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“Defesa Civil somos todos nós”
CEPDECMA
4/7/2015
RELATÓRIO DA SITUAÇÃO DO
MUNICÍPIO DE TURIAÇU - MA
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3
2. OBJETIVOS GERAIS ........................................................................................... 3
3. INFORMAÇÕES SOBRE OS RECURSOS HÍDRICOS DO MUNICÍPIO .............. 4
3.1. Fontes utilizadas e qualidade ..................................................................... 5
3.2. Distribuição .................................................................................................. 9
4. MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE RISCO .......................................................... 13
5. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ....................................................................... 18
5.1. Permanente ................................................................................................. 18
5.2. Temporária .................................................................................................. 21
5.2.1. Execução da possível Operação ........................................................ 23
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 25
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1. INTRODUÇÃO
A Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil do Maranhão –
CEPDECMA no âmbito de suas atribuições legais que lhe conferem a Lei 12.608, de
10 de abril de 2012, que institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil –
PNPDEC, esteve no município de Turiaçu – MA a fim de averiguar a situação de
anormalidade que se estabeleceu devido à falta de água potável para a maior parte
da população na referida localidade.
O município supracitado não possui Coordenadoria Municipal de Proteção e
Defesa Civil – COMPDEC, o que, por consequência, transfere a responsabilidade de
exercer as atividades da PNPDEC em âmbito municipal para a CEPDECMA,
conforme prevê o artigo 7º da Lei 12.608, de 10 de abril de 2012.
Com o intuito de cumprir suas atribuições frente a desastres e a sociedade
maranhense, a CEPDECMA elaborou o presente relatório com base nas visitas
técnicas realizadas nos dias 24 a 26 de junho de 2015 e 01 a 03 de julho de 2015
pelo 1º Tenente QOCBM Rafael Lima de Araujo e pelo 1º Tenente QOCBM Paulo
Breno Santana Sousa ao município de Turiaçu - MA. O foco da visita foi identificar
as causas da falta de água potável para a população residente e, com base nisso,
apontar possíveis propostas de intervenção a curto e a longo prazo.
Os dados citados neste relatório foram obtidos com a administração
municipal em colaboração com representantes da CAEMA e com as observações
realizadas in loco pelos oficiais da CEPDECMA.
2. OBJETIVOS GERAIS
Realizar levantamento sobre a situação dos recursos hídricos
disponíveis para a população.
Realizar mapeamento das áreas de maior risco quanto a falta de água
potável.
Identificar as medidas adotadas pela gestão municipal no que se refere
a acessibilidade a água potável para a população.
Indicar ações que possam melhorar as condições de vida da população
quanto a disponibilidade de água potável.
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3. INFORMAÇÕES SOBRE OS RECURSOS HÍDRICOS DO MUNICÍPIO
Foi realizado um levantamento amplo que permitiu identificar as principais
fontes das quais a população do município de Turiaçu – MA obtém água para usos
diversos, assim como os mecanismos empregados pela administração municipal e
pela população residente para realizar a distribuição do recurso.
Imagem 01: mapa com a localização do município de Turiaçu – MA.
É importante salientar que o município apresenta um bom índice
pluviométrico anual e não possui nenhum registo de desastres relacionados a
escassez ou ao excesso de água, conforme os dados apresentados no gráfico
abaixo.
Gráfico 01: dados pluviométricos do município de Turiaçu.
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3.1. Fontes utilizadas e qualidade
O município de Turiaçu – MA é banhado pelo Oceano Atlântico e margeado
pelo rio Turiaçu. Apresenta uma boa disponibilidade de água doce acessível pela
população através de perfurações no solo pouco profundas (35 a 40 metros),
construindo-se poços e cacimbas. A água doce é obtida também por meio de
canalizações que escoam a água da chuva que cai sobre as residências.
Imagem 02: sistema utilizado para captação de água da chuva
em uma residência no Bairro da CAEMA.
Segundo os moradores e proprietários de poços, a água extraída de um
poço artesiano residencial é capaz de suprir as necessidades de duas a três casas.
