relaÇÃo sociedade e natureza no contexto da … · como algo produzido pela ação humana, em...

69
1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA ED PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL AIANY RUTH SILVA DE ASSIS ORIENTADOR (A): ____________________ PROFESSOR (A): Celso Sánchez URUTAÍ-GO NOVEMBRO / 2008

Upload: letuyen

Post on 08-Feb-2019

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

1

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA ED PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

AIANY RUTH SILVA DE ASSIS

ORIENTADOR (A): ____________________ PROFESSOR (A): Celso Sánchez

URUTAÍ-GO NOVEMBRO / 2008

Page 2: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA ED PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO

DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

AIANY RUTH SILVA DE ASSIS

Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Educação Ambiental

URUTAÍ-GO NOVEMBRO / 2008

Page 3: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

3

Agradeço a Deus pela sabedoria e disponibilidade que me concedeu durante a elaboração deste trabalho e, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão do mesmo.

Page 4: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

4

Humildemente dedicamos esta pesquisa monográfica a todos os professores que nos trouxeram qualquer tipo de instruções desde a Educação Infantil até esta Pós-Graduação, bem como, a todos os colegas que se fizeram presentes durante toda essa escolarização. Esta pesquisa é o resultado total de todos os conhecimentos adquiridos ao longo de nossas vidas.

Page 5: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

5

Resumo

É uma verdade trivial afirmar que a relação sociedade-natureza constitui a base sobre a qual relações sociais civilizadas deveriam se apoiar. Nessa perspectiva, essa dissertação aponta para a problematização e o entendimento das conseqüências de alterações no ambiente, permitindo compreende-las como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira parte desta dissertação aborda a Educação Ambiental, considerando-a capaz de contemplar as questões ambientais inseridas na vida cotidiana das pessoas e de discutir algumas visões polêmicas sobre o meio ambiente. Visões estas que implicam fundamentalmente na relação homem-natureza. Na segunda parte são apresentados os conceitos de natureza - tudo aquilo que cerca o homem e oferece seus recursos em prol da sobrevivência humana-; meio ambiente, biosfera e biodiversidade. Na terceira parte, a dissertação focaliza um dos externos da relação sociedade-natureza porque estabelece uma relação intrínseca entre a degradação ambiental e as novas tecnologias mostrando que a humanidade chegou a um ponto da trajetória de ocupação e exploração da Terra, em que sua capacidade de suporte dá mostras inequívocas de esgotamento e que é urgente a necessidade de se rever as premissas do crescimento econômico tendo em vista o alcance de índices satisfatórios de desenvolvimento humano e de conservação ambiental. Fundamentalmente, a dissertação mostra que a sociedade deve se tornar ciente de que o desenvolvimento não deve mais ocorrer como se a natureza fosse um obstáculo e direcionar ações que possam ser desenvolvidas em sintonia com ele, aproveitando adequadamente suas potencialidades, de forma a não exaurir os recursos naturais hoje existentes.

Page 6: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

6

Metodologia

As inter-relações do homem com a natureza, sob todas as dimensões,

mostrando-se diferentes segundo as localidades economicamente distintas. por

isso, ao observar essas discrepâncias, essa pesquisa deverá se embasar em

um referencial teórico e/ou bibliográfico que possa identificar e explicar essas

discrepâncias.

Trata-se de um tema abrangente, amplo e complexo, que pode ser

abordado em diferentes aspectos, por essa razão, a pesquisa se propõe a

contextualizar informações, dados e outros recursos qualitativos que podem

representar as peculiaridades do tema. A pesquisa deverá apresentar caráter

dedutivo e se constituir a partir de um referencial teórico em que literaturas

especializadas, livros específicos, documentos eletrônicos, entre outros, serão

utilizados. Através desse referencial, deverá descrever as características da

relação sociedade – natureza, questionando o estabelecimento de subrelacao

ente as suas variáveis.

A pesquisa deverá, ainda, prever algumas prioridades entre os eixos

temáticos a serem tratados. Entre essas prioridades, pode-se citar:

• o reconhecimento do processo histórico evolutivo das políticas públicas

de Educação Ambiental, considerando que o meio ambiente não era

concebido, como se verifica em estudos prévios, até pouco tempo atrás, como

um fator de relevância social;

• compreender as abordagens metodológicas e práticas da Educação

Ambiental, uma vez que não existiam mecanismos ou mesmo instituições

responsáveis por políticas que levassem à preservação dos recursos naturais,

controlando o desenvolvimento econômico e o crescimento desenfreado;

• enfocar o sentido histórico da noção de natureza como forma de se

compreender as etapas de organização das sociedades modernas;

• identificar as variedades dos ecossistemas, o valor econômico dessas

variedades e as ameaças à sobrevivência dos mesmos;

Page 7: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

7• a compreensão da preservação da biodiversidade como forma de

equilíbrio na relação sociedade – natureza;

• enfocar a crise ambiental e/ou civilizatória, bem como, o surgimento da

questão ambiental a nível planetário.

É pertinente observar que esses eixos temáticos, assim como outros,

que serão sutilmente tratados na elaboração da pesquisa, são demonstrativos

da relação sociedade – natureza e isso remetem a um consenso entre os

ambientalistas, ou seja, a grande maioria dos problemas ambientais que ocorre

no mundo de hoje poderia ser evitada se o homem tivesse conscientização

ecológica. Ocorre que diante das rápidas e profundas transformações da vida

contemporânea e tendo em vista a necessidade de se compreender a

sociedade como partícipe do processo de preservação dos recursos naturais,

essa conscientização ecológica pode desenhar uma nova configuração de

mundo baseado na preservação ambiental.

A proposta de uma pesquisa qualitativa, descrita e dedutiva se aplica na

busca de novos caminhos alternativos para entender dentro dos novos espaços

de conhecimento a Educação Ambiental que, aliada à interdisciplinaridade,

pode influenciar, sobretudo, no que se refere à construção de novos

paradigmas de vida para as pessoas.

Page 8: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

8

Sumário

Introdução..........................................................................................................09

Capítulo 01 – Fundamentos da Educação Ambiental........................................13

1.1 . A Educação Ambiental e cidadania: políticas públicas..............................16

1.2 . A Educação Ambiental na formação do sujeito ecológico..........................21

1.3 . A Educação Ambiental e as relações sociais.............................................24

1.4 . A compreensão da educação Ambiental: abordagens metodológicas e

práticas.........................................................................................................27

Capítulo 02 – Conceitualizando natureza, meio ambiente, biosfera e

biodiversidade....................................................................................................32

2.1. O sentido histórico da noção de natureza e a definição do meio

ambiente............................................................................................................33

2.2. Os recursos naturais e o meio ambiente....................................................37

2.3. O que são biosfera e biodiversidade..........................................................40

2.4. A organização das sociedades modernas..................................................46

Capítulo 03 – A degradação Ambiental e as novas tecnologias........................50

3.1. Ética e natureza: históricos confrontos.......................................................52

3.2. Crise ambiental ou falta de civilização conscientizadora?..........................56

3.3. A necessária preservação da biodiversidade.............................................59

Conclusão..........................................................................................................65

Referências Bibliográficas.................................................................................67

Page 9: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

9

Introdução

Em seu processo de estudo e descoberta das leis da natureza a

humanidade foi progressivamente subdividindo-a e ordenando-a em função de

sua disponibilidade tecnológica e das idéias vigentes. A ciência contemporânea

divide a natureza em diversas escalas para melhor compreender o

funcionamento do todo. Esta pesquisa monográfica se propõe analisar a

relação da sociedade e/ou dos seres humanos com a ultima dessas escalas: a

biosfera ou, num sentido mais amplo, com o conjunto dos ecossistemas da

Terra.

O homem, historicamente, estabeleceu a ocupação e o uso espacial da

Terra, utilizando os recursos renováveis e não – renováveis, com interesses

voltados para a própria sobrevivência. Com a evolução dos tempos, e mais

precisamente, devido ao modelo de produção, consumo e serviços adotado

pela sociedade em geral e, tendo como um sério agravante a evolução

tecnológica que alimenta esse modelo, as alterações ambientais da paisagem

e/ou da natureza tornaram-se muito rápidas e em grande escala produzindo

conseqüências como à poluição e a destruição de diversas formas de vida,

cujos efeitos a curtos e longos prazos, por sua vez, produzirão profundas

modificações na biosfera. Percebe-se aqui, em que consiste a relação

sociedade e natureza.

Metrópoles, cidades, povoações, fazendas ou comunidades agrícolas

são ambientes resultantes dessa relação que desenvolve processos de

modificação ambiental, mas, ao mesmo tempo cria componentes culturais,

sociológicos e econômicos, onde o homem desenvolve suas atividades básicas

e nos quais está integrado. Também os demais seres vivos modificam a

natureza, porem, de forma menos avassaladora.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa em que os estudos serão feitos à

luz de um embasamento teórico acerca do meio ambiente e das ações

humanas sobre o mesmo, estabelecendo uma relação paralela com os

objetivos da Educação Ambiental que se baseia na reflexão sobre como devem

Page 10: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

10ser as relações humanas e ambientais. Esta reflexão permite a conscientização

na direção das metas desejadas para o crescimento cultural, a qualidade de

vida e o equilíbrio ambiental. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:

apresentação dos temas transversais (1998) a educação é um elemento

indispensável para a transformação da consciência ambiental, por isso, 170

países assinaram tratados nos quais se reconhece o papel central da educação

para a “construção de um mundo socialmente justo e ecologicamente

equilibrado”, o que requer “responsabilidade individual e coletiva em níveis

local, nacional e planetário”. É isso o que se espera da Educação Ambiental no

Brasil, assumida como obrigação nacional pela constituição promulgada em

1988.

O mesmo documento enfatiza ainda, que todas as decisões e tratados

internacionais sobre o meio ambiente evidenciam a importância da Educação

Ambiental como, meio indispensável para se conseguir criar e aplicar formas

cada vez mais sustentáveis de interação sociedade/natureza e soluções para

os problemas ambientais.

Entende-se que o tema em questão é significativo, pois, a compreensão

da importância da natureza no contexto da vida humana ainda não é efetiva por

mais que se propague sobre tal importância. Ocorre que cada grupo social

desenvolve um modo de vida peculiar que é expressado na natureza

modificada, implicando assim, na necessidade de estudos abrangentes sobre

esses modos de vida e modificações deles decorrentes. Sob a visão de

GEORGE (1993) desde o final do século XVIII, a sociedade urbana – industrial

se desenvolve assustadoramente sobre todo o planeta impactando-o de forma

agressiva.

Desta forma, as atividades produtivas a expansão da cultura material

fazem com que a sociedade e a natureza estabeleçam relações de

degradação, isto é, o homem dilapida a natureza e ela reage com impactos

destrutivos, tais como: erosões, tornados, tsunames, etc.

Diante dessas considerações, é pertinente buscar uma compreensão

mais ampla sobre a relação sociedade – natureza, considerando suas causas,

abrangências e conseqüências para se adotar uma postura preservacionista do

Page 11: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

11meio ambiente. Tanto a compreensão buscada quanto as novas posturas que

poderão ser assumidas, vão ser discutidas no decorrer da pesquisa

monográfica a partir de literaturas especificas e afins (* podendo citar:

COELHO (1992); GEORGE (1993); MENDONÇA (1990); SALES (2002);

SUERTEGARAY (1995); VESENTINI (1989); TOCANTINS (2007); etc.) *

Devera discutir, ainda, um novo paradigma de civilização dentro do qual o

desenvolvimento se fará em consonância com a natureza e não contra ela;

será solidário com todos os humanos e caracterizado pelo cuidado para com

todos os seres vivos e inertes da natureza. Sendo assim, os objetivos desta

pesquisa podem ser assim listados:

• entender a complexa série de desafios ambientais que o planeta vem

sofrendo, como mudanças climáticas, administração obsoleta dos recursos

hídricos, poluição ambiental e equivocado manejo dos recursos naturais;

• compreender como a Educação Ambiental pode superar as

deficiências educacionais do povo brasileiro que fazem com que o país assuma

o papel de exportador de matérias – primas quando é detentor de uma das

mais ricas biodiversidades do planeta;

• procurar identificar se o crime ambiental pode representar uma síntese

dos impasses que o atual modelo de civilização acarreta;

• tratar significamente, da biosfera e da biodiversidade considerando os

impactos ambientais provocados pelas ações humanas contra esses contextos.

Esses objetivos deverão produzir informações e/ou conhecimentos que,

seguramente, podem confrontar a tese de que a maior parte dos problemas

atuais na (ou da) natureza pode ser resolvida pela comunidade cientifica. É que

os defensores dessa tese confiam na capacidade de a humanidade produzir

novas soluções tecnológicas e econômicas para os graves problemas

ambientais evidentes na contemporaneidade, mas, há que se enfatizar que a

humanidade em geral vivencia o mesmo paradigma civilizatório dos últimos

séculos. Porém, esse paradigma não é suficiente para se compreender os

fenômenos ambientais.

De acordo com as orientações dos PCNs: temas transversais (1998) ao

se perceber os limites e impasses desta tese, está claro que a complexidade

Page 12: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

12da natureza e da interação sociedade/natureza exigem um trabalho que

explicite a correlação entre os seus diversos componentes, considerando que a

estrutura e o sentido de ser desses componentes parecem ser diferentes,

quando estudados a partir dessas interações. É preciso encontrar uma outra

forma de adquirir conhecimentos que possibilite enxergar o objeto de estudo

com seus vínculos e também com os contextos físico, biológico, histórico,

social e político, apontando para a superação dos problemas ambientais.

Assim sendo, a pesquisa monográfica deverá procurar abandonar esta

concepção historicamente construída de que o homem e o meio ambiente são

contextos separados que apenas se relacionam entre si. Eles, o homem e o

meio ambiente, são elementos interdependentes, mas que são inseridos num

mesmo contexto, por isso, há que estabelecer relações respeitosas.

Page 13: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

13

Capítulo 01 - Fundamentos da Educação Ambiental

Nas últimas décadas presenciou-se a divulgação de debates sobre

problemas ambientais em todos os meios de comunicação, o que sem dúvida

tem contribuído para que os indivíduos estejam alerta, mas a simples

divulgação não assegura a aquisição de informações e conceitos referendados

pelas áreas de conhecimento que tratam o meio ambiente. Ao contrário, é

bastante freqüente a banalização do conhecimento cientifico-o emprego de

ecologia como sinônimo de meio ambiente é um exemplo-e a difusão de visões

distorcidas sobre a questão ambiental.

A partir do senso comum, os indivíduos desenvolveram representações

sobre o meio ambiente e problemas ambientais pouco rigorosas do ponto de

vista cientifico. Foi então, que a Educação Ambiental emergiu para provocar a

revisão dos conhecimentos, buscando enriquecê-los com informações

cientificas. Mesmo não sendo classificada como uma disciplina formal, a

Educação Ambiental está diante de sua inserção no currículo escolar por

intermédio do MMA (Ministério do Meio Ambiente) e pode ser trabalhada de

forma interdisciplinar.

A educação Ambiental, ainda, não é vista como uma ciência, mas, é

concebida como uma área do conhecimento que auxilia no preparo de

cidadãos capazes de ler o mundo de uma forma mais crítica, desenvolvendo

valores, habilidades, experiências e conhecimentos (LOUREIRO: 2007). Como

conteúdo escolar, a temática Ambiental focaliza as relações recíprocas entre

sociedade e ambiente, marcadas pelas necessidades humanas, seus

conhecimentos e valores.

