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Relatório de Estágio do Mestrado em Contabilidade e Fiscalidade Empresarial Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA Relato Financeiro Visão Atual e Futura Jessica Pereira

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Relatório de Estágio do Mestrado em Contabilidade e

Fiscalidade Empresarial

Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Relato Financeiro Visão Atual e Futura

Jessica Pereira

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

1 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

apresentado no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de

Coimbra (ISCAC) para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de

Mestre em Contabilidade e Fiscalidade Empresarial.

Professora Doutora Cristina Gonçalves Góis

Dra. Angélica Fernandes

Setembro 2013

No domínio empresarial, a informação constitui um “ativo intangível” conducente à criação do conhecimento, fator cada vez mais determinante no desenvolvimento e sucesso das empresas.

(Borges et al., 2002:13)

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

2 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Agradecimentos

A realização deste relatório não teria sido possível sem o auxílio e contributo de

algumas pessoas, às quais quero expressar os meus sinceros agradecimentos.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à minha orientadora de estágio, Professora

Doutora Cristina Gonçalves Góis pelo seu apoio incondicional e disponibilidade, mas sobretudo

pela orientação atenta deste relatório.

Outro agradecimento, ao ISCAC – Instituto Superior de Contabilidade e Administração

de Coimbra por proporcionar mestrados de qualidade e de grande relevo para o mercado de

trabalho, bem como a possibilidade de executar estágios curriculares para término dos

mesmos.

Uma gratidão especial e sincera à minha coordenadora e supervisora de estágio, Dra.

Angélica Fernandes, pela sua ajuda, recetividade e pelos conhecimentos transmitidos durante

o estágio, de modo que me auxiliou nas minhas dúvidas e incertezas.

Ao Grupo Visabeira SGPS, SA. que me acolheu e me proporcionou um local de

aprendizagem, um sincero agradecimento pela oportunidade única de estagiar num grupo

multinacional reconhecido e respeitado tanto a nível nacional como internacional.

Uma palavra de apreço aos entrevistados, Dr. Merciano Caetano, Dr. Paulo Ferraz, Dr.

Filipe Silva e Dra. Angélica Fernandes, por terem respondido de forma esclarecedora e

elucidativa às questões expostas na entrevista.

Por último, não poderia de deixar de agradecer a minha família, amigos e namorado,

pela motivação e incentivo dado ao longo do estágio e durante todo o percurso académico.

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

3 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Resumo

Este trabalho tem por base um estágio curricular no âmbito do Mestrado em

Contabilidade e Fiscalidade lecionado no Instituto Superior de Contabilidade e Administração

de Coimbra (ISCAC). O presente trabalho tem como principal objetivo expor as tarefas

desenvolvidas ao longo do estágio, na empresa “Visabeira – PRO Gestão de Serviços

Partilhados, SA”, pertencente ao Grupo Visabeira, situada em Viseu. Assim como, investigar o

método de relato utilizado pela entidade acolhedora através da recolha de informação por via

de entrevistas a pessoas estrategicamente escolhidas, ligadas diretamente à análise e à

divulgação do relatório anual de contas.

Devido à extrema importância do tema, o trabalho compreende, igualmente, um

enquadramento teórico que se irá debruçar sobre o relato financeiro atual em Portugal com

uma análise às obrigações ligadas à prestação de contas, e sobre as possíveis tendências

futuras de relato empresarial, como por exemplo, a adoção de um relato integrado a nível

mundial sobretudo para as grandes empresas.

Das conclusões deste trabalho importa salientar que a adoção do relato integrado será

uma mais-valia para qualquer grupo económico mas exigirá um compromisso de mudança em

todos os níveis da estrutura organizacional com objetivo de implementar uma filosofia de

divulgação de informação transparente e estrategicamente integrada.

Relato Financeiro, Integrado, Prestação de Contas, Informação e Divulgação, Grupo Visabeira

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

4 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Abstract

This essay is based on a curricular internship developed as part of the Master in

Accounting and Taxation taught in the ISCAC. The main purpose of this essay is revealing the

assignments promoted during the internship in the company Visabeira – PRO Gestão de

Serviços Partilhados, SA, from the Visabeira Group, in Viseu. It also aims to investigate the

report method used by the company, by means of strategic interviews to employees directly

responsible for the financial reporting analysis and disclosure.

Due to the great theme importance, the essay also embraces a theoretical

conceptualization about the Portuguese financial reporting with an examination to the

requirements related with the financial reporting and concerning the new worldwide

tendencies related with the integrated reporting.

From the conclusions of this essay, it is essential to emphasize that the integrated

reporting adoption would be an asset for any business group but it will also claim the

metamorphosis in all the organizational structures levels in order to strength a transparent

disclosure and strategically integrated policy.

Financial and Integrated Reporting, Accountability, Information and Disclosure, Visabeira

Group

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

5 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Índice

Lista de Siglas 9

Introdução 11

Capítulo 1: Apresentação da Empresa e do Estágio 13

1.1. Descrição da Entidade 13

1.1.1. Breve historial 13

1.1.2. Visão, Missão e Valores 15

1.1.2.1. Visão 15

1.1.2.2. Missão 15

1.1.2.3. Valores 16

1.1.3. Apresentação das Sub-holdings 16

1.1.3.1. Visabeira Global, SGPS, SA 17

1.1.3.2. Visabeira Imobiliária, SGPS, SA 18

1.1.3.3. Visabeira Indústria, SGPS, SA 19

1.1.3.4. Visabeira Participações, SGPS, SA 20

1.1.3.5. Visabeira Turismo, SGPS, SA 21

1.1.4. Estrutura Acionista 22

1.1.5. Estrutura Orgânica 23

1.1.6. Análise Financeira 26

1.1.6.1. Recursos Humanos 26

1.1.6.2. Volume de Negócios 27

1.1.6.3. Resultados Líquidos 27

1.2. Apresentação do Estágio 29

1.2.1. Atividades desenvolvidas 30

Capítulo 2. Enquadramento Teórico: Relato Financeiro – Visão Atual e Futura 33

2.1. Prestação de Contas em Portugal 36

2.1.1. Importância da Prestação de Contas 36

2.1.2. Níveis Hierárquicos Normativos 38

2.1.3. Documentos de Prestação de Contas 40

2.1.3.1. Relatório de Gestão 43

2.1.3.2. Demonstrações Financeiras 45

2.1.3.3. Relatório Anual de Fiscalização e Certificação Legal de Contas 48

2.1.4. Dever de Elaboração e Aprovação 50

2.1.5. Utentes da Informação Financeira 52

2.1.6. Características da Informação Financeira 54

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

6 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

2.2. Relato Integrado 58

2.2.1. Importância do Relato Integrado 60

2.2.2. IIRC - International Integrated Reporting Committee 64

2.2.3. Relatório Integrado 67

2.2.3.1. Breve Evolução do Relato 68

2.2.3.2. Diferenças entre relatório tradicional e relatório integrado 70

2.2.3.3. Construção do Relatório Integrado 71

2.2.3.4. Benefícios e Desafios 76

Capítulo 3: Relato do Grupo Visabeira 82

3.1. Processo de Relato da Visabeira 82

3.1.1. Enquadramento Geral 82

3.1.2. Análise Entrevistas 83

3.1.2.1. Contabilidade 85

3.1.2.2. Relato Financeiro 88

3.1.2.3. Funcionamento da Empresa 89

3.2. Visão Futura para a Visabeira 90

Conclusões 97

Referências Bibliográficas 99

Apêndices 106

Apêndice nº 1: Cronologia 107

Apêndice nº 2: Evolução das Ações de 2007 a 2011 111

Apêndice nº 3: Informação financeira dividida por sub-holdings 112

Apêndice nº 4: Modelo de Entrevistas 115

Apêndice nº 5: Estrutura de Participações do Grupo Visabeira 117

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

7 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Índice de Quadros

Quadro nº 1: Níveis Hierárquicos de Normativos Contabilísticos 39

Quadro nº 2: Síntese de prestação de contas 41

Quadro nº 3: Características qualitativas 55

Quadro nº 4: Tendências de Normalização Contabilística 58

Quadro nº 5: Relato Tradicional vs Relato Integrado 70

Quadro nº 6: Dados dos entrevistados 84

Quadro nº 7: Estrutura Entrevista 85

Quadro nº 8: Evolução das Ações de 2007 a 2011 111

Quadro nº 9: Volume de Negócios por Sub-holdings 112

Quadro nº 10: Resultados Líquidos por Sub-holdings 112

Quadro nº 11: Resultados Operacionais por Sub-holdings 113

Quadro nº 12: Ativos Fixos Tangíveis e Ativos Intangíveis por Sub-holdings 113

Quadro nº 13: Inventários por Sub-holdings 114

Quadro nº 14: Participações da Visabeira Global, SGPS 117

Quadro nº 15: Participações da Visabeira Indústria, SGPS 118

Quadro nº 16: Participações da Visabeira Imobilíaria, SGPS 118

Quadro nº 17: Participações da Visabeira Turismo, SGPS 119

Quadro nº 18: Participações da Visabeira Participações Financeiras, SGPS 119

Quadro nº 19: Participações das Associadas 120

Quadro nº 20: Participações das Empresas Conjuntamente Controladas 120

Quadro nº 21: Participações de Outros Investimentos Financeiros 121

Índice de Gráficos

Gráfico nº 1: Percentagens das ações 23

Gráfico nº 2: Pessoal médio contratado por países e por holdings em 2011 26

Gráfico nº 3: Volume de Negócios por países e por holdings em 2011 27

Gráfico nº 4: Resultados Líquidos por países e por holdings em 2011 28

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

8 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Índice de Figuras

Figura nº 1: As cinco sub-holdings 16

Figura nº 2: Estrutura Orgânica do Grupo Visabeira 25

Figura nº 3: Óticas das Demonstrações Financeiras 46

Figura nº 4: Cronologia de divulgações anuais 51

Figura nº 5: Utentes da informação 53

Figura nº 6: Fatores externos do Relato Integrado 63

Figura nº 7: A evolução do relato empresarial 69

Figura nº 8: Princípios Orientadores e Elementos de Conteúdo 74

Figura nº 9: Criação de valor a curto, médio e longo prazo 75

Figura nº 10: As perspetivas do desempenho do negócio 76

Figura nº 11: Benefícios e Desafios 77

Figura nº 12: Departamentos do Grupo Visabeira ligados à Contabilidade 87

Figura nº 13: Fases do processo de relato do Grupo Visabeira 88

Figura nº 14: Análise SWOT do Grupo Visabeira 89

Figura nº 15: Pilares do relato 91

Figura nº 16: Cronologia do Grupo Visabeira 107

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

9 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Lista de Siglas

– Assembleia Geral

– Bases para Apresentação das Demonstrações Financeiras

– Chief Executive Officer

– Caixa Geral de Depósito

– Código do Imposto sobre o Rendimento Coletivo

– Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado

– Comissão do Mercado de Valores Mobiliários

– Código das Sociedades Comerciais

– Código dos Valores Mobiliários

– European Financial Reporting Advisory Group

– Estrutura Conceptual

– Estados Unidos de América

– Financial Accounting Standards Board

– Global Reporting Initiative

– International Accounting Standards

– International Accounting Standards Board

– Informação Empresarial Simplificada

– International Federation of Accountants

– International Financial Reporting Interpretations Committee

– International Financial Reporting Standards

– International Integrated Reporting Council

– International Organization of Securities Commissions

– Instituições Particulares de Solidariedade Social

– Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra

– Modelo 22 do Imposto sobre o Rendimento Coletivo

– Normas Internacionais de Contabilidade

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

10 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

– Normas Contabilísticas das Micro-entidades

– Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro

– Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro para Entidades Setor Não Lucrativo

– Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro das Pequenas Entidades

– Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

– Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas

– Pequenas e Médias Empresas

– Plano Oficial de Contabilidade

– Plano Oficial de Contabilidade Pública

– Regime Especial de Tributação dos Grupos de Sociedades

– Revisor Oficial de Contas

– Responsabilidade Social e Empresarial

– Sociedade Anónima

– Systems, Applications & Products

– Sociedade Gestora de Participações Sociais

– Sistema de Normalização Contabilística

– Sociedade de Revisores Oficiais de Contas

– Técnico Oficial de Contas

– United States Generally Accepted Accounting Principles

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

11 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Introdução

A crise mundial económica e a falta de transparência no seio da comunicação

empresarial vieram ditar a necessidade de uma informação de confiança a ser entregue no

formato certo, no momento certo e com um conteúdo de garantia para responder às

necessidades crescentes dos mercados e dos utilizadores da informação.

A adoção das IFRS (International Financial Reporting Standards), em mais de uma

centena de países, conduziu a uma maior comparabilidade de informação financeira para os

mercados de capitais. No entanto, de um modo geral, inúmeras preocupações crescem sobre o

aumento da complexidade e sobrecarga de divulgação do relato financeiro corrente (KPMG,

2013:4).

Nesta conjuntura, nasce a importância da elaboração de relatórios de elevada

qualidade que poderão incluir informação relevante e prospetiva de cariz estratégico com um

estudo ao modelo de negócio e à gestão de riscos de modo a restaurar a confiança e melhorar

o funcionamento dos mercados de capitais. Portanto, surge um novo paradigma no relato

financeiro que compreende uma interligação real da informação financeira com a informação

não-financeira através do aparecimento do “Relato Integrado – Integrated Reporting”. Este

novo método de relato representa uma evolução emergente na comunicação empresarial e

fornece à organização uma visão a longo prazo virada para o futuro com auxílio das

tecnologias de sistemas de informação altamente qualificados.

“High-quality business reports lie at the heart of strong and sustainable organizations,

financial markets, and economies, as useful information is crucial for the various internal and

external stakeholders who need to make informed decisions with respect to an organization’s

capacity to create and preserve value. “ (IFAC, 2013:4)

O tema “Relato financeiro – Visão Atual e Futura” foi escolhido para contribuir para

uma introdução ao estudo do relato integrado e por se considerar ser um assunto de uma

extrema importância atual devido ao elevado nível de procura de informação verdadeira e

integrada necessária para o exercício da tomada de decisões económicas.

A metodologia utilizada na elaboração do relatório de estágio assenta na recolha de

dados para uma melhor compreensão do funcionamento interno da empresa através da

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

12 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

leitura atenta aos relatórios anuais de contas consolidadas do Grupo Visabeira dos anos de

2007 a 2011 e através da condução de quatro entrevistas semiestruturadas a pessoas

diretamente relacionadas com o processo de relato, bem como, na leitura de bibliografia

relevante que serviu de base de apoio à estrutura teórica do trabalho.

A construção do trabalho está repartida em três capítulos. O primeiro capítulo expõe

uma apresentação da empresa acolhedora do estágio (Visabeira – PRO-Gestão de Serviços

Partilhados, SA) através de uma descrição da história, da visão e missão, da apresentação das

sub-holdings, da estrutura acionista e orgânica, de uma análise financeira aos recursos

humanos, volume de negócio e resultados líquidos do Grupo Visabeira. O primeiro capítulo

descreve ainda as atividades e tarefas desenvolvidas ao longo do estágio curricular para a

obtenção do grau de Mestre em Contabilidade e Fiscalidade Empresarial.

Em relação ao segundo capítulo, são abordadas as visões atuais e futuras do relato

financeiro como um enquadramento teórico do relatório de estágio. A visão atual do relato

financeiro contempla a prestação de contas desenvolvida presentemente em Portugal e é

analisada por diversos pontos, tais como, a importância da prestação de contas, os níveis

hierárquicos normativos, a documentação obrigatória para o exercício da prestação de contas,

os utentes da informação e as diversas caraterísticas da informação financeira. Por outro lado,

a visão futura examina a construção de um relatório integrado reivindicado pelo IIRC

(International Integrated Reporting Committee), bem como as diferenças entre o relato

tradicional e o integrado, os benefícios e os desafios da adoção desse novo modelo de relato.

O terceiro e último capítulo apresenta o processo de relato da Visabeira como uma

vertente mais prática do relatório através de uma análise às entrevistas divididas em três

temas relevantes: Contabilidade, Relato Financeiro e o Funcionamento da empresa. Por fim,

serão equacionadas possíveis propostas para melhorar o processo de relato do Grupo

Visabeira tendo em conta o estudo desenvolvido sobre o relato integrado.

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

13 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

1.1. Descrição da Entidade

Em qualquer relatório de estágio, torna-se imprescindível efetuar uma análise da

entidade acolhedora do estagiário, neste caso trata-se do Grupo Visabeira. Para uma melhor

compreensão da realidade empresarial deste grande grupo económico português será

apresentada uma sucinta resenha histórica, descrição da sua visão e missão, apresentação das

diversas sub-holdings, enumeração dos acionistas e estrutura orgânica do grupo e uma breve

análise financeira.

1.1.1. Breve historial

A Visabeira foi fundada em 1980 na cidade de Viseu pelos irmãos Fernando e Daniel

Nunes, uma empresa com a atuação no setor das telecomunicações e eletricidade oferecendo

serviços de instalação, manutenção e gestão de infraestruturas que rapidamente se tornou

líder do mercado a nível nacional. Num trágico acidente de viação, o sócio Daniel morre e

Fernando continua a atividade agora sozinho.

A evolução do grupo foi marcada pelo crescimento acelerado e expansão, de forma

sustentada, arriscando numa estratégia de diversificação da carteira de negócios e apostando

fortemente na internacionalização, sobretudo para Moçambique e Angola, e, mais, tarde

França, Bélgica, entre outros.

A diversificação pode ser observada devido ao facto do grupo possuir empresas em

vários setores económicos, começando pelo setor terciário de prestação de serviços, passando

pela produção de bens através do setor transformador industrial (secundário) e tendo um

pequeno negócio do setor primário da agricultura. Por ter uma grande multiplicidade de

negócios, podemos afirmar que o grupo Visabeira consegue enfrentar os riscos económico-

financeiros com maior capacidade de resposta porque alcança a amplificação dos pontos

fortes dos negócios com maior sucesso.

A empresa agrega um universo de mais de meia centena de pequenas e médias

empresas espalhadas pelo mundo inteiro, tornando-se assim uma entidade “multinacional,

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

14 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

multissetorial e multidisciplinar”.1 Como tal, comercializa os seus produtos e serviços em

diferentes países distribuídos pelos cinco continentes o que facilita e potencia as relações

económicas através da apresentação de valor acrescentado aos seus clientes e acionistas.

Desde o ano 2008, a Visabeira possui a sua sede em Viseu,

mais propriamente no quarto e quinto andar das modernas

instalações do Palácio do Gelo Shopping, que é considerado um

dos maiores centros comerciais da Península Ibérica.

Atualmente, o Grupo Visabeira existe sob a forma de

sociedade gestora de participações sociais que está dividida em cinco sub-holdings distintas

que agregam as diversas atividades:

- Visabeira Global SGPS;

- Visabeira Indústria SGPS

- Visabeira Turismo SGPS;

- Visabeira Imobiliária SGPS;

- Visabeira Participações SGPS.

As sub-holdings serão apresentadas e explicadas de forma mais detalhada no ponto

1.1.3.

Face a tudo isso, a Visabeira é considerada, presentemente, como dos maiores grupos

empresariais do distrito de Viseu e um dos mais diversificados de Portugal devido à sua

postura empreendedora e reputação de inovadora sobretudo na área de telecomunicações

onde é líder do mercado à mais de trinta anos. Demonstrou ao país que é possível existir uma

grande empresa centralizada no interior e não em Lisboa, que consegue estar na linha da

frente no desenvolvimento e na empregabilidade.

Na mensagem do presidente do Grupo, Fernando Nunes refere que: “um conceito

universal de negócio motivou-nos a diversificar a nossa intervenção e a criar novas

oportunidades de mercado. Desde as telecomunicações à energia, das indústrias cerâmica,

extrativa e transformadora ao turismo e aos serviços até às infraestruturas, o Grupo Visabeira

está ligado a uma multiplicidade de áreas onde tem deixado uma marca de enorme relevância

1 Retirado do site: http://www.grupovisabeira.pt/ na parte de historial

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

15 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

quer para a economia nacional quer para as economias locais.” (relatório anual de contas de

2011, 10)

Para uma análise mais detalhada e uma melhor compreensão da evolução do grupo,

foi colocada nos apêndices (nº 1) a cronologia das aquisições das principais empresas do

grupo, com uma breve descrição de cada negócio e ilustrada com os respetivos logotipos e

imagens alusivas.

1.1.2. Visão, Missão e Valores

O conjunto de aspirações e intenções para o futuro são os princípios fundamentais e

estratégicos que regem qualquer género de sociedade e são designados pela visão e missão.

Segundo Freire (2008:169): “A partir da visão do seu intento estratégico futuro são então

definidas a missão, os objetivos e a estratégia da empresa.”2

De seguida, apresentamos a visão, a missão e os valores do Grupo Visabeira retirado

do Relatório Anual de Contas de 2011.

1.1.2.1. Visão

“Ser um grupo económico de ampla expansão multinacional, procurar a liderança em

todos os setores e mercados onde atua e marcar a diferença pelos conceitos inovadores e

soluções integradas que criam valor para os seus clientes e acionistas.” (Relatório Anual do

Grupo Visabeira, 2011: 4-5)

1.1.2.2. Missão

“Melhorar e inovar continuamente os produtos e serviços que compõem o portefólio

global do Grupo, com o objetivo de exceder as expetativas dos Clientes, através da resposta

antecipada às suas necessidades e preferências, conseguindo assim a sua plena satisfação e

fidelização.

Simultaneamente, assegurar o crescimento dos seus negócios através de uma

consolidação orgânica e de aquisições, otimizando os resultados mediante uma eficiente

gestão de recursos (materiais e humanos), uma aposta constante na valorização dos seus

colaboradores e a constituição de uma rede integrada e vencedora com os seus parceiros.”

2 Negrito do Livro

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

16 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

1.1.2.3. Valores

“O Grupo Visabeira assume como pilares fundamentais da sua atuação, os seguintes

valores:

Estes valores, associados à marca Visabeira, fundamentam o seu posicionamento e

norteiam a atuação de todos os profissionais da organização.”

1.1.3. Apresentação das Sub-holdings

O Grupo Visabeira é constituído por cinco sub-holdings diferenciadas que servem para

agrupar cada área de negócio pertencente ao grupo. As sub-holdings monitorizam as sinergias

resultantes da complementaridade de know-how e de competências que cada empresa

oferece.

Essa divisão pretende criar uma melhor flexibilidade e operacionalidade das diferentes

atividades mas mantendo a própria identidade e filosofia de estratégias de gestão.

Figura nº 1: As cinco sub-holdings

Fonte: Elaboração própria

Criatividade Inovação

Competitividade Dinamismo

Ambição

Telecomunicações Energia Tecnologia Construção

Comércio Residencial Turístico Gestão e Serviços

Cerâmica e Cristalaria Cozinhas Recursos naturais

Trading Saúde Serviços

Hotelaria Entretenimento e lazer Desporto e bem-estar Restauração

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

17 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Iremos abordar cada uma das sub-holdings em isolado identificando meramente as

principais empresas que as compõem e completando a informação com os respetivos

logotipos e algumas imagens alusivas a cada uma delas.

3 1.1.3.1. Visabeira Global, SGPS, SA

A Visabeira Global constitui a maior sub-holding do grupo por apresentar uma elevada

percentagem do volume de negócio do grupo, detém maior diversidade de entidades, o maior

peso a nível de pessoal contratado e uma forte presença multinacional (Portugal,

Moçambique, Angola, França, Bélgica, Marrocos, etc.).

Sendo considerada como o “motor” do grupo por ter uma enorme visibilidade a nível

económico e sendo definida como a “identidade da Visabeira”, a Visabeira Global conjuga a

inovação e sinergia para um melhor impulso estratégico do grupo.

Segundo Paulo Varela (Presidente da Visabeira Global): “A consolidação dos negócios

está a ser acompanhada pela otimização das atividades nas diferentes áreas, bem como pela

expansão para novos sectores, nomeadamente para as energias renováveis, mediante a

aquisição de empresas e estabelecimento de parcerias com players de referência.” (Varela,

2011)

Esta sub-holding agrega quatro modelos de negócios distintos:

construção, instalação, manutenção e comercialização de redes (fixas,

móveis e redes de fibra ótica) e sistemas de telecomunicações através de engenharias de

ponta e sistemas de transmissão com alto nível de qualidade;

construção, instalação e manutenção de infraestruturas de distribuição de energia

elétrica, em redes de alta, média e baixa tensão. Desenvolvimento de soluções, manutenção e

3 Para mais informação: http://www.visabeiraglobal.com/

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

18 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

assistência técnica permanente de infraestruturas de energias renováveis e eficiência

energética (energia fotovoltaica, térmica e eólica);

d

Integração, consultoria e gestão de sistemas com tecnologias de informação e

comunicação. Capacidade de disponibilizar soluções e serviços de elevada complexidade

tecnológica assegurando uma análise de processos continuada e desenvolvimento de software

inovadores.

a

projeto, construção, manutenção ou reabilitação nos vários sectores da

construção civil e obras públicas, tais como, urbanizações, unidades industriais,

empreendimentos turísticos, entre outros.

a

4 1.1.3.2. Visabeira Imobiliária, SGPS, SA

A Visabeira Imobiliária dedica-se à gestão, supervisão e comercialização de bens

imóveis do ramo habitacional e residencial tais como condomínios, empreendimentos, resorts,

urbanizações, apartamentos e moradias.

Atua igualmente nos segmentos dos espaços comerciais, escritórios e centros de

negócios, disponibilizando ao mercado uma oferta global de serviços de manutenção e

administração.

4 Para mais informação: http://www.visabeiraimobiliaria.com/

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

19 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

a

5 1.1.3.3. Visabeira Indústria, SGPS, SA

A Visabeira Indústria consegue uma otimização de sinergias técnicas e profissionais

através da incorporação de unidades especializadas em diferentes áreas de produção

potenciando assim o uso das matérias-primas existentes nas regiões onde se integra. Possui

unidades fabris espalhadas pelo mundo inteiro, nomeadamente, Portugal, Moçambique,

Angola e nos Emiratos Árabes Unidos.

A nível de gestão da qualidade, a maior parte das empresas da Visabeira Indústria são

continuamente premiadas por serem “Marca de Excelência” e certificadas pelos sistemas da

qualidade, o que demonstra a ambição de conquistar padrões de elevada produtividade e

inovação.

