões de orientação de estágio com os EE, onde são

discutidas, refletidas e analisadas as performances dos mesmos, sendo

fornecidos feedbacks construtivos. Aqui também seriam discutidas ordens de

trabalhos no caso de necessidade.

Manter uma comunicação aberta com os EE e OE durante todo o período

de EP.

Ao longo de todo este meu trajeto estas foram as diretrizes às quais a PC

se manteve fiel e com as quais me identifico, o que levou a uma abordagem

pedagógica eficaz.

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4. Realização da prática profissional

Segundo Carreiro (1998, p.431), para alcançar a melhor eficácia

pedagógica nós, enquanto docentes, devemos responder às seguintes

questões:

“Como se caracterizam, em termos de comportamento de ensino, os

professores que conseguem um maior rendimento académico dos alunos?

Como se caracterizam, em termos de participação (comportamento) na aula, os

alunos que aprendem mais e os alunos que aprendem menos? Quais são as

condições e os fatores de ensino (associados ao professor) e de aprendizagem

(associados aos alunos) que promovem o êxito em EF. Segundo o mesmo autor,

os fatores fundamentais que influenciam a disciplina de EF, suas conceções

pedagógicas e consequente qualidade do processo educativo e aprendizagens

são fruto das competências dos docentes. Para que um docente seja

competente, terá que ter o seu próprio entendimento sobre o que é uma

intervenção pedagógica adequada às particularidades dos seus alunos, devendo

portanto estar em constante formação e ao corrente dos novos currículos e

investigações relacionadas com questões didáticas da disciplina de EF. Através

da investigação em didática a EF, não é uma atividade neutra e impessoal, é

permitido aos docentes obter informação para manter a sua formação continua

ao longo da carreira. Através de uma relação tridimensional foi possível ilustrar

os três diversos fatores que se interrelacionam e influenciam as conceções da

nossa disciplina e permitem um aumento da eficácia das aulas (figura 1).

Figura 1 - Relação entre conceção de EF, Didática da EF, Formação de professores e

investigação didática (Carreiro da Costa, 1998, p.428)

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4.1. Conceção, planeamento, realização e avaliação do ensino

4.1.1. Conceção

“O professor só pode ensinar quando está disposto a aprender”

Janoí Mamedes

O ato de conceber no ensino é um procedimento complexo que aufere ao

docente cuidados e responsabilidades acrescidas.

Este processo implica uma análise compreensão e interpretação de todos

os requisitos necessários a uma prática equilibrada que coloca o aluno no centro

de todo este processo. A conceção tem como principal objetivo a aquisição do

conhecimento do panorama sociocultural envolvente, sendo indispensável para

a projeção e planeamento do processo de ensino aprendizagem. Segundo Bento

(2003) esta é a fase de partida para uma prática pedagógica que antecede o

planeamento, sendo a sua base.

Enquanto base de esta fase inicial para a transição aluno-professor, e com

a minha introdução nas funções enquanto docente estagiário da disciplina de EF

na escola, também começou um grande volume de trabalho, que me iria

acompanhar ao longo de todo o estágio. Inicialmente, fizeram parte desse

volume, a análise dos documentos fundamentais tais como: o regulamento

interno escolar e o projeto pedagógico da escola, seguindo-se os Programas

Nacionais de EF do 6º, 7º e 9º ano de escolaridade, para que a conceção e

planeamento do ensino, fossem adequados ao meio, escola e alunos.

A ordem de trabalhos, relativamente à elaboração documental, começou

em conjunto com os restantes elementos do NE, elaborando uma análise do

meio envolvente onde iriamos lecionar, com o objetivo de averiguar o nível social,

cultural e afetivo dos alunos, sendo esses fatores determinantes para um melhor

planeamento da prática pedagógica.

Reconhecendo o ato educativo como um processo social e a escola como

organização modeladora capaz de promover mudanças, foram redigidos dois

documentos, a “Caraterização da escola” e caracterização das turmas. Estes

documentos demonstraram-se fulcrais no ato de adequar e adaptar o programa

à realidade envolvente da escola e turma. Na “Caraterização da Escola” reuni as

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características de interesse da perspetiva de um professor com uma

necessidade de integração no meio escolar de modo a conhecer melhor da

perspetiva histórica da instituição assim como das suas instalações, os seus

recursos humanos e o que se situa nas imediações da escola, desde clubes

desportivos, passando por transportes públicos, estabelecimentos académicos,

entre outros. Foi também realizado um inventário do material desportivo para

perceber as limitações materiais pelas quais iriamos caminhar ao longo do ano.

A compreensão e a melhor noção da realidade em que nos encontrávamos foi

alcançada por intermédio da redação deste documento.

A análise das características das turmas a lecionar foi obtida através da

análise e interpretação de inquéritos fornecidos aos alunos, permitindo a recolha

de dados, que o NE considerou de ser importância acrescida no âmbito de

conhecermos melhor os nossos alunos, que iriam percorrer esta experiência

sempre ao nosso lado. As questões abordadas neste questionário foram

relacionadas com vivências sociais e particulares tais como experiências

anteriores escolares e desportivas, isto é, passado académico e disciplinas

prediletas, hábitos desportivos e modalidades desportivas de eleição.

Esta obtenção de informação acerca do panorama social e escolar dos

alunos possibilitou uma mais cuidada reflexão e redação das etapas de

conceção e planificação dos objetivos pedagógicos do processo ensino

aprendizagem relativamente aos parâmetros assentes nos domínios psicomotor,

sócio afetivo e cognitivo. A realização destes questionários revelou-se

fundamental devido à presença de diversos alunos NEE na turma permitindo

fazer já uma pré-análise dos mesmos. Conhecer os seus gostos e os seus

hábitos desportivos dão-nos muita informação sobre estes adolescentes e pré-

adolescentes.

Este conhecimento leva-nos à adaptação de exercícios cujo objetivo seria

promover um espirito de turma, coesão e cooperação sócio afetiva entre os

alunos e conhecer as características em défice na turma do 7º ano de

escolaridade. Promover uma atitude de respeito e compreensão para um bom

desenvolvimento e ambiente da aula, e consequente obtenção dos resultados

positivos.

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Relativamente ao domínio cognitivo, onde foi relacionado o conhecimento

teórico e o prático com a partilha de conhecimentos no decorrer das aulas, fez-

me refletir acerca das aprendizagens principais da disciplina.

Quanto ao domínio psicomotor, questões tais, como: qual o nível físico dos

alunos relativamente à execução dos exercícios e seus critérios de sucesso foi

sempre tido em conta e melhorado com o decorrer do ano letivo. O ajuste dos

diversos exercícios idealizados teve sempre em consideração as

particularidades dos alunos e essa uma realidade remete-nos da fase de

conceção para a fase de planeamento.

4.1.2. Planeamento

Esta área tem como objetivo construir um plano de intervenção, que seja

delimitado por objetivos pedagógicos, que salvaguarde os saberes específicos

do ensino da EF e encaminhe de forma eficaz o desenvolvimento educativo e

formativo do aluno.

Esta área tem como principal intuito elaborar o “modus operandi” na

missão de transmitir novos conhecimentos aos alunos que lhes permitam

desenvolver, de uma forma eficiente, a incorporação de novos conceitos,

assentes num plano pedagógico.

Primeiramente, o grupo de estágio realizou um levantamento de todo o

material existente e as suas condições, ou seja, um inventário de todo o material

desportivo que estava disponível para a prática da EF.

A primeira tarefa que o grupo de estágio efetuou foi verificar todo o

inventário disponível para a prática da disciplina, tal como mencionado

anteriormente.

Por conseguinte, após a análise dos planos curriculares e programas de

EF adaptamos esse conteúdo à finalidade, que nos propúnhamos consoante as

indicações metodológicas, que nos foram apresentadas.

O plano anual foi então elaborado antes do início do ano letivo escolar em

conjunto com os professores, planificando as atividades/modalidades a

realizar/abordar e as datas, em que as mesmas iriam ocorrer.

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De seguida, interpretamos os planos curriculares e os programas de EF,

nomeadamente no que concerne à aquisição de competências por parte dos

alunos e de forma a adequar e aplicar as finalidades, os objetivos, os conteúdos

e as indicações metodológicas.

O planeamento anual foi definido no início do ano letivo, numa reunião

com a presença de todos os professores em que ficou decidido quais as

atividades a realizar e a sua data. No entanto, devido à situação precária do

pavilhão gimnodesportivo, a planificação anual ficou sujeita a alterações de

datas, espaços e houve atividades que ficaram impossibilitadas de serem

realizadas.

Partindo desse planeamento anual da disciplina de EF e discriminado por

anos de escolaridade, o processo de organização de matérias a lecionar foi

estratificado através da decomposição das diversas modalidades desportivas

por Unidades Didáticas. O MEC de Vickers (1990) foi a base para a elaboração

as mesmas Unidades Didáticas e o trabalho foi dividido pelos três estagiários

havendo divisão de tarefas.

Curiosamente as unidades didáticas definidas para a turma do 7º ano de

escolaridade coincidiram com as modalidades a abordar no 9º ano, apesar das

diferenças de conteúdos abordados devido ao gap de desenvolvimento entre

elas, variando drasticamente a complexidade e dificuldade dos exercícios. Ao

passo que junto da turma do 7º ano de escolaridade, a abordagem das diversas

modalidades foi maioritariamente da base para o topo, devido às dificuldades

apresentadas pela turma ao longo do ano letivo, a abordagem junto do 9º ano

passou por uma estratégia do topo para a base, pois estes já apresentavam um

nível de desenvolvimento global avançado, estando sempre o jogo presente em

todas as aulas, sem contudo descurar a necessidade de exercitar algumas

habilidades técnicas de forma detalhada.

As modalidades abordadas ao longo do ano letivo foram as seguintes:

futsal, voleibol, basquetebol, andebol, ginástica de solo e aparelhos; atletismo

(corrida de resistência, corrida de velocidade, estafetas e salto em altura); e

desportos de raquetes (badminton).

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Ao longo do primeiro período foram abordadas as modalidades de

voleibol, corrida de resistência e ginástica de solo. Já no segundo período foram

exercitadas as modalidades de futsal, basquetebol, ginástica de aparelhos e

corrida de velocidade. Finalmente, no terceiro período foram treinadas as

modalidades de andebol, salto em altura, futsal e badminton.

Estas unidades didáticas, não são uma compilação de atividades

orientadas rígidas ou inflexíveis, podendo ser ajustadas e editadas de acordo

com o desenrolar dos acontecimentos e do contexto em questão. Fatores tais

como as condições climatéricas e a própria evolução ou estagnamento do

desenvolvimento dos alunos foram fatores, que ao longo do ano letivo foram

influenciando o que estava projetado nas unidades didáticas.

4.1.3. Realização

Este ponto, a realização da prática pedagógica, provém do trabalho

realizado anteriormente na conceção e planeamento no âmbito de alcançar uma

maior eficácia e eficiência do processo ensino aprendizagem. A realização foi

para mim o maior desafio, a par com a realização deste documento, ao longo

deste ano letivo. Julgo que será senso comum de todo o EE caraterizar este

tópico como o maior gerador de dúvidas e incertezas. Aqui, deixamos de

organizar o ensino através da elaboração de documentos e discussões com

terceiros (colegas EEs, PC, OE, outros docentes da área) e passamos a lidar

com o nosso foco primordial: os alunos. Esta reflete a vertente prática de todo o

EP e remete-nos, enquanto EE e professores, para a organização prática de todo

o ensino. A busca de estratégias e táticas de forma a alcançar uma educação de

qualidade é a nossa luta. Chegar a todos os alunos, permitindo-lhes condições

para serem instruídos e aprenderem é o nosso objetivo máximo.

A Comunicação verbal e não-verbal (instrução, feedback e demonstração),

a gestão (organização material, temporal) e o controlo da turma (disciplina e

clima) são variáveis que um professor de EF deve controlar. No entanto, todos

eles se revelam obstáculos para um professor inexperiente.

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Controlo da turma e Metodologia de Ensino

Como já deixei percetível ao longo da caraterização de ambas as turmas

que lecionei, a heterogeneidade das mesmas era uma realidade, no entanto,

dois fatores elas tinham em comum, a falta de rotinas e a, consequente,

indisciplina associada.

De acordo com Doyle (1986), a gestão das questões organizacionais, tais

como o controlo da turma e disciplina, é essencial na criação de meios ideais

para o processo ensino aprendizagem. Para essa criação, uma boa gestão das

regras, a introdução de rotinas, a constante monitorização e avaliação dos

alunos são práticas fundamentais.

Refletindo acerca da minha prática pedagógica, e, salientada em pela PC,

esta área demonstrou-se ser a minha maior limitação na fase inicial do EP. O

facto de ter um perfil mais relaxado e, inicialmente, pouco autoritário, foi a causa

dessa fragilidade. Em momentos iniciais, cheguei a pensar que a compreensão

e o discurso seria uma das soluções para os constantes comportamentos fora

da tarefa. Obviamente estava enganado. Evolui nesse sentido, através do estudo

de bibliografia, da procura de estratégias de controlo de turma, da introdução de

rotinas, através da discussão com colegas de mestrado e profissão, ainda que

tivesse chegado a dar ordem de saída a um aluno numa situação pontual.

Segundo Rosado (2007), uma gestão cuidada e disciplinarmente concisa

que envolva a implementação de regras e a justificação das mesmas, permitindo

aos alunos o seu motivo e objetivo, é determinante para a criação de um

ambiente rigoroso e tolerante na sala de aula.

Enquanto estratégias e rotinas usadas para controlar os comportamentos

desviantes da turma e manter a disciplina comecei por intervir imediatamente na

formação de grupos para realização dos exercícios, afastando os alunos que

caraterizava como elementos mais desestabilizadores da turma, por vezes,

trazendo os grupos predefinidos antes da sessão. Comecei, por vezes, por

apresentar vídeos na introdução aos conteúdos a lecionar e usar comunicação

em geral mais objetiva, dinâmica e interrogativa realizando inúmeras questões

durantes os períodos de instrução e feedback tais como, perguntas sobre a

tomada de decisão são fundamentais num desporto como basquetebol: “Quem

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recebe a bola, o que tem de fazer?” ou “ Quem passa a bola o que tem de fazer?”

pois estas são fundamentais para o aluno entender o que deve fazer perante

cada situação , em simultâneo, manter-se focado nas tarefas. Essas questões

foram preponderantes para a prática dos alunos NEE, apresentando eles défices

cognitivos e perturbações do espetro, permitindo-os contrariar a dificuldade em

perceber os objetivos das tarefas propostas.

Outras rotinas utilizadas no correr do presente ano letivo, aplicadas

exclusivamente na turma do 7º ano de escolaridade passavam pelo

acompanhamento constante da “Caderneta do Aluno”, realização da chamada

no início da aula e questionários. Estas rotinas permitiram-me controlar

comportamentos tais como as faltas de atraso constantes apresentadas por

alguns alunos pois, excedendo as três faltas de atraso estipuladas no início do

ano letivo, obtinham falta de presença e era endereçado um recado aos

respetivos encarregados de educação.

Mesquita (2004) defende que a implementação de rotinas permite aos

alunos e praticantes perceber os comportamentos a adotar de acordo com a

diversidade de situação durante uma aula ou um treino, permitindo rentabilizar o

tempo de prática desportiva, reduzindo as perdas de tempo em tarefas de

gestão., algo fundamental nas minhas aulas dado o escasso tempo disponível.

.Relativamente à motivação e métodos de ensino abordados nas aulas,

procurei sempre apoiar os meus alunos fornecendo feedbacks e tendo diálogos

constantes com eles, encorajando-os e manifestando afetividade positiva

sempre que achei oportuno. Respeitei os alunos, tal como fui ganhando o

respeito deles, ameacei, castiguei e puni sempre que achei um comportamento

desadequado para a sala de aula, mas valorizei todo o esforço que foi

demonstrado ao longo das aulas e as suas melhorias, quer quanto aos

conteúdos lecionados, quer quanto ao comportamento. Tentei portanto manter

um clima motivacional ao longo das minhas aulas, tentando manter os alunos

motivados, conectados e satisfeitos com a disciplina.

Segundo Siedentop (1998), “existem muitos professores de EF para quem

é suficiente os seus alunos comportarem-se de forma apropriada e estarem

divertidos a praticar uma atividade desportiva”. Considero este um ponto-chave,

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no entanto, não me conformei com apenas satisfação e divertimento.

Relativamente à organização didática das matérias, procurei sempre planear e

lecionar aulas cativantes, propondo aos alunos superarem-se, alcançando as

metas de aprendizagens das diversas unidades didáticas, sem descorar o gosto

pela prática desportiva e AF. Apostei, tal como defendem Rosado e Ferreira

(2009, p.187), na criação de um ambiente de aprendizagem apropriado a cada

turma ajustando as tarefas ao nível de experiência e prática dos alunos,

utilizando tarefas nem muito difíceis, nem muito fáceis, combatendo o abandono,

o desinteresse e a socialização, tornando as aulas mais desafiantes.

Relativamente aos modelos de ensino…

Neste ano letivo, após um ano em que foi possível lecionar algumas aulas

didáticas em diversas escolas, cheguei à minha escola cooperante com o

objetivo de utilizar o Modelo de Educação Desportiva, criado por Siedentop. Após

o ter utilizado nas unidades curriculares de basquetebol e atletismo, fiquei

entusiasmado com os seus objetivos e características. O facto de poder

proporcionar aos alunos uma experiência desportiva semelhante a um

campeonato, conhecendo as tradições e rituais do jogo, promovendo o gosto

pelo pela modalidade e pelas vivências experiênciadas seria o desejado. No

entanto, não foi possível abordar tal modelo. A escassez de tempo por aula foi

um dos motivos, a par da necessidade de construção de material didático e

organização pormenorizada das equipas. Mesmo não recorrendo a esta

estratégia, utilizei alguns dos seus bons argumentos ao longo das minhas aulas.

A competição, a socialização e a festividade foram vertentes sempre presentes

nas aulas, tendo no final de cada unidade didática organizado um torneio das

modalidades abordadas, assim como, no decorrer das aulas, especialmente

quando lecionava o 9º ano, as tarefas colocavam frequentemente os alunos em

oposição. Esta estratégia motivava-os constantemente para se superarem visto

o seu caracter competitivo, sem nunca haver desacatos.

Relativamente à turma do 7º ano de escolaridade, baseie as minhas aulas

no modelo de ensino dos jogos para a compreensão (TGfU) formalizado por

Bunker e Thorpe. Os argumentos que me convenceram a optar por este modelo

foram: o interesse e entusiasmo dos alunos pelo jogo e suas formas reduzidas,

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o conhecimento crescente que vai permitindo aos alunos irem melhorando

paralelamente com o seu aumentando da compreensão do jogo, desenvolvendo

a autonomia e a tomada de decisão, e o transfer da sua compreensão e

execução entre os vários jogos desportivos com características semelhantes.

Segundo Werner et al., (1996, p30), o facto de expor os alunos a uma

situação-problema, permite-lhes procurar soluções, verbaliza-las, discuti-las,

explica-las, sempre auxiliados pelo seu professor. Para que tal processo

alcançasse os seus objetivos foi necessário cumprir todas as suas seis fases: 1

– forma de jogo vs alunos; 2 – apreciação do jogo; 3 - consciência tática; 4 –

tomada de decisão; 5 – habilidades do jogo; 6 – performance.

De acordo com Turner & Martinek (1999), a função do professor resume-

se a outras seis fases: o estabelecimento da forma de jogo, observação do jogo

do jogo e da exercitação, investigar problemas táticos e as suas soluções,

retorno à observação do jogo, intervenção para melhoria das habilidades e,

finalmente, retorno da observação, mais uma vez, e intervenção para ensinar.

Este modelo de ensino coloca o aluno numa posição de construtor ativo

das suas aprendizagens, coloca o jogo no centro das atenções e o professor

como assistente de ambos. A decisão deste modelo baseou-se na falta de

autonomia e falta de conhecimentos desportivos relativos às modalidades

revelados pelos meus alunos.

