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Relatório de atividades 2010 fevereiro 2011

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Relatórios de Atividades 01 - Programa Repertórios

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Relatório de atividades 2010

fevereiro 2011

Relatório de atividades 2010

fevereiro 2011

Índice

1. Apresentação

2. Marcos gerais do Programa Repertórios2.1 As estratégias pedagógicas2.2 As competências pedagógicas2.3 Em busca de uma experiência

3. A experiência inicial do Programa Repertórios3.1 O processo de seleção dos monitores3.2 O processo de capacitação dos monitores3.3 A estrutura do trabalho em 20103.4 Atividades propostas em 20103.5 Eventos: o seminário e o festival3.6 O uso dos ambientes virtuais em 20103.7 Avaliação da experiência pedagógica de 2010

4. Anexos4.1 Os Ordinários no Programa Repertórios4.2 Edital de seleção dos monitores4.4 Conclusão

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1 - Apresentação

O maestro Ricardo Prado, desde abril de 2008, junto com a Gerência de Cultura do SESI/DN e do SESI Educação/RJ, preparou-se para o grande desafio de conceber e desenvolver o conceito do Programa Repertórios. Na liderança desse processo, no segundo semestre de 2010, o piloto do programa começou no Estado do Rio de Janeiro.

O presente relatório visa apresentar a experiência inicial do Programa Repertórios, suas principais estratégias postas em prática no período e uma seleção de relatos que abrange os distintos agentes do programa e os seus públicos. Serão incorporados a este documento recortes das provas de seleção dos monitores, planos de aula e relatórios de avaliação, bem como depoimentos retirados de toda a comunidade que participa do programa.

Este documento está dividido em três partes: a apresentação dos marcos gerais e definidores do Programa Repertórios; a apresentação da experiência piloto, na qual buscamos atender a tais marcos; e um conjunto de documentos anexos que pretendemos que possam complementar estas informações com mais detalhes e por meio de linguagens alternativas.

Esta análise abrange o período entre o início do processo de seleção dos monitores e o fim do ano letivo de 2010.

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2 - Marcos gerais do Programa Repertórios

Para atender às exigências da lei que institui a música na vida escolar, o SESI encontrou nas propostas do Programa Repertórios as melhores soluções para sua rede de ensino. O Programa Repertórios reúne educadores, músicos e profissionais de diversas áreas para uma experiência educacional transformadora – a educação pela música.

Para atender às complexas e diversificadas realidades do SESI, desenvolvemos um sistema de educação pela música que realiza uma permanente procura do conhecimento, da participação, da percepção e da expressão, e que vai muito além do ensino musical tradicional. Por isso, nossa proposta é promover, pela ampliação de repertórios, uma cultura da escolha.

Nossas atividades devem atrair o interesse dos nossos públicos – alunos de todas as idades, professores, familiares e demais membros das comunidades atendidas. Tais atividades são construídas de forma integrada e contam com o desenvolvimento de materiais próprios, tais como a série literária Trilhas da Música e ferramentas com linguagens participativas e colaborativas. Esses materiais são utilizados nas atividades presenciais e nas desenvolvidas em nossos ambientes

virtuais. Para realizá-las, o Programa Repertórios selecionou os seus monitores: um elenco de artistas com experiência musical e formação para a educação, permanentemente atualizados e capacitados para contribuir para os muitos desafios do programa. As atividades que realizam nas salas de aula e nos ambientes virtuais são criadas e acompanhadas por uma equipe de educadores e músicos experientes e reconhecidos.

O objetivo do Programa Repertórios é levar a diferentes públicos, em diversos pontos do país, mais música, mais repertórios, mais escolhas. Para tanto, nosso trabalho com diretores, coordenadores, professores e funcionários das escolas, bem como com os pais e os próprios alunos, é de grande importância. Afinal, o Programa não é somente uma metodologia e um conjunto de conteúdos voltados ao ensino, mas uma realização cultural coletiva.

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2.1 - As estratégias

Destacamos, primeiramente, a série de ficção literária Trilhas da Música, de autoria do próprio maestro Ricardo Prado. Nos livros que compõem a série, os alunos encontram as aventuras de Leo, um menino que, ao longo de seu crescimento, enquanto descobre o mundo e vive desafios de cada etapa de sua vida, amplia também as suas trilhas, o seu repertório. Elogiada por grandes autores como Ana Maria Machado, a série de livros desperta o interesse dos jovens pela leitura e se torna fonte de pesquisa para o conhecimento de novas músicas.

Nas escolas, as turmas são acompanhadas pelos monitores, escolhidos não apenas por suas qualidades pedagógicas como também pela experiência que cada um demonstra como artista. O desafio deles é propor, junto com a coordenação do programa, atividades práticas de música e, amparados nos materiais de leitura, estimular de forma transdisciplinar a reflexão dos alunos. Ao longo de cada ano letivo, os produtos das atividades desenvolvidas virão a público por meio de seminários, festivais e, principalmente, das ferramentas virtuais.

Os ambientes virtuais desenvolvidos especialmente formam um espaço do Programa Repertórios na internet. Eles

darão a oportunidade de os participantes da comunidade Repertórios trocarem experiências, ampliando as suas redes de relacionamentos e os seus conhecimentos acerca da música. O espaço também é dedicado à série Trilhas da Música, onde as músicas que estão nos livros e informações sobre elas estão disponíveis.

Para mobilizar e envolver as equipes educacionais do Sesi e das escolas atendidas – além de promover a produção e publicação de temas relacionados à música e educação – foi criado o Caderno Versa, uma revista eletrônica com periodicidade mensal. Através dela, professores que trabalham com os monitores nas escolas serão estimulados a aproveitar a música como conteúdo transdisciplinar e como meio para a sua formação continuada.

Esperamos também dos monitores, dos professores, coordenadores e demais agentes pedagógicos a colaboração com a reflexão sobre a experiência educacional do Programa Repertórios, que poderá ser publicada como pesquisa no próprio Caderno Versa.

Todo esse necessário e estimulante debate será mobilizado anualmente nos Seminários

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SESI de Educação pela Música, que reunirá os públicos do SESI diretamente interessados, a comunidade envolvida com as convergências da música, a educação e o pensamento, para, com convidados especiais do Brasil e do exterior, debaterem as mais recentes contribuições da produção intelectual e das experiências empreendidas nestes setores.

Por fim, o ambiente virtual de aprendizagem também deverá ser utilizado como instrumento pedagógico com os alunos a partir de jogos e atividades que ampliem os seus conhecimentos ligados à música. Esperamos que as criações dos alunos com os monitores venham a ser publicadas nesse espaço, estimulando, a partir do envolvimento com o programa, as suas autonomias e autorias.

Afinal, acreditamos que, da mesma forma como os artistas levam a público suas obras, a veiculação pública do produto da aprendizagem serve de estímulo ao interesse dos alunos. Para orientar esses esforços e trazê-los às comunidades escolares, são realizados os Festivais de Talento SESI quando, anualmente, os alunos serão convidados e estimulados a apresentarem seus projetos musicais, acompanhados e orientados por seus monitores.

Estas apresentações darão ênfase à variedade de talentos e às possibilidades de seus encontros e esforços comuns, não apenas aos musicais.

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2.2 - As Competências Pedagógicas

Na educação, é particularmente difícil encontrar marcos teóricos seguros, determinantes, quando comparada a outras profissões e campos do conhecimento. A razão disso é que em todas as salas de aula acontecem muitas coisas ao mesmo tempo, sempre muito diferentes entre si. Não somos capazes de apreender em sua totalidade a experiência da aprendizagem. Porque ela é viva, dinâmica e extremamente desafiadora para todos os envolvidos, é impossível encontrar um caminho fechado.

A despeito da irredutibilidade da experiência educacional a qualquer pretensão científica, o modelo de ensino que herdamos pretende, em geral, adequar-se à referência de tal modo de conhecimento, tanto pelos conteúdos que privilegia quanto pela forma como se organiza em disciplinas. Uma vez reconhecida a necessidade de resgatar para a educação estratégias próprias, surge o desafio da construção de modelos alternativos.

Vemos, com isso, que as habilidades que esperamos que se desenvolvam ao longo da formação escolar dos alunos exigem estratégias alternativas àquelas que herdamos. O mesmo vale, segundo Edgar Mourin, para o conhecimento.

Em uma palestra intitulada Educação na era planetária, Mourin apresenta uma preocupação com este problema com a formulação de uma teoria da complexidade.

Vejam a palavra “complexidade”. Ela vem do

latim complexus, “aquilo que é tecido”. Vemos,

então, que nosso sistema educacional nos torna

incapazes de conceber a complexidade, isto é, as

inumeráveis ligações entre os diferentes aspectos

dos conhecimentos. Isto é mais grave hoje, porque

a época planetária se manifesta através de uma

extrema interação entre fatores diversos: econômicos,

religiosos, políticos, étnicos, demográficos etc.

A ideia de complexidade tem muito a contribuir ao desafio em questão, pois sugere a necessidade de rompermos muros previamente estabelecidos entre saberes. Uma transdisciplinaridade, afinal, não deve ser tomada como um somatório acumulativo de saberes isolados, pois é por meio da relação que um problema estabelece com outros que se pode formar uma rede de saberes. Neste tema encontramos o fundamento da relação que o ensino de música nas escolas deve estabelecer com os demais saberes nela disseminados.

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A organização do conhecimento num currículo integrado teria por finalidade o ensino e o exercício da interpretação por meio de aprendizagem através de pesquisas. Este pensamento vai de encontro aos fundamentos do Programa Repertórios, que trabalha com a música como transdisciplinaridade – uma educação pela música – e buscando transcender o tempo e o espaço da vivência escolar tradicional. Isto ocorre por meio dos seminários, dos festivais, dos ambientes virtuais que se dedicam a despertar no aluno o interesse pela descoberta de novos repertórios dentro de uma quantidade indeterminada e imprevisível de veículos, linguagens e suportes.

Uma experiência como essa não tem um único caminho, permitindo o desenvolvimento de uma atitude investigadora e ajudando os estudantes a dar sentido às suas vidas e às situações do mundo que os rodeia.

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2.3 - Em busca de uma experiência

Na forma de trabalho que desenvolvemos, a preocupação com o produto é decorrente do fato de que este é motivacional e sistematizador. No entanto, a relevância da aprendizagem não incide apenas sobre produtos. Os ganhos da aprendizagem pertencem a todos os momentos do seu processo, a cada descoberta inesperada, a cada salto. Por isso, as atividades não são apenas meio. Elas devem ser valorizadas, em certa medida, como produtos em si mesmas, portanto, como experiências.

Como disparador das nossas atividades, utilizamos a série Trilhas da Música. A partir de cada livro podemos descobrir repertórios de músicas ou de estilos musicais e, sabendo que nos próximos livros surgirão outros estilos, podemos pensar em utilizar este corte estilístico como uma organização a médio prazo, ambicionando aprofundar o trabalho ao longo dos anos de forma planejada.

É interessante perceber que o fato de utilizarmos o livro de tantas formas possibilita que ele nos sirva como base, apoio e fonte de inspiração, mas sem nos prender a nenhuma obrigação no que diz respeito à forma com que o trabalho vai ser conduzido. Um trabalho desperta o

pensamento e a criatividade, instiga o aluno, o monitor e toda a equipe pedagógica a inventar coisas novas, e já parte do princípio da transdisciplinaridade, já que os livros-base do trabalho de música são, na realidade, literatura.

A experiência de aprendizagem promovida pelo Programa Repertórios parte de três atividades centrais: a atividade de mapeamento musical, na qual o aluno é levado a reconhecer o seu gosto musical em relação ao gosto musical daqueles com quem ele convive; a atividade de projeto, que facilita a descoberta e a ampliação por meio de outras linguagens; e a atividade de escuta e performance, que aprofunda a aprendizagem na forma de uma vivência. Acreditamos que percorrendo essas três propostas oferecemos aos alunos a oportunidade de se familiarizarem com a experiência do Programa Repertórios.

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3 - A Experência Inicial do Programa Repertórios

Apresentados os marcos gerais do Programa Repertórios, narraremos o desenvolvimento da experiência inicial produzida a partir de tais marcos.

Em fevereiro de 2010, dentro do Programa de Formação de Profissionais da Educação Básica, no Rio de Janeiro, foi realizada uma palestra do maestro Ricardo Prado na qual foram destacados os aspectos conceituais, as estratégias musicais e pedagógicas, as linguagens tecnológicas e o alcance cultural e educacional do Programa Repertórios. Nesse evento, também foi apresentado pelo Maestro Ricardo um grupo para realizar musicalmente o que era narrado acerca de suas ideias. Compartilhou-se, pela primeira vez, não apenas os conceitos do programa, mas também a experiência almejada de música e conhecimento. Portanto, o ponto de partida do Programa Repertórios se deu junto aos professores do SESI, de uma forma correlata ao que viria a ser realizado com os alunos.

Alguns meses mais tarde, em agosto, o Programa começou a ser estruturado a partir da seleção de monitores para o trabalho em sala de aula nas escolas SESI do estado do Rio de Janeiro.

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3.1 - O processo de seleção dos monitores

Quando abrimos as inscrições para a seleção dos monitores, toda a equipe do programa foi convocada para fazer a divulgação junto a escolas de música, universidades, teatros, casas de show e outras instituições ligadas à música de todo o estado do Rio de Janeiro. Cento e vinte (120) instituições foram contatadas. Embora com pouquíssimo prazo para tal divulgação, posto que pretendíamos iniciar o trabalho em sala de aula no menor tempo possível, cento e dez (110) candidatos compareceram à primeira etapa.

O edital, cujo documento completo pode ser encontrado nos anexos, era claro em relação à função dos monitores:

O trabalho de monitoria consistirá em atividades em sala de aula e via ambiente virtual com as seguintes finalidades:

• Apresentar conhecimentos de teoria e

prática musicais.

• Ampliar o repertório musical dos alunos.

Estabelecemos, como critérios para a escolha dos

candidatos, os seguintes elementos:

• Titulação mínima de Ensino Médio.

• Registro de Músico Profissional da Ordem dos

Músicos do Brasil, na ocasião da contratação do

monitor;

• Conhecimento e compreensão da habilidade

instrumental [pelo menos de um instrumento]

e vocal.

• Excelente comunicação oral.

• Facilidade para conduzir atividades em grupo.

• Predisposição para atuar com pré-adolescentes e

adolescentes.

• Boa redação.