No Bairro do Canário, na sede do município, foram registrados poços com vazão de
5.000 litros de água por dia, enquanto que no Bairro da Torre, também na sede,
foram obtidos registros de poços com vazão inferior a 1.500 litros de água por dia.
Imagem 03: poço artesiano utilizado por três residências no
Bairro Canário.
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Atualmente o município não dispõe de sistemas de abastecimento de água
para a população residente, ficando a cargo de cada morador os custos e meios
empregados para a obtenção desse recurso tão essencial. Por esse motivo, ocorre a
comercialização de água em larga escala, principalmente na sede, por parte de
particulares detentores de fontes como poços artesianos, gerando transtornos para a
população. Segundo moradores, muitas vezes a família deixa de comprar alimento
por priorizar a compra de água.
Imagem 04: caminhões realizando a venda de água na sede (A. água mineral | B. água
de poço).
Informações coletadas em campo pelos técnicos da CEPDECMA
identificaram que o Bairro do Castanhal responde por grande parte do volume de
água que é obtido para comercialização devido, segundo o Geólogo da CAEMA,
Afonso Braúna, a existência de um solo mais fácil de perfurar e de abundantes
lençóis freáticos.
O Município dispõe ainda de um importante reservatório localizado no
Povoado Paxiba, a Fonte do Paxiba. A referida fonte é o principal reservatório
natural de água superficial e é abastecida por lençóis freáticos que afloram na
mesma. É uma fonte perene, apresenta água de aparência limpa e insípida, além de
um volume suficiente para suprir as demandas das áreas urbanas do município. Ele
já foi usado para abastecer a sede do município e está incluído no projeto de
abastecimento que está sendo implantado atualmente.
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Imagem 05: fonte do Paxiba localizada no povoado Paxiba.
Associado a isso, tem-se o fato de que o munícipio não dispõe de sistema
de coleta de esgotos, lançando mão de fossas sépticas ou buracos no solo
(sumidouros) para se desfazer dos dejetos pessoais e rejeitos líquidos da residência.
Segundo o Núcleo de Vigilância Epidemiológica, esse tipo de sistema põe em risco a
qualidade da água extraída dos poços e por consequência a saúde da população
que a consome.
Imagem 06: métodos utilizados para a coleta de esgoto residencial no Povoado
Canarinho (A. fossa séptica | B. sumidouro).
Ainda nesse contexto, o geólogo Afonso Braúna frisou que a composição do
solo rico em granito dificulta a perfuração de poços e tende a tornar a água
levemente salgada. Associado a esse fato tem-se à proximidade da sede, área mais
populosa do município, com o mar, que contribui sobremaneira para a salinização da
água dos lençóis freáticos.
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Quanto à qualidade, informações da Secretaria de Saúde do município em
colaboração com Núcleo de Vigilância Epidemiológica indicam um grande número
de pessoas que sofrem com doenças decorrentes da ingestão dessa água.
Imagem 07: água armazenada em uma residência (A. obtida das chuvas | B. obtida de poços).
O tratamento é realizado através da filtração e/ou da fervura da água, ou
muitas vezes, conforme observado em campo, não passa por nenhum tratamento.
Ainda segundo a Secretaria de Saúde Municipal, a prefeitura distribui de maneira
esporádica hipoclorito para realização de tratamento químico da água obtida, sendo
que a última distribuição foi realizada no mês de abril de 2015.
Imagem 08: filtro de barro utilizado na filtragem de água em
uma residência no povoado Paxiba.
Considerando tudo isso, pode-se inferir que os principais problemas
observados foram a falta de tratamento apropriado para a água obtida e o acesso a
água potável. Muitos moradores consultados fizeram referência ao consumo de
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água salobra e barrenta, assim como relataram a dificuldade para a obtenção de
água por outro meio que não a compra de particulares.