Esta “coletânea” de estratégias, modelos, regras e rotinas estudadas e

aplicadas em contexto pedagógico permitiram-me alcançar os objetivos

propostos neste capítulo da disciplina e controlo da turma. Penso ter-me tornado,

ainda que não mudado o meu perfil mais relaxado, tolerante e a minha

afetividade positiva, um professor mais assertivo e reativo relativamente às

situações. Também penso ter guiado os meus alunos no desenvolvimento da

sua autonomia e na obtenção de valores sociais e morais

Gestão do tempo de aula, busca da eficácia

Na reunião inicial de estágio na escola, foram acordados os horários e

turmas titulares de cada estagiário. Durante o debate e instrução dos demais

assuntos, foi também explicado que, a duração de cada aula bissemanal de EF

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seria de 50 minutos, sendo que desses 50 minutos, 15 minutos eram retirados

para equipar, desequipar e manter práticas de higiene saudáveis, restando um

total de apenas 35 minutos úteis para lecionar. Estes horários eram aplicados às

turmas de 3º ciclo. No momento foi um pequeno choque pois o esperado, da

minha parte, seriam duas aulas por semana, uma com a duração de 90 minutos

e a outra de 45 minutos, respetivamente. De imediato, a organização dos planos

de aula passaram a ser uma das principais problemáticas, pois com tão pouco

tempo de aula, seria mais árduo desenvolver ordens lógicas de aprendizagens

com poucas variações de exercícios, o que poderia causar uma aula monótona

devido à pouca diversidade. No entanto, penso ter conseguido alcançar

resultados positivos, tendo alinhado as sessões, que lecionei com uma

diversidade que, apesar de não ser tão alargada quanto gostaria, incluiu muita

competição, não sendo necessárias muitas perdas de tempo entre as transições

de exercícios.

Quando comparada a organização de um plano de aula e gestão de tempo

de aula entre a minha turma de 9º e a de 7º ano de escolaridade foi possível

observar que relativamente aos mais novos havia um maior cuidado em gerir

melhor as aulas e o seu tempo por serem alunos do 7º ano, menos aptos física

e desportivamente e por necessitarem de regras e rotinas a cumprir. Já o 9º ano

de escolaridade era uma turma que demonstrava uma autonomia acima da

média em oposição à turma anterior. O que elas tinham em comum era a

necessidade de estarem sempre envolvidos numa tarefa e com bastantes

vivências, assim como muito tempo para comportamentos motores.

Rosado (2009) e Graça (1991), defendem que existem poucos estudos que

relacionem a gestão do tempo de aula nos desportos coletivos com a

aprendizagem dos alunos e as práticas pedagógicas dos professores. Este é um

tema relevante pois, estes conceitos são fundamentais por visarem as melhorias

na relação ensino aprendizagem e, consequentemente, proporcionar melhores

condições para o desenvolvimento físico, psicológico e moral dos alunos.

Inúmeros autores referem a enorme importância que a boa gestão do

tempo de aula e do professor, enquanto um bom gestor, têm para uma aula

produtiva e dinâmica e a sua influência direta com a aprendizagem dos alunos.

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Rink (1985), defende que o facto de um professor ser um bom gestor ou

não, não está diretamente relacionado com os conteúdos que aborda, mas sim,

com todas as suas práticas, considerando a existência de uma relação entre as

competências de um professor e as aprendizagens dos seus alunos. Manter os

alunos evolvidos nos conteúdos abordados será fundamental para a

caraterização de um professor bom gestor.

Já Sarmento et al. (1990), defendem que os comportamentos do professor

quer no espaço temporal que nos espaços físicos, através das atividades de aula

e da conduta dos seus alunos são características fundamentais para o tema da

gestão do tempo de aula.

Relativamente às estratégias para uma melhor rentabilização do tempo de

aula, Piéron (1999), assegura que para que a gestão de uma aula seja alcançada

com êxito todo o planeamento e metodologias de ensino são fundamentais.

Siedentop (1991), considera que gerir corretamente uma aula é definido

pela organização de todo o grupo discente e que o professor deve instruir em

grupos pequenos (preferencialmente) e que, ao longo de uma sessão, todos os

alunos devem ter uma tarefa atribuída, para que sejam evitados comportamentos

passivos e comportamentos fora da tarefa.

Estas conceções vêm levantar a problemática das turmas excessivamente

numerosas, tal como acontece com as minhas turmas. Basta uma turma ser mais

indisciplinada e precisar de maior supervisão, assim como o espaço físico a ser

usado para a sessão não ser o adequado ao tamanho da mesma, para que não

haja as condições ideais acima referidas.

Esta categoria é um dos fatores, que diferenciam em larga escala um

professor consciente e eficaz de um professor ainda em busca de conhecimento

e metodologia e portanto, comparativamente, não tão eficaz.

Considero, que a questão da gestão de tempo de aula foi uma das maiores

dificuldades, com que me deparei logo no iniciar das minhas funções. Esta é uma

questão multidimensional, não se focando só em exercícios e sua duração,

abrangendo também factos como, incumprimentos de rotinas, que causam

transtorno no fluir normal da aula e nos seus horários a cumprir. O acabar a aula

5 minutos mais tarde ou simples ato de iniciar a aula 5 minutos após o horário

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estipulado, pelo simples motivo de um número considerável de alunos estar

atrasado, foram fatores que seriamente me afetaram na fase inicial deste estágio

pedagógico.

Já a reflexão e pensamento em questões tais como “Como organizar um

plano de aula?”, “Quantos exercícios deve ter este plano?”, “Qual a duração de

cada exercício?” são interrogações que nos vêm de imediato ao pensamento e

nos acompanham ao longo de todo o estágio.

No entanto, e em jeito de conclusão, penso, que mais que seguir um mero

plano de aula teoricamente bem elaborado, a capacidade de perceção do que

está a ser produtivo é eficaz e, por isso deverá ser prolongado ou desenvolvido,

associado à perceção do que está a ser ineficaz e consequentemente de

imediato abortado ou adaptado são características que denominam um professor

“bom gestor” capaz de gerir uma turma e as suas aprendizagens.

Esta foi uma das competências, que ao longo deste ano letivo tive a

oportunidade de melhorar. Apesar de admitir, que numa fase inicial demonstrei

algumas dificuldades em organizar um plano de aula em termos temporais e,

cumpri-lo consoante os seus objetivos delineados, corrigi essa lacuna com base

na experiência, aconselhamento da PC e consulta das observações realizadas

pelos restantes estudantes estagiários, quando procederam à observação das

minhas sessões. Julgo, que este será um problema com que a grande maioria

dos estudantes estagiários, se depara. O querer e a ansiedade de realizar uma

sessão didática e apelativa recheada de conhecimento e atividades motoras

dinâmicas será sempre um aliado e, em simultâneo, um inimigo de quem quer

apresentar serviço aos olhos do seu professor cooperante na escola. Por vezes

muitos exercícios deixam de ser sinal de empenho e de uma boa aula, e uma

boa aula passa a ser uma aula simplesmente adaptada para a turma e para as

suas características, podendo-se optar por exercícios baseados da base para o

topo ou do topo para a base. O único objetivo comum entre exercícios deverá

ser a tentativa de alcançar a eficácia máxima e tentar garantir o empenho de

todos os alunos.

Alcançar a eficácia é fundamental, cumprindo horários e regras de conduta.

Considero esta capacidade de gerir temporalmente uma aula e as

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aprendizagens nela implícitas são uma das capacidades integrantes do “tato

pedagógico” (Nóvoa, 2009, p.207).

Feedback pedagógico e utilização de recursos audiovisuais

Dando continuidade ao tema geral abordado no tópico anterior, para

potenciar a eficácia do processo ensino-aprendizagem, resolvi discutir o tema do

feedback pedagógico, associado a uma estratégia, por mim utilizada ao longo de

determinadas aulas. Esta estratégia passou pela utilização de recursos

audiovisuais na aprendizagem das técnicas do salto em altura.

O ensino é um processo interativo-adaptativo (Carreiro da Costa,1998) e

como tal as relações, a comunicação e as adaptações pessoais são processos

sempre presentes.

O feedback pedagógico é apontado pela literatura, como uma variável

determinante na aprendizagem motora associada, portanto, à eficácia

pedagógica (Piéron, 1988). Tal como referem Fishman e Tobey (1978), a

expressão feedback pedagógico, é caraterizada pela reação comportamental de

um professor respondendo a uma ação motora de um aluno com o objetivo de

modificar essa ação facilitando a aquisição e realização da mesma atividade ou

habilidade. Já Arnold (1981), distingue duas categorias inseridas no feedback

pedagógico, este autor defende que o uso a este recurso, ou visa ações sobre

as execuções de movimentos focando o processo, ou visa apenas o resultado

de cada execução, conhecimento da performance e conhecimento do resultado,

respetivamente.

Do panorama escolar parece-me mais adequada a interação de um

professor para com um aluno do ponto de vista da performance das suas ações.

Enquanto professores defendo, que devemos centrar as nossas atenções

no processo das execuções e movimentos pois a EF é uma disciplina didática,

que procura o aperfeiçoamento dos seus alunos, revelando primazia em

oposição aos resultados das performances. Enquanto exemplo a sustentar

desse juízo baseio-me numa simples comparação entre dois discentes e nas

suas diferentes características físicas. Um aluno que executa a técnica de salto

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em altura Fosbury Flop em toda a sua amplitude mas que no entanto, não

consegue ultrapassar determinada altura pois em termos anatómicos ele é de

baixa estatura, com um aluno que tecnicamente é de um nível elementar ou

intermédio mas, devido à sua elevada estatura, consegue ultrapassar a marca

do anterior. O aluno de baixa estatura, tecnicamente apto, deve ser valorizado

por demonstrar uma capacidade de compreensão e atenção da técnica

lecionada nas aulas.

Esta foi a ideologia, que usei ao longo deste ano de estágio, não

prejudicando os alunos, que obtém bons resultados pois, trata-se de uma

disciplina com resultados práticos, mas valorizando também aqueles que se

empenharam para a obtenção de excelência naexecução dos conteúdos.

Abordando agora a questão temporal da dimensão do feedback

pedagógico, Schmidth (1991), defende que este, numa fase inicial, assume uma

importância mais saliente, pois o feedback é centrado em conteúdo informativo,

dado que os executantes necessitam de referências concretas e explicitas de

como devem ser executados os movimentos e dos processos a desenvolver para

aperfeiçoamento da sua performance.

Face a isto, ao longo deste ano, nomeadamente nas modalidades

individuais, optei por utilizar duas metodologias. A primeira consistiu em propor

aos alunos uma situação e um problema, cabendo-lhes a eles resolver da melhor

forma possível, fazendo recurso ao método tentativa-erro, na procura da

resposta correta, ajudando-os a perceber o porquê das componentes críticas de

cada conteúdo, visando ações mais eficientes e eficazes, sendo esse o seu

objetivo primário. Pretendia ainda estimular a autonomia destes jovens devido à

carência da mesma. A outra componente estimulada nestas atividades era a

motivação. Referindo agora um exemplo de uma aula em que esta metodologia

foi uma clara mais-valia, recordo a sessão em que foi introduzido o judo,

disciplina não inserida no planeamento da disciplina do agrupamento. Desta

sessão fizeram parte exercícios de autonomia e criatividade, tais como, a procura

autónoma de como colocar um colega deitado no chão em posição ventral para

posição dorsal e de seguida como o imobilizar, este exercício descreve na

perfeição este conceito.

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Quanto ao resultado obtido, com esta metodologia foi eficaz em ambas as

turmas que lecionei. Posteriormente à aplicação deste formato de exercícios e

tendo observado as dificuldades dos alunos, era dada a informação concreta dos

conteúdos através de feedbacks descritivos, seguidos de demonstrações

desenvolvidas por mim ou por alunos que tivessem alcançado o objetivo do

exercício.

O feedback deve ser uma das rotinas de um professor, pois é uma das suas

maiores armas no ato de ensinar, mas deve sempre respeitar alguns parâmetros,

ter um caráter específico, coerente e corretivo para ser uma mais-valia.

Refletindo, será que o feedback deve ser usado persistentemente? Este é

um assunto que ao longo de todo este meu percurso me intrigou. Com base na

bibliografia e na experiência chego à conclusão que, em circunstâncias normais,

quanto à frequência de emissão de feedbacks, a excessiva transmissão dos

mesmos irá contribuir para uma maior dependência dos alunos relativamente ao

professor e, consequentemente, incentivar a falta de autonomia que tanto

queremos colmatar. Com o constante “bombeamento” de informação após cada

execução, o julgamento autocrítico do aluno pode ficar algo comprometido, daí

os efeitos negativos, tal como Boyce (1991) defende. No entanto, penso que

numa fase introdutória do conteúdo ou da unidade didática, a “quantidade” de

feedbacks deve ser frequente para evitar consolidar erros. Os feedbacks

descritivos e interrogativos deverão ser utilizados nesta fase precoce.

Como estratégia, para corrigir a problemática revista anteriormente relativa

ao excesso de informação e decréscimo do carater autocrítico dos alunos, optei

por dois métodos diferenciados pelo caráter da modalidade a lecionar. Nos

desportos coletivos é-nos mais fácil instruir, demonstrar e corrigir

comportamentos dirigindo os feedbacks e instruções para grupos de trabalho,

como por exemplo durante o ensino do remate do andebol, ou no passe picado

no basquetebol. Talvez esteja a citar estes exemplos por a minha turma possuir

um nível de desenvolvimento motor muito básico apresentando os mesmos erros

na sua globalidade. Nesta categoria de modalidades, os feedbacks foram

maioritariamente direcionados a grupos durante a aula, quer durante o decorrer

dos exercícios, auxiliando as suas ações. No final da aula era usualmente

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realizada uma revisão de conteúdos transmitidos enunciando os erros comuns

observados. Por vezes sentia a necessidade de abordar a turma citando as

componentes críticas e/ou palavras-chaves que os alunos teriam que melhorar,

iniciando a aula seguinte da mesma modalidade frisando os mesmo para que

não fossem esquecidos e realizando exercícios alusivos às diretrizes referidas.

Em exercício de jogo formal ou jogo reduzido, frequentemente interrompi as

atividades para que fosse percebido o que estava a ser realizado de forma

incorreta (exemplo: desmarcações, passes, defesa, ataque,etc.) tendo a atenção

de todos os intervenientes centrada em mim, com o objetivo de impedir a

consolidação do erro.

O feedback individualizado, embora em menor plano, também esteve

presente nestas aulas, sendo as interações maioritariamente descritivas e

prescritivas, ocorrendo durante as execuções das habilidades motoras. Neste

tópico, será de frisar a constante necessidade dos alunos terem alguém a

transmitir a informação sobre o que fazer e como o fazer devidamente.

Relativamente às modalidades individuais, a abordagem do ponto de vista

da observação e correção de erros poderá ser diferente. O posicionamento do

professor num ginásio, usado nas modalidades de ginástica e salto em altura, é

totalmente diferente de num pavilhão multidesportos, ou espaço exterior onde,

usualmente, são lecionados desportos coletivos, assim como o comportamento

da turma também pode ser diferente, tal como sucedeu com as minhas turmas.

Utilizando como exemplo o Atletismo na modalidade salto em altura e da

Ginástica no salto no minitrampolim, estas requeriam uma interação mais

próxima com os alunos. A realização das ajudas, o questionamento constante

dos alunos sobre a compreensão do que estavam a realizar errado ou correto,

mesmo após o feedback descritivo, fez-me pensar um pouco e voltar a minha

atenção para uma metodologia usada no ano transato na unidade curricular

didática de atletismo.

A utilização de um dispositivo móvel (tablet) com o objetivo de gravar e

reproduzir em slow motion cada execução dos alunos, com o devido

consentimento dos alunos, foi a metodologia adotada. Também a demonstração

de documentos Microsoft PowerPoint™ 2010 e vídeos relativos a atletas,

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descarregados do Youtube™, a realizarem boas execuções foram inseridas

neste meio. O meu objetivo incluía: alcançar uma maior eficácia e eficiência no

processo de comunicação, no processo ensino-aprendizagem e contribuir para

uma maior motivação dos alunos nestas aulas.

Esta ideologia de reunir tecnologia e inovação não é uma recente aquisição

da nossa disciplina de EF. Em 1954, Mckown e Roberts já defendiam a ideia de

que a observação e posterior imitação era uma das melhores estratégias para

interiorizar informação.

Segundo Queiroz de Araújo (1968), a utilização do vídeo é para os

estudantes um estímulo motivacional e um acelerador dos processos de ensino

aprendizagem. Já Singer (1980), garante que, mesmo sendo as instruções orais

do professor o maior fornecedor de feedbacks, a captação visual em vídeo pode

também ser utilizado como feedback, sendo usados em complementaridade.

Numa investigação realizada por Hazen et al. (1990), em que o vídeo foi

usado enquanto auxílio pedagógico, este, contribuiu para o aumento da

qualidade das prestações motoras dos aprendizes.

Também em contexto de EP, o EE Selas (2013, pp.87), verificou no seu

estudo de investigação-ação que “a utilização de meios audiovisuais num menor

espaço de tempo podemos conduzir os alunos a níveis de evolução que

normalmente atingem em mais tempo (…) maximizando o ensino aprendizagem

dos alunos”.

Relativamente às minhas turmas, posso seguramente concluir, que os

resultados da introdução do vídeo, enquanto auxiliar pedagógico nas aulas de

ginástica e atletismo, foram um impulsionador de motivação, influenciando o

empenho e provocando melhorias nas execuções técnicas dos alunos. O

balanço desta metodologia foi altamente positivo.

O Aluno com PEA

Como já foi referido, o aluno da turma do 9º ano tinha um diagnóstico de

PEA, não apresentando qualquer comorbilidade com défice cognitivo, no

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entanto, demonstrava-se resiliente aquando era abordado para realizar as

tarefas da aula.

Segundo a AIA (Associação Para a Inclusão e Apoio ao Autista), as

Perturbações do Espectro do Autismo ou Perturbações do Espectro Autista

(PEA) são ”uma série de perturbações do desenvolvimento da criança

caracterizadas por um conjunto de sintomas e provocadas por um problema a

nível neurológico. (…) Relativamente à aparência, “usualmente não existe nada

na aparência da pessoa com PEA que a diferencie das outras pessoas, mas eles

podem comunicar, interagir, comportar-se e aprender de formas diferentes das

outras pessoas. As capacidades de pensar e aprender das pessoas com PEA

podem variar desde o talentoso ao severo”.

O objetivo da presença do aluno nas aulas de EF, delineado pela

professora do ensino especial, visava a obtenção de competências sociais,

transversalmente com o contacto com outros jovens.

Visto este ser um aluno com NEE, em que as práticas educativas teriam

que ser adaptadas ao indivíduo em questão, senti a necessidade de encontrar

estratégias que o ajudassem na minha disciplina. Desta forma, tinha o cuidado

de antecipar as tarefas para que o aluno fosse capaz de se estruturar e regular,

usando uma linguagem oral de fácil acesso, fundamentada em exemplos

práticos baseado em demonstrações.

É importante referir neste ponto, que segundo American Psychiatric

Association (2002), os indivíduos com PEA apresentam um défice global em três

grandes áreas do desenvolvimento, a saber, competências sociais,

competências de comunicação ou pela presença de comportamentos, interesses

e atividades estereotipadas. Sendo esta uma perturbação do espectro, existe

inúmeros comportamentos que podemos encontrar ou não em cada caso.

Deste modo, os interesses deste aluno eram restritos e díspares

(calendarização e séries policiais), relativamente aos interesses da disciplina,

dificultando a sua participação nas tarefas propostas. Nesse sentido, competiu-

me a mim a função de o motivar para a prática desportiva nas aulas.

O facto de ter um aluno NEE com uma perturbação do desenvolvimento e

atendendo às suas características pessoais deveria ter sido alvo de um processo

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de coadjuvância pelo seu professor do ano letivo antecedente. Por vezes senti

alguma dificuldade em controlar o comportamento da turma e, em simultâneo,

manter o aluno nas tarefas propostas.

