relatório - cloro ativo em água sanitária - gravimetria
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GRAVIMETRIA
Determinação de cloro ativo em água sanitária
DISCENTES:
Camila Dias Bispo
Laís Gomes Fonseca
Láisa Sodré Silva
Lidiane Martins do Nascimento
Nayara Oliveira Pires
Suzana Silva Porto
Viviane Barbosa Rocha
Vitória da Conquista – BA
Outubro de 2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – UFBAINSTITUTO MULDISCIPLINAR EM SAÚDE
CAMPUS ANÍSIO TEIXEIRA - VITÓRIA DA CONQUISTA/BA
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1. Introdução
A análise gravimétrica caracteriza-se como um método analítico e
quantitativo, que consiste em operações para se determinar a quantidade de
massa de um constituinte original em uma amostra, por pesagem direta do
elemento puro e estável ou de um de seus derivados, cuja composição é bem
definida e conhecida. Por conseguinte, a massa do elemento pode ser
calculada a partir da fórmula do composto e das massas atômicas relativas aos
seus componentes (SKOOG, 2007) (MENDHAM, 2002).
Os métodos para a separação da massa de um constituinte podem
ocorrer por três maneiras: eletrodeposição, volatilização e precipitação. Na
gravimetria por eletrodeposição, ocorre a separação do analito pela deposição
em um eletrodo utilizando a corrente elétrica. Já a gravimetria por volatilização,
o analito é convertido a um gás de composição química conhecida, por meio do
isolamento dos outros constituintes da amostra. Por conseguinte na gravimetria
por precipitação, o analito se transforma em um precipitado pouco solúvel,
após a adição de um reagente precipitante à solução. Em seguida o precipitado
formado é filtrado, lavado para retirar as impurezas, sendo assim convertido a
um produto estável e de composição química conhecida, por meio da secagem
ou calcinação. Por fim, ocorre a pesagem (SKOOG, 2007).
Segundo Skoog et al., Existem fatores que determinam o tamanho das
partículas de precipitados. Os tamanhos das partículas de sólidos formados por
precipitação variam enormemente. Em um extremo estão as suspensões
coloidais, cujas minúsculas partículas são invisíveis a olho nu (10-7 a 10-4 cm
de diâmetro). Estas não apresentam tendência de decantar a partir de soluções
e não são facilmente filtradas. No outro extremo estão as partículas com
suspensão cristalina, onde as dimensões são da ordem de décimos de
milímetros ou maiores, sendo decantadas espontaneamente e facilmente
filtradas (SKOOG, 2007).
Os reagentes precipitantes são importantes na análise gravimétrica, pois
estes iram precipitar o componente que estará sendo analisado, para
posteriormente ocorrem os processos de filtração, lavagem aquecimento e
pesagem da massa. O AgNO3 é um exemplo de reagente seletivo, pois os
únicos íons que ele precipita em meio ácido são Br-, I-, SCN- e Cl-. Este último
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representa o padrão utilizado na prática realizada no laboratório (SKOOG,
2007).
A determinação de Cl- ocorre por precipitação com o Ag+, representada
pela seguinte expressão:
Ag+ + Cl- AgCl(s)
Onde a massa de AgCl formada nos indica a quantidade de Cl- presente
na amostra (HARRIS, 2005).
Para se obter a validação dos métodos analíticos, deve-se ter
conhecimento e considerar os seguintes itens:
¬ Linearidade e faixa de aplicação
A linearidade é a capacidade do método de fornecer resultados
diretamente proporcionais e lineares à concentração da substância sob
investigação, dentro de uma faixa de aplicação (SKOOG, 2007).
¬ Precisão
Representa a dispersão de resultados nos ensaios repetidos,
independentes, de uma mesma amostra, amostra semelhante ou
padrões (MENDHAM, 2002).
¬ Exatidão
É o grau de concordância entre os resultados individuais encontrados e
um valor de referência aceito como verdadeiro (MENDHAN, 2002).
¬ Limite de detecção (LD)
O limite de detecção representa a menor concentração da substância
em exame que pode ser detectada, mas não necessariamente
quantificada (HARRIS, 2005).