Essa temática focaliza também as questões especificas dos recursos

tecnológicos, intimamente relacionados ás transformações ambientais.

Considerando o enfoque dessas relações e questões os Parâmetros

Curriculares Nacionais: ciências naturais (1997: p.45) enfatizam que:

Em coerência com os princípios da educação ambiental (...), aponta-se a necessidade de reconstrução da relação homem-natureza, a fim

Page 14: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

14de derrubar definitivamente a crença do homem como senhor da natureza e alheio a ela e ampliando-se o conhecimento sobre como a natureza se comporta e a vida se processa. É necessário conhecer o conjunto das relações na natureza (...). Entretanto, um conhecimento profundo dessas relações só é possível mediante sucessivas aproximações dos conceitos, procedimentos e atitudes relativos á temática ambiental, (...).

A Educação Ambiental, portanto, se presta para buscar a consciência

crítica que permita o entendimento e a intervenção de todos os setores da

sociedade, encorajando um novo modelo de sociedade, em que a preservação

dos recursos naturais seja compatível com o bem-estar sócio-econômico da

população mundial.

A fim de se observar a abrangência dos estudos ambientais do ponto de

vista da Educação Ambiental, aqui, será analisada as relações dos seres vivos,

especialmente do homem, com ao componente abióticos diz-se do componente

do ecossistema que não inclui seres vivos - do meio. O conceito de relação da

humanidade com os componentes abióticos do meio, neste trabalho deverá

apontar como premissa da Educação Ambiental as relações entre seres vivos

entre si no espaço e no tempo, determinando a biodiversidade de ambientes

naturais específicos.

Ao PCN: ciências naturais (1997) orientam que enfoque das relações

entre a humanidade e seres não-vivos, aplicado aos múltiplos conteúdos da

Educação Ambiental, oferece subsídios para a formação de atitudes de

respeito á integridade dos ambientes naturais, ou seja, os fundamentos

científicos da Educação Ambiental devem subsidiar a formação de atitudes dos

educadores e educandos.

Para SEARA FILHO (1992: p.45) o objetivo da Educação Ambiental é:

Desenvolver no individua sua capacidade critica o espírito de iniciativa e o senso de responsabilidade, com o fim de formar uma cidadania com visão objetiva do funcionamento da sociedade, motivada para a vida coletiva e consciente de que a qualidade de vida das gerações futuras depende das escolhas que o cidadão fizer em sua própria vida.

Page 15: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

15Desta forma, a Educação Ambiental é concebida como instrumento de

preservação e/ou de transformação da sociedade contemporânea e é objeto de

discussão desde a Antiguidade. Atualmente, está no centro das sugestões de

redefinição e/ou reorganização do pensamento da humanidade porque busca o

resgate da melhoria da qualidade de vida dos seres vivos.

Sob a visão de LOUREIRO (2007), nesse contexto, a Educação

Ambiental é uma proposta educativa que nasce em um momento histórico de

alta complexidade, pois tenta responder aos sinais de falência de um modo de

vida contextualizado em que não se sustenta às promessas de afluência,

processo e desenvolvimento.

Fundamentalmente, a Educação Ambiental é reconhecida como uma

área de conhecimento que objetiva ensinar sobre a melhoria da qualidade de

vida associada á sustentabilidade dos recursos naturais. Essa área de

conhecimento pode, simultaneamente, inserir-se em um currículo ou, se fazer

um currículo distinto o que implica em renovar práticas de ensino e conteúdos

programáticos educacionais.

SORRENTINO (1995) aponta as linhas e orientações metodológicas da

Educação Ambiental, classificando-a em quatro correntes: (1)

Conservacionista: está vinculada á biologia e voltada para as causas e

conseqüências da degradação ambiental; (2) Educação ao ar livre: envolve

desde os artigos naturalistas até os praticantes do escotismo, passando por

grupos de espeleologia, montanhismo e diversas modalidades de lazer e

ecoturismo; (3) Gestão ambiental: é mais política e envolve os movimentos

sociais; (4) Economia ecológica: desdobra-se como efeito das reflexões sobre

o desenvolvimento econômico e o meio ambiente, principalmente a partir de

1970.

Considerando que a Educação Ambiental abrange essas quatro

correntes e que estimula a ação racional sobre os problemas sócio-ambientais

com atuação dentro e fora do ambiente escolar é pertinente sublinhar que já

era trabalhada mesmo sem que se percebesse, pois, foi institucionalizada no

Brasil em 1981.

Page 16: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

16LOUREIRO (2007) descreve a institucionalização da EA no Brasil assim:

em 1981 criou-se a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) (lei 6.938181)

e efetivou-se a inclusão da EA em todos os níveis de ensino; em 1989 foi

criado o Fundo Nacional do Meio Ambiente (Lei 7.797/89) que apoiaria projetos

de EA; em 1992 foi criado o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e os núcleos

de EA do Ibama; em 1994 surgiu o Programa Nacional de EA (Pronea) - MMA,

MEC, MCT; em 1995 surgiu a Câmara Técnica Temporária de EA do Conselho

Nacional do meio ambiente (CONAMA); em 1999 foram criadas a Política

Nacional de Educação Ambiental (lei 9.795), a coordenação-geral de EA no

MEC e a Diretoria de EA no MMA; em 2000, a Educação Ambiental é

contemplada no Plano Anual (PPA); em 2002 surgiram o Órgão Gestor do

Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA) e revisão do PRONEA;

em 2003, a Educação Ambiental é contemplada no PPA 2004-2007 (MEC).

Esse histórico da institucionalização da EA no Brasil mostra que as

relações da EA não se dão apenas no contexto escolar sem associação com o

mundo e o ambiente social. Desta forma, os fundamentos da EA sinalizam o

desenvolvimento de capacidades inerentes á cidadania, mostrando que o

conhecimento escolar não pode ser alheio ao debate ambiental travado pela

comunidade.

1.1. A educação Ambiental e a cidadania: políticas públicas

Nesse inicio do século, de acordo com o depoimento de vários

especialistas que vêm participando de encontros nacionais e internacionais, o

Brasil é considerado de experiências em EA, com iniciativas originais que,

muitas vezes, se associam as intervenções na realidade local. Portanto,

qualquer política nacionais, regional ou local que se estabeleça deve levar em

consideração as características e as responsabilidades do poder público e dos

cidadãos com relação á EA que foram fixadas por lei no Congresso Nacional

do Meio Ambiente (CONAMA). Este Conselho trouxe proposições, estratégias

e meios para a efetivação de uma política de Educação Ambiental no Brasil,

mas, mesmo assim, a EA está longe de ser uma ciência e/ou disciplina

Page 17: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

17tranquilamente aceita e desenvolvida plenamente, porque ela implica

mobilização por melhorias profundas do ambiente, e nada inócuas

(inofensivas). Para os Parâmetros curriculares Nacionais: apresentação dos

temas transversais (1998). A EA quando bem realizada, leva a mudanças de

comportamento pessoal e a atitudes e valores de cidadania que podem ter

importantes conseqüências sociais.

Isso é fundamental, uma vez que, a Constituição brasileira, ao consagrar

o meio Ambiente como direito de todos, como bem uso comum e essencial á

sadia qualidade de vida, atribui à responsabilidade de sua preservação e

defesa não apenas ao poder público, mas também á coletividade, que,

paradoxalmente, precisa utilizar os bens ambientais para satisfazer suas

necessidades básicas.

Ocorre que o debate dos problemas ambientais, tem levado á formação

de alguns preconceitos e á veiculação de algumas imagens distorcidas sobre

as questões relativas ao meio ambiente sempre, em conseqüência de processo

decisório sobre a apropriação e o uso dos recursos ambientais de forma

ecologicamente correta. A distorção entre os interesses explícitos dos grupos

que atuam sobre os meios naturais, controlando, defendendo e protegendo,

coloca a coletividade como uma multiplicidade de partes com visões diferentes

sobre o meio ambiente. A isso não se pode denominar cidadania, pois, a

cidadania é a condição da pessoa natural que, como membro de um Estado,

encontra-se no jogo dos direitos que lhe permite participar da vida política

(LOUREIRO: 2007).

Em outras palavras, se a coletividade não tem a mesma autonomia no

processo decisório sobre os modos de acesso e a destinação dos recursos

ambientais tem o poder público através da Gestão Ambiental defendida pela

Constituição Federal os indivíduos não estão gozando do direito de

participação das políticas públicas relativas ao meio ambiente.

De acordo com LOUREIRO (2007: p.51)

A Educação Ambiental visando o exercício da cidadania (...) se restringe, basicamente, a ações pontuais e eventuais de mobilização/ sensibilização, também conhecidas como de “conscientização”, via de regra praticadas por órgãos ambientais, prefeituras, ONGS, etc.

Page 18: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

18Nessas atividades, o forte é a utilização de determinados recursos e/ou estratégias pedagógicos (...) (que) abordam temas ambientais geralmente desvinculados de uma proposta educativa mais ampla.

Aqui se confirma o argumento de que a EA está longe de ser uma

atividade tranquilamente aceita e desenvolvida, mas, existem iniciativas

consideráveis a favor da EA e a cidadania. Um exemplo dessas iniciativas é a

elaboração do “Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis

e Responsabilidade Global”, de caráter não-oficial no Rio/92.

Esse tratado defende princípios e diretrizes gerais para não se reduzir a

EA a uma visão exoterico-existencial. Nessa concepção, a EA é algo que se

opõe á simples transmissão de conhecimentos científicos e se constitui num

espaço de trocas desses conhecimentos, de experiências e de envolvimento

em que as relações de poder entre os atores do processo educativo são

modificadas (PCN: temas transversais: 1998).

Tratar a questão ambiental, portanto, abrange a complexidade das

intervenções: a ação na espera pública só se consolida atuando no sistema

como um todo, afetando todos os setores humanos, entre eles, a educação.

Essa ação na esfera pública depende de políticas públicas que, historicamente,

tiveram origem por meio da carta Régia (1442) quando o governo brasileiro

quis proteger um recurso natural (a árvore).

O órgão federal IBAMA pode ser considerado o mais importante e

atuante na constituição de políticas públicas que visam à preservação do meio

ambiente. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (IBAMA) é, de acordo com o seu site (WWW. Ibama. Gov. Br.) uma

autarquia federal de regime especial vinculada ao Ministério do Meio Ambiente,

criada pela lei n°. 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, e tem como principais

atribuições exercer o poder de policia ambiental; executar ações das políticas

nacionais de meio ambiente, referentes ás atribuições federais, relativas ao

licenciamento ambiental, ao controle da qualidade ambiental, á autorização de

uso dos recursos naturais e á fiscalização, monitoramento e controle ambiental,

e executar as ações supletivas de competência da união.

O Ibama tem autonomia administrativa e financeira, sede em Brasília e

jurisdição em todo o território nacional, e é administrado por um presidente e

Page 19: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

19por cinco diretores. Sua estrutura organizacional compõe-se de: Presidência;

Diretoria de Planejamento, Administração e Logística; Diretoria de Qualidade

Ambiental; Diretoria de Licenciamento Ambiental; Diretoria de Proteção

Ambiental; Diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas;

Auditoria; Corregedoria; Procuradoria Federal Especializadas;

Superintendências; Gerencias Executivas, Escritórios Regionais; e Centros

Especializados.

Atribuições

Cabe ao IBAMA propor e editar normas e padrões de qualidade

ambiental; o zoneamento e a avaliação de impactos ambientais; o

licenciamento ambiental, nas atribuições federais; a implementação do

Cadastro Técnico Federal; a fiscalização ambiental e a aplicação de

penalidades administrativas; a geração e disseminação de informações

relativas ao meio ambiente; o monitoramento ambiental, principalmente no que

diz respeito á prevenção e controle de desmatamentos, queimadas e incêndios

florestais; o apoio ás emergências ambientais; a execução de programas de

educação ambiental; a elaboração do sistema de informação e o

estabelecimento de critérios para a gestão do uso dos recursos faunisticos,

pesqueiros e florestais; dentre outros.

Para o desempenho de suas funções, no Ibama poderá atuar em

articulação com os órgãos e entidades da administração pública federal, direta

e indireta, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios integrantes do

Sisnama e com a sociedade civil organizada, para a consecução de seus

objetivos, em consonância com as diretrizes da política nacional de meio

ambiente.

Estudos mostram que no Brasil as políticas públicas de conservação do

meio ambiente só se tornaram mais efetivas após a década de 50, mas, o

governo brasileiro começou a se empenhar em ações que visavam à

conservação e preservação do meio ambiente a partir das décadas 60-70

através de convenções e reuniões internacionais (LOUREIRO:2007).

Foi A Conferência das Nações Unidas para o meio ambiente humano,

realizada em 1972 (Estocolmo/Suécia) que inspirou a delegação brasileira a

Page 20: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

20tomar medidas efetivas com relação ao meio ambiente no Brasil (IBIDEM:

2007), isso porque nesta conferencia estabeleceram-se o “Plano de Ação

Mundial” e a “Declaração sobre o Ambiente Humano” como orientações a todos

os governos que dela participaram.

O Programa Internacional de Educação Ambiental (1975) e a

Conferencia Inter-governamental de Educação Ambiental de Ibilisi

(Geórgia/1977) também podem ser concebidos como políticas públicas da EA,

uma vez que, definiram a importância da ação educativa nas questões

ambientais e conceberam a EA como “uma dimensão dada as conteúdo e á

prática da educação, orientada para a resolução de problemas concretos do

meio ambiente por intermédio de enfoques interdisciplinares e de uma

participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade”.

Não obstante, a Conferencia Internacional sobre Educação e Formação

Ambiental convocada pela UNESCO (Moscou/1987) também foi determinante

para a EA e para a cidadania, mas, foi na Conferencia Rio/92 que documentos

foram aprovados com propostas de ação os paises e povos em geral.

Conforme os PCN: temas transversais (1998: p.229-230).

Em todos esses documentos importantes referencias para governantes e educadores nesse final de século-tanto a Educação Ambiental quanto as ações educativas, de informação e comunicação em geral, foram das mais requeridas. (...) Todos lhes mencionavam (...), a conscientização e a Educação Ambiental dirigidas desde aos técnicos, profissionais e políticos, até o cidadão comum, especialmente, os jovens.

Vale mencionar que os documentos mais importantes aprovados na

Conferencia Rio/92 são a “Agenda 21”, a “Nessa Agenda” e a “Agenda local”.

Como a sociedade já estava inserida nas políticas públicas de preservação do

meio ambiente em função da repercussão internacional das teses discutidas

em todos os eventos relativos ao meio ambiente, em 1992, criou-se no Brasil o

Ministério do Meio Ambiente, órgão de hierarquia superou, com o objetivo de

estruturar as políticas públicas para o meio ambiente no Brasil.

É sabido que, em relação ao meio ambiente, a legislação brasileira é

uma das mais avançadas do mundo. No entanto, essas leis dificilmente são

Page 21: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

21colocadas em prática por varias razões. Uma delas é a diferença brutal de

graus de cidadania dentro da sociedade. Por isso, a EA tem que cumprir o seu

papel de instrumento de gestão ambiental, assim, a Política Nacional de

Educação Ambiental instituída pela Lei nº. 9. 795/99 e regulamentada pelo

Decreto nº. 4. 281/02 se torna presente no contexto de atividades como

conservação da biodiversidade, zoneamento, licenciamento, gerenciamento

costeiro, manejo sustentável de recursos naturais, gestação de recursos

hídricos, ecoturismo, gerenciamento de resíduos e outras (LOUREIRO: 2007).