Relativamente às estratégias que considero terem resultaram com maior

eficácia neste capítulo, manter o aluno acompanhado de um colega (“tutor”) para

a realização dos exercícios foi a mais eficiente. Tudo isto foi possível graças à

minha persistência e à amizade e carinho que a turma demonstrava por ele.

Numa fase inicial do ano letivo, este aluno de características tão

“especiais”, não realizava as propostas pedidas, no entanto, numa fase final, foi

possível verificar a evolução do mesmo. Este já fazia a corrida contínua, saltava

no minitrampolim e realizava passes de peito em basquetebol, algo que não

realizava anteriormente. Tudo isto parece pouco tendo em conta o largo período

de tempo que tive contacto com o aluno. No entanto, considero estes pequenos

avanços um triunfo.

Em suma, mesmo já tendo tido contacto com inúmeras crianças com este

tipo de perturbação, lecionar em contexto escolar não constava no meu leque de

experiências. De acordo com Bereohff (1994, p.11), lecionar uma criança autista

“é uma experiência que leva o professor a rever e questionar suas ideias sobre

desenvolvimento, educação normalidade e competência profissional”. Penso

que esta citação traduz exatamente tudo o que senti relativamente a este tópico.

No entanto, saliento que, mesmo sendo este um grande desafio, foi acima de

tudo um privilégio.

4.2. Avaliação do Ensino

Segundo Metzler (2000), a avaliação é uma das funções primárias do

ensino, que tem como objetivo permitir ao professor e ao aluno saberem em que

estado está a aquisição da matéria e da aprendizagem relativamente aos

objetivos pré-estabelecidos. Esta “recolha de informação”, por sua vez, irá

orientar o professor para a futura transmissão de conhecimentos, podendo

adaptar as suas metodologias de acordo com o nível dos alunos. Este foi um dos

princípios, que guiou o meu caminho pela docência ao longo deste ano. Através

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da avaliação foi-me possível perceber questões tais como, a diferenciação de

alunos de diversos níveis de desenvolvimento com o intuito de adaptar as UD,

exercícios e instruções para que todos evoluíssem e mantivessem a motivação

nas aulas.

Segundo Bento (2003, p.147), “Conjuntamente com a planificação e

realização do ensino, a análise e avaliação são apresentadas como tarefas

centrais do professor.” Através desta referência percebi a importância acrescida

da necessidade da presença assídua nos processos avaliativos nas minhas

aulas.

A avaliação dos alunos, em EF, compreende três categorias

transdisciplinares, isto é, três grandes domínios que se relacionam entre si:

domínio motor, domínio socio afetivo e domínio cognitivo. Após reunião do grupo

de EF no início do ano letivo, chegou-se a consenso relativamente ao seu peso

que cada domínio deve assumir na avaliação final dos alunos. Ficou definido que

“Saber 10%, Saber estar 30% e Saber fazer 60%”, isto é, o peso do domínio

cognitivo apenas pesa 10%, o domínio socio afetivo 30%, sendo o domínio motor

o que que mais influência a nota dos alunos.

Relativamente ao domínio sócio afetivo a sua avaliação foi realizada

através de uma grelha comportamental preenchida diariamente sendo mostrada

aos alunos semanalmente no âmbito de transmitir como está o seu

comportamento. Já o domínio cognitivo foi avaliado através de momentos

informais (discussões e debates) onde os alunos eram questionados acerca das

temáticas, referindo sempre no final palavras-chaves e fornecendo as respostas

corretas para que não hajam dúvidas residuais. O domínio psicomotor, foi

avaliado em momentos formais através de instrumentos tais como grelhas de

avaliação.

Todo este processo foi discutido em NE tendo os EE usado e construído as

tabelas em simultâneo, visto que todos nós possuíamos duas turmas dos

mesmos anos de escolaridade, ainda que com níveis de desenvolvimento por

vezes diferentes.

Rink (1985, p.159) definiu a avaliação como a recolha de conhecimentos

acerca do processo ensino aprendizagem e da instrução nele inserida, podendo

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ser categorizada como formal ou informal, formativa ou sumativa, podendo

também ser referenciada à norma ou ao critério. Segundo o mesmo autor, todo

o professor e o seu desenvolvimento enquanto docente está dependente da

capacidade de bem avaliar os seus alunos.

Segundo Bento (2003, p.180) A análise e avaliação do ensino orientam-se

por dois sentidos dominantes: Definição do estado alcançado, isto é, “o que o

professor e alunos alcançaram na aula ou unidade temática, o que está bem,

etc.”; Precisão dos planos do professor, isto é, “o que deve ser melhorado”

sobretudo nas aulas seguintes. A avaliação do processo ensino-aprendizagem,

também se reveste de grande importância no desenvolvimento de toda a ação

educativa, na medida em que, permite verificar se os objetivos foram alcançados

ou não pelos alunos. A avaliação dos alunos foi dividida por cinco etapas:

avaliação diagnóstica, avaliação formativa, avaliação sumativa, autoavaliação e

avaliação intermédia.

Através da prática pedagógica presente neste EP, rigor e coerência ficaram

definidas como palavras-chave no momento de avaliar.

4.2.1. Avaliação Diagnóstica

A avaliação diagnostica destina-se à compreensão acerca do nível de

desenvolvimento em que está o aluno e a turma relativamente às UD a lecionar.

Essa análise irá por sua vez pesar nas escolhas do professor, na adaptação dos

conteúdos a lecionar relativamente ao nível dos alunos, de forma a garantir o

seu desenvolvimento eficientemente.

Este processo avaliativo precoce esteve presente em quase todas as UD,

sendo realizada na primeira aula das mesmas para cumprir o seu objetivo. O

“quase” aparece na frase anterior pois, devido à curta duração do terceiro

período, o NE achou por bem não realizar uma avaliação diagnóstica formal pois

as aulas a destinar a cada modalidade eram realmente escassas e foi necessário

começar a introdução de conteúdos desde o primeiro momento, o que não

impediu de fazer uma observação geral sobre os alunos.

Para esse momento, o NE redigiu uma grelha de avaliação por UD em que

eram expostos alguns conteúdos a avaliar e usando uma classificação de 1 a 3

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para avaliar cada um. Essa classificação era categorizada da seguinte forma: 1-

não realiza; 2- realiza com dificuldades; 3- realiza corretamente. O facto das

grelhas de avaliação redigidas não serem muito complexas e específicas facilitou

imenso o processo de observação e registo.

Relativamente às dificuldades encontradas no decorrer dos diversos

momentos de avaliação diagnóstica, considero que o facto de as turmas serem

numerosas torna a observação menos precisa, pois, numa fase inicial do estágio

ainda não tinha um poder de observação tão preciso e eficaz, algo que com a

experiência foi evoluindo. Outra dificuldade sentida foi no âmbito das avaliações

diagnósticas das modalidades coletivas. Enquanto nas modalidades singulares

apenas é observado um, e só um aluno por execução, nas coletivas é necessário

observar mais que um em simultâneo, estando o comportamento e desempenho

dos alunos avaliados sempre dependente dos seus pares e das suas equipas.

No primeiro ano de mestrado, ao longo das diversas unidades curriculares,

foi-nos transmitido, que este precoce processo de avaliação e posterior análise

era fundamental. Após um ano de EP vejo-me na obrigação de defender tal

ideologia. Esta permite a um professor não só começar a conhecer a turma no

domínio motor como também socio afetivo. No entanto, surge-me uma questão.

Será necessária a realização avaliação diagnóstica em todas as UD? Por vezes

senti, que não havia necessidade de a realizar por já conhecer as capacidades

dos meus alunos, mas sempre o fiz por ser uma das normas da PC. Este

sentimento surgiu maioritariamente nas modalidades coletivas com bola.

Relativamente às modalidades, em que senti a necessidade imperativa de

recorrer à avaliação inicial, foi nas individuais, neste caso salto em altura,

ginástica de solo e minitrampolim, foram as principais. Justifico esta necessidade

com o facto de estas modalidades representarem algum perigo do ponto de vista

da segurança no decorrer das aulas, e como tal devo conhecer bem as

capacidades dos alunos, para os auxiliar.

4.2.2. Avaliação Formativa

A avaliação formativa tem um carácter contínuo e, ao longo deste ano de

estágio, assumiu um caráter informal. Este processo ocorre do primeiro ao último

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dia de cada UD e permite aos docentes perceber “em tempo real” a evolução

que os alunos estão a ter. A boa observação e reflexão permitem a eficácia e

precisão desta avaliação.

Segundo Gonçalves et al. (2010), o objetivo deste processo avaliativo é a

reunião de dados considerando a análise do estado de desenvolvimento em que

os alunos se encontram podendo acompanhar todo o processo de evolução dos

mesmos. Este é um processo não classificável formalmente servindo apenas de

ponto de referência para o docente e para o planeamento das aulas vindouras.

Na prática, a avaliação formativa contínua ocorreu durante todo o período

letivo e foi realizada através das observações e respetivas reflexões de cada

aula. No decorrer das aulas foi-me possível retirar breves apontamentos para o

efeito.

Ao longo deste processo, penso não ter sentido qualquer tipo de dificuldade

de maior relevância.

Esta avaliação permitiu-me perceber se os alunos foram acompanhando o

processo de ensino aprendizagem eficazmente, provando ser imprescindível

para um ensino de qualidade. Através deste processo pedagógico foi-me

possível alcançar uma avaliação final em parceria com a avaliação sumativa sem

que ocorressem grandes surpresas nos resultados.

A avaliação de um aluno não deve portanto ser apenas baseada num

momento formal, mas sim durante o trabalho desenvolvido ao longo do seu

percurso até ao mesmo.

4.2.3. Avaliação Sumativa

Na avaliação sumativa, o principal objetivo é a análise final e formal da

evolução dos alunos, considerando todos os momentos desde a primeira aula

da unidade didática até à respetiva aula definida para esta avaliação. Esta

avaliação é realizada num momento formal, isto é, há uma aula específica para

a mesma e os alunos estão cientes do teste proposto pelo professor. Os

resultados da avaliação não são unicamente relevantes para o professor.

Através dos mesmos, os alunos ficam também sabedores do nível em que se

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encontram, o que lhes permite perceber se podem chegar a um nível quantitativo

e qualitativo superior.

Esta avaliação pode ser teórico ou prática. No caso da escola em que

lecionei, ficou acordado que apenas os alunos que não tivessem uma

participação prática nas aulas, que não fossem assíduos ou tivessem

ultrapassado o limite de faltas realizariam uma ficha de avaliação. Só uma aluna

o fez pois havia excedido os limites de faltas injustificadas e foi a metodologia

decidida pela diretora de turma para a sua reinserção no currículo formal.

Relativamente à avaliação sumativa prática, quando o tema era desportos

coletivos a turma era dividida e realizava jogo reduzido ou formal, dependendo

dos grupos e seus níveis de desenvolvimento. Quando a avaliação tratava de

modalidades individuais organizava a turma em grupos pequenos de forma a

avaliar individualmente os alunos com precisão. Todo este processo foi seguido

pela PC que dava o seu feedback no início das aulas destinadas a estes

momentos. Posteriormente, os resultados eram debatidos com a mesma. Desta

forma era-me proporcionado um feedback de alguém com um tato pedagógico

mais experiente e assim evitar algum erro de avaliação relativo a algum aluno.

Esta foi uma estratégia que foi muito enriquecedora, nomeadamente, aquando

as primeiras avaliações sumativas pois era a primeira vez que me deparava com

uma situação semelhante de tamanha relevância.

Para realizar esta avaliação, o NE construiu e utilizou grelhas de avaliação,

que avaliavam cada conteúdo de 0 a 5. Após registadas todas as classificações,

era feita a média global dos conteúdos, que iriam auferir a nota sumativa da

avaliação. Posteriormente, essa nota ia ser confrontada com os dados recolhidos

durante o processo de avaliação continua e comparados com a avaliação

diagnóstica. O objetivo deste método era perceber a evolução alcançada pelo

aluno, sendo esta evolução classificada e definida por mim qualitativamente,

avaliando também o esforço e o empenho.

Como estratégia, para atingir a conformidade das classificações, optei por

comparar as notas dos alunos tendo como referência o melhor aluno da turma.

Assim, em caso de dúvida, este método permitiu-me avaliar os alunos com mais

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clareza e segurança. Justeza deve ser uma palavra de ordem no ato de

classificar os alunos.

Durante os diversos processos avaliativos, algumas dificuldades,

inseguranças e dúvidas foram surgindo. Mais uma vez, classifico como o maior

entrave às avaliações, o facto de ter duas turmas numerosas. Este fator, como

já foi referido anteriormente, pode implicar uma menor precisão no ato de

analisar. No entanto, dado que a avaliação sumativa é realizada no final de cada

UD, o docente já tem uma imagem bem definida de cada aluno, fruto do processo

de avaliação contínua, servindo, maioritariamente, para tirar algumas dúvidas

residuais.

Outra dificuldade verificada ocorreu enquanto planeava a avaliação

sumativa de ginástica de solo. O facto das aulas apenas terem 35 minutos úteis

de prática desportiva, causou algumas dificuldades na organização dos

exercícios a utilizar devido à personalidade das turmas, seu comportamento e

seu número abusivo de alunos. “Será que vão ser necessárias duas aulas para

avaliar com eficácia cada aluno nesta unidade didática?” Pensava eu. Tudo não

passou de uma dificuldade passageira. No fim da aula tive a perceção de ter

conseguido tirar as dúvidas que tinha relativamente à avaliação formativa,

extraindo assim uma classificação para cada conteúdo a avaliar.

Em suma, ao longo do EP, julgo ter sido correto no ato de avaliar. Por vezes

verifiquei que um ou outro aluno não se sentia satisfeito com a sua nota final,

nesses casos, dirigir-me sempre aos mesmos e justifiquei qual a matéria em que

eles falharam, e por tal não terem atingido a nota desejada ou por eles idealizada

e merecida, no âmbito de contrariar a sua frustração e motiva-los para o período

letivo seguinte.

Concluo também, que foi notório este foi um dos processos que fez o NE

dialogar mais, trocar experiências e aconselharem-se mutuamente. Os

instrumentos de avaliação eram feitos em conjunto e as trocas de experiência

resultavam em uma melhoria na organização dos planos de aula e dos espaços

nos momentos avaliativos.

4.2.4. Autoavaliação

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O processo de autoavaliação é fundamental, para que os alunos possam

realizar uma breve reflexão acerca das suas aprendizagens e do seu

desenvolvimento e transmitir essa imagem ao seu docente. Através dessa

imagem o docente irá ter essa perceção, que por vezes não está explicita nas

aulas, e poderá compará-la com as notas atribuídas ao aluno.

Segundo Siedentop & Tannehill (2000, p.214) “se a avaliação é para ser

um processo verdadeiramente educativo, então a autoavaliação é uma

componente crítica, em que os alunos têm de ser treinados para avaliar e

modificarem a sua própria prestação”.

Considero importante, a identificação e avaliação dos alunos nas suas

competências para que estes percebam onde deverão demonstrar mais o

empenho, para atingir uma melhoria. No entanto, quando analisei as

autoavaliações dos meus alunos, tratando-se de jovens do 2º e 3º ciclo, fica a

sensação, que essa reflexão apenas passa por números e notas.

4.2.5. Avaliação Intercalar

A avaliação intercalar realizada ao longo dos três períodos letivos partiu de

uma solicitação das respetivas diretoras de turma sendo esta uma rotina

recorrente da escola onde estagiei. Estas avaliações intercalares realizaram-se

numa fase intermédia dos períodos e tinham como objetivo recolher informações

acerca do ponto de situação académico em que cada o aluno se encontrava.

Essa recolha de informação foi feita por intermédio de uma ficha preenchida

qualitativamente.

Os participantes intervenientes na reunião intercalar eram os docentes da

respetiva turma, a docente responsável pelo ensino especial, o representante

dos encarregados de educação e o delegado de turma. Os assuntos debatidos

eram:

Comportamento geral da turma;

Comportamento individualizado dos alunos, especialmente dos NEE;

Avaliações até ao momento (participação, interesse, comportamento,

aproveitamento);

Questões pessoais relevantes acerca dos alunos.

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Projetos de turma.

Considero, que a presença desta avaliação intercalar é de importância

acrescida, pois permite, uma mais ágil e mais atenta comunicação e ação entre

docentes e encarregados de educação acerca dos seus educandos e da sua

situação escolar.

4.3. Participação na escola e Relações com a comunidade

Como todos sabemos, o raio de ação de um professor, vai muito mais além

da sua convivência com os alunos nas salas de aulas, a relação com o meio

envolve contacto com docentes, pessoal auxiliar de educação, encarregados de

educação, entre outros.

Segundo as normas orientadoras que regem o EP1, esta área, engloba as

relações dos estudantes estagiários com toda a comunidade escolar e sua

participação na escola é definida por “todas as atividades não letivas realizadas

pelo EE, tendo em vista a sua integração na comunidade escolar e que,

simultaneamente, contribuam para um conhecimento do meio regional e local

tendo em vista um melhor conhecimento das condições locais da relação

educativa e a exploração da ligação entre a escola e o meio”. De acordo com as

Normas Orientadoras do EP4 o objetivo desta área é “contribuir para a promoção

do sucesso educativo, no reforço do papel do professor de EF na escola e na

comunidade local, bem como da disciplina de EF, através de uma intervenção

contextualizada, cooperativa, responsável e inovadora."

No exato momento em que cheguei à “minha” escola rapidamente se tornou

percetível, que dar aulas não ia ser a única atividade, que me aguardava. Os

convívios promovidos pelos docentes, nomeadamente pelo coordenador do

departamento de expressões, desde jantares, a meetings, bailes de estudantes,

entre outros, permitiram um mais rápido e facilitado contacto com a realidade

vivida na escola.

4 Normas orientadoras do Estágio Profissional é um documento interno do 2º ciclo de estudos

em Ensino de Educação Física nos ensinos Básico e Secundário da FADEUP, elaborado

originalmente por Zélia Matos e adaptado para o ano letivo 2013-2014

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Segundo Siedentop (1990), o docente da nossa disciplina deverá assumir

diferenciadas funções no seio escolar, para além da responsabilidade direta para

com os alunos. Este irá inúmeras vezes representar a sua profissão, a sua escola

e a sua comunidade em outros contextos e meios.

Promover uma série de atividades extracurriculares, estando essas

atividades inseridas ou não no plano educativo do departamento curricular e do

NE, foi uma realidade, que mais nos fez, enquanto estagiários, integrar na

comunidade escolar em geral. A interação é uma ação fundamental para que

este processo de integração ocorra.

Ao longo deste ano letivo, o NE, teve a oportunidade de estar envolvido em

inúmeros momentos tais como: atividades da disciplina, do departamento, aulas

de campo e participação ativa em reuniões de turma. Também tivemos a

oportunidade de colaborar em atividades relacionadas com EF adaptada

provenientes de uma estudante de mestrado da FADEUP.

O desenvolvimento de todas essas atividades exigiram muito trabalho e

dedicação, tendo no futuro resultado num crescimento ao nível das relações

interpessoais, não apenas do NE, mas também do Grupo de EF, dos demais

professores, alunos e auxiliares. Todos esses momentos foram por mim

definidos como situações de desenvolvimento profissional.

4.3.1. Desporto Escolar e Atividade Interna

Ao longo do EP participei ativamente em diversas atividades desportivas

no âmbito do DE e nas atividades internas escolares, contudo não foi possível a

minha participação junto de uma equipa do DE que participasse no torneio de

inter-escolas do concelho de Matosinhos por estar colocado numa escola de 2º

e 3º ciclo. Enquanto aluno, era um participante assíduo desses torneios

multidesportivos e participar como professor teria sido algo relevante para o meu

currículo informal.