• Interesse pela pesquisa, por novas escutas e por

todo tipo e estilo musical, sem preconceitos, mas

sem perder de vista o senso crítico.

• Conhecimento da história da música – ou

estar disposto a conhecer –, de forma que esse

conhecimento musical possa ter espaço significativo

em seu planejamento.

• Agilidade de pensamento – é preciso estar atento

às reações e respostas imprevisíveis dos alunos

Qualquer uma delas pode exigir uma mudança de

estratégia ou de abordagem do planejamento.

• Personalidade – entusiasmo, organização, senso de

humor, autoconfiança e automotivação.

• Conhecimento básico das novas tecnologias

musicais, utilizadas pelos usuários leigos.

• Consideramos desejável, ainda, alguma experiência

no uso dos instrumentos de redes sociais – como

Orkut, Facebook, Twitter –, além dos instrumentos

de pesquisa – como Google, Wikipedia, etc. Será

valorizado, ainda, o conhecimento de inglês.

Todas as etapas de planejamento, coordenação e execução do processo de seleção estiveram sob responsabilidade do Programa Repertórios.

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Primeira etapa

A primeira etapa da seleção, de caráter eliminatório, foi realizada através de uma prova escrita, com duas questões:

Primeira questão

Esta dedicatória é do livro ‘A Hora da Estrela’, de Clarice

Lispector [1920/1977].

Clarice é uma das mais importantes escritoras brasileiras.

Este foi seu último livro, publicado no ano de sua morte.

O livro, aparentemente, narra apenas o sofrimento da

migrante alagoana Macabea no Rio de Janeiro. Mas sua

estrutura é bem mais complexa. Seu texto é todo baseado

em um tripé: a vida comum e sem graça de Macabea; a

história do narrador Rodrigo; e a reflexão dele sobre a

escrita. O brilhantismo de Clarice está em articular esses

planos de uma maneira lírica e simples.

Já os vários títulos sugerem outros modos de olhar. É um

convite ao leitor à liberdade. Assim, é possível conhecer a

história e seu processo de criação...

O processo de seleção dos monitores de música foi realizado na GEB|SESI, em agosto de 2010.

Com base nestes elementos, formulamos um processo de seleção que dividimos em três etapas:

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Dedicatória do autor (na verdade Clarice Lispector)

Pois que dedico esta coisa aí ao antigo Schumann e sua doce Clara que são hoje ossos, ai de nós. Dedico-me

à cor rubra muito escarlate como o meu sangue de homem em plena idade e portanto dedico-me a meu

sangue. Dedico-me sobretudo aos gnomos, anões, sílfides e ninfas que me habitam a vida. Dedico-me à

saudade de minha antiga pobreza, quando tudo era mais sóbrio e digno e eu nunca havia comido lagosta.

Dedico-me à tempestade de Beethoven. À vibração das cores neutras de Bach. A Chopin que me amolece os

ossos. A Stravinsky que me espantou e com quem voei em fogo. À “Morte e Transfiguração”, em que Richard

Strauss me revela um destino? Sobretudo dedico-me às vésperas de hoje e a hoje, ao transparente véu de

Debussy, a Marlos Nobre, a Prokofiev, a Carl Orff, a Schönberg, aos dodecafônicos, aos gritos rascantes dos

eletrônicos – a todos esses que em mim atingiram zonas assustadoramente inesperadas, todos esses profetas

do presente e que a mim me vaticinaram a mim mesmo a ponto de eu neste instante explodir em: eu. Esse eu

que é vós pois não aguento ser apenas mim, preciso dos outros para me manter de pé, tão tonto que sou, eu

enviesado, enfim que é que se há de fazer senão meditar para cair naquele vazio pleno que só se atinge com a

meditação. Meditar não precisa de ter resultados: a meditação pode ter como fim apenas ela mesma.

Eu medito sem palavras e sobre o nada. O que me atrapalha a vida é escrever. E – e não esquecer que a

estrutura do átomo não é vista, mas sabe-se dela. Sei de muita coisa que não vi. E vós também. Não se pode

dar uma prova da existência do que é mais verdadeiro, o jeito é acreditar. Acreditar chorando. Esta história

acontece em estado de emergência e de calamidade pública. Trata-se de livro inacabado porque lhe falta a

resposta. Resposta esta que espero que alguém no mundo me dê. Vós? É uma história em tecnicolor para ter

algum luxo, por Deus, que eu também preciso. Amém para nós todos.

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A Hora da EstrelaA CULPA É MINHA

OU

A HORA DA ESTRELA

OU

ELA QUE SE ARRANJE

OU

O DIREITO AO GRITO

OU

.QUANTO AO FUTURO.

OU

LAMENTO DE UM BLUE

OU

ELA NAO SABE GRITAR

OU

UMA SENSAÇÃO DE PERDA

OU

ASSOVIO NO VENTO ESCURO

OU

EU NÃO POSSO FAZER NADA

OU

REGISTRO DOS FATOS ANTECEDENTES

OU

HISTÓRIA LACRIMOGENICA DE CORDEL

OU

SAIDA DISCRETA PELA PORTA DOS FUNDOS

Releia com atenção o texto. Pense como seria a sua dedicatória, as propostas de títulos.

Reescreva-os! Eles agora serão seus.

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Veremos agora as respostas de alguns monitores selecionados:

“Dedico esta questão da prova a Neruda e a sua amada, que mereceu sonetos de amor. Dedico estas breves linhas tortas à visão e à loucura de Saramago. Dedico estas frases a Garcia Marquez por ter me ensinado que “a sabedoria nos vem quando já não serve para nada” – convicta de que justo agora, quando mais preciso, ela não virá. Dedico estas palavras a Lya Luft, Mario Quintana, Vinicius de Moraes e, por que não dizer? Dedico estas letras a Clarice, por ter me feito embarcar nesta busca incessante do ‘instante-já’ – lendo e relendo seu ‘Água viva’ quantas vezes fossem necessárias para continuar na mesma busca.Dedico esta questão de prova àqueles que me deram palavras para escrevê-la. Àqueles que alcançaram fazer com a maestria das palavras o que ainda busco fazer com o som.”“Título: QUESTÃO DE PROVA” “Dedico isto ao saudoso Cartola e sua acolhedora Dona Zica, que hoje são ‘Folhas Secas’. Dedico às cores rubro e negra, dedico a minha pele. Dedico aos pretos velhos, santos, orixás e irês em geral que me rodeiam. Dedico à ‘Saudade da Bahia’, onde não se come sem dendê. Dedico ao ‘Choros nº 1 de Villa-Lobos. Os ‘Cores Vivas’ de Gil e à ‘Valsa dos Clows’, de Chico e Edu. O ‘Carinhoso’, de Pixinguinha, que mantém no chão. O Nelson Cavaquinho com quem me deprimo e choro. ‘A Felicidade’, em que Vinícius me explica a vida. Tristeza não tem fim? Sobretudo me dedico ao mundo que já estava aqui quando nasci e ao que está aqui hoje, dedico-me a Tom Jobim, ao instigante Guinga e ao eletrônico Marlboro(...)” “Se algum dia for redigir uma dedicatória, de uma biografia ou obra artística importante ou agradecimento de disco ou em um espetáculo, não poderia deixar de citar meu berço aconchegante feito de Pixinguinha, do afeto nostálgico pelos Beatles e o vício pelas crônicas do Chico Buarque. Isto posto colocaria no mesmo saco a complexidade de Wagner e a força telúrica do Jongo da Serrinha, pra deixar claro que as gavetas dos estilos se mesclam, sem me preocupar com origens ‘eruditas’ ou ‘folclóricas’.

Não poderia deixar passar em branco Hermeto Pascoal, pois ele, ao lado do Zico, são meus super-heróis de verdade(...)”

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“A HORA DA ESTRELA

OU

LIMPA A ÁREA ZAGUEIRO

OU

SE MALANDRO SOUBESSE COMO É BOM SER HONESTO SERIA HONESTO SÓ POR MALANDRAGEM

OU

O DEMÔNIO É A BURRICE

OU

RAÇA, ORGULHO E PAIXÃO

OU

TODO MUNDO É DE TODO MUNDO OU NINGUÉM É DE NINGUÉM

OU

PEDRO PEDREIRO

OU

POUCO TALENTO E MUITA VONTADE

OU

POR HOJE É SÓ PESSOAL

OU

DO VER DESENHO NA PROVA”

Segunda questão

As Redes Sociais são constituídas de um conjunto de pessoas que reúnem ideias e recursos em torno de

valores e interesses compartilhados. São relações informais e sem estruturas hierárquicas. Essas relações são

mediadas pelo computador.

Agora é com você!

Queremos saber sua opinião sobre as redes sociais existentes na Internet hoje. Escreva em, no mínimo, dez

(10) linhas o que você acha sobre uso dessa ferramenta e cite as que você conhece.

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Veremos agora as respostas de alguns monitores selecionados:

“O debate acerca da importância das redes sociais na Internet não é mais novidade. O tema permeia a nossa vida diária, nas conversas com amigos – sejam eles ‘reais’ ou ‘virtuais’ [sim os amigos!]. Para exemplificar, um fato ocorrido hoje: um dos colegas músicos que está fazendo esta mesma prova hoje se sentou ao meu lado dizendo que se lembrava de mim pelo Facebook. Disse que não me conhecia, mas me adicionou como amigo no site pelo fato de termos muitos amigos em comum – mal sabia ele que o meu critério para aceitar sua solicitação de amizade no site fora o mesmo. Esses encontros reais com amigos virtuais têm sido cada vez mais frequentes.

Confesso que em alguns momentos a quantidade de pessoas que sabem um sem número de informações sobre a minha vida me assusta um pouco. Porém, apesar da invasão de privacidade [que pode ser suprida por algumas ferramentas de bloqueios oferecidas pelos sites ou redes], é uma ótima ferramenta para estar em contato com diversas pessoas simultaneamente.

A troca de informações é cada vez mais veloz, otimizando tempo, espaço e também, por que não, as reações. É claro que nem mesmo ferramentas de comunicação que conjuguem imagem e som[como o Skype] são capazes de suplantar a troca de informações que surge do encontro entre dois seres humanos face a face. Mas o encontro virtual pode ser um complemento para vencer distâncias e manter laços enquanto o encontro presencial não é possível. E isto também se enquadra na relação de ensino e aprendizagem. Os fóruns do Orkut, por exemplo, contém informações altamente especializadas sendo trocadas por pessoas que se agrupam em torno de discussões acadêmicas. Além disso, os fóruns possuem opções diversas para compartilhamento do conhecimento. Mas certamente o melhor nisto tudo é o fato de que o ingresso e permanência nestes sites é gratuito e acessível a todos, dando oportunidade para diversas pessoas entrarem em contato com seus amigos [novos, antigos, virtuais ou reais] e, acima de tudo: com a informação.” “(...) O maior benefício desse uso generalizado, em minha opinião, é a reunião de organização de interesses, a transmissão da informação de uma maneira muito mais democrática comparada à realidade anterior, na ‘era da televisão’.

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É claro que o perigo existe, mas ao contrário dos que estão preocupados em manter a língua portuguesa pura e intacta, o que me preocupa mais é a segurança e privacidade das pessoas. (...) Esse é um assunto que merece ampla discussão da sociedade, porque apesar de serem muitas as preocupações, muito mais amplas ainda são as possibilidades de ensino, trabalho, informação e relacionamento através das redes sociais.”

Segunda Etapa - Música

A segunda etapa da seleção, de caráter eliminatório e classificatório, foi realizada através de duas atividades – vocal e instrumental:

Primeira questão: execução de voz e corpo

Pretendeu-se que os candidatos fossem capazes de aprender a parlenda abaixo – composta especialmente pela coordenação de música do Programa Repertórios – em seus aspectos rítmicos e melódicos, de acordo com as orientações da banca em diversas possibilidades de arranjo.

Que batuque mais legal

Sarah CohenMaira Martins

Alexandre Loureiro

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Segunda questão: execução de instrumento

O candidato executou um trecho curto de peça solo de livre escolha, com o instrumento também de livre escolha (voz, piano, flauta-doce, violão, entre outros).

A prova teve como objetivo avaliar a concepção e a fluência musical do candidato em um instrumento.

Demais avaliações

Além das provas de música, foi realizada na segunda etapa, também, uma avaliação psicológica por meio de atividades individuais e em grupo coordenadas por profissionais especializados, bem como entrevistas feitas pela equipe de pedagogia do Programa Repertórios com a finalidade de conhecer melhor a experiência e a disponibilidade de cada candidato.

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3.2 - O processo de capacitação dos monitores

O processo de capacitação dos monitores no Programa Repertórios é permanente. Uma vez por semana os monitores se dedicam a atividades de planejamento, avaliação e formação, realizadas em grupo e individualmente na sede do Programa Repertórios. Estes encontros se baseiam na necessidade de favorecer a comunicação entre todos os agentes do programa e oferecer profissionais às escolas SESI que tenham progressivamente um desempenho pedagógico de excelência. Neste documento daremos ênfase à primeira capacitação devido à necessidade, naquele momento mais premente, de ambientarmos os monitores nas escolas SESI e introduzi-los na experiência proposta pelo Programa Repertórios.

Após cumprirmos a etapa de seleção, providenciamos, de forma concomitante à organização com as escolas – que será descrita abaixo em mais detalhes –, uma capacitação intensiva, na qual apresentamos não somente as diretrizes, as estratégias e os materiais do programa, como também buscamos promover, de início, o entusiasmo pela experiência que adiante eles viriam a promover com os seus alunos.

Assim, organizamos o tempo dos nossos encontros de forma a abranger a apresentação de informações relevantes, a discussão de temas necessários e a vivência correlata, como alunos, das situações que eles passariam a viver como professores. O primeiro encontro, com o professor Tomás Prado, despertou uma reflexão a respeito de inúmeros desafios educacionais discerníveis por uma visão filosófica do mundo em que vivemos. Nesta ocasião, os monitores foram provocados a compreender o trabalho no programa não apenas no sentido prático, mas também no sentido teórico, portanto, como pesquisadores.

O maestro Ricardo Prado, em seguida, apresentou as ideias, as estratégias e os materiais. Em suma, todos os alicerces internos que compõem o Programa Repertórios.

A Coordenadora de Projetos da GEB, Susan Ribeiro, apresentou as diretrizes pedagógicas das escolas SESI, nas quais as atividades dos monitores e de todo o Programa Repertórios precisam se inserir. Informações fundamentais a respeito da rotina de trabalho nas escolas também foram passadas.

