relatório de campo: diversidade microbiana e de macrorganismos em diferentes usos do solo na...
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Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Goiano Curso Tecnólogo em Gestão Ambiental e Agronomia
Nome dos membros da Equipe:
ANA FLÁVIA DE JESUS PINTO
DÉBORA PIVA LIMA
DIEGO DE ALMEIDA
FERNANDA CORRÊA
JADH TAINÃ COSTA AQUINO
LAYANE YASMIM BERNARDES DINIZ
RAÍSSA RODRIGUES CANEDO
TONY DE LIMA
Relatório de Aula Prática:
DIVERSIDADE MICROBIANA E DE MACRORGANISMOS EM
DIFERENTES USOS DO SOLO NA FAZENDA PEDRA BRANCA E
PALMITAL, URUTAÍ, GO.
Urutaí, 30 de ABRIL de 2013.
1. INTRODUÇÃO
O uso intensivo e inadequado das diversas áreas exploradas tem contribuído para
o declínio considerável da fertilidade natural dos solos. Esse manejo inadequado tem
contribuído para o processo de degradação da matéria orgânica, causando perdas de
algumas propriedades físicas, químicas e biológicas, acelerando a erosão e diminuindo o
potencial produtivo das culturas (CALEGARI, 2000).
A diversidade de microrganismos como indicador da qualidade do solo tem sido
bastante debatido, especialmente na última década, com o advento de técnicas de
biologia molecular que têm favorecido a avaliação dos microrganismos em amostras
ambientais (COUTINHO et al., 1999; ROSADO, 2000; TIEDJE et al., 2001). O
principal argumento a favor dessa característica ambiental é o fato da diversidade
microbiana manter-se naturalmente inalterada ao longo do ano (SMIT et al., 2001;
JOHNSON et al., 2003).
Vê-se, dessa forma, que a diversidade de microrganismos é crítica para o
funcionamento do ecossistema, porque há a necessidade da manutenção de processos
ecológicos como a decomposição da matéria orgânica, ciclagem de nutrientes,
agregação do solo e controle de patógenos dentro do ecossistema (KENNEDY, 1999).
Dessa forma, é extremamente importante a busca de métodos de avaliação da
diversidade de microrganismos no solo e também de formas de utilização desses dados
como indicadores do estado da qualidade do solo.
Fungos e bactérias de solo são onipresentes no ambiente e cumprem uma gama
de funções ecológicas importantes, em particular aqueles associados à mineralização
de nutrientes no solo ( ANDERSON & CAIRNEY, 2004 ). Apesar disto, a
compreensão da dinâmica das populações de fungos de solo e bactérias é um desafio,
em especial fungos micorrízicos arbusculares (FMAs), devido à dificuldade de cultivo
e identificação destes organismos. Estudos através de isolamentos em meios de cultivo
artificiais são difíceis de serem executados e muitas vezes fornecem resultados não
conclusivos. Entretanto este desafio está sendo vencido com o auxílio de
novas técnicas baseadas no uso de marcadores moleculares. Recentes
investigações sobre a ecologia de fungos do solo estão sendo realizadas através da
extração do material genético diretamente do solo ou de raízes colonizadas, o que tem
trazido significativo aumento na compreensão da diversidade de fungos em raízes de
plantas e/ou solo (SIQUEIRA & MOREIRA, 1999).
A fauna do solo tem um importante papel na regulação dos sistemas agrícolas e,
desde os anos 1980, vem sendo pesquisada no Brasil como indicador de
sustentabilidade do manejo dos solos tropicais. Tem importante atuação nos processos
de decomposição, mineralização e humificação de resíduos orgânicos; imobilização e
mobilização de macro e micronutrientes; fixação de nitrogênio atmosférico;
estruturação e agregação do solo e conseqüente conservação e regulação de pragas e
doenças (auto-regulação), beneficiando os sistemas de produção como um todo
(LAVELLE et al, 1997).
Alguns organismos da macrofauna, principalmente os térmitas, as formigas, as
minhocas e larvas de coleópteros, são denominados “engenheiros do ecossistema”, pois
suas atividades levam à criação de estruturas biogênicas (galerias, ninhos, câmaras e
bolotas fecais), que modificam as propriedades físicas dos solos onde vivem e a
disponibilidade de recursos para outros organismos (WOLTERS, 2000). Por meio de
suas ações mecânicas no solo, a macrofauna contribui na formação de agregados
estáveis, que podem proteger parte da matéria orgânica de uma mineralização rápida e
que constituem, também, uma reserva de nutrientes potencialmente disponível para as
plantas (LAVELLE & SPAIN, 2001; DECÄENS et al., 2003).