4.3.2. Desporto Escolar

De acordo com a Lei de Bases do Sistema Educativo, Lei nº 49/2005 de 30

de Agosto, Art. 51º, “o desporto escolar visa especificamente a promoção da

saúde e condição física, a aquisição de hábitos e condutas motoras e o

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entendimento do desporto como fator de cultura, estimulando sentimentos de

solidariedade, cooperação, autonomia e criatividade, devendo ser fomentada a

sua gestão pelos estudantes praticantes, salvaguardando-se a orientação por

profissionais qualificados”.

Posto isto, é-nos possível afirmar que o DE tem objetivos bem definidos e

repletos de responsabilidade social indo mais além da formação desportiva,

tornando-se num instrumento fundamental para o desenvolvimento físico,

pessoal e social dos jovens, remando ao encontro da sua formação integral.

A promoção do convívio entre alunos, o desenvolvimento de cooperação e

colaboração, a oportunidade de participar nas atividades de competição e lazer

com fairplay e empenho, são aspetos que dão relevo á imagem do desporto

como um fator de cultura relacionando-o com o apoio à solidariedade.

Quem por lá passa, torna-se um ser humano mais rico em termos físico-

motores, psicológicos, pedagógicos e educativos. Por outro lado, a promoção da

saúde e desenvolvimento da condição física, que por vezes são descuidadas

pelos jovens, são indicadores fortes na prevenção do sedentarismo e problemas

como a obesidade infantil.

O DE é por vezes caracterizado por ser mais pedagógico que o Desporto

Federado devido ao facto de serem os próprios alunos a tomar iniciativa de

participar na organização das atividades, como por exemplo, o secretariado,

acompanhamento de equipas, arbitragem, entre outros, com a devida orientação

de profissionais qualificados, nomeadamente professores de EF. O DE assume

uma filosofia de inclusão de todos, isto é, promovendo a integração de qualquer

pessoa, interferindo na construção de uma cidadania participativa, que respeita

todos de igual forma. Aqui, todo o aluno, seja ele o gordinho, o magrinho, o

gigante, o anão, entre outros, pode participar sem que seja alvo de

descriminação ou exclusão, podendo mostrar o seu valor aos outros e a si

mesmo.

Baseando-nos nestes princípios, classifico este projeto na íntegra como um

tabuleiro manipulável, em que os alunos demonstram responsabilidade e

compromisso para com a sua escola, representando-a a nível distrital e/ou

nacional. Por vezes, este é o único caminho que as crianças têm disponível para

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praticar desporto independentemente da sua situação socioeconómica, sendo

livres de escolher as modalidades que querem integrar, o que no futuro se

poderá traduzir numa motivação para praticar desporto federado ou formar-se

na área desportiva.

Os resultados deste programa poderão ser mais sérios do que se pensa,

pois têm sido combatidos problemas, como o abandono e insucesso escolar,

sensibilizando os alunos a adquirir hábitos de vida saudáveis, pondo em prática

a sua vivência desportiva no DE.

4.3.3. Corta-Mato Escolar

O corta-mato escolar é considerado uma tradição das diversas escolas

integrantes do Agrupamento. Usualmente, cada uma das escolas pertencentes

ao agrupamento organiza a sua própria atividade, o que não ocorreu este ano.

Este ano o corta-mato foi organizado pelo agrupamento, conseguindo reunir

alunos de todas as escolas na mesma competição, o que se revelou muito bom

e de motivação extra para os alunos atletas. Este corta-mato “inter-agrupamento”

tinha a missão de apurar os 6 primeiros classificados de cada escalão para o

corta-mato distrital a realizar no Parque da Cidade do Porto.

Enquanto participante na organização deste corta-mato escolar, realizei a

função de secretariado de mesa registando as classificações no computador em

formato Excell da primeira série de classificados (1º ao 20º classificado) de todos

os escalões em prova. Para desempenhar esta função tive o auxílio de uma

aluna dos cursos profissionais da Escola Secundária. Esta não foi uma tarefa

difícil dada a minha predisposição para a informática, tendo realizado a função

sem qualquer dificuldade e com sucesso.

A única situação menos positiva possível de ser registada, relativamente à

função que desempenhei, foi o facto de não estar presente no circuito da

atividade, não vivenciando grande parte das emoções vividas no espaço exterior

onde o início e desenvolvimento da prova ocorreram. Em contrapartida, dado

que estive posicionado após a linha de chegada a registar as classificações,

estive presente em todas as entregas de prémios que foram ocorrendo por

escalões, algo que quem esteve no exterior não vivenciou.

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Concluindo, esta atividade do corta mato, permitiu-me verificar os modos

de organização interna, a sua logística e a sua ponte de interação humana. Foi

ótimo ver o outro lado do corta-mato, pois só o conhecia como aluno participante

do ensino básico e secundário. Esta atividade só é passível de ser realizável

dependendo de um grande número de pessoas, desde professores, até

funcionários da escola, e da grande disponibilidade de cada um destes

intervenientes.

Foi uma experiência positiva pois, apesar da gigante aderência que este

evento teve, correu tudo como planeado sem que fossem observáveis incidentes

críticos negativos.

4.3.4. Corta Mato Distrital

O corta mato distrital é organizado pela Direção de Serviços da Região do

Norte e está inserida no planeamento anual de atividades. Nesta atividade

participam todas as escolas interessadas e os alunos são apurados tendo em

conta a classificação do corta mato escolar, ou seja só os seis primeiros lugares

é que têm acesso.

Para além disso os alunos têm de ter a autorização dos encarregados de

educação. Os objetivos do corta mato distrital focam-se essencialmente em

promover a prática de desporto como atividade essencial na promoção da saúde,

na inclusão e na integração social; no combate ao insucesso e abandono

escolar; fomentar o gosto pela prática desportiva e contribuir para a adoção de

estilos de vida saudáveis. É também importante para a confraternização entre

alunos, docentes e toda a comunidade escolar distrital.

A atividade iria ter lugar no dia 18 de Fevereiro, no entanto devido às más

condições atmosféricas, foi adiado para dia 25 de Fevereiro, decorrendo assim

no parque na cidade do Porto, lugar propicio á AF e ao contato com a natureza,

durante toda a manhã.

A direção alugou uma camioneta para levar todos os alunos do

agrupamento de escolas para o lugar da prova (parque da cidade do Porto). Para

além disso foi distribuído t-shirts aos alunos participantes, para que estes

estivessem devidamente identificados. Após a chegada ao recinto foi realizado

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um check in, o início da prova teve um ligeiro atraso, devido à chegada tardia de

algumas escolas.

A nossa função ao longo da prova foi acompanhar os alunos até ao local

da partida e, de seguida, da meta até ao posto onde a nossa escola estava

estabelecida, para os alunos receber o lanche fornecido pela escola.

Cada escalão etário percorria uma distância diferente, ou seja os infantis A

1000 metros, os infantis B 1500 metros, os iniciados femininos 2000 metros, os

iniciados masculinos e juvenis/juniores femininos 2500 metros e por fim os

juvenis/juniores masculinos 3500 metros.

Em suma, esta atividade foi uma experiência agradável para nós, na

medida em que nos permitiu ficar com um conhecimento mais alargado e

também conviver com membros de outros agrupamentos de escolas.

4.3.5. Atividade Interna

O principal objetivo do DE, no formato de Atividade Interna, é combater o

insucesso e abandono escolar e promover a inclusão social assim como apoiar

a aquisição de hábitos de vida saudável. A formação integral dos jovens em

idades escolares e pré escolares também é um dos objetivos deste arquipélago

de atividades desportivas.

A atividade interna, foi composta pela realização de dois torneios das

modalidades de futsal e basquetebol inter-turmas de seu nome “Liga-Mentus”.

Estes torneios decorreram todas as terças e quintas-feiras num horário

predefinido, em que os alunos não tivessem aulas, promovendo assim a sua

participação não e interferindo com as mesmas. A decisão de quais as

modalidades e do período em que iriam decorrer essa atividades foi acordada

em concelho de professores do núcleo de EF. Nessa reunião ficou acordado,

que o NE iria organizar um torneio de futsal durante o primeiro e segundo período

letivo e um torneio de basquetebol no terceiro período letivo. Inviabilizado, ficou

a realização de um torneio de voleibol, que também esteve em discussão,

justificado pela falta de tempo e participantes, pelos docentes mais experientes

do grupo.

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Os EEs ficaram encarregues de projetar esse torneio, sendo este, dividido

por diferentes ligas, diferenciadas pelos anos de escolaridade e género.

Todo este trabalho foi dividido pelos três estagiários equitativamente.

O processo inicial para a realização destes torneios começou com a sua

divulgação e recolha de inscrições.

Após as inscrições realizadas, foi possível organizar um calendário

desportivo de jogos, uma tabela classificativa e um logótipo enquanto emblema

da liga.

Inicialmente, tínhamos projetado, que as arbitragens seriam realizadas por

alunos voluntários para a atividade, o que não foi de todo possível devido à

escassez de voluntários. Assim sendo, na falta de aluno para arbitrar os jogos,

um dos professores era destacado.

O calendário de jogos e as tabelas classificativas estiveram sempre

dispostos no átrio de entrada do pavilhão desportivo, no placar de cortiça ou nas

vitrinas exteriores do mesmo, para que no final de cada jogo as equipas

pudessem consultar a sua classificação atual.

Uma das ideias, que gostaria de ter tornado possível, para que este

campeonato se tornasse mais interativo e dinâmico, era ter criado um sítio online

onde fosse possível colocar as classificações, os melhores marcadores, assim

como o calendário de jogos. Essa ideia não foi viável pois era necessário

encontrar um servidor sem custos para todos os escalões, o que não foi possível.

As dificuldades sentidas na realização destes torneios passaram pela falta

de comparência excessiva das equipas e a calendarização dos jogos. A ausência

constante de algumas equipas foi uma problemática, com a qual o NE não

conseguiu lidar, pois era da livre vontade de cada aluno estabelecer as suas

prioridades e comparecer ou não nos eventos. Por vezes, o horário estabelecido

para a realização dos jogos invadia o horário, que os alunos tinham definido

como horário de instituições de Atividades de Tempos Livres (ATL) ou sala de

estudo, o que inviabilizava a sua comparência. Relativamente à construção do

calendário, as dificuldades sentidas deveram-se à necessidade de

calendarização de muitos jogos, tendo em conta o pouco tempo disponível para

a sua realização. Inicialmente, estavam previstos dois jogos por dia, algo que era

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por nós pensado como ideal, mas houve a necessidade de alterar para três.

Mesmo não sendo adjetivado como ideal, esta estratégia acabou por responder

positivamente face ao problema.

Este tipo de atividades são uma mais-valia na educação dos alunos, pois

assim têm momentos para socializar, praticar desporto e competir de forma

saudável com outros jovens de outras turmas.

Para nós, enquanto EE de EF e técnicos da área do desporto, por vezes

com pouca experiência em gestão de eventos, ajuda-nos a desenvolver essas

competências quer de equipamentos (material desportivo e espaço), quer de

organização desportiva em geral.

4.3.6. Festa Solidária da Rita

Este projeto consistiu na organização de um evento multicultural de

solidariedade, cujo objetivo foi reunir fundos monetários, para ajudar o

Agrupamento de Escolas a consertar uma cadeira de rodas elétrica para uma

aluna NEE portadora de deficiência física e cognitiva com dificuldades

económicas.

Todo este projeto surgiu após convite de uma professora, abordando-nos

no âmbito de poder contar com a colaboração dos estagiários deste NE, quer

para auxiliar no desenvolvimento e organização do evento, quer na parte

logística, quer ajudando um grupo de alunos da escola a formar um grupo

musical para atuar no dia 17,

Os EE (s) ajudaram, estando sempre presente nos ensaios pelo menos 2

EE, quer também para realizar a apresentação de todo o espetáculo. O que me

fez aceitar esta proposta, para além de ser mais uma experiência a registar no

portefólio na área de desenvolvimento pessoal, foi acima de tudo o facto de estar

a contribuir para uma causa tão nobre quanto esta, por um lado ajudando-me a

desenvolver o meu currículo informal e em simultâneo tornar a vida de uma

criança mais feliz.

Ao longo do mês antecedente ao dia 17 de dezembro, nós, os três

estagiários, todas as terças e quintas-feiras nos deslocávamos à Escola

Secundária, vizinha com o objetivo de auxiliar uma colega que estava a dar os

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ensaios aos miúdos do grupo musical de alunos. Apesar da falta de experiência

para dar aulas musicais tentamos ajudar em tudo o que esteve ao nosso alcance

durante os tais ensaios, revelando-se ser uma boa experiência pois foi possível

reunir no mesmo grupo alunos desde o 7º ano de escolaridade até ao 12º.

Apesar do horário ser algo desajustado tendo em conta a compatibilidade com

os nossos horários e, por vezes, a nossa impotência durante alguns ensaios

foram pontos negativos que foram sendo ultrapassados e compensados com o

divertimento e evolução da qualidade dos alunos, tornando-se rapidamente um

grupo coeso e unido para esta causa.

Quanto ao espetáculo em si pode contar com, o Grupo de Música da

escola, a participação de uma professora cantora lírica, um desfile de moda

contando com a colaboração de alguns alunos de outra escola e de uma

professora e estilista Maria Gambina, com a Escola de Dança Alberta Lima, com

a participação especial da banda musical Phama e também com uma exposição

de alguns trabalhos de artes plásticas de alguns alunos. Relativamente às

complicações registadas no decorrer da organização de pessoal para a

participação na festa foi registada a não comparência da Educatuna (tuna

académica), desmarcando a sua presença na festa menos de 24h antes da

atuação, e a falta de uma celebridade para apresentar todo o espetáculo, lacuna

essa colmatada por mim e pelo meu colega estagiário.

Ambos ficamos responsáveis por toda a apresentação e introdução de

todos os colaboradores da festa, tendo realizando essa função com muito

sucesso ainda que com pouca experiência nesse ramo. Os feedbacks recebidos

no fim do evento, relativamente à nossa participação enquanto apresentadores,

foi muito positiva e satisfatória, o que me alegrou bastante.

Em suma, este foi um evento cujo objetivo foi reunir algum dinheiro para

ajudar uma aluna, que realmente precisava de ajuda. As bancadas do pavilhão,

apesar do frio que se sentia, estavam relativamente repletas de gente que quis

dar o seu contributo a esta causa.

O nosso desempenho em toda a atividade foi trabalhoso mas muito

positivo.

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Tudo decorreu da melhor maneiras e os objetivos pessoais e coletivos

foram alcançados.

4.3.7. Dia Paralímpico

No âmbito de uma dissertação de Mestrado respeitante ao Curso de 2º

Ciclo em Atividade Física Adaptada, FADEUP, foi-nos proposto participar

através do Dia Paralímpico na Escola” e cujo objetivo principal era promover as

atitudes positivas das crianças sem NEE face aos seus pares com NEE, através

de um conjunto de atividades relacionadas com o Desporto Adaptado.

O nosso primeiro contacto com o estudo foi através de uma reunião que

teve como finalidade aferir todas as nossas tarefas ao longo das atividades, as

que envolviam atividades de caráter teórico, decorreram no auditório com a

visualização de vídeos sobre as características dos diferentes tipos de

deficiência e de modalidades desportivas no âmbito do desporto adaptado. As

atividades de caráter prático tinham como objetivo a participação dos alunos em

modalidades paralímpicas, tais como voleibol sentado, goalball, boccia e o

basquetebol em cadeira de rodas, neste dia contamos também com a presença

de atletas paralímpicos.

Para que os alunos pudessem participar neste estudo, foi entregue aos

encarregados de educação um documento com a informação acerca do mesmo,

que teria de ser assinado pelo respetivo de modo a autorizar o seu educando a

participar nestas atividades.

Assim sendo, começamos por ajudar no controlo do preenchimento dos

questionários por parte das turmas participantes. Estes foram preenchidos pelas

turmas do grupo experimental e do grupo de controlo. O questionário “Children´s

Attitudes Towards Integrated Physical Education – Revised (CAIPE-R)”

desenvolvido por Campos, Ferreira e Block (2013) permitiu a análise das suas

atitudes após a realização do Dia Paralímpico na Escola, exceto os do grupo de

controlo que não participaram nas atividades de carater teórico e prático.

Em todas as atividades que contemplaram este projeto os alunos foram

sempre acompanhados pela investigadora principal deste estudo e pelo

respetivo professor de EF.

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O nosso papel neste estudo tinha como base a ligação entre o projeto e a

escola, bem como o apoio na organização no dia paralímpico na escola. Desta

forma, os professores de EF poderiam a qualquer momento esclarecer as suas

dúvidas connosco ou contatando a investigadora principal.

Estas iniciativas, que estimulam o contacto com estas modalidades

adaptadas e com os atletas das mesmas, são experiências que permitem aos

alunos vivenciar algumas dificuldades que alunos com NEE passam para se

adaptar a uma cadeira de rodas, a uma modalidade e ao desporto em geral.

Também percebem que apesar das suas deficiências, eles também podem

praticar desporto e atingir os seus objetivos.

O alvo deste projeto de sensibilização foca os alunos em primeiro plano, no

entanto, os professores da disciplina de EF também foram sensibilizados pelo

contacto com toda a comunidade participante e pelas atividades que decorreram.

Um dos maiores benefícios que o desporto proporciona é a própria inclusão

na escola e na sociedade e nós, enquanto docentes, com estas atividades

percebemos rapidamente, que somos intervenientes de grande importância num

processo de melhorias em termos de qualidade de vida, desenvolvimento físico

e reestruturação desta sociedade junto dos nossos alunos ou atletas portadores

de deficiência. Ficamos com a perceção que a falta de informação leva à falta de

oportunidades preciosas, e que impossibilitam a adesão da criança comum

portadora de deficiência ao desporto, e é aqui, que podemos intervir.

Após estas atividades, também percebemos, que a falta de motivação é

algo comum nestas crianças. O nosso objetivo neste tema, enquanto

profissionais da AF e professores de EF, é demonstrar à pessoa com deficiência

a possibilidade de realizar vários desportos nos dias de hoje, quais os vão

estando ao seu alcance e as modalidades disponíveis adaptadas ao seu tipo de

deficiência. Será a motivação que os alunos precisam para se sentirem

integrados na sociedade.

O contato com estas modalidades também nos permitiu perceber regras

institucionais, regras de conduta e para que tipo de NEE as modalidades se

destinam. No fim do evento principal, ficamos com a noção que se um dia

ingressarmos numa escola e visualizarmos que há uma comunidade NEE

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considerável, podemos realizar uma atividade deste género e insistir, para que

os alunos com estas características realizem as nossas aulas de EF ainda que

com condicionantes, o que vira a ser para todos uma mais-valia.

Em suma, toda a atividade retirou tempo pessoal e foi necessário um

grande esforço por parte da Escola, dos professores, EE e auxiliares de

educação, no entanto este foi um dia diferente, muito interessante que cultivou

conhecimentos tanto nos alunos como na restante comunidade escolar. Este dia

foi o culminar de um projeto bem direcionado, cheio de inesquecíveis momentos

e carregado de experiências úteis e inovadoras.

4.3.8. Aula de Campo - Surf

No seguimento das conclusões registadas no estudo de caso realizado

para conclusão do mestrado EEFEBS presente neste relatório de EP, projetei e

viabilizei a organização de uma aula com um formato diferente da aula de EF

tradicional. Essa aula decorreu na praia de Matosinhos, e foi realizada por três

turmas, duas de 9º e uma de 7º ano.

Após perceber, que os alunos das minhas duas turmas disponibilizavam

um baixo número de horas de prática desportiva e AF semanal, decidi

proporcionar-lhes a prática de algumas modalidades extras.

Nesta aula, foi possível lecionar uma modalidade desportiva considerada

radical, na qual o intuito era apresentar o surf aos jovens e proporcionar-lhes

uma nova experiência.

Ao contrário das restantes aulas, não fui eu o professor a lecionar,

tornando-me apenas espectador, enquanto os instrutores da escola de surf

tinham a função de ensinar esta nova modalidade.

Visto a aula ter decorrido na praia de Matosinhos, os alunos deslocaram-

se até ao local de autocarro na companhia do NE e contando com a colaboração

de uma outra docente do grupo de EF.