Esta sub-holding divide-se em quatro categorias de negócio:

engloba cerâmica utilitária de mesa e forno, porcelana e faianças

decorativa, cristal e vidro. Atualmente é a principal operadora no mercado da cerâmica e do

cristal decorativos e utilitários;

a

especializada na conceção e produção de cozinhas de elevada

qualidade, assentes no design, na funcionalidade e na ergonomia. Considerada líder do

mercado a nível nacional;

5 Para mais informação: http://www.visabeiraindustria.com/

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

20 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

a

relaciona-se com a indústria florestal e com a produção de bioenergia através da

valorização dos resíduos e desperdícios florestais, produção de biocombustíveis sólidos e

produção de soluções no domínio da energia térmica (caldeiras industriais);

a

atuação no sector extrativo de rochas ornamentais (betão, massas

asfálticas, etc.) e transformação e comercialização de granitos e mármores para a construção

civil.

a

6 1.1.3.4. Visabeira Participações, SGPS, SA

A Visabeira Participações concentra empresas estrategicamente selecionadas e revela

três diferentes segmentos de negócio:

importação e exportação de variados produtos (mobiliário, materiais de construção,

equipamentos, viaturas, etc.) e servem de base de fornecimentos às empresas do grupo.

a

6 Para mais informação: http://www.visabeiraparticipacoes.com/

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

21 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

projetos de prestação de cuidados a idosos e parceria de construção de hospital

privado.

a

de assessoria administrativa, financeira e prestação de serviços técnicos altamente

especializadas a todas as empresas do grupo. Integra igualmente uma fundação constituída

por creches e jardim-de-infância e está vocacionada para criar condições de bem-estar e

infraestruturas de apoio às famílias.

a

7 1.1.3.5. Visabeira Turismo, SGPS, SA

A Visabeira Turismo contempla uma multiplicidade de unidades hoteleiras e resorts,

centros de congressos, golfe, centro hípico, restaurantes e espaços de cultura, bem-estar e

desporto. Esta variedade de ofertas marca o posicionamento estratégico da Visabeira

direcionado para a classe média-alta da sociedade e como tal, aposta na excelência dos

serviços e na elegância e sofisticação das instalações. A holding divide-se em três áreas:

uma vasta oferta de unidades hoteleiras e resorts turísticos de quatro e cinco

estrelas situadas em Portugal e em Moçambique, como por exemplo: Montebelo Hotel & Spa,

Casa da Ínsua, Hotel Prince Perfeito, Hotel Palácios dos Melos e Hotéis Girassol Moçambique.

a 7 Para mais informação: http://www.visabeiraturismo.com/

Maqueta Hospital Privado de Viseu Complexo de Saúde Porto Salus em Azeitão

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

22 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

complexos de lazer introduzidos no centro comercial Palácio do Gelo Shopping

Viseu que inclui propostas de entretenimento e bem-estar, tal como, pista de gelo, bar de

gelo, ginásio, spa, piscinas, etc.

a

grande diversidade de propostas gastronómicas e conceitos em restauração

com numerosos serviços de animação e eventos.

a

1.1.4. Estrutura Acionista

Desde 2005, O Grupo Visabeira é detido exclusivamente por três acionistas:

- Um privado (Engenheiro Fernando Campos Nunes), chairman do grupo, detém a titularidade

da maior percentagem do capital social (78%), obtendo assim o controlo;

- Duas entidades do setor público empresarial:

* Caixa Capital – Sociedade de Capital de Risco, SA

* AICEP Capital Global – Sociedade de Capital de Risco, SA

O gráfico seguinte apresenta a exigência de publicidade de participações dos membros

dos órgãos de administração referente aos artigos 447º e 448º do Código das Sociedades

Comerciais acerca do ano de 2011.

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

23 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Gráfico nº 1: Percentagens das ações

Fonte: elaboração própria com base no relatório anual de contas de 2011 p. 91

O ano de 2008 foi marcado pela intenção de abrir o capital para o exterior com a

entrada na bolsa de valores de uma das sub-holdings (Visabeira Global) mas a crise económica

e a instabilidade dos mercados financeiros obrigou a adiar essa intenção para alguma ocasião

mais oportuna e estável.

Segundo uma entrevista8 de Paulo Varela ao Jornal de Negócios (2012:11), refere que:

“Dispersar capital em bolsa já não é um dos objetivos da Visabeira. Chegou a ser equacionada

a entrada em bolsa, mas no contexto atual “não vemos grande benefício disso. Se o tivéssemos

feito, estaríamos a sofrer as consequências das cotadas. Não penso que tenhamos perdido

muito”. Não fecha, em definitivo, a porta numa conjuntura melhor. “Não vamos estar sempre

em crise”.”

A análise da composição das ações poderá ser examinada com mais pormenor através

das tabelas inseridas nos apêndices (nº 2) que revelam a evolução das aquisições das ações e

respetivas percentagens.

1.1.5. Estrutura Orgânica

Referente à estrutura orgânica da Visabeira, podemos asseverar que cada empresa

pertencente ao grupo tem a sua própria organização de gerência e que cada sub-holding é

representada e dirigida por um conselho de administração distinto que pode variar entre elas,

isto permite que exista uma gestão estratégica diferenciada de sub-holding por sub-holding.

8 Entrevista “Paulo Varela, Presidente executivo da Visabeira” do Jornal de Negócios do dia 23.01.2012

78%

12%

5% 5%

% de ações detidas

Fernando Campos Nunes

Caixa Capital, SA

AICEP Capital Global, SA

Grupo Visabeira (ações próprias)

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

24 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Igualmente em cada sub-holding, verifica-se a representação dos outros dois acionistas

do grupo (Caixa Capital Sociedade de Capital de Risco, SA (grupo CGD) e AICEP Capital Global

Sociedade de Capital de Risco, SA).

No topo organizacional da Visabeira, o conselho de administração é presidido pelo

chairman (Engenheiro Fernando Campos Nunes) que ocupa a posição superior da hierarquia

da organização e é responsável por definir as linhas estratégicas do futuro do grupo, assim

como mediar a comunicação de forma transparente e eficaz entre os outros acionistas e os

stakeholders. É considerado como um empreendedor nato, sempre atento a novos

investimentos e mercados.

Paulo Varela, CEO (Chief Executive Officer) do Grupo Visabeira e presidente da

Visabeira Global, é responsável pela execução das diretivas propostas pelo conselho de

administração, desenvolve e garante que as estratégias delineadas serão de facto aplicadas e é

o representante do grupo nos eventos nacionais e internacionais e nos negócios do grupo.

O fiscal único, Ernst & Young Audit & Associados, SROC,SA, é

considerado das melhores consultoras a nível mundial e efetua as

auditorias externas ao grupo e a várias empresas do grupo. A figura

subsequente apresenta os nomes dos órgãos de administração integrados na estrutura

orgânica do Grupo Visabeira e das respetivas sub-holdings referentes ao ano de 2011.

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

25 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Figura nº 2: Estrutura Orgânica do Grupo Visabeira

Fonte: Elaboração Própria com base no relatório anual de contas do ano de 2011 p. X

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

26 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

1.1.6. Análise Financeira

Em virtude da ampliação continuada da esfera de atuação e da expansão como chave

de sucesso estratégico, torna-se imprescindível efetuar uma análise financeira, não exaustiva,

baseada nos três indicadores que consideramos mais importantes (recursos humanos, volume

de negócios e resultado líquido) para ajudar na perceção da saúde económico-financeira do

Grupo Visabeira. O breve estudo será realizado com base nos vários indicadores inseridos nos

relatórios anuais de contas de 2007 a 2011.

1.1.6.1. Recursos Humanos

Ao nível de recrutamento, a Visabeira é considerada uma das maiores empregadoras

na zona centro do país e promove a emigração para as suas empresas fora do país

principalmente para Moçambique e Angola.

Em 2011, o grupo empregava mais de 6.500 pessoas espalhadas nos diversos sectores

de atividade e nos mais variados países onde atua, o que corresponde a um acréscimo na

ordem dos 64% em relação a 2007.

Segundo os gráficos seguintes, podemos comprovar que grande parte das pessoas

empregadas trabalham em Portugal (59%) maioritariamente na região de Viseu e em

Moçambique (26%) sendo considerado como o maior empregador estrangeiro. Por outro lado,

laboram nas áreas operacionais de telecomunicações e construções (Visabeira Global: 37%) e

setor transformador e industrial (Visabeira Indústria: 35%).

Gráfico nº 2: Pessoal médio contratado por países e por holdings em 2011

Fonte: Elaboração Própria com base no relatório anual de contas do ano de 2011 p. X

59% 26%

11%

4% 1%

Por Países

Portugal

Moçambique

Angola

França

Bélgica

37%

35%

11%

7%

10%

Por Holdings

Global

Indústria

Turismo

Imobiliária

Part. Financeiras

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

27 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

1.1.6.2. Volume de Negócios

Fernando Campos Nunes expõe na mensagem do presidente9 que apesar da situação

difícil que atravessamos a nível mundial, o Grupo Visabeira continuou a crescer, sendo o ano

2011, o melhor de sempre desde a sua fundação a nível do volume de negócios, o que

demonstra bem o esforço, dedicação e desempenho do grupo.

Em 2011 e perante a atual conjuntura económica, o volume de negócios em termos

consolidados elevou-se em mais de 522 milhões de euros que equivale a um excedente de 52%

em relação ao ano de 2007. Em termos da área geográfica, foram as empresas portuguesas

(72%) que contribuíram mais para o volume de negócios e a Visabeira Global (72%) em relação

à distribuição por holdings como se pode verificar no gráfico que se segue.

Gráfico nº 3: Volume de Negócios por países e por holdings em 2011

Fonte: Elaboração Própria com base no relatório anual de contas do ano de 2011 p. X

1.1.6.3. Resultados Líquidos

No ano de 2011, embora o volume de negócios seja consideravelmente maior do que

nos outros anos, o mesmo não acontece com os resultados líquidos (menos de 68% em relação

a 2007).

Os resultados líquidos consolidados atingiram o valor de mais de 18 milhões de euros,

muito desse lucro devido ao superavit da Visabeira Turismo e das empresas que operam em

9 Relatório Anual de Contas de 2011, p.11.

0%

50%

100%72%

10% 8% 10% 1%

Por Países

0%

50%

100% 72%

18% 6% 1% 3%

Por Holdings

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

28 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Portugal. Destaque para a Visabeira Participações Financeiras que contribui negativamente em

quase 300% como consta no gráfico seguinte.

Gráfico nº 4: Resultados Líquidos por países e por holdings em 2011

Fonte: Elaboração Própria com base no relatório anual de contas do ano de 2011 p. X

A título de conclusão10 desta análise, podemos assegurar que em cenário de crise

nacional e internacional do período em análise, o grupo tem-se demonstrado estruturado e

habilitado a enfrentar quaisquer contextos macroeconómicos instáveis e adversos. Este facto

permite garantir uma posição segura num mercado em constante mutação, bem como um

crescimento sustentado.

Note-se que uma análise financeira alargada e completa exigiria um exame aos

documentos contabilísticos financeiros, estudos aprofundados sobre a decomposição dos

rendimentos, gastos, ativos, passivos e capitais próprios, assim como elaboração de rácios e

respetivos comentários, que visam examinar a situação financeira e a rendibilidade da

empresa.

10 Como forma de complementar a análise financeira, colocamos em anexo vários quadros que

reportam os indicadores distribuídos por holding e por país de intervenção e indicadores do pessoal contratado (ver apêndice 3) que serviram de base aos gráficos supramencionados.

0%

30%

60%57%

27%

10% 6%

1%

Por País

-400%

-200%

0%

200%

400%

81% -5%

323%

-7%

-292%

Por Holdings

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

29 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

1.2. Apresentação do Estágio

Para a obtenção do grau de Mestre em Contabilidade e Fiscalidade Empresarial do

ISCAC, a modalidade “estágio” é considerada como uma das opções mais adequadas para a

integração com o mundo do trabalho e para que o aluno consiga aplicar na prática os

conhecimentos técnico-científicos adquiridos ao longo do percurso académico. O estágio

oferece a possibilidade de aprendizagem no panorama sociocultural do contexto empresarial,

sob a responsabilidade e coordenação da instituição de ensino, através da orientadora

científica e com a orientação técnica realizada pela supervisora do estágio na entidade

acolhedora.

Devido à multiplicidade de funções exigidas ao profissional, o estágio proporciona um

reforço à diversidade de conhecimentos no decorrer das diferentes funções exercidas pelo

estagiário. Para além da aquisição da primeira experiência profissional, o estágio proporciona

uma melhor adaptação às exigências do mercado laboral atual, facilitando assim, uma futura

inserção no mundo do trabalho.

O estágio não engloba somente a componente prática, mas também uma componente

teórica que se consubstancia na concretização de um relatório de estágio apresentado no final

do mesmo.

A escolha da empresa recaiu no Grupo Visabeira por ser das poucas empresa na região

de Viseu a possuir o serviço de contabilidade integrado na própria entidade, por ter uma

grande diversidade de empresas com os mais variados modelos de negócios o que possibilita a

aprendizagem mais completa da contabilidade e fiscalidade, por ser dos maiores grupos

económicos a nível nacional e por beneficiar da particularidade de ser uma sociedade gestora

de participações sociais.

Assim sendo, o estágio realizou-se no departamento de contabilidade situado na sede

(Palácio do Gelo Shopping, Viseu) do Grupo Visabeira, mais propriamente na empresa

Visabeira PRO Gestão de Serviços Partilhados, SA que se integra na sub-holding Visabeira

Participações. A entidade presta serviços de contabilidade, acompanhamento dos negócios,

gestão de recursos humanos, controlo de gestão, entre outros serviços administrativos, a

praticamente todas as empresas do grupo.

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

30 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

O estágio teve início no primeiro dia de Outubro de 2012 e terminou no dia cinco de

Abril de 2013, ou seja, uma duração de aproximadamente sete meses (960 horas). Em relação

à frequência diária, foram executadas oito horas por dia (das 9h às 12h30 e das 14h às 18h30)

sob a supervisão da coordenadora do departamento de contabilidade, Dr.ª Angélica

Fernandes.

Para uma melhor ênfase às experiencias vivenciadas, serão apresentadas as atividades

desenvolvidas ao longo estágio no ponto seguinte.

1.2.1. Atividades desenvolvidas

Numa fase inicial, foi desenvolvido uma visita guiada às instalações da empresa

passando particular atenção ao departamento da contabilidade. Para o efeito, foi efetuada

uma breve apresentação da equipa ligada diretamente ao serviço da contabilidade e uma

explicação do funcionamento e regras de comunicação da empresa. Como método de

avaliação, foi disponibilizado um caderno para poder efetuar anotações diárias às atividades

desenvolvidas e uma folha de frequência para apontar as horas de trabalho executadas.

Na primeira semana de estágio, foi facultada formação para uma aprendizagem dos

procedimentos contabilísticos de lançamento de faturas de fornecedores, fundos de maneio e

caixas na secção de revisão e conferência de tarefas periódicas contida no departamento de

contabilidade. Foi igualmente concedido noções básicas acerca do programa informático SAP

(Systems, Applications & Products) utilizado nos processos contabilísticos. Observa-se uma

enorme facilidade de compreensão das funcionalidades e componentes integrantes no

programa SAP (a empresa SAP é líder a nível mundial em aplicações empresariais).

Ainda numa fase introdutória, foi possibilitada uma aprendizagem das tarefas

periódicas de cada contabilista, das particularidades de cada empresa a nível de impostos e

das principais tarefas de encerramento mensal.

As tarefas periódicas (concretizadas mensalmente) dos contabilistas consistem em

realizar reconciliações bancárias através do programa informático “XRT Sage FRP Treasury”;

em especializar os documentos e atualizações cambiais por meio de procedimentos

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

31 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

automáticos do software SAP; em analisar regularmente as contas correntes de clientes,

fornecedores, impostos e adiantamentos; em apurar e contabilizar periodicamente todos os

impostos; e em lançar situações específicas como por exemplo: ajudas de custo, rendas,

comissões, etc. (todas as situações que não sejam faturas de fornecedores).

Numa segunda parte, depois da aprendizagem dos procedimentos gerais utilizados no

departamento de contabilidade, foi requerido a ajuda em determinadas tarefas que

precisavam de mais auxílio. Uma delas foi coadjuvar nas análises dos saldos inter-grupo para

uma verificação atenta das diferenças entre as relações de participações com saldos de

clientes, fornecedores, empréstimos recebidos e concedidos por acionistas e outros devedores

que aplicam o RETGS (Regime Especial de Tributação dos Grupos de Sociedades). Essas

análises tiveram como principal objetivo a iniciação de adaptação ao programa SAP e da

realidade prática e profissional da empresa.

De seguida, foi solicitado apoio nos lançamentos contabilísticos dos caixas dos vários

hotéis moçambicanos intitulados “Unidades Girassol” da empresa Turvisa. Esses lançamentos

consistiam em debitar a conta bancária e em creditar as múltiplas contas de caixas

correspondentes a restaurantes, receção e bares integrados nos respetivos hotéis.

Por último, foi requerido ajuda nas reconciliações bancárias das empresas

pertencentes ao Grupo Vista-Alegre Atlantis, na qual foi facultada a oportunidade de

aprendizagem mais aprofundada do programa XRT. Programa esse que possibilita a

visualização do extrato bancário diário. A reconciliação bancária é considerada um

ajustamento entre os movimentos registados no extrato bancário e os movimentos registados

na contabilidade, tendo em vista a obtenção de um saldo reconciliado igual, precedendo as

correções das diferenças entre estas duas realidades.

A experiência de estagiar num grupo empresarial de renome revelou-se extremamente

gratificante, não só por ter permitido um contacto com a realidade profissional de uma grande

quantidade de empresas com realidades diferenciadas, mas também por ter proporcionado

uma aprendizagem de diversas tarefas ligadas à contabilidade e fiscalidade.

Como forma de conclusão, considerou-se o balanço do estágio como muito positivo,

tanto ao nível do acolhimento caloroso por toda a equipa de profissionais ligados à

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

32 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

contabilidade, assim como pela disponibilidade, interesse e cooperação em responder às

dúvidas e incertezas suscitadas ao longo do estágio.

Imagens alusivas aos escritórios onde foi concretizado o estágio

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

33 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

“Num mundo cada vez mais interconectado e complexo, em que os efeitos se propagam

rapidamente à escala global, que as boas práticas de relato assumem o seu papel para a transparência,

a credibilidade e a sustentabilidade das sociedades.” (Araújo et al., 2011: 28)

Com efeitos duma evolução progressiva acerca da normalização contabilística, como

evidenciado no Decreto-Lei 158/2009, um novo paradigma de relato nasce devido às

profundas alterações ocorridas nos últimos anos devido a um conjunto de resultados

económico-financeiros em consequência de:

- Concentrações de atividades empresariais a nível nacional, europeu e mundial;

- Desenvolvimento de grandes espaços económicos: “União Europeia”, “NAFTA”, “MERCOSUL”,

“Sudeste Asiático”;

- Regionalização e globalização dos mercados financeiros e das bolsas de valores;

- Liberalização do comércio e globalização da economia;

- Internacionalização das empresas, criação de subsidiárias, fusões, aquisições,

empreendimentos conjuntos e aliança estratégicas.

Neste âmbito e a nível comunitário, evidencia-se um grande progresso e esforço na

regularização da contabilidade, e como tal, o Parlamento e o Conselho Europeu publicou o

Regulamento (CE) nº. 1606/2002, de 19 de Julho, com vista a estabelecer a adoção e a

utilização, a partir do ano de 2005, de um conjunto de normas internacionais de

contabilidade11 para as sociedades cujos valores mobiliários estejam admitidos à negociação

num mercado regulamentado no intuito de assegurar um funcionamento eficiente e eficaz dos

mercados de capitais na União Europeia (Araújo et al., 2011). Esse processo de

homogeneização da contabilidade tem como principais objetivos a universalidade da

linguagem, como por exemplo, na mensuração dos ativos e passivos efetuados pelos mesmos

critérios e a comparabilidade da informação para que um investidor possa avaliar uma

entidade independentemente do seu enquadramento económico, financeiro e social (Soares,

2010:15).

11

IAS - International Accounting Standards, IFRS – International Financial Reporting Standards e IFRIC – International Financial Reporting Interpretations Committee emanadas do IASB- International Accounting Standards Board

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

34 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

A nível nacional, um novo enquadramento jurídico-contabilístico surge por meio do

SNC – Sistema de Normalização Contabilística – que veio, a partir de Janeiro de 2010, substituir

o POC – Plano Oficial de Contabilidade – por se demonstrar ser incapaz de acompanhar e dar

resposta às crescentes exigências de relato financeiro. Portanto, o SNC emerge da necessidade

de realizar uma aproximação aos modelos de relato internacionais (em sintonia com o IASB e

compatível com as Diretivas Comunitárias) em matéria de normalização contabilística e visa

atender às diferentes exigências de relato financeiro (Lopes, 2013:21). Esse alinhamento com

os melhores padrões internacionais em matéria de ciência contabilística eram inevitáveis,

sobretudo, para eliminar a dupla contabilidade nas empresas cotadas e para suprimir a

existência de diferentes normativos com propósito de uma melhor comparação das situações

financeiras das inúmeras empresas a nível mundial (Soares, 2010:18).

A necessidade de aplicação do SNC veio revolucionar os objetivos da contabilidade em

Portugal, alterando a visão do simples cumprimento fiscal e passando agora a contribuir para a

transparência e comparabilidade das demonstrações financeiras no contexto internacional,

fornecer informações relevantes aos investidores, por forma a aumentar a confiança nos

mercados financeiros, concorrer para que a contabilidade seja mais útil em termos de gestão e

de avaliação de desempenho das empresas (Soares, 2010:25 a 27). Importa, ainda, salientar

que existem vantagens significativas com a implementação do SNC, sobretudo no que diz

respeito ao relato financeiro mais moderno, à possível redução do risco de informação devido

ao aumento da transparência através de uma política de divulgação de informação bastante

detalhada, à potencial melhoria da organização interna e ao potencial facilitador de negócios

atendendo à linguagem “internacionais” (Cravo et al., 2009:47).

Obviamente que não se pode falar da evolução do relato financeiro sem se falar da

influência que as tecnologias da comunicação tiveram no seguimento da universalização da

informação. Cravo et al. (2009:17) refere que o processo globalizador tem sido possível mercê

do desenvolvimento exponencial das tecnologias de informação, tecnologias estas que

assumem uma tal importância que levaram a que alguém tivesse já afirmado que “a

globalização é filha das tecnologias de telecomunicação”. Os mesmos autores mencionam

ainda que o conceito de oportunidade da informação permitiu a utilização de novas

plataformas de difusão que obrigam a revisão dos formatos habitualmente utilizados para a

divulgação da informação financeira. Na verdade, os diversos utentes estão hoje cada vez mais

exigentes no que se refere à utilidade da informação, o que implica o desenvolvimento de

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

35 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

sistemas cada vez mais sofisticados que permitem disponibilizar informação

independentemente do tempo e do espaço (Lopes, 2013:28).

De facto, podemos epilogar que, nas últimas décadas, os fenómenos de expansão dos

mercados de capitais, da globalização da economia, das crises económicas internacionais e da

harmonização contabilística mundial vieram aumentar e direcionar a importância da

normalização das regras de relato financeiro com vista à satisfação da necessidade

informacional para a tomada de decisão atempada e consciente, mas também ao aumento do

interesse em proporcionar informação não financeira (relato ambiental, social e governo das

sociedades) para colmatar as lacunas das informações financeiras.

Como as crescentes exigências informativas e em consequência de tudo que foi

afirmado anteriormente, a escolha do tema de investigação no âmbito da atividade

desenvolvida no estágio foi direcionada para o relato financeiro por ser ponderado como um

argumento de profunda importância a nível contabilístico e económico, de constante alteração

legislativa e de extrema atualidade. No tema em análise foi abandonada a evolução histórica

da normalização contabilística por ser considerada muito debatida em inúmeras teses de

mestrados e doutoramentos e outros trabalhos científicos, e por ter uma enorme vontade de

elaborar um trabalho acerca do futuro próximo das tendências de relatórios financeiros,

contribuindo para a discussão dum tema imergente no mundo contabilístico atual.

O enquadramento teórico está dividido em dois subcapítulos para segregar as diversas

matérias possíveis de abordar no tema de relato financeiro. O primeiro descreve a regulação

vigente em Portugal sobre a prestação de contas (visão atual do relato financeiro) e o segundo

explica a definição do que significa o relato integrado (visão futura do relato financeiro).

Em virtude de existência de inúmeras matérias ligadas ao relato financeiro, o âmbito

do estudo excluí as divulgações exigidas pelo Banco de Portugal (no âmbito das suas funções

de regulamentação e supervisão das instituições de crédito) e pelo Instituto de Seguros de

Portugal (no âmbito das suas funções de regulamentação e de supervisão de atividade

seguradora, resseguradora, mediação de seguros e de fundos de pensões). O referencial

contabilístico relaciona-se somente com as normas SNC (ignorando a NCM – Normas

Contabilísticas das Micro-entidades, a NCRF-PE – Normas das Pequenas Entidades e as normas

relativas ao setor administrativo do Estado sujeito ao Plano Oficial de Contabilidade Pública -

POCP). Não contempla ainda o caso particular da prestação de contas na dissolução e

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36 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

liquidação de sociedades (artigos 141 a 165 CSC) e a informação prestada ao fisco divulgada no

dossier fiscal.

2.1. Prestação de Contas em Portugal

O esclarecimento do significado da “prestação de contas” conquista, cada vez mais,

um patamar de grande interesse devido às preocupações acrescidas dos profissionais das

áreas de gestão e contabilidade para as diferentes problemáticas atuais, como por exemplo, o

cumprimento das reivindicações de divulgações inseridas pelo SNC e pelo aumento

significativo e qualitativo do relato financeiro exigido às empresas.

Esta temática tem merecido uma crescente atenção por parte de inúmeros organismos

nacionais e internacionais, entre os quais se destacam a OCDE pelas orientações à cooperação

económica internacional e outras instituições que regulam as matérias associadas ao relato

financeiro correspondente a cada espaço geográfico (Araújo et al., 2011:27).

Como tal, iremos explicar a importância da prestação de contas em Portugal nas

sociedades comerciais, quais são os diversos documentos obrigatórios no relato, os

interessados pela informação e as características fundamentais da informação financeira.