A macrofauna é constituída por uma complexidade de organismos que diferem
no tamanho, metabolismo, atividades e mobilidade (PASINI E BENTO, 2004), com
comprimento maior que 2 mm (SWIFT et al., 1979). Conforme Bayer e Mielniczuk
(1999), a macrofauna tem papel fundamental na fragmentação e incorporação dos
resíduos ao solo, criando assim, condições favoráveis à ação decompositora dos
microorganismos. Entretanto os benefícios da fauna edáfica são poucos conhecidos em
solos brasileiros (ALVES et al., 2006) apud Montenegro et al. (2010).
O objetivo deste trabalho é quantificar a diversidade microbiana e de
macrorganismos em diferentes usos de solo na fazenda Pedra Branca e Palmital.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido nos dias 26 de março e no dia 2 de abril, no Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano, IF Goiano – campus Urutaí,
localizado no sudoeste goiano. As armadilhas foram instaladas na área de mata, em
pastagem e na área de pivô (cultivada).
Foram utilizadas armadilhas do tipo “Pitfall” compostas de garrafas PET com
capacidade de 600 mL cortadas na região do gargalo, de modo que o fundo da garrafa
fosse enterrado e o orifício ficasse ao nível da superfície do solo. Em cada ambiente, as
armadilhas foram marcadas com estacas posteriormente geo-referenciadas. Sobre as
armadilhas foi colocada uma proteção, essa proteção foi feita com bandejas de isopor e
palitos de churrasco, em cada extremidade da bandeja foi colocado um palito e eles
foram fincados no solo, formando uma casa para a garrafa pet. Em todas as áreas foram
colocados 5 pontos escolhidos aleatoriamente totalizando 20 amostras, 5 amostras de
cada grupo.
Foram coletadas aproximadamente 300 gramas de solo, em uma profundidade
máxima de 20 cm, utilizando enxadão para a retirada das amostras e colocadas em sacos
plásticos e levadas ao Laboratório de Microbiologia. Onde foi realizada a diluição em
série. Vale ressaltar que a coleta foi realizada logo após uma chuva.
Cada armadilha continha uma mistura de 100 mL de solução etanol e
detergente. Após sete dias a campo as armadilhas foram coletadas e encaminhadas para
o laboratório de microbiologia para posterior identificação da macrofauna edáfica.
Para a realização desse método, tomou-se 1 grama da amostra composta, pesada
em balança de precisão. Em seguida, essa amostra foi levada a câmara de fluxo laminar,
onde se realizou o restante dos procedimentos. Esta amostra foi transferida para um tubo
de ensaio, com o auxílio de pinça, contendo 9 mL de solução salina esterilizada,
tornando-se um solução diluída com concentração 10-1
.
Logo em seguida foi preparada a solução de 10-2
, transferindo com uma pipeta
estéril, 1 mL da concentração 10-1
, que foi agitada por aproximadamente 30 segundo em
agitador, para outro tubo de ensaio contendo 9 mL de solução salina.
Foram realizadas as diluições para as concentrações 10-3
, 10-4
e 10-5
, seguindo o
mesmo procedimento realizado anteriormente, esse procedimento pode ser melhor
compreendido de acordo com a Figura 1. Para a determinação da densidade microbiana
as concentrações de 10-1
e 10-2
foram descartadas.
Figura 1: Sequência de atividades para realização da diluição em série.
Logo após, de ser feitas as diluições foi feita a semeadura, com a ponteira, de
1μL das mesmas em placas de Petri contendo meio de cultura BDA, com duas
repetições para cada concentração. As placas foram vedadas e etiquetas e levadas à
estufa de crescimento biológico e deixadas por 48 horas à 35 oC.
Posteriormente, foi realizada a contagem da Unidade Formadora de Colônias
(ufc), de forma visual, dividindo a placa em quadrantes. Na contagem foi levado em
consideração o número total de unidades formadoras de colônias. Em seguida foi
realizado o cálculo para determinação da densidade microbiana. O cálculo foi feito da
seguinte maneira: como o volume na placa de Petri era de 1 μL, foi necessário encontrar
o número de ufc/mL através de regra de três simples, este valor foi multiplicado pelo
índice de diluição da amostra.
O valor de ufc encontrado nas placas de Petri foram submetidas à análise
estatística utilizando o software SAS. Foi realizado o teste paramétrico (ANOVA) e o
teste de Tukey. E quando submetidas à análise de significância as médias necessitaram
ser transformadas para melhorar a confiabilidade da análise.