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Apresentaremos, com mais detalhes, o trabalho ao qual demos maior ênfase: a capacitação em pedagogia e pedagogia musical.

A primeira capacitação de pedagogia musical, com a coordenadora Sara Cohen e sua equipe, pretendeu desenvolver a habilidade dos monitores de fazer relações a partir da escuta. Partimos do livro Leo e as caixas de música, ilustrando como ele serviria de base, apoio e fonte de inspiração para o futuro planejamento das aulas dos monitores, explorando principalmente o tema que chamamos “mapeamento”, ou seja, a organização da música e dos gostos musicais por conceitos.

Partindo do relato das músicas de suas preferências – justificando-as – e da escuta crítica de três músicas contrastantes, os monitores puderam mostrar as suas habilidades de análise e apreciação, gerando e apontando categorias que facilitassem a organização do discurso musical.

Além disso, um dos principais objetivos propostos pela equipe de pedagogia musical foi apresentar atividades que, desde o início, os monitores pudessem aproveitar em suas práticas de sala de aula. A cada

capacitação, um conjunto de práticas de escuta e performance é apresentado aos monitores para o uso em sala de aula com os alunos.

Capacitação de pedagogia musical

A primeira capacitação de pedagogia musical, com a coordenadora Sara Cohen e sua equipe, pretendeu desenvolver a habilidade dos monitores de fazer relações a partir da escuta. Partimos do livro Leo e as caixas de música, ilustrando como ele serviria de base, apoio e fonte de inspiração para o futuro planejamento das aulas dos monitores, explorando principalmente o tema que chamamos “mapeamento”, ou seja, a organização da música e dos gostos musicais por conceitos.Partindo do relato das músicas de suas preferências – justificando-as – e da escuta crítica de três músicas contrastantes, os monitores puderam mostrar as suas habilidades de análise e apreciação, gerando e apontando categorias que facilitassem a organização do discurso musical.

Além disso, um dos principais objetivos propostos pela equipe de pedagogia musical foi apresentar atividades que, desde o início, os monitores pudessem aproveitar em suas

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práticas de sala de aula. A cada capacitação, um conjunto de práticas de escuta e performance é apresentado aos monitores para o uso em sala de aula com os alunos.

Capacitação de pedagogia

Nesse primeiro encontro entre os monitores e a equipe de pedagogia, coordenada pela professora Beatriz Prado, o objetivo central era falar sobre o que são “projetos de trabalho” a partir da transdiciplinaridade, além de como esta forma de trabalhar, inspirada em Fernando Hernandez, comparece nos instrumentos de planejamento, registro e avaliação.

Projetos dão forma a uma ideia, mas admitem mudanças, diálogo permanente com os acontecimentos, com o seu entorno e, principalmente, com as pessoas que contribuem para este processo. Foi importante para todos a pontuação de que, também na educação, para começar um projeto já temos um imenso repertório. Jamais partimos do zero e é sempre necessário considerar o “lugar” de onde viemos – permitir que as ideias e as experiências que reconhecemos nos influenciem. Não para imitá-las ou copiá-las. Para reinterpretá-las, ampliando o nosso olhar.

Falamos do processo que nos permite perceber o percurso de aprendizagem de uma pessoa e a forma como os instrumentos metodológicos – à frente apresentados neste documento – são necessários à organização do nosso trabalho pedagógico. Portanto, conversamos sobre a rotina do monitor e a importância do portfólio como recurso de avaliação, baseando-nos na ideia da natureza evolutiva do processo de aprendizagem, sistematizada em produtos.

Por fim, pudemos refletir e discutir a partir do filme Palavra Encantada as experiências as quais havíamos antes nos referido de forma teórica.

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3.3 - A estrutura do trabalho em 2010

Conheceremos agora como foi a estrutura do trabalho dos monitores nas escolas a partir da seleção de alguns relatos. Os grifos e destaques são dos próprios Monitores.

Quando chegar às escolas foi um momento acolhedor...

Observamos que as relações interpessoais nos ambientes de educação do SESI são extremamente acolhedores, e as pessoas demonstram sempre um enorme entusiasmo pelo novo.

“O diretor da escola fala muito que os alunos têm motivação, principalmente com o trabalho de música, e que com ela eles têm mais energia. A música é uma atividade em que eles mexem com o corpo, tocam. Como não havia música na escola, eu encontrei essa porta aberta. Estou supondo que a professora de arte faça assim. Eu fiquei sabendo, por exemplo, que a professora de História deu uma aula na quadra. O Virgílio e a pedagoga viram minha aula e gostaram, pediram que eu futuramente fizesse alguma coisa que articulasse com outras matérias.”

“A pedagoga Adriana me recebeu super bem! Informou que teriam um sarau de encerramento. Todo final de ano eles fazem

um sarau. É em uma quadra enorme, um som bom. Ficou lotado, para toda a comunidade”.

“Senti que as pedagogas estão desesperadas para tentar encaixar tudo da melhor maneira possível. O fato de tudo já estar caminhando para o final do ano fez com que eu me sentisse meio peixe fora da água. Me senti bem acolhido, fui bem recebido e bem tratado, conversaram comigo o tempo todo e me explicaram como funcionam as coisas.”

“A escola me recebeu bem, fui apresentado a toda a equipe pela diretora Edna, pude escolher os locais para as aulas conforme eu precisasse. Há a vontade de recuperar um ambiente mais artístico lá, especialmente o musical – segundo a diretora já o foi, com alunos ‘cantarolando pelos corredores’.”

“Estou animada. A escola é linda, muito espaço ao ar livre, e estava um dia lindo hoje também, pra ajudar. As pedagogas são ótimas, a diretora super animada e todos querem seus livros (parece que chegam na semana que vem, segundo a diretora).”

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Quando nem todos nas escolas conheciam o Programa...

É preciso reconhecer que, pelas circunstâncias do início do Programa Repertórios, foi preciso um grande esforço por parte de seus agentes, e em especial os monitores, na apresentação de nossas propostas.

“As pessoas, de forma geral, ainda não sabem direito o que é o programa. Nem alunos, nem professores.”

“Todos os professores pensam que a aula é de coral”.

“Os alunos do EJA pensaram que fosse para aprender um instrumento.”

“Bem, essa turma é muito agitada, mas é muito boa para se trabalhar. Fiquei um pouco chateado, pois 30 minutos é muito pouco, principalmente em uma turma onde as coisas acontecem.”

“A aula foi muito legal. Assim que eu cheguei lá, a Fabiana (pedagoga) disse que tinha uma “missão-quase-impossível” para mim; ajudar a ensaiar a turma para a apresentação de fim de ano. Então eu fui até a quadra onde todos os alunos se reuniram

e cantaram em coro a música por um mundo melhor com uma aluna do sexto ano fazendo o solo. Eu os regi, procurei trabalhar mais a interpretação, entradas e postura, já que eu não havia me preparado.

A menina que está fazendo o solo é muito afinada e canta com postura e técnica, não sei se ela estudou música, mas realmente ela canta muito bem. Procurei dar mais algumas orientações pontuais para ela.

Achei bacana este ensaio por que senti o clima do Programa Repertórios, isto é, aquela escola estava tendo contato com um músico e eles quiseram se aproveitar disso (no bom sentido). No fim das contas foi muito legal, porque me senti muito integrado, tanto com os alunos quanto com os funcionários.”

Embora tal esforço de revelação do programa seja ainda necessário – e neste momento ele está sendo aplicado na forma de visitas do maestro Ricardo Prado e das equipes pedagógicas a todas as escolas –, tivemos, ao longo do período de trabalho piloto, inúmeras oportunidades de reconhecer a força sedutora de nossas propostas.

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Quando o Leo chegou...

O uso dos livros, sobretudo quanto ao momento de início, ocorreu de forma heterogênea entre as escolas, mas sempre em decorrência do valor que os responsáveis por elas atribuíam a este material, receando, pelo período de conclusão do ano letivo, não dispor da quantidade necessária para o ano letivo de 2011.

“Cheguei, falei com a diretora sobre os livros, que já estavam lá, e ela me sugeriu (quase impondo de forma doce!) que usasse o livro e recolhesse novamente. Sei que é cuidado com o material, muito bom e muito rico e ela tem medo deles perderem, de não darem o devido valor. Aceitei mediante a condição de que se eles se mostrassem interessados eu entregaria na próxima aula.”

“Importante:Pessoal da coordenação olha só que coisa boa: os alunos estão me cobrando o livro! Até mesmo a diretora Elizeth veio falar comigo “não sei o que vocês fizeram que eles estão doidos atrás desse tal livro do Leo, sempre vem um me perguntar se o livro já chegou! Vocês sabem se para a semana que vem eles já vão ter o Leo?”

“Ao chegar na escola, fui orientado pela pedagoga e a diretora a não usar o livro, devido à dificuldade de reposição do material no início de 2011. Contudo, os livros foram apresentados e divulgados no evento do “Dia do Futuro” (04/12), onde os pais demonstraram um grande interesse e fizeram muitas perguntas sobre o Programa Repertórios.”

“(...) TODOS ficaram quietos! Depois falei do perfil do “Leo” e todos falaram que se identificavam com ele porque eles também não gostam dos seus nomes. Em seguida coloquei a música “Será” da Legião Urbana (a maioria não conhecia) e novamente consegui silêncio total para ouvi-la. Comentamos a letra, falamos sobre o momento que o Leo vivia e um pouco do panorama histórico da época.”

“Na penúltima aula eu entreguei o livro a eles. Na última aula a minha surpresa foi muito grande! A grande maioria já tinha começado a ler o livro. Uma menina (a Letícia) já tinha terminado de ler! Todos gostaram muito do livro, e uma aluna inclusive me falou que não está conseguindo terminar de ler o livro, pois O PAI DELA ADOROU O LIVRO E “ROUBOU” DELA! Muito bom!”.

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“(...) Depois comecei a falar sobre o “Leo” e falei do site. Todos ficaram muito interessados, ouvindo atentamente e me fazendo perguntas. Quando eu falei que a banda favorita do Leo era a “Legião Urbana”, pronto, aí mesmo que a turma fez a festa e me bombardearam com perguntas! Pediram até pra eu levar a bateria pra sala e eu fazer um solo para eles verem!”.

“Hoje aproveitei a deixa da música que cantarão na festa (Pais e filhos, da Legião Urbana) e distribuí o LEO aos alunos. Eles AMARAM, ficaram super felizes, corriam pelos corredores gritando aos colegas “O livro do Leo chegou!!!”, e agradeceram que era de presente!”

“Nesta turma fiz um trabalho mais ousado. (...) Escolhi um trecho do Leo onde ele escreve uma carta ao pai, lemos em voz alta, alguns alunos alternando parágrafos (a turma fez silêncio e prestou atenção à leitura). Depois apresentei o “Carta ao Pai”, livro de Franz Kafka, que é, basicamente, uma carta dele para seu pai. Li um trecho, expliquei do que se tratava, alguns acharam estranha a linguagem rebuscada, mas fui explicando, e no final eles entenderam. Depois ouvimos “Pais e Filhos” da Legião, e discutimos a letra, onde ele fala sobre vários

tipos de família, relações familiares, etc.Para concluir, pedi que eles escrevessem uma carta para seus pais, que depois pretendo que se transforme numa composição. Ao ouvirem a proposta, todos se negaram veementemente. Mas eles não haviam esperado eu dizer que a carta deveria ser anônima. Quando eu disse que não era para assinarem TODOS toparam fazer.Deixei que fizessem a carta com calma, enquanto tocava o acústico da Legião no som.(...) Bem, a turma me entregou as cartas dobradas e sem assinar. Só fui ler as cartas quando entrei no ônibus de volta ao Rio e me surpreendi! (...) Quero muito compartilhar esse material com vocês, porque acabou sendo um momento em que eles se sentiram livres para falarem o que quisessem e para mim, como professora, a oportunidade de conhecer o que se passa na vida desse grupo e tentar chegar mais próxima deles através das aulas.”.

“O debate foi bem interessante e nas duas turmas lemos o livro em voz alta, com voluntários para lerem cada trecho se apresentando. Esse esquema da leitura concentrou muito as turmas e eles estavam curiosos para ler o livro. E eu acho que

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a curiosidade de ler o livro se deveu ao fato de na semana anterior eu ter feito a propaganda. Talvez eles não estivessem com tanta vontade de conhecer o livro se já tivesse chegado na primeira semana... A expectativa foi importante...E, sem querer se piegas, cafona, pedante, foi muito emocionante ver o primeiro contato deles com o material... Cada um teve um pequeno momento de folhear, ver as cores, as figuras e até cheirar o livro... Vários queriam escrever seus nomes no livro e eu disse que podiam, porque era deles. Acham o máximo receber o livro, foi como um presente.”.

“Distribuí os livros e lemos o capítulo dos Vikings. Eles se revezaram lendo trechos. Discutimos o que o Leo estava sentindo, observamos que haviam dois mundos sendo descritos (o do Walkman e o de Copacabana). Na hora de ler em inglês ficaram hesitantes. Assistimos um trecho de um show do Led Zeppelin, a música Starway to Heaven e um longo trecho do solo de bateria. Os já iniciados ficaram vidrados e outros pediam pra mudar. A maioria decidiu ver até o fim do solo. Dois alunos levaram teclados, começamos a ver a música Starway to Heaven e passei os acordes da primeira parte. Já temos uma cantora, violão (que toca a música), dois bateristas

pra comandar os percussionistas corporais e dois tecladistas. Me cobraram os pifes de cano, mandei eles trazerem os canos, e deixei um pronto com a menina que tirou um som dos que levei.O tempo é curto.”

“A boa notícia é que a bibliotecária me comunicou que os livros, que eu estava tanto procurando, já estavam aqui há semanas e esqueceram-se de me avisar. Eu até perguntava, mas ninguém sabia. Então hoje aproveitei a deixa da música que cantarão na festa (Pais e filhos, do Legião) e distribuí o LEO aos alunos. Eles AMARAM, ficaram super felizes, corriam pelos corredores gritando aos colegas “O livro do Leo chegou!!!”, e agradeceram que era de presente. Também perguntaram se era obrigatório, se tinha prazo, e claro que eu disse que não, que poderiam ler nas férias, ou só quando o ano começar na escola, que faremos muitas atividades relacionadas ao que tem ali. Eles leram um trecho da carta do Felipe pro Leo em voz alta, e depois ouvimos a música na íntegra (distribuí a letra impressa para eles acompanharem). Alguns adoraram e outra acharam muito paradona... mas depois de ouvir outra vez chegaram no refrão (É preciso amar...) cantado

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animadíssimos, a plenos pulmões, sempre pedindo pra repetir.Enfim, a aula terminou e eles levaram os livros já folheando e conversando sobre ele... Me despedi quando soube que não teremos mais encontros esse ano e perguntei se estão curtindo o Programa Repertórios. Resposta unânime: SIM!!!! Também aproveitei pra dizer que estou adorando ser monitora deles, e que ano que vem teremos muito a descobrir juntos. Então se foram, com os livros a tiracolo, animados.Logo apareceu uma aluna do EJA das 17h me pedindo um exemplar do Leo, pois a notícia já estava correndo nos corredores e eu entreguei, claro.”