2.1.1. Importância da Prestação de Contas

Antes de abordar o tema de prestação de contas propriamente dita, é necessário fazer

referência ao direito dos sócios (nas sociedades por quotas) e dos acionistas (nas sociedades

anónimas) à informação, mediante determinadas condições previstas na lei, prestada pelos

órgãos de gestão e de administração respetivamente. Esse direito, previsto na legislação

comercial portuguesa há mais de um século, é inderrogável (Tiago et al., 2000:15). Para as

sociedades anónimas, o direito à informação encontra-se consagrado nos artigos 288º a 293º

do Código das Sociedades Comerciais (CSC) e para as sociedades por quotas, nos artigos 214º a

216º do CSC. Deve-se alertar ainda, que os membros dos órgãos de administração ou do órgão

de fiscalização incorrem em crime, e podem ser punidos, quando omitam informações ou

recusem ilicitamente a prestação de informação aos sócios, nos termos do que dispões os

artigos 518º e 519º do CSC (Tiago et al., 2000:88).

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37 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Em relação à prestação de contas, ela pode ser designada como a avaliação,

documentação e divulgação da situação patrimonial, bem com das alterações patrimoniais das

empresas num determinado exercício económico, com o objetivo de informar todos os

terceiros e os próprios prestadores de contas (Araújo et al., 2011:29). O dever de relatar da

gestão e de prestar contas usufrui da primordial finalidade de apreciação anual da situação da

sociedade e está consagrado no artigo 65º do CSC12. O presente artigo afirma que: “Os membros

de administração devem elaborar e submeter aos órgãos competentes da sociedade o relatório da

gestão, as contas do exercício e demais documentos de prestação de contas previstos na lei, relativos a

cada exercício anual.”

Mas também, a alínea nº 4 artigo 18º do Código Comercial refere que os comerciantes

(pelo artigo 13º do mesmo código, os comerciantes são as pessoas que praticam atos de

comércio como profissão e sociedades comerciais) são especialmente obrigados “a dar

balanço e prestar contas”. Essa obrigatoriedade de elaborar balanço, assim como os restantes

documentos de prestação de contas, visam satisfazer, entre outros objetivos, direitos

inderrogáveis dos sócios perante a sociedade (segundo os 20º a 24º CSC), como por exemplo,

direitos a quinhoar nos lucros, de informação, de participação nas assembleias gerais, de voto,

entre outros direitos dos sócios previstos na lei (Tiago et al., 2000:73). Contudo, o direito à

informação e o direito ao lucro (montante dos resultados do exercício a distribuir) aparenta

relacionar-se mais com a problemática da prestação de contas, não obstante dos outros

direitos estarem subjacentes ao processo de elaboração e aprovação dos documentos de

prestação de contas (Tiago et al., 2000:74).

Para além da visão do direito societário torna-se evidente complementar a informação

com a visão contabilística e de relato dos procedimentos de prestação de contas. Segundo o

Bastonário da OTOC (Azevedo, 2011): “Apresentar contas, dar a conhecer o estado económico e

financeiro das empresas, embora numa primeira mão aos interessados no capital, deixou de ser uma

tarefa de carácter interno e passou a ser uma necessidade de carácter geral. ” O presente autor

menciona ainda que, a importância acrescida do conhecimento do estado económico e

financeiro das empresas, que é dado pelos vários documentos e pelo relato completo e

esclarecido da apresentação de contas, importa não só aos interessados diretos nos resultados

obtidos, mas também aos interessados numa ótica de sustentabilidade e de continuidade das

empresas.

12

Aprovado pelo Decreto-Lei nº 262/86, de 2 de Setembro

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

38 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

É de todo o relevo fazer igualmente uma alusão ao membro executivo da Comissão de

Normalização Contabilística, que refere: “Prestar contas da gestão efetuada aos ativos e negócios é

uma nobre atitude, uma prática civilizada e uma exigência consagrada há mais de um século no nosso

ordenamento jurídico-empresarial. Incluir nessa prestação de contas informação financeira verdadeira,

relevante e fiável é um desiderato há muito prosseguido pelos referenciais contabilísticos. Fazer

contabilidade não apenas com o propósito de registar factos patrimoniais, mas também e cada vez mais

com objetivo de relatar informação para os vários interessados na vida das empresas, constitui uma

evolução decisiva no paradigma profissional que o SNC veio trazer.” (Cipriano, 2011)

De salientar que o Código das Sociedades Comerciais faz alusão à obrigatoriedade de

elaboração dos documentos de prestação de contas sem os identificar. Sabe-se no entanto,

que pela adoção do SNC, a partir de 2010, são identificados quais os documentos de prestação

de contas a preparar e quais os tipos de sociedades que têm necessidade de os elaborar

(assuntos abordados nos pontos seguintes).

A importância da prestação de contas pode ser medida através do aumento da

necessidade de informação empresarial transparente, credível e tempestiva, como forma de

bom funcionamento e sustentabilidade dos mercados e da estabilidade da tomada de decisões

dos agentes interessados com base nas informações disponíveis (Araújo et al., 2011:27).

Portanto, conseguimos provar que a obrigação subjacente da prestação de contas visa

satisfazer o direito de informação dos sócios, em primeira mão, mas também dos demais

interessados na informação financeira.

2.1.2. Níveis Hierárquicos Normativos

O processo dinâmico de adaptação aos novos procedimentos normativos

contabilísticos comunitários, e em consequência da aprovação do SNC, adveio uma revolução

na organização hierárquica normativa. Nesse processo de adaptação das normas

internacionais de contabilidade (NIC) houve a preocupação de eliminar tratamentos pouco ou

nada aplicáveis à realidade nacional e evitar níveis de exigência informativa porventura

excessivos (Araújo et al., 2011:57).

Neste contexto, a esfera jurídica nacional assenta em quatro diferentes níveis de

referenciais contabilísticos com propósito de indexação a critérios de dimensão e de exigências

de relato a cada tipo de empresa (Lopes, 2013:32). Apesar de certas críticas sobre a excessiva

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

39 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

diversidade normativa, o referido autor julga que a descriminação positiva ao nível do relato

financeiro potencia a atividade económica ao simplificar procedimentos e imposições legais,

isto é, o relato surge adequado às necessidades dos utilizadores da informação, melhorando a

qualidade dessa informação (Lopes, 2013:37).

No quadro seguinte é sintetizado de que forma estão atualmente estruturados em

Portugal os diferentes níveis hierárquicos de normativos contabilísticos do setor empresarial.

Quadro nº 1: Níveis Hierárquicos de Normativos Contabilísticos

Enquadramento legal: Regulamento (CE) nº. 1602/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Julho, transposto para o ordenamento interno pelo Decreto-Lei nº 35/2005, de 17 de Fevereiro.

Referencial Contabilístico Aplicável: as NIC (IAS) e NIRF (IFRS) adotadas na União Europeia bem como as respetivas interpretações (SIC/IFRIC).

Aplicação: entidades emitentes de valores mobiliários admitidos à negociação num mercado regulamentado ou entidades integradas no perímetro de consolidação e optam por este nível de normalização. Desde que dois dos três elementos sejam ultrapassados:

- volume de negócios: 15.000.000€; - total do balanço: 7.500.000€; - nº de trabalhadores: 250 (número médio durante o exercício).

Enquadramento legal: Decreto-Lei nº. 158/2009, de 13 de Julho.

Referencial Contabilístico Aplicável: conjunto completo das 28 NCRF.

Aplicação: considerado como o regime geral do SNC e é aplicável à generalidade das empresas não financeiras que não façam parte de grupos económicos.

Desde que ultrapassem dois dos três limites seguintes: - volume de negócios: 3.000.000€; - total do balanço: 1.500.000€; - nº de trabalhadores: 50 (número médio durante o exercício).

Ou não ultrapassado, se estiverem sujeitas a certificação legal de contas.

Enquadramento legal: Artigo 9º do Decreto-Lei nº. 158/2009, de 13 de Julho e Lei nº. 20/2010 de 23 de Agosto.

Referencial Contabilístico Aplicável: modelo reduzido e simplificado denominado por NCRF-PE.

Aplicação: entidades de pequena dimensão que não integrem o perímetro de consolidação.

Desde que não ultrapassem dois dos três limites seguintes: - volume de negócios: 3.000.000€; - total do balanço: 1.500.000€; - nº de trabalhadores: 50 (número médio durante o exercício).

Ou não ultrapassado, se estiverem sujeitas a certificação legal de contas.

1º Nível –

IAS/IFRS

2º Nível –

NCRF

3º Nível –

NCRF-PE

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40 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Enquadramento legal: Decreto-Lei nº. 36-A/2011 de 9 de Março e Lei nº 35/2010 de 2 de Setembro.

Referencial Contabilístico Aplicável: normativo contabilístico autónomo NC-ME especificamente destinado a simplificar a contabilidade.

Aplicação: entidades designadas de Microentidades. Desde que não ultrapassem dois dos três limites seguintes:

- volume de negócios: 500.000€; - total do balanço: 500.000€; - nº de trabalhadores: 5 (número médio durante o exercício).

Fonte: Elaboração Própria com base em Soares (2010)

Através da análise do quadro antecedente, podemos concluir que o SNC é

obrigatoriamente aplicável a todas as entidades com exceção das empresas com valores

cotados que aplicam as NIC e das micro-entidades que, por sua vez, aplicam as normas

contabilísticas simplificadas (Carvalho das Neves, 2012:66).

Acerca dessa temática, expõe Carlos Baptista Lobo (2009)13, antigo Secretário de

Estado dos Assuntos Fiscais, que: “Passa, assim, a ser criada uma estrutura que assegura a coerência

horizontal entre os três conjuntos normativos (tendo em conta que assentam em critérios e princípios de

base comuns), viabilizando uma fácil comunicabilidade vertical da estrutura contabilística das entidades,

sempre que alterações de dimensão impliquem uma evolução para relatos financeiros mais exigentes.”

Sucede-se entretanto, Gonçalves et al. (2012:36) que mencionam: “Os modelos

contabilísticos aplicáveis ao sector empresarial podem ser visualizados numa perspetiva integrada,

desenvolvendo-se dos mais complexos e exigentes para os mais simples, partilhando contudo um

conjunto de conceitos e princípios que permitem a fácil migração entre os diversos níveis.”

2.1.3. Documentos de Prestação de Contas

Existem uma multiplicidade de documentos relacionados com a prestação de contas,

uns obrigatórios, outros facultativos, estes variam consoante o nível de exigência de relato,

mas consideramos como os principais documentos obrigatórios das sociedades comerciais os

seguintes:

- As do SNC que são compostas pelo balanço, demonstração dos

resultados, anexo, demonstração de fluxo de caixa e demonstração de alteração do capital

próprio; e

13

Artigo do Prefácio do livro “Sistema de Normalização Contabilística – Comentado”, Cravo et al., 2009

4º Nível –

NCM

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

41 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

- O , que deve incluir uma exposição fiel e clara da evolução dos negócios e

do desempenho da posição da sociedade (artigo 66º CSC).

Após a aprovação das contas, é feita a divulgação dos vários documentos de prestação

de contas pelos meios exigidos pela lei (artigo 70º CSC), ou seja, através do registo comercial

(disponível no portal da empresa) e complementarmente na sede da entidade e, caso exista,

no seu sítio eletrónico (Gonçalves et al., 2012:98).

Segundo Araújo et al. (2011:29): “Importa salientar que o conteúdo da obrigação de prestar

contas, mais concretamente, a extensão da informação financeira a divulgar, varia positivamente em

função da dimensão empresarial da sociedade, até porque as entidades de maior dimensão, encerrando

uma maior relevância económica, deverão apresentar informação mais alargada, dispondo, em

princípio, dos meios necessários para suportar os custos associados à prestação de contas.”

Neste contexto, os autores supramencionados, elaboraram o quadro síntese

demonstrativo de forma simplificada de alguns assuntos relacionados com a prestação de

contas, que iremos apresentar de seguida.

Quadro nº 2: Síntese de prestação de contas

Destinatários Sócios Administração

fiscal Registo

Comercial

Responsabilidade elaboração Órgão de gestão Órgão de gestão Órgão de gestão

Base Legal CSC CIRC CSC e Código do

Registo Comercial

Objetivo principal Deliberação sobre o relatório e contas e

aplicação dos resultados Liquidação do IRC

Assegurar a publicidade das

contas

Local de apresentação Assembleia geral

ordinária Portal das Finanças

www.portaldasfinancas.gov.pt

Prazos

Contas individuais sem aplicação do MEP

3 meses a contar da data do encerramento de cada

período anual (nº5 do artigo 65 CSC)

IES: até ao 15º dia do 7º mês posterior à data do termo do

período (art. 121 CIRC)

M22: até ao último dia útil do 5º mês

posterior à data do termo do período (art.

120 CIRC)

Até ao 15º dia do 7º mês posterior à data do termo do período (nº 4 do

artigo 15º do CIRC)

Contas individuais com aplicação do MEP 5 meses a contar da data

do encerramento de cada período anual (nº 5 do

artigo 65 CSC) Contas Consolidadas

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

42 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Destinatários Sócios Administração

fiscal Registo

Comercial

Doc. de prestação de contas

Demonstrações financeiras

Relatório de gestão √ Parecer do órgão de

fiscalização √

Certificação legal de contas

Ata da AG da aprovação de contas

Declarações Modelo 22 do IRC

IES √ √ Dossier fiscal √

Fonte: Araújo et al.; 2011: 30

De referir que, para além destes documentos, existe uma prestação de contas intercalares

com informação semestral e dizem respeito às entidades emitentes de ações e de títulos de

divida que devem divulgar até dois meses após o encerramento do semestre, os seguintes

documentos (artigo 246º CVM):

- As demonstrações financeiras condensadas;

- Um relatório de gestão intercalar;

- Declarações de cada uma das pessoas responsáveis do emitente, cujos nomes e funções

devem ser claramente indicados, onde afirmem que, tanto quanto é do seu

conhecimento, a informação financeira foi elaborada em conformidade com as normas

contabilísticas aplicáveis, etc.

O artigo 70º, nº2 do CSC evidencia, ainda, que as sociedades devem facultar aos

interessados o relatório de gestão, a certificação legal de contas e o parecer do órgão de

fiscalização (caso sejam exigidos por lei), sem qualquer encargos, no respetivo sítio da Internet

e uma cópia integral na sua sede.

Dos diversos documentos de prestação de contas apresentados no quadro anterior, o

estudo somente se debruça sobre os documentos considerados mais ligados à área

contabilística propriamente dita que são: o relatório de gestão, as demonstrações financeiras e

o relatório de fiscalização. Isto é, descura-se a análise da Modelo 22 do IRC, da IES (Informação

Empresarial Simplificada) e do dossier fiscal por se considerar documentos ligados ao

procedimento fiscal das empresas.

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43 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

2.1.3.1. Relatório de Gestão

O relatório de gestão nem sempre é qualificado pela lei como documento de prestação

de contas, mas no entanto, é um documento complementar a este. O seu conteúdo deve

incluir informação financeira e não financeira não sendo, por isso, considerado como uma

demonstração financeira (Tiago et al., 2000:78).

Conforme o artigo 65º CSC, os membros do órgão de gestão devem elaborar e

submeter aos órgãos competentes da sociedade o relatório de gestão e outros demais

documentos de prestação de contas previstos na lei. Contudo, essa obrigação de relato está

sujeita aos seguintes princípios (Araújo et al., 2011: 31):

a preparação do relatório de gestão e das contas deve ser executada

anualmente (artigo 65º, nº 1 CSC);

a elaboração do relatório de gestão, das contas e dos demais documentos de

prestação de contas dever obedecer ao disposto na lei. O contrato de sociedade pode

complementar, mas não derrogar essas disposições legais (artigo 65º, nº 2 CSC);

o relatório de gestão e as contas devem ser assinados por todos os membros do

órgão de gestão, sendo que a recusa de assinatura por qualquer deles deve ser justificada no

documento a que respeita e explicada pelo próprio perante o órgão competente para a

aprovação, ainda que já tenha cessado as suas funções (artigo 65º, nº 3 CSC);

o relatório de gestão, as contas e demais documentos de prestação de

contas devem ser apresentados ao órgão competente e por este apreciados, salvo casos

particulares previstos na lei, no prazo de três meses a contar da data do encerramento de cada

período, ou no prazo de cinco meses a contar da mesma data que se trate de sociedades que

devam apresentar contas consolidadas ou apliquem o método de equivalência patrimonial

(artigo 65º, nº 5 CSC).

Nas sociedades sujeitas a elaboração de demonstrações financeiras individuais e não

consolidadas devem apresentar o relatório de gestão conforme o artigo 66º nº 1º CSC: “O

relatório da gestão deve conter, pelo menos, uma exposição fiel e clara da evolução dos negócios, do

desempenho e da posição da sociedade, bem como uma descrição dos principais riscos e incertezas com

que a mesma se defronta.”

O relatório de gestão deverá, em especial, apresentar uma análise equilibrada e global

da evolução dos negócios, dos resultados e da posição da sociedade, em conformidade com a

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44 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

dimensão e complexidade da sua atividade (artigo 66º nº 2 CSC). Em certos casos, e de forma a

complementar os aspetos financeiros de uma empresa, o relatório de gestão poderá incluir

informações de desempenho não financeiro relevante para as atividades específicas da

sociedade incluindo esclarecimentos sobre questões ambientais e questões relativas aos

trabalhadores (artigo 66º nº 3 CSC). Na medida do necessário à apreciação dos resultados

globais da sociedade, o relatório de gestão deverá indicar explicações adicionais acerca da

evolução sectorial de cada atividade da empresa, os factos relevantes ocorridos após o termo

do exercício, uma proposta de aplicação dos resultados devidamente fundamentada, bem

como as políticas internas em matéria de gestão dos riscos financeiros, entre outros

esclarecimentos (artigo 66º nº 5 CSC).

As sociedades deverão, igualmente, divulgar informação no anexo às contas sobre a

natureza e o objetivo comercial de operações não incluídas no balanço, mas cujos riscos ou

benefícios sejam relevantes para a avaliação da situação financeira da sociedade e deverão

revelar os honorários anuais faturados pelo revisor oficial de contas ou sociedade de revisores

divididos por tipos de serviços prestados pelos mesmos (artigo 66-Aº nº 1 CSC).

Por sua vez, as sociedades obrigadas a consolidar as contas devem redigir o relatório

consolidado de gestão segundo o artigo 508º-C do CSC que refere basicamente os mesmos

assuntos que o artigo 66º do CSC com a diferença que tratam de contas consolidadas e que o

relatório de gestão deverá expressar a evolução dos negócios, o desempenho e posição de

todas as empresas compreendidas na consolidação, bem como o valor nominal (na falta deste,

o valor contabilístico) das participações detidas pela empresa-mãe.

No direito societário, a obrigação de prestação de contas nas empresas abrangidas na

consolidação de contas está refletida no artigo 508-A, nº1 do CSC que menciona: “Os gerentes

ou administradores de uma sociedade obrigada por lei à consolidação de contas devem elaborar e

submeter aos órgãos competentes o relatório consolidado de gestão, as contas consolidadas do exercício

e os demais documentos de prestação de contas consolidadas.”

O artigo supramencionado expõe igualmente que os documentos de prestação de

contas devem ser apresentados e apreciados pelo órgãos competentes no prazo de 5 meses a

contar da data de encerramento do período (artigo 508-A, nº2 do CSC). A elaboração do

relatório consolidado de gestão, das contas consolidadas do período e dos demais documentos

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

45 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

de prestação de contas consolidadas respondem aos princípios gerais dispostos na lei (artigo

508-B CSC).

A informação disponibilizada no relatório de gestão (individual ou consolidado) poderá

ser mais ou menos detalhada, dependendo de inúmeros fatores, como por exemplo, se refere

o tipo de sociedades que constituem a coligação, a dimensão de cada uma em termos de

volume de negócios, de atividades desenvolvidas, o sistema de informação implementado e o

grau de exigência, legal e estatutário, da informação a divulgar (Tiago et al., 2000:82).

2.1.3.2. Demonstrações Financeiras

“As demonstrações financeiras traduzem, eventualmente, a parte mais visível do relato

financeiro. Procuram proporcionar informação de natureza económica, financeira e fiscal que seja útil

para a tomada de decisões.” (Lopes, 2013:42)

A Estrutura Conceptual (EC)14 do SNC tem por base a estrutura conceptual do IASB e

estabelece conceitos15 que estão subjacentes à preparação, à apresentação e aos objetivos das

demonstrações financeiras. A EC visa igualmente ajudar os preparadores das demonstrações

financeiras na aplicação das NCRF e auxiliar os utentes na interpretação da informação contida

nas demonstrações financeiras16.

O parágrafo 8 da EC alude que um conjunto completo de demonstrações financeiras,

que fazem parte do processo de relato financeiro, inclui normalmente um balanço, uma

demonstração de resultados, uma demonstração de alterações do capital próprio e uma

demonstração de fluxos de caixa, assim como o anexo às demonstrações financeiras. Os

modelos publicados em Portaria17 vêm complementar a necessidade de formatos

padronizados e expõem a informação mínima a apresentar na face das demonstrações

financeiras e prescrevem, para cada uma delas, um modelo geral e um modelo reduzido, em

qualquer dos quais se podem adicionar linhas ou títulos sempre que sejam pertinentes para

um melhor entendimento das demonstrações.

14

Aviso nº. 15652 / 2009, de 7 de Setembro 15

Parágrafo 5, Âmbito, EC 16

Parágrafo 2, Finalidade, EC 17

Modelo de demonstrações financeiras, portaria nº 986/2009, 7 de Setembro

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46 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Figura nº 3: Óticas das Demonstrações Financeiras

a

Fonte: Elaboração própria com base Gonçalves et al. (2012)

O é uma demonstração que contém informação acerca da posição financeira

da empresa, essa posição pode ser analisada através dos recursos que a entidade utiliza

(ativos) e a forma como estão a ser financiados (passivos e capital próprio). Permite

igualmente avaliar a liquidez e a solvabilidade da empresa, considerando-se estruturado de

forma a distinguir os diferentes ciclos de financiamento da entidade, o corrente (curto prazo) e

não corrente (médio e longo prazo) (Araújo et al., 2011:70).

A é inegavelmente das demonstrações mais importantes

por conter elementos de análise económica da entidade, expor o seu desempenho ao longo do

período de relato e evidenciar as componentes positivas e negativas do resultado líquido do

período (Araújo et al., 2011:76). A informação contida nesta peça evidencia os proveitos

deduzidos dos custos do período, gerando assim um resultado líquido que é apresentado no

capital próprio do balanço, contribuído portanto para evidenciar o desempenho da gestão no

período de relato. Para além do resultado líquido, na parte final, a demonstração de resultados

integra uma informação adicional acerca do resultado líquido do período atribuível (caso se

trate de contas consolidadas que evidencia a parte dos resultados imputáveis aos detentores

de capital da empresa-mãe e dos interesses minoritários) e do resultado por ação básico

(medição dos interesses de cada ação ordinária da entidade sobre os resultados líquidos

deduzidos dos dividendos preferenciais).

Óticas Demonstrações Financeiras

Ótica Financeira

Ótica Económica

Ótica Tesouraria

Alterações Capitais Próprios

A

N

E

X

O

Balanço

Resultados

Fluxos Caixa

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

47 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

A edifica uma nova demonstração

introduzida pelo SNC e apresenta-se como um quadro de dupla entrada que combina as contas

do capital próprio do balanço com os principais fatores geradores de variações no capital

próprio. Introduz igualmente uma noção de resultado integral (junção do resultado líquido do

período com as demais alterações do capital próprio não incluídas no resultado líquido) que é

um conceito mais abrangente do conceito financeiro de manutenção do capital (§ 102 e 103 da

EC).

A é a única demonstração financeira elaborada na

base de caixa. É, por isso, uma peça financeira que tem o mérito de estar despida de

preconceitos, políticas e estimativas contabilísticas (Araújo et al., 2011:81). Por este motivo,

existe uma maior facilidade em observar comparativamente o período em análise com os

períodos anteriores ou mesmo com entidades concorrentes. A NCRF 2 aborda especificamente

a demonstração de fluxo de caixa.

O é, sem margem para dúvidas, das peças mais completas e marcantes no

universo das diversas demonstrações. O anexo é o “pilar” das divulgações exigidas pelo SNC e

apresenta informação acerca das bases de preparação das demonstrações e das políticas

contabilísticas usadas, bem como, informação adicional relevante para uma melhor

compreensão de qualquer uma delas, incluindo as divulgações exigidas por outros diplomas

legais (Araújo et al., 2011:88). Por outro lado, enquanto o balanço e a demonstração dos

resultados são obtidos diretamente dos registos contabilísticos e, por isso, um produto

inevitável de todo o sistema contabilístico, o anexo constitui uma extensão de natureza

descritiva das diferentes expressões aritméticas inscritas nas várias demonstrações financeiras

e, ainda, numa demonstração capaz de divulgar situações que por diferentes razões não

tenham expressão naquelas (Pires, 2010:3).

Ainda concernente à mesma demonstração financeira, Pires (2010:7) justifica a

relevância do anexo no panorama universal do relato financeiro com a seguinte interpretação:

“São, pois, os requisitos de autonomia, flexibilidade e pouca rigidez, no que respeita à definição do seu

conteúdo, que asseguram, no essencial, a grande valia desta demonstração financeira e, por isso, a sua

maior relevância no quadro geral do processo de tomada de decisão.”

Todas as demonstrações complementam a informação entre si como expõe o

parágrafo 20 da EC: “As partes componentes das demonstrações financeiras inter-relacionam-se

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

48 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

porque refletem aspetos diferentes das mesmas transações ou outros acontecimentos. Se bem que que

cada demonstração proporcione informação distinta das outras, é provável que nenhuma só por si sirva

um propósito único ou proporcione toda a informação que satisfaça as necessidades particulares dos

utentes.”

Muito importante aludir que, existem dois pressupostos subjacentes à elaboração das

demonstrações financeiras contemplados nos parágrafos 22 e 23 da EC: o regime do acréscimo

e a continuidade respetivamente. O regime do acréscimo (accrual basis) ou regime da

periodização económica18 defende que as demonstrações financeiras são preparadas de

acordo com o regime contabilístico do acréscimo, ou seja, os efeitos das operações ou

acontecimentos são reconhecidos de facto quando ocorrem e não quando existe um meio

monetário de recebimento ou pagamento. Por outro lado, o princípio da continuidade19 (going

concern) presume que a entidade continuará em atividade no futuro previsível e que não

tenha intenções de entrar em liquidação ou reduzir drasticamente a atividade.

