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A ESCRITA DIGITAL E A NOSSA CAPACIDADE DE PENSAR Reinaldo Afonso Mayer Atualmente, precisamos interpretar a escrita digital em suas formas diferenciadas para poder fazer uma reflexão, sempre ligada à nossa realidade. Podemos, a partir de um fato mostrado, explorar outros aspectos, em qualquer disciplina, se nos concentrarmos nos detalhes mostrados, que sugerem o uso de alguns conceitos que definem o que chamamos de “leitura profunda”. Mas de onde vem este estranho poder? Leitura profunda não é esnobismo intelectual. E por meio dela que o cérebro cria poderosos circuitos neuronais. “O homem nasce geneticamente pronto para ver e para falar, mas não para ler”. Ler não é natural. É uma invenção cultural que precisa ser ensinada ao cérebro. Toda propaganda deve ter a capacidade de influenciar um comportamento. Para tal, apresenta fato ou situação particular para encorajar conclusões ou comentários. Assim, uma das armas poderosas das empresas na era da escrita digital são as propagandas. Vamos observar a finalidade inicial de uma propaganda muito conhecida e divulgada na Internet: Esta é uma propaganda da Colgate. O que ela nos sugere? Que observemos inicialmente os dentes do casal, com o detalhe interessante: é, supostamente, um casal feliz, posando para uma foto que seria perfeita, não fosse aquela presença “incômoda” de um resíduo alimentar nos dentes do homem. Como é uma propaganda de creme dental, a conclusão inicial é que ele não escovou os seus dentes, mais que isso, não usou o creme Colgate! O que nos passa despercebido, entretanto, é que a mão esquerda da esposa tem seis dedos! A proposta da propaganda, que tem outros exemplos parecidos, foi o de estabelecer a importância do cuidado com os dentes, percebido logo de imediato. O que podemos concluir com este nosso “desviar” do outro detalhe, que não está assim tão visível em um primeiro momento? Sob o ponto de vista da anormalidade observada, há a possibilidade de adaptá-la à nossa realidade, quando podemos abordar o tema falando do respeito ás pessoas com necessidades especiais. Mostrando, inclusive, que alguns desrespeitam ou ignoram a deficiência física, ou não se importam em proporcionar condições e ações inclusivas para que um deficiente físico participe de nosso dia-a- dia. Também é importante admitir que a maioria se importa com a situação, lembrando inclusive daquela mensagem – cifrada ou não – feita de forma “ouvida” na televisão, que “ser diferente é normal”. O fascinante é que, ao criar novos caminhos neuronais, o cérebro expande sua capacidade de pensar, multiplicando ali possibilidades intelectuais - o que, por sua vez, ajuda a expandir ainda mais a capacidade de pensar, numa esplêndida dialética em que o cérebro muda o meio e o meio muda o cérebro. Por outro lado, se nos focarmos no lado educacional, o exemplo pode induzir algumas outras premissas importantes:

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A ESCRITA DIGITAL E A NOSSA CAPACIDADE DE PENSAR

Reinaldo Afonso Mayer

Atualmente, precisamos interpretar a escrita digital em suas formas diferenciadas para poder fazer uma reflexão, sempre ligada à nossa realidade. Podemos, a partir de um fato mostrado, explorar outros aspectos, em qualquer disciplina, se nos concentrarmos nos detalhes mostrados, que sugerem o uso de alguns conceitos que definem o que chamamos de “leitura profunda”.

Mas de onde vem este estranho poder?

Leitura profunda não é esnobismo intelectual. E por meio dela que o cérebro cria poderosos circuitos neuronais. “O homem nasce geneticamente pronto para ver e para falar, mas não para ler”. Ler não é natural. É uma invenção cultural que precisa ser ensinada ao cérebro.

Toda propaganda deve ter a capacidade de influenciar um comportamento. Para tal, apresenta fato

ou situação particular para encorajar conclusões ou comentários. Assim, uma das armas poderosas das empresas na era da escrita digital são as propagandas. Vamos observar a finalidade inicial de uma propaganda muito conhecida e divulgada na Internet:

Esta é uma propaganda da Colgate. O que ela nos sugere?

