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3994 Relato de Experiência - Apresentação Oral Eixo 06: A formação de professores na perspectiva da inclusão FORMAÇÃO DE PROFESSORES: O ENSINO DA LEITURA A UMA ALUNA COM SÍNDROME DO CRI-DU-CHAT DO 2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL I Walkiria Gonçalves Reganhan Doutoranda da UNESP Marília, Mestre em Educação pela UNESP Marília, Pedagoga habilitada em deficiência mental e física. Atua como professora do Atendimento Educacional Especializado na sala de recursos multifuncionais da E.M. Prof. Victorino Machado Rio Claro-SP e docente do Claretiano Faculdade. [email protected] Alessandra Caroline Antonio da Silva Pedagoga habilitada em deficiência mental pela UNESP de Marília. Atua na rede municipal de Rio Claro a seis anos e atualmente é professora do 2º ano do EF I da E.M. Profº Victorino Machado e professora do AEE da E.M. Clara Freire Catellano Resumo: Os educadores devem compreender que formar leitores é uma tarefa que começa antes mesmo da alfabetização e se estende por toda a vida escolar, o professor é o responsável por despertar em seus alunos o gosto pelos livros e garantir que eles consigam ler e entender os mais diversos tipos de texto. Objetiva-se com este estudo intensificar o interesse do aluno pela leitura tornando uma prática prazerosa e constante nas atividades cotidianas. Participaram deste estudo uma aluna com Síndrome de Cri-Du-Chat inserida no ensino regular, uma professora do ensino regular, uma professora do AEE e uma agente de ensino. As atividades foram realizadas previamente pela professora da sala regular, a professora do AEE e uma agente de ensino. As atividades fazem parte de uma um projeto de leitura que parte dos textos da coleção de livros da Sônia Junqueira, organizados em níveis de dificuldade. As estratégias utilizadas são: 1º Apresentação da capa do livro e título; 2º Leitura da professora e Leitura coletiva; 3º Marcação de parágrafo; 4º Ditado de palavras; 5º Realização de atividades do texto; 6º Ilustração da história e 7º Expressão oral e dramatização. A professora ou um aluno são narradores e alguns alunos fazem a encenação da história para a turma. Os resultados apontam que a aluna: 1- Demonstra interesse e marca os espaços que correspondem ao parágrafo; 2- Identifica as palavras do ditado; 3- separa as palavras por sílaba conforme solicitado pela professora e completa as frases. Conclui-se que a participação frequente da aluna no projeto de leitura favorece seu desenvolvimento acadêmico fazendo com que avance de forma significativa no seu nível de escrita e estimula o interesse pela leitura. Palavra-chave: Formação de professores, Leitura, Deficiente intelectual

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Relato de Experiência - Apresentação Oral

Eixo 06: A formação de professores na perspectiva da inclusão

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: O ENSINO DA LEITURA A UMA ALUNA COM

SÍNDROME DO CRI-DU-CHAT DO 2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL I

Walkiria Gonçalves Reganhan Doutoranda da UNESP Marília, Mestre em Educação pela UNESP Marília, Pedagogahabilitada em deficiência mental e física. Atua como professora do AtendimentoEducacional Especializado na sala de recursos multifuncionais da E.M. Prof. VictorinoMachado Rio Claro-SP e docente do Claretiano Faculdade. [email protected]

Alessandra Caroline Antonio da Silva Pedagoga habilitada em deficiência mental pela UNESP de Marília. Atua na redemunicipal de Rio Claro a seis anos e atualmente é professora do 2º ano do EF I daE.M. Profº Victorino Machado e professora do AEE da E.M. Clara Freire Catellano

Resumo:

Os educadores devem compreender que formar leitores é uma tarefa que começaantes mesmo da alfabetização e se estende por toda a vida escolar, o professoré o responsável por despertar em seus alunos o gosto pelos livros e garantir queeles consigam ler e entender os mais diversos tipos de texto. Objetiva-se comeste estudo intensificar o interesse do aluno pela leitura tornando uma práticaprazerosa e constante nas atividades cotidianas. Participaram deste estudo umaaluna com Síndrome de Cri-Du-Chat inserida no ensino regular, uma professorado ensino regular, uma professora do AEE e uma agente de ensino. Asatividades foram realizadas previamente pela professora da sala regular, aprofessora do AEE e uma agente de ensino. As atividades fazem parte de umaum projeto de leitura que parte dos textos da coleção de livros da SôniaJunqueira, organizados em níveis de dificuldade. As estratégias utilizadas são:1º Apresentação da capa do livro e título; 2º Leitura da professora e Leituracoletiva; 3º Marcação de parágrafo; 4º Ditado de palavras; 5º Realização deatividades do texto; 6º Ilustração da história e 7º Expressão oral e dramatização.A professora ou um aluno são narradores e alguns alunos fazem a encenaçãoda história para a turma. Os resultados apontam que a aluna: 1- Demonstrainteresse e marca os espaços que correspondem ao parágrafo; 2- Identifica aspalavras do ditado; 3- separa as palavras por sílaba conforme solicitado pelaprofessora e completa as frases. Conclui-se que a participação frequente daaluna no projeto de leitura favorece seu desenvolvimento acadêmico fazendocom que avance de forma significativa no seu nível de escrita e estimula ointeresse pela leitura.

Palavra-chave: Formação de professores, Leitura, Deficiente intelectual

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1. Introdução

A leitura é considerada como elemento primordial para o desenvolvimento do

processo ensino-aprendizagem, pois ela é um dos principais meios de difusão do

conhecimento. Cada vez mais, professores têm valorizado as práticas de leitura em

sala de aula, as atividades devem favorecer ao leitor a compreensão dos textos.

O professor em formação deve compreender a função da leitura em suas

diferentes modalidades, tais como: leitura pelo professor, leitura pelo aluno, leitura

compartilhada, leitura para apresentar aos outros. O professor deve permitir que o

aluno leia e aprecie um texto, atribua sentido, comente, compare com outras leituras.

O aluno com deficiência também deve ter acesso à mesma leitura oferecida

aos alunos da sala e as atividades de reconto e interpretação.

A leitura constante se faz necessária pois a aprendizagem ocorre de forma

progressiva e provoca mudanças cognitivas importantes para a formação do leitor. Na

apropriação da leitura, a mediação pedagógica é um fator importante, no sentido de

promover conflitos e desafios cognitivos (FIGUEIREDO e GOMES, 2007).

Para os alunos do ensino regular e o aluno com deficiência inserido nesta

classe é necessário atrelar as práticas de leitura com situações que explorem o

contexto e usos significativos, tornando, assim o ato de ler e escrever uma

consequência da evolução do processo ensino-aprendizado significativo.

Umas das características do aluno com Síndrome de Cri-Du-Chat é a

deficiência intelectual, porém não podemos deixar de garantir o acesso à leitura e

oferecer estratégias para que este leia.

De acordo Mainardi (2006) com a fase do desenvolvimento do indivíduo da

pessoa com Síndrome de Cri-Du-Chat pode observar: o retardo mental é um achado

clínico frequente e perceptível no primeiro ano de vida, incluindo: microcefalia,

hipertelorismo, orelhas de implantação baixa, hipertonicidade, escoliose, pé plano,

assimetria e lassidão facial (manutenção da boca aberta, com protrusão de língua),

proeminência do arco orbital, má oclusão dentária, face alongada (nos recém-

nascidos, costuma ser arredondada), fissuras palpebrais, estrabismo divergente,

alargamento de base nasal e infecções respiratórias de repetição .

Na escola a deficiência intelectual, o atraso motor e de comunicação que irão

exigir do professor maior planejamento para que o aluno possa participar das

atividades propostas.

No entanto, relacionar deficiência intelectual com incapacidade de apreensão

da leitura exclui esses alunos e os reserva a atividades de reprodução mecânica,

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assim o objetivo desta prática é de intensificar o interesse do aluno pela leitura

tornando uma prática prazerosa e constante nas atividades cotidianas. Os objetivos

específicos são de mostrar um modelo de leitor para as crianças, utilizar estratégias

que facilitem a leitura e assim aumentar a segurança, a autoestima e

consequentemente estimular o desejo pela leitura.

Pensando na formação do professor acredita-se que esta experiência pode

mostrar estratégias que favorecem os professores em formação, pois este é

responsável por oferecer a todos os alunos o currículo escolar, para isso é necessário

utilizar diferentes recursos e estratégias que favorecem a formação e o ensino de

todos os alunos independente de suas necessidades e peculiaridades.

