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Relatório de balanço 2013-2015

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Relatório de balanço 2013-2015

Câmara Interministerial de Agroecologia e Produção Orgânica - CIAPO

Secretaria Executiva

PLANO NACIONAL DE AGROECOLOGIA E

PRODUÇÃO ORGÂNICA - PLANAPO

Relatório de balanço 2013-2015

Brasília, setembro de 2016

Presidente da República Federativa do Brasil

Michel Temer

Ministro-chefe da Casa Civil

Eliseu Padilha

Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República

Geddel Vieira Lima

Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Blairo Maggi

Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Agrário

Osmar Gasparini Terra

Ministro de Estado do Meio Ambiente

José Sarney Filho

Ministro de Estado da Saúde

Ricardo Barros

Ministro de Estado da Educação

José Mendonça Bezerra Filho

Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Gilberto Kassab

Ministro de Estado da Fazenda

Henrique de Campos Meirelles

Composição da Câmara Interministerial de Agroe-

cologia e Produção Orgânica – CIAPO

em Dezembro de 2015

Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDAOnaur Ruano Cássio Trovatto

Secretaria de Governo da Presidência – SG/PRÉrika Galvani BorgesRogério Augusto Neuwald

Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - MAPA Rogério Pereira DiasJorge Ricardo de Almeida Gonçalves

Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação - MCTIAlfredo da Costa Pereira Junior Maguida Fabiana da Silva

Ministério da Educação - MECFernanda Teixeira Frade AlmeidaMariângela de Araújo Povoas Pereira

Ministério da Fazenda - MFOthon Antônio de Sá PedreiraAloisio Lopes Pereira de Melo

Ministério do Desenvolvimento Social - MDSLilian dos Santos RahalElisângela Sanches

Ministério do Meio Ambiente – MMACarlos Mario Guedes de Guedes

Allan Kardec Moreira Milhomens

Ministério da Saúde - MS

Gilberto Alfredo Pucca Junior

Michele Lessa de Oliveira

Ministério da Pesca e Aquicultura - MPA

Alexandre Luis Giehl

Douglas Souza Pereira

Convidados Permanentes:

Agencia Nacional de Vigilância

Sanitária - Anvisa

Carlos Augusto Vaz de Souza

Daniela Macedo Jorge

Companhia Nacional de Abastecimento - Conab

João Marcelo Intini

Maria do Socorro Soares

Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária – Embrapa

Waldyr Stumpf Júnior

Fernando do Amaral

Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação - FNDE

Sara Regina Souto Lopes

Eliene Ferreira de Sousa

Instituto Nacional de Colonização e

Reforma Agrária - Incra

César Fernando Schiavon Aldrighi

José Ubiratan Rezende Santana

Secretaria de Políticas de Promoção da

Igualdade Racial - SEPPIR

João Élcio Santos

Secretaria Executiva da CIAPO:

Juliana Koehler

Suiá Kafure da Rocha

Sistematização e Redação:

Ailton Dias dos Santos

Colaboradores especiais

Daniella de Vicente Prado (MDS)

Débora Mabel Nogueira Guimarães (INCRA)

Edson Guiducci Filho (Embrapa)

Ynaiá Masse Bueno (Embrapa)

Iara Campos Ervilha (MS)

Michela Katiuscia Calaça Alves dos Santos

(DPMRQ/MDA)

Gabriel Domingues (MMA)

Projeto Gráfico

Marcela Nunes

SUMÁRIO

Apresentação ............................................................................................................. 11

A Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica e o PLANAPO 2013-2015 ... 13

A construção do relatório de balanço ......................................................................... 16

O PLANAPO 2013-2015: Avanços institucionais e balanço da execução ...................... 19

Avanços institucionais ....................................................................................... 19

Execução físico-financeira ................................................................................. 21

Eixo 1 - Produção ....................................................................................................... 26

Crédito para a produção agroecológica e orgânica........................................... 27

Incidência nas dinâmicas territoriais locais................................................ 30

Promoção da segurança hídrica ........................................................................ 36

Mulheres na agroecologia e na produção orgânica .......................................... 38

Apoio à produção orgânica ............................................................................... 40

Insumos para a produção orgânica ................................................................... 43

Eixo 2 - Uso e Conservação de Recursos Naturais ....................................................... 48

Recursos genéticos............................................................................................ 49

Produção, conservação e distribuição de sementes...................... 50

Populações tradicionais e agroextrativismo......................... 53

Manejo Florestal Sustentável ............................................................................ 54

Eixo 3 - Conhecimento ............................................................................................... 58

Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER ................................................... 59

Educação para a agroecologia e produção orgânica.......................................... 63

Apoio à pesquisa em agroecologia e produção orgânica .................................. 66

Jovens Rurais ..................................................................................................... 70

Comunicação ..................................................................................................... 71

Eixo 4 - Comercialização e mercados .......................................................................... 74

Mercados institucionais ................................................................................... 75

Apoio a eventos e feiras ................................................................................... 78

Apêndice - Desafios e oportunidades para PLANAPO no período 2016-2019 .............. 82

Lista de siglas ............................................................................................................. 86

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APRESENTAÇÃO

Este documento apresenta um balanço geral da implementação do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PLANA-PO), de 2013 a 2015. O Plano foi lançado em 2013 com o objetivo de fortalecer a produção agrícola de base agroecológica e or-gânica, além de ampliar a oferta e o consumo de alimentos saudáveis, apoiar o uso sustentável dos recursos naturais e disseminar o conhecimento em agroecologia, de forma a promover a melhoria da qualidade de vida da população brasileira do campo e das cidades. Para tanto, o Plano previu a implementação de amplo conjunto de iniciativas, programas e projetos de apoio à transição agroecológica e à produção orgânica no país.

O lançamento do Plano foi o resultado processual de esforços conjuntos do governo federal e da sociedade civil na construção da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), instituída em 2012, e na estruturação de seus mecanis-mos de implementação.

Embora a existência de uma política nacional para o tema seja uma conquista recente, neste primeiro ciclo de planejamento foram dados passos importantes na direção do fortalecimento da pauta, do aperfeiçoamento de espaços institucionais da política, da articulação de diversos atores e entes governamentais e na implementação de programas e ações que constituem o Plano.

Não se pode desconsiderar, no entanto, que há desafios importantes a serem superados nos próximos ciclos de implementação, en-tre os quais se podem destacar o aperfeiçoamento e a consolidação de mecanismos e arranjos institucionais de suporte à política, ao nível nacional e subnacional, a estruturação de um modelo de gestão territorial e de um sistema de monitoramento do Plano e a implementação de uma estratégia de comunicação.

Sem desconsiderá-los, a implementação do PLANAPO 2013-2015 representou um avanço significativo rumo à consolidação de políticas de apoio à produção, consumo e comercialização de alimentos agroecológicos e orgânicos e à estruturação de programas que promovam o estreitamento das relações entre desenvolvimento agrário, conservação ambiental e construção e troca de conhe-cimentos agroecológicos, científicos ou tradicionais.

Este documento agrega informações sobre a execução de metas do PLANAPO em seu primeiro ciclo de planejamento, com a fina-lidade de dar transparência às ações realizadas, subsidiar os tomadores de decisão e aprofundar o diálogo entre os entes governa-mentais que atuam na implementação da política e as organizações da sociedade civil corresponsáveis pela concepção do plano.

A POLÍTICA NACIONAL DE AGROECOLOGIA E PRODUÇÃO ORGÂNICA E O PLANAPO 2013-2015

A Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO) foi instituída por meio do Decreto nº 7.794, de 20 de agosto de 2012, com o objetivo de integrar, articular e adequar políticas, programas e ações indutoras da transição agroecológica e da produção orgânica, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida da população, por meio do uso sustentável dos recursos naturais e da oferta e consumo de alimentos saudáveis.

Um dos principais instrumentos da política é o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PLANAPO), constituído por diagnóstico, estratégias, objetivos, programas, projetos, ações, indicadores, metas e prazos e modelo de gestão. Em relação ao primeiro ciclo do PLANAPO e a sua implementação no triênio 2013-2015, cabe destacar alguns antecedentes.

Na agenda política internacional, tem se registrado o crescente reconhecimento da agroecologia como alternativa aos padrões do-minantes de produção de alimentos, fortemente dependente de insumos químicos e agrotóxicos.

O Tratado sobre Recursos Fitogenéticos para Alimentação e Agricultura da FAO (TIRFAA)1, de 2001, estabeleceu que os países sig-natários deveriam elaborar e manter medidas normativas e jurídicas apropriadas para promover a utilização sustentável dos recur-sos genéticos na agricultura e alimentação, o que pressupõe a implementação de políticas agrícolas equitativas, com o intuito de promover e apoiar os diversos sistemas de cultivo que favoreçam o uso sustentável da diversidade biológica e dos recursos naturais. Este tratado foi promulgado pelo Estado brasileiro por meio do Decreto nº 6.476, de 05 de junho de 20082.

Em 2011, o Relator Especial das Nações Unidas para o Direito à Alimentação de 2008-2014, Olivier De Schutter, divulgou o relatório “Agroecologia e o direito humano à alimentação adequada”. O documento vincula a agroecologia ao direito humano à alimentação e destaca o seu potencial de contribuição para o desenvolvimento econômico de grupos vulneráveis em diversos países e ambientes. Sustenta que a disseminação das experiências de produção agroecológica é um dos grandes desafios de planejamento da atuali-dade, o que exige políticas públicas adequadas nas áreas produtivas, de educação, pesquisa e extensão rural, empoderamento das mulheres e criação de um ambiente macroeconômico propício.

A agroecologia também foi incluída como um tema estratégico na agenda de integração regional latino-americana, especialmente no Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e na Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). Destaca-se a in-corporação do tema na agenda dos Grupos Temáticos para Adaptação às Mudanças Climáticas e Gestão de Risco Climático do Mer-cosul (em dezembro de 2013) e também a realização, em Brasília, do Primeiro Seminário Regional sobre Agroecologia na América Latina e Caribe (em maio de 2015).

Em nível nacional, registra-se um contexto de crescente organização e mobilização da sociedade civil em favor da produção orgâ-nica e agroecológica. Este fenômeno vem induzindo mudanças nos padrões de produção e consumo e na sensibilidade da opinião pública em relação tema. Ao mesmo tempo, cresce a demanda por políticas públicas de apoio ao setor e pela atuação qualificada do Estado na promoção da transição agroecológica. 1 http://www.planttreaty.org/content/texts-treaty-official-versions2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6476.htm

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No governo federal, um dos antecedentes do PLANAPO foi o Programa Nacional da Agrobiodiversidade, que integrou o PPA 2008-2011 e foi composto por ações do Ministério do Meio Ambiente (gestor do Programa), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Participaram da elaboração do programa a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), além de outros representantes da sociedade civil, bem como o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA)3.

Mas o fator que impulsionou decisivamente a construção e lançamento do PLANAPO foi a intensificação do diálogo entre sociedade civil e governo em torno da mudança de padrões de sustentabilidade da agricultura, iniciado na década de 90, em debates que antecederam a elaboração da Lei nº 10.831/2003 (que dispõe sobre a agricultura orgânica), e aprofundado entre os anos de 2011 e 2012, durante a formulação da política nacional de agroecologia e produção orgânica (Decreto nº 7.794/2012).

O PLANAPO foi também uma demanda da Marcha das Margaridas, em 2011. Na época, a presidenta Dilma Rousseff, em resposta à pauta de reivindicações da Marcha, se comprometeu a elaborar um plano nacional para a agroecologia, com o apoio de segmentos sociais e organizações de mulheres.

Em 2011, foi instituído o Grupo de Trabalho Interministerial com participação da Secretaria Geral da Presidência da República (SG/PR) e mais nove ministérios4, além da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), Instituto Nacional de Colonização e Refor-ma Agrária (INCRA), Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)5.

Em seguida, foram realizados cinco seminários regionais e um seminário nacional organizados pela Articulação Nacional da Agro-ecologia (ANA) e Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), com apoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Nesses eventos, foram realizados debates e sugestões de modificações na proposta de política elaborada pelo Grupo de Trabalho Interministerial. A proposta também foi apreciada pelas 27 Comissões Estaduais da Produção Orgânica (CPOrg) e pela Comissão Nacional de Pro-dução Orgânica (CNPOrg). Dois outros documentos elaborados pela ANA e pela Câmara Temática da Agricultura Orgânica (CTAO) foram também analisados e incorporados ao processo de construção da política.

Durante o encontro “Diálogo Governo e Sociedade Civil – Devolutiva da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica”, realizado em maio de 2012, o governo federal submeteu à apreciação da sociedade civil uma nova versão de texto para a PNAPO e o PLANAPO para o período 2013-2015. A PNAPO foi finalmente instituída pelo Decreto Presidencial nº 7.794, de 20/08/2012.

A PNAPO surge com o intuito de embasar a construção de um modelo agrícola ambientalmente sustentável e socialmente inclusivo, a partir das seguintes diretrizes:

• Promoção da soberania e segurança alimentar e nutricional e do direito humano à alimentação adequada e saudável, por meio da oferta de produtos orgânicos e de base agroecológica isentos de contaminantes que ponham em risco a saúde;

3 Terra de Direitos. Boletim de avaliação e monitoramento do Programa Nacional de Agrobiodiversidade.4 Os nove ministérios participantes do GT foram: Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Ministério da Saúde (MS), Ministério da Educação (MEC), Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão (MPOG), Ministério da Fazenda (MF), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI) e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDS).5 Secretaria Geral da Presidência da República. Relatório de Mobilização e Participação Social na Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica – PNAPO. Maio de 2012.

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• Promoção do uso sustentável dos recursos naturais, observadas as disposições que regulam as relações de trabalho e favoreçam o bem-estar de proprietários e trabalhadores;

• Conservação dos ecossistemas naturais e recomposição dos ecossistemas modificados, por meio de sistemas de produção agrícola e de extrativismo florestal baseados em recursos renováveis, com a adoção de métodos e práticas cul-turais, biológicas e mecânicas, que reduzam resíduos poluentes e a dependência de insumos externos para a produção;

• Promoção de sistemas justos e sustentáveis de produção, distribuição e consumo de alimentos, que aperfeiçoem as funções econômica, social e ambiental da agricultura e do extrativismo florestal e priorizem o apoio institucional aos beneficiários da Lei nº 11.326, de 2006;

• Valorização da agrobiodiversidade e dos produtos da sociobiodiversidade e estímulo às experiências locais de uso e con-servação dos recursos genéticos vegetais e animais, especialmente àquelas que envolvam o manejo de raças e variedades locais, tradicionais ou crioulas;

• Ampliação da participação da juventude rural na produção orgânica e de base agroecológica;

• Contribuição na redução das desigualdades de gênero, por meio de ações e programas que promovam a autonomia eco-nômica das mulheres.

O decreto que institui a PNAPO também estabeleceu as duas instâncias para a gestão da política. A primeira é a Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO), de composição mista (governo e sociedade civil), coordenada pela Secretaria de Governo da Presidência da República, e integrada por 14 representantes da sociedade civil e 14 de órgãos e entidades do governo federal. A CNAPO tem por atribuições promover a participação da sociedade na elaboração e no acompanhamento da PNAPO e do PLANAPO; constituir subcomissões temáticas que reunirão setores governamentais e da sociedade para propor e subsidiar a tomada de decisão sobre temas específicos no âmbito da PNAPO; propor as diretrizes, objetivos, instrumentos e prioridades do PLANAPO ao Poder Executivo Federal; acompanhar e monitorar os programas e ações integrantes do PLANAPO, e propor alterações para aprimorar a realização dos seus objetivos; promover o diálogo entre as instâncias governamentais e não governamentais rela-cionadas à agroecologia e produção orgânica em âmbito nacional, estadual e distrital.

A segunda instância é a Câmara Interministerial de Agroecologia e Produção Orgânica (CIAPO), composta, de acordo com o Decre-to, pelo MDA (Coordenador), MDS, MAPA, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Ministério da Educação e Cultura (MEC), Ministério da Saúde (MS), SG/PR, Ministério da Fazenda (MF), MMA e Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e tendo como convidados permanentes: CONAB, EMBRAPA, ANVISA, FNDE, SEPPIR e INCRA. À CIAPO, compete elaborar proposta do PLANAPO; articular os órgãos e entidades do Poder Executivo federal para a implementação da política e do plano; interagir e pactuar com instâncias, órgãos e entidades estaduais, distritais e municipais sobre os mecanismos de gestão e de implementação; e apresentar relatórios e informações para o acompanhamento e monitoramento do PLANAPO.

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Em razão de sua atribuição normativa, coube à CIAPO a tarefa de elaborar o PLANAPO 2013-2015 articulando órgãos e en-tidades do Poder Executivo Federal, com ampla participação da sociedade, especialmente representada na CNAPO. Baseado nas diretrizes da PNAPO, o Plano expressa princípios e elege desafios para o fortalecimento de um modelo sustentável de desenvolvimento no campo.

O PLANAPO 2013-2015 foi estruturado em 04 eixos estratégicos: i) Produção; ii) Uso e conservação dos recursos naturais; iii) Co-nhecimento; e iv) Comercialização e Consumo. A partir desses quatro eixos, foram definidas 14 metas e 125 iniciativas a serem implementadas no período de vigência do Plano.

A CONSTRUÇÃO DO RELATÓRIO DE BALANÇOEm conformidade com o Decreto nº 7794/2012, o PLANAPO 2013-2015 previu a necessidade de que a CIAPO apresentasse à CNA-PO balanço da execução física e financeira, com base nos indicadores estabelecidos a partir das metas e iniciativas do Plano, com as justificativas correspondentes às situações nas quais o desempenho não esteja adequado ao que foi programado. A confecção do presente relatório atende a previsão de tornar público o processo de implementação do primeiro ciclo do PLANAPO.

Para fornecer suporte técnico e administrativo ao funcionamento da CIAPO e contribuir com a função desta Câmara de coordena-ção de vários ministérios do governo federal, gestão operativa do Plano e monitoramento da implementação das ações, foi criada a Secretaria Executiva da CIAPO (SE-CIAPO), a cargo do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Durante a vigência do PLANAPO, a SE-CIAPO, em conjunto com os demais Ministérios integrantes da CIAPO, realizaram reuniões regulares para tratar da gestão do Plano, articulação com Estados para a implementação da política, desenvolvimento de uma me-todologia para o monitoramento das ações previstas e avaliação do impacto das iniciativas nos territórios.

No âmbito da CIAPO também foi criado o Grupo de Trabalho de Monitoramento do Plano, que promoveu reuniões periódicas para elaboração de metodologia para os monitoramentos semestrais e anuais. Apesar desses esforços não se chegou, até o final de 2015, a estruturar um sistema de monitoramento da política e do Plano. Este processo ainda está em fase de construção com vistas à melhoria da gestão no segundo ciclo do PLANAPO (2016-2019)

No que se refere ao monitoramento do primeiro ciclo, foram colhidas informações periódicas relativas à execução de cada uma das iniciativas, por meio de fichas de monitoramento, encaminhadas pela SE aos membros da CIAPO, representantes dos Ministérios e entidades parceiras na execução das 125 iniciativas. Foram realizados três ciclos de coleta durante a implementação do Plano, sendo solicitadas aos Ministérios informações sobre a execução física e financeira anual das iniciativas; breve descrição e análise do cumpri-mento das metas; informações quanto às oportunidades e desafios eventualmente identificados em sua implementação; expectativas de continuidade e desdobramentos após a vigência do Plano e razões para eventual não cumprimento da meta ou sua superação.

Para a elaboração deste relatório, foi considerado o conjunto de fichas de monitoramento preenchidas com informações atualizadas até dezembro de 2015, em um total de 116. Esse preenchimento equivale à taxa de coleta de 92,8%, o que indica uma boa cober-tura da coleta de informações de monitoramento da execução física e financeira do PLANAPO. O gráfico a seguir apresenta os dados de resposta às fichas segundo cada eixo do Plano.

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Produção Recursos Naturais Conhecimento Comercialização

respondidas não respondidas

Respostas às fichas de monitoramento das 125 iniciativas do PLANAPO

1

4497%

1

2395%

6

3786% 1

1292%

Além das fichas de monitoramento, foram considerados outros documentos como relatórios, atas e memórias de reuniões da CIA-PO, pesquisa documental e participação nas reuniões da CNAPO, CIAPO e do GT de monitoramento da CIAPO.

Na próxima sessão do relatório, são apresentados dados agregados sobre a execução física e financeira, consolidados a partir das fichas de monitoramento respondidas e de informações adicionais fornecidas pela CIAPO. O propósito é mostrar o perfil geral do Plano tendo em vista as metas estabelecidas e o que foi efetivamente implementado entre 2013 e 2015.

