8656 Dirio da Repblica, 2. srie N. 35 18 de Fevereiro de 2011

Regulamento n. 124/2011

Regulamento das Competncias Especficas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem em Pessoa em Situao Crtica

PrembuloA pessoa em situao crtica aquela cuja vida est ameaada por falncia

ou eminncia de falncia de uma ou mais funes vitais e cuja sobrevivncia depende de meios avanados de vigilncia, monitorizao e teraputica.

Os cuidados de enfermagem pessoa em situao crtica so cuidados altamente qualificados prestados de forma contnua pessoa com uma ou mais funes vitais em risco imediato, como resposta s necessidades afectadas e permitindo manter as funes bsicas de vida, prevenindo complicaes e limitando incapacidades, tendo em vista a sua recupe-rao total. Estes cuidados de enfermagem exigem observao, colheita e procura contnua, de forma sistmica e sistematizada de dados, com os objectivos de conhecer continuamente a situao da pessoa alvo de cuidados, de prever e detectar precocemente as complicaes, de asse-gurar uma interveno precisa, concreta, eficiente e em tempo til. E se em situao crtica a avaliao diagnstica e a monitorizao constantes se reconhecem de importncia mxima, cuidar da pessoa a vivenciar processos complexos de doena crtica e ou falncia orgnica uma competncia das competncias clnicas especializadas considera -se igualmente a resposta a situaes de catstrofe ou emergncia multi--vtima, da concepo aco, bem como a maximizao da interveno na preveno e controlo da infeco perante a pessoa em situao crtica e ou falncia orgnica, face complexidade da situao.

Assim:Nos termos da alnea c) do n. 4 do artigo 31. -A, da alnea o) do

artigo 20. e da alnea i) do artigo 12., todos do Estatuto da Ordem dos Enfermeiros, aprovado pelo Decreto -Lei n. 104/98, de 21 de Abril, alterado e republicado pela Lei n. 111/2009, de 16 de Setembro, aps aprovao pelo Colgio de Especialidade de Enfermagem Mdico Ci-rrgica, sob proposta do Conselho Directivo, ouvido o Conselho Juris-dicional e os conselhos directivos regionais, a Assembleia Geral aprova o seguinte Regulamento:

Artigo 1.Objecto

O presente regulamento define o perfil das competncias especficas do enfermeiro especialista em enfermagem em pessoa em situao crtica.

Artigo 2.mbito e Finalidade

O perfil de competncias especficas do enfermeiro especialista em enfermagem em pessoa em situao crtica integra, junto com o perfil

das competncias comuns, o conjunto de competncias clnicas especia-lizadas que visa prover um enquadramento regulador para a certificao das competncias e comunicar aos cidados o que podem esperar.

Artigo 3.Conceitos

Os termos utilizados no presente Regulamento regem -se pelas defi-nies previstas no artigo 3. do Regulamento que estabelece as com-petncias comuns dos enfermeiros especialistas.

Artigo 4.Competncias especficas do enfermeiro especialista

em enfermagem em pessoa em situao crtica1 As competncias do enfermeiro especialista em enfermagem em

pessoa em situao crtica so as seguintes:a) Cuida da pessoa a vivenciar processos complexos de doena crtica

e ou falncia orgnica;b) Dinamiza a resposta a situaes de catstrofe ou emergncia multi-

-vtima, da concepo aco;c) Maximiza a interveno na preveno e controlo da infeco

perante a pessoa em situao crtica e ou falncia orgnica, face complexidade da situao e necessidade de respostas em tempo til e adequadas.

2 Cada competncia prevista no nmero anterior apresentada com descritivo, unidades de competncia e critrios de avaliao (Ane-xo I).

ANEXO I

Competncias especficas do Enfermeiro Especialistaem Enfermagem em Pessoa em Situao Crtica

CompetnciaK1 Cuida da pessoa a vivenciar processos complexos de doena

crtica e ou falncia orgnica.