O professor é uma figura central e determinante no processo de alfabetização.

É fundamental assegurar uma formação inicial e continuada que valorize a trajetória

profissional, mas que torne esta etapa de ensino mais atrativa para os professores,

assegurando as condições necessárias para que eles desempenhem seu trabalho

com competência e entusiasmo (BRASILIA, 2012).

2. Local

Esta experiência foi realizada em um 2º ano do Ensino Fundamental I da E.M.

Prof. Victorino Machado, Rio Claro-SP.

Atualmente esta unidade escolar atende alunos da Educação Infantil, Ensino

Fundamental I e E.J.A. e tem incluídos em suas salas um total de 18 alunos com

deficiência.

3. Participantes

Participaram deste estudo uma aluna com Síndrome de Cri-Du-Chat, uma

professora do ensino regular, uma professora do AEE e uma agente de ensino que

permanece diariamente com a aluna na sala a fim de garantir sua efetiva participação

nas atividades curriculares com mediação supervisionada e orientada pela professora

do AEE.

Aluna com

deficiência

A aluna tinha 9 anos e frequentava o 2º ano do EnsinoFundamental I no período vespertino e frequenta oAtendimento Educacional Especializado no horárioinverso uma vez por semana.

Professora do AEE Doutoranda da UNESP Marília, Mestre em Educação pelaUNESP Marília, Pedagoga habilitada em deficiênciamental e física. Atua como professora do AtendimentoEducacional Especializado na sala de recursosmultifuncionais da E.M. Prof. Victorino Machado RioClaro-SP e docente do Claretiano Faculdade

Professora da sala Pedagoga habilitada em deficiência mental pela UNESP de

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regular Marília. Atua na rede municipal de Rio Claro a seis anos eatualmente é professora do 2º ano do EF I da E.M. ProfºVictorino Machado e professora do AEE da E.M. Clara FreireCatellano

Agente educacional Frequentava o 6º semestre do Curso de Pedagogia, formadano Magistério no Joaquim Ribeiro e é agente de ensinoa seis anos na rede municipal de Educação de RioClaro

4. Período

As atividades desta proposta ocorreram durante o ano letivo de 2015, enquanto

a aluna frequentava o 2º ano do Ensino Fundamental I. Deu-se inicio a proposta

no mês de maio e permaneceu até o início de dezembro.

As atividades foram realizadas em sala com a professora da sala regular, a

professora do AEE auxiliou na adaptação dos registros das atividades e na

orientação com a agente de ensino ocorria de forma contínua a esta elaboração.

5. Descrição da experiência

A formação continuada dos professores alfabetizadores precisa garantir, dentre

outros aspectos, as ferramentas para alfabetizar a partir de um planejamento voltada

para cada aluno (BRASÍLIA, 2012).

A proposta foi apresentada e previamente planejada com sequências didáticas,

avaliação diagnóstica, e com um mapeamento das habilidades e competências de

cada aluno, para traçar estratégias que permitam ao aluno aprender efetivamente,

conforme é proposto no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (BRASÍLIA,

2012).

A concepção de leitura (Pró- Letramento) se dá a partir do processamento

individual, mas se insere num contexto social; e envolve atitudes e capacidades

relativas: decifração de código escrito e compreensão, à produção de sentido

(BRASÍLIA, 2012).

A partir de uma proposta de leitura em que se compartilha leitura e práticas

sistematizadas pretendia-se que os alunos adquirissem capacidades específicas de

domínio da leitura.

De acordo com a proposta do pró-letramento para os alunos do 2º ano

esperava-se trabalhar o consolidar na leitura.

Tabela 1: Tabela do Programa de Formação Continuada de Professores - Pró-

Letramento: alfabetização e linguagem (BRASÍLIA, 2008, p. 40)

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Ao intensificar o interesse do aluno pela leitura tornando uma prática prazerosa

e constante nas atividades cotidianas, foi elaborado atividades para um projeto de

leitura da coleção de livros da Sônia Junqueira, organizados em níveis de dificuldade.