A Política Nacional de Educação Ambiental pode ser considerada uma

das políticas públicas em favor do maio ambiente mais ativa, pois, ela faz com

que o processo educativo seja desenvolvido com grupos sociais diretamente

envolvidas com as atividades de gestação ambiental. Esses grupos sociais vão

desde os produtores rurais ate os formuladores e gestores de políticas

públicas.

Sendo assim, e tomando como referencia todos os documentos – desde

a carta Régia (1442) – pode-se dizer que a EA e cidadania só poderão compor

uma mesma concepção se o trabalho com o tema Meio Ambiente na escola e

em todos os outros espaços de aprendizagem, contribuir para a formação de

cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade sócio ambiental de

um modo comprometido com a vida em todas as suas formações e

manifestações.

1.2. A Educação Ambiental na formação do sujeito ecológico

O ambientalismo no Brasil tem uma história bastante recente; é da

década de 70. só ai começou efetivamente a haver algum tipo de preocupação

popular com o meio ambiente. Nessa época fora adotada uma linha

conservacionista que estava sobre tudo para a Amazônia e alguns biomas

ameaçados. A idéia era de protegê-los (KISHINAMI: 2001).

Essa, na verdade, é uma vertente do ambientalismo bastante antiga no

mundo em que a importância da luta dos resultados locais é muito grande,

primeiro, porque mexe-se com problemas concretos em que os resultados têm

Page 22: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

22localização espacial; depois, porque ao pensar em sujeitos capazes de

desenvolver atitudes que proporcionem melhorias existenciais e ambientais

minimiza-se a influencia capitalista que absorve todo o tempo para as questões

ambientais. Mais, sujeitos com tão capacidade precisam ser formados. Para

LOUREIRO (2007: p. 41)

A formação de um sujeito capaz de “ler” seu ambiente e interpretar as relações, os conflitos e os problemas neles presentes se enquadram como a primeira idéia de sujeito ecológico que podemos ter. Assim, como sujeitos ecológicos, podem transformar a natureza em cultura, ou seja, transformar tudo que nos é dado por meio dos recursos naturais em ensinamentos capazes de nos guiar por meio de valores éticos, (...).

Ou seja, a formação de um sujeito ecológico está aderida à concepção

de ambientalismo porque leva a comportamentos ecologicamente orientados

que visam à coletividade. Todos os profissionais da educação e atores sociais

podem colaborar com a formação do sujeito ecológico.

Como esse campo temático é relativamente novo no ambiente escolar,

os profissionais da educação podem fazer da EA importante mediadora entre a

esfera educacional e campo ambiental porque ela consegue produzir novas

reflexões, concepções, métodos e experiências que desenham um novo

formato de processo educativo voltado para a preservação ambiental e/ou

preservação dos recursos naturais.

A maior preocupação da EA na formação do sujeito ecológico deve ser a

desenvolver valores, atitudes e posturas éticas, pois, os conceitos necessários

para tratar de assuntos ambientais são aprendidos em outras disciplinas. O

acesso a novas informações permite repensar a prática.

Para os PCN: temas transversais (1998) formar um sujeito

ecologicamente correto é sistematizar e problematizar suas vivencias e práticas

à luz de novas informações, ou seja, as atividades de EA são aqui

consideradas no âmbito do aprimoramento de sua cidadania já que, a própria

inserções desse sujeito em seus grupos sociais implicam algum tipo de direitos

e deveres com relação ao ambiente.

Page 23: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

23Os PCN: temas transversais (1998) afirmam, ainda, que a construção de

uma formação consciente através da EA requer a contribuição da estrutura da

escola e da ação de outras integrantes do espaço escolar. O documento (IBID),

1998: p. 1990 enfatiza que,

(...) o ensino deve ser organizado de forma a propiciar oportunidades para que os alunos possam utilizar o conhecimento sobre Meio Ambiente para compreender a sua realidade e atuar nela, por meio do exercício da participação (...).

Aliás, um pressuposto da formação do sujeito ecológico é a participação

porque, só ela promove o desenvolvimento da sensibilidade. A compreensão

da complexidade e amplitude das questões ambientais requer participação, isto

é, maior diversidade possível de experiências e contato com diferentes

realidades.

Sob a visão de LOUREIRO (2007) a noção de sujeito ecológico indica os

efeitos do encontro social dos indivíduos com realidades que os desafiam.

Como são inúmeros os dilemas ambientais vividos pela sociedade

contemporânea, o sujeito ecológico busca responder aos apelos ético-sociais

causados pela crise sócio-ambiental e procura sugerir medidas para um mundo

socialmente justo e ambientalmente sustentável.

A formação do sujeito ecológico esbarra no enfoque ambiental que é

tipicamente dirigido à ação. No mundo há a busca de cidadania porque o

sujeito ecológico aprende a perceber os problemas ambientais, a identificar

soluções e, através da participação comunitária, passa a tomar parte em ações

que conduzem à melhorias do meio ambiente.

É o processo de transformação das relações entre a sociedade e o

ambiente.

E, embora a EA não seja uma disciplina autônoma e obrigatória –

portanto, continua fora dos currículos escolares – LOUREIRO (2007: p. 42)

argumenta que por conta da formação do sujeito ecológico,

(...) as razões de se trabalhar a EA se tornam ainda maiores, uma vez que representa a ferramenta a ser utilizada na formação e concretização desse processo, como fonte mediadora na construção

Page 24: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

24social de uma prática político-pedagógica portadora de nova sensibilidade e postura ética, (...).

O que parece evidente é falta de interessados na formação acadêmica

que trate das questões ambientais mesmo com o crescimento dos cursos de

formação de especialista ambientais. A questão ambiental não pode ser

ensinada apenas pelo enfoque biológico sob pena de se converter apenas em

meio ambiente.

A formação de sujeito ecológico pela EA determina que o “meio

ambiente natural” seja relacionado ao “sócio-cultural”, pois, considera os

aspectos éticos, ecológico, político, econômico, social, legislativo, cultural e

estético. Isso porque no desenvolvimento da EA pode-se contar com a

interdisciplinaridade, em que a formação do sujeito ecológico perpassa pela

área de conhecimento de diversas disciplinas curriculares que podem ter inicio

no ensino infantil, aprofundando-se na graduação e pós-graduação

(LOUREIRO: 2007).

E mais, pelo fato de ser uma área de conhecimento com proposições

interdisciplinares, a EA favorece a formação do sujeito ecológico porque

permite que cada professor contribua decisivamente ao conseguir explicitar os

vínculos de sua área com as questões ambientais por meio de uma forma

própria de compreensão dessa temática e pelo apoio teórico-instrumental de

suas técnicas pedagógicas.

1.3. A Educação Ambiental e as relações sociais

Para reconhecer o papel da EA no processo das relações sociais é

fundamental conhecer o porquê da existência da mesma e sua principal função

no contexto escolar. Segundo a revista NOVA ESCOLA (1995), o prestígio da

EA está fora de dúvida pois, ela é a única disciplina com um cantinho exclusivo

na Constituição em vigor, a de 1988-o artigo 225, que estabelece como

incumbência do Poder Público “promover a Educação Ambiental em todos os

nível de ensino”. Como tudo o que é recente, a EA ainda desperta insegurança

e divergências, até porque, costuma ser ministrada paralelamente com outras

Page 25: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

25disciplinas-por exemplo, Ciências Naturais - e seu significado ainda é pouco

claro, sendo muitas vezes confundido com o ensino de ecologia.

Na esfera do Ministério da Educação e Desporto (MEC) nota-se

crescente atenção ao tema meio ambiente a partir dos anos 70. Nada, contudo,

que se possa definir como uma diretriz estável e formal para a EA. O MEC

chegou perto disso em 1991, com um documento assinado em parceria com o

IBAMA intitulado “Projeto de Divulgação de Informações sobre Educação

Ambiental” em que a abordagem ambiental é mais integrada, pois além do

aspecto ecológico, consideram aspectos sociais, econômicos, políticos,

culturais e éticos (NOVA ESCOLA: 1995).

Tomando como referencial as considerações da revista citada, a EA é

uma disciplina, porém, não se constituem como uma ciência. Estudos provam

que a sua principal função no contexto escolar é preparar o cidadão para uma

leitura crítica de mundo, levando-o a desenvolver valores, habilidades,

experiências e conhecimentos capazes de colaborar com a preservação dos

recursos naturais (LOUREIRO: 2007).

Quando se trata de relações sociais associadas ás práticas de EA, esta

se apresenta como uma eficaz ferramenta capaz de trabalhar os remas

ambiental ou mesmo o uso racional dos recursos naturais renováveis e não-

renováveis (IBID:2007). O que se sabe é que nessas relações sociais que o

homem estabelece com o meio ambiente existe um grande desnível: O homem

sempre polui o seu ambiente, pois, enquanto organismo, ele cria lixo através de

seus processos digestivos e metabólicos e, enquanto criatura social, ele extrai

materiais do meio ambiente e deposita restos, uma vez que ele busca

habitação, vestuário, alimentação e lazer.

Os estudos mostram que enquanto a densidade populacional é baixa

numa área particular, o meio ambiente é capaz de adaptar essas alterações.

Quando a densidade cresce muito, entretanto, a deterioração do meio

ambiente natural inicia-se. É por isso que a Educação Ambiental tem que se

fazer instrumento de conscientização social.

De acordo com o Art. 1° da Lei n°. 9.795 de abril de 1999:

Page 26: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

26Entende-se por educação ambiental os processos por meio qual o individuo e a coletividade constrói valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial á sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva

para a questão ambiental, garantindo o acesso á informação em linguagem

adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e

estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais. Desenvolve-

se num contexto de complexidade, procurando trabalhar não apenas a

mudança cultural, mas também a transformação social, assumindo a crise

ambiental como uma questão ética e política.

Os problemas causados pelo aquecimento global obrigaram o mundo a

refletir sobre a necessidade de impulsionar a educação ambiental. O cenário é

muito preocupante e deve ser levado a sério, pois as conseqüências vão atingir

a todos, sem distinção.

Importa, pois, reconhecer que para superar o desnível entre as relações

do homem com o meio ambiente é preciso entender a Educação Ambiental

com ramo da educação cujo objetivo é a disseminação do conhecimento sobre

o ambiente, a fim de ajudar à sua preservação e utilização sustentável dos

seus recursos. É uma metodologia de análise que surge a partir do crescente

interesse do homem em assunto com o ambiente devido às grandes

catástrofes naturais que têm assolados o mundo nas últimas décadas.

No Brasil a Educação Ambiental assume uma perspectiva mais

abrangente, não restringindo seu olhar à proteção e o uso sustentável de

recursos naturais, mas, incorporando fortemente a proposta de construção de

sociedades sustentáveis. Mais do que um seguimento da Educação, a

educação ambiental tornou-se Lei em 27 de abril de 1999. A Lei nº. 9.795 – Lei

da Educação Ambiental, em seu art. 2º afirma: “A educação ambiental é um

componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar

presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo

educativo, em caráter formal e não-formal”.

A educação ambiental tenta despertar em todos à consciência de que o

ser humano é parte do meio ambiente. Ela tenta superar a visão

Page 27: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

27antropocêntrica, que fez com que o homem se sentisse sempre o centro de

tudo esquecendo a importância da natureza, da qual é parte integrante.

A educação ambiental por ser uma ação educativa permanente pela

qual a comunidade educativa tem a tomada de consciência de sua realidade

global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre si e com a

natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas,

la desenvolvem, mediante uma prática que vincula o educando com a

comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigindo a

transformação superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais

como sociais, desenvolvendo um educando as habilidades e atitudes

necessárias pra dita transformação.

1.4. A compreensão da Educação Ambiental: abordagens

metodológicas e práticas

Como ficou evidente, na atualidade, a Educação Ambiental assume um

papel de grande relevância na formação sócio-ambiental de cidadãos

conscientes e responsáveis. Por meio da EA, é possível desenvolver uma

construção de novos conhecimentos, pois, no mundo globalizado, a EA já

ocupa, no currículo escolar, uma cadeira que integra exemplos práticos e

exemplos teóricos permitindo a visão de novas formulas de desenvolver as

atitudes humanas de desenvolver as atividades humanas visando à

preservação do meio ambiente. Para LOREIRO (2007: p. 26):

Em parceria com as demais disciplinas inclusas no currículo escolar, a Educação Ambiental, vem oferecer instrumentos que auxiliem na compreensão e intervenção na realidade social. Por meio dela, podemos identificar como a sociedade interage com a natureza na construção de seu espaço, as especificidades do lugar onde habitamos, as semelhanças e as diferenças existentes entre os diferentes lugares, ou seja, as modificações que lá já ocorreram.

Isso porque, essa modalidade e/ou tipo de educação se constitui numa

forma abrangente de ensino que se propõe atingir a todos os cidadãos, por

meio de um processo pedagógico permanente que procura incutir no educando

Page 28: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

28uma conseqüência critica sobre a gênese, a problemática e a evolução dos

problemas ambientais.

Para a autora acima citada, o relacionamento da humanidade com a

natureza que se iniciou com o mínimo de interferências nos ecossistemas, tem

hoje culminado uma forte pressão exercida sobre os recursos naturais por isso,

à compreensão a EA com ferramenta no processo de construção do

conhecimento que é uma abertura para se compreender a perspectiva

ambiental globalizada, deve ser abrangente. Ou seja, a perspectiva ambiental

globalizada deve ser uma das muitas práticas da EA.

A perspectiva ambiental compreende uma visão de mundo que

evidencie as inter-relações e a interdependência dos diversos elementos de

constituição e manutenção da vida. Neste contexto as questões ambientais que

são de relevância mundial tendo sido mais eficatizada nas últimas décadas. Os

efeitos da degradação ambiental, com conseqüências graves também aos

seres humanos, obrigaram a sociedade a agir em busca da criação de uma

cultura preservacionista. Nessa ação a educação, adjetiva de ambiental, é o

principal mecanismo de formação dessa conseqüência e incentivando a

integração do ser humano com o ambiente em que vive. A Lei nº. 9.795 de 27

de abril de 1999, que dispõe sobre Política Nacional de Educação Ambiental,

determina que a dimensão ambiental deva constar dos currículos de formação

dos professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas, devendo os

mesmos receber informações complementares em suas áreas de atuação.

Contudo, é pouco perceptível, no Brasil, ações claras no sentido de cumprir

esses dispositivos legais. Para tanto é necessário que a população conheça as

leis ambientais e a que recorrer para aplicá-las.

Dentro dessas afirmativas, é clara a necessidade de desenvolver para

atingir tais objetivos, novas estratégias de ensino constituídas de novas

práticas que abranjam as questões ambientais, mais precisamente a EA no

contexto escolar.

Para ilustrar com maior clareza as abordagens metodológicas e práticas

da EA pode se analisar o quanto o quadro dessas abordagens propostos pela

Unesco/Unep/Ieep apud LOUREIRO (2007: p.p. 67-69).