Para além da Estrutura Conceptual, as diversas demonstrações financeiras devem

igualmente ser confecionadas com base nas Normas Contabilísticas de Relato Financeiro

(NCRF) que forma um conjunto de normas referenciadas como o núcleo central do SNC por

adaptar as Normas Internacionais de Contabilidade (NIC) adotadas na União Europeia e

através das Bases para Apresentação das Demonstrações Financeiras (BADF) que enunciam as

regras sobre o que constitui e a que princípios essenciais devem obedecer um conjunto

completo de demonstrações financeiras (Soares, 2010:28).

A título de conclusão, podemos fundamentar que a leitura do anexo, juntamente com

o relatório de gestão, deve constituir-se um passo inicial na interpretação das demais

demonstrações financeiras, na medida em que a informação neles vertida se presume ser

capaz de dotar os diferentes utilizadores de uma habilidade suplementar para o exercício do

processo de tomada de decisão (Pires, 2010:6).

2.1.3.3. Relatório Anual de Fiscalização e Certificação Legal de Contas

Nas sociedades comerciais que na sua estrutura adotem ou sejam obrigadas, por lei ou

por determinação do contrato, a ter órgão de fiscalização, são obrigadas a submeter a

18

Parágrafo 22 EC 19

Parágrafo 23 EC

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

49 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

apreciação o relatório (e parecer) anual da atividade deste órgão: relatório fiscal único,

relatório do conselho fiscal ou do conselho geral (Tiago et al., 2000:79).

O relatório anual de fiscalização é exigido por lei às sociedades anónimas (qualquer

que seja a sua estrutura), e às sociedades por quotas que, não tendo conselho fiscal, se

encontrem obrigadas a designar um revisor oficial de contas para proceder à revisão legal

quando sejam ultrapassados dois dos três limites20 previstos no nº 2 do artigo 262 do CSC,

durante dois anos consecutivos.

Com efeito, as sociedades anónimas estão legalmente obrigadas (artigo 413º CSC) a

possuir órgão de fiscalização, seja um conselho fiscal ou, alternativamente, um fiscal único,

isto é, um revisor oficial de contas (Carvalho das Neves, 2012:68). No caso de se tratar de um

conselho fiscal (artigo 414º CSC), um dos membros efetivos e um dos suplentes têm de ser

revisor oficial de contas ou uma sociedade de revisores que não sejam acionistas (Carvalho das

Neves, 2012:68).

Acerca da apreciação dos documentos de prestação de contas das sociedades

anónimas, indica o nº 2 do artigo 451º do CSC que o membro do conselho fiscal que for revisor

oficial de contas deve apreciar o relatório da gestão, completar o exame das contas com vista à

sua certificação legal e elaborar o relatório anual sobre a fiscalização. Compete ainda ao

revisor oficial de contas, como fiscal único ou membro do conselho fiscal, além dos seus outros

deveres, o dever de proceder a todos os exames e verificações necessárias à revisão e à

certificação legal de contas (artigo 420º nº 3 do CSC).

A certificação legal de contas é o documento, no qual o revisor oficial de contas

expressa uma opinião ou parecer sobre determinados factos que envolvam exame de contas

das sociedades comerciais ou de outras entidades sujeitas à revisão legal (Tiago et al.,

2000:200).

Por outro lado, na publicação dos relatórios anuais de contas obrigatórios para as

empresas cotadas, é exigido, para além da certificação legal das contas emitidas pelo ROC da

sociedade, um relatório de auditoria elaborado por um auditor registado na CMVM sobre a

informação anual (Carvalho das Neves, 2012:69).

20

Total do balanço: 1.500.000€ / Total das vendas líquidas e outros proveitos: 3.000.000€ / Número de trabalhadores em média durante o exercício: 50

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50 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

2.1.4. Dever de Elaboração e Aprovação

Tanto a lei comercial (artigo 65º CSC) como a Estrutura Conceptual (parágrafo 11) do

SNC anunciam que compete ao órgão de administração das sociedades a elaboração e

apresentação do relatório de gestão e das demonstrações financeiras.

Impõe o nº 3º do artigo 65º do CSC que o relatório de gestão e as contas do exercício

devem ser assinados por todos os membros de administração (nas sociedades anónimas) ou

da gerência (nas sociedades por quotas). O artigo refere ainda que a recusa de assinatura por

parte dos administradores, diretores ou gerentes (mesmo que tenham cessado funções no

tempo da sua elaboração ou da sua aprovação) deverá ser justificado, com indicação do

motivo da recusa perante os órgãos competentes para a aprovação (Tiago et al., 2000:80).

No âmbito da preparação das demonstrações financeiras, compete ao técnico oficial

de contas a subscrição das mesmas conforme a lei estatutária da OTOC21, e que consiste em:

- Planificar, organizar e coordenar a execução, respeitando as normas legais, os

princípios contabilísticos vigentes e as orientações das entidades com competência em

matéria de normalização contabilística;

- Assumir a responsabilidade pela regularidade técnica, nas áreas contabilística e fiscal;

- Assinar, conjuntamente com o órgão de gestão, as demonstrações financeiras e

declarações fiscais, fazendo prova da sua qualidade.

Nas sociedades comerciais, o exercício económico anual poderá ser diferente do ano

civil mas deverá constar no contrato de sociedade (artigo 9º, alínea i do CSC) para efeitos de

tributação em sede de imposto sobre o rendimento de pessoas coletivas pelo artigo 8º do CIRC

(Tiago et al., 2000:80). Se existir a referida adoção do período anual diferente ao

correspondente ano civil, de acordo com o artigo 65º-A do CSC, o primeiro exercício

económico não poderá ter uma duração inferior a seis meses, nem superior a 18, sem prejuízo

do disposto no artigo 8º do CIRC.

Os documentos relativos à “escrituração mercantil”, ou seja, os documentos

referentes ao processo contabilístico, deverão ser conservados pelo período mínimo de dez

anos conforme o subscrito no artigo 40º do Código Comercial Essa imposição de salvaguarda

21

Artigo 6º nº 1, alínea a) a c) do Decreto-Lei nº 310/2009, de 26 de Outubro

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51 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

para dez anos também é mantida para as sociedades com obrigação de ter contabilidade

organizada, no que diz respeito às peças finais de contabilidade e documentos de suporte

(artigo 123º nº 4 do CIRC e artigo 52º nº1 do CIVA) e aos documentos relacionados com o

processo fiscal (artigo 130º CIRC).

De forma sintetizada, iremos patentear, na figura seguinte, uma reta do tempo que

nos demonstre os principais acontecimentos num processo de apreciação e aprovação das

contas anuais, bem como a respetiva obrigação de divulgação pública. Note-se, caso fosse um

grupo empresarial que elaborasse contas consolidadas ou que aplicasse o método de

equivalência patrimonial, o cronograma tinha que ser prolongado em mais dois meses após a

data de balanço (Araújo et al., 2011:49). Por sua vez, as entidades com títulos à negociação nos

mercados de capitais estão obrigadas a prestar contas intercalares (Gonçalves et al., 2012:96).

Figura nº 4: Cronologia de divulgações anuais

Fonte: Elaboração própria com base em Araújo et al., 2011:49

Na realidade, podemos afirmar que as sociedades anónimas e as sociedades por

quotas sujeitas a revisão legal de contas seguem as mesmas regras em relação às deliberações

de aprovação dos relatórios e contas anuais. Em ambas as sociedades, a assembleia geral dos

acionistas deverão se reunir no prazo de três meses a contar da data do encerramento do

período (ou cinco meses se for sociedades com contas consolidadas e que apliquem o método

31.12.N

Último dia do período de relato

28.02.N+1

Aprovação das demonstrações financeiras pelo órgão de gestão

15.03.N+1

Emissão do parecer do órgão de fiscalização e de certificação legal de contas

31.03.N+1

Aprovação das contas pela assembleia-geral

Período de preparação pelo órgão de gestão

Período de apreciação pelo ROC e pelo órgão

de fiscalização

Período de apreciação pelos sócios

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52 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

de equivalência patrimonial) para deliberar sobre o relatório de gestão e contas do período,

sobre proposta de aplicação dos resultados, para proceder à apreciação geral da administração

e fiscalização e proceder às eleições que sejam da sua competência (artigo 376º CSC).

Como realça Costa (2010:40): “… salienta-se que a responsabilidade pela preparação e

apresentação das demonstrações financeiras das empresas cabe aos respetivos órgãos de gestão

(conselho de administração, gerência ou equivalente), os quais devem assiná-las, no caso português

juntamente com o respetivo técnico oficial de contas. Por seu lado, a auditoria financeira surge como

forma de dar credibilidade a tais demonstrações financeiras.”

2.1.5. Utentes da Informação Financeira

No passado, somente os proprietários das empresas eram os principais interessados

da informação contabilística, daí o sistema de contabilidade basear-se unicamente na técnica

de registo e escrituração das operações diárias e das alterações do valor do património que

serviam simplesmente para a análise da empresa e não para divulgação para terceiros. Porém,

com a evolução do conceito da contabilidade, o interesse na contabilidade passa a ser

igualmente para diversos utentes externos transformando-se assim progressivamente numa

fonte de informação sobre a situação da empresa e o desenvolvimento dos negócios (Lopes,

2013:21).

Em termos gerais, existem diversas pessoas envolvidas nas demonstrações financeiras,

como sejam: as que a preparam, as que a auditam, as que a analisam e as que a utilizam

(Costa, 2010:37). De todas as pessoas, os utilizadores são as que devem ser privilegiadas uma

vez que esperam que as demonstrações financeiras sejam preparadas com o fim de

proporcionar informação que seja útil na tomada de decisões económicas (Costa, 2010:37).

Na verdade, é conveniente referenciar parágrafo 12 da EC que indica: “O objetivo das

demonstrações financeiras é o de proporcionar informação acerca da posição financeira, do

desempenho e das alterações na posição financeira de uma entidade que seja útil a um vasto leque de

utentes na tomada de decisões económicas.”

Os beneficiários da informação financeira são de natureza distinta embora prevaleçam

os utentes externos: clientes, fornecedores, entidades governamentais, empregados,

investidores, mutuantes e público em geral. Contudo, não podem ser desconsiderados os

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53 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

utilizadores internos (órgãos de gestão) pois são estes que, primariamente, sustentam as suas

decisões correntes e de longo prazo no valor e na evolução dos mais diversos indicadores

económico-financeiros (Lopes, 2013:37).

A figura seguinte manifesta, de forma resumida, os sobreditos utentes da informação

enumerados no parágrafo 9 da EC.

Figura nº 5: Utentes da informação

Fonte: Elaboração Própria com base Araújo et al, 2011:62

Segundo o parágrafo 11 da EC, o órgão de gestão, responsável primário pela

preparação e apresentação das demonstrações financeiras, também é considerado um

interessado na informação das mesmas, ainda que tenha acesso à informação adicional de

gestão e financeira que o ajude a assumir as suas responsabilidades de planeamento, de

tomada de decisões e de controlo. Contudo, o relato desta informação extravasa o âmbito da

EC (Araújo et al., 2011:62).

Com a adoção do SNC no sentido de melhorar os padrões contabilísticos numa

economia totalmente globalizada, refere Lobo (2009)22 que as normas contabilísticas valem

22

Antigo Secretário de Estado dos Assuntos que escreveu o artigo no Prefácio do livro “Sistema de Normalização Contabilística – Comentado”, Cravo et al., 2009

Empresa Divulgação de

Informação

Investidores Tomar decisões de compra, detenção ou venda de investimentos e avaliar a

capacidade da entidade pagar dividendos

Trabalhadores Avaliar a estabilidade e lucratividade

dos empregadores, assim como a capacidade da entidade proporcionar remuneração, benefícios de reforma e

oportunidades de emprego

Financiadores Avaliar se os empréstimos e

os juros serão pagos quando vencidos

Fornecedores Avaliar a continuidade das transações e se as quantias que lhes são devidas serão

pagas no vencimento

Clientes Avaliar da continuidade dos

fornecimentos

Governo Determinar a tributação e

dispor de base para estatísticas do rendimento nacional e

outras semelhantes

Público Obter informação acerca das

tendências e desenvolvimentos recentes na prosperidade da entidade

e leque das suas atividades

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54 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

tanto mais, quanto maior for o numero de agentes que adotam a norma como instrumento

interpretativo, ou seja, o valor da norma é exponencialmente superior quanto maior for o

numero de destinatários que a utilizam. Esta frase evidencia a necessidade da informação

contabilística ser transparente, compreensível, clara e objetiva para todos os utilizadores da

informação.

Por outro lado, Cravo et al. (2009:59) evidenciam o seguinte: “A circunstância de a

Estrutura Conceptual ter optado pela existência de demonstrações financeiras únicas para utentes

múltiplos, implica, naturalmente, que nem todas as necessidades informativas de cada um deles seja

adequadamente satisfeita. Contudo, diferentemente do IASB que considera que “como os investidores

são os que proporcionam capital de risco à empresa, o fornecimento de demonstrações financeiras que

satisfaçam as suas necessidades também vai de encontro à maior parte das necessidades de outros

utentes que possam ser satisfeitas por demonstrações financeiras”, a Estrutura Conceptual do SNC não

reconhece formalmente a existência de quaisquer utilizadores preferenciais.”

Como introdução ao ponto seguinte (características da informação financeira),

demonstramos uma referência de Borges et al. (2002:14):

“Às organizações sempre se impôs a necessidade de recolha, processamento e armazenagem da

informação, tendo em vista possibilitar aos diferentes utentes, o conhecimento dessas organizações.

A informação, contudo, só proporcionará utilidade se observar os requisitos vulgarmente aceites:

- Oportunidade – estar disponível no momento em que é necessária;

- Economicidade – estar subordinada ao princípio ou lógica do custo-benefício;

- Quantificação – ser suscetível de tradução numérica.

Acrescenta-se ainda a credibilidade, ou seja, o requisito que permite aos seus utilizadores retirar

conclusões idóneas.”

2.1.6. Características da Informação Financeira

“As características qualitativas balizam a discricionariedade do preparador da informação

financeira contribuindo para que a mesma aumente a sua utilidade.” (Cravo et al., 2009:60)

Para dar resposta aos novos desafios da informação contabilística no que diz respeito

aos já referidos processos de globalização económicos e harmonização contabilísticos, o SNC

implementou novas características qualitativas da informação financeira para eliminar as

lacunas que as qualidades “clássicas” do POC apresentavam. Portanto, anota-se hoje em dia a

deslocação dos interesses para uma informação com maior grau de relevância em detrimento

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55 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

de uma informação predominantemente fiável, o que leva a crescentes imposições de adoção

de critérios de mensuração que deixam de assentar no custo histórico e passam a basear-se

em critérios de justo valor (Cravo et al., 2009:18).

De facto, o conceito de “não manipulação da informação” e da “imagem verdadeira e

apropriada” esclarece a razão de existência das diversas características qualitativas e, como é

referenciado no parágrafo 46 da EC: “As demonstrações financeiras são frequentemente descritas

como mostrando uma imagem verdadeira e apropriada de, ou como apresentando apropriadamente, a

posição financeira, o desempenho e as alterações na posição financeira de uma entidade.”

Para que essa imagem verdadeira e apropriada se reflita nas demonstrações

financeiras, a informação deve ser tratada com a ponderação das características qualitativas

da informação apresentadas de seguida.

Por outro lado e consoante o estipulado no parágrafo 24 da EC: “As caraterísticas

qualitativas são os atributos que tornam a informação proporcionada nas demonstrações financeiras útil

aos utentes. As quatro características qualitativas são a compreensibilidade, a relevância, a fiabilidade e

a comparabilidade.”

Todas as novas características qualitativas das demonstrações financeiras

implementadas pelo SNC estão contempladas nos parágrafos 25 a 42 da EC. O quadro seguinte

apresenta um resumo das várias características da informação integrantes nas demonstrações

financeiras.

Quadro nº 3: Características qualitativas

Compreensibilidade

Deve ser rapidamente compreensível pelos utentes assumindo que os próprios tenham um razoável conhecimento das atividades económico-empresariais e da contabilidade.

Contudo, a informação de carácter complexo deverá na mesma ser fornecida, mesmo que não possa ser compreensível por todos os utentes, desde que a mesma for relevante para a tomada de decisão dos utentes.

Relevância

Deve incluir toda a informação que seja útil e influenciadora para a tomada de decisões dos utentes (função preditiva e confirmatória).

Materialidade A informação é material se a sua omissão ou inexatidão influenciarem as decisões económicas dos utentes tomadas com base nas demonstrações financeiras.

Oportunidade Se está disponível antes dos seus utilizadores perderem a faculdade de a utilizarem nas suas decisões. Ou seja, a informação é relevante, se for oportuna

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56 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Fiabilidade

Deve ser digna de confiança e estar isenta de erros materiais e de preconceitos.

Representação fidedigna

Deve representar fidedignamente as transações e outros acontecimentos.

Substância sob a forma

As operações e outros acontecimentos devem ser apresentados de acordo com a sua substância e realidade económica e não meramente com a sua forma legal.

Neutralidade A informação deve estar livre de preconceitos.

Prudência Deve incluir um grau de precaução no exercício de juízos necessários ao fazer as estimativas necessárias em condições de incerteza.

Plenitude Deve ser completa dentro dos limites da materialidade e do custo.

Comparabilidade

Deve poder comparar as demonstrações financeiras de uma empresa através do tempo, com vista a poder identificar tendências na posição financeira e no desempenho.

E deve, igualmente, poder comparar as demonstrações financeiras de diferentes empresas, com vista a poder avaliar, de forma relativa, a sua posição financeira, o seu desempenho e as alterações na posição financeira.

Fonte: Elaboração própria

Contudo com base no parágrafo 14 da EC, Araújo et al. (2011:63), asseveram que a

informação que consta das demonstrações financeiras deve também possibilitar a avaliação do

grau de eficiência e eficácia do órgão de gestão, não só pelos resultados obtidos, mas também

pela forma como foram utilizados os recursos económicos disponíveis.

No preparo da informação, podem subsistir três tipos de constrangimentos à

informação relevante e fiável. Esses constrangimentos são: a tempestividade (§ 43 da EC), o

balanceamento entre benefício e custo (§ 44 da EC) e o balanceamento entre as características

qualitativas (§ 45 da EC). A tempestividade significa que se houver uma longa demora no relato

da informação, esta pode perder sua relevância, assim, reconhece-se a necessidade de

ponderação entre a relevância e a fiabilidade da informação como forma de responder mais

adequadamente às necessidades dos diversos utentes para a tomada de decisão. Isto é, a

informação prestada em tempo útil prevalece sobre a procura de perfeição absoluta (Soares,

2010:31). Por sua vez, a relação custo-benefício representa um constrangimento influente mas

tem que ser tido em conta para que os benefícios fornecidos pela informação produzida

excedam o custo de a proporcionar. Por último, torna-se necessário conseguir um

balanceamento entre todas as diferentes características qualitativas através de um juízo de

valor profissional.

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57 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Independentemente da sua complexidade e amplitude, a informação deve ser

divulgada para que os utentes possam suportar as suas decisões (Lopes, 2013:45). O mesmo

autor refere ainda que a informação e a sua relevância incutem a capacidade de influenciar as

decisões de gestão, tanto na perspetiva histórica como prospetiva (Lopes, 2013:45).

Em suma, podemos comentar que a qualidade da informação financeira é logicamente

fundamental no mundo económico e global em que vivemos presentemente, e como tal

referenciamos as seguintes frases: “Sendo certo que a informação financeira constitui um elemento

determinante do processo de tomada de decisão, não é menos certo que ela constitui um fator essencial

para o eficaz funcionamento dos mercados. A velocidade com que hoje em dia se processam as

transações gera uma grande volatilidade da informação, pelo que a utilidade desta está

necessariamente relacionada com a rapidez com que pode ser difundida. A ser assim, um novo e

importante desafio se coloca à Contabilidade enquanto sistema de informação e que tem a ver com as

formas emergentes de difusão da informação financeira. (…) Pode pois dizer-se hoje em dia que a busca

vai no sentido da obtenção da informação financeira relevante e fiável, sendo que tal esforço apenas é

razoável esperar a maximização do binómio, mas não a maximização simultânea de cada uma das

características.” (Cravo et al., 2009:17)

A título de conclusão deste subcapítulo de “Prestação de Contas em Portugal”,

podemos afirmar que para além da habitual prestação de contas, existe uma crescente

importância dada à informação não financeira. Isto é, apresentam-se lacunas no sentido que

as informações meramente financeiras de acontecimentos passados revelam a saúde

económica da empresa mas não divulgam informação dita não financeira que abordam os

temas do governo das sociedades, do relato ambiental e do relato social.

Como forma de colmatar essas lacunas, apresentamos de seguida o subcapítulo

“Relato Integrado” e uma frase introdutória acerca dessa temática: “Independentemente da

evolução contabilística nacional e internacional, parece-nos indiscutível a crescente necessidade de uma

cada vez melhor informação para os stakeholders em geral. Nesta perspetiva de melhoria quantitativa e

qualitativa da informação disponibilizada, a elaboração de um relato financeiro integrado assume cada

vez mais importância.” (Lopes, 2013:392)

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58 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

2.2. Relato Integrado

“Integrated Reporting is about better communication between companies and the

capital markets.” (KPMG, 2012a)23

Como forma de iniciar este tema relativamente recente, importa demonstrar, através

do quadro seguinte, quais são as principais tendências atuais e futuras na normalização

contabilística retirada do sítio de internet da Comissão de Normalização Contabilística (CNC).

Quadro nº 4: Tendências de Normalização Contabilística

Fonte: Newsletter nº3 da CNC (2012)

De facto, as mudanças de paradigma na normalização mundial vieram ditar um maior

impulso de informação a todos os níveis (informação financeira e não financeira).

Nomeadamente, a manifestação de novos modelos de relato financeiro vieram determinar

maior ênfase nos múltiplos stakeholders e a suas necessidades de informação, maior

divulgação de informação prospetiva, bem como, das estratégias seguidas e fatores críticos de

sucesso geradores de valor no longo prazo (Azevedo et al., 2013:37). Preocupações com a

criação de uma sociedade sustentável capaz de não comprometer as gerações futuras, com o

excesso de consumo de recursos naturais, com a injustiça social e condições de trabalho e com

a governação das empresas, entre outras, têm surgido à ribalta nos últimos anos.

Na verdade, o mundo mudou devido à interdependência resultantes das economias

mundiais e das cadeias de abastecimento, aos avanços tecnológicos, ao crescimento acelerado

23

O relato integrado é sobre uma melhor comunicação entre as empresas e o mercado de capital

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da população e ao aumento do consumo global (IIRC, 2011:4). Essas modificações encadearam

um impacto significativo sobre a qualidade, disponibilidade e preços dos recursos naturais,

bem como, colocaram a pressão crescente sobre os ecossistemas que são essenciais para a

economia e a sociedade (IIRC, 2011:4). Por causa dessas alterações, as empresas estão

forçadas a reagir de forma célere, a fim de continuarem a ser bem-sucedidas, através do

desenvolvimento de novos modelos de negócios que reconhecem a necessidade de inovar e

de produzir mais, com recursos cada vez mais escassos (IIRC, 2011:4).

Por outro lado, o aparecimento de novas necessidades de informação, a vulgarização

da utilização de poderosos meios informáticos e a globalização das economias determinaram o

alargamento do âmbito e importância do subsistema contabilístico bem como a necessidade

de um tratamento integrado da informação (Borges, et al., 2002:20).

Apesar de continuar a desempenhar um papel importante, o modelo tradicional de

relatórios foi desenvolvido para um mundo industrial e concentra-se estreitamente sobre o

desempenho financeiro e sobre o histórico do processo de criação de valor (IIRC, 2011:4). Com

o aparecimento de negócios cada vez mais complexos, houve a necessidade de colmatar as

lacunas dos relatórios tradicionais por meio da adição de novos requisitos de comunicação

através de leis, regulamentos, normas e códigos (IIRC, 2011:4). Logo existiu um incremento de

informação fornecida pela sofisticação dos relatórios financeiros e comentários de gestão, pelo

alargamento da necessidade de informação sobre o governo das sociedades e respetivas

remunerações e pela implementação dos relatórios de sustentabilidade autónomos (IIRC,

2011:4).

A adoção de um modelo de relato integrado irá privilegiar a transformação significativa

na distribuição de informação ao exterior. Isto é, para além da comunicação dos tradicionais

indicadores financeiros, serão apresentados sinais de desempenho não financeiros que

permitirão uma melhor compreensão a longo prazo dos acontecimentos que irão afetar o

valor futuro da empresa, bem como, proporcionar uma maior transparência da informação

como um todo. A palavra de ordem está no fornecimento de informação orientado para o

futuro (future-oriented information).

Por outro lado, como não existe ainda literatura sobre este tema, a pesquisa baseou-se

essencialmente em artigos internacionais das maiores empresas de consultoria mundiais

(KPMG, Deloitte, PWC), mas também no sítio de internet da entidade IIRC (International

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Integrated Reporting Council)24e da entidade GRI (Global Reporting Initiative)25. Ou seja, é

evidente que existe uma lacuna de informação em Português, que iremos tentar colmatar com

este estudo.

Este subcapítulo irá abordar inúmeros temas relacionados com o IIRC e o relato

integrado, nomeadamente, qual a sua importância, de que forma pode ser construído e quais

os benefícios e desafios que podem ser tomados em conta.

2.2.1. Importância do Relato Integrado

“O relato integrado é visto como um grande desenvolvimento em comunicação

corporativa.” (Azevedo et.al, 2013:37)

Os investidores, cada vez mais exigentes e atentos, requerem um incremento das

informações prospetivas sobre diversos indicadores da empresa para poderem conseguir a

tomada de decisão mais justa e equilibrada (KPMG, 2012b). Esse aumento de informação é

exigido devido ao direcionamento das vontades de conhecimento profundo da empresa e

relaciona-se com a estratégia, os modelos de negócios, o processo de criação de valor

acrescentado e dos riscos específicos das empresas, bem como outros indicadores não

financeiros importantes para a avaliação da mesma (KPMG, 2012b).

Existe um sentimento crescente entre inúmeras partes interessadas – os conselhos de

administração, os comitês de auditora e os investidores – que o relato financeiro executado

atualmente, ou seja, o relato que é realizado com base nos padrões internacionais de relato

financeiro emitidos pelo IASB (normas IFRS) para a maioria das grandes empresas cotadas nas

bolsas europeias, está cada vez menos adequado à realidade financeira mundial (KMPG,

2012b).