Quadro 1: Relação de livros e níveis de dificuldade

Número dolivro

Título Nível dedificuldade

1 A foca famosa *2 O galo maluco *3 O macaco e a mola *4 O pato e o sapo *5 O peru de peruca *

6 Regina e o mágico *----------- -------------------- ----------

7 O caracol viajante **8 A arara cantora **9 O macaco medroso **10 O sonho da vaca **11 O menino e o muro **12 A onça e a anta **---------- --------------- --------------------13 O barulho fantasma ***14 O peixe pixote ***15 Um palhaço diferente ***16 O mistério da lua ***17 A festa encrencada ***18 O susto do periquito ***

A leitura para os alunos era uma atividade diária na sala de aula da professora

do ensino regular e com livros da Sônia Junqueira foi realizada durante o mês,

pois foram utilizadas diferentes estratégias, a leitura de outro livro após passar

por todas as atividades da proposta, porém esta atividade não interferia na

leitura diária da professora de diferentes gêneros textuais.

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As estratégias utilizadas foram: 1- Apresentação da capa do livro e título,

proporcionando o levantamento de hipóteses; 2- Leitura da professora e leitura

coletiva, escolha de alguns alunos para lerem; 3- Marcação de parágrafo; 4- Ditado de

palavras; 5- Atividades sobre o texto da história; 6- Ilustração da história e 7-

Expressão oral e dramatização.

A seguir serão apresentadas as etapas realizadas no projeto de leitura, os

recursos e estratégias utilizados pelas professoras e o desempenho da aluna com

Síndrome de Cri- Du-Chat

5.1- Apresentação da capa do livro e título.

Foi utilizado os livros da autora Sônia Junqueira com o objetivo de oferecer

materiais de leitura condizente com o processo inicial de alfabetização, visando

desenvolver a autoestima na realização desta atividade e de incentivar o

desenvolvimento dos processos da comunicação, da criatividade e da imaginação, por

meio da leitura.

Quadro 2: Imagem da capa dos livros de Sônia Junqueira

Após iniciar a proposta a professora e alunos realizaram a leitura dos seis livros

do nível 1 e cinco livros do Nível 2.

Esta atividade realizada na sala do 2º ano é fundamental para o

desenvolvimento e aprendizagem da criança, pois permite transformar o indivíduo em

um sujeito ativo, desenvolve o interesse e o hábito pela leitura.

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Alguns documentos do Ministério da Educação (BRASÍLIA, 2008, 2012)

descreve que a leitura, garante o acesso às informações, desenvolve repertório,

amplia o vocabulário e expande nossa capacidade de comunicação.

5.2- Leitura da professora e leitura coletiva, escolha de alguns alunos para lerem

Após apresentar aos alunos a coleção da Sônia Junqueira, a primeira leitura foi

realizada pela professora. A aluna com deficiência manuseou o livro enquanto a

professora da sala regular organizava a sala para próxima atividade, a agente

educacional que acompanhava a aprendizagem da aluna com deficiência retomou as

partes da história e os personagens utilizando perguntas simples, quando foram

elaboradas perguntas mais complexas na qual a aluna não teria repertório para

responder a agente educacional ofereceu duas possibilidades para que a aluna

respondesse.

Com as estratégias utilizadas foi possível verificar o entendimento prévio da

aluna sobre a história.

Leal (2005) explicita que uma das habilidades mais relevantes e difíceis que

precisa ser desenvolvida pelos docentes é a de identificar as necessidades de cada

aluno e atuar com todos, simultaneamente, atendendo às diferentes demandas de

aprendizagem.

Após realização da leitura pela professora a mesma solicita para que alguns

alunos da sala façam a leitura em pequenos trechos do livro, a professora também

solicita a leitura da aluna com deficiência. Para tanto a agente educacional auxilia na

leitura de forma que a mesma lê partes da frase enquanto a aluna lê as palavras com

sílabas simples.

A concepção de leitura que embasa este prática envolve atitudes, gestos e

habilidades os quais são mobilizados pelo leitor, tanto no ato de leitura propriamente

dito, como no que antecede a leitura e no que decorre dela (BRASÍLIA, 2012). Neste

sentido, a Leitura visa o desenvolvimento de capacidades que incluem não só a

decodificação dos textos, mas também a sua ampla compreensão.

5.3- Marcação de parágrafo

O parágrafo é um recurso utilizado para a organização de um texto. Fazer uso

dele corretamente, no entanto, não é tarefa fácil. Nas séries iniciais, cabe ao professor

orientar os alunos sobre a organização do texto em parágrafos, porém este é um

processo longo e com diferentes etapas de domínio.