Nas quatro sessões seguintes, analisa-se a execução físico-financeira das iniciativas do PLANAPO inseridas em cada um dos quatro eixos do Plano. Para facilitar a apresentação, as iniciativas foram agrupadas em 18 temas abrangidos pelo Plano.

Por fim, a última sessão aponta os principais desafios que ainda permanecem após três anos de implementação do Plano e apre-senta alguns subsídios para a elaboração e execução do PLANAPO 2016-2019.

O PLANAPO 2013-2015: AVANÇOS INSTITUCIONAIS E BALANÇO DA EXECUÇÃO

O PLANAPO se destaca como um instrumento de pactuação e coordenação de entidades e órgãos para a realização de ações con-cretas, com previsão orçamentária definida. O Plano opera como uma plataforma dirigida a articular políticas, programas e projetos para a promoção da agroecologia e da produção orgânica.

Nesse sentido, durante o primeiro ciclo de sua implementação, o PLANAPO promoveu a articulação de diversas instituições e órgãos do governo em torno de diretrizes, objetivos, metas e iniciativas (ações), além de estimular a dinamização de entidades da socieda-de civil, instituições de ensino, organizações não-governamentais, no processo de execução das ações.

AVANÇOS INSTITUCIONAIS

O primeiro destaque em nível institucional diz respeito ao próprio processo participativo de construção e pactuação do PLANAPO, tanto no que se refere à articulação governamental interna quanto no que tange ao envolvimento da sociedade civil. Este processo criou as condições políticas e os espaços institucionais de sustentação do Plano. Também favoreceu a maior inserção da temática de agroecologia no planejamento federal, especialmente no Plano Plurianual.

O caráter multissetorial do PLANAPO favoreceu o diálogo com outras agendas e contribuiu para o fortalecimento de políticas afins, especialmente àquelas relacionadas à segurança alimentar e nutricional e ao meio ambiente.

Neste aspecto, cabe destacar a sinergia entre o PLANAPO e Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PLANSAN), que tem como uma de suas diretrizes, para o período 2012-2015, a “promoção do abastecimento e estruturação de sistemas sustentá-veis e descentralizados, de base agroecológica e sustentáveis de produção, extração, processamento e distribuição de alimentos”.

A execução do Plano Nacional de Recursos Hídricos, coordenado pelo MMA, que tem por um de seus objetivos a melhoria das dispo-nibilidades hídricas, superficiais e subterrâneas, em qualidade e quantidade6, também possui interface com a implementação do PLA-NAPO, que visa fortalecer o manejo agroecológico e orgânico, o qual contribui para a conservação da água e recuperação de bacias.

Ainda no que se refere à temática ambiental, o PLANAPO converge com objetivos do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, espe-cialmente no que se refere ao fortalecimento das ações intersetoriais voltadas à redução das vulnerabilidades das populações e à re-dução sustentada das taxas de desmatamento7. Também contribui para a implantação do Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima, especialmente no que se refere à consolidação de estratégias de adaptação para o setor agropecuário, para a segurança alimentar e nutricional e para a manutenção da biodiversidade e dos ecossistemas. Tais estratégias envolvem o desenvolvimento de sistemas de produção agropecuários sustentáveis e resilientes, além da identificação e apoio a práticas de produção e distribuição de alimentos mais eficientes e a disseminação de iniciativas que promovam a gestão, conservação e recuperação de ecossistemas8.

6 Plano Nacional de Recursos Hídricos. Disponível em http://www.mma.gov.br/agua/recursos-hidricos/plano-nacional-de-recursos-hidricos. Acesso em 26/05/2016.7 Plano Nacional sobre Mudança do Clima. Disponível em <http://www.mma.gov.br/estruturas/smcq_climaticas/_arquivos/plano_nacional_mudanca_clima.pdf>. Acesso em 26/05/2016. 8 Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima. Disponível em http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80182/PNA_%20Volume%202.pdf>. Acesso em 26/05/2016.

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Também cabe mencionar a interface com o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural e Sustentável (PNDRSS) que tem entre os seus objetivos: a consolidação e o fortalecimento dos espaços internacionais, regionais e multilaterais, a agenda do desenvolvimento rural com ênfase na agricultura familiar e agroecológica; a promoção do etnodesenvolvimento, valorizando a agrobiodiversidade e os produtos da sociobiodiversidade; e a valorização dos jovens e mulheres.

Importante ressaltar, ainda, a maior articulação da agenda da sociobiodiversidade com a agroecologia e a produção orgânica. De fato, durante a implementação do PLANAPO, MMA e MDA envidaram esforços para aproximar as temáticas, de forma a fortalecê-las mutuamente. Nesse sentido, foi criada a Subcomissão Temática da Sociobiodiversidade, que realizou o “II Seminário Nacional da Sociobiodiversidade”, com o fim de validar a proposta do Programa Nacional da Sociobiodiversidade (2016/2019), a ser incorpo-rado ao PLANAPO II , que vigerá de 2016 a 2019.Além das repercussões na esfera federal, o Plano serviu de parâmetro para que alguns governos estaduais implementassem seus próprios processos de planejamento de políticas para promoção da agroecologia e da produção orgânica. Neste sentido, cabe destacar os seguintes avanços:

• Lançamento do Plano “Rio Grande Agroecológico”, pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul, em março de 2016;

• Criação da Política Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica do Estado da Paraíba, em março de 2016; e

• Criação da Política Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica do Estado de Minas Gerais, em janeiro de 2014.

Além destes três Estados que já concluíram e formalizaram seus planos ou políticas, em diversas Unidades da Federação obser-vam-se discussões e debates públicos sobre agroecologia, por meio de eventos como seminários ou audiências públicas. A título de exemplo, podem ser citados:

• VI Seminário Estadual de Agroecologia de Santa Catarina (março de 2015);

• Seminário Agroecologia e Desenvolvimento Rural: Construindo uma Política Pública na Bahia (maio de 2015)

• Seminário Estadual de Agroecologia de Rondônia (novembro de 2015);

• Encontro Estadual de Agroecologia do Espírito Santo (agosto de 2015);

• Seminário Regional de Comercialização da Agricultura Familiar e Agroecológica do Estado do Mato Grosso (novembro de 2015);

• Debate sobre as diretrizes do Plano Estadual de Agroecologia na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul (novembro de 2015);

• Audiência Pública para discussão do Plano Estadual de Agroecologia do Estado do Ceará (setembro de 2015); e

• III Seminário de Agroecologia de Pernambuco (setembro de 2015).

O PLANAPO tem sido, portanto, um experimento pioneiro em termos da criação de arranjos institucionais e instâncias de coorde-nação com múltiplos atores, apresentando-se também como um fator de influência sobre outros níveis de governo.

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BALANÇO DA EXECUÇÃO

O PLANAPO previu a aplicação de recursos financeiros da ordem de R$ 2,5 bilhões para implementar ações de políticas públicas e programas governamentais. Além deste montante, foram disponibilizados R$ 7 bilhões para crédito agrícola. Deste total, R$ 2,5 bilhões foram disponibilizados pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, sob responsabilidade do MDA, e R$ 4,5 bilhões no âmbito do Plano Agrícola e Pecuário, gerido pelo MAPA.

Os recursos não reembolsáveis efetivamente investidos na implementação do plano somaram R$ 2.631.387.286,31, perfazendo uma execução financeira global de cerca de 99%. Para efeito de balanço, cabe analisar de maneira mais detalhada a execução do plano em relação aos quatro eixos estruturantes e também em relação ao conjunto das iniciativas que compõem cada um dos eixos.

Em relação aos eixos do Plano, a análise detalhada mostra que a taxa de execução financeira global próxima de 100% dos recursos não reembolsáveis previstos não se distribui igualmente em cada eixo.

Como demonstra a tabela a seguir, no eixo Produção, a execução financeira foi de 180% em relação ao orçamento previsto, sendo que 61,24% do total de recursos aplicados estiveram concentrados neste eixo. Os outros três eixos tiveram taxas de execução bem menores, especialmente os eixos Uso e Conservação de Recursos Naturais e Comercialização e Consumo. Em resumo, a alta taxa de execução financeira do eixo Produção foi responsável pela grande aproximação entre o total de recursos não reembolsáveis orçado e realizado, apesar das taxas de execução mais baixas nos outros três eixos.

Execução financeira do PLANAPO segundo os eixos estruturantes – em R$

Eixo Previsto Executado% de execução Financeira

% de recursos em relação ao total

Produção 861.664.990,00 1.552.465.392,88 180,17 58,99

Recursos Natu-rais

188.341.503,48 59.170.765,49 31,42 2,24

Conhecimento 1.090.100.000,00 674.262.911,32 61,85 25,6

Comercializa-ção

416.450.000,00 345.488.216,62 82,9 13,12

Total2.556.556.493,48 (1)

2631387286,31 100,2 100,00

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Orçamento do PLANAPO 2013-2015, excluindo-se os montantes previstos para crédito agrícola (reembolsáveis), de R$ 7 bilhões.

Esta situação se repete no nível das iniciativas previstas. Das 125 iniciativas inseridas no PLANAPO, um total de 37 iniciativas (29%) podem ser consideradas como ‘integralmente cumpridas’, em razão de apresentarem execução financeira igual ou superior à prevista. Um segundo conjunto com 57 iniciativas (46%) podem ser enquadradas como ‘parcialmente cumpridas’, por não terem atingido integralmente as metas físicas e financeiras previstas no plano e terem apresentado execução diferente de zero. O terceiro conjunto é formado por 22 iniciativas (18%) tidas como ‘não cumpridas’, ou seja, que não tiveram suas ações iniciadas no período considerado (2013-2015). Por fim, para um total de 9 iniciativas (7%) não havia informações disponíveis quanto a sua execução.

As iniciativas integralmente cumpridas mobilizaram e aplicaram recursos da ordem de R$ 1,6 bilhões, o que representa 65% dos recursos investidos no plano. Esta execução financeira superou em 223% a previsão orçamentária estabelecida para essas iniciati-vas na fase de construção do plano, que foi de R$ 739 milhões.

Já aquelas iniciativas cumpridas parcialmente corresponderam a investimentos de mais de R$ 882 milhões, o que representa 44%

22; 18%

9; 7%

37; 29%

57; 46%

Cumprida

Parcialmente Cumprida

Não cumprida

informação não discponível ou não fornecidaaté o momento

Status de exercução das 125 iniciativas do PLANAPO 2013-2015

23|

do orçamento total executado. O orçamento previsto para esse conjunto de iniciativas foi de R$ 1,5 bilhões, o que indica uma taxa de execução orçamentária de 58,6%.

Execução financeira do PLANAPO segundo o status das iniciativas – em R$

StatusNúmero de inicia-tivas

Orçado Executado %

Cumpridas 37 739.265.000,00 1.649.937.663,99 223,19

Parcialmente cumpridas 57 1.505.921.493,48 882.523.996,82 58,60

Não cumpridas 22 119.270.000,00 2.457.308,50 2,06

Informação não disponível

9 192.100.000,00 - -

TOTAL 125 2.556.556.493,48 (1) 2.534.918.969,31 99,15

Orçamento do Planapo, excluindo-se os montantes previstos para crédito agrícola (reembolsáveis) no valor de R$ 7 bilhões.

O cruzamento dos dados da execução financeira, segundo o status das iniciativas e segundo os eixos estruturantes, mostra mais uma vez uma maior concentração dos recursos na execução de iniciativas que compõem o eixo Produção. As iniciativas integralmen-te cumpridas neste eixo consumiram cerca de 97% dos recursos executados neste eixo, que foi de R$ 1,5 bilhões. Nos demais eixos, a contribuição das iniciativas cumpridas para a execução financeira total do eixo foi bem inferior: 27%, no caso do eixo recursos naturais; 18%, no eixo conhecimento; e 0,7%, no eixo comercialização.

Execução financeira segundo o status das iniciativas e eixos estruturantes – em R$

Eixos

Status Produção Recursos Naturais Conhecimento Comercialização

Cumpridas 1.509.950.177,60 16.488.940,92 121.752.435,62 1.746.109,85

Parcialmente cumpridas 40.057.906,78 42.681.824,57 552.510.475,70 247.273.789,77

Não cumpridas 2.457.308,50

Informação não disponível

TOTAL 1.552.465.392,88 59.170.765,49 674.262.911,32 249.019.899,62

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Do total de 125 iniciativas previstas no PLANAPO, apenas 89 apresentam previsões orçamentárias para o período 2013-2015. As restantes possuem apenas meta de execução física, algumas delas referindo-se a procedimentos internos dos Ministérios envol-vidos. Entre as 89 iniciativas que contaram com previsão orçamentária, 15 delas concentraram 95% dos recursos aplicados, o equivalente a R$ 2,4 bilhões. Este grupo de 15 iniciativas, apresentado na tabela abaixo, reflete ações de grande destaque na im-plementação do Plano, tanto em termos de execução orçamentária quanto em termos de resultados, público atendido e processos territoriais impulsionados.

PLANAPO 2013-2015: 15 iniciativas com execução financeira destacada – em R$

Iniciativa Órgão responsável Recursos aplicados

Implantação de unidades de tecnologias sociais de acesso à água para produção de alimentos (Segunda Água)

MDS 1.430.000.000,00

Aquisições de alimentos agroecológicos e orgânicos via PNAE FNDE 317.102.911,77

Chamadas Públicas de ATER agroecologia e redes MDA 218.590.000,00

Chamadas Públicas de ATER agroecologia MDA 195.811.257,39

Formação continuada em agroecologia MEC 74.008.119,77

Formação técnica em agroecologia MEC 35.379.075,19

Chamadas Públicas de ATER para o Programa Bolsa Verde INCRA 35.070.786,31

Apoio à projetos de pesquisa, educação e extensão MAPA 34.457.815,38

Apoio a redes de agroecologia por meio do Programa Ecoforte SG/PR 32.588.265,54

Chamadas Públicas de ATER mulheres MDA/DPMRQ 31.900.000,00

Formação profissional para agricultores INCRA 25.875.000,00

Aquisição de sementes via PAA MDS 25.000.000,00

Implementação de planos de vigilância em saúde de populações expos-tas aos agrotóxicos, nas 27 UF

MS 22.700.000,00

Apoio a conservação, multiplicação, disponibilização, distribuição e co-mercialização de sementes e mudas

MDA 12.311.012,11

Total 2.412.140.926,46

24|

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Em que pese a acentuada concentração de recursos aplicados no eixo Produção e em determinadas ações estruturantes, o perfil geral de execução financeira do PLANAPO indica coerência entre a implementação do Plano e a PNAPO.

Acentue-se que a concentração de recursos no eixo Produção sugere que o foco da implementação do PLANAPO, durante seu pri-meiro ciclo de planejamento, esteve no apoio à estruturação da base da cadeia produtiva de alimentos orgânicos e de base agroe-cológica, cujo fortalecimento é condição necessária à sustentação das políticas de fortalecimento de mercado e consumo de tais alimentos. A menor concentração de recursos financeiros no eixo Recursos Naturais alerta para a necessidade de maior sinergia entre as iniciativas de apoio à produção e aquelas diretamente voltadas à conservação de recursos naturais. Aliar produção à con-servação e recuperação é um dos pilares da sustentabilidade agrícola, sendo desejável, como princípio, maior equilíbrio entre os investimentos aplicados neste eixo e nos demais.

Produção

Eixo 1

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CRÉDITO PARA A PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA E ORGÂNICA

Na confecção do diagnóstico inicial do PLANAPO, constatou-se que o número de contratos de financiamento do PRONAF para a produção orgânica e agroecológica era ainda muito reduzido, apesar da disponibilidade de linhas de crédito especificamente formu-ladas para atender a estes segmentos produtivos, a exemplo do PRONAF Agroecologia, PRONAF Eco e PRONAF Floresta. Uma das estratégias do Plano foi disponibilizar um volume substancial de recursos para crédito agrícola para o período 2013-2015.

Por meio do PRONAF, o MDA disponibilizou um total de R$ 2,5 bilhões para custeio e investimento na produção agroecológica e orgânica9. Já o MAPA disponibilizou, como parte do Plano Agrícola e Pecuário, um montante de R$ 4,5 bilhões. Ao mesmo tempo, formulou-se um conjunto de iniciativas voltadas à realização de ajustes e adequações nas normas do financiamento, capacitação de técnicos de Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER e agentes financeiros e desenvolvimento de normas e instrumentos para facilitar o acesso de mulheres e jovens ao crédito para a produção agroecológica e orgânica.

A constatação, ao final do ciclo 2013-2015 do PLANAPO, é de que o número de contratos de financiamento para a produção or-gânica e de base agroecológica e o montante de recursos respectivos são ainda tímidos. No âmbito do PRONAF, os recursos efe-tivamente aplicados somaram R$ 63,1 milhões, distribuídos em 1.973 contratos de crédito, o que representa 2,5% dos recursos disponibilizados inicialmente.

9 A meta do MDA, em termos de recursos para crédito, foi de disponibilizar 5% do total dos recursos do PRONAF destinados à produção agroecológica e orgânica. No período 2013-2015, esse percentual corresponde a R$ 3,7 bilhões, montante superior aos R$ 2,5 bilhões fixados em termos de meta orçamentária. Para efeito deste relatório, considera-se a meta orçamentária fixada em R$ 2,5 bilhões.

2.500.000.000,00

63.100.001,71(2,5%)

orçado executado

Recursos do PRONAF disponibilizados para financiar a agricultora orgânica e agroecológica - 2013-2015

28|

Já no âmbito do MAPA, os recursos efetivamente executados somaram R$ 9,2 milhões, aplicados na linha de crédito “ABC - Agri-cultura de baixo carbono”, o que corresponde a 0,2% do montante total disponibilizado. Cabe destacar que não é possível, até o momento, identificar que parcelas do montante executado foram aplicadas na produção orgânica e agroecológica, uma vez que o modelo de contratação utilizado pelo agente financeiro não distingue essas duas categorias.

A baixa execução orçamentária das linhas de crédito citadas acima parece confirmar o diagnóstico inicial de que as necessidades técnicas, operacionais e financeiras da produção orgânica e agroecológica não são devidamente conhecidas pelos agentes finan-ceiros e técnicos de ATER. Além disso, linhas de financiamento específicas como o PRONAF Agroecologia ainda não parecem estar amplamente difundidas entre os agricultores e agricultoras.

Em termos de aprimoramento dos instrumentos e normas para a operacionalização do crédito, o MDA, em conjunto com o Minis-tério da Fazenda, fez ajustes no PRONAF Agroecologia em relação ao diferencial positivo dessa linha de financiamento, em termos de bônus por adimplência, prazos e carências, juros, ATER embutida e riscos financeiros. As condições desta linha de crédito que estiveram em vigência no Plano Safra 2014-2015 são as seguintes:

• PRONAF Agroecologia Custeio - taxas de juros de 2,5% a.a., para uma ou mais operações de custeio que, somadas, atinjam valor de até R$10.000,00 por mutuário, em cada safra; 4,5% a.a., para uma ou mais operações de custeio que, somadas, atinjam valor entre R$10.000,00 e R$30.000,00 por mutuário, em cada safra; 5,5% a.a., para uma ou mais operações de custeio que, somadas, atinjam valor entre R$30.000,00 e R$100.000,00 por mutuário, em cada safra.

• PRONAF Agroecologia Investimento - concedida a agricultores familiares que possuam Declaração de Aptidão ao Pronaf - DAP e que apresentem projeto técnico para sistemas de produção de base agroecológica ou em transição para sistemas de base agroecológica, segundo as normas estabelecidas pelo MDA, e para sistemas orgânicos de produção, conforme normas estabelecidas pelo MAPA. Encargos financeiros de 2,5% a.a, para qualquer valor financiado até o limite de R$ 150.000,00. Cobertura dos custos relativos à implantação e manutenção do empreendimento em até 35% do valor finan-ciado, sendo que aassistência técnica é obrigatória, desde a elaboração até a instalação completa do projeto.

MDA e MF também trabalharam no aperfeiçoamento do Sistema de Operações de Crédito Rural (SICOR), do Banco Central. As mudanças introduzidas permitem identificar as operações de crédito da agricultura familiar orientadas para sistemas de produção orgânica e agroecológica, o que favorece a obtenção de relatórios e o acompanhamento da efetivação de crédito para tais sistemas.

Em outra frente, registre-se que não tiveram êxito as tratativas entre órgãos parceiros, visando estabelecer tabelas de referência com diferencial de preços para produtos agroecológicos e orgânicos, com incorporação de serviços ambientais para efeito de cálculo.