Os investidores expressam cada vez mais alguma frustração e insatisfação pela

informação fornecida pelas empresas, por não se enquadrarem nas necessidades dos

mercados pelo facto das informações serem estáticas e referentes a eventos do passado, por

serem principalmente de natureza financeira e por serem difíceis de entender e de comparar

24

http://www.theiirc.org/ 25

https://www.globalreporting.org/

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com outras empresas concorrentes, uma vez que os diversos países empregam diferentes

contabilidades e critérios de avaliação (Terol, 2012:5-6).

As demonstrações financeiras têm sido, tradicionalmente, um elemento chave na

cadeia de comunicação empresarial (KPMG, 2012b). Mas será que continuarão a sê-lo daqui a

10 anos? A essa pergunta, Mark Vaessen e Oliver Tant (consultores da KPMG), pensam que

não, a menos que as demonstrações financeiras evoluam com os tempos para poderem

oferecer uma nova visão corporativa e financeira (KPMG, 2012b).

Na realidade, as demonstrações financeiras têm sofrido duras críticas, uns por

julgarem que as demonstrações se tornam demasiado complexas por causa da volumosa

divulgação presente através dos julgamentos e notas adicionadas no anexo, ou outros por

acharem que não estão suficientemente ligadas à estratégia global e ao modelo de negócio da

entidade, ao contrário do relatório de gestão (KPMG, 2012b). Esses comentários negativos

sucedem-se por causa do desenvolvimento preocupante e da sofisticação gradual do mundo

dos negócios e das finanças notificada nos últimos anos, mas também, por acreditarem que só

os peritos contabilistas (TOC em Portugal) e os auditores conseguem entender a informação

inserida nas demonstrações financeiras e não os diversos interessados pela informação

(KPMG, 2012b).

Num período de turbulência em que vivemos, diversas entidades internacionais ligadas

à normalização contabilística (IIRC, IASB, EFRAG, FASB, etc.) estão empenhadas em

desenvolver iniciativas e projetos direcionados para uma mudança aceite a nível global sobre

soluções conceptuais de apresentação e divulgação de informação económico-financeira

(KPMG, 2012b).

Este espírito de transformações no relato reflete-se devido às grandes mudanças na

forma de orientação dos negócios, sobretudo, no que diz respeito à criação de valor

acrescentado e em que contexto em que as empresas operam. Essas ditas mudanças vieram

alterar de forma substancial o modelo de relato financeiro tradicional, tais como (IIRC, 2011:3):

- Globalização;

- A crescente atividade política em todo o mundo acerca das temáticas financeiras, de

governação e outras crises;

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- Maiores expectativas acerca da transparência empresarial e accountability26;

- Escassez de recursos reais e potenciais;

- Crescimento da população; e

- Preocupações ambientais.

Outro problema erguer-se quando falamos em organizações que operam em diversos

mercados internacionais onde subsistem jurisdições empresariais diferentes em cada país.

Esse facto dificulta a comparação do desempenho das empresas multinacionais e aumenta a

necessidade de uma normalização das regras de relato (IIRC, 2011:3).

Por outro lado, é necessário entender que a relevância do relato integrado deve

igualmente ser abordada num ponto de vista mais empresarial e de continuidade, pelo motivo

que o modelo de negócio (business model) é percebido como um processo que procura criar e

sustentar valor (value creation) numa organização que é delimitada através de escolhas que

não dependem da própria mas sim do meio ambiente, como por exemplo (IIRC, 2011:10):

- A influência pelos fatores externos (condições económicas, questões sociais e

mudanças tecnológicas) que apresentam riscos e oportunidades no contexto em que a

organização opera;

- A preponderância das relações com os terceiros (funcionários, parceiros,

fornecedores e clientes); e

- A dependência da disponibilidade, acessibilidade, qualidade e gestão otimizada dos

recursos ou “capitais” (capitals) (financeiro, produção, humano, intelectual, social e

natural).

Portanto, como uma entidade não sobrevive sem uma interação efetiva com o mundo

exterior, o relato integrado deve fornecer informação acerca de como os fatores externos, as

relações com terceiros e os recursos (não apenas financeiros) afetam positiva ou

negativamente a organização e de como o modelo de negócio interage com os mesmos de

maneira em gerar e assegurar valor a longo prazo. Assim, o relatório integrado contribui

significativamente para uma ampla explicação do desempenho da organização com o seu meio

envolvente e ilustra o método utilizado pela mesma na alocação eficiente de recursos escassos

26

“O conceito da accountability parece estar ligado à visão de que o sistema contabilístico deve produzir e divulgar informação útil à tomada de decisões económicas racionais. Assim, a informação contabilística terá um papel preponderante no processo de accountability se, para além de, permitir a verificação da legalidade e da execução do controlo financeiro, proporcionar a análise da consecução dos princípios de eficácia, da eficiência e da economia.” (Carvalho et al., 2011:43)

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e do impacto do aproveitamento da execução eficaz do modelo de negócio, como se pode

verificar pela imagem seguinte (IIRC, 2011:10).

Figura nº 6: Fatores externos do Relato Integrado

Fonte: IIRC, 2011:10

Para além do que foi referido anteriormente, a importância do relato integrado

aumenta devido a inúmeras queixas e frustrações dos interessados pela informação

(especialmente os investidores no mercado de capitais) sobre as carências evidentes do

modelo atual de relato, nomeadamente, quando as características-chave do desempenho

financeiro são frequentemente enterradas em volumosas e extensas demonstrações

financeiras (necessidade de uns relatórios financeiros mais resumidos com informação mais

relevante) ou quando raramente são relatados assuntos primordiais como a sustentabilidade e

a administração da empresa que podem comprometer a estratégia de negócios, a tomada de

decisões eficientes e a criação de valor (carência de um relato de sustentabilidade e do

governo das sociedades) (KPMG, 2011:7).

Em suma, torna-se primordial a criação de um único relatório para reduzir o esforço de

fornecimento de informação por parte das organizações e que condensa todo o tipo de

esclarecimentos relevantes e necessários para avaliar o desempenho passado, atual e futuro

das mesmas. Desta forma, o relatório integrado agrupa os diversos relatórios (obrigatórios ou

não), já existentes em separados, como por exemplo, os documentos exigidos na prestação de

contas (relatório de gestão, demonstrações financeiras,…), o relatório de sustentabilidade e o

relatório de governo das sociedades, bem como consegue demonstrar a conetividade

existente entre eles.

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2.2.2. IIRC - International Integrated Reporting Committee

“The world has changed – Reporting must too” (IIRC, 2011:4)27

Para atender à nova realidade internacional e às novas reivindicações de relato, e com

objetivo de melhorar o relato financeiro, surge o Comitê Internacional de Relato Integrado

(IIRC - International Integrated Reporting Committee). O IIRC foi criado em Agosto de 2010 e é

uma organização internacional composta por líderes de uma grande diversidade de zonas

geográficas (mais de 20 países) e é representada por várias organizações (cerca de 80

empresas) ligadas à contabilidade, às empresas, aos investidores, aos académicos, à sociedade

civil e aos normalizadores. O IIRC é presidido pelo Professor Mervyn King (presidente do IIRC),

possui como diretor executivo Paul Druckman e inclui membro como Hans Hoogervorst

(presidente do IASB), Leslie Seidman (presidente do FASB), Maria Helena Santana (presidente

do comité executivo do IOSCO), Göran Tidström (presidente do IFAC), Jim Quigley (partner da

Deloitte), entre muitas outras personalidades de renome internacional.

O IIRC tem como finalidade primordial desenvolver, melhorar e apoiar o quadro

internacional de relato e alcançar uma estrutura de relatório que (IIRC, 2011:5):

- Comunica a estratégia da organização, o modelo de negócio, o desempenho e o

contexto em que se insere;

- Fornece um quadro coerente orientado para regulamentar as exigências de mercado

e dos relatórios de forma integrada;

- Se encontre internacionalmente acordada, de modo a fomentar a convergência na

abordagem e, portanto, a compreensão imediata das informações nela apresentadas;

- Espelhe o efeito de todos os recursos utilizados e dos relacionamentos com os

“capitais” (humano, natural e social, bem como o financeiro, produção e intelectual)

em que as organizações e a sociedade em geral dependem para a sua prosperidade; e

- Reflita e transmita as interdependências entre o sucesso da organização e do valor

que ela cria para os investidores, os funcionários, os clientes e, mais amplamente, para

a sociedade.

27

“O mundo mudou, o relato também deve mudar”, é considerada uma das frases mais célebres associadas ao IIRC

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O IIRC desenvolveu e publicou uma estrutura de relatórios integrados (International

Integrated Reporting Framework) que visa facilitar a harmonização das normas e das regras de

relato nas próximas décadas a nível mundial. O objetivo central desta estrutura é de orientar

as entidades (sobretudo empresas de grande dimensão e cotadas na bolsa) na comunicação de

um conjunto mais amplo de informações requeridas pelos investidores e pelos diversos

interessados, com intuito de poderem avaliar numa perspetiva de longo prazo o desempenho

da empresa e para poderem tomar decisões de gestão com base em informação mais clara,

concisa e transparente (IIRC, 2011:2).

Os passos a seguir no projeto de melhoria e consolidação de práticas de comunicação,

levam o IIRC nas seguintes direções (IIRC, 2011:2):

- Realizar um programa piloto (Pilot Programme), com início em 2011 e com duração

de dois anos (até Outubro 2013), para encorajar a experimentação e inovação entre as

empresas e os investidores;

- Desenvolver uma exposição de uma estrutura de relatórios (International Integrated

Reporting Framework Exposure Draft), refletindo as respostas recebidas da discussão

pública (Discussion Paper) e as experiencias adquiridas no primeiro ano do programa

piloto (Pilot Programme);

- Trabalhar através de parecerias para apoiar o desenvolvimento da medição

emergente e a elaboração prática do relato integrado (Integrated Reporting);

- Aumentar a consciencialização dos investidores e outras partes interessadas

(stakeholders) e incentivar as organizações em adotar e em contribuir para a evolução

do relato integrado;

- Explorar oportunidades na harmonização dos requisitos e jurisdições do relato; e

- Desenvolver mecanismos institucionais para o relato integrado.

Com intuito de uma nova abordagem de comunicação, o IIRC emitiu um documento

para discussão pública (discussion paper) para toda a comunidade internacional empresarial

(normalizadores, produtores e utilizadores da informação financeira) acerca de propostas

iniciais de relatório integrado que deve abranger não só o desempenho financeiro, mas

também os condutores para a criação de valor acrescentado, a estratégia de negócio, os riscos

associados, entre outros indicadores não financeiros (KPMG, 2012a). O IIRC pretende alcançar

um consenso global sobre o relato mundial que é capaz de acomodar a complexidade e as

diversas vertentes da comunicação integrados num só documento (KPMG, 2012a). Esse

documento de reflexão estabelece o primeiro passo primordial no desenvolvimento de

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66 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

convergência internacional das normas contabilísticas, das orientações de sustentabilidade

publicados pelo GRI (Global Reporting Initiative) e das IFRS elaboradas pelo IASB (Deloitte,

2011).

Nesta situação, o IIRC convidou empresas (líderes mundiais nos seus setores com as

melhores práticas em comunicação empresarial) a participarem no programa piloto com

intuito de retirar experiências combinadas e fornecer valiosas contribuições destinadas a

produzir uma estrutura final de relatório integrado e desenvolver orientações práticas para a

implementação do mesmo (KPMG, 2011:19). Embora a criação de uma estrutura de relato

integrado seja o objetivo fundamental do IIRC, o sucesso da adoção do mesmo irá depender

do grau de consciência dos interessados e dos benefícios potenciais para os mercados de

capitais que poderão ser alcançados através do envolvimento direto das organizações

influentes selecionadas e através da cooperação mundial (KPMG, 2011:20).

No final da discussão pública, o IIRC menciona que obteve 214 respostas vindas de

instituições de mais de 30 países e indivíduos de diversas profissões (sobretudo de órgãos

normalizadores contabilísticos), e referencia, para além disso, que as respostas demonstraram

um esmagador apoio e incentivo para iniciar a fase seguinte e um grande interesse em temas

diversos, como a materialidade, modelo de negócios e conceito de valor acrescentado (IIRC,

2012).

Em meados de Julho de 2012, o IIRC lançou um esboço (Draft Framework Outline)28

que estabelece pela primeira vez uma estrutura básica do modelo de relatório internacional

integrado baseado nas respostas recebidas, nas ideias emergentes do programa piloto e no

envolvimento contínuo dos investidores (IIRC, 2012).

Embora ainda perdurem dúvidas e debates ativos entre as várias instituições

internacionais pertencentes ao núcleo do IIRC (IASB, GRI, IFAC …), todas elas expressam um

apoio incondicional ao mesmo e concordam que subsiste uma necessidade urgente em

delinear as divulgações interligadas aos conceitos de eficácia e de utilidade, mas também, de

sustentabilidade e de estratégia. Apesar de ainda não existir um modelo ideal para todos os

interessados, o IIRC desempenha um esforço considerável em aprofundar e formalizar

princípios de cooperação e coordenação entre as diversas instituições (IASB, GRI, IFAC) através

28

http://www.theiirc.org/wp-content/uploads/2012/07/Draft-Framework-Outline.pdf

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67 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

de Memorandos de Entendimento (Memorandum of Understanding) que visam a partilha e

transparência dos processos de harmonização mundial através de acordos mútuos (Deloitte,

2013). Essas parcerias são consideradas como mais-valias poderosas e irão proporcionar um

reforço considerável no processo de entrega da estrutura definitiva de relatórios integrados

globalmente aceite e da sua respetiva implementação (IIRC, 2013). Exemplo dessa

convergência, o GRI irá moldar a arquitetura da próxima geração de diretrizes (G4 – quarta

geração) para oferecer uma orientação sobre como vincular o processo de relatórios de

sustentabilidade para a preparação de relatórios integrados (GRI, 2012).

Por fim, o IIRC publicou em Abril de 2013 um projeto de consulta sobre a Estrutura

Internacional de Relatórios Integrados29 que poderá ser examinado e comentado entre 16 de

Abril e 15 de Julho (3 meses), e a versão final da mesma tem data prevista de lançamento em

Dezembro de 2013 (GRI, 2013).

Ainda que não haja um modelo definitivo, o ponto seguinte apresenta de que modo é

construído o relatório integrado com base no protótipo do IIRC.

2.2.3. Relatório Integrado

Indiscutivelmente, as diferentes formas de relatar a informação, a duração e a

complexidades dos relatórios, a omissão de informação importante e inclusão de informações

irrelevantes contribuem drasticamente para a falta de transparência e para a frustração dos

preparadores e dos interessados da informação. O relatório integrado visa diminuir a confusão

ao apresentar um relato claro, conciso e transparente (KPMG, 2011:2).

Para uma definição mais precisa e segundo o IIRC (2011), o relato integrado vai ao

encontro das necessidades informacionais do século XXI e reúne informações relevantes sobre

a estratégia da organização, o governo das sociedades, o desempenho a as perspetivas do

contexto comercial, social e ambiental em que opera. Portanto, esse novo paradigma de relato

leva à promoção da inovação, à focalização na comunicação e não apenas no cumprimento

legal e à tomada de decisões acerca da alocação, de forma consistente, de recursos com

29

https://www.globalreporting.org/information/news-and-press-center/Pages/GRI-and-IIRC-deepen-cooperation-to-shape-the-future-of-corporate-reporting.aspx

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68 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

objetivo de criação de valor sustentável e estabilidade económica de longo prazo (IIRC,

2011:5).

A Deloitte (2011) considera que o relato integrado visa combinar as diferentes

vertentes da comunicação (financeira, comentários de gestão, governo das sociedades e

remunerações, e relatório de sustentabilidade) num todo coerente que esclarece a capacidade

da organização em criar e sustentar valor com um foco de sucesso a médio e longo prazo.

Modificar a forma tradicional de relato para um relatório integrado traz inúmeros

benefícios e vantagens, como por exemplo, poder avaliar a viabilidade a longo prazo do

modelo de negócio de uma entidade e a sua estratégia, atender às necessidades crescentes de

informação por parte dos investidores e outras partes interessadas e, finalmente, demonstrar

a alocação eficiente dos recursos escassos (IIRC, 2011:3).

“Integrated Reporting reflects what can be called “integrated thinking”” (IIRC, 2011:6).

A frase representa o “pensamento integrado” exigido às organizações para que estas sejam

capazes de apresentar uma comunicação eficaz e eficiente, com aplicação coletiva aos vários

interessados, sobretudo para contribuir para o seu sucesso a longo prazo e para demonstrar a

sua capacidade em criar e sustentar valor (IIRC, 2011:6).

2.2.3.1. Breve Evolução do Relato

Tem-se vivenciado, atualmente, uma grande diversidade de relatórios espalhados pelo

mundo inteiro o que gera, para os interessados na informação, a desordem (clutter), confusão

(confusion) e fragmentação (fragmentation) (IIRC, 2011:3). Em várias jurisdições, os relatórios

estão, tendencialmente, a ficar cada vez mais longos e, por outro lado, demonstram detalhes

excessivos informacionais que podem obscurecer a compreensão e a análise crítica (IIRC,

2011:4). Ou seja, não é suficiente adicionar maior quantidade de informação, mas é necessário

efetuar ligações entre elas de forma clara e concisa para remover a desordem espelhada nos

relatórios empresariais (IIRC, 2011:4).

No entanto, para muitas organizações, o relato é visto como um processo de

conformidade legal e não como um método para comunicar informação relevante e

importante (IIRC, 2011:5). Além disso, e devido à pressão existente, as diferentes vertentes da

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69 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

comunicação tendem a evoluir de forma separada, por meio de requisitos adicionais de

informação com intuito de serem juntados ao modelo tradicional de relato, em vez de forma

integrada. Ou seja, este fenómeno tem criado um conjunto de sobreposições de divulgações

de forma interdependente que impede da informação ser analisada de forma esclarecedora

(IIRC, 2011:5).

Como forma de demonstrar a importância futura do relato integrado, apresentamos

uma figura ilustrativa dos vários pontos de viragem alusivos à evolução do relato mundial.

Figura nº 7: A evolução do relato empresarial

Fonte: IIRC, 2011:6-7

Neste contexto, uma coordenação internacional torna-se indispensável para repensar

num modelo único com vista a fomentar a comparabilidade global e a fornecer uma visão clara

e sucinta do desempenho das organizações para, fundamentalmente, existir um impacto

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70 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

positivo na tomada de decisão consciente por parte dos administradores, investidores e outras

partes interessadas (IIRC, 2011:5).

Desta forma, a convergência mundial está refletida no reconhecimento de progressos

significativos na normalização com o objetivo de desenvolver princípios, diretrizes,

metodologias e padrões de contabilização de informação financeira e não financeira, como por

exemplo, a junção normativa e eliminação das diferenças entre as normas internacionais de

relato financeiro (IFRS elaboradas pelo IASB) e os princípios geralmente aceites pelos Estados-

Unidos da América (US-GAAP elaboradas pelo FASB), bem como, as diretrizes da GRI (Global

Reporting Initiative).

2.2.3.2. Diferenças entre relatório tradicional e relatório integrado

O IIRC ostenta um resumo das principais diferenças entre um relatório tradicional e o

relatório integrado, para realçar a relevância evidente do novo padrão de relato, através do

seguinte quadro.

Quadro nº 5: Relato Tradicional vs Relato Integrado

Relato Tradicional Relato Integrado

Confiança (Trust)

Divulgações restritas e limitadas

Construção de confiança através da introdução de informação não-financeira com maior

transparência

Administração (Stewardship)

Somente o Capital Financeiro

Todas as formas de Capital (produção, humano,

intelectual, social e natural) contribuem para o sucesso numa perspetiva mais ampla

Pensamento (Thinking) Pensamento isolado Pensamento integrado reflete a complexidade do

processo de criação de valor a longo prazo

Foco (Focus) Desempenho

financeiro passado

O desempenho passado e a estratégia futura estão conectados e vinculados aos objetivos da

empresa

Período de tempo (Time Frame)

Curto prazo Curto, médio e longo prazo

Grau de adaptação (Adaptive)

Com uma regra subjacente e em

conformidade com orientações restritas

Sensível às circunstâncias únicas de cada organização, mas com certo nível de

cumprimento de regras para garantir a coerência e a comparação

Característica do texto (Concise)

Longo e complexo Conciso e material

Baseado na tecnologia (Technology enabled)

Baseado no papel Aproveita as tecnologias novas e emergentes (internet e XBRL) para vincular as informações

Fonte: Elaboração Própria com base no quadro IIRC, 2011:9

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71 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Um aspeto chave do relatório integrado é a abordagem sobre os recursos

(denominados de capitais - Capitals) que a empresa consome e cria – financeiro, produção,

humano, intelectual, social e natural e a oportunidade clara para que as entidades inovem e

explorem os benefícios potenciais do mesmo (KPMG, 2011:3)

Numa outra perspetiva, uma das características distintivas do relatório integrado é de

não existir nenhum modelo definido de relato, mas cada um deve ser construído em torno do

modelo de negócios único da organização que o prepara (KPMG, 2012a:14). Contudo, a

empresa pode orientar-se através de exemplos de relato de outras instituições, mas apenas

como um ponto de partida e não como um modelo a seguir (KPMG, 2012a:14).

A adoção do relato integrado nem sempre é considerada como fácil, pode demorar o

seu tempo, e fatores como a diversidade de operações (tanto de natureza como a nível

geográfico) e a complexidade do negócio influenciam claramente a sua extensão (KPMG,

2012a: 40). Todavia, a quantidade de detalhes da informação divulgada deve depender da

capacidade em que o leitor consegue avaliar o impacto dos riscos e oportunidades associados

ao modelo de negócio, bem como, estimar a criação futura de valor oferecida pela organização

(KPMG, 2012a:16)

De modo a finalizar este ponto, o relatório integrado desempenha um papel central no

futuro do relato e distingue-se por facultar garantidamente informação de qualidade para os

diversos interessados e harmonizada à realidade corporativa interligando as múltiplas

temáticas subjacentes (estratégia, sustentabilidade, governo das sociedades, etc.) em vez de

divulgá-las em relatórios separados e desenquadrados. Isto é, o relato integrado manifesta a

relevância da verdadeira integração das questões relacionadas com a responsabilidade

empresarial tida em consideração ao lado de outras questões operacionais e financeiras

(KPMG, 2012a:31).

2.2.3.3. Construção do Relatório Integrado

O IIRC não exige um formato padrão mas expõe um quadro de orientações

internacionais sobre o relato integrado (International Integrated Reporting Framework) que

proporcionam uma base de apoio imprescindível na preparação dos mesmos no que respeita a

fornecer uma forma consistente de conteúdos e de abordagens a incorporar nos relatórios nas

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próximas décadas (IIRC, 2011:8). As referidas predisposições irão ajudar a garantir a

comunicação coerente para a maioria das organizações (nomeadamente empresas de grande

dimensão e cotadas na bolsa numa primeira fase e, de seguida, igualmente aplicável a

pequenas e médias empresas, setor público e setor sem fins lucrativos), fornecerão

parâmetros gerais para os decisores políticos e reguladores e serão um foco para a

harmonização das normas dos relatórios (IIRC, 2011:8).

Neste contexto, o IIRC refere que o relatório deve ser elaborado com uma narrativa

coerente e apresenta um conjunto de cinco princípios orientadores (Five Guiding Principles) de

apoio à preparação de um relatório integrado (IIRC, 2011:3):

- A orientação estratégica (Strategic focus);

- Conectividade das diversas informações (Connectivity of information);

- As orientações futuras (Future orientation);

- A capacidade de resposta e inclusão das partes interessadas (Responsiveness and

stakeholder inclusiveness);

- Concisão, confiabilidade e materialidade (Conciseness, reliability and materiality).

Como tal, o relatório integrado deve articular informação relevante acerca dos

objetivos estratégicos da entidade, de que forma os mesmos devem ser executados na

implementação do planeamento estratégico e deve anunciar como os objetivos estratégicos

estão relacionados com a criação e sustentação de valor a longo prazo (princípio do enfoque

estratégico) (IIRC, 2011:13).

O relatório integrado deve demonstrar claramente as ligações informacionais entre o

desempenho financeiro e o impacto da utilização eficiente dos recursos escassos, da análise

dos riscos associados ao negócio, bem como, das influências dos relacionamentos com

terceiros (princípio da conectividade das diversas informações) (IIRC, 2011:13).

Devem também ser incluídas no relatório integrado as expetativas da administração

sobre o futuro e a continuidade da empresa, e deve abranger outras informações para ajudar

os interessados no relatório a compreender e avaliar as perspetivas, as previsões, as projeções,

as estimativas e as incertezas que a organização pode enfrentar (princípio das orientações

futuras) (IIRC, 2011:13). O relatório integrado deve enfatizar a importância das relações com os

steakholders (fornecedores, clientes, funcionários e sociedade) e deve facultar

esclarecimentos úteis sobre temas económicos, ambientais e sociais relacionados com a

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empresa para proporcionar uma maior capacidade de resposta às necessidades das partes

relacionadas (princípio da capacidade de resposta e inclusão das partes interessadas) (IIRC, 2011:13).

Por último, o relatório integrado deve fornecer informação concisa no sentido de relevante

para avaliar a capacidade da empresa em criar e sustentar valor a curto, medio e longo prazo,

dever proporcionar informação confiável e isenta de erros que sirva de garantia para as

entidades externas e deve oferecer informação material para não existir informação em

excesso e desnecessária (princípio da concisão, confiabilidade e materialidade) (IIRC, 2011:13).