“Essa turma foi a que eu achei mais bacana. Eles ficaram super interessados em tudo. Tem um grupinho que fica no fim da sala que inclusive já até tem uma banda de rock. Depois que eu expliquei um pouco sobre o livro, um deles disse:- Pô, professora, a gente tá se identificando muito com o Leo.Entreguei o livro e eles ficaram super-satisfeitos. Aliás, não ficou claro pra mim se o livro é deles, ou se é da escola. Na próxima aula, pretendo terminar a apresentação dos alunos que ainda não falaram de si e sua experiência musical, comentar os relatórios

que eles me entregaram por escrito e fazer uma atividade musical, provavelmente o ‘Batucada”. Nas 2 turmas comentei que pretendo que eles componham e improvisem e eles ficaram bem animados com essa possibilidade.”

Quando os alunos também tocam algum instrumento...

Em várias turmas, os monitores encontram alunos que tocam instrumentos, cantam, fazem parte de bandas, enfim, pessoas que escutam e fazem música. Com elas, temos tido excelentes oportunidades de avaliarmos e planejarmos mecanismos de aprofundamento da experiência musical prática do programa. O tamanho surpreendente deste público nos parece um sintoma da demanda represada da música na educação. “(...) Tem uma aluna que toca violino, um toca clarineta e alguns teclado e bateria. A maioria é evangélica e tem contato com esses instrumentos na igreja. Quanto ao que escutam, eu fiquei intrigada com uma banda chamada Bonde da Stronda, que nunca ouvi falar e vou ver do que se trata! Alguns conhecem Beatles e Queen mas a maioria prefere Luan Santana, rock e funk.”

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“(...) Essa turma era bem grande, mas apesar de um pouco de bagunça, eles se mostraram interessados e participaram bem. As preferências musicais são parecidas com as da outra turma, então os nomes mais cotados são sempre Restart, Justin Bieber, e Luan Santana. O que achei mais interessante nesta turma é que um número razoável de alunos estuda ou já estudou algum instrumento.”

“(...) Uma coisa que foi bacana foi um menino chamado João que levou um tecladinho de mão, que é portátil, se enrola nele mesmo, o maior barato... aí ele tocou uma música do Guns N’roses. Acho que eu tenho nessa turma um grande potencial de pessoas que gostam de música e que querem fazer música.”

“Conversei bastante com eles, expliquei a ideia do programa, falei do livro, do site, tirei as dúvidas que surgiram, falei um pouco de mim e eles falaram um pouquinho deles também. (...) uma toca violão, guitarra e bateria (UAU!), outro toca flauta doce, outra toca pandeirola e o outro nenhum instrumento.”

“Eles escrevem muito bem, letras bonitas, poucos erros de português! Pude reparar que são adolescentes de classe média, pois todos têm acesso a internet e muitos têm TV a cabo (Multishow e MTV foram muito citados como forma de conhecer as músicas), a grande maioria gosta de Rock e Pop, nacional e internacional (“Restart”, uma banda nacional de pop/juvenil é DISPARADO a banda favorita da maioria).Instrumentistas da turma: uma pianista roqueira/metaleira, um violonista e compositor (evangélico, mas ele me disse que compõe de tudo sem preconceitos), uma flautista (doce) e um baterista.”

“Na terceira semana levei o acordeom e dois alunos levaram violão. Um deles perguntou se podia tocar uma música do Jota Quest, “Vem andar comigo”, acho que é esse nome. Foi um momento ímpar, ele tocou, eu acompanhei com o acordeom e a turma participou cantando, eu fiquei muito feliz com isso. Propus que cantássemos Batucada, agora com melodia e consegui fazer uma gravação de vídeo, que vou postar em breve.”

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Apresentaremos agora algumas atividades que foram desenvolvidas no breve período de trabalho em sala de aula que tivemos em 2010, organizados dentro dos três eixos já apresentados para a composição da experiência do Programa Repertórios: atividade de mapeamento musical; atividade de projeto; e atividade de escuta e performance musical.

Todas as atividades apresentadas são meramente exemplos concernentes às suas categorias. Acompanhando-as, apresentaremos relatos dos monitores pertencentes às mesmas categorias.

Atividade de mapeamento musical

O mapeamento permite ao monitor e à equipe de coordenação do programa conhecer o interesse dos alunos, o repertório a partir do qual o trabalho começa. Pretendemos no futuro relacionar novos resultados da atividade de mapeamento por meio de informações adquiridas com os preenchimentos iniciais, facilitando o reconhecimento dos ganhos da aprendizagem – a ampliação dos repertórios. Isto nos ajudará também a compreender melhor o nosso grande público, o que deverá nos auxiliar nos momentos de planejamento.

3.4 - As atividades desenvolvidas 2010

Todas estas informações estão sendo reunidas e articuladas em um banco de dados do Programa Repertórios, o qual deverá servir de material para, além dos planejamentos, suscitar muitas pesquisas.

Exercício 1: Conhecendo as preferências musicais dos alunos.

– Solicitar aos alunos que façam, por escrito, uma

lista de suas músicas preferidas.

– Cada um deverá apresentar à turma a gravação

de uma dessas músicas, preferencialmente em

CD original, acompanhada de toda informação

que ele conseguir sobre a mesma: álbum

de origem, autores, músicos participantes,

Instrumentos usados, ano de lançamento, letra etc.

– Depois da execução de sua música (ou trecho

da mesma, dependendo do tempo disponível), o

aluno deverá dizer o porquê de sua escolha.

– Realizar, em sala, uma comparação entre os

resultados.

Exercício 2: Conhecendo o universo musical de seus alunos.

- Solicitar aos alunos que preencham a Ficha de

Mapeamento Musical, que é individual.

- Consolidar as respostas e comentar com eles

os resultados.

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Ficha de Mapeamento Musical

Monitor:

Escola/turma:

Aluno/Idade:

Você toca algum instrumento musical? Qual? Há

quanto tempo?

Você participa de alguma atividade musical fora da

escola? Qual?

Com que frequência você ouve música? Cite cinco

de suas músicas preferidas:

Quais os artistas – cantores, cantoras e conjuntos

– que você mais gosta?

Quais os gêneros (samba, forró, funk, etc.) de

música você ouve com mais frequência?

Você prefere música brasileira ou estrangeira? Qual

música estrangeira (americana, cubana, inglesa,

japonesa, angolana etc) você costuma ouvir?

Que meio (mp3, radio etc.) você utiliza para ouvir

música?

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Relatos de monitores sobre atividades de mapeamento musical:

“Na conversa sobre os repertórios, fui perguntando que estilos/gêneros e bandas eles gostavam e tivemos discussões interessantes. A primeira discussão foi sobre sertanejo (esta aconteceu exatamente igual na outra turma). Eles faziam uma divisão entre sertanejo universitário e sertanejo de raiz dizendo que o primeiro era mais legal que o segundo. Nesta turma também, quando perguntados sobre o Restart (que as duas turmas não gostam) um aluno disse que não é Rock’n Roll. Segundo as palavras do próprio aluno: ‘eles só cantam musica romântica, cantam gemendo e rock tem que ter uma guitarra decente! E essa história de se vestir colorido é coisa de Tiririca’. Achei genial a colocação e gerou um debate sobre o que é rock, como definir um estilo, qual a importância do visual para um artista.”

“A turma era menor, mas me disseram que tem mais alunos. Tinham 15 presentes. Foram muito receptivos, estavam calmos e conversamos bastante. Me apresentei, conversamos e falaram do que gostam e do que detestam. O que predominou na lista de predileção foi Restart (em todos os questionários), sertanejo, pagode, música evangélica e funk mas também citaram rock e pop. Tem um menino que não gosta e nem se interessa por música. A maioria toca um instrumento, violão, teclado, bateria, baixo, guitarra e alguns cantam ou já cantaram em coral da escola ou da igreja. Falei sobre o livro e ficaram interessados. Ensinei a Batucada e gostaram muito.”

“Comecei comentando os questionários da aula passada. Comentamos das bandas e artistas preferidos, perguntei a eles das músicas que eu não conhecia... Também discutimos sobre o fato de ninguém ouvir mais CDs originais! É rapaziada, o disco morreu, e o conceito de “álbum” também! O “álbum de música”, como um livro que tem início meio e fim, é algo bem distante da realidade deles. Eles apenas baixam músicas avulsas na internet, ouvem no youtube, no rádio, na TV, etc. São poucos os que conhecem discos inteiros de algum artista, e mesmo para os que conhecem, CD original já é algo do passado.

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Outra coisa que devo destacar é que a maioria ainda escuta rádio, vai a shows, vê programas de TV que têm participações musicais e alguns conhecem músicas através de amigos. Poucos falaram da relação musical com a internet. Por fim, apresentei o Leo, que eles também não tinham. Falei sobre o site e propus uma convocação por parte deles aos que faltaram. Quando disse que nosso encontro tinha acabado recebi alguns “Ah”, o que me deixou muito contente.”

“Pedi para que pesquisassem no site, uma música que achassem interessante, para trabalharmos com a turma toda. Alguns alunos puderam expressar para a turma inteira suas vivências e preferências musicais. Achei importante esse trabalho para que eles se conheçam melhor musicalmente entre eles mesmos. E também para buscar esse trabalho da atenção, de um ouvir ao outro, do respeito. Não foi possível que todos falasse, pois não deu tempo.”

“Foram muito receptivos, estavam calmos e conversamos bastante. Apresentei-me, conversamos e falaram do que gostam, do que detestam. O que predominou na lista de predileção foi Restart, sertanejo, pagode, música evangélica e funk, mas também citaram rock e pop. Tem um menino que não gosta e nem se interessa por música. A maioria toca um instrumento, violão, teclado, bateria, baixo, guitarra, e alguns cantam ou já cantaram em coral da escola ou da igreja.”

“EJA - Ensino médioA turma é grande e, apesar da aula começar às 17h, os alunos só chegam por volta das 18h. Então só apareceu UMA aluna. Conversamos sobre o Repertórios, Leo, site, me apresentei, ela também, e já entrei no questionário. Ela respondeu e me entregou, e levou para casa as perguntas que vai usar para entrevistar pessoas próximas e levar na próxima aula. Ensinei o Batucada e ela adorou. O mais legal foi mais tarde passar em frente à sala da turma, que neste momento já estava completa, e ver a aluna ensinando a todos o Batucada! Então aproveitei e entrei na sala, me apresentei e convidei os que chegaram mais tarde para tentarem chegar às 17h na semana que vem. Não sei se vai rolar porque muitos trabalham, mas pareceram empolgados. Veremos...”

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“Como nas turmas da manhã, fui apresentando individualmente a cada turma antes das aulas (sempre chego 1 hora antes), com a diretora falando das expectativas da escola em relação ao Programa Repertórios e dando ênfase ao caráter das atividades e a importância de serem turmas pioneiras, exemplo para uma desejável expansão nacional dessa iniciativa – os adultos dão mais valor a estes detalhes e na prática, se sentem participando mesmo, atiça o desejo. Contei minha experiência e formação musical rapidamente. Troquei o item ‘III – Apresentar-me tocando músicas’ por eles apresentarem-se, citando suas preferências um a um e eu tocando trechos destas. Por exemplo, um samba, um rock e um reggae: muitos cantaram juntos ‘Get Up, Stand Up’ do Bob Marley e até mesmo um rap dos Racionais Mc’s – foi quando prontamente botei todos para realizar um ostinato rítmico –, tendo eu e o aluno que citou este mesmo rap cantado juntos. Tudo isso aconteceu no improviso total, nada planejado. Este aluno (adulto, mas jovem dos seus 25 verões) até então era o único que aparentemente criava uma resistência à aula, procurando bagunçar um pouco. Com essa intervenção minha, ele ‘desmontou’, e não só participou bem do resto da aula como me cumprimentou efusivamente ao final: ‘valeu, professor!’ (quase esmagou minha mão – o cara é forte!). Com esta atividade, pude anotar suas influências musicais e escutar suas experiências pessoais, porém com menos profundidade que na parte da manhã, que tinha menos alunos. Um destes alunos já tocou muito – ‘na noite’ – contrabaixo e um casal mais idoso gosta muito de bolero e tango – isso eu achei mais difícil de dar um exemplo ao violão... apesar de gostar muito também! (...) Por último, fizemos o Batucada (ainda deu tempo!). Ótimo resultado. Passamos separadamente as duas partes da música, primeiro só ritmo e letra. Depois incluímos a melodia e fizemos toda, unindo as partes. Daí, sem o ritmo, fizemos o cânone da melodia de cada parte separadamente, sem uni-las a princípio, com a intenção apenas de perceber o resultado, o efeito fugatto (expliquei rapidamente isso, chamando de fuga e dizendo apenas: ‘como se a música estivesse correndo atrás de si própria’). A realização me impressionou de tal forma que, durante, pedia a dois ou três, alternadamente, para pararem de cantar e apenas ouvir. Comentaram bastante, ficaram sinceramente maravilhados (até o fortão!). Ficaram perguntando se teriam a aula comigo regularmente: “vai ter todo dia professor?”. Na última aula do EJA, apesar da hora avançada, houve um lamento geral no fim: ‘ahh, já acabou?’ (juro!), no que eu disse: ‘nossa gente, foi uma hora inteira de aula!’. Que satisfação!”

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Atividade de projeto

O projeto permite ao monitor tramar com seus alunos as relações entre a música e outros saberes e linguagens, resignificando-os e, também, favorecendo o despertar do interesse dos alunos.

“Mas Woodstock também ficou como um símbolo de uma força nova, que não se podia mais conter ou esconder, que estava por toda parte, que não aceitava menos que tudo e agora. Uma gente colorida, descabelada, sorridente, que não gostava do mundo que estava herdando.”