3.2. Distribuição
Conforme repassado por moradores do município de Turiaçu e também pelo
secretário de meio ambiente, o senhor Nivaldo Ribeiro Pereira, não há na cidade
Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), muito menos Companhia de Água e
Esgoto do Maranhão (CAEMA) ou algum órgão da administração municipal similar
para se elucidar alguns questionamentos quanto ao sistema de abastecimento de
água em todo o município.
Mediante pesquisa de campo realizada no município, observou-se que nos
bairros da sede há vários veículos que transportam água em recipientes de 1.000
litros. A água acondicionada nestes recipientes e transportada nos carros é
comprada dos inúmeros poços perfurados no município, pelo valor de R$ 4, 00 e
revendida às pessoas que não tem condições de realizar a perfuração para captar
água subterrânea, pelo valor de R$ 20,00.
Imagem 09: veículos transportando água para comercialização.
Em pesquisa realizada com os moradores que contratarão empresa para
realizar a perfuração de poço em sua residência, foi constatado que em média se
investe R$ 5.000,00 para instalação do referido poço. O valor total é relativamente
alto, pois é composto dos seguintes gastos: compra da bomba no valor aproximado
de R$ 1.500,00; R$ 500,00 de encanação e o metro cobrado pelo metro da
perfuração gira em torno de 100 a 120 reais, profundidade esta que pode chegar aos
100 metros.
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Imagem 10: poço utilizado para venda de água no bairro da
sede.
O Secretário de Meio Ambiente informou aos técnicos da CEPDECMA que
havia no município, em administrações municipais anteriores, um sistema de adutora
que levava a água de uma fonte localizada a 15 km em um povoado chamado
“Paxiba” e abastecia toda a sede, sistema este desativado há quase 10 anos. Para
manter esse sistema a prefeitura cobrava uma taxa simbólica para a manutenção,
porém a administração municipal da época isentou a população de pagar esta taxa.
Segundo o secretário, de fato, a cobrança da tarifa foi extinta, porém o fornecimento
de água advinda da fonte do povoado Paxiba também foi extinto devido a não
realização de manutenção preventiva e corretiva.
Além da inexistência de manutenção do sistema de abastecimento, foi
repassado pelo senhor Francisco Hipólito, secretário adjunto municipal de saúde,
que haviam muitas ligações clandestinas feitas por moradores ao longo do sistema.
Tais ligações feitas ilicitamente acarretaram no enfraquecimento da pressão
necessária para que a água chegasse até a sede do município.
A Secretaria Municipal de Educação nos informou ainda que cerca de 80%
das escolas municipais tem seu próprio poço artesiano perfurado para suprir as
demandas do corpo discente e docente, e as demais compram água para consumo
com recurso repassado aos diretores.
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Imagem 11: escola localizada no povoado de Santa Rosa.
Tanto o secretario de meio ambiente quanto o secretário adjunto de saúde
informaram à CEPDECMA que em cerca de 90% dos povoados do município de
Turiaçu – MA há poços perfurados pelas Associações de Produtores Rurais. No
povoado de Canarinho, a exemplo do que acontece entre os 90% que possuem
poços, as associações cobram para cada membro da comunidade um valor de R$
10,00 para manutenção do poço e pagamento da energia consumida pela bomba na
retirada da água. Porém, a inadimplência é enorme e em grande parte desses
povoados a CEMAR encerrou seus serviços de fornecimento de energia destinados
ao funcionamento do poço artesiano.
É importante salientar que no município há um convênio com o Governo
Federal no valor de R$ 14.061.012,25 para implantação de um sistema que levará a
água encanada da fonte do povoado Paxiba para as casas da sede. Vale frisar que
o início da obra (segundo a placa de utilidade pública) se iniciou no mês de Julho de
2014 com entrega prevista para Julho de 2015.
Imagem 12: placa do Convênio com o Governo Federal.
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Em visita ao depósito da empresa EDX Construtora, com sede em São Luís
– MA, que está realizando a obra acima citada, foi recebida a informação que tal
obra se divide em 03 etapas. A primeira etapa consiste na instalação do
encanamento das residências da sede e está sendo concluída, faltando apenas dois
quilômetros de tubulações para o início da próxima etapa. Segundo informações
coletadas também no depósito da empresa, realizando o somatório de tudo que já
foi realizado, a obra está em cerca 30% de sua total conclusão.