Visando ampliar o número de agricultores(as) familiares com acesso ao crédito para a produção orgânica e de base agroecológica, o MDA promoveu a qualificação de 767 técnicos de ATER em linhas de financiamento, de uma meta de 1200 prevista inicialmente, o que corresponde a 64% de execução. Outros(as) 960 profissionais e lideranças foram capacitados(as)_ sobre as linhas de finan-ciamento específicas para mulheres e com foco na produção orgânica e agroecológica. Este número representa uma execução de

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669% em relação à meta inicial, de 150 técnicos capacitados nesse tema. Este resultado foi alcançado por meio de 04 projetos de ATER, que contemplaram a realização de 48 oficinas de formação em elaboração de projetos sobre o Pronaf e Pronaf Mulher com foco em agroecologia10.

Em termos de incidência territorial do PRONAF, com recorte na produção orgânica e agroecológica, ainda se observa concentração dos financiamentos nos Estados da Região Sul do país.

Distribuição geográfica das operações de crédito para a agroecologia e produção orgânica por meio do PRONAF.

10 Os quatro projetos de ATER foram implementados nos territórios da cidadania do Vale do Ribeira (SP), Médio Rio Uruguai (RS), Planalto Norte (SC) e Baixada Cuiabana (MT).

30|

Em que pese os esforços das instituições para aprimorar as normas aplicáveis aos instrumentos de crédito, bem como capacitar técnicos e lideranças dos agricultores e agricultoras, a ampliação do acesso ao crédito para a produção orgânica e agroecológica permanece como um desafio para os próximos anos.

INCIDÊNCIA NAS DINÂMICAS TERRITORIAIS LOCAIS

O PLANAPO previu o apoio à articulação de atores locais e o fortalecimento das redes de organizações com atuação em agroeco-logia, a fim de dinamizar ações e políticas relacionadas à produção orgânica e agroecológica, no âmbito dos territórios. Durante a vigência do Plano, foram realizadas tratativas entre os órgãos parceiros do Plano e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômi-co e Social (BNDES) e a Fundação Banco do Brasil (FBB), com o fim de viabilizar recursos do Fundo Social do BNDES e do Fundo Amazônia para a implementação de algumas das iniciativas previstas no PLANAPO. Nesse contexto, foi desenvolvido o programa Ecoforte.

O Programa é resultado de um acordo de cooperação técnica entre a SG/PR, o MDA, o MAPA, o MMA, o MDS, o MTE, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Embrapa, o BNDES, o Banco do Brasil (BB) e a Fundação Banco do Brasil (FBB), firmado em outubro de 2013, com o fim de desenvolver ações conjuntas para promover o fortalecimento e a ampliação de redes, cooperativas e organizações socioprodutivas e econômicas de agroecologia, extrativismo e produção orgânica. Para o cumprimento do acordo, entre 2013 e 2015, foram lançados dois editais de chamada pública vinculados ao programa, relativos ao Ecoforte Redes e ao Eco-forte Extrativismo.

Lançado em 14/03/2014, o edital do Ecoforte Redes teve como objeto o apoio a projetos territoriais de redes de agroecologia, extrativismo e produção orgânica, voltados à intensificação das práticas de manejo sustentável de produtos da sociobiodiversidade e de sistemas produtivos orgânicos e de base agroecológica. Os investimentos previstos foram de R$ 25 milhões, para projetos de até R$ 1.250.000,00. Os recursos são oriundos da Fundação Banco do Brasil e do Fundo Social do BNDES. Foram recebidas 167 propostas e selecionadas 33 delas, com base nos critérios descritos no edital.

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Distribuição geográfica dos projetos apoiados pelo Ecoforte Redes e Ecoforte Extrativismo

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O recurso inicial foi suficiente para atendimento a 24 redes. Posteriormente, foi possível disponibilizar recursos adicionais para atendimento a 28 redes, com um investimento total de R$ 32,6 milhões nos exercícios de 2014 e 2015, sendo R$ 12,5 milhões oriundos do Fundo Social do BNDES e R$ 20,1 milhões da FBB. A meta original do PLANAPO era apoiar um total de 30 redes.

O PLANAPO não previu iniciativa específica para fomento ao extrativismo por meio do programa Ecoforte. No entanto, atendendo à demanda da sociedade civil por apoio a empreendimentos extrativistas, a FBB e o BNDES, em articulação com o MMA e ICMBio lançaram, em 23/9/2014, o Edital n° 2014/020 (Ecoforte Extrativismo).

Por meio doedital, objetiva-se apoiar à estruturação de empreendimentos econômicos coletivos, visando ao beneficiamento e à comercialização de produtos oriundos do uso sustentável da sociobiodiversidade. O total de recursos financeiros não reembolsáveis previsto para investimentos foi de R$ 6 milhões, oriundos da FBB e do Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES. O público beneficiado foi constituído por famílias residentes nas Unidades de Conservação Federal de Uso Sustentável, localizadas no bioma Amazônia.

Nesse edital, foram selecionadas 10 propostas, dentre as 32 recebidas, com um montante de desembolso previsto de R$ 4 milhões. Para o segundo ciclo do PLANAPO, está prevista continuidade do Programa, com o lançamento de novo edital, já em 2016.

Como mostra o gráfico a seguir, o Ecoforte Redes realizou 93% da meta física prevista, de 30 apoio a redes de agroecologia e pro-dução orgânica. Para isso, foram usados 54% dos recursos previstos inicialmente. O total de beneficiários diretos é estimado em 20.716 famílias que participam dos diferentes projetos.

O alto número de projetos apresentados (167) indica que existe significativa demanda por apoio às redes.

Ecoforte Redes e Ecoforte Extrativismo

3310

167

32 2810

projetos apresentados projetos selecionados projetos apoiados

Ecoforte Redes Ecoforte Extrativismo

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O programa Ecoforte redes tem promovido a dinamização das redes, além da sensibilização dos públicos beneficiados para a temática da agroecologia, o que tem potencializado a participação mais efetiva da sociedade civil na construção da agenda po-lítica local.

Segundo verificado durante o processo de monitoramento, há um entendimento comum entre os órgãos parceiros de que o apoio às redes de agroecologia fortalece as iniciativas territoriais de transição agroecológica. Alguns dos desafios para o avanço do programa são: i) ampliar a sua capacidade de execução e o volume de recursos aplicados; ii) desenvolver mecanismos específicos de avaliação dos efeitos dos projetos apoiados na ampliação de agricultores agroecológicos ou em transição.

Uma terceira iniciativa dirigida à dinamização das atividades de comercialização da produção agroecológica e orgânica nos territórios foi a parceria da CONAB e BNDES cuja meta era financiar 350 projetos de fomento à agroindustrialização, comercia-lização e atividades pluriativas solidárias para organizações que acessam o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e a Política de Garantia de Preço Mínimo para os Produtos da Sociobiodiversidade (PGPMBio).

Por meios de dois editais lançados pela CONAB/BNDES em 2013, foram selecionados 393 projetos (102 já contratados e 291 em fase de contratação), o que representa 112% da meta inicial. Em termos de execução financeira, os valores efetivamente con-tratados (R$ 4,7 milhões) e em fase de contratação (R$ 13,04 milhões) representaram 70% do total previsto no PLANAPO para esta iniciativa, que era de R$ 25 milhões.

Projetos recebidos e apoiados no ambito da parceriaCONAB/BNDES

802

201

1639

102

edital 01/2013 edital 02/2013

projetos apresentados projetos selecionados

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Os investimentos realizados permitirão, ao término da execução dos contratos, que quase 400 organizações de agricultores(as) familiares sejam beneficiadas pela melhor estruturação de seus empreendimentos, via aquisição de equipamentos de processa-mento, transporte e melhoria da estrutura de armazenamento da produção. As ações realizadas, dentre outras medidas de apoio à comercialização e à sustentação de preços, contribuem para a estruturação de redes de agroecologia e para o fortalecimento da produção, do abastecimento e do consumo de alimentos saudáveis no Brasil.

Favoreceram o alcance dos resultados desta iniciativa a capacidade instalada da CONAB, com destaque para a capilaridade institu-cional (presença da companhia em todos os estados da federação) e tecnologias de gestão, e a relação da entidade com a extensa rede de organizações da agricultura familiar, construída ao longo de onze anos de operacionalização do PAA e de quatro anos da Política de Garantia de Preços Mínimos para os produtos da Sociobiodiversidade (PGPMBio). Os desafios ao avanço desta iniciativa estão relacionados especialmente às dificuldades das organizações de base local na apresentação de projetos e às limitações de apoio técnico para sua implementação.

Uma outra iniciativa do PLANAPO voltada à dinamização dos processos de produção e comercialização da produção orgânica e agroecológica no âmbito dos territórios foi o Programa de Agroindustrialização de Assentamentos - Terra Forte. Sob a responsabi-lidade do INCRA, o programa tinha como meta financiar 10 projetos para fomento à agroindustrialização e atividades pluriativas solidárias para organizações de agricultores familiares, assentados da reforma agrária, povos e comunidades tradicionais, jovens e mulheres. O orçamento previsto foi de R$ 30 milhões.

Em 2013 cerca de 300 associações e cooperativas se cadastraram no INCRA, tendo apresentado 256 pré-projetos para o programa. Com uma demanda tão grande, as várias etapas seletivas se tornaram mais lentas do que o esperado e resultaram em um “afuni-lamento” que levou à aprovação de um número reduzido de projetos.

O mapa a seguir demonstra a distribuição dos projetos habilitados na 1ª Edição do programa:

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Até o final de 2015, foram 06 projetos aprovados, sendo que desses, 03 já foram contratados e autorizados a iniciar suas ativida-des, o que representa 30% da meta prevista, que era de 10 projetos. Esses 06 projetos vão beneficiar diretamente 1.412 famílias cooperadas e cerca de 8.237 famílias poderão se beneficiar indiretamente, pois se encontram no raio de abrangência do projeto. Os valores a serem aportados para esses projetos serão de R$ 21,5 milhões. Considerando os projetos habilitados (32) o número de projetos aprovados correspondeu a apenas 18,75%.

Vale ressaltar que 02 dos 06 projetos aprovados vão processar matérias-primas certificadas como orgânicas. Do total de projetos habilitados, 27 (84%) foram elaborados por meio dos Termos de Cooperação realizados pelo Incra com Universidades, apontando a importância dessas parcerias para a qualificação das demandas e apresentação de bons projetos.

PROMOÇÃO DA SEGURANÇA HÍDRICA

O PLANAPO previu a implantação de 60.000 unidades de tecnologias sociais de acesso à água para produção de alimentos (Segun-da Água – Programa Cisternas) em unidades de produção orgânica e de base agroecológica. Esta ação esteve sob a responsabili-dade do MDS e sua execução ocorreu de forma descentralizada, por meio de acordos de parceria firmados com organizações da sociedade civil e governos estaduais do Semiárido.

Os resultados, em termos de execução física da iniciativa, superaram a meta estabelecida no PLANAPO, tendo sido implementadas mais de 140 mil tecnologias, o que representa 283% de execução, considerada a previsão inicial.

Implantação de unidades de tecnologias sociais de acesso à água para produção de alimentos

Execução física143136238%

60000

previsto realizado

Exercução financeira

1,4 Bilhão283,33%

600Milhões

previsto realizado

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O alto desempenho na implementação dessa iniciativa pode ser explicado pela prioridade dada ao tema do acesso à água e se-gurança hídrica em anos anteriores ao próprio PLANAPO. Já em 2011, a ação contou com ampliação substancial dos recursos orçamentários, resultado principalmente da definição de metas específicas no Plano Brasil Sem Miséria. Durante as discussões do Plano Plurianual 2012-2015, foi definido orçamento anual, até 2015, da ordem de R$ 440 milhões, o que contribuiu de forma decisiva para viabilizar a contratação de 143.136 tecnologias sociais de acesso à água para a produção de alimentos.

A partir do Plano Brasil Sem Miséria, e com a ampliação do orçamento disponível, foi possível aumentar substancialmente o nú-mero de famílias atendidas com tecnologias de acesso à água para a produção de alimentos. A prioridade estabelecida se refletiu também em novas oportunidades de integração de políticas. De fato, tem havido um esforço importante no sentido de articular essa iniciativa com outras ações relacionadas à inclusão produtiva rural.

A partir de 2014, houve uma intensificação do ritmo de implementação das ações, devido à definição de um novo marco legal para o Programa Cisternas (por meio da Lei nº 12.873/2013 e do Decreto nº 8.038/2013), que simplificou e deu maior celeridade ao processo de execução do Programa.

Concentração geográfica (municípios) dos beneficiários do programa Segunda Água/MDA

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MULHERES NA AGROECOLOGIA E NA PRODUÇÃO ORGÂNICA

O fortalecimento do protagonismo das mulheres rurais na agroecologia e produção orgânica é uma das diretrizes da PNAPO que foi traduzida no Plano por meio de um conjunto de iniciativas que se distribuem pelos quatro eixos, com destaque para o eixo Pro-dução. Parte substancial da implementação destas iniciativas esteve a cargo da Diretoria de Políticas para as Mulheres Rurais e Quilombolas (DPMRQ), do MDA.

Uma das iniciativas estruturantes previstas no PLANAPO foi a promoção de ATER específica para mulheres, com a meta de aten-der a 4 mil beneficiárias, com foco na sociobiodiversidade, agroecologia e produção orgânica. Entre 2013 e 2014, foram lançadas 04 chamadas públicas de ATER para mulheres, que possibilitaram o atendimento a 5.200 beneficiárias, superando-se a meta prevista11. Duas dessas chamadas previram o pagamento de crédito para fomento produtivo agroecológico (criação de pequenos animais, quintais produtivos, mandalas, etc), direcionado para mulheres. As duas chamadas restantes contemplaram assessoria para elaboração e implementação de projetos do Programa de Aquisição de Alimentos - PAA e do Programa Nacional de Alimenta-ção Escolar - PNAE (mercados institucionais).

Em relação a iniciativas do Eixo Conhecimento, as chamadas de ATER Agroecologia lançadas em 2013 possuíam a meta de alcançar no mínimo 30% de mulheres. De acordo com as informações de monitoramento coletadas, esta meta foi superada, com 50% do público dessas chamadas composto por mulheres. Contudo, não houve lançamento de novas chamadas em 2014 e 2015. A políti-ca de ATER é um dos principais pilares do PLANAPO e tem avançado na incorporação de iniciativas e estratégias de promoção da igualdade de genêro.

A definição do percentual de 30% e sua superação no atendimento às mulheres agricultoras familiares nas chamadas públicas de ATER no Plano foi uma conquista emblemática. No entanto, é preciso avançar na qualidade dos serviços prestados.

Nesse sentido, alguns desafios para ATER permanecem, tais como: i) melhorar a formação das equipes técnicas que atuam na im-plementação dos contratos de ATER; ii) aumentar a efetividade da integração da política de ATER com outras políticas e programas (Pronaf, PAA, PNAE, etc); iii) garantir a continuidade da prestação dos serviços de ATER; iv) ampliar e adaptar os serviços de ATER para a Região Norte do país; v) sistematizar a analisar os principais resultados alcançados por meio dos serviços de ATER para mulheres; vi) elaborar e implementar o Programa Nacional de Formação de Agentes de ATER para Mulheres; vii) ampliar e qualificar a ATER específica para mulheres; viii) prever atividades de recreação infantil em todas as chamadas de ATER; ix) apoiar a implemen-tação dos quintais agroecológicos; x) promover melhor adequação da política de crédito às necessidades das mulheres rurais; xi) fortalecer as organizações produtivas das mulheres rurais; xii) ampliar o acesso das mulheres e/ou suas organizações produtivas às compras governamentais; e xii) fortalecer à agroindustrialização da produção agroecológica das mulheres rurais.

O PLANAPO também favoreceu a realização de chamamentos públicos de organizações produtivas que visaram apoiar atividades de capacitação e formação dirigidas ao fortalecimento dos grupos e redes produtivas de mulheres rurais. A meta inicial, de apoiar 100 grupos produtivos de mulheres, foi superada com o apoio a um total de 512 grupos por meio de 17 projetos para o desenvolvimento

11 As 04 chamadas de ATER Mulheres contemplaram os seguintes aspectos: fortalecimento da produção agroecológica, no âmbito do Plano Brasil Sem Miséria (03/2013); ATER para mulheres preferencialmente organizadas em grupos produtivos, com vistas ao fortalecimento da produção agroecológica (10/2013); fortalecimento da produção agroecológica nas regiões Centro Sul (01/2014); fortalecimento da produção agroecológica, mas no âmbito do Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais, no semiárido (02/2014).

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de atividades econômicas. Também o orçamento previsto para essas ações, que era de R$ 1,5 milhões, foi superado em 240%, com investimentos de R$ 3,6 milhões.

No campo das ações de formação, o PLANAPO previa a realização de 40 atividades dirigidas a agricultoras e gestores(as), sobre gênero e políticas públicas estratégicas abarcadas pelo Plano. Foi previsto orçamento de R$ 400 mil para apoiar essa iniciativa. Para viabilizar a sua execução, foram formalizadas parcerias com 8 universidades e institutos federais que passaram a apoiar atividades de formação relativas aos temas mulheres e agroecologia, nas diferentes regiões do Brasil. Ao todo, foram apoiadas 72 atividades formativas, o que corresponde a 180% de alcance da meta inicial, de 40atividades. A execução orçamentaria foi de R$ 3,36 milhões, superando em 840% os R$ 400 mil inicialmente previstos.

Ainda em relação às ações de capacitação, foi prevista no PLANAPO a formação de guardiões(ães) de sementes, com garantia de participação de, no mínimo, 50% de mulheres nos eventos formativos. Em 2014, foram formados(as) 46 guardiões(ães), sendo 67% mulheres. Em 2015, foram 200 formandos, sendo 50% mulheres.Esta iniciativa esteve a cargo da Embrapa, que também realizaria 04 formações para seus servidores sobre gênero e políticas estratégicas integrantes do plano. Embora as formações tenham sido estruturadas, a ação não chegou a ocorrer por falta de recursos financeiros.

A inclusão de módulos sobre igualdade de gênero nas capacitações dos técnicos ou funcionários dos agentes financeiro que ope-ram as políticas de crédito para a agricultura familiar foi outra iniciativa prevista no PLANAPO. Em 2014, a DPMRQ participou de 03 reuniões técnicas, nas quais foram incluídos módulos específicos sobre o acesso de mulheres ao crédito, com destaque para o Pronaf Mulher e o Pronaf Agroecologia.

Outro espaço em que a DPMRQ tem participado ativamente é o Fórum do Crédito e do Seguro da Agricultura Familiar, no qual têm sido pautados e debatidos diversos temas vinculados ao acesso das mulheres ao crédito.

As reuniões técnicas sobre o Plano Safra 2015/2016 também representaram um importante espaço para discussão e conhecimento das normas vigentes para operacionalização das diversas modalidades do Pronaf. Em 2015, foram realizadas 13 reuniões em 13 Estados (MT, DF, MS, CE, RN, PB, RJ, SP, ES, PA, TO, SC e PR), com 2.649 participantes, dentre agricultores(as) familiares, agentes de crédito, técnicos(as) e demais interessados.

No Eixo Uso e Conservação de Recursos Naturais, previu-se uma iniciativa voltada à identificação de mulheres na construção e ges-tão de tecnologias de acesso à água, no âmbito dos programas de acesso à água do MDS. Segundo dados atuais do SIG Cisternas, cerca de 50% dos(as) beneficiários(as) principais da política são mulheres. Além disso, cerca de 69% dos quintais produtivos e 61% da criação animal associada às tecnologias são geridos por mulheres.

No eixo Conhecimento, foi incluído uma inciativa visando garantir que as chamadas públicas do MDA e do INCRA estabeleçam o atendimento prioritário de, no mínimo, 50% de mulheres para o conjunto das ações a serem realizadas. No caso da ATER esse patamar vem sendo atingido desde 2013. Segundo dados do Sistema Informatizado de ATER (SIATER), em 2015, as mulheres re-presentavam 88% do público beneficiário dos contratos cujo objeto é a agroecologia.

Por fim, no eixo Comercialização, previu-se a capacitação de 60 técnicos de ATER sobre o acesso de grupos de mulheres ao PAA,

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comercialização de produtos da sociobiodiversidade, produção orgânica e de base agroecológica. Esta ação foi executada por meio de parcerias com universidades e institutos federais. Ao todo, foram formados 506 técnicos, o que representa uma superação da meta inicial em 843%. A execução financeira foi de R$ 338 mil, muito superior à previsão inicial de R$ 50 mil.