Page 29: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

29

Estratégia Ocasião para uso Vantagens e desvantagens

Discussão em classe (grande Grupo).

• permite que os estudantes exponham suas opiniões oralmente a respeito de determinado problema.

• Ajuda o estudante a compreender as questões. • desenvolve autoconfiança e expressão oral. • podem ocorrer dificuldades nos alunos durante a discussão.

Discussão em grupo (pequenos grupos com supervisor-professor).

• quando assuntos polêmicos são tratados.

• estimulo ao desenvolvimento de relações positivas entre alunos e professores.

Mutirão de idéias (atividades que envolvam pequenos grupos, 5-10 estudantes para apresentar soluções possíveis para um dado problema, todas as sugestões são anotadas. Tempo limite de 10 a 15 min).

• deve ser usado como recurso para encorajar e estimular idéias voltadas á solução de certo problema. O tempo deve ser utilizado para produzir as idéias e não para avaliá-las.

• estimulo á criatividade e á liberdade. • dificuldade em evitar avaliações ou julgamentos prematuros e em obter idéias originais.

Trabalho em grupo (envolve a participação de grupos de 4-8 membros que se tornam responsáveis pela execução de uma tarefa).

• quando se necessitam executar varias tarefas ao mesmo tempo.

• permite que alunos se responsabilizem por uma tarefa por longos períodos (2 a 5 semanas) e exercitem a capacidade de organização. • deve ser monitorada de modo que o trabalho não envolva apenas alguns membros do grupo.

Debate (requer a participação de dois grupos para apresentar idéias e argumentos de pontos de vista opostos).

• quando assuntos estão sendo discutidos e existem propostas diferentes de soluções.

• permite o desenvolvimento das habilidades de falar em público e ordenar a apresentação de fatos e idéias. • requer muito tempo de preparação.

Questionário (desenvolvimento de um conjunto de

• usado para obter informações e/ou amostragem de opinião

• aplicado de forma adequada, produz excelentes resultados.

Page 30: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

30questões ordenadas a serem submetidas a um determinado público).

das pessoas em relação a data questão.

• demanda muito tempo e experiência para produzir um conjunto ordenado de questões que cubram as informações requeridas.

Reflexão (o oposto do mutirão de idéias. É fixado um tempo aos estudantes para que sentem em algum lugar e pensem acerca de um problema especifico).

• usado para encorajar o desenvolvimento de idéias em resposta a um problema. Tempo recomendado de 10 a 15 min.

• envolvimento de todos. • não pode ser avaliado diretamente.

Imitação (estimula os estudantes a produzir sua própria versão dos jornais, dos programas de radio e TV).

• os estudantes podem obter informações de sua escolha e levá-las para outros grupos. Dependendo das circunstâncias e do assunto a ser abordado, podem ser distribuídos na escola, aos pais e á comunidade.

• forma efetiva de aprendizagem e ação social.

Projetos (os alunos, supervisionados, planejam, executam, avaliam e redirecionam um projeto sobre um tema especifico).

• realização de tarefas com objetivos a serem alcançados a longo prazo, com envolvimento da comunidade.

• as pessoas recebem e executam o próprio trabalho, assim como podem diagnosticar falhas no mesmo.

Exploração do ambiente local (prevê a utilização/exploração dos recursos locais próximos para estudos, observações, caminhadas etc.).

• compreensão do metabolismo local, ou seja, da interação complexa dos processos ambientais a sua volta.

• agradabilidade na execução. • grande participação de pessoas envolvidas. • vivência de situações concretas. • requer planejamento minucioso.

Este quadro aborda a estratégia de ensino e o uso de atividades

práticas, bem como, o apontamento das vantagens e desvantagens

encontradas na aplicação de uma atividade e, é fundamental que se entenda

que durante o processo do ensino-aprendizagem é importante que haja uma

contextualização do conteúdo a ser trabalhado na procura de um

direcionamento qualitativo dessa prática.

Page 31: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

31Para os PCN – Temas transversais: Meio Ambiente (1998) para isso é

necessário que mais do que informações e conceitos, a escola se propõe a

trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e

aprendizagem de procedimentos, pois, no que se refere à área ambiental, há

muitas informações, valores e procedimentos aprendidos pelo o que se e se diz

em outros ambientes. Essa vivencia permite perceber que a construção e

produção dos conhecimentos são continuas e que, para entender as questões

ambientais, há necessidade de atualização constante.

Page 32: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

32

Capítulo 02 – Contextualizando natureza, meio

ambiente, biosfera e biodiversidade

As questões do meio ambiente constituem a nova maneira sistêmica de

se enxergar a natureza que está transpondo outros limites e provocando

profundos debates. E, essas questões, necessariamente, focalizam a história

da evolução da civilização humana. Especialistas em biologia argumentam que

o surgimento e o desenvolvimento da agricultura, desde os primórdios da

civilização até o presente, foram as principais formas que o ser humano

encontrou para interagir com a natureza visando atender suas necessidades

básicas e imediatas.

Obviamente, a interação do ser humano com a natureza nunca foi

pacifica e harmoniosa. Nestas circunstâncias, é impossível falar e acreditar em

equilíbrio entre si humano e natureza. O princípio é fundamental que se tenha

como um novo paradigma á existência e progresso humanos a transformação

do modo de viver dos indivíduos.

De certa forma, até muito recentemente o ser humano sempre viu a

natureza e principalmente seus recursos como bens infinitos e permanentes. O

meio ambiente era concebido como uma fonte inesgotável de recursos

renováveis e não-renovaveis que poderia transcender toda a existência

humana. Entretanto, pode-se verificar que nem sempre os conhecimentos

biológicos foram e são bem-utilizados, daí a necessidade de conceitualizar

natureza, meio ambiente, biosfera e biodiversidade que são termos correlatos

mas que se apresentam com implicações peculiares na relação homem-

natureza e/ou sociedade-natureza.

Para os PCNs: temas transversais (1998) as relações ser

humano/natureza e ser humano/ser humano se concretizam no cotidiano da

vida pessoal e das práticas sociais, o que implica em compreender que os

conhecimentos acerca dessas relações devem se originar na conceitualização

atualizada dos termos que se mesclam no estudo destas.

Page 33: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

33Sobre as relações entre o homem e a natureza LENOBLE (1969)

considera que existe uma natureza pensada que se apresenta em vários

momentos como uma abstração no contexto homem-natureza. O significado da

natureza não é o mesmo para os grupos sociais de diferentes lugares e épocas

na história, pois a natureza é pensada a partir das relações sociais.

Já os PCNs: temas transversais (1998) enfatizam que o mesmo

potencial criativo dos seres humanos que possibilitou o atual padrão de

alteração ambiental permite a ele construir novas relações com a natureza,

recompô-la onde for preciso e, ainda, mudar radicalmente as relações de

produção que estruturam a situação ambiental atual.

Sendo assim, compreender a natureza, o meio ambiente e a complexa

aliança de elementos que neles se inserem é uma tentativa de ligá-los á

história e de atuar permanente e conscientemente sobre as suas bases

naturais de sustentação.

2.1. O sentido histórico da noção de natureza e a definição do

meio ambiente

A princípio, o entendimento que se tem de natureza corresponde á

forma pela qual agricultores, industriais, trabalhadores e consumidores se

relacionam com ela exercendo uma ação impactante decorrente de suas

atividades (LOUREIRO: 2007).

Quando se fala de natureza, imagina-se florestas imensas com inúmeros

quilômetros de extensão ou pequenas propriedades muito bem organizadas,

possuidoras de uma qualidade razoável de verde. É assim que a natureza

revela-se: como uma parceira da existência humana. Mas, o conceito de

natureza além de ser bastante extenso ainda inclui aspectos filosóficos,

religiosos e éticos.

Para LOUREIRO (2007: p.10) natureza pode ser tudo aquilo que nos

cerca, como solo, vegetação, recursos hídricos e a própria terra oferecendo

seus recursos em pros da existência humana, mas, segundo LENOBLE (1969)

a concepção que prevalece é a de a natureza é uma máquina que desenvolve

Page 34: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

34seus trabalhos sem custo algum, e a ciência é a técnica de exploração dessa

máquina que passa a ser utilizada visando o seu total aproveitamento.

Apesar das divergências, o termo natureza aplica-se a tudo aquilo que

tem como característica fundamental o fato de ser natural, ou seja, envolve

todo o ambiente que não teve intervenção antropica (humana). Dessa noção da

palavra, surge seu significado mais amplo: a natureza corresponde ao mundo

material e, em extensão, ao universo físico com toda sua matéria e energia

inseridas em um processo dinâmico que lhes é próprio e cujo funcionamento

segue regras próprias (LOUREIRO:2007).

De acordo com o site WIKIPEDIA/NATUREZA a palavra natureza possui

uma série de significados relacionadas mas que, fundamentalmente, se

encerram no mundo natural. Por outro lado, a palavra meio-ambiente traduz o

conjunto de forças e condições que influenciam os seres vivos e as coisas em

geral inseridas nesse mundo natural. Segundo o mesmo site.

Os constituintes do meio ambiente compreendem fatores abióticos,

como o clima, a iluminação, a pressão, o teor de oxigênio, e bióticos, como

as condições de alimentação, modo de vida em sociedade e para o homem,

educação, companhia, saúde e outros.

Em biologia, sobretudo na ecologia, o meio ambiente inclui todos os

fatores que afetam diretamente o metabolismo ou o comportamento de um

ser vivo ou de uma espécie, incluindo a luz, o ar, a água, o solo (chamados

fatores abióticos) e próprios os seres vivos que coabitam no mesmo

ambiente, que é chamado de biótopo.

Os seres vivos ou os que recentemente deixaram de viver, constituem o

meio ambiente biótico. Tanto o meio ambiente abiótico quanto o biótico atuam

um sobre o outro para formar o meio ambiente total dos seres vivos e dos

ecossistemas.

Mas, a concepção de Ambiente foi evoluindo, existindo atualmente a

percepção de que os problemas ambientais não se reduzem apenas á

degradação do ambiente físico e biológico, mas que englobam dimensões

sociais, econômicas e culturais, como a pobreza e a exclusão, sendo a

degradação ambiental percebida como um problema placentário que decorre

Page 35: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

35do tipo de desenvolvimento praticado pelos países. A qualidade do ambiente

passa não só por uma mudança das políticas nacionais e internacionais, que

devem privilegiar o crescimento sustentável, mas também por uma nova

consciência e atitude por parte dos cidadãos, os quais devem ter uma

participação ativa na sociedade democrática em que vivem, contribuindo para a

defesa do ambiente.

A própria Declaração do Rio (1992) realça o papel fundamental da

Informação e Educação Ambiental para maior participação pública na

resolução dos problemas ambientais e para uma implementação de um modelo

de desenvolvimento sustentável. Uma das medidas da sua aplicação local

passa pela formação dos cidadãos, em geral, e da comunidade educativa em

particular, tendo em conta o seu papel como agentes de mudança.

A partir dessa formação, as pessoas adquirem novos conhecimentos

permitindo inclusive a distinção entre meios ambientes abiótico, biótico, natural,

artificial e cultural.

Em consonância com o site da WIKIPÉDIA: Categoria:Meio Ambiente

(acesso em 24.09.08), o meio ambiente abiótico inclui fatores como solo, água,

atmosfera e Radiação. É constituído de muitos objetos e forças que se

influenciam entre si e influenciam a comunidade de seres vivos que os cercam.

Por exemplo, a corrente de um Rio pode influir na forma das pedras que fazem

ao longo do fundo do rio. Mas a temperatura, limpidez da água e sua

composição química também podem influenciar toda sorte de plantas e animais

e sua maneira de viver. Um importante grupo de fatores ambientais abióticos

constitui o que se chama de tempo.

O meio ambiente biótico inclui alimentos, plantas e animais, e suas

relações recíprocas e com o meio abiótico. A sobrevivência e o bem-estar do

homem dependem grandemente dos alimentos que come, tais como frutas,

verduras e carne. Depende igualmente de suas associações com outros seres

vivos. Por exemplo, algumas bactérias do sistema digestivo do homem

ajudam-no a digerir certos alimentos. Os fatores sociais e culturais que

cercam o homem são uma parte importante de seu meio ambiente biótico. Seu

sistema nervoso altamente desenvolvido tornou possível a memória, o

Page 36: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

36raciocínio e a comunicação. Os seres humanos ensinam a seus filhos e aos

seus companheiros o que aprenderam. Pela transmissão dos conhecimentos,

o homem desenvolveu a religião, a arte, a música, a literatura, a tecnologia

e a ciência. A herança cultural e a herança biológica do homem possibilitaram-

lhe progredir além de qualquer outro animal no controle do meio ambiente. Nas

últimas décadas, ele começou a explorar o meio ambiente do espaço cósmico.

Todo ser vivo se encontra em um meio que lhe condiciona a evolução de

acordo com o seu patrimônio hereditário. A reação evolução sobre o

patrimônio leva á individualização dos seres e a sua adaptação ao modo de

vida. Quando o meio muda, o organismo reage através de uma nova

adaptação (dentro da faixa permitida pelo patrimônio hereditário) que, seria

sempre eficaz, mas que, na realidade pode ser prejudicial e agradar as

conseqüências da mudança. Por exemplo, alterações bruscas como as que

geralmente ocorrem em lagoas acarretam muitas mortes.

A locomoção, no reino animal, e a dispersão dos diásporos, no reino

vegetal, permitem ás espécies instalarem-se em novos ambientes, mais

favoráveis. É o aspecto principal da migração. O organismo pode, também,

diminuir as trocas ou contatos com um meio hostil através da reclusão

(construção de um abrigo, enquistamentos, anidrobiose, etc.) enfim, uma

espécie pode organizar seu meio por iniciativa própria (insetos sociais, castor e

espécie humana).

O Ambiente natural é aquele que antes mesmo do surgimento da

humanidade já existia. Os recursos naturais, de uma forma geral, bióticos ou

abióticos são componentes viscerais do meio ambiente natural. A inter-relação

entre os elementos componentes desta classe também é um fator essencial de

sua compreensão. Certamente que com o surgimento da humanidade, o

homem, como ser animal que é, acabou se tornando elemento do meio

ambiente natural.

O Ambiente artificial é aquele que, de certa forma, vem contraponto á

noção da classe de meio ambiente natural. Afinal a própria compreensão do

que pode ser o termo “artificial”, já denota ser um bem que não se harmoniza

com a idéia implícita ao “natural”.

Page 37: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

37De uma maneira mais direta, os estudiosos costumam vincular o meio

ambiente artificial aos bens ambientais que foram modificados pelos seres

humanos. Assim, a artificialidade seria uma característica do meio ambiente

natural que foi alterado em sua intimidade pelo homem e que, por isso, não

seria mais natural.

O Ambiente cultural é aquele que, pela sua natureza peculiar, é mais

valorizado pelo sua natureza cultural. Geralmente, os estudiosos associam o

meio ambiente cultural ao meio ambiente artificial que detenha valor histórico,

cultural, estético, artístico e paisagístico. Outros valores e compreensões,

entretanto, podem ser associados á idéia de meio ambiente cultural. Alguns

inclusive, otimizam a sua concepção, de modo a que abarque duas dimensões:

uma concreta (formada pelos bens articiais de valores culturais, históricos etc.),

e outra abstrata (a exemplo da cultura propriamente dita).