O objetivo desta atividade é de levar a criança a perceber a existência de

espaços no texto e investigar a sua função.

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A professora entregou uma folha para cada aluno com a história digitada em

caixa alta, foi solicitado para que pintassem as áreas dos parágrafos do texto. Ao

concluir as marcações a professora levantou hipóteses sobre o significado do espaço

na escrita juntamente com os alunos.

A seguir será apresentada a atividade realizada pela aluna, com mediação a

mesma marcou os parágrafos e na sequência contou de forma satisfatória a

quantidade de parágrafos que formou no texto.

Quadro 3: Atividade da aluna na atividade O Galo Maluco de Sônia Junqueira

A aluna identificou os parágrafos com tranquilidade, porém necessita de maior

tempo para realizar a atividade e como não utiliza o lápis devido atraso motor

próprio da sua patologia, esta utiliza alfabeto móvel para realizar escrita das

palavras e números.

Os números são dispostos pela carteira e ao saber o número que deve

escrever, esta observa os números móveis sobre a mesa e seleciona o número

correto.

O resultado positivo provavelmente ocorreu devido à escolha de estratégias

mais adequadas para o objetivo determinado, acredita-se que este é um dos segredos

para o sucesso da aprendizagem. A escolha da estratégia adequada permite manter a

participação, motivação e interesse do aluno; permite integração, atende às diferenças

individuais; amplia as experiências de aprendizagem, criatividade e flexibilidade

(MASSETO, 1995).

5.4- Ditado de palavras

Nesta etapa foi solicitado aos alunos para que os mesmos escolhessem

palavras que: 1- sílabas simples que aparecem repetidas vezes no texto (para dar

segurança aos que estão aprendendo a ler), 2- palavras com sílabas complexas (para

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confrontar as hipóteses dos alunos que não estão alfabéticos) e 3- palavras que fazem

confusão ortográfica (para os alunos fixarem, por meio da memória visual, a grafia

destas palavras).

A professora ditou a primeira palavra e os alunos deviam procura palavras

repetidas no texto.

Quadro 4: Texto A Foca Famosa de Sônia Junqueira

A aluna apresentou desempenho mais que satisfatório e relação ao objetivo

proposto para a mesma que era de encontrar as palavras de sílabas simples

solicitadas pela professora. Mais uma vez a única estratégia utilizada foi a de

oferecer um tempo maior para que a mesma de as respostas e ao identificar à

palavra a aluna apontava para que a agente educacional fizesse o registro com

círculo.

O professor deve ter um pensamento prático e uma capacidade reflexiva, este

precisa realizar uma constante avaliação do trabalho desenvolvido na sala de aula,

buscando estabelecer o que se deve aprender o que se deve fazer e como deve ser

desenvolvida cada atividade e para cada aluno (ZABALA,1998).

5.5- Atividades sobre o texto da história

A proposta da professora foi de que os alunos buscassem trabalhar: separação

de sílabas, escrita de frases, 3- reescrita, leitura e interpretação.

Com estas propostas a professora respeita os diferentes níveis de

aprendizagem dos alunos em sala de aula. No segundo ano da escolarização os

alunos já devem ter consolidados alguns conhecimentos convencionais, tais como

compreender que as palavras são escritas com letras e que há variação na sua ordem,

contar oralmente as sílabas das palavras e compará-las quanto ao tamanho, perceber

as semelhanças sonoras iniciais e finais, reconhecer que as sílabas variam quanto a

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sua composição, além de perceber que as vogais estão presentes em todas as sílabas

(BRASÍLIA, 2012).

Ao observar a atividade que segue, é possível observar que na primeira figura

do quadro 5 a atividade de um aluno da sala e a imagem ao lado é da atividade da

aluna com deficiência. É possível verificar que a aluna realizou a mesma atividade do

grupo, mas as modificações realizadas foram na estratégia de oferecer mais tempo e

com variados recursos: alfabeto móvel e folha da atividade deve estar disposta na

folha em paisagem, aumentado espaço da escrita.