Vistas em seu conjunto, as iniciativas do PLANAPO relacionadas ao tema mulheres, agroecologia e produção orgânica tiveram um alto desempenho, em termos de execução física e financeira, além de abarcar uma complexa rede de relações de parcerias institucionais.

APOIO À PRODUÇÃO ORGÂNICA

A PNAPO estabeleceu como uma de suas diretrizes a promoção da soberania e segurança alimentar e do direito humano à alimenta-ção adequada e saudável, por meio da oferta de produtos orgânicos e de base agroecológica isentos de contaminantes que ponham em risco a saúde. Dentre as iniciativas do PLANAPO relacionadas a esta diretriz, estão um conjunto especificamente orientado a apoiar a produção orgânica e alcançar a meta de 50.000 unidades produtivas adequadas aos regulamentos brasileiros para produ-ção orgânica.

A primeira inciativa nesse sentido, sob a responsabilidade do MAPA, visa consolidar e garantir o funcionamento de uma Comissão da Produção Orgânica em cada uma das 27 Unidades da Federação (CPOrg-UF), com representações de entidades públicas e da sociedade civil. A ação foi iniciada com a publicação da Instrução Normativa nº 13, de 28 de maio de 2015, estabelece um trabalho de reestruturação das Comissões da Produção Orgânica (CPOrg) que passaram a ser coordenadas por representantes da sociedade civil. Desde então, foram 22 CPOrgs reestruturadas, o que representa um alcance de 81% em relação à meta inicial (27). Em termos financeiros, a execução no período foi de R$ 138 mil, o que representa 24% dos R$ 575 mil previstos no PLANAPO para esta ação.

Resta concluir a reestruturação das CPOrg nos Estados do Amapá, Rondônia, Mato Grosso, São Paulo e Santa Catarina. Após a con-clusão deste processo, será estruturada e implantada a Subcomissão Temática da Produção Orgânica (STPOrg), que deverá atuar sobre as questões relativas à PNAPO, no âmbito da CNAPO e de outros espaços de interesse da rede de produção orgânica, como o Fórum Nacional de representação das CPOrgs.

Outra iniciativa estruturante de apoio à produção orgânica é a qualificação de técnicos e agricultores sobre os procedimentos ne-cessários à regularização das Unidades de Produção propriedades previstos na legislação de orgânicos. Esta ação envolveu ações conjuntas entre o MAPA, MMA, MDA e INCRA, previa qualificar 2.000 técnicos e 182.00 agricultores, de maneira articulada com as chamadas de ATER previstas no PLANAPO.

A iniciativa fecha o triênio com um total de 52.779 técnicos e agricultores capacitados12. O alcance total da meta foi prejudicado pelos limites de utilização de recursos orçamentários para deslocamento de pessoal. As atividades que mais contribuíram no al-cance dos resultados desta meta foram as capacitações ocorridas no âmbito dos Núcleos de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica, das instituições de ensino superior e profissional.

12 Dados do MAPA. Nos anos de 2013 e 2014 houve dificuldades para monitorar a atividade separando-se os resultados obtidos nas 2 categorias previstas na iniciativa: técnicos e agricul-tores. No ano de 2015 houve melhora substancial no monitoramento, tendo o ano encerrado com 26.733 pessoas capacitadas, sendo 7.722 técnicos e 19.011 agricultores.

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Outras atividades importantes foram os eventos apoiados por meio de Termos de Execução Descentralizada, tais como o Congres-so Brasileiro de Agroecologia, e o apoio a 13 eventos em parceria com a Embrapa Clima Temperado. Além disso, outros eventos foram promovidos pelas Superintendências Federais de Agricultura, com destaque para aqueles ocorridos durante a Campanha da Semana dos Alimentos Orgânicos.

Uma terceira iniciativa, implementada por meio de parceria entre MDA, MAPA, MMA e INCRA, teve como meta apoiar a organi-zação de pelo menos 1.000 grupos de produtores orgânicos para a utilização de mecanismos de controle social para a garantia da qualidade orgânica.

Segundo informações do MAPA, que é responsável pelo Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, entre 2013 e 2015, registrou-se um aumento de 60% no número de grupos de agricultores familiares inseridos em processos de venda direta, de 163 para 260 grupos. Além disso, houve aumento do número de Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade Orgânica, de 13 para 17.

Em relação ao número total de agricultores inseridos em mecanismos de controle social (Organizações de Controle Social e Sis-temas Participativos de Garantia), de 2013 para 2015, houve um aumento de 76,5%. Em números absolutos, passou-se de 3.835 agricultores para 6.772. Maior abrangência da ação foi prejudicada em função da limitação de servidores para a execução das ati-vidades necessárias, bem como por restrições relativas ao deslocamento de pessoal.

Dentre as ações do MDA, foi firmada parceria com o Fórum Nacional de Organizações de Controle Social (OCS), por meio do Instituto Federal do Sul de Minas (IFSULMINAS), tendo por objeto o projeto de fortalecimento da agro-ecologia e produção orgânica nos sistemas participativos de Garantia e OCS, para a am-pliação do número de agricultores no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos.

O objetivo do projeto é ampliar em 10.000 o número de agricultores aptos ao ingresso no Cadastro Nacional, através de mecanismos de controle social para garantia da qualidade orgâ-nica. A expectativa é fortalecer as redes locais de conhecimento e ampliação de acesso dos agricultores beneficiados a mercados, inclusive por meio de políticas públicas de compras insti-tucionais governamentais.

Também está em curso projeto de fomento à inserção dos agricultores familiares em produção de base ecológica e orgânica, que visa atender a 500 unidades de produção com a certificação por auditoria externa da produção orgânica, por meio de parceria entre o Instituto Nacional de Tecnologia e o MDA.

Por fim, outra iniciativa prevista no PLANAPO teve como meta a aplicação de mecanismos de controle para a garantia da quali-dade orgânica em 28.000 Unidades de Produção. Esta ação esteve sob a responsabilidade do MAPA.

Número de unidades de produção orgânica sob regime de controle de qualidade oficial

1800015613

12500 12160

28000

13916

2013 2014 2015

previsto executado

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Como mostra o gráfico acima, o ano de 2015 se encerrou com 13.916 Unidades de Produção Orgânica atuando por meio de me-canismos de controle previstos na legislação brasileira. Deste total, 8.679 unidades estão submetidas a regimes de certificação por auditoria, 2.245 estão inseridas em Sistemas Participativos de Garantia (SPG) e 2.992 estão vinculadas a Organizações de Controle Social (OCS).

Em 2015, houve redução de 1.697 Unidades de Produção em relação a 2014, em função da exclusão de produtores do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, principalmente aqueles com Unidades de Produção no exterior. Portanto, foi alcançado quase 50% da meta prevista para o triênio.

Até dezembro de 2015, foram credenciados junto ao MAPA e estão em condições de atuar regularmente 25 Organismos de Avalia-ção da Conformidade Orgânica, sendo 8 certificadoras por auditoria e 17 Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade Orgânica. Há ainda um total de 260 Organizações de Controle Social cadastradas no MAPA e atuando em venda direta de produtos orgânicos ao consumidor, o que representa um total de 12.136 produtores orgânicos cadastrados e atuando de forma regular no mercado de produtos orgânicos, dos quais quase 60% em mecanismos de controle social.

As ações descritas acima resultaram no alcance parcial das metas e de execução física e financeira previstas. No entanto, elas dizem respeito a processos que estão ainda em curso e que apontam para uma tendência de estruturação cada vez maior da produção or-gânica, em resposta às demandas dos mercados consumidores e à opinião pública cada vez mais atenta à qualidade dos alimentos.

INSUMOS PARA A PRODUÇÃO ORGÂNICA E AGROECOLÓGICA

Ampliar a oferta de produtos fitossanitários destinados ao manejo de ervas espontâneas, reduzir o uso de agrotóxicos e fortalecer o controle de tais produtos, de forma a restringir os riscos à saúde e os impactos ao meio ambiente. Estas são questões centrais à agroecologia. O PLANAPO 2013-2015 previu três metas diretamente relacionadas a estas questões: a ampliação do registro de produtos fitossanitários; a elaboração de regulamentos técnicos e a realização de pesquisas relacionadas à disponibilização de insumos para a produção orgânica e agroecológica; e a criação de um programa nacional para a redução do uso de agrotóxicos.

A disponibilidade e o acesso dos agricultores a produtos fitossanitários adequados à produção orgânica e de base agroecológica são fatores limitantes da expansão do uso de tais insumos no Brasil. O PLANAPO estabeleceu como meta criar meios para facilitar o registro de pelo menos 50 tipos diferentes de produtos fitossanitários para uso na produção orgânica. Estes produtos são alter-nativas tecnológicas aos agrotóxicos.

A principal iniciativa desta meta, sob a responsabilidade do MAPA, Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), previa regulamentar 50 especificações de referência, para orientação da produção e registro simplificado de produtos fitossanitários para uso na produção orgânica. Durante os três anos de execução do plano, 27 especificações de referência foram regulamentadas, o que corresponde ao alcance de 54% na execução física.

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Com base nessas especificações, foram registrados, no quadriênio 2012-2015, 50 produtos fitossanitários com uso aprovado para a agricultura orgânica, com destaque para 48 produtos à base de agentes biológicos e microbiológicos de controle. As principais dificuldades encontradas na execução desta iniciativa, estão relacionadas à baixa disponibilidade de recursos financeiros e de pes-soal para a realização das diferentes atividades que perpassam a regulamentação dos produtos.

A segunda meta correlata a este tema diz respeito à criação e publicação de 15 regulamentos técnicos e à realização de projetos de pesquisa sobre a disponibilização e uso de insumos para aquelas modalidades produtivas. No período de 2013 a 2015, foram publicados 6 regulamentos, na forma de Instruções Normativas (IN), o que corresponde ao alcance de 40% da meta.

Três dessas IN estiveram relacionadas a produtos fitossanitários para uso na produção orgânica e de base agroecológica. As demais foram dirigidas especificamente à produção orgânica ou a produtos e processos importantes para o setor. São elas: a IN nº 17, de 18 de junho de 2014, que atualiza os regulamentos da produção animal e da produção vegetal; a IN nº 18, de 20 de junho de 2014, que institui o selo único e oficial do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica e a IN nº 13, de 28 de maio de 2015, que reestrutura a composição e as atribuições da Subcomissão Temática da Produção Orgânica e das Comissões da Produção Or-gânica nas Unidades da Federação.

Em relação às pesquisas voltadas à agroecologia e à produção orgânica, o PLANAPO previu a contratação de projetos com a finali-dade de identificar, validar, avaliar e caracterizar variedades de sementes e disponibilizar tecnologias alternativas para conservação de sementes e controle de pragas adequadas àquelas modalidades produtivas.

Nesse sentido, foi lançada pelo MCTI, em 2013, a Chamada Pública MCTI/CT-AGRONEGÓCIO/CT-AMAZÔNIA/CNPq Nº 48/2013. Por meio desta chamada, foram aprovados 09 projetos em linha específica para a agroecologia. O total de recursos disponibilizados foi de R$ 4.917.230,00, dos quais R$ 3.756.014,32 foram empenhados até 2015. Considerando que o orçamento previsto para esta ação foi de R$ 8 milhões, a execução financeira foi de 46%.

Também foi aprovado o projeto “Integração de práticas de manejo e diversificação animal e vegetal em unidades de produção de hortaliças em transição agroecológica no Distrito Federal”, que visa ao apoio de práticas relacionadas ao manejo de consórcios de leguminosas em pastagens. Este projeto foi executado como parte da implementação de uma iniciativa prevista no plano e que previa a contratação de 4 projetos para a identificação de fontes alternativas alimentares apropriadas para animais em sistemas orgânicos de produção ou de base agroecológica.

O PLANAPO 2013-2015 previu também como meta a criação de um Programa Nacional para a Redução do Uso de Agrotóxicos, com sete iniciativas correlatas: a criação de um Grupo de Trabalho, na CNAPO, para a elaboração do Programa; a elaboração e im-plementação de planos de vigilância em saúde de populações expostas a agrotóxicos; a revisão da legislação da aviação agrícola, ampliando os mecanismos de controle dos produtos utilizados; a elaboração de diretriz nacional para o monitoramento de agrotó-xicos na água para consumo humano; a realização de estudo para revisão dos níveis considerados toleráveis de agrotóxicos na água para consumo humano; a publicação anual de dados de monitoramento dos níveis de agrotóxicos na água para consumo humano; e a criação de lista de agrotóxicos prioritários para reavaliação de suas autorizações para uso no Brasil.

A elaboração do Programa Nacional de Redução no Uso de Agrotóxicos (Pronara) impulsionou um intenso processo de mobilização de governo e sociedade civil, que resultou na finalização do desenho do programa, em fins de 2014.

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A primeira ação realizada, relativa à elaboração do Pronara, foi a criação do “GT Agrotóxicos”, com reunião inaugural em dezembro de 2013. Além de oficina do GT, onde foram definidos os seis eixos temáticos do programa, foram realizados 17 encontros para a elaboração da proposta, que contaram com ampla participação de representantes de governo e da sociedade civil. No final de 2014, houve o encaminhamento da proposta do Pronara aos Ministérios integrantes da CIAPO, que se manifestaram durante o exercício de 2015, sem que se tenha alcançado consenso em relação ao conteúdo do programa. A formalização do programa permanece como um desafio para o PLANAPO 2016-2019.

A iniciativa de elaboração e implementação dos planos de vigilância em saúde de populações expostas a agrotóxicos está sob a responsabilidade do MS. A autorização do repasse de R$ 22,7 milhões do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Estaduais de Saú-de permitiu o fortalecimento da Vigilância em Saúde de Populações Expostas aos Agrotóxicos (VSPEA) em todo o país. Ao final de 2015, as 27 Unidades Federativas encontravam-se com a VSPEA implantada.

O MS estimulou e acompanhou o processo de fortalecimento da VSPEA por meio da publicação de documentos, realização de even-tos e assessorias às UF. Para monitoramento e avaliação da implantação, foram estabelecidos os seguintes critérios: i) criação de Grupo de Trabalho ou similar; ii) inserção de ações de VSPEA na Programação Anual de Saúde; iii) priorização de municípios; iv) pactuação do plano de VSPEA na Comissão Intergestora Bipartite; v) percentual de execução das ações propostas. A Figura abaixo retrata o status de implantação da VSPEA ao final de 2015, de acordo com esses critérios.

Ainda em 2013, o MS elaborou e publicou o documento intitulado “Orientações técnicas para o monitoramento de agrotóxicos na

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água para consumo humano”, que trata dos procedimentos técnicos e operacionais para a implantação e implementação do moni-toramento de agrotóxicos em água para consumo humano. Com este trabalho, foram fortalecidas as ações executadas pelo setor saúde nessa temática. Como desdobramento desta inciativa, destaca-se a necessidade de continuidade das ações e a ampliação no número de municípios monitorados no país, com priorização dos municípios mais susceptíveis à contaminação, com vistas a identi-ficar fatores de riscos e definir ações preventivas e corretivas relacionadas à vigilância da qualidade da água para consumo humano.

O PLANAPO também previu a publicação anual de dados de monitoramento de agrotóxicos na água para consumo humano, de acordo com os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água. Nesse sentido, foram publicados os boletins para os anos de 2011, 2012, 2013 e 2014.

Ainda em relação à questão da qualidade da água para consumo humano, o PLANAPO previu a realização de estudo para subsidiar a revisão dos níveis toleráveis de agrotóxicos descritos no padrão de potabilidade da água. Esta ação, porém, não chegou a ser realizada. Um edital para financiamento da pesquisa foi lançado em 2014, mas não houve apresentação de propostas. Atualmente, está em andamento o trâmite administrativo para a contratação do estudo junto à Universidade Federal de Viçosa/MG.

A criação de uma lista de agrotóxicos para a reavaliação de suas autorizações de uso no Brasil esteve a cargo do MAPA, Avisa e Ibama. O objetivo da ação foi estabelecer referências para a definição de priorização de pesquisas e agilização de registros de produtos alternativos ao uso dos agrotóxicos inseridos na lista. A Anvisa já havia colocado 14 ingredientes (princípios ativos) de agrotóxicos em reavaliação, desde 2008. Além desses, outros dois ingredientes foram indicados pela Anvisa para reavaliação em 2013: o 2,4D e o Procloraz.

A agilização de registros de produtos alternativos tem sido pleiteada pelas empresas a cada processo de reavaliação e a decisão tem sido tomada no âmbito do Comitê Técnico de Assessoramento em Agrotóxico (CTA), composto por representantes do MAPA, Anvisa e Ibama. Qualquer produto que substitua o ingrediente ativo banido pela reavaliação tem sido considerado produto alternativo. A iniciativa é considerada como parcialmente cumprida, uma vez que não houve articulação intersetorial no sentido de desenvolver pesquisas específicas para a substituição dos princípios ativos recusados no processo de reavaliação.

O PLANAPO também previu a revisão da legislação da aviação agrícola e de agrotóxico, de forma a ampliar os mecanismos de controle, considerando o grau de risco dos produtos utilizados e a situação de ocupação territorial e ambiental das áreas de uso. Esta ação, no entanto, não foi implementada. Em dezembro de 2015, foi constituída, no MAPA, a Comissão Especial para Assuntos de Aviação Agrícola com a reponsabilidade de fornecer subsídio para o estabelecimento ou modificações de normas, padrões e técnicas para os trabalhos aero-agrícolas e sugerir medidas visando o aprimoramento da execução dos regulamentos relacionados a matéria.

Este conjunto de informações relativas aos insumos adequados à produção orgânica e de base agroecológica indica que há ações positivas sendo realizadas pelos diferentes ministérios envolvidos, as quais apontam para ganhos cumulativos em relação ao tema. No entanto, o fortalecimento e a intensificação de ações que concretizem plenamente e em grande escala a diretriz da PNAPO de oferta de produtos orgânicos e de base agroecológica isentos de contaminantes que ponham em risco a saúde permanecem como desafios para a implementação da política.

Eixo 2Uso e conservação

de recursos naturais

RECURSOS GENÉTICOS

O segundo eixo estruturante do PLANAPO teve por objetivo promover, ampliar e consolidar processos de acesso, uso sustentável, gestão e manejo, recomposição e conservação de recursos naturais e ecossistemas em geral. Como parte dos esforços para o al-cance deste objetivo, o Plano estabeleceu como meta a ampliação dos processos para a produção, manejo, conservação, aquisição e distribuição de recursos genéticos de interesse da agroecologia e da produção orgânica.

Uma das iniciativas correlatas ao tema diz respeito à avaliação e caracterização, pela Embrapa, de 10 variedades, por espécie ve-getal, de importância para a soberania e segurança alimentar e nutricional, considerando um mínimo de 5 espécies em cada região geográfica, para sistemas orgânicos e de base agroecológica. Foram contratados cinco projetos, por meio dos quais estão sendo avaliados 108 cultivares de 15 espécies, em cultivo orgânico ou em transição agroecológica no Centro-sul, Nordeste, Sudeste e Sul. Outros três projetos contratados estão avaliando 40 cultivares de três diferentes espécies, em cultivo orgânico, incluindo, pelo menos, 12 genótipos locais de mandioca para a região Nordeste, 06 variedades de videira de domínio público para a região Sul e 22 cultivares de café para a região Sudeste.

Pelo MAPA, em parceria com o MMA no Projeto Nacional de Ações Integradas Público-Privadas para Biodiversidade (PROBIO II), foi realizada uma importante iniciativa para a elaboração de um mapeamento de organizações e instituições, redes e suas iniciativas de conservação de recursos genéticos da agrobiodiversidade de interesse da agroecologia e da produção orgânica.

O estudo foi dividido por biomas, cobrindo todo território nacional. O trabalho foi finalizado em 2014, e os resultados tem sido objeto de análise para elaboração de políticas públicas que ampliem o acesso às sementes e apoiem a conservação, multiplicação, distribuição e comercialização de sementes e mudas crioulas e varietais.

O MMA também contratou um serviço de consultoria para mapear a ocorrência de variedades crioulas, locais e tradicionais em Uni-dades de Conservação de Uso Sustentável (RESEX, RDS, FLONA e outras) e suas respectivas zonas de amortecimento. Após tratati-vas com a Embrapa e ICMBio, foi realizado um extenso trabalho envolvendo espécies do gênero Manihot, incluindo um levantamento populacional em campo de 10 espécies priorizadas. Em 2015, os resultados desse levantamento populacional foram apresentados e discutidos. Ainda no âmbito desta consultoria, foram feitas recomendações técnicas de ações voltadas à conservação das espécies avaliadas, visando identificar os melhores instrumentos para a conservação desse patrimônio genético que constitui importante insumo para a produção orgânica e agroecológica.