(Leo e as caixas de música, Ricardo Prado, p. 20)

Apresentar para a turma um texto que trata dos movimentos de contestação acontecidos em uma das décadas mais explosivas da história recente – a década de 1960 –, que fala de uma geração com uma inegável vocação política, de uma juventude que queria mudar o mundo.

Ao lado dos hippies e dos jovens envolvidos em outras manifestações da chamada contracultura, explodia a rebelião dos universitários engajados nos movimentos estudantis. Pacíficos ou violentos, os jovens contestavam todas as estruturas:

a capitalista e a socialista. O “não” unia todos eles. Todos eram também contra a intervenção norte-americana na guerra do Vietnã. Esses setores da juventude tinham acesso aos benefícios do crescimento econômico e tecnológico das sociedades desenvolvidas, mas recusavam seus valores e sua forma de organização. (...)

Em seu modo de entender, as propostas da esquerda tradicional já não significavam uma perspectiva aceitável. Não só porque, em nome do socialismo, produziu-se o horror do totalitarismo, mas também porque nesses países de socialismo de Estado se construíram sociedades tão ou mais burocratizadas do que as do ocidente; e a burocratização era incompatível com o sonho libertário daqueles jovens. (...)

Por isso (...), a saída vislumbrada foi a busca de um mundo alternativo. Da recusa da cultura dominante e da crítica ao establishment ou “sistema” (como então se dizia) nasceram novos significados: um novo modo de pensar, de encarar o mundo, de se relacionar com as outras pessoas.(...)Chamada muitas vezes de movimento underground, a contracultura, nascida nos EUA, floresceu também na Europa ocidental e atingiu, não com a mesma intensidade,

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outros países do mundo capitalista. Não foi um movimento com princípios e/ou programas formulados e divulgados. O termo foi e é usado para indicar vários movimentos da juventude dos anos 1960, como o movimento hippie, as manifestações no cinema, no teatro, na imprensa, nas artes plásticas e o rock, que foi sem dúvida a sua expressão máxima.

(Adaptado de PAES, A década de 60 – rebeldia,

contestação e repressão política.)

Pesquisando com seus alunos

Os grupos vão pesquisar sobre o movimento estudantil de 1968 e outros movimentos de contestação que ocorreram nesse período. Cada grupo vai escolher um dos três temas oferecidos:

1. “Maio de 68” (Paris/França)

2. “Primavera de Praga” (Tchecoslováquia)

3. “Passeata dos cem mil” (Brasil)

Peça para que os grupos incluam em suas

pesquisas:

1. Manifestações artísticas significativas desse

período. Pode ser uma música, a leitura de um

trecho de livro ou de poesia, um fragmento de

filme ou alguma expressão das artes plásticas.

2. Uma seleção de frases emblemáticas, criadas por

personagens anônimos ou célebres, representativas

desses movimentos, posteriormente expostas em

um mural.

Seminário

Organize um seminário para que cada grupo apresente seu trabalho. Em seguida promova uma discussão estimulando a observação dos pontos convergentes e das especificidades de cada movimento estudado.

Reflexão e registro

Em outro momento, convide os alunos a refletirem e escreverem sobre o papel político da juventude brasileira nos dias de hoje.

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Relatos dos Monitores sobre atividades de projeto

“Escrevi no quadro: O que é repertório? Eles ficaram um pouco confusos para responder e lhes disse que essa poderia ser uma boa pesquisa inicial. Precisamos saber o que é algo que vamos ampliar. Uma aluna se levanta correndo e vai à mochila, pega um dicionário e encontra uma definição: conjunto ou coleção de obras artísticas ou musicais a serem executadas ou apreciadas. Eu disse que já tínhamos um bom início, mas que poderiam pesquisar em outros lugares, na internet por exemplo. Como falei de internet, aproveitei para falar sobre o site que continha as músicas que o Leo iria ouvir durante sua história. E que esse site seria uma ferramenta muito importante para que pudéssemos tentar entender um pouco mais sobre o que ele sentia, pensava ou pretendia quando fazia suas escolhas para ouvir. Em seguida perguntei para a turma o que seria música. As respostas foram mais confusas ainda. É expressão. É algo para passar para as pessoas. Outro aluno completa: uma mensagem. Então pedi que ouvissem o ambiente. O ar condicionado fazia uma vibração regular aproximadamente 210 bpm. E lhes perguntei se isso seria música. Então foi unânime: isso é barulho. Em seguida comecei a manter um pulso com palmas e falei meu nome: Zé Carlos. Nesse momento todos já batiam palmas e pedi que, mantendo os pulsos, cada um falasse o seu nome; alguns respeitavam a prosódia outros tinham um pouco mais de dificuldade, mas sempre que a rítmica não ficava muito clara todos podíamos intervir sugerindo, comentando. Em seguida apresentei um ostinato bem simples e repetimos a atividade. Já foi um pouco mais difícil, e em alguns minutos já estava razoável; embora alguns ainda se perdessem um pouco, conseguiam fazer o ciclo fluir. Por fim comecei a reproduzir o som do ar condicionado como se fosse uma vibrato ou wah-wah constante, agrupando de quatro em quatro e todos começaram a rir. Pedi que uma aluna fizesse comigo e repetimos o ciclo com os nomes. Então perguntei se agora o ar condicionado já fazia parte da música e todos concordaram que sim. Concluímos que precisávamos pensar um pouco mais sobre isso.”

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“Iniciei a aula com o Batucada, já que a ideia da apresentação já havia se firmado. Um aluno me deu a altura no violão e começamos. Essa turma tem alunos com uma vivência musical com práticas de canto mais sólidas. A turma teve problemas de afinação com as vozes, e foi necessário repetir a música várias vezes. Então o aluno propôs um acompanhamento no violão o que dava uma ideia do estilo do Cidade Negra. Até sugeriu uma mudança na melodia, por causa da harmonia, mas isso ainda seria discutido. Dei a um aluno percussionista uma panderola para que ele fizesse uma levada e propus que todos deveriam fazer uma levada de surdo de baião no peito enquanto cantavam. Conseguimos realizar, mas, como foi o primeiro contato com a música, entendi que havia um tempo necessário para que eles assimilassem o arranjo. Sugeri a música Pais e Filhos e acharam bom, mas eles também sugeriram uma música chamada Frevo Mulher, do Alceu Valença ou Zé Ramalho, eles precisavam pesquisar. Disseram que tinha mais a ver com a batucada. Então deixei que eles resolvessem e que na próxima aula ensaiaríamos. Como já tinha se passado mais da metade da aula, falamos da estrutura da apresentação e eles pensaram em fazer algo aberto para a comunidade, preparar filipetas e convidar amigos, vizinhos e parentes. Eu disse que precisava do aval da pedagoga, mas que achava a ideia muito boa. A apresentação seria próxima à piscina e a exposição ficaria ali perto. Uma aluna perguntou se não poderia fazer uma espécie de túnel do tempo dos modos de registro: ela tinha em casa compactos de 72 rotações e poderíamos colocar fitas cassetes, CDs e mp3. Acredito que estamos começando a andar na direção dos temas, uma vez que a proposta surge em meio ao fazer musical, levando os alunos a outras áreas de conhecimento como nesse caso – tecnologias e história. Então reforçamos nossas tarefas para nosso próximo encontro e pedi que eles começassem a pesquisar os materiais para a exposição.”

“Timidamente, começamos a trabalhar um ‘número principal’, no espírito dos ‘projetos’ do Hernández: a canção ‘Twist and Shout’ – valeu um papinho entre nós sobre o show do Paul McCartney (que a maioria assistiu na TV no dia anterior) e quem foram os Beatles –, onde eles realizam um ostinato rítmico só com palmas (por enquanto) e fazem

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o canto responsorial da música (ainda no ‘embromation’ do inglês, a professora de inglês já anseia uma colaboração!). No trecho do ‘arpejo cantado’, por enquanto realizaram uma percussão corporal (espalmar a mão na frente da boca em forma de concha, com um timbre agudo e outro grave, boca mais e menos aberta): adoraram! Também discernimos o que é grave e agudo. Para finalizar, realizei um mapeamento inicial dos gostos musicais de cada um, anotando em uma lista suas preferências [grupos, cantores (as) e estilos], ouvindo um pouco mais suas experiências individuais e anotando os alunos que tocavam algum instrumento (vide lista abaixo do relatório completo). Vale comentar que a quantidade dos alunos que tocam algum instrumento me impressionou a ponto de desconfiar um pouco – não sei se é empolgação pré-adolescente de ‘aparecer’... Vamos conferir isso com o tempo.”

“Pedia para os alunos abrirem na pág. 104 do livro do Leo. Como sempre havia alunos que não leram nem o início do livro, eu fazia um breve resumo contextualizando a personagem, depois pedia que alguém lesse para todos o trecho final da carta do Felipe para o Leo, onde ele fala sobre o Legião. Depois alguém lia o poema e então eu perguntava sobre a letra aos alunos. - “Você me diz que seus pais não entendem”. Vocês acham que vocês entendem seus pais? Vocês os culpam por algo? Logo vários casos particulares iam surgindo no assunto. Todos tinham histórias felizes ou tristes, e eu, sempre escutando, não deixava que ninguém dispersasse, sempre pedindo que ouvissem o colega. Quando os alunos estavam mobilizados eu pedia: - Agora escrevam o que vocês gostariam de dizer e que ainda não foi dito para os seus pais ou alguém importante pra vocês. Só dirão isso fazendo uma outra letra para o trecho: “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar ah na verdade não há”. Depois vocês vão cantar a musica desse trecho só que com a letra que vocês fizeram. A comoção era tanta que mesmo os mais travados cantavam baixinho pra mim, e eu depois fazia pequenas correções de rima ou ritmo. Os mais extrovertidos tinham que cantar pra turma toda. Seu Josué, 50 anos, em sua letra, pedia desculpas ao filho por tê-lo agredido fisicamente por toda a vida – da mesma forma que seu pai fizera com ele em toda sua juventude.”

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Atividade de performance/criação e audição crítica

Audição e performance são fundamentais para a experiência do programa, pois a viven-cia prática da música intensifica o prazer que ela proporciona, desenvolvendo a sensibili-dade de uma forma intuitiva e favorecendo também todos os seus aspectos cognitivos.

Exercício: Performance/criação

Elaborar arranjos de músicas conhecidas –

selecionadas em conjunto com as turmas,

preferencialmente a partir da leitura do livro

Leo e as caixas de música – utilizando elementos

variados que possam motivar e desafiar os alunos.

Explorar inicialmente elementos simples que

valorizem o arranjo, mas que não extrapolem

os limites de possibilidade real de uma boa

performance. Esses elementos podem ser

introduzidos pouco a pouco, de forma que muitas

vezes pode se chegar a arranjos sofisticados.

Abaixo são sugeridos alguns desses elementos:

• uníssono com e sem movimentação; a

movimentação pode ser num lugar fixo ou

móvel;

• agregar pedal vocal;

• cânone com e sem movimentação; a

movimentação pode ser num lugar fixo ou

móvel;

• agregar pedal vocal;

• agregar levadas rítmicas com vocalização e/ou

percussão corporal e/ou percussão instrumental;

os instrumentos podem ser os tradicionalmente

conhecidos mas também podem ser inventados

e construídos pelo grupo (boa atividade de

pesquisa);

• construir a forma do arranjo com os alunos: o

que repete? o que não repete?

• como variar? Silêncios, gestos, improvisos, etc.

Incorporar não só as suas próprias ideias como a

de seus alunos, isto é, abra espaço para que eles se

sintam co-autores do arranjo.

Compartilhando essas experiências, teremos um

“repertório de arranjos” rico e variado.

Exercício: Audição crítica

– Selecionar três músicas bem diferentes umas das

outras para serem executadas em sala.

– Após a audição, solicitar aos alunos que

screvam em uma folha de papel se conhecem ou

não e se gostam ou não de cada uma delas.

– Pedir que justifiquem suas preferências

por escrito para que, em seguida, leiam suas

anotações, possibilitando um momento de

discussão a respeito das opiniões defendidas por

cada um.

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Orientar seus alunos para que evitem justificativas

do tipo “gosto porque sim”. Ajude-os a reconhecer

os motivos que os levam a gostar ou não de

determinada música. Pode ser o simples fato de

lhes ser familiar, de ter tocado em uma novela que

lhes agradava ou de lembrá-los alguém ou algum

momento de suas vidas, por exemplo. Também

podem ser questões musicais: a voz do cantor

lhes agrada, o ritmo é bom de dançar, o som de

algum instrumento do arranjo é interessante. O

importante é orientá-los a ouvir e refletir.

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Relatos de monitores sobre audição e performance

“Resolvi propor uma criação coletiva da mesma forma que fiz com o sexto ano na aula da semana anterior e a turma recebeu bem. Apresentei os mesmos clichês musicais e o gênero escolhido foi o baião. A melodia modal (mixolídio) é baseada na música “Coronel Antonio Bento” e a letra foi feita pelos alunos. Ensaiamos até o nosso horário terminar e combinamos de ensaiar novamente e apresentar.”

“8º ano - Consegui juntar as duas turmas para passar a execução musical junto às poesias, a dificuldade de concentração aumentou, mas depois de algumas tentativas eles conseguiram focar e executar corretamente. Essa aula foi muito gratificante. Claramente, a maioria dos alunos estava tendo seus primeiros momentos de execução musical e todos estavam muito interessados pelo resultado que coisas muito simples sendo executadas coletivamente podem gerar. Estavam também entrando em contato com uma primeira ideia de arranjo e composição, e com uma sonoridade que com certeza era muito diferente do que eles imaginariam como música.”

“Por fim, propus uma atividade de composição para eles se organizarem entre eles e me apresentarem daqui a duas semanas, já que eles estão em provas e na próxima semana farei algumas atividades musicais até para dar um aparato para o trabalho deles. O tema da composição que pode ser individual ou coletiva é o próprio nome deles, seus gostos e personalidades. Eles pareceram bem satisfeitos com a proposta, e vi que surgiram entre eles várias ideias. Vamos ver no que vai dar. Penso em gravar em áudio ou áudio visual (que seria até melhor) essas apresentações.”