Esses tipos distintos de meio-ambiente atuam em sobre o outro para

formar o meio ambiente total dos seres vivos e dos ecossistemas e, a

sociedade como um todo é responsável pela sua preservação. O espaço

ocupado pelo homem está a todo momento sofrendo modificações

relacionadas ou impostas pelo próprio homem que podem ser danosas ao meio

ambiente quando não administradas corretamente. Importa pois, compreender

objetivamente que ser humano e meio ambiente são interdependentes e

intervenientes para que o homem se possa estabelecer relações mais

respeitosas com a natureza.

2.2. Os recursos naturais e o meio ambiente

O significado da palavra recurso é compatível com algo a que se possa

recorrer para a obtenção de alguma coisa. Os indivíduos recorrem aos

recursos naturais para satisfazer suas necessidades e, em todos os meio-

ambientes há uma troca constante de recursos naturais entre os seres vivos.

Segundo LOUREIRO (2007). Os recursos naturais podem ser definidos como

os elementos da natureza úteis ao homem para o desenvolvimento da

civilização, sobrevivência e conforto da sociedade como um todo;

Page 38: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

38Os recursos naturais, após seu uso, podem ser classificados em

renováveis (que voltam a ser disponíveis) ou não-renováveis (que não voltam a

ser disponíveis). Segundo RICKLEFS (1993, p. 48) os recursos naturais

renováveis.

Podem existir a partir de uma fonte que é externa ao sistema, fora da influência dos consumidores. (...). E podem ser gerados dentro do sistema, podendo ser repostos continuamente estando diretamente afetados pelas atividades dos consumidores.

Daí a necessidade de se conservar esses recursos o que implica em

usá-los de forma econômica e racional para que os renováveis não se

extingam por uso inadequado, e os não-renovaveis não se extingam

rapidamente.

Segundo os PCNs - temas transversais (1998) após a Segunda Guerra

Mundial, principalmente a partir da década de 60, intensificou-se a percepção

de a humanidade caminhar com pressa para o esgotamento e/ou inviabilização

dos recursos naturais. Esse tipo de constatação gerou o movimento em defesa

do (meio) ambiente que luta para diminuir o acelerado ritmo de destruição dos

recursos naturais ainda existentes.

Ocorre que em todos os espaços, os recursos naturais e o próprio

ambiente tornam-se um dos componentes mais importantes para o

planejamento político e econômico dos governos, passando então a ser

analisados em seu potencial econômico, e vistos como fatores estratégicos.

Além disso, o poderio dos grandes empreendimentos transnacionais torna os

recursos naturais e o meio ambiente capazes de influir fortemente nas decisões

ambientais que governos e comunidades deveriam tomar, especialmente

quando envolvem o uso dos recursos naturais (PCN - Temas Transversais:

1998).

Se por um lado, os recursos naturais ocorrem e distribuem-se segundo

uma combinação de processos naturais, por outro, sua apropriação ocorre

segundo valores humanos. Além da demanda, da ocorrência e de3 meios

técnicos, a apropriação dos recursos naturais pode depender também de

Page 39: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

39questões geopolíticas, sobretudo, quando se caracterizam como estratégicos,

envolvendo disputa entre povos.

Assim sendo, pode-se falar em pouco na importância da preservação

dos recursos naturais para que o homem tenha tempo de descobrir a utilidade

das espécies para sua própria sobrevivência, por exemplo, a cura de muitos

males que hoje existe e que ainda vira a existir, pode estar em plantas em

extinção ou poderia estar em outras que já foram extintas.

O site de pesquisa WWW.gpca.com.br/gil/art 80. htm - 8k argumenta

que outro fato de relevante importância, é a manutenção das espécies originais

ainda não modificadas pelo homem; se amanhã, a engenharia genética

conseguir um tomate de grande tamanho, isso será importante para a

humanidade mas, ai, poderá estar ocorrendo uma erosão genética que

precisará ser recomposta com o tomate primitivo, sem contar que o novo fruto

é um desconhecimento alimento e não se sabe os males que possa vir a

causar. Dessa forma, são importantes as Reservas Biológicas. A rigor, a

preservação dos recursos naturais renováveis só será bem sucedida se

preservarem os ambientes primitivos, onde convivam, organizadamente,

animais e vegetais, tendo-se o cuidado para que tais ambientais, se pequenos

demais, não promovam a degenerência das espécies por serem parentes

próximos; um Zoológico ou uma “ilha” de floresta podem levar a essa

degenerência.

Em síntese, qualquer substância ou fator que é consumido por um

organismo e que sustenta taxas de crescimento populacional crescentes à

medida que sua disponibilidade no ambiente aumenta.

Conforme um recurso é consumido, sua quantidade diminui, e

consequentemente, a população é afetada por essa diminuição, reduzindo

suas taxas de crescimento populacional.

Os recursos envolvem alimentos, água, espaço, esconderijos, etc. a

temperatura não é considerada um recurso, pois apesar de ela interferir na

reprodução e sobrevivência, ela não é consumida e não pode ser mudada por

um individuo para prejudicar outro.

Page 40: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

40De acordo com a maneira que os consumidores os afetam, os recursos

podem ser classificados em:

Recursos renováveis: são recursos que podem ser renovar, regenerar.

Esses recursos incluem novas presas nascidas, decomposição de detritos

orgânicos, etc.

Segundo os ecólogos, existem três tipos de recursos renováveis. O

primeiro possui uma fonte externa ao sistema, como é o caso da luz do sol. O

segundo tipo é grado dentro do sistema e sua abundância é diretamente

reduzida pelos consumidores, como é o caso da maioria das interações entre

os seres vivos. No terceiro tipo recurso e consumidor estão indiretamente

relacionados, como é o caso dos ciclos biogeoquimicos ou outros fatores

abióticos.

Recursos não-renovaveis: não podem ser regenerados. Isso acontece

com o espaço. Uma vez ocupado, ele torna-se indisponível para outros

indivíduos. Só pode re-utilizado quando é abandonado.

Recursos limitantes: os recursos renováveis e os não renováveis são

limitados pelo consumo. Quando um organismo o utiliza, torna-o indisponível

para outro. Conforme uma população aumenta, o consumo também aumenta, e

o recurso pode se tornar escasso, então a população para de crescer, e

algumas vezes pode até diminuir. Porem isso não ocorre com todo tipo de

recurso, como é o caso do oxigênio (Recursos Naturais – Ecologia – Info

Escola: 2008).

2.3. O que é biosfera e o que é biodiversidade

A humanidade vive a era dos computadores, dos satélites artificiais, do

raio laser e da televisão digital. Para desenvolver esta tecnologia, utiliza-se

conhecimentos acumulados durante séculos mas, nem sempre os efeitos por

ela trazidos foram benéficos. Ao construir cidades, aeroportos, represas,

parques industriais etc; derruba-se matas, provoca-se inundações e lançam-se

toneladas de substancias venenosas no ar e nas águas. Assim, tem-se

causado modificações bruscas no meio ambiente.

Page 41: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

41Na verdade, são os seres vivos que mais rápida e profundamente

alteram a natureza, e essas alterações repercutem sobre a humanidade. Assim

como tudo que existe sobre a terra, os seres humanos também estão

submetidos ás leis naturais: somente conhecendo a Natureza e suas leis pode-

se garantir a própria sobrevivência. Os seres humanos estão ligados aos

demais seres vivos e as meio ambiente por uma intrincada teia de relações

interdependentes. E essa interdependência manifesta-se em todas as ações

humanas, mesmo nas mais simples.

Toda essa interdependência se mantém num equilíbrio delicado porém

dinâmico. A vida na Terra não se apresentou sempre como hoje, pois os seres

vivos passam por transformações através dos tempos e a superfície do nosso

planeta sofreu várias alterações no passado ou seja, inúmeras formas de vida

já surgiram e desapareceram. De acordo com MATOS (1980: p.3)

Os especialistas admitem que a aventura da vida começou há aproximadamente 2,5 bilhões de anos e que nosso planeta tem 4,5 bilhões. Portanto, foram necessários 2 bilhões de anos para a formação da crosta terrestre. E somente quando ela tornou-se suficientemente fria a vida foi possível. Então, a Biosfera começou a se formar.

Entende-se, portanto, que a palavra biosfera significa esfera da vida e se

refere á delgada camada da superfície da Terra onde a vida se manifesta. É,

pois, a camada formada por todos os seres vivos e seu ambiente físico

(MATOS: 1980).

Estudos biológicos comprovam que a biosfera depende de três

condições essenciais: a ocorrência de água, ar e radiação solar, igualmente

importantes e indispensáveis. No entanto, a vida torna-se impossível se

qualquer uma dessas condições ultrapassar certos limites.

Segundo MATOS (1980) a formação da Biosfera é irregular, isto é, não

tem a mesma espessura em todos os pontos. Os limites verticais máximos vão

8.000 metros acima do nível do mar até 5.000 metros abaixo. Acima de 8.000

metros, são encontradas apenas raras e pequeninas formas de vida com suas

atividades vitais temporariamente suspensas. Isso ocorre porque as condições

são muito severas nesta zona. Da mesma forma, abaixo de 5.000 metros da

Page 42: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

42superfície do mar, a vida é muito improvável. Por apresentar características

diferentes e especificas em cada região, a Biosfera é dividida em zonas: eólica,

alpina, de planalto, de planície, eufótica marinha e disfótica.

Conforme o Caderno de Estados “Difusão do Ensino Atual” (2000),

biosfera é a interação conjunta dos biomas planetários, que corresponde á

porção da crosta terrestre onde se desenvolvem todas as formas de vida,

resultando neste espiral: átomo, molécula, célula, tecido, órgão, sistema,

organismo, população, comunidade, ecossistema, bioma e biosfera.

Para LOPES (2005: p.33),

Os seres vivos que existem hoje em nosso planeta encontram-se distribuídos ocupando o ambiente terrestre e também o ar. Toda a porção da Terra que contém vida recebe o nome de biosfera. Esse termo foi criado por semelhança aos utilizados para designar camadas ou esferas relacionadas aos componentes abióticos (...) da Terra, que são: • hidrosfera (...); • litosfera (...); • atmosfera.

Esses componentes confirmam porque a biosfera não é uma camada

homogênea pois, as suas condições ambientais também não são. É importante

sublinhar que os limites da biosfera são definidos em função dos registros que

indicam a presença de seres vivos. Esses limites vão desde 11.000 metros de

profundidade, nos oceanos, até cerca de 7.000 metros de altitude, na

atmosfera (LOPES: 2005)

É justamente a presença de seres vivos em maior e/ou menor

quantidade que determina o que é biodiversidade, considerando que não há

uma definição consensual deste termo. Para o site

WIKIPEDIA/BIODIVERSIDADE (acesso em junho/2008) uma definição é:

“medida da diversidade relativa entre organismos presentes em diferentes

ecossistemas”. Esta definição inclui diversidade dentro da espécie, entre

espécies e diversidade comparativa entre ecossistemas. Outra definição mais

desafiante, é “totalidade dos genes, espécies e ecossistemas de uma região”,

levando em conta que essa definição unifica os três níveis de diversidade entre

seres vivos: diversidade genética, diversidade de espécies e diversidade de

ecossistemas.

Page 43: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

43O mesmo site mostra algumas abordagens diferenciadas da

biodiversidade, ou seja, para os biólogos geneticistas, a biodiversidade é a

diversidade de genes e organismos; para os botânicos, a biodiversidade não é

só apenas a diversidade de populações de organismos e espécies mas

também a forma como estes organismos funcionam e, para os ecólogos, a

biodiversidade é também a diversidade de interações duradouras entre as

espécies.

O que se confirma com base nessas abordagens é que a biodiversidade

não é estática, é um sistema em constante evolução tanto do ponto de vista

das espécies como também de um só organismo. A biodiversidade tem

aumentado desde a origem da vida terrestre, embora de forma descontinua,

atingindo maior número de espécies antes do aparecimento da humanidade e

tendo vindo a desaparecer desde então. De acordo com o site de pesquisa da

RPAMBIENTAL muitas atividades humanas têm contribuído para a perda de

biodiversidade (á escala temporal), sobretudo pela conseqüente destruição de

habitats (pela construção de urbanizações e infra-estruturas), sua poluição e

sobre exploração (nomeadamente por atividades industriais, pelo uso intensivo

agrícola e silvícola do solo e pesqueiro das reservas aquáticas mundiais).

A riqueza local de espécies pode variar grandemente, consoante as

condições físicas (como o clima) e espaciais assim como com a intensidade do

uso do solo.

Assim sendo, as estratégias de conservação deverão ser diferenciadas

geograficamente e adaptadas á intensidade agrícola e ás demais

características das explorações.

A agricultura pode ser vantajosa em termos de biodiversidade: apesar

de ter eliminado áreas de habitats naturais e ter trazido problemas de

contaminação desses habitats, por outro lado, também criou novos habitats

para muitas espécies. Das cerca de 453 espécies de aves que ocorrem

regulamente na Europa, a sobrevivência de 150 dependem da agricultura

sustentável, como o Peneireiro das Torres. Entre as aves mais ameaçadas

encontram-se a abetarda e a codorniz.

Page 44: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

44De acordo com o estudiosos sobre o Ambiente, uma parte significativa

das espécies selvagens depende da manutenção dos processos de agricultura

tradicional e das explorações agrícolas de pequena e média dimensão. Os

agricultores e gestadores de zonas de caca, efetuando algumas mudanças nas

suas práticas agrícolas e de ordenamento cinegético, representam assim

importantes agentes para a conservação da natureza e diversidade biológica.

Também o turismo em massa pode exercer pressões negativas sobre a

diversidade biológica, pela fragmentação do solo, sua compactação e pela

poluição causada pelos transportes, ao passo que o turismo sustentável

promove a criação de empregos adicionais ás comunidades locais, motivando-

as para a proteção do ambiente e harmonizando os interesses do sector do

turismo com a preservação da biodiversidade (RP/AMBIENTAL: acesso em

2007).

A valorização da biodiversidade se justifica pelo fato de que na natureza

todas as espécies são importantes, mesmo as que aos olhos humanos possam

parecer insignificantes, como provam os usos que o Homem tem encontrado

para muitas espécies faunisticas e floristicas.

A manutenção da diversidade biológica reveste-se de grande

importância em termos:

• Económicos (por exemplo, nos EUA, os benefícios econômicos garantidos

pelas espécies selvagens rondam os 4,5% do seu Produto Interno Bruto):

• Valor Consultivo e Produtivo (alimentos, materiais de construção,

combustível, madeira, fibra, resina, fontes genéticas,...);

• Espaço de lazer, inspiração (pela beleza estética), turismo (observação de

aves, pesca desportiva, parques naturais,...) e criação de emprego – em 1991,

nos EUA, as atividades recreativas associadas á observação de aves gerou

mais de 20 milhões de dólares e 250.000 postos de trabalho;

• Valor cientifico e educacional;

• Valor de existência (desejo de pagar pela conservação de determinadas

espécies ou habitats).

• Sociais (tradições, simbolismo, espiritualidade).

• Ecológicos;

Page 45: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

45• suporte da vida;

• Controle de cheias;

• Proteção do solo contra a erosão;

• Filtração da água e purificação do ar;

• Polinização;

• Regulação do clima.