Outro mapeamento promovido pela MMA abrangeu a análise da distribuição geográfica dos parentes silvestres de espécies de valor econômico atual e potencial em Unidades de Conservação de Proteção Integral e suas respectivas zonas de amortecimento. A ação visa o estabelecimento de estratégias específicas para a promoção do conhecimento e uso desses materiais genéticos. As atividades foram realizadas em parceria com a Embrapa e ICMBio e envolveram a contratação de consultoria externa. Foram realizados levan-tamento de dados no herbário MBM, em Curitiba, sobre a distribuição e ocorrência de parentes silvestres do gênero Manihot. As atividades foram realizadas no Parque nacional da Chapada dos Veadeiros, Parque nacional da Serra da Canastra, Parque nacional da Serra do Cipó e Parque Nacional de Brasília envolvendo:

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1. mapeamento e a modelagem da distribuição das espécies;

2. avaliação do estado de conservação e das ameaças;

3. proposição de ações complementares para conservação e manejo;

4. estabelecimento de projeções de ocorrência com auxílio de Sistemas de Informação Geográfica.

PRODUÇÃO, CONSERVAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE SEMENTES

Em resposta ao desafio da produção, conservação e distribuição de sementes adaptadas aos cultivos orgânicos e agroecológicos, o PLANAPO previu um conjunto de iniciativas que envolvem produtores e consumidores de sementes e suas organizações.

Uma das iniciativas relacionadas a esta temática, sob responsabilidade do MAPA, foi o apoio à 800 organizações produtivas na im-plementação e qualificação das casas e bancos de sementes e dos guardiões de sementes e mudas. Ao final do triênio, 390 bancos comunitários foram apoiados, por meio desta iniciativa em 11 Unidades da Federação (Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Acre, Tocantins, Piauí e Paraíba) e 148 municípios, o que corres-ponde a uma taxa de execução física de 48%. Foram aplicados R$ 768.671,46, o que corresponde a 36% da meta orçamentária inicial, que foi de R$ 2,1 milhões. O gráfico abaixo apresenta a execução financeira a cada ano.

Apoio à implementação de bancos e casas dosguardiões de sementes - valores em R$

700.000,00

422.194,46

700.000,00

160.655,00

700.000,00

185.822,00

2013 2014 2015

previsto executado

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Na implementação desta iniciativa, várias atividades paralelas relacionadas ao tema foram executadas, tais como: i) a produção de cartilhas orientadoras para obtenção e conservação de sementes por agricultores; ii) o levantamento, junto a instituições de pesquisas, de espécies vegetais com variedades de sementes mais adaptadas aos sistemas orgânicos de produção; iii) o apoio a projetos envolvendo os núcleos de agroecologia por meio de Edital nº 40 MAPA/MCTI/CNPq; iv) a realização de cursos e a formação de Unidades Demonstrativas para manejo e uso de adubos verdes. Em relação à regionalização por bioma, o resultado final foi: 22 bancos de sementes no bioma Pampa; 152 na Mata Atlântica; 44 no Pantanal; 139 no Cerrado; 18 na Caatinga; e 15 na Amazônia.

O MDA, em conjunto com o MDS, também desenvolveu ações de apoio à conservação, multiplicação, disponibilização, distribuição e comercialização de sementes e mudas crioulas e varietais, adequadas a produção orgânica e de base agroecológica. No período 2013-2015, uma das principais ações realizados foi o desenvolvimento do projeto “Manejo da Agrobiodiversidade - Sementes do Semiárido”, que tem como objetivo a estruturação e gestão comunitária de 600 bancos de sementes crioulas/adaptadas no Semi-árido, com seleção e capacitação de 12.000 famílias de agricultores familiares inscritos no Cadastro Único e investimentos globais de R$ 21.049.649,22. Este projeto, de responsabilidade conjunta do MDA e do MDS, foi viabilizado por meio de parceria com a Associação Programa Um Milhão de Cisternas para o Semiárido (AP1MC) e se encontra em fase de execução, com previsão de con-clusão em 2016. Por meio de TED do MDA com o MDS, já foram disponibilizados R$ 3.957.045,00, em 2014, e R$ 4.650.000,00, em 2015.

Distribuição geográficas das ações apoiadas pelo Projeto Sementes do Semiárido

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Um dos pontos de destaque na implementação do PLANAPO 2013-2015 foi o lançamento do Programa Nacional de Sementes e Mudas para a Agricultura Familiar, uma iniciativa conjunta do MDA e MDS, baseada na experiência de implementação do Projeto Sementes do Semiárido. O programa tem por objetivo ampliar o acesso dos agricultores e agricultoras familiares às sementes e mudas de reconhecida qualidade e adaptadas ao território, fortalecendo sistemas agroalimentares de base agroecológica por meio do apoio a programas e ações destinados a produção, melhoramento, resgate, conservação, multiplicação e distribuição desses materiais propagativos.

No final de 2015, foram assinados convênios com os Estados da Bahia (valor global R$ 6.613.410,00) e Rio Grande do Norte (valor global R$ 5.829.194,22). O projeto no Estado da Bahia objetiva fomentar capacitações, seminário, implantação de unidades téc-nicas demonstrativas, unidades de propagação de mudas, formação de quintais produtivos, aquisição e produção de mudas para agricultores familiares com base nos princípios agroecológicos. A execução está a cargo da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional da Bahia e a meta é atender 13.630 famílias e 110 técnicos.

O projeto apresentado pelo Rio Grande do Norte visa apoiar os sistemas de produção agrícola (agroecossistemas) mais resilientes à realidade ambiental, social e econômica do semiárido potiguar. Insere-se no contexto da agricultura familiar, mediante a utilização do manejo sustentável da caatinga e do resgate e valorização da produção de sementes crioulas. Será executado pelo Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte, atendendo a 1.170 famílias e 120 técnicos.

Ao todo, o aporte de recursos para a conservação, multiplicação, disponibilização, distribuição e comercialização de sementes e mudas crioulas e varietais, até o final de 2015, foi de R$ 21.049.649,22, superando em 175% a previsão orçamentária inicial, que era de R$ 12 milhões.

O PLANAPO visou aprimorar os mecanismos para compra e distribuição de sementes crioulas e varietais e outros materiais propa-gativos de culturas alimentares, por meio de aquisições do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A meta foi de elevar o valor dessas aquisições até o patamar de 5% dos recursos aplicados anualmente no PAA, até 2015.

Em 2013, atingiu-se 1,3% dos recursos aplicados no PAA para a aquisição de sementes, ou seja, R$ 5,8 milhões. Em 2014, a exe-cução foi de R$ 4,9 milhões, 0,4 % da execução no respectivo exercício. Em 2015, a execução foi de 14,3 milhões na aquisição de sementes, o que corresponde a 2,8% do total de recursos aplicado no PAA. O resultado de 2015 demonstra grande avanço em relação aos exercícios anteriores, embora os montantes tenham permanecido abaixo da meta de e 5%.

Este resultado se deve especialmente ao aprimoramento do marco legal do PAA, que estabeleceu um regramento específico para a aquisição de sementes, atendendo às peculiaridades do processo de produção, regulamentação e comercialização deste produto13. As alterações normativas tiveram início em 2014, com a publicação do Decreto nº 8.293, que instituiu a modalidade Aquisição de Sementes, a qual foi regulamentada por meio da Resolução nº 68, do Grupo Gestor do PAA. Em janeiro de 2015, foi publicado o Manual de Operações da CONAB (Título 86), contendo o detalhamento dos procedimentos necessários à execução da modalidade. 13 As operações de aquisição de sementes através do PAA tiveram início em 2003 e vinham sendo realizadas nos últimos anos por meio da modalidade Compra com Doação Simultânea. Tendo em vista que a modalidade foi desenhada tendo como foco a aquisição de alimentos, a mesma não comportava as especificidades que envolvem o processo de produção e comercial-ização de sementes. A partir da demanda crescente da sociedade civil organizada e do amadurecimento do debate em relação ao tema, em 2014 foi publicado o Decreto nº 8.293, que alterou o Decreto nº 7.775/2012, instituindo a modalidade Aquisição de Sementes do PAA. A modalidade foi posteriormente regulamentada pela Resolução nº 68 do Grupo Gestor do PAA, publicada em 08/09/2014.

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A partir de então, a aquisição de sementes foi efetivamente implementada no âmbito do PAA, sendo adquiridas 3.146 toneladas de sementes de 1.061 fornecedores, com investimentos de R$ 14,34 milhões. As aquisições abrangem os estados da Região Sul, além de Alagoas, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Piauí, Roraima e Sergipe.

As aquisições de sementes respaldadas nesta nova modalidade, mesmo sendo adquiridas anteriormente através de outras moda-lidades do PAA, são executadas pela Conab e adquiridas de Organizações Fornecedoras detentoras da Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP). A modalidade é definida pela compra de sementes para a alimentação humana ou animal de beneficiários fornece-dores para doação a beneficiários consumidores ou fornecedores. O limite é de R$ 16.000,00 ao ano, por unidade familiar, e de R$ 6.000.000,00 ao ano, por organização fornecedora, respeitados os limites por unidade familiar.

Em termos de aprimoramento dos mecanismos de compra e distribuição de sementes, as novas regras da Conab para o PAA res-pondem à meta estabelecida no PLANAPO. O amadurecimento e aperfeiçoamento do mecanismo, no entanto, demandará novas ações e possíveis ajustes nos procedimentos, a partir da interlocução com a sociedade civil. Nesse sentido, a meta de destinar 5% dos recursos do PAA para a modalidade de aquisição de sementes permanece como um desafio para os próximos anos.

Uma das grandes conquistas do PLANAPO, em relação ao tema sementes, foi a aprovação da normativa interna da Embrapa para garantir o acesso dos agricultores aos bancos de germoplasma desta instituição de pesquisa, contribuindo para o melhoramento participativo e a conservação on farm.

O PLANAPO também previu a realização de estudos para fundamentar a regulamentação, no PAA, de normas e procedimentos es-pecíficos para a aquisição de recursos genéticos animais, mas esta ação não chegou a ser implementada.

POPULAÇÕES TRADICIONAIS E AGROEXTRATIVISMO

A segunda meta estruturante do eixo Uso e Conservação dos Recursos Naturais prevista no PLANAPO foi a elaboração de um diag-nóstico da produção extrativista e o estabelecimento de parâmetros técnicos para o manejo florestal sustentável.

A primeira iniciativa nessa direção esteve a cargo do ICMBio, em parceria com o MMA, e envolveu a realização de um diagnóstico (levantamento socioeconômico) sobre a produção extrativista e de produtos da sociobiodiversidade pelas populações tradicionais das Florestas Nacionais - FLONA, Reservas Extrativistas - RESEX e Reservas de Desenvolvimento Sustentável - RDS. O levantamento foi realizado em 77 unidades de conservação de uso sustentável, com a presença de comunidades tradicionais.

A metodologia do levantamento envolveu a aplicação de um questionário dividido em 8 módulos, a saber: 1) identificação dos mora-dores; 2) caracterização da área de moradia e de uso; 3) educação e saúde; 4) acessos a serviços; 5) produção e comercialização; 6) uso da terra e práticas de conservação; 7) renda; e 8) organização social, aspectos ambientais e relação com a gestão da unida-de. Os módulos 1, 2 e 7 foram aplicados de forma censitária e o restante, incluindo o módulo da produção e comercialização, foi realizado por meio de amostras com tratamento estatístico. Ao todo, foram entrevistadas cerca de 61 mil famílias.

Para cada uma das unidades de conservação, foi elaborado um relatório específico, com mapas, gráficos, tabelas e outras informa-

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ções da unidade e do município onde está inserida. Para elaboração desses relatórios, as lideranças extrativistas trabalharam em conjunto com gestores do ICMBio e pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa, na discussão e qualificação das informações obtidas durante o levantamento e analisadas preliminarmente pela universidade. Em relação à produção extrativista em cada uma das unidades, são tratadas as questões referentes aos produtos, juntamente com os dados e informações dos outros módulos.

Com base nesses dados, que serão organizados em um sistema informatizado (SISFamilia), será possível fazer um planejamento de apoio as atividades econômicas do extrativismo baseado em informações mais confiáveis e específicas. O levantamento criou as condições para futuras ações que visam ao incremento de arranjos produtivos e à melhoria dos níveis de sustentabilidade ambiental dessas unidades de conservação. A estratégia é atender, ao longo dos anos, as áreas protegidas de forma escalonada, conforme suas necessidades e de acordo com o potencial de cada uma.

Outra iniciativa procurou disponibilizar e disseminar informações sobre acesso ao patrimônio genético, conhecimento tradicional associado e repartição de benefícios, com linguagem apropriada aos diferentes públicos. A iniciativa se materializou por meio de um informativo intitulado “Cartilha sobre Acesso e Repartição de Benefícios” elaborado em linguagem acessível e publicado em meio eletrônico14. O Departamento de Patrimônio Genético (DPG) também presta informações e responde a dúvidas do público em geral e dos setores interessados, por meio de um canal de atendimento ao público ([email protected]).

A oferta de serviços de ATER para a população agroextrativista da Amazônia também foi contemplada como uma das iniciativas do PLANAPO. A meta era de atender 345 famílias, com ênfase no manejo das espécies florestais não madeireiras.

Entre 2012 e 2014, o SFB/MMA viabilizou a oferta de ATER com foco no manejo de castanha, açaí e óleos, para 290 famílias na região Amazônica. A partir de 2014, outras 540 famílias do bioma Cerrado passaram a receber ATER, com ênfase no manejo de espécies florestais não madeireiras. Em 2015, mais 160 famílias foram beneficiadas com a ATER na Amazônia. Ao todo, 990 foram contempladas com essa iniciativa nos biomas Amazônia e Cerrado, o que representa uma superação da meta original em 286%.

Por meio de chamadas públicas do Fundo Nacional de Meio Ambiente, o MMA procurou apoiar a implementação de projetos de formação e intervenção em educação ambiental na agricultura familiar para o uso, gestão, manejo e conservação dos recursos na-turais, com enfoque agroecológico. Em 2013, 19 projetos foram selecionados pelo Fundo. Destes, 11 foram conveniados em 2014 e encontram-se em execução, com término previsto para 2016. Os recursos investidos nos projetos foram da ordem de R$ 8,1 mi-lhões, o que representa 163% acima da previsão orçamentária inicial, que era de R$ 5 milhões.

MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL

Como parte das ações de apoio ao uso e conservação dos recursos naturais, o MMA/SFB implementou uma iniciativa dirigida à formação de agentes técnicos em manejo florestal madeireiro e de espécies da sociobiodiversidade, com enfoque em sistemas de base agroecológicas.

Por meio de chamadas públicas do Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF), o SFB selecionou instituições prestadoras

14 Documento disponível no link: www.cbd.int/abs/information-kit-pt/default.shtml

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de serviços de assistência técnica na Amazônia e na Caatinga interessadas em receber cursos sobre manejo florestal de uso múl-tiplo para qualificação de seus agentes técnicos. Para a realização das capacitações, foram contratadas empresas especializadas, que também ficaram responsáveis pela elaboração dos materiais didáticos necessários. Os cursos atenderam instituições com atuação na Amazônia (Pará, Amapá, Amazonas e Maranhão) e na Caatinga (Bahia, Pernambuco e Ceará).

A realização dos cursos demonstrou a necessidade de maior oferta de cursos na temática florestal para os agentes técnicos, como forma de ampliar o conhecimento sobre as potencialidades das espécies nativas do bioma e do aprimoramento das atividades re-lacionadas ao manejo em si, à organização social e ao acesso aos mercados.

A iniciativa, no entanto, carece de complementação e ganho de escala. O desafio é articular com instituições de ensino para oferta regular de cursos na temática florestal e organizar um rol de cursos de execução regionalizada, de modo a possibilitar diferentes alternativas educacionais, com temas, cargas horárias e modalidades de ensino adaptados aos distintos públicos.

A parceria entre o MAPA e o MMA permitiu a implementação de uma iniciativa de elaboração e divulgação de parâmetros técnicos para o manejo sustentável de 30 espécies e/ou produtos florestais não madeireiros.

Ao MAPA coube a responsabilidade de consolidar 17 documentos contendo as diretrizes e orientações técnicas para adoção de boas práticas de manejo para o extrativismo sustentável orgânico e elaborar 9 cadernos para extrativistas produtores. Ao MMA, coube o mesmo trabalho para 13 espécies e a elaboração e impressão de 21 cadernos, cuja edição e publicação estão previstas para 2016.

Para execução das atividades do MAPA, foram contratadas consultorias técnicas e empresas para realização de projeto gráfico e impressão por meio do PROBIO II. Participaram deste processo, cerca de 300 colaboradores de diferentes regiões do país e dos biomas Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia e Caatinga.

Os trabalhos de divulgação e uso dos materiais técnicos produzidos e o fomento geral as boas práticas permanecem como um de-safio para as instituições. Além disso, é importante que os quadros técnicos, sejam de entidades públicas ou privadas, se apropriem desses conteúdos e auxiliem no trabalho junto aos produtores.

O MMA também coordenou a implementação de uma iniciativa voltada à determinação do valor nutricional de espécies nativas da flora brasileira, de valor econômico atual ou potencial. A ação visa pesquisar o papel que essas espécies podem desempenhar na promoção da segurança alimentar e nutricional, bem como sua contribuição na composição de regimes alimentares saudáveis.

A iniciativa está relacionada ao projeto “Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade para Melhoria da Nutrição e do Bem-Estar Humano”, conhecido como “Biodiversity for Food and Nutrition” (BFN). São parceiros na implementação do projeto o MAPA, FNDE, MDA, MMA/SEDR, MS, MDS e Conab.

Ao longo do ano de 2013, foram realizadas várias reuniões entre as instituições parceiras para planejar e definir a metodologia para a implementação do projeto. A compilação de dados sobre a composição nutricional de espécies vegetais priorizadas pelo Projeto BFN foi feita por pesquisadores selecionados, por meio de Edital do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) para concessão de bolsas de estudos. O Funbio é o administrador financeiro do Projeto BFN.

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A metodologia utilizada foi desenvolvida e padronizada pela Food and Agriculture Organization - International Network of Food Data Systems (FAO/INFOODS) e prevê a realização de análises laboratoriais dos alimentos para complementação dos dados compilados. Até dezembro de 2014, haviam sido compilados dados preliminares de 34 espécies de frutas nativas.

Além da compilação de dados nutricionais, foi elaborado um Acordo de Cooperação Técnica entre o MMA e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA com o objetivo de realizar análises laboratoriais de composição nutricional para as espécies nativas da Região Norte que ainda não possuem dados publicados na literatura.

Todos os dados levantados, tanto os compilados como os gerados em laboratório, serão inseridos em um banco de dados interativo do Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira - SiBBr. O sistema é coordenado pelo MCTI e visa integrar informações sobre a biodiversidade e os ecossistemas brasileiros. O Banco de Dados Nutricionais está sendo desenvolvido pela UNEP-WCMC (United Nations Environment Programme – World Conservation Monitoring Centre), sendo este um dos principais objetivos do Pro-jeto BFN no Brasil.

A caracterização nutricional de espécies nativas da flora brasileira de valor alimentício, atual ou potencial, com ênfase para espécies priorizadas “Plantas para o Futuro”, visa subsidiar diferentes políticas e iniciativas relacionadas à segurança alimentar e nutricional, diversificando assim a dieta do brasileiro. As atividades do projeto prevêem a promoção de sinergias com iniciativas em andamento no âmbito do governo federal, a exemplo do PAA, PNAE, Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), Plano Nacional de Pro-moção das Cadeias dos Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB) e Ação Desenvolvimento da Agricultura Orgânica (Pro-Orgânico).

O projeto “Plantas para o Futuro” pretende provocar mudanças no conhecimento disponível, em relação a espécies da biodiversida-de nativa até então negligenciadas e subutilizadas, mas de grande importância atual ou potencial. O projeto pretende: (i) despertar a preocupação pública sobre as questões relacionadas à necessidade de ampliação das ações de conservação e promoção do uso dos recursos genéticos nativos; (ii) oferecer às diferentes esferas de governo (federal, estadual e municipal) uma avaliação clara e equilibrada sobre a importância e urgência do tratamento destas questões, como elas podem ser efetuadas e que ações devem ser tomadas; e (iii) chamar a atenção para as mudanças climáticas, as quais podem perturbar o ambiente e induzir mudanças na agricultura, onde o emprego de novas espécies ou variedades mais adaptadas às condições locais poderá ser decisivo e estratégico para o país.