DescritivoConsiderando a complexidade das situaes de sade e as respos-

tas necessrias pessoa em situao de doena crtica e ou falncia orgnica e sua famlia, o enfermeiro especialista mobiliza conhe-cimentos e habilidades mltiplas para responder em tempo til e de forma holstica.

Unidades de competncia Critrios de avaliao

K.1.1. Presta cuidados pessoa em situao emergente e na antecipao da instabilidade e risco de falncia orgnica.

K.1.1.1 Identifica prontamente focos de instabilidade.K.1.1.2 Responde de forma pronta e antecipatria a focos de instabilidade.K.1.1.3 Executa cuidados tcnicos de alta complexidade dirigidos pessoa a vivenciar processos de

sade/doena crtica e ou falncia orgnica.K.1.1.4 Demonstra conhecimentos e habilidades em suporte avanado de vida.

K.1.2 Gere a administrao de proto-colos teraputicos complexos.

K.1.2.1 Diagnostica precocemente as complicaes resultantes da implementao de protocolos teraputicos complexos.

K.1.2.1 Implementa respostas de enfermagem apropriadas s complicaes.K.1.2.3 Monitoriza e avalia a adequao das respostas aos problemas identificados.

K.1.3 Faz a gesto diferenciada da dor e do bem -estar da pessoa em situao crtica e ou falncia orgnica, optimi-zando as respostas.

K.1.3.1 Identifica evidncias fisiolgicas e emocionais de mal -estar.K.1.3.2 Demonstra conhecimentos sobre bem -estar fsico, psico -social e espiritual na resposta s

necessidades da pessoa em situao crtica e ou falncia orgnica.K.1.3.3 Garante a gesto de medidas farmacolgicas de combate dor.K.1.3.4 Demonstra conhecimentos e habilidades em medidas no farmacolgicas para o alvio da

dor.

K.1.4 Assiste a pessoa e famlia nas perturbaes emocionais decorrentes da situao crtica de sade/doena e ou falncia orgnica.

K.1.4.1 Demonstra conhecimentos sobre a gesto da ansiedade e do medo vividos pela pessoa em situao crtica e ou falncia orgnica.

K.1.4.2 Demonstra conhecimentos e habilidades facilitadores da dignificao da morte e dos processos de luto.

Dirio da Repblica, 2. srie N. 35 18 de Fevereiro de 2011 8657

Unidades de competncia Critrios de avaliao

K.1.5 Gere a comunicao interpessoal que fundamenta a relao teraputica com a pessoa/famlia face situao de alta complexidade do seu estado de sade.

K.1.5.1 Demonstra conhecimentos aprofundados em tcnicas de comunicao perante a pessoa/fa-mlia em situao crtica.

K.1.5.2 Demonstra conhecimentos em estratgias facilitadoras da comunicao em pessoa com barreiras comunicao.

K.1.5.3 Adapta a comunicao complexidade do estado de sade da pessoa em situao crtica e ou falncia orgnica.

K.1.6 Gere o estabelecimento da re-lao teraputica perante a pessoa/fa-mlia em situao crtica e ou falncia orgnica.

K.1.6.1. Inicia a relao teraputica, reconhecendo as transaces da relao perante a pessoa com dificuldades de comunicao.

K.1.6.2 Reconhece o impacto das transaces na relao teraputica junto da pessoa em situao crtica.

K.1.6.3 Selecciona e utiliza de forma adequada, as habilidades de relao de ajuda pessoa em situao crtica.

K.1.6.4 Avalia o processo de relao estabelecida com a pessoa em situao crtica e ou falncia orgnica.

CompetnciaK2 Dinamiza a resposta a situaes de catstrofe ou emergncia multi -vtima, da concepo aco.