O material coletado foi lavado em peneira e com o auxílio de pinças, foi feita a
contagem e identificação da macrofauna, os organismos foram então, colocados em um
vidro contendo álcool.
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância usando o software
SAS e quando significativos (p<0,05), baseado nos valores do coeficiente de variação
foi realizado a comparação entre as médias por meio da aplicação do teste do Tukey. A
diversidade foi avaliada pela Riqueza de espécies e pelos índices de Shannon, Fisher e
Simpson utilizando o software SPADE.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A comparação da diversidade dos indivíduos da macrofauna presente nos demais
ambientes: área de mata, pastagens e área do pivô (cultivada) demonstrou uma grande
variação de grupos faunísticos, onde foram coletados 1613 indivíduos, pertencentes a
vários grupos taxonômicos. Observou-se um maior número de indivíduos da ordem dos
Coleoptera (besouros, vagalume), Hymenoptera (formiga, mariposas) e Orthoptera
(grilo, gafanhoto), o grupo de menor representante foi Hylidae (Perereca) onde se
encontrou 1 indivíduo.
Por causa da grande área rizosférica e grande quantidade de matéria orgânica
fornecida era de ser esperar que a floresta apresentasse um grande de microrganismos.
Mas a área de culturas (pivô) apresentou se um maior número de ufc’s (Tabela 1).
Deve-se A diversidade vegetal, umidade, aeração e presença de uma vasta rizosfera
onde os microrganismos se desenvolvem e contribuem para um bom solo onde se
proporciona um substrato ideal para um crescimento de árvores, gramíneas.
Média do Número de Unidades Formadoras de Colônias por mL de solução do
solo (ufc/mL) em relação às diluições e as áreas.
Tabela 1. Média do número de Unidades Formadoras de Colônias por mL de solução
de solo (ufc/mL) em relação às diluições.
ÁREA/DILUIÇÃO 10-3
10-4
10-5
Pastagem 1 1,78x105 2,95x10
6 1,2x10
7
Floresta 9,1x105 2,1x10
6 5x10
6
Pastagem 2 1,23x106 2,2x10
6 1x10
6
Culturas 3,6x106 6,75x10
6 1,2x10
7
Analisando as médias de ufc por cada mL de solução do solo a densidade
microbiana nos solos de culturas é superior. A pequena diferença entre as médias em solo
de cultivo e pastagem pode ser explicada pelo uso contínuo de fertilizantes para o plantio e
cobertura. Estes fertilizantes possibilitam um maior número de nutrientes disponível as
plantas, melhorando, então, a rizosfera. Além disso, estes fertilizantes não deixam de liberar
nutrientes diretamente para o desenvolvimento de microrganismos.
Estatisticamente, pelo teste F (ANOVA) a análise de variância é um
procedimento utilizado para comparar três ou mais tratamentos. Existem muitas
variações da ANOVA devido aos diferentes tipos de experimentos que podem ser
realizados. A hipótese da nulidade H0 foi rejeitada tanto a 1% quando a 5 % sendo o
valor F calculado maior que o valor F tabelado (Tabela 2), as médias se diferem entre
elas, portanto os tratamentos são diferentes.
Tabela2. Teste paramétrico ANOVA das médias do número de ufc
transformadas encontradas nas diluições.
FATORES DE VARIAÇÃO VALOR F
Riqueza de Espécies 14,77**< O, OOO1
Índice de Shanon 11,73**<O, OOO1
Índice de Simpson 9,97** <O, OOO1
Índice de Fisher 12,05** <O, OOO1
A diversidade biológica foi avaliada através da aplicação dos índices de
Shannon, Simpson e de Fisher, que mostram o domínio dos grupos faunísticos nas áreas
estudadas. O índice de Shannon mede o grau de incerteza em prever a que espécie
pertencerá um indivíduo escolhido ao acaso. Quanto menor o valor do índice de
Shannon, menor o grau de incerteza e, portanto a diversidade da amostra é baixa. A
diversidade tende a ser mais alta quanto maior o valor do índice.
Um parâmetro utilizado é a riqueza de espécies, que diz pouco a respeito da
organização da comunidade, mas serve com indicativo de diversidade de organismos
onde houve maior número na área da mata quando comparada com a área de pivô que
apresentou menor número de riqueza sendo o ambiente mais desequilibrado das áreas
pesquisadas.