Os dados de composição nutricional poderão ser acessados livremente por alunos e profissionais da área de nutrição, pela indústria de alimentos, por gestores de políticas públicas e pelo público em geral, promovendo maior visibilidade para os benefícios nutritivos da biodiversidade nativa.

O MMA também é responsável por revisar, organizar e publicar resultados de levantamento sobre os aspectos botânico-ecológicos e das diferentes possibilidades de uso de espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial. A iniciativa pre-vista no PLANAPO contempla a publicação de estudos sobre espécies das Regiões Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Norte.

No período de vigência do primeiro ciclo do PLANAPO, os esforços estiveram concentrados na finalização da publicação referente à Região Centro-Oeste, incluindo os portfólios relativos aos Grupos de Uso indicados para essa região (Alimentícias, Aromáticas, Forrageiras, Medicinais e Ornamentais).

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O lançamento do livro “Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial – Plantas para o Futuro – Região Centro-Oeste”, deverá ocorrer no segundo trimestre de 2016. Importantes avanços estão também sendo realizados em relação à elaboração e sistematização dos livros relativos às regiões Norte e Nordeste.

Conhecimento

Eixo 3

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ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL

A universalização da Assistência Técnica e Extensão Rural com enfoque agroecológico para agricultores familiares orgânicos e agro-ecológicos e a qualificação de suas organizações econômicas é uma das metas mais importantes do PLANAPO.

Na execução desta meta foram implementadas, entre 2013 e 2015, um conjunto de iniciativas relacionadas às chamadas públicas de ATER, envolvendo o MDA, MPA, MMA e INCRA. O propósito dessas ações foi de oferecer diferentes modalidades de ATER, de acordo com as especificidades dos públicos a serem beneficiados (agricultores familiares, agroextrativistas, pescadores, jovens rurais e mulheres rurais).

Na modalidade de ATER agroecologia, foram lançadas pelo MDA duas Chamadas Públicas que originaram 58 contratos e permiti-ram o atendimento de 46.110 famílias. Na modalidade ATER Sustentabilidade, foram também lançadas duas Chamadas Públicas. A primeira, em 2012, tem por público beneficiário 61.140 famílias15. A segunda foi lançada em 2013, especificamente para o Estado de São Paulo, e atende a 5.550 famílias por meio de dois contratos.

Para os beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrária, foi realizada pelo INCRA chamada pública específica, que teve por objetivo oferecer serviços para 26.000 famílias beneficiárias do programa em Projetos de Assentamentos Ambientalmente Dife-renciados da Reforma Agrária e Unidades de Conservação de Uso Sustentável Federais. Esta ação ainda está em curso, tendo sido desembolsados R$ 11 milhões, até o final de 2015.

Cabe destacar que a execução das chamadas de ATER extrativistas acontece de forma mais lenta que as chamadas convencionais. Para atender as especificidades das chamadas e do público, foi instaurado um processo diferenciado de diálogo com as comunida-des, o que alterou o cronograma de desembolso dos recursos. Ainda assim, 26.054 famílias estão recebendo assistência técnica conforme o programado.

15 Embora lançadas em 2012, considera-se esta chamada de ATER Sustentabilidade como parte do PLANAPO, já que a contratação e execução das ações ocorreram já no período de vigência do plano.

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Chamadas de ATER no PLANAPO – 2013-2015

ChamadasModalidades de ATER

Previsão de número de famílias benefi-ciadas

Número de famílias bene-ficiadas

%

Recursos investidos

(Milhões de Reais)

Res-ponsá-vel

12 e 13/2013 Agroecologia 75.000 46.110 61,4 218,5 MDA

12/2012 e

09/2013Sustentabilidade 70.000 66.640 95,2 195,8 MDA

INCRA Extrativismo 26.000 26.054 100,2 11,0 INCRA

14/2013 e

15/2013Pescadores 6.000 4.239 70,6 3,7 MPA

10/2013; 01 e 02/2014 Mulheres - 5.200 n.d. MDA

02/2015 Jovens Rurais - 5.460 n.d MDA

TOTAL 153.703 429

O PLANAPO também previu a oferta de serviços de ATER para pescadores artesanais e aquicultores familiares. A implementação desta iniciativa também se mostrou mais lenta do que o esperado, exigindo adaptações para sua implementação. O principal mo-tivo esteve associado à pouca experiência da maioria das entidades prestadoras de ATER com este público, em especial quando se agrega o componente de sustentabilidade. Além disso, as restrições em termos de pessoal (tanto na área administrativa quanto técnica) tornaram os processos de contratação mais morosos do que seria o adequado.

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Localização geográfica dos municípios atendidos pelas diferentes Chamadas Públicas de ATER

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Outro desafio relevante é o atendimento dos beneficiários de RESEX, devido à dificuldade inicial de identificação e localização das famílias. Foi necessário aguardar o envio, pelo ICMBio, das listas de beneficiários das RESEX. O cadastramento dos beneficiários, iniciado em 2013, ainda está em curso em algumas unidades de conservação, o que gerou um certo atraso no envio das listas às entidades executoras. Número significativo de beneficiários das RESEX não estava inscrito no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP), embora desenvolvam a atividade. Também é significativo o número desses beneficiários que não possuem DAP. Ambas as situações atrasaram a execução de alguns contratos.

Execução financeira das Chamadas Públicas de ATER

previstas no PLANAPO - em R$ Milhões

206195.895%

371.8

218.558%

9

132

3,741,1%

118,3%

agroecologia sustentabilidade PescadoresExtrativismo

recursos orçados Recursos investidos

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Uma inovação do PLANAPO, foi a previsão de que as equipes de ATER contratadas por meio de Chamadas Públicas deveriam ter pelo menos 20% de jovens em sua composição. A preferência deveria ser dada aos egressos de cursos com enfoque agroecológico e agroextrativista, e/ou que tivessem formação acadêmica extracurricular em agroecologia ou participação em estágios interdisci-plinar de vivência, projetos de extensão, residência agrária, entre outras.

Nesse sentido, MDA lançou, em 2015, o edital de chamada pública de ATER nº 02/2015 para a promoção da agroecologia com jovens rurais. Neste edital, foi previsto que as equipes técnicas das propostas selecionadas devem ser compostas por, no mínimo, 30% de técnicos com idade entre 18 e 35 anos. O total de 5.460 famílias estão sendo atendidas por meio destes contratos de ATER. A partir de 2016, todas as chamadas públicas de ATER lançadas pelo MDA deverão prever este percentual mínimo como parte da política de promoção da juventude no campo.

Nas chamadas públicas realizadas pelo INCRA, em cumprimento a meta estipulado no PLANAPO, foi estabelecido que 20% dos téc-nicos contratados fossem jovens, conforme define a Lei nº 12852/2013. Essa meta foi alcançada e, inclusive, superada em alguns contratos. Ainda foi observado que parte significativa dos técnicos eram egressos dos cursos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).

Mecanismo semelhante vem sendo adotado em relação à participação de mulheres nas atividades da ATER. O PLANAPO previu que pelo menos 30% dos recursos das chamadas públicas de ATER com enfoque agroecológico, do MDA e do INCRA, sejam apli-cados em atividades específicas para mulheres em atividades extrativistas e na produção orgânica e agroecológica. Essa garantia foi aplicada nos editais de chamada pública nº 01/2013, nº 12 e nº 13/2013. Embora se registre que estes patamares vêm sendo alcançados, ainda existem dificuldades de monitoramento acerca do cumprimento deste percentual nas atividades de ATER. É ne-cessário que seja desenvolvida metodologia para apurar, além do quantitativo proporcional, o impacto da garantia destes recursos.

Por fim, uma atividade realizada pelo MDA voltada ao apoio ao Cadastramento Ambiental Rural (CAR), previu a inclusão de 182 mil imóveis individuais da agricultura familiar de base agroecológica no CAR por meio de ATER contratada via chamadas públicas. No final de 2015, houve a inserção de atividade específica de elaboração do Cadastro Ambiental Rural (CAR) pelas equipes de ATER, em todos os contratos atualmente vigentes (167 contratos) por meio de um aditivo contratual no valor de R$ 81.776.725,40. Com este aditivo, visa-se alcançar 173.740 imóveis rurais.

EDUCAÇÃO PARA A AGROECOLOGIA E PRODUÇÃO ORGÂNICA

No campo da educação, o PLANAPO estabeleceu como meta promover a formação inicial e continuada e qualificação profissional com enfoque agroecológico ou em sistemas orgânicos de produção para 32.000 beneficiários, entre agentes de ATER, educado-res(as), agricultores(as) familiares, assentados(as) da reforma agrária, povos e comunidades tradicionais, jovens e mulheres rurais, de acordo com as especificidades regionais.

Em relação à formação técnica em agroecologia, o MEC estabeleceu uma meta específica de promover a formação de 1.000 agri-cultores familiares e 3.000 jovens agricultores (total de 4.000 formandos), de acordo com as demandas regionais. Estas ações

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deveriam estar articuladas com as chamadas de ATER, quando possível. O total de alunos matriculados nos cursos de formação foi de 6.017, sendo 2.004 alunos em 2014 e 4.013 em 2015. Isso representa uma realização 150% acima da meta inicial.

Os principais desafios da formação técnica têm sido: i) definir prioridades que atendam a diversidade da agricultura familiar no que tange a inclusão regional; ii) desenvolvimento de logística mais adequada as características regionais que favoreçam a participação de agricultores (as) nas diferentes regiões do País.

Na modalidade de Formação Inicial Continuada (FIC), também sob a responsabilidade do MEC, a meta prevista no PLANAPO era de formar 23.000 alunos sendo 10.000 agricultores, 3.000 técnicos e 10.000 jovens agricultores.

Número de matriculas na Formação Inicial Continuada (FIC) entre 2014 e 2015.

Ano Meta (No. Alunos) Realizado %

2014 12.000 26.339 219

2015 11.000 7.955 72

Total 23.000 34294 149

A implementação de atividades de educação integral vinculadas ao macrocampo da agroecologia e da produção orgânica também esteve a cargo do MEC como uma das iniciativas do PLANAPO relacionadas à educação. Esta ação se materializou por meio do Programa Mais Educação (PME), que previu o desenvolvimento de conteúdos relacionados à agroecologia. Em 2013, um total de 10.184 escolas aderiram ao programa. Em 2014, a adesão foi de 7.323 escolas e, em 2015, não houve adesão.

O MEC previu incluir no Guia Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego - Pronatec o curso de Formação Inicial e Continu-ada (FIC) de Gestão dos Recursos Naturais e Práticas Produtivas Sustentáveis. Porém, esta inclusão não chegou a ser realizada por falta de solicitação da instituição demandante junto à Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica SETEC/MEC.

Uma outra ação prevista no PLANAPO foi a criação de uma linha específica de agroecologia em Edital do Programa de Educação Tutorial (PET) a fim de fortalecer os grupos de estudos de agroecologia e produção orgânica nas universidades. Porém essa inicia-tiva não chegou a ser realizada.

No âmbito do MMA, foi prevista a formação de 300 educadores(as) e 10.000 extrativistas, beneficiários do Programa Bolsa Verde, em agricultura de base agroecológica, manejo sustentável de recursos naturais e gestão de suas organizações.

Para execução da ação foi desenhado um curso a ser disponibilizado aos beneficiários(as) do Programa Bolsa Verde, por meio da estratégia do Pronatec. Em 2013, foram capacitados 120 educadores(as) multiplicadores(as) para este curso, por meio de coopera-ção técnica internacional. Porém, em razão da estratégia de atuação junto ao MEC não estar consolidada, optou-se por suspender a formação de novos educadores.

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Em 2014, foi assinado acordo de cooperação técnica entre MMA e MEC, dando início à modalidade de demanda “Pronatec Bolsa--Verde Extrativismo”. Em 2015, foram pactuadas mais de 1.000 vagas exclusivas para este público e matriculados 870 extrativistas que vivem em territórios de Unidades de Conservação Federal e são atendidos pelo Programa Bolsa Verde.

Dentre os desafios, estão as especificidades de logística para execução dos cursos e adaptação dos conteúdos à realidade das populações agroextrativistas. Para terem êxito, os cursos precisam ser executados nas comunidades e com conteúdos específicos de agroecologia aplicável a sistemas extrativistas/florestais. Também há questionamentos em relação ao valor da bolsa oferecida pelo MEC aos alunos, sendo ela insuficiente para cobrir os custos dos alunos. Nesse sentido, foi criada uma Comissão Nacional do Campo das Florestas e das Águas, que tem como objetivo rever o Pronatec Campo para torná-lo mais adequado as especificidades das populações do campo, das águas e das florestas.

Uma outra iniciativa a cargo do MMA foi a promoção da formação presencial e à distância de 1000 educadores ambientais e agentes populares de educação ambiental na agricultura familiar com enfoque agroecológico. Essa iniciativa esteve relacionada ao desenvol-vimento de dois cursos do Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar (PEAAF) por meio do Ambiente Virtual de Apren-dizagem do Ministério do Meio Ambiente (http://ava.mma.gov.br/): i) o curso “Apoio à implementação do Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar (PEAAF) nos territórios”, de 60 horas, que foi ministrado na modalidade à distância, com a tutoria de servidores do MMA, Ibama, ICMBio, Embrapa e parceiros do Departamento de Educação Ambiental (DEA); ii) o curso “Formação de Agentes Populares de Educação Ambiental na Agricultura Familiar”, de 120 horas, que foi realizado de forma semi-presencial.

Para a realização dessa formação, o DEA lançou o Edital nº 01/2014 para seleção de instituições parceiras para desenvolvimento do curso. Treze instituições governamentais e não governamentais foram selecionadas, vindo a atuar na organização de turmas locais, coordenação pedagógica e tutoria do curso16.

Foi feita em Brasília a formação presencial das equipes pedagógicas dos dois cursos do PEAAF, totalizando 47 pessoas formadas. Os dois cursos tiveram um total de 614 alunos, totalizando 661 agentes formados por essa iniciativa, o que representa 66% da meta original.

Também estava prevista, como iniciativa do MMA, a promoção de formação técnica em manejo florestal madeireiro e de espécies da sociobiodiversidade com enfoque em sistemas orgânicos e de base agroecológica para 200 técnicos e orçamento de R$ 2 milhões. Uma articulação com SFB e Embrapa foi iniciada, mas esta ação não chegou a ser executada. O desafio maior permanece no campo da construção de um arranjo institucional que seja capaz de integrar as ações dos diferentes órgãos de governo.

No âmbito do INCRA, foram implementadas duas iniciativas específicas de educação. A primeira esteve voltada para a formação de alunos de nível médio e superior, visando à capacitação e formação profissional de trabalhadores rurais em agroecologia e produção orgânica. Entre 2013 e 2015, foram formadas 2.676 pessoas como parte desta ação, o que representa 99% da meta inicialmente proposta, que era de 2.700 pessoas.

16 Lista das instituições selecionadas: Ação Ecológica Guaporé – ECOPORÉ (RO); Associação de Hortigranjeiros e Agroindustrias de Machadinho (RS); Associação Maranhense para o Desenvolvimento Cultural, Ambiental e Agronegócio – AMPARO (MA); Centro Comunitário Rural de Conceição – CCRC (MG); Centro de Realizações Sociais e Ecológicas Vida Nordeste (PB); Fun-damental Associação para o Desenvolvimento Sustentado (MG); Instituto Federal Goiano (GO); Prefeitura de Bauru (SP); Secretaria de Desenvolvimento Social e Agricultura Familiar do Estado do Maranhão (MA); Secretaria de Meio Ambiente de São José dos Campos (SP); Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará (CE); Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (CE); Universidade Federal de Ouro Preto (MG.

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A segunda iniciativa previu a realização de cursos de formação profissional de trabalhadores rurais, com enfoque em agroecologia e produção orgânica. Neste caso, foram formadas 4.410 pessoas, o que representa 78% da meta inicial, de 5.600 pessoas.

Por fim, foi prevista, no âmbito do MS, uma iniciativa de apoio a 35 ações e projetos, com foco em saúde do trabalhador e agroe-cologia, em articulação com Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) Estaduais e Regionais. Esta ação esteve a cargo da Coordenação Geral de Saúde do Trabalhador (CGST).

APOIO À PESQUISA EM AGROECOLOGIA E PRODUÇÃO ORGÂNICA

O PLANAPO previu um conjunto de iniciativas voltadas para fortalecer e ampliar processos de construção e socialização de conhecimen-tos e práticas relacionados à agroecologia e aos sistemas orgânicos de produção, por meio de programas, projetos e ações integrando atividades de pesquisa, ensino e extensão rural. Essas ações estiveram sob a responsabilidade da Embrapa, MAPA, MEC e MDA.

Neste âmbito, a Embrapa criou uma estrutura gerencial para o levantamento de demandas e acompanhamento de projetos de PD&I, nomeada “Portfólio de Sistemas de Produção de Base Ecológica”. Isso incluiu o lançamento de uma Chamada Pública específica para estimular a formação de projetos de pesquisa na área de agroecologia e produção orgânica. Um total de 64 projetos foram executados entre 2013 e 2014. Já em 2015, um total de 50 projetos estiveram em execução.

Entre estes projetos, destaca-se a formação de dois arranjos institucionais envolvendo diversos parceiros que estruturaram ações a partir de demandas locais no Nordeste e Centro-Oeste. O arranjo de agroecologia do Nordeste conta com 20 projetos em andamen-to e 34 novos projetos. O arranjo de agroecologia do Centro-oeste conta com 23 projetos em andamento e 32 novos projetos. Tam-bém integrou o PLANAPO a implantação de núcleos de pesquisas em agroecologia e produção orgânica nas unidades da Embrapa e Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (OEPAS). Até o momento, 10 núcleos de agroecologia foram estruturados com a participação de 15 unidades da Embrapa, com o apoio do MDA/CNPq.

O PLANAPO também previu a criação de um programa de capacitação de curta, média e longa duração para pesquisadores e ana-listas da empresa, com foco na agroecologia e produção orgânica. Uma primeira versão deste programa de formação foi elaborada incluindo uma proposta específica para gênero, mas não houve recursos financeiros para a sua realização.

Em relação a formação de recursos humanos, o PLANAPO previa a formação pela Embrapa de 100 jovens cientistas por ano para atuar com agroecologia, assegurando a paridade entre homens e mulheres, por meio de cursos e estágios. Essa meta foi superada, com oferta pelas Unidades Descentralizadas da Embrapa de estágios em áreas relacionadas à agroecologia e Produção Orgânica para mais de 100 jovens por ano.

A Embrapa também estabeleceu como meta do PLANAPO a implantação de 20 núcleos de pesquisas em agroecologia e produção orgânica em todas as unidades da Embrapa e Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (OEPAS). Em 2014 foi lançada a Chamada MDA/CNPq Nº 38/2014 com o objetivo de apoiar projetos de constituição e fortalecimento de Núcleos nas instituições públicas de pesquisa agropecuária (OEPAs e Embrapa) em todo o território nacional, a partir de metodologias de integração entre pesquisa agroecológica, extensão rural e ensino. Como resultado dessa Chamada foram aprovados 10 projetos que têm a Embrapa

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como proponente, com 15 centros de pesquisa envolvidos, além de diversas instituições parceiras. São 04 projetos na região Nor-deste, 02 no Norte, 02 no Sudeste, 01 no Sul e 01 no Centro-oeste.

No contexto mais interno à Embrapa, foram implementadas algumas iniciativas a fim de fortalecer e orientar a atuação da empresa no tema da agroecologia e produção orgânica. Isso incluiu a elaboração do material técnico intitulado “Coleção Transição Agroeco-lógica”, sendo os volumes 01 e 02 publicados entre 2013 e 201517.

A Embrapa também previu a criação de um programa de capacitação de curta, média e longa duração para pesquisadores e ana-listas da empresa, com foco na agroecologia e produção orgânica. Uma primeira versão deste programa de formação foi elaborada, mas não houve recursos financeiros para a sua realização.

Com a finalidade de ampliar a integração entre pesquisa, universidades, institutos federais e escolas famílias agrícolas, a Embrapa aprovou, em 2015, o portfólio “Redes de Pesquisa, Transferência de Tecnologia, Intercâmbio e Construção do Conhecimento em conjunto com a rede de Centros de Formação por Alternância (CEFFAS) do Brasil” que objetiva ampliar as ações entre a Embrapa e as escolas famílias agrícolas na realização de processos de formação continuada.