Todavia, os princípios orientadores supramencionados devem ser aplicados na

determinação do conteúdo de um relatório integrado, com base nos seguintes elementos

fundamentais interligados entre si (IIRC, 2011:3 e 14-15):

(Organizational overview and business

model) representam a missão da empresa, os valores, as principais atividades, os

mercados de atuação, os produtos e serviços vendidos, entre outros;

(Operating context,

including risks and opportunities) identifica o contexto comercial, legal, social e ambiental

em que a entidade opera, abrangendo igualmente, os riscos e oportunidades de acesso

aos recursos escassos que afetam direta ou indiretamente a capacidade da organização

em criar e sustentar valor a longo prazo;

(Strategic objectives and

strategies to achieve those objectives) definem a forma como a organização irá medir a

realização e os resultados dos objetivos, previamente definidos, a medio e longo prazo,

bem como reconhecem mecanismos de gestão incorporados nas considerações de

sustentabilidade e de estratégia de vantagem competitiva capazes de tornar a empresa

como única;

(Governance and remuneration) revelam a estrutura da

organização através de uma explicação pormenorizada da liderança e das remunerações

dos executivos (conselho de administração) e como o governo das sociedades apoia e

influencia expressivamente os objetivos estratégicos, a cultura, os valores éticos e as

principais relações com terceiros;

(Performance) divulga se os objetivos estratégicos foram atingidos da

forma mais eficiente, eficaz e inovadora exequível, inclui informações qualitativas e

quantitativas (na medida do possível) acerca dos fatores externos (económicos, sociais e

ambientais) que influenciam o desempenho e revela perspetivas futuras claras sobre o

desempenho atual e passado;

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(Future outlook) permitem determinar uma visão de continuidade da

empresa e informa como as oportunidades e os desafios serão aproveitados e quais serão

as mudanças previstas ao longo do tempo, baseados em análises sólidas e transparentes

que demonstram a forma como a empresa se prepara para responder às exigências do

futuro.

Na figura subsequente pode-se observar uma representação da conexão entre os cinco

princípios orientadores e os seis elementos de conteúdo referidos anteriormente.

Figura nº 8: Princípios Orientadores e Elementos de Conteúdo

Fonte: IIRC, 2011:12

Apesar disso, existem outras notas importantes a ter em consideração acerca da

construção de um relatório integrado. Isto é, não subsiste um pré-requisito que o relatório

integrado deve ser efetuado num único documento, mas as empresas que procuram utilizá-lo

são suscetíveis de produzir um único documento por ser considerada uma maneira mais fácil

de divulgar a informação (KPMG, 2011:4). Por outro lado, não existe (ainda) nenhum modelo

universal de relatório integrado disponível e reconhecido internacionalmente, mas um

pequeno número de empresas já começam a experimentar a aplicação dos principais

princípios subjacentes a esse tipo de relato (KPMG, 2011:4).

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75 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Sabe-se ainda que a agregação do relatório integrado no processo de divulgação e

relato de uma empresa comporta metas mais profundas e exigentes que uma simples

integração física dos diferentes componentes de relatórios empresariais (KPMG, 2011:14).

Porém, esta circunstância requer o alinhamento e agrupamento de todos os elementos de

negócios com a estratégia, apresentando uma oportunidade para manifestar o vínculo entre

desempenho da sustentabilidade, criação de valor e governo das sociedades (KPMG, 2011:14).

Num ambiente cada vez mais volátil, subsiste um reconhecimento que o relato

integrado fornece uma base sólida para resolver as prioridades de gestão e de alocação de

capital, no entanto, contribui igualmente para alargar a visão de curto prazo (business as

usual) dos investidores para um horizonte a longo prazo com base nas previsões futuras

(KPMG, 2012a:5). Portanto, as duas figuras subsequentes revelam como é entendido o

impacto do valor de negócio (business value) de modo a colaborar para uma comunicação

completa e uma interligação dos três marcos temporais de um relatório empresarial que são: o

estado atual da saúde financeira da empresa (curto prazo), a capacidade em gerar fluxos de

caixa futuros (médio prazo) e a oportunidade em criar mudanças estratégicas e sustentação de

valor (longo prazo) (KPMG, 2012a:6).

Figura nº 9: Criação de valor a curto, médio e longo prazo

Fonte: KPMG, 2012a:5

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Figura nº 10: As perspetivas do desempenho do negócio

Fonte: KPMG, 2012a:7

Em suma, o relatório integrado deve incentivar as boas práticas de comunicação

apostando em conceitos inovadores e futuristas e deve servir de sólida orientação na ajuda à

divulgação de informação ao exterior. Por outro lado, e com o desenvolvimento da

comunicação integrada, a importância da auditoria é reforçada como consequência de

evidenciar se a comunicação exposta acerca do futuro da entidade está cuidadosamente

divulgada e apresenta condições de segurança verdadeiras e justas para não serem criadas

expectativas ou exposições indevidas (KPMG, 2012a).

A citação seguinte demonstra a extrema importância do relato integrado no aumento

da transparência e na construção de uma relação de confiança com o exterior, sendo este um

novo exemplo a seguir em relação a divulgação empresarial. (IIRC, 2011:20) “Integrated

Reporting and transparency is not only the right thing to do, but it has brought with it a broad

range of business benefits, ranging from richer access to capital markets and identification of

cost savings to an increase in employee engagement.”

2.2.3.4. Benefícios e Desafios

Os benefícios da aparição de um relatório melhorado através do relato integrado

abrangem, designadamente, a alocação mais eficiente de capital, os procedimentos de relato

simplificados, os custos de informação reduzidos e a clareza organizacional reforçada em

termos de estratégia e modelo de negócio (KPMG, 2011:7). Por outro lado, o relato integrado

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reflete-se em maior clareza sobre a relação entre os indicadores financeiros e não-financeiros

de desempenho, em melhores decisões de gestão, em mais profunda interligação com a ampla

comunidade de participantes e em menor risco de reputação (Harvard, 2010).

As implicações da implementação do relatório integrado variam para os diferentes

interessados (empresa, investidores, decisores políticos, reguladores e outros intervenientes)

na cadeia de fornecimento de informação devido às exigências cada vez mas centralizadas

numa imagem transparente e verdadeira do mundo dos negócios (IIRC, 2011:20).

As figuras seguintes apresentam de forma sintetizada quais os benefícios e os desafios

do relato integrado na perspetiva da empresa que relata, na perspetiva do investidor e na

perspetiva dos decisores políticos, normalizadores e reguladores.

Figura nº 11: Benefícios e Desafios

- Informações relatadas de forma mais alinhadas com as necessidades dos investidores;

- Informações não-financeiras mais precisas;

- Níveis mais elevados de confiança com os principais interessados na informação;

- Melhor gestão de risco, gestão de recursos e identificação de oportunidades;

- Menor custo e melhor acesso ao capital devido à melhoria na divulgação;

- Desenvolvimento de uma linguagem comum.

Benefícios - Organização

- A organização deve estar atenta às mudanças legislativas porque o Relatório Integrado deve ser objeto de

regulamentação e pode evoluir em diferentes velocidades nos variados países consoante o consenso

internacional;

- As funções e responsabilidades dos administradores serão relatadas de forma mais extensa devido às

preocupações emergentes no governo das sociedades;

- Ao mencionar informação estratégica, as empresas deverão equilibrar os benefícios de a indicar e evitar

divulgar à concorrência as informações que revelam o segredo de negócio;

- As organizações terão de estabelecer ou reforçar os sistemas de informação para capturar e agregar as

informações pretendidas.

Desafios - Organização

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a

Fonte: Elaboração Própria com base IIRC, 2011:21-23

Todavia, subsistem semelhantes perspetivas referentes a outras partes interessadas

(sociedade civil, trabalhadores e académicos) na informação multidisciplinar divulgada no

relatório integrado, sobretudo no que diz respeito a comunicação de questões ambientais e

sociais e sobre as perspetivas futuras da empresa.

Benefícios - Investidor

- A prestação de informações mais integrada irá auxiliar no cumprimento dos deveres de financiamento e

ajudar a aumentar o sucesso financeiro da entidade;

- Uma maior enfâse nas informações acerca do futuro pode na apreciação da capacidade da empresa em

gerar cash-flows e perspetivar a sua continuidade;

- A divulgação dos principais riscos e oportunidades permitirá uma avaliação e gestão de carteira de

investimentos;

- A comparabilidade entre os modelos de negócio irá fornecer uma plataforma de informação comparativa

sobre a análise setorial, geográfica, ética empresarial e gestão de conflitos de interesses;

- Tomada de decisões mais eficazes, melhores retornos de investimento e alocação de capital mais eficiente.

- Um acréscimo de utilização de ferramentas analíticas e técnicas de análises de

investimentos servirá para examinar a grande variedade de informação de fatores

financeiros e não-financeiros;

- Uma vasta gama de medidas regulamentares deverá acrescentar o foco no retorno a longo

prazo dos investimentos em detrimento da estrutura atual de fornecimento de

investimento meramente a curto prazo.

Desafios - Investidor

Benefícios – Decisor Político, Normalizador e Regulador

- O relato atual é formatado através de uma imensa diversidade de regulamentos, normas e códigos.

O relato integrado oferece uma integração dos requisitos de informação dentro de uma jurisdição e

uma harmonização das abordagens técnicas;

- Uma ferramenta importante no tratamento dos riscos surgidos pela recente crise financeira global

é uma maior transparência nas divulgações fornecida pelo relatório integrado

- Implementação de mecanismos legislativos e regulamentares de convergência internacional

acerca de diversas áreas (direito ambiental, direito dos valores mobiliários, entre outros);

- Regulação da responsabilidade implementada no governo das sociedades e confidencialidade

de negócio.

Desafios – Decisor Político, Normalizador e Regulador

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79 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Na verdade, o relato integrado desenvolve a satisfação dos utentes da informação e

formula componentes benéficas que habilitam as organizações no incentivo de inovar nas suas

práticas de comunicação, os investidores na análise do futuro da entidade e na tomada de

decisão consciente e os reguladores na convergência internacional de relatórios empresariais

(IIRC, 2011:24).

Em termos práticos, ainda é cedo para avaliar quantitativamente os benefícios

potenciais subjacentes ao relato integrado, contudo, várias empresas a nível mundial

começaram os primeiros passos na tomada de consciência da implementação de medidas

imediatas e inovadoras como forma de evoluir para uma estratégia de comunicação mais

abrangente a longo prazo (KPMG, 2011:8).

Deste modo, possuímos exemplos de organizações que amplificam o interesse nas

divulgações mais sucintas das demonstrações financeiras através do anexo e nas divulgações

mais detalhadas acerca dos riscos de negócio, com intuito de adicionar garantia ao nível da

credibilidade e consistência da informação financeira divulgada e orientada para uma

interpretação de gestão (KPMG, 2011:8).

Por outro lado, subsistem entidades que apostam numa melhor comunicação ao nível

do relato da sustentabilidade e da responsabilidade corporativa ao ponto de contribuir para

um incremento no conhecimento de questões que afetam o desempenho estratégico da

empresa e a influência dos mercados de capitais (KPMG, 2011:8). Da mesma maneira, cada vez

mais empresas se empenham na inclusão de inovações tecnológicas nos seus próprios

sistemas de informação, como o XBRL (eXtensible Business Reporting Language), divulgado na

internet e em relatórios em tempo real, que proporcionam a integridade melhorada de dados

e o acesso atempado à informação (KPMG, 2011:8).

Os primeiros exemplos de empresas30 a implementarem os princípios orientadores da

estrutura do relato integrado têm manifestado um início positivo, embora se tenham

confrontado com relatórios ainda demasiado longos, a informação continua separada por

temas (financeira, governo das sociedades, sustentabilidade e operações), os principais

indicadores de desempenho nem sempre são relevantes para a monitorização da estratégia,

30

SAP, Philips, Natura, Pfizer e muitas empresas da Africa do Sul que implementaram o Código King III sobre o relato integrado

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80 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

entre outros desafios revelados (KPMG, 2011:13). Dito isto, a maior parte do trabalho já

concretizado desempenhará uma função de guia inestimável para futuras organizações que

deverá, naturalmente, ser melhorado tendo sempre um entendimento de inovação, criação de

valor e uso da tecnologia (KPMG, 2011:13).

Em Portugal, a aposta na comunicação empresarial ainda não se encontra muito

desenvolvida devido ao facto do tecido empresarial ser composto maioritariamente por micro

e pequenas entidades com um fraco nível de reivindicação de relato financeiro e por existir

relativamente poucas empresas de grandes dimensões cotadas na bolsa. Assim, para que as

empresas portuguesas consigam ganhar força internacionalmente, deverão se adaptar às

novas exigências de relato integrado e deverão demonstrar um potencial reforçado em termos

de divulgações ambientais, sociais e de governo das sociedades para poderem competir com

as outras organizações internacionais.

As questões-chave a serem retiradas dos desafios introduzidos pela implementação de

um desejado relato integrado advém da inclusão de informações de grande interesse por parte

dos investidores através da produção de um relatório focado na capacidade da empresa em

concorrer em mercados competitivos, operando dentro de um quadro ético, e apresentando

perspetivas e metas para alcançar um nível elevado de sustentabilidade e criação de valor.

A título de conclusão deste subcapítulo “Relatório Integrado”, podemos asseverar que,

devido às exigências dos investidores dos mercados de capitais e devido ao aumento das

necessidades de informação cada vez mais centradas nas estratégias e nas perspetivas futuras

das empresas, o relato integrado garante um enorme progresso na inovação dos sistemas de

informação e na forma de divulgar informação financeira e não financeira para o exterior. O

relato integrado é considerado como um grande reforço na comunicação empresarial por

articular a prestação de contas à responsabilidade corporativa, ambiental e estratégica. Ou

seja, o relato integrado oferece uma visão de alto nível e um contexto alargado da estrutura

organizacional e do modelo de negócio, e serve sobretudo, para auxiliar a tomada de decisões

consciente e para avaliar eficazmente o desempenho da administração de gestão.

Para evitar futuras crises financeiras e recessões económicas, torna-se imprescindível

elevar a fasquia na interligação e na conexão da informação corporativa em torno das

questões relacionadas com os riscos e as oportunidades de negócio, contudo, mais

particularmente, relacionadas com a estratégia e sustentabilidade das empresas por se

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81 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

considerar poderem revolucionar a divulgação empresarial através da cooperação com o

relato integrado.

Desta forma, o relato integrado requer uma formulação de debate e um esforço

acrescido dos normalizadores, reguladores, preparadores, investidores e auditores na

harmonização global das divulgações, sugere uma mudança profunda de mentalidades no

mundo dos negócios, faculta um ponto de partida para uma comunicação empresarial

aperfeiçoada e de qualidade, e, por fim, proporciona um incentivo ao diálogo desejado entre

todas as partes relacionadas com a empresa.

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82 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Após um estudo teórico aprofundado acerca do processo de relato tradicional e

integrado de uma empresa, iremos abordar uma vertente mais prática do tema ao inserir uma

análise da realidade do Grupo Visabeira, particularmente, no que diz respeito à sua gestão de

informação contabilístico-financeira. Isto é, neste último capitulo, apresentaremos como é

elaborado e construído o relato do Grupo em questão e iremos equacionar algumas propostas

para melhorar o seu processo de relato para o exterior.

3.1. Processo de Relato da Visabeira

Ao longo do estágio curricular, o processo de relato da Visabeira foi minuciosamente

examinado através de perguntas colocadas à coordenadora de estágio, da leitura atenta dos

relatórios anuais de contas consolidadas (do ano de 2007 a 2011) e de entrevistas a quatro

pessoas da empresa. Em primeiro lugar, iremos fazer um enquadramento geral das normas e

dos procedimentos utilizados pelo Grupo em termos de relato, e de seguida, analisaremos as

entrevistas de uma forma mais pormenorizada.

3.1.1. Enquadramento Geral

No próprio Grupo subsiste um universo empresarial repleto de uma grande

diversidade de exigências de relato, isto é, por um lado, o Grupo integra maioritariamente

pequenas e médias empresas (PME) que aplicam o SNC (NCRF-PE) como principal sistema

contabilístico e divulgam contas de cariz individual, por outro lado, a empresa agrega uma

fundação (IPSS) com finalidade sociais que utiliza a NCRF-ESNL (Entidades Setor Não Lucrativo),

por último, a entidade aglomera, igualmente, um pequeno grupo económico (Vista-Alegre,

SGPS, SA) com valores cotados na bolsa de valores mobiliários de Lisboa.

Assim sendo, podemos afirmar que dentro do Grupo são aplicados diferentes níveis

contabilísticos com distintos graus de exigências de relato. Contudo, a Visabeira emprega as

normas internacionais de contabilidade (IAS/IFRS) como forma de consolidar as contas

individuais pertencentes ao perímetro de consolidação pelo método de consolidação integral,

o que circunscreve obrigações mais rigorosas de divulgação e de prestação de contas do que

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83 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

aquelas preconizadas pelo SNC. O perímetro de consolidação é analisado mensalmente pelo

responsável de consolidação através da leitura das IAS e da percentagem de participação, e na

medida em que subsistem empresas sedeadas fora do território nacional, deve haver todo um

processo subjacente de transposição de contabilidade para o plano de contas português.

Em termos fiscais, o Grupo apresenta, identicamente, uma inúmera variedade de

modelos fiscais específicos, isto é, aplica o Regime Especial de Tributação dos Grupos de

Sociedades (RETGS – artigos 69º a 71º do CIRC) para que o lucro tributável do grupo seja

calculado através da soma algébrica dos lucros tributáveis e dos prejuízos fiscais apurados nas

declarações periódicas individuais de cada uma das sociedades pertencentes ao grupo,

emprega Preços de Transferência (artigo 63º CIRC) por possuir operações comerciais entre

empresas do grupo, e usa regimes especiais a nível do IVA, como por exemplo, sobre o regime

da margem nas agências de viagem31 entre outros.

A partir do ano de 2010, a Visabeira apostou num grande investimento ao nível das

tecnologias de informação através da plataforma SAP que tem como funcionalidades

primordiais auxiliar na gestão mais eficiente e eficaz da informação contabilística e financeira,

na utilização de melhores práticas de negócio sobretudo a nível da faturação e na otimização

dos recursos no que diz respeito à gestão de stocks e compras. O software SAP é considerado

um dos melhores a nível mundial, o que estabelece uma importante mais-valia para o Grupo e

pode constituir uma vantagem competitiva no âmbito de divulgação para o exterior.

3.1.2. Análise Entrevistas

O método de entrevista semiestruturada foi escolhido no âmbito da escolha de um

instrumento metodológico específico na realização de uma investigação qualitativa e,

designadamente, por permitir uma interação direta e uma oportunidade de aprofundar o tema

“Relato da Visabeira”. O principal objetivo da entrevista ocorre na obtenção oral de

informações particulares acerca da opinião dos entrevistados sobre o funcionamento prático

do Grupo Visabeira.

Em relação a uma entrevista semiestruturada, pode-se declarar que essa carateriza-se

pela existência de um guião previamente preparado que serve de eixo orientador ao

31

Decreto-Lei n.º 221/1985, de 03 de julho, DR n.º 150 – Série I

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84 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

desenvolvimento da entrevista e procura garantir que os diversos participantes respondam às

mesmas questões (Cristina Costa et al., 2004). Esse modelo de entrevista combina perguntas

abertas e fechadas, onde o entrevistado tem a possibilidade de aprofundar o tema proposto.

Os quatro entrevistados foram escolhidos de uma forma estratégica devido à

familiarização com o tema em discussão e selecionados pela relevância do posto de trabalho

desempenhado no Grupo, entre os quais, a supervisora do departamento de contabilidade, o

responsável pela consolidação de contas, o responsável pelo acompanhamento da

contabilidade e o consultor interno. Todos os entrevistados quiseram preservar as respostas

anónimas mas revelaram grande interesse no estudo em questão.

No quadro seguinte são caraterizados os entrevistados, define-se qual a sua formação,

o número de anos trabalhados no Grupo Visabeira e as principais funções de cada um.

Quadro nº 6: Dados dos entrevistados

Formação Nº anos Funções

Dra. Angélica Fernandes

Licenciada em Contabilidade / TOC

12 anos Diretora do departamento de

contabilidade

Dr. Merciano Caetano

Licenciado em Gestão

21 anos Assessor da administração / Responsável pelo acompanhamento da contabilidade

Dr. Paulo Ferraz

Bacharelato em Gestão

14 anos Responsável pela consolidação de contas

e informação de rating

Dr. Filipe Silva Licenciado em Gestão / ROC

14 anos Diretor da auditoria e fiscalidade /

Consultor interno

Fonte: Elaboração própria com base nas respostas das entrevistas

Cada entrevista individual e presencial foi executada no local de trabalho dos

entrevistados num gabinete de reuniões através de um questionário sobre o tema em

pesquisa e sobre a realidade empresarial da Visabeira e teve como duração de

aproximadamente uma hora cada. O modelo32 de entrevista semiestruturada foi organizado e

planificado tendo em conta uma sequência lógica no sentido de dar continuidade ao diálogo e

dividiu-se em quatro partes distintas apresentadas no quadro seguinte.

32

Ver apêndice 4: Modelo de entrevista

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85 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Quadro nº 7: Estrutura Entrevista

Parte 1

Identificação do

entrevistado

Perguntas relacionadas diretamente com o

entrevistado

- Formação, número de anos na empresa, funções exercidas;

- Tarefas diárias;

- Dificuldades / limitações do exercício das funções.

Parte 2

Contabilidade Questões que revelam o

funcionamento do sistema contabilístico

- Número de empresas integrantes do perímetro de consolidação;

- O papel de um contabilista no grupo;

- Normas utilizadas no processo contabilístico; Etc.

Parte 3

Relato Financeiro

Perguntas acerca do relato propriamente dito

- Perspetiva futura de entrada na bolsa de valores;

- Utilizadores da informação mais importantes;

- Possibilidade de entrada no relato integrado; Etc.

Parte 4

Funcionamento da Visabeira

Outros assuntos pertinentes

- Particularidades fiscais;

- Mecanismos de auditoria;

- Os pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades do grupo; Etc.

Fonte: Elaboração própria

A recolha da informação pelas entrevistas constituiu uma ajuda considerável para

compreender o contexto organizacional e social do grupo e, através das mesmas, conseguimos

esclarecer o funcionamento do departamento da contabilidade e os procedimentos adotados

na divulgação dos relatórios. De seguida, iremos apresentar um resumo das respostas

concedidas ao longo das entrevistas sem mencionar de quem foram os esclarecimentos devido

ao pedido de anonimato.

3.1.2.1. Contabilidade

O sistema contabilístico do Grupo Visabeira totaliza 160 empresas pertencentes ao

Grupo e 110 delas fazem parte do perímetro de consolidação. Em algumas empresas

estrangeiras, verifica-se uma duplicação de contabilidade, ou seja, a contabilidade é efetuada

no país de origem (como por exemplo: Alemanha, México, Brasil, Bélgica, etc.) devido à

necessidade de resposta às obrigações declarativas fiscais e, numa perspetiva de análise, a

contabilidade é equitativamente elaborada em duplicado no departamento de contabilidade

na sede do Grupo.

Quanto à composição do departamento de contabilidade, por um lado, é constituído

por catorze pessoas com estatuto de “Contabilista” onde estão incluídos cinco Técnicos

Oficiais de Contas que se ocupam dos encerramentos mensais de contas, dos impostos e

envios de declarações obrigatórias, entre outras funções, e por outro, são integradas nove

pessoas que prestam apoio aos contabilistas efetuando lançamentos de faturas, de caixas e de

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86 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

fundos de maneio. Uma das políticas do Grupo é de existir a primazia em especialistas em

áreas específicas e uma grande segmentação de funções onde a responsabilidade é distribuída

a um grande leque de pessoal.

Em média, cada “Contabilista” é responsável por dez empresas mas existe uma

discrepância elevada, pois uma pessoa pode ser responsável por cerca de quarenta empresas

de menor dimensão ou até quase inativas, enquanto que outra pessoa pode ser responsável

somente por cinco empresas com um grande volume de transações. Noutra perspetiva, o

papel do contabilista no seio da Visabeira amplificou-se por causa da implementação da

ferramenta SAP (em 2010) e da fluição de informação necessária para responder às

necessidades da administração do Grupo.

O facto de usufruir de um departamento de contabilidade próprio incluído num grupo

económico concebe economias de escala por não gozar da obrigação de adquirir serviços de

contabilidade externos. Mas o conceito da “Contabilidade” na Visabeira e a sua importância

encontrar-se evidenciada muito para além do simples departamento contabilístico, mas sim,

numa vista multidimensional de diversos departamentos interligados que proporcionam

informação que será adaptada no circuito informacional contabilístico.

A figura seguinte apresenta o funcionamento da contabilidade do Grupo Visabeira

repartido pelos vários departamentos ligados à área.

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

87 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Figura nº 12: Departamentos do Grupo Visabeira ligados à Contabilidade

Fonte: Elaboração própria com base da informação recolhida no estágio

Como se pode verificar na figura supramencionada, a segregação de funções está

circunscrita da seguinte forma:

- Cinco departamentos com tarefas de execução ligadas diretamente à contabilidade:

os contabilistas, as tarefas periódicas, os recursos humanos, o financeiro e o back

office;

- Três departamentos de análise, de auxílio e de supervisão: a consolidação, o controlo

de gestão e o acompanhamento;

- Um departamento informático de apoio a todas as outras secções: os sistemas de

informação.

Em suma, o relatório anual de contas final é elaborado por uma equipa multidisciplinar

constituída por vários responsáveis dos diferentes departamentos, referidos anteriormente,

que compilam e formulam, de forma eficaz e transparente, toda a informação necessária para

revelar a imagem verdadeira e apropriada das demonstrações financeiras.

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

88 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

3.1.2.2. Relato Financeiro

O processo de relato propriamente dito compreende, numa primeira fase o processo

de lançamento e classificação de documentos, na segunda fase a conversão das

demonstrações individuais para consolidadas, na terceira fase o estudo e monitorização dos

procedimentos anteriores, e na quarta e última fase a comunicação no site do Grupo do

relatório anual de contas por parte do departamento de Informática e de Marketing no

sentido de embelezar e dinamizar o relatório final divulgado para o público-alvo, como se pode

atestar na figura seguinte. As três primeiras fases são produzidas e explicadas mensalmente ao

conselho de administração, devido à obrigação e à necessidade constante de informação

atempada e de uma política de tomada de decisão ligadas à gestão de forma coerente e

oportuna.

Figura nº 13: Fases do processo de relato do Grupo Visabeira

Fonte: Elaboração própria com base da informação recolhida no estágio

De todos os utentes da informação financeira, o conselho de administração e a banca

foram identificados por unanimidade como os mais importantes e de maior destaque.

Portanto, os relatórios de contas são oferecidos anualmente a entidades escolhidas de

maneira estratégica como por exemplo as instituições bancárias, as instituições do estado e

diversos parceiros de negócio influentes como forma de posicionamento e divulgação dos

resultados económico-financeiros anuais. Os relatórios anuais são oferecidos, identicamente,

aos funcionários administrativos da sede do Grupo que participaram direta ou indiretamente

na elaboração do relatório.