Por essa razão, a sobrevivência de muitas espécies está dependente de

uma mudança de atitude por parte do Domem. Para DOBSON (1995), a

conservação da biodiversidade depende não só da mudança de atitudes

humanas como também de órgãos instituídos para esse fim. Ele afirma que

durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (Eco – 92), em 1992, cerca de 175 países, incluindo o Brasil,

assinaram a Conservação da Diversidade Biológica (CDB), que foi ratificada

em 1994, pelo Brasil. A partir daí foram traçados planos de4 estratégia para a

conservação e uso sustentável da exigências da CDB.

Entre os projetos mais amplos estão aqueles que tratam da

biodiversidade dos principais biomas: Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica,

Cerrado e Caatinga, muitos dos quais só restam áreas fragmentadas e que são

extremamente frágeis.

Depois da Convenção de Diversidade Biológica, os incentivos, por parte

do Governo Federal, para tentar reverter a situação do baixo conhecimento da

biodiversidade nacional aumentam.

Em síntese a palavra biodiversidade apareceu há não muito tempo.

Certamente, tornou-se conhecida a partir de uma reunião realizada Estados

Unidos, cujos trabalhos foram publicados em 1988, num livro organizado pelo

ecólogo Edward O. Wilson, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

O conceito de biodiversidade procura referir e integrar toda variedade que

encontramos em organismos vivos, nos mais diferentes níveis. É difícil

expressar este conceito com precisão, e existem várias enunciados diferentes.

Estas definições enfatizam que a biodiversidade abrange diferentes níveis de

organização da vida. Tais níveis formam uma certa hierarquia, embora

geralmente só sejam mencionadas algumas parte de toda a seqüência (as que

Page 46: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

46são destacadas abaixo): genes > que pertencem a organismos > que compõem

populações > que pertencem a espécies > cujos conjuntos formam

comunidades > que fazem parte dos ecossistemas. Além disto, várias

definições ressaltam que a biodiversidade não apenas uma coleção de

componentes, em vários níveis. Tão importante quanto estes componentes é a

maneira como eles estão organizados e como interagem: quer dizer, as

interações e processos que fazem os organismos, as populações e

ecossistemas preservam sua estrutura e funcionarem em conjunto. A

Conservação da Diversidade Biológica, apresenta na reunião das Nações

Unidas do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente (Eco-92), é o principal

instrumento do compromisso firmado pela maioria das nações do mundo desde

então, para buscar “... a conservação da diversidade biológica, a utilização

sustentável de seus componentes e a repartição justa e equitiva dos benefícios

derivados da utilização dos recursos genéticos” (CDB, Artigo 1).(GTI Brasil:

2007) .

A grande maioria dos estudiosos concordam que a população pode

contribuir para a preservação da biodiversidade na medida em que haja uma

mudança cultural, pela qual as pessoas se dariam conta de que esse é um dos

componentes mais preciosos da Terra. Para isso, é necessário que as pessoas

conheçam melhor a importância dessa preservação porque não se pode

esperar que uma população que vive uma combinação de problemas

prementes muito forte, vá se envolver com uma causa que é muito abstrata e

remota.

2.4. A organização das sociedades modernas

A partir da compreensão de que o meio ambiente é a totalidade do

planeta e dos elementos que o compõem: físicos, químicos, biológicos, tanto os

naturais, quanto os transformados, tanto os orgânicos quanto os inorgânicos,

nos distintos níveis de sua evolução pode-se em conceber o homem e suas

formas de organização na sociedade com sua rede de inter-relações como

partes integrantes do meio ambiente.

Page 47: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

47De acordo com TRICART (1998), como ser vivo, o homem participa de

uma solidariedade biológica com as outras espécies. É por isso que certos

autores englobam o homem na natureza e no meio natural mas, as suas

atividades intelectuais desenvolveram-se e levaram á elaboração de uma

cultura cada vez mais vasta e diversificada que comporta elementos técnicos

que permitem ao homem modificar a natureza. É, a partir dessa modificação

que ocorre a organização das sociedades modernas.

Como a natureza não é apenas um elemento da dinâmica social porque

possui sua própria dinâmica, seu encadeamento e seu equilíbrio modificados

constantemente pela ação humana, os elementos naturais se tornaram

recursos para a sociedade moderna e fazem, necessariamente, parte dessa

organização.

Constatada essa realidade, não é a partir do espaço natural que vai se

compreender a sociedade moderna. É a partir dos sistemas sócio-economicos,

do subdesenvolvimento e da sociedade de consumo que são traduzidas as

profundas alterações que ocorrem nas paisagens naturais do planeta

(VESENTINI:1996).

Sob essa visão pode-se dizer que a organização das sociedades

modernas é conseqüência do potencial de alteração dos ambientes naturais

pelo ser humano que se dá e/ou se desenvolve sempre determinado por

estruturas sócio-econômicas que vão contra o irracional. Essa organização

pode simbolizar o impacto do homem sobre a natureza que é inserido numa

rede de rivalidades de interesses, de lutas econômicas e políticas

(TRICART:1978).

Conforme aponta os PCNs – temas transversais (1998 p.p. 212 – 215):

(...) Diferentes culturas se relacionam com a natureza explorando ou não determinados recursos presentes em seu espaço, segundo sua visão de mundo. (...). É importante reconhecer as características da organização do espaço, as tecnologias associadas a essa organização e suas conseqüências ambientais. (...). O que se vê hoje, na maioria das organizações societárias, é a aglomeração em centros urbanos e a organização da área rural, incluindo as áreas naturais conservadas, em função dessa direção de desenvolvimento (...). Nas diferentes formas de ocupação dos espaços, há problemas que saltam aos olhos pela gravidade, (...).

Page 48: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

48Sendo assim, é pertinente reconhecer que nas sociedades modernas, os

limites entre os ambientes são indefinidos, pois, em geral, a alteração

ambiental no campo é maior quanto maior o adensamento urbano com o qual

se relaciona diretamente.

Mas, as influências recíprocas entre diferentes ambientes vão além

daqueles entre as áreas urbanas e rurais e também as relações econômicas

globais ficam cada vez mais intensas, assim como, são intensas as trocas de

tecnologias que facilitam o acesso a outros modos de vida. (PCNs – Temas

Transversais:1998) – Isso caracteriza a organização das sociedades

modernas, considerando que os seus movimentos devem ser entendidos

historicamente no percurso de sua formação, bem como, seus principais

representantes e interlocutores.

O que precisa ficar sublinhada é que as sociedades modernas quando

se organizam provocam eventuais problemas ambientais. De acordo com

LOUREIRO (2007: p. 24)

O desequilíbrio entre a população rural/urbana provocado por falta de adequadas políticas públicas rurais de assentamento e manutenção do homem no campo ocasionou o êscodo rural, que provoca o inchaço urbano. (...). o adensamento populacional próximo ás regiões industriais apresenta baixíssima qualidade ambiental e decorrência da poluição. (...). a ocupação urbana desordenada e sem nenhum planejamento, também é uma fonte de inúmeros problemas ambientais. (...). Também é presente em nossa realidade sócio-ambiental um grande desperdício de matéria-prima em geral, de água e de energia (...).

Desta forma, não se pode pensar apenas nas vantagens da

contemporaneidade. É fundamental conhecer e valorizar alternativas para a

ocupação dos espaços, para a utilização dos recursos naturais e para introduzir

novas posturas aos comportamentos culturalmente cristalizados.

Não se pode omitir que além de todos os problemas que acabam sendo

gerados pela organização e incorporação das sociedades modernas, a

concentração de renda e riqueza ampliou as desigualdades sociais o que

implica na utilização inadequada dos recursos naturais e na degradação da

biodiversidade.

Page 49: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

49Os PCNS – Temas Transversais (1998) advertem que a forma de

organização das sociedades modernas constitui-se no maior problema para a

busca da sustentabilidade porque a crise ecológica é tão abrangente que

impossibilita a promoção do desenvolvimento sustentável e essas sociedades

se vêem forçadas a desenvolver pesquisas e ações para garantir minimamente

a qualidade de vida no planeta.

Page 50: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

50

Capítulo 03 – A degradação ambiental e as

novas tecnologias

Estudos comprovam que a superfície da Terra está em constante

processo de transformação e, ao longo de seus 4,5 bilhões de anos, o planeta

registra drásticas alterações ambientais. Essas mudanças, no entanto, são

provocadas por fenômeno geológicos e climáticas e podem ser medidas em

milhões e até centenas de milhões de anos. Com o surgimento do homem na

face da Terra, o ritmo de mudanças acelera-se. A essas drásticas alterações

ambientais provocadas por fenômenos geológicos e climáticos e, mais

especificamente, por atividades humanas dá-se o nome de degradação

ambiental.

De acordo com LOUREIRO (2007) a degradação ambiental é uma

perda, mesmo que relativa, da qualidade de vida em decorrência de mudanças

ambientais. A degradação do meio ambiente do homem provoca uma

deterioração dessa qualidade, pois condições ambientais são imprescindíveis

para a vida, tanto no sentido biológico como no social.

Também o site de pesquisa www.cabano.com.br discutem a degradação

ambiental mas,de uma forma mais delimitada focalizando-a no contexto

urbano. O site oferece informações pertinentes de serem registradas. Ele diz

que desde quando o homem começou a conviver em grandes comunidades,

ele alterou a natureza de forma a assegurar a própria sobrevivência e lhe

proporcionar conforto. A agricultura, a pecuária e a construção de cidades etc.

modificam diretamente a natureza. Assim transformando características

geográficas como vegetação, permeabilidade do solo, absortividade e

refletividade da superfície terrestre, além alterar as características do solo, ar

atmosférico e das águas, tanto pluviais, fluviais como subterrâneas.

A alteração do espaço preexistente para a habitação humana, na

criação de cidades e grandes metrópoles, causa variação climática de diversas

formas. As grandes cidades e metrópoles possuem diferenças climáticas

fundamentais das áreas de campo próximas. As temperaturas de verão e

Page 51: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

51inverno são maiores, a unidade relativa é menor, a qualidade de poluentes no

ar é muitas vezes maior, a qualidade de nuvens e nevoeiro e as precipitações

são maiores que em áreas de campo próximas, já a velocidade dos ventos e

radiação diminuem. Sendo assim pode-se concluir que as modificações no

ambiente para a instalação de cidades densamente povoadas causam

alterações no clima e na qualidade percebida.

Problemas como chuvas intensas e torrenciais, inundações, queda de

morros, ventania em determinados locais, assim como instabilidade climática

são causas do efeito criado pela alta densidade populacional e das

transformações ambientais. A poluição é muito freqüente em grandes cidades

poluição do ar por produtos da combustão de combustível fósseis,

contaminação das águas, por resíduos químicos, esgoto industrial e domestico

etc., poluição do solo causado por lixo urbano e industrial, resíduos despejados

etc, poluição sonora de pessoas e máquinas, poluição visual causadas por

propagandas, prédios etc. poluição térmica causadas pela pavimentação das

vias públicas, prédios, equipamentos, pessoas etc.

Devido os problemas supracitados hoje as pessoas que habitam em

grandes centros, adoecem muito mais que as que vivem na zona rural, tais

doenças originadas não apenas pela vida estressante das grandes cidades,

mas também pela péssima qualidade do ar, da água e da grande população de

ratos e baratas que também fazem parte da presença desordenada do Homem.

Assim observa-se que a degradação ambiental urbana altera não

apenas as condições climáticas locais, mas também agride o meio ambiente,

poluindo-o de diversas formas e ao ser humano que nele habita resta conviver

com um ambiente bastante inóspito e que muitas vezes pode levá-lo a doenças

sérias e até a morte.

A degradação ambiental urbana foi focalizada por dois motivos distintos:

primeiro, porque ilustra bem o tipo de relação que a humanidade vem

mantendo com o meio ambiente; segundo, porque os grandes impactos

ambientais, geradores irreversíveis ocorrem também, pela inserção de

equipamentos tecnológicos de ponta que, ao serem manuseados, acabam

proporcionando a destruição das cidades (LOUREIRO: 2007).

Page 52: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

52O site de pesquisa acima citado argumenta que a escalada do progresso

técnico humano pode ser medida pelo seu poder de controlar e transformar a

natureza. Quanto mais rápido o desenvolvimento tecnológico, maior o ritmo de

alterações provocadas no meio ambiente. Cada nova fonte de energia

dominada pelo homem produz determinado tipo de desequilíbrio ecológico e de

poluição.

A invenção da maquina a vapor, por exemplo, aumenta a procura pelo

carvão e acelera o ritmo de desmatamento. A destilação do petróleo multiplica

a emissão de gás carbônico e outros gases na atmosfera. Com a petroquímica,

surgem novas matérias-primas e substancias não-biodegradáveis, como alguns

plásticos.

Sendo assim, as inovações crescentes, no setor agrícola, industrial e

urbano de modo geral, devem ser repensadas e utilizadas dentro de um projeto

que busque a preservação dos recursos naturais existentes, ou seja, trabalhar

em prol da redução das degradações ambientais no planeta (LOUREIRO:

2007).

Portanto, é necessário repensar as ações desenvolvidas sobre o meio

ambiente, fazendo dos constantes processos de crescimento populacional e

tecnológico, o recurso que trabalhe para o aumento da qualidade de vida por

meio da preservação ambiental.

3.1. Ética e natureza: histórico e confrontos

Ao se relacionar em sociedade é pertinentemente exigido ao homem

uma certa postura e/ou posicionamento com relação a um determinado

assunto. Todas as abordagens educacionais vão ao encontro de um conjunto

de regras e conceitos. E quando se trata do assunto meio ambiente, isso não é

diferente.

Portanto, estabelecer uma relação entre ética e meio ambiente é um

processo complexo que deriva da consciência esta que permite distinguir entre

certo e errado.

Conforme afirma LOUREIRO (2007: p. 30),

Page 53: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

53

Isso implica dizer que ética pode ser conceituada como o estudo de juízo de apreciação que se referem à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal. O bem é uma forma de vida que mistura inteligência e prazer. Mas, de acordo com os presentes em jornais, revistas e na própria comunidade da qual fazemos parte, nem sempre o homem tem uma relação ética para com o meio ambiente.

A prova concreta de que nem sempre o homem tem uma relação ética

para com meio ambiente é demonstrada por aqueles que justificam a

destruição intensa e extensa da natureza como forma de prover o progresso e

o crescimento econômico provocando um quadro profundo de desigualdades

sociais, econômicas e políticas.

Para LOUREIRO (2007) ao longo da história da humanidade, os valores

e padrões éticos constituídos não incorporam a dimensão ambiental. Isso

porque os paradigmas filósofos, éticos e econômicos levaram o homem a

distanciar-se da natureza. Esse distanciamente impede que a sociedade reflita

sobre a relação dos homens com a natureza.

É a partir da consciência moral que confere ao ser humano a

capacidade de julgar as suas ações e de escolher dentre as circunstancias

possíveis seu próprio caminho na vida que suas atitudes irracionais podem

provocar a degradação da natureza.

A partir do que foi exposto pode-se concordar com PARENTONI E

COUTINHO (2004) quando eles dizem que uma das questões fundamentais

sobre a ética ambiental diz respeito às circunstancias em que os ecólogos -

cientistas que estudam a estrutura e funcionamento da natureza viva –

desempenham suas atividades e as conseqüências da aplicação dos

resultados das pesquisas para o meio ambiente – relações complexas entre as

atividades de sociedades humanas e os processos biológicos naturais. Entre

tais relações, destacam-se as atividades dos ecologistas ou ambientalistas que

lutam pela conservação da natureza e pelo desenvolvimento sustentável.