Também houve o início do processo de discussão de um novo marco referencial de agroecologia da Embrapa. A expectativa é de que o novo marco seja um norteador dos projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Porém, esta ação não chegou a ser finalizada por falta de recursos financeiros.

Sob a responsabilidade do MAPA, foi implementada a inciativa voltada para o apoio a 150 projetos de instituições de ensino que integrem atividades de pesquisa, educação e extensão para a construção e socialização de conhecimentos e práticas relacionados à Agroecologia e aos Sistemas Orgânicos de Produção. A ação foi realizada em articulação com ministérios parceiros como o MCTI, MEC e MDA e superou a meta estabelecida.

Esta iniciativa finaliza o primeiro ciclo do PLANAPO com 181 Núcleos e Projetos apoiados, sendo

156 em instituições de ensino e 25 em instituições de pesquisa. A iniciativa foi operacionalizada

por meio de 5 editais, conforme tabela abaixo. O valor total dos recursos financeiros executados

pelos Ministérios parceiros foi da ordem de R$ 33.4 milhões. Edital

Número de projetos/núcleos apoiados

Montante global executado – R$

MAPA/MEC/MCTI/CNPq nº 46/2012 22 3.744.906,20

MCTI/MAPA/MDA/MEC/MPA/CNPq nº81/2013 93 22.121.685,63

EDITAL MCTI/MAPA/CNPq Nº 40/2014 22 3.693.790,00

EDITAL MDA/SAF/CNPq Nº 38/2014 25 Não disponível

EDITAL MDA/SAF/CNPq Nº 39/2014 19 3.836.687,50

TOTAL 181 33.397.069,33

17 Publicação disponível no link: https://www.Embrapa.br/informacao-tecnologica

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Considerando a consolidação de dados de 54 projetos em Institutos Federais e Universidades Públicas relativos aos Editais 46/2012 e 81/2013 sistematizados pelos ministérios MAPA, MEC, MCTI e MPA, foram beneficiadas um total de 33.678 pessoas, sendo 1.473 técnicos, 6.587 agricultores e mais 25.618 pessoas de um público geral beneficiado direta e indiretamente pelo projeto. Os núcleos promoveram 302 parcerias, 176 eventos de capacitação e foram responsáveis pela elaboração de 449 produções técnicas (publicações e tecnologias).

Considerando a consolidação de dados pelo MDA para o Edital 81/ 2013 relativos a 56 projetos em Universidades Públicas, as ações abrangem 1.243 municípios, com um total de 12.101 beneficiários, sendo 6.292 agricultores(as) familiares envolvidos; 675 agentes de Ater; 622 estagiários(as) que atuam no projeto e 4.512 de outros públicos envolvidos, destes 8.261 são mulheres e 9.285 jovens. Os Núcleos promoveram 372 parcerias institucionais, sendo 152 entidades de Ater. Totalizou-se 1.845 ações de capacitações, com carga horária total de 6.817h nos cursos promovidos, sendo capacitados: 1.858 agentes de Ater; 8.424 agri-cultores(as) familiares; 8.400 estudantes e 1.216 professores. Foram 556 atividades de ensino, 790 atividades de extensão, e 307 projetos de pesquisa. Ao todo foram geradas 816 produções acadêmıcas; 188 mídias e 180 tecnologias sociais, tão importantes para os agricultores familiares.

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Uma outra iniciativa a cargo do MAPA visou a produção de 300 publicações e outros informativos técnicos destinados a disponi-bilizar conhecimentos relacionados a tecnologias e práticas apropriadas a sistemas orgânicos de produção. Nesse sentido foram publicados os “Cadernos de Boas Práticas para o Extrativismo Sustentável Orgânico” com uma tiragem de 17.000 exemplares e o “Caderno do Plano de Manejo Orgânico”, com tiragem de reimpressão de 65.000 exemplares. Em 2015 também foi concluído o conteúdo técnico de 103 “Fichas Agroecológicas com Tecnologias Apropriadas a Produção Orgânica”. Essas fichas estão em fase final de diagramação e sua impressão está prevista para o primeiro semestre de 2016.

No âmbito do MEC foi implementada a iniciativa que visou apoiar 130 Programas e Projetos em Extensão Universitária (PROEXT) com enfoque agroecológico, definindo linhas de apoio a Estágios Interdisciplinares de Vivência (EIV) e as iniciativas estudantis com enfoque agroecológico.

O PROEXT conta com a participação de 18 Ministérios do governo federal. Trata-se do maior suporte financeiro à extensão univer-sitária e representa a aproximação dos saberes produzido nas universidades e a sociedade em que estão inseridas. Entre 2013 e 2015 foram apoiados 161 projetos de extensão por meio de Editais públicos destinados às Instituições de Educação Superior de todas as categorias: instituições federais, estaduais, municipais e, a partir de 2015, as instituições comunitárias.

O apoio à sistematização e disponibilização de conhecimentos de ensino e inovações agroecológicas foi assumida como uma inicia-tiva do MDA no PLANAPO. O propósito foi de otimizar a plataforma “Agroecologia em Rede” como veículo para a disponibilização de informações relativas às experiências, especialmente aquelas protagonizadas por jovens e mulheres. Em três editais públicos desti-nados a apoiar 100 Núcleos de Agroecologia em instituições de ensino e pesquisa foram previstos recursos para sistematização de experiências e resultados qualitativos e quantitativos dos projetos18. O MDA também previu no PLANAPO a elaboração de material pedagógico específico sobre gênero e agroecologia para instituições de ensino, mas esta ação não chegou a ser implementada.

No âmbito do MMA em parceria com a EMBRAPA, foi desenvolvido o Webambiente, um sistema eletrônico que tem por objetivo disponibilizar soluções tecnológicas para a adequação da paisagem rural visando o uso, recuperação e restauração de ambientes degradados, especialmente em Áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente nos seis biomas nacionais. Esta iniciativa traz resultados como uma biblioteca digital, um módulo interativo com técnicas de restauração de APP e RL, a lista de serviços disponíveis para APP e RL (por ex.: lista de viveiros e cursos) e indicações de substrato para plantios de recuperação de áreas, de acordo com a fisionomia e tipo de solo associados. Já foram concluídas as etapas para o Bioma Cerrado, incluindo dados de cerca de 300 espécies.

18 Editais: MCTI/MAPA/MDA/MEC/MPA/CNPq nº 81/2013; MDA/SAF/CNPq Nº 38/2014; e MDA/SAF/CNPq Nº 39/2014

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JOVENS RURAIS

A última meta do Eixo Conhecimento do PLANAPO foi voltada para promover a inclusão social e produtiva de pelo menos 15.000 jo-vens rurais com enfoque agroecológico e produção orgânica. As iniciativas nessa direção estiveram a cargo do MDA, MEC e MMA/SFB.

O MDA implementou uma iniciativa visando fortalecer a inclusão social e produtiva de 4.800 jovens rurais com formação agroeco-lógica e cidadã. A execução foi iniciada em 2013 com um projeto pioneiro de formação continuada implementado em parceria com a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Inicialmente previa-se a formação para 4.800 jovens rurais, através da metodologia de formação de formadores, na qual 120 jovens seriam preparados para a multiplicação de saberes em turmas de, em média, 40 jovens. A metodologia aplicada representou avanços e percalços ao processo formativo, gerando um resultado final de 2.400 jovens rurais formados.

Aprimorando o conceito do processo formativo, em 2014 foi desenvolvido junto a Secretaria Nacional de Juventude, o Programa de Formação Agroecológica e Cidadã, do qual participaram as seguintes instituições federais de ensino superior, algumas em parceria com o CNPq: Universidade Federal do Piauí (UFPI); Universidade Federal de Rondônia (UNIR); Universidade Federal Rural de Per-nambuco (UFRPE); Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Cada uma dessas instituições implementa um projeto cuja meta é formar 960 jovens utilizando a estratégia de formação de formadores/multiplicadores e os princípios da pedagogia da alternância. Ao todo, 3.840 jovens devem ser formados por esse conjunto de projetos.

A execução da inciativa alcançou a formação de 6.240 jovens, o que representa 130% em relação ao previsto no PLANAPO (4.800 jovens). A execução financeira foi de R$ 2.574.450,13, representando 83% do montante previsto para a iniciativa (R$ 3 milhões).

Uma segunda iniciativa do MDA voltada para a juventude rural é a promoção da ATER agroecológica com base na inclusão e fortale-cimento produtivo para 4.800 jovens. Esta ação está sendo operacionalizada por meio da Chamada Pública nº 02/2015, que prevê a contratação de entidades em 52 lotes, distribuídos entre as cinco regiões brasileiras, para execução de serviços de ATER por três anos. A previsão é de atender a 16.600 beneficiários e de investimentos de R$ 65,867 milhões. O início de execução dos contratos ocorrerá no primeiro trimestre de 2016.

Ainda em relação à ATER, o MDA previu no PLANAPO a oferta desses serviços integrando a perspectiva agroecológica, a pedagogia da alternância e o enfoque territorial. A meta era beneficiar 5.460 jovens rurais. Esta ação foi operacionalizada por meio da Cha-mada Pública nº 03/2012 para seleção de entidades executoras de assistência técnica e extensão rural com jovens rurais. Foram contratados projetos de ATER nos Estados de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Maranhão, Minas Gerais e Paraná totalizando 5.460 jovens atendidos, o que equivale a 100% da meta original. A execução financeira foi de R$ 7,4 Milhões, o que corresponde 94% do valor orçado para a ação (R$ 7,8 milhões).

A proposta de incluir no Guia do PRONATEC cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) sobre Quintais Agroecológicos também foi prevista como uma das iniciativas do PLANAPO mas que não chegou a ser implementada.

No âmbito do MMA foi prevista a iniciativa de promover a formação técnica em manejo florestal madeireiro e de espécies da socio-biodiversidade com enfoque em sistemas de base agroecológica para 1.600 estudantes de ensino médio. A ação ficou a cargo do

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SFB, que lançou Chamadas Públicas para a seleção de instituições de ensino técnico da Amazônia e Caatinga interessadas em rece-ber cursos sobre manejo florestal de uso múltiplo, para seus estudantes. As capacitações foram executadas por meio de empresas terceirizadas contratadas por pregão eletrônico.

Foi constatado que as escolas do Programa Mais Educação/MEC, com 100% de matrículas em tempo integral, apresentaram as mais elevadas taxas de aprovação em comparação aos outros grupos de escolas. Por conseguinte, apresentaram os menores índices de re-provação e abandono escolar. Um total de 1.166 alunos foram atendidos por meio dessa iniciativa, o que representa 72% em relação à meta original. Foram investidos na ação R$ 579 mil, o que equivale a 34% do orçamento previsto, que foi de R$ 1,7 milhões.

COMUNICAÇÃO

O PLANAPO previu a criação de estratégias de comunicação para a produção e disponibilização de conhecimentos sobre agroecolo-gia, sociobiodiversidade e produção orgânica em diversas formas e mídias. Com o lançamento do Plano em 2013 houve a criação de um hotsite para sua divulgação e foram confeccionadas versões impressas do documento do Plano, distribuídas a diversos órgãos do governo federal, estadual e municipal e entidades da sociedade civil.

Ao longo dos três anos de execução do Plano não se conseguiu avançar na definição de uma estratégia coordenada de comunicação para a disponibilização de conhecimentos sobre agroecologia, sociobiodiversidade e produção orgânica, o que pode ser apontado como um dos pontos que deveriam ser aprimorados na gestão do PLANAPO para o período 2016-2019.

No entanto, alguns produtos de comunicação e difusão de conhecimentos foram elaborados ou estão em consolidação enquanto ações pontuais e não necessariamente articuladas na forma de uma estratégia. São eles:

Guia alimentar para a População Brasileira

A segunda edição do Guia Alimentar para a População Brasileira, lançado em novembro de 2014 pelo Ministério da Saúde, é o documento oficial que aborda os princípios e as recomendações de uma alimentação adequada e saudável para a população bra-sileira, configurando-se como um instrumento de educação alimentar e nutricional no SUS e também para outros setores. O Guia visa apoiar e incentivar práticas alimentares saudáveis no âmbito individual e coletivo, contribuindo para que as pessoas possam fazer escolhas mais saudáveis, bem como subsidiar políticas, programas e ações que promovam a saúde e a segurança alimentar e nutricional da população19.

Alimentos Regionais Brasileiros

A publicação Alimentos Regionais Brasileiros, publicada em 2015, tem como objetivo divulgar a imensa variedade de frutas, horta-liças, tubérculos e leguminosas brasileiras, apoiar ações de educação alimentar e nutricional e incentivar a alimentação adequada e saudável. Esse material contribui ainda para divulgar a variedade de alimentos da biodiversidade brasileira em todas as regiões, orientar seu uso em preparações culinárias e resgatar, valorizar e fortalecer a cultura alimentar no país20. 19 Publicação disponível em: <http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/guia_alimentar201420 Publicação disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/livro_alimentos_regionais_brasileiros.pdf

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Caderno Boas Práticas de ATER

O Caderno “Boas Práticas de ATER” tem como objetivo identificar, sistematizar e compartilhar referências inovadoras, com contri-buição comprovada na ação de ATER e na implementação de políticas públicas, voltadas para o Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário. O Caderno é uma iniciativa que integra o Plano de Inovação na Agricultura Familiar, da Coordenação de Inovação e Me-todologias, do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (DATER) do MDA.

Essa ação é uma oportunidade para dar visibilidade à implementação da Política Nacional de Ater (PNATER) e criar referências de ATER para a agricultura familiar nas regiões e biomas do País. O Caderno será publicado em 2016.

Caderno PRONAF Agroecologia

Em 2015, também foi produzido o Caderno “Pronaf Agroecologia” com o fim de fornecer orientações sobre o funcionamento do PRONAF para sistemas de produção de base agroecológica ou orgânicos, bem como apresentar o “passo a passo” sobre a obtenção de financiamento de custeio e investimento por meio desta linha de crédito específica21.

Mulheres e Agroecologia – Coletânea sobre Estudos Rurais e Gênero

Na 4ª Edição (2014) do Prêmio Margarida Alves de Estudos Rurais e Gênero foram selecionados trabalhos com o tema “Mulheres e Agroecologia”, nas categorias Ensaio Inédito (7 trabalhos), destinada a pesquisadora(e)s de graduação e pós-graduação; Relatos de Experiências (7 trabalhos), para representantes de redes, entidades ou organizações não governamentais com experiência prática de ATER para mulheres e agroecologia; e Memórias (5 trabalhos), na qual participaram trabalhadoras rurais e lideranças comuni-tárias. No total, mais de 40 textos foram analisados.

A premiação é uma iniciativa do MDA por meio da DPMRQ e do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD), em parceria com o INCRA, Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), ABA, Rede de Estudos Rurais, Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências Sociais (ANPOCS), Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), mo-vimentos sociais de mulheres trabalhadoras rurais e ligadas ao campo e às águas. Os trabalhos vencedores foram publicados em coletânea impressa e também estão disponíveis em formato eletrônico22.

21 Publicação disponível em: http://www.mda.gov.br/sitemda/sites/sitemda/files/ceazinepdf/CADERNO_PRONAF_AGROECOLOGIA_FINAL.pdf22 Trabalhos disponíveis em: http://www.mda.gov.br/sitemda/sites/sitemda/files/user_img_19/Colet%C3%A2nea%20sobre%20Estudos%20Rurais%20e%20Gen%C3%AAro%20WEB.pdf

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Comercialização e consumo

Eixo 4

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MERCADOS INSTITUCIONAIS

O quarto objetivo do PLANAPO é o fortalecimento e ampliação do consumo de produtos orgânicos e de base agroecológica com ênfase nos circuitos curtos de comercialização (mercados locais e regionais), mercados institucionais e compras governamentais. Visando atingir este objetivo o Plano estabeleceu um conjunto de iniciativas tendo como meta apoiar a promoção e comercialização de produtos orgânicos e de base agroecológica. Uma parte substantiva dessas iniciativas estiveram voltadas para a dinamização dos mercados institucionais por meio do PAA, PNAE e PGPM.

Para ampliar o acesso dos produtos orgânicos e agroecológicos aos mercados institucionais o MDA promoveu uma iniciativa tendo como meta a qualificação para a gestão de 150 Organizações Econômicas Familiares (OEF) formadas por agricultores orgânicos e/ou agroecológicos, incluindo empreendimentos de jovens e mulheres. Esta ação foi iniciada por meio do Programa Mais Gestão, cujo objetivo é fortalecer as organizações da agricultura familiar para melhorar o seu acesso aos mercados institucionais e privados. O programa está assessorando 50 organizações com um enfoque multidisciplinar que visa o aprimoramento de várias áreas da gestão (organizacional, finanças e custos, industrial, pessoal e ambiental). Isso representa o alcance de 33% da meta original.

Em 2015, o MDA também criou o Programa Nacional de Fomento e Fortalecimento do Cooperativismo e Associativismo Solidário da Agricultura Familiar e Reforma Agrária (COOPERAF) com a finalidade de apoiar o cooperativismo e associativismo da agricultura familiar por meio da oferta de assistência técnica, apoio a qualificação de processos de gestão, produção e comercialização, orga-nização social e formação técnica. O orçamento previsto para essas ações foi de R$ 18 milhões, sendo que a execução financeira esteve no patamar de R$ 3 milhões por ano.

O MDA também estabeleceu como meta que as Chamadas de ATER-Mulheres e de organização produtiva contemplem atividades de capacitação, elaboração de projetos e assessoria aos grupos de mulheres que acessarem o PAA, PNAE e PGPM. Nesse sentido, em 2014 foram lançadas 02 Chamadas Públicas de ATER para Mulheres, sendo uma para fortalecimento da produção agroecológica nas regiões Centro-Sul e outra também para o fortalecimento da produção agroecológica, mas no âmbito do Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais, no semiárido. Ambas incluíram ações de formação em PAA/PNAE, assessoria para elaboração dos projetos e assessoria técnica para implementar os projetos e orientarem as mulheres na entrega dos produtos aos mercados insti-tucionais. Tais ações foram implementadas a um curto de cerca R$ 800 mil, com a atendimento a 2.816 beneficiárias.

Uma outra iniciativa nessa mesma direção foi a que teve como meta a capacitação de 60 técnicos (contratados para executar as chamadas de ATER, ATER-mulheres, organização produtiva de mulheres), sobre o acesso dos grupos de mulheres ao PAA e comer-cialização de produtos da sociobiodiversidade, produção orgânica e de base agroecológica. Para implementar esta ação foram formalizadas parcerias com 6 Universidades e Institutos Federais para apoiar e fortalecer processos de organização produtiva e de formação no tema mulheres e agroecologia, nas diferentes regiões do Brasil. Ao todo, mais de 500 técnicos passaram pelas capa-citações promovidas pelas universidades, o que representa a superação da meta em 830%.

Da parte do MDS, o ministério assumiu como meta disponibilizar 5% dos recursos do PAA para aquisições de alimentos orgânicos e de base agroecológica, até 2015. Como mostra a tabela abaixo, entre 2013 e 2015 se observou um ligeiro aumento da percentagem de recursos do PAA destinados às aquisições de alimentos orgânicos e agroecológicos.

No entanto este aumento não foi suficiente para o alcance da meta de 5% ao final dos três anos. Os recursos investidos na ação fo-ram da ordem de R$ 21,15 milhões, representando 15,3% do orçamento previsto (R$ 138 milhões). As aquisições do PAA somaram 7.547 toneladas de alimentos orgânicos ou de base agroecológica.

Aquisições de gêneros alimentícios orgânicos e agroecológicos por parte do PAA.

Ano % do PPA atingida Valores (em Milhões de R$)

2013 1,2 5,5

2014 1,4 8,5

2015 1,41 7,15

Localização geográfica dos municípios atendidos pela modalidade de aquisição de produtos orgânicos do PAA

A principal limitação para se elevar os patamares acima tem a ver com a dificuldade em identificar e contabilizar essas aquisições em razão da falta de regulamentação desses produtos. Não existe uma definição concreta ou uma lista oficial de produtos da socio-biodiversidade, por exemplo, e essa elucidação não está sob competência do MDS.

Assim, muitas vezes os produtos não são identificados como agroecológicos ou da sociobiodiversidade no momento de inserção das informações no sistema. Os valores acima são, portanto, subnotificados.