As turmas que integraram esta atividade foram as minhas duas turmas de

7º e 9º ano e uma turma de 9º ano convidada pela diretora de turma, somando

um total de 36 alunos e 5 docentes.

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A atividade ocupou a manhã inteira e foi organizada por mim com a

colaboração do NE no seguimento do meu estudo que tenho vindo a

desenvolver, no qual dou a conhecer aos alunos diversas modalidades

desportivas com o objetivo de os motivar para a prática desportiva regular. Já os

objetivos específicos desta atividade, juntando à promoção de estilos de vida

mais ativos e saudáveis, foram a introdução à modalidade surf, a promoção da

inclusão dos alunos dentro do seio das suas próprias turmas e da socialização

entre alunos das diferentes turmas.

A organização de toda esta manhã repleta de diversão e de vertente

didática não foi de elevado grau de complexidade. No entanto, foi possível

perceber que atividades desta ordem, apesar de parecerem de fácil e rápida

preparação, envolvem muita responsabilidade.

A realização de muitos contactos para diversas escolas de surf de forma a

garantir as condições mais adequadas aos alunos e tornar os custos mais

acessíveis, dada a condição socioeconómica dos mesmos, a “corrida” pela

entrega e recolha de autorizações dos encarregados de educação e constantes

diálogos com a entidade conselho pedagógico da escola foram uma realidade

presente.

O fator segurança e a constante investigação acerca de quais as possíveis

limitações desta atividade foram alvo de constante reflexão. O maior

contratempo desta organização foi a recolha das autorizações dos encarregados

de educação, pois muitos alunos não entregaram atempadamente os seus

documentos, assim como os pagamentos para participarem na atividade. Desta

forma, foi necessário alargar o período de entrega em um dia e,

consequentemente, atrasado o contacto com a escola de surf no âmbito de

recrutar o número suficiente de instrutores tendo em conta o número de alunos

participantes na atividade. Uma outra limitação da atividade teve origem na

realização de uma peça de teatro, marcada pelo professor do grupo de teatro da

escola, tendo diminuído a participação de cerca de metade da minha turma do

9º ano, não respeitando as atividades já marcadas no livro de ponto da turma.

Todos os alunos integrantes puderam participar nas diversas atividades

que a escola de surf proporcionou ao nosso grupo, comportando-se

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adequadamente de acordo com a situação, tanto nas viagens como na praia,

não se deixando influenciar por excentricidades. Não houve portanto incidentes

críticos negativos relevantes do ponto de vista da segurança dos alunos. No

entanto, o atraso prolongado foi originado pelas meninas no balneário quando

deveríamos regressar à escola, o que culminou num atraso de trinta minutos

relativamente à hora prevista para a chegada à escola o que por sua vez, poderia

ter tido algumas consequências de importância acrescida, tais como implicações

no horário de almoço dos alunos da turma do 7º ano, que ainda teriam aulas de

tarde, havendo a necessidade de almoçar atempadamente antes das mesmas.

Em suma, analisando o comportamento e alguns feedbacks de discentes e

docentes, posso concluir que a socialização, o lazer e a componente didática

foram dimensões, que estiveram interligadas, culminando numa manhã de

sucesso.

As condições de segurança foram mantidas e, com a exceção do atraso

relativo ao regresso à escola e a ausência de alguns alunos que gostariam de

ter participado.

Esta foi uma manhã desigual repleta de animação, alegria e água do mar

onde foram vividos bons e agradáveis momentos entre os intervenientes. Todos

retiramos bons ensinamentos quer do ponto de vista organizacional como do

ponto de vista social e pedagógico.

4.3.9. Prova de Cicloturismo

A prova de cicloturismo pela cidade de Matosinhos é uma das tradições

anuais da escola desde longa data. Esta é uma prova, que o grupo de EF do

agrupamento de escolas organiza uma vez por ano no 3º período de cada ano

letivo e que nasceu na escola cooperante onde lecionei. Esta atividade consiste

na realização de um circuito de bicicleta por Matosinhos e usualmente tem a

duração de cinco a seis horas. Esta prova também consiste num grande convívio

entre docentes, discentes e seus familiares vistos todos poderem participar nesta

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atividade. O convívio, os hábitos saudáveis e o lazer eram os valores máximos

a promover ao longo do evento.

O NE teve a oportunidade de participar diretamente nesta organização,

estando responsáveis por manter a ordem em todo o circuito e prestar auxilio em

caso de necessidade aos participantes. Também tivemos a função de

“participantes” visto realizarmos também o percurso de bicicleta. Para a

organização e auxílio à prova, logisticamente, o grupo de EF pôde contar com

agentes da Guarda Nacional Republicana em veículos motorizados, duas

ambulâncias dos bombeiros, membros da Associação de Pais e Encarregados

de Educação nos seus veículos pessoais, todos estiveram incansáveis e as suas

ações foram determinantes no início, durante e no fim de todas as atividades.

A prova estava bem organizada não fossem as condições climatéricas

causar dificuldades à mesma. O facto de a meio do percurso cair uma tromba de

água, causou o abortar de metade dos segmentos do percurso planeados, assim

como alguns checkpoints programados, o que foi claramente mau para a

atividade, resultando também no abandono da grande maioria dos participantes,

sendo recolhidos pelos “carros vassoura”.

A conclusão deste evento deu-se na escola, onde era o checkpoint final e

seguidamente foram servidas bifanas, fruta e chá a todos os intervenientes na

atividade.

Esta foi uma atividade, que cumpriu os objetivos a que se propôs, apesar

dos seus imprevistos e da sua não conclusão. A comunicação e sociabilização

entre os participantes e organização, a prática de AF logo pela manhã e, para os

docentes e discentes, a possibilidade de convivência fora do contexto de aula

formal, foram situações muito positivas para a grande maioria.

Para mim, este foi um dia incrível pelo simples facto de já ter participado na

prova enquanto discente, tendo tido a agora a oportunidade de a realizar e

organizar como docente.

4.3.10. Visita de estudo e Ação de formação

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Ao longo do ano letivo, para além das atividades anteriormente referidas,

eu, em harmonia com o NE, tive a oportunidade de vivenciar outras atividades

tais como visitas de estudo e ações de formação na escola cooperante.

Relativamente às visitas de estudo, tive a oportunidade de participar numa

ida ao teatro e numa visita ao Estádio do Dragão e ao seu respetivo museu.

A ida ao teatro foi organizada pelas docentes de Língua Portuguesa e nela

marcaram presença alunos de todas as turmas do 9º ano de escolaridade. Nesta

visita de estudo foi visualizada a peça de teatro “Auto da barca do inferno”

decorrida no Rivoli. A minha função, no decorrer da visita de estudo foi

supervisionar e orientar a minha turma de 9º ano. A deslocação ao local da peça

foi realizada através de transportes públicos, o que implicou uma atenção

acrescida pois esta turma de 9º ano, como já vem sendo referido ao longo do

relatório é algo irrequieta, necessitando constantemente de vigilância cuidada e

atenta, tendo tudo corrido dentro do que era espectável. Professores e alunos

apreciaram uma boa peça de teatro cujo tema era relativo ao currículo da

disciplina de Língua Portuguesa do 9º ano de escolaridade.

A visita ao Estádio do Dragão e respetivo museu foi organizada pela PC

em harmonia com os Encarregados de Educação e com a colaboração do NE.

Esta visita de estudo tinha o objetivo de mostrar aos alunos o clube que é símbolo

desportivo máximo do distrito em que a escola cooperante se insere e também

por questões de lazer visto ter-se realizado após o último dia de aulas dos 6º e

9º ano de escolaridade. As turmas presentes nesta atividade foram a turma

partilhada pelo NE do 6º ano, a minha turma de 9º ano e uma outra turma de 6º

ano. Nesta atividade, foi necessária a colaboração do NE do ponto de vista de

entrega e recolha de autorizações por parte dos Encarregados de Educação

(ANEXO I), assegurar e tratar com as entidades responsáveis pelo estádio e

museu todas as condições e termos para a visita e supervisionar e orientar as

turmas ao longo da visita de estudo. Mais uma vez, o transporte para a visita

foram os transportes públicos.

No final da visita, o feedback fornecido pelos alunos, docentes e por mim

foi muito positivo, resultando em momentos de descontração e informação em

simultâneo.

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Relativamente às ações de formação, violência doméstica entre jovens

namorados e desporto adaptado foram alguns dos temas abordados nas

situações em que marquei presença. A participação de um docente neste

formato de formações é fundamental para deixar os alunos confortáveis dado

que, ainda que todos os temas sejam de relevância acrescida, alguns são de

cariz delicado e pessoal, como é o caso da violência entre casais de namorados.

Estas são situações por vezes vividas pelos nossos estudantes, dentro ou fora

do recinto escolar, e que por vezes nos passam despercebidas impossibilitando

a nossa ação. A ação de formação referente ao tema do desporto adaptado foi

dirigida por uma estudante do mestrado de EF adaptada da FADEUP, e situava-

se dentro do seu projeto “Dia Paralímpico” já referido anteriormente.

Conclusão

Resumindo, após todas as relações que tive ao longo dos diversos

momentos vividos em comunidade durante o EP, é-me possível distinguir várias

e abordá-las em jeito de síntese.

Na área de envolvimento com a escola, meio e comunidade, que se

direciona para as relações, que são efetuadas com o meio envolvente, fui-me

mantendo ativo e dinâmico, por vezes até um pouco utópico, por querer

demonstrar, que é possível sair das rotinas de trabalho e procurar novos

métodos para abordar as matérias e organizar os materiais da disciplina, NE e

grupo de EF, categorização atribuída pela PC.

No que concerne à relação estabelecida com os professores em geral,

penso ter conectado uma relação positiva de trabalho, na base da amizade,

profissionalismo e respeito mutuo. O facto de ser ex-aluno da instituição e ter

uma boa capacidade comunicativa e de interação facilitou todo esse processo.

Abordando os colegas do NE mantive a coesão, o apoio mútuo, a vontade

de trabalhar e ajudar. No final, tudo se traduziu em respeito e amizade.

Relativamente aos alunos, estabeleci uma relação de amizade, mantendo

sempre presente a diferenciação professor/aluno, procurando ser mais

autoritário numa fase inicial, para que gradualmente pudesse conduzir a turma

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de forma mais democrática e produtiva dando-lhes um papel ativo, participativo,

responsabilizando-os nas atividades das aulas e da escola.

Já a minha relação com os alunos de outras turmas, cujo contacto se

proporcionou através das diversas atividades em que estive envolvido, no dia-a-

dia escolar e nas substituições de professores, penso ter sido competente e ter

deixado uma boa imagem enquanto docente compreensivo.

Conhecer e dar-me a conhecer, através de um trabalho esforçado,

competente e com personalidade, penso terem sido fatores, que contribuíram

para a boa integração no meio escolar, e as boas contribuições, para as diversas

atividades, que decorreram na escola ao longo deste ano letivo.

Os progressos e desenvolvimentos ocorridos nesta área foram

fundamentais no desenvolvimento profissional e pessoal, resultando numa

melhor relação junto de todo o corpo docente, auxiliares de educação e alunos.

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5. Estudo: “Fatores que influenciam a prática de atividades

desportivas nas crianças.”

Resumo

O presente estudo pretendeu conhecer os hábitos de prática desportiva de

crianças e subsequentemente, promover a aquisição de um estilo de vida

saudável através do desporto e AF. As bases deste estudo centram-se na

definição de saúde e estilos de vida saudáveis, tal como a sua associação ao

desporto e AF desportiva.

A amostra deste estudo é composta por 49 alunos do 7º e 9º ano de

escolaridade. Após esta análise foi feito um levantamento através de

questionários com o objetivo de entender os motivos que levam as crianças a

praticar essas atividades e quais os que os demovem de tais práticas. Foram

realizadas várias ações práticas de sensibilização (sessões didáticas práticas de

judo, ténis de mesa, matrecos humanos, surf e badminton, modalidades essas

somadas às presentes no plano anual da disciplina de EF).

Para a análise dos dados fornecidos pelos questionários usados, foi utilizado o

programa SPSS versão 21.0. Inicialmente realizou-se uma análise descritiva

(frequência, média e desvio padrão) e posteriormente efetuou-se uma análise

comparativa em função das variáveis independentes, recorrendo a inferência

estatística, nomeadamente, utilizando um teste de comparação de médias

independentes e um teste não paramétrico (U de Mann-Whitney).

Após análise dos resultados foi possível verificar que os fatores que motivam e

desmotivam correspondem a estudos já anteriormente realizados, e que existem

diferenças significativas segundo o género e idade de escolaridade no fatores

que motivam para a prática de AF. No entanto, apenas foi possível encontrar

diferenças nos fatores que desmotivam segundo a idade de escolaridade.

PALAVRAS-CHAVE: ATIVIDADE FÍSICA; DESPORTO; PRÁTICA E NÃO

PRÁTICA DESPORTIVA; MOTIVAÇÃO E DESMOTIVAÇÃO; MODALIDADES

DESPORTIVAS; DESPORTO FEDERADO; DESPORTO POR LAZER.

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Abstract

This following study aimed to know the habits of sports for children and

subsequently promote the acquisition of a healthy lifestyle through sport and

physical activity. This study focuses on the definition of health and healthy

lifestyles, such as their association with sports and physical activity.

This study’s sample is composed of 49 students from the 7th and 9th grades. After

this analysis, a survey was done through questionnaires in order to understand

the reasons that motivate children to practice these activities and which

discourage them from doing so.

Several practical actions to raise awareness were accomplished, such as:

Educational sessions, judo practices, table tennis, foosball, surf and badminton,

adding these sports to the ones present in the annual plan of the discipline of

Physical Education.

For the analysis of data provided by the questionnaires used, an SPSS version

21.0 was used. Initially a descriptive analysis was made (frequency, mean and

standard deviation) and subsequently was performed a comparative analysis on

the basis of the independent variables, using statistical inference, namely, using

a comparison test of independent means and nonparametric (U de Mann-

Whitney).

After analyzing the results we found out, that the motivation and demoralization

factors, correspond to previously conducted studies, and that there are significant

differences according to gender and age of schooling, on the reasons that

motivate them for physical activities. However, it was only possible to find

differences in the factors that demotivate, according to school age.

KEYWORDS: Physical Activity; Sports; Sports Activities and Not practiced

sports; Motivation and Demotivation; Sport modalities; Federated Sports; Leisure

Sports

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Introdução

Nesta etapa, enquanto EE, em que existe o contacto direto com jovens pré-

adolescentes e adolescentes e os seus respetivos problemas, remeteu-me a

realizar frequentes reflexões acerca de como os ajudar a melhorar, não só

relativamente ao seu rendimento desportivo e aptidão física na disciplina de EF,

mas também, enquanto indivíduos inseridos numa sociedade com todas as suas

tradições e valores.

Estes jovens vivem numa sociedade em que o aumento das preocupações

com a questão estética do corpo levam a uma maior afluência à procura de

ginásios. A criação de novas atividades desportivas cresce em simultâneo com

a evolução da informática, que por vezes influencia os jovens para estilos de vida

sedentários através dos videojogos, computadores e televisão.

Aqui questiono: Qual a missão de um professor de EF? A resposta poderá

ser permitir aos jovens uma prática desportiva ativa na escola. Porém, no

entanto, o tempo disponível para as aulas desta disciplina tem vindo a ser

reduzido. Do meu ponto de vista, cabe ao docente motivar os alunos, nestes

curtos espaços de tempo que são as aulas, para a prática de atividades físicas

regulares. Assim, contribuímos para que os jovens cresçam física, social, e

psicologicamente, através da sua inclusão num grupo desportivo organizado,

através da inscrição num ginásio, indo para a rua fazer jogging, juntar um grupo

de amigos para praticar alguma modalidade coletiva, entre outos.

Posto isto, motivos de ordem multidimensional, impulsionaram-me a

desenvolver este estudo de investigação-ação. Isto é, cada aluno é um aluno

individual, cada turma é uma turma e todos têm, portanto, as suas capacidades,

os seus problemas e dificuldades específicas. Numa das minhas turmas foi

possível observar a existência de um alargado número de alunos com défices

coordenativos, défices em termos de aptidão física e défices de concentração.

Já a outra turma, num panorama geral, apresenta frequentemente problemas

comportamentais, tendo alguma dificuldade no cumprimento de regras de

conduta.

Com este trabalho pretendo compreender quantas horas os estudantes

despendem em práticas desportivas e se esse índice é positivo ou negativo, isto

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é, se essa “quantidade” e “qualidade” de horas usadas são o suficiente. Reforço,

no entanto, que não me proponho a resolver os problemas comportamentais,

sociais, económicos e fisiológicos dos meus alunos instantaneamente, mas sim

orientá-los e dar-lhes informação, bases e autonomia para que estes possam

definir hábitos de vida mais equilibrados e que, à partida, lhes poderão

proporcionar uma vida mais saudável e organizada, uma qualidade de vida. É

assim a minha tentativa de instruir estes jovens com o maior número de

competências possíveis.

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1. Enquadramento Teórico

Segundo Quivy e Campenhoudt (1998), qualquer trabalho de investigação

faz parte de um processo de continuação, estando situado dentro ou relacionado

a pensamentos que o antecedem e influenciam.

1.1. Atividade Física

Por definição, segundo Caspersen et al. (1985) AF é todo o movimento

produzido pelo corpo e pelos seus músculos e que causa dispêndio de energia.

O exercício físico, por sua vez, é uma das categorias da AF que se caracteriza

por ser planeada e repetitiva e que tem como objetivo final ou imediato melhorar

ou manter a condição física (Caspersen et al., 1985). Trata-se de comportamento

inerente ao ser humano com características biológicas e socioculturais.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 1995), a AF é todo o

movimento diário, desde o trabalho, atividades de recreação, o exercício físico e

as atividades desportivas. A AF pode ser tratada portanto como um de

comportamento inseparável do ser humano com características biológicas e

socioculturais.

Estas definições evidenciam perspetivas semelhantes ou complementares

acerca da AF. Enquanto umas perspetivas defendem mais o caracter biológico

falando acerca de processos de gasto de energia durante a prática física, outras

seguem uma perspetiva sociocultural (caminhar para a escola, andar de bicicleta

com os amigos, etc.), o que revela a complexidade e profundidade deste

conceito.

1.2. Atividade física, desporto e lazer

A AF é, portanto um tema abrangente que inclui todo o movimento, desde

levantar para pegar em algo ou andar de baloiço (Kaplan et al., 1993). Dentro

deste conceito é possível encontrar o desporto e o exercício.

O exercício está integrado dentro da AF, definido como movimento do

corpo planeado, estruturado e repetitivo, realizado para promover ou manter um

ou mais componentes da condição física (Caspersen et al., 1985).

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Já o desporto é uma forma ainda mais específica de AF estruturada,

competitiva, sujeita a regras, caracterizada por sorte, jeito e estratégia (Kaplan

et al., 1993). Segundo o mesmo autor, o desporto pode também ser visto como

exercício físico pois também visa o alcance de uma melhor aptidão física. No

entanto, a atividades domésticas e de trabalho não são consideradas, pois não

têm como objetivo melhorar a aptidão física. Assim sendo, a intenção é algo

relevante para definir se uma ação é AF ou não, isto é, apenas a intenção de

querer perder peso ou alcançar uma melhoria na sua aptidão física será AF e

não a corrida para o autocarro ou o ato de caminhar vendo montras. O desporto

também se distingue do exercício físico através da intenção, uma vez que, no

primeiro, o objetivo é mais o rendimento e, no segundo, a saúde.

1.3. Benefícios da atividade física regular

Praticar atividades físicas regularmente é certamente um dos fatores que

caraterizam a procura pelo bem-estar e por uma vida saudável, considerando

portanto que os objetivos da AF serão portanto a promoção de saúde e da

qualidade de vida da população. Entende-se por saúde não só não ter doenças

assim como uma condição humana tridimensional, isto é, o físico, o social e o

psicológico em harmonia. Usufruir de capacidades de aproveitar, desfrutar a vida

e enfrentar desafios.