Figura 2. Médias dos valores de riqueza de espécies nos diferentes usos do solo
(valores seguidos de mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a P~0,05).
O teste de Riqueza de Espécies (Figura 2), a área de Floresta apresentou maior
índice de 25.3, enquanto a pastagem 2 (Fazenda Palmital), culturas e pastagem 1 (Pedra
Branca) apresentaram os seguintes valores 22.5; 10.2 e 4.1 respectivamente. Floresta e
Pastagem 2 foi classificado “a” por apresentar um grande número de organismos
naquele espaço, onde pode ser considerados estatisticamente iguais, já Culturas e
Pastagem 1 foi classificado “b” por ressaltar diferença de organismos no ambiente
assim sendo diferentes da Floresta e Pastagem 2 .
Figura 3. Médias dos valores do índice de Shannon nos diferentes usos do solo (valores
seguidos de mesma letra não diferem entre si ao Teste Tukey a P~0,05).
No índice de Shannon (Figura 3) é observada a diversidade de espécies, onde se
leva a riqueza e a equabilidade em consideração. A floresta, pastagem 2 e cultura (pivô)
apresentaram os valores respectivamente maiores do que a Pastagem1 que se diferencia
por ter um menor índice.
Figura 4. Médias dos valores do índice de Simpson nos diferentes usos do solo (valores
seguidos de mesma letra não diferem entre si ao Teste Tukey a P~0,05).
O Índice de Simpson (Figura 4) também leva em consideração a riqueza e a
igualdade como nos demais gráficos. Neste índice, a pastagem 1 obteve maior índice ,
pois possui um número maior de indivíduos, pois neste ambiente pode ser de um solo
estável de bom desenvolvimento aos organismos. Diferenciando dos demais índices
pastagem 2, floresta e culturas que estão menor mais são equivalentes.
Figura 5. Médias dos valores do índice de Fisher nos diferentes usos do solo (valores
seguidos de mesma letra não diferem entre si ao Teste Tukey a P~0,05).
No Índice de Fisher (Figura 5) é analisada a relação do número de espécies
representadas por apenas 1 indivíduo na comunidade. Novamente a área de floresta
apresentou se uma maior média se diferenciando dos demais tratamentos que
apresentaram médias como a pastagem 2, a área de cultura e a pastagem 1. Isso pode
ser explicado pela grande diversidade que a área de floresta apresenta, pois ela apresenta
uma vegetação mais diversificada, fornecendo maior matéria orgânica e
conseqüentemente um maior número de organismos interagindo no ambiente.
4. CONCLUSÃO
A preservação de áreas florestais contribui para a existência de uma elevada
densidade microbiana no solo, devido a fatores favoráveis ao desenvolvimento desse
tipo de organismos. Em áreas que sofreram ações antrópicas essa densidade é inferior,
já que houve interferência nas propriedades físicas, químicas e na diversidade vegetal
do ambiente, cujas estão interligadas ao crescimento de microrganismos no solo.
As áreas em que foi feito a análise de ambientes diferentes como floresta,
pastagem 1, pastagem 2 e culturas era de se esperar que a área de floresta apresentasse
média superior de ufc e organismos comparadas as demais. Isso se deve a grande
biodiversidade das áreas preservadas, que pode ser explicado pela maior quantidade de
matéria orgânica oriunda da diversidade vegetal, umidade, aeração e presença de uma
vasta rizosfera, proporcionando um substrato ideal para o desenvolvimento de
microrganismos.
Mas isso não ocorreu, a área de culturas apresentou um maior número de ufc e
organismos, talvez haja um fator de desequilíbrio onde tal espécie possa estar
predominando no momento, por falta de competição ou agentes que a controla, a
contagem do número de ufc também pode ter sido feita de maneira errônea em qualquer
área estudada. Outro fator que pode ter interferido no número de organismos
encontrados na área de pivô foi o fato de terem utilizado sacolas plásticas de cor
amarela o que chama atenção dos organismos.
Uma área nativa constitui um sistema em equilíbrio e sofre pouco influências
antrópicas como os demais tratamentos e o não revolvimento do solo e a permanência
dos resíduos possibilitam melhor desenvolvimento dos microrganismos, principalmente
devido ao aumento dos teores de matéria orgânica nas camadas mais superficiais. Nas
áreas de cultura e pastagem há o uso de fertilizantes para plantio, o que permite um
maior número de nutrientes disponível para as plantas. Também se percebe que o tipo
de manejo, seja ele um plantio direto com milho ou uma pastagem não interfere na
densidade microbiana entre os solos desses ambientes.
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