Dentre as ações que compreendem as outras duas etapas da obra de
implantação do sistema de abastecimento do Paxiba, há a substituição da estação
de tratamento antiga, que foi visitada pela equipe técnica da CEPDECMA, por uma
mais ampla e com maior capacidade de armazenamento e tratamento da água.
Imagem 13: materiais do novo sistema de abastecimento do Paxiba no depósito da empresa EDX
Construções localizado no Bairro Canário (A. encanação de captação | B. encanação de
distribuição).
Os técnicos da CEPDECMA juntamente com senhor Orlando Sá e o senhor
Afonso Braúna, respectivamente engenheiro civil e geólogo da CAEMA sediada em
São Luís, foram até o local onde os funcionários da empresa EDX Construtora
estavam realizando a escavação e implantação da canalização no bairro da Torre.
No local da obra o senhor Orlando Sá relatou que todos os procedimentos para
implantação de encanamento para residências estavam sendo rigorosamente
obedecidos, tais como: a profundidade de 80 cm da escavação; regularização de
fundo de vala e posterior cobertura desta tubulação com 20 cm de areia; utilização
de pasta lubrificante nas conexões; diâmetro e material do encanamento ideais para
obra e pressão prevista para funcionamento do sistema dentro dos padrões.
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Imagem 14: funcionários da EDX Construções realizando a implantação do
encanamento nas ruas do Bairro da Torre.
A equipe formada pelos técnicos da CEPDECMA e pelos profissionais da
CAEMA foram até o Bairro da CAEMA com o objetivo de observar o reservatório do
antigo sistema de abastecimento do Paxiba, desativado a cerca de dez anos. O
senhor Orlando Sá, Engenheiro Civil, passou a informação que teve conhecimento
de um projeto apresentado a ele na sede da CAEMA em Pinheiro, de que seria
construído um novo reservatório no local ainda está situado o sistema de
abastecimento do Paxiba. Este novo reservatório, diferente do que está
abandonado, será de 150 m³ e terá 10 metros de elevação.
Imagem 15: reservatório do antigo sistema de
abastecimento do Paxiba, localizado no Bairro da
CAEMA.
4. MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE RISCO
O mapeamento das áreas de risco desenvolvido neste relatório levou em
consideração a ameaça, que representa a falta de água potável para a população
residente no município de Turiaçu – MA, associada a vulnerabilidade dos sistemas
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receptores, que, nesse contexto, foram representadas pelas deficiências
identificadas em cada localidade analisada.
Os dados obtidos para a identificação das áreas de risco foram coletados
pelos técnicos da CEPDECMA através de depoimentos dos habitantes da sede e de
8 povoados adjacentes (Santa Rosa, Paxiba, Canarinho, Estrela Divina, Tauá,
Caxias, Colônia dos Crentes e Alto da Alegria), de órgão da administração municipal
(Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Secretaria Municipal de Saúde), da Polícia
Militar do Maranhão, da CAEMA e do Núcleo de Vigilância Epidemiológica.
Imagem 16: visita técnica realizada no povoado
Canarinho.
O município de Turiaçu – MA está localizado a Noroeste no Estado do
Maranhão inserido na Mesorregião Oeste Maranhense e na Microrregião do Gurupi.
Compreende uma área total de 2.578,4 km² e tem como limite territorial ao Norte, o
Oceano Atlântico; ao Sul, os municípios de Turilândia e Cândido Mendes; a Leste,
os munícipios de Turilândia e Bacuri e a Oeste, o município de Cândido Mendes.
Imagem 17: Município de Turiaçu – MA
identificado no mapa do Brasil.