“A aula de hoje, do 7º ano, foi mais animadora e produtiva. Apesar de o professor anterior ter pedido um tempo, uns 10m, da minha aula para terminar a atividade que

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estava realizando, consegui que três alunos apresentassem suas composições, e gravamos com o celular de uma aluna, que ficou de me repassar os arquivos. Pensei que talvez fosse interessante o projeto dispor de um material, um aparato para gravação, que nós pudéssemos usar. O que acham? Bom, as composições eram raps, e pensei que se continuar com essa turma no ano que vem, poderíamos tentar unir essas composições num coletivo, compor um refrão junto com eles, produzir uma base simples num desses programas de produção musical, para eles verem o processo e ver a coisa pronta. Sentir que é simples criar. Então pensei que o link com o “Leo” poderia ser, no sentido das escutas críticas que podem ir dando referências para eles criarem.”

“Toquei um choro; ao anunciá-lo esboçaram rostos de que seria chato, mas também curtiram bastante. Falaram, inclusive, que estavam imaginando outra coisa. Saldo muito positivo!”

“Na última aula, a atividade principal foi a leitura do Leo, do capítulo “Caixas de Música”, e ouvimos “Eleanor Rigby” e “Here, There and Everywhere”, dos Beatles, exatamente como o Leo fez. Levei o meu CD “REVOLVER”, o mesmo que o Leo ouviu, e passei nas carteiras pra eles verem. No livro, o Leo nem sabe quais os instrumentos estão tocando em Eleanor Rigby; coloquei então as músicas pra eles ouvirem e começamos a debater sobre a instrumentação, timbres, que instrumentos estão tocando, relação do arranjo com a letra das músicas. Muitos falaram violino, e alguns poucos cello, ninguém falou viola. Expliquei sobre a formação de um quarteto de cordas*, levei fotos pra eles verem (que também ficaram passando nas carteiras) Foi um sucesso, tirando 3 ou 4 desinteressados (sempre tem essa turminha, né?), todos gostam muito da minha aula. 1 hora passa rápido com eles, nesta última inclusive eu passei 5min do tempo, e uma aluna veio falar comigo “Professor, não vai pra outra turma não, fica aqui com a gente!”.

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“PLANEJAMENTO das aulas:1- Vídeos de grupos que usam percussão corporal e instrumentos não convencionais.Gostei muito das ideias que a Luiza me deu, e levei pra eles alguns vídeos do “Stomp”, do “Barbatuques”, e também o DVD do “Blue Man Group”.O Stomp (que eu já conhecia) e o Barbatuques são incríveis e interessantíssimos musicalmente. O Barbatuques tem um conteúdo didático incrível para ser usado nas turmas, e o Stomp usa uma série de instrumentos não convencionais que é muito inspirador. O Blue Man Group (que eu também já conhecia) é mais simples, mas é tudo muito “grandioso” e com um apelo visual fortíssimo e interessante.Aqui vão alguns links:STOMP: http://www.youtube.com/watch?v=ik8jICj8juc BARBATUQUES1: http://www.youtube.com/watch?v=i-EPUPpUJNo&feature=fvwBARBATUQUES2: http://www.youtube.com/watch?v=FZy_rsgKcLYBLUEMANGROUP: http://www.youtube.com/watch?v=SHYZXuiwUzI&feature=fvst2- Percepção musical: Música “Por Enquanto” (atividade a ser feita apenas na 1ª aula, cerca de 20min). Levei a versão da Legião Urbana e do acústico da Cassia Eller. O objetivo era discutir as diferenças das duas versões, que instrumentos são usados numa versão e na outra, diferenças de timbres, da voz, a letra. Além disso, distribuí a letra com espaços em branco, pra eles completarem.3- Batucada e Cajón: Passar e tocar o “Batucada”. Na segunda aula eu levei também o meu Cajón com o objetivo de tocar para eles verem. O “Batucada” rolou nas duas aulas (cerca de 10min.) e o cajón apenas na 2ª (10 a 15min.)”

“Após os vídeos do Barbatuques, nós começamos direto com o Batucada, foi quase que automático. Nem parecia a mesma turma que, há duas semanas, tinha achado o “Batucada” desinteressante!”

“Depois dos vídeos peguei o cajón, expliquei um pouco do instrumento e toquei pra eles verem. Todos gostaram, me aplaudiram. Depois, fizemos uma roda e passamos o

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Batucada, comigo no cajón! O meu objetivo era deixá-los “sozinhos” no batucada e eu tocar o cajón fazendo o ostinato do baião. Não deu muito certo, eles esqueciam do batucada e começavam a me “imitar” no cajón. Eles têm muito interesse e dificuldade rítmica. Cheguei à conclusão que este fato também explica o desinteresse inicial deles em atividades musicais práticas, pois muitos se sentem travados, achando que não vão conseguir. Eles “reclamaram” que a 2ª parte do Batucada era muito difícil... Mas, em duas aulas, já consegui fazer com que eles se soltassem muito mais, considerei os resultados extremamente positivos.”

“Depois disso, como não tínhamos o livro - e eu já sabia disso - eu trouxe uma página do Leo impressa para cada aluno. Um pequeno trecho onde ele conversa com a Helena sobre a canção

“Será”. Os alunos leram, ouviram a música (levei um CD e toquei no aparelho de som da escola) e depois discutimos as diferentes interpretações da letra. Depois, discutimos os aspectos musicais: a melodia, o ritmo, os instrumentos e timbres. Eles comentaram muitas coisas interessantes, tanto musicais quanto de interpretação de texto. Pra mim, um dos melhores e mais engraçados foi quando eu dei uma breve situada histórica na canção, e um menino, impressionado ao saber que “Será” é de 1984, falou: “nossa, professor, a música é muito velha, não sabia! Ela é tão boa que parece ser atual!” E a turma inteira concordou!”

“Coloquei as seguintes músicas: “Cross-Eyed Mary” JETHRO TULL; Prelúdio da “Bachianas nº 4” HEITOR VILLA-LOBOS; “Samba de Roda pra Salvador” D. IVONE LARA.Fiquei bastante contente com o saldo positivo. Eles saíram felizes, alguns cantarolando “não chora, meu bem...”, outros me perguntando se eu iria à festa de sábado e um dos meninos, para minha surpresa, me pediu e anotou o nome da música e da banda ( Jethro Tull). Saiu empolgado dizendo: “É bem o tipo de música que eu gosto”. Ganhei o dia.”

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“Então eu colocava o Morricone. Logo reclamavam: - Musica chata! Cadê a letra? - Sobre o que te fala essa musica? - Mas professor?! - Sobre o que fala essa musica??!! - Mas... - Experimenta cara! - Não sei... - Como você vai saber se você só fala e não escuta? ...silêncio no recinto Ah Santo Morricone! Eis que surgia o fenômeno: mesmo quem nunca viu os filmes do Sergio Leoni descrevia todos os elementos da música em palavras como: “aventura”, “conflito”, “guerra de índio”, “cavalgada”, “selvagem”, etc; Depois eu revelava que se tratava de uma trilha, filme de Faroeste, cavalos, índios e tudo que eles haviam percebido. Perguntava: - Como é possível através da música gerar esses sentimentos e sensações mesmo em quem nunca viu o filme? ...silêncio no recinto.”

“Conversei bastante sobre o conceito de “o que é novo” porque muitos alunos simplesmente não se dispõem a ouvir qualquer música que soe “antiga”, se é um sucesso de cinco anos atrás já é ultrapassada. Nesse momento eu colocava a musica da Léa Freire. - É musica clássica! - Eu já ouvi essa música, foi lá naquele Teatro Municipal quando fomos num passeio ano passado, era exatamente essa música! - Sobre o que fala essa musica? - Sobre instrumentos. - Felicidade. - Me dá sono. - Essa musica é do Brasil ou do exterior? (antes de entrar a percussão) - É estrangeira! (entra o triângulo)

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- Êpa, é do nordeste! (entra o pandeiro) - Não, é samba! - E samba é essencialmente da onde? ...silêncio no recinto - Pois é, o Samba nasceu no Rio, vocês conhecem essa cidade? (entram atabaques) - É macumba! Durante a música, eu aproveitava para fazer uma apreciação musical, perguntava que instrumentos estavam tocando, etc. Ao final eu revelava que aquela musica era “Vento em Madeira” de uma musicista paulista que compunha usando elementos rítmicos de várias regiões do país, e que havia sido lançado em 2007, ou seja, de tudo que ouvimos essa era a composição mais recente. Nessas conversas eu sempre tentava convencê-los de que “musica nova” é tudo aquilo que nós não ouvimos ainda.”

“Depois ouviram “Radio Ga Ga” do Queen; “Palco” do Gil e “Comida” dos Titãs. Só alguns gostaram do Gil, mas rock TODOS adoram. Uma pena o livro do LEO não estar aqui ainda, teria sido uma ótima oportunidade de fazer alguns links...vou pensar em algo para semana que vem, nem que seja xerocando algumas páginas. Analisamos instrumentação, estilos e forma, mas apenas conversando, por causa da agitação. Não escrevemos nada. Mas eles são muito musicais, percebem tudo, baixo, teclado, flauta, coro, identificam estilos, partes da música... Pediram o Batucada (acho que eu poderia dar aula de Batucada sempre que eles não enjoariam), mas não deu tempo, já que estávamos discutindo a possibilidade de fazer uma composição em grupo: eles querem muito fazer um rock. Então voltei a falar sobre forma e pedi que trouxessem temas possíveis para a letra da música na próxima aula. Essa turma tem 4 violonistas, um guitarrista e tecladista, um toca flauta doce e outro alguns instrumentos de percussão.Vou tentar aproveitar, mas a maioria disse que prefere cantar como no Batucada.”

“Na turma do EJA estamos compondo um pagode para ser apresentado internamente dia 10, por ocasião do amigo oculto da turma, para o qual fui convidada. A letra está quase pronta, mas a melodia ainda está difícil.”

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“Já em sala, sozinho com os alunos, comecei com a chamada. O ‘jogo de nomes’ que criei tem uma intenção de início ‘bombástico’, com a mensagem embutida: ‘somos um grupo musical, já começou!’ Ele é: com base no ostinato rítmico super conhecido de ‘We Will Rock You’ do Queen e o meu acompanhamento ao violão, os alunos, de dois em dois, tentam encaixar seus nomes na melodia da música, como por exemplo – imagina a melodia agora – ‘Pedro e Amanda!’. A permuta de combinações entre a quantidade de sílabas que não as coincidentes com a melodia da música cria logo dificuldades pros alunos (‘Pedro e Amanda!’ encaixa direitinho) então, quando eu não ‘guiava’, a primeira tentativa deles sozinhos ficava difícil e foi legal porque era engraçado – a gente ria, mas continuava - mas logo, repetindo, todos juntos encontravam uma solução rítmica em uníssono (o maior barato, pois em cada dupla, surgia um aluno no meio do processo para sugerir um encaixe, no que a turma então seguia junto). Pronto, todos à vontade.”

“Tanto para o 7º quanto para o 8º ano, o assunto era a apresentação de Os Ordinários no sábado. Eles ficaram muito animados e surpresos, pois nunca tiveram contato com esse tipo de apresentação. Lembrando do Tales no último relatório, fiquei muito feliz de vê-lo participando e dizendo que o momento que ele mais gostou foi o da música da Carmem Miranda. Ainda no 7º ano, descobri que uma das meninas que torcia a cara toca teclado e acho que para o ano vou explorar um pouco disso para poder ganhá-la para a aula. Conversamos sobre algumas possibilidades de apresentações musicais e fizemos uma prática vocal, começando com um vocalize usando ‘Atirei o pau no gato”, foi bem divertido.” “Distribuí os livros e lemos o capítulo Caixa de Música. A leitura foi mais fluente que na turma do 9º, muitas crianças conheciam os Beatles, falaram dos pais beatlemaníacos... Assistimos a um trecho do Yellow Submarine, eles acharam muito louco, falamos sobre o que acontecia no mundo na época, hippies, guerra do Vietnã, uma das alunas fez um discurso sobre a vulgarização do símbolo de Paz e Amor da época, disse que fez uma pesquisa e que vai levar pra turma conhecer. Gostaram das cores do filme, mas não entenderam muito. Sugeri que montemos de alguma forma uma música dos Beatles (estava pensando no Obladi Oblada), mas um dos rapazes que vinha tendo uma certa resistência comigo nas outras aulas insistiu em Let it be. Pra conquistar a galera dele talvez seja lucrativo aceitar seu pedido.”

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“Levei o Obladi Oblada pra ouvir, dividi em 5 grupos de 5, fiz a mesma dinâmica, primeiro só a letra, depois a tradução, depois a partitura. Eles gostaram da música, saíram cantarolando. Falamos sobre o que dizia a letra, e tentamos fazer uma versão em português. Dois grupos de meninas participaram mais ativamente. Dois grupos de meninos se recusaram a participar. Saíram duas versões em português, vou fazer um mix das duas e postar mais tarde. Identificamos instrumentos e as partes da música.”

“Pretendo levá-los pra sala de informática e apresentar o site Trilhas da Música. Como eles mesmos sugeriram, vou concentrar a pesquisa no Legião Urbana, estou levando a letra do Tempo Perdido pra eles cantarem em rap (sem melodia) sobre uma levada de funk (da minha época, não é tamborzão) pra ser feito com copo de mate virado de cabeça pra baixo (grave) e a caneta batendo numa folha de papel (agudo). Para os bateristas (que já têm experiência de leitura) vou levar a partitura pra eles arquivarem.”

“Bolei um jeito de escrever a letra do Tempo Perdido, do Legião, de maneira que as sílabas que caem no tempo forte estejam grifadas. Pensei nisso pra me ajudar a cantar com a turma sem a melodia. Ainda não resolvi como fazer com os compassos sem letra (reticências, quadrados, ou números), acho que vou decidir com eles. O legal é que a letra fala de tempo também, se as aulas tivessem uma sequência maior, poderíamos chegar a discutir o texto do João Cabral (que a Sara enviou). Mas acho que isso vai ficar pro ano que vem.”

“Logo depois dessa atividade vi um aluno batendo na mesa e cantando, perguntei o que era e ele me respondeu: ‘Guns and roses’, disse que não conhecia o que ele estava tocando e ele disse: ‘É funk com Guns and roses’. Aproveitei para iniciar o assunto Mashup. Disse que podemos, com nossa criatividade e imaginação, misturar e criar sons legais a partir do que já conhecemos e transformar o que é ‘simples’ em algo muito interessante. Terminei pedindo que os alunos escrevessem suas sugestões de Mashups.”

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3.5 - Eventos: o Seminário e o Festival

O Programa Repertórios se manifesta em diversas frentes. A mais visível delas é o trabalho desenvolvido diariamente nas escolas pelos monitores. Mas, além das aulas, o programa também desenvolve uma rede de ações extracurriculares que ampliam as possibilidades de aprendizagem.