Mota (1998) defende que o desenvolvimento equilibrado de um jovem nos

domínios bio-psico-social pode ser alcançado através da prática de atividades

recreativas e de lazer, tais como as atividades físicas desportivas.

Neto (1994) refere que o desporto é uma atividade que nos seus

pressupostos deve contemplar a promoção dos valores humanos, os princípios

de solidariedade e a cooperação social e cultural entre os seus intervenientes.

Segundo Bento (1998), quer se fale de crianças, jovens, adultos, idosos e

deficientes, desporto de rendimento ou recreação, é sempre uma filosofia do

corpo e da vida fundamental.

Do ponto de vista de Mesquita (2004), a participação das crianças e jovens

no desporto promove o desenvolvimento pessoal e social, melhorando a

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capacidade de interação com os pares. Também defende que, através das

atividades desportivas, as crianças aprendem a correr risco e a fomentar a

responsabilidade pessoal e autonomia lidando de melhor maneira com o

sucesso e insucesso.

A Organização Mundial da Saúde (2006), como é possível verificar na

tabela em baixo, defende que cada grupo etário padece de diferenciadas

necessidades de AF relativamente ao tempo e intensidade de prática.

Quadro 11 - Como poderão as pessoas de todas as faixas etárias alcançar os níveis

recomendados de atividade física*

Pessoa Atividades

Criança

Caminhadas diárias de ida e volta da escola;

Sessões diárias de atividades escolares (Intervalos e clubes);

3-4 Oportunidades para atividades lúdicas durante a parte da tarde

ou noite;

Fim-de-semana: Longas caminhadas, visitas a parques ou

piscinas, passeios de bicicleta;

Adolescente

Caminhadas diárias (ou de bicicleta) de ida e volta da escola;

3-4 Atividades e desportos semanais organizados ou informais;

Fim-de-semana: Caminhadas, ciclismo, natação e atividades

desportivas;

Estudante

Caminhadas diárias (ou de bicicleta) de ida e volta da faculdade;

Tomar a iniciativa e aproveitar todas as oportunidades, para ser

ativo: Usar escadas e executar tarefas manuais;

2-3 Desportos semanais ou aulas físicas bem como visitas a

ginásios ou piscinas;

Fim-de-Semana: Caminhadas longas, ciclismo, natação e

atividades desportivas;

Adulto com

trabalho

remunerado

Caminhada diária ou de bicicleta para o trabalho;

Tomar a iniciativa e aproveitar todas as oportunidades, para ser

ativo: Usar escadas, executar tarefas manuais;

2-3 Desportos semanais, visitas a ginásio ou sessões de natação;

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Caminhadas longas, ciclismo, natação e atividades desportivas,

reparações em casa e jardinagem;

Adulto

trabalha a

partir de casa

Caminhadas diárias, reparações em casa e jardinagem;

Aproveitar oportunidades para ser ativo: Usar escadas e executar

tarefas manuais;

Desporto semanal ocasional, ginásio ou sessões de natação;

Fim-de-semana: Caminhadas longas, ciclismo e outras atividades

desportivas;

Adulto

desempregado

Caminhadas diárias, reparações em casa e jardinagem;

Aproveitar oportunidades para ser ativo: Usar escadas e executar

tarefas manuais;

Fim-de-semana: Caminhadas longas, ciclismo, natação ou

atividades desportivas;

Desportos ocasionais, ginásio ou sessões de natação;

Reformado

Caminhadas diárias, ciclismo, reparações em casa e jardinagem;

Aproveitar oportunidades para ser ativo: Usar escadas e executar

tarefas manuais;

Fim-de-semana: Caminhadas longas, ciclismo ou natação.

* Traduzido e adaptado de At least five a week. Evidence on the impact of physical activity and

its relationship to health (Department of Health (2004))

As necessidades de AF são diferentes para grupo etário como ilustrado na

tabela 1.

Posto isto, a importância que a AF regular deve ocupar nos estilos de vida

dos nossos jovens desde tenra idade, contribui para um desenvolvimento e

crescimento equilibrado global e consequentemente uma melhor aptidão física,

isto é, vida mais saudável e duradoura.

1.4. Desporto Federado e desporto por lazer

Barbosa (1991) considera que o desporto de competição onde há espaço

para treinos e grandes cargas horárias dedicadas à modalidade, pode ter

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inúmeras influências positivas para a vida de um jovem. Por outro lado, pode

também promover o desânimo pela modalidade em questão, sendo essa a

consequência da falta de sucesso nos resultados, por falta de apoio dos

familiares e amigos, entre outros. Outra consequência negativa do desporto

competitivo é que o excesso de esforço físico e ambição pode levar

desequilíbrios na sua relação com as suas satisfações físicas e emocionais

(Barbosa, 1991).

As atividades físicas desportivas, enquanto tempo de lazer, têm um

significado específico e uma existência autónoma podendo e devendo ser

considerado como um símbolo de afirmação pessoal e como um desejo de

individualidade associada a um centro de liberdade de eleição. O tempo de lazer

deve ser encarado como um tempo, tornando-se numa alternativa necessária e

importante para o crescimento, desenvolvimento e preparação de indivíduos na

construção do seu estilo de vida (auto realização) e da sua saúde (Pais, 1989).

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2. Enquadramento Metodológico

Segundo Fortin (2003), em qualquer trabalho de investigação, os objetivos

devem ser precisos, obedecendo a critérios de rigor e sistematização. A

metodologia tem como função fornecer estratégias aos investigados, que os

orientará em todo o processo da investigação.

2.1. Objetivos

O presente estudo foi desenvolvido com base nos seguintes objetivos:

- Conhecer os hábitos de prática de atividades físicas regularmente dos

alunos;

- Identificar quais os fatores motivacionais que fundamentam essa prática

desportiva;

- Comparar a causa de motivação e desmotivação por géneros e anos de

escolaridade;

2.2. Caracterização dos Participantes

Os participantes deste estudo são alunos de uma turma do 7º (n=22) e 9º

(n=27) ano de escolaridade. Participaram ao todo 49 crianças, com idades

compreendidas entre os 12 e os 16 anos de idade, sendo que 32 participantes

eram do sexo feminino e os restantes 17 do masculino.

Como podemos observar no 1, a amostra é constituída maioritariamente

por rapariga. A idade média de ambos os grupos (13,71) é bastante próxima.

Quadro 12 - Características gerais dos participantes

Masculino (n = 17) Feminino (n =32)

Ano de escolaridade, n(%) 7º ano 5(29,4%) 17(53,1%)

9º ano 12 (70,6%) 15 (46,9%)

Idade (anos), M±DP 14,06 ± 0,97 13,53 ± 1,05

M= média, DP= desvio-padrão

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2.3. Procedimentos

Para a realização deste estudo, num primeiro momento, dia 1 de abril,

foram entregues questionários para perceber qual o estado dos alunos em

relação a clubes desportivos, se praticavam regularmente atividades físicas e

qual a intensidade dessas atividades. Foi também entregue aos participantes um

questionário adaptado acerca dos motivos que levam os alunos à prática

desportiva e os motivos que os afastam da mesma (adaptações do questionário

QMDA e do inquérito IMAAD).

Num segundo momento, foram lecionadas sessões de modalidades

desportivas não presentes no planeamento da disciplina de EF. Algumas visando

a recreação e outras vertentes mais competitivas. Para o efeito foram lecionadas

sessões de ténis de mesa, badminton, judo, matrecos humanos e ainda uma

aula de campo, fora do ambiente estudantil, na praia de Matosinhos onde foi

realizada uma aula de surf com a colaboração da escola de surf Godzilla Surf’s

Cool. Foi também realizada uma aula teórica com suporte audiovisual

apresentando à turma os principais benefícios de uma AF regular, as diferenças

entre desporto recreativo e competitivo, as diferentes modalidades desportivas

organizadas por categorias e, ainda, uma discussão aberta sobre a

apresentação. Ajudar um aluno a definir uma modalidade desportiva para

experienciar e onde encontrar um espaço ou um grupo desportivo para praticar

a mesma foi uma das funções a que me propus. Para suporte audiovisual foi

utilizada uma apresentação PowerPoint™ e alguns vídeos de vários êxitos de

diversas modalidades e dois breves trailers relativos aos Jogos Olímpicos 2016

e dos Jogos Paralímpicos 2012.

No final destas sessões práticas e exposição teórica, os alunos

responderam a um breve questionário com o objetivo avaliar o efeito das

sessões, isto é, se consideraram a minha ação produtiva e interessante.

Ao longo dos diversos momentos de intervenção ou recolha de dados, as

duas turmas nunca se misturaram, apesar de os procedimentos terem sido

exatamente iguais, apenas alternando a ordem das sessões práticas e teórica,

não influenciando o objetivo do estudo.

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2.3.1. Instrumentos

Neste estudo de investigação-ação utilizaram-se os seguintes instrumentos

e materiais:

i) Um pequeno questionário (ANEXO II) criado especificamente para este

estudo, com o objetivo de perceber se os alunos fazem parte de algum grupo

desportivo amador, recreativo ou federado, o tempo de prática de atividades

físicas por semana ou por mês e se nessas atividades eles se empenham ao

máximo procurando melhorar o seu rendimento ou aptidão física e saúde.

ii) O Questionário de Motivação para as Atividades Desportivas (QMAD)

(ANEXO III), que é a versão traduzida e adaptada para a língua portuguesa por

Serpa e Frias (1991) do questionário Participation Motivation Questionnaire

(PMQ; Gill, Gross & Huddleston, 1983), para que fossem determinadas as

motivações para a prática desportiva. Este instrumento é formado por 30 itens e

é precedido pela seguinte expressão “As pessoas praticam atividades

desportivas para…”. E as respostas são dadas numa escala de tipo Likert,

representando o 1- “nada importante”, 2- “pouco importante”, 3- “importante”, 4-

“muito importante” e o 5- “totalmente importante”. No entanto, tive necessidade

de reduzir para 20 itens, selecionando apenas os itens relevantes para este

estudo.

iii) O Inquérito de Motivações para a Ausência de Atividade Desportiva

(IMAAD) (ANEXO IV) para determinar quais os fatores que contribuem para a

não prática desportiva, desenvolvido por Pereira e Vasconcelos-Raposo (1997).

Este inquérito é composto por 39 itens e as respostas são dadas numa escala

do tipo Likert, sendo que o 1- representa “Nada importante”, 2- “Pouco

importante”, 3- “Importante”, 4- “Muito importante” e 5- “Totalmente importante”.

Tal como o questionário anterior, este inquérito foi adaptado e reduzido para 20

itens de resposta.

iv) Uma apresentação PowerPoint™ (ANEXO V) desenvolvida com base

na bibliografia analisada neste estudo e com base no levantamento de clubes,

grupos, espaços e modalidades desportivas existentes nas redondezas do meio

escolar.

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v) Material usado nas aulas em que foram abordadas as variadas

modalidades desportivas, tais como: os colchões e judogi na aula de judo, as

raquetes e mesas na aula de ténis de mesa, as cordas e giz na aula de matrecos

humanos e, no futuro, pranchas na aula de surf a decorrer no 3º período.

vi) questionário final (ANEXO VI) para avaliar o efeito da intervenção.

Esse questionário era composto por cinco questões (três de resposta fechada

(sim, não) e duas de resposta aberta) com o objetivo de entender se a amostra

constituída pelos alunos compreendeu quais os benefícios de um plano de AF

regular. E se a intervenção foi eficaz, de forma a motivar a população-alvo para

a iniciação para estes hábitos saudáveis.

2.4. Análise estatística

Através da versão 21.0 do programa SPSS, realizou-se a análise de dados

deste estudo. Todos os cálculos e análises foram realizados segundo um

intervalo (nível) de confiança de 95%, assim como todos os valores comparados,

quer entre género e ano de escolaridade, foram realizados por valor médio de

respostas a cada categoria, transformando assim as variáveis ordinais em

variáveis contínuas. Relembro que ambos os questionários são preenchidos

através de uma escala Likert de 1 a 5, em que 1 é o valor mínimo e 5 o valor

máximo.

Para a análise estatística dos dados recolhidos, realizou-se inicialmente

uma análise descritiva (frequência, média e desvio padrão) e posteriormente

efetuou-se uma análise comparativa em função das variáveis independentes,

recorrendo a inferência estatística, nomeadamente, utilizando um teste de

comparação de médias independentes e um teste não paramétrico (Mann-

WhitneyU). Este teste utilizado tem como finalidade testar duas amostras

independentes com o objetivo de verificar se ambas provêm de populações com

médias semelhantes (MacFarland, 1998).

Para análise dos resultados, usou-se o nível de significância, p≤ 0,05.

Através do nível de significância é possível verificar diferenças entre os grupos

estudados (Harel, 2009).

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2.5. Apresentação dos Resultados

A apresentação dos resultados engloba diferentes momentos que vão ao

encontro dos objetivos do estudo delineados. Num primeiro momento, serão

descritos os hábitos de prática de atividades físicas regular dos alunos.

Posteriormente, são identificados os principais fatores que motivam os alunos

para a prática desportiva, comparando os fatores de motivação e desmotivação

por género e por anos de escolaridade.

2.5.1. Hábitos de prática de atividades físicas

Após análise dos resultados dos questionários entregues no início do ano

letivo aos alunos do 7º ano e do 9º ano, foi possível verificar 38,8 % dos alunos

respondeu “nunca” à frequência desportiva fora do contexto escolar, logo de

seguida, 28,6 % “quase todos os dias”. A resposta que obteve uma percentagem

menos de alunos foi “menos de uma vez/semana”.

Com os resultados, podemos verificar que a maioria dos alunos nestas

faixas etárias não pratica qualquer desporto fora do contexto da escola.

Quadro 13 - Frequência desportiva fora da escola

Frequência desportiva fora da escola

Nunca 38,8 %

Menos de uma vez/semana 6,1 %

Uma vez/semana 16,3 %

Duas vezes/semana 10,2 %

Quase todos os dias 28,6 %

Na segunda questão do questionário, os resultados foram maiores na

resposta “não”, constituindo 59,2 % dos alunos, porém a diferença entre o “sim”

e o “não” não é muito grande estatisticamente, como podemos verificar na tabela

2.

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87

Quadro 14 - Prática de desporto federado

Prática de desporto federado

Sim 40,8 %

Não 59,2 %

Relativamente à participação em competições desportivas, 40,8 % dos

alunos já participaram, mas de momento não o fazem, como podemos observar

na tabela 3. Em contrapartida, 2,0 % participam a nível escolar e 30,6 % a nível

do clube. Já 26,5 % dos alunos nunca participaram em quaisquer competições

desportivas.

Quadro 15 - Participação em competições desportivas

Participação em competições desportivas

Nunca participei 26,5 %

Não participo, mas já participei 40,8 %

Sim, a nível escolar 2,0 %

Sim, ao nível do clube 30,6 %

Para finalizar, na questão “tempos dedicados à prática de atividades

desportivas ate ficarem ofegantes”, 39,6 % dos alunos apontaram “entre meia

hora e uma hora”, enquanto 16,7 % assinalaram a resposta “quatro ou mais

horas”.

Ao observar a tabela 4, podemos verificar uma vez mais que as respostas

dos participantes não diferem muito estatisticamente.

Quadro 16 - Tempos dedicados à prática de atividades desportivas até ficarem ofegantes

Tempos dedicados à prática de atividades desportivas até ficarem ofegantes

Nunca 20,8 %

Entre meia hora e uma hora 39,6 %

Duas a três horas 22,9 %

Quatro ou mais horas 16,7 %

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88

Após análise dos resultados, podemos verificar que a maioria dos

participantes nunca frequentaram qualquer desporto fora do contexto escolar, e

os que participam, apenas 40,8 % praticam federalmente.

Ainda é possível concluir que 40,8 % já participaram em competições

desportivas e 26,5 % nunca participaram. Dos participantes que participaram ou

participam em competições, há uma maior percentagem na resposta “sim, a nível

do clube”.

2.4.2. Fatores que motivam os alunos para a prática desportiva

Conforme podemos observar a tabela do ANEXO VII, é possível perceber

que as categorias “criar hábitos de vida saudáveis” e “divertimento” foram as

duas categorias mais registadas. Relativamente à categoria menos importante

para os participantes, o “ser conhecido” foi a mais apontada.

As categorias de resposta a que os alunos consideraram de maior

importância acerca do que os motiva e orienta para uma prática desportiva

regular foram o “divertimento”, “fazer exercício” e “criar hábitos de vida

saudáveis”. Em segundo plano, também foram registadas com alguma

frequência as categorias “estar com os amigos”, “manter a forma”, “fazer novas

amizades”, “fazer alguma coisa em que se é bom”, ”estar em boa condição física”

e “ultrapassar desafios”.

As categorias menos registadas, e portanto de menos importância para os

participantes, foram: “ser conhecido”, “ganhar”, “ter emoções fortes”, “influência

da família ou de outros amigos”, “receber prémios”, “pretexto para sair de casa”,

“entrar em competição” e “influência de treinadores”.

Em contrapartida, os fatores desmotivadores para a prática desportiva

apontados pelos participantes, predominam “por motivos de doença”, “falta de

tempo”, “horários disponíveis das instalações não são adequados”, “Falta de

instalações desportivas”, “Há poucas possibilidades de prática”, “As modalidades

existentes não são as que mais gostam”, “Falta de iniciativas desportivas”,

“Porque não se sentem bem a praticar”. Nas restantes, não existem diferenças

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89

significativas, não havendo uma razão para citar uma categoria que os desmotive

menos, como podemos observar na tabela no ANEXO VIII.

2.4.3. Comparação dos fatores de motivação e desmotivação por

géneros e anos de escolaridade;

Como foi mencionado anteriormente, para avaliação dos fatores que

motivam os participantes para a prática desportiva, recorreu-se ao QMAD. Desta

forma, a seguinte tabela retrata os valores observados.

Quadro 17 - Análise descritiva e comparativa das variáveis dependentes segundo o género

(QMAD)

QMAD M ± DP Valor - p

GF GM

Estar com os amigos 4,41±0,95 4,33±0,9 0,682

Ganhar 2,78±1,26 3,88±0,96 0,005*

Descarregar energias 3,38±1,18 4,06±0,85 0,044*

Manter a forma 4,16±0,95 4,50±0,73 0,241

Ter emoções fortes 3,25±1,39 3,81±1,17 0,177

Criar hábitos de vida saudáveis 4,66±0,60 4,53±0,74 0,639

Influência da família ou de outros

amigos 3,39±1,33 3,53±1,41 0,718

Fazer novas amizades 4,0±1,05 4,31±0,79 0,376

Fazer alguma coisa em que se é

bom 4,16±0,95 4,44±0,73 0,379

Receber prémios 3,06±1,46 3,53±1,25 0,284

Fazer exercício 4,47±0,72 4,62±0,72 0,366

Ter alguma coisa para fazer 3,8±1,10 3,88±1,09 0,828

Pretexto para sair de casa 3,26±1,32 3,13±1,46 0,772

Entrar em competição 3,00±1,14 3,81±1,22 0,037*

Pertencer a um grupo 3,72±1,14 4,00±1,03 0,425

Estar em boa condição física 4,16±1,05 4,38±1,79 0,812

Ser conhecido 2,44±1,37 2,62±1,50 0,693

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90

Ultrapassar desafios 3,97±1,02 4,38±0,81 0,192

Influências dos treinadores 2,91±1,28 3,12±1,36 0,566

Divertimento 4,72±0,68 4,44±0,81 0,153

M= média, DP= desvio-padrão,*p ≤ 0,05, GF = Género Feminino; GM = Género Masculino

Com os valores de p obtidos, e considerando o nível de significância p ≤

0,05, pode-se verificar que existem diferenças significativas nas variáveis

“ganhar”, “descarregar energias” e “entrar em competição”, ou seja, as

diferenças encontradas entre género com significância estatística. O género

feminino apresentou um valor médio menor em quase todos estes motivos.

Ainda se pode comprovar que nestes três fatores que motivam os alunos

para a prática desportiva, existe uma maior percentagem no género masculino.