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O acesso a partir de São Luís, capital do estado, em um percurso aproximado
de 465 km, se faz da seguinte maneira: 137 km pela BR-135 até a cidade de
Miranda do Norte, 41 km pela BR-222 até a cidade de Vitória do Mearim, 158 km
pelas rodovias MA – 014, MA – 314, MA – 313, MA – 310 e MA – 106 até a cidade
de Pinheiro e 129 km pelas rodovias MA – 006, MA – 106 e MA – 209 até a cidade
de Turiaçu.
Imagem 18: estradas de acesso ao município de Turiaçu - MA.
A área do município de Turiaçu, cuja sede está localizada próximo à margem
direita do Rio Turiaçu, é drenada pela bacia hidrográfica desse rio. Esta bacia ocupa
uma área de 17.592 km² e está localizada no litoral ocidental do Maranhão, entre o
estado do Pará e a baía de São Marcos. O rio Turiaçu nasce nas vertentes da serra
do Tirambu e percorre 720 km em situação à baía de Turiaçu.
Vale salientar que, segundo dados do último senso demográfico realizado
pelo IBGE, a população do município é de aproximadamente 35.000 habitantes,
sendo que 13.000 residem na sede do município. O município de Turiaçu possui
além da sede, 220 povoados.
O principal problema enfrentado pela população do município diz respeito a
obtenção de água potável, conforme já descrito neste relatório. As informações
coletadas em campo permitiram aos técnicos da CEPDECMA identificar as principais
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áreas que sofrem com o problema em questão, obtendo como resultado que todas
as localidades do município apresentam o problema, porém em graus diferentes de
gravidade.
Segundo informações da Secretaria de Saúde, todos os povoados possuem
poços perfurados e outros meios de capitação de água. Dos 08 (oito) povoados
visitados, verificou-se apenas 04 (quatro) residências com relato de compra
esporádica de água, o que corresponde a apenas 8% do total.
Gráfico 02: proporção de habitantes consultados por meio de
obtenção de água.
Já a Sede é extremamente deficiente nesse quesito, todos os 15 bairros que
a compõem foram visitados pelos técnicos da CEPDECMA e o resultado obtido foi
que cerca de 84% das residências visitadas (49 residências) obtém a maior parte da
água que consomem comprando-a regularmente.
Gráfico 03: Proporção de habitantes consultados por meio de obtenção
de água.
92%
8%
OBTENÇÃO DE ÁGUA NOS POVOADOS
GRATUITA
COMPRAM
18%
82%
OBTENÇÃO DE ÁGUA NA SEDE
GRATUITA
COMPRAM
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A sede do município de Turiaçu – MA é composta por 15 bairros (Castanhal,
Torre, CAEMA, Santa Terezinha, Meteorologia, Bela Vista, Rabelão, Forquilha, Bem-
bem, Rodoviária, Canário, Conjunto Toni Santos, Piçarreira, Centro e Alto do São
Benedito) e possui cerca de 12.000 habitantes, o que corresponde a
aproximadamente 34,2% da população do município.
O maior bairro é o Canário, seguido por Rabelão, Castanhal, Forquilha,
Centro, Torre, Bela Vista, Rodoviária, Piçarreira, Santa Terezinha, CAEMA, Alto do
São Benedito, Conjunto Toni Santos, Meteorologia e Bem-bem.
Tabela 01: bairros da sede com quantidade de habitantes.
ORD BAIRRO HAB
01 Canário 3.000
02 Rabelão 2.600
03 Castanhal 2.550
04 Forquilha 750
05 Centro 600
06 Torre 500
ORD BAIRRO HAB
07 Bela Vista 450
08 Rodoviária 450
09 Piçarreira 400
10 Santa Terezinha 330
11 CAEMA 270
12 Alto do S. B. 240
ORD BAIRRO HAB
13 Conjunto Toni
Santos
230
14 Meteorologia 220
15 Bem-bem 190
O bairro do Castanhal é a principal fonte de obtenção de água para a venda
devido ao maior volume de água extraído dos poços, a melhor qualidade da mesma
e o maior número de poços, porém esse fato não muda a realidade da população
residente. Os poços pertencem em sua maioria a comerciantes de água, restando a
maior parte da população a compra desse recurso.