Até 2015 não existia uma lista oficial de produtos da sociobiodiversidade que permitisse a criação de campos específicos no siste-ma. A partir da Portaria Interministerial 163/2016, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, foram listados os produtos da sociobiodiversidade a serem considerados para fins de comercialização. Isso permitirá um melhor dimensionamento dos valores reais comercializados a partir de 2016.

Outro obstáculo apontado pelos próprios produtores são os preços pagos, que em geral acabam sendo menores que os produtores conseguem obter no mercado.

No âmbito do MAPA e da Conab também se estabeleceu como meta a disponibilização, até 2015, de 1% dos recursos específicos da PGPM para aquisição e subvenção de produtos da sociobiodiversidade, orgânicos e de base agroecológica. A ação principal nesse sentido foi a aplicação de R$ 17,3 milhões na forma de subvenção aos produtores extrativistas. A execução financeira esteve em um patamar 21,7% em relação ao orçamento previsto, que foi de R$ 83 milhões. Uma maior divulgação do programa é apontada como condição essencial para a ampliação dos acessos por parte dos produtores.

Uma meta de ampliação das aquisições de produtos orgânicos e agroecológicos também foi estabelecida no âmbito do PNAE, com previ-são de ampliar em 5% as aquisições desses produtos por parte do programa, até 2015. Esta ação esteve sob responsabilidade do MEC.

O FNDE disponibiliza recursos para a aquisição de gêneros alimentícios, em caráter complementar, às Entidades Executoras (esco-las federais, prefeituras e secretarias estaduais de educação) no âmbito do PNAE. As aquisições de gêneros alimentícios devem ser promovidas de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Programa, e priorizando-se os alimentos orgânicos e agroecológicos, conforme preconiza o art. 19 da Resolução FNDE nº 26/2013. Como demostra a tabela abaixo, nos anos 2013, 2014 e 2015 as aquisições de produtos orgânicos e agroecológicos pelo PNAE alcançaram 3,05%,3,09% e 2,5% respectivamente, e somaram R$ 317,10 milhões. Este montante é 211,4% acima da meta orçamentária para esta inciativa, que foi de R$ 150 milhões.

Aquisições de gêneros alimentícios orgânicos e agroecológicos por parte do PNAE

Ano % do PNAE atingida Valores (em milhões de R$)

2013 3,05 108,1

2014 3,09 112,4

2015 2,5% 96,4

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No âmbito do FNDE, foi implementada uma iniciativa visando monitorar a inclusão dos gêneros orgânicos e/ou agroecológicos nas aquisições do PNAE realizadas pelas entidades executoras, por meio do Sistema de Contas Online. Os relatórios de monitoramento são produzidos a partir da base de dados de prestações de contas dos recursos repassados pelo FNDE para a compra de gêneros alimentícios. Os registros de classificação dos produtos adquiridos como “orgânicos” são realizados pelos gestores no Sistema Contas on line – SIGPC. Para o aprimoramento do sistema identificou-se a necessidade de qualificar a informação nas prestações de contas para diminuir a subjetividade da classificação feita pelos gestores.

O FNDE também implementou uma iniciativa visando apoiar pesquisas sobre a inclusão dos gêneros orgânicos e/ou agroecológicos nas aquisições do PNAE. A ação foi realizada por meio da descentralização de recursos financeiros e a execução das pesquisas foi feita pelo Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar (CECANE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Os dados foram coletados em 2013 e em 2014, relativos à execução de 2012 e 2013/2014 e os resultados foram apresentados em 2013 e em 2015. As pesquisas apresentaram dados complementares aos registros realizados pelos gestores nas prestações de contas do PNAE. A realização de pesquisa qualitativa mais ampla sobre os desafios da inclusão do item orgânico/agroecológico na alimentação escolar permanece como um desafio.

Duas outras iniciativas visando ampliar a contribuição da produção orgânica e agroecológica na alimentação escolar foram previstas no PLANAPO como parceria entre o FNDE e o MDA. A primeira visou a formação de Responsáveis Técnicos pela alimentação escolar nas entidades executoras para o incentivo da inclusão dos gêneros orgânicos e/ ou agroecológicas nos cardápios da alimentação escolar.

Os principais parceiros do FNDE nas ações de formação de atores do PNAE são os CECANEs. Estes centros são instituídos no âmbi-to das universidades federais, recebem recursos do FNDE e atuam nas ações de formação, pesquisa e extensão junto às entidades executoras (prefeituras e secretarias estaduais de educação) para aprimoramento da execução do PNAE.

Em 2014 somente o CECANE da UFRGS recebeu recursos para formação específica de nutricionistas. Em 2015 foi firmada uma parceria entre o MDS, Conselho Federal de Nutricionistas, CECANE-UFOP e FNDE para a realização de 14 oficinas temáticas para atendimento aos 26 estados e DF sobre Educação Alimentar e Nutricional e Compras Públicas. As oficinas foram previstas para 2015 mas sua realização foi adiada para 2016. O público estimado será de 1.400 profissionais.

A segunda iniciativa esteve voltada para a produção de material informativo para incentivar a inclusão dos produtos orgânicos e/ou agroecológicos nas aquisições para a alimentação escolar. Uma cartilha temática foi elaborada em 2015 pelo CECANE da UFSC, com recursos descentralizados pelo FNDE.

APOIO A EVENTOS E FEIRAS

Dentre as estratégias do Governo Federal voltadas à ampliação das políticas públicas para o fortalecimento da agricultura familiar, o MDA, por meio da SAF, busca promover alternativas de geração de renda, agregação de valor e acesso aos mercados. Nesse sentido, o MDA previu no PLANAPO uma iniciativa específica visando disponibilizar recursos para promover a participação de agricultores/as familiares, assentados/as e as comunidades de povos tradicionais em feiras para promoção de produtos da sociobiodiversidade, orgânicos e de base agroecológica.

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A participação em feiras e eventos comerciais, no Brasil e no exterior, tem sido uma grande oportunidade para geração de renda, acesso a tecnologias apropriadas à agricultura familiar, agregação de valor, intercâmbios e, cada vez mais, a maior profissionali-zação na inserção de empreendimentos familiares nos mercados convencionais e diferenciados. A promoção comercial favorece a inserção dos produtos da agricultura familiar nos mercados interno e externo, visando novas oportunidades de negócios e renda para os agricultores familiares e o desenvolvimento social no meio rural.

Entre 2013 e 2015 o MDA promoveu a participação de grupos e organizações de agricultores familiares em três edições da Feira Biobrazil e duas edições da Biofach. Os recursos investidos na promoção dessa participação foi de cerca de R$ 1 milhão, o que representa 4,47% do orçamento previsto, que foi de R$ 24 milhões.

No âmbito do DPMRQ, também foi implementada uma iniciativa visando incluir nas Chamadas Públicas para Organizações Produ-tivas de Mulheres Rurais, o apoio à realização de feiras de produtos/sementes agroecológicos e orgânicos. O Chamamento Público de Apoio a Organização Produtiva para Mulheres Rurais nº 001/2014 estabeleceu uma modalidade de apoio a “Feiras e/ou Mostras da Economia Feminista e Solidária no âmbito estadual ou regional, com foco na produção agroecológica, visando divulgar e comer-cializar os produtos das agricultoras familiares e assim fortalecer sua organização Produtiva”.

Promoção da participação em feiras e eventos

Feira vendas diretas negócios prospectados empreendimentos selecionados beneficiários diretos apoio MDA (R$)

Biobrazil 2013 n.d n.d 12 n.d n.d

Biobrasil 2014 4.340.801,00 2.432.400,00 10 5.070 220.696,53

Biobrazil 2015 66.517,00 4.149.000,00 12 6575 166.963,00

Biofach 2014 n.d n.d n.d n.d 440.000,00

Biofach 2015 4.990.000,00 n.d 10 10174 246.084,25

Total 1.073.743,78

Dentro desta modalidade específica foi aprovado somente um projeto, em 2013, no valor de R$ 280.000. Outros 12 projetos con-tratados entre 2013 e 2015, com valor total de R$ 2.9 milhões, continham ações relacionadas à comercialização de produtos orgâ-nicos, de base agroecológica ou advindos da sociobiodiversidade.

Em 2013 também foi realizada, sob coordenação da DPMRQ, a mostra “Brasil agroecológico feito por elas”. O evento foi resultado de uma parceria com a SPM e buscou valorizar e exibir a produção de alimentos saudáveis e de base agroecológica realizada por grupos de mulheres rurais. Participaram da mostra 16 grupos de mulheres rurais, dentre assentadas da Reforma Agrária, agricul-toras, pescadoras, quilombolas, indígenas e outras. Um dos principais objetivos da mostra foi valorizar os princípios da economia solidária e feminista, de forma a viabilizar o acesso das mulheres às políticas públicas de apoio à produção e à comercialização.

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Por fim, no âmbito do MAPA foi implementada uma iniciativa visando realizar campanhas anuais na forma da Semana Nacional do Alimento Orgânico. A atividade traz implícita uma abordagem para o grande público sobre os benefícios ambientais, sociais e nutricionais desses produtos, estimulando o seu consumo e divulgando os princípios agroecológicos. Esta campanha já tem uma história de 11 anos envolvendo muitos parceiros nacionais e estaduais, sendo parte já tradicional dos trabalhos das Comissões da Produção Orgânica nas Unidades da Federação.

Em 2013, foi realizada a nona edição da Semana do Alimento Orgânico, em 20 Unidades da Federação, com diversos eventos vol-tados especialmente ao público consumidor. A semana traz uma abordagem sobre os benefícios ambientais, sociais e nutricionais advindos do incentivo à produção e ao consumo de produtos orgânicos. Em atividades de capacitação foram envolvidos diretamente 5.468 agricultores ou técnicos. Foram produzidos banners e cartazes, num total de 1.775 unidades e aproveitados materiais pro-mocionais de campanhas anteriores estocados nas Superintendências Federais de Agricultura.

Em 2014, a X Semana do Alimento Orgânico foi realizada em 16 Unidades da Federação com o tema “Cuidar da Terra, Alimentar a Saúde e Cultivar o Futuro”. Foram feitas atividades como seminários, oficinas, cursos, feiras, estandes de degustação de produtos orgânicos, além de programação cultural voltadas para o esclarecimento sobre consumo e produção orgânica.

A edição de 2015 da Semana do Alimento Orgânico marcou o início da campanha anual, com o tema “Produtor Orgânico: Parceiro da Natureza na Promoção da Vida”. Um total de 22 Unidades da Federação promoveram atividades como palestras, visitas técnicas, dias de campo, distribuição de material promocional, oficinas de sensibilização e atividades pedagógicas com crianças, degustação de chás medicinais, exposição e degustação de produtos orgânicos, exposições de fotografias, vídeos, oficinas de gastronomia, en-contros para trocas de sementes, dentre outras atividades. Nos eventos de capacitação foram envolvidos um total de 6.119 pessoas dos quais 1.765 técnicos e 1.601 agricultores. Os recursos previstos no PLANAPO para este conjunto de atividades foram de R$ 1,7 milhões. A execução financeira alcançou R$ 542 mil, o que corresponde a 31,9%.

Apêndice

APÊNDICE: DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA PLANAPO NO PERÍODO 2016-2019

Um dos objetivos deste balanço da execução do PLANAPO 2013-2015 é sistematizar os principais avanços da execução do Plano, mas também e apontar caminhos para o seu aperfeiçoamento no novo ciclo de planejamento e implementação. Nesse sentido, este relatório destaca, a seguir, alguns elementos ou fatores que podem ser considerados na construção e execução prática do PLANAPO 2016-2019.

Uma primeira consideração refere-se à necessidade de aperfeiçoamento do processo de coordenação entre os diversos ministérios, órgãos e instituições que atuam na implementação da PNAPO e nas etapas de formulação, revisão e validação política das ações previstas no PLANAPO. Como primeira observação, seria recomendável ampliar a capacidade instalada da Secretaria Executiva da CIAPO já que esta instância assume parte considerável do processo de coordenação e diálogo, no âmbito interno do governo. Por ampliação da capacidade instalada, entenda-se a ampliação do número de gestores e a qualificação técnica da equipe responsável pela coordenação dos trabalhos em suas várias frentes.

Uma segunda necessidade identificada ao longo da execução do PLANAPO diz respeito à melhoria do sistema de monitoramento e gestão das informações durante o ciclo de implementação. O atual modelo está centrado na utilização de fichas de monitoramento da execução física e financeira, enviadas pela SE/CIAPO e preenchidas pelos membros daquele colegiado. A experiência de sistematiza-ção das fichas e confecção deste relatório mostrou que este modelo está sujeito a diversos problemas, entre os quais podemos citar:

• Ocorrência de erros de preenchimento e de problemas de interpretação em relação à informação que está sendo demandada, decorrente da distribuição das fichas em formato Word para número grande de gestores lotados em diferentes ministérios e outras instituições;

• Duplicação de arquivos em várias versões e em diferentes estágios de preenchimento, gerando a demanda por um “tra-balho braçal” de agrupamento e sistematização as fichas;

• Impossibilidade de gerar relatórios de progresso, devido à falta de atualização das informações;

• Problemas de confiabilidade das informações, gerando a necessidade de inúmeras conferências e correções dos dados;

• Falta de transparência das informações, devido às dificuldades de compilação e correção dos dados antes da divulga-ção do material;

• Concentração de boa parte do trabalho na SE/CIAPO, que fica responsável por agrupar e compilar as informações dos vários ministérios.

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Para o período 2016-2019, sugere-se que a Secretaria Executiva implemente um sistema informatizado de gestão da informação e monitoramento do Plano, a partir da estrutura de Objetivos, Eixos, Metas e Iniciativas, o que reduziria a demanda de “trabalho braçal” que hoje está a cargo da equipe responsável. Além disso, conferiria maior agilidade à confecção de relatórios, com ganhos sobre o monitoramento continuado do Plano. Outras vantagens estariam relacionadas à rastreabilidade23 dos dados e informações, o que favorece a confiabilidade e a transparência. O PLANAPO poderia, nesse sentido, se beneficiar de outros modelos e experiên-cias de monitoramento informatizadas já em operação no governo federal.

No aspecto político da implementação do Plano, dois desafios podem ser claramente identificados:

1. a necessidade de melhorar a incidência sobre os formuladores de políticas e tomadores de decisão nos diversos ministé-rios que são responsáveis por implementar a PNAPO e o PLANAPO;

2. a necessidade de uma atuação conjunta das instâncias de gestão do Plano perante os governos estaduais com vistas à estruturação de políticas e planos similares em cada Unidade da Federação.

Diretamente relacionado aos aspectos acima citados identifica-se a necessidade de criação de uma estratégia de comunicação para ampliar a visibilidade e a incidência política do Plano. Este fator é importante no sentido de favorecer a construção de novas parce-rias e promover uma maior aproximação com o público em geral, por meio da divulgação das ações realizadas.

Identifica-se também muitas oportunidades potenciais no sentido de uma maior integração entre as ações de formação profissional com ênfase na agroecologia e na produção orgânica, pesquisa, produção e difusão do conhecimento e ATER. As ações implementadas no período 2013-2015 apontam para a possibilidade de inúmeros arranjos institucionais e de parcerias, em múltiplas escalas de in-tervenção. Reside neste ponto um conjunto grande de oportunidades para o avanço da agroecologia e da produção orgânica no país.

O aumento da escala e da qualidade da produção orgânica e da agroecologia, bem como da oferta de alimentos saudáveis para população permanece como uma grande oportunidade para as instituições que se engajaram na implementação do PLANAPO. No mesmo sentido, a ampliação do enfoque agroecológico junto a diferentes públicos e categorias de produtores (familiares, mulheres, indígenas, extrativistas, assentados) permanece como um desafio e também como uma oportunidade para o setor.

Por fim, identifica-se a necessidade de aperfeiçoar a visão territorial no processo de implementação do PLANAPO. Para isso é necessário avançar na integração das iniciativas de planejamento local e regional das ações de promoção da agroecologia, a partir de diferentes recortes territoriais como municípios ou bacias hidrográficas, por exemplo. Ampliar a aderência do Plano aos territórios implica em melhorar os processos de interlocução entre as instâncias de gestão e planejamento e das dinâmicas territoriais que mobilizam a sociedade civil e diferentes esferas de governo. Ações neste sentido devem abrir caminho para a avaliação dos impactos do PLANAPO e da própria PNAPO nas realidades locais e regionais, o que permanece como um desafio para o próximo ciclo de implementação.

23 Por rastreabilidade da informação entenda-se a identificação precisa do gestor responsável por inserir no sistema as informações e dados relativos à cada iniciativa (nome do gestor, data da inserção, contato etc).

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LISTA DE SIGLAS

ABA Associação Brasileira de Agroecologia

ABRASCO Associação Brasileira de Saúde Coletiva

ANA Articulação Nacional de Agroecologia

ANPOCS Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências Sociais

ANVISA Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

AP1MC Associação Programa um Milhão de Cisternas para o Semiárido

ATER Assistência Técnica e Extensão Rural

BB Banco do Brasil

BFN Biodiversity for Food and Nutrition

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CAR Cadastro Ambiental Rural

CECANE Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar

CEFFAS Centros de Formação por Alternância

CELAC Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos

CEREST Centros de Referência em Saúde do Trabalhador

CGST Coordenação Geral de Saúde do Trabalhador

CIAPO Câmara Interministerial de Agroecologia e Produção Orgânica

CNAPO Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica

CNPOrg Comissão Nacional de Produção Orgânica

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

CONSEA Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

COOPERAF Programa Nacional de Fomento e Fortalecimento do Cooperativismo e Associativismo Solidário da Agricultura Familiar e Reforma Agrária

CPOrg Comissões Estaduais da Produção Orgânica

CTA Comitê Técnico de Assessoramento em Agrotóxico

CTAO Câmara Temática da Agricultura Orgânica

DAP Declaração de Aptidão ao PRONAF

DATER Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural

DEA Departamento de Educação Ambiental

DPG Departamento de Patrimônio Genético

DPMRQ Diretoria de Políticas para Mulheres Rurais e Quilombolas

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EIV Estágio Interdisciplinar de Vivência

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FAO Food and Agriculture Organization

FBB Fundação Banco do Brasil

FIC Formação Inicial Continuada

FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz

FLONA Floresta Nacional

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

FNDF Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal

IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IFSULMINAS Instituto Federal do Sul de Minas

IN Instruções Normativas

INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

INPA Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

IRPAA Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MCTI Ministério da Ciência e Tecnologia

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

MDS Ministério do Desenvolvimento Agrário

MEC Ministério da Educação

MERCOSUL Mercado Comum do Sul

MF Ministério da Fazenda

MMA Ministério do Meio Ambiente

MPA Ministério da Pesca e Aquicultura

MPOG Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão

MPT Ministério Público do Trabalho

MS Ministério da Saúde

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

MUSA Museu da Amazônia

NEAD Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural

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OCS Organização de Controle Social

OEF Organizações Econômicas Familiares

OEPAS Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária

ONU Organização das Nações Unidas

PAA Programa de Aquisição de Alimentos

PD&I Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

PEAAF Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar

PET Programa de Educação Tutorial

PGPM Programa de Garantia de Preços Mínimos

PGPMBio Política de Garantia de Preço Mínimo para os Produtos da Sociobiodiversidade

PLANAPO Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica

PLANSAN Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

PME Programa Mais Educação

PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar

PNAN Política Nacional de Alimentação e Nutrição

PNAPO Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica

PNATER Política Nacional de ATER

PNPSB Plano Nacional de Promoção das Cadeias dos Produtos da Sociobiodiversidade

PNSMAF Programa Nacional de Sementes e Mudas para a Agricultura Familiar

PRA Programa de Recuperação Ambiental

PROBIO Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira

PROEXT Programas e Projetos em Extensão Universitária

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PRONARA Programa Nacional de Redução do Uso de Agrotóxicos

PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável

RESEX Reserva Extrativista

RGP Registro geral da Atividade Pesqueira

SAF Secretaria da Agricultura Familiar

SBS Sociedade Brasileira de Sociologia

SEPPIR Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial

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SETEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

SFB Serviço Florestal Brasileiro

SG/PR Secretaria Geral da Presidência da República

SIATER Sistema Informatizado de ATER

SICOR Sistema de Operações de Crédito Rural e do Proagro

SPG Sistemas Participativos de Garantia

SPM-PR Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República

UFFS Universidade Federal da Fronteira Sul

UFPI Universidade Federal do Piauí

UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

UFVJM Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

UNEP United Nations Environment Programme

UNIR Universidade Federal de Rondônia

VSPEA Vigilância em Saúde de Populações Expostas aos Agrotóxicos

WCMC World Conservation Monitoring Center