Ainda é possível verificar algumas diferenças significativas entre os géneros

relativamente às categorias que motivam os alunos para a prática desportiva.

Deste modo, o “ganhar”, “entrar em competição”, “descarregar energias”, “ter

emoções fortes” e “receber prémios” são categorias consideravelmente mais

importante para género masculino, comparativamente ao género feminino. O

“pertencer a um grupo” e “ultrapassar desafios” também foram categorias

consideradas mais importantes pelo género masculino, ainda que com menor

significância que as anteriores.

Com os resultados podemos verificar que os fatores competitivos são

predispostos para incentivar a prática desportiva, sendo uma razão principal para

o género masculino.

Dentro do género masculino, as categorias apontadas com uma maior

importância foram “fazer exercício”, “criar hábitos da vida saudáveis”, “manter a

forma”, “divertimento” e ultrapassar desafios. Já no género feminino,

“Divertimento”, “Criar hábitos de vida saudáveis”, “fazer exercícios” e “estar com

os amigos”.

Assim podemos concluir que os alunos revelam motivos semelhantes no

envolvimento da prática desportiva, havendo diferenças significativas em três

fatores mencionados anteriormente. Estes jovens procuram alcançar um

estatuto social no seu meio, através do desporto e atividades físicas, sobrepondo

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91

o corpo ao intelecto. Segundo esta análise, o género masculino reflete

exatamente o pressuposto anterior.

No que diz respeito à comparação dos fatores que motivam os alunos

segundo o ano de escolaridade, as diferenças encontradas correspondem às

variáveis “Influência da família ou de outros” e “Influência dos treinadores”, como

podemos observar na tabela 6. Demonstrando aqui que o fator “influência” é

crucial para motivar os alunos para a prática desportiva, mais para os do 7ºano,

como podemos ver no quadro anterior.

Quadro 18 - Análise descritiva e comparativa das variantes dependentes segundo a idade de

escolaridade (QMAD)

QMAD M ± DP Valor - p

7ºano 8ºano

Estar com os amigos 4,45±0,86 4,32±0,99 0,683

Ganhar 3,00±1,31 3,27±1,25 0,537

Descarregar energias 3,27±1,32 3,88±0,86 0,089

Manter a forma 4,45±0,80 4,12±0,95 0,181

Ter emoções fortes 3,82±1,18 3,12±1,40 0,085

Criar hábitos de vida saudáveis 4,68±0,65 4,56±0,65 0,388

Influência da família ou de outros

amigos 4,30±0,92 2,77±1,24 0,000*

Fazer novas amizades 4,18±0,96 4,04±1,00 0,608

Fazer alguma coisa em que se é

bom 4,36±0,90 4,15±0,88 0,322

Receber prémios 3,43±1,50 3,04±1,31 0,359

Fazer exercício 4,55±0,80 4,50±0,65 0,509

Ter alguma coisa para fazer 3,86±1,20 3,80±1,00 0,773

Pretexto para sair de casa 3,62±1,40 2,88±1,24 0,068

Entrar em competição 3,18±1,14 3,35±1,29 0,632

Pertencer a um grupo 4,00±1,07 3,65±1,13 0,267

Estar em boa condição física 4,23±1,19 4,19±0,75 0,345

Ser conhecido 2,68±1,32 2,35±1,47 0,276

Ultrapassar desafios 4,05±1,16 4,15±0,78 0,954

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Influências dos treinadores 3,45±1,14 2,58±1,30 0,018*

Divertimento 4,55±0,91 4,69±0,55 1,000

M= média, DP= desvio-padrão,*p ≤ 0,05

Ainda no quadro, é possível verificar divergências nas categorias:

“influência familiar e amigos”, “pretexto para sair de casa” e “influência do

treinador”, tendo uma maior média de importância nos alunos do 7º ano. Estes

resultados comprovam uma vez mais, que o fator motivacional é essencial para

a prática desportiva.

Nos alunos do 7º ano, a maioria apontou para a principal razão “criar

hábitos de vida saudáveis” e a menos provável “mais conhecido”. Já nos alunos

do 9º ano, o “divertimento” é o fator principal para a prática desportiva, já a razão

que menos os influencia à prática é a mesma do que a do 7º ano.

No que concerne aos fatores que desmotivam, foi importante avaliar

através IMAAD, quais os que influenciam os alunos segundo o género. Conforme

a seguinte quadro, é possível verificar que não existem diferenças significativas,

porém se formos analisar de forma descritiva no quadro seguinte, para o género

feminino, as categorias mais desmotivadoras são: “por motivos de saúde”,

“porque não se sentem bem a praticar” e “as modalidades existentes não são as

que mais gostam”. Já as que consideram menos desmotivadoras são: “por causa

do seu visual” e “têm medo de se aleijar”. Enquanto para o género masculino, as

categorias mais importantes para a sua desmotivação são: “horários das

instalações não são adequados” e “por motivos de saúde”. Já as que menos

importâncias têm são: “porque não gostam de estar em grupo” e “por causa do

seu visual”

Na maioria dos itens, é o género feminino que aponta a maior percentagem

para cada fator que desmotiva para a prática desportiva.

Quadro 19 - Análise descritiva e comparativa das variáveis dependentes segundo o género

(IMAAD)

IMAAD M ± DP Valor - p

GF GM

Falta de interesse, de vontade 2,41±1,50 2,38±1,67 0,807

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Falta de instalações desportivas 2,71±1,46 2,69±1,66 0,935

Falta de tempo 2,84±1,48 2,69±1,70 0,727

Falta de treinadores/professores 2,66±1,33 2,06±1,48 0,133

Falta de equipamento pessoal 2,27±1,14 2,50±1,46 0,683

Por motivos de saúde 3,44±1,39 2,75±1,77 0,190

Não gostam de desporto 2,53±1,48 2,06±1,53 0,232

Há poucas possibilidades de

prática 2,81±1,35 2,31±1,35 0,206

Os pais não deixam/apoiam a

prática 2,62±1,43 2,38±1,41 0,579

Os horários disponíveis das

instalações não são adequados 2,78±1,36 2,81±1,28 0,928

As modalidades existentes não

são as que mais gostam 2,88±1,38 2,12±1,50 0,080

Acham que não são bons a

praticar desporto 2,59±1,27 2,25±1,39 0,319

Têm medo de se aleijar 2,19±1,25 2,25±1,44 0,991

O desporto não traz benefícios 2,39±1,48 2,00±1,37 0,417

Por causa do seu “visual” (se são

gordos ou muito magros) 2,06±1,26 1,94±1,44 0,540

Por causa da idade 2,39±1,36 2,00±1,14 0,279

Porque não se sentem bem a

praticar 2,90±1,34 2,12±1,26 0,060

Não gostam do confronto físico 2,52±1,14 2,12±1,41 0,323

Falta de iniciativas desportivas 2,74±1,32 2,38±1,54 0,384

Porque não gostam de estar em

grupo 2,35±1,28 1,81±1,22 0,125

M= média, DP= desvio-padrão,*p ≤ 0,05; GF = Género Feminino; GM = Género Masculino

No que diz respeito aos principais motivos de contribuem para desmotivar

os alunos para a prática desportiva segundo ano de escolaridade, é possível

verificar ao observar a quadro 8 que existem diferenças significativas nas

variáveis “horários disponíveis das instalações não são adequados”, “O desporto

não traz benefícios”, “Por causa do seu “visual” (se são gordos ou muito magros)

”, “Por causa da idade”, “Porque não se sentem bem a praticar”, “Não gostam do

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confronto físico” e “Porque não gostam de estar em grupo”. Sendo que uma vez

mais, existe uma maior percentagem de nestes fatores que desmotivam para os

alunos do 7º ano em comparação ao 9º ano.

Num quadro geral, e como podemos observar no quadro 9, as principais

diferenças observadas após comparar os resultados do IMAAD por ano de

escolaridade são nas categorias “não gostam de confronto físico”, “horários

disponíveis das instalações não são adequados”, “não gostam de estar em

grupo”, “não gostam de desporto”, “por causa da idade”, “o desporto não traz

benefícios”, e “há poucas possibilidades de prática”. No entanto também é

possível observar algumas diferenças relativamente à falta de oportunidade de

praticar desporto e à falta de apoio dos pais. Relativamente às categorias mais

importantes para os alunos do 7º ano, encontramos “por motivos de saúde” e “

horários disponíveis das instalações não são adequados” e enquanto categorias

menos importantes consideraram “por causa do seu visual” e “terem medo de se

aleijar. Já os alunos do 9º ano, consideram que as categorias com maior

importância são “Por motivos de saúde” seguido de “falta de tempo” e “falta de

instalações desportivas”. Já o que consideram menos relevante para a

desmotivação desportiva são “por causa do seu visual”, “não gostam de estar

em grupo” e “não gostam de contacto físico”.

Quadro 20 - Análise descritiva e comparativa das variáveis dependentes segundo o ano de

escolaridade (IMAAD)

IMAAD M ± DP Valor - p

7º ano 8º ano

Falta de interesse, de vontade 2,59±1,56 2,23±1,53 0,402

Falta de instalações desportivas 2,62±1,53 2,77±1,53 0,766

Falta de tempo 2,82±1,65 2,77±1,48 0,856

Falta de treinadores/professores 2,73±1,39 2,23±1,39 0,233

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Falta de equipamento pessoal 2,60±1,35 2,15±1,16 0,243

Por motivos de saúde 3,32±1,32 3,12±1,73 0,804

Não gostam de desporto 2,73±1,55 2,08±1,141 0,135

Há poucas possibilidades de

prática 3,00±1,45 2,35±1,23 0,105

Os pais não deixam/apoiam a

prática 2,86±1,45 2,27±1,34 0,154

Os horários disponíveis das

instalações não são adequados 3,23±1,31 2,42±1,24 0,034 *

As modalidades existentes não são

as que mais gostam 2,95±1,40 2,35±1,47 0,144

Acham que não são bons a

praticar desporto 2,82±1,33 2,19±1,23 0,088

Têm medo de se aleijar 2,29±1,15 2,15±1,43 0,485

O desporto não traz benefícios 2,67±1,32 1,92±1,47 0,034 *

Por causa do seu “visual” (se são

gordos ou muito magros) 2,33±1,15 1,77±1,39 0,037 *

Por causa da idade 2,67±1,32 1,92±1,35 0,037 *

Porque não se sentem bem a

praticar 3,10±1,30 2,27±1,31 0,036 *

Não gostam do confronto físico 3,00±1,34 1,88±1,28 0,004 *

Falta de iniciativas desportivas 2,95±1,28 2,35±1,44 0,124

Porque não gostam de estar em

grupo 2,62±1,20 1,81±1,23 0,013 *

M= média, DP= desvio-padrão,*p ≤ 0,05

2.6. Discussão dos Resultados

2.6.1. Hábitos de prática de atividades físicas

Muitos estudos se têm enquadrado na descoberta dos fatores que motivam

os alunos para a prática ou não prática do desporto, tornando importante

perceber os principais motivos, visto com a mudança do paradigma, o interesse

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pelo desporto tem vindo a alcançar ema enorme escala na nossa sociedade, em

diferentes contextos (Jesus, 1993).

Inicialmente, pretendemos procurar encontrar os hábitos de prática de

atividades físicas, desta forma, com a apresentação dos resultados, foi possível

verificar que uma percentagem significativa dos participantes (38,8%) tem

hábitos sedentários, pois responderam “nunca” à frequência desportiva fora do

contexto escolar. Estes valores são inferiores aos encontrados no estudo de

Esculcas e Mota (2005), que indicam que 42,2% não praticam qualquer AF e

desportiva, porém são valores superiores em comparação com os resultados

obtidos por Marques (2010) e por Santos, Gomes, Ribeiro & Mota (2005), que

verificaram que apenas 18,5% e 26% dos alunos não têm o hábito frequente da

prática desportiva.

Relativamente à prática de um desporto federado, ou seja, uma AF e

desportiva numa componente formal, 59,2 % dos participantes não fazem parte.

Estes valores são ligeiramente superiores comparativamente aos resultados

obtidos por Marques (2010), que menciona que 51,8 % não praticam desportos

federados. Para Fernandes e Maia (2009) a percentagem que corresponde aos

alunos que não têm a prática de desporto federado é de 45,5 %, para Esculcas

e Mota (2005) 41% e para Matos et al. (2002) 18,9% e em 2006 os mesmos

autores verificaram uma diminuição, 7,2%.

Para a participação em competições desportivas, a maioria respondeu

“participei, mas já não participo”, o que vem corroborar a necessidade de

entender os motivos que levam os alunos a desistirem das competições e

consequentemente da prática desportiva. Dos que ainda participam, grande

maioria é a nível do clube, tornando a AF e desportiva numa componente

federada, como foi mencionado anteriormente.

Segundo Marivoet (1991), Portugal tem um índice de prática desportiva

substancialmente mais baixo, quando comparado com os valores médios de

outros países da Comunidade Europeia, e de facto com este estudo podemos

verificar que os hábitos de desporto destes participantes encontram-se baixos.

2.6.2. Fatores que motivam os alunos para a prática desportiva

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Após análise dos resultados, verificamos que existem muitas categorias

que motivam os alunos para a prática desportiva, como por exemplo o

“divertimento”, “fazer exercício” e “criar hábitos de vida saudáveis”, sendo as que

foram mais apontadas. De seguida, “estar com os amigos”, “manter a forma”,

“fazer novas amizades”, “fazer alguma coisa em que se é bom”, ”estar em boa

condição física” e “ultrapassar desafios” foram os motivos mencionados.

Estes resultados vão muito ao encontro ao estudo de Serpa (1992) que

pesquisou os principais motivos que levavam aos jovens com idades

compreendidas entre os 10 e os 15 anos à prática desportiva. Deste modo, estar

em boa condição física, trabalhar em equipa, aprender novas técnicas, espírito

de equipa, fazer exercício, manter a forma, atingir um nível desportivo mais

elevado, melhorar as capacidades técnicas e fazer novas amizades foram os

motivos mais apontados neste estudo.

No estudo realizado Pereira e Vasconcelos-Raposo (1997), os alunos das

duas escolas do concelho de Baião apontaram como principais motivos para a

prática desportiva o “Estar em boa condição física”, “Trabalhar em equipa”,

“Fazer novas amizades, “Aprender novas técnicas”, “Divertimento”, “Estar com

os amigos” “Fazer exercício” e “Manter a forma”. Estes resultados vão ao

encontro dos resultados do meu estudo, sendo apontados os mesmos motivos,

porém a única diferença é no fator “fazer alguma coisa em que se é bom”,

apontado no meu estudo.

Já no estudo de Veigas, Catalão, Ferreira e Boto (2009), os motivos

principais apontados pelos alunos das escolas de Vila Real foram: “estar em boa

condição física”, “atingir um nível desportivo mais elevado” e “manter a forma”.

A diferença comparativamente com o meu estudo é relativamente ao motivo

“atingir um nível desportivo mais elevado”, não tido muita importância.

Relativamente aos fatores com menos importância: “ser conhecido”,

“ganhar”, “ter emoções fortes”, “influência da família ou de outros amigos”,

“receber prémios”, “pretexto para sair de casa”, “entrar em competição” e

“influência de treinadores”, o único em comum ao do estudo de Pereira e

Vasconcelos-Raposo (1997) é “Pretexto para sair de casa”. As restantes

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apontadas neste estudo foram: “Descarregar energias” e “Ter a sensação de ser

importante”.

Comparativamente ao estudo de Veigas, Catalão, Ferreira e Boto (2009),

os motivos apontados (“ser conhecido”, “ter a sensação de ser importante” e “

pretexto para sair de casa”) coexistem, com a exceção de “ter a sensação de

ser importante”.

Mesmos que sejam apontadas algumas diferenças nos resultados de cada

estudo em comparação com o atual delineado, é possível encontrar um padrão

nos motivos, sendo eles maioritariamente comuns, salvo exceção.

Simultaneamente à descoberta dos principais fatores que motivam os

participantes à prática desportiva foi também importante definir os fatores que

contrariamente desmotivam para a mesma prática, desta forma deste estudo por

motivos mais apontados foram: “por motivos de doença”, “falta de tempo”,

“horários disponíveis das instalações não são adequados”, “Falta de instalações

desportivas”, “Há poucas possibilidades de prática”, “As modalidades existentes

não são as que mais gostam”, “Falta de iniciativas desportivas”, “Porque não se

sentem bem a praticar”.

Uma vez mais, os fatores que desmotivam coabitam com os encontrados

no estudo em 1997, já mencionado anteriormente, ora vejamos, “Falta de

instalações desportivas”, “Falta de iniciativas desportivas por parte da autarquia”,

“Por motivos de saúde”, “As instalações desportivas ficam longe”, “Os horários

disponíveis para a prática não são adequados”, “Falta de tempo”, “Há poucas

possibilidades de prática”, “Há poucas pessoas interessadas”, “Falta de

interesse/vontade”, “O trabalho não permite”, “Falta de treinadores/professores”,

“Falta de informação” e “Falta de apoios, subsídios”.

No que diz respeito ao estudo realizado em 2009, já referido, os motivos

mais apontados para a não prática desportiva correspondem aos “horários

disponíveis das instalações não são adequados”, “falta de iniciativas desportivas

por parte da autarquia” e “têm outras coisas para fazer”.

Como verificamos no estudo dos fatores que motivam os alunos para a

prática desportiva, também conferimos nos fatores que desmotivam para a

mesma prática que existe uma equivalência nos resultados dos estudos,

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podendo excecionalmente diferir em certos pontos, mas isso pode ser

respondido pela individualidade dos participantes.

2.6.3. Comparação dos fatores de motivação e desmotivação por

géneros e anos de escolaridade;

Fatores de motivação

Neste estudo foi possível verificar que havia diferenças entre os géneros

nos fatores de motivação, nomeadamente nas variáveis “ganhar”, “descarregar

energias” e “entrar em competição”, maioritariamente mencionados pelo género

masculino.

Estes resultados corroboram outros estudos que evidenciam que o género

feminino dá menos importância aos motivos relacionados com a realização e o

estatuto pessoal (Fonseca,1995).

Efetivamente podemos comprovar que existem poucas diferenças, e que o

fator competitivo é a principal desigualdade entre os géneros. Estes resultados

podem ser explicados por Allen (2003) que relata que os motivos para a prática

desportiva não difere significativamente entre os géneros durante a fase da

adolescência.

Relativamente aos fatores que motivam consoante a idade de escolaridade,

as únicas diferenças significativas encontradas correspondem ao fator influência,

apontada com uma importância maior pelos alunos do 7ºano. Nesta idade, a

influência é uma fator crucial para a aprendizagem, sendo esta sujeita por parte

dos pais, professores/treinadores e pelos colegas/amigos. Bengoecheaa e

Strean (2007) no seu estudo concluíram que existe um grande número de

indivíduos que estão envolvidos no desenvolvimento interpessoal e na

motivação para o desporto.

Existe uma contradição na literatura no que concerne à influência da idade

nos fatores que motivam para a prática desportiva. Ora vejamos, no estudo de

Fonseca e Fontaínhas (1993) observaram diferenças significativas nos motivos

segundo a idade, no qual os mais novos deram mais importância aos fatores

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relacionados com o Estatuto, Grupo, Libertação de Energia, Divertimento,

Amigos e Outros.

De facto, neste ponto não existe um consenso em comparação com

estudos realizados, facto que pode ser explicado, no estudo de Balbinotti,

Barbosa, Juchem, Balbinotti, & Saldanha (2007) que concluíram que os fatores

de motivação não variam significativamente, durante a adolescência.

Fatores de desmotivação

No atual estudo não foi possível constatar uma diferença significativa entre

os fatores que desmotivam segundo o género.

No mesmo estudo, Pereira e Vasconcelos-Raposo (1998) constataram que

as raparigas deram mais importância aos fatores de “Desinteresse próprio e

Saúde” e os rapazes ao fator “Estética”, no qual o género feminino encara o

envolvimento desportivo com apreensão e receio.