O termo “água sanitária” define as soluções aquosas, a base de
hipoclorito de sódio ou cálcio com teor de cloro ativo entre 2,0% p/p a 2,5 p/p.
O pH máximo é de 13,5 para o produto puro e 11,5 para diluído a 1% (p/p). O
prazo de validade, por sua vez é de no máximo seis meses. Este produto
poderá conter apenas hidróxido de sódio ou cálcio, cloreto de sódio ou cálcio e
carbonato de sódio ou cálcio. Não é permitida adição de substâncias corantes,
detergentes e aromatizantes nas formulações (BRASIL, 1994). Apresenta-se
como um sal inorgânico de fórmula molecular NaOCl, massa molar 74,44 g
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mol-1, densidade 1,07 - 1,14 g cm-3 (produto comercial), ponto de fusão 18°C
e ponto de ebulição 101°C. Tem como aparência um sólido branco e é
totalmente miscível em água (CARBOCLORO,2009).
O hipoclorito de sódio é usado diariamente na desinfecção,
branqueamento e limpeza das superfícies, utensílios, ambientes e tecidos em
geral, eliminando bactérias e germes, evitando assim o aparecimento de
doenças causadas por falta de higienização nos ambientes e objetos. Esse
produto também apresenta importante utilidade na indústria de alimentos, como
um meio de assepsia em frutas e legumes no ambiente, podendo ser utilizado
na forma de spray. O uso do cloro para o tratamento da água de consumo
humano é justificado em função do baixo custo, fácil aplicação e ação
antibacteriana em temperatura ambiente por tempo relativamente curto
(BRASIL, 2010).
O produto só pode ter sua comercialização autorizada, ser possuir o
registro na Associação Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Entretanto,
existem marcas clandestinas que não têm a permissão do Ministério da Saúde
para serem comercializados, pois podem apresentar um teor de cloro
informado pelo produto não condizente com o cloro ativo que de fato é
apresentado, não garantindo assim a eficácia suficiente para o consumidor
(ANVISA, 2009).
A concentração de cloro apresentada, quando em níveis menores que o
estabelecido pela legislação, fará com que o consumidor esteja comprando
água quase pura. Ao contrário, caso seja uma solução com cloro ativo muito
elevado, poderá levar a agravos a saúde, pois o cloro em excesso pode se
transformar em gás e entrar em contato com a pele e sistema respiratório
(BRASIL, 2010).
2. Objetivo
Determinação de cloro ativo em água sanitária.
3. Materiais e Métodos
3.1 Materiais
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Vidrarias Reagentes EquipamentosOutros
Materiais
Proveta de 100mL; Água Sanitária Bomba à vácuo Papel filtro
Béquer de 500 mL Água destilada Estufa Pissete
Vidro de relógioÁcido Acético
diluído 1:3 (v/v)
Balança Analítica
Papel Alumínio
Balão Volumétrico de200 mL
HNO3 Conc., 0,01 M
Dessecador Bastão de vidro
Sistema de filtraçãocom Funil de Gooch
HCl diluídoAgitador
magnético
AgNO3 0,1 M
3.2. Métodos
Parte A: Preparo da amostra
1. Transferiu-se 100 mL da amostra para um balão volumétrico de 200 mL;
2. Transferiu-se 25 mL da solução preparada no item 1 para um béquer de 500mL;
3. Adicionou-se 50 mL da solução de KI 10 % no béquer, utilizando a proveta.
4. Adicionou-se ao béquer 100 mL de Ácido Acético 1:3.
Parte B: Precipitação
1. Mediu-se uma alíquota de 50 mL da amostra e colocou-a em béquer de 500 mL;
2. Dilui-se a amostra com 100 mL de água destilada;
3. Adicionou-se 0,5 mL de HNO3 concentrado, misturou-se e em seguida cobriu-se o béquer com vidro de relógio;
4. Forrou-se o béquer com papel alumínio e em seguida adicionou-se a solução 0,1M de nitrato de prata a frio, agitando constantemente;