A situação é mais grave no bairro do Rabelão, o segundo maior do
município. Ele se localiza em uma área de mangue e os poços não produzem água
de qualidade. Segundo informações de moradores, na semana que antecedeu a
visita dos técnicos da CEPDECMA foram perfurados 04 poços artesianos, porém em
todos eles a água apresentava-se salobra. Nesse bairro foi constatado que 100% da
população consultada comprava água regularmente.
Imagem 19: periferia do bairro Rabelão.
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Nos demais bairros, a realidade encontrada foi semelhante. O acesso a
água potável ocorria principalmente pela compra. Isso por que a população, em sua
maioria, é carente e não apresenta condições de perfurar um poço particular.
É importante salientar que, com exceção do bairro do Rabelão, em todos os
bairros a extração de água de poços é viável desde que seja realizado um estudo de
solo nos locais segundo o Geólogo Afonso Braúna. Para se ter ideia, no bairro
Canário está sendo construído um condomínio (Condomínio Aurora) em que todas
as residências terão seu próprio poço artesiano. Nele já foram construídas 27
unidades de um total de 400 previstas e em todos os poços já perfurados é possível
a obtenção de água.
Outro ponto importante é o fato de que em nenhum dos pontos de coleta de
água houve algum tipo de teste para averiguar as condições da mesma. Conforme já
citado neste relatório, o geólogo Afonso Braúna e a Agência de Controle
Epidemiológico do município já ressaltaram os problemas que essa falta de
monitoramento pode acarretar para a saúde da população.
5. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Tendo como base tudo que foi explicito neste relatório, bem como o
compromisso que a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil do
Maranhão tem de atender todo e qualquer tipo de dificuldade relacionada a
desastres no território maranhense. Verificou-se a necessidade da CEPDECMA em
intervir em alguns aspectos para atender, da melhor forma possível, a população de
Turiaçu – MA atingida pela deficiência na distribuição de água na região.
Propondo soluções que se encontram no escopo de sua atuação, esta
coordenadoria sugere ações tanto estruturais e permanentes, com o objetivo de
atender a população local obtendo resultados a longo prazo, quanto ações de cunho
paliativo e transitório objetivando o imediato atendimento às pessoas atingidas.
5.1. Permanente
Conforme fora citado anteriormente neste relatório, constatou-se que no
município de Turiaçu – MA há inúmeras fontes de obtenção de água, entretanto não
há uma rede encanada atuante em que leve o recurso hídrico, com seu devido
tratamento, às residências do município em toda sua extensão. Atualmente está
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sendo construído um sistema que levará água da fonte localizada no povoado do
Paxiba para estação de tratamento e de lá para as residências, conforme informação
já contida neste relatório. Todavia este Sistema, que será montado com verba
federal, irá atender somente os bairros localizados na sede da cidade, beneficiando
apenas menos da metade da população turiense.
Imagem 20: tubulação já estalada nas ruas de Turiaçú – MA.
Tendo como referência o problema acima ressaltado, a CEPDECMA tem
como sugestão a criação de um sistema de capitação e tratamento de água retirada
da mesma fonte do Paxiba, haja vista que esta é uma fonte perene e menos
contaminada. Este sistema teria o objetivo de abastecer os demais povoados não
contemplados com a obra financiada pelo Governo Federal.
Imagem 21: Fonte do Paxiba.
Para a Sede, sugere-se a perfuração de poços profundos com seus
respectivos reservatórios com capacidade mínima de 5.000 litros. Esta ação tem o
intuito de complementar o Sistema de Distribuição de água que já está sendo
implantada com recursos advindos de convênio realizado entre prefeitura e Governo
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Federal. Vale lembrar que tais poços devem ser perfurados com os devidos estudos
de solo e água captada.
Imagem 22: poço particular perfurado na Sede interligado com
várias casas da rua com seu respectivo reservatório de 5.000
litros.