Quadro 5: Atividade sobre a história lida sem adaptação e com adaptação

No quadro 6 observa-se que a aluna com deficiência também realiza as

atividades de separação de sílabas e de completar a frase. A aluna respondeu de

forma satisfatória ao identificar as palavras para completar as frases, a agente

educacional interviu na escrita das palavras com a estratégia indicada pela professora

do AEE, que é de repetir as sílabas oralmente para a aluna, pois como a mesma

apresenta atraso na linguagem, precisava do apoio auditivo para escolher as letras e

formar as sílabas e palavras corretamente por meio do alfabeto móvel.

Quadro 6: Desempenho da aluna na realização das atividades de separação de sílaba

e de completar a frase.

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O professor precisa ser um mediador da aprendizagem e, para isso, necessita

planejar boas situações didáticas, selecionando e/ou criando bons recursos didáticos

(BRASÍLIA, 2012).

5.6- Ilustração da história

Nesta proposta a professora da sala regular dividiu a história em frases

distribuídas em pequenos quadrados como uma história em quadrinho solicitou

leitura individual e a representação das frases por meio do desenho.

Como a aluna com deficiência apresenta em seu desenho garatuja de

rabiscação, a professora do AEE adaptou o material da aluna separando várias

imagens que representavam cada frase do quadrinho e após leitura do

quadrinho pela agente educacional a aluna deveria selecionar a imagem

equivalente.

O quadro 7 apresenta na primeira imagem a atividade sem adaptação realizado

por um aluno da sala e na segunda imagem observa-se a atividade da aluna

com deficiência com adaptação da professora do AEE.

Quadro 7: Atividade sem adaptação e com adaptação para a aluna com deficiência de

ilustração da história

A escolha de uma estratégia adequada, como alterar a forma de oferecer as

instruções e a forma de agir frente à turma com o aluno, poderia manter a

participação, motivação e interesse do aluno; permitir a integração, atender às

diferenças individuais; ampliar as experiências de aprendizagem, a criatividade e a

flexibilidade (MASSETO, 1995).

5.7- Expressão oral e dramatização

Para finalizar as atividades do projeto de leitura a professora ou um aluno

narravam à história e alguns alunos participavam da encenação da história para a

turma.

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A aluna com deficiência também participou da dramatização juntamente com os

alunos com deficiência.

6. Considerações finais

Conclui-se que a participação frequente da aluna no projeto de leitura

favoreceu para seu desenvolvimento acadêmico fazendo com que a mesma

avançasse de forma significativa no seu nível de escrita e estimulou o interesse pela

leitura.

Acredita-se que esta proposta pode acrescentar na formação de educadores,

pois entende-se que a formação do professor não se encerra na conclusão do seu

curso de graduação, mas se realiza continuamente na sala de aula, onde dúvidas e

conflitos aparecem a cada dia. Uma das possibilidades de superação de dificuldades é

a oportunidade de discutir com outros profissionais da educação, o que pode favorecer

a troca de experiências e propiciar reflexões mais aprofundadas sobre a própria

prática. Isso só é possível quando a formação é integrada ao cotidiano da escola, com

garantia de ambiente adequado (BRASIL, 2012).

7. Referências

BRASIL. Pró-Letramento : Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental : alfabetização e linguagem : formação de professores... – ed. rev. e ampl. / Secretaria de Educação Básica – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008

Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa : formação do professor alfabetizador : caderno de apresentação / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. -- Brasília : MEC, SEB, 2012.

Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa : a aprendizagem do sistema de escrita alfabética : ano 1 : unidade 3 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. -- Brasília : MEC, SEB, 2012.

Brasil. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa : alfabetização em foco : projetos didáticos e sequências didáticas em diálogo com os diferentes componentes curriculares : ano 03, unidade 06 / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. -- Brasília : MEC, SEB, 2012.

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FIGUEIREDO, Rita Vieira de. GOMES, Adriana L. Limaverde. FERNANDES, Anna Costa. Atendimento Educacional Especializado para alunos com Deficiência Mental. São Paulo: MEC / SEESP, 2007.

LEAL, Telma F. Fazendo acontecer: o ensino da escrita alfabética na escola. In: MORAIS, Artur G.; ALBUQUERQUE, Eliana B. C.; LEAL, Telma F. (orgs.) Alfabetização: apropriação do Sistema de Escrita Alfabética. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

MAINARDI PC - Cri Du Chat Syndrome. Orphanet J Rare Dis, 2006;

MASSETTO , Marcos. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTB, 1995.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1998.