Em 2010, o Programa Repertórios começou a levar para as escolas o espetáculo itinerante do grupo Os Ordinários. O show tinha diversos objetivos, sendo o principal deles apresentar para os alunos do SESI o tema do Festival de Talentos, que será realizado no final de 2011, além de introduzir o programa para a comunidade escolar.

Tendo isso em vista, o espetáculo construído pelo grupo combina música e teatro para simular um festival de talentos, utilizando a metalinguagem para apresentar aos alunos as atividades envolvidas em um evento como este. Enfatizamos, assim, que todos possuem algum talento e que, mesmo aqueles que não se sentem a vontade para estar em cima do palco, podem participar como produtores, roteiristas, figurinistas, entre muitas outras funções relacionadas a atividades culturais.

Os shows foram oportunidades valiosas para pormos em prática uma das principais

diretrizes do programa, que é a ampliação de repertórios. Para isso, o grupo apresentou músicas de diversas épocas e estilos, sempre devidamente contextualizadas através de elementos cênicos e informações incorporadas ao roteiro do show. O repertório ia de Carmem Miranda a Legião Urbana, passando por Beatles e por música da renascença francesa.

Desde o dia dezesseis de novembro, em Honório Gurgel, foram feitos shows em cinco escolas. Nos meses de março e abril de 2011 o show será apresentado em todas as outras escolas.

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3.6 - Os ambientes virtuais

Hotsite do Livro Leo e as caixas de música

O site desenvolvido para o livro “Leo e as caixas de música”, lançado em novembro de 2010, além de apresentar uma amostra da história contada, permite que os leitores escutem todas as músicas citadas no livro e conheçam suas letras. (www.viagemmusical.com.br)

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Caderno Versa

Em março de 2011, o Caderno Versa estará disponível aos interessados no tema do ensino pela música, tendo como objetivo servir de fonte de estudo para a formação dos monitores e de professores, e de estímulo à sua produção teórica. A revista eletrônica trará artigos de autores variados e terá uma atualização mensal. Além desses artigos, cada número da revista apresentará uma entrev-ista gravada em vídeo com personalidades relevantes no segmento da educação e da música, em diálogo com diversas áreas do pensamento. Estão previstas duas colunas de atualização semanal.

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Site Institucional do Programa Repertórios

Nesse primeiro momento, o site institucional traz as informações mais relevantes sobre o Programa Repertórios, como a motivação que levou à implantação do programa, quem são os principais profissionais envolvidos e um apanhado das novidades mais recentes de interesse do público em geral. (http://www.programarepertorios.com.br/)

O site é também uma porta de entrada para o ambiente virtual que já serve para o planejamento e registro das atividades letivas e acompanhamento pedagógico e gerencial dessas atividades.

À medida que as atividades e projetos pedagógicos gerarem conteúdos interessantes, esse site institucional será utilizado para divulgar e apresentar esse material.

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Ambiente Virtual

No final de 2010, os monitores já contavam com um ambiente virtual, protegido por senha, onde é possível registrar as aulas e atividades realizadas. Esse mesmo ambiente permite que os monitores apresentem relatórios específicos para cada turma e unidade atendida. No início do primeiro semestre de 2011, o planejamento das atividades foi apresentado através da mesma ferramenta.

Os coordenadores pedagógicos do Programa Repertórios podem acessar todos os registros, relatórios e planos apresentados nesse ambiente.

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3.7 - Avaliação da experiência pedagógica de 2010

Consideramos que a experiência piloto do Programa Repertórios nas escolas SESI do estado do Rio de Janeiro em 2010 foi extremamente proveitosa, tanto para os agentes do programa, que tiveram oportunidades riquíssimas de compreender melhor o ambiente das escolas SESI e de aperfeiçoar as suas estratégias em prol de um planejamento mais rico para o ano de 2011, quanto para os seus públicos, que demonstraram enorme satisfação com as experiências já acessíveis nesse período. Destacamos as experiências em sala de aula, o aproveitamento dos materiais – principalmente com o livro “Leo e as caixas de música” – e a turnê do show dos Ordinários, que introduziu o Festival de Talentos.

Em todas as esferas do programa houve enormes avanços, ainda que dificuldades previstas e imprevistas, por parte das equipes do Programa Repertórios e do SESI – como o atraso dos seminários pela dificuldade de agenda que articulasse os públicos –, tenham porventura feito com que não cumpríssemos cronogramas e expectativas.

O trabalho dirigido ao ambiente virtual, mesmo que não aparente aos públicos do programa, foi investido no desenvolvimento de ferramentas pedagógicas absolutamente

necessárias para a realização do acompanhamento que julgamos necessário ter da parte das equipes de coordenação. Tais ferramentas revelarão todo o seu potencial, como também demonstrarão a pertinência da estratégia de priorizá-las em detrimento dos ambientes públicos, conforme ampliarmos o programa para mais turmas e mais alunos, principalmente quando nos lançarmos no desafio de levar o programa para outros estados. Tais ferramentas foram priorizadas também no intuito de permitir que as instâncias de direção, coordenação e gerência de educação do SESI tenham acesso, a qualquer momento, a todos os relatórios das equipes agentes do programa e de forma organizada, possibilitando o acesso, nos mínimos detalhes – caso assim desejarem –, às experiências promovidas pelo programa com os alunos das suas escolas.

Compreendemos que, sobretudo aos monitores, este foi um período de extrema importância, na medida em que, provavelmente mais do que os alunos, eles tiveram a chance de mergulhar integralmente nesta experiência, tanto na organização das rotinas de trabalho – logística de transporte, relações institucionais, instrumentos de trabalho –, quanto na questão da formação que compõe o aproveitamento de suas

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4 - Os Ordinários no Programa Repertórios

experiências como artistas a um trabalho pedagógico minucioso, sustentado nas ideias que nos movem.Acreditamos que 2010 gerou, como maior patrimônio ao SESI e ao Programa Repertórios, a grande rede formada por laços humanos, tecida de cultura, a partir da qual reconhecemos poder alimentar nossos maiores sonhos e esperanças.

Que venha 2011, porque estamos prontos!

Todo show começa com uma ideia, e com o nosso não foi diferente. A partir dela, estabelecida e discutida em algumas reuniões, começamos, como dizemos em linguagem de músico, a “levantar o show”, isto é, torná-lo real. Nossa ideia foi composta por várias questões: fazer com que o artista esteja presente na escola; revelar como se faz um espetáculo, mostrando um pouco do processo criativo; mostrar a diversidade musical de diferentes culturas; e como tudo isso se comporta no mundo em que vivemos.Nossa primeira tarefa foi a escolha do repertório. Já tínhamos músicas do show que costumamos fazer, mas precisávamos acrescentar novidades para criar uma diversidade maior. Escolhemos então vários números utilizando como critério a inclusão de músicas de diferentes épocas, de diferentes estilos, culturas e idiomas. Como nosso tempo era bem pequeno – o show tinha que ficar pronto em menos de um mês! – privilegiamos arranjos que já conhecíamos.

Enquanto ainda decidíamos as músicas, a segunda tarefa já estava em andamento: escrever os arranjos e selecionar aqueles já escritos para começarmos os ensaios musicais. Esta tarefa ficou concentrada nas mãos do diretor musical, que depois orientou os ensaios dos arranjos com o resto do grupo,

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ensinando o que cada um faz, mostrando o jeito de cantar e dirigindo o grupo. Ensaios de noite, de dia, sábado e domingo, todo horário livre virava possibilidade de reunião. Ensaio da parte vocal, ensaio com percussão, ensaio de cena – cansativos, mas divertidos, cada um deles ajudou a compor o resultado final. Nesses encontros a trupe reunida dividiu suas funções. Tínhamos a nossa diretora geral, que assistia o que estávamos fazendo, ajudando a compor a encenação e a lapidar as nossas propostas cênicas. Tínhamos também a figurinista, que encontrava para cada momento as melhores roupas que ajudariam a transmissão das ideias musicais. Junto com a diretora tivemos um assistente de direção, que é também o percussionista e ator do show; e uma dançarina, que também participa do espetáculo e ajudou a coreografar nossos movimentos. Todos juntos discutimos a ordem das músicas, a “história” que iríamos contar, as falas e os momentos de troca de figurino. Em suma, construímos nosso roteiro de trabalho no palco.

Quando o roteiro estava adiantado foi a hora de colocar a mão na massa. A figurinista comprou os tecidos, chapéus, adereços, tirou medidas com a costureira e começou a fazer as roupas. A diretora,

o assistente de direção e a dançarina (que também recebeu a tarefa de nos aquecer corporalmente no início dos ensaios) começaram a trabalhar com o elenco, determinando os movimentos, reunindo as ideias de todos, tomando as decisões que dão forma ao espetáculo. Cada um dos integrantes começou então a tomar conhecimento do que era necessário fazer em cada momento do roteiro: “nessa hora eu canto e olho pra lá”, “nesse tempo da música vamos fazer esse passo de dança”, “nesse momento a luz apaga e nós tiramos os óculos escuros”... Um trabalhão danado para entregar para a plateia uma hora de entretenimento.

Não podemos esquecer também do técnico de som, que se responsabilizou pela administração do equipamento de som antes, durante e depois do espetáculo. Para determinar os equipamentos que usaríamos, ele precisou saber qual é capacidade de público dos auditórios disponíveis e como é a questão acústica desses ambientes – formato da sala, se tem ou não carpete, de quê é feito o teto, entre outras questões que influenciam acusticamente.

Tudo isso feito, pensado e articulado, o show ganhou forma. Deixou de ser uma ideia e se

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concretizou – ficou de pé! Agora só faltava buscar parte do cenário com um amigo, em Itaipava...

Assim como estamos fazendo neste texto, nossa ideia com a inserção do show do grupo vocal Os Ordinários no contexto do Programa Repertórios é, não só apresentar para os alunos do SESI um show interessante e divertido, mas também mostrar um pouco de como foi sua montagem. Aproximá-los de uma realidade artística e ambientá-los com a filosofia do Programa, que propõe a presença do artista na escola.

Entender como um espetáculo é montado possibilita que os alunos entrem em contato com os meandros do fazer artístico, criando intimidade com o mesmo. E, apresentando a eles um pouco do processo de dar forma a um projeto como este, mostramos a importância de trabalhar criatividade, dedicação, comprometimento e capacidade de organização e de escolha, aspectos importantes de serem incentivados para qualquer atividade que o aluno deseje realizar.(Augusto Ordine e Maíra Martins)

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4.2 - Edital

Processo de seleção – 2010/2º semestre

O Programa Repertórios abre inscrições para o Processo de Seleção de Monitores de Música do 2º semestre de 2010.

1. Do Programa Repertórios

1.1. Os monitores escolhidos pelo Programa Repertórios – por meio dos processos de seleção e capacitação –deverão atuar, como seus representantes e de acordo com as orientações do programa, nas Escolas SESI situadas no estado do Rio de Janeiro.

1.2. O trabalho de monitoria consistirá em atividades em sala de aula e via ambiente virtual com as seguintes finalidades: 1.2.1. Apresentar conhecimentos de teoria e prática musicais. 1.2.2. Ampliar o repertório musical dos alunos.

1.3. A aprovação na etapa de seleção e o decorrente ingresso na capacitação de monitoria não implicam garantia de contratação ou qualquer vínculo com o Programa Repertórios.

1.4. O Programa Repertórios poderá selecionar para a capacitação um número de candidatos maior que o número disponível de vagas para atuação junto às escolas. O candidato que, embora tenha participado da capacitação, não for convocado para a atuação, não realizará a matrícula final e deverá aguardar, sem previsão, nova oportunidade para vincular-se ao Programa Repertórios.

2. Da realização

2.1. Todas as etapas de planejamento, coordenação e execução do processo de seleção são responsabilidades do Programa Repertórios.

2.2. O processo de seleção dos monitores de música será realizado na Rua Mariz e Barros, 678/Bloco 1/3° andar, Tijuca, Rio de Janeiro, RJ.

2.3. Os exames de seleção ocorrerão nos dias 11 e 13 de agosto de 2010. A capacitação ocorrerá entre os dias 23 e 25 de agosto de 2010. As demais datas concernentes a este edital devem ser averiguadas no cronograma em anexo.

2.4. A divulgação dos resultados será feita no mesmo endereço dos exames de seleção, conforme as seguintes etapas: • A divulgação do resultado parcial do processo de seleção será publicada no dia 12 de agosto, às 15h00, junto com os horários determinados para a etapa seguinte. • A divulgação do resultado final do processo de seleção será publicada no dia 16 de agosto, às 15h00. • A divulgação do resultado final da capacitação, com a lista dos monitores a serem contratados, será publicada no dia 27 de agosto, às 15h00.

2.5. O processo de seleção será realizado conforme uma divisão em duas etapas: 2.5.1. A primeira etapa será composta por prova escrita eliminatória e análise de currículo; 2.5.2. A segunda etapa será composta por avaliação psicológica, entrevista e prova prática de música – todas com finalidade eliminatória e classificatória.

3. O candidato deverá comparecer ao local determinado e no horário determinado para o cumprimento de todas

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as etapas do processo de seleção. O descumprimento de qualquer etapa do processo de seleção ocasionará a eliminação do candidato.

4. A classificação no processo de seleção não corresponderá necessariamente à classificação final para a matrícula e a efetivação do trabalho em aula, devendo os candidatos passar por uma nova avaliação ao término do curso de capacitação.

5. Da inscrição

5.1. Para realizar sua inscrição, o candidato deverá, no período apropriado, tomar ciência das normas do Edital.

5.2. A inscrição apenas será efetuada com o preenchimento adequado dos dados solicitados e com a apresentação completa da devida documentação do candidato.

5.3. O preenchimento dos dados pessoais será de inteira responsabilidade do candidato, e, para que possa produzir todos os efeitos a que se destina, deverá obedecer estritamente às normas deste Edital. Todos os dados serão checados no momento de inscrição com base na comparação entre o documento original e a cópia.

5.4. Em nenhuma hipótese será permitida alteração da inscrição após sua efetivação.

5.5. A inscrição neste Processo de Seleção implicará a aceitação irrestrita das condições estabelecidas pelo Programa Repertórios, não cabendo ao candidato qualquer recurso quanto às normas contidas neste Edital.