Outro aspecto a ser analisado é a contaminação dos lençóis freáticos por
dejetos jogados sob a superfície do solo. Grande parte das casas visitadas, tanto na
sede quanto nos povoados, há a presença de fossas sépticas e sentinas bem
próximas aos poços ou cacimbas, fato este que contribui sobremaneira na ingestão
de água contaminada.
Corroborando ao problema supracitado, conforme constatado e repassado
pelo Geólogo da CAEMA enviado ao município, o senhor Afonso Braúna, a cidade
de Turiaçu – MA está localizada em uma laje rochosa que dificulta perfurações
profundas para captação de água. Procedimento este que é o ideal a ser adotado
onde não se conhece a forma de descarte de excrementos tanto humano quanto
animal.
Como sugestão de intervenção, a CEPDECMA propõe a criação de uma
rede de esgoto bem consolidada, principalmente na sede, pois é onde se encontra o
maior contingente de habitantes e, portanto, a maior demanda de água retirada do
subsolo. Com a implantação deste sistema de esgoto o município ganharia tanto na
qualidade da água consumida quanto na minimização de doenças relacionadas ao
contato das pessoas diretamente com o solo infectado, como por exemplo as
verminoses e parasitoses.
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5.2. Temporária
Baseando-se em todos os momentos das viagens realizada ao município de
Turiaçu – MA, tanto na visita às residências, nas conversas feitas com os habitantes
do município, principalmente da Sede, quanto na verificação das rotas de acesso
com os itinerários que foram percorridos pelos técnicos da CEPDECMA, chegou-se
a conclusão que a ação que melhor se encaixaria na realidade da cidade e na
melhoria de vida dos habitantes seria a contratação de empresa de abastecimento
de água por caminhão – pipa.
Imagem 23: Operação Carro – pipa sendo realizada em outros
municípios do Maranhão.
Os moradores do município de Turiaçu – MA estão habituados a receber
água e armazena-la em recipientes e caixas d’águas, pois há muito tempo não
possuem o bem encanado e escorrendo pelas torneiras e chuveiros de suas
residências. Isso contribuiria com a operação a ser realizada, pois não mudaria a
rotina a que os cidadãos estão habituados a realizar nesse primeiro momento de
resposta por parte do Estado. O aspecto que mudaria seria que eles ao invés de
comprar iriam recebem gratuitamente o benefício.
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Imagem 24: Reservatórios utilizados pelos turienses para armazenar água.
A equipe da CEPDECMA constatou, através de pesquisa realizada em
campo e por amostragem, que na sede do município cerca de 82% das pessoas
compram água para o consumo doméstico. Levando essa mesma pesquisa aos
povoados este percentual cai drasticamente para 8%.
Os dados citados acima nos leva a deduzir que a distribuição de água
potável por caminhão – pipa seria mais viável inicialmente nos bairros da Sede.
Além disso, as rotas que compreendem toda a Sede do município são acessíveis e
dão condições para o tráfego de veículos de grande porte, a exemplo dos
caminhões que são costumeiramente utilizados neste tipo de operação.
Imagem 24- Condições das vias de acesso para os bairros (A. CAEMA | B.
Meteorologia.
Segundo informações obtidas do Jornal “A Folha de São Paulo”, o consumo
médio do brasileiro no ano de 2013 foi de 166,3 litros de cada habitante por dia.
Valor este bem acima de aproximadamente 57 litros consumidos por um turiense por
dia em média, número este obtido por estimativa em entrevistas realizadas em todos
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os bairros da Sede. Valor este bem inferior aos 110 litros diários em média que deve
ser consumido tendo como base informações das Organizações das Nações Unidas
– ONU.
5.2.1. Execução da possível Operação
Para efeitos de cálculos na realização da Operação de Distribuição de água
potável por caminhões – pipa, foi levado em conta a capacidade de armazenamento
identificada em cada domicílio pesquisado, bem como a utilização ideal média de
água por indivíduo para higiene e consumo.