No futuro, embora ainda não possua um timing determinado, existe uma perspetiva e

vontade de entrada do Grupo Visabeira na bolsa de valores mobiliários, todavia, somente

quando as condições de mercado sejam favoráveis e mais estáveis. Essa ocorrência

encaminhará para uma modificação estrutural do relato na empresa devido às exigências mais

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

89 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

profundas em termos de relato de Governo das Sociedades e de Sustentabilidade exigidos pela

Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

3.1.2.3. Funcionamento da Empresa

Em relação à auditoria, o método utilizado é somente o da implementação de uma

auditoria externa executada pela empresa de consultoria “Ernst and Young” que pratica a

certificação legal de contas de todo o Grupo. Não existe qualquer código de ética

implementado na Visabeira e os sistemas de controlo interno são efetuados através da

ferramenta SAP e não como manual escrito de procedimentos de sistema de controlo interno

implementados num departamento específico de auditoria interna.

Numa referência a uma análise SWOT (Strenghts – pontos fortes, Weaknesses – pontos

fracos, Opportunities – oportunidades e Treats – ameaças), procurou-se identificar a

apreciação dos inquiridos acerca das forças e fraquezas internas e provenientes do meio

envolvente do Grupo Visabeira.

Figura nº 14: Análise SWOT do Grupo Visabeira

Fonte: Elaboração própria com base nas repostas das entrevistas

- Recursos humanos qualificados como geradores de força interna - Diversificação das áreas de negócio - Internacionalização com percentagem cada vez mais elevada - Aposta na inovação e qualidade - Inúmeras empresas com certificação de qualidade e prémios de excelência

Pontos Fortes

- Elevada burocracia interna devido às validações - Percurso complexo e demorado de fluição da informação - Elevada rotatividade do pessoal gera perda de produtividade

Pontos Fracos

Ambiente Interno

- Entrada no mercado bolsista - Aposta em mais diversificação de áreas geográficas - Aumentar a percentagem de volume de negócio do mercado externo

Oportunidades

- Conjuntura e estagnação da economia nacional e mundial - Taxas de juros elevadas - Dificuldades de acesso ao crédito - Diminuição do poder de compra

Ameaças

Ambiente Externo

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

90 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Por último, a opinião dos entrevistados sobre os desenvolvimentos estratégicos

futuros do Grupo passam genericamente pela expansão de negócios e pela conquista de novos

mercados como os EUA, Reino Unido e Índia, pela aposta nas energias renováveis e negócios

emergentes e pela continuação do crescimento na área turística internacional.

Em suma, O Grupo Visabeira demonstra uma evolução significativa de melhoria de

relato, nomeadamente no período em análise (2007 a 2011). Mas num mundo cada vez mais

competitivo e exigente, torna-se necessário criar um aperfeiçoamento do relato para

conseguir acompanhar as tendências de divulgações referente às restantes grandes empresas

nacionais e internacionais.

3.2. Visão Futura para a Visabeira

“High-quality information is integral to the successful management of the business,

and is one of the major drivers of sustainable organizational success.” (IFAC, 2013:4)

Nos mercados globais, as empresas são colocadas cada vez mais em competitividade

aberta, em ambiente de grande risco mas também de grandes oportunidades. Por forma a não

se deixarem ultrapassar nessa envolvente, as empresas deverão ser capazes de lidar com a

informação e as tecnologias de informação como fonte de conhecimento que é considerada

um dos principais capitais ao serviço de uma empresa (Borges et al., 2002, 13).

Numa grande velocidade de mudança, as expectativas sobre a transparência, a

qualidade e a fiabilidade da informação que as empresas cotadas na bolsa proporcionam aos

mercados e a outros grupos de interesses (stakeholders), estão a aumentar em todo o mundo

nos últimos anos, sobretudo após a publicação da lei Sarbanes-Oxley33 e o fortalecimento do

governo das sociedades (Terol, 2012:5)

De acordo com o mencionado anteriormente, observamos que o relato financeiro do

Grupo Visabeira tem vindo a evoluir ao longo dos períodos em análise devido à utilização das

Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS do IASB), mas continua a apresentar lacunas de

33

Veio tornar obrigatória existência de uma comissão de auditoria dentro do conselho de administração de todas as empresas abertas americanas com o objetivo de acautelar possíveis fraudes nas demonstrações financeiras e garantir a transparência da informação divulgada.

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91 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

informação (por não ser um grupo cotado na bolsa) que poderão ser modeladas e melhoradas.

Sabe-se ainda que a Visabeira aposta fortemente na inovação das tecnologias de informação

que poderão ser aperfeiçoadas ao nível da verificação rigorosa e da garantia da qualidade e

transparência do sistema de recolha de informações não-financeiras e redirecionadas para um

novo paradigma de relato financeiro através da introdução do relato integrado.

Como tal, nesta última parte, iremos introduzir algumas recomendações que poderão

ser inseridos num procedimento de melhoria de relato, por forma a fortalecer a posição

competitiva do Grupo Visabeira espalhada por vários continentes e a aperfeiçoar a imagem de

marca de um grande grupo económico. Todavia, para que as recomendações sejam

empregadas com eficiência e eficácia, os valores e os benefícios do relato integrado deverão

ser compreendidos e aceites pelo conselho de administração para principiar a inclusão do

pensamento integrado das chefias de topo para os restantes trabalhadores (IIRC, 2012).

“O relato financeiro a apresentar por uma entidade empresarial não pode ser visto

como um conjunto separado de diversos elementos. Para obter um relato financeiro completo,

o utente das demonstrações financeiras tem que ter acesso a um conjunto completo de

informação, que compreende quer elementos de natureza quantitativa quer de natureza

qualitativa, incluindo informação certificada mas também não certificada. É a totalidade dessa

informação que constitui o relato financeiro completo.” (Góis, 2013:57)

Após pesquisa atenta sobre o tema “Relato” e em função das tendências vivenciadas

nas últimas décadas, expomos na figura seguinte o que julgamos ser fundamentalmente os

seis imprescindíveis pilares interligados entre si, que determinam o domínio de reivindicações

de relato, sobretudo no que diz respeito a empresas cotadas na bolsa de valores.

Figura nº 15: Pilares do relato

a

Fonte: Elaboração própria

Contabilidade

Fiscalidade

Análise Financeira

Governo das Sociedades

Auditoria

Sustentabilidade e Social

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

92 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Em conformidade com a análise dos relatórios anuais de contas do Grupo Visabeira e

da recolha da informação junto das entrevistas, podemos asseverar que existe um grande

desenvolvimento de três pilares, que são a Contabilidade, a Fiscalidade e Análise Financeira

através de departamentos internos específicos ligados a cada área em questão. Em relação à

Auditoria, o Grupo recorre exclusivamente a auditorias externas executadas pela empresa de

consultoria Ernst and Young e não detém qualquer órgão específico para auditorias internas.

Uma das sugestões principais surge pela introdução dos últimos dois pilares, o Relatório do

Governo das Sociedades e o Relatório de Sustentabilidade que, embora não provenha de uma

obrigação legal pelo facto de não ser um grupo económico cotado na bolsa de valores, seria

benéfico para a Visabeira adotar uma vertente de relato modernizada para conseguir ser

comparada com outras empresas de grande dimensão.

Em termos genéricos, os principais conselhos de empresas bem-sucedidas na

comunicação advêm da implementação de mudanças em todos os níveis da estrutura

organizacional e da inclusão, mais aprofundada, de informações não-financeiras nos relatórios

de contas que possam ser úteis para os utilizadores da informação no sentido de serem

aproveitadas para aliciar investimentos externos (KPMG, 2012a). O que parece claro é que a

informação de negócio tenderá a tornar-se cada vez mais sofisticada incluindo informação

integral, e não apenas sobre questões financeiras globais (Terol, 2012:5).

A fim de executar os processos de comunicação eficazes nas organizações, os

contabilistas deverão desempenhar quatro papéis fundamentais: os criadores (creators), os

habilitadores (enablers), os preservadores (preservers) e os relatores (reporters) do valor

sustentável da empresa em termos do desempenho e da conformidade (IFAC, 2013:5). As

responsabilidades dos contabilistas advêm do registo da informação financeira

proporcionando o conhecimento detalhado do desempenho da empresa, mas também,

resultam de uma fomentação correta acerca da orientação da informação não-financeira

(IFAC, 2013:5). Portanto, considera-se essencial a renovação de competências dos contabilistas

no seio da Visabeira, no sentido de existir uma sensibilização acerca de informações

ambientais e sociais como forma de apoiar a evolução da organização.

Na realidade, a aplicação completa dos princípios do relato integrado implica um

compromisso e um estreito envolvimento dos diretores e dos executivos da entidade, e pode

levar, em média, três a cinco anos a serem realizados com sucesso, porém, esse tempo

dependerá da maturidade, da sofisticação e da abordagem dos sistemas de comunicação

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

93 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

implementados em cada empresa (KPMG, 2012a). Logo, os conselhos de administração são

confrontados com o desafio e a oportunidade de explicar melhor o seu modelo de negócio, sua

estratégia, e como eles irão criar valor no futuro, ao fornecer uma informação transparente,

relevante e clara sobre o desempenho passado (Terol, 2012:5).

Em relação ao Grupo Visabeira, o seu grande desafio passa por aproveitar o seu

sucesso conquistando sinergias económicas, de modo a evidenciar uma mudança cultural

através do pensamento integrado no seio da empresa que despenderá tempo e esforço na

construção de uma abordagem consistente e estável de comunicação permanente

envolvendo, para isso, as diversas funções ligadas ao relato (principalmente a contabilidade,

analise financeira, recursos humanos, sistemas informáticos, etc.). A coordenação interna,

incluindo todos os setores pertencentes à empresa para a produção de um relatório, requer

um processo integrado que envolve todos esses setores como mesmo grau de colaboração

(Lagace, 2010).34 A organização deverá determinar vários papéis, responsabilidades e

capacidades resultantes do processo de comunicação organizado e estruturado, bem como,

precisará de nomear pessoal competente e adequado e necessitará de coordenar a

colaboração entre os diversos envolvidos no processo de comunicação (IFAC, 2013:6).

Com rigor, deverão ser tomados comportamentos de reestruturação das funções

internas da empresa e procedimentos de ligação adequados aos elementos que compõe um

relatório integrado e encaixar no relato tradicional a divulgação das aspirações futuras, das

considerações de riscos e de oportunidades, das melhorias ao nível ambiental, social e de

governo das sociedades e, por último, das metas estratégicas e de desempenho (KPMG,

2012a). Para se conquistar a reestruturação interna desejada, as barreiras entre os diferentes

setores de atividade deverão ser quebradas, na medida em que todos os setores devem

relacionar-se entre si para a realização do relatório integrado, isto é, o efeito de uma

comunicação interna melhorada irá se refletir no aperfeiçoamento da qualidade da

comunicação externa principalmente numa imagem de transparência e de união bem como

diminui os riscos de reputação.

Numa ambição global para mudar o relato, deverão, igualmente, ser incluídas análises

prospetivas de atividade que constitui uma mudança de foco no desempenho financeiro

34

Resumo do livro (One Report, Integrated Reporting for a Sustainable Strategy) de Robert G. Eccles por e P. Michael Krzus.

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

94 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

histórico a curto prazo para fornecer uma compreensão como o negócio será gerido a medio e

longo prazo (KPMG, 2012a).

Em termos concretos, reconhecer-se a crescente necessidade de delinear as metas

estratégicas como um processo interativo, contudo, as mesmas deverão ser patenteadas de

modo em que se indiquem claramente a articulação das estratégias (não somente as

genéricas) a fim dos utentes da informação compreendem a essência desses objetivos

estratégicos e do desejado desempenho (KPMG, 2012a).

Na verdade, para se facultar uma perspetiva de gestão dos ganhos sustentáveis, torna-

se essencial construir uma ligação sólida e clara entre a análise dos indicadores financeiros, as

iniciativas estratégicas e as tendências de desempenho financeiro no sentido de todos os

interessados percebam a formação da construção do negócio da empresa (KPMG, 2012a).

Como tal, torna-se indispensável a criação de um órgão próprio de supervisão e de avaliação

do processo de relato como forma a estabelecer processos de sistemas de informação

continuamente melhorados (KPMG, 2012a).

À semelhança do que acontece em empresas cotadas em bolsas de valores, julga-se

fundamental a compreensão dos riscos e oportunidades criadas por questões ambientais e

sociais, portanto, sugere-se a introdução de informação não-financeira voluntária através do

relato de governo das sociedades (corporate governance) incutido pela Comissão do Mercado

de Valores Mobiliários (CMVM)35 e do relato de sustentabilidade e de responsabilidade social

suscitado pelas normas da GRI. Isto é, os utentes das demonstrações financeiras, para

tomarem decisões económicas de forma consciente, poderão avaliar o zelo ou a

responsabilidade do órgão de gestão pelos recursos escassos que lhe foram confiados (Góis,

2013:59). A implementação desses relatos não-financeiros advém, igualmente, da necessidade

de apresentar informação que seja transparente e credível no sentido de se evitarem conflitos

de interesses e de custos de agência entre os detentores de capital (acionistas, proprietários

da empresa) e os gestores executivos.

O relatório sobre o governo das sociedades (corporate governance) contribui para a

otimização do desempenho da sociedade e para uma composição equilibrada dos interesses

dos acionistas. Esse relatório é construído com base em recomendações acerca do modelo de

35

Regulamento nº 1/2010 da CMVM em vigor atualmente mas será revogado devido à proposta pelo documento de consulta pública CMVM nº 2/2013

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

95 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

governação que se expõem como um exercício tendente à definição das melhores práticas

capazes de fomentar a melhor eficiência das sociedades. (Góis, 2013:58). O governo das

sociedades torna-se imprescindível para fomentar a criação de políticas de remunerações

corretas, mecanismos eficazes de controlo e gestão de risco. No caso da Visabeira, mesmo

sendo um grupo de cariz mais familiar, a elaboração desse relatório será benéfico por

fomentar uma estrutura eficiente de incentivos da gestão executiva e pelo facto de

estabelecer regulação das boas práticas de gestão evitando assim os conflitos de interesses.

Por outro lado, o relatório de sustentabilidade divulga o desempenho económico,

ambiental e social da organização e suas interações (Góis, 2013:58). Ou seja, o presente

relatório deve manifestar as orientações de maximização dos impactos positivos e

minimização dos impactos negativos das decisões do foro ambiental e social, e deve

igualmente expor os compromissos voluntários a longo prazo de Responsabilidade Social e

Empresarial (RSE) da empresa perante a sociedade, a justiça ambiental, o bem-estar e

equidade social e o desenvolvimento sustentável (Caseirão, 2012:55). A Visabeira poderá

aplicar os princípios e as preocupações fundamentais expressas nas normas Sustainability

Reporting Guidelines emitidas pelo GRI que abrangem as questões relacionadas com as

vertentes de crescimento económico, o progresso social e o balanço ecológico e ambiental

(Caseirão, 2012:59).

Para além de tudo que foi mencionado precedentemente, incute-se, ainda, a

relevância da implementação de uma função de supervisão através de uma comissão de

auditoria, no seio do Grupo Visabeira, no sentido de promover um planeamento e uma

verificação eficaz do processo comunicativo integrado antes da divulgação oficial do relato.

Uma comissão de auditoria será capaz de introduzir, para além da auditoria externa já

existente, o conceito mais aprofundado de controlo interno e de auditoria interna como forma

de proporcionar uma redução de falhas na avaliação do risco e uma segurança razoável sobre

a informação integrada financeira e não-financeira divulgada pela empresa. Assim como, a

incorporação de uma cultura organizacional, num grupo empresarial de grande dimensão,

virada para a integridade e o comportamento ético passa pela implementação de um código

de ética e de boas práticas para colmatar défices de valores morais que possam surgir na

empresa.

Por último, visto que a aplicação do relato integrado a nível mundial será só uma

questão de tempo, a Visabeira poderá tornar-se pioneira na comunicação empresarial em

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

96 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Portugal e aproveitar esse movimento internacional para aumentar a confiança e

transparência do seu relato através do compromisso de impulsionar a cadeia de informação

com a criação de um relatório de alta qualidade que proporcionará valor acrescentado aos

stakeholders. Os grandes benefícios da introdução do relato integrado no Grupo Visabeira

passam por gerar uma vantagem competitiva pelo ganho de reputação, credibilidade,

relevância estratégica, bem como, pela garantia da qualidade comunicativa e de

desenvolvimento sustentável através da articulação e conjugação de meios humanos e

informáticos especializados. Para garantir o sucesso do relato empresarial, a Visabeira deverá

estar atenta regularmente às necessidades de informação dos seus stakeholders internos e

externos, e deverá assegurar e implementar estruturas e padrões de comunicação mais

adequados, tendo em conta a relação custo-benefício, para conseguir estar alinhada com as

necessidades dos mesmos.

“The organization should regularly evaluate its reporting processes and systems in

order to identify and carry out further improvements required for maintaining reporting

effectiveness.” (IFAC, 2013:7)

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

97 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Conclusões

O estágio, de cerca de sete meses no Grupo Visabeira, demonstrou-se muito

gratificante na medida em que representou o primeiro contacto com o mundo empresarial e

por ter contribuído para o alargamento dos conhecimentos profissionais com destaque nas

experiências enriquecedoras vivenciadas ao longo do estágio.

No que se refere ao enquadramento teórico, pode-se comprovar que vivenciamos um

período de mudanças ao nível do processo de relato, que poderá trazer inúmeros benefícios

para as empesas que aliem as recentes abordagens inovadoras sobre os aspetos de

comunicação e divulgação ao novo ideal de relato: Relatório Integrado.

De facto, as mudanças de paradigma na normalização mundial vieram ditar um maior

impulso de informação a todos os níveis (informação financeira e não financeira).

Preocupações com a criação de uma sociedade sustentável capaz de não comprometer as

gerações futuras, com o excesso de consumo de recursos naturais, com a injustiça social e

condições de trabalho e com a governação das empresas, entre outras, têm surgido à ribalta

nos últimos anos.

Torna-se evidente colocar a seguinte questão: será que o relato integrado irá substituir

o relato existente? Seria lógico supor que, o relato integrado irá melhorar significativamente e

favoravelmente a maneira de comunicação empresarial. Mas a implementação do relato

integrado ao nível global irá depender de vários fatores, incluindo o grau de aceitação

internacional e o nível de satisfação dos utentes da informação.

Portanto, é nosso entendimento que ainda existe um longo percurso a seguir no

processo de melhoria de relato através da implementação de um relato integrado no seio das

grandes empresas, mas tudo indica que estamos no bom caminho. Refere-se, nomeadamente,

um grande interesse global sobre este novo conceito de relato sobretudo devido às mudanças

de mentalização das sociedades ao nível da exigência de um relato cada vez mais direcionado

para a qualidade informativa. A criação de um pensamento estratégico virado a longo prazo

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

98 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

constitui uma das vertentes do relato integrado que estabelece uma vantagem competitiva

para a maioria das organizações.

Em relação às recomendações sugeridas ao Grupo Visabeira no âmbito de uma

melhoria de relato, é de evidenciar o desafio proposto para uma mudança cultural na

construção de uma abordagem consistente, com a introdução de relatos não-financeiros como

por exemplo, a implementação do relato de sustentabilidade, de governo das sociedades e de

gestão de risco, ou mesmo, embutir as linhas orientadoras do relato integrado como forma de

aperfeiçoar a comunicação para o exterior.

Referente à realização deste trabalho, surgiram várias questões que dificultaram a sua

elaboração, desde logo, é de salientar a escassa informação sobre o relato integrado por ser

considerado um tema relativamente recente. Contudo, esta tendência tem vindo a melhorar

com o aparecimento de artigos de opinião sobre essa matéria sobretudo ao nível de

consultoras mundialmente reconhecidas.

Um tema como este encontra-se longe de estar esgotado e nunca fica completamente

acabado. Como tal, propõe-se como linhas de investigação futura um estudo sobre as

empresas portuguesas ou internacionais que adotem o relato integrado como processo efetivo

de relato e analisar as possíveis melhorias transferidas por esse novo relato. Outro género de

investigação poderá estar ligado à definição de tipos de mudanças estruturais internas que

serão necessárias para uma empresa que pretenda adotar esse novo paradigma de relato.

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

99 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

106 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Apêndices

Apêndice nº 1: Cronologia

Apêndice nº 2: Evolução das Ações de 2007 a 2011

Apêndice nº 3: Informação financeira dividida por sub-holdings

Apêndice nº 4: Entrevistas

Apêndice nº 5: Estrutura de Participações do Grupo Visabeira

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

107 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Apêndice nº 1: Cronologia

Para uma melhor demonstração do crescimento e da expansão sustentada da

estrutura empresarial do Grupo Visabeira, apresentamos um apanhado dos pontos fulcrais da

sua evolução começando pela sua constituição (1980) até ao ano de 2009. A informação,

contida na figura seguinte, foi baseada nos relatórios anuais de contas de 2008 a 2010 e foi

completada com logotipos alusivos a cada empresa.

Figura nº 16: Cronologia do Grupo Visabeira

1980

Constituição da empresa Visabeira que tem como objecto social o serviço de engenharia de redes de telecomunicações e electricidade.

Materiais de construção Agência de viagens Complexo de lazer e animação

1985 1982 1986

Restaurante Hotel Trading Complexo Mobiliário

1987 1988

Extração rochas ornamentais Turismo, animação e restauração

1989

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

108 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Telecomunicações Cerâmica utilitária Construção Civil Turismo e desporto Telecomunicações (MZ)

1990

Construção Civil (MZ) Mobiliário de cozinhas Integração empresas moçambicanas (MZ)

1992 1993

Hotel 5 estrelas Cadeia de hotéis Girassol (MZ) Imobiliário (MZ) Trading (MZ)

1994

Televisão por cabo e Internet (MZ) Indústria florestal Agricultura e agro-pecuária

1996

Telecomunicações (AO) Construção Civil (AO) Integração empresas angolanas (AO) Tratamento águas (MZ)

1997

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

109 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Aldeamento turístico(MZ) Extração e transformação de mármore(MZ) Fabrico cabos telefónicos(MZ)

1998

Comercialização viaturas Segregação em Sub-Holdings

1999 2001

Televisão por cabo (AO) Restaurante Complexo multiusos Telecomunicações (FR)

2002

Desenvolvimento imobiliário Comercialização de viaturas (AO) Sistemas de informaçao e software

2003

Restaurante Hotel Charme Urbanização turística Empreendimento residencial

2005

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

110 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Fonte: Elaboração Própria com base nos Relatórios Anuais de Contas

-MZ: empresa de Moçambique

- AO: empresa de Angola

- FR: empresa de França

- BE: empresa de Bélgica

Hotel Hotel charme Telecomunicações (BE) Infraestruturas elétricas (MZ)

2006 2007

Shopping e sede do Grupo Empreendimento imobiliário Telecomunições (FR) Lazer

2008

Desporto e SPA Espaço infantil Exploração de lojas comerciais Restaurantes

2008

Porcelana e cristal Faianças Integrador de tecnologias de informação

2009

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

111 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Apêndice nº 2 : Evolução das Ações de 2007 a 2011

Quadro nº 8: Evolução das Ações de 2007 a 2011

Nº de ações detidas 2007 2008 2009

nº ações % nº ações % nº ações %

Fernando Campos Nunes 17.040.985 74,01% 17.040.985 74,01% 17.926.178 77,85%

Caixa Capital, SA 4.489.900 19,50% 4.489.900 19,50% 3.604.707 15,66%

AICEP Capital Global, SA 1.368.716 5,94% 1.368.716 5,94% 1.368.716 5,94%

Grupo Visabeira (ações próprias) - 0,00% - 0,00% - 0,00%

Nº de ações detidas 2010 2011

nº ações % nº ações %

Fernando Campos Nunes 17.926.178 77,85% 1.794.081 77,92%

Caixa Capital, SA 2.719.514 11,81% 2.719.514 11,81%

AICEP Capital Global, SA 1.053.105 4,57% 1.038.202 4,51%

Grupo Visabeira (ações próprias) 1.200.804 5,22% 1.200.804 5,22%

Fonte: Elaboração própria com base nos Relatórios Anuais de Contas de 2007 a 2011

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

112 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Apêndice nº 3: Informação financeira dividida por sub-holdings

Os quadros subsequentes demonstram uma análise mais pormenorizada da

informação financeira distribuída pelas diversas sub-holdings em relação ao volume de

negócio, aos resultados líquidos, aos resultados operacionais retirando o valor das alterações

do justo valor das propriedades de investimento, ao somatório dos ativos fixos tangíveis com

os ativos intangíveis e aos inventários de cada uma delas.

Quadro nº 9: Volume de Negócios por Sub-holdings

Volume de Negócios 2007 2008 2009

Valor % ∆% Valor % ∆% Valor %

Global 279.587.556 82% -6% 263.261.355 77% 30% 342.308.215 74%

Indústria 13.775.643 4% 63% 22.456.310 7% 157% 57.669.714 12%

Turismo 16.460.642 5% 60% 26.320.659 8% 22% 31.989.470 7%

Imobiliária 3.365.650 1% 23% 4.130.524 1% 64% 6.793.278 1%

Part. Financeiras 27.308.771 8% -2% 26.727.151 8% -1% 26.461.226 6%

Outros Negócios 2.393.060 1% -81% 446.179 0% -100% - 0%

342.891.322

0% 343.342.178

35% 465.221.903

Volume de Negócios 2010 2011

∆% Valor % ∆% Valor %

Global 13% 386.242.331 76% -2% 377.854.823 72%

Indústria 21% 69.972.605 14% 34% 93.782.790 18%

Turismo 2% 32.661.984 6% 3% 33.634.083 6%

Imobiliária -14% 5.819.254 1% -39% 3.537.793 1%

Part. Financeiras -43% 15.036.245 3% -8% 13.888.929 3%

Outros Negócios 0% - 0% 0% - 0%

10% 509.732.419

3% 522.698.418

Fonte: Elaboração Própria com base nos relatórios anuais de contas de 2007 a 2011

Quadro nº 10: Resultados Líquidos por Sub-holdings

Resultados Líquidos 2007 2008 2009

Valor % ∆% Valor % ∆% Valor %

Global 10.465.525 18% -10% 9.369.814 56% -17% 7.811.655 14%

Indústria 186.857 0% -510% - 766.464 -5% -11927% 90.650.514 165%

Turismo 1.155.886 2% 8220% 96.164.168 570% -141% - 39.054.288 -71%

Imobiliária 118.403 0% -47% 63.003 0% -1000% - 567.115 -1%

Part. Financeiras 46.950.223 81% -285% - 87.010.889 -515% -95% - 3.960.678 -7%

Outros Negócios - 655.056 -1% 43% - 937.798 -6% -100% - 0%

58.221.838

-71% 16.881.834

225% 54.880.088

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

113 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Resultados Líquidos 2010 2011

∆% Valor % ∆% Valor %

Global 128% 17.814.957 123% -16% 14.882.783 81%

Indústria -104% - 3.712.048 -26% -76% - 884.274 -5%

Turismo -110% 3.886.437 27% 1428% 59.394.703 323%

Imobiliária -92% - 45.166 0% 2765% - 1.293.924 -7%

Part. Financeiras -13% - 3.427.618 -24% 1466% - 53.687.180 -292%

Outros Negócios 0% - 0% 0% - 0%

-74% 14.516.562

27% 18.412.108

Fonte: Elaboração Própria com base nos relatórios anuais de contas de 2007 a 2011

Quadro nº 11: Resultados Operacionais por Sub-holdings

Resultados Operacionais (s/ Propr. Invest.)