Mas, essa perspectiva de desenvolvimento sustentável estaria a exigir

um processo educacional efetivo, como o que se usa para ensinar o

abecedário. Nesse processo, os valores adequados à concretização desse

Page 54: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

54princípio deveriam estar em evidencia para fundamentar a tomada de decisões

que favoreçam o ambiente e a sociedade que dele depende. Espera-se que do

processo educacional decorra a implantação de valores e atitudes que

preparariam o cidadão para um futuro ambientalmente sustentável

(PARENTONI E COUTINHO (2004)).

Os autores argumentam ainda que o maior confronto da relação ética-

natureza, é importante analisar a crise ambiental a partir da ocorrência das

chamadas tragédias ambientais e tentar compreendê-la como resultado de

uma crise de conduta ética. De acordo com COSTA (2004)

Antes de entrar no mérito da questão ética, é preciso lembrar que a produção de riqueza é indispensável, que a natureza não deve ser isolada para ser simplesmente contemplada, essa intocabilidade também é absurdo. Nesse caso, o que deve ser questionado é a forma como esta produção vem sendo realizada, e o que tem provocado o ritmo acelerado de exploração da natureza. No final de século XVIII, o inglês Thomas Robert Malthus anunciava a tese de que o aumento populacional levaria a um esgotamento da capacidade de produção do solo, uma vez que o crescimento da população provocaria uma escassez do mesmo. Naquela época, a tese malthusiana tinha fundamento. Porém, as teses neomalthusianas, que ganharam corpo no século passado, já não dão conta de explicar tal realidade. A verdade é que as novas tecnologias produzidas proporcionaram uma produção cada vez maior de alimentos; os organismos geneticamente modificados (transgênicos), o uso de defensivos agrícolas e tecnologia de ponta possibilitam uma produtividade cada vez mais elevada para o espaço. Os avanços no campo do agronegócio, sem dúvida, seria necessário para que não existisse fome no mundo.

Em outras palavras, ao longo da história, o homem tem transformado a

natureza para produzir um ambiente propício à satisfação de suas

necessidades. No início, essas necessidades eram apenas fisiológicas.

Posteriormente, a ocupação de territórios por outras sociedades também se

tornou uma necessidade e agora, essas necessidades se associaram aos

interesses político-econômicos sempre num mesmo palco, a natureza, com as

mesmas conseqüências e/ou resultados: exploração do meio ambiente e

desigualdades sociais.

Sob a visão de COSTA (2004) o espaço geográfico mundial atual é uma

realidade explicita dessas desigualdades, marcado por pouquíssimos centros

hegemônicos de poder que dominam o mundo. O capital internacionalizado

Page 55: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

55criou um cenário político-econômico de favorecimento das elites, e a cada dia

alargam-se as diferenças entre ricos e pobres. No mundo inteiro, a produção

da riqueza cresce paralelamente à produção da miséria. Esta realidade é

denunciada pela forma de organização do espaço, onde condomínios e

edifícios luxuosos em lugares privilegiados, se tornam verdadeiras amenidades

e abrigam moradores de rua. No campo, empresas agrícolas, que favorecem

um modo de vida urbano, contrata com a realidade da expropriação fundiária e

miséria de quem busca sobreviver no meio rural.

No Brasil, a realidade também é antiética pois, a maior parte do território

usada para o cultivo agrícola esta nas mãos dos empresários agroindustriais,

cuja produções está voltada para a exportação, enquanto isso, milhões de

brasileiros passam fome. A questão é: que ética é essa? AMÂNCIO e GOMES

(2001) observam que

De alguma maneira, a humanidade teria alcançado meios razoáveis para satisfazer suas necessidades básicas, porém, como é muito sabido, esses benefícios são distribuídos de modo muito concentrado, para poucos. Especialmente daqueles que obtiveram esta satisfação questionada (ou auto-criticada) no que concerne a moral. Contudo não é o que ocorre. Exemplificando, a mesma sociedade que condena a derrubada de árvores na Amazônia, compra a madeira clandestina para seu consumo. Estaria correto esse direcionamento da sua conduta? O Ecoturista que procura o local “selvagem” para seu desfrute, deixa, às vezes, marcas de degeneração que a população local, por muito tempo não ousou em aplicar no seu ambiente de sobrevivência.

O que se vê é que a natureza ao ser transformada pelo homem se

configura como um palco de desigualdade construído sobre uma conduta ética

questionável. Desde o principio da humanidade ela é explorada com grandes

demonstrações (impactos ambientais) mas, nem isso faz emergir um senso

comum voltada para os valores morais da humanidade, ou seja, quando se fala

de meio ambiente, por exemplo, critica-se o uso de defensivos agrícolas nas

plantações, mas nada fazem acerca da fome que também é produzida.

3.2. Crise Ambiental ou falta de civilização conscientizadora?

Page 56: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

56Atualmente grande parte dos ambientalistas concorda com a

necessidade de se construir uma sociedade mais sustentável, socialmente

justa e ecologicamente equilibrada. Isso significa que defender a qualidade do

meio ambiente, hoje, é preocupar-se com a melhoria das condições

econômicas, especialmente da grande maioria da população mundial que, de

acordo com dados da ONV, se encontra em situação de pobreza ou miséria.

Para os PCNs – Temas Transversais (1998) a formação de um mercado

mundial instituiu relações que induziram à deterioração do ambiente e seria

ingenuidade ignorar essa dimensão do problema. No entanto, a degradação

ambiental não implica progresso. Há que se considerar a questão ecológica-

econômica-social como um problema a ser equacionado pela sociedade

moderna.

Ocorre que a questão ambiental representa quase uma síntese dos

impasses que o atual modelo de civilização acarreta por isso, a comunidade

científica considera que o que se assiste no início do século XXI não é só uma

crise ambiental, mas uma crise civilizatória. Segundo essa mesma

comunidade, para superar os problemas ambientais são exigidas mudanças

profundas na concepção de mundo, de natureza, de poder, de bem estar, etc.

tendo por base novos valores.

Para que se possam viver essas mudanças, LOUREIRO (2007: p.31)

explica que

(...) é preciso que a sociedade de resgate o pressuposto fundamental da Educação Ambiental: integração entre as partes, formando um todo em interação constante homem-ambiente, valorizando as instancias da razão, do sentimento, da afetividade e do prazer, que somarão energia para uma ação coletiva, demonstrativa de um novo modelo de sociedade (...).

Ou seja, é preciso adotar a percepção de que o ser humano não é o

centro da natureza, mas sim, parte dela.

É sabido que as civilizações apresentam-se como um conjunto de

técnicas, normas, crenças, idéias formas de organização social, etc., que se

desenvolvem através das experiências de grupos humanos em determinados

meios ambientes (VESENTINI: 1996) e que o desenvolvimento científico está

Page 57: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

57ligado a esse conjunto mas, para compreender o que se vivencia é uma crise

ambiental ou uma crise civilizatória é preciso encontrar uma outra forma de se

adquirir conhecimentos que possibilite enxergar a questão ambiental com seus

vínculos e também com os contextos físico, biológico, histórico, social e

político.

Assim, a questão ambiental impõe às sociedades a busca de novas

formas de pensar e agir e/ou de encontrar novos caminhos e modelos de

produção de bens para suprir necessidades humanas, bem como, sociais que

garantam a sustentabilidade ecológica (PCNs – Temas Transversais: 1998).

Para uma melhor compreensão do paradoxo crise ambiental e/ou crise

civilizatória faz-se pertinente discorrer o comentário da FOLHA DE SÃO

PAULO, 05 de junho de 2005 apud LOUREIRO (2007) que diz que

Até poucos anos atrás, o Brasil era responsável por uma porcentagem do total de emissões de gases de efeito estufa do planeta. No entanto, nos últimos quatro anos, as emissões brasileiras aumentaram devido às taxas desenfreadas de desmatamento. As conseqüências disso são de estrema gravidade, não apenas com relação ao impacto ambiental global, mas também, devido à eventual perda de classificação do Brasil entre países não-anexo 1 do Protocolo de Kyoto. Isso quer dizer que o Brasil poderá perder, em pouco tempo, o seu potencial de receber recursos ponderáveis oriundos de créditos de carbono, seja pelo Protocolo de kyoto ou por qualquer outro instrumento internacional crido para redução das emissões e do efeito estufa.

O comentário demonstra claramente que em poucos anos, os interesses

econômicos brasileiros desconsideram os impactos ambientais decorrentes da

emissão de gases e provocam altas taxas de desmatamento fazendo com que

não se compreenda se esses interesses interferem na crise ambiental ou se

são constituintes da crise civilizatória, assim, acabem contribuindo para

legitimar a manipulação irrestrita da natureza.

VESENTINI (1996) e outras pesquisas demonstram que desde a década

de 70 a humanidade vem tomando consciência de que existe uma crise

ambiental planetária. Não se trata apenas de uma poluição de áreas isoladas,

mas de uma real ameaça à sobrevivência dos seres humanos e de toda a

biosfera. Muitos problemas que constituíram (e constituem) essa crise podem

ser lembrados:

Page 58: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

58• a multiplicação de usinas nucleares que acentua o problema do escape

de radioatividade para o meio ambiente;

• o acúmulo do gás carbônico ocasionando o crescimento do efeito

estufa;

• a contaminação de alimentos por produtos químicos nocivos à saúde

humana;

• a crescente poluição dos oceanos e mares provocando a extinção de

espécies aquáticas;

• o avanço da diversificação;

• o desmatamento acelerado das últimas grandes reservas florestais

originais do planeta, a exemplo da Amazônia.

• a extinção irreversível de milhões de espécies vegetais e animais, etc.

Esses problemas associados a outros problemas locais convergem-se

no que se chama de crise civilizatória o que implica na necessidade urgente da

consciência ecológica.

Para VESENTINI (1996: p. 330),

Trata-se da consciência de estarmos numa mesma “nave espacial”, o planeta Terra, (...) que possibilitou a existência de uma biosfera. Trata-se ainda da consciência de que é imperativo para a própria sobrevivência da humanidade modificar o (...) relacionamento com a natureza. A natureza deixa aos poucos de ser vista como mero recurso inerte e passa a ser encarada como um conjunto vivo do qual fazemos parte (...).

A grande novidade da crise ambiental é que ela suscitou

questionamentos sobre a exploração da natureza. Além disso, os governos

perceberam que as ameaças de catástrofes ecológicas são serias e precisam

ser enfrentadas, e que preservar um meio ambiente sadio é condição

indispensável para garantir um futuro tranqüilo para as novas gerações

(VESENTINI: 1996).

Para solucionar e/ou minimizar o paradoxo da crise ambiental/crise

civilizatória é preciso se pensar num novo tipo de desenvolvimento que não

seja baseado na intensa utilização de recursos naturais, mas sim, em regras

civilizadas de convivência entre homem e natureza.

Page 59: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

59

3.3. A necessária preservação da biodiversidade

Um elemento que ganha destaque dentro da questão ambiental é a

biodiversidade que necessita seriamente de ser preservada. Muitas espécies

vegetais e animais já desapareceram da Terra e outras estão ameaçadas.

Para BARROS (2000) as causas da extinção das espécies são as mais

diversas: mudanças no ambiente, falta de alimento, dificuldades de reprodução

e, sobretudo, a ação destruidora do homem que, além de lançar na água, no ar

e no solo os mais diversos tipos de substancias tóxicas e contaminadas

também agride o meio ambiente capturando e matando animais silvestres e

aquáticos e destruindo matas e florestas.

Previsões de pesquisadores apontam que até o final dos próximos vinte

e cinco anos poderá ocorrer na Terra um grande desastre biológico, com o

desaparecimento de 25% de suas espécies (animais, vegetais e

microorganismos). A biodiversidade já está diminuindo a passos largos. Uma

das causas, talvez a principal, é a destruição dos habitats.

Os biólogos esclarecem que a degradação ambiental e/ou da

biodiversidade ocorre a partir de processos naturais que alteram o ambiente,

entretanto, as maiores alterações que ocorrem são causadas pela ação do

homem, ou seja, com a derrubada das matas, com o costume indevido da caca

e da pesca, com o uso de pesticidas, com a poluição e a contaminação da

água, com a poluição do ar, etc.

De acordo com CLEMENTI no site de pesquisa RPAMBIENTAL (2007),

a biodiversidade do Planeta Terra esta debilitada. Em parte por causa da crise

climática, em parte porque o ser humano está invadindo seus habitats. Na

verdade, estamos diante de um fenômeno que os biólogos começam a chamar

de crise de extinção em massa. Atualmente, a extinção ocorre em ritmo 1.000

vezes mais acelerado do que se daria naturalmente, na ausência de influencia

humana. Em 2003 a União internacional para a Conservação da Natureza

(UICN) anunciou que cerca de 12.259 espécies de animais e plantas de todo o

mundo estão ameaçadas de extinção e 762 espécies já são consideradas

extintas.

Page 60: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

60Entende-se que o problema da biodiversidade assumiu, nas últimas

décadas, proporções nunca antes atingidas. Segundo o site de pesquisa

WIKIPEDIA/BIODIVERSIDADE durante as ultimas décadas, uma erosão da

Biodiversidade foi observada. A maioria dos biólogos acredita que uma

extinção em massa está a caminho. Apesar de divididos a respeito dos

números, muitos cientistas acreditam que a taxa de perda de espécies é maior

agora do que em qualquer época da história da Terra.

Alguns estudos mostram que cerca de 12,5% das espécies de plantas

conhecidas estão sob ameaça de extinção. Todo ano, entre 17.000 e 100.000

espécies são varridas de nosso planeta. Alguns dizem que cerca de 20% de

todas as espécies viventes poderiam desaparecer em 30 anos. Quase todos

dizem que as perdas são devido às atividades humanas, em particular a

destruição dos habitats de plantas e animais.

Alguns justificam a situação não tanto pelo sobreuso das espécies ou

pela degradação de ecossistema quanto pela conversão deles em

ecossistemas muito padronizados. (ex.: monocultura seguida de

desmatamento). Antes de 1992, outras mostraram que nenhum direito de

propriedade ou nenhuma regularmentação de acesso aos recursos

necessariamente leva à sua diminuição (os custos de degradação têm que ser

apoiados pela comunidade).

Entre os dissidentes, alguns argumentam que não há dados suficientes

para apoiar a visão de extinção em massa, e dizem que extrapolações

abusivas são responsáveis pela destruição global de florestas tropicais, recifes

de corais, mangues e outros habitats.

A domesticação de animais e plantas em larga escala é um fator

histórico de degradação da biodiversidade, gerando a seleção artificial de

espécies, onde alguns seres vivos são selecionados e protegidos pelo homem

em detrimento de outros.

Em função desses dados e de outros que retratam a realidade da

biodiversidade emerge a consciência da sua necessária preservação. Do ponto

de vista de VESENTINI (1996: p. 334)

Page 61: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

61Preservar a biodiversidade é condição básica para manter um meio ambiente sadio no planeta: todos os seres vivos são interdependentes, participam de cadeias alimentares ou reprodutivas, e sabidamente os ecossistemas mais complexos, com maior diversidade de espécies, são aqueles mais duráveis e com maior capacidade de adaptação às mudanças ambientais. Além disso, a biodiversidade é fundamental para a biotecnologia que, (...), é uma das indústrias mãos promissoras na Terceira Revolução Industrial que se desenvolve atualmente.