DescritivoIntervm na concepo dos planos institucionais e na liderana da resposta a situaes de catstrofe e multi -vtima. Ante a complexidade decor-

rente da existncia de mltiplas vtimas em simultneo em situao critica e ou risco de falncia orgnica, gere equipas, de forma sistematizada, no sentido da eficcia e eficincia da resposta pronta.

Unidades de competncia Critrios de avaliao

K.2.1 Concebe, em articulao com o nvel estratgico, os planos de cats-trofe ou emergncia.

K.2.1.1 Demonstra conhecimento do Plano Distrital e Nacional para catstrofe e emergncia.K.2.1.2 Colabora na elaborao do plano de emergncia e catstrofe da Instituio/Servio.

K. 2.2 Planeia a resposta concreta ante as pessoas em situao de emergncia multi -vtima ou catstrofe.

K.2.2.1 Demonstra conhecer os planos e os princpios de actuao em situaes de catstrofe.K.2.2.2 Identifica os vrios tipos de catstrofe e as implicaes para a sade.K.2.2.3 Atribui graus de urgncia e decide a sequncia de actuao.K.2.2.4 Sistematiza as aces a desenvolver em situao de catstrofe ou emergncia.

K.2.3 Gere os cuidados em situaes de Emergncia e ou Catstrofe.

K. 2.3.1 Lidera a atribuio e desenvolvimento dos papis dos membros da equipa.K.2.3.2 Avalia em contnuo a articulao e eficcia da equipa.K.2.3.3 Introduz medidas correctivas das inconformidades de actuao.

CompetnciaK3 Maximiza a interveno na preveno e controlo da infeco perante a pessoa em situao crtica e ou falncia orgnica, face comple-

xidade da situao e necessidade de respostas em tempo til e adequadas.

DescritivoConsiderando o risco de infeco face aos mltiplos contextos de actuao, complexidade das situaes e diferenciao dos cuidados exigidos

pela necessidade de recurso a mltiplas medidas invasivas, de diagnstico e teraputica, para a manuteno de vida da pessoa em situao crtica e ou falncia orgnica, responde eficazmente na preveno e controlo de infeco.

Unidades de competncia Critrios de avaliao

K.3.1 Concebe um plano de preveno e controlo da infeco para resposta s necessidades do contexto de cuidados pessoa em situao crtica e ou falncia orgnica.

K.3.1.1 Demonstra conhecimento do Plano Nacional de Controlo de Infeco e das directivas das Comisses de Controlo da Infeco.

K.3.1.2 Diagnostica as necessidades do servio em matria de preveno e controlo de infeco.K.3.1.3 Estabelece as estratgias pro -activas a implementar no servio visando a preveno e controlo

da infeco do servio.K.3.1.4 Actualiza o Plano de Preveno e Controlo de Infeco do Servio com base na evidncia.

K.3.2 Lidera o desenvolvimento de procedimentos de controlo de infec-o, de acordo com as normas de pre-veno, designadamente das Infeces Associadas Prestao de Cuidados de Sade pessoa em situao crtica e ou falncia orgnica.

K.3.2.1 Demonstra conhecimentos especficos na rea da higiene hospitalar que lhe permitam ser re-ferncia para a equipa que cuida da pessoa em situao crtica, na preveno e controlo da infeco.

K.3.2.2 Estabelece os procedimentos e circuitos requeridos na preveno e controlo da infeco face s vias de transmisso na pessoa em situao crtica/falncia orgnica.

K.3.2.3 Faz cumprir os procedimentos estabelecidos na preveno e controlo da infeco.K.3.2.4 Monitoriza, regista e avalia medidas de preveno e controlo implementadas.

Aprovado em Assembleia do Colgio da Especialidade de Enfermagem Mdico -Cirrgica de 25 de Setembro de 2010.Aprovado em Assembleia Geral de 20 de Novembro de 2010.20 de Novembro de 2010. A Bastonria, Maria Augusta Purificao Rodrigues de Sousa.

304320161