2007 2008 2009

Valor % ∆% Valor % ∆% Valor %

Global 18.820.994 61% -8% 17.388.070 49% 39% 24.087.153 64%

Indústria 353.535 1% 135% 829.946 2% 49% 1.239.193 3%

Turismo 2.341.649 8% 122% 5.203.982 15% 60% 8.319.347 22%

Imobiliária 2.358.855 8% 31% 3.094.363 9% -74% 790.550 2%

Part. Financeiras 2.517.238 8% 109% 5.258.348 15% -44% 2.965.462 8%

Outros Negócios 4.512.597 15% -11% 4.012.193 11% -100% - 0%

30.904.868

16% 35.786.902

5% 37.401.705

Resultados Operacionais (s/ Propr. Invest.)

2010 2011

∆% Valor % ∆% Valor %

Global 36% 32.687.457 74% -21% 25.824.810 55%

Indústria -174% - 912.141 -2% -885% 7.158.435 15%

Turismo 0% 8.318.908 19% 2% 8.525.894 18%

Imobiliária 229% 2.603.360 6% -68% 834.362 2%

Part. Financeiras -54% 1.351.516 3% 249% 4.723.236 10%

Outros Negócios 0% - 0% 0% - 0%

18% 44.049.100

7% 47.066.737

Fonte: Elaboração Própria com base nos relatórios anuais de contas de 2007 a 2011

Quadro nº 12: Ativos Fixos Tangíveis e Ativos Intangíveis por Sub-holdings

Ativos Fixos Tangíveis e Ativos Intangíveis

2007 2008 2009

Valor % ∆% Valor % ∆% Valor %

Global 64.622.451 25% 27% 82.316.942 34% 13% 93.297.025 26%

Indústria 20.936.058 8% 9% 22.888.782 10% 443% 124.247.536 35%

Turismo 162.256.147 62% -33% 109.147.910 45% 4% 113.111.631 32%

Imobiliária 3.486.958 1% -4% 3.355.060 1% -15% 2.862.110 1%

Part. Financeiras 4.804.104 2% 265% 17.554.928 7% 11% 19.566.473 6%

Outros Negócios 4.326.212 2% 20% 5.175.226 2% -100% - 0%

260.431.930

-8% 240.438.848

47% 353.084.775

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

114 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Ativos Fixos Tangíveis e Ativos Intangíveis

2010 2011

∆% Valor % ∆% Valor %

Global 29% 120.134.516 33% -25% 90.675.599 24%

Indústria -46% 66.787.094 19% 128% 152.080.745 40%

Turismo 11% 125.010.060 35% -6% 117.556.667 31%

Imobiliária -8% 2.642.611 1% 13% 2.995.630 1%

Part. Financeiras 133% 45.608.096 13% -53% 21.554.036 6%

Outros Negócios 0% - 0% 0% - 0%

2% 360.182.377

7% 384.862.677

Fonte: Elaboração Própria com base nos relatórios anuais de contas de 2007 a 2011

Quadro nº 13: Inventários por Sub-holdings

Inventários 2007 2008 2009

Valor % ∆% Valor % ∆% Valor %

Global 26.103.163 23% 6% 27.596.409 22% 32% 36.443.157 25%

Indústria 4.013.161 4% 52% 6.100.673 5% 253% 21.551.322 15%

Turismo 717.488 1% 1% 726.841 1% 30% 944.446 1%

Imobiliária 72.614.150 65% 11% 80.392.673 65% 0% 80.639.283 56%

Part. Financeiras 5.476.655 5% 74% 9.556.120 8% -42% 5.511.603 4%

Outros Negócios 2.669.144 2% -99% 21.245 0% -100% - 0%

111.593.761

11% 124.393.961

17% 145.089.811

Inventários 2010 2011

∆% Valor % ∆% Valor %

Global 10% 39.980.365 25% 5% 42.000.502 26%

Indústria 13% 24.457.879 16% 26% 30.723.154 19%

Turismo 47% 1.390.424 1% -19% 1.133.016 1%

Imobiliária 6% 85.621.087 55% 0% 85.755.655 52%

Part. Financeiras -2% 5.384.817 3% -10% 4.836.450 3%

Outros Negócios 0% - 0% 0% - 0%

8% 156.834.572

5% 164.448.777

Fonte: Elaboração Própria com base nos relatórios anuais de contas de 2007 a 2011

% Percentagem do valor total

∆% Variação percentual face ao período anterior

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115 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Apêndice nº 4: Modelo de Entrevistas

O modelo de entrevistas baseou-se em quatro partes distintas. A primeira parte está

relacionada com questões de identificação do entrevistado. A segunda, as perguntas

centraram-se no funcionamento interno do departamento da contabilidade no Grupo

Visabeira. O terceiro conjunto de questões focou-se no relato financeiro propriamente dito

através de solicitações específicas do exercício mensal e anual de relato do grupo. A quarta e

última parte evidenciou as questões sobre o funcionamento geral da empresa. De seguida,

apresentamos as diferentes perguntas interrogadas sem identificar a quem foram colocadas

nem as respostas adquiridas ao longo das entrevistas, devido ao pedido de anonimato.

* Perguntas sobre o entrevistado (Formação, Número de anos que trabalha na empresa,

Quais as funções exercidas)

* Quais são as suas tarefas diárias?

* Quais são as dificuldades / limitações encontradas?

* Quantas empresas do Grupo Visabeira estão integradas no sistema contabilístico?

* Quantas pessoas trabalham diretamente no departamento de contabilidade?

* Como funciona o departamento da contabilidade?

* Como é efetuada a escolha de cada contabilista? (com base na formação/atributos/TOC)

* Em média, cada contabilista é responsável por quantas empresas?

* Qual o papel de um contabilista no grupo?

* Qual o circuito informativo da Visabeira?

* Quais são as operações de encerramento de contas?

* O grupo tem empresas espalhadas pelo mundo inteiro, como é gerida e processada a

informação para consolidação?

* Como é efetuado o processo de transformação de contas individuais em contas de um único

grupo económico?

* Como e quem determina o perímetro de consolidação do grupo?

* Como é feita a divulgação dos relatórios de contas?

* Quais são as normas utilizadas no processo contabilístico? (NCRF, NCRF-ESNL, IAS/IFRS)

* Como são decididos os julgamentos contabilísticos (juízo de valor profissional)? Com base

em quê?

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

116 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

* Como é feita a relação entre informação contabilística e tomada de decisão de gestão?

* Na sua opinião, existe algumas melhorias a fazer no sistema contabilístico da Visabeira?

* Sabe se existe alguma perspetiva futura do Grupo Visabeira entrar na bolsa de valores?

* Como é que a informação financeira e não financeira é divulgada aos acionistas?

* Qual a importância do relato financeiro e empresarial para a Visabeira?

* De entre todos os utilizadores/ utentes da informação financeira quais os identificados

como mais importantes?

* Quais são as divulgações específicas necessárias na prestação de contas consolidadas?

* Nas empresas de maior dimensão existe uma nova tendência de divulgação que aponta

para um relato mais integrado, com a introdução de informação não financeira como por

exemplo o Relatório de Governo das Sociedades e o Relatório de Sustentabilidade. Existe

alguma perspetiva do Grupo Visabeira adotar este tipo de relato?

* Quais são as principais dificuldades e limitações encontradas no processo de divulgação de

contas?

* Tem alguma sugestão para a melhoria do desempenho do sistema da informação /

comunicação financeira?

* Em relação a informação fiscal, quais são os processos de recolha de informação para o

dossier fiscal?

* Quais são as particularidades fiscais que existem no grupo?

* Existe algum planeamento fiscal estruturado para otimizar a poupança fiscal?

* Quais as ferramentas utilizadas no relato da análise financeira das empresas?

* Quais são os principais mecanismos de auditoria utilizados no grupo?

* Em relação ao Grupo Visabeira e fazendo referência a uma análise SWOT, na sua opinião

quais são as:

- Forças (internas):

- Fraquezas (internas):

- Oportunidades (externas):

- Ameaças (externas):

* Na sua opinião, quais serão os desenvolvimentos futuros do grupo? Quais as linhas

estratégicas / investimentos?

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

117 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Apêndice nº 5: Estrutura de Participações do Grupo Visabeira

Este anexo contém uma síntese das participações (contabilizadas pelo método

integral) que fazem parte do perímetro de consolidação e que são detidas por cada sub-

holding ao longo do período em análise (2007 a 2011), e um sumário das restantes

participações detidas pelo Grupo Visabeira, tais como: associadas (contabilizadas pelo método

de equivalência patrimonial), empresas conjuntamente controladas (incluídas no perímetro de

consolidação pelo método de consolidação proporcional) e outros investimentos financeiros

(contabilizadas pelo método de equivalência patrimonial).

Quadro nº 14: Participações da Visabeira Global, SGPS

Visabeira Global 2007 2008 2009 2010 2011

Portugal

Edivisa - Empresas de Construções, SA Viseu 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Fibroglobal - Comunicações eletrónicas, SA Viseu - - - 100,00% 100,00%

Naturenergia - Agro-energias, SA Viseu - - 100,00% 100,00% 100,00%

PDT- Projetos e Telecomunicações, SA Lisboa 99,29% 99,29% 99,29% 100,00% 99,29%

Real Life - Tecnologias de Informação, SA Algés - 90,00% 70,00% 65,00% 65,00%

Termogás - Projetos e instalações de gás, unipessoal, lda Cantanhede - - 51,00% 51,00% -

Viatel - Tecnologia de Comunicações, SA Viseu 99,29% 99,29% 99,29% 99,29% 99,29%

Visabeira - Sociedade Técnica de Obras e Projetos, Lda Viseu 60,00% 60,00% 60,00% 60,00% 60,00%

Visabeira Digital - Sistemas Informação e Multimédia, SA Viseu 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visabeira Global, SGPS, SA Viseu 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visabeira Investigação & Desenvolvimento Tecnológico, SA Viseu - 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visacasa - Serviços de Assistência e Manutenção Global, SA Cacém 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visagreen, SA Viseu - - 100,00% 100,00% 100,00%

Angola

Comatel - Construção, Manutenção e Sistemas Telecomunicações, Lda Luanda 99,60% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Edivisa - Empresa de construção, lda Luanda - - 100,00% 100,00% 100,00%

Electrovisa, Lda Luanda - - 100,00% 100,00% 100,00%

TV Cabo Angola, Lda Luanda 50,00% 50,00% 50,00% 50,00% 50,00%

Moçambique

Electrotec - Projeto, Execução e Gestão de Redes de Energia, Lda Maputo - 49,00% 49,00% 49,00% 49,00%

Hidroáfrica - Comércio e Indústria, SARL Maputo 85,52% 85,52% 85,52% 85,52% 85,52%

Intelvisa, Gestão e Participações, SA Maputo - - - - 50,00%

Selfenergy Moçambique, SA Maputo - - 34,60% 34,60% 34,60%

Sogitel - Sociedade de Gestão Imobiliária, Lda Maputo 90,00% 90,00% 90,00% 90,00% 90,00%

Televisa - Sociedade Técnica de Obras e Projetos, Lda Maputo 50,00% 50,00% 50,00% 50,00% 50,00%

TV Cabo - Comunicações Multimédia, Lda Maputo 50,00% 50,00% 50,00% 50,00% 50,00%

Vibeiras - Sociedade Comercial de Plantas, SA Maputo - - - - 34,35%

Visaqua - Gestão de Infraestruturas e Serviços Ambientais, SA Maputo - - - - 25,30%

França

Constructel - Construcions et Telecomunications, SARL Valence 99,96% 99,96% 99,96% 99,96% 99,96%

Gatel, SAS Domessin - 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

SCI Constructel Valence - - 100,00% 100,00% 100,00%

Bélgica

Constructel - Construcions et Telecomunications Belgique Mons 99,98% 99,98% 99,98% 99,98% 99,98%

Roménia

Constructel - Telecomunicatii si Constructii, SRL Bucareste - 75,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Argélia

Televisa Algerie SPA Alger - 99,95% 99,95% 99,95% -

Marrocos

Televisa Morrocos, SA Casablanca - 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

República Dominicana

Contructel Infra-Structures, SAS Santo

Domingo - - - - 51,00%

México

Yetech, SA Cancun - - - - 30,00%

Fonte: Elaboração própria com base nos Relatórios Anuais de Contas de 2007 a 2011

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

118 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Quadro nº 15: Participações da Visabeira Indústria, SGPS

Visabeira Indústria 2007 2008 2009 2010 2011

Portugal

Ambitermo - Engenharia e Equipamentos Térmicos, SA Cantanhede 51,00% 51,00% 51,00% 51,00% 51,00%

Bordalgest, SA Lisboa - - 56,00% 56,00% 56,00%

Cerexport - Cerâmica de exportação, SA Aveiro - - 63,46% 76,59% 76,59%

Cerutil - Cerâmicas Utilitárias, SA Sátão 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro, Lda Caldas da Rainha - - 47,04% 47,04% 47,04%

Faianças da Capôa - Indústria de Cerâmica, SA Aveiro - - 63,46% 76,59% 76,59%

Granbeira - Sociedade de Exploração e Com. De Granitos, SA Viseu 98,75% 98,75% 98,75% 98,75% 98,75%

Granbeira II - Rochas Ornamentais, SA Vouzela 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

MOB - Indústria de Mobiliário, SA Viseu 97,77% 97,77% 97,77% 97,77% 97,77%

Pinewells, SA Arganil - - 56,00% 56,00% 63,53%

Vista Alegre Atlantis, SA Lisboa - - 63,46% 76,59% 76,59%

Vista Alegre Atlantis, SGPS, SA Ílhavo - - 63,46% 76,59% 76,59%

Vista Alegre Grupo - Vista Alegre Participações, SA Lisboa - - 63,02% 75,90% 75,90%

Vista Alegre Renting, Lda Ílhavo - - 63,46% 76,59% 76,59%

Visabeira Indústria, SGPS, SA Viseu 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Angola

Álamo - Indústria e Desenvolvimento Florestal, Lda Luanda 99,90% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Tubangol - Tubos de Angola, Lda Luanda 99,90% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visaconstroi - Construção e Gestão Imobiliária, Lda Luanda 99,90% 99,90% 100,00% 100,00% 100,00%

Moçambique

Agrovisa - Agricultura e Pecuária, Lda Maputo 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Celmoque - Cabos de Energia e Telecomunicações de Moçambique, SARL Maputo 70,38% 70,38% 70,38% 70,38% 70,83%

Marmonte - Mármores de Moçambique, SARL Maputo 80,00% 80,00% 80,00% 80,00% 80,00%

Espanha

Vista Alegre España, SA Madrid - - 63,46% 76,59% 76,59%

Brasil

Vista Alegre Atlantis Brasil - Comércio, Importação e Exportação, SA Vitória - - - - 57,33%

Fonte: Elaboração própria com base nos Relatórios Anuais de Contas de 2007 a 2011

Quadro nº 16: Participações da Visabeira Imobilíaria, SGPS

Visabeira Imobiliária 2007 2008 2009 2010 2011

Portugal

Visabeira Imobiliária, SA Viseu 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visabeira Imobiliária, SGPS, SA Viseu 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Moçambique

Imovisa - Imobiliária de Moçambique, Lda Maputo 49,00% 49,00% 49,00% 49,00% 49,00%

Fonte: Elaboração própria com base nos Relatórios Anuais de Contas de 2007 a 2011

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

119 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Quadro nº 17: Participações da Visabeira Turismo, SGPS

Visabeira Turismo 2007 2008 2009 2010 2011

Portugal

Empreendimentos Turísticos Montebelo - Sociedade Turismo e Recreio, SA Viseu 99,83% 99,83% 99,83% 99,83% 99,83%

Movida - Empreendimentos Turísticos, SA Viseu 99,83% 99,83% 99,83% 99,83% 99,83%

Mundicor - Viagens e Turismo, SA Viseu 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Prato Convivas - Sociedade Hoteleira, Lda Viseu - 50,00% 50,00% 50,00% 50,00%

Ródia - Sociedade Beiraltina de Turismo e Diversões, SA Viseu 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visabeira Turismo, SGPS, SA Viseu 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Angola

Convisa Turismo, Lda Luanda - 50,00% 50,00% 50,00% 50,00%

Turvisa, Lda Lubango - - 30,00% 30,00% 30,00%

Moçambique

Inhambane Empreendimentos, Lda Maputo - - - - 80,00%

Turvisa - Empreendimentos Turísticos, Lda Maputo 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Fonte: Elaboração própria com base nos Relatórios Anuais de Contas de 2007 a 2011

Quadro nº 18: Participações da Visabeira Participações Financeiras, SGPS

Visabeira Participações Financeiras 2007 2008 2009 2010 2011

Portugal

1101 Solutions, Unipessoal, Lda Viseu - - 100,00% 100,00% 100,00%

Arte e Cena - Projetos, Obras e Construções Cinematográficas, Lda Viseu 90,00% 90,00% 90,00% 90,00% 90,00%

Benetrónica - International Commerce, Importação e Exportação, SA Lisboa 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Digispirit - Gestão e Exploração de Espaços Comerciais, Lda Viseu - - 100,00% 100,00% 100,00%

Iutel - Infocomunicações, SA Viseu 50,00% 50,00% 50,00% 50,00% 50,00%

Joafil - Acessórios Automóveis, Lda Viseu 90,00% 90,00% 90,00% 90,00% 90,00%

PDA - Parque Desportivo de Aveiro, SA Aveiro - 54,57% 54,57% 54,57% 54,57%

Predibeira - Compra e Venda de Propriedades, Lda Viseu 50,00% 50,00% 50,00% 50,00% 50,00%

PTC- Projetos e Telecomunicações, SA Lisboa 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Rentingvisa, Unipessoal, Lda Viseu - - 100,00% 100,00% 100,00%

Visabeira Estudos e Investimento, SA Viseu 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visabeira Investimentos Financeiros, SGPS, SA Viseu 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visabeira Participações Financeiras, SGPS, SA Viseu 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visabeira Pro - Gestão de Serviços Partilhados, Lda Viseu 90,00% 90,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visabeira Saúde, SA Viseu 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visasales, SA Lisboa 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% -

Angola

Agrovisa - Agricultura e pecuária, Lda Luanda - 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Catari Angola, Lda Luanda - - - - 50,00%

Convisa Engenharia, Lda Luanda - 50,00% 50,00% 50,00% 50,00%

Mercury Comercial, Lda Luanda 93,10% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visabeira Angola - Investimento e Participações, Lda Luanda 98,00% 98,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visarocha - Rochas de Angola, Lda Luanda 96,04% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visasecil - Prestação de Serviços, Lda Luanda 70,00% 70,00% 70,00% 70,00% 70,00%

Visatur - Empreendimentos Turísticos, Lda Luanda 97,76% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visauto - Reparações Auto, Lda Luanda 99,92% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Moçambique

Autovisa - Serviço Auto, SARL Maputo 80,00% 80,00% 80,00% 80,00% 80,00%

Imensis - Sociedade Gestão Empreendimentos Imobiliários, Lda Maputo 49,00% 49,00% 49,00% 49,00% 49,00%

Mercury Comercial, Lda Maputo 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visabeira Moçambique, SARL Maputo 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Espanha

Telesp Telecomunicaciones, Electricidad y Gás de España, SA Madrid 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Visabeira Espanha, SA Madrid 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

Fonte: Elaboração própria com base nos Relatórios Anuais de Contas de 2007 a 2011

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

120 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Quadro nº 19: Participações das Associadas

Associadas 2007 2008 2009 2010 2011

Visabeira Global

Beiragás, SA Viseu 23,52% 23,52% 23,52% 23,52% 23,52%

Eletrotec, Lda Maputo 29,00% - - - -

MoçamGalp, SA Maputo - 50,00% - - -

Prio Agricultura, SA Maputo - 40,00% 40,00% - -

Visabeira Turismo

Doutibelo, Lda Viseu - - 19,97% 19,97% 19,97%

Lipilichi Holdings, Lda Port-Louis 15,00% 15,00% 15,00% 15,00% 15,00%

Mtdendele Holdings, Lda Port-Louis 25,00% 25,00% 25,00% 25,00% 25,00%

Sem Amarras, SA Viseu - - 19,97% 19,97% 19,97%

Visabeira Imobiliária

Figueira Paranova, SA Figueira da Foz 38,00% 38,00% 38,00% 38,00% 38,00%

Visabeira Participações Financeiras

Gevisar, SA Stª Mª da Feira - - - 30,00% 30,00%

Payshop, Lda Maputo 35,00% 35,00% 35,00% 35,00% 35,00%

PDA, SA Aveiro 49,00% - - - -

Porto Salus Azeitão, SA Setúbal - 40,00% 40,00% 40,00% 40,00%

Detidas directamente pela Holding

Richmond, LLC Dubai 44,10% 44,10% - - -

Union Marble, LLC Dubai 44,10% 44,10% - - -

Fonte: Elaboração própria com base nos Relatórios Anuais de Contas de 2007 a 2011

Quadro nº 20: Participações das Empresas Conjuntamente Controladas

Empresas conjuntamente controladas 2007 2008 2009 2010 2011

Visabeira Global

ACEEC - A.C.E. Elétricas do Centro, ACE Viseu 50,00% 50,00% 50,00% 50,00% 50,00%

Domingos da Silva Teixeira/Visabeira, ACE Lisboa - - - - 50,00%

Moçamgalp - Agroenergias de Moçambique, SA Maputo - - 50,00% 50,00% -

Pinewells, SA Pampilhosa da Serra - 56,00% - - -

Uni Networks, SGPS, SA Lisboa - - - - 50,00%

Visabeira Imobiliária

Ifervisa - Sociedade de Promoção e Desenvolvimento Imobiliário, SA Lisboa 50,00% 50,00% 50,00% 50,00% 50,00%

Visabeira Participações Financeiras

Ctt Imo, SA Lisboa 50,00% - - - -

Digispirit - Gestão e Exploração de Espaços Comerciais, Lda Viseu - 50,00% - - -

Fonte: Elaboração própria com base nos Relatórios Anuais de Contas de 2007 a 2011

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Relato Financeiro - Visão Atual e Futura ISCAC

121 Relatório de Estágio na Visabeira – PRO-Gestão de Serviços Partilhados, SA

Quadro nº 21: Participações de Outros Investimentos Financeiros

Outros Investimentos Financeiros 2007 2008 2009 2010 2011

Portugal

Açor Pensões Ponta Delgada 5,00% 5,00% 5,00% 5,00% 5,00%

Aelia - Produção de Energia, SA Maia 11,00% 11,00% - - -

Associação Inova Paredes Paredes - - 10,00% 10,00% 10,00%

Base Force, Lda Viseu - - 20,00% 20,00% 20,00%

Centro Venture - Sociedade Capital de Risco, SA Coimbra 3,33% 3,33% 3,33% 3,33% 3,33%

Doutibelo, Lda Viseu 19,97% 19,97% - - -

Duofil, Lda Pedrógão Grande - - 3,17% 3,17% 3,17%

Fractalnema, SA Viseu 19,00% 19,00% 19,00% 19,00% 19,00%

Fundação Visabeira, ISS Viseu 85,09% 85,09% 85,09% 85,09% 85,09%

Gestinviseu - Parques Empresariais de Viseu, SA Viseu 4,00% 4,00% 4,00% 4,00% 4,00%

HPP Viseu, SA Viseu - - - 35,00% 35,00%

OeirasExpo, SA Oeiras - 12,75% 12,75% 12,75% 12,75%

Parque de Ciência e Inovação, SA Ílhavo - - 5,00% 5,00% 5,00%

Lusitânia Gás - Companhia de Gás do Centro, SA Aveiro 0,37% - 0,04% 0,04% 0,04%

Sem Amarras, SA Viseu 19,97% 19,97% - - -

Tavares Pereira & Fernandes Cantanhede - 51,00% - - -

Termogás, Lda Cantanhede 51,00% 51,00% - - -

TF Turismo Fundos- SGFII, SA Lisboa 2,50% 2,50% 2,50% 2,50% 2,50%

Vibeiras - Sociedade Comercial de Plantas, Lda Torres Novas 11,04% 11,04% 11,04% 11,04% 11,04%

Moçambique

Intelvisa, Gestão de Participações, SA Maputo - - - 50,00% -

Moçambique Companhia de Seguros, SARL Maputo 5,00% 5,00% 5,00% 5,00% 5,00%

PIM - Parque Industrial da Matola, SARL Maputo 5,66% 5,66% 5,66% 5,66% 5,66%

Prio Agricultura, SA Maputo 40,00% - - - -

Real Life Academy, SA Maputo - - - - 98,00%

Real Life Moçambique, SA Maputo - - - - 98,00%

Transcom - S.F.C. Auditoria T. Comunicações, SARL Maputo 5,00% 5,00% 22,00% 22,00% 22,00%

Twin City Maputo, Lda Maputo - 40,00% 40,00% 40,00% 40,00%

Vibeiras Moçambique, SA Maputo - - - 34,35% -

Xinavane - Empreendimentos Turísticos, Lda Maputo 80,00% 80,00% - - -

Brasil

Visabrás - Telecomunicações, Eletricidade e Gás, Lda São Paulo 60,40% 1,60% - - -

México

Yetech, SA Cidade do México - - - 50,00% -

Fonte: Elaboração própria com base nos Relatórios Anuais de Contas de 2007 a 2011