5. Aqueceu-se essa solução do béquer a quase a ebulição, misturando constantemente;
6. Retirou-se o béquer do aquecimento e deixou o precipitado decantar;
7. Testou-se a completa precipitação do cloreto adicionando poucas gotas de solução de AgNO3 no liquido sobrenadante;
8. Deixou-se o béquer no escuro em repouso por 1 ou 2 horas;
9. Repetiu-se esse procedimento para o outro béquer.
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Parte C: Lavagem e Filtração
1. Lavou-se o precipitado quatro a cinco vezes por decantação, com HNO3 0,01 M a frio e transferiu-se o precipitado para o funil de Gooch, previamente pesado;
2. Procedeu-se a filtração atentando-se para remover todo o precipitado retido no Gooch com HNO3 0,01 M;
3. Foi continuada a lavagem do precipitado agora no cadinho com a solução de lavagem (HNO3 0,01 M) até que o teste da presença dos íons prata fosse negativo. O teste é feito adicionando uma gota de ácido clorídrico diluído.
Parte D: Secagem e pesagem
1. Colocou-se o funil de Gooch contendo o precipitado por 1 hora na estufa a 110ºC;
2. Esfriou-se o funil em um dessecador e em seguida pesou-se;
3. Calculou-se a porcentagem de cloreto na amostra.
4. Resultados e Cálculos
A amostra constitui-se de hipoclorito de sódio (NaClO) e o cloro presente
encontra-se como ânion hipoclorito (ClO-).
NaClO → Na+ + ClO-
O cloro é capaz de reagir com o nitrato de prata, porém não consegue
reagir com o hipoclorito e fez-se necessário converter o cloro livre pela adição
de iodeto de potássio (KI):
ClO- + 2I- + 2H+ → Cl- + I2 + H2O
A adição do ácido acético catalisou a reação, e a solução adquiriu uma
cor avermelhada de maneira instantânea pela presença do iodo.
Para obter o precipitado adiciona-se o reagente AgNO3:
Cl-+AgNo3 → Agcl⇩
Para a determinação da massa de cloreto presente na amostra, utilizou-
se o seguinte cálculo:
Peso do papel filtro: 0,8898g
Peso do cadinho: 31,0431g
Peso do papel filtro com o precipitado: 3,6911
Peso do papel com o precipitado – peso do papel filtro: 3,6911 - 0,8898g =
2,8013g
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AgCl → Ag+ + Cl-
143,5 ______ 35,5
2,8013 ______ x
x= 0,693 g de Cl-
É necessário multiplicar o resultado encontrado pelo fator diluição em
virtude das diluições realizadas.
Fator diluição= volume final_
volume inicial
Diluição 1 = 200/100= 2
Diluição 2= 150/25-6
Diluição 3= 100/50= 2
0, 693 x 2 x 6 x 2 = 16,632
Cálculo para determinar a quantidade de cloro ativo da amostra:
100 ml_____100%
16, 632_____x
X=16,63%
5. Discussão
A determinação do cloro ativo em água sanitária através do método
gravimétrico exigiu inicialmente o preparo da amostra. O processo ocorreu no
intuito de provocar a disponibilização dos íons cloreto. Para tanto ocorreu à
adição do KI (iodeto de potássio) que promoveu a oxirredução do hipoclorito,
para que assim na forma de cloreto, este pudesse reagir e formar o precipitado.
OCl- + 2I- + 2H+→Cl- + I2 + H2O
Esta reação de oxirredução foi acelerada com a adição de um
catalisador, o ácido acético.
O precipitado da reação é do tipo coloidal e como as suspensões
coloidais são estáveis e não coagulam espontaneamente, para a obtenção do
precipitado foi necessária a adição de HNO3 (Ácido Nítrico), que é uma
substância eletrolítica. O efeito líquido da adição de um eletrólito é, por
conseguinte, a redução da camada do contra íon. As partículas podem então
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se aproximar mais uma das outras e sofrer aglomeração. (SKOOG, 2007). A
adição desta substância foi realizada na capela para evitar a volatilização da
mesma.