Que observemos inicialmente os dentes do casal, com o detalhe interessante: é, supostamente, um casal feliz, posando para uma foto que seria perfeita, não fosse aquela presença “incômoda” de um resíduo alimentar nos dentes do homem. Como é uma propaganda de creme dental, a conclusão inicial é que ele não escovou os seus dentes, mais que isso, não usou o creme Colgate!

O que nos passa despercebido, entretanto, é que a mão esquerda da esposa tem seis dedos!

A proposta da propaganda, que tem outros exemplos parecidos, foi o de estabelecer a importância do cuidado com os dentes, percebido logo de imediato. O que podemos concluir com este nosso “desviar” do outro detalhe, que não está assim tão visível em um primeiro momento?

Sob o ponto de vista da anormalidade observada, há a possibilidade de adaptá-la à nossa realidade, quando podemos abordar o tema falando do respeito ás pessoas com necessidades especiais.

Mostrando, inclusive, que alguns desrespeitam ou ignoram a deficiência física, ou não se importam em proporcionar condições e ações inclusivas para que um deficiente físico participe de nosso dia-a-dia. Também é importante admitir que a maioria se importa com a situação, lembrando inclusive daquela mensagem – cifrada ou não – feita de forma “ouvida” na televisão, que “ser diferente é normal”.

O fascinante é que, ao criar novos caminhos neuronais, o cérebro expande sua capacidade de pensar, multiplicando ali possibilidades intelectuais - o que, por sua vez, ajuda a expandir ainda mais a capacidade de pensar, numa esplêndida dialética em que o cérebro muda o meio e o meio muda o cérebro.

Por outro lado, se nos focarmos no lado educacional, o exemplo pode induzir algumas outras premissas importantes:

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Para nós: que estas coisas podem acontecer conosco, pois muitas vezes, em prol do conteúdo ou mesmo de outras nossas “prioridades”, na sala de aula muitas vezes deixamos de observar outros detalhes sobre os alunos, sejam sobre a aprendizagem ou comportamentos, que nem sempre são perceptíveis em um primeiro momento.

Para os alunos: Se aplicássemos o olhar demorado sobre a imagem para induzir a produção de um texto, a proposta também poderia ser sobre outro fato que é muito comum no nosso dia-a-dia, o da aceitação mútua das duas condições ali expostas.

REFERÊNCIAS: LER NA ERA DIGITAL. A REVOLUÇÃO DO PÓS PAPEL. Transcrição do extrato de reportagem da revista

Veja. Disponível em http://www.pesquisamundi.org/2012/12/ler-na-era-digital.html.

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PODEMOS PENSAR ENTÃO EM ATIVIDADES DIGITAIS COLABORATIVAS?.

A partir do assunto tratado, assista o vídeo sobre o assunto, que tem o nome: “Eficiente ou Deficiente”, localizado no Endereço: https://www.youtube.com/watch?v=G9xjw7Wec8I&list=PLEBCAC8885A51770E,

A partir de sua reflexão, escreva um texto colaborativo, com mais dois alunos, sobre um dos fatos mostrados e que foram percebidos pela sua importância.:

Uma introdução: comparando as situações apresentadas no vídeo. Fale sobre a frase que mais chamou a sua atenção, no contexto. Indique atitudes simples para superar este comportamento. Faça uma breve conclusão sobre o assunto.

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Atividade: Pesquisar, mostrar e expor sua opinião sobre uma expressão digital feita com CHARGES ou QUADRINHOS.

Exponha, no fórum da UNIDADE, sua opinião sobre o valor dos conceitos abaixo apresentados, a partir de uma construção criativa que você selecionou em uma Charge ou uma História em Quadrinhos que está publicada na Internet.

Não esqueça, participe também comentando a opinião de dois outros participantes do fórum. Sua participação é importante!