A operação se estenderia por um período de 90 dias que é o prazo
compreendido para agir em ações de resposta a desastres, distribuindo 2.000 litros
por semana para cada família. Vale lembrar que o valor de 2.000 litros foi calculado
com base nos relatos dos moradores, de consumo médio, em todos os bairros da
Sede do município.
A Sede possui aproximadamente 13.000 habitantes residindo em,
aproximadamente, 2.600 residências. Sendo distribuídos os 2.000 litros de água em
cada domicílio por semana, no prazo de 12 semanas (compreendendo os 90 dias da
ação) será distribuído um total de 24.000 litros em cada residência, totalizando
aproximadamente 62.400.000 litros em toda a operação.
A CEPDECMA tem como objetivo alcançar todas as residências em uma
semana, período este compreendido de segunda a sábado das 8h30min às 18h,
realizando o revezamento de abastecimento de forma que cada casa receberá água
duas vezes por semana com 1000 litros cada descarrego. Toda a Sede será dividida
em 3 setores composto por seus respectivos bairros, sempre levando em conta a
proximidade e o equilíbrio entre o número de habitantes em cada setor, conforme
mostra tabela a baixo.
DIA /
SETOR SETOR A* SETOR B* SETOR C*
SEG ABASTECIMENTO - -
TER - ABASTECIMENTO -
QUA - - ABASTECIMENTO
QUI ABASTECIMENTO - -
SEX - ABASTECIMENTO -
SÁB - - ABASTECIMENTO
24
*Setor A: Castanhal, Torre, CAEMA, Santa Terezinha, Meteorologia,
Bela Vista e Bem-bem.
*Setor B: Rabelão, Forquilha, Rodoviária e Conjunto Toni Santos.
*Setor C: Canário, Centro, Alto do São Benedito e Piçarreira.
O revezamento será realizado de forma que os habitantes saibam quais dias
terão o abastecimento realizado em seu domicílio. Dessa forma os caminhões – pipa
farão a mesma rota de distribuição a cada 3 dias, assim atenderão toda a Sede
neste mesmo prazo. Em cada segunda-feira será iniciado o ciclo de distribuição,
realizando o fechamento do ciclo na quarta-feira. A partir da quinta-feira serão
refeitos os trajetos de distribuição com fechamento das ações no sábado.
Tendo como referência dados de ações similares realizadas anteriormente
pela CEPDECMA, cada veículo deverá abastecer no mínimo 30.000 litros diários
para posterior distribuição. Assim será vetada a disponibilização, por parte da
empresa contratada, caminhões-pipa com capacidade inferior a 10 m³. Para tanto, o
ideal será a utilização de 30 veículos levando em conta o valor mínimo de água a ser
distribuída.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista todos os dados coletados e analisados pelos técnicos da
CEPDECMA, fica evidente a gravidade da situação em que se encontram os
habitantes do Município de Turiaçu – MA.
A escassez de água potável nesta localidade é notória, e por tal fato a
população padece. Com base no que foi visto, chegou-se à conclusão de que a
administração pública municipal pouco faz para solucionar essa problemática.
Ainda nesse contexto, vale ressaltar que a Sede representa a principal área
de risco identificada e portanto necessita que seja dispensada atenção especial. Isso
se deve ao fato de que a região corresponde a área do município com maior
concentração de habitantes, e por consequência manifesta a maior demanda de
água potável.
Com base neste trabalho, verificou-se a necessidade de intervenção por
parte do poder público estadual com o intuito de mitigar os danos e prejuízos a que
estão submetidos a população turiense.
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O presente relatório foi elaborado com base em visitas técnicas realizadas
pelo 1º Tenente QOCBM Rafael Lima de Araujo, Chefe da Seção Operacional da
CEPDECMA, e o 1º Tenente QOCBM Paulo Breno Santana Sousa, Chefe da
Seção de Resposta e Reconstrução da CEPDECMA.
Rafael Lima de Araujo – 1º Ten QOCBM
Chefe da Seção Operacional/CEPDECMA
Paulo Breno Santana Sousa – 1º Ten QOCBM
Chefe da Seção de Resposta e Reconstrução/CEPDECMA