A adição do reagente precipitante, o AgNO3 (Nitrato de Prata), foi
realizada no agitador magnético, no qual a solução foi submetida a
aquecimento e agitação constante.Estes processos também auxiliaram na
coagulação do precipitado, diminuindo o número de íons adsorvidos, e
consequentemente, a espessura da dupla camada. (SKOOG, 2007)
O precipitado formado a partir dessa reação, o AgCl, é uma substância
que se desproporciona pela ação da luz, por isso para evitar esta reação
indesejável, deve-se recobrir exteriormente o béquer e o vidro de relógio com o
papel alumínio (BACCAN, 2001). Logo após o processo de precipitação
ocorreu à digestão, que é o processo no qual o precipitado é deixado por uma
hora ou mais em descanso na solução mãe. Este processo é importante, pois
melhora a filtração de um colóide coagulado. (SKOOG, 2007)
Após o descanso, o precipitado foi lavado várias vezes por decantação
por ser um processo mais efetivo, reduzindo perdas. A lavagem foi feita com
HNO3, para evitar a peptização, processo no qual um colóide coagulado retorna
ao seu estado original. Este eletrólito se volatilizou quando o precipitado
passou pelo processo de secagem ou calcinação.
No intuito de verificar se ainda existiam íons prata no precipitado foi
realizado um teste, adicionando-se uma gota de ácido clorídrico diluído. Este
teste possibilitou constatar se estes íons foram removidos da solução e se a
mesma estava limpa.
Para acelerar o processo de filtração do precipitado, o mesmo foi
colocado em uma bomba a vácuo, antes de ser levado à estufa.
Durante o processo de secagem, o precipitado foi aquecido de forma
gradual para evitar uma rápida contração do sólido, aprisionando moléculas de
água em seu interior. (BACCAN, 2001)
Segundo o rótulo da água sanitária utilizada, a porcentagem de cloro
presente na mesma é de 2 a 2,5%. Entretanto o resultado encontrado (16,63%)
foi muito elevado. Este resultado reflete um erro, que provavelmente ocorreu
devido ao tempo insuficiente no qual o precipitado ficou na estufa para
remoção de toda água.
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6. Conclusão
A determinação do cloro ativo em água sanitária foi possível por meio das
técnicas de análise gravimétrica, no entanto a porcentagem encontrada foi bem
maior que o indicado no rótulo da água sanitária. O uso das técnicas corretas
garante a acurácia das informações, mesmo sendo o método gravimétrico, um
processo moroso.
7. Referências Bibliográficas
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Saneantes.Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/saneantes/conceito.htm>. Acesso em: 15 out. 2011.
BACCAN, Nivaldo; ANDRADE, João Carlos de; GODINHO, Oswaldo E. S.; BARONE, José Salvador. Química analítica quantitativa elementar. 3. ed., rev., ampl. e reestruturada. São Paulo, SP: Edgard Blücher, 2001. xiv, 308 p.
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BRASIL. Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO). Água Sanitária - Produto e Segurança da Embalagem. Disponível em<http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/agua_sanitaria2.asp>acessado em 15 out. 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 89 de 25 de agosto de 1994. Determina que o registro dos produtos saneantesdomissanitários "Água sanitária" e "Alvejante" categoria Congênere a Detergente Alvejante e Desinfetante para uso geral seja procedido de acordo com as normas regulamentares anexas a presente. Diário Oficial da União. Brasília, 26 ago.1994. Disponível em <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=329&word=#'> Acessado em 16 out. 2011.
CARBOCLORO. Aprenda a utilizar o Hipoclorito de Sódio (HIPO) de maneira correta: otimize seus custos. Disponível em: <http://www.carbocloro.com.br/produtos/hipo/hipo1.htm>. Acesso em: 16 out. 2011.
HARRIS, C. D. Análise Química Quantitativa. 6ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005.
MENDHAM, J. et al. VOGEL: Análise Química Quantitativa. Rio de Janeiro: LTC, 2002.
SKOOG, D. A. et al. Fundamentos De Química Analítica, 8ª Ed. São Paulo-SP. Editora Thomsom Learning, 2007.