No estudo de Veigas, Catalão, Ferreira e Boto (2009), os participantes do

género feminino deram importância à maioria dos fatores que desmotivam, com

a exceção do fator “Falta de apoios/Condições”, demostrando que as raparigas

têm menos interesse pela prática desportiva.

O facto de não haver diferenças significativas no que respeita às razões

que desmotivam em função do género pode ser explicado pela redução da

amostra comparativamente com outros estudos. Porém é importante referir que

o principal objetivo do estudo era compreender os fatores que motivam e

desmotivam os meus alunos de forma a criar um plano de intervenção.

Relativamente à comparação dos fatores que desmotivam os participantes

segundo o nível de escolaridade, pode-se encontrar diferenças significativas nos

seguintes fatores: “não gostam de confronto físico”, “horários disponíveis das

instalações não são adequados”, “não gostam de estar em grupo”, “não gostam

de desporto”, “por causa da idade”, “o desporto não traz benefícios”, e “há

poucas possibilidades de prática”. Estes fatores têm maior incidência no 7º ano.

Considerando que os alunos mais velhos têm uma maior consciência da

realidade e dos motivos que os impedem ou condicionam a sua prática

desportiva seria de esperar uma maior importância aos fatores que desmotivam,

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como foi observado no estudo de Pereira e Vasconcelos-Raposo (1998) no qual

os alunos mais velhos apontaram: “Falta de instalações desportivas”, “Falta de

iniciativas desportivas por parte da autarquia”, “As instalações desportivas ficam

longe”, “Falta de apoios e subsídios”, “Falta de treinadores e professores”, “Os

horários disponíveis para a prática não são adequados”, “Falta de informação” e

“Há poucas possibilidades de prática”.

As razões apontadas em maioria pelos alunos do 7ºano, demonstram no

seu global que os participantes não gostam de praticar atividades físicas, não

sendo fatores contextuais (ex: falta de instalações desportivas”) que o

concionam, mas sim fatores de desinteresse.

2.7. Conclusão

Com a realização deste estudo de Investigação-Ação pode-se descobrir um

conjunto de fatores que parecem estar associados a algumas varáveis que

determinam a escolha final dos alunos para a prática de atividades físicas,

segundo o género e o ano de escolaridade.

Bem sabemos que hoje em dia, toda a população está ciente das

vantagens de uma vida saudável, na qual a prática de atividades físicas contribui

em grande escala. Porém, com este estudo podemos concluir que grande

percentagem dos alunos que praticam AF é reduzida, tornando os hábitos um

pouco sedentários.

Com o estudo podemos concluir que os fatores “criar hábitos de vida

saudáveis” e “divertimento” foram as duas categorias mais registadas pelos

participantes para os motivar para a prática de atividades físicas. Em

contrapartida, os fatores desmotivantes que predominaram foram: “por motivos

de doença”, “falta de tempo”, “horários disponíveis das instalações não são

adequados”, “Falta de instalações desportivas”, “Há poucas possibilidades de

prática”, “As modalidades existentes não são as que mais gostam”, “Falta de

iniciativas desportivas” e “Porque não se sentem bem a praticar”.

Ainda foi determinantes comprovar que existem diferenças significativas no

que concerne aos fatores de motivação segundo o género e o ano de

escolaridade, resultados que vão ao encontro da literatura. No que diz respeito

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aos fatores que desmotivam para a prática de atividades físicas, apenas só foi

encontrado diferenças significativas segundo o ano de escolaridade, no qual os

alunos do 7º ano deram importância ao fator Influência.

Para concluir, é importante referir que o estudo tinha como objetivo

conhecer os hábitos da prática de atividades físicas dos meus alunos, tal como

perceber quais os fatores que os motivam e desmotivam para essa prática. No

entanto, seria pertinente futuramente aprofundar a investigação com uma

amostra maior, conseguindo desta forma uns resultados mais fiáveis.

2.8. Referências Bibliográficas

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6. Devaneios de um estagiário

“O professor reflexivo é, então, o que busca o equilíbrio entre a ação e o

pensamento e uma nova prática implica sempre uma reflexão sobre a sua

experiência, as suas crenças, imagens e valores”

(Oliveira e Serrazina, 2002, p.39)

Nesta fase, remeto a juntar um aglomerado de conclusões. Umas já

referidas, outras por referir. Umas explícitas, outras, julgo implícitas. Este é um

momento difícil. É difícil escolher as palavras certas para quantificar todo este

caminho. Toda esta vida académica e desportiva. Todo este ano de conclusão

de um ciclo.

Se pensarmos bem, a vida é um estágio. Sempre temos algo a aprender

ao longo dela, independentemente da ocupação, da idade e da morada. A vida

é composta não só por vitórias mas também por erros. Mesmo no erro tiramos

elações de forma que os mesmos não se repitam. Será suficiente dizer que este

estágio terá sido harmonioso e enriquecedor? Talvez não muito haveria para

dizer. Muito tentarei dizer. No entanto, nem tudo conseguirei demonstrar. Quem

por cá passa, pelo ramo do ensino, nomeadamente, pelo ramo do ensino na

nossa área, o desporto, sabe. Quem por cá passou reteve o que viveu e formulou

um relatório. Contudo, acredito que nem todas as vivências foram alvo de

relatório, nem todas as atividades, conversas, aulas, e muito mais, foram

recordadas aqui com o detalhe do momento vivido. De uma coisa tenho a

certeza. Todas foram alvo de reflexão. A reflexão é omnipresente e nela suporto

todo este ano letivo. A reflexão foi o que salvou o dia-a-dia, foi o que permitiu

dialogar com os colegas e amigos do meu NE, da minha faculdade, da minha

área. A possibilidade de poder pensar no que vai ser planeado, no que vai ser

feito, no que está a ser feito e no que foi feito proporciona-nos momentos de

introspeção, quando sozinhos e de discussão, quando acompanhados. Nesses

momentos, alcançamos conclusões com base em erros cometidos e vitorias

alcançadas no passado e no presente assim como erros cometidos por terceiros

e suas vitórias. Com isto, enuncio a comunicação como uma segunda base de

todo este EP.

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A comunicação promove contacto com colegas estagiários partilhando

experiências, com docentes mais experientes partilhando experiências e

conhecimento fundamentado, dialogo com os alunos permitindo conhece-los o

melhor possível, instruindo-os e dando-lhes feedbacks, falando com pessoal

auxiliar de educação compreendendo as rotinas da escola, entre outros. Troca

de experiências será portanto um dos fatores determinantes para nos inserirmos

bem no meio em que vamos operar, assim como conhecer todos os seus

segredos e rotinas, que nos permitam adaptar às situações, aos devaneios, às

dificuldades e aos desafios.

A palavra experiência, segundo dicionários de língua portuguesa, poderá

ser portadora de inúmeras definições. Ação ou efeito de experimentar;

conhecimento adquirido pela prática da observação ou exercício; saber algo;

Empirismo, prática de vida, ensaio, capacidade de experimentar. Todas elas são

corretas e fazem parte deste EP. No entanto, a que mais carateriza todo este

estágio e conjunto de ações adjacentes é a corrente do empirismo. Segundo

Locke, definindo pela primeira vez o empirismo enquanto corrente

epistemológica no século XVII, a mente seria, um "quadro em branco" sobre o

qual é gravado o conhecimento, tendo por a base a sensação. O processo do

conhecer é fruto do saber e do agir que é aprendido pela experiência, pela

tentativa e erro. O conhecimento é retratado como consequência da experiência

e por isso, uma consequência dos sentidos. A experiência determina, portanto,

o valor, a primórdio e as fronteiras do conhecimento. Ao longo do EP,

compreendemos a experiência, como modalidade formadora de um futuro

docente, em detrimento de um contrato de experiência em que é delimitado um

prazo para testar aptidão do indivíduo para exercer a sua função. No entanto,

todo o EP é avaliado minuciosamente, podendo definir a tua situação, em caso

de concorrência a um cargo na docência.

Esta relação paradigmática tridimensional, reflexão, comunicação e

experiência, define não um estágio pedagógico enquanto professor estagiário

numa escola, mas sim, enquanto estagiário em geral independentemente da

área selecionada, seja ela gestão, economia, da saúde ou desporto.

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7. Conclusões finais e perspetivas para o futuro

Numa época em que o ensino passa por diversas mudanças e a EF por

diversas dificuldades no que concerne ao seu estatuto na sociedade, cabe aos

professores e futuros professores lutarem por estas causas. Nem estas

dificuldades me demoveram de ingressar neste mestrado.

A concretização desta coletânea de informação compõe um relatório

reflexivo autocritico que, sem margem para dúvidas, me remeteu à realização de

inúmeros processos de retrospeção. Ao longo deste documento, histórias e

experiências foram contadas, estratégias e metodologias foram registadas.

Este foi um ano para pôr em prática tudo o que foi aprendido ao longo de

todo o meu trajeto académico e desportivo. Estas foram as bases que

culminaram, inicialmente, na minha ingressão neste caminho da docência e da

EF e desporto, e, por fim, na conceção e realização deste EP e todas as

temáticas inclusivas. O facto de ao longo de toda a minha vida ter sido orientado

de forma democrática, permitiu-me seguir totalmente as minhas escolhas, sendo

sempre acompanhado e apoiado pelos meus parentes, por bons treinadores e

ainda, nesta fase final, por docentes competentes, tanto na faculdade como na

escola cooperante.

Refiro como maior limitação, a minha inexperiência tanto na realização

deste modelo de trabalho escrito como na prática pedagógica, suscitando em

mim muitas dúvidas e incertezas.

Batista & Queirós (2013, p.48) referem que não é certo que “boas

formações façam bons profissionais” ou que “os bons profissionais tenham tido

todos boas formações”, no entanto, defendem que “a qualidade dos profissionais

resulta em muito da formação que tiveram”.

Claramente esta formação colmatou a minha falta de experiência e foi

solucionando as minhas dúvidas e dilemas práticos e teóricos.

Um professor partilha o conhecimento aprendido nos livros, e a

experiência da vida. Já o seu aluno, aprende através do professor, não

inevitavelmente, o que este lhe quer ensinar, mas sim aquilo que quer aprender.

Sobra para o professor a árdua missão de manipular essas preferências.

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Julgo que, ao longo do ano letivo, e de forma progressiva com o decorrer

do EP, ter ganho faculdades e competências, alcançado a criação de estruturas

e possibilidades, cativando a atenção dos jovens, lecionando sem que a voz me

tremesse, estando seguro de mim e da posição que ocupamos, sem nunca ter

violado o espaço e integridade dos meus alunos.

Refletindo sobre o que retiro deste período, apesar de vivenciar

momentos favoráveis e desfavoráveis, os quais estarão presentes em todas as

minhas jornadas, diferencio os bons dos maus na medida em que os bons me

marcaram, e os maus me ensinaram.

Este foi um trilho repleto de crenças e hesitações, de sucessos e

frustrações, de aspirações e inquietações. Mas, caminhando fui evoluindo de

encontro aos meus objetivos. Terei aprendido mais do que ensinei? Terei

ensinado mais do que aprendi? Uma convicção eu tenho. O que foi extraído

deste EP foi, única, exclusivamente e indiscutivelmente, positivo. Como tenho

vindo a relatar nesta narrativa, e felizmente, é possível retirar lições e elações

tanto na vitória como no erro, pois com estes também se aprende. Certamente

sorri mais do que me lamentei, ainda que por vezes a frustração me tivesse

ocupado o pensamento.

Nesta etapa, cujo trabalho assume características e parâmetros inflexíveis

comuns a todos os EEs, que pretendem alcançar o seu grau académico de

mestre em Ensino de EF nos Ensinos Básico e Secundário (EEFEBS), acredito

no princípio da individualidade. Acredito veemente que apesar de seguirmos

diretrizes semelhantes, variando em alguns aspetos de acordo com o seu OE ou

PC, cada EE desenvolve o seu caminho paralelamente aos seus colegas de NE

como se de um vetor se tratasse. Como os vetores, os EEs pretendem uma

“direção”, um “sentido” e uma “intensidade”, no entanto pode não ser

equivalente. Cada EE faz uso das suas conceções e ideias pessoais, cada um

aplica os seus conhecimentos e experiências, acabando por transparecer o seu

eu pessoal e profissional enquanto docente e estudante. Para Moita (1995,

p.115) a formação provém da constante troca de experiência, interações sociais,

aprendizagens e relações sociais. Este autor considera que, percebendo como

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cada pessoa é formada, é possível observar as suas particularidades, como age,

reage e interage de acordo com as circunstâncias e as suas histórias.

Será possível um professor desvincular o seu eu pessoal do seu eu

profissional?

A construção da identidade profissional de um docente é um tema muito

complexo, no entanto considero de todo impossível a separação de uma

identidade pessoal, de uma identidade profissional. A docência é um ofício em

que as ligações intrapessoais e interpessoais estão sempre presentes. Nelas

estão intrínsecas relações, ações e reações, emoções e afetos. Nóvoa (1995b,

p.17) considera “impossível separar o eu pessoal do eu profissional” fazendo

referência aos três “AAA” que influência todo o processo identitário dos docentes:

“A de Adesão, A de Ação, A de Autoconsciência”. A de Adesão referente à

adesão de valores e princípios que o orientará para o trabalho com os alunos; A

de Ação, relativo à prática pedagógica nas aulas; A de Autoconsciência, relativa

à reflexão de todo o processo de ensino e aprendizagem.

Posto isto será legítimo definir o que “tato pedagógico”, conceito tão

refletido ao longo desta caminhada, realmente é. Segundo Nóvoa (2009, p.207)

o tato pedagógico é caraterizado pela capacidade de bem ensinar, conquistando

os alunos através da comunicação e das relações estabelecidas, respeitando os

valores e identidades sociais, mantendo presente a comunicação com os demais

profissionais da docência. Esta define uma das características mais relevantes

para quantificar um bom docente.

Sendo a escola, por excelência, uma entidade de referência social, ela

deve ser um veículo de promoção de comportamentos e valores socialmente

importantes (Mota, 2001), tais como a prática de atividades físicas e desportivas.

O seu intermediário deverá ser o professor de EF. Este, enquanto entidade

transmissora de saberes e comportamentos, pode consubstanciar em si uma

forte possibilidade de associação para os comportamentos vivenciados na

comunidade, particularmente no da promoção da AF entre os jovens (Mota,

1997).

Como podemos observar, das três questões dispostas na introdução

deste documento, duas já estão de certa forma respondidas. Através de

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inúmeras pesquisas na bibliografia era possível encontrar respostas para tais

levantamentos, no entanto, ao longo do ano pude corroborar todas elas com

base na prática pedagógica experienciada na EC.

Relativamente aos conhecimentos e saberes adquiridos, tive a

oportunidade de desenvolver o meu espirito crítico e reflexivo em harmonia com

o aprimoramento do meu conhecimento científico na área da pedagogia. No

saber ser e saber estar enquanto docente evolui, a minha autonomia profissional

com o decorrer do ano foi-se desenvolvendo. O meu conhecimento, a minha

cultura pessoal, o meu tato pedagógico, o meu trabalho de equipa e o meu

compromisso social estiveram em constante mutação.

No final deste longo percurso, quando questionado se estou apto e me

sinto capaz de lecionar uma turma eu responderei sem hesitar e com todas as

certezas: “Sim, eu estou apto e tenho imensa vontade de trabalhar, de mostrar

serviço. Tive uma formação íntegra no que concerne à pedagogia e à didática,

que me permite confirmar essa aptidão. Fui orientado para tal.” Quando

questionado, se a formação final de um docente é um processo alcançado

aquando da obtenção do grau de mestre, que permite lecionar numa escola, a

resposta é “Não, um professor é um projeto inacabado.” Segundo Simão (2009,

p.33) a formação de professores é apenas “um ponto de partida no processo de

aprendizagem sobre o ensino que se desenvolve ao longo da carreira e não deve

se ser vista como um fim em si mesmo”, acrescentando que os professores, tal

como todos os profissionais das mais diversas áreas tem a necessidade de

atualizar as suas competências. No caso dos professores as suas competências

pedagógicas e o conhecimento do conteúdo são as competências que os

professores devem manter em atualização. (p.100)

A aprendizagem de um docente, assim como uma sociedade cujos

valores morais e sociais estão em constante mutação, nunca deverá ser

cessada.

Em suma, este ano de estágio não foi composto apenas por planos de

aula e respetivas lições e atividades, este foi um aglomerado de situações. Fiz

amizades para manter, conheci docentes para admirar, participei em atividades

fantásticas. Sinto-me uma pessoa melhor. Um indivíduo mais ágil, mais

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consciente, mais trabalhador, mais responsável e com um sentimento de

responsabilidade social mais elevado que outrora.

Finalizando este capítulo da minha vida, pretendo realçar a minha vontade

de ingressar como profissional de EF na via do ensino o mais célere possível.

Voltar à escola em que estudei e lecionei enquanto EE seria algo que não saberia

descrever. No entanto, o que realmente ambiciono é contribuir para a valorização

da nossa área, que tão “massacrada” tem sido no decorrer dos últimos anos.

Não prevejo que esse ingresso seja para breve, no entanto, não desistirei de

batalhar.

Esta etapa final é somente o princípio de um novo ciclo em que a formação

profissional estará sempre em evolução permanecendo inacabada mas

constantemente aperfeiçoada.

Ser professor, acarreta a importante tarefa de saber observar e escutar,

saber comunicar consigo e com os outros, partilhando conhecimento e

experiência. Implica saber trabalhar em equipa, ser capaz de avaliar e

estabelecer objetivos e necessidades adequadas as suas metodologias às

situações.

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I

ANEXOS

Anexo I – Autorização Aula de Surf

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DA SENHORA DA HORA

AULA DE CAMPO - SURF

No dia 2 do mês de maio de 2014 , pelas 8h30, vai realizar-se uma aula de campo de Surf através da escola Godzilla Surf’s Cool no âmbito da disciplina de Educação Física na Praia de Matosinhos. Para a atividade, o aluno deverá ser portador de cartão Senha de autocarro (STCP) ou Andante carregado com 2 viagens Z2, sendo que os alunos deslocar-se-ão da escola à praia de autocarro 205. Os alunos devem-se fazer acompanhar do seguinte material: fato de treino, fato de banho e sapatilhas; na mochila – uma muda de roupa interior, toalha de praia, lanche e água. A partida da escola será às 8h30 e a chegada está prevista entre as 12h30 e 13h. Caso autorize o seu educando a participar neste evento, agradeço que devolva o destacável em anexo devidamente preenchido com o respetivo pagamento da atividade, até o próximo dia 22 de abril. Caso não seja devolvido dentro do prazo o aluno em questão não poderá participar na atividade. O acompanhamento dos alunos será feito por cinco professores de Educação Física que estarão sempre presentes ao longo do percurso e da atividade. Custo da atividade: Entre 5€ e 6€ Objetivos: Promover a atividade física e estilos de vida saudáveis; promoção e prática de modalidades alternativas realizadas ao ar livre e em contacto com a natureza.

A professora de Educação Física responsável

__________________________________ (Dr.ª Paula Águas)

A coordenadora da escola

__________________________________ (Dr.ª Teodora Lemos)

Entregue 24/4/2014 ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- AUTORIZAÇÃO PARA PARTICIPAR NO SURF Eu, encarregado de educação do aluno_________________________, nº_____, da turma ____, do _____ ano, tomei conhecimento da aula de campo a realizar no dia 2 de abril de 2014.

Autorizo Enc.educação:__________________________

Não Autorizo Data__/__/____

Pagamento

(a preencher pelo professor)

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II

Anexo II – Questionário Atividade Física

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III

Anexo III – Questionário de Motivação para as Atividades Desportivas (QMAD)

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IV

Anexo IV – O Inquérito de Motivações para a Ausência de Atividade Desportiva

(IMAAD)

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V

Anexo V – Apresentação Power Point da aula prática

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VI

Anexo VI – Questionário Final

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VII

Anexo VII – Análise descritiva das variáveis dependentes (QMAD)

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VIII

Anexo VIII – Análise descritiva das variáveis dependentes (IMAAD)