5.6. O não cumprimento de quaisquer dos procedimentos de inscrição impedirá a efetivação da mesma.

6. Da documentação e instrumentos

6.1. O candidato deverá, no momento de inscrição, apresentar a seguinte documentação:6.1.2 Documento de identidade (Carteira ou Cédula de Identidade expedida por Secretarias de Segurança Pública, Forças Armadas ou Polícias Militares, Passaporte, Carteira de Trabalho, Certificado de Reservista, Carteira Nacional de Habilitação – com fotografia e assinatura – e carteira expedida por Ordens ou Conselhos criados por lei federal e controladores do exercício profissional. Os candidatos aprovados que não disponham de carteira da ordem terão sessenta dias para obtê-la a contar da data de matrícula). Tais documentos serão utilizados para averiguação dos dados a serem preenchidos e em seguida serão devolvidos.6.1.3 Certificado de conclusão do Ensino Médio, emitido por instituição de ensino credenciada pelo Ministério da Educação e histórico escolar. Não serão aceitas declarações provisórias ou atestações de cursos incompletos.6.1.4 Comprovante de residência.6.1.5 Currículo profissional composto por um memorial de até uma lauda e demais diplomas e certificados que comprovem a sua formação.6.1.6 Cópia de todos os documentos acima referidos. Nenhuma cópia será devolvida posteriormente ao processo de seleção.6.1.7 2 (duas) fotos recentes 3X4.

6.2. Somente poderão inscrever-se os candidatos que não apresentarem nenhuma pendência com relação à documentação exigida no Edital.

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6.3. O candidato assinará, em campo próprio de sua ficha de inscrição, um termo de responsabilidade sobre a veracidade de toda a documentação por ele apresentada.

6.4. O candidato deverá apresentar-se no local da prova escrita munido de caneta esferográfica azul ou preta.

6.5. O candidato deverá apresentar-se no local da entrevista com o seu instrumento musical, à exceção dos candidatos cujo instrumento seja o piano ou o teclado.

7. Das provas

7.1. As etapas do Processo de Seleção – comuns a todos os candidatos inscritos – terão como objetivo avaliar as habilidades e as competências fundamentais para o papel de monitores de música aptos a atuarem no Programa Repertórios.

7.2. O Processo de Seleção terá 5 (cinco) etapas – eliminatórias e classificatórias:

7.2.1 prova escrita 7.2.2 análise de currículo 7.2.3 avaliação psicológica 7.2.4 entrevista 7.2.5 prova prática de música

7.3. A etapa de análise curricular objetivará avaliar sua titulação bem como outros elementos de sua formação a a serem devidamente comprovados. 7.3.1. A titulação mínima para ingresso neste Processo de Seleção é a de Ensino Médio completo, com certificação de curso reconhecido pelo MEC.

7.4. A prova escrita será individual, sem consulta e compreenderá conhecimentos específicos na área de música e conhecimentos gerais. 7.4.1. As provas serão discursivas e de cunho transdisciplinar.7.4.2. A prova escrita terá duração total de 2 (duas) horas.

7.5. A entrevista abrangerá as seguintes partes:7.5.1. Interlocução acerca do memorial do candidato quanto às experiências de sua formação e às suas experiências de ensino.7.5.2. Atividades individuais e grupais de prática musical, nas quais serão analisadas competências musicais como: memória; realização rítmica e motora; afinação vocal; improvisação. O candidato deverá executar um trecho de peça solo de livre escolha com o instrumento também de livre escolha. Estarão à disposição dos candidatos, se necessário, os seguintes instrumentos e equipamentos: piano, teclado e caixa amplificadora. Candidatos cujo instrumento seja a voz deverão fazer uso de um instrumento acompanhador.

7.6. Interlocução com profissional da área de psicologia.

7.7. Não será permitida, sob nenhum pretexto, a prestação de exames em local ou horário diferentes dos estabelecidos de acordo com as orientações deste Edital.

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7.8. Nenhum candidato poderá ingressar na sala de provas, após a saída de outro candidato, o que só poderá ocorrer decorrido, no mínimo, o prazo de meia hora do início das mesmas.

7.9. Os 3 (três) últimos candidatos presentes na sala de provas só poderão sair juntos.

7.10. Sob nenhum pretexto haverá segunda chamada, vista ou revisão de provas.

8. Da classificação no processo de seleção

8.1. Será eliminado o candidato que:8.1.2 Não obtiver titulação mínima exigida.8.1.3 Não obtiver nota mínima de 7,0 (sete) na prova de avaliação escrita.8.1.4 Não for aprovado pelo Programa Repertórios, após as duas etapas anteriores.8.1.5 Deixar de comparecer à qualquer uma das etapas de avaliação.

8.2. No preenchimento das vagas oferecidas serão convocados os candidatos melhor classificados, observada rigorosamente a ordem de classificação e o número de vagas oferecidas.

8.3. As vagas oferecidas serão sucessivamente preenchidas conforme a disponibilidade dos candidatos aprovados, devendo ser preenchidas até que todas as horas de monitoria demandadas pelo Programa Repertórios sejam supridas.8.4. Havendo candidatos ocupando idêntica classificação, com a mesma soma de pontos padronizados, far-se-á o desempate levando-se em consideração, sucessivamente, os escores padronizados obtidos nas seguintes etapas: prova escrita, análise curricular e entrevista.

9. Da pré-matrícula

9.1. A pré-matrícula dirigir-se-á unicamente ao processo de capacitação.

9.2. Os candidatos classificados dentro do número oferecido de vagas para a capacitação deverão efetuar a pré matrícula dentro das normas e dos prazos fixados por este Edital.

9.3. No caso em que o candidato aprovado não efetive a sua pré-matrícula dentro do prazo estabelecido ou dê manifestação de desistência, seja qual for o motivo, será chamado o candidato imediatamente seguinte na lista de classificação.9.4. O candidato que na etapa de capacitação não demonstrar as competências e habilidades requisitadas pelo Programa Repertórios e não for aprovado nas avaliações correspondentes a ela não será contratado.

10. Da matrícula

10.1. A matrícula dirigir-se-á a efetivação dos monitores aprovados no Programa Repertórios.

10.2. O candidato convocado para a efetivação da matrícula deverá comparecer ao local determinado e na hora determinada por este edital.

10.3. O candidato que não efetuar a matrícula não atuará como monitor do Programa Repertórios e deverá ser

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substituído conforme a ordem de classificação final dos candidatos.

10.4. O candidato que não efetuar a matrícula terá a sua pré-matrícula cancelada e perderá o vínculo com o Programa Repertórios

11. Do trancamento e do abandono da capacitação

11.1. O candidato não poderá solicitar trancamento da capacitação.

11.2. O abandono da capacitação pelo candidato implicará a perda do seu vínculo com o Programa Repertórios.

12. Da remuneração dos monitores

12.1. Apenas começará a ser remunerado o candidato que, quando convocado a efetuar a matrícula e cumprindo as exigências relativas à mesma, dê início à sua atuação como monitor do Programa Repertórios.

12.2. O valor a ser remunerado pela prestação de serviços de monitoria consiste em R$ 20,00 [vinte reais] por hora de trabalho, a ser desempenhada em sala de aula, no ambiente virtual de aprendizagem [AVA], em planejamentos, reuniões e avaliações do Programa Repertórios.

12.3. A titulação do monitor não acarretará alteração no valor da sua hora de trabalho.

12.4. O monitor que vincular-se ao Programa Repertórios deverá assumir uma carga horária mínima de 15 horas semanais e máxima de 40 horas semanais, a ser organizada conforme a disponibilidade da grade horária da escola em que deverá atuar.

12.5. Vinte e cinco por cento das horas acordadas com os monitores serão dedicadas ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e setenta e cinco por cento a atividades presenciais.

12.6. O pagamento será mensal.

12.7. O contrato de trabalho será com a empresa MALABARES Soluções Ltda. EPP, através da qual se dará o vínculo entre o Monitor e o Programa Repertórios.

13. Da certificação

13.1. Terá direito ao certificado de conclusão, sem nenhum valor acadêmico reconhecido pelo MEC, o candidato que for aprovado, dentro dos parâmetros definidos neste Regulamento, em todas as etapas da capacitação.

13.2. O certificado deverá conter:13.2.1 Os dados do candidato.13.2.2 O nome da capacitação.13.2.3 O período em que a capacitação foi realizada e sua duração total.13.2.4 A data de conclusão da capacitação.

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14. Das disposições gerais

14.1. Terá a inscrição, a pré-matrícula ou a matrícula cancelada, a qualquer época, o candidato que tiver realizado o processo de seleção fazendo uso de documentos ou informações falsas, fraudulentas ou outro ilícito.

14.2. Será anulada a prova em que for detectada, mesmo após sua ocorrência, a utilização de meios ilícitos para sua realização.

14.3. O Programa Repertórios divulgará, caso seja necessário, editais, normas complementares e avisos oficiais sobre o processo de seleção.

14.4. É de absoluta obrigação do candidato manter-se informado sobre datas, locais e prazos fixados no cronograma do processo de seleção, sendo de sua total responsabilidade o prejuízo decorrente da inobservância desses dados.

14.5. O Programa Repertórios não se responsabilizará por eventuais extravios de documentos, sendo de inteira responsabilidade do candidato manter, sob sua guarda, os documentos indicados no item 4 deste Edital.14.6. Os casos omissos e as situações não previstas neste Edital serão avaliados pela Comissão do Processo de Seleção para o Programa Repertórios.

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Cronograma da admissão de monitores pelo Programa Repertórios

Processo de seleção:O processo de seleção será constituído das seguintes etapas:

1ª. etapa: inscrição gratuita e apresentação da documentação do candidato:11 de Agosto de 2010, de 12h30 às 14h30.

2ª. etapa: prova escrita e análise curricular:11 de Agosto de 2010, de 15h00 às 17h30.

3ª. etapa: divulgação da lista de selecionados para a fase seguinte e apresentação dos horários de entrevista:12 de Agosto de 2010, às 15h00.

4ª. etapa: avaliação psicológica e entrevista com prova prática de música:13 de Agosto de 2010, de 12h00 às 17h00.

5ª. etapa: divulgação do resultado final e pré-matrícula dos candidatos aprovados:16 de Agosto, às 15h00.

Processo de capacitação:O processo de capacitação será constituído das seguintes etapas:

Pré-matrícula:16 de Agosto, às 15h00.

Início do curso de capacitação dos monitores:23 de Agosto, às 10h00.

Avaliação final dos candidatos a monitores:25 de Agosto.

Divulgação do resultado dos candidatos convocados para atuação:27 de Agosto.

Processo de atuação:

Matrícula oficial:27 de Agosto.

Abertura oficial do trabalho nas escolas:30 de Agosto.

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4.4 - Conclusão

Orquestras e maestros adoram gran finales, aqueles acordes retumbantes, todos os instrumentos juntos a plenos pulmões e arcos, sublinhados por rufos de tímpanos e tambores. Mas não é disso que se trata aqui. Esta é apenas uma breve memória dos primeiros momentos desta bela aventura que nos abençoou e desafiou: tornar realidade em todas as Escolas SESI do Rio de Janeiro o Programa Repertórios.

O início foi atribulado, difícil, muitas vezes, confuso. Porque era tudo novo, para todos nós e, para dramatizar, em pleno fim de ano escolar, quando todos estão voltados para as conclusões e para as esperadas festas e descansos. Mas não começar era uma ameaça muito grave para equipes do SESI mobilizadas, para equipes do Repertórios formadas, contratadas, prontas.

O que permitiu o nosso começo foram duas forças muito poderosas que, reunidas, são irresistíveis: desejo e coragem. Elas motivaram e mobilizaram a equipe da GEB, os diretores das Escolas SESI, suas equipes pedagógicas e seus professores. Sem eles, sem a disposição de cada um para ousar implantar em seus planejamentos e rotinas uma proposta tão ambiciosa, o Programa Repertórios não teria acontecido. Seus resultados, tudo o que

alcançamos, foi proporcional ao empenho de cada escola em nos acolher e nos animar. Nenhum agradecimento será jamais suficiente.

Junto a eles, tivemos uma equipe desbravadora, pioneira, tão guerreira quanto amorosa. Eles, literalmente, abriram caminhos, cruzaram o estado, aprenderam e formularam soluções, desenvolveram experiências e tecnologias, cantaram, tocaram, dançaram, organizaram, ao mesmo tempo em que administravam obras, compravam cadeiras, cortinas, computadores. Nenhum adjetivo expressa, nenhum número mede tanto talento, dedicação e alegria.

Mas tudo isso seria nada, não fossem esses sorrisos que neste Relatório foram lembrados. Esses olhares atentos, desafiadores, instigadores, desejosos, dos alunos que encontramos nas escolas. Para eles, cada um e todos, cada coisa foi pensada, criada, desenvolvida, realizada. O melhor foi agora, nas visitas que tenho feito às escolas para o planejamento e implantação das próximas etapas, ouvir os relatos dos alunos e das famílias sobre o Repertórios, sobre como ele foi importante e feliz. E de quanta gente ainda há para alcançar e atender.

Esta demanda cresceu para mais públicos, mais atividades. Em arte e em educação isso exige reflexão, criação, cuidado, carinho, porque esse é o nosso melhor em nossa humanidade: educação e arte. Estamos iniciando o ano letivo com as atividades do Repertórios incluindo as Classes Anexas em empresas por todo o Rio de Janeiro. Além disso, as atividades passam a atender todas as turmas do Ensino de Jovens e Adultos. Atender a essa demanda implicou num imenso esforço, especialmente na capacitação de monitores para uma experiência que atendesse especificamente a estes públicos, com todas as suas particularidades e exigências. Enquanto isso, estamos preparando o detalhamento das atividades e dos produtos específicos para atender aos alunos da Educação Infantil e da Primeira Etapa do Ensino Fundamental a partir de agosto deste ano.

O empenho e o investimento do SESI para atender às demandas expressas pelas comunidades escolares – mais do que apenas ao marco legal da Lei 11.769 - implica em ampliar o número de alunos em 30% ainda no primeiro semestre, chegando a 10.255 alunos no segundo semestre de 2011 – um crescimento de mais de 80% sobre o segundo semestre de 2010.

Com a alegria do que foi cumprido e do que é exigido de todos nós – SESI e Programa Repertórios –, podemos comemorar o acerto de nossa escolha pela educação, de seu poder libertador e transformador. Podemos celebrar nossa fé em toda gente e do que em toda ela é mais humano, simples e superior, nosso corpo, ideia e emoção, nossa deusa e nossa irmã: a nossa música.

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Só foram utilizadas neste relatório imagens de

profissionais e alunos, que já participam do

Programa Repertórios