Normalmente, os processos de preservação da biodiversidade se dão

pelas unidades de conservação (Reservas biológicas, Parques Nacionais e

Áreas de proteção ambiental) administradas pelo governo.

Existem atualmente vários tipos delas, com características e finalidades

distintas.

Os parques nacionais são áreas extensas e delimitadas, dotadas de

atributos naturais excepcionais, destinadas a fins científicos, culturais,

educacionais e recreativos. O primeiro a ser criado no Brasil, em 1937, foi o de

Itatiaia, na divisa entre Rio de Janeiro e Minas Gerais. Nele estão os picos das

agulhas Negras e o Prateleiras.

As reservas biológicas são áreas demarcadas com o objetivo de

proteger amostras representativas da fauna e flora. Visam à conservação de

recursos genéticos e ao desenvolvimento de estudos e pesquisas cientificas. A

reserva biológica do auto das Rocas, um recife circular de corais, a oeste da

ilha de Fernando de Noronha, é a única reserva biológica marinha do Brasil.

As estações ecológicas dão ênfase especial à pesquisa, permitindo a

realização de manipulações e experimentos que possam modificar o ambiente

em um décimo de sua área.

As reservas ecológicas são áreas de preservação permanente,

públicas ou particulares onde se podem realizar experimentos que conduzam a

modificações profundas ou permanentes no ambiente.

As áreas de proteção ambiental (APA) têm uso restrito, para garantir o

emprego racional do solo e a proteção de mananciais, de modo a evitar a

degradação ambiental. Nelas não é permitida a instalação de indústrias

potencialmente poluidoras.

Page 62: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

62Nas áreas de relevante interesse ecológico (Arie), são proibidas

atividades que possam pôr em risco a integridade dos ecossistemas e a

harmonia da paisagem, tais como a pesca, a competições esportivas, os

pastoreiro excessivo e a colheita de produtos naturais, quando esta coloca em

risco a conservação desta área. A principal diferença entre uma APA e uma

Arie é que nesta última a extensão protegida é muito menor (sempre inferior a

5 mil hectares), porém as restrições às atividades humanas são muito maiores.

As florestas nacionais são áreas de grandes recursos vegetais, que

não foram ainda suficientes avaliados e identificados; elas geralmente visam

garantir o espaço e os recursos naturais para existências de comunidades

indígenas. Atualmente, faz parte desses processos as ONGs (organizações

não-governamentais) sem fins lucrativos que trabalha em pesquisas e na

difusão e conhecimentos técnicos, científicos e práticos, voltados para a

preservação da natureza já que procuram transmitir conhecimentos que

ajudam o homem a explorar os recursos do ambiente sem devastá-lo.

Mas, a grande esperança para a preservação da biodiversidade é um

novo tipo de desenvolvimento, menos poluidor que o atual. Esse tipo de

desenvolvimento está na biotecnologia citada por VESETINI (1996). Ela, a

biotecnologia, é capaz de produzir fontes de energia ou plásticos a partir de

algas marinhas, remédios eficazes contra doenças que matam milhões a cada

ano originados de novos princípios ativos de microorganismos ou plantas, etc.

(VESENTINI: 1996).

Fora a intervenção da biotecnologia, a preservação de biodiversidade se

faz necessária por conta de sua importância para a sobrevivência humana.

Para MARCONDES e SARAIEGO (1996) várias entidades ambientalistas é

órgãos governamentais, como o Ibama, lutam pela preservação dos

ecossistemas, para manter a máxima biodiversidade possível. Essas ações são

importantes não por questões sentimentais. O motivo é muito mais sério. Os

ecossistemas, principalmente os de maior biodiversidade, representam um

patrimônio nacional de grande valor científico e econômico.

É importante manter a biodiversidade, porque grande parte das espécies

existentes foram pouco estudadas, e algumas não foram nem se quer descritas

Page 63: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

63ou classificadas. A pesquisa sobre essas espécies permitira compreender

melhor o funcionamento do mundo natural, seus processos ecológicos e sua

avaliação.

A preservação da biodiversidade significa também a manutenção de um

“arquivo químico” riquíssimo. Cada tipo de espécie produz substâncias

químicas próprias, que podem ter uso variados. Com elas fabricam-se

remédios, resinas, pigmentos (tintas), inseticidas e aromatizantes. A produção

dessas substâncias em laboratório geralmente é complicada e cara. E o que

não se conhece não pode ser sintetizado artificialmente. O homem conhece

apenas quatro milésimos das substancias produzidas pelas plantas brasileiras.

Isso significa que, em um grupo de mil substancias, conhece-se apenas quatro

delas. Para se ter uma idéia da complexidade química dos vegetais, basta o

exemplo do morango. Ele possui cerca de trezentas micromoléculas diferentes,

e nenhuma delas tem, isoladamente, o gosto ou aroma da outra.

A biodiversidade representa, ainda, um patrimônio genético inestimável.

Patrimônio genético é a riqueza constituída pelo conjunto de genes que os

seres vivos possuem. Cada genes consiste em um pequenino fio de proteína e

ácido nucléico que existe no interior das células. Ele possui um código que

define as características físicas do organismo, inclusive sua capacidade de

produzir substâncias químicas úteis como medicamentos. O patrimônio

genético dos ambientes naturais pode ser empregado pela engenharia genética

e pela biotecnologia para criar novos produtos e, assim, gerar riquezas. É

possível que as espécies ainda não estudadas forneçam genes que tornem as

plantas cultivadas mais resistentes às pragas e às intempéries. Somente a

AMAZÔNIA possui um terço de todo o estoque genético do planeta.

A biodiversidade é importante, finalmente, para o controle da qualidade

da água e do ar, e como indicador do impacto ambiental da ação humana. A

poluição, por exemplo, frequentemente altera a composição em espécies de

comunidades e isso se reflete na biodiversidade, que sempre diminui.

A biodiversidade, assim, é também ema fonte potencial de imensas

riquezas e o grande problema que se coloca é saber quem vai lucrar com isso:

os países ricos, que detêm a tecnologia essencial para descobrir novos

Page 64: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

64princípios ativos e fabricá-los, ou se os países detentores das grandes reservas

da biodiversidade, das florestas tropicais em especial (VESENTINI: 1996).

Não importando a quem os lucros são mais acentuados, o que importa é

o reconhecimento da necessidade da preservação da biodiversidade tendo

como principio o fato dela ser pertencente a toda humanidade. A

compatibilização entre a utilização dos recursos naturais existentes e a

conservação da biodiversidade, apesar de hoje ainda parecer somente uma

utopia, deve ser um compromisso da humanidade. Isso pode se concretizar por

meio e formas de produção que satisfaçam às necessidades do ser humano,

sem destruir os recursos que serão necessários às futuras gerações.

Page 65: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

65

Conclusão

Ao longo da história, o homem tem transformado a natureza para

produzir um ambiente propicio à satisfação de suas necessidades. Foi dessa

transformação que surgiu uma natureza pensada que se apresenta em vários

momentos como um elemento separado no contexto homem-natureza.

Isso, porque, nos últimos séculos, um modelo de civilização se impôs,

alicerçado na industrialização com sua forma de produção e organização do

trabalho, a mecanização da agricultura, o uso intenso de agrotóxicos e a

concentração populacional nas cidades. A transformação inadequada da

natureza é o resultado da exploração dos recursos naturais que se intensificou

muito e adquiriu outras características. Assim, quando se trata de discutir a

questão ambiental, nem sempre se explicita o peso que realmente tem a

relação sociedade-natureza que é desenvolvida segundo os propósitos dos

grupos de interesses determinando as condições do meio-ambiente.

Pode-se dizer que a relação sociedade-natureza dá margem à

interpretação dos principais danos ambientais como fruto de uma “maldade”

intrínseca ao ser humano. Desta forma, uma primeira conclusão a que se pode

chegar através da pesquisa é de que as constantes modificações da natureza

e/ou meio ambiente levam a uma constante modificação da vida humana.

Modifica-se não só o habitat, mas a maneira de ser, de agir, de enxergar o

mundo esta sendo modificado constantemente.

Vive-se uma época em que as catástrofes naturais são cada vez mais

freqüentes e devastadoras mas, as nações começam a se importar com as

conseqüências da industrialização acelerada do último século. A emissão de

gases poluentes na atmosfera é apenas uma das várias ações do homem que

vem modificando a natureza.

Uma outra conclusão advinda da pesquisa se refere ao fato de que no

estudo ambiental, estão surgindo novas maneiras de se pensar o meio

ambiente, considerando que o seu desequilíbrio está ligado, principalmente, ás

causas sociais. Uma dessas novas maneiras é a Educação Ambiental que é

Page 66: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

66uma prática social que estimula a reflexão crítica, a busca de soluções e a ação

racional sobre os problemas sócio-ambientais com atuação dentro e fora do

ambiente escolar.

Institucionalizada no Brasil em 1981, já era trabalhada mesmo sem que

se percebesse porque a relações do homem com o meio ambiente se

desenvolvem desde o surgimento da humanidade. Na verdade, a história da

humanidade mostra que a degradação ambiental já acontece há muito tempo.

Só que, no inicio, a degradação detectada não representava um grande

impacto na natureza, não se configurava como um problema ambiental, nos

termos como é entendido hoje.

Na história humana, o comportamento predatório não é novo. Novo é a

dimensão e extensão dos mecanismos de depredação, desde o surgimento

das grandes cidades e das imensas lavouras de monoculturas até as armas

nucleares. Isso permite concluir que no processo de transformação do meio

ambiente, de construção e reconstrução pela ação coletiva dos seres humanos,

são criados e recriados modos de relacionamento da sociedade com o meio

natural. Desse modo, o compromisso da Educação Ambiental é construir

soluções para questões ambientais e projetar ambientais que se façam

socialmente justos e ecologicamente equilibrados.

De acordo estudos bibliográficos da pesquisa, pode-se concluir que

atualmente que grande parte dos ambientalistas concorda com a necessidade

de se construir uma sociedade mais sustentável. Isso significa que defender

relações harmoniosas entre a qualidade do meio ambiente. O crescimento

econômico deve estar subordinado a uma exploração racional e responsável

dos recursos naturais, de forma a não inviabilizar a vida das gerações futuras.

Assim, a questão ambiental impõe ás sociedades a busca de novas

formas de pensar e agir, individual e coletivamente, de novos caminhos e

modelos de produção de bens, para suprir necessidades humanas, e relações

sociais que não perpetuem tantas desigualdades e exclusão social, e, ao

mesmo tempo, que garantam a sustentabilidade ecológica. Isso implica um

novo universo de valores no qual a Educação Ambiental tem um importante

papel a desempenhar.

Page 67: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

67

Referências Bibliográficas

BARROS, Carlos. Os seres vivos / Carlos Barros, Wiliam Roberto

Paulino. São Paulo: Ática, 2000.

BIODIVERSIDADE – Site de Pesquisa: http://pt.

Wikipedia.org/wiki/biodiversidade # Internet. C3. A1 rio-de-esp. C3. A9 cies

acesso em junho-2007.

BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares

Nacionais: ciências naturais / Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília:

MEC/SEF, 1997.

______________ Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros

Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas

transversais/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

COSTA, Jodival Maurício. Meio ambiente na produção do espaço

geográfico – UFLA – MG. Universidade Federal de Lavra. nov.2004 IN:

www.universia.com.br.materia/img/ilustra/2005/ago/artigos/meioambiente.doc

acesso em: 25/09/08.

DIFUSÃO DO ENSINO ATUAL – Enciclopédia da DCL – Difusão

Cultural do Livro – 2000.

DOBSON, A. P. Concervation and Biodioversity. Scientific American

Library, Nee york. Site de pesquisa:

http://www.consciencia.br/reportagens/biodiversidade/bio02.htm

KISHINAMI, Roberto. A luta especialista no Brasil IN: Planeta, a revista

da nova consciência. São Paulo. Ed. três/fev/2001.

Page 68: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

68

LENOBLE, R. História da idéia de natureza. Lisboa: Edições 70, 1969.

LOPES, Sônia. Biologia – Volume Único/Sônia Lopes, Sérgio Rosso. – 1

ed. – São Paulo: Saraiva, 2005.

LOUREIRO, Denise Gomes. Educação e Meio Ambiente IN:

TOCANTINS. Fundação Universidade do Tocantins UNITINS/Empresa de

Educação Continuada Ltda EDUCON. Palmas, 2007.

MARCONDES, Ayrton César. Ciências 1º grau: Livro do professor /

Ayrton e Soraiego. – São Paulo: Scipione 1996.

MATOS, Neide Simões de. Biologia. São Paulo: Março, 1980.

Meio Ambiente – Wikipédia, a enciclopédia livre – pt.

Wikipedia.org/wiki/meioambiente – 37 k acesso em 24.09.08 às 10:35 hs.

NOVA ESCOLA: para professores de primeiro grau. Ano X. nº. 85.

fundação Victor Civita. São Paulo. Ed. Abril, Junho/1995.

O que é a biodiversidade? Site de pesquisa:

http://www.confagri.pt/ambiente/areatematicas/consnatureza/textosítese/

antecedentes/ acesso em junho 2007.

PARENTONI, R. e COUTINHO, F. A. O meio ambiente como bem

comum Universidade Federal de Minas Gerais. IN:

www.ufmg.br/diversa/4/meioambiente.htm-15k

Preservação da Biodiversidade. Autora: Juliana Augusto Clemente/16 de

março de 2007. Site de pesquisa:

Page 69: RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA NO CONTEXTO DA … · como algo produzido pela ação humana, em determinados contextos históricos e diferentes caminhos de superação. A primeira

69http://RPAMBIENTAL.BLOGSPORT.COM/2007/03/PRESERVACAO-

DA-BIODIVERSIDADE.HTML

RICKLEFS, R. E. A economia da natureza Rio de Janeiro: guanabara

Koogan, 1996.

Recursos Naturais IN: www.gpca.com.br./gil/art80.htm-8k acesso em

24.09.08 às 10:40 hs.

Recursos – Ecologia – Infoescola (17/jun.2008) IN:

www.infoescola.com/ecologia/recursosnaturais/-22k.

Acesso em 24.09.08 às 10:50 hs.

SEARA FILHO, Germano. Apontamentos de introdução à Educação

Ambiental, V.1, n.1, São Paulo: Revista Ambiente, 1992.

SORRENTINO, M. Formação de um educador ambiental: um estudo de

caso. São Paulo: FE/USP, 1995 (tese de doutorado).

Taxonomia e biodiversidade. IN: GTI Brasil – Iniciativa Global em

Taxonomia. Produzido em: 14 December2007. 16:30 hs – fornecido por joomla.

Site de pesquisa:

http://www.consciencia.br/reportagens/biodiversidade/bio02.htm

TRICART, Jean. A terra, planeta vivo. Lisboa. Presença/Martins Fontes,

1978.

VESENTINI, J. Wiliam. Sociedade e espaço: geografia geral e do Brasil.

Edição Reformulada e atualizada 26ª edição. São Paulo: Ed. Ática, 1996.

WWW.cabano.com.br. Degradação Ambiental.